"Life is too short, so take the time and appreciate!"
1 - Minha menina vai fazer seus dezesseis
null tinha a sensação de que todos estavam lá para observá-la. Ou talvez para observar seu desastre escolar. Ou quem sabe, a sua horrível aparência de aluna de quinta série. Podiam estar observando seu novo fichário do Pooh. Mas, não demorou muito para que ela descobrisse o que todos realmente olhavam: a sua companhia. Nick Jonas. Ah, é claro, como ela não pensara nisso antes?
Estava começando a se acostumar com aquilo. Ninguém nunca a via como null null, a CDF, ou null null, a brega... Todos a viam como null null, a amiguinha dos Jonas. Péssima antonomásia com certeza. Ela nunca achara tanta graça assim nessa história de ser filha do advogado da família Jonas, mas, ela não tinha escolha, certo? E além do mais, os meninos sempre foram gentis e simpáticos, o que facilitara as coisas no começo, mas, depois de alguns meses e até anos convivendo com aquilo, ela descobriu as outras qualidades e também defeitos dos popstars que estavam estampados nos quartos de milhões de garotas pelo mundo.
Magoava pensar que ninguém realmente se importava com o que ela queria ou pensava. Tudo o que eles queriam era uma casquinha daquela parte insignificante da vida dela que eram os Jonas.
Mais um dia na escola e era como a primeira vez... Os olhares, os gritos, os novos amigos. Ela já estava cansada daquilo, tinha feito uma promessa para si mesma e não se deixaria levar pela simpatia de muitos que fingiam ser seus amigos. Ela já tinha null e era o bastante!
- Hey, null! Está pronta? – perguntava Nick, tirando-a de seus pensamentos dramáticos.
- Estou. – respondeu a garota, respirando fundo e segurando a mão do amigo, seguindo em direção à sala de aula.
O pai de null era, desde sempre, o advogado da família Jonas, que tinha um enorme carinho por toda a família do homem. Era um advogado bem dedicado o Sr. null, nunca perdera nenhum caso e passava mais tempo trabalhando do que fazendo qualquer outra coisa que não envolvesse a família Jonas. null, Nick, Joe, Kevin e Franklin foram criados juntos e tinham uma ligação que podiam chamar de irmão. Eram unidos, quando necessário, e brigavam, quando não tinha nada melhor para se fazer.
Porém, null encontrou em null um abrigo. Tornou-se seu melhor amigo depois de defendê-la em uma briga no colégio, quando ainda eram pequenos e desde então null passou a cuidar da menina como se ela realmente fosse sua irmã.
null sempre fora estudiosa e dedicada, seus trabalhos e lições sempre feitos e a organização de suas coisas sempre servira de exemplo aos irmãos, que na verdade nunca se preocuparam muito em seguir esse estilo de vida.
Naquele dia, logo que as aulas acabaram, seguiram para a casa dos Jonas em um carro escuro com um motorista estranho e algumas garotas tirando fotos e mandando beijos. null entrou na casa correndo, procurando por ar puro, longe de toda a falsidade e fama. Aquilo a cansava. E muito.
- Opa, ta apressada por quê? – perguntou null segurando a mão da menina.
- Preciso de ar, null! Eu to morrendo sufocada com tanta falsidade O2 no organismo.
O menino riu e a soltou, em seguida sentou-se no sofá e se concentrou na nova letra que estava tentando escrever já há algum tempo, sem sucesso.
- Bom dia família! – dizia Denise, a mãe dos Jonas, entrando em casa, acompanhada da Sra. null.
- Bom dia mãe! – disse null, acenando do sofá.
Logo todos estavam na sala em uma conversa animada sobre algum tipo de festa que estava para acontecer em poucos dias.
- Onde está a aniversariante, afinal? – perguntou null, abraçando a mãe.
- Parece que está tendo uma crise de falta de ar, sabe? – respondeu null, rindo da cara da amiga.
- Eu estou muito bem obrigada, null Jonas! E estou aqui, null. E odeio o fato de ser a aniversariante. – respondeu null, entrando na sala com uma maça em mãos, dando uma enorme mordida.
- Filha, você vai amar a festa! Muitas fotos, lindos vestidos! – dizia a mãe da menina, fazendo o possível para animá-la.
- Desista mamãe! Isso não é para mim!
null estava ouvindo sobre aquilo há vários meses... Ela faria dezesseis anos em um mês e sua mãe e Denise tinham preparado a festa dos sonhos, o querido dezesseis. Pura idiotice, na opinião de null. O que ela faria? Mostraria lindos vestidos pros falsos e nojentos que não estavam nem aí pra ela? Ninguém entendia como ela se sentia, mas ela não iria passar por isso, seria muito injusto. Os convidados estariam ali pelos Jonas e não por ela, ela tinha certeza disso.
- Isso não é pra você? null, acorda! Você é linda e merece ser cobiçada, se é que me entende! – disse null, dando uma leve piscadela para a garota, que ria do comentário construtivo.
- A minha garota merece o que, Jonas? – Sr. null chegara para a bagunça junto com Paul Jonas, ouvindo parte do comentário interessante de null.
null se escondeu levemente nos ombros de null, morta de vergonha do pai, que tivera que ouvir a palavra “cobiçada” sobre sua filha. Como era possível que null conseguisse ser tão sem graça?
Mas, para sua surpresa, todos riam à suas custas, divertindo-se com o super comentário. Muito gratificante, ela pensava.
- Sr. null, permita-me falar: sua filha merece uma festa! E a gente também né, null! Corta essa, eu sei porque você não quer fazer e acho uma super besteira. Você só convidaria quem você quisesse. – respondeu null, fazendo a garota estremecer de medo.
O fato de alguém entendê-la a amedrontava. Ela tinha medo que a entendessem e descobrissem coisas que nem ela mesma sabe. E null tinha esse poder. Sempre teve. Ela o odiava às vezes por isso. Teve que respirar por um momento, até ter forças para dizer algo.
- Você não entende nada sobre mim, null! – foi o que ela conseguiu dizer, antes de correr de medo.
A sala ficou em silêncio por alguns instantes. null era uma adolescente difícil de conviver, tinha altos e baixos. E aquele com certeza não era o seu melhor dia. Paul chamou todos para almoçar e pediu que null fosse falar com null na varanda.
- Ei, null, espere. Deixe-me falar com ela. – Sr. null colocou a mão sobre o ombro do menino.
- Tudo bem. Mas, eu acho que o senhor devia deixar que ela fizesse a festa, ela precisa aproveitar a vida!
- Jonas, eu passei a minha vida inteira vivendo pelo meu trabalho, sem apreciar nada... Sem namorar, sem festas, sem me divertir. E eu me arrependo amargamente disso, você acha mesmo que eu não deixaria que ela fizesse a festa?
- Mas ela disse que o senhor não tinha deixado... – respondeu o garoto, confuso.
- Ela nem nunca me falou sobre festa alguma. – respondeu o pai, preocupado. – Nem a mãe dela me disse. – ele começara a ficar chateado.
- Talvez o Senhor não as tenha visto nos últimos meses com freqüência, elas ainda não tiveram oportunidade de pedir... - null começou, mas não teve coragem de terminar. Estava falando com seu advogado e isso podia atrapalhar em alguma coisa, mas o que ele pensava de verdade era que null se sentia meio órfã, com um pai tão ausente...
- Filha, você quer festa de dezesseis anos? – ele perguntava, sentando-se ao lado da menina, na cadeira de balanço.
- Não quero pai, eles que ficam me enchendo com essa história! – respondia ela, aos prantos.
- null, a vida é curta filha, você precisa aproveitar! Chame seus verdadeiros amigos, chame uma banda que você gosta pra tocar, beba álcool, dance, vista aqueles vestidos enormes e sinta-se a mulher mais bonita do mundo! Aprecie a vida minha querida, são dezesseis anos, e não fazemos isso todos os dias. Eu só não quero que você perca sua vida estudando, assim como eu fiz.
null soluçava e se engasgava com o próprio choro, pensando nas palavras do pai e em sua rotina de: estudo, casa dos Jonas, estudo, casa, cama. Ela estava cansada de tanto estudar e se esforçar para ser como seu pai. E ele sempre a ensinara o contrário. Ele sempre dizia: a vida é muito curta, então tire um tempo para apreciar. Fazia-a ficar horas olhando o céu à noite, sentindo a brisa na beira do mar ou assistindo filmes infantis. Mas, há muito tempo ela não o ouvia dizer isso. Na verdade, o pai já nem passava mais tempo com ela, dificilmente.
- Esta bem, pai. Eu farei a festa e vou me divertir, prometo.
- Mantenha a fé filha, você se sairá bem como debutante. – ele ria – E eu estarei lá e serei o pai mais orgulhoso do mundo!
- Obrigada, pai.
E então ele saiu, voltando a se filtrar no mundo das leis e direitos que o esperava dentro daquela casa. Os vários contratos, as milhões de ligações... Mais uma vez ela estava sozinha, e agora fizera uma promessa, não poderia voltar atrás.
- Quer dizer que teremos festa? – perguntou null, sentando-se ao lado da menina, onde antes se encontrava o pai dela.
- Parece que sim. – respondeu ela, respirando fundo.
- null, eu disse alguma coisa que te magoou? – perguntou ele, encarando-a com aqueles olhos brilhantes, que a faziam tremer de medo.
- Não, null… Nada… Só estou de TPM, não se preocupe. Vamos comer, eu preciso de forças, meu organismo está vazio.
Eles seguiram para a cozinha, rindo, como dois irmãos, como sempre. Para null, null era como um de seus amigos, totalmente fora de controle e divertidos, eles jogavam bola juntos, cantavam escandalosamente e riam de tudo. Mas, quando null o olhava nos olhos, como se sentisse medo, ele sentia um aperto enorme no peito, como se quisesse incondicionalmente dizer a ela que a amava. Sim, ele a amava. Descobrira isso há pouco tempo, quando num dia a viu ficando com um rapaz novo da escola...
~~ Flashback ~~
- null, eu vou buscar a null na escola, ela ficou de estudar com umas amigas e ainda não voltou.
- E onde ta o Charlie, null? – perguntou null, estranhando a ausência do motorista.
- Foi levar o papai e o Sr. null na audiência. – respondeu o menino, pegando as chaves do carro e saindo porta afora em busca de null.
null não precisou andar muito pela escola para encontrá-la. Mas, o que ele viu não foi exatamente um grupo de estudos. As mãos de null se encontravam na nuca do novato do segundo ano. Seus corpos encontravam-se grudados e suas bocas também, num beijo sensual e intenso.
null Jonas engoliu em seco. Nunca imaginara sua amiga numa situação daquelas, talvez porque para ele ela era como um garoto. Mas, perceber que ela era uma garota e ainda por cima, uma linda garota o deixou entorpecido. As pernas bambas e a voz rouca, ele chegou perto do casal, interrompendo a situação e chamando a garota para ir pra casa. O que mais doía era ver o rosto apaixonado da garota enquanto ele dirigia calado, para a casa dela.
Para o conforto de null, uma semana depois e o casal já estava separado, parece que não dera muito certo, mas, o que não era nem um pouco confortável era a vontade que o garoto tinha de sentir o que o outro sentira, com os lábios de null sobre os seus.
~~ End Flashback ~~
2 - Por favor, seja minha!
- Estão prontos? – perguntava Denise, examinando a aparência de cada um dos filhos, seguida pelo mais novo, Franklin, que olhava a cena atentamente.
- Estamos mãe, não se preocupe... – respondeu null, tentando se livrar das mãos da mãe, que procuravam por algum erro de maquiagem.
- Não adianta mãe, eles nunca ficarão bonitos, nem nascendo de novo. – disse Franklin, rindo dos irmãos.
null estava prestes a dar um tapa leve na cabeça do irmão quando ouviu duas vozes conhecidas entrando no camarim, e então seu coração começou a pular no peito, como sempre acontecia quando ele a via. Era incrível, podiam namorar a anos e seu coração sempre reagiria do mesmo modo.
- Amor! – dizia null, abraçando o namorado e dando um leve beijo em seus lábios.
- null, minha vida! – respondeu null, abraçando a garota.
Ela cumprimentou a família do namorado e a mãe de null, que se encontrava com eles também. null e null tornaram-se amigas depois que null e ela começaram a namorar e, desde então, null é a única e melhor amiga de null além do grupo de ciências da escola...
E mais uma vez lá estavam eles, prontos para mais um show. E claro que null e null não ficariam fora dessa. Podia ser um saco ter que agüentar as fãs malucas, mas, Jonas Brothers elas não perderiam por nada. Sempre estavam nos shows mais próximos com os meninos, ajudando na arrumação ou apenas dando apoio moral.
Obrigado por estar aqui! – falou null, dando um leve beijo no rosto de null, que soltou um riso fraco.
- Eu sempre estou. – respondeu ela, simplesmente.
Eles entraram no palco e mais uma vez ela sentiu aquela estranha sensação de êxtase, como se não importasse mais nada além dos músicos e suas músicas. Isso ela não podia negar nunca: adorava Jonas Brothers!
Jonas Brothers – That’s just the way we roll
‘‘Where would we be, if we couldn’t dream?
And I know,
We get a little crazy,
And I know,
We get a little loud…
And I know,
We're never gonna fake it…
We are wild,
We are free,
We are more than you think
So call us freaks,
But that's just the way we roll!
As meninas pulavam e cantavam junto com os irmãos, rindo das caras feias que as fãs faziam para elas, no fundo do palco. Chegava a dar orgulho, elas se matavam por pessoas tão normais... Ou não.
null vibrara com a notícia sobre o aniversário da amiga, que disse que resolvera fazer já que não teria escolha. Ficaram de fazer a prova do vestido no fim de semana, junto com Denise e a mãe de null, que aprovou a idéia.
null não estava muito disposta, com certeza não, mas não teria escolha! Ela tentava passar na mente cada sílaba que pronunciara ao pai quando prometeu fazer sua festa. Ai se arrependimento matasse...
Mas, agora o jeito era agüentar. null e null esperavam por Denise na casa dos null, enquanto a mãe de null se arrumava no quarto.
- null, eu vou precisar arrumar dezesseis amigas e blábláblá? – perguntava null, inquieta.
null soltou uma risada alta e olhou incrédula para a amiga. Como ela podia ser tão boba, a menina se perguntava.
- Só se você quiser null! – respondeu ela, ainda rindo.
- Não é pra você rir null! Eu não sei mesmo como se fazem essas coisas! E além do mais eu não teria dezesseis amigas! – falava a outra, desesperada.
- Acalme-se null! A festa é sua, você faz do jeito que quiser! Mas, eu acho que seria extremamente glamuroso você chamar algum príncipe né? Dançar só com o pai e o padrinho não tem graça. – continuou null, folheando uma revista de vestidos de debutantes.
- Príncipe? E como eu faço isso? - null continuava atordoada.
- Amiga! Alô! Onde você esteve nos últimos anos? - null ria vendo o desespero da amiga. – É só chamar um de seus amigos, ou você pode contratá-lo. Mas, é claro que você não precisa fazer isso! Você tem três príncipes lindos, pode escolher a dedo.
- Ai null eu nem sei do que você esta falando mas...
Antes que ela pudesse terminar a campainha ecoou sobre a casa, anunciando que alguém chegara, provavelmente Denise.
Mas, para grande surpresa ela não estava sozinha! null entrou logo depois da mãe, quando null abriu a porta. A presença dele a incomodava. Ela sentia muito medo do que ele podia dizer…
- Boa tarde meninas! – disse Denise, cumprimentando-as com um beijo no rosto. – Espero que não se importe, null querida, eu trouxe null conosco porque não quero dirigir e Charlie está com seu pai e Paul.
- Ah, tudo bem Denise, eu não me importo. – ela respondeu, sentindo aquele estranho calafrio na espinha só de pensar no garoto por perto a tarde toda.
- Bom, eu vou chamar a null, atrasada como sempre... – falou Denise, subindo as escadas da casa e se dirigindo ao quarto da amiga, que ela já conhecia bem...
null se sentou no sofá ao lado de null e seus olhos seguiram os dela pela revista de debutantes. null chegou perto e ficou parada em pé, batendo os pés no chão em sinal de nervosismo.
- Sabe null, eu acho que esse combinaria muito com você. Te valorizaria! – disse null, apontando para um dos vestidos da revista.
A garota olhou com cara de nojo e sinalizou um não com cabeça, soltando um suspiro longo da amiga, que voltou a folhear a revista.
- Eu acho que esse ficaria legal. – disse null, de repente, tirando null da sua concentração nos pés e fazendo ela o olhar, nervosa.
A menina verificou o vestido ao qual ele apontava. Perfeito. Ela estremeceu mais ainda e sentiu as pernas cederem, sentando-se no chão em frente ao sofá, sem encontrar outra saída para se manter inteira.
- Sim, é... Bonito. – disse ela, nervosa, com as mãos trêmulas e frias.
- O QUE? – gritou null, quase dando um pulo do sofá. - null, você é milagroso! É o primeiro que ela faz um comentário útil e positivo. Todos são ruins e... – ela parou por um segundo, vendo a expressão assustada de null e em seguida concluiu – Quer saber? Eu acho que você devia chamá-lo para ser seu príncipe null! Ninguém melhor... Tenho certeza que ele saberia te conduzir muito bem! – ela deu um sorriso satisfeito, piscando para null e fechando a revista.
null respirou aliviada quando viu sua mãe e Denise descendo as escadas. Seria um longo dia. E o pior: ela escolheria aquele vestido, porque nenhum outro a agradou.
null sentiu-se corando por um momento, enquanto apreciava null com o vestido de festa mais lindo que ele já viu. Chegou a babar e ouviu null sussurrando em seu ouvido: “Não baba não baby, porque não é esse que ela quer, lembra?”.
E realmente aquele vestido não combinava com ela. Era ousado e a cor parecia sem ânimo. null precisaria de algo mais animado.
Por fim, a menina desistiu de experimentar vestidos prontos e pediu que fizessem um novo para ela, no modelo da revista, o único que ela gostara. A parte do dia que mais decepcionara foi o fato de null não poder vê-la usando aquele vestido.
null não teria muitas opções, pensara no que null tinha dito e sabia que só conseguiria dançar com segurança junto com null, mesmo que perto dele suas pernas bambeassem. O problema agora era chamá-lo para dançar com ela.
O jantar aquela noite seria servido na casa dos null, cortesia do advogado, então depois dos vestidos, null dirigiu até a casa de null e depois voltou para casa pra buscar os irmãos. null aproveitou o momento para respirar, já que não conseguia fazer isso direito na presença do garoto, e pensar no que diria à ele. Ela sentia mais do que medo naquele momento, vergonha! O que parecia ser mais frustrante ainda para uma futura advogada.
Logo que os irmãos chegaram, todos se sentaram à mesa para jantar, e o assunto alegre sobre o aniversário de null era o dono da conversa, para infelicidade da menina, que não agüentava mais ouvir falar em valsas, músicas, convidados e o pior: príncipe. Mas, o que ela podia fazer além de sorrir e fingir estar contente?
null estava dando graças a Deus quando o jantar acabou e null e os meninos aceitaram o convite de jogar vídeo-game com ela. Subiram para o quarto, como de costume, e null e null já estavam fora da competição... Preferiram ficar juntos e aproveitar, para o desespero maior de null, que procurava uma chance de falar com null a sós. Ela não teria outra escolha: teria que falar com null e despistá-lo de alguma forma.
null e null estavam sentados na enorme poltrona verde de null, que combinava com a mobília do quarto, null e null sentaram-se no tapete, em frente à cômoda onde ficava a televisão, e null sentara-se na cama, logo atrás dos irmãos.
- Ei, null, onde está seu guitar hero? – perguntou null, sorrindo para a amiga.
- Ah... Não sei null - ela procurava alguma estratégia para tirá-lo dali. – Deve estar na sala... Você pega lá pra gente? – pediu ela, fazendo uma espécie de bico numa tentativa desastrosa de suborno.
- Folgada! – exclamou null, dando um leve tapa na perna da menina, que ria bagunçando o cabelo dele. – Não adianta fazer essa carinha não, você não me engana dona null null! – finalizou ele, desistindo dos tapas e se levantando do chão. – Eu vou, mas só porque eu quero. – mostrou a língua para ela e saiu do quarto.
Se o jogo estava ou não na sala, null não sabia, mas pelo menos eliminara um soldado no campo de batalha. Agora faltavam null e null, a parte mais difícil.
- Casal, por favor, comportem-se aqui, está bem? Ou vocês podem procurar um quarto vazio... – disse ela, fingindo ser mandona e piscando de leve para a amiga, que deve ter entendido a mensagem.
- Ê chatinha! Vem amor, vamos procurar um quarto vazio. – respondeu null, rindo escandalosamente em seguida.
null não entendeu muito bem a cena, mas seguiu a namorada. null ria da cara de nojo de null e do estranho comportamento de null. O menino sentiu um calafrio ao pensar nela, estavam sozinhos... Talvez pela primeira vez depois do dia que ele descobriu que a amava.
- null… - ela começou, com a respiração falha e o coração louco para sair pela boca.
Ela percebeu que suava frio e sentiu vontade de sair correndo. Estava morta de vergonha, mas tinha que fazer aquilo. Tinha que fazer. Tentou pensar em qualquer outra coisa além de null, festa, príncipe, vestido, valsa. Mas, era inevitável quando tudo isso fazia parte da fala que ela planejara em sua cabeça.
null ouviu seu nome e congelou. Ela estava mesmo falando com ele? Diretamente a ele? Sentiu o coração vibrar e a voz sumir, pigarreou a fim de trazê-la de volta, sem sucesso.
- Hum... – resmungou ele. Era a única coisa que ele conseguira pronunciar.
- Eu estava pensando, sabe... Eu preciso de... De um... Um príncipe, você me entende? Digo, para a festa, é... Bom, é isso que dizem, né? E eu pensei que, não sei, se você quiser, se não quiser tudo bem, eu não vou me chatear, só pensei que... – ela estava perdendo a fala e precisava respirar para conseguir a última frase, era a mais importante e mais difícil. – Você gostaria de ser meu príncipe? – disse ela, de uma vez, com o pouco de voz que lhe restava.
Ela tremia e ele conseguiu sentir isso. Ele podia ouvir os dentes da garota debatendo-se em um barulho incontrolável. Ela parecia estar com muito medo, o que acabava assustando a ele. Devia ter sido difícil, chamar o lobo mal para dançar valsa. null se perdeu em pensamentos e esqueceu-se do fato que a garota esperava por uma resposta. Ele se concentrou em sua voz para ajudá-la a sair, e fechou o punho, controlando a terrível tremedeira. Ela o escolhera. Era ele. E agora ele tinha uma chance de mostrar a ela que ele não era um monstro, que ela não precisava sentir medo. Tinha que falar logo, tinha que dizer sim.
Mas o tempo não pareceu suficiente e antes que ele pudesse dizer qualquer coisa. null estava de volta, rindo de alguma piada que Sr. null contara. Ele se sentou ao lado de null e colocou o jogo no vídeo-game.
null agradeceu mentalmente que ele não tivesse chegado antes, e tentou sorrir quando ele a beijou o rosto e sentou ao seu lado, lhe entregando um controle.
null se odiara naquele momento. Como ele podia ter deixado essa chance passar? Maldito seja null. null respirou e respirou tentando manter a calma e diminuir os batimentos de seu coração.
null olhou para cada um dos pares de olhos daquele quarto e sentiu que tinha algo estranho:
- Onde estão os outros dois? – perguntou ele.
- É... estão... foram... - null tentava falar, mas, já nem se lembrava de onde estava o casal, não se lembrava de nada além do silêncio de null.
- Foram se pegar lá fora. – respondeu null, já mais calmo. Ele não iria deixar que nada tirasse esse momento dele. Ele fora o escolhido e diria a ela de alguma forma o quanto aquilo fora importante para ele.
Jogar vídeo-game era a coisa que null e null menos queriam fazer naquele momento. null ganhou todas as partidas e parecia satisfeito com isso porque quando null e null voltaram para o quarto, ele estava contando vitória para eles.
Denise chamou os meninos para irem embora. null iria com eles até sua casa, mas esperou que os três descessem para o primeiro andar e puxou a amiga pelo braço fazendo-a esperar também.
- E então, você falou com ele? – perguntou ela, esperançosa.
- Falei null! Mas, ele ficou calado… E logo em seguida null chegou. Eu acho melhor a gente deixar essa história de príncipe pra lá. – respondeu null, segurando com força o pingente de estrela que tinha no pescoço, nervosa.
- Ai, calma amiga. Não deu tempo pra ele responder! Eu tenho certeza que ele vai aceitar, ou você acha que eu não vi a cara dele quando olhava pra você trocando de vestido? – disse a outra, piscando pra amiga e rindo.
- Para de besteira, null.
Elas desceram as escadas e encontraram todos na sala, despedindo-se. Porém null não estava presente. null procurou-o por todos os lados, esperando vê-lo sentado ou já do lado de fora, mas não o viu. As meninas desceram as escadas juntas e null se despediu dos Jonas, prometendo à Denise que almoçaria na casa deles na segunda-feira, depois da escola. Depois que se despediu de todos, ela sentiu uma mão em seu ombro, virou-se devagar e lá estava ele.
null sorriu para a menina e beijou-lhe a bochecha, dizendo um simples boa noite e em seguida saiu junto com os outros.
- Bom, eu vou dormir, preciso de descanso... Vi vestidos demais para um dia só. – disse null, fazendo drama.
- Eu vou pro escritório, querida, preciso terminar umas coisas, mas prometo que durmo logo. – disse Sr. null, seguindo para o escritório no primeiro andar.
null e a mãe subiram, cansadas daquela conversa de durmo logo que o pai fazia toda noite. Na verdade elas não tinham certeza se ele dormia...
Mas, foi ao chegar ao quarto que null percebeu que não dormiria tão cedo naquela noite: em cima da cama, com uma letra bonita rabiscada rapidamente, tinha um bilhete.
‘‘null, eu sinto muito ter ficado calado. Desculpe-me. Quero que compreenda que a notícia foi um choque para mim, e eu precisei de um segundo para voltar a respirar. Eu aceito, com o maior prazer do mundo, ser seu príncipe na festa!
null J.
Era difícil respirar ali dentro. O quarto ficou abafado de repente. null abraçou o bilhete com carinho e o colocou em uma das gavetas na cômoda. Depois, desceu para o andar de baixo e entrou no escritório do pai.
null ficou a noite inteira observando seu pai trabalhar, sentada na poltrona de couro reconfortante. Ela esperou por muito tempo por ele até que desistiu e se rendeu ao sono, dormindo ali mesmo, na poltrona.
- Bom dia minha querida. – disse o Sr. null, na manhã de domingo, dando um leve beijo na testa da filha, que ainda dormia na poltrona de seu escritório.
E pelo visto, ele também dormira ali, preso no trabalho. null acordou devagar, sentindo as mãos do pai em seu rosto. Abriu os olhos lentamente e sorriu:
- Pai, vamos sair hoje? – perguntou ela, levantando-se da poltrona, sentindo todos os ossos de seu corpo doendo.
- Filha, me desculpe, eu preciso trabalhar. Mas prometo que sairemos para jantar a noite, está bem? – respondeu ele, vacilando em sua promessa.
- É domingo pai... – ela começou, mas sabia que não adiantaria.
O pai saiu, decepcionado consigo mesmo. A menina seguiu para o quarto, fazendo um alongamento rápido para tentar recuperar sua coluna. Maldita poltrona. Maldito escritório. Maldito trabalho.
3 - Quando você me olha nos olhos...
Até que os dias na escola não estavam sendo tão ruins. null precisava arrumar convidados para sua festa e estava ficando difícil escolhe-los. Mas a metade do grupo de ciências já estava convidada, e também algumas garotas das aulas de teatro, que a ajudavam muito com a vergonha e o medo, e acabaram por ser amigas.
Na aula de teatro daquele dia, null falava sobre a festa com algumas das amigas e decidiu que não chamaria banda alguma para tocar. Os Jonas já estariam lá para causar tumulto, mais uma banda e eles não seriam capazes de deter as fãns malucas. null resolveu que contrataria um DJ e ele que comandasse o clima. Aquela história de festa começara a animá-la, talvez não fosse tão ruim assim.
Na saída da escola, ela encontrou null e foram direto para a casa dos Jonas com o motorista estranho. Ao chegar, a recepção de null foi calorosa. Denise tinha preparado milhões de coisas para o almoço e tinha em mãos várias revistas e modelos de convites. Ela estava pensando em tudo para o aniversário da menina, o que chegava a incomodar, já que null não sabia como escolher o melhor.
Sua mãe e null também estavam lá, provavelmente pensando em sair novamente com ela para um dia cansativo de preparativos.
Estavam sentadas à mesa, junto com os meninos, quando surgiu a pergunta:
- null, você precisa de um príncipe, não acha null? Isso é glamuroso... – dizia Denise, arrancando mais uns daqueles calafrios em null.
null mantinha-se calado, sentado ao lado de null e null, sentindo-se corar.
- Com certeza Denise. – respondeu null, olhando com cuidado para null, perguntando-se se ele já aceitara.
null nem se quer olhara para o garoto naquele dia e estava com medo do que teria que anunciar naquele momento, mas, sabia que a parte mais difícil ela já fizera: convidá-lo.
- Bom, você pode contratar um... Eles são tão lindos... – continuava Denise, com os olhos brilhando de fascinação.
- Ah, desculpa Denise, mas eu já tomei a liberdade de convidar alguém. – disse null, corada de vergonha.
A mesa ficou em silêncio de repente. Todos a olhavam, menos null, que ainda encarava o prato de comida, sem coragem de comer.
- Claro null, você tem todo o direito disso, além do mais pode ser muito mais divertido com alguém que você já conhece. – disse Denise, acalmando a garota.
- Mas filha... Quem? – perguntou Sra. null, curiosa e preocupada.
null teve que respirar para responder essa. Ela tomou uma quantidade de ar razoavelmente enorme para que não faltasse a fala e sorriu, fingindo coragem.
- O null! – disse ela, vermelha como um pimentão.
O menino a encarou com um sorriso cúmplice no rosto. Ela tinha mesmo dito aquilo? null se sentia completo. Não faltaria mais nada para que seu dia pudesse ser bom… null queria mesmo que ele a acompanhasse no aniversário.
- null? – perguntou Denise, rindo. – Parabéns meu filho. – cumprimentou ela, surpresa.
- Como assim o null, null? Eu pensei que você fosse me convidar... – disse null, fazendo um biquinho e uma careta ao mesmo tempo.
- Oun, null, me perdoe… Mas você não sabe dançar valsa, querido! – respondeu a menina, rindo.
- É... Não sei mesmo! Isso seria constrangedor! – disse null, rindo com a amiga.
- E você sabe, null? – perguntou Franklin, gozando do irmão.
- Ah, não enche Frank! – respondeu null, rindo e bagunçando o cabelo do irmão.
- Ai, meu Deus... Acho que vocês precisarão de umas aulas! – disse null, apontando o dedo para null e null, que concordaram, satisfeitos.
Depois de milhões de escolhas e compras, o dia tinha finalmente chegado ao fim. null estava exausta e previa que só ficaria pior dali em diante. No dia seguinte, teriam aulas de valsa com uma garota que acabara de chegar à cidade e estava dando aulas para ganhar dinheiro. Ótimo, teria que dançar com null!
A terça-feira estava demorando a passar. A última aula de null seria teatro e por incrível que pareça ela estava animada para isso. As pessoas por lá pareciam mais sinceras e amigas, talvez porque soubessem como ela se sentia ou apenas por serem originais.
O grupo estava quase completo aquele dia, todos estavam aquecendo a voz, quando a professora entrou na sala, com mais uma pessoa ao lado. Era uma garota, até bonita, com um sorriso infantil e simpático no rosto. null pensou por um momento que podia ser alguma aluna mais nova que viera assistir, mas quando ouviu a professora exclamar que a garota era uma aluna nova, ela estranhou. Era difícil chegarem novos alunos naquela sala...
- Oi... É... Eu sou null! – disse ela, com um sotaque estranho, acenando timidamente.
null sentiu o olhar da garota sobre o dela por um mísero instante e, em seguida, a garota olhou para outra direção, envergonhada. null se perguntou se ela a conhecia, ou melhor, se ela conhecia os Jonas Brothers.
A aula começou e null demonstrava ser uma grande atriz, apesar de suas roupas fora de moda e seu sotaque estranho. De uma coisa null estava certa: ela não era dos Estados Unidos, definitivamente não.
Quando a aula acabou e a professora se retirou, null passou a observar todo o anfiteatro: as cortinas, o palco, os camarins. null observava a garota, calada. Resolveu tentar conversar com ela, descobriria logo se ela a conhecia ou não:
- null, não é? – perguntou ela, aproximando-se da nova aluna. – Você é de que país? – continuou ela, depois que a garota afirmou com a cabeça.
- Hãn? Como sabe que eu não sou daqui? Dá pra perceber tão bem assim? – ela falava, com o sotaque estranho e o sorriso simpático.
As duas se sentaram no palco e null começou a amarrar o cadarço, esperando por Nick, que a buscaria no anfiteatro quando o motorista chegasse.
- Sim... Seu sotaque... – respondeu null.
- Sou do Brasil. – disse ela, sorrindo. – Você é daqui mesmo?
- Sim... – respondeu null, desconfiada. – E o que você esta fazendo aqui? Digo, nos EUA... Entende? - null se atrapalhava com as palavras. Nunca fora boa em fazer amigos, eles que sempre puxavam assunto.
- Ah, eu me mudei pra cá nesse mês. Sabe, queria morar sozinha e tudo mais... E quero fazer teatro, entende? Quero ir pra Broadway! – dizia ela, segura de si mesma.
- Ual, Broadway! – disse null, impressionada. Não pela Broadway, ela já estivera lá milhões de vezes, ainda quando Nick trabalhava nos musicais.
O pai de null fora advogado da família Jonas antes mesmo da fama dos garotos. Ele trabalhara em alguns casos e contratos e quando Nick começou a trabalhar na Broadway foi preciso mais e mais atenção de um advogado. A família null esteve presente quase que em todos os espetáculos.
- É... Eu sei que eu sonho demais, que eu sou boba, mas são meus planos e eu não estava a fim de desistir deles, por isso vim pra cá. – falava null, com um brilho diferente nos olhos, como se falasse sobre algo muito grandioso. null nunca tivera esse brilho quando falava de seus planos de ser advogada.
- Seja bem-vinda null! Espero que você goste...
- null, por favor. – pediu ela.
- Ok, null! null, é melhor.
As suas trocaram um leve aperto de mão e continuaram conversando sobre a peça que estavam montando e sobre alguns dos alunos. null contou a ela sobre a escola, a professora, os mais legais, os mais chatos… A única coisa que ela deixou de mencionar foi o fato de um Jonas estudar naquele colégio. null parecia não conhecê-los e null estava feliz com isso, podiam ser amigas sem problemas.
- null? – chamou Nick, entrando no anfiteatro.
As meninas pararam de conversar imediatamente. null olhou para Nick e ficou estática por uma fração de segundo, depois, sorriu e desceu do palco, junto com null.
- null, esse é o Nick, Nick essa é a null. Então, vamos? – perguntou ela, despreocupada.
- Oi, null! É um prazer conhecê-la. Sim, vamos null! Temos muito que fazer hoje, está bem?! Não se esqueça das aulas de valsa.
- Ai, não me lembre disso agora, está bem Nick? null, estamos indo… A gente se vê amanhã! – disse ela, saindo do teatro com Nick.
- Ótimo, só precisamos da nossa professora! – exclamou null, jogando-se no sofá, pronto para assistir o desastre do irmão.
- Amor, a gente podia aprender a dançar também, não acha? É tão romântico... – dizia null, acariciando o rosto de null, que fazia uma careta.
- Sabe, meu bebê, eu acho melhor deixarmos isso pra null e pro null, não acha? Combina com eles... – o garoto fugia do assunto.
- Você é um grosso, Jonas! – reclamava null, enchendo o braço do namorado com tapinhas.
- Sem agressão física, meus amores… Se amem! – falou Denise, passando pela sala. – Bom, eu e a Sra. null vamos cuidar do buffet e dos convites, fiquem calmos, respirem e façam tudo direitinho! Estamos confiando em você, null! Deixe tudo em ordem. null, querida, eu vou encomendar os convites naquele formato que você escolheu, mas, vou mudar a cor...
Enquanto Denise falava, a campainha tocou e null correu para atender a porta.
- É isso, estou indo. Beijinhos! – dizia Denise, saindo de casa. – Olá, querida... Você deve ser a professora, boa sorte. – ela terminou, saindo.
null enfim acordou do transe mental em que ele se encontrava, olhando para a tal professora. Ela usava um vestido básico cor-de-rosa que destacava sua pele. O garoto respirou fundo e pediu que ela entrasse, quase babando em cima da garota, envergonhada.
- Olá! – disse ela, com aquele sotaque que null conhecia de algum lugar.
null se virou para a porta e encarou null, sorridente, acenando. Como assim ela seria a professora?
- null? – perguntou ela, se aproximando e cumprimentando a menina.
- null? – disse a outra, rindo. – Quer dizer que tu ta fazendo aniversário?
- Arg, infelizmente me inventaram essa. Mas até que não está sendo tão ruim...
- Ah você vai adorar! Aposto que quando terminar a festa vai querer de novo. Enfim, vamos à valsa?
- Vamos lá, null! Eu sou null, esse é null, null e null! – disse null, aproximando e cumprimentando a menina.
- Obrigada, null! E quem serão os condenados... Digo, os dançarinos? – disse ela, fazendo piada.
null ria escandalosamente enquanto a sala o observava. Sim, a piada fora divertida, mas ele exagerara. null se sentou de novo no sofá e ria, incontrolavelmente.
- Já chega, né criança? – disse null, estralando os dedos na frente do rosto do amigo.
null se acalmou e null pôde continuar.
- Enfim… Eu vou precisar de um parceiro. Alguém aqui sabe dançar? – perguntou ela, enquanto todos se sentavam.
O silêncio reinou sobre a sala e, de repente, em um pulo, null ficou de pé, na frente da garota.
- null, você sabe dançar? – perguntou null, rindo da idiotice do irmão.
- É... sei... Não... Mas posso aprender, né null? – disse ele, os olhos brilhando de entusiasmo.
- Pronto. Ta apaixonado! – sussurrou null no ouvido da namorada, que riu baixinho.
- Obrigada, null! Então vamos lá, preste atenção aos passos, um para cada lado.
null não teve muita sorte. Depois de milhões de pisadas no pé, desequilibradas e tropeços de null, ela conseguiu que ele desse uma volta.
null começou a ensinar a null como ele teria que se comportar, enquanto mostrava a null o movimento que seus pés fariam. Sim, null era um bom dançarino, mas quando null pediu que ele e null dançassem juntos, ele sentiu que desabaria de vergonha.
A menina se levantou do sofá, posicionando as mãos, uma no ombro do menino e a outra sobre suas mãos, frias e suadas. Mas ela não percebeu isso de início, pois as suas estavam no mesmo estado.
null segurou firme as mãos da garota e colocou a outra mão na cintura dela, de um jeito carinhoso. null pediu que eles se olhassem nos olhos e não desviassem por motivo algum. Seria difícil no início, mas logo se acostumariam.
- Veja, null, null tem lindos olhos. Você tem uma música inteira para observá-los... – dizia null, causando aquele leve arrepio em null.
‘‘Não me peça isso, null, não sabe o quanto são assustadores os olhos dele.” Os pensamentos de null pareciam gritar em seus olhos, e null sabia o que ela estava pensando, mas ela teria que olhar.
Ele sorriu, esperando que diminuísse o medo da menina. Parecia estar funcionando porque agora ela o olhava, sem expressão, dançando devagar como null pedia.
- null, concentre-se. Eu sei que os olhos da null são lindos também, mas você precisa do seu equilíbrio... – ia dizendo null, enquanto os outros presentes riam e o casal que dançava abaixava a cabeça, corados de vergonha.
- null… - null começou, olhando para a professora.
- Não olhe para mim, null! Ela! Ela! Olhe para ela! – reclamou null.
- Ok, ok. Os olhos da null não são lindos... São hipnotizantes! É culpa dela se eu estou perdendo meu equilíbrio!
null parecia explodir de tão vermelha. Como ele conseguia falar aquilo em voz alta, era pra ser um pensamento, não?
- Isso seria um tipo de declaração, Jonas? – perguntou null, intrometendo-se na conversa.
- null, você poderia tentar parar de enlouquecer seu parceiro? – disse null, rindo, com um olhar cúmplice para null.
- Vamos lá, já chega! Vocês estão dançando sem música há tempo demais, vamos animar a casa! – disse null, rodopiando null de repente e correndo até o rádio.
Mcfly – Saturday Night
‘‘With my parents out of town
I got all my buddies round
Said we're gonna have a party tonight
If your dad has the truck
Then I'll come and pick you up
And anyone who wants to come for a ride
And if you wanna have a drink
There's some bottles by the sink
Over twenty-thousand people inside
You know that everybody likes to party on a Saturday Night
Com Mcfly tocando animadamente, null e null se animaram e começaram a dançar desajeitadamente, em um estilo ‘‘Shake-shake’’ dos anos sessenta. Logo, null puxou null pelas mãos e começou a dançar com a garota, enquanto null puxava o namorado...
null e null se olharam e olharam para os malucos na sala, em seguida, começaram a dançar também, subindo no sofá e cantando alto junto com a música. “Everybody loves to party on a Saturdaaaaaaaaaaaaaaaaaaaay... Night...” cantou null, imitando Danny Jones muito mal.
- Ótimo desempenho crianças, mas agora eu quero ver como a gente fica nessa valsa, está bem?! – disse null, voltando a puxar null para dançar com ela ao som de “She Falls Asleep”.
4 - Me deixe te levar até lá...
No fim do dia, null já desistira de ensinar quem quer que fosse naquela casa, e estava mais exausta ainda por ter passado o dia cantando e dançando como louca.
Ela se divertira como nunca desde que chegou ao país, de um jeito simples e divertido. null passara o dia se gabando sobre sua valsa mal-dançada e cantando null, que ria, envergonhada.
null tentou ficar o mais distante possível de null, o que não foi muito possível já que dançaram juntos o dia todo. null passou o dia subornando null para que a menina lhe ensinasse a dançar samba, o que foi um desastre completo já que nem a própria null sabia dançar aquilo.
- Meu forte é dança de salão, null! Não me faça pagar esse mico. – reclamava a menina.
Quando se acabaram as músicas para dançar, eles foram jogar cartas, e mais uma vez o campeão fora null, alegando que não roubara em momento algum. null ria do amigo, sabendo de todos os truques que ele usava para ganhar. É claro que ele tentou ensiná-la uma vez, mas null não sabia mentir.
- Boa noite, crianças! – dizia Denise, entrando em casa, cheia de bolsas sofisticadas.
Sra. null estava com ela, como sempre, também cheia de sacolas, aparentemente com plumas e enfeites para a festa.
- Pow, mãe, crianças queima o filme, né? – reclamou null, passando o braço pelo ombro de null.
- Ah, olha só... Desculpe crescido! Assim que você quer ser chamado? – Denise fazia graça, apertando as bochechas do filho. – Você ouviu, null? Ele está crescido. – ela ria, agora bagunçando os cabelos do menino, que resmungava aborrecido.
A sala se partiu em risos, deixando null furioso por alguns segundos, antes de colocar sua atenção às sacolas que as mulheres seguravam.
- Hey, o que é isso, senhoritas? Eu posso saber? – perguntou ele, tentando abrir uma das sacolas que a mãe acabara de colocar no sofá.
- null, você não pode! São coisas do aniversário, não quero que ninguém veja! Esconda isso Denise! – pedia null, pegando as sacolas das mãos de null e mostrando a língua para o garoto.
- Poxa, null, você ta ficando muito má comigo. – ele fez um biquinho. – Você não me ama mais.
- Ow, nullzinho, meu amor… É claro que eu te amo! – respondia a menina, abraçando ele e beijando-lhe a bochecha. – Agora chega de frescura.
Elas esconderam as coisas e voltaram para a sala, onde null já se despedia, dizendo que precisava voltar para casa pois estava tarde.
- Você já vai, null? – perguntou null.
- Sim, null.
- Bem, então vamos também, mãe. Eu preciso de uma boa noite de sono!
As três iam embora, prometendo voltar no dia seguinte, como de costume. null sorriu torto para null e beijou a bochecha da menina:
- Boa noite, princesa. A gente continua amanhã? – perguntou ele, segurando de leve as mãos da garota.
- Sim. – respondeu ela, sorrindo. Gostara do que ele dissera: princesa. – Um pouco mais de valsa amanhã, príncipe. – ela repetiu, acelerando mais ainda os batimentos cardíacos do garoto.
- null? – disse null, entrando no anfiteatro pronto para voltar para casa.
null e null conversavam animadamente sobre alguma bobagem da aula quando o garoto entrou. null mais uma vez ficou olhando, atentamente. null se despediu da menina e Nick acenou, saindo junto logo depois.
- A mamãe disse que você vai precisar tirar algumas medidas para o vestido. – dizia Nick, entrando no carro com a menina.
- Ai Nick, lá vamos nós a mais uma tarde maluca de preparativos.
Quando chegaram em casa, Denise e a Sra. null já esperavam por ela com a costureira e um monte de fitas e tecidos.
Nick seguiu para a cozinha: ele poderia almoçar! Algo que null invejava no momento.
- Venha filha, daqui a pouco a gente deixa você almoçar!
- E qual o massacre de hoje? – perguntou a menina, temendo pelo que a esperava.
Depois de null tirar várias e várias medidas, de tudo quanto era lugar de seu corpo, a mãe e Denise pegaram algumas das sacolas que trouxeram no dia anterior.
- null! Pode vir, filho! É a sua vez! – chamou Denise, fazendo null se assustar: como assim ele estaria ali também?
E então o mesmo massacre começou em null, que sorria, contente com alguma coisa que null ainda não entendia. Pura bobagem, tirar medidas do príncipe! Ele teria que usar alguma coisa especial?
Antes que null pudesse perceber, tinha milhares de velas e enfeites de mesa para ela escolher. Decidiu fazer tudo da mesma cor: prata e azul. Poucos eram os detalhes vermelhos, mais uma das cores que ela escolhera para a decoração. null dissera que era incomum: azul, prata e vermelho, mas, o objetivo de null era esse mesmo: incomum.
- Levante-se querida. – pediu a costureira.
A menina se levantou e a costureira a pôs de frente para null, do mesmo modo que null fizera no outro dia, olhando-se nos olhos.
A moça verificou a altura dos dois. null não era muito mais alto. Parte boa: ela poderia usar um salto baixo. A costureira pediu que a menina ficasse sobre as pontas dos pés e mediu a altura do salto que ela teria que usar. Nada muito extravagante para a sorte de null, que torcia por aquilo.
- Prontinho! Agora precisamos que os dois cheguem juntos a uma conclusão de cor e tecido para as roupas e não se esqueçam das cores da decoração, não podem tornar tudo um carnaval. – dizia Denise, explicando cada detalhe e dando aos dois alguns pedaços de tecidos nas cores azuis, vermelho, prata e dourado.
- Vamos almoçar. Depois que escolherem, vocês podem ir. – disse a Sra. null. – Eu irei com Denise à degustação de drink’s para o aniversário, você pode ir para casa filha, eu te encontro lá.
- Eu a levo, Sra. null, não se preocupe. – ofereceu-se null, encantador.
As mulheres se retiraram e o casal se sentou no sofá, sem fala, pensando em como chegariam a um acordo.
- null, você pode escolher a cor de tudo: faixa, vestido, sandália. Mas, por favor, me deixe com os detalhes em prata. Dourado é muito comum.
null congelou. Como assim muito comum? Ele era vidente? Não era possível, null conhecia algum tipo de magia! Ele sabia exatamente o que null queria e como ela queria. Aquilo assustava. Mas, por incrível que parecesse, daquela vez ela não se assustou, apenas sorriu, confirmando com a cabeça.
- Sim... Eu também prefiro a prata e acho que vou escolher essas pros meus detalhes... Mas, null, posso te pedir um favor? – pediu ela, sentando-se de frente para ele, mais animada do que qualquer momento que null já vira desde a invenção sobre o aniversário da menina.
- Claro, princesa, o que você quiser.
- Não use mais essas suas magias malucas. – ela disse, rindo em seguida, sem dar chance para que ele perguntasse qualquer coisa. – E... Me ajuda com os tecidos? Eu não faço idéia do que usar! – ela fez uma careta.
null riu. Ela tinha um sorriso único e a fala mais suave que ele já vira. Aquele pedido fora realmente estranho, mas null sabia o quanto a menina detestava esse tipo de escolha.
- Use cetim. É... suave! Combina com você.
- null? – chamou ela, mordendo o lábio inferior, pensativa. – Qual desses é o cetim? – perguntou ela, escondendo-se com o cabelo em seguida.
Ele riu mais ainda, respirou fundo e pegou um pedaço de tecido azul, analisando-o com cuidado. null se aproximou da menina e colocou a mão sobre os cabelos dela, tirando-os da frente de seu rosto.
O menino entregou-lhe o tecido com cuidado, tocando nas mãos frias da garota, que estremeceu com o toque. Ela nunca se sentira assim antes e tinha medo de como se sentiria dali para frente. O medo não era o seu principal sentimento.
- Espero que você goste dele. – disse null, acariciando o rosto da garota, que analisava o tecido.
- Eu também gostei da cor. – respondeu ela, com a voz fraca, mas ainda sim sorrindo.
null sorriu de volta, esperando que sua tentativa de mostrar a ela que ele não era um monstro desse certo. E, por incrível que pareça, estava funcionando.
- Você quer almoçar agora? – perguntou ele, colocando-se em uma posição mais confortável ao lado dela.
- Na verdade sim... – respondeu ela.
- Posso te levar para outro lugar? Digo, almoçar em outro lugar?
Ele estava a convidando para sair? Tudo bem, não era sair em um termo tão formal assim, era só almoçarem juntos em algum lugar, mais... Reservado? ‘‘Ai, meu Deus! Ele ta me chamando pra sair!”, pensou null, gritando em seus pensamentos. Ela teve que respirar fundo para responder a essa pergunta. Talvez fora a mais difícil que ele já lhe fizera.
- Não se preocupe null, eu posso comer aqui, está tudo bem... – ela tentou mudar de assunto. Temia que se ficasse com ele a sós, mostraria mais do interior dela do que se pudesse mostrar.
- Ah, tudo bem... Eu só queria te divertir um pouco...
Era de cortar o coração, ela tinha acabado de dar um fora em null Jonas, sim, matem-se fãs. Ela não iria ser tão tola ao ponto de recusar, iria? O que, afinal, ela estava escondendo? Não era nenhum tipo de espiã ou psicopata!
- Então vamos lá... Vamos nos divertir. – disse ela, levantando-se de uma vez do sofá, antes que perdesse a coragem e puxando-o com ela.
null abriu o maior sorriso da história e a seguiu, sempre sendo cavalheiro e divertido: abriu a porta da casa e do carro para ela.
- E o que vamos ouvir até lá? – perguntou ele, levantando as sobrancelhas e encarando a garota, que começou a vasculhar o porta-luvas à procura de um bom CD.
- Uau! – dizia ela, verificando as bandas e aprovando muitas delas
Plain white T’s – Let me take you there
‘‘I know a place that we can go to,
A place where no one knows you,
They won’t know who we are…
I know a place that we can run to,
And do those things we want to,
They won’t know who we are…
Let me take you there… I wanna take you there…”
- Você gosta? – perguntou null, enquanto ouvia a música que ele já conhecia bem...
- Adoro... – respondeu null, cantando com o garoto.
Eles continuaram mais alguns minutos no carro até que chegaram a um restaurante normal e simples, onde algumas vezes os irmãos fugiam... Os freqüentadores daquele lugar eram em sua maioria idosos, o que facilitava a família.
null e null almoçaram com calma, enquanto ela ouvia null falar sobre alguma coisa que ela perguntara apenas para puxar assunto.
Às vezes o menino dizia coisas que a deixava assustada, ele era confiante, sabia o que queria e acima de tudo: tinha um ótimo gosto. Eles se pareciam bastante, embora discordassem de certas coisas... O que mais impressionava era o fato de que ele sabia o que ela pensava e sentia a todo o momento. Parecia que ele a conhecia melhor do que ela mesma.
- Vamos? – chamou o garoto, depois de pagar a conta.
- null, eu posso voltar sozinha para casa… Não fica longe, você sabe… Você deve ter muito que fazer... – ela tentava ser convincente embora não estivesse com tanta vontade de deixá-lo ir.
- Não null null, sinto muito, mas a senhorita vai ter que me aturar um pouco mais. Eu vou te levar pra casa sim! E eu não tenho muito que fazer, não se preocupe. Estamos de férias, se lembra?
- Eu temo todo dia o momento que vocês voltarão a ficar fora por semanas... – ela se lembrava dos dias que passava sozinha... Sem null, sem os meninos...
Ele a abraçou carinhosamente e seguiram até o carro, sem dizer absolutamente nada.
- Você quer entrar? Podia me ajudar a escolher algumas músicas pra festa... – dizia null à null quando o garoto a deixou em casa.
Ela não fazia idéia de porque queria que ele ficasse e nem de onde tirara tanta coragem naqueles últimos minutos, mas ela queria que ele ficasse. A presença dele fazia tão bem... Ela se sentia feliz e sortuda por estar tão perto daquela família, o desespero das fãs fazia sentido.
- Tudo bem. – respondeu o garoto, feliz por ter conseguido resgatar da menina, a amizade que eles antes tinham.
Ele entrou, cuidadoso e se sentou no sofá enquanto null subia em seu quarto para trocar de roupa.
null começou a lembrar das tardes que ele já passara com ela, naquela mesma sala, divertindo-se como se fossem irmãos... Ele pensou em como as bochechas dela ficavam rosadas quando ele lhe perguntava sobre alguma amiga bonita dela ou quando ela falava sobre algum amigo bonito dele.
Eles tinham esse tipo de intimidade, mas as coisas mudaram quando null percebeu que a amava, ele se distanciou com receio de que a garota não sentisse o mesmo.
null voltou à sala, agora com uma roupa mais confortável, mas que ainda sim a deixava linda. Como ela poderia não ser linda? Era mais do que perfeita... Como null não vira isso antes?
null se sentiu envergonhada enquanto descia as escadas, com null a encarando como se ela fosse algum tipo de... bicho? Talvez... Ela sentia medo do que ele pensava dela... Ela sentia medo de tudo que ele pensava, tinha medo de tudo que ele sabia... Tinha medo dele.
Mas, lá estava ela, sentada ao lado do menino, com pilhas de Cd’s nas mãos, escolhendo com ele quais ela usaria para sua festa.
null observava os lábios da garota se movendo enquanto ela falava sobre alguma música que ela adorava, o modo como ela arrumava os cabelos atrás da orelha e ficava vermelha quando ele dizia que também adorava a música.
- Eu acho que você poderia entrar em pleno silêncio e, ainda sim, seria perfeito. – ele acabou dizendo o que pensava, quase sem querer.
null sentiu seu coração disparando. Ela esteve pensando em entrar em silêncio também, mas não fora isso que a deixara nervosa. Ainda sim, seria perfeito. Isso foi o que mais assustou.
null segurou o máximo de ar que pôde no pulmão, caso não conseguisse respirar durante aqueles segundos. Segurou a mão de null suavemente, brincando com os dedos da garota, que olhava para baixo.
null se aproximou da menina, colocando atrás da orelha da garota uma mecha de cabelo que insistia em cair sobre os olhos dela. Ele segurou o queixo da menina com carinho e sussurrou em seu ouvido:
- Por que você tem tanto medo de mim, null?
Ela o olhou nos olhos, o medo vibrando em seu sistema nervoso, e pensou em como ele sabia de tudo. Talvez ele soubesse a resposta para isso também, porque ela não sabia.
- Talvez não seja medo, null. – ela respondeu, e como se por milagre, não precisou respirar fundo para isso. Estava sendo sincera.
- E o que é então? Porque me evita tanto... Eu só queria estar com você sempre... E você foge.
- Eu não sei... Não sei o que...
null não esperou que a garota terminasse a resposta, encostou seus lábios nos dela e a beijou. A beijou apaixonadamente, como ele sonhava todas as noites... Os lábios frios da menina deram espaço para que ele continuasse. null esperava que fosse medonho. Ela lutava consigo mesma para parar com aquilo, mas na verdade não conseguia. null a tratava como uma princesa e o gelo de seu corpo agora se destruía, com o calor dos lábios do menino.
5 - Não sei por que minhas pernas tremem e eu perco o ar...
null selou os lábios da garota uma última vez e depois se afastou, olhando-a nos olhos enquanto falava:
- Eu te amo. Desde sempre. – disse ele, tremendo.
null ficou estática. Amar era uma palavra forte, mas ele tinha usado ela com tanta sinceridade que era impossível não acreditar. A parte que ela ainda não entendia era como isso acontecera. Era difícil sentir algo assim, tão forte, e esconder por tanto tempo, certo?
Antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, o celular de null tocou. A menina agradeceu mentalmente. Ela não saberia o que dizer.
- Alô? – falou ele, atendendo ao celular. – Mãe? Que aconteceu? Eu to na casa dos null com a null.
‘‘Como ele consegue falar isso sem ficar vermelho?”, null se perguntava, mordendo o lábio inferior.
- Sim... Você precisa dela?... Eu vou perguntar então. – ele se virou para a menina, sorrindo - null, querem que você vá até lá. Alguma coisa sobre bolos. – ele fez uma careta, tendo certeza que a garota estava cansada daquilo tudo.
- Não acredito! De novo? Tem certeza? – perguntou null, suspirando de cansaço.
- Espera, eu dou um jeito. – ele disse, voltando a atender o celular – Mãe... Ela não vai! Está com dor de cabeça... Posso escolher por ela? Sei as cores de decoração e do vestido, talvez eu me dê bem... – ele disse, dando um sorriso torto.
null parou para observar pela primeira vez: null era o irmão mais bonito. Definitivamente. As meninas sempre se derretiam por null e ela se irritava profundamente quando alguma delas vinha encher o saco com ela por perto. Imagina null então, mil vezes mais bonito… E ainda carinhoso, gentil, sincero… Será que ele era tudo isso mesmo? Bom, costumava ser quando eram mais próximos... E nos últimos dias, ele pareceu mais útil do que o comum. null começou a ter medo dos próprios pensamentos.
- Eu estou indo, null, e desculpa viu? Minha mãe ta enlouquecida com essa festa porque ela não teve a oportunidade de desfrutar de alguma coisa assim...
- Tudo bem Jonas! – ela riu, arrumando o cabelo. – Amanhã a gente tem aula, certo?
- Certo. Tchau, null. – disse ele, beijando a bochecha da menina e saindo.
Um pôr-do-sol brilhante iluminava a praia, as nuvens invadiam o espaço, cobrindo o azul do céu. As ondas do mar quebravam-se sobre a areia em uma sintonia perfeita, trazendo consigo pequenas conchas coloridas que enfeitavam a festa que era a praia.
As águas do mar dançavam sobre a areia, o sol brilhava, centro das atenções, as ondas cantavam, uma música romântica enquanto as nuvens se juntavam ao sol, formando um só elemento. De repente, tudo se transformou: o que era areia virou convidados, o que era onda virou DJ, o que era sol virou aniversariante e o que era nuvem virou príncipe.
null, mais deslumbrante impossível, descia em um vestido azul as escadas do salão. Os olhares eram todos dela. A música era pra ela, todos estavam ali por ela. No fim da escada, null a esperava, com um colar de brilhantes em mão, trajado em uma roupa formal com detalhes em prata. Uma faixa azul caia sobre seus ombros, os olhos cintilando. Ele colocou o colar na menina e se ajoelhou, beijando as mãos da mesma, que sorria vitoriosa. Ele a olhou nos olhos e a levou até o centro da pista de dança. A música mudara, e como se fosse possível, uma mais bonita ainda começou a tocar. Eles dançavam e deslizavam sobre a pista, os olhares rigorosos de null, que media cada passo, mas a coreografia estava mais do que perfeita. null finalizou a dança, selando seus lábios nos de null logo em seguida. Eles se beijavam apaixonadamente. Ela nunca se sentira tão feliz. “Eu te amo”, ela sussurrou, no ouvido do garoto. Ele sorriu, maravilhado.
O barulho ensurdecedor de um despertador ecoou na festa e foi então que null se deu conta de que estava sonhando. A escola a esperava mais uma vez, e agora ela tinha seus sentimentos os mais confusos possíveis. Ela sentia medo demais daquele garoto para um dia dizer que o amava. Era improvável.
Nick já esperava por ela quando ela chegou à porta de casa, atrasada.
- Atrasada? – perguntou ele, perplexo. Ela nunca se atrasava.
- Vai me entregar pra polícia? – brincou ela, entrando no carro.
Naquele dia, null voltou com eles para casa, pronta para dar aulas de valsa.
null já estava pronto, feliz, esperando pelas aulas da brasileira. E enquanto null e null se arrumavam, ele paquerava null, que ficava mais vermelha a cada palavra do menino.
- null, já disse que você esta linda hoje?
- Umas mil vezes, null! – exclamava ela, atenta aos olhos do garoto.
- E eu preciso dizer quantas pra você me dar uma resposta favorável?
- Favorável a que? – aquela conversa começou a interessá-la.
- A mim... A nós... Digo, você entendeu? - null se enrolava com as palavras, rindo de seu próprio desastre.
- Não... Mas é divertido te ver falando essas coisas! – disse null, se arrependendo em seguida, vendo a expressão do menino. – Pode me dizer o que você quer, null? – perguntou ela, acariciando devagar os cabelos do garoto.
Mas, antes que null pudesse dizer ou fazer qualquer coisa, null e null chegaram à sala, junto com null e null, impedindo a coragem do garoto.
null estava mais nervosa do que de costume. Ela não conseguia conter seus olhos, que insistiam em encontrar os de null. null se levantou e pediu que null a seguisse. Ela os ensinaria a girar as meninas pelo salão e, para isso, pediu que null usasse um salto alto.
null não conseguiu deixar de perceber como null estava bonita aquele dia. Parecia ter se esforçado, parecia querer impressionar. Ele ficou feliz com isso, era como se ela tivesse gostado do dia anterior.
O casal se juntou novamente, face com face, as mãos unidas e os olhos grudados. null não sorria, null tão pouco. Começaram a dançar da maneira que null ensinara, devagar, um passo para cada lado, em sincronia.
null pensou no beijo. Pensou em quanto ele queria de novo. null pensava a mesma coisa, embora contra sua vontade. Ela não poderia estar apaixonada! Não poderia! Não queria! Mas começou a perceber que estava...
Ela sorriu de leve, lembrando de como null fora carinhoso e atencioso, de como ele sempre a ajudava e como ele sempre sabia o que ela queria. null viu a garota sorrindo e se sentiu vitorioso, pelo menos medo ela não sentia mais.
null começou a ensinar os passos novos e os giros. null se sentia uma princesa enquanto null a guiava. Ele fazia isso tão carinhosamente bem que ela não sentia vontade de parar. Perceberam de repente que a música aumentara e a sala estava parada, os observando.
- Vamos arrasar pra eles! – disse null, no ouvido da garota, que estremeceu.
Ele a girava e girava, dançando por toda a sala, como se não tivesse mais ninguém além dos dois no mundo inteiro. Sentiam-se completos.
A turma aplaudia enquanto null e null faziam reverências, agradecendo.
- Beleza, foi ótimo. Mas agora vamos comer, por favor, que eu estou morrida de fome! – disse null, puxando o namorado e seguindo para a cozinha.
- Você quer que eu faça alguma coisa, minha vida? – perguntou null, procurando pelo que fazer para comer.
- Quero batata frita, bebê! Obrigada! – respondia null, mandando beijos no ar para o namorado.
- Ai que melação! – reclamou null, fazendo uma careta.
- Qual é amorzinho, você não gosta quando eu te chamo de bebê não? – perguntou null, beijando a testa do amigo e bagunçando seus cabelos.
- Ah, null, você eu deixo porque já faz tempo e eu me acostumei, mas quando eu casar com a null, ela não me chamará assim não!
- E quem disse que eu vou casar com você? – perguntou null, fingindo raiva.
- Não vai? – perguntou null, fazendo um beicinho e dramatizando uma cena de morte.
- Deixa de ser idiota, null! Nem se fosse eu ela casaria com você! – falou null, dando um leve tapa na cabeça do irmão.
- O que você quis dizer com isso, Jonas? – perguntaram null e null, juntos.
Os amigos se olharam e riram, sempre foram assim: pensavam sempre o mesmo. null revirou os olhos e disse que não responderia essa.
- Eu casaria se você soubesse dançar! – exclamou null, em pleno silêncio, fazendo a cozinha explodir em risos.
null ficou com uma expressão boba, pensando nas mil maneiras que ele tinha de aprender a dançar.
- Esquece, bebê! Pra dançar tem que nascer com o dom, assim como o null! – disse null, sem pensar, respondendo aos pensamentos de null.
- Enquanto vocês aí ficam de blábláblá, eu estou feliz e contente com o melhor namorado do mundo, mesmo que seja meloso, okay, Jonas! – disse null, mostrando a língua para null, que abriu ainda mais a boca, perplexo com as meninas.
Passaram a tarde comendo, irritando null, se gabando e falando besteiras... Até que Denise e Sra. null chegaram, puxando null para mais uma tarde de compras e vestidos.
null passou a semana atordoada, cheia de coisas para fazer e experimentar sobre o aniversário. Escolheu o DJ, a iluminação da festa e hora exata para cada acontecimento. Usaria três vestidos, um prata e os outros dois seriam azuis. Mas sua semana não fora tão atordoada, por isso estava ficando mais fácil com as dicas de null e null, que agora saíam com ela todos os dias para as escolhas. O verdadeiro motivo de tormento foi o fato que agora, todas as noites, ela sonhava com null. E cada sorriso, cada palavra e cada toque do menino, criavam uma reação nova nela, uma reação que ela não conhecia. Era como se tivessem alguma espécie de insetos vivendo em seu estômago. Era estranho.
Naquele fim de semana os meninos fariam mais um show em uma cidade próxima e, dessa vez, null fora convidada para conhecer a banda, pois, como ela dissera: nunca ouvira Jonas Brothers.
- Pai, você vai ao show com a gente? – perguntou null, enquanto ligava para o pai, esperando que ele fosse buscá-la.
- Filha, me desculpa! Não posso, estou cheio de trabalho e depois que eu terminar aqui levarei sua mãe para jantar. Faz muito tempo que não saio com ela e eu quero saber como será seu aniversário. Eu sei que estou ausente, mas você sabe como é o trabalho, filha! Só quero que aproveite, não esqueça, está bem? Pode ser difícil às vezes, mas eu quero que você mantenha sua fé!
- Tudo bem pai, obrigada! Fica com Deus! Eu te amo!
null estava perdida! Suas amigas tinham seguido juntas ao show, e ela esperara para ir com seu pai e sua mãe, mas pelo visto nenhum dos dois iria. Ela não queria ficar em casa sozinha!
- null? – perguntou ela, ligando para o celular do amigo.
- Não! É o null! Está tudo bem, null?
“Como ele conseguia fazer aqueles insetos no estômago gritarem tanto? E como ele conseguia ser tão lindo e simpático?”
null afastou aqueles pensamentos da cabeça, lembrando-se do motive pelo qual ligara.
- null… Meu pai não pode me levar ao show, as meninas já foram e minha mãe vai sair... Eu acho que não vou poder ir... Me perdoe. – dizia ela, em uma voz triste e decepcionada.
- null! Eu preciso que você venha! Espere, eu vou dar um jeito. Arrume-se que logo você vem!
- Mas null…
- Não, não! Já pedi para esperar. – ele sorriu, aquele sorriso de príncipe de festa de dezesseis anos, como null apelidara. – Eu te amo, beijo.
Ela estremeceu e em seguida ouviu o toque do outro lado. Ele desligara. Os insetos incomodavam, e ela precisou respirar para se controlar. Começou a pensar em como tinha que se controlar perto de null, desde... sempre. Era incrível o efeito que ele fazia sobre ela.
6 - Talvez não seja...
null quase não acreditou quando, quinze minutos depois, um carro preto grande encostou na porta de sua casa. Ela já sabia: era o carro de Paul. Talvez o pai de null estivesse livre e pudesse ter ido buscá-la. Ela ficou feliz em saber que ainda tinha tempo de sobra para ver o começo do show! A melhor parte, quando as fãs bobas mais gritavam.
Mas, quando null entrou no carro, foi quase como uma decepção. Quase como. Não era Paul que estava ali, dirigindo... Era null! Ela sorriu incrédula.
- Como você fez isso, Jonas? Devia estar se preparando! – reclamou ela, sabendo que o show atrasaria por causa dela.
- Eu estou fazendo isso por você e não vai nem dizer obrigado? – perguntou null, levantando as sobrancelhas.
- Obrigada null, foi muito lindo da sua parte, estou lisonjeada. Mesmo sabendo que as fãs vão querer me matar. – ela fez uma careta ao dizer a última frase, fazendo null rir escandalosamente.
- Elas vão sim... Por dois motivos, mas isso não vem ao caso. – disse ele, mudando de assunto em seguida.
null não quis perguntar porque, embora se remoesse por dentro cheia de curiosidade. Ela aproveitaria esse momento com seu príncipe antes que a manada de fãs naquela pista o tivessem só pra elas.
null sempre odiara as fãs, mas ultimamente ela percebeu que as odiava mais do que de costume. O fato de elas fazerem tudo pensando nele era irritante. E null nem sabia porque sentia isso, apenas sentia.
null estava afinando a voz enquanto dirigia. null prestava atenção a cada sílaba e cada movimento... Os olhos de null de repente encontraram os da garota, que sorria, alucinada. Ela já não sentia medo, não precisava fugir.
- Você não sente mais medo, não é? – perguntou ele, sorrindo para ela, com o sorriso príncipe de festa de dezesseis anos.
- Medo de que, null?
- De mim. Sei que sentia medo de mim null, você sabe que eu sempre sei.
- Não acha que é arrogância da sua parte pensar assim? Como se soubesse de tudo? O que você sabe afinal. – ela sentiu que fora rude, mas não havia outra forma de perguntar. Tentou consertar - Como você sabe null? Como consegue decifrar cada parte de mim?
- Não é arrogância, null. É amor. E é por isso que eu sei, é assim que eu decifro. Eu te amo, por tudo que você sente e pensa aí dentro. – disse ele, tocando de leve no queixo da menina.
null estava começando a ficar nervosa, não mais de um jeito assustador. Os insetos de seu estômago pareciam não querer ficar quietos.
- O que você sabe, afinal. O que todos sabem? Que eu quero ser advogada, que tenho orgulho do meu pai, que odeio fãs de Jonas Brothers?
- Não, null! Eu sei que você não quer ser advogada de verdade! Eu sei que você tem orgulho de seu pai, mas tem raiva às vezes porque ele só sabe dar atenção ao trabalho! Sei que se sente sozinha, sei que não odeia as fãs e sim a maneira como elas te tratam. Sei que odeia ter que chegar à escola e fingir ser a mais CDF organizada dos alunos, fingir que não se importa com o que todos pensam. Sei que você odeia quando te perguntam se você é a null null, amiga dos Jonas.
As lágrimas insistiam em cair dos olhos da menina, enquanto null falava. E ele insistia em secá-las com as pontas dos dedos, que passeavam devagar sobre o rosto da menina.
null desligou o carro. Tinham chegado e a garota nem percebera. Ele tirou do bolso um crachá V.I.P e colocou no pescoço da menina, que ainda chorava.
- Me desculpa null. É que eu nunca ouvi ninguém falar assim. Nem eu mesma sabia de tanta coisa... – ela estava em prantos e se sentia envergonhada por isso.
- null, ta tudo bem, princesa. Tem muito mais que eu quero te falar, mas a gente precisa entrar agora. – disse ele, beijando a testa da garota e em seguida a abraçando.
Ficaram um bom tempo abraçados, até que o choro de null cessasse e depois saíram do carro.
- null, você quer que eu cante alguma música pra você, só pra você? – perguntava null, com os braços sobre os ombros da garota, dentro do camarim.
null e null estavam sentados em outro sofá próximo e null impedia Denise de passar mais uma vez a mão sobre os cabelos do filho, alegando que ela estragava o penteado fazendo aquilo.
- Mas null…
- Dê, por favor!
- Esta bem, está bem! Mas, null, preste atenção, filho. Quero que se concentre, pense positivo e tente olhar significativamente para a maior quantidade de fãs possível!
null apenas concordava, tendo o discurso de cor em sua mente. A mãe falava o mesmo toda vez.
Quando null e null entraram no camarim, todos suspiraram, aliviados. Denise correu até null para abraçá-la e perguntar porque seus olhos estavam inchados. A menina deu uma desculpa esfarrapada sobre ter tirado nota baixa em uma prova.
null continuava enchendo null de perguntas infinitas sobre seus gostos e manias, a garota apenas ria, envergonhada.
- Eu nem conheço as músicas, null!
- Não tem problema! Eu vou cantar Inseparable pra você! Preste atenção e me diga se gostou depois, ok? – dizia ele, beijando a bochecha da garota e correndo com os irmãos para o palco.
Jonas Brothers – Inseparable
“Take my hand tonight,
We can run so far…
We can change the world
To anything we want…
We can stop for hours,
Just sharing at the stars… VER A LETRA DEPOIS!”
null cantava, como prometera para null, olhando algumas vezes para o lado do palco, onde as quatro mulheres se encontravam, tão animadas quanto eles e as fãs em frente ao palco.
- Eu adorei eles! – exclamou null, gritando no ouvido de null, devido ao enorme barulho.
- Sabia que você ia gostar, é demais! – respondeu null, animada.
Sem que percebesse, ela cantava junto como se fosse uma fã. Riu de si mesma quando percebeu sua reação. Parecia mesmo que null fazia um grande efeito nela.
Eles terminaram o show e seguiram para o camarim, zuados e cansados, porém, felizes.
- Foi lindo! – disse null, abraçando null fortemente.
- Você gostou, linda? – disse ele, feliz por sentir os braços de null sobre seu pescoço pela primeira vez.
Ela não parecia se preocupar com os olhos curiosos dos outros que estavam no local, mas não interessava quando null estava com ela. Ele tinha um jeito meigo e especial de ser, que a completava.
Depois de milhões de parabéns e abraços, eles seguiram para um restaurante a fim de jantar, embora muitos ali não sentissem muita fome...
- Que aconteceu meu bebê? – perguntou null, abraçando null pelas costas e beijando sua bochecha direita.
Estavam quase entrando no restaurante quando a menina o sentiu chegando. Ela sentia que precisava dele, sentia que queria contar para alguém o que acontecera aquela semana, mas null iria gritar e rir, contente, como se tudo fosse fácil. Ela via a vida assim: fácil. Mas para null não era tão fácil assim, e apenas null entenderia.
Ela disse à Denise que logo entrariam e saiu com null, sentando-se em um banco no hall de entrada do restaurante.
- null… Minha vida mudou muito nesses últimos dias e eu estou morrendo de vergonha de ter que te contar isso, mas eu preciso desabafar.
- Você sabe que eu sempre te escuto, sabe que eu estou aqui para isso, null. – ele falava, acariciando o rosto da amiga.
Ela contou sobre tudo. Sobre como se sentia assustada perto de null... Ouvir o nome do irmão foi um choque para null. Ele pensara em tudo, menos em um de seus irmãos. Ela contou sobre o beijo, sobre os sonhos e sobre a crise nervosa que ele lhe causara algumas horas antes.
null ficou estático sem saber o que falar. Ele sabia o quanto null parecia gostar de null. Sim, ela estava apaixonada, porém, tinha medo de assumir isso para si mesma. O verdadeiro problema era o que null sentia por ela...
Mas null sabia o que ela teria que fazer. E a aconselhou da melhor maneira possível. null estava disposta a agir, o quanto antes.
No fim do jantar, null se ofereceu para levar null em casa. A menina agradeceu e eles seguiram.
Paul viera buscar Denise, que pediu que null, null e null fossem com eles.
- Mãe, deixa que eu levo a null e a null! Daí vocês podem ir para casa! – disse null, girando as chaves do carro nos dedos.
- Ah, nem vem Jonas! A null vai comigo! – reclamou null, puxando a garota para si.
- null? – perguntou null, sorrindo torto para a menina, com as mãos na nuca.
- Tudo bem, Jonas! Só pra você não ter que ir sozinho! – respondeu a garota, despedindo-se dos outros e entrando no carro com null.
Eles saíram em silêncio, e o silêncio reinou por muito tempo até que null tivesse a coragem de dizer alguma coisa. null não queria pressionar, então esperou que a garota falasse:
- Parabéns... O show foi ótimo, como sempre. – disse ela, sorrindo sem graça para o menino.
Ele se inclinou sobre o painel do carro e ligou o rádio, tocava uma música calma e bonita, que pareceu ser do gosto dele.
- Obrigado! – respondeu ele, segundos depois.
null ainda não sabia o que falar, e se perguntava porque ele estava tão calado. O medo voltou a corroer seu sangue, mesmo que agora o medo tivesse outro motivo.
- E como está a festa? – perguntou ele, vendo o medo voltar aos olhos da garota, e temendo que seu antigo esforço para destruí-lo tivera sido em vão.
- Esta bem... – ela sorria. – Sua mãe insiste que eu vista um quarto vestido, insiste que eu cante alguma música estranha e minha mãe insiste que eu ouça Denise porque ela entende do assunto, mas na verdade eu sinto que isso só me constrangeria mais e o que já está sendo difícil ficaria impossível. – dizia ela. Era fácil falar com null quando ele sorria daquela maneira e ouvia cada sílaba que você pronunciava.
- Você não precisa fazer o que elas pedem, null. A festa é sua. Se você quiser sair correndo pela entrada ao invés de desfilar, a escolha é sua! Faça da sua maneira e mostre pra todos quem você realmente é.
- Você não sabe como é difícil. Digo, mostrar quem você realmente é. Passa a ser horrível, e eles te tratam milhões de vezes pior.
- Mas você não terá que fingir mais. É uma boa opção. E no seu caso, você não tem uma carreira a zelar. Se fizer bobagem, pode voltar atrás e consertar.
- Você também esconde alguma coisa pop star. – estava ficando cada vez mais fácil. O sorriso de null aumentara e null esquecia de como parar de sorrir.
- Muitas... – respondeu ele, piscando para null.
Ela riu escandalosamente e se concentrou na música que a rádio tocava, ela parecia conhecer aquela letra de algum lugar: My boo.
Usher feat Alicia Keys
“Do you remember girl,
I was the one who gave your first kiss,
Cause I remember girl,
I was the one who said put your lips like this…
Even before all the fame and people screaming your name,
Girl I was there, and you were my baby…”
Eles cantavam junto, null aumentara a música e cantava escandalosamente, mostrando seus talentos com a “Black music”, enquanto null ria e fazia caretas, dublando a Rihanna.
- Is oright girl, It’s okay… - ele cantava, com uma expressão “sexy”.
- My boo… - ela cantava, quase gritando, com as mãos sobre a boca, dramatizando um microfone.
null estacionou o carro na frente da casa de null, que olhou, quase que decepcionada para as luzes apagadas de sua casa.
- null, me desculpa se eu te assustei, está bem? Nunca foi minha intenção.
- null, talvez não fosse medo… Talvez fosse amor.
null estremeceu. Era a garota que ele amava, talvez dizendo que o amava também. Ele nunca conseguiria explicar como se sentira, talvez completo.
- Talvez? – perguntou ele, sorrindo.
Em um impulso, null puxou o garoto pela camiseta e o beijou novamente. Ela sentira falta daqueles lábios, sentira falta do carinho, falta do calor. Falta dos malditos insetos dançando em seu estômago. Ela entendera aquilo um pouco demoradamente. Não era medo o que ela sentia, não eram apenas insetos. Era amor e só uma espécie de insetos: borboletas.
null enlaçou seus dedos sobre os cabelos da menina, sentindo os lábios quentes dela sobre os seus. null alisava a nuca do menino, abrindo sua boca o bastante para que conseguisse sentir a língua ainda mais quente do garoto sobre a sua.
- Eu te amo, null. – disse ela, quebrando o beijo e olhando nos olhos do menino, que deu o sorriso de príncipe de festa de dezesseis anos mais lindo que ela já vira.
7 - Nós podemos fazer tudo que quisermos!
A segunda feira demorou a passar para null, que estava ansiosa pela aula de valsa, que começaria na casa dos Jonas logo depois das aulas escolares.
As aulas de teatro sempre foram as favoritas de null, mas desde que null entrara na turma, as aulas passaram a ser mais divertidas ainda. Ela confiava tanto na garota que decidiu contar a ela o que acontecera entre null e ela naquele fim de semana. Parecia que tudo tinha mudado: novos amigos, novos sentimentos, null agora estava mais animada do que esperava estar para a festa de aniversário. E agora faltava menos de um mês.
No fim das aulas, seguiram para casa, sem falar muito. null ainda estava chocada com a história sobre null, parecia um verdadeiro conto de fadas acontecendo de verdade!
Quando chegaram a casa, os Jonas seguiram para a cozinha para comer alguma coisa, enquanto as meninas conversavam animadamente na sala. null ouviu null falando sobre null calada, e no fim da história, esta gritou escandalosamente de felicidade.
- Sabia que isso ia acontecer! O null já é gamado em ti faz tempo null! Isso é tão emocionante. Só falta você, null.
- Estou bem longe disso null. Eu sei bem o que null esta querendo. Mais uma, como sempre... – disse null, revirando os olhos.
- Deixa de ser idiota, null. Eu conheço o null… Ele não é desse tipo. Nenhum dos Jonas é desse tipo, muito menos o meu bebê. Eu acho que ele gostou mesmo de você. – dizia null, falando um pouco mais baixo, já que os passos dos meninos voltando para a sala começaram a surgir.
- Quem gosta do que aí? – perguntou null, o primeiro da fila, sentando-se ao lado de null e entrelaçando seus dedos com os da namorada.
- Eu gosto de você, minha vida! – falou ela, acariciando os cabelos do menino.
null e null logo entraram também, fazendo expressão de nojo para as palavras de null.
null se sentou ao lado de null e passou os braços sobre os ombros da menina:
- E você, gosta de mim, null? – perguntou ele, sorrindo.
- Sei não, null. Vai depender de como você vai dançar hoje. – respondeu ela, rindo junto com os outros.
null puxou null pelas mãos e a rodopiou, piscando de leve para ela.
- Vamos lá, minha princesa? – perguntou ele, fazendo uma reverência.
- Claro meu príncipe. – respondeu ela, entregando sua mão ao garoto e seguindo para o centro da sala.
E passaram mais uma tarde dançando e fazendo bagunça, como sempre. Estava ficando cada vez mais divertido, e null conseguiu aprender finalmente a rodopiar null, que teve que admitir que gostava do menino. Ele lhe deu um beijo estalado na bochecha e a rodopiou mais uma vez, gabando-se para a platéia imaginária.
- null, eu vou poder dançar na sua festa? – perguntou null.
- Mas é claro, bebê! – respondeu a outra, sem perceber os olhos de null se revirando atrás dela.
- Beleza! Então eu vou te puxar pra dançar, null!
- null, se você conta agora perde a graça, idiota! – exclamou null, chutando a bunda do menino, que abraçou null, reclamando do ataque agressivo da outra.
- Tu é um bicha mesmo, né Jonas? – falava null, abraçando a namorada.
- Hey, sem ofensas, por favor! – disse null, em uma tentativa fajuta de defender null.
null e null riam da situação, jogados no sofá, cansados de tanto dançar.
- Que vocês acham da gente sair de dentro dessa casa? – perguntou null, com certos planos em mente.
- O que você tem em mente, Jonas? – perguntou null, como se tivesse adivinhado no que ele pensara.
- Está ficando boa nisso, null. – ele piscou. – Está calor, não acham?
Eles discutiram e discordaram por algum tempo, mas enfim decidiram se render. Iriam para a piscina. Os Jonas subiram e foram se trocar, enquanto as meninas seguiram para a enorme área, logo atrás da cozinha, onde ficava uma grande churrasqueira e a piscina, com enormes espreguiçadeiras em volta.
null não estava acostumada com tanto luxo e teve que respirar por alguns instantes até conter toda a informação. Eles eram popstars, o que mais ela queria?
null tinha biquínis em estoque na casa dos irmãos, mas preferiu ficar seca como as amigas. Os meninos chegaram correndo rápido, e sem nem ao menos se preocupar com a bronca que levariam, pularam na água, encharcando as três garotas que curtiam o sol, deitadas nas espreguiçadeiras.
Elas gritaram profundamente e olharam com ódio mortal para os três irmãos, que agora riam dentro da água.
- Poxa meninas, ta uma delicia, deixem de preguiça! – reclamou null.
- Jonas, fique bem quietinho enquanto a gente tenta gostar um pouco mais de vocês! E saiam logo, a gente quer jogar vôlei. – disse null, mostrando a língua aos irmãos.
A menina seguiu até o outro lado da área e pegou a bola de vôlei, voltando correndo em seguida e jogando com a maior força que pôde na cabeça de null, que gritou, dramaticamente.
- É uma bicha mesmo! Acorda Jonas! – disse null, gozando da cara do irmão.
null pegou a bola, que boiava na piscina, e olhou para null com um sorriso malicioso.
- Nem pense nisso, Jonas!
- Não null? Por que, amorzinho? – ele ria. – Não é divertido? A idéia foi sua. – ele piscou para ela, com aquele sorriso...
- null Jonas! Não!
- Como é? – perguntou ele, levantando a sobrancelha.
- Meu príncipe, por favor não faça isso.
- Você não esta se esforçando, null null. – dizia ele, enquanto todos os outros ficavam estátua, observando a cena.
- nullzinho, meu príncipe, meu amor, minha vida… Pelo bem do seu amor não faça isso! – disse ela, tentando dar o melhor de si, roxa de vergonha.
- Meu amor? – perguntou ele, subindo as escadas da piscina com a bola de vôlei em mãos.
- Pelo bem do nosso amor! – disse ela, andando para trás, lentamente, quase tropeçando.
- Isso... Melhor. – disse null, jogando a bola na cabeça de null mais uma vez.
- Vocês estão destruindo meus neurônios! – gritou null, esfregando as mãos sobre os cabelos, destruidamente bagunçados.
- Se é que você tem neurônios, Jonas! – falou null, rindo escandalosamente com os outros.
null subiu correndo as escadas da piscina com null logo atrás, gritando para que ele tivesse piedade com sua cunhada.
- Cunhadinha, meu amor! – gritou null, correndo atrás de null, que corria também, em volta da piscina.
null ria, null gritava para que null parasse e null olhava para null, que o olhava também, sorrindo.
- Nosso amor? – sussurrou ele, chegando mais perto da garota.
- Sim... – respondeu ela, tentando se livrar dos braços molhados do garoto.
- E vai me recusar um beijo só porque eu estou molhado? – perguntou ele, com a boca a poucos milímetros da boca da menina.
null sentiu a respiração quente do garoto e percebeu que ele a deixava tonta. Ela se aproximou, sem conseguir resistir e o beijou, o mais apaixonadamente possível. Era como se a cada beijo seu amor aumentasse.
null entrelaçou seus braços sobre a cintura da menina enquanto ela corava ouvindo os gritos dos amigos, que assistiam a cena, abobalhados.
- Ta vendo null? Só falta a gente agora! – disse null, com uma expressão emburrada enquanto null apenas ria, sem saber o que responder.
Aquela terça-feira foi ainda mais demorada… Parecia que quanto mais o aniversário se aproximava, mais a ansiedade aumentava também, e agora que null aceitava a idéia, parecia que ela aumentava três vezes mais.
Quando null, null e Nick chegaram à casa dos Jonas, Denise e Sra. null já estavam lá. Aquela seria a última prova dos vestidos. null iria junto, para a última prova de sua roupa também.
- Estão prontos? – perguntaram as duas, conjuntamente.
- Estou. – respondeu null, nervosa.
- Eu ainda não. – disse null, subindo as escadas com pressa.
null se sentou no sofá, desconfortável devido ao nervosismo. Ela não podia esperar para ver seus vestidos, mas o fato de ter null por perto não ajudava muito.
- Você vai também, null? – perguntou null, encostando-se ao corrimão da escada.
- Sim... – respondeu a garota, do outro lado do corrimão.
- Você podia ficar com a gente, não é, null? – disse null, sentando-se no primeiro degrau da escada.
- Poderia, null. A null chega logo… Você não vai ficar sozinha. Além do mais, eu estou aqui e não vou deixar o null te assediar! – respondeu null, sentando-se ao lado do irmão.
- Ah... Não sei... Acho que talvez seja uma boa idéia... Eu seria uma tremenda vela... – dizia null, rindo.
null descia as escadas, com calma. Parecia estar pronto agora. null pensava no que ele poderia ter feito lá em cima, mas na verdade sentiu nojo da primeira coisa que veio a sua cabeça.
- Bom, estou pronto! – disse ele, pulando sobre as cabeças dos irmãos na escada e sorrindo exageradamente.
- Ok, vamos. Você vem, null? – perguntou Denise.
- Não, Denise. Acho que vou ficar. É melhor pra null que eu não veja o vestido. – respondeu a menina, sorrindo para a amiga.
Eles saíram, contentes e empolgados, enquanto null se sentava no sofá onde antes se encontrava null.
null, totalmente abobalhado, sentou-se ao lado da garota, que não fez nada além de sorrir para ele.
null achou que já estava na hora de resolverem essa situação e então se dirigiu à cozinha. null se sentiu nervosa com a atitude do amigo, mas ela não poderia ter medo de null, certo?
- E então null... Tudo bem? – perguntou o garoto, sem saber por onde começar.
A menina ria da tentativa de cantada do garoto. Podia não estar dando certo, mas ele não precisaria de muito para conquistá-la quando isso ele já tinha feito.
null se pôs a ouvir e responder a tudo que ele dizia, pensando em como o faria calar a linda boca e prestar atenção ao que ela queria dizer.
- Sabe null… Eu já disse que te acho uma maravilhosa professora? Maravilhosa mesmo... – dizia ele, ainda procurando algum jeito de chamar a atenção da menina.
- Sim, Jonas. – respondia ela, parecendo não ter muita vontade de responder.
- Olha, eu posso te mostrar uma coisa? Eu não sou muito bom em falar... Entende? Prefiro cantar... – disse ele, piscando de leve para a garota.
null assustou-se. Pensar em null cantando para ela parecia maluquice, mas ela não perderia aquela cena. A menina sorriu alegremente e esperou até que ele pegasse o violão. null sentou-se à mesa de centro, em frente à garota, os cabelos caindo sobre os olhos, as bochechas rosadas, o violão no colo e a boca contorcida em um sorriso torto.
Ele começou a tocar:
6 minutes – Jonas Brothers
“She's the kind of girl that you see in the movies
I've seen her in my dreams and now she’s standing next to me
Down by the shore first weekend of the summer
Gotta take a chance and just ask her for her number
I wish I had a song on MTV
Cause in a crowded room I'd be the only one she sees
She's looking bored and now I'm running out of time
I've only got six minutes if I'm gonna make her mine
One minute and the earth begins to shake
Two minutes and my heart begins to break
Another minute and she makes me feel brand new
That's just three minutes with you
Four minutes and she's everything I see
Five minutes and she's where I wanna be
Another minute and everything just feels so new
I need six minutes with you, six minutes…”
null podia chorar de emoção, mas, ao invés disso, tudo o que ela conseguiu fazer foi sorrir, o quanto pôde, e logo em seguida puxar null pela nuca, beijando o garoto como nunca beijara ninguém em toda vida.
O garoto, surpreso, colocou o violão no chão com cuidado e, sem deixar de beijá-la, sentou-se ao lado da garota, tocando seu rosto com carinho e acariciando seus cabelos.
null sentiu os lábios do garoto cada vez mais quentes, então pressionou sua língua contra a dele, intensificando o beijo. null mordeu de leve o lábio inferior da menina e quebrou o beijo, já sem fôlego.
- As brasileiras todas beijam como você? – perguntou ele, sorrindo.
null riu, envergonhada, e olhou para o menino, dando de ombros.
- Não sei, nunca beijei nenhuma brasileira. – respondeu ela, rindo ainda mais, enquanto null a abraçava.
- null, você é tão linda… - dizia ele, rindo com a garota.
- Perdi alguma coisa? – perguntou null, entrando em casa, junto com o motorista, que fora buscá-la a pedido de null.
- Não perdeu nada não, amor! Só alguns beijinhos! – respondeu null, voltando da cozinha e abraçando a namorada.
null voltou a beijar null, que o correspondia. null desistiu de olhar a cena e também beijou a namorada, que envolveu os braços na nuca do menino acariciando seus cabelos.
8 - E usar o tempo que você tem antes que ele se vá...
- Eu acho que ficou perfeito! – dizia Sra. null, cheia de orgulho da filha, que vestia o vestido mais lindo que ela já vira em toda sua vida.
Era um vestido azul marinho bordado com um decote básico e uma alcinha fina que quase não se via, com vidrilhos e strass espalhados pela saia e pelo corpete. De longe se percebia o desenho de rosas formadas pelos strass, o azul brilhava na pele da menina e o brilho dos olhos da garota parecia cintilar ainda mais. O espelho agora mostrava uma null diferente. A null que o mundo não conhecia. A null que implorava por uma chance de ser ela mesma e conviver com as pessoas sem sentir medo.
null, como um verdadeiro príncipe, se aproximou da garota, que se olhava, quase chorando, no espelho. Ele encarou os olhos dela no espelho e segurou sua mão.
- Ficaram perfeitos! – disse Denise, orgulhosa do casal.
Ele vestia um smoking escuro com detalhes em prata e vermelho, uma grande faixa azul recobria o terno. O garoto estava maravilhoso. null se perguntava como ela tinha conseguido. Talvez agora ela se sentisse realmente com sorte, e talvez agora entendesse porque tantas garotas no mundo tinham aquele rosto estampado em seus quartos. Elas viam a beleza, e null via além disso. O brilho daqueles olhos quando ele estava feliz, e a opacidade plástica quando ele não se sentia bem.
A menina o encarou, respirando fundo. A mãe e Denise agora vasculhavam a loja, procurando por algo que elas pudessem comprar. null estava sem falas: a garota de seus sonhos, quem ele sempre amou, estava agora com ele, e estaria ali por muito tempo. Ele entrelaçou seus dedos nos da menina e sorriu, acariciando as bochechas rosadas da garota.
- Obrigada, null. Você não faz idéia de como isso está sendo especial. – disse ela, com o sorriso mais sincero e lindo do mundo. Aquele sorriso que null sempre quis ter para ele.
- Você está linda! Maravilhosa! – falava null, sem saber o que dizer, com a garganta presa, maravilhado.
Eles se abraçaram delicadamente e por um instante, um pequeno segundo, sentiram-se como uma princesa e um príncipe, alguns segundos depois de terem dito sim ao destino de suas vidas.
- Espero que tenham aproveitado! – foi o que null disse, ao entrar em casa, junto com as outras três mulheres, e viu null, null, null e null, sentados no sofá, agarradinhos, assistindo filme.
- Aproveitamos sim, cunhadinho! – disse null, sarcástica, mostrando a língua para o garoto. – Já que ninguém me deixou ir junto para ver as roupas maravilhosas, eu tive que ficar aqui, né?
- Quer dizer que a senhorita ficou porque não tinha outra opção? – perguntou null, decepcionado.
- Claro que não, amor da minha vida! Eu fiquei porque eu prefiro milhões de vezes ficar com você, vendo filmes melosos, do que ir com eles ver roupas feias. - null desconversava, enquanto os recém-chegados sentavam-se também.
As outras mulheres seguiram para a varanda. null se sentou na poltrona robusta e antiga da sala. null se sentou no colo do menino, não vendo outra escolha.
- Quer dizer que se acertaram? – perguntou a menina, vendo null e null abraçados.
- Sim, meu bebê! Espero que não fique com ciúmes! – respondeu null à melhor amiga, enquanto ela sorria.
- Olha só, agora que a gente está assim, numa boa, todo mundo feliz e contente, eu preciso falar uma coisa, e espero que você me apóie null! – disse null, fazendo uma expressão estranha.
- O que? – perguntou null, levantando uma das sobrancelhas.
- null e null. Já chega com essa história de bebê, ok? É grotesco… - respondeu null, enquanto null se levantava de onde antes estava sentada e apertava a mão do menino, consentindo.
- Er... – começou null, sem saber o que falar. Ela adorava chamar null de bebê. – Esta bem! – disse ela, depois de respirar fundo. – Eu vou tentar encontrar outro apelido para que os senhores ciumentos não se sintam mal... – ela ria, enquanto null balançava a cabeça, aceitando.
- Ótimo! – respondeu null, voltando a abraçar null.
- Então, meu bem… Como estamos excluídos desse tratado, eu te chamo como quiser, certo? – perguntou null ao namorado, enquanto ele a observava com uma expressão também não identificada.
- Certo... Mas poxa null, tente não exagerar! – pediu ele, sorrindo para a menina, que fazia caretas.
null tinha acabado de preencher os convites de aniversário. Ela fizera aquilo tudo sozinha. Embora o cansaço fosse grande, ela se sentia melhor, escolhendo sozinha quem ela convidaria ou não. A menina foi até o escritório do pai, pensando em quanto tempo fazia que ela não o via e nem conversavam. Estavam ficando cansativas todas as provas de roupas, idas ao buffet, escolhas de decoração, mas enfim tudo ficaria pronto no fim de semana. Agora faltavam apenas quinze dias para seu aniversário. Ela deixou com cuidado o convite em cima da mesa do pai, esperando poder vê-lo naquela noite.
null voltou ao seu quarto e começou a guardar os convites em bolsas separadas: os amigos, familiares... Mas, antes que ela pudesse terminar, a empregada bateu gentilmente na porta de seu quarto.
null pisou em cima do tapete verde claro que revestia o chão próximo de sua cama. Ela abriu a porta e sorriu para a moça.
- Senhorita null, o senhor Jonas esta aqui. E quer falar com você.
- Senhor Jonas? – perguntou null, esperando por Paul.
- Sim, aquele bonito, sabe? Um dos irmãos, querida! – dizia a mulher, que já cuidava de null desde pequena, e tinha com a garota uma relação de amiga.
- null? – perguntou null, mais para si mesma, tentando arrumar o cabelo de qualquer maneira.
- Posso pedir pra ele subir? – perguntou a mulher, baixinho, entendendo a ansiedade da menina.
- Sim. Mas espera. Antes, me responde: eu estou bem? – perguntou null, assustadoramente atrapalhada.
A moça sorriu e revirou os olhos.
- Você é linda, null! Acalme-se. Vou chamá-lo.
Ela desceu as escadas e null ficou paralisada, pensando em como se arrumaria em trinta segundos. Mas no fim ela apenas prendeu os cabelos em um rabo-de-cavalo e voltou a se sentar na cama, ocupando-se de guardar os convites.
null apareceu no batente da porta, com o sorriso príncipe de festa de dezesseis anos. null sorriu de volta, chamando o menino para entrar.
Ele se sentou em frente a menina na cama e selou seus lábios com os dela.
- A que devo a honra dessa maravilhosa visita? – perguntou ela, com expressão de deboche.
- Senti sua falta. Não foi em casa hoje, então vim na sua! – respondeu ele.
- Como é? – perguntou ela, levantando as sobrancelhas e esperando que ele dissesse algo mais convincente.
- null e null estão lá. Pegação geral, você me entende? – disse ele, sorrindo.
- Agora sim! – respondeu ela, rindo, convencida.
- E... Na verdade eu vim te trazer uma coisa.
- O aniversário é só daqui a quinze dias, null! – dizia ela, piscando.
Ele sorriu torto, voltou a selar seus lábios com os da garota e acariciou seu rosto. null sentiu um arrepio percorrer sua espinha, e aquelas malditas borboletas voltaram a ficar inquietas.
null tirou uma pequena caixinha vermelha do bolso, era quadrada, em veludo. Ele abriu com cuidado e sorriu para ela, que abriu a boca, surpresa.
- É pra você... Não sei se já tinha, sabe, pra festa... Mas eu achei que você ia gostar, combina com o vestido.
Era um colar. Prata, com um pingente em formato de pétala de rosa, azul.
- null… É maravilhoso. E não, eu não tinha pensado nisso ainda...
Ele sorriu contente e tirou o colar da caixa, levantando-se da cama. Ele se aproximou da garota, tocando o queixo dela e sorrindo, apaixonadamente.
null afastou o rabo-de-cavalo da nuca e null colocou o colar sobre o pescoço da menina. Ele segurou com carinho a mão dela e a ajudou a se levantar da cama. Seguiram até o grande espelho na porta do guarda-roupa de null. Ela sorria, observando o brilho de seus próprios olhos enquanto null a abraçava pelas costas e beijava suavemente seu pescoço.
- “I know that it's forever, I just gotta let you know I never wanna let you go…” – ele cantava no ouvido da menina.
As borboletas queriam voar dentro do estômago de null e ela teve que respirar fundo a fim de controlá-las. Estavam ficando cada vez mais agitadas.
null se virou para o garoto e o beijou suavemente, com as borboletas incontroláveis perdendo a força e dando espaço ao calor.
Passaram a tarde juntos, jogando video game e assistindo filme, até que null achou que já era hora de partir. Mas, antes que ele fosse, null lhe entregou o convite, esperando pelo sorriso de príncipe, sem frustração.
- Bom dia, professora! – disse null, sorrindo para null, com o convite de aniversário em mãos.
A menina ergueu os braços e antes que null pudesse dizer qualquer coisa, lhe entregou o convite.
- Ai, amiga... Que lindo! – exclamou a outra, abraçando a amiga com força.
null já entregara boa parte dos convites, e se sentia aliviada por ver que ninguém perguntara ou comentara sobre os Jonas.
Quando chegaram à casa dos Jonas, ela terminou de entregar os convites aos amigos. Enquanto as meninas se animavam com a pequena almofada em formato de lua, os meninos se perguntavam o que fariam com a almofadinha.
- Ah, null, por Deus! É minúscula! Você pode por em cima da sua cama que ninguém veria nem reclamaria. – dizia null, sempre atormentando o cunhado.
- null, diz a verdade, você me ama, né? – perguntava null, fazendo drama.
- Infelizmente. – respondia a outra, rindo.
- Querida? – perguntava Sr. null, batendo com calma à porta do quarto da filha.
- Entra, pai! – respondeu a menina, animada.
Ele sorria enquanto entrava. null sentia remorso às vezes. Sempre pensava com raiva em como o pai a abandonava, mas ele sempre tinha aquele sorriso animado que a mostrava como prosseguir.
- Vim te dar boa noite, já faz um tempo que não nos vemos... Seu aniversário está chegando, certo?
- Certo pai! Você vai, não é?
- Claro filha! Eu estarei lá, para chorar contigo e com sua mãe.
Ela ria, enquanto o pai a observava, com um olhar triste.
- Que houve, pai? – perguntou null, segurando as mãos do pai.
- Você virou uma moça, filha. E é tão linda... Sabe, era difícil às vezes, eu não sabia o que dizer, mas a gente sempre teve fé... E você está aqui hoje... Me pedindo para ir no seu aniversário de dezesseis anos. E eu tinha feito tantos planos... – ele chorava. – Queria te levar à Disney, queria que conhecesse o Brasil comigo. E eu acabei fazendo tudo errado...
- Pai... – ela chorava. Sentia a angustia do pai em sua voz, sentia o arrependimento. – Você sempre me ensinou o certo, sempre esteve comigo e você não precisa se sentir assim. Foram as suas escolhas, assim como eu terei as minhas!
Ele a abraçou, sem conseguir continuar a falar, sentindo que as lágrimas insistiam em descer e sem ao menos saber o porquê de tanta angustia.
- Boa noite, querida. – disse ele, beijando a testa da filha e se levantando da cama.
null respirou fundo e viu o pai saindo do quarto. Sorriu para si mesma, sabendo que ele não fizera nada daquilo por mal, eram seus sonhos e estavam realizados, ela só precisaria seguí-los.
9 - Ela está tremendo do lado de fora do quarto de sua filha.
Aquele era o dia. null se via em um vestido prata curto e justo, com um decote simples e alcinhas com strass. Ela se sentia linda e completa. Era seu aniversário de dezesseis anos. Ela esteve com a mãe e Denise no salão de beleza o dia inteiro, arrumando-se para aquela data. As mãos tinham um lindo desenho de rosa em azul, o cabelo em um penteado estonteante, brilhava com as luzes que o cercavam. Ela estava em seu quarto, pronta, esperando pelo pai, que a levaria até o Buffet.
A mãe, cheia de orgulho, sorria ao ver a filha em extrema beleza, os olhos da garota brilhavam mais do que nunca, suas bochechas rosadas se contorciam no sorriso mais prazeroso que Sra. null já vira na filha. Ainda estava cedo, mas preferiram ficar prontas e esperar pelo pai, que sairia mais cedo do trabalho para chegar com a filha ao Buffet.
Sr. null tinha preparado tudo: cortara o cabelo um dia antes, comprou um novo smoking marrom e colocara até mesmo um lenço branco no bolso, pensando em como choraria feito um bebê vendo a filha ali, linda como nunca, feliz como nunca, em volta de todos que ela amava.
O Buffet até o momento estava vazio, nem a aniversariante tinha chego ainda. Estava atrasada.
Sem esperar por muito tempo, os guardas do local viram alguns convidados chegando, então resolveram abrir as portas do lugar, mesmo sem a aniversariante.
- E a null? – perguntou Denise à moça que os atendera em todas as visitas ao Buffet.
- Ela ainda não chegou, senhora. – respondeu a moça, preocupada.
- Como não chegou? – Paul perguntou, mais preocupado ainda.
A moça pediu que eles entrassem. A família Jonas estava realmente preocupada. A aniversariante devia ser a primeira a chegar. null ligou para a casa da garota, esperando que ninguém atendesse, mas null atendeu e disse que estava pronta, esperava apenas o pai, que a levaria com a mãe. Mas, Sr. null ainda não tinha chegado.
Sr. null terminou de arrumar o smoking e seguiu para o carro. Ele levara as roupas para se trocar no trabalho. Olhou o relógio. Estava atrasado. Entrou no carro com pressa e ligou o motor, teria que se apressar.
Os convidados chegavam ao Buffet cada vez mais e nada dos null... null e null já estavam presentes, preocupadas com a amiga, que não aparecera. Mas tinham que manter a calma, ela poderia entrar depois que todos chegassem. Seria uma boa estratégia.
- Pai? Aonde você esta? Estamos atrasados! – exclamava null ao celular, decepcionada com o pai.
- Desculpa, filha! Está trânsito. Eu vou tentar pegar um atalho, prometo que chego logo, prometo meu amor!
Ele desligou o celular e acelerou ainda mais o carro, precisava procurar um lugar mais rápido. Entrava em ruas que pareciam desertas, até que chegou a uma avenida mais calma, acelerou o carro o quanto pôde e dirigiu apressadamente para casa.
O celular estava tocando e ele precisaria atender, pegou o celular do bolso com calma e atendeu, esperando que null estivesse na linha, ainda pedindo para que ele se apresasse.
Ele pensava no quanto amava a filha e no quanto ela estaria nervosa naquele momento. Mas não era pra menos, era seu aniversário... E o orgulho que ele tinha daquela garota não se comparava a nada que ele podia sentir na vida.
- Alô? – atendeu.
- Sr. null? Eu preciso de um advogado… - era um cliente.
Os nervos do pais se enrijeciam, e ele suava frio, com medo. Começou a conversar com o cliente, quando se deu conta do que estava fazendo, e quando estava fazendo. “Ele estava dirigindo rápido no celular, é como ele viveu sua vida.” E foi daquele jeito que ele perdeu a noção do tempo, perdeu a noção do lugar, perdeu a noção da estrada, perdeu a noção da contramão, perdeu a noção da vida!
Sr. null soltou um último grito de pavor, antes de soltar o celular e sentir a enorme carreta de mercadorias jogar-se contra a lataria velha e podre de seu carro.
“Lá está um homem morrendo ao lado da estrada, não voltará pra casa esta noite.”
null tentava desesperadamente ficar calma, ela se sentia nervosa e tinha vontade de chorar, mas não sabia verdadeiramente o porquê. Subiu para seu quarto e lá ficou verificando pela última vez o retoque de sua maquiagem.
Havia polícia no local. Uma ambulância e vários homens vestidos de branco, outros policiais. Parecia que um caminhão batera num carro. O trânsito aumentara e várias pessoas colocavam suas cabeças para fora do carro, tentando ver melhor a cena, mas não era possível.
O carro estava em chamas. O homem que lá dentro se encontrara, sangrava. O caminhão não tinha muitos danos e o motorista gritava por socorro e ajuda. Ele se perguntava o que aquele homem fazia na contramão. Ele se perguntou se o homem tinha família, mulher, filhos. Ele se perguntou como ficariam as pessoas que o amavam quando descobrissem o que acontecera. Ele sentiu as lágrimas gritando em seu coração e queria, desesperadamente, trazer aquela vida de volta.
Em um último suspiro, “quando ele estava se distraindo por um momento,
essas foram as palavras finais que ele disse”:
- Minha menina fez dezesseis hoje, ela é linda, tão linda. Isso deve bastar às vezes, mas eu espero que ela mantenha sua fé. Eu desejo que eu tivesse a chance de dizer a ela que a vida é muito curta, então pegue o tempo e aproveite-a.
O caminhoneiro escutava, atento. Ele sentiu aquele calafrio estranho percorrer sua espinha. Sim, aquele homem tinha família. E uma linda filha, que estava fazendo aniversário. O caminhoneiro enfim sentiu as lágrimas que gritavam em seu interior saírem, quando percebeu que o homem já não estava mais entre eles. Já não estava mais nesse mundo. Talvez em um melhor, talvez não.
Sra. null atendeu ao telefone, com a voz fraca. Ela não queria chorar, não poderia. Mas sabia que o marido magoara a filha no dia mais especial da vida dela.
Mas, quando a mulher ouviu as palavras do guarda, ouviu com clareza, esqueceu da mágoa, esqueceu da raiva. Ela apenas não sentia nada. Absolutamente nada. Seu mundo tinha definitivamente explodido. As pernas bambeavam, a boca seca, a voz falha, o olhar molhado e contorcido, a cabeça estourando de dor, as vozes que ela ouvia ao fundo do telefone lhe informavam sobre o fim de sua vida. Sobre o fim de tudo. Sobre o fim daquele que ela mais amava no mundo. Sobre o fim do amor da sua vida.
Na saúde, na doença, até que a morte os separe. E ela o fez. Da pior maneira possível, no pior dia possível...
Lá está uma mulher chorando no chão da cozinha,
Ela recebeu uma ligação esta noite.
Agora ela está tremendo do lado de fora do quarto de sua filha.
Entra e a abraça forte
Pensando como e onde começar,
Tem algum jeito de proteger o coração dela?
Ela chorava desesperadamente, quando entrou no quarto da menina. null correu, assustada, até a mãe e a abraçou com força. Antes que ela dissesse qualquer coisa, null entendeu. Seu olhar vago e disperso, os sussurros pronunciados, a força do pensamento, a destruição nos olhos chorosos, a falta do pai.
null gritou alto quando a mãe finalmente conseguiu dizer o que acontecera, a menina se jogou sobre o tapete verde e chorou, como uma criança ao nascer. Chorou como nunca pensara que choraria na vida. Chorou sem conseguir controlar o corpo, que tremia.
null não conseguia respirar. Teve que lutar contra si mesma para agüentar. O que ela queria, o que ela implorava era para ir junto. Para morrer, com o pai.
A mãe se sentou ao lado da garota e a abraçou fortemente, sentindo que agora só lhe restava uma razão para existir: aquela garota. E essa razão estava mais machucada do que qualquer um naquele momento.
Sem dizer nenhuma palavra, as duas choravam, sentindo o corpo enfraquecer e a vista sumir...
A polícia ligara para Paul. Parecia que Sra. null não tinha condições para avaliar o corpo e ela pedira que ligassem para a família Jonas.
Paul não pôde agüentar. Estava no meio de uma multidão no Buffet, mas mesmo assim soltou um grito baixo de dor e as lágrimas romperam-se em seus olhos, encharcando sua face, destruindo seu equilíbrio.
- Aconteceu um acidente... – dizia ele, tentando controlar os nervos.
A família se perguntava o que ocorrera, mas ele pediu que o Buffet cancelasse a festa, mandasse os convidados embora e dissesse que ocorrera um acidente.
Paul chamou os filhos, a esposa, e as amigas de null até o lado de fora do Buffet, criando forças dentro de si para o que teria que contar...
null correu até o carro, desesperado, despedaçando-se em lágrimas e chamou os irmãos e as amigas para irem até a casa dos null. Paul e Denise iriam até o local do acidente, procurar identificar o corpo.
Ninguém atendia a porta e null começara a sentir raiva. Juntou-se com os outros e chutaram a madeira com força, até conseguirem arrombá-la. O alarme soou pela casa, null desligou o barulho ensurdecedor com pressa e correu com os outros para o andar de cima.
null estava desmaiada, Sra. null ainda chorava, quase inconsciente. Sua alma parecia implorar para abandonar o corpo, mas alguma coisa nela não a deixava sair.
A mulher chorou ainda mais quando viu os três irmãos entrando no quarto. As meninas ajudaram-na a se levantar e a levaram ao seu quarto, deitando-a na cama.
- Sra. null… Eu nem sei o que dizer… - tentava null, chorando, quase sem voz.
A menina apenas abraçou a mulher com força, em uma tentativa inútil de confortá-la.
null pegou null no colo, vestida como uma princesa, a maquiagem borrada, o rosto abatido, os olhos boiando em lágrimas. Ele a deitou na cama e a chamou, sem obter resultado. null pegou acetona e despejou um pouco em algodão, entregou ao irmão que conseguiu acordar a garota, dessa maneira.
- null… - disseram os três, em conjunto, sem ter mais palavras para aquilo.
- O que eu vou fazer, meninos? O que? Eu quero morrer... Quero morrer...
- Não diga uma besteira dessas, minha princesa, por favor. Estamos com você! Sempre estaremos. – dizia null, sem conseguir se controlar, chorando como uma criança.
Eles seguiram com a garota para a sala, onde a mãe e as amigas já esperavam, preparando algum tipo de chá... null abraçou a mãe, sem nenhuma palavra. A mulher sentiu a falta de ar voltando, mas tentou se segurar viva. Ela agora precisaria ser forte.
Denise e Paul não demoraram a chegar. Os rostos inchados, os olhos sem esperanças. Sra. null se perguntava em como viveria daqui para frente. Como cuidaria da filha sozinha? Como cuidaria dos negócios? As ações de empresas, o escritório...
Ninguém sabia realmente o que dizer, e não havia muito que podiam fazer, apenas chorar e rezar... null se sentia vazia. Uma parte dela tinha ido embora, uma parte da qual ela sempre se lembraria, com orgulho. O pai distante, sempre cheio de boas intenções, o pai que amava e não sabia como demonstrar... O pai que perdeu a vida, correndo por ela.
- Ela perdeu o pai, o aniversário e o dinheiro da maquiagem em um dia só. Eu a admiro por estar agüentando... – dizia null, sem saber o que falar, tentando puxar algum tipo de assunto com os amigos, enquanto esperavam, na varanda da casa dos Jonas.
Tinham decidido ir para lá, fugir das lembranças... Pelo menos por uma noite. Seria mais doloroso ter que conviver com todas as coisas que lembravam ele.
Denise conversava com a Sra. null, tentando mantê-la calma e dispersa. Pensar naquilo só faria mal naquele momento.
Paul foi cuidar das coisas no necrotério e funerária. Ele sabia que agora as duas mulheres já não tinham mais ninguém, e a família Jonas as ajudaria, sempre.
null decidiu tomar um banho. Tirar a maquiagem, o penteado, o lindo vestido. Seu sonho se rompera. Ela nunca devia ter acreditado em contos de fadas realmente... Entrou no quarto de null, deprimida demais para pensar em qualquer coisa que não fosse arrancar aqueles milhões de grampos do cabelo. Enfiou-se de baixo do chuveiro e sentiu a água quente cobrir seu corpo, o calor diminuía os tremores, mas não resolvia nada quanto à dor. Seu coração estava massacrado, sua alma perturbada, e sua vida destruída.
Ela ficou paralisada por um bom tempo, sentindo a água lhe molhar o rosto, misturando-se com as lágrimas. Suspirava, procurando manter a respiração. A garota ouviu a porta do quarto se abrindo e null e null entraram, trazendo consigo uma toalha, uma bermuda e camiseta de Nick, o mais novo.
null não conseguia sorrir e menos ainda falar. Fez um movimento com a cabeça, agradecendo as amigas e saiu do chuveiro, enroupando na toalha enquanto as amigas se sentavam na cama de null. null terminou de se trocar e respirou fundo, sentindo as lágrimas voltarem. As amigas a abraçaram com força, procurando confortá-la, e foi então que as lágrimas insistiram em cair, transformando-se mais uma vez em um desespero.
Elas desceram juntas e sentaram-se em volta da piscina, junto com os meninos, que tinham expressões tão triste quanto as delas.
null e null abraçaram-se, chorando juntos. null e null se manteram de mãos dadas, tentando mostrar firmeza.
null aproximou-se de null, mas teve medo da reação da garota, então apenas acariciava as costas da menina, enquanto ela fechava os olhos e juntava os joelhos ao corpo, encostando a cabeça e chorando.
Não tinha mais nada à fazer.
10 – Nós seremos a Luz!
null não teve coragem para olhar o pai mais de perto. Queria lembrar-se dele sorridente e feliz, como ele sempre fora. A expressão do homem ao morrer, não fora das melhores.
Os amigos estiveram ao lado dela nas vinte e quatro horas seguintes... Estavam no cemitério naquela manhã nublada e escura. Parecia que o tempo tinha as energias das pessoas naquele lugar. Triste, escuro. null não tocava nela e nem dizia nada, mas estava ao seu lado, sempre. Não tirava os pés de perto da garota, assim como as amigas e seus irmãos. Mas o que null queria naquele momento era ficar sozinha. Chorar o quanto pudesse, lembrar dele o quanto pudesse. Ela colocou seu buquê de rosas brancas sobre o caixão, e antes que qualquer pessoa no local se retirasse, ela se virou e voltou para casa a pé. Sra. null não reclamou. Agora a filha realmente precisava de um tempo sozinha. Ela sentia que precisava de um tempo também, mas não naquele momento. Agora a mulher tinha que ser forte para ensinar à filha como agüentar a vida. E ela sabia que teria o apoio da família Jonas e de null e null para isso.
Aquele fora o dia mais difícil da vida de null. Parecia que agora tudo ficava mais claro e o que ela pensou ser um pesadelo, mostrou ser real. Ela não dormia há dias e sentia medo do que poderia vir a sonhar a noite... O que ela mais queria agora era poder voltar ao tempo, falar uma última vez com o pai, dizer a ele que o amava uma última vez.
A garota entrou em casa quando a manhã já abandonava o dia e o sol já começava a aparecer no horizonte, quase onze horas.
null ainda não tinha saído do cemitério, não sabia aonde ir e nem o que fazer. Ele se sentia vazio, pensava em como null se sentia e tentava encontrar uma maneira de animar a garota, mas parecia que isso estava fora de cogitação naqueles dias...
Até que o garoto sentiu uma mão sobre seus ombros e se virou, lentamente, tentando enxergar o vulto sobre a luz do sol, agora brilhante no céu. Era um homem, não muito velho, usando roupas simples, com uma expressão triste e suja, que null pareceu entender. Ele tentava dizer meus pêsames, mas parecia que não conhecia a pronúncia correta da palavra. Era um senhor humilde, mas gentil. O homem se sentou ao lado do garoto, tentando ser forte para dizer o que precisava.
- Então, você é o namorado? – perguntou ele, sorrindo para o Jonas, que se perguntava quem era o homem.
- De quem? – ele perguntou, ainda sim sorrindo.
- Da garota linda... Da filha... Da aniversariante. – respondeu o homem, surpreendendo null.
- Na verdade, se você esta falando da null, infelizmente ainda não tive a oportunidade de pedir a ela essa grande honra. – respondeu o garoto, achando que o senhor poderia ser confiável, pelo menos seu sorriso demonstrava isso.
- Sei... Pensava em fazer isso depois da festa, não é? – disse o outro, com um ar de psicólogo, parecendo conhecer null muito bem.
- Na verdade... sim. – confessou null, impressionado com sua própria sinceridade. – Quem é você?
- Sou o motorista daquele caminhão. – respondeu o homem, com a expressão abalada.
- Sei...
- Olha garoto, eu também estou me sentindo mal por isso... Bati no carro de um inocente, mas você sabe que na verdade, ele estava errado. Mas o que eu vim te falar é só o que ele me disse umas coisas antes de ir, sabe? E eu queria poder dizer pra menina, mas não tenho coragem... Você pode dizer pra ela?
- Claro! – respondeu null, sentindo um aperto no coração ao pensar nas últimas palavras de Sr. null.
O caminhoneiro passou um bom tempo contando a null tudo que acontecera naquela noite... Seu desespero chamando a ambulância, a polícia verificando todas as provas, e o homem estirado no chão, ao lado do carro que pegava fogo, dizendo coisas sem sentido, até que o caminhoneiro se aproximou, o homem pediu que ele o ouvisse e dissesse algumas coisas à sua filha... null se emocionava ao ouvir o homem falando sobre a morte de um dos homens dos quais ele mais se orgulhava. Quando o homem terminou, null sentiu as lágrimas invadirem seus olhos e chorou como uma criança novamente. Sentiu por alguns instantes que explodiria de tanto chorar, e resolveu que era hora de parar. O garoto se controlou e o caminhoneiro o deixou, dizendo que precisava ir para casa...
Não demorou muito para que null também saísse daquele lugar, em rumo à casa de null. Ele precisava dizer. Não sabia como, mas diria.
null já tinha se deitado e estava prestes a chorar novamente quando ouviu alguém a chamando. Demorou alguns instantes para que ela se recuperasse e ouvisse a mãe chamá-la outra vez. A menina se levantou, olhando o céu ainda claro pela janela e calçando as sandálias antigas. Ela respondeu à mãe com um grito... Sabia que o pai odiava quando ela gritava e era uma forma de sentir a voz dele ecoando por sua cabeça, pedindo que ela tivesse modos. Isso fazia bem, ouvir o pai em sua cabeça, fazia sentir como se ele estivesse apenas viajando, como sempre fazia, e logo estaria de volta.
Ao chegar aos pés da escada, a garota chamou pela mãe novamente, dessa vez mais baixo.
- Tem visita para você, meu amor. – respondeu a mulher, sorrindo para a filha.
- Estou descendo. – respondeu a menina, descendo as escadas lentamente.
Quando null se deu conta de quem estava ali, um alívio rápido e confortante passou por seu corpo em alguns segundos. Só até que ela visse as lágrimas nos olhos do garoto, e percebesse que seu pai não voltaria.
Ela o abraçou com força, lutando para que as lágrimas não escapassem de seus olhos já inchados e vermelhos de chorar.
- null… - dizia ela, tentando conter-se, puxando o garoto para dentro da casa e fechando a porta.
- Eu estou na varanda, meninos. Qualquer coisa me chamem. – disse Sra. null, retirando-se.
null subiu com null até seu quarto, onde alguns dias antes ele lhe entregara o colar mais lindo que ela já vira… A falta daqueles dias parecia transformar os minutos em horas, e aquele dia parecia muito distante.
Ao chegar ao quarto, tudo que null conseguiu fazer foi abraçá-la novamente, mais forte ainda. O menino selou seus lábios com os da garota, molhados de lágrimas.
- null… Você está bem, minha princesa? – perguntou o menino, segurando com carinho o queixo da garota.
A menina livrou-se dos braços de null e sentou-se na cama, vendo-o sentar atrás dela logo depois. null recostou as costas no peito do garoto e o pescoço em seus ombros. Com o olhar perdido a menina respondeu com a cabeça um sim.
- Eu preciso falar com você... – começou null sem coragem o suficiente para continuar, sentindo as lágrimas voltarem e sabendo que não agüentaria dizer nada chorando.
- Diz... – falava a menina, sem forças, querendo apenas que ele ficasse ali por muito tempo, fazendo-a se sentir melhor.
- Eu te amo... – dizia ele, sem saber o que falar. – E... Sinto muito pelo que está acontecendo. Eu só queria te dizer que eu estou aqui sempre e você pode contar comigo, está bem?
null sentiu as lágrimas inundarem seus olhos mais uma vez, mas agora elas não eram de tristeza, eram apenas de emoção, de amor, de calma. A menina abraçou null com força e se manteve calada, esperando que o ar voltasse aos seus pulmões. Ela agora conseguira a força que precisava pra continuar em pé.
- Eu te amo, null. – foi o que ela conseguiu responder, sorrindo o máximo que conseguia no momento.
O sorriso da menina foi o que bastou para que ele se sentisse melhor naquele momento e desistisse de uma vez de falar sobre o Sr. null. O casal ficou mais alguns minutos em silêncio até que null percebera o quão tarde já era e decidiu voltar para casa antes que Denise e Paul chamassem o FBI.
Foi só duas semanas depois do acidente que null voltou à escola, sabendo que não conseguiria se concentrar direito nas matérias, amigos e professores pensando no pai... Mas, para o desespero da menina, todos ainda a olhavam, e agora pior ainda, lhe perguntavam sobre o pai, sobre a festa e queriam saber como ela se sentia. null e null estiveram ao lado da garota durante todo o período, impedindo que mais algum idiota estragasse o esforço que todos estavam fazendo para mantê-la viva.
- Você sabe que temos show amanhã, não é null? – dizia Nick, tentando distrair a menina.
- Sei sim null. E não se preocupe, eu vou. – a garota respondia sem ânimo e sem vontade, pensando em como seria difícil ter que aturar o novo advogado da família Jonas, que provavelmente estaria no show.
Ao voltarem para casa, null pediu que null passasse o dia com eles na casa dos Jonas, mas a garota recusou alegando que teria trabalhos para fazer.
- Sabe, eu acho que a null ta tentando ficar sozinha um pouco, Nick. Ela precisa respirar, precisa reorganizar sua vida... – falava null, tentando convencer o garoto de que era o melhor para null ficar sozinha agora.
- Eu sei null, mas só queria ajudar, sabe? Ela parece desesperada e não deixa que ninguém chegue perto, não deixa a gente ajudar.
Os dois se abraçaram, sem saber ao certo o que seria melhor para a amiga. Mas de uma coisa agora eles tinham certeza: null agora se prendia ao máximo em seus estudos, e não pretendia parar até que a dor diminuísse...
null voltou da escola e se jogou no sofá, pela primeira vez pensando no quanto sua vida mudaria... Pensando no que ela realmente queria para seu futuro, e se lembrou do quanto fora idiota a idéia de ter uma festa de dezesseis anos... Uma idéia idiota que tirou dela alguém que era não só um orgulho e exemplo, era acima de tudo amor.
- Filha... – chamou a mãe, tirando a garota de seus pensamentos e trazendo-a de volta ao mundo real. – Vem, o almoço está pronto. – disse ela, segurando na mão da filha e seguindo juntas para a mesa.
Depois do almoço, null enfiou-se no quarto, com pilhas e pilhas de livros, de um jeito que ela nunca se viu, estudando as matérias que tivera desde o pré. null leu livros enormes e fez exercícios macabros, tentando desesperadamente ocupar sua mente com alguma coisa realmente útil. Ela seria tudo que o pai fora e mais... Seria advogada e ninguém mais tiraria isso de sua cabeça, nem mesmo null, que conseguira mudar sua vida em tão poucos dias.
Os dias que se seguiram foram, em sua maioria, iguais. Nick e null sempre seguiam juntos para a casa dos Jonas, onde passavam a tarde com Joe, Kevin e null, null era sempre convidada, mas nunca aceitava, sempre com as desculpas de ter provas ou trabalhos a fazer.
Era sexta feira. Todas as lições e trabalhos de null já estavam prontos, mas ela só percebeu isso quando chegou a casa e viu que já não teria mais nada para ocupar a mente. As lágrimas voltaram aos olhos da menina, que brigava com as mesmas, tentando enfrentar a vontade que tinha de gritar e correr. Mas o que ela faria? Nada que pudesse ser dito ou feito ajudaria... Agora era com ela. Precisava fazer alguma coisa, tinha que pensar em alguma coisa que mantivesse sua mente ocupada.
Mas, antes que a garota pudesse pensar em algo, a campainha tocou, anunciando a chegada de alguém na casa. A empregada fora reduzida a apenas três dias de trabalho por semana e naquela sexta feira ela não estava em casa. null respirou fundo e seguiu até a porta, pronta para receber o carteiro ou alguém do tipo. Mas os olhos que ela encontrou junto aos dela foram os de null, que sorria contente com uma caixa da Starbucks em mãos e dois Frappuccinos dentro dela.
null não pôde deixar de sorrir. O jeito como ele sorria era cativante e ela precisava de Starbucks há algum tempo...
- Entra bebê! – disse ela, sentindo falta de chamá-lo assim.
O menino beijou com carinho a bochecha da amiga e entrou, sorrindo mais ainda por ouvir o tão querido apelido novamente.
- Frappuccino? – perguntou ele, apontando a caixa e piscando.
A garota sorriu, sentindo a mente navegar para um novo caminho. Pelo menos ela encontrara algo para ocupar a mente. Entupir-se de Frappuccino, ótima escolha.
Eles se sentaram no sofá e enquanto null tirava os copos da caixa, null a observava, vendo o quanto mudara desde a morte de seu pai.
- Sabe null, você ta muito acabada meu bebê! Precisa tomar um sol, ver gente bonita, beijar o null... – dizia ele, com um sorriso maroto, enquanto a garota suspirava, pensando em onde ele gostaria de chegar com aquela conversa.
- null, assim você me ofende. – respondeu ela, recostando-se sobre o sofá e entregando ao garoto um dos copos.
O garoto soltou uma risada alta e abraçou a amiga com força, sabendo o quanto ela precisava daquilo há algum tempo. A menina sentiu o corpo tremer e os olhos arderem, o choro voltava a se acumular em seu peito, mas ela fazia o máximo de esforço para que nenhuma gota de lágrima caísse de novo sobre seus olhos.
- null, você não sai dessa casa há dias, você não se alimenta bem... A sua mãe nos contou sobre isso! – disse ele, quando viu a expressão de espanto da garota. – Você ta largando sua vida, meu bebê! Está se matando de estudar, tentando ocupar a sua mente com alguma coisa além de seu pai. Mas null null, você nunca vai conseguir se recuperar enquanto se tranca no quarto e lê sobre as leis de Newton o dia inteiro! Vem com a gente, se diverte com a gente... Vamos passar por isso junto!
null se mexia constantemente sobre o sofá, tentando encontrar uma posição que a deixasse mais confortável, mas, com as palavras do amigo, nada mais a deixaria confortável.
- Não sabem o que eu estou sentindo, Jonas. Vocês nem fazem idéia. Mas, de qualquer forma, eu agradeço muito a preocupação.
- null! – repreendeu null, percebendo a ignorância da amiga. – Eu to tentando te ajudar, bebê! Por favor... Confia em mim! – pediu ele, voltando a abraçá-la.
- null… Eu só… Preciso de tempo. Só isso. – respondeu ela, passando as mãos pelo rosto, impedindo o garoto de perceber que ela chorava.
O garoto ficou mais alguns minutos com ela, apenas vendo o quanto ela estava sozinha e desesperada. null se sentia melhor com a companhia do amigo, mas sabia que se ele continuasse a falar sobre o pai, ela teria mais um ataque dramático e não queria parecer uma louca chorando nos ombros do menino.
null não demorou muito para ir embora, depois de implorar que null fosse com ele, até que se cansou. Mas ele não desistiria tão fácil...
- Nós seremos a luz, null, lembre-se disso! – disse ele, retirando-se da casa, ao ver os olhos da garota tornarem-se vermelhos.
11 – É um novo dia, de um novo tempo...
Foram apenas mais alguns segundos para que null voltasse a chorar. Ela nem fazia idéia do porque ele tinha que ir até sua casa e lhe dizer coisas que a fariam pensar. Mas seus pensamentos não tiveram tempo de serem concretizados, pois sua mãe chegara do trabalho que ela agora fazia no antigo escritório do pai, tentando ao máximo preservar o patrimônio da família. E null sentia que um dia ela lideraria aquele escritório e seria a melhor advogada daquele grupo, mas enquanto esse futuro ainda não chegava, ela se preparava na escola.
- Filha, me ajuda aqui? – pedia a mãe, com algumas sacolas em mãos.
null ajudava a mãe colocando as sacolas sobre o sofá, perguntando-se o que teria dentro delas.
- O que é isso, mãe? – perguntou a garota, observando a mãe com um grande sorriso no rosto.
- São ingredientes! Nós vamos cozinhar filha! – disse a mãe contente consigo mesma, pensando em alguma forma de manter a filha entretida sem ter que ler livros enormes o dia inteiro.
- Cozinhar? – perguntou a menina, vendo a mãe colocar as sacolas sobre a mesa da cozinha e retirar as compras.
- Sim! E amanhã, depois do show, os meninos vão jantar aqui em casa com Paul e Denise. E você pode chamar suas amigas também é claro! – a mãe continuava sorridente e null se perguntava o que ela estaria planejando naquele momento.
Ao ver a expressão de assustada e desentendida da filha, a mulher parou o que fazia e se aproximou da menina, com as mãos na cintura.
- null… Precisamos fazer alguma coisa! Não dá mais pra se lamentar e chorar pelos cantos a todo o tempo. E os Jonas vão nos ajudar com isso. Eu preciso fazer alguma coisa filha, não posso mais ficar parada! Me machuca tanto quanto machuca a você.
null abraçou a mãe com força, entendendo que aquele era o jeito que ela escolhera para esquecer-se da dor. E já estava na hora de se unirem para esquecerem juntas.
null começou a ajudar a mãe com as compras, tentando conversar sobre qualquer coisa que as deixasse longe dos últimos acontecimentos.
- Mãe, eu acho que não quero ir ao show! Eu posso ficar aqui e preparar tudo... Ver fãs – a menina fez uma expressão de nojo ao pensar nas garotas gritando. – não vai me fazer bem.
- Filha... Você terá que se acostumar. E elas são tão legais, não entendo porque você consegue odiá-las... Estão sempre dispostas, fazem de tudo pelos meninos...
- São histéricas, mãe! Histéricas, sonhadoras, malucas, às vezes até arrogantes...
- Nem todas...
Passaram a maior parte do tempo discutindo sobre o bem ou mal que as fãs faziam para os Jonas.
- Vocês podem dormir lá em casa comigo, sabe? – dizia null à null e null.
Estavam no camarim dos Jonas e, ao contrário do que null pensava, não existia nenhum novo advogado da família. Os meninos se encontravam fazendo um show, os pais conversavam animadamente sobre qualquer coisa, Frankie brincava de lutinha com o motorista dos meninos e null pedia às meninas para dormirem com ela, assim como sua mãe pedira.
Chamar as meninas para dormir com ela não fora muito do gosto de null, mas a mãe insistira, então ela apenas temia pelo momento que as meninas acordariam com os soluços da amiga, farta da falta que o pai fazia.
- Espera aí! Eu to mesmo ouvindo isso? null, que bicho te mordeu? – perguntava null, passando a mão sobre o rosto da amiga, verificando sua temperatura.
- Bom, eu só preciso buscar algumas coisas em casa... – dizia null, sorrindo com a mudança da amiga.
- Eu só estou tentando fazer algo que ajude... Os estudos não estão ajudando.
- Amiga, eu só lamento por você ter escolhido os estudos como plano um, ok? Podia ter vindo até nos primeiro, com certeza teríamos te animado muito tempo atrás... Mas, tudo bem, de qualquer maneira vamos arrasar hoje! – falava null, segurando os ombros de null e fazendo planos para a noite das garotas em sua cabeça.
No fim do show todos seguiram para a casa das null, onde null e sua mãe fizeram o jantar: uma enorme lasanha quatro queijos que parecia agradar a todos os convidados. {N/A: eu sei que Nick tem diabetes e sei que ele não poderia comer essa lasanha, mas imaginem algum tipo de peixe pra ele, bls?}
Jantaram como uma família. A conversa parecia interessar a todos e os sorrisos enchiam a mesa, que parecia voltar ao normal... null estava ao lado de null e sorria para a garota cada vez que seus olhares se encontravam. A menina sentia-se bem novamente e parecia que pela primeira vez seus olhos tinham um brilho de felicidade desde que seu pai se fora. Estava prestes a fazer um mês e ela enfim sentia que conseguiria passar por isso, reerguer-se e ser feliz.
null piscou com carisma para a menina, que lhe mostrou a língua como resposta.
- Bebê, eu sabia que você conseguiria. Ta vendo, não precisa de muito esforço, apenas essas luzes que aqui estão. A gente ta com você, grandona! – disse null, sentado do outro lado de null.
- Eu já não pedi pra pararem de se chamar assim? – disse null, intrometendo-se na conversa e cutucando null ao lado de null pelas costas.
- Ai, desculpa aê maninho... – pediu null, vendo a expressão de reprovação de null.
null revirou os olhos, gabando-se dos ciúmes de null, que agora lhe beijava a bochecha.
Depois do jantar, seguiram para a varanda, onde Sra. null cultivava sua plantação de rosas. Paul e Denise adoravam o charme e glamour que as rosas davam a casa e pareciam apreciar o gosto da mulher por flores.
O grande jardim ficava no lado da varanda ao ar livre e em uma pequena parte coberta uma mesa redonda, uma cadeira de balanço e fendas para rede tornavam o ambiente parecido com sítio. O tipo de coisa que a Sra. null amava.
- Eu acho que sei porque seus pais se apaixonaram... – dizia null à null, enquanto a garota sorria ao ver a mãe feliz.
- Por que, amor? – perguntou null, sentando-se ao lado dos dois amigos, na cadeira de balanço que ficava em frente ao jardim.
- Porque eles eram os opostos! A Sra. null gosta do campo, e seu pai gostava da cidade. Certo, null?
A menina apenas sorriu, pensando que provavelmente null estava certo. null abraçou o namorado, agora olhando para o céu estrelado que anunciava o início da primavera.
null segurou null pelas mãos e a puxou para que ficasse de pé. O menino seguiu com ela até uma das redes e sentaram-se juntos ali, observando o céu também. null e null fizeram o mesmo na rede ao lado e ficaram trocando carícias enquanto ouviam Paul, Denise e Sra. null conversando sobre qualquer coisa.
- But i’ll be there foverer, you see that is better... - null começou a cantar no ouvido de null, que sorriu, sentindo a respiração do garoto em seus cabelos.
- All our hopes and our dreams will come true... – continuou null olhando para null, que apertava os lábios, envergonhada.
- I’ll not disappoint you, I’ll be right there for you… ‘til the end, the end of time, please be mine. – os três Jonas cantaram juntos.
As meninas trocaram um olhar cúmplice, enquanto os mais velhos se retiravam da varanda. Tudo parecia ainda mais bonito enquanto eles cantavam, as estrelas e a lua brilhando iluminavam as rosas do jardim e traziam de volta o brilho dos olhos de null, que abraçou null fortemente e passou a sentir o vento calmo de primavera tocar seu rosto quente.
null olhou nos olhos da garota mais uma vez e sorriu, sentindo-se confiante o bastante para seguir com o que queria. Para seguir com ela. Tocou seus lábios com carinho nos da menina, sentindo-a cada vez mais quente, apesar do vento fresco. null deixou que aquele momento se tornasse ainda mais perfeito, colocando suas mãos sobre a nuca do menino, que a beijou apaixonadamente.
À medida que o beijo se prolongava, suas línguas se encontravam tornando tudo ainda mais gostoso. null colocou suas mãos sobre a cintura da menina, acariciando-a.
A cena parecia contagiar o ambiente e logo os outros dois casais estavam se beijando também, do mesmo modo apaixonado...
- Ai, quer saber? De todos os garotos com quem eu já fiquei, o null é o que beija melhor! – dizia null, já de pijama.
Estavam no quarto de null naquela mesma noite, curtindo juntas um dia especial. null não se arrependera de seguir os conselhos da mãe. E apesar de ter tido uma noite cheia de fãs malucas tentando seguir o carro dos meninos de volta pra casa, ela estava feliz.
As meninas riam, vendo o brilho apaixonado dos olhos de null. null estava com a toalha em mãos, pronta para ir ao banheiro, enquanto null arrumava as camas para que pudessem dormir.
- Eu já volto, apaixonadas! Vou me banhar! – falou ela, seguindo para o banheiro.
- Olha quem fala... Como se ela não fosse louca pelo null! – disse null, jogando uma almofada na menina que entrava no banheiro.
null riu e se sentou na cama ao lado da amiga, pensando em como null se tornara especial.
- null, mesmo que suas aulas não tenham servido pra muita coisa, eu quero te agradecer... É muito especial pra todos nós.
- Que é isso, null! Minhas aulas serviram sim! Pelo menos você e o null já estão treinados pro casamento. – a garota riu, sentindo null jogar uma almofada nela também. - Mas, enfim... Obrigada! Eu fico feliz em ser especial!
- As outras namoradas do null sempre foram em boa parte fãs... – a menina fez uma careta ao dizer a palavra. – E eu sei que todas elas só gostam dele porque é famoso e lindo.
null sentiu um arrepio percorrer sua espinha, mas apenas sorriu e sentou-se na cama ao lado da amiga, tentando mudar a conversa de rumo.
- Enfim... Você está bem null? Teve que passar por muita coisa ruim esse mês, eu imagino que não tenha sido fácil.
- null já está tudo bem. Digo, eu ainda choro a noite e aposto que vocês vão ouvir isso hoje, mas eu não posso reclamar, sabe? Tenho os melhores amigos do mundo e eu soube desde o início que vocês sempre estariam comigo.
As duas se abraçaram. null sentia que ficava cada vez mais difícil esconder aquilo da amiga, mas ela temia a forma como null reagiria, então preferiu ficar calada.
Era sábado, quase meio-dia e enfim a primeira alma viva daquela casa a acordar foi null. Vendo as amigas dormirem tão angelicalmente, ficou com dó de acordá-las e desceu para o andar de baixo, encontrando a casa vazia e um pequeno bilhete em cima da mesa informando que sua mãe saíra para mais um dia de compras. A menina sorriu vendo que a mãe se esforçava pra manter-se bem.
Procurou por comida e viu que a mãe já se encarregara desse assunto. Uma grande jarra de suco e algumas panelas se encontravam em cima da mesa. A comida ainda estava quente e null sentiu que teria que acordar as amigas para almoçarem.
Depois a menina acordou as amigas que, preguiçosas, reclamaram por algum tempo. Mas, quando a amiga disse a hora, as outras duas desistiram de continuar dormindo.
Antes que pudessem terminar o almoço o telefone tocou. null correu para atender, esperando que fosse sua mãe pedindo ajuda com as compras, mas, para sua enorme surpresa, era null.
- Que aconteceu, Jonas? – perguntou a menina, estranhando a ligação já que dificilmente um dos irmãos ligava para ela.
- Preciso falar com você, null. É muito importante...
- Ok. Mas, então venha até aqui...
- Não. Vem com as meninas pra cá, e depois a gente sai só nós dois. – respondeu ele, parecendo sério demais.
null temeu por algum tempo o que podia ser aquele tipo de conversa. Queria perguntar para as amigas, que provavelmente tinham muito mais experiência, mas desistiu.
null pediu que as amigas se arrumassem para que fossem à casa dos Jonas. A idéia não pareceu nem um pouco entediá-las e foram ágeis no banho, estando prontas em menos de uma hora, deslumbrantemente lindas.
- Meninas, eu vou passar em casa pra avisar minha mãe e deixar minhas coisas, está bem? – dizia null colocando a mochila nas costas.
Antes que as amigas pudessem responder, um pequeno barulho veio da bolsa da menina, o que parecia ser alguma coisa se rasgando. null fez uma careta e tirou a bolsa das costas, tentando ver o estrago. Mas null viu algo mais ali. Um pequeno botton, colocado do lado de dentro da bolsa, brilhava com as iniciais JB desenhadas em relevo. A garota sentiu as pernas tremerem e ficou em choque, percebendo enfim o que null era. A pior raça na opinião de null, da pior forma, as mais nojentas e desesperadas. null era fã de Jonas Brothers.
Enquanto null procurava arrumar o zíper da bolsa de qualquer forma, temendo que null visse alguma coisa que não devesse, null reparou na palidez da amiga, que continuava estática olhando para a mochila da outra.
- null, ta tudo bem? – perguntou ela, chegando mais perto da amiga.
- Não, não ta tudo bem, null! – gritou a menina, assustando as outras amigas e olhando furiosamente para null. – Traidora! – disse ela, apontando o dedo para a menina, enquanto null, desesperada, procurava o que havia de errado ali.
- null… - começou null, seguindo o olhar da amiga e encontrando o botton esquecido na mochila.
- Você é fã... – a menina sentia as lágrimas encherem seus olhos de novo. – VOCÊ TAVA MENTINDO! SEMPRE! VOCÊ É UMA DELAS E ESTÁ AQUI SÓ POR ELES! NÃO ACREDITO QUE CONFIEI EM VOCÊ! - null gritava no meio da rua, sentindo null puxá-la pelo braço e perguntar escandalosamente o que estava acontecendo.
- NÃO! – gritou null, apavorada. – Não null! Eu estou aqui porque amo você, amo a null e sim, também amo os meninos... Mas não por serem famosos ou lindos e queridinhos. Eu amo eles porque são os melhores amigos que eu já tive nessa cidade!
- CHEGA! EU NÃO QUERO OUVIR MAIS NADA! VOCÊ FALA COMO ELAS! ACHA QUE EU NUNCA OUVI ESSE TIPO DE DISCURSO? - null, sentia a cabeça latejando de dor e as lágrimas agora rolavam livremente de seus olhos. Sua melhor amiga a traíra.
null se soltou dos braços de null, que continuava estática, e correu para longe das amigas. Precisava de espaço, precisava de ar.
12 – Vou segurar suas mãos e tornar o sonho realidade.
null entrou na casa dos irmãos aos prantos, nervosa. null correu até a garota, procurando confortá-la. Todos falavam juntos, perguntando à null o que acontecera com a garota e onde estava null.
null pediu que todos se acalmassem enquanto null, o mais calmo, buscava um copo de água com açúcar para a outra, que continuava chorando, abraçada com null.
null se sentou com null no sofá e entregou o copo com água para ela, enquanto null começava a explicar o que acontecera:
- A null surtou! Ela viu o botton dos Jonas Brothers na bolsa da null e começou a gritar... – antes que null terminasse a história, null saiu porta afora para procurar por null. Ele já conhecia a garota e sabia porquê de tudo isso. – Vocês... – continuou null. – sabem que a null odeia fãns e... Bom, você é uma fã certo, null?!
- Por que você não disse isso antes, null? – perguntou null.
- Isso vai mudar alguma coisa, Jonas? Quer dizer... Você duvida mesmo que, sendo uma fã, eu não tenho emoções o suficiente pra te amar de verdade? – dizia null, sentindo-se cansada demais pra continuar chorando.
- Não, null... É só que seria bem mais fácil acalmar a null se você tivesse dito isso antes. – respondeu o garoto, sentindo-se culpado pelo tom de voz que usara anteriormente.
- Agora não adianta mais brigar, galera. – começou null. – A gente só precisa dar um jeito na null, coisa que o null esta fazendo agora! E... null? Você quer um... é... autógrafo?
null gritava o nome da menina, procurando por toda a região, pensando em onde poderia achá-la. Mas, ele não precisou de muito mais tempo, a garota estava sentada alguns metros à frente, em uma praça abandonada do bairro.
O garoto se aproximou receoso, ouvindo os soluços da menina, que continuava estática. Ele se sentou ao lado dela, que não se moveu e a abraçou. A reação que null esperava com certeza não aconteceu. Tudo o que null fez foi abraçá-lo de volta e chorar como uma criança. Ultimamente ele só a via chorar e aquilo o machucava. Muito.
- null… - falava ele, esperando que o choro diminuísse. – A null te ama muito e é sua amiga de verdade. Você vai perder uma grande amiga se continuar com esse preconceito idiota.
- null, ela mentiu pra mim! Mentiu! Ela podia ter dito antes...
- Mas seria do mesmo jeito, null! – disse ele, antes que ela pudesse terminar. – Você brigaria com ela e nem pararia pra saber se ela é ou não uma garota legal.
A menina ficou calada, olhando o movimento invisível da praça, habitada apenas por passarinhos e dois seres humanos. Sentiu os braços de null envolverem seus ombros e deitou a cabeça no peito do menino, sentindo os batimentos do coração dele aumentarem cada vez que ela se aproximava mais.
- Eu sei que está sendo difícil pra você conviver com tudo isso null, mas você precisa ser forte. Tem amigos, uma família e uma vida a zelar. Não adianta estarmos todos contigo, te ajudando quando você mesma não se ajuda. A null é sua amiga de verdade. E não estaria aqui se não fosse. Pense um pouco em tudo que ela já fez por você, já fez por nós. O quanto nos divertíamos nas aulas de valsa...
A menina sorriu, lembrando-se de cenas que não via a mais de um mês. Ela sentiria falta de null se a deixasse ir. null sorriu com a garota e se levantou do banco, estendendo a mão para que null levantasse também.
- Vamos nos divertir, princesa. – disse ele, selando seus lábios com carinho nos dela.
- Eu acho que vou querer um autógrafo seu, Frank! – pedia null correndo atrás do menino em volta da piscina.
Tinham decidido esperar por null e null do lado de fora da casa, já que estava muito calor. null já estava calma e brincava com Frankie, o irmão mais novo, enquanto os outros três riam e terminavam de fazer alguns sanduíches.
- Chegamos, pessoal! – disse null, entrando em casa junto com null.
- Querem sanduíches? – perguntou null, girando um prato apoiado nos dedos, pose de cozinheiro.
null riu, notando o estrago que eles fizeram na pequena churrasqueira dos Jonas e notando em seguida o rosto de null cheio de maionese.
- O que vocês estão fazendo aqui? – perguntou ela.
- Tentando pegar um autógrafo do Frank. – respondeu null, sem perceber com quem falava.
- Sanduíches. – responderam os outros três, em coro.
null olhou para null enquanto null se aproximava dos irmãos, tentando roubar alguns hambúrgueres. null mordeu o lábio, pensando no que prometera à null no caminho e então seguiu null em volta da piscina, tentando criar coragem o suficiente para falar com ela.
- Sabe, o Frank não vai te dar autógrafo, ele nem sabe escrever. – disse ela, provocando o pequeno.
- Eu sei sim, null! – respondeu ele, fazendo bico e parando de correr.
null sorriu.
- Sabe, é? Então prova! – pediu ela, entregando ao menino papel e caneta.
O pequeno escreveu seu nome com uma caligrafia perfeita que lembrava a letra de Nick mais novo e entregou para null, gabando-se e pulando na piscina.
null sorriu para a amiga que olhava para o chão, procurando algo à dizer.
- Sabe, na verdade a gente tava brincando... – começou null, revirando os olhos e dando um sorriso amarelo.
- Ah, qual é? Você não quer um autógrafo do Frankie? Eu quero então, passa pra cá! – disse null em tom de gozação, tentando pegar o pequeno papel da mão da amiga.
As duas riram; Não precisavam dizer mais nada. null abraçou a menina com carinho e murmurou um simples "desculpa" tão baixo que ela nunca soube de verdade se null ouvira ou não, mas foi a primeira e única briga das duas.
- Ei, e nossos sanduíches, o que acham de provar? – perguntou null com um sorriso maroto e uma bandeja cheia de sanduíches na mão.
- Ok, null, a gente se rende! Vamos provar seus sanduíches! – respondeu null, puxando os cachos do cabelo do menino.
- Ótimo, mas... Isso dói, viu, null!
Os amigos riram, sentindo como se tudo tivesse enfim voltado ao normal, talvez agora null poderia voltar a sorrir de verdade.
null observava a garota há horas, sem coragem. A menina sorria e ele percebeu o quanto sentia falta de vê-la feliz. Ele sabia que nada que dissesse ou fizesse mudaria o que ela sentia, mas ele sabia também que só com a ajuda dos amigos, um dia, ela superaria a perda do pai. E foi uma grande perda, não só para ela. Estavam agora trabalhando todos em conjunto para que não caíssem. Juntos sentiam-se fortalecidos para continuar.
null jogava vôlei com null, Frankie e null enquanto null e null se beijavam apaixonadamente em uma das espreguiçadeiras do outro lado da área.
null e null desistiram de perder no jogo e decidiram seguir o outro casal. Os dois saíram da piscina e sentaram-se em uma espreguiçadeira ao lado de null e null, que iniciaram uma conversa animada sobre como a língua deles se encaixava.
null revirou os olhos e voltou a observá-la. Agora ela brincava sozinha com Frankie, em um jogo maluco sobre fazer caretas embaixo d'água. O menino sorriu sozinho, ela era mesmo encantadora. Quem não se apaixonaria?
Frankie começou a reclamar da temperatura da água, então null segurou as mãos do pequeno com cuidado e o ajudou a sair da piscina com certa dificuldade. null se levantou com calma e ajudou a garota, pegando o irmão no colo e seguindo até a porta de casa, onde deixou que o menino seguisse até seu quarto:
- Peça à mamãe pra te dar um banho, Frank! – disse ele, bagunçando os cabelos do irmão mais novo.
null observava, enrrolando-se na toalha e prendendo o cabelo em um coque. Ela se aproximou do garoto, mordendo o lábio, com certo receio.
- Você disse que queria falar comigo, Jonas. – disse ela com um sorriso encantador, ainda prendendo os cabelos.
- Eu podia dar pause nessa cena e te ver assim pra sempre, null? – perguntou ele, deslumbrado, corando de vergonha logo em seguida.
- Você não precisa de pausas, null. O filme ainda está no começo...
- Vem, vamos sair daqui. Eu quero mesmo falar com você. – ele sorriu, esperando que ela se arrumasse.
null se perguntava a todo momento onde ele a estava levando. O lugar diria muito sobre a conversa que teriam e ela tinha certeza que o último lugar onde ele a levaria seria um restaurante ou algo do tipo.
Suas suspeitas foram provadas quando null estacionou o carro à poucos metros do parque principal da cidade. Um lugar imenso onde a maioria das crianças passava a tarde andando de bicicleta ou qualquer outra atividade que os deixasse livres da pressão da escola, que nessa faixa etária era mínima.
null segurou as mãos da menina e a acompanhou até um dos bancos do parque que ficava à frente do pequeno lago e embaixo de duas árvores cheias de flores. O sol radiava adiante, sinais de verão.
null sorriu, sentando-se ao lado do garoto e encostando sua cabeça sobre os ombros do mesmo, que criava forças o suficiente para a conversa que teriam agora.
- null, você sabe que a turnê logo começa… E ficaremos, bom, alguns meses – ele fez uma careta – longe. Mas eu tenho muitas coisas pra te dizer e não quero passar mais seis ou sete meses calado novamente.
A menina respirava com dificuldade. null procurava seus olhos enquanto ela tentava escondê-los. Se não tivessem que se olhar, talvez, tudo fosse mais fácil. E o pensamento de ter os irmãos tão longe por quatro meses já molhava os olhos da menina.
- Eu não preciso que você me diga nada, só quero que olhe para mim. – pediu ele, tocando o queixo da garota com carinho. – Antes de ir, preciso te dizer três coisas... A primeira, creio que seja a mais forte e talvez a mais importante pra você. Eu falei com um homem à uns dias atrás... – ele se engasgava com as palavras, procurando o jeito certo de dizer – O homem que dirigia o caminhão que bateu... Contra o carro do seu pai.
null sentiu seu corpo todo esfriar e os calafrios reaparecerem, apesar do calor, ela sentia frio e dor. Relembrar o acidente do pai era uma coisa que acontecia todas as noites, mas ouvir null falar sobre isso, chegava a ser mais doloroso ainda. Mesmo assim, ela esperou que ele terminasse.
null segurava as mãos da menina, tentando mantê-la calma e tentando ao mesmo tempo acalmar a si próprio, já que tinha medo de dizer alguma coisa errada.
- Ele me pediu, null, me pediu pra falar com você. E eu estou aqui, pra te dizer as últimas palavras do seu pai. Elas foram pra você e ele espera que você escute.
null já não sentia as pernas e as mãos pareciam suar frio, o toque de null a acalmava, mas, as palavras dele a deixavam nervosa na mesma proporção. Enquanto o menino falava, ela sentiu a voz do pai sobre seu ouvido, repetindo as mesmas palavras, no mesmo tom, da mesma forma, há meses atrás.
- Minha menina fez dezesseis hoje, ela é linda, tão linda. Isso deve bastar às vezes, mas eu espero que ela mantenha sua fé. Eu desejo que eu tivesse a chance de dizer a ela que a vida é muito curta, então pegue o tempo e aproveite. – disse ele. null não sabia dizer quem, seu pai ou null, mas, ela sabia, de alguma forma, que ele estava ali, presente. E agora, a partir de agora, quando ela soube o que ele tinha pra lhe falar, ele poderia ir em paz.
A única reação da garota foi abraçar o garoto com a maior força que pôde, deixar que seus medos e sentimentos se fossem por alguns segundos, deixar que todo o sofrimento que ela sentia passasse com o vento.
null acariciava os cabelos da menina, pedindo que ela chorasse, pedindo que ela dividisse sua dor. Repetindo em seu ouvido que ele estava lá para ela, que ela podia dividir sua dor com ele.
13 - Eu sei que você sente isso também.
- Você só disse uma, null
- Han?
A garota riu. Eles estavam andando a alguns minutos em volta do parque, observando as crianças felizes com qualquer mínimo detalhe. A vida delas parecia fácil assim, cada nova flor nascida na árvore era uma nova alegria. null se acalmara e depois da crise de choro, ficou calada, como se esperasse que ele dissesse algo mais e, como ele não disse, ela pediu.
- Você disse: eu tenho três coisas pra te dizer. Mas, você só disse uma até agora, certo? – ela parou bruscamente, pulando na frente do menino.
Ele soltou a mão da garota e fez uma careta. Seria melhor se as mulheres não tivessem o incrível dom de lembrar-se de um assunto abordado no início de uma conversa e trazê-lo de volta minutos depois. O menino coçou o cabelo e olhou pro céu, pensando no que diria agora.
- Devia ter começado por esses. – disse ela, sem nenhuma intenção de esquecer o assunto.
- Não, seria mais difícil. Fato! – ele deu uma risada fraca, segurando de novo as mãos da menina. Ficar sem tocá-la era quase impossível. – Ta bem, você não vai desistir mesmo que eu peça.
- Não vou mesmo! – ela riu.
- null… Eu vou viajar, você já sabe disso e eu não conseguiria viajar pensando em você aqui, sozinha, linda, maravilhosa e perfeita do jeito que você é... Com mais esse monte de brutamontes espalhados pela cidade cheios de más intenções pra dar e vender... e... – ele tinha que respirar, falando tudo de uma vez a garota nunca entenderia.
- null, calma… Eu não sou tudo isso que você disse não, e mais... Você sabe que os brutamontes não me agradam. É músculo demais. – ela riu, vendo o garoto revirar os olhos. – Pode continuar, meu príncipe.
- Com você falando assim eu vou até o fim. – ele sorriu o sorriso de príncipe de aniversário de dezesseis anos que ela tanto gostava. – A segunda coisa que eu precisava te dizer é que eu... Eu te amo, null.
Ela o observava, o olhar profundo tornando-se cada vez mais brilhante a cada sílaba pronunciada, foi então que ela se deu conta do que ele dizia. Então era realmente verdadeiro. O verdadeiro amor que ela sempre pediu, que ela sempre desejou, estava ali, dizendo o que sentia.
- Ah, null! Meu príncipe… Eu te amo muito também! – ela selou com carinho os lábios nos do garoto, que sorriu abobalhado, sentindo o coração disparar.
- E... a última coisa, amor... – ele respirou fundo, agora sim, não tinha mais saída. O garoto acariciava o rosto da menina enquanto falava, sentindo-se corar. – Eu quero ficar com você. Quero que você seja minha e eu sei que você sente isso também, então não vejo coisa mais certa... – ele mordeu os lábios por alguns segundos enquanto pensava em como dizer isso. – Eu quero que você seja minha garota, null. Quero que seja minha namorada.
Ela sorriu abertamente, nem conseguiu se conter, encheu o rosto do garoto de beijos enquanto repetia a palavra "sim" quando tinha fôlego.
null puxou a menina pela cintura e mordeu de leve os lábios dela, dando espaço para que ela começasse um beijo, que pareceu durar a eternidade.
Beijaram-se o mais apaixonadamente possível, o mais romanticamente possível, o mais demoradamente possível.
Ao voltarem para casa, encontraram Sra. null junto com Denise, preparando o jantar.
- Olá, filha! Bom, essa é a última semana dos Jonas aqui, semana que vêm a turnê começa, então vamos tentar passar o máximo de tempo com eles, ok?! – disse Sra. null sorrindo para a filha.
null abriu a boca, indignada. Então a turnê começaria antes, bem antes, do que ela pensara. E ninguém tinha dito nada sobre isso ainda? A garota olhou para o namorado que sorria, sem jeito, tentando amenizar a raiva da garota, mas ele sabia que ela não ficaria feliz.
Os outros chegaram à cozinha ainda com roupas de banho, discutindo sobre alguma piada idiota de null. O casal os seguiu até a sala, onde se sentaram enquanto null colocava algum jogo no vídeo-game. null não estava ligando para jogos ou histórias engraçadas de suas amigas com os irmãos e menos ainda em ouvir null fazendo piadinhas sobre ela e null.
Como ela faria agora, sem os Jonas? Sem seu pai... null de repente se deu conta do tamanho do vazio que sentia. Ela não teria sua base. Ela não teria mais sua luz por perto. Ela não sabia se poderia sobreviver a isso.
A galera começou a jogar e null se perdia em pensamentos, pensando em como passaria os próximos seis meses... null, que já começara a faculdade, provavelmente iria aproveitar o tempo para se dedicar aos estudos. null tentaria seu tão amado papel na Broadway, já que agora tinha o apoio de Nick para isso. E ela? O que faria? Estudar? Não...
- Amor? Ta tudo bem? – perguntou null, tirando a atenção da garota.
- Galera! – disse ela, em um tom mais alto do que o normal, fazendo com que todos se esquecessem do jogo e a olhassem. – Vocês vão embora quando? – perguntou ela, uma expressão atordoada se formando em seu rosto.
- Semana que vem, null. – respondeu null, fazendo um grande esforço para não chamá-la de bebê na frente de null.
- Como? Embora? O... – começou null, tentando entender o que acontecia.
Mas, não precisou de muito tempo para que ela se desse conta. A turnê dos Jonas Brothers começaria. E ela tinha em mãos um ingresso para o primeiro show, lembrava-se bem do dia que chegou aos Estados Unidos, a primeira coisa que fez foi comprar o ingresso pro show dos irmãos. Era estranho temer esse momento agora.
- A turnê... – ela respondeu a si mesma, pensando.
- Ah, meu docinho de coco, você já vai me deixar? – falava null, fazendo biquinho e enchendo o namorado de selinhos.
Apesar de já estar acostumada, ela sempre se sentia vazia quando o namorado viajava.
- Sim, amorzinho... E bom, nós queremos que vocês fiquem aqui, bem bonitinhas e calminhas porque nós voltaremos em quatro meses. Não é muito tempo, né? – respondeu null, abraçando a namorada e apertando as bochechas de null.
null abraçou null com força, tentando protegê-la de alguma coisa que era desconhecido até mesmo para ele.
Não tinham muito a dizer, só queriam aproveitar os últimos momentos que tinham juntos. null sentia medo de não ter coragem de pedir null em namoro antes de viajar. Ele temia que ela o trocasse antes que ele voltasse. O garoto abraçou a menina com carinho, tentando dizer sem palavras o que sentia, sem sucesso.
null por sua vez, temia que para null tudo não tivesse passado de uma brincadeira, uma pequena diversão de férias, mas sabia que para ela aquilo não passava nem perto de brincadeira...
- Você vai ficar bem pequena null? – perguntou Paul, enquanto jantavam.
O silêncio reinava na casa por muito tempo e os únicos ruídos que insistiam em perturbar eram os talheres se movendo nos pratos. Até mesmo Denise e Sra. null estavam caladas naquela noite. null sabia que não ficaria bem, sabia que a pergunta de Paul foi apenas uma distração, mas sentia como se quisesse explodir e chorar, implorando que eles ficassem. Não sabia o que faria sem os Jonas por perto... Sempre que eles saíam em turnê o pai da garota os acompanhava. Mas, agora ele não os acompanharia e nem estaria em casa. Sem o pai, sem null, sem null, null ou qualquer Jonas perambulando pela casa numa tarde de segunda feira. Agora ela estava sozinha.
- Eu ficarei... ok, Paul. – respondeu a garota, voltando a se concentrar no prato de macarrão.
- null, isso pode ser difícil, mas você não estará sozinha! Tem sua mãe... E tem suas amigas. – disse null, sentindo o desespero na voz da amiga.
- É verdade, debutante, você tem a gente! – disse null, abraçando null e piscando para a amiga.
A palavra debutante trouxe uma onda de choque em null, que segurou firme as mãos de null com medo de se despedaçar.
No fim do jantar todos estavam sentados na varanda, como sempre, observando o jardim de Denise. Ela parecia se sentir triste em deixar a casa, mas acabou se acostumando com as turnês. Algumas vezes ela tentou ficar com Frankie em casa mas era algo doloroso demais, solitário demais.
null abraçava null com carinho enquanto os outros conversavam animadamente com as pernas mergulhadas na piscina e o cheiro de rosas invadia a área.
- Eu preciso fazer uma revelação! – disse null, de repente.
null se soltou do garoto para olhá-lo nos olhos, enquanto os outros chegavam mais perto para ouvir.
- Filho, você não precisa fazer tanto mistério, pode falar! – disse Denise, quando o garoto demorou alguns segundos pensando em como diria aquilo.
- Eu acho que está bem claro para todos, mamãe, mas preciso informar! E Sra. null, como agora você é mãe e pai da null eu acho que teria que pedir sua permissão, mas, tive vergonha demais pra isso e pedi pra null de uma vez.
- Mas, fala logo, menino. Está me deixando assustada! – exclamou Sra. null, olhando pela primeira vez a proximidade da filha com o Jonas.
- Estamos namorando. – disse null, vendo que null não teria mais coragem para dizer nada.
A família vibrou. Denise e Sra. null pareciam enlouquecidas, enchendo à todos de abraços. Paul segurou forte a mão do filho e abraçou a garota com o maior carinho possível. null sentiu que naquele momento a ficha caíra: estava namorando. De verdade. Com o cara mais especial que ela já conhecera na vida. Seu príncipe.
O dia menos esperado por todos, infelizmente, chegara. O aeroporto estava, como sempre, lotado, milhões de repórteres e fãs se encontravam amontoados, aos gritos procurando por algum pedaço de Jonas para roubar. null foi infestada de perguntas sobre null que ela não sabia responder, afinal, não sabia se o garoto iria ou não assumir o namoro para a imprensa. Mas, ela não precisou esperar muito, logo ele mesmo respondeu aos repórteres que sim: estavam namorando. null passou a ter menos ódio das fãs, elas não pareciam tão chatas, afinal. Elas sabiam que os Jonas eram de ouro e talvez null não soubesse disso antes, por isso odiava o fato delas os tratarem como deuses. Mas agora ela sabia: eles realmente eram deuses. E confiáveis, fiéis, talentosos, fofos e carinhosos. É, agora null se considerava uma fã.
- null, eu tô diferente? – perguntou ela à amiga, tentando ver se o fato de ter virado uma fã modificava sua aparência.
- Na verdade não, null. Ser fã não muda por fora, só por dentro. – respondeu ela, sorrindo para a amiga.
As despedidas eram sempre as partes mais ruins, parecia que toda a dor que sentiriam durante os quatro meses se juntava em alguns minutos e se transformava em despedida.
E foi assim para todos eles. null e null beijaram-se apaixonadamente por alguns minutos, enquanto null e null faziam o mesmo, tentando trocar o máximo de saliva possível. Denise e Sra. null trocavam palavras de consolo e alguns conselhos que seriam úteis na falta dos Jonas.
null abraçava null com força, sem coragem para pedir que ela fosse dele. Apenas dele. Deu um selinho rápido na menina e sussurrou com a voz de anjo que ele tinha no ouvido da garota:
- Não esqueça de mim, linda.
null respirou fundo, impedindo que as lágrimas caíssem, afirmando com a cabeça e pensando que nunca, jamais, esqueceria aquela família.
14 – Você está tão longe, me deixou sem nada a dizer.
null chorava desesperadamente, com o cabelo bagunçado, o rosto suando frio e as pernas tremendo. Aquela era a terceira vez que ela sonhava com a mesma coisa: o pai. De um jeito ou de outro ela gostava de sentir a presença dele, vê-lo em seus sonhos. O problema era quando ela acordava e percebia que tudo fora sonho. O ar sumia de seu pulmão e as lágrimas chegavam aos olhos.
A falta dos Jonas apenas piorou o estado da menina. Naquela noite, em particular, ela esperava que null ligasse. Ele tinha prometido que ligaria. Mas, não o fez. Ela dormiu tarde, com o telefone nas mãos, esperando pelo namorado, mas ele esquecera. Ou talvez estivesse bastante ocupado.
Fazia pouco mais de um mês que eles tinham ido. null confessou ter ingresso para o primeiro show da turnê, onde elas compareceram, como meras fãs. Fora uma experiência incrível para null.
~~ Flashback ~~
- Oi, vocês estão aqui a muito tempo? – perguntou uma garota à null.
Estavam, acredite, na fila do show dos Jonas. E não. Não era na área V.I.P. Alguns quilos de maquiagem, perucas e muito estilo acabaram por disfarçá-las caso alguma fã maluca as reconhecesse. Estavam preparadas para isso. Com um pequeno cartão de entrada pro camarim na bolsa, caso o show do lado de lá fosse ruim.
null estava temendo que isso não fosse real. Temia gostar dessa história de ser fã. A camiseta da amiga brasileira cheia de bottons a assustou no começo, mas ela acabou se acostumando, vendo que a maioria das pessoas na fila vestia-se igual. Mas aquela era a primeira corajosa a falar com elas.
- Sim, um pouco. Algumas horas! Você acabou de chegar? – respondeu null, a simpatia em pessoa, um enorme sorriso estampado no rosto.
null podia adivinhar o que ela estava pensando. Coisas do tipo: legal, vamos conhecer fãs, assim a null pára de implicar.
- Sim! Nossa eu estou muito ansiosa! É a segunda vez que vou em um show dos meninos... E, meu Deus! São lindos, perfeitos, o null e suas dancinhas sexy! – dizia a menina.
null sentiu o sangue subir ao rosto e as mãos de null apertarem forte seu braço, um sinal de que ela devia se controlar.
Foi ai então que a experiência passou a ser agradável.
- Eu acho ele o ser mais perfeito de todo o planeta! – falou null, entrando no clima e gesticulando enlouquecida como a outra.
- Sim! E as musicas? Nossa! Nossa! Eu vou desmaiar!
- Perfeitas! Não tem ninguém que se compare! – respondeu null, se divertindo com aquilo.
Depois de alguns minutos conversando, null simplesmente esqueceu o fato de que era namorada de um Jonas, esqueceu o fato de que conhecia a todos eles desde pequena e esqueceu o fato de que um dia chegou a odiar alguma fã.
null estava perdida em meio aquela loucura. Talvez ela não fosse feita para ser fã de Jonas Brothers, apenas para namorar um dos irmãos. null se divertia, tendo seu espírito fanático de volta, ela soltou a voz e gritou alto na frente do palco.
Claro que para os meninos foi difícil encontrá-las, mas quando isso aconteceu não cabiam em si de tanta felicidade.
~~ End Flashback ~~
Pensando naquele dia, null se sentiu melhor, sabendo que null a amava e com certeza teria uma boa desculpa por não ter ligado. Ela sabia que no fundo, sonhava tanto com o pai porque sentia medo. Medo de perder mais alguém...
A menina se levantou, confusa, checando o chão com os pés para não pisar em nada que fosse feri-la. Escovou os dentes e se trocou de um jeito quase sonâmbulo, parecia que ela tinha dormido demais. Escutou os barulhos no andar de baixo, parecia que alguma coisa estava acontecendo, algum tipo de reunião pelo que ela pode perceber.
A mãe, Denise, Paul, null e null encontravam-se na sala, com xícaras de chá nas mãos. Conversavam animadamente sobre algo que ela não conseguiu ouvir. null foi chegando mais perto, devagar, ouvindo as vozes cada vez mais alto.
- Eu acho que seria uma boa idéia. Podíamos fazer algum tipo de surpresa, não sei...
- Ela odiaria qualquer tipo de surpresa, tenha certeza disso, Denise. – disse Paul.
null esfregava os olhos com cuidado, tentando mantê-los abertos. Quando apareceu na sala, todos ficaram calados por algum tempo observando a garota bocejar.
- Bom dia! – disse ela, sorrindo para a família.
- Bom dia! – responderam todos, em coro.
- Meu deus, null você está com uma cara péssima! Que houve? – perguntou null fazendo uma careta para a amiga.
- Tive um pesadelo. – respondeu ela, abaixando o olhar e caminhando até o sofá.
Ela sentou no colo da mãe e se espreguiçou, abraçando-a com força, temendo perder mais alguém.
- Então, que vamos fazer? – perguntou ela, enquanto sentia os olhos finalmente se abrindo.
Era um sábado frio. As nuvens no céu mostravam que provavelmente a chuva não demoraria a cair, tinham acabado de almoçar, esperando apenas que null acordasse para que fossem passear. Sem os garotos, a família ficava sem rumo, procurando a todo momento o que fazer, para não sentir tanta falta.
- Bom, temos convites para uma festa... – respondia Denise, animando-se ao pensar nas milhões de pessoas famosas e bonitas que ela veria no lugar.
- Ótimo, talvez eu até possa usar o vestido que comprei para a festa da null. – disse null, sem pensar.
A menina levou a mão à boca, arrependendo-se do que disse.
- Ótimo, talvez eu possa usar um dos meus! – disse null acalmando a amiga.
- Nada disso, null. Algum dia você vai ter a sua festa, está bem?! – dizia Denise.
null apenas respirou fundo, tentando não pensar no assunto, não tinha a menor vontade de brigar com Denise. Ela levantou do sofá em silêncio e subiu as escadas em direção ao quarto.
Era definitivamente a festa mais elegante que null já vira. Ela apenas odiava o fato de estar sozinha numa festa como aquela.
- A ausência deles deixa tudo tedioso! – exclamou null, que parecia exausta sentada na mesa, esperando que a hora passasse depressa.
As amigas afirmavam com as expressões idênticas, torcendo para que os dois meses seguintes passassem rápido.
Felizmente, a festa acabou mais cedo do que elas esperavam, o tempo acabou passando conforme elas beliscavam os doces e salgados que passavam pela mesa.
Apesar de não ter dançado muito, nem feito nada que exigisse muitas ATP’s, null estava exausta quando chegou em casa. Tomou um banho rápido e se deitou, sem sono suficiente para dormir. A menina se virou na cama por alguns minutos até decidir que não conseguiria dormir tão cedo aquela noite. null não tinha ligado, e no fundo ela estava com medo de que ele a esquecesse. E mais, tinha medo de sonhar com o pai de novo. Se levantou devagar, abrindo a porta do quarto com cuidado e passando pelo quarto da mãe para verificar se ela também estava sem sono. Pelo visto não.
Sr. null dormia de um jeito angelical, como a filha nunca vira. A mãe estava se recuperando, ela parecia não ter mais sonhos e nem vontade de chorar. As coisas do pai já tinham ido embora. O único lugar onde ainda restavam vestígios de um Sr. null era o seu escritório, onde null nunca mais entrara.
Ela desceu as escadas, ainda em silêncio, procurando algo que a distraísse. Sentou-se no sofá, puxando consigo uma das almofadas, ligou a televisão esperando ver nada, enquanto apenas esperava que o sono viesse, começou a se lembrar das aulas que tivera com null, e os irmãos naquela mesma sala. No início, a lembrança parecia boa...
“- Ok, ok. Os olhos da null não são lindos... São hipnotizantes, é culpa dela se eu estou perdendo meu equilíbrio!
null parecia explodir de tão vermelha. Como ele conseguia falar aquilo em voz alta, era pra ser um pensamento, não?!
- Isso seria um tipo de declaração, Jonas? – perguntou null, intrometendo-se na conversa.
- null, você poderia tentar parar de enlouquecer seu parceiro? – disse null, rindo, com um olhar cúmplice para null.”
Foi então que null lembrou da festa. A maldita festa, o que, na sua opinião, matara seu pai.
Na televisão passava uma reprise de algum programa exibido à tarde daquele mesmo dia. Apenas quando null ouviu uma voz conhecida que percebeu: Os Jonas Brothers estavam sendo entrevistados.
Ela passou a prestar atenção, tentando se lembrar do toque de null, tentou se lembrar do gosto que seus lábios tinham sobre os dela. Tentou se lembrar dos abraços apertados de null e do cheiro doce de null, queria senti-los mais perto. Sentia saudade.
- Então você está mesmo namorando, null? – perguntou a apresentadora, enchendo o ego e o sorriso de null.
- Sim. E extremamente apaixonado, eu diria. Sabe, vai ajudar... Eu já escrevi milhões de novas músicas pensando nela. – respondeu ele, tirando lágrimas da namorada, que assistia apertando mais forte a almofada contra o corpo.
- Isso é bom, esperamos conhecê-la logo! Mesmo que muitas de nós sintamos inveja. – a apresentadora riu com seu próprio comentário.
- Eu queria dizer mais uma coisa – disse null, sorrindo. – Eu prometi ligar para ela hoje, mas é impossível largar o palco, ele me domina. – ele riu, procurando pelas palavras certas. – E eu acabei sem tempo de ligar, espero que você esteja assistindo isso, null, me desculpa. – ele terminou, tirando assobios e gritinhos histéricos das fãs no local.
null finalmente se sentiu calma, completa. Respirou fundo por um momento e desligou a televisão, voltando a andar pela casa.
Passou pelo escritório do pai e sorriu de leve, sentindo ainda mais saudade. Entrou com cuidado, observando o lugar. Tinha um ar aconchegante, como se o pai nunca tivesse saído dali, como se ele fosse voltar um dia. Ela sabia que ele estava do lado dela. Onde quer que estivesse, torcia por ela, esperava que ela fosse feliz e fizesse a coisa certa. A menina sentou na poltrona antiga, olhando as fotos que sempre estiveram ali. E adormeceu, dessa vez, sem sonhos ou pesadelos.
null sentiu uma leve dor nas costas e ouviu seu nome. Ao abrir os olhos, viu sua mãe sorrindo fraco, lutando consigo mesma para tirar a filha dali.
- Vamos tomar café. – disse ela, ajudando a menina a se levantar.
Aquela poltrona nunca fora exatamente confortável e null sentia as costas doerem o dia inteiro sempre que dormia ali. Ela se levantou com calma, tentando não quebrar mais nenhum osso e abraçou a mãe pela cintura, seguindo com ela até a cozinha.
- O null ligou. Bem cedinho. Eu disse à ele que se esperasse uma namorada que acorda cedo, ele podia desistir. – a mãe dizia, enquanto colocava o café na mesa.
A garota ria, pensando no que null teria pensado depois de ouvir isso.
- Mas ele disse que liga mais tarde.
- Ah, mãe. Estou sentindo tanta falta deles.
- Eu sei, null. Eu também. Sinto muita falta deles, sabe. Podem ser bagunceiros e barulhentos, mas você sabe do enorme carinho que sinto por eles e por toda a família Jonas.
- Você não tem problemas? Digo, quanto ao nosso namoro?
- null, minha filha, tudo que eu quero de você é que se esforce para ser feliz. Se o Jonas te traz felicidade, então eu tenho tudo a favor desse namoro. – respondeu a mãe, abraçando a menina com carinho.
Elas comeram em silêncio, como sempre faziam, era uma hora abençoada. Depois disso, null pediu que a mãe fosse com ela ao shopping, precisavam mesmo de um momento mãe e filha.
Passaram a tarde fazendo compras, não saiam fazia muito tempo e se sentiam finalmente prontas para viver e apreciar. Enquanto null saboreava seu enorme sanduíche do Mcdonald’s, a mãe, que passara a comer apenas coisas saudáveis devido à saúde, decidiu perguntar a filha o que a vinha atormentando a algumas semanas.
- null, você não gostaria de fazer uma festa de aniversário, filha? Sabe, com todos os direitos, com toda a cerimônia, com o vestido, a valsa. Sabe, você se preparou tanto para desistir de uma coisa tão importante.
- Mãe... já não falamos sobre isso?
- Na verdade, não. E você não acha que seu pai estava certo? Sobre apreciar...
- Eu... não sei. – respondeu a menina, tentando parecer calma.
A idéia não era ruim, nem mesmo injusta. Era algo que ela realmente queria, mas temia que fosse novamente um desastre. Talvez o seu destino era não ter uma festa de aniversário...
- E se não for para ser, mãe? E se mais alguém se machucar? Eu acho que se nunca tivesse aceitado fazer essa festa, meu pai ainda estaria aqui conosco. Ele não teria morrido se eu não tivesse insistido tanto, se eu não tivesse concordado. Eu sei disso, eu sinto isso.
- Minha filha, a culpa não foi sua! O seu pai estava no lugar errado, só isso. Era pra acontecer. Não se culpe, não se martirize dessa maneira. Você merece uma festa, eu sei que ele iria querer isso.
- Eu só tenho medo, mãe. Muito medo. – disse ela, tentando não pensar em como seria.
A mãe decidiu não insistir mais, null precisava de tempo para pensar e ela tinha de sobra, até o próximo aniversário.
15 - Salto alto, vestido vermelho: tudo em você consegue tirar meu ar
Os ultimos dois meses de tortura foram como anos para todos aqueles que sentiam saudade. Parecia que a cidade inteira sentia falta dos Jonas. Nem todos os conheçiam, mas parecia que eles traziam mais brilho à região com todo seu talento e formosura.
Felizmente, o dia tão esperado chegara. Os irmãos chegariam no primeiro pouso do dia e todos foram ao aeroporto, escoltados por alguns seguranças, receber os meninos.
null parecia ser a mais nervosa, sentia como se fosse uma intrusa naquela família, mas null e null insistiram tanto para que ela também fosse que recusar pareceu impossível. E para sua própria saúde, ela precisava ver aqueles três garotos.
Quando o rosto sorridente de null surgiu no meio da multidão, com alguns seguranças em sua volta, Denise começou a chorar, agradecendo à Deus seus filhos estarem bem. Logo o rosto de null e null apareceram, com expressões cansadas, mas, ainda sim, com um enorme sorriso nos rostos. Eles correram até a família, juntando pai, mãe e filhos em um abraço só.
null sentiu o coração acelerar, null não tinha idéia do quanto tinha feito falta. O sorriso dele trouxe de volta a paz que a garota precisava a muito tempo. Ele se aproximou dela, tocando seu rosto delicadamente com a palma da mão e observando a menina corar por alguns segundos, até que suas bocas se encontraram em uma sede intensa de quatro meses.
O garoto reparou na roupa que a namorada usava. Um vestido justo vermelho e salto alto, parecia perfeita e ele de repente perdeu o ar e o equilíbrio sorrindo para a garota e sussurrando em seu ouvido o quanto ele a amava.
null e null rodopiavam no meio do aeroporto, sorrindo apaixonadamente como se não se vissem há anos. null abraçou null com força, sentindo o cheiro de seu perfume que tanto fez falta. É incrível como um homem apaixonado mudou tão de repente. Quando se conheceram, null vivia paquerando a menina, mas quando percebeu que a coisa era mesmo séria ele sentiu medo. Medo porque nunca tinha sentido aquilo antes e podia estar enganado ou acabaria se ferindo. Mas agora ele sabia bem o que queria e faria de tudo por isso.
Depois de todos os abraços e carícias, depois de tanto tempo, os irmãos voltaram para casa, pulando nas camas, sentindo o gosto da comida da mãe e aproveitando cada segundo com a família.
Almoçaram todos juntos na casa dos Jonas, onde uma enorme lasanha esperava, extremamente saborosa , já que não sobrou muito da massa. Então seguiram para o famoso vídeo game, onde ficaram a tarde inteira jogando.
- E o que vamos fazer à noite? – perguntou null, ajoelhando-se na frente do namorado, que pausou o jogo.
- Não sei... – respondeu ele, olhando para os irmãos, esperando alguma resposta.
- Podíamos ir à praia! – disse null abraçando a namorada que brincava com Frankie.
- Ganhei! – exclamou o pequeno, abraçando o irmão. – Só deixo vocês irem à praia se me levarem também! – terminou ele, fazendo bico.
- Oras, Frank! Não encha seus irmãos, já conversamos sobre isso, você ainda é muito jovem. – dizia Denise, enquanto arrumava os pratos do jantar com Sra. null.
- Não, Dê, não se preocupe, nós cuidamos dele, não é, null? – disse null se divertindo com a idéia de ir à praia. – Além do mais, ele não dá trabalho algum, a gente só se diverte, não é, Frank?
- Beleza! Eu vou levar a bola, null.
A menina sorriu e ajudou o garoto a levantar de seu colo. Ele correu disparado até o quarto e voltou pouco tempo depois, já arrumado.
Todos se arrumaram também, null verificou que o céu ainda estava claro e agradeceu pelo verão. Kevin pegou o carro e levou as garotas até a casa dos null pra se trocarem, depois seguiram até uma praia deserta da região, sempre com mais um carro de seguranças seguindo-os.
Ao chegarem à praia, perceberam uma pouca movimentação de crianças e idosos que aproveitavam os últimos raios de sol do dia. Frankie correu para a areia com null e null correndo logo atrás, os três pareciam se divertir jogando bola de uma maneira desastrada.
null se sentou na areia com a namorada entre suas pernas, eles observavam o sol se pôr no horizonte, um laranja invadir o céu, as ondas se quebrando na areia enquanto null e null as pulavam em uma tentativa de não se molharem muito.
- Senti tanto a sua falta, null - disse null segurando as mãos da garota.
- Você está diferente, null. Não sei explicar como, apenas, está diferente.
- Eu sei explicar. – ele começou, olhando para o chão, tornando-se incapaz de esconder por mais tempo o que sentia. – Vamos caminhar? – pediu ele, andando na beira do mar, segurando as mãos de null, que sorria tímida.
- Na verdade, não é ruim... Sabe, a mudança. Está mais bonito. – disse ela, corando ainda mais.
- É... foi uma mudança realmente boa. Eu... – respirou fundo, apertando mais as mãos da menina. – Estou apaixonado, null. Estou apaixonado por você. Como nunca imaginei estar por ninguém.
null olhou uma última vez o sol brilhante no céu, deixou que as ondas invadissem seus pés e enfim olhou para o garoto à sua frente. Nada ficaria mais perfeito do que aquele momento para ela.
Aproximou-se devagar do menino, procurando seus olhos. null envolveu a cintura da menina e permitiu que ela chegasse mais perto e, antes que suas bocas se encontrassem, null sussurrou:
- Eu te amo. – e o beijou.
null e null brincavam com Frankie na areia. As habilidades da menina com bola não eram muito boas e Frankie e null riam enquanto ela tentava desesperadamente correr atrás da bola jogada no mar.
- null, corre, ela tá indo mais fundo! – disse o pequeno observando a amiga.
- Eu vou te ajudar! – gritou null, correndo até o mar para alcançar a menina.
Frankie bufou. Provavelmente o irmão e a amiga demorariam a voltar. O pequeno seguiu pela areia até encontrar null e null, que estavam dispostos a brincar com ele.
null conseguiu pegar a bola pouco tempo antes de null chegar perto dela. A garota agarrou a esfera com força, impedindo que as ondas a levassem novamente. null chegou logo depois, abraçando a namorada e a derrubando na água.
- Achei que você já estava acostumada o bastante com a água fria.
- JONAS! Tá gelada! – reclamava ela, segurando o pescoço do menino e tentando se levantar.
- Ah, qual é, null, a gente pode aproveitar um pouco também, não é.
- Claro, claro, amor. Mas, não podia ser no seco? – pediu ela, rindo, abraçada ao namorado.
- Tudo bem. – ele respondeu, pegando null no colo e a levando até a areia.
Ela soltou a bola do lado e sentou na areia, ainda quente apesar do pôr do sol, e esperou que null chacoalhasse os cabelos e se sentasse ao seu lado, abraçando-a.
- Eu te amo. – disse ele, de repente, enquanto a garota se perdia em lembranças. – E eu senti tanta falta de você.
null sorriu e se virou para encarar o namorado, ela acariciava o rosto macio do menino, ele fechou os olhos devagar, sentindo o toque da garota. null aproximou seu rosto do dela, deixando que seus lábios se encontrassem e pudessem sentir a respiração um do outro, sem movimentos. null puxou o garoto pela nuca e o beijou intensamente enquanto ele acariciava as costas dela, quentes devido ao sol.
- Eu te amo, null Jonas! – disse ela, alguns minutos depois, quase sem fôlego.
null sorriu, levantando-se da areia e ajudando ela a se levantar em seguida. Seguiram de mãos dadas até onde null e null se encontravam fazendo castelos de areia com Frankie.
- Mas, olha só, voltaram à infância? – perguntou null, vendo o grande trabalho que já tinham feito na areia.
- Pois é, amiga, estamos nos divertindo. - null ria, jogando areia em null, que rebatia no irmão mais novo.
O casal se juntou à bagunça de criança, divertindo-se com os milhões de detalhes que null tentava realizar, sem sucesso.
- Ah, foi super divertido, Denise! – falava null, enquanto Denise tirava o bolo do forno.
- E você conversou com o null sobre o ano que vem?
- Ano que vem, mãe? – perguntou null, entrando na cozinha, com um pequeno pacote em mãos. Ele escondeu o embrulho rapidamente no bolso e abraçou a namorada.
- Na verdade, Dê, eu ainda não falei. – respondeu null, encabulada com a presença de null.
- Você pode me contar agora, amor. Qual o problema?
- Ah, null, é complicado. Sua mãe e a minha mãe. – ela fez uma careta. – Querem que eu faça aniversário de dezessete anos. Sabe, uma festa à fantasia, comes e bebes, meu príncipe – ela sorriu com a idéia – minha valsa com o Paul e... só.
- Só?! Poxa, null, isso é ótimo, amor! Íamos nos divertir! Além do mais, você merece. Seu pai ficaria orgulhoso. – dizia ele, acariciando os dedos da menina, que passou a encarar o chão.
- Eu não sei se quero, null. Tenho muito medo.
- null, você precisa ter fé! Precisa acreditar que tudo vai dar certo. – falou Denise sorrindo para a menina e entregando um pedaço de bolo.
- Eu sei, Dê. Mas preciso pensar, preciso pensar muito. – respondeu a garota colocando um pedaço de bolo na boca do namorado, que esperava de boa aberta.
Denise sorriu, imaginando por quanto tempo null teria que esperar.
- Eu vou deixá-los. – ela riu. – Os outros precisam de alimento também. Mas pensa direitinho, null e eu sei que null te ajudará a pensar nisso. – e então ela saiu, dançante como sempre.
- Quer dizer que a senhorita pretendia me contar isso quando? – perguntou null, segurando a namorada pela cintura.
Ela pôs o prato na mesa e virou-se para o menino, enlaçando os braços em sua nuca e fazendo bico.
- Pretendia não contar nunca porque isso ta fora de cogitação. De jeito nenhum, nunca pensaria em fazer isso! – respondeu ela.
- Você é uma boba, null. Mas a gente conversa sobre isso depois. Tenho outros planos para agora. – respondeu ele, beijando-a.
- Olha só, bolo da mamãe! Agora sim a noite fica perfeita! – exclamou null.
- Nem tanto, maninho. Antes de mais nada, eu preciso transformar essa noite aqui. – disse null aproximando-se de null. - null, chega de amassos, apareça aqui agora! – gritou ele, arrancando risadas da família.
null puxou a namorada pelas mãos e se sentou no sofá da sala, pronto para assistir à cena de camarote.
- Eu estou pronto para o que tenho que fazer. – começou null. – Esperei quatro meses e, enfim, ta na hora!
- Manda a ver, bebê! – exclamou null, sorrindo e encorajando o amigo.
null sorriu para a namorada e a abraçou, perdoando-a pelo apelido.
- Bem, eu quero pedir na frente da família inteira, porque eu sei que assim ela não vai recusar. – deu um sorriso maroto e bagunçou o cabelo, nervoso. - null, quer namorar comigo?
A sala explodiu em exclamações fofas e gritos animados de null, que agitava a família toda. null apertou null com mais força, tentando sugar todo amor que ela podia oferecer à ele, feliz por saber que null logo sentiria o que ele sente cada vez que vê a garota de seus sonhos.
- Oh, null - choramingou null com os olhos molhados e o sorriso mais sincero do mundo. – É claro que eu aceito, coisa fofa! Eu te amo! – terminou ela, beijando-o com carinho.
16 – Todos os altos e baixos acabarem...
- Você não acha que precisa pular logo esse obstáculo e seguir em frente, null? – perguntava null.
- Não é isso, null. Eu já passei da idade de ter festa assim, preciso pensar no meu futuro, deixar de gastar à toa. A mamãe não vai agüentar administrar sozinha aquele escritório muito tempo. Agora é minha obrigação estudar direito, me formar e ser uma profissional.
- Mas, você não quer ser advogada de verdade.
Estavam andando de bicicleta, lentamente, nas ruas calmas do bairro. O clima fresco e as árvores tornavam tudo confortável, de maneira que podiam conversar sem problemas de comunicação.
- Quem foi que te disse isso, Jonas? – perguntou null alarmada com a expressão do amigo.
- Ninguém precisa falar nada sobre você pra mim, bebê! É minha melhor amiga, te conheço.
- Meu deus! Acho que todos, menos eu, me conhecem!
- Não, null! Apenas eu e o null! – respondeu o garoto piscando para a amiga.
Ela sorriu, sabendo que o amigo estava certo e tudo que ela precisava era decidir o que fazer da vida. O modo mais fácil e honrado de seguir, para null, sempre fora a advocacia, já que o pai tinha um escritório pronto, os livros, as lições e ele sempre esperou isso dela. Mas, o caminho certo, ela sabia, não era esse.
- Sei que preciso escolher, null. Mas, está cada vez mais difícil...
- Ok, mas não esquece de passar a noite acordada pensando na festa. – brincou ele, recebendo uma careta em troca.
- Chegamos! – anunciou null entrando em casa ao lado de null.
- Parece que ainda não acordaram. – dizia null sentando-se no sofá.
- É, a noite ontem foi boa! – brincou null sentando-se ao lado da garota.
null riu lembrando do que tinham feito no sábado e constatando que realmente deviam estar todos cansados.
- Bom, null, então eu vou pra casa… Preciso fazer algumas coisas e ver se a preguiçosa da minha mãe já acordou.
- Ta chamando a sua mãe de preguiçosa? A minha família inteira ainda está dormindo! – o garoto riu, abraçando a amiga.
- É, e provavelmente sua futura esposa está fazendo o mesmo, ou seja: tu ta frito, camarada... – falava null, mas, antes que ela terminasse a frase, o celular de null tocou, chamando a atenção dos dois para a mesa de centro.
- Alô? – disse ele, atendendo o aparelho.
null esperou enquanto ele conversava com alguém que parecia ser bem especial ao telefone. Ela se perguntava quem poderia ser enquanto null dava um sorriso bobo, que ela nunca notara no rosto do melhor amigo.
- Era a null! – ele respondeu à expressão da amiga, que abriu um sorriso entendendo o porquê da conversa estranha. – Na verdade, ela ta na praça e quer muito que a gente vá até lá falar com ela. Parece ser algo importante.
Os dois pegaram de volta as bicicletas e se dirigiram para a praça com pressa. null estava sentada em um dos bancos verde-escuro, logo abaixo de uma árvore alta e florida. A menina sorria e tinha alguns papéis em mãos.
null e null deixaram as bicicletas encostadas na árvore e se sentaram ao lado da menina. null selou seus lábios com os da namorada por alguns instantes e a abraçou.
- Eu... Não... Consigo nem ao menos... Respirar! – null tentava falar, quase sem fôlego, com um sorriso enorme no rosto.
- O que aconteceu, null? – perguntava a amiga, desesperada.
- Amor, o que são esses papéis? – perguntava o namorado estranhando o sorriso no rosto da menina.
- Eu liguei pra minha mãe chorando, eu to quase desmaiando! – ela continuava sem fôlego, agora respirando rapidamente para conter o ar.
- Calma, null, respira, pensa e conta, o que houve? – pediu null gesticulando desesperadamente com as mãos.
- Ok. – a garota fez o que a amiga pedira e se pôs a falar. – Passou um cara na república hoje. Ele tinha milhões de panfletos nas mãos e um uniforme da Broadway. – o sorriso da menina aumentou ainda mais. – E ele disse que ouviu falar de uma garota que morava naquela república que procurava por uma vaga no teatro. Daí eu desci as escadas correndo, gritando que eu era essa garota e... Ele sentou e conversou comigo sobre algumas vagas que eles tinham. Ele disse que farão uma audição na sexta que vem! E eu estou tão empolgada! Eu vou participar! – ela gritou alto e pulou do banco, quase explodindo de felicidade.
null sorria, gritando com a amiga. null se levantou e abraçou a namorada com carinho, beijando o topo da cabeça da menina e murmurando: “você merece!” no ouvido da garota, que deixou que uma lágrima escapasse, tamanha era sua felicidade.
- Mas, null… - ela mordia o lábio inferior, pensando no que falar. – Eu sei que você tem dedo nisso tudo! Nunca um cara da Broadway vai bater à porta da minha casa e dizer: “- oi, quer ser atriz na Broadway?” de graça.
- Sim, null. Te ajudei. Mas, qual o problema? Vai realizar seu sonho! E além do mais, só dei um pequeno empurrãozinho, você tem que ir até lá e arrazar agora!
- É verdade, null, concordo com o null, mas concordo com você também, eu sei como é ter de tudo sem precisar se esforçar. Mas eu to orgulhosa de você, amiga, e tenho certeza que vai se sair muito bem! - null abraçou a amiga com carinho.
null abraçou as duas e gritou no meio da praça, curtindo com elas.
- Nossa, null! Você vai atuar na Broadway! Cara, tenho orgulho de você! – falava null apertando as bochechas da amiga.
- Minhas bochechas podem ficar, null!
Todos riam, enquanto null mostrava a língua para a amiga, que fazia corações no ar para ela.
A casa dos null estava lotada aquela tarde. Todos tinham, mais uma vez, almoçado juntos, e null implorava que todos orassem por ela na audição, precisaria ter muita coragem.
- Hey, null, por quê você não tenta? Sei que gosta das aulas de teatro, essa pode ser sua vocação! – dizia null enquanto ajudava null a tirar os pratos da mesa. A louça daquele dia ficara por conta do casal.
- Eu? – perguntou a garota, apontando para si mesma, enquanto sentia null encostar o queixo em seu ombro, abraçando-a por trás.
- É verdade, null! Você é uma ótima atriz! Não é pra menos que está fazendo Helena em Sonhos de uma Noite de Verão! É uma personagem incrível. – disse null mexendo nos cachos do namorado.
- Tenta, amor, não custa! - null agora beijava a bochecha da namorada enquanto pensava nela atuando. – Na verdade... Você precisa tentar, null, combina muito com você! – disse ele, surpreso.
- É. Talvez seja esse seu verdadeiro dom! – concluiu null colocando o último prato dentro da pia.
null se sentou na mesa, ao lado de null e do namorado, pensando em como seria fazer o teste, decidindo-se.
Não precisou de muito para que null se convencesse a fazer o teste, ela não perderia nada, certo?
Chegaram no teatro logo pela manhã, depois de uma semana agitada de aulas e ensaios que as meninas tiveram, sentiam-se preparadas para testar o talento, ou talvez a sorte... Mas encontraram um lugar totalmente lotado, o que não ajudou nem um pouco na preparação emocional das amigas. Mas null, null, null e null estavam com elas, e isso as deixava mais seguras.
Com seus dotes de ex-ator, null pediu que as meninas fossem as primeiras a fazer o teste, assim poderiam ir logo para casa. null e null ficaram nervosas. Queriam que isso fosse justo e ele não estava ajudando.
- Poxa, meninas, não podemos ficar aqui o dia todo, seremos massacrados! – respondeu ele tentando se livrar da bronca.
- Mas, poxa, null! - null tentava reclamar, sem sucesso.
Pouco tempo depois, um moço alto e com uma expressão animada as chamou para o teste. Não demorou muito, encenaram duas cenas da mesma história: Sonhos de uma Noite de Verão. Os meninos se enchiam de orgulho ao vê-las arrasando no palco, era como se não tivesse mais ninguém ali, se sentiam seguras e talentosas o bastante para estar ali.
- O resultado sai semana que vem, então, vocês já podem ir, caso sejam as escolhidas, telefonaremos e poderemos conversar melhor. – o mesmo homem divertido finalizou, deixando que as garotas se retirassem repletas de curiosidade e medo.
- Ai meu Deus, eu tava tão nervosa. – desabafou null já dentro da van dos Jonas, escondendo o rosto no peito do namorado.
- Ah, você estava perfeita, meu amor! – disse ele, beijando o topo da cabeça da menina.
- Não, null, na verdade, as duas estavam perfeitas! Foi maravilhoso, null! Você nasceu pra isso! – falou null piscando para a menina.
- Essa é minha garota! – comentou null beijando a menina com ternura.
- Só estou ansiosa pelo resultado! Acho que eu desmaiaria se soubesse que consegui! Quer dizer, espero isso desde que nasci, quando ouvia 'Memories' com três anos de idade, no Brasil, eu sabia que era isso que eu queria. - null ria, lembrando-se de seus sonhos, seu país e seus pais. Ela não conseguia esconder a falta que tudo aquilo fazia, deixando que as lágrimas invadissem seus olhos, sentindo que tudo pelo que ela lutara valeu à pena.
- Amor, não precisa chorar! Afinal, você conseguiu! São seus sonhos prestes a se realizar, precisa ficar feliz, ligar pros seus pais e comemorar! – falava null tentando acalmar a namorada.
- É verdade, null, controle-se, amiga! - null fazia cara feia, rindo da menina. – Oh, vem cá dar um abraço na sua nova melhor amiga, vem! – pedia ela, erguendo os braços para a outra.
null ria e null abria a boca, espantada.
- E eu, null? Você não me ama mais? – ela fazia bico e cara de choro.
- Vem cá, null, a gente te ama também! – disse null, abraçando também a amiga, formando um abraço grupal, onde até mesmo os meninos se uniram.
Mais uma semana havia se passado, quase um mês desde a volta dos meninos, e nenhuma notícia sobre a Broadway. null estava cada vez mais nervosa e amedrontada, não sabia o que diria à mãe se não conseguisse. Admitiria a derrota? Não era uma boa opção. null, por sua vez, se mantinha calma superficialmente, declarando que já sabia que essa não era a sua verdadeira vocação, mas, no fundo, a garota se sentia decepcionada: a idéia de entrar para o elenco da Broadway ficara clara em sua mente. Sua aula favorita sempre fora Teatro, e ela sempre gostou das artes, talvez fosse realmente aquele seu destino, mas a espera pela resposta dos testes acabava com suas expectativas.
Tinham acabado de voltar da escola, null e null se encontravam na casa de null, preparando um bolo, ou melhor, fazendo bagunça. Decidiram que não chamariam os meninos: precisavam de uma tarde de garotas, para fofocar, desabafar e fazer bagunça, o que não demorou muito. A cozinha estava pura farinha e null lotada de chocolate enquanto tentava fazer brigadeiro.
- Ah, cozinhar nunca foi minha especialidade mesmo! – reclamava ela, rindo de si mesma.
- É verdade, null, isso você não pode negar! – exclamou null, rindo ainda mais da amiga e recebendo uma casca de ovo na cabeça.
A menina deu um grito sufocado e em seguida começou a gargalhar, jogando-se no chão e se contorcendo de tanta risada. null ria também, tentando se controlar para não derrubar a fôrma com o bolo. Ela colocou o objeto no forno e aumentou a temperatura, marcando no cronometro exatamente quarenta minutos.
null e null se acalmaram, agora pondo-se a arrumar a cozinha, que mais parecia um chiqueiro.
- Nossa, eu nunca me diverti tanto desde... - null parou imediatamente de falar, tentando manter aqueles pensamentos longe.
- Não pode ter medo de dizer, null, enfrente seus problemas, amiga! – aconselhava null, pegando um dos brigadeiros de null.
- Hey! Cuidado com isso, null, engorda, minha cara! - null falava, ainda rindo.
- Meu Deus! Acho que os Jonas morreriam de fome se fossem nossos maridos! – disse null terminando de pôr as louças na pia.
- Ah, minha querida amiga, se eu fosse esposa de null Jonas, eu aprenderia a cozinhar pra ele rapidinho! – disse null, rindo ainda mais, agora de si mesma.
- Acalme-se, null, você está roxa, menina! - null continuava comendo brigadeiro. – Mas, para falar a verdade, eu também aprenderia loginho como cozinhar para o null. – ela gargalhava, pegando mais um brigadeiro. – Nossa, isso é bem gostoso, hein, null! Acho que o null sobreviveria!
- Me deixa experimentar. - null pegou um dos doces e chegou a lamber os dedos. – Com certeza eu sobreviveria com isso!
Elas riam enquanto atacavam juntas a bandeja de brigadeiro, declarando que null teria que fazer um pouco mais, e depois teria que fazer para os Jonas também.
- Na verdade, eu mataria a fome do null de outro jeito...
- null! – gritaram as duas amigas juntas.
- O que? – perguntou ela, fazendo-se de desentendida.
- Sua pervertida! - null gritava enquanto dava leves tapas no braço da amiga.
null respirou fundo, sentindo-se incrivelmente bem. Tinha as melhores e os melhores amigos do mundo, um namorado perfeito, duas famílias maravilhosas, e o que mais ela queria? Por que deveria reclamar? Podiam ter tirado dela algo muito valioso, mas ela não reclamaria porque deram em troca coisas que se tornavam mais valiosas a cada dia.
- Eu amo vocês, meninas! – ela dizia, quase chorando de emoção.
Sentiu as amigas a abraçando fortemente, exclamando que também a amavam e então se decidiu, não pararia sua vida! O pai não queria que ela fizesse isso, pelo contrário. Ela decidiu que iria aproveitar cada segundo que Deus a entregava, aproveitaria cada pedaço de sua vida e apreciaria aqueles que a amam.
- Sabe meninas, eu estive pensando...
- Ah, null, você pensa demais, menina, por isso esse cheiro de queimado! – falava null, voltando a ter uma crise de risos.
- Ah, sua lesada! - null mostrou a língua para a amiga. – Na verdade... Eu acho que vou fazer uma festa de dezessete anos! A gente precisa de uma festa!
As amigas ficaram estáticas por alguns segundos, mas logo depois começaram a gritar desesperadamente, abraçando null ainda mais e fazendo planos para que começassem a organizar tudo novamente. Novas aulas, novos vestidos, novas músicas, tudo novo! Menos o príncipe, é claro!
- Mas... Sabe, null, eu acho que esse cheiro de queimado não vinha dos meus pensamentos não... - null começou sentindo um cheiro estranho.
- O bolo! - null gritou, vendo uma fumaça preta sair do forno.
17 – Aqui vem o sol, o precioso e eterno sol!
- Meu Deus! Vocês botaram fogo na casa? – perguntou null logo que null abriu a porta.
- Oi pra você também, Jonas! – exclamou a menina dando um leve tapa no braço do garoto. – E o que os três estão fazendo aqui? Pensei que tínhamos dito que o dia seria nosso hoje!
- Nossa, amor, assim que você me recebe? - null fazia bico.
As outras duas voltavam da cozinha depois de ter desligado o forno e jogado o bolo fora, já que estava torrado.
- O que os senhores pensam que estão fazendo? – perguntou null chegando na sala e se deparando com os três irmãos, sorridentes.
- Sentimos saudade! – disse null abraçando a namorada.
- Pelo amor de Deus! Vocês queimaram o que aqui? – falava null abraçando null, que não conseguia parar de rir.
- Foi a null! – gritou null acusando a amiga.
null apenas ria de sua própria desgraça, abraçando ainda mais forte o namorado.
- Todo mundo se agarrando e você vai ficar só me olhando, null? – perguntou null ainda fazendo bico e se sentando impaciente no sofá.
- Eu já vou aí te encher de beijo, amor! – respondeu a garota mandando beijos no ar para o namorado, que sorriu. – Mas antes, eu tenho um comunicado a fazer!
Todos pararam para prestar atenção na menina, que sorria animadamente, mordendo o lábio inferior.
- Eu decidi fazer minha festa! Mas, agora de dezessete anos! – ela gritou vendo que todos os amigos corriam ao mesmo tempo para cima dela, rumo a um abraço grupal que durou minutos.
- Que lindo, amor! E eu ainda serei seu príncipe? – pedia null acariciando o rosto da namorada.
- Sempre será, meu Jonas! – ela o beijou.
- Então, está certo! Vamos ter um baile de debutante de dezessete anos! – gritou null fazendo deboche e mostrando a língua para a amiga.
- Mas, calm meu bebê! Não é só isso, não!
- Não? – perguntou null, estática, sem se conformar com o fato de não conhecer a notícia por inteiro. – Como assim, null null?
- Isso mesmo! – continuou a amiga, fazendo pose. – Vai ser uma festa... À fantasia! – gritou ela, ouvindo mais e mais gritos e exclamações de felicidades durante algum tempo poupado pela narradora.
- Cara, isso é demais! A gente precisa comemorar! – falava null animado.
- Boa, amor! E o que vamos fazer? – perguntava null.
- Casal animação, alô! Temos aula amanhã, e depois... Não sei se quero comemorar nada ainda. Precisamos mesmo é trabalhar! Tem tanta coisa pra organizar. – dizia null. Os olhos da garota brilhavam com a expectativa e os amigos faziam expressões de dúvida.
- Ok, quem é você e o que fez com a minha namorada? - null perguntava olhando feio para a garota.
- Na verdade, acho uma festa à fantasia bem legal! – respondeu ela, impressionando ainda mais os amigos.
- É desse jeito que eu amo você, sem medo de nada! – disse null abraçando a menina.
- Só porque eu queria passear... – reclamava null sentando-se no sofá e apoiando o rosto sobre as mãos, emburrada.
Os amigos riam, procurando sentar e assistir filme, sem ter outra opção, já que no dia seguinte, a maioria teria de ir para a escola.
- Estou com medo... – dizia null à null enquanto seguiam juntas para a aula de teatro.
- Medo? Do que, null?
- O resultado da Broadway... Não chegou ainda!
- Mas, poxa... Essas coisas demoram! – a amiga tentava consolar, sentindo no fundo a mesma preocupação.
Entraram na aula sem mais nenhuma palavra, as duas, no fundo, sentiam medo pelo teste, mas não poderiam descartar a opção dos resultados ainda não terem sido apurados, portanto, não tinham nada a fazer além de esperar. No fim do período, lá estava null, esperando por elas para que fossem para casa.
null pediu à Charlie, o motorista, que a deixasse em casa, ela tinha milhões de tarefas a fazer e prometeu à null e null que os veria mais tarde, ou telefonaria.
Os dois seguiram para casa calados. null ainda se sentia aflita e nem ao menos sabia o porquê. Talvez ela quisesse mesmo entrar na Broadway. null percebeu a preocupação da menina, então resolveu continuar calado.
Frio demais para piscina, porém, lindo demais para continuar em casa estava aquele dia. Os irmãos tinham ido trabalhar e null não fazia idéia de quando voltariam, então resolveu voltar para casa. Ela contava os segundos nos dedos enquanto esperava a hora passar para simplesmente dormir e esperar o dia seguinte, mas parecia que quanto mais ela contava, mais demoradamente a hora passava.
Por um momento, ela sentiu um arrepio lhe percorrer a espinha quando um barulho estranho invadia a entrada da casa, mas ela pôde notar, quando um dos cachorros da rua começou a latir, que era apenas o carteiro. Seu coração disparou em seguida. O resultado da Broadway poderia ter chegado. Ou talvez não. Mas ela não ficaria em casa com sua curiosidade, apenas esperando.
Puxou com cuidado as cartas do correio, tentando não tremer quando viu o enorme símbolo do teatro estampado em uma das cartas; correu para dentro de casa com presa, jogando as outras em cima da mesa e pegando somente uma carta. A carta. Que ela esperou por semanas, angustiada.
Enquanto null lia a correspondência, ia direto para o telefone, pensando mentalmente no que diria à amiga quando ela atendesse. Sentiu medo de terem sido resultados diferentes, mas mesmo assim não se conteve. Discou com cuidado o numero de null, chamando por ela quando a mãe da menina atendeu.
- Sua carta chegou? – perguntou ela ao ouvir a voz da menina do outro lado.
- Sim! – disse ela parecendo animada.
- A minha também. – falou null procurando as palavras certas.
Mas amigas são amigas, e antes de mais nada, lá estavam as duas gritando juntas no telefone. null dava pulinhos de um lado da linha enquanto null quase arrancava os cabelos do outro lado.
- CONSEGUIMOS! – gritaram as duas ao mesmo tempo.
null notou naquele momento que tudo que ela mais queria era vencer aquele concurso, era ser atriz! E seria isso que ela faria, ao lado de uma verdadeira amiga.
- Nossa, eu to muito feliz, null. – dizia a menina, emocionada, enquanto a amiga ainda dava pulinhos e gritava do outro lado da linha.
Passaram mais algum tempo conversando então desligaram, alegando que tinham que contar a novidade para o mundo. null saiu correndo e gritando pela vizinhança inteira que a partir daquele dia era uma atriz da Broadway.
null teve uma outra idéia. Ligou imediatamente para a mãe, depois para null, que vibraram igualmente emocionadas pela garota. Ela encarou o telefone por algum tempo, pensando em como contaria aquilo para ele.
O namorado que sempre esteve ao seu lado, apoiando e ajudando para que ela se fortalecesse. Sabia que se continuava ali, era por ele e por seus amigos, que foram os melhores do mundo naqueles últimos meses.
Discou o numero do celular do garoto, torcendo para que ele não estivesse muito ocupado. O garoto atendeu pouco tempo depois, exclamando que estava com saudades. null sorriu inconscientemente, como sempre fazia quando ouvia aquela voz.
- null, você esta muito ocupado?
- Não, amor... Por quê?
- Bom... Tenho algo pra te contar. – a menina respirou fundo, preparando-se para a notícia. Não imaginava como ele reagiria. – Eu e a null passamos no teste para a Broadway! – falou ela, com calma, tentando ao máximo se controlar.
- Não acredito! – ele disse abrindo um sorriso enorme no rosto enquanto os irmãos e produtores se perguntavam o que acontecia. – Cara, isso é demais! Parabéns, amor! Nossa, eu to tão feliz por vocês! Serão as melhores atrizes do mundo! Parabéns, amor! – ele não sabia o que dizer, queria poder abraçá-la naquele momento. – Espera, eu to indo pra sua casa! – e desligou o telefone sem nem ao menos esperar por nada além da risada da namorada.
- Elas conseguiram! – disse ele animado.
null sentiu o celular tocando em seu bolso no mesmo instante que o irmão informara sobre o acontecido. null gritava escandalosamente do outro lado, contando com detalhes sua história para o namorado.
null sorria vendo null se preparar para ir embora da gravadora. Precisava vê-la!
A campainha não parava de tocar e null corria de um lado para o outro, tentando pôr cada fio de seu cabelo no lugar. Tentou se lembrar do quanto null já a vira em situações desastrosas, mas não conseguia descartar a idéia de que ele poderia não gostar de vê-la daquela maneira mais. Depois de tudo arrumado, ela atendeu a porta sorrindo abertamente.
O namorado a abraçou com força, rodopiando pela sala da casa, selando seus lábios com os da namorada em seguida.
null sempre se sentia bem perto daquele garoto. Poderia estar totalmente eufórica pelo resultado, mas ele a acalmava e ao mesmo tempo a ansiava, parecendo envolvê-la com todas as boas sensações do mundo.
Enquanto a língua do garoto passeava por seus lábios, ela notava o quanto ele parecia grande perto dela, o quanto ela parecia indefesa e quebrável perto dele. Mas isso não parecia incomodá-lo. O fato de ser bonito, inteligente, talentoso e cheio de meninas aos seus pés não o tornava arrogante e egocêntrico. Talvez aquela fosse a qualidade que null mais gostava em null.
Pausaram, apenas pausaram o beijo com um selinho. Ele esperou que ela fechasse a porta e então repetiu milhares de vezes seus parabéns e o quanto ele tinha orgulho dela.
- Ah, amor... Chega! Você parece meu pai quando falava essas coisas... Sabe... “Essa é a minha garota!” – ela brincou, tentando manter-se firme ao lembrar-se do pai.
- Mas eu estou orgulhoso de você, minha princesa! – disse ele puxando a menina pelas mãos e se sentando no sofá com a garota em seu colo. Ela encostou a cabeça lentamente no peito do namorado enquanto ele acariciava seus cabelos.
- Te tirei do trabalho. Devem estar me xingando na gravadora!
- Ah, que isso, amor! Eles nem vão sentir minha falta! – eles riam.
Voltaram a se beijar, agora mais calma e apaixonadamente. Enquanto null entrelaçava seus dedos nos do menino, ele dava leves mordidas no lábio da garota, que sorria sem poder se controlar.
Se olharam por minutos, sorrindo. Parecia que nada poderia abalá-los. Mais nada abalaria. Estavam prontos para qualquer que fosse a derrota ou a vitória que viesse a seguir. Sabiam que juntos, todos juntos, poderiam agüentar firme.
- No que está pensando? – ele perguntou quando sentiu o olhar distante da namorada.
- O que acha que ele pensaria agora? Se estivesse aqui... – perguntou ela sentindo os dedos de null percorrerem seu rosto.
- Diria... “Essa é a minha garota!” – riram. null sabia como imitar Sr. null! – E faria uma daquelas piadas, sabe? Ele era bom nisso! Acho que agora sei com quem aprendi... – gabava-se mexendo no cabelo. – Princesa... Ele diria o quanto você é linda e o quanto ele está orgulhoso. Pedira que você trabalhasse duro e perguntaria se é esse mesmo seu sonho!
Ela sorriu. Sabia que onde quer que o pai estivesse, ele já sabia a resposta para aquelas perguntas e provavelmente estaria orgulhoso. Ela beijou a mão do namorado, sentindo o gelo da prata de seu anel.
- Obrigada, meu príncipe! Você é o melhor namorado do mundo! – ela fazia caretas beijando todo o rosto do garoto, que ficava cada vez mais vermelho de vergonha.
- E agora? Que tal um filme?
- Boa! – respondeu ela levantando-se para escolher algum de sua coleção.
18 – Querido Dezesseis!
Os poucos meses que ainda faltavam para que o ano acabasse estavam se passando. Os ensaios e encontros na Broadway aumentavam cada vez mais e as meninas se sentiam totalmente dispostas para a peça do Natal. Os Jonas estavam sempre trabalhando, com o novo álbum os meninos não tinham muito tempo, mas sempre davam um jeito de sair com as namoradas sem muita imprensa no meio. Os romances dos dois novos casais já estavam bastante invadidos.
null agora sofria com um novo problema na escola: além dos Jonas, ela também parecia ser assediada. Mas, no fundo, ela percebeu que gostava daquilo. Sentia-se superior e sabia em quem podia ou não confiar. Ela tinha uma tática infalível para isso...
Quando o Natal chegou, a família de null, que fora visitá-la nas férias, se juntou aos Jonas e aos null, o que acabou gerando uma grande festa na enorme casa dos irmãos. null sentia-se cada vez mais envergonhado com os elogios da mãe da namorada. E null o mesmo quanto aos elogios de Denise.
O primeiro natal sem um dos membros da grande família. Fizeram uma oração especial aquela noite. null e a mãe não conseguiram não chorar, mesmo que por poucos minutos.
Passou-se o Natal e no ano novo a festa foi geral. Os irmãos fizeram um show beneficente e toda a família fora prestigiá-los. null então fez a coisa mais linda que null já recebera na vida. Ela não conseguiu acreditar quando ouviu a voz do garoto a chamando no palco. Ele a entregou a aliança mais linda que ela já vira e cantou uma musica nova... Que ele julgou ter sido escrita para ela!
- Eu te amo, null null, e eu estou queimando com você, baby! – ele piscou, cantarolando Burnin’ Up em seguida.
Ela se sentiu completa aquela noite, dormiu tranqüila... Sem sonhos ou pesadelos... Apenas dormiu, sabendo que um novo ano estava chegando e sua vida mudaria. Sabendo que ela poderia seguir em frente.
O ultimo ano do colégio parecia o mais difícil e agitado. null já não estudava com as meninas, devido à fama e a quantidade de turnês ele precisou ter aulas particulares. Tudo parecia mais complicado e a responsabilidade tinha que ser dobrada. Antes das férias de verão a garota começou os preparativos de sua festa à fantasia. Novamente aulas de valsa, tecidos, cores e temas... Ela mudara tudo! Tinha em mente algo totalmente diferente agora...
Os preparativos não estavam nem perto de acabar e nem null, nem null sabiam o que usariam na festa.
- Tem que ser um casal da história, cara! Vocês podiam ser medievais! - null opinava enquanto percorria a loja de fantasias em busca da sua de sininho.
- Meu Peter Pan, você acha que eu vou ficar linda assim? – chamou ela, pegando uma das roupas e colocando sobre o corpo.
- Ficaria linda de qualquer modo... Mas assim você vai ficar maravilhosa, minha fada! – respondeu o garoto, beijando a bochecha da namorada.
- Eu também ainda não sei o que usar! – reclamava null, fazendo bicos e caretas.
- Amor, você podia ir de Lua! E eu vou de Sol! – falava null, recendo uma careta de reprovação de todos os amigos.
- Péssima idéia, bebê! – dizia null, ainda olhando o catálogo de fantasias.
- Ok, calei agora! – ele fez bico.
- Ahh, olha só! Vocês estão magoando o meu amor, dá licença?! – a namorada o beijou, reclamando dos amigos.
- Já escolhemos as nossas, sugiro que se apressem... – falava null para o casal que ainda se beijava.
Enquanto os dois casais discutiam sobre a fantasia de null e null, null sussurrava algo no ouvido da namorada.
A menina fingiu descaradamente um tossido e em seguida exclamou que ela e null já tinham escolhido a sua fantasia.
- Já? Mas então... Qual é, null? – perguntou null, curiosa.
- Segredo. – respondeu ela, toda cheia de si.
- Aniversariantes... – reclamava null em voz baixa.
- Gira, ultimo passo para trás e... Fim! – null sorriu vendo o ótimo trabalho que fazia com aquele casal. – Você será definitivamente a diva da festa, amiga!
- Brigada, null - null sorria.
Os dias pareceram correr desde o começo daquele ano… Tudo passara tão rápido e estava sendo tudo tão inesquecível que todos pareciam não notar que o tempo passava.
- É isso... Amanhã é o seu dia, minha pequena! – dizia null abraçando a amiga.
- Você esta bem, null? Digo... Hoje faz um ano... - null segurava as mãos da amiga, temendo que ela pudesse ter dito besteira.
- To bem, null… - falava a garota, sentindo os olhos encharcando. – Eu acho que não estou sozinha agora... Na verdade, eu nunca estive sozinha... – a menina se aproximou dos amigos, gerando um abraço em grupo.
Os seis ainda estavam abraçados quando Denise e Sra. null entraram na casa.
- Nossa, parece que temos uma comemoração aqui? – perguntou Denise, aproximando-se dos outros.
- Olha só que Dejà Vu, mãe! – ria null, lembrando-se das muitas vezes que a mãe e a sogra chegavam cheias de sacolas, empolgadas com o aniversário de null.
- Sim, Jonas! E olhem só... Trouxemos tecidos de mesa... Combinam com as fantasias que os dois escolheram... Então, os outros podem ir pra piscina! – falava Sra. null entregando as sacolas para a filha.
- E preparem sanduíches, meninos, estamos com fome! – pedia Denise, tendo caretas dos outros dois filhos como resposta.
Mas, mesmo contrariados, eles seguiram, deixando que o casal escolhesse as cores e tecidos para as fantasias.
- Ah, null… Você cresceu tanto, amadureceu, aprendeu a lidar com a vida! Seu pai estaria tão orgulhoso de você. – falava Denise enquanto a menina observava as sacolas.
- Obrigada, Dê! – ela sorriu vendo a mãe brilhar de entusiasmo.
null observava o namorado se encher de tecidos e plumas, dançando no meio da sala. As mais velhas riam, questionando o que null estava fazendo.
O menino pegou um óculos estilo anos sessenta em uma das sacolas e colocou sobre os olhos, cantando algo inicialmente irreconhecível...
- C’mon baby... – ele movia as plumas, girando e girando. Segurou a mão da namorada e a puxou com delicadeza para si. – “Now I’m speechless, over the edge, i'm just breathless… I never thought that i'd catch this Lovebug again…”
Eles dançavam juntos ao redor da mesa de centro. null continuava cantando, enquanto null reconhecia Love Bug do novo CD dos irmãos. Ele a girou com delicadeza e selou seus lábios com carinho.
As mães aplaudiam enquanto pensavam em como aquele sábado seria especial para todos.
- Senhor null - começava null, olhando para o céu, ainda segurando as mãos da namorada. – Você não está mais aqui já faz um ano, mas não tem problema... Porque eu sei que tudo que você queria era ver sua menina feliz... Então eu vou prometer que vou fazê-la feliz e vou pedir pra Senhora null ficar de olho em mim por você. – ele piscou para o céu e depois piscou para a mãe de null, que ria, piscando de volta para o garoto.
- Agora vamos, Senhorita aniversariante, você precisa escolher as toalhas.
Ela se sentia gelada e ao mesmo tempo queimando de ansiedade. Sorria para cada fotografia, cada convidado e cada palavra sincera. Ela se sentia imensamente feliz. Corria de um lado ao outro do salão com suas vestes de Bela do campo. Era um vestido branco simples, com um avental azul charmoso por cima, seus cabelos prendidos em um laço azul e a sapatilha preta que a acompanharia até o fim da festa. Ela viu null e null vestidos de Peter Pan e Sininho. Pareciam tão felizes e sorridentes. null imediatamente sentiu-se corar e os olho lacrimejaram. Sua mãe, vestida de policial, a acolhia ao seu lado, segurando firme em sua mão. Enquanto Denise, vestida de anjo, e Paul, o zorro, vinham logo atrás. null e null, impressionantemente vestidos de Mickey e Minnie, seguravam as mãos de Frank, o Homem-Aranha.
null se sentiu abraçada por todos, ouvindo palavras de consolo e admiração que ela sabia que não esqueceria nunca. Era a sua família. Sua verdadeira família ao seu lado.
Ela procurou por null, mas notou que o garoto não tinha chego junto com a família. Obrigou si mesma a se acalmar, mas sabia que era impossível se acalmar enquanto convidado por convidado, o Buffet começara a encher.
- Você está tão linda, null! To morrendo de orgulho. - null apertava as bochechas da amiga.
- Brigada, null. Eu amo muito vocês, meninas! – ela abraçou as amigas, sentindo o flash da máquina profissional de Craig, o fotógrafo, sobre seu vestido.
Cada passo, cada gesto, era motivo para foto. Craig não deixou que null respirasse nem um minuto, mas, para ela, aquilo parecia bom. Estava começando a ficar tarde e null ainda não tinha chegado.
- null! – a menina chamava em uma das folgas que Craig lhe dava.
- null! Alguém já disse que você está linda? – ele ria, notando o cansaço da amiga de tanto ouvir aquilo.
- Obrigada, eu sempre sou linda, mas, agora é sério! Onde está seu irmão?
- Quem? null?
- null! – ela repreendeu, notando a despreocupação do amigo. - null! Onde está null?
- Eu não sei, null. – ele suspirou. – Ele disse que chegaria logo e que viria sozinho.
- Ótimo. – ela suspirou, aflita.
- null, querida! – chamou Denise, puxando a menina pelas mãos. – Você precisa comer algo, não comeu nada.
- Não tenho fome, Dê. Onde está null? – null sentia os olhos cada vez mais molhados e parecia que não agüentaria muito tempo. Tinha vontade de chorar.
Denise abraçou a garota com força, entregou um salgado em suas mãos e disse apenas:
- Não se preocupe.
null ficou apenas observando enquanto a mulher se distanciava, olhando da escadaria coberta por um pano vermelho para o bolinho em suas mãos. Comeu o salgado com pressa, rezando mentalmente. Orando com todas as suas forças para que aquilo não acontecesse de novo. Orando para que null não a deixasse. Para que tudo desse certo, para que seu sonho não virasse mais um pesadelo. Ela sentia suas pernas tremerem e todo seu corpo gritar por uma cadeira, ou qualquer coisa onde pudesse descansar. Ela sentiu as lágrimas antes formadas em seus olhos, escorrerem por seu rosto até que ela pudesse sentir de novo o gosto amargo do choro.
Mas Craig e Joanna logo estavam lá para fazê-la sorrir um pouco mais.
- Me deixa retocar esse batom, null, você precisa estar fabulosa. Craig, tire fotos na escadaria, antes que ela troque de vestido, está quase na hora.
Está quase na hora. Ela pensou nisso por alguns instantes. E onde estava afinal seu príncipe?
“There's always that one person that will always have your heart
You never see it coming cause you're blinded from the start
Know that you're that one for me it's clear for everyone to see
Oh baby… You will always be my boo
Ela reconheceu a voz imediatamente. null se virou rapidamente, observando todas as pessoas à sua volta olharem para o mesmo lugar: a escadaria ao fundo do Buffet com um tapete vermelho, repleta de flores nos corrimões. A decoração que ela mesma programara agora enfeitava null. O menino segurava um buquê de rosas vermelhas. Um enorme buquê. Ele estava vestido de Fera, como tinham combinado. Mas sem a máscara.
Ele sorriu quando seus olhares se encontraram. Continuou cantando, agora descendo degrau por degrau.
I don't know about y'all but I know about us and uh
It's the only way we know how to rock
I don't know about y'all but I know about us and uh
It's the only way we know how to rock”
~ Flashback ~ - Você também esconde alguma coisa, pop star. – estava ficando cada vez mais fácil, o sorriso de null aumentara e null esquecia de como parar de sorrir.
- Muitas... – respondeu ele, piscando para null.
Ela riu escandalosamente e se concentrou na música que a rádio tocava, ela parecia conhecer aquela letra de algum lugar: My boo.
Usher feat Alycia Keys
“Do you remember girl,
I was the one who gave your first kiss,
Cause I remember girl,
I was the one who said put your lips like this…
Even before all the fame and people screaming your name,
Girl I was there, and you were my baby…”
Eles cantavam junto, null aumentara a música e cantava escandalosamente, mostrando seus talentos com a “Black music”, enquanto null ria e fazia caretas, dublando Alycia.
- Is oright girl, It’s okay… - ele cantava, com uma expressão “sexy”.
- My boo… - ela cantava, quase gritando, com as mãos sobre a boca, dramatizando um microfone. ~ End Flashback ~
null se lembrava de cada detalhe. Sem nem ao menos notar, seus sentidos a levaram a andar. Ela andou até a ponta da escada, sem conseguir tirar os olhos de null, que estava completamente perfeito aquela noite. Ela passara horas no salão para tentar ficar um pouco melhor... Ele não precisava disso.
“Do you remember girl I was the one that gave you your first kiss
Cause I remember girl I was the one who said put your lips like this
Even before all the fame and people screamin your name
Girl I was there and you were my baby”
Ele continuava cantando. Ela estava cada vez mais perto e obrigava a si mesma a não andar rápido, apesar de sentir vontade de correr.
null alcançou as mãos da garota e as beijou com delicadeza. Entregou-lhe o buquê, descendo o ultimo degrau.
- Você está maravilhosa. – ele disse, no microfone. null corou dos pés à cabeça, perguntando-se se era mesmo possível alguém fazê-la reagir daquele modo. – E eu quero agradecer por ser minha namorada. – todos riam, enquanto null segurava as mãos dela com firmeza. - null, parabéns. Você merece tudo isso! Todos os seus amigos, familiares e até mesmo fãs! – ele piscou. – Estão todos aqui pra ver sua nova estréia. E eu quero participar dessa peça. Todos nós queremos. E estamos aqui pra te ver arrazar de novo. Pra ver quão maravilhosa você é e o quanto valeram a pena seus esforços. Você provou a todos que é preciso ter fé. E nós todos te amamos muito, princesa.
O silêncio do salão incomodava, parecia que todos a estavam olhando, exatamente como em uma de suas peças. Mas ela não se importava. Sabia que todos ali a amavam e queriam realmente seu bem. E tudo que ela precisava era confiar e ter fé. Porque sua vida mudara nos últimos anos e mudaria muito mais dali pra frente. Mas ela ainda tinha seus amigos. E sabia que eles estariam com ela para sempre. Ela tinha sua mãe. E tinha também seu pai, que sussurrava em seu ouvido sempre que ela precisava de ajuda.
- Então nós vamos mostrar uma coisa pra você! – disse null apontando para o telão ao lado da escadaria.
null permaneceu calada até o momento que o video começou, então ela se pôs a chorar...
[Nota da Autora: Fizeram um vídeo assim pra mim no meu niver *-*-* ASUHASHUAS enfim, eu preciso colocar créditos gente: Obrigada à Carla, Letícia, Gabriela e Gabriela Oo por me deixarem usar sua idéia são as melhores amigas do mundo. Pronto falei, continuem lendo :D]
- Como liga essa merda? – perguntava null, mexendo na câmera.
- Ta ligada, sua anta! – reclamava null, rindo e dando um leve tapa na cabeça da amiga.
- Ok, sem brigas, meninas, vamo fala logo! – dizia null.
Estavam todos sentados em bancos ao lado da piscina na casa dos Jonas. Com exeção de null e null, que ajustavam a posição da câmera. Mas, logo que null pediu, as duas foram sentar no colo dos namorados.
- Bom, eu posso começar? – perguntou null, olhando para null.
- Eu já disse que quero ser o último! – o outro respondeu.
- Ta bem. – então ele se arrumou em seu banquinho, esfregou as mãos, bagunçou o cabelo e começou - null, você é o meu bebê lindo, minha melhor amiga, meu porto seguro e bla bla. Eu nem sei mais o que falar sobre você porque, na verdade, eu digo todos os dias que te amo... Então... Você sabe que pode contar comigo pra sempre. Sabe que eu vou ser o padrinho-tio dos seus filhos... E, bom, se você quiser, eu deixo você ser madrinha dos nossos filhos também, não é, null? – perguntou ele à namorada, que acenou um sim com a cabeça.
- E, pra comemorar esse dia lindo que é o seu aniversário, a gente vai fazer um bolo! – ela disse toda empolgada.
A cena mudou para a cozinha dos Jonas, onde os cinco faziam uma tremenda bagunça enquanto cozinhavam um bolo.
null e null jogavam farinha uma na outra, enquanto null procurava fazer tudo corretamente e brigava com as duas cada vez que um ovo acertava sua cabeça. null e null discutiam sobre a cobertura ser de côco ou chocolate até que null gritasse que null preferia chocolate, então os outros irmãos procuravam outro motivo para discutir.
Depois de muita bagunça, caras sujas e um bolo bem feito no forno, eles voltaram à piscina, colocando-se cada um em seu lugar.
- Voltando à nossa descrisão do nosso amor por você... – dizia null. - null, você mudou muito minha vida! Eu estava em um novo país, nova escola, com outras pessoas, totalmente deslocada e você foi a única que foi realmente legal comigo... Brigada, eu realmente te amo muito e a gente vai ter muita aventura pela frente!
- Minha vez, calem essas bocas feias. – gritou null correndo e sentando na frente da câmera.
- Você é linda. Gostosa. Deve estar um xuxu ai na sua festa. E eu devo estar babando muito amiga. – ela riu. – Falando sério agora... Você é minha melhor amiga desde sempre, né, null? E você é a única que sempre entende o que eu digo. A única que sabe como me ajudar e está disposta a isso o tempo todo. E a primeira coisa que eu faço quando eu chego em casa, você sabe, é ligar pra você. Porque eu não me sinto bem enquanto não falo contigo. Te amo muito, melhor amiga. – ela sorriu, mandando beijo para a câmera.
- null, você é a minha luz, irmã mais nova! E eu quero poder estar sempre contigo, pra te ajudar sempre. Porque você sempre demonstra ser forte e despreocupada, mas nós, seus verdadeiros amigos, sabemos qual é a realidade e a gente esta sempre aqui, viu? Te amo muito, pequena! – falou null, piscando pra câmera.
null respirou fundo e pensou por um momento...
- Nossa, que cheiro é esse? – ele perguntou, fazendo o Buffet explodir em risadas.
- O bolo! – gritaram todos os outros, com exeção de null, correndo para a cozinha.
null continuava ali, olhando pro céu, até que recebeu um cutucão de null, que também continuava ali.
- Ah, sim! Nossa o bolo! – ela levou as mãos à cabeça, correndo para a cozinha também.
null ria. Ele parou por um instante, mordeu o lábio inferior e disse, por fim:
- Você foi a melhor coisa que já me aconteceu. Eu te amo imensa e eternamente. E eu sei que é você o amor da minha vida, null!
Ele se levantou e seguiu os amigos.
Novamente a cena na cozinha. Os garotos teminavam de por a cobertura no bolo e escreviam "null" usando chantilly. Tinha ficado realmente lindo.
null sentia as lágrimas caírem sem controle. Ela abraçou forte o namorado e sentiu que null, null, null e null se juntando ao abraço. Ficaram abraçados como um só ser por algum tempo, até que null sentiu alguém lhe cutucando.
- null, eu também quero um abraço! – pedia Frankie, fazendo bico.
A menina o pegou no colo, abraçando-o. Beijou estaladamente a bochecha do menino e pôs no chão de novo.
- A mamãe disse que você precisa se trocar. – ele disse, puxando a menina pela mão.
- Eu já volto. E, null, coloca a máscara.
- Ta bem, amor. – ele respondeu, vendo-a subir os degraus com cuidado.
Os flashes vinham de todos os lugares possíveis. Suas mãos soavam e as pernas bambas de tremor insistiam em não querer andar. Ela buscou rostos pelo salão, encontrando-os sorrindo para ela. Respirou fundo e obrigou a si mesma a ter coragem. Descia degrau por degrau. Os gritos e flashes eram cada vez mais altos e perto. Ela sorriu, finalmente, não contendo sua alegria. Ela ria envergonhada enquanto todos gritavam seu nome. Ouvia assobios, elogios altos, gritos e mais. Ela se sentia a estrela pela primeira vez na vida. Não era como nas peças, quando a estrela era apenas sua personagem ou às vezes nem isso. Ela sentia agora que null null era a estrela. E ela estava muito feliz com aquilo. Ela ouviu A Bela e a Fera tocando cada vez mais alto, e sentiu que desmaiaria se não se concentrasse. Pensou em null e em como ele estava lindo, mesmo com aquela máscara horrenda de Fera. Ele era lindo.
E foi quando ela chegou, finalmente, no ultimo degrau. Respirou fundo e aceitou as mãos do namorado, que começou a guiá-la até o centro da pista de dança. Todos estavam em pé, aplaudindo enquanto os dois davam pequenos passos, conforme a musica.
null sentiu seus pés pedindo movimentação e quando o tom musical aumentou, ela passou a rodopiar pelo salão cada vez mais rápido.
null a olhou nos olhos por baixo da enorme máscara e acenou com a cabeça, girando a garota em volta de si. Mais gritos. Desta vez null era a gritava mais alto, contemplando seu poder de ensino.
- Mais uma vez! – ela gritava.
null educadamente obedecia, girando e girando null por todo o salão.
O mestre de cerimônia anunciou que todos estavam convidados a dançar também. null viu Mickey, Minnie, Peter Pan, Sininho, Zorro, um Anjo, todos indo para a pista de dança.
Viu uma cena que parecia engraçada. Frankie, o homem-aranha, chamava sua mãe, a policial, para dançar. Sra. null aceitava, contente.
Quando a musica acabou o mestre anunciou novamente.
- Sr. Jonas, essa é a sua vez.
null sorriu, vendo o sogro segurar sua mão e dançar calmamente ao som de uma nova valsa.
Permaneceram calmos até que a valsa terminasse, Paul sorria paternalmente para a menina, que sentiasse extremamente feliz.
- Estive esperando por esse dia há meses... E eu vou tentar mostrar pra vocês agora um pouco da minha emoção... - null começou seu dircurso. Demorou um pouco para que todos ficassem quietos. [Nota da Autora: Bom, agora eu vou dar créditos à mim mesma, porque isso é uma pequena adaptação do MEU discurso de 16 anos. UHSAUHSAHU Brigada pela atenção ;D] - Essa decoração é linda... Todos vocês estão maravilhosos, unidos e compartilhando isso comigo. O mais importante: todos estão aqui. E é quando eu percebo quão boa é a minha vida... Quão incrível é a minha família e quão fiéis são meus amigos. Me pediram para fazer agradecimentos... E então eu pensei: agradecer pelo quê? Pela festa maravilhosa, pelas viagens diferentes, pelos encontros ocasionais, pelos banhos de chuva, pelos abraços, pelos conselhos, pelos carinhos, broncas, ou simplesmente pela sua companhia? Eu decidi pelo que vou agradecer... Vou agradecer por tudo. Porque eu sei que sem vocês eu não seria absolutamente ninguém. Eu sei que se não fosse pelos meus pais e pela minha família eu não existiria, e não há graça melhor no mundo do que a simples existência! Pai, mesmo que você não esteja mais aqui, eu sei que olha por mim e vai me mostrar o caminho certo... Mãe, tudo vale à pena se você estiver comigo, eu sei que já cometi milhões de erros, mas, que filho não comete? É a nossa forma de dizer que amamos vocês. E eu agradeço todos os dias... Eu realmente agradeço todos os dias à Deus por ter tido pais como vocês... Eu só queria que pudessem saber o quanto eu os amo. Toda a minha família... Obrigada por me darem a vida, esse é o meu melhor presente e não há palavra que o contribua. Quero agradecer também aos meus amigos... Que são meu ego, minha juventude, minha segunda família, meus irmãos, meus tripés, meu porto-seguro. Porque é em vocês que me escondo quando não há mais saídas... Porque é com vocês que eu enfrento tudo, é com vocês que eu supero e é com vocês que eu sorrio todos os dias. As loucuras que a gente apronta, as vaidades, as promessas e as brincadeiras... Só nós sabemos o quanto já vivemos juntos. E eu estou olhando para cada um de vocês agora sabendo de tudo... Conhecendo cada detalhe e decifrando cada sorriso. Obrigada, eu estou sempre com vocês se quiserem brincar ou brigar. Como no jardim da infância... E, null, você é o melhor presente que eu já recebi, obrigada por ser o meu verdadeiro príncipe encantado. Eu não vivo, literalmente, sem vocês. Família, minha base. Amigos, meu tripé e Deus, meu caminho.
Quando a garota terminou, tirou com cuidado a máscara do rosto do namorado e o beijou ternalmente.
- Vai, amiga, desce até o chão agora! – pedia null, ensinando null a dançar axé.
Estavam se divertindo na balada. null dançava empolgada enquanto null apenas olhava, pensando no quanto seria difícil contentar seus ciúmes, mas ele sempre dava um jeito de tirá-la de perto dos marmanjos mais atirados.
null sambava conforme a musica, ela já tinha pedido que null a ensinasse e já tinha decorado todo o remelexo. Apesar de ainda não dançar como null, ela conseguia tirar muita baba de null.
- Bebê lindo! Você está deslumbrante! – gritava null, girando null com cuidado.
Agora ela estava vestida de colegial estilo anos 60 e null era um típico rebelde anos 60, com aqueles óculos escuros que null achava extremamente sexy, jaqueta de couro preta, jeans e botas de motoqueiro.
null fazia pose, piscava e rebolava ao som de Elvis, enquanto null e null tentavam acompanhar, sem sucesso.
As meninas riam, vendo que eles agora formavam um trenzinho e passeavam por todo salão. Frankie liderava. E de repente todos estavam no tremzinho. O clube de ciências, Sra. null, Denise, Paul... todos!
- Aprecie, filha.
null ouviu novamente aquela vozinha familiar em sua mente. Ela ainda se virava, procurando pelo pai. Mas sabia que ele não estaria ali. Só ficava feliz em ouvi-lo. Em ouvir o orgulho e satisfação em sua voz. Ela sorriu, deixando que a última lágrima de tristeza caísse. Ela queria muito a compania do pai naquele momento. Mas só percebeu que ele estaria sempre com ela quando notou a alegria nos rostos de todos à sua volta. E notou que por mais que as coisas mudem, por mais que sintamos falta de alguém, sempre há um jeito de ser feliz. Só precisamos encontrar a luz e tirar um tempo para apreciar.
Fim!
Agradecimentos: Toda autora que se prese, precisa agradecer. Estou chorando olha só. HUASUHASHUAS. É pessoal demorei um pouco eu sei, mas, eu so tava esperando passar a minha festa, pra poder saber exatamente quais são as sensações. E bom, tirei grandes ideias, certo? Como a bela e a fera, o video do bolo *-* Enfim, eu espero que todas tenham gostado.
Os primeiros que quero agradecer são vocês: leitores lindoos *-* Eu já amo toodas! HASUHASUHAS
Agora, Carlinha: você foi minha patrocinadora, eu te amo, Juddá. ;D
Leka e Gabi, vocês tambem, apesar de não terem me ajudado mto com isso ¬¬. Gabs, lindona!
Bih, futura parceira ;D&companias que eu sempre esqueço os nomes, brigada meninas, foi MARA conheçer vocês UHASUHSAUHAS \O/
Minhas duas betas lindas, obrigada, o trabalho de v6 é o mais importante aki no FFADD ;D
Pra fechar com chave de ouro... JOE, NICK, KEVIN! MEUS JONAS, VOCÊS SÃO MINHA RAZÃO, MINHA FORÇA, MEU TRIPÉ. AMO AMO AMO DEMAIS *-*, Joezinho, você me inspira meu amor; Prontofalei.
Beijos meu povo, vo sentir mta falta disso :/
Agora, borá adicioná: lafreita@hotmail.com // Orkut Pra quem tiver interessado, minhas outras fic’s :D eu vou adorar se vc ler migs.!:
- Uma república da pesada! – Mcfly Finalizadas
- My heart Will always be with you – Mcfly Finalizadas {não é boa!}
- Parece mentira, mas foi verdadeiro! – Outros {Breakout} Finalizadas
BeijOOnas!