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Breathe for tomorrow


's PoV

Depois de mais um show exaustivo, eu, e estávamos no ônibus de turnê, e, como acontece após todo o show, a última coisa que queríamos fazer era dormir; ainda estávamos com toda aquela energia.
Na próxima cidade, tínhamos um show para fazer, algumas entrevistas e também queríamos visitar alguns lugares. Estávamos decidindo que lugares seriam esses.
- A gente podia almoçar naquele restaurante famoso... - sugeriu, eu e assentimos.
- Parece bom. Mas eu estava pensando que talvez pudéssemos visitar alguns hospitais, instituições de caridade... fazer umas doações... o que acham? - perguntou.
- Hm, ótima ideia, . A gente pode pegar algumas informações amanhã, quando chegarmos. - disse; eu concordei, balançando a cabeça e bocejando finalmente.
- Agora acho melhor irmos descansar. Amanhã temos muita coisa para fazer. - Eu disse, me levantando da poltrona, indo me preparar para dormir.
- Boa noite, . - Meus irmãos desejaram.
- Boa noite! - Retribuí.
No dia seguinte, tive que acordar cedo, como sempre. E também acordei muito contra a minha vontade... fazer o que, né?
Tomei café quase dormindo em cima do prato, até que começaram a ditar a agenda para o dia. Não sei por que insistem em fazer isso, a gente esquece os compromissos assim que terminam de ser narrados.
- Gente, atenção aqui. - Nosso pai pediu, e eu fiz um esforço para abrir mais os olhos. - tinha dado a ideia de visitarmos um hospital, e eu liguei para um, para marcar uma visita, mas eles ligaram hoje de manhã e disseram que não vão poder nos receber... parece que houve um acidente de muitas vítimas, e todos vão estar ocupados. - Ele disse, franzindo um pouco a testa.
- E estão todos bem? - Perguntei.
- Sim, não houveram mortos, apenas feridos. - Meu pai respondeu.
- E não tem nenhum outro lugar aonde possamos ir? - perguntou, meio desanimado. Só não sabia se era por causa do acidente ou por causa da sonolência.
- Hm... Guys! - gritou, folheando uma lista telefônica. Ok, agora eu não sei se estou realmente acordado, porque não me lembro de ter visto onde o arrumou essa lista.
- O que foi, ? - Perguntei.
- Que tal um hospício? - Ele perguntou, sorrindo, meio que esperando a nossa reação.
- O quê? Um hospício? - disse, meio surpreso com a ideia.
- Parece legal. - Eu disse, mas não consegui transmitir corretamente a minha animação, por causa do sono.
- Vocês estão falando sério, mesmo? - perguntou, ainda incrédulo.
- Claro, por que não? - disse, e eu concordei.
- Um hospício... ok, pode ser interessante. – , enfim, concordou.
Eu me levantei da mesa, cambaleando até chegar às minhas roupas para hoje. Eu me arrumei, ainda sem muita energia. Estranho... acho que estou ficando doente... que maravilha.

Saímos do ônibus e passamos para o carro de aluguel, seguindo para uma entrevista em uma rádio. Não sei por que gostam tanto de gravar entrevistas de manhã, esse povo adora acordar cedo, eu hein.
A entrevista foi demorada e entediante, as perguntas eram muito pouco criativas, não rendeu nenhum assunto interessante.
Após a entrevista, fizemos uma pausa curta e depois voltamos ao carro, para que pudéssemos seguir o nosso próximo destino. Assim que entrei no carro, logo após o , meu celular começou a tocar. Eu o peguei no bolso do meu jeans e dei uma olhada rápida no identificador de chamadas. .
- Oi, amor. - Eu saudei assim que atendi.
- Hey. Bom dia, lindo. Como você está? - Ela perguntou em um tom animado demais para qualquer pessoa normal a essa hora da manhã.
- Estou bem, só um pouco de sono, né. E você?
- Ah, eu estou ótima. Mas estou com saudades. Então, eu liguei para te falar uma coisa, adivinha.
- O quê? - Perguntei, meio sem paciência para jogos de adivinhação.
- Eu vou para aí amanhã! - Ela disse, em uma voz estridente, obviamente bem feliz. Eu senti um sorriso se formar no meu rosto.
- Jura, ? Uau, isso é ótimo! - Eu disse, também animado. - Eu vou ficar esperando por você, tá bom? Também estou com saudade. - Eu continuei, e pelo canto do olho vi o lançar uma careta de nojo para o . Eu revirei os olhos para os dois.
- Tudo bem, vou desligar agora. Eu te amo. - disse para mim.
- Ok, eu também. - Eu respondi, e em seguida a ligação foi finalizada e eu pus o celular de volta no bolso.
- Ah, não brinca que a vai vir pra cá... - começou a implicar, eu tive que reprimir o impulso de mandar ele para um lugar bem feio.
- Ela vem, sim, e eu quero que ela venha, então, cala a boca.
- Não sei como você aguenta aquela garota. - disse, recebendo o apoio do . Eu dei um tapa na cabeça do .
- Dá pra vocês pararem? Ela vai vir para ficar comigo, não com vocês, então, não se preocupem! - Eu disse, fazendo eles ficarem quietos.
Depois da nossa pequena discussão, e ficaram olhando pela janela e voltamos ao silêncio inicial.


's PoV

- , me deixa entrar! Por favor! - Ouvi a voz da gritar do lado de fora da porta.
Eu já estava cansada de toda essa gritaria que vinha do lado de fora do meu quarto, desde ontem, quando minha mãe veio conversar comigo sobre minha internação. Assim que ela saiu, tranquei a porta do quarto, e jurei nunca mais sair de lá. Eu podia me alimentar das partículas de poeira que entram pela janela ou coisa assim.
- Querida, podemos só conversar? Ninguém vai te levar a força... - Minha mãe dizia para mim.
Estão mentindo para você! A voz familiar gritou na minha cabeça, me fazendo tampar os ouvidos instintivamente, embora eu soubesse que era inútil. Sempre que isso acontecia, a única solução que eu via era tentar gritar mais alto, mas era angustiante! Eu simplesmente não conseguia ouvir minha própria voz, não importava o quão alto eu gritasse. Não deixe eles te levarem! Não abra a porta!
De repente, a voz cessou e o silêncio repentino fez meus ouvidos zunirem. Eu me joguei na minha cama, com a respiração ofegante. O silêncio durou pouco, mas, pelo menos, dessa vez, não eram eles.
- Querida, a gente só quer te ajudar. Você está bem? Fale comigo. ? - Minha mãe dizia, dando batidas leves na porta.
- Eu estou ótima! Não preciso de droga de tratamento nenhum! Será que dá pra me deixarem em paz?!
- , por favor, seja razoável... - disse, em um tom bem calmo.
- Vocês estão me deixando doente! Estão me deixando doente com essa história de internação! Quando vocês pararem com isso, eu vou ficar bem! - Eu argumentei, ainda deitada na minha cama. Era totalmente verdade, sempre que essa conversa começava, as coisas ficavam piores. Será que eles não entendiam isso?
- Tudo bem, vamos esquecer a internação. - Minha mãe disse, desistindo. Eu rapidamente me sentei na beirada da cama.
- Jura? Não, você está mentindo... - Eu disse, me levantando e andando até a porta. Havia um espelho de corpo inteiro na porta do meu quarto, e eu parecia meio doentia no meu reflexo. O que estava acontecendo comigo?
- Estou falando a verdade, . Mas, por mim, por você... vamos fazer uma consulta com um profissional, ele vai te ajudar... - Minha mãe tentava me convencer, e sua voz beirava às lágrimas.
- Eu não preciso de consulta. - Eu disse, determinada. Mas, então, me lembrei das últimas semanas, as piores da minha vida... As noites sem dormir, os gritos ensurdecedores; isso estava acabando comigo. Talvez um pouco de ajuda não fosse fazer mal, desde que minha mãe tenha desistido da internação. O que podia acontecer de ruim? Era só uma consulta. Depois disso, eu voltaria pra casa e poderia ter uma noite de sono inteirinha, finalmente.
- , escuta, por favor...
- Ok, eu vou. - Eu interrompi o que minha mãe dizia. Tudo ficou em silêncio por três segundos.
- O quê? - perguntou, o tom da voz meio incrédulo.
- Eu disse que eu vou pra essa consulta... - Eu repeti em um tom mais baixo. Em seguida, fui correndo pegar a chave da porta, que eu tinha jogado embaixo da cama. Eu abri a porta e minha mãe me abraçou, as bochechas dela estavam molhadas de lágrimas.

Depois de todo o drama, eu tratei de me arrumar. A ficou olhando pra mim enquanto eu penteava o cabelo, e eu não gostava do olhar dela. Tinha pena demais nele.
- Qual é o problema, ? - Eu perguntei, passando a escova na mesma mecha de cabelo pela milésima vez.
- Nada. Só estou um pouco preocupada com você. - Ela respondeu, dando de ombros.
- Não precisa se preocupar, eu estou bem. - Eu disse, lançando um sorriso para ela. Ela levantou uma sobrancelha, apontando com o queixo para o meu cabelo totalmente arrepiado. - Tá bom... mas eu VOU ficar bem, você vai ver. - Eu corrigi, começando a realmente pentear meu cabelo.
Quando terminei de me arrumar, e eu fomos para a garagem, e minha mãe já estava nos esperando no carro. Ela estava com a cabeça deitada sobre o volante, e quando me ouviu bater a porta depois de entrar, levantou a cabeça e tentou secar a cascata de lágrimas que desciam dos olhos dela.
- Calma, mãe. É só uma consulta, que desespero! - Eu disse, apertando o botão para levantar a janela, e em seguida apertando para descer a janela, e repetindo o processo até que a janela parasse exatamente onde eu queria que ela ficasse. Mas sempre passava alguns milímetros, e eu tinha que continuar apertando o botão...
- , pode parar com isso, por favor? - Minha mãe pediu, passando a mão livre pelos cabelos.
- Espera, estou quase lá... - Eu insisti, fazendo o vidro subir só mais um pouquinho. - Ai, droga, passou... - Eu reclamei, fazendo descer mais um pouco.
Minha mãe soltou o ar em um sopro leve. Rodamos um pouco pela cidade, eu não estava prestando muita atenção, e tinha desistido de lutar contra o vidro da janela. Então, o carro parou. Automaticamente abri a porta para sair. Minha mãe e a logo estavam ao meu lado.
- Por que viemos até aqui? - Eu perguntei, dando um passo para trás ao reparar no nome do estabelecimento. Isso era um hospício, eu tinha certeza.
- Porque ouvi dizer que eles têm o melhor psiquiatra da cidade. - Minha mãe disse, mas ela estava olhando para cima enquanto falava, então, não me passou muita confiança.
- Vem, ... - chamou, me guiando pelo ombro. Eu fui andando até a porta, com ao meu lado e, então, entramos na recepção. Senti a mão da apertar forte o meu ombro.
- Ouch! O que que foi? - Eu disse, esfregando o local dolorido com a minha mão.
- ! ! ! Olha quem estão sentados ali! - Ela disse em um tom de voz baixo, mas que beirava o desespero. Eu segui o olhar dela e vi três garotos e dois adultos com eles, sentados na recepção do local. Eu os reconhecia de algum lugar.
- Hey, não são aqueles cantores que você adora? - Eu perguntei, de repente me lembrando.
- Os Jonas Brothers! Nem acredito! Acho que eu vou lá! Mas não quero parecer fanática! Ah, o que eu faço? - Ela dizia, sapateando que nem uma galinha ciscando.
- Olha, , você já tá parecendo bem insana. Cuidado, daqui a pouco vão querer te internar! - Eu disse, rindo.
De repente, um deles olhou na nossa direção. Ele tinha uma expressão feliz no rosto, e a estava quase explodindo do meu lado.
- Ele está olhando pra geeeeente!
- Pára de surtaaaar! - Eu disse, imitando o tom fanático dela.
A respirou fundo, e eu desviei o olhar para ver o garoto de novo. Eu me arrisquei a lançar um sorriso para ele, ele sorriu de volta.


's PoV

Quando aquelas duas garotas entraram com aquela mulher, eu realmente não reparei muito. Mas depois não tinha como não reparar. O jeito como uma delas estava agindo denunciava que ela era nossa fã. Legal, nossos fãs já descobriram que nós viríamos aqui hoje?
Mas, então, eu vi que era só uma coincidência, quando ouvi o que a mulher estava falando com a recepcionista.
- Bom dia... Eu... marquei uma internação para hoje. - Ela dizia, parecendo estar com uma dificuldade incrível de falar. - É para a minha filha.
- Deixe-me ver... qual o seu nome?
- Srª .
- Srª ... aqui está! - A recepcionista disse, checando no computador. - Vou precisar chamar alguns médicos? Ela parece bem controlada.
- Na verdade, ela ainda não sabe. - A mulher sussurrou.
- Hm... então, é melhor chamar os médicos. Nunca se sabe como eles vão reagir, não é? - A recepcionista disse, com um sorriso meio triste. Ela pegou o telefone e o pôs no ouvido. - Vou precisar de quatro aqui. - Ela disse, mas depois deu mais uma olhada para a garota que estava com a amiga surtada. - Não, acho que só três vão servir. Ok, obrigada. - Ela agradeceu, colocando o telefone de volta no gancho.
Eu desviei o olhar de volta para as duas garotas. Será que ela ia ser internada por ser fã de Jonas Brothers? Será que ela tinha alguma obsessão ou coisa assim? Ela continuava me encarando com um sorriso meio maníaco no rosto, e eu recuei um pouco.
- Mãe, pra que essa demora toda? - A outra garota disse em voz alta, meio entendiada. Espera, então, ela era a filha? Ela seria internada aqui? Mas ela parecia tão normal e linda. Não, talvez elas fossem irmãs, embora não se parecessem, e aparentemente tivessem a mesma idade.
- Calma, querida. Eles já vão vir nos atender.
Assim que a tal Srª terminou de falar, três homens vestidos de branco entraram na recepção e olharam para ela. A recepcionista apontou com o queixo para a garota que acompanhava a amiga, a garota aparentemente normal. Assim que ela se situou, lançou um olhar de pavor. Ela lançou um olhar de pavor para mim, como se pedisse minha ajuda. Mas o que eu podia fazer? A amiga dela ficou séria de repente, como se tivesse esquecido completamente que os Jonas Brothers estavam aqui. e também estavam prestando atenção na trama.
- Mãe, o que é isso? Esses caras não têm cara de psiquiatras. E pra quê três psiquiatras? - Ela perguntava, dando dois passos para trás, mas a amiga pôs uma mão no ombro dela, a impedindo de avançar mais.
- Querida, eles só vão te ajudar, está tudo bem. – A Srª disse, com lágrimas nos olhos.
- É, ... não vai ser tão ruim. A gente vem te visitar todo dia... - A amiga fanática disse para a... .
- Me visitar? VOCÊS MENTIRAM PARA MIM! - gritou alto, me fazendo fechar os olhos e ter que reprimir o impulso de tampar os ouvidos.
Os médicos de branco começaram a avançar para onde estava, e ela tentou se mover apavorada, mas um deles foi mais rápido e segurou o braço dela.
- Me soltem! Agora! Mãe, não faz isso! Eu vou melhorar, eu vou melhorar sozinha! Eu juro! Desculpa se eu te deixo preocupada! Eu faço qualquer coisa! Qualquer coisa! - Ela gritava, enquanto se debatia. Os três médicos já a estavam segurando. Ela chorava desesperadamente, e tentava chutar e morder os médicos. - Por favor, mãe! ! - Ela implorava, e de repente olhou para mim de novo, com aqueles olhos angustiados, estava implorando, só com o olhar.
Eu não sabia o que ela tinha, mas com certeza não parecia certo interná-la neste lugar contra a vontade dela. Mas infelizmente eu não podia fazer nada. E antes que eu pudesse sequer pedir desculpas, os médicos começaram a levá-la pela porta. E a última pessoa para quem ela olhou foi para mim.
Assim que ela saiu, a sala ficou em silêncio. Exceto pelo choro desesperado da mãe dela. A amiga, , eu acho, também chorava, mas mais discretamente.
- Vem, . A gente devia ir vê-la. - A Srª disse, guiando a pelo braço.
Foi meio automático, mas eu me levantei imediatamente.
- Com licença, mas eu posso ir também? - Perguntei, e a me olhou incrédula. Ambas ficaram incrédulas.
- O quê, ? - perguntou, também surpreso.
- Ué, viemos aqui para visitar, não é? - Eu respondi, e minha mãe sorriu para mim. Acho que ela percebeu que me solidarizei com a garota, e ficou feliz com isso.
- Desculpe, garoto, mas eu não acho que ela... - A Srª começou a dizer, mas foi interrompida pela .
- Acho que a ia adorar. - Ela disse, sorrindo um pouco. Eu sorri de volta.
- Por favor, eu juro que não vou atrapalhar. - Eu pedi à mãe dela. Ela pareceu pensar um pouco, mas depois assentiu com a cabeça.
- Tudo bem, mas ela não está a pessoa mais calma do mundo, então, eu não me responsabilizo. - Ela disse e saiu pela porta. Eu e a a seguimos. Meus irmãos e meus pais foram logo atrás.


's PoV

Os médicos brutamontes foram me arrastando pela droga do hospital inteiro, e quando eu comecei a me debater com mais força, e tentar me agarrar nos móveis, eles me levantaram no colo. Eu gritava, mas ninguém parecia me ouvir, ninguém queria me ajudar. Será que todo mundo queria me ver acabar meus dias nesse lugar?
- Por favor! Eu não estou louca! Eu não estou! Os loucos sempre negam que estão loucos! Então, eu juro que estou louca! Quer dizer... não foi isso que quis dizer...
- Calma, criança. Fica calma. Se debater não vai ajudar em nada. - Um dos médicos ridículos disse para mim. Em resposta, soltei o meu grito mais estridente possível. Se eles não me soltassem, eu ia deixá-los surdos!
Então, quando eu olhei para trás, vi que minha mãe, , e os caras daquela banda estavam me seguindo. Eu não queria olhar na cara da minha mãe e da minha suposta "melhor amiga" , mas aquele garoto da banda veio até aqui. Ele veio me salvar? Se ao menos eu lembrasse o nome dele... Eu só lembrava que tinha um tal de , mas não lembrava qual deles era o .
- Olha, ela parou de gritar. - Alguém disse, acho que foi um dos garotos da banda. E só então eu reparei que me distraí tanto com aquele garoto que me esqueci que tinha a missão de ensurdecer os médicos. Imediatamente comecei a gritar de novo, fazendo um dos médicos ranger os dentes. Gritei a plenos pulmões até que minha garganta começou a coçar, e eu comecei a tossir. Então eles me colocaram no chão. Olhei em volta e vi que estava em um quarto. Estava todo mundo olhando para a minha cara na porta.
- Eu quero ir pra casa. - Eu pedi, e minha voz soou mais infantil do que eu pensei que soaria.
- Você vai. Assim que se recuperar. - Minha mãe disse para mim. Eu fiz cara feia para ela.
O quarto ficou em silêncio, todo mundo olhando para mim. Então, eu simplesmente corri até a janela alta, subindo em cima da cama para poder ver. A janela tinha grades, mas, mesmo assim, eu queria checar a altura. Então, senti alguém me puxar pela cintura.
- O QUE FOI? Agora, além de ser obrigada a viver nessa droga de quarto eu também não posso ficar em cima da cama?! - Eu gritei, empurrando o médico para longe de mim assim que ele me pôs no chão.
- Não quando você planeja se jogar da janela. Estamos no quarto andar, não daria certo. - O desgraçado disse.
- ... - começou a dizer.
- Cala a boca! Não quero falar com vocês! Não quero falar com nenhuma das duas traidoras! - Eu gritei, fechando os olhos e contando até três. Esperando que quando eu abrisse de novo, todo mundo tivesse sumido e me deixado sozinha. Afinal, é isso que eles queriam, não é? Me deixar aqui sozinha.
- , o que você tá fazendo? - Ouvi um dos caras da banda dizer.
- Shh, . - O tal respondeu.
Eu abri os olhos e ele estava bem na minha frente. Eu dei um passo para trás, mas ele acompanhou meu movimento.
- , você não vai ficar aqui, ok? Eu não vou deixar. - Ele dissse para mim, os olhos castanhos me fitando.
- Você vai me salvar? - Eu perguntei, embora parecesse meio idiota. Minha voz era só um fio, aposto que apenas ele conseguia ouvir.
- Eu vou. Agora, fica calma, tudo bem? - Ele me disse, e lentamente levantou a mão e tentou alisar minha bochecha com as costas da mão, mas eu desviei o rosto. Ele recuou também.
- Você está mentindo. Todo mundo mente para mim. - Eu acusei, mas o olhar terno dele sobre mim não se afetou. Isso suavizou minha expressão.
- Ninguém mais vai mentir para você, tudo bem? - Ele falou, sorrindo para mim. Eu sorri de volta. Mas por que eu estava sorrindo? Minha vida estava um inferno, eu tinha é que chorar!
- Escuta, o que você está falando? - Minha mãe perguntou. Imediatamente minha expressão quase-feliz se desfez.
- Francamente, deixá-la aqui só vai fazer com que ela enlouqueça mais, Srª . - respondeu, olhando pra minha mãe.
- Enlouquecer mais? Eu não estou louca! Que droga! - Eu gritei, passando as mãos pelos meus cabelos. virou para mim de novo.
Eu só queria poder quebrar tudo aqui! Eles não podiam me deixar aqui! Não mesmo.
- Eu não estou louca! E vocês não vão me deixar aqui! NÃO VÃO! - Eu gritei, e derrubei tudo que tinha em cima da mesa de cabeceira. Os médicos babacas vieram me segurar de novo, e eu comecei a me debater. Até que senti uma picada no meu braço, e em um borrão eu vi a seringa. Vi o . E aí não vi mais nada.


's PoV

Eu assisti de perto a desmaiar nos braços dos médicos, e eles em seguida a deitaram na cama. Agora que o acesso de raiva dela tinha passado e ela estava adormecida, eu podia ver a tranquilidade nela. Parecia um anjo.
- Sua namorada? - Um dos médicos perguntou, colocando uma mão no meu ombro.
- Er, não. Na verdade, eu não a conheço. - Eu respondi, enquanto ele me guiava pra fora do quarto, e todo mundo ia saindo também. A pergunta dele me fez lembrar de alguma coisa, mas eu não conseguia lembrar realmente... Qual foi a pergunta mesmo? Se ela era minha namorada? Ah, é, a ! A é minha namorada! Isso mesmo.
- Jura? Você parecia lidar bem com ela... - Ele comentou. Eu dei de ombros. A é minha namorada. É nisso que eu tenho que pensar.
Todos se sentaram na sala de espera, não sei bem o que estávamos esperando. Em uma hora, tínhamos vindo aqui para uma visita rápida, e uma doação. E na outra, estávamos sentados na sala de espera, como se fôssemos parentes daquela garota ou coisa assim.
- Er, , não é? - A Srª falou comigo, eu assenti. - Obrigada por tentar acalmá-la, eu sei que você só queria ajudar.
- De nada, foi bom ser um pouco útil. - Eu disse, sorrindo um pouco. A Srª abaixou a cabeça.
- É simplesmente tão difícil ver isso acontecendo. Eu só queria que ela ficasse bem, mas agora ela não parece bem. Eu estou tão confusa, não sei o que fazer... - Ela lamentava.
- Ela é sempre agressiva assim? - Perguntei.
- Ela costumava ser um amor de pessoa. Mas, de umas semanas para cá, muita coisa tem mudado. Achamos que ela tem ouvido vozes. - Ela sussurrou, eu franzi as sobrancelhas. - Eu não quero deixá-la aqui, mas sinceramente não sei mais o que posso fazer. Ela não tem dormido por noites!
- Ela... contou para vocês? - Eu perguntei. Porque ela não parecia ter consciência de que tinha algo de errado com ela.
- Não, ela não conta nada pra ninguém. E se tocamos no assunto, ela simplesmente vira uma fera e se tranca no quarto. Não sei como lidar com isso.
- Acho que você devia levá-la para casa. Talvez seja só o estresse por não conseguir dormir, isso pode estar perturbando a mente dela. Quem sabe você devesse dar remédios, se ela não pegar no sono... - Eu comecei a sugerir.
- , pára de dar palpite na vida dos outros. Como se você entendesse alguma coisa do assunto. Desculpe a intromissão do meu filho, Srª . Não vamos interromper de novo. - Minha mãe me repreendeu e se desculpou. Mas a mãe da balançou a cabeça, mostrando que estava tudo bem. E depois ela sorriu para mim, e se levantou, indo em direção a recepção.


's PoV

Quando eu acordei, me levantei imediatamente da cama, pronta para gritar até me tirarem dali. Mas estava tudo muito escuro, e eu tropecei até achar um abajur. Quando a luz se acendeu, eu pisquei duas vezes para entender. Eu estava no meu quarto? Tudo tinha sido um sonho? Mas fazia tanto tempo que eu não sonhava...
Eu abri a porta do meu quarto, e estava em casa. Só tinha um jeito de saber se aquilo tinha acontecido. Eu passei minha mão pelo meu braço e senti uma dorzinha leve, olhando bem, dava para ver um furinho bem pequeno. Eu tinha mesmo sido sedada, então, eu realmente tinha ido ao hospício. Mas agora eu estava em casa. Estranho.
Fui andando meio tonta até a sala de estar, e estava tudo muito vazio. Minha mãe tinha ido trabalhar? Me deixou sozinha? Ela não acha que vou fazer uma loucura ou coisa assim?
Mas estava cedo demais, então, provavelmente ela ainda estava dormindo. Eu me sentei no sofá da sala, fitando a escuridão. Um arrepio percorreu minha espinha, e eu me preparei pelo que eu sabia que estava por vir.
Avisamos para não abrir a porta! Não deixe eles se aproximarem de você! Não deixe ele se aproximar de você! As vozes conhecidas e torturantes gritavam. E eu reprimi meus próprios gritos com toda a força que pude, porque não queria que me mandassem para aquele lugar de novo. Mas mais horrível do que ouvir os gritos de estourar os tímpanos dentro da minha cabeça, era não tentar lutar contra eles. Se eu não tentasse falar mais alto, eles iam me derrotar!
Então, não aguentei, e comecei a gritar também. Eu queria que ninguém pudesse ouvir, mas infelizmente era um pedido em vão. Minha mãe logo entrou na sala. As vozes cessaram.
- Por favor, por favor... eu parei. Eu estou bem! Não me manda para lá de novo, por favor! Por favor! - Eu pedia descontroladamente, com as lágrimas escorrendo.
- Está tudo bem, meu amor. Não vou mais fazer aquilo com você. - Ela disse, com um sorriso triste no rosto, e passou uma mão pelo meu cabelo.
- Por que você mudou de ideia? - Eu perguntei, secando as lágrimas com as costas das mãos.
- Porque um garoto muito lindo vem aí para te ver hoje, e eu queria que você estivesse em casa para recebê-lo. - Ela falou, piscando para mim. Eu sorri um pouco, mas não entendi.
- Que garoto muito lindo? - Eu perguntei, confusa. Então, me lembrei do garoto que disse que ia me salvar ontem... Ele me salvou?
- Você vai ver. - Ela disse. – Agora, vamos voltar a dormir. O sol ainda nem nasceu.
- Ok. - Eu disse. Ela se levantou e seguiu de volta para o quarto dela. Mas eu não me movi. Para que tentar dormir? Para ter aqueles pesadelos horríveis? No way.
Fiquei lutando contra o sono a manhã toda, primeiro, porque eu não podia mesmo dormir. E, segundo, porque queria estar acordada quando ele chegasse. Eu precisava agradecer.
Minha mãe me trouxe algo para comer, e, perto da hora do almoço, a veio aqui em casa. Eu devia estar chateada com ela, mas não foi realmente culpa dela.
- , eu totalmente não creio que Jonas vem aqui hoje só para ver você! AAAH! - Ela disse, dando gritinhos histéricos. Eu dei um tapa leve no braço dela. Gritos era uma coisa que eu não queria mesmo ouvir, se pudesse evitar.
- É, parece que sim. Não sei o que ele quer comigo... - Eu disse, desviando o olhar para um canto qualquer.
- Vamos torcer para que você descubra, logo, não é?
- É, tomara. - Eu disse, em um tom de voz baixo. estava naquela animação toda, só porque era um dos ídolos dela que ia vir aqui. Eu só queria ficar ali, sentada no sofá, mas ela estava toda elétrica, então, foi dar uma volta pela casa. Eu continuei lá, olhando para a porta da frente.


's PoV

Eu acordei com uma incrível dor de cabeça, o que confirmava a minha teoria de ontem de que eu estava ficando doente, mas de certa forma isso me deixou feliz. Se eu estivesse doente, poderíamos ficar mais tempo na cidade, até eu melhorar.
Eu fui me arrumar, meio zonzo. Tomei um banho e fui procurar algum remédio nas coisas da minha mãe. Mas eu não sabia bem o que eu devia tomar e também não queria contar para ninguém que eu estava passando mal, pelo menos ainda não.
Tomei café com minha família no saguão do hotel, e todo mundo já sabia dos meus planos para hoje, então, não precisei dar justificativas quando saí às pressas e peguei o primeiro táxi que passou. O problema era a droga do trânsito, como sempre. Depois de um tempo incontável no engarrafamento, cheguei ao endereço que a mãe da tinha me dado ontem.
Eu sabia que não devia me preocupar tanto assim, afinal, eu mal a conhecia, mas eu me sentia na obrigação de ver se ela estava bem. Afinal de contas, eu fui tecnicamente o responsável por ela não estar internada naquele lugar, então, se isso não for o melhor para ela, e ela estiver piorando, a culpa é minha.
Eu cheguei até a porta da frente e apertei a campainha, mas ninguém atendeu. Eu tentei de novo, e nada. Então, eu tentei girar a maçaneta, só para testar. Para minha surpresa, a porta se abriu. Inicialmente eu não pretendia sair entrando assim na casa das pessoas, mas eu vi que estava dormindo no sofá, e minha curiosidade foi maior. Ela estava mesmo dormindo? Isso significa que ela já está melhor?
Eu me aproximei e, bem delicadamente, me sentei no sofá onde ela estava deitada. Apesar da minha delicadeza, ela acabou se mexendo um pouco. As pálpebras se franzindo, enquanto ela fechava os olhos com mais força, não parecia um sono tão tranquilo assim. Na verdade, agora que eu estava mais perto, dava para ouvir que ela resmungava algumas coisas que eu não conseguia entender, e tinha as mãos apertadas em punho.
Eu queria poder fazer alguma coisa para que ela pudesse dormir tranquilamente de novo, como naquela vez com o tranquilizante, como um anjo. De repente, ela começou a resmungar mais alto e a se mexer mais no sofá. Sem pensar muito, coloquei minha mão sobre a cabeça dela, tentando acalmá-la. Eu mesmo quase deixei escapar um grito quando em menos de um segundo ela segurou o meu pulso com força, abrindo os olhos cheios de pavor.
- Não! Me solta! - Ela gritou, meio desnorteada.
- Shh, calma! Sou eu... - Eu disse em um tom baixo, fazendo com que ela olhasse para mim. Então, ela finalmente relaxou e soltou o meu pulso. Eu senti minha pele formigar por causa da força que ela tinha feito.
- Não faz mais isso de novo quando eu estiver dormindo. Sério. - Ela disse, meio ofegante, ajeitando o cabelo desgrenhado com os dedos.
- Desculpe. É que você parecia meio atormentada, eu só queria ajudar... - Eu disse, tentando me redimir. Eu dei uma esfregada no meu pulso, ainda estava ardendo.
- Estou farta de todo mundo querendo me ajudar! Eu não preciso de ajuda, mas que droga! - Ela disse, dando um tapa em uma almofada.
- Tá bom, desculpa! Desculpa, se quiser, eu vou embora. - Eu disse, começando a me levantar do sofá, mas ela me puxou pelo casaco.
- Não, não... fica. Foi mal, às vezes eu perco a cabeça. - Ela disse, sorrindo de leve. Eu não correspondi ao sorriso, eu estava meio assustado com a bipolaridade dela. Ela pareceu meio desesperada para me fazer ficar. - Minha mãe disse que você ia vir. Eu queria ficar esperando, mas eu peguei no sono. Desculpa.
- Não precisa se desculpar. Você devia mesmo dormir um pouco. - Eu disse, mas ela sinalizou um não com a cabeça.
- Não, eu não quero dormir. Na verdade, eu tenho que te agradecer. Você me salvou. Obrigada. - Ela agradeceu e me lançou um sorriso lindo. Talvez o sorriso mais feliz que eu já tinha visto vindo dela.
- De nada. Eu prometi, não é? - Eu respondi, não conseguindo de jeito nenhum evitar um sorriso também. - E... como você se sente? Ontem você não parecia muito bem. - Eu perguntei, me lembrando dos acessos de raiva de ontem. Tudo bem que ela tinha dito que não queria ninguém tentando ajudá-la, mas eu simplesmente não conseguia evitar.
- Você também não se sentiria muito bem se quisessem te deixar trancado entre quatro paredes para o resto da sua vida, não é? - Ela desafiou, levantando uma sobrancelha.
- É, tem razão. É uma situação de enlouquecer qualquer um. - Eu disse, dando uma risadinha. Ela fechou a cara para mim. - Não, não, eu não quis dizer que você é louca, eu...
- Tá, tá, eu entendi. Mas não precisa ficar fingindo para mim, eu sei o que você pensa de mim, é o que todo mundo pensa. - Ela disse, bufando.
- ... O que estou dizendo é que, às vezes, negar um problema não ajuda a resolvê-lo, sabe... - Eu dizia em um tom de voz bem tranquilo, tentando não deixá-la irritada comigo. Enquanto eu falava, ela abaixou o olhar e começou a fazer trancinhas na franja que havia em volta da capa da almofada do sofá.
- Como se você soubesse alguma coisa sobre problemas. - Ela disse, ainda sem olhar pra mim.
- Ha, quem dera. A minha vida não é tão perfeita como você pensa. - Eu respondi, pondo minha mão em cima da almofada que estava no colo dela. Ela ergueu uma das mãos que estava usando para fazer as tranças e pôs sobre a minha. A mão dela estava bem gelada.
- ! Você já chegou? - Ouvi a voz da mãe da e nós dois rapidamente recolhemos nossas mãos e nos afastamos. - Desculpe, eu saí para fazer umas compras com a . Ocorreu tudo bem por aqui? - Ela perguntou, lançando um olhar para a .
- Er... sim. Ocorreu tudo muito bem, e eu conversamos bastante. - Eu disse, lançando um sorriso para a .
- Isso é ótimo. - A mãe dela disse.
- Quer ajuda com as compras? - Eu perguntei, me pondo de pé.
- Ah, sim, por favor. A cozinha é por ali. - Ela disse, me entregando algumas das sacolas de super mercado.


's PoV

Assim que levantou do sofá e foi pra cozinha com minha mãe, veio sentar do meu lado no sofá. Ela estava sorrindo meio maníaca pra mim, eu levantei uma sobrancelha, questionando.
- Nem vem, ! - Ela disse, empurrando de leve o meu ombro.
- Nem vem o que, ? - Eu perguntei, sem entender nada.
- Ah, pára! Eu vi vocês de mãos dadas quando a gente entrou. - Ela disse, em um tom meio histérico.
- A gente não estava de mãos dadas. A gente... sei lá, não aconteceu nada. Não se preocupe, não vou roubar seu príncipe encantado ou seja lá o que for. - Eu disse, achando ridículo o ciuminho dela.
- Eu não ligo. Desde que você fique longe do meu . - Ela disse, dando de ombros. - Aproveite o , à vontade! - Ela gritou, indo pra cozinha também.
- Shh! Fala baixo! - Eu disse, antes de ela desaparecer pela porta. Ela queria me matar de vergonha ou o quê?
Eu fiquei um tempo sentada no sofá, pensando no que a disse. Mas não tinha nada demais em segurar a mão dele, tinha? Quer dizer, por que ela estava tão animada por isso? Quando eu resolvi levantar do sofá, eu vi meu reflexo em um espelho que tinha na parede da sala, e só então percebi que eu estava sorrindo de um jeito meio abobalhado. Eu sacudi a cabeça para tirar esses pensamentos sobre o da minha cabeça e fui andando até a cozinha, onde todo mundo estava. Mas eu parei na porta, antes de qualquer um me ver.
- É, , é o que estou dizendo. Ela pode até estar melhor agora que você está aqui e tudo isso, mas eu tenho medo de como ela vai ficar quando vocês tiverem que ir embora. - Ouvi minha mãe dizer.
- É, eu já pensei nisso. - Ele respondeu, em um tom triste. - Eu sinto muito mesmo por ela.
- Você não tem que ir. - disse, como se fosse a coisa mais óbvia.
- Infelizmente, eu tenho. - disse.
Eu me encostei na parede do corredor, tentando conseguir algum tipo de apoio. Mas os gritos que recomeçaram fizeram minhas pernas perderem a força, e eu fui deslizando pela parede até parar sentada no chão.
Avisamos para não deixá-lo se aproximar! Por que você nunca faz o que dizemos?! As vozes gritavam na minha cabeça, me fazendo gritar também. Eu juro que faria qualquer coisa para isso parar, mas não parava. Só ficava cada vez mais frequente. E cada vez mais alto.
Eu tinha os olhos fechados com bastante força, mas eu sentia um par de mãos sobre mim. E eu também sabia que tinha alguém falando comigo, mas eu simplesmente não conseguia ouvir. Eu só conseguia ouvir os gritos.
Então, o silêncio voltou.
- , você está bem? - me perguntou, alhado na minha frente. Eu percebi que estava com as mãos nos meus dois ouvidos, então, abaixei os braços.
Eu empurrei o de leve, porque ele estava muito perto e eu queria levantar do chão. Sem falar com ninguém, fui correndo para o meu quarto e bati a porta. Mas onde foi mesmo que eu enfiei aquela droga de chave?
Enquanto eu procurava a chave da porta, ouvi alguém batendo.
- , eu posso entrar? Está tudo bem? - Ele perguntava, ainda batendo na porta.
- , acho melhor deixá-la. - Minha mãe disse para ele.
- Não, espera. - Ele insistiu. - Será que eu posso entrar, ? Eu quero falar com você. - Ele continuava perguntando. Então eu finalmente achei a chave, mas assim que eu a coloquei na fechadura, girou a maçaneta e abriu a porta. Eu tentei fechar de novo, mas ele foi mais forte, então, eu desisti.
- O que você quer? - Eu perguntei, me afastando da porta para dar espaço para ele.
- Eu quero me despedir. Seria muita falta de educação se eu fosse embora sem falar com você, não é? - Ele perguntou, com um maldito sorriso no rosto.
- É, seria sim. Bem, tchau. Pode ir. - Eu disse, com bastante indiferença na voz.
- Tchau. - Ele disse, me dando um abraço. Foi meio inesperado, então, ele me soltou antes que eu tivesse tempo de reagir. Quando ele olhou para o meu rosto, ele soltou um risinho, se divertindo. Eu imaginei que minha expressão devia ser de lamento, então mudei para raiva. Ele estava me irritando. - Não se preocupe, eu volto amanhã! - Ele disse, ainda rindo.


's PoV

Quando cheguei ao hotel, fui falar com a minha mãe finalmente que eu estava passando mal. Embora, na verdade, eu já estivesse melhor.
Depois da janta, minha mãe me deu um remédio. A dor de cabeça já tinha passado há um tempão, mas aquele remédio me derrubou totalmente. Eu peguei no sono bem cedo.

Consequentemente, acabei acordando cedinho. Como todo mundo ainda estava dormindo, eu fui até a sacada do quarto de hotel onde eu estava hospedado para pensar um pouco nas coisas. Assim que eu apareci, um monte de garotas começou a gritar lá embaixo. Eu rapidamente pus o dedo indicador na frente dos meus lábios, fazendo sinal para elas fazerem silêncio. Elas surtaram mais um pouco, mas acabaram obedecendo. Eu gesticulei de uma forma que desse a entender que o e o estavam dormindo.
Wow, estranho como eu tinha esquecido disso tudo. De toda a fama e fãs surtadas, do real motivo por eu estar nessa cidade. Eu tinha um show para fazer amanhã, e depois tinha que ir embora. Mas esse show ia ter que esperar, eu tinha coisa mais importante para fazer.
Eu mandei um beijo para as fãs lá embaixo, e elas começaram a gritar e tirar fotos que nem loucas, eu tive que pedir silêncio de novo; então, eu saí da sacada e fui tomar um banho e me arrumar.
Dentro do táxi eu fiquei pensando se a se importaria de eu aparecer lá a essa hora. Mas, pelo que eu sei, ela não dormia mesmo, então, não devia fazer muita diferença.
Quando cheguei à casa dela, tentei abrir a porta, porque não queria sair acordando todo mundo com a campainha, mas, como eu já esperava, a porta estava trancada. Então, comecei a andar em volta da casa, até que me deparei com uma janela aberta. Eu me apoiei no peitoral da janela assim que percebi que era o quarto da . A luz do abajur estava acesa, como eu esperava. estava sentada na cadeira do computador, de costas para mim. Ela estava constantemente mudando o ângulo da lâmpada de uma luminária, dessas de escritório.
- Então, o que você acha? - Ela disse, e eu pensei que ela estava falando comigo, mas ela continuava encarando a luminária. O quarto ficou um pouco em silêncio. - Eu sei que ele disse que vinha, mas eu acho que ele disse isso só para eu não ficar chateada, sabe? - Ela perguntou, ainda aparentemente falando com a luminária. Então, ela começou a rir, totalmente do nada. - Pára! Que idiotice. Claro que não. - Ela disse, rindo ao mesmo tempo em que falava. Eu comecei a achar que já tinha ouvido demais.
- ! - Eu chamei em um sussurro, para não assustá-la. Mas ela se assustou mesmo assim, girando a cadeira de escritório rapidamente para a direção da minha voz.
- , o que você... - Ela perguntou, levantando da cadeira e andando até a janela.
- Tudo bem. Todo mundo fala sozinho de vez em quando, não é? - Eu perguntei, rindo. Ela pareceu ficar meio sem-graça.
- É, acho que sim. Na verdade, eu não tenho muito com quem conversar a essa hora. A me mataria se eu fosse acordá-la agora para falar alguma coisa. - Ela disse, sorrindo.
- É, mas eu estou aqui agora e você tem com quem conversar. A não ser que você prefira a companhia da luminária, eu vou entender. - Eu disse, fazendo uma falsa cara triste. Ela virou a cabeça para trás, para olhar a luminária.
- Meu Deus, você deve me achar muito louca agora. - Ela disse, se sentando na cama, que ficava abaixo da janela.
- Se você quer saber, às vezes eu fico falando com meu iPhone só para não ter que ouvir as baboseiras que meus irmãos falam. - Eu disse, e ela riu.
- Nunca tentaram te internar por isso? - Ela perguntou.
- Frequentemente a minha família toca no assunto. - Eu respondi, fazendo-a rir mais um pouco. Eu ri também. - Posso entrar? - Eu pedi, dando duas batidinhas leves na madeira do peitoral da janela.
- Se quiser, eu posso abrir a porta da frente para você. - Ela disse, levantando da cama.
- Não, eu pulo. - Eu disse, apoiando minhas mãos no peitoral e pulando a janela.
Eu tentei não sujar a colcha da cama dela com os meus sapatos, mas foi meio impossível. Eu pulei na cama dela, mas pulei pro chão rapidamente. Ela se sentou na beirada da cama, e eu me sentei ao lado dela. O silêncio estava começando a ficar meio chato, então, resolvi falar a primeira coisa que veio na minha cabeça.
- , o que você vai fazer hoje? - Perguntei. Ela se assustou um pouco, porque estava meio distraída.
- Er... nada, eu acho. Eu não tenho muita coisa para fazer, sabe. - Ela respondeu.
- Quer dar uma volta comigo? - Eu propus. Ela ficou só me encarando. - Quer? - Eu perguntei de novo, para lembrá-la de responder.
- Para onde?
- Você é que vai me dizer. Por que não me leva para conhecer algum lugar legal? - Sugeri. Ela torceu levemente os lábios, pensando.
- Eu não saio muito de casa... - Ela respondeu, olhando para baixo.
- Nunca sai de casa? - Eu perguntei, meio assustado com essa possibilidade.
- Só de vez em quando. - Ela disse, e em seguida levantou da cama em um salto. - Mas tem um lugar que eu conheço. Na verdade, não é um lugar legal... É só um lugar aonde eu gosto de ir para ficar sozinha. - Ela disse.
- Mas hoje você está à procura de companhia, certo?
- É, acho que estou. Mas talvez devêssemos esperar minha mãe acordar, para ela não ficar preocupada. - Ela disse, pensativa de novo.
- Bem, eu saí escondido do hotel... Então, vou te levar para o mau caminho comigo. - Eu provoquei, levantando e estendendo uma mão para ela.
- Ok, eu aceito. - Ela respondeu, parecendo animada. Ela segurou a minha mão e nós saímos pela porta depois que ela pegou o casaco dela que estava pendurado em uma cadeira.

Assim que chegamos na calçada da casa dela, eu resolvi pegar um táxi, porque não queria correr o risco de ir andando e topar com uma multidão enlouquecida, como sempre acontece. foi dando as direções para o motorista, e o lugar até que era perto. Ela pediu para ele parar o táxi, e eu olhei pela janela. Era um parque, mas não tinha ninguém. Havia um gramado mal cuidado, alguns bancos com a pintura meio desbotada e, ao fundo, uma torre meio velha, com um relógio parado.
- Uau, que macabro. - Eu comentei, enquanto saía do táxi. parou ao meu lado.
- Eu sei, mas não é tranquilo? - Ela perguntou, com um sorriso.
- Acho que qualquer lugar à essa hora da manhã é tranquilo. - Eu disse. Ela começou a andar, meio rápido demais. Eu fui atrás dela.
- Mas aqui é tranquilo a qualquer hora. Sempre foi meu lugar preferido. - Ela comentou, olhando em volta por um momento. Estava meio frio, o vento gelado sacudia as árvores. Ela foi correndo na minha frente e parou na porta da torre. Eu nunca tinha visto ela se sentir tão à vontade assim antes. - Vem cá. - Ela chamou. Eu fui andando devagar até lá. Algo me dizia que não era a melhor ideia entrar em uma torre de relógio abandonada com uma garota que tem a sanidade meio duvidosa. Mas e daí? Eu fui até lá e parei na frente dela. Ela ficou me encarando por um tempo, estava me deixando meio nervoso, na verdade. Então ela começou a rir, uma risada totalmente histérica.
- O que foi? - Eu perguntei, assustado com o ataque de risos repentino dela. Ela continuou rindo, se apoiando na parede para não cair. - , você está bem? - Eu perguntei, ela tomou um fôlego para conseguir falar.
- Você tá morrendo de medo! - Ela disse em um tom de voz alto demais por causa do recente ataque de risos.
- Eu não tô, não. - Eu neguei, fazendo uma cara de descrença.
- Tá sim! Você tá todo arrepiado! - Ela disse, começando a rir descontroladamente de novo. Meu Deus, era completamente insana! - Se eu tirasse uma faca do bolso agora, você ia se borrar todo!
- Você é muito absurda! Eu não tenho medo de você, . - Eu disse, pondo minhas mãos nos bolsos do meu casaco e revirando os olhos.
- Não tem? Mas devia ter. - Ela sussurrou, voltando a me encarar. - Na verdade, eles mandaram eu te trazer aqui hoje.
- Eles quem? - Eu dei um passo para trás quando ela ficou me encarando com um olhar totalmente medonho.
- As vozes. - Ela sussurrou de um modo ainda mais medonho. Eu fiquei olhando para a cara dela. Ah, o que foi? A garota tem a sanidade meio duvidosa, eu já disse! Então, ela totalmente começou a rir de novo. - Fica tranquilo, . Hoje eu esqueci a faca, sorte sua.


's PoV

Depois de rir da cara de pânico que o fez, eu entrei de vez na torre. Eu continuei rindo quando ele hesitou na porta. Era estranho como eu conseguia até fazer esse tipo de piadinha quando eu estava com ele, era uma coisa sobre a qual eu não falava com ninguém, muito menos nesse tom descontraído.
Eu me sentei no terceiro degrau da escada que dava acesso ao relógio. se sentou um degrau abaixo de mim, mas depois ele mudou de ideia e se sentou ao meu lado. Eu fiquei me perguntando se eu não tinha assustado ele demais.
- Então... como é isso? - Ele começou a falar depois de um pouco de silêncio. Eu estava ocupada demais encarando uma mancha na parede, então, eu me assustei com o som da voz dele.
- Isso o quê? - Eu perguntei, ainda encarando a mancha na parede.
- A sua mãe me disse que você não gosta de falar sobre isso com ninguém, mas... eu queria saber. Queria saber o que tem na sua cabeça. - Ele disse, em um tom cuidadoso, talvez tentando não me irritar. Eu continuei olhando para a mancha e não respondi. - Então...?
- Então o quê? - Eu perguntei.
- , será que dá pra olhar para mim, por favor? - Ele pediu. Eu desviei o olhar para o rosto dele. Wow, era uma vista bem melhor. - Vai me contar?
- Já tem gente demais na minha cabeça, . É melhor você ficar de fora. - Eu respondi, soltando um suspiro em seguida.
- Ah, qual é! Você estava brincando com isso um minuto atrás. Achei que estava começando a confiar em mim. - Ele disse, em um tom meio implorativo. Hm, talvez não fosse fazer mal conversar um pouco sobre isso com alguém.
- O que você quer saber? - Perguntei, esperando que ele especificasse, assim eu não ia precisar falar mais do que o necessário.
- Quero saber o que foi aquilo na sua casa ontem. Aquilo lá na porta da cozinha... - Ele perguntou, com uma delicadeza meio exagerada. Eu sabia que ele ia perguntar algo sobre isso!
- Ok, eu vou te contar. Mas não fala pra ninguém, ok? Eu nunca detalhei para ninguém assim.
- Eu juro que não. Fica só entre a gente. - Ele prometeu, sorrindo. Eu correspondi o sorriso.
- Tá. Imagina aquela multidão de fãs histéricas que você tem, todas juntas gritando ao mesmo tempo, sabe? - Perguntei, tentando arrumar um exemplo.
- Sei.
- Então. É milhões de vezes pior. - Eu respondi. - Acho que se isso fosse real, se todo mundo pudesse ouvir... seria capaz de deixar todo mundo surdo em um raio de cem metros.
- Mas o que são? Vozes? Eles te dizem alguma coisa ou são apenas gritos? - Ele perguntou, parecendo bem interessado.
- Eles costumam me dizer o que fazer, mas eu fico tão frustrada com o volume que nunca faço o que eles dizem, e eu sempre acabo me dando mal. - Eu disse, voltando a olhar a mancha na parede. Ela parecia completamente diferente do que da última vez em que eu olhei.
- Então, você acha que eles querem te ajudar? - perguntou, apoiando o queixo sobre os cotovelos.
- Talvez. Eu nunca faço o que me dizem, e sempre me ferro por isso. Mas é porque eles sempre me pedem para fazer coisas que eu não quero fazer. - Eu disse, com a voz parecendo meio atormentada.
- Tipo o quê? - perguntou. Como eu ainda estava intrigada com a mancha que supostamente mudava de forma, não prestei muita atenção e respondi a primeira coisa que me veio à cabeça:
- Tipo, me afastar de você.
Depois disso, ele ficou em silêncio. Eu fiquei com medo que eu tivesse dito algo errado, então, resolvi olhar para o rosto dele, para avaliar sua expressão. Ele estava olhando para frente, parecia meio pensativo.
- ? - Eu chamei, esperando que ele fosse olhar para mim de novo. Foi o que ele fez.
- Eles não podem afastar você de mim. - Ele disse, admiravelmente conseguindo sorrir apesar do clima. Era incrível como o sorriso dele sempre conseguia suavizar qualquer situação. Ele se aproximou um pouco do meu rosto, me deixando meio nervosa. - Vocês ouviram?! - Ele gritou no meu ouvido, mas não alto demais. A respiração dele me fez cócegas, então, eu ri e me afastei instintivamente. - Você acha que eles vão parar de perturbar agora que eu dei uma bronca neles? - perguntou, sorrindo daquele jeito que só ele conseguia.
- Espero que sim. - Eu respondi, sorrindo também. - Hey, vamos subir agora? - Eu propus, pondo-me de pé.
- Aham, claro. - concordou, levantando também.
Subimos a escada até chegarmos ao relógio no topo da torre. Ele ficou de pé, avaliando o local, mas eu não me importei em me sentar no chão empoeirado. hesitou um pouco, mas acabou sentando também, de frente para mim e de costas para o relógio.
- Sabe, você podia fazer um favor para mim? A é totalmente louca para conhecer o seu irmão, o . Você bem que podia apresentar os dois, hein. - Eu sugeri, pensando um pouco na minha amiga fanática, e no quanto eu queria que ela pudesse estar tão feliz quando eu estou agora aqui com o .
- Ah, então, ela gosta do ? Que droga, eu podia jurar que ela gostava de mim! Humf, o ganhou essa de novo. - Ele reclamou, dando um tapa no chão, fazendo levantar uma pequena nuvem de poeira.
- Como assim, ? Agora, você se preocupa com as preferências da , é? - Eu perguntei, meio indignada.
- Não. É só por causa da contagem que eu fico fazendo com meus irmãos. Por quê? Você está com ciúmes? - Ele perguntou, fazendo uma cara convencida.
- Não. - Eu respondi. Mas ele continuou me olhando com aquela cara, duvidando. - Ok, talvez. - Eu admiti. Ele sorriu de uma forma bem aberta. E, então, eu senti aquele calafrio de novo, que não tinha nada a ver com a presença do .
O que está fazendo? Afaste-se dele! Não dê ouvidos ao que ele diz! As malditas vozes começaram a gritar incrivelmente alto na minha cabeça. Eu podia ver a expressão de preocupação do , enquanto ele falava alguma coisa que eu não podia ouvir, e acariciava minha cabeça e meus braços, tentando me acalmar. Eu gritava descontroladamente, parecia que nada ia fazer aquilo parar. E, então, parou.
Eu me calei imediatamente, e então reparei que eu estava encolhida no peito do . Os braços dele ao meu redor, me apertando contra ele.
- Você está bem? - Ele perguntou, ainda me abraçando. Eu afundei meu rosto na camisa dele, sentia meus olhos meio úmidos.
- Droga, fica cada vez mais forte. - Eu murmurrei, com a voz meio abafada pelo tecido da camisa dele.
- Eu estou aqui. - Ele sussurrou, encostando o queixo no topo da minha cabeça.
- Sim, você está. - Eu concordei, tomando um fôlego enquanto aspirava o perfume dele. Em seguida, levantei a cabeça, mas ainda estávamos abraçados. Ele estava tão perto de mim que de repente todo o ar do mundo não era o suficiente. Então, ele foi se aproximando ainda mais, os olhos fixados nos meus.
Quando o nariz dele encostou no meu, ele fechou os olhos, mas eu mantive os meus abertos.
No exato momento em que os lábios dele encostaram nos meus, eu desviei o rosto sem nenhum motivo racional. Ele se afastou um pouco com a minha rejeição.
- Acho que a gente devia voltar agora. - Eu disse, me levantando do chão. Ele levantou também.
Eu me virei para sair, mas segurou a minha mão, me parando. Eu me virei para ele, questionando.
Então, ele me puxou para ele, rapidamente colocando um braço em volta da minha cintura, e a outra mão pousada delicadamente sobre a minha bochecha, fazendo um carinho leve com o dedo polegar. Então, me beijou.
Eu só percebi que estava completamente parada quando senti soltar a minha cintura, segurar um dos meus pulsos, e colocar a minha mão na nuca dele. Então, em um momento de empolgação, levei a minha mão livre para os cabelos dele. O beijo não foi nem de longe como aqueles que você vê no final dos filmes, mas, ainda assim, foi a coisa mais incrível que já aconteceu comigo.
Na verdade, o beijo não chegou a ser aprofundado até atingir um outro nível de beijo. Foi apenas os meus lábios beijando os do , e os dele retribuindo. E eu poderia ficar assim com ele para sempre. Mas, então, ele me deu três selinhos seguidos, e se separou de mim. Cedo demais, na minha opinião, mas fazer o quê?
- Ainda não quero voltar. Você quer? - Ele me perguntou, mas não me deu muita opção quando voltou a se sentar no chão e puxou o meu braço com tudo, quase me fazendo cair em cima dele, se eu não tivesse um bom equilíbrio. Ok, quem foi que disse que eu tenho um bom equilíbrio? Quem estou querendo enganar? Eu caí mesmo em cima dele, mas ele me ajeitou de modo que minha cabeça ficasse deitada no colo dele. - Você parece meio cansada. Devia dormir um pouco.
- Eu não consigo. Os pesadelos me deixam tão inquieta que eu acabo ficando mais exausta do que se não tivesse dormido. - Eu disse, me virando de costas para poder olhar para ele do ângulo que eu estava.
- Não vou deixar ninguém te incomodar, prometo. - Ele disse, começando a passar as pontas dos dedos pelo meu cabelo.
Eu confiei nele. Fechei meus olhos.


's PoV

Eu me surpreendi quando levantei a minha cabeça, pela primeira vez parando de observar o rosto da , e vi que estava escuro lá fora. Tinha se passado tanto tempo assim? Nem parecia que estávamos aqui desde de manhã cedo. E havia dormido tranquilamente o dia todo. Mas agora realmente tínhamos que ir.
Eu a acordei, morrendo de pena por não poder deixá-la recuperar todas as horas de sono que ela precisava, mas ela também ficou preocupada em voltar logo para casa.
Pegamos um táxi e paramos em frente à casa dela. Eu levei um choque de vida real quando entrei na sala de estar com a e me deparei com sentada no sofá.
- Isso são horas, ? - Ela perguntou, em um tom autoritário.
- ! Como você me encontrou aqui? Quer dizer... - Eu perguntei, tentando mudar o assunto e querendo saber quem me dedurou.
- Na verdade, você devia tentar informar melhor os seus irmãos, sabe? Eu liguei para o , porque a droga do seu celular só dava desligado, e o me disse que você tinha ido conhecer uma fazenda chamada "Vá para o inferno, vaca". Achei um nome meio estranho para uma fazenda, mas nas fazendas tem vacas, né... Então, o disse que não tinha o endereço, mas podia me explicar como chegar lá. Só que, meu Deus, o é péssimo explicando essas coisas. Eu fiquei horas dando voltas na cidade e não encontrei a tal fazenda. Então, desisti do e liguei para o , e ele me disse que, na verdade, você estava aqui. Então, eu vim para cá, e a Srª disse que você tinha saído com a filha dela, mas me deixou ficar aqui esperando. Mas como você demorou, ! Onde vocês estavam? - Ela perguntou, finalmente terminando de falar. Enquanto ela contava a história, eu tive que me segurar para não rir. Antes eu ficaria irritado com o por ter zoado minha namorada assim, mas hoje não.
- A gente só foi dar uma volta, mas perdemos a noção do tempo. - Eu expliquei.
- Aliás, quem é essa? - perguntou, apontando com o queixo para com um pouco de desprezo demais.
- Ah, sim, essa é , uma amiga minha. , essa é a , minha...
- Sou a namorada dele. - me interrompeu, levantando do sofá e estendendo a mão para . não se moveu para cumprimentá-la, apenas ficou me encarando com uma descrença total. E eu dava toda a razão às duas por ficarem chateadas comigo.
Então, a Srª entrou na sala, com algumas broncas pelo horário que chegamos em casa e por sairmos sem avisar. e eu nos desculpamos, e depois a Srª convidou e eu para jantar. Eu aceitei porque estava faminto.
- Sabe, estou muito irritada com você, . Eu esperava que você fosse me buscar no aeroporto, e eu tive que ficar o dia todo procurando por você por aí. E agora que finalmente nos encontramos você nem sequer me deu um beijo. - reclamava enquanto estávamos sentados esperando a Srª pôr a mesa. estava sentada de frente para nós, e eu não conseguia deixar de olhar para ela, enquanto ela me encarava com a raiva quase transbordando pelos olhos dela e falava pelos cotovelos do meu lado. - Anda, me dá um beijo, . - pediu, sem nem me dar tempo de pegar fôlego para dizer "não", puxando o meu casaco e enfiando a língua na minha garganta.
Então, eu ouvi o barulho de uma cadeira arrastando, e pelo canto do olho pude ver se levantar e correr para fora da sala de jantar. E aí eu me engasguei. Sabe quando você tenta engolir a saliva e respirar ao mesmo tempo, e aí você se engasga? Foi o que aconteceu naquele momento. Eu me separei da e comecei a tossir, me levantei da cadeira e fui correndo pelo corredor por onde tinha ido.
- ! - Eu chamei, tossindo ao mesmo tempo.
Cheguei à porta do quarto dela e bati duas vezes com uma força meio exagerada, enquanto continuava tossindo que nem um condenado.
- Vai embora, ! - Ela gritou, a voz parecia meio chorosa.
- , abre a porta. Eu tenho que falar com você... - Eu pedi, finalmente conseguindo parar de tossir. Eu estava apoiado na porta, e, então, abriu e eu quase caí.
- Você não me disse que tinha uma namorada. - Ela falou em um tom irritado.
- Eu sei, . Desculpa. E como somos só amigos, eu não via necessidade de dizer "Oi, , eu tenho uma namorada, sabia?" - Eu tentei explicar, mas não fez muito sentido nem para mim.
- Ah, só amigos? Claro, se fosse assim estaria tudo bem. Mas, , você me beijou! - Ela acusou, apontando um dedo para mim.
- Mas você também queria. - Eu revidei.
- O quê? Você me agarrou! - Ela gritou, e eu fiz sinal para ela falar mais baixo. Ninguém precisava ouvir isso.
- Mas se você não quisesse, não teria correspondido. - Eu desafiei. Ela ficou ainda mais irritada.
- Tá bom! Eu queria. Mas só porque eu não sabia que você tinha uma droga de namorada!
- Não ia fazer muita diferença, na verdade. A única diferença seria que se você soubesse, você ia querer, mas não ia poder. - Eu justifiquei. Ela bateu um pé no chão.
- Pois, para mim, faz muita diferença! Se eu soubesse que eu não podia, nada disso teria acontecido. Mas que droga! Por que eles estão sempre certos? - Ela reclamava, nada feliz comigo. Era hora de parar com as acusações e começar a pedir desculpas. Eu sabia que estava totalmente errado.
- ... eu sinto muito. Me desculpa por esquecer completamente que eu tinha uma namorada. Mas agora você vai me odiar por esquecer do resto do mundo quando estou com você? - Eu perguntei, mudando o tom de voz irritado que usávamos antes.
- Não pense que eu vou cair nessa. Só vá embora, . Anda logo, antes que eu vá contar tudo para a . - Ela ameaçou, mas eu continuei firme na frente dela.
- Pode contar, eu não me importo. Eu sei que eu errei, mas eu vou consertar as coisas, se você me der uma chance. Porque não tem como as coisas ficarem certas se eu não tiver você.
Ela pareceu se acalmar depois disso, e eu também podia jurar que vi um traço de um sorriso no rosto dela.
- Tudo bem. - Ela concordou. Eu não pude evitar sorrir. - Mas eu ainda não te perdoei. Boa sorte.


's PoV

Depois daquele dia cheio de informações, perdi a noite pensando no que ia fazer. Ele deu a entender que terminaria com a , mas será que ele ia mesmo fazer isso?
Lá pela tarde, um pouco depois do almoço, eu tive a minha resposta. apareceu aqui em casa, e adivinhem quem veio com ele? .
Eu sabia que eu devia ser razoável, talvez ele precisasse de um pouco de tempo, mas enquanto ele estivesse com ela, ele não precisava aparecer aqui em casa. E ele disse que não se importava se eu contasse para ela o que estava acontecendo, então, eu totalmente me descontrolei só de olhar para a cara dela.
- Oi, . - me cumprimentou.
- Oi, . O que ela está fazendo aqui? - Eu perguntei na cara dura. fez uma cara de descrença para mim.
- disse que tinha que falar com você, então, eu vim com ele. Algum problema? - Ela respondeu, obviamente insegura sobre a fidelidade do seu namorado. E com toda a certeza.
- O que você quer falar comigo? - Eu perguntei para o , ignorando completamente a pergunta de .
- Vem comigo. - Ele chamou, segurando o meu braço para me guiar.
- Nada disso. O que não pode ser dito na minha frente? - protestou, totalmente estressadinha. - É só uma despedida. Diz tchau e anda logo, .
- Que despedida? - Eu perguntei.
- Não é despedida nenhuma. - explicou.
- Claro que é. O vem comigo, então, é tchau para você. - disse, puxando o braço do . Eu tive que segurar uma mão na outra pra não partir pra cima dela.
- Será que dá pra parar com isso, ? - pediu, irritado também.
- E será que dá pra você parar de ficar cheio de cuidados com ela só porque ela é louca?! - falou em um tom alto, finalmente alterada. Agora estávamos todos irritados com todos, viva!
- O que você disse? - Eu perguntei, totalmente irritada. Não é qualquer um que tem o direito de me chamar assim.
- Você ouviu. Louca! Você tá louca se acha que o poderia ficar com você... - Ela começou a me provocar.
- , pára com isso! - pediu, tentando promover a paz. Só tentando.
- Eu vou te mostrar quem é louca! - Eu gritei, pegando a primeira coisa que vi na minha frente e tentei atirar nela, mas segurou o meu braço antes que eu tivesse a chance. Ah, se eu tivesse uma pistola agora...
- , se acalma... - Ele pediu. Eu tentei puxar o meu braço de volta, mas ele continuou segurando firme.
- Acalmar uma ova! Como ela vem me afrontar na minha própria casa e...
- , olha para mim. Solta o controle remoto. Devagar. - Ele falava vagarosamente, como se fosse um policial sendo cuidadoso com um criminoso armado.
Eu soltei o controle na mão do . Mas só porque decidi que não valia a pena quebrar o controle remoto da minha TV no chifre daquela vaca.
jogou a bolsa dela na cabeça do e saiu pela porta, super dando chilique.
- Espera aqui, ok? - Ele me pediu, me sentando no sofá e pegando a bolsa da no chão, levando com ele. Então, foi atrás dela.
Eu fiquei esperando e me perguntando o que o queria. Ele queria se reconciliar com as duas? Ele não sabia que isso não era possível? Ou ele ficava bem com ela, ou bem comigo. Não havia um meio-termo.
entrou pela porta com a expressão séria. Ele veio se sentar ao meu lado.
- E então? - Eu perguntei, quando passaram-se dez segundos de silêncio.
- Acabou. - Ele disse, ainda com a mesma expressão séria. Era séria, mas não triste.
- Você não parece triste. - Comentei.
- E eu não estou. Tínhamos mesmo que terminar. - Ele falou, dando um pequeno sorriso para mim.
- Mas... se ela era sua namorada... você não a amava? - Eu perguntei, meio confusa. Não fazia sentido, para mim, namorar alguém que você não ame.
- Eu achava que sim, mas, então... descobri que não. - Ele respondeu, olhando fixamente para mim.
- Descobriu como?
- Quando eu percebi que ela nunca olhou para mim do jeito que você olha. E quando percebi que eu gosto muito mais do jeito que você age comigo. E quando percebi que um beijo de tirar o fôlego com ela não chega aos pés de um selinho com você. - Ele dizia, acariciando o meu rosto delicadamente enquanto falava. - Como você pode ver, eu só percebi que eu não amava quando eu descobri o que é amar.
- ... - Eu sussurrei o nome dele, me aproximando de seu rosto.
- Você me perdoa agora? - Ele sussurrou com a boca praticamente encostada na minha. Eu não respondi. Só fechei a distância entre nós.


's PoV

Quando eu voltei ao hotel, mal consegui entrar no meu quarto. e me esperavam bem atrás da porta.
- Hey guys. - Eu cumprimentei, esperando que eles me dessem passagem.
- , a gente tem que falar com você. - anunciou, finalmente me deixando entrar.
- Eu já tive muitas conversas por hoje, será que...
- Não. Você vai ouvir agora. - disse. Eu parei para prestar atenção neles.
- O que você pensa que está fazendo, cara? Quando planejamos essa turnê, colocando bastante tempo livre para podermos conhecer todos os lugares por onde passamos, foi para fazermos coisas juntos, em família... Mas você some todo dia. A gente mal te vê. - começou as reclamações.
- Desculpe... Mas eu tenho tido tantas coisas para fazer que... Tem tomado todo o meu tempo.
- Sei bem que coisas são essas. Por acaso se resumem em um nome? , talvez? - perguntou, levantando uma sobrancelha.
- Como se você também não tivesse passando um tempinho com a amiga dela. - Eu revidei. Ontem eu tinha marcado um encontro entre e .
- É diferente. Eu gosto da , mas... eu ainda vou aos ensaios, sabia, ? - jogou de volta para mim. Ouch, agora ele estava certo.
- Eu sinto muito, mesmo. Mas eu realmente tenho pensado no que fazer. precisa de mim, não posso deixá-la. - Tentei explicar, sendo sincero com meus irmãos.
- A banda também precisa de você. - disse.
- Não tanto quanto a . Eu tenho pensado em dar um tempo com a banda, talvez. - Ele me olharam desesperados, então, tratei de amenizar a informação. - Pouco tempo... Só para decidir melhor como e eu podemos lidar com isso.
- , estamos no meio da turnê! Você não pode sair fora assim! - gritou, realmente alterado.
- Não estou saindo fora. Estou dando um tempo... - Tentei justificar. Eles não caíram nessa.
- , o que ela tem que te prende tanto assim? - perguntou, finalmente tentando entender o meu lado.
- Caras... eu simplesmente nunca fiquei com uma garota que... sabe... - Eu tentava buscar as palavras, mas nada descrevia corretamente. - Me fizesse sentir tão essencial. Como parecer a pessoa mais feliz do mundo, só por causa de um selinho. E ela me faz sentir assim.
- Dude! Se você quer uma garota que fique feliz da vida (N/A: feliz da vida... sacou, Mila?) só com um selinho... ou, sei lá, até mesmo só com um olhar, vai lá fora e procura qualquer fã! Dá no mesmo! - atirou as palavras para mim.
- Desculpe, ... mas não é tão simples assim. - Eu disse, terminando com essa conversa. Eles não iam querer falar comigo de novo por um bom tempo, mas eu não podia fazer nada em relação a isso.


's PoV

Eu estava meio que caindo de sono em cima do café-da-manhã quando a entrou correndo pela porta. Saltitando feliz desse jeito? Só pode ter a ver com os Jonas.
- ! ! - Ela dizia, toda feliz e contente, puxando uma cadeira e sentando do meu lado à mesa. - Você não vai acreditar!
- Conta, e aí eu te digo se acredito. - Eu disse.
- Adivinha só com quem eu passei o dia ontem? E quem me ligou hoje? E quem quer me ver de novo? - Ela jogava as charadas para mim. Ah, não era possível. Era?
- Jonas? - Perguntei, apostando minha única ficha.
- Droga, como você sabia? - Ela protestou, batendo no tampo da mesa.
- HAHAHAHA! Deixa pra lá. - Eu disse, ainda rindo. tinha mesmo feito o que eu pedi. E deu certo, estava super feliz, e, pelo visto, também.
- Tanto faz! , ele é ainda mais perfeito pessoalmente... eu queria poder te contar tudo, mas eu estou tão feliz que não sei o que estou dizendo! - Ela falava em tom histérico. Eu me perguntei se ela agia assim perto dele ou se ela tentava se controlar melhor.
- E ele te ligou hoje... Ele deve gostar de você. - Eu disse o óbvio, fazendo ela soltar mais um daqueles gritinhos.
- Bem, acho que sim. Mas na verdade ele estava meio triste. Parece que por causa do . - disse, meio cuidadosamente demais. Eu larguei a colher que estava segurando em cima da mesa.
- O que aconteceu com o ? - Perguntei, meio desesperada demais.
- está bem. Mas o disse que ele ficou completamente louco. Eu não ouvi muito bem, porque ele estava falando comigo durante o ensaio, e tinha um monte de barulho no fundo, mas acho que ele disse que o quer sair por um tempo da turnê, para ficar aqui. - Ela disse, torcendo um pouco os lábios em uma expressão triste.
Eu me levantei da cadeira. Sair da turnê com a banda dele? Ele tem problema?
- O que esse garoto tem? Ele não pode fazer isso. - Eu protestei. Tudo bem, eu ia sentir a falta dele, mas ele não precisava ser tão drástico a ponto de abandonar tudo.
- disse que ele nem foi ao ensaio hoje. Então, acho que ele deve estar vindo para cá, né?
Quando eu terminei de tomar o café, eu fui para o meu quarto com a , e ela tentou me contar como foi o dia com o , mas a cada mera coisa que ela descrevia ela ficava cheia de "aaaaaws", "oooouns", e eu nunca conseguia entender nada.
Então, depois de uns dez minutos dessa conversa que não dava em lugar nenhum, ouvi batidas na porta.
- Mãe? - Arrisquei.
- Tente de novo. - A pessoa disse, fazendo uma vozinha fininha e irritante. Quem poderia ser?
- Entra, . - Eu permiti. E ele abriu a porta.
- Ok, , vou indo. - disse, levantando-se da cama, onde ela estava sentada.
- Tudo bem. Tchau, .
- Tchau, . Tchau, . - Ela se despediu e saiu, fechando a porta.
- E aí, ? - perguntou, descontraído e com um sorriso, ocupando o lugar onde estava antes.
- Que história é essa de desistir da banda? - Eu fui logo perguntando. Ele tirou o sorriso do rosto imediatamente.
- Cara, o é fofoqueiro. - Ele reclamou. Eu continuei esperando uma explicação. – Mas, tudo bem, eu ia te contar mesmo. E não adianta fazer essa cara, nada que você diga vai me fazer mudar de ideia.
- , isso é absurdo. Escuta, se você está fazendo isso por mim, acredita, eu vou ficar bem. Não sou tão dependente assim... - Eu tentava convencê-lo, mas ele pôs um dedo sobre os meus lábios.
- Mas eu sou. Totalmente dependente de você. - Ele me disse em um tom suave.
- Mas, , isso está errado. Eu não tenho nada além de você, mas você tem tanta coisa... Não pode ignorar isso.
- Shh. Nada do que você disser vai me fazer mudar de ideia. Ponto.
Eu não queria discutir com ele, mas eu não podia o deixar acabar com tudo que conquistou. Eu não queria que ele se sentisse preso, que quisesse tomar conta de mim, porque, por mais que ele diga que ele precisa estar comigo, eu sei que, na verdade, ele só tem medo que eu faça alguma besteira enquanto ele estiver longe.
Nós avisamos! Você devia protegê-lo de você! Você fez tudo ao contrário! Agora, salve-o; não se salve! A gritaria começou de repente. Eles falavam todos juntos e um mais alto que o outro, e eu senti que meus ouvidos iam explodir, embora soubesse que isso não era possível. Tinha alguma mensagem nisso, eu tinha que prestar atenção. Mas era tão difícil, porque eu estava tão atordoada.
Tinha algo errado dessa vez. Estava demorando tanto a passar, parecia uma eternidade. Eu abri meus olhos, tentando fazer algum movimento, qualquer coisa que fosse fazer parar. Mas estava me segurando. De repente estávamos de pé? Eu queria sentar, mas estava me sustentando pela cintura. Então, ele me beijou. E as vozes pararam.
Eu estava encostada na parede do meu quarto, pressionada entre ela e . Ele me beijava com um desespero enorme, e eu ainda estava meio desnorteada. Até que senti a língua dele pedir passagem pelos meus lábios, e, pela primeira vez, aprofundamos o beijo.
tinha razão, ele não podia ir embora! Eu precisava dele, eu queria ele todo pra mim, todos os dias, para sempre. Eu levei uma mão aos cabelos macios dele, e com a outra, agarrei um pedaço do tecido da camisa dele. passava as mãos pelas minhas costas, me desencostando da parede, e me puxando mais para ele. Eu não ia sobreviver a esse beijo, eu sentia como se meu corpo fosse derreter. Não estava tão quente assim antes, não é?
- Er, melhor pararmos. - murmurrou, mas eu ainda o estava beijando, então, ele não conseguiu falar direito. Senti ele rir um pouco por baixo dos meus lábios. Ele me afastou delicadamente. - Calma, . Você está me atacando!
- Desculpe. - Eu pedi, recuperando o controle. Eu sentia que meu rosto estava completamente vermelho.
- Tudo bem, eu também me empolguei um pouco. - Ele admitiu.
e eu passamos boa parte da tarde no meu quarto, conversando e nos beijando, essas coisas. Depois de um bom tempo nisso, ele insistiu que eu devia dormir mais um pouco de novo, e na verdade eu queria continuar nas nossas atividades anteriores, mas eu me lembrei do dia em que eu dormi no colo dele e que eu inacreditavelmente dormi como uma pedra. Eu sentia que de alguma forma estava me curando, mas tinha uma coisa da qual ninguém podia me livrar: as malditas vozes.
me convenceu a ir dormir, então, eu me deitei na minha cama, sabendo que só daria certo se fosse ficar comigo. Ele também sabia disso, porque me pediu para dar espaço, e se deitou ao meu lado, me abraçando.
Eu sabia que devia aproveitar a oportunidade para ter umas horas de sono, mas comecei a pensar no que eles tinham dito da última vez que falaram comigo nessa manhã. Eu tinha que salvar o de mim? As vozes tentaram salvar desde o início, e não a mim. E eu tinha feito o contrário de tudo que eles me disseram, e agora estava preso a mim. Essa era a maldição.
Mas o que eu podia fazer agora que chegamos a esse ponto? O que é mesmo que eles tinham me dito para fazer? Eu não conseguia me lembrar, mas de uma coisa eu estava certa: dessa vez eu faria o que eles disseram, era a minha última chance de salvá-lo.
Após tomar essa decisão, finalmente me permiti dormir um pouco, nos braços do , enquanto ainda podia.

- ... acorda. - Ouvi a voz de me chamar bem de longe, e, aos poucos, comecei a acordar de um sono perfeito, sem sonhos bons ou ruins.
Eu abri meus olhos e a primeira coisa que eu vi foi o rosto lindo do . E depois que consegui desviar o olhar daquela visão maravilhosa, vi que minha mãe estava de pé ao lado da minha cama, sorrindo.
- Oi, querida. Eu não queria te acordar, mas vocês têm que jantar. Ninguém se alimenta de amor, sabe. - Minha mãe disse, fazendo ele e eu rirmos, meio constrangidos.
Após o jantar, teve que ir, e eu voltei ao meu quarto para continuar a minha noite solitária. Fiquei fazendo nada a madrugada toda.
Quando amanheceu, eu fui tomar o café-da-manhã, aí lembrei que provavelmente estaria aqui logo logo.
Eu fui de volta para o meu quarto me arrumar, e, quando eu por acaso encarei a parede onde e eu havíamos nos beijado, eu me lembrei o que eles disseram por último. Eu tinha que salvar o , e, para isso, eu tinha que não me salvar. Ou a vida dele, ou a minha. Eu escolhia a dele.


's PoV

Eu cheguei à casa da meio tarde naquele dia, por causa da droga do engarrafamento. Eu bati na porta e a Srª me convidou a entrar. Ela parecia surpresa em me ver.
- , você por aqui? - Ela perguntou.
- Bem, eu estou sempre por aqui, certo? - Eu disse, rindo. Mas ela não riu, parecia preocupada.
- Sim, mas só com a . E ela saiu agora a pouco, então achei que vocês estavam juntos.
- não está? Ela não disse para onde ia? - Perguntei. A Srª negou com a cabeça.
Eu fui até o quarto dela, e estava escuro. Apenas a luminária estava acesa. A luminária com a qual gostava de conversar. E havia um papel sob a luz da lâmpada. Eu o peguei entre os meus dedos.
", eu não sei bem o que escrever para você, mas... Eu descobri uma coisa importante. Eu sou seu anjo. Eu vou te proteger, então, me prometa que você vai seguir em frente e tudo vai ser como costumava ser antes de você me conhecer. Por favor, é o mínimo que você pode fazer por mim. Eu te amo. E tudo que eu fizer depois de escrever esse bilhete é por você, não duvide disso. Adeus."
Eu dobrei o papel e o coloquei no meu bolso, me sentindo meio entorpecido. ia fugir? Ou ia fazer coisa pior? Para onde ela foi?
O lugar preferido dela no mundo todo. A praça do relógio abandonado.
Eu não sabia que tipo de loucura pretendia fazer, mas eu não gostei dessa história de despedida eterna. Quando passei pela Srª correndo, pedi para ela mandar uma ambulância ou qualquer outra autoridade para a tal praça, porque talvez fôssemos precisar. E eu esperava que não.
Eu mandei o taxista meter o pé na tábua, e o percurso todo eu não consegui tirar as mãos do meu cabelo, eu estava até mesmo suando de preocupação. Então, quando o motorista estava prestes a parar em frente à praça, eu fui atirando o dinheiro para ele sem nem contar quanto tinha. Se tivesse menos, que se dane. E se tivesse mais, que sorte a dele.
E corri que nem um condenado por aquela droga de capim que um dia foi grama e entrei desesperado na torre. Fui subindo às escadas a jato, tropecei no penúltimo degrau, mas sobrevivi.
- ?! - Eu gritei, assim que pus o pé no último andar. Ouvi um barulho de alguma coisa caindo no chão e virei minha cabeça na direção do som. estava lá no relógio, sobre a passarela que havia por trás dele. - ! - Eu chamei de novo. Ela estava parada, eu só conseguia ver a silhueta dela dali.
Eu fui correndo até lá, ela continuou parada, esperando por mim.
- ? Por que você veio até aqui? - Ela perguntou, mas a voz estava tão fraca. Eu percebi que ela estava se apoiando no corrimão de segurança da plataforma, como se fosse cair se soltasse.
- Porque minha namorada é louca e adora me matar de preocupação. E agora não estou falando no sentido figurado da palavra, estou dizendo louca mesmo! , o que você tem na cabeça?! - Eu comecei a jogar as broncas para cima dela, e ela fechou os olhos. Parecia que estava passando mal. - Hey, você está bem? - Eu perguntei, abaixando o tom de voz e colocando uma mão sobre a dela em cima do corrimão. A pele dela estava bem fria.
- Vai embora, . - Ela falou tão baixo que eu quase não ouvi. Então, senti a mão dela perder a força totalmente sob a minha. Na verdade, o corpo todo dela, porque ela começou a cair no chão, mas eu a segurei, abaixando-a mais delicadamente do que se ela tivesse caído com tudo.
- ... o que... Você está se sentindo mal? Quer que eu te leve ao médico? - Ela sinalizou um não com a cabeça, e os lábios dela estavam pálidos como a pele do rosto. Eu fui apoiar uma mão no chão, mas acabei pondo a mão em cima de alguma coisa que eu não tinha visto. Eu peguei o pequeno objeto para analisá-lo. Era uma cartela de pílulas, como um remédio. As informações da embalagem não estavam em inglês, mas havia um símbolo bem conhecido no canto inferior direito da cartela: um daqueles símbolos de perigo por intoxicação. - O que você fez? - Eu sussurrei, pasmo demais pra gritar com ela. - O que você fez? - Eu sussurrei, pasmo demais pra gritar com ela.
- Desculpe. - Ela pediu.
- Eu vou te levar ao hospital. - Eu disse, determinado. Comecei a pegar no colo e me levantar do chão.
- , esquece. É tarde demais, eu mal consigo respirar. - Ela dizia para mim, parecendo realmente ter muita dificuldade para falar.
- , por que você fez isso comigo? - Eu perguntei, não conseguindo esconder a angústia na minha voz. A desgraçada ainda conseguia sorrir para mim!
- Porque quando tudo isso acabar, vou poder te proteger onde quer que você esteja. - Ela respondeu em um fio de voz, ainda sorrindo.
- Pára de falar besteira, ! Quer saber? Vou te levar para o hospital, que você queira ou não. - Eu ia tentar levantá-la de novo, mas a expressão vazia no rosto dela me chamou a atenção. - ? ! - Ela não respondeu. E eu não a sentia mais aqui comigo.
Após essa percepção, não tinha mais consciência de mais nada do que eu fazia, e só uma leve idéia do que ocorria ao meu redor. Eu ouvi sirenes de ambulância do lado de fora, e logo senti algumas pessoas entrarem no local, mas eu não as vi realmente. Alguém pôs a mão no meu ombro, eu ainda tinha o corpo de no meu colo, e alguma coisa na minha mão.
- Ah, meu Deus! - Alguém exclamou.
- Tirem ele de perto dela. Rapaz, você está bem? Pode explicar o que aconteceu aqui? - As pessoas me perguntavam, mas eu não conseguia encontrar minha voz. Então começaram a tentar tirar ela de mim.
- Não, não... - Eu sussurrei, tentando segurá-la, mas eu não tinha forças.
- Tem que soltá-la. - Um dos caras disse para mim, levantando-a do meu colo e a levando embora. - Alguém tira aquilo da mão dele, rápido. - Ele avisou, e eu senti alguém tirar o que estava nas minhas mãos, e de relance eu vi que era a cartela de veneno, ou sei lá o quê que tinha a matado.
Por um momento eu pensei em me unir a ela, mas ela me pediu para prometer que eu seguiria em frente, ela disse que era o mínimo que eu poderia fazer.


Prólogo:

- Eu amo você demais!
- Obrigado... er, onde eu assino?
- Aqui. - A fã que estava no nosso camarim dizia, indicando o verso de uma foto que ela havia tirado comigo e meus irmãos em outra ocasião. Eu rapidamente autografei a foto e devolvi para ela, que me olhava com um sorriso incrivelmente grande, que passava bastante emoção.
Após a sessão de autógrafos, meus irmãos e eu saímos do local do show, nos preparando para seguirmos até nosso próximo destino.
Eu entrei no quarto do hotel, indo preparar minhas coisas para a viagem, mas então eu a vi, sentada em uma poltrona, sorrindo para mim. Eu retribuí o sorriso para a garota que possuía tudo que eu tinha de melhor, a qual eu pertenceria para sempre.
estava linda, como sempre, e eu não conseguia parar de olhar para ela. Até que entrou no quarto sem pedir licença, e se dirigiu até a poltrona, pretendendo sentar-se nela.
- Hey, ! O que está fazendo? Não senta aí, essa é a poltrona da , não está vendo? - Eu adverti. Ele imediatamente desistiu da ideia de se sentar, e ficou encarando a poltrona. Depois olhou para mim com uma sobrancelha erguida.
- Desculpa. Eu... eu não tinha visto. - Ele disse em um tom baixo, e se retirou do quarto.
- Vou tocar para você a nova música que eu escrevi inspirada em... você. - Eu disse quando ficamos a sós, pegando o meu violão e puxando uma cadeira.
Passei o resto da noite tocando a música para ela, fazendo umas melhoras na melodia, e principalmente admirando o sorriso dela.
Não era real, mas era melhor do que a realidade.

FIM!

N/A: heeey leitores *-*
então, essa é a fic surtada que eu avisei pra vocês não lerem se tiverem problemas com coisas loucas. E como vocês viram, eu não estava brincando.
Bem, eu não tenho muitos comentários a fazer não, eu só espero que vocês tenham gostado :D
Queria agradecer à Mila Cullen por ler essa droga aqui pedacinho por pedacinho, e ainda por cima conseguir gostar. E por me indicar músicas loucas pra me dar inspiração, incluindo "Breathe - Paramore". Thanks, apesar de eu não gostar da banda, ajudou muito, rs.
E o que mais tenho que dizer? Er, comentem? Eu quero saber se vocês gostaram, porque eu decidi que não sei escrever fics normais tipo, duas pessoas normais se apaixonando de um jeito normal e vivendo felizes para sempre e normalmente. Então se vocês não gostarem, eu desisto da carreira, porque não sei fazer nada diferente desse estilo. HISHIESA

Beijos, love u guys <3


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