Christmas at Harry's



Eu nunca fui um grande fã do natal. E não é porque eu faço aniversário na véspera e alguns parentes só me dão um presente, ao invés de dois.
Ok, acho que isso coopera para o meu desgosto por essa data. Mas acho que o real motivo é que, quando eu era pequeno, meus irmãos tinham a incrível mania de dizer que todos os meus presentes eram Barbies ao invés de carrinhos. E sabe, isso não é muito legal pra um menino de quatro anos que é apaixonado por quatro rodas e barulhos de motores.
Com o passar do tempo, eu ainda via meu irmão mais velho apontar para mim, com um sorriso debochado no rosto e dizer “A Barbie Rapunzel tá te esperando pra brincar, Harry”, e isso foi ficando cada vez mais deprimente pra mim.
Desde quando o McFLY começou, eu ficava extremamente irritado com Tom e suas boiolices de natal. Era uma mania de ficar contando os dias, de ouvir músicas natalinas, comprar uma árvore enorme e enfeites caros. Era o ápice do meu stress quando morávamos juntos; sorte que eu só fui torturado por ele por dois natais.
Mas o pior de tudo não era isso.
Eu, com meus 18 anos e completamente ingênuo em relação às hienas que fazem parte da mesma banda que eu, acabei contando a eles o porquê da minha repulsa por natal. E sabe o que eles fizeram? Me deram três Barbies diferentes. Todas no natal. Duas vezes. Dois natais seguidos.
Se algum dia, em toda a minha vida, eu já tive vestígios de instinto homicida, foi nessa época.
Eu me lembro de ter colocado ovos na cadeira do Dougie pra me vingar. Valeu à pena ver a bermuda preferida dele passando pela lavanderia umas cinco vezes. Chegou até a desbotar. Mas o mais legal foi ter enchido os violões do Danny e do Tom de coca-cola. Claro que eu tive que sair correndo logo em seguida pra não apanhar, mas foi muito recompensador ver as roupas engomadas deles encharcadas de refrigerante.
Bom, seis anos se passaram desde então (na verdade, vinte, se formos contar desde o inicio dessa minha aversão ao natal), e cá estou eu, pronto para mudar minha opinião. E a culpa é única e exclusivamente dela. Minha pequena curiosa.
Eu me lembro do dia em que nos conhecemos como se fosse ontem.

Era final do ano de 2008 e o McFLY havia tirado dois meses de férias para curtir a América Latina. Passamos as duas primeiras semanas de novembro no México e as duas últimas no Chile. Em dezembro visitamos a Argentina e por último, Brasil.
Tivemos uma ceia de natal bem diferente das que estamos acostumados a ter. Foi numa churrascaria, com muita comida e o maior peru de natal que eu já havia visto em toda a minha vida. O ambiente estava muito agradável, quase nem parecia que era aquela época chata que eu não gostava, se não fosse pela banda que tava ali; todos os membros vestidos de Papai Noel, cantando músicas natalinas. Tive que ter muito autocontrole pra não jogar o pernil tamanho família na direção deles, porque a vontade era muita.
Agora eu vou para a parte que realmente interessa.
Izzy havia comemorado o natal conosco e, de repente, decidiu que iria passar o ano novo em Londres com a família. Achei isso muito estranho, já que ela sempre estava comigo em qualquer lugar. Mas pra ser sincero, a coisa não tava indo exatamente bem entre nós dois. Havíamos nos acomodado, nunca resolvíamos nossas brigas, éramos indiferentes a certas coisas que no começo de nosso namoro eram essenciais. Nem o sexo tava tão bom assim, se você me permite essa honestidade toda.
Sem a minha namorada, nós resolvemos comemorar a passagem de ano no melhor pub irlandês de São Paulo, o O’Malley’s. O ambiente era bastante agradável e de lá de dentro nem parecia que estávamos fora de Londres, era tudo tão britânico que mal parecia que havíamos saído de nosso país há quase dois meses.
Acho que o mais engraçado de tudo era que ali dentro estávamos bem tranqüilos, não havia fãs ou qualquer sinal de escândalo aparente. Nossa identidade estava segura pela fraca luz ambiente e pelo público que freqüentava aquele lugar, que era mais velho que a gente. A não ser por uma mesa em especial. Uma mesa que estava a pouco mais de dois metros da nossa e que reunia um grupo de pessoas que tinha, no máximo, a nossa idade pra bem menos. Me senti velho por um momento; eu, com meus 23 anos e completamente nostálgico, querendo voltar aos meus dezessete. Essa era a idade dela naquele dia;
dezessete. Eu não sabia como sei agora, mas deduzi certeiramente. E ela estava tão linda em seu vestido branco suavemente enrugado nos seios e um pouco mais soltinho dali para baixo. E que vestido curto. Que sorriso lindo, que olhar encantador.
De repente, olhá-la parecia essencial para mim. Me isolei de qualquer conversa que Danny, Tom, Dougie e suas namoradas pudessem estar tendo e me foquei somente nela. Havia algo de muito intrigante em meu interesse naquela garota; eu sempre gostei de
mulheres. Izzy era quase dois anos mais velha que eu. Mas essas coisas eram totalmente irrelevantes naquele momento, eu só queria que ela me notasse também.
A música de fundo era um cover de
In My Life que a banda fazia e estava realmente bom. E acho que nem preciso dizer que a letra só contribuiu para minha nostalgia. Nada que não pudesse ser ofuscado por ela e por seus belos olhos que, depois de um tempo que me pareceu uma eternidade, resolveram me notar. Meu coração acelerou quando me percebi sendo observado por ela, aquele olhar doce e cheio de paradoxos; uma menina que escondia uma mulher.
Ela sorriu um pouco tímida, mas ao mesmo tempo sugestiva, eu até diria maliciosa. Retribui seu sorriso verdadeiramente, vendo-a desviar o olhar com as bochechas um pouco coradas. E se eu me aproximasse?
- Harry! – Danny exclamou um pouco alto, me fazendo levar um susto por seu tom de voz grave. – Estamos te chamando há uns 10 minutos, quer parar de comer aquela menina com os olhos?
- O que? – perguntei envergonhado, percebendo que precisava disfarçar meus olhares descarados e vidrados.
- Tá bom, se finge de idiota! – Dougie soltou aquela sua típica risadinha infantil. Aquela que me irritava, mas que eu gostava ao mesmo tempo. Ah, qual é? É o Dougie, cara.
- Faltam 3 minutos para o ano novo, Harry. Você não vai querer brindar? – Tom passou o braço pelos ombros de , olhando-me sugestivamente.
- Hm... eu vou querer sim, claro! – Sorri sem graça ao perceber que além dos seguranças que nos acompanhavam, eu era o único sem uma namorada ali. Até a mulher do Fletch foi.
Os garçons e garçonetes passaram de mesa em mesa distribuindo taças de champagne como cortesia da casa. A banda, que antes tocava, agora anunciava algo em português. Nada que eu pudesse entender, claro.
- Digam: Fe-liz A-no No-vo – um dos seguranças disse calmamente, tentando nos ensinar como se dizia as palavras.
E então, em coro, todas as vozes das pessoas presentes ali começaram uma contagem regressiva (eu percebi isso pelos números que elas simbolizavam com as mãos, sou um cara esperto).
Todos se levantaram, porém permanecendo em suas mesas, e nós os copiamos, como um bando de idiotas perdidos no meio de pessoas estrangeiras. Ah, mas era exatamente isso que nós éramos.
5, 4, 3, 2, 1!
- Feliz Ano Novo – todos disseram juntos, incluindo nós, com aquele sotaque brasileiro muito bonito.
Troquei um abraço grupal com os caras da banda, e depois abracei cada uma das namoradas, tirando uma casquinha coletiva. Eu tava sozinho, poxa.
- O Dougie me empresta pra você, Harry. Mas só por hoje, ok? – sorriu, dando uma piscadela sugestiva para mim.
- Nem vem, o Danny já tinha dito que quem ia ficar com o Harry hoje ia ser eu. – me deu mais um abraço, soltando uma gargalhada estridente, que era incrivelmente parecida com a de Danny.
- Então só pra apartar a briga, como é o dever de qualquer Fletcher, quem fica com o Harry sou eu, só pra vocês não discutirem. – sorriu, fazendo com que aquela típica expressão de Tom no maior estilo de quem está sentindo vergonha alheia surgisse no rosto dele.
Nada de diferente; nada com o que eu já não estivesse acostumado.
De repente, me lembrei da garota que havia chamado minha atenção. Como eu poderia ter me esquecido de reparar ainda mais nela?
Olhei para a mesa ao lado novamente, e a percebi em pé, levemente apoiada sobre a mesa. Além do vestido branco, ela vestia um par de botas marrons estilo cowboy, e isso me deixou ainda mais vidrado. Ela sorriu para mim, estendeu sua taça para o alto e sussurrou um
“Happy New Year” para mim. Isso mesmo, em inglês. Ela sabia quem eu era.
Sorri de volta, sentindo meu coração bater com ainda mais força e velocidade em resposta à atitude dela, e ao que eu pretendia fazer. Coloquei minha taça sobre a mesa com cuidado, e percebi que todos ali comigo me observavam, porém sem me repreender. Talvez eles entendessem, já que sabiam pelo que eu estava passando.
Andei calmamente até a garota, que ainda me observava, dessa vez um pouco nervosa. Os pouco mais de 10 passos que eu teria que dar para chegar até ela pareciam nunca ser suficientes; eu achava que estava cada vez mais longe dela. Mas quando percebi seus olhos tão vivos, me dei conta de que eu estava cada vez mais perto.
Meu coração parecia saltar de meu peito tamanha era a força com a qual batia, eu até desconfiava que ela pudesse ver meus batimentos por sob a camisa que eu usava. Minhas mãos suavam frio, sedentas por um contato com as dela, enquanto meus lábios não se conformariam em ser rejeitados.
Fiquei a menos de 10 centímetros de seu corpo, já sentindo seu perfume suave e doce, e seu calor aconchegante. Nossos olhos não perderam o contato visual em momento nenhum; estavam buscando ali, naquele olhar, o sinal chave para que o próximo passo fosse dado.
Repousei suavemente minha mão sobre seu rosto, fazendo com que meu polegar acariciasse sua bochecha enquanto o resto de meus dedos abraçava sua nuca por debaixo de seu cabelo sedoso. Trouxe seu rosto para mais perto do meu, sentindo o leve toque das pontas de nossos narizes, enquanto eu passava meu outro braço por sua cintura, dessa vez colando seu corpo ao meu.
Suas mãos pequenas espalmaram-se em meu peitoral enquanto eu lutava contra vontade de fechar os olhos que a presença inebriante dela me causava. Mas era tão bom poder olhá-la daquele jeito, tão perto de mim que eu poderia guardar cada detalhe dela, principalmente de seus olhos. Continuei analisando seus traços, desviando-me um pouco de suas íris para seus lábios tão perfeitamente desenhados e macios. Fui vencido pela tentação e fechei meus olhos, tocando a boca dela com a minha em um selinho suave, porém demorado. Seus dedos seguraram firmemente no colarinho da minha camisa conforme meu braço a apertava mais contra mim, mas nenhum de nós aprofundou o beijo. Minha vontade era imensa, e por alguns segundos cogitei a possibilidade de contornar os lábios dela com minha língua, mas minha insegurança era ainda maior. Que pena!
Com muito sacrifício, me afastei lentamente dela, ouvindo apenas o estalo baixo de nosso beijo e percebendo o olhar perdido e zonzo que ela me lançava. Me senti vazio de repente, queria poder beijá-la de novo. Eu não sabia o nome dela, não havíamos trocado uma palavra sequer, mas eu já estava louco. Louco para passar meus braços por seu corpo novamente ao invés de usar minha mão para coçar minha nuca em desconforto. Não, não era desconforto. Era medo. O medo de que ela não tivesse gostado de mim ou que me rejeitasse.
E com dúvidas rondando minha cabeça, eu girei meu corpo lentamente, pronto para sair dali. Dei alguns passos e, quando não estava tão longe assim dela, percebi que se fosse para ela me rejeitar, que ao menos me desse o gosto de realmente beijá-la antes disso. Refiz meu caminho
de volta para ela, ainda percebendo aquele mesmo olhar desnorteado que enfeitava seu rosto e a trouxe para perto de mim novamente, tentando não machucá-la. Uni nossos lábios mais uma vez e com bastante intensidade, não perdendo tempo para intensificar o beijo. Passei minha língua por seus lábios verticalmente, recebendo passagem para adentrar sua boca finalmente. Apertei sua cintura e a pressionei contra mim, me sentindo cada vez mais insaciado, parecia que eu não tinha a dose suficiente dela, precisava de mais a cada segundo.
Uma de suas mãos delicadas repousou em minha nuca, puxando meu cabelo sensualmente, enquanto a outra apertava um de meus bíceps, me incentivando a não parar o beijo em momento nenhum. Dei uma leve mordida em seu l abio inferior, ouvindo o suspiro baixo que ela soltou e mergulhou diretamente em minha boca. Ela sorriu para mim e foi como se uma bigorna de uma tonelada tivesse sido tirada de minhas costas depois muito tempo sendo carregada por mim. Olhei seus lábios mais uma vez, podendo ver o bom trabalho que eu havia feito ali. Eles estavam vermelhos e levemente inchados, moldados num sorriso torto muito charmoso. Não pude resistir e dei um beijo suave na trave de sua boca, dando uma leve sugada no cantinho inferior.
Naquela mesma noite, eu descobri o nome dela, o telefone e o mais importante: que ela era exatamente o que estava faltando em minha vida.


Essa, talvez, seja a lembrança mais agradável que eu tenho.
É intrigante perceber a diferença que ela faz na minha vida, como agora. Ela está dormindo ao meu lado, sem roupa nenhuma (já que ontem à noite foi meu aniversário, e sabe como é... comemorações de casal), respirando pesadamente contra meu peito. O mais legal de tudo isso é que a , antes de me conhecer, sempre teve um sono muito leve, e agora ela só dorme pesadamente. Eu sei exatamente o motivo disso, mas não vou te contar, porque eu acho que você já sacou.
- Se você continuar acariciando meu cabelo desse jeito, não vou conseguir nunca levantar dessa cama – ela sorriu de olhos fechados, passando levemente a mão sobre meu peito. Sem pêlos e por causa dela.
- Então não levanta, oras. Fica aqui comigo pra sempre. – Aproximei minha boca de sua orelha, dando um beijo estalado e fazendo-a se arrepiar com minha respiração.
- Tá louco, Harry? Até parece que eu vou deixar você escapar da sua responsabilidade natalina. – abriu seus olhos de repente, cerrando-os como se eu tivesse cometido algum crime.
- Tudo bem, pequena curiosa. Eu me rendo. – Cheguei um pouco mais perto de seu corpo, esfregando meu nariz bem de leve no dela.
- Se rende ao natal? – Ela sorriu forçadamente como uma criança sapeca, fazendo com que seus olhos brilhassem anormalmente.
- Me rendo a você – sussurrei baixinho em seu ouvido, guiando meus lábios até os seus com calma.
Iniciei um beijo apaixonado e intenso, trazendo seu corpo para cima do meu sem nenhum esforço. segurou com força em minha nuca e retribuiu as carícias de minha língua com vontade, tornando o beijo ainda mais excitante. Moldei as curvas de seu corpo com minhas mãos, parando-as em seu quadril.
- Pelo jeito você gostou do presente de aniversário – ela falou maliciosa, fazendo com que aquele sorriso torto típico dela moldasse seus lábios.
- Gostei tanto que estava querendo repetir a dose agora de manhã. – Mordi seu lábio inferior lentamente, ouvindo um gemido escapar de sua garganta.
- Poxa vida... Fizemos cinco vezes.
- Mas eu já estou descansado, agüento mais uma. – Dei uma piscadela sugestiva, vendo-a rir diante de minhas palavras.
- Sinto muito, senhor bonzão, é natal e temos muito a fazer! – me deu um selinho estalado e levantou-se da cama, me fazendo sentir falta do calor de seu corpo. Detalhe: ela estava completamente nua.
- Mas... uma vez só. Bem rapidinha. – Fui de encontro a ela (é, eu tava nu também) e passei meus braços por sua cintura, vendo-a se arrepiar por causa do contato entre nossos corpos.
- Harry, por favor... Você sabe que eu não resisto. – Suas pequenas mãos se postaram contra meu peitoral a fim de me afastar, mas não obtiveram sucesso algum.
- Eu sei que não, por isso vim te tentar. – Dei um beijo suave na base de seu pescoço, sabendo o quanto aquilo a arrepiava e guiei meus lábios até sua orelha. – Vamos lá, pequena curiosa... Faça o que você sabe fazer de melhor. – Sussurrei contra sua pele, dando uma leve mordida em seu lóbulo. Adivinha? Ela se arrepiou de novo.
- O... que? – ela disse com a voz falha, o suficiente para me deixar louco.
- Desvende os meus segredos... de novo.
Segurei uma de suas mãos e a coloquei sobre minha nuca enquanto dava um beijo suave em sua outra palma. me olhou daquele seu jeito desnorteado que eu tanto amava e sorriu levemente, dando um beijo no canto esquerdo de minha boca.
- Eu vou desvendar... mas só de noite – ela sussurrou baixinho contra meu maxilar, causando-me os arrepios mais deliciosos que você pode imaginar. – E não adianta contestar, você sabe disso.
- Nem se a gente tomar um banho juntinhos? – Arqueei uma das minhas sobrancelhas, sabendo o quanto ela adorava aquilo.
- Droga, sobrancelha é golpe baixo, Judd! – fez uma cara de dor e me puxou pela nuca para um beijo, enquanto andava de costas até o banheiro.
E sim, nós repetimos a dose.
Não quero entrar em detalhes, mas foi maravilhoso, como sempre. Eu até fiquei cansado de novo.
Mas voltando ao natal...
Depois daquele banho demorado e delicioso, eu e nos vestimos (se é que eu posso considerar uma boxer e uma camiseta da Hurley roupas apropriadas para um casal de namorados; eu de boxer e ela com a minha camiseta) e descemos para a cozinha para começar com os preparativos.
As carnes estavam descongeladas e os ingredientes para as sobremesas já estavam devidamente separados e organizados sobre o balcão de mármore. Peguei nosso conjunto de aventais (só pra constar, o dela era umas quatro vezes menor que o meu) e, segundos depois, já estávamos prontos pagando de chefs de cozinha.
E isso me fez lembrar uma coisa meio engraçada.

Estávamos todos jogados no sofá de minha sala; Danny, Dougie e Tom ainda tentavam processar a informação.
- O jantar de natal vai ser na sua casa esse ano? – Tom perguntou incrédulo e levemente afetado, acredito eu. Seu tom de desdém me levou a pensar que ele estava enciumado, já que todo ano a gente comemorava a data em sua casa.
- Sim, qual é a surpresa? – indaguei, tentando disfarçar a novidade em tudo aquilo.
- Ah, Harry, fala sério... Você odeia o natal, jamais ofereceria sua casa para uma comemoração assim – Dougie disse cínico, dando uma risada debochada.
- Dougie, vai se foder, sério. Eu estou fazendo isso pela , quero agradá-la e eu espero que vocês colaborem.
- Tudo bem então. – Danny deu de ombros daquele seu jeito meio homem-macaco. – Quem vai cozinhar a ceia?
De repente, um desespero me abateu.
De repente, uma voz surgiu do nada.
- Eu! – Ouvi um timbre fino e delicado soar do meio da escada e vi descendo os degraus com empolgação, enquanto um sorriso infantil moldava seu rosto.
- O QUE? – os três perguntaram em uníssono, tão ou mais assustados do que eu.
- Ué, eu vou cozinhar. Eu sou a mulher da casa.
- Harry, não deixa ela fazer isso, por favor. Cara, isso não deu muito certo das últimas oito vezes, e olha que eram jantares simples... Imagina uma ceia de natal, com mil comidas e sobremesas e... – Interrompi Dougie com um tapa em sua cabeça e ele reclamou baixo de minha leve agressão.
- , isso não vai dar muito certo. – Segurei em seus ombros e me abaixei consideravelmente para que pudesse olhar em seus olhos. Eles estavam tristes e desiludidos, combinando com o bico em seus lábios.
- Mas... eu queria tanto fazer esse jantar de natal. É importante para mim – ela disse de um jeito triste e totalmente infantil, daquele jeitinho dela que me encantava. E então aconteceu de novo, como sempre acontecia. Aquela sensação de que eu jamais poderia negar algo a alguém que me fazia tão bem me atingiu em cheio como um balde de água fria, e eu acabei cedendo. Como sempre havia cedido. Como sempre cederia.
Não, eu não era pau mandado da minha namorada.
Sabe a música
All About You? Sabe o trecho em que o Danny canta “And I would answer all your wishes, if you ask me to”?
É disso que eu estou falando. De atender aos pedidos da pessoa que você ama, não importam quais eles sejam. Simples ou complexo, eu jamais conseguiria negar qualquer coisa que fosse àquela garota.
- Se é importante para você, é ainda mais importante para mim. – Sorri abertamente para ela, já que ela gostava quando eu mostrava meus dentes. Sei lá por que, vai entender, né? Eu também não entendia por que eu gostava de quando ela enrugava o nariz. Eu não entendia, mas eu
sentia o motivo pelo qual eu adorava as coisas mais estranhas nela. – Sem chance, caras. O jantar vai ser aqui e seria muito importante que todos vocês viessem.
Três pares de olhos me observavam com atenção, provavelmente percebendo uma grande mudança naquele Harry Judd ao lado de sua namorada. Eles haviam entendido o quanto aquilo significava para mim e concordaram, já se sentindo mais conformados com a idéia de que a minha namorada, que mal sabia cozinhar um macarrão instantâneo, faria a ceia de natal. Com a minha ajuda, é claro.
Mas é óbvio que um comentário do Danny não poderia faltar:
- Mas eu vou trazer meu Hot Pocket de presunto e queijo por via das dúvidas.


- Do que você tá rindo, Harry? – perguntou enquanto derramava o leite na forma de um doce que se chamava Pavê. Acho que a gente não tem um desses aqui na Inglaterra.
- Do desespero do Danny quando descobriu que você ia cozinhar a ceia. – Peguei a caixa de leite que minutos antes era usada por ela e despejei na panela junto com os outros ingredientes para fazer o molho branco.
- Eu vou esfregar na cara daquele macaco lesado os meus dotes culinários. – levantou a faca de um jeito ameaçador e a jogou na pia segundos após abrir a embalagem de biscoitos.
- É claro que vai, meu amor. – Aproximei meu rosto do seu para trocarmos um selinho rápido e segundos depois já estava um pouco longe de mim, pegando uma barra de chocolate para derreter.
Ela parecia bastante segura e certa do que precisava fazer, e sua habilidade estava começando a me fazer mudar de idéia sobre aquela ceia. Talvez desse tudo muito certo mesmo, talvez conseguisse mesmo cozinhar com as receitas de sua família em mãos. Eu já tinha certa experiência com cozinhas, o fato de eu morar sozinho gerou a necessidade de aprender a cozinhar e, modéstia à parte, já fiz jantares maravilhosos para . Nada que se comparasse aos jantares românticos que ela mesma preparava com Cup Noodles e chá gelado. Era sempre um choque de felicidade quando eu chegava tarde da noite do estúdio e encontrava uma toalha xadrez estendida no chão da sala, com dois sanduíches ou qualquer tipo de comida pré-pronta e uma caixinha de suco de morango pra ela e outra de maçã pra mim. Isso sem contar ela, que me esperava sentadinha, assistindo qualquer programa de música num pijama curtinho e cheio de bichinhos bonitinhos. Tudo bem no diminutivo mesmo.
- Harry, cuidado com o dedo – me alertou subitamente, despertando-me de meu transe.
Nada de grave aconteceu, ainda bem. Tive sanidade suficiente para segurar o tomate com mais cuidado e bem longe da lâmina da faca.
Eu estava preparando o molho de tomate do famoso spaghetti da minha mãe, aquele que eu tanto adorava. Pelo menos isso eu sabia fazer bem. Era a minha certeza de que alguma coisa naquela ceia sairia conforme o planejado.
- Vai ter o bolo de chocolate e a torta de morango, né? – me olhou e me controlei muito para não apertá-la num abraço forte quando vi a pontinha de seu nariz suja de farinha. Fiquei viajando nela por um momento, pensando no quanto ela havia feito minha vida valer a pena, mas sem colocar All About You no meio dessa vez. Ela tinha aquele jeitinho meigo de criança, uma verdadeira menininha, mas que sabia exatamente como seduzir um homem, e como ser uma mulher. Acho que isso era o que eu mais gostava nela. A forma como ela conseguia ser muitas coisas distintas em uma pessoa só. O jeito sexy com o qual ela vestia minhas roupas ou mordia a tampa da caneta, a mente pervertida e por vezes masculina, a boca um pouco suja já que ela gosta de falar palavrões e conversar sobre sexo o tempo inteiro. Era exatamente isso que eu tava precisando em minha vida. Alguém que me proporcionasse as mais diversas sensações, que pudesse fazer eu me sentir como um adolescente ridículo de novo, e que pudesse fazer eu me sentir como um homem de verdade. Ela era o ingrediente principal da minha vida, e justamente o que estava faltando. Eu tenho uma banda, três melhores amigos muito ridículos, sucesso (pô, não dá pra negar, o McFLY já foi até pro Guinness) e agora, a namorada que eu estava procurando.
Fui tirado de meu transe com um apertão na bunda, e confesso que levei o maior susto.
- Agora você presta atenção em mim, né? Sinceramente, não sei mais o que eu faço com você, Harry. – revirou os olhos com falso desgosto, dando-me as costas.
- Hm... que tal transarmos no balcão da cozinha agora? Você tá me tirando do sério com essa camiseta aí, que aliás, é minha.
- Se você quiser, eu tiro. Não vejo problema nenhum nisso. – Ela fez sua típica cara de invocada, cerrando os olhos. Preciso dizer que isso também me tira do sério?
- Opa, eu também não vejo problema nisso, muito pelo contrário... – Sorri malicioso e me aproximei dela, abaixando um pouco meu rosto para poder seduzi-la. É, eu sou foda.
- Você fica me culpando como se você estivesse pouco gostoso nessa boxer xadrez, né? Francamente, Harry, você não tem noção das coisas.
Ela deu as costas para mim novamente e isso me instigou bastante; ela sabe que eu adoro um jogo.
Grudei meu corpo no seu e dei uma mordidinha bem de leve na pontinha de sua orelha, soltando minha respiração logo em seguida.
- Harry, guarda esse tesão todo pra mais tarde, por favor? Eu estou surtada com essa ceia de natal. – se desvencilhou de mim e eu tive vontade de dar com a cara na pia, que broxante isso.
- Caramba, não entendo. Você tá recusando sexo? Sabia que isso é inacreditável demais pra um cara como eu? Sou seu namorado, poxa...
- Eu sei, e hoje é natal e só fizemos metade da ceia até agora.
Realmente, eu não havia me dado conta, mas duas sobremesas já estavam prontas, os molhos do macarrão já estavam nas travessas de vidro, o peru estava sendo temperado por ela enquanto eu preparava o pudim. Só faltava o pernil, o arroz e o tal do brigadeiro. As frutas eram a coisa mais fácil de se arrumar na ceia... Por que ninguém se contenta só com elas? É só arrumar de um jeito todo decorativo, que aparente ser chique e pronto. Todo mundo fica achando grande coisa da mesa de frutas e blábláblá, sendo que a mais trabalhosa é a mesa que as pessoas nem repararam, só caem de boca.
- Harry! – disse subitamente, como se tivesse se lembrado de algo muito importante. – Precisamos pegar a decoração na loja.
- Se você não lembrasse, nossa festa ia ficar sem enfeites. – Dei um sorrisinho divertido, recebendo um olhar repressor em resposta.
- Eu já to terminando de temperar o peru. Você pode parar o pudim e fazer o arroz, por favor?
Assenti, rapidamente deixando sobre o balcão os ingredientes batidos dentro de um pote, já partindo para o arroz limpo dentro de um outro pote em cima da pia.
Depois de alguns minutos de sacrifício, nos livramos de mais algumas obrigações, prontos para a próxima etapa do natal: a decoração. Estávamos vestidos da cabeça aos pés, devido à baixa temperatura (claro, estava nevando) e acho que ainda assim sentia frio. Ela é a pessoa mais friorenta que eu conheço.
- Você acha que demora muito? – sua voz doce e meio trêmula de frio me perguntou assim que entramos no carro. Me lembrei de que a loja não era exatamente perto de casa, e considerando que era natal, bem... não achei que seria rápido. – Que pergunta mais idiota, é natal! É caos em todo lugar.
- Relaxa, meu amor... Vamos ouvir uma música, e tudo vai dar certo!
- Meu CD do The Verve ta aqui, né? – Seu rosto praticamente mergulhou no porta-luvas, enquanto ela procurava por uma agulha em um palheiro. Poxa vida, a gente tinha CD pra cacete.
Apertei o botão de “eject” do rádio, e tudo o que eu vi foi a cara magrela do Richard Ashcroft estampada no disco que estava ali dentro.
- Serve esse aqui? – Sorri, indicando o CD com o olhar.
sorriu ainda mais, empurrando-o de volta para o rádio, fazendo com que a introdução de Bitter Sweet Symphony começasse a tocar.
- Esse CD... ele é uma obra-prima do começo ao fim. Sinto até raiva de como tudo tem harmonia, fico me perguntando como é possível existir uma coisa tão perfeita, tão maravilhosa, tão mágica.
- Acho que você anda passando tempo demais com músicos.
- Eu acho que sim. É uma vida bem chata, pra ser sincera. Porque eu nem gosto de música, nem gosto de falar sobre isso, imagina. – Trocamos um sorriso cúmplice e seus lábios tocaram minha bochecha com suavidade.
Dirigi por uns vinte minutos mais ou menos; o tráfego nas ruas estava bem tranqüilo para um meio de tarde. O problema mesmo eram as calçadas e lojas, esses sim eram os maiores caos londrinos naquela época cheia de neve, verde, vermelho e dourado.
Parei o carro em frente a uma loja pequena toda envidraçada e, devo admitir: ela era uma das mais bonitas. Seus enfeites de natal eram os mais diferentes e eles me pareciam estranhamente encantadores, pelo menos naquele momento. Claro que eu não pretendia entrar ali, por mais que esperar no carro não fosse tão seguro assim. Se bem que nesse clima caótico e superlotado, ninguém notaria o baterista do McFLY com o carro estacionado em frente a uma loja.
Consegui ver toda sorridente, segurando uma caixa quase do tamanho dela abarrotada de enfeites natalinos. Bolas que brilhavam, estrelas, papais noéis, meias e tudo mais que representa o natal. Ela abriu a porta da loja com um pouco de dificuldade, chegando rapidamente até o carro e colocando a caixa sobre o banco traseiro com bastante cuidado.
- Pronto, mais uma etapa cumprida – disse completamente empolgada, me dando um selinho bastante demorado antes que eu ligasse o carro novamente. – Vamos pra casa antes que sua legião de fãs decida tirar fotos ou pegar autógrafos.
Dei risada e dessa vez trocou o repertório por Oasis, algo totalmente parecido com The Verve. Ela tava num humor bem alternativo, diga-se de passagem.
E por mais vinte minutos eu dirigi, ouvindo a voz baixa de acompanhar a letra das músicas, me acalmando tanto que eu mal havia percebido que já estávamos em casa.
saltou depressa do carro, sem conseguir esconder sua grande empolgação para decorar nossa árvore, enquanto eu me perdia em minha bagunça dentro do carro. Eu não havia percebido, mas meu celular, minha jaqueta preferida, um par de baquetas e uma boxer estavam jogados no banco de trás. Eu sou um homem muito organizado, apesar disso.
Estava terminando de recolher minha bagunça, quando ouvi um baque surdo e em seguida, um barulho insuportável de mil coisas se espalhando pelo chão. Olhei na direção dos sons e tudo o que eu vi foi caída no chão com as pernas para fora de casa e o tronco para dentro. A primeiro momento achei graça, porque a cena tava realmente cômica, se você quer saber. Mas quando percebi que ela não se levantava, comecei a ficar realmente preocupado.
- ... – Corri afobado até ela, vendo algumas bolas de enfeite quebradas sobre o chão e uma expressão de dor no rosto dela.
- Sangue. – Foi tudo o que ela conseguiu dizer com a voz falha e o olhar já tonto. Uma de suas mãos sangrava consideravelmente enquanto eu a via quase desfalecer em minha frente, devido a seu pavor de sangue.
Chutei a caixa para bem longe, vendo mais enfeites se estraçalharem impiedosamente, e a peguei em meus braços, entrando desesperadamente em casa sem nem me dar ao trabalho de fechar a porta.
- , olha pra mim, fica olhando pra mim! – exclamei completamente desesperado, entrando no banheiro segundos depois.
Sentei o corpo mole de sobre a pia gelada e abri a torneira o máximo que pude, deixando o jato de água correr por sua mão enquanto ela gemia de dor.
- Harry, tá doendo – ela choramingou, e seu rosto já estava um pouco mais corado.
Desliguei a torneira para poder secar sua mão com a toalha, e quando sua pele pareceu estar livre de qualquer vestígio de sangue, percebi que seu ferimento não era profundo, mas era grande.
- Isso vai arder um pouco, – eu disse com cuidado, abrindo o armário embaixo da pia para pegar o kit de primeiros socorros e sabendo que ela era como uma criança teimosa em relação a essas coisas. Odiava sentir dor, se recusava a tomar remédios, ir ao médico. – Vamos lá, não seja teimosa. – Mantive meu tom de voz passivo, tentando pegar sua mão de volta já que ela havia afastado-a de mim bruscamente quando me viu segurar o remédio.
Olhei em seu rosto, agora bastante vermelho e molhado pelas lágrimas e senti meu coração doer. era sempre muito sensível a sangue, cortes e ferimentos, e isso me afetava bastante.
Ainda mantendo o contato visual, ela me entregou sua mão com receio, mas não recusou o medicamento. Passei o algodão com calma sobre seu corte, vendo-a contorcer o rosto em uma dor que parecia ser monstruosa. Limpei toda a palma de sua mão para que não houvesse nenhuma chance de infecção e coloquei um band-aid sobre o machucado, dando um beijinho logo em seguida.
- Eu sou tão exagerada – ela disse com a voz embargada, soltando uma risada infeliz logo em seguida. – Não sei como você me agüenta.
- Não ia ter graça se você não fosse assim. – Me aproximei dela, segurando seu rosto com cuidado e encostando meus lábios nos seus. Iniciei um beijo apaixonado, tocando sua língua com a minha quando, de repente, algo surgiu em minha cabeça como um golpe de karatê. – Ai, caralho! – exclamei, dessa vez com um desespero triplicado.
- Nossa, Harry, eu esperava que você me chamasse de qualquer outra coisa, menos disso. – tirou suas mãos de minha nuca, fazendo com que uma expressão ligeiramente afetada tomasse conta de seu rosto.
- Não, não é isso... Meu Deus, eu esqueci o peru no forno e o arroz no fogão. – Sai correndo do banheiro, indo em direção à cozinha e percebendo o cheiro de queimado que havia se apossado do ambiente. Mas que ótimo, hein?
- Meu Deus, o pavê ficou no congelador e eu me esqueci de mexer o brigadeiro. Ele ficou duro como pedra – falou já do meu lado, olhando para a panela onde uma crosta dura de chocolate se encontrava, com uma colher enterrada nela.
- O pudim... – comecei, sem muita coragem para continuar. – Eu não o coloquei na forma, e... tenho a leve impressão de que os ovos que foram nele estavam chocos.
Passei as mãos por meus cabelos desesperadamente e fechei meus olhos por um segundo, tentando encontrar alguma solução. Foi quando ouvi suspiros tristes e fungadas consecutivas vindas do nariz de .
- Foi tudo culpa minha, Harry – ela murmurou, chorando ainda mais do que antes. – Se eu não tivesse inventado toda essa frescura de fazer o jantar de natal aqui, de fazer você gostar do natal, nada disso teria acontecido. Eu odeio o natal!
Aproximei-me dela mais uma vez, carregando-a em meus braços assim como havia feito minutos antes e fui em direção à sala, sentando-me sobre o sofá com ela em meu colo.
- É claro que não odeia, ! E sabe por que você não odeia o natal? – perguntei atencioso, tirando suas mãos de seu rosto a fim de que ela me olhasse. – Porque eu amo o natal, e é por sua causa.
Ela me encarou intensamente, e eu pude ver um brilho especial em seus olhos, e não era por causa das lágrimas. Ela havia conseguido o que queria; me fazer feliz no natal, para que ela pudesse ficar feliz também.
Acariciei sua nuca com uma de minhas mãos, enquanto abraçava sua cintura com meu braço livre. Sua palma da mão repousou em minha bochecha e ela me deu um selinho bem de leve, como que num agradecimento mudo.
- E sabe do que mais? – Olhei em seus olhos novamente, recebendo um grunhido em resposta para que eu continuasse a falar. – Nós ainda temos o meu spaghetti.
de repente começou a gargalhar gostosamente, como se desafiasse nossa má sorte. Mas era a nossa única saída naquele momento; rir de tudo o que havia acontecido naquele dia.
- Nossos convidados vão morrer de fome, Harry. – Seus dedos brincaram com os cabelos de minha nuca, enquanto eu via um brilho triste retornar a seus olhos.
- Hm, eu acho que não – sussurrei misterioso, colocando-a no chão e ficando em pé nem meio segundo depois. – Quer se divertir mais um pouco nesse natal?
Ela sorriu concordando prontamente, e eu a puxei pela mão (não a machucada, claro) para fora de casa novamente, entrando no carro com empolgação.
- Pega minha coletânea dos Beatles, por favor? – pedi assim que girei a chave na ignição, vendo sorrir alegremente e procurar pelo CD no porta-luvas.
Não muito tempo depois, All You Need Is Love começou a tocar e eu comecei a cantar, sendo acompanhado pelo leve batuque de meus dedos contra o volante e pela voz doce de . Acho que eu havia perdido um pouco da noção naquele momento, porque uma felicidade tão grande tomou conta de mim que eu não sabia como guardá-la dentro do meu peito. Cantei empolgadamente, extrapolando de vez em quando, arrancando olhares assustados de minha própria namorada.
- Ok, acho bom você me dizer aonde vamos – ela disse de um jeito desconfiado e totalmente curiosa; odiava quando não sabia das coisas.
- Só vou te dizer porque não teria a mínima graça se você não soubesse. – Dei um selinho rápido nela assim que paramos em um sinal vermelho e olhei em seu rosto, fazendo com que ela prestasse atenção em mim. – Vou parar no primeiro restaurante chique que eu encontrar e vou pagar o quanto eles quiserem por uma ceia de natal.
- Você vai forjar nossa ceia de natal? – sorriu, e não consegui escolher entre a desconfiança e a cumplicidade para definir sua expressão.
- Não é exatamente forjar, é só solucionar o nosso grande problema. E vai ser bem divertido, você não acha? – Pisei no acelerador já avistando um pouco mais a frente, bem no centro da cidade, um restaurante ao qual eu havia ido uma vez. É, eu acho que ele serviria.
Estacionei o carro com perícia apesar da minha afobação, e desci do carro juntamente com , já passando pelas portas chiques e envidraçadas do restaurante.
- Eu quero comprar toda a sua ceia de natal pelo preço que for preciso – falei com o maitre, sendo um tanto mal educado já que ele atendia uma mesa. – Eu preciso mesmo disso, você não tem idéia.
- Eu não posso fazer isso, senhor – ele respondeu sem expressão nenhuma, provavelmente já treinado para não demonstrar emoções.
- Pode sim, e vai fazer! Eu estou vendo três perus de natal no seu Buffet, e com certeza mais alguns estão sendo cozinhados nesse momento. Eu só preciso de um peru, uma porção generosa de arroz, outra de salada, um pernil e uma assadeira bem grande de batata gratinada. E também gostaria de levar uma torta holandesa, outra de limão e outra de morango. É só o que eu quero.
- Mas senhor... – ele protestou mais uma vez, e eu tive muita vontade de perguntar a ele se ele sabia quem eu era. Mas não tive tempo, já que tomou controle da situação, e começou a conversar com ele.
- Hm... Carter, certo? – Ela olhou para o broche preso no terno dele, voltando a encará-lo segundos depois. – Então, Carter... nós tivemos um dia muito desastroso hoje. Meu namorado, esse aqui que você ta vendo, odeia o natal, e eu tinha planos de dar um dia bastante agradável a ele, então resolvemos fazer uma ceia. Só que ela não deu certo, acabamos queimando tudo e perdemos noventa e nove por cento de tudo o que havíamos feito, fora que eu me machuquei quando caí no chão com a caixa de enfeites. – mostrou sua palma com o curativo e o tal do Carter pareceu comovido, por um momento. – Seria muito legal se você nos ajudasse. Nós vamos pagar, não vamos? Eu sei que aqui é um restaurante chique, com um Buffet muito sofisticado, mas se você puder nos dar o que queremos, vai estar salvando o natal de umas quinze pessoas.
O maitre nos olhos por alguns segundos, tentando resolver seu conflito interno sobre nos dar ou não a nossa tão esperada ceia de natal.
- Kevin, venha aqui um minuto, por favor? – Ele acenou para um dos garçons, que apareceu do nosso lado mais rápido do que eu esperava. – Prepare os seguintes pratos para viagem: um peru, um pernil, uma porção de arroz, uma de salada e uma de batata gratinada. E ah, pegue também uma torta de limão, uma holandesa e uma de morango.
- Muito obrigada, Carter. Vou me lembrar disso, ok? – , louca como só ela consegue ser, abraçou o maitre, assustando-o um pouco, mas logo em seguida fazendo-o retribuir o abraço.
Sorri para ele, trocando apenas um aperto de mão, que foi tudo o que a minha educação inglesa e masculina me permitiu oferecer.
- Vou cobrar apenas mil libras, já que é natal! – ele disse generosamente, dando um sorriso sem jeito.
Depois de uns quinze minutos de espera, três garçons nos acompanharam até meu Porsche 911 (sim, eu havia comprado aquela gracinha que eu tanto queria) com umas dez caixas bem grandes.
- Feliz natal, Carter! – gritou de dentro do carro para ele, que estava parado na porta do restaurante.
- Feliz natal! – Ele acenou simpático, tinha até um sorriso no rosto.
- Acho que podemos ir para casa agora – suspirei.
- Não! – exclamou, como se tivesse se esquecido de alguma coisa. – A decoração; precisamos de uma nova. Vamos para a mesma loja que fomos hoje mais cedo.
Sorte que não era tão longe dali.
Sorte que todo mundo só iria chegar dali umas duas horas.
Sorte que só precisávamos arrumar as mesas quando chegássemos em casa.
Estacionei novamente em frente à loja e, dessa vez, só desceu. Levei um susto ao perceber que a loja estava praticamente vazia, os kits de enfeites não estavam mais lá, nenhuma árvore, nenhum Papai Noel, nada.
Do lado de fora da loja, porém de dentro do carro, pude perceber que minha namorada olhou desapontada para uma senhora de uns 60 anos, que estava acompanhada de seu marido. gesticulava exageradamente e lançava olhares tristes ao casal, que não queria ceder aos encantos dela. Já não gostei deles.
Desci correndo do carro, adentrando a loja com pressa e sem rodeios, negociei com o casal:
- Eu pago o quanto vocês quiserem por esse último kit de enfeites. Pago o preço do kit mais caro da loja da esquina, que é ainda mais chique do que essa aqui, mas por favor, deixem minha namorada ficar com esse.
A senhora olhou para o marido e ele deu de ombros, parecendo já conformado.
- Eu estava achando esse kit um pouco caro para o nosso orçamento mesmo – ele disse pesaroso.
E então, eu percebi que eles haviam juntado todas as economias deles para comprar aquele kit de natal tão bonito e caro.
- Eu já volto! – exclamei afobado, tentando não deixar o nó em minha garganta afetar meu desempenho na hora de correr até a loja da esquina. Essa sim era a loja mais chique de enfeites de natal que eu já havia visto.
- Eu quero o kit mais bonito que vocês tiverem, e uma árvore de tamanho médio, se for possível.
O atendente, percebendo minha pressa, me trouxe um grande kit com os enfeites de natal mais encantadores do mundo. Sorri, segurando a caixa em um braço e a árvore em outro, dando dois passos até o caixa de um jeito desajeitado. Paguei duas mil trezentas e quarenta e cinco libras por tudo ali, mas valeu totalmente à pena.
Voltei correndo para a loja onde estava, e percebi que o casal ainda estava ali, provavelmente me esperando.
- Feliz natal. – Sorri, entregando a árvore a ele, e a caixa a ela, que parecia tentar segurar as lágrimas de emoção. – É de coração, e eu espero que possa alegrar o natal de vocês.
- Obrigado, meu rapaz! Você está nos proporcionando uma realização muito grande com esse presente. – O senhor me abraçou com o seu braço livre, e eu me senti estranha e absurdamente bem. – Tenho certeza de que o seu natal vai ser tão maravilhoso quanto o nosso.
Eu os acompanhei até a porta da loja, vendo a senhora sorrir muito alegremente, e me agradecer de cinco em cinco minutos. Eu não sabia disso, mas quando você é capaz de alegrar o natal de alguém, tudo começa a valer à pena.
saiu da loja segurando sua tão querida caixa com seus tão desejados enfeites e um sorriso estampado em seu rosto. Abri a porta traseira do carro, vendo-a deixar a caixa com cuidado sobre o banco e depois que a fechei, senti seus braços envolverem minha cintura em um abraço quente e aconchegante.
- Você é lindo, Harry! Por dentro e por fora. – Ela ficou na pontinha dos pés para poder sussurrar essas palavras em meu ouvido e pude perceber que sua voz estava embargada. – Tenho muito orgulho de amar alguém como você.
Suas palavras me aqueceram completamente, como se eu tivesse acabado de tomar uma xícara de chocolate quente com conhaque. Eu estava descobrindo o sentido do natal, e graças a ela.
- Eu te amo, pequena curiosa. – Segurei seu rosto entre minhas mãos e troquei um beijo suave, mas bastante apaixonado com ela. – Obrigado por aparecer na minha vida e virá-la de cabeça para baixo.
soltou um riso nasalado e deu um beijo na ponta do meu nariz, antes de entrar no carro.
E eu tentei dirigir de volta para casa na velocidade da luz, só que com a consciência bem mais leve e tranqüila.
Mal havíamos pisado em nosso familiar assoalho de madeira e já estávamos arrumando as mesas com mais pressa do que deveríamos. Eu não havia me dado conta da rápida passagem do tempo e faltava apenas uma hora até que todos realmente chegassem para a ceia.
preparou as frutas sobre o grande balcão da cozinha, considerando que não tínhamos exatamente tanto espaço assim. As sobremesas ficaram ali também, logo ao lado, dividindo o mármore do balcão ao meio e dando um toque muito especial. Eu estava realmente encantado com tudo aquilo.
Havíamos preparado a mesa da ceia juntos, considerando que eu era totalmente leigo no assunto natal. Mas se você quer saber, a sensação que me preenchia naquele momento era a de dever cumprido e eu tinha certeza de que todos iriam gostar do nosso natal. Eu estava confiante e, acima de tudo, eu estava feliz.
- Meu Deus, conseguimos arrumar tudo em quarenta minutos, somos realmente bons – disse suspirando aliviada e analisando o ótimo trabalho que havíamos feito em nossa sala de estar. Ela andou um pouquinho até o batente da cozinha só para dar uma última checada na mesa de doces e vi um leve sorriso surgir em seus lábios, o mesmo sorriso de alegria que estava tomando conta de mim naquele momento.
Eu a abracei por trás, repousando meu queixo sobre seu ombro, mantendo minha boca bem perto de seu ouvido.
- Que tal tomarmos um banho? – perguntei baixinho, sentido-a se arrepiar sob meus lábios.
- Meu Deus, é verdade! Mas não juntos de novo, ou nunca vamos terminar esse banho.
- Já que eu não tenho escolha. – Levantei as mãos na altura dos ombros como quem se defende e me puxou pela mão escada acima, parando em frente ao quarto de hóspedes.
- Você vai tomar banho aqui... Sabe como é, eu ia ter que pegar muita coisa minha do nosso banheiro pra trazer pra cá. – Ela sorriu sapeca e eu me lembrei dos seus milhões de cremes, cada um pra uma parte específica do corpo, fora o creme do cabelo, o xampu, o condicionador. Mulher tem uma mania de creme pra isso e creme pra aquilo que eu não entendo. Se bem que não existe coisa mais sexy do que ver sua namorada passar creme pelo corpo, acredite, serve como preliminar. Falando nisso, quando eu cheguei no quarto pra me trocar, dez minutos depois, já havia passado creme em seu corpo. Uma pena!
- Harry, preciso que você me ajude com esse zíper maluco – ela disse de um jeito estranho, enquanto se contorcia toda para consegui fechar o vestido verde que usava.
Fui até ela, endireitando suas costas e subindo o zíper sem muito sacrifício, arrancando uma revirada de olhos dela bem legal.
- Só pra constar, você está tão linda que piscar me parece um desperdício. Acho que poderia te olhar por horas sem me cansar – falei um tanto abobado, parando de abotoar minha calça social apenas para elogiá-la. sorriu para mim e me olhou durante alguns segundos, logo depois tendo um surto de realidade e indo para o banheiro com pressa. Soltei uma risada nasalada e vesti minha camisa vinho, colocando os sapatos sociais e passando perfume.
Quando parei na frente do espelho para dar um jeito em meu cabelo, parou ao meu lado, dentro de seu vestido verde curto tomara que caia, com um espartilho bem justo que moldava sua cintura de brasileira. Ela sorriu e entrelaçou seu braço no meu, observando nossa imagem no espelho grande.
- Você está tão lindo que às vezes penso que estou sonhando. – Ela segurou em meu rosto e se virou de frente para mim, e para que eu olhasse em seus olhos não foi preciso me abaixar, já que ela usava um salto muito alto. – Eu sempre gostei muito do natal, você sabe. Sempre o comemorei, minha família sempre foi daquelas que faz mil tipos de comida e sobremesas, que canta músicas, que troca presentes, que trata o natal como a data mais sagrada de todas. Essa é a primeira vez que eu o comemoro longe deles. – Seus dedos acariciaram meu rosto suavemente e eu fechei meus olhos. – Mas eu estou me sentindo igualmente completa, como se apesar da falta que eu sinto deles, nada me faltasse, acho que não sei explicar isso... O que eu estou querendo dizer é que, depois de tudo o que passamos hoje, não me restam mais dúvidas de que eu realmente amo você e que, nesse natal, além de eu estar te dando um presente que você queria muito, também estou te dando meu coração. – Ela segurou minha mão e a colocou suavemente embaixo de seu seio esquerdo.
- Seu coração é o presente que eu mais quero e o único que eu preciso pra ser feliz. – Sorri emocionado, acariciando seu braço e sua cintura com minhas mãos. – Eu te amo demais e espero que você tenha um feliz natal ao meu lado.
Ela sorriu e me beijou, como se quisesse me dar o que eu fiquei querendo o dia inteiro. É, foi um beijo bem intenso e excitante se você quer saber. Mas que foi interrompido pela campainha.
Ela enrugou o nariz e segurou em minha mão, descendo as escadas e parando para respirar fundo antes de abrir a porta.
- Feliz natal! – Tom exclamou do jeito mais bicha possível, vestindo um gorro de Papai Noel.
- Nossa, Fletcher, a cada dia você me surpreende mais, sabia? – falei irônico, dando um abraço nele. – Tudo o que o Danny queria era que você se vestisse de Papai Noel pra realizar a fantasia dele.
- Tá querendo ganhar a Barbie Quebra-Nozes nesse natal, Harry? – Danny perguntou num tom visivelmente vingativo.
- Danny, ele levou vinte anos pra superar o trauma, então se você tem algum amor à sua vida de homem das cavernas, não toque no nome “Barbie”, pelo menos não hoje – o ameaçou, com um sorriso maldoso nos lábios.
- Tô com medo da criança do Harry, ela tá toda autoritária hoje, hein? – Dougie soltou por alguns segundos apenas para cumprimentar nós dois. – O que foi que você fez ontem à noite, hein Harold?
- Dougie, deixa de ser chato. Você não gosta que a gente fique falando das nossas intimidades. – deu um leve tapa no braço dele, fazendo-o ficar emburrado.
- Ah, você ainda não se acostumou? Homens não têm muito cuidado com esse tipo de assunto, se você deixar, eles comentam certas coisas sobre a gente com os próprios amigos na nossa frente. – passou um braço pela cintura de Danny e todos já estávamos sentados no círculo de sofás da sala de estar.
- Ainda bem que o Tom é um homem ajuizado e sensato. – apertou a bochecha dele, fazendo-o corar.
- O Tom é virgem, ele não conta! – Danny comentou com sua gargalhada estridente, recebendo uma almofada na cara como vingança.
- Bom, a família chega daqui a pouco – comentou, aconchegando-se confortavelmente em seu homem-macaco. – Mal posso esperar pela ceia.
- Ah, nós temos salgadinhos para servir como entrada. – correu até a cozinha e eu fui atrás, me esquecendo dos benditos salgadinhos. – Torradas, canapés, patês, queijo branco com azeite, tomate seco... É, eu acho que ta tudo aqui. – Ela olhou pensativa para a bandeja e a segurou assim que percebeu que estava tudo ali.
A campainha tocou de novo e dessa vez quem chegou foi meus pais, meus irmãos, os Fletchers, e a paixão da minha vida: a mãe do Danny. Ah, sim, e a Vicky.
- E essa ceia? Sai ou não sai? – meu pai perguntou, também já acomodado em um dos sofás.
- Claro que sai, estamos só esperando a família do Poynter – respondi enquanto minha mãe cismava em arrumar meu cabelo.
Ah, só pra constar: meus irmãos me perguntaram qual Barbie eu estava a fim de ganhar, assim como Danny, e os repreendeu também.
E a campainha tocou novamente, encerrando o assunto sobre “Como Harry Judd se rendeu ao natal graças a uma garota que apareceu na vida dele subitamente”.
E, antes tarde do que nunca, os Poynters chegaram.
Todos ficaram bastante admirados com nossa ceia, e é claro que não contamos a eles nosso segredinho sobre ela. E é claro que eu também esperava que nenhum paparazzi idiota tivesse me fotografado bem no flagra, caso contrário eu odiaria o natal pra sempre. Tá, eu não estou falando sério.
Quando eles perguntaram sobre o machucado na mão da , fomos bem honestos e contamos sobre o incidente com os enfeites de natal, mas foi só. Achamos que seria totalmente desnecessário contar a eles que a ceia não era exatamente feita por nós. Eles estavam gostando tanto, poxa... Pra que estragar um momento como aquele, não é verdade?
Antes da sobremesa resolvemos trocar os presentes, já que Dougie não conseguia esperar até um pouco mais tarde.
Milagrosa e felizmente, não ganhei nenhuma Barbie, e isso me alegrou bastante.
As três bichas do McFLY ,juntamente com suas namoradas, me deram um conjunto de baquetas de todos os tipos. Fora a camiseta de treino do Arsenal e um Eeyore novo, já que o meu tava bem velho. Meus pais me deram um taco de Cricket com meu nome gravado e eu me senti com 8 anos novamente e aquela vontade imensa de ser jogador.
ganhou uma caixa de luxo de chocolates suíços (os preferidos dela) de Dougie e , um perfume de Danny e e um conjunto de DVDs da Disney de Tom e (tinha quer ser).
- Agora é o meu presente pra você, . – Peguei uma caixa pequena aveludada, e parei na frente dela, respirando fundo. – Eu espero que você goste. Eu mandei fazer exclusivamente para você, ninguém no mundo tem outra igual.
Abri a caixinha bem devagar, aos poucos vendo o rosto dela se surpreender e seus olhos se encherem de lágrimas, tamanha era a emoção que ela sentia.
- Cada um desses pingentes representa uma parte de você. – Segurei a pulseira entre meus dedos, ouvindo o leve tilintar dos penduricalhos. – Uma clave de sol representando seu amor pela música, uma película representando seu amor pelo cinema, uma colher pra mostrar que você não é tão ruim de cozinha e faz um brigadeiro muito bom, uma Torre Eiffel já que você tem cara de francesa, um floco de neve pra representar o seu amor pelo inverno e um coração, que na verdade é o meu, mas é parte de você! – Segurei seu punho para colocar a pulseira e lhe dei um selinho demorado logo em seguida, ouvindo palmas de todos que estavam ali. – Feliz natal!
- O meu presente é mais ou menos parecido com o seu, pra ser sincera. – Ela sorriu, pegando uma caixinha um pouco maior. – Ele não é exclusivo, mas tem um toque meu nele, então acho que isso o torna especial, certo? – Ela abriu a caixinha, mostrando um relógio dourado de ponteiro da Cartier, aquele mesmo que eu estava namorando na vitrine da loja desde semana retrasada. – Não vou dizer que eu espero que você goste, porque eu sei que você estava querendo esse relógio há um tempo, e que bom, você gosta muito de relógios de ponteiro. E se você olhar dentro dele, mais precisamente na parte de trás, vai perceber que tem algo meu.
Segurei o objeto em minhas mãos e percebi que estava escrito, na parte de trás dele, as seguintes palavras:

Espero poder passar muitos natais ao seu lado, mesmo que você nunca mude de idéia.
Obrigada por fazer tudo valer à pena.
Com amor,
.


Acho que nem preciso dizer que se eu me tornei um adorador do natal, a culpa é totalmente dela.
É por isso que eu a amo. Porque ela fez com que eu perceba a beleza em coisas que eu jamais havia notado, ela faz com que eu me sinta com 18 anos novamente, um sorriso dela faz qualquer coisa valer à pena, um beijo e um toque dela me completam.
O natal é apenas a primeira das muitas coisas que a minha pequena curiosa vai desvendar junto comigo. Espero que a lista não acabe nunca, pois eu sei que quero passar o resto da minha vida desse jeitinho.

Feliz Natal!


Fim





N/A: Olá, chaveirinhos, como estão?
Bom, eu espero que tenham gostado desse conto de natal que quase me matou de desespero, porque eu achei que não fosse terminar a tempo. Exatamente por esse motivo ele não ficou muito bom, eu realmente enlouqueci e algumas coisas eu escrevi correndo. Gostaria que vocês lessem algo melhor, mas prometo que no próximo natal eu faço algo digno, hahahaha!
Quero agradecer à Vivi’s por ter lido, por ter me cobrado o conto, por ter gostado dele e principalmente por ser uma webby incrível. Mais um ano trabalhando juntas, que orgulho! *-*
Cah, Vee, Mary: Obrigada por terem lido, obrigada pelo incentivo, pelo apoio, pelas brincadeiras e obrigada por compartilharem do mesmo desespero que eu com seus contos de natal! *-*
Mah, , Sil: Obrigada por me fazerem imaginar os natais mais loucos e fofos sempre!
Eu amo todas vocês e desejo um Feliz Natal cheio de presentes, comidas, doces, McFLY e principalmente, muuuuita alegria!
Quanto ao pequena curiosa, quem o inventou foi a Vee, então quero agradecê-la mais uma vez. Obrigada pela "brincadeira" perfeita e fofa que você inventou e que deu origem ao pequena curiosa! <3 Não preciso nem dizer o quanto eu fico surtada, né?
Obrigada a você que leu esse conto! Espero de todo o coração que você tenha gostado dele e que você comente, afinal, eu adoro ler comentários!
Feliz Natal a cada uma de vocês. Comam bastante se divirtam bastante!

xx, Vii!
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