Capítulo Único
Manhattan. Condado de Nova Iorque. Uma cidade como qualquer outra, certo? Não para seus habitantes. Muito menos para .
Dois terços de sua vida o jovem passou na casa de seus pais. Acostumados com uma vida calma, ao contrário de muitas pessoas que moravam naquele país, deram lar, educação e tudo que podiam à sua filha mais velha Elouise e, também, ao pequeno .
Diferente do que o mais novo queria pra vida, Elouise, logo que fez dezessete anos, arredou os pés do sofá, procurou um emprego pela cidade em que moravam, - ainda no Bronx - e quando conseguiu dinheiro o suficiente voou para Finlândia, dando início a sua vida acadêmica e mostrando que era realmente a mais responsável dos filhos de Mayra e Francis.
Cada vez mais orgulhosos da filha, a pressão que colocavam sobre ficava cada vez mais forte e mais cedo. Aos treze anos, quando sua irmã tinha vinte e estava na capital do país dos sonhos dela, já estava sendo colocado na melhor escola da cidade onde seus colegas também tinham as mesmas neuras de seus pais. Serem os melhores, independente de gosto, idade, aparência ou qualquer outro tipo de diversidade. Apenas serem os melhores.
Ele não concordava. Talvez por se considerar um clássico aquariano, como sua tia Dalila falava toda vez que ia a sua casa, ou simplesmente porque via tudo de um modo diferente. Como se ele não se encaixasse naquela cidade. Naquele ritmo dos seus pais, quase que negando que morassem nos Estados Unidos. Naquela vida que a irmã queria ter novamente.
Pois é, ele nunca quis ter uma vida quieta. Ele queria participar de tudo. Nem que custasse suas noites de sono, ele queria que a sua vida valesse a pena.
Foi quando completou dezoito anos, cinco anos depois, que tomou uma decisão.
- Estou indo pra Manhattan. - disse aos seus pais, sentado em frente deles na mesa de quatro lugares da sala. Eles tinham os olhos arregalados enquanto despontava um sorriso de canto. Sonhara com aquele momento desde que havia feito quinze anos, quando começou a trabalhar escondido no Bronx’s Bowling Club. Mas finalmente havia chegado o dia.
Eles custaram a aceitar. Foi uma semana na luta de mudar o pensamento deles. Entretanto, na segunda-feira da outra semana, lá estava ele no carro emprestado de seu tio Levy indo em direção à liberdade. Quer dizer, Manhattan.
Depois de uns bons anos trabalhando como guia no Empire State Bulding, sua chefe, Ivy, descobrira seu talento com a música e o indicou para a melhor produtora da cidade. Ele não podia ter ficado mais feliz. Naquela semana, acordar cedo não era mais um problema, sabendo que a tarde se dedicaria somente e apenas à música.
Quando , finalmente, se mostrou merecedor, Ivy Claire o dispensou e deixou um conselho que nenhuma outra pessoa havia lhe dito.
“, você tem um dom. E esse dom é a música. Por favor, não o desperdice. Daqui a anos, eu aposto uma boa grana que você estará em todas as televisões do nosso país…”, e, pra completar, ela tinha dito aquilo com um sorriso tão grande, com os olhos tão encantadores, que não só a fala ficara registrada em sua memória como o rosto dela também. Ivy, sem dúvida alguma, seria uma das pessoas que ele seria grato pelo resto de sua vida.
Pois, afinal, ele tinha conseguido.
Era uma das revelações não só de Manhattan como de toda Nova York, chegando a ser escutado em outros Estados, e ficando nacionalmente famoso.
Se sua irmã estava certa em ir pra Finlândia perseguir os sonhos dela, ele também estava certo em viver pela música. Pois ele já não conseguia viver sem.
Era exatamente na alegria que ele sentia por ter vencido tanto na vida que ele estava pensando quando abriu a janela de seu quarto. Apoiou o cotovelo no parapeito e a cabeça na mão, ficando na sua típica posição quando queria pensar. Era noite e ele estava até um pouco cansado devido às horas que ele havia passado compondo e tocando seu violão, quando não estava monitorando suas redes sociais em busca de novos fãs. Era gratificante ver como seu trabalho crescia cada vez mais.
Deixou a mente vagar no passado, nas pessoas que ele havia conhecido até chegar ali, até que seu olhar desceu das poucas nuvens do céu escuro que cobria Turtle Bay para o prédio da frente.
, como um bom observador, já sabia decoradamente a rotina tediosa de alguns habitantes dali. Apesar do prédio ser idêntico aos que as pessoas viam na televisão, a vida das pessoas que ali moravam nem chegavam a ser das brilhantes pessoas dos filmes. Nada que desse, ao menos, uma música, o que ele sempre estava em busca.
Ele bufou e rolou os olhos.
Ah, se ele pudesse bater na casa da única pessoa que ali lhe interessava… Aliás, pra tudo há uma exceção, certo? E, por enquanto, a do edifício da frente era uma mulher que passava o dia inteiro em frente à tela de seu computador, só ligava a luz de seu quarto quando começava a escurecer e fazia suas refeições um tanto quanto regradas. Ele sentia certa curiosidade pra saber o que ela tanto fazia naquele pedaço de tecnologia. Principalmente com uns aparelhos tecnológicos que ele nunca vira na vida. Era algo a se analisar.
E lá estava ela. Com a luz do quarto acesa, o rosto vidrado na tela luminosa, e os olhos inquietos, indo, provavelmente, atrás de cada movimento que a setinha do mouse fazia.
Pensando bem, tinha até umas suposições. Ela devia ter por volta dos vinte poucos anos, havia grande probabilidade das horas que ela passava confiscada em seu quarto junto a seu computador ser seu trabalho, e, o principal, era que ela parecia ser solteira, já que nunca tinha visto nenhuma pessoa dentro do apartamento dela a não ser uma menina ruiva, a qual ela não beijava na boca para cumprimentar. Bastantes palpites pra alguém que nem tinha a ver com a vida dela.
Mas, ao contrário do que ele esperava naquela noite, ao fechar a janela, a mulher sentiu uma rajada de vento entrar pela fresta de sua janela aberta e, de relance, olhou pra fora, percebendo justamente a janela do outro prédio que se fechava. Era a do homem que às vezes ela pegava olhando pela janela. Ela ria daquele hábito do sujeito, mas, de alguma forma, achava interessante. Ela também gostava de observar nas poucas vezes que saía de casa.
Inclusive, a bela moça se chamava e amava uma boa xícara de cappuccino pra terminar os trabalhos do dia. Por isso, ela foi rapidamente à cozinha, não demorou dez minutos ao fazer, e levou junto com alguns papéis para seu quarto. Só mais alguns ajustes e mais um site estaria pronto. Mais um a ser entregue e mais dinheiro na sua conta. Era disso que ela vivia.
Após terminar sua bebida, lavou rapidamente a louça, tomou uma chuveirada quente pros seus músculos relaxarem de tantas horas sentada, e respirou fundo antes de colocar sua cabeça em cima de seu travesseiro, dando passagem pra um sonho bom ocupar sua mente antes de ter que acordar pra um dia inteiro fora de casa. Definitivamente, aquele seria um longo dia.
tinha marcado com Christina, uma nova cliente, na casa da mulher. Só não imaginava que ficava do outro lado da cidade e que passaria horas no trânsito.
Ficara admirada com a casa luxuosa da dona da casa, rodeada por paredes de vidro que deixavam o ambiente externo a mostra e dava a impressão que tudo era um só lugar, sem divisões.
Depois de aceitar uma xícara de chá que a mulher ofereceu, elas se sentaram numa mesa aos fundos da casa, pra Christina pegar seu sol da tarde, e se puseram a conversar sobre o site que a arquiteta tinha projetado a mão.
- Aqui está. - a tal secretária de Christina deu o modelo nas mãos de , que sorriu e percebeu que ela realmente entendia muito de design gráfico. Apesar de ser um pouco dondoca e parecer não ter algo útil no cérebro, a senhorita Christina era uma boa desenhista. Não seria difícil projetar o tão sonhado site que queria.
- Fica caro, querida? - a mulher perguntou bebericando mais uma xícara de chá, o qual tinha tomado apenas uma e não aguentaria mais um mínimo gole. Realmente não tinha nenhum pé na terra da rainha, ao contrário da mulher a sua frente.
- Não, imagina… - falou dando um sorrisinho de lado, mas não perdendo a chance de pensar que, com Christina, ela poderia aumentar o preço, sabendo que ela pagaria.
A mulher pensou duas vezes antes de discutir sobre o preço estipulado pela designer, mas pediu para a secretária seu maço de cheques, já o dando para , que saiu da casa sorrindo de orelha a orelha. Ela gostava cada vez mais de seu trabalho.
Durante a volta pra casa não largou o celular, vendo que chegava mensagens de novos pedidos, de suas amigas de infância, de sua mãe, de sua avó… Era muita coisa para sua cabeça. Apesar de saber lidar bem com tantas tarefas, estava na estrada e não era hora para aquilo.
Assim que chegou em seu bairro, estacionou no primeiro café que achou e entrou no lugar, pedindo logo seu clássico cappuccino com a torta do dia, que vira que era a alemã, sua predileta.
Enquanto tomava seu café da tarde, respondeu as mensagens apenas necessárias e, quando reparou, já eram 6 horas. Hora do caos. Hora nem que ela sabia como chegaria em casa. O dia que começara livre de nuvens no céu, começou a se acinzentar mostrando que cairia pelo menos alguns chuviscos pela cidade.
Bufou e entrou no seu carro, pensando que teria de atravessar o bairro pra chegar em casa. Trânsito natural mais chuva daria em trânsito caótico.
Não deu em outra. Demorara aproximadamente quarenta e cinco minutos quando, se tivesse feito o caminho a pé teria dado em dez ou quinze, no máximo.
Estacionou o carro em frente a seu prédio, como sempre, e pegou a bolsa no assento ao lado, colocando-a sobre seu cabelo evitando que pegasse um resfriado.
Saiu apressada e correu pro seu prédio, que tinha a porta fechada. Ela tentou, uma, duas, três vezes abri-la e não conseguiu. Também colocou o rosto bem perto do vidro que tinha na porta e percebeu que não havia nem sinal do porteiro Wesley.
- Por que, Deus, por quê? - começou a falar sozinha, tentando abrir a porta desesperadamente. - Um ótimo dia pra uma péssima noite? Que bela forma de se compensar a minha pessoa. - estava prestes a começar a chutar a porta quando sentiu uma mão no seu ombro.
Virou o rosto de leve e encontrou um sorriso extremamente branco perto de seu rosto.
- Problemas com a porta do prédio? - o jovem perguntou.
- Muitos. - ela bufou, arregalando os olhos, mas um pouco envergonhada por alguém ter presenciado aquilo. Principalmente aquele moço que parecia bem bonito.
- Deixa eu te ajudar. - ela fez os lábios ficarem numa linha fina e deu um passo pra trás, reajeitando a bolsa em cima de sua cabeça e deixando o homem tentar abrir aquela porta que parecia estar emperrada. Ele tentou puxar, empurrar, e até pegar distância pra chutar, mas também não conseguiu. Depois daquelas tentativas, ele limpou o suor, ou gota de chuva, que caía de sua testa e falou um pouco sem graça.
- Olha, acho que não tem muito jeito não… Vamos ter que chamar um chaveiro pra ver o que aconteceu com essa porta. - ela deixou cair a mão que sustentava a bolsa, de vez, e fez uma careta tristonha, sentando-se a frente do prédio e repousando o objeto em suas pernas dobradas, fazendo a chuva cair toda em sua calça, encharcando-a.
- Deixa, eu vou esperar o porteiro chegar e ver o que faço. Mas obrigada. - sorriu pro sujeito, agradecida, e ele tentou sorrir, mas saiu uma careta, preocupado em deixar uma mulher bonita como ela sozinha por ali.
- Tem certeza que quer ficar aí sozinha, nessa chuva, nessa escuridão? - ele tentou persuadi-la.
- Mas não tem pra onde ir… - ela deu de ombros. Ele teve uma ideia, mas não. Não iria chamá-la para ir a seu apartamento. Ela entenderia seu ato altruísta como o de um maníaco.
- É… - coçou a cabeça, desgrenhando os fios molhados de seu cabelo. - Tudo bem. Mas se cuide. - ele sorriu e foi atravessando a rua, tentando não olhar pra trás. Tentou seguir seu rumo, mas não conseguiu. Avistou a mulher do outro lado da calçada com a mão sustentando a cabeça, como se tivesse esperando por um milagre e resolveu ser o milagre dela. Não podia deixá-la ali. De qualquer forma, ele a conhecia. Só ela não o conhecia.
Atravessou apressadamente a rua e estendeu a mão pra ela, que avistou e subiu o olhar pelo tronco dele. Agora a blusa marrom escura dele estava bem colada ao corpo e mostrava o belo corpo que ele tinha. Ela queria não ter reparado nisso, pois quase não escutou quando ele falou.
- Tudo bem, não vou te deixar aqui. Sendo sincero, eu moro aqui na frente. Nesse prédio. - apontou pro prédio da frente e ela fez menção em olhar. - Vem, eu te levo até lá, pra pelo menos trocar essa roupa. Vai pegar um resfriado se continuar aqui, debaixo da chuva… - tentou fechar a boca antes que se enrolasse na fala, mas, foi só vê-la sorrindo que também abriu um sorriso.
- Não pretende fazer outras coisas comigo, não é? - ela levantou colocando a bolsa no ombro.
- Pode confiar em mim. Não farei nada que você não queira.
A mulher riu de lado, mas, secretamente, estava mesmo era nervosa. Tudo bem que ele era bonito e musculoso, mas ainda era um desconhecido.
Seguiu o rapaz até o prédio da frente, não tendo a preocupação em cobrir seu corpo mais, e logo adentraram a portaria. Passaram por um espelho de corpo todo e ela reparou como estava extremamente molhada. Já não era difícil saber que, de qualquer jeito, ela pegaria um resfriado.
Ele apertou o botão do elevador e ela espremeu a bolsa mais contra o corpo e, sem perceber, acabou esmagando-a e fez pingar muitas gotas d’água dela.
- Me dá sua bolsa. Vai acabar te molhando mais do que já está molhada. - ela pensou duas vezes antes de fazer isso e até fez uma careta, que o fez rir. Entregou-a, sem graça. O elevador chegou e, assim que se viu naquele cubículo com o rapaz charmoso ao seu lado, falou fraco, mas audivelmente.
- Obrigada. - sorriu de canto, sem saber se expressar muito bem.
- Calma que ainda vai ter muito o que agradecer… - ele disse, fazendo graça.
Assim que saíram no décimo primeiro andar, ela sentiu uma pontada de curiosidade passar por seu corpo. Olhou de novo, no visor, os dígitos, mas não conseguiu associar a nada. Deu de ombros e o seguiu. Foram parar na porta do 1101, a qual já tinha a chave sendo girada e logo estava aberta.
- Por favor. - ele tentou ser cavalheiro e ela sorriu com o gracejo, entrando e esperando ele ligar a luz. Antes que pudesse reparar no cômodo todo, agora iluminado, ele chamou sua atenção. - Ainda não sei o seu nome…
- . . - sorriu e juntou as mãos em frente ao corpo. - E você seria…
- . Mas pode me chamar só de .
Ele sorriu e reparou que o traje dela até estava bonito, mas completamente molhado. Aumentou o sorriso, ao pôr seus pertences que antes estavam no bolso na bancada americana que tinha ali, e voltou-se a mulher que ali estava.
- Então, , o banheiro fica ali no corredor. É a primeira porta a esquerda. Quanto a suas roupas… - colocou a mão sob sua barba por fazer, esfregando suavemente, pensando como poderia ajudá-la. , sem querer, mordeu o lábio inferior com o gesto do homem. Reprimiu seu eu interior, que estava começando a se libertar, e se recompôs sorrindo quando ele pareceu ter uma ideia. - Já sei. Vou te dar umas roupas minhas, você as troca e, quando tiver com elas, me dê as molhadas que eu mesmo lavo. Não se incomoda, né?
não gostou da ideia de um homem lavar suas roupas, ainda mais não tendo nada com ele. Estava pronta pra entrar em protesto quando ele reparou e retrucou.
- Não, nada de negar ajuda. Você já está aqui, mesmo, o que custa? - ela relaxou a face e sorriu, deixando a cabeça cair de leve, envergonhada com tanta coisa que ele estava fazendo por ela.
- Acho que já sou eu quem está abusando de você. - eles riram da piada dela e pediu para que ela o seguisse.
Foram ao quarto dele pegar roupas secas e ele ofereceu a ela a maior blusa que tinha, já que seus shorts, até os de dormir, ficariam enormes nela. sorriu ao reparar que a enorme blusa preta tinha escrito em branco a palavra “QUEEN”, junto com o rosto dos integrantes da banda.
- Bom gosto, . - não pôde evitar falar enquanto andava em direção ao banheiro.
Ele riu e foi pra cozinha, coçando a cabeça ao reparar que não ouviu o “click” entendido como a tranca do ambiente em que entrou. Sentiu seu corpo esquentar ao imaginar o que sua vizinha de prédio guardava debaixo de tanta roupa e balançou a cabeça quando percebeu que estava passando dos limites. Acalma os ânimos, … Pensou.
Resolveu fazer uma bebida quente pra ela e lembrou de algumas vezes que ela ia a cozinha e fazia algo parecido com cappuccino. Não sabia se era isso mesmo, mas tentou arriscar. Não era um gênio da cozinha, mas tinha alguns dotes.
Fez duas xícaras médias do líquido e reparou que ela estava demorando. Foi quando escutou o chuveiro ser desligado. Enrugou a testa quando lembrou que não havia dito nada que podia usar o chuveiro, mas percebeu que ela podia ter interpretado de outra forma. Sem contar que ela, realmente, devia estar precisando de um banho quente. Sorriu ao pensar em quão lerdo ele podia ser e logo viu saindo do banheiro, penteando o cabelo, e com um terço das pernas descobertas. Foi impossível não reparar que, mesmo sedentária, ela tinha um corpo muito bonito.
Fingiu que não passou tempo demais reparando nela e se agitou quando ela sentou num dos banquinhos do outro lado da bancada americana, que separava a cozinha da sala.
- Tudo bem eu pegar seu pente pra pentear meu cabelo? - ela perguntou ao terminar de arrumar suas madeixas e deixar o objeto em cima do lugar.
- Não, não pode, . - ele falou como se fosse um crime ela ter feito aquilo, com tom de brincadeira. - Não te disse que o pente eu não divido com ninguém? - a mulher riu com a piada e até soltou um “bobo” sem sentir medo do que ele iria achar. Reparou nas xícaras apoiadas ali logo que o cheiro adentrou suas narinas.
- O que fez? - perguntou ainda se deliciando com o odor.
- Cappuccino. Achei que seria mais uma boa pedida pra te deixar longe de um resfriado.
Ela sorriu ao notar que seria a segunda vez que tomaria aquilo no dia e resolveu se tornar um pouco mais íntima dele e continuar com seu jeito que só suas amigas conheciam.
- Olha, vou te falar que já tomei um hoje, mas, como você foi gentil demais comigo, não vou negar mais uma xícara. - ela sorriu já puxando o objeto que continha o líquido e vendo um sorriso nascer no rosto de , que logo estreitou o olhar e disse.
- Devia ter te esperado sair do banheiro, que aí eu faria algo diferente. - ela riu e tomando alguns goles, respondeu-o, engraçada.
- Que aí você não faria, né. - assoprou um pouco o líquido quente e continuou. - Não deixaria você continuar com essas regalias. Sou só uma intrusa aqui, devo estar te atrapalhando com coisas de trabalho e… - a cortou com um gesto e falou.
- Nada disso. - deu a volta e sentou num banquinho ao lado dela também, puxando a xícara para mais perto dele. - Quer dizer, sou meio viciado em trabalho, sim, mas não deixaria de fazer um bom ato pra ficar totalmente imerso trabalhando. - fez uma careta e ela tentou sorrir, com um trecho do que ele tinha falado ecoando em sua cabeça.
“Um bom ato…” Talvez fosse apenas um bom ato pra ele mesmo.
Tentou deixar pra lá e demorou a notar que estava fitando demais os olhos do homem. Ele também correspondia ao olhar, mas levou um susto e engoliu o líquido rápido demais, tornando a tossir. Colocou a xícara na bancada rapidamente e quando se recuperou da tosse exagerada, ficando um tantinho vermelha, começou a rir.
- , você não é normal… - falou já com o riso querendo escapar, enquanto colocava sua xícara perto a dela também. - Mal acaba uma crise de tosse, começa uma de riso.
Os dois riram gostosamente e ela se apoiou no ombro dele, se levantando e ficando bem próxima do banquinho dele. Foram apenas alguns segundos naquela posição, já que uma música adentrou o ambiente tirando os dois de seus devaneios. logo a reconheceu como seu toque do celular e olhou rapidamente pros lados, vendo onde tinha deixado sua bolsa. Que, aliás, estava molhada ainda! Agitada, ouviu o homem falar.
- Calma. - riu. - Está no sofá.
Rapidamente ela correu até lá. Quando tocou na bolsa percebeu que ele também havia esquecido do fator chuva e devia ter molhado o estofado todo. foi ágil ao procurar o celular e rapidamente tinha o aparelho grudado ao ouvido.
- Alô? Oi, Jen. - ela olhou pra trás como quem procura alguma coisa, olhando justamente pra janela e, observando seu apartamento, respondeu à amiga. - É, eu não estou em casa. Ah, longa história… Não, não dá pra contar agora. - cortou a amiga que insinuava coisas desagradáveis não correspondentes ao momento e ruborizou ao sentir o olhar de em suas costas. Deu mais uns passos e reprimiu um riso, tomando a palavra. - Claro que não, Jenna! Você sabe que não sou disso. - rolou os olhos ao escutar as baboseiras de sua amiga que queria porque queria que ela desencalhasse e até tirou o telefone de sua orelha por alguns segundos, ficando impaciente. - Olha, Jen, de verdade, não dá pra falar agora. Mais tarde eu te ligo. Ou amanhã, já que está tarde. - ainda teve que escutar metade de uma fala engraçadinha da mulher, mas nem deixou ela terminar já que, no meio da fala, ela falou. - Tchau! - e desligou.
- Curta e grossa. - zombou dela, rindo, ainda sentado em seu banquinho. Ela agitou a mão que apertava o celular e rolou os olhos, transmitindo a impaciência pela face.
- Jenna às vezes não tem limite… - deu alguns passos voltando pra perto do moço enquanto ele fazia uma pergunta um tanto quanto intimidadora.
- Que assunto confidencial é esse? Quer dizer, acabamos de nos conhecer então se não quiser falar... - parou a um passo do seu banquinho e fez a mente pensar rápido, antes de falar das suspeitas da amiga. Lembrou da bolsa e rapidamente deu um passo pra perto do sofá, apontando pro objeto e mudando de assunto.
- Olha, acho que minha bolsa é mais importante nesse momento. Acredito que ela molhou todo seu sofá. - riu baixo enquanto via dar um salto e ir pra perto dela. Ele tirou rapidamente a bolsa de cima do estofado de seu sofá e olhou pra baixo dela, notando a mancha escura da água no local que ela estava anteriormente.
- Tem razão. Dei mole. - fez um estalo com a boca e foi em direção à cozinha, no objetivo de ir direto ao lavabo e deixá-la num lugar melhor. Voltou rapidamente e encontrou uma sentada sem mover um único músculo a não ser seus polegares agilmente pela tela do celular. Ele se sentou ao lado dela num pulo e observou a reação dela.
- Ah! - ela levou um susto à aparição do rapaz.
- Calma, eu só… - ele riu sem graça e ela passou a mão na testa, sem graça.
- Desculpa, eu acabei me entretendo demais aqui e nem percebi você aí. - deu um sorriso amarelo e voltou os olhos pro celular, checando o tanto de mensagens que já tinha. Como havia deixado acumular tantas assim? Aquele imprevisto da chuva atrasaria seus futuros projetos.
- Pelo visto o namorado deve ter aparecido. - ele jogou verde tentando ver se ela realmente tinha um namorado ou se o terreno estava limpo pra lances.
- Namorado? - tirou os olhos do visor e riu de lado. - Só se for nos meus sonhos. Tenho tempo pra isso, não, .
- Como assim? Todo mundo tem tempo pra namorar! - ele tinha um riso pronto pra sair, mas o continha antes que sua felicidade por saber que ela não havia um parceiro se apresentasse.
- Quer dizer que até o senhor “imerso no trabalho” tem uma namorada? - ela riu um pouco mais querendo fazer uma careta, com certo receio em saber se aquilo era realmente verdade.
- Bem queria, mas só troco mensagens pelo facebook mesmo… - ele riu de lado e a olhou de canto também, notando um pequeno sorriso no rosto dela. Foi impossível não abrir um grande sorriso.
- Então pelo menos tem pretendentes. - ela deu de ombros.
- E aposto que você tem também. - comentou, tirando os olhos de do celular de novo.
- Ahn, não muitos. - fez um estalo com a boca e voltou a digitar. Demorou um pouco pra perceber que era um tanto inconveniente pro momento, mas logo que percebeu bloqueou a tela do celular e deixou-o ao seu lado. Moveu o corpo na direção de um sonolento e apoiou o cotovelo no estofado do sofá, aproveitando pra deixar a cabeça sobre a mão. - Dormindo?
piscou calmamente e sorriu.
- Quase. - os dois riram juntos e ela se envergonhou por quase estar tocando suas pernas nuas na calça surrada do homem. Ele nem percebeu, já que pensava que realmente queria esse tipo de contato e um pouquinho mais.
- Vou deixar você dormir, então. - levantou e foi atrás de suas roupas. - Achou mesmo que eu ia deixar você lavar minhas roupas? Posso muito bem fazer isso sozinha e…
- Não mesmo! - ela mal tinha percebido, mas não demorou pra ele saltar do sofá e ir atrás dela, que estava indo até o lavabo pegar seus pertences. - Como pretende ir pra casa, querida ? - ele levantou as sobrancelhas ao notar que ela estava o fitando.
- Pensando bem… - ela riu, notando que não tinha muito jeito mesmo. Ela não tinha como entrar no prédio dela por mais de três fatos. Não teria muito jeito a não ser…
- Pois é. - ponderou propondo o que ela achava que seria o jeito. - Acho que alguém vai ter que dormir aqui… - ele sorriu de lado e repousou o antebraço na parede.
- ! - ela ria gostosamente. - Como eu vou dormir aqui? Me diz! Acabamos de nos conhecer, você me trouxe a sua casa e ainda há a possibilidade de ser um maníaco. Acha mesmo que devo confiar em você? - o desafiou.
- Eu me pergunto por que você não deveria. - ele continuou a sorrir. - Não fiz nada pra você duvidar do meu caráter… - o rapaz deu passos breves e ficou a centímetros perto dela. Era impossível não sentir a química no ar, mas ainda mais impossível era rolar algo naquela noite. Ela não era tão fácil como se esperava.
deu a meia volta, ficando de costas para , e se deparou com um objeto que nunca esperava encontrar por ali.
- Espera. Você tem um aquário? No lavabo? - deu a meia volta novamente, notando que ele já havia pegado distância. - Porque não colocou na sala?
- Aqui é maior e o Joe pode olhar pra fora. - ele resmungou colocando as mãos no bolso.
- Joe? - perguntou.
- O apelido do Joseph, minha tartaruga. - apontou pro aquário. se virou pela terceira vez e notou que ele tinha uma tartaruga e alguns peixes pequenos. Bateu no vidro como se tentasse ter a atenção dos pequenos animais, mas todos a ignoraram.
- Eles não gostaram de mim… - riu baixinho, mas com tom tristonho.
- Se você bater no vidro é claro que eles não vão gostar de você. - falou à medida que ia chegando mais perto da situação, fazendo se alertar àquilo.
- Você não tem cara de gostar de animais. - ela comentou alto novamente.
- Eu até gosto. - o homem pegou distância novamente resolvendo colocar na pia suas xícaras logo. - Mas aqui é pequeno e não quero prender cachorros ou gatos num local tão apertado, entende? - falou e moveu a cabeça na direção dela, que agora estava apoiada com as costas na parede, braços cruzados e fitando o jovem.
- Entendo. - falou cerrando os lábios. - Desse jeito, seguimos a mesma política. - um sorriu pro outro e chegou mais perto ao notar que ele logo começaria a lavar a louça, o que ela sabia que, por educação, devia pedir pra fazer. - , deixe isso aí. Você já fez muito por mim. Pode deixar que eu fico com as xícaras.
Ele a olhou de soslaio e estreitou os olhos, logo tirando as mãos da pia, se rendendo.
- Só porque fui muito bom com você e mereço algo em troca. - ele sorriu e esticou o braço pra tocar o cabelo dela e fazer um carinho. Ela sorriu em troca e rapidamente pôs se a lavar as pequenas xícaras. - Já que vai ficar por aqui, vou procurar um filme na TV pra assistirmos. Tudo bem? - ele falou na porta.
- Aham. - ela virou a cabeça singelamente e balançou-a, assentindo.
Não demorou muito e ela já tinha lavado e secado os dois recipientes, aproveitando pra procurar o armário onde ficavam os copos e colocá-los lá. Secou a mão num pano de prato jogado por ali e foi pra sala. Levou um susto quando viu que estava tudo escuro e a luz da TV era a única que ainda estava no local, mostrando um de moletom e com uma regata branca, o que era de se esperar já que estavam no verão. Ele também havia pegado um cobertor grande e logo que a viu se desculpou por não ter outro.
- Meus cobertores são todos do tamanho da minha cama. Se incomoda de dividir esse comigo? Depois você pode ficar na minha cama, tem outro lá e… - riu das desculpas do homem e foi andando na direção dele.
- Tudo bem, , tudo bem. - falou e puxou a coberta pra ela se enfiar, ainda rindo. - Vou ignorar o fato de que estou seminua deitada com uma pessoa que acabei de conhecer e só te perguntar que filme é este. - afofou a almofada atrás de sua cabeça e olhou pro homem que ria. Ele gostava do jeito dela. Mesmo que não conhecesse um de seus filmes favoritos.
- Não conhece? - levantou as sobrancelhas. Ela balançou a cabeça negativamente. - Espero que goste. Começou tem dez minutos. - sorriu.
- Qual o nome? - ela perguntou, curiosa.
- Clube da luta. - respondeu.
- Acho que já ouvi falar desse nome… - bocejou tirando um riso de .
- Com certeza… - ele comentou vendo ela fechando os olhos brevemente como quem dá sinal de que logo iria pegar no sono. Tudo bem que ainda eram 7 horas, mas uma chuva, bebida quente, cobertor e televisão sempre dá sono em qualquer um. Disso sabia como qualquer outra pessoa. Tanto que também já estava de olhos fechados e, aconchegando-se mais na mulher, com um braço ao redor dela, pronto pra uma boa noite de sono.
- Não acredito que deixei a televisão ligada. - o homem bufou apagando a TV pelo controle. Estava sonolento, mas logo percebeu que aquela não era a única coisa errada. Passou a mão pelos olhos e viu que a luz já passava pelas frestas de sua cortina. O céu não estava completamente claro, o que significava que havia acordado cedo demais. Um alarme interno apitou e ele logo lembrou o que devia ser a ‘coisa errada’. . Onde ela estava?
Levantou e foi até a cozinha. Não a achou. Depois foi em direção a seu quarto e também não a encontrou. O outro quarto, que era seu escritório, ela ainda não conhecia e sabia que não iria entrar sem sua permissão. Então ela só podia estar no banheiro…
Foi até a porta do lugar e deu dois toques de leve com os nós de seus dedos, com medo da porta estar aberta e tirar a privacidade dela deixando-a abrir sem querer. O que foi exatamente o que aconteceu, deixando-o corado com a cena a sua frente. Ela estava de costas pra ele com as costas nuas, colocando o sutiã desajeitadamente.
- Desculpa! - ele falou colocando a mão por cima dos olhos.
arregalou os olhos e ficou sem ação. O que fazia? Correu até a porta segurando com uma única mão as duas abas do sutiã e empurrou rapidamente pra que fechasse. Não ousou dar nem um pio e rapidamente terminou de se vestir.
Após colocar a blusa se olhou no espelho e notou seu rosto amassado. Por mais que estivesse com as costas todas doloridas por ter dormido no sofá de , ficou realmente feliz por ter passado aquela noite com ele.
Com certeza não passava das 7 da manhã, mas ela já havia abusado demais do homem e pretendia ir pra casa logo, pois sabia que estava cheia de trabalhos do dia anterior pra fazer.
Pegou a blusa dele que usava anteriormente e a esticou em frente a seus olhos. Um sorriso contente tomou conta de seu rosto, mas logo estava com a porta aberta e com a roupa numa só mão estendida ao homem que a esperava fora do local.
- Obrigada. Por tudo. - entregou a roupa e falou, mirando-o nos olhos. - Aliás, bom dia.
- B-bom dia. - falou ainda nervoso.
Ela claramente também ficou nervosa, mas tentou tirar resquícios daquele sentimento com uma risadinha. Foi até o lavabo dele e pegou sua bolsa que estava do lado do aquário de Joe e os peixinhos laranja. Parecem do Nemo, pensou.
Passou a mão levemente sobre o vidro e alguns dos pequenos peixes notaram, ficando em volta de sua mão. Realmente, às vezes só um carinho cairia bem. Sorriu, feliz, e voltou a sala, colocando seus sapatos nada confortáveis nos pés.
- Muito obrigada, . - repetiu e tentou expressar quão grata ela estava. - Mas preciso ir pra casa. - falou já perto da porta.
a olhou de lado e entendeu tudo que tinha acontecido.
- Ia se aproveitar pra sair de fininho, é, ? - ele riu, engraçado. Ela também riu e ainda tentou negar o inegável.
- Claro que não, ! - ela riu mais alto. - Que absurdo!
- Você não me engana, … - ele ria chegando perto dela.
- Ok, ok. - ela falou parando de rir e se recompondo. - Assumo. Mas é só porque não quero te dar mais trabalho. E porque, realmente, tenho bastante trabalho a fazer. Em casa.
Ela riu e ele percebeu que uma de suas curiosidades sobre ela não havia sido saciada. Afinal, com que trabalhava?
- E no que a senhorita precisa tanto trabalhar? - perguntou simplesmente.
- Podemos deixar essa pergunta pra outro dia? - ela perguntou querendo mesmo adiar aquela conversa, pra que houvesse algum motivo pra vê-lo mais uma vez. - Sei que acumulei pelo menos três trabalhos e…
- Mas não são nem 7 da manhã! - ele falou desesperado pra ter mais tempo com ela. Droga, não tinha aproveitado nada daquele primeiro encontro. Encabulou-se.
mordiscou o lábio inferior percebendo o quão desesperado ele estava. Devia até estar com medo de ter feito algo errado pra que ela saísse tão rápido, imaginou. Ela o viu respirando fundo e pondo o olhar em qualquer outro lugar que não fosse ela. Suspirou e foi pra perto do homem, colocando a mão no ombro dele e falando.
- Qualquer dia desses a gente marca outra chuva e você me resgata de novo. - riu e chegou mais perto dele, dando um beijo demorado na bochecha dele, o deixando sentir seus lábios o máximo que podia. Depois sorriu e completou, ainda com seu ótimo senso de humor. - Mande um beijo pro Joe. Fala que adorei conhecê-lo.
Os dois riram e olhou pra bancada, onde a chave da casa estava. Pegou, sem cerimônias, colocou-a na porta e girou, logo abrindo e saindo por ali. Não deu nem tempo de ir até lá e falar que era ele quem devia abrir a porta, jogando a piada que se ela o fizesse não iria voltar lá.
Despreocupado, jogou-se no sofá numa posição confortável e pensou. De alguma forma, ele sentia que ela iria voltar. Não precisava de superstições para aquilo. Ele apenas sabia.
Foi na volta do trabalho, uma semana depois de ter abrigado em sua casa, que o rapaz encontrou um amigo na rua de casa. Andava distraído quando encontrou Kurt, um amigo de adolescência que seguiu o mesmo rumo que ele. Música era sempre uma boa opção.
Depois de papear bastante, chegaram à esquina do quarteirão do prédio de , o qual o amigo não iria seguir; pegaria a rua transversal.
- Vou ficar por aqui, . - o rapaz que adorava um toque de mão deu um soquinho na mão do amigo e sorriu. - Dar uma passada na casa da Tina. Lembra dela?
- Claro! - ele concordou, nem acreditando que o namoro de adolescência havia ultrapassado uma década. - Aliás, ainda namoram? - perguntou, por via das dúvidas. Kurt mostrou a mão onde tinha um anel de noivado e falou.
- Noivos. - com um sorriso enorme no rosto.
- Meus parabéns! - o puxou pra um abraço que o amigo retribuiu, um pouco sem jeito.
- Agora tenho que ir mesmo. - colocou as mãos nos bolsos e começou a andar sem olhar pra frente. - Qualquer dia desses dá uma passada lá no meu estúdio! - falou e acenou, vendo assentir com a cabeça.
notou que algum conhecido de Turtle Bay vinha na direção de Kurt, sem olhar pra frente, entretido com algo no celular. E foi na hora que o amigo olhou pra frente que houve um esbarrão nada singelo.
- Desculpa! - ele falou tocando no ombro da pessoa em que esbarrou.
- Tudo bem. - a mulher abaixou pra pegar o celular que caiu. - Me desculpa, também.
Os dois sorriram sem jeito e ela continuou a caminhar, nervosa se tivesse acontecido algo com seu tão precioso celular. Ainda com o coração a mil, quase tropeçou noutra pessoa que a segurou com uma força maior pelo ombro e a fez olhar no fundo de seus olhos.
- ! - ela falou com um sorriso maior que o esperado.
- ! - ele a imitou e ainda completou. - Como sempre, muito conectada, hein? Larga isso pelo menos pra andar na rua, ! - ele a soltou e repousou a mão no ombro dela, puxando-a pra um abraço. Ela sorriu sem entender muito, mas gostou da atitude dele.
Separaram seus corpos e trocaram um olhar engraçado, como quem não acredita em tanta coincidência. E realmente não acreditavam.
- Está de passagem ou tá com a tarde livre? - ele perguntou, sugestivo.
- Ahn, estava… - ela falou olhando pela última vez o celular e guardando-o no bolso. - Estava indo pra casa, na verdade. - sorriu, sincera.
- Bom, eu também estou voltando do trabalho, então, o que você acha de… - ele gaguejou, pressionando uma pálpebra na outra, não sabendo se era cedo demais pra chamá-la pra um segundo encontro. - Um café? - sorriu, nervoso.
Ela deu um sorriso amarelo como quem iria dizer “não”, mas surpreendeu-o.
- Chega de cappuccinos e cafés e coisas desse tipo, né? Está um dia tão quente… - ela riu, prosseguindo. - Bom, eu já conheço a sua casa, então, o que acha de conhecer a minha? - falou com certo receio, mas feliz por estar mais corajosa.
pigarreou e respondeu.
- Não acredito que a senhorita “não faça nada comigo” está me chamando pra ir a casa dela. - ele riu enquanto andavam juntos pra perto de seus prédios. - Quer dizer que a ideia sobre eu ser um “doido maníaco” já foi embora? - sorriram juntos, cúmplices.
- Totalmente. - ela falou com uma expressão de quem nem se lembrava daquilo, mostrando todos seus dentes num sorriso aberto.
- Então eu topo.
Os dois sorriram e puxou a mão dela, fazendo seu braço se enroscar no braço dela, fazendo um laço. Ela não se incomodou, muito pelo contrário. Gostava da ideia de ter um novo amigo e, quem sabe, até mais do que isso…
O caminho até a porta dela foi breve e deu um bom espaço de tempo pros dois contarem um pouco sobre seus dias corridos, mas que sempre dava tempo pra um pouco de diversão, o que eles realmente estavam precisando.
- É bonito visto de dentro. - falou sem querer o que devia ter ficado dentro de seus pensamentos. , que estava na cozinha vendo algo pra servir de lanche, ouviu aquele comentário e quis rir, lembrando que era ele quem ficava horas na janela vendo a vida e toda Turtle Bay se movimentando.
- Desculpa? - falou rindo, como quem queria saber direito daquilo. , pra consertar, demorou, mas conseguiu.
- Ahn, digo… - pigarreou. - Bem bonito seu apartamento. - sorriu quando viu que ela o olhava pela porta do ambiente em que estava.
- Tudo bem, . - a voz dela soou um pouco longe e ele foi até a porta da cozinha, vendo-a sentada numa pequena mesa de quatro lugares, apontando pra ele um lugar que ele podia sentar. - Eu sei que você é um bom vigiador. Não precisa se intimidar.
- E-eu? - ele falou ao se aproximar. - Imagina… Deve estar me confundindo. - falou a última palavra da sentado em frente à mulher.
- Você não me engana, . - disse lembrando da vez que foi ele quem falou aquilo pra ela. Os dois riram gostosamente. Quando o riso cessou, lembrou do suco que havia colocado na mesa, esquecendo-se dos copos. - Aceita um gole? - perguntou apontando a cabeça pra jarra do líquido alaranjado.
- Aceito. - ele sorriu e assentiu. Não demorou muito e os dois estavam tomando uns bons goles do suco que ele logo percebeu que era natural. - Você que fez o suco? - perguntou realmente interessado pelos dotes dela.
- Eu mesma. - sorriu orgulhosa, mesmo que fazer suco da fruta não fosse uma grande coisa como fazer massa de espaguete.
- Aposto que é boa na cozinha. - ele falou já imaginando se ela seria não só uma boa cozinheira como uma boa esposa. Da onde ele tirou aquilo, nem ele sabia.
- É, até que eu gosto bastante de passar umas horas na cozinha pra me distrair desse mundo tecnológico que nos cerca. - tomou mais um gole observando a mão do rapaz em cima da mesa. Olhou-o, novamente, e perguntou de volta. - E você? Também gosta?
fez um sorriso desgostoso que ocasionou numa careta e balançou a cabeça tirando um riso gostoso dela.
- Definitivamente, não. - tomou mais um gole e respondeu-a melhor. - Na última vez que tentei fazer macarrão instantâneo, comprei aquele que já vem na caixinha e você só bota a água quente, sabe? - comentava já fazendo a mulher rir imaginando no que havia dado. - Pois é, ao invés de colocar especificamente a água quente, resolvi colocar a água em temperatura ambiente e colocar tudo no micro-ondas. Já viu no que deu, né? - ela deu uma gargalhada que preencheu todo o ambiente e ele não conteve um riso de felicidade ao fazer aquilo.
- E da onde que você tirou que isso ia dar certo? - ela falou quando se recuperou.
- Algo não estava certo comigo naquele dia. - ele riu e levantou a sobrancelha dando a entender coisas que ele não fazia.
- Tava bêbado? - ela riu ainda mais com aquela possibilidade.
- Longe de mim! - ele continuou no embalo da conversa. - Não sou de beber muito. Só quando tem algum motivo especial. - pensou rápido e declamou o motivo que a mais fazia beber e esquecer do dia anterior.
- Mulheres, acertei? - deu uma piscada como se ela nunca tivesse partido o coração de um cara e o tivesse feito beber até esquecer de seu lindo rosto.
- De maneira alguma. - ele riu. - Comemorações. Esses são meus maiores motivos.
Ela entortou o rosto e franziu o cenho. Tinha a resposta na ponta da língua.
- Então quer dizer que nunca iremos beber juntos? - gargalhou da fala dela totalmente libertadora. realmente era uma figura.
- Está assumindo que só bebe pra esquecer seus ex? - percebeu que revelou a última coisa que falaria naquela conversa e levou uma mão ao rosto, cobrindo-o.
- Finge que não escutou isso. Deleta, . - falou balançando a outra mão a sua frente. Ele a segurou fazendo-a parar com o movimento sem sucesso. Prendeu mais sua mão com a dela e ela sorriu sem jeito, tirando a mão do rosto.
Suas mãos caíram de altura, mas continuaram juntas, coisa que nenhum dos dois se importou.
- Deleto, não. Já que nunca iremos beber juntos pelo mesmo motivo, te convido pra tomar umas biritas num pub por aqui sábado que vem. O que acha?
o olhou atravessado, mas sorriu contente quando sentiu os dedos dele apertando os seus.
- Só porque faz muito tempo que eu não bebo e preciso esquecer do trabalho um pouco! - falou bufando e rolando os olhos. percebeu que tinha algo errado e levou a mão dela até a mesa, apoiando-a e fazendo um carinho. A mulher não pôde deixar de reparar como os dedos dele eram macios e em como ela sentia falta daquilo. Quando foi a última vez que algum homem a tratou daquela maneira, mesmo? Ela, definitivamente, não lembrava.
- Trabalho demais não faz bem, dona . - ele fez um barulhinho com a língua que acompanhou sua cabeça que balançava horizontalmente.
- Não é trabalho demais, é só que…
- Vish, é mais sério do que eu pensava. - ele falou se ajeitando na cadeira e chegou mais perto dela, vendo o semblante dela ficando preocupado. Como ele a conhecia tão bem? se perguntava. - Precisando de umas doses de tequila urgente. Vou ter que te levar agora pra tomar uma!
Eles riram juntos e a preocupação se foi tão rápido quanto chegou. Não demorou muito pro silêncio, que apenas perdurou por três segundos, ser cortado.
- Meu celular! - ela falou tirando o objeto do bolso.
- E eu que achava que eu era a pessoa mais tecnológica que conhecia… - falou dando espaço pra ela sair dali e ter alguma conversa de trabalho.
- Calma. - ela falou rindo com o gesto dele. - É só uma mensagem.
, não satisfeito, fez sua melhor cara de ‘é mesmo?’ a desafiando e ela não demorou nem dez segundos pra responder, falando uma frase que acabou tendo um duplo sentido quase inapropriado, se ela não quisesse que realmente tivesse.
- Pronto, sou toda sua, . - e no segundo que ela falou, ela logo se arrependeu.
- Toda minha? - ele levantou aquela sobrancelha charmosa que ela não aguentava mais ver naquela dança de provocações.
- Não nesse sentido aí, seu safado. - ela falou sem soltar suas mãos, mas usando a outra pra dar um tapa na coxa dele, quase doloroso, se não tivesse sido fraco. Ele riu, mas não deixou de continuar as provocações, que quase chegavam onde ele estava doido pra que chegasse.
- Mas vai dizer que não quer ser? - puxou a mão dela pra perto, que logo puxou a dele, numa dança envolvente, se ele não tivesse levado a cadeira pra tão perto que ela já não conseguia distinguir qual era seu espaço e qual era o dele.
Os olhares ficaram profundos demais, percorrendo cada centímetro da face um do outro, mas, por fim, acordou de seu transe. O que não significaria que esqueceria daquela boca que ficou registrada perfeitamente em sua memória. O desejo carnal estava cada vez mais lhe corroendo, e ela, por seu lado, estava quase se rendendo. A ele e àquele joguinho.
- Então, sabe essa mensagem? - ela falou tirando o olhar dele e olhando pro celular que estava em sua mão ainda. - É de trabalho. - fez uma careta tentando não parecer nervosa com tão perto dela. Ficou mais calor ou era impressão dela?
- Não, , não mesmo. Você não vai escapar de mim. - ele falou com um sorrisinho de lado já imaginando que aquela era a desculpa pro seu “pré-encontro” acabar.
- Sim, . Sinto muito. - ela falou querendo agarrá-lo naquele momento.
- Ok. - ele falou se rendendo e levantando. Fez como se fosse embora, mas logo voltou, mirando-a nos lhos e reforçando o convite. - Te espero no McKinley Pub’s, sábado, às oito.
sorriu escondendo seus pensamentos e acenou antes de vê-lo partir pela porta. Talvez ela realmente precisasse de algumas doses de álcool. Se desconectar do mundo. E se conectar a . De uma vez por todas.
Sábado. Oito horas. Como falou.
estava na porta do pub que ele tinha falado. Tinha certeza que era aquele. Ou não era?
Pegou-se nervosa muitas vezes, controlando aquela ansiedade que aparecia em situações que ela estava sozinha bem perto do desconhecido. Mas não demorou nem cinco minutos pra achar na multidão que rodeava as portas do lugar. Fazia tanto tempo que não ia naquele tipo de lugar que até estranhou a quantidade de pessoas.
- Em ponto! - falou assim que o abraço apertado e o beijo estalado foram desfeitos.
não controlou seu olhar e observou-a dos pés à cabeça. A mulher estava com uma saia preta, não tão colada como as das outras que circundavam o lugar, uma blusinha larga listrada de preto e branco e uma maquiagem que ressaltava seus olhos e sua boca de uma maneira que ele já imaginava o batom todo borrado. Notou também que ela estava mais alta e logo viu um salto preto elegante em seus pés. Ela realmente estava um sonho.
- Você está… Linda! - ele falou segurando a respiração. Seu coração havia disparado ou era impressão dele?
- Obrigada. - ela sorriu sem graça e abaixou a cabeça, mirando o chão. Os olhos do homem continuavam em cima dela e , envergonhada, nem sabia como reagir.
a tomou pela mão e puxou-a até a porta. Agradeceu internamente por ela ter chegado cedo e não ter de passar mais tempo esperando-a do lado de fora, com aquele tanto de pessoas que faziam o mesmo. Levar bolo era o que ele menos queria.
Levou-a até o bar e sentaram-se em algumas cadeiras altas lá dispostas. Não deu tempo nem de começarem uma conversa e o barman apareceu.
- O que desejam? - o homem perguntou enquanto secava um copo que havia acabado de lavar.
olhou pra de lado, sugestivamente, mas resolveu pegar leve pra começar a noite.
- Duas heinekens? - falou como quem precisasse de uma confirmação da mulher e ela sorriu, assentindo também com um movimento de cabeça.
- Pra já. - o homem saiu dali e rapidamente voltou com as garrafinhas. Sorriu pra eles e repousou o pano no ombro, indo para a outra ponta do bar.
- Quer que eu abra? - perguntou ao ver que ainda nem tinha tocado na cerveja dela.
- Oh, não precisa. - sorriu e pegou o objeto, demorando um pouco pra abrir, mas nada que precisasse de uma ajuda masculina.
Eles sorriram e brindaram, aproveitando pra trocarem olhares por cima de suas garrafas.
terminou de beber e deixou sua bebida em cima da bancada, também se ajeitando na cadeira. Aproveitou pra observar o local, percebendo em quão diferente os pubs estavam ficando. Fazia pelo menos dois anos que ela não ia a um, e aquilo sim era alarmante.
- Pelo visto não vem pros pubs do bairro faz um tempo, huh? - ele perguntou, querendo abrir alguma brecha pra finalmente chegarem a algum assunto bom.
- Tempo demais. - ela sorriu e voltou o olhar pra ele, com uma pergunta na língua. - E você? Costuma vir muito aqui? - seus olhares se cruzaram e ela sentiu seu corpo se esquentar.
- Antes eu vinha, assumo. - ele começou a falar mexendo na sua garrafa. - Com uns amigos meu do trabalho. Os produtores, principalmente, eram os que mais gostavam de ver futebol naquela televisão ali do fundo. - apontou e ela teve de se virar um pouquinho demais pra ver, fazendo sua saia levantar. Ficou nervosa por alguns segundos, pensando se havia visto demais, mas acabou até gostando. Uma provocaçãozinha perto das inúmeras que ele fazia não era nada.
Sorriu ao voltar pro seu lugar e resolveu saber mais um pouco da vida dele.
- Produtores do que? - tomou mais um gole.
- Ah, então… - ele sorriu, percebendo que ela também ainda não sabia qual era seu trabalho. - Trabalho numa produtora aqui perto. Mas vou deixar por sua conta adivinhar qual é meu cargo lá.
sorriu de canto e o desafiou pelo olhar. Não tinha a mínima ideia, mas era essa, justamente, a graça da brincadeira. Fingiu que pensou e lançou uma profissão qualquer.
- Mixador? - deu uma gargalhada e ela viu que tinha errado feio.
- Não mesmo. - a mulher fingiu que fechou a cara, decepcionada com seu chute, mas logo se entregou, vendo que também estava achando graça. - Ok, já vi que você não vai adivinhar. Mas vou te contar, pois sinto que logo, logo vai descobrir meus dotes, mesmo. - ele sorriu vendo que ela estava intrigada. Achou super sexy, mas manteve seu ar sedutor também, pra dar o suspense.
- Fala logo! Agora fiquei curiosa. - ele riu e desabafou.
- Bom, a verdade é que eu canto. - sorriu amarelo e ela arregalou os olhos. - Sim, é isso mesmo que você está pensando. Eu sou um cantor. - seu sorriso virou uma gargalhada ao ver quão espantada ela estava. Ficou feliz por ter guardado aquela informação por tanto tempo, pois realmente havia valido à pena ver a cara da mulher.
- Você… Você não é um desses caras famosos que… - nem conseguiu terminar a frase, deixou no ar pra que completasse sua ideia.
- Não mesmo! Estou nesse meio faz apenas alguns meses. - riu baixo, vendo-a se sentir aliviada, e completou. - Não sou desses que são reconhecidos por todo canto que vai, também. E também não esperava que você me reconhecesse. Sou tão conhecido quanto as mães biológicas dos filhos adotivos da Angelina Jolie. - riu com a piada que fez e o acompanhou.
- Nossa, não tem fã nenhum? - ela perguntou levantando uma sobrancelha.
- Por enquanto, não. - ele sorriu triste, pensando quando sua carreira finalmente iria alavancar. - Ainda tô fazendo meu CD, e só pretendo fazer show com minhas próprias músicas. - foi sincero ao lembrar em como seus amigos o zoavam por gostar de cantar no colégio. Queria realmente mostrar a eles que o antigo havia crescido, sabia cantar e ainda fazia suas próprias músicas.
- É uma decisão drástica. - riu, querendo ler os pensamentos dele. Sentiu que eles deviam ter sido cortados quando ele abriu os olhos de supetão, como se tivesse acordado, e retrucou a pergunta, tão curioso quanto ela.
- E você, ? Qual é o seu misterioso e sempre urgente trabalho? - ela riu antes de falar.
- Sou designer gráfica. - deu uma pausa drástica e a instigou com o olhar.
- Conte-me mais sobre essa profissão. - ela riu e rolou os olhos, como se não estivesse a fim de falar daquilo. Mas antes comentar sobre seu trabalho do que estar realmente trabalhando.
- Eu crio sites pra outras pessoas e ganho em troca. Sem contar que crio estampas pra camisetas em sites de compras online, então considero um trabalho bem remunerado. - sorriu contente e deu mais uns belos goles no líquido dentro da garrafinha, ao lembrar que, por mais que fosse o sonho da vida dela, ficar o dia inteiro no computador sugava totalmente sua animação.
- Não parece muito contente comentando sobre isso. - falou, um tanto quanto preocupado.
- Cansaço. - ela falou com um ar de quem não queria falar daquele assunto.
- Tudo bem. Vamos mudar de assunto, então… Uou! - na última palavra de sua fala, ouviu uma batida diferente soar e notou que era de uma música que ele nunca esperaria tocar por ali. - Ei, eu adoro essa música. - riu dele e criou um vinco em sua testa.
- Eu que devia falar disso! - ele a olhou intrigado. - É uma das minhas bandas preferidas! - riu com aquela constatação e puxou-a pela mão, já em pé.
- Vamos dançar? - perguntou animado.
- Tem certeza? Pode até ser minha banda preferida, mas não sei dançar tão bem assim. - fez uma careta que logo murchou quando viu a carinha do rapaz quase implorando que ela fosse. - Ok, mas só porque realmente não tô resistindo. - os dois riram juntos e ela ajeitou sua saia e levantou, também deixando sua bebida por ali. Sorriu quando chegaram à pista de dança, que não tinha muitas pessoas ainda por ser cedo e, ao começar a balançar seu corpo, viu dançando e cantando a música baixinho.
Dançavam cada vez mais perto no ritmo da música, e, na hora que o refrão chegou, ela foi pega de surpresa, sentindo a mão do homem no seu quadril a puxando pra perto. Seus corpos começavam a ter mais contato e o calor interior era inegável, devido à carícia que o homem fazia. Era tão gostoso que ela desejava não ter pensado nem duas vezes a ir dançar com ele.
Depois de praticamente grudar seu corpo no de e sentir a tensão do momento, chegou a boca bem perto do ouvido dela e cantou, com um sorriso no rosto, o trecho do refrão repetidamente, pedindo interiormente pra que ela entendesse seu pedido. Estava cada vez mais difícil reprimir o desejo que ele tinha de passar as mãos pelo corpo dela e queria que ela tivesse a mesma sensação que ele mais que qualquer coisa no mundo.
- Do what you want, do what you want to me. - chegou a deixar sua respiração bater perto do pescoço de e notou o quão vulnerável ela estava quando viu seus pelos se eriçarem. Aproveitou pra passar seus lábios lentamente no lóbulo da orelha da mulher e sentiu ela roçando de leve o corpo no dele, bem aonde ele queria. Ela estava ficando louca. Em seu estômago parecia haver uma enxurrada de borboletas pedindo pra sair, como se aquela fosse a primeira vez que ela tivesse se apaixonado. E até podia não ser a primeira vez, mas ela tinha certeza que daquela vez a velocidade a qual as borboletas voavam eram bem parecidas com o ritmo de seu coração, denunciando o quão devota ao homem ela já estava.
Continuaram dançando até o fim da música e assim que se deram conta que acabou, trocaram um olhar tão forte que nada mais pôde impedir de fazer o que mais queria naquele momento. Os olhos dela diziam um ‘sim’ quase desesperado e ele resolveu não perder mais tempo.
Rapidamente puxou pela cabeça e chocou seus lábios no dela, que logo se abriram, desesperados por aquele momento, e deram abertura pra um beijo dançante e sensual, como num tango. Cada canto era explorado como se fosse o último lugar que iriam na vida e, aos poucos, o beijo quente foi se tornando num carinhoso. aproveitou pra espalmar a mão nas costas dela e trazê-la mais pra perto, apoiando a outra mão na cintura fina dela.
Quando viram que estavam sem fôlego, afastaram-se brevemente pra pegar ar e o rapaz começou a andar com o corpo dela, dando alguns passos pra trás e encontrando a parede escura do outro lado do pub às suas costas. Virou as posições e, nada sutil, prensou-a na parede, não esperando nem mais um segundo pra dar mais um beijo de tirar o ar. Ele nem sabia como, mas estava completamente louco por ela. Por cada pedaço dela. Tinha vontade de passar a mão por todo corpo de e vê-la totalmente desnuda, também, a ele.
não estava nada diferente. Seu corpo clamava pelas mãos dele enquanto só sua mão tinha o prazer de passar os dedos entre os fios descoordenados do cabelo de . Aquele desejo que parecia ser apenas por falta de sexo, virou num desejo por ele. Apenas por .
Ambos deram brechas o suficiente pra passar mão do outro por lugares não tão apropriados de serem tocados em frente de um público, mas, claro, por cima da roupa. Pensavam que o desejo diminuiria e eles poderiam controlá-lo melhor, mas o que menos esperavam é que iria crescer. E render boas horas de tequila, danças sensuais e muitos, mas muitos, amassos.
Duas semanas se passaram. Duas semanas de beijos, muito trabalho e visitas só à noite. E não era aquilo que eles queriam. Queriam estar juntos, claro. Mas não apenas por intervalos de tempo. Então resolveu mudar.
Eles se conheciam apenas há três semanas, refletiu. Mas também não conseguiam cogitar mais a opção de se verem sozinhos, sem a companhia um do outro. Eles tinham feito seu lar ali. Seus corações foram laçados e aquele nó nunca iria desatar.
Naquele noite de sexta, chegou em casa desesperada precisando dele. Tivera de ir a um bairro mais distante de Turtle Bay e seu dia havia sido cansativo. E só de pensar em , seu dia melhorava. Ligou pro celular do homem, chamou-o pra passar a noite lá e só esperou ele chegar pra entrar num banho refrescante.
, já íntimo com cada canto do apartamento, pegou uma bolsa que deixou escondida durante três dias lá, com os ingredientes que ele ia precisar pra um jantar a dois, e resolveu arriscar sua vida amorosa num prato de macarrão a bolonhesa, a lá A dama e o vagabundo. Clichê, com certeza. Mas ele sabia que ainda tinha o espírito de criança e adorava uma boa história da Disney.
Como os banhos dela eram bem demorados, deu pra fazer rapidamente o prato e ainda um suco de uva. Montou rapidamente a mesa quando ouviu a tranca do quarto, onde ela se vestiu, girando e logo estava na porta da cozinha com um sorriso no rosto, esperando-a.
- O que o senhor aprontou, ? - falou penteando o cabelo, fazendo o ficante se lembrar da vez que se conheceram. Foi andando até ele enquanto o mesmo respondia.
- Veja por si só. - deu espaço pra mulher passar e riu da expressão que ela fez quando viu o jantar em cima da mesa. se virou pra ele e deu seu maior sorriso possível, sentindo seu coração bater forte dentro de seu peito.
- Não tô acreditando! - ela disse antes de passar os dois braços pela nuca dele e roubar um beijo rápido, mas gostoso. Sorriu ao finalizar e ele fez o mesmo, dizendo.
- Pois acredite. - ele se distanciou indo até a mesa perfeitamente arrumada e puxou a cadeira pra ela sentar, num ato cavalheiro. - Sente-se, por favor.
sorriu, lisonjeada, e foi até ele, fazendo o que foi requisitado. Saboreou o suco primeiro e deu uma piscadinha pra ele antes de enrolar um pouco do macarrão no talher e dar a primeira garfada. Viu o quanto tava bom e nem acreditou que foi ele quem fez. Limpou a boca com um guardanapo de pano que ele havia arranjado e sorriu antes de falar.
- Olha, tô quase pensando que você comprou pronto esse macarrão delicioso. - os dois riram baixinho e ele respondeu.
- Isso chega a ser um insulto, linda. - falou olhando-a nos olhos, sentindo sempre aquela conexão que eles criaram desde o primeiro dia que se viram. - Pois fui eu quem fiz. E fico feliz que tenha ficado tão bom assim.
Ela fez uma carinha fofa, querendo dizer que estava muito feliz em ter ele e pôs a mão em cima da mesa, não demorando muito pra sentir a dele por cima, sempre macia e fazendo um carinho de leve. Separaram-se poucas vezes, apenas pra manejar os talheres e podiam jurar que não havia encaixe mais perfeitos que aquelas mãos.
No meio do jantar, sentiu que era a hora. Seu peito foi preenchido por uma súbita coragem e ele nem gaguejou ao falar.
- … - ele falou tirando os olhos do prato pra encará-la intensamente.
- Diga. - ela deu uma pausa na comida quando notou que ele queria toda sua atenção e escutou palavra por palavra do que ele dizia.
- Sei que estamos juntos há pouco tempo, mas sinto como se fosse anos. Desde que nos conhecemos, eu senti que você era diferente. Não diferente de outras mulheres no sentido extraordinário, mas sim uma pessoa que teria um papel essencial na minha vida. - já ficou com os olhos marejados ao saber o que viria e por isso tentou se controlar. - E eu não tinha dúvidas que iríamos nos encontrar na vida. E… eu não quero mais enrolar. - riu baixinho, envergonhado, mas confiante. - Tenho uma pergunta a te fazer. - ela ficou apreensiva ao ouvir tudo aquilo e seu estômago gelou no momento em que percebeu o que estava por acontecer. - , você deseja ser minha namorada?
Naquele minuto, o mundo dela parou. Só existia ela e ele e até a mesa havia sumido. Tinha um espaço entre eles que era preenchido pela alegria que ele a causou e sentiu que não havia como ser mais feliz. Com os olhos brilhando de excitação, ela sorriu e, quase sem voz falou.
- Sim. - o que ficou extremamente feliz em escutar, mas quis escutar de novo.
- Pois não?
- Sim, . - ela repetiu, frisando. - É óbvio que eu quero ser sua namorada!
E então ele levantou, com um sorriso maior que sua face, e foi até ela, colocando seu rosto bem perto do dela e mirando aqueles olhos perfeitos que ele não queria perder por nada naquele mundo. Beijou-a intensamente, como na primeira vez que se beijaram, e até ele sentiu seu estômago vibrar de felicidade. Pegou-a no colo e, quando sentiu as pernas dela abraçando seu quadril, sorriu contra o beijo, mordendo o lábio inferior dela.
- Você é perfeita. - falou enquanto dava selinhos nela.
- Não. Nós somos perfeitos. - ela continuou fazendo o que ele fazia.
- E feitos um pro outro.
Quatro meses. pensou. Quatro meses com sendo seu namorado dos sonhos. Quatro meses sendo quase a pessoa mais sortuda do mundo. Mas como nada era perfeito, havia uma coisa que não estava certa. Sua relação com seu trabalho.
Eram poucos os dias que ela se sentava em frente ao seu computador e realmente sentia-se empolgada ao fazer algum site. Começou a perceber que preferia muito mais fazer as estampas das camisetas, que não vendiam tanto, mas que era realmente sua paixão, a passar seu tempo fazendo site pra pessoas ricas que só queriam mostrar suas vidas mega luxuosas pela internet. Aquele meio estava ficando extremamente cansativo e era fácil ver a jovem rodando por qualquer site que não fosse de design gráfico.
Naquela noite de sábado, ao saber que ia pro Bronx, sua antiga cidade, rever os amigos e chocá-los com sua primeira música de autoria, resolvera passar o dia procurando algum lugar o qual queria fugir. Começou achando uma grande bobeira. Ela realmente não podia fugir daquela vida. Seu trabalho e seu namorado estavam ali. Em Manhattan. Mas, depois de um refletir, realmente percebeu que estava precisando de um tempo. Pelo menos do seu trabalho. com certeza iria topar uma viagem com ela, certo?
Foi por aquele motivo que ela se viu procurando por praias por ali. Começou indo pela costa de Nova Iorque e quando reparou já estava no outro lado do país. Levou um susto quando começou a sonhar em ir à Califórnia e até cogitou outro lugar. Mas o tanto que ela procurava por ali, mais ela ficava encantada.
San Diego parecia o lugar perfeito pra uma breve viagem de duas semanas, o que ela achava ser o tempo necessário pra se desligar por completo do mundo. E ficar apenas com .
Depois de passar a madrugada rodando por sites de viagens, companhias aéreas e rotas, viu que até podia ser um tantinho caro, mas ela tinha uma boa quantia guardada e aquele era o momento perfeito para gastá-la. Pensou muitas vezes antes de fazer aquela proposta ao namorado, mas achou que era a hora.
Assim que a manhã de domingo chegou, tomou um café da manhã reforçado, procurando coragem pra fazer o que queria, e nem precisou ligar para , pois ele mesmo o fez quando acordou.
- Bom dia, flor do dia. - ele falou todo sorridente do outro lado da linha.
- Oi, meu amor. - ela também sorriu, receosa, com toda aquela confusão na mente. - Como foi ontem? - tentou desviar os pensamentos e foi atenciosa, como sempre, ao perguntar sobre o trabalho do namorado, o qual ela realmente amava e se orgulhava ao ver o quão longe ele estava indo. Era realmente uma inspiração pra ela.
- Foi tudo bem. - ele falou parecendo ocupado. - Revi meus pais também. Acredita que eles foram? - riu e percebeu que ainda não conhecia os sogros.
- Deve ter sido realmente um grande evento. - sorriu, feliz ao ver que ele ficou estava bem contente. - Mas me ligou apenas pra isso? - perguntou como quem tinha algo em mente.
- Não mesmo. - ele riu do outro lado da linha. - Não está a fim de vir aqui, não? - falou com um tom sedutor. Sabia que ela não negaria.
- Safado. - ela riu baixo também, mas não pensou duas vezes em ir lá. Aquela seria sua chance de convencê-lo de ir naquela viagem. - Claro que vou. - ele sorriu na sua casa e falou.
- Te espero aqui, então. Não demore. Já estou com saudades. - ela sorriu com a fala dele e abaixou a cabeça por reflexo, envergonhada. Parecia uma adolescente apaixonada, às vezes nem ela mesma se reconhecia.
- Não vou demorar. Beijos. - desligou e correu pro seu quarto pra procurar uma roupa despojada mas que também fosse jeitosa. Aproveitou pra colocar uma lingerie melhorzinha, aliás, nunca se sabe o que iria rolar na casa do namorado.
Não demorou nem quinze minutos e já estava na porta dele. Tocou a campainha com o estômago gelado e seu corpo todo se esquentou quando abriu a porta com o sorriso mais bonito que ele dava. Precisou apenas passar o braço pelo pescoço dele e levá-lo pra perto pra roubar um beijo cheio de saudades de apenas de menos de 48 horas sem se ver.
- Uou, me deixa respirar, amor. - ele falou com a ponta dos narizes se tocando, tentado a não beijá-la de novo. Realmente precisava de ar.
- Deixo sim. - ela falou sorrindo roçando seus lábios provocativamente. - Mas só depois de mais um beijo. - ele sorriu contra os lábios dela e ela fez o mesmo, logo depois sentindo a língua dele pedindo passagem. O calor subia cada vez mais e ela já nem lembrava o que pretendia falar com ele quando saiu de casa. Enrugou a testa tentando lembrar de algo, mas só conseguiu pensar direito quando os seus lábios soltaram-se mais uma vez dos dele, ambos sem fôlego.
pediu um tempo colocando o indicador sobre a melhor boca que ela já tinha beijado e deu uma mordidinha, logo depois rindo, tirando um riso dela também.
- Eu tinha algo pra te perguntar. - falou lembrando um pouco da sua madrugada de domingo. Forçou o cérebro um pouco e afastou-se dele um pouco, ainda com os olhos apertados, pensando nas palavras certas a dizer e sentou-se no sofá.
- Você tá me assustando, linda. - ele falou sentando-se perto dela, também.
- Não, tudo bem. - ela riu baixinho, o nervosismo tentando se esconder. - Eu só queria saber se você quer… viajar comigo. - falou rapidamente e ele enrugou a testa sem entender.
- Viajar? Pra onde? Como? Me explica isso direito, . - falou com a expressão um pouco estranha e quase se arrependeu de ter falado logo na lata.
- Sabe, amor, eu tô sempre muito atarefada. Quer dizer, você sabe isso melhor que ninguém. - assentiu escutando-a atentamente. - Então, eu queria fazer algo diferente. Sair um pouco de Nova Iorque, sintonizar minha vida numa outra estação e… Acabei pesquisando uns lugares calmos e bons pelo país pra poder fazer isso. Dar uma fugida, quem sabe... Ou como você preferir chamar isso. - ela deu de ombros tentando passar outra impressão de como ela estava, mas estava um pouco confuso.
- Aconteceu alguma coisa que eu devia saber? Você não é uma pessoa que tende a mudanças e… - o cortou com um vinco na testa e falou.
- Não é mudança, . É só pra fazer algo diferente. Ver um céu azul, um pouco de mar, desligar o celular, se desconectar… - o namorado começava a sacar um pouco a dela e até deu um sorrisinho de lado, mas murchou-o rapidamente quando lembrou da parte do mar.
- O que você quer dizer com mar? Pra onde você quer ir? - ele começava a ficar nervoso.
- Pensei em ir pra… San Diego. - falou fechando um olho, com medo da reação dele.
De primeira, ele arregalou os olhos. Sua namorada era uma louca viciada em viagens e ele nunca tinha percebido isso? Ela sabia que era um tanto caro viajar pro outro lado do país? Mas também ponderou que não podia assustá-la daquela forma. Ela merecia uma folga. E até ele mesmo merecia. Depois do lançamento do seu CD, claro. O que fez ele pensar na data que ela planejava fazer aquela viagem. Nem sabia o que esperar.
- E quando pretende fazer esta viagem? - perguntou tentando ficar calmo.
- Antes eu queria de imediato. - viu o corpo do namorado sair do sofá rapidamente e logo depois voltar, como num susto, e sorriu, achando graça de suas reações. - Mas pensei melhor e achei mais sensato deixar pro fim do mês.
deu uma olhada no relógio que dizia em que dia estavam e viu um nove por ali. Era quase metade do mês, mas era melhor uma viagem mais pro final do que naquela hora.
- Certo, e você quer que eu vá com você? - ele falou agora com as sobrancelhas levantadas. Ela sorriu, virando-se pra ele e pegando as mãos do namorado, dando uma resposta.
- Claro. Você sabe que você é meu refúgio. O meu lar. Não seria eu quem viajaria pra lá se fosse sem você. Uma parte de mim ficaria aqui. Em Nova Iorque.
sorriu, tirando suas mãos das de e segurou levemente o rosto dela, selando seus lábios rapidamente depois de uma troca de olhares intensa. Eles sorriram e ele encostou sua testa na dela, com o sorrisinho sorrateiro aparecendo, com uma resposta na ponta da língua.
- Eu vou. Desde que não custe mais que meu carro novo. - ela sorriu lembrando do carro que ele havia comprado há dois meses atrás e deu um beijo apertado nele, privando-o de sua língua. Rapidamente ele inverteu as posições e beijou-a com ferocidade. Eles estavam a poucos minutos de ir pro quarto e não seria quem iria impedir isso. Muito menos que o queria como nunca quis ninguém. De alguma forma extraordinária ela sabia que aquela viagem seria a melhor que ela havia feito em sua vida. E se orgulharia ao contar aos seus filhos sobre ela.
San Diego. Califórnia. Terra dos surfistas, das meninas de biquíni passeando pela orla até tarde da noite e dos melhores hotéis possíveis pra se alojar.
e chegaram animados e com as mãos dadas no hotel Sand Castle Inn, que ficava a menos de meia hora do pier de Imperial beach, uma das melhores praias da região.
Não demoraram muito pra fazer o check in e logo estavam no quarto enorme do hotel. Era amplo, bem organizado e a colcha branca estava os esperando pra inaugurar a cama. O que logo aconteceu, já que eles chegaram à noite e queriam aproveitar todo segundo que fosse naquele lugar. Fosse dentro ou fora do hotel, todo momento era precioso para aqueles dois.
Assim que acordou no dia seguinte, percebeu que era cedo, o que batia com a hora que ele e foram dormir. Abriu a janela fazendo os poucos raios de sol começarem a passar pela mesma e acordarem a namorada com naturalidade.
A mulher se espreguiçou quando a luz bateu em suas pálpebras e sorriu ao ver o rosto do namorado perto do dela. Ele falou antes de selar seus lábios.
- Bom dia. - ela notou que ele ainda estava só de cueca e logo estava indo pro banheiro. Aquela era a primeira vez que viajavam juntos e permaneceriam juntos por duas semanas, se vendo todo dia. Ela estava esperançosa e cada vez mais intuitiva. Sentia que algo surpreendente aconteceria a qualquer momento, e até podia ser coisa de sua imaginação, mas acreditava que era por estar vivendo uma aventura, uma paixão intensa como aquela, coisa que ela nunca tinha feito antes.
Já desperta, saiu atrás de e entrou no banheiro junto com ele, animada com um sorriso enorme no rosto. Segurou-o pelos braços, com as costas dele virada pra ela e beijou o ombro dele, vendo o rosto do homem no espelho. Ele também tinha um sorriso encantador no rosto e ela podia ter certeza que não tinha pensamentos nada puros, exatamente como os dela.
- Agora não, amor. - ele sussurrou ao se virar pra ela, abraçando-a e colando seus corpos. - Vamos descer pra tomar um café e ir à praia, huh. O que acha?
sorriu contente com a ideia e nem teve o que responder a não ser com um beijo.
Puseram suas roupas de banho, tomaram um café reforçado e passaram parte da manhã conhecendo, de vista, as pessoas que também estavam por ali, que, aliás, tinham todas as idades possíveis. Era incrível como a Califórnia acolhia todo tipo de pessoa.
- Preparada? - perguntou a quando terminaram o café.
- Mais que preparada! - ela sorriu.
- Então, vamos! - pegou a mão da namorada e foram até a frente do hotel pegar o carro que ele tinha alugado, pra poderem ter um bom meio de transporte por ali.
A ida pra Coronado beach foi um pouco longa, mas foi só ligar a rádio que eles nem viram o tempo passar. Tudo por ali era lindo e, guiado pelo seu GPS, foi pelas melhores estradas.
Logo que chegaram, foram atrás de um bom lugar pela areia. esticou sua canga e passou seu filtro solar pelas partes que ele enxergava. Quando viu que não conseguiria passar nas costas, resolveu chamar o namorado que tinha ido até uma tenda ali perto que vendia petiscos. Tinham planejado passar o dia ali e precisariam comer alguma hora.
- Amor, passa pra mim, por favor? - a mulher perguntou apertando os olhos por causa da luz do sol. Afastou o cabelo quando virou de costas pra ele, que pegou a embalagem da mão dela, e aproveitou pra procurar seus óculos dentro da bolsa. Colocou-o e logo estava de frente pra ele de novo. - Obrigada. - sorriu e deu um selinho nele. - Quer que eu passe em você também?
assentiu com a cabeça e deixou a mão de sua namorada percorrer por seu peito e barriga, que já tinha algumas voltinhas salientes resultado de um mês e meio de academia, e aproveitou pra chegar bem perto dela, antes que ela o virasse pra passar nas costas dele. Sorriu e beijou ela, sentindo os lábios macios dela contra os seus. Eles sorriram depois do beijo e viram que algumas pessoas os olhavam. Umas os reprovando e outras com um sorriso meigo.
- Chega de beijo se não você vai ficar todo vermelho. - ela riu dando um tapinha no ombro dele que se virou e falou por cima do outro ombro.
- Só não vale me lambuzar todo. - ele falou já rindo.
- Obrigada pela ideia. - riu e encheu a mão de protetor solar esparramando tudo de uma vez só nas costas do namorado, que abriu a boca indignado pelo que ela fez.
- Não tô acreditando. - ele falou pausadamente e se virando em câmera lenta, o que fez a mulher rir mais ainda. Sua barriga já estava doendo quando a pegou pelo colo e a colocou sobre o ombro dele. Sentindo uma sensação maravilhosa pelo corpo de quem não se divertia tanto há séculos, começou a gritar.
- Me solta! Agora, ! - tentando conter o riso, ela se debatia.
- Não mesmo! - ele falou também rindo e indo em direção à água. , vendo o que ele planejava fazer, tentou se opôr.
- Não, ! Nããão. - ela falou e, continuando a negar, logo sentiu a água bater nos seus pés, na batata da perna, coxa… Até chegar na barriga e ela perceber que já estava com a cabeça na água. Ao ver que o namorado também já estava completamente imerso, se esquivou dos braços dele e afundou de vez na água. Nadou rapidamente pra onde ele estava e o pegou de surpresa, dando uns tapinhas nas costas dele onde ele tentava tirar o excesso de filtro.
- Sua doida. - ele falou rindo ainda jogando água na sujeira que fez. - Me deixa limpar, ! Se não vou te sujar também! - ela riu e ameaçou sair correndo, o que deu certo, pois logo estava com os braços ao redor dela. Eles se abraçaram fortemente e o sorriso um do outro era claramente apenas um reflexo. Agora eles estavam na mesma sintonia, na mesma estação de rádio. Tinham se desligado de tudo e agora só pertenciam um ao outro.
Com um beijo voraz, ele a puxou pra baixo, terminando o beijo de baixo d’água. Eles sorriram mesmo sentindo falta de ar e subiram pra superfície de novo. Numa brincadeira que nem foi mencionada, se abaixou e começou a nadar pra longe, logo sentindo que ela também o seguia. A água era clara e ao virar a cabeça ele a encontrou. Ela subiu um pouco pra pegar fôlego e ele não entendeu, subindo junto. No segundo depois, os dois já estavam de baixo d’água e ela rapidamente selou seus lábios, como no último beijo. Era uma das melhores sensações do mundo, e, agora, ela sabia que não queria sentir aquilo por mais ninguém. Apenas por .
Já tinha se passado uma semana de viagem. e não podiam estar se divertindo mais. Além de terem sua própria companhia, acabaram fazendo amizade com outros casais que também estavam hospedados no Sand Castle Inn e, também, noutros hotéis ao redor.
Na noite de domingo, o casal chegou a pensar em ir a alguma boate, mas acabaram deitados e deixaram para outro dia. No segunda de manhã, acordou com uma alegria sobrenatural. Talvez fosse por ser começo de mais uma semana e pela viagem que estava dando mais que certo. Sorriu, terno, ao ver a namorada dormir com o rosto tranquilo e passou uma mecha de cabelo dela pra trás da orelha. Ela podia ter um corpo maravilhoso, mas nenhuma curva que ela tinha por ali chegaria aos pés das curvas pouco sinuosas de seu sorriso.
Foi com esse pensamento que repousou a cabeça no travesseiro novamente e encaixou seu corpo no dela, ficando de conchinha, e começou a cantar baixinho uma música que ele gostava muito e queria que o mundo todo escutasse. Agradecia muito que o seu mundo era e que ela estava ao seu lado pra escutar.
- I’ve been alone, surrounded by darkness... I’ve seen how heartless the world can be… - falava com a voz um pouco rouca, já que havia acabado de acordar, mas, ainda assim, no tom sereno que tinha o costume de cantar. - I’ve seen you crying, you felt like it’s hopeless, I’ll always do my best to make you see…
percebeu que ela começou a se mover e afastou-se um pouquinho dela.
abriu os olhos de pouquinho em pouquinho e viu a parede branca do quarto desejando que o namorado estivesse na sua frente pra olhá-lo nos olhos e dizer as três palavras que ela queria dizer desde que chegaram naquele lugar realmente inspirador. Ela sorriu sem nem perceber, sentindo a mão dele em cima de sua cintura. Levou a mão dela até lá e apertou de leve, querendo dizer que havia acordado. sorriu ao ver que ela acordou e deu um beijo em sua bochecha.
- Bom dia, lindo. - ela falou levantando e foi sua vez de dar um selinho nele. - Da onde você conhece essa música? E como sabe que amo ela?
levou um susto com aquela revelação, mas a abraçou como se não houvesse amanhã. Como ele amava aquela mulher… Beijou o ombro dela que estava livre da alça da camisola e uma corrente elétrica passou pelo corpo de .
- Não sabia que a conhecia também. Gosto muito dessa música. - ele falou agora olhando profundamente pra ela. Queria ver dentro dela. Queria conhecê-la por completo. Pois, quanto mais tempo se passava, mais apaixonado ele ficava com os mínimos detalhes daquela mulher.
- Pois você leu meus pensamentos. - ela sorriu e beijou a boca dele de novo, mordendo no final, fazendo ele sorrir com os dentes dela ainda em seus lábios.
- Ainda não, mas está pra nascer alguém que vá fazer isso. - sorriu também e avançou sobre os lábios dela novamente, explorando cada canto da boca dela que ele achava ainda não ter descoberto. Ela o parou com uma mão no peito e o beijo acabou com seus olhos um sobre o outro.
- Já tá animado ou tenho um tempo pra pelo menos ir até o banheiro? - levantou a sobrancelha, sugestiva, e ele a pegou pela cintura, trocando as posições e deixando ela livre.
- Você pode escolher. Mas pode deixar que eu estarei aqui esperando. Todinho seu.
sorriu de canto e deu um selinho nele, tirando suas pernas lentamente de cima do homem e indo pro banheiro. Respirou fundo quando lá chegou e observou seu reflexo no espelho. Viu a alça ainda caída e a levantou lentamente, depois pousando sua mão sobre seu peito, sentindo seu coração... Estava como um tambor. Batia forte, bem rápido e compassadamente. O que havia feito com ela? Será que ela estava amando? Ficou pensando naquilo até perceber que estava com um sorriso mínimo no rosto. É, ela realmente tinha saído das trancas de seu antigo mundo pra se trancar naquele amor.
Deixou o pensamento vagar e lavou o rosto, depois escovou o dente e fez seu xixi, já que estava apertada. Não demorou muito e já estava sobre novamente, com seu sorriso sacana e beijando o peitoral dele. Quando chegou a boca, perguntou, nada sutilmente.
- Ainda é todinho meu? - ele riu sarcástico e no momento seguinte já estavam fazendo amor como nunca antes. Eles eram, finalmente, inteiros um do outro.
O resto da manhã foi na cama e só resolveram sair dali quando viram que não daria tempo e nem valeria a pena curtir uma praia se fossem mais tarde. Almoçaram no restaurante do hotel na companhia de um casal de amigos e logo estavam no carro alugado.
não demorou nem dois segundos pra ligar a rádio e levou um susto quando ouviu qual era a música que tocava. Aumentou, quando percebeu que estava focado demais na estrada e quando ouvidos nada atentos do homem perceberam, a música já estava no refrão.
Baby, you're not alone
Cause you're here with me
And nothing's ever gonna bring us down
Cause nothing can keep me from lovin' you
And you know it’s true
It don't matter what'll come to be
Our love is all we need to make it through
- , você é um bruxo ou coisa do tipo? - riu sussurrando a música que ele sussurrou em seu ouvido mais cedo.
- Juro que não, mas bem que queria ser. - ele riu. - Harry Potter, que tal?
- Pode manter o nome, amor. - ela riu tirando uma mecha de cabelo que caiu sobre seu rosto quando um vento passou. - O seu é mais original.
Ele riu e eles continuaram a cantar a música, que parecia ser feita pra eles.
Quando chegaram à praia, viram que era horário de pico. Estava lotada e seria difícil encontrar um espaço pra ficarem. Eles se encararam e pegou a mão dela.
- Quer ficar perto do mar? - deu de ombros e começou a andar na frente dele. O homem riu vendo que ela não ligava pra lugar e foram ficar bem perto do mar. Deitaram-se um do lado do outro e aproveitaram que o sol não estava muito forte pra evitar o ritual do filtro solar. colocou a cabeça por cima do ombro de e ele a beijou na cabeça, abraçando sua cintura.
Depois de um tempinho naquela posição, sempre ouvindo passos pra lá e pra cá, ouviram algo diferente. Um jovem os abordou com uma câmera fotográfica na mão e balançou-a no ar.
- Oi, casal. - sorriu brevemente. - Eu sou fotógrafo e tô fazendo umas fotos da praia hoje. Vi vocês de longe e imaginei que você poderiam protagonizar uma boa foto. Ficaria linda.
e se olharam meio sem graça, mas gostando do elogio. Deram de ombros e o tal fotógrafo tomou distância, falando um pouco alto.
- Continuem na mesma posição de antes, vai ficar perfeita. - eles riram com a espontaneidade do rapaz e se abraçaram até mais, empolgados. O desconhecido bateu umas três fotos e chegou mais perto deles. - Vou postar no meu site, tudo bem? - eles assentiram e o rapaz foi saindo de cena, quando lembrou de uma coisa.
- Ei! - ela o chamou, fazendo não entender sua reação. O homem voltou rapidamente e a olhou com a testa franzida.
- Pois não? - perguntou, sem entender.
- Se incomodaria de tirar uma foto com meu celular, também? - falou dando um sorrisinho torto pra que a olhou torto quando percebeu que ela havia levado o celular pra praia. Ela viu o rosto do namorado e pediu desculpas com o olhar.
- Claro, sem problemas. - o rapaz pegou distância novamente e tirou a foto deles. Uma, duas, três vezes, como fez com sua câmera. Voltou pra perto deles e comentou. - Espero que gostem.
Sorriu e se foi de uma vez.
voltou o olhar pra namorada e a beliscou no ombro, fazendo-a rir.
- Eu sei, eu sei… Estamos fazendo greve de tecnologia. - rolou os olhos. - Mas foi só uma fotinha. Uma fotinha inofensiva… - falou chegando perto dele e dando um selinho. Depois abaixou o olhar pro celular e o desbloqueou, vendo a foto. Nem pôde acreditar quando viu que realmente ficou muito bonita, parecendo de casal de tumblr. Sorriu de orelha a orelha e falou. - Que eu vou postar no facebook, claro. - mas logo foi repreendida por .
- ! - ele falou alto. - O que a gente combinou mesmo? - falou com a sobrancelha levantada. Ela fez um biquinho e mostrou o celular.
- Mas ficou realmente muito bonita, olha. - colocou o aparelho mais perto dos olhos dele. - E precisamos tirar algumas fotos, huh. Como vamos ficar sem nenhuma recordação da nossa primeira viagem? - falou finalmente o convencendo.
- Ok, você venceu. - ele falou ainda um pouco receoso. - Mas só porque você ficou extremamente linda nessa foto. Vai, posta logo antes de eu voltar atrás.
Ela riu da reação dele e mordeu os lábios do namorado, que riu do que ela fez e apertou a cintura dela reagindo. Ela escolheu a melhor foto, já no aplicativo do facebook e colocou alguns emojis de praia na legenda. Apertou pra enviar e sorriu quando a foto carregou toda.
- Feito. - ele falou já querendo tirar o celular da mão dela, que sentiu o aparelho vibrar e levou a mão pra longe, não deixando ele fazer aquilo.
- Espera! Alguém já curtiu a foto! - falou animada vendo o sucesso que iria fazer.
Viu que em menos de um minuto já tinha três curtidas e um comentário e seu sorriso se tornou uma gargalhada quando viu de quem era o comentário. Ria demais e o , sem entender, perguntou.
- O que, diabos, aconteceu? - deu o celular na mão dele ainda rindo e deixou ele ver aquilo.
“Melhor casal, EVER. Já estão curtindo a lua de mel e nem me chamaram pro casamento? Quando voltarem pra Nova Iorque esperem pela fúria do titã…”
Era claro que aquele comentário só podia ser de Jenna, que depois do episódio “estou na casa de um estranho” vindo de foi uma das que ajudou o casal a dar certo.
riu do comentário da amiga do casal e olhou a namorada de lado, respondendo por ela.
“Jenna, o titã aqui sou eu! Ninguém sabe que viemos e a estragou nossos planos mostrando pro mundo essa barriguinha de um mês dela. Mas se prepara que as surpresas estão só começando… ()”
Ele mesmo riu do comentário mentiroso que ele fez e deu o celular pra , que começou a bater no ombro dele quando viu o que ele respondeu pra amiga.
Satisfeito com a vingança, riu de lado e ajeitou a cabeça sobre a canga. Claramente o fato de estar grávida era invenção, mas da parte das surpresas… mal podia esperar.
Infelizmente, aquele já era o último dia da viagem. Aquele que pensou que nunca chegaria e que queria mais que tudo. Não que ele não havia gostado da viagem. Muito pelo contrário. Havia amado. Mas aquele era o dia que ele tinha marcado de fazer algo que nunca se arrependeria. Que marcaria suas vidas pra sempre e os tornaria mais unidos do que nunca.
Havia preparado tudo nos mínimos detalhes e resolveu que aquela era a hora de chamar .
Deixou o lugar, e pegou o carro, seguindo pro hotel que estavam. Não demorou nem dez minutos e estava lá. Foi até o salão do lugar e viu a mulher conversando com as mulheres dali, numa hidromassagem que tinha perto da piscina. Foi até ela e a conversa cessou, todos os olhares indo pra sua direção. Ele sorriu pra todas e abaixou-se, falando no ouvido da mulher.
- Te espero na entrada do hotel para um passeio.
As jovens sorriram quando viu que algo estava pra acontecer e deu passe livre pra , que acenou depois de colocar sua saída de praia, pôr seu chinelo e ajeitar o cabelo. Deu um sorriso pra recepcionista quando passou por perto e logo estava na entrada, avistando perto do carro. Foi até ele, que abriu a porta do carro pra ela, e entrou no carro sem entender.
- Não íamos passear? Pra quê o carro? - perguntou, intrigada.
- Calma… Você vai ver. - ele falou ligando o automóvel. Estava ansioso, não podia esperar mais.
Foram tranquilos pra Imperial Beach e ela sorriu ao ver que o sol estava quase se pondo. Ele tocou a mão na dela quando estacionou e eles saíram do carro.
- É aqui que você quer passear? - ela falou ajeitando o cabelo que teimava ficar em seu rosto.
- Na verdade, eu fiz uma coisa pra gente. - disse a levando pra uma curta caminhada que dava no píer dali.
- Que coisa? Tá me deixando curiosa. - ela falou com o estômago gelado. Adorava quando ele fazia coisas imprevisíveis. Era totalmente a cara dele.
- Veja por si só. - ele a colocou no primeiro degrau, que já dava pra ver o que ele havia feito e ela sorriu de orelha a orelha, lembrando de quando ele a pediu em namoro. Olhou pro namorado feliz e foi até a toalha xadrez vermelha e branca que estava disposta em cima da madeira com um lanche pra lá de gostoso que a faria engordar uns três quilos.
Logo, também estava do lado dela, com as mãos nos bolsos da bermuda e um sorriso nervoso, pensando no que ela acharia daquilo. Do que ele pretendia fazer.
- Que lindo, amor! Eu amei. - ela falou o beijando rapidamente e sentando-se num espacinho da grande toalha que foi reservado pros dois. Ele também se sentou e começaram a desfrutar do belo lanche. Havia uva, maçã, melancia, bolo de chocolate, cenoura, baunilha, suco de caju, abacaxi, melão… Era variedade que não acabava mais.
Depois de terem enchido a barriga com pelo menos metade do que antes havia ali, ele sentiu o estômago pesar junto com seu bolso, percebendo que era a hora.
- … - ela o olhou com uma uva na mão. Assentiu com a cabeça. - Eu nunca achei que eu ia fazer isso tão cedo. Tão novo. E muito menos com apenas quatro meses de namoro. Mas, com as voltas e voltas da vida, eu te encontrei. Debaixo da chuva, encharcada e com uma porta emperrada. Aquela porta pode até ter demorado pra abrir, mas a minha sempre estava aberta pra você. Eu te via trabalhando pela minha janela, e chegava a me perguntar o que tanto você fazia naquele computador. E eu nunca imaginaria que você seria a pessoa que me faria desligar a minha televisão só pra te abraçar. E eu tô falando isso tudo porque não aguento mais, eu preciso dizer que… Eu te amo. - ele falou como se aquelas palavras nunca fossem sair. Ela sorriu de orelha a orelha, pensando que ele faria outra coisa, e se permitiu chegar mais perto dele, o abraçando e finalmente dizendo o que ela tanto queria também, perto da orelha dele.
- Eu te amo muito. Muito mesmo. - falou, abalada com toda aquela declaração.
O abraço se partiu e ela o olhou no fundo dos olhos, tentando entender o que ele estava fazendo.
- Tenho uma coisa pra te perguntar… - ele falou tirando uma sacolinha vermelha com um laço dourado do bolso e abrindo-a calmamente. Tirou um anel fininho com uma pedra brilhante e outro um pouco mais grosso com a mesma pedra, o que fez os olhos de saltarem e o coração dela bombear desesperadamente. - , você deseja se casar comigo?
Ela tentava tirar o olhar do anel, mas seu olhar depois batia no rosto dele e tudo que ela queria era beijar ele por completo. Beijar o anel que escorregava no seu dedo depois de dizer ‘sim’ e também o anel dele. Era claro que ela queria!
- Sim, ! Eu quero ser sua esposa até o fim dos meus dias.
Ele aumentou progressivamente seu sorriso e viu os olhos dela lacrimejando. Colocou delicadamente o anel no dedo dela e deixou ela colocar o dele no seu dedo. Quando ela terminou, ele pegou o rosto dela com as duas mãos e beijou a pequena lágrima que caía, depois a ponta do nariz dela, o queixo, e, por fim os lábios.
Agora eram só eles dois. O amor os envolvia naquele fim de tarde no píer que faria parte de uma de suas melhores lembranças e todas as angústias, medos e chateações foram embora, com o vento que lá passou, pra nunca mais voltar. Logo eles estariam de volta à Nova Iorque e, eles podiam jurar, mais desconectados do que nunca.
Dois terços de sua vida o jovem passou na casa de seus pais. Acostumados com uma vida calma, ao contrário de muitas pessoas que moravam naquele país, deram lar, educação e tudo que podiam à sua filha mais velha Elouise e, também, ao pequeno .
Diferente do que o mais novo queria pra vida, Elouise, logo que fez dezessete anos, arredou os pés do sofá, procurou um emprego pela cidade em que moravam, - ainda no Bronx - e quando conseguiu dinheiro o suficiente voou para Finlândia, dando início a sua vida acadêmica e mostrando que era realmente a mais responsável dos filhos de Mayra e Francis.
Cada vez mais orgulhosos da filha, a pressão que colocavam sobre ficava cada vez mais forte e mais cedo. Aos treze anos, quando sua irmã tinha vinte e estava na capital do país dos sonhos dela, já estava sendo colocado na melhor escola da cidade onde seus colegas também tinham as mesmas neuras de seus pais. Serem os melhores, independente de gosto, idade, aparência ou qualquer outro tipo de diversidade. Apenas serem os melhores.
Ele não concordava. Talvez por se considerar um clássico aquariano, como sua tia Dalila falava toda vez que ia a sua casa, ou simplesmente porque via tudo de um modo diferente. Como se ele não se encaixasse naquela cidade. Naquele ritmo dos seus pais, quase que negando que morassem nos Estados Unidos. Naquela vida que a irmã queria ter novamente.
Pois é, ele nunca quis ter uma vida quieta. Ele queria participar de tudo. Nem que custasse suas noites de sono, ele queria que a sua vida valesse a pena.
Foi quando completou dezoito anos, cinco anos depois, que tomou uma decisão.
- Estou indo pra Manhattan. - disse aos seus pais, sentado em frente deles na mesa de quatro lugares da sala. Eles tinham os olhos arregalados enquanto despontava um sorriso de canto. Sonhara com aquele momento desde que havia feito quinze anos, quando começou a trabalhar escondido no Bronx’s Bowling Club. Mas finalmente havia chegado o dia.
Eles custaram a aceitar. Foi uma semana na luta de mudar o pensamento deles. Entretanto, na segunda-feira da outra semana, lá estava ele no carro emprestado de seu tio Levy indo em direção à liberdade. Quer dizer, Manhattan.
Depois de uns bons anos trabalhando como guia no Empire State Bulding, sua chefe, Ivy, descobrira seu talento com a música e o indicou para a melhor produtora da cidade. Ele não podia ter ficado mais feliz. Naquela semana, acordar cedo não era mais um problema, sabendo que a tarde se dedicaria somente e apenas à música.
Quando , finalmente, se mostrou merecedor, Ivy Claire o dispensou e deixou um conselho que nenhuma outra pessoa havia lhe dito.
“, você tem um dom. E esse dom é a música. Por favor, não o desperdice. Daqui a anos, eu aposto uma boa grana que você estará em todas as televisões do nosso país…”, e, pra completar, ela tinha dito aquilo com um sorriso tão grande, com os olhos tão encantadores, que não só a fala ficara registrada em sua memória como o rosto dela também. Ivy, sem dúvida alguma, seria uma das pessoas que ele seria grato pelo resto de sua vida.
Pois, afinal, ele tinha conseguido.
Era uma das revelações não só de Manhattan como de toda Nova York, chegando a ser escutado em outros Estados, e ficando nacionalmente famoso.
Se sua irmã estava certa em ir pra Finlândia perseguir os sonhos dela, ele também estava certo em viver pela música. Pois ele já não conseguia viver sem.
Era exatamente na alegria que ele sentia por ter vencido tanto na vida que ele estava pensando quando abriu a janela de seu quarto. Apoiou o cotovelo no parapeito e a cabeça na mão, ficando na sua típica posição quando queria pensar. Era noite e ele estava até um pouco cansado devido às horas que ele havia passado compondo e tocando seu violão, quando não estava monitorando suas redes sociais em busca de novos fãs. Era gratificante ver como seu trabalho crescia cada vez mais.
Deixou a mente vagar no passado, nas pessoas que ele havia conhecido até chegar ali, até que seu olhar desceu das poucas nuvens do céu escuro que cobria Turtle Bay para o prédio da frente.
, como um bom observador, já sabia decoradamente a rotina tediosa de alguns habitantes dali. Apesar do prédio ser idêntico aos que as pessoas viam na televisão, a vida das pessoas que ali moravam nem chegavam a ser das brilhantes pessoas dos filmes. Nada que desse, ao menos, uma música, o que ele sempre estava em busca.
Ele bufou e rolou os olhos.
Ah, se ele pudesse bater na casa da única pessoa que ali lhe interessava… Aliás, pra tudo há uma exceção, certo? E, por enquanto, a do edifício da frente era uma mulher que passava o dia inteiro em frente à tela de seu computador, só ligava a luz de seu quarto quando começava a escurecer e fazia suas refeições um tanto quanto regradas. Ele sentia certa curiosidade pra saber o que ela tanto fazia naquele pedaço de tecnologia. Principalmente com uns aparelhos tecnológicos que ele nunca vira na vida. Era algo a se analisar.
E lá estava ela. Com a luz do quarto acesa, o rosto vidrado na tela luminosa, e os olhos inquietos, indo, provavelmente, atrás de cada movimento que a setinha do mouse fazia.
Pensando bem, tinha até umas suposições. Ela devia ter por volta dos vinte poucos anos, havia grande probabilidade das horas que ela passava confiscada em seu quarto junto a seu computador ser seu trabalho, e, o principal, era que ela parecia ser solteira, já que nunca tinha visto nenhuma pessoa dentro do apartamento dela a não ser uma menina ruiva, a qual ela não beijava na boca para cumprimentar. Bastantes palpites pra alguém que nem tinha a ver com a vida dela.
Mas, ao contrário do que ele esperava naquela noite, ao fechar a janela, a mulher sentiu uma rajada de vento entrar pela fresta de sua janela aberta e, de relance, olhou pra fora, percebendo justamente a janela do outro prédio que se fechava. Era a do homem que às vezes ela pegava olhando pela janela. Ela ria daquele hábito do sujeito, mas, de alguma forma, achava interessante. Ela também gostava de observar nas poucas vezes que saía de casa.
Inclusive, a bela moça se chamava e amava uma boa xícara de cappuccino pra terminar os trabalhos do dia. Por isso, ela foi rapidamente à cozinha, não demorou dez minutos ao fazer, e levou junto com alguns papéis para seu quarto. Só mais alguns ajustes e mais um site estaria pronto. Mais um a ser entregue e mais dinheiro na sua conta. Era disso que ela vivia.
Após terminar sua bebida, lavou rapidamente a louça, tomou uma chuveirada quente pros seus músculos relaxarem de tantas horas sentada, e respirou fundo antes de colocar sua cabeça em cima de seu travesseiro, dando passagem pra um sonho bom ocupar sua mente antes de ter que acordar pra um dia inteiro fora de casa. Definitivamente, aquele seria um longo dia.
tinha marcado com Christina, uma nova cliente, na casa da mulher. Só não imaginava que ficava do outro lado da cidade e que passaria horas no trânsito.
Ficara admirada com a casa luxuosa da dona da casa, rodeada por paredes de vidro que deixavam o ambiente externo a mostra e dava a impressão que tudo era um só lugar, sem divisões.
Depois de aceitar uma xícara de chá que a mulher ofereceu, elas se sentaram numa mesa aos fundos da casa, pra Christina pegar seu sol da tarde, e se puseram a conversar sobre o site que a arquiteta tinha projetado a mão.
- Aqui está. - a tal secretária de Christina deu o modelo nas mãos de , que sorriu e percebeu que ela realmente entendia muito de design gráfico. Apesar de ser um pouco dondoca e parecer não ter algo útil no cérebro, a senhorita Christina era uma boa desenhista. Não seria difícil projetar o tão sonhado site que queria.
- Fica caro, querida? - a mulher perguntou bebericando mais uma xícara de chá, o qual tinha tomado apenas uma e não aguentaria mais um mínimo gole. Realmente não tinha nenhum pé na terra da rainha, ao contrário da mulher a sua frente.
- Não, imagina… - falou dando um sorrisinho de lado, mas não perdendo a chance de pensar que, com Christina, ela poderia aumentar o preço, sabendo que ela pagaria.
A mulher pensou duas vezes antes de discutir sobre o preço estipulado pela designer, mas pediu para a secretária seu maço de cheques, já o dando para , que saiu da casa sorrindo de orelha a orelha. Ela gostava cada vez mais de seu trabalho.
Durante a volta pra casa não largou o celular, vendo que chegava mensagens de novos pedidos, de suas amigas de infância, de sua mãe, de sua avó… Era muita coisa para sua cabeça. Apesar de saber lidar bem com tantas tarefas, estava na estrada e não era hora para aquilo.
Assim que chegou em seu bairro, estacionou no primeiro café que achou e entrou no lugar, pedindo logo seu clássico cappuccino com a torta do dia, que vira que era a alemã, sua predileta.
Enquanto tomava seu café da tarde, respondeu as mensagens apenas necessárias e, quando reparou, já eram 6 horas. Hora do caos. Hora nem que ela sabia como chegaria em casa. O dia que começara livre de nuvens no céu, começou a se acinzentar mostrando que cairia pelo menos alguns chuviscos pela cidade.
Bufou e entrou no seu carro, pensando que teria de atravessar o bairro pra chegar em casa. Trânsito natural mais chuva daria em trânsito caótico.
Não deu em outra. Demorara aproximadamente quarenta e cinco minutos quando, se tivesse feito o caminho a pé teria dado em dez ou quinze, no máximo.
Estacionou o carro em frente a seu prédio, como sempre, e pegou a bolsa no assento ao lado, colocando-a sobre seu cabelo evitando que pegasse um resfriado.
Saiu apressada e correu pro seu prédio, que tinha a porta fechada. Ela tentou, uma, duas, três vezes abri-la e não conseguiu. Também colocou o rosto bem perto do vidro que tinha na porta e percebeu que não havia nem sinal do porteiro Wesley.
- Por que, Deus, por quê? - começou a falar sozinha, tentando abrir a porta desesperadamente. - Um ótimo dia pra uma péssima noite? Que bela forma de se compensar a minha pessoa. - estava prestes a começar a chutar a porta quando sentiu uma mão no seu ombro.
Virou o rosto de leve e encontrou um sorriso extremamente branco perto de seu rosto.
- Problemas com a porta do prédio? - o jovem perguntou.
- Muitos. - ela bufou, arregalando os olhos, mas um pouco envergonhada por alguém ter presenciado aquilo. Principalmente aquele moço que parecia bem bonito.
- Deixa eu te ajudar. - ela fez os lábios ficarem numa linha fina e deu um passo pra trás, reajeitando a bolsa em cima de sua cabeça e deixando o homem tentar abrir aquela porta que parecia estar emperrada. Ele tentou puxar, empurrar, e até pegar distância pra chutar, mas também não conseguiu. Depois daquelas tentativas, ele limpou o suor, ou gota de chuva, que caía de sua testa e falou um pouco sem graça.
- Olha, acho que não tem muito jeito não… Vamos ter que chamar um chaveiro pra ver o que aconteceu com essa porta. - ela deixou cair a mão que sustentava a bolsa, de vez, e fez uma careta tristonha, sentando-se a frente do prédio e repousando o objeto em suas pernas dobradas, fazendo a chuva cair toda em sua calça, encharcando-a.
- Deixa, eu vou esperar o porteiro chegar e ver o que faço. Mas obrigada. - sorriu pro sujeito, agradecida, e ele tentou sorrir, mas saiu uma careta, preocupado em deixar uma mulher bonita como ela sozinha por ali.
- Tem certeza que quer ficar aí sozinha, nessa chuva, nessa escuridão? - ele tentou persuadi-la.
- Mas não tem pra onde ir… - ela deu de ombros. Ele teve uma ideia, mas não. Não iria chamá-la para ir a seu apartamento. Ela entenderia seu ato altruísta como o de um maníaco.
- É… - coçou a cabeça, desgrenhando os fios molhados de seu cabelo. - Tudo bem. Mas se cuide. - ele sorriu e foi atravessando a rua, tentando não olhar pra trás. Tentou seguir seu rumo, mas não conseguiu. Avistou a mulher do outro lado da calçada com a mão sustentando a cabeça, como se tivesse esperando por um milagre e resolveu ser o milagre dela. Não podia deixá-la ali. De qualquer forma, ele a conhecia. Só ela não o conhecia.
Atravessou apressadamente a rua e estendeu a mão pra ela, que avistou e subiu o olhar pelo tronco dele. Agora a blusa marrom escura dele estava bem colada ao corpo e mostrava o belo corpo que ele tinha. Ela queria não ter reparado nisso, pois quase não escutou quando ele falou.
- Tudo bem, não vou te deixar aqui. Sendo sincero, eu moro aqui na frente. Nesse prédio. - apontou pro prédio da frente e ela fez menção em olhar. - Vem, eu te levo até lá, pra pelo menos trocar essa roupa. Vai pegar um resfriado se continuar aqui, debaixo da chuva… - tentou fechar a boca antes que se enrolasse na fala, mas, foi só vê-la sorrindo que também abriu um sorriso.
- Não pretende fazer outras coisas comigo, não é? - ela levantou colocando a bolsa no ombro.
- Pode confiar em mim. Não farei nada que você não queira.
A mulher riu de lado, mas, secretamente, estava mesmo era nervosa. Tudo bem que ele era bonito e musculoso, mas ainda era um desconhecido.
Seguiu o rapaz até o prédio da frente, não tendo a preocupação em cobrir seu corpo mais, e logo adentraram a portaria. Passaram por um espelho de corpo todo e ela reparou como estava extremamente molhada. Já não era difícil saber que, de qualquer jeito, ela pegaria um resfriado.
Ele apertou o botão do elevador e ela espremeu a bolsa mais contra o corpo e, sem perceber, acabou esmagando-a e fez pingar muitas gotas d’água dela.
- Me dá sua bolsa. Vai acabar te molhando mais do que já está molhada. - ela pensou duas vezes antes de fazer isso e até fez uma careta, que o fez rir. Entregou-a, sem graça. O elevador chegou e, assim que se viu naquele cubículo com o rapaz charmoso ao seu lado, falou fraco, mas audivelmente.
- Obrigada. - sorriu de canto, sem saber se expressar muito bem.
- Calma que ainda vai ter muito o que agradecer… - ele disse, fazendo graça.
Assim que saíram no décimo primeiro andar, ela sentiu uma pontada de curiosidade passar por seu corpo. Olhou de novo, no visor, os dígitos, mas não conseguiu associar a nada. Deu de ombros e o seguiu. Foram parar na porta do 1101, a qual já tinha a chave sendo girada e logo estava aberta.
- Por favor. - ele tentou ser cavalheiro e ela sorriu com o gracejo, entrando e esperando ele ligar a luz. Antes que pudesse reparar no cômodo todo, agora iluminado, ele chamou sua atenção. - Ainda não sei o seu nome…
- . . - sorriu e juntou as mãos em frente ao corpo. - E você seria…
- . Mas pode me chamar só de .
Ele sorriu e reparou que o traje dela até estava bonito, mas completamente molhado. Aumentou o sorriso, ao pôr seus pertences que antes estavam no bolso na bancada americana que tinha ali, e voltou-se a mulher que ali estava.
- Então, , o banheiro fica ali no corredor. É a primeira porta a esquerda. Quanto a suas roupas… - colocou a mão sob sua barba por fazer, esfregando suavemente, pensando como poderia ajudá-la. , sem querer, mordeu o lábio inferior com o gesto do homem. Reprimiu seu eu interior, que estava começando a se libertar, e se recompôs sorrindo quando ele pareceu ter uma ideia. - Já sei. Vou te dar umas roupas minhas, você as troca e, quando tiver com elas, me dê as molhadas que eu mesmo lavo. Não se incomoda, né?
não gostou da ideia de um homem lavar suas roupas, ainda mais não tendo nada com ele. Estava pronta pra entrar em protesto quando ele reparou e retrucou.
- Não, nada de negar ajuda. Você já está aqui, mesmo, o que custa? - ela relaxou a face e sorriu, deixando a cabeça cair de leve, envergonhada com tanta coisa que ele estava fazendo por ela.
- Acho que já sou eu quem está abusando de você. - eles riram da piada dela e pediu para que ela o seguisse.
Foram ao quarto dele pegar roupas secas e ele ofereceu a ela a maior blusa que tinha, já que seus shorts, até os de dormir, ficariam enormes nela. sorriu ao reparar que a enorme blusa preta tinha escrito em branco a palavra “QUEEN”, junto com o rosto dos integrantes da banda.
- Bom gosto, . - não pôde evitar falar enquanto andava em direção ao banheiro.
Ele riu e foi pra cozinha, coçando a cabeça ao reparar que não ouviu o “click” entendido como a tranca do ambiente em que entrou. Sentiu seu corpo esquentar ao imaginar o que sua vizinha de prédio guardava debaixo de tanta roupa e balançou a cabeça quando percebeu que estava passando dos limites. Acalma os ânimos, … Pensou.
Resolveu fazer uma bebida quente pra ela e lembrou de algumas vezes que ela ia a cozinha e fazia algo parecido com cappuccino. Não sabia se era isso mesmo, mas tentou arriscar. Não era um gênio da cozinha, mas tinha alguns dotes.
Fez duas xícaras médias do líquido e reparou que ela estava demorando. Foi quando escutou o chuveiro ser desligado. Enrugou a testa quando lembrou que não havia dito nada que podia usar o chuveiro, mas percebeu que ela podia ter interpretado de outra forma. Sem contar que ela, realmente, devia estar precisando de um banho quente. Sorriu ao pensar em quão lerdo ele podia ser e logo viu saindo do banheiro, penteando o cabelo, e com um terço das pernas descobertas. Foi impossível não reparar que, mesmo sedentária, ela tinha um corpo muito bonito.
Fingiu que não passou tempo demais reparando nela e se agitou quando ela sentou num dos banquinhos do outro lado da bancada americana, que separava a cozinha da sala.
- Tudo bem eu pegar seu pente pra pentear meu cabelo? - ela perguntou ao terminar de arrumar suas madeixas e deixar o objeto em cima do lugar.
- Não, não pode, . - ele falou como se fosse um crime ela ter feito aquilo, com tom de brincadeira. - Não te disse que o pente eu não divido com ninguém? - a mulher riu com a piada e até soltou um “bobo” sem sentir medo do que ele iria achar. Reparou nas xícaras apoiadas ali logo que o cheiro adentrou suas narinas.
- O que fez? - perguntou ainda se deliciando com o odor.
- Cappuccino. Achei que seria mais uma boa pedida pra te deixar longe de um resfriado.
Ela sorriu ao notar que seria a segunda vez que tomaria aquilo no dia e resolveu se tornar um pouco mais íntima dele e continuar com seu jeito que só suas amigas conheciam.
- Olha, vou te falar que já tomei um hoje, mas, como você foi gentil demais comigo, não vou negar mais uma xícara. - ela sorriu já puxando o objeto que continha o líquido e vendo um sorriso nascer no rosto de , que logo estreitou o olhar e disse.
- Devia ter te esperado sair do banheiro, que aí eu faria algo diferente. - ela riu e tomando alguns goles, respondeu-o, engraçada.
- Que aí você não faria, né. - assoprou um pouco o líquido quente e continuou. - Não deixaria você continuar com essas regalias. Sou só uma intrusa aqui, devo estar te atrapalhando com coisas de trabalho e… - a cortou com um gesto e falou.
- Nada disso. - deu a volta e sentou num banquinho ao lado dela também, puxando a xícara para mais perto dele. - Quer dizer, sou meio viciado em trabalho, sim, mas não deixaria de fazer um bom ato pra ficar totalmente imerso trabalhando. - fez uma careta e ela tentou sorrir, com um trecho do que ele tinha falado ecoando em sua cabeça.
“Um bom ato…” Talvez fosse apenas um bom ato pra ele mesmo.
Tentou deixar pra lá e demorou a notar que estava fitando demais os olhos do homem. Ele também correspondia ao olhar, mas levou um susto e engoliu o líquido rápido demais, tornando a tossir. Colocou a xícara na bancada rapidamente e quando se recuperou da tosse exagerada, ficando um tantinho vermelha, começou a rir.
- , você não é normal… - falou já com o riso querendo escapar, enquanto colocava sua xícara perto a dela também. - Mal acaba uma crise de tosse, começa uma de riso.
Os dois riram gostosamente e ela se apoiou no ombro dele, se levantando e ficando bem próxima do banquinho dele. Foram apenas alguns segundos naquela posição, já que uma música adentrou o ambiente tirando os dois de seus devaneios. logo a reconheceu como seu toque do celular e olhou rapidamente pros lados, vendo onde tinha deixado sua bolsa. Que, aliás, estava molhada ainda! Agitada, ouviu o homem falar.
- Calma. - riu. - Está no sofá.
Rapidamente ela correu até lá. Quando tocou na bolsa percebeu que ele também havia esquecido do fator chuva e devia ter molhado o estofado todo. foi ágil ao procurar o celular e rapidamente tinha o aparelho grudado ao ouvido.
- Alô? Oi, Jen. - ela olhou pra trás como quem procura alguma coisa, olhando justamente pra janela e, observando seu apartamento, respondeu à amiga. - É, eu não estou em casa. Ah, longa história… Não, não dá pra contar agora. - cortou a amiga que insinuava coisas desagradáveis não correspondentes ao momento e ruborizou ao sentir o olhar de em suas costas. Deu mais uns passos e reprimiu um riso, tomando a palavra. - Claro que não, Jenna! Você sabe que não sou disso. - rolou os olhos ao escutar as baboseiras de sua amiga que queria porque queria que ela desencalhasse e até tirou o telefone de sua orelha por alguns segundos, ficando impaciente. - Olha, Jen, de verdade, não dá pra falar agora. Mais tarde eu te ligo. Ou amanhã, já que está tarde. - ainda teve que escutar metade de uma fala engraçadinha da mulher, mas nem deixou ela terminar já que, no meio da fala, ela falou. - Tchau! - e desligou.
- Curta e grossa. - zombou dela, rindo, ainda sentado em seu banquinho. Ela agitou a mão que apertava o celular e rolou os olhos, transmitindo a impaciência pela face.
- Jenna às vezes não tem limite… - deu alguns passos voltando pra perto do moço enquanto ele fazia uma pergunta um tanto quanto intimidadora.
- Que assunto confidencial é esse? Quer dizer, acabamos de nos conhecer então se não quiser falar... - parou a um passo do seu banquinho e fez a mente pensar rápido, antes de falar das suspeitas da amiga. Lembrou da bolsa e rapidamente deu um passo pra perto do sofá, apontando pro objeto e mudando de assunto.
- Olha, acho que minha bolsa é mais importante nesse momento. Acredito que ela molhou todo seu sofá. - riu baixo enquanto via dar um salto e ir pra perto dela. Ele tirou rapidamente a bolsa de cima do estofado de seu sofá e olhou pra baixo dela, notando a mancha escura da água no local que ela estava anteriormente.
- Tem razão. Dei mole. - fez um estalo com a boca e foi em direção à cozinha, no objetivo de ir direto ao lavabo e deixá-la num lugar melhor. Voltou rapidamente e encontrou uma sentada sem mover um único músculo a não ser seus polegares agilmente pela tela do celular. Ele se sentou ao lado dela num pulo e observou a reação dela.
- Ah! - ela levou um susto à aparição do rapaz.
- Calma, eu só… - ele riu sem graça e ela passou a mão na testa, sem graça.
- Desculpa, eu acabei me entretendo demais aqui e nem percebi você aí. - deu um sorriso amarelo e voltou os olhos pro celular, checando o tanto de mensagens que já tinha. Como havia deixado acumular tantas assim? Aquele imprevisto da chuva atrasaria seus futuros projetos.
- Pelo visto o namorado deve ter aparecido. - ele jogou verde tentando ver se ela realmente tinha um namorado ou se o terreno estava limpo pra lances.
- Namorado? - tirou os olhos do visor e riu de lado. - Só se for nos meus sonhos. Tenho tempo pra isso, não, .
- Como assim? Todo mundo tem tempo pra namorar! - ele tinha um riso pronto pra sair, mas o continha antes que sua felicidade por saber que ela não havia um parceiro se apresentasse.
- Quer dizer que até o senhor “imerso no trabalho” tem uma namorada? - ela riu um pouco mais querendo fazer uma careta, com certo receio em saber se aquilo era realmente verdade.
- Bem queria, mas só troco mensagens pelo facebook mesmo… - ele riu de lado e a olhou de canto também, notando um pequeno sorriso no rosto dela. Foi impossível não abrir um grande sorriso.
- Então pelo menos tem pretendentes. - ela deu de ombros.
- E aposto que você tem também. - comentou, tirando os olhos de do celular de novo.
- Ahn, não muitos. - fez um estalo com a boca e voltou a digitar. Demorou um pouco pra perceber que era um tanto inconveniente pro momento, mas logo que percebeu bloqueou a tela do celular e deixou-o ao seu lado. Moveu o corpo na direção de um sonolento e apoiou o cotovelo no estofado do sofá, aproveitando pra deixar a cabeça sobre a mão. - Dormindo?
piscou calmamente e sorriu.
- Quase. - os dois riram juntos e ela se envergonhou por quase estar tocando suas pernas nuas na calça surrada do homem. Ele nem percebeu, já que pensava que realmente queria esse tipo de contato e um pouquinho mais.
- Vou deixar você dormir, então. - levantou e foi atrás de suas roupas. - Achou mesmo que eu ia deixar você lavar minhas roupas? Posso muito bem fazer isso sozinha e…
- Não mesmo! - ela mal tinha percebido, mas não demorou pra ele saltar do sofá e ir atrás dela, que estava indo até o lavabo pegar seus pertences. - Como pretende ir pra casa, querida ? - ele levantou as sobrancelhas ao notar que ela estava o fitando.
- Pensando bem… - ela riu, notando que não tinha muito jeito mesmo. Ela não tinha como entrar no prédio dela por mais de três fatos. Não teria muito jeito a não ser…
- Pois é. - ponderou propondo o que ela achava que seria o jeito. - Acho que alguém vai ter que dormir aqui… - ele sorriu de lado e repousou o antebraço na parede.
- ! - ela ria gostosamente. - Como eu vou dormir aqui? Me diz! Acabamos de nos conhecer, você me trouxe a sua casa e ainda há a possibilidade de ser um maníaco. Acha mesmo que devo confiar em você? - o desafiou.
- Eu me pergunto por que você não deveria. - ele continuou a sorrir. - Não fiz nada pra você duvidar do meu caráter… - o rapaz deu passos breves e ficou a centímetros perto dela. Era impossível não sentir a química no ar, mas ainda mais impossível era rolar algo naquela noite. Ela não era tão fácil como se esperava.
deu a meia volta, ficando de costas para , e se deparou com um objeto que nunca esperava encontrar por ali.
- Espera. Você tem um aquário? No lavabo? - deu a meia volta novamente, notando que ele já havia pegado distância. - Porque não colocou na sala?
- Aqui é maior e o Joe pode olhar pra fora. - ele resmungou colocando as mãos no bolso.
- Joe? - perguntou.
- O apelido do Joseph, minha tartaruga. - apontou pro aquário. se virou pela terceira vez e notou que ele tinha uma tartaruga e alguns peixes pequenos. Bateu no vidro como se tentasse ter a atenção dos pequenos animais, mas todos a ignoraram.
- Eles não gostaram de mim… - riu baixinho, mas com tom tristonho.
- Se você bater no vidro é claro que eles não vão gostar de você. - falou à medida que ia chegando mais perto da situação, fazendo se alertar àquilo.
- Você não tem cara de gostar de animais. - ela comentou alto novamente.
- Eu até gosto. - o homem pegou distância novamente resolvendo colocar na pia suas xícaras logo. - Mas aqui é pequeno e não quero prender cachorros ou gatos num local tão apertado, entende? - falou e moveu a cabeça na direção dela, que agora estava apoiada com as costas na parede, braços cruzados e fitando o jovem.
- Entendo. - falou cerrando os lábios. - Desse jeito, seguimos a mesma política. - um sorriu pro outro e chegou mais perto ao notar que ele logo começaria a lavar a louça, o que ela sabia que, por educação, devia pedir pra fazer. - , deixe isso aí. Você já fez muito por mim. Pode deixar que eu fico com as xícaras.
Ele a olhou de soslaio e estreitou os olhos, logo tirando as mãos da pia, se rendendo.
- Só porque fui muito bom com você e mereço algo em troca. - ele sorriu e esticou o braço pra tocar o cabelo dela e fazer um carinho. Ela sorriu em troca e rapidamente pôs se a lavar as pequenas xícaras. - Já que vai ficar por aqui, vou procurar um filme na TV pra assistirmos. Tudo bem? - ele falou na porta.
- Aham. - ela virou a cabeça singelamente e balançou-a, assentindo.
Não demorou muito e ela já tinha lavado e secado os dois recipientes, aproveitando pra procurar o armário onde ficavam os copos e colocá-los lá. Secou a mão num pano de prato jogado por ali e foi pra sala. Levou um susto quando viu que estava tudo escuro e a luz da TV era a única que ainda estava no local, mostrando um de moletom e com uma regata branca, o que era de se esperar já que estavam no verão. Ele também havia pegado um cobertor grande e logo que a viu se desculpou por não ter outro.
- Meus cobertores são todos do tamanho da minha cama. Se incomoda de dividir esse comigo? Depois você pode ficar na minha cama, tem outro lá e… - riu das desculpas do homem e foi andando na direção dele.
- Tudo bem, , tudo bem. - falou e puxou a coberta pra ela se enfiar, ainda rindo. - Vou ignorar o fato de que estou seminua deitada com uma pessoa que acabei de conhecer e só te perguntar que filme é este. - afofou a almofada atrás de sua cabeça e olhou pro homem que ria. Ele gostava do jeito dela. Mesmo que não conhecesse um de seus filmes favoritos.
- Não conhece? - levantou as sobrancelhas. Ela balançou a cabeça negativamente. - Espero que goste. Começou tem dez minutos. - sorriu.
- Qual o nome? - ela perguntou, curiosa.
- Clube da luta. - respondeu.
- Acho que já ouvi falar desse nome… - bocejou tirando um riso de .
- Com certeza… - ele comentou vendo ela fechando os olhos brevemente como quem dá sinal de que logo iria pegar no sono. Tudo bem que ainda eram 7 horas, mas uma chuva, bebida quente, cobertor e televisão sempre dá sono em qualquer um. Disso sabia como qualquer outra pessoa. Tanto que também já estava de olhos fechados e, aconchegando-se mais na mulher, com um braço ao redor dela, pronto pra uma boa noite de sono.
- Não acredito que deixei a televisão ligada. - o homem bufou apagando a TV pelo controle. Estava sonolento, mas logo percebeu que aquela não era a única coisa errada. Passou a mão pelos olhos e viu que a luz já passava pelas frestas de sua cortina. O céu não estava completamente claro, o que significava que havia acordado cedo demais. Um alarme interno apitou e ele logo lembrou o que devia ser a ‘coisa errada’. . Onde ela estava?
Levantou e foi até a cozinha. Não a achou. Depois foi em direção a seu quarto e também não a encontrou. O outro quarto, que era seu escritório, ela ainda não conhecia e sabia que não iria entrar sem sua permissão. Então ela só podia estar no banheiro…
Foi até a porta do lugar e deu dois toques de leve com os nós de seus dedos, com medo da porta estar aberta e tirar a privacidade dela deixando-a abrir sem querer. O que foi exatamente o que aconteceu, deixando-o corado com a cena a sua frente. Ela estava de costas pra ele com as costas nuas, colocando o sutiã desajeitadamente.
- Desculpa! - ele falou colocando a mão por cima dos olhos.
arregalou os olhos e ficou sem ação. O que fazia? Correu até a porta segurando com uma única mão as duas abas do sutiã e empurrou rapidamente pra que fechasse. Não ousou dar nem um pio e rapidamente terminou de se vestir.
Após colocar a blusa se olhou no espelho e notou seu rosto amassado. Por mais que estivesse com as costas todas doloridas por ter dormido no sofá de , ficou realmente feliz por ter passado aquela noite com ele.
Com certeza não passava das 7 da manhã, mas ela já havia abusado demais do homem e pretendia ir pra casa logo, pois sabia que estava cheia de trabalhos do dia anterior pra fazer.
Pegou a blusa dele que usava anteriormente e a esticou em frente a seus olhos. Um sorriso contente tomou conta de seu rosto, mas logo estava com a porta aberta e com a roupa numa só mão estendida ao homem que a esperava fora do local.
- Obrigada. Por tudo. - entregou a roupa e falou, mirando-o nos olhos. - Aliás, bom dia.
- B-bom dia. - falou ainda nervoso.
Ela claramente também ficou nervosa, mas tentou tirar resquícios daquele sentimento com uma risadinha. Foi até o lavabo dele e pegou sua bolsa que estava do lado do aquário de Joe e os peixinhos laranja. Parecem do Nemo, pensou.
Passou a mão levemente sobre o vidro e alguns dos pequenos peixes notaram, ficando em volta de sua mão. Realmente, às vezes só um carinho cairia bem. Sorriu, feliz, e voltou a sala, colocando seus sapatos nada confortáveis nos pés.
- Muito obrigada, . - repetiu e tentou expressar quão grata ela estava. - Mas preciso ir pra casa. - falou já perto da porta.
a olhou de lado e entendeu tudo que tinha acontecido.
- Ia se aproveitar pra sair de fininho, é, ? - ele riu, engraçado. Ela também riu e ainda tentou negar o inegável.
- Claro que não, ! - ela riu mais alto. - Que absurdo!
- Você não me engana, … - ele ria chegando perto dela.
- Ok, ok. - ela falou parando de rir e se recompondo. - Assumo. Mas é só porque não quero te dar mais trabalho. E porque, realmente, tenho bastante trabalho a fazer. Em casa.
Ela riu e ele percebeu que uma de suas curiosidades sobre ela não havia sido saciada. Afinal, com que trabalhava?
- E no que a senhorita precisa tanto trabalhar? - perguntou simplesmente.
- Podemos deixar essa pergunta pra outro dia? - ela perguntou querendo mesmo adiar aquela conversa, pra que houvesse algum motivo pra vê-lo mais uma vez. - Sei que acumulei pelo menos três trabalhos e…
- Mas não são nem 7 da manhã! - ele falou desesperado pra ter mais tempo com ela. Droga, não tinha aproveitado nada daquele primeiro encontro. Encabulou-se.
mordiscou o lábio inferior percebendo o quão desesperado ele estava. Devia até estar com medo de ter feito algo errado pra que ela saísse tão rápido, imaginou. Ela o viu respirando fundo e pondo o olhar em qualquer outro lugar que não fosse ela. Suspirou e foi pra perto do homem, colocando a mão no ombro dele e falando.
- Qualquer dia desses a gente marca outra chuva e você me resgata de novo. - riu e chegou mais perto dele, dando um beijo demorado na bochecha dele, o deixando sentir seus lábios o máximo que podia. Depois sorriu e completou, ainda com seu ótimo senso de humor. - Mande um beijo pro Joe. Fala que adorei conhecê-lo.
Os dois riram e olhou pra bancada, onde a chave da casa estava. Pegou, sem cerimônias, colocou-a na porta e girou, logo abrindo e saindo por ali. Não deu nem tempo de ir até lá e falar que era ele quem devia abrir a porta, jogando a piada que se ela o fizesse não iria voltar lá.
Despreocupado, jogou-se no sofá numa posição confortável e pensou. De alguma forma, ele sentia que ela iria voltar. Não precisava de superstições para aquilo. Ele apenas sabia.
Foi na volta do trabalho, uma semana depois de ter abrigado em sua casa, que o rapaz encontrou um amigo na rua de casa. Andava distraído quando encontrou Kurt, um amigo de adolescência que seguiu o mesmo rumo que ele. Música era sempre uma boa opção.
Depois de papear bastante, chegaram à esquina do quarteirão do prédio de , o qual o amigo não iria seguir; pegaria a rua transversal.
- Vou ficar por aqui, . - o rapaz que adorava um toque de mão deu um soquinho na mão do amigo e sorriu. - Dar uma passada na casa da Tina. Lembra dela?
- Claro! - ele concordou, nem acreditando que o namoro de adolescência havia ultrapassado uma década. - Aliás, ainda namoram? - perguntou, por via das dúvidas. Kurt mostrou a mão onde tinha um anel de noivado e falou.
- Noivos. - com um sorriso enorme no rosto.
- Meus parabéns! - o puxou pra um abraço que o amigo retribuiu, um pouco sem jeito.
- Agora tenho que ir mesmo. - colocou as mãos nos bolsos e começou a andar sem olhar pra frente. - Qualquer dia desses dá uma passada lá no meu estúdio! - falou e acenou, vendo assentir com a cabeça.
notou que algum conhecido de Turtle Bay vinha na direção de Kurt, sem olhar pra frente, entretido com algo no celular. E foi na hora que o amigo olhou pra frente que houve um esbarrão nada singelo.
- Desculpa! - ele falou tocando no ombro da pessoa em que esbarrou.
- Tudo bem. - a mulher abaixou pra pegar o celular que caiu. - Me desculpa, também.
Os dois sorriram sem jeito e ela continuou a caminhar, nervosa se tivesse acontecido algo com seu tão precioso celular. Ainda com o coração a mil, quase tropeçou noutra pessoa que a segurou com uma força maior pelo ombro e a fez olhar no fundo de seus olhos.
- ! - ela falou com um sorriso maior que o esperado.
- ! - ele a imitou e ainda completou. - Como sempre, muito conectada, hein? Larga isso pelo menos pra andar na rua, ! - ele a soltou e repousou a mão no ombro dela, puxando-a pra um abraço. Ela sorriu sem entender muito, mas gostou da atitude dele.
Separaram seus corpos e trocaram um olhar engraçado, como quem não acredita em tanta coincidência. E realmente não acreditavam.
- Está de passagem ou tá com a tarde livre? - ele perguntou, sugestivo.
- Ahn, estava… - ela falou olhando pela última vez o celular e guardando-o no bolso. - Estava indo pra casa, na verdade. - sorriu, sincera.
- Bom, eu também estou voltando do trabalho, então, o que você acha de… - ele gaguejou, pressionando uma pálpebra na outra, não sabendo se era cedo demais pra chamá-la pra um segundo encontro. - Um café? - sorriu, nervoso.
Ela deu um sorriso amarelo como quem iria dizer “não”, mas surpreendeu-o.
- Chega de cappuccinos e cafés e coisas desse tipo, né? Está um dia tão quente… - ela riu, prosseguindo. - Bom, eu já conheço a sua casa, então, o que acha de conhecer a minha? - falou com certo receio, mas feliz por estar mais corajosa.
pigarreou e respondeu.
- Não acredito que a senhorita “não faça nada comigo” está me chamando pra ir a casa dela. - ele riu enquanto andavam juntos pra perto de seus prédios. - Quer dizer que a ideia sobre eu ser um “doido maníaco” já foi embora? - sorriram juntos, cúmplices.
- Totalmente. - ela falou com uma expressão de quem nem se lembrava daquilo, mostrando todos seus dentes num sorriso aberto.
- Então eu topo.
Os dois sorriram e puxou a mão dela, fazendo seu braço se enroscar no braço dela, fazendo um laço. Ela não se incomodou, muito pelo contrário. Gostava da ideia de ter um novo amigo e, quem sabe, até mais do que isso…
O caminho até a porta dela foi breve e deu um bom espaço de tempo pros dois contarem um pouco sobre seus dias corridos, mas que sempre dava tempo pra um pouco de diversão, o que eles realmente estavam precisando.
- É bonito visto de dentro. - falou sem querer o que devia ter ficado dentro de seus pensamentos. , que estava na cozinha vendo algo pra servir de lanche, ouviu aquele comentário e quis rir, lembrando que era ele quem ficava horas na janela vendo a vida e toda Turtle Bay se movimentando.
- Desculpa? - falou rindo, como quem queria saber direito daquilo. , pra consertar, demorou, mas conseguiu.
- Ahn, digo… - pigarreou. - Bem bonito seu apartamento. - sorriu quando viu que ela o olhava pela porta do ambiente em que estava.
- Tudo bem, . - a voz dela soou um pouco longe e ele foi até a porta da cozinha, vendo-a sentada numa pequena mesa de quatro lugares, apontando pra ele um lugar que ele podia sentar. - Eu sei que você é um bom vigiador. Não precisa se intimidar.
- E-eu? - ele falou ao se aproximar. - Imagina… Deve estar me confundindo. - falou a última palavra da sentado em frente à mulher.
- Você não me engana, . - disse lembrando da vez que foi ele quem falou aquilo pra ela. Os dois riram gostosamente. Quando o riso cessou, lembrou do suco que havia colocado na mesa, esquecendo-se dos copos. - Aceita um gole? - perguntou apontando a cabeça pra jarra do líquido alaranjado.
- Aceito. - ele sorriu e assentiu. Não demorou muito e os dois estavam tomando uns bons goles do suco que ele logo percebeu que era natural. - Você que fez o suco? - perguntou realmente interessado pelos dotes dela.
- Eu mesma. - sorriu orgulhosa, mesmo que fazer suco da fruta não fosse uma grande coisa como fazer massa de espaguete.
- Aposto que é boa na cozinha. - ele falou já imaginando se ela seria não só uma boa cozinheira como uma boa esposa. Da onde ele tirou aquilo, nem ele sabia.
- É, até que eu gosto bastante de passar umas horas na cozinha pra me distrair desse mundo tecnológico que nos cerca. - tomou mais um gole observando a mão do rapaz em cima da mesa. Olhou-o, novamente, e perguntou de volta. - E você? Também gosta?
fez um sorriso desgostoso que ocasionou numa careta e balançou a cabeça tirando um riso gostoso dela.
- Definitivamente, não. - tomou mais um gole e respondeu-a melhor. - Na última vez que tentei fazer macarrão instantâneo, comprei aquele que já vem na caixinha e você só bota a água quente, sabe? - comentava já fazendo a mulher rir imaginando no que havia dado. - Pois é, ao invés de colocar especificamente a água quente, resolvi colocar a água em temperatura ambiente e colocar tudo no micro-ondas. Já viu no que deu, né? - ela deu uma gargalhada que preencheu todo o ambiente e ele não conteve um riso de felicidade ao fazer aquilo.
- E da onde que você tirou que isso ia dar certo? - ela falou quando se recuperou.
- Algo não estava certo comigo naquele dia. - ele riu e levantou a sobrancelha dando a entender coisas que ele não fazia.
- Tava bêbado? - ela riu ainda mais com aquela possibilidade.
- Longe de mim! - ele continuou no embalo da conversa. - Não sou de beber muito. Só quando tem algum motivo especial. - pensou rápido e declamou o motivo que a mais fazia beber e esquecer do dia anterior.
- Mulheres, acertei? - deu uma piscada como se ela nunca tivesse partido o coração de um cara e o tivesse feito beber até esquecer de seu lindo rosto.
- De maneira alguma. - ele riu. - Comemorações. Esses são meus maiores motivos.
Ela entortou o rosto e franziu o cenho. Tinha a resposta na ponta da língua.
- Então quer dizer que nunca iremos beber juntos? - gargalhou da fala dela totalmente libertadora. realmente era uma figura.
- Está assumindo que só bebe pra esquecer seus ex? - percebeu que revelou a última coisa que falaria naquela conversa e levou uma mão ao rosto, cobrindo-o.
- Finge que não escutou isso. Deleta, . - falou balançando a outra mão a sua frente. Ele a segurou fazendo-a parar com o movimento sem sucesso. Prendeu mais sua mão com a dela e ela sorriu sem jeito, tirando a mão do rosto.
Suas mãos caíram de altura, mas continuaram juntas, coisa que nenhum dos dois se importou.
- Deleto, não. Já que nunca iremos beber juntos pelo mesmo motivo, te convido pra tomar umas biritas num pub por aqui sábado que vem. O que acha?
o olhou atravessado, mas sorriu contente quando sentiu os dedos dele apertando os seus.
- Só porque faz muito tempo que eu não bebo e preciso esquecer do trabalho um pouco! - falou bufando e rolando os olhos. percebeu que tinha algo errado e levou a mão dela até a mesa, apoiando-a e fazendo um carinho. A mulher não pôde deixar de reparar como os dedos dele eram macios e em como ela sentia falta daquilo. Quando foi a última vez que algum homem a tratou daquela maneira, mesmo? Ela, definitivamente, não lembrava.
- Trabalho demais não faz bem, dona . - ele fez um barulhinho com a língua que acompanhou sua cabeça que balançava horizontalmente.
- Não é trabalho demais, é só que…
- Vish, é mais sério do que eu pensava. - ele falou se ajeitando na cadeira e chegou mais perto dela, vendo o semblante dela ficando preocupado. Como ele a conhecia tão bem? se perguntava. - Precisando de umas doses de tequila urgente. Vou ter que te levar agora pra tomar uma!
Eles riram juntos e a preocupação se foi tão rápido quanto chegou. Não demorou muito pro silêncio, que apenas perdurou por três segundos, ser cortado.
- Meu celular! - ela falou tirando o objeto do bolso.
- E eu que achava que eu era a pessoa mais tecnológica que conhecia… - falou dando espaço pra ela sair dali e ter alguma conversa de trabalho.
- Calma. - ela falou rindo com o gesto dele. - É só uma mensagem.
, não satisfeito, fez sua melhor cara de ‘é mesmo?’ a desafiando e ela não demorou nem dez segundos pra responder, falando uma frase que acabou tendo um duplo sentido quase inapropriado, se ela não quisesse que realmente tivesse.
- Pronto, sou toda sua, . - e no segundo que ela falou, ela logo se arrependeu.
- Toda minha? - ele levantou aquela sobrancelha charmosa que ela não aguentava mais ver naquela dança de provocações.
- Não nesse sentido aí, seu safado. - ela falou sem soltar suas mãos, mas usando a outra pra dar um tapa na coxa dele, quase doloroso, se não tivesse sido fraco. Ele riu, mas não deixou de continuar as provocações, que quase chegavam onde ele estava doido pra que chegasse.
- Mas vai dizer que não quer ser? - puxou a mão dela pra perto, que logo puxou a dele, numa dança envolvente, se ele não tivesse levado a cadeira pra tão perto que ela já não conseguia distinguir qual era seu espaço e qual era o dele.
Os olhares ficaram profundos demais, percorrendo cada centímetro da face um do outro, mas, por fim, acordou de seu transe. O que não significaria que esqueceria daquela boca que ficou registrada perfeitamente em sua memória. O desejo carnal estava cada vez mais lhe corroendo, e ela, por seu lado, estava quase se rendendo. A ele e àquele joguinho.
- Então, sabe essa mensagem? - ela falou tirando o olhar dele e olhando pro celular que estava em sua mão ainda. - É de trabalho. - fez uma careta tentando não parecer nervosa com tão perto dela. Ficou mais calor ou era impressão dela?
- Não, , não mesmo. Você não vai escapar de mim. - ele falou com um sorrisinho de lado já imaginando que aquela era a desculpa pro seu “pré-encontro” acabar.
- Sim, . Sinto muito. - ela falou querendo agarrá-lo naquele momento.
- Ok. - ele falou se rendendo e levantando. Fez como se fosse embora, mas logo voltou, mirando-a nos lhos e reforçando o convite. - Te espero no McKinley Pub’s, sábado, às oito.
sorriu escondendo seus pensamentos e acenou antes de vê-lo partir pela porta. Talvez ela realmente precisasse de algumas doses de álcool. Se desconectar do mundo. E se conectar a . De uma vez por todas.
Sábado. Oito horas. Como falou.
estava na porta do pub que ele tinha falado. Tinha certeza que era aquele. Ou não era?
Pegou-se nervosa muitas vezes, controlando aquela ansiedade que aparecia em situações que ela estava sozinha bem perto do desconhecido. Mas não demorou nem cinco minutos pra achar na multidão que rodeava as portas do lugar. Fazia tanto tempo que não ia naquele tipo de lugar que até estranhou a quantidade de pessoas.
- Em ponto! - falou assim que o abraço apertado e o beijo estalado foram desfeitos.
não controlou seu olhar e observou-a dos pés à cabeça. A mulher estava com uma saia preta, não tão colada como as das outras que circundavam o lugar, uma blusinha larga listrada de preto e branco e uma maquiagem que ressaltava seus olhos e sua boca de uma maneira que ele já imaginava o batom todo borrado. Notou também que ela estava mais alta e logo viu um salto preto elegante em seus pés. Ela realmente estava um sonho.
- Você está… Linda! - ele falou segurando a respiração. Seu coração havia disparado ou era impressão dele?
- Obrigada. - ela sorriu sem graça e abaixou a cabeça, mirando o chão. Os olhos do homem continuavam em cima dela e , envergonhada, nem sabia como reagir.
a tomou pela mão e puxou-a até a porta. Agradeceu internamente por ela ter chegado cedo e não ter de passar mais tempo esperando-a do lado de fora, com aquele tanto de pessoas que faziam o mesmo. Levar bolo era o que ele menos queria.
Levou-a até o bar e sentaram-se em algumas cadeiras altas lá dispostas. Não deu tempo nem de começarem uma conversa e o barman apareceu.
- O que desejam? - o homem perguntou enquanto secava um copo que havia acabado de lavar.
olhou pra de lado, sugestivamente, mas resolveu pegar leve pra começar a noite.
- Duas heinekens? - falou como quem precisasse de uma confirmação da mulher e ela sorriu, assentindo também com um movimento de cabeça.
- Pra já. - o homem saiu dali e rapidamente voltou com as garrafinhas. Sorriu pra eles e repousou o pano no ombro, indo para a outra ponta do bar.
- Quer que eu abra? - perguntou ao ver que ainda nem tinha tocado na cerveja dela.
- Oh, não precisa. - sorriu e pegou o objeto, demorando um pouco pra abrir, mas nada que precisasse de uma ajuda masculina.
Eles sorriram e brindaram, aproveitando pra trocarem olhares por cima de suas garrafas.
terminou de beber e deixou sua bebida em cima da bancada, também se ajeitando na cadeira. Aproveitou pra observar o local, percebendo em quão diferente os pubs estavam ficando. Fazia pelo menos dois anos que ela não ia a um, e aquilo sim era alarmante.
- Pelo visto não vem pros pubs do bairro faz um tempo, huh? - ele perguntou, querendo abrir alguma brecha pra finalmente chegarem a algum assunto bom.
- Tempo demais. - ela sorriu e voltou o olhar pra ele, com uma pergunta na língua. - E você? Costuma vir muito aqui? - seus olhares se cruzaram e ela sentiu seu corpo se esquentar.
- Antes eu vinha, assumo. - ele começou a falar mexendo na sua garrafa. - Com uns amigos meu do trabalho. Os produtores, principalmente, eram os que mais gostavam de ver futebol naquela televisão ali do fundo. - apontou e ela teve de se virar um pouquinho demais pra ver, fazendo sua saia levantar. Ficou nervosa por alguns segundos, pensando se havia visto demais, mas acabou até gostando. Uma provocaçãozinha perto das inúmeras que ele fazia não era nada.
Sorriu ao voltar pro seu lugar e resolveu saber mais um pouco da vida dele.
- Produtores do que? - tomou mais um gole.
- Ah, então… - ele sorriu, percebendo que ela também ainda não sabia qual era seu trabalho. - Trabalho numa produtora aqui perto. Mas vou deixar por sua conta adivinhar qual é meu cargo lá.
sorriu de canto e o desafiou pelo olhar. Não tinha a mínima ideia, mas era essa, justamente, a graça da brincadeira. Fingiu que pensou e lançou uma profissão qualquer.
- Mixador? - deu uma gargalhada e ela viu que tinha errado feio.
- Não mesmo. - a mulher fingiu que fechou a cara, decepcionada com seu chute, mas logo se entregou, vendo que também estava achando graça. - Ok, já vi que você não vai adivinhar. Mas vou te contar, pois sinto que logo, logo vai descobrir meus dotes, mesmo. - ele sorriu vendo que ela estava intrigada. Achou super sexy, mas manteve seu ar sedutor também, pra dar o suspense.
- Fala logo! Agora fiquei curiosa. - ele riu e desabafou.
- Bom, a verdade é que eu canto. - sorriu amarelo e ela arregalou os olhos. - Sim, é isso mesmo que você está pensando. Eu sou um cantor. - seu sorriso virou uma gargalhada ao ver quão espantada ela estava. Ficou feliz por ter guardado aquela informação por tanto tempo, pois realmente havia valido à pena ver a cara da mulher.
- Você… Você não é um desses caras famosos que… - nem conseguiu terminar a frase, deixou no ar pra que completasse sua ideia.
- Não mesmo! Estou nesse meio faz apenas alguns meses. - riu baixo, vendo-a se sentir aliviada, e completou. - Não sou desses que são reconhecidos por todo canto que vai, também. E também não esperava que você me reconhecesse. Sou tão conhecido quanto as mães biológicas dos filhos adotivos da Angelina Jolie. - riu com a piada que fez e o acompanhou.
- Nossa, não tem fã nenhum? - ela perguntou levantando uma sobrancelha.
- Por enquanto, não. - ele sorriu triste, pensando quando sua carreira finalmente iria alavancar. - Ainda tô fazendo meu CD, e só pretendo fazer show com minhas próprias músicas. - foi sincero ao lembrar em como seus amigos o zoavam por gostar de cantar no colégio. Queria realmente mostrar a eles que o antigo havia crescido, sabia cantar e ainda fazia suas próprias músicas.
- É uma decisão drástica. - riu, querendo ler os pensamentos dele. Sentiu que eles deviam ter sido cortados quando ele abriu os olhos de supetão, como se tivesse acordado, e retrucou a pergunta, tão curioso quanto ela.
- E você, ? Qual é o seu misterioso e sempre urgente trabalho? - ela riu antes de falar.
- Sou designer gráfica. - deu uma pausa drástica e a instigou com o olhar.
- Conte-me mais sobre essa profissão. - ela riu e rolou os olhos, como se não estivesse a fim de falar daquilo. Mas antes comentar sobre seu trabalho do que estar realmente trabalhando.
- Eu crio sites pra outras pessoas e ganho em troca. Sem contar que crio estampas pra camisetas em sites de compras online, então considero um trabalho bem remunerado. - sorriu contente e deu mais uns belos goles no líquido dentro da garrafinha, ao lembrar que, por mais que fosse o sonho da vida dela, ficar o dia inteiro no computador sugava totalmente sua animação.
- Não parece muito contente comentando sobre isso. - falou, um tanto quanto preocupado.
- Cansaço. - ela falou com um ar de quem não queria falar daquele assunto.
- Tudo bem. Vamos mudar de assunto, então… Uou! - na última palavra de sua fala, ouviu uma batida diferente soar e notou que era de uma música que ele nunca esperaria tocar por ali. - Ei, eu adoro essa música. - riu dele e criou um vinco em sua testa.
- Eu que devia falar disso! - ele a olhou intrigado. - É uma das minhas bandas preferidas! - riu com aquela constatação e puxou-a pela mão, já em pé.
- Vamos dançar? - perguntou animado.
- Tem certeza? Pode até ser minha banda preferida, mas não sei dançar tão bem assim. - fez uma careta que logo murchou quando viu a carinha do rapaz quase implorando que ela fosse. - Ok, mas só porque realmente não tô resistindo. - os dois riram juntos e ela ajeitou sua saia e levantou, também deixando sua bebida por ali. Sorriu quando chegaram à pista de dança, que não tinha muitas pessoas ainda por ser cedo e, ao começar a balançar seu corpo, viu dançando e cantando a música baixinho.
Dançavam cada vez mais perto no ritmo da música, e, na hora que o refrão chegou, ela foi pega de surpresa, sentindo a mão do homem no seu quadril a puxando pra perto. Seus corpos começavam a ter mais contato e o calor interior era inegável, devido à carícia que o homem fazia. Era tão gostoso que ela desejava não ter pensado nem duas vezes a ir dançar com ele.
Depois de praticamente grudar seu corpo no de e sentir a tensão do momento, chegou a boca bem perto do ouvido dela e cantou, com um sorriso no rosto, o trecho do refrão repetidamente, pedindo interiormente pra que ela entendesse seu pedido. Estava cada vez mais difícil reprimir o desejo que ele tinha de passar as mãos pelo corpo dela e queria que ela tivesse a mesma sensação que ele mais que qualquer coisa no mundo.
- Do what you want, do what you want to me. - chegou a deixar sua respiração bater perto do pescoço de e notou o quão vulnerável ela estava quando viu seus pelos se eriçarem. Aproveitou pra passar seus lábios lentamente no lóbulo da orelha da mulher e sentiu ela roçando de leve o corpo no dele, bem aonde ele queria. Ela estava ficando louca. Em seu estômago parecia haver uma enxurrada de borboletas pedindo pra sair, como se aquela fosse a primeira vez que ela tivesse se apaixonado. E até podia não ser a primeira vez, mas ela tinha certeza que daquela vez a velocidade a qual as borboletas voavam eram bem parecidas com o ritmo de seu coração, denunciando o quão devota ao homem ela já estava.
Continuaram dançando até o fim da música e assim que se deram conta que acabou, trocaram um olhar tão forte que nada mais pôde impedir de fazer o que mais queria naquele momento. Os olhos dela diziam um ‘sim’ quase desesperado e ele resolveu não perder mais tempo.
Rapidamente puxou pela cabeça e chocou seus lábios no dela, que logo se abriram, desesperados por aquele momento, e deram abertura pra um beijo dançante e sensual, como num tango. Cada canto era explorado como se fosse o último lugar que iriam na vida e, aos poucos, o beijo quente foi se tornando num carinhoso. aproveitou pra espalmar a mão nas costas dela e trazê-la mais pra perto, apoiando a outra mão na cintura fina dela.
Quando viram que estavam sem fôlego, afastaram-se brevemente pra pegar ar e o rapaz começou a andar com o corpo dela, dando alguns passos pra trás e encontrando a parede escura do outro lado do pub às suas costas. Virou as posições e, nada sutil, prensou-a na parede, não esperando nem mais um segundo pra dar mais um beijo de tirar o ar. Ele nem sabia como, mas estava completamente louco por ela. Por cada pedaço dela. Tinha vontade de passar a mão por todo corpo de e vê-la totalmente desnuda, também, a ele.
não estava nada diferente. Seu corpo clamava pelas mãos dele enquanto só sua mão tinha o prazer de passar os dedos entre os fios descoordenados do cabelo de . Aquele desejo que parecia ser apenas por falta de sexo, virou num desejo por ele. Apenas por .
Ambos deram brechas o suficiente pra passar mão do outro por lugares não tão apropriados de serem tocados em frente de um público, mas, claro, por cima da roupa. Pensavam que o desejo diminuiria e eles poderiam controlá-lo melhor, mas o que menos esperavam é que iria crescer. E render boas horas de tequila, danças sensuais e muitos, mas muitos, amassos.
Duas semanas se passaram. Duas semanas de beijos, muito trabalho e visitas só à noite. E não era aquilo que eles queriam. Queriam estar juntos, claro. Mas não apenas por intervalos de tempo. Então resolveu mudar.
Eles se conheciam apenas há três semanas, refletiu. Mas também não conseguiam cogitar mais a opção de se verem sozinhos, sem a companhia um do outro. Eles tinham feito seu lar ali. Seus corações foram laçados e aquele nó nunca iria desatar.
Naquele noite de sexta, chegou em casa desesperada precisando dele. Tivera de ir a um bairro mais distante de Turtle Bay e seu dia havia sido cansativo. E só de pensar em , seu dia melhorava. Ligou pro celular do homem, chamou-o pra passar a noite lá e só esperou ele chegar pra entrar num banho refrescante.
, já íntimo com cada canto do apartamento, pegou uma bolsa que deixou escondida durante três dias lá, com os ingredientes que ele ia precisar pra um jantar a dois, e resolveu arriscar sua vida amorosa num prato de macarrão a bolonhesa, a lá A dama e o vagabundo. Clichê, com certeza. Mas ele sabia que ainda tinha o espírito de criança e adorava uma boa história da Disney.
Como os banhos dela eram bem demorados, deu pra fazer rapidamente o prato e ainda um suco de uva. Montou rapidamente a mesa quando ouviu a tranca do quarto, onde ela se vestiu, girando e logo estava na porta da cozinha com um sorriso no rosto, esperando-a.
- O que o senhor aprontou, ? - falou penteando o cabelo, fazendo o ficante se lembrar da vez que se conheceram. Foi andando até ele enquanto o mesmo respondia.
- Veja por si só. - deu espaço pra mulher passar e riu da expressão que ela fez quando viu o jantar em cima da mesa. se virou pra ele e deu seu maior sorriso possível, sentindo seu coração bater forte dentro de seu peito.
- Não tô acreditando! - ela disse antes de passar os dois braços pela nuca dele e roubar um beijo rápido, mas gostoso. Sorriu ao finalizar e ele fez o mesmo, dizendo.
- Pois acredite. - ele se distanciou indo até a mesa perfeitamente arrumada e puxou a cadeira pra ela sentar, num ato cavalheiro. - Sente-se, por favor.
sorriu, lisonjeada, e foi até ele, fazendo o que foi requisitado. Saboreou o suco primeiro e deu uma piscadinha pra ele antes de enrolar um pouco do macarrão no talher e dar a primeira garfada. Viu o quanto tava bom e nem acreditou que foi ele quem fez. Limpou a boca com um guardanapo de pano que ele havia arranjado e sorriu antes de falar.
- Olha, tô quase pensando que você comprou pronto esse macarrão delicioso. - os dois riram baixinho e ele respondeu.
- Isso chega a ser um insulto, linda. - falou olhando-a nos olhos, sentindo sempre aquela conexão que eles criaram desde o primeiro dia que se viram. - Pois fui eu quem fiz. E fico feliz que tenha ficado tão bom assim.
Ela fez uma carinha fofa, querendo dizer que estava muito feliz em ter ele e pôs a mão em cima da mesa, não demorando muito pra sentir a dele por cima, sempre macia e fazendo um carinho de leve. Separaram-se poucas vezes, apenas pra manejar os talheres e podiam jurar que não havia encaixe mais perfeitos que aquelas mãos.
No meio do jantar, sentiu que era a hora. Seu peito foi preenchido por uma súbita coragem e ele nem gaguejou ao falar.
- … - ele falou tirando os olhos do prato pra encará-la intensamente.
- Diga. - ela deu uma pausa na comida quando notou que ele queria toda sua atenção e escutou palavra por palavra do que ele dizia.
- Sei que estamos juntos há pouco tempo, mas sinto como se fosse anos. Desde que nos conhecemos, eu senti que você era diferente. Não diferente de outras mulheres no sentido extraordinário, mas sim uma pessoa que teria um papel essencial na minha vida. - já ficou com os olhos marejados ao saber o que viria e por isso tentou se controlar. - E eu não tinha dúvidas que iríamos nos encontrar na vida. E… eu não quero mais enrolar. - riu baixinho, envergonhado, mas confiante. - Tenho uma pergunta a te fazer. - ela ficou apreensiva ao ouvir tudo aquilo e seu estômago gelou no momento em que percebeu o que estava por acontecer. - , você deseja ser minha namorada?
Naquele minuto, o mundo dela parou. Só existia ela e ele e até a mesa havia sumido. Tinha um espaço entre eles que era preenchido pela alegria que ele a causou e sentiu que não havia como ser mais feliz. Com os olhos brilhando de excitação, ela sorriu e, quase sem voz falou.
- Sim. - o que ficou extremamente feliz em escutar, mas quis escutar de novo.
- Pois não?
- Sim, . - ela repetiu, frisando. - É óbvio que eu quero ser sua namorada!
E então ele levantou, com um sorriso maior que sua face, e foi até ela, colocando seu rosto bem perto do dela e mirando aqueles olhos perfeitos que ele não queria perder por nada naquele mundo. Beijou-a intensamente, como na primeira vez que se beijaram, e até ele sentiu seu estômago vibrar de felicidade. Pegou-a no colo e, quando sentiu as pernas dela abraçando seu quadril, sorriu contra o beijo, mordendo o lábio inferior dela.
- Você é perfeita. - falou enquanto dava selinhos nela.
- Não. Nós somos perfeitos. - ela continuou fazendo o que ele fazia.
- E feitos um pro outro.
Quatro meses. pensou. Quatro meses com sendo seu namorado dos sonhos. Quatro meses sendo quase a pessoa mais sortuda do mundo. Mas como nada era perfeito, havia uma coisa que não estava certa. Sua relação com seu trabalho.
Eram poucos os dias que ela se sentava em frente ao seu computador e realmente sentia-se empolgada ao fazer algum site. Começou a perceber que preferia muito mais fazer as estampas das camisetas, que não vendiam tanto, mas que era realmente sua paixão, a passar seu tempo fazendo site pra pessoas ricas que só queriam mostrar suas vidas mega luxuosas pela internet. Aquele meio estava ficando extremamente cansativo e era fácil ver a jovem rodando por qualquer site que não fosse de design gráfico.
Naquela noite de sábado, ao saber que ia pro Bronx, sua antiga cidade, rever os amigos e chocá-los com sua primeira música de autoria, resolvera passar o dia procurando algum lugar o qual queria fugir. Começou achando uma grande bobeira. Ela realmente não podia fugir daquela vida. Seu trabalho e seu namorado estavam ali. Em Manhattan. Mas, depois de um refletir, realmente percebeu que estava precisando de um tempo. Pelo menos do seu trabalho. com certeza iria topar uma viagem com ela, certo?
Foi por aquele motivo que ela se viu procurando por praias por ali. Começou indo pela costa de Nova Iorque e quando reparou já estava no outro lado do país. Levou um susto quando começou a sonhar em ir à Califórnia e até cogitou outro lugar. Mas o tanto que ela procurava por ali, mais ela ficava encantada.
San Diego parecia o lugar perfeito pra uma breve viagem de duas semanas, o que ela achava ser o tempo necessário pra se desligar por completo do mundo. E ficar apenas com .
Depois de passar a madrugada rodando por sites de viagens, companhias aéreas e rotas, viu que até podia ser um tantinho caro, mas ela tinha uma boa quantia guardada e aquele era o momento perfeito para gastá-la. Pensou muitas vezes antes de fazer aquela proposta ao namorado, mas achou que era a hora.
Assim que a manhã de domingo chegou, tomou um café da manhã reforçado, procurando coragem pra fazer o que queria, e nem precisou ligar para , pois ele mesmo o fez quando acordou.
- Bom dia, flor do dia. - ele falou todo sorridente do outro lado da linha.
- Oi, meu amor. - ela também sorriu, receosa, com toda aquela confusão na mente. - Como foi ontem? - tentou desviar os pensamentos e foi atenciosa, como sempre, ao perguntar sobre o trabalho do namorado, o qual ela realmente amava e se orgulhava ao ver o quão longe ele estava indo. Era realmente uma inspiração pra ela.
- Foi tudo bem. - ele falou parecendo ocupado. - Revi meus pais também. Acredita que eles foram? - riu e percebeu que ainda não conhecia os sogros.
- Deve ter sido realmente um grande evento. - sorriu, feliz ao ver que ele ficou estava bem contente. - Mas me ligou apenas pra isso? - perguntou como quem tinha algo em mente.
- Não mesmo. - ele riu do outro lado da linha. - Não está a fim de vir aqui, não? - falou com um tom sedutor. Sabia que ela não negaria.
- Safado. - ela riu baixo também, mas não pensou duas vezes em ir lá. Aquela seria sua chance de convencê-lo de ir naquela viagem. - Claro que vou. - ele sorriu na sua casa e falou.
- Te espero aqui, então. Não demore. Já estou com saudades. - ela sorriu com a fala dele e abaixou a cabeça por reflexo, envergonhada. Parecia uma adolescente apaixonada, às vezes nem ela mesma se reconhecia.
- Não vou demorar. Beijos. - desligou e correu pro seu quarto pra procurar uma roupa despojada mas que também fosse jeitosa. Aproveitou pra colocar uma lingerie melhorzinha, aliás, nunca se sabe o que iria rolar na casa do namorado.
Não demorou nem quinze minutos e já estava na porta dele. Tocou a campainha com o estômago gelado e seu corpo todo se esquentou quando abriu a porta com o sorriso mais bonito que ele dava. Precisou apenas passar o braço pelo pescoço dele e levá-lo pra perto pra roubar um beijo cheio de saudades de apenas de menos de 48 horas sem se ver.
- Uou, me deixa respirar, amor. - ele falou com a ponta dos narizes se tocando, tentado a não beijá-la de novo. Realmente precisava de ar.
- Deixo sim. - ela falou sorrindo roçando seus lábios provocativamente. - Mas só depois de mais um beijo. - ele sorriu contra os lábios dela e ela fez o mesmo, logo depois sentindo a língua dele pedindo passagem. O calor subia cada vez mais e ela já nem lembrava o que pretendia falar com ele quando saiu de casa. Enrugou a testa tentando lembrar de algo, mas só conseguiu pensar direito quando os seus lábios soltaram-se mais uma vez dos dele, ambos sem fôlego.
pediu um tempo colocando o indicador sobre a melhor boca que ela já tinha beijado e deu uma mordidinha, logo depois rindo, tirando um riso dela também.
- Eu tinha algo pra te perguntar. - falou lembrando um pouco da sua madrugada de domingo. Forçou o cérebro um pouco e afastou-se dele um pouco, ainda com os olhos apertados, pensando nas palavras certas a dizer e sentou-se no sofá.
- Você tá me assustando, linda. - ele falou sentando-se perto dela, também.
- Não, tudo bem. - ela riu baixinho, o nervosismo tentando se esconder. - Eu só queria saber se você quer… viajar comigo. - falou rapidamente e ele enrugou a testa sem entender.
- Viajar? Pra onde? Como? Me explica isso direito, . - falou com a expressão um pouco estranha e quase se arrependeu de ter falado logo na lata.
- Sabe, amor, eu tô sempre muito atarefada. Quer dizer, você sabe isso melhor que ninguém. - assentiu escutando-a atentamente. - Então, eu queria fazer algo diferente. Sair um pouco de Nova Iorque, sintonizar minha vida numa outra estação e… Acabei pesquisando uns lugares calmos e bons pelo país pra poder fazer isso. Dar uma fugida, quem sabe... Ou como você preferir chamar isso. - ela deu de ombros tentando passar outra impressão de como ela estava, mas estava um pouco confuso.
- Aconteceu alguma coisa que eu devia saber? Você não é uma pessoa que tende a mudanças e… - o cortou com um vinco na testa e falou.
- Não é mudança, . É só pra fazer algo diferente. Ver um céu azul, um pouco de mar, desligar o celular, se desconectar… - o namorado começava a sacar um pouco a dela e até deu um sorrisinho de lado, mas murchou-o rapidamente quando lembrou da parte do mar.
- O que você quer dizer com mar? Pra onde você quer ir? - ele começava a ficar nervoso.
- Pensei em ir pra… San Diego. - falou fechando um olho, com medo da reação dele.
De primeira, ele arregalou os olhos. Sua namorada era uma louca viciada em viagens e ele nunca tinha percebido isso? Ela sabia que era um tanto caro viajar pro outro lado do país? Mas também ponderou que não podia assustá-la daquela forma. Ela merecia uma folga. E até ele mesmo merecia. Depois do lançamento do seu CD, claro. O que fez ele pensar na data que ela planejava fazer aquela viagem. Nem sabia o que esperar.
- E quando pretende fazer esta viagem? - perguntou tentando ficar calmo.
- Antes eu queria de imediato. - viu o corpo do namorado sair do sofá rapidamente e logo depois voltar, como num susto, e sorriu, achando graça de suas reações. - Mas pensei melhor e achei mais sensato deixar pro fim do mês.
deu uma olhada no relógio que dizia em que dia estavam e viu um nove por ali. Era quase metade do mês, mas era melhor uma viagem mais pro final do que naquela hora.
- Certo, e você quer que eu vá com você? - ele falou agora com as sobrancelhas levantadas. Ela sorriu, virando-se pra ele e pegando as mãos do namorado, dando uma resposta.
- Claro. Você sabe que você é meu refúgio. O meu lar. Não seria eu quem viajaria pra lá se fosse sem você. Uma parte de mim ficaria aqui. Em Nova Iorque.
sorriu, tirando suas mãos das de e segurou levemente o rosto dela, selando seus lábios rapidamente depois de uma troca de olhares intensa. Eles sorriram e ele encostou sua testa na dela, com o sorrisinho sorrateiro aparecendo, com uma resposta na ponta da língua.
- Eu vou. Desde que não custe mais que meu carro novo. - ela sorriu lembrando do carro que ele havia comprado há dois meses atrás e deu um beijo apertado nele, privando-o de sua língua. Rapidamente ele inverteu as posições e beijou-a com ferocidade. Eles estavam a poucos minutos de ir pro quarto e não seria quem iria impedir isso. Muito menos que o queria como nunca quis ninguém. De alguma forma extraordinária ela sabia que aquela viagem seria a melhor que ela havia feito em sua vida. E se orgulharia ao contar aos seus filhos sobre ela.
San Diego. Califórnia. Terra dos surfistas, das meninas de biquíni passeando pela orla até tarde da noite e dos melhores hotéis possíveis pra se alojar.
e chegaram animados e com as mãos dadas no hotel Sand Castle Inn, que ficava a menos de meia hora do pier de Imperial beach, uma das melhores praias da região.
Não demoraram muito pra fazer o check in e logo estavam no quarto enorme do hotel. Era amplo, bem organizado e a colcha branca estava os esperando pra inaugurar a cama. O que logo aconteceu, já que eles chegaram à noite e queriam aproveitar todo segundo que fosse naquele lugar. Fosse dentro ou fora do hotel, todo momento era precioso para aqueles dois.
Assim que acordou no dia seguinte, percebeu que era cedo, o que batia com a hora que ele e foram dormir. Abriu a janela fazendo os poucos raios de sol começarem a passar pela mesma e acordarem a namorada com naturalidade.
A mulher se espreguiçou quando a luz bateu em suas pálpebras e sorriu ao ver o rosto do namorado perto do dela. Ele falou antes de selar seus lábios.
- Bom dia. - ela notou que ele ainda estava só de cueca e logo estava indo pro banheiro. Aquela era a primeira vez que viajavam juntos e permaneceriam juntos por duas semanas, se vendo todo dia. Ela estava esperançosa e cada vez mais intuitiva. Sentia que algo surpreendente aconteceria a qualquer momento, e até podia ser coisa de sua imaginação, mas acreditava que era por estar vivendo uma aventura, uma paixão intensa como aquela, coisa que ela nunca tinha feito antes.
Já desperta, saiu atrás de e entrou no banheiro junto com ele, animada com um sorriso enorme no rosto. Segurou-o pelos braços, com as costas dele virada pra ela e beijou o ombro dele, vendo o rosto do homem no espelho. Ele também tinha um sorriso encantador no rosto e ela podia ter certeza que não tinha pensamentos nada puros, exatamente como os dela.
- Agora não, amor. - ele sussurrou ao se virar pra ela, abraçando-a e colando seus corpos. - Vamos descer pra tomar um café e ir à praia, huh. O que acha?
sorriu contente com a ideia e nem teve o que responder a não ser com um beijo.
Puseram suas roupas de banho, tomaram um café reforçado e passaram parte da manhã conhecendo, de vista, as pessoas que também estavam por ali, que, aliás, tinham todas as idades possíveis. Era incrível como a Califórnia acolhia todo tipo de pessoa.
- Preparada? - perguntou a quando terminaram o café.
- Mais que preparada! - ela sorriu.
- Então, vamos! - pegou a mão da namorada e foram até a frente do hotel pegar o carro que ele tinha alugado, pra poderem ter um bom meio de transporte por ali.
A ida pra Coronado beach foi um pouco longa, mas foi só ligar a rádio que eles nem viram o tempo passar. Tudo por ali era lindo e, guiado pelo seu GPS, foi pelas melhores estradas.
Logo que chegaram, foram atrás de um bom lugar pela areia. esticou sua canga e passou seu filtro solar pelas partes que ele enxergava. Quando viu que não conseguiria passar nas costas, resolveu chamar o namorado que tinha ido até uma tenda ali perto que vendia petiscos. Tinham planejado passar o dia ali e precisariam comer alguma hora.
- Amor, passa pra mim, por favor? - a mulher perguntou apertando os olhos por causa da luz do sol. Afastou o cabelo quando virou de costas pra ele, que pegou a embalagem da mão dela, e aproveitou pra procurar seus óculos dentro da bolsa. Colocou-o e logo estava de frente pra ele de novo. - Obrigada. - sorriu e deu um selinho nele. - Quer que eu passe em você também?
assentiu com a cabeça e deixou a mão de sua namorada percorrer por seu peito e barriga, que já tinha algumas voltinhas salientes resultado de um mês e meio de academia, e aproveitou pra chegar bem perto dela, antes que ela o virasse pra passar nas costas dele. Sorriu e beijou ela, sentindo os lábios macios dela contra os seus. Eles sorriram depois do beijo e viram que algumas pessoas os olhavam. Umas os reprovando e outras com um sorriso meigo.
- Chega de beijo se não você vai ficar todo vermelho. - ela riu dando um tapinha no ombro dele que se virou e falou por cima do outro ombro.
- Só não vale me lambuzar todo. - ele falou já rindo.
- Obrigada pela ideia. - riu e encheu a mão de protetor solar esparramando tudo de uma vez só nas costas do namorado, que abriu a boca indignado pelo que ela fez.
- Não tô acreditando. - ele falou pausadamente e se virando em câmera lenta, o que fez a mulher rir mais ainda. Sua barriga já estava doendo quando a pegou pelo colo e a colocou sobre o ombro dele. Sentindo uma sensação maravilhosa pelo corpo de quem não se divertia tanto há séculos, começou a gritar.
- Me solta! Agora, ! - tentando conter o riso, ela se debatia.
- Não mesmo! - ele falou também rindo e indo em direção à água. , vendo o que ele planejava fazer, tentou se opôr.
- Não, ! Nããão. - ela falou e, continuando a negar, logo sentiu a água bater nos seus pés, na batata da perna, coxa… Até chegar na barriga e ela perceber que já estava com a cabeça na água. Ao ver que o namorado também já estava completamente imerso, se esquivou dos braços dele e afundou de vez na água. Nadou rapidamente pra onde ele estava e o pegou de surpresa, dando uns tapinhas nas costas dele onde ele tentava tirar o excesso de filtro.
- Sua doida. - ele falou rindo ainda jogando água na sujeira que fez. - Me deixa limpar, ! Se não vou te sujar também! - ela riu e ameaçou sair correndo, o que deu certo, pois logo estava com os braços ao redor dela. Eles se abraçaram fortemente e o sorriso um do outro era claramente apenas um reflexo. Agora eles estavam na mesma sintonia, na mesma estação de rádio. Tinham se desligado de tudo e agora só pertenciam um ao outro.
Com um beijo voraz, ele a puxou pra baixo, terminando o beijo de baixo d’água. Eles sorriram mesmo sentindo falta de ar e subiram pra superfície de novo. Numa brincadeira que nem foi mencionada, se abaixou e começou a nadar pra longe, logo sentindo que ela também o seguia. A água era clara e ao virar a cabeça ele a encontrou. Ela subiu um pouco pra pegar fôlego e ele não entendeu, subindo junto. No segundo depois, os dois já estavam de baixo d’água e ela rapidamente selou seus lábios, como no último beijo. Era uma das melhores sensações do mundo, e, agora, ela sabia que não queria sentir aquilo por mais ninguém. Apenas por .
Já tinha se passado uma semana de viagem. e não podiam estar se divertindo mais. Além de terem sua própria companhia, acabaram fazendo amizade com outros casais que também estavam hospedados no Sand Castle Inn e, também, noutros hotéis ao redor.
Na noite de domingo, o casal chegou a pensar em ir a alguma boate, mas acabaram deitados e deixaram para outro dia. No segunda de manhã, acordou com uma alegria sobrenatural. Talvez fosse por ser começo de mais uma semana e pela viagem que estava dando mais que certo. Sorriu, terno, ao ver a namorada dormir com o rosto tranquilo e passou uma mecha de cabelo dela pra trás da orelha. Ela podia ter um corpo maravilhoso, mas nenhuma curva que ela tinha por ali chegaria aos pés das curvas pouco sinuosas de seu sorriso.
Foi com esse pensamento que repousou a cabeça no travesseiro novamente e encaixou seu corpo no dela, ficando de conchinha, e começou a cantar baixinho uma música que ele gostava muito e queria que o mundo todo escutasse. Agradecia muito que o seu mundo era e que ela estava ao seu lado pra escutar.
- I’ve been alone, surrounded by darkness... I’ve seen how heartless the world can be… - falava com a voz um pouco rouca, já que havia acabado de acordar, mas, ainda assim, no tom sereno que tinha o costume de cantar. - I’ve seen you crying, you felt like it’s hopeless, I’ll always do my best to make you see…
percebeu que ela começou a se mover e afastou-se um pouquinho dela.
abriu os olhos de pouquinho em pouquinho e viu a parede branca do quarto desejando que o namorado estivesse na sua frente pra olhá-lo nos olhos e dizer as três palavras que ela queria dizer desde que chegaram naquele lugar realmente inspirador. Ela sorriu sem nem perceber, sentindo a mão dele em cima de sua cintura. Levou a mão dela até lá e apertou de leve, querendo dizer que havia acordado. sorriu ao ver que ela acordou e deu um beijo em sua bochecha.
- Bom dia, lindo. - ela falou levantando e foi sua vez de dar um selinho nele. - Da onde você conhece essa música? E como sabe que amo ela?
levou um susto com aquela revelação, mas a abraçou como se não houvesse amanhã. Como ele amava aquela mulher… Beijou o ombro dela que estava livre da alça da camisola e uma corrente elétrica passou pelo corpo de .
- Não sabia que a conhecia também. Gosto muito dessa música. - ele falou agora olhando profundamente pra ela. Queria ver dentro dela. Queria conhecê-la por completo. Pois, quanto mais tempo se passava, mais apaixonado ele ficava com os mínimos detalhes daquela mulher.
- Pois você leu meus pensamentos. - ela sorriu e beijou a boca dele de novo, mordendo no final, fazendo ele sorrir com os dentes dela ainda em seus lábios.
- Ainda não, mas está pra nascer alguém que vá fazer isso. - sorriu também e avançou sobre os lábios dela novamente, explorando cada canto da boca dela que ele achava ainda não ter descoberto. Ela o parou com uma mão no peito e o beijo acabou com seus olhos um sobre o outro.
- Já tá animado ou tenho um tempo pra pelo menos ir até o banheiro? - levantou a sobrancelha, sugestiva, e ele a pegou pela cintura, trocando as posições e deixando ela livre.
- Você pode escolher. Mas pode deixar que eu estarei aqui esperando. Todinho seu.
sorriu de canto e deu um selinho nele, tirando suas pernas lentamente de cima do homem e indo pro banheiro. Respirou fundo quando lá chegou e observou seu reflexo no espelho. Viu a alça ainda caída e a levantou lentamente, depois pousando sua mão sobre seu peito, sentindo seu coração... Estava como um tambor. Batia forte, bem rápido e compassadamente. O que havia feito com ela? Será que ela estava amando? Ficou pensando naquilo até perceber que estava com um sorriso mínimo no rosto. É, ela realmente tinha saído das trancas de seu antigo mundo pra se trancar naquele amor.
Deixou o pensamento vagar e lavou o rosto, depois escovou o dente e fez seu xixi, já que estava apertada. Não demorou muito e já estava sobre novamente, com seu sorriso sacana e beijando o peitoral dele. Quando chegou a boca, perguntou, nada sutilmente.
- Ainda é todinho meu? - ele riu sarcástico e no momento seguinte já estavam fazendo amor como nunca antes. Eles eram, finalmente, inteiros um do outro.
O resto da manhã foi na cama e só resolveram sair dali quando viram que não daria tempo e nem valeria a pena curtir uma praia se fossem mais tarde. Almoçaram no restaurante do hotel na companhia de um casal de amigos e logo estavam no carro alugado.
não demorou nem dois segundos pra ligar a rádio e levou um susto quando ouviu qual era a música que tocava. Aumentou, quando percebeu que estava focado demais na estrada e quando ouvidos nada atentos do homem perceberam, a música já estava no refrão.
Cause you're here with me
And nothing's ever gonna bring us down
Cause nothing can keep me from lovin' you
And you know it’s true
It don't matter what'll come to be
Our love is all we need to make it through
- Juro que não, mas bem que queria ser. - ele riu. - Harry Potter, que tal?
- Pode manter o nome, amor. - ela riu tirando uma mecha de cabelo que caiu sobre seu rosto quando um vento passou. - O seu é mais original.
Ele riu e eles continuaram a cantar a música, que parecia ser feita pra eles.
Quando chegaram à praia, viram que era horário de pico. Estava lotada e seria difícil encontrar um espaço pra ficarem. Eles se encararam e pegou a mão dela.
- Quer ficar perto do mar? - deu de ombros e começou a andar na frente dele. O homem riu vendo que ela não ligava pra lugar e foram ficar bem perto do mar. Deitaram-se um do lado do outro e aproveitaram que o sol não estava muito forte pra evitar o ritual do filtro solar. colocou a cabeça por cima do ombro de e ele a beijou na cabeça, abraçando sua cintura.
Depois de um tempinho naquela posição, sempre ouvindo passos pra lá e pra cá, ouviram algo diferente. Um jovem os abordou com uma câmera fotográfica na mão e balançou-a no ar.
- Oi, casal. - sorriu brevemente. - Eu sou fotógrafo e tô fazendo umas fotos da praia hoje. Vi vocês de longe e imaginei que você poderiam protagonizar uma boa foto. Ficaria linda.
e se olharam meio sem graça, mas gostando do elogio. Deram de ombros e o tal fotógrafo tomou distância, falando um pouco alto.
- Continuem na mesma posição de antes, vai ficar perfeita. - eles riram com a espontaneidade do rapaz e se abraçaram até mais, empolgados. O desconhecido bateu umas três fotos e chegou mais perto deles. - Vou postar no meu site, tudo bem? - eles assentiram e o rapaz foi saindo de cena, quando lembrou de uma coisa.
- Ei! - ela o chamou, fazendo não entender sua reação. O homem voltou rapidamente e a olhou com a testa franzida.
- Pois não? - perguntou, sem entender.
- Se incomodaria de tirar uma foto com meu celular, também? - falou dando um sorrisinho torto pra que a olhou torto quando percebeu que ela havia levado o celular pra praia. Ela viu o rosto do namorado e pediu desculpas com o olhar.
- Claro, sem problemas. - o rapaz pegou distância novamente e tirou a foto deles. Uma, duas, três vezes, como fez com sua câmera. Voltou pra perto deles e comentou. - Espero que gostem.
Sorriu e se foi de uma vez.
voltou o olhar pra namorada e a beliscou no ombro, fazendo-a rir.
- Eu sei, eu sei… Estamos fazendo greve de tecnologia. - rolou os olhos. - Mas foi só uma fotinha. Uma fotinha inofensiva… - falou chegando perto dele e dando um selinho. Depois abaixou o olhar pro celular e o desbloqueou, vendo a foto. Nem pôde acreditar quando viu que realmente ficou muito bonita, parecendo de casal de tumblr. Sorriu de orelha a orelha e falou. - Que eu vou postar no facebook, claro. - mas logo foi repreendida por .
- ! - ele falou alto. - O que a gente combinou mesmo? - falou com a sobrancelha levantada. Ela fez um biquinho e mostrou o celular.
- Mas ficou realmente muito bonita, olha. - colocou o aparelho mais perto dos olhos dele. - E precisamos tirar algumas fotos, huh. Como vamos ficar sem nenhuma recordação da nossa primeira viagem? - falou finalmente o convencendo.
- Ok, você venceu. - ele falou ainda um pouco receoso. - Mas só porque você ficou extremamente linda nessa foto. Vai, posta logo antes de eu voltar atrás.
Ela riu da reação dele e mordeu os lábios do namorado, que riu do que ela fez e apertou a cintura dela reagindo. Ela escolheu a melhor foto, já no aplicativo do facebook e colocou alguns emojis de praia na legenda. Apertou pra enviar e sorriu quando a foto carregou toda.
- Feito. - ele falou já querendo tirar o celular da mão dela, que sentiu o aparelho vibrar e levou a mão pra longe, não deixando ele fazer aquilo.
- Espera! Alguém já curtiu a foto! - falou animada vendo o sucesso que iria fazer.
Viu que em menos de um minuto já tinha três curtidas e um comentário e seu sorriso se tornou uma gargalhada quando viu de quem era o comentário. Ria demais e o , sem entender, perguntou.
- O que, diabos, aconteceu? - deu o celular na mão dele ainda rindo e deixou ele ver aquilo.
“Melhor casal, EVER. Já estão curtindo a lua de mel e nem me chamaram pro casamento? Quando voltarem pra Nova Iorque esperem pela fúria do titã…”
Era claro que aquele comentário só podia ser de Jenna, que depois do episódio “estou na casa de um estranho” vindo de foi uma das que ajudou o casal a dar certo.
riu do comentário da amiga do casal e olhou a namorada de lado, respondendo por ela.
“Jenna, o titã aqui sou eu! Ninguém sabe que viemos e a estragou nossos planos mostrando pro mundo essa barriguinha de um mês dela. Mas se prepara que as surpresas estão só começando… ()”
Ele mesmo riu do comentário mentiroso que ele fez e deu o celular pra , que começou a bater no ombro dele quando viu o que ele respondeu pra amiga.
Satisfeito com a vingança, riu de lado e ajeitou a cabeça sobre a canga. Claramente o fato de estar grávida era invenção, mas da parte das surpresas… mal podia esperar.
Infelizmente, aquele já era o último dia da viagem. Aquele que pensou que nunca chegaria e que queria mais que tudo. Não que ele não havia gostado da viagem. Muito pelo contrário. Havia amado. Mas aquele era o dia que ele tinha marcado de fazer algo que nunca se arrependeria. Que marcaria suas vidas pra sempre e os tornaria mais unidos do que nunca.
Havia preparado tudo nos mínimos detalhes e resolveu que aquela era a hora de chamar .
Deixou o lugar, e pegou o carro, seguindo pro hotel que estavam. Não demorou nem dez minutos e estava lá. Foi até o salão do lugar e viu a mulher conversando com as mulheres dali, numa hidromassagem que tinha perto da piscina. Foi até ela e a conversa cessou, todos os olhares indo pra sua direção. Ele sorriu pra todas e abaixou-se, falando no ouvido da mulher.
- Te espero na entrada do hotel para um passeio.
As jovens sorriram quando viu que algo estava pra acontecer e deu passe livre pra , que acenou depois de colocar sua saída de praia, pôr seu chinelo e ajeitar o cabelo. Deu um sorriso pra recepcionista quando passou por perto e logo estava na entrada, avistando perto do carro. Foi até ele, que abriu a porta do carro pra ela, e entrou no carro sem entender.
- Não íamos passear? Pra quê o carro? - perguntou, intrigada.
- Calma… Você vai ver. - ele falou ligando o automóvel. Estava ansioso, não podia esperar mais.
Foram tranquilos pra Imperial Beach e ela sorriu ao ver que o sol estava quase se pondo. Ele tocou a mão na dela quando estacionou e eles saíram do carro.
- É aqui que você quer passear? - ela falou ajeitando o cabelo que teimava ficar em seu rosto.
- Na verdade, eu fiz uma coisa pra gente. - disse a levando pra uma curta caminhada que dava no píer dali.
- Que coisa? Tá me deixando curiosa. - ela falou com o estômago gelado. Adorava quando ele fazia coisas imprevisíveis. Era totalmente a cara dele.
- Veja por si só. - ele a colocou no primeiro degrau, que já dava pra ver o que ele havia feito e ela sorriu de orelha a orelha, lembrando de quando ele a pediu em namoro. Olhou pro namorado feliz e foi até a toalha xadrez vermelha e branca que estava disposta em cima da madeira com um lanche pra lá de gostoso que a faria engordar uns três quilos.
Logo, também estava do lado dela, com as mãos nos bolsos da bermuda e um sorriso nervoso, pensando no que ela acharia daquilo. Do que ele pretendia fazer.
- Que lindo, amor! Eu amei. - ela falou o beijando rapidamente e sentando-se num espacinho da grande toalha que foi reservado pros dois. Ele também se sentou e começaram a desfrutar do belo lanche. Havia uva, maçã, melancia, bolo de chocolate, cenoura, baunilha, suco de caju, abacaxi, melão… Era variedade que não acabava mais.
Depois de terem enchido a barriga com pelo menos metade do que antes havia ali, ele sentiu o estômago pesar junto com seu bolso, percebendo que era a hora.
- … - ela o olhou com uma uva na mão. Assentiu com a cabeça. - Eu nunca achei que eu ia fazer isso tão cedo. Tão novo. E muito menos com apenas quatro meses de namoro. Mas, com as voltas e voltas da vida, eu te encontrei. Debaixo da chuva, encharcada e com uma porta emperrada. Aquela porta pode até ter demorado pra abrir, mas a minha sempre estava aberta pra você. Eu te via trabalhando pela minha janela, e chegava a me perguntar o que tanto você fazia naquele computador. E eu nunca imaginaria que você seria a pessoa que me faria desligar a minha televisão só pra te abraçar. E eu tô falando isso tudo porque não aguento mais, eu preciso dizer que… Eu te amo. - ele falou como se aquelas palavras nunca fossem sair. Ela sorriu de orelha a orelha, pensando que ele faria outra coisa, e se permitiu chegar mais perto dele, o abraçando e finalmente dizendo o que ela tanto queria também, perto da orelha dele.
- Eu te amo muito. Muito mesmo. - falou, abalada com toda aquela declaração.
O abraço se partiu e ela o olhou no fundo dos olhos, tentando entender o que ele estava fazendo.
- Tenho uma coisa pra te perguntar… - ele falou tirando uma sacolinha vermelha com um laço dourado do bolso e abrindo-a calmamente. Tirou um anel fininho com uma pedra brilhante e outro um pouco mais grosso com a mesma pedra, o que fez os olhos de saltarem e o coração dela bombear desesperadamente. - , você deseja se casar comigo?
Ela tentava tirar o olhar do anel, mas seu olhar depois batia no rosto dele e tudo que ela queria era beijar ele por completo. Beijar o anel que escorregava no seu dedo depois de dizer ‘sim’ e também o anel dele. Era claro que ela queria!
- Sim, ! Eu quero ser sua esposa até o fim dos meus dias.
Ele aumentou progressivamente seu sorriso e viu os olhos dela lacrimejando. Colocou delicadamente o anel no dedo dela e deixou ela colocar o dele no seu dedo. Quando ela terminou, ele pegou o rosto dela com as duas mãos e beijou a pequena lágrima que caía, depois a ponta do nariz dela, o queixo, e, por fim os lábios.
Agora eram só eles dois. O amor os envolvia naquele fim de tarde no píer que faria parte de uma de suas melhores lembranças e todas as angústias, medos e chateações foram embora, com o vento que lá passou, pra nunca mais voltar. Logo eles estariam de volta à Nova Iorque e, eles podiam jurar, mais desconectados do que nunca.
Fim.
Nota da autora: Oi, migas! Espero que tenham gostado da história e que comentem bastante, hm? Fiz com muito carinho e ficou enorme desse jeito que cês tão vendo. Fiquei muito feliz em participar desse ficstape já que é de uma das minhas bandas favoritas e tentei honrar a música com essa história ^^ Realmente espero que gostem!
Beijinhos ♥
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
Beijinhos ♥
Nota da Beta: Eu juro, quando ele foi fazer os pedidos (de namoro e casamento) eu me senti a pp, só que mil vezes mais doida. Esse pp é destruidor hahaha Amei forte a fic, um amor! E esse ficstape tá lindo. 5SOS sendo honrada. E parabéns Tham, como sempre tu arrasou! Comentem muito eim, gatas, que a autora merece! xoxo-A
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