Escrita por: Gabi e Rayssa Betada por: Bih Hedegaard
Oi, meu nome é Souza, e eu tenho 26 anos. Há oito anos eu vim morar em Londres para me dedicar aos meus estudos e me formar aqui. Eu não tinha a intenção de fazer amigos, nem se quer arranjar alguém para namorar ou algo assim. Eu sabia o quanto seria difícil para mim quando eu voltasse para o Brasil. Mais minha realidade mudou, e eu conheci uma pessoa, e ela mudou radicalmente a minha vida.
Flashback on*
- Ei! Não olha por onde anda?
- Ah, me desculpe. Deixe que eu ajude você. – disse um garoto alto, loiro, dos olhos castanhos que penetravam em cada parte de mim, fazendo-me estremecer. Ele era atraente. Ou melhor, muito atraente.
- Tudo bem. É o mínimo que você deveria fazer.
- Você é um pouco estressada, não?
- Quem é você pra dizer o que eu sou? Mal me conhece!
- Ah, como sou mal educado! Meu nome é Tom. Tom Fletcher, prazer. – disse, estendendo a mão para mim.
- Souza.
- Estuda aqui?
- Estudo. – disse o olhando com uma cara óbvia – Olha, eu preciso ir. Foi um prazer, Tom!
- Mas... Espera! Tudo bem então, nos esbarramos por aí. – gritou ele, vendo eu me afastar rapidamente.
Flashback off*
Desde então eu nunca mais fui a mesma. Eu só conseguia pensar nele. Nos seus olhos, como ele me deixava corada quando nos encontrávamos, nos risos abafados que eu dava quando ele passava por mim, e tantas outras coisas. Então nós nos tornamos melhores amigos e... E eu me apaixonei por ele. Ele era a razão de minhas notas estarem sempre na média, de sempre estar um pouco mais cansada do que o normal, de sempre me esquecer dos trabalhos de casa, e também dos inúmeros compromissos que eu marcava. Ele se tornou o centro da minha vida. Até que um dia nos declaramos um para o outro.
Flashback on*
- Tom, espera, pára! Não aguento mais, sério! Minhas bochechas estão doendo de rir! – supliquei para que ele parasse com as cócegas.
- Você não vai se safar dessa assim tão fácil, garota! – respondeu ele, deitando-se por cima de mim.
- Ah, é mesmo? E quem vai me impedir? Você?
- Sim, eu.
- Por que você não me deixa em paz, Tom? Por que vive correndo atrás de mim e querendo sempre me fazer cócegas? É demais pra mim, sério!
- Talvez isso seja o mais próximo que eu possa chegar de você...
- O quê? Não entendi.
- Acho que eu estou apaixonado.
- Ah, Tom! E você nunca me disse? Quem é a sortuda?
- Você. – respondeu ele, deixando-me sem respostas, e me beijando logo em seguida.
Flashback off*
Eu e Tom então começamos a namorar, e não poderíamos estar mais felizes. Eu me sentia a mulher mais sortuda do mundo. Nós nos divertímos muito durante quatro anos. Eu o amava muito. Eu não consigo explicar o que aconteceu... É a mesma coisa quando se tem algo em suas mãos e de repente você o perde, de uma hora para a outra. Ela escapa entre seus próprios dedos e você fica sem nada. Nós éramos felizes, éramos jovens, tínhamos tudo para dar certo... Então, naquela noite, eu o perdi... Para sempre.
Flashback on*
- Você me ama, ?
- É lógico que eu te amo! Você é a melhor coisa que aconteceu na minha vida! E eu não posso viver sem você! Eu te amo muito, Fletcher!
- Souza, eu te amo mais! E você vai me amar pra sempre?
- Claro! Pra sempre, sempre e sempre.
- Eu também vou te amar pra sempre. Meu amor por você vai além da vida, ! – disse ele, beijando-me e tirando os olhos do trânsito.
- Tom! – gritei ao ver o carro saindo da pista de onde estávamos e indo em direção a um caminhão da pista contrária. Eu não obtive respostas.
Flashback off*
Quando os bombeiros nos resgataram, eu pude falar com ele pela última vez. Ele me lembrou que nosso amor iria além da vida, e quaisquer fossem os fins da nossa história, ele continuaria me amando, e isso ninguém mudava mais. Então, pouco tempo da morte de Tom, eu descobri que estava grávida dele. Eu não precisava de um filho do Tom, que faria eu me lembrar sempre dele, muito menos logo após sua morte. Mesmo sem condições emocionais para criá-lo, eu o teria, porque sabia que esse era um sinal do que Tom disse sobre nosso amor. Em poucos meses, Sam nasceu. Ele era lindo, a exata cópia de Tom quando mais novo. Todos os anos, no aniversário de sua morte, nós íamos ao cemitério visitar seu túmulo. Não era muito o de costume na minha família, nem o costume que meus pais me ensinaram. Eu ia mesmo por causa de Debbie e do resto da família de Tom. Mas sempre que chegávamos, agradecia mentalmente por Debbie ter insistido tanto todas as vezes. O céu estava nublado e o clima úmido contribuía para o inverno forte que pairava sobre Londres naquele momento. As ruas estavam molhadas devido à chuva do dia anterior. Sam estava animado, eu não havia lhe dito onde nós estávamos indo, ele nem ao menos sabia quem era seu pai. O caminho até o cemitério fora tranqüilo, apesar do barulho incessante do chocalho que Debbie lhe dera quando havia completado seis meses.
A grama estava úmida, eu tomava cuidado para meus pés não se afundarem no barro que predominava no chão. “Tom Fletcher” estava escrito na lápide. Minha visão ficou embaçada instantaneamente, poucos segundos depois minhas bochechas estavam sendo molhadas pelas lágrimas que corriam livres por minha face.
- Boa tarde, Tom. Sam estava doido para saber onde estávamos indo... Mas ele mal sabe quem é o pai dele, não cheguei a comentar, me desculpe por isso. – solucei baixinho, vendo meu filho brincar de esconder atrás da lápide de Tom – Ele está grande, e é a sua cara... Às vezes me pergunto se ele não tem genes apenas seus. – soltei um risinho baixo. O primeiro em vários dias – Eu sinto sua falta, Tom, todos sentem. Quando Sam ficar maior, vou contar pra ele o quanto seu pai era especial, o quanto todos gostavam dele. Muito obrigada por me abençoar com a criatura mais linda do mundo, Tom, eu amo você. – o vento gélido da tarde de inverno de Londres predominou no local, e meu filho continuava a brincar com a lápide – Bom, nós já vamos... Será que você pode me ouvir de onde está? Enfim, volto depois e repito: eu te amo.
Peguei Sam e fomos em direção ao carro, não me contive e dei uma rápida olhada no local antes de atravessar os grandes portões de ferro do cemitério. Eu sabia que aquilo não era o fim, eu e Tom fomos feitos para ficar juntos. Tom estaria sempre em mim, sempre em meu coração, como uma tatuagem. Algum dia ainda iríamos ficar juntos, e eu esperava ansiosamente por esse dia...