24. Insomnia

Fanfic finalizada.

Capítulo Único

Julho 2019

— Isso! Uma reserva de quarto para casal, amanhã à noite às 20 horas. – Acabei de dar os detalhes confirmando a reserva no hotel The Cavendish. – Está certo, obrigado. – Finalizei a ligação e larguei meu celular sobre a mesa.
— Nossa nem acredito. Então é sério mesmo. – Nathan balançou a cabeça e me olhou incrédulo assim que mostrei a ele o anel de noivado que comprei para .
— É... – Encarei mais uma vez aquele brilhante dentro da caixinha, nas mãos do meu amigo. No fundo eu mesmo estava surpreso com essa minha atitude, apesar de tudo senti que nesse último ano ela conseguiu reparar alguns danos deixados pelo passado. – Pronto... Já pode me devolver antes que ela volte, senão a surpresa já era.
Nathan fechou a caixinha e rapidamente me devolveu. Guardei no bolso da minha jaqueta e levantei-me da mesa para ir até a cozinha buscar mais cerveja. Sem muita demora escurei o barulho de chaves na porta, provavelmente é a . Ela ainda não morava comigo, mas eu havia dado uma chave extra e hoje havíamos combinado de ela vir passar a noite aqui.
— Oi, .
Escutei Nathan a cumprimentar na sala. Abri as duas “long neck”, joguei o abridor na pia e retornei para a sala.
— Oi, ... – Aproximei-me dela e depositei um beijo rápido em seus lábios. – E aí como foi na agência? Conseguiu o desfile que você queria? – Perguntei enquanto alcanço uma das cervejas à Nathan e sento-me no sofá.
— Sim! Consegui. – Respondeu eufórica. virou-se para pendurar sua bolsa no cabide entrada e então retornou atenção a nós. — Inclusive ia dizer que precisamos sair comemorar. – Parou à minha frente no sofá, pegou a cerveja da minha mão bebeu um gole.
— Que tal amanhã? – Sorri fraco, esperando que ela aceite, assim seria a desculpa perfeita para levá-la para comemorar. Ela devolve a garrafa e pensa por alguns instantes.
— Está bem... É até melhor, estou exausta hoje. – Ela sorriu enquanto soltou seus longos cabelos cacheados. – Podem continuar a sessão do vídeo game que eu vou tomar meu banho. – curvou-se e beijou minha bochecha. – Vai ficar para a janta Nathan?
— Não, logo estou indo... É só mais uma partida. – Nathan riu e tomou mais um gole de sua cerveja.
— Então, boa noite Nathan! – se despediu e retirou-se da sala.
— Boa noite, . – Nathan gritou e voltou atenção à tela da televisão. Pegou o controle e largou sua garrafa na mesa de centro. – Antes de você conhecer a , você estava aí todo fodido, saindo quase todas as noites, feito um perdedor, bebendo tudo que ganhava no Royal Oak e agora quem diria... fisgou você de vez, meu amigo. – Deu um tapinha nas minhas costas.
— É... – Tomei mais um gole da minha cerveja. – É que ela é... – Por um instante as palavras sumiram da minha cabeça, dando espaço para um nome, aquele nome que há um ano tento não pensar mais, desde o dia em que comecei a namorar a , decidi apagar da minha memória, mas era algo impossível. . É , ainda ronda meus pensamentos, meus sonhos, às vezes. É, mas agora tudo virou pó. Dois anos se passaram desde que ela desapareceu feito fumaça e agora tenho a na minha vida e isso sim é realidade. – é uma mulher muito especial. – Afirmo de uma forma como se tentasse convencer a mim mesmo disso, não que ela não fosse especial, longe disso, mas eu tinha raiva de mim mesmo por não conseguir sentir tudo que eu gostaria ao lado dela, é incrível sim, passo momentos muito bons ao lado dela, mas diferente como Nathan acha, acredito que ainda sou um fodido mesmo, acho que não mudei tanto assim e talvez esse passo que quero dar adiante no relacionamento seja para que eu dê um ponto final de vez em toda a história com a .
— Ahhh cara, agiliza aí... Olha lá o zumbi! Está com o pensamento aonde? — Nathan chamou minha atenção. — No banho da ? – Ele gargalhou enquanto o zumbi que ele atirou entrou em chamas.
— Cala boca, idiota. – Dei uma cotovelada de lado nele e agora minha atenção estava toda no jogo de novo.
E já chega de mais uma vez o passado voltar a me perturbar. A partir de amanhã irei dar um passo a mais no meu relacionamento com e assim uma nova etapa na minha vida irá se iniciar. Sei que serei muito feliz com .

(...)


Cocei a barba e olhei para o celular para ver as horas, havia mandado uma mensagem que iria se atrasar uns dez minutos. Pedi mais uma taça de vinho para me acalmar.
“Será que ela vai gostar da surpresa?” “Essa história do quarto do hotel decorado não é brega?” “E se ela disser que não?” “E se...” “E se ela disse que quer terminar?” “E se ela não falar nada? Ou pedir para pensar?” – Muitas perguntas começaram a rondar em minha mente. “E será que eu estou pronto para esse grande passo?” – Bebi um grande gole do vinho após essa pergunta ter pairado na minha cabeça. Logo avisto , entrando pela porta, com um sorriso radiante, único dela. Seus cabelos cacheados estavam presos para o lado, deixando seu ombro a mostra naquele vestido de alças, azul turquesa que realça ainda mais a sua beleza.
— Hey, Boo... – A cumprimentei com um beijo leve nos lábios e puxo a cadeira para ela sentar-se.
— Nossa, um perfeito cavalheiro hoje. – sentou e logo pegou o menu à sua frente.
— Essa noite reserva muitas surpresas. – Sorri de canto enquanto sentei-me ao meu lugar e abri o menu, na tentativa de disfarçar minha ansiedade.
Logo fizemos nosso pedido ao garçom e começamos a conversar. começou a contar os detalhes sobre desfile, quem participaria, o local e todos os detalhes. Eu a ouvia, mas aquela caixinha no bolso da minha jaqueta parecia estar pesando uma tonelada e meu pensamento ora estava prestando atenção a cada palavra dela ora estava pensando como faria o pedido, se assim que fossemos para o quarto ou deveria fazer aqui mesmo.
O garçom aproximou-se para servir nossas bebidas.
... – Nesse instante a interrompi brevemente. – Eu queria te dizer uma coisa. – Coloquei a mão no bolso e segurei firme aquela caixinha de veludo. E reparei os olhos atentos de . Minha mão tremeu e não consegui tirar aquela caixinha do bolso do paletó que estava na guarda da cadeira. Discretamente voltei minha mão para cima da mesa, aquele não era o momento.
— Sim? – ela continuou aguardando o que eu tinha a dizer.
— Não é apenas o jantar, eu... Reservei um quarto para nós nesse hotel. Já que amanhã é nosso aniversário de namoro, aproveitei para unir a comemoração do seu novo desfile com essa data. – Sorri aliviado e pousei minha mão sobre a sua em cima da mesa.
— Você está um fofo, sabia? – ela sorriu e acariciou minha mão com o polegar.
Logo nosso jantar foi servido, continuamos jogando conversa fora e bebemos mais um pouco de vinho e tudo estava saindo como o planejado.
Depois do jantar subimos até o andar do quarto. Destranquei a porta e tudo estava decorado como eu havia pedido. Sim, eu , havia pedido alguns balões metálicos em formato de coração, uma garrafa de champagne e uma rosa sobre o travesseiro dela, mais clichê impossível, mas isso foi sugestão da equipe do hotel, afinal eu era péssimo nessas coisas.
! – colocou as mãos na boca. – Isso está perfeito. – Ela me abraçou e começou a espalhar beijos pelo meu rosto e pescoço.
— Espera tem mais uma surpresa... – tateei o bolso da calça e lembrei que o anel estava no bolso do paletó, o qual eu havia deixado na guarda da cadeira lá no restaurante. – Eu trouxe um presente, mas... Esqueci no restaurante. – Bufei. – Espera um minutinho que eu já volto.
— Está bem. – Ela se jogou na cama e segurou a rosa, com um sorriso satisfeito no rosto.
Corri feito doido até o elevador, que parecia demorar uma eternidade. Entrei e apertei o térreo, mas o elevador estava subindo.
— Que droga. – Passei as mãos pelo cabelo, impaciente. Eu estava ficando mais ansioso.
O elevador subiu mais quatro andares e parou no 10º andar. Assim que a porta abriu, meu corpo estremeceu e travou. Estaria o universo zombando da minha cara?
? – Assim que pronunciou o meu nome minha mente foi invadida por vários flashbacks em uma fração de segundos. E de repente um de misto de raiva e aflição tomou conta de mim.
— Não pode ser... – Pronunciei baixo, mas audível. Eu que esperei todo esse tempo para reencontrá-la e agora não sei o que dizer.
... Eu... – Respirou profundamente. — Como você está? – fez menção para apertar o andar, mas notou que estávamos ambos indo para o térreo. Ela estava próxima demais, podia sentir o seu perfume inebriante. Adocicado e cítrico.
Fiquei olhando-a, ela estava séria e eu não sabia naquele exato momento o que responder. Como eu estava? Era sério que ela me perguntou isso? Como eu deveria estar depois de ela simplesmente sumir da minha vida há dois anos?
Depois de um breve intervalo silencioso, resolvi falar.
— Como eu estou? – deixei minha raiva transparecer no meu tom de voz. – É sério isso? Dois anos... E agora você pergunta como estou? – ri de forma irônica. Apertei mais de uma vez o botão do térreo como se isso de alguma maneira fizesse o elevador ir mais rápido. E o painel mostrava os números decrescentes, descia lentamente.
— É... – Ela deu um longo suspiro. – Você ainda não me perdoou.
— Como se isso importasse. — Bufei impaciente. Como queria ignorá-la, fingir que está tudo bem, mas ainda mexia comigo isso eu não podia negar. E por todo esse tempo, essa mulher não saiu um minuto sequer dessa minha cabeça desviada.
, eu...
— Chega... Você foi embora e eu fiquei na merda e justo quando eu estava prestes a ajeitar minha vida você aparece do nada e acha que está tudo bem? – E aquilo saiu como um desabafo. Ela se calou e seu olhar era de incredulidade.
Por fim o elevador atingiu o térreo. A porta abriu-se e eu apenas dei as costas, sem olhar para trás. Andei até a porta de vidro que dava acesso ao restaurante e um funcionário do hotel havia recolhido meu paletó. Por coincidência, o mesmo veio em minha direção para me devolver.
Coloquei a mão no bolso do paletó a dita caixinha ainda estava ali e naquele momento amarelei, não conseguiria manter os meus planos, não poderia, não seria justo comigo e muito menos com . Quando pensei que havia superado, o passado voltou para me esfregar na cara que ainda não. Cabisbaixo, dobrei o paletó no braço e caminhei de volta em direção aos elevadores. Antes que eu pudesse apertar o botão, um toque delicado, fez com que eu me virasse, aquele toque familiar e perturbadoramente reconfortante.
— O quanto você me odeia? – perguntou de forma hesitante. Toda essa proximidade, seu perfume, seu olhar. Tudo isso fodia com meus sentidos.
— Odiar? Ah, como eu queria te odiar, mas não consigo. – Baixei os ombros. Toda aquela armadura que eu havia construído, nesse momento não existia mais.
— Sabe... – Ela colocou uma mecha de cabelo que estava caída perto dos olhos para trás da orelha. – Eu queria muito te explicar o que aconteceu e... Eu vou ficar mais uns dias hospedada aqui e... – Ela fez uma pausa e me olhou séria. — Você está acompanhado, aqui? – Ela deu risinho sem jeito.
Tudo que eu queria era magoá-la de volta, queria dizer que sim e que estava muito bem acompanhado, que eu havia seguido a minha vida.
— Não... – Eu era um covarde. – Eu... – limpei a garganta, vim conhecer o hotel. Tenho uma entrevista aqui perto amanhã pela manhã, resolvi me hospedar uma noite. – Não entendo por que não consegui falar sobre a para ela.
— Ah... – Ela abriu um amplo sorriso. — Se você quiser, podíamos conversar amanhã. Tenho uma reunião e depois estou livre. Que tal um drink no final da tarde?
Novamente um silêncio prevaleceu, minhas mãos estavam suando frio, ela ainda conseguia me deixar nervoso. Será que deveria aceitar esse convite? Por mais tentador que fosse eu sabia que tinha que recusar, não era certo. Não, essa era a resposta.
— Sim... – Eu era um estúpido e um fraco. Naquele momento não saberia estruturar outra resposta.
— Ótimo, eu te aguardo aqui no lobby do hotel, às 17 horas. Pode ser?
Concordei com a cabeça e finalmente apertei o botão do elevador. Eu me sentia zonzo com tudo isso, não parecia real. Entrei no elevador e antes da porta fechar-se por completo, acenou do lado de fora esboçando aquele maldito sorriso que me balançava toda vez.
Enquanto o elevador subia, tirei do bolso do paletó a caixinha de veludo e fiquei analisando, justo agora reapareceu e colocou tudo de cabeça para baixo mais uma vez. O que eu vou fazer agora? Guardei novamente aquela caixinha azul marinho, afinal agora não tinha ideia do que faria.
Antes de abrir a porta do quarto, respirei fundo umas três vezes. Abri a porta lentamente e entrei calmamente no quarto. Para minha surpresa estava dormindo. Quanto tempo eu havia demorado? Aproveitei para enrolar bem o paletó e esconder o anel, em seguida me aproximei da cama e sentei-me ao lado de e a acordei com um beijo no rosto.
— Hey... – ela espreguiçou-se. – Nossa, acho que o pouco do vinho que tomei me fez adormecer. – Ela riu fraco. – Que horas são?
— Eu demorei um pouco, não estavam encontrando meu paletó e a surpresa não ficou pronta. – Sim, era necessário mentir. Mentir de novo. Voltei a ser um completo babaca. – Eu havia encomendado um “Petit Gateau”, seu preferido. – Sorri fraco. — E me disseram que nesse restaurante do hotel faziam um dos melhores, mas... Confundiram os pedidos e por isso demorei.
— Ai, ... Não tem problema. – Ela me abraçou. – Tudo isso já está ótimo. – Continuou com os braços em meu pescoço. – Olha tudo que você preparou... Você sempre tentando me agradar. – Beijou o canto do meu lábio. – Agora é a minha vez... – depositou vários beijos pelo meu pescoço e começou a passar as mãos por baixo da minha camisa. Engoli seco, porque tudo que eu conseguia pensar agora era em . Merda.
... – Segurei suas mãos impedindo que ela tirasse minha camisa e ela me olhou confusa. – Vamos tomar o champagne antes. — O que estava acontecendo comigo? Negando sexo com a minha namorada? Quem sabe beber me ajudaria a tirar a tensão do ocorrido no elevador.
— Está bem. – ficou nitidamente chateada. – Você está estranho. – Ela disse enquanto eu servia a bebida nas taças.
— Estranho? – entreguei a taça para ela. – Por que eu estaria estranho? Não... – bebi um gole. – Só fiquei chateado que as coisas não saíram exatamente como eu planejei. – Bebi mais um gole, dessa vez um longo gole.
— Mas tudo está tão perfeito. Amanhã pedimos o “Petit Gateau”. – Ela franziu a testa, assim que me viu bebendo. – Nem brindamos.
— Ah... Sim... – Servi mais em minha taça, afinal já havia secado ela. – Um brinde... – hesitei um pouco. – A nós. – Depois de brindarmos, empinei de uma vez só a segunda taça de champagne.
— Agora podemos continuar onde paramos? – mal tomou e largou a taça no criado mudo. Sentou-se no centro na cama e com o dedo me chamou. Tomei mais um longo gole direto da garrafa antes me juntar a ela.
começou a desabotoar minha camisa e a cada botão ela ia distribuindo beijos pelo meu peitoral. Sentei-me na cama e ela empurrou-me delicadamente e deitou-se sobre mim.
A segurei firme e ainda um pouco desnorteado desfiz os ganchos de seu sutiã. Ela riu, aquela risada picante e divertida que só ela possuía naquelas horas. Ela então fechou os olhos quando a envolvi com meus beijos e dei leves mordiscadas na ponta da sua orelha, algo que ela adorava.
Em meio aos nossos beijos, carícias. Senti seu corpo pulsar de desejo e tesão. Meu corpo correspondia aos seus toques, o calor de sua pele, o jeito de ela me querer. Aquele ritmo só aumentava.
envolveu meu pescoço com seus braços e afundou seu rosto em meu peito, seu corpo involuntariamente tremeu e de repente um silencio e a respiração mais forte. Meu prazer explodiu em seus gemidos. Fechei meus olhos tentando normalizar a minha respiração, apenas a sentindo quieta abraçada a mim.
Acariciando seus cabelos, meu pensamento foi longe. Eu me sentia culpado. Minha mente saiu daquele quarto e viajou até o dia de amanhã, mais precisamente às 17 horas.
— Eu te amo, ... – falou aquelas palavras que naquele instante me fizeram me sentir o pior ser humano do planeta.
— Eu... Eu também. – Beijei o topo de sua cabeça que ainda descansava sobre o meu peito. Com era tudo tão simples, fácil e tranquilo, o que mais eu poderia querer? A paz que eu busquei finalmente havia encontrado e porque isso me deixava inquieto agora?

(...)


Parei na calçada, diante da entrada do hotel, olhei para o meu celular e já marcava 16:50 horas no relógio. Comecei a lembrar da minha manhã com , recapitulei se eu não havia deixado ela desconfiada de nada. Inclusive, não quis arriscar e acabei pedindo o café da manhã no quarto, para não correr o risco de nos encontrarmos com . Depois do check-out a levei até a agência, que ela precisava assinar alguns papeis para o desfile, algo sobre as marcas, não sei bem ao certo. Mesmo que comemoramos ontem o nosso aniversário de namoro, combinamos de ela ir lá em casa pelas 20 horas, para eu entregar o presente que comprei a ela. E claro à essa hora com certeza já vou ter conseguido resolver e esclarecer tudo com a . Eu sei que preciso desse ponto final.
Encarei aquela porta enorme e eu parecia um adolescente bobo, ansioso e nervoso. Ao mesmo tempo que sentia que não deveria entrar, algo mais forte fez com que eu caminhasse até a porta.
Assim que entrei, avistei sentada no sofá, mexendo no celular. No mesmo instante ela ergueu seu olhar e abriu um sorriso, aquele mesmo sorriso que fazia eu me perder completamente. Ela guardou o celular na bolsa e veio em minha direção.
— Oi! – Me cumprimentou e eu provavelmente ainda estava a admirando feito um bobo. – Pensei em irmos até o Chequers Tavern, é um pub que tem aqui do lado do hotel.
sempre ditando as regras. E eu havia perdido a fala? Apenas concordei com a cabeça e fomos caminhando, sem trocar uma palavra até o pub.
Assim que nos sentamos um de frente para o outro, em uma pequena mesa próxima à porta, foi quem quebrou aquele silêncio torturante.
— Sabe, ... Foi muito bom eu te encontrar de novo. Eu tenho que admitir que estava com medo... – ela puxou o cardápio à sua frente desviando brevemente seu olhar do meu.
— Medo do quê?
— Ah... – voltou a me olhar. – Medo de você desistir e me dar um bolo. – Baixou o olhar e colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha.
— Não vou mentir, eu pensei... E muito, antes de vir hoje e quase desisti. – Menti eu sei, mas seria patético dizer que contei os minutos para me encontrar com ela.
— Que bom que não desistiu. – Ela sorriu timidamente. — Queria dizer que fiquei feliz em você ter aceitado meu convite hoje.
Esse jeito que ela me olhava, fez com que eu me perdesse por alguns instantes, em vários flashbacks dos nossos encontros em seu apartamento. Eu precisava ter o controle da situação, não podia me deixar levar.
— Acho melhor pedirmos. Você vai querer o que? – Levantei-me, fugindo daquele olhar hipnotizante de . — Eu vou ali no balcão fazer o pedido.
— Uma lager e chips com queijo. – Ela abriu a bolsa para me alcançar o dinheiro.
— Não... Deixa que eu pago. – Dei as costas e me dirigi até o balcão.
Trouxe nossa cerveja até a mesa, equilibrando nos braços a plaquinha com o número do nosso pedido.
— Uma lager... – posicionei a caneca à sua frente. – E uma stout para mim.
— Humm, forte, sabor marcante e intenso... Continua o mesmo, ? – ela perguntou de maneira provocativa.
— Talvez... Ou não... – Acabei entrando no seu jogo e bebi um gole da minha cerveja. Não sei, mas estou começando a achar que eu não deveria ter vindo.
... Eu sinto que eu preciso te dar uma explicação do que aconteceu há dois anos.
E então ela me fez lembrar o real motivo pelo qual eu estava ali, eu necessitava dar um ponto final, precisava desse desfecho para seguir minha vida com .
— Eu não devia ter te deixado daquela maneira. – Ela começou a se explicar. – Melhor dizendo, no fundo não queria ter te deixado. Eu fui precipitada e muito idiota, mas... – Ela bebeu um gole da sua cerveja. – Eu fui tomada pelo desespero em querer sair dessa cidade o quanto antes, eu ainda estava muito machucada por conta de tudo que estava acontecendo na minha vida naquela época e você não merecia afundar naquele barco comigo. – Ela mantinha o olhar firme e direto em meus olhos enquanto se explicava. E eu bebi mais um longo gole da minha cerveja, continuando atento a cada palavra. – Sei que não justifica o modo como eu fui embora, você merecia mais que um simples bilhete pela manhã. Só que conforme os dias foram passando foi ficando mais difícil de tentar me desculpar e eu achei que seria mais fácil você me odiar, assim me esqueceria rápido. E quando eu te encontrei no elevador ontem e vi em seus olhos ainda o rancor, eu pude ter mais certeza que havia feito tudo errado no passado. Sei que é um pouco tarde, que eu demorei dois anos. E nesse tempo você nem deve ter mais pensando em mim e só esse reencontro fez toda essa raiva e rancor vir à tona novamente, mas eu precisava me desculpar. Eu realmente espero que um dia você me perdoe, .
Eu fiquei sem palavras por alguns instantes, afinal era tudo que eu queria ter escutado até um ano atrás. Só que ao invés de um alívio, aquilo me deixou mais perturbado. O que tudo isso significava?
— Pode falar o que quiser, . Pode dizer que não me perdoa, pode... – ela deu de ombros. – Não sei, pode desabafar toda raiva que sente de mim, qualquer coisa, mas eu preciso que você fale algo, por favor. Diga o que você sente. – Ela pousou sua mão sobre a minha em cima da mesa.
— O que eu sinto? Não, ... – Pude ver seu olhar entristecer e ela recolheu sua mão, afastando da minha. – Vou dizer o que eu sinto... – As palavras ainda estavam um pouco embaralhadas em minha mente. – Sabe o que é dormir e acordar pensando em um mesmo alguém, então. Aquele verão não sai um minuto da minha cabeça. – Tomei mais um grande gole da minha bebida. — , eu nunca fui de demonstrar sentimentos, até o momento em que você apareceu e eu acabei baixando minha guarda, realmente eu me abri pra você. E eu vi uma parte de mim que eu não achava, em você. – As palavras começaram a fluir livremente, foi um desabafo. Desatei um nó que havia em minha garganta. – Sim, você me deixou na merda, sim... mas... – Não, não conseguiria mencionar . — Olha, acho que já te perdoei, eu... – Respirei fundo. – Eu não consigo te odiar. E lá você consegue fazer com que alguém te odeie, ?
Ela me olhou como se estivesse surpresa e sorriu como se houvesse acabado de ouvir exatamente as palavras que disse. Em seguida nosso pedido foi entregue na mesa e não demorou para que todo aquele desconforto e estranheza do início fosse embora. Começamos a conversar como se não tivéssemos ficado esses dois anos longe um do outro, era como se estivéssemos juntos todo esse tempo. Rimos de coisas triviais, lembramos de tudo que tínhamos em comum, a sintonia entre nós era incrível e eu havia esquecido do mundo fora daquele pub. Até o instante que meu celular vibrou e a realidade deu um soco no meu estômago. Puxei discretamente o celular do bolso, para espiar e era uma mensagem de , avisando que iria um pouco antes no meu apartamento.
— Nossa, já são 19:20. – Espantei-me como as horas haviam voado. Eu havia perdido total noção do tempo.
— Já? – ela pediu com a voz um pouco arrastada.
— Eu preciso ir. – Falei, mas ainda não havia conseguido me levantar da mesa, não só pelo fato de eu já ter perdido as contas de quanta cerveja havia bebido, mas porque não queria deixar .
— Você tem mesmo que ir? – inclinou um pouco a cabeça e passou as mãos pelo cabelo, colocando-os para trás.
— Tenho... – levantei-me da mesa. – Eu te acompanho de volta até o hotel. — fez o mesmo, pegou sua bolsa e saímos juntos do pub.
Assim que nos aproximamos da entrada do hotel, sabia que ali era o fim definitivo e por que eu não sentia dessa maneira? Não queria que esse momento terminasse. Eu fico completamente fora de mim quanto estou perto dela. Todos nossos encontros eram tão vívidos em minha mente, como se eles tivessem acontecido ontem.
Eu estava tão imerso em minhas lembranças, que só notei que ela estava tão próxima a mim quando senti sua respiração tocar de leve em meu rosto.
— Adeus, . – Ela depositou um beijo em minha bochecha e no segundo seguinte senti minhas pernas balançarem. Ela ainda conseguia despertar sentimentos desconhecidos em mim. Isso não era bom, nada bom. Sentir ela assim tão próxima a mim, me fez pensar que não era um “adeus” que eu queria ouvir e sim um “até logo, até mais tarde...”.
Antes que ela cruzasse a porta, de volta ao hotel, meu corpo e sentimentos falaram mais alto que meu cérebro.
— Hey, ... – ela instantaneamente virou-se para mim. – Amanhã mesmo horário, posso passar aqui para te buscar?
— Claro. – Ela sorriu. – Eu esperei que você dissesse isso. – acenou e entrou no hotel.
Por alguns minutos fiquei encarando a entrada daquele hotel, feito um idiota, que merda eu tinha feito em convidá-la para sair amanhã. Essa mulher realmente me deixa louco. Mas que mal teria em sair mais um dia com ela? Afinal nada aconteceu hoje e dessa vez sabia que apenas ficaria alguns dias, isso não afetaria minha vida aqui e eu conseguiria ter o controle de tudo dessa vez.
Meu celular começou a tocar, era . Preferi não atender, pelo horário ela já devia estar no meu apartamento. Subi em minha moto e segui para casa.

(...)


— Nossa, onde você estava? – me cobrou assim que eu passei pela porta de entrada do apartamento. – Por que não me atendeu?
— Oi, pra você também. – Joguei as chaves em cima da mesa.
... Por que você não me atendeu? – pediu nitidamente zangada.
— Eu estava no trânsito, não deu para atender.
— Mas sequer respondeu minha mensagem de antes. Eu avisei que viria antes. Estou esperando praticamente há uma hora aqui.
— Não vi a mensagem, desculpa. – Tentei me aproximar para dar um beijo e ela se afastou.
— Onde você estava? – Cruzou os braços. – E você fumou? Sabe que eu não gosto, fazia tempo que não vinha cheirando a cigarro. – Torceu o nariz.
— Qual é, ? O que deu em você? Falei que tinha uns assuntos pra resolver hoje. E fumei um só antes de voltar, qual o problema?
— O problema é que eu odeio. E você está estranho, que assuntos foram esses? – Ela cruzou os braços.
— Meu Deus, . – Passei as mãos pelos cabelos. — Estranho? – Que raios essa mulher tinha hoje? Eu estava ficando impaciente com tanta cobrança. – Você sabe, fui... Fui... Eu estava com o... Ai, , lembra daquele produtor musical que estava procurando um assistente, então! Eu fui me encontrar com ele para tentar o cargo, isso pode me ajudar, você sabe que ando correndo atrás para divulgar minha música, quem sabe essa porta se abra.
— Ai, ... – Ela mudou totalmente a feição. – Desculpa... É que quando liguei várias vezes e você não atendeu, perdi a cabeça. Sinto muito. – Ela veio me abraçar, mas agora foi minha vez de desviar dela.
— Tudo bem, não tem problema. Você não tinha como adivinhar. – Respondi de maneira fria.
— Boo, não quero brigar, justo hoje. – Ela falou manhosa.
— Nem eu... – respirei fundo e fui em direção do quarto. – Eu vou tomar um banho rápido e depois conversamos.
Esfriei a cabeça depois daquela ducha, mas não saia por um segundo da minha mente. Era como um vício, como se eu precisasse pelo menos falar com ela nem que fosse mais um pouco.
Voltei para a sala e me aguardava sentada no sofá, com um pacote em mãos.
— Vamos esquecer a discussão de antes? Vem aqui... – ela bateu com a palma da mão no sofá, indicando para eu me sentar ao lado dela.
Assim que me sentei ela me entregou o presente. Abri aquele pacote dourado com um laço azul e de lá tirei um quadro com um vinil dourado dentro e a letra de uma música que compus há mais de um ano.
“Right now I can't see straight Intoxicated it's true When I'm with you I'm buzzing and I feel laced I'm coming from a different phase When I'm with you”

E em baixo uma foto nossa, de quando fomos à festa de aniversário do Nathan no início do ano. O presente era incrível, exceto a música que ela havia escolhido, afinal essa eu havia escrito logo após ter me deixado.
— Não gostou? – ela pediu, provavelmente estranhando o meu silêncio.
— Eu gostei. – Respondi ainda encarando o presente.
— Nossa não parece. – se aborreceu.
— Não... Eu gostei mesmo. – Larguei de lado o presente e a abracei. – Gostei sim, você me surpreendeu, só isso. Um presente único.
— Eu escolhi essa música, porque foi a primeira que ouvi quando te vi tocar lá no bar onde nos conhecemos.
— Claro... Claro. – Eu sorri. – Eu lembro... – Eu era um péssimo mentiroso.
— Espera que eu vou pegar o seu. – Levantei-me, corri até o quarto e logo voltei. – Aqui está. – Alcancei a ela. Ela abriu rapidamente o pacote, embrulhado em papel vermelho.
— Óculos escuros... – ela demonstrou estar desapontada.
— Os óculos da Gucci que você queria há tempos. Toda vez que você parava na vitrine, falava dele.
— Mas óculos, ? Sério? Nada mais pessoal?
, pensei que você ia adorar. Seus olhos brilhavam toda vez que falava dele.
— Eu gostei, mas... Podia ser um colar, um anel. – Ela fez uma cara de decepção.
— Mas não deixa de ser uma joia, olha... É aquele cravejado com cristais. – Não estava acreditando no que eu estava ouvindo. Eu havia ocupado algumas economias só por causa desses óculos.
— Eu sei, conheço bem esse modelo, como você disse todo dia eu passava pela vitrine, mas, meu amor, eu só esperava algo mais pessoal. Juro que um colar eu ia achar mais interessante. – Ela deu uma risadinha.
— É sério isso, ? Você só pode estar brincando. – Aquilo foi um balde de água fria. – Então pode devolver, dá pra alguém, faça o que quiser com isso. – Repliquei irritado.
— Não precisa ficar bravo. Eu gostei, Boo... Eu vou usar, prometo.
— Me alcança aqui, que amanhã mesmo eu devolvo. – Estiquei o braço para pegar de volta.
— Não... – ela segurou firme. – Eu achei lindo, vou usar. Era o que eu queria. – Ela tentou me convencer, mas já era tarde.
— Não era, você acabou de dizer. Melhor devolver amanhã.
— Ai, ... Eu vou usar.
— Não se sinta na obrigação. – Bufei.
, por favor, né, vai ficar nervoso só por causa disso? – Balançou o pacote dos óculos no ar.
— Troca então por um colar ou um brinco se quiser. Sei lá. – Gesticulei irritado.
— Que insuportável que você está, . Que droga.
, é melhor você ir embora. – Alterei meu tom de voz. — Não quero brigar, não quero me estressar por causa de uma porcaria de presente.
— Que é isso, ? Nossa, por que ficar tão irritado por um simples comentário? Meu Deus, eu vou usar e já disse que gostei do presente. De verdade eu adorei. – Ela tentou contornar a situação.
— Esquece... É sério. Melhor você ir. Eu não estou com cabeça pra isso hoje e... Melhor eu ficar sozinho, esfriar a cabeça e amanhã conversamos. – Levantei-me do sofá.
— Eu não acredito, ! – bufou. – Brigar sério por conta de um comentário estúpido?
— Ainda bem que você percebeu que foi estúpido. – Respirei fundo.
— A sua cara quando abriu o meu presente também não foi das melhores. – Ela retrucou.
— Chega, . Melhor você ir, não quero dizer nada que possa me arrepender depois. Me deixa aqui sozinho, por favor.
— Está bem. – Ela falou por entre os dentes. – Fique aí sozinho, senhor . – Pegou sua bolsa. — Feliz um ano de namoro. – Saiu e bateu a porta do apartamento com força.
O que havia acabado de acontecer aqui? Eu comecei a andar de um lado para o outro e fui até a última gaveta do armário da cozinha, era onde eu tinha um maço de cigarros, peguei um e fui até a janela. Naquele momento eu precisava tragar pelo menos um.
Era dez e meia da noite e eu estava impaciente, rondando meu apartamento. Até que me deparei com o presente que me deu, em cima do sofá e aquele trecho da música que compus, caiu de certa forma como uma resposta para minha ansiedade.
Peguei as chaves da minha moto e saí porta a fora do apartamento. The Cavendish Hotel foi meu destino àquela hora da noite. Hesitei por alguns segundos na porta de entrada, mas logo entrei e me direcionei ao balcão.
— Pois não, posso ajudá-lo? – O recepcionista prontamente me atendeu.
— Eu gostaria de saber se teria como eu falar com a , ela está hospedada aqui. Só não sei o número do quarto.
— Como é seu nome?
. Eu preciso falar urgente com ela.
— Um minuto, vou verificar se ela pode atendê-lo. – Ele pegou o telefone e discou o número do quarto. – Boa noite, senhora . Um rapaz chamado está aqui na recepção e pediu para falar com a senhora. Sim... Claro que sim. Pode deixar, eu passo o recado a ele. – Desligou o telefone.
— Então? – Eu estava impaciente.
— Ela pediu para avisar que ela não poderá descer. – Isso foi como um soco no estômago. – As ordens foram que a sua entrada fosse liberada e que você poderia subir até o quarto 1006 ao qual ela se encontra.
— O quê? Eu só precisava dar um recado. Vocês vão me cobrar uma diária depois?
— Acho que o senhor não me entendeu. Eu recebi ordens. Nada vai ser cobrado.
— Ordens? Como assim?
— Sim, é dona de metade desse hotel. – Olhei espantado para o funcionário. — Desculpa, você não sabia? Olha, senhor , eu já falei demais, melhor subir até o 1006, que ela está o aguardando.
Mais uma vez eu estava naquele elevador, apertei o oitavo andar. Fiquei cuidando andar a andar mostrado no visor digital. era dona de metade do hotel? Ela não havia me contado isso ontem, mas agora não vem ao caso. Não estava acreditando que eu estava aqui, a ansiedade começou a revirar meu estômago. O “display” marcou o décimo andar e o elevador parou. Respirei fundo e fui caminhando pelo andar até parar em frente à porta “1006”.
Eu estava tenso, parte de mim dizia que era errado estar ali, mesmo assim bati na porta. Não demorou para que a abrisse.
— Oi, . – Ela estava usando um roupão do hotel e seus cabelos estavam úmidos. Ela conseguia estar ainda mais linda do que da primeira vez em que a vi. — Pode entrar. Desculpe, quando me ligaram da recepção eu recém havia saído do banho, por isso não pude descer. — Ela foi caminhando para dentro do quarto, fechei a porta atrás de mim e acompanhei-a.
— Eu que tenho que me desculpar de ter vindo assim, a essa hora. – Cocei a nuca e não pude deixar de reparar o quão sexy ela estava apenas de roupão.
— Quer beber alguma coisa? Posso pedir algo.
— Não, precisa. – Sentei-me na poltrona próxima à sua cama.
— Eu já havia separado algumas coisinhas, como você pode ver. – ela riu ao apontar para uma caixa de bombons de cereja, cookies em cima da cama e uma taça de vinho que estava servida no criado mudo. Ela amarrou mais firme o roupão, afastou as caixas e sentou-se na cama de frente para mim. Naquele momento minha visão era mais privilegiada ainda, parte seu colo e pescoço estavam à mostra, assim como parte de uma de suas coxas, mostrando o quanto ela era gostosa. Quantos beijos já foram distribuídos por todo esse corpo, muitas e muitas vezes. – ? – Ela me resgatou de minhas lembranças. — O que você precisava falar comigo?
— Eu... – E lá eu queria falar? Queria agarrar ela agora mesmo. “Controle-se, .”, minha mente gritava. – É que, na verdade eu fiquei pensando na tarde que tivemos e... Eu só queria te ver.
— Só me ver? – ela arqueou uma sobrancelha.
— Sim... – Respondi acanhado e ela sorriu de canto. Não sei se eu estava imaginando coisas, mas o olhar dela me dizia algo mais, revelava desejo. Um desejo que era recíproco.
— Que pena, pensei que queria um pouco mais que só me ver. – Ela manteve aquele meio sorriso e não vou negar que era excitante vê-la me secando dessa maneira. Não estava acreditando que eu estava nervoso diante dela. Caralho, como eu a queria.
Não consegui responder nada, mas fui incapaz de me conter. Levantei-me daquela poltrona e sem desviar o olhar dela, me aproximei e sem hesitar pus meu joelho no colchão e a puxei pela mão para perto de mim.
— É por isso que vim... – afastei seu cabelo para o lado e beijei seu pescoço. Levei uma de minhas mãos até a sua coxa e acariciei sua pele, pude senti-la arrepiar-se. A forma como seu corpo reagia ao meu toque, me deixava muito excitado.
... – pronunciou meu nome quase em um sussurro, quando uma de minhas mãos soltou o nó de seu roupão. Por baixo ela vestia uma camisola azul, tecido fino que transparecia seus seios e a esse ponto eu já estava pulsando de excitação. Por um instante parei e olhei em seus olhos e foi quando notei que estava ficando maluco, por meu corpo queimar só pelo fato de sentir a intensidade que ela tinha em seu olhar. Eu ainda estava de joelhos, então envolvi uma mão em sua cintura e fiz o que estava ansiando desde o dia que a reencontrei, a beijei com intensidade, saudade e tesão. O calor e o sabor familiar de seus lábios fizeram meus joelhos estremecerem. E ela retribuiu na mesma ansiedade, enquanto deixava o roupão deslizar pelos seus braços.
entrelaçou seus dedos por entre meus cabelos e aprofundou ainda mais o beijo. Apertei mais sua cintura, pressionando-a mais contra mim. Sentir seu corpo assim colado ao meu me deixava mais louco para tê-la.
Dei uma mordidinha em seu lábio inferior, em busca recuperar nosso fôlego e ela deu um sorrisinho contra meus lábios e desceu suas mãos até a barra da minha camiseta e passou as pontas dos dedos por baixo do tecido, arrepiei-me com seu toque, sentindo toda excitação me invadir ainda mais. Rompemos o beijo e ela aproveitou para me ajudar arrancar a minha camiseta.
— Novas tatuagens. – Ela mordeu o lábio inferior, sorriu e eu quase fui à loucura quando com a ponta de seus dedos, delicadamente tocaram cada traço das novas tatuagens em meu peito, que subia e descia no ritmo da minha respiração acelerada.
Continuei observando e ela foi mantendo a sequência de seu toque, deslizou a ponta dos dedos até a borda da minha calça, a qual ela segurou firme. Me olhou com malícia e começou a roçar seus lábios quentes contra minha pele. Depositou leves beijos quentes e carinhosos. Beijou e passou a língua pelo meu mamilo e depois voltou a percorrer a língua pelo meu abdômen. Ainda com as mãos firmes na borda de minha calça, lentamente ela soltou os botões e me provocou com uma mão por cima do tecido.
— Meus Deus, ... – As palavras saíram quase em um sussurro e fechei os olhos com força, sentindo todas minhas terminações nervosas latejarem.
Abri meus olhos, a segurei pelos ombros e voltei a beijá-la com vontade. Meu sangue pulsava de uma forma desesperada. Eu sentia um desejo inexplicável por ela, precisava tocá-la, sentir seu corpo junto ao meu. Com os nossos lábios colados, deixei as alças de sua camisola escorregarem pelos ombros até atingirem seus joelhos, na cama. Precisava sentir o calor de sua pele contra a minha. Suspirei ao sentir o bico de seus seios tocarem meu peitoral. Minhas mãos deslizaram até suas costas e fui deitando-a na cama com cuidado.
Afastei-me um pouco para poder contemplar aquele corpo que senti tanta falta. “Puta que pariu” como ela era gostosa.
— Não sou o único com novas tatuagens. – A observei com malícia. Ela havia feito uma pequena tatuagem de uma chave toda trabalhada e com um formato de coração um pouco acima do quadril, do lado esquerdo. Fiz o mesmo que ela, com a ponta do dedo refiz os traços do desenho em sua pele, fazendo-a sorrir e fechar os olhos. – Eu gostei. – Me aproximei e rocei meus lábios na região da tatuagem e sua pele arrepiou-se mais uma vez.
— Oh, ... — Ela soltou um leve gemido e enroscou seus dedos em meus cabelos. Voltei meu olhar a ela e seu sorriso era malicioso e posso dizer extremamente excitante. segurou meu rosto, me puxou e voltei a ficar em cima dela. – Tira logo isso aí. – Pediu com urgência. Ela terminou de abrir o zíper da minha calça e eu ajudei a tirar aquela peça que já estava ficando apertada. Impaciente, tentei empurrar minha calça para baixo, mas precisei levantar-me da cama, fiquei de pé para poder arrancar meus tênis e enfim conseguir arrancar aquela maldita calça jeans.
Logo voltei e me posicionei sobre , voltando a distribuir beijos em seu pescoço.
Olhei para e vi o quanto seu olhar clamava por mais e não nego que eu também, afinal eu estava tão excitado que chegava a doer. Porra, eu estava a ponto de explodir de tesão.
E então cedemos a todo desejo que nos consumia. Seus lábios eram macios e difíceis de me desvencilhar deles, seu corpo extremamente viciante e seu toque conseguia ser melhor do que eu lembrava. Ela me entorpecia com seus gemidos.
Era totalmente insano como eu sentia prazer, meu corpo pulsava cada vez mais forte. Um mantinha olhar no outro, tentava reprimir seus gemidos e sua respiração estava totalmente descompassada, foi quando senti a forma como seu corpo estremeceu e eu delirei de prazer. Escondi meu rosto em seus cabelos ligeiramente bagunçados e gemi contra o seu ouvido. Já havia suor pela minha testa, assim como por todo meu peitoral e meu abdômen contraído em um prazer fenomenal.
Ficamos em silêncio, ofegantes, apenas ouvindo um a respiração do outro. Mesmo com nossos corpos suados, ela ainda emanava aquele perfume que eu adorava e nunca havia esquecido, aquele aroma atormentador de tão sexy. Ela emaranhou seus dedos pelos meus cabelos enquanto descansei minha cabeça sobre sua barriga. Abracei sua cintura e com uma mão eu alisava de leve a lateral do seu corpo, apenas sentindo o calor do contato de nossas peles.
Assim que recuperamos o fôlego, deitei-me ao seu lado e colei meus lábios nos dela e beijei-os devagar e suavemente. Eu definitivamente gostava tanto dessa mulher que podia jurar que isso chegava a me machucar, como se amanhã ela não seria mais minha e isso era algo muito provável. Lembranças de todas malditas vezes em que tentei esquecê-la misturada com a sensação de ir contra tudo e todos e ter que fazer o impossível para ficar com ela vinha à tona. E ? Ai, nunca poderia me dar tudo isso que eu estou sentindo, por mais que ela se esforçasse. Que droga, ao mesmo tempo que me sinto realizado, sinto que sou um merda.
— O que foi? – pediu enquanto repetia as carícias envolventes que fez antes em cada tatuagem pelo meu peitoral, atiçando minha pele. Seu toque me fazia sentir coisas surreais, reascendendo todos meus sentidos.
— Nada... – Suspirei. — Só que foi incrível te reencontrar.
— Sabe? Eu estava pensando o mesmo. – Olhou em meus olhos, sorriu e me deu um selinho.
E como a saudade era grande, puxei seu rosto junto ao meu, selando nossos lábios em mais um beijo cheio de paixão. E então recomeçamos as provocações e toques necessitados daquele momento de prazer de alguns minutos atrás.

(...)


Senti a luz natural bater em meus olhos. Ainda sonolento e com os olhos fechados, espreguicei-me, bocejei e fui despertando aos poucos. Virei meu corpo lentamente para o lado e notei o lugar vazio e um logo veio “Déjà vu”. Meu coração disparou e eu abri meus olhos, mas logo ouvi o som do chuveiro acompanhado da voz de , ela estava cantando no chuveiro? Foi inevitável sorrir naquele instante, como eu não sabia que ela era dona de uma voz extremamente afinada?
Sentei-me na cama por alguns instantes, apenas apreciando aquela melodia que vinha do banheiro, ao mesmo tempo que relembrava nossa alucinante noite. Apesar de poucas horas de sono, havia acordado renovado.
A porta do banheiro abriu-se e saiu de lá apenas enrolada na toalha, com as bochechas ainda vermelhas, resultado de um banho quente.
— Bom dia, . – Ela sorriu e enrolou os cabelos em outra toalha.
— Bom dia. – Respondi e mexi em meu cabelo, na tentativa de dar uma “ajeitada”.
Ela caminhou até o meu lado da cama e sentou-se. Ao me observar ela começou a rir.
— O que foi? – perguntei desconcertado.
— Está com a cara toda amassada... – Zombou e tocou meu rosto, acariciando de leve. Sua pele é tão macia e seu toque era um vício. Sua mão ainda estava bem quente do banho.
— Sua culpa, não me deixou dormir... – Sorri de canto e a puxei pela cintura, selando nossos lábios em um beijo terno e calmo. rompeu o beijo, dando um selinho para finalizar.
... – Ela deu um suspiro. E por uma fração de segundo fiquei apreensivo. – Preciso me vestir. – levantou-se. — Senão eu sinto que não sairei deste quarto hoje. – Ela gargalhou.
— Essa era minha intenção. – Falei rindo, mas na verdade sabia que ia precisar sair daquele quarto, eu teria uma reunião de verdade hoje com o tal produtor musical.
Enquanto trocava de roupa, levantei-me e fui escovar os dentes. Voltei e comecei a vestir minha calça e antes de eu achar minha camiseta, senti no bolso traseiro, meu celular vibrar. Aproveitei que estava secando os cabelos, sentei-me na cama, peguei meu celular e respirei profundamente. Havia algumas chamadas, entre algumas notificações de mensagens de . Ela pedia para conversarmos e que estava arrependida da briga que tivemos e que passaria às dez e meia na minha casa para conversarmos.
Naquele momento pensei em como tudo foi tão bom, mas agora me sinto mal. Respirei fundo mais uma vez e passei minha mão pelos meus cabelos. É... Sei que agora não posso voltar atrás.
? – apareceu de surpresa por trás e depositou um beijo em meu pescoço. Fazendo eu desligar a tela do celular na hora. – Aconteceu alguma coisa? – Ela repousou o queixo em meu ombro. Eu apenas neguei com a cabeça e larguei o aparelho ao meu lado no colchão. – Nada não, só fui conferir o horário da entrevista hoje. – Sorri fraco e virei meu rosto para ela.
— Tenho certeza que você vai conseguir a vaga. Quer ir tomar café comigo? – Ela pediu e era como se eu não conseguisse negar nenhum pedido vindo dela.
— Quero sim. – Ela beijou meu rosto e levantou-se da cama. Eu fiz o mesmo, levantei-me e encontrei minha camiseta jogada quase embaixo da cama e a vesti.

(...)


Entrei em meu apartamento e a cena da briga da noite anterior veio em minha mente. O quadro que havia me presenteado estava ainda ali jogado em cima do sofá, mas foi inevitável lembrar do olhar de decepção assim que ela abriu o meu presente. Eu estava exagerando? Ou era uma desculpa para brigarmos? Afinal, o que eu fiz depois foi pior. Meu Deus, o que eu devo fazer? Contar a verdade para ? Terminar tudo? Mas, eu não sabia exatamente como seriam as coisas com . Ah, . Essa mulher me enlouquecia e eu já sentia sua falta. Muitas questões rondavam minha mente e eu não tinha nem ideia o que dizer quando entrasse por essa porta e não demorou para a campainha tocar. Lembrei que havia deixado a chave ontem depois da briga.
— Oi, ... – Abri a porta meio sem jeito.
— Boo... – Ela me abraçou. E eu fiquei sem reação e ela logo me soltou e entrou no apartamento. Fechei a porta e me virei para ela. – Eu pensei bem essa noite e... Nossa, como eu fui estúpida ao falar aquilo do presente. Me perdoa, ?
... – limpei a garganta, eu estava nervoso, não conseguia olhar direito para ela. – Não sei, eu andei pensando, talvez seja mais que o presente, sabe?
— Como assim? — Ela me olhou intrigada. De repente ela mudou sua feição e me analisou dos pés a cabeça. – Você dormiu assim? Com a mesma roupa de ontem? Cadê ela? – Ela mudou o tom completamente e começou a vasculhar o apartamento. – Por isso não atendeu minhas ligações? Tem alguém aqui com você?
— Não tem ninguém aqui, . – A segurei pelo braço, tentando controlá-la naquele momento.
— Eu senti... Um perfume diferente quando eu te abracei. – Ela se esticou em minha direção para cheirar minha camiseta e eu dei um passo para trás.
— Para com isso. – A repreendi firmemente. parou e me olhou enfurecida.
— Quem é ela? – Ela aparentemente estava um pouco mais calma, mas seu olhar me desafiava. – Quem é a vagabunda?
— Cala boca, . – Foi quando eu me descontrolei, praticamente me entregando. – Chega. – Virei-me de costas para ela. Senti minha cabeça latejar.
... – Sua voz oscilou. — Você está admitindo que você passou a noite com alguém aqui?
— Não! – Virei-me de novo de frente para ela. E agora podia ver seus olhos cheios de lágrimas.
— O que está acontecendo, ? O que você está querendo me dizer? – Uma lágrima escorregou de seus olhos e não me permitiria magoá-la assim.
— Nada, , eu... Você que está falando coisas sem sentido. – Impaciente, passei as mãos pelos cabelos. – Eu não quero brigar, só isso. A discussão de ontem foi uma estupidez, está bem? – Me aproximei e não tive coragem de fazer o que deveria ter sido feito. Falar a verdade. – Já chega, foi idiotice minha me ofender por um comentário por conta de um simples presente. Você tem todo direito de gostar ou não.
— Em momento algum disse que não gostei... Eu só... – Ela fungou.
— Nem vamos entrar mais nesse assunto. Eu entendi. – A cortei para não discutirmos novamente. Eu estava com a cabeça cheia.
— Está bem, mas olha estou usando seu presente. – Ela sorriu fraco e mostrou o óculos que ela segurava. – Também não quero mais brigar, quase nem dormi essa noite.
— É... Nem eu. – Mentiras e mais mentiras. – Acabei pegando no sono aqui no sofá mesmo.
— Ah... Por isso você está com a mesma roupa de ontem. – falou em um tom de alívio, o que me fazia me sentir pior do que eu já estava me sentindo. – Eu vou ter que passar na agência, mas podemos ir almoçar juntos hoje. Assim conversamos mais um pouco.
— Sim... – Respondi no automático. Queria entender essa minha mente perturbada que não conseguia resolver as coisas de uma só vez.
aproximou-se e me beijou. E naquele instante me senti desconfortável, era muito estranho. Era como se o seu beijo não me completasse mais, não sentia o mesmo desejo de antes. Acho que tudo que eu precisava era de um banho e pelo menos uma hora de sono, para me recompor e tentar colocar minhas ideias no lugar.
, só não se atrase, pois tenho uma reunião com aquele produtor.
— Mas você não teve uma reunião com ele ontem à tarde? – questionou e parou com a porta aberta.
Droga, eu havia esquecido da mentira que contei ontem.
— Ah, sim... Eu quis dizer, mais uma reunião, sabe... Para terminar de tratar alguns assuntos. Ah... Você entendeu.
— Hummm... – Ela não pareceu muito convencida. – No almoço conversamos, não quero me atrasar. – Fechou a porta sem se despedir.
Precisava de uma ducha, agora. Depois eu pensaria o que fazer em relação a tudo isso, só sei que eu estava ferrado.

(...)


O almoço com foi tranquilo apesar de algumas perguntas desconfortáveis que ela fez, mas consegui desviar de qualquer assunto sobre discutir a relação, afinal restaurante não era o local apropriado para isso.
À tarde fui até a reunião com Terry Martin, um produtor que possuía um estúdio em ascensão aqui em Londres e estava montando sua equipe e consegui o trabalho em técnico de som ao vivo, isso me daria uma chance de ganhar experiência, conhecer sons novos e entrar nesse circuito da música. Assim que saí do estúdio comecei a ficar impaciente pelo fato de não ter ligado ainda, era louco, mas sim eu estava me sentindo como em abstinência, precisava dela.
Cheguei em meu apartamento e fiquei surpreso ao encontrar Nathan no sofá, jogando vídeo game.
— O que você está fazendo aqui? – Joguei minha chave em cima da mesa.
— Hey! Esqueceu que hoje é dia de Babylon’s Fall?
— Sim... Sim... – Vou buscar a cerveja. Cheguei na cozinha e dei mais uma olhada em meu celular e nenhum sinal da . Eu era um estúpido em achar que dessa vez as coisas iam ser diferentes.
Voltei com as cervejas e larguei no centro da mesa.
— Que cara é essa? – Nathan perguntou assim que pegou a cerveja na mão. – Não me contou como foi com a . Ela recusou o pedido, por isso está com essa cara de quem tá com prisão de ventre? – empinou um gole da cerveja.
— Não repete isso... – falei meio baixo. – Onde a está? No banho?
— Ela me deixou entrar e foi até a farmácia eu acho. Disse que logo voltava aqui antes de ir para casa.
— Eu não fiz o pedido. – Estiquei o braço para pegar a cerveja e bebi um longo gole.
— Como não fez?
— Aconteceu algo que me fez mudar de ideia. – Bebi mais um longo gole e larguei a garrafa na mesa de centro.
— O que aconteceu? Você estava tão decidido.
— Estava... – Limpei a garganta. – A . Eu esbarrei com ela antes de fazer o pedido. Ela estava no mesmo hotel onde fiz a reserva
— Não acredito! – Nathan ficou perplexo. – Não, não... Pensei que a já havia feito você esquecer dela.
— Nunca esqueci .
— E agora? Só porque você a viu, vai desistir do seu relacionamento?
— Nate, eu não apenas a vi... – Limpei a garganta mais uma vez, nervoso. Não sabia se devia contar, mas afinal ele era meu melhor amigo, quem sabe poderia me ajudar. – Eu... Passei a noite com ela ontem.
— O quê? – Nathan praticamente gritou e largou de vez o controle do vídeo game no sofá. – Você tá brincando com a minha cara, né?
Apenas neguei com a cabeça.
— Você é louco ou o que? Essa mulher te deixou destruído...
— Eu sei, mas nós conversamos e... – Passei as mãos pelos cabelos, apreensivo. – Cara, não sei o que pensar. Ela me deixa pirado. Foi uma loucura eu sei, mas eu não me sentia assim há dois anos. Eu não sei explicar, o que sinto com ela nunca senti com a . E hoje passei o dia todo pensando nela, em como faria pra reencontrá-la, em como eu precisava dela.
— Essa ... Vem feito um furacão na sua vida, hein? E agora? Então você vai terminar com a , é isso?
— Eu não sei... – Balancei a cabeça. – Eu gosto da , sabe? A última coisa que quero é magoar ela, mas... – Nesse instante senti meu celular vibrar em meu bolso. Desbloqueei a tela e meu corpo congelou e queimou de alegria ao mesmo tempo, era uma mensagem de .
— Cara, não me diga que é mensagem dela. – Nathan falou com ar de reprovação e eu assenti com a cabeça.
— Ela quer que eu vá até o hotel de novo.
— Em outros tempos eu ia dizer, vai lá... Divirta-se, uma noite de sexo não dá nada, mas você ia pedir a mão da em casamento.
— Casamento? – entrou na sala.
Nathan e eu ficamos atônitos por alguns instantes. ficou me encarando, aguardando alguma resposta minha. Eu queria matar o idiota do Nathan naquele momento.
— Que casamento? – Tentei disfarçar.
— Eu escutei “Ia pedir a mão da em casamento”. – Ela repetiu as palavras que Nathan havia dito. – Por que ia?
Meu Deus como eu ia me sair dessa? Tentei pensar o mais rápido em uma resposta e nada me parecia certo em dizer para poder me safar dessa.
— É melhor eu ir e deixar vocês conversarem... – Nate desgraçado, foi saindo de mansinho depois de ter feito a merda. O fuzilei com o olhar antes dele sair.
— Então... – Ela cruzou os braços.
— O idiota do Nathan que ficou inventando essa história aí de casamento. Ele achou que eu ia fazer um pedido de casamento, só porque fiz aquela reserva naquele hotel. – Ri nervoso, esperando que aquela desculpa mais esfarrapada possível, fosse colar. – Por isso você ouviu, o “ia”. Ele disse achei que você ia pedir a mão da em casamento, entendeu?
— Ah... – E mais uma vez aquele olhar de decepção foi lançado para mim.
... – Levantei-me e parei diante dela. – Eu preciso te falar algo. – Seu olhar estava atento em mim. – Eu preciso admitir que... – Eu não podia continuar me enganando e enganando desse jeito. — Eu ando com dúvidas em relação a nós dois. – Eu precisava desabafar aquilo, nesse instante de certa forma, senti que um peso saiu do meu peito.
— Dúvidas? – Sua voz oscilou. — O que aconteceu? Não pode ter sido apenas pela história do presente, né?
— Não, , eu gosto muito de você...
— Mas... – Ela me interrompeu.
— Mas eu ando um pouco confuso nesses últimos tempos. E... – Engoli em seco. – Eu estou precisando de um tempo pra mim.
— Você quer dizer que quer terminar. – Seu queixo tremeu e notei que ela estava lutando para não chorar. – É isso mesmo? Você tem certeza?
— Eu... – acariciei seu rosto e ela se afastou. – Eu estou confuso, , eu preciso só de um tempo pra pensar, colocar minhas ideias no lugar, só isso.
— Desculpa, . Eu te amo, mas eu não sou mulher que espera não. – Ela enxugou uma lágrima que ela não conseguiu conter. Aquelas palavras doeram e vê-la assim diante de mim não ajudava em nada a tomar a decisão final. – Não precisa dizer nada, seu olhar já me disse tudo. – simplesmente pegou sua bolsa que havia deixado no balcão e antes de sair jogou a chave do apartamento contra o meu peito. A última coisa que ouvi foi o som da chave caindo no chão. E eu não fiz nada para impedir e não senti vontade de evitar com que ela saísse por essa porta.
Naquele momento minha consciência me questionava se eu estava tomando a decisão certa, resolvi não responder à mensagem que havia enviado, embora o que eu mais queria era responder e ir ao seu encontro.
Andei de um lado para o outro no apartamento e não saia de minha mente, mas eu sabia que ela não podia me amar na mesma intensidade que eu. Ela mais parecia um vício pra mim e aquilo estava me deixando louco.
Eu não estava conseguindo raciocinar direito e ficar no apartamento, precisava esfriar a cabeça. Peguei minhas chaves, desci até o térreo e subi em minha moto. Acelerei saindo de casa, desviei dos carros no caminho, aumentei a velocidade, sentindo o vento do verão londrino, passar pelos meus braços. Definitivamente devia ter colocado minha jaqueta.
Estacionei em frente ao O’Neill’s, desci e deixei meu capacete na ignição. Entrei no pub e segui até o balcão.
— Hey, que tipo de cervejas pretas você tem?
— Temos a Guinness.
— Então pode ser essa mesmo.
Entre uma cerveja e outra eu encarava o celular, sem ter a mínima ideia do que fazer. Depois do quarto copo, comecei a tentar digitar uma mensagem para , mas foi inútil, apaguei e acabei pedindo mais um copo. Àquela altura as letras já estavam embaralhadas, mas consegui ver que já era uma hora da madrugada. Eu precisava ir para casa. Levantei-me, mas acabei cambaleando um pouco para trás, com certa dificuldade consegui chegar até minha moto. Fiquei uns segundos escorado nela, coloquei meu capacete e mesmo um pouco zonzo consegui subir na moto, mas de repente apaguei.

(...)


Aos poucos fui abrindo meus olhos. Com a visão um pouco embaçada, uma imagem começou a ficar nítida gradualmente. Eu só podia estar sonhando. Pisquei mais de uma vez.
? ? – Ouvi longe uma voz familiar me chamar.
? – Perguntei incrédulo.
— Que bom que você acordou. – Ela falou aliviada.
Olhei ao redor e eu estava de volta no bar?
— O que? – Franzi a testa ainda tentando entender o que estava acontecendo.
— Você apagou e achei você caído ao lado da moto. – Um funcionário do bar que estava parado ao lado de , explicou. – E quando fui tirar você do chão, você me alcançou o celular e pediu para chamar essa tal de .
Eu sequer lembrava disso, passei as mãos pelos cabelos, tentando ao menos ter uma vaga memória.
— Enfim... Já fiz minha parte, preciso voltar ao trabalho. – Ele deu as costas voltando atender no bar.
— Vamos, . Eu te levo pra casa. Não está em condições de ir sozinho, amanhã buscamos sua moto.
Apenas concordei com a cabeça. Eu ainda estava me situando, somente a acompanhei até o seu carro, em silêncio. Ela abriu a porta, eu apenas joguei meu corpo para dentro do carro e depois me acomodei melhor naquele banco de carona.
Ela entrou e deu partida no carro.
— Você ainda mora no mesmo lugar? – perguntou.
— Sim. – Respondi seco.
— O que aconteceu, ? – iniciou a conversa. – Não me respondeu a mensagem e de repente me ligam para resgatar você aqui nesse pub?
Fiquei em silêncio por alguns segundos, mas eu precisava desabafar.
— Me deixou a tarde toda sem notícias. – Resmunguei. A embriaguez começou a fazer sua parte.
— O que você disse? – virou o rosto brevemente, antes de voltar a atenção à estrada.
— Nada, esquece. – Eu parecia uma criança mimada. Fiquei encarando o chão.
— Quer mesmo saber por que não pude te ligar à tarde? Eu estava fazendo minhas malas e tive outros compromissos. – Ela se explicou.
— Você já está indo embora? Mais uma vez, ? – Falei irritado. Novamente ela ia me abandonar, nada havia mudado mesmo. – Como eu fui um idiota. – Coloquei as mãos no rosto e recostei a cabeça para trás no banco.
— Que é isso, ? – Ela parou no semáforo. – Não entendo essa sua atitude.
— Eu sou um estúpido mesmo. Achei que dessa vez ia ser diferente. – Soltei o ar pesadamente. – Pode me deixar aqui mesmo, eu vou a pé o resto do caminho.
— Deixa de ser infantil, por um segundo. – Ela dobrou a esquina. – Pelo visto continua um cabeça dura mesmo, não é capaz sequer de esperar e me ouvir.
— Ouvir o que, ? Mais alguma desculpa antes de ir embora de novo. – Virei meu rosto para olhar pela janela.
— Para com isso, . – Ela virou mais uma rua e em seguida parou em mais um semáforo. — Com uma mão puxou meu rosto para que olhasse para ela. – Eu arrumei minhas malas, para sair do hotel e não liguei porque eu estava ocupada. Sabe com o que? Eu comprei um apartamento, . Eu vou ficar.
Será que eu havia escutado certo? Ela disse que iria ficar? Não era a bebida que estava me fazendo delirar, não?
— Dessa vez não vou embora. E não quer saber o motivo? – Ela continuou, me deixando sem ter o que dizer. Soltou meu rosto e avançou o sinal. – O motivo é você, seu bobo. – Ela dobrou a última rua e estacionou em frente ao prédio onde moro. Desligou o motor do carro. – Entregue na porta de casa, senhor . – Ela sorriu.
Aquele sorriso que me envolve toda vez e me faz perder o raciocínio.
— Não, quer... Subir? – Pedi, com a fala um pouco lenta. Comecei a tatear procurando o local para soltar o cinto. Será que sempre foi tão difícil assim soltar um simples sinto de segurança? aproximou-se e me ajudou.
— Não deixaria você subir sozinho, assim. Não quero me responsabilizar por você sair rolando escada abaixo. – Ela brincou e destravou as portas.

(...)


— Está decorado agora. – observou o apartamento assim que entrou. – Diria que tem um toque feminino nesse apartamento. – Ela ergueu uma sobrancelha, assim que avistou um aromatizador de ambientes.
— É... – Cocei a nuca. – A minha ex namorada ajudou a decorar. E acabei deixando assim. – Ri um pouco sem jeito, afinal ela havia virado “ex” há poucas horas. Por estar ainda zonzo sentei-me no banco mais próximo e me escorei na bancada que dividia a cozinha e a sala.
— Antes de eu ir vou passar um café pra você. – contornou a bancada e entrou na cozinha e ela lembrou do local onde eu costumava guardar o café. – Isso continua no mesmo lugar. – Ela riu.
Ela passou um café bem doce, para nós dois e ela sentou-se ao meu lado e começamos a conversar e foi quando ela me contou como conseguiu comprar parte do hotel e mais o apartamento novo. Tudo devido à um processo que ela havia aberto na época em que se separou do marido e só agora ela recebeu tudo que tinha direito.
— Inclusive, estou pensando muito em abrir meu próprio pub. Eu gostava do Royal Oak, mas agora faria algo mais com um toque meu. – Ela continuou a contar seus planos e eu escutava atentamente.
A conversa fluía tão fácil com ela que nem percebemos o quanto o tempo havia passado. Inclusive aquele café estava tão doce, que acredito não ter sobrado sequer um resquício de álcool.
, posso te pedir uma coisa?
— Pode.
— Tudo isso que você me contou, do apartamento, de talvez montar o seu pub e que você decidiu ficar e o que você disse no carro, sobre ter resolvido ficar por minha causa é sério mesmo?
— É claro que sim. Há tempos não me sentia tão segura em uma decisão em minha vida. Quando nos reencontramos, pude ter certeza que agora sim eu estava pronta para seguir minha vida adiante, sabe? – Ela pousou sua mão sobre a minha. – Eu sei que eu te decepcionei no passado, mas eu estou vendo toda essa situação como uma segunda chance. A não ser é claro que você não queira me dar mais essa oportunidade.
— Eu só posso estar sonhando mesmo... – Balancei a cabeça e sorri. – Acho que nem preciso de palavras pra responder isso, não é mesmo? – Levei minha mão até seu rosto e me aproximei selando nossos lábios em um beijo caloroso e calmo, em resposta à sua pergunta. Senti ela sorrir contra meus lábios.
Ela se levantou do banco, sem deixar que nossos lábios se separassem e segurou firme em minha nuca e nosso beijo foi se intensificando, ficando urgente. Agora ela estava ali envolta em meus braços, a mulher que me tirou o sono por tanto tempo, a qual possui esse beijo extremamente viciante.
— Vem... – rompi o beijo e sussurrei em seu ouvido. – Vem ficar comigo, me deixa viajar em meus desejos. Deixa-me te beijar... – Fui guiando-a até o meu quarto. – Te tocar. – Beijei de leve seu pescoço enquanto continuávamos andando, em direção ao meu quarto.
Ela mesma sentou-se na cama e arrancou sua jaqueta. E sem delongas a blusa que estava usando, também foi arremessada para algum canto do quarto, ficando apenas com sua calça e de sutiã. Ela me olhou e eu entendi. Ainda em pé, posicionei-me por entre suas pernas e sem rompermos o olhar um no outro, ela me ajudou a tirar minha camiseta.
lançou um olhar levado e começou a distribuir beijos pela minha barriga, enquanto desabotoava minha calça e descia o zíper calmamente, de maneira torturante, apenas me provocando por cima do tecido da minha calça jeans. Fechei meus olhos com força, enquanto minhas mãos seguravam de leve seus cabelos. Ela estava me deixando fora de mim, eu ia perder o controle a qualquer momento.
Com relutância afastei o rosto de e precisei eu mesmo tirar aquela peça de roupa que estava ficando mais apertada e desconfortável.
— Vem... — Ela sorriu e seu olhar possuía uma doce malícia, que era irresistível. Ela se arrastou mais para trás no colchão e desabotoou sua calça, revelando parte de sua calcinha branca.
Joguei meus tênis no canto da cama e deitei-me sobre , evitando depositar meu peso sobre ela.
— Adoro... – Beijei de leve seu ombro, descendo uma das alças do sutiã apenas com os dentes. — Cada parte do seu corpo. – Minha boca começou a deixar um rastro de beijos ardentes e demorados, por toda sua pele perfumada.
Subi para os lábios e depois dei uma mordidinha seu queixo, provocando e um sorriso satisfeito no rosto de , brotou. Enquanto minha língua percorria pela curva de seu pescoço, suas mãos hábeis desceram até o elástico da minha boxer, roçando a pontinha de seus dedos em uma provocação que deixou minha respiração mais pesada e meu corpo trêmulo.
Ela aproveitou para inverter a posição e me empurrou para o lado, ficando agora ela sobre mim. Começou a distribuir leves mordidas pelo lóbulo de minha orelha, deixando minha pela arrepiada, ela sabia como me enlouquecer. Sentou-se sobre as minhas pernas e lentamente desceu a outra alça de seu sutiã e o abriu lentamente, jogando-o ao seu lado.
Que visão a minha, como ela era gostosa, eu precisava tocá-la, mas ela fez que não com o dedo e ela mesma continuou a despir-se. Ficou em pé na cama e devagar ela desceu sua calça que já estava desabotoada, ficando agora apenas de calcinha.
Ah, eu preciso tocá-la, como eu quero muito essa mulher, eu ansiava por amor e luxuria.
Ela voltou a ficar sobre mim, roçando seus lábios por cada tatuagem minha, minha pele queimava por onde seu toque passava. Seus beijos prolongados em minha barriga, eram torturantes, fazendo minha barriga encolher de ansiedade.
Ela me olhou e eu dei um sorriso safado e percebi ela corar levemente. Isso me satisfaz e me deixa muito excitado, eu a quero agora.
A segurei pelos ombros e a puxei para perto e mim, juntei nossas bocas com urgência e necessidade. Ditei o rumo do beijo de maneira que a fiz ofegar e apertar com força meus ombros.
Minhas mãos começaram a explorar mais seu corpo, seus seios, cintura, sua barriga, até que desci uma de minhas mãos até o meio de suas pernas, sinto sua roupa íntima molhada, me levando ao delírio. arfou e pressionou mais os quadris contra o meu corpo, fechei os olhos com força reprimindo um gemido.
E assim fomos nos perdendo em provocações, um nos beijos do outro e em carícias cada vez mais quentes e gemidos sufocados. Explorando cada parte sensível dela e me fazendo delirar em poder proporcionar tanto prazer a ela.
fechou os olhos extasiada e ofegante, seus gemidos enchem meus ouvidos. Estremeci e perdi o controle de meus músculos, beijou meus lábios enquanto fiquei ali me recuperando desse meu instante de êxtase.
repousou sua cabeça sobre o meu peito, eu continuei acariciando seus cabelos e depositei um beijo no topo de sua cabeça. me abraçou forte, beijou meu peitoral e por estarmos exaustos, logo pegamos no sono.

(...)


Ao amanhecer, estava de bruços ainda adormecida ao meu lado. Depositei um beijo suave em seu ombro, não queria acordá-la, não queria que ela saísse da minha cama. As sensações da noite anterior ainda latejavam pelo meu corpo. Beijei carinhosamente seu pescoço que estava descoberto. Tudo nela me excitava e eu queria desfrutar cada instante ao seu lado. Eu ainda custava acreditar que ela estava ali e dessa vez era pra ficar de verdade, mas infelizmente sabia que precisaria acordá-la, senão ela me mataria por perder o horário.
... – sussurrei ao pé do ouvido dela. Afastei seus cabelos dos olhos e depositei um beijo em seu rosto.
— Ah, que gostoso acordar assim. — Preguiçosamente piscou e espreguiçou-se. – Ai, tenho mesmo que levantar? – Resmungou e virou-se de frente para mim.
— Por mim você pode ficar aí, só preciso ir buscar minha moto. – Beijei sua testa.
— Era tudo que eu queria, mas... – Ela espreguiçou-se mais uma vez e coçou os olhos. – Mas tenho que terminar de organizar umas coisas no apartamento, o pessoal ficou de ir terminar umas instalações hoje de manhã. Falando nisso que horas são? – Sentou-se na cama, segurando o lençol em seu corpo.
— São... – Estiquei o braço e peguei meu celular. – Oito e quinze.
— Ai... – Deu um longo suspiro. – Preciso ir... – Ela passou as mãos pelos cabelos, os arrumando para trás.
— Eu tenho que estar no estúdio às onze. – Acariciei sua coxa que estava descoberta.
— É melhor eu sair dessa cama, logo, antes que eu te faça perder o horário no primeiro dia. – Ela ameaçou manhosa. E eu não resisti e colei meus lábios nos seus, surpreendendo-a. Percebi relutância da parte dela quanto tentei me afastar para finalizar o beijo.
— Acho que não vou mais. – Brinquei, mas revelando minha verdadeira vontade. – Sabe quando parece que você quer aproveitar cada segundo, por que parece tudo tão bom para ser verdade?
— Sim... – Sua expressão entregava mil emoções, onde carinho e desejo pareciam concentrados em maior proporção. – Eu admito que estou me sentindo assim também. – Ela baixou o olhar até minha mão que estava sobre a sua coxa e entrelaçou nossos dedos. – Mas dessa vez nada mais vai nos atrapalhar. – Ela sorriu. – Agora vamos nos levantar. Lembrei que hoje a noite você tem compromisso.
— Tenho? – Ergui uma sobrancelha.
— Conhecer meu novo apartamento. – Ela beijou a ponta do meu nariz.
— Combinado. O café é por minha conta hoje. – Selei mais uma vez nossos lábios em um beijo rápido. E levantei-me na cama, antes que corresse o risco de perder o horário mesmo.

(...)


Almocei com Nathan e contei sobre meu término com . De início ele reprovou minha atitude com ela, mas depois apoiou, assim que o convenci que voltou de vez para Londres. Por um instante no meio da conversa até podia jurar que Nate tinha uma quedinha por e o mais estranho de tudo é que mesmo pensando nisso, não senti ciúmes, mas talvez fosse só impressão minha.
O primeiro dia no estúdio foi muito produtivo, sinto que agora estou no caminho certo, vou conseguir a experiência e os contatos que eu tanto busquei.
Assim que recebi uma mensagem de , com o endereço do apartamento, sorri sozinho feito um tonto e não demorei para ir ao seu encontro.
Eu estava me sentindo o homem mais realizado do mundo. Como é gostoso ouvir eu seu riso, as horas ao seu lado são leves e passam voando. Como é gostoso o seu toque, seu corpo, sua companhia, tudo me completa.
Dois meses passaram como se fosse um sonho, tudo corria tão bem que uma sensação estranha de que algo pudesse estragar tudo podia acontecer a qualquer momento. Como eu era idiota, tinha que largar esse medo doido de perder .
Hoje teria um jantar com , na casa do outro sócio do hotel, era um aniversário. Resolvi passar no shopping e comprar uma camisa nova, não queria fazer feio na frente daquele pessoal nariz empinado. Ao sair da loja senti meu celular vibrar. Havia várias mensagens e para minha surpresa era , o que será que ela queria?
, precisamos conversar.”
“Me liga preciso falar com você.”
, posso passar no seu apartamento? Eu realmente tenho que falar com você, é sério.”
Aquelas mensagens me deixaram perturbado. E resolvi ligar para ela imediatamente.
, o que aconteceu? – Perguntei preocupado.
— Precisamos conversar pessoalmente, podemos nos encontrar ainda hoje?
— Hoje? Não pode me falar o que você quer?
— É que é algo bem importante. – Sua voz era de aflição e aquilo estava me deixando inquieto.
— Você consegue passar no meu apartamento daqui uma meia hora? Estou indo agora para lá.
— Está bem. Até. – Ela finalizou a ligação.
Saí o mais rápido que pude daquele shopping, aquela ligação havia me deixado agoniado. Aquela sensação estranha voltou a me atormentar.

(...)


Ela mal tocou a campainha e eu abri a porta rapidamente.
— Pode entrar.
— Como você está? — A cara de não era das melhores, parecia abatida.
— Bem... – Não queria ser mal-educado e apressar o assunto, mas também não queria me prolongar.
— E então... – Ela começou a andar de um lado para o outro como se estivesse nervosa. – Eu pensei várias vezes antes de entrar em contato com você. Já que você me esqueceu rapidinho, né? – Ela parou de frente para mim.
— Não é bem assim, .
— Mais de um mês e nenhuma uma notícia sua. Não sentiu nem um pouco a minha falta? – Ela deu mais um passo a frente, ficando extremamente próxima. – Nem um dia sequer? – Pude sentir o calor de seu hálito bater contra o meu rosto. selou nossos lábios e minha língua começou a se mover com a sua, sem me dar uma chance de reação. Ela gemeu em alívio e eu tentei afastá-la, mas ela segurou forte em meu pescoço, enquanto continuou me beijando e eu recuei até bater com minhas costas contra a parede. Eu a afastei e ela tentou unir mais uma vez nossos lábios, mas eu virei a cabeça.
— O que você veio fazer aqui, ? – Franzi a testa.
— Pensei que você era orgulhoso demais para me ligar, resolvi fazer uma última tentativa, antes de... – Ela fez uma pausa e encarou seus pés e então voltou seu olhar triste para mim.
— Realmente acabou, ... Mas antes do quê?
— Antes de eu ir embora para a Califórnia, San Diego, mais especificamente. Vou voltar a morar com meus pais, já avisei ela. Só queria ver se ainda você me faria mudar de ideia.
— Eu? Por quê? E a agência? E os desfiles que você conseguiu.
— Depois de... – Ela limpou a garganta — Eu retomo isso, lá os Estados Unidos mesmo.
— Depois do quê? – Aquelas meias palavras de , estavam me deixando irritado.
— Depois que... – Ela respirou profundamente. – Depois que o bebê nascer. – Ela respondeu em um só fôlego.
— O quê? – Meu tom de voz saiu mais alto que eu esperava.
— É... Estou grávida, .
— Não pode ser. – Baixei a cabeça e passei as mãos pelos cabelos. Aquela notícia caiu como um balde de água fria sobre a minha cabeça. – Você me disse que tomava pílulas. – Me escorei contra a parede, porque nesse momento senti meu chão desmoronar. — Meu Deus, . – Minha cabeça estava latejando naquele instante.
— Já te disse, eu vou voltar para San Diego. Não estou pedindo nada de você. – Seu tom de voz demonstrou decepção e raiva. – Conversei com meus pais. Expliquei que havíamos terminado. Sinta-se livre, apenas achei que você devia saber e claro... Eu tentei. – Ela soltou o ar em desgosto pela minha reação.
— Não é bem assim, . Você despejar essa notícia e agora dar as costas e simplesmente ir embora. Eu... – Puxei fundo o ar dos meus pulmões, não estava conseguindo raciocinar direito.
— Mas eu já me decidi, vou voltar para os Estados Unidos. A minha agência já conseguiu alguns trabalhos em Los Angeles mês que vem. Como ainda estou bem no início da gestação, vai demorar um pouco até começar a ficar evidente.
— Pelo visto você já decidiu tudo mesmo. – Disse furioso.
— Não é o que eu decidi, . Você quis assim. Mas se quiser, você pode se mudar para Los Angeles, quem sabe teria mais oportunidades por lá. Você não tem nada que te prende aqui mesmo.
— Eu comecei semana passada naquele estúdio com o produtor Terry Martin.
— Um Zé ninguém... – Ela desdenhou. — Lá em Los Angeles você pode conseguir algum mais famoso. Olha, já entendi que você não quer voltar comigo, apenas pensei que seria uma saída para você ficar perto do bebê, só isso. Mas já te falei, não estou te obrigando a nada. – Ela deu de ombros. – Mês que vem estou indo.
— Chega, . Você me colocou contra a parede, é tudo ou é nada? – Meu corpo tremia de aflição. — Não está me dando chance de poder fazer a coisa certa, quer que eu seja o monstro que abandonou o filho, é isso?
— Infelizmente é assim. Eu também não planejei, está bem? – Ela jogou o exame em cima do balcão. – Pensa bem no que você quer. – Pegou a bolsa que ela havia pendurado no banco. – Amanhã marquei uma consulta se quiser me acompanhar e aproveitar para me dizer o que decidiu. Só me ligar. – Andou até a saída e bateu a porta, me deixando ali, totalmente sem reação ou palavras.
Tudo que me vinha na cabeça era como eu diria isso a . E nesse momento toda aquela ilusão, desabou. E a minha realidade chegou passando por cima de mim feito um trator.
Eu estava sem cabeça para ir ao tal aniversário, mandei uma mensagem para , avisando que não poderia acompanhá-la hoje, mas prometi que nos encontraríamos amanhã, afinal eu precisava dar essa notícia a ela, só ainda não sabia como.
Liguei a televisão para ver se afastava certos pensamentos, levantei-me tomei uma cerveja. Resolvi tomar uma ducha, quem sabe isso refrescaria minha mente. Saí, enrolei uma toalha na cintura e caminhei até a cozinha e peguei um cigarro, do maço que eu tentava deixar escondido, mas hoje era um caso de necessidade. Acendi o cigarro e fui até minha janela. A cada tragada, flashes dos meus dias com invadiam minha mente, misturados com a notícia que despejou sobre mim hoje. Logo agora que tudo estava dando certo. O que eu devo fazer? Acabei acendendo um segundo cigarro, tamanha era minha tensão. De repente ouvi o interfone tocar. Quem deveria ser a essa hora da noite?
— Quem é? – Segurei o botão apertado.
— Sou eu, a .
— Vou abrir. – Apertei o botão mais uma vez, liberando a entrada.
Ao mesmo tempo que meu perto encheu de alegria, a angústia ainda me corroía por dentro. Corri e vesti uma calça de moletom e a esperei com a porta aberta.
— Olha o que eu trouxe. – Ela entrou segurando uma garrafa de vinho. Em seguida tranquei a porta. – Você está bem? – Ela perguntou.
— Estou sim, estava só cansado. E o aniversário? – Perguntei e selei nossos lábios em um beijo rápido.
— Chato... – Ela largou o vinho na bancada da cozinha. – Fiquei só um pouquinho para marcar a presença e... – Abriu as portas do armário e pegou duas taças. – Eu fiquei com saudades, não ia aguentar até amanhã. – lançou aquele sorriso doce, que conseguia me fazer esquecer de qualquer problema. – E fiquei preocupada quando você mandou a mensagem dizendo que não ia mais. – Ela serviu nas duas taças.
— Eu estou bem sim, só não estava em clima de festa hoje. – Bebi um pouco do vinho que ela havia servido. — Estava muito cansado.
— Não ando te deixando dormir direito, não é mesmo. – Sorriu com malícia e bebeu um gole de seu vinho.
— É... – Sorri de canto.
— Então acho melhor eu deixar você hoje ter uma ótima noite de sono e ir embora. – Ela bebeu o resto de sua bebida.
— Não... Nem pensar que vou deixar você ir embora. – Larguei a minha taça e dei a volta na bancada da cozinha e a abracei por trás, beijando toda a curva de seu pescoço. – Que bom que você veio. – Sussurrei em seu ouvido, sabia que a deixaria arrepiada.
... – Ela pronunciou meu nome toda manhosa e eu continuei beijando desde sua bochecha, passando pelo pescoço e afastei seus cabelos para beijar sua nuca. já estava com o corpo todo mole contra o meu.
Continuei com meus beijos, até que a virei de frente para mim e a pressionei contra a bancada da cozinha. Juntei nossos lábios em um beijo ardente e ela seguiu o ritmo. Segurei firme seu quadril e a coloquei sentada em cima da bancada. Ela usava um vestido soltinho, fiquei em pé entre suas pernas e enquanto não rompíamos aquele beijo, segurei firme em seus joelhos. Afastei nossos lábios por alguns instantes, puxei seu vestido mais para cima, afastei suas pernas e comecei a espalhar beijos molhados pela sua coxa. Ela arfou, arqueou suas costas e jogou seus braços para trás, para se segurar na bancada. Continuei roçando minha barba rala por toda essa região. Sua pele arrepiou-se e ela movimentou os braços e acabou esbarrando na minha taça de vinho, derramando o líquido que escorreu por toda superfície do balcão e em seus cabelos. ergueu-se cortando o clima.
— Que bagunça. – Ela riu e desceu da bancada, pegando um pano para secar.
— Pode deixar assim... Amanhã eu limpo. – Não queria cessar aquele momento quente.
— Ai, olha... Caiu em cima de uns papéis seus... – Ela pegou uma pastinha pela ponta, ela estava pingando e levou até a pia. – Voltei a abraçá-la por trás, como eu necessitava de seu toque. – O que... – Ela virou-se de frente para mim. – É isso? – Seu olhar já não era terno, nem possuía desejo nele. Foi quando me dei conta o que ela estava segurando. – Quem é H. Williams? – Meu sangue congelou. – E por que esse exame de laboratório estava aqui no seu balcão?
— Eu... – Limpei a garganta. — Ia te falar sobre isso. – Peguei de suas mãos, aquele exame que estava metade ensopado de vinho.
estava séria, apenas aguardando uma explicação minha.
é minha ex namorada. E... Ela apareceu hoje aqui. E... – Cocei minha nuca. – Ela está grávida.
— Percebi. – baixou o olhar.
— Não pense que eu ando escondendo coisas de você.
— No momento não sei bem o que pensar. – sentou-se e escorou os cotovelos na bancada e colocou as mãos no rosto.
, olha pra mim. – Segurei em seu queixo. – Eu... Só tenho certeza de uma coisa, que eu quero ficar é com você.
, vocês terminaram a pouco tempo? Não foi por minha causa, né? – Sua voz saiu baixa.
— E isso importa?
— Importa e muito... Estou começando a sentir que não deveria ter voltado. – Respirou fundo.
— Não fala isso, por favor. – Segurei em suas mãos. – Eu vou resolver isso, não se preocupa. , a vai embora daqui um mês, ela me falou que vai voltar para a casa dos pais em San Diego, na Califórnia. Nada vai mudar.
— Tudo acabou de mudar. – Balançou a cabeça. – Tem uma gravidez envolvida, não é qualquer coisa. É algo que vai mudar sua vida completamente. E como sua consciência vai permitir você sabendo que está a um oceano de distância de um filho seu. – Ela tinha lágrimas em seus olhos. – E eu não me permitiria jamais ficar no seu caminho e não conseguiria ficar com você, caso abandonasse ela nesse momento.
— Eu não sou assim, mas eu não a amo. – Desabafei. – É com você que eu quero ficar.
— Acho melhor eu ir pra casa, amanhã conversamos melhor, . Estou me odiando da maneira que estou me sentindo agora, estou com pensamento muito egoísta e... – Passou a mão pelos cabelos. – Não quero tomar nenhuma atitude que eu possa me arrepender depois. Desculpa, . – Ela enxugou algumas lágrimas.
, fica... – Um nó formou-se em minha garganta.
— Amanhã, ... Eu prometo. – Ela pegou as chaves do seu carro e saiu pela porta.
Ao ver saindo por aquela porta, era como se aquele sonho acabara de se tornar um pesadelo. Respirei profundamente lutando contra as lágrimas que insistiam em cair de meus olhos. Mas dessa vez eu não poderia deixar escapar por entre meus dedos.

(...)


As olheiras no dia seguinte, revelavam a noite mal dormida que tive. ainda não havia respondido nenhuma de minhas mensagens, mas ainda era cedo, talvez ainda não tivesse acordado. Enviei um mensagem para Nathan me encontrar no Green Café, precisava desabafar com meu amigo.
Fiz um pedido de um café da manhã bem reforçado, enquanto aguardava Nate chegar.
— O trânsito está uma loucura, já a essa hora. – Nate chegou reclamando. – Que cara péssima é essa? – Sentou-se à minha frente.
— Cara de quem está atolado em problemas.
— Que aconteceu? – Me olhou preocupado. Minha cara devia estar péssima mesmo, pois Nathan sequer continuou com suas piadinhas.
— A me procurou e... Ela está grávida. – Contei de uma só vez. – Não sei o que fazer.
Nate ficou calado por alguns instantes, diria até que ele ficou pálido. Pela reação dele, acredito que ficou mais chocado que eu.
— Não vai dizer nada? – Perguntei, já que nenhuma palavra saia da boca de Nathan. Ele ainda me olhava atônito.
— Eu... – Coçou a nuca. – Nem sei o que dizer. Eu... – A garçonete trouxe meu pedido na mesa, fazendo Nate se calar mais uma vez.
— E ela tem uma consulta hoje, não sei se a acompanho ou não. – Continuei assim que a garçonete deu as costas.
— Acompanha... Sim! – Ele balançou a cabeça afirmativamente. Ele definitivamente estava mais abalado que eu com a notícia.
— Aconteceu alguma coisa. – Senti que Nathan estava estranho.
— É que... Ela chegou a confirmar que você é mesmo o pai? Digo, ela sabe de quanto tempo ela está grávida?
— Como assim?
— É que... – Ele estava totalmente atrapalhado nas palavras, nunca tinha visto o Nathan desse jeito. – É que, vocês terminaram mais de um mês e... Sei lá, poderia ser de outro. – Ele deu de ombros.
— De outro? Ela está namorando outra pessoa? Você ficou sabendo de algo?
Nathan estava com uma expressão muito estranha hoje, nem parecia o mesmo que eu conheço há tantos anos.
, somos amigos há o que? Uns sete anos? – Concordei com a cabeça. – Eu preciso te contar uma coisa. Eu te considero quase um irmão e... – Limpou a garganta.
— Fala logo. — Nate estava nitidamente nervoso e aquilo já estava me deixando aflito. – O que você sabe?
— Bem, quando você e a terminaram, ela me encontrou no meio do caminho e me deu uma carona e resolveu desabafar comigo, sobre o término e... – Ele deu uma tossida. – Bem, uma coisa levou a outra e...
— E o que? – Estava ficando impaciente.
— Dormimos juntos naquela noite.
Eu deveria ficar furioso naquele momento, mas admito que fiquei sem reação alguma por uma fração de minutos, fiquei chocado com aquela revelação, mas porque eu não estava totalmente surpreso? Nathan andava me evitando no último mês, mas como eu estava tão envolvido com a , não dei a real atenção a isso.
— Então, o filho pode ser seu? – Perguntei friamente.
— Acho que sim. – Seu olhar entregava mais que culpa, entregava algo a mais.
Passei as mãos pelos cabelos, me senti desnorteado, parecia que minha cabeça estava girando. Eu sequer sabia explicar o que eu estava sentindo no momento, senti-me traído pelo meu amigo, mas ao mesmo tempo uma sensação de alívio prevalecia.
— Por que você nunca me contou isso, Nathan? – Balancei a cabeça.
— Medo? – Ele mal podia me encarar. – Eu...
— Me responde uma coisa... Não foi a única vez, não é?
Sem me olhar, Nathan balançou a cabeça negativamente.
— Mas... Foi depois que vocês terminaram. – Ele prontamente se explicou. – Ficamos algumas vezes nesse mês que passou.
Eu só peguei meu celular e digitei uma mensagem para , dizendo que a acompanharia na consulta hoje no final da tarde.
— Você não vai dizer nada? Me xingar, me expulsar a socos da sua frente?
— Não... – Respondi na maior calma. — Nós temos um compromisso hoje no final da tarde. – Mostrei o celular a ele, junto com a resposta de dizendo o horário e o endereço do médico.

(...)


Saí do trabalho, peguei minha moto e segui até o endereço do consultório.
Nathan e eu chegamos juntos para a consulta, deixando totalmente sem reação. Pedimos permissão para ambos entrarmos juntos, apesar de de início ter contestado, ela foi obrigada a ter que aceitar.
E foi quando o médico deu o tempo de gestação de , deixando Nathan mais uma vez pálido. Ela estava apenas de quatro semana, o filho não poderia ser meu.
— Parabéns, papai. – Dei um tapinha nas costas de Nathan. Admito que naquele momento tudo que senti foi alívio, sequer consegui ter raiva de Nate ou de , afinal eu não havia sido a pessoa mais honesta quando terminamos.
Assim que saímos do consultório, Nate e estavam desconcertados diante de mim.
— Olha, vocês não têm nada o que me explicar. , nós havíamos terminado.
— Eu sei, mas... – Ela começou a chorar e olhou para Nathan. – Nate, sinto muito, não ter avisado você também. Eu... – O olhar de para Nathan, era o mesmo que eu tinha quando olhava para , naquele momento percebi que aquele ciclo havia encerrado de vez.
— Cara, desculpa mesmo. – Nathan se aproximou.
— Olha, Nate. Sem ressentimentos, você sabe. – Segurei em seu ombro. — Agora é com você. Cuida bem dela e do filho de vocês. – Aquelas palavras soaram tão certo e um alívio meu peito prevaleceu. — Eu preciso ir.
Peguei meu celular e havia uma mensagem de :
“Dessa vez as coisas vão ser diferentes, não vou desistir de nós. Saiba que ficarei ao seu lado para tudo que precisar. Venha aqui em casa, hoje à noite para conversarmos melhor.
Preparei uma janta especial. 😊”

Digitei de resposta para . “Você me faz o homem mais feliz do mundo. Tenho novidades. Quando eu chegar, te conto tudo. Eu te amo muito.”
Subi em minha moto e acelerei o máximo que pude, queria poder contar e esclarecer tudo o quanto antes para . Antes parei em uma floricultura e a senhora disse que a begônia representava felicidade, cordialidade e lealdade no amor, sabia que eram aquelas flores que deveria levar para ela.
Cuidei ao colocar as flores comigo na moto e então dei partida. Passei costurando alguns carros, alguns até buzinaram, mas eu estava ansioso demais para encontrá-la e ignorei.
Aquela moto já não parecia ir à velocidade suficiente que eu queria. Queria chegar logo, abraçá-la, tocá-la, beijá-la. Queria de agora em diante fazer tudo que estivesse ao meu alcance para fazê-la feliz, se sentir amada e desejada. A lembrança dela triste, saindo de meu apartamento da noite passada, essa imagem não queria que se repetisse nunca mais.
Toda aquela adrenalina, da velocidade e da ansiedade em chegar, percorria pelo meu corpo. Ultrapassei mais alguns carros. Até que de repente, escutei uma buzina alto e um clarão.

(...)


Se um tempo atrás eu me olhasse parado em frente à porta de uma garota segurando aquelas flores, juraria que eu mesmo não me reconheceria, diria que estava louco.
Toquei a campainha e ninguém atendeu, toquei mais uma vez e um desespero repentino tomou conta de mim, junto com uma dor insuportável por todo meu corpo, olhei para as flores que estavam em minhas mãos e elas estavam despedaçadas, as pétalas caídas pelo chão. Eu não estava entendo o que estava acontecendo. Não conseguia mais segurar aquele pequeno vaso e o derrubei próximo aos meus pés. Encarei minhas mãos que estavam doloridas, notei que estavam esfoladas e com sangue. Olhei ao redor e o corredor do prédio de estava com uma luz branca muito forte, mal conseguia enxergar.
Minha cabeça latejava, uma dor insuportável estava me deixando tonto, mal conseguia respirar.
... – A chamei com dificuldade. Seu nome ecoava naquele corredor que parecia não ter fim. – G-... – Não tinha mais força em meus pulmões. Ouvi um estampido e uma luz branca fez meus olhos arderem.
Pisquei e voltei a sentir que podia respirar. Minha visão estava embaçada e pisquei mais algumas vezes.
— Como? – Olhei ao redor e eu estava em uma sala branca, deitado em uma maca? Sentia meu corpo dolorido. – ? – Minha voz ainda saía com dificuldade. – estava ao meu lado, com sua mão entrelaçada na minha. Tentei sentar-me, ainda um pouco grogue.
— Calma... – Ela me ajudou.
— O que aconteceu?
— Não lembra? Você atravessou um sinal vermelho, a van que veio em sua direção desviou, mas a sua alta velocidade fez você derrapar pelo asfalto. – Ela passou as mãos pelos cabelos. – Meu Deus, ... – Uma lágrima escorreu pelo seu rosto.
— Eu estava indo para o seu apartamento. — Baixei o rosto verificando que eu estava com curativos pelo meu braço e perna. Minha mão estava enfaixada e meu pé também.
— Você é doido, quase me matou de susto. – Sua voz saiu trêmula e me deu um tapa no ombro.
— Ai... – Aquilo doeu mais do que devia.
— Desculpa. – Ela arregalou os olhos, preocupada. – Sério, ... O que você estava pensando?
— Eu estava com pressa? Queria chegar logo? – Falei feito uma criança arrependida.
— Nunca mais faça isso comigo. – Ela respirou profundamente e pousou sua mãos sobre a minha que estava enfaixada. – Quando me ligaram do hospital. – Ela fechou os olhos por alguns instantes. — , não suportaria perder você, não entende isso?
Naquele momento senti meu corpo ficar anestesiado devido àquelas palavras.
... – A puxei de leve pela mão, afinal estava sem forças. Fiz ela aproximar seu rosto do meu. – Você não vai me perder. – Selei nossos lábios em um beijo suave e curto, para aquietar aquela saudade que já apertava em meu peito. – Eu precisava te contar... — Antes que eu continuasse o médico entrou na sala.
, você teve muita sorte rapaz. Mas muita sorte mesmo. – Ele balançou a cabeça. — Suas radiografias estão normais, nem um osso quebrado, apenas uma torção no tornozelo direito e a tomografia também tudo dentro da normalidade. Está liberado e aqui estão apenas os remédios para as dores e para evitar qualquer infecção nas lesões. E trocar os curativos. – Destacou um papel e me alcançou.
— Obrigado, doutor.
— E mais prudência da próxima vez que pilotar uma moto, hein. Não conte mais com essa sorte. Tenham uma boa noite. – Ele deu as costas e saiu da sala.
Levantei-me cautelosamente e me ajudou, fez eu apoiar um dos braços ao redor dela, para descer com mais facilidade da maca.
— Vou te levar para o meu apartamento. O jantar deve estar gelado, mas eu esquento para nós. Já assinei encaminhei a papelada antes, você só precisa assinar agora na saída.

(...)


Uma semana se passou desde o acidente. Tudo estava esclarecido com . Nathan havia me ligado ontem para contar que havia conseguido um emprego novo e iria embora para Los Angeles com no próximo mês.
— Desse jeito não vou querer me recuperar nunca. – A observei enquanto, delicadamente, trocava o curativo da minha perna.
— Não vai se acostumando assim não, . – Ela riu, arrumou uma almofada no meu pé e sentou-se ao meu lado no sofá. – Já está quase recuperado, está bem desinchado seu pé. — Amanhã você tem fisioterapia antes de ir trabalhar, não esquece.
— Pode deixar, minha enfermeira. – Ri e a puxei para um beijo.
— Eu tenho uma novidade. – Ela se aconchegou em meu ombro, pegou o controle remoto e baixou um pouco o volume da televisão. – Sabe aquela ideia do pub, que eu havia mencionado um tempo atrás? Então... Eu consegui um lugar ótimo, fechei negócio hoje à tarde e semana que vem começaremos a reforma.
, isso é ótimo! – A abracei forte e beijei o topo de sua cabeça.
— Já sabe quem vai tocar na inauguração, não é mesmo? – Ela ergueu a cabeça para me olhar e ergueu uma de suas sobrancelhas.
— Sério? – Franzi a testa e ela balançou a cabeça afirmativamente. – Eu ando meio enferrujado, há tempos não toco.
— Meu músico preferido vai me deixar na mão?
— Jamais.
ergueu seu rosto e com um sorriso estampado, ficou me encarando, seu olhos falavam por si. Ah, se ela soubesse os efeitos que esses olhares provocavam em mim.
Puxei-a pela cintura, deixando-a sentada em cima de mim. se inclinou e iniciou um beijo calma, mas em fração de segundos nosso beijo se tornou intenso, ávido e deliciosamente apaixonado.
Ao retirar minha camiseta, , teve um cuidado maior devido aos ferimentos que ainda estavam cicatrizando, mas eu não sentia dor alguma, apenas a excitação que se espalhava pelo meu corpo a cada toque suave das mãos de .
— Eu te machuquei? – Ela olhou preocupada assim que terminou de arrancar minha camiseta. Neguei com a cabeça. Ela sorriu com malícia e continuou a me entorpecer com seus beijos.
Entre uma carícia e outra, toques envolventes, eu me perco em seu corpo. Essa mulher consegue cada vez me surpreender com sentimentos que jamais experimentei.
— Você me deixa excitado tão fácil. – Sussurrei em seu ouvido. Ela respirava fundo completamente entorpecida com a sensação.
E assim nos perdemos um no outro, passei minhas mão pela lateral de seu corpo, sua pele arrepiada. Puta que pariu, ela enlouquece minha mente de tão gostosa que é. Esse tesão incontrolável faz meu corpo latejar de excitação. Podia ver seu desejo correr em seus olhos. Seu corpo estremeceu sobre o meu e seu gemido ao pé no meu ouvido me faz delirar de prazer.
Sua respiração está em sincronia com a minha, enquanto ela descansa sobre o meu peito, provavelmente ouvindo o batimento acelerado do meu coração.
Ela se mantinha abraçada em mim, de bruços e com as bochechas ruborizadas.
— Acho que você já está bem recuperado. – Ela ergueu seu rosto.
— Sua culpa. – Eu ri.
Seus olhos brilhantes e aquele sorriso extasiado em seus lábios cheios e rosados, traduzia os sentimentos dela. A forma real e apaixonada como me olhava, afirmava como se eu fosse tudo para ela.
— Sabe... – afastei alguns fios de cabelo que estava colados em sua testa. — Eu sou totalmente viciado em você e sempre serei. Você me faz sentir coisas que... – Respirei profundamente. – Ah, , a cada dia estou mais apaixonado por você.

(...)


, é você... – Jack me chamou. Era minha vez de tocar. Peguei meu violão e era como se eu voltasse no tempo, sentei-me naquele banco no centro do palco. Ajustei o microfone e pousei meu violão em me colo. Assim que comecei a dedilhar as cordas do violão, era como se naquele momento eu tivesse sido transportado para o passado, uma forte lembrança do Royal Oak invadiu minha mente. Lembrei-me das noites em que aguardava na esperança de reencontrar em meio às pessoas que frequentavam o bar.
Só que essa noite era diferente, o primeiro rosto que avistei foi o dela. , com o olhar todo orgulhoso, me assistia na primeira mesa próxima ao palco. Acompanhando a música nova que havia escrito uma semana antes da inauguração de seu pub.

I guess I want too much (too much)
I just want love and lust
You just can't love enough
That's why I need a touch
That's why I need a touch
That's why I need a touch
That's why I need a touch
That's why I need a touch


— Eu queria dizer uma coisa. – Levantei-me e larguei o violão ao lado. – . você chegou, derrubando meu café, contrariando minhas ideias, esbarrando em minha moto... – Eu ri. — Virou minha cabeça do avesso, minha vida ficou na contramão, você mudou meus conceitos. Logo em seguida me deixou destruído e me sufocou na saudade. Eu que sempre fui forte, havia encontrado meu ponto fraco e mesmo eu tendo negado muitas vezes, sentia falta da sua presença. Mas você voltou e me fez me viciar novamente em seu toque, em sua companhia, em seu cheiro, sua conversa, seu sorriso. E voltou para colocar tudo no seu devido lugar e fez meu coração perceber que mesmo depois de bagunçar, machucar e virar meu mundo de cabeça para baixo eu precisava de você. E perceber o quanto tudo é melhor ao seu lado.





Fim!



Nota da autora: sem nota.

Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.


comments powered by Disqus