- , o que você acha desse conjunto? – pegou-o na loja.
Ok, não era bem um conjunto. Na verdade, era uma calça preta com desenhos nas laterias, perto da barra, brancos com prata, muito lindos. Achou uma camiseta preta e uma camisa da mesma cor, mas com branco e cinza. Havia trazido tudo e agora falava que era um conjunto.
- Moça, na verdade, isso não é conjunto...
Odiava as vendedoras.
- Estou te perguntando alguma coisa? O dinheiro é meu e eu levo o que eu quiser, porque diferente de algumas pessoas, eu tenho dinheiro – certo, foi grossa, mas ela merecia.
- Me desculpe, não quis...
- Não me interessa. Então, , o que você acha?
- , vai ficar muito louco – ignorava totalmente a atendente.
- Então vai levar?
Poxa, que vendedora chata!
- Eu sei onde é o caixa, não se preocupe.
Um metro ao lado.
- Que garota grossa! – Chuck comentava com um ar de riso.
- A vendedora é chata – Pierre a defendeu.
- Vai, defende...
- Cala a boca!
e .
- Você ainda vai comprar o livro? – perguntou.
- Vou sim. Falando nisso, vamos lá na casa da mulher?
- Claro! – assentiu. Tomou as roupas da mão de e levou-as para pagar no caixa.
- Com licença, poderia me mostrar onde ficam as calças masculinas? – Pierre só podia estar doido. Depois de puxar papo com os meninos e concordarem que ela e a amiga eram lindas e, além do mais, por ela ser estressada, descobriu que seria bom provocá-lá.
- Bom, acho que você é realmente muito otário – ela sorriu falsamente. – Eu não estou usando esse horrível uniforme, mas ela está – apontou para a vendedora chata. – Ou seja, fala com ela, besta! – sorriu mais falsamente e ainda lhe deu as costas.
Na sala.
- Lembra que catastrófico foi o nosso primeiro encontro? – gargalhava na casa de David, junto com Seb, Chuck, Jeff e . Pierre havia ficado noivo e desde então, não conversava mais com ela, que só havia ido à casa do amigo, porque lhe garantiram que Bouvier não apareceria por lá.
- Foi maneiro. Você "esculhaçava" todo mundo – Chuck ria junto aos outros.
- Bom, eu amei, vocês sabem... – sorriu e se levantou do sofá. – Vou ao banheiro.
- Gente... – falou mas já não ria. – Vocês sabem por que o Pie parou de falar com a ?
- Com a...
- CALADO, DAVID! SÓ EU A CHAMO ASSIM, OUVIU? ENTENDEU? – se descontrolou, como sempre quando alguém ousava chamar sua melhor amiga pelo apelido que ela criara.
- Ok, calados – todos voltaram a rir, menos . – Tá, não teve graça – ele falou, mas segurando o riso. – Então, suponho que seja por que a Farrar não deixa – ele respondeu simplesmente.
- Mas por quê?
- Fala sério, né, ? – agora era Seb, com voz de quem explicava o óbvio. – Depois do nosso primeiro encontro, o Pierre e a não se desgrudaram mais e se tornaram muito amigos mesmo, e ela é muito mais linda e gostosa que a Farrar, que sabe disso. Então, suponho que, por estar noiva do Pierre, ela acha que a por perto dele é uma grande ameaça para o seu próprio futuro, tanto amoroso como pessoal.
- Tá, o amoroso eu entendi e acho que ela é uma besta e o Pierre não fica nem um pouco atrás. Onde já se viu parar de falar com a ? Cortá-la sempre que pode, ou melhor; podia, porque agora a evita todos de os jeitos ficar no mesmo ambiente que ele. O odeia, não suporta nem ouvir o nome dele. Retardado, viu? Mas o que você quis dizer com o "futuro pessoal"? – dividia a cara. Uma metade era raiva e outra, indignação.
Depois de Seb dar uma risada, que foi acompanhada por uma dos outros, continuou.
- Simples. Você acha que ela está com o Pierre por que o ama?
- Não – foi a resposta da amiga.
- Então, ela está com ele por causa do dinheiro, mas ele é idiota o suficiente para não ver isso e continuar com ela. Se eles terminarem, ela vai ficar sem grana, sem ir todo dia ao salão e ao shopping. Entendeu o motivo que ela quer ver o Pie e a tão distantes um do outro? Ela odeia a por que sabe que ela é mais linda e sabe também que ela ama o Pierre e vice-versa, ou melhor; qualquer um sabe disso, menos eles – Seb terminou com tom raivoso e desgostoso.
- Nossa – exclamou baixinho.
Ouviram uma buzina.
- Pierre? – David questionou perplexo, olhando pela janela.
O que eles não sabiam era que tinha ouvido tudo.
- Oi – Pierre entrou sorrindo.
- Hey – todos responderam. , por sua vez, com raiva e desgosto.
- Tudo bem, ? - ele perguntou, olhando preocupado para a amiga.
- Tudo certo.
- Tchau, galera – saiu, vindo do corredor.
Pierre congelou ao olhá-la, sem saber o que falar. Fazia tempo que não se encontravam.
- Já? – os meninos perguntaram, menos Pie.
- Ahan... ah... – ela não se lembrava de nenhuma desculpa. – Er... compromisso – ela sorriu, não convencendo ninguém, só Pierre que sentiu raiva e abriu a boca para desdenhar ou falar alguma coisa que a ofenderia, igual da última fez que ela chorou quase dois dias inteiros por culpa de uma grosseria da parte dele.
- Não precisa perder tempo e saliva me xingando – falou quando viu que ele abriu a boca, pegando sua bolsa. – Sai da minha frente que eu quero passar – e sem pensar duas vezes o empurrou, fazendo com que ele caísse com tudo no chão. Abriu a porta com um sorriso e saiu da casa.
Dentro da residência.
- Quem ela pensa que é para fazer isso? – Pierre estava vermelho de raiva, enquanto se levantava e escutava as gargalhadas de .
- A , a garota mais foda que eu conheço – a amiga respondeu rindo.
- Ela me paga! – falou e quando a ouviu dar partida, saiu correndo e entrou no seu maravilhoso carro, saindo atrás dela.
Ele sabia para onde ela iria. Para a casa dela, com toda certeza.
Ele pegou um atalho, chegando antes. Quando apareceu, ele estava parado ali, com uma cara de poucos amigos, encostado no carro.
Ela arregalou os olhos, mas seus óculos escuros disfarçaram isso. decidiu que iria ignorar sua presença. Saiu do veículo e foi andando em direção ao portão, quando sentiu seu braço ser apertado pelo garoto. Ela se virou rapidamente e puxou-o com certa selvageria.
- Que foi? – perguntou com raiva.
- O quê?
- Não seja estúpido, seu idiota. O que você quer aqui? – ela já ia começar a berrar quando ele deu um passo em sua direção.
Ela gritou.
- NÃO ENCOSTE-SE EM MIM E NÃO CHEGUE PERTO!
- Calma – ele pediu. – Só quero te falar – agora apontava o dedo para ela – que você não tem o direito de me empurrar igual você fez hoje, entendeu?
- Não! Pode repetir mais alto fazendo um favor? – desdenhou.
- FALEI PARA VOCÊ NÃO ME EMPURRAR MAIS – chegou mais perto, vermelho de raiva.
- E EU FALEI PARA VOCÊ NÃO CHEGAR MAIS PERTO DE MIM, RETARDADO.
- Cala a boca!
- O quê?
- CALA A BOCA!
- Cala a boca você, besta!
- Não – ele ouviu um barulho muito familiar. – Cala a boca você – e a beijou.
Um carro virou a esquina e entrou na rua da casa de . A passageira viu a cena de duas pessoas se agarrando, e somente após um tempo se tocou que se tratava do seu noivo se amassando com a garota que ela mais odiava e que fizera de tudo para afastar dele.
se debatia, mas Pierre era mais forte, muito mais, e não a soltava do aperto.
- PIERRE! – Farrar saiu do carro, brava por ver que era ele quem queria a garota e não o contrário. Isso a deixava com mais raiva ainda. Tinha certeza que Pierre jamais iria querer beijá-la como queria à .
Pierre demorou um pouco beijando a menina a força. Soltou-a e colocou o braço em torno do seu corpo, sem deixá-la sair.
- O que foi? – olhou para a moça.
- Pie... – ela começou a chorar. – Pensei que você me amava, que a odiava e que jamais me trairia.
- Não te liguei ontem falando que terminamos tudo? – ele perguntou com impaciência na voz.
- O quê? – agora o motorista havia descido do carro e olhava de um para outro. - Como? Entendi direito? Vocês namoravam? E ontem à noite, na MINHA casa, na MINHA cama, seu celular tocou e você atendeu, dizendo que era seu irmão mais velho, quando na verdade, era esse otário?
- Primeiro, otário é você, que caiu na história dela e segundo, desde quando ela tem irmão mais velho? – Pierre questionou com cara de confuso.
Farrar chorava e o outro menino tinha raiva nos olhos.
- Que seja – Pierre continuou. – Liguei ontem, e como sei que você é uma idiota, resolvi que se você presenciasse a cena, iria compreender ... – ele apontou com a cabeça.
Ambas fizeram cara de confusão e Pierre bufou antes de continuar.
- Ouvi o barulho do carro e fiquei com ela – voltou a apontá-la com a cabeça. – Pensei que você iria entender que eu não queria mais você.
Pierre não reparou, mas tinha lágrimas nos olhos. “Otário”, pensou triste. Apesar de tudo, ela sempre havia gostado dele, e agora ele caçoava dela dessa maneira?
Farrar fez menção de falar, mas...
- Cala a boca, vadia. Entra no carro e vamos ter uma conversa longe daqui – o menino apontava para o veículo, mas a garota não se mexeu. Então, ele a pegou pelo braço com raiva e a jogou para dentro.
Ambos, e Pierre, observaram-no sair cantando pneu, e Farrar ainda chorava.
- Er... – foi a única coisa que saiu e a menina se dirigiu ao portão.
- ! – Pierre a chamou, mas ela não se virou nem respondeu, e continuou andando. – Está tudo bem, ?
- Tudo certo – respondeu com a voz falha e ele estranhou, chegando mais perto.
A virou para seu lado. Ela estava de cabeça baixa. Pegou em seu queixo e ergueu-o, vendo as lágrimas.
- Não está tudo bem – ele falou e fez menção de chegar mais perto.
- ESTÁ TUDO BEM, PORRA! NÃO ESTOU FALANDO? ENTÃO É POR QUE ESTÁ – se soltou e entrou correndo portão adentro.
Pierre a seguiu, mas ela bateu a porta em sua cara. Ele ouviu a chave rodando na fechadura e ela subindo as escadas. Ele voltou correndo para o carro e olhando para cima, para a janela do quarto dela. A viu se jogando na cama e imaginou ter escutado um soluço.
Pierre meteu um soco na própria cabeça e se encostou no automóvel. Entrou e pousou a cabeça no volante. Uma lágrima escorreu.
“Otário” ambos pensavam e ele saiu cantando pneu.
- Ok – Pierre murmurava consigo mesmo. – Ela está morrendo de ódio por eu ter falado que a tinha “usado”. Mas não é verdade, foi só para a Farrar entender – ele estava tão preocupado com isso que quase bateu o carro em outro.
- JÁ SEI – berrou. – Tenho que entrar na casa dela, mas sem que ela veja. Hmm, podia ir à casa do David, não ... – parou. – Está cheio de gente lá – pensou um pouco. – Ahan, na casa do Seb. Ele tem a cópia da chave da casa da e eu, a cópia da dele. Isso mesmo, e ele ainda mora aqui perto, melhor ainda... – satisfeito, Pierre seguiu para a casa do amigo.
- Tá, tá, agora só falta achar a chave – ele já estava dentro da casa, mais precisamente na sala, onde começou a procurá-la. – AQUI! – berrou, encontrando-a, após um tempo, no quarto, ao lado do computador.
Voltou correndo para o carro, mas sabia que não adiantaria ir para a casa dela agora. Decidiu esperar até a noite.
- Espero que ela não pense que é bandido – ele falou quando chegou silenciosamente na frente da casa da menina. - Ok – murmurou e entrou.
A sala estava uma pequena bagunça, com o controle e uma calça preta dela jogados no sofá. Viu também um All Star amarelo e sorriu, pensando “sempre a mesma”. Subiu devagar a escada e abriu a segunda porta à direita. O quarto estava escuro, mas a lâmpada do lado de fora se acendeu e tudo ficou mais claro. Ela estava deitada na cama. Ele se aproximou, deixando a porta aberta, caso precisasse sair correndo. dormia de bruços e ele constatou que ela estava somente de sutiã. Se estava de calcinha, ele não podia saber, pois estava coberta.
- Tá, como eu a acordo? – imaginou e ficou olhando-a dormir. Praticamente babava por ela de tão bonitinha.
- ? – ele chamou e passou o dedão no seu rosto com carinho. – ? – ela se mexeu um pouco.
- Hmm?
Ele continuou a chamá-la, até ela se virar de barriga para cima e mostrar seu lindo sutiã. Ele ficou olhando seus seios e ela abriu os olhos.
- AAAAH, BOUVIER – ela berrou e puxou a coberta até o pescoço, derrubando o garoto no chão. – O que você quer aqui? – ela tinha raiva nos olhos e lágrimas.
- Calma, eu explico – ele falou enquanto se levantava.
- CALMA UMA OVA. SAIA! NÃO QUERO VOCÊ AQUI – ela berrava, voltando a chorar. Levantou-se, mostrando que realmente estava só de calcinha. Preta também, conjunto lindo.
- Calma! Cubra-se se você não quiser que eu arranque seu sutiã a dentada – ele falou, realmente estava difícil de se controlar.
Assustada, foi para a cama e sentou com as costas apoiadas na cabeceira, cobrindo-se e olhando para ele, querendo uma explicação.
- Olha, desculpa por hoje mais cedo, mas eu realmente havia terminado com ela ontem, tá? Desculpe por eu ter insinuado que te “usei” – ele fez aspas. – Perdão, mas era para ela sair rápido dali porque eu... porque eu queria ficar sozinho com você – ele terminou num sussurro.
- Ah, com certeza e eu acredito – ela sorriu irônica.
- É verdade, .
- NÃO, NÃO É.
- Por que você diz que não?
- Por que eu não acredito.
- Mas é verdade.
- Então, por que parou de falar comigo? – novamente tinha lágrimas em seus olhos.
- Sabe – ele baixou seu campo de visão. Não conseguia falar fitando os lindos olhos castanhos que ela possuía. – Não sei explicar, ela havia falado que você me odiava e que tinha te ouvido falar mal de mim. Eu, muito otário, acreditei e... me arrependo, porque eu nunca deveria ter parado de falar com você, porque você é especial e... você é você. Tem estilo, uma coisa que ela nunca teve, não tem e nunca terá. E você é... me desculpa – ele falou por fim e uma lágrima escorreu.
- Não fica assim...
- Você não me desculpa, por que você me odeia.
- Já odiei, mas te perdôo se é isso que você quer...
Ele se jogou na cama, a abraçando. Quando deram por conta, ele estava em cima dela e os olhos se encontraram.
- Se eu quiser te agarrar agora você vai dei... – não pôde terminar porque ela o fez primeiro.
- ‘Tô cansada – falou bocejando na casa de David. O resto do povo já havia ido.
- Dorme aí – ele sugeriu.
- Não, vou incomodar.
- Você nunca incomoda – ele falou e sorriu corando.
- É? – ela perguntou, chegando mais perto.
- Ahan – ele falou e sem querer (de propósito) a puxou para o sofá, onde começaram a se agarrar.
- – Pie sussurrou no quarto escuro.
- Sim?
- Sabe... nunca imaginei que eu iria realmente falar isso. Na verdade, acho que nunca pensei que eu ia criar coragem para te falar, mas... EU TE AMO! – ele correu para a janela. – TE AMO , TE AMO, UHU, EU AMO A E ELA ESTÁ AQUI DEITADA NA CAMA, DE CALCINHA E SUTIÃ, E SE ELA NÃO SE COBRIR, VOU ARRANCAR TUDO COM OS DENTES.
- CALA A BOCA! – ela foi até ele e o puxou de volta para a cama.
- Admito – ela continuou depois de minutos se beijando. – Eu também te amo.
- , TE AMO.
- DAVID, TE AMO – os dois falaram juntos e depois de rirem voltaram a se beijar, mas agora se dirigindo paro quarto do garoto.
FIM.