Betting Her
Alfa: Lô Bernardelli | Beta: Cami






Prólogo: Ele era o membro de uma banda pop, ela era membro do clube de teatro. Ele sabia colar, ela era a cola perfeita. Ele não sabia a quantia de garotas com quem dormira, ela não sabia o significado de "dormir" com alguém. Ele tinha amigos, colegas, fãs... ela tinha a si mesma. Ele tinha de sair com ela, ela tinha princípios. Ele precisava sair com ela, ela esqueceu tais princípios. Ele era , ela . Ele era experiente, ela era virgem. Ele a apostou, ela era apenas a aposta.

Capítulo 1. "Please, allow me to introduce myself" (Sympathy For The Devil - Rolling Stones)

Don't stop me now, I'm having such a good time...

Antes de abrir meus olhos ou fazer qualquer outra coisa, peguei meu celular embaixo do travesseiro e pressionei o máximo de botões que o meu polegar permitia até desativar o despertador. Era para estar sorrindo? Levantei sem a menor vontade, embora a primavera estivesse se iniciando e as garotas fossem começar a frequentar o colégio com seus uniformes encurtados e decotes avantajados, minha cama também era gostosa.
Tomei um banho rápido e comecei a me vestir, uma calça de alfaiataria marrom não muito escuro, a camisa social de linho branco, a gravata de cetim marrom com listras azul marinho. Todo meu uniforme era um número a mais, assim nada ficava pegando ou coisa do tipo, odeio padronização e não tem nada mais padrão que uniforme. Penteei meu cabelo para desarrumá-lo com os dedos depois, escolhi uma das minhas colônias e, antes de sair do quarto, já com o All Star nos pés, peguei minha mochila arrumada por minha mãe, suspensa na maçaneta.
Como de costume, sentei-me junto de meus pais e minha irmã. Nenhum de nós comia de verdade, era apenas algo que minha mãe gostava de preservar, café da manhã com todos à mesa. Eu tomei um pouco de leite com chocolate e comi um donut e, assim que meu pai anunciou a saída, eu pude fazer o mesmo. Despedi-me rapidamente de Dah, minha "babá" e peguei as chaves do Tucson, abandonando a garagem ao mesmo tempo que meu pai.
Joguei a mochila no banco ao lado, junto com o casaco marrom do uniforme e o suéter de lã da mesma cor com uma gola V breve... Gay. Saquei meu celular de um bolso ao lado da mochila e enviei uma mensagem à Jessy. Faltavam apenas três semanas para o baile de primavera e, embora eu já tivesse recebido alguns convites, Jessy era linda, além de ser quem sempre recebia a coroa de rainha do baile no fim da noite; eu fui o príncipe algumas vezes e teria grandes chances de ser de novo estando ao lado dela.
Já haviamos saído algumas vezes, ela é o tipo de garota que enlouquece um homem entre quatro paredes. Além de gostosa, ela sabe o que fazer, quando fazer e adora fazer. Só de lembrar, eu tenho vontade de deixar nossa conversa para depois e aproveitar sua língua para outra coisa.
Estacionei o carro próximo a alguns outros da entrada, no gramado. O primeiro prédio tinha uma fachada legal, meio antiquada, mas legal. Peguei minhas coisas e entrei, arrastei-me pelo corredor, um pouco perdido com as tarefas de segurar a mochila e colocar meu suéter. De qualquer forma, cheguei no refeitório com ele no corpo, um pouco torto talvez. Joguei a mochila nas costas e caminhei até o gramado atrás do colégio, havia algumas mesas e bancos por lá, eu e os caras sempre ficávamos por ali quando não estava chovendo.

- Hey, idiotas. - Eu disse divertido, jogando minha mochila sobre a mesa e os fazendo erguer a cabeça assustados, ri sozinho e me sentei ao lado de , dando um tapa em sua cabeça.
- Chegou cedo hoje. - comentou em um falso tom surpreso e eu sorri em deboche.
- Vou convidar a Jessy para ir ao baile comigo. Preciso fazer isso antes da aula, não sei quantas aulas iremos assistir hoje. - Eu expliquei, debruçando sobre a mesa. arqueou uma sobrancelha e continuou me encarando.
- Estão dizendo que ela vai com o Lenni. - comentou e eu me virei para ele.
- Lenni? Do polo? - Eu perguntei, quase rindo.
- É, o maricas. - afirmou.
- Capaz! Inventaram isso. - Eu disse tranquilo. Soltei uma gargalhada descrente e cruzei os braços.
- Ok, vai lá, ela está ali. - disse, apontando com a cabeça.
- Mas tem uma coisa! - disse divertido e eu me voltei para ele. - Se ela não for com você... Nós escolhemos quem vai. - Apontou para si e para os garotos, eu os encarei por alguns segundos, belos amigos fui arrumar. Ok, Jessica iria comigo, é claro que iria, eu era , ela adora fama, é claro que iria.

Eu nada respondi, só dei de ombros e me levantei. Ajeitei um pouco meu suéter, coloquei as mãos no bolso da calça e fui caminhando devagar até Jessy. Ela era realmente uma delícia, não é brincadeira. A saia xadrez em tons de marrom e azul, que era para estar uns dedos abaixo do joelho, estava dois palmos acima dele, nenhum suéter cobria a camisa social azul claro destinada para as garotas, e, enquanto eu pedia número maior, ela parecia pedir numeração infantil, só para deixar os seios à mostra daquela forma. A gravata frouxa, praticamente apenas pendurada no pescoço, e as botas de verniz alcançavam sua panturrilha e tinham saltos enormes.
Assim que me viu, sorriu, enrolando uma mecha de cabelo no indicador. Sorrindo de lado, parei próximo a ela, muito próximo, tão perto que nossas pernas se intercalaram automaticamente. Suas amigas, ou escravas de confiança, como costumávamos chamá-las, se afastaram e Jessy passou as mãos por meu peito até meu pescoço, causando-me um arrepio gostoso que eu não deixei que ela notasse.

- Precisa falar comigo, ? - Perguntou, movendo os lábios sedutoramente, cada vez mais cercos dos meus.
- Sim. - Eu respondi, sabia que se dissesse mais que aquilo minha voz acabaria falhando, não por insegurança, e sim porque eu queria beijá-la.
- Pois diga. - Soltou-me e se afastou um pouco, retomando a mecha entre os dedos e enrolando-a, suspirei e cruzei meus braços, recobrando minha postura ereta.
- Dia 18 eu passo na sua casa, esteja pronta às 8. - Eu disse, olhando a expressão dela se tornar confusa.
- Ah, o baile. - Ela se lembrou e eu sorri de lado. - Ah, , desculpa, mas já aceitei o convite de outra pessoa. - Ok, mantenha-se sorrindo, .
- O Lenni, ele foi o primeiro a me convidar, eu jurei a mim mesma no ano passado que o primeiro a me convidar esse ano iria comigo. - Sorriu sapeca e eu assenti devagar.
- Ok, Jessy. Espero que ele saiba o que fazer com você. - Eu disse com a voz firme, segurei o decote de sua blusa com o indicador e a puxei pra mim, plantando um beijo rápido em seus lábios, senti ela apertar meu membro por cima da calça e ri. Saímos para lados opostos e meu sorriso se fechou quando quando eu vi os caras me olhando ansiosos, essa era sempre a pior parte.
- E aí? Ela vai com você? - perguntou, fingindo desdém, mas estava tão curioso quanto os outros.
- Nope. - Eu disse, jogando-me novamente ao lado de .
- Ahhhh! - gritou e eles começaram a rir alto e a me bater, não sei qual era a graça... Talvez se fosse com um deles... É, era engraçado mesmo.
- Ok, chega. - Eu disse, rindo também.
- Não, calma. Nós vamos escolher agora sua nova companhia para o baile de primavera.
- Ah, não, vocês vão avacalhar. - Eu disse enquanto deitava o rosto entre os braços. - Eu ainda vou comer a Jessy, não preciso levá-la ao baile. - Suspirei.
- Não, essa não foi a aposta. - disse e eu bufei.
- Não concordei com nada.
- Mas também não discordou. - sorriu fechado e eu quis bater nele.
- Ok, quem vai ser a sortuda? - Olhei em torno de mim. - A Saly, Lizzie... Selena, Joy...
- Dude, você acha mesmo que eu vou escolher uma delas? Elas são lindas... Além do mais, a Lizzie vai comigo, a Joy com o e a Selena com o ...
- Eu não me importo de ir com a Saly... - Eu disse rápido e eles riram.
- Mas não vai. - deu de ombros e eu suspirei.
- Está bem, quem então? - Encolhi os ombros, todas as outras garotas do colégio já tinham companhia, acho que até Saly deveria ter, merda.
- Eu não sei, mas vou pensar em alguém bom o suficiente para você, amigo. - É claro que ele estava sendo irônico.
- Idiota. - Resmunguei, pegando minhas coisas e saindo dali.

Fui para o laboratório ter minha primeira aula. Eu me sentava junto com Saly e, como o previsto, ela também já tinha companhia para o baile. Claro que eu não deixei que ela percebesse que eu, , estava sozinho nessa, apenas usei táticas para descobrir e, quando ela me perguntou se eu já tinha companhia, eu disse que sim e ainda que iria surpreender todo mundo. Ok, eu era um grande mentiroso, ou não, provavelmente a garota escolhida pelos meus amigos seria tão estupidamente horrível que eu realmente surpreenderia o baile todo.
Minha segunda aula era Física, e a terceira Geometria e, então, finalmente o intervalo. Como era de se esperar, e começaram a rir logo que me viram apontar no gramado, já deviam ter tudo armado em suas mentes maléficas. Sentei-me junto deles e cruzei o braço, encarando-os e apenas esperando a resposta.

- . - disse exatamente o que eu queria saber, mas o nome que eu menos queria ouvir.
- Não. - Eu disse rápido e neguei com a cabeça para enfatizar minha resposta, depois ri debochado. - No way! - Exclamei, parando de rir.
- . - Ele repetiu e assentiu sorridente.
- Man, não, eu não posso levar ao baile uma pessoa que nem sabe o que é um baile, ela usa sapatilhas e rabo-de-cavalo, vocês têm que estar brincando! - Eu falava rápido, argumentando sobre aquele desastre.
- Você não vai levá-la ao baile. - disse e um alívio percorreu meu corpo.
- Nossa, vocês quase me mataram de susto. - Admiti, mas, antes que a tranquilidade se instalasse, eles gargalharam.
- Você vai transar com ela, e a gente quer ver isso acontecer, por isso, vai filmar.
- No way... no way... - Neguei rapidamente, levantando-me. - Eu não vou transar com aquela garota, ela nunca transou na vida e... Ela... Ai, meu Deus, ela nem deve se lavar direito, ela deve feder, não vou. - Eu dizia ligeiro, quase gritando de desespero. Minha última esperança era , ele só ria e podia me ajudar. - ?
- Cara, depois que a me deu um pé na bunda, eu sou a favor de todas as sacanagens contra garotas... Inclusive com você. - Sorriu divertido e eu parti para cima dele.
- ! - se levantou e me fez sentar. - Essa foi a nossa aposta, vai amarelar agora? - Ele perguntou e cruzou os braços. - Você não é , "O Bom"? - Eu assenti e dei de ombros. - Conquiste-a. - Sorriu divertido e eu fechei os olhos, querendo ouvir "Don't Stop Me Now" e acordar na minha cama.
- Eu não posso fazer isso, cara. - Eu disse fraco, passando as mãos no cabelo, por que ?
- Hey... - me chamou e mostrou algumas notas de cem libras, arqueei a sobrancelha. - Se for um bom filme... isso é teu, o que acha de um instrumento novo?
- Merda! - Gritei, esfregando os olhos. - Está bem, mas se eu conseguir comer ela antes do baile eu não preciso levá-la até lá, certo? - Eles assentiram, rindo.
- , só tome cuidado, você não sabe o que tem embaixo da calcinha dela. - disse, criando um clima rápido de suspense, eu o encarei até assimilar o que ele havia dito e lhe dei um tapa na cabeça, rindo junto com eles.

Minhas últimas três aulas passaram vagarosas, os ponteiros pareciam estar com preguiçsa de se mover. Eu queria ir para minha casa e dormir o resto do dia, e ainda tinha que pensar em algum jeito de chegar em . Mas como? Ela iria correr de mim de qualquer forma, então por que diabos eu aceitei a aposta? Burro!
Despedi-me dos caras e entrei no carro, assim que dei partida, vi Jessy tocar na janela, deixei o motor morrer e abri a janela para ela.

- Será que você não quer me levar... para casa? - Mordeu o lábio, debruçando-se sobre a janela. Sorri enviesado, totalmente intimado a mandá-la entrar.

Antes que eu respondesse qualquer coisa, meus olhos foram puxados para um estrondo vindo da escada principal. Ah, lá estava ela, , jogada de joelhos no chão, levantando-se do tombo que fez seus cadernos e livros, milhões deles, voarem por todo o gramado.

- Desculpa, hoje não vai dar, Jessy. - Eu disse, pulando para fora do carro e correndo pelo pátio até , que tinha a saia erguida até os joelhos, olhando as pernas raladas.

Peguei parte de seu material enquanto ela se inclinava para pegar os cadernos mais próximos. Os garotos gritavam coisas como "esqueceu de colocar o anti-derrapante nas sapatilhas?", eu queria muito dar risada também, mas isso não entrava nas circunstâncias, por isso me mantive sério. Eu sabia que naquele momento estava acabando com a minha reputação, mas eu podia sentir o cheiro das libras oferecidas por meus amigos.

- Aqui. - Eu disse, sem saber ao certo se era aquilo mesmo que eu deveria falar. Ela não me olhou, apenas pegou o que havia em minhas mãos.
- Obrigada. - Ok, que tipo de pessoa fala "obrigada" hoje em dia? Muito bem, fala "obrigada" hoje em dia. Segure o riso, !
- Quer ajuda? - Eu perguntei, virando-me para segui-la enquanto ela andava apressada em direção ao portão.
- Não, , obrigada. - Ela disse baixo. Sabia meu sobrenome.
- Deixe-me ajudar. - Eu pedi, já um pouco irritado por ela estar correndo de mim.
- Eu não preciso de ajuda. - Ela murmurou, atravessando o portão.

Ô garota chata! Entrei no carro e dei partida, saí da escola e segui para o lado contrário ao que costumava fazer, estava andando beirando o muro, lutando para segurar todos seus livros entre os braços e andar depressa, eu ri um pouco antes de abrir a janela e apoiar o braço para fora. Quanto antes eu conseguisse o que deveria, mais rápido me livraria da missão.

- Carona? - Perguntei, ela virou o rosto para mim e depois se virou para frente, visivelmente assustada. - Come on, . - Eu disse, rolando meus olhos, levando o carro para perto do meio fio.
- Eu já estou chegando. - Ela disse, apertando o material contra o corpo.
- Não está não. - Eu joguei verde, nem sabia onde é que ela morava.
- Não importa, eu não vou entrar no seu carro. - Ela disse baixo e eu me peguei sorrindo por conta da sua voz, soava tão bem, mesmo ela se esforçando para ser grossa.
- Não seja chata, entre aqui. - Eu disse, rindo um pouco.
- Eu não aceito ajuda de estranhos! - Ela disse, rápido.
- Você sabe meu sobrenome, eu não sou tão estranho assim. - Eu argumentei e ela bufou.
- Você vai me deixar em paz depois disso? - Perguntou, virando-se inteiramente para mim.
- Sim. - Sorri abertamente e parei o carro, estiquei-me e abri a porta do outro lado.

se acercou, pisando firme no chão. Eu ri um pouco mais quando ela parou perto da porta, segurando-a com as costas. O carro era um pouco alto e eu notei que seria difícil ela subir com os joelhos machucados, saia comprida e braços ocupados por livros. Soltei meu cinto e me estiquei outra vez, estendi as mãos para pegar seus livros, ela me entregou de má vontade, sem me olhar ainda, coloquei-os no banco de trás e eles se espalharam pelo estofado, nunca ficariam empilhados. Estendi a mão para ela, que segurava a saia para conseguir erguer a perna. Ela segurou minha mão e eu pude notar quão gélida e suada ela estava, firmei os dedos em torno dos dela, pequenos e finos, e ela se apoiou ali para subir e jogar-se desajeitada no assento. Eu sorri divertido e soltei sua mão, ela ajeitou a saia sobre os joelhos e colocou o cinto, descansando as mãos sobre as pernas.
Coloquei meu cinto e relaxei, dando partida novamente. Notei que ela estava emburrada e queria dizer algo, mas eu simplesmente não sabia o que dizer. Ela não era como a Jessy, se eu dissesse que ela tinha belas coxas, ou que seus seios estavam mais convidativos do que nunca, provavelmente ela choraria por uma semana.

- Quer ouvir música? - Perguntei animado, esticando a mão até o rádio, ela apenas deu de ombros. - Que tipo de música você gosta? - Eu perguntei com mil intenções, se eu soubesse seus gostos eu já teria uma base.
- Qualquer tipo. - Murmurou quase num sopro. Suspirei pesado e abri o porta-luvas, pegando meu estojo de CD's e colocando no colo dela, ela deixou escapar um soluço assustado e eu contraí o cenho, quase rindo. Ela passava as páginas de pano, olhando minha coleção lentamente, até escolher um do Bob Dylan, uow, ela tinha bom gosto para música.
- Boa escolha. - Eu disse mais para mim do que para ela, ela virou o rosto rápido para a janela, mas eu pude ver seus músculos cederem um sorriso, coloquei o CD e dei play, recostando-me e acelerando um pouco.
- Pode ir um pouco mais devagar? - Ela pediu delicada, eu rolei meus olhos e enchi o peito de ar, tentando controlar a raiva. Diminuí um pouco a velocidade e apertei os dedos no volante. - Obrigada. - De repente, a raiva sumiu e eu me senti um pouco culpado por tê-la sentido.

Após um tempo, ela me disse para virar e por um momento eu ri, ela sabia que eu não fazia ideia de onde era sua casa, ela era muito mais esperta que eu. Bom, os garotos diziam que ser mais esperto que eu não era nenhuma qualidade, o defeito era meu de ser burro, mas isso não importa, eu não concordo com eles, me acho realmente muito ágil.

- Aqui. - Ela murmurou e eu diminui o resto da velocidade, estacionando rente ao meio fio.

Meu rosto se virou na direção dela, mas logo desviaram para a casa, tinha o tamanho da edícula da minha, mas tinha uma fachada acolhedora, toda branca, com a cercas e janelas marrom. O jardim bem cuidado deixava um caminho até a escada de madeira branca, que levava à uma varanda. Do lado direito tinha um balanço de madeira, e do lado esquerdo duas cadeiras de ferro branco e uma mesinha, logo embaixo de uma janela com canteiro, assim como do outro lado da porta. No andar de cima, havia duas portas de vidro, cobertas internamente por cortinas, com uma sacada não muito grande. Peguei-me querendo entrar e ver a casa por dentro, mas isso logo desvaneceu quando a porta do meu carro bateu, só então notei que já havia pegado seus livros e pulado para fora.

- Hey! - Gritei, abri o cinto rápida e desajeitadamente, estiquei-me e apoiei as mãos no assento do lado. - De nada! - Zoei e ela me olhou.
- Eu disse obrigada, você que não escutou. - Disse, apertando os livros. Mordi o lábio, sem graça.
- Ah, tá. - Dei de ombros. - A gente se vê amanhã.

Acenei e a vi contrair o cenho, voltando-se para o caminho que fazia antes e indo apressada até a porta, que logo bateu. Seria, de longe, mais difícil do que eu imaginei que fosse.

Capítulo 2. "Eu já estive com tantos tipos diferentes de garota, assim como eu já vi várias, mas, de forma alguma, nenhuma é como você" (Like You - Ciara)

Eu acordei mais mal humorado do que de costume, e isso tinha um motivo. Tive um sonho onde eu chegava com na escola e os caras ficavam rindo de mim, assim como o resto da escola. Eu não podia fazer aquilo, eu simplesmente não podia. Aquele sonho foi um recado, um choque de consciência que me fez ver que instrumento algum consertaria minha reputação depois que eu já houvesse cuspido nela. Eu precisava avisar aos guys que eu não iria aceitar, que eles podiam ficar com as libras e com e, de quebra, eu não iria mais ao baile, a não ser que a gostosa da vizinha aceitasse ir comigo.
Assim que saí do banheiro, depois de fazer todas as coisas que todo mundo faz pela manhã, terminei de me vestir e o sol lá fora exigiu que eu deixasse o suéter e o blazer para trás. Peguei a bolsa e desci para o café da manhã. Minha família soube do meu mal humor assim que me viu e, assim, preferiram me deixar em paz. Cheguei na escola e deixei meu material no armário, segui rapidamente até o refeitório e o atravessei, chegando no jardim. Bufei ao ver os garotos rindo, Lizzie estava sentada gentilmente no colo de e a mão dele lhe apertava o interior da coxa por baixo da saia, como são discretos!

- Eu preciso falar com vocês. - Eu disse, exalando um pouco da minha irritação.
- E aí, cara. - acenou, abraçado à Joy, a morena passava os dedos pela parte exposta do peito dele através camisa.
- Eu desisti da aposta, fiquem com o dinheiro, façam o que quiser com ele!
- Hey, hey. - disse, rindo. - O quê aconteceu? Ela também te deu um fora?
- Cala a boca, ! - Apontei para ele, irritado. - Eu não vou fazer isso por míseras libras, eu não preciso disso. - Eu cuspi as palavras, sentindo minha garganta arder pela força que eu estava fazendo.
- Então, muito bem, pague-nos as míseras libras. - Ele disse e eu estava pronto para gritar uma resposta, mas me calei.
- Quanto tinha lá? - Perguntei, tirando a carteira do bolso, sentindo a raiva pulsar na minha testa, anunciando a dor de cabeça.
- £3.000,00. - sorriu de lado, eu abri a carteira e procurei o dinheiro, ok, eu não tinha tudo isso ali naquele momento.
- Eu... pago depois? - Olhei e eles riram alto, rolei os olhos e me joguei no banco. - Eu não quero mais fazer isso, ok? - Eu disse bravo e eles continuaram me olhando e rindo.
- Cara, é só sexo, você já transou com mil garotas diferentes, vai lá, beija até ela se sentir excitada e come ela, simples.
- Vocês não estão entendendo! - Eu quase gritei, batendo as mãos na mesa. - Ela... é chata, e tímida ao extremo, ela nem olha na minha cara e nem gosta de mim, por que diabos vocês pensam que eu vou conseguir beijá-la?! - Esfreguei as mãos no cabelo.
- Shhh, ela está vindo. - disse e eu bufei, virando o rosto para o lado.
- . - Ouvi-a me chamar, meu estômago afundou e eu não sabia se era de ódio ou nervosismo, eu nunca sabia o que dizer perto dela, e isso aumentou minha raiva.
- Que é? - Eu perguntei, virando o rosto para ela, que pareceu um pouco assustada com meu tom de voz ou a vermelhidão do meu rosto.
- E-eu... acho que meu livro... eu acho que... ele ficou... e-ele...
- Fale de uma vez, garota! - Eu disse, irritado com aquela menina guaguejando na minha frente, seus olhos saltaram e ela se encolheu.
- Meu livro... ficou com você, ontem... no seu carro.
- Ah! - Eu exclamei, recordando-me de ter pego seu livro dentro do carro, mas, ao ver que tinha gente demais ouvindo nossa conversa, eu senti um tom debochado invadir minha garganta. - E o que te faria pensar que um livro seu estaria no meu carro?
- É que... Deixa para lá. - Murmurou, baixando a cabeça e se afastando, eu nem percebi, mas estava em pé. As pessoas gritavam e me parabenizavam pelo que eu havia feito, mas, na verdade, ao vê-la entrar no banheiro feminino, eu senti um nó trancar minha garganta, talvez eu tivesse pegado pesado.
- . - Joy me chamou e eu me virei para ela. - Se você quer conquistá-la, você vai ter que se comportar melhor. - Ela disse carinhosa e eu me joguei no banco, outra vez segurando meu cabelo.
- O que eu faço? - Perguntei com a voz esganiçada.
- Você tem que se desculpar por isso, provavelmente ela está nervosa, chorando no banheiro. Esse livro está mesmo com você? - Eu assenti devagar. - Então, você pega ele e... ah! Já sei... escreva um bilhete e coloque dentro do livro, pode ser um convite para alguma coisa...
- Do baile? - Eu perguntei.
- Não, não se apresse, chame ela para... jantar? Ela parece gostar de comer. - Inflou as bochechas, querendo dizer que era gorda, nós rimos e meu humor oscilou, melhorando um pouco, quase nada.
- Certo, por 3.000 pounds eu faço isso. - Concordei, esfregando o rosto.

Como conselho de Joy, eu não fui para a sala, o conselho dela não foi esse, mas eu precisava fazer isso se quisesse mesmo um instrumento novo. Escrevi pelo menos quinze bilhetes, amassei-os e os joguei dentro da minha mochila.

- Precisa de ajuda? - Ouvi Jessy perguntar, parada ao meu lado. De repente, ela subiu no banco onde eu estava sentado e se sentou sobre meu caderno, com as pernas uma de cada lado do meu corpo. Eu a encarei e mordi meu lábio, sentindo seu perfume invadir minhas narinas.
- Preciso. - Eu disse, encostando a bochecha em seu joelho.
- Hum, o que está tentando fazer? - Perguntou, colocando o pirulito na boca outra vez e envolvendo-o com a língua.
- Escrever um bilhete. - Eu disse, passando as mãos pelas laterais de sua coxa, erguendo um pouco sua saia e podendo ver sua calcinha de renda vermelha.
- Eu posso te ajudar. - Ela sorriu de lado, sentando-se mais perto do meu rosto, eu ri sozinho e apertei suas coxas. - Mas o que eu ganho com isso? - Fez beicinho e eu sorri de lado.
- Vou te deixar de bom humor e depois a gente decide, pode ser? - Perguntei, beijando a parte interior da sua coxa.
- Mostre-me como isso funciona, . - Ela pediu com a voz extremamente sensual, apertei mais suas coxas e encostei os lábios em sua calcinha, fechei meus olhos e forcei a língua por cima da renda. Ela juntou a mão no meu cabelo e o apertou, puxando-o um pouco.

Não tinha o que temer, éramos os únicos ali fora, e, se fôssemos pegos, a desvantagem era dela, eu ganharia fama. Ela afastou a própria calcinha segundos depois. Não era o tipo de coisa que eu adorava fazer, eu preferia receber. Mas, em tais circunstâncias, eu precisava de ajuda, e Jessica faria qualquer coisa por um oral, eu achava graça nisso, mas ela achava bem excitante. Pedi que ela calasse a boca quando gemeu alto e voltei a fazer o que fazia antes, até ela se jogar para trás, totalmente fraca. Ajeitei sua calcinha e esperei ela se recuperar. Minha calça estava um pouco justa e o tesão dela me deixou excitado, qualquer coisa que eu escrevesse naquele momento seria envolvido ao sexo, por isso puxei Jessy e a sentei do meu lado, coloquei meu caderno em frente a ela e joguei a caneta em seu colo.

- Eu vou ao banheiro.

Quando voltei, vi que Jessica estava deitada sobre o banco, sobre a mesa o caderno com um bilhete escrito, baseado nos que eu já havia amassado. Ela me olhou e sorriu, levantando-se em seguida.

- Aí está, . - Ela disse, apontando com o polegar.
- Valeu. - Eu disse, cruzando os braços.
- Foi uma delícia. - Apertou meu queixo e piscou, saindo rebolando em seguida. Ri sozinho e me sentei para ler.

"Muitas vezes dizemos e fazemos coisas que machucam as pessoas, e eu sei que fiz algo que te magoou, mas quero que entenda. Tentei resolver meus conflitos atingindo você. Eu sei que mal nos falamos, mas tenho tentado me aproximar, o fiz da forma mais errada possível e quero que compreenda e reconsidere. Uma garota especial como você não deveria ser tratada daquela forma, fui um grande idiota. Me perdoa?"

Li e reli o bilhete pelo menos cinco vezes, eu não podia enviar aquilo para ela, não estava certo. Eu não estava assim tão arrependido, estava? E como assim dizer a ela que ela era uma "garota especial"? Eu nem conversava com ela, mas eu também não conseguiria escrever algo tão bom, certo? Certíssimo! Apenas refiz o bilhete com a minha letra e escrevi embaixo que passava em sua casa às oito horas do mesmo dia. Assinei e o guardei no meio do livro, com a ponta à mostra. Amassei outra vez os bilhetes que Jessica havia aberto e os joguei na lixeira.

- Sr. , algum problema? - Professora Samantha perguntou quando abriu a porta onde eu havia acabado de tocar.
- Eu poderia entregar algo à senhorita ? - Eu perguntei no meu melhor sorriso bom moço, ela sorriu desconfiada e afastou mais a porta.
- Rápido, sim? - Assenti e entrei, apertando o livro entre os dedos. Os alunos se voltaram para mim, acenou contente para mim e eu trinquei os dentes para ele, que riu baixo. Caminhei até , que ergueu o rosto do caderno e se assustou ao me ver ali, encolheu-se na surpresa e eu umedeci os lábios, estiquei o livro e deixei ele sobre a carteira dela, puxando um pouco mais o cartão para fora dele.
- Pensa bem, huh? - Eu sussurrei e sorri de lado sem muita vontade, antes de me afastar, ouvindo os alunos murmurarem entre si. - Obrigado, professora. - Acenei e saí da sala.

Pronto, estava feito. Agora dependia somente dela, eu precisava ir para casa naquele mesmo minuto. Passei pela secretaria e disse que não estava me sentindo bem, e então rumei para fora da escola. Eu sabia que depois daquele cartão iria sair comigo, eu só precisava fazer tudo certo naquela noite, e então eu teria o que queria e fim!
Pedi a ajuda da minha mãe para reservar um restaurante bom, ela o fez toda orgulhosa por eu querer levar uma garota a um lugar legal. Mal sabe ela do motivo por trás disso. Dormi a tarde toda despreocupadamente e só acordei quando minha mãe entrou e disse que eu deveria começar a me arrumar para surpreender . Eu concordei de mal gosto e fui para o banheiro tomar banho.
Imaginei que já estaria pronta enquanto eu saia do banheiro para começar a me vestir. Coloquei uma calça jeans escura, uma camiseta branca e uma camisa xadrez em tons de marrom e cinza. Coloquei meu sneaker mais limpo e (des)arrumei meu cabelo, perfumei-me e peguei dinheiro suficiente para bancar aquela noite. Restaurante e motel de boa qualidade costumam sair caro. Eu só esperava que ela não estivesse usando sapatilhas, eu brocharia no mesmo instante!
Despedi-me dos meus pais e peguei o carro, guardei a câmera no porta-luvas para ter como provar aos garotos que eu merecia aquelas 3.000 libras. Parei o carro em frente a casa dela e dei play no cd do Bob Dylan, eu precisava agradá-la se queria qualquer coisa com aquela menina. Desci do carro e caminhei devagar até à casa, tentando adiar, ou pelo menos atrasar, aquele momento. Respirei fundo e toquei a campainha duas vezes consecutivas, coloquei as mãos no bolso e subi na ponta dos pés, depois voltei e fiz mais uma vez, mas parei ao ver a porta se abrir. Prendi a respiração sem nem mesmo perceber, arregalei meus olhos e senti um nó se formar em minha garganta, meu Deus!

Capítulo 3. "If you put me to the test, if you let me try" (Take A Chance On Me - ABBA)

- V-você... está... linda? - Eu disse, sentindo meus punhos cerrarem automaticamente dentro do bolso.
- Eu não estou pronta. - Ela disse com um tom de obviedade e eu suspirei aliviado. Macacão com o suspensório solto e camiseta não é uma roupa muito bonita para jantar.
- Ah, tudo bem, e-eu... vou te esperar no carro, está bem? - Eu disse, apontando o veículo com o polegar e me virei.
- Eu não vou. - Ela disse com a voz fraca. Eu me coloquei estático, sem saber exatamente o que fazer, virei-me devagar e traguei em seco.
- Não? - Perguntei, sentindo o sangue escoar da minha mão, tamanha força eu dedicava para cerrar os punhos.
- Não. - Ela disse simplesmente, recostando-se ao batente, horrível... era para ela estar horrível, mas não estava.
- Por que não? - Eu perguntei, acercando-me, ela não pareceu afetada.
- O que te faz pensar que eu entraria no seu carro e iria para algum lugar com você?

Eu respirei fundo, por mim eu me viraria e iria embora naquele mesmo minuto. Qual é a dessa garota? Eu já não pedi desculpas? Que droga!

- Ok, já entendi. - Suspirei e a encarei. - Olha, , eu...
- . - Ela disse num tom baixo, eu assenti.
- , eu sei que você está chateada com o que eu fiz, mas eu não estou em um dia bom, digo... não estava... - Eu não acredito que eu estava guaguejando. - Não é isso, calma! - Eu pedi e me irritei comigo mesmo, ela umedeceu os lábios e cruzou os braços devagar. Vamos partir para o teatro, certo? - Ontem eu estava num dia ruim e... bom, a gente passou um tempo juntos e eu gostei da sua companhia, me fez bem, achei que hoje... hoje você pudesse sair comigo e a gente poderia passar um tempo juntos e se conhecer... - Ela se colocou ereta e me olhou.
- Está tudo bem? - Ela perguntou com um tom preocupado... And the oscar goes to...
- É, só uns problemas em casa, nada demais. - Menti mais um pouco e ela assentiu.
- Eu... não sei porque você está me chamando para sair, eu... nem te conheço, você não deveria estar me contando isso. - Deu de ombros, confusa.
- Eu... sinto confiança em você. - De alguma forma isso soou verdadeiro.
- Pode ser amanhã? Eu estava ajudando meu irmão com um trabalho. - Ela disse, mordendo o lábio e colocando a franja atrás da orelha, eu posso achá-la sexy?
- Não! - Eu disse rápido e ela se encolheu. - Digo... vamos hoje... eu espero você terminar, eu... vamos hoje, eu já estou pronto, eu reservei para hoje. - Eu dizia rápido a fim de acabar logo com aquilo.
- Está bem. - Suspirou e ergueu o rosto. - Eu vou me arrumar. - Eu assenti e sorri fraco. - Você se importa de esperar aqui? Meu pai não está em casa.
- Não tem problema. - Eu disse rápido, já me afastando.
- Ok. Eu não demoro.
- Não se preocupe, vai lá. - Eu disse na intenção de fazê-la entender que ela podia demorar se fosse para tirar aquele macacão e soltar o cabelo.

Entrei no carro e relaxei, saquei o celular do bolso e enviei uma mensagem para os caras, dizendo que estávamos saindo da casa dela para jantar, que era para eles prepararem as libras, coisa de gente que está otimista demais, nada que é demais é muito bom, eu já deveria saber.
saiu de casa e eu pude vê-la se aproximar. Usava um vestido sem decote e na altura dos joelhos, segurando uma bolsa pequena e, por incrível que pareça, estava com saltos.
Ok, ela não estava feia, mas seu cabelo ainda estava preso e ela não era sexy nem de longe. Desliguei meu celular e joguei ele sobre o painel do carro. Saí do carro e corri até ela, que não me encarou, apenas baixou a cabeça, submissa. Abri a porta do carro e estendi a mão para ajudá-la a subir. Agora, além de estar de vestido, ela estava com saltos. Ela apoiou a mão na minha e tomou impulso, encolhendo-se no assento devagar, sorri sozinho e fechei a porta, correndo para o meu lugar no carro.

- Aonde nós vamos? - Ela perguntou em tom baixo, olhando para as próprias mãos.
- Spice Valley, já foi lá? - Eu perguntei e virei o rosto na direção dela, que encolheu os lábios e negou com a cabeça. Eu assenti e olhei para frente, acelerando um pouco, mas, ao ouvi-la suspirar, diminui a velocidade, ela piscou devagar e sorriu sozinha.

Dirigi por mais um tempo e parei em frente ao restaurante; um funcionário abriu a porta para ela e a ajudou a descer, eu me acerquei e joguei a chave na mão dele; olhei para ela, que estava vulnerável ao meu lado. Estiquei a mão e coloquei em suas costas, conduzindo-a porta adentro. Paramos na recepção e, assim que dito o nome das reservas, o maitre nos levou à mesa. estava constantemente vermelha e eu fiquei pensando de que cor ela ficaria quando eu a visse nua, roxa talvez?
sentou-se e arrastou-se pelo sofá, deixando as mãos sobre as pernas junto com a bolsa. Eu agradeci ao homem ao meu lado e me sentei um pouco afastado dela, era melhor ser lento para não assustá-la. O maitre nos abandonou e deixou em seu lugar um garçom, que nos entregou o menu.

- Já escolheu? - Perguntei a ela, que negou com a cabeça e me olhou, insegura, eu odiava quando ela me olhava daquele jeito, dava-me pena ou algo parecido com isso, eu sentia vontade de abraçá-la. - Murgh Malai. - Eu fiz os pedidos ao garçom, que anotou prontamente.
- Para beber? - Perguntou em sua postura de pinguim, virei-me para .
- Suco de abacaxi com hortelã. - Disse, num tom delicado, desviando os olhos do menu para o garçom, que assentiu.
- Er... - O que fazer agora? Eu não podia beber cerveja, podia? - Traga um para mim também. - Eu disse, sem nem saber o gosto que abacaxi com hortelã tinha.
- Certo, com licença. - Ele retirou o menu e se afastou.
- O que... você pediu? - Ela perguntou encolhida e eu sorri.
- Basicamente, frango com creme e queijo. - Eu respondi divertido e a vi sorrir verdadeiramente pela primeira vez até então.
- É um restaurante bonito. - Ela disse, olhando devagar em torno de si, eu também olhei e dei de ombros.
- É legal. - Eu disse sincero e ela assentiu.
- Com licença, posso lhes entregar a cartela de vinhos? - Perguntou o sommelier e eu soube automaticamente o que fazer.
- Não, valeu. - Sorri e ele assentiu, afastando-se.
- Obrigada. - Ela murmurou e eu me virei para ela.
- Pelo quê? - Eu perguntei surpreso e ela encolheu os ombros, sorrindo e baixando a cabeça devagar.
- Trazer-me aqui. - Ela disse e ergueu os olhos até os meus e... nossa, ela tem olhos bonitos... , você é patético!
- Valeu por ter vindo. - Eu disse, sorrindo, e ela assentiu, virando-se para frente em seguida. - E então, desde quando estuda no Thornleigh?

Eu sabia bem desde quando, mas foi a partir daquela pergunta que ela me contou que tem algumas aulas comigo desde a quinta série, como se eu já não soubessse. Antes disso, morava no Brasil, é, no Brasil, aquele país da América do Sul onde as pessoas usam biquínis minúsculos e têm sol quase o ano inteiro. Se ela algum dia já foi bronzeada tinha desbotado nesses últimos anos. Conforme conversávamos eu fui percebendo sua timidez diminuir um pouco e logo estávamos envolvidos em assuntos aleatórios que eu nunca imaginei conversar com , a esquisita.
Nós jantamos tranquilamente. Embora fosse um restaurante Indiano e eu não conhecesse a maoiria dos pratos, eu já havia provado aquele em uma outra vez e, para evitar constrangimento, repeti o pedido. O suco não era ruim, claro que se fosse batizado com um pouco de vodca ficaria algumas vezes melhor, mas tudo bem, ela não tomaria vodca e eu não podia nem pensar em fazer isso se quisesse ficar com ela naquela noite. Pedimos a sobremesa e enquanto esperávamos eu me arrastei para um pouco mais perto, usei como desculpa parte de seu bolero que havia escorregado gentilmente pelo ombro que agora estava descoberto. Segurei a malha e o cobri novamente, não que eu quisesse, mas era necessário uma aproximação. Senti que ela se encolheu um pouco e sorri divertido por isso, mas não deixei que ela visse, claro.
A sobremesa chegou, era algo parecido com um sorvete feito basicamente de leite condensado, açafrão, pistaches e amêndoas. Vinha em uma cestinha de waffle enfeitada com cobertura de chocolate e chantilly, ok, era minha deixa.
Enquanto ela estava entretida com seu sorvete, eu passei o dedo no chantilly e fiz um ponto com ele em sua bochecha, ela riu um pouco e se virou para mim com uma carinha emburrada. Eu ri só de vê-la sorrindo e aproveitei o bom momento para colocar o braço no encosto do sofá, por trás do corpo dela. Ela tirou um pouco do chantilly de sua sobremesa e sujou a ponta do meu nariz, sorrindo tímida, após perceber nossa proximidade. Encolheu-se um pouco quando eu olhei para seus lábios, indicando o que eu queria. Eu ainda tentei me aproximar, mas ela virou o rosto para o outro lado.

- Ok. - Sussurrei e me afastei. - Melhor ir para casa, não é? Está ficando tarde.
- Uhum. - Concordou, limpando lentamente a bochecha com um guardanapo.

O maitre trouxe a conta e eu depositei as notas necessárias dentro da pasta, levantei-me e ajudei a fazer o mesmo, e seguimos para fora do restaurante. O caminho de volta pareceu mais longo, já que nenhum dos dois disse nada, deixamos que Bob Dylan falasse por nós até a casa dela.
Eu estava bastante irritado, mas não podia deixar tudo se perder por isso. Saí do carro e caminhei até ela, que acabara de fechar a porta. Fomos caminhando lado a lado até a porta central, ela tocou a maçaneta e eu coloquei a mão sobre a dela. sobressaltou e ficou imóvel em seguida, com a cabeça voltada para baixo e os olhos colados na carícia que eu fazia com o polegar em sua mão.

- Eu gostei muito de hoje. - Eu murmurei, um pouco inse... INSEGURO?
- Eu também. - Ela murmurou ainda olhando meu polegar se mover. Parei o que fazia e ergui os dedos até seu queixo, erguendo-a em minha direção.

Por algum motivo minha respiração falhou, eu tentei ignorar, mas meus joelhos não paravam de me lembrar que eu estava nervoso. Eu nunca ficava nervoso, que merda tinha naqueles olhos que faziam meu estômago encolher daquela forma? Eu estava tremendo!
contraiu o cenho e eu notei que já havia um tempo que eu estava em "transe". Soltei seu queixo e traguei a saliva, o que eu estou fazendo? Para onde é que minhas pernas estão me levando? Eu posso dirigir nessa condição? Patético, a palavra que descreve o fim da noite em que fugiu de uma garota.

Capítulo 4. "Would you tremble if I touched your lips?" (Hero - Enrique Inglesias)

Mais uma manhã cheia de sol na Inglaterra, isso realmente não acontece todos os dias, nem eu tomar banho todos os dias antes de ir para a escola, mas eu queria perder o horário hoje, eu queria não precisar ir e encarar . Eu fugi dela, quão idiota isso soa? Um cara que tem como missão transar com uma garota e, quando tem a oportunidade da primeira aproximação verdadeira... ele foge. Há, eu sou um burro, agora sim eu concordo com quem quiser dizer.
Durante todo o café da manhã, ouvi me zoar pelo jantar na noite anterior e meus pais brigarem por ciúme de alguma das partes. Preferi apenas ignorá-los e seguir para a escola. O meu mau humor estava pulsando em cada mínimo canto do meu corpo. Eu acabaria perdendo a aposta, não teria ninguém para ir ao baile, teria minha reputação massacrada, e meus pais ainda faziam questão de ficar brigando por bobeiras. Eu deveria ter ficado na cama.

- Dia. - Cumprimentei os garotos com um rápido high five e me sentei no banco, debruçando os braços e o rosto sobre a mesa.
- E aí, cara? Como foi? - perguntou e eu bocejei, denunciando minha falta de entusiasmo.
- Normal, ela é chata e foge de mim o tempo todo. - Eu nunca menti tanto em uma frase só. Não foi normal, foi bem pior que isso. Ela não é chata, só é inteligente e tímida demais. Ela não fugiu de mim, eu fugi dela, mesmo que não o tempo todo.
- Ih, acho que alguém vai perder uma aposta, uh? - me zoou e eu o encarei de esguelha, pronto para lhe bater.
- Eu não vou perder, eu tenho tempo para isso. - Dei de ombros. - Só que ela é... tímida, e nunca deve ter beijado na vida, é uma situação complicada.
- Realmente, é muito complicado. - disse e eu suspirei aliviado, alguém que concordava comigo, ou não. - Muito complicado mesmo. - Ele disse debochado, olhando para a porta do refeitório. Os garotos riram e eu me virei para lá. segurava sua mochila cinza nas costas, estava com sua saia abaixo do joelho e camisa por dentro, coberta com o casaco, todavia sem o suéter. Os cabelos presos em um rabo-de-cavalo mal feito e os sapatos sem salto um pouco masculinos colocados sobre o meião branco.
- Acho que ela está vindo para cá. - disse rindo e eu senti meu corpo enrijecer, eu estava nervoso? O que ela queria comigo? E se ela falasse algo sobre eu ter saído correndo? Eu a mataria ali mesmo! Eu me levantei quando ela se aproximou um pouco mais, mas, ao invés de se acercar de mim, ela apenas acenou com a cabeça em minha direção e passou por nossa mesa, indo para a quadra que ficava logo do outro lado do gramado.
- OOOOOOOOOOOUTCH! - Os garotos gritaram e começaram a me zoar em meio a gargalhadas.
- Então, né? - Disfarcei, espreguiçando-me, e voltei a me sentar, já rindo com eles.

Levantamento de fatos: por que ela fingiu que nem me conhece? Alguém já disse que isso é estranhamente ruim? Minha mãe sempre dizia que a indiferença é a pior sensação que existe e agora isso me parece coerente. Eu quis ir atrás dela e saber: por que ela não foi falar comigo e nem disse "oi"? Aquele aceno com a cabeça não parecia certo depois da noite de ontem, será que ela estava impressionada com a minha reação e acabaria rindo da minha cara quando fôssemos conversar outra vez? Bom, porque seria isso que outras garotas fariam, e o que eu faria também.

- , você não vai para a aula?

Ok, , respira fundo e trague isso. Missão: prestar atenção em Álgebra. Eu tinha as duas primeiras aulas dessa matéria e a terceira era Literatura, minha aula com . Acho que era a única que tínhamos juntos nesse ano, ou não, e eu nem tinha reparado até agora. Sentei-me em uma carteira atrás dela, Lucio pareceu não gostar muito, nerd como ela, no mínimo estava tentando algo com a minha presa.

"Podemos falar?"

Dobrei o papel e toquei seu ombro esquerdo, vi-a encolher os ombros em um espasmo rápido e abafei o riso na mão, soltei o papel em sua carteira e trouxe o braço de volta, apoiando os cotovelos na mesa e o queixo nas mãos, para fingir uma atenção que eu não estava prestando.

"Responde!"

Enviei outro papel e ouvi ela bufar, sorri por isso. Ela depositou o bilhete no estojo, ignorando meu pedido de resposta. Olhei para a professora, que passava algo na lousa, e rasguei mais um pedaço de papel, escrevi outro bilhete rapidamente, dobrei-o e estendi a mão, arrastando-a próximo do seu pescoço apenas para vê-la estremecer outra vez, e isso aconteceu, ahá, também se excita.

"Responde, por favor?"

Implorei, já apelando um pouco do meu orgulho que acenava, tentando chamar minha atenção, e eu estava apenas ignorando seus sinais, esperando ansiosamente pela resposta dela.

"Sim, mas, por favor, pare de passar bilhetinho."

Esse foi o bilhete que aterrissou na minha carteira, eu ri baixo e joguei-o dentro do estojo, recostando-me na cadeira e cruzando os braços a fim de passar uma postura, ou tentando provar a mim mesmo que eu tinha, enquanto por dentro eu estava comemorando a resposta daquela garota que nem bonita era.
Copiei parte da matéria da lousa, mas não tive tempo para copiar tudo o que a professora havia passado. Levantei-me e peguei meu fichário, apoiando-o na lateral do corpo enquanto caminhava para fora da sala. estava encostada na parede segurando seu fichário rosa bebê contra o corpo, acho que estava me esperando.

- Hey. - Eu disse, aproximando-me, senti meu estômago dar uma volta inteira.
- Oi. - Ela disse, encolhendo os lábios em seguida.
- Vamos... comer alguma coisa? - Eu apontei com a cabeça para o refeitório, sem ter certeza de que deveria fazer aquilo.
- Acho melhor não. - Ela disse, baixando a cabeça, e eu arqueei as sobrancelhas.
- Por que não? - Eu perguntei, abrindo um pouco os braços.
- Porque você não quer ser visto comigo. - Ela sussurrou, olhando-me, e eu senti meu estômago afundar, traguei em seco e neguei com a cabeça.
- Eu não estou aqui falando com você? E não estou te convidando para ficar o recreio comigo? - Ela assentiu. - Então! - Eu dei de ombros e passei meu braço em torno dos ombros dela, que se encolheu, mas me seguiu.

Assim que passamos da porta, senti minhas pernas hesitarem, eu estava a ponto de sair correndo. Jessica cobriu a boca aberta de espanto e começou a rir junto com suas amigas, que não pareciam achar tão engraçado assim, mas a seguiram. Eu escolhi uma mesa no canto e puxei uma cadeira para , ela me agradeceu tão baixo como um sopro e se sentou, deixando seu fichário na cadeira ao lado, como se quisesse me manter afastado. Coloquei o meu sobre o dela e me inclinei sobre ela.

- O que quer comer? - Perguntei, olhando-a.
- Só um chocolate frio e um muffin de baunilha. - Ela murmurou e eu assenti, afastando-me.

Peguei a bandeja e coloquei dois pratos pequenos sobre ela, peguei um muffin e coloquei dentro de um deles e no outro eu coloquei um lanche natural e uma donut de chocolate. Senti um empurrão e soube que era logo que eles começaram a rir, eu fiz careta e caminhei com eles no encalço até a máquina de chocolate, peguei dois copos e os preenchi, deixando-os sobre a bandeja em seguida.

- Come on, cara, beijou? - perguntava curioso, seguindo-me.
- Não, nós vamos conversar, saiam do caminho, merda. - Eu disse rindo, pulava logo à minha frente feito um idiota. - Sai, ! - Quase gritei, ele fez careta e eles se afastaram em meio a gargalhadas.

Aproximei-me de e deixei a bandeja sobre a mesa, puxei uma cadeira para perto dela, sentando-me ao seu lado. Se ela achou que eu desistiria pelo sinal que ela deu, uh, estava enganada. Vou fingir que nem reparei em nada disso.

- Estão olhando para a gente. - Eu comentei divertido, retirando a embalagem de plástico do meu lanche.
- Eu odeio isso, odeio gente me olhando, odeio quando ficam falando sobre mim e eu sei que estão. - Falou rápido e suspirou, fechando os olhos e os abrindo em seguida.
- E por que isso? - Eu perguntei curioso, é legal quando as pessoas falam sobre você.
- Porque eles não sabem nada sobre mim, e falam coisas que... não são certas.
- O que eles falam sobre você? - Eu perguntei e dei uma mordida, desinteressado, ou pelo menos fingindo desinteresse.
- Nada demais. - Ela deu de ombros. - Nada do que eu deveria contar a você ou algo do tipo.
- Nossa. - Eu disse surpreso, colocando o lanche sobre a mesa. Apoiei os antebraços sobre ela e virei meu rosto na direção de . - E por que eu não deveria saber?
- Não é que você não deva saber, só não é algo que eu queira falar. - Olhou-me séria e, segundos depois, curvou os lábios num sorriso que nos fez rir.
- Certo, se você não quer falar, pulamos essa parte, aliás, eles vão continuar olhando e falando agora mais ainda... - Peguei meu lanche e dei mais uma mordida. - Hum... Então talvez seja esse o motivo pelo qual você não queria vir aqui comigo. - Apontei para ela, que contraiu o cenho, sem me olhar. - Não queria ser vista porque assim eles iriam falar mais de você e por isso... - Fiz suspense e ela começou a rir. - Por isso disse que eu não queria ser visto contigo... BINGO! - Gritei e abri os braços, gargalhou e me bateu de leve, envergonhada com os pares de olhos que nos fitavam intensamente.
- Fale baixo, seu bobo. - Ela murmurou e eu ri de suas bochechas totalmente vermelhas.
- Só se você aceitar sair comigo mais tarde. - Apoiei novamente os antebraços na mesa e me inclinei para perto dela. - Ela mordeu o lábio e me olhou de esguelha.
- Hoje eu tenho ballet. - Murmurou e eu assenti.
- E depois do ballet? - Dei de ombros.
- Eu saio de lá às 7, e não posso chegar em casa tarde, então não posso.
- Onde você faz ballet, afinal? - Perguntei, contraindo o cenho.
- Sandham, no centro. - Ela disse e terminou de tomar seu leite, em seguida o sinal soou por todo o ambiente. - Tenho de ir. - Avisou e virou o rosto para mim.
- Ok, marcamos algo outro dia? - Ela assentiu devagar e pegou seu fichário.
- Tchau, . - Disse, levantando-se.
- . - Eu consertei e ela se virou para mim sorrindo.
- Tchau, .
- Tchau, . - Pisquei de leve e esperei ela sair, recostei-me na cadeira e, quando fui pegar meu lanche, vi tomá-lo e mordê-lo quase todo, sentando-se na cadeira à minha frente.
- Eu vi essa piscadinha. - comentou, sentando-se ao meu lado, onde estivera antes. pegou meu leite e jogou meu fichário sobre a mesa, ocupando a última cadeira.
- E daí? - Perguntei, cruzando os braços. - Eu tenho ou não que transar com ela?
- Uh, ele está irritadinho. - me zoou e eu bufei, não estava achando a graça daquela brincadeira idiota.
- Tchau.

As últimas aulas passaram rapidamente e por fim eu cheguei em casa. Minha mãe tinha feito macarrão com almôndegas e eu comi quase toda a travessa. Passei boa parte da minha tarde jogando videogame e só quando minha mãe gritou para que eu fosse tomar banho eu notei que já eram 6h30. Dei um salto e retirei a bermuda, vestindo rapidamente minha calça jeans, troquei a camiseta cinza por uma branca porque a anterior estava suja, de molho. Escovei os dentes, calcei meus tênis, os primeiros que vi, e coloquei um gorro, cobrindo o estrago que eu tinha sobre a cabeça. Peguei minha carteira e me perfumei um pouco.

- Mãe, pai...
- Nem pensar em sair. - Minha mãe disse, cruzando os braços. - Já não jantou conosco ontem. - Eu fiz minha melhor expressão de desespero.
- Por favor, mãe, eu preciso ir. - Eu apontei para a porta e ela desmontou a expressão e sorriu.
- É a garota de ontem? - Ela perguntou, colocando as mãos no meu rosto.
- Isso. - Eu respondi, rolando os olhos enquanto ela beijava todo meu rosto.
- Coisa mais linda da mamãe...
- Meu bem... - Meu pai disse, rolando os olhos e eu dei risada.
- Vai lá, só não demore porque amanhã você tem aula cedo. - Ela beliscou minha bunda e eu gargalhei, saindo rápido de casa.

Dirigi até o centro e estacionei rente ao meio fio, olhando a fachada da academia de dança. As meninas começaram a sair e eu saltei do carro, fechei a porta e me recostei a ele, com as mãos no bolso da calça, esperando ver entre todas elas. Sorri ao vê-la descendo as escadas conversando com uma mulher um pouco mais velha. Ela usava uma meia fina preta, um macacão curto e uma camiseta larga por baixo dele, caindo no ombro direito. Os cabelos desordenados em um rabo de cabelo mal feito, quase soltando-se sozinho. Ela se colocou estática na porta, as garotas me olhavam e comentavam entre si, eu fingia não dar importância a isso. Esbocei um sorriso fraco e ela piscou algumas vezes, como se quisesse acreditar que eu estava ali. Eu forcei um sorriso um pouco maior e ela abriu a boca, depois fechou e olhou para a professora, que intercalou os olhos de mim para ela e vice-versa, depois sorriu, encorajando-a. Ouvi murmúrios surpresos quando ela se aproximou de mim e eu desencostei para cumprimentá-la com um abraço. Até agora não sei ao certo por que fiz aquilo, mas era uma necessidade que provinha de algum lugar do meu inconsciente.

- Não disse que viria. - Ela reclamou emburrada e eu toquei a ponta do seu nariz num gesto... carinhoso?
- Eu quis fazer uma surpresa. - Disse, ouvindo as garotas suspirarem. Soltei um riso baixo e rolou os olhos graciosamente, rindo em seguida.
- Acho que não vai mais precisar da minha carona, certo? - A mulher com quem conversava antes se aproximou e sorriu maliciosa.
- Er... - começou a encolheu os ombros.
- Não, eu vou levá-la para tomar um lanche. - Eu disse para a mulher, que sorriu.
- Cuide dela. - Disse-me séria e eu assenti prontamente.
- Vou cuidar. - Falei rápido e sorri sem jeito depois.
- Ok, até mais, .
- Até mais, professora Hopkins. - Acenou e se encolheu um pouco.
- Vamos? - Eu chamei animado, abrindo a porta do carro.
- É, vamos. - Disse, acercando-se e pedindo minha mão para subir, estendi e a ajudei na tarefa antes de fechar a porta e entrar também.

Eu dei partida e o silêncio reinou nos primeiros instantes. Ela parecia um pouco nervosa e eu estava me questionando quantos dias seriam necessários até que ela se acostumasse com a minha presença e parasse de mexer tanto nos dedos como se quisesse quebrá-los ou algo do tipo. Aquilo realmente me deixava irritado, e me fazia sentir como se eu fosse um monstro e pudesse fazer algum mal a ela, não que isso não fosse de um todo verdade, mas que mal tinha em fazer um pouco de sexo? Ela iria até gostar de transar comigo, aposto como nunca tinha ficado com um cara como eu, se é que ela já tinha ficado com algum. Haha, impossível ela ser virgem, nenhuma garota de 17 anos é virgem hoje em dia... ou é?
Para cessar com aqueles movimentos irritantes, eu estiquei minha mão e pousei sobre as dela, se colocou imóvel no mesmo momento e um alívio percorreu meu corpo, fazendo-me relaxar no banco. Fiz um carinho suave com o polegar e pensei em retirar minha mão, mas de repente seus dedos me pareceram mornos e confortáveis, então eu entrelacei eles aos meus e algo estranho aconteceu com o meu estômago, uma ânsia ou... não sei, qualquer coisa que eu nunca tinha sentido ao segurar a mão de uma garota antes, aquilo precisava passar ou eu iria sufocar, tamanha falha na minha respiração.

- Então. - Disse tão alto que ela sobressaltou, eu ri um pouco e apertei sua mão na minha. - Burger King ou Domino's? - Perguntei, passando o polegar pelo dela.
- Burger King. - Ela disse e eu sorri, assentindo. - E-eu... não posso demorar, . Eu tenho que estudar ainda. - Ela me avisou.
- Não tem problema, vamos comer e eu te levo em casa, está bem? - Eu estava sendo tão pateticamente carinhoso que até eu sentia nojo.
- Ok. - Sorriu e virou o rosto para a janela.

As coisas pareciam melhores agora, e ela parecia mais tranquila com minha proximidade. Estacionei o carro e desci, e isso ela conseguia fazer sozinha. Senti-me ligeiramente constrangido ao notar que a lanchonete estava cheia e não estava exatamente bem vestida, mas eu não podia desistir agora. Deixei meu braço descansar em torno de seus ombros e empurrei a porta, dando espaço para ela entrar e o fiz em seguida. Cumprimentei uma pessoa ou outra e nos dirigi até a única mesa desocupada.

- Hum, o que vai ser? - Perguntei olhando o menu que ela segurava com as pontas dos dedos.
- Não sei. - Deu de ombros e eu voltei meu olhar para a tabela de lanches.
- Eu vou pedir um Angry Whopper. - Disse decidido, ela me olhou e voltou os olhos para o menu, riu baixinho.
- Acho que... vou pedir um também. - Mordeu o lábio insegura, e eu confesso que estava um pouco surpreso, afinal, era quase o maior lanche e ela deveria pedir um sanduíche de frango com salada... ou não?
- Boa escolha. - Eu disse sorrindo.

Fizemos os pedidos e entramos num assunto qualquer sobre rede de lanchonetes. Eu dizia que ali era a melhor lanchonete, e ela discordava, dizendo que ainda preferia o clássico Mc Donald's, eu dizia que ela era padrão e então ela brigava comigo. Admito que em cinco minutos eu me esqueci das pessoas que nos encaravam e cochichavam. Na verdade, eu não estava me importando com isso, e desde que cruzei a porta eu percebi isso. Ela era engraçada. Chata... como eu a descrevia para os garotos... Na verdade, eram aquelas garotas com quem eu saia e que preferiam fazer um boquete a conversar sobre música.
Terminamos de comer quinze minutos depois e ainda sobraram as batatas para ficarmos comendo vez ou outra quando o assunto acabava. Antes de irmos embora, pedimos uma "coisa lotada de calorias", definição que a Jessica deu para a torta de maçã com sorvete, que eu e comemos sentados dentro do carro. Estava um pouco frio e o aquecedor nos mantinha mais confortáveis.

- Eu não acredito, isso é... ridículo. - Ela negou com a cabeça, sua boca estava toda borrada com sorvete de creme, eu sorri divertido. - Eles deveriam ter dado uma chance, isso é sério, não ria. - Ela disse, olhando-me, e eu sorri mais ainda. - Você... - Deu de ombros e umedeceu os lábios. - Já tentou procurar um agente em Londres? - Eu estava paralisado no movimento de seus lábios contornados com sorvete e canela, eu nem reparei quão próximo já estava. - Poderia... ser melhor. - Ela disse constrangida e engoliu em seco. - Não é? - Eu não podia mais esperar, eu queria beijá-la, então colei meus lábios nos dela de uma vez, pressionando-os de leve. Abri os olhos e me afastei devagar, estava parada com os lábios entreabertos e os olhos fechados. Meu coração acelerou quando ela abriu os olhos e me encarou com uma expressão confusa e adoravelmente inocente. - E-eu... Não sei o que fazer. - Sussurrou quase inaudivelmente, com o cenho contraído.
- Shh. - Eu pedi silêncio novamente, aproximando meu rosto do dela, chegando à rápida conclusão de que poderia nunca ter beijado, agora isso parecia claro para mim. - Feche os olhos. - Eu pedi também em tom baixo, vendo-a me obedecer.

Suas pálpebras trepidavam e sua respiração entrecortada batia em meus lábios. Eu passava meu nariz pelo seu enquanto me livrava da embalagem de torta que ainda tinha nas mãos. Deixei-a no banco de trás, a primeira coisa que consegui alcançar e que me pareceu seguro. Coloquei uma das mãos em seu pescoço e a vi apertar os olhos. Passei o polegar por sua bochecha e toquei seus lábios com os meus. Minhas pálpebras pesaram e baixaram por vontade própria. Eu pressionei um pouco mais nossos lábios antes de apartá-los e roçá-los nos de , até ela dar espaço suficiente para um beijo. Deslizei minha língua por sua boca e ela hesitou por alguns segundos, mas depois cedeu e me deixou beijá-la. Eu sentia meu coração (gay) palpitando enquanto um misto de sensações (gays) me invadiam e se manifestavam por todo meu interior. Uow, talvez a certeza de que ela nunca havia beijado não fosse tão certa assim. Ela sabia bem como controlar a língua e dosar a saliva, ela beijava muito bem, ela não deveria beijar bem, eu não deveria gostar... Droga!
quebrou o beijo e meus olhos foram se abrindo aos poucos. Minha visão demorou um pouco a entrar em foco e só então pude vê-la. Ela parecia atônita, nervosa e envergonhada, mas isso fora fácil descobrir, dito que as bochechas dela estavam totalmente rosadas e seus olhos não sabiam para que lado olhar, menos para mim, é claro. Ergui a mão de seu pescoço e passei sua franja para trás da orelha. Seus olhos pousaram em mim e eu abri um sorriso idiota... Digo, um sorriso... um sorriso comum, ou um pouco aberto demais. Ela mordeu o lábio e sorriu enviesado, sexy? É, ela podia ser considerada uma modalidade diferente de ser sexy, mas não deixava de ser, eu juro que não.

- Eu tenho de ir. - Ela disse baixo e eu assenti.
- Vou te levar para casa. - Pisquei e me afastei, puxando o cinto e vendo-a fazer o mesmo.

Dirigi em silêncio até em casa. Eu tive vontade de falar sobre qualquer coisa várias vezes, não gostava muito do silêncio, mas notei que ela precisava daquele momento de reflexão, afinal, ela tinha beijado e não tinha nenhuma amiguinha para sair gritando ou algo do tipo. Ela ainda estava vermelha e eu não queria constrangê-la ainda mais. Só pude perceber quão desatenta estava quando estacionei o carro em frente a sua casa e ela nada fez, apenas continuou passando os dedos uns nos outros. Ri sozinho e desci do carro, caminhei até ela e puxei a porta, ela sobressaltou assustada e depois sorriu sem jeito. Ajudei-a a descer e fechei a porta, caminhando com ela até a varanda de sua casa, segurando sua mão na minha.
- Obrigada. - Ela agradeceu e eu sorri, segurando ambas suas mãos.
- Não tem de quê. - Eu disse, acariciando sua pele com os polegares.
- Boa noite, . - Ela murmurou, olhando os próprios pés, e pude notar sua petrificação quando ela viu meus se aproximarem um pouco mais dos seus. Ergueu devagar a cabeça e observou minha aproximação, até que eu novamente encostei meus lábios aos dela e a beijei.

Nossas línguas se envolveram facilmente dessa vez, e ela parecia um pouco mais acostumada com a situação toda, mas a peguei de surpresa quando soltei suas mãos em meus ombros e levei as minhas em suas costas, trazendo-a um pouco mais para perto, o que a fez tropeçar em meus pés. Nós rimos e quebramos o beijo por isso, eu a abracei devagar e me peguei sorrindo feito um tonto enquanto inalava o cheiro de seu pescoço, suspirei e a soltei devagar.

- Boa noite. - Ela disse, levando a mão à maçaneta.
- Noite. - Acenei e beijei sua bochecha rapidamente antes de sair correndo de volta para o carro.

Pouco antes de entrar, eu ergui o rosto para ela, que estava encostada no batente, acenou para mim e eu sorri, acenando de volta. Ela bateu a porta e eu senti meu coração disparar sem motivo aparente, apertei com um pouco mais de força a maçaneta da porta do carro. Meio caminho andado... E eu só queria não o ter percorrido, aquela aposta era um erro, mas se eu tivesse sorte ninguém nunca saberia sobre aquilo, lembre-me de rezar por isso antes que essa noite termine.

Capítulo 5. "She's perfect, so flawless, I'm not impressed" (Comfortable - John Mayer)

Acordei ridiculamente animado, de alguma forma eu queria vê-la, e ao mesmo tempo não queria que fosse na escola. Eu ainda estava confuso sobre aquela sensação, e alguns minutos embaixo da água não mudaram nada. Eu não sabia se o problema era ser visto com ela, ver todos eles. Os boatos eram rápidos, maldosos e chatos, eu nos queria longe disso, eu nos queria no meu carro, comendo torta de maçã com sorvete. Ninguém riria da nossa boca suja... Ninguém questionaria o porquê de estarmos juntos, e isso nos faria ficar longe da resposta, a aposta.

- Bom dia. - Eu disse, não tão animado como quando acordei.
- , eu vou te avisar uma última vez, pare-de-usar-meu-desodorante! - Minha irmã gritou e eu ergui meu braço, inalando um pouco.
- Eu não estou usando seu desdorante. - Dei de ombros.
- Gay. - Ela disse, rolando os olhos.
- Idiota. - Eu retruquei, sentando-me e pegando uma rosquinha.
- Imbecil.
- Vadia...
- Chega! - Minha mãe gritou e eu joguei um pedaço de rosca em minha irmã, que me jogou um pedaço de pão e foi suficiente para começarmos a rir feito idiotas.

Peguei minha mochila e comi o resto da rosquinha, então me levantei e terminei de comer antes de sair andando. Despedi-me de Dah, que estava na cozinha, e corri para o meu carro, gritando que já estava saindo. Cheguei na escola e, antes de sair do carro, fiquei um tempo parado, olhando o pátio cheio de gente. Procurei-a com os olhos, se eu a beijasse dentro do carro não precisaria beijá-la fora, e isso já fazia diminuir as possibilidades de ser zoado até a morte. Bom, parece que eu teria de correr esse risco.
Desci do carro e ativei o alarme, ajeitei a mochila no ombro e coloquei as chaves do carro no bolso. Atravessei a secretaria e o refeitório, os caras estavam no mesmo lugar de sempre e foi onde eu me sentei.

- E aí, ! - me cumprimentou e eu apenas sorri.
- Que cara é essa? - contraiu o cenho, rindo.
- Já dei um passo. - Eu disse, ajeitando a mochila sobre a mesa.
- Que passo? - Harry perguntou curioso.
- A gente já se beijou. - Eu disse sorrindo.
- Nossa, que enorme passo! - Ele disse com desdém, eu não considerava aquilo pouco, não quando estávamos juntos, tinha sido um grande avanço, pelo menos entre nós dois.
- Eu acho que sim. - Disse sincero e rolou os olhos.
- Cuidado para não se apaixonar, hein, . - Ele me zoou, colocando as mãos sobre o peito e piscando rapidamente.
- Certeza. - Ironizei e deitei o rosto sobre a mochila, olhando quem entrava e saia do refeitório.
- Sua namoradinha. - me zoou assim que passou pela porta do refeitório, nada diferente do que eu já estava acostumado a ver, mas desta vez de alguma forma ela fez meu corpo formigar de ansiedade.

Ela me olhou e estacionou no lugar, olhou em torno de si e para baixo, apertou a alça da mochila e começou a fazer o caminho de volta. Levantei-me sem dar ouvidos ao que os caras diziam, caminhei rápido até ela e lhe segurei o antebraço com cuidado, ela se virou para mim.

- Hey, bom dia. - Eu disse animado, ela ergueu o rosto na minha direção e sorriu tímida.
- Bom dia. - Disse com a voz baixa, suave.
- Dormiu bem? - Perguntei, descendo a mão até a sua, segurando-a cuidadosamente.
- Sim, e você? - Respondeu simplesmente.
- Também. - Assenti e olhei para trás, fazia sinais com as mãos com significado de beijos, eu ri baixo e me virei para ela. - Vou pegar minha mochila, me espera?
- Sim. - Sorriu. Soltei sua mão e corri até a mesa para pegar meu material.
- A gente quer ver. - disse prontamente e eu ri.
- Ver o quê?! - Fingi surpresa.
- Um beijo, para acreditarmos que vocês realmente se beijaram.
- Hum, ok. - Dei de ombros e joguei a mochila nas costas.

estava parada em seu lugar e, conforme eu me aproximava, eu ouvia os garotos chamando-a de boa samaritana, beata e coisas do tipo. Rolei os olhos e não senti vontade de rir, como faria alguns dias antes. Senti que, de alguma forma, estavam todos nos olhando, então passei o braço por sua cintura e me inclinei, selando meus lábios nos dela, até ela ceder um breve espaço para um beijo. Ouvi uma gritaria confusa e ignorei logo quando sua língua tocou a minha. Não havia nada além de nós dois, todas as vozes foram abafadas, uma pena que durou pouco tempo e logo estávamos saindo dali com os murmúrios daquela gente sem o que fazer.
Peguei sua mochila para me mostrar um pouco cavalheiro e carreguei até uma das mesas, ela se sentou e eu o fiz ao seu lado, abraçando-a pelos ombros.

- Tudo bem? - Perguntei, vendo-a encolhida em sua cadeira.
- Não faça mais isso. - Pediu sussurrando.
- Isso o quê? - Contrai o cenho e me inclinei para ela.
- Não me beije mais em público assim. - Mordeu o lábio e eu assenti devagar, sem entender muito bem.
- Está bem, desculpe-me. - Ela assentiu e se recostou a mim.
- Pega copo de suco para mim, por favor? - Pediu, virando o rosto para mim.
- Pego. - Sorri e me levantei, caminhando até a máquina de suco, preenchi o copo e fui voltando devagar.

Jessica me acenou e eu balancei a cabeça, cumprimentando-a. A turma de garotos do cricket fazia sinais idiotas para mim, zombando , que me esperava em silêncio, encolhida na cadeira. Suspirei mais uma vez, aquilo não seria fácil, e de alguma forma eu sentia que para ela muito menos.

- CUIDADO, !

James gritou irônico, empurrando-me com força pelos ombros de forma que o copo de chocolate virasse todo sobre . Eu não acreditei que um dia isso fosse capaz de acontecer realmente, tinha de ser muito bem calculado, mas tinha dado perfeitamente certo. A camisa azul de estava completamente molhada e começava a ganhar transparência, ela tinha os olhos arregalados e as mãos na altura dos ombros, onde havia parado em meio ao susto.

- Oh, God, desculpa! - Eu pedi, inclinando-me para ela. olhou de seu busto para mim com os olhos mareados e eu senti minha garganta trancar. Virei-me imediatamente para Jimmy, que ria com as mãos no joelho, e me aproximei firmemente. Antes que ele pudesse dizer qualquer coisa ou que alguém pudesse me impedir, eu aproveitei sua posição e dei um murro em sua barriga, ele gemeu e me olhou assustado, foi necessário apenas um movimento seu para que eu o empurrasse para longe com um soco no rosto. - Idiota! - Eu gritei, sentindo duas mãos me segurando por debaixo dos braços.
- Calma, cara, calma. - me pedia enquanto parava entre nós dois com os braços abertos.
- O que está acontecendo aqui? - A inspetora perguntou, aproximando-se, e eu me soltei das mãos de .
- Vem. - Estiquei a mão para enquanto com a outra eu pegava nossas mochilas.
- Uuuuuuuuh, o gosta de ursinhos? - Eles gritavam, referindo-se ao sutiã de , que ficou visível através do linho molhado.
- PERGUNTE PARA A SUA MÃE DO QUE EU GOSTO! - Eu gritei irritado enquanto abraçava próximo de mim.

Antes de chegarmos em frente ao colégio, ainda no corredor da secretaria, parei um pouco e retirei meu casaco enquanto me esperava encolhida, abraçando o próprio corpo. Ela me olhou com os olhos vermelhos, algumas lágrimas trilhavam caminho até seu queixo e eu sentia vontade de voltar lá e quebrar todos eles, mas me controlei, pois senti que ela precisava de mim naquele momento.
Coloquei meu casaco em seu corpo e peguei nossas mochilas novamente, carregando-a para fora do colégio. Expliquei em poucas palavras à coordenadora e a levei até meu carro. Ficamos rodando um tempo pela cidade enquanto ela se acalmava, eu já não sabia o que fazer, então, enquanto esperávamos o frentista encher meu tanque, eu me voltei para ela.

- Desculpa, isso tudo é culpa minha. - Eu disse sincero e ela negou com a cabeça, enxugando o rosto.
- Eles são uns idiotas, eles sempre fazem isso. - Disse, apertando meu blazer contra seu corpo.
- Não se importe com eles. - Eu disse, esticando a mão e fazendo a curva abaixo de seu olho com o polegar, enxugando a lágrima que escapava por ali. - Eles vão nos esquecer uma hora ou outra. - Eu disse com os ombros encolhidos, ela assentiu fraco e se comprimiu no assento. - Quer ir para casa?
- E-eu... não posso... não posso, meu pai me mataria! - Ela disse, virando-se para mim. Eu umedeci os lábios e coloquei sua franja atrás da orelha.
- Quer ir para minha casa, então? - Ela ficou me olhando.
- Seus pais não vão ficar bravos? Você está matando aula! - Ela comentou incrédula e eu sorri.
- Não, e além do mais eles não estão em casa agora. - Ela mordeu o lábio e tragou a saliva. - Só minha irmã e algumas empregadas. - Ela assentiu devagar.
- Tudo bem.

Paguei pelo diesel e segui para minha casa. estava mais tranquila e eu podia notar isso quando vez ou outra eu a fazia sorrir de alguma bobeira dita. Quando chegamos, eu coloquei o carro na garagem e por isso entramos pela porta da cozinha, nos fundos de casa.

- Hey, Dah. - Chamei, puxando pela mão, ela estava quase sumindo dentro do meu blazer.
- Olá... Oi. - Ela disse surpresa ao ver que eu estava acompanhado.
- Oi. - Ela disse tímida.
- Aconteceu alguma coisa? O que fazem em casa? - Perguntou, soltando o guardanapo sobre a pia.
- Molharam a roupa da , houve uns problemas e eu achei melhor virmos para casa. - Abracei , que encarava o chão.
- Hum, e está tudo bem agora? - Ela perguntou cuidadosa, vendo-me fazer sinais para que ela parasse de questionar.
- Sim, sem problemas, não é? - Olhei para , que assentiu devagar. - Dah, você pode preparar um milk shake de chocolate para nós dois? Vamos subir para a sala de TV. - Pisquei para minha babá, ela sorriu e piscou de volta.
- Faço sim, querido, já levo.

Eu conduzi pela sala de jantar e nós seguimos para o hall, subimos lentamente as escadas e caminhamos pelo corredor até a porta da sala de TV. Deixei nossas mochilas no canto enquanto ela se sentava timidamente no sofá. Apoiei as mãos no encosto e a encarei.

- Quer uma blusa emprestada? - Perguntei sorrindo.
- Er... Tudo bem. - Concordou e eu sorri.
- Vou pedir à minha irmã, só um minuto.

Caminhei até o quarto de , ela havia voltado a dormir. Ela sempre fazia isso. Abri seu guarda-roupa e peguei a blusa mais decente que ela tinha, uma baby look preta simples, sem nada escrito ou estampado. Quando cheguei na sala, vi Dah deixando os dois copos com milk shake sobre a mesa de centro.

- , acho que essa vai servir. - Mostrei a camisetinha e ela assentiu, levantando-se devagar.
- Onde posso me vestir? - Perguntou delicada.
- Dah, mostre a ela onde é o banheiro. - Dah assentiu e a levou consigo.

Tirei meu tênis e deixei no canto, junto com o blazer que ela havia me entregado. Sentei-me no sofá, praticamente afundando no estofado, e busquei o controle da TV. Enquanto trocava constantemente os canais e esperava por , eu pensava num bom filme para podermos ver, já que naquele horário era basicamente desenho, jornal e programa de esporte. Não que as três opções fossem péssimas, na verdade, a primeira e a última me deixavam formigando de alegria, mas não acho que fosse atraí-la. Levantei-me e caminhei até a estante que tinha ao lado da TV, abaixei e comecei a olhar os DVD's, à procura de algo bom o suficiente.
Que tipo de filme mulheres costumam assistir? A Filha do Presidente, por que eu tinha esse filme? Ele é uma merda, embora a Kate Holmes seja muito gostosinha, ela não merece uma hora de atenção... Exceto se for na cama do papai aqui. Doce Novembro, não, já assisti com a minha mãe e minha irmã, as duas choraram, iria chorar e eu não saberia o que fazer. A Bela e a Fera, que droga é essa? Vou esconder antes que veja, sabe como é, garotas costumam gostar da Disney, até o gosta. Lolita, uuuh, a ninfeta gostosinha, esse é um fi...

- ? - Ouvi me chamar e virei o rosto para ela. Traguei a saliva e pisquei algumas vezes. - Acho que ficou... bom, não ficou? - Olhou para si mesma e depois para mim. Bom? Aquela blusa era para ser dela. Embora sua saia estivesse apenas um pouco abaixo do umbigo, a blusa ainda deixava uma parte de sua pele exposta, uma linha de pele, uma única fresta que fez meus dedos pressionarem a capa do filme em minha mão. - ? Ficou tão ruim assim? - Perguntou constrangida, eu sorri como um idiota faria e neguei com a cabeça.
- Ficou legal. - Eu disse e ela sorriu fraco, aproximando-se com calma de mim. Estiquei minha mão e ela se ajoelhou ao meu lado, sobre o pano da saia.
- Lolita? - Tomou o filme das minhas mãos e olhou a capa. - Já me falaram sobre esse filme. - Ok, agora ela vai me achar um tarado idiota e vai sair correndo. - É legal? - Voltou-se para mim, eu abri e fechei a boca algumas vezes, sem ter certeza se devia ou não responder àquilo.
- Bom, não sei direito, faz muito tempo que eu... que eu vi, e... eu não me lembro muito bem.
- Podemos ver se... se você quiser. - Ela desviou os olhos para o filme e eu arregalei os meus, e agora? Será que ela sabia o conteúdo daquilo que ela tinha em mãos? Não que fosse um pornô em si, mas uma cena ou outra eram bem... excitantes.
- Eu não sei, você quer? Você... tem certeza? - Eu a olhei e ela parecia curiosa.
- É, nunca me deixaram ver em casa, seus pais te deixam ver? - Olhou-me e eu sorri involuntariamente.
- Acho que não se importam com isso... De qualquer forma, está os vendo em alguma parte? - Nós sorrimos sapecas e ela me entregou o filme, levantando-se e correndo para o sofá como se estivéssemos mesmo fazendo algum tipo de travessura.

Assim que coloquei o filme, eu caminhei até a porta da sala, encostando-a. Perguntei se se importava se eu fechasse as cortinas, ela negou, encolhendo as pernas inteiras sob a saia. Eu fechei as cortinas, por ser de cor nude não escureceu a sala de um todo, só vetou em parte os raios de sol. Sentei-me ao seu lado e peguei o controle do DVD. O início do filme era um pouco sombrio, um cara contando sobre sua história, não me parecia muito interessante e eu nem mesmo me lembrava do começo, então me estiquei e peguei nossas taças, entreguei uma a ela, que me sorriu agradecida e se recostou ao sofá, olhando para a TV novamente. Sorri e suguei um pouco do meu leite, virando meus olhos para a TV, quando notei que não teria a atenção dela.
Para quem nunca viu o filme, ele conta basicamente a história de um velho tarado que casa com uma mulher e se apaixona pela filha dela, a Lolita. A mulher morre, ele e Lolita, literalmente, se envolvem e fim. Na verdade, o fim não é esse, mas se você nunca assistiu seria inconveniente eu contar o fim, odeio que façam comigo e não vou fazer isso com ninguém.
Olhei de esguelha para enquanto apoiava meus pés na mesa de centro, ela do mesmo jeito, com as pernas em posição de índio cobertas pela saia, recostada ao sofá, sem mater uma postura totalmente ereta, com os olhos fixos no filme e o canudo preso entre os lábios entreabertos, totalmente absorta. Sorri e mordi meu lábio, de alguma forma ela me pareceu bem atraente. Traguei a saliva e me voltei para o filme, tentando absorver algo das cenas que eu via, mas eu não queria prestar atenção, então isso ficava um pouco complicado.
As cenas se passavam e exclamava alguns rápidos sustos quando algo inesperado acontecia, eu apenas sorria. Meus olhos vagavam por seu rosto, estava sem expressão alguma, ela estava devota ao filme, e eu a ela. O canudo estava próximo de seus lábios, quase entre eles, vez ou outra ela o envolvia com a língua e sugava um pouco de sua bebida, depois soltava, com as bochechas cheias de leite, engolia aos poucos e limpava os lábios com a língua, contornando-os com sua língua que nunca me pareceu tão convidativa. De repente, suas bochechas começaram a corar, e ficavam cada vez mais vermelhas, virei-me para a TV e notei que a cena era desagradável, pelo menos para ela. Não era nada demais, era a primeira transa das personagens, mas sequer aparecia alguma coisa concreta, ninguém nu nem nada disso, mas eu podia ouvir a respiração descompassada da garota ao meu lado. Eu sorri e virei meu rosto em sua direção. Seus seios subiam e desciam rapidamente, ela estava vermelha, realmente muito vermelha, parecia até sufocada com alguma coisa. Quando notou meus olhos, ela virou o rosto na minha direção e pareceu um pouco assustada quando seus olhos se encontraram com os meus, eu lhe sorri e tentei passar alguma confortabilidade, ela sorriu sem graça e mordeu o lábio.
Umedeci meus lábios e me aproximei um pouco, ela não hesitou, apenas forçou os dedos na taça de vidro, eu sorri e peguei a mesma de suas mãos, esticando-me para colocá-la na mesa de centro ao lado da minha. Quando me voltei para ela, pude sentir suas mãos se instalarem em minha nuca, delicadas, receosas. Ergui meu rosto um pouco mais, encarando seus lábios. Antes que pudéssemos pensar em qualquer coisa, eu a beijei. Sua língua pareceu um pouco tímida de início, mas eu a instiguei pouco a pouco com a minha, até que as duas estivessem envolvidas em movimentos lentos, namorando entre si. Eu sentia suas mãos tateando meu cabelo, seus dedos leigos se enroscavam entre os fios. Minhas mãos estavam apoiadas no sofá, mas ao notar que ela não se importaria coloquei uma delas em torno de seus ombros, apoiando o antebraço no encosto do sofá, e levei a outra em sua cintura. Deus do céu, sua cintura era fina, fina como eu não imaginei que fosse, e só agora, tateando seus ossos salientes, eu pude perceber isso.
Investi um pouco os lábios nos seus e senti ela se encolher minimamente, arrastei a mão de sua cintura para suas costas, tentando atraí-la para mais perto, mas ela jogava o peso do corpo para trás, não me deixando fazer isso. Eu podia sentir quão tensa ela estava, e teria que resolver isso. Com a mão que estava atrás de seus ombros, eu acariciei seus cabelos, enroscando-os com cuidado entre os fios, massageando sua cabeça e nuca com as pontas dos dedos até senti-la um pouco mais fraca. Ela cedeu ao meu braço e eu a trouxe um pouco mais cerca de mim. Nossos joelhos se encostaram e eu voltei a mão para sua cintura, tentando fazê-la se virar de frente para mim, de alguma forma eu sabia que não ia ser tão fácil assim. Ela se contraiu e quebrou o beijo, estávamos ofegantes, seus olhos arregalados fixos nos meus, com os quais eu tentava acalmá-la.

- Meu estômago. - Ela sussurrou e eu arqueei as sobrancelhas, olhando seus olhos assustados. - Está revirando. - Falou mais baixo, olhando para o lado, como se estivesse me confidenciando um segredo, eu sorri.
- Algum problema? - Eu perguntei baixo, respeitando a atmosfera que ela havia criado.
- Não... sei. - Mordeu o lábio e me olhou. - Nunca acontece. - Murmurou e colocou a mão sobre o estômago, ela estava nervosa, visivelmente tensa.
- Costuma acontecer quando... eu gosto de uma garota. - Eu disse encarando-a. - E eu também estou assim agora. - Eu murmurei, desviando meus olhos de seus para sua boca, ela corou e sorriu de lado.
- Isso quer dizer que eu gosto de você? - Ela sussurrou sem me olhar.
- Você gosta? - Eu perguntei, acariciando sua bochecha com o polegar.
- Eu acho que sim. - Disse quase inaudivelmente, eu lhe sorri e virei seu rosto em minha direção para em seguida beijá-la, nova e carinhosamente.

Eu não sabia por que estava agindo daquela maneira, eu queria me enganar dizendo que estava fazendo aquilo só para que ela cedesse de uma vez, mas bem lá no fundo eu sabia que estava sendo espontâneo, desde minhas palavras até minhas atitudes. Eu não menti quando citei sobre meu estômago, apenas quando afirmei que isso acontecia quando eu gostava de uma garota, afinal, eu nunca tinha me sentido assim antes, talvez fosse a situação, ou talvez eu não quisesse admitir, mas ter mantido aquela aposta era uma desculpa para eu estar ali, com ela em meus braços.
desdobrou as pernas e as deixou repousar no estofado. Sem descolar os lábios dos seus, eu me arrastei para um pouco mais perto e acariciei sua cintura com o polegar, movendo-o em círculos lentos pelo osso saliente de seu quadril, levantando brevemente a blusa naquele espaço. Ela puxou um pouco mais meu cabelo e eu pude sentir seus poros eriçados sob meus dedos, o que demonstrava seu arrepio, deixando-me saber que ela estava gostando. Deixei minha língua contornar seus lábios para depois voltar a beijá-la. Eu podia senti-la ofegante, e suas mãos já não se contentavam em massagear meus cabelos, ela agarrava mechas grandes e as puxava, creio eu que era involuntário, mas me estimulava bastante.
Eu quebrei o beijo e a encarei por alguns segundos. Ela não abriu os olhos, talvez estivesse envergonhada. Coloquei seu cabelo para o lado e umedeci os lábios antes de dar o primeiro beijo em seu pescoço. Ouvi-a soluçar assustada, pude ver sua pele extremamente arrepiada e sorri diante da reação que eu causei nela. Ela não fazia ideia do quanto aquilo estava me deixando louco. Mesmo com seu pescoço ligeiramente encolhido, eu ainda conseguia distribuir alguns beijos úmidos por ali. Ela estava com as mãos nos meus ombros, agarrada à minha camisa. Suas pernas inquietas esbarravam nas minhas, eu já estava quase me virando todo sobre ela, mas talvez se eu o fizesse ela fosse me barrar.
Afagando seus cabelos, eu ainda beijava-lhe o mesmo pedaço de pele no pescoço, sem espaço para excursionar por ali. Passeei com os dedos por suas costas, ousando sentir sua pele abaixo da camiseta fina. Ela se contorceu um pouco e eu pude ouvir um suspiro intranquilo escapar por seus lábios logo antes de ela deitar o pescoço para trás e empurrar o corpo para frente, de encontro ao meu. Com livre acesso, eu deslizei os lábios entreabertos por sua garganta, deixei uma mão pousada no centro de suas costas, suspendendo seu corpo que já estava quase deitado no sofá. Suas pernas estavam largadas sobre uma das minhas, suas panturrilhas caídas entre as minhas. Em uma posição favorável, eu estiquei minha mão e toquei seu joelho, não faço ideia de onde estava a saia que deveria estar cobrindo-o, mas comemorei internamente o fato de não estar ali. Desenhei mil coisas abstratas com a língua em sua garganta, às vezes eu a ouvia gemer baixinho, quase inaudivelmente. Sua respiração totalmente falhada denunciava o quão vulnerável ela estava diante das minhas carícias, eu adorava isso nela. Passei os dedos por dentro de sua meia, acariciando a parte de trás de sua panturrilha. Ela se encolheu toda e resmungou alguma coisa que eu não consegui entender. Encostei os lábios em sua orelha, contornando-a com a língua vagarosamente. Senti pela primeira vez as unhas de por cima da camisa do uniforme, ela as pressionou com a mesma força com a qual apertou as pernas em meu colo, empurrando o tronco para trás, com a cabeça encostada no sofá. Deus, ela estava adorando, e se eu continuasse certamente ela me permitiria ir além daquilo, mas eu não faço ideia do motivo pelo qual comecei a diminuir o ritmo do que fazia, até parar completamente.
se afastou de mim tão rápido que eu nem percebi, logo estava encolhida no sofá com os olhos pregados na TV outra vez, os braços finos e frágeis em torno dos joelhos cobertos novamente pela saia. Eu podia ver a trilha de saliva que eu havia deixado em seu pescoço, mas em sua testa e na raiz de seu cabelo não fui eu quem deixei. Embora também fosse minha culpa, ela estava transpirando. Suas bochechas rosadas e os lábios inchados e avermelhados como eu nunca havia visto, ela estava arfando e eu podia jurar que estava tremendo também.
Virei-me devagar para a TV e puxei discretamente uma almofada até meu colo, mantendo as pernas afastadas e tentando pensar em algo que acalmasse meus hormônios e baixasse o volume que tornava minha calça apertada demais. Passei a mão pelo cabelo e descansei o braço atrás da cabeça, sentindo minha respiração voltar a sua ordem aos poucos.

- O que eu fiz de errado? - Ela perguntou num tom baixo, eu diria que ela estava triste. Virei meu rosto na direção dela e sorri fraco.
- Nada, não fez nada de errado, por quê? - Eu perguntei, vendo-a apertar os joelhos no corpo.
- É a segunda vez que... você foge de mim... Eu não quero fazer nada errado com o primeiro garoto que... bom, que eu deixei me beijar assim... - Suspirou e olhou para frente.
- Hey... - Eu notei quão embolada ela estava e interrompi, levei minha mão até a sua e acariciei com o meu polegar. - Você não fez nada de errado, ok? Só não está certo fazermos isso agora. - Eu disse, tentando fazê-la entender. Ela me olhou e eu pude ver seus olhos mareados. - ! - Exclamei e me acerquei, abraçando-a.
- Eu não sei o que fazer, desculpe-me. - Ela pediu e eu a apertei, fechando meus olhos.
- Não chore, por favor. - Implorei, sentindo minha garganta queimar. - Você não precisa saber o que fazer agora, vai saber quando for necessário. - Eu disse, afagando-lhe os cabelos.

Abri meus olhos e apoiei o queixo em sua cabeça, ela estava encolhida em meus braços e vez ou outra eu a ouvia soluçar. Constatei que ela parou de chorar quando os estremecimentos constantes cessaram e sua respiração retomou à calmaria. Seu rosto estava deitado em meu ombro e eu logo notei que ela estava dormindo. Olhei para a TV, ainda indo e vindo com os dedos em seus cabelos quase soltos do rabo-de-cavalo.
Busquei o controle com a mão livre e desliguei a TV, com cuidado a tomei nos braços e sua leveza me deixou surpreso. Carreguei-a com cuidado até meu quarto e a coloquei em minha cama, ela não se moveu, apenas deixou os músculos cederem e se aferrou a um sono pesado. Sorri sozinho e me sentei na cama, mesmo sem me sentir no direito de velar por seu sono tranquilo, ali permaneci até ela acordar, olhando cada milímetro de seu corpo desfalecido em minha cama.
Sua meia desajeitada por minha culpa deixava sua panturrilha exposta, de pele fina e clara. Ainda assim era um branco diferente do meu, eu não saberia definir a cor de sua pele. Sua saia cobria um dos joelhos, mas subia deliciosamente pelo outro, deixando parte de sua coxa à mostra. Se fosse uma semana atrás eu juraria que tinha pernas horríveis, mas isso seria uma grande mentira.
Sua cintura era mais fina do que qualquer um podia imaginar, até eu. Os caras jamais acreditariam em mim sem ver aquilo. O por quê de roupas largas eu não faço ideia, mas se a intenção era cobrir seu corpo incrível, ela estava conseguindo muito bem cumprir com a tarefa.
Com cuidado, saquei meu celular do bolso e alinhei de frente para ela. Focalizando-a, bati uma foto e a salvei em uma pasta qualquer, eu precisava que os garotos a vissem naquele momento, ela estava simplesmente linda.

- O que está fazendo? - Ela me perguntou sonolenta quando abriu os olhos e me viu sentado na beirada da cama.
- Esperando você acordar. - Sorri e ela arqueou o tronco, olhando em torno de si. Sentou-se de repente, um pouco constrangida.
- Desculpe ter dormido. - Eu dei de ombros.
- Não tem problema nenhum. - Eu disse sincero, vendo-a sorrir.
- Eu sonhei com você. - Ela disse quase num sussurro, eu sorri involuntariamente.
- O que você sonhou? - Perguntei com a curiosidade revirando meu estômago, ela negou com a cabeça, baixando os olhos para as próprias mãos. - Ah, come on, conte-me. - Eu pedi sorrindo.
- Não foi gentil. - Ela disse baixo, observei suas bochechas ruborizarem e ri baixo.
- Você não quer me contar? - Perguntei no mesmo tom que ela, sentando-se um pouco mais perto. Ela negou com a cabeça e eu segurei seu queixo e ergui um pouco seu rosto, seus olhos ainda não me encaravam, mas seus lábios estavam receptivos, então a beijei.

parecia atônita, assim que nossas línguas se tocaram eu senti seus braços me envolverem pelos ombros com força, necessidade. Alguém andou tendo sonhos eróticos? Passei as mãos por sua cintura e as fixei em suas costas, podendo trazê-la para mais perto dessa forma. Com os braços ocupados em me segurar, eu tive acesso ao colchão, onde deitei e inclinei-me sobre ela. Não soltei meu peso, nossos corpos apenas se esbarravam vez ou outra conforme eu lhe beijava com intensidade.
Eu não sei definitivamente o quê, mas algo nela me fazia ficar dormente, como se eu estivesse alheio a qualquer coisa que pudesse acontecer enquanto estivéssemos nos beijando.
Senti suas mãos espalmarem delicadamente meu peito, achei que fosse para se livrar de mim, mas quando fiz menção de quebrar o beijo ela não permitiu, investindo os lábios desajeitadamente nos meus. Sentei-me devagar e coloquei as mãos em suas costas.

- Estávamos sentados? - Perguntei baixo entre o beijo, referindo-me ao sonho, ela assentiu e eu sorri divertido, sem decretar a distância total de nossos lábios.

Eu recostei na parede e apoiou as mãos cuidadosamente em meus ombros, ajoelhada na cama. Eu ainda olhava seu rosto quando uma das piores dores que eu já tinha sentido em toda minha vida me assolou. Ao tentar passar sua perna para o outro lado do meu corpo, seu joelho esbarrou fortemetemente contra minha ereção. Eu não raciocinei coisa alguma naquele momento, apenas a empurrei para o lado e me deitei encolhido, segurando o que restava do volume por cima da calça. Meus olhos lacrimejavam e eu sentia todo meu ventre e virilha latejando, eu poderia chorar se não tivesse uma garota ao meu lado.

- ? , tudo bem? - Ela perguntou com as mãos no rosto, piscando rapidamente, o desespero estampado em seu rosto. Eu nada respondi, só gemi e apertei meus olhos. - ... Quer que eu... quer que eu chame alguém? - Ela disse se levantando, eu a encarei rápido.
- Não... Não. - Eu estiquei uma mão em sua direção, ela se acercou e se sentou na beirada da cama, olhando-me assustada. - Já vai passar. - Eu sussurrei sem força.
- Fui eu? Eu que fiz? O que eu fiz? - Ela perguntava rápido, com a voz trepidante.
- Foi só um esbarrão, não foi culpa sua. - Eu disse olhando-a, sentando-me devagar na cama.
- Eu... quer que eu... - Ela apontava para minha virilha e para si mesma, eu senti meu coração disparar, sua culpa era tanta que ela seria capaz de fazer isso? Eu podia me aproveitar disso?
- Não sei... você... faria? - Eu a olhei e ela se encolheu olhando para baixo. Senti-me um idiota, mas a tentação fazia todo meu corpo pulsar, e não era mais de dor.

levou a mão no meu rosto e senti seus dedos gélidos e úmidos de suor, ela baixou minhas pálpebras até eu fechar meus olhos completamente, então a ansiedade se tornou maior. Eu não achava justo abrir os olhos, então respeitei seu pedido silencioso e relaxei, esperando seu próximo passo.
Senti os dedos de superficialmente pela calça, próximo a minha virilha. Traguei a saliva presa em minha garganta e soltei o ar devagar, tentando não assustá-la ou coisa do tipo. Ela estava muito próxima de me tocar, mesmo que não houvesse ereção ali, ela faria surgir. Cerrei meu punho e, quando finalmente seus dedos me alcançaram intimamente, ouvi toques na porta, ela pulou para longe de mim e eu me ergui frustrado.

- Garotos. - Ouvi Dah chamando e pisquei devagar, tentando manter a calma.
- Pode entrar, Dah. - Eu disse, sentando-me.
- Com licença, só vim avisar que o almoço está servido e seus pais já estão lhes esperando.
- Valeu. - Respondi e me levantei, ainda sentindo algum desconforto entre as pernas. Caminhei até a porta e a afastei um pouco mais, mas, ao notar que não estava sendo acompanhado, parei e me virei para trás. - Você não vem? - Perguntei confuso, ela negou fraco com a cabeça.
- Não, eu... preciso ir para casa. - Ela disse encolhida, com os olhos saltados.
- Hey... - Eu me acerquei e agachei na sua frente, apoiando as mãos em seus joelhos cobertos. - Vamos almoçar, depois eu te levo. - Eu sugeri, usando um tom de voz cauteloso.
- Mas são seus pais! - Ela disse esganiçada, como se fosse um crime ela estar na mesma mesa que meus pais.
- E o que tem de errado? - Eu perguntei confuso.
- Não é certo, não vou me sentir bem. - Ela disse e prendeu o lábio entre os dentes.
- Por favor? - Eu pedi. - Eles são legais, você vai gostar deles. - Eu disse sorrindo. Levantei-me e estiquei a mão até a sua, fazendo-a se levantar.
- E se eles não me quiserem na mesa? - Perguntou baixo enquanto eu praticamente a arrastava até a sala de TV para buscar seus sapatos.
- E por que não iriam? - Olhei-a, entregando-lhe seus sapatos para que ela colocasse.
- Porque eles não me conhecem, e eu não sei me portar. - Ela disse como se fosse óbvio, levantando-se após calçar as sapatilhas.
- Não te conhecem, mas vão, e eu duvido que não saiba, vem, vamos comer.

bufou baixinho e eu dei risada, segurando sua mão e descendo as escadas. Assim que entramos pela porta da sala de jantar, eu senti seus dedos finos e gélidos esmagando os meus com força. Meus pais se levantaram devagar, minha irmã me olhava com deboche e eu tentava não rir de toda aquela situação. Só para constar, eu costumo ser bem inconveniente quando se trata de risadas.

- Filho, apresente-a. - Minha mãe disse sorridente, senti cerrar ainda mais os dedos nos meus e um riso anasalado escapou, para logo em seguida eu começar a gargalhar. Eles me olhavam confusos e esmagava minha mão, o que me fazia rir ainda mais.
- Desculpa. - Eu pedi ainda entre risos. - É só que... - Fui interrompido por mais risadas, agora me acompanhava.
- ! - Minha mãe me repreendeu e riu um pouco também.
- Essa é a . - Eu disse respirando fundo. - , meus pais e minha irmã, .
- Oi, querida, prazer. - Minha mãe disse, aproximando-se e estendendo a mão para . Em seguida, meu pai e, por fim, , que apenas lhe sorriu fechado.
- Vem, vamos nos sentar. - Meu pai disse, oferecendo a cadeira ao meu lado para ela, eu puxei a cadeira e ela se sentou, agradecendo baixo.
- Você gosta de peixe? O não gosta muito. - Minha mãe dizia enquanto eu me sentava ao lado de . - , cadê seu tênis, onde já se viu descer de meias para o almoço? - Eu a encarei e nós começamos a rir. - Hoje temos visita, você deveria se comportar. - sorriu, baixando a cabeça, e eu acompanhei seu sorriso. Minha mãe me olhou com aquele jeito maternal e eu rolei os olhos.

Começamos a comer e eu pude notar que estava um pouco tímida, mas ela conversou mais com minha mãe do que conversava comigo, bem mais, eu diria. Ela se ofereceu para ajudar com a louça e eu deduzi que ela não tinha empregada em casa.

- , preciso ir. - Avisou-me enquanto eu jogava um pedaço de chocolate na minha irmã, no sofá oposto ao nosso.
- Por quê? - Eu perguntei, virando o rosto para ela.
- Eu tenho que ir trabalhar. - Eu contraí o cenho.
- Você trabalha? - Ela assentiu. - Onde?
- Em uma creche, no centro. - Ela respondeu, colocando-se na ponta do sofá.
- Hum, então eu vou te levar. - Eu disse, levantando-se.

Ela se despediu da ; meus pais já tinham saído para trabalhar. Peguei sua mochila e a coloquei em meu ombro. Conduzi-a até a garagem com a mão em suas costas. O caminho de volta foi bem agradável, estávamos conversando bem mais do que quando saímos da escola, e aquela manhã tinha sido boa, realmente boa. Eu queria dizer isso para alguém, mas para qualquer um dos meus amigos que eu dissesse eu seria massacrado, não acho que eu estivesse pronto para passar por isso.
Passamos em sua casa e ela saiu de lá com a mesma roupa que ela estava na noite anterior, o macacão curto por cima da meia calça preta e uma camiseta, desta vez verde musgo. Ela disse que ia de ônibus, mas eu insisti em esperá-la e ela aceitou minha carona até a tal creche.

- Não posso descer, estou de meias. - Eu disse, mostrando meus pés, ela riu baixo e me olhou.
- Não tem problema, obrigada pela carona. - Ela disse, mordendo o lábio.
- Vem cá, quero um beijo. - Eu pedi deslavado e ela riu um pouco mais alto. Sua gargalhada preencheu o carro, fazendo meu corpo se arrepiar e um sorriso brotar automaticamente em meus lábios.

Trocamos um beijo lento, o carinho entre nós dois era palpável, e sim, tanto dela comigo quanto de mim para com ela. Eu não queria deixá-la ir, mas ela realmente precisava, então nos despedimos e eu a deixei sair do carro.
Ela atravessou a rua rapidamente, segurando uma mochila no ombro. Deduzi que fossem roupas para o ballet ou coisa do tipo. Ela empurrou o portão alto de grades coloridas e logo as crianças desocuparam o parque que tinha logo ali à frente e correram para abraçá-la pelas pernas. Uow, acho que eu tinha que conversar com aqueles baixinhos, talvez eles me entendessem melhor do que qualquer outra pessoa quando eu dissesse que ela é incrível. Eu precisava acabar com aquela aposta!
Naquela noite, eu simplesmente não dormi, não preguei os olhos nem mesmo um minuto, talvez tenha cochilado pequenos espaços de tempo que só faziam com que eu me sentisse mais cansado. O fato é que a culpa estava pesando minha cabeça, bem mais do que o sono pesava meus olhos. Eu não podia fazer aquilo com ela, que direito tinha eu de estragar com a vida de uma garota como ela? Eu não a merecia, nem que eu rompesse a aposta. Ela não me merecia de forma alguma. Ninguém era bom o suficiente para ela.

Capítulo 6. "Please let me know that my one bad day will end" (I'm Lost Without You - Blink 182)

Eu podia jurar que, depois de tomar uma decisão, as outras fases daquele término seriam fáceis, mas, quando o sol substituiu a lua e o céu clareou por completo, a desistência me pareceu um caminho bem mais acessível.
Nada me atraia mais do que ficar na cama pelo resto do meu dia, fugir de até ela perceber sozinha que não deveriamos ficar juntos e ficar irritada o bastante para não querer mais me ver, seria tudo mais fácil dessa forma. Mas que merda de hora eu fui aceitar essa maldita aposta! Digo, não aceitei, apenas não neguei. Por que o bosta do Lenni tinha que existir? E que promessa idiota era essa da Jessy? E que tipo de vegetal faria uma aposta desse tipo? Todos eram culpados, menos eu! Bom, talvez eu tenha uma parcela de culpa em não ter negado e estar nessa, por mais que eu não quisesse, eu toquei a barriga da garota mais inocente que eu já havia conhecido, eu a fiz assistir Lolita e eu a estava desvirtuando sem nenhum esforço. Ela também tinha culpa por deixar, ou a culpa era minha de ter incitado-a?

- Nossa, já está de pé? - Meu pai perguntou surpreso ao me ver entrar na sala de jantar, assenti e me joguei na cadeira. - Aconteceu algo? - Ele perguntou, fechando o jornal e deixando-o ao lado de seu pires.
- Eu preciso de uma ajuda. - Eu disse, apoiando os antebraços na mesa.
- Ok. - Ele disse e assumiu uma posição parecida com a minha.
- O senhor pode depositar 2.500 libras na minha conta? - Eu perguntei, encarando-o, a expressão preocupada de meu pai se tornou em uma de susto.
- Tudo isso? Para quê você quer 2.500 libras? - Ele perguntou confuso.
- Ah, pai, é coisa minha. - Suspirei e ele se recostou na cadeira.
- Que coisa sua? - Ele indagou com o olhar desconfiado, soltei um suspiro longo.
- Você não vai contar à mamãe? - Ele negou com a cabeça. - Eu e os meninos... digo, os meninos apostaram comigo que, se eu não conseguisse ir ao baile de primavera com uma garota lá da escola, eu teria que transar com a garota que estava aqui ontem. - Eu dizia em tom baixo, se minha mãe soubesse eu certamente ficaria de castigo. - E, de quebra, eu ganharia 3.000 libras, agora se eu desistir... eu tenho que pagar a eles, e eu só tenho 500. - Eu disse sem graça.
- ... - Ele começou e respirou fundo, apoiando os antebraços na mesa outra vez, encarando-me. - Filho, isso é muito errado, isso está muito errado. Esses seus amigos... O que é isso? 3.000 libras para você transar com uma garota como a que estava aqui ontem? - Eu contraí o cenho. - Esse é o tipo de garota que merece respeito, que a gente fica junto sem nada em troca. Você não gostou dela nem um pouco? - Ele me perguntou e eu senti a garganta trancar, olhei para o lado.
- Não, pai, nem um pouco. - Dei de ombros, meu pai soltou um riso anasalado e eu o encarei.
- Ok, então eu vou colocar esse dinheiro na sua conta e você paga esses garotos, mas, antes de largar dessa garota, pense bem... Porque essa aposta pode ser só uma desculpa de aproximação, e você pode não saber mais ficar longe dela.
- Bom dia, meus bebês. - Minha mãe interrompeu meu pai e eu senti uma onda de alívio inundar meu corpo.
- Bom dia. - Respondemos, ainda nos olhando com cumplicidade.

Tomei meu café sem muito entusiasmo, só coloquei para dentro o que meu estômago permitiu. Meu pai sacou o iPhone do bolso e fez a transmissão do dinheiro para minha conta. Antes mesmo de esperar minha mãe acordar a , eu saí de casa e fui direto ao banco. Peguei o que havia lá e me dirigi à escola. Ainda não tinha muita gente por ali, então, após deixar meu material no armário, eu fui para o gramado e me sentei na mesa onde os garotos viriam quando chegassem.

- E aí, cara! - chegou e me cumprimentou.
- Hey. - Após o high five, ele se sentou ao meu lado e eu apoiei os braços na mesa, soltei um suspiro longo. - Será que os dois imbecis vão demorar?
- Já devem chegar, por quê? - Ele perguntou, curioso.
- Quero falar com vocês sobre a aposta. - Eu disse sério.
- Ah! Por falar na aposta... o que foi aquilo ontem, cara? E por que você não apareceu para o ensaio à tarde? - Ele perguntou rápido e eu bufei.
- Eu fiquei irritado ontem, me alterei. - Respondi sem graça. - E me esqueci do ensaio, desculpa, cara. - Ele assentiu.
- No problem. - Bateu no meu ombro. - Mas hoje você tem de ir, o baile de primavera está aí, ao que tudo indica, nós vamos tocar. - Ele me dizia e eu apenas assentia. - Cara, você está legal? O que houve?
- , eu quero romper com a aposta. - Eu disse sincero, olhando para ele, que riu.
- Eu achei que você aguentou até demais, já provou que tem estômago, pode desistir quando quiser. - Ele deu de ombros. - Nós estávamos levando na brincadeira de início, mas aí você foi lá e saiu com ela. - Eu me sentia patético naquele exato minuto.
- Cara, eu não acredito! - Eu exclamei irritado. - Por que vocês me deixaram fazer se não estava valendo a aposta? - Eu perguntei rápido.
- Porque você levou a sério, então nós achamos que seria engraçado. - Deu de ombros.
- As coisas não funcionam assim, mate. - Eu disse, virando o rosto para o outro lado.
- Do que você está falando, afinal? Você não queria quebrar a aposta? Já disse que tudo bem, então por que está bravo? - Eu bufei, nem mesmo eu sabia o motivo.
- Deixe para lá, eu vou falar com ela quando ela chegar. - Eu disse ainda sem encará-lo, o silêncio reinou e eu senti o peso dos olhos de sobre mim, virei-me e o encontrei com uma expressão variando entre confusão e malícia.
- Você gosta dela. - Isso não foi uma pergunta.
- Claro que não! - Eu disse rápido e ri tenso, ele arregalou os olhos e gargalhou.
- Cara, você gosta mesmo dela? Por isso aceitou a aposta? Pode dizer, , eu não vou contar a ninguém. - Ele dizia entre risos.
- Pare de ser idiota, quem pode gostar daquele tipo de garota? Ela é uma nerd, chata e que tem vergonha de tudo! - Eu disse rápido, exasperado, e soltou um suspiro aliviado.
- Agora você me assustou, eu juro. - Ele disse com a mão no meu ombro, rindo.
- Não se preocupe. - Eu disse, sério. - Dessa doença eu não morro. - Pisquei falso e me virei para o outro lado.

Os garotos começaram a chegar e entramos num consenso, a aposta acabava ali, junto com meu pseudo romance com e tudo ficava certo, desde que eu compusesse duas músicas para a banda. É certo que eles fizeram isso só como forma de eu não sair imune.
Meu nervosismo aumentava a cada minuto que se passava, eu ainda estava decidindo se queria que ela chegasse de uma vez para que pudéssemos conversar e assim eu ficaria livre o resto da tarde; ou se eu queria que ela nem viesse e assim eu iria adiar o término, mas lá estava ela. A roupa era a mesma, o jeito de andar, a quantidade de material. A grande diferença estava nos óculos de grau pequeno que estava suspenso em seu rosto, ela ficava linda com ele... Oh, shit!

- Melhor ir se livrar dela agora, cara, aproveita que não tem muita gente aqui.
- É, eu vou fazer isso.

Eu disse, sentindo meu coração comprimir a um ponto que chegou a causar falhas na minha respiração. Levantei-me e caminhei completamente hesitante até a mesa onde ela estava sentada, segurando o livro que lia e onde fazia algumas anotações rápidas. Sentei-me ao seu lado e ela me esboçou um sorriso rápido, tornando a ficar séria no instante seguinte para continuar o que fazia.

- Literatura? - Eu perguntei, colocando as mãos entre as pernas, e ela assentiu.
- Estudou? - Ela me perguntou sem me olhar.
- Er... não. - Disse sincero, ela me olhou repressiva e voltou a olhar para o livro.
- Deveria. - Disse, empurrando o livro na minha direção. - Eu anotei as coisas que considero mais importante, se quiser dar uma olhada. - Ela disse, olhando-me e baixando o rosto depois.
- Hum... Na verdade, eu queria falar com você. - Disse, sentindo meu peito se encher de coragem, que foi embora no segundo seguinte, quando ela me olhou nos olhos e assentiu vagarosamente.
- Pode dizer. - Eu assenti e me virei de frente para ela, deixando um pé de cada lado do banco.
- , eu... eu estou um pouco confuso. - Eu disse, sem saber direito o que estava fazendo. - E-eu... eu... não sei como fazer isso sem te magoar... mas é que eu não quero... eu acho melhor nós pararmos por aqui. - Eu disse, notei que ela deixou-se sobressaltar minimamente para, em seguida, assentir em pausas, como se estivesse digerindo o que eu havia dito. - Não quero que fique chateada. - Eu disse, sincero.
- Tudo bem. - Ela disse séria e puxou o livro de volta, colocando-o sobre o colo e passando o marcador amarelo fosforescente por algumas frases, traguei em seco e passei a mão no cabelo, olhei para os garotos, que riam de mim, e voltei a olhar para ela.
- Você não quer ser minha amiga? Podemos ser bons amigos. - Eu disse, sentindo meu coração apertar com a ideia de nunca mais falar com ela.
- Nunca fomos amigos. - Ela disse baixo e eu pude notar uma trepidação em sua voz.
- Mas eu quero que sejamos agora, eu... eu quero ficar perto de você, eu preciso disso. - Sua calma estava me desesperando.
- Sabe, ... - Ela disse, virando o rosto para mim, e só então notei seus olhos mareados, prestes a transbordarem, por culpa minha. - Você nunca quis que fôssemos amigos, estudamos juntos desde a quinta série e você nunca sequer foi gentil comigo, não faz sentido você precisar disso agora. - Ela disse lentamente, como se falasse com uma criança, depois se levantou e juntou seu material. - Você não precisa disso, e eu acho que, se você realmente quer ser meu amigo, você não deveria começar mentindo para mim. - Sorriu irônica e depois saiu de perto de mim.

Não sei por quanto tempo minha respiração ficou presa, talvez desde o minuto em que ela se levantou até ela desaparecer na porta do refeitório. Só então soltei o ar preso nas bochechas e pude sentir o corpo latejar pelo tempo que o retive, meu coração se mostrou desesperado, parecendo grande demais para o meu peito naquele momento.
Levantei-me e senti as pernas fraquejarem, praguejei-as por isso enquanto retornava até a mesa, onde os garotos gargalhavam, neguei com a cabeça e me sentei, totalmente mal humorado.

- E aí? Ela chorou? - perguntou, achando graça.
- Não. - Eu disse simplesmente, na verdade acho que fui um pouco áspero.
- Ih, que bicho te mordeu? - perguntou, confuso.
- Nada, cara. - Respondi, impaciente. - Vou para a sala.

Como já era de se esperar, eu bombei em Literatura, tinham 8 questões, quatro objetivas e quatro dissertativas, se eu tiver sorte acertei uma das objetivas, agora me perguntem se eu sou um cara de sorte. Acho que dá para saber a resposta. Não estava a fim de assistir aula, na verdade, eu não queria ficar na escola. Durante o intervalo, ficou sentada sozinha na mesa onde sentamos no dia anterior, tomou seu leite tranquilamente, ouvindo as mesmas piadas de sempre. Eu estava me sentindo estranho, eu realmente queria ir lá e me sentar com ela, eu queria quebrar a cara de cada um deles que ficavam falando bobeiras para ela, ela não deveria ouvir aquilo, mas quem era eu para protegê-la, depois do que eu pretendia fazê-la passar?
Eu nunca desejei tanto que o sinal tocasse para que eu pudesse me enfiar em qualquer sala e fingir que estava prestando atenção. Que diabos estava acontecendo comigo? Eu deveria estar me sentindo aliviado por ter me livrado da aposta e de ao mesmo tempo, e sem pagar nada aos garotos, eu ainda podia comprar um instrumento novo, então por que eu me sentia exatamente como me senti quando minha primeira namorada me deu um fora e eu chorei um dia inteiro? Por que eu estava angustiado? Eu sou , tudo ficaria bem, no worries!

- Oi, filho. - Minha mãe disse assim que eu passei pela porta da sala de jantar.
- Oi. - Eu respondi e olhei para o meu pai, depois olhei para a mesa e suspirei. - Vou subir, depois eu como qualquer coisa.
- Não, senhor, sente-se e coma conosco. - Minha mãe disse, emburrada.
- Mãe. - Arrastei a voz, olhando-a com os ombros arcados para baixo.
- Está bem, está bem, mas só dessa vez. - Ela disse, séria, mas depois sorriu.
- Valeu. Bom apetite para vocês, licença. - Disse enquanto cruzava o cômodo.

Larguei minha mochila no chão e meu corpo na cama, eu só queria poder dormir o resto do meu dia, mas no momento em que eu fechei os olhos o sono resolveu tirar um racha com meu tédio e os dois sumiram, tornando-me novamente um ser agitado, como sempre. Odeio me sentir hiperativo!
Tomei um banho rápido, cantarolando uma coisa qualquer só para não pensar, o que definitivamente é uma boa tática, quem quiser tentar, eu aconselho. Coloquei uma bermuda, a primeira que puxei da gaveta, e uma camiseta, também a primeira.

- Filho? - Meu pai tocou na porta, eu equilibrei a cadeira do computador nas pernas de trás e olhei para ele. - Posso entrar?
- Entre aí. - Eu disse, voltando a cadeira e olhando para a tela do computador.
- E aí? Deu certo? - Ele perguntou, parando do meu lado, balançando a chave do carro na mão.
- Deu. - Encolhi os ombros, sem olhar para ele. - Eles não aceitaram o dinheiro, só rompemos a aposta.
- Hum, e você terminou com ela? - Perguntou, apoiando a mão na escrivaninha, eu assenti, com as sobrancelhas arqueadas em sinal de desdém. - E não está se sentindo bem com isso. - Ele afirmou, eu dei de ombros, forjando desinteresse.
- Sei lá, tanto faz.
- Eu não sou um dos seus amigos, e, ao contrário deles, eu tenho alguma experiência com esse tipo de coisa. - Ele disse e eu rolei os olhos, virando o rosto em sua direção para esperar o sermão. - Não vou te dar sermão. - Ele disse rindo e eu ri também.
- Então...
- Então você deveria pensar mais em você do que no que os outros vão pensar disso.
- Pai... - Eu comecei, mas ele me interrompeu.
- , você não é mais uma criança. - Ele disse sério e eu suspirei. - Você sabe o que fazer porque eu e sua mãe te educamos bem, creio eu, espero não estar enganado.
- Não está, pai.- Eu disse, cruzando os braços.
- Ok, se você gosta dela, diga isso a ela e a quem quiser saber. - Deu de ombros e foi saindo. - Tchau.
- Pai... - Chamei e ele se virou. - Valeu. - Sorri forçado e ele fez um sinal positivo com o polegar antes de sair definitivamente do meu quarto.

Assim que estive novamente sozinho, eu tinha duas escolhas a fazer: pensar sobre aquilo ou ignorar aquilo. Admito que fiquei tentado a pensar, mas decidi ignorar e me arrumar para o ensaio, me mataria se eu não fosse outra vez.
Calcei meus vans e peguei minha pasta de partituras e joguei dentro de uma mochila junto com algumas palhetas; peguei minha gaita e a coloquei junto com os demais objetos antes de fechar a mochila e jogá-la nas costas enquanto descia rapidamente as escadas.
"Well, I met this girl, just the other day", eu tinha essa frase e nenhuma outra que rimasse se formava em minha cabeça, eu precisava acabá-la para valer minha palavra. Eu disse que faria e iria fazer, eu só precisava de mais inspiração.
O ensaio foi... complicado? Os garotos estavam empenhados demais e eu estava empenhado "demenos", eu simplesmente não estava me sentindo à vontade, eu errei praticamente todas as músicas que tocamos e isso os deixou um pouco irritados, eu diria. levava tudo isso muito a sério, e eu também, mas não dedicava toda minha vida a isso, talvez antes sim, mas agora eu estava um pouco perdido, hoje eu estava um pouco perdido, talvez eu precisasse dormir um pouco. Minha mãe sempre disse que noite mal dormida resulta em um dia sem produtividade, acho que ela está certa.

- Tá, para mim deu! - disse, irritado.
- Desculpa. - Eu disse, realmente frustrado. - Eu não estou fazendo por querer.
- Aconteceu alguma coisa, dude? - perguntou, passando a mão por trás da cabeça, eu neguei com a cabeça e umedeci os lábios.
- Eu só estou um pouco alienado. - Eu disse, sentando-me no chão e esfregando o rosto. - Amanhã vou estar melhor... eu acho. - Sussurrei a última parte, olhando para a parede.
- Já sei. - disse, deitado no chão. - Vamos tomar algumas cervejas e jogar um pouco de videogame. - Sentou-se e depois se levantou.
- É, cara, vamos lá. - tentou me animar e eu fingi que tinha funcionado, levantando-me e os seguindo para fora da garagem e para dentro da casa de .

Um pouco de toda aquela distração me fez bem, na verdade acho que o álcool foi o motivo de algumas gargalhadas, o fato é que eu me diverti bastante durante o resto da tarde, mas voltar para casa fez todo o clima fúnebre voltar de uma vez só. Eu estava tão para baixo que isso chegava a me irritar, pois eu não via motivo concreto para isso, ou pelo menos fingia não ver, queria não ver, mas estava ali, bem à minha frente, nome e sobrenome em letras garrafais contornadas com neon verde: " ". As setas piscavam apontando para ela, todos os caminhos me levavam a ela, tudo era ela, tudo sobre ela! Eu odeio essa minha falta de controle sobre os sentimentos, mas eu a odeio ainda mais por ter me encantado da forma como havia feito. Logo ela... Logo .
No jantar, eu descontei minhas frustrações na comida, wow, como eu comi! Isso me deixou um pouco mais calmo, ou pelo menos até meu estômago esvaziar e minha mente pedir por um pouco de sorvete. Verifiquei as horas e vi que passava das 10 havia algum tempo, bom, que mal tinha? Sorveterias não fecham às 11, fecham?
A verdade é que eu só entrei naquele carro e fui em busca de uma sorveteria como desculpa, e eu só descobri isso quando me peguei parado em frente à casa dela. Perguntei-me e agora pergunto a você: qual o meu problema? Por que ela iria me atender? Por que ela falaria comigo? Ela não tinha motivos para isso, não fazia sentido algum, e eu sabia disso, mas por que então eu desci do carro e fui até a porta? Não sei, mas, quando dei por mim, já tinha pressionado a campainha. Sentia minhas pernas tremerem feito galhos apodrecidos, e confesso que meu coração parou por alguns segundos quando eu vi a figura de um homem alto aparecer na porta.

- Posso ajudar? - Ele me perguntou, sério, eu traguei a saliva, pisquei algumas vezes e abri a boca na intenção de dizer algo, só bastava encontrar minha voz.
- Er... a está? - Eu perguntei, sentindo-me uma garotinha com a voz trêmula e esganiçada, idiota.
- Ela está dormindo, o que você quer com ela? - Ele perguntou, ainda no mesmo tom firme, fazendo uma dor de barriga instantânea me afetar.
- Ela esqueceu... um livro de Literatura na sala de aula... Eu peguei e só pude vir agora... Eu... Ela... É isso. - Eu finalizei e bufei discretamente, ainda sentindo meu estômago vibrar de medo.
- Pode dar para mim, eu entrego para ela. - Ele disse, cruzando os braços, eu senti meus músculos se contraírem.
- Eu... - Apontei com o polegar na direção do meu carro, na verdade, ele estava para o outro lado, mas acho que ele entendeu. - V-vou pegar ele.
- Quem é, papai? - Ouvi a voz infantil dizer e logo um garotinho surgiu entre as pernas do homem e me sorriu, sorri fraco, quase saindo correndo. - , o seu amigo está aqui! - Ele saiu correndo e gritando pela casa, o senhor à minha frente me encarou sério e minha respiração resolveu me deixar na mão.
- Amigo? - Ouvi dizer e logo a vi surgir ao lado do pai, sua expressão de susto foi impagável, eu não sabia se ria, se chorava ou me cagava de medo. - ?
- E-eu... - Eu ia começar, mas o pai dela me interrompeu.
- Ele veio te entregar um livro de Literatura que você esqueceu na sala, não é isso, rapaz? - Eu assenti rápido e ela contraiu o cenho.
- Tudo bem, pai, eu já vou entrar. - Ela disse cuidadosa, passando à frente dele.
- Não demore, você tem de colocar seu irmão na cama, já passou da hora. - Ele disse ríspido e eu baixei a cabeça. - Boa noite, rapaz.
- Boa noite, senhor. - Eu disse, tomando postura, ele saiu carregando o pequeno pela mão.

fechou a porta atrás de si e se encostou a ela, colocando as mãos no bolso do moletom cinza que usava por cima da calça rosa bebê, provavelmente era parte de um pijama. Ela estava me encarando sem se mover enquanto eu me mexia até demais, balançando para frente e para trás enquanto estralava todas as juntas dos meus dedos. Ela soltou um suspiro longo e pesado e eu notei que era hora de começar a falar.

- Não tem livro nenhum. - Eu confidenciei e ela arqueou a sobrancelha.
- Eu sei disso, meus livros estão todos comigo. - Ela disse sem nem sinal de timidez na voz, estava brava.
- É. - Eu disse, encarando seu rosto delicado, os óculos em seu rosto indicavam que ela provavelmente estava lendo. - Eu vim falar com você sobre... sobre o que aconteceu hoje mais cedo. - Eu disse, cruzando meus braços para tentar cessar com a agitação das minhas mãos.
- Hum... - Ela continuou me olhando, esperando que eu concluísse a conversa enquanto eu me perguntava uma maneira de fazer isso.
- Eu estou arrependido. - Eu disse sincero, notei que ela se surpreendeu com a minha honestidade e a facilidade com que falei aquilo. - Eu... estou mesmo arrependido do que eu fiz, é complicado dizer. - Eu dizia hesitante, eu podia jurar que vomitaria a qualquer momento tamanho meu nervosismo. - Eu não sei fazer isso, eu não sei lidar com essas coisas... Eu estava certo... certo de que aquilo era o que eu tinha que fazer. - Eu disse, gesticulando. - Mas aí agora eu... eu não quero mais, não sei se estou me preciptando ou se... eu não sei! - Disse, impaciente, ela encolheu os lábios. - Eu te quero de volta. - Disse baixo, erguendo meu rosto até o dela. - Fica comigo?
- ... - Ela começou e eu senti meu corpo estremecer.
- Olha, eu sei que eu deveria ter pensado isso antes de terminar com você, e que eu fui muito imaturo e preciptado, mas você não entenderia minhas razões. - Eu falava rápido, sem conseguir olhar diretamente para seu rosto. - Eu estava confuso, mas agora eu tenho certeza, eu quero mesmo ficar com você, e se você não quiser me perdoar agora, tudo bem, eu vou entender, juro que vou, mas eu pens...

Não pensei em mais nada, exatamente nada passou pela minha mente quando segurou meu rosto firmemente e sussurrou para que eu calasse a boca, antes de fazer isso por conta própria, tomando meus lábios para si num beijo calmo. Sem mais delongas, eu a abracei pela cintura e a apertei contra mim, expressando o quanto eu estava contente por aquele beijo estar acontecendo.
Nossas línguas dançavam freneticamente dentro de nossas bocas, as mãos de afagavam meus cabelos, puxando-os vez ou outra, enquanto minhas mãos lhe acariciavam as costas, uma por fora e outra por dentro do moletom, sentindo sua pele eriçada sob minha palma. subia nas pontas dos pés, buscando um maior contato entre nossos corpos, enquanto eu tentava incessantemente fazer com que ela aceitasse passar as pernas por minha cintura, mas tanto um quanto o outro paramos quando a luz da varanda se acendeu, eu pulei para trás e passei as mãos pelo cabelo, estava encostada na parede, arfando, com as mãos para trás e cabisbaixa.

- Eu tenho que entrar. - Ela disse, erguendo os olhos na direção dos meus.
- Tudo bem, eu... me desculpa vir esse horário. - Eu disse, aproximando-me um pouco, ela negou com a cabeça.
- Foi a melhor visita inconveniente que eu já recebi. - Ela disse, sorrindo envergonhada, eu ri um pouco e a abracei com força, erguendo-a breve e facilmente do chão.
- Amanhã eu passo para te pegar antes de ir para a aula, ok? - Eu disse, alinhando meu rosto frente ao dela.
- Não, melhor não, meu pai não sabe de nada ainda. - Ela sussurrou e eu me lembrei disso, coloquei-a no chão calmamente.
- Mas... ele nem vai ver. - Eu disse com os ombros encolhidos.
- Eu... levo meu irmão para a escola antes de ir para o colégio.
- Subornamos ele, eu levo os dois. - Eu disse, sorrindo divertido, ela riu baixo e acaricou meu rosto com o polegar.
- Está bem. - Suspirou e eu sorri mais ainda.
- Até amanhã. - Selei meus lábios demoradamente nos dela.
- Até. - Disse assim que nos afastamos e abriu a porta, entrando sem tirar os olhos dos meus. - Boa noite.
- Você já fez da minha noite ótima. - Sussurrei, descendo as escadas, virado de frente para ela, que sorriu e encostou a porta assim que me virei.

É, não importa o quão ruim havia sido meu dia, ela estava ali para salvá-lo nos últimos minutos, fazer tudo valer a pena.

Capítulo 7. "You know it's only just begun" (Never Gonna Be Alone - Nickelback)

[n/a: Musiquinha no JÁ, huh? *-* ]

No primeiro contato de meus olhos com a claridade, eu quis fechá-los e voltar a dormir, mas um flash rápido do fim da noite anterior me fez saltar da cama ansioso para vê-la. Eu não queria pensar em como seria chegar ao colégio com ela, no mínimo estranho, mas de uma forma surpreendente eu não estava me importando nem um pouco com isso, apenas preocupado com o tamanho da importância que ela iria dar a esse fato.
Tomei um banho rápido e peguei um iogurte antes de me despedir dos meus pais e sair de casa, preferi não dar muitas explicações, por maiores que fossem as cobranças da minha mãe. Enquanto parado no sinal, eu intercalava minhas tarefas entre tomar o danone e escolher um CD para colocar no rádio. Coloquei uma coletânea de pop/rock e deixei tocando enquanto dirigia apressadamente até a casa dela.
Assim que estacionei o carro, eu a vi sair de casa com o irmão, que deveria ter 6 anos, no máximo. Ele vinha carregando uma mochila enorme nas costas e uma lancheira do Homem-Aranha, que me lembrava bastante as minhas. o segurava pela mão enquanto com a mão livre trazia todo seu material. Desci do carro e andei depressa até os dois, que me olharam, me sorriu e eu a imitei.

- Deixe-me te ajudar. - Eu disse, pegando seu material todo e abrindo a porta de trás do carro para colocá-lo sobre o banco. - Como é seu nome? - Perguntei ao irmão dela, que me olhava envergonhado.
- Diga seu nome a ele. - Ela pediu ao irmão, que baixou a cabeça.
- Ryan. - Ele disse quase inaudivelmente, eu a olhei e nós rimos baixo.
- E então, Ryan, hoje eu vou levá-los à escola, beleza? - Eu disse e ele me olhou, assentindo. - Então vem cá para eu te ajudar a subir. - Ele correu até mim e, antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, ele já estava dentro do carro, acomodado no assento. - Coloque o cinto. - Eu disse, rindo e fechando a porta. - Seu pai? Você disse a ele? - Perguntei, abraçando-a lentamente pela cintura.
- É, eu disse que você é um amigo, ele não gostou muito da ideia. - Ela disse sem graça e eu sorri.
- Ele vai acabar se acostumando. - Dei de ombros e selei meus lábios lentamente aos dela. - Madame. - Brinquei, abrindo a porta e oferecendo a mão como apoio.
- Obrigada, cavalheiro. - Ela disse, segurando minha mão e entrando no carro, eu ri e fechei a porta.

Fomos conversando com Ryan durante todo o caminho até sua escola, ele era de fato bem menos tímido que a irmã, em dez minutos ele me contou sua vida inteira e automaticamente acabei descobrindo que ele e eram irmãos apenas por parte de pai, já que ela e a mãe eram brasileiras e moraram no país de origem até 7 anos atrás. Quando seus pais se conheceram e eles se mudaram para cá, foi quando ela começou a ter algumas de suas aulas comigo.

- Ryan, o papai passa para te pegar, está bem? - Ela conversava com ele, que esperava ela terminar para poder descer. - Não brigue, coma seu lanche direito, preste atenção e copie toda a matéria. - Ela disse, autoritária, e eu ri, Ryan também deu risada.
- Tudo bem, . - Disse arrastado, fazendo-me gargalhar, logo depois saltou do carro e fechou a porta.
- Não ria, ele acha que eu estou brincando. - Ela disse, emburrada.
- Eu tenho certeza que ele te respeita. - Eu sorri e coloquei a mão sobre a sua, fazendo um carinho suave, ela me olhou e sorriu abertamente.

Inclinei-me um pouco na direção dela e ela fez o mesmo na minha direção, coloquei a mão no seu rosto e fiz um carinho lento em sua bochecha, roçando o nariz no seu até colarmos nossos lábios e iniciarmos um beijo calmo, bom o suficiente para esquecermos das horas.
Estacionei o carro no gramado e desci do carro antes dela, abri sua porta e a ajudei a descer. Juntei seu material e coloquei nossas mochilas em meu ombro, ela segurou seu fichário e eu peguei seus livros antes de fechar a porta e ativar o alarme. Ela estava abraçada ao material, olhando-me timidamente, sem saber o que fazer. Eu segurei seus livros com um dos braços, guardei a chave no bolso da calça e estendi a mão até ela. respirou fundo e me deixou entrelaçar os dedos aos seus. Logo as pessoas começaram a se voltar para nós dois, caminhávamos sem olhar para os lados, sabiamos que isso iria incomodar, por mais que fingíssemos que não.
apertava minha mão constantemente a cada passo em direção ao refeitório, as pessoas no corredor nos olhavam e comentavam sem discrição alguma, não faziam questão nenhuma disso. Paramos nos armários e abandonamos parte do material ali, depois voltamos a nos dirigir à cantina. As portas se fecharam atrás de nós e uma exclamação muda ecoou o ambiente. Eu senti meus joelhos cederem um pouco, estava gelada e eu podia sentir sua tensão apenas de segurar sua mão.
Saímos do refeitório e sentimos como se parte do peso em nossas costas houvesse caído, havia um pouco menos de gente ali, ainda assim o pouco que tinha nos encarava com incredulidade. Eu tive vontade de dar risada assim que a tensão passou. wow, éramos a novidade da escola.

- Eu acho melhor não. - Ela disse, vendo que eu a levaria até a mesa dos garotos.
- Por quê? - Eu perguntei, apertando sua mão devagar.
- Eles não gostam de mim. - Ela disse, receosa.
- Eles não te conhecem. - Eu disse e dei de ombros. - Venha, eles não vão te fazer nada.

cedeu e voltou a caminhar junto de mim, um passo atrás, tentando se encolher nas minhas costas, eu sorri divertido ao perceber isso. Os garotos me olhavam, pedindo explicações com suas expressões espantadas, eu sorri para eles e, assim que parei próximo à mesa, eu passei meu braço pelos ombros de .

- Guys, essa é ; , esses são , e . - Apontei de acordo com a ordem dos nomes e ela sorriu fraco.
- Olá. - Ela disse, baixo.
- Oi, . - disse, sorrindo de lado. Os outros dois apenas acenaram, sorrindo também.
- Venha, vamos nos sentar. - Eu disse, sentando-me e dando espaço ao meu lado para ela fazer o mesmo, encolhida em meus braços.
- Er... vocês dois estão juntos, então. - Harry comentou, olhando-me sugestivamente.
- Estamos, não é? - Olhei para ela, que sorriu tímida e assentiu.
- Legal. - disse, sorrindo, eu sorri para ele e a apertei no braço.
- Cara, desculpa interromper o momento, mas eu estou... fodido. - disse, um pouco constrangido por falar isso perto dela, que riu baixo.
- O que aconteceu, mate? - Eu perguntei, rindo.
- Eu tenho uma prova de Física e eu não sei nem a fórmula de Baskara. - Eu olhei para e para , que começou a rir, acompanhando nós todos, exceto .
- Cara, Baskara é em Matemática, só para te avisar. - disse rindo.
- Ah, que seja, eu disse que eu não sabia a fórmula! - Deu de ombros e eu gargalhei.
- Que matéria que é? - perguntou.
- Alguma coisa com eletricidade. - disse, escondendo o rosto nos braços.
- Eletromagnetismo? - perguntou e ergueu a cabeça.
- Isso. - Ele disse, olhando para ela.
- Se quiser, eu posso tentar te ensinar. - Ela disse com os ombros encolhidos. - Eu fiz prova disso segunda-feira.
- Sério?! - Ele perguntou com um sorriso psicótico no rosto e ela assentiu.

trocou de lugar com e comigo, ficando assim entre mim e . Ficamos ali um tempo até o sinal tocar, parecia ter entendido o que ela havia explicado, por mais que o tempo tenha sido escasso, ele poderia completar ao menos alguns exercícios.
As aulas passavam e eu estava totalmente alienado àquele ambiente, aquelas pessoas que me olhavam tachando coisas maldosas em suas mentes vazias. Eu não me importava, eu realmente não iria mais dar importância a coisas que não tinham, eles não mereciam tanto valor, tanta atenção. Eu estava disposto a apenas ignorá-los e ensinaria a fazer o mesmo, ainda que isso custasse dias difíceis.
Sorri sozinho ao me lembrar dela, o que se passava com meu coração que apenas de citar seu nome mentalmente ele disparava feito um idiota, louco para sair pela boca? Será que ela também se sentia assim? Sorri mais ao imaginar que sim. era vaga para mim, impenetrável. Eu não conseguia saber o que se passava pela cabeça dela, ela não me deixava saber, ela não parecia se importar, mas quando eu me permitia demonstrar ela parecia corresponder. Será que sentia por mim o mesmo que eu sentia por ela? O que eu sentia por ela?

I wonder what's like to be loved by you.

Peguei-me escrevendo tal frase, encarei-a por alguns segundos, "loved"? Amado? Eu a amava? Isso era amor? O que é amor? Eu não podia garantir nem um terço do que se passava dentro de mim, assim como não o podia definir com nome algum. Eu não saberia escolher uma de todas aquelas sensações, era tudo tão bom, tão leve, tão puro e tão intenso. Só de pensar em sua boca, no gosto, a maciez e o calor que ela passava, eu chegava a salivar. Seu corpo tão pequeno e frágil quando próximo ao meu, tão cheiroso, tão gostoso em todos os sentidos da palavra. Seus olhos, Deus do céu, que olhos eram aqueles? Que brilho era aquele? Dizem que os olhos de uma pessoa expressam o que cada um passou ao longo de sua vida, os olhos de me expressavam pureza, candura, inocência, algo que eu nunca tinha visto em outros olhos, e eu tinha certeza que não encontraria mesmo que buscasse por anos. Ela tinha o brilho de uma criança nos olhos, uma criança de 17 anos. Uma criança que se perderia em mim, uma inocência que se mesclaria com a impureza se ela me permitisse tocá-la, se ela me permitisse guiá-la, eu a tornaria mulher, e ter a certeza de ser o primeiro a tocar no corpo de uma menina era estupidamente encantador, mais do que se pode imaginar.
- Sr. . - Ergui minha cabeça, desviando a atenção dos borrões que eu havia feito com a caneta para a professora. - Qual a organela citoplasmática diretamente responsável pela degradação das células animais quando privadas de alimento?
- Huh? - Saiu da minha boca, a sala inteira gargalhou sonoramente e eu sorri sem graça. - Tem alguma coisa a ver com lipídios? - Perguntei inseguro, ela negou devagar com a cabeça e eu sorri sem graça. - Já imaginava. - Dei de ombros e eles riram mais ainda, eu também queria rir, afinal, era engraçado esse tipo de situação.
- Se não vai prestar atenção na aula, eu lhe apresento a porta da sala. - Ela apontou para a porta e sorriu falsamente cordial. - Porta, Sr. ; Sr. , porta.
- Uh, ela é uma gata, hein, professora? Me arruma o telefone também. - Pisquei e arranquei risos da sala toda.
- , para fora. - Ela apontou com o polegar e eu ri, eu já tinha sido expulso mesmo.

Peguei meu material e, antes de sair da sala, eu passei a mão pela porta e pisquei para a professora, passei saliva no meu indicador e esfreguei superficialmente no meu mamilo, depois saí rindo verdadeiramente, até a professora estava rindo quando veio fechar a porta para mim.
Sem mais o que fazer, eu caminhei pelo gramado até a "árvore mãe", era a maior do pátio e a que fazia maior sombra. Sentei-me abaixo dela e arregacei as mangas da minha camisa, afrouxei a gravata, sentindo-me um pouco enfadado, e desejei estar em casa, de pijama, jogado na minha cama dentro do meu quarto arejado pelo ar condicionado. Larguei meu corpo encostado na árvore, soltei parte do meu material ao meu lado, peguei a folha que eu estava rabiscando e apoiei em um livro qualquer.
Eu tentava pensar em algo que podia rimar com aquilo, algo que fizesse algum sentido, mas nada parecia bom o bastante. Mais uma vez, desejei estar em casa, talvez ouvindo algum dos meus ídolos me influenciasse um pouco. Assoprei para baixo, tentando aliviar o calor que eu sentia no pescoço e tórax, mas não pareceu adiantar. Olhei para frente e encarei a paisagem vazia à minha frente, podia estar aqui agora, ou poderiamos fugir, como no outro dia, assistiriamos a um filme qualquer e nos beijariamos até ficarmos excitados. Sorri sozinho, será que novamente ela me deixaria deitar-me sobre ela, ou iria querer sentar-se em meu colo? Talvez eu devesse convidá-la para ir em casa.

I wonder what it's like to be home.

Essa foi a segunda frase, a única que eu não rabisquei instantes depois de escrever, talvez ela se encaixasse no contexto mais tarde, ou não, que diferença fazia? As pessoas nunca pensam de onde veio a letra, apenas aprendem a cantá-la se ela tiver uma batida legal e pronto.

- Oi, . - Ouvi a voz de Jessy e ergui a cabeça.
- Hey. - Disse, sem animação, vendo-a se sentar de frente para mim sobre meus joelhos, mexi-me desconfortável, tentando não olhar sua calcinha.
- Quer dizer que está namorando a coisinha? - Perguntou, passando as mãos pelas minhas coxas, repositei meu livro sobre as pernas, na intenção de fazê-la parar com aquilo.
- Estamos juntos. - Eu disse, sentindo minha garganta trancar, provavelmente se ela aparecesse ali tudo estaria perdido. - Você pode se levantar? - Eu perguntei, por fim.
- Tudo bem, , todo mundo sabe que é uma aposta. - Ela sorriu, divertida, e apertou minhas coxas, fazendo-me prender a respiração.
- N-não. - Eu disse sem jeito, a pressão de seus dedos, junto com a pressão mental, deixou-me sem resposta, eu apenas bufei.
- Você está brochante hoje, gatinho. - Ela disse, levantando-se. - Mas quando estiver cansado de beijinhos e mãozinhas dadas. - Ela comentou sugestiva, erguendo parte da saia até a virilha e depois soltando e voltando a andar. - Sabe onde me encontrar.

Jessy era a pessoa mais vulgar que eu conhecia, isso é um fato que a escola toda sabia, e ela não fazia questão nenhuma de esconder, nem tentava ser discreta. Metade dos garotos da escola já haviam dormido com ela, ou pelo menos os que tinham acima de 15 anos, essa talvez fosse sua única objeção. "Dentre quatro paredes, vale tudo", esse era, sem dúvida, seu lema de vida.
Uma aposta, como ela sabia disso? É claro que os garotos não espalhariam, e eu achei que as garotas também não. E por que eu não neguei? Ah, sim, não reajo sob pressão, principalmente se houver uma física entre elas. Droga!

And I don't walk when there's a stone in my shoe.

Essa fez todo o sentido, mesmo que não coubesse bem no contexo, como eu disse, isso era o que menos importava agora. O sinal tocou e eu bufei longamente, intervalo, por fim. Eu iria xingar os garotos e suas acompanhantes, iria mandá-los para o inferno e fazê-los reverter toda essa história, antes que simplesmente chegasse aos ouvidos de .
Levantei totalmente decidido, mas, antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, vi sair pela porta do refeitório com o pescoço esticado, ela me procurava. Ao me encontrar, ela colocou-se a correr em minha direção, segurando as pontas da saia para não causar um acidente ou algo do tipo. Assim que próxima o suficiente, ela se atirou em meu colo num grito abafado, através da tela de dentes expostos no sorriso largo que trazia nos lábios. Eu gargalhei, segurando-a pelas pernas em torno da minha cintura, ela manteve o rosto escondido na curva de meu pescoço por um tempo, até erguê-lo e me encarar, ainda sorridente.

- Minha pesquisa vai ser publicada! - Ela disse com os olhos mareados, contente.
- Que pesquisa? - Eu perguntei, sorrindo extasiado.
- Uma experiência... - Ela viu minha expressão confusa e deu uma risadinha. - Aaaaah, não faz mal você não saber. - Disse animada, abraçando-me pelos ombros e me fazendo rir.
- Que bom, pequena, parabéns. - Eu disse, sincero, enquanto ela deslizava o corpo para alcançar o chão, ela me olhou e sorriu.
- Quero ir embora. - Ela disse, colocando as mãos na cintura, eu contraí o cenho e dei risada.
- Como é? querendo matar aula? Não, não quero te corromper, não. - Nós começamos a rir.
- Vamos, só hoje, por favor? - Ela pediu, segurando minha mão entre as suas.
- Ok, e para onde você quer ir? - Entrelacei meus dedos aos seus e segurei nossas mãos próximas ao meu peito.
- Para qualquer lugar com você. - Sorriu, sincera, e eu senti os joelhos fraquejarem, pisquei devagar e respirei fundo.
- Certo, vamos para qualquer lugar então.

Assim que pegamos todo nosso material, corremos pelo corredor da secretaria e escapamos pela porta da frente. ria sem parar, ao mesmo tempo que me repreendia por não ter inventado algo melhor para dizermos à coordenadora. Vimos a diretora surgir na porta quando eu já tinha dado partida, joguei meu casaco no rosto de e saí o mais rápido que pude.

- ! - Ela dizia, exasperada, enquanto eu a levava para "qualquer lugar". - Ela vai te castigar muito por isso.
- Eu não ligo. - Eu disse, sorrindo com os ombros encolhidos, com a atenção quase toda voltada para o trânsito.
- Você não se importa com a escola? - Ela perguntou enquanto dobrava meu blazer, eu ri e neguei com a cabeça.
- Na verdade, não. - Respondi, sincero. - Meu futuro não é esse, me entende? - Olhei para ela, que assentiu. - Eu tenho uma banda, você sabe, é assim que eu quero seguir, vou para Londres e vou crescer como músico. - Eu contava meus planos e a via sorrir.
- Eu estarei torcendo muito. - Ela disse e eu virei o rosto para ela.
- Você vai comigo. - Eu comentei, brincalhão, e pisquei para ela.
- Na verdade, não. - Ela disse, rindo, e eu fiz beicinho. - Eu quero ir para Oxford. - Ela disse, decidida. - Vou fazer Física e me especializar em Física Atômica e Laser. - Sorriu, mordendo o lábio, entusiasmada.
- wow! O nome já me dá dor de cabeça. - Fiz careta e ela riu, fazendo carinho no meu rosto.
- É basicamente a aplicação interdisciplinar de laser, e mais uns estudos, mas não vamos falar disso. - Ela disse, tirando a mão do meu rosto e batendo uma palminha agitada, eu ri sozinho.
- Ok, e para onde vamos? - Eu perguntei, olhando para ela.
- Hum, pegue a Minrow.
- Onde vamos? - Perguntei, sorrindo.
- Pegue a Minrow. - Repetiu entre risos.
- Uh, vai me surpreender? - Ela deu de ombros e eu ri, direcionando-me à estrada Minrow.

Coloquei um CD para tocar, baixou o vidro e afrouxou sua gravata, reclamando do calor. Abri minha janela também e acelerei, aproveitando o quase nulo movimento da estrada. Ela retirou os óculos do rosto e esticou a cabeça para fora da janela, permitindo que o vento bagunçasse seu rabo de cavalo.

- Diminua. - Ela pediu e eu o fiz aos poucos. - Consegue ver aquele desvio ali? - Eu assenti, esticando-me um pouco. - Pode dobrar ali.
- Uh, você está tentando me seduzir? - Eu perguntei, divertido, entrando no desvio que nos levava a uma estrada de terra.
- ! - Arrastou, dando-me um tapa no antebraço, totalmente vermelha, eu dei risada e ela suspirou.
- Desculpa, não foi a intenção te constranger. - Eu disse, sincero, ainda rindo.
- Tá. - Disse, manhosa, e me sorriu depois.

me indicou para virar à esquerda e eu o fiz. Pouco depois, eu pude ver a grama verde se mesclar com o amarelo das pequenas flores por todo o campo. Ao longe, que se tornava próximo conforme eu acelerava o carro, uma casa, cabana, ou algo menor que isso. Deveria ter dois cômodos, no máximo, mas foi onde me pediu para estacionar.

- Ok, você me surpreendeu. - Eu disse assim que desci do carro, ela deu uma risadinha e foi andando pelo gramado.

Eu olhei em torno de mim e tudo que vi foi nada, absolutamente nada além de grama e algumas árvores. Inalei aquele aroma de mato mesclado com as flores que se erguiam até o início da minha panturrilha. O vento leve fazia com que as copas chacoalhassem, o mesmo faziam os finos galhos que sustentavam os botões amarelos, que muitas vezes eram esmagados por meus pés.

- Hey. - Ela me chamou e eu me virei para olhá-la, segurando a maçaneta de ferro enferrujada, com a porta brevemente afastada.
- Tem certeza? - Eu perguntei, receoso. - A gente não sabe o que tem aí dentro. - Dei de ombros, aproximando-me devagar, ela deu risada e negou com a cabeça.

- Vai vir ou não? - Cruzou os braços, manhosa, e eu ri, coloquei as chaves do carro no bolso e passei o braço por seus ombros, acompanhando-a cabana adentro.

Um forte aroma de cera mesclado com mofo invadiu minha narina, contraí meu cenho e ouvi a porta ranger atrás de nós até que estivesse fechada totalmente. O interior da cabana era ligeiramente melhor do que eu imaginei, embora estivesse bastante escuro. se soltou de mim e caminhou até uma janela grande, a única do cômodo, próxima a uma porta que eu não sabia para onde levava. A claridade invadiu generosamente toda a cabana, deixando-me ver o estofado xadrez do sofá ao lado de uma lareira de tijolos.
sentou-se no parapeito da janela, de modo que o sol iluminasse parcialmente seu perfil direito. Caminhei devagar até ela e parei ao seu lado, colocando as mãos no bolso da calça. Ela continuava olhando a paisagem, que era linda, eu tenho de admitir.
- Sabia que isso é invasão de privacidade? - Eu perguntei, divertido, sentando-me à frente dela no parapeito, ela sorriu e virou o rosto para mim.
- Na verdade, não. - Deu de ombros. - É de uma das funcionárias da creche, ela não vem aqui para nada, na verdade, ela ia vender o terreno, mas tem grande valor sentimental para a família dela. - Sorriu e eu a imitei. - Sou eu quem venho limpar e cuidar, isso é quase meu. - Disse, cruzando os braços e arqueando a sobrancelha.
- Oh, me desculpa, senhora proprietária. - Nós rimos. - E você... costuma vir aqui?
- Não sempre, não tem energia elétrica, eu comecei a vir um pouco mais quando ganhei... meu telescópio. - Apontou com o polegar para a porta atrás de si.
- Posso vê-lo? - Eu perguntei, curioso, ela assentiu, levantando-se e abrindo a porta do segundo cômodo, um banheiro. Ela trouxe desajeitadamente o telescópio grosso e prateado, levantei-me e fui ajudá-la.
- Você não vai consegui ver nada de dia, o sol é muito forte, mas ele é muito bom.
- Podemos vir qualquer dia, à noite, se você quiser. - Eu disse, inclinando-me para olhar pela lente, realmente, não dava para ver muita coisa com a claridade.
- Tudo bem. - Ela disse, sorrindo.

Ficamos mais um tempo conversando sobre telescópio e cometas, então me sentei à frente do sofá, em uma cama improvisada. Ouvimos um ruído abafado assim que meu corpo colidiu contra o colchão e a poeira se espalhou pelo cômodo.

- Estou vendo como você limpa. - Brinquei com ela, que colocou as mãos na cintura e arqueou as sobrancelhas em sinal de desacordo.
- Faz tempo que eu não venho aqui. - Disse, emburrada, eu dei risada e bati no colchão ao meu lado. - Não vou. - Virou-se de costas, cruzando os braços.
- Ahhh, não faz assim. - Eu disse, rindo, levantei-me e a abracei por trás. - Vem cá, vem. - Eu dizia, dando risada, ela colocou as mãos sobre meus braços e eu fui caminhando para trás, sentando-me novamente com ela ao meu lado.
- Canta uma música para mim? - Ela pediu com a cabeça deitada no meu ombro enquanto eu lhe acariciava o braço devagar.
- Qual música? - Eu perguntei, olhando-a, curioso.
- Uma da sua banda, nunca os vi tocar. - Eu arqueei as sobrancelhas, surpreso.
- Você nunca vai às festas da escola? - Eu perguntei e ela negou.
- Não sou bem-vinda nelas. - Ela disse, baixo, eu sorri.
- Claro que é, por que não? - Eu perguntei, ainda acariciando seu braço.
- Não me encaixo naquelas festas, . - Ela respondeu como se fosse óbvio, eu sorri e beijei sua bochecha.
- Ainda bem, isso te faz ser tão melhor que eles. - Eu disse, sincero, e ela sorriu para mim, logo em seguida fechou os olhos e suspirou longamente. - Não temos nenhuma música romântica demais, ok? - Ela assentiu e soltou um risinho, passando o braço pela minha cintura enquanto eu me recostava melhor à parede. - Essa é a minha composição mais recente. Ela se chama Not Alone. [n/a: Eeeeê... JÁ! *-*]

Life is getting harder day by day
A vida tem ficado mais difícil dia após dia
And I don't know what to do, what to say, yeah
E eu não sei o que fazer, o que dizer, sim
And my mind is growing weak every step I take
E minha mente está enfraquecendo a cada passo que eu dou
So uncontrolable now they think I'm fake, yeah
Tão incontrolável, agora eles pensam que eu sou uma farsa, sim

Essa música ainda não tinha um ritmo definido, estávamos trabalhando em cima dela, mas, de qualquer forma, eu já sabia de que forma queria que ela ficasse. Comecei cantando devagar, acariciando o braço e o ombro de , sentindo-a respirar calmamente em meu pescoço.

'Cause I'm not alone, no no no
Porque eu não estou sozinho, não, não, não
But I'm not alone, no no no
Mas eu não estou sozinho, não, não, não
Not alone
Não estou sozinho

Senti o braço de , que estava em torno de mim, apertar devagar, olhei-a de esguelha e vi que ela estava sorrindo de olhos fechados, sorri também pouco antes de voltar a cantar, com os lábios próximo de sua orelha.

And I, I get on the train on my own
E eu, eu pego o trem sozinho
Yeah, my tired radio keeps playing tired songs
Sim, meu rádio cansado continua tocando músicas cansadas
And I know that there's not long to go, oh
E eu sei que não falta muito para chegar, oh
When all I wanna do is just go home
Quando tudo que eu quero é apenas ir para casa

Enquanto cantava em seu ouvido, eu passei a mão desde a sua bochecha até seu antebraço, completamente arrepiada, seus poros totalmente eriçados, o que me fez sorrir ligeiramente e apertar um pouco seu corpo perto ao meu.

'Cause I'm not alone, no no no
Porque eu não estou sozinho, não, não, não
But i'm not alone, no no no no
Mas não estou sozinho, não, não, não, não

People rip me for the clothes I wear
Pessoas me criticam pelas roupas que eu visto
Everyday seems to be the same, they just swear, yeah
Todo dia parece o mesmo, eles apenas prometam, sim
They just don't care
Eles não se importam
They just don't care
Eles não se importam
They just don't care
Eles não se importam

me apertou com força assim que eu cantei a última frase, eu lhe afaguei os cabelos e sorri para continuar a cantar o fim da música.

'Cause I'm not alone, no, no, no
Porque eu não estou sozinho, não, não, não
But I'm not alone, no, no, no, no
Mas eu não estou sozinho, não, não, não, não
I'm not... alone
Eu não estou... sozinho

Sussurrei a última palavra, modificando um pouco o fim da música, já que eu não podia mais adiar o beijo. Sem esperar que ela abrisse os olhos e aproveitando seus lábios entreabertos, rocei minha boca na dela, fechando meus olhos e sentindo meu estômago revirar assim que nossas línguas se esbarraram pela primeira vez. Uma onda de calor e eletricidade percorreu meu corpo quando colocou a mão em minha nuca e a acariciou com toda sua delicadeza e suavidade.
Com as mãos nas laterais de seu corpo, um pouco acima de sua cintura, eu tentava encostá-la mais a mim em um dos nossos beijos mais intensos, sem sombra de dúvidas. Desajeitadamente, levei minha mão por baixo da perna de e a puxei para mim, ela não resistiu nem por um segundo, apenas me permitiu deitá-la e descansar uma de minhas pernas entre as dela. Com o joelho e um dos braços apoiados no colchão, minha mão livre lhe acariciava a cintura por cima da saia.
A panturrilha de esbarrava na minha, brevemente flexionada, eu queria apenas subir sua saia e sentir a textura de sua coxa, o quão quente e macia ela estava, mas eu ainda não me sentia à vontade o suficiente para isso. Suas mãos se decidiam entre acariciar meus ombros e meus braços. Seus dedos finos subiam e desciam, vez ou outra suas unhas me deixavam saber que existiam, mas com uma delicadeza que chegava a fazer cócegas.
me envolveu pelo pescoço e segurou meu cabelo, permitindo-me beijá-la com uma intensidade ainda maior. Estávamos sem fôlego nenhum, mas não pretendiamos parar só por causa de ar. Com a lateral de seu corpo livre, minha mão tinha acesso para explorar com maior facilidade, desde seu quadril até a altura de suas costelas, apertando-a contra mim. Às vezes, ela abafava gemidos dentro da minha boca, o que me fazia suspirar pesadamente, tentando liberar um pouco da adrenalina que me faria arrancar a roupa dela e fazer coisas que ela não fazia ideia do que se tratava e do quão bom era.
Conforme eu acariciava seu corpo, sua blusa escapava de dentro da saia, deixando sua barriga exposta. Sua respiração estava totalmente descompassada e por vezes eu achei que ela estivesse com falta de ar, tão ofegante que chegava a fazer ruídos. Isso aumentou gradativamente quando eu arrastei meus lábios entreabertos até sua orelha, depositando beijos suaves, que faziam tremer em meus braços. Totalmente absorto de qualquer coisa que não fosse o calor e o perfume de menina que sua pele emanava, eu depositei a mão sobre seu seio, por cima da camisa, passeando com as pontas dos dedos em seu contorno com discrição. , que agora respirava pela boca, puxava todo o ar possível a cada pressão que meus dedos faziam em seu colo. Suas mãos apertavam minhas costas e antebraço com tanta força que eu cheguei a acreditar que estávamos transando sem penetração, como se nossas almas fizessem amor por conta própria.
passou os dedos delicados sobre os meus e os apertou sobre o próprio seio, em seguida arrastou minha mão até seu colo, bem próximo de seu pescoço, onde o colarinho da blusa começava. Ainda beijando seu pescoço com umidade suficiente, eu desabotoei o primeiro botão, fazendo o mesmo com os que o seguiam, até a linha do estômago. Sua gravata agora estava solta e seus seios, à vista, amparados apenas pelo sutiã meia taça branco com uma delicada renda lilás e um lacinho no vale dos seios. Meus dedos acariciaram a parte exposta pela peça. forçou os dedos no meu braço, encolhendo-se um pouco assim que cobri seu seio com a mão, massageando-o com cuidado por cima do sutiã até que ela se acalmasse um pouco, então ergui parte da peça com as pontas dos dedos e o que amparava seu seio agora era minha palma. Massageava-o e fazia uma pressão suave, ouvindo-a gemer baixo, próxima do meu ouvido.
Com a bochecha colada na dela, vez ou outra eu brincava com a língua em sua orelha. Seu seio, embora rígido naquele momento, era o mais macio que eu já havia tido em mãos, eu poderia passar um dia todo apenas sentindo-o se erguer para meu toque. Pensei em beijá-lo, sugá-lo, e só com a ideia de fazê-lo meu corpo se tornava ainda mais quente. Eu estava latejando interiormente dos pés à cabeça, eu nunca quis tanto uma menina como queria , e, por mais que ela também me quisesse e eu soubesse disso através de seus sinais, eu sabia que deveriamos ir passo ante passo, eu iria respeitar os limites impostos por sua consciência, por sua ingenuidade. Ela era leiga e eu tinha o dever de cuidá-la com minha experiência.
Estávamos absurdamente ofegantes e empapados de suor, como se realmente tivéssemos praticado sexo. Haviamos retomado um beijo e, conforme diminuiamos a velocidade e intensidade com que o faziamos, eu reduzia o ritmo das carícias. Eu sabia que se continuasse não conseguiria parar, meu corpo estava me alertando e me advertindo disso o tempo todo, eu não podia passar dos limites.
Assim que quebrei o beijo, encostei as pontas de nossos narizes, encarei-a de olhos fechados. Suas bochechas rosadas de calor, adrenalina e timidez. Seus lábios vermelhos e inchados pela vivacidade do beijo estavam entreabertos, sugando ar pouco a pouco, recobrando a sanidade, assim como eu o fazia. Assim que um pouco mais lúcido, eu me afastei minimamente e encarei seu busto, subindo e descendo, chamando pelo meu nome. Pisquei devagar, quase cedendo à clemência, então levei minhas mãos até sua camisa e a fechei com necessidade, acompanhava meus movimentos sem dizer nada, estava séria, talvez um pouco assustada.

- Está tudo bem? - Eu perguntei e ameacei um sorriso, colocando seu cabelo úmido de suor para trás da orelha.
- Meu corpo está formigando. - Ela sussurrou, fechando os olhos, eu mordi meu lábio e sorri.
- Tudo bem, o meu também está, logo passa. - Eu disse, acariciando sua bochecha.
- É bom. - Ela disse, sorrindo de lado, envergonhada, ainda com os olhos cerrados, eu ri baixo e beijei sua bochecha com força.
- Vem, é melhor voltarmos antes que eu desista. - Eu disse mais para mim mesmo, já me levantando. O incômodo entre minhas pernas era visível, eu tive medo do que ela iria pensar e, como eu previ, ao notar certa diferença em minha virilha seus olhos saltaram e ela se levantou rápido, arrumando a saia.

Eu ri sozinho quando ela entrou no banheiro, carregando o telescópio. Fechei a janela e passei a mão pela cabeça, acalmando-me aos poucos. Ela saiu do banheiro com as mãos unidas e a cabeça baixa, eu a abracei, mas ela preferiu manter alguma distância. Saímos da casa e voltamos para o carro, deixamos os vidros abaixados, aproveitando o vento que refrescava nossos corpos e pensamentos. Eu precisava me concentrar em algo que não fosse a lembrança daquela manhã, ou ficaria difícil continuar perto dela.

- Obrigada. - Ela disse assim que estacionei em frente a sua casa.
- Ajeite... a gravata. - Eu disse, sorrindo, ela mordeu o lábio e riu baixo, fazendo o que eu tinha dito.
- Vemo-nos amanhã? - Eu assenti e levei a mão em seu rosto, fazendo um carinho suave em sua bochecha.
- Eu passo amanhã cedo. - Ela se acercou e nós trocamos um selinho prolongado, sem querer nos afastar.
- Tchau, .
- Bom trabalho. - Eu disse, sorrindo.
- Bom ensaio.

Pisquei para ela e lhe entreguei seu material, ela empurrou a porta e andou apressada em direção à porta, esperei ela entrar e saí dali. Era hora de ir para casa e me preparar psicologicamente para o ensaio daquela tarde.

- Guys?! - Chamei, passando pela cozinha. - Oi, tia. - Acenei para a senhora , que me sorriu.
- Oi, , os meninos estão na garagem te esperando. - Ela disse, carinhosa, eu assenti e atravessei a porta, descendo até a garagem.
- Olá. - Eu disse, soltando minha mochila sobre uma poltrona.
- Aaaaah, chegou a margarida! - gritou, irônico, eu apenas dei risada, eles não acabariam com o meu humor naquela tarde.
- Boa tarde. - Sentei-me no sofá ao lado de e passei um braço pelo encosto, deitando a cabeça para trás. - Calor, huh? - Comentei.
- Vem cá, posso te fazer uma pergunta? - perguntou e eu ergui a cabeça.
- Mais uma? - Ele rolou os olhos e assentiu, eu dei risada. - Fala, cara.
- Você não tinha desistido da aposta? - Ele perguntou e eu vi concordar com a sobrancelha arqueada.
- Eu desisti. - Respondi com os ombros encolhidos.
- E que diabos você estava fazendo com ela hoje? E por que sumiram no intervalo?
- Eu estou com ela, estamos... saindo. - Eu disse, sincero, eles me encararam por dois ou três segundos e explodiram em risadas altas, eu ri um pouco sem entender.
- Eu não acredito! - bateu palma, vermelho de tanto dar risada. - , eu sempre soube do seu gosto duvidoso, mas agora você apelou, cara! - Ele dizia entre risos, pressionava a barriga, com as pernas encolhidas próximas do corpo.
- Não estou vendo graça. - Eu disse, cruzando meus braços.
- Cara, ela pode ser cheirosinha e tudo, mas bonita ela não é. - disse e eu o encarei enraivecido, como assim "cheirosinha"?
- Não fale assim dela, idiota. - Eu disse, empurrando ele para o lado, meu amigo me olhou incrédulo e depois começou a rir.
- Você está falando sério? Está namorando ? - Ele perguntou em tom de indignação.
- Não estamos namorando, estamos saindo. - Eu consertei, voltando a cruzar os braços e a relaxar meu corpo no sofá.
- Ok, o que você viu naquilo? - apontou para um canto qualquer com a expressão irônica.
- Vocês não sabem o que estão falando quando a chamam de feia. - Eu disse, negando com a cabeça.
- Ah, nós sabemos sim! - respondeu, rindo. - Ela usa rabo-de-cavalo e faixa ao mesmo tempo, ela usa a camisa fechada até o pescoço e a gravata apertada no colarinho, ela é gorda, usa a saia no estômago, meias de jogador de futebol e sapatilhas iguais às da minha mãe. - Ele falou rápido, meus punhos se cerravam a cada coisa que ele dizia.
- Ela não é como vocês acham, ok? Ela só não valoriza seu corpo. - Eles negaram com a cabeça, morrendo de rir. - Vocês estão duvidando? - Procurei pelo meu celular, mas não o encontrei. - Deixei o celular em casa, mas assim que chegar passo para vocês uma foto, vocês vão ver como ela não é gorda! - Eu disse sério e eles respiraram fundo para me encarar.
- Você gosta dela, cara? - perguntou, agora usando uma entonação maternal, eu rolei os olhos e virei o rosto para o lado. - Dude, o está apaixonado! - Ele gritou e segundos depois eu senti o peso se tornar enorme sobre meu corpo, e nós acabamos rindo muito de toda aquela situação.

Ensaiamos animadamente naquele dia e nos apresentou uma composição nova, Broccoli, e por mais que ele tenha se negado a contar a história daquela música algo me dizia que tinha dado outro bolo no meu amigo. Não sei por que ele ainda ficava atrás dela, Joy era linda, e faria de tudo por ele... Tá, olha só quem está falando, melhor eu me calar.
Assim que cheguei em casa, passei a foto de dormindo para meus amigos em seus respectivos celulares. A noite passou lenta e eu mal podia esperar pelo dia seguinte, era sexta-feira e provavelmente iriamos tocar em algum lugar; sábado eu convidaria para vir em minha casa, era o dia de folga dos empregados, dia dos meus pais irem ao clube de golf e dia da minha irmã sair com seus amigos esquisitos, casa livre. Se vocês estão perguntando a si mesmos se eu penso em outra coisa que não seja , a resposta é a seguinte: não!

Capítulo 8. "Do you care if I don't know what to say?" (There Is - Box Car Racer)

O impacto que eu e causamos no primeiro dia foi pelo menos cinco vezes menor no segundo, embora as zombarias continuassem as mesmas, se não maiores. Ela, ao contrário de mim, parecia se importar um pouco, ou muito, com isso. Todas as vezes que alguém gritava uma coisa qualquer ela apertava meus dedos com força e se encolhia cada vez mais.

- Eles não se cansam nunca? - Ela murmurou, incomodada. Eu sorri e lhe beijei o topo da cabeça.
- Ignora, . Já ouviu dizer que a felicidade alheia incomoda? - Ela assentiu e sorriu para mim. - Então, é isso. - Beijei sua mão e passei pelo gramado.
- Seus amigos? Você conversou com eles? - Ela perguntou, olhando-me.
- Sim, eles não se metem na minha vida pessoal, eu gosto de você, eles têm que aceitar isso. Vão aprender a gostar de você. - Pisquei para ela, que sorriu confiante e parou comigo ao lado da mesa.
- Bom dia. - Eu disse, animado, eles me olharam empolgados.
- Oi, , oi, . Dude! Nós vamos tocar no Vogue! - disse tudo isso rápido demais, fiquei apenas parado, encarando-o.
- Você não está falando sério, está? - Eu falei, sentindo meu coração disparar. Meu sorriso enlargueceu, mas meus olhos eram incrédulos.
- Eu estou, cara, eu estou! - Gritou, subindo no banco e pulando em cima de mim. Nós começamos a pular feito dois idiotas, ele pendurado no meu pescoço, com as pernas em torno da minha cintura, seria gay se não fosse um momento tão incrível.
- Eu não acredito, eu não acredito. - Eu gritava rindo estupidamente. Joguei para longe e abri os braços. - É o Vogue, porra! - Eu gritei e soltei uma gargalhada sincera e contente.
- Espera, espera eu terminar de falar. - disse, ofegante.
- Não, não! - disse e subiu na mesa. - Eu falo. - Disse, colocando a mão sobre o peito. Eu o encarei rindo, assim como as pessoas que nos encaravam, aglomerando-se próximas a nós. - Esta noite o McFLY irá tocar no VOGUE. - gritou e pôde-se ouvir gemidos surpresos e contentes. - E mais... Tem mais... - Ele assentiu e ergueu uma mão para o alto, meu coração saltava depressa, eu estava curioso. - Vão ter olheiros lá, e eles estarão aí só para nos ver. - Ele quase gritou, eu arregalei meus olhos e minha boca escancarou, eu e nos entreolhamos e começamos a gritar, antes de nos abraçarmos outra vez para pularmos mais um pouco. Dessa vez, se uniu a nós e logo também estava nas minhas costas.

A verdade é que, embora a banda fosse o que queriamos para o futuro e nós tivéssemos certeza disso, depois de termos sido ignorados por algumas bandas em audições diferentes e não termos sido aceitos para uma gravadora a primeira vez que nos apresentamos, perdemos um pouco o entusiasmo e paramos de levar tão a sério, pois a decepção nos deixou sem expectativas. Exceto para , que sempre dedicou-se inteiramente a isso, mas, agora que tínhamos esperança de sermos aceitos por agentes, sem dúvida isso me fez sentir renovado, totalmente pronto para estar lá e mostrar a todos que nos viraram as costas que nós podemos e vamos crescer, com ou sem a ajuda deles.
As pessoas nos cumprimentavam como se já estivéssemos contratados. Senti um peso me desequilibrar um pouco. Eu ri e coloquei as mãos nas costas da garota, podendo sentir seu cabelo macio enroscar em meus dedos, opa... Cabelo solto? Eu sorri sem graça para Jessy, que estava com as mãos para o alto, os seios na altura do meu rosto, quase saltando para fora da camisa. Eu tentei soltá-la, mas suas pernas estavam presas firmemente em torno da minha cintura e não permitiram que eu a colocasse no chão. Eu olhei para o lado e vi me olhando, sorriu sem vontade e eu fiz o mesmo. Jessica me deu um beijo estalado na bochecha e se soltou de mim, dizendo o quanto torcia por nós. Cumprimentei mais algumas pessoas e me acerquei de , ela estendeu os braços na minha direção e eu a abracei pela cintura, erguendo-a do chão e girando-a no ar. Nós dois rimos e nos entreolhamos.

- Tomara que dê tudo certo. - Ela murmurou, segurando-se em meus ombros.
- Vai dar se você estiver lá comigo. - Eu chantageei e ela se soltou devagar de mim, olhando-me.
- Não acho que... meu pai irá deixar. - Ela disse sem jeito.
- Mas você vai tentar, não vai? - Disse, esperançoso, e ela assentiu, sorridente.
- ... a diretora está procurando por você. - Ouvi James dizer, virei-me para ele, que sorria vitorioso.
- Oh, não. - resmungou, segurando meu pulso com força, como se quisesse me impedir de fazer algo. Apenas balancei a cabeça para James e me virei para ela.
- Eu vou lá.
- Não, , ela vai te castigar por ter saído correndo ontem! - Disse rápido, segurando-me com força, eu sorri.
- Tudo bem, , não é a primeira vez que eu vou para a diretoria. - Ela me olhou compadecida. - Hey, amor. - Ela pareceu surpresa e eu sorri. - Você gosta? - Ela assentiu timidamente. - Eu vou lá. Não se preocupe, tudo vai ficar bem.
- Está bem. - Ela disse e suspirou. Eu sorri e dei as costas, caminhando em direção ao refeitório. - ! - Ela me gritou e eu virei para trás, ela sorriu e correu até mim, abraçando-me pelo pescoço com força e colando os lábios nos meus, beijando-me rápida e intensamente.
- Uuuuuh. - Ouvimos os murmúrios, mas nada os fez parar, então trocamos um selinho e eu me afastei, sorrindo para ela.

Nada estragaria minha felicidade naquele dia, nem a cara carrancuda da diretora. A coordenadora me colocou para dentro da sala e eu sorri para ela, mandando-lhe um beijo estalado no ar. Ela rolou os olhos, rindo um pouco, e fechou a porta. Coloquei as mãos no bolso e caminhei calmamente até a poltrona em frente à mesa da Sra. Woolf.

- Bom dia, Sr. . - Ela me chamou formalmente, eu lhe sorri.
- Bom dia, Anna. - Chamei-a pelo nome e ela suspirou, cruzando seus braços.
- O que te faz pensar que pode me chamar assim? - Perguntou, arqueando uma sobrancelha.
- Ah, qual é, Anna? Eu sou de casa. - Pisquei e ela bufou.
- Por que saiu mais cedo ontem? - Quis saber, eu relaxei meu corpo na cadeira.
- Estava com problemas intestinais, sabe como é, acontece com todo mundo. - Eu sorri falso e ela me encarou brava. - O quê? É a verdade.
- E a pessoa com você também estava com diarreia? - Ela me perguntou, apoiando os braços sobre a mesa.
- Quem? - Perguntei, fingindo confusão.
- Sr. , não subestime minha observação, eu vi muito bem você cobrir a pessoa ao seu lado, quem era?
- Não tinha ninguém comigo. - Ri com incredulidade, tenso.
- Ok, vamos fazer um trato, então. - Eu assenti e apoiei os braços na mesa, inclinando-me assim como ela. - Se você me disser quem era, vai ter de vir apenas três dias à tarde ajudar no reforço. - Eu umedeci os lábios e sorri de lado. - Do contrário, três dias de suspensão. - Ela disse, séria.
- Hum... - Relaxei meu corpo para trás e cruzei os braços. - Aprendi bem minha lição de ética, a senhora pode me suspender por uma semana inteira, não havia ninguém ao meu lado ontem. - Eu disse, encarando-a.
- Muito bem. - Ela disse, arrancando uma folha do seu bloco de notas. - Volte apenas quarta-feira que vem na escola. - Dizia, assinando um papel que chegaria aos meus pais.
- Ok. - Eu disse, levantando-me. - Tenha um bom dia, Anna. - Disse, para irritá-la, enquanto pegava o papel de sua mão e saia da sala.

Eu bem que tentei ir até o outro bloco avisar do que havia acontecido, mas não me deixaram passar, então eu fui para casa. Não estava triste, nem irritado ou coisa parecida. Seriam três dias de folga, e eu não diria que era de forma alguma. Ela precisava de seu histórico escolar em perfeita ordem para entrar em Oxford, quem sou eu para estragar alguma coisa desse tipo?
Na hora do almoço, contei aos meus pais sobre a apresentação à noite, meu pai se sentia verdadeiramente orgulhoso, minha mãe estava eufórica e minha irmã ria dos dois junto comigo. À tarde, fui para casa de , precisávamos ensaiar e foi isso o que fizemos até as seis, ensaiamos arduamente, sem parar um segundo para beber água. Sabiamos que estávamos preparados, bem mais que da última vez que nos apresentamos a uma gravadora. Tínhamos uma setlist consideravelmente boa, com seis músicas compostas por nós e dois covers. Era o suficiente por enquanto.
Pouco antes das sete, eu já estava pronto, precisávamos estar lá às sete e trinta. Coloquei uma calça jeans escura e uma camisa xadrez sobrepondo a camiseta branca, dobrei as mangas até o cotovelo e calcei meus tênis. Arrumei o cabelo e coloquei um gorro para cobrir os frios revoltados. Perfumei-me e peguei uma jaqueta antes de descer. Despedi-me dos meus pais, que se desculparam por não poderem ir, e segui para o bar. Pensei em passar na casa de , mas se ela não tinha me avisado, talvez o pai não tivesse mesmo deixado, e, por um lado, eu acho que já sabia disso.

- E aí, cara! - disse, animado, cumprimentei-os e me sentei junto deles.
- Cara, eu estou muito ansioso. - comentou com a mão sobre o estômago.
- Por favor, não vomite. - suplicou. - O sempre vomita junto!
- Não, tudo bem, eu acho. - disse e eu comecei a rir.
- A não vem? - me perguntou, tentando se distrair.
- Não, o pai dela é meio chato, não deixa ela sair. - Eu disse com os ombros encolhidos.
- Poxa, cara, que pena. - comentou sincero, eu assenti.
- Tudo bem, amanhã eu vou ficar com ela. - Sorri e ergui a mão para o garçom.

Nós bebemos algumas coisas e o pessoal da escola começou a chegar e a se juntar. Jessy estava incrível, ela era realmente gostosa. Usava um vestido alaranjado curto com um decote gigante que me deixava ver quase até seu umbigo. Atraente, muito atraente.
Ela ficou perto de mim o tempo todo, tentando se acercar, tentando me seduzir ou algo do tipo, mas eu realmente não a queria, não mais. Ela era linda e sabia o que fazer com as mãos, boca e corpo... mas eu queria , pois, embora ela não soubesse nem metade do que Jessy sabia, eu tinha toda paciência para ensiná-la, pois eu gostava dela, eu realmente gostava.

- Em quinze minutos, no palco do Vogue, McFLY! - Gritou o homem sobre o palco de madeira. Nós sorrimos, ansiosos.
- Gatinho, boa sorte. - Jessica disse, passando o indicador pelo meu peito, eu sorri e segurei seu pulso, afastando um pouco.
- Valeu, Jessy. - Nós sorrimos e começamos a nos levantar para subir no palco.

Minhas pernas hesitaram assim que meus olhos fitaram o público. As palmas e os gritos foram estridentes, nós sorrimos e acenamos antes de tomarmos nossos postos. Demos boa noite, dissemos algumas palavras e anunciamos a primeira música.
Durante toda a pequena apresentação, houve pessoas cantando com a gente, o pessoal que já conhecia nossa banda de apresentações anteriores. Nós estávamos animados e não houve erro algum em nenhum momento. Agradecemos a oportunidade, a presença de todos, e logo descemos do palco.
Estávamos enérgicos e nós quase não pudemos conter nosso coração dentro do corpo quando um dos agentes da Curve nos deixou o telefone dele. estava quase chorando, e não nego que tive vontade por algum tempo, mas a felicidade era bem maior que a emoção. Eu paguei a primeira rodada de bebidas, logo depois , e fizeram o mesmo.
Eu estava rindo de algo que os garotos estavam falando, ou estava rindo porque a cerveja corria pela minha veia livremente. Tomei mais um gole da lata e enxuguei a boca com as costas da mão, voltando a rir da careta que fez ao tomar uma dose de tequila, foi então que eu a ouvi.

- ! - A voz de penetrou meus ouvidos e sorri instantaneamente. Virei-me para procurá-la, mas não a encontei.
- Wow, dude, quem é aquela gata gritando você? - Jake apoiou o braço no meu ombro e eu focalizei a garota que vinha em minha direção.

Meu coração disparou, eu conhecia aqueles olhos. Era . Seus cabelos soltos e levemente encaracolados com a franja lisa cobrindo parcialmente sua testa. Uma maquiagem forte manchava seu belo rosto, e um vestido lhe cobria parte do corpo. Ela andava desajeitada por causa dos saltos, os braços cruzados e a cabeça baixa, tentando se apressar, mas sem conseguir pela falta de equilíbrio. Eu arregalei meus olhos e abri minha boca.

- Dude, é a ! - comentou alto e pelo menos metade do pessoal se virou para vê-la, logo os comentários maldosos começaram a ser feitos e eu bufei.
- , o que você está fazendo aqui? Que roupa é essa? - Perguntei nervoso, segurando-a pelo braço e arrastando-a para longe dos garotos.
- ? - Ela perguntou, confusa, tropeçando nos próprios pés, eu a soltei e parei a sua frente, ela estava com os olhos arregalados.
- Que merda é essa, ? - Gritei, segurando a barra de seu vestido apertado nas coxas, puxei-o um pouco e soltei depois.
- E-eu... Você não gostou? - Ela perguntou com a voz embargada, olhando para si mesma com as mãos colocadas sobre o vestido.
- Claro que... não gostei! - Eu menti, ela não podia andar com aquelas roupas curtas, de forma alguma.
- Desculpa. - Ela pediu, respirando rápido, com os olhos cheios d'água.
- Que droga, olha como eles estão olhando para você! - Eu dizia, irritado, passando a mão pelo cabelo freneticamente. - Era isso que você queria? Que vissem o quanto você é gostosa? Não está satisfeita comigo? - Eu falava em um tom alto, totalmente exasperado e fora de mim.
- N-não, não, eu juro. - Ela falava baixo, deixando algumas lágrimas escorregarem por seus olhos. Logo seu rímel traçou um caminho por sua bochecha.
- Vem, vamos sentar. - Eu saí a sua frente, ela me seguiu encolhida dentro daquela peça de roupa que valorizava cada parte de seu corpo.
- Oi, . - disse, animado, bêbado, ela o olhou sem graça e acenou com a cabeça.
- Toma, veste isso. - Joguei minha jaqueta nela e me sentei no meu banco, emburrado.
- Que é isso, cara? - me perguntou entredentes. - Senta aqui, . - Ele disse, puxando um banco entre o meu e o dele.
- Obrigada. - Ela sussurrou e se sentou, enxugando com cuidado o rosto, já com minha jaqueta cobrindo seus braços e ombros nus.

Eu não queria falar com ela, o ciúme fazia minha cabeça e peito latejarem, eu estava irritado porque enquanto ela usava saias compridas e camisas com colarinho abotoado ela era minha, a minha , e ninguém tentaria tirá-la de mim, mas ali, naquele momento, todos podiam admirar a beleza que até então só eu conhecia. Por que diabos ela estava fazendo isso? Qual era sua intenção ao se vestir feito garotas fúteis, aquelas que têm em todo lugar? Ela era única, então para quê tentar ser igual a todas as outras?
Ela também estava em silêncio, mas vez ou outra os garotos puxavam assunto com ela e ela respondia. a fez experimentar alguma bebida, eu nem mesmo sabia que ela bebia. Talvez eu estivesse enganado sobre ela.

- Vou ao banheiro. - Ela avisou, descendo do banco. Minutos depois a vi tropeçar e cambalear. Bufei.
- Vocês a embebedaram?! - Eu perguntei, irritado.
- Ela só bebeu um copo de Smirnoff Ice, não era para ela estar bêbada, não mesmo, cara. - se explicava, enrolado.
- , ela nunca bebeu, é claro que até o cheiro de vodca está deixando-a bêbada, vai atrás dela. - me advertiu, eu esfreguei meu rosto e me levantei, jogando minha lata sobre a mesa e saindo atrás de sem a menor paciência.

Eu caminhava entre as pessoas procurando por ela, não seria difícil encontrá-la, de qualquer forma ela estava incrivelmente linda, e isso era o que me preocupava no momento. Empurrei um grupo de garotos; já havia atravessado o salão e estava próximo ao banheiro, costurei entre mais alguns grupos espalhados e finalmente a encontrei. Meu coração subiu para a garganta subitamente, meu sangue esgueirou-se do meu corpo e de meus punhos cerrados, circulando com força pelo meu peito, fazendo-o pulsar fortemente. Não achei que pudesse andar, mas no segundo seguinte eu estava sentado sobre aquele cara, chocando meu punho contra seu rosto com toda minha força, todo meu ódio e nojo. Eu a ouvia chorar, e isso me fazia socá-lo ainda mais, ele já não estava acordado, mas eu queria matá-lo, queria que ele sofresse por cada lágrima que estava escorrendo pelos olhos assustados de .

- , ! Por Deus, cara! - Eu ouvia os garotos gritarem enquanto me tiravam de cima do homem desacordado, meus dentes trincados não me deixavam falar, eu só queria descontar o resto da adrenalina.
- Me solta! - Eu gritei, empurrando-os, ainda consegui dar um chute nas costas do rapaz que grunhiu e se virou de bruços.
- Saiam agora daqui. - O dono do bar disse apontando para a porta, eu queria bater nele também, e em por não soltar meus ombros, também em por estar carregando logo à minha frente.

Senti o vento tocar meu rosto com violência assim como a garoa logo que saímos pela porta, o alvoroço ficou lá dentro e agora eu a ouvia chorar nitidamente contra o peito de , que a abraçava, conduzindo-a pela calçada até meu carro.

- Entre, . - Ele disse, ajudando-a na tarefa de entrar no banco de trás do carro. Ela se arrastou até o outro lado e se encolheu contra a porta. - Você também, , e me dá a porra da chave para eu guardar as coisas ali atrás.
- Eu vou levá-la embora. - Eu disse, soltando-me de .
- Você não vai conseguir chegar nem na sua casa desse jeito. - disse, irritado.
- É, entra aí e cala sua boca. - apontou para o carro e eu entrei em silêncio, os dois voltaram para dentro do bar para buscar os instrumentos.

Eu olhei para o lado e vi abraçar a si mesma. Vez ou outra soluçava em meio ao pranto, encolhendo-se ainda mais quando isso acontecia. Suas coxas totalmente de fora estavam arrepiadas, a luz da lua me mostrava isso com perfeição, mas não era hora para pensar nisso, definitivamente não.
- Está tudo bem? - Sussurrei.
- Não. - Ela disse com a voz embargada, sem olhar para mim.
- Ele te machucou? - Perguntei e a vi negar com a cabeça. - Isso é culpa sua, por ter vindo com esse tipo de roupa! - Eu disse ríspido, ela suspirou e apertou os olhos.
- Eu só achei que você fosse gostar. - Ela disse embolado, eu traguei a saliva. - Eu só fiz isso por você, porque eu sei que você saia com a Jessica, e eu sei que todos os garotos gostam de coisas assim, eu só... não quero perder você. - Sussurrou e se deixou chorar outra vez.

Eu tenho certeza que lúcida ela não teria dito nada daquilo, o fato é que minha consciência ganhou alguns quilos, ou toneladas. Eu gritei com ela quando ela tentou me agradar, eu poderia apenas ter dito que ela estava bonita, o que não seria mentira, e poderia ter assumido meu ciúme, assim como ela admitiu que tentou me agradar. Eu fiz tudo errado, e a culpa que eu disse ser dela era totalmente minha, toda minha. Se eu tivesse agido corretamente e não tivesse sido tão egoísta, talvez ela não teria bebido e não tivesse sido agarrada por aquele homem, talvez ainda estivéssemos lá dentro, aproveitando a noite de sexta-feira juntos.

- Eu sou mesmo uma burra! - Ela exclamou, enxugando o rosto e abrindo a porta, saltou do carro e eu arregalei meus olhos.
- ! - Gritei, saindo atrás dela, sentindo a chuva fina umedecer meus cabelos, suas sandálias estavam em suas mãos e ela praticamente corria pelo asfalto. - !
- Meu pai disse para eu não vir, disse que você não é garoto para mim, mas eu fiz tudo errado, peguei a droga do vestido do teatro e saí escondido, e para quê? - Ela gritava, chorando. - Me diz, para quê? - Ela trombou com um carro e foi minha deixa para abraçá-la por trás. - Eu devia ter ficado em casa, esse não é meu lugar, essa não é minha sexta-feira, e você não pode ser nada meu. - Ela dizia, tentando se livrar dos meus braços, eu a virei de frente para mim e a fiz olhar nos meus olhos.
- Eu te adoro! - Eu gritei, ouvindo minha própria voz sair esganiçada, ela arregalou os olhos e seu choro saiu com mais força. - Eu te adoro. - Repeti, segurando-a pelos ombros. - E gosto do jeito que você é... do jeito que eu te conheci! - Eu dizia, encarando seus olhos ligeiramente surpresos. - Eu posso ter saído com Jessy e outras garotas, todas elas são iguais, e então eu conheci você e... merda, , eu estou completamente apaixonado por você, porque você é diferente, você não precisa da porra de uma saia curta para ser atraente, e seu rosto é maravilhoso sem um pingo de maquiagem, então não tente me agradar sendo outra pessoa... - Eu pedi, segurando seu rosto. - Porque você já é totalmente agradável para mim do jeito que você é. - Ela soltou as sandálias e me abraçou com força, permitindo que eu a acolhesse contra meu corpo.

Eu a ouvia chorar com o rosto enterrado em meu pescoço, fechei meus olhos e tive vontade de chorar junto com ela, mas não o fiz. Quando a chuva engrossou, eu a soltei brevemente, busquei suas sandálias no chão e corri com ela de volta para dentro do carro, onde os garotos nos esperavam. Ajeitei minha jaqueta em seu corpo e a aninhei em meu peito, acariciando seu cabelo molhado. A maquiagem de seus olhos escorrera por suas bochechas e o batom vermelho havia borrado o contorno de seus lábios e seu queixo. Fechei meus olhos e apoiei o queixo em sua cabeça.
Passei o endereço dela para e, assim que chegamos, descemos juntos e corremos até a porta, tentando não fazer barulho. Ela me pediu silêncio assim que paramos em frente a porta e eu assenti. Inclinei-me e encostei os lábios no seu ouvido.

- Amanhã em casa, onze horas? - Ela me olhou confusa e eu sorri, ela me sorriu brevemente e me abraçou com força.
- Desculpe-me. - Sussurrou e eu fechei os olhos, apertando-a.
- Descupe-me também. - Ela assentiu e nós trocamos um beijo lento. - Até amanhã.
- Até. - Ela disse enquanto eu beijava sua testa. Desci as escadas devagar e coloquei as mãos no bolso da calça. - ! - Ela me chamou e eu me virei para ela. - Eu te adoro também. - Mordeu o lábio e entrou em casa em seguida.

Talvez aquelas palavras não significassem nada para metade do mundo, e talvez aquele momento fosse apenas mais um na vida dos meus amigos que me esperavam no carro e as pessoas que passavam na rua. Nenhum deles fazia ideia, mas estavam fazendo parte de um momento inesquecível em minha vida, o momento em que eu me senti amado por .





Capítulo 9. "It's just that no one makes me feel this way" (Sexyback - Justin Timberlake)

[n/a: Música pra vocêees, girls... de novo, no JÁ *o*]

- Filho, acorde. - Minha mãe me chamava e eu lutava contra o sono parar abrir meus olhos, eles queimavam tamanho era meu sono.
- Quê, mãe? - Perguntei, virando o corpo para ela, mas sem abrir os olhos.
- Já são quase 11 horas, querido, levante e se arrume, nós vamos almoçar no clube de golfe. - Ela dizia, passando a mão pelo meu cabelo.
- Uhum. - Respondi sem vontade, adorando seu carinho, pronto para dormir novamente.
- Não vá dormir. - Ela disse, rindo, eu sorri fraco e bocejei. - Quer chamar sua namoradinha? - Meus olhos se abriram automaticamente e logo eu estava sentado.
- Que horas você disse que são agora? - Eu perguntei, empurrando o edredom e correndo até o armário.
- Quase 11, dez e quarenta e... - olhou em seu pulso - sete.
- MÃE! - Eu gritei, esfregando o rosto. - Eu a chamei para almoçar aqui, eu não sabia que vocês iam sair, na verdade, eu sabia, mas eu achei que iam almoçar aqui. - Eu dizia rápido, coçando a cabeça como se isso fosse resolver.
- Calma. - Ela disse, rindo e se levantando. - Bom, esperamos ela chegar e então vamos para o clube.
- Não! - Eu disse rápido. - Não, eu não gosto de lá, e ela também não vai gostar, é óbvio, porque ela nunca deve ter ido, e nem deve...
- Ok, você quer ficar sozinho com ela. - Minha mãe disse, levantando-se. - Vá tomar banho que eu vou pegar uma roupa para você. - Piscou para mim e eu a encarei desconfiado. - Eu já sei, calça no meio da bunda e essas camisetas esquisitas, pode ficar tranquilo, eu deixo sobre a pia.
- Tá. - Eu concordei, sentindo ela me beijar a bochecha.
- Tome cuidado, uh? Não quero saber de confusão com os pais dessa menina, .
- Tudo bem. - Eu disse, rindo, enquanto entrava no banheiro.
- Não se esqueça do que aconteceu com a Kristen! - Ela gritou enquanto eu fechava a porta.
- ELA FINGIA PARA OS PAIS QUE ERA VIRGEM. - Protestei, já me despindo.

Tomei um banho rápido, não podia me atrasar, caso ela chegasse e não tivesse quem atendê-la ela poderia ir embora. Minha mãe deixou minha roupa junto com uma toalha - que eu sempre esquecia de trazer - sobre a pia e se despediu com um gritinho animado. Enxuguei-me rapidamente, escovei os dentes e borrifei meu melhor desodorante, e dessa vez não confundi com o da minha irmã. Coloquei a boxer xadrez em tons de azul-claro e vesti a calça jeans escura. Minha mãe me escolheu uma camiseta pólo azul-petróleo listrada de branco, ela não era feia, embora ficasse bem "mamãe, quero ir para Princeton". Calcei meu All Star e penteei o cabelo. Assim que a campainha tocou lá embaixo, eu borrifei um pouco de perfume e desci correndo.
Assim que abri a porta, meu sorriso enlargueceu instantaneamente, ela ergueu a cabeça, desviando os olhos dos pés para mim, sorriu tímida enquanto eu dava um passo em sua direção. Trocamos um selinho suave e eu segurei sua mão, trazendo-a para dentro de casa.

- Tudo bem? - Perguntei, fechando a porta.
- Uhum, e você, como está? - Ela perguntou atenciosa enquanto subiamos as escadas com os dedos entrelaçados.
- Bem. - Eu disse, sorrindo. Empurrei a porta do meu quarto e a deixei entrar. - Está com fome? Vou pedir almoço, meus pais foram almoçar fora. - Eu disse, vendo-a se sentar na beirada da minha cama.
- Não estou com fome ainda. - Ela disse, colocando as mãos no colo, eu sorri e me sentei ao seu lado. - Na verdade, estou um pouco enjoada. - Disse, colocando a mão delicadamente sobre o estômago, eu suspirei.
- Eu não deveria ter te deixado beber ontem. - Disse sério, ela me olhou e baixou a cabeça.
- Estou tão envergonhada por ontem, , desculpe-me. - Ela pediu e eu sorri, levei minha mão sobre a dela e apertei de leve.
- Já está tudo certo, não está? - Ela me olhou e assentiu devagar. - Se eu não tivesse feito o que fiz, você não teria feito o que fez, automaticamente a culpa é minha. - Ela negou com a cabeça.
- Eu não deveria ter tentado me parecer com a Jessica ou com aquelas garotas, eu fui uma boba. - Virou o rosto para o outro lado, eu sorri e beijei sua mão.
- Isso é verdade, foi uma boba. - Admiti, nós rimos e ela olhou para mim. - Mas vamos deixar isso para lá, não é? - Ela assentiu e eu beijei seus lábios rapidamente, levantando-me depois. - O que acha de música? - Perguntei, abaixando-me para ligar o computador. - Quando fico em casa sozinho eu costumo ouvir música alta, e você?
- Eu nunca fico sozinha em casa. - Ela disse, rindo um pouco, sentando-se mais para trás.
- Er... estamos sozinhos agora. - Sorri entusiasmado, ela riu e assentiu.
- Gosto de música. - Encostou-se à parede e sorriu.

Sentei-me na poltrona em frente ao computador, esperando a máquina funcionar, o que levava um tempo até esquentar e tudo mais. Assim que a tela se acendeu e deu início à área de trabalho, eu abri o programa de músicas, escolhendo o que iriamos escutar.

- Er... . - Ela me chamou e eu me virei, ela estava toda corada e com um sorriso sem graça, enquanto com a ponta dos dedos segurava uma fileira de preservativos, meus olhos saltaram e eu me levantei rápido.
- O que é isso? - Eu perguntei rápido, pegando da mão dela.
- Eu... bom... estava aqui na sua cama. - Ela disse tímida e eu a olhei sem saber o que dizer, meu pai me pagaria por isso.
- É que... isso não é meu. - Eu disse como se quisesse me livrar da culpa, ela deu de ombros e riu.
- Pelo menos mostra que você se importa com isso. - Eu abri a boca e fechei depois, totalmente constrangido.

Abri minha cômoda e joguei os preservativos lá dentro, fechando-a em seguida. Passei pelo computador e dei play à lista de reproduções que eu estava fazendo antes de ser interrompido, então me aproximei dela e me sentei ao seu lado. Ela estava entretida, olhando os pôsteres em minha parede. Ergueu a mão e passou as pontas dos dedos pela franja, arrumando-a para o lado. O cabelo estava preso num rabo-de-cavalo, o que era previsível. Ela estava usando um vestido delicado, ele não era curto, alcançava seus joelhos. Nos pés, usava sapatilhas de plástico transparente e havia algumas pulseiras prateadas em seu braço.
Aproximei-me devagar e coloquei a mão em sua cintura, ela desviou os olhos até os meus e me sorriu; arrastei-me para sentar mais próximo dela e seus braços se encaixaram sobre os meus, sem me abraçar direito. Baixei minha cabeça e encostei meu nariz no dela, olhando seu rosto de perto, sentindo seu perfume amadeirado com uma suave lembrança de canela. Nossos lábios se roçaram e um arrepio me fez encolher um pouco os ombros, sorrimos por isso antes de começarmos a nos beijar verdadeiramente.
Minutos depois, não nos lembrávamos de mais nada, Plain White T's preenchia o quarto e a melodia nos embalava num ritmo lento, ainda que intenso. As mãos de acariciavam meus braços, ombros e por vezes iam até a nuca, enquanto as minhas seguravam firmemente sua cintura. Estávamos deitados um frente ao outro e isso nos tornava um pouco inacessíveis.
Sentindo-se um pouco mais à vontade, começou a distribuir beijos pelo meu pescoço, é claro que ela mal sabia o que estava fazendo, mas também foi óbvio que ela era uma ótima aprendiz. Eu estava completamente arrepiado, e agora minhas mãos ameaçavam descer por sua coxa, eu estava louco para sentir sua pele e a vontade aumentava gradativamente.
Com o corpo apoiado no cotovelo, enquanto eu sentia seus beijos incessantes pelo meu pescoço, eu me inclinei um pouco mais e alcancei seu tornozelo, trouxe-o um pouco para cima e tirei suas sapatilhas, uma por vez, chutando também meus tênis para o chão. Arrastei minha palma por sua panturrilha e segurei sua perna por trás do joelho, trazendo-a com calma em direção à minha cintura. não hesitou, mas os beijos foram interrompidos até que eu terminasse de fazer o que queria, assim, um pouco desconfortável, ela tornou a beijar minha orelha.
Extasiado com o roçar macio de sua mão em meu braço e os beijos úmidos depositados em minha orelha, eu a ouvia respirar ofegante ali conforme eu a pressionava contra mim. Virei um pouco meu rosto e segurei seu lóbulo com os dentes, arranhando-o aos poucos, se encolheu toda arrepiada e eu sorri por isso, beijando-lhe abaixo da orelha e descendo por seu pescoço. Com ela desfalecida contra meu corpo, eu soube que ela não resistiria a muita coisa, então soltei sua perna e subi a mão por sua coxa, sentindo meu corpo corresponder a cada milímetro percorrido. Ao contrário do que pensei que ela fosse fazer, ela se aferrou mais a mim, forçando a perna em minha cintura num ato totalmente automático. Ela gemeu de frustração por não conseguir o que buscava, eu sabia que, por mais que ela não tivesse ideia do que estava se passando em seu corpo, ele reagia como qualquer um o faria, ela estava excitada, mesmo sem saber ao certo o que era isso.
Conforme nossos corpo se roçavam, eu tinha certeza de que ela já podia sentir o volume que havia surgido no meu quadril. Estava totalmente abraçada a mim, com o rosto enterrado em meu pescoço e as mãos apertando minha camiseta, enquanto eu distribuia beijos molhados pela pele eriçada de seu pescoço fino. Às vezes, eu podia ouvi-la gemer baixinho, quando obtinha um contato mais firme do meu quadril no seu, ou quando eu lhe apertava a coxa, bem próximo a sua nádega. Eu estava começando a sentir um calor gigante; a atmosfera era totalmente deliciosa. Eu não me importaria tanto se não transássemos, não hoje, mas eu queria explorá-la, ver até onde ela iria, eu estava curioso para vê-la nua, para tocá-la, observar suas reações a cada movimento, pois tudo era mais intenso para ela, que provava todas aquelas sensações pela primeira vez. Eu era mesmo um sortudo.

- Hey... - Sussurrei em seu ouvido, ela gemeu baixo em resposta e eu sorri. - Posso tirar minha camiseta? - Perguntei para tentar não assustá-la, ela assentiu, apertando mais um pouco o tecido nas minhas costas.

Afastei parcialmente meu tronco do dela e puxei minha camiseta, retirando-a rapidamente e deixando-a nos pés da cama. Ela tragou em seco e eu pude ver, sua mão descansou em meu braço enquanto seus olhos examinavam minuciosamente meus ombros, descendo pelo meu peito e barriga com calma. Eu sorri, talvez ela nunca tivesse visto um homem sem camisa tão perto dela. Notei que ela ameaçava acariciar meu ombro, ainda fitando meu tórax. Levei a mão sobre a sua e a ajudei, carregando-a pelo meu peito e barriga. Confesso que estremeci quando soltei sua mão e seus dedos fizeram uma carícia leve abaixo do meu umbigo, para depois subirem novamente até meu tórax. Ela pressionou as pontas dos dedos e mordeu o próprio lábio, erguendo os olhos até os meus. Encaramo-nos intensamente por alguns segundos e então nos beijamos com urgência. Sua mão subia e descia pelo meu corpo, fazendo breves pressões pela minha pele. Em um golpe de coragem, descansei minha palma sobre sua nádega, Deus, era tão macia como nenhuma outra que eu já havia tocado; cada vez que eu apertava sua pele ela se prendia mais a mim. Ah, se não fosse pelas roupas.
Com dificuldade, rompi o beijo e me afastei, arfante, do rosto dela. Ela abriu os olhos, mas eles demoraram um pouco até entrar em foco e encontrarem meu rosto. Ela pareceu um pouco confusa. Sorri e encostei suas costas no colchão. Mantendo a posição em que estávamos, fiquei relativamente sobre ela. Embora eu tivesse achado que ela hesitaria, ela apenas mordeu o lábio enquanto eu baixava as alças de seu vestido. Ela puxou os braços e me abraçou pelo ombro, um pouco envergonhada pela visão privilegiada que eu tinha de seus bustos, parcialmente cobertos pela lingerie rosa bebê. Sua testa encostou à minha e nós nos entreolhamos por um tempo, eu sorri subindo a mão por sua coxa por baixo do vestido, permaneceu estática quando toquei sua cintura, acariciando e apertando com cuidado enquanto trocávamos selinhos úmidos e deliciosos. Nossos olhos começaram a pesar e outro beijo foi iniciado.
Levei as mãos embaixo de seu corpo, suspendendo-a um pouco, ainda com os lábios encaixados aos dela. Meu corpo todo queimava, pedindo por um único roçar de sua pele, clamando por conhecê-la por completo. Com certa habilidade, seu sutiã se desprendeu entre meus dedos, senti um ar pesado sair pela boca dela, preenchendo a minha. Recostei-a no colchão e acariciei a lateral de seu corpo até a curva do seio, subindo e descendo a palma, da barriga ao início do sutiã, que eu pretendia tirar logo que ela permitisse.
Diminuí pouco a pouco a velocidade do beijo, roçando meus lábios pelos dela, sentindo sua respiração morna se mesclar com a minha. Seus braços foram se desprendendo do meu corpo, deixando assim que eu retirasse a peça que cobria seu busto. Eu não queria parecer um deslumbrado, então continuei o que fazia, mas todo meu autocontrole foi por água abaixo quando senti seu seio enrijecido esbarrar no meu peito. Uma onda de calor percorreu meu corpo e me fez pressionar meu corpo no dela. Ela gemeu abafado e eu apertei meus olhos, tentando não estragar com tudo. Os roces se tornaram mais frenéticos e, por um momento, eu pensei que teria um orgasmo antes mesmo de qualquer carícia direta. O beijo foi recobrado com mais intensidade, mas não era sua boca que eu queria beijar, por isso rompi com o contato de nossos lábios calmamente e a encarei, ofegante e corada, não tanto de timidez, mas pelo mesmo motivo que eu: a adrenalina que pulsava em nossas veias.
Deslizei meus lábios por seu pescoço e cobri seu seio com a minha mão, fazendo uma massagem suave, sem apertar como eu gostaria. As mãos de se ocupavam pressionando a pele das minhas costas entre os dedos e puxando meu cabelo tranquilamente. Eu a ouvia gemer baixinho e isso estava me deixando louco. Senti seu corpo contrair quando rodeei seu mamilo com os lábios, ela prendeu a respiração e eu pude notar pelo movimento nulo de seu busto. O ar saiu todo e ruidosamente assim que minha língua esbarrou pela primeira vez no botão rosado, seu seio ergueu-se para minha boca, onde eu encaixei a ponta dele. Fechei meus olhos por alguns segundos, sentindo o gosto de sua pele, vendo-a se contorcer entorpecida a cada sucção que eu fazia em seu mamilo. Enquanto eu brincava de lamber e sugar, eu sentia ela mover e pressionar o quadril contra minha coxa, que estava entre suas pernas. Suas mãos depositavam todas as sensações desconhecidas para ela em minhas costas, apertando minha pele com uma força que só fazia minha excitação aumentar.
Eu não podia mais parar, não com seu vestido já na cintura, sua barriga em total contato com a minha, seu seio encaixado deliciosamente em minha boca, o outro aninhado entre meus dedos, recebendo o carinho que eu fazia com devoção. Suas pernas afastadas, dando lugar à minha cintura. Já não eram roces delicados, estávamos nos fundindo por cima das roupas, buscando que um milagre acontecesse e que, de repente, fôssemos um só. Eu estava queimando por dentro, tanto que chegava a doer, eu precisava tirar minha calça, eu precisava retirar sua calcinha, eu queria tocá-la, eu queria invadi-la, fazê-la minha. De repente, se arqueou, suas coxas apertaram minha cintura com força, a mesma que ela usou para puxar meu cabelo. No instante seguinte, ela segurou meus ombros e me empurrou, seus olhos estavam saltados e eu podia vê-la tremer enquanto tentava colocar de volta seu sutiã. No momento em que meu corpo raciocinou a perda do calor que o dela estava trazendo, eu senti uma dor intensa em todas as minhas entranhas, cerrei meus punhos e tentei relaxar, mas naquela situação poderiamos considerar quase impossível. Eu precisava perguntar se tudo estava bem, mas eu não sabia se queria saber.

- ... - Eu chamei quando ela terminou de erguer seu vestido. - Está tudo bem? O que aconteceu? - Eu perguntei, tentando me conformar com o rompimento da nossa pseudorrelação sexual.
- ... - Ela murmurou e cobriu rosto.
- O quê? - Perguntei, começando a me preocupar. Arrastei-me para perto dela e toquei seu braço com as pontas dos dedos.
- Posso usar seu banheiro? - Ela pediu com o rosto coberto.
- Me diz o que aconteceu primeiro. - Pedi, tentando afastar suas mãos.
- Eu não sei o que aconteceu. - Ela disse, olhando-me com certo desespero nos olhos, minha garganta trancou.
- Foi algo que eu fiz? - Perguntei, sentindo meu coração apertar lentamente.
- Eu não sei. - Ela sussurrou e eu a encarei.
- Quer me contar o que está sentindo? - Eu perguntei em tom baixo, como se quisesse manter a atmosfera criada por ela.
- Eu... estou... formigando. - Ela comentou baixo e eu sorri.
- Mas já aconteceu antes, lembra? - Eu disse, tentando confortá-la, ela só estava excitada.
- Não... - Ela disse um pouco mais alto e depois corou, aproximou-se e encostou os lábios no meu ouvido. - Lá. - Ela sussurrou e eu contraí o cenho.
- Hum? - Eu perguntei um pouco assustado, realizando aos poucos do que ela poderia estar falando.
- ! - Resmungou manhosa, enterrando o rosto no meu pescoço, eu tive vontade de rir, não em deboche, mas em felicidade. - Isso é... isso é normal, não é? - Ela perguntou baixo e eu sorri, abraçando-a.
- É sim, amor. - Eu disse, usando um tom meio paternal, acariciando seu cabelo.
- E você? - Ela me olhou. - Você também está assim?
- Têm algumas diferenças. - Eu disse, sorrindo. Passei com calma as costas dos meus dedos pela bochecha dela.
- Quais são? - Ela perguntou, olhando para mim, eu pude ver uma criança à minha frente.
- Ah, , eu não sei se... Sou o cara para falar disso com você. - Eu disse um pouco sem graça, como explicar a uma garota que ela teve um orgasmo?
- Você é o certo, pois não há nenhum outro que o possa fazer. - Ela disse sincera, um pouco envergonhada, talvez, suspirei e coloquei seu cabelo atrás da orelha.

Passamos cerca de uma hora e meia falando sobre sexo, sobre as coisas que ela realmente não sabia e sobre o que ela achava ter alguma noção. Não foi um papo tenso ou algo do tipo, só foi divertido, assim como cada minuto que se passava ao lado dela. Ela se envergonhou ao me dizer que estava se sentindo um pouco úmida, era simplesmente desconfortável explicar a ela o que se passava em seu corpo. Eu não sou uma garota e tudo o que eu sei sobre a forma como o corpo delas reage é o que eu posso ver ou sentir nas minhas parceiras sexuais. Bom, elas eram todas muito experientes e habituadas a sentir tudo aquilo. Para , era tudo muito novo, e eu podia ver receio em seus olhos, mas era na mesma quantidade de desejo.
Quando a aula de educação sexual, que deveria ter na escola, acabou, disse que estava com fome e eu cedi ao ronco do meu estômago. Descemos a fim de pedir qualquer coisa, mas ela disse que preferia que fizéssemos algo, já que eram duas horas e provavelmente nenhum restaurante teria almoço pronto. Bom, vocês devem imaginar que eu não sei cozinhar coisa alguma... exceto pelo miojo, existe alguém que não saiba fazer miojo? Eu espero que não, eu o estaria chamando de incapaz nesse exato momento e ficaria um tanto quanto constrangedor.
Enquanto "cozinhávamos", ouviamos as músicas que tocavam no meu rádio no segundo piso. Ela cobriu uma panela onde a água amolecia o espaguete e se sentou na bancada da pia, aceitando o copo de refrigerante oferecido por mim. Parei à sua frente e apoiei uma mão em seu joelho, segurando o copo com a livre, bebericando vez ou outra enquanto o silêncio confortável se instalava entre nós dois. A introdução de You and Me, Lifehouse, começou, pareceu reconhecê-la. [n/a: JÁ!] Deixou o copo de lado calmamente e saltou da pia, tirando o copo da minha mão e deixando ao lado do seu. Puxou-me pela mão até o centro da cozinha, eu arregalei os olhos quando notei o que ela queria.

What day is it and in what month?
Que dia é hoje e de que mês?
This clock never seemed so alive
Esse relógio nunca pareceu tão vivo

- Eu n-não sei dançar. - Admiti um pouco envergonhado, ela sorriu.
- Todo mundo sabe. - Disse, segurando minha mão e depositando a mão em meu ombro. - Feche os olhos. - Sussurrou. - A música vai te ensinar.

I can't keep up
Eu não posso prosseguir
And I can't back down
E eu não posso desistir
I've been losing so much time
Tenho perdido tempo demais

Hesitei um pouco até obedecê-la, mas posicionei minha mão no centro de suas costas. Tive medo de pisar em seus pés, além de mal dançarino eu estava com meus olhos fechados. Senti sua cabeça encostada contra meu peito e um murmúrio escapar de seus lábios dizendo algo que eu não sabia que gostaria tanto de escutar, um breve e sincero "eu amo você". Uma onda de felicidade instantânea percorreu meu corpo, fazendo meu coração acelerar.

Cause it's you and me and all of the people
Porque é você e eu, e todas as pessoas
With nothing to do
Com nada para fazer
Nothing to lose
Nada a perder
And it's you and me and all of the people
E somos você e eu e todas as pessoas
And I don't know why
E eu não sei por quê
I can't keep my eyes off of you
Eu não consigo tirar meus olhos de você

Meus olhos abriram automaticamente, eu não estava tropeçando ou algo do tipo. Nossos passos eram curtos e despreocupados, estávamos só dançando. ergueu um pouco o rosto e me olhou, sorrimos de maneira automática. Eu a olhava nos olhos agora, sugestivamente, deixando que a letra falasse por mim, mas ela preferia dizer, com surpresa, o que sentia, e então repetiu "eu amo você".

All of the things that I want to say
Todas as coisas que eu quero dizer
Just aren't coming out right
Apenas não estão saindo direito
I'm tripping in words
Eu estou viajando em palavras
You got my head spinning
Você deixou minha cabeça girando
I don't know where to go from here
Eu não sei para onde ir daqui

Conforme os acordes nos embalavam, ela soltou minha mão e colocou ambas em minha nuca, fazendo um carinho gostoso com as pontas dos dedos. Minhas mãos gentilmente em sua cintura, nossos pés intercalados dando passos um pouco incertos e fora do ritmo, mas nada disso importava enquanto seus olhos estivessem brilhando daquele jeito para mim e ela estivesse repetindo "eu amo você".

Cause it's you and me and all of the people
Porque é você e eu, e todas as pessoas
With nothing to do
Com nada para fazer
Nothing to lose
Nada a perder
And it's you and me and all of the people
E somos você e eu e todas as pessoas
And I don't know why
E eu não sei por quê
I can't keep my eyes off of you
Eu não consigo tirar meus olhos de você

Todas essas pessoas pesavam mais do que parecia, e elas estavam lá fora, apenas esperando um tombo de sem motivo algum. Eles não a conheciam, não sabiam quão incrível ela era, por que, afinal, queriam vê-la para baixo? Ela era só uma menina doce e inteligente, que diabos tinha de ruim nisso?

There's something about you now
Há algo sobre você agora
I can't quite figure out
Que não consigo compreender completamente
Everything she does is beautiful
Tudo o que ela faz é bonito
Everything she does is right
Tudo o que ela faz é certo

Ela me sorriu quando encostei nossas testas, tentando esquecer com nossa proximidade o fato que me levava a estar ali, com ela, fazendo-a dizer que me amava. Mesmo com a aposta rompida, eu me sentia extremamente culpado, ainda mais naquele momento. O problema é que tudo isso já havia virado uma bola de neve e eu simplesmente não sabia como derretê-la, a vontade de tentar diminuia a cada "eu amo você" que ela repetia.

You and me and all of the people
Você e eu, e todas as pessoas
With nothing to do
Com nada para fazer
Nothing to lose
Nada a perder
And it's you and me and all of the people
E somos você e eu e todas as pessoas
And I don't know why
E eu não sei por quê
I can't keep my eyes off of you
Eu não consigo tirar meus olhos de você

fechou os olhos e um vazio estranho se instalou dentro de mim, eu queria pedir que ela os abrisse novamente, eu precisava do que havia por trás daquelas pálpebras, a segurança, a doçura, a magia que só os olhos inocentes de poderiam me passar. Droga, eu estou estupidamente apaixonado por essa menina.

You and me and all of the people
Você e eu, e todas as pessoas
With nothing to do
Com nada para fazer
Nothing to lose
Nada a perder
And it's you and me and all of the people
E somos você e eu e todas as pessoas
And I don't know why
E eu não sei por quê
I can't keep my eyes off of you
Eu não consigo tirar meus olhos de você

Fechei meus olhos na falta dos dela e encostei meu nariz ao seu, sentindo sua respiração morna se envolver à minha, ela sussurrou uma outra vez "eu amo você". Eu queria beijá-la e abraçá-la, queria dizer que também o sentia, mas um bolo de saliva centralizou em minha garganta por um instante, impossibilitando-me de falar qualquer coisa.

What day is it
Que dia é
And in what month
E em que mês?
This clock never seemed so alive
Esse relógio nunca pareceu tão vivo

A música finalizou e aos poucos nossos passos cessaram, a próxima não era tão lenta e eu não queria mais dançar, mas poderia passar o resto do dia abraçando-a daquela forma, ouvindo-a declarar seu amor por mim, e só então eu descobri o quanto eu queria que ela o fizesse, o quanto eu queria ser amado por ela.
Os olhos de se abriram tão entorpecidos quanto os meus, ela se ergueu na ponta dos pés e encostou nossos lábios em um beijo rápido, mas não se afastou em seguida, apenas ficou me olhando, cada milímetro do meu rosto, como se o estivesse registrando em sua memória.

- Você me ama?

Eu não sei quantas sensações diferentes me invadiram naquele momento. Eu a amava? Era possível amá-la em uma semana? Eu sempre segui a teoria de que amor só existe depois de dois anos de relacionamento, mas então o que eu estava sentindo? Eu não sabia, nunca havia querido parar e pensar sobre isso com medo da resposta. Mas uma conclusão lenta e torturante se instalava folgadamente em minha cabeça e em meu coração, fazendo-o disparar de repente, meus olhos saltaram quando eu descobri que eu a amava... e eu não precisava de uma semana para isso, eu não precisei nem de um dia inteiro.
Eu amava bem antes de ela cair com aqueles livros no gramado... Eu amava desde a quinta série, quando em sinal de boas-vindas coloquei uma rã em sua mochila e ela a levou para criar. Eu amava por todas as vezes que sua mão se erguia para responder a chamada na primeira carteira da sala. Eu a amava a cada suspiro nervoso que ela soltava nos seminários de Literatura e todos os sorrisos contentes que ela distribuia ao receber as palmas no fim deles. Eu a amava por ser sempre a nerd e por ter sempre as respostas certas. Eu a amava pela maneira como ficava linda com os óculos protetores nas aulas de Química no laboratório e como ela ficava compenetrada a cada gota de alguma coisa que ela misturava em seu projeto. Eu adorava sua voz e a forma como esfregava as mãos quando estava nervosa. Por sentar-se sempre sozinha nos intervalos com sua pilha de livros e não deixar nenhum garoto se aproximar por esse mesmo motivo. Eu a amava por tudo, por tudo que ela era e tudo que ela fazia, eu a amava por ela ser tão irritantemente inteligente, mas eu a amava ainda mais por ela não se sentir superior a ninguém por conta disso. Eu adorava a forma como ela não morria por mim como as garotas do colégio, e ainda mais a forma como ela demonstrava sinceridade a cada palavra dirigida a mim. Eu a amava... a amava tanto que tive medo, medo que me fez ignorá-la e detestá-la durante sete anos, sem nenhum motivo aparente, mas que agora estava bem claro para mim.
Todas as vezes que fiz graça na sala de aula, foram para chamar sua atenção. Todas as vezes que a xinguei foi para vê-la ao menos me olhar, mesmo que fosse com desdém. Todas as vezes que ri dela, foi na esperança de ela vir até mim e me repreender, mas isso nunca aconteceu. Ela nunca deu atenção, ela nunca me olhou e nunca me repreendeu. Ela nunca deu a mínima importância, enquanto tudo que eu fazia era para, de alguma forma, atingi-la. Tudo para fazê-la me notar, tudo porque eu a quis desde o primeiro momento em que a vi. Todas as brincadeiras de mal gosto para afetá-la, todos os pensamentos girando em torno dela. Todos os relacionamentos fracassados por causa dela. Todos os meus dias... tudo sobre ela!

- Tudo... sobre você. - Murmurei mais para mim mesmo do que para ela. Ela não estava mais entre meus braços, estava em frente à pia, despejando o molho em nosso espaguete. se virou para mim confusa. - Eu amo você. - Eu disse num tom tão surpreso quanto o dos olhos dela. - Merda, eu amo você. - Eu disse, notando que todo tempo que tentei fugir havia sido em vão. - , eu amo você. - Sua expressão suavizou para um sorriso fraco. Ela soltou a panela e caminhou em minha direção. Sua mão fez um carinho gostoso no meu rosto, fechei os olhos por um segundo e depois os abri, encarando-a. - Eu amo você. - Repeti e a ergui pela cintura, fazendo-a rir um pouco. - Cara... eu amo você! - Repeti outra vez, sentindo um alívio a cada vez que eu proferia aquela frase, como se me livrasse do peso daquele amor retido por tanto tempo. - Eu amo você! - Quase gritei, ela gargalhou gostosamente e me abraçou com força, fechei meus olhos e sorri também, sentindo uma felicidade extrema brincar no meu corpo, despertando milhares de sensações boas por todo meu interior.
- Eu também amo você. - Ela disse no meu ouvido, eu a apertei um pouco mais, sentindo meu coração subir até a garganta e voltar, tão agitado quanto eu. - Você sabe que... - Ela suspirou e encostou a testa na minha. - ... - Ela fechou os olhos e eu apenas admirei seu rosto. - Eu não sei por que estou aqui, eu realmente não sei por que aceitei sua carona, por que te deixei gostar de mim sabendo que... você é o garoto mais cobiçado da escola... - Ela mordeu o lábio e eu sorri um pouco por suas palavras. - Eu não queria isso para mim, ou queria tanto que me negava a acreditar. Eu não sei como aconteceu e por que eu deixei acontecer, mas agora eu... sinto como se estivesse tudo certo, em seu lugar... Você simplesmente... fez tudo isso parecer bom demais e... você me faz querer ir para escola mesmo sabendo que ao chegar lá com você todos os rumores começariam junto. Você me fez criar uma coragem estranha de desobedecer meu pai, eu nunca fiz isso, mas por você... é diferente. - Ela abriu os olhos devagar, eu lhe sorri confiante. - Você faz tudo isso valer a pena, todos os dias, cada momento... minha vida. - Ela encolheu os ombros e contraiu o cenho, ponderando o que havia dito. - Eu te amo tanto. - Ela sussurrou e eu fechei meus olhos.
- Diz de novo. - Pedi, sorrindo, ela riu.
- Eu te amo. - Eu assenti. - Eu te amo. - Repetiu e eu sorri abertamente, apertando-a em meus braços.
- Agora, beije-me. - Eu pedi e ela me atendeu pronta e delicadamente.

Eu não sei por quanto tempo ficamos apenas nos beijando, eu estava aliviado por aquela tarde, tudo estava esclarecido e eu não queria mais esconder de ninguém o que eu sentia, agora que eu já o sabia. O macarrão estava bom, apesar de frio, pelo tempo que demoramos a comer. anunciou sua ida para casa quando já eram quase seis horas, meus pais logo chegariam e eu tive de concordar, mesmo um pouco contrariado.
Então é isso, eu a amava, e todos os dias da minha vida se baseavam em alcançá-la, mas agora ela era minha, minha garota, e recompensava toda a espera não admitida. Ela era minha e meu esforço agora teria de ser não perdê-la.

Capítulo 10. "I said too much again" (My Stupid Mouth - John Mayer)

Domingo é sempre um dia tediante, tanto que às vezes durante a semana temos um dia tão chato quanto e então dizemos "nossa, hoje está parecendo domingo", mas meu domingo estava todo programado e eu nem sabia. Ainda às oito da manhã, me "ordenou" que fosse até sua casa, os garotos chegariam lá às nove da manhã e então iriamos tentar gravar algumas demos para a gravadora e junto um vídeo para o tal Paul. Eu queria xingá-lo de primeiro momento, mas então percebi que era muito mais do que acordar cedo e ensaiar, era o nosso futuro em jogo.
Levantei-me de má vontade e pensei em assim que dei o primeiro passo. Sorri idiota por isso e fui para o banheiro. Nada de banho domingo de manhã, sábado foi ontem. Brincadeirinha... só a parte do sábado. Após toda aquela higiene matinal que todo mundo faz pela manhã - talvez o não, mas não importa, ele é café-com-leite -, coloquei uma bermuda e uma camisa, arrumei-me um pouco e deixei um bilhete para meus pais, que ainda estavam dormindo quando saí.
Enquanto eu me arrastava pela calçada olhando as ruas estupidamente vazias de Bolton, uma possível composição começou a passar pela minha cabeça, as frases estavam um pouco perdidas e não rimavam muito bem, mas talvez eu pudesse organizar... Embora organização não seja meu forte. Alguém sabe uma palavra que rime com "you"? "Too" é uma boa palavra, mas antes eu tenho que ter algo em comum com a pessoa e assim poderia dizer "também" qualquer coisa, mas o quê? Calma, não se preocupe, eu consigo, tem mais algumas... doze quadras? Por que eu vim andando mesmo? Eu já disse que não funciono sob pressão, mas e sob sono? Muito menos, acredite.
O que vocês acham de "If you deny me one of your kisses don't know what I'd do"? Desesperado demais? Bom, mas tem toda uma coisa por trás disso. Na verdade, não tem, eu realmente não sei o que eu faria se ela me negasse um beijo, afinal... É isso, eu não sei o que eu faria, eu ainda estou com sono, então... Talvez eu saiba o que fazer mais tarde? Não, eu deveria me calar.
Um estalo fez a letra se organizar sozinha em minha mente? Não, só algo bem parecido com isso, eu consegui, mas eu iria esquecê-la, eu sei que iria... Então comecei a correr, assim eu chegaria a tempo de passar para um papel, ou não. Minha memória é de curto prazo sempre, essa história de armazenamento não me convém.

- Papel... papel e caneta... rápido! - Eu disse assim que entrei na garagem, mas notei que estava sozinho. - ! - Gritei, levando as mãos ao cabelo.
- Que é? Vem ajudar! - Ele vociferou do quintal e eu fiz careta, andei depressa até lá e gesticulei um pouco antes de conseguir falar.
- Papel e caneta, rápido! - Eu disse com a voz esganiçada, eles me encararam um tempo e eu rosnei para eles, se levantou correndo da grama e correu para dentro de casa em busca do que eu pedi, obediente.
- Para quê você quer? - perguntou com as mãos na cintura, um gay.
- Não fale comigo, eu posso esquecer tudo. - Estiquei a mão como se pudesse vetá-lo, arqueou a sobrancelha e deu de ombros, voltando a arrumar alguma coisa na bateria.

Assim que me entregou o que pedi, eu entrei na garagem e me sentei em um sofá velho que tinha lá. A letra era colocada no papel com uma facilidade que na verdade eu nunca tive. Não que eu não compusesse, eu fazia, mas minhas letras eram um pouco... diferentes, digo... não sei, só não eram extremamente românticas ou coisa do tipo.
O fato é que, poucos minutos depois, ela estava pronta. Havia alguns borrões, mas estava ali, feita. Rabisquei algumas notas enquanto voltava para o quintal, os garotos ainda estavam arrumando o "cenário" do nosso vídeo, mas se voltaram ao me ver chegar.

- Vai explicar agora? - perguntou com um ar superior.
- Me dá o violão. - Pedi, esticando a mão, os garotos se entreolharam e , pobre coitado, me trouxe. - Vou mostrar uma coisa.

No início, os garotos estavam um pouco confusos, até porque eu ainda estava tentando achar a harmonia perfeita, mas eu a havia encontrado alguns minutos depois, e, quando cheguei no refrão, eles já estavam bastante convencidos de que aquela era uma das minhas melhores composições.

- Como se chama? - perguntou, olhando para mim.
- , mas você pode me chamar do que quiser, gatinho. - Eu brinquei, e gargalharam, me mostrou o dedo da discórdia, gentil.
- Idiota, eu estou perguntando a música, imbecil. - Nossa, brabeza do .
- All about you... - Eu respondi sem nem pensar duas vezes.
- Certo, então vamos tocar no vídeo Five colours in her hair e All about you. - ordenou, concordou imediatamente. tocaria Headlice se nós disséssemos para ele tocar e eu estava um pouco inseguro, mas tudo ficaria ok.

Demoramos muito mais para aprender a mexer na câmera que Fletch havia emprestado a do que para arrumar os instrumentos no deck da casa dele. Tinha ficado legal, mas o som sairia um pouco estranho por ser no quintal, tudo bem, porque aquela câmera era um monstro e editaria o vídeo no computador.
Tocamos primeiro 5 colours e, por via das dúvidas, tocamos mais duas vezes, assim, se não gostássemos de um vídeo, teriamos mais dois para tirar no palitinho. Não estávamos parando o vídeo ou coisa assim, simplesmente deixamos rodando.
Iria ser engraçado ter um vídeo enquanto faziamos o arranjo de All about you com guitarra, baixo e bateria. No fim, tudo ficou bem legal e nós terminamos de tocar ainda antes das cinco da tarde. Tia tinha feito espaguete com almôndegas, wow! Eu adoro comer na casa do !
entrou com para fazerem os sanduíches, eu e ficamos lá fazendo graça para a câmera, que ainda estava ligada. Riamos só de imaginar os vídeos prontos e rimos mais ainda de imaginar que a tape poderia ter apenas algumas horas e não estava gravando tudo, mas nos garantiu que não corriamos esse risco e acabou com a nossa graça. Jogamo-nos espalhados pelo chão do deck e comemos os sanduíches um pouco tostados com cerveja.

- E aí, , como foi ontem? - me perguntou, eu tomei mais um gole da minha cerveja e dei de ombros.
- Legal. - Eu disse sem querer falar sobre isso, eles iriam me zoar até a morte.
- Legal é ruim. - comentou e olhei para ele.
- Não sei, é? - Perguntei rindo e eles concordaram com a cabeça.
- Ela não deu para você? - perguntou entediado e eu gargalhei da cara que ele estava fazendo.
- Não, cara, eu já disse que ela é virgem, sabe como é, elas são um pouco...
- Medrosas? - perguntou e eu concordei com a cabeça.
- É, mais ou menos isso. - Eu gesticulei e bebi o resto da minha cerveja, me jogou uma outra lata que estava em uma caixa térmica com gelo ao seu lado.
- Mas nem uns amassos muito loucos? - gesticulou e nós rimos.
- Ah, é... mas isso a gente já vem tendo faz um tempo. - Sorri malicioso e sorvi um pouco da cerveja.
- Conta, porra. - reclamou e eu ri.
- Contar o quê? Todo mundo sabe o que são amassos de começo de relacionamento!
- Não, eu não sei, nunca namorei. - disse com os braços cruzados.
- Ah, esqueci que a não aceitou namorar com você. - Sorri cínico e ele emburrou, nós rimos. - Ah, cara, sei lá, mãos aqui, ali, esfregação... Essas coisas.
- Calma aí, mãos onde? - perguntou malicioso e eu gargalhei.
- Não é onde você está pensando, cedo demais. - Pisquei para ele, que deu risada.
- Coitado de você. - Ele negou com a cabeça e eu arqueei as sobrancelhas.
- Se querem saber, ontem ela teve um orgasmo, e eu nem encostei a mão nela.
- Como é? - perguntou e começou a rir, e também.
- Eu estou falando sério, ela é muito mais sensível a qualquer coisa do que as outras porque ela nunca fez nada, então qualquer coisa é suficiente para estimulá-la. - Eu disse com os braços cruzados.
- Você está dizendo que ela teve um orgasmo só de ficarem se beijando? - ria muito, tanto que estava ficando vermelho, bufei.
- Não estávamos só nos beijando. - Eu disse, ficando irritado. - Eu estava chupando o peito dela e, sei lá, ela estava excitada com a minha ereção, sabe, vocês não são bem dotados, não entendem disso. - Sorri irônico e logo depois começamos a dar risada.
- Olha, eu não sei nem se consigo acreditar que você tenha chupado o peito da , na boa. - disse, rindo e negando com a cabeça.
- E eles são incríveis. - Eu disse, me achando, eles ficaram me olhando.
- O que mais? - sorriu malicioso e eu gargalhei.
- E grandes. - Eu gesticulei e mordi o lábio, fazendo-os rir mais ainda.
- Exemplifique... - pediu e eu ri.
- Melões. - Eu disse, pensando um pouco. - É, melões. - Afirmei e eles fizeram uma expressão surpresa.
- Quem diria, senhorita tem melões!!!

Mais algumas horas conversando e eu disse que iria embora, me pediu para esperar, ele iria fazer a edição do vídeo e enviar para a produtora, mas eu estava com sono e bêbado, precisava ir para casa. Na verdade, eu estava louco para ver , mesmo sabendo que não era possível. Eu precisava do seu telefone, assim poderiamos ficar conversando, mas acho que isso aumentaria bastante a vontade de vê-la.
Assim que saí do banho, eu desci para jantar, meus pais ficaram perguntando sobre o vídeo a noite inteira e então finalmente subi até meu quarto. Pouco antes de dormir, recebi mensagens do com partes picadas do vídeo editado, inclusive os vídeos em que eu e estávamos dançando e a conversa sobre os melões da . Enviei uma mensagem de volta pedindo que ele apagasse aquela parte do vídeo, mas não obtive resposta, então acabei dormindo.

Capítulo 11. "You make it easier when life gets hard" (Lucky - Jason Mraz feat. Colbie Caillat)

[n/a: Little Song e Little Song II. Hoje tem JÁ I e JÁ II *o* hihi]

Segunda-feira se foi tão rápido quanto a terça. Meus dias se passaram tediosos, cheios de biscoitos de chocolate com leite e futebol na TV. Eu gostava bastante de suspensão, e tinha uma habilidade incrível para imitar a assinatura do meu pai, anos de prática. Sabe como é, agora eu sou um garoto independente, não preciso do meu pai para assinar bilhetes da diretora, eu posso fazer isso sozinho. Nos dois dias, eu só vi à noite, depois da aula de ballet dela. Comemos lanche, tomamos sorvete e ficamos juntos. Nenhum avanço muito grande foi notado, mas eu não me importava tanto assim.
Admito meu desânimo ao acordar de manhã novamente, será que a diretora não poderia estender um pouco minha suspensão? É fato que a única coisa que me motivava a ir para a escola era ver e meus amigos, mas, ontem, eu e ela ficamos até bem tarde sentados na porta de sua casa estudando Álgebra, e eu confesso que nunca antes foi tão divertido estudar. Ela estava com um pijama do Smurf que não era muito sexy, uma calça branca listrada verticalmente de azul celeste, mesma cor das mangas compridas e do próprio Smurf gigante que tinha na frente. Como já disse, ele não era sexy, mas eu estava adorando soprar sua orelha e ver seus seios enrijecerem sob o algodão, nenhum sutiã para esconder absolutamente nada. É, Álgebra é uma delícia.
Terminei de me arrumar, e droga, eu odeio quarta-feira, é o dia que eu tenho menos roupa no armário, tudo está no varal. Restou-me a boxer de seda com a estampa da bandeira inglesa, ela é horrorosa e me faz sentir um mendigo. Minha autoestima baixou 80% só de me olhar no espelho com ela. Espero que ninguém a veja escapando para fora da calça, faço questão de colocar cinto hoje, e na cintura!
Perfumei-me um pouco e segui para a casa de levando alguns waffles com canela para comer no caminho, o suficiente para mim, e Ryan. Eles já estavam me esperando na calçada, talvez eu tivesse demorado um pouco. Ajudei a entrar depois de trocar um beijo suave com ela, sorrimos cúmplices e eu dirigi até a escola de Ryan enquanto riamos das coisas que ele dizia e comiamos os waffles preparados por Dah.
me perguntou da gravadora e eu admiti que estava ansioso por uma resposta, ainda não tínhamos tido nenhuma desde que enviamos o vídeo, há dois dias, mas eu estava realmente esperançoso e cheio de expectativas boas sobre isso. Assim que chegamos, direcionamo-nos ao gramado, eu não tinha falado com os garotos no dia anterior e queria vê-los.

- Hey, macacada. - Disse animado, virou o rosto na minha direção, ergueu os olhos, mas não se deu ao trabalho. - Bom dia para vocês também.
- Bom dia. - disse, sentando-se ao meu lado, sorrindo.
- , eles não nos querem. - comentou num tom decepcionado.
- Quem não nos quer? Eu já tenho compromisso e você sabe que eu deixei a homossexualidade tem um tempo. - Eu brinquei, riu baixo, mas os garotos não pareceram achar graça. - Do que você está falando? - Perguntei confuso.
- Ele está dizendo que a gravadora ligou e disse que somos bons, mas não temos capacidade nenhuma de ir para frente. - ergueu a cabeça e eu senti o ar ir embora do meu pulmão com o tom de voz sério que ele usou.
- Está brincando? - Perguntei agarrado à minha última esperança, olhei de para , dele para e depois voltei a olhar para .
- Ele está dizendo a verdade. - Afirmou, apoiando a cabeça na mão.
- Eles não podem dizer isso, digo... Eles estão errados, somos bons! - Eu tentava me convencer disso enquanto sentia acariciar minha mão.
- Não, cara, isso é o que as pessoas dizem que somos, eles dizem isso para não nos chatear. Não somos bons, eles são profissionais e disseram que não somos capazes, o que mais você quer? - dizia magoado, sem me olhar.
- E-eu... merda. - Murmurei, soltando a mão de para cobrir meu rosto, eu estava totalmente desapontado.
- Legal, eu estou fora, para mim já deu. - disse, batendo as mãos na mesa. - Eu vou começar a me preocupar com uma faculdade. - Disse decidido, eu apertei as palmas no rosto, soltando um suspiro longo.
- É, acho que todos devemos fazer isso, apegar-se à banda não vai nos levar a lugar nenhum. - concordou, eu apoiei os braços na mesa e os encarei de repente, vendo-nos sem saída. McFLY não tinha futuro, nós afundariamos junto se permitíssemos.
- Então, é isso? - Ouvi a voz de reclamar, viramo-nos confusos para ela. Suas mãos se apoiaram à mesa e ela nos encarou um a um. - É assim que vocês reagem à primeira crítica?
- Não é a primeira, . - disse desgostoso.
- Continua sendo bem patética a ideia de desistir. Eu sei que vocês estão um pouco desapontados agora, para baixo, mas não estamos falando de uma coisa qualquer, esse é o sonho de vocês, é a banda de vocês. Vocês precisam confiar em si mesmos antes de pedir que alguém o faça. Essa foi só uma das primeiras portas que se fechou, logo ali tem outra se abrindo, vocês vão ver. - Ela dizia usando um tom seguro. - Qual é? Vão mesmo simplesmente jogar tudo para o alto?

Ouvimos o sinal, e ainda calados, vimos se levantar e pegar seu material. Ela me lançou um olhar carinhoso e um sorriso confiante, tentei retribuir com algo parecido, mas não tenho certeza se funcionou. Ela se inclinou e encostou os lábios quentes em minha bochecha, fechei meus olhos, desfrutando de seu beijo, e sorri um pouco mais verdadeiro, em seguida.

- Vai ficar tudo bem. - Ela sussurrou. - Estou indo para o seu carro, te espero lá.

Eu fiquei um tempo apenas olhando-a sair. Contraí o cenho e assimilei o que ela havia dito, soltei um riso baixo e então olhei para os garotos.

- E aí?
- Acho que podemos tentar mais uma vez. - encolheu os ombros e nós nos voltamos para .
- Tsc, vocês não desistem, né? - Nós permanecemos apreensivo, ele negou com a cabeça e eu suspirei. Não existem músicos como o em qualquer canto. - Estou com vocês, vocês sabem. - Disse sem nos olhar, nós começamos a rir. Por outro lado, ele não era muito bom com sentimentos.
- Bom, eu vou indo. - Acenei para eles, levantando-me.
- Para onde? - Perguntou confuso.
- Não sei, mas acho que a porta que está abrindo é a do meu carro, e lá eu vou ter uma boa recompensa pela fechada.

Os garotos gargalharam e eu acenei para eles, rindo antes de pegar minhas coisas e sair em direção à diretoria. Fui passando de fininho, cabisbaixo, típica expressão de camponês inocente. Mãos no bolso e tudo mais.

- Aonde vai, senhor ? - Ouvi a diretora questionar e meus músculos contraíram imediatamente.
- Embora. - Eu disse sem me virar.
- E por que acha que tem o direito de ir embora? - Ela perguntou, indo até a minha frente.
- Olha, diretora, eu... - Fiz minha melhor carinha de bom moço. - Minha bisavó está internada e meu pai precisou ir trabalhar, minha mãe não pode ficar sozinha no hospital e me ligou agora. - Minha mãe não gostava que eu "adoecesse" pessoas vivas, mas mortas não tinha problema, certo?
- Hum, e eu posso ligar para sua mãe confirmar? - Eu assenti.
- Vou te passar o celular dela. - Eu disse, pegando meu celular.

Passei um número absurdo à diretora e me despedi. Ela desejou melhoras a minha bisavó e eu quase ri na cara dela enquanto descia em direção ao meu carro. Eu procurei por com os olhos, mas ela não estava ali, e eu temi que meu esforço tivesse sido em vão, mas, assim que entrei no carro, pude vê-la deitada no banco de trás, escondendo-se da diretora. Dei risada e partida, seguindo para fora do colégio. No primeiro sinal, ela pulou para o banco da frente e afrouxou a gravata, sorridente.

- Sou eu ou você tem se tornado um pouco rebelde nos últimos dias? - Perguntei divertido, ela gargalhou.
- É você. - Disse, virando as páginas do meu estojo de CD's.
- Ótimo, estou muito confortável agora. - Brinquei, ouvindo-a rir.
- Acho que não faz mal eu sair vez ou outra já que eu nunca falto a escola. - Ela ponderou e eu assenti, concordando.
- É, acho que você é uma aluna boa o suficiente para poder faltar sem ser punida por isso. - Eu disse, olhando-a de esguelha enquanto ela colocava um CD do The Who no rádio. - Gosta?
- De quê? - Ela perguntou confusa.
- The Who. - Disse, acelerando um pouco.
- Nunca escutei. - Deu de ombros e se recostou ao banco, baixando um pouco o vidro.
- Eles são bons demais. - Eu disse, já me animando com os acordes de "I can't explain". [n/a: JÁ I! *o*]

Got a feeling inside (Can't explain)
Sinto algo por dentro (Não consigo explicar)
It's a certain kind (Can't explain)
De um certo tipo (Não consigo explicar)
I feel hot and cold (Can't explain)
Me sinto quente e frio (Não consigo explicar)
Yeah, down in my soul, yeah (Can't explain)
Sim, desce em minha alma, sim (Não consigo explicar)

Eu comecei a cantar junto com Roger Daltrey, era incontrolável. sorriu e eu pude ver quando a olhei de esguelha, sorri junto e comecei a tamborilar os dedos no volante, sabendo exatamente para onde ir.

I said... (Can't explain)
Eu disse... (Não consigo explicar)
I'm feeling good now, yeah, but (Can't explain)
Eu estou me sentindo bem agora, sim, mas (Não consigo explicar)

Dizzy in the head and I'm feeling blue
Confusão na cabeça e eu estou me sentindo triste
The things you've said, well, maybe they're true
As coisas que você disse, bem, talvez sejam verdade
I'm gettin' funny dreams again and again
Estou tendo sonhos engraçados de novo e de novo
I know what it means, but
Eu sei o que significam, mas

começou a rir quando eu comecei a imitar a voz do vocalista e a dançar com a cabeça, eu ri junto, sem deixar de cantar, apenas baixei minha janela e ergui o som.

Can't explain
Não consigo explicar
I think it's love
Eu acho que é amor
Try to say it to you
Tento dizer isso para você
When I feel blue
Quando me sinto triste

sorria com os olhos fechados. Seu cabelo desarrumava com o vento que entrava pela janela, o mesmo acontecia com o meu. Eu cantei mais alto, um pouco entusiasmado demais com o momento.

But I can't explain (Can't explain)
Mas eu não consigo explicar (Não consigo explicar)
Yeah, hear what I'm saying, girl (Can't explain)
Sim, ouça o que estou dizendo, garota (Não consigo explicar)

Troquei a marcha assim que entramos na estrada, cantei mais alto, enfatizando em um tom engraçado a palavra girl. deu uma risada gostosa e fez toda aquela performance gay valer a pena.

Dizzy in the head and I'm feeling bad
Confusão na cabeça e estou me sentindo mal
The things you've said have got me real mad
As coisas que você disse me deixaram realmente maluco
I'm gettin' funny dreams again and again
Estou tendo sonhos engraçados de novo e de novo
I know what it means, but
Eu sei o que significam, mas

Can't explain
Não consigo explicar
I think it's love
Eu acho que é amor
Try to say it to you
Tento dizer isso para você
When I feel blue
Quando me sinto triste

Eu cantava despreocupadamente e ela agora me olhava, eu sorria sentindo seus olhos sobre mim, nem um pouco constrangido com toda essa atenção, eu até gostava.

But I can't explain (Can't explain)
Mas eu não consigo explicar (Não consigo explicar)
Forgive me one more time, now (Can't explain)
Me perdoe mais uma vez, agora (Não consigo explicar)

I said I can't explain, yeah
Eu disse que não consigo explicar, sim
You drive me out of my mind
Você me faz perder a razão
Yeah, I'm the worrying kind, babe
Sim, eu sou do tipo preocupante, querida
I said I can't explain
Eu disse que eu não consigo explicar

Virei-me para ela ao dizer que era preocupante, fazendo minha melhor expressão de malandro. Ela gargalhou, deitando a cabeça para trás e eu ri junto, dobrando o carro na estrada de terra. Uma nova música começou, Anyway, Anyhow, Anywhere, tão boa quanto a anterior, mas meu entusiasmo baixou um pouco.

- Deixe-me dirigir? - Ela pediu, mordendo o lábio, virei meu rosto para ela e contraí o cenho.
- Você sabe? - Eu perguntei, levando o carro para o canto direito da estrada.
- Não. - Deu de ombros e eu a encarei, ela gargalhou. - Me ensine! - Sorriu infantilmente e eu ri.
- Ok, só não nos mate. - Eu pedi brincalhão e ela fez careta. - Venha cá. - Bati as mãos nas minhas pernas, desligando o carro.

riu um pouco e eu estiquei a mão para ela, ajudando-a a passar para o meu colo. Seu peso era confortável e eu gostava de tê-la no colo. Eu senti meu coração acelerar ao notar que no meio da movimentação sua saia estava encolhida nas coxas, deixando-as à minha vista. não pareceu perceber isso, apenas colocou as mãos no volante esperando segunda ordem, mas quem deveria dá-las estava totalmente encantado com a figura em seu colo.

- ? - Ela me chamou manhosa e eu ri.
- Ok... - Baixei o volume do rádio. - Coloque o pé na embreagem. - Eu pedi e ela ficou olhando os pedais embaixo do painel. - O primeiro à esquerda. - Ela assentiu e colocou o pé sobre ele. - Pode pressionar. - Eu disse, vendo-a fazê-lo com cuidado.
- E agora? - Perguntou agitada.
- Coloque o outro no freio, no meio. - Eu disse, vendo-a seguir as regras. - Agora, gire a chave. - Ela se esticou um pouco e, por consequência, seu quadril roçou exatamente onde deveria fazê-lo, pisquei devagar e umedeci os lábios, droga!
- Pronto. - Ela disse, voltando à posição inicial.
- Agora, você solta o freio aos poucos. - Pedi, colocando a primeira na marcha e segurando a cintura dela com a mão livre. Logo que ela soltou o freio, o carro pulou para frente e morreu. Ela levou as duas mãos à boca e eu gargalhei. - Eu disse "aos poucos". - Repreendi.
- Tá, de novo. - Ela se arrumou, organizando os pés nos pedais e dando partida em seguida, então, começou a sair do lugar aos poucos, prendendo os dedos firmemente ao volante.
- Isso. - Eu disse, sorrindo.

Ela parecia contente andando a, no máximo, 20 por hora. Eu apenas ria e a assistia se divertindo enquanto controlava meus instintos, tentando meu máximo para não levar a mão em sua coxa, mesmo que meus dedos estivessem formigando de ansiedade para isso. Ajudei-a na hora de fazer a curva para seguir até a cabana, já que ela nunca tinha feito aquilo antes e poderia nos meter no meio do gramado alto ao lado direito da estrada.
Ela nos levou até a árvore que faria sombra sobre meu carro e freou bruscamente, fazendo-nos ir para frente e para trás juntos. Eu não sabia se ria ou gemia naquele momento, mas ela optou por gargalhar, então, desligou o carro e relaxou as costas contra meu peito, ainda rindo.

- É tão divertido. - Ela comentou e eu passei as mãos por sua barriga, abraçando-a contra mim.
- Nunca tinha pegado um carro? - Perguntei com os lábios encostados em sua orelha, notei que ela se arrepiou e sorri.
- Não, nunca. - Comentou, colocando as mãos sobre as minhas.
- Hum. - Eu murmurei, soltando meu cinto. - Por que não vira para mim? - Eu pedi e ela sorriu, afastando-se um pouco e me olhando. Afastei um pouco mais meu banco, deixando-nos relativamente longe do volante e possibilitando que ela se virasse.
- E se eu... esbarrar? - Mordeu o lábio e eu dei risada.
- Tudo bem, não vai acontecer. - Cobri minha virilha com as duas mãos, ela riu gostosamente e se virou com cuidado de frente para mim, apoiando seus joelhos ao lado das minhas pernas no banco. - Viu só? - Sorri, colocando as mãos em sua cintura, puxando-a com calma para mais perto, até tê-la encaixada na minha barriga. Notei a falha que ocorreu em sua respiração e sorri, erguendo a cabeça até a sua.

Ela me encarou por alguns segundos até fechar os olhos e me deixar beijá-la. Aos poucos, a má notícia da gravadora desvanecia em minha mente. Para ser mais preciso, a cada movimento de nossas línguas o mundo se tornava cada vez mais paralelo. Não havia preocupações que pudessem nos atingir ali, nada, absolutamente nada nos atingiria.
Desci as mãos pelos quadris de e as arrastei pelas coxas descobertas que envolviam minha cintura. Seus dedos iam e vinham em meu cabelo, terminando o trabalho do vento. Nossas línguas se envolviam de uma forma deliciosa, eu nunca havia gostado tanto de beijar uma garota como eu gostava de beijá-la.
Segurei sua gravata e aos poucos desfiz o nó. deixou as mãos descansarem em meu ombro enquanto eu desabotoava calmamente sua blusa. Ela já não ficava tão nervosa por eu querer tocar seus seios, de alguma forma, ela sabia que eu jamais insistiria em algo se ela não quisesse, acho que isso nos tornava cúmplices o suficiente para sabermos nosso limite.
Passei as mãos por sua barriga, sentindo-a se contrair por completo. Sua pele se mostrou eriçada sob minhas palmas e eu pressionei um pouco os dedos nas laterais de sua cintura em um ato involuntário. Nossos lábios se perderam por um segundo, mas no instante seguinte estavam perfeitamente encaixados, buscando recobrar o beijo com maior intensidade. Passei as mãos por seus ombros, levando sua camisa para trás até retirá-la por completo do tronco de . Desci as mãos por suas costas e ela se contorceu, aferrando-se mais a mim para fugir dos arrepios que eu causava em sua espinha com as pontas dos dedos. Sorri um pouco e deixei uma mão na lateral de sua coxa próximo a seu quadril. Fiz uma suave pressão em sua pele e mordisquei com cuidado seu lábio inferior, ouvindo-a gemer quase inaudivelmente.
Ainda sem desgrudar nossos lábios, inclinei-a para trás, então, estiquei a mão, desliguei o rádio e abri a porta ao meu lado. Joguei minhas pernas para fora e segurei as de firmemente em torno da minha cintura. Ela parou de beijar por uns segundos, provavelmente receosa com meus movimentos para sair do carro. Puxei a chave do contato assim que estivemos fora do veículo, fechei a porta e ativei o alarme, ainda sem abrir os olhos ou romper totalmente o beijo. Fui caminhando um pouco incerto até a porta da cabana e tentei empurrá-la, mas não funcionou, quebrei o beijo devagar para questionar, mas foi mais rápida.

- Na telha, em cima da porta. - Ela murmurou com os lábios colados nos meus, eu sorri e me estiquei, pegando a chave.

Sem desgrudar nossos lábios, mas de olhos abertos, eu destranquei a porta e nos coloquei dentro da cabana. Assim que fechei a porta outra vez, a escuridão nos vedou de qualquer visão ali dentro, apenas algumas frestas de luz solar entravam por defeitos na janela de madeira. De qualquer forma, o cômodo era pequeno e não tínhamos como errar o caminho até a cama. Assim que esbarrei nela, eu me inclinei com calma. Usei uma das mãos para segurar enquanto com a outra eu tateava o colchão, para finalmente deitá-la ali e me colocar sobre ela.
retirou botão por botão de suas casas e logo minha camisa estava em algum canto que eu não conseguia enxergar. Suas mãos passearam cuidadosas pelas minhas costas, como se estivessem reconhecendo cada pedaço da minha pele. Agora, em contato com sua barriga, pude notar quão morna ela estava. Isso me causou um ligeiro espasmo, por consequência, intensifiquei o beijo. Estiquei minha mão e com algum esforço alcancei seu pé, retirei suas sapatilhas, uma por vez, e me aproveitei disso para trazer suas pernas para minha cintura, de onde não deveriam ter saído.
Ouvi-a suspirar ruidosamente quando plantei um beijo molhado em sua orelha, pude senti-la estremecer abaixo de mim e sorri por isso. Meus dedos subiram até seu joelho e desceram por sua panturrilha, baixando as meias brancas por sua perna até seu pé, retirando-as ao mesmo tempo enquanto eu beijava com calma o pescoço fino de pele arrepiada naquele instante. Novamente, arrastei as mãos por suas coxas e num ato inconsciente as apertei, pressionando seu quadril contra o meu. Ouvi soltar um suspiro pesado e mordisquei o lóbulo de sua orelha, arranhando-o cautelosamente com os dentes. Seus dedos brevemente suados pressionaram minha pele, quase beliscando-a, se não fosse pela delicadeza com que ela agia sempre.
me deixou arquear seu tronco para abrir seu sutiã. Ergui-me um pouco, deixando suas costas novamente descansarem contra o colchão, e encarei seu rosto próximo ao meu. Sorri e rocei meu nariz no seu, baixando as alças do sutiã com calma até retirá-lo todo. Apoiei o cotovelo no colchão ao lado de seu corpo e passei uma mão por sua barriga até seu seio. se remexeu e eu massageei o que tinha em mãos, sentindo-o rígido. Suas mãos deslizaram timidamente por minha barriga, um arrepio percorreu todo meu corpo, fazendo meus poros eriçarem no mesmo instante. Sorri e baixei o rosto até sua orelha, voltando a brincar com os lábios nela e ouvindo a respiração falha de no meu ouvido.
Desci meus lábios por seu pescoço com ponto de chegada já decidido. Apoiei as palmas no colchão e ergui relativamente meu tronco com os lábios colados em seu colo. Brinquei com a língua entre seus seios, indo e vindo com ela antes de arrastá-la com calma até o bico. Assim que acolhi seu mamilo em minha boca, senti-o erguer-se para mim. Fiz a primeira sucção e a ouvi gemer baixo enquanto seus dedos se prendiam em meus fios de cabelo. Fechei meus olhos e brinquei com seu seio, rodeando-o com a língua e sugando com calma enquanto acariciava sua barriga.
Com os pés, empurrei meus tênis e as meias habilmente, levando minha boca até o outro seio. puxou meus cabelos com o primeiro roçar da minha língua e tremeu nas primeiras lambidas, mas logo se acostumava novamente com a sensação que isso tinha para ela. Senti seus dedos me tocarem abaixo do umbigo e tremi. Ela afastou a mão no mesmo instante e eu abri meus olhos para encarar seu rosto, o qual eu não conseguia ver muito bem por conta do escuro, mas soube que ela me olhava. Peguei sua mão e levei novamente até meu ventre, mostrando a ela que tudo bem se ela me acariciasse ali, tudo ótimo, eu diria.
Subi meus lábios até o pescoço dela, deixando uma trilha de saliva até abaixo de sua orelha, passei a língua por trás dela e a senti se agarrar a mim. Sorri e mordisquei a cartilagem com cuidado enquanto massageava seu seio ainda úmido. Apertei com calma e o soltei, deslizando a palma até a lateral de sua cintura, deparando-me com o zíper que mantinha a saia em seu corpo. Segurei-o um pouco inseguro e baixei um pouco, notei que enrijeceu e parou de se mover. Parei o que fazia e, sem perceber, também rompi os beijos em seu pescoço, ficamos os dois por alguns segundos apenas respirando pesado. Senti a mão de sobre a minha, ajudando-me a descer o que faltava do zíper. Sorri e desci a peça por suas pernas um pouco desajeitado pela posição, desejei que estivesse claro o suficiente para eu ver aquela cena, mas infelizmente o que eu conseguia ver era sua silhueta.
segurou meu rosto e colou os lábios nos meus, como se quisesse evitar que eu reparasse nela. Cedi ao beijo e senti suas pernas novamente subirem até minha cintura. O interior de suas coxas estava quente e eu suspirei por isso. Nosso beijo era quase violento, urgente. Nossas línguas se pressionavam e se envolviam ansiosas enquanto nossos corpos se roçavam por vontade própria. Eu mesmo desabotoei minha calça, mas foram as mãos de , com a ajuda das minhas, que a retiraram do meu corpo.
Aproveitando a movimentação, passei uma perna para o lado de fora do seu corpo e apoiei o quadril de lado no colchão, ainda mantendo-a colada em mim. Deixei meu braço sob seu corpo, suspendendo suas costas nele. Voltei a beijá-la devagar, passando minha perna entre as dela, que se pressionaram em minha coxa. Mordi seu lábio fracamente e o soltei, voltando a beijá-la em seguida. Passei os dedos por seu ventre, sentindo o breve suor acumulado ali. Arrastei com calma o polegar pelo cós de sua calcinha, pensando se deveria ou não levantá-lo. parecia envolvida demais para me parar, então, o autocontrole era o que estava em jogo. Deveria eu colocá-lo em risco e estragar tudo?
Se eu deveria ou não, eu realmente não sabia, mas meus dedos não pareceram se importar. Arrastei-os por sua calcinha e pude sentir o algodão umedecido. Tremi, vendo-a se contorcer diante do toque tão supercial. Nossos lábios agiam com mais força, descontando ali o que estávamos sentindo. Indo e vindo com a ponta dos dedos, abafava gemidos dentro da minha boca e tentava se mover, buscando um contato mais intenso, eu não podia negar, e não queria.
Com a ponta do indicador, eu passeei por sua virilha. parou de me beijar, ficou estática por um tempo enquanto com cuidado eu afastava sua calcinha para o lado. Ela permaneceu daquela forma, apenas com os lábios colados nos meus enquanto eu passava a ponta dos dedos superficialmente por ela. Notei que estava com a respiração presa quando, de repente, em um roçar um pouco mais íntimo, sua boca fugiu da minha e ela soltou o ar pesado, apertando os olhos. Sorri um pouco, entorpecido com tudo aquilo. Quando a ponta do meu dedo passou por uma breve saliência, eu ouvi soluçar e se pressionar contra mim. Sorri e voltei o dedo por ali, vendo-a gemer baixo, talvez um pouco assustada com a sensação que aquilo causava.
Encontrado o lugar exato, eu passei a brincar ali com um único dedo. Suas pernas não estavam afastadas ou coisa do tipo, ou pelo menos, não no início. Conforme eu variava a velocidade, eu podia vê-la se contorcer excitada abaixo de mim, respirando ruidosamente pela boca e com os dedos agarrados aos meus cabelos; eu certamente perderia alguns fios.
Notei um breve afastamento de suas pernas e pude aumentar em parte a intensidade dos movimentos. movia o quadril contra meus dois dedos que lhe acariciavam com cuidado, e então, de repente, ela prendeu a respiração e deixou escapar um gemido longo e baixo. Notei a umidade aumentar em torno dos meus dedos e soube que ela havia atingido seu ápice. Ela segurou meu pulso e afastou calmamente minha mão, sorri por essa sua atitude, e em um ato carinhoso que me apeteceu, eu beijei sua testa suada, lentamente a abracei contra mim, sorrindo feito um idiota.

- Foi bom? - Sussurrei em seu ouvido e senti ela se apertar contra mim, escondendo o rosto em meu pescoço.
- Uhum. - Resmungou constrangida e eu sorri.
- Que bom. - Eu disse sincero, acariciando a lateral de seu corpo.

Ergui um pouco minha cabeça e encostei meus lábios nos seus, chamando-a para um beijo lento. Enquanto nos beijávamos, eu sentia meu corpo latejar de tesão retido. É fato que eu estava estupidamente excitado com tudo aquilo, talvez nunca estivera tão excitado antes, e cada roçar de nosso corpo me fazia enrijecer, mas eu estava tentando me controlar, estava dando meu máximo. Porém, meu autocontrole sumiu quando os dedos de pousaram sobre minha ereção, ainda que por cima da boxer. Senti meu corpo todo pulsar ansioso e mordisquei seu lábio com uma força considerável, depois a olhei assustado e ela pareceu estar tanto quanto.

- Você não precisa fazer isso. - Eu disse sincero, mesmo que quisesse muito.
- Por favor. - Pediu, traguei em seco e senti seus dedos puxando minha boxer, dando espaço para a passagem de sua mão.

Tranquei a respiração sem nem perceber, ansiando o toque de seus dedos, e logo no primeiro roçar eu soltei a respiração, fechando meus olhos. Meu membro pulsou por conta própria, pedindo por mais daquilo. Abri meus olhos devagar e encarei os olhos assustados de enquanto a ponta de seus dedos escorregavam pela extensão da minha ereção. Ela subiu os olhos até os meus e eu senti sua respiração pesada bater contra meu rosto, eu não estava diferente.
Seus dedos finos e brevemente gélidos rodearam meu membro e fizeram uma pressão cuidadosa. Naquele instante, senti uma onda de calor preencher meu corpo, minha respiração falhou e meu corpo cedeu, derrubando-me sem forças no colchão. Ela afastou a mão e eu gemi de frustração. Olhei-a e acho que meus olhos suplicaram por si só, pois logo em seguida senti novamente o carinho receoso de sua mão. Mordi meu lábio tentando vedar os gemidos, apertei sua coxa involuntariamente enquanto mantive meu outro punho cerrado, totalmente excitado.

- Ele é quente. - Ela sussurrou surpresa enquanto conhecia cada milímetro de pele pulsante entre os dedos. - E... macio. - Disse num tom mais baixo.
- Por Deus. - Resmunguei, virando o rosto para o lado, ela novamente afastou um pouco os dedos.
- Te machuca? - Ela perguntou confusa.
- Não... Não. - Eu respondi, deixando um riso tenso escapar por meus lábios.

Seus dedos envolveram meu membro e ficaram segurando-o sem saber exatamente o que fazer. Soltei sua coxa e levei minha mão de encontro com a sua, repousei meus dedos sobre os seus e os guiei para cima e para baixo devagar, deixei-a fazer sozinha depois. Ela parecia surpresa, e nunca algo me excitou tanto como ver a inocência com que ela fazia aquilo.
Meus dedos se prenderam em sua coxa e eu apertei sua pele com certa força, eu não podia evitar. Ela aumentou um pouco a velocidade, mas ainda manteve os dedos frouxos, como se soubesse exatamente o que deveria fazer. Senti o sangue circular mais rápido pelas veias e se concentrar todo na minha virilha. Meus músculos pulsavam tensos e sedentos por alívio, eu não sabia por quanto tempo mais poderia aguentar.

- , pare. - Eu pedi, sentindo que iria gozar. Ela continuou olhando para o meu rosto e movimentando sua mão, na mesma velocidade deliciosa de antes. - , por favor. - Pedi, fechando meus olhos, tentando controlar o que estava prestes a acontecer, mas seu nome agora saia em formas de gemido da minha boca e eu já não conseguia pedir que ela parasse. - Mais rápido. - Sussurrei sem forças.

Em poucos segundos, o orgasmo percorreu o canal do meu membro e esgueirou-se para fora dele. Senti meu corpo tremer enquanto uma queimação gostosa envolvia toda minha virilha. Ela parou o que fazia aos poucos e eu tomei consciência do que estava acontecendo.

- Merda, , eu pedi para você parar. - Eu disse exasperado, sentando-me totalmente constrangido. - Eu pedi para parar! - Disse um pouco nervoso por isso.
- Eu... só... só queria que você... sentisse o mesmo que eu. - Ela disse baixo, eu fechei meus olhos e os apertei, sentindo o movimento do colchão assim que ela se levantou e começou a se vestir.
- Desculpe-me. - Pedi, cobrindo meu rosto. - Não queria ter gritado com você, mas é que... não quero que se assuste com isso. - Eu disse sincero.

nada respondeu. Esfreguei meu rosto com freneticidade, procurando me acalmar para poder fazer o mesmo com ela. Senti a claridade invadir meus olhos folgadamente, comprimi-os, tentando me esquivar dos raios solares que entravam pela janela agora aberta por . Conforme minha visão se acostumava, aos poucos sua imagem frente à janela ficava mais nítida. Seu corpo perfeitamente contornado pelo sol, deixando-a num tom bronze. A saia colocada de qualquer jeito no quadril, amassada e dobrada em alguns pontos da barra. Sua cintura, que eu podia jurar ter sido esculpida à mão por um ótimo artista plástico, o melhor. Seus cabelos ondulados, agora desprendendo-se do coque, descansavam sem vida sobre suas costas nuas, alcançando o centro dela. Linda, essa palavra a definiria com perfeição naquele exato momento.
Olhei em torno de mim e uma careta surgiu involuntariamente em meu rosto assim que eu notei a sujeira que haviamos feito ali. Olhei para mim mesmo e meu rosto apenas se contorceu mais, quanto nojo ela deveria estar sentindo daquilo? Procurei por algo que eu pudesse usar para limpar minha barriga. Estiquei-me, já em pé, e peguei minha gravata estirada no chão, limpei o que havia em mim e ajeitei minha boxer e... Poxa vida, que vergonha, eu estou com minha boxer patriota e nem me lembrei disso.
Caminhei devagar até , ela permaneceu da forma em que estava. Envolvi sua cintura em meus braços e me incliquei um pouco para apoiar o queixo em sua cabeça. O sol estava enfraquecendo e se escondendo por trás de algumas nuvens escuras. Desviei os olhos do céu e os fixei na grama. estava imóvel em meus braços e minha mente me recriminava por ter sido tão estúpido. [n/a: JÁ II !]

Yesterday you asked me something I thought you knew
Ontem você me perguntou algo que achei que você soubesse
So I told you with a smile "it's all about you"
Então eu te disse com um sorriso "é tudo sobre você"

Eu comecei a cantar. Minha voz estava um pouco rouca e a esclareci um pouco antes de continuar. não se movia, apenas permaneceu em silêncio.

Then you whispered in my ear and you told me too
Então você sussurrou em meu ouvido e me disse também
Said "You make my life worthwhile, it's all about you"
Disse "Você faz minha vida valer a pena, é tudo sobre você"

Eu sorri um pouco quando ela depositou suas mãos sobre as minhas, permiti então que nossos dedos se entrelaçassem. Fiz um carinho suave com os polegares e respirei fundo antes de prosseguir.

And I would answer all your wishes if you ask me too
E eu realizaria todos seus desejos se você me pedisse
But if you deny me one of your kisses, don't know what I'd do
Mas se você me negar um de seus beijos, eu não sei o que faria
So hold me close and say three words like you used to do
Então me abrace forte e diga as três palavras que você costumava dizer
Dancing on the kitchen tiles, it's all about you... hum yeah
Dançando no piso da cozinha, é tudo sobre você

Eu não estava exatamente no ritmo criado para a música, estava cantando devagar para que ela entendesse cada palavra e o que cada frase significava. Pisquei devagar e suspirei, vendo a ondulação da grama causada pelas rajadas fracas de vento. deitou a cabeça para trás no meu peito e eu soube que ela estava me perdoando naquele momento.

And I would answer all your wishes if you ask me too
E eu realizaria todos seus desejos se você me pedisse
But if you deny me one of your kisses, don't know what I'd do
Mas se você me negar um de seus beijos, eu não sei o que faria

Baixei meu rosto próximo a seu ouvido e cantei ali, usando um tom um pouco mais engraçado. Notei um sorriso surgir em seus lábios e beijei a sua bochecha calmamente antes de apoiar o queixo em seu ombro, voltando a olhar para o lado de fora.

So... hold me close and say three words like you used to do
Então... me abrace forte e diga três palavras que você costumava dizer
Dancing on the kitchen tiles, yes, you make my life worthwhile
Dançando no piso da cozinha, sim, você faz minha vida valer a pena
So I told you with a smile... it's all about you...
Então eu te disse com um sorriso... é tudo sobre você...

Fechei meus olhos quando uma brisa passeou entre nós dois, intoxicando-me com o perfume doce emanado de . Apertei-a brevemente em meus braços, totalmente entorpecido.

It's all about... you
É tudo sobre... você

Sussurrei a última palavra e sorri, sentindo-a se encolher um pouco em meus braços com o rápido arrepio que causei nela por isso. Afastei-me um pouco e a virei em minha direção. Encarei seus olhos especialmente mais claros, embora úmidos e avermelhados, assim como a ponta de seu nariz e seus lábios, brevemente inchados. Ergui meu polegar até seu queixo e o deslizei por toda sua bochecha, traçando o caminho de volta que algumas lágrimas haviam feito. Abaixei meu rosto e encostei cuidadosamente minha testa à sua.

- Não chore. - Eu pedi, sentindo o coração palpitar de uma forma estranha, como se fizesse dessa forma todos meus músculos pulsarem em câmera lenta, causando um breve sufoco. - Por favor, não chore. - Implorei, segurando seu rosto, a angústia crescendo em meu peito.
- A música é linda. - Ela murmurou com a voz embargada, fechando os olhos.
- É sua. - Eu disse imediatamente, traguei a saliva, e assim que um suave sorriso surgiu em seus lábios, eu senti a garganta abrir espaço para que entrasse ar, meu coração ainda estava descompassado pela angústia anterior, mas ele se acalmaria com o tempo.

Ficamos abraçados um tempo, até ouvirmos um trovão e notarmos que não demoraria a cair chuva. Com minha gravata, limpei a mão de , mesmo que ela já houvesse feito em algum lugar antes. Cobri-a com minha camisa até chegarmos ao carro e ela recuperar a sua, então, fizemos o caminho de volta até a casa dela.
não me questionou sobre nada do que se passou, mesmo eu tendo quase certeza de que ela gostaria. Também não fiz qualquer pergunta, simplesmente deixei passar, já havia sido constrangedor o suficiente. De uma coisa eu estava certo: nunca uma brincadeira idiota valeu tanto a pena.

Capítulo 12. "And I don't want to miss you, even though we got issues" (Don't Let It Go To Waste - Matt Willis)

[n/a: Song, girls! No JÁ! HAHAHA *-*]

Na quinta-feira, acordei de um pulo e desde então notei que estava enérgico. Tomei banho e me arrumei rapidamente, escolhi uma boxer decente caso decidisse me sequestrar outra vez. Peguei minhas coisas e desci, até me sentei para tomar café da manhã com minha família.
Algumas teorias dizem que, quanto mais positivo e otimista você estiver, mais coisas boas acontecem. Algumas outras dizem que é quando você está mais alegre que algo ruim acontece. Eu acreditava na primeira até então.
Passei para pegar e Ryan, deixei meu cunhado na escola e dirigi até a escola. comentava animadamente sobre um trabalho que tinha de terminar enquanto eu me mostrava entusiasmado com tudo que ela dizia, mesmo não entendendo nem um terço, era bom vê-la agitada daquela forma, fazia-me bem.

- Hey, guys. - Acenei e eles o fizeram de volta.
- Ué, cadê a ? - perguntou confuso e eu deixei parte do meu material sobre a mesa.
- Foi para a sala, precisava decidir não sei o quê com não sei quem. - Dei de ombros e eles riram.
- E então, como vão as coisas? - Ele perguntou num interesse puramente sexual.
- Legal. - Sorri enviesado e eles riram.
- Ganhou recompensa ontem? - perguntou divertido.
- Wow, exatamente como quando eu deixava o médico ver minha garganta. - Sorri de lado e nós gargalhamos em seguida.
- , você é patético. - Ouvi dizer atrás de mim, achei que a boca de fosse rasgar pelo tamanho do sorriso que surgiu em seus lábios.
- O que eu fiz agora? - Eu perguntei, virando o rosto para trás, ela se sentou ao meu lado.
- , é uma garota incrível e essa aposta é bem a cara de losers como vocês. - Ela disse, cruzando os braços, o sorriso de ainda era o mesmo, idiota.
- E o que você tem a ver com isso? - Eu perguntei um pouco áspero e ela arqueou as sobrancelhas.
- Querido, ela é minha prima. - Sorriu enviesado e eu senti meus músculos contraírem no mesmo instante, o sorriso de murchou aos poucos.
- ... E-eu... eu já rompi a aposta, os meninos estão de prova. - Apontei para eles, que assentiram freneticamente.
- Não seja idiota, eu acabei de ouvi-los conversando sobre isso. - Ela disse, levantando-se brava.
- , não faça isso. - Eu pedi, levantando-me. - Não diga nada para ela, eu juro que eu não estou mais apostando coisa alguma... - Eu dizia exasperado à garota que me olhava com desdém.
- , conte você ou conto eu. - Ela disse séria, eu senti minha garganta trancar.
- , não tem mais aposta nenhuma, entenda isso! - Eu pedi, levando as mãos no cabelo. - Se eu contar agora, não vai servir de nada. - Eu expliquei com a voz esganiçada.
- Entenda uma coisa você... - Ela apontou para mim e cruzou novamente os braços, olhando-me irritada. - Se essa aposta ainda existe ou não, já não me importa, você aceitou participar dela e a escola inteira sabe disso, portanto, eu espero que ela esteja sabendo antes desse baile de primavera, , e não se atreva... - Ela encostou a ponta do indicador no meu peito. - Não se atreva a transar com ela, ou eu juro que faço você se arrepender por isso. - Disse totalmente transtornada.
- , você nem mesmo liga para ela, ela tem estado sozinha todo ess...
- Ela não conversa comigo por motivos que não são do seu interesse, mas eu a amo e faria qualquer coisa por ela... - Ela me encarou. - Qualquer coisa.

Eu fiquei encarando sair totalmente tranquila, passei as mãos pelo rosto e levei meu cabelo para trás. Olhei freneticamente para os lados, rezando para que não estivesse em nenhuma parte.

- , ela tem alguma prova do que disse? - Eu perguntei, virando-me para ele, que negou rapidamente com a cabeça. - Você tem certeza? - Encarei-o desconfiado.
- Tenho, cara. - Ele disse, virando o rosto para o lado.
- Ok.

Já nervoso o suficiente, peguei minhas coisas e fui para a aula. A preocupação e a angústia se tornaram uma mão invisível e sua maior diversão era apertar meu coração até me sufocar, não era nada agradável e me mantinha bem longe dali, totalmente alheio à matéria que estava sendo dada.
Assim que respondi a chamada da terceira aula, eu saí rápido da sala, indo depressa até o pátio à procura da . Eu tinha de mantê-la longe de caso ela decidisse encurtar o prazo, e mesmo que ela não tivesse provas nenhuma, são primas e isso já me assustava o bastante. Como eu não soube disso antes? Aposto que o já sabia, cabeça de pinto.

- Hey, amor! - Gritei animado quando a vi, ela se voltou e sorriu largamente, fazendo meu coração acelerar instantaneamente.
- Oi. - Lançou os braços no meu pescoço e subiu na ponta dos pés, trocamos um selinho e um abraço rápido.
- Vamos comer? - Eu perguntei e ela assentiu, soltando-se de mim.
- Quais suas últimas aulas? - Ela perguntou enquanto colocávamos algumas coisas sobre uma bandeja.
- Geografia, Sociologia e mais alguma coisa. - Eu disse com os ombros encolhidos, ela sorriu e me olhou. Beijei sua testa e, quando ela se voltou para a bandeja, eu vi parada ali por perto, encarando-nos séria, traguei a saliva. - Vamos?
- Eu ia pegar um donut. - Ela disse, vendo-me sair com a bandeja, eu pisquei devagar e voltei.
- Pegue, amor. - Eu disse, esperando.

Assim que pegou tudo o que gostaria, mesmo sabendo que não comeria nem metade daquilo, nós fomos para o pátio, havia um resquício de sol no céu e o dia estava quente e gostoso. Por mim, eu não voltaria para as aulas, poderia passar o dia todo sentado com ela sob a sombra da árvore, comendo. Bichisse!

- Te vejo mais tarde? - Ela perguntou antes de entrar na sala, eu decidi levá-la até lá só para não correr riscos.
- Sim, te pego no ballet, pode ser? - Sorri e ela assentiu, abraçando-me.
- Boa aula. - Murmurou e beijou minha bochecha.
- Para você também. - Eu abri a porta para ela entrar, acenei para a professora que me sorriu surpresa, mandei um beijo para e fechei a porta.

Assim que me virei, vi parada no fim do corredor, minha garganta trancou, e cada passo em sua direção fazia com que eu me sentisse pior, mais nervoso, será que ela não me deixaria em paz?

- O que você quer? - Perguntei colérico.
- Te lembrar do teu dever. - Sorriu cínica e eu suspirei.
- , não é mais uma aposta, não tem mais nada em jogo...
- Só os sentimentos da . , nunca confiei em você e em nenhum desses seus amigos idiotas! - Ela disse, cruzando os braços. - Vocês são só quatro cavalos egocêntricos que não se importam com nada além da bandinha de merda de vocês!
- , cale a boca. - Eu pedi nervoso.
- Não, só vou calar a minha quando você abrir a tua e contar tudo para ela. - Ela disse séria.
- ... - Suspirei. - Eu não posso fazer isso, eu amo a sua prima. - me olhou por alguns segundos e então começou a rir alto, sua mão espalmou meu peito, empurrando-me de leve.
- , você é muito bem humorado. - Deu leves batidas nos meus ombros e saiu rindo, bufei e esfreguei meu rosto.

Ser popular, bonito, rico e ter uma banda tem suas desvantagens. Ninguém acredita que quando se tem tudo isso você queira se envolver em um relacionamento e eu confesso que até algum tempo atrás nem pensava nisso. É bom você ser livre, às vezes, mas nós não escolhemos quando ou por quem se apaixonar... Merda de destino.
As três últimas aulas passaram tão lentas e torturantes quanto as três primeiras. Eu não vi na saída, provavelmente seu pai passara para pegá-la como em quase todos os dias. Fui para casa totalmente desanimado com minha manhã, eu precisava passar algumas horas com , isso me faria bem e me faria acreditar que ela não estava falando com , o que já era muito bom.
À tarde, eu e os garotos apenas ensaiamos um pouco. Passei em casa para tomar um banho rápido e segui até a academia de ballet de . Estava um pouco cedo, então desci do carro e me recostei à ele, pensando em uma forma de me livrar de . Eu queria dizer a o motivo pelo qual aquilo começou, mas eu não sabia se ela entenderia e acreditaria que a aposta já não tinha nenhum valor. Eu não imagino como ela se sentiria, qual seria sua reação diante disso.

- Huuum, olha quem está aí. - Ouvi algumas garotas dizerem e desviei o rosto dos meus pés, encarando a porta por onde elas saiam. me sorriu fraco e eu retribuí o sorriso.
- Oi. - Ela disse ao se aproximar, enlacei-a pela cintura e pressionei meus lábios nos seus, sentindo uma saudade estranha.
- Huuuummm. - Ouvimos e sorrimos, afastando-nos aos poucos.
- Tchau, meninas. - Ela acenou e eu abri a porta para ela, balancei a cabeça, cumprimentando a professora dela, e entrei logo em seguida.

tinha o rosto virado para janela, seus dedos unidos sobre seu colo, a imagem da garota alegre que vi pela manhã desvanecia aos poucos em minha mente enquanto eu dirigia para qualquer lugar. Queria perguntar se ela gostaria de comer ou beber algo, mas temi que ela quisesse privacidade por algum motivo. Uma angústia me acometeu, trancando minha respiração, e se tivesse falado com ela?

- Amor. - Chamei segundos depois, sentindo minha voz escapar um pouco tensa e fraca, ela voltou seu rosto na minha direção. - Está tudo bem? - Eu perguntei em um misto de preocupação e curiosidade, ela sorriu de lado.
- Sim, por quê? - Eu dei de ombros.
- Você parece triste. - Eu disse, sentindo meus dedos firmarem ainda mais no volante.
- Talvez. - Traguei a saliva e virei meu rosto para frente, tentando disfarçar meu receio. - Mas não é nada com você. - Ela disse e um alívio encheu meu peito de felicidade, sorri um pouco.
- E o que é? - Eu perguntei, estacionando em frente ao Hyde Park.
- Hum, você já brigou com alguém muito importante para você? - Ela me perguntou, eu contraí o cenho, retirando a chave do contato e pulando para fora do carro, corri até sua porta e a abri, ajudando-a a descer.
- Não que eu me lembre, eu acho. - Eu disse, trancando o carro, entrelacei meus dedos aos seus e comecei a andar em direção à entrada do parque.
- Você conhece ? - Ela me perguntou, mantendo os olhos fixados no chão, minha respiração me abandonou por longos segundos.
- Não sei. - Eu disse, tentando parecer convincente. - Por quê? - Perguntei sem vontade.
- Ela é minha prima. - Disse com a voz pesarosa. - Nós brigamos há um bom tempo e... Hoje, ela me mandou uma mensagem, dizendo que sentia minha falta. - Encolheu os ombros, trinquei meus dentes, sentindo meus sentidos começarem a falhar.
- P-por que... brigaram? O que mais ela disse? - Perguntei rápido, um pouco enrolado.
- Mais nada, eu não respondi. - Ela disse firme, apertei de leve sua mão e ela respirou fundo. - Na sexta-série, ela ficava com Matt Willis, você se lembra disso?
- Er... Não. - Ri sem graça e ela assentiu.
- Ela ficava com ele, ela era, e ainda deve ser, completamente apaixonada por ele, e ele disse que só podia ficar com ela se eu ficasse com... com o James... Bourne. - Eu inflei as bochechas, totalmente surpreso.
- O Jimmy? - De repente, as atitudes dele começavam a fazer sentido.
- Sim. - Suspirou sonoramente. - Eu não queria ficar com ele, mas ela me pediu por favor, e ela gostava tanto do Matt. - Baixou a cabeça. - Eu fiquei com James algumas vezes e, sabe... eu o odiava. - Contraiu-se. - E eu odiava quando ele queria passar a mão em mim, eu sentia vontade de vomitar, mas aí chegávamos em casa e a me contava sobre ela e Matt, e ela estava tão feliz. - Meus passos foram morrendo conforme ela me contava aquelas coisas, meu sangue parecia começar a ferver em minhas veias, meu punho desocupado cerrou-se.
- Ele... te fez alguma coisa, ? - Virei-me de frente para ela, mas ela não me encarava, apenas olhava os pés.
- Não. - Negou com a cabeça. - Eu nunca aceitei ficar com ele em lugares que não fossem públicos e... Só uma vez. - Mordeu o lábio, apertei sua mão, encorajando-a a continuar me contando. - Não aconteceu nada, eu fui até a casa dele e disse que não queria mais ficar com ele, ele não gostou muito e também não, então ela me disse várias coisas e... - Encolheu os ombros. - E foi então que os boatos começaram por toda a escola.
- E-eu... não me lembro. - Eu disse sincero, acariciando sua mão.
- Não se lembra? - Ela ergueu o rosto e eu neguei com a cabeça, seus olhos começaram a se inundar. - " e a teoria do halls"? - Eu contraí o cenho e a vi baixar a cabeça, suas bochechas ganharam um tom carmim e eu soltei sua mão, envolvendo seus ombros nos braços. - A podia ter negado, ela podia... mas ela disse que era verdade, que eu tinha mesmo ido à casa do James e... ficado com ele toda a noite. - Senti-a tremer em meus braços e fechei os olhos, apertando-a com mais força em meus braços.

Eu não soube o que dizer, então me mantive em silêncio, apenas digerindo a história que ela acabara de me contar. Isso esclarecia um pouco o fato de ela sentir-se tão submissa à escola toda, aquela timidez constante, tudo aquilo tinha um motivo e os culpados eram James e . Apertei-a mais em meus braços pensando em mil e uma formas de acabar com os dois, mas eu simplesmente não conseguia pensar em uma maneira de usar aquilo contra .
Com ali, em meus braços, eu não conseguiria pensar em outra coisa que não fosse fugir com ela, para vivermos naquela paz, apenas nós dois. Apoiei o queixo em sua cabeça e admirei o reflexo dos holofotes na água do Serpentine. A luz da lua ajudava na tarefa de clarear o gramado verde e os bancos de ferro tingidos de cinza. As pessoas passavam rápido em sua caminhada diária, elas não faziam ideia do que se passava entre eu e , mas ainda assim faziam parte do nosso momento.

- Você também não acredita em mim, não é? - Ouvi-a questionar com a voz borrada ao mesmo tempo que me soltava.
- Hey, não! - Eu exclamei, segurando-a e trazendo-a de volta. - É claro que acredito!
- Claro que não acredita, depois do que fizemos ontem, então você vai pensar que eu fiz isso antes com James e... tudo mais. - Dizia abafado no meu peito, suspirei e a apertei com mais força.
- Não diga bobeira. - Eu pedi. - Eu sei que você não fez com nenhum outro, eu acredito em você. - Eu disse sincero, beijei sua cabeça e a afastei um pouco. - Mas eu quero que você também acredite em mim. - Ela assentiu enquanto eu enxugava seu rosto. - nos quer separados... - Eu disse, sentindo minha garganta vedar minha respiração no segundo seguinte, ela enrijeceu à minha frente. [n/a: JÁA *o*]
- Por quê? - Ela sussurrou.
- Porque ela acha que eu não te mereço, e talvez ela esteja certa... - Suspirei e apertei meu olhos. - Mas você tem que acreditar em mim, eu amo você. - Eu disse, olhando-a nos olhos. - Eu amo você como nunca amei outra garota em toda minha vida, você acredita em mim? - Ela tragou a saliva e assentiu. - Acredita, ? - Ela assentiu novamente, abraçando-me com força no instante seguinte, eu a apertei em meus braços.
- Não a deixe me tirar de você? - Ela pediu e eu fechei meus olhos, apertando-a com mais força.
- Isso não vai acontecer, está bem? - Ela assentiu e eu apertei novamente meus olhos, respirando pesadamente enquanto meu coração acelerado me avisava que eu deveria contar toda a verdade.

I can't be losing sleep over this, no, I can't
Não posso perder o sono por causa disso, não, eu não posso
And now I cannot stop pacing
E agora eu não posso parar de caminhar
Give me a few hours and I'll have this all sorted out
Me dê algumas horas e eu terei tudo isso resolvido
If my mind would just stop racing
Se a minha mente somente parasse de correr

me olhou e seus olhos mareados de emoção se gravaram em minha mente, duas lágrimas solitárias escorregaram por suas bochechas ao mesmo tempo que um alívio breve desceu por minha garganta, fazendo meus músculos cederem e minhas entranhas se distorcerem aos poucos.

'Cause I cannot stand still
Porque eu ainda não posso suportar
I can't be this unsturdy
Eu não posso ser esse covarde
This cannot be happening
Isso não pode estar acontecendo
This is over my head but underneath my feet
Isso está acima da minha cabeça, mas abaixo dos meus pés
'Cause by tomorrow morning I'll have this thing beat
Pois amanhã de manhã terei tudo isso destruído
And everything will be back to the way that it was
E tudo estará de volta para o caminho que estava
I wish that it was just that easy
Eu queria que fosse fácil assim

Mantive nosso contato visual, sentindo que a qualquer momento aquilo poderia me matar, simplesmente. Voltei a respirar quando tocou meu rosto com sua mão e a sensação gostosa me fez fechar os olhos, a mercê do carinho que ela começava a fazer.

'Cause I'm waiting for tonight
Pois eu estou caminhando por essa noite
Then waiting for tomorrow
Então esperando pelo amanhã
And I'm somewhere in between
E eu estou em algum lugar entre
What is real and just a dream...
O que é real e somente um sonho...
What is real and just a dream...
O que é real e somente um sonho...
What is real and just a dream...
O que é real e somente um sonho...

Eu tive medo de perder aquela maciez e tive medo de perder aquele calor. Tive medo de perdê-la, eu tive... medo.

Would you catch me if I fall out of what I fell in?
Você me pegaria se eu desistisse do que eu sinto?
Don't be surprised if I collapse down at your feet again
Não se surpreenda se eu desmaiar em seus pés novamente
I don't want to run away from this
Eu não quero fugir disso
I know that I just don't need this
Eu sei que eu apenas não preciso disso

Senti os lábios mornos de cobrir os meus, interrompendo a rajada de vento que fez menção de escorregar por entre nossos rostos, coloquei a mão em sua nuca e envolvi sua cintura com o outro braço, encostando-a em mim.

'Cause I cannot stand still
Porque eu ainda não posso suportar
I can't be this unsturdy
Eu não posso ser esse covarde
This cannot be happening
Isso não pode estar acontecendo

Sabe a sensação de não sentir nada, como se você estivesse anestesiado? Foi assim que eu me senti durante aquele beijo, como se absolutamente nada pudesse nos afetar enquanto eu a tivesse em meus braços daquela forma.

'Cause I'm waiting for tonight
Pois eu estou caminhando por essa noite
Then waiting for tomorrow
Então esperando pelo amanhã
And I'm somewhere in between
E eu estou em algum lugar entre
What is real and just a dream...
O que é real e somente um sonho...
What is real and just a dream...
O que é real e somente um sonho...
What is real and just a dream...
O que é real e somente um sonho...

Eu não tive coragem de dizer mais do que aquilo, e eu sabia que ela estava confusa, mas também sabia que eu tinha créditos sobre , ela acreditaria mais em mim do que na prima que a traiu, isso era um fato inegável. Ainda assim o pavor de, de repente, perdê-la por pura burrice me entorpecia. Eu tive o momento exato para contar-lhe tudo, e talvez ela fosse entender e me perdoar por minha sinceridade e honestidade para com ela, mas eu perdi isso, eu deixei passar.

Capítulo 13. "Can you feel the love for the first time? When we're making love" (First Time - V Boys)

Antes de abrir meus olhos, ou acordar definitivamente, eu senti meu coração bater tão forte que eu jurei que teria um infarto. Meu corpo parecia preso à cama e meu inconsciente projetava a imagem de apontando para mim e gritando coisas em outra língua, talvez Latim. Eu não conseguia me mover e, por mais que eu estivesse consciente o suficiente para dizer a mim mesmo que era um pesadelo, eu não conseguia abrir meus olhos ou despertar completamente. Comecei a concentrar minha força no tronco para arqueá-lo e, quando por fim abri meus olhos, vi-me sentado na cama. Eu me mantive ali, apenas encarando a parede até recobrar minha sanidade mental e a força nas minhas pernas trêmulas. Levantei-me e fui para o banheiro praguejando a amargurada da . Que droga aquela garota tinha na cabeça? Ela já não tinha estragado muito a vida da ? Tudo o que ela tinha me dito me fez relembrar algumas das coisas relatadas, cheguei a comentar com e ele me disse que eu deveria ser o único que não me lembrava da confusão que foi, e eu admito que ainda não sei se eu só não me lembrava ou se eu preferia bloquear tais lembranças. Fez-me também repensar em tudo o que eu estava fazendo, como você consegue ser o protetor e ao mesmo tempo quem mais pode machucar? É como ser o vilão e o super herói ao mesmo tempo, e as chances de ela nunca descobrir essas duas faces eram tão grandes quanto as de ela descobrir. Isso estava me deixando paranóico demais, eu precisava relaxar, afinal, era sábado e eu tinha um jantar para preparar!
Vesti qualquer coisa, um pouco incomodado pelo meu corpo ainda estar um pouco úmido depois do banho, eu sempre tenho essa sensação e ela sempre me irrita. Desci para o café da manhã, mas acho que cheguei tarde demais, meus pais estavam saindo para ir ao clube e dessa vez eles nem me convidaram. Na verdade, deixaram claro que não queriam que ninguém fosse e até me deram dinheiro, muito dinheiro, para almoço e janta... Hum, suspeito. Bom, que se vire, esse dinheiro é meu.
Por falar nela, adoro acordar minha irmã, ela é tão engraçada mal humorada, embora eu ache que um dia eu posso acordar sem cabelos, nunca se sabe o que esperar de sua irmã revoltada. Sabe aquela caveira que ri alto que você ganhou do seu vizinho sem graça no aniversário de 11 anos e você nunca encontrou uma utilidade para ela? Eu encontrei para a minha! Entrei silenciosamente no quarto e ergui parte do edredom que cobria até a cabeça, coloquei a caveira ao lado de seu rosto e cobri novamente, segurei a cabeça do objeto por cima da coberta e puxei a corda com força, afastando-me para apreciar a cena. A sequência foi bem engraçada: a caveira começou a bater os dentes e ela já se remexeu, na primeira gargalhada se sentou, toda atrapalhada com o cobertor, remexendo-se para tentar se livrar dele e do barulho que me fazia rir junto. Bati palmas animadas e apoiei as mãos no joelho, sentindo dores na barriga de tanto rir dela.

- Idiota, , IDIOTA! - Ela gritou, jogando a caveira no meu pé, nem preciso dizer que doeu pra valer, mas, tudo bem, ela ainda estava engraçada.
- Pedi pizza na Domino's, levante que quem tem caso com o entregador é você. - Eu disse, jogando uma nota no colo dela e saindo do quarto meio mancando pela dor que latejava meus dedos.
- EU NÃO TENHO UM CASO COM ELE! - Ela gritou e eu ri, já fechando a porta do quarto, claro que ela tinha!

Depois do almoço, eu avisei Dah que sairia e não sabia bem que horas voltava. Na verdade, eu tinha que voltar antes das 6. Tinha marcado um jantar com no dia anterior e tudo precisava estar pronto até às 7h30, horário que marquei de passar para pegá-la em casa. O fato é que, para onde eu a levaria, não tinha geladeira, nem fogão e nem luz elétrica, improviso total, confusão total, mas eu queria que fosse lá, eu sentia um tipo de necessidade de agradá-la, e eu tinha certeza de que lá era o lugar perfeito para preparar aquela noite, e eu me esforçaria mesmo!
Eu poderia ter ido ao mercado, mas o shopping me pareceu mais conveniente. Eu não podia levar velas comuns, seria extremamente esquisito. Parei num quiosque da Godiva e comprei uma caixa de bombons sortidos, seria bom para cortar o álcool do vinho que eu tinha comprado. Talvez ela nem fosse querer beber, mas vinho foi a primeira coisa que eu pensei que não precisava estar gelada. De qualquer forma, eu tive a brilhante ideia de levar uma caixa térmica com refrigerante. A comida seria China in Box, nada mais prático, e com um carro eu faria milagres. Passei por uma daquelas lojas gays de velas aromatizadas e me senti péssimo quando todo mundo se virou para mim, qual é? Um homem não pode mais comprar velas e incensos? Preconceito!
Comprei algumas velas pequenas e em formatos quadrados. Não sabia bem que cor escolher, então escolhi aleatoriamente algumas brancas, outras rosas, vermelhas, alaranjadas e roxas. Tinham aromas diferentes, um mais enjoativo que o outro. Comprei três velas comuns, embora fossem rosas, para colocar no castiçal que eu roubei da minha mãe, assim como os lençóis de seda que ela havia ganhado da minha tia. Se ela soubesse que estavam comigo, eu não sobreviveria para contar a história dessa noite... Bom, isso não vem ao caso, eu sobrevivi. Peguei a estrada durante todo o caminho já muito bem decorado por mim, eu sabia de alguma forma que aquele era o lugar favorito de , eu queria que ela se sentisse especial.
Por mais idiota, patético, cedido e gay que isso possa parecer, eu varri a cabana, é, e quase fui engolido pelo tanto de poeira acumulada em todos os cantos do pequeno ambiente. Peguei um pano que estava dentro do banheiro e, por sorte - e precaução -, eu trazia um galão de água no porta-malas. Umedeci o trapo e limpei a mesa pequena de madeira que eu trouxe no dia anterior, junto com as cadeiras que a mãe do me emprestou. Mal sabe ele, se soubesse, eu seria apedrejado por toda a nação masculina. Estendi a toalha de cetim branca e organizei os pratos, talheres, taças e copos que eu havia trazido cuidadosamente dentro de uma caixa de papelão. Coloquei as velas no castiçal e espalhei as outras pelo cômodo em lugares estratégicos. Testei o sofá e o colchão sobre o estrato para ver qual das duas coisas era mais confortável e me decidi pelo colchão. Estendi o lençol da minha mãe e notei que tinha me esquecido das almofadas, mas, tudo bem, eu levaria mais tarde.
Quando eram quase 5h30, eu decidi voltar, passei pelo mercado e comprei um saco de gelo em pedaços junto com duas garrafas de refrigerante que deixei dentro da caixa térmica, dentro do porta-malas, junto com os travesseiros, o acendedor automático para facilitar com as velas e a palha com a qual eu tentaria acender a lareira mal feita, podia nos manter aquecidos e aumentar a claridade.

- ... Ué, aonde vai? - Ela perguntou assim que entrou no quarto, tentei disfarçar meu constrangimento e terminei de fechar o botão da minha camisa social branca.
- Sair. - Eu respondi, ajeitando-a sobre o cós da calça que estava preso no meio do meu quadril, por sorte minha boxer da Calvin Klein estava limpa dessa vez.
- Com a ? - Ela perguntou, cruzando os braços e se recostando ao batente.
- É. - Respondi, sentando na beirada da cama para calçar meu All Star branco e sujo.
- Hum, todo bonito, de cabelinhos lisos e cheirosos, é hoje! - Ela gritou, rindo, e eu gargalhei, negando com a cabeça.
- Cale a boca. E se os garotos perguntarem por mim, diga que eu... sei lá, não fale que eu estou com cabelo liso e cheiroso, por favor. - Eu disse, abrindo a gaveta da cômoda, e retirei de lá a fileira de preservativos que até então não me tinham sido úteis, mas hoje talvez fosse bom carregá-los comigo.
- Meu Deus do céu! - Minha irmã disse falsamente surpresa. - Quem vê pensa que você vai usar tudo isso. - Ela disse desdenhosa e eu mostrei meu dedo gentil para ela, guardando três preservativos na minha carteira e deixando os outros sobre a cama.
- Eu tenho que ir, avise à mãe que eu não sei que horas eu chegarei. - Eu disse, pegando meu frasco de perfume e borrifando um pouco.
- Vá lá, garotão. - Fez uma voz manhosa e eu gargalhei, dando um tapa na testa dela.

Antes de pegar , passei pelo China in Box e comprei algumas caixas, escondi-as no porta-malas junto com as outras coisas, passei em seguida pelo Burger King e comprei a sobremesa, a mesma torta que haviamos comido a primeira vez que nos beijamos... Que é? Só me deu vontade de comer!
Pensei em comprar flores, mas troquei o bouquet de rosas vermelhas por uma única rosa branca, menos instigante, eu acho. Eu não queria assustá-la logo de início. Pulei do carro e caminhei até a porta da sua casa o mais rápido que pude, tentando não deixar a garoa que estava caindo desde as 6 da tarde desmanchar meu cabelo, eu estava pior que uma garotinha!

- Boa noite. - O senhor apareceu e eu prendi a respiração por alguns minutos, mas depois tomei postura e estiquei minha mão.
- Boa noite. - Eu disse e ele apertou minha mão.
- já vai descer, quer entrar? - Ele perguntou sério, encarando-me como se pudesse me matar com isso.
- Er, não, tudo bem, eu espero aqui. - Eu disse, sorrindo fraco.
- Para onde vão? - Ele perguntou, desviando o olhar para o meu carro e voltando a me encarar em seguida.
- Meus pais... Digo, vamos ao clube jantar com meus pais. - Eu simplifiquei e menti, e ao mesmo tempo, estou ficando bom!
- Hum, que horas você a trará de volta? - Ele perguntou, cruzando os braços, eu abri a boca para responder, mas não consegui balbuciar som algum quando a vi descendo as escadas, degrau por degrau, enquanto cobria os ombros e colo nu com um sobretudo branco, sorrindo para uma mulher que vinha ao seu lado, provavelmente dando ordens. - Eu fiz uma pergunta. - Ele repetiu e eu desviei os olhos dela para ele, sentindo minha respiração repentinamente falha.
- Antes da meia-noite, senhor. - Eu disse automaticamente.
- Quero-a em casa às 11h30. - Ele disse e parou ao seu lado, com Ryan e a mulher em seu encalço.
- Papai, eu nem mesmo fui. - disse delicada e ele beijou sua testa coberta pela franja lisa. - Olá, . - Ela disse, olhando-me, e eu sorri instantaneamente.
- Oi, boa noite. - Eu disse desconcertado. - Isso... é... - eu ergui a rosa um pouco desajeitado e constrangido por seus pais estarem ali - para você.
- Ah... Obrigada, ela é linda. - Ela disse, olhando a rosa que agora estavam entre seus dedos. - Obrigada, . - Ela agradeceu novamente, erguendo o rosto em minha direção, sorri fraco.
- V-vamos? Meus pais... estão nos esperando. - Eu disse e ela contraiu o cenho, mas depois passou pelo lado de fora.
- Divirtam-se. - A mulher disse e o homem a repreendeu com os olhos.
- Meia-noite. - Ele disse e eu sorri, assentindo.
- Tchau, . - Ryan acenou e eu acenei de volta.
- Tchau, cara, até segunda.
- Até.

me olhou e olhou de volta para o céu, de onde começava a cair uma chuva um pouco mais grossa. Retirei meu casaco rapidamente e o abri sobre sua cabeça, pedindo que ela andasse rápido. Corremos até meu carro e logo nos abrigamos dentro dele. Deixei meu casaco no banco de trás e dobrei as mangas da minha camisa enquanto ela me repreendia brincalhona por ter mentido para seu pai.
Ela mesma escolheu um CD e colocou no rádio. Enquanto ouviamos Oasis, eu dirigia com cuidado por causa da chuva, vez ou outra me virando para ela, já que o tráfego momentâneo nos fazia ser ainda mais lentos do que o necessário. Ela estava incrível, realmente linda. Não estava usando muita maquiagem, apenas uma sombra bem fraca prateada e que brilhava nas extremidades de seus olhos e na maçã de seu rosto, que estava um pouco mais avermelhada. Tinha um gloss incolor nos lábios e seus cílios estavam maiores, ou pareciam estar. Seu cabelo estava preso, eu já não os esperava encontrar soltos, em um coque bem feito com a franja de lado. Na orelha, havia apenas uma pedra brilhante em cada uma, nada exagerado. Eu queria ver o que havia sob o sobretudo, eu só sabia que não cobria o colo e isso já era suficiente para despertar minha curiosidade.
Eu notei seu sorriso engrandecer quando pegamos a estrada de terra até a cabana, mas seu cenho demonstrava confusão. Mantivemo-nos em silêncio mesmo assim, ela não me questionou e eu não quis explicar.

- Espere aqui, está bem? - Eu pedi assim que estacionei o carro em frente a cabana, ela sorriu, assentindo.

Com o casaco sobre a cabeça, eu peguei as coisas no porta-malas e corri para dentro da casa, tentando me livrar da chuva. Deixei o iPod junto com duas pequenas caixas de som sobre a lareira e deixei tocar aleatoriamente uma lista que eu havia criado apenas para aquele jantar. Acendi todas as velas e, por fim, a lareira, eu sabia que ela não tardaria a apagar, mas a primeira impressão é o que conta. Preenchi as taças com o vinho tinto e arrumei a comida nos pratos, jogando as caixinhas na lareira. Com tudo relativamente pronto, eu me cobri com o casaco e fui buscá-la.

- Ah, meus sapatos brancos. - Ela reclamou ao olhar para o barro, ainda antes de descer do carro, eu gargalhei.
- Venha cá. - Eu a ajudei a descer e tranquei o carro rapidamente, abracei-a lateralmente e a tirei do chão, apoiando-a na lateral do meu corpo, ela gargalhou se segurando em mim até a entrada da casa. - Hum, eu espero que você goste, eu fiz tudo o que estava ao meu alcance. - Eu disse sincero e abri a porta para ela passar.

caminhou devagar para dentro e eu encostei a porta, abafando o vento frio que por ali entrava. Ela permaneceu parada em frente à mesa, seus olhos vagos passeando por cada detalhe e, de repente, de vazios foram preenchidos por brilho, um brilho diferente dos que eu conhecia, mas que o defini mais tarde como fecilidade.

- Nossa, . - Ela disse, virando-se para mim. - Eu... Não esperava por isso, eu juro, não esperava... - Ela voltou a olhar para o cômodo, abraçando a si mesma.
- Gostou? - Eu perguntei, mordendo o lábio.
- Se eu gostei? Isso é incrível! - Ela disse, novamente devolvendo o foco para mim.
- Sério? Eu estava tão ansioso. - Confessei, rindo, e ela me olhou confusa.
- Por que estaria? - Ela perguntou, contraindo o cenho.
- Bom, porque... Eu nunca fiz isso antes. - Eu disse, colocando as mãos no bolso da calça.
- Eu... é sério? - Ela me olhou surpresa e desconfiada.
- Sim, eu juro. - Eu disse e ela me sorriu.
- Legal, porque ninguém nunca fez isso por mim, então... Estamos numa situação parecida. - Ela disse, aproximando-se, sorri e me inclinei para beijar seus lábios devagar e suavemente.
- Vamos comer? - Chamei e ela assentiu. - Antes que esfrie.
- Preparou o jantar também? - Perguntou debochada enquanto caminhava até a mesa, ri puxando a cadeira para que ela se sentasse. - Obrigada.
- Sim, se você não sabe, eu sou um chefe chinês. - Eu brinquei, sentando-me à sua frente, ela riu, negando com a cabeça.
- Eu sei muitas coisas sobre você, mas chefe... Hum, hum. - Negou com a cabeça e eu gargalhei.
- O quê? Eu trabalho no China in Box. - Pisquei para ela, que riu gostosamente, fazendo-me sorrir feito um idiota.

Ficamos conversando totalmente descontraídos durante todo o jantar. não quis ir além de uma taça de vinho, ela pareceu ficar um pouco tensa quando a comida acabou. Eu a peguei olhando de esguelha para a cama algumas vezes enquanto eu pegava a sobremesa que havia deixado sobre o sofá, retirei as tortas da embalagem e ela sorriu abertamente quando notou do que se tratava. Ela comeu tão lentamente que eu podia jurar que ela estava tentando adiar o fim definitivo do jantar. Peguei um pouco de refrigerante para nós dois e aumentei um pouco o volume da música no iPod, já que o barulho da chuva se fazia bem mais alto. Ela me olhou e bebericou seu refrigerante sem muita vontade aparente, sorri e puxei minha cadeira para ficar ao lado da dela. Deixei meu braço descansar no encosto da cadeira dela e a olhei por alguns instantes, esperando ela retribuir o gesto, mas isso não aconteceu, ela apenas encarava as mãos firmes ao redor do copo de vidro suado pela baixa temperatura do refrigerante.

- Tudo bem? - Perguntei, passando o polegar pelo seu ombro, ela se virou para mim e sorriu fraco, tenso.
- Sim. - Murmurou, mas eu não acreditei, então permaneci olhando-a desconfiado, ela riu de leve. - Tá, talvez não tanto. - Eu me virei parcialmente em sua direção, segurando uma de suas mãos, gélida e suada.
- O que foi? - Eu perguntei baixo, ela não me olhava.
- Eu... É que... Você preparou tudo isso, e... Eu não queria te decepcionar, mas eu não sei se... estou pronta. - Eu não podia simplesmente dizer que não estava desapontado, afinal, eu estava, mas ela não precisava saber, e além do mais, eu precisava ser compreensivo.
- ... Eu não fiz tudo isso só para... Você sabe, eu não vou te forçar a nada, eu... Não quero que você fique tensa por uma coisa que não precisa acontecer. - Nós nos entreolhamos e ela suspirou.
- Eu quero... você sabe, eu quero que aconteça, e quero que seja com você, mas... Eu... eu só fico com medo quando penso em como isso pode ser. - Mordeu o lábio.
- Eu... Não sei o que dizer. - Murmurei sincero, ela sorriu fraco.
- Então, não diga nada, só me beije - Ela disse com simplicidade, eu sorri e soltei sua mão para amparar seu rosto, iniciando um beijo suave.

Nossas línguas se envolveram em um beijo diferente, sem definição, estava exatamente entre o calmo e o intenso, entre o simples e o especial. Seus lábios estavam mais macios do que o normal e seu hálito variava do vinho para a cobertura de canela e o refrigerante gelado. Ela depositou sua mão na minha nuca e um espasmo foi causado pelo choque térmico da minha pele quente em contato com seus dedos gélidos que percorriam por baixo de meu cabelo, indo e vinho com carinho, o mesmo que eu usava para massagear sua bochecha com o polegar.
quebrou o beijo algum tempo depois, sem afastar nossos olhos, ou mesmo nossos rostos. Ficou me olhando de um jeito e por tanto tempo que me fez corar. Sorrimos e ela encostou o nariz no meu.

- Não vai me levar para a cama, cavalheiro? - Sussurrou e eu senti meu coração disparar, fiquei encarando-a, pensando se eu havia ou não entendido errado.
- Para a cama? - Murmurei, demonstrando minha confusão.
- É, não é o convencional? - Ela usou um tom baixo, mordendo o lábio em nervoso.
- V-você...
- Eu quero. - Ela disse firme, sua voz nem mesmo titubeou, traguei a saliva e a olhei por mais alguns minutos, ela me pareceu um pouco impaciente e eu decidi me levantar.

Estiquei a mão para , que permaneceu na cadeira me olhando com um sorriso tenso, aceitou e se levantou. Ficamos frente a frente, olhando-nos enquanto ela desabotoava o próprio sobretudo. Notei que estava um pouco tímida, mas a encorajei com um sorriso. Segurei a gola do casaco e passei para trás de seus ombros, revelando seu vestido. Minha expressão deve ter sido de surpresa, porque ela estava simplesmente linda, totalmente incrível, e eu me senti sortudo, pois eu poderia passar uma vida inteira sem ver algo tão bonito. Deixei seu casaco sobre o encosto da cadeira e a tomei nos braços, ela gritou abafado e soltou um risinho surpreso. Com um joelho apoiado na cama, eu depositei seu corpo sobre o lençol branco e recobrei minha postura para retirar os tênis. Antes de me juntar a ela, eu sorri, admirando o brilho da imagem a minha frente, e por mais tensa que ela estivesse, ela nunca me pareceu mais branda. Sentei-me na beirada da cama e ela ergueu o corpo nos antebraços, sentando-se em seguida.

- , você tem certeza? - Eu perguntei antes de pensar em um jeito de começar aquilo corretamente.
- Não, mas eu sei que vou ter quando você me beijar. - Ela disse, sorrindo e corando, eu ri baixo e acariciei seu rosto.
- Posso te pedir uma coisa? - Sussurrei e ela assentiu. - Deixe-me soltar seu cabelo?
- Hã? - Encolheu-se confusa. - Meu cabelo?
- Uhum, posso te ver com ele solto? - Ela deu de ombros e eu sorri.

Sentei-me mais perto dela, deixando meu ombro encostar ao dela, deitou sua cabeça nele para o lado oposto ao meu rosto, deixando seu coque em meu campo de visão. Retirei o primeiro grampo e imaginei quantos deveriam ter ali para segurar o cabelo suspenso. Fui retirando e colecionando-os na palma da minha mão, eram prateados, simples, iguais aos que minha mãe costumava usar. Aos poucos, as mechas começaram a se soltar e a deslizar por suas costas parcialmente nuas, até por fim descansarem cobrindo toda a pele descoberta. Eram mais longos do que eu esperava, levemente ondulados, ou talvez fossem as marcas por estarem presos anteriormente. Afastei-a, segurando cuidadosamente seus braços, e apreciei seu rosto contornado pelas mechas negras, afinalando suas bochechas de um jeito angelical, ela é linda. Saquei meu celular do bolso e tirei uma foto antes mesmo que ela percebesse. Ela arregalou os olhos e cobriu o rosto, eu dei risada e deixei o celular para lá, junto com os grampos.
Passei os dedos por suas bochechas, colocando seus cabelos atrás da orelha, trouxe seu rosto e encaixei meus lábios aos seus, retomando o beijo que haviamos rompido há algum tempo. Suas mãos pousaram em meus ombros e depois subiram pela minha nuca enquanto eu me inclinava sobre seu corpo, deitando-o novamente no colchão, onde apoiei minhas mãos para me deitar, parcialmente, sobre ela.
Meu coração estava batendo tão rápido quanto a respiração dela, e cada vez que seus dedos se moviam de um lado para o outro, leigos, eu sentia como se uma descarga elétrica percorresse todo meu corpo, instigando meus poros a se eriçarem por completo. Quebrei o beijo e a encarei, tão perto de mim que me fez sorrir. Passei o polegar por seu rosto, massageei brevemente a maçã de seu rosto e então desci para seu pescoço. Inclinei-me um pouco e beijei sua pele, minha menina encolheu os ombros arrepiada, linda. Aos poucos, e com a quantidade de beijos úmidos plantados em seu pescoço, ela cedeu lentamente, relaxando os músculos.
Minhas mãos buscavam contato, subindo e descendo por sua coxa, ela não hesitou dessa vez, eu estava ansioso para sentir cada centímetro de pele dela, a textura de cada parte de seu corpo. Eu a ouvia respirar ruidosamente ao mesmo tempo que o quarto se preenchia com Lifehouse e a chuva torrencial estourava sobre o telhado, causando um barulho estrondoso, mas nada, absolutamente nada se passava por minha cabeça.
Ainda com os lábios colados em seu pescoço, sentindo o gosto e a maciez da sua pele contra minha boca, levei a mão até suas costas, arqueando um pouco seu corpo até encontrar o zíper e começar a descê-lo. Ela não se moveu, apenas se segurou em meus ombros. Subi os lábios até sua orelha e depositei um beijo suave, sem fazer barulho, já que estava tão próximo do ouvido.

- Se quiser que eu pare, é só dizer, está bem. - Sussurrei, tentando passar algum tipoo de confiança, segurança. Ela apenas assentiu e relaxou o corpo no colchão quando cheguei ao fim do zíper.

Olhei-a e, ainda com o corpo apoiado no antebraço ao lado de seu rosto, comecei a baixar seu vestido com a mão livre e o nariz encostado no seu, sem valor para olhar o que eu mesmo expusera. Meu coração parecia querer pular pela boca, palpitando ansioso. Desci a peça até sua cintura e selei os lábios nos dela, roçando-os com calma. arfava com os braços frouxos largados nas minhas costas. Quando vez ou outra suas mãos entravam em contato, eu podia notar suas palmas suadas. Pude sentir seu tremor quando desci meus olhos por seu corpo e notei que não havia sutiã dessa vez, talvez pelo tecido rígido do vestido, não me importava, de qualquer forma. Por mais que eu já houvesse a visto com o tronco nu, aquela era uma situação totalmente diferente, eu senti que poderia passar a vida toda admirando-a como naquele momento.
Seus seios rígidos, graciosamente arredondados e meus. Eles eram tão meus como nenhum outro e eu senti que podia beijá-los, ela não me deteria, pois eles me pertenciam. Não o fiz, queria tranquilizá-la antes disso. Nossas respirações igualmente descompassadas, pude sentir quando aproximei meu rosto do seu. Com a mão que estava acima de sua cabeça, afaguei seu cabelo, afastando a franja de sua testa enquanto iniciava um beijo calmo. Pude sentir seus braços escorregarem por meus ombros e então ela começou a desabotoar minha camisa, botão por botão, revelando pouco a pouco meu tronco. Ajudei na tarefa de tirá-la por completo e retomei a posição anterior, ainda com os lábios colados aos seus, beijando-a carinhosamente. Senti meu corpo tremer junto com o dela quando meu corpo colou ao seu, seus seios rígidos se amassaram contra meu peito, projetando um gemido que ficou preso na minha garganta.
Com uma mão acariciando sua cabeça, aproveitei a liberdade da outra para acariciar a lateral de seu corpo, passando o polegar por sua pele morna. Suas mãos agora seguravam, ou apenas descansavam em minha cintura, fracamente. Pude sentir quando ela mordiscou meu lábio de uma forma delicada que me fez sorrir, ela parecia ter medo de me machucar e eu gostava da sensação. Nem nos meus sonhos mais eróticos eu imaginava me sentir da forma como ela fazia com que eu me sentisse. Eu não nego ter me deitado com mais de 20 garotas antes de , mas naquele momento era como se toda minha experiência caísse por chão, eu me sentia tão leigo quanto ela, tão medroso quanto ela, tão sincero quanto ela.
Um misto de coisas passava por minha cabeça enquanto eu retirava seus sapatos, para terminar de arrancar seu vestido que esperava em seus joelhos. Eu sabia que ela estava nervosa, mas eu também estava. Eu quis que ela confiasse em mim, mas de repente eu tive medo de que, se ela confiasse, eu poderia decepcioná-la. Então, talvez se ela não confiasse, eu fosse me esforçar mais e eu já não tinha certeza do que queria ouvir dela, não sabia se deveria questionar qualquer coisa, dizer uma palavra, talvez meu silêncio dissesse muito mais e em melhores palavras.
Eu senti um bolo de saliva me sufocar por um tempo, parado no meu esôfago, decidindo-se entre ir e voltar, quando meus olhos focalizaram sua cintura. Sua feminilidade delicadamente coberta por uma lingerie de renda branca, tão pura quanto o que havia por baixo dela. Eu quis beijá-la inteira, tocar toda parte de seu corpo, mas eu não conseguia me mover e ela muito menos. Eu estava tremendo de medo por ela, temendo desagradá-la, eu não podia fazer isso.
Desabotoei minha calça e eu mesmo a retirei, junto com as meias, eu costumava esquecê-las. Quando me voltei, notei que mantinha a mesma posição, as mãos sem vida sobre a barriga que subia e descia freneticamente em consequência da sua respiração ofegante. Deixei a carteira ao lado do suporte de madeira e apoiei as mãos no colchão, voltando para a posição que me encontrava anteriormente. Meus lábios foram de encontro aos seus e, antes de tocá-los, vi-a fechar os olhos, sorri e lhe beijei.
Senti que ela parou de respirar quando meus lábios tocaram seu seio, eu fechei meus olhos para deixá-la à vontade, como se isso deixasse alguma privacidade para que ela pudesse morder os lábios ou fazer expressão de quem está gostando. Rodeei o bico com a língua, sentindo-o estalar na minha boca. Permaneci beijando-o e fazendo sucções quase imperceptíveis enquanto ela segurava firmemente meus cabelos entre seus dedos finos.
Comecei a livrá-la da calcinha, sua barriga se contraiu sob a minha e depois retornou num ritmo mais rápido. Nossos corpos em total contato me deixavam saber quão nervosa ela estava, e eu tenho certeza de que, se a chuva não estivesse fazendo um barulho tão grande, eu poderia escutar seu coração, não que ele estivesse muito diferente do meu.
Enquanto beijava carinhosamente seu pescoço, eu retirava discretamente minha boxer. Ela estava com os olhos fechados e as palmas pressionadas nas minhas costas. Eu não queria assustá-la com minha ereção, mas foi necessário apenas um esbarrão em seu ventre para que ela enrijecesse no mesmo minuto, prendendo a respiração.

- Tudo bem, amor, não vou machucar você.

Sussurrei em seu ouvido e senti que ela cedeu um pouco à sensação de temor. Passei a palma da mão por sua coxa e fiz uma pressão suave, beijando delicadamente sua orelha. Estiquei-me sem fazer alarde e retirei um preservativo de dentro da carteira, mas foi necessário o rompimento dos beijos para que eu pudesse rasgar a embalagem com os dentes. virou o rosto em minha direção e eu lhe sorri confiante, ela sorriu fraco, sua expressão tensa e excitada foi trocada por uma de susto quando eu comecei a me proteger. Notei que ela tragou algumas vezes em seco enquanto eu me voltava para ela, apoiando meus antebraços na cama, aos lados de seu corpo.
Rocei meu nariz no seu carinhosamente e sorri, distribuindo alguns selinhos em seus lábios entreabertos, por onde escapavam alguns gemidos e a respiração pesada.

- Tudo bem? - Perguntei baixo com os lábios encostados aos seus, ela afirmou com a cabeça. - Está preparada? - Eu perguntei e ela umedeceu os lábios, negando com a cabeça, fechou os olhos.

Comecei novamente a beijá-la e deixei minha mão correr livremente até sua virilha, onde brinquei com as pontas dos dedos até lhe acariciar intimamente. Senti que ela aferrou as pernas na minha cintura para em seguida relaxar pouco a pouco. Eu fazia movimentos circulares com a ponta do dedo e parecia ter encontrado o ponto certo, pois vez ou outra ela estremecia e gemia contra minha boca. Eu não queria deixá-la gozar, isso a assustaria novamente, então continuei com movimentos lentos e ritmados, sem fazer muita pressão.

- Oh, . - Ela murmurou, despregando os lábios dos meus e me fazendo sorrir, enlouquecia-me ouvi-la gemer meu nome.
- Calma, está bem? - Ela assentiu rápido. - Vou ser gentil com você, confia em mim?
- Confio. - Ela sussurrou, apertando os olhos, estiquei minha mão até a sua e entrelacei nossos dedos, erguendo as costas de sua mão pelo colchão e deixando na altura de seu rosto, segurando firmemente sua palma contra a minha.
- Eu te amo. - Disse sincero em tom baixo.

Apoiei meu corpo no antebraço, sem soltar sua mão, e com a outra em liberdade segurei meu membro. Fechei meus olhos, encostando a testa na sua, e encostei a glande em seu clitóris. Senti-a enrijecer de primeiro momento, mas, conforme eu arrastava meu membro por sua feminilidade, ela se deixava acalmar, e acredito que ela estava gostando da carícia.
Enquanto distribuia beijos delicados por seus lábios, eu comecei a penetrá-la, eu estava tremendo, mas não deixei que ela percebesse. Firmei mais minha mão à dela e soltei meu membro que seguia seu caminho, descansando o corpo no outro antebraço e colando nossos troncos. Empurrei um pouco mais e seus lábios se entreabriram sem soltar som algum, seus olhos estalaram e se encontraram com os meus. Ela apertou mais minha mão e eu fiz uma pressão lenta para dentro. gemeu com o cenho contraído, sua respiração arfante batia contra meu rosto, envolvendo-se com a minha, também acelerada. Um grito entrecortado escapou de seus lábios quando eu fiz um movimento decisivo dentro dela, eu lutei contra meus olhos que queriam se fechar, mas permaneci encarando seu rosto. Sua expressão era de dor e eu estava totalmente assustado. Eu senti sua intimidade contrair em torno do meu membro e, por mais que isso me deixasse totalmente louco de tesão, a dor só seria pior para ela se continuasse tão tensa.

- Relaxe, meu amor, não quero te machucar, ajude-me.

Ela me encarava com os olhos arregalados, por um momento eu pensei em acabar de uma vez com aquilo e deixar o resto para outro dia, mas aos poucos seu corpo foi cedendo aos meus movimentos lentos e ela soltou o corpo no colchão, suavizando um pouco a expressão, o que me tranquilizou.
Os movimentos não eram intensos, ao contrário do beijo que trocávamos. Nossos corpos em total contato, o suor escorria por minha testa e pescoço, também percorria por meu abdômen devidamente colado ao dela. Meu membro latejava dentro de , eu sentia que a qualquer momento poderia explodir. Ondas de sensações mútuas e alucinantes percorriam meu corpo enquanto ela gemia baixo com os lábios encostados em meu ouvido, assim como os meus ao dela. Nossas palmas totalmente empapadas de suor ainda estavam coladas, pressionando-se vez ou outra.
Eu estava totalmente enlouquecido de tesão, eu não podia segurar por muito mais tempo, por mais que eu soubesse que aquilo poderia estar doendo um pouco nela, não podia mais deter as estocadas ligeiras e com alguma força, não era por querer, era instintivo. Murmurei seu nome com a voz consequentemente rouca e a ouvi me chamar, quase ronronando, de uma forma que me fez apertar os olhos e retorcer a expressão em puro prazer. tremeu em meus braços e um gemido relativamente alto escapou de seus lábios, foi então que eu me permiti chegar ao orgasmo, logo em seguida do dela. Uma onda de calor percorreu meu corpo e se instalou em minha virilha, expulsando toda minha essência em jatos rápidos.
Permanecemos em silêncio, apenas observando os movimentos que nossos corpos ainda colados faziam por causa da respiração descompassada e ruidosa. Nossas bochechas encostadas e tão suadas quanto nossas mãos. Projetei-me para o lado, soltando sua mão calmamente, e senti minhas costas molharem o colchão enquanto eu encarava o teto. se virou para mim e se aninhou no meu corpo, encolhendo as pernas, suspeitei de dor. Abracei-a e beijei o topo de sua cabeça delicadamente, recobrando aos poucos minha respiração normal.

- Dê-me um minuto, amor. - Pedi, sentando-me e me levantando em seguida.

Caminhei até o banheiro procurando por uma lixeira, mas não havia nada ali. Retirei o preservativo e fiz o devido processo, arremessando-o pela pequena janela do banheiro, depois retornei ao quarto. Confesso que quando eu vi uma leve mancha de sangue no lençol da minha mãe, um susto percorreu meu corpo, mas de repente isso foi substituído por uma emoção estranha. Admito que saber que eu fui o primeiro a tocá-la daquela forma era especialmente bom, eu não saberia definir a sensação que foi ter a certeza daquilo, era como se eu tivesse duvidado de sua pureza todo tempo e a prova estivesse ali, no lençol de seda da minha mãe. Ela me mataria por isso mais tarde.
Vesti minha boxer e notou minha presença, só então abriu os olhos e se virou calmamente na minha direção, sorri abertamente e me sentei na beirada do colchão, passando os dedos por seu rosto.

- Como você está se sentindo? - Eu perguntei realmente curioso, ela sorriu e me deixou segurar sua mão.
- Er, não sei. - Ela disse e corou, eu ri baixo. - Nada virgem, admito. - Eu deixei a risada sair mais alta e ela sorriu.
- Não foi tão ruim assim, não é? - Perguntei na esperança de receber uma resposta positiva.
- Não. - Ela disse e eu sorri. - Você foi maravilhoso, . - Ela disse sincera, olhando-me, eu mordi meu lábio.
- Eu te amo. - Eu murmurei, beijando sua mão.
- Eu também te amo. - Ela disse sorrindo.

Beijamo-nos por um tempo e eu me levantei para buscar os chocolates e refrigerante, já que minha garganta estava escassa. vestiu a calcinha e minha camisa. Retirou a fronha de um travesseiro e cobriu a mancha de sangue no lençol para que pudéssemos nos deitar sem ter que ficar olhando para ela, que, embora não fosse muito grande, não deixava de ser sangue.

- ... - Eu chamei e ela ergueu a cabeça na minha direção. - Vamos no baile de primavera? - Eu perguntei, colocando seu cabelo atrás da orelha, ela contraiu o cenho e respirou fundo.
- Eu vou, mas vou ficar na bancada de votos para o rei e a rainha do baile. - Ela me explicou e eu fiz careta.
- E não pode deixar outra pessoa em seu lugar? - Eu perguntei, fazendo carinho em sua bochecha.
- Posso tentar. - Ela disse, sorrindo. - Não sei por que insistem em fazer votação, todo mundo sabe que a rainha vai ser a Jessica e o rei vai ser você. - Rolou os olhos e eu gargalhei, negando com a cabeça.
- Não quero nem saber disso. - Beijei sua testa e a apertei. - E além do mais, eu vou votar em você, mesmo que você não ganhe, o voto mais importante você tem. - Eu brinquei, fazendo uma expressão convencida e ela riu, dando um tapa leve no meu braço.
- Você não é tão importante assim, . - Fiz uma expressão falsamente surpresa e ela gargalhou. - Brincadeira, o único voto que eu quero é o seu. - Beijou minha bochecha e eu sorri.

Iniciamos um outro beijo e ficamos nos abraçando por um tempo, depois comemos o resto dos chocolates, tiramos fotos com meu celular na frente da lareira semiacesa e bebemos um pouco mais de vinho, e quando nos deitamos para esperar a chuva amenizar, adormecemos abraçados.

- ... Acorde. - Eu a ouvia sussurrar, abri meus olhos sem vontade. - Já são três da manhã, temos que ir. - Eu rolei os olhos e suspirei. - Vamos.

Levantei-me de má vontade e me vesti devagar enquanto ela colocava seu vestido e pegava as coisas espalhadas por ali. Eu retirei todo o gelo da caixa térmica e nós guardamos as louças sujas lá dentro, levamos tudo para o carro, aproveitando a deixa da chuva, e voltamos para casa, infelizmente, pois eu poderia ficar. Ela guardou a rosa dentro da caixa de bombons e a carregou consigo até a porta.

- Vemo-nos amanhã? - Eu perguntei, acariciando sua bochecha.
- Sim. - Ela disse e sorriu. - Você me liga?
- Hum... Passo aqui às 2 ou 3, tudo bem para você? - Ela assentiu e me deixou beijá-la por um momento.
- Tenho que entrar.
- Tudo bem. - Sorri e coloquei as mãos no bolso.
- Tchau, amor. - Mandou-me um beijo e fechou a porta.

Sorri instantaneamente e, enquanto fazia o caminho até o carro, senti algo dentro do meu bolso, alarguei meu sorriso e tirei alguns dos grampos de lá, olhando-os na minha palma para em seguida guardá-los novamente e entrar no carro, indo para minha casa e ansiando pelo próximo dia, pelo próximo encontro, pela nossa próxima primeira vez.


Capítulo 14. "My heart beats faster when you take me over, time and time and again" (Fantasy - Mariah Carey)

[ 's POV - On]

Aquela madrugada foi lenta, eu sentia como se o tempo não passasse, eu queria vê-lo logo outra vez. Sua presença me fazia esquecer o temor por sua ausência, eu não saberia o que fazer se o perdesse e eu sei que o mundo não é bom, eu descobri isso sozinha, as pessoas não pensam pra te fazer mal e passar por cima de seus sentimentos, mas eu, de alguma forma, sempre confiei em .
É fato que ele me pareceu um grande idiota desde que o conheci, todas aquelas brincadeiras sem graça, todas as vezes que ele jogava bolinhas de papel no meu cabelo, ou colocava besouros na minha mochila... Talvez por esse motivo eu nunca me imaginei com ele, eu realmente nunca imaginei que ele pudesse me ver com os olhos que ele me via agora, ou eu achava que sim. Na verdade, eu não achei que fosse me apaixonar, nem beijar tão cedo outra boca depois de James, mas ele chegou tão de repente e tudo aconteceu tão rápido... Rápido demais.
Eu me levantei da cama assim que o primeiro raio solar atravessou a cortina, quebrando o escuro que preenchia o ambiente no minuto anterior. Entre minhas pernas habitava um incômodo constante, não era doloroso, apenas desconfortável. Peguei uma muda de roupas e caminhei sorrateira até o banheiro, não queria despertar meus pais, afinal, eu acordava cedo, mas 6 horas é exageradamente cedo.
Enquanto a água percorria minha pele, aquecendo-a, eu me lembrava das mãos de que exerceram o mesmo papel na noite anterior, ele havia sido incrível, eu não sei se alguém poderia ser melhor, tudo o que pesquisei sobre isso me revelou histórias horripilantes de dor e sangramento intenso, vez ou outra eu encontrava contos que me faziam enjoar, mas agora tudo me parecia bem mais claro. Eu sabia o que era sexo, eu tinha feito amor e não me parecia nem mesmo um pouco ruim agora. Embora a dor tivesse realmente sido grande, eu estava ansiosa pela próxima vez, eu queria sentir tudo novamente, eu queria conhecer aquele universo tão distante do meu, era meu ticket de entrada.
Aquele foi, de fato, o banho mais longo da minha vida, meus dedos estavam enrugados e ligeiramente dormentes enquanto eu me vestia. Coloquei um moletom qualquer, não iria sair àquela hora. Sequei meus cabelos e os prendi num rabo de cavalo enquanto passava os olhos por meus livros novos, pensando em qual começaria a ler, me senti instigada por um deles e cheguei a me deitar para ler, mas, ainda no primeiro capítulo, ou melhor, na primeira página, desisti. vagueava por minha cabeça, seu sorriso, seu perfume, seus braços, suas mãos, seu beijo. Tudo nele me mantinha totalmente enfeitiçada, cedida.
Novamente me levantei, mais enteadiada do que anteriormente, e liguei meu notebook. Normalmente eu pesquisaria sobre a faculdade para a qual queria entrar, mas daquela vez eu não consegui prestar atenção em absolutamente nada do que lia. Pesquisei sobre produtoras enquanto baixava algumas músicas, li alguns fóruns sobre relações sexuais, pois eu não queria parecer uma boba todas as vezes que ele tirasse minha roupa, não que eu quisesse parecer experiente quando ele sabia que eu não era e não parecia se importar com isso, mas eu não precisava parecer uma beata.
Tomei o café junto com meus pais e, finalmente, o relógio marcou dez horas; peguei minhas coisas e saí de casa. Eu e Ryan tomamos um ônibus e eu o deixei na escola de futebol, para em seguida ir ao ballet, onde passei minhas horas até meio dia e meio. Papai passou para nos pegar, tomei outro banho, desta vez mais rápido, pois meus pais me esperavam para o almoço. Eu estava constrangida com as perguntas frequentes sobre o jantar da noite passada. Meu pai queria saber sobre a família de e, bom, não tínhamos realmente jantado com eles, então eu era obrigada a mentir e me sentia estupidamente mal com isso.
Ryan insistiu por um tempo e nós fomos para a sala assistir O Irmão Urso; por mais apaixonada que eu fosse pelo filme, eu novamente me encontrava dispersa, com os olhos hesitantes eu olhava o relógio digital sobre a tv. As horas pareciam não passar, mas quando os números vermelhos anunciaram 2:30 eu saltei do sofá e avisei que iria sair com , ouvi meu pai murmurar algo em tom de preocupação enquanto subia rapidamente as escadas até meu quarto. Retirei o moletom e, como de costume, coloquei uma camiseta simples e um macacão, eu gostava desse tipo de roupa. Escovei os dentes, coloquei meu all star por cima das meias brancas curtas e soltei meu cabelo, penteando devagar. Fiz um rabo de cavalo alto e arrumei minha franja antes de borrifar um pouco da minha colônia amadeirada e me sentei na cama, esperando ansiosamente o soar da campainha.
Olhei para o relógio prata em meu pulso e constatei que já passava das três horas, minhas pernas se moviam frenéticas, por que demorava tanto? Eu precisava vê-lo! Mais alguns minutos de tortura e finalmente ouvi a campainha preencher todos os cômodos duas vezes consecutivas. Meus pés me levaram rapidamente escadaria abaixo, gritei a meus pais que estava saindo enquanto girava a chave para destrancar a porta, abrindo-a em seguida. , que estava de costas, se virou pra mim e sorriu desconcertado, passando a mão pela parte de trás da cabeça e erguendo os cabelos desajeitadamente.

- Desculpe o atraso. - Ele disse com uma expressão fofa de culpa, sorri e encostei a porta atrás de mim.
- Não importa, você está aqui. - Eu disse me acercando, ele sorriu e deixou o alívio invadi-lo, pude ver isso através de seus olhos.

Seus braços me envolveram pela cintura e eu me ergui na ponta dos pés para beijá-lo, não nos demoramos, já que meus pais estavam na janela e eu pude perceber que ficou bastante tenso ao notar. Fomos caminhando pela calçada enquanto ele me explicava o motivo da demora. Estava sem carro naquele dia, seus pais decidiram ir cada um para um lado e ele teve de emprestar o carro à mãe. Não me importei de ir caminhando, eu gostava da sensação de segurar sua mão.

- Hm, quer sorvete? - Ele perguntou quando ainda faltavam alguns quarteirões até sua casa.
- Quero. - Eu disse simplesmente.
- Então, aí o me disse que vai para Londres e vai tentar conseguir algo, ele tem alguns parentes por lá... - Ele me contava enquanto atravessávamos a rua. - Vai ser bom se der certo. - Eu concordei com a cabeça enquanto ele empurrava a porta da sorveteria, me trazendo ao seu lado.
- Vai dar certo. - Eu disse confiante, pressionou meus dedos e eu automaticamente me virei para onde ele olhava, , e estavam sentadas em uma das mesas, nos encarando.
- Acho melhor deixar o sorvete. - Ele murmurou olhando pra mim.
- Eu acho melhor ignorarmos elas. - Eu disse, puxando-o até o balcão. - Está calor e eu quero sorvete. - Resmunguei feito uma criança, riu e me abraçou por trás enquanto nossos olhos corriam pelo letreiro. - Eu quero uma... Cestinha. - Eu disse entusiasmada e ele riu próximo ao meu ouvido, sua rouquidão provocou um espasmo rápido e eu me encolhi em seus braços.
- Pode escolher o que quiser. - Ele disse fazendo carinho em meus braços.
- Er... - Eu resmunguei tentando me concentrar no letreiro. - Pistache e... E... Creme holandês. - Relaxei no abraço e retirou uma das mãos do meu braço para chamar a garçonete.
- Uma casquinha de uva pra mim e uma cestinha de pistache e creme holandês pra minha namorada. - Eu trinquei meus dentes ao notar a expressão de desdém da moça diante do que disse, ele beijou meu ombro e se colocou ereto, ainda me abraçando.
- Ora, ora. - Ouvi a voz de e virei meu rosto em sua direção, bufou e meu coração disparou, não queria a presença dela.
- Oi. - Eu disse simplesmente, fingindo indiferença, se remexeu desconfortável.
- Não vai me apresentar o novo namorado, ? - Ela perguntou e eu a encarei com indignação.
- Não. - Eu disse e afrouxou o abraço, se afastando um pouco de mim.
- Bom, acho que não precisa, não são namorados, são? - Eu a encarei e entrelaçou os dedos aos meus.
- Sim, somos namorados, . - disse impaciente.
- Uh, não aja como se me conhecesse, mocinho. - Ela disse e eu intercalei meus olhos de um para outro.
- Eu te conheço o suficiente. - Ele disse e eu deduzi que ele estivesse sendo rude por eu ter contado o que ela havia feito. - Seu sorvete, amor. - Ele disse soltando minha mão.
- Amor? Que termo fofo para um namorinho de mentira. - A encarei incrédula enquanto podia ver pelo canto dos olhos retirar o dinheiro rapidamente da carteira, eu podia jurar que ele estava tremendo.
- Me faz um favor. - Eu pedi e ela me olhou. - Se mantenha longe de mim. - Eu disse firme, ela tragou a saliva e pegou seu sorvete, colocando a mão em minha cintura e tentando me levar pra fora.
- Eu acho que você deveria pedir isso a ele. - Apontou pra e sorriu sarcástica.
- Diferente de você, a intenção dele não é acabar com a minha vida. - Eu disse segura, ela negou com a cabeça.
- Não tenha tanta certeza.
- Vamos logo, . - murmurou irritado e eu o segui.
- , conte a ela como esse amor incondicional começou! - Eu a ouvia gritar enquanto saiamos da sorveteria.
- Odeio quando ela se mete na minha vida. - Eu resmunguei, remexendo no meu sorvete.
- Esquece isso. - Ele murmurou e beijou minha cabeça. - Toma seu sorvete e esquece isso. - Ele disse abraçando minha cintura e caminhando ao meu lado.
- Você não se importa de ela ficar tentando te irritar, sim? - Olhei pra ele que sorriu e negou com a cabeça rapidamente.
- Não enquanto você não se importar.

Eu sorri satisfeita com a resposta e devolvi a atenção para meu sorvete. não parecia o mesmo de antes de entrarmos na sorveteria, ele costumava falar muito, mas de repente ficou extremamente quieto. Chegamos na sua casa alguns minutos depois e subimos até seu quarto, ele pediu que eu ficasse à vontade e lhe desse um minuto, ele entrou no banheiro e eu me sentei em sua cama. Fiquei brincando com os dedos enquanto o esperava retornar, o que levou algum tempo. estava com a franja molhada e os cabelos da nuca também, deduzi que tivesse lavado o rosto.

- Está se sentindo bem? - Eu perguntei quando ele se sentou ao meu lado, procurando pelo controle da tv.
- Sim, amor, por quê? - Olhou pra mim e eu dei de ombros.
- Parece um pouco preocupado.
- Me desculpa, fiquei um pouco irritado com o que rolou na sorveteria. - Ele disse e eu assenti.
- Não se preocupa com ela, só está tentando fazer com que eu me afaste de você, isso não vai acontecer. - Eu disse, colocando a mão em seu rosto, ele me sorriu fraco e fechou os olhos, depositando um beijo na minha palma.
- Eu tenho rezado toda noite para que isso não aconteça. - Ele confessou sussurrando e ruborizou ligeiramente, eu encostei meus lábios em sua bochecha.
- Deus tem escutado suas preces. - Sorrimos e nos entreolhamos.

virou um pouco o rosto na minha direção e nós nos beijamos por um tempo, na mesma posição em que estávamos. Rompemos o gesto já sem muito fôlego. Ele disse que ia preparar a pipoca e que enquanto isso eu escolhesse o filme. Seu quarto não era nada organizado, mas eu gostava da sua bagunça. Escolhi "The Notebook", eu realmente não costumava assistir a filmes românticos, mas havia muitas exceções se abrindo na minha vida, qual o problema em ver algo menos científico?
entrou no quarto e encostou a porta com o quadril, já que trazia a tigela de pipoca, a garrafa de refrigerante e ainda dois copos. O ajudei e, com uma das mãos agora livres, ele trancou a porta do quarto. Fiquei feliz em não me sentir ameaçada ou coisa do tipo, eu não estava tensa. Nos sentamos na cama e nos encostamos na cabeceira. brincava com meus pés entre os seus enquanto assistiamos ao filme abraçados, trocávamos beijos durante um tempo, nada além disso.
Sabe o tipo de coisa que você vê acontecer com todos, mas que você nunca espera acontecer com você um dia? Naquele dia eu me sentia realizada, com direito a pipoca na boca e cócegas, eu estava tão satisfeita que, no banheiro, me peguei com vontade de chorar de felicidade. Não o fiz. Após aliviar a bexiga, desajeitadamente usei o bidê, seria mais higiênico se viesse a acontecer algo.

- Vai chover de novo. - O ouvi dizer quando saí do banheiro, o tempo estava escuro e eu podia jurar que já estava anoitecendo.
- É, pelo jeito sim. - Eu respondi caminhando até ele.
- Você tem hora pra ir pra casa? - Ele perguntou, esticando os braços para eu me sentar com ele.
- Não sei, meu pai não disse. - Respondi e dei de ombros.
- Se quiser, ligue pra ele, diz que vamos esperar minha mãe chegar com o carro pra eu poder te levar. - Ele me disse enquanto me abraçava.
- Mais tarde eu ligo. - Respondi sorrindo.

me encarou por um instante e se inclinou até alcançar meus lábios, brincando com eles nos seus até iniciar um beijo e me fazer fechar os olhos por automaticidade. Descansei minha mão entre seu ombro e peito enquanto meu outro antebraço se encontrava embaixo da sua cintura, num espaço vago entre a cabeceira e ela. Um de seus braços estavam em torno dos meus ombros, enquanto com a mão livre ele passava os dedos desajeitadamente por meu rosto. não parecia o tipo de garoto delicado, mas ele estava se esforçando, eu gostava disso.
Meu coração disparou inconscientemente quando seus dedos mornos tocaram minha nuca e rapidamente se enroscaram por baixo do meu rabo de cavalo. Eu nem mesmo havia percebido, mas a intensidade do nosso beijo aumentara e o fazia sucessivamente. A língua de era ávida, morna e úmida, e eu gostava quando ele pincelava ela na minha, eu tinha vontade de sorrir.
Ao invés de me deitar, como no dia anterior, me puxou e aos poucos me sentou ao seu lado, eu demorei a entender o que ele queria, mas deixei que ele me guiasse até seu colo. Aquela era uma posição confortável, eu gostava dela e parecia gostar também. Suas mãos faziam uma pressão gostosa das minhas costas, nossos corpos estavam colados e eu imaginei como seria bom se estivéssemos sem roupas, fiquei um pouco constrangida comigo mesma por ter pensado nisso, mas me permiti no segundo seguinte. Não conseguia ver mal algum quando se tratava de mim e .
Seus lábios despregaram dos meus e ele deu um beijo úmido no meu queixo, depois o segurou com os dentes e sorriu com os olhos fixos nos meus, também sorri. Uma onda de calor invadiu meu corpo exatamente ao mesmo tempo que um arrepio intenso quando seus lábios se encaixaram no meu pescoço, depositando um beijo morno, seguido de outros na mesma temperatura. Meus olhos pesaram e deram uma volta antes de se fecharem. O abracei pelos ombros e brinquei com seus cabelos, notei que isso o incentivava e continuei o carinho, enrolando algumas mechas entre meus dedos.
Seus dedos percorreram minha cintura, adentrando minha camiseta. Minha pele se eriçou intensamente, tanto que meus seios chegaram a reclamar. Parei com o carinho que antes fazia para apenas segurar seu cabelo firmemente enquanto sentia seus dentes brincando com o lóbulo da minha orelha, passando vez ou outra a língua por trás dela, gesto que me fazia estremecer. As palmas de , nada discretas, passeavam livremente por minhas costas, tateando minha pele nua por debaixo da camiseta, eu queria que ele retirasse a peça e queria fazer o mesmo com a dele, a sensação de sentir sua barriga encostada na minha era irresistível.
Soltei seu cabelo e escorreguei as mãos por seus braços, segurei a barra de sua camiseta branca simples e comecei a puxá-la pra cima, sorriu contra meu pescoço e ergueu os braços para me ajudar, em seguida retirou a camiseta das minhas mãos e jogou ela do outro lado do quarto. Sorrimos com o nariz encostado e retomamos o beijo. As mãos de se instalaram em minhas coxas, subindo e descendo elas por ali, fazendo pressão com os dedos nas laterais e por baixo delas.
Meus dedos correram por seus ombros e dedilharam seu peito, ele não era totalmente definido, mas sua pele era brevemente rígida. Colei minhas palmas em seu tórax e desci por sua barriga, sentindo-o se encolher um pouco e mordiscar meu lábio de um jeito que me fez gemer baixo. segurou as alças do suspensório e as baixou pelos meus braços, me fazendo retirar as mãos de sua pele para ajudá-lo.
quebrou o beijo e deslizou os lábios entreabertos pela minha garganta, me fazendo deitar parcialmente a cabeça pra trás e apertar os olhos. Suas mãos desajeitavam e erguiam minha camiseta, eu estiquei os braços e ele terminou de retirá-la. Um pouco envergonhada pela claridade e pelo meu corpo imperfeito, me abracei a ele, sem dar tempo para que ele reparasse em mim. Um espasmo percorreu meu corpo quando seus dedos percorreram minhas costas nuas, exceto pelo sutiã, que logo faria o mesmo caminho que o resto de nossas roupas.
Os lábios macios e entreabertos de fizeram caminho pelo meu colo até meu seio, o aninhou carinhosamente na boca e ao primeiro roçar de sua língua, deixei escapar um gemido nada baixo de surpresa e excitação. sorriu contra minha pele, mas continuou o que fazia delicadamente. Eu não sabia o que fazer, então apenas agarrei seus cabelos, descontando ali o misto de sensações mútuas que eclodiam em meu corpo, deixando-o nocivamente aquecido.
Seus dedos cheios de perspicácia desabotoaram meu short, com os lábios brincando em meu mamilo, sugando-o e lambendo-o ao mesmo tempo. Eu não sabia de fato o que estava acontecendo, eu estava pesada e minha pele latejava, especialmente em um ponto ou outro. Eu não fazia idéia de como iria retirar meu short, mas eu queria que ele desse um jeito e eu não precisasse pensar, pois meu raciocínio estava totalmente falhado.

- Levanta pra mim, amor. - Ele me pediu no ouvido num timbre grave e rouco, me aferrei a ele. - Hm? Me ajuda.

Me afastei de má vontade e me levantei na cama. me olhou e sorriu admirado como se eu fosse realmente um monumento. Com os dedos enroscados no cós do meu short, ele o levou pra baixo, revelando minha calcinha de malha sem costura. Me encolhi um pouco e me sentei novamente em seu colo. me observou por um momento para começar a me beijar no minuto seguinte.
Suas mãos percorriam meu corpo com urgência, massageando minha pele entre os dedos levemente suados. Eu havia desabotoado sua calça, mas não conseguia pensar numa maneira ágil de arrancá-la com nossos corpos tão bem encaixados. Eu não precisei me esforçar, o fez sozinho, um pouco desastradamente, mas parecia realmente satisfeito quando se viu apenas com a boxer xadrez.
Ao sentir novamente o volume rígido pressionado entre minhas pernas eu deixei um gemido ansioso escapar, movendo o quadril em busca de todas aquelas sensações que eu sabia que aquilo poderia despertar em mim. segurou minhas nádegas e apertou entre os dedos, respirando pesado no meu ouvido enquanto beijava minha orelha. Senti seus polegares passando por minha virilha e estremeci de antecipação pelo que viria a seguir; como eu havia previsto ele passou seus dedos por minha feminilidade, indo e voltando algumas vezes sobre a calcinha que parecia ligeiramente úmida.
A fim de retribuir o carinho que comecei a ganhar, agora com os dedos habilmente colocados pela lateral da minha calcinha, baixei o elástico de sua boxer e, sem qualquer jeito, segurei seu membro, ele pulsou e eu apertei com alguma força. A cabeça dele caiu pesada pra trás, um ruído grave e baixo escapou por seus lábios. Eu o acariciava, subindo e descendo devagar, sentindo seu órgão morno e rígido contra minha palma. mordeu o lábio e gemeu baixo, se colocando novamente em posição ereta para me olhar. Nos encaramos de perto e sorrimos entorpecidos enquanto nos acariciávamos, nos conheciamos intimamente.

- Coloca ele em você, amor. - Ele pediu e eu o encarei confusa e confesso, um pouco assustada.

não esperou que eu questionasse, apenas envolveu meus dedos junto a seu membro e encostou a ponta dele em minha feminilidade, aquele gesto me fez trincar os dentes. Um calor envolveu toda minha virilha enquanto roçava lenta e atenciosamente nossas intimidades. Eu estava totalmente arfante e meu coração disparava a cada movimento, chegando a bater tão rápido que por vezes eu pensava não estar mais sentindo-o.

- Não aguento mais. - disse entredentes, parecendo concentrado.
- o quê? - Perguntei ofegante, sentindo minha intimidade pulsar, ansiosa pelos próximos passos.
- Você está pronta? - Ele perguntou me encarando preocupado, eu assenti sincera e ele suspirou em alívio.

não prolongou o momento, em poucos segundos pegou o preservativo no criado mudo e o colocou com agilidade. Eu o observava respirando rápido, o nervosismo aflorando pouco a pouco, ele me encarou e nós nos entreolhamos confusos, foram os dois segundos mais constrangedores da minha vida.

- Quer deitar? - Ele perguntou com a voz entrecortada, dei de ombros. - Quer tentar assim? - Eu nada respondi, queria que ele decidisse por mim ao mesmo tempo que queria permanecer nessa posição.
- Eu não sei bem como fazer isso. - Eu disse e ele sorriu segurando minha cintura.
- Eu vou te mostrar como.

Com os joelhos apoiados no colchão e a cintura de entre eles comecei a me abaixar, eu estava nervosa e envergonhada por minha inexperiência, eu não queria que ele precisasse me dizer o que fazer. Eu senti a glande dele se encaixar na minha cavidade e o olhei com certo desespero, sorriu e beijou meus lábios me pedindo para relaxar. Não era como se fosse automático, mas me ajudou bastante a forma como ele me olhava confiante, tentando não machucar os próprios lábios com a força que o prendia entre os dentes.
A penetração foi dolorosa e assim que o guardei todo dentro de mim, me deixei pesar sobre seu colo, abraçando-o pelos ombros e gemendo baixo em seu ouvido. segurou meu quadril e afastou mais minha calcinha, deveria estar atrapalhando-o, não a mim, definitivamente nem a sentia mais.

- Sobe e desce pra mim, amor. - Ele pediu no meu ouvido e eu rolei os olhos, por que diabos sua voz tinha de ser tão gostosa de ouvir?

Nos primeiros movimentos eu ainda podia sentir um resquício de dor, mas aquilo estava se tornando muito prazeroso. Conforme eu subia e descia, nossos corpos se roçavam, ambos estávamos quentes e com os poros eriçados. Eu não sabia onde colocar as mãos, mas parecia decidido a apertar meu quadril.
Eu podia ouvi-lo respirar pesado e ruidosamente, tanto quanto eu. Vez ou outra ele murmurava coisas como "isso" Nossos movimentos ganhavam ritmos, minhas unhas não muito compridas estavam cravadas na pele de seus ombros avermelhados, assim como seu peito, pescoço e testa, onde algumas veias pulsavam visivelmente, sendo contornadas por gotas de suor densas como as que corriam por meu corpo.
Em meio a um movimento despropositalmente sinuoso com o quadril, gemeu e me apertou com mais força, eu repeti o gesto notando a forma como ele parecia gostar. Sua expressão era indescritível, parecia sentir dor, mas eu sabia que estava tão extasiado quanto eu. Fiz aquilo mais vezes e começou a surtir um efeito incrível dentro do meu corpo, como se ondas de calor explodissem em cada canto dele. Descargas elétricas estouraram e me fizeram estremecer, então novamente aquela sensação estranhamente maravilhosa fez com que todo meu corpo enrijecesse e, no segundo seguinte, relaxasse dormente sobre o de , ele estava largado sobre a cama com os olhos fechados, um sorrisinho sapeca de satisfação curvou seus lábios e eu sorri, deitando o rosto em seu ombro enquanto ele me envolvia em seus braços quentes e úmidos de suor, como o resto de nossos corpos.

- Você é incrível, menina. - Ele disse e eu senti uma maior quantidade de sangue estacionar nas minhas bochechas. - Meu Deus, você é incrível. - Ele repetiu e eu ri baixo, constrangida.

Não sei ao certo quanto tempos ficamos abraçados, mas o desespero foi mútuo quando ouvimos toques na porta. O mais rápido que pude, recolhi minhas roupas e corri pra dentro do banheiro, se vestia tão rápido quanto eu.

- Oi, mãe. - O ouvi enquanto me vestia, arfando.
- Por que demorou? E por que trancou a porta? - Ela perguntava, mordi meu lábio e passei as mãos pelos cabelos que se soltavam do rabo de cavalo.
- Eu e a estávamos assistindo filme, acabamos pegando no sono, por isso eu demorei. - Ele explicou enquanto eu refazia o penteado e tentava normalizar minha respiração.
- E onde ela est... - Antes que ela terminasse eu saí do banheiro com os braços cruzados e minha melhor falsa expressão de sono.
- Boa noite, senhora . - Eu disse constrangida, ela me sorriu.
- Boa noite, querida. - Ela dizia carinhosa enquanto trocávamos dois rápidos beijinhos na bochecha.
- , acho melhor eu ir, pegamos no sono, meus pais devem estar preocupados.
- Tudo bem, amor, eu vou só colocar tênis e te levo.
- Ok, vou calçar meu tênis também. - Eu disse me virando pra procurar os mesmos.
- Bom, vou tomar um banho, está esfriando. - Senhora disse e eu me voltei pra ela. - Fique à vontade pra voltar sempre. - Ela disse e eu sorri.
- Obrigada, voltarei. - Eu disse e ela piscou.
- Até mais, então, tchau. - Acenou e eu acenei de volta, vendo-a se afastar da porta.
- Ufa. - Suspirei e deu risada, me abraçando por trás e fechando a porta.
- Quer mesmo ir embora? - Perguntou me virando de frente pra si e recostando meu corpo na porta.
- Eu tenho que ir. - Sussurrei com seus lábios encostados aos meus, sorrimos fraco e nos beijamos por pouco tempo.

me levou pra casa e disse que passaria na minha casa no dia seguinte. Era nossa semana de provas e eu não havia estudado absolutamente nada no fim de semana, mas eu, de alguma forma, sabia toda a matéria, ao contrário dele, e isso sim me preocupava. Ficamos um tempo conversando no carro e mais um tempo pendurados no telefone antes de dormir.
Eu estava feliz, feliz como não estive durante muitos anos. Eu estava me permitindo sentir isso e eu esperava não me arrepender por estar me entregando a ele. Se não fosse com ele, eu não queria que fosse com mais ninguém, ele era o garoto que eu queria pra mim e todo tempo que eu duvidei disso e senti repulsa por suas atitudes me deixava envergonhada agora, eu o amava como nunca achei que alguém pudesse amar , que grande ironia.



Capítulo 15. "One thing I can say, girl, love you all the time" (Eight Days A Week - The Beatles)

[N/A: hey, gatas, sugestão de música para carregar, assim que aparecer o nome da música na fic, pode soltar ;)]

Aquele foi sem dúvida um dos melhores fins de semana da minha vida, eu nunca imaginei que alguém pudesse causar aquela sensação de plenitude em mim. Eu jurava que sabia o que era satisfação, ledo engano, eu só soube o real significado dessa palavra naquele domingo. era a garota mais linda do mundo, a melhor de todas elas. Basta fechar os olhos para que esse ato me remeta ao seu perfume, como se ela estivesse bem aqui, entre meus braços. Não é necessário muita concentração para que as imagens de seu corpo suado e eriçado se projetem em minha mente. A forma como ela deitava a cabeça pra trás e gemia baixo entre os dentes trincados, o movimento de seus seios, suas coxas tão quentes como nenhuma outra. Deus do céu, aquela garota estava me enlouquecendo!

- , hoje eu vou direto pra sala, preciso revisar a matéria. - Ela me disse quando entramos na escola.
- Tudo bem, pequena. - Eu disse e ela me sorriu.
- E vê se não demora pra entrar, tenta estudar um pouco. - Ela me disse e eu beijei seus lábios.
- Não posso mentir pra você. - Eu disse debochado e ela rolou os olhos, rindo.
- Não me peça ajuda nos exames, mocinho. - Ela brincou e fez uma carinha sapeca, eu dei risada e a abracei pela cintura.
- Você não me ajudaria? - Perguntei num falso tom de surpresa.
- Não, nem te conheço, aliás, me solta. - Ela disse rindo enquanto eu plantava alguns beijos no seu rosto.
- Hey, vocês dois, não é permitido esse afeto excessivo nos corredores da escola. - Os olhos de saltaram e ela se soltou devagar de mim, eu ri para a coordenadora que negou com a cabeça com um meio sorriso.
- Te vejo no intervalo? - Perguntei, passando o polegar na sua bochecha.
- Sim. - Olhou para os lados se certificando de que a coordenadora não estava por perto, mas ela estava, suspirou frustrada, se ergueu na ponta dos pés e beijou a ponta do meu nariz, saíndo em seguida.
- Hey! - Gritei, ela virou seu rosto em minha direção. - Eu te amo!

Os murmúrios pelo corredor foram intensos, ruborizou e sibilou "eu também", acenamos um para o outro e eu sai na direção contrária, me dirigindo até o pátio para encontrar com os guys. Como era de se esperar estava estudando, estava tentando tirar sua concentração enquanto se desesperava por não saber nada. Eu me encaixava perfeitamente no grupo, eu não estudava, não atrapalhava ninguém e também não me desesperava por não saber nada, era tudo o que eles precisavam; e quando eu digo que eu sou a alma da banda eles me xingam.

- E aí, putas? - Eu chamei, chacoalhando pelos ombros e me sentando ao lado dele, que reclamava baixo.
- E aí, cara? - disse, desviando a atenção do livro. - Como foi o fim de semana? Você sumiu! - Ele disse colocando o material sobre a mesa e apoiando os antebraços em seguida.
- Meu fim de semana foi perfeito! - Eu disse animado, tamborilando a palma das mãos sobre a mesa, eles se entreolharam e me olharam em seguida.
- Naaaaah, não é o que eu to pensando, é? - perguntou malicioso e eu dei de ombros rindo. - Ah, não pode ser, vocês transaram?
- Duas vezes. - Mostrei os dedos e eles me encararam com descrença.
- Ahhhh?! - resmungou, abriu a boca e apenas ria baixo.
- E aí, como foi? - perguntou entusiasmado.
- Cara... - Eu umedeci os lábios e neguei com a cabeça, depois dei risada. - Foi demais... Foi demais! - Eu exclamei debruçando na mesa.
- Demais como? Afinal, ela era virgem e tudo mais. - fez careta. - Tinha sangue?
- Tinha, cara, tinha um pouco. - Concordei e dei de ombros. - Mas... Dudes... Ela é perfeita, ela é... incrível. - Eu dizia em um tom deslumbrado que os fazia rir.
- Você 'tá meio gay. - Eu ri e dei de ombros.
- Foi legal. - Eu disse, por fim.
- Pelo menos valeu à pena todo esse mico que você pagou na frente de todo mundo, não é? - disse despedaçando uma folha, eu o encarei.
- Eu não fiz isso pra me recompensar de qualquer coisa, eu gosto dela. - Eu disse seguro, eles me olharam e depois de um tempo se disperçaram as atenções. - Eu vou mostrar a f... - Olhei pra porta ouvindo o sinal soar. - Depois eu mando, vou entrar que é prova! - Gritei levantando.
- E você é o único otário que fica animado com isso. - dizia vindo atrás de mim.

Seguimos para sala e o único que fazia aula comigo era . Enquanto a professora entregava as provas e explicava sobre alguma coisa que eu não queria saber enviei as fotos pro celular do meu amigo, o encarei de esguelha e notei a supresa espantada em seus olhos, nos entreolhamos e sorrimos maliciosos. Eu ainda era um garoto e ele ainda era meu amigo, não tinha porque esconder o que havia acontecido e não necessariamente contaria os detalhes.
Desviei os olhos do celular para a prova sobre a mesa, rapidamente pedi uma folha a mais para rascunho e comecei a ler minha prova, eu sabia... Nada? Olhei para os lados e mordi o lábio, olhei pra minha prova outra vez.

- Professora, me explica essa primeira? - Eu pedi e ela se virou pra mim.
- Qual a sua primeira, ? - Questionou cruzando os braços.
- Er... "No início da Idade Moderna, no contexto do movimento Renascentista, pode-se observar". - Ergui minha cabeça.
- O que você não entendeu? - Ela perguntou confusa e eu prendi o riso.
- Quando iniciou a idade moderna? - Formulei uma pergunta qualquer, eu não queria mesmo saber isso.
- Meu Deus. - Ela resmungou me olhando surpresa. - , como pretende fazer essa prova se não sabe quando iniciou nem mesmo a idade moderna? - Eu dei de ombros.
- Tem essa pergunta na prova? - Ela negou com a cabeça. - Então eu não preciso saber isso.
- De qualquer forma foi do século XV ao XVIII, foi um período de transição, falei disso na aula passada.
- 'Tá, valeu. - Eu disse e baixei a cabeça.
- Alguém me empresta a B-borracha? - Alexa gritou e eu prendi o riso, assinalando a alternativa B.

Bom, essa era a forma que fazíamos a maioria das provas, tudo muito bem articulado, exceto quando se tratava de questões dissertativas ou exatas, já que não era permitido apenas assinalar a resposta, tinha de fazer o exercício, por isso na maioria das vezes eu bombava em matemática e física. A segunda aula era lingua Inglesa e eu não fui tão mal, na verdade, eu fui, de oito questões eu respondi apenas as quatro que eram objetivas, eu teria a metade da nota, melhor do que em química que eu fiz só o exercício de verdadeiro ou falso e não consegui conferir a sequência na prova do Peter. Saí da sala e deixei minha mochila no armário para seguir até o bloco onde ficavam os laboratórios, se eu não estava errado deveria estar fazendo sua prova de biologia lá.
Antigamente eu achava que nerd era o que saía primeiro, mas minha teoria se desfez quando eu vi que todos os mais burros estavam saíndo e ainda estava lá dentro, na verdade, ficaram apenas três pessoas lá dentro até soar o sinal, eu já estava criando raiz.

- Já não era sem tempo! - Reclamei quando ela saiu da sala, Billy vinha em seu encalço, arqueei a sobrancelha e me levantei do chão, caminhando até ela.
- Desculpa, amor, eu estava tentando fazer o último excercício. - Ela explicou enquanto eu encarava Billy com uma expressão nada gentil. - ?
- O que você quer? - Perguntei vendo que ele estava parado ao lado dela.
- ! - Ela me repreendeu.
- N-nada não. - Ele disse rápido, baixando a cabeça e saíndo.
- É, vai embora, otário. - Gritei vendo ele virar o corredor, segurou meus pulsos e me fez voltar a atenção pra ela.
- Não fala assim com ele, , ele não te fez nada. - Ela disse pesarosa. - Eu ía ajudar ele com a matéria, você o assustou.
- Que ajudar o quê. - Eu resmunguei e ela riu negando com a cabeça.
- Que bobo! - Ela disse passando os dedos na minha bochecha.
- Vem, vamos deixar seu material e comer alguma coisa. - Eu disse segurando sua mão e puxando-a para fora dali.

falou o caminho todo sobre meu comportamento, eu gostava de receber bronca dela, era divertido. Ela disse não estar com fome, então eu comprei uma lata de refrigerante para dividirmos e saí no gramado. A reação das pessoas não era mais de surpresa, acho que aos poucos todos iam se acostumando com nosso relacionamento.

- O que vai fazer à tarde? - Eu perguntei, temendo que ela dissesse que iria ajudar aquele nerd a estudar.
- Hm, sexta-feira eu tenho festival de danças e, como não tenho tido tempo pra ensaiar com as garotas, eu vou na academia hoje à tarde. - Ela explicou e eu fiquei aliviado.
- Um festival? - Perguntei, deixando que ela me guiasse pelo corredor.
- É, temos um tema cada ano, então cada turma cria três coreografias e se apresenta dentro desse tema. - Ela explicou abrindo uma porta pela qual eu nunca tinha passado.
- Hm, e qual o tema? - Perguntei olhando curioso em torno de mim, me trazendo para salinhas escuras?
- O circo. - Ela disse soltando minha mão, acompanhei ela caminhar até o canto da sala e levitar... Ah, sem levitação, era só uma escada. - Vem. - Ela chamou.

A segui pela escada em silêncio, confuso. Uma fresta de luz invadiu quando puxou uma segunda escada de ferro e abriu uma porta no teto, contraí o cenho subindo em seu encalço. Senti uma rajada de vento desordenar meu cabelo logo que coloquei o rosto para o lado de fora. caminhou até a beirada do terraço e se sentou, encostando-se à parede.

- Uow. - Sibilei enquanto me aproximava da beirada, apoiei os braços e debrucei, olhando quão alto era. - Você costuma vir aqui? - Perguntei, me soltando e me virando para ela, que estava brincando com os próprios dedos.
- Sim, na maioria das vezes que não estou no pátio. - Ela disse, voltando o rosto pra mim, sorri e me sentei ao seu lado.
- Legal aqui em cima. - Eu disse, passando o braço por trás de seus ombros.
- Não conta pra ninguém. - Ela pediu e virou o rosto em minha direção.
- Ninguém sabe? - Eu perguntei, contraíndo o cenho.
- Não sei se alguém sabe, eu nunca encontrei ninguém aqui e nem gostaria de encontrar, se um dia precisar ficar sozinha. - Ela explicou e eu assenti.
- Tudo bem, segredo nosso. - Sorri e selei meus lábios aos dela, pensei em apartar o beijo, mas não tive coragem, ela fechou os olhos e eu a beijei.

colocou a mão na minha nuca e abriu espaço para minha lingua encontrar-se com a sua, um arrepio estranho e gay subiu por minha espinha e se instalou de forma espaçosa em meu estômago. Eu gostava daquelas sensações, por mais que elas me assustassem na maioria das vezes. Me virei parcialmente pra ela, deixando uma perna esticada e a outra flexionada ao apoiar meu pé no chão. Levei a mão livre em sua cintura e senti seus braços envolverem meu pescoço. Nossos lábios se fundiam com uma urgência que eu não esperava da parte dela, sorri um pouco por isso, mas fui interrompido quando ela mordiscou desajeitadamente meu lábio, puxando minha atenção novamente para o beijo.
Meus dedos formigaram em sua cintura e minhas mãos buscaram ansiosas por um contato maior, deslizando pela lateral de sua coxa ainda coberta, mas eu tratei de descobri-la logo, erguendo parcialmente sua saia, se remexeu desconfortável e quebrou o beijo, colocando sua mão sobre a minha.

- , não podemos. - Ela disse, com os olhinhos saltados, dei risada e rocei os lábios em sua bochecha. - Por favor. - Ela disse, se encolhendo e eu sorri.
- Tudo bem, amor. - Eu disse e selei os lábios nos dela.
- Vamos descer, logo vai bater o sinal e... Nós temos prova. - Ela disse se soltando de mim, eu ri e a encarei se levantar.
- Sim, senhora. - Bati uma continência que a fez rir baixo.

Como havíamos dito, fizemos o caminho de volta até o pátio e não tivemos tempo nem para passar no banheiro, assim que chegamos no refeitório, ouvimos o sinal e nos despedimos para seguir para a sala. A professora de física deu trabalho naquele dia e a prova ficou para quinta-feira. O último horário foi religião, nada que eu não pudesse lidar.

- Cara, que aula chata! - disse e bocejou, confirmando com a cabeça.
- Me lembrem de virar ateu quando sair dessa escola. - disse e nós gargalhamos, negando com a cabeça.
- Ah, o passou a foto pra gente... Huum, com a camisa do papai, hein? - disse me abraçando e dando uns tapas fortes no meu peito, gargalhei.
- É, e eu garanto que estava melhor sem a camisa. - Eu disse rindo e eles me olharam maliciosos.
- Isso foi nojento. - disse e eu baixei a cabeça com falsa chateação.
- Não foi não. - Resmunguei.
- Foi sim. - disse.
- Desculpa. - Brinquei e eles gargalharam, me batendo.
- Ó sua namorada gostosa. - brincou e eu vi andando distraída, sorri instantaneamente.
- Tchau, perdedores. - Acenei pra eles e arrumei a mochila nas costas.

Corri sorrateiro até ela que lia uma filipeta e a abracei por trás, ela soltou um gritinho histérico que me arrancou uma gargalhada. Ela me bateu no caminho até o carro, dizendo que poderia ter derrubado ela e todas essas coisas femininas e cheias de frescura. No caminho até a casa dela, passamos pela academia para que ela pegasse a chave de uma sala que ela não especificou direito, depois a levei pra casa. Passamos um tempo namorando no carro, eu até tentei cruzar a linha, mas ela disse que não podia se demorar, beijou meus lábios e saltou do carro, me deixando sozinho exceto pela torturante companhia de seu perfume.
Fiquei de passar para pegá-la à uma hora, eu ia levá-la e depois faria algumas coisas, talvez fosse até a casa dos garotos, ou voltasse pra casa e dormisse a tarde toda. Almocei um pouco rápido, não podia atrasá-la, ela costumava ser bastante sistemática, não queria atrapalhar sua rotina. Retirei o uniforme pra um banho rápido, minha mãe ficou gritando que eu não deveria tomar banho depois do almoço, mas como eu gosto de desobedecê-la, eu tomei. Coloquei uma calça escura qualquer por cima da minha boxer branca e uma camisa de flanela xadrez. Calcei meu all star e, depois de pentear meu cabelo, eu o desarrumei com os dedos e borrifei uma colônia qualquer, nada muito forte.

- Não para mais em casa! - Minha mãe reclamou quando entrei na sala.
- Volto logo. - Eu disse abrindo o pote de doces e pegando um chiclete de menta.
- Onde vai? - perguntou, sorrindo maliciosa.
- Levar a no ballet, bando de gente curiosa. - Eu reclamei brincando e elas riram enquanto saía da sala. - Até mais tarde.
- Até!

Entrei no carro e coloquei o cd Any Given Thursday, John Mayer. Dei partida e abri a janela ao mesmo tempo que colocava meus óculos de sol. Passei pelo posto e coloquei um pouco de diesel, me dirigindo para a casa dela em seguida. Não foi preciso buzinar ou descer para chamá-la, ela me esperava na porta com um short jeans por cima de uma meia calça preta, um all star rosa bebê e uma blusa extremamente colada, cinza, por dentro do short. Na verdade, mais tarde eu vim a descobrir que aquilo era um daqueles, como se diz, collant? Ela se aproximou quase correndo, segurando uma mochila nas mãos. Abri a porta ainda dentro do carro e estiquei a mão para ajudá-la a entrar, ela o fez e me deu um selinho rápido. O perfume doce como o de um bebê invadiu minhas narinas, se mesclando com o hálito de pasta de dente. Ela sorriu ao ouvir a música e até ergueu um pouco o som, dizendo que gostava muito do cantor.

- Quer que eu passe pra te pegar? - Eu perguntei e ela encolheu os ombros. Baixei um pouco o som.
- Não sei quanto tempo vou demorar. - Ela disse, colocando a mochila no ombro e uma rede rosa no coque que havia feito com os cabelos molhados.
- Eu posso ficar? - Eu perguntei, vendo-a arrumar alguma coisa dentro da mochila, ela se voltou pra mim com os olhos saltados.
- No way. - Disse com a mesma expressão, eu dei risada. - Por quê? Não vou atrapalhar. - Eu disse sorrindo.
- , não, a minha professora chega 4 horas, se ela te pega dentro da sala ela vai achar que a gente 'tava fazendo coisinha. - Eu gargalhei da forma como ela se referiu ao sexo e ela corou.
- Amor, ela sabe que você não faria coisinha na sala de ballet. - Eu disse e soltei uma piscadela em meio a um sorriso sapeca, ela rolou os olhos.
- Tudo bem. - Abriu a porta e saltou.

Tranquei o carro e ativei o alarme antes de guardar a chave junto com a carteira e o celular. esticou a mão pra mim e eu entrelacei nossos dedos. Entramos na academia e ela avisou à recepcionista que ela iria ensaiar e que tinha permissão para usar a sala, que eu ficaria esperando para o lado de fora... Pobre de quem acreditou nisso. Subimos dois lances de escada e ela parou na primeira porta de muitas em um corredor, tirou a chave da mochila e abriu a mesma, deixei que ela passasse antes e o fiz em seguida, ela entrou e soltou a mochila no canto.

- Me dá um minuto, fica à vontade. - Ela disse pegando algumas peças dentro da mochila e desaparecendo em uma porta entre os espelhos que forravam todo o interior da sala, era um pouco estranho e assustador.

Passeei um pouco pela sala, olhando as poucas coisas que se era possível observar. As barras de ferro, umas mais baixas, outras mais altas. Alguns bancos no canto, abaixo das janelas grandes, no alto, cobertas por persianas beges. Caminhei até lá e me sentei em um dos bancos, olhando um aparelho de som no canto, com algumas torres de cd empilhados ao lado. Quis ir até lá e ver que tipo de música eles usavam, mas desisti ao ver sair do banheiro devidamente vestida... Meus sentidos perderam a função e eu não conseguia me mover. Ela vinha ajeitando as mangas do bolero lilás, levando-as até o cotovelo. No quadril havia uma saia quase da mesma cor, porém transparente, cobrindo relativamente a cava do collant por cima da meia calça. Ela se aproximou um pouco mais, mas em direção ao rádio, eu apenas acompanhei seus movimentos. Ela se abaixou e revirou os cds até suavizar a expressão e colocar um deles no drive. Pausou e sentou-se, colocando as sapatilhas e as polainas.

- Não fica reparando. - Ela disse, um pouco emburrada ao se levantar, neguei sorrindo. - Tenho perdido algumas aulas. - Ela explicou.
- Aposto que está acompanhando como se estivesse vindo. - Eu disse confiante e ela sorriu enviesado, dando play no rádio e aumentando um pouco o som.

foi até uma das barras e se virou de lado para ela, também de lado para mim, me deixando ver seu perfil. Afastou um pouco os pés e os deixou virados para frente, em posição totalmente ereta ela alongou um dos braços, arqueando levemente o corpo para o lado oposto, depois ergueu o outro braço, baixando o primeiro de forma delicada, trocou de um para outro lentamente, contando em sussurros. Levou a mão direita na barra e afastou um pouco mais as pernas, flexionando-as e baixando o corpo com o outro braço arredondado e os olhos fixos no espelho. Ergueu-se novamente e deixou o braço esquerdo cair por cima do corpo, arqueando-se para o lado da barra e deixando apenas a ponta do pé de esquerdo no chão. Em seguida, retornou para a posição inicial e uniu as pernas, deixando os pés voltados para fora e o braço esquerdo arredondado acima da cabeça. Abaixou-se com as costas reta, para depois soltar o peso do corpo, encostando a mão esquerda no chão, com a direita ainda na barra. Ergueu-se e subiu na ponta dos pés como se aquilo fosse fácil de se fazer. Eu estava fixado nela e em todos os seus pequenos gestos, sua expressão concentrada, a música lenta que preenchia o cômodo, ela era linda. A facilidade com a qual ela escorregou a perna direita e flexionou a esquerda, esticando-se para frente e depois para trás, apoiando-se cuidadosamente na barra, a forma como suas coxas pareciam rígidas e firmes enquanto o resto de seu corpo aparentava fragilidade e suavidade. Fez um movimento circular com o corpo assim que se levantou, deixando uma perna mais atrás, caiu com o tronco para frente, para o lado, para trás, arqueando-se delicadamente para o outro lado e voltando à posição inicial. Girou delicadamente de frente para o outro espelho e apoiou, desta vez, a mão esquerda na barra, começando tudo outra vez.
Eu traguei a saliva e me recostei na parede. Depois do alongamento, ela caminhou devagar até o centro da sala e, com os olhos fixos no espelho, observando os próprios movimentos, ela começou a fazer os passos do que eu supus ser a coreografia. Eu nunca, em toda a minha vida, me interessei por ballet ou apresentações de dança, mas definitivamente ela fazia tudo aquilo parecer incrível. Ela estava totalmente dispersa e sua expressão ganhou uma serenidade ainda maior, coisa que eu não considerava possível. Seus movimentos eram leves, lentos e habilidosos. Rodopiava, se sentava, se erguia, sem esforço algum. Certamente dançar é um dom e o tinha ao seu lado, eu podia notar isso agora.
Ela caminhou até o rádio e trocou a música, Blinding, Florence And The Machine, reconheci. Depois correu novamente até o centro da sala e começou a dançar. Os passos se encaixavam melhor e eu deduzi que aquela era a música certa. Eu sorria instintivamente e sem um motivo aparente. Ela era linda e era minha. Ela passou a coreografia três vezes e todas as vezes que errava ela soltava o ar pesadamente e emburrava, o que me fazia rir discretamente. Ela retirou o bolero e o atirou pelo chão, enquanto a peça deslizava pelo chão de madeira clara, levava junto meu auto controle. Me levantei devagar e caminhei devagar até , que só notou minha presença quando foi dar um giro com uma das pernas flexionadas para fora e eu a segurei pela cintura, automaticamente sua coxa encaixou em minha cintura, pela posição em que já se encontrava. Seus olhos saltaram e eu notei que ela estava com a respiração presa, sorri enviesado e ela baixou os braços que estavam arredondados acima da cabeça para meus ombros, escorregando as palmas pelo meu peito e segurando minha camisa.

- Não ensaiou o suficiente? - Perguntei baixo, ela me encarava séria.
- E-eu... Eu acho que... É... é suficiente. - Gaguejou e eu sorri, deslizando a mão de sua cintura por trás da sua coxa que estava em minha cintura, segurando-a ali.
- Por que não me deixa te ajudar no alongamento final e depois... Podemos ir tomar um sorvete, se quiser. - Eu dizia aproximando meu rosto do seu, ela piscava fraco, como se meu hálito, ou minha proximidade, a estivesse inebriando. Nos beijamos devagar e de alguma forma foi um beijo sensual, ela nunca havia me beijado daquela forma. Encostei meu corpo ao dela, fazendo uma pressão suave e senti o ar de sua boca preencher a minha quando ela suspirou.
- Você pode me ajudar. - Ela disse com um sorriso bobo e eu sorri junto.

Eu soltei sua perna e ela me puxou lentamente até o espelho. Ela virou-se de costas pra mim e descansou a perna direita sobre a barra, com o calcanhar para dentro dela. Encostei meu corpo atrás do seu e segurei sua cintura, alongou os braços e me pediu para puxá-los para cima, eu o fiz, segurando com cuidado em seus pulsos, depois desci as pontas dos meus dedos por eles até seu colo, cobrindo seus seios com as palmas e descendo por sua barriga. Sua cabeça recostou contra meu peito e seus braços se abaixaram. Plantei um beijo em sua nuca, descendo pela curva de seu pescoço e ombro, ela se arrepiou e eu pude acompanhar isso de perto, sorri e deslizei uma das mãos pela parte interna de sua coxa apoiada na barra, seguindo até o joelho e voltando algumas vezes.
Com o queixo apoiado na cabeça de , eu notei que ela olhava nosso reflexo no espelho, sorri e comecei a observar por ali. Subi lentamente minha mão até seu seio e o apertei lentamente, notei que seus olhos pesaram e sorri passando a outra mão pela sua cintura. Ela acompanhava meus movimentos com os olhos enquanto as mãos estavam pousadas na barra, apertando a madeira vez ou outra. Baixei meu rosto e beijei novamente sua nuca, indo até sua orelha. Ambos fechamos os olhos por um tempo, para depois voltarmos a encarar nosso reflexo logo à frente. Em um ato rápido e delicado, puxei o laço de sua saia lilás, a peça caiu por suas pernas e se desfez nos seus pés, subi as mãos por sua barriga e novamente apertei seus seios, beijando delicadamente seu pescoço.
estava ofegante e eu gostava de saber que ela estava à mercê das minhas carícias, eu sabia que ela estava gostando e isso me estimulava mais do que qualquer outra coisa. Enrosquei os indicadores nas alsas de seu collant e desci lentamente as duas, revelando a nudez de seus seios rígidos e empinados, desprotegidos de sutiã, agora quem estava arfando era eu. Meu coração parecia bater cada minuto em uma parte do meu corpo e eu não sabia o que queria fazer primeiro, então cobri seus seios com minhas mãos, massageando devagar enquanto assistia sua expressão excitada pelo espelho. Ela passava a língua pelos lábios e em seguida mordia o inferior, soltando-o e fazendo tudo outra vez, deixando-o cada vez mais vermelho e inchado. Continuei a descer seu collant, aproveitando para acariciar sua barriga e ventre enquanto beijava sua orelha.
Com o collant fazendo companhia para a saia, eu baixei sua perna que estivera apoiada na barra e nos coloquei frente à frente, paralelos com o espelho. Segurando sua cintura fina, me inclinei e acolhi seu seio em minha boca, fechando os olhos ao sentir seu gosto. Suguei e lambi algumas vezes seguidas ouvindo-a gemer baixo e, ao abrir meus olhos, notei que ela olhava o que eu fazia pelo espelho; parei um tempo para reparar o quão excitante aquilo era. Subi os lábios por seu colo e pescoço, me demorando um pouco mais em sua orelha. levou as mãos ligeiramente trêmulas até minha camisa, abrindo-a botão por botão até o fim. Seus dedos delicados e gélidos passaram por meus ombros, levando-a para trás e deixando-a cair. Retirei meus tênis e dei um jeito de tirar as meias sem desocupar as mãos que seguravam firmemente o corpo de contra o meu enquanto eu mordiscava e brincava com o lóbulo de sua orelha.
Me abaixei aos poucos, arrastando os lábios entreabertos por seu colo, entre os seios e barriga. se encolheu bruscamente ao sentir o beijo úmido e morno que plantei em seu ventre enquanto acariciava suas panturrilhas, deixando-as momentaneamente fracas. Segurei as polainas e as retirei uma a uma, já ajoelhado no chão. Mordisquei a barriga dela e aquilo a fez rir tensa, depois passei a língua em torno de seu umbigo, brincando com beijos e sucções leves. Soltei os laços de cetim de suas sapatilhas e as retirei devagar, contraiu os dedos e apertou meus ombros. Segurei a meia calça e passei a descê-la, descobrindo as coxas mais lindas que já vi na vida.
Com as mãos pousadas atrás de suas pernas eu passei a beijar-lhe a coxa, mas foi quando rocei os lábios próximo a sua virilha que ela teve uma reação rápida de se encolher e apertar meus ombros, sorri e a encarei por alguns segundos, ela me olhava com os olhos brevemente saltados e as bochechas mais vermelhas do que anteriormente, sorri e beijei seu ventre, passando a língua pela barra da calcinha.

- Prometo que você vai gostar. - Eu disse e ela ficou me olhando assustada.
- O que vai fazer? - Perguntou, sussurrando entredentes.
- Shh. - Sorri confiante e segurei sua calcinha, começando a baixá-la.

Enquanto descia a peça, observava se mexer desconfortável. Passei a peça de tamanho médio por seus pés e a deixei sobre nossas roupas. Ajoelhado no chão, apreciando sua nudez, eu notei que nunca tive tanta sorte em toda minha vida. Ela era a mais linda entre todas as outras, o corpo mais puro e ingênuo a ser descoberto. Sorri e encostei a bochecha em seu ventre para depois descer os lábios entreabertos por sua virilha. segurou meu cabelo como se quisesse me repreender, mas a ouvi suspirar quando depositei um beijo úmido por ali. Toquei os lábios de sua feminilidade com a língua e a senti fechar ainda mais as pernas como se aquilo fosse possível. Arrastei a língua por mais algumas vezes e notei que ela começava a ceder à carícia, afastando brevemente as pernas para que eu pudesse agradá-la. Com um tempo apenas brincando com a língua, eu consegui fazê-la erguer o pé até meu ombro e então pude desfrutar do que fazia e sabia que ela também apreciava, já que gemia baixo e agarrava meus cabelos com uma força descomunal, levando-me de encontro à sua intimidade num ato involuntário, num desejo inconsciente.
Antes que ela pudesse atingir o ápice eu comecei a me erguer, destribuindo beijos por seu corpo, seios, colo, pescoço e finalmente lábios. Ela ainda mantinha meus cabelos presos entre os dedos e agora me beijava com avidez, intensidade. Notando que ela não o faria, desabotooei minha calça e a baixei rapidamente junto com a boxer, chutando ambas as coisas para o lado. Ao encostar meu corpo ao dela, gemeu baixo dentro da minha boca e ergueu sua coxa até minha cintura em busca de contato, coisa que me deixou totalmente louco. A soltei por um tempo e a ouvi suspirar em reprovação, peguei minha carteira e notei com os gestos desastrados que eu estava tremendo. Peguei o preservativo e o vesti o mais rápido que pude, me voltando para ela que se encostou na barra, totalmente arfante. Traguei a saliva e me encostei novamente a ela, mordisquei seu lábio e deslizei a língua por eles para voltar a beijá-la em seguida.
ergueu a perna pela minha, pressionando a coxa contra minha cintura. Nosso beijo era urgente, possessivo, e eu sentia meus lábios latejarem nos pequenos intervalos que trocávamos a posição da cabeça para retomar o beijo. Segurei seu tornozelo e apoiei seu pé descalço sobre a barra, deixando sua perna flexionada e virada para fora, e só de imaginar a cena eu sentia meu corpo latejar de desejo. Segurei sua cintura e apoiei seu quadril na barra, praticamente sentando-a lá e retirando seu outro pé do chão. Com a perna livre ela envolveu minha cintura e apoiou os braços nos meus ombros, segurando meu cabelo com força enquanto eu a penetrava com o resto de paciência que me restava.
Nossos movimentos eram bruscos, a dor de sentir meus cabelos serem puxados se assimilava ao prazer que a posição e o corpo dela em contato com o meu me proporcionava. Gemíamos baixo, ou não, um na boca do outro, sem pretender quebrar o beijo. Eu a segurava firmemente com uma mão no quadril e a outra por baixo de sua coxa, ainda flexionada pelo pé apoiado na barra, embora ela estivesse praticamente em meu colo. quebrou o beijo e deitou a cabeça pra trás, encostando-a no espelho, um gemido rouco e longo escapou de seus lábios quando suguei seu seio, aumentando gradativamente a velocidade de minhas estocadas para não muito tempo depois fundir pela última vez meu corpo no dela, nos levando ao ápice juntos.
Aos poucos, sentei na barra, me retirando de seu corpo e a abraçando com força contra mim, sem a menor vontade de descolar seu corpo quente e suado do meu. Seus cabelos ainda molhados se soltavam do coque, desarrumados, o que deixava sua aparência satisfeita e exausta ainda mais completa e bonita. Beijei carinhosamente sua bochecha e me afastei para ajudá-la a descer.

- Minhas pernas não têm força. - Comentou num sussurro quando a coloquei no chão, segurou-se na barra atrás de si e respirou fundo, eu sorri. Assistindo-a enquanto ela deitava a cabeça pra trás, pelo espelho eu podia ver algumas mechas de seus cabelos desordenados contornarem suas costas, varrendo a base dela.

Me livrei do preservativo e o deixei no canto para jogá-lo depois. Vesti minha boxer e peguei sua calcinha, colocando-a em lentamente, que ria, deixando-me vesti-la, em seguida coloquei a meia calça e todo o resto da composição de peças. Terminei de me vestir e fui até o banheiro, enrolei o preservativo em um bolo de papel higiênico e o joguei na lixeira, lavei minhas mãos e meu rosto avermelhado e suado, enxuguei rapidamente e depois retornei para a sala, estava sentada e encostada no espelho, com os ombros relaxados e sem nenhuma postura. Sorri e agachei à sua frente.

- Vou pegar água, você quer?
- Por favor. - Disse num sussurro e nós rimos.

Busquei água do lado de fora da sala e assim que terminou de beber ela foi para o banheiro colocar seu short e o tênis enquanto eu desligava o rádio. Saímos dali e passamos pela repcepção rapidamente, dali fomos para uma sorveteria onde passamos pelo menos uma hora, mais conversando do que qualquer outra coisa, então depois a levei pra casa.

- Obrigada pelo sorvete. - Ela disse e sorriu.
- Obrigado pela tarde. - Sorri malicioso e ela gargalhou, escondendo o rosto.
- Tarado. - Negou com a cabeça e cruzou os braços, sorri e segurei seus antebraços, destribuindo alguns selinhos em seus lábios.
- Eu te ligo mais tarde. - Disse entre os beijos.
- Vou esperar. - Ela sorriu e segurou meu rosto, me dando um último e prolongado, selinho.
- Se cuida. - Eu disse e ela assentiu com a cabeça, abrindo a porta.
- Estuda. - Ela disse ao descer do carro, rolei os olhos e nós rimos. - Tchau.
- Psiu! - Chamei abrindo a janela, já que ela havia fechado a porta, ela se virou segurando a mochila e eu sorri. - Te amo.
- Eu também te amo. - Sorriu contente e saiu andando em direção à porta.

Deitado em minha cama e encarando o teto, logo após desligar o telefone e naquele momento o mantinha contra meu peito, eu pensava no que aquilo estava se tornando. Eu podia ter evitado, se não fosse por aquela aposta eu continuaria levando minha vida normal, mas eu queria ter evitado? Não. É claro que não. Eu definitivamente não trocaria aquelas últimas semanas por nada, eu não precisava, pois todos os sentidos da palavra felicidade se encontrava ao lado dela, .

Capítulo 16. "It may be over, but it won't stop there" (Goodbye My Lover - James Blunt)

Mais uma noite mal dormida, pesadelos horripilantes e o centro de todos eles tinha nome e sobrenome: . Por que diabos aquela garota me assustava tanto? já havia provado que não dava ouvidos à ela, que não confiava nela e indicava o tempo todo que, pelo contrário, confiava em mim. simplesmente não tinha provas e não conseguiria convencer sem elas, eu conheço minha garota, ela não permitiria que estragasse tudo pra ela, outra vez.
Era quinta-feira e aquela semana tinha passado num piscar de olhos, eu tinha ido mal em todas as provas. Eu e estávamos especialmente melosos e chatos, eu não me reconhecia e se eu visse nós dois há algumas semanas atrás provavelmente eu diria "blargh, eles não se largam?", assim como meus amigos, agora, faziam comigo. Eu não me importava, nós até dávamos boas risadas juntos quando ela não estava por perto e algumas coisas mudaram na terça quando nos passou cola na única aula que quase todos nós tínhamos junto, exceto , nós tiramos nota integral e na quarta os garotos ficaram com graça pra cima dela. E eu que achei que nunca fosse sentir ciúme, menos ainda dos meus próprios amigos. Aquela garota me enlouquecia!
Não me demorei muito no banho, o aquecedor do banheiro estava quebrado e meu pai ainda não consertara, o que resultava em muito frio pela manhã. Vesti meu uniforme preguiçosamente, ainda me decidindo se deveria mesmo ir à escola, mesmo tendo prova e , sabe aquele dia em que você acorda sem a menor vontade de sair da cama? Não saia, ele tem tudo pra dar errado.

- Bom dia, meu menino. - disse ao entrar no carro, desencostei a testa do volante, sorrindo involuntariamente pelo apelido que ganhei na noite passada.
- Bom dia, pequena. - Murmurei e selei os lábios nos dela.
- Eca. - Ouvi um murmúrio e olhei pra trás, Ryan brincava com os dedos, nós dois demos risada e eu arranquei com o carro.

Eu estava me sentindo um pouco irritado, mas sem motivo aparente. Parecia que tinha apanhado a noite toda, meu corpo doía, talvez fosse um resfriado ou algo do tipo. O sono me fazia permanecer mais quieto do que o comúm e acho que percebeu isso. Deixamos Ryan na escola e, enquanto fazia o caminho até a escola, descansei a mão livre sobre a coxa dela, fazendo um carinho suave. Ela acariciou meu braço por um tempo, me olhando vez ou outra.
- , 'tá tudo bem? - Perguntou ela, fazendo uma leve pressão com os dedos em minha mão.
- Tudo, por quê? - Perguntei, sem olhar pra ela, de alguma forma ela parecia sempre descobrir as coisas pela minha expressão.
- Não mente pra mim, mocinho. - Falou manhosa, colocando a mão sobre a minha, eu gargalhei e entrelacei os dedos nos seus.
- É só sono, minha linda. - Disse, beijando as costas de sua mão e segurando-a na minha, enquanto entrava pelo portão da escola.
- Huum, só isso mesmo? - Usou um tom desconfiado e eu dei risada, desligando o carro, então me virei pra ela.
- O que poderia haver de errado? Você está aqui. - Eu disse em tom de obviedade e a vi sorrir largamente, soltei meu cinto e me aproximei para beijá-la.

Ficamos nos beijando por um tempo, então deu uma risadinha sem graça e disse que era hora de entrarmos, provavelmente porque minha mão já estava à caminho do seu seio. Desci, ainda rindo da expressão fofa de "terminamos mais tarde" que ela fez, e a abracei apertado, guiando-a para dentro da escola com nossas mochilas penduradas em meu ombro. Nos despedimos e fomos pra sala. Eu queria dormir, mas eu tinha prova e isso me manteve acordado na primeira e na segunda aula, na terceira o que me manteve acordado foi o olhar de que não desviava do meu rosto, a professora até achou que estivéssemos colando, mas como ela não tinha provas, apenas nos trocou de lugar.

Reduzi meu prazo a zero.

Era o que dizia no bilhete que deixou na minha carteira antes de sair da sala. Li e reli algumas vezes até entender de que prazo ela estava falando e, quando isso aconteceu, eu não pensei uma vez antes de entregar minha prova quase em branco e sair correndo da sala. Ela iria contar tudo, ela não me deixaria contar. O medo invadiu meu corpo fazendo com que minhas pernas ficassem fracas e minhas mãos começassem a transpirar um suor frio. Ela não podia dizer nada, não daria atenção. Parei em frente à sala na qual estava fazendo prova e, pela pequena janela de vidro no centro da porta, pude vê-la concentrada, sorri em um misto de alúvio e admiração e depois me virei para o corredor, procurando pelo rosto de , mas eu estava sozinho ali.

- Nossa, que pr...
- Vem. - A agarrei pelo pulso, trazendo-a aos tropeços atrás de mim.
- Pra onde? Onde é que você vai? - Ela me perguntava enquanto eu a puxava pelo corredor.
- Vamos embora.
- ! - Ela exclamou, tentando me fazer parar, eu nada disse, apenas continuei puxando seu braço. - Você 'tá me machucando, , pára, vamos conversar!
- Não. - Eu disse, tentando fazê-la andar mais depressa.
- ! - Ela gritou e eu a trouxe para o gramado, estava sentada na mesa dos meus amigos, a olhava feito um idiota enquanto e riam de algo que ela havia dito. Permaneci estático. - , meu pulso. - choramingou e eu notei que estava pressionando meus dedos com demasiada força.
- Desculpa. - Pedi e me virei pra ela, que tinha os olhos saltados e uma expressão assustada, confusa.
- O que deu em você? - Reclamou, segurando o próprio pulso.
- Vamos pra casa, por favor? - Pedi, colocando a mão em seu braço.
- Não, claro que não, temos provas. - Ela disse brava.
- , por favor? - Eu pedi e ela rolou os olhos.
- Não vamos embora! O que está acontecendo? - Ela perguntou cruzando os braços e uma expressão emburrada tomou conta de seu rosto, sorri fraco e passei a mão em minha nuca levemente suada.
- Precisamos ir, não 'tô me sentindo bem. - Eu menti, ou não.
- Ok e... Ai, meu Deus, o que você 'tá sentindo? - Ela disse colocando as mãos no meu rosto com os olhos saltados e preocupados, sorri fraco mais uma vez.
- Só mal estar, vai passar se formos pra casa. - Eu disse e ela contraiu o cenho.
- Mas eu não posso sair, . - Ela disse, contraíndo o cenho, fiz minha melhor expressão de pena e ela suspirou. - Tá bem, vamos, eu falo com a diretora, você consegue dirigir? Podemos pedir para os seus amigos e...
- Noway! - Quase gritei e neguei com a cabeça. - 'Tô bem, vamos. - Eu disse segurando sua mão e levando-a em direção ao refeitório.
- Hey, ! - Ouvi chamar e apressei o passo.
- Seu amigo, . - avisou, ainda confusa.
- Vamos. - Eu disse entredentes, tentando andar mais rápido.
- Ora, ora, , fugindo de quem?! - Ouvi a voz de abarrotada de sarcasmo e, antes que pudesse desviar meu caminho, trombei com ela, parou atrás de mim, segurando minha mão.
- , pode nos dar licença? - Pedi com a voz trepidante, ela sorriu irônica e negou com a cabeça. - Que droga, garota! - Irritado, esbravejei, respirou fundo.
- Por que você não conta a ela o que eu sei? - perguntou sem mais delongas, minha garganta se trancou, vedando a respiração que escapava pesada pelo meu nariz. - Huh?
- , cala a boca, me deixa passar. - Eu dizia desviando e tentando puxar para o outro lado. - Vem, amor. - Chamei , que me seguia em silêncio.
- À propósito, , você fica bem sexy de camisa masculina. - gritou e petrificou, eu igualmente. - Pra quem me crucificou por toda aquela história com James, agora parece que você não se preocupa mais com isso, não é? - soltou minha mão e se virou, eu não queria me virar, eu não queria encarar a cena atrás de mim, eu simplesmenete queria abrir os olhos e acordar na minha cama.
- , me deixa em paz. - disse entredentes, uma onda de alívio bem pequena percorreu meu corpo e eu me virei, tentando respirar fundo.
- Vem, vamos embora. - Eu disse e nada respondeu, apenas continuou estática, olhando para , que sorria com sarcasmo.
- Eu, de você, não me ignoraria assim, . - disse, cruzando os braços e nos encarando. - Até porque eu sou a única que está do seu lado, ou você acha que mais alguém aqui faz algo para o teu bem? Esse aí que 'tá com você? O que ele mais queria ele já teve, sabe o que vai acontecer no domingo? - não se moveu quando eu toquei seu ombro para tirá-la dali. - Ele vai te deixar, você vai ficar chorando feito uma tonta e ele ainda vai ter fotos suas fotos com a camisa dele pra se masturbar!
- , já chega! - Vociferei, tomando frente com os dentes trincados.
- Ah, já chega?
- Do que ela está falando, ?- perguntou e eu estremeci, ignorando-a.
- Conte a ela do que estamos falando, . - Ela disse sorrindo enviesado.
- Não tenho nada a dizer pra ela além de que a amo e eu não tenho culpa se você não sabe o que é isso! - Gritei, apontando pra ela, toda adrenalina corria por minhas veias fazendo-as pulsar fortemente, não pareceu afetada.
- E você lá sabe o que é amar, ?
- Chega! - ralhou, parando entre nós dois. - , você já estragou minha vida uma vez, não vou deixar que faça de novo, vou pedir novamente, me deixa em paz! - Disse minha menina, firme como eu nunca havia visto antes, por um momento minha cabeça pesou de remorso, mas eu realmente não podia contar tudo e perdê-la!
- Eu é quem estou estragando sua vida? Teu suposto namorado espalha fotos suas quase nua e quem estraga sua vida sou eu? - Ela perguntou e meu estômago revirou, àquela altura, pelo menos, metade do Thornleigh estava nos rodeando.
- Chega! - gritou e eu coloquei a mão em seu braço. - Me solta. - Ela disse, esquivando-se do meu toque, meu coração deixou de bater por um instante para depois voltar com uma velocidade quase insuportável. - De que foto você está falando? - Ela perguntou com a voz embargada, prendi a respiração e olhei na direção de quando sacou o celular da bolsa, ele me olhava com os olhos saltados de preocupação, como se quisesse se desculpar, neguei com a cabeça, eu não tinha mais o que fazer. - Você passou essas fotos pra ela? - perguntou se virando pra mim com o celular entre os dedos trêmulos, sua expressão empalidecida e triste nunca mais saiu da minha mente.
- Não. - Respondi, sentindo minha voz sair borrada enquanto eu tentava me manter em pé, ela assentiu devagar e me deu as costas, jogou o celular nas mãos de e começou a caminhar. - ! Onde você vai? ! - Gritei vendo-a empurrar algumas pessoas. - , VOLTA AQUI. - Eu gritei vendo-a correr pelo corredor da secretaria, a coordenadora barrou-me, me impedindo de segui-la por muito mais tempo, ela me olhou uma última vez antes de sair pela porta principal, mas eu continuei assistindo a imagem das lágrimas transbordando de seus olhos, projetada por minha mente, enquanto era levado para fora do corredor.

Eu estava trêmulo dos pés a cabeça, meu sangue provavelmente se escoara de todo meu corpo e se concentrada nas minhas mãos, elas formigavam como nunca. Passei pelo refeitório relativamente vazio e sai novamente no gramado, o tumulto ainda estava por se espalhar e eu nunca me senti tão observado como naquele momento. Caminhei decidido até que conversava com alguém que eu não identifiquei e nem queria.

- Eu espero que você esteja satisfeita. - Esbravejei e ela se virou de frente pra mim, fingindo uma calma que eu não encontrei verdadeiramente em seus olhos.
- Estou... Muito. - Disse a vadia, cruzando os braços.
- Sabe qual o seu problema? - Perguntei com um sorriso amargo, meus olhos ardiam, escassos, quase suplicando pra que eu deixasse algumas lágrimas umedecê-los.
- Eu não tenho problema, quem tem é você. - Ela disse saíndo de perto, mas não o suficiente para que deixasse de me escutar.
- Você nunca vai deixá-la ser feliz, . - Eu disse e me virei de frente pra onde ela tinha se dirigido, ela continuava a caminhar. - E sabe por quê? Porque ela não te ajudou, afinal, se ela 'tivesse ficado com James, talvez Matt quisesse ficar com você, não é? - Eu usava um tom irônico que a fez parar de andar, mas permanecer de costas pra mim.
- Cala a boca. - Ela sussurrou entredentes, voltando-se em minha direção com os olhos aguados.
- Não pense que você está sendo gentil ao contar isso tudo pra ela, pois seus motivos não são sinceros, essa sua mágoa não é preocupação, você só quer culpá-la e colocá-la pra baixo porque ela não aceitou fazer parte do seu plano. - semicerrou os olhos marejados.
- Você não sabe o que está dizendo. - Ela disse e as pessoas faziam um silêncio assustador.
- Sim, eu sei o que estou dizendo, e quer saber do que mais? - Ela tragou a saliva e eu sorri irônico. - Matt nunca gostou de você, James era quem gostava de todo o tempo e, enquanto te ajudava a ficar com Matt, Matt só ajudava James a ficar com ...
- CALA A BOCA! - Ela gritou com as lágrimas à ponto de transbordar.
- Matt não gostava de você, ele só era tão amigo de James quanto foi sua amiga aceitando ficar com James. - Eu disse num tom calmo, mas alto o suficiente para todos escutarem. - Matt não gostava de você a ponto de te assumir, mas eu gosto da , , gosto de verdade a ponto de gritar pra essa escola inteira como estou a fazer agora. - Eu disse sentindo meu coração saltar entusiasmado com a liberdade com a qual eu dizia aquilo.
- , isso é uma aposta e todo...
- Isso foi uma aposta! - Eu gritei com o indicador em sua direção. - Isso foi uma aposta no início... Mas hoje aposta é o que você quer que isso seja, mas você bem sabe que eu gosto dela, só não consegue admitir porque é uma mal amada do caralho... - Eu não a vi se aproximar, mas a ardência em meu rosto cresceu de repente com o vulto de sua palma que se chocou em meu rosto, ela saiu andando e eu sorri irônico. - Não importa o que você faça, isso pode levar tempo, mas ela vai me perdoar e sabe o que vai acontecer com você? Nada, sua vida vai continuar a mesma merda e você vai permanecer sozinha, porque é isso o que acontece com gente mesquinha e amarga como você!

me olhou e eu vi seus olhos avermelhados liberando as lágrimas que por tanto tempo ela esteve segurando, eu a faria pagar por cada gota que devia estar molhando o rosto da minha menina. Traguei a saliva e as pessoas se dispersaram um pouco, e eu esperei um pouco mais até o gramado esvaziar parcialmente, então girei nos calcanhares e encarei meus amigos em cima da mesa com os olhos saltados. Todas as minhas entranhas se retorceram ao olhar para o rosto curioso de , meu estômago encolheu-se e meus punhos cerraram-se durante o pouco tempo que caminhei até lá e o puxei pela camisa de cima do banco, soltando-o na grama para em seguida acertar qualquer parte de seu rosto com meu punho, derrubando-o sentado, uma gota de sangue escapou de sua narina e um alívio quase estranho preencheu meu interior.

- Obrigado, mate. - A ironia escapava por meu tom de voz, pelo estreitar dos meus olhos, pelo repuxar dos meus lábios.
- ... - chamou colocando a mão em meu ombro.
- Me solta! - Vociferei me afastando. - Não falem comigo agora, eu não quero vê-los na minha frente. - Eu disse irritado, me afastando ainda de frente pra eles. - E você, dude, você morreu pra mim. - Eu disse à antes de dar as costas e caminhar depressa para dentro do refeitório.

Prova alguma me fez ficar no colégio aquele dia, eu apenas peguei meu material e fui pra casa. Eu precisava ficar um tempo sozinho para organizar meus pensamentos, que no momento variavam entre matar , torturar e me desculpar com , mas nenhum deles era bom o suficiente. Eu não podia matar , eu não voltaria a falar com ele. teve seu troco e provavelmente estava doendo muito mais que qualquer outra coisa... Já , o que faria com que ela me desculpasse? Ela não sabia da aposta, aquelas fotos não provavam nada além de que eu as dividi com mais alguém, ela entenderia se eu explicasse o que aconteceu? Ou eu deveria contar tudo de uma vez?
A impotência havia me invadido e agora se alastrava vagarosamente por todo meu corpo, afetando cada parte do meu organismo. Meu sistema nervoso me levava a uma situação lastimável, ânsia, diarréia, dor de cabeça, indisposição. Eu sabia que deveria fazer algo, mas eu mal conseguia me mexer na cama. Eu me sentia pesado e toda a angústia continuava presa em meu peito, dando a sensação de sufoco, tão grande que eu realmente estava ofegante. As lágrimas não surgiram e talvez elas fossem capazes de melhorar um pouco aintensidade daquela aflição, mas nada aconteceu toda a tarde.
É engraçada a forma como a noite muda tudo, no meu caso ela sempre aumentou meu desespero, como em filmes de terror. Cada músculo do meu corpo se retorcia de angústia, uma sensação latente que me fazia ficar impaciente e suado. Eu nunca havia passado por aquilo antes e a sensação que eu tinha era de que nunca mais ia acabar. Quando o relógio marcou 11 horas eu senti meus dedos formigarem ansiosos para pegar o telefone e ligar pra ela como estava acostumado a fazer, mas o que eu diria? Ela simplesmente não iria querer escutar uma explicação e muito menos algo que não fosse uma.
Eu não fazia idéia do que iria fazer quando chegasse lá, mas meu carro parecia saber exatamente o caminho até sua casa, já que eu não me sentia muito estável para dirigir e ele parecia fazer isso sozinho. Estacionei o carro de qualquer jeito e quase me esqueci do freio de mão antes de descer. Corri por seu jardim e parei em frente à porta, ainda sem normalizar minha respiração ou recobrar a força de minhas pernas eu toquei a campainha algumas vezes seguidas, me afastando um pouco da porta e apoiando as mãos no joelho, tentando tomar o máximo de fôlego que conseguia enquanto ouvia os passos na escada.
Meu coração ganhava um ritmo mais acelerado conforme o som abafado dos pés que vinham me atender se tornava mais próximo. Eu estava mais ofegante do que antes e todo o fôlego que tomei agora parecia ter sumido, a ânsia voltou e o medo de não saber o que dizer me acometeu enquanto eu tentava, em vão, me convencer de que tudo ficaria bem.

- Boa noite. - Ergui meus olhos em direção à origem da voz grave, o pai dela me encarava sério, com uma expressão levemente sonolenta e, de repente, todas as sensações anteriores se tornaram uma enorme frustração.
- A está? - Perguntei, quase guaguejando.
- Está dormindo, amanhã vocês conversam. Boa noite, rapaz.

A simpatia dele me fez crer que eu estava realmente semelhante a um mendigo acabado. Assenti devagar e desejei uma boa noite com o resto de minha voz. O caminho pra casa foi melancólico, assim como minha expressão e as músicas que tocavam em meu rádio. Tudo vai ficar bem, tudo vai ficar bem era o que eu repetia mentalmente a cada minuto, tentando me convencer disso enquanto as coisas não pareciam fluir para o lado positivo. Eu precisava trazê-la de volta, eu havia descoberto o meu lugar no mundo e ele era entre os braços de , eu não podia me perder deles.


Capítulo 17. "Back under the stars, back into your arms" (Fall To Pieces - Avril Lavigne)

['s POV]

Sentada em uma poltrona em frente à porta da sacada, assisti chegar, depois ir embora. Também acompanhei a noite se estender até a chegada do dia. A insônia parecia ter gostado da minha companhia e eu não tinha a menor vontade de me deitar e tentar conciliar o sono. Eu tinha medo que isso fizesse o dia chegar mais depressa, eu não queria ter de ir pra escola e encarar lá tudo o que eu mais queria distância naquele momento. Aquela confusão desnecessária arrepiava até meus ossos, só de me lembrar de todos aqueles olhos, todas aquelas expressões surpresas, era tanta gente; e aquelas fotos, tão íntimas. Como fora capaz de dividi-las com quem quer que fosse? E como tivera coragem de armar todo aquele escândalo quando ela sabia que eu odiava qualquer atenção sobre mim. Eu não conseguia pensar numa maneira de me livrar daquela sensação invasiva, eu queria poder ignorar, ou então enfrentar, mas eu não sabia como.
O azul voltava a ganhar uma escala mais clara, me levantei, sentindo-me ligeiramente trêmula, talvez por não ter conseguido colocar nada no estômago desde o dia anterior. Andei devagar até meu guarda-roupa e retirei um uniforme limpo de lá, estendi sobre minha cama e comecei a verificar meu material dentro da mochila. Pensar que, no dia anterior, eu estaria dando um toque no celular de para garantir que ele fosse acordar. Cedi à fraqueza de minhas pernas e me sentei na beirada da cama, sentindo meus olhos embaçados e a angústia embolar-se em minha garganta. Eu não sabia se era capaz de perdoar , nem mesmo se estava preparada para ouvi-lo explicar-se, mas ficar sem ele parecia ainda pior que qualquer outra coisa. Ele não podia ter feito aquilo por mal, não podia. Ele tinha que ter uma explicação que me fizesse perdoá-lo facilmente, me fizesse esquecer a humilhação toda, ele tinha que me fazer acreditar nele, pois eu precisava dele ao meu lado, acima de tudo.
Tomei um banho, daqueles que a gente sente que pode derreter sob o chuveiro, quem sabe isso resolvesse meu problema de ter que ir para a escola, se talvez eu dissolvesse...
Sequei meu cabelo e vesti meu uniforme, rapidamente fiz uma trança embutida com o meu cabelo e enquanto procurava pelos meus fones de ouvido, um envelope colorido arrastou-se com uma corrente de ar e escondeu-se embaixo da cama, andei até lá e o peguei, na parte de trás reconheci minha caligrafia, "", sorri fraco. Era o convite para o meu festival de danças, era o convite que eu deveria dar a no dia anterior. Mas agora eu não sabia o que fazer com ele, então o deixei sobre minha cama e coloquei minha mochila no ombro, descendo para o café da manhã.
Papai questionou sobre mim e , mamãe também quis saber o que havia acontecido, mas eu me limitei a dizer que havíamos discutido e que eu achava melhor ficarmos afastados por um tempo. Eles pareceram acreditar. Se eu dissesse a verdade, não gosto de pensar no que eles fariam com e com ... Ok, na verdade eu tinha medo que eu decidisse perdoar e eles continuassem o odiando, teríamos um grande problema com isso. Era melhor ser cuidadosa, agora que eu estava com a cabeça um pouco mais fria.
Quando saímos de casa, eu e Ryan, em direção ao carro de papai, pude reconhecer a Tucson de estacionada sob a àrvore do outro lado da rua, meu coração disparou e, mais do que subitamente, meu estômago deu um tranco, enrigeci meus músculos e tentei não ceder à vontade de ir lá e perguntar o que ele estava fazendo ali, apenas para ouvir sua voz. Papai abriu a porta pra mim e eu desviei meus olhos, me recolhendo contra o assento do carro.
Vulnerável, era como eu me sentia enquanto atravessava o gramado do colégio. Sentia as pessoas me olharem, mas não quis saber o que seus olhos refletiam, não me importava. Eu estava cansada de ser julgada, ou que tivessem pena de mim. Eu não precisava de nada disso, eu apenas queria que aquele ano acabasse e eu recomeçaria em algum outro lugar. Eu esqueceria toda aquela gente que me humilhava dia após dia pelo que eu vestia, pelo que eu pensava. As pessoas não sabem lidar com as diferenças, é uma pena.
Ignorei os chamados de , fui direto para a sala. A última pessoa com a qual eu queria falar era ela. Fiz minhas provas e eu sabia que meu rendimento não tinha sido tão bom quanto o esperado por mim, pelos professores e por meus pais, todavia, eu tinha dado o meu melhor.
Apoiei minhas mãos sobre a mureta e fitei o campus, o refeitório, todas aquelas pessoas apenas esperando a oportunidade de excomungar quem quer que fosse, por motivo nenhum. Novamente aquelas risadas, os gritos, as fotos. Finquei minhas unhas no concreto e apertei meus olhos, liberando as lágrimas presas ali até então.
Minha mente me atormentava, trazendo de volta as coisas que eu queria esquecer. Nossas conversas, risadas, os momentos bons, as discussões tolas... Meu coração encolhia-se ainda mais com aquela saudade, aquela vontade de estar entre seus braços, sentir seu perfume impregnado em minhas roupas...
Ao ouvir o ranger do alçapão, rapidamente virei meu rosto pra trás, eu sabia quem estava ali, a única pessoa com a qual eu havia compartilhado a vista daquele lugar.

- Podemos falar? - O ouvi perguntar, rapidamente ignorei seu olhar e comecei a me afastar, mas senti seus dedos ao redor do meu pulso - Por favor, , me deixa falar com você. - Me livrei de seu toque e marchei depressa até a saída, mas foi mais ligeiro e se colocou sobre a porta, me impedindo de erguê-la. Rolei os olhos e virei o rosto para o lado, tentando me livrar de seus olhos.
- , por favor, me deixa sair. - Pedi, tremendo dos pés a cabeça.
- Não antes de me ouvir. - Ele persistiu, fechei meus olhos e respirei fundo, tentando controlar minha insana vontade de esmurrá-lo - , eu sei que você deve estar me achando um idiota, e com razão, eu falhei com você e eu mereço... Mereço que você me trate assim, mas eu te peço só uma chance de me explicar. - O encarei, ele pareceu desconcertar-se com isso, pois encolheu-se e coçou a nuca - Eu... Eu não passei aquela foto pra todo mundo, muito menos pra , eu só tinha... Passado ao e, bom, eu não sei o que ela fez pra conseguir isso dele, mas sei que... Não foi tão difícil levando em conta que ele é apaixonado por ela. - Eu sentia sinceridade em seus olhos e havia um rastro e honestidade em sua voz, o que me fez sentir a garganta trancada, eu não podia ceder.
- Você não devia ter feito isso, . - Me ouvi dizer, com a voz pastosa - Eu confiava em você.
- Me desculpa, , por favor! - Pediu, tentando se aproximar, me esquivei - Por favor, eu não fiz por mal, eu juro pra você.
- Por que você passou a foto pra ele? Por que fez isso? - Quis saber, engolindo o choro e encarando-o com firmeza.
- Eu não sei, eu achei que ele fosse meu amigo, , eu só queria mostrar...
- Mostrar o quê? Que dormiu comigo?! - Exclamei, agora permitindo-me extravasar a indignação que aquilo me causara - Que conseguiu chegar onde eu não permiti que nenhum outro cara fizesse? Como um troféu? Que você quis exibir? Como um prêmio de consolação por ter me sup...
- Por Deus, ! - O ouvi exclamar, com os dedos embrenhados nos próprios cabelos - Que tipo de burro eu seria se espalhasse suas fotos daquele jeito para todo o colégio? Seria quase como pedir que os garotos caíssem em cima de você, eu não faria isso, eu... Eu não aceitaria te perder pra ninguém, entenda isso! - Ambos estávamos exaltados, ele parecia querer fazer com que eu me calasse, apenas com os olhos fixados nos meus daquela maneira.
- Eu não posso. - Soprei sob meu fôlego, sem valor pra desviar meus olhos dos seus.
- O quê?
- Não posso entender e não posso te perdoar agora.

permaneceu apenas me olhando, como se esperasse algo a mais, uma explicação mais específica, talvez. Eu precisava de mais tempo, tempo pra digerir tudo aquilo, pra perdoá-lo por ter traído minha confiança. Tempo pra entender que eu precisava dele a ponto de superar o que ele havia feito.
Aproveitei-me de seu descuido e puxei o alçapão, começando a descer o primeiro lance de escadas. Ouvi seus passos pesados e ligeiros logo atrás de mim, seus dedos agarraram meu antebraço e me puxaram contra si, tropecei em meus pés e senti meu corpo colidir contra o seu, ergui meu rosto subitamente, encontrando seus olhos em meio a penumbra do cômodo. resfolegava, eu podia sentir sua respiração pesada soprar meu rosto e mesclar-se com a minha, também descompassada.

- , você não pode fazer isso comigo. - Ele disse baixo, entredentes, segurando meus braços unidos ao meu corpo, encolhi meus ombros e olhei para outro lado.
- Me solta, . - Pedi, sem olhá-lo, e o senti me sacudir, voltei a encará-lo, agora assustada - Você está me machucando, me solta!
- , você já parou pra pensar em como vão ser seus dias sem mim? - Ele perguntou, de uma maneira desesperada - Porque os meus serão uma merda sem você e eu sei que eu estou parecendo um maricas agora, mas eu-preciso-de-você!
- Me solta, ! - Exclamei, tentando ignorar aquela declaração e a maneira como ele me segurava - Não me faça ficar aqui sem querer. - Pedi, entredentes. afrouxou seus dedos em torno de meus braços e me soltou, seus olhos penderam pra baixo, sua expressão de repente triste fez com que meu coração batesse mais lentamente, ele assentiu uma vez, respeitando minha decisão, eu não queria isso, essa não era minha decisão - Ou me faça querer ficar.

me pareceu completamente surpreso diante do meu pedido, eu sentia minhas pernas vacilarem como se de repente não houvessem ossos para mantê-las firmes. Um baque surdo se fez quando meu corpo foi lançado contra a parede e em seguida a boca de estava grudada na minha. Nos beijávamos com urgência, a mesma com a qual as mãos de percorriam minha cintura, me forçando contra seu corpo como se quisesse me colocar dentro de si. Não seria bom se desse certo?
Alisei seu peito sobre a camisa e agarrei o nó de sua gravata, começando a desfazê-lo às cegas enquanto sentia as mãos de tatearem firmemente a parte traseira de minhas coxas, atraíndo-as facilmente para sua cintura. Desisti de me desfazer de sua gravata e me distrai com seus cabelos enquanto sentia seus lábios depositarem beijos famintos por meu pescoço, com uma experiência que eu adorava nele.

- Está sentindo isso? - Ouvi seu timbre rouco em meu ouvido e estremeci, sentindo meu corpo todo arder em contato com o seu - Não importa o que façam, ou o que digam, isso nunca vai mudar... - Ele falava e arfava enquanto desabotoava desastradamente minha camisa - Eu te amo.
- Eu te perdoo.

sorriu com os lábios colados nos meus e depois voltou a me beijar, afastando minha blusa e apertando meus seios sobre o sutiã, numa massagem bruta. Voltei a trabalhar de maneira débil com os botões de sua camisa, retirando-os de suas casas e expondo seu peito. Alisei sua pele rígida e quente enquanto sua língua brincava dentro da minha boca, não tão delicada quanto das outras vezes.
Senti suas mãos agarrarem meu quadril por baixo da saia, forçando sua ereção contra mim. Controlei um gemido, mas, ao senti-lo repetir a pressão, deixei escapar um ruído dentro de sua boca, que agora parecia ainda mais feroz. Seus dedos invadiram minha calcinha, me tocando com maestria enquanto com a outra mão libertava meu seio de dentro do sutiã, começando a sugá-lo sem mais delongas.
Pressionei minha cabeça contra a parede e rebolei contra seus dedos, agarrada aos seus cabelos enquanto o sentia mordiscar meu mamilo. Grunhi, sentindo meu corpo queimar intensamente a cada movimento de seus dedos contra meu clitóris. Com dificuldade, desafivelei seu cinto e desabotoei sua calça, abaixando até onde pude. Alisei - de um jeito desatento - seu sexo, completamente rígido, dentro da boxer justa, ouvindo chamar meu nome em um tom sufocado, arrebentando arrepios por todo meu corpo.
O senti segurar meu pulso e por conta própria abaixou sua boxer, pegando o preservativo em sua carteira, que em seguida perdeu-se pelo chão. Ele mesmo se protegeu e, em seguida, afastou minha calcinha para o lado. Nenhum de nós disposto a nos desprender para nos livrarmos de qualquer peça que fosse. Senti uma única investida de , prendi todo o ar que pude, sentindo como se ele houvesse me rasgado por dentro. Agarrei seus cabelos com força, sentindo-o estocar ávidamente dentro de mim, me invadindo de maneira intensa.
Tudo o que podíamos ouvir era nossa respiração ruidosa, mas o sinal soou e o corredor começou a ser preenchido por passos apressados. soltou um gemido mais alto, me estimulando a fazer o mesmo. Pouco tempo depois, chamávamos um pelo outro sem nos importar com mais nada que não fosse o orgasmo que, em pouco tempo, antingimos.
Alisei as costas de sobre sua camisa completamente úmida, me agarrei ao tecido e enterrei meu rosto em seu pescoço, com os olhos apertados. Ele me segurava e me abraçava com a mesma devoção, soltei um suspiro forte e sorri fraco ao senti-lo beijar minha bochecha com calma.

- Senti sua falta, minha menina. - Mordi o lábio, apertando-o em meus braços.
- Tenho que ir. - Me limitei a dizer - Tenho prova. - buscou meu rosto com os olhos e examinou minha expressão, sorri fraco e o senti me colocar no chão.
- Tudo bem. - Concordou, livrando-se do preservativo e erguendo sua boxer enquanto eu abotoava novamente minha camisa - Estamos bem, agora? - Perguntou, visivelmente angustiado.
- Nós conversamos depois, está bem? Boa prova.

Saí de lá depressa e corri até a sala onde estava sendo aplicada minha prova. A resolvi facilmente e a que veio a seguir da mesma maneira. tentou falar comigo assim que pisei no gramado, pronta pra ir pra casa. Eu novamente a ignorei, bem como as coisas que ela dizia. Eu era grata por sua preocupação, mas não era mais capaz de confiar nela. Vi encostado em seu carro, ele havia se apressado pra terminar sua prova, ou tinha ido muito bem, ou realmente muito mal... Fico com a segunda opção. nunca estudava, eu costumava me importar com isso, mas de alguma forma eu sabia que ele não ia precisar de química orgânica ou fórmulas de Bháskara, era só o , um rockstar.
Sorri fraco pra ele e continuei a caminhar em direção à saída, rapidamente sua expressão se torceu, confuso. Ri baixo e vi o carro de meu pai parado ao lado do portão, assim que me ajeitei no assento, ouvi meu celular vibrar, vasculhei meu material até encontrá-lo.

- Alô.
- Por que você não veio nem me cumprimentar? - Esbravejou imediatamente, mordi o lábio e olhei de esguelha para meu pai.
- Depois a gente conversa, . - Falei, meio baixo, meio entredentes, meio inaudível.
- Quê? - Suspirei alto - Seu pai não pode ouvir sua explicação?
- Não.
- Ok, então eu vou te buscar à tarde.
- Não vai dar, tenho compromisso o dia todo. - Ouvi bufar - Faz o seguinte, passa lá em casa uma hora, em ponto!
- Combinado. - Desliguei o celular e o deixei sobre meu colo.
- Você e , qual o problema? - Eu sabia que isso ia acontecer - Por que se desentenderam?
- Foi só um mal entendido, papai, nada demais, vamos conversar e nos resolver.
- Ele te magoou? - Olhei para meu pai e novamente para o lado de fora do carro, umedecendo meus lábios.
- Talvez eu me magoe muito fácil.

Capítulo 18. "I just don't wanna miss you tonight" (Iris - Goo Goo Dolls)

[Hey, meninas, quem quiser colocar essa música pra carregar, não é tão importante, mas pra quem gosta, pode ser legal, tá? Mwah!]

Louca. Essa palavra definia aquela manhã. Cheguei em casa ainda um pouco desnorteado depois de todas as oscilações do meu humor, que agora estava ausente. Eu estava inerte a qualquer coisa. Eu simplesmente não podia entender que diabos pretendia, talvez me enlouquecer. É, essa era a opção mais coerente dentre todas as outras. Como ela podia me proporcionar uma das melhores transas da minha vida e depois me ignorar? Não que eu não mereça, mas não era o tipo de pessoa que guardava rancor, se ela realmente me perdoasse, seria pra valer, não para me machucar depois. Eu conhecia minha menina.

- Oi, mãe. - Passei por minha mãe e dei um beijo entre seus cabelos - Achei que você estaria no salão. - Comentei enquanto pegava uma garrafa de hidrotônico na geladeira, tomando um gole longo após agitá-la.
- Eu vim fazer o almoço pra você, foi pra Manchester no velório de um tio do namorado dela e seu pai disse que não chegaria a tempo de trazer almoço.
- Mãe! - Protestei, parado ao seu lado - Você deveria ter me dito, eu teria almoçado em outro lugar, ou... Eu mesmo faria qualquer coisa pra comer. - Falei rapidamente, vendo-a sorrir docemente enquanto ainda descascava uma batata.
- Macarrão instantâneo? - Perguntou ela, entre risos, segurei a risada e cruzei meus braços sobre o peito.
- Poderia ser, ok? Já é alguma coisa. - Argumentei, ouvindo-a rir.
- Eu sei, meu bem, mas minha próxima cliente é só uma e meia, dá tempo.
- Muito bem, eu deixo a senhora lá, só vamos passar pra pegar em casa primeiro. - Ela me olhou com um sorriso nos lábios.
- Se acertaram? - Concordei, com o mesmo sorriso aberto estampado na cara.
- Agora entendi essa felicidade. - Rimos, deixei a garrafa dentro da geladeira e peguei meu material sobre a mesa.
- Vou tomar um banho, já desço, mamãe.
- Vai sim, está cheirando a sexo.
- Mamãe! - Exclamei com horror, ela nunca tinha dito algo do tipo pra mim e isso era muito constrangedor.

Minha mãe continuou a gargalhar verdadeiramente enquanto eu me afastava da cozinha, ainda me sentindo muito estranho por seu comentário inconveniente. Por mais que tivessemos uma relação legal, eu não costumava contar a ela tudo que acontecia comigo, vez ou outra a diretora ligava pra informar, ou os pais de alguma garota. Mas agora as coisas estavam diferentes, eu estava diferente.
Após o banho, vesti um boardshort colorido e uma camiseta branca, calcei minhas havaianas e deixei meu cabelo como estava, molhado e bagunçado. Sem muita paciência pra me arrumar, apenas me perfumei e desci pra almoçar com minha mãe. Fiz ela se alimentar melhor do que ela gostaria, fiquei forçando-a a comer enquanto a distraía com outros assuntos banais.

- Mamãe, sem questionários exagerados, nem histórias constrangedoras da minha infância, tudo bem? - Adverti logo que estacionei o carro em frente à casa de , minha mãe riu, parecendo divertir-se com minhas regras.
- Não se preocupe. - Disse ela, apertando minha bochecha.
- Sem apertar minha bochecha também.

Mamãe riu ainda mais, saltei do carro e andei até a porta da casa de , mas quando estendi a mão para tocar a campainha a porta se abriu, revelando-a. Um sorriso sem jeito surgiu em seu rosto, seus olhos desviaram dos meus para seus próprios pés.

- Me atrasei? - Perguntei, rapidamente negou com a cabeça e, após um longo suspiro, voltou a me encarar.
- Você pode me levar ao ballet? - Concordei de imediato, vendo-a fechar a porta atrás de si, peguei sua mochila e a coloquei em meu ombro, abraçando sua cintura enquanto andávamos em direção ao carro.
- Eu vou levar minha mãe ao salão e depois te levo ao ballet, é perto. - concordou com a cabeça, abri a porta de trás pra que ela entrasse e deixei sua mochila no banco ao lado.
- Boa tarde, Senhora .
- Boa tarde, querida, como vai?

Sorri, fechando a porta e dando a volta no carro para entrar no assento do motorista. Enquanto as duas conversavam sobre cabelos, eu nos conduzia. Era bom ver que elas se davam bem, eu não sei o que faria se arrumasse uma namorada que minha mãe desaprovasse, ela faria questão de ficar me lembrando disso o tempo todo. Ela fazia isso com sempre. Afinal, ela nunca gostava dos meus cunhados. E com razão, eu também não gostava.

- Obrigada, filho. - Mamãe agradeceu assim que parei o carro em frente ao salão, apenas puxei o freio de mão, esperando que ela dessesse e pulasse pra frente - Nos vemos mais tarde.
- Ok, mãe, bom trabalho. - Ela sorriu e acenou para .
- Se cuidem, crianças. - Me sorriu com cumplicidade.
- Tchau, senhora , tenha um bom dia. - acenou de volta, logo minha mãe se afastou e ela passou pra frente.
- Vai ficar o dia todo no ballet? - Perguntei na esperança que pudessemos nos ver mais tarde.
- Vou. - Afirmou e me fitou por um momento - Tenho um convite a te fazer. - A olhei e sorri.
- Ah, tem? - Ela concordou, ajoelhando-se no banco e se esticando para alcançar sua mochila no banco de trás, meus olhos percorreram seu corpo naquela posição e minha mente produziu mil e uma imagens nada inocentes.
- Toma. - Ela me estendeu um envelope colorido assim que eu freei no sinal, o abri rapidamente e li sobre seu festival de danças, eu havia me esquecido que era naquele dia.
- É hoje à noite! - Exclamei e a fitei - Que legal, , eu tinha me esquecido.
- Sim, e tem o jantar depois... V-Você vai? - Perguntou receosa, mordendo o canto do lábio.
- Claro que sim. - Sorri, colocando o convite sobre o painel do carro.
- Você pode passar na minha casa umas seis e meia da tarde, eu vou direto daqui para o teatro, mas você pode ir pra lá com meus pais e Ryan.
- Está bem. - Não estava bem, isso seria quase como conhecer a rainha, mas eu não ia deixá-la na mão, de jeito nenhum.

Eu estava esperando que perguntasse sobre as fotos, ou sobre qualquer coisa que ) havia dito, ou cuspido, na manhã anterior, mas por um momento foi como se nada tivesse acontecido, ela não tocou no assunto, nem pareceu mais tão afetada por ele. Só estávamos um pouco rígidos e medindo palavras, como nas primeiras vezes que saímos juntos. Ficaríamos bem com o tempo, eu estava certo disso.
Deixei no ballet e, num surto de viadisse, fui para o centro procurar uma roupa decente para usar mais tarde. Era melhor causar boa impressão. Pensei no shopping, mas isso seria demais pra minha reputação, ir sozinho para o shopping? Se eu pudesse ao menos levar como desculpa. Eu preferia ser o cara que carrega as sacolas a ser o cara que vai às compras. No centro haviam algumas boutiques, você pagava até pra entrar lá, as peças eram - me desculpem o vocabulário - o cú da minha bunda! Mas era menos movimentado e eu não corria risco de encontrar um amigo por lá.
Passei pelo salão da mamãe por volta das 4:30, avisei sobre meu programa para mais tarde. Aproveitando o salão vazio, ela quis cortar meu cabelo, insistiu tanto que eu deixei, afinal, eu precisava parecer apresentável, ao menos. Com o cabelo arrumado, cheguei em casa e fui direto pro banho. Comecei a me arrumar por volta das 17:40 e, 18:10, como marcava o relógio em meu pulso, eu já estava parado na porta da sua casa, com a roupa que eu havia comprado - uma calça jeans justa de lavagem preta, camisa branca, que eu dobrei as mangas, um sapato social preto e uma gravata de cetim cinza escuro - e impregnado de um perfume que meu pai havia ganhado de mamãe. Olha quantos avanços para uma só noite.

- Boa noite, . - Me virei de frente pra porta e vi uma senhora muito bonita segurando-a aberta pra mim.
- Boa noite, senhora . - Me acerquei, desenterrando uma de minhas mãos do bolso e cumprimentando-a - Prazer em conhecê-la.
- O prazer é meu, querido, entre.
- Com licença. - Entrei no hall e voltei a me encolher, eu estava envergonhado e com medo de dizer alguma merda, eu fazia isso o tempo todo.
- Estamos um pouquinho atrasados, espero que não se importe de esperar um pouco aqui na sala com Ryan. - Sua casa era simples, mas totalmente impecável, eu lamberia o chão sem medo - Ryan, filho, chegou, faça companhia a ele, veja se ele quer beber ou comer algo. - Ela dizia depressa, sorri para Ryan, que havia desviado seus olhos da tv por um momento.
- E aí, . - Saudou o garoto, adentrei pela sala de tv e andei até Ryan, cumprimentei-o com um high five e me sentei em uma poltrona livre.
- O que está assistindo? - Perguntei, tentando evitar o silêncio.
- Madagascar. - Respondeu disperso, assenti, também olhando pra tv até ouvi-lo novamente se pronunciar - Hey, , você gosta de ballet? - Sua expressão me fez sustar uma gargalhada, eu não deveria ser escandaloso ali.
- Bom... Não. - Ri sem graça - Mas vai ser legal ver sua irmã dançar. - Ryan bufou e cruzou seus braços.
- Os caras da minha escola disseram que só quem vai ao ballet são os gays. - Dizia ele com o tom de voz afetado, novamente prendi o riso.
- Sabe o que você diz a eles amanhã? - Ryan depositou seus olhos curiosos sobre mim e eu sorri de maneira safada - Que viu um monte de garotas gostosas usando só tutu lá. - Sussurrei mais perto dele, depois voltei a me encostar na poltrona, satisfeito com minha idéia, mas os olhos dele, agora arregalados, me fizeram pensar que eu havia desvirtuado uma criança.
- O que é tutu? - Sussurrou de volta, sem se mover, com os olhos esbugalhados, gargalhei com vontade dessa vez, sem conseguir segurar.
- Eu te mostro quando chegarmos lá.
- Podemos ir? - Perguntou Sra. , nos viramos pra ela e nos levantamos rapidamente.
- Olá, . - Sr. me estendeu sua mão, cumprimentei-o com firmeza.
- Boa noite.

Ryan e eu fomos seguindo o carro dos meus sogros, que não era muito novo, nem muito bonito, mas estava conservado. Estou falando do carro. Entramos no teatro, já estava quase lotado, mas tudo muito bem organizado. Nosso lugar estava reservado na quarta fila de cadeiras estofadas de vermelho.
A cortina foi aberta lentamente, no fundo do palco havia um tipo de lençol no qual foi retratado a imagem de metade de um picadeiro, com arquibancadas lotadas, era como se o palco desse continuidade ao desenho lá pintado. As bailarinas começaram a entrar, todas elas usando o mesmo vestido, estava entre elas e, pelo que notamos, elas representavam o contorcionismo. teria que me mostrar aquilo outra hora, sem dúvida... E sem roupa.
A música durou aproximadamente 5 minutos, então entrou uma segunda turma de bailarinas, eram menores e estavam todas vestidas de elefantinho, ficaram dançando e errando durante um bom tempo, depois foram substituidas por gays... Digo, bailarinos. Eles estavam de preto e usavam cartolas, supus que fossem os mágicos, mas não precisava ser muito esperto pra isso. Ficaram se apresentando sozinhos por uns três minutos e aí vieram as bailarinas, desta vez com vestido e sapatilhas vermelhas. estava linda, realmente muito bonita, mas não foi agradável vê-la dançando com um cara. Quero dizer, ele a pegava no colo, girava, segurava em suas coxas, que direito ele tinha de segurar nas coxas da minha garota?
retornou ao palco só depois de umas 5 danças, com um vestido colorido, reconheci a coreografia, mais por causa da música do que pelos movimentos em si. Sorri ao notar o aperfeiçoamento em seus gestos, certamente havia ensaiado bastante depois daquele dia.
Vinte minutos depois, havia deixado o palco e ainda não voltara. Ryan começou a reclamar de fome e o senhor estava tão impaciente quanto eu, apenas minha sogra parecia calma, ou tentava passar isso pra nós. Sem desmerecer as outras bailarinas, mas, sem minha , o espetáculo perdeu completamente a graça.
As luzes se apagaram, depois voltaram lentamente, deixando o teatro na penumbra. Uma música de batidas suaves começou a soar ao mesmo tempo que um cara entrou com um daqueles colants que se parecem com um macacão, completamente apertado. Eu me perguntei onde ele havia colocado o pinto, vocês vão me desculpar a ignorância, mas aquele cara tinha dado uma ré ali, tinha sim.
Um corpo deslizou envolvido em duas tiras de tecido cor de pérola presos a alguma estrutura do teto, vestida com uma meia calça e um collant, ambos brancos, marcando cada única curva de seu corpo. Ela se enrolava nos panos e se soltava, me despertando um enorme frio na barriga que ela parecia não sentir. Na verdade, aparentava estar completamente tranquila enquanto despencava de uma altura de aproximadamente 6 metros.
O garoto, deitado no chão, ergueu um de seus braços e abriu sua palma, onde o corpo de pousou. Quando estava devidamente deitada sobre a mão dele, soltou-se dos panos onde estava agarrada até então. Ele começou a se levantar, equilibrando-a em sua palma. Meu estômago encolheu-se diante da cena, mal esperei que viriam coisas muito piores. Com leveza, ele a colocou no chão, deitada, então apoiou suas próprias mãos na lona, uma de cada lado do rosto de , e ergueu seu corpo, de ponta cabeça, com o rosto alinhado frente ao dela, enquanto abria as pernas, claro, porque essa é a especialidade dele, filho de uma puta, desgraçado!
Eu não ia mais olhar, aquilo era demais pra mim, sinceramente, estava saindo de meu controle. Eu, que nunca fui sentir ciúme, estava deixando aquilo me corroer rapidamente. Eu queria levantar e sair dali, mas eu não conseguia me mover. Me encolhi um pouco mais contra a poltrona, meus dedos esmagados uns contra os outros e a cabeça baixa, lutando para não continuar assistindo àquela apresentação, mas ainda assim com os olhos fixos no palco.
Ela confiava nele, seja lá quem aquele maldito fosse. Ninguém jamais se prenderia ao corpo de uma pessoa enquanto ela está de ponta cabeça sem sentir muita confiança. Ela me deixaria rodopiá-la nos meus ombros? Ela confiaria em mim a ponto de ficar em pé na minha barriga enquanto eu estou arqueado pra trás? Porque ela confiava nele o suficiente pra tudo isso e eu não conseguia me conformar!
4 minutos depois e eles finalmente se desprenderam um do outro, começando a dançar. Aquilo me aliviou, mas por pouco tempo. voltou da coxia segurando uma jaqueta verde, a qual vestiu nele, que trazia um vestido para colocar nela, e foi o que fez, com destreza. Sorte dele estar tão longe das minhas mãos nervosas naquele momento. Dei um tapa forte no braço da poltrona e atraí alguns olhares reprovadores sobre mim, mantive meus dentes trincados e meus olhos fixos naquela pouca vergonha.
Eles começaram a dançar juntos, como uma valsa, estava dançando uma maldita valsa com um sujeito que dava a ré no pau e eu estava sentado assistindo aquela porra toda! Lentamente foram cercados de bailarinas, que dançavam em torno deles. Os dois se envolveram nos tecidos, completamente abraçados, e foram puxados para uma altura considerável, fazendo a pose final quando a música, por fim, morreu.

- ? - Ergui meu rosto na direção de senhora , que me olhava com algo semelhante à compaixão - Vamos esperar a lá fora?
- Eu vou ao banheiro antes. - Me levantei, sentindo meus músculos pulsarem com força, eu só queria voar naquele filho de uma cadela e esmurrar a cara de veado dele até me cansar.
- Tudo bem, estamos esperando vocês no estacionamento, então.

Concordei com a cabeça e sai à frente, procurando pelo banheiro. Meu sangue parecia borbulhar dentro das minhas veias, a última vez que me senti assim foi quando vi dentro daquele vestido curto, mas duas vezes pior. Apoiei minhas mãos no mármore e abaixei a cabeça, tentando controlar meu nervosismo, eu precisava estar recuperado para quando fosse vê-la, eu não deveria ser um idiota com ela, principalmente na frente de seus pais ou de seus amigos. Eu tinha de ser superior. Mas estava difícil me sentir assim quando as imagens da coreografia passavam lentamente em minha mente.
Quando me senti um pouco mais seguro de mim e ciente de que não faria nenhuma palhaçada, saí do banheiro. Saí no estacionamento e pude ver uma roda de pessoas conversando próximo ao carro do meu sogro. Reconheci pela nuca, à mostra pela trança que havia sido feita em seu cabelo. Logo que me acerquei, as pessoas se voltaram pra mim, fazendo com que notasse minha presença e se virasse pra trás, um sorriso cresceu em seus lábios e ela se acercou, saltando em meus braços. O impacto de seu corpo contra o meu me fez dar uma volta no lugar. Sua risada escapou, tão gostosa que me desarmou, toda raiva pareceu se dissipar e meus braços se aferraram com mais força ao seu redor. Rocei meu nariz em seu ombro e pescoço, sentindo sua pele exalar um perfume doce, gostoso. soltou-se de mim, arrepiada, e agarrou minha mão, me rebocando para perto da turma enquanto eu a admirava, estava linda naquela noite, a cor de seu vestido destacava a cor de sua pele, a maquiagem prateada deixava seu rosto ainda mais angelical e seu colo descoberto me despertava mil e uma fantasias, tudo o que eu quis foi levá-la pra casa, ou pra qualquer lugar que houvesse uma cama e um pouco de privacidade.

- Gente, esse é o . - me apresentou, cumprimentei ligeiramente as pessoas com um aceno, enquanto com o braço livre envolvi por trás, trazendo-a contra mim.
- Vamos para o salão, filha, ou vai acabar ficando tarde. - Minha sogra nos advertiu.
- Vamos. - concordou e virou-se pra mim - Você 'tá de carro, amor?
- 'Tô sim, vamos? - Sorri fraco e comecei a andar, trazendo-a comigo.
- Credo, ! - Reclamou logo que dei partida - Você poderia ter sido mais simpático.
- Quem era aquele que dançou com você? - Perguntei enquanto tentava me concentrar na rua.
- O Derick? - Dei de ombros - Nós nos conhecemos desde que cheguei na Inglaterra, ele era meu vizinho e ele quem me convidou para entrar no ballet. - Explicou ela, rapidamente, enquanto mexia em sua bolsa - Por quê?
- Vocês são bem... Digamos, íntimos, não é verdade? - Sorri com ironia e ouvi um riso baixo vindo da garota ao meu lado.
- Você 'tá com ciúme? - Perguntou em um tom risonho, rolei meus olhos e trinquei os dentes - Aaaaaawn, que belezinha, meu menino com ciúme de mim! - Exclamou, me abraçando desajeitadamente enquanto distribuia beijos por minha bochecha, sorri levemente - Ninguém nunca sentiu ciúmes de mim antes. - Murmurou, ainda pendurada em mim - E não precisa se preocupar, seu bobo, eu amo você. - Uma onda de calor e alívio envolveu meu coração, acalmando-o.
- E ele é gay? - Perguntei esperançoso.
- Se ele é, nunca me disse.
- , mente, amor... Só pra me confortar. - Murmurei e ela voltou a rir.
- 'Tá, ele é então. - Deu de ombros e fez carinho em minha orelha, um espasmo percorreu minha coluna e eu acelerei sem querer - Você... Gostou? Das danças?
- Gostei, , por quê? - Virei meu rosto para olhá-la por alguns segundos, sorriu sem graça, ruborizando.
- Porque você nem disse nada. - Comentou.
- Ew, ! - Exclamei, olhando-a - Me desculpa, não fiz por mal, amor. - Parei no sinal e estendi minha mão sobre a sua, apertando-a com delicadeza - Eu fiquei com tanto ciúme, me desculpa, você estava incrível, sabe disso.
- Obrigada! - Agradeceu com entusiasmo, sorri e beijei as costas de sua mão.

Manobrei o carro no estacionamento do salão, os pais de já deviam estar lá dentro, já que o carro estava estacionado ao lado do meu, mas eles não estavam em qualquer parte. Na entrada fomos convidados a tirar uma foto juntos e depois seguimos até a mesa reservada para a família de . O salão estava bem enfeitado e havia um casal fazendo duetos românticos sobre o palco enquanto a mesa de frios era posta. Nos sentamos lado a lado na mesa redonda onde meus sogros e meu cunhado nos esperavam. estava enérgica e não se importou de ter que deixar a mesa algumas vezes para tirar fotos.

- Então, , o ano logo acaba, já sabe o que vai fazer? - Meu sogro quis saber, deixei a taça de Coca Cola sobre a mesa e terminei de engolir o que havia na boca com dificuldade.
- Eu... Quero... Música, vou fazer música. - Fui sincero, não ia adiantar nada inventar algum curso de nome difícil.
- Música? Escolha interessante, você toca algum instrumento? - Ele perguntou com curiosidade.
- Alguns. - Sorri sem jeito, desconfortável.
- tem uma banda, papai. - comentou, segurando minha mão por baixo da mesa.
- Ah, tem? - Concordei com a cabeça, sem saber se era verdade, se eu ainda tinha uma banda - O que vocês tocam?
- Pop rock. - Ainda que estivesse incerto do gênero, acho que era onde melhor nos encaixávamos.
- Qual o nome?
- McFLY. - Respondi, com um sorriso orgulhoso.
- Marty McFly? Ou nenhuma conexão?
- Na verdade é uma homenagem ao personagem, sim.
- Legal, bom filme.

O jantar se desdobrou rapidamente, eu descobri que me sentia totalmente confortável com seus pais, eu estava me sentindo bem, feliz, sortudo. não era a garota que eu idealizei toda minha adolescência, ela sempre foi muito melhor que isso, o que me fazia sentir um pouco desmerecedor de sua presença, de fato eu tinha ao meu lado uma recompensa muito maior do que a que eu esperava receber. Nunca fui bom aluno e nem podia ser considerado o melhor filho. Sempre bebi, às vezes fumava. Preguiçoso, até mesmo para ser educado e gentil. Sempre adorei fazer coisas que não se deve fazer. Um verdadeiro adorador do contra, do não aconselhável. E, de repente, a vida coloca em minha frente o meu oposto. Se a cor azul nos representa tristeza, então o boletim de era deprimente; Ela tratava os pais como se fossem verdadeiros pedaços de vidro, passíveis de se quebrar a qualquer momento, a qualquer descuido. Na verdade, ela tratava todo mundo dessa mesma maneira, com um instinto maternal bastante notável. Ela não bebe, odeia cigarros e tem repulsa a qualquer tipo de vício, alegando que eles não são saudáveis e, realmente, não são. Ela não tinha coragem de negar nada a ninguém, desde que fosse para o bem da pessoa. Era gentil até com quem não merecia. era exatamente tudo o que eu nunca fui e que, de repente, me vi sendo, eu não estava assustado, não me sentia mal, menos ainda cedido. Eu a admirava e me admirava por agora me importar com coisas que antes mal prestava atenção. Agora ela tinha um pouco de mim e eu um pouco dela; ainda que chegássemos a nos separar e, por ventura, nunca mais nos falássemos, sei que ela jamais me esqueceria, por eu ter lhe tornado mulher e por lhe ter feito fugir da escola pela primeira vez. Quanto a mim, eu não a esqueceria por motivos bem maiores, eu jamais a esqueceria por ter me ensinado tudo o que eu tinha de aprender, por me conduzir ao amadurecimento, por me apresentar ao mais puro e verdadeiro amor.

- Quer dançar? - Ouvi minha voz dizer e me voltei pra ela, tão surpresa quanto eu.
- Quero. - Concordou de imediato.
- Vocês nos dão licença? - Perguntei aos seus pais.
- Vão, vão se divertir! - Minha sogra dizia, abanando as mãos, sorri e me levantei, estendendo minha mão para .

Caminhamos devagar até o centro do salão, Cannonball, Damien Rice, soava pelas caixas de som. Eu poderia me sentir desesperado, pois estava em um salão abarrotado de bailarinos profissionais, mas eu sabia me virar, afinal, de que serviram os mil aniversários de 15 anos que eu fui convidado para dançar valsa? Encontrei, enfim, um bom motivo pra ter feito isso por dois anos. Eu nem mesmo conhecia grande parte das aniversariantes que nos convidavam, apenas íamos e dançávamos. Depois tocávamos e, como recompensa, além da grana, comíamos e bebíamos de graça; e se as parceiras de valsa fossem gostosas, ainda lucrávamos uma transa no fim da noite. Naquele momento isso não fazia sentido nenhum pra mim e, realmente, não faz. As coisas boas acrescentam algo em nossa vida e, bem... O único ponto positivo era ter aprendido a dançar, assim eu podia conceder aquele momento à minha menina e mostrar a todos ali que, muito embora eu não soubesse dançar como Derick, sabia, era a garota mais linda daquele lugar e de toda Bolton, mas o melhor de tudo? É minha.

- Fica comigo essa noite? - Pedi em seu ouvido, segurando uma de suas mãos junto à minha enquanto a outra estava em seu devido lugar, o centro de suas costas.
- Não vejo um meio de fazer isso sem que meus pais saibam. - Murmurou com pesar.
- Realmente, eu também não. - Suspirei e a rodopiei, unindo-a novamente à mim, ria pelo giro repentino..
- A não ser que... Bem, você vai precisar ser ousado e corajoso. - Caçoou, fiz careta, ouvindo-a rir.
- O que eu preciso fazer?
- Vou deixar a porta da sacada aberta e, se você conseguir, suba. - disse de forma completamente cínica.
- Você está dizendo isso dessa maneira porque sabe que eu faria qualquer coisa pra essa noite dar certo. - riu ainda mais, mordi de leve sua bochecha e encostei os lábios em seu ouvido - Te deixo em casa, paro o carro na outra esquina e, quando puder, me dê um toque.
- Combinado. - Ela sussurrou de volta, a apertei contra mim, sorrindo.

Ficamos mais um tempo dançando, depois voltamos pra mesa. se disse cansada, prendi o riso, acho que eu tinha feito alguns estragos na personalidade dela, tipo, aprender a mentir. Seguimos no meu carro até sua casa, deixando tudo combinado pelo caminho. Tudo tão bem planejado fazia parecer uma história dos anos 60, uma fábula, talvez.
Deixei na porta de casa, onde me despedi dela, de Ryan e seus pais, depois voltei para o carro e saí para uma volta. Eu não estava ansioso, só contente por poder passar aquela noite ao lado dela. Mentira, eu estava ansioso. Era a primeira vez que eu entraria em seu quarto e me deitaria em sua cama, era mais do que eu esperei um dia. Afinal, quem em sã consciência imaginaria que eu, , o perverso rei dos bailes de primavera e membro de uma banda de rock, seria convidado para dormir na cama de , líder dos nerds, membro da oficina de matemática, do clube de teatro, ballet, reforço e que ainda trabalha em uma creche? Bem, eu era um pouco infantil, então se formos refletir profundamente sobre os fatos, eu estava no caminho certo.
Uma hora depois, ouvi meu celular tocar. Eu já estava nervoso por sua demora, não sabia o que faria caso o plano tivesse furado. Saí da loja de conveniência ainda guardando os preservativos em minha carteira. A guardei no bolso e entrei no carro, colocando uma barra do chicletes de menta em minha boca. Dirigi o mais rápido que pude e parei o carro quase na esquina, para não correr o risco de ser descoberto. Ativei o alarme e caminhei devagar até o jardim da casa de , calculando mentalmente a altura da sacada. Como diabos eu chegaria lá encima? Eu não fazia idéia, mas eu faria. Medi minha altura e mastiguei o chiclete mais rápido e forte, se eu tivesse só mais dois metros, um a mais já ajudaria. Bom, se fosse , ele precisaria de uma escada até com duas vezes sua altura.
Caminhei até a janela do andar inferior e, com cuidado, subi no parapeito dela, tentando não fazer barulho. Me estiquei e consegui tocar a sacada, mas eu precisava de algo mais alto para alcançar a grade. Talvez se eu pulasse, foi o que pensei antes de saltar e me agarrar na beirada da sacada, no desespero, apoiei os pés na parede, mas não tardou para que eu sentisse minhas costas colidindo contra a grama, que eu agradeci à Deus por ser bem cuidada e fofa.
saiu na sacada do mesmo instante e cobriu a boca com as duas mãos, um hobbie branco envolvido no corpo. Suspirei e me levantei devagar, massageando meu cóccix. Ela pediu, por meio de gestos, que eu esperasse ali, depois de 5 minutos retornou, segurando um lençol, comecei a rir imediatamente, ela não achava que teria força suficiente pra me puxar, certo? Ela começou a amarrar o tecido na grade, eu acompanhava cada volta que ela dava, mas ainda assim não estava confiando naquilo, nem um pouco. Ela atirou a outra ponta em minha direção e eu segurei, testando a segurança e rezando pra que, tanto o lençol quanto o nó e a grade, fossem fortes o suficiente. Respirei fundo e subi novamente no parapeito, enrolei minha mão no lençol e com a outra segurei o tecido com força, apoiei meus pés na parede e escalei até a sacada, ao conseguir pular pra parte de dentro, apoiei minhas mãos nos joelhos e respirei fundo algumas vezes, até agarrar meu colarinho e me puxar aos tropeços pra dentro de seu quarto, pedindo silêncio.

- Filha, tudo bem aí?



Capítulo 19. "You fave my life direction, a game show love conection, we can't deny" (Hey, Soul Sister - Train)

e eu nos entreolhamos, mantive minha respiração presa e eu juro, velho, eu poderia ter me cagado naquele momento. Permaneci petrificado, em pânico. Se o pai me pegasse ali, não quero imaginar o que seria de nós dois.

- Tudo, pai! - finalmente disse algo, apertei meus olhos - O gatinho da senhora Martha entrou pela sacada outra vez! - Reclamou ela, fingindo impaciência.
- Ah, outra vez! - Ele protestou - Não demore a dormir, está bem? Boa noite.
- Boa noite, papai. - Ela gritou de volta, a sombra, que antes vinha por debaixo da por baixo da porta, sumiu, respirei fundo e a encarei com deboche.
- Ah! - Me virei novamente pra porta, pronto pra cuspir meu coração - Feche a porta da sacada, esse gato da dona Martha é um folgado! - Abafei um riso baixo contra minha mão, me deu um empurrão, enfezada.
- Pode deixar, papai, já estou fechando.

Ficamos em silêncio, apenas ouvindo os passos de seu pai se afastarem pelo corredor e, até que a porta do quarto do casal fosse fechada, não nos atrevemos sequer a nos olharmos. soltou um suspiro longo e trancou a porta da sacada, esfregando o rosto, um sorriso debochado cresceu novamente em meus lábios.

- Machucou? - Ela quis saber, se acercando e me examinando rapidamente.
- Nada que uma boa noite de sono não resolva. - Murmurei, transbordando malícia, me acercando de seu corpo.
- Espera! - Pediu baixo, correndo pra dentro do banheiro e fechando a porta antes que eu pudesse alcançá-la.

Sorri e dei de ombros, começando a prestar atenção em seu quarto. Deixei as chaves do meu carro sobre a escrivaninha, onde também estava seu notebook e uma luminária. Sua cama estava encostada na parede, a cabeceira era uma praleteleira com alguns porta-retratos e confesso ter me sentido completamente aquecido ao ver uma foto minha ali. Eu estava horroroso, mas ela tinha uma foto minha em sua cabeceira. Enterrei minhas mãos no bolso e olhei ao meu redor. Em frente à cama ficava uma poltrona branca, visivelmente fofa, e ao lado uma estante, com uma tv, DVD e o resto de seus espaços abarrotavam-se livros de todas as cores e tamanhos. No chão, ao lado, havia um mini system e alguns CDs espalhados, mas não tive tempo de ver o que ela costumava escutar. Subitamente me voltei para a porta do banheiro quando esta se abriu, meu coração parou de bater por alguns poucos segundos, o suficiente pra fazer meu corpo todo formigar.
estava parada, encolhida e com os olhos curiosos sobre os meus. Sua expressão tímida se destacava na ousadia de sua lingerie. Minha boca e garganta foram se tornando escassas, meu coração pulsava com rigidez, me peguei arfando.

- Eu... Ia colocar amanhã, caso tivessemos algum lugar pra ir depois... Mas... Acho melhor aproveitar a oportunidade. - Disse ela através de sussurros, minhas pernas cederam e eu me senti como um garotinho punheteiro de 13 anos.
- Você 'tá... 'Tá... - Umedeci os lábios, gesticulando como se isso fosse me ajudar a encontrar o adjetivo correto - 'Tá linda! - Exclamei, ela sorriu, corada.
- 'Tô com vergonha. - Comentou enquanto meus olhos excursionavam por seu corpo semicoberto.
- Eu é que deveria me envergonhar, por ter a mulher mais linda do mundo na minha frente e não conseguir sair do lugar! - Neguei com a cabeça, fazendo-a rir, então comecei a me aproximar, sentindo seu perfume rapidamente atingir minhas narinas e minha sanidade.
- Você me considera uma mulher? - Quis saber, quando parei à sua frente, toquei seu rosto com ambas minhas mãos, massageando as maçãs dele com os polegares enquanto fitava seus olhos brilhantes.
- Você é uma mulher. - Respondi, com sinceridade - Que se veste como criança, mas uma mulher. - Eu não queria soar acusador, apenas queria que ela entendesse que não precisava se esconder por trás de macacões e óculos de grau - Você não precisa ter medo de ser confundida com algo que não é, nem nunca vai ser... - Ela piscava devagar enquanto eu retirava o arquinho de sua cabeça, deixando seu cabelo contornar melhor seu rosto - Soltar seu cabelo, se maquiar ou usar saltos não vai te fazer fugir da sua personalidade, nem trair seus princípios. - Segurei seu queixo com cuidado e mordisquei delicadamente seu lábio inferior - Bem como se vestir dessa forma pra mim não muda nada em meu conceito sobre você, você ainda é minha menina responsável, inteligente, inocente, que fica sexy de macacão sujo e babydoll. - sorriu divertida, afagando minha nuca com seus dedos.
- Eu não fico sexy de macacão. - Protestou em tom cômico, com seus olhos divagando por minha boca, rocei nossos lábios e sorri malicioso.
- Aaah, você fica sim. - Afirmei, encostando-a na parede com meu corpo.

Um beijo se iniciou e eu rapidamente busquei as laterais de seu quadril para firmar minhas mãos. O tecido fino de seu babydoll escondeu a carícia que eu fazia em suas coxas e nádegas, pressionando e massageando sua pele com a ponta dos dedos. se esticou e apagou a luz do banheiro, depois tornou a me abraçar pelos ombros e embrenhar suas mãos em meu cabelo, entregando-se aos meus braços.
Suas unhas deslizavam por minha nuca, desencadeando espasmos rápidos e intensos por minha coluna. Eu empurrava meu corpo contra o seu e em resposta obtinha gemidos esganiçados. Sua pele estava escorragadia, o que me fez pensar que ela tinha usado algum produto depois do banho. Minha imaginação fértil logo me trouxe imagens de umedecendo a própria pele com óleo. Arfei e agarrei seu quadril, guinando-o de encontro com o meu e forçando minha ereção, ainda em formação, contra ela.
Talvez fosse a situação de risco, que embora eu já tivesse provado algumas vezes antes, nunca foi tão intensa como aquela. Afinal, era minha namorada, que até muito pouco tempo atrás era virgem, em seu quarto, onde nenhum outro cara pudera estar. Estávamos quebrando completa e arriscadamente, as regras impostas por seus pais, nem nos mais loucos pesadelos eles me imaginariam no quarto de com a mão dentro de sua calcinha, masturbando-a com destreza. Era só a garotinha deles e a minha mulher, a qual eu podia tocar sem limites, onde bem quisesse, sem objeções. era minha, é minha, sempre foi, sempre será.
Nossos lábios se perderam quando ela puxou meus cabelos e afastou nossos rostos. A encarei por alguns segundos antes de deixar de tocá-la e começar a erguer seu babydoll. Meu coração parecia querer rasgar meu peito, vê-la nua daquela maneira chegava a ser crueldade, eu poderia explodir. segurou minha camisa e começou a desabotoá-la enquanto eu devorava seu pescoço fino, destribuindo beijos lânguidos por ali enquanto alisava sua barriga e cintura. Apesar de trêmula, ela me livrou da camisa o mais rápido que conseguiu. Atrai seu corpo contra o meu, sentindo seus seios rígidos pressionados contra meu peito. Nossas pernas se intercalaram enquanto eu caminhava em direção à cama, com praticamente desfalecida em meus braços, apenas desfrutando da carícia que minha língua fazia em sua orelha.
Deitei seu corpo sobre a cama e rapidamente me posicionei entre suas pernas, massageando um de seus seios enquanto arrastava meus lábios entreabertos por seu pescoço e colo. Fiz uma trilha com a ponta da língua até o mamilo de seu seio livre, onde encaixei minha boca. se contorceu sob meu corpo, arqueando sua coluna e gemendo baixo com o lábio preso entre os dentes. Sorri e, com cuidado, mordisquei seu mamilo, imediatamente senti seus dedos enroscados em meu cabelo. Eu a ouvia resfolegar enquanto me deleitava com seu corpo todo só pra mim. Eu tinha sempre a impressão de que era a primeira vez que eu a via nua, a primeira vez que podia tocá-la e beijá-la. Era tudo muito novo pra , o que fazia parecer novo pra mim também. Eu sentia como se tivesse de beijá-la e tocá-la inteira, conhecer novamente todos os seus pontos fracos, mesmo que eu já os soubesse de cor e salteado.
pareceu nervosa quando alcancei seu ventre com a boca, ela me olhava curiosa enquanto eu contornava seu umbigo com a língua e depois a barra de sua calcinha, ao mesmo tempo que me desfazia de minha própria calça, empurrando-a para fora da cama junto com meus sapatos e meias. Enrosquei meus polegares nas laterais da calcinha de e a enrolei por suas coxas e, meu Deus, que coxas. Comecei a plantar beijos na área de seu joelho, escorregando pela parte interna de sua coxa, eu sentia segurar meu cabelo como se quisesse evitar, ao mesmo que não tinha coragem suficiente pra isso. Toquei sua virilha com minha língua e a ouvi arfar com força, suas unhas pressionaram meu couro cabeludo, me arrancando um riso discreto. Segurei o quadril de por baixo de suas coxas e comecei a tocá-la intimamente com minha língua. Aos poucos ela foi cedendo e afastando suas coxas, como da outra vez. Pressionei minha língua em sua cavidade, seus dedos agarrraram meu ombro, beliscando minha pele com uma força desmedida. Continuei a pincelar sua intimidade com minha língua, fazendo sucções quase imperceptíveis e, antes que ela gozasse, comecei a subir com meu corpo sobre o seu. envolveu minha cintura com as pernas, pressionando meu quadril contra o seu com uma necessidade adorável. Seus lábios devoravam o meu, era uma delícia vê-la daquela maneira, completamente à mercê das minhas carícias. Suas mãos trêmulas e agitadas empurraram minha boxer até onde alcançaram, finalizei seu gesto e empurrei meu quadril contra o seu, sentindo nossos sexos se roçaram. Gememos baixo, um dentro da boca do outro.
Sem vontade, me afastei e alcancei minha calça, retirei de lá minha carteira e destaquei um preservativo, me protegendo devidamente antes de voltar para os braços de . Sem mais delongas, investi pra dentro dela, sem aviso prévio ou manifestações. Surpresa, ela empurrou sua cabeça pra trás, expondo sua garganta pra mim, passei a língua por sua pele e suguei com força, agarrando sua coxa contra mim enquanto começava a empurrar meu membro em seu interior. Já não era tão difícil e eu não me preocupava tanto, sabia que a dor já havia ficado nas primeiras vezes e agora só nos restava prazer, muito prazer.
Perdi o controle de meus movimentos, abafava seus gemidos em meu ombro e pescoço. Seus seios saltavam e roçavam em meu peito enquanto suas coxas quentes se arrastavam pela minha cintura. Eu sentia o suor brotar na superfície da minha pele, nos umedecendo ainda mais. Foi ficando cada vez mais difícil adiar o orgasmo e, quando notei que havia atingido o seu, me permiti gozar. Rapidamente nos aferramos, desfrutando cada único segundo daquele momento antes que ele chegasse ao fim.
Sorri ao ver desabar sobre a cama, com suas coxas ainda enroscadas em mim. Alisei sua perna e a lateral do seu corpo, olhando-a arfar com os olhos fechados e os lábios inchados. Como sempre.
Levou alguns minutos até que eu me recuperasse, então levantei e fui jogar o preservativo fora, quando retornei, ainda estava nua sobre sua cama, com as pernas viradas pra um lado só e o tronco em direção ao teto, seus seios empinados me fizeram sorrir, como podia existir tamanha perfeição? Vesti minha boxer e me deitei ao seu lado, virou-se de frente pra mim e escondeu seus seios em meu peito, deitando seu rosto em meu ombro, sorri e a abracei contra mim, apertando-a contra meu corpo enquanto plantava um beijo entre seus cabelos úmidos.
Ficamos ali, abraçados, conversando sobre bobeiras e encarando seu teto no qual haviam algumas estrelinhas brilhantes. Então citou o baile e, de repente, eu senti uma angústia tremenda, tão forte que parecia me sufocar. Não era medo, era pânico, terror. Eu poderia nunca mais voltar ali, nunca mais me deitar em sua cama e conversar até as três da manhã e eu temia que isso acontecesse, temia perder seu amor e temia, ainda mais, que isso fosse definitivo. Eu não saberia viver sem ser amado por e me assustava saber que haviam possibilidades disso acontecer.

- ... - A chamei, com uma estranha e repentina vontade de chorar.
- Hum? - Murmurou de volta, sem deixar de afagar meus cabelos.
- Você acreditaria em mim se eu dissesse que não sei mais viver sem você?
- Acreditaria. - Respondeu, alguns segundos depois - E se te conforta, também me sinto assim.
- Você... Você me deixaria se algo acontecesse? - Eu especulava, buscando alguma informação útil para me acalmar.
- Como assim, algo? - Perguntou, erguendo seu corpo em um dos braços enquanto examinava meu rosto.
- Se eu mentisse pra você algum dia, ou... Se você descobrisse algo que eu fiz no passado? - Minha voz saía mais fraca do que eu gostaria.
- Depende da gravidade da mentira e seu passado não me interessa, eu confio em você agora, não preciso confiar no " rei do baile de primavera", hm? - Ri fraco, sentindo-a acariciar meu rosto.
- Você me ama? - Encarei seus olhos, buscando a resposta ali.
- Amo. - Respondeu sem hesitar.
- E se eu te fizesse algo muito, muito ruim, e que te magoasse muito, você deixaria de me amar? - Minha voz trepidou, apoiou seu queixo em meu peito e soltou um suspiro.
- Amor jamais se conjuga no passado, , se eu deixasse de te amar, seria porque nunca te amei. - Ela dizia baixo, com uma honestidade plausível - Ninguém deixa de amar, não com o amor com o qual eu te amo.

Capítulo 20. "I've had you so many times, but somehow, I want more" (She Will Be Loved - Maroon 5)

"Amor não se conjuga no passado", eu nunca havia parado por se quer um minuto da minha vida e pensado sobre amor, é claro que diversas vezes eu disse que amava uma garota ou outra, mas na verdade eu amava o que elas me proporcionavam, prazer instantâneo e sem compromisso. Era bom, era seguro. Eu não teria que realmente amá-las, nem levá-las pra casa, elas ficariam gratas se eu pagasse pelo táxi, algumas delas ficariam felizes se eu ao menos ligasse para algum taxista. Elas também não me amavam, elas amavam as bebidas que eu pagava, as substâncias que eu conseguia, meu carro, minha carteira, meu pinto e minha experiência. Então eu colidi contra uma outra realidade e tudo isso pareceu completamente inútil perto de . Ela não bebe, não usa drogas, não se importa com o meu carro, nem com o meu dinheiro, não sabe lidar com sexo e minha experiência parece se dissipar quando se trata dela. O que eu tinha, afinal, para oferecê-la? Amor? Seria isso o amor que eu nunca acreditei que fosse acontecer pra mim? Se amor não se conjuga no passado, nunca deixarei de amá-la? Não existe um segundo amor? Ou algum tipo de sentimento derivado? Pois se eu fosse sentir isso pelo resto da vida, ela teria de ficar ao meu lado até que a morte chegasse pra um de nós, ou eu não saberia o que fazer. não deixaria de me amar, então foda-se, é isso mesmo, foda-se o que vier. Essa era a única coisa que eu precisava saber e, agora, mais do que isso, eu sentia.
Eu ouvi a queda de água vinda de dentro do banheiro, olhei para o flash de luz por debaixo da porta e me sentei devagar, eu estava sonhando acordado ou cochilei por um minuto? Me levantei, pegando minha boxer ao lado da cama e vestindo-a enquanto caminhava até a porta do banheiro, toquei a maçaneta com a ponta dos dedos e a girei, esperançoso.

- ?
- Oi? Acordou?
- Acho que sim. - Respondi e soltei um riso - Posso entrar?
- Espera só um minuto. - Pediu, concordei com a cabeça, como se ela fosse ver.

Ergui o pulso, a fim de olhar as horas, mas meu relógio não estava preso em meu pulso, olhei ao redor, buscando-o rapidamente. O encontrei sobre a escrivaninha e supus que havia colocado-o ali, caminhei até lá e me certifiquei de que não passava das 3h30. Ouvi a chave girar e olhei rapidamente pra porta, que se afastou. Adentrei no banheiro com calma, estava parada em frente ao espelho, vestindo apenas uma boxer feminina e uma camiseta surrada. Ela escovava seus cabelos sem pressa, cantarolando alguma canção que eu não reconheci. Parei atrás de seu corpo e envolvi sua cintura entre meus braços, seus lábios se curvaram num sorriso, mas ela continuou entretida com o que fazia. Olhei nosso reflexo no espelho, parecíamos tão certo como nunca tinha reparado. Éramos tão novos e estávamos tão apaixonados. Eu desejei que os caras passassem por isso também, pois por mais medo que eu tivesse antes de acontecer, agora parecia quase uma necessidade ter essa experiência.

- Por que eu? - Sua pergunta me fez pausar os beijos que eu dava em seu pescoço e abrir os olhos.
- Como é? - Estranhei, erguendo meu corpo e encarando-a através do espelho.
- Você podia ficar com todas essas garotas bonitas, sociáveis e... Algumas delas até são inteligentes e legais... Então por que eu? - Ela repetiu a pergunta ao fim daquele monte de bobeiras ditas antes.
- , que pergunta é essa agora? - Sorri, virando-a de frente pra mim e mantendo mãos em sua cintura - Eu não te escolhi comparando você a ninguém, só aconteceu.
- Não, , o que e estou dizendo é... Como você decidiu ir atrás de mim? Por quê? Quando?

De repente fui baleado por tiros de memória, rápidos flashes, todos eles sobre aquela aposta absurda e as primeiras vezes que tentei me aproximar de . Eu estava com tanto medo, pois ela era muito melhor que eu e que todas as garotas que eu já havia ficado, isso assusta!

- Eu... - Ali estava minha oportunidade de dizer tudo, o que estava acontecendo comigo? Era só dizer toda a verdade - Foi... Foram... Os garotos... - Consegui dizer, ela contraiu o cenho - Eles me encorajaram... - Mentira - Eu... Gosto de você há muito mais tempo do que você vai acreditar e... Eles descobriram e decidiram duvidar que eu te convidasse pra sair e... Eles sabem que eu... Odeio que... Duvidem de mim, então eu iria...
- Você não teria ido por vontade própria? - Mordi o lábio e vi baixar seus olhos e virar o rosto para o lado.
- Eu... Tinha medo, . - Ela me olhou com deboche - É verdade! , uma pessoa que está acostumada a ficar com meninas que não sabem conversar e que também não fazem questão disso, é muito difícil convidar pra sair a pessoa mais inteligente da classe, que não ia querer me beijar nem transar comigo no primeiro encontro, eu ia ter que conversar com você, mas eu não sabia se eu ia conseguir... - Agora eu começava a falar a verdade, uma verdade que eu desconhecia até então - Eu não sabia até onde eu era inteligente, até onde eu podia manter um assunto com uma pessoa como você, c'mon, você deve saber tudo sobre qualquer assunto, eu mal consigo atingir a média na escola! - Ela soltou uma risadinha e envolveu meu pescoço com os ombros - O que eu não sabia é que estar perto de você era tão agradável que qualquer assunto iria fluir, eu precisei de alguns encontros pra isso e pra perceber que você não era uma nerd que ficava bombardeando todo mundo com conhecimento, isso me deixou feliz também. - gargalhou e eu ri disso.
- Que estranho, nossos medos são bem distintos... - Ela disse, ainda entrerisos - Eu tinha medo que você fosse, sei lá, me obrigar a qualquer coisa só pra depois ficar rindo de mim pelas costas, publicar todas as bobeiras que eu fizesse e dissesse... Eu não gosto muito dessa coisa pública, acho que você percebeu. - Traguei a saliva e concordei rapidamente com a cabeça, sorrindo sem graça.
- Você só tem receio das pessoas, com razão, mas agora você não precisa temer a mais nada, porque eu não vou deixar que nada aconteça com você, nunca mais.
- Você é a melhor coisa que aconteceu na minha vida.

Na ausência de palavras, atitudes. Colei meus lábios nos de e os pressionei, sentindo-a segurar os cabelos da minha nuca. Invasivo, levei minha língua pra dentro de sua boca, entralaçando-a a sua e embrenhando meus dedos por entre os fios de seus cabelos molhados. Eu sentia uma de suas mãos excursionar minhas costas, alisando minha pele sem pressa. Envolvi sua cintura com um de meus braços e a atraí pra mais perto de meu corpo. acariciou meu rosto com ambas as mãos, depois contornou minha orelha esquerda com o indicador, um arrepio intenso alastrou-se pela superfície da minha pele, eriçando todos os meus poros e me obrigando a sorrir contra seus lábios.

- Isso é sério? - Ouvi o murmúrio de quando invadi sua blusa com as mãos, acariciando sua pele morna - Eu acabei de tomar banho. - Resmungou com seus lábios encostados aos meus.
- E esse é seu castigo por não ter me convidado.

Prendi entre meus dentes seu lábio inferior e o puxei, buscando seus olhos, fechados. Arrastei meus lábios entreabertos por sua bochecha e mordisquei o lóbulo de sua orelha, apertando sua pele entre meus dedos sem a delicadeza que eu costumava ter, soltou um ruído, pressionando suas unhas curtas em minha pele. Pressionei minha coxa entre suas pernas e segurei a barra de sua camisetinha, retirando-a de seu corpo.

- Espero que os Smurfs não tomem isso como pessoal.

soltou uma risada divertida que foi concluída com um suspiro quando eu me inclinei e comecei a beijar seu colo e a massagear um de seus seios rígidos. Com a mão livre acariciei suas costas nuas e em seguida apertei sua bunda, tateando-a por dentro da calcinha e guinando seu quadril em minha direção. gemeu baixo e demoradamente, estremecendo em meus braços quando finalmente alcancei seu seio com a boca. Enquanto desfrutava de seus seios empinados, comecei a enrolar a calcinha por suas coxas, as quais segurei em seguida para poder erguê-la.
Senti as pernas de envolverem meu quadril e suas mãos percorrerem meus braços, apertando-os enquanto beijava minha orelha e meu pescoço, comecei a caminhar em direção ao box de vidro, pareceu querer hesitar, distraindo-se por um minuto, mas depois cedeu e voltou a distribuir beijos pela minha pele.
Encostei seu corpo contra a parede gélida e a ouvi suspirar, contorcendo-se um pouco até acostumar-se com a temperatura do piso branquissimo. Estiquei meu braço e abri a torneira, logo pude sentir as gotas de água morna caírem em meus ombros e escorrerem por minhas costas, aquecendo ligeiramente minha pele. cerrou suas pernas ao redor de mim com mais força, pressionando seu quadril contra o meu e depois afrouxando-as, permiti que ela tocasse o chão e apoiei minhas mãos na parede, encolhendo todos os meus músculos ao sentir seus dedos alisarem minha barriga e a curva abaixo do umbigo.
começou a baixar minha boxer, já encharcada, enquanto delicadamente beijava meu peito. Sorri, colocando uma de minhas mãos em sua cabeça, enroscando meus dedos entre os fios de seus cabelos. Ao sentir minha boxer nos joelhos, a empurrei com os pés e a chutei pra lá, sentindo os lábios de fazerem caminho até minha barriga. Fechei meus olhos, completamente arrepiado. Eu sentia meu membro pulsar ansioso. Meus dedos se fecharam com mais força ao redor de seus cabelos, inconscientemente forcei seu rosto em direção ao meu quadril. ergueu seus olhos, buscando os meus, sorri, tentando lhe passar confiança enquanto ela rodeava meu membro com seus dedos gélidos, começando a acariciá-lo, ela parecia mais experiente enquanto subia e descia sua mão com cuidado, da glande à base.
A imagem de agachada aos meus pés, me masturbando, fez o tesão eclodir em cada cédula do meu corpo, eu mal podia controlar a pressão que eu fazia de sua cabeça em direção à minha ereção. Coloquei minha mão livre sobre as suas em meu membro e guiei seus lábios para mais perto, arrastei a glande por seus lábios entreabertos e encarei seus olhos assustados, afaguei seus cabelos, na esperança de que aquilo a fizesse relaxar também. Comecei a empurrá-lo, com cuidado, para dentro de sua boca. A temperatura de sua língua parecia ideal, bem como a maciez de seus lábios que engoliam meu sexo cuidadosamente. Minha respiração falha tornou-se sonora e meu coração parecia querer parar de bater a cada pincelada desastrada de sua língua. Apoiei minha mão na parede, enquanto com a outra guiava sua cabeça, sem exigir muito esforço dela. Aquelas sensações não eram nem mesmo familiares, era muito mais intenso do que eu jamais havia experimentado e ela mal sabia o que estava fazendo ou o que aquilo causava em mim. Eu adorava isso.
Assim que pude sentir o pré-gozo, puxei a cabeça de em minha direção, disparei um sorriso em sua direção, resfolegando diante da proximidade do orgasmo a qual eu estava. pressionou seus lábios nos meus e nos beijamos de forma intensa, embora lenta. Segurei pela cintura e, desajeitadamente, saí do box com ela. A ergui e a sentei sobre a pia de mármore, rezando pra que ela suportasse. Alisei seus seios enquanto beijava sua orelha e pescoço, acabei por deixar uma marca ali, tamanha a excitação, que parecia se multiplicar.

- A camisinha.

A voz de soou tranquila e tudo o que eu queria era que um preservativo simplesmente surgisse em meu membro, assim eu não precisaria me deslocar até o quarto, mas isso não aconteceu. Retornei ao quarto de , enxarcando seu carpete e tudo por onde passei. Peguei o preservativo e voltei, rapidamente, já vestindo-o em mim.
apoiou suas mãos pra trás, encostando sua cabeça no espelho enquanto eu me encaixava entre suas pernas. As afastei um pouco mais, apoiando um de seus pés na beirada da pia, o que me deu maior acesso à sua intimidade. Apoiei uma de minhas mãos no mármore e com a outra providenciei o encontro entre nossos sexos. Investi lentamente com meu membro pra dentro dela, ouvindo-a abafar um gemido na garganta e deitar a cabeça pra trás. Comecei com as estocadas, lentamente, pelo menos enquanto consegui manter a calma. erguia o quadril e o empurrava contra mim, chocando nossos quadris de forma intensa. Gemi entredentes e alisei seu seio, apertando-o entre meus dedos e arrancando um ruído dela. Deslizei a palma da mão por sua barriga, que se contraiu sob meu toque e, com o polegar, acariciei seu clitóris, gemeu mais alto e eu temi que seus pais houvessem escutado.
Continuei a estimular seu clitoris enquanto empurrava meu membro contra ela, agora com mais força e numa frequência mais ligeira. Nossas respirações descompassadas ecoavam pelo banheiro, assim como o barulho delicioso que fazia o encontro dos nossos quadris. Não tardou até que ambos atingíssemos o orgasmo e, se aquele não foi o mais intenso, está entre os 5 mais.
Eu não queria perder aquilo jamais, não falo só o prazer que ela me proporcionava, mas a maneira como ela piscava, entorpecida, após cada orgasmo. A maneira como sorria, com os lábios inchados e vermelhos. Seus cabelos desordenados e sua voz mansa quando vinha me abraçar e dizer que me amava. Eu não queria perdê-la, não uma parte em si, mas tudo, pois eu precisava de tudo nela e eu sentiria falta de cada uma de suas manias se elas não estivessem presentes. Mas eu não queria nem mesmo pensar nisso.

- Amor, tenho que ir.

me olhou de um jeito sonolento, beijei sua testa delicadamente e arrumei a coberta sobre ela, que sorriu, com a bochecha pressionada contra meu peito. Afaguei seu cabelo um pouco mais e, sem mais delongas, ela aferrou-se ao sono. Esperei por um tempo, até ter certeza que ela não despertaria e a deixei sobre a cama, me levantando e abaixando ao seu lado.

Hush, my love, now, don't you cry
Acalme-se, meu amor, agora, não chore
Everything will be alright
Tudo ficará bem
Close your eyes and drift into dream
Feche seus olhos e divague no sonho

Descanse em sono pacífico

Minha voz quase inaudível murmurava aquela canção do Creed. Eu me recordava daquela letra na mesma intensidade com a qual me recordava das trovoadas que acompanhavam as noites que mamãe a cantava, nesses dias corríamos para seu quarto, eu e , choramingando com medo dos trovôes. Bons tempos.

If there's one thing I hope I showed you
Se há uma coisa que eu espero ter mostrado à você
If there's one thing I hope I showed you
Se há uma coisa que eu espero ter mostrado à você
Just give love to all
Apenas dê amor à todos
Just give love to all
Apenas dê amor à todos
Just give love to all
Apenas dê amor à todos

Engraçado como mudamos de interesses, metas, medos. Eu costumava escutar essa mesma canção todas as vezes que temia a chuva, mas naquele exato momento eu temia perder uma verdadeira tempestade, que entrou na minha vida sem nenhuma permissão e deixou tudo de ponta cabeça, eu não tinha medo dela, em si, mas da possibilidade de não ter seus relâmpagos pra me guiar. Uma tempestade de primavera.

Oh, my love, in my arms tight
Oh, meu amor, sustentada em meus braços
Everyday you give me life
Você me dá vida todos os dias
As I drift off to your world
Assim que eu deslizo para fora do seu mundo
Will rest in peaceful sleep
Descansará em sono pacífico

Com o polegar, contornei a maçã do rosto de , depois as curvas de seu nariz, olhos, boca, lenta e delicadamente, tentando não fazer alarde enquanto decorava seu rosto em minha mente. Ali estava ela e era só minha. O que estava sentenciado pra nós? Só Deus sabe. Mas me assustava estar à mercê do destino.

I know there's one thing that you showed me
Eu sei que há uma coisa que você me mostrou
I know there's one thing that you showed me
Eu sei que há uma coisa que você me mostrou
That you showed me
Que você me mostrou
Just give love to all
Apenas dê amor à todos
Just give love to all
Apenas dê amor à todos
Just give love to all
Apenas dê amor à todos
Let's give love to all
Vamos dar amor à todos
Just give love to all
Apenas dê amor à todos
Let's give love to all
Vamos dar amor à todos

É, era exatamente como dizia a música. Eu podia perdê-la e nunca mais falar com ela, eu podia nunca chegar a ser tão esperto e inteligente quanto ela, mas uma coisa eu devia a e seria eternamente grato. Ao amor que ela me ensinou a sentir.
Agradeci por ela estar dormindo e, por isso, não ter notado minha voz embargada ao finalizar a canção. Depositei, cautelosamente, um beijo em sua testa, me demorando um pouco mais ao senti-la suspirar. se mexeu, ajeitando-se melhor sobre a cama. A cobri devidamente e me levantei, olhando-a dormir por mais um tempo, tentando sugar um pouco de sua tranquilidade. Peguei o resto de minhas coisas e calcei meus sapatos, ainda velando por seu sono sereno. Me acerquei e me inclinei sobre ela, apoiando minhas mãos no colchão e olhando-a de perto. Minha visão ficou turva, meus olhos aguados. Eu não sabia o motivo para aquelas lágrimas estarem ali, mas elas estavam e queimavam. Encostei meus lábios em seus cabelos e abafei um beijo suave ali.

- Eu te amo, ... - Sussurrei com a voz borrada - Não se esqueça disso nunca, mesmo quando já não quiser lembrar, não se esqueça... Nunca.

Capítulo 21. "If you wanna fight, I'll stand right beside you" (The Heart Never Lies)

- O QUE VOCÊ QUER? - O grito de ecoou dentro da minha cabeça, suspirei com os olhos fechados.
- Bom dia pra você também. - Murmurei, me afastando de sua cama e arrastando a porta do seu armário, suas roupas me atacaram, literalmente, desmoronando sobre mim. - Uau, organização é mesmo seu forte.
- O que você quer? - Ela repetiu, pausadamente e entredentes.
- Preciso da sua ajuda. - Respondi, chutando algumas peças.
- Minha ajuda pra quê, ? - Sua expressão quase me repeliu, mas só pelos primeiros segundos.
- Come on, , coloque mais amor no seu coraçãozinho. - Caçoei, atirando uma blusa grande e amassada sobre a cama, junto com um short jeans.
- , que horas são, só pra início de conversa?
- Quase dez. - Respondi com as mãos na cintura, esperando que ela concordasse de uma vez.
- Você é louco? Porra, garoto! - Esbravejou, ela.
- Por favor! - Cedi, me olhou com estranheza, depois semicerrou os olhos, esperando que eu começasse a rir, eu acho.
- Ok, o que você quer? Diz de uma vez.
- Só preciso que vá comigo até o shopping. - Dei de ombros, cruzando os braços.
- Shopping? Está brincando? - Parecia assombrada, rolei meus olhos.
- É, shopping! - Murmurei sem paciência - Preciso escolher um vestido pra e, sabe como é, eu não faço idéia de como procurar!
- Precisa ser...
- Agora! - Acrescentei antes que ela terminasse.
- Me dá...
- Dez minutos, 'tô te esperando lá embaixo.
- Pra que isso? Porra, ninguém vai exterminar os vestidos até as 10:30!

Ignorei , que ficou resmungando sem parar, como uma velha. Desci até a sala de jantar. Meus pais estavam em silêncio absoluto, fingi não notar a cara de poucos amigos que minha mãe estava no rosto. Me sentei e peguei um dos waffles empilhados em um prato.

- Eu achei que estivesse acordada, mas acho que estou sonhando. - Minha mãe zombou, rolei os olhos, rindo.
- Se está sonhando que acordou às nove em um sábado, devo estar no seu sonho também. - Meu pai reforçou a piada mal formulada, continuei olhando pra eles, esperando que terminassem.
- Onde você passou a noite, mocinho? - Mamãe quis saber, encarando-me como se fosse descobrir por conta própria.
- Com a . - Respondi, ela abriu a boca e eu estava ciente que iria começar um sermão... Se eu deixasse - Sim, mãe, a gente se cuidou... - Respondi, antes que ela perguntasse - E, não, eu ainda não dormi, nem vou. - Minha mãe bufou e meu pai começou a rir.
- ! - Reclamou ela.
- Vou sair, vou ao shopping.
- Comigo. - entrou pela cozinha, sentando-se em uma cadeira ao meu lado.
- Vocês...
- Não, mãe, não estamos com fome, vamos comer no shopping, ou no caminho pra lá... Preciso da minha irmã pela primeira vez na minha vida... - Mamãe fez menção de falar, mas eu continuei - Sim, falo assim dela. - Minha mãe bateu as mãos na mesa, impaciente com a minha brincadeira.
- Pára com isso, ! - Protestou.
- Eu sei que você me ama, mãe... Agora temos que ir. - Levantei-me e trouxe comigo.
- ...
- Não vou voltar aí, mãe, até mais tarde. - Gritei, já a caminho da porta.

Ouvi dizer que ninguém discute sozinho mais de dez minutos e até então essa regra era universal, mas descobri, naquela manhã, que ela não se aplicava à minha irmã. Ela reclamou exatos 23 minutos, o que não era nem mesmo a metade do caminho até o shopping. As pessoas estavam saíndo para trabalhar, por esse motivo as ruas estavam entupidas de carro. Trânsito já é ruim, trânsito com faz mal à saúde mental!
Segui minha irmã pelo shopping, ela parecia estar buscando por algo, alguma loja talvez. Eu estava muito interessado na parte que viria depois: comida. Eu estava faminto e só de pensar na praça de alimentação ainda vazia pelo horário, meu estômago se debatia.

- Você ao menos já sabe o que quer, ? - Perguntou ela, com os braços cruzados e uma expressão carrancuda, olhei ao redor e soltei o peso dos ombros, negando com a cabeça.
- Um vestido. - Respondi e só depois percebi o quão óbvio isso era, talvez por isso tenha rolado os olhos.
- Isso eu sei, débil mental! - Reclamou ela, impaciente - Curto, longo, cor de preferência, tecido... - Sua voz esganiçada irritava meus tímpanos enquanto ela estralava os próprios dedos e atropelava as próprias palavras.
- Curto não... - Neguei subtamente, como se eu quisesse exterminar todos os vestidos curtos da loja - Nem apertado demais... Sabe?
- Sei. E você 'tá parecendo o pai dela. - Sorriu com cinismo, fiz o mesmo, erguendo meu dedo frente ao seu rosto.
- Não precisa ser no pé, nem uma camisolona, só... Bonito, mas não vulgar, ela não é vulgar e eu não quero que os caras fiquem reparando nela.
- , 'tá vendo aquele puff lá no canto? - Questionei-me o motivo daquela mudança de assunto, olhei para um amontoado de puffs coloridos e concordei com a cabeça lentamente - Senta lá e espera, antes que eu vá embora e te deixe fazer isso sozinho. - Suspirei, com os olhos semicerrados.
- Vê se respeita minhas condições! - Exclamei, indo me sentar.
- Cala a boca, qual tamanho ela deve usar? - Quis saber, dei de ombros.
- Ela tem o corpo da Lizbeth.
- , você não vê a Liz desde o Natal de três anos atrás.
- , você gosta de complicar as coisas ou quer me irritar? - Perguntei, inquieto em meu lugar - Ela tem o corpo igual ao que Liz tinha no Natal de três anos atrás, satisfeita?
- Eu não sei por que eu ainda tento ter uma conversa civilizada com um búfalo como você, não sei como pode te aguentar, pobre garota.

Calei-me, não ia adiantar discutir com , quer um conselho sobre ela? Ela sempre ganha, mesmo quando você tiver razão. Eu via a atendente ir e voltar por toda parte, estendendo pequenos pedaços de tecido sobre o balcão pra que visse. Cores neutras, gritantes, laços, bolas, fitas... O universo feminino diante dos meus olhos que ardiam pra caralho com o sono que eu estava sentindo.
Quando novamente ergui minhas pálpebras, sem saber se eu tinha cochilado ou só estivera ausente demais, notei parada em minha frente com uma grande caixa colorida em formato circular. Levantei, atordoado, e fui até o caixa acertar a conta.
A segunda pausa foi na loja de sapatos, vasculhou por tudo, ela não se cansou até encontrar um sapato gigantesco, ela afirmou que era confortável e que iria gostar, eu não acreditei, tampouco concordei, mas quando vi ela já havia pedido que ela embrulhasse, não um par de sapatos, mas dois... Um, é claro, era a recompensa por ela estar ali comigo. Eu já devia esperar.

- , estou aliviada. - Ouvi dizer assim que deixei nossas bandejas sobre a mesa e me sentei à sua frente.
- Por quê?
- Eu achei que você era gay, mas depois dos brincos que você escolheu, tenho certeza que você não é. - Rolei os olhos.
- Eu tinha gostado deles.
- Por favor, , vai à merda, eram terríveis! - Protestou, revoltada com minha falta de senso para a moda - Você não entende que se uma mulher está usando uma gargantilha, ela não pode usar um brinco longo?
- Não, por mim dá na mesma. - Dei de ombros, devorando meu lanche.
- Deus te ilumine.

No final das contas, saiu com mais presentes do que eu pretendia dar a ela, mercenária do inferno! Empilhei, sobre a caixa do vestido, a caixa com o sapato e a pequena caixa retangular com a gargantilha que eu havia escolhido. Pensei em escrever um cartão, mas não consegui pensar em nada bom o suficiente para escrever. Toquei a campainha e fiz meu caminho até o carro, torcendo pra que tivesse alguém em casa, do contrário alguém poderia roubar os presentes.
Naquele dia mal consegui comer, eu tinha mais coisas a resolver do que queria e não podia adiar mais um dia que fosse. Por isso coloquei uma roupa mais surrada e parti para a escola, onde provavelmente os garotos estavam precisando de ajuda para montar os instrumentos... Não suspeito que eles estavam querendo minha ajuda, na verdade, eles provavelmente queriam que eu morresse atropelado por um grupo de camelos, lenta e dolorosamente... Mas não custava nada tentar.
Assim que passei pela porta da quadra, notei que tudo já estava sendo devidamente enfeitado e devia fazer tempo. Havia uma grande quantidade de pessoas trabalhando pra que tudo desse certo e, com certeza, daria. Desci as escadas sem encostar no corrimão, temi desestruturar as tranças de tecido colorido envoltas no ferro. Pude ver, do outro lado da quadra, que o palco improvisado já havia sido montado, os instrumentos também estavam em ordem e enquanto afinava um dos violões, e ajustavam o amplificador, sem sucesso. Era sempre eu quem o fazia.
Pude sentir a tensão se instalar entre nós assim que saltei para cima do palco. Meus músculos enrigeceram, eu não sabia o que dizer e por um momento me esqueci até do motivo pelo qual eu estava ali.

- What's up? - Cuspi, me sentindo um idiota. desviou seus olhos de mim e voltou a fazer o que fazia, sequer havia me olhado desde que cheguei, o que eu preferia que fizesse também, ao invés de me olhar com aquela decepção estampada nas linhas da sua testa.
- O que você veio fazer aqui? Já encontramos alguém que toque no seu lugar. - disparou e, por mais que eu estivesse afetado, eu não queria bagunçar ainda mais as coisas.
- Precisava falar com vocês, nada sobre a banda. - A situação era a mesma, e fingindo distração e me examinando, como se procurasse algo, esperasse algo.
- Agora você precisa? - Disse ele, dando um passo em minha direção e cruzando seus braços sobre o peito - Quando você fodeu tudo e precisava de alguém pra culpar, você nem pensou em conversar, falar... Você simplesmente veio, socou o e virou as costas pra nós todos! - Pisquei lentamente, tentando respirar fundo e não ceder ao nervosismo.
- Eu achei que pudesse confiar em vocês, vocês eram as únicas pessoas com quem eu contava, já que o resto da escola mal podia esperar que abrisse aquela boca de merda e colocasse tudo a perder! - desviou seus olhos, ainda sem perder sua pose artificial de rigidez, me encarou, com ar superior.
- Desde que essa garota entrou na sua vida, tudo o que você tem feito é fazer de tudo por ela, você esqueceu da nossa amizade, da nossa banda, você simplesmente ignorou todo o resto, tudo por uma boce...
- Não se atreva! - Ergui o indicador em sua direção, sentindo meu corpo todo vibrar de raiva - Eu não precisaria ter me afastado de vocês pra ficar com ela caso vocês tivessem me apoiado... - Meu tom de voz perdeu a força, mas eu ainda sentia a adrenalina percorrer minhas veias, fazendo-as pulsar - Come on, vocês não se preocuparam nem por um minuto com a maneira que eu lidaria com isso, vocês só foram lá e foderam com tudo!
- Você fodeu com tudo, ninguém além de você! - ralhou, levantando-se do banco onde estava sentado.
- Agora sou eu?! - Exclamei, indignado.
- É, , se você não tivesse aceitado a porra da brincadeira, ou tivesse pelo menos evitado se apaixonar por ela... - Forcei uma gargalhada alta e cheia de cólera, deixando que restasse apenas um sorriso irônico no fim dela.
- Claro, com certeza é assim que funciona pra vocês, não é? Aliás, para todo mundo, só eu não escolho quando me apaixono, o resto do mundo escolhe a pessoa certa, na hora certa, quase me esqueci! - O sarcasmo era quase palpável - Não foi uma escolha! Nunca foi uma opção, pelo contrário, eu não pude evitar e eu não estou culpando vocês por isso... Eu deveria mesmo é agradecer por terem escolhido-a para essa porra toda de aposta... - Meu tom de voz, uma oitava acima do que eu estava acostumado a usar com meus amigos, fazia minha garganta arder - O que eu estou dizendo é que ninguém aqui tem o direito de foder com a minha vida! - Exclamei e vi erguer seus olhos sob os cílios, fitando-me com cautela - Ninguém tinha o direito de passar aquelas fotos, porque eu confiei quando decidi mostrar a vocês, porque vocês são os caras que ficavam jogando video game e comendo porcaria em casa, vocês são os caras que me ajudaram a formar a banda que era algo que eu tanto queria e nem acreditava, vocês são os caras que trocavam revista pornô comigo, porra! Vocês são meus amigos, o mínimo que eu podia esperar era a consideração de vocês! - Eles me encaravam, agora em profundo silêncio - Você me traiu, mate. - Murmurei, diretamente a , que encolheu seus lábios e mirou o chão - Você traiu minha confiança por causa da , uma porra louca que te usa sempre que pode...
- Você fala isso agora, mas não lembrou de todas essas merdas que a gente passou juntos quando não apareceu nos ensaios da banda só pra buscar a no ballet, ou...
- Mas eu não traí nossa amizade por porra alguma! - Vociferei, lá se ia meu controle tão almejado - Eu nem fiquei com a Lindsay no primeiro ano porque você gostava dela, você ao menos se lembra disso? - Eu falava alto, sem conseguir controlar minha irritação - Ela era a garota mais gostosa da sala e eu ignorei ela todos os dias, de todas as formas, porque eu sabia que você queria ficar com ela! - continuava a olhar pra baixo, sem valor - A nossa amizade sempre foi prioridade, todos os dias, eu fiz de tudo e tudo o que eu esperava em troca era consideração! Nada mais que consideração! - Arfando, interrompi meu discurso, o silêncio parecia incômodo, eles não iam dizer nada, se é que havia algo a ser dito - Eu amo a ... - Seus olhos me buscaram, pareciam surpresos apesar de todas as minhas demonstrações - E eu sei que eu posso perder ela a qualquer momento, mas vocês não têm idéia do que isso significa... - Neguei com a cabeça, sentindo minha garganta trancar de repente.
- A não vai fazer nada. - disse baixo, ainda me encarando.
- Eu não confio nela.
- Ela não vai, eu conversei com ela. - Ele me garantiu - Eu pedi que ela fizesse isso pela própria prima, eu expliquei suas intenções, ela pareceu entender... - deu de ombros e eu permaneci o encarando, procurando sinal de mentira.
- Acho que isso resolve tudo. - disse, em tom de praticidade - Aqui está o repertório... - Empurrou uma folha contra meu peito, segurei um pouco atordoado e o encarei - Busca seu instrumento e termina de montar a porra do amplificador, o é um imprestável. - Ele dizia, saltando do palco e se afastando - Eu preciso comer alguma coisa... Mesmo que for uma menina. - Gargalhamos, vendo andar apressado até a saída, se acercou e deu um tapa em meu ombro.
- Faz isso por nós, perdoa aquele cabeça de pinto, ele não teve a intenção de estragar tudo, cara... - me dizia em tom maternal, era bem a cara dele fazer isso - Eu não sei o quanto isso é ruim, mas precisando de qualquer coisa, nós vamos estar aqui por você.
- Valeu, mate. - Sorri sem jeito, balançou a cabeça uma vez e saltou do palco, depois olhou pra .
- Você vem? - assentiu, levantando-se e deixando o baixo sobre o suporte.
- Te encontro lá fora. - Disse ele, vindo em minha direção devagar, com as mãos escondidas no bolso da bermuda - Posso te fazer uma única pergunta? - Indagou ele, fazendo-me contrair o cenho por um momento - Você faria qualquer coisa pela ?
- Faria. - Respondi sem precisar pensar.
- Eu também faria pela , pelo mesmo motivo, então me desculpa pelo que eu fiz, mas acho que você consegue me entender... Eu também amo, .

Eu nada respondi, eu não sabia se deveria dizer tudo o que eu estava pensando, como por exemplo, "como você pode amar uma vaca?". Preferi guardar pra mim, não valia a pena iniciar outra discussão, embora minha mente estivesse inundada com questões que diziam respeito à e meus amigos, eu faria o mesmo no lugar de ? Eu trocaria a amizade deles por ela? Eu já não havia feito isso sem perceber?
Fiz o que eles haviam me dito, fiquei passando som até eles voltarem do almoço e por sorte me trouxeram um lanche, ou eu mesmo teria que ir buscar. me ligou no meio da tarde, agradecendo pelos presentes, ela estava tão empolgada que me encheu de energia. Eu não queria ir àquele baile, nem ver aquelas pessoas. Eu queria apenas fugir com ela pra algum lugar bem distante da falsidade que aquela quadra estaria exalando mais tarde, mas eu sabia o quanto aquilo importava para e eu queria garantir a ela a melhor noite da sua vida, ao meu lado.
Enquanto eu separava uma roupa pra usar, fiquei me lembrando de qual poderia ter sido a primeira vez que vi , eu não me lembro de ter esetudado com ela tanto tempo, de tê-la visto tantas vezes. Talvez eu tenha bloqueado sua presença, suas memórias, por algum motivo. Ou talvez ela realmente tivesse passado despercebida por mim, sabe-se lá como. Eu nunca a deixaria passar agora, de jeito algum.

Flashback on

- Hey, entrou uma garota nova na minha aula de álgebra, ouvi dizer que ela não usa calcinha. - comentou com um sorriso entusiasmado.
- Isso é bem legal, será que ela vai deixar a gente ver? - Perguntei, agitado com a possibilidade.
- Claro que não, , idiota. - Senti minha cabeça guinar pra frente com o tapa que me deu.
- Aquela garota lá é da minha classe... Olhem. - murmurou e todos nós nos viramos ao mesmo tempo, procurando por quem ele se referia.

Uma garota miúda vinha à passos tortos e apressados, cabisbaixa e com os braços abarrotados de livros, equilibrando-se sem sucesso sob suas sapatilhas azuis. Seus cabelos longos cobriam parte de seu rosto assustado, ela parecia tão frágil e delicada que não se encaixava naquele lugar. Ela era alvo fácil e não tardou para que alguns garotos passassem correndo por ela, chamando sua atenção de uma forma negativa e levando seus livros ao chão. Quando dei por mim, eu já estava parado em frente a ela, ajudando-a a recolhê-los. Segurei seu óculos de grau entre meus dedos e, ainda agachado, fitei seu rosto aterrorizado. Seus olhos saltados se cruzaram com os meus, lembro de sentir uma cócega estranha na barriga, acabei sorrindo, mas não acho que tenha se parecido com um sorriso comum, ou gentil, pois ela rapidamente se levantou e deu um passo pra trás, levemente atordoada.
Também me levantei, com seus livros empilhados num braço e seu óculos na outra mão, estendi-o e rapidamente a vi pegá-lo e colocá-lo nos olhos. Eu ia me oferecer para ajudá-la a levar os livros onde quer que ela estivesse indo, mas meus amigos me gritaram e de repente aquele clima estranho de câmera lenta e silêncio total foi quebrado, a gritaria nos invadiu imediatamente, as pessoas riam da cena e eu enxerguei a realidade. Eu não era bom o suficiente pra ela... Uma pena que o mundo visse isso do avesso.

- Obrigada. - Murmurou em tom embargado antes de tomar os livros dos meus braços e passar por mim.
- Ela é linda. - Sussurrei, sem querer.
- O quê?! - Ouvi de , que se acercara, logo ele e os caras começaram a rir daquele jeito exagerado, eu senti minhas bochechas arderem e disfarcei minha vergonha com ironia.
- Estou sendo irônico, idiotas, nunca vi garota mais estranha em toda minha vida.

Forcei uma risada estranha, esganiçada, e me virei pra trás, procurando vê-la em alguma parte, mas ela estava próxima demais, mais do que eu gostaria. Seus olhos cheios d'água voltaram à minha mente apenas anos depois.


Flashback off

Provavelmente os caras jamais se lembrariam disso, eu nem sei como eu havia me recordado. Meu pai sempre me dizia "aqui se faz, aqui se paga, ", agora eu entendia o que ele queria dizer. Eu havia machucado e agora a simples oportunidade de sentir sua falta me machucava como nada antes havia feito. Parabéns, eu sou mesmo um otário.
Terminei meu banho, já um pouco mais entusiasmado com o baile e com a felicidade que isso traria para , bem mais do que por qualquer outro motivo, na verdade. Ainda tinha algo preso em meu peito, como se eu não conseguisse completar minha respiração e isso estivesse me sufocando. Mas já não era tão incômodo.
Vesti minha boxer branca, mamãe queria que eu colocasse uma calça social, mas era formal demais para um baile de primavera. Passei um cinto pelos passadores e coloquei uma camisa branca por dentro. Coloquei uma gravata azul marinho, e calcei meus sapatos. Separei um blazer claro, algo entre o bege e o palha, mas pelo menos eu não iria todo de preto como sempre. Como sempre, perdi a maior parte do tempo fazendo o cabelo parar no devido lugar. Coloquei meu relógio de pulso e apliquei meu melhor perfume, pelo caminho até o carro fui pegando minha carteira, celular, caixa de palhetas e chaves do carro, finalmente eu estava pronto, a caminho da casa de .
Eu estava mais do que ansioso, eu estava curioso para ver o vestido que havia escolhido e como havia ficado dentro dele. Eu sabia que de qualquer forma ela estaria linda, mas acima disso, eu queria que ela estivesse... Ela. Sem fugir de sua personalidade.
Toquei a campainha duas vezes consecutivas e dei um passo pra trás, arrumando o bouquet de rosas brancas e tentando controlar a náusea repentina. Respirei fundo ouvindo a chave ser girada e logo em seguida a porta se abriu; com minha respiração retida, enrijeci no lugar.

- Boa noite, . - Ouvi Sr. me saldar, sorri sem jeito e estendi minha mão imediatamente.
- Boa noite, Sr. .
- Entre, fique à vontade, deve estar descendo.
- Vale... O-obrigado.

Dei dois passos adentro e vi sra. encostada ao batente da porta da sala de estar. Caminhei incerto até lá para cumprimentá-la e em seguida escondi minha mão livre no bolso da calça, tentando esconder também meu nervosismo. O ruído dos saltos no assoalho começaram a se tornar cada vez mais audíveis e logo vi seus pés surgirem no topo da escadaria. Meu estômago deu uma volta no lugar, incitando meu coração a acelerar ainda mais. Panturrilhas, joelhos, coxas... Onde estava o vestido, afinal?
Finalmente pude vê-la, descendo lentamente e segurando com força no corrimão, mas seus trejeitos não fariam qualquer diferença. estava fascinante e eu, petrificado.
O vestido não era o que eu estava procurando, mas naquele momento eu descobri que não poderia ter escolhido um melhor. Eu sabia que ela chamaria atenção de todos, mas ela merecia isso. Era sua noite, não a minha. Sem ciúme, sem bronca. Eu proporcionaria a tudo aquilo que todos privaram, ignorantes preconceituosos.
havia prendido as laterais de seu cabelo pra trás, deixando a parte de cima em evidência. Havia pouca maquiagem em seu rosto e eu a admirava por isso, era natural, toda aquela beleza que as garotas lutavam pra ter, ela tinha sem esforço.
Assim que consegui recuperar meus movimentos, andei até ela, parada no último degrau, seus olhos transbordando expectativas, ela estava em dúvida sobre como aparentava, mas eu diria à ela. Entreguei as flores e com a mão livre busquei a sua, trazendo-a até meus lábios e depositando um beijo em sua pele, desejando que fossem seus lábios. me sorriu de maneira encantadora, eu praticamente desmontei diante disso.

- Você 'tá... - Palavra certa, palavra certa, palavra certa... - Impressionante.
- Obrigada, . - Corada, abaixou sua cabeça e soltou uma risada sem graça, sorri junto, atordoado por seu perfume.
- Ah, , muito obrigada pelo vestido. - Ouvi minha sogra dizer, então me virei em sua direção, ainda com meus dedos entrelaçados aos de .
- Imagina... Não precisa agradecer. - Falei rápido, envergonhado.
- Acho bom irmos, já deve ter começado. - resmungou, parecendo desconfortável com a situação.
- Sim, senhora. - Sorri e vi sra. se acercar e pegar as flores no braço de .
- Divirtam-se. - Disse ela, sorridente, após depositar um beijo na testa de e afastar-se.
- , por favor, traga antes das duas. - Pediu meu sogro... Pediu, não exigiu, mas pediu, ele confiava em mim. E isso significava muito se tratando dele.
- Não se preocupe, ela estará em casa.

aceitou meu braço e eu a conduzi para fora de casa, até o carro. Ela estava gelada e parecia trêmula. É obvio que estava nervosa, nunca havia ido a um baile antes, ou pelo menos não como dessa vez. Aquela noite era dela e nós dois sentíamos isso.
No caminho até o colégio, contei a ela sobre meu dia e a discussão com os garotos, na intenção de distraí-la. Pareceu funcionar, ou pelo menos até chegarmos ao estacionamento e termos que procurar por uma vaga. Nossa mudez agora era mútua, assim como a ansiedade. Tudo tinha que sair do jeito que eu planejei, embora eu sempre fizesse tudo errado, eu precisava me esforçar dessa vez.
Desci do carro e me adiantei para abrir a porta de , ajudando-a a saltar do assento. Suas duas mãos presas firmemente em meu antebraço, escorando-se em mim. Eu sabia que não era dificuldade pelos saltos, era só vergonha. Ela queria esconder-se atrás de mim, mas eu não permitiria que ela se ofuscasse essa noite, de maneira alguma. Eu não queria mostrar a ninguém que eu tinha uma garota linda ao meu lado, mas eu queria provar que ela era linda, ao meu lado ou não, que ela podia ser admirada por todos aqueles que a deixaram pra baixo um dia. Eu podia provar isso agora.
Os olhos de Madalenne, uma das supervisoras, tiveram dificuldade para reconhecer minha menina no escuro e a surpresa estampou descaradamente em seu rosto quando conseguiu o que queria. Atravessamos o corredor, não havia muita gente por ali, apenas alguns casais que também estavam chegando naquele momento. Enquanto caminhávamos pelo campus, vazio, podáiamos ver a porta da quadra, luzes de todas as cores escapavam de lá, em uma fusão bonita, junto à música tecno que podia ser escutada desde o estacionamento.
Estávamos prontos, mas precisei respirar fundo uma vez mais. Senti rodear meu antebraço com mais força e por isso detive meus passos, virando-me lentamente para ela, também parou e seus olhos assustados buscaram os meus, recordei-me da primeira vez que a vi, sorri por isso. Ela é linda. Daquele jeito e desse jeito. Independente das lentes de contato, ou dos óculos de grau. Independente dos cabelos desgrenhados ou completamente arrumados. Do colo coberto ou exposto. Da maquiagem ou da ausência dela. Ela tinha de saber que é linda, ela tinha de acreditar nisso.

- , eu sei que por todos esses anos essas pessoas aí dentro te ignoraram, te criticaram, não aceitaram você como você é, mas você precisa acreditar em mim, eles não sabem o que fazem... - continuava me olhando, ela parecia querer chorar - Olha pra você, você é cativante, , encantadora! - Exclamei, segurando suas mãos com certa força, como se isso fosse fazê-la acreditar em mim - Independe do que você veste, a maneira como você fala, estuda, anda, age... Essa é você e você é linda, por dentro e por fora... As pessoas, essas pessoas... - Apontei para a porta do salão, depois segurei seu rosto entre minhas mãos - Essas pessoas não te conhecem, não de verdade... Não como eu te conheço... Essas pessoas não sabem o que estão perdendo, . - Seus olhos voltaram pra baixo e sob suas pálpebras vi duas lágrimas escorregarem, suspirei - Eu sei que é difícil acreditar em mim, porque eu também já fiz muita merda, e te tratei mal, mas eu também não te conhecia, eu não me conhecia, mas acredite, eu não trocaria você por absolutamente ninguém, porque eu amo você, com todos os seus trejeitos desastrados e sua timidez, você é a melhor pessoa que eu já conheci... Porque apesar de tudo o que te disseram, , você nunca mudou pra agradar ninguém, coisa que eu fiz e todos aqui também fizeram, ... Eu te admiro muito por nunca ter cedido a esses otários, que já nem lembram quem são... E nem todos eles vão ter a sorte que eu tive, de conhecer alguém como você e ter a oportunidade de salvarem-se de si mesmos.
- Eu te amo, tanto. - Sua voz, completamente borrada, me disse, fechei os olhos e encostei minha testa à sua.
- Não chora mais, meu bem, por favor. - Pedi sob meu fôlego - Essa noite é sua, quero você feliz, hum? - Abri meus olhos e encarei os seus, brilhantes como nunca.
- Eu estou feliz, está bem? - Sorriu, senti seus dedos acariciarem minhas bochechas, enquanto eu enxugava as suas com os polegares - Obrigada por tudo, você não é nada daquilo do que diziam, você é muito melhor que isso, , muito maior.
- Você me fez assim.

me olhou, com um sorriso que eu não sei como descrever, mas era lindo. Seus lábios se encostaram aos meus e minha pele se eriçou. Seus dedos percorreram minha nuca e eu fiz minha parte de intensificar um pouco o beijo e, quando rompemos o ato, era como se uma onda de calmaria houvesse se alastrado por mim e, pela expressão tranquila de , acreditei que ela também se sentia assim, agora sim estávamos prontos.
Uma de suas mãos apoiou-se em meu antebraço, apenas uma delas. Seu rosto já não estava tornado para baixo, pelo contrário. Sua postura era invejável, a delicadeza com a qual caminhava. É, eu nunca fui tão insuficiente para alguém antes e agora era fácil notar.
Assim que atravessamos a porta, meus olhos procuraram , ao meu lado, pude ver seu colo e braços eriçados, seus olhos brilhavam mais que qualquer coisa ali dentro e seu sorriso, tão meu, tão lindo... Feliz. A sensação de missão cumprida encheu meu peito de um orgulho, uma satisfação indefinível. me olhou, ela não estava assustada, estava segura. Comecei a dançar de um jeito engraçado, fazendo-a rir e encostar sua testa em meu braço, enquanto sua mão deslizava por meu braço, em direção à minha mão. Entrelacei nossos dedos e encostei meus lábios em seu ouvido.

- I've had the time of my life, and I never felt this way before... - Cantarolei, sentindo seus dedos aferrarem em torno dos meus - and I swear, this is true, and I owe it all to you.

afastou seu rosto e eu sorri em sua direção, sentindo os pelos do meu braço se erguerem em um espasmo incontrolável. Olhei para frente, aquelas pessoas, todas aquelas pessoas, uma esbarrando nas outras, eu podia ler seus lábios "olha quem chegou", "olha pra ela, nem parece a mesma" e eu também podia ler suas mentes... Raiva, inveja, surpresa, falsa indiferença, interesse... Não havia um pensamento ali que não estivesse voltado para nós, não havia um único par de olhos naquele baile que não estivesse focado em nossa direção. Não havia uma única pessoa naquela noite que não estivesse, mesmo secretamente, admirando , minha menina.

Capítulo 22. "The truth hurts, the lies worse" (Broken Strings - James Morrison feat. Nelly Furtado)

Assim que chegamos ao fim da escada, a assistente do fotógrafo contratado pela escola nos indicou um arco enfeitado com flores coloridas. Fizemos uma daquelas poses "baile de primavera" e, após sermos fotografados, saímos para buscar um lugar menos tumultuado pra nos instalarmos.
Enquanto costurávamos entre os grupos de pessoas, eu tentava me esquivar daqueles olhares curiosos sobre nós, em um momento acabei estourando e perguntando se o cara queria me chupar, mas fechou a cara e me fez acreditar que eu deveria ser mais controlado se quisesse deixá-la de bom humor. Regras de bom comportamento, , lembre-se!

- Ora, ora! - Não achei que fosse comigo, então continuei seguindo , com meus dedos firmemente presos aos dela - Tive que vir olhar de perto, é você mesmo, , querida? - parecia querer continuar, mas eu reconheci a voz de James e imediatamente meus passos morreram.
- Por que o espanto, James? - Me virei pra ele, sentindo encostar-se atrás de mim e apertar meus dedos com mais força.
- Bom, não é todo dia que temos a oportunidade de apreciar as coxas de , meu bem. - Os olhos de James brilharam com malícia, meu coração bateu mais forte e eu ameacei avançar nele, mas da mesma força que impulsionei pra frente, fui rebocado pra trás.
- , deixa disso, cara, não vamos estragar a festa por causa dele. - Era a voz de , eu continuava encarando James, que ria somente pra me provocar, otário.
- Sabe o quê, James? - apertou minha mão e agarrou meu antebraço com a outra, me pedindo pra sairmos dali - Você teve sua oportunidade e não soube aproveitar. E uma pessoa que dispensa algo assim, uma garota assim, não merece minha atenção.

James ficou resmungando enquanto eu me afastava dali com e , nos encontramos logo a frente com o resto dos garotos e suas acompanhantes, que rapidamente se apresentaram à . Quando ela parecia estar enturmada o suficiente, saí com os garotos para comprar bebida, mas não me demorei, eu não queria deixá-la sozinha, algo poderia acontecer, leiam isso como: poderia acontecer.
não quis beber e eu não ofereci duas vezes. Antes de pegar uma taça de ponche, experimentei. Era costumeiro que alguém "batizasse" o coquetel com qualquer coisa alcoolica... Bom, éramos sempre nós quem fazíamos isso então dessa vez foi só por precaução.
Lembrei-me dos bailes anteriores, eu ainda não teria chegado, se sim, estaria com os garotos atrás da quadra, tentando arrumar um jeito de entrar com bebidas ao invés de comprá-las lá dentro enquanto esvaziávamos maços de cigarros de cravo. Então olhei pra , ensinando a dançar rock. Eu me perguntei se eles estavam arrependidos por não estarmos fazendo o ritual de sempre, ou se eles estavam tão satisfeitos quanto eu. Eu me sentia maior, como se uma grande carga de responsabilidade tivesse sido colocada sobre mim e isso não era ruim. Eu não havia deixado de ser quem eu era, eu havia finalmente me tornado quem eu estava suposto pra ser. Isso não me permitiu estar com as mãos embaixo do vestido de Jessica do outro lado do salão. Isso não me permitiu estar bêbado e fedendo a cigarro, nem tentando sabotar a votação para rei e rainha do baile. Isso não me permitiu fazer do medo e a timidez de uma piada e também me segurou quando pensei em bater em James. Eu estava feliz com o rumo que as coisas tinham tomado e com quem eu havia me tornado.
Tínhamos mais dez minutos para nos prepararmos para entrar no palco. Joguei minha quarta longneck vazia e decidi que era hora de parar. Eu costumo descobrir quando estou bêbado quando me perco com meu próprio instrumento, mas eu não queria experimentar isso naquele momento.

- Tenho que ir lá ver se está tudo pronto, meu bem. - Murmurei para , que sorriu e segurou meu rosto entre suas mãos delicadas.
- Vai lá, vai dar tudo certo. - Sorri confiante e me inclinei, pressionando meus lábios nos seus repetidas vezes.
- Promete que vai ficar bem aqui sem mim? Fique aqui bem perto do palco e, se alguém se engraçar, eu desço e acabo com ele... - Trinquei os dentes.
- Eu sei que você faz isso. - Riu, voltando a colar seus lábios nos meus - Vou ficar bem aqui, prometo. - Suspirei e envolvi sua cintura entre meus braços, cerrando-os ao seu redor, apertei um pouco mais, com meus olhos fechados diante da náusea repentina - Boa sorte.
- Obrigado... - Respirei fundo e depositei um beijo em sua testa, afastando-me um pouco mais.
- Vai lá... Eles estão te esperando.

Concordei com a cabeça e beijei sua mão antes de soltá-la, afastei-me alguns passos, sentindo meu coração acelerar de maneira estranha, como se eu já estivesse com saudade. Cambaleei pra trás e me virei novamente de frente pra ela, arqueou as sobrancelhas, rindo com diversão. Me acerquei depressa e a atrai pra perto com meus braços, iniciando um beijo urgente. De uma hora pra outra desejei pegá-la pela mão e tirá-la dali, fugir pra longe, mas que explicação eu teria pra isto? Porra, eu estava ficando paranóico e isso era coisa de bicha, coisa de !

- Everybody likes to party on a saturday night...

O mal estar foi se dissipando, prometi a mim mesmo que se aquela noite acabasse bem, eu doaria 50 cestas básicas no natal e logo eu me deixei arrastar pela onda de adrenalina que só a música trazia pra mim. Não se algum dia eu faria outra coisa na minha vida, mas eu desejava que não, pois aquela era a única coisa na qual eu me sentia eficiente. Eu nem sei se eu tenho outro dom, se sim, eu nunca cheguei a descobrir. Mas que se foda, eu faria de tudo pra banda dar certo e eu confiava nisso. McFLY faria a diferença na vida de muitas pessoas, eu nunca estive certo de algo como disto.

- Meninos... - Olhei para o lado sentindo meu coração pulsar na garganta, mas quando vi que era apenas Margareth, tratei de me acalmar - O som está ótimo, maaaas... - Agitou entre seus dedos finos um envelope vermelho - Temos aqui o resultado do rei e rainha do baile de primavera deste ano.
- Woooooho! - Os meninos gritaram e eu bati palma, assoviando próximo ao microfone.
- Então que rufem os tambores! - A bateria fez esse favor - Em segundo lugar, como príncipe e princesa do baile de primavera... - Margareth dizia, fazendo suspense, afastei-me um pouco e cruzando os braços para esperar o resultado - e Jessica Simpson!

Gargalhei ao ver a expressão assustada de em direção a nós, assoviei mais alto, batendo palmas e comemorando entre risos. afinava a voz e gritava "gostoso" de maneira cômica, quando dei por mim que Jessica era a princesa e não a rainha, peguei-me surpreso e ela também não parecia muito diferente. Suspeitei que Frankie ficasse em primeiro lugar este ano, já que no ano anterior, havia sido o contrário... Bem, no ano anterior eu havia sabotado, mas isso não vem ao caso.

- E em primeiro lugar... - Margareth vinha novamente com seu suspense, enquanto um envergonhado se escondia na sombra da cochia para se livrar da coroa improvisada, gargalhei mais alto e comecei um solo baixo, apenas para acompanhar o anúncio - Ops... - Ela me olhou quando fingi espiar - , quero que você veja isso antes de todos... - Abriu o envelope e me permitiu ver, em letras garrafais, o nome de e, abaixo, o meu.
- wow, wow, wow... Inédito! - Exclamei, contente com o resultado inesperado.
- Quer anunciar isto?
- Por favor! - Pedi, entre risos, parando em frente ao microfone enquanto ainda deixava escapar uma melodia lenta e desconexa - Talvez isso vá ser uma surpresa pra muitos, ou nem tanto, já que pra chegarmos a esse resultado, muita gente deve ter votado... Enfim. - Dei de ombros, depois busquei com os olhos - Eu não acredito que alguém aqui nesse lugar mereça esse prêmio mais do que esta pessoa, não apenas por ser completamente encantadora, mas por ser uma das poucas pessoas que eu conheço com tão boas intenções e com um coração tão grande, por ser essa menina tão especial que eu tenho conhecido dia a dia. - estava inexpressiva, mas reconheci as lágrimas em seus olhos - Isso pode realmente ser uma surpresa pra muitos de vocês, mas pra mim... - Neguei com a cabeça, sem perder o contato visual com - Pra mim não, porque no meu coração ela já tem ocupado um cargo bem maior que a rainha do baile de primavera. - Vem cá, meu bem, esse é seu momento.

parecia querer sair correndo e eu temi que ela o fizesse, mas isso não aconteceu. Seus passos se fizeram incertos até a escada na lateral do palco enquanto eu recebia minha coroa e a faixa. Pedi à Margareth que me deixasse coroar e ela permitiu imediatamente. parou em minha frente, sorrindo sem graça. Suas bochechas coradas me fizeram rir, cativado por sua timidez. Dei um passo e quebrei a distância entre nós, passando a faixa por seu corpo enquanto segurava a coroa com os dentes, para em seguida colocá-la na cabeça de , que fechou os olhos por alguns minutos. Ignorei os flashs, as palmas e os gritos, não quis saber o que eles diziam. Apenas a beijei, com calma, desfrutando de tudo o que ele tinha a me oferecer, devotando tudo de mim ela... Enquanto eu podia.
Encolhi meus ombros e senti estremecer entre meus braços diante do ruído intenso que soava de algum lugar, olhei pra trás, procurando de onde vinha a interferência, se era proposital ou não.

- Era uma vez... - Contraí o cenho, vendo o telão se acender com uma daquelas fotos que já haviam me causado tanta confusão - Um garoto que se considerava o melhor de todos eles e que, por isso, se achava no direito de jogar com os outros... - Olhei pra e depois para , que surgia de dentro da cochia, completamente bêbada - Seu nome é ... - Ouvi soluçar de susto, meu corpo todo tremia, como se um frio interno se instalasse em mim - Um dia seus amiguinhos o convidaram para uma aposta e ele deveria sair com a nerd de sapatilhas e laço no cabelo, seu nome? Ooooh, a rainha do baile de hoje, . - Senti os dedos de se desprenderem dos meus, os busquei subtamente, mas ela já se afastava, em direção à , que parecia nem mesmo ver - De repente era o cara mais educado e honesto, como nunca havia sido antes, ele nem sabia o significado dessas palavras, mas o que ele não faria pra comer e provar aos amigos sua corag... - Um outro ruído forte se fez quando o microfone de veio ao chão e ele foi desnecessário para ouvir o estalo que fez o tapa de em seu rosto, vedei minha respiração, petrificado.
- Me deixa em paz! - vociferou, empurrando a prima para o lado e fazendo o caminho para fora do palco, comecei a andar depressa, seguindo-a.

Meus joelhos vacilaram e eu tropecei em alguém, desviei, tentando não perder de vista, ela era esguia e eu já não conseguia acompanhá-la. Quando finalmente me aproximei da escadaria, pude vê-la parada no meio dela, segurando firmemente no corrimão como se dependesse disso pra ficar em pé, de seus olhos rolaram duas lágrimas grossas, eu parecia sentir o peso delas em meus ombros.

- Se querem, saber ontem ela teve um orgasmo e eu nem encostei a mão nela.
- Como é?
- Eu estou falando sério, ela é muito mais sensível a qualquer coisa do que as outras, porque ela nunca fez nada, então qualquer coisa é suficiente pra estimular ela.
- Você 'tá dizendo que ela teve um orgasmo só de ficarem se beijando?
- Não estávamos só nos beijando, eu estava chupando o peito dela e, sei lá, ela estava excitada com a minha ereção, sabe, vocês não são bem dotados, não entendem isso!
- Olha, eu não sei nem se consigo acreditar que você tem chupado o peito da , na boa.
- E eles são incríveis...


Fechei meus olhos com força, sentindo meu corpo tremer violentamente enquanto reconhecia minhas próprias respostas. Não fiz questão de me virar, eu sabia o que encontraria e a ânsia agitava meu estômago de uma maneira que eu nunca havia experimentado. Eu sentia minhas mãos embebidas de suor frio, eu não queria olhar pra , eu não queria se quer imaginar o que ela poderia estar pensando, eu só queria que nunca tivessemos estado ali aquela noite. Por um momento, me arrisco a dizer, preferia nunca tê-la conhecido a ter que fazê-la passar por aquela humilhação. Eu era um porco, um maldito egoísta que não merecia por perto.
Antes que o vídeo proseguisse, ouvi o som ser cortado e o burburinho se tornar ainda maior, ou talvez apenas mais audível. Olhei pra trás, sentindo minha respiração descompassada pelo nervosismo. Vi , que já havia arrancado o telão de seu suporte, atirá-lo ao chão.

- QUAL O TEU PROBLEMA, GAROTA? - Eu o ouvia gritar, mesmo do outro lado do salão - VOCÊ ACHA QUE É QUEM PRA FAZER ISSO COM A VIDA DAS PESSOAS? TENTA CUIDAR DA TUA VIDA QUE É UMA MERDA E NÃO FODER COM A DOS OUTROS!

Meus olhos ignoraram a cena adorável no palco e procuraram por , que agora também me encarava, seus olhos transbordando sem esforço, eu queria fazer tudo aquilo parar, queria poder apagar de sua mente, mas tudo o que consegui fazer por hora, foi sibilar "I'm sorry".
Eu decidi deixá-la sair dali e respirar um pouco antes de ir atrás dela e tentar uma conversa, tentar me explicar, talvez. Mas James passou por mim e, sem que eu percebesse, num baque surdo, eu estava no chão. Meu braço latejava, mas a angústia de vê-lo conduzi-la escada acima fez doer bem mais. Levantei-me, desengonçado pelo incômodo da dor, e comecei a subir o lance de escadas o mais rápido que eu conseguia.

- JAMES, PARE AÍ ONDE ESTÁ! - Gritei, andando depressa atrás deles, que me ignoraram, meu coração parecia querer saltar pela boca, minha garganta estava tão seca que começava a arder, minhas narinas também.
- ! - Ouvi a voz de , seus passos apressados atrás de mim me fizeram acelerar ainda mais, ele não me faria parar, não vendo entrar no carro de James.
- O QUE VOCÊ 'TÁ FAZENDO?! - Ralhei, segurando a porta do carro antes que James pudesse fechá-la - SAI DESSE CARRO AGORA! - Continuei gritando, agora rouco e sem muito fôlego pra isso - SE VOCÊ FOR EMBORA COM ESSE MERDA, VOCÊ NÃO PRECISA OLHAR NUNCA MAIS NA MINHA CARA, NUNCA MAIS NA SUA VIDA! - Vi erguer sua cabeça em minha direção, seus olhos me fizeram recuar e perceber que eu não tinha um resquício de razão que fosse.
- Eu não quero olhar na sua cara nunca mais.

Capítulo 23. "I'm sorry for the things that I did not say" (Sorry, Blame It On Me - Akon)

Eu deveria saber que ela não atenderia aos meus telefonemas, ou abriria a porta de sua casa, ou sacada, pra que eu entrasse, mas ainda assim eu tentei, tentei dia após dia, o tempo todo, era tudo o que eu conseguia fazer, tudo que ficava em minha mente nas três semanas posteriores àquele dia. Procurei-a, enviei flores, cartas, ursos, e tudo isso estava sobre a minha cama, espalhado pelo chão do meu quarto, trazidos pela mesma pessoa que os levou. . Ela não queria me ver, nem saber o que eu tinha pra dizer, não lhe interessava e eu compreendia. Ela não queria se lembrar de mim e minha insistência a atrapalhava. Há apenas uma semana atrás eu tive uma resposta, a primeira e única. Também foi a última vez que tentei recuperá-la, ou me explicar. Seu bilhete dizia, exatamente com estas palavras: Por favor, não volte a me procurar, se você sente qualquer consideração por mim, me deixe em paz, é tudo o que eu quero de você, distância. Obrigada.
Era muito fácil ignorar seu ódio e rancor, era muito fácil continuar tentando qualquer contato enquanto ela apenas se negava a aceitar qualquer coisa de mim, pois eu sabia que isso aconteceria ainda por um bom tempo até que ela estivesse aberta à respostas. Mas aquele era um bilhete que eu não podia fingir não ter lido, eu não podia negar a ela a paz que ela me implorava. estava sofrendo e eu estava colaborando com isso a cada vez que tentava ser lembrado por ela. Ela estava sofrendo tanto ou mais que eu e esse era um ponto de vista que eu não podia mais me esquivar. Eu não podia mais fazer isso, então minha prioridade foi dar a ela o tempo que ela precisava.
A primeira semana, ao contrário do que muitos pensam, não foi a mais difícil, nunca é. Embora eu não pensasse em outra coisa que não fosse me reconciliar com ela, eu ainda tinha esperanças que em uma das tentativas ela fosse abrir a porta pra mim, me deixar falar, contar-lhe tudo desde o começo. O verdadeiro terror veio na semana seguinte, pois eu começava a deixar de acreditar que um dia ela fosse me perdoar. Eu estava cansado de pensar em maneiras de me humilhar, eu só queria que ela fosse a garota madura que eu havia conhecido e quisesse me ouvir, ela podia me dar um limite de tempo, podia ser por telefone, por carta, SMS, com limite de caracteres, mas eu precisava que ela quisesse conversar comigo. Eu não merecia e eu estava ciente disso, esse fato me privava de fome, fazia com que o sono me abandonasse todas as vezes que eu ameaçava encostar a cabeça no travesseiro. Eu não me lembrava de como era chorar, havia um bom tempo que eu não tinha razões boas o suficiente pra isso. Mas tive tempo pra reaprender e agora a prática me levava a fazer com mais frequência do que eu gostaria.
Minha mãe estava preocupada, mas ela também tinha seus problemas com meu pai. Minha casa estava fora de ordem e a única pessoa que me faria sentir bem, não queria ouvir falar meu nome. Os caras vieram me visitar frequentemente nos primeiros dias, tentando me fazer sair de casa, me convenceram uma vez. 9 doses de tequila e 1 de glicose. Quem sabe seja por isso eles não tenham tentado outra vez e passaram a me visitar muito pouco. Talvez tenham, finalmente, percebido que eu preferia não me levantar da cama, pelo menos não até ter certeza de que não iria me embebedar e acabar chorando num hospital. Eu também tinha meus limites, acreditem, descobri isso depois de ler, pela última vez, o bilhete de e decidir, de uma vez por todas, que eu não tinha valor pra contrariar sua vontade, nem direito. Era seu bem estar que eu havia afetado, agora eu devia deixá-la ir e recuperar sua felicidade. Esse foi o momento mais difícil daquelas três semanas sem .

- Filho... - A voz de minha mãe invadiu o cômodo, desviei meu rosto da minha mochila sobre a cama para examinar seu rosto - e estão lá embaixo, te esperando.
- Diz que eu já desço. - Murmurei, sem a menor vontade, e me levantei.
- Tudo bem.

Viagem de fim de férias. Sempre uma furada. O diretor programava a última semana de férias do último ano em um Resort a três horas de Bolton. É um bom lugar, grande, cheio de mato e piscinas, praia. Ele prepara uma gincana idiota para, no final, o grupo vencedor ganhar um troféu, que eu mesmo compro em qualquer loja de velharia.
Eu era momentaneamente incapaz de enxergar qualquer lado positivo em passar três horas dentro de um ônibus e uma semana num lugar distante, vendo as pessoas que, por hora, eu preferia apagar da minha mente. Mas fez questão de colocar meu nome, sem meu consentimento. Minha mãe pagou, ela deve ter pago pra ele também. Se bem que tem um grande problema, nunca gosta de fazer nada errado, mas quando decide fazer, não sabe ser sutil. Aquela viagem seria um desastre, será que ninguém percebia isso?
Calcei meu vans e peguei a camisa xadrez que estava embolada no canto da minha cama, coloquei-a sobre a regata que eu já estava usando e me levantei, trazendo junto a mochila, em meu ombro, e uma mala que minha mãe havia preparado, pois se dependesse de mim...
A mãe de nos levou até o colégio e assim que descemos do carro pude ver o movimento na calçada, em frente ao ônibus vermelho que nos levaria ao resort. Soltei um suspiro pesado e olhei de esguelha para , sentindo o mal humor preencher cada milímetro do meu corpo. As pessoas me olhavam como se quisessem descobrir o que eu estava sentindo, por um momento eu não sabia se eu queria que elas realmente descobrissem um dia. Não é o tipo de coisa que eu desejaria a alguém, honestamente.
Coloquei meu óculos de sol e tentei tornar minha aparência menos apática. Na verdade eu queria ignorá-los, como se desviar meus olhos fosse afastar os seus. Nos encostamos na grade, esperando que todos estivessem ali para que finalmente pudessemos dar início aquela porra toda da qual eu queria passar longe. não demorou a chegar, era o mais animado de nós. Boa sorte pra ele.
Um burburinho começou a incomodar meus ouvidos, eu estava tão cansado daquela gente que eu desejei acordar na minha cama, sozinho e só sair de lá quando fosse realmente necessário. Suspeitei que o diretor estivesse chegando, todo mundo começou a se mover, provavelmente querendo ser os primeiros da fila pra escolher o melhor lugar no ônibus. Quanta besteira.
Dois pés diminutos, calçados por uma sandália sem saltos, entraram em meu campo de visão. Eu não reconheci o perfume, mas meu coração disparou diante do short curtíssimo usado pela dona daquelas pernas. Ergui minha cabeça de uma vez quando esbarrou seu cotovelo em minha costela, soltei um gemido baixo, só não sei se foi pela dor, ou pela surpresa de ver parada em minha frente depois de tanto tempo. Ela não parecia nervosa, o nervoso ali era eu. O óculos de sol segurava parte de seu cabelo pra trás e me permitia ver seus olhos, indiferentes, em minha direção. Eles estavam vivos, mais escuros, e bem contornados por uma camada grossa e preta de lápis de olho. Também retirei meu óculos, tentando examinar aquilo mais de perto. Ela pareceu hesitar quando o contato visual se concretizou, mas piscou uma, duas vezes, e deu um passo pra trás, retirando de seu ombro um case preto, o qual me estendeu em seguida.

- O-o que é isso? - Minha voz falhou logo no início da frase, minhas pernas vacilavam e só notei o quão trêmulo eu estava quando estendi minha mão pra agarrar a alça do case.
- Soube que eu valho um violão pra você, aí está ele, caso você sinta minha falta.

Sem vacilar, ela me deu as costas e foi em direção a James, que a esperava com uma mão estendida, ela não percebeu, ou fingiu não ver. Isso não fez diferença, pois eu ainda estava parado, inexpressivo, com aquele violão na mão, sem saber o que deveria fazer com ele e sem nenhuma idéia de quem era aquela garota, pois de uma coisa eu estava certo, não era a minha garota.
Ouvi dizer que cada pessoa lida com a dor de uma maneira diferente e que existem diversos tipos de mecanismos de defesa para simplesmente não ter de lidar com ela. É comum vermos pessoas demonstrando seus sentimentos e o quão afetada estão, como as que riem de desespero, ou choram compulsivamente apenas para enfatizar a dor. É ainda mais comum encontrarmos pessoas que recalcam esse sofrimento, uma pena que elas não queiram dividir isso e, por isso, tantas e tantas vezes passem despercebidas. Eu não sei quem supera primeiro, eu não sei qual a melhor maneira de sobreviver à dor. O que eu sabia é que havia se esquivado de tudo isso, ela não parecia ter chorado dias, eu parecia. Ela também não parecia estar reprimindo coisa alguma, ou nem estaria ali, como eu estava. não havia superado aquilo, como eu também não. Eu não fazia idéia das coisas que ela tinha escutado nas últimas semanas, mas descobri qual a válvula de escape ela havia escolhido para recalcar seu sofrimento: vingança.

Fim...?

Nota da Autora: Olá, coisas lindas. Como vocês estão?
Espero que não estejam querendo me dar um tiro no crânio :(
Bom, meniinas, infelizmente Betting Her chegou ao fim, e eu espero, de coração, não ter desapontado vocês com os últimos capítulos, nem com o final escolhido por mim.
Quero agradecer muito à todas vocês por terem acompanhado Betting Her até o final, por todo o carinho e dedicação de vocês com a fic, comigo. Quando decidi colocar essa fiction no site, foi mais como uma experiência, pra ver como seria, e acreditem, vocês fizeram dessa experiência maravilhosa. Tanto é que a segunda parte já está sendo escrita, e assim que eu terminar, vou postar no site também.
Enfim, muito obrigada por tudo, por cada comentário, espero ter correspondido às expectativas de todas vocês, e me desculpem qualquer coisa que eu possa ter feito.
Agradecimento especial à minha Beta, paciente e dedicada, que está querendo me matar agora, mas eu perdoo ela por isso. HSUASHUAHSUAUHSHAUSHUAS
Vou deixar aqui meus contatos, pra que vocês me adicionem, assim eu posso informar vocês sobre Betting Her II, ok? Assim não perdemos contato, odeio quando isso acontece.
Se cuidem, fiquem com Deus.
E até mais!

MWAH!
Lô Bernardelli.
Nota da Beta: Meu primeiro pensamento ao terminar de ler esses capítulos foi um lindo "Puta que pariu, cadê a Heloísa pra eu xingar, socar e matar ela?". SIM, sou uma pessoa extremamente delicada :) IDHASUHDUIASHDUISAHIUDSA Enfim, eu realmente espero que logo eu veja um email na minha caixa de entrada com Betting Her II. u_u
Enfim, parabéns mesmo, Lô, por essa fic linda. De verdade, é uma das melhores que eu já li no site. *-*
Qualquer erro, o mesmo esquema de sempre: tweets para @hernameisLara ou emails para scheffer.lara@gmail.com. Xx.

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