Capítulo Um – Stuck in reverse
O vento estava aumentando cada vez mais fazendo com que as folhas caídas das árvores secas que rodeavam o parque situado do outro lado da rua, na qual eu estava, voassem rua afora e os poucos carros que ousavam passar por ali, com a rua naquele estado, dirigissem mais lento. Minha roupa – uma calça jeans de lavagem escura um pouco grossa, uma blusa de manga longa e um casaco bem quente cinza, um pouco maior que eu – estava cheia de folhas e meu cabelo batia com força no meu rosto a cada forte rajada de vento, mas mesmo assim eu andava firmemente contra os primeiros pingos de chuva que começavam a cair, sabendo que minha vida poderia mudar dali a alguns minutos, quando eu chegasse ao meu destino. Meu coração batia forte no peito devido ao frio e meus olhos estavam cerrados, abertos o suficiente somente para me permitir a visão da rua e fechados o bastante para que nenhuma folha ou mecha do meu cabelo batesse neles.
Ok, pra quem eu estou mentindo? Meu coração batia rápido por que eu iria vê-lo. A única pessoa que, em toda a minha existência, conseguiu deixá-lo batendo forte ou simplesmente pará-lo com apenas um sorriso.
Meus olhos estavam cerrados, porque eu não queria gravar aquele caminho na mente. Mesmo sabendo que seria impossível tira-lo de lá, eu não queria vê-lo. Quantas vezes eu caminhei por aquele mesmo caminho, cada dia com um sorriso maior. Acho que aquela era a primeira vez que eu lamentava por estar ali.
Prazer, . Com isso tudo, você deve estar achando que eu sou melodramática, mas na verdade eu sou realista – até demais. Só que do jeito que as coisas vão ultimamente, ser dramática é pouco.
Cheguei ao grande prédio, e meus olhos foram parar automaticamente na cobertura, com uma das grandes paredes superiores (a cobertura do prédio tinha 2 andares) toda feita de vidro. Toda vez que eu chegava naquele prédio meus olhos iam parar ali, mas desta vez eu não estava ansiosa para chegar lá. Comecei a andar devagar, como se de repente os céus me ajudassem e a "tarefa" que eu tinha a cumprir fosse feita de repente, sem dor, mágoas e, o mais importante: sem lembranças. Acenei com a cabeça para Ryam, o jovem porteiro, que apenas deu um sorriso fraco para mim. Ele com certeza ou sabia da minha situação ou achava que eu era corna, ou algo do tipo.
Credo, falando assim estou parecendo uma prostituta infeliz indo pro trabalho.
Acontece que, há 2 anos, eu conheci um cara. Aliás, não é simplesmente um cara. É o guitarrista da banda mais famosa da Inglaterra e uma das mais famosas do mundo, McFLY. Nós nos conhecemos em uma festa de uma boate que eu frequento desde meus 17 anos (eu tenho 20, ele tem 24). Nós ficamos por vários meses, e quando tudo estava nas nuvens eu entendi o que eu era: apenas um brinquedinho mais importante. é do tipo que fica com uma, com outra... diz que ama uma, mas também ama todas as outras garotas londrinas.
E ele pode ficar com todas, é um dos homens mais cobiçados da Inglaterra. Ele dizia que eu era a preferida dele, que nós não tínhamos algo mais sério porque ele não foi "feito para isso". Era como um relacionamento estável e liberal. Eu ficava com quem eu quiser, ele ficava com quem ele quiser, e nós ficamos sempre.
Até aí tudo bem, eu nunca fui de me apaixonar e não me importava com esse esquema com o . Mas eu me apaixonei. Passei a ficar com ciúmes quando chegava ao apartamento dele e encontrava outra(s) piranha(s) lá, quando ele falava todo cheio de graça com alguma "presa" dele por telefone, etc. Eu comecei a querer exclusividade, sentir que ele é só meu e me sentir só dele. O problema é que essa exclusividade eu nunca teria com o . E tomei uma decisão. Iria "acabar" com ele. Para isso eu estava indo lá.
Entrei no elevador e apertei o botão da cobertura do , mas ouvi um barulho passos apressados, e coloquei a mão na porta, impedindo o elevador de se fechar. Vi uma velhinha entrar apressada no elevador, com um casaco de lã rosa fechado, uma saia azul e sapatos de salto pequenos, que não a deixava muito mais alta – ela batia mais ou menos no meu ombro, devido à sua coluna mais curvada – e apertava uma bolsa rosa caqui entre o braço e a lateral do corpo.
A velhinha sorriu para mim, agradecida, apertou o botão do décimo andar e seu olhar bateu no botão da cobertura, que estava aceso. O elevador começou a subir e eu a sentia lançar discretos olhares para mim, o que me fez ficar agoniada. Qual é? Eu não sou igual às outras putas de quinta que o pega – e que ela deveria ver frequentemente entrando no prédio. Finalmente, ela se virou e perguntou para mim com uma expressão envergonhada no rosto:
– Você que é a ?
Eu levantei as sobrancelhas e olhei para ela.
– Sou... Você é a Chloe?
– Sim. – ela abriu um largo sorriso, e o clima no elevador ficou mais leve. sempre me contava de Chloe, uma velhinha do décimo andar com quem ele ajudava a fazer as compras e passava algumas tardes conversando. É, o não é tão monstro assim. – O sempre me fala de você! A garota das pernas bonitas que ele tanto gosta... Acho que já sei até o seu signo!
Eu dei uma risada e olhei para ela sentindo meus olhos encherem de lágrimas. Eu amava o , droga. E com a Chloe falando aquilo, ficava difícil falar tudo que eu tinha que dizer para ele. Era como se minha mente fosse dividida em duas partes, uma dizendo pra eu desistir daquilo e continuar com ele, continuar servindo de "escrava" pra quando ele não quiser usar a mão. Porcaria de parte insana que eu gostava mais, re. Já a outra falava algo do tipo "saia dessa, isso não leva a nada".
Não sei por que eu lembrei daqueles desenhos do Taz que ele fica com um anjinho e um diabinho no ombro. Incrível como minha mente é tão dispersa.
Quer dizer que ele falava de mim para ela? Oh, o é realmente perfeito.
Foco, , foco.
– Er, tchau – Chloe abriu a porta do elevador, que já estava no seu andar e quando ia sair para o grande loft que tinha em cada andar – pra que um loft em um andar? Fala sério, povo rico – olhou para os meus olhos à beira de água. – Olhe ... Eu sei que o tem várias garotas além de você, e sei que você sabe. Ele até já comentou isso comigo, mas ele realmente gosta de você, ok? Lembra disso.
Ela deu um sorrisinho e fechou a porta do elevador delicadamente, me deixando com cara de paisagem dentro do elevador. tinha me falado também das habilidades da Chloe de entender as pessoas, mas eu ignorei essa parte.
O elevador subiu mais alguns andares e chegou a cobertura, as portas se abrindo como um carcereiro traiçoeiro me convidando para a guilhotina. Levei minhas mãos até o bolso e tirei a chave do apartamento. A parte má da minha mente gritou. "Tá vendo? Até a chave do apartamento do você tem. Ele gosta de você. Faz assim: entra lá, faz sexo selvagem até o amanhecer, e não termine com ele. Eu sou um gênio". Soltei uma risada nasal. Bem que aquilo seria bom... eu continuaria com o , e ainda ficava em uma relação livre pra ficar com quem eu quisesse. Mas eu tinha planos de vida, e nela encontrar um marido estava em quase primeiro lugar.
Encontrar marido decente em boates com gente bêbada é meio esquisito, mas quem se importa?
Girei a chave na porta e fui abrindo-a devagar. Entrei sem ver ainda o apartamento, fechei a porta e joguei minha bolsa e o meu casaco em uma mesa que tinha do lado dela. Olhei pro grande apartamento. Logo no hall de entrada havia uma meia parede com umas prateleiras, onde colocava vários livros, DVDs e CDs. Contornando-a, se chegava na sala, bastante espaçosa e com uma das paredes toda feita de vidro (que dava vista para o Tamisa), e à porta da cozinha. Na parede oposta à essa porta havia um corredor largo com um quarto, a escada para o segundo andar e um banheiro no final dele.
Contornei a "meia parede" e cheguei na sala, onde estava sentado em um dos sofás com os braços abertos no encosto e a cabeça caída pra trás, dormindo desajeitadamente. Caminhei até ele e parei na sua frente, olhando-o por inteiro.
Por sua cabeça estar jogada para trás, os cabelos que normalmente ficavam em uma franja desarrumada estavam caídos, balançando a medida que ele respirava. mantinha a boca fechada, e uma expressão serena. Abri um sorriso e me sentei no seu colo, com uma perna de cada lado do seu corpo. Fui beijando o seu pescoço, cada vez mais forte. Ao ver que ele não dormia eu dei uma mordida no meu lábio inferior e passei a unha pelo seu peito nu, fazendo-o contrair involuntariamente o abdômen. Ele deu um sorriso e, ainda de olhos fechados, colocou a mão no meu rosto, abrindo os olhos e levantando a cabeça. me abraçou e beijou o meu pescoço.
– Achei que você não vinha, – me olhou ainda sorrindo e me deu vários selinhos, juntando nossas testas.
– É... eu falei que vinha – passei meu nariz no seu e sorri timidamente.
– Tudo bom? – olhou para mim com a testa franzida, e passou a mão na minha bochecha em um carinho. Ele tinha essa capacidade totalmente estranha de percepção das emoções alheias.
– Tudo, amor, e você? – Dei um sorriso convincente. Assim como ele tem capacidade de percepção, eu tenho jeito pra mentiras. Tinha mesmo.
– Também – ele falou de deu o seu sorriso que me deixa louca. Comecei a beija-lo loucamente, e rompeu o beijo com um sorriso fraco – Er... , eu estou com fome.
– Olha eu aqui – Falei e soltei uma risada alta. fez uma cara estranha e riu também não aguentando. Ele se levantou com um pouco de dificuldade já que eu estava no seu colo e foi andando até a cozinha, me segurando com seus braços fortes como se eu fosse uma pluma. Coloquei minha cabeça na curva de seu pescoço e quase não senti quando ele me colocou sentada na mesa.
– Você é a sobremesa – apoiou suas mãos na mesa, se inclinou para mim, com um sorriso lindamente malicioso, me deu um selinho estalado e se dirigiu à geladeira. Eu não respondi – não precisava -, fiquei apenas o olhando, enquanto ele se inclinava para dentro da geladeira com a mão no cabelo, fazendo com que o relevo de sua coluna se sobressaltasse nas suas costas nuas.
Ele era tão perfeito. O cabelo levemente bagunçado – que nele dava um ar sexy, e não desleixado – a bermuda meio caída fazendo com que a boxer laranja aparecesse, o rosto sereno, como se a sua única preocupação fosse escolher a comida na geladeira, as mãos grandes que sabiam ser macias ou rudes na hora certa, os olhos cheios de emoções diferentes, uma para cada hora. Sua beleza natural fazia-o ser realmente era um homem projetado para o sucesso. Todo tipo dele. Sucesso na banda, com a família, com as mulheres, com o sexo...
– , frango ou presunto? – virou-se para mim com cara de cachorrinho sem dono e eu o olhei rindo.
– Não é você quem vai comer, ?
– É, mas você sempre faz as escolhas certas. – Ele olhou para mim com um sorriso e meu sorriso se desfez na hora. Será mesmo que ele estava certo? Será que deixá-lo era a melhor escolha para mim. Infelizmente, eu percebi que só iria saber disso depois que o fizesse.
De repente me deu uma vontade louca de não saber.
Permiti-me responder algo que não lembro se foi "presunto" ou "frango" e me virei em direção à porta da cozinha, para esconder minha preocupação.
– Hum, muito boa – Olhei para a cena cômica ainda sentada na mesa. estava sentado em uma cadeira bem em minha frente e o prato estava exatamente no meio de minhas pernas, fazendo com que seu braço roçasse nelas, a medida que ele ia devorando a pizza que agora eu vi que era de presunto. Não pude evitar de dar uma risada
– Que foi? – falou com a boca cheia, terminando de engolir sua última garfada na pizza.
– Olhe sua posição – Eu ainda ria e olhou para baixo, soltando uma risada alta. – Bem no meio das minhas pernas.
se levantou e jogou o prato vazio no chão, fazendo com que se quebrasse em pedacinhos e me deixando um pouco assustada. Ele se levantou e colocou seu rosto a uns 4 centímetros do meu.
– Acontece... – Ele se dirigiu à minha orelha, passando a língua no lóbulo dela e mordendo a pontinha com um pouco de força – que eu prefiro ficar entre suas pernas de outro jeito.
Senti minha nuca se arrepiar e não aguentei mais, pulei em com minhas mãos jogadas em seu pescoço e comecei a beijá-lo loucamente. O senti sorrir entre o beijo e passar a mão pelas minhas costas, me deitando na mesa e se apoiando por cima de mim para não colocar o seu peso todo em mim. Não que eu me importasse, naquela altura do campeonato. começou a mordiscar meu lábio inferior, me provocando, eu coloquei uma mão nos seus cabelos, puxando-o para mim e ele riu voltando a me beijar. Enquanto suas mãos estavam bem concentradas na minha coxa, a minha estava indecisa entre seu braço e seu rosto e a que estava na sua cabeça foi descendo. A desci pelo seu cabelo e dei um puxão nos fios da sua nuca, fazendo soltar um gemido rouco entre o beijo. Sorri maliciosa e fui descendo a mão, arranhando suas costas até chegar na sua bunda. Abri mais o sorriso e apertei-a, fazendo separar o beijo arfando e me olhar.
– Você... – não completou a frase, colocando uma mão nas minhas costas, outra na minha bunda, e me pegando no colo. Entrelacei minhas pernas na sua cintura e o senti andando, ainda me beijando, para subir a escada. tropeçou umas 5 vezes, enquanto nos beijávamos loucamente, e eu podia jurar que ouvi um abajur da sala caindo, mas meus sentidos estavam todos virados para dar prazer a ele. Se aquela seria a última transa, que fosse espetacular. Tanto para mim quanto para ele.
chegou no quarto e me jogou na cama, colocando-as em cima do meu corpo e segurando-as forte, fazendo com que eu ficasse totalmente indefesa. Ele me lançou um olhar penetrante e começou a roçar seu membro ainda coberto pela bermuda em mim, me fazendo revirar os olhos de tão excitada. Ele desceu suas mãos pelos meus braços, chegando aos meus seios e parando um pouco lá. Ele tirou minha blusa e passou a língua na parte dos meus seios descoberta pelo sutiã, enquanto suas mãos passavam pelas minhas costas para tirá-lo.
Logo depois que tirou o meu sutiã, eu o virei na cama king-size, por cima dele, fiquei em pé na cama, com uma perna de cada lado do seu corpo e comecei a rebolar, tirando minha calça aos poucos e olhando fixamente nos seus olhos que emanavam com uma luxúria que me dava tesão só de pensar. Terminei de tirar a calça e comecei a rebolar mais ainda, ainda de pé na cama, passando as mãos pelo meu corpo com os olhos fechados. Abri os olhos e vi deslizar suas mãos para tentarem pegar no meu calcanhar, e dei meio passo à frente, colocando meus pés sobre seus pulsos e impedindo-o de tomar alguma atitude. Me sentei sobre seu membro, me inclinei de modo que minhas mãos segurassem nas dele, fui passando-as pelo meu corpo e quando cheguei aos meus seios soltei-as, colocando-as em cima da cabeça de .
Me deitei sobre o corpo dele tirando meu peso, rocei meus lábios nos dele, provocando e fui descendo meu corpo pelo dele. A medida que eu ia descendo, eu ia dando beijos molhados no seu corpo. Pescoço, ombros, peito, tórax, entradinhas (maravilhosas por sinal). Quando cheguei perto da sua virilha, fui descendo a boxer dele com os dentes, e quando chegou aos joelhos eu empurrei com meu pé para algum lugar não identificado. Como se eu me importasse. Levei minha língua em direção ao seu pênis, mas quando ela já estava quase encostando lá desviei e lambi a coxa dele, o fazendo soltar um gemido de reprovação.
Levei minha mão à base do pênis de , fiquei o masturbando por alguns minutos, até que fiquei com pena da cara de sofrimento do garoto, e finalmente coloquei minha língua de leve na glande, o que foi o suficiente para ele quase gritar. Lambi toda a extensão do pênis de , enquanto arranhava sua coxa com uma mão e o masturbava com a outra. Quando senti o pré-gozo dele, levantou o tronco e colocou uma mão na minha bochecha, tentando me puxar para cima. sabia que eu não gostava de sentir o gosto do gozo dele na minha boca, mas hoje era um dia diferente.
Tirei a mão de do meu rosto com delicadeza, fazendo-o entender que eu queria continuar. Ele mordeu o lábio forte com uma chupada minha, e voltou a se deitar. Acelerei os movimentos com minha boca e a mão, até que senti seu líquido vindo até mim.
– AWW! – gemeu alto, e eu sorri para ele, engolindo tudo, e fui parando os movimentos aos poucos. – Vem cá, amor.
Eu sorri e levantei meu corpo, deitando-me por cima de e apoiei minhas mãos ao lado dele, tirando meu peso. deu um sorriso para mim, sorrindo e me dando um beijo de leve. Quando reparei, ele já estava por cima de mim, passando a mão por todo o meu corpo. encerrou o beijo e foi descendo pelo meu corpo, dando beijos estalados por todo ele. Chegou os beijos a minha virilha, e lançou um olhar bem malicioso para mim. Ele fez minha calcinha deslizar pelas minhas pernas, passou seu indicador pela minha vagina, fazendo minha barriga contrair-se automaticamente e eu arfar alto, riu com a arfada que eu dei, e pressionou o meu clitóris com a pontinha da língua, passando o dedo pela entrada. tirou a mão de lá, colocou as duas nas minhas pernas, abrindo-as bastante, e começou a dar sugadas e lambidas fortes na minha vagina. Ele fechou os olhos, penetrou sua língua em mim, e passou o dedo pelo meu clitóris.
Logo eu já estava tendo o meu orgasmo, arqueando o corpo na cama e puxando os lençóis com força, fazendo com que a cama ficasse mais desarrumada, se fosse possível. continuou me lambendo, torturando-me.
– Ah... ... AW – Dessa vez eu quase rasguei os lençóis. riu, parou o que estava fazendo, voltando seu rosto para perto do meu e roçando meu corpo no dele, me fazendo perceber o quão excitado ele já estava. Ele, de tão "mau", não deixou nem que minha respiração se normalizasse e penetrou com força e rapidez.
Sinceramente, adorava esse lado mau dele.
Agora no quarto só que ouviam nossos gemidos, que nem gemidos mais eram, e sim, gritos. levantou seu tronco, ainda dentro de mim, me olhando, e começou com seus movimentos rápidos e fortes. A cada estocada da parte dele, os nossos gemidos aumentavam drasticamente.
Eu já estava quase gritando, não de prazer, mas por me sentir impotente. Enquanto , por cima de mim, tinha o controle de todos os movimentos, portanto, de todo o prazer, eu só podia gemer e sentir meu corpo sendo "jogado" para cima a cada movimento.
Eu odiava ficar por baixo, fato.
Com o passar dos minutos, eu fui sentindo meu orgasmo mais perto, e o de também, pelo volume dos gemidos dele. Coloquei minha mão no seu peito, fazendo-o sair de dentro de mim e o virei, ficando por cima e sentando no pênis dele, fazendo com que eu mesma me encaixasse lá. olhou pra mim, passando a língua de um canino a outro quando eu comecei a rebolar nele, que colocou as mãos na minha cintura, apertando-a fortemente.
Com o passar do tempo, eu já estava subindo e descendo fortemente, estava com uma mão na minha cintura e a outra no meu peito, com os olhos fechados fortemente e a boca aberta em prazer. Quando eu descia meu corpo, ele subia o quadril, fazendo com que as estocadas fossem duplicamente fortes. Antes que eu pudesse, eu já estava gozando absurdamente, fazendo com que continuasse com os movimentos para, segundos depois, ele gozar e eu cair por cima dele.
Deitei-me do seu lado, com a cabeça em seu peito e uma perna por cima dele, um fazendo carinho com o pé no pé do outro. estava quieto, apenas enrolando mechas do meu cabelo com seus dedos. Após uns minutos de silêncio, eu falei baixinho:
– Você me faz tão bem...
Ele ficou quieto, como sempre. Sempre assim, eu era fofa com ele e ele ficava quieto, só ouvindo, sem retribuir. Eu poderia contar nos dedos as vezes que ele fora fofo. Então, de repente, e para surpresa geral, disse 2 tons mais baixos do que eu:
– Você não imagina o quão importante é para mim, , não imagina.
Levantei minha cabeça bruscamente, fazendo com que meu cabelo batesse no rosto dele e o olhei com atenção. estava com os olhos abertos serenamente, olhando para algum ponto atrás de mim com eles brilhando. Sua boca estava aberta em um sorriso quase imperceptível, sem mostrar os dentes. Um sorriso inconsciente. Ele colocou a mão na minha nuca por baixo dos meus cabelos, ainda olhando para qualquer lugar, passou o polegar nela, fazendo-me arrepiar. Olhou nos meus olhos com os seus agora afáveis, puxou meu rosto um pouco para si e completou a distância que faltava entre nós levantando a cabeça para me beijar. Ele mesmo encostou nossas testas, fechou o olho e iniciou um beijo calmo, desprovido de qualquer pressa e malícia.
Por que ele faz isso comigo?
Agora era a hora que eu acordava.
Sabe quando a gente está com AQUELA dor de cabeça, mas por maior que seja, tem certeza de que não é por doença, e sim por problemas ou outras situações?
Pois era exatamente assim que eu estava me sentindo. Sentada só de calcinha – que eu havia colocado depois do rala-e-rola, sou muito recatada, obrigado – na beirada da cama do , as mãos juntas no meu colo, olhando para os meus pés e pensando no próximo passo que eu daria. Talvez eu não conseguisse andar depois de tudo.
Será que eu era muito puta por transar com ele e depois chutá-lo? Ok, se eu era puta por fazer isso, o é três cachorro.
Houve uma movimentação no colchão atrás de mim e senti vindo para perto. Ele encaixou seu corpo só de boxers atrás de mim, deitou a cabeça no relevo que havia no começo das minhas costas devido à minha postura, colocou um pé de cada lado do meu corpo, juntando-os aos meus, e passou os braços pela minha cintura. Eu apenas correspondi, entrelaçando meus dedos nos dele. Ficamos assim por um tempo indeterminável, as vezes passando a pontinha do seu nariz nas minhas costas e eu com a cabeça virada, para senti seu cheiro – um doce indetectável misturado com o aroma das plantações de rosas que havia na beirada de algumas estradas inglesas. Com o passar do tempo, eu dei um suspiro alto e me soltei de , sentando de frente para ele na cama com as pernas cruzadas como um índio.
Mordi meu lábio inferior, e olhei para ele, a testa de franzida ao ver mina expressão. Olhei para baixo como se aquilo fosse aliviar-me e comecei:
– , não dá mais... – Ele me olhou com os olhos levemente arregalados, eu fechei os meus para não ter que vê-lo e continuei: – Sabe, no começo, eu adorava isso. Sexo fácil e bom a qualquer hora e sem compromisso, homem bom me querendo, etc. Mas aos poucos eu fui gostando cada vez mais de você, do seu jeito, tudo. Até as vezes que a gente não transava e ficávamos só sentados na cama conversando, ou então rindo dos paparazzi que diziam que nos flagrava e diziam que eu era o seu amor. Eu ria, mas eu queria ser o seu amor. Eu quero. Então os momentos, por menores que sejam, passavam a significar muito para mim, uma coisa insuportável. Sim, eu sempre odiei o amor. E esse com você então? Eu te odiava por isso quando estava longe, mas era só chegar perto de você que eu já começava a me sentir alegre, como se nada fosse me deixar triste. Aí eu percebi que por mais que eu quisesse eu nunca teria nada sério. E pior, eu nunca teria o seu amor. Então, para não me magoar, eu prefiro agir com a cabeça, como sempre. E eu não quero mais isso.
Silêncio.
Passou alguns segundos, e eu vi se mexer nervoso na cama. Levantei meu rosto e ele estava lá, sentado com as pernas cruzadas igual a mim, olhando para baixo e com a testa franzida. Ele olhou nos meus olhos, colocou uma mão no meu queixo e nós ficamos nos encarando. Quando eu percebi que meus olhos estavam marejados eu levantei e coloquei minha roupa, deixando me olhando ainda da cama. Sem olhar para trás, saí em direção à sala, peguei minha bolsa e fui em direção à porta. Coloquei minha chave na prateleira e quando já estava a uns 3 passos da porta eu ouvi passos apressados atrás de mim. Virei-me e vi vindo atrás de mim, com os olhos arregalados e arfando.
– – ele colocou as mãos nos meus ombros e puxou uma assustada para perto de si, fazendo com que nossos rostos se encostassem e nossas respirações se misturassem – Só faz um favor para mim. – Eu passei uma mão no seu rosto, do cabelo até seu queixo e sorri:
– Faço. Todos os que você quiser.
– Não me esquece. Por favor. Eu sei que a tendência é você se casar com um homem decente e lembrar de mim como um affair. Mas eu quero que você me lembre como... como o homem que você amou um dia.
Nos soltamos e eu olhei para ele. Sorri, sem dizer mais nada, e fui em direção à porta. foi até lá para fechá-la para mim.
Assim que eu ouvi a porta bater, fui em direção ao elevador. Não vi quando eu entrei, já que as lágrimas inundavam meus olhos.
Só me permiti escorregar pela parede no elevador, cair sentada, afundar meu rosto nos braços como uma criança tristonha e dizer, em meias palavras:
– Todos os dias.
Perdi a noção de quanto tempo eu fiquei na porta, sem nenhuma expressão no rosto. Por fim, eu deixei levar-me pelo cansaço do meu corpo e fui até o sofá, afundando nele. Eu já sabia que não ia "tê-la" para sempre. Aliás, eu sempre pensava que iria ser algo indolor, normal, como várias outras que já fizeram isso. Franzi minha testa, incomodado com a sensação.
Era como se alguém chegasse e de uma hora para outra tirasse meu coração. Ok, eu não sou gay. E eu não a amava, porém, achei que fosse mais fácil. E aquela história de "não esquece de mim"? Putz, eu adoraria saber me controlar.
O fato é que eu tenho o dom de liberar meus desejos em ações inesperadas. Bufei e ouvi o telefone tocar. Mal deu dois toques eu já estava atendendo:
– Quer o que? – Mau humor é a minha companhia favorita nessas horas.
– Credo , tem o que hein? – Reconheci a voz de na linha e automaticamente me peguei rezando para ele não vir falar de trabalho.
– Nada, o que é?
– FESTA! – Incrível como o humor desses garotos muda com a simples menção de uma farra. parecia nem lembrar da minha grosseria recente.
– Manda, logo.
deu uma risada alta do outro lado e passou o endereço.
– Ei, cara – Eu já ia desligar quando ouvi gritando como se lembrasse de algo – Leva a ... vê se ela tem algumas amigas aí...
– Nem vai dar.
– Por quê? Ela tem plantão hoje? Mas é sábado!
– Não. Nós meio que... Terminamos. Mas esta não é a palavra.
– VOCÊ É LOUCO? A , maior gostosa, aliás, uma gostosa INTELIGENTE, tudo de bom, e você termina?
– Nós nunca tivemos nada sério. E foi ela que terminou. – Deixa eu manter minha pose de macho alfa, falou?
– Mas você não gosta dela? – Não respondi. Não tinha resposta a essa pergunta. Sabe aquela expressão "em cima do muro"? Pois se refere a mim nesse momento. entendeu o silêncio como uma deixa para desligar – Ok cara, esquece. Vê se aparece, ok?
Apenas desliguei o celular, e num acesso de fúria joguei-o no chão. A sorte é que por ser carpete não iria arranhar. Joguei minha cabeça para trás no sofá e algo inesperado aconteceu. Algo quente e molhado desceu dos meus olhos pelo meu corpo. Passei meu dedo por aquele líquido e olhei para ele assustado. Uma lágrima. Solitária. Era o suficiente para me deixar em pane. Fazia uns 5 anos que eu não chorava. Fechei os olhos e mais umas três rolaram pelo meu rosto em direção ao meu pescoço.
Dormi afundado em perguntas sobre o meu estado.
Se era para ser algo indolor, por que estava me machucando tanto?
Capítulo Dois – If it's only a fancy, then why is it killing me?
Fui andando para casa, me amaldiçoando por não ter ido à casa do de carro. Olhava para os lados, focando meu olhar nas paisagens que a cidade oferecia, tentando não deixar minha mente vagar para muito longe. Eu poderia ficar durante horas só observando o cotidiano de simples pessoas na rua, sentada em uma praça. Era difícil de imaginar que toda aquela gente tinha problemas, uns maiores que o outro, uns mais difíceis de resolver do que o outro. Essa noite Londres estava particularmente bonita: As luzes dos bares, prédios e monumentos estavam parcialmente ligados – pois poucas pessoas se atreviam a sair naquela sexta à noite devido ao vento. Cheguei em frente à minha casa e fui tirando as chaves da bolsa automaticamente.
Era uma casa grande, de dois andares, com um imenso espaço na frente com duas árvores. Havia um quintal com espaço para churrasco e uma piscina razoavelmente grande e a sala tinha uma parede-estante inteira com vários CDs e DVDs. Minha mãe é filha de um dos maiores empresários europeus, já meu pai é um advogado brasileiro que nasceu em uma família de classe média. Enquanto minha mãe gastava seus cartões de créditos ilimitados e não trabalhava, meu pai trabalhava arduamente, o que o fez conseguir uma poupança razoável. Ele que me mostrou que, apesar do dinheiro, os valores pessoais eram mais do que importantes. Graças a isso eu não virei uma daquelas herdeiras nojentas, que passam a vida nas melhores boates e jornais. Eu era bem rica, fato, mas quase não usava o dinheiro da família que era meu por direito. Preferia ganhar e gastar o meu próprio salário. Meus pais agora viviam em uma ilha na Grécia – por insistência de mamãe – e eu morava sozinha naquela casa gigante.
Subi ao meu quarto e coloquei uma camisa azul masculina, que ia até um pouco acima das minhas coxas e ficava grande e solta em mim, com umas pantufas. Eu me sentia mais confortável com roupas folgadas, por isso tinha umas 10 camisas masculinas que usava para dormir, às vezes.
Desci as escadas em direção à sala com um edredom e umas 3 almofadas, puxei o estofado do sofá, me aninhei ali e fiquei passando de canal em canal, mas por mais que o programa fosse perfeito, não me agradaria. Não naquele dia. De repente uma luz veio na minha cabeça e eu soube exatamente o que fazer. Saí de baixo do edredom ignorando o frio, liguei o telefone e disquei o número que já havia gravado na minha cabeça. Esperei uns 5 minutos roendo a unha do polegar, e uma voz um pouco zangada atendeu.
– ALÔ?
– Liguei em má hora? – eu sabia que aquilo não importava mesmo.
– ! – Ryan mudou o tom de voz na mesma hora e deu uma risadinha baixa – Nem ligou. Aliás, ligou, mas pra você não tem problema. O Joshua tá aqui, sabe – Completou um pouco mais baixo, me fazendo dar a primeira risada em horas.
– Desculpa então. Mas, querido, eu preciso de você aqui! – fiz uma voz manhosa, sabendo que ele entenderia.
– Ihhh, já vi tudo. Em 5 minutos eu chego aí. Vou dar um pequeno pé na bunda do bofe.
Eu assenti e ele desligou, me deixando um pouco mais animada. Sabe aquele amigo de todas as horas, que você sabe que daria a vida por você, que te entende e deixa de se auto beneficiar somente pra te ajudar? Pois é, assim é o Ryan. Nós nos conhecemos quando eu tinha uns 13 anos, sendo ele filho de um dos empresários amigos da minha mãe. Eu sempre soube que ele era gay, porém, quando fez 16 anos contou aos pais, que receberam a notícia com fúria. Claro que depois eles se acostumaram com a ideia, a mãe disfarçadamente feliz por ter alguém que a acompanhasse as compras. De toda a ala feminina de Londres, poucas gostavam dele, não só pelo fato de ser gay e gostoso, mas também porque ele tinha um talento para converter héteros em gays. Muitos homens comprometidos e garanhões já não resistiram à lábia do Ryan.
Voltei para o sofá, sem me enrolar no edredom, esperando que o Ryan viesse logo, porém, ele demorou uns 20 minutos – o que, pro Ryan, era demais. Desliguei a TV e olhei de relance pra cozinha, desejando imensamente um pote de sorvete naquela hora. A campainha tocou e eu corri para a porta, com um sorriso do tamanho máximo que eu conseguia abrir naquela hora estampado no rosto. Abri a porta e Ryan estava lá.
A camisa roxa um pouco justa destacava seus músculos e sua barriga sem nenhuma gordurinha imperceptível para fora, a calça estava um pouco longa na parte dos pés, ficando por cima dos tênis de marca limpos. Ele estava com uma sacola do Wal Mart na mão esquerda, seu cabelo preto bem aparado deixava uns poucos fios cobrindo pouco dos seus olhos escuros, levemente cinzas, que estavam meio fechados devido ao largo sorriso que ele trazia no rosto, mostrando os dentes bem alinhados e brancos.
Realmente, eu sei escolher amigos.
Ryan estendeu a mão esquerda, pegando minha mão e levando-a até os lábios, me fazendo dar uma risadinha nasal devido ao fato de ele sempre fazer isso ao me encontrar. Beijou minha mão, me puxando por ela facilmente. Dei um abraço nele, encostando o nariz no seu pescoço e puxando até onde o meu fôlego permitia seu perfume doce.
– Trouxe duas surpresas – ele abriu um sorriso infantil quando eu me soltei dele, fazendo eu me perguntar se as surpresas eram pra ele ou pra mim – a primeira, mais importante: sorvete! Tem de flocos e napolitano.
Dude, o Ryan tem que parar de ler meus pensamentos, sério.
– E a segunda não é tãao importante assim. Pode vir Katie – de repente Katie, minha melhor amiga saiu de um canto qualquer ao lado da casa, a cara emburrada.
– Eu sou mais importante que potes de sorvete! – Katie estava com uma calça escura, um par de All Stars pretos, uma camisa cinza do System of a down e uma jaqueta preta com detalhes brancos. Os cabelos ruivo brilhantes estavam presos em um coque. Ela estava relativamente arrumada, e como não era do seu feitio ficar horas se arrumando eu imaginei que o Ryan a tivesse arrastado de alguma festa.
– Claro que é – falei. Sei como a Katie fica estressada quando alguém a contraria – Entrem!
Logo eu já tinha transformado o sofá-cama em cama, Ryan estava só de meias e calças deitado na cama enorme que tinha se formado, com as pernas por cima das de Kat, que também estava deitada, e eu estava com a cabeça na barriga de Ryan, devorando sozinha um pote de sorvete napolitano.
E, para minha felicidade, se eu bem conhecia o Ryan, ele não iria tocar no assunto "" até eu estiver pronta para falar sobre isso.
– Deixei o Joshua na mão hoje – Ryan deu um suspiro alto. Joshua era o bofe preferido dele. Mais cedo ou mais tarde eles engatariam um namoro sério.
– Literalmente – Kat falou e nós demos uma risada alta, o que quase me fez cuspir o sorvete que estava na minha boca no chão. Senti Ryan puxar meu cabelo e pensei em jogar a colher na cara dele, mas iria ficar com preguiça de buscá-la depois e não queria parar de tomar sorvete. – Sabe, você tem que trazer ele qualquer dia desses para a gente conhecer, Ryaaan.
– Claro! Tem que passar pela supervisão da mamãe aqui – falei levantando a mão com a colher no alto para a atenção deles voltar-se para mim.
– Não tenho nada! Eu só o pego gente, pelo amor... – Ryan deveria estar vermelho, mas a preguiça não me deixava olhar para ele.
– Eu quero ser a madrinha do casamento! – Katie gritou, interrompendo Ryan. A gente adorava perturbar o coitado.
– E eu quero ser a madrinha dos filhos! – entrei na brincadeira
– Ah , eles não podem ter filhos. Só se sei lá... ADOTEM! – Kat jogou as mãos para cima enquanto eu cruzava os braços, abraçando o sorvete e fingindo uma cara emburrada.
– É, mas adotem só um. Senão a Katie vai querer ser madrinha de um deles e aí vai ser madrinha de duas coisas – fiz bico e só aí reparei que o Ryan fingia que dormia.
– Posso falar? – ele disse – não vai ter casamento, nem filhos, nem nada, ok?
– E você, ? Vai me deixar ser madrinha do seu filho com o ? – Cara, essa menina tinha fumado sorvete?
Então quer dizer que o Ryan não tinha falado nada pra ela ainda... o silêncio se instalou no local. Um silêncio pesado e tenso, onde dava para perceber que ninguém falava para não me deixar triste. Ele quebrou o silêncio, se sentando.
– Então , está na hora de falar sobre isso... – deitei-me no seu colo e encostei meu nariz nas suas pernas, escondendo parcialmente meu rosto. Suspirei.
– Vocês acham que eu fiz o certo? Porque sei lá... eu me senti meio culpada depois.
– Amor – Ryan falou, passando – você foi certa em fazer isso. Sabe, as pessoas falam que é muito legal pensar nos outros e etc., mas eu acho que em situações como essa você tem é que pensar em você mesmo. Eu sinceramente acho que ele ficou meio triste, mas ele já deve estar acostumado. Você sabe como o é, isso não seria bom pra você...
– Além do mais, ele é um bobão. Perder uma mulher como essa – Katie falou
– Foi tão estranho. Ele meio que correu atrás de mim.
– O QUÊ? COMO ASSIM? – os dois falaram juntos, o que quase me fez rir. Virei-me de barriga pra cima no colo de Ryan e olhei pros dois de baixo.
– Quando eu tava saindo. Ele veio atrás de mim com um papo estranho de "não me esqueça". Muito louco.
– O tinha que se tratar, sério. – Ryan falou e completou depois com um gritinho: – AH! Peruas, vai ter festa sábado de noite.
– Onde, onde? – Kat se animou
– Na casa de uma dessas patricinhas socialites aí. Toda a alta classe de Londres vai estar lá. Claro que a gente tem que ir.
Katie deu um gritinho parecido com o de Adam. Nossa vida era marcada por festas de gente rica, afinal, por nossos pais serem empresários ricos, nós sempre éramos chamados para essas festas de alta classe. Não que eu me importasse, mas era legal, fato. Olhei pro relógio e vi que era quase meio dia.
– Vão almoçar aqui? – Falei com os olhinhos brilhando.
– Sim... , posso falar uma coisa? Sobre essa história de você e ? – Ryan perguntou – Isso está me cheirando a "vocês vão voltar".
Ryan tinha essa coisa maluca de isso está me cheirando. Era muito louco, e às vezes ele acertava mesmo.
Mas desta vez, por algum motivo estranho eu estava querendo que ele não estivesse certo. Era como se minha mente estivesse agindo no lugar do coração. Porque racionalmente eu sabia que o nunca seria o cara certo para mim. O que era uma pena, porque em algum lugar lá no fundo eu sabia que era certa para ele.
– VOCÊ NÃO TEM MAIS NADA COM A ? COMO ASSIM? – gritou no meu ouvido ao se sentar na poltrona na minha sala. Sério, já estava de saco cheio desse papo.
– É. Não tem mais nada. Game over. Agora dá pra parar com is...
– CARA, VOCÊ TEM QUE SE TRATAR – falou se jogando no sofá do meu lado, com os braços abertos, e me obrigando a recuar para o outro canto.
– Ok, agora par... – tentei falar de novo
– Eu queria que vocês dois namorassem – falou do chão, sentado no carpete abraçando as pernas cruzadas junto ao peito com as mãos.
– PARA, DUDE. Não existe mais para mim. Já fiz isso com tantas outras, porque justo com ela vocês estão assim? Mano, se vocês sentem muito por isso, vão atrás dela se satisfazerem com um pouquinho de sexo. Que merda! – Sinceramente, eu não aguentava mais aquilo! Até chorar por aquela mulher eu chorei. Não foi um choro estilo novela mexicana, mas eu não choro nem por parentes. Eu não aguentava mais a nem como lembrança e eles ainda ficam me enchendo. Saco, saco, saco.
– Como assim "justo com ela"? Ela tem algo diferente? Você se importa com ela? – falou com os olhos brilhando. Ele sempre foi fã da , vivia me enchendo para eu ter algo sério com ela. Mas eu sei que não dou para isso, e não queria a machucar.
– Escuta. Tem como vocês pararem de falar dela? Por favor.
– Cara, posso te perguntar só mais uma coisa? – falou parecendo receoso. Ele mordeu a boca e continuou – Você não tem mais nada com ela? Nada mesmo? Nem sentimentos, e tal? – NÃO, CARA. QUE MERDA.
Lancei um olhar de canto para o . Ele estava meio estranho, eu conhecia aqueles caras. Torci para que não seja nada de mais, ou que, pelo menos, não envolva .
Capítulo Três – Get so hot I forget to breathe, yeah
Sábado à noite. Tudo que eu queria e precisava agora era de uma festa. Tinha acabado de sair do banho, com uma toalha na cabeça e outra enrolada no corpo, quando ouvi Ryan entrar no quarto.
– Vinte minutos, , vamos logo! – ele se sentou na cama e ficou encarando a janela, passando os dedos pelos cabelos e deixando-os escorrer por entre os cabelos, perdido em pensamentos. Sentei-me na espécie de penteadeira que havia na parede em que ficava a porta do banheiro, e comecei a me maquiar bem lentamente. Geralmente eu não tinha muitas frescuras de ficar séculos se arrumando e tal, mas eu fazia isso quando queria não pensar em algo. Depois de uns dez minutos, levantei e fui até a cama pegar o vestido.
– Vou me vestir, Ry.
– Legal, anda logo – ele sorriu paciente para mim, porém ele não havia entendido o que eu queria dizer.
– Querido, eu vou me trocar. Eu sei que você não joga pro meu time, mas eu tenho vergonha de pessoas olhando as minhas lindas partes íntimas.
– Aaah, ok – ele ficou um pouco vermelho, pulou da cama e saiu apressado do quarto, fechando a porta com um leve barulho. Ri baixinho, balançando a cabeça. Vesti o vestido, calcei os sapatos e desenrolei o cabelo na toalha, começando a penteá-los agora que estavam relativamente secos.
Depois de mais dez minutos, eu desci as escadas da minha casa e encontrei Ryan e Kat sentados no sofá. Eles se viraram ao ouvir o barulho do meu sapato e Ry deu um gritinho de animação, pulando por trás do sofá até o pé da escada e Kat abriu um sorrisão. Exatamente o que eu esperava.
Eu estava com um vestido tomara-que-caia preto que ia até um palmo e meio acima do joelho e era bem justo ao meu corpo, o que marcava as curvas, dando um toque sexy. A barra de cima do vestido exibia um detalhe brilhante, como um paetê. O sapato era um scarpin preto com bico reto, de salto médio. Meus cabelos estavam soltos, com leves ondas.
– GAROTA! Dá uma voltinha! – Ele pegou na minha mão e me virou, rindo. Kat levantou do sofá, me fazendo ver que ela estava com um vestido rosa forte, justo no busto, porém, a partir de uma faixa logo abaixo dos seios o vestido ficava solto. Ela estava com um peep toe nude, e o vestido rosa, que não era muito a cara dela, era compensado com uma maquiagem pesada na região dos olhos.
Aquilo era exatamente o que eu queria. Quando alguma coisa abala meu ego, eu sinto uma forte necessidade de "aparecer". Vestir a melhor roupa para ir ao mercado, digamos. Como se eu precisasse provar para mim mesma (e para os outros, claro) do que eu sou capaz. Dei um sorrisinho de canto e me virei para Ry.
– Eu vou dar comida para a Aagje, só um segundo.
Fui com passos rápidos até a porta da cozinha, pegando um pote de ração ao lado dela. Abri a porta e entrei no jardim. Do lado esquerdo dela há um espaço para churrasco com uma churrasqueira grande e algumas mesas e cadeiras, uma espécie de "mini cozinha". Logo à frente, se encontrava a piscina, com as luzes internas ligadas. A casinha de Aagje ficava em baixo de uma escada que dava para um deck coberto com um teto de vidro no qual ficava uma jacuzzi com espaço para seis pessoas.
Aagje era uma São Bartolomeu imensa. Em pé ficava quase do meu tamanho. Sempre me perguntam por que eu escolhi um cachorro tão grande para mim, e eu sempre respondo que, de certa forma, ela que me escolheu.
Lembro até hoje do dia em que eu a vi. Há uns dois anos, eu e a equipe de cardiologia do hospital no qual em trabalho fomos a uma conferência no Cairo, Egito. No último dia da nossa viagem, eu e David, um amigo meu que também é da equipe, fomos à uma feira no centro do Cairo. O lugar era a céu aberto, e havia muita gente em pouco espaço. A maioria eram moradores de classe baixa. Estava tanto calor que 3 botões da minha blusa já estavam abertos em uma tentativa desesperada de obter qualquer mísero vento que passasse pelo local. De repente ouvimos um barulho estranho, uma mistura de homens gritando com algum animal rosnando junto. Quando chegamos ao local do barulho, encontramos vários homens grosseiros e suados agitando seus braços molhados de suor e gritando com euforia em direção à uma espécie de ringue. Lá dentro dois cachorros grandes se mordiam e se batiam furiosamente. Quando a luta acabou – com um dos cachorros mortos –, um homem imenso de gordo, com duas bolas de suor embaixo do braço, veio andando vagarosamente por causa do seu peso, com um São Bernardo aos seus pés, até os homes que estavam gritando antes, pegando dinheiro de cada um. Foi aí que percebemos que estávamos em uma das famosas lutas de cachorros da África.
Não sei explicar o que eu senti naquela hora, era uma confusão de sentimentos. Raiva, por homens nojentos e sem índole se "divertindo" e ganhando dinheiro às custas de animais que não tem nada a ver com seus desejos mais primitivos – que muitas vezes revelam-se pior do que os dos próprios animais, considerados selvagens. Tristeza, por ver um cachorro morto, outro quase, e um São Bernardo totalmente não adaptado para o calor do lugar tendo que conviver com aquilo.
Chamamos a polícia, e os homens foram presos. Alguns fugiram, claro, mas eu senti a sensação de dever cumprido. Aagje iria ser sacrificada, mas eu não pude deixar aquilo, e a trouxe comigo. Hanz, o influente diretor do Hospital de St. Mary, conseguiu arrumar todas as papeladas a tempo de embarcá-la no nosso vôo.
Coloquei a comida no pote, e ela veio correndo energética para mim. Sorri, alisando a sua cabeça, e voltei para a sala, onde Ry e Kat me esperavam na porta.
– Vamos! – Falei, jogando os braços para cima e rindo.
Logo na entrada da grande casa já dava para perceber o tipo de festa que era: muitas pessoas famosas e da elite londrina compareceriam. No jardim da frente – muito bem cuidado e verde, por sinal – havia algumas pessoas sentadas conversando e rindo, e uns casais se beijando loucamente. Um casal de gays já estava semi-nu. Muitos dos que estavam na frente da casa se viraram para nós, e alguns acenaram. A música no jardim estava alta, e quando entramos na casa ficou tão mais alta que minha cabeça começou a doer. Ryan parou na porta e fez uma dancinha, gritando.
– P-p-p-paaaaaaaaaaaaaarty! – Ele saiu ágil para dentro da casa, sumindo entre a multidão de jovens ricos, bem arrumados e se balançando conforme o ritmo da música que estavam lá. Eu e Kat rimos e saímos andando, procurando um lugar mais calmo para observar o movimento antes de começarmos a nos divertir.
– ! – Nathalie, a dona da festa, veio com os braços abertos na nossa direção. Ela era uma loira estilo Paris Hilton, os lábios marcados por uma cirurgia de preenchimento que ela havia feito recentemente, mesmo com apenas 19 anos. Seus pais eram sócios do meu avô, e o fato de ela ser 5 anos mais nova do que eu não impedia de nos darmos razoavelmente bem. Ela era fútil, mas dava para superar esse fato. Ela se virou para Kat, olhou-a de cima a baixo, e murmurou desdenhosa: – Katie.
– Então, Nat... A gente queria algum lugar mais... Reservado – falei rapidamente, notando de Katie já estava com a boca aberta e uma resposta na ponta da língua para a loira. Elas não se batiam, mais pelos jeitos diferentes do que por qualquer outra coisa.
– Claro, ! Tem uma sala aqui que é um pouco difícil de ser notada por quem não conhece a casa. Sempre que eu faço essas festas as pessoas mais importantes ficam por lá. Tem uns caras legais e famosos também – ela deu um sorrisinho malicioso para mim e foi andando por entre as pessoas, que abriam espaço rapidamente para deixá-la passar. Como Nathalie era uma das mais ricas por ali, as pessoas pareciam perceber a sua importância. Fomos andando até chegar na escada, onde debaixo dela, no canto, havia uma porta que eu realmente não havia percebido, devido a ela ser da mesma cor da parede. Nat abriu a porta, olhando para Katie como se estivesse ponderando se ela se encaixava nas "pessoas mais importantes" que ela havia mencionado antes. Mesmo notando o olhar, Katie seguiu firme, e entramos na sala.
O lugar era muito espaçoso, o que me espantou um pouco. Não pensei que aquela sala grande caberia ali, sob uma escada. Havia um bar, uns sofás e poltronas, e algumas 20 pessoas. Mesmo sendo um pouco mais isolado, o som ainda era relativamente alto ali. Seguimos até o bar e nos sentamos, deixando Nat ir falar com alguém do outro lado da sala.
– Então... Vai ficar com alguém hoje? – perguntei à ela, que olhou por cima do meu ombro, e mordeu o lábio minimamente nervosa, e por fim se virou para mim, com um sorriso fraco.
– Não, vou ficar aqui mesmo.
– Não? Que milagre é esse? – Perguntei estranhando a resposta dela e levantando uma sobrancelha. Geralmente a primeira coisa que fazíamos nas festas era ir procurar alguém. Ok, algum. Ela olhou de novo por cima do meu ombro, mais nervosa, e me olhou, parecendo procurar alguma resposta.
– Não estou... Muito a fim hoje – Katie gaguejou, me fazendo rir.
– Cara, você realmente não mente bem – me virei para ver o que ela tanto olhava e me arrependi no mesmo instante.
estava sentado em um sofá, com os braços abertos sobre o encosto e com três mulheres com ele. Uma loira oxigenada e siliconada no braço direito que lambia a sua orelha com a maior cara de puta, uma morena raquítica que alisava os seus cabelos e parecia rir de qualquer coisa que ele falava e outra morena no seu colo, virada para ele e inclinada, fazendo com que os seus peitos volumosos ficassem na cara dele. Ele estava lindo como sempre, os cabelos bagunçados e uma camisa branca com gola em forma de V.
Fiquei paralisada, a boca abrindo-se lentamente, e minha respiração falhou por uns minutos. A única coisa que eu senti foi inveja daquelas mulheres por elas estarem lá, tão perto dele... Sentindo o seu calor, sua pele deliciosamente macia e seu cheiro, que antes eu pensava ser tão meu. Minha vontade era de ir lá e tirar todas de cima dele... pegá-lo para mim e fugir daquela festa só com ele, para longe dali. Tê-lo para mim, em mim, de novo.
De repente nossos olhares se encontraram, e eu percebi raiva no olhar de . Raiva de mim. Ele tirou o braço de baixo da loira e virou-se para a mulher no colo dele. Colocou a mão no pescoço dela e a puxou lentamente para si, como se quisesse que eu apreciasse a cena, a beijando selvagemente. Eu não consegui deixar de olhar aquilo. Ele soltou o beijo depois de algum tempo e, com os olhos fechados, encostou sua testa na da mulher, passando seu nariz no dela lentamente. Aquilo era um ato carinhoso, e eu sabia que não tinha nenhum carinho por aquela mulher que ele nem devia saber o nome. Logo eu entendi o recado. Aquilo de passar o nariz um no outro era algo que sempre fazia comigo, sempre acompanhado de um sorriso. uma vez mencionou que ele não fazia isso com mais ninguém. Senti um calor imenso, quase insuportável. Eu ainda não respirava, e sabia que aquele calor era de raiva e inveja.
Ao terminar, ele olhou para mim, o olhar complementando a mensagem que a pouco eu entendi. "Agora você vai ter conviver com isso, nós não temos mais nada, mas eu sempre vou te perseguir, garota."
Engoli tudo que eu sentia com um pouco de dificuldade e virei-me para Katie, que me encarava com um pouco de pena. Hora de bancar a dura, pensei. nenhum vai me abalar.
– é um idiota. Se ele fica fazendo essas idiotices sem noção, é porque ele ainda não está bem com o fato de nós não estarmos mais juntos. O que é problema dele, porque eu estou muito bem com isso. – Claro, até parece. Não entendo de onde eu tiro essas mentiras. Bebi um pouco do Martini que já estava no balcão do bar. Cerveja não seria suficiente, não naquela noite. – Aliás, só ele se dá mal com isso, porque ele que é famoso, e ele que pode ficar com fama de cachorro insensível.
– Mais do que a que ele já tem? – Katie falou rindo, e eu não aguentei. Começamos a rir alto com aquilo, até que ouvi uma voz grave atrás de mim.
– O não toma jeito, dude. – Virei-me assustada com a voz, e vi logo atrás de mim, com as mãos apoiadas no meu banco. A sua camisa preta realçava seus músculos, e seus olhos olhando fixamente nos meus me fez arrepiar de leve.
– Senta aqui, – sorri, me soltando do seu olhar e me virando. O rapaz puxou um banco, sentando-se entre nós duas.
– Não liga, , ele é assim mesmo... E parece que ele não está muito feliz – reprimiu um riso, olhando para e fazendo-me virar para encará-lo novamente. estava nos olhando com uma raiva diferente da de antes. A mulher que ele havia beijado se jogava para ele, tentando desesperadamente outro beijo, mas ele nem parecia notar – Acho que ele percebeu a risada de vocês.
– Ele percebeu é que a ceninha dele não adiantou nada – Katie falou e a olhou um pouco constrangido – Desculpa, , mas seu amigo é um idiota às vezes.
aquiesceu, dando de ombros.
– , agora que você já tem companhia, eu vou andar um pouco pela festa, ok? – Katie sorriu e saiu apressada em direção à porta, sem nem esperar minha resposta.
Eu e rimos e ficamos conversando animadamente por alguns minutos. Ele era legal, e conversar com ele era realmente algo prazeroso. Facilmente nós ríamos de algo.
Um tempo depois, um rapaz ruivo, com muitos músculos e bem bonito, se sentou no banco em que Katie estava sentada.
– , cara, você sumiu do nada... – Ele falou, com o semblante franzido.
– Ah, foi mal. – respondeu sem nem olhá-lo, parecendo um pouco chateado.
– Nada, cara. – O rapaz se virou e pediu alguma coisa para o garçom, e eu dei um segundo gole na minha bebida, ainda olhando-o. – Como é o nome da bela garota aí do seu lado, ? Não apresenta é, dude?
– – falou seco. – Esse é o Peter, . Ele é um amigo meu do colégio que veio passar umas semanas aqui na Inglaterra.
– Prazer – Peter sorriu, mostrando uma covinha incrivelmente linda, e estendeu sua mão para mim. Não hesitei em apertá-la, claro.
– Então já vou, pessoas. – falou com um sorriso fraco – , toma meu telefone – passei meu celular para ele, que o abriu, digitando o seu número.
– Tchau, , outro dia a gente repete a conversa.
– É, foi legal – ele sorriu, me devolveu o celular e saiu pela porta.
Ficamos conversando por mais um tempo. As taças de bebida foram aumentando, e não percebi quando Peter puxou a cadeira para mais perto. Logo ele estava inclinado na cadeira, com o rosto a centímetros do meu, rindo de algo que eu havia falado.
Quase não percebi também quando sua boca encostou silenciosamente na minha, aberta o suficiente para eu sentir sua língua passar lentamente nos meus lábios, pedindo permissão. Sorri levemente e abri minha boca um pouco, começando a beijá-lo.
Quando o calor entre nossos corpos aumentou, eu e Peter fomos entre beijos e passos para o segundo andar, procurar um lugar mais... Reservado. Ao subirmos todos os degraus, ele me olhou malicioso e colocou as duas mãos na minha cintura, recomeçando a me beijar rapidamente, enquanto me empurrava para algum lugar. Coloquei uma mão no seu rosto e outra no seu cabelo, puxando-o um pouco forte. Percebi que ele me empurrou para um sofá no fim de um corredor, me sentando nele. Senti meu corpo em cima de algo mais duro que um sofá, e algum líquido correu pelas minhas costas. Peter pareceu perceber também, porque me soltou. Me virei, ainda sentada onde, agora eu percebi, era o colo de alguém.
Quando me virei para o rosto da pessoa que me encarava, não sabia se ria ou se gritava. Acabei soltando uma risada um pouco aberta demais.
me olhava pasmo, parecendo um pouco abalado. Me olhou por alguns segundos e depois abaixou os olhos para a lata de cerveja derramada no chão. Peter estava de pé de frente para o sofá. Não vi sua reação, pois não conseguia parar de olhar para – eu estava começando a parar de rir -, mas ele devia estar confuso. Parei imediatamente de rir e minhas bochechas começaram a queimar quando eu percebi que estava sentada no colo de . Nos levantamos imediatamente, e ele parecia tão envergonhado quanto eu. Logo a fúria tomou o lugar da vergonha na sua expressão.
– VOCÊS PODERIAM VER POR ONDE ANDAM, HEIN? – Ele se virou para Peter, nos assustando com o grito – Porra!
Ele saiu pisando firme, virando no corredor e desaparecendo. Peter começou a rir, andando em direção. Peter riu e colocou uma mão no meu rosto.
– Seu vestido molhou muito?
– Não... Dá para levar – sorri abertamente.
– De qualquer forma, você fica melhor sem ele.
Eu sorri maliciosa, satisfeita com o fato de minha pequena vingança acidental ter sido melhor do que a cena de com as mulheres. O que parecia ter sido uma mentira para Katie, agora se revelara uma verdade: eu realmente conseguia superar .
Capítulo Quatro – I can't find anything to be sad about, they say I'm doomed, but I feel fine.
Lá fora fazia frio, mas eu parecia ser o único que tinha essa sensação. Todas as pessoas dentro da grande Igreja conversavam animadas, os sorrisos estampados nas mesmas faces sorridentes, lançando olhares frequentes para a porta de entrada. Olhei para os lados, tentando obter alguma informação da minha localização: não estava nos bancos, de costas para a porta. Tampouco estava nas suas laterais; eu estava no altar. Percebi também que estava vestido com um terno preto, uma gravata azul marinho precipitando-se da gola da blusa branca, sendo interrompida pela metade por os botões que fechavam o paletó. Olhei para a frente, procurando algum rosto conhecido. Achei. estava na quarta ou quinta fileira – não parei para contar -, seus lábios repuxados em um sorriso triste, como se tivesse com pena de mim. estava logo do seu lado, me olhando com reprovação. De repente, uma música começou a tocar, e todos se calaram instantaneamente. As portas da Igreja se abriram, e alguém entrou, obtendo-se de todos os olhares da Igreja.
Era como um anjo.
A mulher que entrava na Igreja era simplismente linda. Seu vestido de noiva tomara que caia deixava sua cintura bem marcada e seus sapatos escondidos. Ela trazia um buquê com várias rosas vermelhas na mão e seus cabelos caíam em cachos no ombro esquerdo. Ao chegar ao altar, ela pegou na mão de um homem, que a olhava radiante. Os olhos da mulher brilhavam como se pequenos vagalumes estivessem dançando em perfeita sicronia por detrás deles enquanto ela olhava para o rapaz.
Não... Espera... Eu sei quem ele é! É o mesmo que eu encontrara naquela festa, quando eu estava bebendo sozinho no sofá... Recuei espantado ao pensamento, aquela lembrança parecia de algo que tinha acontecido há anos-luz atrás. Voltei a olhar o casal. Para meu espanto, eles agora me encaravam, com um sorriso nos lábios. Meu olhar se debateu com o da mulher, e, por um segundo de iluminação, eu a reconheçi.
Era .
Ali, me encarando, com um sorriso nos lábios. Era como se, agora que eu sabia quem era, a noiva me parecia muito mais bonita.
Espera aí. Noiva, ?
" , traz as alianças, sim?" Ela falou e eu me espantei em conseguir compreender mesmo pela sua voz baixa e calma.
Alianças? Abri a mão inconscientemente e olhei: Uma caixa de veludo pequena estava ali.
Sem que eu quisesse, meus pés começaram a andar em direção ao casal, como se estivessem apicando uma peça em mim. Mas eu não queria. Eu não iria entregar nada para eles, muito menos alianças. Meus braços se contraíram, e depois relaxaram, somente para começarem a se debater freneticamente, ainda com a caixa de alianças na mão, que, estranhamente, se recusava a cair. Meus pés ainda se moviam, me deixando em pânico, e quando eu estava perto de , tudo sumiu.
v – NÃO! – Berrei, acordando do nada e levantando meu tronco bruscamente.
Gemi ao sentir uma pontada na coluna devido ao meu movimento anterior, e deitei-me na cama de novo, acalmando a respiração. Que sonho foi aquele? Por que eu me sentia daquele jeito?
Tirei todos os pesamentos e perguntas da cabeça e me levantei, caminhando desajeitadamente para tomar um banho. Como eu já estava nu – sempre que durmo sozinho, eu faço essa confortável proeza -, só precisei pegar a toalha em uma cadeira do quarto e entrar no box. Liguei o chuveiro e soltei um gemido de satisfação ao sentir a água quente cair em meus cabelos, deixando-os escorridos sobre meus olhos, e escorrer pelo meu corpo.
Como se a água retirasse tudo de negativo que restava em mim, minha mente clareou-se. Ok, nem tanto. Óbvio que eu ainda tinha muitas perguntas na cabeça, mas eu soube onde achar as respostas – ou, quem sabe, me conformar em não tê-las.
Acabei o banho rápido, e, com esse pensamento me dirigi ao despertador que ficava no criado-mudo. Eram 7:30 da manhã, ainda dava tempo. Vesti as primeiras roupas que vi na minha frente e saí em disparada pela porta da cobertura.
Estacionei no St. James' Park e entrei no mesmo, me desviando das inúmeras crianças e casais que ali estavam, brincando, se divertindo e fazendo outras coisas que eu não reparei. Andei um pouco e cheguei ao lugar esperado, olhando para o banco. Apenas uma pessoa estava sentada nele, de costas. Os cabelos meigamente ondulados caíam até a metade das suas costas. Ela estava com um vestido de alça florido em verde claro e branco, que caia rodado até um pouco abaixo da metade das suas coxas. À medida que eu fui contornando o banco, reparei que ela tinha dois sacos de pipoca. Um estava repousado no seu colo e o outro ela tinha na mão, jogando seu conteúdo de pouco em pouco para uns 10 passarinhos ao seu redor. Cheguei por trás e apoiei a mão no encosto do banco, me inclinando até seu ouvido e soltando uma risada baixa no mesmo, fazendo a garota se assustar. Ela virou-se, me encarando com o olhar confuso. Ficamos nos olhando por um tempo, o olhar dela agora mais confuso ainda. Por fim, ela se virou de volta aos pombos com um sorriso imperceptível bricando no canto dos seus lábios.
– Senta aí, – Falou a garota enquanto jogava outra pipoca para os pássaros.
Lucy era uma ex ficante minha, de uns dois anos atrás. Ela estava ficando séria, e, assim como , se apaixonou e parou de ficar comigo. O caso foi um pouco parecido – só não era tanto assim porque eu ainda corri atrás da Lucy por um tempo, e chegamos a namorar sério, o que obviamente não deu certo. Ela era considerada perfeita por muitos homens. Era doce, amava crianças e bichos, sabia ouvir, sabia a hora certa de falar, e o que falar. Toda vez que eu topo com ela eu me sinto um idiota, por ter deixado-a escapar. Mas quem sabe assim foi melhor?
Ah, ela também é boa de cama.
Sentei do lado dela, fazendo com que uns três passarinhos voassem. Peguei a pipoca no seu colo e começei a jogar também.
– Poxa, essa era para mim! – Lu falou, fingindo um bico.
– Você supera. – Eu falei rindo. Ficamos em silêncio por uns minutos. Uns cinco pássaros se juntaram às outras, ficando nos meus pés.
– O que houve? Eu sei que você não me procuraria se estivesse tudo bem – Lucy me olhou e jogou o seu saco, agora vazio, no lixo ao lado do banco.
– Você tem uma imagem tão boa de mim – Eu falei irônico e nós rimos um pouco mais alto. Aos poucos o gelo ia se quebrando, como de praxe. Ela me olhou como se me lembrasse que eu não havia respondido à sua pergunta – Lucy, você lembra de como a gente ficou assim?
Eu indiquei com o dedo a distância meio exagerada entre a gente.
– Lembro. E muito bem. Eu me apaixonei, a gente terminou. Passou um tempo e a gente começou a namorar, o que também não deu certo.
Ela colocou a mão no meu saquinho de pipoca ao mesmo tempo em que a minha estava lá, fazendo nossos dedos se tocarem. Eu senti algo meio estranho, um choque pequeno no braço inteiro, fazendo meus pêlos se arrepiarem. Junto com isso veio uma sensação de déja vu. Eu lembro de sentir isso há muitos anos, quando nós estávamos ficando. Olhei para o braço dela, e notei com um sorriso que também estava arrepiado.
– Isso. Está acontecendo de novo. Mas eu não quero o mesmo fim, não quero mesmo – Continuei depois do curto silêncio ulterior da retirada brusca de ambas as mãos do saco. Lucy levantou as sobrancelhas, me incitando a continuar – Ela se declarou para mim, no mesmo dia que terminou a relação. Sei lá. Eu estou me sentindo estranho depois disso. Com falta de algo, dela...
– Não tem muita coisa que eu possa fazer, . Posso te aconselhar a se afastar dela. E pensar, claro. Pensar no que você quer, sem tomar decisões antecipadas que podem prejudicar a garota.
– Eu sei. Não quero que ela fique triste do jeito que você ficou quando a gente terminou.
Lucy olhou para baixo e eu me sentei com as pernas cruzadas no banco, sentado de lado de modo que meu rosto fique de frente para ela. Passei a mão no rosto da garota, da testa até o fim do pescoço, o que a fez fechar os olhos e o pequeno choque percorrer de novo o meu braço.
– Você já superou, né?
– Já. Aconteceu muita coisa de lá para cá. – Lucy sorriu, abrindo os olhos. Olhou no relógio e seus olhos se arregalaram levemente. – Estou atrasada.
– Quer carona?
– Quero! Carona agora viria a calhar. – Levantei e estendi a mão para ela. Fomos andando até o carro.
No caminho, fomos contando novidades das nossas vidas. Como quase tudo que acontecia comigo saía nas revistas e na internet, eu passei quase todo o percursso ouvindo Lucy. Ela estava namorando sério um cara havia 5 meses e trabalhava em uma agência de publicidade maior, o que a rendia um bom dinheiro todo mês. Não estava rica, mas vivia folgadamente. Depois de uns 20 minutos de puro congestionamento chegamos ao prédio alto em que ela trabalhava. Lu tirou o cinto e se inclinou no seu banco, me surpreendendo com um selinho rápido. Ainda com os lábios encostados nos meus, ela murmurou, de olhos fechados:
– Tudo depende do fim que você quer, .
Abri meus olhos, e ela já estava fechando a porta do carro, entrando no prédio sem olhar para trás.
Acho que eu não falei dessa qualidade da Lucy: Ela era imprevisível.
Acordei 5 minutos antes de o despertador tocar. Eu estava MUITO estranha, fato. Como sempre, levantei, tomei um banho demorado e relaxante, coloquei uma calça jeans, um sapato bem confortável e uma blusa de manga comprida. Prendi o cabelo em um rabo de cavalo, coloquei uns grampos para segurar a franja e coloquei o jaleco. Era dia de plantão.
Saí do quarto já sentindo a barriga roncar e desci as escadas, com o celular e as chaves da casa e do carro na mão. Estanquei no quarto ou quinto degrau ao ver Katie arrumada – com algumas roupas que ela tinha sempre na minha casa – com uma calça jeans roxa, tênis e blusa preta ouvindo o iPod no sofá. Ela encontrou o meu olhar e, ao perceber a confusão neles, deu uma risada:
– Dude, eu dormi aqui! – Ela se levantou, tirou os fones e jogou o aparelho de qualquer jeito no sofá, andando até o pé da escada, da qual eu já continuava a descer – Quando eu vi, estava dormindo no chão. Eu fiquei com um garoto ontem – ela parou de falar e pensou um pouco, com a boca aberta, depois ficou vermelha –, ou talvez dois. Enfim, falei para me trazerem para cá, acho. E aqui estou.
– Cara, você não toma jeito – Eu balançei negativamente a cabeça e me dirigi à cozinha.
– Eu ia comer algo, mas esperei você acordar. Sua comida é melhor que a minha.
Comemos enquanto Kat contava das loucuras que ela tinha feito na festa. Ela ficou com dois garotos ao mesmo tempo, depois descobriu que os dois eram namorados. Eu evitei falar da minha noite, mas quando chegamos ao carro e estávamos indo para o hospital – Katie era neurologista e fazia a maioria das cirurgias desse tipo no hospital – ela perguntou.
– Cara, como foi a sua noite?
– Ah, eu fiquei conversando com o . – Desconversei, falando sistemáticamente e aumentando o som, que passava uma música qualquer da Madonna.
– Só isso? – Ela me olhou com uma sobrancelha levantada.
– Eu fiquei com um amigo dele.
– Aiaiuiui, e o que mais?
– Nada. Não fiz nada a mais com ele, se é que você me entende. Mas por falta de vontade dele é que não foi.
Katie soltou um "huuum" ao reparar que eu não queria falar mais nada. Mas eu não aguentei. – Nós esbarramos no . E estávamos no maior amasso.
– WOW! Isso sim que você tinha que me contar. E como foi? – Katie se inclinou para mim, forçando o cinto de segurança.
– Ele ficou bravo – falei e mordi o lábio – eu estou com saudade dele.
A ruiva apenas me olhou com reprovação e suspirou, falando como se fosse óbvio:
– Sabe do que você precisa? De sexo.
Ela pegou o meu celular, no meu colo e o ligou. Eu vi pelo canto do olho ela dar um sorriso.
– Liga para esse número – Ela colocou o celular no meu rosto e assim que eu vi o nome da pessoa arregalei os olhos.
– Não! Você está doida?
– Liga, vai. Vai ser divertido – Ela riu e fez cara de pidona. Eu levantei os olhos e peguei o celular, enfim discando para o número, assim que paramos em um sinal de trânsito. Quando ouvi a voz da pessoa do outro lado eu sorri maliciosa.
Sim, ia ser divertido.
Capítulo Cinco – How dare you say that my behavior is unacceptable, so condescending unnecessarily critical. I have the tendency of getting very physical.
– ? – O tom surpreso e cauteloso da voz de do outro lado me fez rir baixo, um riso nasalado. Andava pelo corredor principal do Hospital, mandando cumprimentos em olhares para as recepcionistas, pacientes conhecidos que estavam por onde eu passava e outros conhecidos e vestia o jaleco com a mão esquerda, equilibrando o celular meio desajeitado na outra mão. – O que houve?
– Nada, , eu só... Estava pensando... Bem... – Falei de um jeito propositalmente hesitante, sorrindo com o canto da boca com o fingimento. Kat me olhou com uma sobrancelha levantada – Então, será que podíamos, não sei, assistir a um filme?
Alarguei meu sorriso. Não sei por que estava fazendo aquilo. Para mim, nada tinha a ver com , muito menos com vingança. A idéia de Katie apenas foi aceita por mim. Perfeitamente aceita, aliás. hesitou um pouco.
– Podemos, né. Onde você está?
– No hospital. Agora são oito horas... Deixa eu ver, 8 da noite eu saio daqui. – não dei tempo de ele responder. Ele poderia ter uma festa ou algo mais interessante para fazer do que assistir filmes com a "ex" do melhor amigo.
– Nessas horas é que eu não queria ser médico, você trabalha muito. Então, passa aqui. Tem como você alugar algum filme e trazer? Eu cuido da comida.
" , emergência no andar 3, sala 2. Favor comparecer à sala imediatamente." A voz explicada e com um perfeito sotaque londrino rebumbou nos altos falantes, fazendo-me apressar o passo.
– Ok, tenho que ir agora. Oito horas.
Desliguei sem ouvir a resposta dele ao ver David correndo na minha direção, com os cabelos castanho-claros. David também era cardiologista, cirurgião como eu. Nós somos amigos desde entramos juntos na equipe do hospital, cerca de 2 anos atrás, logo após saírmos da faculdade. David às vezes era tachado de inocente, o que contrariava o seu aspecto físico: ele era alto (uns 1,80m) e relativamente forte. Ele sempre esperava o melhor das pessoas. Acho que é porque só se pode esperar o melhor dele. Ao contrário de Ryan e Katie, David parecia nunca ter ido à alguma festa ou, sei lá, nunca ter feito sexo. Até suas bochechas rosadas, em contraste com a pele branca, o faziam parecer um anjo. Enfim, David era o amor secreto de todas as recepcionistas e de algumas médicas.
– ! Acidente de carro grave, temos que ir – ele passou o braço em volta do meu pescoço, me obrigando a andar no seu ritmo – Um pedaço de vidro relativamente grande perfurou parcialmente uma artéria, mas este mesmo pedaço de vidro está estancando o sangue.
– Qual artéria? – perguntei, andando mais rápido à medida que percebia a gravidade do acidente.
– Artéria Pulmonar Esquerda – vi pelo canto do olho ele fazendo uma careta – Ele está praticamente sem metade da sua respiração.
Suspirei fundo, rumando para a sala de cirurgia e rezando para que as oito horas chegassem logo.
O caminho mais perto da casa de passava pela rua de , mas eu não queria passar por ali. Estava com outra roupa, que mantinha no quartinho do hospital, e agia de modo bastante suspeito. Além de ir pelo caminho mais longo, de cinco em cinco minutos olhava para os lados. Ao passar pela catraca em direção ao estacionamento do prédio, não levantei a cabeça ao falar com o porteiro.
– , último andar.
Ele apenas entrou na sua cabine e falou com alguém – que eu sabia ser – ao telefone. Ao receber a confirmação, a catraca levantou e eu entrei, em direção à vaga de convidados. Peguei os 5 filmes que estavam no banco do carona e me dirigi ao elevador, batucando as mãos nervosamente na perna.
Ao contrário do prédio de , o dele não havia um loft em cada andar, apenas uma planta. Bati na porta do seu apartamento, apenas uma vez. Logo ele estava na porta, com uma bermuda folgada laranja e uma blusa branca e lisa. Sorriu para mim, me dando passagem. Coloquei os DVDs na mesa de centro da sala e me sentei no sofá, onde ele já estava sentado. pegou a sacola e tirou os filmes de lá. Enquanto ele olhava-os, o silêncio era subversivo.
Por fim, decidimos assistir "Bem me quer, mal me quer". Sobre muitos protestos de , confesso. Eu estava com o sofá todo para mim, logo na frente da TV imensa que ele tinha em uma estante com vários livros e CDs. Tom estava perpendicular a mim, em uma poltrona, todo enrolado no lençol. Havia uma caixa de pizza aberta e dois copos grandes de coca na mesa, deixando bem clara a arrumação do rapaz.
– Sabe – o rapaz falou de repente – não gosto desse francês, o Löic. Lembra-me o Peter.
Franzi o cenho. Eu percebi que, na festa, falava e tratava o... Colega de maneira desinteressada, mas achei que fosse só impressão, afinal o francês o tratava como velho amigo. Senti a curiosidade inundar minha mente.
– O Peter, por quê? Ele não é seu amigo? – Olhei para ele, que se encolheu mais no lençol e olhou para a TV como se eu não estivesse ali – ?
– Deixa para lá, você entendeu errado.
– Não, você falou que não gosta dele.
– Não – pegou a Coca da mesa, indiferente. Seu copo ainda estava cheio. Levantei-me e caminhei até ele, parada na sua frente com os braços cruzados.
– Conta, cara. Ou eu vou fazer... – olhei para o lado à procura de algo que pudesse o intimidar, mas senti a curiosidade em meu corpo dando lugar para um sentimento... Engraçado? – ou eu vou fazer cócegas.
Sorri maliciosa e agarrei o lençol de , puxando para baixo lentamente. Como ele estava com o copo cheio de refrigerante na mão direita, com a esquerda ele tentou segurar. Mas estava em desvantagem, visto que eu usava as duas mãos e somente a mão esquerda. Tirei o lençol, o deixando desprotegido e sorri marota, abaixando-me e, com as duas mãos, fazendo cócegas nele. Começei no pescoço, mas ele não parecia sentir muito lá, apenas ria e tentava equilibrar o copo.
Mas quando cheguei à sua barriga, ele começou a rir ruidosamente, as lágrimas escorregando pela face avermelhada. Ao perceber o seu ponto fraco, aumentei o ritmo, o que foi uma decisão COMPLETAMENTE errada.
O fato é que ria tanto que se desequilibrou, virando o copo de coca todo em cima de mim. Foi refrigerante para todos os lados. Minha camisa, minha calça e meu cabelo estavam todos molhados. Enfim, eu era uma Coca ambulante. Afastei-me da poltrona horrorizada, olhando para baixo e ficando mais assustada e envergonhada – sim, envergonhada. Não estava nos meus planos levar um banho de refrigerante. Devia ser castigo por me encontrar com o melhor amigo do meu ex, fato -. apenas me olhava com as mãos na boca.
– Quer... Tomar banho? – Ele me olhava com pena, e eu apenas o olhei como se fosse óbvio, sentindo minha pele se ruborizar.
Aquela era realmente a última vez que eu dava uma de garota "fatal e sem coração". A última vez que eu seguia os conselhos de Katie, a última vez que eu tentava ter alguma coisa com algum membro daquela banda ridícula. A última vez que tentava ter alguma coisa com alguém se duvidar.
Bufei e segui para o banheiro do quarto do .
Despi-me e coloquei as roupas dobradas na pia grande, de mármore. Pendurei a toalha branca que havia me dado e entrei no box, ligando o chuveiro no mais quente. Molhei o cabelo, mesmo sabendo que, como ali só havia xampu de homem, o cheiro iria continuar lá. Suspirei e passei as mãos lentamente pelo meu cabelo, descendo-as pelos meus ombros, seios, até chegar na minha barriga. Passei a mão direita da minha barriga até a minha nuca, massageando-a e fazendo-me relaxar um pouco.
Ouvi um barulho estranho. Levou alguns segundos para meu cérebro perceber que alguém abrira a porta.
– Sabe por que eu não gosto do Peter, ? – Era . Sua voz estava estranha, meio misteriosa, meio sexy. Ouvi ele abrir a porta do box. Ainda de costas, gritei, cobrindo os seios. Depois percebi que fazia mais sentido, já que estava de costas, cobrir a bunda. Foi o que fiz, e fui respondida por um riso irônico de , que agora fechava a porta.
Nem tive tempo de cogitar os fatos. Ele pegou no meu braço grosseiramente e virou-me, colando seu corpo no meu, agora com as duas mãos nos meus braços. Olhei para baixo com a boca entreaberta e percebi que ele estava sem camisa, apenas de calças jeans e descalço. A água deixava a bainha da sua calça molhada. Isso de algum modo era sexy, mas não tão sensual como uma parte da sua boxer branca aparecendo, com os dizeres "Calvin Kl" aparecendo, interrompidos pela calça. Sabe o que seria ainda mais sexy? Ver o que estava escrito na boxer, mas não aparecia devido à maldita calça jeans.
– Eu não gosto dele – chegou ao meu ouvido e mordeu com um pouco de força – porque era pra outra pessoa ficar contigo naquela festa. Eu.
Gelei com aquilo. Nunca, nem em meus sonhos mais... Sonhos, que eu iria pensar que ele queria alguma coisa comigo. Well, isso explicava algumas coisinhas. Não deu para completar o pensamento, pois ele selou nossos lábios violentamente. Sua língua pedia passagem, que, de algum modo, não cedi. Inclinei meu tronco para trás, sendo segurada agora pela cintura por . Olhei nos seus olhos, que estavam confusos e receosos. Ri baixo. O que eu queria, afinal? Por que eu recusei o beijo? Por fim, sorri maliciosa, mandei tudo para o alto e finquei as unhas da mão direita nas costas do rapaz, e as da esquerda na sua nuca, o beijando rapidamente.
Em pouco tempo de um beijo deliciosamente furioso já estava me empurrando para a parede logo abaixo do chuveiro, fazendo com que ele se molhasse de vez. Enquanto me prensava lá suas mãos percorriam todos os lugares mais impossíveis do meu corpo, da bunda ao cotovelo. Não que com as minhas fosse diferente, claro. Ele colocou uma mão na minha nuca, parando de me beijar com mordidas nos meus lábios apenas para dar vários chupões no meu pescoço e passar a língua nele, intercalando tais movimentos. Enquanto a outra mão dele apertava minha cintura, a minha puxava algumas mechas do seu cabelo desajeitadamente. Mordi meu próprio lábio inferior, gemendo com tal ato, já que este estava vermelho e um pouco inchado.
Senti ir abaixando seus beijos e quando notei, ele já estava no meu seio esquerdo, chupando-o e lambendo-o enquanto me olhava malicioso, um sorriso dançando nos lábios ocupados. Ele deu uns dois beijos na parte entre meus seios e passou a beijar o direito. Eu fiquei limitada a arranhar suas costas, levantar a cabeça, suspirando um pouco alto com tamanho prazer e receber a ducha de água quente direto no rosto. Minha mão desceu pelas suas costas e se deparou com a calça dele. Não gostei do que vi... Eu estava desprotegida, sendo alvo dos ataques dos lábios dele enquanto ele ainda estava vestido?
Não, não mesmo.
Tirei as mãos de seu cabelo e das suas costas e coloquei-as atrás do meu corpo, como em greve. Ele parou de me beijar e me encarou surpreso. Apenas sorri de canto, mordi seu queixo, o empurrei, tomando assim alguma distância. Inclinei-me e começei a beijar seu peitoral, enquanto minhas mãos desciam sua calça lentamente.
– Achou que eu ia ficar para trás, é? – riu e eu fiquei com a coluna ereta, agora chutando sua calça para um canto qualquer do box. Devido à minha postura e à altura dele, sua respiração batia na minha testa. Fiquei na ponta do pé e mordi seu lábio inferior, puxando-o até onde eu consegui.
– Você não existe, garota.
– Posso até não existir... – parei de beijá-lo e me afastei um pouco, olhando-o maliciosa. Desci as mãos pelo seu peitoral até chegar ao elástico da boxer – mas meus efeitos são muito reais, querido.
Puxei de vez a boxer – acho que até o machuquei um pouco -. Ele fez um som estranho, misto de gemido e dor, o que apenas me fez rir ainda mais maliciosa. O membro de estava em tal estado de excitação que me fez ficar um pouco surpresa, arregalando os olhos e mordendo o lábio inferior ao mesmo tempo. Dirigi minhas mãos ao seu sexo, mas ele me interrompeu.
Ele me olhou em tom de negação e sorriu, desta vez mais carinhosamente. Colocou as duas mãos na minha cintura e foi me empurrando até debaixo do chuveiro. Começou a beijar meu ombro carinhosamente, de modo que meu nariz afundasse no seu cabelo molhado. Eu senti o cheiro deliciosamente tranquilizante dele e fechei os olhos, sorrindo. Mesmo que eu não estivesse fazendo aquilo por vingança, o simples pensamento de fazer isso fazia me sentir um monstro. era tão dócil... Era errado eu fazer aquilo com ele? Eu tinha certeza que essa idéia passara pela sua cabeça, mas mesmo assim ele nem mencionou nada.
Meus pensamentos foram interrompidos por uma mordida forte dele no meu ombro. Abri os olhos, que se encontraram com os deles por alguns segundos. Apesar de alguma malícia, eu pude ver outra coisa no seu olhar.
"Tem certeza?"
Beijei seus lábios ambrosíacos como uma confirmação sutil, afinal, se eu apenas tivesse imaginado aquilo no seu olhar, não iria fazer diferença. sorriu com os lábios encostados nos meus e colocou as mãos na minha cintura, ergendo-me no seu colo e penetrando. Dei um gemido rouco enquanto ele me prensava na parede com a testa encostada na minha.
Nossos corpos estavam em uma cadência perfeita. O ritmo das penetradas dele eram totalmente – e felizmente – correspondidas pelo meu corpo, com gemidos descompassados de ambas as partes. me segurava com ambas as mãos, e a falta de um contato mais específico era compensada por seus beijos, em todos os lugares alcancáveis, do meu rosto a uma parte do meu busto. Uma mão minha puxava o seu cabelo com um pouco de força e a outra arranhava sua nuca e suas costas.
Depois de um tempo nesta posição, começei a contrair-me internamente. percebeu, e começou a gemer baixo no pé do meu ouvido. Não demorou muito e ele chegou ao seu clímax, investindo mais umas poucas vezes para eu chegar ao meu ápice.
Ele tirou-me do seu colo e ficamos frente e a frente, nos encarando com um sorriso exausto no rosto e a respiração ofegante. me abraçou, com uma mão passeando pelo meu cabelo. Sorri e mordi sua bochecha, agora nós dois ríamos mais tranquilos, como se não houvesse peso nenhum sobre nossos ombros.
Depois do ocorrido, saiu do banheiro para vestir alguma coisa, deixando-me mais uns 20 minutos em um banho que era para ser relaxante. Mas depois do prazer, sempre vem uma compunção, por mínima que seja. Agora, mesmo depois de todo o deleite proporcionado a mim, eu estava duvidando de . Será que, ao sair do chuveiro, ele iria me tratar como uma vadia qualquer? Ele poderia estar com as mesmas culpas que eu. E além do mais, sempre tinha aquela barreira invisível, porém bastante perceptível entre nós que até nome próprio levava: . Eu sei, é horrível ter que incluí-lo em 70% dos meus pensamentos. Mas a partir do momento em que uma pessoa passa a frenquentar as mesmas festas que você, ficar com várias por "sua causa" – com muitas aspas, pois eu duvido que ele sinta algo mínimo por mim – e que se faz sexo sem mais nem menos com o melhor amigo dessa pessoa... Bem, seria assombroso não incluí-la nos seus pensamentos. Aliás, seria admirável tal feito.
Saí do banho e vesti uma camisa cinza do Oasis que o tinha me emprestado, que ia até um pouco abaixo dos meus quadris. Seria vulgar e até mesmo sexy se junto com a blusa eu não estivesse com uma boxer laranja dele, com o Pluto e sua língua para fora estampados na minha bunda. Sim, hilário.
Enxuguei meu cabelo úmido com a toalha enquanto saía descalça pelo quarto, procurando o rapaz. Encontrei-o encostado na porta, encarando minhas pernas com o lábio inferior entre os dentes, os braços cruzados e apenas o ombro direito encostado na porta. Joguei a toalha em uma poltrona qualquer e postei-me a centimetros do seu corpo. apenas colocou suas deliciosas mãos na minha cintura, levantando-me com uma facilidade incrível e jogando-me na cama com uma selvageria mais incrível ainda.
Percebi que tivemos o mesmo pensamento durante tal ato: adeus, cueca do Pluto.
Capítulo Seis – I've been acting irresponsibly, but what could possibly go wrong?
Lucy saiu de cima de mim e tombou para o lado na cama com um ofego. Virei o rosto e a encarei. Ela puxava o lençol branco e fino para si, cobrindo seu corpo nu da metade das coxas até os seios. Não fiz questão de me cobrir, apenas fiquei de lado, com a cabeça apoiada na mão para encará-la. Ela sorriu travessa, fazendo-me rir fraco, ainda ofegante. Fazia um mês que estávamos juntos de novo, e estava sendo bem divertido. Senti a cama mexer, e vi Lucy com o braço estendido para a gaveta da mesinha próxima. Ela abriu, remexeu entre o monte de camisinhas, balas, moedas e isqueiros – manter aqueles objetos ali me acalmavam, de algum jeito muito esquisito – e retirou um cigarro. Sentou na cama, com as costas apoiadas na cabeceira, levantou uma perna, apoiando o braço nela, e começou a tragar lentamente o cigarro, com os olhos fechados. Franzi o cenho, olhando-a. Ela estava realmente sexy, com os cabelos ondulados cobrindo os seios fartos, os olhos fechados fazendo-me contemplar o rosto limpo, os dedos longos e unhas escarlates segurando o cigarro. Mas algo estava errado, Lucy não fumava.
– Por que está fumando?
Ela abriu os olhos e olhou para mim, com um sorriso no canto da boca, parecendo meio tensa.
– Sabe o Sean? – Ela perguntou e apertou levemente o cigarro entre os lábios. Fiz que sim com a cabeça. Sean era o noivo dela e eu já estava quase cansado de ouvir dele. Eles pareciam se amar, mesmo. Ela mordeu o lábio inferior nervosamente e continuou: – então, a gente vai casar.
Ela tragou profundamente o cigarro. Tão profundamente que eu me surpreendi por ela não ter se engasgado com a fumaça. Senti como se a taxa de oxigênio no meu cérebro tivesse caído assustadoramente, ficando tonto. Lucy casando era algo que nunca tinha passado pela minha cabeça. Tá, eu absolutamente não me importava com o fato de ficar com inúmeras mulheres, não mesmo. Mas a maioria que eu ficava era totalmente sem conteúdo. Algumas, confesso, não eram tão boas assim na cama, mas o fato de serem gostosas compensava. Era totalmente diferente ficar com alguém com que eu me importava – mesmo que não fosse tanto assim -, com quem eu podia conversar depois sem ouvir coisas do tipo "então, como é ser famoso?", "gostou?" ou "ai, você é tão lindo! Autografa minha bunda?". Broxante. E, acredite, já ouvi de tudo isso e pior. Olhei para ela, que ainda estava fumando, brincando com o cigarro nos dedos e olhando para o mesmo.
– Ok, eu sei que isso vai soar muito canalha. Mas a gente ainda vai se ver? – perguntei, sentando-me com a coluna apoiada na cabeceira, do seu lado.
– Claro que sim! Mas não... desse jeito – ela apontou para o meu membro e notei que ficou meio vermelha com isso. Incrível como ela era tão gostosa e depravada na cama e conseguia ficar tão envergonhada em outros momentos. – E eu tenho que me acostumar com essa exclusividade do casamento, vou ter que parar de ficar contigo, – ela mordeu o lábio inferior de um jeito meio triste, me encarando como se tivesse medo da minha reação – acho que essa foi a última vez que a gente fez... isso.
Não aguentamos, nós dois rimos das pausas que ela fazia. Me inclinei sobre ela, ainda sorrindo, e retirei o cigarro de seus dedos, tragando suavamente e inclinei-me mais um pouco para apagá-lo no cinzeiro que ficava na mesa do canto. Voltei para o meu lugar e passei o braço direito pelas costas da Lucy, puxando-a para mim e escorreguei, fazendo com que nós dois deitássemos. Ela se deitou no meu peitoral, fazendo com que sua testa encostasse no meu queixo. Beijei-a desajeitadamente na testa e começei a fazer carinho no seu cabelo, enquanto ela passava o braço por minha barriga.
– Então preciso arrumar outra garota inteligente e legal para transar – ri um pouco alto com a brincadeira.
– Ué, chama aquela que você ficava, que fez você me procurar, mesmo que indiretamente – ela falou séria, e eu percebi que não tinha percebido que o que eu falei foi uma simples brincadeira. Para a Lucy aquilo era uma sugestão séria. Ela soltou uma exclamãçãozinha abafada quando percebeu, se arrepedendo. Ficamos em silêncio por alguns minutos, mas ela o quebrou – por quê?
– Por que o quê? – falei, frangindo o cenho. Ela suspirou.
– Por que você não fica com ninguém. Você nunca gostou de ninguém, ?
Ela me pegou. Eu realmente não sabia. O fato é que eu não acreditava no amor, não mesmo. Em toda a minha vida, eu tinha gostado de poucas pessoas. Um amor platônico por uma prima, agora distante, que me rejeitou. Outro por uma garota do colégio quando eu tinha 8 anos, que nunca olhou na minha cara. E aquilo, que eu não sabia até hoje o que era, com a Lucy e a . Em suma: todas as vezes que "amei" alguém não fui correspondido, e, quando fui, não soube lidar com isso. Virei o rosto para o lado, mesmo sabendo que de onde a Lucy estava ela não podia me ver, e passei os dedos pelo seu rosto, sentindo-a fechar os olhos.
– Eu não sei, Lu. Não sei o que senti por você, o que sinto pela , não sei o que fazer.
– Você realmente quer ficar assim para sempre, ? – ela soltou o ar que estava em seus pulmões de uma vez, como se estivesse cansada – ser isso aí que você é para o resto da vida? Escuta, uma hora isso tem que acabar, ok? Você pode achar que aparenta estar muito feliz desse jeito, mas não engana ninguém. Você pode estar feliz, mas não está completo.
Ela falava como se estivesse repreendendo uma criança que fizera algo errado pela milésima vez, e como se estivesse cansada de ver essa criança errar. Ficou em silêncio por uns minutos, e depois continuou:
– Você deveria pensar. Sobre o que você é, e o que gostaria de ser.
Parei de fazer o carinho no seu rosto e pensei. Não sabia o que fazer. Eu sabia que podia ser muito mais feliz com uma vida diferente da que eu levava, mas era como se tudo o que eu fazia, por mais errado que seja – e eu sabia disso – estivesse incrustado em mim. E eu não sabia se todos aqueles "choques de realidade" que eu estava tomando ultimamente eram necessários para me fazer acordar.
– O que você decidiu? – perguntei. Depois de uns minutos de silêncio, ela levantou e pegou suas roupas que estavam jogadas no chão. Vestiu a calcinha, a meia calça, o vestido, o sobretudo, de costas para mim. Passou a mão nos cabelos e pegou a sua bolsa. Calçou os sapatos. Veio andando até mim, que estava sentado na borda da cama, com os pés no chão. Passou as unhas pelo meu queixo, puxou meu rosto para cima e deu um selinho rápido em mim. Ainda com os lábios encostados nos meus, ela falou:
– Eu decidi ser amada, .
E saiu pela porta, me deixando como uma prova viva da sua capacidade de me atordoar.
Os tiros eram a única coisa que podia ser ouvida na sala. Da TV, é claro. estava na poltrona, com o queixo apoiado no joelho e o lençol cobrindo os seus olhos, parecendo um cachorrinho assustado. estava jogado no sofá comigo, com uma cara entediada e tentando repetidas vezes me empurrar do mesmo com o pé. estava no chão, comendo o que parecia ser seu centésimo pedaço de pizza. Eu não prestava muita atenção, no que acontecia ao meu redor, tampouco no filme. Para falar a verdade, o mesmo até agora só foi um borrão de balas e lábios da Angelina Jolie. Estava pensando na Lucy, e na , as mulheres que me deixavam louco. Uma parecia se esforçar para isso. A outra não fazia esforço nenhum, o que me irritava mais ainda.
Sabe, estou começando a achar que a vida seria muito mais fácil se eu vivesse em um mosteiro.
O filme acabou e levantou e se espreguiçou.
– Não gostei do final desse filme.
– Ah, eu gostei cara – falei, me esticando no sofá agora que não se encontrava mais lá – eles ficaram juntos, legal. Muito cu doce durante o filme todo... pelo menos o fim prestou.
Os caras me olharam como se estivesse um alienígena entre eles, e eu levantei as sobrancelhas, pedindo uma explicação. riu alta e escandalosamente.
– Dude, a Angelina se matou.
Murmurei um "hum..." e sentei, mexendo as mãos desajeitadamente. Eu tenho que aprender a manter algum segredo deles, realmente.
– Então – sentou-se do meu lado – o que houve?
– A Lucy vai casar – falei de vez, soltando todo o ar que parecia estar preso há horas em meus pulmões com a frase.
– Mas você gosta dela? – frangiu o cenho, fazendo uma careta estranha, enquanto dava um gole no refrigerante.
– Não, mas eu vou sentir falta de alguém que... eu me importe mais, sabe? E nem a eu tenho agora – O , ao ouvir isso, começou a tossir descontroladamente, e todos se viraram para ele. Ele saiu da sala e foi correndo para o banheiro, com a mão na boca. Estranhei. e se viraram para mim, com uma cara estranha, como se com medo de mim. Estranhei mais ainda. me olhou, com um sorriso complacente no rosto.
– E agora a tá com o , né cara? – se virou para ele, com os olhos arregalados, e apenas colocou a mão na boca. Os dois me olharam, encarando meu rosto petrificado.
Ar. Parecia ser a única coisa que havia na minha cabeça, e o que não tinha nos meus pulmões. Como assim, e juntos? Desde quando? Ela que o havia procurado, ou foi o contrário? Então quer dizer que ela não me ama mais, nem pensa mais em mim. Me senti ao mesmo tempo horrível e um total canalha por ficar com raiva por ela não se importar mais comigo, mesmo sabendo que o fato de se importar só trazia dor. Eram tantos sentimentos contraditórios que ao mesmo tempo que eu sentia um milhão de coisas, eu não sentia nada. Completamente anestesiado, percebendo que, no final das contas, eu não significava nada, não fazia nenhuma diferença para ninguém. Notei que meus olhos estavam arregalados demais, e que não respirava durante algum tempo considerável. e estavam no mesmo lugar, me olhando, fazendo silêncio. De repente, entrou na sala, fazendo barulho.
– Pega aí – ele sorriu totalmente alheio ao que acontecia, jogando uma lata de cerveja em mim, que bateu na minha barriga e escorregou até o chão, fazendo um barulho metálico. Levantei lentamente, olhando o que acabara de chegar, que me encarava estupefato, sem saber o que estava acontecendo. e tinham uma expressão que, se não fosse por conta do clima tenso da situação, seria digno de risadas. Eles não mexiam a cabeça, apenas os olhos, que zarpavam de mim para ele. Senti um formigamento no início das costas, que parecia subir pela mesma, até chegar no meu rosto. Cheguei perto de , ficando a centímetros dele, e soltei toda a raiva.
– SEU CRETINO – sem controlar meus atos, ergui minha mão até o meu rosto, descendo-a com toda a força no nariz dele, em um soco forte. Ele cambaleou para trás, com a mão no rosto. Com os olhos arregalados, recuou até a parede, ao perceber que eu caminhava até ele de novo, completamente louco, sem noção dos meus atos. e pegaram cada um no meu braço, tentando me segurar. Eu tentava me livrar das mãos deles de todo o jeito. O homem o qual eu tanto olhava com raiva passou a mão no nariz, e olhou, arregalando ainda mais os olhos ao notar o sangue em seus dedos. De algum modo, consegui me soltar deles, e corri até ele, que só teve tempo de me olhar, assustado.
– MINHA GAROTA! – Com essas palavras eu dei outro soco, ainda mais forte, no nariz dele, no mesmo lugar. Provocou mais dor dessa vez, pois ele gritou. Já levantava a mão para o terceiro soco, mas ele foi mas rápido. Com a mão esquerda pegou na minha camisa com força, e com a direita desferiu um soco no meu queixo. Com a visão meio turva pela dor, eu vi me olhar furioso, com raiva. Ele saiu de minha casa, cambaleando, e com uma cara muito feia. Deitei no sofá, fechando os olhos. Ouvi a porta bater, alguém a abrir e ela bater de novo. Abri os olhos, notando com os braços cruzados na minha frente. É, eu iria levar bronca. Mas apenas um pensamento ocupava a minha mente.
tinha que voltar para mim.
Capítulo Sete – And it's cold, but it keeps you warm; cause this love, still burns for you
Corria, sem me importar com nada. Não me importava com o meu pé descalço em contato direto com a neve do passeio, dando pequenos choques pela minha perna. Não me importava com o vento no meu peito nu, fazendo-o se contrair dolorosamente. Tampouco me importava com os flocos de neve empapando meu cabelo ou com todos na rua parando para me olhar: o louco que corria desesperadamente pelas ruas de Londres, em pleno inverno, apenas de boxers pretas. Tudo o que havia na minha mente era ela, . Múltiplas imagens suas: sorrindo-me daquele modo malicioso antes do sexo, do modo envergonhado depois. Cozinhando para mim – o que parecia ser um de seus hobbies -. Com o jaleco, batendo na minha porta e mesmo cansada depois de um dia de trabalho ter ânimo para me visitar. Pulando no meu colo e me enchendo de beijos. Essas imagens, ao mesmo tempo que me faziam sorrir, traziam-me dor. Como eu pude dispensar uma garota daquelas? Logo as imagens mudaram: ela saindo da minha casa, sem olhar para trás, após terminar a relação estranha que nutríamos. Coisas apenas imaginadas dela com , os dois rindo, trocando declarações, dizendo que perdera muito tempo comigo, enquanto ele estava logo ali. Ainda tinha raiva do meu melhor amigo, sentimento que contrapunha com mais raiva, desta vez de mim mesmo. Tinha que resolver as coisas com ele, mas antes eu precisava dela. .
Um grupo de adolescentes que acabava de sair do colégio – visto pelas suas roupas pretas e tradicionais – passavam maquiagem e riam, se arrumando para curtir e comemorar a sexta à noite. Elas pararam abruptamente e me olharam, dando risinhos. Algumas me identificaram, rindo e apontado para mim. Pude ouvir as palavras "" e "McFLY" no meio da conversa. Não me importei, assim como não me importava com a mãe que cobria os olhos da filha de 6 anos, da velhinha que sorriu maliciosamente, recebendo um olhar típico de ciúme do seu marido, também idoso. Não me importava com nada, ninguém.
Tinha sorte de a casa de ser só a uns 5 quarteirões da minha, uns 10 minutos de caminhada. Como eu corria, eram uns 6. Após a briga com o , o Harry ainda tentou brigar comigo, mas não ouvi nada do que ele falava. O deixei em casa com uma cara de idiota e saí, do jeito que estava, apenas de boxers – a camisa eu tirei e joguei em qualquer canto da casa, visto que fez o favor de rasgá-la. Virei na última esquina e já podia visualizar a casa clara, na rua cheia de mansões. O fato de estar ali, perto do lugar onde a pessoa que eu mais queria no momento – ainda não me atrevo a dizer "pessoa que eu amava" – morava parecia fazer com que minha respiração ficasse mais confusa e a dor nas minhas pernas fosse maior. Sem me dar ao trabalho de abrir a portinha da cerca branca de meio metro que rodeava o jardim frontal da casa – apenas por uma questão de estética, já que qualquer anão podia pular aquilo -, eu o pulei, sentindo uma dor latejante na coxa ao arranhá-la bruscamente na ponta da cerca. Corri, agora mais rápido, e cheguei à porta da casa dela.
O turbilhão na minha cabeça era grande. Respirei fundo e olhei para trás, pensando em voltar. Não, o vento estava piorando, e do jeito que eu estava não iria aguentar mais uma corrida de boxers aos 5 °C de Londres. Olhei para as estrelas no céu, que eram poucas por causa da luminosidade da cidade. Senti um aperto na garganta, não tinha pensado no que falar. Aliás, não tinha idéia.
"Olá , que tal voltarmos ao sexo? É só tirar as minhas boxers, facinho."
Com uma coragem que nunca pertenceu a mim eu apertei a campainha, várias vezes seguidas. Esperei uns 2 minutos no imenso jardim frontal, pulando para – inutilmente – aliviar o frio, pensando em como ela estaria; em como seria sua reação. Ouvi um resmungo e coisas caindo, depois seus passos apressados em direção à porta. Prendi a respiração – que nem tinha mais – e a porta abriu.
estava com uma camisola cinza, colada no seu corpo, até menos da metade da coxa, extremamente sexy, apesar da cara imensamente assustada, a boca extremamente aberta. Em uma mão estava uma xícara de café quente, que ela segurava frouxamente. O óculos retangular e preto que ela usava apenas para ler – mais como uma mania do que uma necessidade – pendia dos seus olhos, e seus cabelos estavam bagunçados, com um volume que, mesmo que ela não admitisse, a deixava mais sexy ainda. Suas bochechas estavam vermelhas do frio, e seu colo estava arrepiado. Vi os lábios rosados se movimentarem em um xingamento baixinho. Os olhos da garota não desviavam dos meus, e eu não fazia questão de romper esse contato. Meu Deus, eu estava ali, na frente dela, tentando anotar cada mudança insignificante naquele corpo que eu tanto queria sentir e ao mesmo evitando tirar os olhos dos dela. Vê-la depois de tudo o que acontecera era algo que eu nunca acreditava possível. Vi-a daqui a 10 anos, nos encontrando em um supermercado, ela com seu marido mais bonito e inteligente que eu, 3 filhos no colo e um na barriga. Minha mulher seria mais velha e com os seios mais caídos do que os dela – que, claro, para mim não cairiam mesmo depois de décadas -, pois eu nunca acharia outra pessoa com uma combinação física e não física tão perfeita quanto a dela. Era como uma avalanche de sentimentos, recordações. Finalmente ela olhou para o meu corpo, arregalando os olhos ao ver o estado deplorável do mesmo e perceber que eu apenas usava boxers. A vi fazer uma cara estranha e abaixei o olhar: minha coxa sangrava, devido ao machucado na cerca. Ela me olhou e eu vi, dessa vez, raiva em seus olhos. tirou a postura de susto e tomou para si um ar de superioridade.
– Que merda você está fazendo aqui? – Ela podia me impressionar com o nariz empinado o rosto determinado. Mas eu ainda podia ver uma pontada de esperança no fundo dos olhos dela.
– ... – eu a olhei suplicante, mas sem saber o que falar. Era agonizante. Eu ali, tremendo de frio, tentando achar as palavras certas, meu olhar agoniado batendo de frente com o confuso dela. Engoli em seco e senti todo o calor dissipar-se, agora a maior preocupação era tentar achar algo decente para falar-lhe. Sabia que ao menor erro, a menor vírgula mal colocada, tudo o que eu poderia ter ao sair dali era uma caminhada longa no frio até meu prédio, com um rosto latejante pelo seu tapa ultrajado. Então, como em uma reação contrária a todos os pensamentos, comecei a falar rapidamente, sem pensar.
– Eu não quero mais essa vida, . Por favor, me ajuda – comprimi meus lábios e franzi tanto minhas sobrancelhas em um gesto de tristeza que estas doeram. Os olhos de apenas se arregalaram mais, a xícara cada vez mais frouxa na sua mão – eu não aguento mais, eu estava em crise. Por você. Volta, por favor.
Ela entrou mais na casa, me dando entender que era para eu entrar. Olhava para baixo, não podia ver seu rosto. Fechou a porta e entrou em um quarto no andar de baixo. Olhei para o sofá e vi que ali estava um livro repousado, e um filme romântico bem piegas passava na TV. Ela voltou, sem os óculos e a xícara, trazendo um edredon. Percebi que seu cabelo estava mais baixo, como se ela tivesse o arrumado às pressas. Automaticamente senti-me mais confiante, se aquilo fosse verdade, era um muito bom sinal. Olhou-me sem sorrir, mas pelos seus olhos eu a via sorrindo. Essa era intenção, ela sabia que eu via o sorriso claro no seu olhar. Passou o edredon em volta das minhas costas e riu baixinho, abaixando a cabeça ao ver meu corpo relaxar. Olhei para ela, pedindo uma resposta. Ela fez um rosto sério – suas nuances entre sério e sorrisos tímidos já estavam tirando toda a pouca confiança que eu possuía – e disse:
– Sabe o que eu estava fazendo antes de você chegar? – ela disse, ainda olhando para baixo, e eu a vi corar – pensando em você, revirando minhas memórias sobre você. Pensando em como seria se eu nunca tivesse feito aquilo, como seria se você voltasse. Pensei que iria dar um tapa bem dado na sua cara, falar coisas que você iria lembrar para sempre como as piores que já ouviu... Mas não dá.
Ela suspirou e balançou a cabeça negativamente. Senti um furor imenso tomando conta de mim, uma felicidade maior ainda. Movimentei os braços, fazendo o edredon cair, e coloquei uma mão na sua cintura, puxando-a fortemente para mim. Ela nem teve tempo de pensar. Era só o meu sorriso, sua confusão e seu grito ao sentir seu corpo no meu, gelado. Ouvir seu grito me deixou louco, a puxei mais para perto, acabando com qualquer espaço entre nós. Ela bateu nos meus ombros com as duas mãos e eu apertei sua cintura, sorrindo. Subi uma mão pelas suas costas, agarrando-lhe os cabelos. Colei meus lábios nos dela tão forte e desesperadamente que senti latejar. Nada de slow motion, como na maioria dos romances. O nosso era diferente, vívido, como um fogo que, mesmo depois de um longo tempo, ainda queimava. Era isso que nos mantia acessos mesmo com a neve lá fora. Era diferente de tudo, eu sabia que não a amava, era algo muito forte, mas não me atrevia a dizer se era amor. Tampouco sabia o que ela sentía por mim, e, confesso, tinha medo de saber.
Ela bateu nos meus ombros, mas eu apenas escorreguei minhas mãos para sua bunda, apertei-a e a levantei, em uma tentativa de fazê-la subir no meu colo. Não sei se foi instinto, se ela realmente queria aquilo ou se simplismente percebeu que eu não ia soltá-la, mas prendeu as pernas em volta de mim e passou os braços no meu pescoço, me dando vários selinhos fortes e rápidos. Parou e me beijou rapidamente, tirando um dos braços que estava no meu pescoço para passá-lo no meu rosto. Andei até a primeira parede que achei – sem enxergar, visto que a comandava 99% das minhas ações – e empurrei-a selvagemente na parede, pressionando meu corpo contra o dela. Senti-a sorrir desajeitadamente entre o beijo, parando-o por um segundo para morder meu lábio inferior tão forte que fez sangrar um pouco. Engraçado, apenas dos meus músculos tensos e doloridos pelo frio recente, do sangue escorrendo pela minha perna e agora pela boca, tudo o que eu sentia era felicidade. E, acredite, teria mais 100 feridas como aquelas se a recompensa fosse ter comigo.
Ela passou a língua desde o meu queixo até o lábio, lambendo o sangue que escorria e sorriu de lado para mim. Voltei a beijá-la mais rápido do que antes, apertando sua bunda. Queria tocá-la, mas o fato de ela estar no meu colo não permitia. Saí da parede e fui andando, sem enxergar, pela sala. Derrubei um abajur grande, que quebrou, vários livros que estavam na mesa e uns cristais, mas não se importou. Joguei-a no sofá e a encarei, de pé. Sorri malicioso e deitei por cima dela, sem preocupar em aliviar meu peso; só queria sentir seu corpo no meu. Todo o frio que eu sentia tinha sumido em questão de segundos, indo para algum lugar MUITO distante de onde estávamos. Coloquei uma mão no seu cabelo, puxando-o forte, e ela gritou e riu, ao mesmo tempo, mordi seu lábio, descontando o que ela havia feito no meu e coloquei as mãos entre nossos corpos, na sua cintura, subindo a camisola dela. Soltei o beijo por um tempo e tirei-a por inteiro, colocando uma das mãos nos seus seios descobertos. Ela passou as pernas pela minha cintura, e, de algum jeito, caímos para o lado.
Doeu, mas nada podia nos parar agora. Ela riu e se levantou, puxando-me para cima. Começei a beijar o seu pescoço, enquanto ela andava para trás, indo para algum lugar que eu desconhecia. Só percebi ao sentir seu corpo acima do meu, que ela estava na escada. Subimos os degraus desajeitadamente, entre beijos e chupões, até chegar no seu quarto. Não tinha tempo para preliminares. Tá, eu sei que isso é politicamente incorreto, que eu devo satisfazê-la, mas pelo seu olhar carnal ela também não queria; só precisava sentir me nela, do jeito mais carnal e selvagem possível, em uma tentativa de suprir toda a saudade de nossos corpos. Joguei na cama, caindo por cima de seu corpo. Coloquei os braços em volta do seu rosto, me apoiando, e sorri para ela, que sorriu doce e passou a mão no meu cabelo. Mordi seu nariz levemente e desci os beijos pela sua barriga, mordendo sua calcinha e, com a ajuda das mãos, rasgando-a. Tirei minhas boxers desajeitadamente. Subi de volta para ela e puxei seu cabelo, penetrando-a tão forte que ela gritou. Sorriu maliciosa para mim, os olhos agora mais selvagens, e eu a penetrei de novo. Não ia muito rápido, apenas forte e fundo. Fechei os olhos, sentindo todo o êxtase. Sentía o corpo dela tremer sob o meu, e tudo que eu ouvia era o barulho dos nossos corpos e gemidos. se mexeu sob mim de um jeito estranho, fazendo nossos corpos rolares de novo pela cama e caírem no chão. Desta vez, ela caiu por cima de mim, e enquanto se ajeitada sobre meu pênis rindo, senti algo embaixo de mim. Era o controle do rádio. Joguei na parede e coloquei as mãos na cintura dela, mordendo o lábio inferior. O rádio começou a tocar, tocava um CD do Maroon 5. Reconheci a música, e nós dois rimos pela coincidência do som.
"I can't wait to take you home Fingers through your hair Kisses on your back And scratch me with your nails Save me from myself Show me how to care Get everything out Dripping everywhere"
Sorrimos juntos, se movimentava bruscamente no meu colo, e eu já podia sentir seu sexo apertando-se em volta do meu. Ficamos por alguns minutos assim, não aguentei, e meu orgasmo fluiu, acho que há anos que eu não ejaculava tanto assim. não aguentou ver meu rosto de satisfação e também teve o seu, caindo pelo meu corpo, extasiada. Passei os braços em volta das suas costas, sentindo o seu corpo mole e apertei-a contra mim, fechando os olhos e com a boca aberta, ainda ofegante. ainda gemia do meu lado, sua barriga contraía-se. Ver sua satisfação inflava meu ego; sabia que não era fácil assim que uma mulher chegava ao ápice, ainda mais sem as preliminares – claro que toda a emoção do momento contribuiu. Ficamos assim por alguns minutos, até nossas respirações se acalmarem.
Ela de desvencilhiou dos meus braços, rastejando lentamente para a cama. Dietou e ficou encarando o teto. Os olhos sonhadores, a boca entreaberta, sem sorrir. Os cabelos desajeitados ao redor do seu rosto, um braço por cima da barriga e o outro jogado pro lado, sem se preocupar em se cobrir. Pulei na cama e direcionei meu rosto para a sua barriga, tirando o seu braço de cima dela e colocando-o no meu cabelo; ela tampouco o mexeu, não se preocupou em me acariciar. Mesmo assim, eu beijei sua barriga, várias vezes. Deitei do seu lado, por fim, e ela virou o rosto para mim, sorrindo. Não precisávamos de palavras. Tudo o que queríamos estava ali. Um ao outro. Ficamos alguns minutos conversando por olhares, se tocando, rindo. Logo já estávamos selvagens mais uma vez. E outra, e outra, e mais uma...
Acordei lenta e espontâneamente. Não havia luz do sol entre as janelas, tampouco um despertador intrometido tocando insistentemente, muito menos um pesadelo assustador. Percebi que estava deitado na barriga de Lai, que estava com uma mão no meu cabelo e outra no meu rosto, com os dedos na minha boca – parece que eu dormi beijando-os. Fechei novamente os olhos, certo de que não voltaria a dormir e inalei seu perfume profundamente. Era um perfume próprio, que nenhum perfume caro, flor ou bala nunca teve a chance de possuir.
Levantei silenciosamente da cama e cobri com um edredon, visto o frio que fazia. Vesti as boxers que estavam em qualquer canto do quarto e peguei um lençol, indo para a sacada do mesmo. Sentei em um sofá de dois lugares que tinha ali, me enrolando até o pescoço, com as pernas flexionadas e o queixo no joelho. O seu quarto era virado para os fundos da casa, e da varanda dava para ver o enorme quintal, a piscina, a casinha de Aagje, a pequena cozinha e churrasqueira, a área da banheira. O que eu iria fazer? Continuar do jeito que estava antes, não. Duvido muito que iria querer. Eu devia me comprometer a ela. Eu sei, isso era o primeiro passo para uma vida melhor, e todo aquele papo de "o que você é o que quer ser, senhor ?", mas eu sentia que não estava preparado; sentía que aquele primeiro passo não era espontâneo, era forçado, e tinha medo de sofrer depois.
Fiquei quase uma hora lá, pensando, mas fui interrompido por uma descabelada com a cabeça fora da porta, me olhando confusa.
– Resolvi vim pra cá, deixar você dormir – sorri e livrei minha mão de de baixo do lençol, dando uns tapinhas no meu lado do sofá – vem cá, amore.
sorriu largo, com meu sotaque italiano forçado propositalmente para encantá-la. Ela amava tudo que vinha da Itália: a comida, a música, os homens... É, também não concordo com essa última parte. Aliás, nós tínhamos nos conhecido em um festival romano, onde minha banda era a "banda estrangeira". Durante todo o show meus olhos não saíam dela, e depois de muito esforço, consegui encontrá-la depois do show. Foi um caso de "uma viagem só", mas nos encontramos depois de meses acidentalmente em uma boate londrina. Ela veio manhosa, só com o lençol fino que cobria a cama no seu corpo, segurando-o por cima dos seios. Veio com um sorriso imenso, meio infantil, até mim. Chegou perto do sofá, na minha frente, e deixou o lençol cair, revelando seu corpo nu. Olhava-o como se fosse tudo que havia no mundo, a coisa mais importante deste. Tirei as mãos do edredon e levei para ela, delineando sua cintura marcada com os dedos, sua barriga com os lábios. Fiquei ali, as mãos dela brincando com os meus fios de cabelo, minhas mãos subindo e descendo dos seus seios até o seu quadril, meus lábios em uma dança contende pelo seu tronco. Poderia morrer ali, sentindo o seu cheiro salgado, como se ela tivesse acabado de sair da praia. Percebi que ela tremia, não de prazer ou dos meus toques. Ela estava gostando, seus olhos fechados, sua boca entreaberta e seus suspiros denunciavam isso, mas ela tremia de frio. Abracei-a, ainda com a boca colada na sua barriga, e puxei-a para o sofá, cobrindo simultaneamente nossos corpos com o edredon.
Puxei-a para o meu peitoral, beijando o seu pescoço. Ela, com a boca no meu ouvido, sussurou, baixinho:
– Sono così felice – ela disse e eu arrepiei. Ela ficava tão... sexy falando italiano. "Estou tão feliz". Ninguém podia imaginar o quanto eu estava. Afastei meu rosto do dela, a olhando fixamente. Olhou-me nos olhos, surpresa. É, se eu queria mesmo algo melhor para a minha vida, era preciso daquilo. Sorri e falei, baixinho, apenas para ela ouvir, como se estivesse mais alguém ali.
– Namora comigo? – Ela ficou uns poucos segundos me olhando mais assustada ainda, mas logo se recuperou, com uma face indecifrável. Encostou os lábios nos meus e sorriu, apenas fazendo-me sentir o sorriso malicioso. Sussurrou mais baixo ainda:
– Não, Daniel.
Capítulo Oito – Somehow not speaking, lets me now everything
Era como se não tivesse chão sob meus pés, como se tudo que houvesse ao nosso redor fosse vácuo, e lá, me encarando, com aquele maldito sorriso de canto de boca. Maldito. Maldita , maldito sei-lá-o-quê que eu sentia por ela, maldito frio que já ameaçava tomar conta do meu corpo, por causa das últimas palavras proferidas por ela. E eu nem sabia o que deveria sentir; tampouco sabia por quê ela tinha rejeitado-me. Deveria sentir vergonha, por ter ido lá, por achar que ela ainda iria querer algo comigo? Estava me preparando para deixar de olhar, mas a vergonha não deixou. Abaixei meus olhos, suspirando. Senti uma risada baixa, o que fez com que o primeiro sentimento aparecesse: raiva. Uma raiva que não podia ser demonstrada devido à vergonha. Senti seus dedos gelados na lateral da minha testa, que logo trataram de descer pelo meu rosto, parando na minha boca. Fechei os olhos.
– , olha para mim – não olhei. – , por favor. Deixa eu me explicar.
Ela colocou a ponta dos dedos no meu queixo e levantou-o. Sorriu-me complacente.
– Hey, calma. – franzi minhas sobrancelhas, e ela riu. Balancei meu rosto, e ela percebeu o que eu queria, tirando a mão do mesmo. Saiu de dentro do edredon que eu estava, levantou-se, ainda nua, pegou o lençol e voltou a sentar no sofá, cobrindo-se. Eu, como bom paspalho, apenas fiquei encarando, fascinado com seus movimentos despreocupados. Enquanto meu mundo desabava ao meu redor, ela estava lá, normal, sem preocupações.
– . – despertei dos devaneios, olhando-a mais atento. – Sabe, uma das coisas que mais me irrita neste relacionamento é que eu não tenho muitas... certezas. Não sei o que você pensa ou sente sobre mim, não sei onde isso vai me levar, não sei porque eu te amo. – ela suspirou com as últimas palavras – mas eu tenho certeza que, apesar de ser tudo o que eu quero, ficarmos juntos não vai fazer bem para você. Pode ser que agora, sobre o choque que você teve, você ache que isso é o certo, mas eu sei que não. Você não nasceu para ficar amarrado a alguém. Não seria bom para nós dois.
Eu queria. Eu queria ficar com ela. Ela pareceu enxergar isso no meu olhar. Sorriu meiga e aconchegou-se no meu peitoral, certa de que eu não iria rejeitá-la. Tirei o lençol branco de seu corpo, e puxei-a para ficar entre minhas pernas, com as costas encostadas na minha barriga. Meus braços passaram pela sua cintura. Ficamos assim, até que ela falou, de repente.
– Eu quero ficar com você. – a olhei com uma sobrancelha levantada devido à contrariedade da conversa, mesmo sabendo que, do jeito que ela estava, deitada desajeitadamente na minha frente com meu queixo apoiado no topo da sua cabeça, não iria ver minha expressão – tenho algo a propor para você.
Não respondi. Na verdade, estava com medo. Era como minha própria personalidade fosse um campo minado para mim mesmo. Como se eu não soubesse quem eu era, do que eu era capaz. Tinha me perdido ao longo da minha vida, deixado me levar por influências quaisquer. As pessoas ao meu redor sabiam mais sobre mim – e muitas me repudiavam por isso – do que eu mesmo.
– Nós ficamos juntos, exclusivamente. Mas, assim que você não quiser, você pode me "trair". Ok, não me trair, mas no momento que você ficar com outra, eu saberei que você não me quer assim, desse jeito que você está falando. E aí será definitivo. – E se eu não trair?
– Bom, se passar um tempo e nós vermos que dará certo, a gente oficializa, com um namoro, assim, como manda o padrão.
Sorri largo, e expressei uma idéia que estava na minha cabeça:
– Vai dormir. Amanhã eu vou te levar para um lugar... especial.
Girl's P.O.V
Os primeiros raios de sol da manhã entraram como flechas no meu quarto, acordando-me de um sono leve e sem preocupações. Virei-me e ali encontrei a coisa mais linda que eu provavelmente veria por todo o fim de semana. Sorri de lado: estava ali, deitado com o braço esquerdo em baixo da sua cabeça – o que tensionava seus músculos de um modo delicioso -, a boca aberta com resquícios de um ronco baixo. Mordi meu lábio inferior, rindo baixo. Para qualquer pessoa aquela cena seria estranha, até um pouco nojenta, mas na minha cabeça tudo era o mais lindo possível. Meu homem. O pronome lindamente possessivo soava como música aos meus ouvidos. Eu sabia que ele não era meu. Não do jeito que as regras e parâmetros mandavam. Mas do nosso jeito. E sim, eu poderia não estar plenamente feliz sem a certeza de que ele realmente gosta de mim, que ele quer que eu seja só dele – e ele só meu. Mas saber que tinha voltado para mim, por mim, por que me queria, fazia meu pobre coraçãozinho iludido dar pulos dentro do meu peito, quase saltando do mesmo, querendo ir para quem ele realmente pertencia: .
Arrastei-me preguiçosamente para perto dele, saindo de baixo do lençol e entrando no dele, enroscando meu corpo no seu que, desfalecido, não retribuía com nenhuma reação. Começei a beijar seu rosto, e dentro de poucos segundos já o vi piscar lentamente, com um sorriso torto engraçado, uma mistura de bobo com sonolento. Ele encostou os lábios nos meus, mas sem movê-los.
– Bom dia, preguiçoso – falei ainda encostada nele, dando uma entonação mais forte na última palavra.
– Oh, . Você acaba comigo durante a madrugada inteira e ainda reclama, senhorita? – ele falou rindo fraco.
– Então tá, da próxima vez eu tento aliviar um pouco o seu amiguinho.
Foi só eu pronunciar essas palavras que ele se virou, fazendo-me duvidar do seu estado de privação de sono e postou-se sobre mim, com as mãos segurando meus braços, o tronco levantado, aliviando seu peso. Abriu um sorriso imenso e me olhou, fazendo o sangue fugir da minha barriga, provocando as famosas borboletas. Ele começou a beijar meus seios, subindo pelo colo e pescoço até chegar aos meus lábios, roçando-os, chupando-os.
– Você nunca vai precisar "aliviar" para mim, ouviu?
Sorri abertamente, fazendo força para livrar meus braços e o puxei, fazendo todo o seu peso cair sem dó sobre mim. Passei uma perna por volta da sua cintura e encostei nossas testas, fechando os olhos. Tudo era perfeito ali com ele.
– Eu nunca vou desistir de você.
Ele me olhou, com os olhos tristes, me repreendendo. Não me importei. Eu sabia das tendências autodestrutivas dele, da mania de achar que não era o suficiente para ninguém, que era errado alguém ficar do jeito que eu estava por ele. Eu não estava nem aí.
– Eu... vou te levar para um lugar hoje, lembra? – ele disse, levantando de cima de mim e vestindo-se.
– Aham. Para onde? – sentei na borda da cama,
– Surpresa, gatinha – ele se virou, só de boxers, e sorriu, cruzando os braços. Levantei, vestindo somente uma lingerie preta de renda. Ele olhou meu corpo com a boca entreaberta, fazendo-me sentir um furor pervertido dentro de mim – Por que você não toma um banho? São 9 horas, umas 12 a gente chega lá.
– Eu tomo banho... – colei meu corpo no dele e coloquei as mãos em seus ombros, fazendo as dele agarrarem a minha cintura com força – se você vier comigo.
– Você não cansa não? – ele me olhou rindo.
– Não foi o senhor que falou para eu não aliviar?
– Que tal comer primeiro, espertinha?
– Se você arranjar uns morangos e chocolates, eu topo – falei, ficando na ponta do pé para morder o lábio dele. Ele riu alto e me pegou no colo.
– Tem alguém mais maliciosa que você, ?
Acordei com as costas doendo, devido à posição. Olhei para o lado, e cantarolava ao som de The Killers, um dos meus CDs que ele roubou para a viagem fora de hora. Enquanto eu tinha a minha mala com as minhas fultilidades femininas e todo o tipo de roupa – visto que eu não sabia para onde estávamos indo -, tudo que ele tinha era uma ou duas peças que estavam no carro. Não entendi o por quê de ele não querer ir para casa, mas não discuti.
Ele agora dirigia entre estradas sinuosas dentro de uma cidade antiga e pequena, cantando o mais alto que podia, rindo do nada.
– Onde a gente está? – eu apenas lembrava de estármos atravessando o Canal da Mancha, do meu medo natural por estar naquele trem com quilômetros de água acima da minha cabeça, de chegarmos na estação da França e do alugar um new beetle preto.
– França, baby. – ele falou fazendo um biquinho exagerado, mandando-me um beijo – daqui a uns 15 minutos a gente chega.
Saímos da pequena cidade com traços feudais e entramos em uma estrada pequena de terra, onde plantações de flores e outras plantas atingia o horizonte. Logo depois chegamos a uma fazenda de rosas, onde um mar daquelas se estendia por uma planíce. Lá tinha quatro tipos de rosas: brancas, rosas, vermelhas e amarelas, quatro longas faixas. Além do portão rústico da entrada havia uma estrada de barro, e no seu fim, longe dali: uma casa revestida de pedra com dois andares. Era grande se comparada às outras nas fazendas ali perto, mas ainda assim pequena. Do lado esquerdo, as rosas brancas e vermelhas contrapunham-se, formando uma paisagem linda. Do lado direito, uma planíce amarela e rosa. sorria largo ao meu lado. Me olhou misterioso, saiu do carro, abriu o portão e entrou no lugar, sem se preocupar em fechar o portão. Ao chegarmos na casa, ele estacionou o carro e deu a volta no mesmo, abrindo a porta para mim. Eu nunca o tinha visto tão feliz.
Bateu na porta, e uns 3 minutos depois um senhor abriu. Apesar dos seus anos – suspeitava que fossem uns 70 – ele tinha a coluna reta, mas andava com um pouco de dificuldade. Era magro, forte para alguém da sua idade, e algumas rugas tomavam conta do seu rosto. Usava uma blusa vermelha de flanela com alguns rasgões, uma calça jeans folgada e botas rurais. Possuía um olhar forte, que pareciam tirar um raio-x da sua alma enquanto te olhava. Eles se dirigiram para mim, e eu vi a confusão neles. Depois foram para baixo, mais precisamente para a mão de , cujos dedos estavam entrelaçados nos meus. Confesso que me senti um pouco incomodada, e tentei tirar minha mão, mas a apertou com um pouco de força, passando o polegar nas costas da minha mão. A confusão do senhor ficou mais clara ainda, e riu baixinho.
– Boa tarde, Julio. Essa é a . A gente veio para uma visita fora de hora, desculpa por não ter avisado.
– Nada não, senhor. Você é que manda nisso tudo aqui. Estou de saída já...
– Não precisa não. Nós estamos indo para a plantação. – entramos na casa, e ainda tinha o sorriso discreto no rosto.
Ele me guiou por dentro da mesma. Tudo era muito simples dentro da casa, poucos móveis não eram de madeira. A mobília da sala se resumia a dois sofás, uma mesa de centro com uns livros de aparência velha e uma rosa em cima, uma estante pequena com uma televisão também pequena. me levou por cima das escadas, onde havia um corredor com três portas, e entramos na última. Era um quarto relativamente grande: uma cama de madeira, guarda roupa, uma mesa encostada na parede com várias coisas jogadas. Joguei minha pequena mala de qualquer jeito lá e abri. Descartei de vez as roupas mais pesadas, já que na França, diferentemente de Londres, o fim de semana trazia sol. Peguei um vestido curto e solto e já ia indo para o banheiro, quando deparei com em pé, me olhando. Fui até ele e dei um selinho rápido nos seus lábios.
– Eu vou colocar as coisas em dia com o Julio, enquanto você toma banho – ele falou encostado no meu corpo, e saiu após um longo beijo. Guardei os questionamentos para depois, estava muito cansada para isso.
Após sair do banheiro, com o cabelo em um coque qualquer e a toalha em mãos, eu percebi que tudo naquela casa remetia a . O cheiro deixado nos cômodos, o jeito simples, mas imponente, tudo. Sorri de lado. Mesmo não sabendo onde estava, porque aquilo tudo, algo naquele lugar me acalmava. Me joguei na cama, espalhando travesseiros para os lados e fiquei ali, quieta, durante uns 10 minutos.
Ouvi a porta bater, então, e uma coisa passar correndo. Logo algo caiu na cama e eu escorreguei para o lado, quase caindo, só que uma mão segurou-me. . Olhei para ele fingindo chateação, mas logo rimos juntos. Deitei a cabeça no seu peitoral, sentindo-o alisar meus cabelos.
– Então...
– Quer que eu te explique, né? – ele riu – bem, logo que eu vi que a banda iria render, que me daria dinheiro, eu investi nessa plantação. É uma das maiores da França, o ex-dono morreu e os filhos iriam vender, então eu comprei. Eu ganho um bom dinheiro exportando as rosas, e além do mais, é um bom lugar para, sabe, pensar... O Julio cuida disso tudo, contrata os homens para trabalhar aqui na época de plantio, colheita... E a mulher dele, Amber, cuida da casa. Praticamente tudo daqui são eles que fazem.
– Esse lugar é... lindo.
– É. Eu nunca trouxe ninguém aqui. Os caras sabem que eu tenho uma fazenda, mas nunca vieram aqui. Por isso que o Julio fez aquela cara quando te viu. – nós rimos, e eu dei um beijo no seu peitoral, coberto pela camisa xadrez.
– Vamos na plantação? – eu o olhei confusa, o céu já estava azul marinho, quase de noite.
– Vamos jantar lá – ele falou com um sorriso maroto.
Eu já estava quase recusando. Só nós dois, no meio do nada (ou melhor, de um monte de flor), no escuro... Mas aceitei. havia me levado ali, e isso significava muito para mim. E para ele. Não ia desanimá-lo rejeitando a oferta.
– Vamos – olhei para ele, e sorri de lado.
– Ótimo, eu já preparei tudo. – ele deu um risinho e levantou, puxando-me pela mão. Eu peguei um casaco, coloquei uma sandália, e continuou com a camisa xadrez e a calça jeans. Ele foi na cozinha, pegou uma cesta e uma toalha roxa e grande meio acolchoada, que parecia mais uma mistura de edredon com um colchão. Fomos para fora da casa, e me puxou para trás da mesma. Percebi que lá tinha uma casa menor, de madeira, que ficava escondida pela casa principal. Deduzi que o Julio e a Amber moravam lá. Tinha uma chaminé no topo da casa, de onde saíam resquícios de uma fumaça. deixou a cesta e o lençol-edredon-colchão comigo e foi lá, bateu na porta. Julio saiu, e ele apontou para mim, que assistia tudo de longe. Corei um pouco, mas continuei vendo o que ele fazia. Julio deu um sorriso, e tirou algo do bolso, colocando nas suas mãos. Depois veio caminhando, com um sorriso pequeno nos lábios.
– Fiz um casal feliz. Dei um dinheiro e a chave do carro para eles irem jantar fora – levantei uma sobrancelha e ele chegou perto de mim, mordendo meu lábio e sussurando: – a fazenda toda só para a gente.
Sorri de lado, um pouco maliciosa, e fomos andando pela esquerda da casa, por dentro das flores vermelhas. Ouvimos o barulho do carro saindo, e continuamos andando, até que mandou pararmos. Era um lugar onde as flores eram mais espessas e altas, com caules com mais de meio metro. Era exatamente na fronteira entre as flores vermelhas e brancas, e ali havia uma espécie de quadrado sem flores, com menos de dois metros de largura, como uma clareira. estendeu a toalha lá, e tirou dois pratos, dois copos, um vinho e uma espécie de panela de dentro da cesta. Nós tiramos os sapatos e sentamos, eu de frente para ele. Era realmente confortável, como um colchão mais maleável. Ele serviu o vinho, e um macarrão com um molho especial que a Amber havia feito. Comemos, rindo e brincando, e quando acabamos, ele guardou a comida e ficamos apenas bebericando o vinho. Ainda sentada, estiquei meu tronco para perto dele, com uma mão apoiando meu corpo no chão e a outra segurando a taça. sorriu, encostando o nariz no meu, me olhando.
– Estou tão feliz, . – sorri, contradizendo toda a confusão que havia dentro de mim. Eu sabia que ele não gostava de mim. Não gostava. Mas porque ele ficava insistindo em falar aquilo? Ele sabia que eu era dele, que eu não iria deixá-lo por pior que sejam as palavras e atos dele. Eu já estava em um ponto sem retorno: já pertencia de corpo e alma a – nunca trouxe ninguém aqui, você sabe. É um lugar especial, e nunca achei ninguém especial o bastante para vir aqui.
Minha vontade era gritar, perguntar por quê ele fazia aquilo, mas eu era submissa demais às vontades dele para reinvidicar, reclamar. Antes que eu pudesse notar, já tirava a taça da minha mão, jogando-a no chão de qualquer jeito, derramando vinho na grama. Colocou a mão na minha nuca, olhando para mim com um sorriso bobo, e botou a outra mão na minha cintura, puxando meu corpo para perto do dele. Ainda sentada, eu me arrumei, ficando de joelhos, e roçei meus lábios nos dele. A mão de escorregou pelas minhas costas, parando no meio das mesmas e puxando-me para mais perto. Sentei no seu colo, colocando as duas mãos no seu rosto, ainda o beijando. Ele sorriu entre o beijo meio desajeitado, colocou uma mão no meu quadril e a outra no meio das minhas costas, me puxando tão forte contra si que parecia que ele queria fundir nossos corpos em um só.
Ele me deixava de um jeito que nem eu mesma saberia explicar, algo que eu nunca senti e nunca ouvira ninguém relatar: não era o arrepio entre as pernas dos romances sórdidos que eu lia quando adolescente; tampouco o famoso "contentamento descontente" no coração e na mente que eu ouvi muito falar, em livros, filmes, músicas... Era melhor, era uma combinação extraordinária dos dois, algo que me fazia desmoronar, cair com uma simples palavra daquele que agora tinha o seu corpo colado no meu. Meu coração doía um pouco no peito, mas era uma dor gostosa de tão dolorosa. As mãos dele passaram lentamente pelos meus braços, tão macias que eu quase não percebi que ele abaixava as alças do vestido.
Tirei as minhas do seu rosto e as coloquei na barra da sua camisa, levantando-a um pouco. parou de beijar-me, sorrindo de lado para mim e direcionando seu rosto ao meu pescoço. Ele deu várias mordidas ali, fazendo-me arrepiar, puxando seus cabelos com força. Fechei meus olhos e mordi minha boca. era uma das únicas pessoas que sabia do meu ponto fraco no pescoço. Aquilo foi o suficiente para me "acender". Passei minhas mãos novamente para a sua camisa, desta vez a levantando com urgência. Ele percebeu o meu desespero e parou de me beijar, rindo. Estranhei ele não se movimentar enquanto eu tirava sua blusa, e passava as unhas pelas suas costas, chegando na calça. Aliás, ele apenas se mexeu para me ajudar a tirar a mesma, levantando apenas a bunda do chão em um movimento estranho, para que eu não saísse do seu colo. Voltei a sentar, agora com o vestido na altura da minha cintura, e ele se ocupava em abaixar dessa vez a alça do sutiã vermelho, em uma velocidade insuportávelmente lenta. Começei a rebolar em seu colo, com nossas intimidades ainda cobertas, para ver se ele ia um pouco mais rápido, pois eu já não aguentava mais. Percebi que ele ficou um pouco mais "duro", mas mesmo assim, não se apressou.
Partiu o nosso beijo e se concentrou em tirar de vez o sutiã, me encarando malicioso. Tirou-o e jogou na grama, colocando uma mão em cima do direito, e meio que se levantou, tirando-me do seu colo, me deitando no colchão. Ele começou a lamber e chupar meus seios, ficando por cima de mim, enquanto suas mãos se ocupavam com a minha calcinha. Tão logo como ele me deitou começou a fazer o seu "trabalho", ele parou, descendo os beijos por todo o meu tronco, até chegar no meu sexo. Olhou para mim, e riu ao ver que eu já estava quase perdendo o fôlego só de imaginar o que ele faria ali.
ter saído de cima de mim, de algum modo, me fez reparar melhor no local. O céu tinha algumas nuvens, em um contraste não muito nítido de preto e cinza. Na parte periférica do meu olhar havia as hastes das rosas, se erguendo um pouco mais acima que a média das outras do local, o que nos escondia inultilmente, já que ali era como um deserto. Mas, não importava. Porque era ali, passando as mãos na lateral do meu corpo, abaixando o vestido. Era ele. Com ele não importava se eu estava no meio de uma praça pública em um domingo ou em um local sem muitos vestígios humanos. Era insanidade. Quando eu estava longe, não queria, ficava com raiva da nossa situação. Mas quando ele se aproximava, outra pessoa, outro espírito tomava lugar do meu corpo. Totalmente insano.
Insano como agora, o grito que eu dei com sua língua me surpreendendo, pressionada fortemente contra o meu clitóris. Mordi meu lábio inferior sem pensar, o que gerou uma leve dor. Ou era forte, não senti direito devido ao prazer. Ele me olhava, malicioso. Seus lábios e língua percorrendo toda a minha vulva. As mãos dele pressionavam minhas coxas, e creio que somente aquilo as fazia continuarem no chão. Os movimentos da língua e da boca dele me deixavam louca, eu estava quase puxando sua cabeça com as mãos, de encontro com a minha intimidade. Ao sentir minha barriga contrair um pouco mais forte, ele parou, me deixando quase no orgasmo. Sorriu malvado, e levantou o rosto. Colocou um braço ao meu lado, para equilibrar seu peso em mim, e ficou por cima, passando os lábios um pouco inchados nos meus e a outra mão no meu cabelo.
Mordi seu lábio, sorrindo de lado, meio maliciosa, com a boca ainda encostada na dele. Mesmo com os olhos fechados, ele pôde sentir, e eu percebi tal fato pelo sorriso cúmplice por ele. Dei uns tapinhas no seu peitoral, fazendo-o virar-se, deixando-me por cima. De quatro em cima do seu corpo, abaixei meu rosto para passar os lábios pelos seus. Fui engatinhando meio que de ré, até chegar no seu membro. Coloquei os cotovelos no chão, olhando para cima, vendo-o olhar para mim mais malicioso ainda. Com a boca, abaixei sua boxer branca, até tirá-la por completo. Sorri de lado e peguei no seu pênis. Começei "torturando-o", fazendo movimentos superficiais para cima e para baixo, quase sem encostar minha mão por completo nele. Eu vía a barriga de se contraindo, mas não por prazer, por agonia. Dei uma risada baixa, mas o suficiente para que ele me ouvisse.
– Ei, – chamei, com uma voz meio seca, até um pouco fria.
Ele me olhou confuso, visto que eu parei com os movimentos. Sorri de lado, sem os dentes, e ainda o olhando com uma sobrancelha levantada coloquei a língua para fora, descendo-a do lado do membro dele, mas sem tocá-lo. Ele já estava um pouco descontrolado, e eu coloquei a língua para dento, com meu rosto junto à base do seu pênis, rindo dessa vez um pouco mais alto e sarcástico. Ele me olhou com as sobrancelhas franzidas, e eu percebi que ele só não protestava verbalmente para não correr o risco de eu parar de vez. Ah, mas eu não ia. Não mesmo. Aquilo era minha "vingança" pessoal. Uma vingança bem besta e prazerosa, diga-se de passagem. Mas não importava. Finalmene coloquei a língua na base do seu membro, e fui subindo-a lentamente, fazendo com que toda a sua superfície tocasse nele. soltou um grunhido quando eu subi por completo, encostando minha língua e meu lábio superior na sua glande com um pouco de força. Coloquei a boca inteira nele, fazendo movimentos com a língua e o masturbava ao tirar a boca, e fiquei nesse joguinho até perceber que o suor que escorria do seu corpo estava meio que em excesso.
Subi de volta para o seu rosto, e ele sorria. Sentou-se, puxando-me para o seu colo. Fiquei suspensa nele, enquanto arrumava seu membro na minha entrada. Coloquei os braços em volta do seu pescoço e fui descendo lentamente, até sentí-lo por inteiro dentro de mim. colocou uma mão na minha cintura, apertando e guiando meus movimentos, e a outra repousava sobre meu rosto, enquanto trocávamos beijos confusos que eram interrompidos por vezes para darmos gemidos e suspiros. Eu mordia e chupava seu lábio com força, e quando os movimentos ficaram mais frenéticos, ele passou a mão do meu rosto para o meu cabelo, juntando-o em um chumaço desorganizado e puxando minha cabeça, fazendo meu pescoço ficar exposto para ele começar a lamber, sugar e morder o meu pescoço. A outra foi para o meu clitóris, onde ele fazia movimentos circulares com um pouco de dificuldade devido ao meu movimento. Ficamos alguns minutos assim, e logo nos derramamos em prazer, desfalecendo no lençol.
Ficamos em silêncio, apenas ouvindo o farfalhar das rosas ao vento, o canto de alguns pássaros noturnos, nossas respirações ofegantes. Meus olhos estavam fechados, aproveitando o momento e as últimas borboletas no meu estômago. De repente senti algo na minha bochecha. Abri os olhos e virei o rosto. Ele estava ali, deitado com um sorriso pequeno, mas ainda assim magnífico, no rosto. Seu rosto, assim como o meu, estava virado. Uma mão em cima da sua barriga, e a outra – a mais próxima de mim – com uma rosa na mão. Era uma rosa diferente de todas as que estavam ali. Era roxa, de um roxo forte, aceso. Enruguei a sobrancelha e passei a mão na rosa, sentindo-a úmida. Então compreendi: o vinho que tínhamos derramado mais cedo molhou a rosa, que estava caída, a deixando deste jeito. Sorri, o olhando. Peguei a rosa na mão e virei-me de lado, colocando a cabeça no seu ombro, olhando para ele de baixo. Me estiquei um pouco para dar um beijo no seu queixo, e ele sorriu. Meu coração deu mais pulos com toda aquela cena.
Mal eu sabia que a alegria duraria pouco.
– , olha para mim – não olhei. – , por favor. Deixa eu me explicar.
Ela colocou a ponta dos dedos no meu queixo e levantou-o. Sorriu-me complacente.
– Hey, calma. – franzi minhas sobrancelhas, e ela riu. Balancei meu rosto, e ela percebeu o que eu queria, tirando a mão do mesmo. Saiu de dentro do edredon que eu estava, levantou-se, ainda nua, pegou o lençol e voltou a sentar no sofá, cobrindo-se. Eu, como bom paspalho, apenas fiquei encarando, fascinado com seus movimentos despreocupados. Enquanto meu mundo desabava ao meu redor, ela estava lá, normal, sem preocupações.
– . – despertei dos devaneios, olhando-a mais atento. – Sabe, uma das coisas que mais me irrita neste relacionamento é que eu não tenho muitas... certezas. Não sei o que você pensa ou sente sobre mim, não sei onde isso vai me levar, não sei porque eu te amo. – ela suspirou com as últimas palavras – mas eu tenho certeza que, apesar de ser tudo o que eu quero, ficarmos juntos não vai fazer bem para você. Pode ser que agora, sobre o choque que você teve, você ache que isso é o certo, mas eu sei que não. Você não nasceu para ficar amarrado a alguém. Não seria bom para nós dois.
Eu queria. Eu queria ficar com ela. Ela pareceu enxergar isso no meu olhar. Sorriu meiga e aconchegou-se no meu peitoral, certa de que eu não iria rejeitá-la. Tirei o lençol branco de seu corpo, e puxei-a para ficar entre minhas pernas, com as costas encostadas na minha barriga. Meus braços passaram pela sua cintura. Ficamos assim, até que ela falou, de repente.
– Eu quero ficar com você. – a olhei com uma sobrancelha levantada devido à contrariedade da conversa, mesmo sabendo que, do jeito que ela estava, deitada desajeitadamente na minha frente com meu queixo apoiado no topo da sua cabeça, não iria ver minha expressão – tenho algo a propor para você.
Não respondi. Na verdade, estava com medo. Era como minha própria personalidade fosse um campo minado para mim mesmo. Como se eu não soubesse quem eu era, do que eu era capaz. Tinha me perdido ao longo da minha vida, deixado me levar por influências quaisquer. As pessoas ao meu redor sabiam mais sobre mim – e muitas me repudiavam por isso – do que eu mesmo.
– Nós ficamos juntos, exclusivamente. Mas, assim que você não quiser, você pode me "trair". Ok, não me trair, mas no momento que você ficar com outra, eu saberei que você não me quer assim, desse jeito que você está falando. E aí será definitivo. – E se eu não trair?
– Bom, se passar um tempo e nós vermos que dará certo, a gente oficializa, com um namoro, assim, como manda o padrão.
Sorri largo, e expressei uma idéia que estava na minha cabeça:
– Vai dormir. Amanhã eu vou te levar para um lugar... especial.
Os primeiros raios de sol da manhã entraram como flechas no meu quarto, acordando-me de um sono leve e sem preocupações. Virei-me e ali encontrei a coisa mais linda que eu provavelmente veria por todo o fim de semana. Sorri de lado: estava ali, deitado com o braço esquerdo em baixo da sua cabeça – o que tensionava seus músculos de um modo delicioso -, a boca aberta com resquícios de um ronco baixo. Mordi meu lábio inferior, rindo baixo. Para qualquer pessoa aquela cena seria estranha, até um pouco nojenta, mas na minha cabeça tudo era o mais lindo possível. Meu homem. O pronome lindamente possessivo soava como música aos meus ouvidos. Eu sabia que ele não era meu. Não do jeito que as regras e parâmetros mandavam. Mas do nosso jeito. E sim, eu poderia não estar plenamente feliz sem a certeza de que ele realmente gosta de mim, que ele quer que eu seja só dele – e ele só meu. Mas saber que tinha voltado para mim, por mim, por que me queria, fazia meu pobre coraçãozinho iludido dar pulos dentro do meu peito, quase saltando do mesmo, querendo ir para quem ele realmente pertencia: .
Arrastei-me preguiçosamente para perto dele, saindo de baixo do lençol e entrando no dele, enroscando meu corpo no seu que, desfalecido, não retribuía com nenhuma reação. Começei a beijar seu rosto, e dentro de poucos segundos já o vi piscar lentamente, com um sorriso torto engraçado, uma mistura de bobo com sonolento. Ele encostou os lábios nos meus, mas sem movê-los.
– Bom dia, preguiçoso – falei ainda encostada nele, dando uma entonação mais forte na última palavra.
– Oh, . Você acaba comigo durante a madrugada inteira e ainda reclama, senhorita? – ele falou rindo fraco.
– Então tá, da próxima vez eu tento aliviar um pouco o seu amiguinho.
Foi só eu pronunciar essas palavras que ele se virou, fazendo-me duvidar do seu estado de privação de sono e postou-se sobre mim, com as mãos segurando meus braços, o tronco levantado, aliviando seu peso. Abriu um sorriso imenso e me olhou, fazendo o sangue fugir da minha barriga, provocando as famosas borboletas. Ele começou a beijar meus seios, subindo pelo colo e pescoço até chegar aos meus lábios, roçando-os, chupando-os.
– Você nunca vai precisar "aliviar" para mim, ouviu?
Sorri abertamente, fazendo força para livrar meus braços e o puxei, fazendo todo o seu peso cair sem dó sobre mim. Passei uma perna por volta da sua cintura e encostei nossas testas, fechando os olhos. Tudo era perfeito ali com ele.
– Eu nunca vou desistir de você.
Ele me olhou, com os olhos tristes, me repreendendo. Não me importei. Eu sabia das tendências autodestrutivas dele, da mania de achar que não era o suficiente para ninguém, que era errado alguém ficar do jeito que eu estava por ele. Eu não estava nem aí.
– Eu... vou te levar para um lugar hoje, lembra? – ele disse, levantando de cima de mim e vestindo-se.
– Aham. Para onde? – sentei na borda da cama,
– Surpresa, gatinha – ele se virou, só de boxers, e sorriu, cruzando os braços. Levantei, vestindo somente uma lingerie preta de renda. Ele olhou meu corpo com a boca entreaberta, fazendo-me sentir um furor pervertido dentro de mim – Por que você não toma um banho? São 9 horas, umas 12 a gente chega lá.
– Eu tomo banho... – colei meu corpo no dele e coloquei as mãos em seus ombros, fazendo as dele agarrarem a minha cintura com força – se você vier comigo.
– Você não cansa não? – ele me olhou rindo.
– Não foi o senhor que falou para eu não aliviar?
– Que tal comer primeiro, espertinha?
– Se você arranjar uns morangos e chocolates, eu topo – falei, ficando na ponta do pé para morder o lábio dele. Ele riu alto e me pegou no colo.
– Tem alguém mais maliciosa que você, ?
Acordei com as costas doendo, devido à posição. Olhei para o lado, e cantarolava ao som de The Killers, um dos meus CDs que ele roubou para a viagem fora de hora. Enquanto eu tinha a minha mala com as minhas fultilidades femininas e todo o tipo de roupa – visto que eu não sabia para onde estávamos indo -, tudo que ele tinha era uma ou duas peças que estavam no carro. Não entendi o por quê de ele não querer ir para casa, mas não discuti.
Ele agora dirigia entre estradas sinuosas dentro de uma cidade antiga e pequena, cantando o mais alto que podia, rindo do nada.
– Onde a gente está? – eu apenas lembrava de estármos atravessando o Canal da Mancha, do meu medo natural por estar naquele trem com quilômetros de água acima da minha cabeça, de chegarmos na estação da França e do alugar um new beetle preto.
– França, baby. – ele falou fazendo um biquinho exagerado, mandando-me um beijo – daqui a uns 15 minutos a gente chega.
Saímos da pequena cidade com traços feudais e entramos em uma estrada pequena de terra, onde plantações de flores e outras plantas atingia o horizonte. Logo depois chegamos a uma fazenda de rosas, onde um mar daquelas se estendia por uma planíce. Lá tinha quatro tipos de rosas: brancas, rosas, vermelhas e amarelas, quatro longas faixas. Além do portão rústico da entrada havia uma estrada de barro, e no seu fim, longe dali: uma casa revestida de pedra com dois andares. Era grande se comparada às outras nas fazendas ali perto, mas ainda assim pequena. Do lado esquerdo, as rosas brancas e vermelhas contrapunham-se, formando uma paisagem linda. Do lado direito, uma planíce amarela e rosa. sorria largo ao meu lado. Me olhou misterioso, saiu do carro, abriu o portão e entrou no lugar, sem se preocupar em fechar o portão. Ao chegarmos na casa, ele estacionou o carro e deu a volta no mesmo, abrindo a porta para mim. Eu nunca o tinha visto tão feliz.
Bateu na porta, e uns 3 minutos depois um senhor abriu. Apesar dos seus anos – suspeitava que fossem uns 70 – ele tinha a coluna reta, mas andava com um pouco de dificuldade. Era magro, forte para alguém da sua idade, e algumas rugas tomavam conta do seu rosto. Usava uma blusa vermelha de flanela com alguns rasgões, uma calça jeans folgada e botas rurais. Possuía um olhar forte, que pareciam tirar um raio-x da sua alma enquanto te olhava. Eles se dirigiram para mim, e eu vi a confusão neles. Depois foram para baixo, mais precisamente para a mão de , cujos dedos estavam entrelaçados nos meus. Confesso que me senti um pouco incomodada, e tentei tirar minha mão, mas a apertou com um pouco de força, passando o polegar nas costas da minha mão. A confusão do senhor ficou mais clara ainda, e riu baixinho.
– Boa tarde, Julio. Essa é a . A gente veio para uma visita fora de hora, desculpa por não ter avisado.
– Nada não, senhor. Você é que manda nisso tudo aqui. Estou de saída já...
– Não precisa não. Nós estamos indo para a plantação. – entramos na casa, e ainda tinha o sorriso discreto no rosto.
Ele me guiou por dentro da mesma. Tudo era muito simples dentro da casa, poucos móveis não eram de madeira. A mobília da sala se resumia a dois sofás, uma mesa de centro com uns livros de aparência velha e uma rosa em cima, uma estante pequena com uma televisão também pequena. me levou por cima das escadas, onde havia um corredor com três portas, e entramos na última. Era um quarto relativamente grande: uma cama de madeira, guarda roupa, uma mesa encostada na parede com várias coisas jogadas. Joguei minha pequena mala de qualquer jeito lá e abri. Descartei de vez as roupas mais pesadas, já que na França, diferentemente de Londres, o fim de semana trazia sol. Peguei um vestido curto e solto e já ia indo para o banheiro, quando deparei com em pé, me olhando. Fui até ele e dei um selinho rápido nos seus lábios.
– Eu vou colocar as coisas em dia com o Julio, enquanto você toma banho – ele falou encostado no meu corpo, e saiu após um longo beijo. Guardei os questionamentos para depois, estava muito cansada para isso.
Após sair do banheiro, com o cabelo em um coque qualquer e a toalha em mãos, eu percebi que tudo naquela casa remetia a . O cheiro deixado nos cômodos, o jeito simples, mas imponente, tudo. Sorri de lado. Mesmo não sabendo onde estava, porque aquilo tudo, algo naquele lugar me acalmava. Me joguei na cama, espalhando travesseiros para os lados e fiquei ali, quieta, durante uns 10 minutos.
Ouvi a porta bater, então, e uma coisa passar correndo. Logo algo caiu na cama e eu escorreguei para o lado, quase caindo, só que uma mão segurou-me. . Olhei para ele fingindo chateação, mas logo rimos juntos. Deitei a cabeça no seu peitoral, sentindo-o alisar meus cabelos.
– Então...
– Quer que eu te explique, né? – ele riu – bem, logo que eu vi que a banda iria render, que me daria dinheiro, eu investi nessa plantação. É uma das maiores da França, o ex-dono morreu e os filhos iriam vender, então eu comprei. Eu ganho um bom dinheiro exportando as rosas, e além do mais, é um bom lugar para, sabe, pensar... O Julio cuida disso tudo, contrata os homens para trabalhar aqui na época de plantio, colheita... E a mulher dele, Amber, cuida da casa. Praticamente tudo daqui são eles que fazem.
– Esse lugar é... lindo.
– É. Eu nunca trouxe ninguém aqui. Os caras sabem que eu tenho uma fazenda, mas nunca vieram aqui. Por isso que o Julio fez aquela cara quando te viu. – nós rimos, e eu dei um beijo no seu peitoral, coberto pela camisa xadrez.
– Vamos na plantação? – eu o olhei confusa, o céu já estava azul marinho, quase de noite.
– Vamos jantar lá – ele falou com um sorriso maroto.
Eu já estava quase recusando. Só nós dois, no meio do nada (ou melhor, de um monte de flor), no escuro... Mas aceitei. havia me levado ali, e isso significava muito para mim. E para ele. Não ia desanimá-lo rejeitando a oferta.
– Vamos – olhei para ele, e sorri de lado.
– Ótimo, eu já preparei tudo. – ele deu um risinho e levantou, puxando-me pela mão. Eu peguei um casaco, coloquei uma sandália, e continuou com a camisa xadrez e a calça jeans. Ele foi na cozinha, pegou uma cesta e uma toalha roxa e grande meio acolchoada, que parecia mais uma mistura de edredon com um colchão. Fomos para fora da casa, e me puxou para trás da mesma. Percebi que lá tinha uma casa menor, de madeira, que ficava escondida pela casa principal. Deduzi que o Julio e a Amber moravam lá. Tinha uma chaminé no topo da casa, de onde saíam resquícios de uma fumaça. deixou a cesta e o lençol-edredon-colchão comigo e foi lá, bateu na porta. Julio saiu, e ele apontou para mim, que assistia tudo de longe. Corei um pouco, mas continuei vendo o que ele fazia. Julio deu um sorriso, e tirou algo do bolso, colocando nas suas mãos. Depois veio caminhando, com um sorriso pequeno nos lábios.
– Fiz um casal feliz. Dei um dinheiro e a chave do carro para eles irem jantar fora – levantei uma sobrancelha e ele chegou perto de mim, mordendo meu lábio e sussurando: – a fazenda toda só para a gente.
Sorri de lado, um pouco maliciosa, e fomos andando pela esquerda da casa, por dentro das flores vermelhas. Ouvimos o barulho do carro saindo, e continuamos andando, até que mandou pararmos. Era um lugar onde as flores eram mais espessas e altas, com caules com mais de meio metro. Era exatamente na fronteira entre as flores vermelhas e brancas, e ali havia uma espécie de quadrado sem flores, com menos de dois metros de largura, como uma clareira. estendeu a toalha lá, e tirou dois pratos, dois copos, um vinho e uma espécie de panela de dentro da cesta. Nós tiramos os sapatos e sentamos, eu de frente para ele. Era realmente confortável, como um colchão mais maleável. Ele serviu o vinho, e um macarrão com um molho especial que a Amber havia feito. Comemos, rindo e brincando, e quando acabamos, ele guardou a comida e ficamos apenas bebericando o vinho. Ainda sentada, estiquei meu tronco para perto dele, com uma mão apoiando meu corpo no chão e a outra segurando a taça. sorriu, encostando o nariz no meu, me olhando.
– Estou tão feliz, . – sorri, contradizendo toda a confusão que havia dentro de mim. Eu sabia que ele não gostava de mim. Não gostava. Mas porque ele ficava insistindo em falar aquilo? Ele sabia que eu era dele, que eu não iria deixá-lo por pior que sejam as palavras e atos dele. Eu já estava em um ponto sem retorno: já pertencia de corpo e alma a – nunca trouxe ninguém aqui, você sabe. É um lugar especial, e nunca achei ninguém especial o bastante para vir aqui.
Minha vontade era gritar, perguntar por quê ele fazia aquilo, mas eu era submissa demais às vontades dele para reinvidicar, reclamar. Antes que eu pudesse notar, já tirava a taça da minha mão, jogando-a no chão de qualquer jeito, derramando vinho na grama. Colocou a mão na minha nuca, olhando para mim com um sorriso bobo, e botou a outra mão na minha cintura, puxando meu corpo para perto do dele. Ainda sentada, eu me arrumei, ficando de joelhos, e roçei meus lábios nos dele. A mão de escorregou pelas minhas costas, parando no meio das mesmas e puxando-me para mais perto. Sentei no seu colo, colocando as duas mãos no seu rosto, ainda o beijando. Ele sorriu entre o beijo meio desajeitado, colocou uma mão no meu quadril e a outra no meio das minhas costas, me puxando tão forte contra si que parecia que ele queria fundir nossos corpos em um só.
Ele me deixava de um jeito que nem eu mesma saberia explicar, algo que eu nunca senti e nunca ouvira ninguém relatar: não era o arrepio entre as pernas dos romances sórdidos que eu lia quando adolescente; tampouco o famoso "contentamento descontente" no coração e na mente que eu ouvi muito falar, em livros, filmes, músicas... Era melhor, era uma combinação extraordinária dos dois, algo que me fazia desmoronar, cair com uma simples palavra daquele que agora tinha o seu corpo colado no meu. Meu coração doía um pouco no peito, mas era uma dor gostosa de tão dolorosa. As mãos dele passaram lentamente pelos meus braços, tão macias que eu quase não percebi que ele abaixava as alças do vestido.
Tirei as minhas do seu rosto e as coloquei na barra da sua camisa, levantando-a um pouco. parou de beijar-me, sorrindo de lado para mim e direcionando seu rosto ao meu pescoço. Ele deu várias mordidas ali, fazendo-me arrepiar, puxando seus cabelos com força. Fechei meus olhos e mordi minha boca. era uma das únicas pessoas que sabia do meu ponto fraco no pescoço. Aquilo foi o suficiente para me "acender". Passei minhas mãos novamente para a sua camisa, desta vez a levantando com urgência. Ele percebeu o meu desespero e parou de me beijar, rindo. Estranhei ele não se movimentar enquanto eu tirava sua blusa, e passava as unhas pelas suas costas, chegando na calça. Aliás, ele apenas se mexeu para me ajudar a tirar a mesma, levantando apenas a bunda do chão em um movimento estranho, para que eu não saísse do seu colo. Voltei a sentar, agora com o vestido na altura da minha cintura, e ele se ocupava em abaixar dessa vez a alça do sutiã vermelho, em uma velocidade insuportávelmente lenta. Começei a rebolar em seu colo, com nossas intimidades ainda cobertas, para ver se ele ia um pouco mais rápido, pois eu já não aguentava mais. Percebi que ele ficou um pouco mais "duro", mas mesmo assim, não se apressou.
Partiu o nosso beijo e se concentrou em tirar de vez o sutiã, me encarando malicioso. Tirou-o e jogou na grama, colocando uma mão em cima do direito, e meio que se levantou, tirando-me do seu colo, me deitando no colchão. Ele começou a lamber e chupar meus seios, ficando por cima de mim, enquanto suas mãos se ocupavam com a minha calcinha. Tão logo como ele me deitou começou a fazer o seu "trabalho", ele parou, descendo os beijos por todo o meu tronco, até chegar no meu sexo. Olhou para mim, e riu ao ver que eu já estava quase perdendo o fôlego só de imaginar o que ele faria ali.
ter saído de cima de mim, de algum modo, me fez reparar melhor no local. O céu tinha algumas nuvens, em um contraste não muito nítido de preto e cinza. Na parte periférica do meu olhar havia as hastes das rosas, se erguendo um pouco mais acima que a média das outras do local, o que nos escondia inultilmente, já que ali era como um deserto. Mas, não importava. Porque era ali, passando as mãos na lateral do meu corpo, abaixando o vestido. Era ele. Com ele não importava se eu estava no meio de uma praça pública em um domingo ou em um local sem muitos vestígios humanos. Era insanidade. Quando eu estava longe, não queria, ficava com raiva da nossa situação. Mas quando ele se aproximava, outra pessoa, outro espírito tomava lugar do meu corpo. Totalmente insano.
Insano como agora, o grito que eu dei com sua língua me surpreendendo, pressionada fortemente contra o meu clitóris. Mordi meu lábio inferior sem pensar, o que gerou uma leve dor. Ou era forte, não senti direito devido ao prazer. Ele me olhava, malicioso. Seus lábios e língua percorrendo toda a minha vulva. As mãos dele pressionavam minhas coxas, e creio que somente aquilo as fazia continuarem no chão. Os movimentos da língua e da boca dele me deixavam louca, eu estava quase puxando sua cabeça com as mãos, de encontro com a minha intimidade. Ao sentir minha barriga contrair um pouco mais forte, ele parou, me deixando quase no orgasmo. Sorriu malvado, e levantou o rosto. Colocou um braço ao meu lado, para equilibrar seu peso em mim, e ficou por cima, passando os lábios um pouco inchados nos meus e a outra mão no meu cabelo.
Mordi seu lábio, sorrindo de lado, meio maliciosa, com a boca ainda encostada na dele. Mesmo com os olhos fechados, ele pôde sentir, e eu percebi tal fato pelo sorriso cúmplice por ele. Dei uns tapinhas no seu peitoral, fazendo-o virar-se, deixando-me por cima. De quatro em cima do seu corpo, abaixei meu rosto para passar os lábios pelos seus. Fui engatinhando meio que de ré, até chegar no seu membro. Coloquei os cotovelos no chão, olhando para cima, vendo-o olhar para mim mais malicioso ainda. Com a boca, abaixei sua boxer branca, até tirá-la por completo. Sorri de lado e peguei no seu pênis. Começei "torturando-o", fazendo movimentos superficiais para cima e para baixo, quase sem encostar minha mão por completo nele. Eu vía a barriga de se contraindo, mas não por prazer, por agonia. Dei uma risada baixa, mas o suficiente para que ele me ouvisse.
– Ei, – chamei, com uma voz meio seca, até um pouco fria.
Ele me olhou confuso, visto que eu parei com os movimentos. Sorri de lado, sem os dentes, e ainda o olhando com uma sobrancelha levantada coloquei a língua para fora, descendo-a do lado do membro dele, mas sem tocá-lo. Ele já estava um pouco descontrolado, e eu coloquei a língua para dento, com meu rosto junto à base do seu pênis, rindo dessa vez um pouco mais alto e sarcástico. Ele me olhou com as sobrancelhas franzidas, e eu percebi que ele só não protestava verbalmente para não correr o risco de eu parar de vez. Ah, mas eu não ia. Não mesmo. Aquilo era minha "vingança" pessoal. Uma vingança bem besta e prazerosa, diga-se de passagem. Mas não importava. Finalmene coloquei a língua na base do seu membro, e fui subindo-a lentamente, fazendo com que toda a sua superfície tocasse nele. soltou um grunhido quando eu subi por completo, encostando minha língua e meu lábio superior na sua glande com um pouco de força. Coloquei a boca inteira nele, fazendo movimentos com a língua e o masturbava ao tirar a boca, e fiquei nesse joguinho até perceber que o suor que escorria do seu corpo estava meio que em excesso.
Subi de volta para o seu rosto, e ele sorria. Sentou-se, puxando-me para o seu colo. Fiquei suspensa nele, enquanto arrumava seu membro na minha entrada. Coloquei os braços em volta do seu pescoço e fui descendo lentamente, até sentí-lo por inteiro dentro de mim. colocou uma mão na minha cintura, apertando e guiando meus movimentos, e a outra repousava sobre meu rosto, enquanto trocávamos beijos confusos que eram interrompidos por vezes para darmos gemidos e suspiros. Eu mordia e chupava seu lábio com força, e quando os movimentos ficaram mais frenéticos, ele passou a mão do meu rosto para o meu cabelo, juntando-o em um chumaço desorganizado e puxando minha cabeça, fazendo meu pescoço ficar exposto para ele começar a lamber, sugar e morder o meu pescoço. A outra foi para o meu clitóris, onde ele fazia movimentos circulares com um pouco de dificuldade devido ao meu movimento. Ficamos alguns minutos assim, e logo nos derramamos em prazer, desfalecendo no lençol.
Ficamos em silêncio, apenas ouvindo o farfalhar das rosas ao vento, o canto de alguns pássaros noturnos, nossas respirações ofegantes. Meus olhos estavam fechados, aproveitando o momento e as últimas borboletas no meu estômago. De repente senti algo na minha bochecha. Abri os olhos e virei o rosto. Ele estava ali, deitado com um sorriso pequeno, mas ainda assim magnífico, no rosto. Seu rosto, assim como o meu, estava virado. Uma mão em cima da sua barriga, e a outra – a mais próxima de mim – com uma rosa na mão. Era uma rosa diferente de todas as que estavam ali. Era roxa, de um roxo forte, aceso. Enruguei a sobrancelha e passei a mão na rosa, sentindo-a úmida. Então compreendi: o vinho que tínhamos derramado mais cedo molhou a rosa, que estava caída, a deixando deste jeito. Sorri, o olhando. Peguei a rosa na mão e virei-me de lado, colocando a cabeça no seu ombro, olhando para ele de baixo. Me estiquei um pouco para dar um beijo no seu queixo, e ele sorriu. Meu coração deu mais pulos com toda aquela cena.
Mal eu sabia que a alegria duraria pouco.
Capítulo Nove – Here we are, spinning in circles again
Meus pés já estavam doendo, e eu havia perdido de vista, mas não me importava. Meu corpo estava colado com o de várias pessoas, e, suados, pulávamos e cantávamos alto, compartilhando o sorriso. Eu não conhecia ninguém, mas já estava dançando com qualquer um que me puxasse, ao som de alguma música animada do Coldplay, que tocava no palco à frente do camarote onde eu me encontrava. Finalmente, enxerguei , quando um cara loiro pegou na minha cintura e me girou para dançar com ele. Lá estava ele, dançando do mesmo jeito que eu fazia – com um número grande de mulheres, claro, mas relevei – a uns sete metros à frente de onde o loirinho pulava, não me deixando escolha a não sei pular junto, sendo levada pela sua mão na minha cintura. Ri alto, e nossos olhares se encontraram. Ele sorriu abertamente e jogou um beijo para mim, que apenas mordi meu lábio inferior rindo.
A música acabou, e eu fui até ele. Aproveitei que as garotas e poucos garotos ao seu redor estavam mais calmos, esperando a próxima música, e coloquei as duas mãos no seu peitoral, roçando meus lábios desajeitadamente nos seus enquanto olhava para as garotas, provocativa, como se estivesse marcando território.
Fazia duas semanas desde que havíamos passado o fim de semana na França. E estava tudo maravilhoso, melhor do que eu poderia pensar em meus mais lindos devaneios: me surpreendia no hospital com chocolates e um filme qualquer para assistirmos em sua casa, não terminava o sexo sem meu orgasmo – por mais cansado que estivesse –, me levava para jantar com seus amigos e respectivas namoradas – que me olhavam como se eu fosse uma puta quando percebiam o nosso relacionamento aberto –, sempre me beijava como se fosse a primeira vez e abaixava a tampa do vaso sanitário.
Gratificante.
Quero dizer, para um cara que podia ter qualquer Miss Inglaterra, que quando me conheceu achou que eu fosse uma groupie com suas cantadas baratas e que é famoso por quebrar corações de garotinhas inocentes...
Gratificante.
Claro que ele fazia isso de um jeito que sempre me deixava na dúvida se ele me amava. Ou na certeza que não. Mas não importava, tudo o que havia na minha mente agora era a sua língua dançando nos meus lábios, quase no ritmo de Violet Hill, que começou a tocar. Passei meus braços ao redor do seu pescoço e colei meu corpo no seu, começando a beijá-lo. Suas mãos apertavam minha cintura, me tirando do chão. Paramos o beijo, com as testas encostadas, um olhando para o outro, com um sorriso pequeno, enquanto Violet Hill tocava.
If you love me, won't you let me know?
Ele mordeu meu lábio e o puxou levemente, soltando seu corpo do meu.
– Vou pegar alguma coisa para bebermos, . – ele falou sorrindo e se afastando, meio cambaleante devido aos copos anteriores de álcool. Sorri, deixando-me levar mais uma vez pelos toques da música.
Fazia uns vinte minutos que havia saído, e eu resolvi aproveitar uma música que não gostava tanto para procurá-lo, abrindo caminho por várias pessoas em direção ao bar do camarote.
Cheguei lá, onde no meio das pessoas que se embebedavam havia um casal se amassando descaradamente, o homem quase engolindo a cara da pobre garota, empurrando-a contra o balcão. Ri baixinho e encostei lá, pedindo uma cerveja qualquer. Peguei a água e me virei, ainda encostada, olhando para as pessoas, procurando-o.
– Puta que pariu, cadê o ? – falei um pouco mais alto que o planejado, e senti um movimento ao meu lado. Era uma garota de uns dezoito anos, e a reconheci como uma das groupies ao lado do . Ela me olhou com cara de nojo e falou como se eu fosse uma doente mental.
– Ué, você é cega, minha fiilha? – ela apontou com a cabeça para o outro lado do balcão, dando um gole na sua cerveja.
Olhei, e senti o meu coração parar.
Ele realmente estava ali, de um jeito que, por mais que eu o conhecesse e soubesse de seus jeitos, jamais imaginei que o veria.
Era ele. E uma loira. O casal agarrado que avistei antes. Senti o pânico tomar conta da minha cabeça que nem tivera cogitado ainda as consequências daquilo. Eram os meus piores pesadelos, na forma do homem que eu amava apertando a bunda de qualquer uma. Sem nem pensar em mim. Sem lembrar, gostar ou sequer se importar comigo. Fechei os olhos. Abri de novo, e lá ele estava, com aquele sorriso sacana enquanto colocava uma das mãos por dentro da blusa da garota, levantando-a um pouco. Ela, por sinal, já cogitava passar uma perna na sua cintura. Senti meus músculos relaxarem com o susto, o copo quase caindo da minha mão.
Se não fosse o momento, eu soltaria uma risada irônica. Eu, achando que iria dar certo. Que alguém que tinha todas as mulheres do mundo para se importar, nunca faria tal coisa comigo. Me senti uma idiota por passar noites deitada na grama da minha casa, imaginando como seria o dia que ele perceberia que eu era a única que estaria ali com ele. O dia que ele falaria um "te amo", por mais bêbado e falso que fosse.
Senti meus olhos umedecerem ao realizar que eu estaria feliz, por mais que o "eu te amo" fosse falso. Por mais que tudo não passasse de modos para chegar a um sexo melhor no fim da noite. De pensar que, enquanto eu iria até o fim do mundo com ele, ele não passaria de alguns momentos comigo.
Tudo isso se multiplicou quando abriu os olhos, olhando para mim. Ele se arregalou, mas depois de alguns segundos, tornou a fechar, a testa franzida pela garota que, por perceber seu movimento, agora passava a mão descaradamente nas suas calças.
Senti minha cabeça doer de ódio, e fiz a primeira coisa que veio na minha cabeça: atirei o copo de água neles. Nos dois, já que não era possível separar uma cabeça da outra.
Eles se separaram com o susto. me olhou, atônito, ainda com o corpo colado no dela. Observei suas mãos afrouxarem em volta da cintura da garota. Ele me olhou, seus olhos em uma mistura da confusão causada pelo álcool e pelo fato de eu estar aqui. A menina olhou para mim irritada, como se eu fosse uma intrusa que estava impedindo sua ficada espetacular com o cara mais famoso no show. Eu só conseguia olhar . Já sentia as lágrimas nos olhos, mas não conseguia desviar. Eu precisava mostrar o desprezo e decepção que sentia, mesmo sabendo que de tão bêbado, ele não iria processar muita coisa. Quando a primeira lágrima rolou pelo meu rosto, eu virei e corri para a saída daquele lugar, vermelha de vergonha.
Vergonha de amá-lo.
Quando saí de lá, percebi que não tinha o que fazer. Ou até tinha, mas minha cabeça estava preocupada demais com coisas que eu nem sabia o que eram, para dar conta de como agir. Eu não tinha uma pista de para onde ir. Era como se eu estivesse de carro em uma cidade desconhecida, com um GPS. E de repente, só depois de perder o GPS, eu notasse o quanto não servia sem ele. E, pela primeira vez na vida, tive vontade de fazer o que sempre lutei contra: deitar e chorar.
E foi o que eu fiz. Vi o meu carro a uma distância razoável, mas não tinha forças para ir até ele. Então eu sentei ali, no meio fio. Encostei-me à parede, abracei as pernas com os braços, coloquei o queixo nos joelhos e chorei. Cada lembrança dele era uma lágrima e um soluço novo. Chorei por ele ter me pedido para ficar. Chorei por não saber que diabos ele sentia por mim. Chorei por ele não merecer minhas lágrimas. Apenas olhava para um ponto vazio, sem saber o que eu estava esperando, querendo ver.
Fiquei ali por algum tempo, que para mim pareceram horas, até que o vi. A rua estava deserta, mas mesmo se estivesse cheia, eu reconheceria aquela risada. Ali estava , com os braços envoltos em duas garotas, rindo, andando em direção ao seu carro. Levantei e rumei até o meio da rua, limpando as lágrimas, sem saber o que ia fazer. Todo o meu rosto assumia uma cara de ódio. Eu fui até ele. Ao me ver, as duas garotas saíram de perto dele, parando de rir. Ele ficou confuso quando elas saíram, e depois, ao perceber-me ali, virou-se.
– O que você quer? –falou grosso, chegando perto de mim. Recuei com o seu bafo de álcool, e em parte assustada com o seu modo de falar.
– ... Você... Prometeu. – me odiei no mesmo instante. Eu não podia ser fraca. O rosto dele assumiu uma face irônica, e ele cambaleou bêbado, até suprir a distância que eu aumentara. Tinha alguma coisa no seu jeito, que me fez gelar. Eu não conseguia me afastar. Tive a impressão de aquele sentimento ser medo.
– Você acha que eu realmente te devia alguma coisa, ? – ele falou mais alto que o normal – Você sempre foi só mais uma. Só mais uma. Não sei o que eu tinha na cabeça quando falei aquilo para você. Por favor... Você acreditou?
Não sabia o que dizer. Não me lembrava da última vez que respirei. A verdade era que eu acreditava, sim. Sempre acreditei que um dia ele seria meu. E, mesmo que no fundo soubesse que não, nunca achei que seria daquela maneira, daquele modo, com aquelas palavras. E, como se para coroar meu sofrimento e a graça que ele parecia estar achando daquilo, começou no show a pior música que poderia tocar. Paramos de nos encarar, surpresos com as palavras, até notar que vinham da arena. Enquanto eu desejava que um raio partisse aquele palco em dois para a música acabar, um sorriso dos mais irônicos possíveis surgiu no rosto de .
Lights will guide you home
And ignite your bones
And I will try to fix you.
– Essa música foi feita para você. E você nunca vai conseguir me consertar. Desiste. Eu sempre tive outras. Não ia ser por uma qualquer como você que eu iria desistir de todas as outras. – riu irônico – Na verdade, a única coisa que você tinha de diferente era não acreditar nisso. Saber que eu nunca vali nada. Achei excitante ter alguém com quem eu não precisava fingir. Mas você acabou acreditando, o que eu posso fazer?
Ele riu e foi se virando, indo na direção do carro. Mas eu não podia deixá-lo ir com aquelas palavras pairando sobre nós. Toda aquela maldade que minha mente ainda não processara. Peguei seu braço e o virei para mim.
– VOCÊ NÃO PODE FAZER ISSO COMIGO! – Não sei por que gritei, mas eu precisava ser ouvida. Precisava que ele soubesse que, mesmo com tudo aquilo que havia me dito, o que eu sentia não era apenas paixão passageira.
Ele mudou. Sua face ficou vermelha, com raiva. Agarrou meu pulso com a mão direita, e o segurou, apertando com a maior força que podia, cravando suas unhas no meu braço.
– VOCÊ NÃO É NADA, GAROTA. –gritou, apertando mais o meu pulso. – PARA DE ACHAR QUE SIGNIFICA ALGUMA COISA, PELO AMOR DE DEUS.
Senti as lágrimas rolarem pelo meu rosto, contra a minha vontade. De dor física e psicológica.
– Então tudo aquilo nunca significou nada? – SUSsurrei, tão baixo que quase duvidei que pudesse ouvir. Por um momento, achei ter visto um brilho diferente nos seus olhos. Quase tristeza. Ele afrouxou o aperto no meu pulso, até soltar, e foi embora. As duas meninas me encaravam, assustadas, e entraram no carro dele, logo depois, batendo a porta com raiva.
Fiquei parada ali por um tempo, boquiaberta. Olhei para o meu braço. Havia marcas vermelhas onde havia me segurado, e eu imaginei que ficariam roxas com o tempo. De novo, se não fosse o momento, eu riria com a ironia. Aquelas marcas ali, da mão que eu tanto havia beijado, que havia passado por todos os cantos do meu corpo, como um lembrete da agressão. Todos os momentos felizes que eu tivera com ele pareciam de uma década atrás, e eu sabia o motivo: nunca iriam se repetir.
As últimas lágrimas vieram ao meu rosto, enquanto a música continuava falando tudo o que eu não tinha voz para dizer.
And the tears come streaming down your face
When you lose something you can't replace
When you love someone but it goes to waste
Could it be worse?
Acordei no dia seguinte sentindo um sol fraco no meu rosto, mas eu sentia uma dor que dava a impressão de ter o sol acima da cabeça. Levantei, tirando umas cobertas de cima de mim, e sentei na cama. Percebi que estava nu, então andei até o banheiro, pegando uma cueca qualquer que estava por ali. Apoiei-me sobre a pia de mármore, levantando a cabeça. Assustei-me quando olhei no espelho. Meu cabelo estava mais bagunçado que nunca, minhas olheiras por sorte não batiam no queixo. Abri o armário e peguei uma caixa de comprimidos "anti-ressaca" que eu sempre deixava ali por precaução. Tomei dois de uma vez.
Voltei ao quarto, parando na porta ao notar uma garota loira deitada na cama, nua, sem nada cobrindo o corpo. Levei alguns segundos para me lembrar da noite anterior, e, ao lembrar, senti uma fisgada no umbigo, junto com uma vontade imensa de vomitar e um nó estranho na garganta. Tinha outra garota, mas ela ficou assustada depois de me ver gritar e pediu que eu a deixasse em casa. Andei rápido até a que ainda estava ali, cutucando-a no ombro.
– Hey, você tem que ir embora.
Ela acordou assustada. Assim que seus olhos bateram nos meus, ela deu um sorrisinho malicioso e passou as mãos pelo meu peitoral. Senti a pulsação acelerar de uma raiva estranha, sem sentido.
– Por favor, garota. Eu estou falando sério. Sai.
Ela me olhou assustada, mais uma vez, e se levantou, parecendo indignada. Catava suas roupas pelo quarto com as mãos tentando cobrir as partes íntimas, o que quase me fez rir. Já tinha visto tudo mesmo. Aliás, aquelas roupas mínimas que ela pegava no chão não iriam cobrir muita coisa. Ela levantou e me olhou, como se esperasse que eu dissesse alguma coisa. Apenas suspirei.
– Você sabe onde é a porta.
Ela soltou um gritinho abafado de indignação e saiu pisando duro. Virei, me jogando na cama e fechando os olhos.
Como eu pude fazer aquilo com ? E o pior era que eu nem lembrava de tudo. Mordi o lábio inferior, sem saber o que eu faria a seguir. Procurá-la? Se eu a procurasse, provavelmente nós iríamos namorar sério, ou não. Com certeza não, ela nunca iria me aceitar, não depois daquilo. E eu nem tinha tanta certeza de que realmente a queria. Mas não conseguia não me sentir culpado.
Olhei o relógio e me assustei com a data, suspirando pelo que parecia ser a décima vez naquela manhã. Amanhã ainda era o casamento da Lucy.
Capítulo Dez
Estava sentado à mesa, sozinho. As pessoas dançavam alegres no casamento da Lucy, mas eu estava miserável. Eu havia sentado em uma mesa com alguns amigos conhecidos que estavam ali, mas todos saíram para dançar, e eu realmente não me sentia no clima.
– Ainda bem que você veio – ouvi uma voz e levantei a cabeça. Lucy estava em pé ao meu lado, me olhando com o sorriso e olhar misterioso de sempre. Ela usava um vestido longo, mas não no estilo clássico de noivas, com anáguas e véus quilométricos. Era um vestido branco meio justo, que delineava seu corpo belamente. Não pude evitar de relembrar como ele era sem roupa nenhuma, e abri o primeiro sorriso do dia. Ok, Lucy merecia um. Ela sentou, colocando o cotovelo na mesa e apoiando o rosto na mão, imitando-me.
– Olá, cara mais gostoso de Londres.
– Lucy! Você está no seu casamento! Se te ouvem falar isso aqui...
Ela apenas sorriu de lado, revirando os olhos.
– Você é o cara mais gostoso, . Eu amo meu marido, é verdade. Mas não posso negar que você foi o melhor naquelas situações – ela falou, e nós dois rimos.
– Bom saber – eu falei, olhando-a.
– Você parece triste, baby. – ela passou a mão no meu rosto e eu fechei os olhos, suspirando. Os abri, a encarando.
– Sabe a garota que eu disse que gostava? – Lucy assentiu – pois é, acabamos. Do pior jeito que poderia ser.
Ela suspirou, me olhando. Eu não esperava ver aquilo nos olhos dela, mas ela parecia entediada.
– Grande surpresa. É o que você sempre faz – abri a boca para protestar, mas ela falou mais rápido que eu – Nem adianta dizer que não, sweetheart. Você sempre faz isso.
Ela colocou a mão em cima da minha, e agora me olhou, séria.
– , eu sei que você gosta dela. Realmente gosta. Sério, não fique se lamentando. Corra atrás dela, não desista, por favor. – ela se levantou e foi andando, mas voltou – E, quando tiver ela de volta, não faça besteira.
Dito isso, Lucy saiu andando, me deixando ali sozinho, à mercê de meus pensamentos mais uma vez.
Acordei de uma noite não dormida. Desconfortavelmente. O travesseiro estava úmido, assim como uma parte da cama. Meu quarto estava na escuridão, e eu levei uns secundos para me situar, enquanto minha visão se acostumava.
Senti um aperto na garganta quando lembrei da noite anterior, e fechei os olhos. Levantei, sentindo minha cabeça pesar, e abri as cortinas. Fiquei ali por um tempo, olhando o movimento na rua, que estava tranquilo, e o sol, que mal tinha nascido. Percebi, com um calafrio, que estava apenas de calcinha e sutiã. O telefone tocou em algum lugar do quarto, e eu fui atender, mas minha cabeça latejou de tal jeito que a solução foi ir ao banheiro antes, ignorando os chamados insistentes do telefone. Evitando o espelho, tomei dois comprimidos para qualquer coisa, sem água, sentindo minha garganta arranhar de sede, e fui atender o telefone. Enquanto caminhava senti o primeiro sentimento do dia, que não era bem um sentimento. Meu coração apenas palpitou por um segundo, em uma expectativa idiota que ele estivesse me ligando. Atendi e ouvi a voz de Ryan, do outro lado.
– ! Festa hoje! A melhor do ano!
– E...?
– Como assim e..., garota? Eu passo aí às nove para te pegar.
– Não, Ry – suspirei – não mesmo, eu não posso hoje.
– Por quê? – ouvi a voz afetada do meu amigo do outro lado.
– Plantão.
– Cadê a que nunca dá plantão no fim de semana para ir para as festas? – não respondi, e ele ficou quieto do outro lado – Ok. Desliguei o telefone sem responder, e fui sentar na cama, olhando para algum ponto indefinido na parede. Ok, eu estava mentindo. Só iria trabalhar de manhã naquele dia, mas não precisava de mais ninguém buzinando no meu ouvido toda aquele antiga conversa cheia de clichês, como "se ele não te quer, tem quem queira, você é linda", ou até "não dê mais chance para ele, ele não te merece". Ri ácida com aquele pensamento, então percebi que meus olhos tinham ido para o celular, que estava repousado no chão. Fui até ele, peguei. Confesso que esperava mil chamadas perdidas e mensagens de , mas não havia nada. Nada.
Eu sempre soube que nossa história não era nenhum tipo de coisa fofinha e romântica, dessas histórias de filme. Mas nenhuma mensagem, nenhuma chamada. Ele nem se sentia culpado, ou qualquer coisa assim, pelo o que fizera. Levantei o celular na mão, e, com toda a força que possuía, o joguei na parede, assistindo passivamente cada parte dele ir para um lado. Nenhuma emoção. Foi assim que me senti. Nem ao menos pisquei com todo o barulho causado. O máximo foram lágrimas vindo aos meus olhos, mas lutei com todas as minhas forças contra elas, e peguei uma camisa qualquer que estava jogada em um canto do quarto. Assim que coloquei, senti o cheiro familiar me invadindo, o cheiro de . A camisa era dele, provavelmente fora jogada ali em algum sexo selvagem. Retirei rapidamente a camisa e joguei na lixeira, determinada.
Não iria chorar. Não mais. Já chorara bastante por ele, e eu realmente não sou do tipo que perde tempo chorando pelos cantos. Acabou. Desci as escadas em direção à cozinha e abri a geladeira, tirando uma garrafa de suco qualquer, colocando em cima da pia. Meus olhos se viraram para a grande mesa que havia ali, com uma espécie de bacia com várias roupas, e meus pensamentos foram à manhã anterior, quando eu voltei com aquilo da lavanderia, encontrando um recém acordado sentado na pia, me olhando.
"Bom dia, bela adormecida", havia dito a ele, que se levantou e me abraçou por trás, fazendo-me fechar os olhos com o seu toque e o seu perfume. Lembro dele ter colocado o queixo no meu ombro, e eu sorri, feliz. Ele examinara as roupas que eu havia trazido, olhando que a maioria era dele.
"Eu tenho tanta roupa assim aqui?" eu apenas confirmei com a cabeça, e ele riu, me apertando mais. "Talvez eu deva mudar para cá".
Lembro da sua risada jocosa depois da frase. Lembro dele me virar com força, me beijando em seguida. Lembro de ele me deitar na mesa, e lembro de ali mesmo nós termos sorriso com o êxtase.
Tinha que me livrar daquilo. Talvez da mesa, também. Me senti tomada por uma náusea ao olhar para aquilo, e fui até a sala, pegando o telefone e sentando no chão mesmo. Senti Aagje vir até mim, lambendo de leve meu pescoço e deitando, com a cabeça apoiada nas minhas pernas. Alisei a cabeça da imensa cadela, ouvindo a voz de Ryan do outro lado, azeda.
– A megera resolveu me ligar, foi?
– Desculpa, baby. Eu não estou bem. Terminou, o que quer que seja que eu tivesse com o . – ouvi um suspiro do outro lado.
– Como?
– Eu encontei ele com outra, no show em que ele estava. Comigo. – ri, irônica – com duas, na verdade.
– !
– Sim. E ele ainda gritou comigo – olhei para a marca no meu pulso, pensativa. Ryan pareceu perceber minha pausa, e ficou silencioso do outro lado. Quando passou um tempo relativamente grande, ele me despertou dos meus devaneios, com a voz um pouco pesarosa.
– Quer que eu vá aí?
– Não, eu já estou indo para o hospital. Só liguei para pedir desculpas mesmo.
Desliguei o telefone, e levantei. Fui até a cozinha, com Aagje no meu encalço. Suspirei, e peguei a bacia, abrindo a porta para os fundos, e colocando-a ali, no grande jardim, ao lado da porta, para ser esquecida. Eu sabia que tínhamos acabado de sair do inverno, mas esperei inutilmente que uma geleira fora de hora viesse, congelando o objeto ali por anos.
Assim como ele fez comigo.
Saí da sala de cirurgia após três horas lá dentro. Suspirei, cansada, e fui até a sala adjacente, e tirei as luvas e o roupão sujo de sangue, colocando ali, e segui para o meu escritório, que eu usava mais para outras coisas do que para trabalhar, já que eu vivia nas salas de cirurgia. Troquei de roupas, colocando as antigas em um saco plástico e saí de lá, encontrando Ryan na porta.
– Hey, Mrs. House. – ele falou, brincando.
– O que está fazendo aqui?
– Vim te pegar para sair. A Katie está esperando lá em casa. Vamos comer e fofocar a noite toda.
– E a sua festa?
– Desisti. – ele passou a mão na minha cintura, e fomos andando pelo corredor até o saguão de entrada. – tem coisa mais importante. Sorri, agradecida, e passei no balcão, assinando alguns papéis, e andamos até o estacionamento. Fomos até o meu carro, e eu encontrei algo impressionante encostado nele.
.
Ele estava ali, me encarando, sério, encostado na porta do motorista, vestindo um terno preto, com a gravata aberta, os cabelos bagunçados, parecido saído diretamente de um filme estilo Nine. Encantador. E nojento.
– Hey, – Ryan sorriu, cínico – chique. Acabou de sair da conferência anual dos caras de pau, ou o quê?
– , você tem que me ouvir – ele nem pareceu se importar com Ryan. Na verdade, nem desviou os olhos para ele.
– Sai do meu carro, .
– Desculpa. Eu estava bêbado, desculpa!
– E você acha que essa foi a primeira vez que nós saímos e você esteve bêbado? Por favor. Você cansou de mim. Na verdade, você nunca se importou comigo. Não precisa se desculpar por isso.
Os olhos de ficaram tristes, seu rosto se contorceu, meio deprimido. Eu andei até ele, e parei a alguns passos de distância, erguendo a mão.
– Olha o que você fez comigo. Bêbado, hm?
Ryan chegou perto de mim, olhando com a boca aberta para o meu pulso, e desviou o olhar para , tão furioso que o outro não pôde ignorar sua presença.
– Você fez isso com ela? – ele falou, quase gritando, apontando para o meu pulso – sai daqui agora, .
Ele falou com uma voz fria e raivosa que eu nunca havia o ouvido usar. Na verdade, até eu fiquei assustada. A boca de se abriu levemente, e ele olhou para mim uma última vez antes de se virar e sair andando.
Ryan colocou as mãos em volta de mim, me abraçando, e mesmo com toda a determinação, eu não consegui impedir uma única lágrima de descer.
Capítulo Onze – I wanna be a better man; I don't wanna hurt you; I just wanna see what's in your hands
Entrei no elevador, girando as chaves do carro na mão, o CD demo balançando também, e a porta já ia fechando quando alguém botou as mãos ali, fazendo-a se abrir novamente. Chloe entrou, seus cabelos brancos muito abaixo de minha estatura, com várias sacolas de supermercado nas mãos. Sorri para ela, e peguei as sacolas com facilidade, apertando o número de seu andar no painel. As portas se fecharam e ela se virou para mim, sorridente.
– Obrigada, , querido! – seus olhos se fecharam em rugas, poucas até para a sua idade, com o sorriso – nunca mais te vi.
– Trabalho – sorri e ergui o CD, por entre as sacolas.
– Oh! Eu sinto falta do trabalho. Sabe, ser útil.
Me limitei a dar uma risada nasalada e ficamos em silêncio até as portas se abrirem de novo.
– Você pode me ajudar aqui, querido? Não tenho os músculos da jovialidade, como você.
Entrei em seu apartamento e ela me guiou para a cozinha, onde eu deixei as sacolas. Já estive inúmeras vezes ali. Às vezes nessa mesma situação, às vezes eu apenas tinha uma vontade súbita de ir acompanhá-la em alguma tarde fria e ficávamos vendo algum filme antigo e conversando.
– Quer um chá, ? – assenti e sentei-me na cadeira do conjunto de jantar da cozinha. Ela ficou um tempo à pia, e virou-se para mim, colocando um líquido escuro na minha xícara e sentando-se à minha frente, servindo a si mesma. Fiquei observando o vapor subindo por um tempo, então me abaixei, cheirando o líquido. Ela me observou com um sorriso brincando nos cantos dos lábios
– Sempre tão desconfiado, – Cloe falou, sorrindo – nunca se atira completamente nas coisas. Você sempre foi assim, desde que se mudou para cá. Eu lembro. Um jovenzinho rico e famoso. Desconfiado com tudo o que acontecia à sua volta, mas muito simpático. Lembro que demorou até você aceitar vir jantar aqui em casa. Agora posso até me gabar com as meninas do bingo que tenho um amigo bonito e famoso, hein?
Eu ri alto, apoiando o queixo na minha mão e ela continuou.
– Bingo. Desde quando eu me tornei chata? – ela tomou um gole de seu chá, revirando os olhos – Você está tão quieto, .
Sorri de lado, tomando um gole também. A bebida desceu quente pela minha garganta. Tinha um gosto de alguma planta, mas também havia algo doce. Tomei outro gole e quase derramei a bebida quando Cloe deu um gritinho
– É aquela menina, a ! – ela sorriu feliz. Depois percebeu que sua felicidade por ter descoberto aquilo não era tão bem vinda e substituiu o sorriso por uma cara triste – Desculpe, mas me conte, o que aconteceu?
Eu coloquei a xícara na mesa novamente e passei meu indicador pelo líquido, sentindo o calor proveniente deste subir pela minha mão. Olhei para Chloe e contei tudo. Eu senti que contar aquilo para ela era... Simplesmente certo. Até as partes onde eu fui um idiota – que eram praticamente todas – e não havia coragem de admitir nem para mim mesmo. Ela ouvia em silêncio e quando eu acabei, ela me olhou triste.
– , sabe. Uma vez eu briguei com o meu George – eu sabia de quem ela estava falando: do marido. Fiquei surpreso de ela o estar mencionando. Chloe sempre falava dele, mas sempre superficialmente – Uma vez eu briguei com ele. Três semanas antes de casarmos, veja só. Não casamos, e eu fiquei três anos sem o ver. Depois voltamos, é claro, mas foi a nossa maior briga e desde que ele morreu, eu me sinto uma idiota por isso. Três anos perdidos. Agora eu só queria abraçá-lo por dez segundos. Apenas sentí-lo, ouvir sua voz. Dez segundos.
Ela parou de falar e ficou olhando ao longe, perdida em pensamentos. Tomei outro gole do chá, sem saber o que dizer, para variar. Minha garganta tinha ficado estranhamente seca com as palavras de Chloe. Ela olhou de volta para mim depois de um tempo, me analisando.
– Eu sinto falta dela, Chloe – falei, finalmente. Se eu queria de volta, era hora de eu começar a admitir isso para mim mesmo. – Eu sinto falta de tê-la perto de mim, simplesmente. Até de quando eu passava o dia com ela e os caras. Ela fazia parte, sabe. – passei o dedo no líquido de novo – Eu namorei milhões de garotas, acredite. Com alguma delas era até legal, tinha uma ou duas coisas legais, mas com é... Inacreditável. Eu fico até com medo. E é ruim também. Estranho. Como se não fosse certo, como se eu não fosse para ela.
– Você a ama?
Mordi meu lábio inferior. Ninguém nunca havia me perguntado isso. Bebi o restante do chá todo de uma vez, sentindo uma quentura descer pela minha garganta. Olhei para ela e soltei o ar de uma vez só.
– Não sei. Eu acho que não chega a isso, não sei. Mesmo. Eu tenho medo de magoá-la ao assumir alguma coisa assim.
– Você gosta dela, então. – ela pegou na minha mão – O que eu mais queria na época que eu briguei com o George era que ele viesse para mim e me quisesse de volta. Vá atrás dela, querido.
Eu sorri e me senti revigorado. Levantei, sorri para Chloe e, num impulso que nem eu entendia, saí correndo do apartamento, voltando para a garagem.
O fim do inverno se fazia presente em todos os lugares que eu olhava. As pessoas na rua andavam com roupas mais leves, agraciadas pelo fim do frio rígido. Parecia que havia uma aura de felicidade em Londres, como se o inverno tivesse limpado a cidade, levado consigo todo o amargor típico do frio. O meu ele não podia levar embora, pensei, sentindo-me a pessoa mais amarga ali, a sépia no meio da multidão colorida. Distraí-me olhando para um parque da janela do carro. Mães liam suas revistas e conversavam entre si enquanto os filhos brincavam pela areia, animados. O trânsito estava parado como sempre. Pessoas passavam às pressas pela rua, submergindo das escadarias subterrâneas do metrô. Outro dia normal em Londres.
Ryan falava algo do banco do passageiro, enquanto seus dedos mexiam freneticamente no som do carro, mudando de rádio para procurar algo do seu agrado.
– Ai , não tem nenhum CD interessante aqui não? – Ele falou, desistindo do rádio para fuçar o meu porta luvas. Sorri amarelo para ele, tentando fazer o meu melhor sorriso fingido, como se eu estivesse prestando atenção ao que ele falara anteriormente. Pelo visto ele não reparou, nem se dando ao trabalho de me olhar direito. Suspirei, aliviada, e voltei a prestar atenção ao caminho, o que não fazia muita diferença, já que meu carro não andava mais de dois metros a cada 10 minutos.
Olhei pelo retrovisor interno para Katie, que estava sentada no banco de trás, encostada na porta, com as mãos enroladas ao redor dos joelhos. Ela estava me olhando, e eu percebi que há muito tempo. A ruiva sorriu de lado para mim, compreensiva. Eu não sorri de volta, apenas voltei o olhar para o trânsito. Talvez fosse impossível o inverno dentro de mim acabar.
Chegamos a minha casa, carregando as sacolas de comida que havíamos comprado no caminho. Katie trazia uns filmes. A idéia era passar a madrugada falando mal dos filmes que havíamos alugado. Ryan ia abrindo a porta enquanto eu pegava as últimas sacolas no carro e o fechava. Eu observei de longe ele abrir a porta e ficar parado na porta com uma cara estranha. Katie foi também, e ao chegar na porta estancou ao seu lado. Fui andando até eles, pensando que Aagje deveria ter destruído a casa toda outra vez, mas quando cheguei à porta, vi algo muito diferente. A cachorra estava apenas deitada no chão, com o rabo balançando histericamente.
Na casa havia flores. De todos os tipos, em todos os locais. Havia flores em cima da TV, no chão, no sofá, nos degraus da escada, com envelopes em cada um dos buques. Alguns maiores, outros menores. Eu soube imediatamente quem havia feito aquilo.
Mas eu não aguentei, não pude. Apenas queria esquecê-lo. Subi a escada, correndo, fugindo daquilo.
Entrei em meu quarto ofegante, suada, surpresa. E envergonhada. Envergonhada por depois de tanto tempo escondendo a dor que eu realmente sentia, depois de tanto tempo fingindo não me importar – mesmo sabendo que Ryan e Katie sabiam pelo menos parte disso -, deixar tudo aparecer assim. Tranquei a porta do quarto e fiquei um tempo parada, olhando para o nada, pensando. Nem Katie nem Ryan vieram atrás de mim e eu estava grata por isso. Tirei o celular do bolso e fui andando até a varanda do meu quarto, tirando os sapatos pelo caminho. Sentei no pequeno sofá dali. Não podia deixar de ter memórias dele atravessando minha mente. Do dia que ele voltou para mim, nós juntos, em silêncio naquele sofá. Apenas um corpo no outro após matar a saudade de todos os jeitos possíveis. Abracei minhas pernas e disquei o número que eu já havia tirado dali, mas era impossível de sair da minha cabeça.
Coloquei o celular fracamente no meu ouvido. Esperei um tempo, e ele atendeu.
Ficamos em silêncio por um tempo. Eu com medo de dizer qualquer coisa. Conseguia sentir a tensão dele, mesmo sem fazer idéia de onde ele estava. Eu sei que o que eu tinha com ele era algo abstrato, porém eu conseguia interpretar certas coisas nos seus atos. Eu sabia o por quê dele agir de um jeito específico, eu o entendia. Ironicamente, quando se tratava de mim, eu não sabia dizer muita coisa. Talvez porque ele escondia, talvez porque não tinha nada nele sobre mim para observar. Talvez ele simplesmente ele não sentisse nada.
– . – ele disse, em um suspiro. O senti prender a respiração, morder o lábio como ele sempre fazia. Fechei os olhos.
– Por que você fez isso? – respondi. Me referia às flores, mas após de ouvir sua voz, uma dor maior, uma saudade de todos os bons momentos me fez fazer outra pergunta, mais geral – Por que você faz isso?
– Se fosse outra garota, já estaria aos meus pés agora.
Ele ficou quieto por um bom tempo, e eu esperei. Ele soltou uma risadinha baixa, quase irônica, e eu fiquei surpresa.
– Se essa foi a intenção, considere... – já ia esquecer o porquê de tê-lo ligado, apenas para falar algo não muito educado, quando ele me interrompeu rindo mais alto.
– , . Eu sei. Eu sei que não é fácil assim com você. E eu sei que isso provavelmente não muda muita coisa.
– Não muda mesmo.
Silêncio.
Suspirei de novo, apertando o celular com mais força, até sentir as pontas dos meus dedos dormentes. Eu confesso que uma parte de mim queria continuar ali conversando com ele, mesmo que fosse uma conversa dolorosa. A cada sílaba expelida pela voz dele, subiam borboletas no meu estômago. Ao mesmo tempo em que tal coisa me fazia relembrar cada boa memória, me dava raiva. Após tudo aquilo, eu sentia isso apenas de ouví-lo, e não tinha certeza se ele já sentira sequer uma vez comigo. Mas ficar mais tempo que o necessário no telefone apenas faria tudo mais difícil.
– Eu liguei apenas para pedir para você parar com isso.
– Eu não vou.
– Você TEM que parar. Você não pode continuar fazendo isso comigo. Eu não quero e você simplesmente não pode me obrigar a... – parei para achar a palavra certa, mas percebi que não era hora de ser gentil – você não pode me obrigar a continuar lembrando que você existe.
– ... Por quê?
Mordi meus lábios e apertei os olhos com força. Havia uma resposta perfeita para aquilo. Uma resposta que eu mesma queria negar para mim mesma. – Porque eu já desisti de você, .
Esperei um tempo por uma resposta, mas, visto do seu silêncio, desliguei.
Desliguei o celular, jogando-o no chão. Ergui o olhar para os três que estavam comigo. e me olharam, complacentes. Apenas havia os braços cruzados, e aposto que ele estava achando aquilo tudo muito bem merecido para mim. havia insistido para eu botar a conversa em viva voz – já mencionei o afeto estranho de irmão que ele tem por ela? – e eu coloquei, contariado. Agora eles estavam quietos, refletindo sobre a minha desgraça, enquanto continuava com aquilo.
Eu já estava ficando realmente aborrecido com ele. Enquanto eu estava aqui, rastejando por uma mulher – o que já era ruim demais para a reputação de alguém como eu -, ele estava fazendo charminho sobre como eu merecia tudo aquilo e como tudo era injusto com . Eu já estava a ponto de perguntá-lo como ele havia perdido suas bolas, mas me controlei.
– Bom – eu falei, quebrando o silêncio e colocando as pernas na mesinha do centro – eu não vou desistir, se é isso que vocês estão se empenhando aí em descobrir.
me olhou, exasperado. Ele abriu a boca para falar algo, mas eu o interrompi.
– Eu sei que eu ferrei tudo. Não vou te obrigar a acreditar em mim, mas sério. Vai ser diferente.
– Se ela te aceitar – ele falou, ácido, deitando de volta no sofá. Eu levantei uma sobrancelha.
– E o que você vai fazer agora? – perguntou, mordendo o lábio inferior pensativo.
– Eu mesmo vou atrás dela.
Capítulo Doze – Lights will guide you home
Olhei para o espaço de pouco mais de um metro entre o barco e o pequeno cais, e hesitei um pouco. Entreguei uma quantia de euros, que não sabia ao certo o quanto era, mas pelo sorriso do homem e disponibilidade de carregar minha mochila, deveria ser algo razoável. Recusei a proposta e ajeitei a alça, pulando de vez do barco, quase desequilibrando no fim do pulo. Mas se eu estava ali, saltar de uma balsa seria o mínimo de risco que eu teria.
Grécia.
Após 2 meses de insistência, consegui fazer me dizer onde estava. Ela havia ido esfriar a cabeça com os pais, que possuíam uma rede de hotéis de luxo em algumas ilhas gregas. Na linguagem de , resfriar a cabeça significava "me recuperar de deixar um homem chegar perto demais da minha zona de conforto". Comecei a andar pelo cais, e enfim cheguei à costa da ilha. Subi uma pequena ladeira até chegar no início da cidade, onde havia um bar, que eu não podia decifrar o nome ou qualquer outra coisa no letreiro pequeno.
Entrei ali, vendo algumas pessoas jogando cartas e bebendo no bar, até que um senhor de uns 60 anos veio ao meu encontro do outro lado do balcão.
– Sabe onde fica o Hotel Swan? – perguntei, em inglês. O homem falou algumas frases em uma língua desconhecida – Desculpe, eu não falo grego.
Ele saiu do balcão, entrando no que parecia ser a cozinha, e eu fiquei parado no balcão, sem saber o que fazer. Já começava a achar ridícula a ideia de ir para um país desconhecido procurar , e já virava para sair quando ouvir o que parecia ser a voz do homem falando alguma coisa em grego. Virei-me, e uma menina de uns 8 anos de idade estava do meu lado, com o maior sorriso que eu já vira na vida. Ela possuía cabelos ondulados na altura dos ombros, olhos verdes profundos e espertos. Usava uma camisa dos Beatles, com uma estampa do A Hard Day's Night, que era tão maior que ela que deixava apenas a barra de seus shorts aparecendo.
– Eu sou a Carrie – Ela estendeu a mão minúscula para mim, que eu apertei, achando graça do jeito adulto dela
– .
– Desculpa meu avô, ele não fala inglês. Eu te levo no Hotel.
Ela saiu porta afora, me deixando ali, atônito. Saí do bar, e Carrie já subia as ladeiras da cidade. Olhei dali, de onde era possível ver toda a ilha. Era um lugar vertical, onde casas e mais casas brancas se erguiam em uma infinidade de pequenas ladeiras e ruas. Eu corri um pouco para alcançar a menina, e comecei a subir uma ladeira que seguia pela lateral da ilha, proporcionando uma das mais bonitas vistas que eu já pusera meus olhos. Carrie olhou para mim, curiosa, com os olhos quase fechados pelo sol.
– Por que você veio para cá?
– Turismo – respondi, direto. Pretendia apenas falar com e ir embora – preferencialmente com ela -, não tinha tempo para conversas. Carrie me surpreendeu com uma risada divertida.
– Você não é turista. Eu praticamente sou guia turística dessa ilha – ela disse, orgulhosa – Sei reconhecer um. Geralmente casais em lua de mel.
Bufei baixinho, controlando um xingamento.
– Eu vim porque tem... – como eu iria explicar? Na verdade, nem sabia por que estava explicando – tem alguém aqui que eu preciso conversar.
– Uma mulher! – A menina gritou, olhando acusadora para mim – E eu achando que os ingleses são frios... Mas o que ela está fazendo aqui?
Fugindo de mim.
– Veio passar um tempo com os pais. – me limitei a responder.
– Ah... Fugindo de você. – ela falou, como se fosse a coisa mais normal do mundo, e eu a olhei assustado e um pouco ofendido, mas ela nem prestava atenção em mim, olhando para o mar.
– Mais ou menos. Eu não sou perfeito, ok? – Falei de uma vez, me repreendendo depois. Por que eu estava falando daquele jeito com uma menina de oito anos? Ela riu.
– Você poderia cantar uma música para ela. All my lovin', Something...
– É, se eu estiver desesperado o suficiente para tomar conselhos de uma garota como você – parei um pouco para descansar minhas pernas, mudando a mochila de ombros. Carrie olhou para mim, revirando os olhos e com as mãos na cintura, de algum ponto acima que o meu na ladeira – Então eu realmente deveria fazer alguma coisa brega como cantar uma música.
– Você nunca cantou uma música para uma mulher? – ela falou, parecendo realmente ofendida – eu estou quase com vontade de te mandar de volta para a balsa. !
Eu estava concentrado olhando o mar, uns 20 metros abaixo de onde estávamos. Apenas ouvia Carrie, mas a menção do nome de me fez virar.
Ela estava ali, mais à frente do que eu na ladeira, e parecia estar descendo-a. Ela usava um vestido azul marinho simples, que deixava à vista as formas de seus quadris, e ia até menos da metade de suas coxas, e um chinelo simples. Seu cabelo estava em uma trança, e não sei se era exagero, mas ele parecia maior. Ela trazia uma sacola tecida com o que pareciam frutas dentro, e olhava para mim seriamente.
O incrível era que ela não parecia surpresa com o fato de eu estar ali. Ela apenas me analisava, como se estivesse querendo descobrir o que eu iria fazer. A encarei por um tempo, e então ela mordeu o lábio inferior, olhando para Carrie, que ficava na ponta dos pés tentando olhar o que estava dentro da sacola da mulher.
– O veio para cá atrás de uma mulher, estou levando-o lá no hotel. – ela resgatou uma maçã e mordeu-a, voltando a falar com a comida na boca – Mas eu acho que seja lá quem que ele veio procurar não deve voltar para ele. Ele é meio insensível.
sorriu de lado, olhando para Carrie, e eu senti que se eu não fosse tão... Sem-vergonha, minhas bochechas poderiam estar vermelhas.
– Oi, . – disse, surpreendentemente fria. Aliás, não fria. Ela falou de um modo que deixava claro que ela não se importava. Carrie arregalou os olhos.
– Vocês se reconhecem? ! – seus olhos pequenos se arregalaram com a percepção da situação.
Apenas sorri culpado, e deixou de me examinar para entregar a sacola para Carrie.
– Toma. Eu estava indo levar para o seu avô. Minha mãe colheu hoje. Eu levo o a partir de agora.
Carrie pegou a sacola na mão de e foi indo embora, mas depois voltou correndo e falou para , ofegante:
– Ele é legal, . – eu comprimi meus lábios olhando para a menina, que me olhou, pedindo desculpas pelo o que disse antes. – Esquece o que eu disse antes.
E então ela saiu correndo, descendo a ladeira. Ficamos em silêncio a observando ir embora, até que começou a subir, e eu comecei a andar também, um pouco atrás dela. Ficamos uns minutos em silêncio, apenas ouvindo as ondas batendo nas pedras metros abaixo, e algumas pessoas nas casas, que falavam mais alto. Acelerei um pouco, até ficar do seu lado.
– Acho que você sabe por que eu vim aqui. – fiquei esperando pela sua resposta, até que percebi que ela não iria dar nenhuma – ?
Ela me olhou, e foi andando até a lateral da ladeira que era correspondente ao mar, que agora estava a uns 30 metros de nós. O local era mais plano, e havia algumas árvores, um banco entre elas, dando para o mar. sentou ali, e eu sentei ao seu lado, um pouco afastado. A vista dali era estonteante. Havia mar até o horizonte, com apenas alguns barcos, umas aves, e a uns 100 metros dali havia outra ilha, desabitada, apenas com uma floresta e centenas de aves descansando nas pedras. De onde estávamos agora o som das ondas era tão alto que abafava qualquer outro ruído que não fosse nossas próprias vozes e respiração. Virei-me para , que ainda encarava o mar.
– , eu sei que você não tem nenhum motivo para me ouvir. Eu sei que eu não tenho razão nenhuma aqui, você tem todos os pontos. Mas eu tenho que ter a certeza que você vai me ouvir.
Ela olhou para mim.
– Eu não quero ouvir.
Senti minhas sobrancelhas enrugarem, mas no fundo eu compreendia. Eu não podia obrigá-la a ouvir, mas tentei outra vez.
– ... – ela colocou o indicador sobre os meus lábios, tão de leve que eu quase não senti. Então ela tirou-os de lá quando percebeu que eu havia me calado, e virou de frente para mim, sentando-se de pernas cruzadas.
– . – ela começou, fazendo uma pausa e respirando fundo – Você foi, de longe, o homem mais importante para mim. Eu sei que eu nunca fui de me apaixonar, mas eu também nunca fui de ter muitos homens – ela parou e deu uma risada baixa, como se aquilo fosse algum tipo de piada interna – mas mesmo se eu tivesse uma infinidade de pessoas na minha vida, eu duvido que alguém iria chegar perto de como você é importante, de como você me deixa. Mas você foi também o que mais me machucou. É ótimo o jeito que eu me sinto com você, eu estou sem palavras por você ter vindo aqui só para falar comigo. Mas depois de tudo isso... Não sei se aguento mais. Acho que já estou esgotada.
Peguei na mão dela, sem falar mais nada. fez menção de tirar a sua de debaixo da minha, mas apenas a deixou lá, alisando as costas da minha mão com os dedos.
Estava deitado na cama, sem conseguir dormir. O lençol já estava jogado no chão, e minha mente estava muito fora dali. Quase mais perturbador que conversar com fora conhecer sua mãe. A Sra. nos recebera no Hotel com um sorriso surpreso, mas ainda assim, com classe.
"Então você é o ?"
Então, com mais classe ainda, ela me perguntou "Só uma noite, certo?". E assim, gentilmente, me deixara sem outra escolha a não ser afirmar e dizer que partiria no dia seguinte.
Sentei na beira da cama, apenas de boxers, e apoiei a testa nas mãos, fechando os olhos com força. Sentia-me o maior idiota naquele momento. E ali, apenas do outro lado do corredor, estava .
Do outro lado do corredor.
Bati na porta umas 5 vezes, mas ninguém atendeu. Tentei a maçaneta, e estava aberta. Entrei em silêncio no quarto escuro, e quando meus olhos se acostumaram à visão do local eu vi a silhueta de sentada na beirada da cama.
Não dava para ver claramente, mas eu percebi que ela estava apenas com o que parecia uma camisola, seus seios se destacando sob o decote. Os cabelos estavam soltos, bagunçados. Percebi que ela se virou para mim, e sentei do seu lado, em silêncio. Ela colocou a mão em cima a minha, e encostou a cabeça no meu ombro, de lado. Não esperava aquela reação, e não sabia o que fazer, então apenas coloquei a mão nos seus cabelos, acariciando-os. tirou a cabeça do meu ombro e chegou o seu rosto perto de mim, de modo que eu pude percebê-la com mais nitidez. Desci a mão do seu cabelo até a sua nuca e a puxei para mim delicadamente, ainda com medo da rejeição.
Mas ela correspondeu, colocando uma mão no pulso da mão que estava na sua nuca. Encarou-me por uma fração de segundos antes de encostar os lábios nos meus, pressionando-os fortemente. virou-se na cama sem interromper o beijo, que ainda era apenas o encostar dos lábios. Sentou-se sobre as pernas flexionadas, virada para mim.
Ainda sem descolar os lábios, ela caiu-se sobre mim, fazendo nós dois cairmos desajeitadamente sobre a cama, eu deitado e ela meio que sentada do meu lado. Não precisei delicadamente pedir permissão para aprofundar o beijo, o fez sem permissão – não que eu não fosse a dar, claro. Ela se afastou um pouco de mim, me olhando intensamente.
Ela me queria.
Nos seus olhos, eu vi o que há muito tempo não via em uma pessoa. Não daquele jeito, naquela intensidade. Quando eu procurava por aquela expressão em alguém, eu a encontrava geralmente em fãs, ou no fogo carnal nas garotas que eu procurava passar somente uma noite e pronto. Ali era diferente. Era uma compreensão que eu não acharia em ninguém mais. Em muitos jeitos diferentes. Foi naquele momento que eu percebi que não teria ninguém mais, a não ser ela. Só ela me tocaria daquele jeito. Ela seria única.
Então passou os beijos para o meu pescoço, mordendo-o e chupando-o, depois veio para o canto da minha boca, e naquele momento eu já estava meio alto com aquilo tudo, então tentei virar meu rosto para um beijo de verdade. Mas ela apenas riu baixinho, roçando os lábios nos meus de leve. Puxei-a para mim, agora com mais força. Sua língua então passeou suavemente na minha, e, de novo sem parar o beijo, ela deitou-se sobre mim. Passei a outra mão para a sua coxa, fazendo carinho ali e subindo lentamente até o seu quadril, trazendo o vestido comigo enquanto vinha.
Naquele minuto, o beijo já estava mais rápido, e eu virei-me sobre , ficando por cima dela, que passou uma perna na minha cintura. Soltei o beijo, e ela me olhou sem compreender. Sorri, olhando-a. Os lábios vermelhos por causa da fricção, os cabelos bagunçados. Dei vários selinhos em seus lábios antes de levantar-me, sentando-me entre suas pernas com as minhas flexionadas sob mim. Ainda olhando para ela, fui subindo minhas mãos pelas suas coxas, até chegar na calcinha. sorriu de lado, um pouco maliciosa, agora compreendendo. Abaixei-a até tirar por completo e joguei-a para o lado. Puxei as pernas de até ela ficar com sua coluna elevada, os joelhos nos meus ombros. Mordi meu lábio inferior e coloquei sua camisola para cima.
E ali, no escuro do quarto, podendo apenas sentir o corpo dela e ouvir sua respiração ofegante, beijei o clitóris dela de leve, depois passando a língua em toda a vulva. se contraiu, e eu continuei sugando-lhe, ouvindo os seus gemidos, ora altos, ora apenas sussurros. Coloquei um dedo enquanto lambia, acrescentando à medida que sentia-a ficar mais úmida. Continuei até senti-la no seu limite. E então coloquei suas pernas na cama, e fui subindo em beijos pelo seu corpo, levando o vestido comigo. Beijei e rocei os lábios na virilha dela, fui até a barriga, suguei e lambi os seios. Quando cheguei ao seu rosto, ela se levantou rapidamente para permitir o vestido a passar ali, e eu coloquei uma mão nas suas costas.
Tirei minha boxer rapidamente e a puxei para cima, sentei-me na cama, e sentou sobre mim, encaixando-se no meu membro, gemendo a medida que eu entrava nela. Agora estávamos tão perto que eu podia sentir sua respiração na minha, vê-la mordendo o lábio. Encostei minha boca na dela, sorrindo, e fechei os olhos, encostando a testa na sua. Pude perceber que ela também sorriu, e moveu os lábios, beijando-me de leve. Ela se desencostou e jogou a cabeça para trás, gemendo alto, movendo-se para cima e para baixo sobre mim.
Passei uma mão nas suas costas, subindo até a lateral do seu seio, e o apertei com um pouco de força. Ela reprimiu um gemido, e começou a se movimentar mais forte, enquanto eu beijava agora o seu pescoço. Já podia ver o brilho do suor no seu rosto, e meu limite chegando. Pude perceber que ela estava mais ofegante. me abraçou, colocando sua boca no meu ouvido e gemendo baixo ali. Tão bons eram os sons que ela fazia, que eu senti meu clímax chegar, e soltei um gemido arrastado. Ela ainda ficou um tempo em movimentos mais fortes em mim até chegar ao ápice.
Com ela ainda em cima de mim, eu passei uma mão pelo seu cabelo, e a beijei. Sua língua passou, sôfrega, na minha, e eu a deitei na cama, saindo de dentro dela e deitando ao seu lado.
Ao acordar, percebi que não estava mais na cama. Ouvi algum barulho e fui até a varanda que tinha no quarto dela. Era o melhor quarto do hotel, e tinha uma varanda e uma vista perfeita, do oceano e de toda a ilha, já que o hotel ficava no topo desta. Cheguei lá e encontrei apenas de calcinha e sutiã, sentada no sofá, abraçando as pernas, com o queixo apoiado no joelho. Ela olhava sem expressão para o mar, onde o Sol ia nascendo, causando uma cor singular no céu. Lágrimas corriam livremente pelo seu rosto, e ela não fazia força nenhuma para ocultá-las. Sentei ao seu lado, e ela apenas olhou para mim.
– O que houve? – passei a mão em uma mecha do cabelo dela, colocando para trás e alisando-o. Ela parou de abraçar as pernas e limpou com as costas das mãos as lágrimas, e virou-se para mim, com um biquinho engraçado nos lábios, como se ela estivesse zangada com algo, e ao mesmo tempo estivesse segurando as lágrimas.
– Eu amo você. – falou, rapidamente, e fechou os olhos, fazendo com que duas lágrimas caíssem. Ri baixinho de como ela lutava com todas as forças contra esse sentimento e limpei as lágrimas do seu rosto com os dedos da minha mão.
– Hey – falei, baixo, e ela abriu os olhos. Apenas sorri de lado, feliz.
Não foi preciso dizer nada.
Ela se afastou de mim, levantando rapidamente.
– Eu não posso.
Senti minhas sobrancelhas se enrugarem e minha boca abrir-se levemente. Já ia dizer algo, quando me interrompeu.
– Não diga nada. – seu queixo tremeu levemente, e sua voz saiu embargada na outra frase – Apenas vá embora.
Eu fui até ela, e mencionei colocar as mãos nas suas. Mas ela se afastou mais, e soltou um gemido de choro, comprimindo os lábios com força para não deixar nenhuma lágrima cair. Ela falou em uma voz ainda mais baixa e chorosa:
– Por favor.
Apenas a encarei, sem acreditar. Não consegui olhar mais para ela, tamanha raiva e tristeza que sentia. Voltei para o quarto, depois fechando a porta forte do mesmo em silêncio. Após aquilo, eu apenas peguei minhas coisas e saí do hotel, mesmo sabendo que estava a horas da última balsa.
Desci todas as ladeiras pensando que deveria ser aquilo o que chamam de coração partido.
Grécia.
Após 2 meses de insistência, consegui fazer me dizer onde estava. Ela havia ido esfriar a cabeça com os pais, que possuíam uma rede de hotéis de luxo em algumas ilhas gregas. Na linguagem de , resfriar a cabeça significava "me recuperar de deixar um homem chegar perto demais da minha zona de conforto". Comecei a andar pelo cais, e enfim cheguei à costa da ilha. Subi uma pequena ladeira até chegar no início da cidade, onde havia um bar, que eu não podia decifrar o nome ou qualquer outra coisa no letreiro pequeno.
Entrei ali, vendo algumas pessoas jogando cartas e bebendo no bar, até que um senhor de uns 60 anos veio ao meu encontro do outro lado do balcão.
– Sabe onde fica o Hotel Swan? – perguntei, em inglês. O homem falou algumas frases em uma língua desconhecida – Desculpe, eu não falo grego.
Ele saiu do balcão, entrando no que parecia ser a cozinha, e eu fiquei parado no balcão, sem saber o que fazer. Já começava a achar ridícula a ideia de ir para um país desconhecido procurar , e já virava para sair quando ouvir o que parecia ser a voz do homem falando alguma coisa em grego. Virei-me, e uma menina de uns 8 anos de idade estava do meu lado, com o maior sorriso que eu já vira na vida. Ela possuía cabelos ondulados na altura dos ombros, olhos verdes profundos e espertos. Usava uma camisa dos Beatles, com uma estampa do A Hard Day's Night, que era tão maior que ela que deixava apenas a barra de seus shorts aparecendo.
– Eu sou a Carrie – Ela estendeu a mão minúscula para mim, que eu apertei, achando graça do jeito adulto dela
– .
– Desculpa meu avô, ele não fala inglês. Eu te levo no Hotel.
Ela saiu porta afora, me deixando ali, atônito. Saí do bar, e Carrie já subia as ladeiras da cidade. Olhei dali, de onde era possível ver toda a ilha. Era um lugar vertical, onde casas e mais casas brancas se erguiam em uma infinidade de pequenas ladeiras e ruas. Eu corri um pouco para alcançar a menina, e comecei a subir uma ladeira que seguia pela lateral da ilha, proporcionando uma das mais bonitas vistas que eu já pusera meus olhos. Carrie olhou para mim, curiosa, com os olhos quase fechados pelo sol.
– Por que você veio para cá?
– Turismo – respondi, direto. Pretendia apenas falar com e ir embora – preferencialmente com ela -, não tinha tempo para conversas. Carrie me surpreendeu com uma risada divertida.
– Você não é turista. Eu praticamente sou guia turística dessa ilha – ela disse, orgulhosa – Sei reconhecer um. Geralmente casais em lua de mel.
Bufei baixinho, controlando um xingamento.
– Eu vim porque tem... – como eu iria explicar? Na verdade, nem sabia por que estava explicando – tem alguém aqui que eu preciso conversar.
– Uma mulher! – A menina gritou, olhando acusadora para mim – E eu achando que os ingleses são frios... Mas o que ela está fazendo aqui?
Fugindo de mim.
– Veio passar um tempo com os pais. – me limitei a responder.
– Ah... Fugindo de você. – ela falou, como se fosse a coisa mais normal do mundo, e eu a olhei assustado e um pouco ofendido, mas ela nem prestava atenção em mim, olhando para o mar.
– Mais ou menos. Eu não sou perfeito, ok? – Falei de uma vez, me repreendendo depois. Por que eu estava falando daquele jeito com uma menina de oito anos? Ela riu.
– Você poderia cantar uma música para ela. All my lovin', Something...
– É, se eu estiver desesperado o suficiente para tomar conselhos de uma garota como você – parei um pouco para descansar minhas pernas, mudando a mochila de ombros. Carrie olhou para mim, revirando os olhos e com as mãos na cintura, de algum ponto acima que o meu na ladeira – Então eu realmente deveria fazer alguma coisa brega como cantar uma música.
– Você nunca cantou uma música para uma mulher? – ela falou, parecendo realmente ofendida – eu estou quase com vontade de te mandar de volta para a balsa. !
Eu estava concentrado olhando o mar, uns 20 metros abaixo de onde estávamos. Apenas ouvia Carrie, mas a menção do nome de me fez virar.
Ela estava ali, mais à frente do que eu na ladeira, e parecia estar descendo-a. Ela usava um vestido azul marinho simples, que deixava à vista as formas de seus quadris, e ia até menos da metade de suas coxas, e um chinelo simples. Seu cabelo estava em uma trança, e não sei se era exagero, mas ele parecia maior. Ela trazia uma sacola tecida com o que pareciam frutas dentro, e olhava para mim seriamente.
O incrível era que ela não parecia surpresa com o fato de eu estar ali. Ela apenas me analisava, como se estivesse querendo descobrir o que eu iria fazer. A encarei por um tempo, e então ela mordeu o lábio inferior, olhando para Carrie, que ficava na ponta dos pés tentando olhar o que estava dentro da sacola da mulher.
– O veio para cá atrás de uma mulher, estou levando-o lá no hotel. – ela resgatou uma maçã e mordeu-a, voltando a falar com a comida na boca – Mas eu acho que seja lá quem que ele veio procurar não deve voltar para ele. Ele é meio insensível.
sorriu de lado, olhando para Carrie, e eu senti que se eu não fosse tão... Sem-vergonha, minhas bochechas poderiam estar vermelhas.
– Oi, . – disse, surpreendentemente fria. Aliás, não fria. Ela falou de um modo que deixava claro que ela não se importava. Carrie arregalou os olhos.
– Vocês se reconhecem? ! – seus olhos pequenos se arregalaram com a percepção da situação.
Apenas sorri culpado, e deixou de me examinar para entregar a sacola para Carrie.
– Toma. Eu estava indo levar para o seu avô. Minha mãe colheu hoje. Eu levo o a partir de agora.
Carrie pegou a sacola na mão de e foi indo embora, mas depois voltou correndo e falou para , ofegante:
– Ele é legal, . – eu comprimi meus lábios olhando para a menina, que me olhou, pedindo desculpas pelo o que disse antes. – Esquece o que eu disse antes.
E então ela saiu correndo, descendo a ladeira. Ficamos em silêncio a observando ir embora, até que começou a subir, e eu comecei a andar também, um pouco atrás dela. Ficamos uns minutos em silêncio, apenas ouvindo as ondas batendo nas pedras metros abaixo, e algumas pessoas nas casas, que falavam mais alto. Acelerei um pouco, até ficar do seu lado.
– Acho que você sabe por que eu vim aqui. – fiquei esperando pela sua resposta, até que percebi que ela não iria dar nenhuma – ?
Ela me olhou, e foi andando até a lateral da ladeira que era correspondente ao mar, que agora estava a uns 30 metros de nós. O local era mais plano, e havia algumas árvores, um banco entre elas, dando para o mar. sentou ali, e eu sentei ao seu lado, um pouco afastado. A vista dali era estonteante. Havia mar até o horizonte, com apenas alguns barcos, umas aves, e a uns 100 metros dali havia outra ilha, desabitada, apenas com uma floresta e centenas de aves descansando nas pedras. De onde estávamos agora o som das ondas era tão alto que abafava qualquer outro ruído que não fosse nossas próprias vozes e respiração. Virei-me para , que ainda encarava o mar.
– , eu sei que você não tem nenhum motivo para me ouvir. Eu sei que eu não tenho razão nenhuma aqui, você tem todos os pontos. Mas eu tenho que ter a certeza que você vai me ouvir.
Ela olhou para mim.
– Eu não quero ouvir.
Senti minhas sobrancelhas enrugarem, mas no fundo eu compreendia. Eu não podia obrigá-la a ouvir, mas tentei outra vez.
– ... – ela colocou o indicador sobre os meus lábios, tão de leve que eu quase não senti. Então ela tirou-os de lá quando percebeu que eu havia me calado, e virou de frente para mim, sentando-se de pernas cruzadas.
– . – ela começou, fazendo uma pausa e respirando fundo – Você foi, de longe, o homem mais importante para mim. Eu sei que eu nunca fui de me apaixonar, mas eu também nunca fui de ter muitos homens – ela parou e deu uma risada baixa, como se aquilo fosse algum tipo de piada interna – mas mesmo se eu tivesse uma infinidade de pessoas na minha vida, eu duvido que alguém iria chegar perto de como você é importante, de como você me deixa. Mas você foi também o que mais me machucou. É ótimo o jeito que eu me sinto com você, eu estou sem palavras por você ter vindo aqui só para falar comigo. Mas depois de tudo isso... Não sei se aguento mais. Acho que já estou esgotada.
Peguei na mão dela, sem falar mais nada. fez menção de tirar a sua de debaixo da minha, mas apenas a deixou lá, alisando as costas da minha mão com os dedos.
Estava deitado na cama, sem conseguir dormir. O lençol já estava jogado no chão, e minha mente estava muito fora dali. Quase mais perturbador que conversar com fora conhecer sua mãe. A Sra. nos recebera no Hotel com um sorriso surpreso, mas ainda assim, com classe.
"Então você é o ?"
Então, com mais classe ainda, ela me perguntou "Só uma noite, certo?". E assim, gentilmente, me deixara sem outra escolha a não ser afirmar e dizer que partiria no dia seguinte.
Sentei na beira da cama, apenas de boxers, e apoiei a testa nas mãos, fechando os olhos com força. Sentia-me o maior idiota naquele momento. E ali, apenas do outro lado do corredor, estava .
Do outro lado do corredor.
Bati na porta umas 5 vezes, mas ninguém atendeu. Tentei a maçaneta, e estava aberta. Entrei em silêncio no quarto escuro, e quando meus olhos se acostumaram à visão do local eu vi a silhueta de sentada na beirada da cama.
Não dava para ver claramente, mas eu percebi que ela estava apenas com o que parecia uma camisola, seus seios se destacando sob o decote. Os cabelos estavam soltos, bagunçados. Percebi que ela se virou para mim, e sentei do seu lado, em silêncio. Ela colocou a mão em cima a minha, e encostou a cabeça no meu ombro, de lado. Não esperava aquela reação, e não sabia o que fazer, então apenas coloquei a mão nos seus cabelos, acariciando-os. tirou a cabeça do meu ombro e chegou o seu rosto perto de mim, de modo que eu pude percebê-la com mais nitidez. Desci a mão do seu cabelo até a sua nuca e a puxei para mim delicadamente, ainda com medo da rejeição.
Mas ela correspondeu, colocando uma mão no pulso da mão que estava na sua nuca. Encarou-me por uma fração de segundos antes de encostar os lábios nos meus, pressionando-os fortemente. virou-se na cama sem interromper o beijo, que ainda era apenas o encostar dos lábios. Sentou-se sobre as pernas flexionadas, virada para mim.
Ainda sem descolar os lábios, ela caiu-se sobre mim, fazendo nós dois cairmos desajeitadamente sobre a cama, eu deitado e ela meio que sentada do meu lado. Não precisei delicadamente pedir permissão para aprofundar o beijo, o fez sem permissão – não que eu não fosse a dar, claro. Ela se afastou um pouco de mim, me olhando intensamente.
Ela me queria.
Nos seus olhos, eu vi o que há muito tempo não via em uma pessoa. Não daquele jeito, naquela intensidade. Quando eu procurava por aquela expressão em alguém, eu a encontrava geralmente em fãs, ou no fogo carnal nas garotas que eu procurava passar somente uma noite e pronto. Ali era diferente. Era uma compreensão que eu não acharia em ninguém mais. Em muitos jeitos diferentes. Foi naquele momento que eu percebi que não teria ninguém mais, a não ser ela. Só ela me tocaria daquele jeito. Ela seria única.
Então passou os beijos para o meu pescoço, mordendo-o e chupando-o, depois veio para o canto da minha boca, e naquele momento eu já estava meio alto com aquilo tudo, então tentei virar meu rosto para um beijo de verdade. Mas ela apenas riu baixinho, roçando os lábios nos meus de leve. Puxei-a para mim, agora com mais força. Sua língua então passeou suavemente na minha, e, de novo sem parar o beijo, ela deitou-se sobre mim. Passei a outra mão para a sua coxa, fazendo carinho ali e subindo lentamente até o seu quadril, trazendo o vestido comigo enquanto vinha.
Naquele minuto, o beijo já estava mais rápido, e eu virei-me sobre , ficando por cima dela, que passou uma perna na minha cintura. Soltei o beijo, e ela me olhou sem compreender. Sorri, olhando-a. Os lábios vermelhos por causa da fricção, os cabelos bagunçados. Dei vários selinhos em seus lábios antes de levantar-me, sentando-me entre suas pernas com as minhas flexionadas sob mim. Ainda olhando para ela, fui subindo minhas mãos pelas suas coxas, até chegar na calcinha. sorriu de lado, um pouco maliciosa, agora compreendendo. Abaixei-a até tirar por completo e joguei-a para o lado. Puxei as pernas de até ela ficar com sua coluna elevada, os joelhos nos meus ombros. Mordi meu lábio inferior e coloquei sua camisola para cima.
E ali, no escuro do quarto, podendo apenas sentir o corpo dela e ouvir sua respiração ofegante, beijei o clitóris dela de leve, depois passando a língua em toda a vulva. se contraiu, e eu continuei sugando-lhe, ouvindo os seus gemidos, ora altos, ora apenas sussurros. Coloquei um dedo enquanto lambia, acrescentando à medida que sentia-a ficar mais úmida. Continuei até senti-la no seu limite. E então coloquei suas pernas na cama, e fui subindo em beijos pelo seu corpo, levando o vestido comigo. Beijei e rocei os lábios na virilha dela, fui até a barriga, suguei e lambi os seios. Quando cheguei ao seu rosto, ela se levantou rapidamente para permitir o vestido a passar ali, e eu coloquei uma mão nas suas costas.
Tirei minha boxer rapidamente e a puxei para cima, sentei-me na cama, e sentou sobre mim, encaixando-se no meu membro, gemendo a medida que eu entrava nela. Agora estávamos tão perto que eu podia sentir sua respiração na minha, vê-la mordendo o lábio. Encostei minha boca na dela, sorrindo, e fechei os olhos, encostando a testa na sua. Pude perceber que ela também sorriu, e moveu os lábios, beijando-me de leve. Ela se desencostou e jogou a cabeça para trás, gemendo alto, movendo-se para cima e para baixo sobre mim.
Passei uma mão nas suas costas, subindo até a lateral do seu seio, e o apertei com um pouco de força. Ela reprimiu um gemido, e começou a se movimentar mais forte, enquanto eu beijava agora o seu pescoço. Já podia ver o brilho do suor no seu rosto, e meu limite chegando. Pude perceber que ela estava mais ofegante. me abraçou, colocando sua boca no meu ouvido e gemendo baixo ali. Tão bons eram os sons que ela fazia, que eu senti meu clímax chegar, e soltei um gemido arrastado. Ela ainda ficou um tempo em movimentos mais fortes em mim até chegar ao ápice.
Com ela ainda em cima de mim, eu passei uma mão pelo seu cabelo, e a beijei. Sua língua passou, sôfrega, na minha, e eu a deitei na cama, saindo de dentro dela e deitando ao seu lado.
Ao acordar, percebi que não estava mais na cama. Ouvi algum barulho e fui até a varanda que tinha no quarto dela. Era o melhor quarto do hotel, e tinha uma varanda e uma vista perfeita, do oceano e de toda a ilha, já que o hotel ficava no topo desta. Cheguei lá e encontrei apenas de calcinha e sutiã, sentada no sofá, abraçando as pernas, com o queixo apoiado no joelho. Ela olhava sem expressão para o mar, onde o Sol ia nascendo, causando uma cor singular no céu. Lágrimas corriam livremente pelo seu rosto, e ela não fazia força nenhuma para ocultá-las. Sentei ao seu lado, e ela apenas olhou para mim.
– O que houve? – passei a mão em uma mecha do cabelo dela, colocando para trás e alisando-o. Ela parou de abraçar as pernas e limpou com as costas das mãos as lágrimas, e virou-se para mim, com um biquinho engraçado nos lábios, como se ela estivesse zangada com algo, e ao mesmo tempo estivesse segurando as lágrimas.
– Eu amo você. – falou, rapidamente, e fechou os olhos, fazendo com que duas lágrimas caíssem. Ri baixinho de como ela lutava com todas as forças contra esse sentimento e limpei as lágrimas do seu rosto com os dedos da minha mão.
– Hey – falei, baixo, e ela abriu os olhos. Apenas sorri de lado, feliz.
Não foi preciso dizer nada.
Ela se afastou de mim, levantando rapidamente.
– Eu não posso.
Senti minhas sobrancelhas se enrugarem e minha boca abrir-se levemente. Já ia dizer algo, quando me interrompeu.
– Não diga nada. – seu queixo tremeu levemente, e sua voz saiu embargada na outra frase – Apenas vá embora.
Eu fui até ela, e mencionei colocar as mãos nas suas. Mas ela se afastou mais, e soltou um gemido de choro, comprimindo os lábios com força para não deixar nenhuma lágrima cair. Ela falou em uma voz ainda mais baixa e chorosa:
– Por favor.
Apenas a encarei, sem acreditar. Não consegui olhar mais para ela, tamanha raiva e tristeza que sentia. Voltei para o quarto, depois fechando a porta forte do mesmo em silêncio. Após aquilo, eu apenas peguei minhas coisas e saí do hotel, mesmo sabendo que estava a horas da última balsa.
Desci todas as ladeiras pensando que deveria ser aquilo o que chamam de coração partido.
Épilogo
Olhei para o celular dançando na mesa, apenas com o barulho do vibrar. Não precisei olhar para o visor para ver quem era. Apenas tirei o terno, colocando-o na cadeira, e abri alguns botões da camisa social e puxei as mangas para cima, aproveitando uma rara brisa no Sol quente de Londres. Dei outro gole na cerveja, sentindo o agradável gelado na minha garganta. Ouvi o telefone parar de vibrar, e olhei para o visor.
37 chamadas não atendidas.
Já estava acostumado com o número de chamadas não atendidas, como alguém famoso e com uma agenda lotada quase todos os dias, mas hoje eu sabia de quem vinha boa parte daquelas chamadas. Verifiquei o celular, e percebi. Entre 22 chamadas de pessoas aleatórias, havia 15 chamadas dela. Revirei os olhos, apenas a tempo de sentir o telefone vibrando de novo nos meus dedos. Bebi outro gole enquanto via a imagem da garota sorridente na tela.
Summer calling.
Rejeitei a chamada e desliguei o celular rapidamente.
Havia acabado de sair da festa de 5 anos de casamento de Lucy. Feliz casados. Desde que recebi o convite, eu estava me sentindo mal, infeliz, fracassado. Fracasso. A palavra já era protagonista nos meus pensamentos. Óbvio que eu tinha uma ótima vida. Era de uma das bandas mais bem sucedidas da Inglaterra, tinha toneladas de mulheres querendo tirar proveito, mais toneladas ainda de dinheiro no banco. Tinha bons amigos, tinha Summer. Mas eu ainda me sentia fracassado.
Acho que finalmente eu estava sentindo falta de algo sólido. Alguém que eu me importasse, alguém que iria cuidar de mim e se importar comigo. Na verdade, desde que eu saí da Grécia, com o pior sentimento que já senti até hoje, eu passei a me sentir... Vazio. Vazio de um jeito diferente. E apenas aprendi a camuflar tal sentimento. Ao invés de pessoas que escondem o que sentem em dinheiro e uma mulher por noite, eu tentei gostar de alguém. Apegar-me a alguém do modo que eu me apeguei a , do modo que eu era apaixonado por ela. Sim, já admiti que era apaixonado. Tarde demais, mas admiti. E aí eu conheci Summer.
Ela é uma modelo em ascensão, famosa especialmente por ser escalada como uma das modelos principais na Victoria's Secret. Summer era legal, inteligente, madura, uma das mulheres mais lindas da Inglaterra, boa de cama. E eu ainda me sentia daquele jeito.
Claro que enquanto eu terminava a cerveja em um bistrô qualquer no Victoria's Tower Garden, eu tentava manter minha cabeça longe da possibilidade de ser o motivo daquele sentimento.
5 anos. 5 anos depois e eu ainda estava assim. Claro que com o tempo eu passei a camuflar, esconder, até parar de sentir aquilo, trancar em algum lugar profundo dentro de mim mesmo. Na verdade, o sentimento de insegurança era devido ao meu fracasso em esquecê-la. Em deixá-la ir, superar de uma vez só. 5 anos e eu não ouvia nem falar nela. Não esbarrei em amigos em comum, não a vi, sua casa parecia fechada. Sei que Tom sabia onde ela estava, mas toda vez que eu tentava direcionar a conversa para ela, ele mudava abruptamente de assunto. Não vou dizer que estava morrendo de tristeza, incurável. Na verdade, não pensava muito nela.
Fui interrompido de meus pensamentos quando senti alguma coisa na minha coxa. Olhei para baixo, e era um menino de menos de 5 anos, de cabelos pretos, os olhos mais que já tinha visto. Ele estendeu uma revista qualquer de fofoca que havia uma foto minha e da Summer, e sorriu para mim.
– É você?
– Sim, sou eu – sorri com ele. Não sei por que, mas o sorriso pequeno daquele menino fez me sentir um pouco menos horrível – Como é o seu nome?
– Adam – ele sorriu mais e estendeu a mão para mim, que eu balancei. Então ele pegou a revista e olhou, intrigado – E o seu? Eu não sei ler ainda.
– . Mas pode me chamar de .
– Eu tenho que voltar, – ele virou o rosto, parecendo procurar por alguma coisa – Eu saí andando e deixei minha mãe em algum lugar, mas não sei mais.
Ri do modo rápido que ele falou a frase, de um jeito meio embolado de criança. Levantei, deixando uma nota em cima da mesa e colocando as mãos nos bolsos.
– Eu te ajudo a procurar.
Saímos andando, demos algumas voltas no parque, e eu já estava começando a me perguntar que mãe seria doida o suficiente para não perceber que o filho desapareceu tão longe. Até que Adam parou e saiu correndo.
– Mãe!
Ele foi até um banco, abraçando as pernas de uma mulher. E que pernas. Fui andando até eles, e parei no meio do caminho quando percebi.
.
Ali, com um vestido florido e o cabelo mais curto do que antes, parecendo não ter ficado nem um pouco diferente ou mais velha nos últimos quatro anos. Ali, abraçando o que parecia ser o seu filho.
Fiquei com uma vontade imensa de virar e sair correndo, mas ela me viu antes, levantou o rosto e suas sobrancelhas se levantaram quando me viu, sua boca abriu um pouco. Ficamos apenas nos olhando, analisando todas as mudanças, como se os quatro anos forem compensados apenas naqueles gestos.
– Mãe, esse é o . Ele que me trouxe aqui.
– Oi, – disse, com um sorriso. Eu tentei falar algo que fizesse o mínimo de sentido, apenas palavras coesas entre si, mas acho que apenas um ganido ou algo assim saiu da minha boca. – Vejo que conheceu o Adam.
– Desde quando... – tentei falar de novo, mas nada saiu.
– O Adam tem quatro anos e meio. – disse, acariciando os cabelos do menino.
– E o... pai?
– O pai era um rockstar – ela falou, com um sorriso de canto de boca – Nunca soube do Adam. Pensei em contá-lo, mas ele sempre foi um espírito livre.
Ela apenas me olhou, intensamente. Eu soltei a respiração rapidamente, sentando no mesmo banco que ela, surpreso. Apoiei os cotovelos nos braços e passei uma das mãos no meu cabelo, olhando para .
– Você devia ter dado uma chance a ele. – disse, apenas. Ela sorriu aquele sorriso enigmático, e olhou para mim.
– Quem disse que eu não estou dando?
37 chamadas não atendidas.
Já estava acostumado com o número de chamadas não atendidas, como alguém famoso e com uma agenda lotada quase todos os dias, mas hoje eu sabia de quem vinha boa parte daquelas chamadas. Verifiquei o celular, e percebi. Entre 22 chamadas de pessoas aleatórias, havia 15 chamadas dela. Revirei os olhos, apenas a tempo de sentir o telefone vibrando de novo nos meus dedos. Bebi outro gole enquanto via a imagem da garota sorridente na tela.
Summer calling.
Rejeitei a chamada e desliguei o celular rapidamente.
Havia acabado de sair da festa de 5 anos de casamento de Lucy. Feliz casados. Desde que recebi o convite, eu estava me sentindo mal, infeliz, fracassado. Fracasso. A palavra já era protagonista nos meus pensamentos. Óbvio que eu tinha uma ótima vida. Era de uma das bandas mais bem sucedidas da Inglaterra, tinha toneladas de mulheres querendo tirar proveito, mais toneladas ainda de dinheiro no banco. Tinha bons amigos, tinha Summer. Mas eu ainda me sentia fracassado.
Acho que finalmente eu estava sentindo falta de algo sólido. Alguém que eu me importasse, alguém que iria cuidar de mim e se importar comigo. Na verdade, desde que eu saí da Grécia, com o pior sentimento que já senti até hoje, eu passei a me sentir... Vazio. Vazio de um jeito diferente. E apenas aprendi a camuflar tal sentimento. Ao invés de pessoas que escondem o que sentem em dinheiro e uma mulher por noite, eu tentei gostar de alguém. Apegar-me a alguém do modo que eu me apeguei a , do modo que eu era apaixonado por ela. Sim, já admiti que era apaixonado. Tarde demais, mas admiti. E aí eu conheci Summer.
Ela é uma modelo em ascensão, famosa especialmente por ser escalada como uma das modelos principais na Victoria's Secret. Summer era legal, inteligente, madura, uma das mulheres mais lindas da Inglaterra, boa de cama. E eu ainda me sentia daquele jeito.
Claro que enquanto eu terminava a cerveja em um bistrô qualquer no Victoria's Tower Garden, eu tentava manter minha cabeça longe da possibilidade de ser o motivo daquele sentimento.
5 anos. 5 anos depois e eu ainda estava assim. Claro que com o tempo eu passei a camuflar, esconder, até parar de sentir aquilo, trancar em algum lugar profundo dentro de mim mesmo. Na verdade, o sentimento de insegurança era devido ao meu fracasso em esquecê-la. Em deixá-la ir, superar de uma vez só. 5 anos e eu não ouvia nem falar nela. Não esbarrei em amigos em comum, não a vi, sua casa parecia fechada. Sei que Tom sabia onde ela estava, mas toda vez que eu tentava direcionar a conversa para ela, ele mudava abruptamente de assunto. Não vou dizer que estava morrendo de tristeza, incurável. Na verdade, não pensava muito nela.
Fui interrompido de meus pensamentos quando senti alguma coisa na minha coxa. Olhei para baixo, e era um menino de menos de 5 anos, de cabelos pretos, os olhos mais que já tinha visto. Ele estendeu uma revista qualquer de fofoca que havia uma foto minha e da Summer, e sorriu para mim.
– É você?
– Sim, sou eu – sorri com ele. Não sei por que, mas o sorriso pequeno daquele menino fez me sentir um pouco menos horrível – Como é o seu nome?
– Adam – ele sorriu mais e estendeu a mão para mim, que eu balancei. Então ele pegou a revista e olhou, intrigado – E o seu? Eu não sei ler ainda.
– . Mas pode me chamar de .
– Eu tenho que voltar, – ele virou o rosto, parecendo procurar por alguma coisa – Eu saí andando e deixei minha mãe em algum lugar, mas não sei mais.
Ri do modo rápido que ele falou a frase, de um jeito meio embolado de criança. Levantei, deixando uma nota em cima da mesa e colocando as mãos nos bolsos.
– Eu te ajudo a procurar.
Saímos andando, demos algumas voltas no parque, e eu já estava começando a me perguntar que mãe seria doida o suficiente para não perceber que o filho desapareceu tão longe. Até que Adam parou e saiu correndo.
– Mãe!
Ele foi até um banco, abraçando as pernas de uma mulher. E que pernas. Fui andando até eles, e parei no meio do caminho quando percebi.
.
Ali, com um vestido florido e o cabelo mais curto do que antes, parecendo não ter ficado nem um pouco diferente ou mais velha nos últimos quatro anos. Ali, abraçando o que parecia ser o seu filho.
Fiquei com uma vontade imensa de virar e sair correndo, mas ela me viu antes, levantou o rosto e suas sobrancelhas se levantaram quando me viu, sua boca abriu um pouco. Ficamos apenas nos olhando, analisando todas as mudanças, como se os quatro anos forem compensados apenas naqueles gestos.
– Mãe, esse é o . Ele que me trouxe aqui.
– Oi, – disse, com um sorriso. Eu tentei falar algo que fizesse o mínimo de sentido, apenas palavras coesas entre si, mas acho que apenas um ganido ou algo assim saiu da minha boca. – Vejo que conheceu o Adam.
– Desde quando... – tentei falar de novo, mas nada saiu.
– O Adam tem quatro anos e meio. – disse, acariciando os cabelos do menino.
– E o... pai?
– O pai era um rockstar – ela falou, com um sorriso de canto de boca – Nunca soube do Adam. Pensei em contá-lo, mas ele sempre foi um espírito livre.
Ela apenas me olhou, intensamente. Eu soltei a respiração rapidamente, sentando no mesmo banco que ela, surpreso. Apoiei os cotovelos nos braços e passei uma das mãos no meu cabelo, olhando para .
– Você devia ter dado uma chance a ele. – disse, apenas. Ela sorriu aquele sorriso enigmático, e olhou para mim.
– Quem disse que eu não estou dando?
Fim!
Nota da autora: Oi! Nem sei o que escrever aqui, hihi. Só que eu acho que nunca ia acabar essa fiction. Queria muito ver a cara de cada um de vocês com esse fim, hehe. Digam muito o que acharam, e tal. E antes que perguntei, não sei se vai ter uma parte 2. Uma parte de mim já tem todas as cenas na cabeça, outra parte quer começar outra fic. Digam o que acham (: Sério, comentem muito, ou então vou achar que ninguém quer uma outra parte -q. Queria agradecer à Gabe, por ver os mil erros que eu devo cometer no script, e tudo o mais, à Panda (autora de Boss, Rebel Rebel), que me ajudou MUITO com os capítulos, e acho que se fosse sem ela, a fic iria ficar bem pior do que já é (rs), e a cada um de vocês que já comentou aqui. Obrigada mesmo, vejo vocês em uma próxima fic.
Nota da beta: COMO ASSIM? "mimimi. não se vai ter uma parte 2". É bom que tenha uma parte 2 sim, dona Laís! Ou eu vou até aí na sua casa te morder, Bahia pode ser um Estado grande, mas eu tenho meus meios U_U'. Muito obrigada por ter me escolhido como sua beta, sério, Fix You foi um presente pra mim. Me diverti, fiquei com raiva e me emocionei com essa fic, muito obridada, de coração, por todos esses momentos. Espero que vejamos uma fic nova sua no site em breve, seja Fix You 2 ou qualquer outra! (:
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Nota da beta: COMO ASSIM? "mimimi. não se vai ter uma parte 2". É bom que tenha uma parte 2 sim, dona Laís! Ou eu vou até aí na sua casa te morder, Bahia pode ser um Estado grande, mas eu tenho meus meios U_U'. Muito obrigada por ter me escolhido como sua beta, sério, Fix You foi um presente pra mim. Me diverti, fiquei com raiva e me emocionei com essa fic, muito obridada, de coração, por todos esses momentos. Espero que vejamos uma fic nova sua no site em breve, seja Fix You 2 ou qualquer outra! (:
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