Eu me chamo , tenho 17 anos e na minha escola tem um menino que se acha só porque tem uma banda. Ele e mais três, só que minha raiva é especificamente por ele, porque ele fica jogando as coisas na minha cara e implicando comigo. O nome dele é , e o dos seus amiguinhos não tão irritantes são , e . E eu nem posso falar nada do , ou como costumam chamá-lo, porque eu já fiquei com ele há um tempo, quando ele ainda não tinha banda. Hoje é domingo, e já tá de noite... Amanhã eu vou ser obrigada a ver o insuportável do , ou como o pessoal o chama. Ele me irrita tanto que eu nem sei como o aguento. Bom, mas por que eu tô falando desse chato enquanto estou bem deitada na minha cama quentinha? Amanhã será um longo dia, pois é segunda-feira.
Eu estava quieta por um breve momento, e o telefone tocou.
- Alô?
- Olá, . Tudo bom?
- É... Não no momento, porque eu não sei com quem estou falando e já estava deitada na cama.
- É o , .
- Como você conseguiu meu telefone? ? – Eu disse, com um tom de raiva e decepção de ter levantado da minha cama para atender o telefonema desse traste que me inferniza.
- Eu mesmo!
- Ai, garoto, me erra. Tchau.
- Espera... Eu não liguei de sacanagem com você.
- Ah, não? Você faz mais o que da vida além de tocar na sua banda e zoar com minha cara?
- Eu liguei para ouvir sua voz. – Ele disse, com um tom meio sério.
- Ah, tá bom... Você acha que eu vou acreditar em você? Se toca, garoto.
- Eu tô atuando tão mal assim? Nossa.
- Para de me encher o saco, me diz como arranjou meu telefone...
- Eu pedi para a menina nova da sala, ela não sabe ainda que você me odeia.
- Nossa, você é tão ridículo. Tchau, ! Não enche mais o meu saco, senão eu ligo para sua casa e falo com sua mãe.
- Tá estressadinha, é? Tá bom... – Ele ia falar mais alguma coisa, mas não me dei o trabalho de ouvir, não era nada de importante. Disso eu já sabia, então, não me importava. Eu deitei em minha cama, e logo dormi.
No dia seguinte, eu acordei com o toque infernizante do meu celular no meu ouvido, dei um tapão nele. Mas não parou de tocar, aí eu resolvi levantar e me arrumar como sempre. Quando cheguei na minha sala, começou a me olhar e dar língua, ficar fazendo careta e rir da minha cara. Eu realmente não merecia isso às sete da manhã! Era demais para mim. Então, eu o ignorei e me sentei em meu lugar de costume. veio falar comigo, todo fofo, ele era o menino mais fofo que eu já tinha conhecido. Meu melhor amigo de lá!
- Bom dia, dona . Tá de mau humor hoje?
- Ai, , você não sabe o que me aconteceu ontem à noite.
- O que foi, minha linda?
- O insuportável do me ligou. Ele conseguiu meu telefone e me ligou só para encher meu saco!
- Ah, ele te ama. Todo mundo sabe disso!
- Ama nada... Mesmo se amasse, eu não estaria nem aí. Porque eu não o suporto um minuto perto de mim! Ele é todo metido só porque tem uma banda.
- Mas você já deu um selinho nele.
- Eu? Quando? – Disse, assustada, pois não me lembrava disso.
- Você não lembra? Ano retrasado, quando estávamos brincando de verdade ou consequência. Aí, você teve que beijar ele!
- Ai, , você lembra de umas coisas tão desnecessárias! Não foi por vontade própria, era um jogo.
- Mas você podia ter negado...
- Não podia, não!
- Podia, sim.
- Ai, tá! Vamos parar de falar nesse assunto?
- Ta bom. Mas eu acho que ele gosta de você! Por que alguém não gostaria de você? Você é linda, meiga, legal, inteligente.
- Ai, que lindo, . – Eu disse, dando um sorrisinho torto para ele. – Obrigada! Só você para me animar a essa hora da manhã com aquele palhaço me enchendo o saco.
- Ai, não fica assim por causa dele, não. Ele faz isso para te provocar, mesmo! É só você ignorar.
- Cara, você sabe como me deixar alegre. Seu fofo!
- Vou sentar, , o professor tá chegando. No recreio, a gente se fala.
- Tá bom, .
E a aula demorava, e demorava, e demorava a passar. Parecia que aquilo ia ser eterno!
Mas, até que enfim, bateu o sinal do recreio. Eu estava levantando, quando alguém bota a mão no meu olho.
- ?
- Não. - olhou para mim e sorriu.
- Garoto, o que você quer? Você me liga, manda língua para mim, ri da minha cara, tampa meu olho... Me diz. Eu não quero ser grossa com você sem motivos!
- Nada. Só quero me aproximar mais de você, poxa.
- Você? Mas por quê?
- Por nada. Eu só quero! Você pode passar o recreio comigo hoje?
- Não sei... Isso me parece meio suspeito vindo de você.
- Nossa... Então, tá bom. – Ele foi andando em direção aos meninos, e eu pensei: "Por que será que ele tava querendo isso?" Eu resolvi chamá-lo.
- ! – Ele não respondeu. – ! – Eu gritei e a turma inteira ouviu e ficou olhando para mim, até que me olhou, sem entender nada. Aí, todos começaram a zoar, falando que a gente tava junto e essas coisas idiotas.
- Eu, né. – Ele se virou, devagar, e olhou para mim, meio envergonhado.
- Ah... É... Que... Eu queria falar um negócio sobre o trabalho de geografia que temos que fazer, você já fez? – É óbvio que eu estava jogando uma desculpa para não ficarem zoando a gente, ele seria a última pessoa que eu pediria conselho para trabalho.
- Que trabalho?
- Ah, deixa.
veio até mim e fomos conversar, ele indagou o porquê de eu ter chamado na hora do recreio... Como ele me conhece, percebeu que aquilo era desculpa para não chamar atenção.
- Tipo, eu tava pegando as coisas na minha mochila e, do nada, alguém tampa meus olhos, eu achei que fosse você, mas era ele. Ele me disse que queria se aproximar de mim, e perguntou se eu podia passar o recreio com ele. Eu achei estranho e disse que era meio suspeito isso vindo dele. Aí, ele foi embora, só que eu pensei em dar outra chance a ele... Eu o chamei uma vez, ele não respondeu, aí, depois, eu o chamei e todo mundo ficou olhando. Eu não ia falar isso na frente de todo mundo! Então, inventei a desculpa do trabalho, mas ele seria a última pessoa que eu pediria conselho para um trabalho. Entendeu?
- Ah, tá. Eu sabia que aquilo era desculpa! Mas, então, eu não disse? Ele tá apaixonado por você, cara. Que tal você dar uma chance?
- Ai, cara... Não sei. Isso tudo é estranho! Não tem porquê.
- Ele pode ter um motivo especial. Assim como e... – Ele não terminou a frase.
- O que você ia dizer, ?
- Não, nada. É bobagem! – Ele virou a cabeça e ficou olhando para o céu.
- Diz, poxa. Por favor!
- Não. Não é nada demais!
- Assim como eu, você ia dizer?
- Ah... Não. Não é nada. – Ele disse, com as bochechas vermelhas e virou novamente a cabeça para o lado. - E se for, ? O que você faria? Fugiria? – Ele disse olhando para o fundo dos meus olhos.
- O que houve com você?
- Me responde!
- Claro que não.
- Então, você ia fazer o quê? Dizer que tem um garoto feio e idiota a fim de você?
- , não faz isso comigo! Por favor. Você sabe que eu te adoro, e que te considero meu melhor amigo.
- Pois é, , mas eu sempre senti algo a mais por você. E nunca fui correspondido. Às vezes, isso cansa, sabia? E, agora, chega. Eu cansei de esperar. Eu fico sempre muito próximo de você, e me dá raiva não poder te ter. Você só fala no ! Parece que você também tá a fim dele. Por que não se casam e têm trinta filhos logo?
- Nossa. Nunca alguém tinha me feito sentir tão idiota como você. É claro que eu ficaria com você! Quer dizer... Com o que você era antes. E você não é feio. Idiota já não posso dizer o mesmo, porque você acabou de provar que é. E mesmo você sendo quem você foi agora, eu ainda gosto de você. Porque grandes amizades não acabam tão fácil assim, mas tô vendo que vou ter que me afastar. Já que certas pessoas não sabem lidar com o próprio sentimento, né? – Ele ficou olhando para mim sem ter o que dizer. – Era o que eu esperava. Você não tem nada a dizer. Tchau, velho amigo. Isso podia não ter terminado assim. – Uma lágrima caiu de meu rosto e eu virei as costas e fui andando. No meio do caminho, encontrei com o dito cujo. Ele parecia que estava me perseguindo.
- ?
- Oi. – Eu disse, em um tom de voz baixo e com a cabeça abaixada.
- Tá tudo bem com você?
- E o que te interessa minha vida?
- Desculpa, só queria saber.
- Ai, eu tô mal. Muito mal! Acabei de brigar com o .
- Ué, vocês estavam tendo algum caso?
- Não.
- Então, foi o quê? - Ele pegou no meu queixo e levantou minha cabeça.
- Não sei se eu devo contar a você...
- Você tá chorando?
- Não, tá chovendo dentro de mim, . – Ele passou suas mãos quentes no meu rosto e secou minhas lágrimas.
- Nossa! Não conhecia seu lado sentimental... Nem sabia se você tinha algum sentimento dentro de você, na verdade.
- Poxa... Eu aqui tentando te ajudar e você só me esculachando, né?
- Ah, desculpa. É a força do hábito!
- Tudo bem. Mas o que aconteceu?
- Não vou falar isso aqui na frente de todo mundo, estamos no meio da escola, se você não percebeu.
- Tá bom, então, vamos para um lugar onde ninguém vai ver. – Ele pegou na minha mão, devagar, e segurou-a fortemente; pela primeira vez na vida, eu consegui sorrir para ele. - Que isso. Estamos evoluindo, hein? Ganhei um sorriso seu!
- Pois é. , qual o nome da sua banda? - Eu disse, olhando para ele com uma cara curiosa.
- Restart. Por quê?
- Que nome legal. Ah, por nada, só curiosidade mesmo.
- Obrigado. Enfim... , foi por causa do trabalho mesmo que você me chamou na aula?
- Hum... Não.
- Foi por que, então?
- Porque eu ia te dar uma chance e ia passar o recreio com você. E, se eu tivesse feito isso, teria evitado minha briga com o ... Quer dizer, .
- Ah, tá. Conte-me o que aconteceu entre vocês, prometo que não conto para ninguém.
- Ah, foi porque eu descobri que ele tava a fim de mim. Digamos que ele, falou demais.
- Hum... E a briga foi por isso?
- Não. Foi porque ele começou a agir como um idiota. Ele disse que agora eu ia fugir dele, que ia contar para todo mundo que um feio e idiota estava a fim de mim e coisas do tipo, que eu nunca imaginei ouvir dele.
- Nossa, que menino estranho. Mas você ficaria com ele?
- Claro que sim. Quer dizer... Agora, não sei mais. Mas ele sempre tava me dando conselhos, me confortando, me elogiando. Ele era um fofo.
- Entendo. Foi realmente estranho ele ter feito essas coisas. Eu, quando gosto de alguém, dou certos tipos de indiretas. – Ele olhou para mim e sorriu. Nisso, o silêncio veio.
- Mas, então, né... Você ficaria com a menina nova da sala? Ela não para de olhar para você nas aulas. Acho que ela tá a fim de você!
- Bom... Se certa pessoa não quiser ficar comigo... Ela seria a minha segunda opção.
- Ai, credo. Vocês são tão sem coração!
- Ah, o que eu posso fazer? Melhor que nada.
- E quem seria essa menina? É daqui da escola?
- É sim... E ela tá mais perto de mim do que você pode imaginar. – Ele estava olhando para mim, estava rolando certo clima e, do nada, o sinal tocou.
- É! Acho melhor a gente ir para a sala. – Eu disse, levantando e acabando com todo o clima que tava entre nós.
- É, pois é. – Ele disse, meio furioso.
Entramos na sala e o tempo novamente demorou a passar. É impressionante como o tempo do intervalo passa tão mais rápido. Parece que foi só um pequeno flash, enquanto as aulas parecem a eternidade. Isso devia ser ao contrário!
Na hora da saída, eu estava arrumando minhas coisas e senti falta do meu vindo falar comigo. Ele sempre ia fazer alguma coisinha engraçada, ou dar um sorriso para mim. Alguma coisinha que seja que me fazia sentir alegre e pensar que o mundo não tinha acabado depois de longos seis tempos de aula. Eu estava pensando nele quando veio alguém pelas minhas costas e disse:
– Bu!
Eu pulei para trás e dei de testa com .
- Ai, menino, quer me matar do coração? – Eu disse, passando a mão na testa.
- Desculpa, não queria te assustar. Machucou?
- Não. Ah, não faz muito essas coisas, não... Não dá trégua de que a gente tá amiguinho não. Se não a sala toda vai começar a falar.
- Você tem vergonha de estar comigo?
- Não. É porque nós temos certa história meio confusa... Você sabe, né.
- É. Eu sei. – Ele disse e ficou quieto.
- Poxa, você ficou chateado?
- Você queria que eu ficasse feliz sabendo que você tem vergonha de andar comigo?
- Eu não tenho vergonha. Só que tudo isso é muito novo! É estranho para mim, e ia ser um choque muito grande para as pessoas. Porque ninguém sabe.
- É. Você tá certa... Tudo bem. Quer que eu te espere lá fora?
- Pode ser sim...
- Tá bom. Na porta da sala.
- Ok. – Eu terminei de arrumar minhas coisas e saí da sala. lançou um olhar decepcionado para mim, e eu virei a cabeça. Cheguei na porta da sala e fui andando com o até a saída.
- Você vai para casa?
- Vou. Por quê?
- Posso te levar até em casa?
- Pode sim.
- , você tá gostando de alguém?
- No momento, acho que não. Ainda tô muito chateada com o negócio do .
- Ele significava muito para você, né?
- Aham. Ah, e você eu não vou nem perguntar... Porque eu já desconfio.
- Você só desconfia? – Ele parou e me puxou para eu também parar, e ficou olhando dentro de meus olhos.
- É... Eu não tenho como ter certeza sobre os sentimentos dos outros, ainda mais dos seus. Você é um cara cheio de mistérios.
- Mistérios? Hum... Isso é bom?
- Ah, não sei. Talvez... – Ele pegou no meu cabelo, e o botou para trás levemente com suas mãos, enquanto vinha se aproximando de mim. Sua respiração vinha em direção a minha, fechei meus olhos e só pude sentir sua boca encostando-se à minha. Eu nunca imaginei que um dia beijaria por vontade própria. O garoto que eu mais odiava nesse mundo tinha um dos melhores beijos do mundo. Nós estávamos encostados em um muro, e ainda estávamos muito perto da escola. Por isso, teve uma hora que passou um menino e fez “fiu-fiu”. Não dei atenção, mas o menino parou e falou meu nome. Eu entrei em estado de choque! Como alguém poderia me ver junto com ?
Eu não dei atenção e continuei beijando, mas parou e olhou para trás. Eu tentei virar a cabeça, me esconder atrás dele, mas não deu certo. Essa pessoa me conhecia muito bem, era . Ele fazia o mesmo caminho que eu, pois morava perto.
- É, né... Tô vendo o teu ódio no coração, . – Ele disse, sendo irônico.
- Desculpa, ! Aconteceu...
- Não, não me peça desculpas. Não tenho nada com você! Sou só mais um idiota no mundo.
- Não... Você não é. Mas diga o que quiser. A vida é sua! – Eu puxei pelo braço e entrei em um barzinho que tinha ali perto.
- Nossa, ele pega pesado demais contigo.
- É. Mas, deixa para lá, não esquenta com isso. – Eu disse, meio quieta.
- Você tá bem, ?
- To sim, por quê?
- Nada. É que você ficou tão quietinha! – Ele me deu um selinho.
- Eu não sabia que você podia ser fofo. Você está me surpreendendo hoje! – Eu dei um risinho torto para ele.
- Pois é. Aprendendo a cada dia, viu? – Ele sorriu para mim e nós fomos andando para minha casa. – Você sabia que eu sempre tive uma queda por você? Só que eu tinha vergonha de mostrar, porque achava que você não gostava de mim.
- É. Eu não gostava mesmo! Mas eu não gostava porque você era muito idiota, metido e essas coisas.
- Eu? Metido? Nossa, eu nunca fui metido.
- Eu achava você muito metido, só porque você tinha uma banda famosa.
- Você tinha a visão errada de mim, e eu a visão errada de você. Tudo porque nós tivemos medo de arriscar!
- É verdade.
- , eu vou fazer um show esse sábado. Você quer ir?
- Sério? Ah, quero sim.
- Então, fechou. Vou te levar como convidada VIP!
- Nossa, eu nunca vi um show de pertinho. Vai ser legal, . – Eu sorri e apertei sua bochecha. Nisso, ele me roubou um selinho. Tudo estava indo tão rápido! O dia tinha sido ruim e, ao mesmo tempo, bom. Foi o dia mais estranho da minha vida!
Eu estava conversando com ele, quando veio uma menina maluca e pulou no seu colo.
- , ! Ai, meu Deus. Não acredito que é você mesmo.
- , você conhece essa menina? – Eu disse, olhando para ele com uma cara estranha.
Ele olhou para mim e disse baixinho:
– ‘Pera aí. - Eu fiquei quieta, não podia fazer nada.
- Oi. Tudo bom?
- Ai, tira uma foto comigo? Você é lindo.
- Agora, não vai dar, meu amor. Você tira no show desse sábado!
- Me dá um autógrafo, pelo menos?
- Tá bom.
- Quem é você? – A menina que parecia ter uns catorze anos disse, olhando para mim.
- É... Eu sou uma amiga dele.
- Agarra ele. – Eu olhei para o lado, envergonhada, sem nem saber o que dizer. Nem sabia que ele tinha fãs assim! – Posso tirar uma foto de vocês dois?
- Meu anjo, depois você tira. Tenho que ir! - disse, já meio estressado com a menina que não parava.
- Eu vou tirar uma foto só sua, então, para botar no meu quarto.
- Tá bom. – Ele disse, fingindo estar de bom humor. Depois disso, a menina finalmente foi embora.
- Caramba, , não sabia que você tinha fãs assim.
- Pois é. É estranho!
- É estranho para você? Imagina para mim, que vi uma menina quase pulando em cima de você e te agarrando.
- Eu não costumo ter muitos relacionamentos assim, não... Mas eu também não sou de ferro.
- Entendo. Cara, você não acha que as coisas estão acontecendo muito rápido, não? Até hoje, quando acordei, eu te odiava, e hoje, vou dormir, e estou ficando com você.
- Verdade. Parece que tudo aconteceu como era para acontecer, né?
- Nem tudo. Eu podia ter evitado uma briga hoje se tivesse conversado com você desde o recreio.
- Que fofa você! Eu queria significar tudo que esse menino significa para você.
- Mas ele é só um amigo.
- , como você acha que vamos continuar lá na escola? Ninguém sabe ainda.
- É verdade. Eu acho que vamos ter que ficar escondidos!
- Não. Eu quero assumir que estou com você. Não tenho vergonha nem medo do que eles vão dizer, porque eu tô feliz com você.
- Sério? Então, amanhã a gente pode continuar normalmente, ué. Quem eu mais temia já descobriu, mesmo.
- É verdade.
- , chegou no meu prédio. Vou entrar. Até amanhã, beijos. – Eu fui andando e ele me puxou pelo braço.
- É só isso? Não vai nem me dar um beijo? – Ele me pegou pelo rosto e me beijou.
- Tchau, ... – Eu sorri e mandei um beijo para ele.
- Tchau, linda.
Quando eu entrei, o porteiro ficou olhando para minha cara e, do nada, falou:
– Psiu! , não é? – Eu me virei, com medo do que ele ia falar.
– É sim.
- Esse menino aí é muito parecido com o menino da banda que minha sobrinha gosta.
- Nossa, será possível que até o senhor o conhece?
- É ele mesmo?
- É sim.
- Não tô querendo ser chato... Mas você arranja um autógrafo para minha sobrinha?
- Arranjo sim, qual o nome dela?
- É Amanda.
- Tá bom. Amanhã eu dou para o senhor.
- Obrigado, viu, filha?
- De nada. – Ai, meu Deus. Era só essa que me faltava! O porteiro pediu autógrafo do menino que eu tô ficando, e que antigamente eu odiava. Esse é, definitivamente, o dia mais estranho da minha vida! O meu melhor amigo gosta de mim e não tá mais falando comigo; o menino que eu odeio virou o meu ficante; uma menina pula no pescoço do menino que eu tô ficando e, depois, o porteiro pede um autógrafo dele para a sobrinha. Até ontem, eu era só uma menina com a vida normal, hoje eu tô ficando com um menino que tem uma banda famosa. Ta, né... O elevador chegou e, quando eu entrei em casa, estavam minha mãe, meu pai, meu tio, minha tia, minha avó, e todo mundo. Não entendi o porquê, então, do nada, eles gritaram:
- Surpresa!
- Mas hoje nem é meu aniversário! – Eu disse.
- Você passou para a faculdade, e nós resolvemos te dar uma viagem de intercâmbio de 2 meses, o avião parte amanhã... Porque já compramos há um tempo, só esperamos chegar mais perto para te dar.
- Nossa. Ninguém falou comigo antes.
- Nós achamos que você ia gostar filha. – Disse minha mãe, olhando para mim.
- Mas, mãe, eu não posso.
- Não pode? Mas a gente já comprou, filha. É para o .
- Tá bom, mãe, eu vou. É para amanhã?
- É sim, filha.
- Tá, eu vou.
- Filha, por que você não poderia?
- É porque eu briguei com meu amigo, e tô ficando com um menino. – Falei, baixinho.- Mas essas coisas eu resolvo depois!
- Você tá feliz?
- Mãe, eu vou para o ! Como posso ficar triste?
- Que bom, filha. – Eu passei o resto da tarde conversando com minha família, foi legal. E essa era mais uma coisa estranha que tinha me acontecido.
- Filha, o avião parte amanhã, às 14:00 da tarde, você não vai poder ir a escola.
- Não? Como não? Tenho que falar com meus amigos agora, então! – Eu saí correndo para o meu quarto e liguei para .
- Alô. ?
- Quem?
- ?
- Não. É o pai dele, quem deseja?
- É a .
- Só um minuto, querida, vou chamá-lo. – Eu acho que fiquei sem audição depois de ouvir seu pai chamando-o, de tão alto que ele gritou. – Querida, ele está em um ensaio com a banda. Pode ligar depois?
- Não sei. Mas você avisa, por favor, para ele que eu liguei?
- Aviso sim.
- Obrigada. Beijos. – E eu desliguei o telefone, fiquei pensando em ligar para com o telefone na mão. Resolvi que iria ligar! Ele era meu melhor amigo até hoje de manhã, não é porque brigamos que ele não merca saber que eu viajar. Então, liguei para ele.
- Alô? ?
- É sim. Quem é?
- É a , não desliga. Por favor!
- Como você tem coragem de ligar para a minha casa ainda?
- Eu tenho um motivo.
- Que motivo? Vai me convidar para o seu casamento com o ? A banda dele que vai tocar no casamento, é?
- Calma, ! Para de ficar dando patada.
- O que você quer que eu fale? Dê parabéns?
- É sério. Eu tenho um motivo.
- É sério. Eu não quero ouvir. Até mais, . – E ele desligou, antes que eu pudesse falar alguma coisa.
Deitei na minha cama e fiquei pensando no meu dia estranho. Pensei em por um longo tempo, ele tinha tanta pegada. Que isso! Ele sabia ser fofo e romântico quando queria. Me surpreendeu mesmo! Eu já tava até o querendo de novo. Acabei tirando um cochilo até o dia seguinte de manhã, porque o dia tinha sido cansativo. Eu desci, tomei café da manhã e arrumei minha mala rapidamente.Logo já estava lá em baixo com tudo pronto e o interfone tocou.
- Oi. Chegou alguém? – Disse minha mãe ao porteiro.
- Chegou sim... O namorado famoso da sua filha. Vou mandá-lo subir, tudo bem?
- Hã? Namorado famoso da minha filha?
- É... A senhora não sabe? Depois, sua filha te explica. Pergunte-a se pode mandá-lo subir. – E, então, minha mãe me gritou:
– Filha! Pode mandar o seu “namorado famoso” subir? – Eu demorei um pouco para entender o que ela estava falando. Mas, quando entendi, disse, indo correndo em direção a ela:
– Ele tá aí?
- Me parece que sim...
- Manda subir, sim!
- Tá bom, filha. Vou falar com o porteiro.
Eu estava tão feliz, o pai dele tinha avisado e ele não tinha simplesmente feito uma ligação para mim, ele estava aqui. Que fofinho! Tá, . "Chega, não viaja demais senão estraga." Eu disse a mim mesma. Estava na cozinha pegando um Toddynho para tomar, quando ele entrou e me pegou por trás.
– Te peguei. Tomando Toddynho, né? Não sabia que você era das minhas. – Ele deu um risinho pelo canto da boca.
- Pois é, né. Vivendo e aprendendo! – Eu dei um risinho também.
- Mas, então, , o que você queria me dizer?
- ... É que eu vou viajar para o , e nem vou para a escola hoje.
- Mas eu tinha vindo aqui te buscar para a escola! Você vai viajar hoje? Vai ficar quanto tempo?
- É. Hoje, às 14h! Vou ficar dois meses lá.
- Dois meses? – Ele falou, assustado.
- É. É um intercâmbio. Eu fui descobrir isso ontem, meus pais deixaram a surpresa para a última hora.
- Mas eu vou ficar dois meses sem te ver... Sem ter você perto de mim.
- Você nunca ligou para isso, mesmo, . Até ontem, a gente se odiava!
- Não... Até ontem, você me odiava. Eu sempre fui apaixonado por você! Implicar com você era o jeito de eu estar mais próximo de você sem demonstrar. E, agora, que eu posso te ter do jeito que eu sempre quis, você vai embora. – Eu fiquei completamente sem palavras e dei um forte abraço nele. Apoiei de leve minha cabeça sobre seu ombro e sussurrei em seu ouvido:
– Por incrível que pareça, eu também estou gostando de você. Não sei se estou certa ou errada, mas nós não podemos mandar em nossos corações. – Ele ficou olhando para mim e disse:
– Eu queria tanto poder ir com você, queria que fosse como nos filmes em que tudo dava certo e o menino encontrava a menina em seu destino, não importando a distância. Mas nós não estamos em Hollywood. Então, eu quero que você saiba que, mesmo eu estando longe, meu sentimento por você vai sempre continuar igual. Quando você voltar, eu vou estar te esperando, com os braços e o coração abertos para você. Porque eu não tenho certeza, mas acho que te amo. E quem ama de verdade nunca deixa de amar, mesmo que tudo dê errado. - Ele olhou para mim com seus olhos castanhos profundos, se aproximou e me deu um selinho.
- Nossa, mais uma vez você me deixou sem palavras, .
- Mas não precisa dizer nada, só entenda que eu te amo.
- Tá. – Eu disse, quase chorando.
- Não chora, linda, eu quero te ver feliz. – Disse ele, secando uma lágrima.
- , para de ser fofo. Assim, eu vou sentir mais sua falta! Se eu pudesse, eu não iria.
- Mesmo se você pudesse, eu não ia deixar você não ir. Pois é o seu sonho, e nós não devemos desistir de nossos sonhos por nada. Linda, eu tenho que ir para a aula... Senão, eu vou chegar atrasado. Quer que eu avise para alguém?
– Não precisa. Mas não fala para o , ontem eu fui ligar para ele e ele foi um grosso.
– Tá bom. – Então, ele me pegou pela cintura vagarosamente e me beijou. – Beijos! Eu te amo. – Então, eu abri a porta e ele foi embora. Eu quase pulei de alegria. Fiquei parada em frente a porta, pensativa, quando minha mãe veio falar comigo.
- Filha, esse não é o menino que você odiava?
- É sim, mãe... É uma longa história. Nem me pergunte!
- Tá bom. Mas ele é famoso? O porteiro disse que ele era seu namorado famoso. Ele é seu namorado?
- Bom... Famoso ele é, mas meu namorado, ainda não. Eu tô só ficando com ele, por enquanto.
- Por que ele é famoso? O que ele faz?
- Ai, mãe, ele é de uma banda.
- Cuidado, hein, filha.
- Ta bom, mãe. Enfim, vamos?
- Vamos, sim. Chame o seu pai! – O caminho até o aeroporto não era daqueles mais rápidos, mas conseguimos chegar lá a tempo. Eu logo fiz o check-in e, quando entrei na sala de embarque, minha mãe ficou dando tchauzinho e mandando beijo pelo vidro. Logo, entrei no avião e sentei do lado de um menino, de cabelo cacheado castanho... Ele até que inha um estilo. Peguei meu Ipod e comecei a ouvir música. Do nada eu ouvi um "Oi." Eu deixei passar, não devia ser para mim. E, depois, ele repetiu um pouco mais alto:
– Oi.
Então, olhei para a cara do menino e disse:
- Tá falando comigo?
- Tô.
- E eu te conheço?
- Hum... Não. – Eu levantei a sombrancelha e suspirei. Fiquei pensando "Por que esse garoto tava puxando assunto comigo do nada?" Que estranho! - Que música você tá ouvindo?
- Baby – Justin Bieber. – Eu disse a ele secamente, sem nem olhar em seu rosto.
- Eu gosto dele.
- Hum...
- Então, por que você tá indo pro ?
- Desculpe a grosseria, mas quem é você?
- Fiuk. E você?
- Como assim? Seu nome é Fiuk, de verdade? – Fiquei chocada. O nome do garoto não podia ser Fiuk!
- Não. Meu nome é Filipe, mas todo mundo me chama de Fiuk.
- Ah, tá. Sou .
- Gosta bastante de música, né?
- É... Gosto. – Não tinha jeito, eu ia conversar com ele, querendo ou não. Então, entrei na conversa dele.
- Eu tenho uma banda.
- Ah, que legal. Qual o nome?
- Hori. Só que quase ninguém conhece ainda, só o pessoal do bairro.
- Ah, tá. Você conhece a banda Restart?
- Conheço, sim. Por quê? Você gosta? Eu os acho meio coloridos demais, e as vezes duvido se eles são homens de verdade.
- É... Na verdade, eu tenho um caso com um deles. E, quanto ao seu preconceito, posso te afirmar que todos eles são homens. – Eu disse a ele, fuzilando-o com os olhos.
- Ah, tá...- Ele disse, super envergonhado e virando a cabeça para o outro lado, fingindo que nada tinha acontecido.
- Vou dormir. – Eu disse, virando a cabeça para o lado e fiquei passando as músicas e, do nada, resolvi por nos vídeos. Tinha um meu e de fazendo guerra de travesseiro na casa dele. E eu me lembrei da falta que ele me fazia. Por mais que estivesse sendo um fofo comigo, eu não tinha esquecido a perda de . Ele era um amigo e tanto para mim. Eu fui passando os vídeos e ouvindo as músicas, até que eu dormi, e sonhei com algo estranho... Eu estava com seis anos no meu sonho, eu tava sentada em um canto chorando e um menino veio falar comigo, era ... Desde pequeno ele me acolhia. Estava dormindo profundamente, quando sinto alguém me cutucar.
- Oi, desculpa. Mas eu tomei a liberdade de te acordar para perguntar se você quer comer alguma coisa.
- Já chegou o lanche? – Eu disse, passando a mão nos olhos ajeitando meu cabelo.
- Já, sim.
- Ah, tá, obrigada. - O resto passou com nenhuma significância. Até eu chegar no aeroporto. Era tudo tão diferente! As coisas, os lugares, as pessoas... Eu tava andando e, do nada, não sei como, o Fiuk conseguiu me achar.
- Olá.
- Ah, oi. Você...
- Você não gostou muito de mim, né?
- Você me faz lembrar o ...
- Por quê?
- Porque você tem o jeito dele. Extrovertido, sempre fica me dando susto, tem uma banda...
- Entendo. Ele tem sorte, você é caidinha por ele.
- Talvez... – Eu dei um sorriso.
- Cara, você não acha ele colorido demais, não?
- Não. É o jeito dele de ser! Ele sempre foi assim. Eu gosto.
- Nossa, ele é tão colorido que deve ser visto até do espaço.
- Se veio falar comigo para dizer que ele é colorido, é melhor não falar. – Disse, curta e grossa a ele
- Tá, desculpe. Para qual hotel você vai?
- Hotel nenhum. Vou para a casa de uma parente minha que mora por aqui.
- Ah, tá, então, acho que é isso. Tchau! Beijos. Adorei te conhecer. – Ele sorriu para mim e disse: – Não esquece. Banda Hori! Para quando eu for famoso, você se lembrar de mim.
Eu tava andando em direção a saída e vi uma placa escrita “ ”. Era eu, fato! E quem tava segurando a plaquinha era um garoto bonito. Quem será que ele era? Mas, que droga, eu vim compromissada para cá. Eu fui até o menino que tava carregando a plaquinha e, quando cheguei perto, ele olhou para mim e disse:
- ? – Como será que ele tinha me reconhecido? Como ele sabia quem eu era?
- É... Eu.
- Prazer, Liam.
- Ah, o prazer é todo meu... – Eu dei um sorriso para ele. Realmente o prazer era meu, ele era lindo e falava português.
- Vamos. Me acompanha que o carro tá esperando a gente lá fora.
- Claro. Me diz uma coisa, como você sabe falar português?
- Na verdade, eu nasci no Brasil. Sou filho de um nativo daqui com uma basileira. E me mudei para cá quando pequeno. Por isso, nós só tivemos a chance de nos ver quando pequenos, mas sua mãe sempre enviava foto para a minha.
- Nossa. Mas, então, você é da minha família? – Eu disse, espantada, olhando para ele, enquanto ele abria a porta do carro que estava nos esperando.
- Sou seu primo, . Você tá com quantos anos agora, dezenove?
- Não. Dezessete, e você?
- Dezenove. – Ele abriu um sorriso que me matou.
- Ah... Sim. – Eu disse, quase babando. Eu tenho um primo gato e não sabia! Como assim? Ele é alto, cabelos castanhos um pouco claros, bagunçados meio para cima, olhos mel, branco de pele, um braço malhado e um sorriso maravilhoso. Com um desses na mesma casa que eu, como faz? – Você tem namorada, Liam?
- Não. Eu terminei com ela semana passada.
- Ah, desculpa.
- Sem problemas... Não ligo para isso, não. Você é mais bonita ao vivo do que em foto. – Ele comentou. Será que isso era bom? Ou ele tava me chamando de bonitinha?
- Ah... Obrigada.
- Chegamos. - Disse Liam, apontando para uma casa bonita. O motorista do táxi tirou minhas coisas do veículo e botou na porta de casa, dali Liam as botou em meu futuro quarto. Cheguei, e não havia ninguém em casa, apenas um menininho com uma cara de santinho.
- Ah, , esse é o Logan. Meu irmão mais novo. – Ele olhou para mim e sussurrou: – Toma cuidado. Ele é muito traiçoeiro!
- Ele? Tadinho. Tão pequenininho!
- Eu tô avisando. Se quiser arriscar...
- Tá, né.
- Vou lhe mostrar o resto da casa.
O dia passou e eu até que me diverti com meu primo gato, eu conheci a casa, vi um filme e depois a família chegou. Eu conheci meus tios, jantei e, logo depois, fui para o meu quarto. Peguei o telefone e mandei uma mensagem para , ele respondeu imediatamente:
“Meu amor. Você está bem? Está gostando? Beijos, boa noite. Te amo muito! Sonha comigo. Haha,”
Eu respondi, apaguei a luz do quarto e deitei na cama.
No dia seguinte, abri os olhos e dei de cara com o monumento que se chamava Liam, ou, se preferir, primo.
- Hora de acordar! Aqui também tem escola, só para te lembrar.
- Não... Não. – Então, ele pegou meu braço e me levantou da cama. Quando levantei da cama bati de nariz com ele, quase que eu dou um beijo. Que tenso!
- Ai, meu nariz. – Ele disse, rindo e passando a mão no nariz. – Troca de roupa e vem tomar café da manhã com a gente.
- Tá bom. – Eu disse, ainda sonolenta. – Vocês costumam ter sempre esse ânimo todo de manhã, mesmo?
- Claro. – Ele ficou parado, como se estivesse me esperando trocar de roupa na frente dele.
- Liam, você quer mesmo que eu troque a roupa na sua frente?
- Ah, é, esqueci. Te espero lá embaixo!
Eu me troquei, tomei café da manhã, falei com todo mundo e o ônibus chegou. Quando eu cheguei na escola, estava sozinha, pois Liam já estava na faculdade. Foi estranho pois o dia passou tão vazio, bateu aquela saudade do , do e de todo o pessoal da minha turma. Mas nem tinha sido tão ruim, eu tinha conhecido uma menina legal.
Cheguei na casa dos meus tios, novamente não tinha ninguém em casa além de Liam e Logan, que chegavam um pouco mais cedo. Liam era sempre muito receptivo e sempre estava lindo. O tempo foi passando, e, quando eu vi, já tinham se passado um mês e meio. Estava quase na hora de eu voltar! Liam se aproximou de mim e disse:
- Poxa, você está quase indo embora.
- É verdade. E parece que foi ontem que eu cheguei!
- Pois é. Quer ir comigo até a praça que tem aqui perto, ?
- Claro. Por que não?
- Ótimo. Pegue um casaco, pois está frio. – Nós fomos andando até uma praça onde tinha pouca gente, e um banco, onde nos sentamos.
- O que achou daqui?
- Ah, é legal. Gostei. – Ficou um silêncio, nós nos olhamos e ele veio se aproximando de mim. Pude sentir seu cheiro, e ele encostou sua boca na minha. Estávamos quase nos beijando de verdade e eu parei e disse:
- Não. Isso não é certo, Liam!
- Só porque eu sou seu primo? Mas não é nada demais. – Ele veio para cima de mim novamente, e me beijou de verdade. Foi bom, muito bom... Mas eu me sentia traindo ! E logo agora que eu bem com ele. Eu continuei por mais cinco segundos, parei novamente e disse:
- Não. Não é por isso!
- Se você não tiver gostado de mim e me quiser só como amigo, tudo bem. Mas, me explica, eu não tô te entendendo.
- Não, Liam... Você é lindo, caramba! É óbvio que eu quero, mas eu não posso querer... Porque eu tô meio compromissada com outro menino. E eu não quero traí-lo! Apesar de tê-lo traído agora.
- Nossa... Que mancada. Desculpa, mesmo, . – Ele disse, quase roxo de vergonha, quando chegou uma mensagem no meu celular:
“Estou morrendo de saudades de ti, minha linda. Não vejo a hora de te ver! 15 dias. :D Espero que você esteja gostando. Te amo.”
O acontecido tinha nos deixado meio constrangidos, e ficamos um tempo mais afastados, então, na véspera de eu ir embora, eu fui falar com ele. Bati na porta de seu quarto e disse:
- Liam. Posso entrar?
- Ah, claro, . Entra.
- Então, Liam... Eu preciso esclarecer certas coisas.
- O quê? – Ele parou o que estava fazendo e olhou para mim.
- Ah, você sabe... O acontecido. Depois disso, a gente ficou sem se falar, não sei por que.
- Pois é. Eu achei que você não quisesse mais falar comigo e que achasse que eu fosse um idiota.
- Por quê? Claro que não! – Eu disse, em um tom mais esclarecido.
- O que foi, então?
- Ué, eu só esperei você vir falar comigo... Como você não veio, achei que estivesse chateado. Vim te procurar hoje, porque não quero que isso acabe assim. E, caso você não saiba, como eu posso dizer? Eu gostei de ti, cara. Só que não dá, simplesmente! Quem sabe com o tempo nós não temos mais uma chance? Algum dia, talvez você vá para o Brasil, ou eu volte para cá. Aí, nós podemos tentar recomeçar.
- Mas e se eu não estivesse solteiro, ou até mesmo você de novo?
- Bom. Isso eu não sei. É o tempo que vai dizer!
- Eu queria você aqui, e agora, comigo.
- Eu queria poder ficar, queria não ter compromissos, queria que você fosse só um AMIGO, e não da minha família.
- Bom, mas, então, é isso. É amanhã que você vai embora, né?
- É sim. – Eu abaixei a cabeça e suspirei. Fiquei quieta, e, do nada, agi por impulso, peguei seu rosto e o beijei rapidamente. Ele fez uma cara assustada, que se seguiu da fala dita com espanto.
- O que foi isso?
- Não sei. Eu não podia ir embora com vontade, eu ia ficar mal. Desculpa, vou para o meu quarto... Até amanhã? Você vai me levar no aeroporto?
- Claro que sim! Eu e minha mãe...
- Tá bom. É... Acho que vou para o meu quarto e tirar um cochilo.
- Ok, . – Ele deu um sorrisão para mim e ficou me olhando.
O resto do dia decorreu normalmente, eu dormi um pouco, jantei com todo mundo, eles fizeram a minha despedida, me deram presentinhos, e, quando subi, Liam foi atrás de mim.
- ... – Ele pegou no meu braço.
- O quê?
- Não comprei seu presente porque não achei nada que representasse seu jeito.
- Claro. Sem problemas, não esquenta.
- Vai dormir?
- Vou. O dia amanhã é longo.
- Ok. Boa noite, ! E depois me passa seu MSN.
- Pode deixar. – Eu fui para o meu quarto, arrumei todas as minhas coisas e deitei para dormir. Fiquei pensando no ... Como será que ele estava? Contava ou não contava que tinha ‘ficado’ com outro menino? Será que ele tinha ficado com outra menina? Muitas coisas na minha cabeça. Até que dormi. No dia seguinte, Liam me acordou pela última vez depois de dois meses com aquele jeitinho dele, tomamos café e fomos para o aeroporto. Quando fui me despedir dele, foi meio confuso.
- Odeio despedidas. – Ele olhou para mim e veio me dar dois beijinhos na bochecha.
- Opa, acho que não é por aí. – Eu disse, desviando de sua boca e dando um sorrisinho.
- Ah, pois é. Desculpe...
- Tudo bem. – E eu me virei para me despedir de minha “tia”.
- Tchau, filhinha. Boa viagem! Quando chegar lá, manda um e-mail para o Liam, tá bom? Beijos. – Eu entrei na sala de embarque e Liam ficou me olhando com cara de cachorro abandonado, então, mandei um beijo de longe para ele e ele sorriu para mim.
Logo, entrei no avião e sentei do lado de um homem gordo, que estava comendo uma coxinha de galinha com as mãos. Não sei como a aeromoça não tinha visto aquilo, ainda estava nojento! E fiquei pensando no tal do menino que puxou assunto comigo, nessas horas ele seria melhor que esse gordo que não demorou muito para ocupar um banco e meio e me deixar espremida. Estava ficando irritada. Então, botei meu fone de ouvido e comecei a ouvir música, o gordo teve coragem de falar comigo:
- Ô, menina, será que dá para abaixar o som do teu radinho? Tá me atrapalhando a tirar o cochilo após o almoço.
Eu o ignorei, então, ele resolveu me cutucar e pedir de novo, eu estava tão irritada que disse a ele:
- Não, não dá para abaixar porque eu estou ouvindo.
Aí, ele reclamou com a aeromoça que eu estava sendo um incômodo para ele e ela me passou lá para trás, ao lado de uma menina com cara de quietinha. Então, ela disse para mim:
- Por que a aeromoça te trouxe aqui?
- Porque eu estava do lado de um gordo, irritante, comendo coxinha e se aproveitando dos dois bancos! Só faltava ele coçar a bunda. Aí, ele me mandou diminuir a música no Ipod, que já estava baixinha. E ele ainda chamou meu Ipod de RADINHO. Aí, eu disse que não, e ele reclamou com a aeromoça. Agora, aqui estou eu... - Eu disse, quase bufando, estava estressada.
- Nossa man, que merda é essa? Essas pessoas são muito abusadas!
- Não é, menina?
- Qual é seu nome?
- , e o teu?
- .
- Pô, tu é paulista... Isso eu já percebi, mas o que você tá fazendo no avião para o Rio de Janeiro?
- Eu tô morando lá.
- Ah, tá, que legal. – Fiquei conversando com a até chegar ao Rio, falamos de tudo e descobri que ela era da mesma cidade que eu. Então, nós poderíamos manter a amizade! Que, por sinal, começou meio estranha... Dentro de um avião, é um início meio estranho e inusitado. Mas não deixa de ser o início! Quando chegamos ao aeroporto, nós continuamos juntas, tudo indicava que iríamos virar melhores amigas, trocamos MSN e tudo.
Eu estava conversando com ela, quando vi , ele estava em pé autistando. Eu chamei e saí correndo para abraçar . E o abracei pelas costas.
- ! Meu amor. - Ele se virou, assustado.
- Ah, minha linda! Que saudades.
Ele me abraçou o mais forte possível. Depois, me pegou no colo no meio do aeroporto e me beijou. Nunca tinha sentido tal sensação que senti com o beijo que ele me deu. Foi inexplicável! Quando ele me botou no chão, eu apresentei a ele.
- Ah, ela tá junto de você? Desculpa, não sabia. Prazer , sou . – ficou muda, não fez gesto nenhum, quando olhou diretamente para o rosto de .
- Você é da Restart? – Ela deu um berro.
- É... Sim, sou eu.
- Meu Deus, eu não acredito. , eu passei dez horas com você em um avião e você não me conta isso? Como assim?
- Calma, , calma. – fez cara de quem estava em estado de choque.
- e , vamos rachar o táxi?
- Pode ser. – Eles disseram juntos.
- Então, vamos. E , não faça outro escândalo, por favor! – Eu disse, rindo, e riu comigo.
- Tá bom, tá bom. Vou tentar! – Ela acabou rindo também. E, então, pegamos um táxi que a deixou em sua casa, e eu fui para minha casa com . Quando cheguei na porta de casa, eu olhei para ele e disse:
- , eu tenho que te contar uma coisa.
- O que foi? Você falou tão séria...
- É... Pois eu tenho que confessar uma coisa.
- O que foi, ? Fala logo! – Ele disse, ansioso.
- Tipo... Como eu posso dizer... Eu, sem querer, fiquei com outro garoto lá. – Ele ficou olhando para mim, sério.
- Isso é verdade? Por que você tá me contando?
- Infelizmente é. E eu tô te contando porque eu não quero te perder, isso foi um erro que eu cometi. E queria que você me perdoasse, se não fosse pedir demais.
- Olha, , eu não sei... Mas por que você fez isso?
- Não sei. Ele veio para cima de mim, e, quando eu vi, já tava beijando ele. Mas foram só cinco segundos!
- Eu te amo demais, e não te traí em parte alguma da sua viagem... Queria que você tivesse feito o mesmo!
- Nossa, , você não sabe como eu me senti mal. Eu me senti um monstro... Porque você é sempre tão fofo comigo, e eu fui uma escrota com você. Eu realmente não sei dar valor ao que eu tenho, e eu me odeio por isso.
- , é difícil para mim saber disso... Mas eu gosto muito de você, e acho que você também gosta de mim. O fato de você ter me contado fez eu não perder a confiança em ti. Então, acho que devíamos dar uma chance ao nosso relacionamento.
- Sério, ? Ai, que lindo, eu te amo. Você é o melhor do mundo! Vem... Entra. – Entramos, ele levou minha mala até o quarto. E, quando olhei para minha cama, tinha uma caixa com chocolate dentro, e um cordão com nossas iniciais escritas atrás.
FIM!