BRIGHTON
By: Dani
Beta-Reader: Tamy
Revisão: Abby

Capítulo 1

sentia uma leve dor na cabeça quando abriu os olhos. As cortinas se movimentavam lentamente acompanhando o ritmo do vento que entrava no quarto. Aconchegou-se na cama e voltou a fechar os olhos. Podia sentir a dor de cabeça se despedindo e a deixando dormir em paz. Não devia passar dos 24ºC lá fora, ela se cobria apenas com um lençol estampado pelo contorno de borboletas verde oliva. sentiu a pessoa ao seu lado se movimentando e virando o corpo para perto do seu.
-Bom dia. - disse Harry seguido por um grande bocejo.
-Bom dia. – se virou e ficou de frente para ele. Abriu os olhos e o fitou com um pequeno sorriso.
O sorriso dele era um pouco maior. Aproximou seus rostos e lhe deu um selinho demorado. Afastou-se alguns centímetros e a encarou com aqueles globos azuis como se procurasse alguma resposta em sua pupila.
- Achei que você não ia acordar nunca. – disse ele se afastando e deitando de barriga pra cima.
- Tava cansada, oras.
- É, sei. – Harry fez uma careta e se levantou.
- Aonde você vai?
- Temos um longo dia pela frente! Levanta aí. Vamos comer alguma coisa.
- Saco. – bufou e cobriu a cabeça com o lençol.

levava uma caneca de café à boca enquanto tentava pegar o último cupcake que estava do outro lado da mesa. Alcançou-o vitoriosa e ajeitou-se em seu lugar, largando a caneca sobre a mesa. Quando fez menção para mordê-lo, ouviu um grande estrondo do lado de fora da casa. Virou seu rosto em direção à janela tentando avistar algo, mas não teve sucesso. Nessa hora, sentiu o cupcake sendo tirado de sua mão e se virou bruscamente. Danny deu uma grande mordida e a olhou com um sorriso enquanto mastigava.
- Esse era o MEU cupcake! – gritou ela enquanto acompanhava os farelos caírem no chão.
Danny se fez de desentendido e continuou comendo. se levantou parando na frente dele e o fuzilando com os olhos. Ele colocou o que restava do bolinho na boca e massageou a barriga em sinal de satisfação.
- Estava delicioso!
Ela não pensou duas vezes e lhe deu um soco no braço com muita força. Danny arregalou os olhos e levou a mão no lugar da batida.
- Ei! Isso doeu, sua doida! – disse ele rindo da cara de brava que a garota ainda tinha no rosto.
- Bem feito! Não mandei comer! – sentou-se novamente e tomou um gole do café que já estava frio.
Danny ajoelhou-se e colocou a mão sobre a perna dela.
virou o rosto em direção a ele, pronta para argumentar novamente, mas esqueceu de tudo que ia falar quando viu aqueles olhos azuis suplicando por perdão. Ela rolou os olhos e abriu um sorriso bobo.
- Ai, ta bom. Dessa vez passa, mas na próxima você vai ver! – ela abaixou a cabeça e lhe deu um beijo na bochecha.
- Ah, eu quero um beijo de verdade! – disse ele fazendo uma careta engraçada.
- Não merece. Comeu meu bolo. – mostrou a língua e sorriu.
- Te compro uma caixa cheia depois, pode ser?
- Hum...Pode! – ela inclinou-se novamente e eles iniciaram um beijo.

levou as mãos à cabeça e a balançou negativamente. Na sua frente estava Dougie segurando uma grande caixa com lixo e latas vazias de cerveja. Ambos olhavam para a outra caixa de garrafas que Dougie havia derrubado no chão.
- Você deve ter acordado a cidade inteira! – berrou levando as mãos à cintura.
- Eu não teria derrubado se você ‘tivesse ao menos carregando UMA delas. – disse Dougie se ajoelhando pra pegar a caixa do chão.
- Mas eu acabei de acordar, não tenho força. – disse num tom de obviedade. – E além do mais, nenhuma das gurias tomou cerveja ontem. Como representante do clã masculino, você deve levar o lixo sozinho.
Dougie bufou e levou as caixas até uma grande lixeira na calçada. Deu meia volta e quando ia passar pelo portão da casa, sentiu seu chinelo dar uma leve deslizada.
- Porra! – disse ele entrando no pátio. Apoiou-se no muro e levantou a perna para que pudesse ver a sola do chinelo. – Pisei numa merda, cacete.
começou a rir e sentou-se na grama. Dougie não pensou duas vezes começou a correr na direção dela apontando o chinelo sujo.
- AAAAAAHHH!! – foi tentar se levantar em meio a cambaleios, mas ele fora mais rápido e pulou em cima dela. – NÃO! POR FAVOR, NÃÃÃO! – berrava em meio às gargalhadas fora de controle.
- Você deve implorar por perdão! – disse Dougie forçando uma voz grossa e engraçada.
- Eu imploro! Por favor, me perdoa! - tentava enxugar as suas lágrimas e controlar o riso.
- Você teve sorte dessa vez. – Dougie inclinou-se para beijá-la e colocou a mão em seu peito, reprimindo a ação.
- Ei! Joga esse chinelo embostado pra lá!
- Ah, foi mal! - ele sorriu e atirou o chinelo para o outro lado do pátio. Aproximou seus rostos e a beijou com carinho.

disputava um espaço na pia do banheiro com Tom. Enquanto ela tentava alcançar a pasta de dentes, ele passava o braço pela frente dela para abrir a torneira.
- Ai, Tom! Vai no outro banheiro! - resmungava e observava o reflexo dele pelo espelho.
- Eu não! Prefiro esse. – disse ele dando de ombros.
- Mas eu cheguei primeiro, droga!
- Tem espaço suficiente pra nós dois, .
bufou e começou a escovar os dentes.
- Mas tudo bem. Se você não me quer aqui eu vou embora. – Tom encenou uma falsa tristeza e fez menção de sair.
- Aw, desculpa! – o abraçou por trás e sorriu carinhosamente. – Você sabe que eu preciso de espaço.
Tom sorriu e rolou os olhos. Começou a escovar os dentes e percebeu que olhava de uma maneira estranha para seu reflexo.
- Nós deveríamos tirar esse espelho daqui. – ela continuou olhando fixamente.
- E por que diabos? – Tom levantou a sobrancelha e a olhou intrigado.
- Eu não quero entrar aqui de noite ver um espírito ou coisa parecida. Olha o tamanho disso! Cabe uma família de mortos inteira aqui!
Tom balançou a cabeça negativamente.
- Exatamente, ! Olha o tamanho disso! Aonde você pretende colocar?
- Sei lá. Você deveria ter visto mais fotos internas da casa antes de alugar.
- Okay. Vou me lembrar disso da próxima vez. – disse ele em um tom de deboche.


Capítulo 2

O sol brilhava como nunca sobre a cidade de Brighton. Velhinhos caminhavam, jovens conversavam e carros com motoristas afobados já faziam do transito matinal um inferno. Tom teve a idéia de passar as férias na cidade. Sempre escutou bons comentários a respeito do local, o que fazia sua curiosidade aumentar cada vez mais. Com seus 480.000 mil habitantes e infinitas opções de lazer, Brighton passa de uma cidade litorânea para um centro universal de divertimento. Mais conhecida como a Londres litorânea, a cidade não costuma decepcionar seus visitantes.
Na casa que ficava a algumas quadras da praia, as vozes já começavam a ficar mais audíveis. Harry e entraram na cozinha, e sentaram-se na mesa que ainda tinha restos do que uma hora foi um café da manhã. estava lavando a louça enquanto Danny esperava com o pano na mão.
- Finalmente, hein! Bom dia! – Danny exclamou rindo dos rostos amassados dos amigos.
- Bom dia. – e Harry responderam ao mesmo tempo.
- Sorte de vocês que ainda tem pão. Os cupcakes foram exterminados em poucos minutos. – disse secando as mãos.
- Ah, eu queria um! – fez beiço e cruzou os braços.
- Eu também, mas o Danny, o Dougie e a comeram todos. – disse olhando feio para Danny.
- Que drama! Eu já disse que vou comprar mais! – Danny falou sem dar muita importância e olhou para a porta da frente por onde entravam e Dougie.
- ‘Tá um dia tão bonito! – disse sentando-se no balcão da cozinha.
- Então nós deveríamos sair e fazer umas compras! – disse entrando na cozinha.
- Genial! Vou pegar minha bolsa! – saiu correndo em direção às escadas desviando bruscamente de Tom que descia despreocupado. – Oi Fletcher!
- Wow! Oi . – riu sozinho e foi ao encontro dos outros.
Depois de quase quarenta minutos eles dividiram-se em dois carros, só que para um mesmo destino: o Churchill Square Mall. , , e estavam sedentas por compras. Passaram as últimas semanas imaginando todos os tipos de roupas, acessórios e bugigangas interessantes que achariam na cidade.
- Olha que amooor! Eu quero! – disse folheando um caderno de anotações decorado com bichinhos simpáticos.
- Que lindo! – colocou a cabeça por cima do ombro de para poder admirar também.
- Me diz o que você vai fazer com isso!- disse Harry com uma cara de quem não estava exatamente acreditando.
- Não sei, mas é tão bonito. – os olhos de brilhavam ao entrar em contato com aquela capa colorida.
- Nós vamos esperar lá fora! – disse Dougie enquanto os outros já estavam na calçada.
- Ta bom! – respondeu sem tirar os olhos de umas canetas com cabeças de vaquinha.
Eles sentaram-se em uns bancos que ficavam quase na frente da loja. Tom olhou para o céu e acompanhou um grupo de pássaros que viajava.
- Acho que vai chover. – ele falou abaixando a cabeça.
- Nem fudendo. Olha esse sol! - Danny levantou o braço em direção ao céu para enfatizar seu argumento. Ele ainda estava com o braço levantado quando sentiu uma substância viscosa escorrer pela sua mão. – Passarinho filho da puta!
Harry, Tom e Dougie davam risadas escandalosas e contorciam-se nos bancos.
- Harry, me dá a tua garrafa de água! – Danny disse impaciente. Ele nunca tinha desejado tanto um estilingue como naquele momento.
Tom virou o rosto em direção a porta da loja onde as quatro saíam dando gargalhadas e com algumas sacolas.
- Finalmente! – Harry levantou-se e pegou uma das sacolas de .
- E vocês não se mexem? – perguntou indignada com a lerdeza dos outros três.
Eles deram um pequeno suspiro e se prontificaram para pegar as sacolas.
Caminharam durante mais uma hora e meia e decidiram parar para almoçar, pois a barriga de Danny já começava a fazer barulhos constrangedores.

- Nunca tinha entrado em um restaurante turco antes. – Dougie olhava para a decoração do teto enquanto sentava em sua cadeira.
O lugar era bem iluminado. As paredes laterais eram decoradas com estampas de diversas cores, o que lembrava uma grande colcha de retalhos. A parede ao fundo era laranja e tinha detalhes em relevo. A madeira das mesas e o ferro das cadeiras davam ao ambiente um clima contemporâneo e milenar ao mesmo tempo. Um luxo.
- Ainda bem que vocês concordaram em variar. – ajeitou-se na cadeira e abriu o cardápio. – Não agüentava mais comer pizza!
- Pizza é bom. – disse Tom intrigado com os nomes no cardápio.
- Mas o que raios é cerkez tavugu? – perguntou tentando compreender o que lia...
- Com certeza não é pizza... – disse Harry coçando a cabeça com uma expressão confusa.
- Embaixo do nome tem a tradução em letras miúdas. – apontou para a pequena escrita no cardápio de Danny, que também parecia confuso.
- A entrada é frango com nozes... – Dougie coçou o queixo – acho que nós podíamos pular.
- É... Acho que ninguém faz questão. – olhou para todos e estes apenas concordaram com a cabeça.
- A gente devia ter ido no Mcdonald’s – disse bufando e jogando as costas na cadeira. – E ainda ganhava um brinquedo. Eles estão dando a Pucca esse mês.
- Eu não vou considerar esse argumento. – levantou a sobrancelha e voltou a olhar o cardápio.
- Nós devemos pedir zey-zeytinya-yagli b-biber dolma-masi – Danny forçou o cenho e tentou novamente – Zeytinyagli biber dolmasi! – soltou um longo suspiro e sorriu satisfeito.
- Só o nome já me deu vontade de vomitar. – Dougie rolou os olhos e estava começando a levar em conta a proposta da .
- São pimentões recheados. – Tom abriu um sorriso – Me parece normal.
- Tem berinjelas recheadas também – disse . – Ou karniyarik, como preferirem.
Acabaram mesmo optando pelos pimentões e berinjelas antes que começasse a discursar e enumerar motivos para saírem daquele lugar. Ficaram felizes pelo restaurante ter coca-cola, pois não queriam se aventurar em bebidas com nomes do tipo ayran, sahlep e boza. Principalmente, boza. A única que se atreveu foi , que escolhera um chá de maçã. Afinal, turca ou não, maçã é maçã.
O almoço decorreu num clima agradável. Os pratos não eram terríveis como seus nomes demonstravam, e acabou se rendendo completamente às berinjelas.
- Delícia! - Danny encostou os ombros na cadeira e massageou a barriga de leve.
- Tava ótimo. - deu a ultima garfada e limpou a boca com o guardanapo.
- E o que tem de sobremesaaaa? – perguntou Harry muito faceiro.
- Deixe-me ver. – esticou o braço e pegou um cardápio que estava na mesa ao lado. – A sugestão do dia é pudim de frango.
- EW! – contorceu seu rosto da maneira mais asquerosa que conseguiu.
- Eu não vou comer isso! – exclamou Dougie gesticulando de uma maneira exagerada.
- Deixa de bichice, Poynter! - Tom sorriu e fez sinal para que o garçom se aproximasse.
Tom, Harry e Danny foram os únicos corajosos. até pensou em escolher o doce tradicional de cereais e legumes, mas acabou deixando para comer um sorvete mais tarde.
- Bom, eu ‘vo no banheiro. – disse se levantando. – Alguém quer ir?
- Eu! – levantou-se e seguiu a amiga. O banheiro também tinha uma bela decoração. As paredes eram bordô e havia um vaso com folhagens perto do balcão de pedra, onde havia duas pias. No lado oposto ao balcão estavam as cabines. Eram três no total. entrou na última e na do meio. Ambas fizeram o que tinham que fazer, mas na hora de sair da cabine tiveram um pequeno contra tempo.
- Tua porta ta abrindo, ? – tinha um certo tom de nervosismo em sua voz.
- Não! Que Putedo! – forçava o trinque o máximo que podia.
Elas tentaram uma, duas, três, várias vezes e a porta não abriu.
- O que a gente faz, ?
- Não sei! Gritar?
- Não! Todo o restaurante iria escutar! Seria ridículo!
- Será que dá pra sair por baixo? – se afastou e olhou para o vão da porta.
- Nem que eu fosse ninja! Olha o tamanho disso!
A sobremesa já havia chegado e começou a estranhar a demora das amigas.
- Eu ‘vo lá ver se aquelas duas desceram pelo ralo ou coisa parecida. Já volto.
passou por algumas mesas e finalmente chegou ao banheiro. Empurrou a porta e pôde ouvir uma conversa.
- Os turcos pegaram pesado com o tempero da comida de vocês, hein!
- ! – ambas gritaram alegres ao escutar uma voz conhecida.
- Que foi? – não fazia idéia do dilema em questão.
- A gente ta presa nessa bodega! – deu um empurrão na porta e suspirou alto.
- Ah meu Deus! Quer que eu chame alguém? – parecia mais assustada que elas.
- Sei lá! O gerente, um garçom, pode ser qual quer um! – já estava impaciente.
Ouviram a porta se abrindo e apareceu com uma cara confusa.
- Alguém morreu?
- Pior. Elas ficaram presas.
teve que sentar no chão para conseguir controlar seu ataque de risos perante a situação.
- ‘Ta ajudando horrores, ! – exclamou e tentou se controlar ao máximo. colocou os pés em cima da parte frontal do vaso e apoiou os braços na porta, podendo assim as enxergar o lado de fora.
-Não é engraçado, ! – tentou apoiar os braços com mais firmeza, mas acabou escorregando o pé direito. Ela perdeu o equilíbrio e seu pé caiu com toda a força na privada, esparramando água para todos os lados.
teve outro ataque de risos, mas dessa vez as outras três não conseguiram se controlar. limpou as lágrimas para conseguir falar alguma coisa, mas as golfadas de riso eram praticamente incontroláveis.
- MERDA! – sacudia o pé tentando tirar o excesso de água inutilmente.
Desgraça pouca é bobagem.
- Desculpa, desculpa. – enxugou as últimas lágrimas e se levantou.
- ‘Ta, eu ‘vo lá chamar alguém! – se dirigiu em direção a porta.
- Peraí, ! – aproximou-se das cabines e pensou por um momento. - Vocês já tentaram virar o trinque pro lado oposto?
Em menos em cinco segundos as duas portas se abriram. E ambas saíram com a cabeça baixa.
- Sem comentários, por favor. – dirigiu-se a pia.
lavou as mãos, tirou a sapatilha molhada e colocou seu pé embaixo do secador elétrico. Com uma mão ela se apoiava no balcão e com a outra tentava empurrar seu pé mais para perto do vento. e olharam-se e sorriram balançando a cabeça negativamente.
Ao voltarem pra mesa foram recebidas por olhares confusos e curiosos.
- A coisa devia ‘ta boa lá!- Danny sorriu e acompanhou-as com o olhar.
- Não voltavam nunca! – Dougie apoiou os cotovelos na mesa e observou o longo suspiro de .
- Nem me fale. Eu quero é ir embora. Os turcos complicam demais.


Capítulo 3

A tarde passava lentamente. O sol ainda brilhava do lado de fora da casa quando , e tentaram tornar a tarde mais proveitosa.
- Vamos fazer torta de limão! – ergueu o pedaço de papel vitoriosa e fechou os vários outros livros de receitas que tinha em sua volta.
- Eu adoro torta de limão! – berrou Tom que estava na sala.
Junto com ele estavam os outros três e . Ela, sentada na poltrona, os observava jogando vídeo game. Apertavam os botões em uma perfeita sincronia e parecia que estavam prestes a entrar dentro da tela. Flea havia destruído os dois controles reservas de Dougie, por isso Harry apenas acompanhava o jogo com uma cara de tédio, esperando por sua vez.

Capítulo 4

A noite chegou acompanhada de uma brisa leve. Danny e estavam na sala esperando que os outros terminassem de se arrumar.
- Por mim, a gente não precisava sair de novo. Chegamos não faz nem dois dias! Pra que tanta pressa? – afundou-se mais um pouco na poltrona e voltou seu olhar cansado para o teto. – 'To com tanta preguiça.
- O Tom falou desse restaurante a semana passada inteira! Vai nos levar nem que seja amarrados no capô. – Danny ajeitou-se no sofá e olhou em direção à escada na esperança de que alguma alma desse sinal de vida.
Em meia hora estavam, novamente, divididos em dois carros. No primeiro estava Tom ao volante com ao seu lado, e e Dougie no banco de trás. O segundo carro tinha Harry e na frente, e Danny e (obviamente) atrás.
Tom tinha em suas mãos o mapa que um amigo havia feito sobre como chegar no tal restaurante. Já fazia uns cinco minutos que ele estava analisando o pedaço de papel. estava quase dormindo encostada no ombro de Dougie. apoiava seu braço no vidro e olhava para o céu escuro. Naquele instante, Harry deu uma grande buzinada fazendo Tom e todos no carro da frente pularem em seus bancos.
- Da pra 'se ou tá difícil, Fletcher? – Harry berrou com a cabeça para fora da janela e deu mais uma buzinada.
Tom abriu o vidro e virou a cabeça em direção ao carro de trás.
- Eu tava estudando o mapa, caramba! Me segue! – ele ajeitou-se no banco e arrancou o carro.
Passaram-se trinta minutos e eles estavam claramente perdidos.
- Já passamos por aquela casa antes. – disse apontando através do vidro.
- E aquela outra ali também. – suspirou alto, tirou o celular da bolsa e discou o número de .
No outro carro a música dos padrinhos mágicos começou a tocar e tirou o celular do bolso.
- Que foi, ?
- O Tom realmente sabe pra onde 'ta indo?
- Nós tivemos um leve contra-tempo, pois a rua que estava no mapa tinha uma placa de passagem bloqueada. Então, nós pegamos um atalho.
- Diz pro Tom parar o carro! - rolou os olhos e desligou o telefone.
Desceram dos carros e formaram uma pequena roda pra discutir a situação. Todos falavam ao mesmo tempo e, de fato, ninguém se entendia. Entretanto, foram calados por um grande trovão seguido da chuva em suas cabeças.
- Eu disse que ia chover! – Tom colocou o capuz e apontou para Danny fazendo uma cara convencida.
- Grande bosta! – Danny cruzou os braços e fez uma careta.
- Vamos voltar pro carro e tentar chagar na droga do restaurante. – Dougie deu meia volta e foi seguido por .
- Se não tem outro jeito... – Harry suspirou e os seguiu.
Todos retornaram aos seus lugares enquanto a chuva tornava-se cada vez mais forte. Tom deu a partida, mas viu que o carro de Harry não havia saído do lugar. Parou o carro novamente e desceu.
- Problema no motor? – perguntou Tom na frente da janela de Harry.
- Não. É que eu parei com a roda traseira dentro dum buraco. – Harry bateu com a mão na testa se punindo bela burrada. –Vamos ter que empurrar.
A chuva havia deixado o buraco ainda maior. Danny, Tom e Dougie empurravam o carro, mas era inútil. A roda não saía do lugar e apenas jogava lama neles.
Danny foi até o carro de Tom onde as garotas aguardavam. Ele bateu no vidro levemente e fez sinal para abaixá-lo.
- Vocês vão ter que ajudar. – Danny coçou a cabeça e olhou para .
- Ta de brincadeira, né? - ela olhava-o sem acreditar.
- Eu to molhado e com lama até o cérebro, realmente é um ótimo momento pra brincadeiras!
- Okay, vamos. – colocou seu casaco e fez sinal para que saíssem do carro.
Todos empurravam o carro com o máximo de força que podiam. Quando já estavam completamente embarrados, Harry conseguiu fazer o carro sair do lugar.
- ALELUIA, IRMÃOS! – Dougie levantou as mãos e suspirou aliviado.
Harry desceu do carro e teve uma crise de riso ao ver o estado deplorável em que todos se encontravam. Sem pensar muito, Tom pegou um punhado de lama e jogou na cara de Harry, que parou de rir no mesmo instante.
- Tudo bem. – Harry tirou o excesso de lama com a mão.- Eu 'tava até começando a invejar toda essa lama de vocês.
Não havia outra alternativa se não voltar para casa. Deram mais umas voltas e conseguiram reconhecer o caminho.

Capítulo 5

Depois de um bom tempo no chuveiro, todos se encontravam na sala olhando tv. Já que o esquema do restaurante havia ido pelo ralo, decidiram fazer uma comida que não necessitasse de aprimoradas técnicas culinárias: pizza. Eles até cogitaram pedir por telefone, mas com aquela chuva o motoqueiro certamente seria derrubado por uma tsunami antes de conseguir chegar.
Como na televisão não tinha nada de interessante, optaram por jogar cartas.
- Dougie, você ‘ta roubando! - olhou-o e riu.
- Mentira!- Dougie fez uma cara de insultado e colocou a mão no peito.
- O Dougie sempre rouba! – disse Tom sem desviar o olhar das suas cartas.
- E mesmo assim nunca ganha! – Danny completou rindo do próprio comentário.
Não se passaram dois minutos e houve um grande estrondo na rua. Todas as luzes da casa se apagaram e o silêncio tomou conta, podendo-se escutar apenas o forte barulho da chuva.
- Lá se foi o disjuntor. – Harry largou suas cartas no tapete e se espreguiçou.
- Era só o que faltava! – disse enfurecida.
- Tem uma lanterna ali na gaveta da cozinha. – levantou-se e foi tateando os móveis até chegar no cômodo. – Achei. – Ela ligou-a e voltou para a sala sentando-se entre Danny e .
- Uma lanterna é muito pouco pra todos nós! – Tom estralou os dedos e se levantou.
- Realmente! Será que tem velas por aí? - disse Harry tentando se lembrar se tinha visto alguma.
- Ah, deve ter. – ajeitou-se no tapete. – Procurem.
- Por que nós? – Tom e Harry perguntaram incrédulos.
- Quem inventa agüenta. - riu e esticou as pernas. – Pra mim essa lanterna já ta de bom tamanho.
- Tudo bem.- Tom deu-se por vencido. – Vou procurar naquela casinha de ferramentas lá do pátio de trás. Com certeza tem lanternas lá. Vem comigo, ?
- Por que eu? – não estava cogitando a idéia de sair na chuva outra vez.
- Porque sim. Porque eu estou te pedindo. - Tom ajoelhou-se, ficando de frente para ela, e pegou sua mão. Apesar da escuridão, podia imaginar a cara de cachorro sem dono que ele estava fazendo.
- Ai, ta bom. – ela levantou-se e Tom a puxou pela mão em direção à porta dos fundos. – Peraí! Deixa eu pegar o guarda-chuva!
Dougie estava no sofá com o braço sobre os ombros de . , deitada com a cabeça no colo de Danny, brincava com a lanterna apontada para o teto.
- Eu vou ver se tem alguma vela ou lanterna naquele quarto do último andar.- Harry levantou-se e olhou para . – Vem comigo? – deu um leve cutucão em seu braço.
- Aquele quarto é fedido e só tem caixas lá dentro. – apertou os olhos para tentar ver melhor o rosto de Harry.
- Por isso mesmo! Deve ter algo de útil nesses caixas, hã! – Harry puxou pela mão fazendo ela se levantar e o seguir. – E um pouquinho de pó não faz mal a ninguém.

No lado de fora da casa, e Tom atravessavam o pátio indo em direção a casinha. Chegando mais perto, ambos perceberam que ela não era tão pequena quanto parecia. Tom tirou o celular e um bolo de chaves do bolso. Entregou o aparelho para e ela iluminou a fechadura para que ele pudesse abrir a porta.
- Não é essa. – Tom pegou outra chave e tentou. – Também não é essa. – Outra chave – Essa também não. – Mais uma – Consegui!
A porta se abriu e eles ficaram observando o cômodo. Deveria ter mais ou menos sete metros quadrados. Havia algumas enxadas e pás encostadas em uma das paredes laterais. Na outra havia uma mesa com várias caixas de madeira agrupadas. Pelo chão estavam espalhados tapetes enrolados.Tudo tinha pó e aspecto de velho. Tom entrou na frente e ergueu o celular para iluminar uma caixa de ferramentas que estava numa estante ao lado da mesa. pegou o seu celular e o aproximou das caixas de madeira. Dentro delas estavam alguns pedaços de pregos e parafusos. empurrou as caixas para o lado, para que Tom pudesse colocar a caixa de ferramentas em cima da mesa. Ele tirou várias coisas de dentro, mas nada que se parecesse com uma lanterna. virou-se para o outro lado e foi em direção às pás. Ela acompanhou a extensão da parede com o olhar e percebeu uma coisa que nenhum deles havia reparado antes.
- Tom! – ela fez sinal para que o garoto se aproximasse – Olha aqui.
Ele parou ao lado dela e acompanhou seu olhar.
- Que porta é essa? - iluminou a porta de cima a baixo.
- Não faço idéia. – Tom olhou confuso para a porta e pegou o bolo de chaves novamente.

Harry e subiam as escadas lentamente, segurando-se no corrimão. Faltava apenas o terceiro, e último, lance de escadas. Era menor que os outros dois e pôde ser percorrido mais rapidamente. No terceiro andar tinha apenas um corredor de uns dois metros até a porta do quarto solitário. Eles aproximaram-se e Harry forçou a maçaneta. A porta abriu-se e ele a empurrou lentamente. A peça era relativamente grande e tinha caixas de papelão em toda sua extensão. Havia apenas uma janela de vidro no fim da peça, onde dava para ver a chuva cair do lado de fora.
- Lugar sinistro. – Harry ajoelhou-se e abriu uma das caixas.
olhou ao seu redor e iluminou com o celular a primeira caixa que avistou. Aproximou-se um pouco mais e a abriu. Dentro dela havia várias folhas de papel. Ela trouxe uma mais para perto da luz e julgou serem processos velhos. Virou a cabeça para o lado e observou Harry tirando papéis e mais papéis de dentro da caixa.
- Harry, aqui não tem velas e muito menos lanternas!
- Procura mais um pouco.
Ele parecia realmente entretido com a papelada. bufou e abriu outra caixa.

Na sala, Dougie, e tentavam adivinhar o que Danny tentava representar na sombra da lanterna.
- É um coelho? – perguntou esperançosa.
- Não. – Danny respondeu já com as mãos cansadas.
- Uma vaca? – tentou .
- Não.
- Então só pode ser uma girafa! – disse Dougie exaltado.
- Também não. Puta que pariu! Vocês são muito ruins!
- É o que? – já estava ficando irritada.
- Um leão marinho! – Danny desfez a sombra e os outros o olhavam sem acreditar.
- Agora é a minha vez! – Dougie levantou o braço e colocou a luz em sua direção.
- É uma ostra? – Danny virou a cabeça tentando compreender.
- Não.
- Um urso polar nadando? – olhou para Dougie e ele negou com a cabeça.
- É uma baleia comendo o leão marinho idiota do Danny! – disse em meio a gargalhadas.
- Na verdade era um lagarto matando um porco, mas a tua versão ficou melhor! – Dougie riu junto com e .
- Ha ha. Que engraçado! – disse Danny rolando os olhos.

Tom havia tentado todas as chaves que tinha, mas nenhuma abria a porta.
- Estranho. Uma chave deveria, supostamente, ser daqui. – ele coçou a cabeça e olhou para a fechadura.
- Não gostei dessa porta. Não gostei mesmo. – respirou mais rápido e deu uma olhada para os lados.
- É só uma porta, .
- Uma porta que não tem chave! Deve ser uma sala com armas, cadeiras elétricas, camas de tortura. – respirou fundo e continuou – Ou pior! Pode ser uma sala cheia de corpos de pessoas que alugaram a casa! – arregalava os olhos a cada suposição que fazia.
- Você não deveria ver tantos filmes de terror.
- Vamos sair daqui, Tom. Por favor.
- Ta bom.

Harry ainda olhava dentro das caixas e estava o observando.
- Harry, você já abriu tipo várias caixas! – gesticulou andando de um lado para outro. – Nããão teeem lanteeernaaa...AQUI! – ela bateu as mãos chamando a atenção dele. Harry virou-se e a encarou.
- Okay. Você venceu. – ele levantou-se e bateu as mãos na calça para tirar a poeira.
- Finalmente! Muito obriga... – A frase de foi cortada por um grande barulho no teto.
Ela olhou assustada para Harry.
- Corre! – ele disse puxando-a para fora do quarto.
-AAAAAAH! – bateu a porta com força e desceram em disparada pela escada.

Dois andares abaixo, os quatro agora comiam a torta de limão feita horas atrás.
- Ficou realmente boa! – Danny limpou o canto da boa e deu mais uma mordida no pedaço que tinha em sua mão.
- A massa deu certo dessa vez. Me lembro que quando nós fizemos lá na casa do Dougie ficou uma merda! – cortou uma fatia e a colocou sobre um guardanapo.
- Por mim podia ser só a parte verde! – disse .
-Aham! A parte verde é muito boa! – concordou Dougie de boca cheia.
Ouviram barulhos vindos da escada e voltaram sua atenção naquela direção. e Harry surgiram correndo na sala. Pararam e apoiaram as mãos nos joelhos. Ambos ofegantes jogaram-se cansados no sofá.
- O que aconteceu lá em cima? – perguntou assustada.
- Um barulho! – respirou fundo e continuou. – Um barulhão! Vocês não ouviram?
- Não. – responderam os quatro ao mesmo tempo.
- Tipo, bizarro! – já respirava normalmente.
- Deve ter sido um galho, sei lá! Bobagem. – Harry ajeitou-se no sofá.
- Pra quem não se importa, você tava bem assustadinho lá em cima! – olhou-o brava.
- Eu tava brincando, sua tolinha. – Harry aproximou-se e beijou a testa de .
- Ah, com certeza! – disse ironicamente.

Enquanto Tom trancava a porta, segurava o guarda-chuva. Eles deram meia volta e se dirigiram para a casa. olhou rapidamente para o lado e pensou ter visto alguém perto da piscina. Sacudiu a cabeça tentando a apagar aquela imagem e agarrou o braço de Tom com mais força.
Entraram e perceberam o burburinho na sala. Não conseguiam ver bem todos os rostos, mas Tom se espantou ao ver o prato da torta de limão apenas com alguns farelos.
- NÃO ACREDITO QUE VOCÊS COMERAM TUDO! – Tom bufou e quase foi possível ver uma fumaça saindo de seu nariz.
- Hum...Er...É. – Dougie não sabia bem qual palavras escolher.
- Que droga, gente! – Tom desfez sua cara de insano e sentou numa das poltronas.
- Acharam alguma coisa lá? – perguntou Danny.
- Lanterna a gente não achou, mas uma porta, sim. – disse
- Porta? – nem e nem ninguém entendeu.
- É, uma porta. – Tom pensou quais palavras usar e continuou. – Lá dentro da casinha tem uma porta sem chave.
- Medo do que deve ter lá dentro. – ajeitou-se mais para perto de Dougie.
- E vocês acharam alguma coisa? – perguntou olhando para e Harry.
- Só um monte de papéis. – disse seguido de um bocejo.
Conversas e muitas risadas acabaram tomando conta da noite, os fazendo esquecer da falta de luz e da tempestade lá fora.



Capítulo 6

O sol já havia voltado para seu posto e a vida em Brighton tomava seu rumo diário.
Os diálogos da noite anterior transformaram a sala em um dormitório coletivo e deu origem a muita dor nas costas. Eles haviam se ajeitado pelo tapete e pelo sofá. Ninguém fora suficientemente corajoso para voltar aos quartos, colocando assim a culpa na ótima conversa.
Decidiram que o melhor para comemorar a volta da luz solar e da elétrica era uma ida à praia. Desta vez não precisaram tirar os carros da garagem, já que a praia ficava a algumas quadras da casa.
- Aqui ‘tá bom! – abriu sua cadeira na areia e sentou.
- O mar parece calmo hoje. – Harry espreguiçou-se e tirou os óculos.
- Vou aproveitar que o sol não ‘tá muito forte e reforçar minha melanina. – disse passando protetor no rosto.
- Alguém quer caminhar? – perguntou sorrindo em direção ao horizonte.
- Hum...Não. – Dougie deitou-se na areia e colocou os braços atrás da cabeça.
- É, não. – Danny riu e repetiu o movimento de Dougie.
- Eu até queria, mas dormi de muito mau jeito e ainda ‘to um caco. – disse Tom levando uma garrafa de água à boca.
- Idem. – pegou a água de Tom e tomou um gole.
acabou desistindo da idéia, mais pela falta de companhia do que por sua vontade.
Depois de jogarem mais conversa fora e torrar no sol escaldante, decidiram que era hora de entrar no mar. Deixaram as coisas amontoadas na areia e foram em direção à água.
Danny e Harry entraram correndo e molhando todos, originando uma grande guerra de pontapés na água.
- AAAAAAAH! – assustou-se e se jogou em cima de , a fazendo afundar.
voltou à superfície cuspindo água. Ela limpou os olhos e encarou .
- VOCÊ É DOENTE?
- Desculpa, . É que um troço tocou no meu pé. – ela olhava assustada para a água.
- Fui eu que te toquei! – Danny contorcia-se em meio a suas risadas escandalosas.
- Seu merda! Quase me mata de susto! – empurrou-o e ele perdeu um pouco do equilíbrio, não chegando a cair.
-E a quase morre afogada. – disse limpando as lágrimas das risadas, ao se lembrar da cena.
Danny sentiu algo tocar sua perna e dirigiu o olhar para .
- Que criativo, ! Pediu pro Tom me dar susto. - Danny cruzou os braços e fez uma cara de esperto.
- Mas eu não fiz nada! O Tom ‘ta lá trás. – disse não entendendo o que ele queria dizer.
Danny virou-se e viu Tom junto de Dougie e , uns três metros a frente. Fez uma cara de apavorado e correu desesperadamente para o outro lado.
Todos começaram a rir e Danny sorriu sem graça.

Depois dos dedos ficarem murchos, decidiram sair do mar e comer alguma coisa. Uns sentados na areia e outros em cadeiras, esperavam por Dougie e Harry que tinham ido pegar alguma coisa pra comer.
- Lá vêm eles... – apontou para os dois que estavam saindo do pequeno e simpático bar/restaurante perto da praia.
Dougie carregava vários pacotes empilhados uns sobre os outros, os apoiando em seu peito. Ele estava visivelmente atrapalhado naquela situação. Harry tinha um engradado de cerveja em uma mão e duas garrafas de dois litros de refrigerante, firmados contra o peito pelo outro braço. Aproximaram-se do grupo e distribuíram as bebidas e os pacotes.
- Que naba é essa? – perguntou virando o pacote de todos os lados.
- Cachorro-quente especial da casa. – disse Dougie tomando um gole da sua cerveja.
- Tanto faz, to morrendo de fome! – Tom começou a desembrulhar o pacote. Ele já havia tirado várias camadas de papel e nem sinal da comida. Quando abriu a última fitou aquele projeto de alimento com uma cara frustrada.
- Que foi, Tom? – perguntou com seu pacote ainda fechado.
- Isso não é cachorro-quente! Olha o tamanho! ‘Tá mais pra rabo de chiuaua assado!- bufou alto e fitou-o de novo.
- Então, tecnicamente, continua sendo um cachorro...Não? – refletiu .
Todos os pacotes foram abertos e foi constatado que o mini tamanho era padrão.
- Ah, se for bom é só a gente comprar mais uns. – Danny deu uma mordida e emitiu um som de satisfação, seguido de um sinal positivo com a mão.
Após várias rodadas de mini pacotes, o sol já começava a ficar extremamente forte. Resolveram voltar pra casa antes que alguém pegasse algum problema de pele ou coisa parecida.


Capítulo 7

O relógio marcava 8:00 pm em ponto. estava, juntamente com e Danny, jogando twister no quarto deles. Dougie, que estava passando pelo corredor, não resistiu ao charme daquele tapete de bolinhas coloridas e entrou no jogo.
No andar de baixo, Tom, Harry e disputavam uma acirrada partida de Crash Racing no vídeo-game.
- Nem adianta tentar esses truques baixos, Harry! – apertava o controle com força, e mexia o corpo acompanhando os movimentos do carrinho na tela. – Eu tenho bacharelado nesse jogo!
- Ha ha! Isso é porque nós não estamos jogando Fusion Frenzy 2! – Harry respondeu sem tirar os olhos da tv. Apertava os botões com mais força que e estava completamente curvado em direção à tela.
Ela venceu a partida e comemorou pulando em cima do sofá, fazendo um tipo de dancinha da vitória. Harry largou o controle no chão e jogou as costas no sofá. Tom, sentado ao lado dele, apenas ria da situação.
- Eu quero melhor de três! - Harry pegou o controle e olhou para , que sentou novamente.
- Se prepara pra perder de novo! – disse ela sorridente.

saiu do banheiro com a toalha enrolada no cabelo e se dirigiu ao quarto de para pedir seu creme emprestado. Abriu a porta e não encontrou ninguém lá. Voltou ao corredor e pôde escutar conversas vindas do quarto próximo à escada. Caminhou até lá e parou na porta. Dougie, e estavam completamente enroscados entre si, fazendo um grande esforço para manter o equilíbrio. Danny dava gargalhadas enquanto girava o pião.
- Ei, eu também quero! – disse entrando no quarto e tirando a toalha da cabeça.

Harry havia perdido mais de cinco vezes para . Já estavam na melhor de onze, pois ele insistia em não se dar por vencido.
- Agora você vai ver! – Harry ajeitou-se no sofá e estalou o pescoço. – ‘Vo esfregar tua cara no asfalto!
- Sonha! – gargalhou e segurou o controle com mais firmeza.
- Vocês ‘tão muito competitivos. – disse Tom enquanto folheava uma revista desinteressado. – Já ‘tá começando a ficar chato e – Sua frase foi interrompida por um grito de , seguido de altas risadas.
- Eles ‘tão se matando lá em cima? – Harry pausou o jogo e olhou para o teto.
- Provavelmente. – coçou a cabeça e acompanhou o olhar de Harry. Tom levantou-se e desligou a tv.
- ‘Vamo lá! – ele fez sinal com a cabeça e caminhou em direção às escadas.
- Okay, mas a próxima eu ganho. Fato! – Harry largou o controle no chão e seguiu Tom.
- Ah, claro! – disse ironicamente. Ela levantou-se a acompanhou ambos.

Eles entraram no quarto e observaram a cena. Estavam todos jogados no chão rindo incontrolavelmente. Dougie limpava suas lágrimas, mas quando tentava falar alguma coisa a risada voltava. O mesmo acontecia com os outros.
- Não sabia que twister era tããão engraçado!- disse Tom ajudando a levantar.
- Ok. Agora todo mundo vai jogar!- levantou-se ainda rindo.
- Deixa que eu giro o negócio, por que minha perna já ta latejando. – sentou-se na cama e colocou o pião em seu colo.
- Vai ‘se uma confusão do caralho com todo mundo. – disse Harry posicionando-se no tapete.
- Vai ‘se legal. – sorriu e fez sinal para começar.
Passaram-se dez minutos e os corpos já nem cabiam mais no tapete. havia caído por cima da perna de Tom e ambos foram desclassificados. empurrou Danny discretamente e ele acabou perdendo o equilíbrio caindo de cara no chão. Mais cinco minutos e restaram Harry e Dougie.
- Pé direito no azul!- agora era que rodava o pião.
Dougie tentou mover sua perna, mas não teve muito sucesso.
- È no azul, seu idiota! – Danny disse em meio a gargalhadas.
- Eu não alcanço, porra! – Dougie esticou-se mais um pouco e acabou caindo de bunda no chão.
- E o Harry ganhou!- abriu um sorriso e levantou os braços.
- É chato ser bom. – disse Harry debochado passando a mão no cabelo.
- Cala a boca! – Tom deu um leve empurrão em Harry e se sentou na cama. – Legal! A de vocês também tem mola.
- Adoro camas de mola. – Dougie deu um sorriso safado e lhe deu um soco no braço. – Ai!
- Por que a de vocês tem mola e a nossa não? – disse virando-se para Danny.
- Sei lá!
- A nossa também tem! – disse .
- Mas que puta injustiça! – disse Dougie indignado. – Da próxima vez EU vou escolher a casa!
- Como a madame quiser. – Tom riu e fez uma reverência.
- Elas são boas pra pular! – subiu em cima da cama e começou a pular.
- Aham! – começou a pular no outro lado da cama.
- Vocês vão quebrar essa merda. – disse Harry observando a cena.
Elas não deram ouvidos e continuaram pulando. foi se aproximando cada vez mais da beirada da cama sem perceber. Quando foi avisá-la, já era tarde demais. deu um pulo e acabou caindo meio que de bunda/meio que de costas no chão.
Um silencio de cinco segundos foi quebrado por uma avalanche de risadas. não sabia se ria ou chorava de dor.
- AAAAIII! – ela colocou a mão nas costas e se curvou um pouco. - Bostamerdacu!
- Te machucou? – perguntou se aproximando.
- Acho que não, mas ta doendo pra caramba!
- Quer que eu te leve no hospital? – Danny agachou-se na frente dela.
- Claro que não! – Ela levantou-se e fez cara de dor.
- Foi muito Matrix! – disse Tom rindo. – Tipo uuuuooow! - Ele fez uma versão em câmera lenta da cena e voltou a rir.
- Verdade! – riu e desceu da cama.
- Peguei trauma! Não quero mais essa droga de cama!
- Então me deixa ficar com ela! – disse Dougie.
- Ela pegou trauma, eu ainda não. – Danny bateu no ombro do amigo e sorriu.
- E se a gente fizer uma troca? - tentou Dougie esperançoso.
- Nem fudendo.
- Eu te dou um dos meus lagartos!
- Cala a boca, Doug! – Danny riu e jogou um travesseiro em sua direção.

Capítulo 8

- Eu num tenho um hamiiste! - Dougie enrolava a língua e gesticulava lentamente. – Não tenhom, nah!
Estavam todos sentados em pufes coloridos formando uma roda. No centro havia uma mesinha quadrada com tampo de vidro, por cima dela estavam vários copos vazios de todos os tamanhos e tipos. Fazia umas três horas que eles chegaram, e já tinham bebido pela semana inteira.
- E-eu... – Dougie apontava para o próprio peito. – Nunca tiive um hamster!
- Claaaaaaro que teve!- Danny apontava para ele e ria.
Os menos afetados pelo efeito do álcool eram e Harry, que desde a última vez que ficou bêbado e acordou dormindo pelado no jardim dos fundos da casa do Tom, havia prometido que não tomaria tantos porres. Já , achou que alguém deveria ser responsável ali e bebeu bem menos do que pretendia.
O pub era perto da praia e tinha uma enorme janela com vista para o mar. No vidro da mesma tinham milhares de adesivos colados, deixando poucos espaços livres para observar o lado de fora.
-Eu acho que ‘ta ficando meio tarde... – estreitava os olhos e aproximava o relógio.
- Que tarde o quê! – disse Tom tomando um gole da sua garrafa de Heineken.
- Acho que a ‘ta certa. – olhou para Danny e Dougie que viravam os copos ao mesmo tempo.
- Mas eu nem tomei aquele troço colorido aiiinda!- apontou para um drink simpático da mesa ao lado e riu sozinha.
- Eeeeeei!- piscou os olhos algumas vezes e olhou para .- Eu também não!
- Vai com calma, . – Harry tomou mais um gole de sua bebida e sorriu. – Pelo menos não ‘ta pior que o Dougie.
Quando Tom e começaram a contar piadas sobre holandeses em férias, Harry e acharam que já estava mais do que na hora de ir embora.
Estavam chegando perto de onde tinham estacionado os carros quando saiu correndo em direção à praia.
- AREEEIIA! – ela gritava e ria ao mesmo tempo.
- Que ótimo. Uma bêbada gritando pela rua. – rolou os olhos e correu atrás de .
- Aaah, eu também quero! – correu atrás dela, sendo seguida por e Tom.
Dougie e Danny olharam sorridentes para Harry e também saíram correndo.

As ondas do mar eram calmas e convidativas. A areia macia fez com que se atirasse e começasse a rolar feito uma retardada. e se atiraram por cima dela, gargalhando freneticamente. , que ria da cena, foi derrubada por Tom e Dougie, que pulara em suas costas. Danny correu e se jogou em cima do primeiro bolo de pessoas.
- AAI, DANNY! – ficou séria e colocou a mão na mão na cabeça, mas desatou a rir no mesmo instante.
Harry apenas ria das cenas patéticas que os amigos protagonizavam.
- Euuu acho... – Danny parou de falar e levantou a mão. – Que o Harry quer tomar banho! – Sorriu marotamente e apontou para o mar.
- Muito engraçado. – Harry levantou a sobrancelha e cruzou os braços.
- É isso aí! – Dougie levantou-se lentamente e bateu na bermuda para tirar a areia. – ‘To-o indo aí! – Apontou para Harry e começou a correr. Ele deu no máximo quatro passos e acabou tropeçando em suas próprias pernas, caindo de cara.
Todos se contorciam na areia para controlar o riso. Enquanto limpavam as lágrimas, Dougie tentava inutilmente tirar a areia de seu rosto.
- Vem cá, Dougie! – mais ria do que tirava areia.
- Não ‘ta adiantando merda nenhuma. – colocou um braço de Dougie ao seu redor e o ajudou a levantar. – Eu levo ele ali na água.
- Você não agüenta, ! – Danny e Tom riam do esforço que ela fazia para se manter em pé segurando Dougie.
- Pelo menos... Eu não estou... – ela fez mais força e ajeitou o braço dele. – bêbada o suficiente pra morrer afogada no mar.
- Deixa que eu levo ele. – Harry aproximou-se e tirou Dougie de .
- EEEEEWW! – fez cara de nojo e começou a rir. – A ta vomitando!
- Acheeei que o Dougie... – Tom estreitou os olhos e olhou para os lados o procurando. – Ia ser o primeiro...BURP! – Ele gargalhou acompanhado de Danny.
- É feio arrotar na frente de todo mundo, Tom! – disse limpando o canto da boca.
- Vamos lavar a tua cara ali na água. – ajudou a se levantar.
- Eu quero tomar banho de maaaaaaaaar! – levantou-se e saiu correndo em direção à água. – VEEEEM DANNY! – Ela gritou enquanto sentia a primeira onda molhando seu All Star.
Danny correu na direção dela e foi acompanhado por Tom e . Os três chegaram chutando a água e empurrando quem estivesse na frente. Harry tentou usar Dougie como escudo, mas não teve sucesso. Em poucos segundos estavam todos encharcados e sorridentes.
Levou alguns minutos até que todos saíssem da água. Uns por vontade própria e outros não. Deitaram na areia e ficaram observando o céu escuro e estrelado. A brisa da noite havia chegado, trazendo uma sensação de frio maior ainda devido aos corpos molhados. Olharam-se e deduziram que era melhor ir pra casa.


Capítulo 9

O sol estava dando o ar da graça juntamente com algumas nuvens. As previsões de chuva para o dia tinham, aparentemente, ido pelo ralo.
Danny e Harry estavam na piscina conversando sobre alguma coisa relacionada a futebol, e perto deles estavam e , cada uma em uma espreguiçadeira, dividindo os fones do ipod. A uns três metros delas, Tom tentava fazer algo comestível na grelha da pequena churrasqueira que fora achada na garagem. estava a sua volta, dando palpites e tentando convencê-lo de que o fogo estava baixo. Dougie e , sentados ao redor de uma mesa de madeira, apostavam em quanto tempo Tom perderia a paciência.
- Certeza, Tom? – fazia cara de dúvida coçando o queixo. – Eu acho que precisa de mais fogo.
- Não, . Não precisa. – Ele bufou e rolou os olhos.
- Mas olha como ta baixinho...
- ... – respirou fundo e continuou. – Deixa que eu cuido disso aqui, ta bom?! – ele falou com o tom predominantemente afirmativo. – Vai sentar ou então entra na piscina, mas, por favor, me deixa fazer isso aqui.
- Eu só tava tentando ajudar. – fez cara feia e se virou. – Mal agradecido! – disse já de costas, indo em direção à mesa.
Ela sentou-se e cruzou os braços, fazendo uma cara emburrada.
- O Fletcher se acha o magnata dos alimentos. – disse ela olhando feio para o garoto. – Eu sei a temperatura do fogo, eu sei o que deve ser feito, blábláblá! – fez uma voz grossa o imitando.
- Ai, ! Não precisa ficar assim... – tentava confortar a amiga e não rir ao mesmo tempo.
- Aproveita que ele saiu e vai lá. – disse Dougie fazendo sinal com a cabeça. virou-se e viu Tom passando pela porta dos fundos. Ela não pensou duas vezes e correu em direção à churrasqueira.
- Certo, como eu aumento essa bodega? – Ela olhou em volta e não acho nada que pudesse ajudar.
Quando ela ia se virar para pedir a ajuda de Dougie, ouviu um berro vindo da porta.
- SAI DAÍ, ! – Tom chegou até ela com passos pesados e largos. – Eu não te pedi pra ficar longe?
- Mas...É que tava tão baixinho. – fez cara de inocente e sorriu.
- Eu mereço! – Tom acabou sorrindo e rolando os olhos.
Dougie e se aproximaram e algo prendeu a atenção dele.
- Pra que serve isso?- Dougie apontou para ganchos nas pontas da churrasqueira.
- Hum...- Tom aproximou-se e observou. – Deve servir pra colocar uma grelha em cima dessa aqui. – disse apontando para a que já estava na churrasqueira.
- Mas quando nós pegamos ela na garagem não tinha mais grelha nenhuma. – disse Harry que se aproximava acompanhado por Danny.
e perceberam a movimentação e também se aproximaram.
- Deve tá perdida pela casa. – Danny se abaixou e olhou os ganchos mais de perto.
- Mas é difícil estar na casa e nenhum de nós ter visto até agora. – Dougie olhava pro nada tentando lembrar se tinha visto algo semelhante a uma grelha.
- Pode tá no quartinho de ferramentas. – disse .
Todos se entreolharam por um instante e viraram seus rostos em direção ao pequeno quarto no fundo do pátio. Até em plena luz do dia ele era inevitavelmente macabro.
Engoliram seco e ficaram sem dizer nada por alguns segundos.
- Eu não entro mais lá. – disse apreensiva.
- Tudo bem, eu vou. – Danny tentou parecer indiferente. – Alguém mais?
- Eu vou. – levantou a mão. – Não posso sair daqui sem ver o que tem lá dentro.
- Okay! Vou pegar a chave. – Harry deu meia volta e foi em direção à casa.
- Boa sorte. – Dougie fez joinha com a mão e foi para a piscina.
Danny, , , e dirigiram-se para a porta do quarto, enquanto Tom e continuaram perto da churrasqueira.
- A gente espera vocês aqui fora. – sorriu e sentou-se na grama ainda distante da porta.
- Qualquer coisa é só gritar. – sentou-se ao lado dela.
- Ta aqui! – Harry chegou e estendeu o braço, largando a chave na mão de Danny. – É a que tem uma lasca na ponta. – Ele virou-se e foi em direção à piscina.
Danny e caminharam até a porta e a observaram delicadamente. Danny colocou a chave, deu duas voltas e girou a maçaneta. Ele empurrou a porta e se ouviu um pequeno rangido.
Ambos entraram e olharam em volta.
- Procura desse lado que eu procuro aqui. – fez sinal apontando para o lado oposto ao seu.
-Okay!
Eles deram uma procura por cima das coisas, mas não acharam nada semelhante a uma grelha.
- VOCÊS AINDA TÃO VIVOS? – berrou do lado de fora.
- POR ENQUANTO, SIM! – respondeu Danny no mesmo tom debochado.
Danny chegou ao fim de sua parte e olhou para a porta que havia no fundo do quarto.
- Pode estar aqui. – Ele virou-se na direção de e fez sinal com o indicador.
- Mas essa não é a porta sem chave? – disse ela aproximando-se.
- Quem precisa de chaves? – Danny colocou as mãos na maçaneta e forçou a porta.
- Você precisa de chaves. – observava a tentativa inútil dele. – Na verdade, só de uma. Mas de qualquer jeito, é só uma grelha idiota. Vamos sair daqui.
- Ela pode tá aqui dentro. – ele forçava a porta inutilmente.
- A grelha não é tão importante assim. Ou melhor, ela não é importante! Deixa isso aí.
- Tá bom, tá bom! – Danny levantou as mãos pra cima e se dando por vencido.
Ele saiu na frente dela, enquanto dava uma última olhada na porta. Quando seus olhos fitaram o chão perto do fim da porta, pode reparar numa pequena mancha que ali havia.
- Danny, olha isso! – ela abaixou-se e tentou se aproximar um pouco mais.
- O que é? – ele abaixou-se ao lado dela.
- Parece...Sangue... – engoliu seco e olhou assutada para Danny.
- Que besteira, ! Por que teria sangue aqui? – perguntou ele num tom de obviedade.
- É exatamente o que eu quero saber. – levantou e saiu do quarto sendo seguida por Danny.
- E a grelha? – olhou confusa para eles.
- Não tinha merda de grelha nenhuma ali. – Danny bocejou e esticou os braços.
- Mas tinha sangue! – passou rápido por elas e foi em direção à churrasqueira onde os outros estavam.
- QUE?! – não acreditou no que ouviu e saiu correndo atrás de junto com e Danny.
contou o que tinha visto, assustando cada vez mais .
- Deve ser tinta. – disse Harry abanando o ar.
- Ah, claro! Levando em conta que nenhuma das paredes da casa é vermelha e não tinha nenhuma lata de tinta ali – levantou a sobrancelha e o encarou.
- Pode ser velho, oras. – Tom também não parecia acreditar na teoria de .
- É, mas velho ou não, isso me assusta. – disse com o olhar tenso.
- Eu também acho que deve ser tinta. – Dougie tentou não parecer apavorado.
- Ah, que se foda essa mancha! O almoço tá pronto. – Tom fez sinal para a mesa que já estava arrumada e os outros o seguiram.

Capítulo 10

Era noite e luzes coloridas iluminavam os rostos daqueles que passavam pelo parque de diversões que ficava no píer. O lugar não estava tão cheio apesar da alta temporada. carregava o pônei de pelúcia que havia ganhado de Tom no jogo de tiro ao alvo. Ele era roxo e tinha a crina rosa claro com algumas estrelinhas na perna.
- Que injusto! – olhava com raiva em direção à barraca que eles acabavam de sair. – O Tom só ganhou porque a tia do jogo acha ele o mais bonito da banda! O Danny tinha feito bem mais pontos! Ela roubou na cara dura!
- Não posso fazer nada se eu sou irresistível... – Tom jogou o cabelo pro lado e passou o braço pelos ombros de .
- Ela ficou com pena dessa tua cara de imbecil, por isso te deixou ganhar. – Danny deu um largo sorriso para ele e voltou a olhar pra frente.
Tom ia retrucar quando foi interrompido por Harry.
- OLHEM! – Ele apontou fervorosamente e sorriu.
Todos olharam assustados para a reação dele, procurando algo anormal no parque.
- O que? – Dougie perguntou com os olhos arregalados.
- Comida! – disse Harry num tom divertido. Ele sentiu vários olhares descrentes sobre ele e se recompôs. – Que é? Eu to com fome.- Deu de ombros e foi em direção a comida.

Estavam todos sentados em bancos perto da grade que separava o píer do mar, quando Harry voltava com seu terceiro hambúrguer.
- Você vai morrer comendo desse jeito.- o encarou espantada.
- Mas é tão pequeno. – disse Harry fazendo referencia à comida.
- Só não diga que ninguém avisou. – observava enquanto ele tomava um gole de cerveja.
- Quem quer ir na montanha russa? – perguntou Danny sorridente.
- Eu! – levantou o braço e pulou fora do banco.
ela, Tom, Dougie também se levantaram e se colocaram ao lado deles.
- Peraí! Eu também vo! – disse Harry de boca cheia, mastigando o último pedaço de seu hambúrguer.
- Você vai vomitar, Harry! – exclamou preocupada.
- Vo nada! – ele limpou a boca e levantou.
- Vocês não vêm? – perguntou a e .
- Se eu for não tenho onde colocar meu pônei, então vou ficar. – deu de ombros e olhou para .
- Eu vou fazer companhia pra .
- Okay então!Vamos! – Dougie deu meia volta e foi em direção a montanha russa .

Após uns 15 minutos, os seis estavam de volta. Eles vinham conversando e rindo, citando as melhores partes do brinquedo.
- E aquela curva?– gesticulava e fazia movimentos engraçados.
- Eu gostei da descida! – imitava os movimentos e ria.
- Vocês perderam! Foi muito bom! – Tom falou para e .
- Que cara é essa, Harry? – olhou-o de cima a baixo.
- To passando mal. – ele massageou a barriga e fez uma careta.
- Era meio óbvio que isso ia acontecer.- revirou os olhos.
- Toda aquela velocidade... – Harry olhou pra cima e respirou fundo. – Até essas luzes tão em deixando mais enjoado.
- Acho melhor a gente ir pra casa.- Dougie olhou preocupado para o amigo.
- Não precisa, eu to bem. Acho que vou ficar no carro esperando vocês.- Harry colocou as mãos nos bolsos e forçou um sorriso. – Pena que lá vai estar tão silencioso e sem graça...
- Tá bom! Eu fico lá contigo! – se levantou e entrelaçou seus dedos nos de dele. Deram meia volta e foram em direção à saída.
- Dor de barriga suspeita essa. – disse Danny com um sorriso malicioso.
- Coitado ele ta mal. Tava até meio verde. – disse observando-os cada vez mais distantes.
- O mar parece tão calmo. – disse Dougie debruçado na grade, observando as ondas lá em baixo.
- A gente pode ir caminhar na praia. – sugeriu ela com um sorriso no rosto. - Siiim! Vamos! – os olhos de brilharam e ela acompanhou o sorriso da amiga.
- Ah, não to com vontade de caminhar. E vou ficar cheia de areia. – fez cara de nojo. – Não quero.
- Vão vocês. Eu fico aqui com a . Mais tarde eu ligo pra vocês na hora de ir. – Tom sorriu e sentou-se ao lado de no banco.

- Ainda tá muito enjoado? – perguntou enquanto se sentava no banco e fechava a porta do carro.
- Enjoado? Fala sério, ! Você acreditou naquela encenação barata? – Harry apoiou a cabeça no banco e fechou os olhos.
- Que?! Era mentira! Seu merda, me fez sair do parque divertido! – deu um tapa do braço dele, que o fez abrir os olhos e virar o rosto para o lado dela.
- É que eu queria ficar sozinho contigo. – disse ele olhando-a fixamente.
- E precisava de todo esse teatro? – ela cruzou os braços e se afundou no banco fingindo irritação.
- Ah, foi divertido. – Ele pensou um pouco e colocou uma mecha do cabelo dela pra trás da orelha. – Talvez não, enfim.
Ela rolou os olhos e deu uma risada. Quando se virou para encará-lo, tomou um pequeno susto ao ver o quanto perto ele estava. Não demorou muito para eles começarem a se beijar. Harry puxou-a mais pra perto, apoiando a mão em sua cintura. Ela colocou o braço na nuca dele, intensificando o beijo. Harry cortou o beijo e fez sinal com a cabeça em direção ao banco de trás. deu uma risadinha e o seguiu.

A praia estava deserta. De lá podiam ver as brilhantes e charmosas luzes do píer. Sentaram-se na areia e ficaram observando o reflexo das lâmpadas na água.
- Para com isso, Dougie! – tentava se livrar dos braços do garoto. – Faz cosquinhas!
- Essa é a intenção. – ele ria das caretas dela.
- Saaaai! – ela conseguiu se soltar e saiu correndo pela praia.
- Volta aqui! – Dougie levantou-se e saiu correndo atrás dela.
Danny e ela apenas os observavam sentados na areia.
- Amanhã vai ter sol. – Danny olhou pro céu e se deitou na areia. – Vem aqui. – ele bateu a mão ao seu lado, fazendo sinal para ela se deitar.
- Eu não. Vou encher meu cabelo de areia. – disse ela voltando sua atenção para o mar.
Ele rolou os olhos e tirou o casaco, o estendendo na areia.
- E agora? – disse ela apontando pro casaco.
- Agora sim. – ela sorriu e ajeitou-se ao seu lado.
Ele acariciava lentamente a cabeça dela enquanto ambos observavam atentamente as estrelas.
- Eu nunca achei nada além das Três Marias.- disse virando seu rosto para o lado dele.
Danny riu e continuou olhando pra cima.
- Minha mãe me mostrava algumas constelações, mas eu não me lembro de nenhuma no momento. – ele coçou o queixo e virou seu rosto em direção ao dela, ficando a poucos centímetros.
- Quem precisa de constelações?! – sussurrou que estava hipnotizada pelos grandes olhos azuis.
Eles se aproximaram e os lábios se tocaram delicadamente. O movimento das bocas foi ficando mais rápido e os corpos estavam cada vez mais colados. Num movimento rápido, Danny a puxou para cima dele. Ela assustou-se a acabou perdendo o equilíbrio e caindo de costas para o outro lado.
- Bosta! – Danny virou-se apoiando uma mão em cada lado do corpo dela. – Ta tudo bem?
- Outc! Tá. – fez uma careta e sacudiu o cabelo. – Só fiquei cheia de areia. Danny sorriu e aproximou seu rosto do dela. Outro beijo foi iniciado fazendo com que ela esquecesse a areia e apoiasse a cabeça no chão.

Dougie e já tinham cansado de correr. Acharam uma casinha de salva-vidas e acabaram por sentar ali.
- Que vontade de entrar na água.- Dougie olhava as ondas escuras que se formarem.
- Vamos? – o encarou sorrindo.
- Sério?
- Óbvio que não.- Ela riu da cara de decepcionado que ele fez. – Okay. Vamos ali molhar os pés.
Eles se levantaram e foram em direção ao mar. Deixaram os tênis na areia e puderam sentir a primeira onda lhe tocar os tornozelos.
- Será que não é melhor nós irmos pra casa?- sugeriu .
- Por que? Minha companhia é tão ruim assim? – Dougie forçou uma cara de ofendido e colocou a mão no peito.
- Fazido. – ela riu e o empurrou de leve.
- Não sei por que você quer ir embora se existem tantas coisas interessantes pra se fazer.
- Tipo o que?
Ela não teve tempo pra raciocinar. Em poucos segundos Dougie havia juntado os lábios nos seus em uma união perfeita. colocou os braços em volta do pescoço dele e o sentiu segurar firmemente sua cintura. Quando ela menos esperava, Dougie a pegou no colo e correu em direção a água. Não demorou meio minuto pra que a primeira onda se chocasse neles.
- ME SOLTA, DOUGIE!
- Tá bom. – Ele soltou os braços e ela caiu direto na água.
- FILHO DA MÃE! – berrava e tirava o cabelo molhado do rosto.
- Também te amo, . – ele jogou-se na direção dela, e a beijou novamente. esqueceu da água e se rendeu a ele.

Tom e ainda estavam sentados no banco, porém fazendo algo mais divertido do que conversar.
-Ai, Tom! – tentava se desvencilhar do beijo do garoto. – Eu preciso de ar!
- Sem problemas. Eu faço respiração boca a boca. – Ele riu e se inclinou novamente, mas ela colocou a mão em seu peito.
- Sério! – ela riu e lhe deu um beijo na bochecha.
- Certo. Você tem dois minutos.
- Ah, claro! – disse ela ironicamente.
- Olha que bonito aquele navio! – Tom apontou para uma grande concentração de pequenas luzes no oceano.
- Vamos ali na borda ver.
Eles se levantaram e caminharam até grade.
- Você não solta mais esse bicho?- ele perguntou apontando pro pônei.
- E vou colocar aonde? No chão que não vai ser.
- Me da aqui. – Tom estendeu a mão esperando o bicho.
- O que você vai fazer? – perguntou receosa.
- Só vou colocar ele aqui do lado.
Ela o entregou e observou Tom o apoiando em cima da grade.
- Viu? Agora você pode me abraçar direito. – ele sorriu sem graça, deixando a covinha à mostra.
- Aw, tá bom! – se inclinou e o abraçou fortemente. – Pra onde foi o navio? – perguntou ela com a cabeça apoiada no peito dele.
- Tá pra lá! – Tom virou-se com o braço apontando para frente. Nesse instante sua mão se chocou com o bicho de pelúcia, fazendo o cair no mar.
- MEU PÔNEI! – se debruçou na grade acompanhando a queda do brinquedo, e atraindo olhares espantados das pessoas que estavam por perto.
- Ops! Foi mal, . – Tom fez uma cara triste e coçou a cabeça.
- O meu pônei se foi. – ela fez bico e olhou pro chão.- E ele não tinha nem nome.
- Ah, ! Não fica assim. Eu te consigo outro lá no tiro ao alvo! Um maior ainda! – Tom sorriu e colocou a mão no queixo de , o levantando.
- Tá. bom.- ela deu um pequeno sorriso e o abraçou. – Mas tem que ser o dobro do tamanho!
- Haha, okay! – ele colocou o braço sobre os ombros dela e começaram a caminhar.

Capítulo 11

O celular de Harry começou a tocar enquanto ele e se beijavam fervorosamente no banco de trás do carro. Ele tateou o bolso da calça com a mão direita, procurando o aparelho.
- Desliga isso, Harry. – beijava seu pescoço enquanto ele alcançava o celular.
- Deve ser o inconveniente do Fletcher. Ele disse que ia ligar. – ele olhou o visor do aparelho e confirmou suas expectativas. - Fala! – Harry rolou os olhos e sentou-se.
- A gente tá indo pro carro. – Tom dirigia-se à saída do parque junto com . – O pessoal já tá aí?
- Não. Liga pro Danny que eu ligo pro Dougie. – Harry desligou o telefone e se virou para dar um selinho em . – Eles tão vindo.
- Okay. – disse ela após um suspiro.

e Tom estavam quase no estacionamento quando ele ligou para Danny.
- Onde vocês tão? – perguntou Tom após Danny atender.
- A uns cinqüenta metros de vocês.- disse ele rindo.
Tom olhou para o lado e viu Danny e acenando. Desligou o celular e ficou esperando eles se aproximarem.

Dougie e estavam fazendo um divertido jogo de mímica na areia. Ela já estava fazendo os mesmos movimentos há cinco minutos, mas Dougie não conseguia adivinhar.
- Que foi? – Dougie atendeu o celular sem tirar os olhos de que fazia movimentos frenéticos.
- Sua noite acabou, Cinderela. Hora de voltar pra casa. – disse Harry depois de um bocejo.
- Mas já passou da meia noite e eu continuo com meu sapatinho de cristal! cessou os movimentos e o olhou confusa.
- Cala a boca e volta pro carro, seu idiota! – Harry riu e desligou o celular.

Uns trinta minutos depois foram o suficiente para estarem de volta em casa. Entraram na sala e se espalharam pelos sofás e pelo chão.
- Como é bom tá de férias. – espreguiçou-se e viu os outros concordarem com a cabeça.
- Nada de compromissos, entrevistas, etc... – Harry caminhou até o balcão da cozinha e abocanhou um pedaço do bolo que ali estava.
‘You’ve got a friend in me’ começou a tocar na sala, assustando que deu um pulo na poltrona.
- Caramba, Tom. Diminui isso! – ela colocou a mão no peito, um pouco ofegante.
- Foi mal! – ele riu e olhou para o visor. – Mas o que raios o Fletch quer a essa hora? – ele fez uma expressão confusa e atendeu. – Fala, Fletch!
Todos se entreolharam sem entender. Voltaram a atenção para Tom.
- QUE? Tá de brincadeira! – ele rolou os olhos e bufou. – E quanto tempo vai levar?
- O que foi? – Dougie encarava-o esperando uma resposta, mas recebeu um abano no ar.
- Que seja então... – Tom suspirou e olhou pro teto. – Você nos deve essa. Tchau!
Ele desligou o telefone e colocou na mesa de centro.
- Desembucha! – olhava-o ansiosa.
- Bom...- ele coçou a cabeça e continuou – O Flecth disse que a gente tinha uma entrevista e um photoshoot agendados pra volta das férias, só que...
- Só que... – continuou .
- Só que ele transferiu isso pra amanhã.
- COMO ASSIM, PRA AMANHÃ? – Danny deu um pulo do sofá e arregalou os olhos.
- O photoshoot ia ser na praia de qualquer forma, então ele aproveitou que nós já estamos aqui. O que nós temos que fazer é ir amanhã na praia e encontrar ele e a equipe da Bliss Magazine.
- Filho da puta! Em plenas férias... – disse Harry com a boca cheia de bolo.
- O jeito é dormir, já que pelo visto o dia vai começar cedo amanhã. – Dougie olhou cansado para o chão.
- Hoje você quer dizer. – o fitou forçando um sorriso de apoio.
- Não, amanhã mesmo. O dia só começa depois que eu acordo. – Dougie riu e foi em direção a escada.


Capítulo 12

Danny, Dougie, Tom e Harry desceram do carro e observaram a praia. Não deveriam estar mais de cinco pessoas ali. A maioria delas tinha, provavelmente, mais de 60 anos e devia ter dormido mais que três horas na noite anterior. Eles foram se arrastando até o local onde a equipe da revista tinha se acomodado na areia. Havia uma tenda com equipamentos de luz, câmeras fotográficas e uma pequena arara com roupas. Ao lado tinham cinco cadeiras posicionadas em círculo. Não muito longe dali, uma parte da equipe tentava montar algo parecido com um cenário.
- Bom dia, garotos! – Fletch sorriu ao vê-los se aproximando.
- O que tem de bom? – Dougie bocejou e coçou o olho por debaixo dos óculos escuros.
- Por que tinha que ser às 7:30 da madrugada? – disse Harry alongando o braço.
- Realmente! – Danny tirou os óculos escuros e apoiou na cabeça. – Eu ainda não consegui acordar! Isso provavelmente só vai acontecer depois das onze horas.
- Porque, segundo o fotógrafo...- Fletch virou-se para o procurar e apontou em direção ao homem careca perto do equipamento. – Essa hora a luz tá melhor. E também não corre o risco de ter uma aglomeração de fãs.
- Isso é... – Tom deu um grande bocejo e esticou os braços.
Enquanto a equipe dava os ajustes finais nas luzes, eles fizeram a entrevista. As perguntas variavam entre planejamentos para o novo cd, shows, turnê e relacionamentos. Nada de criativo, pode-se dizer.
Eram 8:20 quando eles começam a tirar as fotos. Faziam poses e caras divertidas em volta de um castelo de areia. Em pouco tempo eles começaram uma guerra de areia e Harry, não tão acidentalmente, derrubou Dougie de costas em cima do castelo que a produção tinha demorado uma hora e vinte minutos pra fazer. Não demorou muito para que todos eles já estivessem com areia até o cérebro.
- Ainda tem areia na minha boca... – Harry virou-se para o lado e cuspiu.
- Agora que eu tirei aquela roupa, só deve ter um pouco no meu cabelo ainda. – disse Danny olhando para o mar.
- Olha quem vem lá! – Tom fez sinal com a cabeça, apontando para um carro que tinha acabado de estacionar.
, , e caminharam na direção deles, cada uma com dois copões do Starbucks nas mãos.
- Olá! – Dougie sorriu e abraçou pela cintura, pegando um dos copos em suas mãos.
- Interesseiro. – ela disse enquanto ele tomava dois grandes goles.
- É o sono. – disse Tom pegando o copo que lhe alcançava.
- Devia ter trazido dois. – Danny disse para enquanto tomava o café.- Só com um eu vou continuar um zumbi.
- A gente faz o favor de trazer e vocês ficam enchendo o saco. – fez uma cara emburrada e recebeu um beijo na testa de Danny.
- Mas eu nem disse nada. – Harry tomou um gole e logo em seguida cuspiu tudo na areia. - Que porra é essa, ? – ele limpou a boca e a olhou.
- É chá, oras! – disse ela dando de ombros.- Mais saudável do que café.
- Pode ficar com o meu, Harry. – estendeu o braço entregando-lhe o dela e pegando o chá. – Eu não vou conseguir tomar tudo mesmo.
- Valeu, .

A equipe já tinha acabado de arrumar quase tudo, estavam apenas esperando Fletch terminar de esclarecer algumas coisas com a produção para irem embora.
- Tudo certo. – disse Fletch aproximando-se enquanto digitava alguma coisa no celular. – Não vão precisar repetir aquelas perguntas, ficou tudo gravado. Só mais uma coisa antes de irem... – ele fechou o celular e os encarou. – Aquelas meninas pediram pra tirar umas fotos com vocês. – disse apontando para umas sete garotas que pareciam frenéticas a uns trinta metros dali. – Elas são poucas, não vai demorar muito.
- Okay. – disse Tom dando um último gole no seu café e indo em direção a elas, seguido pelos outros.
- A gente vai esperar no carro! – gritou fazendo sinal para a calçada e recebeu um joinha de Danny.
Elas ficaram encostadas no carro os observando. As fãs não deviam ter mais de 17 anos. Todas usavam um corte de cabelo semelhante, só que cada uma com um tom diferente.
- Olha o que é a roupa daquela ali! – fez uma cara de nojo. – Que coisa medonha.
- Quem deixou elas saírem desse jeito? – olhava horrorizada para aquelas adolescentes assassinas de vestuário.
- Deveriam ser presas... – disse . – É um atentado às pessoas de bom gosto. Vão traumatizar muita gente na rua.
- Olha o cabelo daquela da direita! – controlou-se para não apontar na direção da garota. – É branco em cima e azul da metade pra baixo! Parece um smurf!
As quatro riram descontroladamente e nem perceberam que os quatro estavam voltando.
- O que é tão engraçado? – perguntou Dougie observando-as limparem as lágrimas.
- Nada não... – respondeu enquanto amarrava o moletom na cintura.
- Só por curiosidade... Por que vocês vieram de carro? Quer dizer, são pouquíssimas quadras da praia! – perguntou a eles.
- Porque a gente tava com preguiça, oras! – Danny rebateu apoiando o cotovelo no carro.
- Não foram vocês que tiveram que vir de manhã cedo pra cá. – Tom cruzou os braços e as encarou.
- Que drama... – riu e rolou os olhos.
- Ei, ei, e por que VOCÊS vieram de carro? – Harry apontou para elas cheio de si. – Afinal ‘ são pouquíssimas quadras da praia’. – ele fez uma voz fina imitando-a.
- Porque nós fomos até o Starbucks buscar café pra vocês! – mostrou a língua e cruzou os braços. – Mal agradecidos.
- Okay, chega. Vamos pra casa que eu to cansado e preciso dormir. – disse Dougie colando a testa no vidro do carro.
- E é melhor vocês dirigirem, porque a gente ta podre.- Tom tirou as chaves do bolso e jogou para .
- Certo. – tirou as chaves do outro carro da bolsa e balançou – Eu dirijo o outro.

No primeiro carro estavam e Tom na frente, com Danny e atrás. No segundo, e Dougie na frente, e e Harry no banco de trás. estava indo logo atrás de . Já passavam das dez horas da manhã, mas o trânsito não estava complicado.
- Aquela Blazer ali atrás... – cuidava o carro pelo retrovisor. – Acho que tá nos seguindo.
- Onde? – Tom virou-se para a janela e pôde ver o tal carro. Ele estava ao lado do carro de Harry.
- Faz tempo? – Danny perguntou enquanto também se virava para olhar.
- Desde a praia. – respondeu e bufou. – Não to gostando disso.
- A ta ligando. – disse depois de olhar o visor do celular que estava tremendo. – Oi!
-Por que vocês tão todos olhando pro nosso carro? E, cara, avisa aí que tem dois carros nos seguindo! – ela engoliu seco e não fez diferente.

Capítulo 13

e já tinham saído da rota para o caminho de casa e avançavam pela grande avenida. Os dois carros continuavam atrás deles. Além da Blazer preta, havia um volvo branco com uma das portas traseiras meio amassada.
- Será que são paparazzi? – Dougie se virou para o banco de trás e encarou Harry. - Não sei...Talvez.
- Vou tentar ver. – tirou o cinto e se debruçou no banco, olhando no vidro ao fundo.
- Que raiva dessa gente! – bufou no banco da frente.
- AHMEUDEUS! É A SMURF NA BLAZER! – voltou para o seu lugar e recolocou o cinto.
- QUEM? – Harry e Dougie perguntaram ao mesmo tempo.
- Mentira que é ela! – soltou uma risada nervosa. – Que doente!
- Dá pra explicar? – Harry encarava e Dougie já não sabia mais em quem prestar atenção.
- São as fãs de vocês! – olhou de novo para o carro atrás deles. – Aquelas da praia.
- A gente vai ter que se livrar delas! – Harry forçou o cenho e olhou para um ponto fixo.
- Ah, jura? – irônica mode on – Achei que nós íamos jantar com elas e depois fazer um after-party.
- Vou avisar os outros! – Dougie tirou o celular do bolso e digitou o número de Danny.

- Tom, não adianta a gente voltar e se trancar em casa! – estava quase gritando.- Seja lá quem for essa gente, eu não quero que eles saibam aonde eu moro.
- Mas eles cansariam de esperar e iriam embora! – ele retrucou, mas não obteve sucesso com o argumento.
O celular de Danny começou a tocar e ele se contorceu para o tirar do bolso traseiro da bermuda.
- Que é, Doug?
- Lagarto para Rato, estamos sendo seguidos por fãs! Câmbio. – disse Dougie fazendo uma voz anasalada.
- Como é que é? – Danny fez uma careta.
- Ah, qual é! Eu sempre quis fazer isso! – Dougie limpou a garganta e continuou. – Repito! Estamos sendo seguidos por fãs! Câmbio!
- Quem tá nos seguindo são fãs! – Danny tirou o celular de perto da boca e repetiu a informação para os outros no carro.
- Mas como elas nos reconheceram? – perguntou Tom.
- Como elas nos reconheceram? – Danny repetiu a pergunta para Dougie.
- São as mesmas que tavam na praia, segundo a e a . Câmbio.
- São aquelas da praia! – disse Danny dando a resposta para Tom.
- Sabia que aquelas tinham um parafuso a menos! – disse vendo concordar com a cabeça.
- Danny, diz pra eles seguirem reto! A gente vai dobrar em uma dessas próximas ruas! Temos que despistar. – disse Tom virando pra frente.
- Cara, continuem na avenida! A gente vai dobrar. Talvez separados seja mais fácil. – disse Danny no celular.
- Certo, Rato! Câmbio, desligo!

passou duas ruas e entrou na terceira. O Volvo branco seguiu atrás dela enquanto a Blazer seguiu correndo pela avenida. entrou em diversas ruas, dobrando em qualquer uma que estivesse vazia e de fácil acesso. O maldito Volvo continuava sempre atrás. Depois de mais algumas voltas, quando tinham conseguido manter uma certa distância, ela entrou em uma rua mais movimentada. Havia um semáforo não muito distante. Ele estava fechado e ela teve que diminuir a velocidade, facilitando a aproximação do Volvo.
- Cara, elas são rápidas! – Danny arregalou os olhos e riu.
- MERDA! Elas vão grudar na gente de novo! – disse , olhando desesperada para trás.
-Fudeu! – Tom colocou as mãos na cabeça e suspirou.

No outro lado da cidade, ainda tentava se livrar da Blazer. Seguiu um bom tempo por aquela primeira avenida e depois resolveu fazer voltinhas por outras ruas. Ela já se julgava sem opções quando deu um berro no banco de trás.
- ENTRA NO SHOPPING!
- Essa não é uma boa hora pra ver liquidações, cara! – disse olhando-a pelo retrovisor.
- Não! Ela quis dizer no estacionamento! – Harry colocou a cabeça entre os bancos da frente. – Nós podemos nos misturar com os carros do estacionamento do subsolo.
- Ah! – fez uma volta brusca e entrou no estacionamento do shopping. Isso deu espaço para dois outros carros entrarem entre eles e a Blazer.
- Bem pensado! – disse Dougie analisando o lugar.
Eles deram umas voltas e, ao que parecia, tinham realmente conseguido fugir.
- Yay! – vibrou e abraçou Harry. – Conseguimos!
- Uhul! – Dougie bateu na mão da e sorriu.
Quando virou em outro corredor de carros, indo em direção à saída, surgiu na frente deles a Blazer preta.
- Cú!

O Volvo estava se aproximando rapidamente pela rua. Os quatro olhavam para o semáforo e para o vidro de trás freneticamente. Quando faltava uns trinta metros para serem alcançados, duas vans saíram da garagem de um prédio, entrando atrás deles e fazendo um belo bloqueio contra o Volvo. O semáforo abriu e dobrou na primeira esquina. Fez mais algumas voltinhas e conseguiu despistá-las de vez.
- Aaaaaah! Conseguimos! – levantou os braços e sorriu.
- Siiiiiim! – disse também sorrindo.
- Parabéns, . – Tom afastou o cinto de segurança e deu um beijo em sua bochecha.

Os quatro ficaram paralisados dentro do carro. Não havia pra onde ir. O único jeito de sair dali seria de ré, mas facilitaria para a Blazer. Nesse minuto, ouviu-se a forte buzina de um carro. A Blazer estava na contra-mão e estava bloqueando o fluxo daquele corredor. Elas tiveram que dar ré, deixando uma legião de carros passarem à frente. também deu ré, só que para o lado oposto, indo livremente em direção à saída.
- Agora sim! – Disse Harry enquanto eles voltavam à rua.
- Que pesadelo. – respirou fundo, sentindo-se aliviada.
- Smurf do capeta. – rolou os olhos e riu.

No outro carro, o celular de Danny tocou novamente.
- E aí! Conseguiram fugir? A gente conseguiu. – Danny coçou o queixo e relaxou a cabeça no banco.
- Lagarto para Rato! Estamos a salvo! – Dougie suspirou e sorriu.

Capítulo 14

Depois de praticamente passarem o resto inteiro do dia dormindo, se encontravam agora jantando alguma coisa que havia feito. Parecia ser de frango com mais alguma coisa, mas ninguém se deu ao trabalho de verificar. O único som aparente era o dos talheres nos pratos. Na rua, podia-se ouvir o discreto barulho do vento se chocando contra as frestas das janelas. Foi então que se ouviu um grande estrondo vindo do andar de cima. Todos pararam de comer no mesmo instante. Olhos arregalados e confusos fitaram o teto, e logo em seguida se cruzaram pela mesa.
- Er... – Danny fez uma careta e olhou de novo para o teto.
- Caiu alguma coisa. – largou o garfo e tomou um gole de sua bebida.
- Mas pra fazer esse barulho todo...- limpou a boca com o guardanapo – Foi algo grande.
- Alguém deve ter deixado a janela aberta. – Tom voltou a atenção para a comida. – O vento deve ter derrub...
- O vento não tem tanta força. – o cortou e levantou a sobrancelha.
- É... – Dougie olhou para Tom. – Acho que não.
- Ah, depois é só dar uma olhada. – Harry abanou o ar.
- Mas se for realmente o vento, é melhor ir lá fechar a janela. – disse .
- Então vai. – fez joinha com as duas mãos e sorriu.
- Por que eu? – colocou o dedo no peito. – Eu já cozinhei.
- Quem inventa agüenta. – Tom sorriu largamente, mostrando a covinha.
- Ei, essa era a minha fala. – riu e deu um cutucão nele.
- Como vocês são injustos. – Dougie colocou o braço em volta de e ela fez uma cara de pobre coitada.
- Vai lá então. – disse Danny.
- Eu não. To muito bem aqui.
- Ai, que dilema! – falou um pouco mais alto e bateu a mão na mesa. – Vamo todo mundo então!
- Por que todo mundo? – perguntou Harry confuso.
- Porque desse jeito ninguém vai! – disse já se levantando, junto com .
Os outros se olharam e acabaram levantando também. Subiram a escada para o segundo andar com certo receio. Foram checar seus quartos e voltaram para o corredor.
- E aí?- Tom fechou a porta do quarto e voltou a atenção para os outros. – No nosso não era.
- Nem no nosso. – cruzou os braços e olhou para .
- Ali também não. – disse ela.
- E no de vocês? – Dougie perguntou para Danny e .
- Nada... – responderam juntos.
automaticamente olhou para o a escada que dava para o terceiro andar.
- Então foi lá. – disse ela apontando.
-Mas lá só tem uma janela muito pequena. – disse Harry. – E que nunca foi aberta por nenhum de nós.
- É. – concordou Danny. – A única vez que teve gente lá foi no dia que faltou luz.
- Nem me lembre. – disse soltando uma risada nervosa.
- E quem vai até lá? – fez sinal com a cabeça em direção à escada.
Como já era esperado, ninguém se manifestou. Povo corajoso.
- Vai todo mundo de novo então. – deu de ombros e empurrou Danny para ir à frente.
Ele a fitou, indignado, mas seguiu caminhando. Subiram os degraus lentamente, pisando do modo mais delicado possível. Danny parou na frente da porta do único quarto do andar e respirou fundo.
- Se eu morrer eu venho puxar o pé de todo mundo. – disse ele virando-se e apontando para todos atrás.
- Vai logo! – Harry empurrou-o, o fazendo ficar de frente para porta novamente. Danny virou a maçaneta e empurrou a porta com a mão direita, sem mover um músculo para dentro do quarto. Ele deu um passo em frente e tateou a parede ao lado para achar o interruptor. Acendeu uma luz fraca no centro da peça. Todas as caixas cheias de papel continuavam ali. Nessa hora, todos já tinham entrado. Dougie apontou para o fundo quarto.
- Foi ali! – disse ele.
Havia três grandes caixas viradas no chão com papéis espalhados ao redor.
- Deviam estar mal empilhadas. – olhou para , que balançou a cabeça positivamente.
- Cara, olha aquilo! – Danny caminhou em direção as caixas derrubadas e olhou atrás de uma delas. – É a grelha da churrasqueira. – ele levantou-a, mostrando para os outros que estavam perto da porta.
- Então a desgraçada tava aí! – disse . – E eu entrei naquele quartinho do demônio por nada.
- Tira ela daí. – Tom aproximou-se de Danny. – Vamos colocar junto com a churrasqueira, lá na garagem.

Quando Tom e Danny voltaram da garagem, Harry ajudava a recolher as últimas coisas da janta. lavava a louça enquanto Dougie e secavam, e fazia bonequinhos com os guardanapos.
- Quem quer sair? – Danny entrou na cozinha e se sentou num dos bancos do balcão, acompanhado por Tom.
Dougie ia responder quando foi cortado por .
- Ah, não! – disse ela largando o pano de prato no ombro. – Depois daquela maratona de carro hoje de manhã, o que eu menos quero é sair.
- Verdade! – largou os bonequinhos e se levantou.
- Okay. – Danny levantou os braços pra cima e riu.
- A gente faz algo por aqui mesmo. – disse Harry, aproximando-se com .
- Tipo o que? – perguntou , secando as mãos no pano de Dougie.
- Sei lá. Podemos brincar de esconde-esconde! – disse Tom rindo do próprio comentário.
- Grande idéia! – os olhos de brilharam.
- Sim!- olhou-a também fascinada. – A casa é grande! Vários lugares pra se esconder!
- Vocês tão falando sério? – perguntou Harry levantando a sobrancelha.
- E por que não? – disse . – É divertido!
- Ui, ui, ui! Harry Judd está muito grande para brincadeiras. – Dougie debochou e se sentou ao lado de Danny.
- Cala a boca, seu puto! – Harry riu e estalou os dedos. – Eu vou brincar e vou ganhar.
- Veremos. – disse Tom.
- Certo! – estava visivelmente empolgada. – Vamos combinar as regras!
Todos se olharam sem entender.
- Quais? – foi a vez de .
- Aquelas do tipo por onde pode se esconder, até quanto deve contar, se tem que correr pra se bater ou é só achar, etc. – respondeu ela enumerando nos dedos.
- Acho que pode valer por toda a casa. – disse Harry.
- Incluindo o pátio. – completou Tom.
- Contando até cinqüenta tá bom. – disse .
- E não precisa correr para se bater. – disse .
- Ah, por que não? – perguntou Danny triste.
- É! Por que não?- foi a vez de Dougie.
- Precisa sim! É mais legal! – disse apoiando.
- Por mim tanto faz. – deu de ombros.
- Tá bom, tá bom. –disse dando-se por vencida e fazendo uma careta.- Mas eu não quero me esconder sozinha. É sem graça.
- A gente vai levar um ano pra montar as duplas. – disse Tom.
- Vai nada! É só fazer com os casais mesmo. De acordo? – Harry olhou em volta e todos concordaram.
- E quem vai contar? – perguntou .
- Eu e o Tom! – disse apontando para o garoto.
- Por que nós?
- Não to com vontade de me esconder agora. Preciso de um bom tempo pra analisar um bom esconderijo.
- Okay. Contem de frente pra porta da sala. – disse .
e Tom se dirigiram até lá e esconderam os rostos entre os braços, os apoiando na porta.
- 1, 2, 3... – começaram a contar e os outros saíram correndo em busca de um bom lugar.
Harry e foram em direção à dispensa, Dougie correu com para a garagem e Danny puxou porta à fora, em direção ao pátio dos fundos.
- 47, 48, 49, 50! Lá vamos nós!

Capítulo 15

- Quer começar por onde? – disse Tom.
- Hum... – olhou para os lados. – Na cozinha! Ali na dispensa!
- Tá doida, ? Ninguém vai ser idiota de se esconder ali. É ridiculamente óbvio. – Tom a puxou em direção à escada. – Vamos olhar lá em cima.
rolou os olhos e o acompanhou.

Na dispensa, Harry estava sentado de frente pra , ambos encostados em prateleiras.
- Será que vai demorar? – batucava com os dedos algum ritmo indefinido em seus joelhos.
- Talvez, talvez não. Como eu vou saber? – Harry sorriu.
deu de ombros e começou a analisar as prateleiras de comida.
- Tem algum doce aqui? – perguntou ela.
- Ah, deve ter. – Harry levantou-se e olhou as prateleiras mais altas. – Aqui tem bolacha. Aquela que você gosta. – ele mostrou-lhe o pacote e ela balançou a cabeça positivamente.
- Come alguma coisa você também. A gente vai ter que esperar mesmo. – disse ela enquanto ele lhe dava o pacote.
- Hum... – ele olhou as outras prateleiras e pegou um pacote de amendoim. – Aqui. – disse ele sacudindo o pacotinho e rindo feito criança.

e Dougie estavam agachados atrás do carro de Tom. A porta que ligava a casa à garagem estava aberta. A luz do pequeno corredor estava acesa e impedia que o lugar ficasse no breu total.
- ... – Dougie tateou até achar a mão dela. – Esse lugar não foi uma boa escolha.
- Shih! Vão te ouvir, Dougie! – disse ela sussurrando.
- Mas ... – ele deu uma leve sacudida na mão dela tentando chamar a atenção.
- Fica quieto.
- ...
- Dougie! – disse ela entre os dentes. – Eu sei que você tá se borrando de medo por causa do escuro, mas agüenta! E nem tá tão escuro assim.
- É que essa garagem é assustadora com a luz apagada. – disse ele respirando fundo.
- Ai meu Deus. – tateou a porta do carro e conseguiu abri-la. – Entra no carro. - Ela o puxou para dentro e ambos sentaram no chão, atrás dos bancos da frente. – Aqui nenhum monstro da garagem vai te pegar. – disse ela rindo.
- Não é engraçado. – ele bufou de leve e apoiou a cabeça no banco.

Danny atravessou o pátio correndo, puxando pela mão. Ela parou de correr quando viu para onde ele estava indo.
- Eu não vou entrar aí. – disse ela cruzando os braços.
- Qual é! Não tem nada ali!- disse ele aproximando-se dela. – É só um quarto de ferramentas.
- Não interessa! Não entro. – ela deu meia volta e foi em direção à casa. – Vou me esconder lá dentro.
Ele rolou os olhos e correu, parando na frente dela.
- Foi você quem pediu. – Danny agarrou-a pela cintura e a colocou de bruços em seu ombro.
- Danny, me solta! – ela batia nas costas dele enquanto ele corria em direção ao quartinho.
Danny abriu a porta da pequena peça e colocou no chão, fechando a porta logo em seguida.
- Por favor, me deixa sair! – suplicava inutilmente.
- Que exagerada.- disse ele rindo. – Senta aqui comigo. – ele a segurou pelos ombros, fazendo-a sentar de frente pra porta.
- Dá pra acender a luz pelo menos?
- Claro que não, né, ! Vão ver que a gente tá aqui.
- É o que eu mais quero.

Tom e desceram as escadas, voltando à sala. Atravessaram a peça e Tom fez sinal com a mão em direção a porta da garagem. concordou com a cabeça e o seguiu. Eles entraram na garagem e acendeu a luz. Estava aparentemente vazia. Eles caminharam por todo o redor e não acharam nada, sem dar importância aos carros de vidros escuros. Eles deram de ombros e saíram dali.
- To com sede, Tom. – entrou na cozinha e abriu a geladeira, procurando algo para beber.
- Eu também. E to de saco cheio de procurar. – ele coçou o queixo e apoiou os braços no balcão. – Vamos fazer uma pausa.

já havia perdido a conta das besteiras que tinha comido. Ela e Harry abriram bolachas, chocolates, três pacotes de amendoim e mais uns salgadinhos.
- Chega. – empurrou o saquino de alguma bala que Harry a oferecia. – Não agüento mais.
- Eu também não. – disse ele empinando o saco e comendo o resto que tinha no pacote.
- Não parece. – disse ela assistindo a cena.
- Minha garganta tá seca. – Harry massageou o pescoço com as duas mãos e colocou a língua pra fora dramaticamente.
- A minha também. Vamos ali na cozinha tomar alguma coisa. – disse ela levantando-se e catando os pacotes vazios que tinha ao seu redor.
- Mas e se a e o Tom nos verem?
- Ai, Harry! Que me importa a brincadeira agora?! Eu preciso de água.
Ela abriu a porta da dispensa e deu de cara com os dois sentados junto ao balcão.
- Droga, a gente perdeu. – Harry sussurrou para ele mesmo.
- Vocês não deveriam estar procurando? – sentou-se ao lado de e tomou um gole do que aparentava ser suco no copo dela.
- A gente deu uma pausa. – Tom respondeu enchendo seu copo. – Cansamos. – ele virou-se para colocar a jarra mais ao lado, e quando voltou viu Harry virando todo liquido do copo garganta abaixo. – Filho da puta.

Dougie estava sentado no banco de trás do carro com as costas apoiadas na porta. estava entre suas pernas, escorando a cabeça no banco. Ambos tinham pegado no sono depois de rir da atuação não muito boa de Tom e .
Ele acordou com resmungando alguma coisa enquanto dormia. Dougie riu e esfregou os olhos lentamente. Enquanto ele ainda estava com um dos olhos cobertos pelos seus dedos preguiçosos, a porta do carro se abriu bruscamente na frente deles.
- AAAHH! – Dougie deu um pulo no banco, fazendo acordar num salto.
- AAAAH! – apoiou o braço no carro e respirou fundo. – Que susto do caramba!
- Que susto digo eu! – retrucou Dougie ofegante.
- Vocês precisavam berrar tanto?- disse saindo do carro. – O que você tá fazendo aqui, ?
- Vim pegar o ipod do Tom. A gente decidiu parar a brincadeira. – respondeu ela abrindo o porta-luvas.
- Que bom que vocês avisam. – disse Dougie irônico.

estava de olhos fechados e abraçada aos seus joelhos. Danny tinha o braço esquerdo sobre os ombros dela. Ele estava distraído olhando alguma coisa no celular, enquanto ela contava os segundos para sair dali.
- Danny, por que a gente simplesmente não se entrega?
- Porque esse é um ótimo esconderijo. – disse ele iluminando o rosto dela com o celular.
- Ele é ótimo e apavorante!- ela afundou a cabeça entre os braços e bufou.
- Que besteira. Isso é tudo coisa da tua cabeça. – Ele pegou o celular e começou a iluminar o quarto. – Olha só. Tudo normal.
- Pára com isso! – ela abaixou o braço dele e agarrou o celular contra o peito. – Eu não quero ver! Quanto menos eu ver melhor.
- Ai, ... – ele foi interrompido pela porta do quarto que abriu de repente e dois grandes vultos surgiram ali.
- AAAAAAAAAH! – os quatro berraram ao mesmo tempo.
- Filho da puta! – disse Harry acendendo a luz.
- A gente não achou que vocês estariam de fato aqui. – disse Tom ajudando a se levantar. – Foi só pra confirmar mesmo.
- Adivinha de quem foi a genial idéia! – olhou torto para Danny, que lhe mandou um beijo no ar.
- Não era a que procurava contigo? – disse Danny enquanto eles saiam dali.
- Era, mas a gente parou de brincar. Daí o Harry veio aqui comigo ver se vocês tavam aqui, porque, aparentemente, nenhuma delas...
- Incluindo o Dougie. – disse Harry rindo.
- Incluindo o Dougie. – Tom riu e continuou. – Gostam nem de chegar perto do quartinho de ferramentas.
- Até parece que vocês não sabem o porquê! – rolou os olhos e empurrou a porta da casa.
Eles forçaram um sorriso e a seguiram.

Capítulo 16

Eram 2:30 da manhã e Tom ainda não tinha conseguido dormir. Ele e mais todos os outros tinham se deitado por volta de uma hora e meia atrás. Já tinha perdido a conta de quantas vezes tinha mudado de posição. Virava para a direita e dava de cara com o relógio digital na cômoda, virava para a esquerda e via o corpo de sendo iluminado pela fraca luz da rua, que passava quase despercebida pelas portas entreabertas da sacada. Tom suspirou e passou a mão levemente pelo rosto dela. mexeu a cabeça no travesseiro e abriu um olho vagarosamente. Tom deu um sorriso involuntário, achando que ela poderia lhe fazer companhia naquela noite de insônia, mas voltou a fechar os olhos rapidamente e virou-se para o outro lado da cama. Ele bufou e acabou levantando da cama, indo em direção a porta.
Tom passou pelo corredor com passos largos e silenciosos até a escada. Desceu o primeiro lance e percebeu que as luzes do andar de baixo estavam acesas. Na sala não havia ninguém, mas pôde escutar vozes vindas da cozinha.
- Ele disse que tinha visto um ET naquele dia. – disse Dougie. – Não me lembro se eu acreditei ou não, faz tanto tempo.
- Eu queria tanto ver um. – levou a caneca, que tinha entre suas mãos, até a boca.
- Reunião do clube dos zumbis.- disse Tom, sentando-se com eles ao redor do balcão.
- Sem sono também? – perguntou , oferecendo um pacote de bolachas aberto.
- É. – respondeu Tom enquanto tirava a mão, com três bolachas de chocolate, de dentro do pacote.

acordou ofegante pelo pesadelo que acabava de ter. Tinha sonhado que estava dentro do quarto de ferramentas sozinha e alguém surgia com uma faca para tentar matá-la. Ela tentava jogar as coisas que ali estavam na pessoa, mas parecia não adiantar nada. Quando o sujeito conseguiu alcançá-la, tudo ficou escuro e o pesadelo se desfez.
Já sentada na cama, ela olhou para o lado e viu Danny dormindo de boca aberta. Ela deu uma risada silenciosa e passou a mão no cabelo.
deitou de novo e fechou os olhos. Tentou voltar a dormir, mas foi praticamente impossível. A cada segundo ela se lembrava do pesadelo e abria os olhos em seguida. Virou o corpo pra o lado de Danny, ficando de frente pra ele.
- Dan... – ela o cutucou levemente e não obteve nada em resposta. - Danny. – tentou mais uma vez.
Ele apenas fechou a boca e colocou o braço no abdômen. bufou e fitou o teto, esperando que o Deus divino do sono lhe abençoasse. De fato, não aconteceu.
- Danny... – ela tentou de novo, dessa vez sacudindo os braços dele.
Danny ajeitou-se na cama e resmungou alguma coisa.
- Acorda, Danny... Eu não consigo dormir! – o sacudiu mais forte e ele abriu os olhos com dificuldade.
- Conta até mil. – disse ele, fechando os olhos novamente.
- Idiota. – lhe deu um forte soco no braço e deitou de novo.
- Ai! – ele passou a mão no lugar da batida e sentou na cama. – Tá bom, . O que você quer? – perguntou ele com uma cara cansada.
- Quero você fique um pouquinho acordado comigo. – ela fez a cara mais inocente que conseguiu. – Eu tive um pesadelo, não consigo dormir. – ela sentou novamente e forçou um sorriso.
- Certo. – disse ele passando o braço pelos ombros dela. – Mas eu tenho que ser muito bem recompensado. – completou ele, sorrindo.
- Veremos. – disse ela rindo.

não foi a única com sonhos movimentados, rolava delicadamente pela cama. Em seu sonho, ela descia rolando uma grande colina. A grama estava verde como nunca, o céu era azul e com poucas nuvens. Perto dali, havia um lago com uma água cristalina, onde era possível ver os mais belos e coloridos peixes. continuava a rolar pela colina e podia escutar o doce canto dos pássaros. Parava, abria os braços, sentia o cheiro do campo e continuava a rolar. Foi nesse segundo que caiu da cama, dando de cara no chão e o sonho automaticamente se desfez.
Ela ficou ali sem se mover, tentando entender quem havia lhe tirado da bela paisagem. Ela virou o corpo, ficando de lado no chão. Abriu os olhos e pode ver o tênis de Dougie muito perto de seu rosto. Deu-se conta de que foi um sonho e deitou as costas no chão. Nesse instante, ela pôde sentir a dor lhe percorrer o rosto. Ela saía do nariz e seguia pelas demais regiões.
- Merda... – disse ela com a voz falha, colocando a mão sobre o rosto. Respirou fundo e ouviu a maçaneta da porta se movimentar. Viu Dougie colocar a cabeça pra dentro do quarto e a olhar confuso.
- Ouvi o barulho. – disse ele entrando no quarto e aproximando-se dela. – Vim ver se tava tudo bem.
- Eu só caí da cama. – apoiou-se na mão dele e levantou. – Mas meu nariz ta latejando. – disse ela com as duas mãos sobre o mesmo.
- Deixa eu ver. – Dougie tirou uma das mãos dela da frente e fez uma cara de espanto. – Puta merda! – colocou a mão na boca e se afastou de .
- Que foi? – perguntou ela assustada, correndo até o espelho.
- Brincadeira. – disse ele em um tom divertido. Sentou na cama e começou a rir do desespero de .
- Seu... – ela correu até a cama e pulou em cima dele. deu uma travesseirada nele e Dougie a agarrou pela cintura, deitando ambos na cama.
- Foi só uma brincadeirinha, não deformou teu nariz nem nada. Continua linda. – disse ele, dando-lhe um beijo na testa.
- Não teve graça. – forçou uma cara emburrada.
- Tá bom, não faço mais. – disse ele levantando-se da cama. – Vamos lá colocar um gelo nesse teu nariz.
concordou com a cabeça e levantou-se.

- O que vocês estão fazendo aí? – perguntou Harry sonolento, que entrava na cozinha.
- Hum...- olhou para Harry, que esfregava os olhos.- Nada.
- Então por que não dormem? – disse ele, pegando o pacote de bolachas sobre o balcão.
- Porque a gente não ta com sono. – Tom levantou-se e foi em direção à sala. – Vou ver se tem alguma coisa legal passando na tv.
- Ok. – assentiu com a cabeça.
- Podia ter me acordado. – disse Harry, pegando mais uma bolacha.
- Mas vocês tava tão bonitinho dormindo. – lhe apertou as bochechas enquanto ele mastigava. Isso acabou fazendo com que ele se engasgasse e começasse a tossir freneticamente.
- Merd... COF...ai.. COF, COF! ARG! – Harry botava o estômago para fora, enquanto corria para pegar um copo de água.
- Toma! – ela esticou o copo para ele, que o agarrou e bebeu tudo num gole só.
- Credo... – ele respirou fundo e piscou algumas vezes. Seus lindos olhos azuis lacrimejavam sem piedade.
- Aw, desculpa. – disse ela, passando a mão pelo rosto dele.
- Tudo bem. – ele riu e segurou a mão dela, dando um beijo na parte superior. – Está desculpada. – finalizou com um de seus melhores sorrisos. – Mas tem uma condição.
- Qual? – inclinou o corpo pra frente e fez uma feição intrigada.
- A gente tem que ir pro quarto.- disse ele, empurrando o pacote de bolachas pra longe.
- Ah não, Harry! Eu não quero dormir, eu não to com sono. – disse ela emburrada. - E quem falou em dormir? - retrucou ele, levantando a sobrancelha.
soltou uma risada e enroscou os braços no pescoço dele, o beijando.

abriu os olhos e estranhou a ausência de Tom. Achou que ele deveria estar supostamente no banheiro. Passaram uns dez minutos e nada dele. Ela levantou-se e foi até lá procurá-lo. Apesar de não ter achado ninguém, ouviu uma certa movimentação do andar de baixo, e resolveu conferir. Chegando na sala, viu Tom deitado no sofá com a tv ligada. Já que ele estava aparentemente dormindo, desligou a tv e a luz, indo ao encontro dele no sofá. Ajeitou-se ao lado dele, o fazendo acordar.
- Tá fazendo o que aqui? – perguntou ela, rindo enquanto ele abria os olhos.
- Tava sem sono. – Tom levantou o braço e passou pelos ombros de .
- Parece que já achou ele de novo. – ela o observou sorrir mostrando a covinha e fechar os olhos novamente. – Quer ir pra cama?
- Não, aqui tá bom. – ele ajeitou em seus braços e ambos adormeceram rapidamente.

Capítulo 17

Harry pisou em um galho seco que estava no chão, o quebrando em duas partes. O barulho da madeira se partindo ecoou pelo bosque que ficava perto da praia. Horas atrás, enquanto todos davam uma caminhada pela praia, teve a idéia de fazer uma trilha pelo até então simpático bosque. Já fazia um bom tempo que eles tinham decretado perda total de rumo, e não faziam idéia de onde estavam.
- Minhas pernas doem. – resmungou, caminhando de cabeça baixa.
- Minha cabeça dói. – olhou suplicante para o céu azul, levemente coberto pela copa das árvores e deu um longo suspiro.
- Tudo em mim dói. – fitou com raiva e bufou.
- Daqui a pouco a gente acha a praia. – disse Tom, parecendo indiferente.
- Você disse isso há mais ou menos uma hora. – falou , irritada.
abriu a boca para reclamar, mas optou por não dizer nada, pois aquilo era conseqüência da sugestão dela. Tom rolou os olhos e continuou caminhando à frente de todos. Logo atrás dele, vinham , , Harry, , Danny, e Dougie. Eles observavam todas as direções em busca da praia, mas a única coisa que viam eram diversas plantas e árvores parcialmente cobertas por musgos.
Tom tirou um galho do caminho, que ficava na altura da sua boca, o empurrando para o lado. Ele fez um sinal para , indicando o galho, e ela o imitou assim que ele tirou a mão do mesmo. Os outros foram repetindo a ação, até chegar a vez de . Ela distraiu-se com um barulho que ouviu a alguns metros dali e não continuou forçando o galho depois de passar. Dougie, que vinha logo atrás, foi atingido em cheio no rosto pelo galho.
- AAAAAAAAAAHH! – Dougie colocou as mãos na face e caiu de joelhos no chão úmido.
Todos se viraram com olhos arregalados na direção dele. se jogou de joelhos, apavorada em sua frente.
- DOUGIE! – ela colocou as mãos sobre as dele, que ainda estavam no rosto. – Tá tudo bem? O que aconteceu? FALA COMIGO!
Dougie murmurou alguma coisa sem se mover. Deu um gemido de dor e tirou lentamente as mãos do rosto. Da região do nariz para baixo estava tudo coberto de sangue, assim como as palmas de suas mãos. levou a mão à boca e reprimiu um grito. Os outros, que já estavam em volta dos dois, soltaram alguns gemidos de espanto e nojo.
- CARALHO, EU TO SANGRANDO! EU VOU MORRER! – Dougie olhava para suas mãos e depois percebeu os rostos preocupados ao seu redor.
- Como você fez isso? – perguntou , sem conseguir tirar os olhos de todo aquele sangue.
- Eu vou morrer... Eu vou morrer... – Dougie murmurava apavorado, olhando para as mãos rubras.
- Dougie! – ajoelhou-se e colocou e mão em seu ombro. – É só sangue. Seja homem!
Ele fez uma cara descrente e, quando foi protestar, o interrompeu.
- Será que dá pra responder como você fez isso? – perguntou ela, impaciente.
- O galho bateu na minha cara... AI! – Dougie levantou-se e colocou as mãos novamente no nariz. – Tá doendo pra cacete.
- Dougie, me desculpa! – encarava-o, devastada. – Eu escutei um barulho e acabei soltando o galho. Ai meu Deus! Desculpa, desculpa, desculpa!
- Tá, . – disse Dougie, indiferente. – Obviamente, você não fez de propósito... Eu espero. – ele tentou sorrir, mas a dor o impediu. – Eu só quero sair daqui e ir pra um hospital.
- É o que todos nós...- Danny fitou Dougie e continuou – Machucados ou não, queremos.
- Pega aqui, Dougie. – Harry tirou a camiseta e lhe entregou. – Coloca aí no teu nariz.
- Valeu, dude. – ele limpou o rosto e pressionou o tecido no nariz, fechando os olhos por causa da dor.
- Bom, já que ninguém morreu... Vamos continuar! – forçou um sorriso e fez um sinal para Tom voltar à frente.
- Acho que ainda temos umas horas até o sol ir embora. – disse , voltando para seu lugar atrás de na fila.
- Espero que sim... – Harry olhou para o céu, que agora era parcialmente coberto por nuvens escuras.
O passo estava mais curto e eles continuavam caminhando na direção que eles achavam que a praia poderia estar. Tom usava um galho comprido para ajudar a sua passagem pela vegetação alta. Atrás dele, havia várias conversas paralelas e suspiros inconformados. Por estar abrindo caminho, ele estava sempre a alguns metros na frente do grupo. Tom ficou imóvel quando viu um grande buraco no caminho. Devia ter uns dois metros e meio de profundidade e três de largura.
- Olha só isso aqui. – disse ele, sem tirar os olhos do buraco e fazendo sinal para que os outros se aproximassem.
O que ele não pôde perceber, é que ninguém atrás dele havia escutado. Danny tinha pego um bicho esquisito na mão e estava correndo atrás de e com o mesmo.
- SAAI, DANNY! – pegou um galho com folhas secas e começou a bater em Danny.
aproveitou para se distanciar deles enquanto podia. Ela continuou correndo e olhando para trás, verificando se Danny já tinha largado o bicho. Quando ela virou o rosto para frente, deu de cara com as costas de Tom e acabou se chocando contra ele.
-AAAH! – ela gritou enquanto ambos caíram no buraco, chamando a atenção dos outros.

Capítulo 18

abriu os olhos e deu de cara com uma parede de terra na sua frente. Fez uma cara de nojo e se levantou. Tom estava ao seu lado tirando a terra em excesso da camiseta. Ela olhou para o próprio corpo e percebeu que estava repleta de barro, assim como ele. Sentiu uma fisgada no braço, podendo contar por volta de cinco arranhões no direito e três no esquerdo. Além disso, suas pernas estavam cheias de escoriações leves. Tom não estava muito diferente, só que ele tinha um corte mais profundo na canela. No corpo dos dois o sangue se misturava com o lodo.
- Tudo bem aí? – Danny perguntou à beira do buraco
- É... Acho que sim. – Tom respondeu, dando uma olhada no lugar.
- Vocês se machucaram? – perguntou , ainda afetada pelo acidente de Dougie. – Alguém quebrou alguma coisa?
- Só alguns arranhões! – respondeu.
- Legal. Como vocês vão sair daí?- Harry bufou e olhou em volta, à procura de alguma coisa que pudesse servir para ajudar.
- Eu dou um pé pra . – Tom fez sinal para que ela fosse em direção à parede. – Puxa ela aí, Danny.
Tom entrelaçou os dedos e colocou o pé esquerdo ali. Apoiou o direito em uma raiz que saia pela parede de terra e apoiou as mãos como pode em outras raízes.
- Segura, ! – Danny estava ajoelhado, esticando o braço o máximo que conseguia.
- Não dá... - esticava o braço direito, mas ainda tinha um espaço de mais ou menos um palmo entre eles.
- Tom, tenta levantar ela mais um pouco! – disse eufórica.
Ele fez mais um pouco de força e Danny pode tocar as pontas dos dedos de . Ela se apoiou com mais força em uma das raízes, desse modo ele conseguiu segurar a mão dela inteira e logo pegar a outra. foi puxada e as gargalhadas começaram instantaneamente.
- Tá parecendo o espantalho do pântano! – Dougie não conseguia controlar a risada, apesar da dor.
fuzilou-o com o olhar e tentou, inutilmente, tirar o barro do corpo.
- Caramba, você tá sangrando! – Danny segurou o braço dela com os olhos arregalados. – Tá doendo?
- Óbvio, né, Danny! Só que eu não fico choramingando feito a bichinha do Poynter.
Dougie parou de rir e fez uma careta. sorriu e mostrou a língua.
- EEEI! E eu aqui? – berrou Tom de dentro do buraco.
- Tommy! – correu para a beira do buraco. – Harry e Danny! Tirem ele daqui. - Sim, senhora.- Harry riu e fez sinal para Danny.
- Acha que consegue subir um pouco pelas raízes, cara? – perguntou Danny. – Daí fica mais fácil pra te puxar.
- Vou tentar, acho que sim.
Tom conseguiu ficar uns trinta centímetros mais alto e alcançou facilmente as mãos que lhe eram oferecidas.
- Nossa! Vocês têm que tirar esse barro dos ferimentos. – disse , depois que Tom já tinha sido puxado.
- É por essas e outras que a gente tem que achar a praia rápido e poder voltar pra casa. – resmungou Danny.
Desviaram do buraco e continuaram e desgastante caminhada.

- Isso não é um bosque, é uma floresta! – reclamou .
- Realmente, isso aqui é enorme. – disse Harry. – Me pergunto se a gente ainda tá na mesma cidade.
- É...- disse Tom, ainda rindo do comentário de Harry. – Pra piorar a situação só falta surgir um psicopata com uma serra elétrica e matar todo mundo.
- A capa do jornal de amanhã seria ‘Chacina em Brighton’! – disse , fazendo todos gargalharem.
Nesse instante, os risos foram cortados por um barulho que vinha alguns metros atrás deles.
- Er... – Dougie engoliu seco e encarou os outros.
- Deve ter sido um galho quebrando. – disse indo mais para perto de Danny.
- Provavelmente. – disse agarrada no braço de Tom.
O mesmo barulho se repetiu, mas dessa vez bem mais preto deles. arregalou os olhos e encarou Harry apreensiva.
- Corram. – silabou .
Ninguém pensou duas vezes. Todos começam a correr desesperadamente mato adentro. Não demorou muito para que parassem cansados. Uns acabaram sentados no chão, outros apenas apoiaram as mãos nos joelhos.
- Eu... – recuperou o fôlego e continuou. – Não agüento mais. Vocês vão ter que me carregar daqui a pouco.
- To nessas também. – olhou para Dougie e fez uma cara estranha. – Cadê a camiseta que o Harry te deu pro nariz?
- Hum...- ele coçou a cabeça e olhou em volta. – Devo ter perdido na correria.
- Seu puto, eu gostava dela! – Harry bufou e mudou de expressão quando ouviu um ruído diferente. – Vocês tão escutando?
- É o mar! – disse com os olhos brilhando.
- FINALMENTE! – Tom levantou os braços e foi em direção ao som.
Andaram mais alguns metros e puderam ver as ondas ao fundo de umas folhagens. Correram para a areia e se jogaram nela, esgotados. Não ficaram muito tempo ali. Resolveram ir logo para casa, pois e Tom tinham muitos cortes para lavar e Dougie precisava ir ao hospital verificar o nariz.

Já era noite quando e Dougie voltaram do hospital. Quando entraram em casa, todos assistiam tv na sala. A massa de olhos desviou do aparelho e foi em direção dos dois que passavam pela porta.
- O que o fresco tinha? – perguntou Danny rindo.
- Nada. Nem chegou a quebrar. – respondeu , enquanto deixava a bolsa na cadeira e Dougie olhava torto para Danny. – Só foi uma batida forte mesmo.
- Amanhã vai chover. – disse , desviando o assunto. – Vamos ter que inventar algo pra fazer dentro de casa.
- É até melhor que chova. – disse Tom. – Pelo menos a gente não corre mais o risco de passar por aventuras parecidas com as de hoje. –deu uma risada silenciosa e olhou para o sofá.- Não é, dona ?
- É... – respondeu ela sorrindo e afundando a cabeço do peito de Harry timidamente.

Capítulo 19

A porta bateu com força na frente de Dougie. Ele abriu-a e continuou correndo em direção às escadas. Desceu os degraus rapidamente e a viu correndo em direção à cozinha.
- VOLTA AQUI! – berrou ele enquanto atravessava a sala.
abriu a porta da cozinha e foi em direção à piscina, onde estavam os outros. Ela parou ofegante perto deles e soltou uma risada.
Quando ia perguntar o que estava acontecendo, Dougie passou correndo pela porta na direção deles. não pensou duas vezes e se atirou na piscina, molhando e Tom que estavam mais perto da borda.
- DESGRANIDA!- xingou a amiga e a fitou indignada.
Tom apenas fez uma careta e tirou a camiseta molhada.
- Ops. – riu e encolheu os ombros. – Foi mal aí, gente!
- Por que tá correndo atrás dela, Dougie? – perguntou .
- Por que ela me deve uma seção de cosquinhas asfixiantes. – ele fez uma cara de insano e continuou.- Só que a espertinha fugiu. Não entro na água porque pode molhar o curativo, né! – ele apontou para o nariz e fez uma careta. – MAIS TARDE EU TE PEGO! – ele riu e apontou para , que deu a língua.
Danny tirou a camiseta e deu uma corrida até a piscina. Pulou juntando os joelhos ao corpo.
- BOMBA!- gritou ele sorridente.
e Tom não tiveram tempo de se mover, foram molhados pelo dobro de água que tinha lhes jogado anteriormente.
- PORRA! DE NOVO! – reclamou ela, tirando a água do rosto. – Vocês me pagam! – pulou na piscina e se apoiou nos ombros de , a afundando na água.
- Ei, eu também quero revanche! Deixa o Danny pra mim!- Tom tirou os óculos escuros e pulou na piscina.
- Mas que frase boiola, Fletcher! – gargalhou.
- VEM, MEU AMOR! – Danny berrou, abrindo os braços, enquanto Tom se jogava na água.
- O que você ta fazendo, ? – perguntou Dougie, que olhava a amiga concentrada em alguma coisa na grama.
- Tô olhando aquela borboleta ali! – esticou o braço e apontou em direção ao chão.
- Aw, que amor! – agachou-se perto de para observar as asas laranja com pequenas tiras pretas que a borboleta possuía.
- Aonde é que tá? – perguntou Harry, se agachando num pulo violento ao lado delas.
O movimento brusco fez a borboleta sair da grama e começar a voar sem direção.
- Parabéns, Harry! – riu e deu um tapa leve na testa dele.
- Pra onde ela foi? – perguntou , virando-se de costas para o chão.
- Hum...- Dougie virou a cabeça em várias direções e a localizou – Ali!
Ela não estava muito longe do chão. Deu uma volta por cima da piscina e acabou voltando.
- Ela tá indo pro quartinho de ferramentas. – disse Harry sem tirar os olhos dela.
A borboleta pousou na maçaneta e ficou ali uns três segundos. Voltou a voar e acabou passando para dentro do quarto através de uma fenda em cima da porta.
- Ih, entrou. – disse .
-Coitada, ela vai morrer ali dentro! – fez uma cara triste e olhou para . – A gente tem que tirar ela dali.
- Eu achei que você fosse contra a entrada nesse quarto tanto quanto eu. – olhou confusa para ela e riu.
- E eu sou! – exclamou confiante – E é por isso que o Dougie e o Harry vão.
Eles olharam-se surpresos. Harry foi protestar e foi interrompido por .
- Afinal, vocês são homens e não têm medo dessas coisas.
- Ma-mas eu não tenho nenhuma ligação sentimental com essa borboleta. – Dougie tentou elaborar alguma desculpa convincente. – Não tenho necessidade nenhuma de tirar ela dali.
- É só uma droga de borboleta!- disse Harry.
- Harry, tadinha dela! – disse .
- Harry sem coração! – retrucou , fazendo cara feia.
- Vocês não podem estar falando sério. – disse ele rolando os olhos.
- Quem não está falando sério? – perguntou , se aproximando com Tom, Danny e .
- A e a . – respondeu Dougie.
- Sobre o quê? – indagou Danny.
- A gente só queria que o Harry e o Dougie abrissem a porta do quartinho pra borboleta sair.- explicou .
- Que borboleta? – perguntou Tom confuso.
- Uma borboleta que tava por aqui e acabou entrando no quartinho. – disse fitando a velha porta.
- Ah, não custa nada tirar ela de lá. – disse sensibilizada.
- Eu vou. – disse Danny dando de ombros. – É só abrir a porta, né?
- Só. – disse sorrindo. – E até acho que a porta ficou aberta.
- Verdade! – disse . – Depois daquele dia do esconde-esconde ficou aberta.
Danny assentiu e deu meia volta em direção ao quarto. Ele apertou os dedos na maçaneta e girou uma vez. A porta abriu-se e o quarto escuro foi iluminado pela luz do dia.
Danny fitou o quarto e não constatou nada diferente.
- Certeza que ela tá aqui? – perguntou ele, virando-se para os outros.
- Claro que sim! A gente viu ela entrando. – respondeu .
- Mas aqui não tem nada.
- Ela deve ter visto essa tua cara de demente e morreu. – disse Harry aproximando-se.
- Então acha o defunto aí, bonitão. – Danny fez uma careta e abriu caminho para Harry entrar no quarto.
Harry deu uma olhada rápida pelo quarto e também não achou a borboleta.
- , vem procurar esse bicho! – disse ele.
- Eu não! – respondeu ela do pátio.
Harry bufou e deu um soco na porta ao fundo da peça. No mesmo instante sentiu uma dor aguda.
MERDA! – berrou ele ao ver as costas de seus dedos sujos de sangue.
- Cara, como você fez isso? – perguntou Danny de olhos arregalados.
- Não sei! – Harry grunhiu de dor e pode reparar a ponta de um prego que saltava pela velha porta lascada. – Foi ali ó. – apontou para o prego sujo de sangue.
- O que aconteceu? – perguntou , deixando apenas a cabeça aparecer na porta.
- O Harry se cortou. – indicou Danny.
- Ui, como? – aproximou-se e pegou a mão de Harry.
- Foi no prego torto daquela porta ali que não abre. – respondeu ele.
- Sujou até o chão de sangue. – disse Danny olhando para baixo. – E foi bem em cima daquela mancha vermelha do outro dia.
- Nossa! É verdade. – largou a mão de Harry e se abaixou para poder ver melhor. – Essa porta provavelmente já machucou outras pessoas. Esse prego mal colocado, especificamente.
- Hum, bem provável. – disse Danny olhando atentamente.
- EI! – Harry gritou, chamando a atenção dos dois. – A minha mão tá sangrando, dá pra gente sair daqui?
- Ops! – levantou-se e segurou o braço de Harry. – Desculpa. Vamos, eu te levo num hospital.
- E a borboleta? – perguntou Danny saindo do quarto depois de e Harry.
- A borboleta que se exploda! – Harry rolou os olhos e gargalhou.

Capítulo 20

O último dia de férias era escoltado por grandes nuvens que ameaçavam uma tempestade. Danny e terminavam de arrumar as malas quando um estrondoso relâmpago cortou o céu. Ambos fitaram a janela aberta com olhos arregalados.
-É, pelo visto vai ter chuva na estrada. – Danny amassou um moletom e o colocou de qualquer jeito dentro da mochila, fechando o zíper.
- Vai demorar mais ainda pra gente chegar. – empurrava com as duas mãos as roupas que insistiam em sair da mala.
- Quer uma ajuda aí? – Danny riu.
- Não, eu consigo. – empurrou com mais força. Tirou as mãos e sentou rapidamente em cima da mala, fechando o zíper em seguida. – Viu como é que se faz? – deu um sorriso e estufou o peito.
- Impressionante.
- Ah, também não é pra tanto. – disse ela, saindo de cima da mala.
- Eu me referia a quantidade de coisas que vocês comprou. – Danny recebeu uma travesseirada na cara e deu uma gargalhada alta. – É sério, olha pra isso! Vão te fazer ir a pé.
ia responder, mas foi interrompida por Dougie, que tinha acabado de entrar no quarto.
- Dá pra colocar esses tênis na mala de vocês? – disse ele, aproximando-se e balançando o par de tênis na mão.
- Não precisa dar pra ninguém não, Poynter! – disse Danny rindo, enquanto Dougie bufava e dava uma risada silenciosa.
- POSSO colocar esses tênis na mala de vocês?
- Não. – respondeu e Danny concordou com a cabeça.
- Mas que merda, por que não? – Dougie perguntou, gesticulando. - Eles nem tão fedendo. – continuou ele, colocando o tênis na frente do nariz. – É novinho! Sente só o cheiro!
- Tira essa coisa da minha cara! – Danny empurrou o braço de Dougie pro lado e fez uma careta.
- Não tem mais espaço nas nossas coisas, Dougie! – sentou-se cama e apoiou a cabeça no ombro de Danny. – Tão todas as malas e mochilas explodindo, praticamente. – Ah, e chama a aqui. Preciso falar com ela.
-! – berrou Dougie, sem sair do lugar.
- Se fosse pra berrar, eu não teria te pedido. – riu e rolou os olhos.
Dougie deu de ombros enquanto entrava no quarto.
- Que foi? – perguntou ela, sorrindo.
- O meu casaco cinza ficou contigo? – perguntou , levantando-se da cama. – Guardei as coisas e não achei ele.
- Ah, ficou sim! Tá ali em cima da cama.
O QUE?! Tem mais coisa? – perguntou Danny, com olhos arregalados.
- Só um casaquinho. – disse abanando o ar.
- , eles não quiseram guardar o meu tênis aqui! - Reclamou Dougie.
- Eu te disse que ninguém ia colocar na mala esse teu tênis fedido! – disse , cruzando os braços.
- Mas que porra! – disse Dougie, batendo os tênis com força na perna. – É NOVO! Não tá fedido. – ele aninhou os tênis nos braços e sorriu. – Vamos embora daqui! Eles são idiotas e não querem te levar. – semicerrou os olhos, fazendo uma cara brava, e deu meia volta em direção à porta.
balançou a cabeça negativamente e saiu caminhando atrás de Dougie.

- Que droga, eu não quero trabalhar!- resmungou , atirada no sofá – Quero ficar de férias pra sempre.
- E quem não quer? – suspirou e apoiou a cabeça nas costas da poltrona – Esse tempinho longe de compromissos foi tão bom.
- Sem horário pra nada, dormindo um monte! – desmanchou seu sorriso e fitou a janela com um olhar cansado. – Mas acabou.
- Essas férias me deixaram muito mal acostumada. – disse enquanto futricava no celular.
Harry e Tom entraram na sala conversando alguma coisa parecida com bicicletas motorizadas.
- Malas guardadas, Tom? – perguntou , ainda deitada no sofá.
- Yep! – respondeu ele, fazendo joinha com a mão.
- Agora só faltam as do Danny, da , da e do Dougie. – disse Harry, apoiando-se na parede.
- As nossas já estão chegando!- disse descendo as escadas.
- Tudo isso? – perguntou Tom, arregalando os olhos.
- Tudo isso o quê? – perguntou Dougie, confuso – Cada um só tem duas.
- Se acha isso muito, espera pra ver as malas da . – disse , apoiando a bolsa que insistia em cair do ombro.
- Quantas ela tem? – perguntou Harry, desconfiado.
- Muitas! – Dougie largou a mochila no chão e sentou-se no sofá.
- Quero ver essas bagagens de todo mundo entrarem em dois carros. – comentou rindo.
- Qual é o assunto, gente? – perguntou chegando na sala, carregando uma bolsa no ombro esquerdo e puxando uma mala de rodinhas.
- Ai, como vocês são exagerados! – exclamou Tom, rolando os olhos – Olha só o que ela tem de bagagem!
- Er... – tentou dizer alguma coisa, mas foi interrompida por um barulho vindo da escada. – Tudo bem aí, Danny? - perguntou ela, enquanto e Dougie trocavam sorrisos cúmplices.
- Sim. – respondeu ele, descendo o último degrau.
Danny tinha duas mochilas perduradas em cada braço, uma bolsa menor no pescoço e ainda puxava uma grande mala de rodinhas roxa escura.
- Ah, entendi. – disse Tom olhando para .
- Quantas dessas são tuas, Danny? – Harry perguntou, ajudando-o.
- Duas mochilas. – disse Danny tirando a bolsa do pescoço.

Após algumas tentativas, tudo fora ajeitado dentro dos carros. Travesseiros e coisas leves acabaram ficando nos bancos de trás para dar mais espaço no porta malas. Todos aguardavam no jardim enquanto pegava a escova de dentes que tinha esquecido.
- Pronto! – disse ela, balançando a escova e batendo a porta atrás de si.
- Ok. – disse – Agora é só chavear a porta. Cadê a chave, ?
- Não tá com vocês?- perguntou ela, estranhando.
- Não! – responderam todos ao mesmo tempo.
- Não acredito que ninguém pegou! – exclamou , sentando na grama – Essa porta maldita não abre por fora sem ter a chave.
- E tem mais um problema. – disse Tom, apalpando a bermuda – Eu acho que perdi a chave do carro. Deixei com você, Harry?
- Não. – respondeu ele.
- Você ta andando demais com o Danny, Tom. – comentou Dougie, rindo.
- Sempre dão um jeito de me colocar na história. – disse Danny rolando os olhos.
- Porra, acho que também não to com a minha! – Harry procurava em todos os bolsos, sem ter sucesso.
- Depois sou eu o esquecido. – comentou Danny, rindo baixinho.
- Já sei. – disse Harry olhando para Tom. – A gente deixou lá dentro na hora de pegar as malas. Merdabostacu!
- Vamos ter que chamar um chaveiro. – disse , olhando para a porta.
- Mas a gente não sabe onde tem algum. – disse . – E a lista telefônica ta lá dentro.
- Podemos dar uma volta pela cidade.- Dougie sentou-se na grama ao lado de e esticou as pernas. – Pra ver se achamos um.
- E provavelmente acabaríamos perdidos. – disse .
- Sem falar que hoje é domingo! – Danny cruzou os braços e bufou – Não devem ter muitos chaveiros abertos por aí.
- Verdade. – disse Tom. – Bom, o chaveiro tá descartado. Qual é a nossa segunda opção?
- Não temos uma. – disse .
- Na pior das hipóteses, podemos arrombar a porta. – comentou – Mas isso seria um transtorno.
- Não tinha uma chave reserva? – perguntou Dougie, já deitado no chão.
- Tinha, mas a gente usou e não colocou de volta no lugar. – disse coçando a cabeça.
- JÁ SEI!- gritou Tom, atraindo a atenção de todos. – A tranca da porta da nossa sacada ta frouxa, né, ? – perguntou ele olhando-a.
- Sim...
- Então dá pra forçar a porta e entrar por ali! – completou Tom.
- E qual o plano pra chegar até a sacada? – perguntou .
- A nossa é essa aqui da frente. – disse Tom, apontando para a sacada que ficava no lado direito da fachada. – É só subir por essa árvore aqui do lado.
- Legal, e quem vai subir? – perguntou .
- Eu subo. – disse Harry, alongando-se – Já tive que subir aquele outro dia pra pegar a bola mesmo.
Harry apoiou as mãos em dois galhos baixos e alcançou o tronco da árvore. Subiu em mais alguns galhos e logo já estava praticamente na altura da sacada. Sentou em um galho que ia na direção dela e começou a se mover lentamente. Parou na metade do percurso e viu que não seria possível chegar até o local desejado. A parte do galho que encontrava na sacada era muito fino, e com certeza não agüentaria seu peso.
- PAROU POR QUÊ? – gritou .
- NÃO DÁ MAIS! – respondeu Harry de cima da árvore. – MUITO FINO! SE EU FOR VAI QUERBRAR! – ele começou a descer cuidadosamente, desviando dos galhos.
- Lá se foi nossa chance. – suspirou , vendo Harry chegar ao chão.
- E agora? – perguntou .
- Senta e chora. – Dougie riu e levou um soquinho de no braço.
- Ah, já chega! – exclamou Danny, indo em direção ao lado da casa. Ele a contornou, chegando aos fundos. Foi até a mesa de madeira que não ficava muito longe da piscina e pegou uma das cadeiras que estava a sua volta e a carregou até a frente da porta dos fundos da casa. Deu um suspiro longo e fitou a porta de vidro. – Que se foda. - Atirou a cadeira em direção a porta, partindo-a em milhares de cacos. A cadeira também estragou parte da persiana que ficava atrás do vidro.

- Que será que ele foi fazer? – perguntou , antes de ouvir o barulho dos estilhaços de vidro vindos do outro lado da casa.
- Não acredito que ele quebrou a porta! – exclamou .
- Vindo do Danny, nada me surpreende. – disse Harry.
Não demorou muito e Danny abriu a porta da frente com três molhos de chaves em mãos.
- Problema resolvido! – disse ele rindo.
- Não quero nem saber, é você que vai pagar pela porta! – disse Tom, rindo também, enquanto Danny dava de ombros.
- Uhul, podemos ir! – disse Dougie, levantando-se do chão.
- Ai, não fala assim. Eu queria poder ficar mais. – disse também se levantando.
- Pois é, eu vou sentir saudades! – comentou, olhando para a casa.
- A gente pode voltar sempre, Brighton não tem como sair correndo! – Harry exclamou, indo em direção ao carro – E vai estar sempre em nosso corações. – disse, colocando as costas da mão esquerda na testa e forçando uma cara triste.
- Seu bicha. – disse Dougie rindo, antes de entrar no carro.

Fim.


N/a: Demorou, mas chegooou. O último capítulo, que triste! *chora *
Puts, vou sentir tanta saudade disso aqui. Talvez tenha a parte dois... tchan tchan tchan! ASUHSAUASUHSA -Q Mas falando sério, eu não sei se vai ter. É esperar pra ver.
Queria agradecer a todo mundo que leu ou que vai ler algum dia Brighton. Muito obrigada pelos comentários super queridos de vocês <3

TAAAAAMMY, minha beta linda <3 eu dei muuuita sorte de ter te achado no meio daqueles classificados! Podia ter sido qualquer outra, mas o Deus das fics(?) me colocou no caminho certo ASHSAUSAH obrigada pela paciência de scriptar/betar a fic e por ser tããão legal comigo. Te adooooro horrores!

Ju, Jules e Fe! Nenhuma linha, parágrafo ou palavra teria sentido pra mim se eu não tivesse me imaginado com vocês nessa fic. Ela é completamente dedicada a vocês e a nossa amizade que, certamente, vai durar pra vida inteira. Amo muito vocês e nunca duvidem disso! <3

Dani xx

N/B: Dani, amor da minha vida e autora puritana favorita <3
Ela é a única pessoa q eu conheço q não consegue escrever cenas de amassos HAHAHAH
Eu lembro de betar o primeiro capítulo dessa fic e agora estou betando o último [EMO.ção]. Não só essa história me conquistou, mas a autora e as amigas da autora também [né, Ju? HAHAH].
Eu NUNCA vou esquecer dos nosso couples. Os tablóides inglesses vão chamar a gente de Dan Couple e Tanny Couple, dik [Dani + Danny e Tamy + Danny]. A Dani vai tomar conta do Jones pra mim enquanto ele não me conhece, mas depois ela vai casar com o Lídio, pq eles são almas gêmeas HAHAHA
Anyways, n/b mais idiota q eu já fiz na vida.

Beijos,
Tamy.

Ps: espero não levar bronca por deixar a fic gay com nomes de capítulos coloridos <3

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