Capítulo Único
Era para ser apenas mais um dia normal no St. Louis High School, só mais uma aula de química mas o aluno novo entrou logo depois da professora, e a paz que eu esperava para aquele dia se foi quando ela começou a separar as duplas. Já fazia uma semana que movimentava as rodas de fofoca daquele colégio, o aluno novo com seus olhos , corpo atlético e aquele sorriso idiota de quem sabe que é muito mais bonito que a maioria dos meninos daquele lugar eram quase desconcertantes mas sua arrogância fazia todos aqueles atributos físicos irem por água abaixo e pra mim ele era só mais um idiota no meio daquela multidão.
Trabalho em dupla, valendo metade da nota do bimestre e no primeiro dia meu parceiro já chegou quase no final da experiência.
– Foi mal, o treinador queria falar comigo depois do treino – entrou no laboratório de ciências ofegante, me desconcentrei com aquela entrada triunfal e misturei toda a substância com outro produto.
– Não acredito! – Olhei para nosso projeto começando a ficar com uma cor esquisita e a borbulhar perigosamente, quando me aproximei pra ver se estava voltando ao normal, senti uma mão me puxando pela cintura e me afastando da bancada do laboratório.
– Cuidado ! Isso vai explodir – estava tão próximo a mim que era como se ele falasse ao pé do meu ouvido, me virei de frente pra ele e estava pronta para mandá-lo me soltar quando nosso trabalho explodiu, fazendo a maior sujeira. Mas a única coisa em que eu conseguia prestar atenção eram nos olhos dele cravados em mim e nas mãos dele me segurando pela cintura como se eu pudesse cair a qualquer momento se ele me soltasse.
– A gente continua amanhã – Desviei meu olhar e me afastei levemente, ouvindo ele limpar a garganta e ir para o outro lado me ajudar a limpar a bagunça.
No segundo dia, ele chegou antes de mim, se dedicou mais do que nas aulas e eu não estava entendendo nada, o cara que trombou comigo no primeiro dia de aula e mal olhou na minha cara, hoje estava ali elogiando meu cabelo e perguntando o que as pessoas do colégio gostavam de fazer nas horas vagas. E como se ele tivesse decidido realmente me ajudar, em vez de apenas olhar, como era o costume naquele colégio, se tornou um bom parceiro de laboratório fazendo daquele lugar o nosso mundo particular onde o com quem eu convivia era uma pessoa totalmente diferente do cara chato e metido que andava pelos corredores do colégio.
Quando conseguimos terminar nosso projeto, por mais louco que aquilo parecesse para mim, já era um bom colega de classe e não mais o insuportável das primeiras aulas. E aquela risada engraçada era só mais uma prova de que ele gostava de ser idiota de propósito as vezes.
– Prontinho! Agora você está livre estressadinha – me mostrou a parte escrita do nosso trabalho com aquele sorriso sacana no rosto denunciando que ele estava aprontando alguma.
– Melhor parte do trabalho! – Pisquei para ele esticando a mão para que ele me entregasse o trabalho, mas negou com cabeça.
– Só por isso, vai ter que fazer uma coisa por mim – Foi a vez dele piscar para mim e sorrir torto, daquele jeito bem irritante.
– Ih lá vem, depende muito seu chantagista! – Cruzei meus braços esperando seu pedido.
– Vem assistir ao jogo hoje?! Por favor!! – chegou mais perto e me segurou pelos ombros, me fazendo encarar aqueles olhos e brilhantes dele, me pegando de surpresa – Vem ! Por favor! – Ele chegou mais perto e eu apenas sorri em resposta, incapaz de falar nada, abriu seu sorriso galanteador e me abraçou apertado, dando um beijo estalado na minha bochecha, me fazendo dar graças a Deus por estar sentada pra não cair durinha no chão.
– Sai daqui, garoto! – Empurrei ele de leve ouvindo aquela gargalhada gostosa como resposta, ele me deu mais um beijo na testa antes de sair do laboratório dizendo que me esperava a noite no colégio.
Toda hora que eu olhava ao redor eu não conseguia parar de me questionar sobre o que eu estava fazendo ali, nunca tinha ido a nenhum dos jogos do time de futebol, mal conhecia as regras mas uma força maior me mantinha ali, sob aqueles olhares esquisitos, ouvindo aqueles gritos de torcida. Quando os Tigers entraram em campo eu sabia porque estava ali: . O novato da escola, o gato do time de futebol, entrou com toda sua marra em campo, o rosto pintado, segurando o capacete como se nem precisasse dele, e seu nome sendo gritado por algumas garotas perto do campo. O treinador o colocou no jogo e ele era realmente bom, as pessoas ao meu redor torcendo fervorosamente enquanto eu apenas me preocupava vendo aquelas pessoas se trombando em campo. Agora eu me lembrava porque quase nunca assistia futebol.
Os Tigers venceram aquela partida, o passe de foi fundamental para o ponto final e só por causa disso quando o jogo acabou ficou impossível se aproximar dele, estava esperando para conseguir sair daquela arquibancada e ir embora, quando eu olhei para o campo e me observava, de braços cruzados e uma sobrancelha arqueada, como se estivesse bravo comigo e eu apenas ri para ele, não fazia questão de ir até lá e atrapalhar, mas ele saiu do campo e veio até onde eu estava.
– Não acredito que você ia embora sem falar comigo ! – com o rosto todo sujo de suor e tinta chegou mais perto, ficando a minha frente.
– A culpa não é minha se você é famoso, sou só uma humilde torcedora, estava pensando em te mandar parabéns pelo Facebook como os meros mortais – Dei de ombros rindo ironicamente enquanto semicerrava os olhos para mim.
– Acho que eu senti uma pontinha de ciúmes aí – abriu aquele sorriso torto para mim e eu o olhei boquiaberta, tentando achar uma resposta boa o suficiente enquanto ele aproximava, me surpreendendo com um abraço – Obrigada por ter vindo!
– Eca, você tá todo suado! – Disse perto de seu ouvido e gargalhou perto do meu, com suas mãos na minha cintura ele tentou me fazer cócegas mas eu segurei suas mãos e o olhei nos olhos, nós dois ainda estávamos rindo quando entrelaçou suas mãos as minhas e me beijou. Em um beijo calmo, suas mãos foram para minha cintura, me levaram para mais perto e de uma maneira muito louca, mesmo surpresa, apenas parecia certo, estar ali com ele daquela maneira estava certo.
– Eu queria tanto fazer isso! – se afastou minimamente e sussurrou em meu ouvido, me fazendo sorrir e um arrepio idiota passear pelo meu corpo – Preciso me trocar, me espera?! – Apenas concordei com um aceno de cabeça enquanto ele se afastava indo em direção ao vestiário.
Ficar ali sozinha me deu tempo para pensar e chegar a conclusão de que aquilo era uma grande loucura, estava tentando não rir pensando nisso quando vi as mesmas garotas que gritaram por e foram o cumprimentar depois do jogo com seus olhos cravados em mim, uma delas fez questão de me analisar de cima a baixo e fingir uma risada logo em seguida, me deixando com raiva e vontade de sumir dali, eu sabia que isso aconteceria, alguma coisa ali não se encaixava e como sempre era eu.
A nerd com quem provavelmente estava brincando, a que não fazia parte daquele mundo, antes que aquilo fosse pra frente decidi ir embora. Já estava quase chegando no estacionamento quando ouvi me chamando.
– ! Espera!!! – Ele veio até mim com um sorriso confuso no rosto, e eu gostaria de já estar na minha casa, bem escondida de qualquer constrangimento.
– Preciso ir pra casa – Disse rápido tentando desviar dele mas parou na minha frente, olhando fixamente em meus olhos – Aquilo que aconteceu foi um erro, vamos esquecer o.k.?! – Tentei passar por ele mas segurou minhas mãos, e ergueu meu queixo, trazendo meu olhar de encontro ao seu.
– Beijar você nunca será um erro, ! – abriu seu sorriso torto antes de me beijar mais uma vez, com mais intensidade, me puxando pela cintura e me deixando sem fôlego, com a boca ainda próxima a minha sussurrou: “Eu sei o que eu quero, sei que isso não é uma brincadeira pra mim, deixa eu te provar isso?!”
me olhou com seriedade, pegou em minhas mãos e as segurou com firmeza.
– Você sabe que não vai ser algo muito fácil, certo?
– Eu adoro desafios! – Ele riu e deu mais uma piscada para mim antes de unir nossas bocas mais uma vez.
Eu já sabia que de alguma maneira as pessoas estranhariam, afinal de contas eu mesma demorei a me acostumar quando surgia do nada me abraçando, quando as vezes ele surgia no meio da biblioteca fazendo suas palhaçadas me desconcentrando, querendo me levar com ele dali. Ele não era nada do que esperava que realmente fosse, e era um grande alívio e assustador ao mesmo tempo. Depois do susto da primeira semana, todo o colégio pareceu esquecer da gente e focaram somente no campeonato de futebol, a grande chance de e da maioria do time de conseguir ir pra uma boa faculdade.
e eu já estávamos juntos há uns dois meses e tudo ia bem, ou quase, as vezes eu me pegava brigando com ele por coisas idiotas, que sempre acabavam em risadas ou beijos desengonçados. Nossa única discussão mais séria foi quando em um jogo do antigo colégio dele contra o nosso a ex-namorada dele apareceu e simplesmente se jogou em seus braços, eu estava na arquibancada vendo aquilo e sentindo vontade de simplesmente desaparecer ou bater nele, sorriu pra ela e a afastou. Quando o jogo acabou e ele veio me encontrar, segundos depois lá estava ela.
– a gente precisa voltar a marcar aquelas partidas de videogame com os garotos, nós sentimos muito sua falta – Ela passou a mão pelo braço de , sorrindo pra ele a todo momento.
– Emilly, essa é a minha namorada – me abraçou pela cintura, fazendo Emilly seguir seus movimentos com o olhar, quando ela finalmente olhou para o meu rosto fingiu um sorriso mas logo mudou de assunto.
– Prazer! – Ela sorriu amarelo e mais uma vez olhou para – Como vai sua mãe? Morro de saudades de ficar jogando conversa fora com ela, avise a Sra. que ainda está me devendo aquele bolo de chocolate.
– Você nem come chocolate, Emilly! – pegou minha mão e entrelaçou a sua, Emilly riu como se ele tivesse dito uma grande piada e foi inevitável, não pude deixar de rolar os olhos vendo a cena.
– Nós precisamos ir, até mais, Emilly – começou a se afastar mas Emilly fez questão de se despedir com um beijo no rosto dele mais do que pegajoso, apertei a mão de entrelaçada a minha e ele entendeu o recado, se afastando dela.
– Até mais lindo!
Aquilo já era demais pra mim, soltei da mão de e sai dali.
Estava com muita raiva, raiva de mais uma vez cair naquela armadilha, de sempre sentir que aquilo não era pra mim, mas principalmente raiva dele que era o mais idiota daquela situação, muito mais do que Emilly que só queria me provocar, me deixava perdida, porque eu não tinha argumentos contra aquilo, eu não o conhecia fora da escola, eu não fazia a mínima ideia de quem eram aqueles caras brincando com ele naquele exato momento, as vezes parecia que eu simplesmente não o conhecia.
– ! Me espera!! – chegou ofegante uns cinco minutos depois e pegou na minha mão mas eu a puxei de volta.
– Não leva a sério o que ela disse, a Emilly só queria te provocar….
– Sabe o que me deixa mais irritada?! – Perguntei cruzando os braços e encarando , ele se manteve em silêncio – O fato de mesmo sem querer ela ter muito mais do que eu tenho, por tantos dias eu me pego pensando que eu nem te conheço direito e hoje eu tive ainda mais comprovações sobre isso...
– , não é bem assim, não é verdade – pegou em minhas mãos mais uma vez e fez carinho nelas.
– Hoje eu só quero ir pra casa e dormir
– Vem, eu te levo
– Não! Eu já consegui uma carona com as meninas da minha turma, pode ficar e rever seus amigos.
Dei de ombros e me olhou surpreso, fui na direção do carro das meninas sem me despedir, talvez pensar fosse ajudar a acalmar meu coração e se realmente aprontasse alguma, como todas as meninas ao meu redor não paravam de tagarelar, então ele já não estava comigo há muito tempo.
No dia seguinte foi horrível ir pra escola, estava chovendo muito, minha cabeça estava quase explodindo de tanta dor e durante os intervalos das aulas não consegui ver pelos corredores, quando ia perguntar a um garoto do time de futebol se estava no ginásio treinando, ele me perguntou se eu sabia porque ele não tinha vindo a escola hoje e eu achei aquilo muito estranho. quase nunca faltava e na noite anterior ele aparentava estar super bem.
Quando a aula acabou peguei meu celular e meu guarda-chuva e sai daqueles corredores cheio de gente, estava indo em direção ao meu carro e tentando ligar para quando ouvi alguém me chamar e me assustei, olhei para trás e ensopado olhava para mim, seu olhar era triste, sua cabeça baixa, eu nunca o tinha visto daquela maneira, tão frágil. Quase que como extinto, me aproximei dele e me surpreendeu com um abraço, um abraço forte, senti ele escondendo o rosto em meu pescoço e o apertei em meus braços, o guarda-chuva já se tornara completamente inútil e nós dois já estávamos totalmente molhados. Não sei por quanto tempo ficamos ali abraçados sem falar nada, só sei que quando se afastou um pouco seus olhos me contavam muitas coisas, de uma maneira que eu nunca tinha visto antes.
– A gente pode conversar, por favor?! – pegou em minha mão e a entrelaçou a sua.
– Pode ser no meu carro? Nossa gripe já tá batendo na porta... – Tentei nos cobrir com o guarda-chuva mas era praticamente impossível, concordou e saiu correndo junto comigo até meu carro, que ainda bem estava muito perto.
Nossa corridinha nos deixou ofegantes e nós começamos a rir, e eu só parei porque me beijou de repente. Me pegando totalmente de surpresa.
– Desculpa por ontem, desculpa por eu ser tão tapado e não perceber as coisas bem na minha frente , eu sei que você ainda pode estar super chateada comigo mas eu precisava te ver, de verdade! – Olhei para e sabia que aquela cara não era só pelo nosso desentendimento de ontem, e mesmo querendo não me importar, não consegui me conter.
– O que aconteceu?
Antes de responder, pareceu ponderar e respirou fundo antes de começar a falar um pouco baixo.
– Tem muitas pessoas que acham que me conhecem mas elas simplesmente não sabem realmente de nada, ontem depois que você foi embora, eu também fui, ia te ligar mas quando eu cheguei em casa meu padrasto estava lá enchendo o saco da minha irmã, e só pra variar nós discutimos, mas dessa vez foi por muito pouco que eu e ele não brigamos pra valer, sabe?! – A raiva aparente crescendo a cada palavra, os punhos cerrados, coloquei minhas mãos no rosto de e trouxe seu olhar de encontro ao meu.
– Se acalma, respira!
– As vezes eu tenho muita vontade de tirar minha mãe e minha irmã de perto dele mas minha mãe ainda acha ele um ótimo pai pra Sophie, alguém que vale a pena – revirou os olhos enquanto falava e bufou antes de pegar em minhas mãos e segurá-las com força junto a ele.
– Eu só quero que você saiba que mesmo dentro deste caos que as vezes minha vida se transforma, ter conhecido você fez toda a diferença pra mim, ter você na minha vida melhora tudo ao meu redor e nunca alguém do meu passado será melhor que você minha ! – beijou minhas mãos e me olhou deixando um sorriso aparecer enquanto eu sentia meus olhos encherem de lágrimas, eu não esperava mesmo por nada daquilo.
– Não me preocupo com o tempo, se é cedo ou é tarde, se até você vai me achar precipitado mas eu.... – foi se aproximando de mim, soltou minhas mãos para colocar as suas em meu rosto, eu sentia meu coração falhando em várias batidas quando o olhar dele em mim, fez um arrepio passear por todo meu corpo, me dando a certeza de que era algo importante que estava por vir – Eu amo você !
me beijou devagar, como se tudo estivesse parando e nós pudéssemos só ficar ali, sem mais nada ao nosso redor. Só aquele momento importava.
– .... – Me afastei minimamente dele e ele riu de leve me dando um selinho rápido.
– Não precisa falar nada, agora eu tenho que resolver umas coisas mas a gente se vê amanhã, o.k.?! – deu uma piscadinha antes de abrir a porta do carro, pegou um papel dentro do bolso da jaqueta e me entregou – Até amanhã!
Mal o vi sumir no meio do estacionamento e me vi olhando aquele pedaço de folha de caderno meio amassado e todo rabiscado com a letra dele:
"Coisas que a não sabe:
* Sou horrível no videogame
* Não sei dançar
* Aprendi a ver série só por causa dela
* Josh é o meu melhor amigo, mesmo a distância ele é o cara que eu mais confio, depois do meu pai
* Que eu amo ela, não sei como ela não percebeu ainda!"
Aquele sorriso no meu rosto demoraria a sair dali, aquela ansiedade pra ver no dia seguinte já se fazia presente junto com o frio na barriga, talvez eu já estivesse mais do que envolvida, talvez a gente desse certo.
Sabe aquele dia em que você está jogada no sofá, comendo todos os tipos de porcarias, assistindo suas séries favoritas de pijama?! Era exatamente assim que eu me encontrava quando tocou a campainha da minha casa, todo arrumado e cheiroso, sorriso aberto e cara de quem estava aprontando alguma coisa.
– Meu Deus! – Arrumei meu cabelo rápido, tentando não parecer tão bagunçado quanto realmente estava e sorriu me puxando para um beijo.
– Vamos sair? Tenho uma coisa pra te mostrar – ainda me abraçava quando tentei analisar seu rosto pra descobrir alguma pista, mas ele começou a distribuir beijos pelo meu pescoço, me distraindo.
– Devo me vestir pra um baile de gala? – Escapei dos braços dele e o olhei de cima a baixo e gargalhou alto, dando uma voltinha para que eu pudesse ver melhor, mais metido impossível.
– Tô lindo, fala sério né?! – deu uma piscadinha pra mim enquanto eu rolava os olhos teatralmente.
– Melhor isso que o uniforme do time de futebol, aquela roupa sai andando daqui uns dias – Foi a minha vez de rir enquanto me olhava indignado.
– Vou te levar de pijama mesmo, ! – tentou me pegar mas corri para o meu quarto, não fazia a mínima ideia de onde nós iríamos, mas ir de pijama não estava nos meus planos. Coloquei meu vestido favorito, cinza de manga comprida, com um decote discreto na frente e que ia quase até o joelho, colado ao corpo, uma maquiagem leve e básica, minha inseparável sandália preta e em tempo recorde consegui ficar pronta.
– Tô bem assim?! – Desci as escadas e encontrei assistindo TV, ele sorriu pra mim e se levantou para me receber.
– Está incrível! – me fez dar uma voltinha, tentei não ficar muito corada mas era quase impossível com aquele olhar dele sobre mim.
– E pra onde a gente vai?! – Perguntei quando entramos naquele carro, que segundo era de um amigo dele.
– Logo, logo você vai saber! – deu uma piscadinha pra mim e riu logo em seguida.
O caminho todo eu fui tentando adivinhar mentalmente para qual restaurante estávamos indo e também a razão pra toda nossa beca mas nada me vinha a cabeça. O trajeto foi curto, em menos de 10 minutos estacionou em frente a uma casa grande e branca, com lindas flores no jardim, aquele bairro inteiro parecia ter saído dos filmes de Hollywood tamanha perfeição que tudo ali parecia ter.
– Onde estamos? – Olhei para sem entender nada e ele sorria como se tivesse realmente aprontado alguma.
– Hoje eu quero te apresentar meus outros amores, quero que você conheça a Sophie e….
– Sua mãe?! – Um leve pânico surgiu em mim enquanto ria na minha frente – Eu nunca conheci a mãe de ninguém! E se ela não gostar de mim?!
– Impossível, ! – pegou em minhas mãos que de repente tinham ficado geladas – Confia em mim? – Ele me olhou profundamente nos olhos e apertou minhas mãos.
– Eu já enchi tanto o saco delas falando de você que a Sophie acha que você é de mentira – Ri de leve com a careta engraçada que fez e tentei relaxar, ele se aproximou e me beijou devagar, como se realmente pudesse tirar toda a tensão dali.
– Vem! – beijou meu rosto antes de sair do carro, respirei fundo e também saí.
Mesmo sendo o dono da casa, deu algumas batidinhas na porta e uma risada lá de dentro se fez ouvir.
– , ! – A porta se abriu e uma garotinha de uns seis anos surgiu pulando diretamente no colo de , ela tinha a mesma cor dos olhos dele, mas seu cabelo era completamente diferente, seus cabelos cacheados e loiros, como se fossem de boneca e uma covinha que sempre que ela sorria ficava evidente. Do colo de a garotinha me olhou toda sorridente e curiosa.
– Sophie, essa é a ! – nos apresentou e Sophie me esticou a mão e sorriu, logo olhou para e semicerrou os olhos, dizendo baixinho pra ele: “Tô de olho!”, não tinha como não ouvir e também não rir do jeitinho que ela disse.
Nós estávamos rindo quando uma mulher apareceu na porta, aparentava ser muito elegante, com um vestido preto totalmente liso, cabelo impecável e com toda certeza foi dela que eles herdaram aqueles olhos tão lindos.
– ! Vão ficar na porta mesmo menino? – colocou a irmã no chão e pegou na minha mão, nos fazendo dar um passo a frente.
– Mãe, essa é a ! Minha namorada – piscou para a mãe me fazendo morrer de vergonha e ela riu dando um tapinha de leve no braço dele.
– Prazer querida, me chamo Laura! Tudo bem? – Ela veio até mim e me abraçou de leve, enquanto eu ouvia rindo de leve atrás de mim.
– Esse menino falou muito de você, mas demorou de mais pra te trazer aqui – Laura disse segurando uma de minhas mãos e reprovando com o olhar.
Ela me mostrou um pouquinho da casa, que por sinal era enorme, sempre com Sophie mostrando o que ela mais gostava de fazer em cada cômodo, era engraçado ver a maneira como as vezes eles conversavam pelo olhar, por códigos que as vezes somente e Sophie identificavam.
Até tentei ajudar no jantar mas e Sophie me pegaram para uma sessão de Just Dance, e perdeu todas as vezes, Sophie apenas gargalhava alto a cada passo desengonçado que ele fazia e eu a acompanhava na risada, pagando aqueles micos de bom grado estava simplesmente hilário.
Quando nos sentamos para jantar, ao meu lado começou a contar sobre os troféus que estavam na estante, de quando ele era esportista na infância, tudo que ele já praticou.
– Ele sempre foi bom nos esportes, qualquer coisa que a gente colocasse ele pra fazer, aprendia e no fim se dava bem – Laura do outro lado da mesa elogiava o filho, enquanto piscava pra mim, sempre metido.
– Até Judô eu já treinei… – ia levantar para pegar um troféu na estante quando uma voz o fez parar no caminho.
– Só nisso que ele é bom mesmo, porque as notas permanecem horríveis! – Um cara todo engravatado e sério chegou na sala de jantar com cara de pouquíssimos amigos e nos olhou com hostilidade.
– Boa noite a todos – Disse ele em tom sério e nós retribuímos em tom baixo, quase constrangidos.
– Papai, olha, essa é a namorada do ! – Sophie foi a primeira a falar, cheia de empolgação na voz e apontando pra mim – É a ! – Ela me deu uma piscadinha enquanto aquele homem olhava pra ela.
– Sophie não aponte, é falta de educação – Ele a repreendeu fazendo o sorriso tão lindo de Sophie murchar instantaneamente.
– Chega né, querido quer se juntar a nós? – Laura perguntou com um sorriso amarelo em seu rosto e eu já sabia pela cara de todos ali que aquele homem estragaria com toda a certeza nosso jantar.
– Não posso, preciso terminar umas papeladas do trabalho, se importa senhorita? – Demorei alguns segundos para me tocar que ele estava realmente falando comigo, engoli em seco e balancei a cabeça negando.
– Fique à vontade! – Sorri sem graça e em poucos segundos, ele deu um beijo no topo da cabeça de Laura e Sophie e sumiu pelo corredor da sala. Olhei para ao meu lado e sua cara denunciava o quanto ele estava se segurando para não explodir de raiva.
Busquei sua mão por debaixo da mesa e a apertei, me olhou e eu tentei sorrir o mais verdadeiramente possível e sussurrei: “Tá tudo bem”.
Foi difícil fazer a noite voltar ao que era, principalmente por que sempre voltava ao assunto de seu padrasto, inconformado com a situação.
Subimos para o quarto de e eu estava curiosa para ver de perto.
– Seja Bem-vinda, aqui é o meu espaço, o melhor lugar da casa – piscou pra mim abrindo a porta de seu quarto e nos empurrando para dentro.
Era aconchegante e simples, a cama e um violão encostados no canto do quarto eram definitivamente as coisas que mais chamavam atenção, o violão era vermelho e naquela cama dava pra dormir umas três pessoas juntas confortavelmente.
– Você toca? – Apontei para o violão e riu de leve indo até o instrumento
– Seria o sonho do meu pai, mas eu sou simplesmente horrível – Ele deu de ombros e eu ri da careta que ele fez.
– Posso?! – Estendi minha mão e me olhou surpreso me alcançando o violão, estava muito desafinado, mas depois de algum tempo consegui afiná-lo pelo menos um pouco e arrisquei algumas notas, fazia muito tempo que eu não tocava pra valer então estava meio enferrujada. Comecei a dedilhar alguns acordes da minha música favorita e sorriu pra mim.
– Canta, , tenho certeza que você sabe…. – Sentou na minha frente e eu fiz uma careta tentando fugir mas começou a cantar, me fazendo parar para observá-lo estragar por completo a música.
– I walked across an empty land (Eu andei por uma terra desabitada)
I knew the pathway like the back of my hand… (Eu conhecia o caminho como a palma da minha mão)
Fechei os olhos e comecei a cantar Somewhere Only We Know, do Keane que sempre fora uma das músicas que mais me acalmava, que me levava pra longe dos meus problemas e agora ali, era como se eu pudesse fazer isso por também.
– …. This could be the end of everything (Isso poderia ser o final de tudo)So why don’t we go (Então porque nós não vamos)
Somewhere only we know? (Para algum lugar que só nós conhecemos?)
Terminei a música olhando nos olhos de que sorria deixando sua covinha aparecer, ele tirou o violão do meu colo e me abraçou apertado, me dando um beijo logo em seguida.
– Obrigada por estar aqui! Você não tem noção do que significa tudo isso pra mim! – ainda estava com o rosto tão perto do meu que eu podia sentir sua respiração se misturando a minha, passei minha mão por seu rosto, vendo-o fechar os olhos e sorrir fraco.
– Então me conta, – Pedi baixinho e me olhou devagar, pensando um pouco antes de deitar em meu colo e começar a falar:
– Eu não queria me mudar no começo do ano, eu tinha tudo lá, estava na escola perfeita, todos os meus amigos já estavam ali, inclusive era o capitão do time de futebol, não precisava provar nada pra ninguém, mas eu não podia deixar minha mãe e a Sophie, nunca me dei bem com o Jimmy, sou uma pedra no sapato dele e sei disso, mas eu não deixaria minha mãe na mão, ela precisava de mim aqui mesmo que não diga, então eu vim com eles, mesmo contra a vontade do Jimmy, eu vim!
– E o seu pai? – Perguntei enquanto mexia no cabelo dele.
– Meu pai vive viajando, é uma vida muito corrida, o que acabou influenciando pra que eu ficasse de vez com a minha mãe.
se sentou na cama ficando de frente pra mim, ele pegou em minhas mãos e as beijou antes de continuar.
– É aí que você apareceu, quando eu entrei na escola nova, eu jurava que seria tudo igual, os mesmos papos, os mesmos grupinhos, quando a gente começou a fazer aquele trabalho juntos foi um alívio, eu percebi que você não ia com a minha cara – apontou pra mim rindo e eu escondi meu rosto.
– Mas até isso foi bom, porque quando nos aproximamos você me deixou ser seu amigo primeiro, e ficar ali com você naquele laboratório era a melhor parte do dia porque eu não precisava provar nada do que eu era, eu só precisava ser o , só que um pouquinho mais inteligente – Nós gargalhamos e aprontou pra mim com olhos semicerrados.
– Você ainda nem conhece o Josh mas ele me zoa porque eu tive que roubar umas matérias de química dele pra poder fazer bonito no laboratório – Olhei para ele boquiaberta e riu mais ainda dando de ombros.
– Depois que eu te conheci, eu sei o que é amor, aprendi muito com você e é por isso que sou muito grato por te ter na minha vida ! Muitas vezes sinto que você é um presente que eu não mereço, que se eu não estragar tudo como costumo fazer, você vai ficar, mesmo sendo meio lerdo as vezes, talvez eu tenha a sorte de ter sempre ao meu lado!
Meus olhos já estavam cheios de lágrimas quando se aproximou sorrindo e me puxou para mais perto selando nossos lábios, sua mão subiu até meu cabelo e aprofundou o beijo, tudo que eu sentia por ele se multiplicava a cada toque, como se nunca fosse suficiente, o puxei para mim e sorriu em meio ao beijo, me ajudando a sentar em seu colo, me abraçando e nos deixando ainda mais próximos quando me dei conta já estava ofegante e tive de nos separar, beijei o pescoço dele e fiquei ali, sentindo meu perfume favorito, seu abraço e deixando meu coração voltar a bater normalmente ou quase.
– , eu amo você, nunca te disse isso mas hoje eu quero…. – Ele me afastou para poder olhar em meus olhos, e sorriu abertamente, meu sorriso favorito.
– Espero que não mude de ideia quando conhecer os meus amigos – deu uma piscadinha pra mim enquanto eu ria daquele absurdo – Eles podem te assustar!
– Difícil!!! Já passei pelo teste de , acho que posso encarar outros metidinhos sem me assustar, não acha?! – Pisquei para ele que me olhou boquiaberto e tentando ficar sério, nos girou e nos jogou na cama, me pegando de surpresa enquanto ele começava a me fazer cócegas.
– Vou te mostrar quem é metido aqui! - Não conseguia conter minhas gargalhadas e me debatia sem parar ouvindo as risadas do ao fundo, a porta abriu e Sophie entrou correndo, nos olhando curiosa.
– Vem me ajudar, Sophie! – Chamei ela que pulou na cama e logo em seguida, pulou nas costas de , fazendo ele me soltar, nós duas começamos a nossa sessão de cócegas em que tentava escapar de nós. Até todo mundo cansar e nós decidirmos assistir a um filme, com muita pipoca e refrigerante pra acompanhar.
Foi uma noite muito incrível e divertida, conhecer parte da família de significou muito pra mim, estar mais perto, conhecer mais da história dele, sentir a confiança dele em mim, deixava a certeza de que não era errado sentir o que eu sentia por ele, não era errado amar aquele que virou meu melhor amigo.
“Meu tipo de perfeição, amo minhas garotas”.
tinha acabado de postar uma foto nossa com Sophie em nosso meio, todos fazendo careta e rindo ao mesmo tempo. Mal sabia ele que aquele também era o meu tipo de perfeição. Sempre com ele.
FIM
Minhas Fanfics:
→ Better With You – One Direction/Finalizada,
→ 07. This – Ficstape Ed Sheeran/Finalizada
→ 06. Risk It All – Ficstape The Vamps/Finalizada
→ Um Ser Só – Luan Santana/Finalizada
→ Tudo Que Você Quiser – Luan Santana/Em Andamento
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