Capítulo Único
— Droga! — null, um dos amigos, exclamou olhando o horário em seu celular. — Eu preciso colocar meu uniforme.
— Vai ou sua chefe monstro vem te caçar daqui a pouco. — null, outro do grupo de amigos, disse rindo. — Ela já está nos encarando de longe.
— Por favor, não arrumem confusão hoje! Eu imploro. — null disse. — null, a responsabilidade é sua.
— null é o mais velho aqui, es… — null foi cortado no meio de sua frase.
— Não esqueci, só confio mais em você. — null disse rindo. — Aliás, não arrumar confusão implica não sair flertando com todas as garotas do lugar e fazer com que elas acabem discutindo no final.
— null! — Todos disseram juntos, fazendo com que o garoto arqueasse as sobrancelhas.
— Eu não tenho culpa de ser irresistível. — null respondeu umedecendo os lábios, lançando em seguida um sorriso desacatado, fazendo com que o grupo revirasse os olhos.
— Eu desisto dele. — null disse pegando seu jaleco no cabide perto do relógio de ponto. — null e null, apenas… — ele fez uma pausa — não destruam o lugar.
— Entendido. — Ambos, os mais novos do grupo, disseram rindo um para o outro.
O sol ainda brilhava do lado de fora, mas a pista de patinação era algo bem reconhecido na cidade. Seja dia ou noite, nunca ficava vazia ou entediante, já que o arcade era algo realmente amado naquela cidade.
— Uau! — null e null disseram juntos, se aproximando da borda do ringue e olhando para a porta lateral do outro lado — null, o amor da sua vida chegou.
Todos se aproximaram, observando a garota de cabelos escuros e curtos entrar com seu moletom favorito de cor roxa, confortável e próprio para a situação já que a pista e o arcade conseguiam ser frios na parte da noite, e sendo seguida da garota de cabelos loiros, shorts preto e blusa amarela que realmente se destacava.
— Sem dúvidas o amor da minha vida — null disse observando a garota loira com um sorriso bobo nos lábios, o que fez com que os amigos dessem risada.
— Eu não acho que eles estavam falando da Hanna, null! — null comentou entrando no ringue com seus patins.
null franziu o cenho confuso.
— Você realmente vive em outro mundo. — O amigo riu fraco. — Preciso ficar na pista hoje, falo com vocês depois, quando trocar de lugar com o Jaehoo.
null entendia e via bem como o amigo era fascinado com a ideia de ter Hanna, a garota mais popular e na opinião geral mais bonita da faculdade também. Mas ele não entendia como o amigo podia ser tão cego para o que estava debaixo do nariz dele.
— null! — Ele foi tirado de seus pensamentos com um sorriso no rosto.
— Opa, cuidado aí! — Ele disse segurando com gentileza o braço da garota que quase escorregou ao entrar na pista.
— Meu salvador como sempre — Ela disse rindo.
— Os garotos estão ali. — Ele apontou com a cabeça para onde os amigos estavam.
Ela sorriu ao receber acenos de todos, menos de null que estava muito bem concentrado em outra pessoa, o que fez com que ela rolasse os olhos um pouco irritada.
— Vou te deixar trabalhar — disse sorrindo. — Não esqueça de se juntar a nós, preciso saber se realmente vamos à festa amanhã.
— E você acha que aqueles idiotas perderiam aquela festa? — Ele disse patinando ao redor dela. — Sério null, parece que você não nos conhece às vezes.
— Certo. — Ela respondeu rindo. — Eu esqueci que somos todos influenciados pela personalidade sociável do null.
— Ou pela infinita falta de senso do senhor flerto, beijo e esqueço ali. — null disse se referindo a null que parecia ter uma nova vítima. — Por favor…
— Já sei, não vou deixar ele causar problemas outra vez. — Ela piscou. — Te vejo depois, cuidado com as criancinhas.
— Haha, muito engraçado. — Ele disse entendendo a referência dela à vez em que ele quase enlouqueceu dando aula às crianças da quinta série, o que se tornou seu pior pesadelo.
null riu indo em direção aos outros amigos com cuidado para não escorregar e cair bem na frente deles.
— O que os meus amigos favoritos estão planejando aprontar? — Disse sorrindo. — É bom que não seja nada exagerado ou null surta.
— Você sempre pensa o pior de nós, baixinha. — null disse fazendo drama. — Por que não veio com a gente hoje?
— Eu tinha umas coisas para resolver, pedi para o null avisar, mas pelo visto, — ela disse olhando para o mais novo que estava focado em seu celular com o cenho franzido — ele esqueceu.
— Tudo bem, pelo menos você veio. — null disse sorrindo, na tentativa de não deixar com que ela focasse tanto em null.
— O de sempre? — Ela perguntou, ainda observando ele.
— O que você acha? — null apareceu ao lado dela colocando o braço em seu ombro.
null quase sorriu transparentemente de forma amarga, mas segurou para não demonstrar aos outros o quanto o crush estupido de seu melhor amigo a incomodava.
— Vocês acham que ela vai amanhã? — null disse de repente levantando a cabeça a todos. — null. — Ele abriu um sorriso que poderia desmanchar ela de todas as formas possíveis. — Não vi você chegar, achei que ainda estava conversando com null.
— Ele me pediu para ficar de olho nesse aqui. — Ela disse, se aproximando de null e da garota com quem ele conversava — Desculpa, ele precisa fazer umas coisas agora, vou roubar ele de você por hoje.
— Ei! — Ele disse andando ao lado de null, piscando para a garota que ficou sem entender olhando a cena. — Sua vez já foi, meu amor.
Todos arregalaram os olhos para os dois.
— Será que você pode parar de arranjar confusão? — Ela disse, vermelha pelo comentário de null que ria da cara da mesma. — E de mentir, olha a cara deles.
— Certo, certo — ele disse sorrindo de lado. Charmoso foi a primeira palavra que veio na mente de null, se ela tivesse que descrevê-lo. — Mas a oferta sempre vai estar de pé, você sabe disso.
— Meu Deus, o que eu fiz para merecer? — A garota suspirou, apertando o braço do amigo e levando ele até o círculo de amigos ali próximo.
— Você e o null, hein? — null disse provocando a mais nova.
— Sem mint choco para você hoje — retrucou, fazendo com que ele fizesse bico para a amiga.
— É engraçado como a null não se cansa de nós às vezes. — null comentou abraçando a amiga.
— Pelo contrário. — Ela disse. — Eu já cansei de vocês há anos, mas não há nada que eu possa fazer a respeito. — Ela disse, abraçando-o de volta. — Menos de você, é claro.
— Hey! — null reclamou, olhando feio para os dois que deram risada.
— Ciúmes é uma doença, null! — null disse colocando as mãos no ombro do mais novo e rindo. — Espero que você melhore logo.
— Veja bem, não é ciúmes! — Ele logo se explicou. — É pela consideração, eu sou o melhor amigo original.
— Claro, Claro! — null disse rindo.
— Podemos voltar à minha pergunta? — Ele trocou o assunto, voltando sua atenção à garota que a esse ponto tomava seu milkshake do outro lado da pista.
— É óbvio que ela vai estar lá amanhã, — null comentou — mas isso não significa que você vai chamar atenção dela da mesma forma que ela chama a sua. Desiste, irmão, ela é muita areia para o seu caminhão.
— Além de existirem melhores pelo campus. — null comentou se aproximando. — Não entendo sua obsessão com ela.
— Eu entendo. — null, null, null e null disseram juntos.
null apenas olhou para null, que revirou os olhos no mesmo instante.
— Ela é bonita, mas você sabe que ela só vai pelos jogadores do campus — disse ela entrando no assunto pela primeira vez, olhando para null.
— Não olhem para mim assim, eu recusei ela em respeito ao meu querido amigo aqui. — Ele explicou, colocando as mãos no ombro de null. — Sem contar que eu posso ter escutado por aí que ela pode ter um leve interesse nele.
— Essa história de novo! — Todos exclamaram.
— Vocês nunca acreditam em mim — reclamou, fazendo todos darem risada.
— Isso porque a Luna não é uma fonte muito confiável, null! — null disse rindo.
— Mas ela beija bem, eu confio em quem beija bem — disse e todos rolaram os olhos.
De fato, os métodos de confiança vindos de null eram extremamente duvidosos, mas ele dificilmente errava.
— E se ela tiver? — null ponderou olhando para a garota que ria com suas amigas, voltando a atenção de todos os amigos a ele. — Qual é, vocês não confiam que eu posso ter alguém como ela?
— Você nunca terá uma garota como ela! — null comentou. — Não porque não pode, mas porque ela não quer saber de romance, não da mesma forma que você quer. Sem contar que você merece algo melhor. — Continuou, olhando para null e sorrindo fraco para a mesma. — Não alguém que apenas sai com você um dia e já está satisfeita.
— Vocês não sabem se ela é assim, ou se vai ser assim comigo. — Ele disse sorrindo de canto. — Eu posso ganhar o coração dela.
— Lá vamos ao null ilusão novamente — null comentou, um pouco atordoada com aquela conversa.
Todas as vezes que eles falavam de garotas e seus papos aleatórios que diziam ser “de homens” ela participava, ria, concordava com algumas coisas e dava opiniões e conselhos, mas quando falavam de alguém em questão, sempre a incomodava.
— Qual é, deem um crédito ao garoto. — null disse sem entender o porquê de sempre dizerem que null não era capaz de ter alguém como Hanna.
— Até porque a única garota que ele foi capaz de manter em sua vida foi a null. — null comentou rindo.
null riu de repente e aquilo por um momento intrigou a ela.
— Por que você está rindo? — null perguntou também curioso assim que trocou olhares com null, que o olhou buscando por respostas.
O mesmo olhou para os amigos como se tivesse uma resposta óbvia.
— Bom, — ele limpou a garganta — não é como se null fosse uma garota para nós, certo?
null no mesmo momento colocou uma cara fechada no rosto, não acreditando no que havia acabado de escutar.
— null? — null disse não acreditando no que havia escutado, afinal, todos sabiam as inseguranças de null a respeito de não ter muitas amigas, sempre andar com seus amigos e ser vista como alguém não aproximável por isso. Além de tudo, ela continuava sendo uma garota e gostava de ser vista como uma.
Ela riu amarga com a infeliz frase que o melhor amigo e supostamente a pessoa que mais amava havia acabado de dizer. Só provou o quanto era verdade a forma que se sentia e que ele realmente nunca corresponderia seus sentimentos, afinal, ele sequer a via como uma mulher.
— O quê? — Ele perguntou de forma inocente.
— Eu lembrei que tenho algumas tarefas para fazer ainda — disse ela, pronta para sair.
Mas null segurou seu braço com leveza, a olhando como se perguntasse se estava tudo bem.
— Eu não disse nada de mal. — null falou de repente. — null é parte do grupo, ela só anda com a gente boa parte do tempo. Eu não acho que tenha como ver ela da mesma forma que vemos Hanna, elas são bem diferentes.
Definitivamente, null não iria aguentar mais escutar nada, então explodiu.
— Sim, null, eu e ela somos bem diferentes! — Exclamou se soltando de null. — Diferentes num nível tão grande, tão grande, que na próxima vez que seus pais brigarem e você não quiser ficar na sua casa, — ela sorriu amarga — é ela que vai passar a madrugada maratonando sua série favorita mesmo depois de ter trabalhado por oito horas seguidas em um final de semana. É a ela que você vai pedir ajuda nos projetos da faculdade… — ela riu de forma mais amarga ainda. — Olha que as notas dela dizem tudo.
— null, eu não…
— Eu cansei de você e do seu sonho estupido de ter alguém como ela, eu cansei de escutar você falando dela vinte quatro horas por dia, eu cansei de ser a boa amiga. — Ela se aproximou — Porque, se for para ser diminuída pelo seu crush estupido, eu prefiro ficar sem amigos! — Ela se virou para sair dali. — Eu espero que você nunca tenha alguém como ela. Se você não sabe ver alguém que esteve ao seu lado o tempo todo como deveria, imagina alguém como ela. Você não daria conta.
Ele se calou enquanto via ela caminhar até a porta, sendo seguida por null, que tentava acalmá-la. null de verdade não entendeu onde havia ofendido a amiga, ele não havia dito nada daquilo com aquela intenção.
— Pisou na bola, null! — null disse indo atrás dos dois amigos que estavam saindo, ficando apenas os amigos mais velhos.
— Mas eu não… — ele disse fazendo menção de ir atrás dos três.
— A gente sabe. — null disse segurando o amigo. — Mas acho que não vai adiantar você ir atrás dela agora, deixa ela esfriar a cabeça.
— Vou voltar a trabalhar. — null disse de cara fechada, tirando um papel do bolso — Hanna pediu para te entregar isso.
— Huh? — Ele disse olhando o papel nas mãos de null, mas não pegando.
— Só… — o amigo suspirou — só pega, null!
Ele pegou, fazendo com que o amigo retornasse a patinar.
— E por que de repente todo mundo ficou bravo comigo? — null comentou vendo o amigo se afastar.
— Olha pelo lado bom: — null disse coçando a nuca e apontando para a notinha em suas mãos — pelo menos você recebeu isso.
— É. — Ele tentou sorrir. — Se não for algo como um favor para ela conseguir ficar com você, já é alguma coisa.
— Eu deixei bem claro para ela que não queria nada. — null sorriu amarelo e massageou o ombro do amigo. — Tenha um pouco de confiança. — Ele sorriu outra vez. — Agora abre! Vamos ver o que ela escreveu.
“Espero que você esteja amanhã na festa ;)”
Ele leu em voz alta.
— O quê? — null, null e null disseram juntos.
null sorriu se gabando.
— Eu disse! — null comentou sorrindo de canto. — Vai que é sua, null!
null tentou a todo custo se sentir animado, afinal, esperou por uma brecha desde que viu a garota pela primeira vez no campus, porém, por algum motivo, ele não conseguia.
Ele olhou na direção da garota que o observava há um tempo sem que ele notasse e ela, ao ver que ganhou a atenção dele, piscou em sua direção, fazendo-o sorrir tímido.
***
— Tá tudo bem! Sério! — null sorriu fraco para null enquanto andava em direção à casa.
— null! — O amigo parou seus passos. — Para de se esconder, esconder o que está sentindo. Comigo não rola esse papo de “ta tudo bem”, porque eu mais do que qualquer um sei o que se passa nessa cabecinha.
— null — disse com os olhos marejados, ficando de frente com ele. — Por mais que eu soubesse que podia ouvir isso um dia, não imaginei que doeria dez vezes mais do que o esperado.
— Oh, meu amor! — Ele disse abraçando a amiga, que soluçou sentindo as lágrimas caírem. — Eu sei que no começo eu te encorajei a persistir, mas já tá na hora de você pensar em você.
— Eu sei, eu só…— ela fez uma pausa longa. — Não sei te explicar. Como pode alguém como ele, que é tão próximo de mim, que passa mais tempo comigo do que qualquer um de vocês, não perceber? Vocês sabem como eu me sinto de ser vista como apenas mais uma pessoa parte do grupinho de amigos homens, descaracterizada, e agora, com a certeza de que sequer sou vista como uma garota no meio de vocês. — Ela riu descrente de suas próprias palavras. — Eu amei ele por anos e dei o meu melhor por anos também, como melhor amiga e como alguém que realmente quis cuidar dele independente da situação. Isso tudo para receber aquilo que aconteceu ali dentro? Droga, eu tenho sentimentos.
— E você está certa! — null disse. — Seus sentimentos são válidos e ele não pode te tratar como um amigo homem, até porque você não nasceu com o mesmo que ele no meio das pernas — ele riu junto dela — e com certeza é mais corajosa que ele. — Ele a abraçou mais uma vez. — Por isso que eu disse que é hora de você pensar em você, seguir em frente, apenas tratar ele como amigo.
— Ele está certo! — null disse se aproximando dos dois que não haviam notado a presença dele. — Eu não sabia, tinha notado algo antes, mas achei que fosse coisa da minha cabeça. — null saiu do abraço de null limpando as lágrimas para disfarçar. — Isso te machuca, a forma que ele falou lá dentro — ele coçou a nuca incomodado — não tá certa. Mesmo que você ande com a gente, você continua sendo diferente de nós.
— Obrigado, null! — Ela disse sorrindo.
— Você precisa seguir em frente, null — null disse enxugando levemente as lágrimas da garota que insistiam em cair — null não vale suas lágrimas e muito menos seu esforço.
— Obrigada, null. — Ela sorriu e abraçou o amigo de sorriso aberto à sua frente. — Obrigada, null. — Fez o mesmo com o mais novo. — Vocês realmente são tudo que eu tenho em dias de chuva.
— Mas não tá chovendo. — null disse olhando para o céu.
null e null se olharam e riram balançando a cabeça enquanto olhavam para o mais novo confuso.
— Deixa para lá! — Ela disse agarrando o braço de null de um lado e null do outro. — Quem aí quer sorvete? Hoje é por minha conta.
— Eu! — Os dois disseram juntos, fazendo com que ela desse risada e concordasse.
Os três iam conversando conforme andavam e ainda assim os pensamentos de null estavam um pouco desconcentrados. Enquanto null e null discutiam sobre mint choco ter gosto de pasta de dente ou não, ela pensava no quanto aquela conversa de minutos atrás havia sido sincera e decisiva para ela, o quanto ela precisava colocar aquilo em sua mente e como esqueceria null dali em diante, tratando ele apenas como seu melhor amigo.
***
null não conseguiu dormir direito e muito menos sentia vontade de sair de casa no dia seguinte.
Ele não sentia a animação que achou que sentiria já que sabia que finalmente teria sua oportunidade com a garota dos seus sonhos, ele não sentia um pingo da emoção que achou que sentiria. Talvez porque null não respondeu suas mensagens ontem quando ele resolveu tentar falar com ela como se nada tivesse acontecido mais cedo, talvez porque seus pensamentos não saiam das palavras que ela disse ou do olhar — incompreensível para ele — que ela tinha quando falava aquelas coisas.
Ou seja, seus pensamentos não saiam dela.
Ele estava deitado em sua cama enquanto rolava por suas redes sociais, parou em uma foto que null havia postado com null e null. A legenda era doce e simpática como a relação que ela tinha com eles e que null nunca havia percebido até eles saírem da pista para ir atrás dela, normalmente ela sempre estava com ele então aquilo o deixou intrigado. Ele se pegou clicando na pequena foto de perfil da garota para entrar em seu feed e olhando suas fotos uma por uma, divididas entre fotos de paisagens que ela tirava aleatoriamente, fotos que ela tirava com os amigos, sozinha e inúmeras fotos dos dois apenas. Ele pensou em mandar outra mensagem no mesmo momento, mas sabia que sofria o risco de que ela não o respondesse e ele não queria se sentir preso a isso, então apenas levantou de sua cama e foi arrumar sua mochila para a festa. Como era uma festa com direito a piscina, ele sabia que iria precisar levar coisas para se trocar depois, então se ocupou com isso e a música alta que resolveu colocar.
online
Passo para te buscar às 11h
A mensagem de null brilhou na tela bloqueada do celular de null, o deixando um pouco animado demais com a possibilidade de que pudesse ser null. O que o decepcionou um pouco quando percebeu que não era.
online
Passo para te buscar às 11h
Certo, passamos por null logo em seguida
Ele respondeu deixando seu celular de canto.
online
Passo para te buscar às 11h
Certo, passamos por null logo em seguida
Ela me mandou mensagem mais cedo, disse que vai com outra pessoa, então não precisamos passar para buscar ela
Ele não sabia explicar o que sentia, não deveria ser algo que o incomodava, nunca o incomodou null ter outros amigos.
online
Passo para te buscar às 11h
Certo, passamos por null logo em seguida
Ela me mandou mensagem mais cedo, disse que vai com outra pessoa, então não precisamos passar para buscar ela
Oh, quem? Ela não me disse nada
Ele perguntou curioso.
online
Passo para te buscar às 11h
Certo, passamos por null logo em seguida
Ela me mandou mensagem mais cedo, disse que vai com outra pessoa, então não precisamos passar para buscar ela
Oh, quem? Ela não me disse nada
Desculpa, null, ela não me disse. Mas posso perguntar se você quiser…
Ele suspirou.
online
Passo para te buscar às 11h
Certo, passamos por null logo em seguida
Ela me mandou mensagem mais cedo, disse que vai com outra pessoa, então não precisamos passar para buscar ela
Oh, quem? Ela não me disse nada
Desculpa, null, ela não me disse. Mas posso perguntar se você quiser…
Não precisa, te vejo em uma hora
Com isso ele largou o celular em cima de sua cama e soltou um suspiro alto, voltando a colocar as coisas na mochila.
A verdade era que null tinha outras pessoas de quem era próxima; óbvio, dava prioridade a seu grupo de amigos mais antigos e todos sabiam como ela era com null, então nunca reclamaram, por isso se assustaram quando ela perguntou se podia ir com eles à festa na noite anterior. Já havia conversado com null, null e até mesmo com null sobre o assunto e decidiu que iria à festa, mas com seu grupo de amigos do clube de cinema e jornalismo da faculdade.
— Um milagre o amor da minha vida decidir sair com a gente. — null disse abaixando seus óculos e olhando para null, que se sentou no banco do passageiro, com olhar de provocação, fazendo a garota rir e mostrar a língua para a amiga.
— Vamos passar para pegar as meninas? — Ela perguntou colocando o cinto de segurança.
— null, null e o nosso queridíssimo presidente do clube de cinema, porque os amigos dele são chatos e ficaram doentes juntos, e o único que não está doente vai aparecer mais tarde com a namorada; ou seja, não vão na festa. — Ela revirou os olhos.
— Mas o null não tem carro? — Ela perguntou confusa.
— É, realmente faz tempo que você não sai com a gente… — ela riu. — Você não ficou sabendo da história desastrosa do carro dele?
— Hm… não? — null sorriu sem graça.
— Digamos que ele e os amigos foram a um lugar gravar algumas paisagens para o curta que estávamos gravando e o carro pegou fogo. — Ela disse rindo. — Não me pergunte como, nem ele sabe.
— Que perigo! — null disse abismada.
— Não comenta sobre isso perto dele, ele ainda anda meio sensível com o assunto.
— Anotado! — Ela respondeu rindo.
Ela havia se esquecido o quanto era bom passar tempo com ela, null e null. A casa de null era fora do caminho, então elas aproveitaram a ida cantando as músicas mais engraçadas possíveis, chamando a atenção de quem via de fora.
— Qual o motivo da animação? — null disse sorrindo vendo-as rindo e ao mesmo tempo se surpreendendo com a presença de null. — Já vejo que parte do motivo é a ilustre presença da senhorita null aqui.
— Viu, até nosso queridíssimo presidente sentiu que a sua presença levanta os ânimos. — null disse rindo.
— null concorda, olha a cara dela. — null disse rindo da cara que null fazia enquanto apontava a câmera do celular para os dois.
— Eu preciso registrar esse momento! — null disse rindo. — Não é todo dia que se vê null e null no mesmo ambiente sem que seja uma reunião do conselho estudantil ou clubes.
null sorriu, virando-se para a amiga fazendo uma careta e null se aproximou do encosto dela sorrindo e fazendo gestos engraçados com a mão.
E assim, null percebeu a importância do equilíbrio nas amizades. Amava os meninos, mas percebeu que, por amar demais uma pessoa em questão, negligenciou outras que lhe faziam bem.
— Certo, se por acaso não continuarmos juntos durante a festa e precisarmos ir embora por alguma razão, nos encontramos aqui no carro ou mandamos uma mensagem no grupo para avisar. — null disse organizando todos, já que era a mais velha e tinha mania de organização. — Agora vamos, porque eu preciso beber mojitos feitos pelo John.
— Eu ia perguntar sobre isso. — null disse chamando a atenção de todos os amigos para si. — Por que a senhorita não veio com ele à festa?
— Eles brigaram… de novo. — Todos disseram juntos, fazendo null revirar os olhos.
— Agora você já sabe — respondeu rindo.
— Aparentemente as coisas nem sempre mudam — comentou rindo da amiga, que foi passando pelo portão de entrada na frente de todos.
null gostava do ambiente de festa, não era tão acostumada com o tanto de gente conhecida do campus e muito menos com o tanto de gente desconhecida do campus, mas sempre gostou da vibe que ela sentia quando entrava em um lugar em que uma música perfeita e animada tocava e ela reconhecia de cara. Ela gostou da primeira impressão que a festa passou para ela.
— Pelo jeito você gosta de uma festa. — null disse próximo a ela, observando a garota olhar ao redor e estendendo um copo vermelho para ela. — Mojito? Sem álcool porque eu sei que você raramente bebe.
— Principalmente quando eu entro e uma música boa começa a tocar — respondeu sorrindo. — Obrigado.
— Interessante — disse tomando um gole da bebida que havia pego junto com a dela.
— Gosto de primeiras impressões em geral. — Ela explicou olhando ao redor, encontrando com os olhos os amigos do outro lado da piscina, perto de uma das mesas de bebidas e comidas.
Eles também a viram entrando com null, null, null e null, e tentaram chamar a atenção dela para eles, assim como enviaram mensagens para o grupo que tinham, mas a garota parecia não as receber. null pensou em ir buscá-la para que fosse até onde eles estavam, mas foi interrompido pela sensação esquisita que foi ver null se aproximar dela, fazendo com que ela sorrisse de uma forma curiosa para ele.
Quase sentiu seu estômago revirar em nervosismo quando viu que ela se recusou a ir até eles de início, dizendo que depois iria, saindo com o presidente do clube em meio às pessoas.
— É, parece que ela encontrou alguém para passar o tempo. — null comentou observando null e null de longe, que riam enquanto andavam pelo local à procura de null, John e seus mojitos que com toda certeza atraiam null e null tanto quanto ela e o amigo.
— Desde quando eles são amigos… — null fez uma pausa — próximos, assim?
A maioria deles observava confuso quando null e null acabaram parando na pista de dança juntos. Antes eles procuravam pelos amigos, mas uma das músicas favoritas de null havia começado e ela não resistiu, puxando-o para onde as pessoas estavam concentradas dançando.
Eles mais riam e falavam das pessoas próximas do que dançavam, mas ainda assim estavam se divertindo. Coisa que ela tinha dito para si mesma que faria naquele dia.
— Desde que ela entrou nos clubes de jornalismo e cinema. — null falou olhando de canto a reação de null. — E claro, as reuniões do conselho estudantil. null, null e null são próximas dele, então acho meio impossível eles não serem próximos também.
— Só não sabia que eram tanto. — null comentou instigando o assunto.
— Eu deveria… — null se levantou pronto para ir em direção a null, mas foi impedido por mãos frias que seguraram seus ombros de repente, o assustando.
— Finalmente te achei! — A voz feminina disse próxima a seu ouvido.
— Hanna. — Ele apenas pronunciou seu nome e sorriu amarelo, passando seu olhar por alguns instantes onde null e null estavam.
— Oi. — disse dando um beijo na bochecha dele, fazendo os amigos se segurarem para não vibrarem ali mesmo. — Por que não dançamos um pouco? Eu amo essa música.
— Eu…
Ele não teve tempo de responder. Se fosse alguns dias atrás, ele estaria explodindo por dentro, mas agora ele não se sentia assim. Estava mais preocupado com a amiga e sua nova e repentina interação com o presidente do clube de cinema do que realmente com dar atenção à garota dos seus sonhos que o puxava para a pista de dança naquele mesmo momento.
— Você conseguiu! — null disse de forma muda quando null olhou para os amigos quase pedindo ajuda, sabendo que não seria entendido — Aproveita.
null viu a cena de longe e pode dizer que null também, pois seu ânimo pareceu diminuir no mesmo momento.
— Você quer ir procurar aqueles mojitos agora? — null disse próximo a seu ouvido, o que a arrepiou por um momento. Ele sorriu percebendo a reação repentina da garota. — Eu aposto que a null está apressando o John com isso.
— Com certeza! — Ela respondeu rindo. — Vamos!
Dessa vez foi ele quem agarrou a mão da garota e a puxou de forma delicada consigo, passando por null e Hanna, que trocaram olhares e se cumprimentaram e nada mais que isso.
— Espera. — Pediu null de repente. — Só vou dizer oi aos meus amigos, você pode ir na frente para a cozinha atrás deles que eu te alcanço em cinco minutos.
— Eu posso te esperar — disse tranquilo.
— Então vem comigo dizer oi para eles também. — Ela disse trazendo ele consigo.
Os dois caminharam pela borda da piscina com cuidado para não caírem conforme passavam pelas pessoas.
— Olha quem resolveu lembrar da gente! — null disse, vendo a garota se aproximar.
— Você anda muito mal acostumado me tendo vinte quatro horas por dia com você — respondeu sorrindo para o amigo, que fez questão de bagunçar o cabelo dela.
— Realmente. — Ele comentou. — Você me mima muito.
— Ainda bem que você sabe. — Ela riu para null, que entrou na conversa de repente. — Achei que íamos nos ver essa manhã, baixinha, eu senti a sua falta.
— null, nós nos vimos ontem de tarde e conversamos por chamada logo depois por causa do trabalho de literatura ocidental que temos para depois do feriado. — Lembrou ela ainda rindo.
— Ainda assim, muito tempo sem você — respondeu a abraçando.
Ela fez o mesmo com todos ali na roda, recebendo olhares duvidosos de null e null junto dos olhares engraçados de null e null quando viram null ali parado esperando por ela.
— Ah, certo! — Ela puxou null um pouco mais perto. — Todos aqui conhecem o null, certo? Presidente do clube de cinema, amigo das meninas e…
— Seu namorado? — null perguntou arqueando a sobrancelha.
— Seu futuro namorado? — null fez o mesmo, mas rindo em seguida.
— Meu cunhado? — null entrou na brincadeira só para ver o quão vermelha a garota estava ficando.
— Meu futuro cunhado? — null fez o mesmo rindo.
— Nosso rival? — null e null disseram juntos cruzando os braços, fazendo com que todos dessem risada, inclusive a garota que estava morrendo de vergonha.
— Peço desculpas, eles não costumam ter muito filtro — disse a null, que riu balançando a cabeça negativamente e dizendo que estava tudo bem.
— Eu não sabia que eu poderia ser uma opção. — Ele comentou. — Se algum dia eu tiver um título desse com a null, eu farei questão de pedir a permissão de vocês antes, obrigado por me avisarem.
— Huh? — null virou para ele de olhos arregalados e ele sorriu dando de ombros.
— Parece que vocês ainda precisam conversar sobre isso. — null disse soltando uma risadinha.
— Certo, acho que podemos ir pegar aqueles mojitos agora. — Ela disse passando pelos garotos com null. — Vejo vocês depois.
— Tchau, casal. — null disse rindo.
Observando os dois passarem pelas pessoas em direção à cozinha, os amigos riram de como null era tímida quando eles faziam piadas como aquelas com ela. Mesmo com null ou null, os que mais passavam tempo com ela diariamente, ela não mudava.
— Ela parece melhor. — null comentou.
— Quem? — Todos se viraram em direção a voz que surgiu do nada.
— Já voltou? — null perguntou intrigado.
— Ela disse que precisava ir em algum lugar — disse coçando a nuca. — De quem vocês estavam falando?
— null. — null comentou como se não quisesse nada. Não esboçou nenhuma reação, mas soube que algo na reação de null quando mencionaram o nome da garota pareceu diferente.
Ele não seguiu os dois com os olhos depois que foi até a pista de dança com Hanna, pensou que estava paranoico por sentir aquela vontade absurda de falar com a garota e que deveria aproveitar a situação em que se encontrava. Mas ele não encontrou isso nos lábios da garota que sempre imaginou ser a resposta de tudo.
— Ela estava bem felizinha com nosso mais novo futuro cunhado. — null continuou pelo mesmo motivo que null.
O brilho dos olhos de null pareceu mudar no mesmo momento, ele imediatamente procurou por ela pelo local. Se antes null e null estavam curiosos, agora entendiam muito bem o que estava acontecendo.
— Futuro cunhado? — Ele perguntou como quem não queria nada.
— Uhum, o presidente do clube de cinema parecia bem interessado na nossa baixinha. — null comentou rindo.
— O quê? — null perguntou um pouco desnorteado pela informação.
— Voltei. — A voz feminina mais uma vez atingiu seus ouvidos de forma que o assustasse. — O que você acha de voltarmos para onde estávamos, gatinho? — disse deixando um beijo em sua orelha. — Você parece muito tenso hoje.
Até mesmo Hanna pôde notar como null não parecia ele mesmo naquele dia e isso despertou null para a forma que ele estava agindo.
— Você está certa, vamos aproveitar. — Ele respondeu agarrando a mão da garota com cuidado, que exclamou animada enquanto os amigos pareciam confusos, menos null e null que sabiam exatamente o que estava acontecendo com null naquele momento.
null finalmente entenderia como null se sentiu depois de anos, mesmo sendo extremamente lerdo.
null se desculpou com null naquele mesmo dia através de mensagem, já que ela não se aproximou nenhuma das vezes em que ele estava por perto. Ela disse a ele que estava tudo bem e ele se sentiu aliviado no mesmo momento, mas percebeu que, assim que tentou puxar algum tipo de assunto com ela, foi cortado imediatamente. Ele não queria falar sobre Hanna, nada parecido com isso. Ele só queria perguntar sobre o dia dela, ou talvez como ela se sentia em relação ao presidente do clube de cinema, aquilo era algo que o estava intrigando.
Ele não precisou de muito para descobrir como eles estavam próximos, ele apenas precisou entrar em suas redes sociais. Cinema aos domingos era algo deles, ela nunca havia deixado de lembrá-lo. Precisamente por isso, quando ele mandou mensagem a ela perguntando a que horas eles se encontrariam e ela não respondeu, algo dentro de si disse que ele deveria ir ver se ela havia postado algo naquele dia; talvez ela estivesse ocupada com a família ou algo parecido, quem sabe algum projeto da faculdade ou, na pior das hipóteses, talvez ela estivesse dormindo.
Seu coração ficou estranho quando viu que ela não o respondeu porque provavelmente já estava em uma sala de cinema com outra pessoa. Ele sequer conseguiu responder a mensagem que Hanna havia mandado a ele no mesmo momento.
Recebeu a mensagem dela pedindo desculpas e dizendo que tinha sido convidada para ir com outra pessoa naquele dia, que poderiam deixar para a próxima semana uma hora depois e suspirou alto, insatisfeito com aquilo. Sequer conseguiu respondê-la, então, para desestressar, decidiu aceitar o convite de Hanna para ir até sua casa assistir algum filme, dando espaço para que ficassem mais uma vez.
Mas a única coisa em que sua mente viajava durante todo o tempo era diretamente a null. Ele tentou focar em outras coisas, mas simplesmente não conseguia e aquilo o estava enlouquecendo.
null, por outro lado, não havia parado de gostar de null, mas o tempo que estava tendo longe dele estava claramente fazendo bem a ela. null era uma pessoa divertida de estar próxima, ela sabia que ele entendia sobre os sentimentos dela e insistia em tratá-la da melhor forma possível, mesmo que ela não conseguisse corresponder seus sentimentos no momento. null apenas queria que ela se sentisse melhor em relação a tudo, ela merecia e era genuíno da parte dele agir daquela forma, sem primeiras ou segundas intenções.
A verdade era que ele sempre teve um interesse na garota e ser próximo de null, null e null não ajudava muito a fazer com que ele não prestasse atenção nela. Foi assim que ele descobriu o intenso amor dela pelo melhor amigo desde que eram crianças.
Não era uma oportunidade, ele sabia que a conexão que null tinha com null era intensa demais para que fosse uma oportunidade, mas ele se sentiu na necessidade de fazer com que ela se sentisse melhor quando a viu desanimar com a aproximação de null e Hanna na festa.
Ele odiava vê-la diminuir seu sorriso daquela forma por outra pessoa.
Na manhã de segunda-feira, todos iam de carona com null ou null para a faculdade e, mais uma vez, null não estava no carro quando null entrou, o que não acontecia, já que null sempre passava para buscá-la primeiro que todos.
— Ela disse que precisava fazer algumas coisas antes da primeira aula, então disse que não precisava ir buscá-la. — null já justificou assim que null se sentou no banco do passageiro.
— Ah sim. — Foi a única coisa que ele conseguiu dizer.
— Vocês não andam conversando? Desde a pista na sexta-feira? — O amigo perguntou curioso.
— Nós conversamos. — O mais novo comentou. — Só não… — ele fez uma pausa e olhou para o amigo — muito? Eu acho.
— Certo. — null comentou.
Um null pensativo sobre como talvez ele sentia mais falta dela do que o normal foi colocado naquele carro e a viagem até onde os outros viviam foi quieta, apenas com a música tocando no fundo.
— Vocês podem ir na frente, vou estacionar. — null disse quebrando os pensamentos aleatórios de null de repente. — Será que vocês podem ir pegando minhas coisas no armário? Se eu me atrasar dessa vez, o senhor Kim não vai me deixar entrar na aula, aquele cara me odeia.
— Claro! — null disse pegando a chave. — Te vemos na sala.
— Obrigado! — null agradeceu vendo os amigos descerem.
A primeira aula de todos naquele dia começava às dez horas da manhã, mas ainda assim a faculdade ficava cheia antes do horário e por isso era fácil ver vários rostos conhecidos pelo corredor principal ou cafeteria.
Quando null viu null sentada em uma das mesas da cafeteria rindo enquanto tomava seu café da manhã com null, seu estômago revirou, mas quando ele viu a mão dele tocar a dela sobre a mesa quanto ela ainda ria, seu coração pesou.
— null, aquela não é…— a voz de null surgiu atrás de si apontando para a mesa logo ao lado da que null e null estavam.
— Hanna. — null disse vendo de quem se tratava.
O fato de Hanna estar ali naquele horário o surpreendeu, até porque ela disse a ele que não estaria cedo na faculdade e que sua primeira aula seria realocada para a parte da tarde.
— E a estrela do time de futebol americano. — null comentou. — Sinto muito, cara.
Hanna e Chad, a estrela do time de futebol americano, praticamente se engoliam no meio da cafeteria que não estava cheia, mas estava com um bom número de pessoas.
— Sinto muito que você perdeu essa garota, cara. — null disse, colocando as mãos no ombro do amigo.
— Nós dissemos que ela não era de compromisso. — null lembrou, recebendo olhares de repreensão dos amigos. — Eu não menti. — Ele sussurrou para eles.
— Você está bem? — null disse se aproximando e se dando conta do que estava acontecendo.
— É realmente uma pena. — null disse de repente, seu tom de voz era cabisbaixo, mas não pelo motivo que os amigos pensavam.
Ver a cena da melhor amiga de repente mais animada e próxima de outra pessoa que não ele, deixando com que o mesmo tocasse suas mãos, fizesse ela rir ou se sentir bem, parecia por algum motivo pesar mais do que perceber que a garota dos seus sonhos não estava realmente interessada nele.
— É realmente uma pena eu ter pedido essa garota. — Ele disse sendo sincero.
Era uma pena ele ter pedido null, uma pena só ter notado os sentimentos dentro dele depois de ter causado o afastamento dos dois.
Semanas se passaram e ele sentiu o tipo de vazio que sua vida era sem ela por perto o tempo todo. Ele tentava de tudo para voltar a ser como eram antes, apenas ele e null, mas ela já não dava mais espaço. Ela não o ignorava nem nada do tipo, continuava sendo sua melhor amiga, mas uma barreira que não existia antes surgiu entre eles, ela colocou um limite entre eles, limite esse que não existia.
— Quando você vai trazer nosso cunhado para conhecermos ele melhor? — null disse de repente, chamando a atenção de todos para si e null, que balançou a cabeça negativamente rindo.
null sabia da possibilidade deles namorando, mas não imaginou que todos sabiam que era oficial, menos ele.
— Parem de chamá-lo assim. — Ela riu.
— Vocês andam saindo bastante ultimamente, você nem tem mais tempo para a gente. — null comentou.
— Que mentira! — Ela respondeu rindo. — Dramático. Eu estou aqui hoje, não estou?
— Aposto que ele tinha outra coisa para fazer e você só aceitou nosso convite porque não podia sair com ele. — A garota se calou no mesmo momento, fazendo com que null, que fez o comentário, ficasse ofendido de forma teatral. — Seu silêncio diz tudo.
— Nós tínhamos planos para hoje, mas ele precisou cuidar de uma coisa de última hora com a família. — Ela comentou. — Na verdade eu pensei em convidar ele para vir comigo hoje, mas ele cancelou antes que eu perguntasse.
— E ela ainda tem a cara de pau de dizer que não são um casal! — null comentou rindo.
null permaneceu quieto o tempo todo, ele entendia que havia perdido sua oportunidade, mas não precisava ouvir sobre aquilo o tempo todo, por isso se levantou anunciando que faria mais pipoca, fazendo com que null e null fossem atrás dele alguns segundos depois.
— Escuta. — null começou falando assim que entrou na cozinha. — Não acredito que vou dizer isso depois de ter aconselhado o contrário a ela, mas, se você quer ter a sua chance e deixou de ser burro, você precisa lutar por isso, não ficar parado olhando ela escapar pelos seus dedos ainda mais.
— O quê? — null quase gaguejou ao escutar aquilo.
— null sempre gostou de você, seu babaca! Acorda! — null disse. — Mas ela está se sentindo bem com outra pessoa agora porque você mostrou para ela aquele dia que nunca veria ela como uma garota, e ela tem sentimentos.
— Ela só está te tratando da forma que melhores amigos se tratam e não com todo cuidado e carinho do mundo como antes porque ela simplesmente cansou. — Completou null. — Ela precisava tomar uma atitude por ela, já que aquilo estava cada dia mais afundando ela em tristeza.
— Ela sempre te amou, null! — null disse dando uma passos para frente. — Eu nem deveria estar falando isso, mas quero ver os dois idiotas dos meus amigos juntos, mesmo que um deles seja burro, lerdo e que apenas se deu conta dos tipos de sentimentos que tinha pela melhor amiga depois de perdê-la.
— Acabou, null, ela já tem outra pessoa e está feliz com ele, ela já tem um namorado que não sou eu — respondeu cabisbaixo.
— O que é surpreendente, eu diria. — null brincou para descontrair.
— Eles não estão namorando — revelou null, fazendo com que null levantasse a cabeça no mesmo momento.
— O quê? Eles não estão namorando?
— Não — afirmou. — Pelo menos não ainda, mas podemos dizer que null é bem esforçado.
— Mais do que você — null acrescentou.
— Você precisa colocar isso para fora. — O amigo disse. — Pelo menos se quiser que ela realmente seja sua garota, porque, se for para machucá-la outra vez, você leva uma surra.
— Bem pontuado! — null levantou a mão para que null fizesse um “high five” com ele.
— Como eu faço isso? — Ele perguntou perdido.
— Não vamos te ajudar, ela merece o seu esforço e, não o nosso. — null disse puxando null consigo para voltarem para a sala.
— Mas você pode pensar nos anos oitenta, quem sabe não te dê uma ideia. — null disse antes de ser puxado de vez.
Ele definitivamente tinha bons amigos.
Quando voltou com a pipoca para a sala, seu lugar havia sido tomado por null deixando apenas o espaço perto dela no sofá. Ele se sentou e ofereceu o balde de pipoca que tinha em mãos a ela, um sorriso sincero.
Ela sorriu da mesma forma e seu coração pareceu que iria explodir.
O sorriso dela sempre havia sido bonito a seus olhos mesmo não entendendo. Mas dessa vez ele entendia o porquê sempre havia pensado isso.
Alguns dias depois, o nervosismo parecia corroê-lo por dentro por causa do plano que ele havia feito para reconquistar sua garota.
— Rádio? — A voz de null soou do celular.
— Certo! — null respondeu mostrando o enorme rádio que havia pego emprestado dos pais.
— Música? — null perguntou junto de null do outro lado da linha.
— Certo, também! — Respondeu.
— Cartazes? — null perguntou.
— Todos prontos e conferidos — disse mostrando todos.
— Perfume? — null perguntou de repente recebendo um olhar confuso tanto de null quanto de null. — Se ela te abraçar de repente, é sempre bom estar cheiroso.
— Certo? — null afirmou em tom de pergunta, rindo.
— Tudo pronto para amanhã, então! — null disse ao amigo — Nos atualize, por favor.
— Pode deixar. — Ele sorriu. — Obrigado por me ajudarem a conferir tudo e me dar força nesse plano maluco.
— Não pense que estamos fazendo isso por você. — null disse. — Estamos fazendo porque, se você for rejeitado, será a melhor rejeição que já aconteceu.
— Não dê ouvidos a ele. — null disse rindo. — De nada, vai descansar que você tem um dia cheio amanhã.
— Certo! — null respondeu.
Ele se despediu dos amigos e foi deitar pensando positivamente que o dia seguinte seria um dia bom e inesperado. Pela mesma razão, ele acordou às cinco da manhã perdendo o sono com as milhares de coisas em sua mente.
Seu plano aconteceria às oito da manhã. null tinha aula às dez, por isso sabia que ela estaria despertando mais ou menos naquela hora e a primeira coisa do dia que veria seria ele e sua declaração. Por isso, quando o sol começou a raiar, ele se levantou, deixando tudo pronto em sua cama, e foi tomar banho.
Ele não tomou café da manhã porque estava nervoso demais para pensar em qualquer coisa, por isso saiu mais cedo de casa, chegando dez minutos antes para ter certeza de que tudo estava certo.
null tinha esse gosto por filmes dos anos oitenta, e ele resolveu combinar alguns deles em sua declaração. O rádio vinha de um, a música de outro, os cartazes de outro e até mesmo o cortador de grama que ele sequer sabia de onde null e null tiraram eram de um dos filmes favoritos dela, os mesmos filmes que eles assistiram inúmeras vezes juntos.
— Você consegue — disse para si mesmo se encorajando.
online
Você está acordada?
Ele mandou uma mensagem perguntando.
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Você está acordada?
Acabei de acordar
Ela respondeu ainda com os olhos um pouco pesados.
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Você está acordada?
Acabei de acordar
Você pode olhar rapidinho pela janela?