21. How Did It End

Finalizada

Capítulo único

How the death rattle breathing Silenced as the soul was leaving The deflation of our dreaming Leaving me bereft and reeling


Silêncio Ensurdecedor

null estava deitada na cama que compartilhou com null por tantos anos. O espaço vazio ao seu lado parecia um abismo, um buraco negro que sugava toda a sua vontade de viver. Ela segurava uma camisa velha de null, ainda impregnada com o cheiro dele, e apertava o tecido contra o rosto, na tentativa desesperada de sentir sua presença. A dor em seu peito era sufocante, como se o próprio ar se recusasse a entrar em seus pulmões.
As lembranças de null, tão vivas e tão recentes, pareciam estar a apenas um sussurro de distância. Ela conseguia ouvir a voz dele na sua cabeça, ecoando pelas paredes silenciosas do apartamento.
— Você lembra daquela vez em que a gente ficou acordado até tarde, só para ver o nascer do sol? — null murmurou para si mesma, como se estivesse conversando com ele. — Você estava tão animado, null... Mas acabou dormindo no meu colo antes de o sol aparecer.
A memória a fez sorrir por um breve segundo, mas o sorriso logo se transformou em um soluço engasgado. Ela afundou o rosto no travesseiro, inalando o cheiro de lavanda do amaciante que null sempre usava, misturado ao aroma familiar e reconfortante que ele deixava para trás.
null não conseguia se lembrar da última vez que tinha dormido direito. As noites agora eram passadas em um estado de vigília constante, esperando por algo que ela sabia que nunca viria. Cada ruído da casa parecia amplificado, o som do vento batendo na janela, o ranger da madeira, todos soavam como ecos de uma presença que não estava mais lá.
— Como eu continuo sem você? — sussurrou, a voz quebrando no meio da frase. — Como posso viver em um mundo onde você não existe mais?
As lágrimas começaram a cair, primeiro silenciosas, depois em torrentes, molhando o tecido da camisa que ela segurava com tanta força. Era insuportável pensar que ele nunca mais entraria por aquela porta com um sorriso cansado, jogando as chaves na mesa e perguntando sobre o dia dela. Que ela nunca mais sentiria os braços dele ao redor dela, oferecendo conforto e segurança.
O telefone na mesa de cabeceira vibrou, tirando-a momentaneamente de sua dor. Era uma mensagem de sua mãe, perguntando como ela estava. null olhou para o aparelho, os dedos hesitantes. Como ela poderia responder? O que poderia dizer? "Estou bem" seria uma mentira descarada. "Estou péssima" parecia inadequado para descrever a devastação que sentia. Então, ela não respondeu. Em vez disso, deixou o telefone de lado e voltou a abraçar a camisa de null.
As horas se arrastavam. Ela não sabia mais quanto tempo havia passado desde que o mundo dela desmoronou. Dias? Semanas? O tempo parecia não ter significado, como se estivesse preso em um ciclo interminável de dor e vazio. null se levantou da cama, seus movimentos lentos e pesados, como se a gravidade fosse mais forte naquele apartamento.
Ela caminhou até a cozinha, onde as xícaras de café de null ainda estavam sobre a bancada. Uma estava pela metade, o líquido frio e coagulado no fundo. null se sentiu paralisada, incapaz de tocar naquela lembrança tão banal, mas tão devastadora.
— Lembro de quando você me acordava com café na cama... — sussurrou, a voz tremendo. — Você sempre fazia questão de colocar exatamente a quantidade certa de açúcar, mesmo sabendo que eu prefiro sem.
null pegou a xícara e a segurou com ambas as mãos, o peso dela era estranho, como se fosse feita de chumbo. Levou-a aos lábios, como se esperasse que o gosto do café velho pudesse trazer null de volta, mas tudo o que sentiu foi amargor. Ela deixou a xícara cair na pia, o som do vidro batendo contra a cerâmica ecoou pela cozinha, quebrando o silêncio opressor.
De volta ao quarto, null se sentou na beira da cama, os olhos fixos na parede à sua frente. As fotos de viagens, os ingressos de shows, todas as lembranças que eles colecionaram juntos estavam lá, pregadas no mural como relíquias de uma vida passada. Ela estendeu a mão e tocou uma foto dos dois, sorrindo em frente ao mar.
— Você sempre dizia que o oceano era como o nosso amor, infinito, profundo, impossível de medir... — disse, com um suspiro. — Mas agora, parece que eu estou me afogando nele, null.
null puxou a colcha sobre si, mas o calor não a alcançava. A frieza da ausência dele penetrava sua pele, invadia seu corpo, deixando-a tremendo, mesmo que o quarto estivesse quente. Ela fechou os olhos, tentando se perder na memória de noites em que null a abraçava, sussurrando palavras suaves em seu ouvido até que ela adormecesse.
Mas as memórias eram cruéis. Quanto mais ela tentava se agarrar a elas, mais elas pareciam escapar, deixando apenas o vazio.
— Eu não sei como seguir em frente sem você... — Ela murmurou para o vazio, sabendo que não havia resposta.
A noite avançou, e null ficou lá, deitada na escuridão, esperando por um sono que não viria, tentando encontrar consolo em um mundo onde null não existia mais.

A Primeira Faísca

null não esperava nada de extraordinário naquele dia. Ela estava na livraria do bairro, um de seus lugares favoritos, onde podia se perder entre prateleiras de livros velhos e novos, absorvendo o cheiro familiar de papel e tinta. Aquele era seu refúgio, onde ela encontrava paz em meio ao caos do mundo exterior. Ela caminhava devagar pelos corredores, deixando os dedos deslizarem pelas lombadas dos livros, à procura de algo que chamasse sua atenção.
Ela avistou um título que sempre quis ler, uma edição rara que estava fora de circulação há anos. null esticou a mão, mas no mesmo instante, uma outra mão tocou no livro. Ela olhou para o lado, encontrando os olhos de um homem que estava a poucos centímetros de distância, com um sorriso tímido nos lábios.
— Desculpa, você ia pegar esse? — perguntou null, surpresa pela coincidência.
— Ah, sim, mas podemos compartilhar, se você quiser — respondeu null, seu sorriso se alargando. A voz dele era suave, com um tom levemente brincalhão que fez null se sentir à vontade imediatamente.
null riu, sentindo uma onda de calor subir até suas bochechas. Ela não estava acostumada a esse tipo de interação com estranhos, mas algo nele a fez querer continuar a conversa. Ela balançou a cabeça, indicando que ele poderia pegar o livro.
— Fique à vontade. Você chegou primeiro — disse, tentando esconder o nervosismo que de repente tomou conta dela.
null, no entanto, não pegou o livro. Em vez disso, ele o empurrou levemente na direção dela.
— Que tal lermos juntos? Eu estava procurando um motivo para voltar a esse livro, mas nunca é tão divertido quando você está sozinho — sugeriu ele, com um brilho nos olhos que null não pôde ignorar.
null hesitou por um segundo. Ela sempre foi reservada, alguém que preferia a companhia de um bom livro a uma interação social forçada. Mas havia algo nele, uma energia que a puxava para mais perto. Ela assentiu lentamente, pegando o livro.
— Você tem bom gosto, pelo menos — disse ela, com um sorriso tímido.
— Você também, pelo visto. — null respondeu, inclinando-se um pouco mais perto, como se estivesse compartilhando um segredo. — Qual é a sua parte favorita?
— Ainda não li, na verdade. Sempre quis, mas nunca encontrei uma cópia... até agora — confessou null, sentindo-se um pouco exposta, mas de um jeito bom.
— Então temos que resolver isso imediatamente — ele disse, indicando uma pequena mesa de café no canto da livraria. — Vamos, me dê a honra de compartilhar essa leitura com você.
Sem saber exatamente o que a levou a aceitar, null se viu seguindo null até a mesa. Eles se sentaram, lado a lado, enquanto null abriu o livro na primeira página. Ele começou a ler em voz alta, a voz dele ecoando pelas palavras impressas, e null ficou hipnotizada pela maneira como ele dava vida ao texto. A cada parágrafo, eles trocavam olhares e sorrisos, como se estivessem criando um mundo só deles.
Conforme a leitura avançava, o nervosismo inicial de null desapareceu, substituído por uma sensação de conforto e conexão. Ela se pegou rindo das observações espirituosas de null e sentiu o coração aquecer toda vez que ele a olhava nos olhos, como se estivessem compartilhando algo mais profundo do que apenas um livro.
Quando finalmente chegaram ao final do capítulo, null fechou o livro devagar e se recostou na cadeira, olhando para null com um sorriso que a fez sentir como se fosse a única pessoa na livraria.
— Acho que foi uma boa escolha de leitura para hoje — disse ele, a voz baixa e envolvente.
null sorriu de volta, sentindo o coração bater um pouco mais rápido.
— Foi sim... e obrigada por compartilhar isso comigo. Eu realmente precisava de algo assim hoje.
— Qualquer dia, qualquer hora — null respondeu sem hesitar, e havia uma sinceridade em sua voz que a fez acreditar que ele realmente queria dizer aquilo. — Sabe, null, eu nunca acreditei em amor à primeira vista, mas agora... — Ele se interrompeu, observando-a por um momento antes de continuar, seu tom ligeiramente mais sério. — Agora, acho que estou começando a reconsiderar.
As palavras dele fizeram null sentir um frio na barriga, aquele tipo de excitação que ela pensava existir apenas nos livros. Ela desviou o olhar, tentando esconder o rubor que subia em suas bochechas, mas não conseguiu evitar sorrir.
— Acho que você está indo um pouco rápido, não acha? — null brincou, embora uma parte dela quisesse acreditar na intensidade daquele momento.
null riu, um som caloroso que a fez relaxar ainda mais.
— Talvez, mas às vezes a vida nos surpreende, não é? — Ele respondeu, o olhar dele se suavizando. — Vamos fazer o seguinte: que tal nos encontrarmos aqui de novo, na próxima semana? Podemos continuar de onde paramos.
null hesitou, mas algo dentro dela gritava para que dissesse sim. Talvez fosse a maneira como null a fazia se sentir, como se ela fosse a única pessoa que importava naquele momento, ou talvez fosse o simples desejo de passar mais tempo com ele.
— Acho que podemos fazer isso. — Ela finalmente respondeu, com um sorriso que espelhava o dele.
null inclinou a cabeça em agradecimento, como se ela tivesse lhe dado um presente precioso.
— Então é um encontro — disse ele, levantando-se da mesa e segurando a cadeira para null. — Não se atrase, hein.
— Não me lembro de ter dito que sim — null respondeu, provocando-o com um sorriso travesso.
— Mas você vai — ele retrucou, confiante, antes de se inclinar um pouco mais perto. — Até a próxima semana, null.
Ela se despediu com um aceno de cabeça, sentindo o coração ainda batendo acelerado enquanto saía da livraria. Naquele momento, ela sabia que algo especial tinha começado, algo que mudaria sua vida para sempre. Ao se afastar, null olhou para trás, apenas para encontrar null ainda a observando, com um sorriso suave no rosto. Ela retribuiu o sorriso e, pela primeira vez em muito tempo, sentiu que algo dentro dela havia se acendido.

O Vazio do Luto

O apartamento parecia oco, um eco de vida onde antes havia risos, conversas e a presença reconfortante de null. null sentiu uma onda de desorientação enquanto vagava pelos cômodos, como se esperasse encontrar algum traço dele, alguma prova de que tudo aquilo era apenas um pesadelo do qual ela logo acordaria. Mas a realidade era impiedosa. null se foi, e tudo o que restou foram as memórias que ela não conseguia enfrentar sem desmoronar.
Na cozinha, a xícara de café que ele havia deixado para trás ainda estava sobre a bancada, com a última dose de café escuro e frio. null se aproximou lentamente, os dedos trêmulos enquanto tocava o objeto inanimado que agora parecia ter uma carga emocional enorme. Seus olhos se encheram de lágrimas, e ela se apoiou na bancada, sentindo o peso do luto esmagando-a.
— Não é justo, null. — Ela sussurrou para o vazio, a voz quase inaudível. — Não é justo que você tenha ido embora tão cedo.
Ela pegou a xícara com ambas as mãos, lembrando-se das manhãs preguiçosas em que ele preparava café para os dois, uma pequena rotina que agora parecia um luxo perdido para sempre. Levou a xícara aos lábios, sentindo o gosto amargo do café frio, misturado com a amargura que consumia seu coração. Ela fechou os olhos, tentando segurar as lágrimas, mas elas caíam, quentes e silenciosas.
— Você prometeu que estaríamos juntos em tudo... Como eu faço isso sozinha? — null perguntou, sabendo que a resposta nunca viria.
Ela deixou a xícara cair na pia, o som do vidro colidindo com a cerâmica ressoou pela cozinha como uma batida final, a confirmação de que null não voltaria. O som reverberou em seu peito, uma nota de tristeza que ela sabia que nunca desapareceria.
Sentindo-se incapaz de permanecer naquele espaço impregnado de lembranças, null foi para a sala de estar. As paredes eram cobertas com fotos que eles tiraram juntos durante os últimos anos. Ela se aproximou de uma delas, onde null estava sorrindo de forma despreocupada, o sol iluminando seu rosto enquanto ele segurava null em um abraço apertado. A imagem parecia capturar toda a felicidade que eles compartilharam, um momento congelado no tempo que agora parecia dolorosamente distante.
— Nós éramos tão felizes, null. — null sussurrou, passando os dedos pela moldura da foto. — Eu daria tudo para voltar àquele momento... Só mais uma vez.
Ela pegou o celular, esperando encontrar algum consolo nas mensagens e fotos antigas, mas cada toque na tela era como abrir uma ferida nova. Rolando pela galeria de fotos, null encontrou um vídeo que null gravou dela sorrindo, sem que ela percebesse. No vídeo, ele estava narrando em um tom brincalhão.
— Aqui está minha garota, a luz da minha vida — dizia null, a voz cheia de ternura. — Não tem ideia de como eu sou sortudo por tê-la.
null sentiu o peito apertar enquanto o vídeo continuava. null se inclinava para frente e, embora ela não estivesse olhando para a câmera, ele murmurava suavemente, quase como se estivesse fazendo uma promessa.
— Eu sou o cara mais sortudo do mundo, sabia? — Ele dizia com um brilho nos olhos. — Você me faz acreditar que o amor verdadeiro existe, null.
Ela pausou o vídeo, não suportando mais. A dor era avassaladora, e null deixou o telefone cair no sofá, as mãos tremendo. Ela se encolheu em um canto, abraçando os joelhos enquanto soluços profundos e dolorosos rasgavam seu corpo.
— Você devia estar aqui, null — ela sussurrou entre lágrimas. — Você deveria estar aqui comigo... Não assim, não desse jeito.
A realidade de sua ausência era algo que ela ainda não conseguia processar. Como alguém tão vibrante, tão cheio de vida, podia desaparecer de forma tão abrupta? A falta de null não era apenas uma ausência física; era como se uma parte dela tivesse sido arrancada, deixando um vazio que nada podia preencher.
Depois de um tempo, quando as lágrimas começaram a secar, null se forçou a levantar. Ela precisava sair daquele apartamento, respirar um ar que não estivesse impregnado com a lembrança constante de null. Pegou um casaco e saiu pela porta, sem destino. A rua parecia uma extensão de sua solidão, o movimento das pessoas ao redor apenas acentuava o fato de que ela estava sozinha.
Ela vagou pelas ruas, sem rumo, até encontrar um pequeno parque onde costumavam ir nos fins de semana. O lugar estava deserto, exceto por um casal idoso sentado em um banco distante, suas mãos entrelaçadas. A visão daquele gesto de amor simples, mas tão poderoso, fez null sentir uma pontada de dor aguda. Ela se sentou em um banco próximo, puxando o casaco mais apertado ao redor de si, como se pudesse se proteger do frio que sentia por dentro.
O vento soprava suave, balançando as folhas das árvores, e null fechou os olhos, tentando encontrar algum consolo na tranquilidade do momento. Mas, ao contrário, sua mente a levou de volta a null, a todas as vezes que ele segurou sua mão, prometendo que estariam juntos para sempre.
— Eu ainda sinto você aqui, null... — Ela murmurou para o vento, as palavras se perdendo no ar. — Mas isso não é o suficiente. Eu preciso de você aqui de verdade.
null ficou ali, imóvel, deixando o tempo passar. Ela sabia que, eventualmente, teria que voltar para o apartamento vazio, enfrentar a solidão que a aguardava. Mas, por agora, ela só queria se perder no silêncio do parque, onde as lembranças de null podiam se misturar ao som suave das árvores, criando uma ilusão de que ele ainda estava com ela, mesmo que apenas em espírito.
Mas no fundo, null sabia que esse tipo de consolo era temporário, uma breve fuga da realidade implacável. E, mesmo assim, ela se agarrava a isso, porque no momento, era tudo o que tinha.

Lembranças do Primeiro Beijo

O parque onde null e null deram seu primeiro beijo parecia diferente agora. A grama que antes estava verde e viva, agora estava coberta por folhas secas de outono, espalhadas pelo chão como memórias esmaecidas de um verão distante. null estava sentada em um dos bancos que circundavam o lago, observando os reflexos das árvores na água, tentando encontrar uma paz que parecia sempre além do seu alcance.
Naquela mesma tarde, há alguns anos, null a trouxe para este lugar, nervoso e hesitante, como se estivesse tramando algo importante. Ela se lembrava de como ele estava inquieto, suas mãos suadas e os olhos evitavam os dela. Eles tinham começado a se ver há algumas semanas, e null podia sentir que algo especial estava florescendo entre eles, mas não sabia como interpretar os sinais.
— Lembro como se fosse ontem... — null murmurou para si mesma, perdida na lembrança. Ela fechou os olhos, deixando as imagens daquele dia tomarem forma em sua mente.

Passado


— Você tem certeza de que estamos indo na direção certa? — null perguntou, tentando esconder o sorriso que ameaçava surgir em seus lábios. Ela sabia que null estava nervoso, e queria aliviar a tensão.
— Absoluta. — Ele respondeu, tentando soar confiante, mas sua voz tremia ligeiramente. — Confie em mim, eu conheço esse lugar como a palma da minha mão.
Eles caminharam até chegarem a uma clareira, onde o lago brilhava sob a luz do sol da tarde. null parou e se virou para ela, os olhos encontrando os dela com uma intensidade que fez seu coração acelerar.
— Tem algo que eu queria te dizer... — Ele começou, a voz agora mais suave. — Algo que venho tentando encontrar a coragem para falar há algum tempo.
null esperou, sentindo uma mistura de expectativa e ansiedade. Ela não sabia o que ele iria dizer, mas podia sentir que era algo importante.
— Eu gosto muito de você, null. — null continuou, dando um passo mais perto. — Mais do que eu pensei que fosse possível gostar de alguém em tão pouco tempo.
O coração dela quase parou. O que ela vinha tentando esconder até de si mesma agora estava sendo colocado à luz, e a forma como ele a olhava, como se ela fosse a única coisa que importava naquele momento, fazia com que todos os medos dela se dissipassem.
— Eu também gosto de você, null. — null finalmente admitiu, sua voz tremendo de emoção.
null sorriu, um sorriso que iluminou o rosto dele, e então, com uma suavidade que ela nunca esqueceria, ele se inclinou para mais perto. Seus lábios tocaram os dela de uma maneira tão delicada, quase hesitante, como se ele estivesse testando as águas, se certificando de que aquilo era real. O beijo foi breve, mas foi como uma faísca acendendo uma chama que cresceria entre eles.
null lembrava do sabor daquele primeiro beijo, um misto de nervosismo e desejo, a sensação das mãos de null segurando o rosto dela com uma ternura que fez seu coração derreter. Quando se afastaram, ambos estavam sorrindo, rindo baixinho como adolescentes que acabavam de compartilhar um segredo precioso.
— Isso foi... — null começou a dizer, mas null o interrompeu com outro beijo, desta vez mais seguro, mais firme, como se estivesse dizendo que ele não precisava de palavras para saber que ela sentia o mesmo.

Presente


null abriu os olhos, as lembranças desaparecendo como o vapor de um sonho, deixando apenas a tristeza em seu rastro. Ela olhou para o lago, o mesmo lago onde eles se beijaram pela primeira vez, agora refletindo o céu cinzento de outono. O lugar estava vazio, exceto por ela, e a ausência de null era palpável.
— Eu queria tanto que você estivesse aqui, null. — null sussurrou, sentindo as lágrimas queimando atrás dos olhos. — Eu não sei como continuar sem você.
O vento soprou através das árvores, fazendo as folhas caírem em um lento balé ao redor dela. null fechou os olhos, tentando sentir null naquele vento, naquela brisa que acariciava seu rosto, imaginando que ele estava ali, de alguma forma, ao lado dela.
— Você se lembra daquele dia? — Ela perguntou ao vazio, a voz quebrando. — Você parecia tão nervoso... E eu estava tão feliz que mal conseguia acreditar que era real.
As lágrimas caíram, deslizando pelo rosto de null. Ela não tentou secá-las; deixava que caíssem, que lavassem a dor que carregava tão profundamente. Tudo parecia tão distante, como se a felicidade que uma vez compartilhavam fosse parte de outra vida, de outra pessoa.
Ela se levantou, sentindo o peso do luto em cada passo enquanto caminhava até a borda do lago. null pegou uma pequena pedra do chão e a segurou na palma da mão, como se estivesse segurando a lembrança de null, algo tangível que pudesse guardar. Então, com um movimento suave, lançou a pedra na água, observando-a afundar lentamente, as ondas se espalhando em círculos até desaparecerem completamente.
— Você sempre disse que o amor era como o lago, null. — null sussurrou, sentindo o vento levar suas palavras para longe. — Calmo na superfície, mas profundo e cheio de segredos.
Ela se virou para ir embora, sabendo que voltaria a esse lugar muitas vezes, em busca de consolo, em busca de null. Mas naquele momento, enquanto se afastava, null sentiu uma pequena centelha de paz. As memórias eram dolorosas, sim, mas também eram a prova de que o amor deles era real, que ele existiu e que, de alguma forma, continuaria a existir dentro dela.
null caminhou para fora do parque, o coração ainda pesado, mas com uma leve sensação de que, talvez, algum dia, ela encontraria uma maneira de viver com essa dor, de carregar o amor de null com ela, mesmo que ele não estivesse mais ali para segurá-la.

O Adeus Silencioso

O cemitério estava mergulhado em um silêncio profundo, interrompido apenas pelo som suave do vento que passava entre as árvores, fazendo com que as folhas sussurrassem histórias antigas de amores perdidos e promessas quebradas. As sombras das lápides se alongavam enquanto o sol começava a se pôr, tingindo o céu com um tom alaranjado que contrastava com o cinza frio das pedras. Um cenário sereno e melancólico, que parecia feito sob medida para aquele momento doloroso.
null se ajoelhou ao lado da lápide de null, sentindo o frio do chão se infiltrar através da sua roupa e atingir sua pele como agulhas finas. A rigidez do mármore contrastava com a maciez das flores em suas mãos, que tremiam levemente, refletindo a tensão e a tristeza que ela carregava por dentro, como uma segunda pele. Os lírios brancos e as rosas, exatamente como ele gostava, pareciam tão frágeis quanto seu coração naquele momento.
— Olá, null — null sussurrou, sua voz quase se perdendo no vento que passava. Era como se estivesse com medo de perturbar a paz daquele lugar sagrado, como se as palavras fossem uma profanação do silêncio solene. Com cuidado, ela colocou as flores ao lado da lápide, ajeitando-as meticulosamente, como se cada pétala estivesse em um lugar específico para ele. — Eu trouxe essas para você. São suas favoritas.
Ela passou a mão pela lápide, os dedos trêmulos acariciando as letras gravadas com uma delicadeza que beirava o desespero. As palavras "null null, Amado e Querido" pareciam carregar o peso do mundo, ressoando em sua mente como um eco interminável de dor e amor não dito. null fechou os olhos, tentando agarrar-se às lembranças, mas tudo parecia envolto em uma névoa densa, onde a dor era a única coisa claramente visível.
— Não sei como viver sem você, null — ela continuou, a voz falhando enquanto uma lágrima solitária escorria pelo seu rosto, traçando um caminho de sofrimento. — Nós tínhamos tantos planos, tantos sonhos... E agora, estou aqui, sozinha.
Ela engoliu em seco, lutando para manter a compostura. O nó na garganta parecia apertar cada vez mais, dificultando sua respiração. Os olhos de null se encheram de lágrimas, e uma a uma, elas começaram a rolar pelo seu rosto, caindo sobre o solo frio ao lado da lápide. Cada gota era um símbolo da dor que transbordava, da saudade que a esmagava.
— Eu... eu deveria ter dito que te amava mais vezes — ela confessou, a voz quebrando em mil pedaços que o vento levava para longe. — Deveria ter segurado sua mão mais forte naquele dia.
Lembranças do último dia com null passaram pela sua mente como um filme em câmera lenta, cada detalhe impregnado de uma tristeza que antes não existia. Ela se lembrou do jeito como ele olhou para ela, com aquele sorriso tranquilizador que sempre a fazia sentir que tudo ficaria bem, mesmo quando o mundo parecia desabar. A conversa sobre o futuro, que agora parecia tão distante, ecoava em sua mente, trazendo consigo uma sensação de perda irreparável. E o abraço... aquele abraço que ela não sabia que seria o último, o último toque, a última promessa de que sempre estariam juntos.
— Eu sempre me pergunto se você sabia o quanto eu te amava — null disse, sua voz agora reduzida a um sussurro rouco, enquanto o nó na garganta se tornava insuportável. — E o quanto ainda te amo. Eu fico me perguntando se há algo que eu poderia ter feito para mudar as coisas.
Ela se apoiou na lápide, os dedos ainda alisando o mármore frio, como se buscasse algum tipo de conexão com null, como se através do toque pudesse sentir sua presença uma última vez. O vento levantou uma folha seca que caiu suavemente sobre a lápide, um gesto do mundo que parecia compartilhar de seu luto silencioso.
— Eu sei que você queria que eu seguisse em frente — continuou ela, a voz agora quase inaudível, como se falasse apenas para si mesma, tentando encontrar algum consolo nas próprias palavras. — Mas é tão difícil. Cada dia é um desafio, cada momento sem você é um lembrete constante de que você não está aqui.
null se sentou ao lado da lápide, as pernas dobradas sob ela, em um gesto que lembrava uma criança em busca de proteção. Fechou os olhos, tentando encontrar algum tipo de conforto na presença imaginária de null, buscando no vazio algo que pudesse preencher a imensidão da sua dor. Era um esforço em vão, mas era tudo o que restava. O silêncio ao seu redor parecia absorver seus lamentos, como se o próprio cemitério estivesse de luto junto com ela.
— Eu sinto sua falta, null. Sinto falta do jeito como você me fazia sentir segura, do jeito que suas palavras me faziam acreditar que tudo ia ficar bem — ela disse, enquanto as lágrimas caíam agora em um fluxo contínuo, desenhando rios de tristeza em seu rosto. — E eu sinto falta de apenas estar ao seu lado, mesmo que fosse para um beijo de boa noite ou para ouvir você me contar sobre seu dia.
Ela respirou fundo, tentando se acalmar, mas a dor parecia crescer a cada segundo. As flores ao seu lado eram um símbolo de seu amor eterno, mas o vazio que ela sentia era imenso e intransponível.
— Eu não sei como seguir em frente, mas prometo que tentarei — ela sussurrou finalmente, a voz carregada de resignação e uma força que ela não sabia que ainda tinha. — Tentarei ser forte, como você sempre acreditou que eu era. Tentarei encontrar um jeito de viver e de lembrar de você com um sorriso, em vez de só lágrimas.
null se levantou lentamente, como se o peso do mundo estivesse sobre seus ombros, dando uma última olhada para a lápide. Seus olhos, agora vermelhos e inchados, refletiam a profundidade da sua dor. O frio da noite começava a se instalar, mas ela não se mexeu, como se parte dela quisesse ficar ali, ao lado de null, para sempre. Finalmente, ela se despediu com um último beijo imaginário, os lábios pressionando o ar em um gesto de carinho que, apesar de tudo, ainda parecia real.
— Até logo, meu amor — ela murmurou, virando-se para ir embora, com os passos pesados e o coração ainda mais. — Sempre estarei com você, em cada passo que dou.
Enquanto null caminhava para fora do cemitério, as sombras da noite a envolviam como um cobertor gélido, fazendo o ar parecer mais pesado, mais denso. Mas havia uma leve sensação de alívio misturada com a dor, como se, ao compartilhar seus sentimentos, ela tivesse aliviado um pouco do fardo que carregava. O caminho ainda era longo e difícil, uma jornada solitária através da escuridão, mas ela carregava consigo a certeza de que, apesar da perda, o amor de null permaneceria uma parte indelével de sua vida. E, enquanto as estrelas começavam a brilhar no céu, null sentiu que, de alguma forma, null ainda estava ali, observando e cuidando dela, como sempre fizera, um guardião silencioso em meio à vastidão do universo.

O Pedido de Namoro

As semanas que se seguiram ao primeiro beijo foram um borrão de felicidade para null. Cada momento ao lado de null parecia mais intenso, como se o mundo ao redor desaparecesse e só restassem os dois. As mensagens de texto se tornaram mais frequentes, as conversas se estendendo por horas, e os encontros, embora ainda casuais, eram repletos de risos, olhares significativos e a sensação de que algo muito especial estava se formando entre eles.
Mas havia uma noite em particular que null nunca esqueceria. Uma noite em que null, com seu jeito espontâneo e romântico, tomou uma decisão que mudaria o rumo da vida deles para sempre.

Passado


Era uma noite de inverno, e o ar estava cortante quando null sugeriu que saíssem para um encontro diferente. null, curiosa e um pouco desconfiada, aceitou prontamente, mas não esperava que ele a levasse para um observatório no topo de uma colina, longe das luzes da cidade.
— Eu pensei que fosse uma boa ideia ver as estrelas — disse null, segurando a mão dela enquanto caminhavam pela trilha iluminada apenas pela luz da lua.
null sorriu, encantada pela simplicidade do gesto. null sempre soubera como surpreendê-la, e esse tipo de surpresa era exatamente o que ela adorava nele.
— Você sempre me surpreende, null — null disse, apertando a mão dele. — E eu adoro isso.
— Bem, eu tento — null respondeu com um sorriso modesto, embora houvesse uma certa tensão em seus olhos que null notou.
Chegaram ao topo da colina, onde o observatório oferecia uma vista deslumbrante do céu noturno. null colocou uma manta no chão, e os dois se sentaram, lado a lado, enquanto ele ajustava o telescópio para que pudessem ver as estrelas.
— Sabe, as estrelas têm algo de mágico — começou ele, sua voz suave enquanto olhava pelo telescópio. — Elas nos fazem sentir pequenos, mas ao mesmo tempo, nos lembram de que há algo maior lá fora, algo que nos conecta a tudo e a todos.
null se aconchegou mais perto dele, sentindo o calor do corpo de null afastar o frio da noite. Ela não precisava de um telescópio para ver a magia; tudo o que precisava estava bem ao seu lado.
— Você sabe muito sobre estrelas, null? — ela perguntou, um toque de brincadeira na voz.
— O suficiente para impressionar você — ele respondeu, rindo baixinho antes de se virar para ela, os olhos brilhando à luz das estrelas. — Mas, na verdade, eu trouxe você aqui por outro motivo.
null sentiu o coração acelerar, como se estivesse à beira de algo importante, algo que mudaria tudo. Ela se virou para ele, curiosa.
— O que foi?
null desviou o olhar por um momento, como se estivesse reunindo coragem. Quando ele voltou a olhar para ela, havia uma determinação suave em seus olhos.
null, eu... — Ele começou, a voz um pouco rouca de emoção. — Eu sinto que o que temos é mais do que apenas um flerte, mais do que apenas um começo. Eu sinto que... você é a pessoa com quem eu quero estar. Sempre.
As palavras dele ressoaram no coração de null, como se ele estivesse colocando em palavras exatamente o que ela vinha sentindo, mas não sabia como expressar. Ela esperou, segurando a respiração, enquanto null continuava.
— Sei que isso pode parecer rápido, e talvez seja — ele continuou, segurando as mãos dela entre as dele. — Mas, às vezes, quando você sabe, você simplesmente sabe. E eu sei que quero você ao meu lado, null. — Ele deu uma pausa, olhando-a profundamente nos olhos. — Então... você quer namorar comigo?
A pergunta pairou no ar por um momento, e null sentiu uma onda de emoções inundá-la. O coração dela parecia que ia explodir de felicidade, e um sorriso largo se espalhou pelo rosto dela, enquanto os olhos se enchiam de lágrimas de alegria.
— Eu pensei que você nunca ia perguntar — ela disse, a voz entrecortada pelo riso e pelo choro simultâneo.
null soltou uma risada aliviada, puxando-a para um abraço apertado. null sentiu os braços dele ao redor dela, como se fossem o lugar mais seguro do mundo, e quando ele a beijou, foi como se todas as estrelas no céu tivessem se acendido ao mesmo tempo, iluminando aquele momento perfeito.
— Então isso é um sim? — null murmurou contra os lábios dela, com um sorriso que ela pôde sentir mais do que ver.
— Sim, null, é claro que é um sim! — null respondeu, rindo entre as lágrimas enquanto o abraçava ainda mais forte.
Eles ficaram ali por um tempo, envoltos no calor um do outro, o céu estrelado testemunhando a promessa silenciosa que fizeram de estar juntos. Não importava o que o futuro trouxesse, naquele momento, null sentia que nada poderia separá-los, que o amor deles era forte o suficiente para enfrentar qualquer coisa.

Presente


null acordou daquela memória com uma sensação de vazio. Estava deitada na cama, o travesseiro ainda úmido das lágrimas que havia derramado enquanto dormia. Ela virou a cabeça para o lado, onde null costumava estar, mas a cama estava fria e vazia.
— Você me fez acreditar no amor, null... — ela sussurrou para o travesseiro, a dor esmagando seu peito novamente. — Como posso viver sem ele agora?
Ela se levantou, sentindo o corpo pesado, e foi até o armário. Dentro, entre as roupas dele que ela ainda não teve coragem de doar, estava uma pequena caixa de veludo que null havia usado para guardá-la antes de fazer o pedido. null pegou a caixa, sentindo o peso da ausência dele em suas mãos. Ela abriu a caixa, revelando o anel simples, mas significativo, que ele havia lhe dado na mesma noite.
Segurando o anel, null sentiu as lágrimas escorrerem de novo, mas desta vez, não as segurou. Ela escorregou o anel no dedo, como se estivesse reafirmando a promessa que fizeram um ao outro naquela noite. Mesmo que ele não estivesse mais ali, o amor deles ainda vivia dentro dela, e por mais doloroso que fosse, null sabia que aquele amor a manteria de pé.
Ela voltou para a cama, abraçando o travesseiro com o anel ainda em seu dedo, fechando os olhos e deixando-se envolver pela memória de null. E ali, no silêncio da madrugada, null prometeu a si mesma que encontraria uma maneira de continuar, mesmo sem ele, porque o amor deles era forte o suficiente para sobreviver ao tempo, à distância, e até mesmo à morte.
Enquanto o sono a envolvia novamente, ela sentiu uma calma suave, como se null estivesse com ela, de alguma forma. E naquela paz silenciosa, null adormeceu, sabendo que, apesar de tudo, o amor deles nunca morreria.

A Primeira Briga e a Reconciliação

O ar no apartamento parecia mais denso, carregado de tensão palpável enquanto null e null se encaravam, cada um preso em seus próprios pensamentos e sentimentos conflitantes. A sala, que antes era um refúgio de conforto e amor, agora parecia pequena e claustrofóbica, como se as paredes estivessem se fechando ao redor deles, intensificando o peso da discussão que tomava conta do ambiente.
— Você sabe o quanto isso é importante para mim, null! — null exclamou, sua voz tremendo com uma mistura de frustração e desespero. Ele gesticulava com as mãos, como se tentasse agarrar algo invisível que pudesse expressar o que as palavras não conseguiam.
null, do outro lado da sala, sentia um nó apertar em seu peito. As palavras dele ecoavam em sua mente, mas em vez de clareza, só traziam mais confusão e dor. Ela olhou para null, seus olhos começando a brilhar com lágrimas que ameaçavam cair a qualquer momento. Sua voz, quando saiu, era carregada de emoção, oscilando entre a raiva e a tristeza.
— E eu? O que eu sou, null? Apenas alguém que você espera que te siga por todo lugar? — null retrucou, tentando manter a voz firme, mas sentindo-a falhar à medida que a emoção tomava conta. Ela cruzou os braços, como se tentasse proteger a si mesma da onda de insegurança que a atingia.
null parou, suas mãos ainda no ar por um momento, antes de esfregá-las no rosto, tentando encontrar alguma calma em meio à tempestade que se formava entre eles. Ele fechou os olhos, respirando fundo, buscando as palavras certas, mas elas pareciam escapar a cada tentativa.
— Não é isso que estou dizendo! — Ele finalmente respondeu, mas a frustração era evidente em seu tom, o cansaço pesando sobre seus ombros. — Eu só... Eu quero que a gente tenha um futuro juntos, entende? E esse trabalho é uma oportunidade para isso.
O silêncio que se seguiu era quase ensurdecedor, uma pausa tensa em que ambos refletiam sobre o que havia sido dito. null olhou para null, esperando algum sinal de compreensão, mas tudo o que viu foram lágrimas silenciosas descendo pelo rosto dela, cada gota um reflexo da dor que ela sentia. A visão quebrou algo dentro dele, e ele deu um passo hesitante em sua direção.
null... — Ele começou, sua voz agora mais suave, quase um sussurro, enquanto seus olhos a procuravam com uma mistura de arrependimento e carinho. — Eu só não quero te perder.
Ele a puxou gentilmente para um abraço, seus braços envolvendo-a com uma necessidade desesperada de consertar o que havia sido quebrado. null resistiu por um segundo, ainda segurando a mágoa, mas então sentiu o calor dele contra seu corpo e permitiu que suas defesas caíssem, deixando que suas lágrimas finalmente se libertassem. Enterrou o rosto no peito de null, sentindo o batimento forte e constante de seu coração, um som que sempre lhe trouxe conforto.
— Eu também não quero te perder, null — ela murmurou, sua voz abafada pelo tecido da camisa dele, mas carregada de sinceridade. Seus dedos se agarraram ao tecido, como se tivessem medo de que ele desaparecesse a qualquer momento.
Eles ficaram assim por um tempo, presos no conforto um do outro, permitindo que o calor do abraço dissipasse as palavras duras que haviam sido ditas. O conflito que parecia tão insuperável minutos atrás agora começava a parecer menor, menos importante do que a conexão que compartilhavam. Era como se o simples toque de seus corpos juntos pudesse curar as feridas que a discussão havia aberto.
Mais tarde, quando as emoções haviam se acalmado, null a puxou para o sofá, um gesto que tinha mais significado do que qualquer palavra poderia expressar. null sentou-se ao lado dele, ainda sentindo a leve tensão no ar, mas também uma esperança renovada. Ele envolveu seus braços ao redor dela, segurando-a perto, como se quisesse garantir que ela soubesse o quanto era importante para ele.
Eles passaram a noite juntos, assistindo filmes, mas mais do que isso, sussurrando promessas de que sempre encontrariam um jeito de fazer as coisas funcionarem. As mãos entrelaçadas, o calor de seus corpos se misturando, era como se estivessem reafirmando silenciosamente o compromisso que haviam feito um ao outro.
— Nós vamos dar um jeito nisso, não vamos? — null perguntou em um momento, seus olhos fixos na tela, mas sua mente muito distante, perdida nas preocupações com o futuro.
— Sempre — null respondeu, apertando-a um pouco mais contra si, como se a força de seu abraço pudesse selar a promessa. Ele beijou o topo de sua cabeça, um gesto carinhoso que falava mais do que qualquer palavra poderia.
E ali, naquela noite tranquila, envoltos pelo brilho suave da televisão e pelo calor do abraço, null e null sabiam que, apesar das dificuldades, ainda havia algo poderoso que os mantinha juntos. Algo que nem mesmo a distância poderia quebrar.

O Aniversário Inesquecível

O primeiro aniversário que null e null passaram juntos foi uma ocasião que ficaria gravada na memória de null para sempre. Não apenas porque foi um dia repleto de surpresas e amor, mas porque marcou o início de uma tradição que se tornaria um pilar no relacionamento deles.

Passado
O dia começou de forma simples, com null acordando null suavemente, os raios de sol da manhã invadindo o quarto. Ela abriu os olhos, ainda meio sonolenta, e encontrou null segurando uma bandeja de café da manhã, um sorriso travesso nos lábios.
— Feliz aniversário, minha linda — ele disse, inclinando-se para beijá-la na testa.
null sorriu, surpresa e emocionada. Ela não estava esperando nada grandioso, mas null sempre conseguia fazer os pequenos gestos parecerem especiais.
— Você não precisava fazer tudo isso — ela disse, sentando-se na cama enquanto null colocava a bandeja em seu colo. Havia panquecas, frutas frescas, suco de laranja e um buquê de flores silvestres ao lado.
— Claro que precisava — null respondeu, sentando-se ao lado dela. — Hoje é o seu dia, e eu quero que ele comece de forma perfeita.
null mordeu o lábio, sentindo-se sortuda por tê-lo ao seu lado. Eles compartilharam o café da manhã, rindo e conversando sobre as coisas pequenas que sempre faziam parte da vida deles. null insistiu em alimentá-la com pedaços de fruta, o que acabou resultando em risos e um pouco de suco derramado na cama, mas null não se importava. Aqueles momentos, tão simples e puros, eram os que ela mais apreciava.
— Tenho mais uma surpresa para você hoje — null disse casualmente, depois que terminaram de comer.
— Outra? — null ergueu uma sobrancelha, curiosa. — Você já fez tanto, null.
— Você merece o mundo, null — ele disse, acariciando o rosto dela com ternura. — E hoje, eu quero dar a você uma pequena parte dele.
Ela olhou para ele, tentando decifrar o que ele tinha em mente, mas null apenas sorriu e disse para ela se arrumar. Ele não lhe deu nenhuma dica, apenas a guiou para fora de casa e a colocou no carro.
A viagem foi tranquila, com null mantendo o destino em segredo, enquanto null olhava pela janela, se perguntando o que ele havia planejado. Não demorou muito para que eles chegassem ao seu destino: um pequeno campo de flores, afastado da cidade, onde a natureza reinava soberana.
— Uau, isso é lindo! — null exclamou, saindo do carro e sentindo o aroma suave das flores no ar.
— Sabia que você ia gostar — null disse, sorrindo satisfeito. — E tem mais. Vem comigo.
Ele a levou por uma trilha cercada de flores, até chegarem a uma clareira onde havia uma mesa de piquenique montada com delicadeza. Flores enfeitavam a mesa, e uma cesta de piquenique estava cuidadosamente disposta sobre ela.
null riu, incrédula. — null, você pensou em tudo, não foi?
— Só no que importa — ele respondeu, puxando uma cadeira para ela. — E você é o que mais importa para mim.
null se sentou, sentindo o coração se aquecer com cada gesto de null. Eles passaram a tarde ali, conversando, comendo e aproveitando a companhia um do outro. null parecia determinado a fazer cada momento contar, e null se perguntava o que mais ele poderia ter planejado.
Quando o sol começou a se pôr, tingindo o céu de laranja e rosa, null sugeriu que fossem dar uma caminhada. null aceitou de bom grado, e eles começaram a andar de mãos dadas pelo campo, sem um destino certo.
Foi então que null parou de repente, tirando algo do bolso.
— Antes que o dia acabe, tem algo que eu quero te dar — ele disse, segurando uma pequena caixa de veludo.
null sentiu o coração acelerar. Era o mesmo tipo de caixa que ele havia usado quando a pediu em namoro. null a abriu, revelando um colar simples, mas bonito, com um pingente em forma de coração.
— Eu sei que não é nada extravagante, mas queria que você tivesse algo que representasse o que eu sinto por você — ele disse, sua voz suave e sincera. — Este coração é apenas uma pequena lembrança do meu amor por você, que está com você, mesmo quando não posso estar.
null sentiu os olhos se encherem de lágrimas, mas não de tristeza — de pura felicidade. — É perfeito, null. Eu amo você.
— Eu também amo você, null — ele respondeu, sorrindo enquanto colocava o colar em volta do pescoço dela. — E não esqueça que isso é só o começo de muitos aniversários juntos.

Presente


null segurava o colar em suas mãos, sentindo o peso do pingente contra a palma. Estava sentada na cama, no mesmo lugar onde null a havia acordado naquele aniversário inesquecível. O quarto estava silencioso agora, a ausência dele preenchendo cada canto.
— Eu nunca vou esquecer aquele dia — ela sussurrou para si mesma, sentindo uma onda de dor misturada com gratidão. — Foi o melhor aniversário da minha vida.
Ela deslizou o colar em volta do pescoço, sentindo o frio do metal contra a pele, mas também o calor das memórias que ele trazia. Era uma lembrança do amor de null, um símbolo da promessa que eles fizeram de sempre estarem juntos, mesmo que agora fosse apenas em espírito.
null olhou para o espelho, vendo o reflexo do pingente em seu peito. A saudade era esmagadora, mas ao mesmo tempo, havia uma sensação de conforto, como se, de alguma forma, null ainda estivesse com ela, de alguma forma, ele ainda estivesse cuidando dela.
E enquanto o sol nascia lá fora, lançando uma luz suave no quarto, null sentiu que, apesar de tudo, o amor que eles compartilharam ainda era a força que a mantinha de pé. Ela não sabia como o futuro seria sem ele, mas sabia que carregaria consigo cada momento, cada memória, e que, de alguma forma, isso a ajudaria a seguir em frente.

A Perda

O dia em que se antecedeu null a morte começou como qualquer outro. Era um sábado ensolarado, e null se lembrava de como ele a acordou com um beijo suave na testa, murmurando algo sobre fazer panquecas para o café da manhã. Ela acordou preguiçosamente, o calor do corpo dele ainda ao seu lado, a luz do sol entrando pelas cortinas e iluminando a cama onde eles estavam enredados.
— Bom dia, preguiçosa — null sussurrou, os lábios encostando na orelha dela, fazendo-a rir baixinho.
— Bom dia, amor — null respondeu, virando-se para ele, os olhos ainda semicerrados pelo sono.
Ele sorriu, e por um momento, o mundo era perfeito. Eles ficaram deitados na cama, aproveitando a manhã juntos, sem pressa de sair do conforto dos braços um do outro. null sempre tinha um jeito de fazer as coisas simples parecerem especiais, e aquela manhã não foi diferente.
— O que você acha de fazermos uma pequena aventura hoje? — ele perguntou, os olhos brilhando com aquela energia contagiante que null tanto amava. — Podíamos pegar o carro e dirigir até a praia, passar o dia lá.
— Adoro essa ideia — respondeu null, empolgada com a perspectiva de um dia na praia. Ela sabia que qualquer lugar com null era o lugar perfeito.
Depois do café da manhã, eles arrumaram uma mochila com toalhas, protetor solar, e algumas frutas para um piquenique improvisado. O caminho até a praia foi repleto de risos e conversas leves, com null cantando junto com as músicas no rádio e null tentando acompanhar, mesmo que, na maior parte do tempo, acabasse rindo do entusiasmo dele.
Eles chegaram à praia no final da manhã, quando o sol já estava alto no céu, e o som das ondas se misturava ao riso das crianças brincando na areia. null estendeu uma toalha para os dois, e eles se deitaram lado a lado, de mãos dadas, olhando para o mar.
— Você sabe o que eu mais amo sobre a praia? — null perguntou, virando-se para ela, um sorriso suave nos lábios.
— O quê? — null perguntou, curiosa.
— O fato de que, não importa quantas vezes a gente venha aqui, o mar sempre parece diferente — ele disse, olhando para o horizonte. — É como se fosse uma metáfora para a vida. Mesmo quando tudo parece igual, sempre há algo novo para descobrir.
null sorriu, apertando a mão dele. null tinha essa maneira de ver o mundo que sempre a encantava, como se ele pudesse encontrar poesia nas coisas mais simples. Eles passaram o dia juntos, nadando, caminhando pela areia, e aproveitando cada momento como se fosse um presente.
Depois de passarem o dia na praia, eles voltaram para casa ao entardecer, cansados, mas felizes. null se lembrava de como null a havia abraçado por trás enquanto ela fazia um chá, o calor do corpo dele confortando-a.
— Hoje foi um dos melhores dias da minha vida — ele disse, a voz suave em seu ouvido. — Eu queria que todos os dias fossem assim, só nós dois e o mundo lá fora.
— Eu também — respondeu null, sorrindo enquanto se virava para beijá-lo. — Podemos fazer disso um hábito, sabe? Pequenas aventuras só nossas.
— É um plano — null concordou, beijando-a de volta.
Eles passaram o resto da noite juntos, assistindo a um filme e se aninhando no sofá, até que o cansaço os levou para a cama. Mas antes de dormirem, null fez algo que ele sempre fazia, algo que null agora se lembrava com uma dor aguda no peito.
— Eu te amo, null — ele sussurrou no escuro, segurando a mão dela sob os lençóis.
— Eu também te amo, null — null respondeu, sentindo-se completa e segura nos braços dele.

Presente


null se encolheu no chão, abraçando a camisa de null como se fosse um escudo contra a realidade cruel que a cercava. Ela queria tanto voltar àquele momento, onde tudo estava certo, onde null ainda estava ao seu lado, segurando sua mão. Mas aquele desejo era inútil, e ela sabia disso.

Passado


A manhã seguinte tinha começado de forma comum. null saiu para correr, como sempre fazia nos fins de semana. null se lembrava de como ele havia saído sorrindo, prometendo voltar com croissants para o café da manhã. Mas ele nunca voltou.
O telefone tocou, e null atendeu sem pressa, esperando ouvir a voz alegre de null do outro lado. Em vez disso, a voz de um estranho, formal e preocupada, trouxe o mundo de null desmoronando.
— Senhorita null? Aqui é do Hospital Central... Houve um acidente.
Essas palavras, simples e frias, ecoaram na mente de null, destruindo tudo o que ela conhecia. Ela se lembrava de como deixou o telefone cair, as mãos tremendo, e como saiu correndo pela porta, sem nem saber para onde estava indo. A lembrança de correr pelos corredores do hospital, o cheiro de desinfetante e o som distante de máquinas, ainda assombrava seus sonhos.
Quando chegou ao quarto onde null estava, ele já havia partido. A expressão serena em seu rosto, como se estivesse apenas dormindo, contrastava brutalmente com o fato de que ele nunca mais acordaria. null se jogou sobre ele, o corpo de null ainda quente, mas a vida já havia se esvaído. Ela gritou, chorou, implorou para que ele voltasse, mas tudo o que restou foi o silêncio, e o vazio que ele deixou para trás.

Presente


Agora, sozinha no chão da sala, null sentiu a dor daquele momento rasgando-a novamente, como uma ferida que nunca cicatrizaria. Ela não conseguia entender como o mundo podia continuar sem null, como as pessoas podiam seguir com suas vidas enquanto a dela havia parado no momento em que ele se foi.
— Como eu faço para continuar, null? — Ela sussurrou para o vazio, sabendo que não haveria resposta. — Como posso seguir em frente sem você?
Mas, no fundo, null sabia que precisava encontrar uma maneira. null não iria querer que ela desistisse, que ela se perdesse no luto. Ele a amava demais para isso. E embora a dor fosse insuportável, null sabia que, de alguma forma, precisava honrar a memória dele, vivendo, mesmo que fosse apenas um passo de cada vez.
Ainda segurando a camisa dele, null se levantou lentamente. Ela caminhou até o quarto, deitando-se na cama que agora parecia imensa e vazia. Abraçou o travesseiro onde ele costumava descansar a cabeça, fechando os olhos e tentando se concentrar nas lembranças boas, nas risadas, nos momentos felizes que compartilharam. Era tudo o que restava, e ela sabia que precisava se agarrar a isso, mesmo que doesse.
E ali, enquanto as primeiras luzes do amanhecer começavam a penetrar pelas cortinas, null finalmente adormeceu, perdida nas lembranças de um amor que, apesar de tudo, continuaria a viver dentro dela.

As Estações do Luto

Os meses que se seguiram à morte de null passaram como um borrão na vida de null. As estações mudaram, o verão transformando-se em outono, e depois em inverno, mas para null, tudo parecia congelado no tempo. Era como se o mundo ao seu redor continuasse girando, mas ela estivesse presa em um loop interminável de dor e saudade.
null estava sentada no banco de um parque, o ar frio do início do inverno cortando seu rosto enquanto as folhas caíam ao seu redor. Ela olhava para as árvores nuas, lembrando-se de como, há um ano, ela e null haviam passeado por aquele mesmo parque, de mãos dadas, fazendo planos para o futuro. Naquele momento, tudo parecia tão promissor, tão cheio de vida. Agora, aquele futuro parecia uma miragem distante, algo que nunca se realizaria.
— Eu sinto tanto a sua falta — ela sussurrou para o vento, sua respiração formando nuvens de vapor no ar frio. Fechou os olhos, tentando sentir a presença de null ao seu lado, mas tudo o que sentiu foi o vazio que ele havia deixado.
Ela olhou para as poucas pessoas que passavam pelo parque, casais andando juntos, crianças brincando com os pais. Havia risos, conversas, vida — coisas que ela tinha a impressão de nunca mais poder experimentar da mesma forma. Era como se o mundo tivesse perdido suas cores, e tudo estivesse envolto em uma névoa cinza de dor.

Passado


O outono passado foi um dos mais felizes que null e null haviam vivido. Eles tinham uma tradição de visitar o parque todos os anos, em uma tarde de domingo, para ver as folhas mudando de cor. null sempre dizia que o outono era a estação mais romântica, com suas cores quentes e o ar fresco que trazia a promessa de novos começos.
— Olha só isso, null — null exclamou, apontando para uma árvore cujas folhas tinham se transformado em um espetáculo de vermelhos, laranjas e dourados. — Parece que a natureza está pintando o mundo só para nós.
null riu, aproximando-se dele e envolvendo seus braços em volta da cintura dele. — Talvez seja mesmo — ela respondeu, com o queixo apoiado no peito dele, olhando para cima, para o rosto que ela tanto amava.
Eles passaram a tarde caminhando, conversando sobre tudo e nada, fazendo planos para o inverno que se aproximava. null se lembrava de como null havia sugerido que fizessem uma viagem juntos, talvez para uma cabana nas montanhas, onde poderiam ficar aconchegados junto à lareira, assistindo à neve cair.
— Vai ser perfeito — ele disse, sua voz carregada de entusiasmo. — Eu posso imaginar a gente lá, só nós dois, longe de tudo.
null concordou, sorrindo. — Parece um sonho.
E, de fato, parecia. Mas aquele sonho nunca se realizaria. O inverno chegou, trazendo com ele a tragédia que tirou null de sua vida. Agora, todas as promessas, todos os planos, não passavam de lembranças dolorosas de um futuro que nunca aconteceria.

Presente
null se levantou do banco, sentindo o frio atravessar seu casaco, mas não se importando. Ela começou a caminhar pelo parque, sem um destino certo, deixando-se guiar pelas memórias. Cada canto daquele lugar trazia de volta algum momento que ela havia compartilhado com null — um beijo roubado sob uma árvore, risadas enquanto tentavam pegar folhas no ar, a maneira como ele sempre insistia em comprar chocolate quente para ela, mesmo quando ela dizia que não precisava.
Ela parou em frente a uma árvore específica, uma que null havia apelidado de "nossa árvore" porque sempre paravam ali para descansar. Olhou para o tronco, onde ainda estava a marca que eles haviam deixado, um pequeno coração esculpido com as iniciais deles no centro. null passou os dedos pela marca, sentindo a textura da madeira fria contra sua pele.
— Achei que a gente ia envelhecer juntos, null — ela disse, a voz tremendo. — Que íamos voltar aqui todos os anos, até que nossas mãos estivessem enrugadas e nossas cabeças cheias de cabelos brancos. Por que você teve que partir?
As lágrimas escorreram silenciosamente pelo seu rosto, mas ela não as enxugou. Estava cansada de tentar segurar a dor, de fingir que poderia seguir em frente como se nada tivesse acontecido. Ela sentia que, se tentasse manter tudo dentro de si, acabaria se despedaçando.
— Eu não sei como continuar sem você — ela sussurrou, encostando a testa no tronco da árvore, sentindo o coração pesado no peito. — Eu não sei se consigo.
Ela ficou ali por um tempo, perdida em seus pensamentos, até que a brisa fria a fez estremecer. Decidiu que era hora de ir embora, embora cada passo parecesse um esforço enorme. Enquanto caminhava em direção à saída do parque, algo a fez parar.
Não muito longe, um jovem casal estava sentado em um banco, trocando risadas e sussurros, as mãos entrelaçadas. O homem estava desenhando algo em um caderno, e a mulher o observava com um sorriso suave, os olhos cheios de amor. null parou, observando-os por um momento. Havia algo naquela cena que a tocou profundamente, talvez porque se assemelhava tanto ao que ela e null haviam sido.
Ela queria se afastar, mas algo a impediu. Em vez disso, null se aproximou lentamente, como se fosse atraída por uma força invisível. Quando estava perto o suficiente, ela viu o que o homem estava desenhando. Era uma árvore, alta e robusta, com folhas que caíam suavemente ao redor. Ele estava capturando a essência do outono, assim como null sempre fizera com palavras e gestos.
— É lindo — null disse, sem pensar, a voz saindo mais alta do que ela pretendia.
O casal olhou para ela, surpreso, mas logo sorriu.
— Obrigado — o homem respondeu, erguendo o desenho para que ela pudesse ver melhor. — O outono é uma estação inspiradora, não é?
null assentiu, sentindo um aperto no peito. — Sim, é. É minha estação favorita.
A mulher sorriu gentilmente para null. — Também é a nossa. Há algo de mágico em como tudo muda de cor, como se a natureza estivesse nos mostrando que a mudança pode ser bonita.
null sentiu as lágrimas ameaçarem cair novamente, mas dessa vez havia algo de diferente. Não era apenas dor. Era como se, por um breve momento, ela tivesse vislumbrado a possibilidade de que, talvez, a mudança pudesse trazer algo de bom. Que, apesar de tudo, a vida ainda poderia ter algo a oferecer.
— Eu espero que vocês tenham muitas tardes como esta juntos — null disse, a voz suave, mas sincera. — Aproveitem cada momento.
Eles sorriram para ela, sem saber a profundidade do que aquelas palavras significavam. null se afastou, sentindo uma estranha mistura de tristeza e paz. Ela sabia que o luto ainda a acompanharia, talvez por muito tempo, mas aquele momento no parque, vendo o amor florescer em outro casal, a fez perceber que, de alguma forma, o amor que ela compartilhara com null ainda vivia. Não apenas nas lembranças, mas no próprio ato de amar.
E enquanto caminhava para fora do parque, null sentiu, pela primeira vez em meses, uma pequena faísca de esperança. Era frágil, quase imperceptível, mas estava lá. E isso, por enquanto, era o suficiente.

O Reencontro com o Passado

A primavera havia chegado, trazendo com ela um sopro de frescor e renovação. null se encontrou em um estado de transição, tentando encontrar um equilíbrio entre o luto persistente e a necessidade de seguir em frente. O mundo estava começando a se colorir novamente, e com ele, null sentia que talvez pudesse começar a encontrar alguma forma de paz.
null estava organizando suas coisas no apartamento, decidindo que era hora de fazer algumas mudanças. A ideia de rearranjar o espaço era, de alguma forma, um símbolo de sua tentativa de rearranjar seus próprios sentimentos. Ela estava empacotando algumas das coisas de null que haviam ficado em seu apartamento — roupas, livros, pequenas lembranças que estavam espalhadas por todos os cômodos.
Enquanto arrumava um canto do armário, encontrou uma caixa pequena e antiga que havia esquecido. Era uma caixa de madeira escura, com um fecho de metal decorativo. null a abriu, revelando uma coleção de cartas, fotos e recordações que null havia guardado ao longo dos anos. Havia também uma pequena caixa de música, a mesma que ele havia dado a ela no aniversário anterior.
null pegou a caixa de música e a girou entre as mãos, sentindo a familiaridade do objeto. Ao abrir a caixa, uma melodia suave começou a tocar, a mesma que null costumava tocar para ela em momentos especiais. As lágrimas se formaram em seus olhos enquanto a música preenchia o ambiente com uma sensação de nostalgia e amor.

Passado


O dia em que null deu a null a caixa de música foi uma tarde memorável, em que eles decidiram explorar uma pequena feira de antiguidades na cidade. null havia mostrado um interesse peculiar por itens vintage e, quando encontraram a caixa de música, ele imediatamente pensou em null.
— Eu vi isso e pensei em você — ele disse, tirando a caixa de música de uma vitrine e segurando-a com cuidado. — É pequena e delicada, mas tem uma melodia linda. Assim como você.
null sorriu, tocada pelo gesto. — Você realmente sabe como me fazer sentir especial.
null a abraçou, sussurrando: — É porque você é especial, null. E eu quero que você tenha algo que te lembre do quanto eu te amo, todos os dias.
Eles passaram o resto da tarde explorando a feira, rindo e fazendo pequenas compras. null havia comprado algumas outras lembranças, mas a caixa de música era o presente mais significativo, algo que ele sabia que sempre a acompanharia. A melodia suave sempre a fazia sentir-se amada e protegida.

Presente


null sentou-se no chão, cercada pelas recordações de null. Ela tirou uma foto de uma caixa e a olhou com atenção. Era uma imagem deles dois, tirada em uma de suas primeiras viagens juntos. Ambos estavam sorrindo, despreocupados e felizes. null passou os dedos pela foto, sentindo uma mistura de alegria e tristeza.
— Olhar para isso ainda dói — ela murmurou para si mesma. — Mas também traz de volta as melhores lembranças.
Ao virar as páginas de uma carta antiga, null encontrou um bilhete escrito por null, endereçado a ela. Era uma carta que ele havia escrito para o seu aniversário, mas que ela nunca havia lido até aquele momento.

Passado


A carta foi encontrada em um envelope adornado com corações e flores, e foi lida em um momento de intimidade que ela sempre lembraria com carinho.

— Querida null,

Se você está lendo isso, então eu consegui te surpreender, e isso já é um grande presente para mim. Eu queria te dizer o quanto você significa para mim e como a minha vida mudou desde que te conheci. Você trouxe cor para os meus dias e alegria para o meu coração.
Espero que esta carta te lembre, mesmo quando as coisas ficarem difíceis, que você é amada mais do que pode imaginar. O nosso tempo juntos é o melhor presente que eu poderia pedir, e não importa onde a vida nos leve, sempre terei você em meu coração.
Com todo o meu amor,

null

null terminou de ler a carta, sentindo um misto de lágrimas e sorrisos. Ela guardou a carta de volta na caixa e olhou para o relógio. Era hora de sair e fazer algo que havia planejado para ajudar a lidar com a dor.

Presente


null havia decidido visitar um lugar especial — o local onde ela e null haviam passado um dia maravilhoso em um dos seus primeiros encontros. Era um jardim botânico que eles haviam descoberto por acaso e que se tornara um local querido para ambos. null achava que era hora de revisitar aquele lugar, para encontrar um pouco de paz e talvez algum conforto.
Quando chegou ao jardim, a primavera estava em plena flor. As flores estavam desabrochando, e o ar estava cheio do perfume doce das pétalas. null caminhou pelos trilhos, apreciando a beleza ao seu redor, mas também procurando um local tranquilo onde pudesse se sentar e refletir.
Ela encontrou um banco perto de um lago pequeno e se sentou, observando os patos nadando e as flores ao redor. Fechou os olhos e se permitiu se perder nas lembranças de null. Pensou em todas as conversas que tiveram ali, sobre os sonhos e esperanças que compartilharam, e em como aquele lugar havia sido um refúgio para eles.

Passado


Naqueles dias, o jardim era um refúgio de tranquilidade, onde null e null costumavam passar horas conversando sobre tudo e nada. Eles haviam explorado cada canto do lugar, rindo e se divertindo, e a beleza ao redor parecia refletir a alegria que sentiam um pelo outro.
— Eu adoro como tudo aqui é tão vivo e colorido — null disse, pegando a mão de null. — É como se o jardim estivesse celebrando a nossa felicidade.
null sorriu, olhando para ele com carinho. — É verdade. E eu estou tão feliz que estamos aqui juntos.
null a puxou para mais perto, envolvendo-a em um abraço. — Eu também. Prometo que faremos isso sempre que precisarmos de um pouco de paz.

Presente


null se levantou do banco e caminhou até o lago, onde encontrou uma pequena caixa de madeira flutuando. Curiosa, ela a pegou e a abriu, encontrando dentro um bilhete escrito com uma caligrafia familiar.
— Se você encontrou isso, então eu estou sorrindo para você de onde quer que eu esteja — o bilhete dizia. — Espero que esteja tendo um dia maravilhoso e se lembre sempre de quanto você é amada.
null sorriu através das lágrimas que começaram a escorrer. O bilhete parecia uma mensagem direta de null, uma pequena lembrança de que, mesmo depois de tudo, ele ainda estava lá de alguma forma, ajudando-a a encontrar um pouco de consolo.
Ela sentou-se à beira do lago, segurando o bilhete, e deixou que as emoções fluíssem livremente. Havia uma sensação de encerramento e de abertura para o futuro. A dor ainda estava presente, mas a presença das memórias e a beleza ao seu redor lhe davam uma nova perspectiva.
Quando a tarde começou a escurecer, null se levantou e deu um último olhar para o jardim. Sentiu um novo senso de paz e aceitação, uma sensação de que, apesar da dor, havia algo para se esperar no futuro. A vida continuaria, e ela encontraria uma maneira de continuar a honrar o amor que compartilhara com null.
Com um último olhar para o lago, null caminhou para fora do jardim, levando consigo a esperança de que, com o tempo, a dor se transformaria em uma memória acolhedora e o amor em uma força duradoura que a acompanharia em cada passo que ela desse.

A Promessa de Continuar


O sol da tarde se infiltrava por entre as folhas das árvores, lançando sombras suaves sobre o pequeno parque que null e null costumavam chamar de seu refúgio secreto. Aquele era o lugar onde eles se encontravam para escapar do mundo, onde compartilhavam risos, sonhos e momentos que agora viviam apenas na memória. O parque parecia intocado pelo tempo, como se estivesse à espera de sua chegada, como se soubesse que, mesmo em sua ausência, ela voltaria um dia.
null caminhou lentamente pelo caminho de pedras, os sapatos tocando o chão de forma quase inaudível. Cada passo parecia carregar o peso de sua dor, mas também uma determinação silenciosa de enfrentar o que estava por vir. Ao se aproximar do banco onde tantas vezes havia se sentado com null, um sentimento de nostalgia a envolveu, como se ele ainda estivesse ali, esperando por ela com aquele sorriso tranquilo que sempre a fazia sentir-se em casa.
Ela parou por um momento, fechando os olhos, permitindo que as lembranças inundassem sua mente. A imagem de null apareceu tão nítida quanto a última vez que estiveram ali juntos. null quase podia ouvir sua risada, sentir o calor de sua presença ao seu lado. Mas, quando abriu os olhos novamente, a realidade voltou com força, lembrando-a do vazio que ele havia deixado.
Com um suspiro profundo, null se sentou no banco, o corpo se afundando no assento familiar. O lugar estava exatamente como ela se lembrava — as árvores ao redor, o som distante de risadas infantis, o farfalhar suave das folhas ao vento. Mas havia uma diferença crucial: null não estava mais ali, e a ausência dele era um buraco negro em seu coração, sugando toda a luz ao redor.
null olhou para o céu, onde o azul começava a se misturar com os tons alaranjados do fim de tarde. As nuvens se moviam lentamente, como se o tempo estivesse em câmera lenta, acompanhando o ritmo de seus pensamentos. Ela sentiu a brisa suave tocar seu rosto, carregando consigo o cheiro da grama e das flores, uma lembrança viva do que um dia fora tão cheio de vida.
— Eu vou continuar vivendo, null — ela sussurrou, as palavras escapando de seus lábios com uma suavidade quase etérea. Sua voz era baixa, mas carregada de uma promessa que vinha de seu âmago. — Por nós dois.
Ela sabia que viver sem ele seria a maior luta que enfrentaria, mas também sabia que ele não gostaria de vê-la desistir. null sempre acreditou na força dela, e agora, mais do que nunca, ela precisava encontrar essa força dentro de si. Mesmo que a dor da ausência dele estivesse cravada em seu peito como uma faca, null sabia que tinha que continuar. Não apenas por ela, mas por ele, por tudo o que compartilharam e por tudo o que ele sonhava para os dois.
O parque ao redor parecia respirar junto com ela, como se o próprio lugar estivesse testemunhando a promessa que ela fazia. null passou os dedos sobre o banco, sentindo a textura da madeira sob sua pele, como se estivesse tentando se conectar com as lembranças que ali permaneceram. O banco onde eles sentaram juntos tantas vezes agora se tornava um símbolo de sua promessa, de seu compromisso em seguir em frente, carregando o amor deles como uma chama que nunca se apagaria.
Ela fechou os olhos por um momento, permitindo-se sentir a presença dele, a forma como ele a segurava, como a olhava. E, mesmo que fosse apenas uma lembrança, aquilo deu a ela a força de que precisava. Porque, mesmo na ausência, o amor deles ainda estava vivo dentro dela, pulsando junto com seu coração.
null abriu os olhos e olhou novamente para o céu, onde as primeiras estrelas começavam a aparecer. Um sorriso triste, mas resoluto, curvou seus lábios. Ela se levantou do banco, sabendo que estava deixando para trás mais do que apenas um lugar. Estava deixando para trás uma parte de si, mas levando consigo o que mais importava: o amor que null lhe deu e que agora se tornava sua força para seguir em frente.
— Eu prometo, null — ela disse suavemente, enquanto se afastava do banco, as palavras sendo levadas pelo vento, como uma prece. — Eu vou continuar, por nós dois.
Enquanto caminhava para fora do parque, a noite começava a cair, envolta em um manto de estrelas. E, embora a dor ainda fosse um companheiro constante, havia também uma nova determinação crescendo dentro dela. null sabia que o caminho seria longo e difícil, mas, com null em seu coração, ela encontraria um jeito de seguir em frente. Ela continuaria vivendo, amando, lembrando, porque, no final, o amor que eles compartilharam era mais forte do que a morte, mais forte do que a dor. E esse amor seria sua luz, guiando-a por toda a sua vida.



Fim!





Nota da scripter:
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