Prefácio
Porque certas coisas acontecem assim tão de repente? Como eu pude perder algo com um valor enorme e só fui me dar conta desse valor quando eu perdi?! Minha vida agora não tem mais nenhum sentido, esse convite foi o que me arrasou, a bala que perfurou meu coração, agora de tristeza ele sangra e eu choro... Choro desesperado. E essa música idiota... Eu não sei se tenho coragem de ir nesse casamento, deveria ser meu nome escrito nesse lindo papel, ao lado do nome dela. Como um pedaço de papel lindo e delicado pode ter me trazido a pior noticia? Só pode ter sido ela quem escolheu o papel, eu tenho certeza, mas... Tem algo escrito, é a letra dela, como eu pude me esquecer daquilo que nós vivemos e do que eu ainda sinto desde daquele momento em que a vi?!


CAPÍTULO UM

“A gente morou e cresceu na mesma rua, como se fosse o sol e a lua, dividindo o mesmo céu...”

Era logo de manhã quando eu vi um carro de mudança chegando à fazenda vizinha a minha, fazia um tempo que aquela mesma fazenda estava à venda, lembro do papai ter falado com o vovô para comprar e ele e a vovó virem morar ao lado da nossa fazenda, mas já havia sido vendida. Eu não me meti muito em assuntos de adultos, afinal, eu só tenho seis anos. Oi, meu nome é , mas quando minha mãe se aborrece ou meu pai vem dar bronca, eles me chamam de . Eu moro em uma linda fazenda, tem um lago em frente à ela, tem meu outro vizinho e meu melhor amigo, o , tem meu pastor alemão Philip e tem meu cavalo Lance, meu melhor amigo também, ganhei ele faz alguns meses, ele ainda é bebê, mas, para mim, ele não parece, ele é maior do que eu.
- Mãe, você viu? - Perguntei para minha mãe, puxando a sua saia florida, eu vi que ela usava seu avental favorito e fazia o almoço.
- O que, meu anjo?! - Ela perguntou para mim, descendo para ficar na mesma altura que eu.
- O caminhão, a nova vizinhança chegou mamãe! - Eu falei empolgado, pulando e levantando meus braçinhos.
- Ora! Veja só, nunca te vi empolgado assim menino, só te vi assim quando seu pai te deu o Lance. Mas o que você acha de uma torta de boas vindas?
- Torta de pêssegos? EU PEGO OS PÊSSEGOS! - Eu fui correndo para o quintal, indo para o pé apanhar uns pêssegos para mamãe, corri mais que meu cavalo. Tropecei em uma pedra bobona e me levantei novamente, ficando de frente pro pessegueiro, tirei meu chapéu de cowboy, o qual estava pendurado no meu pescoço, e botei as frutas dentro dele e corri para a cozinha novamente, respirando arfante.
Minha mãe me olhava rindo, acho que era porque eu estava com as bochechas avermelhadas de tanto correr debaixo desse sol, ela pegou as frutas e botou na pia para lavar, eu sorri para ela, ela passou a mão nos meus cabelos, sorrindo para mim. Eu fui para fora de casa olhar o movimento da outra casa. Vi uma caminhonete parada na frente da casa ao lado, acho que são nossos novos vizinhos. Botei meu chapéu na cabeça, peguei meu cavalo de madeira e saí correndo pelo campo galopando, brincar é muito bom.

- Mãe... Pára de pentear assim! - Mamãe penteava meus cabelos de lado, eu odiava quando ela fazia isso.
- E como você quer? Ela ria da minha cara. Peguei o pente e tentei botar do jeito que eu gosto. A mamãe sempre fazia isso depois de me dar banho.
- Assim mamãe! - Eu mostrei e ela deu de ombros, ela me vestiu com uma calça jeans, uma blusa xadrez de botão, botou um perfume, que me fez tossir, e me beijou a face. Minha mãe foi levar a torta de pêssegos para nossos novos vizinhos e me levava junto, peguei na ponta da barra do seu vestido, comecei a ficar acanhado. Ela tocou a campainha e eu me escondi atrás da mamãe, fiquei tímido.
- Oi! - Outra senhora, aparentemente da mesma idade que a minha mãe, abriu a porta, nos recebendo.
- Olá, sou a vizinha do lote ao lado do seu, viemos desejar as boas vindas à vizinhança! - Minha mãe disse sorridente, entregando a torta embrulhada em um pano de cozinha estampado, estava cheirando tão bem! Eu queria um pedaço dessa torta feita pela mamãe.
- Nossa! Quanta gentileza, muito obrigada, venha, entre! - Entramos na casa, era tão grande quanto a nossa, mesmo acanhado eu entrei ainda puxando o vestido da mamãe e me escondendo atrás dela.
- Meu nome é Elizabeth , e esse é meu filho ! - Ela falou e eu encostei meu rostinho na sua perna, abraçando a mesmas, minhas bochechas pinicaram e meu coraçãozinho acelerou. Vi alguém aparecer por trás da mulher a nossa frente, parecia ter a mesma idade que eu, tinha o rosto escondido, mas eu percebi que suas bochechas estavam avermelhadas.
- Meu nome é Bridget e essa é minha filha, ! - A menina se prostrou de frente a sua mãe. Ela tinha os cabelos lisos da raiz até quase todo o comprimento e as pontas um pouco enroladas, com uma franja curta na testa, de coloração castanha claro, pele branca, as bochechas avermelhadas, boca pequena e rosada, olhos castanhos claros, usava um vestido verde florido, parecia uma das bonecas de porcelana da minha prima, eu a olhei e me coloquei de frente a ela.
- Nossa! Que menino mais lindo, só tens ele? - A mais velha perguntou ao meu respeito, me deixando mais acanhado.
- Só tenho esse rapazinho, e a sua menina é linda! Parece uma bonequinha, ela tem seus traços. - Minha mãe admirava a pequena, e agora, contando isso para você, eu posso dizer que ela era a coisa mais linda do mundo e eu o cowboy mais fofo da vizinhança, segundo a mamãe.

Três semanas depois...

- Depois da escola nós vamos para o lago brincar, você quer ir com nós, ? - Eu me referia a mim e ao . Nós iríamos brincar no lago, chamei a para brincar com nós dois depois das nossas aulas, tínhamos uma professora que ia até a casinha ao lado do celeiro, que o pai do e meu pai construíram com autorização da prefeitura da pequena cidade em que morávamos, para que as crianças que moravam longe tivessem acesso a escola, , logo, também estudou conosco.
- Claro, eu vou avisar a mamãe. - Ela sorriu para mim. Naquele mesmo dia à tarde, fomos para o lago pescar, nós três juntos, fizemos pedras quicarem na água e eu ensinei a como eu conseguia fazer chegar à outra margem do lago, corremos pelo campo, subimos nas árvores e comemos todas as frutas do meu quintal, corremos em torno do enorme pessegueiro que o vento levava as lindas flores cor de rosa consigo e acabamos dormindo na sombra de uma grande mangueira, exaustos da nossa brincadeira. Foi então que eu, e começamos a ser inseparáveis. Por nossa causa, nossas famílias começaram a se tratar como se fossem de mesmo sangue, por mais que ela fosse garota, eu não a rejeitei, sentia vontade de estar junto com ela e conquistar sua amizade, seríamos amigos inseparáveis, como brigadeiro e festa.


CAPÍTULO DOIS

“... Eu a vi desabrochar ser desejada, uma jóia cobiçada, o mais lindo dos troféus...”


Era um dia especial, aniversário da , ela completava quinze anos. Um dia em que uma garota começa a se tornar uma mulher. Eu a vi por todo esse tempo, ela só era um ano e oito meses mais nova que eu, a cada dia eu a vi ficar mais linda, ela era, para mim, a menina mais linda de toda a cidade, fala que nossa cidade é a menor do mundo (exagero, em minha opinião), mas para mim ela era a moça mais linda do mundo, ela era doce, simpática, atenciosa, fascinante, perfeita... E eu tinha sorte porque eu era seu melhor amigo, ela me pediu para dançar com ela na sua festa de debutante. Fiquei muito honrado pelo convite, mas eu teria que usar aquelas gravatas ridículas e paletó. Eu só aceitei porque ela fez aquela cara de pidona que eu amo tanto, essa pequena sabe fazer chantagem. Eu já estava quase pronto, usava um paletó preto e no bolso do paletó mamãe botou uma flor de pêssego eu não entendi o porquê disso. Meu cabelo estava arrumado e eu tinha que ir a festa, afinal, minha melhor amiga me esperava.
A festa acontecia no campo do lago e próximo ao enorme pessegueiro que, desde então, não parava de crescer. Estava tudo lindo, era de dia, esse momento me fez lembra o quanto ela planejou e detalhou com a tia Bridget e minha mãe, eu ainda ajudei, botei as mãos no bolso, senti algo aveludado, eu não podia esquecer-me disso também.
- , depressa, a está te aguardando. - Mamãe me chamava, ela estava linda, usava um vestido amarelo claro esvoaçante, seus cabelos lindos e soltos ondulados contrastante a luz do sol, usava um chapéu que combinava com a roupa, sapatos de salto amarelo claros e luvas brancas, essa era minha mãe, ela me olhou, seus olhos iguais aos meus brilhavam emocionada, o que me fez revirar os meus, por achar idiota a minha mãe se emocionar só porque eu usava esse traje ridículo. Vi agora minha mãe prestar atenção em outra coisa, eu olhei para onde algumas pessoas presentes davam atenção, eu vi o anjo descer do céu. confirmava, mais uma vez, que era a coisa mais linda desse mundo, sendo humilde como ela era, ela faria de tudo para negar esse posto, mas eu sim a colocava no pedestal, onde o melhor troféu deveria ficar, ela era a melhor coisa que já me aconteceu. Ela usava um vestido rosa, que contrastado com o ambiente que estávamos. Fazia muita coisa fazer sentido, inclusive com a flor que estava no meu bolso do paletó e a decoração, ela tinha os cabelos presos em cima e algumas mechas soltas que, agora, quase batiam na cintura, mantidos da mesma forma desde do momento que eu a conheci, só que agora maiores e ainda de franjinha, que ainda deixava seu rosto mais angelical. No penteado tinha umas flores naturais no seu cabelo, iguais a que estava no paletó do meu bolso, maquiagem muito leve e bem delicada, assim como ela. Engoli a seco a sensação horrível dentro de mim, senti meu estômago dar voltas, minhas mãos suarem, minhas pernas tremerem e meu coração bater forte. Ela vinha em minha direção sorrindo, o sorriso que eu conhecia, sorriso de felicidade, de emoção, sorriso que ela só dava para mim e a mais ninguém, nem para o ela o dava. Nunca vi ninguém receber sorrisos desse jeito, nenhum rapaz chegava perto dela, pois ela não era para o bico de nenhum deles, nem ela os queria, e, nem ao menos, dava atenção aos mesmos, só quem chegava a ser próximo dela éramos eu e o , afinal, éramos melhores amigos, com direito até pulseira da amizade, eu olhei para o meu amigo e o vi boquiaberto olhando para a minha pequena, acho que ele nunca a viu tão linda, ele estava admirado tanto quanto eu. sorria para mim, timidamente, comecei a sentir minhas bochechas pinicarem e eu tinha certeza que estava ficando vermelho, passei minha mão pela minha nuca, muito envergonhado, era o que eu fazia quando me envergonhava por algo, ela estava bem perto de mim, passei os dedos na sua face, eu a vi fechar os olhos e, ao abri-los, brotaram lágrimas nos olhos da menina, beijei sua testa, fechei os olhos, tentando armazenar o cheiro que ela tinha, cheiro de flor de pêssego, sua flor favorita. Peguei sua mão, as minhas estavam trêmulas, passei em volta do meu pescoço, apoiei seus braços nele e a outra estiquei nossos braços e dancei com ela ao som de uma valsa, meu coração estava acelerado, senti flashes em nós, era o fotógrafo e minha mãe, tirando fotos nossas ali. Eu deixei minha pequena feliz, seu lindo sorriso era conseqüência disso.

- , você está linda! - Eu repetia isso, já estava quase anoitecendo, era pôr do sol e isso deixava mais lindo o ambiente, estávamos em um canto do lago, onde só se via as pessoas de longe.
- , pára! Você falou isso umas vinte vezes desde que chegamos aqui. - E não fazia muito tempo que estávamos ali, só eu e minha pequena, a sós.
- É que... Ah! Esquece, eu quero te dar uma coisa. - Comecei a remexer meu bolso, procurando a caixinha aveludada. Eu comecei a tremer e o meu coração acelerou novamente, eu olhei nos olhos da e vi os mesmos brilharem ao ver que era um presente meu, minhas bochechas ficaram iguais a dois tomates.
- , você está vermelho, que lindo. - Ela riu da minha cara, eu fiquei com mais vergonha.
- , não atrapalha! Eu vi isso na loja e achei sua cara, espero que você goste, eu mesmo que escolhi. Feliz aniversário, minha pequena mulher. - Eu sorri e senti minhas bochechas pinicarem, abri a caixinha e dentro dela tinha um colar e um pingente de flor, seus olhos se encheram de lágrimas, ela chorou de emoção, o que me deixou com vontade de chorar também, eu acho que acertei na escolha, ela tirou o pingente da caixinha e me entregou, ficou de costa para mim e botou os cabelos para frente, passei a corrente no seu pescoço e atarraxei, ela tocou no pingente, virou de frente pra mim e me abraçou forte, ela choramingou no meu ombro, eu entrelacei meus braços na sua cintura, e a abracei forte. Separamos-nos e olhamos um para o outro, meus braços ainda estava em volta da sua cintura, ela passou os braços em volta do meu pescoço, fiquei tenso, eu comecei a me aproximar do seu rosto, toquei a sua face, senti suas mãos subindo para a minha nuca, me fazendo arrepiar. Os meus lábios prensados aos seus eram como se fogos de artifício estivessem sendo soltos a nossa volta, meu coração foi a mil batimentos por minuto, passei a língua por seus lábios, pedindo para entrar em contato com a sua, ela cedeu. Eu nunca havia beijando ninguém na minha vida, nesse momento, meu primeiro beijo acontecia, o primeiro beijo dela também acontecia. Ela nunca beijara ninguém na vida, nosso primeiro, único e eterno beijo.
- Eu te amo, ! Ela falou em som alto e claro para meus ouvidos entenderem que ela me amava.


CAPÍTULO TRÊS

“...Eu fui seu guardião, eu fui seu anjo amigo. Mas não sabia que comigo, por ela carregava uma paixão...”

Eu e estávamos cavalgando pelo campo, eu galopava com o Lance e com a Joy, sua fiel égua. Nós sempre pegávamos uma tarde para cavalgar pelo enorme terreno que tínhamos, apostávamos corridas e eu sempre perdia porque eu ficava olhando ela sorrindo, seus cabelos esvoaçarem ao vento, seu rosto se iluminar com a luz do sol e esboçar o sorriso que só a mim pertencia. Na volta paramos no lago, deixamos nossos cavalos beberem água e pastarem. Fui para debaixo do pessegueiro, o que me fez lembrar a quanto tempo nós somos amigos, agora eu com quase dezoito anos e a com dezesseis, era mais de dez anos de amizade pura e verdadeira. se encostou no grosso pessegueiro e eu peguei do chão uma das recentes flores de pêssego que acabara de cair e coloquei na sua orelha esquerda, querendo enfeitar o que, para mim, já era lindo. Ela sorriu bobona, beijei suas mãos, deitei minha cabeça em seu colo, ela beijou minha testa e fez cafuné na minha cabeça, um carinho que eu amava muito, fechei os olhos relaxando.
- ?! - Ela me chamou, ainda fazendo o cafuné.
- Hm... - Eu respondi ainda de olhos fechados.
- Você já se apaixonou por alguém? - Meu coração acelerou, na verdade, eu não saberia dizer. Se eu realmente sou apaixonado por alguém eu não sei, mas certas coisas haviam mudado entre nós, crescemos um vendo o outro, eu acho a a coisa mais linda desse mundo, tenho ciúmes, claro, sou o protetor dela, ela é minha amiga, minha melhor amiga.
- Não sei te responder , por que a pergunta? - Perguntei curioso, será que ela havia se apaixonado? Será que aquele beijo interferiu na pergunta dela, afinal, amigos que são amigos não se beijam da forma como nós nos beijamos na festa dela, mas foi só aquela vez que aconteceu, desde então nem tocamos mais no assunto, era como se nada houvesse acontecido.
- Ah, , é que você sabe, eu e você não somos mais crianças e você não é feio, de jeito nenhum, as meninas da cidade e do colégio acham você o rapaz mais lindo de toda a cidade e o melhor partido para casamento, você tem muita admiradora, sabia? - Ela falou envergonhada e rindo.
- Ah é?! Quer dizer que eu sou lindo e eu tenho admiradoras por aí? – Falei, sentindo meu ego subir, então é isso, a parte feminina me acha o melhor partido, e a está com ciúmes.
- É, mas pode deixar... Eu botei todas para correr. - Ela falou, fazendo pose de orgulhosa e cara de maliciosa, me fazendo rir.
- É?! E porque você fez isso? - Eu falei, ameaçando fazer cócegas nela, ela se contorcia para não ser atingida.
- Porque a única admiradora aqui tem que ser eu, porque eu sou a sua melhor amiga e para não ter dúvida de que eu não serei trocada, eu mandei todas pastarem em outro terreno, PÁRA COM ISSO! – Ela ria, eu fiz uma leve cócega na sua barriga e deitei por cima dela.
- E como você conseguiu tirar todas de campo? - Ameacei outras cócegas nela, ela se contorcia mais e ria alto.
- Não queria nem saber do que eu sou capaz, ! – Ela, agora, me empurrou, eu caí deitado na grama, ela passou as pernas no meu corpo, ficando em cima de mim, jogou os cabelos para trás.
- Pois saiba, minha pequena, que o cargo de admiradora número um já é seu desde o dia que fomos brincar eu, você e no lago, pela primeira vez. Você conseguiu deixar o para trás. - Eu falei abobalhado, a vendo rir vitoriosa. Ela deitou a cabeça no meu peito, arfei nos seus cabelos que cheiravam a flor de pêssego, fiz carinho nos cabelos da pequena, ela ficou mexendo com o pingente que eu dera há um ano.
- … - Ela me chamou.
- Fala.
- Você me ama? - Meu coração acelerou, a pergunta tinha vários sentidos, mas respostas diferentes e indecisas.
- Eu te amo sim minha pequena, amo como se minha própria vida dependesse de você para que eu sobrevivesse, e você, me ama? - Eu respondi em todos os sentidos que a pergunta se direcionava, eu sei que eu a amo sim, mas eu não sei até que ponto, sentia vontade de repetir aquele beijo de um ano atrás.
- Eu te amo, ! Te amo porque eu sei que você é o meu guardião, meu anjo da guarda, meu melhor amigo, o homem perfeito, o homem que Deus me deu para cuidar de mim, no qual eu posso confiar. - Ela levantou o rosto, me olhou profundamente, senti seu olhar em cima dos meus lábios, mordi o canto dos meus, eu estava nervoso, eu queria o beijo e muito, mas e se ela não quisesse?
- ? - Ela me chamou novamente.
- Hm... - Eu ainda estava entretido no contorno dos seus lindos lábios.
- Me beija novamente? - Meu coração acelerou, é, ela queria, eu senti meu coração pular de alegria, era como se tudo valesse a pena, como se tudo, agora, fizesse real sentido, como se as coisas mais simples do mundo fossem as mais importantes, era para mim o início de tudo, pressionei seus lábios aos meus, beijamo-nos com carinho, mas com desejo um pelo outro. Havia algo que ficaria melhor acrescentado, algum ingrediente que restava para fazer a massa perfeita. Acho que foi aí que eu soube que não se tratava só de amor de amigo ou de irmão, havia algo a mais.


CAPÍTULO QUATRO

“...Eu a vi se aconchegar em outros braços e sai contando os passos, me sentindo tão sozinho...”

Eu estava terminando meu banho, era quase quatro e meia da tarde de sábado, estava tendo uma festa na fazenda do , o pai dele fez questão de matar um boi para comemorar essa data e todo o resto, como decoração e música. A mãe dele e a ficaram vendo os detalhes. Falando nela, eu vou conversar com ela, eu vou, finalmente, dizer aquilo que eu sempre senti por ela; dizer que eu a amo e que eu quero construir uma família ao seu lado, se, por um acaso, nós não casássemos, que nosso amor durasse o suficiente para ser inesquecível. Sinto que meu amor é recíproco e que por várias vezes foi declarado. Eu, depois de muito tempo, falarei que sou completamente apaixonado por ela, que sempre fui louco por ela, só que eu demorei muito para perceber.
Ao chegar na casa do , vi muita gente reunida, família, amigos, alguns vizinhos e alguns amigos de cavalgada. Meus olhos procuravam por ela, quanto menos tempo eu demorar, melhor. Senti meu coração acelerar ao vê-la, ela estava linda, como eu digo, a mais linda de todas, em meio a todas ela é a mais bonita. Ela usava um short jeans curto, uma blusa xadrez de mangas compridas e uma regata branca por baixo da mesma, as velhas botas de cano médio caramelo, chapéu combinando com a bota e cinto de fivela dourada que ela ganhou do pai, cabelos soltos e maquiagem leve. Mesmo distante dela, eu sorri ao sentir meu coração bater, ela estava com umas garotas, em torno de quinze meninas, ela me olhou, sorriu de longe e logo quando ela ia vir até mim, apareceu no meio do grupo e se atirou nos braços do meu amigo, o abraçou com força e sorriu para o mesmo, usando aquele sorriso que só ela tinha, aquele sorriso que, até então, a mim pertencia, senti meu coração bater angustiado, ele beijou a face da menor, cumprimentou as outras meninas, ele começou a falar algo no ouvido dela, ela acenou, afirmando algo, eu estava querendo saber o que era, ele se aproximou e beijou o canto da sua boca e a puxou para longe das meninas. O que está acontecendo aqui?! Desde quando o conseguiu essa liberdade? Meus pensamentos estavam conturbados, eu estava curioso e aflito, eles nunca foram próximos, o que aconteceu? Saí escondido no meio da “multidão”, indo atrás deles, me escondi entre os arbustos e árvores, os vi próximo ao celeiro da casa do , ela sentou na cerca de madeira e ele chegou mais perto, a música impedia de ouvir bem, mas eu lembro muito bem daquela conversa, fiquei ouvindo, escondido.
- Fala , o que é tão importante? - Ela perguntou rindo.
- É que eu estou sem jeito. - dizia, ela ficou rindo e olhando ele, vi que meu amigo corava.
- Está com vergonha de mim? Sério, você deveria conversar com o , ele sim é ótimo conselheiro. - Ela falava de mim, meu coração acelerou.
- É que o assunto a ser tratado é com você, eu até conversaria com o , mas eu suponho que ele pense da mesma forma que eu. - Ele deixou a confusa, eu sentir seu olhar confuso sobre ele.
- Então fala, eu estou sem entender. - Ela deu de ombros.
- Eu estou apaixonado por você , desde o momento que eu te vi eu me apaixonei, só que muita coisa aconteceu e eu achava que éramos só amigos. – Arregalei meus olhos, assustado.
- … - Ela falou um pouco assustada e com os olhos brilhando, parecia… Feliz.
- Até acho que o tem sentimentos por você, o que foi um dos motivos para eu não ter me aproximado de você, mas hoje eu acordei decidido a fazer isso. - Foi como se um punhal entrasse no meu peito, meu próprio amigo, meu melhor amigo se declarando para o amor da minha vida, era para ser eu ali, naquele momento, me declarando, eu me sentia ferido, mas eu tinha esperança, afinal, aqueles beijos significaram alguma coisa, a esperança é a última que ia morrer, comecei a pedir por forças maiores que ela, minha pequena, negasse esse amor, eu sentia que o amor dela a mim já pertencia.
- tem sentimentos sim por mim, ele me ama como se eu fosse uma irmã para ele, seus sentimentos são esses, nada mais que isso, . – Eu estava com a garganta entalada, era sufocante, como é que ela não percebeu, e os beijos... Minhas narinas se fecharam, eu ia começar a chorar, ela acabara de matar minhas esperanças.
- Então... - se aproximou dela, ela abaixou o olhar, ele tocou seu queixo, beijou o canto dos lábios, lhe deu um selinho. Meu coração gelou, ele virou o rosto e a beijou. Fiquei em choque, o beijo aprofundou, meu mundo desabou, senti meus pés vacilarem e lágrimas caindo pelo meu rosto, meu amigo, meu melhor amigo está com o amor da minha vida. Saí dali correndo, fui sem olhar para trás, minha visão estava turva do choro que tentava sair, controlei até chegar ao meu quarto, a casa estava vazia, fechei a porta, batendo-a com força, e comecei a chorar. Eu estava desesperado, era tarde demais e eu sou o culpado de tudo isso, se eu tivesse percebido antes, tudo teria sido diferente, agora ela estava ali, aos beijos com o , a raiva que eu sentia por ele me subiu a cabeça, me deixando frustrado, mas, afinal, que culpa ele tinha? Ele sim fez certo, o problema é que eu nunca percebi esse sentimento dele por ela, o que me deixou com mais raiva, afinal, se nós éramos amigos, ele deveria contar a mim. A noite chegou e eu sentado no chão estava, olhando minha gaveta de cabeceira, eu olhava umas fotos e, no meio daquela bagunça, vi um envelope branco, era uma carta que eu recebi da minha família que morava na capital, continha lá uns panfletos de universidades, era pedido da mamãe feito a irmã dela, eu falei que queria cursar Direito para ela e ela fez o pedido a minha tia de vaga para bolsistas, para conseguir, eu teria que estudar e enfrentar a concorrência. Joguei tudo que estava na minha cama para o lado e caí em choro, que idiota eu sou. Escutei batidas na porta, eu me assustei, limpei minha face e falei um “entre”, só que eu fiquei com mais vontade de chorar quando eu vi quem entrava.
- , procurei por você o tempo todo, estão todos lá em baixo perguntando por você. – Ela me olhava de cima, eu estava com o rosto abaixado, eu não queria olhar para ela, eu estava magoado.
- Eu... Eu não estou me sentindo bem, . - Eu falei com uma voz baixa e triste.
- Parece triste, aconteceu algo? – Ela perguntou olhando para mim, e, ainda assim, nem a olhei, ela começou a observar a bagunça no chão, a maioria era nossas fotos, minhas e dela.
- Não... Eu só quero ficar aqui. - Menti e eu me levantei, peguei os papéis e fotografias no chão, ela me olhou preocupada.
- Então... Eu posso ficar com você? – Ela se sentou na ponta da minha cama, me olhando.
- Pode. – Falei, rogando aos céus forças para encará-la. Deitei-me na cama com a barriga para cima, ela se deitou do meu lado, abraçou meu tronco, senti uma vontade de mandá-la ir embora dali.
- Aconteceu uma coisa hoje a tarde e eu quero te falar logo. - Ela começou falando, meu coração se apertou, até eu já sabia do que se tratava, tive vontade de chorar.
- Fala então.
- Eu e o nos beijamos e, sabe, ele falou que era apaixonado por mim, falou coisas, , que me deixaram muito mexida por dentro, eu fiquei atordoada, porém feliz. – Fiquei quieto, ouvindo ela, ultimamente era assim eu sempre a ouvia.
- E você gosta dele, quer dizer, sente algo por ele? – Perguntei curioso, ela sorriu boba.
- Acho que sim, o é lindo e nunca tivemos tanta aproximação, se tentássemos, pode ser que algo mais sério aconteça. – Ela falava e eu fiquei com mais raiva, mas eu via, nos olhos dela, brotar felicidade e eu não sabia tirar isso dela, se minha pequena estava feliz, era obrigação minha ficar feliz por ela, mesmo que ela me deixasse triste por tomar decisões, afinal ela não é mais criança, ela sabe o que é melhor para ela... - , você me entende… - Ela me cortou os pensamentos.
- Olha , você sabe o que é melhor pra você, afinal, eu não mando no seu coração, eu só queria... – Parei de falar, eu não podia confundi-la, resolvi matar esse meu sentimento ali, tentar afastar esses pensamentos.
- Queria o que? – Ela perguntou receosa, eu iria ocultar o sentimento mais uma vez.
- Quero dizer que eu só te quero muito bem, seja muito feliz com o , se merecem. – Eu falei, fingindo estar feliz por ela, ela me olhou confusa.
- Obrigada, mas isso não é um compromisso sério , nem eu sei se quero isso. – Ela falou, fiquei mudo, em fim, resolvi recolher minha insignificância, eu nunca tive tanta importância assim, nosso beijo, para ela, não foi nada, como ela mesma disse “somos só amigos”, não é?!
- , por favor, pode me deixar sozinho?! Eu queria descansar, foi um dia complicado para mim, papai me fez trabalhar muito. - Eu falava me dirigindo a porta do quarto, ela me olhou estranha e com um olhar triste se levantou e foi até a porta, ela levantou o olhar para mim e falou:
- Tudo bem, só que eu sei que você está assim por outro motivo... Parece ser por minha causa, mas já que você quer paz, eu te darei, amanhã nos vemos. – Ela me olhava triste.
- Não se trata de você, eu só quero ficar sozinho, . - Eu pedi, meio que implorando.
- Boa noite , eu te amo. – Ela beijou meu rosto e saiu do meu quarto, me deitei na cama, voltei há chorar um pouco e caí no sono horas depois.



CAPÍTULO CINCO

“... No corpo o sabor amargo do ciúme a gente quando não se assume fica chorando sem carinho...”



Já faz dois meses que tudo mudou desde a última vez que eu realmente a tive junto a mim. Dois meses que me fizeram muito mal, eu não sei mais quem eu sou, eu não tenho mais vontade de seguir minha vida, ando sempre triste, calado e muito ríspido com qualquer pessoa. Quem é que gosta de ser trocado por um namoradinho? O pior de tudo nem é ter que vê-la de namorado, foi ela estar com meu melhor amigo, que mora ao meu lado, na beira do lago se beijando ou debaixo do pessegueiro. Já perdi a conta de quantas vezes eu chorei por causa disso, resolvi tentar buscar motivação para a minha vida, conseguir entender que não vale apena investir tanto em uma coisa que não pode vingar no futuro. Eu estava no meu quarto, olhando uns panfletos de universidades, uma proposta melhor do que a outra. Eu sempre pensei em cursar Direito e isso pode valer apena, comecei a investir em mim mesmo, sabendo que se eu passar eu tenho que muita coisa sacrificar, como ficar junto da minha família, da minha cidade natal, dos meus amigos, do colo da minha mãe e, principalmente, dela. Como todos os domingos fazem um almoço junto com a família e amigos, todos reunidos na enorme mesa da minha casa, inclusive as famílias do e da , decidi que seria hoje que eu iria anunciar oficialmente minha inscrição na universidade para cursar Direito. Vi todo mundo conversando alto, rindo, e trocando carinhos. Limpei a garganta, fazendo um som alto e todos olharam para mim, comecei a me encabular e ao mesmo tempo me encorajando mentalmente.
- Tenho algo a anunciar e é de muita importância para mim e principalmente para meu futuro. - Todos olharam para mim, ora surpresos ora curiosos. – Eu pensei muito esses dias e resolvi dar um passo para meu futuro, eu sei que a vontade do papai e do vovô é que eu dê continuidade ao negócio da família, mas, não é isso que eu quero.
- E, meu filho, o que poderia ser mais importante do que o negócio da família, estamos precisando de você. - Vovô me perguntou.
- Eu me inscrevi na universidade de Harvard e vou fazer para Direito, resolvi que ser um advogado ou juiz é o que eu quero. – Minha mãe logo deu pulinhos de alegria, vendo a sua alegria contagiando até a mãe do , ela me abraçou. Meu pai, orgulhoso, também me desejou sorte e até meu avô mudou de opinião quando ele ouviu que meu nome viria acompanhado de Doutor para o resto da minha vida, mas a única pessoa que eu verdadeiramente queria uma palavra de incentivo não me deu, ficou apenas calada e parecia triste.

O almoço prolongou para o jantar e eu fui para o estábulo ver como Lance estava, ele muitas vezes me ajudava, um bom ouvinte, apesar de ser um animal. Estava eu sozinho, conversando com Lance, quando eu ouvi a porta do estábulo abrindo e alguém se aproximando, seu perfume invadiu o ambiente, fechei os olhos, aquilo estava me matando e eu, por medo e respeito, neguei meu amor a ela. As coisas poderiam ter sido muito diferentes se eu tivesse mudado minhas decisões.
- ? – me chamou, eu me virei para olhá-la.
- Hey, o jantar acabou? Está indo embora? – Perguntei, disfarçando o desconforto da presença dela.
- Terminou, mas todos estão lá dentro conversando e eu resolvi vir ver você. - Ela começou falando, aquilo estava me matando por dentro, vê-la conversando comigo depois de meses sem me dirigir uma palavra, que culpa ela tinha? A escolha foi minha em ter que me afastar dela.
- Eu sinto sua falta, , muita, para falar a verdade e eu queria poder saber porque está se afastando de mim... Eu te fiz algo que eu deva me preocupar? – Ela perguntava preocupada. Respirei fundo, fiz minha cara de felicidade fingida, olhei para ela.
- Não, , você não fez nada. Eu só estou muito ocupado com as coisas da fazenda e com Harvard. – Saí do cercado e fui me sentar no feno, minhas mãos suavam e eu não queria prolongar a conversa, eu sempre saio magoado por dentro.
- Você nunca me falou que tinha vontade de fazer Direito, , vendo por esse lado, até parece que eu não te conheço mais, me deixa preocupada. – Ela continuava falando, mordeu o lábio inferior, sinal de que ela estava apreensiva, preocupada, algo que eu deveria me preocupar, pois ela só faz isso quando realmente se preocupa com alguém, e parecia mesmo preocupada comigo.
- Isso aconteceu porque você nunca me perguntou sobre faculdade nenhuma, por acaso você achava que eu iria ficar aqui para sempre, trabalhando na fazenda? - Eu perguntei irônico e ríspido ao mesmo tempo, ela ficou calada, abaixou a cabeça envergonhada. Eu sou um verdadeiro merda.
- Não sei, só sei que vai ser bem difícil se por um acaso você passar... Já pensou ir para longe de sua família, dos amigos, e principalmente de mim, que sempre preciso de você, vou sentir sua falta. Na verdade, eu já sinto sua falta. Queria passar mais tempo com você, mas... –
- Você está sempre com o ! É, eu sei, fui trocado por um namorado seu, mas eu aceito. – Eu a cortei, mais uma vez ríspido, deixei escapar sem querer, soando malcriado.
- Não é isso que eu quero dizer, . nunca foi um problema. O que eu quero dizer que eu também nunca te vejo por aí, está sempre no quarto ou saindo ou estudando, não me procura mais, até o sente falta de você, todos os seus amigos sentem. Você não parece aquele que eu conheço. – Cada palavra da boca dela era uma bala que entrava no meu peito, por mais que eu achasse certo me afastar de todos, era tudo verdade, a falta de estar junto dela era enorme e até do eu sinto ainda, sim, apesar de tudo, eu não consigo sentir raiva dela e nem do .
- É, eu sei, mas eu tenho que pensar em mim... Entende?! Eu quero isso de verdade, vai ser uma decisão tomada para toda a vida, eu não vou voltar atrás da minha decisão, por ninguém. – Eu falei convencido, senti que falei algo que não devia, abaixou a cabeça.
- Eu queria achar que isso é verdade, , que você está indo atrás dos seus sonhos. Para mim, você está se escondendo de algo. Só quero que você seja feliz, , te desejo toda sorte do mundo, quero sempre seu bem, difícil é ouvir isso de você, que talvez você vá embora daqui há alguns meses para os Estados Unidos, e eu irei ficar aqui nessa cidade, sem você. O que mais me dói é o fato de que viver longe de você vai ser muito mais difícil. – Ela tocou em minhas mãos, fazendo um leve carinho, eu olhei para as mesmas, passando o polegar nas costas da mão dela. Subi o olhar para seu rosto, seus olhos começaram a ficar brilhantes, e ela fungou. Um choro começava a brotar dos seus lindos olhos. Odeio ver minha pequena chorar.
- Eu vou estar pensando sempre em você, acredite. Eu nunca vou esquecer-me de você, de tudo o que passamos e isso não é um adeus definitivo, eu nem fiz a prova ainda. – Eu falei, ainda fazendo carinho nas mãos dela, ela olhou para as nossas mãos e entrelaçou nossos dedos, vi lágrimas molharem sua face levemente rosada do choro que começava, ela olhou para mim.
- Eu sei, mas você é tão dedicado aos estudos que me faz acreditar que uma vaga já é sua. Eu só estou com medo, , de te perder para sempre. - Eu ri baixinho, de nervosismo, para falar a verdade.
- Você não vai me perder, nunca. – Eu falei frustrado, vendo ela começar a fungar, tentando conter ao choro.
- Eu te amo, . – Eu me assustei quando ela disse. Eu queria poder até acreditar que ela me ama da forma que eu a amo, enxuguei uma lágrima que descia.
- Também te amo, minha pequena, vem cá. – A puxei para um abraço, ela aninhou no meu peito, beijei o topo da sua cabeça, ela chorava compulsivamente, me deixando frustrado. Levantei seu rosto com minhas mãos, olhei profundamente para aqueles olhos levemente molhados e vermelhos de choro, em minha opinião, os olhos mais lindos que eu já vira, seu rosto levemente rosado, acariciei seus cabelos, ela fungou um pouquinho, limpei seu rosto, beijei a sua testa. Senti seu olhar sobre meus lábios, meu coração batia tanto que até parecia pular do meu peito, senti que nada podia interromper aquele momento só nosso, veio à saudade de estar junto dela, pensei estar muito próximo do rosto angelical dela, afinal, eu conseguia até contar quantas sardas tinha em uma polegada, entrelacei meus dedos em seus macios cabelos. Senti que ela passava as mãos na minha face e desceu as pontas dos dedos sobre meus lábios, onde ela fez um leve carinho, me fazendo fechar os olhos de delírio. Senti os lábios dela pressionado aos meus, fechei os olhos com força, espremendo eles, a saudade daquele beijo me fez recordar do quanto ela me faz esquecer que as coisas ao meu redor existem e pensar que só ela é a razão porque eu vivo. Ela abriu levemente a boca, dando passagem ao encontro de nossas línguas, busquei a sua impaciente. Quente e convidativa, nossas línguas tinham sincronismo perfeito, mas aí o bom senso veio à tona e eu voltei à realidade, eu não podia fazer isso comigo e nem com ela, parei o beijo no mesmo momento muito assustado, olhei para ela, ela tinha cara de dúvida. Saí de cima do feno e sem dar uma palavra a deixei sozinha no estábulo. Andei depressa para dentro de casa, não dando tempo de ela vir atrás de mim, toquei os meus lábios, os mesmos ainda tinham o gosto doce da boca dela, fechei os olhos atordoado, lágrimas começaram a brotar dos olhos, embaçando minha visão. Que erro eu havia cometido! Traí meu melhor amigo e mais uma vez alimentei essa paixão que não fazia nenhum sentido. Entrei no meu quarto e fechei a porta, olhei para os lados do meu quarto, senti os soluços chegarem, travando minha respiração. Contive o choro que começava a chegar, botei as mãos sobre minha boca, fechando com força reprimindo o som do meu choro, comecei a soluçar forte, me joguei na cama, enfiei meu rosto sobre o travesseiro e ali deixei o choro descer sobre meus olhos, molhando a fronha, o acolchoado do travesseiro me permitia gritar, fiz na tentativa de aliviar a dor que eu sentia dentro de mim, era uma sensação inexplicável, doía tanto por dentro. A dor que eu senti eu não desejo a ninguém, nem ao meu pior inimigo. Não sei por quanto tempo eu fiquei ali, só sei que tempo suficiente para que eu caísse no sono depois de horas chorando pensando nela.

CAPÍTULO SEIS

“O tempo passou e eu sofri calado não deu pra tirar ela do pensamento...”

(n/a: Botem para carregar The Way You Make Me Feel - McFly.)


Eu estava no carro a caminho do aeroporto, meu pai e minha mãe me lavavam de carro e comecei a olhar tudo o que eu iria deixar para trás, a fazenda que era meu lar. Não consegui pensar muito sobre as coisas que eu estava deixando, minha vida estava agora resumida em ser um advogado bem sucedido e ter que deixar aquilo que eu sempre tive ao meu lado para trás, como eu disse, era um sacrifício que para mim valia muito a pena. Era de manhã, bem cedo, por volta das cinco horas, o vôo saía às nove horas. Fiquei no banco traseiro do carro, pensativo, acabei que voltei a pensar nela, eu nem tive coragem de me despedir dela. Seria difícil vê-la sofrer e mais difícil para mim, que já sofria há muito tempo e, mesmo assim, sendo dia de semana ela tinha aula, não daria para me despedir dela hoje, uma desculpa no mínimo pouco convincente, eu estava consciente disso. Senti que na minha garganta formava um bolo, talvez seja a vontade de chorar mais uma vez, respirei fundo, abri minha mochila e tirei de lá um iPod e pus no ouvido para ocupar meus pensamentos, mas isso não ajudou muito.
Já era quase o horário do meu vôo para os Estados Unidos, e já havia feito o check-in e eu estava quase pronto para embarcar, um vazio tomava conta de mim, olhei mais uma vez para meus panfletos da universidade e a carta que recebi há uma semana atrás, mamãe estava chorosa, que saudade eu vou sentir dela.

No mesmo instante...
’s Point of view
Eu ainda não acredito que o não veio se despedir de mim, eu estava tão aborrecida com a atitude dele, afinal, ele é meu melhor amigo. Eu não sei o que ele estava pensando quando resolveu esconder isso de mim, eu iria sim vê-lo, nem que isso seja a última coisa que eu faça. O ônibus havia saído da rodoviária há muito tempo e iria me deixar há uns metros de distância do aeroporto. Eu só soube que ele estava indo embora porque o tinha falado com ele, pelo que ele me disse, o fez prometer que não me falaria sobre a ida, pelo meu bem.
Flashback

- , eu sei, cara, mas ela não pode ficar sabendo, eu não quero vê-la sofrer, entende?- falava, tentando convencer que era o ideal a fazer.
- Eu sei, cara. Não agüentaria ver ela chorar, talvez sua decisão seja a melhor a fazer, pelo menos vai ser menos doloroso para ela. - falava compreensivo, porém triste. – Eu queria ter passado mais tempo junto de você, você sempre foi meu melhor amigo, me sinto um inútil.
- , me promete uma coisa? - pediu choramingando, quase implorando.
Qualquer coisa. – começou a ficar vermelho, fungou, contendo ao choro, ambos não sentiam vergonha um do outro.
- Prometa que fará minha pequena a mulher mais feliz do mundo? Promete nunca abandoná-la e fazê-la esquecer que eu existo? – pedia chorando, o amigo abaixou a cabeça, também chorando.
- Prometo. ... Eu... - soluçou forte, abraçou o amigo fortemente, por mais que o tivesse ganhado o coração dela, ainda sim tinha muito respeito pelo seu amigo.
- Me perdoa, cara, me perdoa por tudo. – pedia ao amigo e só ele entedia o motivo do perdão, queria liberar a sensação de traição de dentro do seu peito, o que foi um alívio de certa forma.
Não há o que te perdoar, só não me deixa sem noticia sua, pelo amor de Deus. – enxugou as lágrimas do rosto.
- Pode deixar, por favor, não conta para que eu vou embora amanhã. – pediu.

Horas mais tarde...

- , você está tão quieto. O que houve? - perguntava.
- Nada, meu amor. Só que... Deixa para lá. - cortou a conversa, ficou sem saber o que fazer, afinal, nunca agia assim com ela e sabia que algo estava acontecendo.
- , eu sei que está acontecendo algo, nunca te vi tão triste assim, fala para mim o que está acontecendo, por favor! – pedia choramingando e abaixou a cabeça, pensou sobre o amigo que iria embora há poucas horas e pensou na .
- , se eu te falar, promete não fazer nenhuma besteira? - pedia, vendo que ela concordava com a cabeça apressadamente. – vai embora. – ficou imóvel, não podia ser verdade.
- Quando você soube disso, ? - Ela perguntou choramingando de dor que sentia, era a dor da perda.
- Nos falamos hoje, e ele e eu nos despedimos, ele embarca logo de manhã, bem cedo. Você não sabe o quanto ele me pediu para não te contar, e eu acabei não obedecendo a ele. – falava aflito.
- Eu imaginei que ele não quisesse despedida, eu vou entrar, , já está tarde. – se levantou do batente da porta de sua casa, se despediu do namorado com um selinho. Ao entrar no quarto, deitou-se na cama e começou a chorar, já sentindo a saudade invadir o coração. A dor era intensa, ela se sentiu desesperada, queria a todo custo vê-lo, mas à hora não era conveniente, seus pais já tinham ido deitar. A noite se prolongou e a garota não pregou os olhos, pensou em como faria para ver pela última vez, olhou para o relógio, era 3:45 AM ela tomou um banho, botou o uniforme, recolheu sua mochila, pegou um dinheiro, guardado dentro de um porta jóia, e deixou um bilhete em cima da cama já forrada, pois sabia que sua mãe iria acordá-la para ir ao colégio.
Mãe, eu me acordei mais cedo, precisei sair cedo para que eu consiga pegar o professor Antônio antes do primeiro horário, tenho dificuldades em sua matéria, desculpa não ter avisado antes, mas você já tinha ido dormir. Voltarei para o almoço. Com amor, .
correu para o ponto de ônibus, que ficava uns trinta minutos a pé, para que conseguisse pegar o primeiro ônibus que iria para o aeroporto. Ainda o sol nascia, pegou o espelho na sua mochila, viu olheiras fundas e escuras, balançou os pés impaciente, queria pegar o antes de embarcar, mas não sabia que horas embarcaria. Os minutos passavam e quando deu 4:45 AM o primeiro ônibus para o aeroporto chegou, ela acenou rápido e embarcou no automóvel. Sabia que a viagem seria demorada, mas ela pedia para que Deus permitisse o último encontro dele. As lágrimas desciam dos seus olhos, ela se sentia desesperada.
’s off Point of view

“Atenção senhores passageiros para o vôo 364 com destino aos Estados Unidos da América, chamada de embarque no portão 9”
(n/a: bota para tocar a música)

A voz estranha anunciava meu vôo, meu estômago começou a dar voltas, me levantei junto com a minha mãe e meu pai para o portão 9, o trajeto foi curto, vi uma fila grande se formar para iniciar o processo de embarque, eu comecei encarando a minha mãe, a mulher que o tempo todo esteve junto a mim, ela chorava, o que me fez chorar também, abracei ela com força, por ser mais alto que ela, ela se aninhou no meu peito. Meu pai estava escondendo o choro, secando rapidamente suas lágrimas, abracei ele com força, bati levemente nas suas costas.
- Promete fazer a mamãe não chorar tanto por mim? - Perguntei chorando.
- Vou tentar, meu filho, vou tentar. Boa viagem. – Meu pai me olhou ternamente e eu entrei na fila grande, logo mais outras três entraram na fila, ficando atrás de mim, eu saí de onde estava e voltei para trás, desesperado, mamãe riu levemente.

’s Point of View

O ônibus já havia me deixado no ponto que ficava do outro lado da rua onde o aeroporto estava. Olhei desesperada para o tráfego na estrada e corrieu ainda tinha que atravessar o estacionamento, que era enorme, e ir procurar o . Senti as minhas pernas darem impulsos fortes no chão, corri o máximo que podia, eu estava quase lá, assim que eu avistei a porta de entrada, corri ainda mais, automaticamente ela abriu e eu entrei. Onde eu o encontraria?
- Senhor, o vôo para os Estados Unidos, onde que fica? - Perguntei a qualquer pessoa que trabalhasse naquele lugar, eu estava ofegante.
- Embarque na portão 9 mocinha, corra, já anunciaram a chamada para o embarque. - Obedeci e corri sem ao menos agradecê-lo.

’s Point of View Off

Só mais duas pessoas e eu entraria, olhei para trás, ainda tinha mais duas atrás de mim e meus pais estavam olhando para mim, eu me sentia incômodo, voltei a fungar. Eu iria chorar de novo, o que estava acontecendo comigo?
- Bom dia, Senhor . – A moça conferiu meus documentos, dei minha mochila, eles passaram no detector de metais.
- O senhor, por favor, passe pelo detector de metais. – Eu ia caminhado para portal e o sinalzinho apitou, eu bufei. Voltei e tirei meus pertences metálicos.
- ! – Tive a impressão de ouvir alguém me chamar, mas estava muito longe. – ! ! – Era a voz da , meu coração acelerou, eu voltei a olhar para trás, não enxerguei porque as pessoas atrás de mim reclamavam da minha demora e porque eu saí da fila e fui olhar melhor para o corredor e lá estava ela, chorando, ofegante e linda, deixei escapar o choro entre os lábios, ela correu ao me ver, e eu fui ao seu encontro, ela veio se aproximando correndo, deixando a saia do seu fardamento esvoaçar ao vento. Ela pulou no meu colo, me abraçando forte, comecei a chorar mais ainda e ela soluçava. Que menina louca, como ela chegou aqui?
- Como você chegou aqui? – Perguntei, botando ela no chão.
- Isso menos importa, , por favor, não vai embora, não me deixa aqui! – Ela pedia em meio aos seus soluços compulsivos.
- Eu não posso! Eu já deveria estar no avião. – Falei desesperado, querendo ir logo embora dali, mas a vontade de ficar era enorme.
- , por favor, não vá! Eu não sei o que eu vou fazer sem você. Eu te amo tanto. – Ela soluçava e eu a abracei mais uma vez, tomei seu rosto em minhas mãos, e beijei seus lábios, prensando desesperado e aflito, fechei os olhos com força, os espremendo, deixando escapar outras lágrimas dos olhos, quando senti que o beijo ia aprofundar, saí de volta para a fila, correndo para o encontro da atendente, ainda chorando, passei pelo detector. Ouvi gritar meu nome, eu peguei minha mochila e os outros pertences, na bandeja.
- Tenha uma boa viagem, senhor. – Entrei pelos corredores metálicos. ainda gritava meu nome, eu sabia que ela estava chorando, não tive coragem de olhar para trás, a voz dela ia se afastando. Comecei a soluçar, entrando a direita do corredor a minha frente, uma aeromoça me esperava para fechar as portas do avião, entreguei o bilhete, ela sorriu.
- Poltrona 23, senhor. – Eu fui olhando os números e achei, me sentando ao lado de outro homem de paletó, minha poltrona ficava no lado da janela, me sentei, recebi os fones de ouvido, o primeiro barulhinho acionava e o comandante do vôo entrou falando.
“Senhores passageiros, bom dia, em alguns instantes iniciaremos o vôo, sou o comandante Alexandre Marinho, o dia está ótimo para um vôo, o céu com poucas nuvens, temperatura de 16 graus Celsius, agrademos por voarem com a United States Airlines, tenham um bom vôo.”

Oito anos depois

Quanto tempo havia se passado desde da última vez que eu a vi. Já faz tanto tempo e eu sempre sofri calado, sem ninguém para me ouvir, sem ninguém para me dar conselhos. No meu escritório, eu estava sentado, olhando para a vista que eu tinha de NY, quase toda, eu, hoje, não sei como agüentei todos esses anos, sem ver minha família, não tive mais notícias dela desde então, me enviou umas cinco cartas durante esse tempo todo. Eu acho que ele parou porque eu não respondia a nenhuma delas, mas eu as lia, na carta tinha dizendo que estavam bem, ele disse que estava muito apaixonado por ela, o que me deixou um tanto aliviado. Minha mãe, que me mantinha sempre em contato, meu avô morreu já há uns três anos, de ataque do coração, meu pai estava arrasado. Por incrível que pareça, eu não sei mais o que fazer, aprendi que beber álcool não ajuda a esquecer, só ganho uma puta ressaca no dia seguinte, aprendi que ter mulheres, por mais lindas que sejam, não iria me fazer esquecê-la, aprendi que viver sem a presença dela era a coisa mais dolorosa que eu podia sentir; quando eu me tornei realmente um advogado bem sucedido, aos 24 anos, e hoje com estou com 26, eu ainda alimentei a certeza de que iria ser feliz, comecei a ganhar muito dinheiro e prestígio com os meus casos sempre ganhos, casos que eram milionários. Comprei um apartamento lindo que ficava no Central Park, o que me proporcionava uma linda vista do mesmo e o mais caro de todos, comprei o carro que eu sempre namorava quando eu o via na concessionária, tive mulheres lindas na minha cama, tenho amigos poderosos e sou uma pessoa de reputação invejável. E o que isso me trouxe? Absolutamente nada. Aquele vazio nunca foi preenchido totalmente e eu sabia que a peça que encaixava ali estava muito longe de mim e nos braços de outro homem.

CAPÍTULO SETE

“Eu ia dizer que estava apaixonado recebi o convite do seu casamento com letras douradas num papel bonito chorei de emoção quando acabei de ler...”



Eu não agüentava mais, meu rosto estava ficando sem vida, minhas olheiras escuras e fundas de noites e mais noites sem dormir por causa dela. Botei meu paletó Armani e saí de casa, pegando o caminho para o trabalho, a saudade de casa tomou conta de mim, eu nem me lembro mais de como aquela fazenda era, ou se mudaram alguma coisa. Subi o elevador, cumprimentando a senhora que estava junto a mim. O elevador parou no 12º andar, onde ficava minha sala, cumprimentei a Senhora Harley Milles que trabalhava para mim fazia quase cinco anos. Entrei na minha sala, solitário como sempre, deixei que minha mente fosse ocupada pelos relatórios que eu tinha sobre a mesa, eu precisava trabalhar, mas como sempre, e por longos oitos anos, ela sempre estava no meu pensamento.
Por volta das duas da tarde eu saí para dar uma volta pela cidade, espairecer um pouco, o trabalho que eu tinha já havia sido terminado e eu fui para casa, me troquei e fui andar um pouco pela cidade, tomei um metrô e desci após uns quinze minutos, fui andando pelas ruas, tranqüilo e sem destino. Em uma das ruas, uma loja me chamou atenção, era uma joalheria e bem em destaque tinha um anel de diamantes. Pensei nela mais uma vez, quem sabe eu devesse voltar ao meu antigo amor, eu realmente sei o quanto ela me ama, afinal, se ela nunca me quisesse, ela nem pedia para eu ficar como ela pediu e nem havia me beijado. Então eu percebi o quanto estúpido eu fui, o quanto idiota eu sou de não perceber que ela só não ficou comigo por minha causa, que ela me amava o tempo todo. Meu coração palpitou e pela primeira vez eu senti algo bom dentro de mim, entrei na loja e comprei o anel, eu iria voltar.
Era sexta-feira, por volta do meio-dia, quando eu cheguei no meu apartamento, eu iria embarcar logo a noite, eu estava aparentemente melhor, eu estava começando a me sentir feliz porque eu iria, finalmente, fazer aquilo que eu deveria fazer a muito tempo, dizer a ela tudo aquilo que eu sinto, e pedi-la em casamento. Acenei para o moço da portaria.
- Senhor , bom dia! Parece animado. – Ele me perguntou, aparentemente satisfeito, eu sempre fora muito ríspido com ele, mas hoje eu resolvi ser simpático com todos.
- Sim, meu caro Roger. – Abri minha caixa de correio e saí rumo ao elevador. Ele parou no meu andar, assim que abri, eu passei as chaves na fechadura, e entrei, joguei minha maleta no sofá e olhei para os envelopes em minha mão, saí passando o olho, todos eram contas, cartas de prestígio vindas de Harvard, uma do meu cliente, exceto por uma, de envelope amarelado, olhei atento, era endereçado a mim, virei o envelope e busquei quem havia me enviado, foi como se estivesse num filme de terror, quando você se assusta porque um monstro aparece do nada, eu li “ ”, ela me enviou uma carta, rasquei apressadamente o envelope, fui até a grande janela, que dava para o Central Park e vi outro envelope menor, todo branco, com rendas brilhantes, alguns detalhes que parecia ser do gosto dela, abri a fita lavanda e puxei o papel delicado dentro do envelope e de letra cursiva delicada e dourada.

“Os senhores e , tem o prazer em convidar vossa senhoria para o casamento dos seus filhos e
Meu coração acelerou, deixei um som de choro escapar, não podia ser verdade, li mais outras vezes, acreditando que era algum problema de visão, comecei a chorar emocionado. Como um pedaço de papel lindo e delicado pode ter me trazido a pior notícia? Seria mesmo verdade? Pela data o casamento, era na semana que vem. Minha mãe não me contou nada sobre esse casamento, o chão parecia ter sumido todo o resto, não fazia mais sentido, eu chorava desesperado, puxei uns fios do meu cabelo com muita força, olhei para o envelope amarelo no chão, rasgado com outro pedaço de papel dobrado ao meio, era uma carta escrita a mão. Tomei a mesma e li o que nela tinha escrito.

CAPÍTULO OITO

“Num cantinho rabiscado no verso, ela disse: Meu amor, eu confesso tô casando, mas o grande amor da minha vida é você. ”



, Não sei como eu tive coragem de enviar esse convite, fiquei apreensiva achando que talvez não chegasse até você a tempo, mas eu tenho quase a certeza que você não irá voltar. Desde que você foi embora, minha vida virou de cabeça para baixo, cheguei a ficar internada inúmeras vezes, sofro desde então por você. Eu não queria que isso acabasse assim, que você fosse embora daquela maneira, você não sabe o quanto eu corri para te pegar antes de você embarcar, é verdade, não sabe porque nem deu tempo de dizer adeus. Eu entendi que você estivesse atrás daquilo que você sempre quis e hoje provavelmente deve estar muito bem, só te enviei o convite, , para te dar a oportunidade de dizer um adeus descente, já que até eu fiz minha escolha, não é o que eu quero, mas como você me disse há muito tempo: É uma decisão para o resto da minha vida. Queria ter a opção de escolher quem eu quero ao meu lado, escolher o pai dos meus filhos, escolher o meu marido, e se você tivesse feito diferente, esse homem seria você. Ainda é difícil conviver sem você, sinto falta dos seus abraços e dos seus beijos. Eu espero que você tenha cumprido sua promessa de nunca ter me esquecido, porque é o que parece, mas eu cumpri com a minha, tanto é que eu estou fazendo isso. Espero ansiosa para te ver novamente, confesso que eu estou casando com o que é um homem muito bom para mim, ele não é o que eu quero, mesmo com tanta atenção que ele me dá, me sinto culpada por magoar o sentimento dele, que nunca fora correspondido por mim. Demorei muito tempo para perceber que era você que eu amava e ainda amo e, quando eu dei por mim, você já estava embarcando, o grande amor da minha vida sempre foi você. Te amo para sempre! .”

Chorei emocionado com as palavras dela, meu amor sempre fora correspondido e eu foi idiota o suficiente para deixá-la. BURRO! É isso o que eu sou! Tomei o papel e corri tropeçando no piso escorregadio para meu quarto, eu iria vê-la novamente, mesmo que de longe, mesmo que eu os veja trocando aliança de compromisso. Queria poder acreditar que eu ainda tinha mais uma chance para mim, mas ela mesma disse que já fez sua escolha. Botei umas roupas na mala, correndo como um louco, assim que eu terminei, vesti um terno cinza e uma blusa de botão lilás por dentro, com gravata, me arrumei, peguei na minha mesa de cabeceira meus documentos e passaporte, e senti a caixinha quando tateei a gaveta, era a aliança que eu daria, dei uma última olhada nela, uma lágrima desceu dos meus olhos, limpei e botei a caixinha no meu bolso do terno e tomei caminho para o aeroporto.
O táxi me deixou na frente da minha casa, a estrada continuava a mesma coisa, mas com vida diferente, meu estômago dava voltas e voltas, abri a porteira e entrei, vendo o táxi sumir levantando a poeira da estrada, caminhei olhando para frente, a varanda continuava a mesma coisa, só que reformada e de cor nova, parei na frente da porta de madeira, soltei minha mala no chão e segurei a alça da mochila no meu ombro, toquei a campainha, minhas mãos tremiam, escutei a chave girando na fechadura e quando abri a porta, minha mãe estava lá, linda como sempre, ela ficou olhando para mim, eu respirei fundo, uma lágrima desceu molhando meu rosto, eu sorri abertamente, que saudade da minha mãe.
- Pois não, senhor? - Soltei uma gargalhada, a minha própria mãe não havia me reconhecido.
- Não reconhece mais a sua cria, não, mulher! - Falei brincando, soltando a mochila no chão.
- ?! Oh meu Deus! – Ela pulou nos meus braços e começou a chorar, eu também chorei de saudade, de felicidade. Era a minha mãe. Ela distribuiu beijos no meu rosto, eu pus ela no chão.
- John! voltou! – Mamãe gritava para que meu pai ouvisse, eu ouvi passos na escada.
- Eu já disse, mulher, pára com isso, não... – Ele parou, me vendo sorrindo na sala, ele estava boquiaberto.
- Eu não acredito. – O velho veio me abraçando, só Deus sabe o que eu sentia naquela hora.

O dia do casamento se aproximava, seria realizado amanhã, eu cheguei fazia quinze dias e eu não tive coragem de falar com ela, talvez ela soubesse que eu havia voltado, mas eu não estava muito preparado para olhá-la. Eu estava indo para o lago, era de noite, já bem tarde, fiquei sentado na sua margem, apreciando a beleza que ele tinha. Fora aqui que tudo começou, lembro-me como se fosse ontem. Remexi nos bolsos, tirei uma caixinha de dentro dele, meu coração se apertou; como eu ainda trouxe isso para cá? Eu já havia perdido, para que lutar de novo? Um trovão alto ecoou no céu, chuva grossa começava a cair e eu não saí de onde estava. Abaixei a cabeça e a enfiei entre as pernas, fechei os olhos; a chuva caía sobre minhas costas e cabeça, apesar do frio que fazia, ela me fazia relaxar.
- Por que as coisas tinham que ser assim? – Perguntei a mim mesmo. – Por que eu simplesmente não fiz o que eu deveria ter feito? – Comecei a chorar.
- ?! – A voz dela ecoou no meu pensamento, eu só podia estar delirando.
- Agora eu sou um louco, a voz dela até parece nítida no meu pensamento. Mas que droga! - Eu falei alto, quase que gritando, ainda de cabeça baixa.
! – Percebi que a voz era real demais, arregalei meus olhos e olhei para os lados e a vi, toda molhada, respirando arfante, tomei um susto, levantei e me pus de frente a ela.
- Você veio! Achei que não viria. – Ela falou incrédula.
- É eu vim, vim porque eu quero fazer diferente dessa vez, quero te pedir primeiramente que me deixe falar: Me desculpe por minha ausência, eu não quis te fazer sofrer, pequena, eu só quis seu bem, tanto que eu deixei meu sentimento preso para que o seu se libertasse, achei, no início, que poderíamos dar certo, mas aí o apareceu e fez o que eu deveria ter feito, ele tomou coragem. Me desculpe por ser um covarde e por nunca ter lutado pelo amor que eu sentia por você, eu acho que sempre soube que você me amava, mas eu sempre me achava inferior e nem digno de ter seu amor. Me desculpe por não ter voltado, desculpe por eu não ter sido bom amigo, nem bom amante, espero que você acredite em mim, porque o que eu falo é verdade e vem daqui do coração, me perdoa, me perdoa. – Eu falava chorando desesperado, abaixei minha cabeça, cobri minha face com as mãos. Senti o toque dela na minha mão, puxando, ela tomou meu rosto com as mãos e beijou minha bochecha.
- Eu não acredito que eu estou ouvindo isso agora de você, esperei isso por muito tempo, e por mais que não haja saídas, eu queria estar agora ao seu lado, queria que você fosse meu marido. – Ela falou, me deixando assustado, eu já deveria saber que nós nos amávamos muito.
- Eu nunca esqueci de nós dois, eu nunca esqueci do jeito que você me pediu para ficar, sabe, , minha vida se resume a você, eu, hoje, sou o que sou, mas eu ainda sou um nada. Você não sabe, meu amor, o quanto eu te amo e o quanto eu sempre te amei! – Eu falei me aproximando dela, toquei em suas mãos que estavam frias, ela soluçou um pouco.
- E talvez eu nunca irei saber, ... Eu te tenho agora, não quero te deixar ir embora. Não agora que eu te tenho. – Ela falou chorando, beijei as costas da sua mão.
- Então fica, fica comigo... Seja a minha esposa, assim eu não terei que te perder mais uma vez, se case comigo. – Eu falei quase que implorando; ela abaixou o olhar. Eu botei a mão no bolso e puxei a caixinha, ela olhou meus movimentos, abriu a boca, parecendo incrédula pelo anel que havia dentro da caixa e me olhou. – Eu não estou brincando, eu não quero ir embora sem que você venha junto comigo, eu não sei se eu vou conseguir te ver nos braços de outro, por mais que eu não tivesse feito nada para nós no início, eu estou fazendo isso agora, porque pode ser que haja uma saída, eu voltei por você, não me deixa agora que eu te tenho, pequena. – Eu enxuguei uma lágrima da minha face, alisei suas bochechas, ela chorava.
- Você sempre me teve, , eu sempre estive aqui, meu coração sempre te pertenceu. Já tentei de tudo para te esquecer, mas você é teimoso e não sai. – Ela riu um pouco e me fez rir também. – Mas o que eu farei?! Amanhã eu vou me casar, .
- Com a nossa separação, ambos perdemos muito. Eu perdi porque você foi a pessoa que mais amei em minha vida. Você perdeu, porque eu fui a pessoa que mais te amou em toda sua vida. Mas de nós dois, você foi a pessoa que mais perdeu, porque eu posso vir a tentar amar outra pessoa como eu te amei, e você jamais terá alguém que te amou tanto quanto eu. - Ela chorou um pouco, eu aninhei ela no meu peito. - Não precisa responder agora, amanhã eu voltarei para os Estados Unidos, eu já fiz o que tinha que fazer, eu só espero que você faça a escolha certa também, eu embarco às dezessete horas, eu vou te esperar, mas essa é a última vez que eu farei algo por nós dois. – Eu falei, tomando seu rosto molhado em minhas mãos
- Não faz isso comigo, ! Se por acaso eu não for e desistir de nós dois e de meus sentimentos, restarão apenas mágoas e palavras não ditas. O passado não importa mais, só importam as lembranças de que um dia eu fui capaz de amar alguém, e enquanto houver o silêncio das palavras, eu vou me lembrar de tudo o que houve entre nós e desejar que eu possa transformar meu passado em algo, no futuro, bom e gostoso de lembrar. - Um beijo de saudade ali iniciou. Passei a língua nos lábios dela, pedindo encontro com a dela, havia tanto o que dizer, mas nosso beijo falava por nós eu tomei-a no meu colo e levei-a ao estábulo, no trajeto ela me beijava e fazia carinho no meu pescoço, assim que chegamos, ela desceu dos meus braços e colocou um tecido enorme xadrez sobre o feno, se aproximou de mim e me puxou pela gola da minha camisa, me fazendo deitar sobre ela, ela fez menção de desabotoar sua blusa, mas eu parei, fazendo isso por ela e comecei a chorar ali mesmo, desabotoando um por um, e vendo seu lindo sutiã de renda branca revelar-se, sonhei com esse momento várias vezes por anos e anos. Assim que acabei, beijei sua face rosada.
- Eu não queria que fosse assim, meu amor, mas pelo menos dessa vez eu farei diferente... Nem que seja pela última vez. – Eu falei choramingando, fazendo com que ela também começasse a chorar e interrompi nossos choros beijando-a, ela passava a mão pelo meu abdômen, me fazendo arrepiar, levantei meus braços e ela subiu minha blusa para tirá-la. Busquei seu pescoço, distribuindo beijos e mordidas na região, passei as mãos pelas suas costas e abri o feixe do seu sutiã, nunca em toda minha vida pensei ser assim, mas eu estava feliz, eu sabia que meu amor era recíproco e que eu a tinha ali comigo, não tendo que dividir com ninguém.

- Não vou agüentar ver você subindo aquele altar e ver que outra pessoa está lá e não eu. – Eu falei deitado ao lado dela, ela estava abraçada ao meu tronco e me olhou.
- Eu sei que é difícil, , é por isso que eu ainda não posso dizer que irei com você, só peço que não se decepcione se eu, por acaso, não conseguir ir. – falava dividida. Eu até entendia, mas agora que eu a tinha nos meus braços, eu a queria só para mim.
- Eu vou te esperar. - Passamos a noite juntos e não conseguimos dormir, logo quando os primeiros raios de sol surgiram, eu resolvi me recolher. Fui para meu quarto e ela fez o mesmo, indo para a casa dela, fiquei acordado até que o sol começasse a surgir dentro do meu antigo quarto. O dia estava lindo, o sol surgia tão reluzente e forte que dava nova vida para aquele lugar. Eu não sabia o que fazer agora, eu iria embora e eu não sabia se o amor da minha vida estaria indo comigo, o que me deixava muito desesperado.

Já era quase uma hora da tarde e eu já podia ver as pessoas chegando, carros sendo estacionados... Eu estava olhando da janela do meu quarto, minhas malas já estavam no chão e eu estava terminado de me trocar. Eu queria ao menos vê-la de noiva, mas eu não faria isso, eu não podia ir aquele casamento. Mamãe implorava para que eu ficasse, mas eu não iria ficar. Ela sabia que eu tinha que voltar, eu já fiz a minha parte de dizer tudo aquilo que eu sinto até hoje, só resta ela dizer que sim para mim, mas eu, lá no fundo, sentia que já havia perdido a batalha. Agora eu só iria esperar e se ela não vier, eu iria embora para nunca mais voltar e tentar amar alguém assim como eu amei ela e tentar ser feliz; só de pensar nessa possibilidade eu entrava em desespero.
’s Point of view

Eu estava no meu quarto, me olhando no espelho, o reflexo era de uma mulher vestida para casar, com um dos vestidos mais lindos que eu já vira. Os cabelos e maquiagem impecáveis, mas você via no olhar dela que não parecia feliz, sorrisos falsos e agradecimentos forçados eu dava a minhas três madrinhas que estavam no mesmo quarto que eu.
- Por favor, meninas, podem me deixar sozinha? Eu estou um pouco nervosa. – Elas me obedeceram e saíram rindo e me elogiando. Olhei pela janela, procurando rostos familiares e vi lá fora cumprimentando os convidados, coitado, mal sabe ele da minha infelicidade, abaixei o olhar, caindo ele sobre a mesa que eu estava apoiada, e lá estava a caixinha do . Abri a caixa e retirei o delicado anel, pondo no meu dedo, olhei novamente para fora, procurando o rosto do . Alguém entrou no quarto, me fazendo assustar, era minha mãe.
- Querida, só estamos esperando você... Oh meu Deus, você está linda! – Eu comecei a fungar, eu queria ir atrás do , eu queria acabar com essa farsa. – Ah, por que chorar, querida?! – Ela passava um lenço no meu rosto.
- Mãe, eu não posso fazer isso com o ... Talvez ele não seja a pessoa certa para mim, eu não quero magoá-lo. – Comecei falando. Ela me tocou ternamente.
- Você não esqueceu ele, não é?! Eu o vi lá fora, ele parecia ir embora. – Ela falou como se soubesse de tudo.
- Mãe, você entende... Eu não posso deixar o homem da minha vida ir, eu não quero sofrer para sempre. Mas eu não quero magoar o . – Eu falei, já com vontade de chorar.
- Minha querida, eu não decido por você, faça aquilo que seu coração deseja. – Ela me entregou o buquê. Já estava na hora do casamento e eu precisava pensar rápido. A minha mãe abriu a porta do quarto, ela foi atrás do meu vestido, arrumou a calda e ela saiu rumo à cerimônia. Meu coração parecia sair pela minha boca, invadiu meus pensamentos e eu comecei a pensar da vez que eu corri até ele, da vez que eu o vi embarcando. A caminho do lago, eu via tudo arrumando ao meu gosto, tudo que eu pedi estava lá, o dia estava lindo. Observei meu pai, ele me esperava sorrindo, eu me prostrei a sua frente e uma lágrima desceu do meu rosto.
- Você está linda! – Ele beijou minha testa. – Ainda quer continuar? – Me assustei com a pergunta dele, respirei fundo. Enlacei meu braço no do meu pai, e a marcha nupcial anunciou a minha chegada, todos se levantaram. As daminhas andavam jogando pétalas por onde eu passava, meu coração começou a se agoniar, eu sei que tudo que foi feito foi errado, eu amava o desde que eu o vi pela primeira vez, mas eu nunca fui capaz de compreender que esse amor não era de amigo, era muito mais. Caminhando, vi rostos familiares e tantos que eu sorria, mas assim que eu olhei para o altar, lá eu vi o homem no qual eu amava mais que nunca, estava do jeito que eu sonhava em vê-lo, eu sorri mais ainda, maravilhada, lágrimas desceram da minha face, sorria para mim. Meu coração palpitou, coisas vieram à tona, onde estava ?! Assim que voltei a pensar nele, havia sumido e quem eu via no lugar dele era o . Doce ilusão pensar que estaria ali. chegou perto de mim, meu pai me entregou ao , o mesmo beijou minha testa, me fazendo ficar frustrada, afinal, a quem eu queria enganar?
- Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, Amém. Estamos aqui reunidos para unir esse casal em matrimônio. – O padre iniciou a cerimônia.


’s Point of view

Fiquei horas olhando o relógio e bebericando café, pensar que tudo agora pode mudar era a coisa no qual eu pensava muito em poucas horas, eu sabia que tudo podia acontecer e que ela podia me deixar, mas eu estava preparado. Pelo menos é o que eu achava. Eu sabia que a cerimônia havia começado, eu já havia feito minha parte, mas e se tudo que eu planejei for destruído? Eu não podia mais remoer o passado, eu tinha que seguir em frente e tentar, ao menos, ser feliz. Tentar amar uma pessoa e oferecer amor a quem você escolher; nós, com o tempo, aprendemos a amar só de tentar conviver com ela, certo? E eu estava disposto a acreditar que isso é uma boa saída para a felicidade. As horas viraram minutos e dentre de 20 minutos eu iria embarcar e a cada segundo que passava minhas esperanças iam se afogando no passado. Tomei outro gole da bebida quente, me levantei, olhei ao meu redor a procura de alguém familiar, alguma coisa que recuperasse minhas esperanças, nada veio a me consolar. Caminhei para o portão de embarque, uma fila já estava formada, era hora de dizer adeus por definitivo.

Off Point of view.

- , aceita como sua legítima esposa, prometendo amá-la e respeitá-la em todos os dias de sua vida, na alegria, na tristeza, na saúde e na doença, em todos os momentos, até que a morte os separe? – O padre perguntou, me olhou sorrindo, meu coração apertou de tristeza.
- Sim. – respondeu.
- você aceita como seu legitimo esposo prometendo amá-lo e respeitá-lo em todos os dias de sua vida, na alegria, na tristeza, na saúde e na doença em todos os momentos até que a morte os separe? – Olhei para o , era decisão definitiva agora, ou sim ou não. Comecei a chorar, abaixei o olhar.
- Não, eu... – Ouvi múrmuros, me olhou assustado. – Quer dizer, sim, eu aceito. – pareceu aliviado, soltei soluços e nem eu mesma acreditava que eu havia desistido de tudo, agora simplesmente eu não podia voltar atrás.
- Fiquem de frente um ao outro para que possam oficializar a união, as alianças, por favor. – O padre pediu as alianças, olhou para mim com um sorriso tão lindo, abaixei minha cabeça, e lágrimas caíram da minha face, passou seus dedos delicadamente no meu rosto enxugando minhas lágrimas. Eu sorri para ele, as coisas a partir de agora não serão mais as mesmas. tomou as alianças já abençoadas, pegou minha mão, e botando a mesma ia dizendo:
- , recebe essa aliança em sinal de meu amor e de minha fidelidade, prometo estar ao seu lado, te apoiando e disposto a te fazer feliz eternamente, quero construir uma família ao seu lado e viver com você até o dia em que eu não puder mais respirar e meu coração parar de bater. – dizia com as palavras sinceras e o som mais doce de todos que eu já ouvi, meu coração se sentia reconfortado, mas ainda ferido; ele beijou minha mão.
- , receba essa aliança em sinal de nossa união e de minha fidelidade, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. – Botei a aliança em seu dedo, sorri para ele, beijei sua mão. Ele se aproximou de mim, tocou minha face, fechei meus olhos e ao abrir vi a imagem do ao invés do , senti sua mão tocando minha nuca, aproximando meu rosto do seu, eu podia ver seu rosto em mínimos detalhes, fechei os olhos ao sentir nossos lábios sendo selados, mas não parecia ser os mesmos lábios do . Ao nos afastarmos ouvindo aplausos, vi na minha frente, acabei que, por fim, entendo que agora eu deveria esquecer , pobre dele que veio até mim no último momento, mas veio muito tarde. Eu agora tentaria ter uma família com e eu sabia que ele estava disposto a me fazer feliz. Pobre do meu coração que doía mais do que tudo nesse mundo, só quem sabe a minha dor entenderia o que eu sentia, eu agora não podia me arrepender. era um homem maravilhoso, a convivência talvez me ajudasse a aprender a amá-lo.
- Adeus .

Fim




Nota da Autora: Acabooooou, nossa eu achava que nunca iria finalizar uma fic que eu escrevia! Mas que bom que conseguir! Em fim, espero que tenham gostado, porque eu sinceramente gostei, e eu gostei taanto que pensei “pode ser que role a Convite de Casamento 2”, maaaas vamos ver não é! Essa fic eu nem tive ajuda, fiquei completamente perdida na parte final, mas agradecimentos as minhas amigas que sempre me ajudam quando eu perguntei a elas se era melhor final feliz ou triste que fique bem claro que houve empate e ainda sim não está decidido. Obrigada a Beta! Espero que tenham gostado, aceito sugestões na segunda parte da historia e quem quiser me ajudar me procure no twitter @BabyRibeiiro, boa sorte quem fará vestibular esse ano e isso também encaixa a mim que eu vou fazer tbm!
Obrigada por tudo, Baby xx

Nota da Beta: Chorei, confesso. Muita linda essa fiction, Baby. Parabéns! Foi muito bom betar ela!
Qualquer erro que você encontrou, mande um e-mail diretamente para mim. Obrigada, Thai.

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