Capítulo Único
null poderia jurar que esse era o pior dia da sua vida. Nem a quantidade de álcool no seu sangue, suas músicas preferidas tocando e sendo uma festa a fantasia, seu tipo de festa favorito, poderiam melhorar o dia que ela estava tendo. Pra começar, ela teve um dos piores dias na empresa, tendo que levar a culpa por um erro que não tinha sido cometido por ela, e sim do seu supervisor sem noção que não queria fazer o próprio trabalho. Depois que ela chegou no seu novo apartamento, descobriu que um dos canos do seu vizinho tinha estourado e inundado seu apartamento também, então ela teria que ficar em um hotel por essa noite. E a cereja do bolo foi descobrir que a sua fantasia tinha ficado na casa do seu ex-namorado, aquela que ela passou meses montando, ele tinha dado a roupa pra seu novo caso e os dois estavam na área VIP da mesma casa que ela estava. Tinha como esse dia ficar pior?
— Por que uma mulher tão linda como você está com um cenho tão franzido? — null gostaria de ser menos expressiva, gostaria de poder não expressar todos os seus sentimentos com a sua cara, mas era em vão, era mais forte do que ela, então ela se encontrou olhando o bonitão ao seu lado e rolando os olhos antes de voltar para sua bebida. — Vamos lá, null, não lembra de mim?
— Claramente você não foi tão memorável a ponto de eu me importar com sua existência.
— Nós não ficamos. Ainda.
— E eu gostaria que continuasse assim.
— Você tem sempre que ser uma megera, null?
— Eu sou uma megera? — null gargalhou alto. — Você invade meu espaço pessoal com um bando de cantada de meia quinta, sua primeira fala foi baseada na minha cara de poucos amigos, e eu sou a megera porque não estou te dando a atenção que você acha que merece? — null se virou para ele. — Mike, meu querido, quando uma mulher está com uma cara de poucos amigos, da próxima vez, a deixe em paz. Um cenho franzido não é convite pra babaca. — null se virou para o bar, focando nas bebidas à sua frente. Só mais uma e ela iria embora pedir a sua comida favorita depois de um banho merecido.
— Deve ser por isso que Will te traiu por tanto tempo, ninguém aguenta uma megera. — null olhou para Mike com os olhos arregalados. — Oh, você não sabia, pequena null? Will e Poppy estão juntos há meses e a única pessoa que não percebeu foi você. Acho que vem com o território de ser uma egoísta. — null sentiu todo o seu corpo gelar assim como sua mão se fechar no copo que ela segurava com tanta força que ela jurava que iria quebrá-lo. Se tinha uma coisa que null não concordava era com traição, especialmente quando sua madrasta jogava na sua cara como ela era fruto de um caso que seu pai teve com uma mulher qualquer e, logo depois que ela lhe teve, a deixou na porta da casa do seu pai e nunca deu notícia. null amava seu pai com todo o seu coração, a mulher com quem ele se casou, por outro lado, podia desaparecer que ela nunca sentiria falta.
— Seu babaca! — null jogou a bebida na cara de Mike e logo se levantou para mostrar-lhe o quão megera ela era, porém, ela sentiu um braço rodear sua cintura enquanto tentava arranhar pelo menos um pouco do rosto do idiota do Mike. — Me solta, eu vou mostrar pra esse idiota o quão megera eu sou. Ajoelhou vai ter que rezar, seu merda.
— Eu acho que é o suficiente, null. — Na mesma hora, null parou de se debater e olhou por cima do ombro, dando de cara com null Casanova, um dos melhores amigos do seu ex-namorado e, ironicamente, irmão da sua melhor amiga. — Ele não vale a pena. — Antes mesmo que null dar um chute em Mike, null continuou: — Vaza daqui, Mike. — E então null viu Mike andar completamente ileso de volta pra qualquer buraco das profundezas do inferno do qual ela tinha vindo. — Você não acha que está muito velha para estar brigando na casa dos outros?
E aí estava, senhora e senhores, a razão pela qual null nunca tinha jogado todo o seu charme pra cima de null, mesmo ele sendo o seu tipo de cara ideal: alto, gostoso e tatuado. null a tratava da mesma maneira como tratava sua irmã, sempre usando um tom de desaprovação. E, null admitia, quando ela conheceu Giana quando as duas tinham doze anos, sua melhor amiga, ela não ligava muito para o tom que ele usava, porque para ela null era apenas um adulto insuportável que não sabia se divertir. Porém, null já passava dos vinte e sete anos, já tinha seu emprego garantido que ela amava, estava pagando aos poucos o novo apartamento que tinha acabado de receber, mas para null ela sempre seria a adolescente imatura que ele conheceu no passado.
— Se vai me fazer passar raiva, pode dar meia volta. Hoje não, null, você também não. — null saiu dos braços do null, sentando novamente no banco e pedindo uma nova rodada ao barman. — Eu tive um dos piores dias da minha vida e eu não preciso ter que escutar mais nada de ninguém.
— Tudo bem então. — null jurava que ele iria desaparecer, porém, null apenas pegou o banco e se sentou ao seu lado e, ainda por cima, extremamente perto.
— O que você pensa que está fazendo?
— Bem, se você vai ficar aqui enchendo a cara, precisa de alguém pra te levar pra casa.
— Eu não preciso de babá.
— Que tal um amigo? — null se engasgou com a bebida e se virou para ele com os olhos arregalados. — Você não acha que somos amigos?
— Só porque nós nos conhecemos por doze anos não quer dizer que somos amigos.
— Quinze anos, null, nós nos conhecemos há quinze anos. — null se virou para null e continuou: — E nós somos amigos sim, ou pelo menos, somos algo entre conhecidos e amigos.
— Que tal “nós somos algo entre conhecidos e amigos e contamos quando algo pode machucar o outro”?
— Eu não sabia que Will estava te traindo, null, nós não somos amigos há um tempo.
— Como assim? Will falava de você o tempo inteiro, fazia planos pra quando você voltasse e tudo.
— Faz mais ou menos três anos que eu parei de falar com o Will, null. Eu não concordava com muita coisa que ele fazia e não vi razão em continuar uma amizade onde ele sempre esperava algo de mim. — null sabia do que null estava falando, Will nunca falou dele como uma pessoa e sim sobre tudo o que null conquistou com o seu enorme cérebro e sua paixão por aeronaves. null lembrava perfeitamente quando null entrou em um dos mais concorridos e mais prestigiados institutos de aeronáutica do país aos 16 anos e como seus pais ficaram felizes. null se mudou para outra cidade, onde ficou até terminar seus estudos, e desde então ele tem trabalhado em diferentes empresas, apenas visitando a sua cidade em datas comemorativas onde null podia ver as incríveis mudanças pelas quais null ia passando aos poucos.
null nunca admitiria, mas a cada novo ano que ela encontrava null, seu coração dava uma cambalhota dentro do peito. Ela o viu indo de um garoto com o seu eterno cenho franzido para um homem de ombros largos, alto, braço tatuado e barba meio rala. Era um susto atrás do outro quando ela chegava na casa da sua melhor amiga e uma nova versão do irmão mais velho dela estava esparramado no sofá, mas é claro que null nunca nem ao menos se atreveu a olhar duas vezes. null sempre foi o irmão irritante da sua melhor amiga, não importava o quão gostoso ele ficasse.
— Will nunca disse que vocês não eram mais amigos, eu só pensei que vocês se falavam quando eu não estava perto. — null não queria dizer que sempre achou que Will não era amigo de null, apenas estava interessado em seu dinheiro.
— Eu sei o que você realmente pensa, null. — A garota apenas riu de lado tomando mais um gole da sua bebida. — Will nunca foi meu amigo de verdade, disso eu sei, mas o que eu não consigo entender é como você ficou tanto tempo com ele se sabia quem ele era.
— Porque eu gostava dele, null. Mas é claro que você nunca vai entender um sentimento como esse, já que o relacionamento mais sério e a única coisa que você amou na sua vida, tirando sua família, é o seu trabalho.
— Você aparenta saber muito sobre mim, null.
— Mas é claro que sei, nós nos conhecemos há mais de dez anos.
— E eu posso afirmar com toda certeza que você não sabe de tudo, afinal de contas, os olhos só veem o que realmente querem. — null estava prestes a respondê-lo quando seus olhos pararam sobre a área vip onde seu ex estava colocando a sua jaqueta favorita na sua nova namorada. “Ah não, minha jaqueta nova, não!”
null ignorou os protestos de null e andou a passos largos em direção à área VIP, ela ignorou o segurança com apenas uma mão e foi em direção à mesa do seu ex.
— O que você pensa que está fazendo? — null não estava nem um pouco se importando para os que os outros estavam pensando.
— Meu assunto não é com você.
— Mas é com meu namorado.
— Namorado? — null segurou o riso. — Espero que você esteja familiarizada com a palavra carma, Peppa, porque da mesma maneira que você os consegue, você os perde. Meu assunto não é com você porque não foi com você que eu namorei por 3 anos, fiz planos de casamento, morar juntos e todo aquele embalo clichê que a gente conhece. — null se virou para seu ex e continuou: — Eu não desejo mal a nenhum de vocês, pra falar a verdade, eu só desejo que vocês colham tudo aquilo que plantaram e, se o que plantaram foi nocivo, bem, que arquem com as consequências dos seus atos. — null segurou a mão da nova namorada do seu ex. — Muito prazer em conhecê-la, Peppa. Eu te desejo muita sorte, você vai precisar. — null se virou para o seu ex e continuou: — Para você, Will, eu não desejo nada, a vida ainda vai te pegar de jeito e eu quero estar bem longe quando acontecer. Abraço, meus queridos. — null, que não era besta nem nada, agarrou uma das garrafas de champanhe em cima da mesa e andou a passos largos em direção à saída.
null tentou se esconder debaixo da armadura que montou desde que seu pai se casou novamente, mas até os melhores cavaleiros sentiam as amarras frouxas e se deixavam desmontar nos momentos mais difíceis. Então null saiu da casa de um dos amigos do seu ex em algum condomínio fechado e começou a andar em direção à saída. Lá ela pediria ajuda ao porteiro para conseguir um Uber.
— null, espera aí! — null se desequilibrou no salto que estava usando, quase caindo de cara no asfalto, porém, null estava lá para segurá-la. — Aonde você pensa que vai?
— Pra casa. — null todo um longo gole da garrafa de champanhe antes de se virar para null. — Eu nem sei porque eu vim pra essa festa. — null balançou a cabeça e continuou: — Isso me lembra: o que você está fazendo nessa festa?
— Eu moro aqui. — null apontou para uma mansão que ficava no final da rua do condomínio que eles estavam. — Aquela é minha casa, comprei faz uns dois meses.
— Por que você compraria uma casa se não mora mais aqui?
— Eu me mudei de volta. — O coração de null deu um pulo dentro do peito, mas ela fingiu que nada aconteceu e continuou encarando null com a melhor poker face que ela tinha.
— Por quê?
— Porque eu decidi ir atrás do que eu quero.
— E todo esse tempo você não estava indo atrás do que queria?
— Profissionalmente sim, pessoalmente não. — null estendeu a mão para null e continuou: — Vamos, null, eu te levo pra casa.
— Não, muito obrigada, eu prefiro um Uber.
— null, por favor.
— Eu posso ir sozinha.
— Minha mãe me mataria se eu te deixasse ir sozinha pra casa.
— O que os olhos não veem, o coração não sente.
— Até você acabar jogada dentro de uma cova no meio do nada. Eu insisto em te levar.
— Realmente não precisa.
— Por favor, null, eu estou cansando e aposto que você também. — null jura que tentou, mas antes mesmo que pudesse segurar, as lágrimas estavam rolando de seus olhos.
— Eu não tenho pra onde ir! — null se sentou na calçada enquanto soluçava alto. — Essas últimas semanas foram um inferno em todos os campos possíveis, e pra piorar, eu não posso ir para o meu apartamento porque ele está inundado. O máximo que eu posso fazer é alugar outro lugar ou pagar um hotel.
— Ou você pode ficar comigo. — null se sentou ao lado dela, fazendo com que ela limpasse suas lágrimas e olhasse para ele. — Você pode ficar comigo o final de semana inteiro até resolver a sua situação.
— Eu não acho que isso seja uma boa ideia.
— Claro que não, é a melhor ideia do mundo. — null sorriu largamente para ela fazendo com que suas mãos formigassem com vontade de tocá-lo. — Vamos chamar de trégua, eu te ajudo e você me ajuda.
— Como é que eu vou te ajudar?
— Eu ainda estou pensando nisso. Enquanto isso, vamos? — null se levantou estendendo a mão para ela. null pensou um pouco nas suas possibilidades e, honestamente, essa era melhor que ela podia encontrar, então ela apenas segurou sua mão. Porém, logo seu salto prendeu em um buraco no asfalto, se quebrando no meio e antes que ela pudesse cair, null a estava segurando em seus braços. null sentiu os músculos debaixo das suas mãos, e como ela não era boba nem nada, tirou uma casquinha, deixando suas mãos navegarem por seus braços. — Você está bem? — null apenas assentiu com a cabeça e se afastou de null. Ela tirou os saltos que estava usando e logo depois disse:
— Será que tem como esse dia ficar pior? — null deveria ter aprendido que jogar um desafio para o universo não era uma das melhores decisões. Quando sentiu a chuva cair em seu rosto, ela só soltou uma gargalhada.
— Você tinha que falar, não tinha, null? — Ela apenas deu de ombros.
— Será que nós podemos ir pra sua casa agora? — null apenas balançou a cabeça, segurou na mão de null e a levou em direção à sua casa. Quando os dois pararam em frente à mansão de null, null podia jurar que o lugar tinha saído diretamente de um filme. null a puxou pela mão para que eles fugissem da chuva e entrassem na casa, null podia ver caixas espalhadas pela sala. — Por que você ainda tem caixas pela sua sala?
— Eu cheguei hoje de manhã, minha mãe e Giana que estavam arrumando a casa antes de eu chegar.
— E você foi pra festa de Jake no dia que chegou?
— Giana me chamou, mas, como sempre, ela arrumou alguma desculpa e não apareceu.
— Ela te deu um bolo também? — null seguiu null em direção às escadas.
— Giana precisa de uma intervenção pelo jeito que ela trata as pessoas. — null olhou para null por cima do ombro. — Antes de eu me mudar, ela decidiu ficar aqui sem nem ao menos me avisar, no quarto de hóspedes está cheio de coisas dela. — null empurrou a porta do quarto que ela acreditava ser o de hóspede que sua amiga tinha ficado. — Giana levou todas as roupas que tinha, mas deixou todos os produtos de beleza no banheiro se você quiser usar. A água do chuveiro é quente, eu posso pegar uma das minhas roupas pra você se trocar.
— Obrigada pela a ajuda, null. — null passou a mão no braço de null antes de entrar no quarto.
— Eu vou deixar uma roupa em cima da cama. — null foi em direção ao banheiro dando de cara com a coleção de skin care de Giana em cima da pia, assim como todos seus cremes para corpo e cabelo estavam no box do banheiro. Ela apenas balançou a cabeça e prosseguiu a usar cada produto caro que sua amiga tinha.
Quando null entrou no quarto, as roupas estavam em cima da cama, eram um pouco largas, visto que eram de null, mas tinham o mesmo cheiro dele. null saiu do quarto indo em direção ao quarto principal da casa, ela bateu na porta, mas sem obter resposta, decidiu entrar lentamente. null estava saindo do banho enquanto enxugava seu cabelo usando apenas uma calça de pijama, ele levantou os olhos dando de cara com null na porta do seu quarto.
— Você está precisando de algo, null? — null perguntou andando em direção à porta. null gostaria de dizer que não encarou, porém seus olhos pairaram sobre o corpo de null e, especialmente, a tatuagem que cobria parte do seu braço e ombro.
— Desde quando você tem tatuagens?
— Espera até você ver a das costas. — Ele se apoiou no batente da porta. — Você precisa de algo?
— Eu só queria te agradecer mesmo.
— Eu não ia te deixar no meio da rua quando você não tem um lugar pra ficar.
— Eu sei disso, mas nós não somos os melhores amigos do mundo.
— Só porque nós nunca paramos pra conversar não quer dizer que nós não nos conhecemos.
— Então é isso que vamos fazer agora? Conversar?
— Conversar é superestimado, tem coisas melhores que podemos fazer do que conversar.
— Eu trabalho com experiências, null, mais prática do que teoria.
— null…
— Não é como se você não estivesse sentindo, null.
— Oh null, eu estou sentindo há muito tempo. — Então por que resistir? — null ficou na ponta dos pés, passando os braços ao redor dos ombros de null.
— Você deve saber, null, isso é muito mais do que você imagina.
— Não tem problema, eu estou pronta para as consequências.
null sentiu os lábios de null colarem nos seus e os formigamentos chegarem na ponta dos seus dedos. Ela gostaria de dizer que o seu beijo era um daqueles frenéticos e urgentes sobre os quais ela lia em seus romances favoritos, mas se tinha uma coisa que ela tinha aprendido era que os melhores beijos eram aqueles que queimavam lentamente, como a chama de uma vela. null mordia os lábios de null enquanto segurava seus cabelos para trás, agarrando-os pela nuca. null fez questão de segurar o rosto de null enquanto umas de suas mãos viajava por suas costas. Ela podia sentir seu corpo queimar de ponta a ponta e a quantidade de roupa que ambos usavam começava a incomodar, então null se afastou de null, tirando sua camisa antes de voltar a beijá-lo.
— null... — null falou, fazendo com que ela se afastasse dele. — Por mais que eu tenha sonhado com esse momento mais vezes do que eu possa imaginar, eu não quero tirar vantagem de você.
— Tirar vantagem de mim? — null jogou a cabeça pra trás soltando uma gargalhada enquanto null olhava para ela com um sorriso largo nos lábios. — Se tem alguém tirando vantagem aqui, sou eu. — Ela segurou o rosto dele em suas mãos e lhe deu um selinho longo. — O que você propõe então?
— Amanhã é sábado, o seu dia favorito da semana, portanto, deveríamos começar o dia indo tomar café naquele lugar perto da praia no qual você paga uma fortuna por um café superfaturado. — null soltou outra gargalhada e null apenas continuou: — Depois nós podemos ir no novo estabelecimento de Ben, algo relacionado a lançamentos de machados.
— Eu sempre quis fazer isso, mas nunca achei por aqui.
— Depois nós podemos almoçar no Cocoa, aquele restaurante que você adora. — As mãos de null passearam da cintura até o rosto de null. — Aí nós podemos assistir algum filme no cinema, você ainda gosta de ir no cinema semanalmente? — null apenas assentiu, surpresa como ele ainda lembrava de tal detalhe sobre ela. — E depois a gente pode passar pra pegar sua mala.
— Meu carro está estacionado em algum lugar perto da casa de Jake.
— Nós podemos pegá-lo amanhã e colocar na minha garagem, eu posso te ajudar a procurar um lugar pra ficar.
— Você é incrível, null, sabia disso?
— Saber eu sei, mas vindo de você, com toda a certeza, faz maravilhas ao meu ego. — null bateu no ombro de null, que apenas enterrou seu rosto no pescoço de null. — Agora, nós deveríamos dormir porque amanhã nós precisamos acordar cedo. — null puxou null pela cintura andando para trás com ela em seus braços, os dois caíram na cama fazendo com que ambos sorrissem. null se ajeitou na cama trazendo null junto e a abraçou por trás, trazendo-a para perto.
— null? — Ele apenas respondeu com “hm” e ela continuou: — Você tem certeza?
— Eu tenho essa certeza desde o aniversário de 50 anos do seu pai.
— Mas isso foi há quatro anos.
— E eu te perdi pra alguém que não te merecia, eu não vou cometer o mesmo erro duas vezes.
null acordou como não fazia há um tempo: com o sorriso no rosto e se sentindo completamente descansada, os braços de null estavam ao redor da sua cintura, a segurando para que ela não fugisse. Ela se virou em seus braços e acariciou o rosto de null que apenas sorriu em seu sono. null sabia que eles tinham planejado tomar café em sua cafeteria preferida, mas ela achava que um café em casa seria muito melhor, especialmente se tivesse sido feito por ela.
Então null se levantou, saindo cuidadosamente dos braços de null, indo em direção à cozinha. O coração de null pulava dentro do peito enquanto ela descia as escadas, suas mãos suavam com toda a animação pelo dia que eles teriam pela frente. Quando null chegou na cozinha, começou a tirar os ingredientes pra fazer uma omelete.
— null, o que você está fazendo aqui? — null se virou, dando de cara com Giana parada do outro da bancada.
— Oi, Giana. Eu... Eu dormi aqui depois da festa de Jake.
— Desde quando você e meu irmãos são amigos? — Giana riu, mas logo seus olhos pairaram sobre a roupa de null, ou melhor, pela falta dela e a blusa do seu irmão. — Eu não acredito nisso.
— Giana, eu posso explicar.
— O meu irmão, null, sério? De todos os caras do mundo, você está pegando meu irmão?
— Não é bem assim, null e eu nos reencontramos ontem e ele me ajudou. Não é como se eu tivesse planejado, Giana, seu irmão e eu nunca fomos os melhores amigos e você sabe.
— Então o que é isso? Algum tipo de plano maquiavélico pra dar o troco no Will?
— Will é a última pessoa na minha mente quando eu estou com null.
— Eu pensei que você era minha amiga, null, eu esperava de qualquer pessoa, menos de você. Como é que você pode fazer isso comigo?
— Giana, eu sinto muito.
— Se você sentisse mesmo, ficaria longe do meu irmão.
— O quê?
— Se você é minha amiga de verdade, você vai embora daqui e nunca mais vai nem ao menos olhar para null.
— Giana, por que você está fazendo isso?
— Porque a sua vida é uma bagunça, null! A única coisa que você pode oferecer a null é colocá-lo no meio dela e null tem um potencial enorme pra cair no poço que é sua vida. — null sentiu as lágrimas se formarem em seus olhos, mas as engoliu. Por mais que elas se conhecessem por anos, a amizade das duas estava abalada desde que as duas se afastaram durante a faculdade, porém, null nunca esperava que Giana jogasse todos os seus problemas e inseguranças para atingi-la da maneira que estava fazendo agora.
— Se isso é o que você quer. — null pegou sua bolsa e foi em direção à saída e não olhou para trás nenhuma vez enquanto andava em direção ao seu carro.
Ela achava que estava com o coração partido depois da traição de Will, mas nada se comparava ao aperto no peito a cada passo que ela dava em direção à porta sabendo que não poderia se perder no conforto dos braços de null mais uma vez.
— Por que uma mulher tão linda como você está com um cenho tão franzido? — null gostaria de ser menos expressiva, gostaria de poder não expressar todos os seus sentimentos com a sua cara, mas era em vão, era mais forte do que ela, então ela se encontrou olhando o bonitão ao seu lado e rolando os olhos antes de voltar para sua bebida. — Vamos lá, null, não lembra de mim?
— Claramente você não foi tão memorável a ponto de eu me importar com sua existência.
— Nós não ficamos. Ainda.
— E eu gostaria que continuasse assim.
— Você tem sempre que ser uma megera, null?
— Eu sou uma megera? — null gargalhou alto. — Você invade meu espaço pessoal com um bando de cantada de meia quinta, sua primeira fala foi baseada na minha cara de poucos amigos, e eu sou a megera porque não estou te dando a atenção que você acha que merece? — null se virou para ele. — Mike, meu querido, quando uma mulher está com uma cara de poucos amigos, da próxima vez, a deixe em paz. Um cenho franzido não é convite pra babaca. — null se virou para o bar, focando nas bebidas à sua frente. Só mais uma e ela iria embora pedir a sua comida favorita depois de um banho merecido.
— Deve ser por isso que Will te traiu por tanto tempo, ninguém aguenta uma megera. — null olhou para Mike com os olhos arregalados. — Oh, você não sabia, pequena null? Will e Poppy estão juntos há meses e a única pessoa que não percebeu foi você. Acho que vem com o território de ser uma egoísta. — null sentiu todo o seu corpo gelar assim como sua mão se fechar no copo que ela segurava com tanta força que ela jurava que iria quebrá-lo. Se tinha uma coisa que null não concordava era com traição, especialmente quando sua madrasta jogava na sua cara como ela era fruto de um caso que seu pai teve com uma mulher qualquer e, logo depois que ela lhe teve, a deixou na porta da casa do seu pai e nunca deu notícia. null amava seu pai com todo o seu coração, a mulher com quem ele se casou, por outro lado, podia desaparecer que ela nunca sentiria falta.
— Seu babaca! — null jogou a bebida na cara de Mike e logo se levantou para mostrar-lhe o quão megera ela era, porém, ela sentiu um braço rodear sua cintura enquanto tentava arranhar pelo menos um pouco do rosto do idiota do Mike. — Me solta, eu vou mostrar pra esse idiota o quão megera eu sou. Ajoelhou vai ter que rezar, seu merda.
— Eu acho que é o suficiente, null. — Na mesma hora, null parou de se debater e olhou por cima do ombro, dando de cara com null Casanova, um dos melhores amigos do seu ex-namorado e, ironicamente, irmão da sua melhor amiga. — Ele não vale a pena. — Antes mesmo que null dar um chute em Mike, null continuou: — Vaza daqui, Mike. — E então null viu Mike andar completamente ileso de volta pra qualquer buraco das profundezas do inferno do qual ela tinha vindo. — Você não acha que está muito velha para estar brigando na casa dos outros?
E aí estava, senhora e senhores, a razão pela qual null nunca tinha jogado todo o seu charme pra cima de null, mesmo ele sendo o seu tipo de cara ideal: alto, gostoso e tatuado. null a tratava da mesma maneira como tratava sua irmã, sempre usando um tom de desaprovação. E, null admitia, quando ela conheceu Giana quando as duas tinham doze anos, sua melhor amiga, ela não ligava muito para o tom que ele usava, porque para ela null era apenas um adulto insuportável que não sabia se divertir. Porém, null já passava dos vinte e sete anos, já tinha seu emprego garantido que ela amava, estava pagando aos poucos o novo apartamento que tinha acabado de receber, mas para null ela sempre seria a adolescente imatura que ele conheceu no passado.
— Se vai me fazer passar raiva, pode dar meia volta. Hoje não, null, você também não. — null saiu dos braços do null, sentando novamente no banco e pedindo uma nova rodada ao barman. — Eu tive um dos piores dias da minha vida e eu não preciso ter que escutar mais nada de ninguém.
— Tudo bem então. — null jurava que ele iria desaparecer, porém, null apenas pegou o banco e se sentou ao seu lado e, ainda por cima, extremamente perto.
— O que você pensa que está fazendo?
— Bem, se você vai ficar aqui enchendo a cara, precisa de alguém pra te levar pra casa.
— Eu não preciso de babá.
— Que tal um amigo? — null se engasgou com a bebida e se virou para ele com os olhos arregalados. — Você não acha que somos amigos?
— Só porque nós nos conhecemos por doze anos não quer dizer que somos amigos.
— Quinze anos, null, nós nos conhecemos há quinze anos. — null se virou para null e continuou: — E nós somos amigos sim, ou pelo menos, somos algo entre conhecidos e amigos.
— Que tal “nós somos algo entre conhecidos e amigos e contamos quando algo pode machucar o outro”?
— Eu não sabia que Will estava te traindo, null, nós não somos amigos há um tempo.
— Como assim? Will falava de você o tempo inteiro, fazia planos pra quando você voltasse e tudo.
— Faz mais ou menos três anos que eu parei de falar com o Will, null. Eu não concordava com muita coisa que ele fazia e não vi razão em continuar uma amizade onde ele sempre esperava algo de mim. — null sabia do que null estava falando, Will nunca falou dele como uma pessoa e sim sobre tudo o que null conquistou com o seu enorme cérebro e sua paixão por aeronaves. null lembrava perfeitamente quando null entrou em um dos mais concorridos e mais prestigiados institutos de aeronáutica do país aos 16 anos e como seus pais ficaram felizes. null se mudou para outra cidade, onde ficou até terminar seus estudos, e desde então ele tem trabalhado em diferentes empresas, apenas visitando a sua cidade em datas comemorativas onde null podia ver as incríveis mudanças pelas quais null ia passando aos poucos.
null nunca admitiria, mas a cada novo ano que ela encontrava null, seu coração dava uma cambalhota dentro do peito. Ela o viu indo de um garoto com o seu eterno cenho franzido para um homem de ombros largos, alto, braço tatuado e barba meio rala. Era um susto atrás do outro quando ela chegava na casa da sua melhor amiga e uma nova versão do irmão mais velho dela estava esparramado no sofá, mas é claro que null nunca nem ao menos se atreveu a olhar duas vezes. null sempre foi o irmão irritante da sua melhor amiga, não importava o quão gostoso ele ficasse.
— Will nunca disse que vocês não eram mais amigos, eu só pensei que vocês se falavam quando eu não estava perto. — null não queria dizer que sempre achou que Will não era amigo de null, apenas estava interessado em seu dinheiro.
— Eu sei o que você realmente pensa, null. — A garota apenas riu de lado tomando mais um gole da sua bebida. — Will nunca foi meu amigo de verdade, disso eu sei, mas o que eu não consigo entender é como você ficou tanto tempo com ele se sabia quem ele era.
— Porque eu gostava dele, null. Mas é claro que você nunca vai entender um sentimento como esse, já que o relacionamento mais sério e a única coisa que você amou na sua vida, tirando sua família, é o seu trabalho.
— Você aparenta saber muito sobre mim, null.
— Mas é claro que sei, nós nos conhecemos há mais de dez anos.
— E eu posso afirmar com toda certeza que você não sabe de tudo, afinal de contas, os olhos só veem o que realmente querem. — null estava prestes a respondê-lo quando seus olhos pararam sobre a área vip onde seu ex estava colocando a sua jaqueta favorita na sua nova namorada. “Ah não, minha jaqueta nova, não!”
null ignorou os protestos de null e andou a passos largos em direção à área VIP, ela ignorou o segurança com apenas uma mão e foi em direção à mesa do seu ex.
— O que você pensa que está fazendo? — null não estava nem um pouco se importando para os que os outros estavam pensando.
— Meu assunto não é com você.
— Mas é com meu namorado.
— Namorado? — null segurou o riso. — Espero que você esteja familiarizada com a palavra carma, Peppa, porque da mesma maneira que você os consegue, você os perde. Meu assunto não é com você porque não foi com você que eu namorei por 3 anos, fiz planos de casamento, morar juntos e todo aquele embalo clichê que a gente conhece. — null se virou para seu ex e continuou: — Eu não desejo mal a nenhum de vocês, pra falar a verdade, eu só desejo que vocês colham tudo aquilo que plantaram e, se o que plantaram foi nocivo, bem, que arquem com as consequências dos seus atos. — null segurou a mão da nova namorada do seu ex. — Muito prazer em conhecê-la, Peppa. Eu te desejo muita sorte, você vai precisar. — null se virou para o seu ex e continuou: — Para você, Will, eu não desejo nada, a vida ainda vai te pegar de jeito e eu quero estar bem longe quando acontecer. Abraço, meus queridos. — null, que não era besta nem nada, agarrou uma das garrafas de champanhe em cima da mesa e andou a passos largos em direção à saída.
null tentou se esconder debaixo da armadura que montou desde que seu pai se casou novamente, mas até os melhores cavaleiros sentiam as amarras frouxas e se deixavam desmontar nos momentos mais difíceis. Então null saiu da casa de um dos amigos do seu ex em algum condomínio fechado e começou a andar em direção à saída. Lá ela pediria ajuda ao porteiro para conseguir um Uber.
— null, espera aí! — null se desequilibrou no salto que estava usando, quase caindo de cara no asfalto, porém, null estava lá para segurá-la. — Aonde você pensa que vai?
— Pra casa. — null todo um longo gole da garrafa de champanhe antes de se virar para null. — Eu nem sei porque eu vim pra essa festa. — null balançou a cabeça e continuou: — Isso me lembra: o que você está fazendo nessa festa?
— Eu moro aqui. — null apontou para uma mansão que ficava no final da rua do condomínio que eles estavam. — Aquela é minha casa, comprei faz uns dois meses.
— Por que você compraria uma casa se não mora mais aqui?
— Eu me mudei de volta. — O coração de null deu um pulo dentro do peito, mas ela fingiu que nada aconteceu e continuou encarando null com a melhor poker face que ela tinha.
— Por quê?
— Porque eu decidi ir atrás do que eu quero.
— E todo esse tempo você não estava indo atrás do que queria?
— Profissionalmente sim, pessoalmente não. — null estendeu a mão para null e continuou: — Vamos, null, eu te levo pra casa.
— Não, muito obrigada, eu prefiro um Uber.
— null, por favor.
— Eu posso ir sozinha.
— Minha mãe me mataria se eu te deixasse ir sozinha pra casa.
— O que os olhos não veem, o coração não sente.
— Até você acabar jogada dentro de uma cova no meio do nada. Eu insisto em te levar.
— Realmente não precisa.
— Por favor, null, eu estou cansando e aposto que você também. — null jura que tentou, mas antes mesmo que pudesse segurar, as lágrimas estavam rolando de seus olhos.
— Eu não tenho pra onde ir! — null se sentou na calçada enquanto soluçava alto. — Essas últimas semanas foram um inferno em todos os campos possíveis, e pra piorar, eu não posso ir para o meu apartamento porque ele está inundado. O máximo que eu posso fazer é alugar outro lugar ou pagar um hotel.
— Ou você pode ficar comigo. — null se sentou ao lado dela, fazendo com que ela limpasse suas lágrimas e olhasse para ele. — Você pode ficar comigo o final de semana inteiro até resolver a sua situação.
— Eu não acho que isso seja uma boa ideia.
— Claro que não, é a melhor ideia do mundo. — null sorriu largamente para ela fazendo com que suas mãos formigassem com vontade de tocá-lo. — Vamos chamar de trégua, eu te ajudo e você me ajuda.
— Como é que eu vou te ajudar?
— Eu ainda estou pensando nisso. Enquanto isso, vamos? — null se levantou estendendo a mão para ela. null pensou um pouco nas suas possibilidades e, honestamente, essa era melhor que ela podia encontrar, então ela apenas segurou sua mão. Porém, logo seu salto prendeu em um buraco no asfalto, se quebrando no meio e antes que ela pudesse cair, null a estava segurando em seus braços. null sentiu os músculos debaixo das suas mãos, e como ela não era boba nem nada, tirou uma casquinha, deixando suas mãos navegarem por seus braços. — Você está bem? — null apenas assentiu com a cabeça e se afastou de null. Ela tirou os saltos que estava usando e logo depois disse:
— Será que tem como esse dia ficar pior? — null deveria ter aprendido que jogar um desafio para o universo não era uma das melhores decisões. Quando sentiu a chuva cair em seu rosto, ela só soltou uma gargalhada.
— Você tinha que falar, não tinha, null? — Ela apenas deu de ombros.
— Será que nós podemos ir pra sua casa agora? — null apenas balançou a cabeça, segurou na mão de null e a levou em direção à sua casa. Quando os dois pararam em frente à mansão de null, null podia jurar que o lugar tinha saído diretamente de um filme. null a puxou pela mão para que eles fugissem da chuva e entrassem na casa, null podia ver caixas espalhadas pela sala. — Por que você ainda tem caixas pela sua sala?
— Eu cheguei hoje de manhã, minha mãe e Giana que estavam arrumando a casa antes de eu chegar.
— E você foi pra festa de Jake no dia que chegou?
— Giana me chamou, mas, como sempre, ela arrumou alguma desculpa e não apareceu.
— Ela te deu um bolo também? — null seguiu null em direção às escadas.
— Giana precisa de uma intervenção pelo jeito que ela trata as pessoas. — null olhou para null por cima do ombro. — Antes de eu me mudar, ela decidiu ficar aqui sem nem ao menos me avisar, no quarto de hóspedes está cheio de coisas dela. — null empurrou a porta do quarto que ela acreditava ser o de hóspede que sua amiga tinha ficado. — Giana levou todas as roupas que tinha, mas deixou todos os produtos de beleza no banheiro se você quiser usar. A água do chuveiro é quente, eu posso pegar uma das minhas roupas pra você se trocar.
— Obrigada pela a ajuda, null. — null passou a mão no braço de null antes de entrar no quarto.
— Eu vou deixar uma roupa em cima da cama. — null foi em direção ao banheiro dando de cara com a coleção de skin care de Giana em cima da pia, assim como todos seus cremes para corpo e cabelo estavam no box do banheiro. Ela apenas balançou a cabeça e prosseguiu a usar cada produto caro que sua amiga tinha.
Quando null entrou no quarto, as roupas estavam em cima da cama, eram um pouco largas, visto que eram de null, mas tinham o mesmo cheiro dele. null saiu do quarto indo em direção ao quarto principal da casa, ela bateu na porta, mas sem obter resposta, decidiu entrar lentamente. null estava saindo do banho enquanto enxugava seu cabelo usando apenas uma calça de pijama, ele levantou os olhos dando de cara com null na porta do seu quarto.
— Você está precisando de algo, null? — null perguntou andando em direção à porta. null gostaria de dizer que não encarou, porém seus olhos pairaram sobre o corpo de null e, especialmente, a tatuagem que cobria parte do seu braço e ombro.
— Desde quando você tem tatuagens?
— Espera até você ver a das costas. — Ele se apoiou no batente da porta. — Você precisa de algo?
— Eu só queria te agradecer mesmo.
— Eu não ia te deixar no meio da rua quando você não tem um lugar pra ficar.
— Eu sei disso, mas nós não somos os melhores amigos do mundo.
— Só porque nós nunca paramos pra conversar não quer dizer que nós não nos conhecemos.
— Então é isso que vamos fazer agora? Conversar?
— Conversar é superestimado, tem coisas melhores que podemos fazer do que conversar.
— Eu trabalho com experiências, null, mais prática do que teoria.
— null…
— Não é como se você não estivesse sentindo, null.
— Oh null, eu estou sentindo há muito tempo. — Então por que resistir? — null ficou na ponta dos pés, passando os braços ao redor dos ombros de null.
— Você deve saber, null, isso é muito mais do que você imagina.
— Não tem problema, eu estou pronta para as consequências.
null sentiu os lábios de null colarem nos seus e os formigamentos chegarem na ponta dos seus dedos. Ela gostaria de dizer que o seu beijo era um daqueles frenéticos e urgentes sobre os quais ela lia em seus romances favoritos, mas se tinha uma coisa que ela tinha aprendido era que os melhores beijos eram aqueles que queimavam lentamente, como a chama de uma vela. null mordia os lábios de null enquanto segurava seus cabelos para trás, agarrando-os pela nuca. null fez questão de segurar o rosto de null enquanto umas de suas mãos viajava por suas costas. Ela podia sentir seu corpo queimar de ponta a ponta e a quantidade de roupa que ambos usavam começava a incomodar, então null se afastou de null, tirando sua camisa antes de voltar a beijá-lo.
— null... — null falou, fazendo com que ela se afastasse dele. — Por mais que eu tenha sonhado com esse momento mais vezes do que eu possa imaginar, eu não quero tirar vantagem de você.
— Tirar vantagem de mim? — null jogou a cabeça pra trás soltando uma gargalhada enquanto null olhava para ela com um sorriso largo nos lábios. — Se tem alguém tirando vantagem aqui, sou eu. — Ela segurou o rosto dele em suas mãos e lhe deu um selinho longo. — O que você propõe então?
— Amanhã é sábado, o seu dia favorito da semana, portanto, deveríamos começar o dia indo tomar café naquele lugar perto da praia no qual você paga uma fortuna por um café superfaturado. — null soltou outra gargalhada e null apenas continuou: — Depois nós podemos ir no novo estabelecimento de Ben, algo relacionado a lançamentos de machados.
— Eu sempre quis fazer isso, mas nunca achei por aqui.
— Depois nós podemos almoçar no Cocoa, aquele restaurante que você adora. — As mãos de null passearam da cintura até o rosto de null. — Aí nós podemos assistir algum filme no cinema, você ainda gosta de ir no cinema semanalmente? — null apenas assentiu, surpresa como ele ainda lembrava de tal detalhe sobre ela. — E depois a gente pode passar pra pegar sua mala.
— Meu carro está estacionado em algum lugar perto da casa de Jake.
— Nós podemos pegá-lo amanhã e colocar na minha garagem, eu posso te ajudar a procurar um lugar pra ficar.
— Você é incrível, null, sabia disso?
— Saber eu sei, mas vindo de você, com toda a certeza, faz maravilhas ao meu ego. — null bateu no ombro de null, que apenas enterrou seu rosto no pescoço de null. — Agora, nós deveríamos dormir porque amanhã nós precisamos acordar cedo. — null puxou null pela cintura andando para trás com ela em seus braços, os dois caíram na cama fazendo com que ambos sorrissem. null se ajeitou na cama trazendo null junto e a abraçou por trás, trazendo-a para perto.
— null? — Ele apenas respondeu com “hm” e ela continuou: — Você tem certeza?
— Eu tenho essa certeza desde o aniversário de 50 anos do seu pai.
— Mas isso foi há quatro anos.
— E eu te perdi pra alguém que não te merecia, eu não vou cometer o mesmo erro duas vezes.
null acordou como não fazia há um tempo: com o sorriso no rosto e se sentindo completamente descansada, os braços de null estavam ao redor da sua cintura, a segurando para que ela não fugisse. Ela se virou em seus braços e acariciou o rosto de null que apenas sorriu em seu sono. null sabia que eles tinham planejado tomar café em sua cafeteria preferida, mas ela achava que um café em casa seria muito melhor, especialmente se tivesse sido feito por ela.
Então null se levantou, saindo cuidadosamente dos braços de null, indo em direção à cozinha. O coração de null pulava dentro do peito enquanto ela descia as escadas, suas mãos suavam com toda a animação pelo dia que eles teriam pela frente. Quando null chegou na cozinha, começou a tirar os ingredientes pra fazer uma omelete.
— null, o que você está fazendo aqui? — null se virou, dando de cara com Giana parada do outro da bancada.
— Oi, Giana. Eu... Eu dormi aqui depois da festa de Jake.
— Desde quando você e meu irmãos são amigos? — Giana riu, mas logo seus olhos pairaram sobre a roupa de null, ou melhor, pela falta dela e a blusa do seu irmão. — Eu não acredito nisso.
— Giana, eu posso explicar.
— O meu irmão, null, sério? De todos os caras do mundo, você está pegando meu irmão?
— Não é bem assim, null e eu nos reencontramos ontem e ele me ajudou. Não é como se eu tivesse planejado, Giana, seu irmão e eu nunca fomos os melhores amigos e você sabe.
— Então o que é isso? Algum tipo de plano maquiavélico pra dar o troco no Will?
— Will é a última pessoa na minha mente quando eu estou com null.
— Eu pensei que você era minha amiga, null, eu esperava de qualquer pessoa, menos de você. Como é que você pode fazer isso comigo?
— Giana, eu sinto muito.
— Se você sentisse mesmo, ficaria longe do meu irmão.
— O quê?
— Se você é minha amiga de verdade, você vai embora daqui e nunca mais vai nem ao menos olhar para null.
— Giana, por que você está fazendo isso?
— Porque a sua vida é uma bagunça, null! A única coisa que você pode oferecer a null é colocá-lo no meio dela e null tem um potencial enorme pra cair no poço que é sua vida. — null sentiu as lágrimas se formarem em seus olhos, mas as engoliu. Por mais que elas se conhecessem por anos, a amizade das duas estava abalada desde que as duas se afastaram durante a faculdade, porém, null nunca esperava que Giana jogasse todos os seus problemas e inseguranças para atingi-la da maneira que estava fazendo agora.
— Se isso é o que você quer. — null pegou sua bolsa e foi em direção à saída e não olhou para trás nenhuma vez enquanto andava em direção ao seu carro.
Ela achava que estava com o coração partido depois da traição de Will, mas nada se comparava ao aperto no peito a cada passo que ela dava em direção à porta sabendo que não poderia se perder no conforto dos braços de null mais uma vez.
FIM
Nota da autora: Sem nota.
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