Capítulo I
- Ai, Maria, vá mais devagar!
A dor que minha servente Maria causava nas minhas costas por causa daquele espartilho apertado me fez estremecer, mas a ansiedade naquela hora era maior do que a própria dor.
Fazer dezoito anos, para qualquer menina, já seria importante, mas naquele dia e naquela hora nada se comparava à sensação que eu estava sentindo. Todos já estavam no grande salão esperando a minha descida, inclusive o meu par, que minha mãe fizera questão de criar suspense até a hora da grande valsa.
No relógio já marcava onze e cinquenta quando acabei de me vestir completamente. Assim que olhei no espelho fiquei impressionada com o que vi, eu não me achava bonita, nem feia, mas naquele dia eu estava radiante. Meus longos cachos loiros estavam caindo perfeitamente sobre meu vestido branco que marcava cada curva de meu corpo já adulto com muita precisão. Retoquei o meu batom e saí andando em direção a escada que me levava até o salão onde todos me aguardavam.
A grande hora, o dia que eu esperava há anos estava ali, parecia que tudo daria certo naquela noite, que todos os sonhos iriam se realizar e que eu finalmente seria livre para o que eu bem entender.
Assim que o Maître me anunciou, desci a escada com o maior cuidado, como se eu estivesse pisando em ovos e não pudesse estourar nenhum. Nunca tinha percebido, mas hoje a escada estava mais longa do que imaginara, e quando dei conta de mim mesma, vi que estava tocando a música da qual eu sempre sonhara ouvir naquele momento.
Assim que cheguei no fim da escada, o meu par misterioso estava me esperando de costas, e isso só fez aumentar a minha ansiedade. Então olhei pra minha mãe e ela estava chorando. Nunca imaginaria que a minha mãe choraria naquela hora. Passei a minha mão pelo ombro de meu parceiro e ele ainda de costas segurou-a com a sua mão esquerda e se virou.
Joseph! Joseph! Joseph! Era só nisso que conseguia pensar, o meu melhor amigo de infância, depois de tantos anos sem vê-lo, seria o meu parceiro! Por isso que minha mãe guardava tantos segredos. Como eu não poderia imaginar?!
- Boa noite, senhorita “MM”.
Pude sentir o seu hálito quente em meus ouvidos e estremeci quando ele disse aquelas simples letras “MM”. Apenas Joseph me chamava assim, apenas ele, e eu não podia acreditar como ele lembrava daquele simples apelido.
- Joe! Você! Quanto tempo, que... saudade de você.
Joe, no entanto, estava irreconhecível. Acho que por isso não tinha descoberto que seria ele quando estava de costas. Ele estava tão lindo, sua cor de pele chamava atenção sobre aquelas peles brancas no salão, seu sorriso era perfeito, cada dente refletia a luz. Nunca imaginaria que Joe estivesse tão lindo.
A valsa, como minha mãe planejara, fora perfeita, e durante ela fiquei imaginando as milhares de perguntas que faria a Joe. Assim que acabei de cumprimentar todos no salão, fui falar finalmente com o meu amigo irreconhecível. Ele estava sentado em um dos bancos do jardim externo e propositalmente segurando uma rosa em sua mão.
Assim que ele me viu, abriu um sorriso de ponta a ponta, e eu, involuntariamente, sorri de volta, me dirigindo até ele. Quando eu sentei naquele banco de pedra, Joe se virou pra mim.
- Parabéns, “MM”, essa noite está incrível, tudo se saindo perfeitamente, e isto é pra você.
Joe entregou-me a rosa e eu impulsivamente a cheirei. Aquela rosa não tinha cheiro de rosa. Não sabia o que Joe havia feito, mas aquela rosa tinha cheiro da nossa infância, um cheiro doce e sensível.
- Aah, Joe, muito obrigada. Eu ainda não estou acreditando que você está aqui comigo, faz tantos anos, Joe! Como? Como minha mãe te achou? O que você tem feito? Onde está morando?
Sem perceber, eu não conseguia parar de falar e Joe riu com isso, riu muito de mim.
- Calma, Mille. Eu estou bem e estou morando em Skilfield, sul de Londres, mas estou aqui pra ficar um bom tempo, pra ver se você ainda consegue perder de mim na natação, lembra?
- Joe, como poderia esquecer? E pode ter certeza que você já perdeu.
A noite inteira foi assim, Joe fazia questão de me lembrar coisas constrangedoras do passado e fazer piadas que me fizessem rir. Eu sentia saudade dele e nunca teria percebido isso. Depois que Joe, aos 11 anos, falara pra mim que iria se mudar, eu tinha entrado em depressão por causa do meu melhor amigo que nunca mais veria, mas hoje, na noite que tudo poderia acontecer, Joe estava ali, sentado comigo em um banco de pedra no meio do meu jardim. Parecia que eu estava vivendo a minha infância toda de novo, só que dessa vez eu não esconderia de Joe o que sentia.
Desde os 7 anos eu era apaixonada por ele, e quando o vi naquela noite, não consegui não me apaixonar de novo. Ele era tão lindo e me fazia rir o tempo todo. Nunca poderia imaginar que cometeria o mesmo erro que cometi há alguns anos atrás. A noite em que tudo seria mais fácil e que tudo aconteceria com a maior perfeição, eu me apaixonei, dessa noite eu esperava de tudo, menos a visita de meu melhor amigo e inesperadamente um sentimento que me despertaria até então.
Capítulo II
Eu e Joe passamos a noite toda conversando. Assim que fomos nos deitar, ele se despediu e foi aos seus aposentos, enquanto eu fui para o meu. No dia seguinte, quando acordei, Joe já estava acordado e tomando café.
- Bom dia, dorminhoca, demorou hein?! O que você pretende fazer hoje? Andar a cavalo? Ir no bosque? O que?
- Bom dia, Joe! – respondi com um tom verdadeiro de felicidade enquanto sentava ao seu lado. - Que tal andarmos a cavalo até o bosque?
- Ótima idéia, “MM”!
Joe parecia feliz quando me chamava de “MM”, parecia que passava um filme em sua cabeça de quando éramos crianças. Assim que terminamos o café da manhã, levei-o até o celeiro para podermos pegar nossos cavalos. Joe estava lindo, a sua pele morena bronzeada estava vestida sob uma roupa branca de montaria. Parecia que tudo o que ele vestia caía perfeitamente em seu belo corpo. Prendi meu cabelo, deixando alguns cachos caídos em cima da minha blusa de montaria, e fomos cavalgando até chegar ao bosque. Quando chegamos lá, Joe falou que tinha uma coisa séria para me contar, mas o tom de sua voz era calmo e suave. Em minha cabeça, ele estava apenas fazendo mais uma de suas piadas.
- Ai, Joe, não aguento mais, vamos sentar aqui e admirar um pouco dessa paisagem.
- Mas já, Mile? Na minha época você não era assim, não. Mas tudo bem, vamos descansar.
Joe sorriu com aqueles dentes brilhantes para mim enquanto estendia uma toalha para nós sentarmos. A cada olhar e sorriso que ele lançava para mim, eu não podia evitar o sentimento que estava dentro do meu coração há anos.
- Então, Mile, eu trouxe um presente para você, fui eu mesmo que fiz.
- Você, Joe? Que milagre é esse, hein?!
Joe me passou uma caixinha de veludo branca com um laço vermelho em volta e, enquanto me passava a caixinha, segurou minha mão com cuidado. Naquele momento eu não sabia o que fazer. Enquanto tentava me concentrar na caixinha, Joe não parava de me olhar com suavidade e carinho. Quando a abri, vi que nela estava dentro um colar de pedras exatamente igual ao que Joe havia me dado quando éramos menores, aquele mesmo colar me fez prometer há alguns anos atrás que qualquer coisa podia acontecer mas nós nunca nos afastaríamos.
- Mile, eu não vim aqui só por um pedido da sua mãe, eu vim aqui porque desde o dia que eu me mudei não conseguia parar de pensar em você, ou melhor, eu não consigo. Desde aquele dia a sua imagem não sai da minha cabeça. Não vim antes porque pensava que você teria me esquecido, mas quando a sua mãe me ligou, não consegui evitar. Eu entendo que nós somos apenas amigos, mas para mim você sempre foi mais que isso. Mile, eu te amo e sempre te amei, não consigo passar mais tempo sem você.
Eu, sem dúvida, não sabia o que fazer. Ele me amava e eu o amava, o que houve? Por que as coisas estavam assim com a gente? Por que antes nós não tínhamos ficado juntos?
Milhões de perguntas surgiram na minha cabeça em menos de um segundo. Quando dei conta de mim mesma, estava chorando e Joe estava com a sua mão quente e acolhedora na minha. Então, quando o olhei de volta, ele estava mais perto que o normal. Podia sentir o hálito quente e suave sobre a minha pele fria. Com movimentos lentos e cuidadosos, Joe foi chegando cada vez mais perto de mim. Ele fechou seus olhos, e seus lábios quentes encostaram com leveza nos meus; senti sua mão esquerda afagar meus cabelos e soltá-los. Joe me beijava com delicadeza, seu beijo era quente e aconchegante, e logo o retribuí. Ele me abraçava, fazendo com que os meus sentimentos crescessem na mesma velocidade das minhas emoções naquele momento. Era difícil controlar meus sentidos e pensamentos.
- Mile!
Entrei em estado de choque, o pensamento de que alguém pudesse ter visto aquela cena me assombrou durante aquela fração de segundos, mas quando me virei, vi que era apenas uma prima minha que eu não via há anos. Na ultima vez que eu a vi, ela estava com cabelos curtos, morenos, e meio gordinha, mas hoje ela estava alta, magra e com cabelos longos e lindos, parecia uma modelo. Ela estava linda!
- Rose!
- Minha prima, como você está? Quanto tempo!
- Eu estou ótima! Esse é o... Joe, meu namorado.
Assim que disse isso, meu orgulho por essas duas palavrinhas subiu.
- Namorado? Da última vez que eu te vi, você tinha nojo de meninos. Como você evolui, prima!
Não pude conter meu sorriso e logo Rose e Joe estavam rindo.
- Veio para ficar muito tempo, Rose?
- Três dias, apenas. Vim ver como você estava e em menos de dez minutos percebi que esta muito bem, né, prima?!
Rose sempre foi meio brincalhona e assim como eu, costumava ser ignorada pelos meninos. Mas agora estava tão linda que podia sentir uma pequena pontada de ciúmes em relação ao Joe, mas ao mesmo tempo eu sabia que ele me amava e sabia que provavelmente seriamos só nós dois para sempre.
Capítulo III
No primeiro dia que Rose estava aqui em casa, fomos andar de cavalo, entrar na cachoeira, fazer piquenique e etc, mas eu sempre sentia que Joe estava deslocado com a presença dela ali. Percebia que a gente não poderia ficar se beijando e abraçando com Rose olhando de cinco em cinco minutos. Ela não disfarçava a sua pontada de inveja em relação ao meu amor por Joe e ainda mais, me fez repetir como foi a nossa história trilhões de vezes. Mas sempre que eu falava com ela, parecia que ela queria viver o que eu estava vivendo, e pior, com a pessoa que eu estava. Então, já no segundo dia de visita dela, eu já sentia o ciúmes pelo meu corpo, mas eu podia entender que ela só ficaria mais um dia. Enquanto eu e Joe tentávamos ficar a sós, parecia que sempre que conseguíamos, Rose vinha. Já no último dia de visita, fiquei mais tempo no meu quarto para poder “fugir” daquela situação, até que levantei e fui até minha penteadeira soltar meus cabelos, que caíram delicadamente sobre meus ombros. Fui até meu armário e peguei um short jeans, uma bota de montaria com uma camiseta branca e um casaco, e saí correndo pelas escadas de minha casa, as mesmas que me levaram ao meu primeiro encontro com Joe. Não tomei café e nem procurei saber onde estavam a minha prima e meu namorado, e para o celeiro pegar um cavalo para passar o dia montando. Mas logo quando entrei no celeiro, vi os dois conversando, íntimos até demais. Quando, do nada, Rose agarrou o Joe e começou a beijá-lo. Se eu tivesse que pensar na minha reação, certamente entraria celeiro a dentro e acabaria com Rose, mas eu não consegui pensar, então saí correndo desesperada em direção ao bosque. Não tenho certeza , mas acho que Joe correu logo atrás, pois ouvi os seus passos na terra. Com o tempo fui cansando e tropecei em uma pedra, mas não caí no chão. Alguém tinha me pegado. Esperava que fosse Joe, mas quando virei para trás para saber quem seria, era um rosto lindo; um desconhecido de cabelos loiros e olhos verdes, ombros largos e peitos fortes. Mas quem seria?
- Opa, cuidado!
Aquela voz em meus ouvidos soaram como sinos de igreja, tão agradável e reconfortante.
- Ai, essas patricinhas parecem que não sabem andar rápido.
- O quê? Primeiro, tire as suas mãos de mim. E segundo, eu sei andar sim, ta?
Aquela visão perfeita tornou-se um alvo de raiva. Como ele poderia falar assim comigo?
- Ah, garota, se sabe tanto, então acho que já posso ir...
- Não! Calma, é... Obrigada!
Senti uma pontada de vergonha, aquele garoto tinha sido tão rude comigo e eu ainda o agradecia?! Não sei o que passou pela minha cabeça.
- De nada, estabanada!
- Eu não sou estabanada!
- Então eu posso chamá-la de...?
- Mile! E eu posso chamá-lo de...?
- Como quiser: Príncipe encantado, amor da sua vida...
- Ai, garoto, mas como você é convencido hein?! Já que não quer dizer seu nome, então eu vou embora, tenho muito o que fazer!
- Imagino o que a senhorita Mile tem que fazer: Pintar as unhas, fazer o cabelo ou me contar por que estava correndo tanto.
- Mas você realmente se acha muito engraçadinho, né? E não, não vou contar nada, nem ao menos sei seu nome.
- Meu nome é Miguel, tá bom assim, madame?
- Prazer, Miguel - nessa hora não pude conter um sorriso que apareceu no meu rosto, aquele garoto era tão mal educado e tão irritante que chegava até mesmo me atrair. Não, não, eu não posso me sentir atraída por um garoto desse!
- Agora vai me contar o que aconteceu? - ele soltou um sorriso tão, mas tão lindo quando acabou de falar, que se eu pudesse, desmaiaria ali mesmo.
Eu e Miguel resolvemos andar enquanto eu contava a história. Mas o que mais me impressionava era o jeito como a gente conversava, parecia que eu já o conhecia há anos, parecia que tínhamos uma amizade parecida ou até mais forte que eu tinha com... Chega, tenho que tirar Joe da minha cabeça, ele me traiu e isso não tem perdão. Já Miguel... Nossa, ele era tão lindo e mudou a primeira impressão que tive dele. No fundo, ele era um menino muito sensível mas que não se preocupava com as coisas ruins da vida, como ele havia me dito “Pra que chorar da desgraça se podemos rir até a barriga doer?!”.
Quando me toquei para ver a hora, percebi que já eram 18:00 e que logo, logo o jantar ia ser servido.
- Caraca, Miguel, já está ficando tarde, preciso ir para casa!
- Bom, já?! Mas nossa conversa está tão boa... - antes estávamos falando sobre amores e sobre os micos pagados quando se está apaixonado.
- Continuaremos amanhã, certo?
- Certíssimo, então te vejo amanhã.
Miguel veio se despedir e me deu um beijo no rosto. Tremi, me arrepiei com aquele beijo, e em minha mão botou o telefone dele. Foi se aproximando e disse em meus ouvidos: “me liga quando quiser fugir do castelo amanhã, Princesa.”. E fui embora. Como que em um dia eu poderia me apaixonar por um menino que não fica falando de cinco em cinco minutos que eu sou linda, legal e etc; um menino que me diz a verdade; um menino que conseguiu me dizer tudo, mas ao mesmo tempo não disse nada?
E Joe?! Eu deveria estar chorando por ele.
Versão Miguel:
Nossa, mas que inferno, eu não consigo tirar aquela menina da minha cabeça! Tão linda, tão sorridente... PARA COM ISSO, MIGUEL! É só uma garota e você sabe muito bem que elas tem o dom de nos magoar, mas acho que ser amigo dela não custa nada.
Quando cheguei em casa, encontrei com o Joe. Como ele teria coragem de aparecer na minha frente ainda?! Depois daquela tarde que eu tive, consegui espantar os piores pensamentos da minha manhã e agora eles voltaram. Por quê?
- Mile, você viu que foi ela que veio para frente de mim, você viu!
Realmente eu tinha visto isso, mas eu não conseguia perdoar aquilo , eu não queria perdoá-lo.
- Joe, você sabia que desde o primeiro dia ela estava louca para ficar contigo, você sabia Joe, e agora eu vejo você beijando a minha prima? Afinal, onde está ela?
- Foi embora e pediu mil desculpas para você.
- Ah, desculpas? Faça-me o favor, né?! Bom, eu vou para o meu quarto, estou muito cansada.
- Ok, meu amor, vai lá que amanhã a gente se vê.
O “meu amor’’ doeu quando foi dito. Sim, eu tinha uma quedinha por ele... Mas nossa, o Miguel, ele sim me conquistou, não consigo parar de pensar nele.
Capítulo IV
Quando acordei e olhei para a minha cabeceira, vi o meu celular com o número de Miguel. Resolvi ligar, precisava vê-lo.
- Bom dia, Miguel!
- Alô? Aah, oi, linda, como você está?
- Estou ótima, vamos fazer alguma coisa?
- Aham, vem pra cá pra casa, traga roupa de banho, por favor.
- Ahn? Roupa de banho?
- Sim, sim, você verá...
- Ok, beijo.
Então fui até meu closet para pegar minhas coisas, botei um biquíni branco com azul bebê, e por cima botei um vestido rodado que vinha até a metade da minha coxa. Fui até a penteadeira e soltei os meus cachos loiros que caíram perfeitamente pelos meus ombros. Desci, tomei café e, saindo já de casa, encontrei com Joe. Ele estava sentado e dizia que estava me esperando. Bom, como não estava com pressa, sentei, conversei com ele e incrivelmente nos entendemos. Falei que não dava mais para continuar, que aquele beijo na minha prima mudou tudo e que ele tinha que seguir seu caminho e eu o meu. Então decidimos que ele voltaria para casa no dia seguinte.
O caminho até a casa do Miguel foi bem longo, estava muito preocupada pensando nas coisas que conversara com Joe, muito preocupada. Eu gostava dele e muito, mas acho que o via mais como um amigo mesmo. Toda aquela paixão do início virou apenas amizade e seria melhor assim para não nos machucarmos mais.
- Olá, Mile!
- Miguel! E aí, o que faremos?
- Está vendo aquele lago ali? Então, entraremos nele depois de andar de barco.
- Mas ele está frio, Miguel, não sei se quero...
- Ah, vamos!
Então Miguel me pegou no colo e saiu correndo comigo. Os seus braços e sua barriga eram fortes e quentes, ele era lindo e eu não podia evitar de me apaixonar por aquele anjo!
O dia com Miguel foi um dos melhores da minha vida. Passamos o dia inteiro rindo e nos divertindo. Quando chegamos no barco de volta, sem querer o virei e caímos de novo no lago, só que quando fui subir, Miguel me puxou para baixo e me beijou ali mesmo, dentro da água. Foi um beijo tão doce mas ao mesmo tempo tão forte e preciso. Um beijo que me causara arrepios.
- Miguel... O que foi isso?
- Ai, desculpa, você não gostou? Desculpa mesmo, é que eu achava que você também queria, sabe? Eu não consegui parar de pensar em você... Me desculpa mesmo.
- Calma, Miguel, não precisa se desculpar, eu gostei... E muito, e queria sim.
- Ah, sabia que você não ia se render aos meus encantos, linda.
- Que absurdo! Você é muito convencido, sabia?!
- Ah, pare de tagarelar e vem cá!
Então Miguel me beijou de novo, um beijo mais intenso. Como um garoto daquele me fizera ir à loucura, do céu ao inferno, do calor ao frio, da dor ao amor? Como?
Meu dia com ele continuou ótimo, a única diferença era que agora a gente se beijava sempre que rolava uma brincadeirinha.
Quando fui pra casa não conseguia tirá-lo da minha cabeça, não queria fazer isso. Não sei se estava o amando, mas sei que a única coisa que eu não queria era perdê-lo.
Versão Miguel (2 anos depois):
Aquele dia não saía da minha cabeça nos últimos anos, o nosso primeiro beijo, todo aquele amor. E ela, tão linda. E aquilo doía tanto em mim, por que Deus não a deixou aqui comigo, eu a amava tanto, desde a primeira vez que tinha a visto. E por que ela tinha que morrer? Por que ele não me levou também? Aquela garota mudou minha vida em dias, me transformou. E agora uma droga de doença a levou, levou sua alma e me deixou, mas agora elas se reencontrarão, em algum lugar.
Miguel então tomou o líquido que havia dentro daquele vidro, e em segundos a encontrou em um paraíso. Enfim estavam juntos de novo e agora, PARA SEMPRE.