Capítulo 1
São Paulo, Outubro de 2019.
respondia à dona do pet shop em que trabalhava quando o motorista começou a desacelerar o carro na rua marcada como o destino final da garota no aplicativo.
— Pode encostar naquela casa amarela ali, moço. — disse, guardando o celular na bolsa para pegar o presente que estava ao seu lado.
— Aqui mesmo? — O motorista confirmou, olhando para através do retrovisor interno do veículo.
— Isso! Muito obrigada, boa noite — ela disse enquanto saía do carro, recebendo um “boa noite” de volta antes do motorista arrancar da rua para começar a próxima corrida.
observou a fachada amarela da casa totalmente iluminada, sabendo que em uma hora nem mesmo o jardim escaparia da lotação. Não era o tipo de encontro que a garota mais gostava, mas não havia conseguido ir no último aniversário da amiga por conta da faculdade, além de que não encontrava alguns amigos do colégio há um bom tempo e essa seria a melhor oportunidade que teriam de se ver.
— Se você estava pensando em ir embora, perdeu sua chance. — A garota ouviu a voz abafada pelo capacete na cabeça da amiga, que encostou a moto na frente da calçada da casa onde a festa acontecia. — Acha que eu não desconfiei que você estava muito tentada a não vir quando recusou minha carona?
— É, eu quase desisti mesmo, . — respondeu, sorrindo para a melhor amiga, a única pessoa do antigo colégio que via quase toda semana — E sabendo que você não tem hora para ir embora porque vai dormir aqui? Quase não tirei o pé de casa.
— Eu sei que você não curte muito, mas juro que vai valer a pena. — A garota disse enquanto tirava a sacola com o presente da aniversariante do compartimento interno da moto. — Preciso de você para esquecer um pouquinho que eu estudo com um bando de malucos que insistem em ser chamados de “doutor” no sexto período da faculdade.
apenas deu risada da reclamação da amiga enquanto tocavam a campainha da casa amarela. Desde que ela tinha entrado no curso de Direito, esse tipo de comentário tinha se tornado recorrente nas conversas das duas.
O portão abriu e as garotas seguiram direto para a barulhenta entrada dos fundos, onde imaginavam que a aniversariante estaria, e foi lá mesmo que a encontraram, abraçando alguns convidados com um gigante sorriso que quase nunca deixava seu rosto.
Assim que os olhos da garota pararam nas amigas recém chegadas, ela correu energicamente até elas.
— Eu não acredito que você veio mesmo! — disse, abraçando com tanta força que a sacola com o presente ficou amassada entre elas.
— Ei, , eu também estou aqui, viu? — brincou, circulando o próprio rosto com o dedo indicador.
— , você sabe que eu te amo. — A aniversariante disse para a amiga, abraçando-a em seguida. — Só que a nunca vem, toda vez surge um cachorro para tosar, uma consulta de gato para marcar, curso com investigador forense e outras mil coisas.
— O importante é que dessa vez eu consegui vir, . — disse, sorrindo ao entregar a sacola da livraria para a amiga — Alguém mais do Dinâmica chegou?
— Ah, só o , mas ele sempre é o primeiro a chegar em qualquer festa. — respondeu, pegando os presentes das duas — Mentira que você me deu suas velas artesanais? Eu juro que ia fazer um pedido na sua loja ontem!
— O ? — perguntou, lançando um olhar bastante significativo para a melhor amiga, que também olhou para ela ao ouvir aquele nome.
— Ele mesmo, olha ali. — confirmou, apontando para uma roda de pessoas que podia ser vista através da porta dupla aberta da cozinha. — Aquele de camisa branca é ele.
— E como ele está? — continuou com as perguntas, sabendo que, se dependesse de , as duas não ficariam sabendo de nada.
— Ah, se você está querendo saber se ele está solteiro, eu acho que não. — foi direto ao ponto, dando um sorriso malicioso para a amiga. — Eu queria muito ter certeza, só sei que faz um tempinho que todo fim de turno na cantina tem uma garota linda esperando para eles irem embora juntos.
— Eu tinha esquecido completamente que vocês trabalhavam no mesmo lugar. — , que só parou de observar o grupo na cozinha com total atenção depois de receber uma sutil cotovelada de na costela, disse.
— Foi ele que me indicou para a vaga, inclusive. — explicou, olhando brevemente por toda a área externa da festa. — Já que aqui está tranquilo, vou levar os presentes lá para cima.
— Tá precisando de ajuda em alguma coisa? — , sempre prestativa, perguntou à aniversariante.
— Convidado não ajuda, vão buscar umas cervejas que do resto eu cuido. — A garota respondeu, deixando as duas sozinhas.
— Por que estamos chocadas? Ele tá no grupo da festa! — falou, mostrando a tela do celular para a amiga.
— Eu nem abri esse grupo direito e silenciei porque estavam falando demais. — confessou, pegando uma das long necks no local indicado por — Quando acho que estou esquecendo da existência dele…
— Ah, mas se pararmos para pensar, era meio inevitável encontrar com ele em algum momento. — disse, pegando uma latinha de cerveja — A é a segunda pessoa do Dinâmica que a gente mais conversa depois de nós mesmas, inclusive estávamos marcando para jantar no trabalho dela, certeza que ele estaria lá.
— É, faz sentido. — concordou, dando um gole na bebida que estava em suas mãos.
— Vê se para de ficar encarando porque já, já ele percebe e vem até aqui, eu não acho que é isso que você quer. — a repreendeu, rindo da expressão no rosto da melhor amiga, sabia que ela mal percebia o que estava fazendo — Inclusive, como ele arruma namorada fácil, né? Jesus…
olhou brevemente para a amiga e virou as costas para a porta da cozinha, direcionando os olhos para a mesa onde tinha reunido salgados e doces, uma pequena exigência de para vir, já que ela achava um absurdo uma festa sem coisas para beliscar enquanto conversava.
Porém, mesmo que a garota não encarasse o cara que estava há poucos metros de distância dela, sua mente não conseguia parar de repassar a sequência de memórias que era sempre desencadeada quando ouvia ou lia seu nome.
respondia à dona do pet shop em que trabalhava quando o motorista começou a desacelerar o carro na rua marcada como o destino final da garota no aplicativo.
— Pode encostar naquela casa amarela ali, moço. — disse, guardando o celular na bolsa para pegar o presente que estava ao seu lado.
— Aqui mesmo? — O motorista confirmou, olhando para através do retrovisor interno do veículo.
— Isso! Muito obrigada, boa noite — ela disse enquanto saía do carro, recebendo um “boa noite” de volta antes do motorista arrancar da rua para começar a próxima corrida.
observou a fachada amarela da casa totalmente iluminada, sabendo que em uma hora nem mesmo o jardim escaparia da lotação. Não era o tipo de encontro que a garota mais gostava, mas não havia conseguido ir no último aniversário da amiga por conta da faculdade, além de que não encontrava alguns amigos do colégio há um bom tempo e essa seria a melhor oportunidade que teriam de se ver.
— Se você estava pensando em ir embora, perdeu sua chance. — A garota ouviu a voz abafada pelo capacete na cabeça da amiga, que encostou a moto na frente da calçada da casa onde a festa acontecia. — Acha que eu não desconfiei que você estava muito tentada a não vir quando recusou minha carona?
— É, eu quase desisti mesmo, . — respondeu, sorrindo para a melhor amiga, a única pessoa do antigo colégio que via quase toda semana — E sabendo que você não tem hora para ir embora porque vai dormir aqui? Quase não tirei o pé de casa.
— Eu sei que você não curte muito, mas juro que vai valer a pena. — A garota disse enquanto tirava a sacola com o presente da aniversariante do compartimento interno da moto. — Preciso de você para esquecer um pouquinho que eu estudo com um bando de malucos que insistem em ser chamados de “doutor” no sexto período da faculdade.
apenas deu risada da reclamação da amiga enquanto tocavam a campainha da casa amarela. Desde que ela tinha entrado no curso de Direito, esse tipo de comentário tinha se tornado recorrente nas conversas das duas.
O portão abriu e as garotas seguiram direto para a barulhenta entrada dos fundos, onde imaginavam que a aniversariante estaria, e foi lá mesmo que a encontraram, abraçando alguns convidados com um gigante sorriso que quase nunca deixava seu rosto.
Assim que os olhos da garota pararam nas amigas recém chegadas, ela correu energicamente até elas.
— Eu não acredito que você veio mesmo! — disse, abraçando com tanta força que a sacola com o presente ficou amassada entre elas.
— Ei, , eu também estou aqui, viu? — brincou, circulando o próprio rosto com o dedo indicador.
— , você sabe que eu te amo. — A aniversariante disse para a amiga, abraçando-a em seguida. — Só que a nunca vem, toda vez surge um cachorro para tosar, uma consulta de gato para marcar, curso com investigador forense e outras mil coisas.
— O importante é que dessa vez eu consegui vir, . — disse, sorrindo ao entregar a sacola da livraria para a amiga — Alguém mais do Dinâmica chegou?
— Ah, só o , mas ele sempre é o primeiro a chegar em qualquer festa. — respondeu, pegando os presentes das duas — Mentira que você me deu suas velas artesanais? Eu juro que ia fazer um pedido na sua loja ontem!
— O ? — perguntou, lançando um olhar bastante significativo para a melhor amiga, que também olhou para ela ao ouvir aquele nome.
— Ele mesmo, olha ali. — confirmou, apontando para uma roda de pessoas que podia ser vista através da porta dupla aberta da cozinha. — Aquele de camisa branca é ele.
— E como ele está? — continuou com as perguntas, sabendo que, se dependesse de , as duas não ficariam sabendo de nada.
— Ah, se você está querendo saber se ele está solteiro, eu acho que não. — foi direto ao ponto, dando um sorriso malicioso para a amiga. — Eu queria muito ter certeza, só sei que faz um tempinho que todo fim de turno na cantina tem uma garota linda esperando para eles irem embora juntos.
— Eu tinha esquecido completamente que vocês trabalhavam no mesmo lugar. — , que só parou de observar o grupo na cozinha com total atenção depois de receber uma sutil cotovelada de na costela, disse.
— Foi ele que me indicou para a vaga, inclusive. — explicou, olhando brevemente por toda a área externa da festa. — Já que aqui está tranquilo, vou levar os presentes lá para cima.
— Tá precisando de ajuda em alguma coisa? — , sempre prestativa, perguntou à aniversariante.
— Convidado não ajuda, vão buscar umas cervejas que do resto eu cuido. — A garota respondeu, deixando as duas sozinhas.
— Por que estamos chocadas? Ele tá no grupo da festa! — falou, mostrando a tela do celular para a amiga.
— Eu nem abri esse grupo direito e silenciei porque estavam falando demais. — confessou, pegando uma das long necks no local indicado por — Quando acho que estou esquecendo da existência dele…
— Ah, mas se pararmos para pensar, era meio inevitável encontrar com ele em algum momento. — disse, pegando uma latinha de cerveja — A é a segunda pessoa do Dinâmica que a gente mais conversa depois de nós mesmas, inclusive estávamos marcando para jantar no trabalho dela, certeza que ele estaria lá.
— É, faz sentido. — concordou, dando um gole na bebida que estava em suas mãos.
— Vê se para de ficar encarando porque já, já ele percebe e vem até aqui, eu não acho que é isso que você quer. — a repreendeu, rindo da expressão no rosto da melhor amiga, sabia que ela mal percebia o que estava fazendo — Inclusive, como ele arruma namorada fácil, né? Jesus…
olhou brevemente para a amiga e virou as costas para a porta da cozinha, direcionando os olhos para a mesa onde tinha reunido salgados e doces, uma pequena exigência de para vir, já que ela achava um absurdo uma festa sem coisas para beliscar enquanto conversava.
Porém, mesmo que a garota não encarasse o cara que estava há poucos metros de distância dela, sua mente não conseguia parar de repassar a sequência de memórias que era sempre desencadeada quando ouvia ou lia seu nome.
Capítulo 2
lembrava da primeira vez em que ouviu falar em e, sinceramente, a garota não poderia estar mais desinteressada: estava focada em conseguir um trabalho no pet shop perto da escola e uma vaga na faculdade no fim do ano. Ela não imaginaria a importância que o garoto teria na sua vida alguns meses depois.
São Paulo, Janeiro de 2016.
— Acho que eu achei! — Helena, sentada na cadeira destinada aos professores, exclamou, mostrando um perfil no facebook na tela de seu celular para as amigas. — , deve ser ele.
— É um nome comum, Lena, pode não ser. — Julia disse, colocando o indicador na tela do celular da colega para ver outros detalhes do perfil.
— Espero que seja esse aqui. — Helena disse mais alto que o normal, visando provocar um incômodo em Eduardo, que conversava com Jorge sobre sua relação conturbada com a garota do outro lado da sala de aula. — Ele é um gato e tá faltando isso aqui na escola.
— De quem vocês estão falando? — , que tinha faltado aos dois primeiros dias de aula por estar viajando, perguntou ao entrar na sala acompanhada de e .
— Do único aluno novo desse ano. — Vanessa respondeu, apontando para a lista de chamada colada no quadro de avisos da sala. — Góes.
— Ah! Eu esqueci completamente de contar que eu conhecia alguém que ia entrar na nossa sala! — exclamou, jogando a mochila em uma das mesas vazias. — Deve ter sido aquele sol maravilhoso que estava fazendo lá em Salvador durante as férias.
— Então não deve ser esse aqui que eu achei, não é? — Helena questionou, mostrando a tela do celular para a amiga, que balançou a cabeça negativamente.
— Gente, esse tem cara de que tem uns trinta anos. — acrescentou, rindo. — Vocês viajaram muito.
— Nós éramos da mesma sala antes de eu entrar aqui, ele é bem legal e muito mais bonito que esse perfil que você encontrou, Lena. — exclamou, rindo do jeito que Helena tentava fingir que não se importava com Edu. — Mas nem se animem muito porque eu ouvi dizer que ele tá namorando.
Eduardo gargalhou do outro lado da sala assim que a colega de classe explicou o status de relacionamento do novo aluno, deixando uma Helena furiosa e o resto da turma rindo timidamente da situação do quase-casal.
realmente estava certa: era simpático e não demorou a se entrosar com a turma, que era relativamente pequena e se conhecia há bastante tempo.
conversou poucas vezes com o garoto, porém, em todas elas outras sete pessoas estavam na roda. As únicas coisas que tinham ficado guardadas na sua memória sobre ele eram que ele amava cozinhar, tinha uma namorada, gostava muito de história, tinha dois irmãos gêmeos mais novos e sua mãe era bancária.
E foi assim por algum tempo, até que tudo mudou.
São Paulo, Junho de 2016.
— , é uma série policial com serial killer. — argumentou para a amiga na fila da cantina enquanto esperavam sua vez. — Não tem como não gostar.
— Ah, não sei, não. — falou, franzindo a testa para indicação de . — Acho que não faz muito meu estilo, .
— The Mentalist vai ser uma exceção, , eu até empresto minha conta para você assistir. — disse ao avançarem na fila.
— Espera aí, você também assiste The Mentalist? — , que tinha se aproximado para pedir à que comprasse algo para ele, perguntou para , uma das pessoas com quem menos tinha conversado na sala e nem tentado iniciar outras conversas porque ela parecia não gostar muito dele.
— Lá vem mais um. — zombou.
— Sim! Você também gosta? — A garota devolveu a pergunta a ele animada, o que levou a pensar que poderia ser somente uma primeira impressão errada que havia tido.
— É umas das minhas favoritas no momento! — Respondeu, sorrindo para ela. Nenhuma outra pessoa que conhecia e recomendou tinha assistido, seria ótimo ter alguém para comentar. — Em qual temporada você está?
— Quase terminando a terceira — disse, feliz por finalmente poder dividir suas teorias malucas sobre a identidade de Red John, o serial killer procurado pelo protagonista da série. — E você?
— Acabei de começar a quarta. — respondeu, muito tentado a passar a próxima aula inteira conversando sobre os assuntos que a série abordava e seus personagens com . — Alguma ideia sobre Red John?
— Muitas, mas acho que nenhuma está certa.
— Gente, vocês não perceberam, mas a fila andou aqui! — disse, sorrindo de lado para os amigos, que se aproximaram dela rindo pela distração antes de voltarem a falar sobre o seriado.
Naquele mesmo dia, recebeu uma mensagem de perguntando se a garota gostaria que ele esperasse ela chegar no episódio em que estava para poderem comentar a série juntos. E a partir dali eles passaram a conversar todos os dias.
Agora tinha guardado na memória muito mais do que somente cinco ou seis informações sobre . Como os dois passaram a conversar sempre sobre a série e até mesmo a assistir alguns episódios juntos no intervalo, inevitavelmente, descobriram outras coisas um sobre o outro.
A banda favorita, o livro que mais gostava, os nomes dos cachorros de , a idade dos gêmeos, o que queriam fazer quando a escola acabasse.
e começaram gradativamente a se considerarem não mais colegas de classe, mas sim, amigos.
São Paulo, Novembro de 2016.
— E agora quero pedir uma salva de palmas aos queridos formandos de 2016! — ouviu a diretora Cássia dizer com um gigantesco sorriso falso no rosto. A garota sabia que sua turma tinha sido uma das que a mulher menos gostou simplesmente porque eles não puxavam seu saco.
Porém, estava muito feliz para se importar com a veracidade dos sentimentos da diretora. Tinha feito uma excelente prova no vestibular que mais queria passar no dia anterior e hoje estava se reunindo com sua turma pela última vez.
A cerimônia foi lotada de choro, risos com os vídeos de retrospectiva, despedidas com os professores favoritos e sorrisos orgulhosos dos familiares ao verem seus filhos pegarem os diplomas e jogarem o chapéu para cima.
— Acho melhor você falar com a sua mãe, . — sussurrou para a melhor amiga ao descerem do palco onde a turma estava, apontando para uma mulher com o rosto vermelho, molhado de lágrimas e borrado de rímel — Parece que ela vai desmaiar de tanto chorar.
— Ela estava exatamente assim antes de sairmos de casa para te buscar. — disse, rindo da situação em que sua mãe se encontrava, já estava completamente acostumada, Lúcia chorava em absolutamente todas as cerimônias — Eu procuro você depois, .
assentiu para a amiga e se afastou dela para procurar a mãe, que havia chegado alguns minutos atrasada por conta do trabalho como recepcionista na clínica médica que trabalhava há anos.
— Felipe! — Ouviu uma mulher dizer alto quando algo mais baixo que ela quase a derrubou no chão, no entanto, conseguiu se equilibrar em alguém próximo antes que isso acontecesse. — Vocês só me fazem passar vergonha! Desculpe, querida, é um pouco difícil controlar esses dois.
olhou para baixo e viu um menino de cerca de sete anos sorrindo para ela como se pedisse desculpas. Riu ao perceber que era um dos irmãos de e tinha sido ele quem a ajudou.
— Mãe, essa aqui é a . — O garoto a apresentou, rindo de mais uma das confusões que os gêmeos tinham causado.
— Eu reconheci quando chamaram seu nome no palco! Prazer, Giovanna. — A mãe de exclamou, sorrindo ao abraçar a garota — falou muito de você.
— Então é essa que você conversa toda hora? — O outro gêmeo, que se chamava Joaquim, disse, soltando risadinhas com o irmão.
— Seu pai não veio? — A garota perguntou, mudando de assunto.
— Aquele dali parece que arruma uma desculpa para ficar enfurnado naquela assistência técnica. — Giovanna respondeu, revirando os olhos. — Igualzinho a Talita, .
— Mãe… — disse, suspirando audivelmente como se já tivesse discutido a mesma coisa muitas outras vezes com Giovanna.
— Sua namorada também não veio? — disse, franzindo a testa.
— Não, ela disse que estava muito cansada da festa que foi ontem e não tinha paciência para aguentar a formalidade de uma formatura hoje. — respondeu, um pouco sem graça em dizer isso em voz alta.
— E se ele não for na formatura dela, já sabe o que acontece, né, ? — Giovanna resmungou, como se a garota fosse uma vizinha a quem ela costumava confidenciar comentários sobre os filhos.
— Ah, achei você, filha! — Aline, a mãe de , disse antes que a garota pudesse tentar pensar em uma resposta, a mãe sempre chegava na hora certa. — Desculpe a demora, a dra. Marina ligou e eu não consegui te esperar ali perto do palco.
— Tudo bem, mãe. — Ela assegurou à mulher que sempre se sentia culpada por trabalhar demais. — Lembra do ?
Assim que fez as apresentações, Aline e Giovanna entraram em uma conversa animada sobre os filhos e o trabalho enquanto os gêmeos voltaram a correr pelo ambiente. e deixaram as mães conversando e foram até a varanda do local que a escola alugava todo ano para realizar as formaturas.
— Engraçado pensar que ano passado eu jurava que estaria com a galera do Reis nessa época. — lembrou, pensando nos amigos do antigo colégio. — Eu estudei lá a vida inteira, conhecia aquele colégio até de cabeça para baixo, sabe? Era o meu lugar.
— Antes de estudar no Dinâmica, eu tinha passado cinco anos no mesmo colégio e fiquei tão brava por ter que mudar. — contou, sorrindo com as memórias. — Eu era criança ainda, então todas as coisas eram o fim do mundo para mim. Mas foi a melhor coisa que poderia ter acontecido comigo, cresci com amigos de verdade.
— Percebi que não é só o lugar que faz a experiência valer, são as pessoas e isso é o que a nossa sala faz de melhor. — O garoto disse, sorrindo. — Acho que todo mundo deveria estudar no Dinâmica uma vez na vida.
— E antes de ir para meu antigo colégio eu estava em dúvida entre o Dinâmica e o outro, escolhi o outro porque era mais perto de casa. — contou para o amigo. — Tenho certeza de que eu tinha que ir para lá e conhecer essas pessoas.
— Se a experiência como um todo não tivesse sido tão incrível, — admitiu, olhando para o rosto de , que observava o sol se pondo lentamente logo à frente, e desejando brevemente que algumas coisas fossem diferentes — teria valido a pena só por eu ter te conhecido, .
sorriu para , ignorando a batida que seu coração errou e desejando que certas circunstâncias fossem diferentes, mas, assim como o garoto ao seu lado, afastou os desejos rapidamente porque eram completamente errados.
São Paulo, Dezembro de 2016
— Feliz Natal, meu amor! — Aline exclamou, abraçando fortemente a filha antes de abrir uma garrafa de champanhe comprada algumas horas antes.
— Feliz Natal, mãe! — disse, erguendo duas taças para que a mãe colocasse um pouco da bebida para elas.
sempre passava a comemoração assim: sua mãe, os dois cachorros e ela com três sabores de pizza diferentes. Aline, desde que ficou grávida de e foi expulsa de casa pelos pais, nunca mais os visitou.
E preferia a morte a passar um feriado com seu pai.
Porém, não tinha nada a reclamar, elas tinham sua tradição de qualquer forma e amava por ser só delas.
— Atena e Apolo já estão querendo os panetones que você trouxe do pet shop, . — A mãe disse, rindo do casal de cachorros adotados há 2 anos esperando ao pé da mesa da sala de jantar com os rabos balançando de um lado para outro. — A mamãe já vai dar eles para vocês.
— Vou mandar mensagem para a enquanto você pega. — disse, indo até a sala para pegar o aparelho deixado no sofá.
Havia mensagens no grupo da sala, onde todos desejavam “feliz natal”, outro no grupo do pet shop que trabalhava e um áudio de chorando dizendo que a amava muito, que não gostaria de perder contato e desejando que a amiga e a mãe tivessem um ótimo Natal.
gargalhou alto com a mensagem enviada, a melhor amiga ainda tinha coragem de dizer que somente sua mãe era chorona. Em seguida, enviou outro áudio tranquilizando e pedindo para que ela parasse de chorar.
Assim que a mensagem foi enviada, o celular de vibrou com uma ligação de , ela atendeu prontamente imaginando que o amigo estivesse ligando por conta do Natal.
— Feliz Natal, . — Ouviu a voz dele dizer, um tanto desanimada se comparada com o normal.
— Feliz Natal, — respondeu e, ouvindo o suspiro dele do outro lado, decidiu perguntar: — Aconteceu alguma coisa?
— Meus pais começaram a discutir no meio da ceia, meus avós deram uma bronca neles e os gêmeos surtaram porque eles nunca brigaram. — O garoto respondeu, extremamente cansado emocionalmente — Mas isso não é o pior de tudo.
— E o que seria pior? — voltou a perguntar, os dois já tinham passado da fase de cuidados ao questionar certos assuntos.
— Acho que quero terminar meu namoro com a Talita.
ficou subitamente em choque com a informação, sentindo o coração errar uma batida assim como no dia da formatura.
— ?
— Desculpa, minha mãe veio falar comigo — mentiu, voltando a questionar o garoto sem medo de não receber uma resposta — E por que você acha que quer terminar com ela?
— Olha, meus avós estão vindo conversar comigo. — disse, bufando pela interrupção, ele realmente queria conversar sobre aquilo com . — Mas você vai ser a primeira pessoa a ouvir isso e eu queria te explicar direito, podemos conversar amanhã quando você acordar?
— Podemos, assim que eu acordar eu te aviso. — concordou, era o que restava, se pudesse ouviria as motivações de naquele mesmo momento.
— Obrigado, .
desligou o telefone, sem saber o que pensar sobre o que tinha acabado de ouvir, tentou espantar o entusiasmo repentino que surgiu, mas não conseguiu e sentiu a culpa tomar conta.
Então, decidiu conversar com a mãe sobre a sensação que não passava há semanas, ela saberia o que deveria ser feito.
ligou para pela manhã e antes que a primeira semana de 2017 chegasse ao fim, Talita e ele não estavam mais juntos.
São Paulo, Janeiro de 2016.
— Acho que eu achei! — Helena, sentada na cadeira destinada aos professores, exclamou, mostrando um perfil no facebook na tela de seu celular para as amigas. — , deve ser ele.
— É um nome comum, Lena, pode não ser. — Julia disse, colocando o indicador na tela do celular da colega para ver outros detalhes do perfil.
— Espero que seja esse aqui. — Helena disse mais alto que o normal, visando provocar um incômodo em Eduardo, que conversava com Jorge sobre sua relação conturbada com a garota do outro lado da sala de aula. — Ele é um gato e tá faltando isso aqui na escola.
— De quem vocês estão falando? — , que tinha faltado aos dois primeiros dias de aula por estar viajando, perguntou ao entrar na sala acompanhada de e .
— Do único aluno novo desse ano. — Vanessa respondeu, apontando para a lista de chamada colada no quadro de avisos da sala. — Góes.
— Ah! Eu esqueci completamente de contar que eu conhecia alguém que ia entrar na nossa sala! — exclamou, jogando a mochila em uma das mesas vazias. — Deve ter sido aquele sol maravilhoso que estava fazendo lá em Salvador durante as férias.
— Então não deve ser esse aqui que eu achei, não é? — Helena questionou, mostrando a tela do celular para a amiga, que balançou a cabeça negativamente.
— Gente, esse tem cara de que tem uns trinta anos. — acrescentou, rindo. — Vocês viajaram muito.
— Nós éramos da mesma sala antes de eu entrar aqui, ele é bem legal e muito mais bonito que esse perfil que você encontrou, Lena. — exclamou, rindo do jeito que Helena tentava fingir que não se importava com Edu. — Mas nem se animem muito porque eu ouvi dizer que ele tá namorando.
Eduardo gargalhou do outro lado da sala assim que a colega de classe explicou o status de relacionamento do novo aluno, deixando uma Helena furiosa e o resto da turma rindo timidamente da situação do quase-casal.
realmente estava certa: era simpático e não demorou a se entrosar com a turma, que era relativamente pequena e se conhecia há bastante tempo.
conversou poucas vezes com o garoto, porém, em todas elas outras sete pessoas estavam na roda. As únicas coisas que tinham ficado guardadas na sua memória sobre ele eram que ele amava cozinhar, tinha uma namorada, gostava muito de história, tinha dois irmãos gêmeos mais novos e sua mãe era bancária.
E foi assim por algum tempo, até que tudo mudou.
São Paulo, Junho de 2016.
— , é uma série policial com serial killer. — argumentou para a amiga na fila da cantina enquanto esperavam sua vez. — Não tem como não gostar.
— Ah, não sei, não. — falou, franzindo a testa para indicação de . — Acho que não faz muito meu estilo, .
— The Mentalist vai ser uma exceção, , eu até empresto minha conta para você assistir. — disse ao avançarem na fila.
— Espera aí, você também assiste The Mentalist? — , que tinha se aproximado para pedir à que comprasse algo para ele, perguntou para , uma das pessoas com quem menos tinha conversado na sala e nem tentado iniciar outras conversas porque ela parecia não gostar muito dele.
— Lá vem mais um. — zombou.
— Sim! Você também gosta? — A garota devolveu a pergunta a ele animada, o que levou a pensar que poderia ser somente uma primeira impressão errada que havia tido.
— É umas das minhas favoritas no momento! — Respondeu, sorrindo para ela. Nenhuma outra pessoa que conhecia e recomendou tinha assistido, seria ótimo ter alguém para comentar. — Em qual temporada você está?
— Quase terminando a terceira — disse, feliz por finalmente poder dividir suas teorias malucas sobre a identidade de Red John, o serial killer procurado pelo protagonista da série. — E você?
— Acabei de começar a quarta. — respondeu, muito tentado a passar a próxima aula inteira conversando sobre os assuntos que a série abordava e seus personagens com . — Alguma ideia sobre Red John?
— Muitas, mas acho que nenhuma está certa.
— Gente, vocês não perceberam, mas a fila andou aqui! — disse, sorrindo de lado para os amigos, que se aproximaram dela rindo pela distração antes de voltarem a falar sobre o seriado.
Naquele mesmo dia, recebeu uma mensagem de perguntando se a garota gostaria que ele esperasse ela chegar no episódio em que estava para poderem comentar a série juntos. E a partir dali eles passaram a conversar todos os dias.
Agora tinha guardado na memória muito mais do que somente cinco ou seis informações sobre . Como os dois passaram a conversar sempre sobre a série e até mesmo a assistir alguns episódios juntos no intervalo, inevitavelmente, descobriram outras coisas um sobre o outro.
A banda favorita, o livro que mais gostava, os nomes dos cachorros de , a idade dos gêmeos, o que queriam fazer quando a escola acabasse.
e começaram gradativamente a se considerarem não mais colegas de classe, mas sim, amigos.
São Paulo, Novembro de 2016.
— E agora quero pedir uma salva de palmas aos queridos formandos de 2016! — ouviu a diretora Cássia dizer com um gigantesco sorriso falso no rosto. A garota sabia que sua turma tinha sido uma das que a mulher menos gostou simplesmente porque eles não puxavam seu saco.
Porém, estava muito feliz para se importar com a veracidade dos sentimentos da diretora. Tinha feito uma excelente prova no vestibular que mais queria passar no dia anterior e hoje estava se reunindo com sua turma pela última vez.
A cerimônia foi lotada de choro, risos com os vídeos de retrospectiva, despedidas com os professores favoritos e sorrisos orgulhosos dos familiares ao verem seus filhos pegarem os diplomas e jogarem o chapéu para cima.
— Acho melhor você falar com a sua mãe, . — sussurrou para a melhor amiga ao descerem do palco onde a turma estava, apontando para uma mulher com o rosto vermelho, molhado de lágrimas e borrado de rímel — Parece que ela vai desmaiar de tanto chorar.
— Ela estava exatamente assim antes de sairmos de casa para te buscar. — disse, rindo da situação em que sua mãe se encontrava, já estava completamente acostumada, Lúcia chorava em absolutamente todas as cerimônias — Eu procuro você depois, .
assentiu para a amiga e se afastou dela para procurar a mãe, que havia chegado alguns minutos atrasada por conta do trabalho como recepcionista na clínica médica que trabalhava há anos.
— Felipe! — Ouviu uma mulher dizer alto quando algo mais baixo que ela quase a derrubou no chão, no entanto, conseguiu se equilibrar em alguém próximo antes que isso acontecesse. — Vocês só me fazem passar vergonha! Desculpe, querida, é um pouco difícil controlar esses dois.
olhou para baixo e viu um menino de cerca de sete anos sorrindo para ela como se pedisse desculpas. Riu ao perceber que era um dos irmãos de e tinha sido ele quem a ajudou.
— Mãe, essa aqui é a . — O garoto a apresentou, rindo de mais uma das confusões que os gêmeos tinham causado.
— Eu reconheci quando chamaram seu nome no palco! Prazer, Giovanna. — A mãe de exclamou, sorrindo ao abraçar a garota — falou muito de você.
— Então é essa que você conversa toda hora? — O outro gêmeo, que se chamava Joaquim, disse, soltando risadinhas com o irmão.
— Seu pai não veio? — A garota perguntou, mudando de assunto.
— Aquele dali parece que arruma uma desculpa para ficar enfurnado naquela assistência técnica. — Giovanna respondeu, revirando os olhos. — Igualzinho a Talita, .
— Mãe… — disse, suspirando audivelmente como se já tivesse discutido a mesma coisa muitas outras vezes com Giovanna.
— Sua namorada também não veio? — disse, franzindo a testa.
— Não, ela disse que estava muito cansada da festa que foi ontem e não tinha paciência para aguentar a formalidade de uma formatura hoje. — respondeu, um pouco sem graça em dizer isso em voz alta.
— E se ele não for na formatura dela, já sabe o que acontece, né, ? — Giovanna resmungou, como se a garota fosse uma vizinha a quem ela costumava confidenciar comentários sobre os filhos.
— Ah, achei você, filha! — Aline, a mãe de , disse antes que a garota pudesse tentar pensar em uma resposta, a mãe sempre chegava na hora certa. — Desculpe a demora, a dra. Marina ligou e eu não consegui te esperar ali perto do palco.
— Tudo bem, mãe. — Ela assegurou à mulher que sempre se sentia culpada por trabalhar demais. — Lembra do ?
Assim que fez as apresentações, Aline e Giovanna entraram em uma conversa animada sobre os filhos e o trabalho enquanto os gêmeos voltaram a correr pelo ambiente. e deixaram as mães conversando e foram até a varanda do local que a escola alugava todo ano para realizar as formaturas.
— Engraçado pensar que ano passado eu jurava que estaria com a galera do Reis nessa época. — lembrou, pensando nos amigos do antigo colégio. — Eu estudei lá a vida inteira, conhecia aquele colégio até de cabeça para baixo, sabe? Era o meu lugar.
— Antes de estudar no Dinâmica, eu tinha passado cinco anos no mesmo colégio e fiquei tão brava por ter que mudar. — contou, sorrindo com as memórias. — Eu era criança ainda, então todas as coisas eram o fim do mundo para mim. Mas foi a melhor coisa que poderia ter acontecido comigo, cresci com amigos de verdade.
— Percebi que não é só o lugar que faz a experiência valer, são as pessoas e isso é o que a nossa sala faz de melhor. — O garoto disse, sorrindo. — Acho que todo mundo deveria estudar no Dinâmica uma vez na vida.
— E antes de ir para meu antigo colégio eu estava em dúvida entre o Dinâmica e o outro, escolhi o outro porque era mais perto de casa. — contou para o amigo. — Tenho certeza de que eu tinha que ir para lá e conhecer essas pessoas.
— Se a experiência como um todo não tivesse sido tão incrível, — admitiu, olhando para o rosto de , que observava o sol se pondo lentamente logo à frente, e desejando brevemente que algumas coisas fossem diferentes — teria valido a pena só por eu ter te conhecido, .
sorriu para , ignorando a batida que seu coração errou e desejando que certas circunstâncias fossem diferentes, mas, assim como o garoto ao seu lado, afastou os desejos rapidamente porque eram completamente errados.
São Paulo, Dezembro de 2016
— Feliz Natal, meu amor! — Aline exclamou, abraçando fortemente a filha antes de abrir uma garrafa de champanhe comprada algumas horas antes.
— Feliz Natal, mãe! — disse, erguendo duas taças para que a mãe colocasse um pouco da bebida para elas.
sempre passava a comemoração assim: sua mãe, os dois cachorros e ela com três sabores de pizza diferentes. Aline, desde que ficou grávida de e foi expulsa de casa pelos pais, nunca mais os visitou.
E preferia a morte a passar um feriado com seu pai.
Porém, não tinha nada a reclamar, elas tinham sua tradição de qualquer forma e amava por ser só delas.
— Atena e Apolo já estão querendo os panetones que você trouxe do pet shop, . — A mãe disse, rindo do casal de cachorros adotados há 2 anos esperando ao pé da mesa da sala de jantar com os rabos balançando de um lado para outro. — A mamãe já vai dar eles para vocês.
— Vou mandar mensagem para a enquanto você pega. — disse, indo até a sala para pegar o aparelho deixado no sofá.
Havia mensagens no grupo da sala, onde todos desejavam “feliz natal”, outro no grupo do pet shop que trabalhava e um áudio de chorando dizendo que a amava muito, que não gostaria de perder contato e desejando que a amiga e a mãe tivessem um ótimo Natal.
gargalhou alto com a mensagem enviada, a melhor amiga ainda tinha coragem de dizer que somente sua mãe era chorona. Em seguida, enviou outro áudio tranquilizando e pedindo para que ela parasse de chorar.
Assim que a mensagem foi enviada, o celular de vibrou com uma ligação de , ela atendeu prontamente imaginando que o amigo estivesse ligando por conta do Natal.
— Feliz Natal, . — Ouviu a voz dele dizer, um tanto desanimada se comparada com o normal.
— Feliz Natal, — respondeu e, ouvindo o suspiro dele do outro lado, decidiu perguntar: — Aconteceu alguma coisa?
— Meus pais começaram a discutir no meio da ceia, meus avós deram uma bronca neles e os gêmeos surtaram porque eles nunca brigaram. — O garoto respondeu, extremamente cansado emocionalmente — Mas isso não é o pior de tudo.
— E o que seria pior? — voltou a perguntar, os dois já tinham passado da fase de cuidados ao questionar certos assuntos.
— Acho que quero terminar meu namoro com a Talita.
ficou subitamente em choque com a informação, sentindo o coração errar uma batida assim como no dia da formatura.
— ?
— Desculpa, minha mãe veio falar comigo — mentiu, voltando a questionar o garoto sem medo de não receber uma resposta — E por que você acha que quer terminar com ela?
— Olha, meus avós estão vindo conversar comigo. — disse, bufando pela interrupção, ele realmente queria conversar sobre aquilo com . — Mas você vai ser a primeira pessoa a ouvir isso e eu queria te explicar direito, podemos conversar amanhã quando você acordar?
— Podemos, assim que eu acordar eu te aviso. — concordou, era o que restava, se pudesse ouviria as motivações de naquele mesmo momento.
— Obrigado, .
desligou o telefone, sem saber o que pensar sobre o que tinha acabado de ouvir, tentou espantar o entusiasmo repentino que surgiu, mas não conseguiu e sentiu a culpa tomar conta.
Então, decidiu conversar com a mãe sobre a sensação que não passava há semanas, ela saberia o que deveria ser feito.
ligou para pela manhã e antes que a primeira semana de 2017 chegasse ao fim, Talita e ele não estavam mais juntos.
Capítulo 3
São Paulo, Outubro de 2019.
, observando que Helena e Eduardo tinham se aproximado da roda em que , e Julia estavam, finalmente tomou coragem para se aproximar do grupo formado pelos seus ex-colegas do Dinâmica.
soube que não seria tão fácil quando viu o nome dela na lista de participantes do grupo.
Primeiro, tinha visto e não havia nenhuma chance de conversar com a garota sozinho, ele tinha certeza de que ela o odiava.
E a entendia completamente.
Depois, notou que e Julia também estavam na festa, mas não foi o suficiente para fazer o garoto tomar coragem, precisava de ou Eduardo por perto por serem as pessoas do antigo colégio com quem conversava mais atualmente.
respirou fundo, pegou outra latinha de refrigerante no cooler de bebidas e caminhou até o outro lado do gramado, onde todos cumprimentavam Jorge, que tinha acabado de chegar, com sorrisos animados.
— Cara, eu não acredito que esse casal realmente aconteceu! — disse, precisava dizer alguma coisa e olhar para algo que não fosse o rosto de , então, mesmo conhecendo de perto a história de Lena e Edu, ele agiu como se estivesse surpreso com os braços entrelaçados dos amigos.
— Finalmente a Lena admitiu que me ama. — Edu brincou, beijando a bochecha da namorada e a fazendo sorrir com o gesto.
— Você também chegou agora? — Jorge perguntou quando o cumprimentou.
— Não, a disse que ele foi o primeiro a chegar. — exclamou com seu melhor tom inquisidor antes que tivesse tempo de pensar em uma desculpa para não ter falado com elas antes. — Fiquei me perguntando porque não veio falar com a gente antes.
— , calma. — Julia brincou, abraçando . — É só uma festa, não um tribunal.
— Assuntos de cozinha, . — O garoto mentiu, abraçando a estudante que ria do comentário de Julia. — O pessoal do restaurante queria decidir a massa especial da quarta bem hoje, acredita?
— Você tem sorte de não estar em um tribunal hoje, . — zombou, a estudante tinha certeza que o motivo da demora estava bem ao seu lado, prestes a ser abraçada pelo cozinheiro como se nada tivesse acontecido nos últimos anos.
— E aí, ?
sentiu o braço direito de envolver suas costas e ficou furiosa com o arrepio que tomou conta de seu corpo quando a palma da mão do garoto encostou na parte da pele que o decote traseiro do vestido não cobria, ela mal tinha forças para abraçá-lo de volta, porém, fazer qualquer outra coisa seria completamente inusitado.
— Oi. — Foi o que conseguiu dizer sem parecer que era a primeira vez que via um garoto bonito na sua frente.
— Como você está? — perguntou, sorrindo para o tímido sorriso que conseguiu tirar da garota e quis morrer, ele não podia perguntar isso para outra pessoa? — Já conseguiu se tornar perita?
— Ah, não. — disse, vendo o rosto dos amigos se contorcerem em caretas preocupadas — Ah, não! Eu estou bem, quis dizer que não consegui virar perita ainda! Estou ótima!
— Fico feliz que ainda queira ser perita. — disse, rindo brevemente da rapidez com que a garota falou. — Senti sua falta, .
— Eu preciso ir ao banheiro. — anunciou, puxando pela mão esquerda e quebrando os olhares que a amiga trocava com . — Vem comigo, .
— Eu também vou. — Helena exclamou, dando um selinho rápido no namorado e seguindo as duas amigas. — Vocês vão duas vão me explicar o porquê de isso ter acabado de acontecer e vai ser agora.
— É um pouco longo, Lena. — disse, segurando a mão da amiga com a mão livre, ainda sendo puxada para outro cômodo da casa de por .
— Têm cerveja e lugares para sentarmos aqui, . — Lena declarou quando chegaram ao escritório completamente vazio dos pais da amiga e se jogaram nos sofás — Pode demorar o tempo que for.
São Paulo, Janeiro de 2017
Maurício encostou o carro na entrada do Roller Jam Mooca, um espaço com pista de patinação, fliperama, jogos e restaurante que os gêmeos amavam.
— Buscamos vocês às onze, tudo bem? — Giovanna, sentada no banco da frente ao lado do marido, disse enquanto , Jasmine e os filhos desciam da Livina prata comprada para comportar toda a família e eventuais convidados.
— Tudo bem, vejo vocês mais tarde. — concordou, acenando para os pais antes do carro sumir de vista pela rua. — Se eles não se matarem antes disso.
— Eles vão ter uma excelente noite e vão voltar rindo à toa. — especulou, seguindo a irmã e os gêmeos até a cabine na entrada.
— Espero que esteja certa, . — O garoto disse antes de informar ao atendente quantas entradas e equipamentos precisariam. — Obrigada por vir.
e já tinham tentado marcar uma saída umas dez vezes, mas nunca conseguiram porque dividia seu tempo entre o pet shop e estudar loucamente para a segunda fase do vestibular que mais queria passar. Agora, com a prova já feita e um resultado que somente sairia no mês seguinte, a garota tinha somente os turnos da manhã no trabalho e a tarde livre.
— Jasmine, você toma cuidado, viu? — murmurou para a irmã, quando os cinco entraram na pista de madeira — Se você voltar com um fio de cabelo a menos, a sua mãe me mata.
— O mesmo vale para vocês dois, viu? — advertiu os gêmeos com um olhar bastante sério, ele sabia que os irmãos podiam ser duas pestes quando queriam.
Depois de concordarem com os irmãos mais velhos, os três saíram correndo pela gigantesca pista, enquanto os outros dois passaram a patinar mais calmamente atrás.
— A mãe da Jasmine não gosta muito de você? — perguntou, observando torcer o rosto em uma careta.
— Não gostar é pouco. — Ela respondeu, suspirando com as lembranças das diversas vezes em que Melissa tinha mostrado desprezá-la — Ela acha que meu pai era um alcoólatra porque minha mãe e eu não cuidávamos o suficiente dele e trazíamos mais estresse ao invés de ajudar.
— E ela já disse isso na sua frente?
— Minha mãe se separou dele e fomos morar com a tia Pandora na casa em que vocês nos buscaram. — explicou, foi uma época bastante confusa para uma criança de sete anos, mas ela se lembrava de ficar feliz por estar longe de Julio, seu pai. — Então ele continuou cuidando da farmácia, que só não foi à falência porque o sócio dele segurou as pontas enquanto meu pai se destruía, e conheceu a Melissa porque ela trabalhava numa academia de pilates que fica na mesma rua.
— Como eu nunca ouvi falar da tia Pandora? — disse, tentando animar a garota ao perceber os caminhos que o assunto percorreria.
— É que a gente mal ouve dela também. — respondeu, rindo alto ao lembrar da presença inigualável da mulher. — Ela é meio sensitiva, sabe? Tira tarot, joga runas, faz previsões e acerta, além de conseguir sentir a energia das pessoas de um jeito que eu nunca vi ninguém fazer.
— E onde ela está agora?
— A tia Pandora ficou um tempo cuidando da gente e decidiu pegar o dinheiro de herança dos pais e viajar pelo Brasil como itinerante para ajudar outras pessoas com seus dons. — exclamou e a resposta fez querer conhecer a tia, ela definitivamente deveria ser uma pessoa e tanto. — Ela manda uma carta a cada dois meses dizendo onde está e o que viveu em cada lugar, se quiser eu leio para você um dia desses.
— Vou adorar saber mais sobre a tia Pandora.
e passaram o resto da noite patinando e conversando sobre suas famílias disfuncionais, exatamente como toda boa família brasileira era, enquanto observavam seus irmãos brincarem. Naquela noite, os pais de voltaram do jantar rindo à toa assim como havia previsto e uma leve esperança de uma reconciliação começou a nascer no garoto.
São Paulo, Fevereiro de 2017
— Você tem noção do quão incrível você é? — ouviu dizer através do telefone assim que atendeu a ligação dele.
— Normalmente, não. — A garota respondeu, fechando a porta e se jogando na cama com um enorme sorriso estampado no rosto. — Só que hoje estou me sentindo incrível.
— Saber que você entrou na faculdade foi a melhor coisa dessa noite — disse, sorrindo tristemente do outro lado.
— O que aconteceu?
— Lembra aquele fiozinho de esperança que voltou a crescer quando saímos? — O estudante de gastronomia relembrou, recebendo uma resposta afirmativa. — Pode esquecer, não tem mais jeito.
— Eles brigaram de novo?
— E na frente dos gêmeos. — O garoto lamentou, revirando-se na cama. — O Felipe e o Joaquim ficaram muito nervosos, começaram a chorar e tive que dar uma bronca nos meus pais, nem os dois eles estão respeitando mais.
— Os gêmeos estão melhores?
— Ah, tive que acalmar os dois, ler umas histórias e prometer que faria a sobremesa favorita de cada um amanhã. — explicou, rindo levemente. — Estão dormindo e meus pais devem estar discutindo no quarto. Meu pai simplesmente não consegue entender o porquê da minha mãe não o amar mais.
— Fico feliz que os meninos estão melhores. Você está sendo um herói para os dois agora, você sabe, né? — exclamou, abrindo a porta do quarto ao ouvir os cachorros baterem as patinhas para dormirem com ela. — Imagino o quão difícil deve ter sido para sua mãe admitir isso para o cara com quem ela esteve casada por anos e construiu alguns pedaços da vida dela e o quão terrível isso está soando na cabeça do seu pai.
— Eu passo o dia todo só pensando nisso. — disse, ele tinha certeza que a partir do momento que deixasse a casa todo dia para ir até a faculdade o problema se tornaria menos presente, porém, sua mente não conseguia descansar do assunto divórcio nem quando estava ouvindo o professor explicar as diversas técnicas de cortes existentes. — Será que podíamos mudar de assunto?
— Sobre o que você quer falar?
— Podemos conversar sobre o que você vai fazer no seu aniversário de dezoito anos, já, já ele chega.
— Fun fact: eu nunca comemoro meu aniversário.
— Como assim? — exclamou com surpresa, a garota nunca tinha dito nada. — , eu descubro algo novo sobre você todos os dias.
— Bom, desde que meu pai estragou todas as festas de aniversário que eu tive até os sete anos, eu pedi para minha mãe não fazer mais. — admitiu, sorrindo tristemente, doía muito saber que seu eu de sete anos tinha tomado uma decisão daquelas. — Não queria mais nenhum coleguinha de classe me olhando com pena porque meu pai era um bêbado e eu só tinha duas pessoas na família: minha mãe e a tia Pandora.
— E todos os dias eu odeio seu pai um pouquinho mais. — O garoto suspirou, se a de hoje não merecia o tratamento que recebia do pai, não conseguia não sentir raiva ao pensar que uma versão alguns anos mais nova tinha passado por tudo aquilo durante sete anos. — Queria poder te dar um abraço agora.
— Quando penso no que passamos com ele, eu não sinto raiva do que a Melissa fala, sabe? Eu fico realmente triste. — continuou, sentindo a garganta fechar e os olhos arderem, eram memórias que a machucavam demais. — Eu tinha sete anos, era ele que deveria cuidar de mim, não o contrário, e minha mãe fez tudo que podia por ele até onde conseguiu, mesmo que ele não merecesse nem metade do que ela fazia.
enxugou as poucas lágrimas que escorriam pelo seu rosto e engoliu em seco antes de voltar a falar.
— Mas se quiser saber outro fun fact em cima dessa tristeza toda: desde que eu passei a escolher as coisas da festa, pedi para trocarem o bolo por uma torta de limão, minha sobremesa favorita. — finalizou, rindo dessa vez, o que naturalmente fez rir também.
e conversaram até perceberem que era tarde demais para pessoas que tinham que acordar cedo no dia seguinte.
São Paulo, Fevereiro de 2017.
— Enfim, estou gostando da faculdade apesar desses idiotas. — disse, deitada na cama de fazendo carinho em Atena. A garota sabia que a melhor amiga não fazia festas de aniversário, então tinha vindo passar o dia na casa dela depois que as suas aulas acabaram.
— Filha, olha o que eu achei no sótão da tia Pandora! — As amigas ouviram Aline gritar enquanto descia as escadas que davam para o pequeno espaço na parte superior da casa, onde Pandora deixou todos os seus itens esotéricos que não poderiam ser levados com ela na viagem. — Uma carta e um presente para você abrir quando fizesse dezoito anos.
— Mentira! Será que é uma bola de cristal? — levantou da cama extremamente animada para ver o presente.
— Bolas de cristal são puro charlatanismo. — Mãe e filha disseram em uníssono, repetindo o que tia Pandora sempre dizia.
— A caixa é grande e essa carta parece enorme. — Aline disse, levando os objetos até a cama da filha, que foram imediatamente inspecionadas pelo focinho atento de Atena. — A carta com certeza é culpa das divagações da tia Pandora no meio das explicações.
— Ok, vamos ler a carta primeiro. — disse, pegando o envelope e desfazendo o lacre.
No entanto, antes que pudesse tirar as folhas de lá, ouviu palmas e seu nome ser chamado através da porta da varanda do quarto, que dava direto para a parte frontal da casa.
— Essa voz não é do… — disse enquanto a amiga ia até a varanda ver quem a chamava.
— ? — disse, surpresa ao encontrar o garoto encostado em um carro preto com um enorme sorriso no rosto ao ver que ela estava em casa.
— Ouvi dizer que você faz aniversário hoje, , então trouxe uma coisinha para você. — disse, como se não tivesse desejado feliz aniversário para ela assim que acordou para ir à faculdade, observando que e a mãe de estavam logo atrás dela. — Boa noite, meninas.
não ouviu se elas responderam, saiu do quarto às pressas e desceu as escadas, ansiosa para saber o que poderia ter trazido às oito da noite na sua casa.
Quando se aproximou do carro, viu abrir a porta traseira do carro e pegar uma caixa de confeitaria roxa.
— Desde que você me disse que trocava o bolo de aniversário por uma torta de limão, eu comecei a pensar em uma versão única dela para fazer hoje. — disse e podia jurar que o coração dela tinha derretido um pouquinho. — E acho que cheguei na fórmula perfeita, é a torta clássica com um toquezinho criativo do chef. Feliz aniversário.
, tomando todo cuidado para não derrubar a caixa que o estudante segurava com a mão esquerda, abraçou , extremamente emocionada com o que ele tinha feito.
— Obrigada! — Ela disse ainda com os braços envoltos no pescoço dele, sentindo a mão direita nas suas costas fazer um leve carinho. — Não quer entrar para comer com a gente?
— Eu adoraria. — Respondeu, suspirando levemente cansado antes de continuar — Mas não quero deixar os gêmeos sozinhos com aquelas bombas em casa.
se separou dele com um sorriso no rosto, entendia completamente. Os pais de não estavam muito melhores do que quando ela contou sobre a torta de limão para ele.
— Vamos marcar alguma coisa para outro dia, então. — Ela disse ao pegar a caixa roxa das mãos dele para que voltasse ao carro. — Obrigada!
— Com certeza! E não precisa agradecer — respondeu, fechando a porta do veículo. — Depois me conta se ela estava boa, tudo bem?
— Pode deixar! — A garota concordou, sorrindo com a piscadinha dele antes do motorista, que podia jurar que enxugava os olhos, partir.
observou o carro da calçada até ele virar a esquina e virou-se em direção à porta.
— , sua mãe tá chorando aqui no quarto e eu acho que eu vou começar a chorar também. — gritou da varanda.
São Paulo, Julho de 2017
Eram duas da manhã.
Quem ligaria para às duas da manhã?
A garota pausou o documentário criminal que assistia e levantou da cama para pegar o celular em cima da mesa.
A tela indicava uma ligação de , porém tinha certeza que ele tinha uma festa de um amigo do Reis para ir naquela noite.
— Alô? — disse já que a ligação estava em completo silêncio.
— ?
— ? — Ela disse, reconhecendo a voz dele, mesmo que ela estivesse uns dois tons acima do normal. — Você não ia para uma festa?
— Eu estou na festa.
— Aconteceu alguma coisa?
— Sim: você.
— Como assim? Eu nem estou aí. — brincou, sabendo que deveria ter bebido e estava um pouquinho alterado.
— Você esteve ano passado.
— , tem alguém com você? — A garota disse, um pouco preocupada já que ele estava dizendo frases desconexas.
— Você sabe que eu terminei meu namoro por sua causa, né? — falou, o que fez congelar bem onde estava. — Não estou te culpando, ok? Mas não fui completamente sincero no Natal, , eu terminei porque eu estava gostando de você.
— Acho que você está se confundindo.
— Não, você estava lá ano passado e ela não. — continuou e a garota engoliu em seco, sem acreditar no que estava ouvindo. — E ela não estaria aqui esse ano, mas você, sim.
— …
— Meus pais se preocupam com os problemas deles, eu me preocupo com meus irmãos. — O garoto voltou a falar. — Mas quem se preocupa comigo?
simplesmente não sabia o que responder, sabia que estava exausto com o processo de divórcio dos pais e sempre tentava ajudar da maneira que podia.
— Você, . — Ele respondeu a própria pergunta e sorriu tristemente com a dor nas palavras dele.
— Achei você, ! Anda, vamos voltar para sala e beber água, me dá seu telefone.
ouviu as últimas palavras vindas de uma voz que não conhecia e protestos de em seguida.
— Alô? — A garota disse quando a ligação ficou silenciosa de novo.
— Oi, . Ele está bem, vamos colocar ele para dormir. — Outra voz disse, rindo levemente através do telefone. — Aqui é o Guilherme, sou amigo do , desculpa se ele te acordou, viu? Ele bebeu um pouquinho demais.
— Não, eu estava acordada. — o tranquilizou, lembrava de ter contado sobre esse amigo antes. — Vou desligar, então, tudo bem?
— Ok, boa noite!
No dia seguinte, disse a que não se lembrava de nada e que provavelmente só tinha dito besteiras porque estava bastante triste durante toda a festa. não contou o que ele tinha dito na ligação e nunca descobriu.
, observando que Helena e Eduardo tinham se aproximado da roda em que , e Julia estavam, finalmente tomou coragem para se aproximar do grupo formado pelos seus ex-colegas do Dinâmica.
soube que não seria tão fácil quando viu o nome dela na lista de participantes do grupo.
Primeiro, tinha visto e não havia nenhuma chance de conversar com a garota sozinho, ele tinha certeza de que ela o odiava.
E a entendia completamente.
Depois, notou que e Julia também estavam na festa, mas não foi o suficiente para fazer o garoto tomar coragem, precisava de ou Eduardo por perto por serem as pessoas do antigo colégio com quem conversava mais atualmente.
respirou fundo, pegou outra latinha de refrigerante no cooler de bebidas e caminhou até o outro lado do gramado, onde todos cumprimentavam Jorge, que tinha acabado de chegar, com sorrisos animados.
— Cara, eu não acredito que esse casal realmente aconteceu! — disse, precisava dizer alguma coisa e olhar para algo que não fosse o rosto de , então, mesmo conhecendo de perto a história de Lena e Edu, ele agiu como se estivesse surpreso com os braços entrelaçados dos amigos.
— Finalmente a Lena admitiu que me ama. — Edu brincou, beijando a bochecha da namorada e a fazendo sorrir com o gesto.
— Você também chegou agora? — Jorge perguntou quando o cumprimentou.
— Não, a disse que ele foi o primeiro a chegar. — exclamou com seu melhor tom inquisidor antes que tivesse tempo de pensar em uma desculpa para não ter falado com elas antes. — Fiquei me perguntando porque não veio falar com a gente antes.
— , calma. — Julia brincou, abraçando . — É só uma festa, não um tribunal.
— Assuntos de cozinha, . — O garoto mentiu, abraçando a estudante que ria do comentário de Julia. — O pessoal do restaurante queria decidir a massa especial da quarta bem hoje, acredita?
— Você tem sorte de não estar em um tribunal hoje, . — zombou, a estudante tinha certeza que o motivo da demora estava bem ao seu lado, prestes a ser abraçada pelo cozinheiro como se nada tivesse acontecido nos últimos anos.
— E aí, ?
sentiu o braço direito de envolver suas costas e ficou furiosa com o arrepio que tomou conta de seu corpo quando a palma da mão do garoto encostou na parte da pele que o decote traseiro do vestido não cobria, ela mal tinha forças para abraçá-lo de volta, porém, fazer qualquer outra coisa seria completamente inusitado.
— Oi. — Foi o que conseguiu dizer sem parecer que era a primeira vez que via um garoto bonito na sua frente.
— Como você está? — perguntou, sorrindo para o tímido sorriso que conseguiu tirar da garota e quis morrer, ele não podia perguntar isso para outra pessoa? — Já conseguiu se tornar perita?
— Ah, não. — disse, vendo o rosto dos amigos se contorcerem em caretas preocupadas — Ah, não! Eu estou bem, quis dizer que não consegui virar perita ainda! Estou ótima!
— Fico feliz que ainda queira ser perita. — disse, rindo brevemente da rapidez com que a garota falou. — Senti sua falta, .
— Eu preciso ir ao banheiro. — anunciou, puxando pela mão esquerda e quebrando os olhares que a amiga trocava com . — Vem comigo, .
— Eu também vou. — Helena exclamou, dando um selinho rápido no namorado e seguindo as duas amigas. — Vocês vão duas vão me explicar o porquê de isso ter acabado de acontecer e vai ser agora.
— É um pouco longo, Lena. — disse, segurando a mão da amiga com a mão livre, ainda sendo puxada para outro cômodo da casa de por .
— Têm cerveja e lugares para sentarmos aqui, . — Lena declarou quando chegaram ao escritório completamente vazio dos pais da amiga e se jogaram nos sofás — Pode demorar o tempo que for.
São Paulo, Janeiro de 2017
Maurício encostou o carro na entrada do Roller Jam Mooca, um espaço com pista de patinação, fliperama, jogos e restaurante que os gêmeos amavam.
— Buscamos vocês às onze, tudo bem? — Giovanna, sentada no banco da frente ao lado do marido, disse enquanto , Jasmine e os filhos desciam da Livina prata comprada para comportar toda a família e eventuais convidados.
— Tudo bem, vejo vocês mais tarde. — concordou, acenando para os pais antes do carro sumir de vista pela rua. — Se eles não se matarem antes disso.
— Eles vão ter uma excelente noite e vão voltar rindo à toa. — especulou, seguindo a irmã e os gêmeos até a cabine na entrada.
— Espero que esteja certa, . — O garoto disse antes de informar ao atendente quantas entradas e equipamentos precisariam. — Obrigada por vir.
e já tinham tentado marcar uma saída umas dez vezes, mas nunca conseguiram porque dividia seu tempo entre o pet shop e estudar loucamente para a segunda fase do vestibular que mais queria passar. Agora, com a prova já feita e um resultado que somente sairia no mês seguinte, a garota tinha somente os turnos da manhã no trabalho e a tarde livre.
— Jasmine, você toma cuidado, viu? — murmurou para a irmã, quando os cinco entraram na pista de madeira — Se você voltar com um fio de cabelo a menos, a sua mãe me mata.
— O mesmo vale para vocês dois, viu? — advertiu os gêmeos com um olhar bastante sério, ele sabia que os irmãos podiam ser duas pestes quando queriam.
Depois de concordarem com os irmãos mais velhos, os três saíram correndo pela gigantesca pista, enquanto os outros dois passaram a patinar mais calmamente atrás.
— A mãe da Jasmine não gosta muito de você? — perguntou, observando torcer o rosto em uma careta.
— Não gostar é pouco. — Ela respondeu, suspirando com as lembranças das diversas vezes em que Melissa tinha mostrado desprezá-la — Ela acha que meu pai era um alcoólatra porque minha mãe e eu não cuidávamos o suficiente dele e trazíamos mais estresse ao invés de ajudar.
— E ela já disse isso na sua frente?
— Minha mãe se separou dele e fomos morar com a tia Pandora na casa em que vocês nos buscaram. — explicou, foi uma época bastante confusa para uma criança de sete anos, mas ela se lembrava de ficar feliz por estar longe de Julio, seu pai. — Então ele continuou cuidando da farmácia, que só não foi à falência porque o sócio dele segurou as pontas enquanto meu pai se destruía, e conheceu a Melissa porque ela trabalhava numa academia de pilates que fica na mesma rua.
— Como eu nunca ouvi falar da tia Pandora? — disse, tentando animar a garota ao perceber os caminhos que o assunto percorreria.
— É que a gente mal ouve dela também. — respondeu, rindo alto ao lembrar da presença inigualável da mulher. — Ela é meio sensitiva, sabe? Tira tarot, joga runas, faz previsões e acerta, além de conseguir sentir a energia das pessoas de um jeito que eu nunca vi ninguém fazer.
— E onde ela está agora?
— A tia Pandora ficou um tempo cuidando da gente e decidiu pegar o dinheiro de herança dos pais e viajar pelo Brasil como itinerante para ajudar outras pessoas com seus dons. — exclamou e a resposta fez querer conhecer a tia, ela definitivamente deveria ser uma pessoa e tanto. — Ela manda uma carta a cada dois meses dizendo onde está e o que viveu em cada lugar, se quiser eu leio para você um dia desses.
— Vou adorar saber mais sobre a tia Pandora.
e passaram o resto da noite patinando e conversando sobre suas famílias disfuncionais, exatamente como toda boa família brasileira era, enquanto observavam seus irmãos brincarem. Naquela noite, os pais de voltaram do jantar rindo à toa assim como havia previsto e uma leve esperança de uma reconciliação começou a nascer no garoto.
São Paulo, Fevereiro de 2017
— Você tem noção do quão incrível você é? — ouviu dizer através do telefone assim que atendeu a ligação dele.
— Normalmente, não. — A garota respondeu, fechando a porta e se jogando na cama com um enorme sorriso estampado no rosto. — Só que hoje estou me sentindo incrível.
— Saber que você entrou na faculdade foi a melhor coisa dessa noite — disse, sorrindo tristemente do outro lado.
— O que aconteceu?
— Lembra aquele fiozinho de esperança que voltou a crescer quando saímos? — O estudante de gastronomia relembrou, recebendo uma resposta afirmativa. — Pode esquecer, não tem mais jeito.
— Eles brigaram de novo?
— E na frente dos gêmeos. — O garoto lamentou, revirando-se na cama. — O Felipe e o Joaquim ficaram muito nervosos, começaram a chorar e tive que dar uma bronca nos meus pais, nem os dois eles estão respeitando mais.
— Os gêmeos estão melhores?
— Ah, tive que acalmar os dois, ler umas histórias e prometer que faria a sobremesa favorita de cada um amanhã. — explicou, rindo levemente. — Estão dormindo e meus pais devem estar discutindo no quarto. Meu pai simplesmente não consegue entender o porquê da minha mãe não o amar mais.
— Fico feliz que os meninos estão melhores. Você está sendo um herói para os dois agora, você sabe, né? — exclamou, abrindo a porta do quarto ao ouvir os cachorros baterem as patinhas para dormirem com ela. — Imagino o quão difícil deve ter sido para sua mãe admitir isso para o cara com quem ela esteve casada por anos e construiu alguns pedaços da vida dela e o quão terrível isso está soando na cabeça do seu pai.
— Eu passo o dia todo só pensando nisso. — disse, ele tinha certeza que a partir do momento que deixasse a casa todo dia para ir até a faculdade o problema se tornaria menos presente, porém, sua mente não conseguia descansar do assunto divórcio nem quando estava ouvindo o professor explicar as diversas técnicas de cortes existentes. — Será que podíamos mudar de assunto?
— Sobre o que você quer falar?
— Podemos conversar sobre o que você vai fazer no seu aniversário de dezoito anos, já, já ele chega.
— Fun fact: eu nunca comemoro meu aniversário.
— Como assim? — exclamou com surpresa, a garota nunca tinha dito nada. — , eu descubro algo novo sobre você todos os dias.
— Bom, desde que meu pai estragou todas as festas de aniversário que eu tive até os sete anos, eu pedi para minha mãe não fazer mais. — admitiu, sorrindo tristemente, doía muito saber que seu eu de sete anos tinha tomado uma decisão daquelas. — Não queria mais nenhum coleguinha de classe me olhando com pena porque meu pai era um bêbado e eu só tinha duas pessoas na família: minha mãe e a tia Pandora.
— E todos os dias eu odeio seu pai um pouquinho mais. — O garoto suspirou, se a de hoje não merecia o tratamento que recebia do pai, não conseguia não sentir raiva ao pensar que uma versão alguns anos mais nova tinha passado por tudo aquilo durante sete anos. — Queria poder te dar um abraço agora.
— Quando penso no que passamos com ele, eu não sinto raiva do que a Melissa fala, sabe? Eu fico realmente triste. — continuou, sentindo a garganta fechar e os olhos arderem, eram memórias que a machucavam demais. — Eu tinha sete anos, era ele que deveria cuidar de mim, não o contrário, e minha mãe fez tudo que podia por ele até onde conseguiu, mesmo que ele não merecesse nem metade do que ela fazia.
enxugou as poucas lágrimas que escorriam pelo seu rosto e engoliu em seco antes de voltar a falar.
— Mas se quiser saber outro fun fact em cima dessa tristeza toda: desde que eu passei a escolher as coisas da festa, pedi para trocarem o bolo por uma torta de limão, minha sobremesa favorita. — finalizou, rindo dessa vez, o que naturalmente fez rir também.
e conversaram até perceberem que era tarde demais para pessoas que tinham que acordar cedo no dia seguinte.
São Paulo, Fevereiro de 2017.
— Enfim, estou gostando da faculdade apesar desses idiotas. — disse, deitada na cama de fazendo carinho em Atena. A garota sabia que a melhor amiga não fazia festas de aniversário, então tinha vindo passar o dia na casa dela depois que as suas aulas acabaram.
— Filha, olha o que eu achei no sótão da tia Pandora! — As amigas ouviram Aline gritar enquanto descia as escadas que davam para o pequeno espaço na parte superior da casa, onde Pandora deixou todos os seus itens esotéricos que não poderiam ser levados com ela na viagem. — Uma carta e um presente para você abrir quando fizesse dezoito anos.
— Mentira! Será que é uma bola de cristal? — levantou da cama extremamente animada para ver o presente.
— Bolas de cristal são puro charlatanismo. — Mãe e filha disseram em uníssono, repetindo o que tia Pandora sempre dizia.
— A caixa é grande e essa carta parece enorme. — Aline disse, levando os objetos até a cama da filha, que foram imediatamente inspecionadas pelo focinho atento de Atena. — A carta com certeza é culpa das divagações da tia Pandora no meio das explicações.
— Ok, vamos ler a carta primeiro. — disse, pegando o envelope e desfazendo o lacre.
No entanto, antes que pudesse tirar as folhas de lá, ouviu palmas e seu nome ser chamado através da porta da varanda do quarto, que dava direto para a parte frontal da casa.
— Essa voz não é do… — disse enquanto a amiga ia até a varanda ver quem a chamava.
— ? — disse, surpresa ao encontrar o garoto encostado em um carro preto com um enorme sorriso no rosto ao ver que ela estava em casa.
— Ouvi dizer que você faz aniversário hoje, , então trouxe uma coisinha para você. — disse, como se não tivesse desejado feliz aniversário para ela assim que acordou para ir à faculdade, observando que e a mãe de estavam logo atrás dela. — Boa noite, meninas.
não ouviu se elas responderam, saiu do quarto às pressas e desceu as escadas, ansiosa para saber o que poderia ter trazido às oito da noite na sua casa.
Quando se aproximou do carro, viu abrir a porta traseira do carro e pegar uma caixa de confeitaria roxa.
— Desde que você me disse que trocava o bolo de aniversário por uma torta de limão, eu comecei a pensar em uma versão única dela para fazer hoje. — disse e podia jurar que o coração dela tinha derretido um pouquinho. — E acho que cheguei na fórmula perfeita, é a torta clássica com um toquezinho criativo do chef. Feliz aniversário.
, tomando todo cuidado para não derrubar a caixa que o estudante segurava com a mão esquerda, abraçou , extremamente emocionada com o que ele tinha feito.
— Obrigada! — Ela disse ainda com os braços envoltos no pescoço dele, sentindo a mão direita nas suas costas fazer um leve carinho. — Não quer entrar para comer com a gente?
— Eu adoraria. — Respondeu, suspirando levemente cansado antes de continuar — Mas não quero deixar os gêmeos sozinhos com aquelas bombas em casa.
se separou dele com um sorriso no rosto, entendia completamente. Os pais de não estavam muito melhores do que quando ela contou sobre a torta de limão para ele.
— Vamos marcar alguma coisa para outro dia, então. — Ela disse ao pegar a caixa roxa das mãos dele para que voltasse ao carro. — Obrigada!
— Com certeza! E não precisa agradecer — respondeu, fechando a porta do veículo. — Depois me conta se ela estava boa, tudo bem?
— Pode deixar! — A garota concordou, sorrindo com a piscadinha dele antes do motorista, que podia jurar que enxugava os olhos, partir.
observou o carro da calçada até ele virar a esquina e virou-se em direção à porta.
— , sua mãe tá chorando aqui no quarto e eu acho que eu vou começar a chorar também. — gritou da varanda.
São Paulo, Julho de 2017
Eram duas da manhã.
Quem ligaria para às duas da manhã?
A garota pausou o documentário criminal que assistia e levantou da cama para pegar o celular em cima da mesa.
A tela indicava uma ligação de , porém tinha certeza que ele tinha uma festa de um amigo do Reis para ir naquela noite.
— Alô? — disse já que a ligação estava em completo silêncio.
— ?
— ? — Ela disse, reconhecendo a voz dele, mesmo que ela estivesse uns dois tons acima do normal. — Você não ia para uma festa?
— Eu estou na festa.
— Aconteceu alguma coisa?
— Sim: você.
— Como assim? Eu nem estou aí. — brincou, sabendo que deveria ter bebido e estava um pouquinho alterado.
— Você esteve ano passado.
— , tem alguém com você? — A garota disse, um pouco preocupada já que ele estava dizendo frases desconexas.
— Você sabe que eu terminei meu namoro por sua causa, né? — falou, o que fez congelar bem onde estava. — Não estou te culpando, ok? Mas não fui completamente sincero no Natal, , eu terminei porque eu estava gostando de você.
— Acho que você está se confundindo.
— Não, você estava lá ano passado e ela não. — continuou e a garota engoliu em seco, sem acreditar no que estava ouvindo. — E ela não estaria aqui esse ano, mas você, sim.
— …
— Meus pais se preocupam com os problemas deles, eu me preocupo com meus irmãos. — O garoto voltou a falar. — Mas quem se preocupa comigo?
simplesmente não sabia o que responder, sabia que estava exausto com o processo de divórcio dos pais e sempre tentava ajudar da maneira que podia.
— Você, . — Ele respondeu a própria pergunta e sorriu tristemente com a dor nas palavras dele.
— Achei você, ! Anda, vamos voltar para sala e beber água, me dá seu telefone.
ouviu as últimas palavras vindas de uma voz que não conhecia e protestos de em seguida.
— Alô? — A garota disse quando a ligação ficou silenciosa de novo.
— Oi, . Ele está bem, vamos colocar ele para dormir. — Outra voz disse, rindo levemente através do telefone. — Aqui é o Guilherme, sou amigo do , desculpa se ele te acordou, viu? Ele bebeu um pouquinho demais.
— Não, eu estava acordada. — o tranquilizou, lembrava de ter contado sobre esse amigo antes. — Vou desligar, então, tudo bem?
— Ok, boa noite!
No dia seguinte, disse a que não se lembrava de nada e que provavelmente só tinha dito besteiras porque estava bastante triste durante toda a festa. não contou o que ele tinha dito na ligação e nunca descobriu.
Capítulo 4
São Paulo, Outubro de 2019.
— Olha, depois de ouvir tudo isso, eu só tenho uma pergunta. — Helena disse, dando um gole na cerveja que tinha buscado na metade da história. — Qual era o presente da tia Pandora?
— Eu não acredito! — exclamou, rindo.
— A carta tinha instruções bastantes claras para eu não contar para ninguém. — contou, rindo da pergunta da amiga.
— E se a tia Pandora fala, a gente obedece. — murmurou como se fizesse uma reza, acreditava piamente nos dons da tia da melhor amiga.
— Agora, falando sério. — Lena disse, observando sentada em uma das cadeiras giratórias do escritório. — Como que todas essas coisas que você me contou conseguiram se tornar essa estranheza ali no jardim?
— Eu não faço a mínima ideia, para ser sincera. — respondeu, girando o globo que estava em cima da mesa — Um pouco depois daquela festa da Júlia ele passou a parar de responder e eu pensei que poderia ser o combo faculdade e divórcio, mas não tinha sido um problema antes.
— Quando o divórcio dos pais dele saiu? — Helena questionou, montando uma linha do tempo em sua cabeça.
— Não sei, deve ter saído depois que paramos de conversar. — continuou, torcendo levemente os lábios em dúvida. — Quando eu achei que estava muito suspeito, eu fui tentar descobrir o que tinha acontecido e ele respondeu algo como “eu não consigo ou eu não posso conversar com você” e eu simplesmente não tentei mais.
— Você tem certeza que não tinha um “agora” no final da mensagem, ? — sugeriu, meio contrariada.
— Tenho certeza absoluta, eu fiquei uns vinte minutos pensando no que dizer e eu simplesmente não teria parado de conversar com ele se tivesse um “agora”.
— Um “agora” mudaria tudo…
— , espera aí! — Helena, que não tinha esboçado nenhuma reação depois de sua última pergunta, gritou. — Ele ficou daquele jeito depois da festa da Julia?
— Sim.
— Então eu já sei o que aconteceu. — Helena anunciou, sorrindo como se tivesse acabado de ganhar na loteria.
São Paulo, Agosto de 2017.
Julia tinha escolhido um bar bastante movimentado na Vila Madalena para realizar sua festa de dezoito anos. tinha pesquisado o cardápio do lugar na internet antes de ir até o local e achou um absurdo, porém, acabou indo do mesmo jeito.
Agora os colegas do Dinâmica estavam ao redor de uma mesa, conversando, enquanto Julia se dividia entre a mesa deles e outra com outros colegas que não pareciam muito a fim de conversarem.
— Beleza, isso aqui tá precisando de um movimento. — Jorge falou, erguendo seu drink na direção dos amigos. — Vamos fazer o seguinte: quem beber, pegaria alguém dessa mesa.
quase se engasgou com a porção recém chegada que e ela tinham inventado ao olharem o cardápio.
Deu uma rápida e sutil olhada ao redor da mesa somente por olhar, ela sabia que o único que a interessava estava bem ao seu lado, dividindo uma porção caríssima só porque concordaram que seria uma baita experiência gastronômica.
Ela queria beber, mas seria muito óbvio.
Porém, e se aquela ligação há quase um mês fosse só conversa de bebida?
A garota escutou incontáveis vezes seu pai dizer que ele não queria ter dito nenhuma das palavras ouvidas por no dia anterior, isso quando ele tentava se desculpar pelos vexames.
Ele era um alcoólatra, não.
Ela queria desesperadamente beber e contar o que ele tinha dito.
Mas não queria apostar tudo que tinha construído por palavras esquecidas e que de nada poderiam valer.
viu beber junto com outros seis ou sete colegas, ele observava Vanessa?
Ela não encostou na sua garrafa. Timing perdido.
— , acho que você não pensaria duas vezes se fosse aquele gatinho da sua sala, né? — Ouviu dizer, rindo.
Ela mal soube o que responder.
Aproximadamente três dias depois, mudou completamente seu comportamento com . A garota tentou mesmo descobrir o que tinha acontecido, até ler uma última mensagem que não fazia sentido nenhum para ela.
Naquele ano, e não desejaram um "feliz natal” um ao outro.
São Paulo, Outubro de 2019.
— Isso não faz sentido.
— Claro que faz, . — Lena discordou, levantando da poltrona para se aproximar da mesa onde se encontrava. — Por mais que eu entenda seus motivos para acreditar que era só conversa de bêbado, eu tenho certeza que ele estava sendo sincero.
— Ok, e o que aquela coisa boba do copo tem a ver com ele simplesmente parando de falar com ela?
— Não digo que concordo, até porque ele foi pelo caminho mais fácil em questão de proteção pessoal. — Lena explicou, apontando para em seguida. — Ele perdeu as esperanças porque você não bebeu e a falou sobre outro garoto logo depois.
— E ela não disse nada.
— Exatamente! Você não negou.
— Eu estava preocupada demais pensando se deveria beber ou não.
— Não é o melhor parâmetro para tomar a decisão que ele tomou, mas mal tínhamos dezoito anos, tudo bem fazer uma besteira dessas.
— Não sei o que pensar. — disse, balançando levemente a cabeça. — Depois que paramos de conversar, eu tive certeza de que ele foi mais importante para mim do que eu fui para ele, sabe? Achei que ele não tinha consideração nenhuma.
— Isso porque você se recusava a admitir que gostava dele quando tudo acabou. — relembrou.
— Deve ter doído nele também, . — Lena a confortou, sorrindo para a amiga.
— Que ódio! A gente fez exatamente o que o Alex e a Rosie fizeram em Simplesmente Acontece. — grunhiu, batendo as palmas das mãos na testa. — E eu mostrei esse filme para ele porque era um dos meus favoritos.
— Criticaram tanto a Rosie quanto o Alex e fizeram pior. — zombou, tentando animar a melhor amiga.
— Pensa pelo lado positivo, . — Lena disse quando as três decidiram sair do escritório para comerem algo. — O primeiro cara que você gostou era bem legal e gostava de você também. Se for para ficarem juntos, vai acontecer, não vê o Du e eu?
— Inclusive, você está devendo essa história para a gente, viu? — mudou de assunto quando chegaram ao jardim, a sua história já tinha tomado muito tempo da noite.
— Eu já estava achando que vocês tinham morrido. — Edu falou quando as garotas se aproximaram do grupo, ainda estava lá, mas se sentia um pouco mais tranquila do que antes.
— Estava entupido de fofocas. — disse, sorrindo.
— Vocês perderam a indo buscar as pizzas e voltando aos prantos junto com o entregador carregando tudo enquanto ela gritava que odiava bilionários. — Jorge contou, apontando para a mesa onde as garotas tinham ido antes de voltar ao grupo.
— Parece que ela conhecia o entregador de algum lugar. — Julia complementou. — Não entendi muito bem o que estava acontecendo.
— Ela entregou um papel para ele e o entregador foi embora.
— Que estranho! — disse, mordendo um pedaço da fatia de pizza que havia pegado.
checou o horário no celular e percebeu que era melhor voltar para casa antes que ficasse tarde demais e perdesse a coragem de pedir um Uber sozinha.
— Gente, vou ter que ir embora. — A garota disse se despedindo dos amigos, que já estavam acostumados a vê-la ir embora cedo das festas. — Difícil a vida de quem não tem carteira de motorista.
— Precisamos marcar um almoço ou algo mais caseiro para a ficar até o final! — Helena brincou, abraçando a amiga.
— Quando eu abrir um restaurante, a gente marca um jantar lá na inauguração. — sugeriu, chamando a atenção dos amigos.
— É, então a gente só vai se ver daqui quinze anos. — murmurou, dificilmente alguém abria um restaurante com vinte anos de idade.
— Quem sabe bem menos, Carol. — disse sugestivamente, o garoto notou que se aproximava dele para ir embora. — Foi bom te ver, .
deu um leve sorriso antes de abraçar o garoto que tinha sido tão importante para ela há alguns anos, sentindo uma pontinha de tristeza ao perceber o quanto a relação entre eles tinha mudado.
— Vou procurar a .
procurou a aniversariante pela festa e a encontrou no escritório, sorrindo como boba para a paisagem noturna na janela.
— ? Estou indo embora. — Ela exclamou ao entrar no local, tirando a amiga do transe no susto. — Ouvi algo sobre choro com um entregador de pizza, você está bem?
— O entregador de pizza era alguém que eu conheci lá em Salvador e perdi total o contato. — A garota respondeu ao se afastar da janela para abraçar a amiga sem tirar o sorriso do rosto. — É uma história grande demais, te conto outro dia, tudo bem?
— Vou adorar entender porque você viu ele e gritou que odeia bilionários. — riu, abraçando a amiga fortemente. — Amei ver você e te desejo as coisas mais maravilhosas do mundo!
— Obrigada por vir mesmo não fazendo seu estilo de festa, viu?
saiu do escritório agradecida por ter pensado duas vezes antes de desistir de ir, além de poder passar um tempinho com seus antigos colegas de classe, estava repleta de uma leveza no coração que não sentia há muito tempo.
Desde o dia que parou de falar com , a garota pensava como seria vê-lo de novo e tudo aconteceu exatamente como ela imaginou.
Completamente estranho, mas necessário.
A relação entre os dois não teve o fim que ela desejava e se arrependia de muitas escolhas que havia feito.
Porém, não podia deixar de concordar com as palavras ditas por Helena: para uma primeira vez, ela até tinha ido bem.
deixou o jardim lotado, como havia previsto, da casa de e puxou o celular já com o aplicativo de carros ligado, procurando um motorista.
No entanto, a busca foi interrompida por uma ligação de sua mãe.
— Mãe? — disse ao atender o telefone. — O que aconteceu?
— A tia Pandora caiu em Ouro Preto e quebrou a perna. — Ela exclamou, rindo nervosamente do outro lado.
— Mentira! Ela está bem? — perguntou, preocupada com a tia.
— Tão bem quanto uma tia Pandora pegando o celular da enfermeira para me ligar e pedir que eu fosse buscá-la poderia estar.
— A tia Pandora odeia celulares.
— Exatamente!
— E como você vai buscar ela?
— A Dra. Marina está disponível neste fim de semana e vai comigo até lá. — Aline respondeu e achou estranho ela estar em contato com uma das médicas da clínica que trabalhava durante sua folga bem à meia-noite — Era só para avisar que já estamos pegando a estrada, beijo, meu amor.
— Tudo bem! Vai me avisando, mãe.
finalizou a ligação e voltou a ligar o aplicativo para chegar o mais rápido possível em casa e não deixar os cachorros sozinhos àquela hora da noite.
No entanto, uma voz a interrompeu.
— ?
— Olha, depois de ouvir tudo isso, eu só tenho uma pergunta. — Helena disse, dando um gole na cerveja que tinha buscado na metade da história. — Qual era o presente da tia Pandora?
— Eu não acredito! — exclamou, rindo.
— A carta tinha instruções bastantes claras para eu não contar para ninguém. — contou, rindo da pergunta da amiga.
— E se a tia Pandora fala, a gente obedece. — murmurou como se fizesse uma reza, acreditava piamente nos dons da tia da melhor amiga.
— Agora, falando sério. — Lena disse, observando sentada em uma das cadeiras giratórias do escritório. — Como que todas essas coisas que você me contou conseguiram se tornar essa estranheza ali no jardim?
— Eu não faço a mínima ideia, para ser sincera. — respondeu, girando o globo que estava em cima da mesa — Um pouco depois daquela festa da Júlia ele passou a parar de responder e eu pensei que poderia ser o combo faculdade e divórcio, mas não tinha sido um problema antes.
— Quando o divórcio dos pais dele saiu? — Helena questionou, montando uma linha do tempo em sua cabeça.
— Não sei, deve ter saído depois que paramos de conversar. — continuou, torcendo levemente os lábios em dúvida. — Quando eu achei que estava muito suspeito, eu fui tentar descobrir o que tinha acontecido e ele respondeu algo como “eu não consigo ou eu não posso conversar com você” e eu simplesmente não tentei mais.
— Você tem certeza que não tinha um “agora” no final da mensagem, ? — sugeriu, meio contrariada.
— Tenho certeza absoluta, eu fiquei uns vinte minutos pensando no que dizer e eu simplesmente não teria parado de conversar com ele se tivesse um “agora”.
— Um “agora” mudaria tudo…
— , espera aí! — Helena, que não tinha esboçado nenhuma reação depois de sua última pergunta, gritou. — Ele ficou daquele jeito depois da festa da Julia?
— Sim.
— Então eu já sei o que aconteceu. — Helena anunciou, sorrindo como se tivesse acabado de ganhar na loteria.
São Paulo, Agosto de 2017.
Julia tinha escolhido um bar bastante movimentado na Vila Madalena para realizar sua festa de dezoito anos. tinha pesquisado o cardápio do lugar na internet antes de ir até o local e achou um absurdo, porém, acabou indo do mesmo jeito.
Agora os colegas do Dinâmica estavam ao redor de uma mesa, conversando, enquanto Julia se dividia entre a mesa deles e outra com outros colegas que não pareciam muito a fim de conversarem.
— Beleza, isso aqui tá precisando de um movimento. — Jorge falou, erguendo seu drink na direção dos amigos. — Vamos fazer o seguinte: quem beber, pegaria alguém dessa mesa.
quase se engasgou com a porção recém chegada que e ela tinham inventado ao olharem o cardápio.
Deu uma rápida e sutil olhada ao redor da mesa somente por olhar, ela sabia que o único que a interessava estava bem ao seu lado, dividindo uma porção caríssima só porque concordaram que seria uma baita experiência gastronômica.
Ela queria beber, mas seria muito óbvio.
Porém, e se aquela ligação há quase um mês fosse só conversa de bebida?
A garota escutou incontáveis vezes seu pai dizer que ele não queria ter dito nenhuma das palavras ouvidas por no dia anterior, isso quando ele tentava se desculpar pelos vexames.
Ele era um alcoólatra, não.
Ela queria desesperadamente beber e contar o que ele tinha dito.
Mas não queria apostar tudo que tinha construído por palavras esquecidas e que de nada poderiam valer.
viu beber junto com outros seis ou sete colegas, ele observava Vanessa?
Ela não encostou na sua garrafa. Timing perdido.
— , acho que você não pensaria duas vezes se fosse aquele gatinho da sua sala, né? — Ouviu dizer, rindo.
Ela mal soube o que responder.
Aproximadamente três dias depois, mudou completamente seu comportamento com . A garota tentou mesmo descobrir o que tinha acontecido, até ler uma última mensagem que não fazia sentido nenhum para ela.
Naquele ano, e não desejaram um "feliz natal” um ao outro.
São Paulo, Outubro de 2019.
— Isso não faz sentido.
— Claro que faz, . — Lena discordou, levantando da poltrona para se aproximar da mesa onde se encontrava. — Por mais que eu entenda seus motivos para acreditar que era só conversa de bêbado, eu tenho certeza que ele estava sendo sincero.
— Ok, e o que aquela coisa boba do copo tem a ver com ele simplesmente parando de falar com ela?
— Não digo que concordo, até porque ele foi pelo caminho mais fácil em questão de proteção pessoal. — Lena explicou, apontando para em seguida. — Ele perdeu as esperanças porque você não bebeu e a falou sobre outro garoto logo depois.
— E ela não disse nada.
— Exatamente! Você não negou.
— Eu estava preocupada demais pensando se deveria beber ou não.
— Não é o melhor parâmetro para tomar a decisão que ele tomou, mas mal tínhamos dezoito anos, tudo bem fazer uma besteira dessas.
— Não sei o que pensar. — disse, balançando levemente a cabeça. — Depois que paramos de conversar, eu tive certeza de que ele foi mais importante para mim do que eu fui para ele, sabe? Achei que ele não tinha consideração nenhuma.
— Isso porque você se recusava a admitir que gostava dele quando tudo acabou. — relembrou.
— Deve ter doído nele também, . — Lena a confortou, sorrindo para a amiga.
— Que ódio! A gente fez exatamente o que o Alex e a Rosie fizeram em Simplesmente Acontece. — grunhiu, batendo as palmas das mãos na testa. — E eu mostrei esse filme para ele porque era um dos meus favoritos.
— Criticaram tanto a Rosie quanto o Alex e fizeram pior. — zombou, tentando animar a melhor amiga.
— Pensa pelo lado positivo, . — Lena disse quando as três decidiram sair do escritório para comerem algo. — O primeiro cara que você gostou era bem legal e gostava de você também. Se for para ficarem juntos, vai acontecer, não vê o Du e eu?
— Inclusive, você está devendo essa história para a gente, viu? — mudou de assunto quando chegaram ao jardim, a sua história já tinha tomado muito tempo da noite.
— Eu já estava achando que vocês tinham morrido. — Edu falou quando as garotas se aproximaram do grupo, ainda estava lá, mas se sentia um pouco mais tranquila do que antes.
— Estava entupido de fofocas. — disse, sorrindo.
— Vocês perderam a indo buscar as pizzas e voltando aos prantos junto com o entregador carregando tudo enquanto ela gritava que odiava bilionários. — Jorge contou, apontando para a mesa onde as garotas tinham ido antes de voltar ao grupo.
— Parece que ela conhecia o entregador de algum lugar. — Julia complementou. — Não entendi muito bem o que estava acontecendo.
— Ela entregou um papel para ele e o entregador foi embora.
— Que estranho! — disse, mordendo um pedaço da fatia de pizza que havia pegado.
checou o horário no celular e percebeu que era melhor voltar para casa antes que ficasse tarde demais e perdesse a coragem de pedir um Uber sozinha.
— Gente, vou ter que ir embora. — A garota disse se despedindo dos amigos, que já estavam acostumados a vê-la ir embora cedo das festas. — Difícil a vida de quem não tem carteira de motorista.
— Precisamos marcar um almoço ou algo mais caseiro para a ficar até o final! — Helena brincou, abraçando a amiga.
— Quando eu abrir um restaurante, a gente marca um jantar lá na inauguração. — sugeriu, chamando a atenção dos amigos.
— É, então a gente só vai se ver daqui quinze anos. — murmurou, dificilmente alguém abria um restaurante com vinte anos de idade.
— Quem sabe bem menos, Carol. — disse sugestivamente, o garoto notou que se aproximava dele para ir embora. — Foi bom te ver, .
deu um leve sorriso antes de abraçar o garoto que tinha sido tão importante para ela há alguns anos, sentindo uma pontinha de tristeza ao perceber o quanto a relação entre eles tinha mudado.
— Vou procurar a .
procurou a aniversariante pela festa e a encontrou no escritório, sorrindo como boba para a paisagem noturna na janela.
— ? Estou indo embora. — Ela exclamou ao entrar no local, tirando a amiga do transe no susto. — Ouvi algo sobre choro com um entregador de pizza, você está bem?
— O entregador de pizza era alguém que eu conheci lá em Salvador e perdi total o contato. — A garota respondeu ao se afastar da janela para abraçar a amiga sem tirar o sorriso do rosto. — É uma história grande demais, te conto outro dia, tudo bem?
— Vou adorar entender porque você viu ele e gritou que odeia bilionários. — riu, abraçando a amiga fortemente. — Amei ver você e te desejo as coisas mais maravilhosas do mundo!
— Obrigada por vir mesmo não fazendo seu estilo de festa, viu?
saiu do escritório agradecida por ter pensado duas vezes antes de desistir de ir, além de poder passar um tempinho com seus antigos colegas de classe, estava repleta de uma leveza no coração que não sentia há muito tempo.
Desde o dia que parou de falar com , a garota pensava como seria vê-lo de novo e tudo aconteceu exatamente como ela imaginou.
Completamente estranho, mas necessário.
A relação entre os dois não teve o fim que ela desejava e se arrependia de muitas escolhas que havia feito.
Porém, não podia deixar de concordar com as palavras ditas por Helena: para uma primeira vez, ela até tinha ido bem.
deixou o jardim lotado, como havia previsto, da casa de e puxou o celular já com o aplicativo de carros ligado, procurando um motorista.
No entanto, a busca foi interrompida por uma ligação de sua mãe.
— Mãe? — disse ao atender o telefone. — O que aconteceu?
— A tia Pandora caiu em Ouro Preto e quebrou a perna. — Ela exclamou, rindo nervosamente do outro lado.
— Mentira! Ela está bem? — perguntou, preocupada com a tia.
— Tão bem quanto uma tia Pandora pegando o celular da enfermeira para me ligar e pedir que eu fosse buscá-la poderia estar.
— A tia Pandora odeia celulares.
— Exatamente!
— E como você vai buscar ela?
— A Dra. Marina está disponível neste fim de semana e vai comigo até lá. — Aline respondeu e achou estranho ela estar em contato com uma das médicas da clínica que trabalhava durante sua folga bem à meia-noite — Era só para avisar que já estamos pegando a estrada, beijo, meu amor.
— Tudo bem! Vai me avisando, mãe.
finalizou a ligação e voltou a ligar o aplicativo para chegar o mais rápido possível em casa e não deixar os cachorros sozinhos àquela hora da noite.
No entanto, uma voz a interrompeu.
— ?
FIM
Nota da autora: Sem nota.
Nota da beta: Oi! O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI.
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
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Nota da beta: Oi! O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI.
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