Ela nunca imaginou que ficaria assim, inconsolável. Nem em seus piores pesadelos poderia imaginar uma coisa dessas.
A única coisa que se passava em sua mente era que ela poderia ter feito muito mais do imaginara se quisesse. Mas agora não havia mais volta. Não tinha ninguém perto dela, ela estava sozinha com sua alma implorando para sair de seu corpo, implorando um pouco de piedade de si mesma. Ela estava à beira do lago, abraçada aos joelhos, se balançando constantemente como uma criança faz quando está brincando no chão, ou quando está em um balanço. Só que a diferença era que ela não tinha motivos para brincar, muito menos para se sentir livre quando como se está num balanço. Ela não queria ajuda, ela não tinha ajuda, e se tivesse não teria mais. Ela achava que cavara o próprio buraco para a morte. Ela achava que não merecia viver, e que Deus poderia ser um pouco mais justo com ela, tirando a sua vida para que não tivesse que sofrer mais.
Uma vez, sua mãe disse-lhe que tinha medo de baratas, mas que enfrentaria um leão se fosse preciso, apenas para deixar sua filha, a meiga, suave e encantadora filha a salvo dos perigos do mundo. Sua mãe cumpriu a promessa, mas ela não. Sua promessa era ser o que a mãe queria que ela fosse: meiga, suave e encantadora. Ela não era e nunca fora isso. Ela simplesmente não podia ser. Não era de sua natureza, e agora ela se desculpava à sua mãe mentalmente por não ser quem ela queria que fosse.
“Perdão por sermos tão diferentes, em pensar totalmente o contrário do que pensamos.
Perdão por eu não ser a filha encantadora e maravilhosa.
Perdão por ter feito você sofrer tanto com as desilusões que eu a proporcionava diariamente.
Perdão por eu não ser a filha querida; por eu não ter tudo de bom que você um dia sonhou; por eu não tentar ao menos ser o que você gostaria que eu fosse. Mas, apesar disso tudo, obrigada por eu ser sua filha, e ter nascido em um lar maravilhoso.
Espero que um dia me perdoe por tudo que eu fiz, por todas as regras que desrespeitei, por suas lágrimas que por minha causa foram derramadas... Não tive a intenção de causá-la essa dor minha mãe. Perdoe-me."
Ela ainda chorava como um bebê querendo o colo da mãe. O colo que só a mãe tem. Ela não sabia o que fazer, estava perdida em seus sonhos e em seu mundo que desmoronava.
Ela havia perdido todos os sinais. Tinha chegado depois da hora, depois que todos já tinham ido embora. O que ela havia perdido? O que ela sabia? Ela começava a se alinhar, a perceber que agora, só agora, estava pronta para mostrar seu amor, mas como eu já havia dito... Tarde demais.
Perguntava-se se ela tivesse implorado e chorado algo mudaria a noite sombria que havia entre ela e seus pensamentos. Se isso traria a ela alguma luz. Ela esperava uma ligação, mas não uma qualquer; uma ligação para que ela deva sair deste mundo, e passar a pertencer a outro mundo, a um mundo novo que ela esperava ansiosamente para conhecer, mas não podia fazê-lo tão rápido. Haviam passos para serem seguidos, passos que ela simplesmente não podia ignorar. Ela não sabia se havia esperança no final das contas, mas ela iria até o final para descobrir. Quase sentia alguém alcançá-la, sentia alguém perto dela, mas de repente desaparecia. Desaparecia como o Sol na noite, mesmo estando no mesmo lugar, só que "invisível". Ela mentiu tantas vezes para si mesma que quando fechava os olhos, ela via o rosto e a voz dele, e o coração dela ficava confiante instantaneamente. Mas logo passava – e voltava. Tão rapidamente como uma batida de um coração quando é estimulado pela adrenalina. Ela tinha medo de ser a única sombra que via no lago, que a única batida de coração que ela ouvia fosse a dela; tinha medo de estar sozinha. Ela não via o instante enquanto estava perdida, sim, ela tinha medo da solidão. Ela estava travando uma luta consigo mesma.
Uns de seus medos estavam se tornando realidade. Ela estava afundando, e o pior, sozinha. Não tinha ninguém para ajudá-la, só que ela pensava que talvez esse medo não fosse tão ruim, já que iria começar uma nova luta, com muitos aliados, dessa vez. Estava cansada do vazio que sua vida havia se tornado.
Dizem que o homem começa a morrer quando nasce e a viver quando morre. Talvez seja verdade. A partir daí, fica fácil entender o significado da vida espiritual, que é eterna. Ela havia tomado suas decisões e não ficaria para trás. Ela tinha que cumprir com suas obrigações, impostas por ela mesma. Ela começava a acreditar que sua vida começaria agora. Um novo começo, um novo mundo. Novas pessoas, novos amores. Ela já não sentia mais pena de continuar a viver neste mundo, onde todas as pessoas fazem o que querem e não têm sentimentos uns com os outros. Nesse mundo onde as pessoas jogam bombas em outros países, e nem se importam com o sofrimento dos outros. Mas ela não podia julgar os outros, ela não estava ali para isso. Ela se despediu mentalmente desse mundo, e deu adeus, já sentindo a dor aguda invadir todo seu corpo.
Uma única frase ficou na sua mente enquanto estava em seu leito de morte, "Onde está o amor?", e assim ela partiu sem resposta alguma, deixando seu corpo na beira do lago deitado, dormindo eternamente. E viajou com sua alma para um lugar onde todos que ela ama estarão reunidos ou só para matar a saudade que tinha quando eles partiram e ela não teve a oportunidade de dar um "adeus". Ela estava em outro nível de vida, em um nível alto, um nível que todos querem atingir, o de se desapegar as coisas e começar outra vida, seja ela onde for.
Fim.
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