Fire Bomb
Autora: Byzinha Lestrange
Beta-Reader: Beta-Reader: Amy Moore

Não há nada mais verídico do que ouvir a história através da pessoa que a viveu.





Parte I. Um começo
Parte II. Um meio
Parte III. Um fim







Foi assim que começou.

Eu tinha quatorze anos. Estava em meu quarto fazendo a lição de inglês ao som de Destiny’s Child. Meu pai odiava quando eu ficava ouvindo musica ao mesmo tempo em que fazia o dever, mas eu tinha o argumento certo de que não funcionava no silêncio.
Uma pedra acertou a janela e outra entrou e parou embaixo da minha cama. Eu não as ouvi ou vi. Vi quando uma passou pela janela e bateu na cômoda atrás de mim, me assustou.
Levantei, confusa, e outra pedra acertou o vidro da janela. Optei por abri-la por inteiro de uma vez e ele estava lá em baixo.
- LEAH! – Gritou. – LEE-LEE!
- Sam! Ficou maluco? Quer quebrar minha janela ou o quê? – perguntei, pendurada no parapeito.
Ele sorriu e passou as mão nos cabelos.
- Quero que você namore comigo! – disse e eu paralisei. – NAMORA COMIGO, LEAH?
Eu ri. Quero dizer, ele estava falando sério? Queria namorar comigo?
Mas mais engraçado que isso era o meu pai correndo atrás dele.
- SOME DAQUI, SAMUEL! – Meu pai gritou, fazendo Sam disparar pela rua.
- VOU ESPERAR SUA RESPOSTA!
Fiquei olhando-o virar a esquina e depois olhei pro meu pai, no lugar que Sam estivera antes.
- Pai, que exagero...
Ele me lançou um olhar de repreensão e entrou em casa novamente.

Mais tarde, quando minha mãe me mandou ir ao mercado comprar algumas coisas para fazer bolo, ele estava lá. Não que estivesse me seguindo ou coisas do tipo, mas estava lá e me bloqueou na saída, me encostando a parede e impedindo de sair de seus braços.
- O que você me diz? – perguntou, olhando-me nos olhos.
Bom, na verdade eu queria dizer que adorava aqueles olhos escuros, adorava a linha que eles tinham com as sobrancelhas. Eu adorava seu cabelo que nunca estava do mesmo jeito e o modo como ele sorria para mim. Adorava ficar sem ar quando estava perto dele – o que é bem estranho; ninguém gosta de ficar sem ar. Mas eu o amava, amava desde que me lembrava.
Eu queria dizer que o amava, mas não disse.
Devo ter corado. Sabe? Quando a gente fica nessas situações que são tudo que a gente espera, tende a fazer essas coisas.
Ele se aproximou. Quase larguei as sacolas depois dessa.
- Lee-Lee?
Suspirei e sorri extasiada. Sem pensar, juntei meus lábios aos dele.
- Sim – sussurrei e ele me puxou pela cintura, beijando-me novamente.

Foi assim que prosseguiu.

Havia o suor e os beijos. Os gemidos escapando da minha garganta pelos meus lábios nos dele. O toque, o cheiro, o prazer. Eu era dele, sempre fora dele, sempre seria.
Ou assim achava.
Ou assim queria.
Não se distingue muito os sentimentos quando tudo que você quer é o que você tem.
- Samuel.

Fiquei olhando-o. Ele me encarava com um sorriso que chegava a seus olhos. Era assim quando a gente fazia amor. Passou a mão em minha testa, afastando meus cabelos. Os dele estavam molhados de suor.
E os olhos. Já contei que os amava? Sam tem olhos escuros e profundos, daqueles que são capazes de nos tragar. Daqueles que não sabem mentir – não pra quem o conhece de verdade, como eu.
Daqueles que a gente quer pros nossos filhos.
- Eu te amo. – Ele me falou. Balancei a cabeça em negativa.
- Eu amo mais – afirmei. Ele discordou.
- Eu te amo pra sempre.
Tive que rir.
- Ah, tá. Eu é que te amo pra sempre, Sam Uley. Acredite.
- Hum, eu acredito. – Balançou a cabeça. – Mas eu - completou – quero lhe dar a eternidade.
Levantei a sobrancelha.
- É?
Sam sorriu e saiu de cima de mim, procurando alguma coisa entre suas roupas no chão. Quando achou, voltou pra cima de mim. Em sua mão, uma caixinha preta.
Prendi a respiração enquanto ele a abria. Era mentira, ele não estava fazendo isso; eu estava sonhando.
Mas a aliança com um delicado diamante brilhava pra mim. Desviei os olhos da aliança para encará-lo.
- Quer casar comigo?
Se querem saber, minha mente era uma tela em branco naquele momento. A única coisa era o som. O som da voz de Sam ecoando com a pergunta. "Quer casar comigo?" Como se não fosse o que eu sonhava ouvir regularmente.
E a única coisa que eu poderia fazer era sorrir e dizer:
- Sim.

Eu tinha 18 anos e isso pode parecer loucura. Mas era assim que minha vida seguia, era assim que ela seria.
Eu achava.
E é por isso que agora vocês vão conhecer o final.




Terminou com um casamento.
E, como vocês podem imaginar, não foi o meu.

O primeiro momento foi a febre. Nós estávamos na minha casa e eu estava estudando, porque apesar de ter o casamento marcado para dali a um ano, ainda queria ir pra faculdade. Sam estava aéreo, quieto, deitado no sofá "vendo TV".
Vez ou outra, eu lhe lançava um olhar preocupado. Quando eu perguntava, ele me dizia para não me preocupar e continuar estudando.
O fato é que ele devia estar bem preocupado com a mãe. A Sra. Ana Uley estava internada por causa do apêndice havia sete dias e isso realmente abatera Sam.
Quando eu terminei o capítulo de historia do Japão, fechei minhas coisas e fui sentar com ele. Assistimos metade de Matrix, até eu resolver falar de sua temperatura.
- Você está com febre; devia ir ao médico – falei, séria, ele me evitou de início. – Eu entendo que você esteja chateado por causa de sua mãe, mas isso não é motivo para não se cuidar.
Sam sorriu.
- Tem razão, vou ao médico. Aproveito e visito a Dona Ana.
- Isso – concordei, sorrindo. – Quer que eu vá junto?
- Não, não precisa. Continue estudando. – Piscou, já levantando e pegando as chaves do carro.
Me deu um selinho e saiu.
Não o vi por três dias.

Quando retornou – calhando com o retorno da mãe –, Sam estava mais estranho, meio preocupado e meio paranóico. Evitou-me por quase duas semanas.
Eu estava por um fio de ir até a casa dos Uley e chamá-lo para lhe dar um bom chute no traseiro, mas assim, do nada, ele voltou a ficar normal. Voltou a vir pra minha casa e jantar conosco. Mas saía depressa quando algo o deixava chateado ou bravo, quando as coisas saíam de seu controle.
Naquela época, podia contar nos dedos quantas vezes fizemos amor.
Porque por mais que ele tivesse voltado a me ver e ser carinhoso comigo, estava me escondendo algo e não tinha nada que eu pudesse fazer para que ele me contasse.

O segundo momento foi o olhar. Mesmo tendo percebido na hora, tudo ficou claro apenas alguns meses depois.
Era aniversário de minha mãe e minha prima Emily veio nos visitar. Ela tinha acabado de terminar um curso politécnico na capital, e era só alguns meses mais velha que eu, mas entrou adiantada na escola. Até o velho Quil estava lá, e as gêmeas Black, que vêm pra La Push com a mesma frequência que um peixe palhaço sai do coral.
Sam, para variar, chegou atrasado; nós já estávamos comendo o bolo. Foi direto entregar o presente pra minha mãe, sem parar em nós na sala.
Não reclamei. Havia séculos que não conseguíamos juntar as quatro assim, pra dar um down na minha auto-estima – porque vou lhe contar: as gêmeas Black são as mais lindas da tribo, e até o irmãozinho insuportável delas está no caminho pelo que eu ouço a Jessica falando.
Enfim, Sam veio até nós. Cumprimentou primeiro a Becca, que era a que nós não víamos há mais tempo, depois a Rach. E parou estupefato quando foi cumprimentar a Emi.
- Lembra da minha prima? – perguntei e ele piscou, embevecido. Emily apenas sorriu.
- Lembro, claro que lembro. Mas não assim... – completou, baixinho.
- Bom te ver, Sam – falou Emily, estendo a mão pra ele. Ele a apertou, ainda olhando-a nos olhos. – Tô aqui falando que é bom que você cuide bem da minha prima.
Emi lançou-lhe um olhar de censura e nós rimos. Nós tirando Sam. Ele gaguejou.
- É, eu sei. Se não o Harry me mata com a faca da cozinha.
Rimos novamente e ele se sentou ao meu lado.

Outra coisa curiosa daquele dia foi o velho Quil. Ele estava se despedindo quando apertou a mão do Sam.
Não dá pra explicar o que aconteceu com ele. Posso dizer que primeiro pareceu que ele havia levado um choque. Depois apertou a mão de Sam direito. Em seus olhos dava pra ver que havia muita coisa se passando.
E naquele momento eu soube que ele sabia. O velho Quil sabia o segredo de Sam.

Ele se afastou novamente.
Enquanto mamãe, papai, Seth e eu ajudávamos Emily a fazer sua mudança para a casinha que se mudara, no final da parte Quileute da reserva, ele sumiu. E alguns dias depois disso também.
Nenhum sinal do Sam.
Duas semanas depois, ele resolveu aparecer para dizer um "oi". Afirmou que eu devia estar estudando bastante, que eu devia estudar e que não queria me atrapalhar. Usou essa mesma desculpa outras duas vezes e eu nem estava acreditando mais.
Porque eu não conseguia estudar com essa palhaçada rolando.
O mais engraçado? Bem, Emily começou a ficar estranha também, meio que fechando a boca pra alguns assuntos.
Eu também não precisava mais dos dedos pra contar quantas vezes fizemos amor.
E sabem do que mais? Não pensei que isso estivesse correlacionado.
Por fim, resolvi fazer uma visita aos Uley. Quem me atendeu foi a Ana, que me olhou de um jeito que parecia piedade. Para comigo, eu quero dizer.
- Oi, querida...
-Tudo bem, Ana? – perguntei, amável. Eu gostava demais dela e ainda gosto. Ela maneou a cabeça.
- Mais ou menos. Suponho que você venha ver o Sam, não?
- Sim, exatamente.
Ela suspirou chateada.
- Ele não está, querida. Acredite, eu sei o que você está sentindo.
Foi a minha vez de suspirar e desviar os olhos.
- Não duvido – disse por fim. – Diga pra ele que eu vim, ok? Eu volto outra hora.
- Pode deixar. Mande um abraço para sua mãe.
- Mandarei.

Não precisei voltar. Eu estava estudando no meu quarto sob o delicioso barulho de "Muse", quando bateram à porta. Quase não acreditei que o via, e imediatamente larguei tudo e abaixei o volume do som.
- Sam! – exclamei, indo abraçá-lo. Tanta separação só me fazia querer amá-lo mais.
Tinha algo estranho. Ele me afastou do abraço, me forçou a sentar na cama, também sentou. Isso era bem estranho.
Também não conseguia me olhar nos olhos. Ficou me evitando, passando a mão nos cabelos e não tendo palavras por cerca de cinco minutos.
- Você podia começar a falar de uma vez ao invés de tentar me provocar um infarto – desembuchei, já ficando irritada.
Sam me encarou. Aqueles olhos que não mentiam pra mim e estavam carregados de dor.
- A gente tem que conversar.
Tá, OK. Aquelas são as piores palavras que podem ser ditas num relacionamento.
Aquiesci, mas eu já estava hiperventilando, não só por mim, mas porque eu podia ver que estava devastado. Ele respirou fundo.
- Nós não podemos mais ficar juntos. Eu... não posso.
Apesar dele não estar me olhando nos olhos, eu olhava nos dele. Precisava de tudo que eles tinham para dizer.
- Por quê? – perguntei, concentrada.
Sam estava me evitando. Seus olhos não paravam mais do que segundos em mim.
- Porque já não é a mesma coisa. Não temos mais quatorze anos.
- Me diga algo que eu não saiba. – Rebati.
As palavras pareciam difíceis para ele de serem encontradas.
- Nosso amor não é o mesmo... para nós dois.
- Você não me ama mais – comentei.
- Não é isso – ele respondeu, sem jeito.
Houve um silêncio por alguns instantes.
- Tem outra – afirmei.
- Não. – Ele respondeu rápido demais e seus olhos firmaram nos meus.
Havia outra.
- Mas Leah, nós podemos ser amigos...
- Claro. – O cortei, me levantando. Ele também levantou. – Você pode ir embora agora.
Ele chacoalhou a cabeça e se focou em meu dedo apontando à porta de meu quarto. Abri-a. Não sei, mas tive a impressão de que ele queria ir.
- Eu te acompanho até a porta da sala.
Descemos as escadas em silêncio. Também abri a porta da sala e ele pôs os pés para fora.
- Leah... – Voltou-se para mim.
- Oh, sim. Eu havia esquecido. – Na verdade, não. Mas mesmo assim, tirei a aliança do dedo e entreguei-lhe. Fazer aquilo era mais difícil do que fiz parecer.
- Bom, na verdade, eu... - Ele se inclinou em minha direção para me beijar, mas virei o rosto.
- Nós terminamos. – Relembrei-o.
- Sim.
- Tchau, Sam.
Não esperei que ele respondesse e fechei a porta.
E pelo modo que meu pai evitou me olhar enquanto eu passava pela sala para voltar pro meu quarto, eu soube que ele também conhecia o segredo de Sam.

Ao contrário do que todos podem imaginar, eu não derramei uma lágrima naquele dia. Nem no seguinte. Nem após o seguinte.
Eu apenas subi para o quarto, aumentei o volume do som e voltei a estudar.

A última coisa foi à concretização dos fatos. De certa forma, eu já sabia.
Na semana do rompimento, cheguei da escola com Seth e mamãe estava na cozinha, pálida como osso, nos esperando.
- Emily está no hospital; foi atacada por um urso.
Seth também precisou sentar, mas a primeira coisa que eu consegui pensar foi, acreditem ou não, onde diabos ela tinha ido para conseguir encontrar um urso.
- Está no hospital de Forks. – Mamãe continuou. – Vamos visitá-la.
Nós nem comemos. Fomos juntos no meu carro e nos cadastramos na recepção para poder visitá-la. Só podiam entrar dois por vez e estava bem uma fila ali. O que era bem anormal, porque o povo da tribo costuma não ir ao hospital de Forks.
Como ia demorar a chegar minha vez, saí e fui comer alguma coisa, aproveitando pra enrolar do lado de fora. Quando voltei, Billy tinha acabado de descer e me entregou o passe pra eu poder subir.
É claro que eu estava preocupada com a minha prima, mas com certeza a primeira coisa que eu ia perguntar seria onde ela encontrou o tal urso. Sim, é o que eu perguntaria.
No passado, porque vocês não acreditam – como eu não acreditei no início – na cena que eu encontrei ao pisar no quarto da Emi.
E vocês podem imaginar quem estava lá, né? Acertaram. Mas o que não sabem é que ele estava chorando. Se desculpando. Para a Emily, deitando junto dela ao seu lado esquerdo – porque o direito, inclusive o rosto, estava todo enfaixado – e ela o estava consolando.
Eles demoraram a me ver. Foi Emily quem pôs os olhos em mim e quem me fez despertar. Parecia desconfortável e envergonhada.
Claro.
- Leah... – murmurou e Sam finalmente me viu.
Foi a quota.
Saí de lá o mais rápido que consegui, deixei o passe na recepção e fui embora sem dar explicações a ninguém. Eles podiam voltar no carro do papai.

Não, as lágrimas não vieram novamente. Eu as havia expulsado de mim, sabe? Eu não as queria.
Fechei-me em meu quarto, pedi uma pizza e fiquei estudando matemática ao som de Slipknot.

Não pensem que a Emily não tentou se explicar. Foi a primeira coisa que ela fez ao sair do hospital. Foquei-me em seus olhos escuros e lhe falei com calma.
- Você não me deve explicações. Nem ele. Poupem tempo, vocês dois.
Até porque a reserva inteira já sabia do novo casal, de por quem a tola da Leah fora trocada.

Quem visse de fora, acreditaria que a minha mãe estava sofrendo mais que eu. Era ela quem saía na rua com o olhar abatido e quem lamentava quando perguntavam de mim.
Mas não adianta tentar comparar. Só eu sabia o que estava passando. Ou evitando passar, se é que posso dizer assim. Porque eu não fiz nada mudar, com exceção do fato de Sam não estar mais comigo.
Eu continuava sendo a melhor da turma, a mais bonita – porque sem a concorrência das gêmeas eu estava no topo – e a mais desejada. Inclusive o fato de eu não ceder para ninguém, continuou o mesmo.
Eu tinha sido muito verdadeira quando disse que o amaria para sempre.
Encarei o horizonte. Fazia séculos que eu não ia ali, nos penhascos. Separei algumas pedras de tamanho razoável e arrumei-as em círculo na terra úmida. Depois busquei gravetos secos, acumulando-os no centro do círculo. Dos meus bolsos tirei três coisas: o maço de cigarros, um isqueiro e o convite de casamento que Emily tinha acabado de me entregar.
Acendi um cigarro. Era uma coisa que Sam odiava, quando eu fumava. Nunca fui viciada. Aquele maço não estava nem na metade e já durava um ano.
E vocês bem sabem o que eu passei nos últimos seis meses. Tirem suas conclusões.
Concentrada, acendi o isqueiro e comecei a queimar o convite. O fogo nunca fora tão fascinante.
Eu estava tão focada que nem ouvi alguém chegar.
- Queimando o convite. – Quase pulei meio metro quando o ouvi e virei-me para ele. – Quanta maturidade. – Ele abriu um sorriso torto. – Fazer isso vai mudar o quê?
Revirei os olhos.
- Com eles, nada. – Respondi. – Para mim, é um rito de passagem.
Guardei o isqueiro e me abaixei, colocando o cartão em chamas junto dos gravetos secos. Não demorou para eles também pegarem fogo, mesmo com o ar úmido.
- Precisava ser aqui? – perguntou.
- Gosto daqui, Jacob. É solitário. O que também me faz perguntar o que você faz aqui. – Encarei-o.
- A vista. Gosto de ficar apenas observando em silêncio.
Confirmei com a cabeça e levantei. Ficamos em silêncio.
- Você não ia se matar, né? – Meu olhar deve ter sido bem indignado, porque ele completou. – Vai saber! – disse, erguendo os braços num movimento amplo. – Você não falou uma palavra sobre o assunto desde que o Sam te deixou. Pessoas assim, todo mundo sabe, são uma bomba prestes a explodir.
- Não sou uma bomba prestes a explodir – falei, com os dentes cerrados. – Não falo do assunto porque não há nada pra ser dito e não vou me matar porque o Sam não merece.
Jacob levantou uma sobrancelha. Toda aquela intromissão estava me deixando muito, muito brava.
- Não era isso que parecia quando vocês estavam juntos. Parecia que você faria qualquer coisa por ele.
Joguei meu cigarro na mini-fogueira. Meu sangue estava começando a ferver rápido.
- Só parecia pra você e parecia errado. – Acusei, quase aos gritos. Jacob meneou a cabeça.
- Não mesmo. Vocês não se desgrudavam, você seria capaz de se matar por ele, todo mundo sabe...
- NÃO! NINGUÉM SABE! – Explodi. - NINGUÉM SABE DE NADA E VOCÊ SABE MENOS AINDA!
- EU SEI O SUFICIENTE, LEAH! – Jacob rebateu no mesmo volume. – SEI O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO, SEI QUE NÃO ESTÁ CERTO. – Eu não sabia se queria ouvir. - VOCÊ ESTÁ AFASTANDO AS PESSOAS, LEE. – Eu não queria ouvir. – SUA PRIMA, SEU IRMÃO, SEUS PAIS. NÃO É ASSIM QUE SE CONSEGUE AS COISAS.
- NÃO ESTOU AFASTANDO NINGUÉM!
- ESTÁ TIRANDO TODOS QUE TE AMAM DA SUA VIDA.
- POR QUE ESTÁ GRITANDO COMIGO?
Quem era ele, afinal, para fazer isso?
- VOCÊ NÃO VAI TER A SUA VIDA DE VOLTA DESSE JEITO.
- PARE DE GRITAR COMIGO!
- O SAM NÃO VAI VOLTAR PRA VOCÊ DESSE JEITO.
Foi algo que eu não planejei naquele momento. Porque o planejado era virar de costas pra ele e tampar os ouvidos num clássico “lalalala”. Mas quando percebi, já tinha virado um tapa no rosto do Jake.
Demorou um pouco, mas ele reagiu. Deu-me um tapa também. Eu ia bater novamente e ele segurou meu pulso. Tive que usar a mão esquerda.
- Você não sabe de nada – sussurrei. Não sei em que momento isso aconteceu, mas meus olhos estavam cheios de lágrimas. – Nada.
Jacob soltou meu pulso e eu lhe dei outro tapa. De alguma forma, aquele movimento virou um abraço. Só entendi quando o senti apertando os braços em volta de mim e só pude abraçá-lo de volta.
- Nada sobre a minha vida... – murmurei, já sem defesas. As lágrimas me pegaram como se sentissem falta de mim. – Nada.
Senti sua mão afagando meu cabelo.
- Ssshh, tudo bem. – Ele falou baixinho. – Tudo vai ficar bem, Leah.

Eu não sei o que deu em mim, de verdade. Eu devo ter chorado um oceano de lágrimas. Estava tudo tão preso em meu peito...
Jake ficou lá comigo. Primeiro aguentou meus gritos, meus tapas. Depois as lágrimas. Agüentou firme todas as lágrimas que ensoparam sua camiseta. Me abraçou e aninhou, sentou no chão comigo e esperou eu melhorar.
- Obrigada. – Foi o que consegui falar, ainda em seu ombro, quando as lágrimas começaram a dar uma trégua.
- Sem problemas. Eu não devia ter falado aquilo. Desculpe-me.
Apenas balancei a cabeça, concordando.
Era o nosso segredo.

-------X-------

Foi assim que começou. Não o mesmo início.
O novo.

Jacob me segurou pelos ombros e me afastou. Olhou firme em meus olhos e falou com aquele tom de voz que só os Black têm.
- Sabe o que deve fazer, não é? A partir de agora. – Fiz que sim. – Seguir em frente. Siga em frente, Leah. Você vai fazer isso?
Senti a profundidade de suas palavras e como seus olhos eram incrivelmente mais sinceros do que qualquer outro – com exceção do meu irmão – que eu já vira. Eu não tinha outra escolha senão dizer:
- Sim.
Nota da Autora: Olá pessoas que leram minha humilde historinha. Espero de coração que vocês tenham gostado.
Particularmente, de tudo que eu já escrevi na vida, essa é a minha preferida (e olha que eu já escrevi muita coisa). Deve ter ficado claro que eu gosto de mais da Leah e simplesmente não suporto a ideia errônea que todos têm dela - que ela é uma pessoa amarga por motivo nenhum e que vai ser assim pra sempre. Só aquela breve conversa dela com Jacob na segunda parte de Amanhecer foi suficiente para eu perceber que ela não é assim. E eu senti vontade de escrever sobre como tudo começou, mostrar a Leah de antes.
Toda a história foi escrita ao som da música 'Fire Bomb', da Rihanna. Se eu pudesse, teria colocado no meio do último capítulo para vocês terem o feelingcomigo. (o mais bizarro é que no momento em que escrevo essa N/A, a música começou a tocar no meu player KKK '-')
Sugiro que procurem a letra da música e a escutem - vão ver, como eu, que ela é a cara da Leah. E depois voltem para reler, sabendo tudo que a música tem pra passar jejejejejeje
Outra música que também fez parte (mas não o suficiente para virar o título da fic, rs) no processo criativo foi 'All I Wanted', do Paramore, principalmente no capítulo 2. Ouçam também, ok?
Mil perdões por eu não aparecer aqui antes para falar com vocês, problemas no percurso. Mas eu ficaria imensamente grata em saber o que vocês acharam da minha história. Imensamente feliz em ver suas reviews ao final dessa pequena jornada.
Obrigada novamente por terem lido. Provavelmente nos encontraremos por aí.

Obrigadinhe Amy, por betar a fic ^^

Nota da Beta: Olá!
Comentem. Não demora, faz a autora feliz e evita possíveis sequestros - só um toque =)
Qualquer erro encontrado nesta fanfiction é meu. Por favor, me avise aqui. Obrigada.
Amy Moore xx


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