By: Maggie
1 ; First Look
Desci pela rua com meus olhos já ardendo de tantas lágrimas caírem. Por que chorava? Pelo tempo. Tudo passava demasiado depressa e, quando eu me dava conta, já não tinha nada. As coisas que no início tinham tanto significado, ao longo dos anos perdiam o sentido e… Desapareciam. O amor, a amizade, os sonhos – tudo acabava por desaparecer. Eu precisava de chocolate para esquecer tudo isso. Chocolate, chocolate, chocolate! Iria para casa depois, ver um filme triste, choraria litros e comeria mais chocolate, até ficar obesa e morrer de obesidade. Sim, eu sou dramática.
Fui até o Square’s, uma pequena loja de doces em Fleet Street. Eu trabalhava num dos jornais naquela rua e amava aquela loja, como tudo – chocolate caseiro, yummy! Não, eles não faziam as barras de chocolate com partes humanas – esta é Fleet Street do século XXI. Porém, eu desejava que houvesse alguém com uma navalha que me matasse. Tanto drama. Abri a portinha e o ar confortável me atingiu logo. Tirei mais um lenço do pacote e me assoei, indo até o balcão.
“Quero uma barra de chocolate caseira do tamanho grande.” Falei com minha voz saindo chorosa.
“A última barra ultra-grande de chocolate caseiro foi vendida a um garoto, desculpe.” A velhinha falou, apontando para uma criatura (?) que acabava de sair da loja. Eu precisava de chocolate extra grande!
Saí da loja a correr e o vento frio me atingiu.
“Ei, você!” apressei o passo até o alcançar. “Hey.”
“Hey.” Ele falou, continuando a andar, sem nem me olhar. Andou até um cachorro vira-lata que estava atado a um poste de luz, que latiu ao o ver.
“Você comprou a última barra enorme de chocolate.” Eu falei.
“Comprei… Algum problema?” ele perguntou. Senti o cachorro se aproximar de minhas pernas e me cheirar.
“Eu preciso dela.” Pedi. Senti as lágrimas me voltarem a vir aos olhos, resolvi afagar um pouco o cachorro. “Eu te pago!” falei enquanto continuava de cabeça baixa, olhando o animal.
“Não preciso de dinheiro. Preciso de chocolate.” Ele sorriu. Oh, sorriso encantador. “Mas se quiser… Podemos partilhar.”
“Partilhar?”
“Sim. Dividir. Metade a metade.” Levantei-me. Seria melhor metade do que nada, certo? Conseguia ouvir a barrinha chamar por mim, “me coma, me cooma! Eu seei que você necessita de miim!”. Nossa, barrinha de chocolate perversa!
“Tudo bem.” Dei um pequeno sorriso, vendo-o abrir o pacote e partir a barra grande de chocolate ao meio. Meus olhinhos brilharam.
“Pronto. Agora pode ser feliz!” ele deu uma mordida no chocolate dele. “Hm, adoro chocolate caseiro. Não comia faz séculos.”
“Eu sei. É bom demais.” Comi um pedacinho também. “Obrigada, erm,”
“.”
“Isso! Obrigada, .” Olhei em volta. Opa, homem com câmera o fotografando, devia me afastar. “Obrigada de novo, criatura!”
“De nada. Qual seu nome?”
“.”
“Espero te ver de novo…”
“Se tiver chocolate, não se preocupe que irei ao seu encontro.” Acenei e me voltei para caminhar até casa. Aquele garoto tinha me salvado! Além de dramática, sou exagerada.
2 ; First Drunk Talk
Sabe quando sua vida começa a andar de cabeça para baixo? A minha estava assim – sempre esteve. Ainda esperava o dia que minha vida aprendesse a andar com os pés. A razão de tanto drama agora? Perdi meu emprego. Poxa, só porque eu discuti com aquela putinha da Gretchen – aliás, que porra de nome é esse? – sobre a coluna de educação. Okay, eu não tinha apenas discutido, tinha berrado e acabei derramando meu café em cima dela. Eu nem lembro o motivo porque a discussão começou, em primeiro lugar, mas eu lhe disse tudo o que tinha entalado na garganta. E depois fui cordialmente chamada à sala do diretor do jornal e fui cordialmente despedida. Um belo chute no meio da bunda!
Andei até um pequeno bar ali perto e pedi uma garrafa de vodka. O vendedor me olhou estranhamente, paguei e saí com minha garrafinha de vodka pura. Andei meio sem rumo até que fui parar à beira do rio Tamisa, não muito longe da ponte de Londres. Sentei-me no gramado e observei algumas crianças que jogavam bola, uma velhinha lia algo e uma senhora parecia estar bordando. Abri a garrafa de vodka e o cheiro me entrou pela narinas – argh. Dei um gole, sentindo o líquido me passar a garganta como fogo e meus olhos ficaram lacrimejados por causa do choque. Chocolate? Não, eu estava mais drástica naquele dia!
Cinco grandes goles de vodka depois, eu já estava longe do estado de sobriedade. Ri comigo mesma. Então, alguém se sentou ao meu lado. Oh, eu me lembrava dele, como ele se chamava mesmo? Poxa, Justin? Johnny? William? Era alguém famoso na Inglaterra. Princípe William? Não.
“Oy. , se bem me lembro?”
“Eeerm.” Ponderei por segundos. Ele estava a falar de mim, não era? “Sim! Eu! !”
Ele sorriu e tirou a coleira do cachorrinho – oh, eu também me lembrava dele! – e o deixou correr.
“Não vá para a água, ouviu?” ele gritou para o cão como se fosse uma criança. Ri com isso. ! Era esse o nome dele. “Você é russa?”
“Russa?” Olhei-o estranhamente.
“’Tá bebendo vodka. Russos bebem vodka para se aquecerem.” riu, olhando a garrafa na minha mão.
“Ah, não sou russa. Sou dramática e azarada.” Dei mais um gole. Aaaargh, queima, queima, queima. Fechei os olhos fortemente. “E frustrada também! E agora, desempregada!” minha voz já saía embolada e eu tinha consciência disso. ao meu lado apenas sorria.
“Foi despedida?”
“Sim! Discuti, impus minha opinião, hoje em dia quem impõe opinião é castigado!” bati com a mão na grama, falando alto e imitando os políticos. Desatei a rir. “Eu tenho contas para pagar, e vou me fuder toooda! E eu já sou tão fudida! Minha melhor amiga me abandonou para voltar para o país que ela ama, meu único amigo, quase namorado, que me suportava, me largou por alguém que eu me lembro de parecer uma égua, agora não tenho emprego e só tenho chocolate, vodka e você! Você é legal por estar me ouviindo!” dei um soquinho no braço dele.
“Sua vida é bem complicada, hm?”
“É!”
“Tenho a certeza que o que a vida te deu foi porque você mereceu…” ele encarou os próprios pés. Que porcarias ele tava falando?
“Eu sempre fui uma santa! Sempre ajudei todo mundo, só porque fugi para a Inglaterra porque era onde meu coração estava, não quer dizer que eu mereça ter tanta lama na minha cara!” me revoltei. Outro gole de vodka e o líquido parecia queimar ainda mais quando me atravessava a garganta.
“Bem, então as coisas que acontecem, no final, vão te levar a algo bom!” discursou e os seus olhos encontraram os meus. Senti-me zonza – provavelmente por causa da bebida, mas os olhos dele eram bonitos. “Se você não estivesse assim, não me tinha conhecido.”
“Eu nem te conheço, garoto!”
“Podemos nos conhecer melhor.” Ele se encostou na grama, olhando para o céu. Deitei-me também, era mais seguro.
Fiquei olhando o céu, meio confuso por uns tempos. Não tinha noção do tempo, na verdade. Meus olhos pareciam pesados. Todo meu corpo parecia pesado! Virei-me para .
“Você gosta de chocolate, né?”
“Adoro.” Ele sorriu bobamente.
“E vodka?”
“Claro.”
“Quer um pouco?” estendi-lhe a garrafa.
“Okay!” ele se sentou e deu um gole. Fez uma careta ao beber. “Aaargh forte!”
Dei uma risada idiota. Ele deu mais um gole da bebida e voltou a me entregar a garrafa e a se encostar na grama.
“O cão é seu?” perguntei do nada.
“É.”
“Tem nome?”
“Vagina.”
Parti-me a rir quando ouvi a palavra sair da boca dele. Minha barriga doía de tanto rir e rolei na grama, sentindo lágrimas de riso nos meus olhos.
“Tá zoando, né? Pobre bicho!”
“Não to zoando não.” me encarou por uns segundos, depois desatando a rir também. “É Timmy o nome dele.”
“Hm, como em Padrinhos Mágicos?”
“Sim, tipo esse Timmy.”
Eu me lembro de conversarmos sobre as coisas mais aleatórias. Não lembrava quase nada do que dizia e talvez fosse melhor não lembrar. Acabei adormecendo na grama, a garrafa de vodka já estava quase vazia e, no dia seguinte, acordei confortavelmente na casa de . Com uma grande ressaca. Mas ele tinha sido simpático o suficiente para não me deixar jogada no meio da grama, devia-lhe uma. Quando acordei, tinha um bilhete que dizia que ele tinha que sair, para eu me cuidar e que tinha aspirinas no terceiro armário de cima da cozinha. Vesti minhas roupas, tomei a aspirina e saí da casa, ainda sem muito senso de direção. Ei, peraí, eu vesti minhas roupas? Isso significava que… Oh, bosta. Ele viu minha roupa interior de macaquinhos.
3 ; First Real Talk
Se minha vida não ia começar a andar pelos pés sozinha, eu ia fazê-la parar de andar de cabeça para baixo. tinha razão, se todas as merdas estavam me acontecendo, era porque eu não lutava o suficiente. As palavras dele talvez não tivessem sido essas, mas a conclusão a que eu cheguei foi essa! Já tinha procurado emprego em três lugares, dois em duas revistas e um numa Starbucks.
Precisava de uma pausa e acabei parando num café qualquer. As coisas em Londres são caras e quanto menos marcas registradas os lugares tiverem, melhor. E naquele momento eu não me podia dar ao luxo de ir à grandes cafés de grandes qualidades…
O ambiente daquele era bom – pouca gente e era limpo. Nada que se comparasse ao Square’s, não ia lá há uns tempos desde que fui despedida, mas era agradável. Pedi um café forte e fatia de bolo de chocolate. Impressionantemente, eu ainda não tinha engordado muito. Sentei-me na mesa enquanto lia um jornal que ali estava, nada de interessante, ainda esperava por uma grande notícia como “Bin Laden faz amizade com o reaparecido Elvis Presley e os dois resolvem fazer a paz no mundo!”. Aham, minha imaginação é bem fértil.
Enquanto comia meu bolo, uma bela alma chegou e sorriu. Sorri de volta.
“Bom te ver, ! Sente-se… Quer dizer, se não estiver acompanhado.” Convidei.
“Obrigada.” Ele puxou a cadeira e se sentou. Ele tinha cortado o cabelo. Estava bonito. Será que devia comentar como ele ficava bem assim?
“Você cortou o cabelo!” comentei e baixei a cabeça para o bolo.
“Sim. Meus amigos já se queixavam de que estava sem estilo…”
“Está… Bonito assim.”
“Obrigada.”
Continuei a comer meu bolinho – pausa para comentar como era bom – e de vez em quando olhava para . Ele pegou o jornal que eu antes estava lendo e o folheou.
“Então, como vai sua vida?” tentei ser educada.
“Na mesma. Banda que dá trabalho, amigos que me tiram a roupa sempre que podem, meninas dando em cima de mim e meninas me recusando.” Ele sorriu. “E você? Tem voltado às origens russas ultimamente ou resolveu melhorar?”
Ri junto dele. Não se tinha me esquecido do episódio da vodka.
“Agora estou suíça. Montes de chocolate! É mais saudável que vodka, pelo menos… E tenho procurado emprego.” Contei.
“E amigos? Algum novo?” ele me olhou ligeiramente, por cima do jornal. Eu lhe tinha contado toda a história de minhas amizades e amores no dia da vodka. Haha, isso parece um feriado, ‘dia da vodka – o dia onde todos podem ficar bêbados!’. Feliz.
“Você conta?” ri. “Tirando você, não mantenho contato com ninguém.”
Ficamos os dois em silêncio. Tocava Hey Jude de Beatles no fundo e eu sorri inconscientemente. Clássico.
“Blargh. Nada de interessante.” falou, irritando-se com o jornal.
“Eu sei. Ainda estou à espera do dia que Elvis Presley seja reencontrado e isso apareça em todos os jornais…” olhei-o. “Você não vai comer?”
“Nah, eu vim aqui me encontrar com meu amigo, mas acho que ele se esqueceu. To sem fome mesmo.”
“Amigo?” dei um meio sorriso.
“Sim, masculino, e não, não é um encontro e eu não sou gay.” ele fez uma careta, fazendo-me rir. “Oh, meu Deus!” ele arregalou os olhos, levantando a cabeça. Han?
“ELVIS PRESLEY APARECE!” ele me olhou ainda de olhos arregalados, inclinando-se sobre a mesa. Encaramo-nos por segundos e depois rimos os dois.
“E John Lennon? Não reaparece?”
“Lamento, ele morreu mesmo.”
“Ele era gênio.”
“Eu sei!”
Nossa conversa foi desenrolando, até que o amigo dele chegou. Aparentemente, ele tinha se esquecido de que tinham marcado para se encontrarem, mas acabou se lembrando de última da hora. Ele parecia um cara legal, era o nome dele. Mas o meu objetivo é dizer que, dessa vez, a conversa tinha sido sóbria, eu me lembrava dos detalhes e me fazia rir.
4 ; First Signal of Friendship
Manchas e mais manchas. Esse era o teto de minha casa. Ou deveria dizer ex-casa? Estava deitada no sofá, de cabeça para baixo, encarando o teto que daquela posição parecia o chão. O sangue já me tinha subido todo à cabeça, sem problemas. O problema era este: eu não conseguia sustentar uma casa como aquela. Com dois empregos – um na coluna de anedotas numa revista e outro limpando banheiros no shopping – ainda não conseguia ganhar muito dinheiro. No jornal me pagavam assim, muito bem. E o dinheiro dava para pagar minha casinha. Agora não. Eu tinha de sair dali, tinha uma semana, segundo o dono verdadeiro da casa (era alugada) para sair dali, como não lhe pagava há dois meses. Tinha de encontrar uma casa rapidamente… Peguei meu celular e procurei pelo número da única pessoa que me ajudaria a encontrar algo confiável que eu tinha na lista. Sentei-me enquanto ouvia o apitinho do celular. Ai, tontura. O sangue descendo de minha cabeça. Ele atendeu.
“Hey ho, macaquinha.”
“Oy! Me encontra no Hyde Park daqui a pouco? Preciso de ajuda para encontrar uma casa.” Expliquei.
“Erm, espera.” Ouvi-o falar com alguém. Olhei minhas unhas. Discussão do outro lado da linha. “? Então, estou lá daqui a pouco.”
“Não precisa, se você está ocupado, dude.”
“Não, os meninos estão aqui planeando tour, mas eu já fiz minha parte, então posso sair.”
“Te vejo lá então. Leve o Timmy!”
Vesti qualquer coisa, penteei meu cabelo e passei eye linear e um gloss qualquer. Peguei minhas coisas e saí saltitante pela rua, até Hyde Park.
Já no parque, estava sentada num banco perto do lago e assinalava o 3º quarto para alugar. Também já tinha visto duas casas pequenas, que não eram muito caras. Levantei minha cabeça e vi se aproximando com Timmy e me acenando.
“Hey.” lhe dei um beijo na bochecha.
“Hey criança.” Ele me beijou a testa de forma amorosa. Ele me tratava tipo uma filha. A minha relação com ele tinha crescido, ele tinha sido a pessoa que mais me tinha ajudado nesses últimos tempos. soltou Timmy, deixando-o correr pelo parque, e virou a sua atenção para mim. “Então, me explique direito essa história de precisar de uma casa?”
“Simples, não tenho dinheiro para pagar a outra.” Suspirei. “Mas já achei alguns quartos com preços razoáveis aqui nos jornais, talvez com um terceiro emprego consiga pagar uma casa…” olhei o jornal na minha frente, sentindo o olhar de em cima de mim.
“Sabe… Nós já nos conhecemos faz seis meses.”
“Sério?” seis meses? Uau. Nem notei. É o que eu falei, o tempo passa demasiado depressa sem você dar conta.
“Aham. Se contarmos com a primeira vez que te vi, fazem sete meses.”
“Onde você quer chegar com isso, ?” ergui a sobrancelha.
“Você podia morar comigo.” Ele sorriu, um pouco envergonhado.
“Espere, perdi a parte da história onde nós somos um casal.” Ri.
“Não, macaca, digo, como você precisa de lugar para viver, eu tenho quarto de hóspedes, você pode ficar lá até conseguir pôr sua vida monetária direita!”
Eu não acreditava que ele estava oferecendo aquilo. Eu não devia aceitar, seria muita interferência na vida dele e podia dar errado…
“. Você sabe que precisa disso, e eu estou te fazendo a oferta de livre vontade.” insistiu, vendo que eu ponderava em silêncio.
“Eu pago metade das contas da casa, pode ser?” propus. Não queria ficar naquela casa sem pagar nada, seria demasiada sacanidade!
“Tudo bem! Então você aceita?” ele sorriu abertamente.
“Claro.” Eu não demonstrava, mas estava bem feliz. Eu ia viver com uma pessoa que me ajuda, uma pessoa que eu confio, querem melhor que isso? Num impulso, joguei-me para o lado e o abracei. “Obrigada. Você não faz ideia do que tem me ajudado ultimamente.” Ele me abraçou de volta, afagando meus cabelos, e ficamos assim por um tempo. Sentia-me protegida.
5 ; First Fight
fechou a porta da casa dele e me encarou de braço cruzados. A expressão dele se definia numa palavra: irritação. Eu tinha acabado de ser uma cobra venenosa com uma das meninas que tinha passado a noite com ele, há um mês eu vivia naquela casa e, de duas em duas semanas, uma nova menina chegava em casa com . Eu sei que a casa é dele, mas poxa, eu que tenho que aguentá-las usando MEUS shampoos e me acordando cedo porque “não querem acordar o e querem lhe servir um pequeno almoço fofo.” Irritava-me profundamente, obrigada.
“Que mal a Anne te fez, ? Um pouco de respeito seria legal.”
“Eu tive respeito pela Mary e pela Madison. Depois dessas duas, meu respeito encontrou uma bela ilha onde descansar.” Reclamei, cruzando os braços também.
“É minha vida. Eu sei que você está vivendo aqui, mas eu trato de minha vida.”
“, tirando uma delas, todas me acordaram de manhã para lhes ajudar a fazer pequeno almoço para levarem à sua cama!” resmunguei.
“Você podia negar e não se incomodar!”
“Agora quer que ignore quem vem aqui em casa? Eu vivo aqui!”
“Eu sou o dono da casa e estou te fazendo o favor de te deixar viver aqui!” ele se aproximou de mim, irritado.
“Eu não preciso de favores!” soltei, nervosa, e me virei para ir até meu quarto. Abri o armário branco, começando a tirar minhas roupas idiotas e arrumando-as numa bolsa idiota. Eu estava tão irritada quanto e não tinha resultado, paciência. Era muito para ele. Eu ia arranjar outro lugar para ficar, odiava ser um peso para as pessoas e elas estarem sempre me jogando isso à cara!
Comecei a sentir lágrimas me virem aos olhos. bateu à porta e entrou.
“…”
“Eu vou embora. Esqueça.” Falei, arrumando minhas coisas de qualquer jeito nas mochilas.
“Você não vai à lado nenhum.” falou e pegou as minhas coisas de minha mão, jogando-as em cima na cama. “Desculpa se te incomoda trazer garotas aqui em casa. Mas eu sou homem, okay?”
“Homem? Que pega mulher diferente a cada duas semanas?” desisti de arrumar minhas coisas e o encarei.
“Apenas estou fazendo como minha namorada me fez.” Ele murmurou. Oh. Tinha esquecido essa parte da história. Na verdade, nunca dei muita atenção à vida amorosa dele… Pela história que ele me tinha contado, ele tinha uma namorada que ele realmente amava. Um ano de namoro depois, ela o largou porque tinha outro homem de quem gostava mais e, depois disso, ela estava sempre trocando de homem. Ele resolveu fazer o mesmo com mulheres. Pobre coração partido.
Suspirei e me aproximei para abraçá-lo. Passei meus braços pelos ombros dele e o abracei com força, ouvindo-o respirar fundo.
“Desculpe. Eu sou muito ingrata. Você me deixa ficar aqui e eu te agradeço assim.”
“Tudo bem. Eu vou tentar melhorar no que toca a trazer meninas cá para casa.” Ele sorriu e beijou minha testa. “Agora desande que eu sei que você está atrasada para o trabalho. Eu te levo.”
6 ; First Signal Of Love
Oh, tédio, tédio, tédio, tédio. Ah, espera, mais o quê? Tédio. Eu e estávamos jogados na sala, ele tocando e eu tentando encontrar algo na televisão agradável de ver. Uma coisa que eu adorava na casa do era a televisão. Tão sexy, tão grande, tão linda! Quando eu voltasse a ter muito dinheiro, ia comprar uma daquelas para mim. Se eu alguma vez voltasse a ter dinheiro. Suspirei e olhei para Timmy num canto da sala deitado. Click, ideia.
“, vamos dar banho no Timmy?” sorri com os olhos brilhando.
“Ele toma banho na loja de animais de duas em duas semanas. Não é preciso se dar ao trabalho de…”
“Mas assim você não precisa ir lá depois! E mata meu tédio.”
me encarou e posou o instrumento dele (isso saiu perverso, vou explicar: instrumento musical).
“Olhe para mim, me encare.” O olhei. “Aquele cão é um diabo para tomar banho. Eu não vou pôr minha vida em risco de novo.” Desatei a rir na cara de e ele fez uma careta. “’To falando sério, macaca!”
“Tá, então não ponho a vida da donzela em risco.” Levantei-me.
“Ainda bem. Ei, aonde você vai?”
“Dar banho no Timmy.”
“Mas e a donzela em risco?”
“Eu estava falando de você.” Dei a língua. “Vem, Timmy, vamos nos divertir!” peguei nele.
“Eu não te vou ajudar quando você pedir por socorro!” gritou enquanto eu levava Timmy para o banheiro.
“Não vou pedir ajuda!”
Okay, não ia ser assim tão difícil. era um exagerado. Peguei as coisas de banho de Timmy do quintal (Jesus, estava cheio de pó, há quanto tempo aquele cachorro não tomava banho em casa?) e abri a torneira da banheira. Ao ouvir o barulho da água, Timmy recuou encostando-se a um canto. Sentou-se, encarando a banheira.
“Vem, Timmy. Aqui, lindo.” Chamei-o. Ele continuou no canto, olhando a banheira. Bufei. Peguei nele cuidadosamente e o afaguei na cabeça, levando-o até a banheira. Quando o pus lá dentro, começou a ganir que nem um doido, tentando fugir.
“Hey, hey, calma!” passei a mão na cabeça dele, tentando-o acalmar.
“Já precisa de ajuda?” passou pelo banheiro com um sorriso sacana.
“Não, vá embora!” mandei. Meu orgulho era grande.
Pronto. Agora era só passar água em Timmy, eu pensei. Hah. Como se fosse simples! A criatura não parava quieta enquanto eu o molhava, molhando-me toda. Finalmente desliguei a água e comecei a passar o sabão para animais. Timmy parecia mais calmo com aquilo. Sempre pensei que fossem os gatos que tivessem medo da água. Mas talvez Timmy fosse especial como era especial. Oh sim, era especial; ele era extremamente carinhoso e louco. Meus pensamentos idiotas foram interrompidos por Timmy se sacudindo e no que isso resultou? Sim, sabão nos MEUS olhos. Merda! Timmy tentou pular para fora da banheira e eu não conseguia pensar no que fazer.
“!” chamei. Nada. “!” chamei de novo.
“Sim, ?” ouvia a zombação na voz dele.
“Eu não consigo abrir os olhos, Timmy me jogou sabão.” Suspirei. “Me ajuda, por favor?” pedi.
“Vá lavar os olhos.” Ele me ajudou a levantar. Eu não via nada, já que mantinha os olhos fechados com medo de abri-los. Passei água na cara e, quando abri os olhos e me virei, estava enxaguando Timmy. Pus-me de joelhos ao lado dele. Puxei uma toalha e sequei Timmy, nem eu nem falávamos. Acabei de secar o animal e mal ele teve chance, saiu correndo do banheiro que estava completamente… Molhado. Água no chão, água nos tapetes. E eu estava completamente molhada também.
“Eu avisei.” finalmente falou.
“Eu sei.” Levantei-me bruscamente e fui em passos largos até a porta do banheiro, quando PAM, bati de bunda no chão. “MERDA!” gritei e me joguei no chão, fechando os olhos, isso não ia diminuir a dor, mas foda-se.
“Você tá bem?” ouvi perguntar. Abri os olhos e o olhei. Gemi.
“Minha bunda dóóói!”
“Você devia ter mais cuidado…” ele falou.
“Eu sei, eu sou uma desastrada. E minha bunda nunca mais vai ser a mesma!” choraminguei. soltou um risinho safado. “Que foi?”
“Nada. É só que… Sua bunda é bonita.” Ele riu e eu fiquei mais vermelha que um tomate. “Agora, seriamente, você tá bem? Não partiu nada? Consegue se sentar?”
Assenti com a cabeça e me sentei bruscamente, uau, estava a uma distância mínima dele. Sorri levemente, os olhos dele eram lindos e me faziam sentir calma… Sabe aquele sinal na sua cabeça berrando “alarme, alarme, perigo!” que você sempre ignora? Ele soava na minha cabeça naquele momento. Como nos filmes de terror em que a personagem estava prestes a entrar na porta misteriosa e a multidão berrava para não entrar. Mas aquele momento estava longe dos filmes de terror. Senti os lábios de roçarem levemente nos meus e alguma coisa corria de um lado para o outro na minha barriga.
Subitamente, a campainha tocou nos fazendo despertar e ele se afastou. Respirei fundo quando ele se levantou para abrir a porta. Eu não estava a espera daquele momento tão cedo; já fazia três meses convivendo na mesma casa com e bem… Ela realmente gostava dele. A correria no meu estômago era o que os humanos gostam de chamar “apaixonar-se”.
7 ; First Date
Cheguei em casa depois de um dia trabalhando na Focus. Era a revista onde eu trabalhava e finalmente tinha sido promovida. Estava extremamente contente, eu tinha passado três meses trabalhando duro para conseguir subir de nível!
“?” chamei enquanto tirava o casaco. Ele saiu do quarto com a cara amassada e sorriu-me. “’Tava dormindo?”
“Uhum. Sem problema.” ele beijou minha bochecha. “Correu tudo bem hoje?”
“Siiim! Fui promovida lá na revista!” contei as novidades.
“Isso é ótimo!” me abraçou.
“E seu dia como foi?” perguntei, depois de quebrarmos o abraço.
“Fui até a casa do e ficamos vendo filmes, depois gravamos algumas ideias de batidas e melodias e tal. Ah, ele manda beijos para você.” riu.
“Hm, okay. Já jantou?”
“Nop. Não tenho fome.”
“Honestamente, eu também não. Vai sair hoje?”
“O queria sair, mas eu não estou em humor para sair…” ele falou, indo em direção à sala. O segui.
“TPM?” ri.
“É isso mesmo, amiga!” fez uma voz gay. “E você?”
“Eu o quê?”
“Vai sair?”
Ha. Ha. Ha. Sair? Eu? Perdi as contas de há quanto tempo não saio à noite. Eu costumava beber compulsivamente antes, quando tinha com quem sair. Sorte que larguei isso.
“Você sabe que eu não tenho com quem sair e não tenho humor para isso.” Sorri de lado. “Vou para meu quarto, ok?”
“Tá.”
Tirei meus sapatos e a blusa de manga comprida que usava e tirei um caderno da minha bolsa, para começar a trabalhar numa matéria sobre porque relações entre famosos duravam pouco. Eu não gostava muito disso, mas era meu trabalho… Depois de rabiscar algo para introdução, ouvi alguém bater à porta.
“Posso entrar?” pediu e eu o deixei entrar. “Eu estava pensando… Erm, você quer sair? Podemos ir comer algo fora e depois passar em algum bar. Amanhã é Sábado e…”
“Claro. Me dá quinze minutos para me vestir direito!” sorri. Okay, eu não disse que não gostava de sair, disse?
“Irei tomar esses quinze minutos como meia hora.” Ele riu e saiu do quarto.
Parti-me a rir com comendo espaguete à bolonhesa; ele era totalmente desajeitado e se sujava todo com a massa! O empregado italiano nos olhou novamente com olhar reprovador e eu e baixamos as cabeças, tentando comer educadamente. Nenhum de nós dois sabia se comportar em restaurante chique.
“Para a próxima vamos ao McDonald’s.” ele reclamou.
“Você é que tem problemas em comer massa” sorri. “Uh, adoro essa música!” meus olhinhos brilharam enquanto ouvia All The Same começar a tocar. Sick Puppies era bom demais. Comecei a cantar baixinho e me olhava bobamente.
A meio do segundo refrão, o celular de tocou e ele hesitou em atender.
“Não vai atender?”
“Fica feio atender a meio de um encontro.” Ele deu um sorriso de lado. Aquilo era um encontro?
“Ah, sem problema!”
“QUÊ? Mas tá tudo okay?” olhei-o, tentando descobrir o que se passava. “Okay, que hospital?” Hospital? Quê? Hospital não parecia ser bom sinal. “Até já.”
“O que aconteceu?” falei mal ele desligou o cellular.
“, acidente de carro e tá no hospital.”
“Vamos pagar e saímos já daqui!”
Brinquei com as mãos, minha cabeça baixa, odiando aquele cheiro a hospital. Aparentemente, estava num estado não muito grave, pelo menos estava num estado melhor que o carro. Vocês não iriam querer ver o carro e acho que o vai dar ataque quando ver. Quebrou um braço, tem alguns ferimentos na cara, nada de grave. e os outros tinham o ido visitar, eu resolvi ficar ali sentada apreciando as pessoas nojentas que passavam com pregos na cabeça. Totalmente enjoativo. Finalmente, voltou e se sentou ao meu lado.
“Como ele está?” perguntei.
“Ah, emburrado e chateado.”
“Com muitas dores?”
“Tá me zoando? Ele só se queixou de não poder tocar por uns tempos!” reclamou, fazendo-me rir. “Ei, desculpa isso, nosso encontro ficou pendurado.”
“Sem problema, eu nem sabia que era um encontro.” Fiz uma careta.
“Sério? Porque você está bonita como se fosse para um encontro.” Ele corou. Corei juntamente com ele, parecíamos duas criancinhas. Okay, criancinhas perversas que queriam que aquela noite tivesse acabado na nossa casa, fazendo coisas nada inocentes.
8 ; First Kiss
“Tá me zoando?” perguntei pela terceira vez na conversa.
“Não.” bufou.
“Você nunquinha nunca viu Sweeney Todd? Com o Johnny Depp cantando?” eu estava chocada.
“Não. Tenho o DVD, mas nunca vi, é gay.”
Olhei-o estranhamente. Arranquei o prato de massa que ele estava comendo e joguei na pia.
“EI!”
“Nós vamos ver Sweeney Todd.” Mentira, ele ia ver, porque eu passo metade do filme escondendo a cara.
“AAAAAAAAAH!” eu berrei e senti me abraçando com força.
“Isso é nojento, porra! Eles estão cantando, não devia haver sangue!” ele reclamou como um cachorrinho. Falando em cachorrinho, Timmy se divertia olhando o Sweeney cortando os pescoços dos pobres homens. Ew.
“Eu não consigo não olhar, mas é nojento demais!” choraminguei e apertei ainda mais , que nem olhava o filme.
“Olhe para mim e não para a televisão.” Ele falou.
“Nããão. Eu quero ver o Anthony can- AAAAAAAAH!” berrei de novo, depois de babar no Anthony cantando e enfiei minha cara no pescoço de .
“Pense em algo diferente! Tartes! Tartes são boas!” sugeriu.
“NÃÃÃO! Mrs. Lovett faz tartes com carne humana! Porra, , cale a boca! Me olha nos olhos!”
Resolvi seguir o conselho dele. Ele sorriu, olhando-me de volta. Mal olhei os olhos brilhantes do garoto à minha frente, a voz da velha no filme pareceu vir de muitos metros de longe. O ambiente assustador parecia ter desaparecido e os sons do Sweeney matando os clientes não eram mais que simples barulhinhos. Os bichinhos na minha barriga? Agora eram causados por saber que se aproximava. Fechei os olhos. ARGH! Eu via Sweeney matando o italiano na minha cabeça! Okay, tinha um garoto lindo demais quase a me beijar e era ISSO que eu via na minha cabeça? Todos os pensamentos se foram quando senti os lábios de nos meus. Passei minhas mãos para a nuca dele, brincando com os cabelos fofos dele.
“, você não queria ver Sweeney Todd?”
“Sweeney Todd who?” sorri e voltei a beijá-lo. Quem queria saber do gostoso do Johnny Depp matando pessoas com um lindo e carinhoso ali na frente?
9 ; First Night
Ouvi a porta se fechar; tinha chegado. Sorri comigo mesma.
“?” ouvi-o chamar.
“Na sala.” Berrei de volta.
Ouvi os passos dele e segundos depois ele estava à minha frente com um largo sorriso. Levantei-me para beijá-lo, ele me puxou pela cintura, beijando-me calmamente. Uau. Macaquinhos correndo de um lado para o outro na minha barriga. Separei-me um pouco, ele me puxou de volta. As mãos dele passaram para debaixo de minha camiseta. Havia segundas intenções naquele beijo, sorri. Deixei que ele tirasse minha camiseta e a jogasse no canto, fui-o puxando levemente comigo. Ele largou os tênis largos no meio do caminho, sem separar nossos lábios.
“Qual dos quartos?” perguntei entre beijos.
“Meu, camisinha lá.” Ele respondeu simplesmente e o puxei em direção ao quarto dele.
Larguei a camisa dele à porta do quarto e passei as mãos pela barriga dele. Sorri ao vê-lo arrepiar-se… Credo, que homem. Suspirei entre beijos, começando a tirar a bermuda dele.
Minutos depois, nossas roupas estavam todas jogadas no chão. Os lábios dele estavam no meu pescoço, tirei-lhe a única peça que lhe restava. Aquilo era grande, pensei e ri. jogou os boxers pro lado e pôs a camisinha sozinho. Encaramo-nos e, naquele momento, eu tinha a certeza de que precisava dele.
se jogou ao meu lado com a respiração tão ofegante quanto a minha. Puxei as cobertas da cama dele e nos abafamos, o silêncio que antes era preenchido por gemidos, agora estava no quarto. Beijei levemente o ombro dele.
“O que te deu de repente?”
“Não sei. Eu precisava esvaziar minha cabeça e estar com você.” Ele falou e me beijou levemente.
“Pode esvaziar sua cabeça mais vezes, se quiser. Até podia ter esvaziado sua cabeça mais cedo!” ri-me. Aquela tinha sido a primeira vez que eu e tínhamos ido além dos beijos. Já tínhamos chegado lá perto, mas algo interrompia.
10 ; First “I Love You”
Eu adorava trabalhar na Starbucks, já falei? Comecei a trabalhar lá só para pagar a casa, mas agora que estava com o , não precisava mais disso com o emprego na Focus, porém eu adorava aquele lugar.
“Então te vejo mais tarde?” perguntou. Ele tinha me ido visitar para pedir que não chegasse tarde, ele queria ir passear o Timmy e queria que eu fosse junto.
“Sim.” Sorri.
Sabe aqueles momentos em que você olha a pessoa que você ama andar, pensa o quanto ela te ajudou e tudo o que passaram? Eu tive um desses momentos ao ver virar as costas para ir embora. Ele sempre me ajudou, ele continuava me ajudando, além de um amigo, ele era um pai, um irmão e um amor.
“?” chamei-o.
“Sim?” ele se virou para me olhar.
“Eu te amo.” Falei. As pessoas ali me olharam como quem olhava para uma aberração e outras olhavam para , esperando a resposta dele. Um sorriso brotou-lhe no rosto.
“Também te amo, .”
Pela primeira vez em dois anos, aquelas palavras tinham saído das nossas bocas.
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