Posso lhe mostrar o quão boa a vida poderia ser,
Se você deixasse tudo que sabe para trás.


Meus dedos batucavam impacientemente o volante de meu carro, ao som de “A Better Nothing” do Lostprophets. Lembrava-me do momento, há minutos atrás. Eu estava sentada preguiçosamente em meu sofá, assistindo ao “Pop Star To Opera Star”, esperando ansiosamente para ver Danny.
Danny.Soava-me tão estranho o nome dele agora.
Eu havia chegado a Londres há quatro anos para estudar. No primeiro dia de faculdade, descobri que na minha sala estava ninguém mais e ninguém menos que Vicky Jones. Tornamo-nos inseparáveis em pouco tempo e sua confiança gerou um convite para ir até sua casa, conhecer sua família, mesmo sabendo o quão louca eu era pela banda de seu irmão.
E foi lá, em um almoço de domingo, enquanto eu ria das histórias de Kath, que o encontrei pessoalmente pela primeira vez, tão lindo quanto em qualquer foto que eu já tinha visto, com o sorriso tão maravilhoso quanto eu imaginava, tão perfeitamente simpático, como nunca sonhei. Esse era Daniel Jones.
Todos os meninos eram maravilhosos, simpáticos, como se fossem meus amigos de muitos anos, mas Danny me encantava de um jeito quase louco. Os olhos azuis brilhantes e, principalmente, o sorriso estonteante.
Era com Vicky que eu compartilhava isso, esse sentimento tão forte que eu sentia. Ela ficou feliz quando eu disse que estava gostando do irmão dela. Danny sempre me prometia mudar, mas depois do show ele simplesmente arrumava uma loira siliconada qualquer e ia se divertir. Restava só uma estirada na cama, chorando o resto da noite.
Parei o carro em frente ao local das apresentações e respirei fundo. Desliguei o radio, saindo do carro e me olhando por um momento no vidro do mesmo. Usava uma jeans skinny, uma baby look do Green Day e meu All Star vermelho, diferentemente das pessoas que freqüentavam o lugar. Os homens com roupas mais sociais, as mulheres de salto, vestidos, e eu, normal. Senti-me deslocada, enquanto ia em direção à entrada. Entreguei o passe que Vicky havia me dado ao segurança, entrando em seguida. As palavras dela ecoaram em minha mente, fazendo um sorriso leve se abrir em meus lábios. “No fim, , você vai estar lá, gritando por ele como uma fã histérica”.
Entrei no lugar, procurando uma cadeira vaga, a tempo de ouvir o apresentador anunciar seu nome e as luzes baixarem. Uma sombra se fez, encostada a uma das colunas da escada no palco, e, quando a luz aumentou, era ele quem estava lá. Meu coração começou a bater descompassado. Sua voz preencheu o locar, fazendo arrepios subirem pelo meu corpo. Dei uma risadinha baixa ao ouvir o início de “funiculí, funiculá”. Não imaginei que Danny cantaria essa música e nem que seria tão bem. Sorri orgulhosa ao ver como ele estava se saindo bem.
Levantei a cabeça, procurando Vicky e os garotos. Encontrei-os sentados na primeira fila, não muito longe de mim. Tom e a namorada, Harry, Dougie, Vicky, Kath e...Geórgia, a nova namorada dele.
Fitei a loira, sentada ao lado de Vicky. Ela sorria, mas seu sorriso não transmitia felicidade, sinceridade, amor, alegria, ou até tristeza... Que fosse. O sorriso dela não transmitia nenhuma emoção. Não era um sorriso do tipo que encantaria Danny. Não era o meu sorriso. Mas, aparentemente, nem o meu sorriso o encantava. Se encantasse, talvez ele não tivesse me deixado, talvez eu ainda fosse a menina dos olhos dele. Era assim que ele me chamava.
Deixei a cabeça pender para o lado e um sorriso bobo aparecer em meus lábios. Fazia tanto tempo desde que eu não o ouvia me chamar, me tocar, me beijar, me olhar como ele fazia ou quando dizia que me amava. Porém, pelos sinais que eu recebia dele, era difícil acreditar em um “eu te amo” vindo de Danny Jones.
Fui “acordada” por várias meninas gritando. Quando olhei para o palco, Danny estava se arriscando a dançar. Soltei uma gargalhada gostosa, fazendo Vicky parar de rir e se virar para trás. Havia sido tão alta assim?
- – ela sorriu, se levantando e vindo até mim. Os meninos olharam para trás e sorriram ao me ver. Acenei para eles, sorrindo. Geórgia me fitou por um momento e pude vê-la mexendo os lábios, perguntando para a namorada de Tom se eu era a famosa . A outra apenas assentiu desinteressada, sorrindo para mim também – Sabia que você viria – sorri sincera, abraçando-a – Danny vai ficar feliz em ver você. ele tem comentado sobre como sente sua falta e...
- Vicky, eu não planejava ver o Danny. Eu... Já estava de saída – completei ao observá-lo acabando a música e muitas pessoas o aplaudindo de pé. Ele merecia.
Ela me olhou séria e caiu na gargalhada em seguida. Uma vez Jones, sempre Jones.
- Mas é claro que voce NÃO está de saída, . Vá falar com ele – suspirei vencida. Não adianta argumentar com ela.
- Adianta discutir com você?
- Não – ela sorriu vitoriosa, quando me viu rir baixinho. Vicky me puxou entre o mar de pessoas que ainda aplaudia Danny, me levando até os meninos.
- – Harry e Dougie disseram juntos. Dougie me abraçou forte, me levantando um pouco do chão.
- Dougie – sorri para ele – Você cresceu – pisquei para o mesmo, vendo-o emburrar e os outros rirem – E Harry – sorri grande para ele que me abraçou e me levantou também, com seu inconfundível abraço de urso. Beijei sua bochecha e me virei para Tom.
- E aí, Mr. Dimple? – ele riu fraquinho, me abraçando também. Eu havia sentido falta do abraço de Tom... Confortava-me. Era o abraço mais amigo que eu já recebi na vida.
Sorri para a namorada dele, a cumprimentando com dois beijinhos no rosto. Quando me afastei dela, uma mulher alta, loira e elegante se aproximou de mim. Analisei-a nos poucos segundos em que a mesma ficou parada. Eu via agora a razão de Danny estar com ela. Quem eu era perto dela? Bonita, miss, elegante, mais velha, com um corpo para ninguém colocar defeito algum e loira. Todos os quesitos que Daniel Jones presava.
- – Vicky se aproximou de mim, hesitante – Essa é a Geórgia, namorada do Danny – sua voz saiu em um sussurro.
- É, eu, sei – forcei um sorriso simpático, estendendo minha mão para ela. Geórgia sorriu e a apertou.
- A famosa , certo? – meu estômago revirou. Por que ela era tão... Simpática?
- Certo – respondi baixinho. A visão parecia até estranha: eu perto dela. Uma mulher tão bem arrumada, de salto alto, maquiada, perto de uma menina comum, com um All Star surrado e camiseta do Green Day. O que Danny havia visto em mim mesmo?
- Vamos nos sentar – Vicky pediu, me puxando para longe de Geórgia. Eu mal havia reparado que o próximo concorrente estava para entrar. A apresentadora repetiu o número de telefone que deveriam ligar para votar em Danny, enquanto o mesmo se curvava para a platéia.
Nossos olhos se encontraram por uma fração de segundos, fazendo meu corpo travar. Ele me olhou sério por um momento e sorriu em seguida verdadeiramente. Minhas pernas amoleceram e retribuí o sorriso dele o mais normal que eu pude, mas acho que não tive sucesso.
Danny foi para o backstage e continuei sentada ao lado de Vicky, assistindo ao show. Geórgia foi atrás dele, fazendo com que eu apertasse minha bolsa com força. Vicky colocou sua mão sobre a minha, me fitando com os olhos claros e pedindo calma.
- Vai dar tudo certo, brasileirinha – ela sorriu para mim e eu, retribuindo, apertei sua mão.
O resto da apresentação correu bem. Danny tinha ótimos concorrentes, mas estávamos certos de que ele se daria bem mais uma vez.

Então, estavam todos os concorrentes no palco, esperando para saber quem iria embora. Danny estava visivelmente tenso. As mãos nas costas, torcendo os dedos como ele fazia quando estava nervoso. Myleene Klass foi dizendo todos os nomes que ficariam, até restarem apenas Danny e Marcella.
Vicky estava com os nervos à flor da pele, inquieta, batendo os pés no chão. Murmurava algo como “não. Eles não podem eliminá-lo. Não agora que ele estava gostando tanto”. Coloquei a mão em seu braço e sorri confiante para ela, mas minha confiança estava apenas em meu sorriso, pois eu já não estava tão convencida assim de que ele ficaria. Marcella havia se saído muito bem.
- Bom – Myleene começou – Acho que é hora de contar a vocês quem continua na competição. Com o maior número de votos... – ela deu uma pausa. Meu coração acelerou e Vicky apertou as mão – Quem continua no Pop Star to Opera Star é você, Marcella – Danny deu um sorrisinho decepcionado e se virou para cumprimentar Marcella que sorria encantada. Levantamo-nos para bater palmas para eles. Danny se virou e se curvou para a platéia, agradecendo. Sorriu para nós; um sorriso chateado. Percebi então o quanto ele gostava daquilo, o quanto se importava, o quanto se esforçava para se sair bem.
Myleene disse mais algumas palavras e anunciou o fim do programa. Danny e os outros foram ao backstage e Vicky me puxou pela mão, indo atrás dele. Meu coração acelerou e minhas pernas bambearam. Eu chegaria perto dele depois de quase um ano. As sensações da primeira vez que eu o vi voltaram como em um passe de mágica. Realmente parecia que eu o conheceria de novo.
Vicky parou em frente a uma porta, onde se lia “Danny Jones” e bateu na mesma. Ouvimos um “pode entrar” abafado pela porta. Aquela voz que eu tanto amava, que havia cantado para mim tantas vezes, que me prometeu tanto, a voz que me disse “eu te amo”, a voz mais importante do mundo, tão perto e tão longe de mim ao mesmo tempo, tão inalcançável agora.
Abrimos a porta, revelando um Danny sentado no sofá, de cabeça baixa. Geórgia foi até ele, o abraçando e lhe dando um beijo. Meu coração pareceu se partir em mil pedaços, cheios de dor e tristeza. Eu ainda não havia me esquecido de nenhuma parte de nós.
- Não fique assim, Danny – ela sussurrou em seu ouvido – Você era o melhor – pude ver nos olhos dela que a mesma não se importava com o fato de ele ter saído ou não. Afinal de contas, que namorada era essa? Eu não via amor nos olhos dela.
Ele sorriu e a abraçou carinhoso. Lágrimas subiram até meus olhos e abaixei o rosto, não querendo ver a cena. Vicky me abraçou pelos ombros e deu um beijo em meu rosto. Levantei uma das mãos e limpei as lágrimas que teimavam em cair e mostrar minha fraqueza.
Vicky foi até ele e o abraçou também, assim como sua mãe e os meninos da banda que, apesar de tristes pela saída de Danny, pareciam encantados por tê-lo de volta. Ele sorriu para cada um na sala, parando o olhar em mim. Seus olhos sustentaram os meus por um instante e pude ver então seu corpo se aproximar do meu devagar. Minhas pernas estremeceram mais uma vez naquela noite quando senti seus braços envolverem minha cintura, o perfume inebriante perto de mim e a voz sussurrando em meu ouvido.
- Obrigado por ter vindo – todo meu auto controle pareceu se esvair, fazendo meu coração bater tão rápido que tive certeza de que ele sentiu.
- Foi nada – soltei seus braços de mim – Parabéns. Você foi ótimo – disse baixinho, dando um passo para trás. Danny sorriu um pouco decepcionado e se afastou de mim também, com o olhar perdido. Não era justo ele me olhar daquela forma. Ele não podia estar tão quebrado quanto eu. Ou era eu quem pensava isso? Era eu quem o julgava, quem dizia o que ele havia feito sem ao menos ouvir sua versão. No fim das contas, será que a errada era eu mesma?
- ? – dei um pulo com o susto e pude ver Tom ao meu lado rir baixinho – Vamos sair. Você... Quer vir junto?
- Ahn, não, Tom. Estou cansada e... – parei ao fitar todos os olhares sobre mim. Vicky implorava com os olhos para que eu fosse, assim como Kath e os meninos, e ele apenas baixou os olhos, sem querer me olhar – Ok, eu vou – suspirei cansada. Vicky pulou em mim, fazendo Harry e Dougie rirem e Tom piscar cúmplice para mim. Em meio ao abraço de Vicky, fitei o rosto de Danny, onde pude ver a sombra de um sorriso.

Imaginei muitos lugares onde poderíamos ir, mas nunca onde paramos. Isso só me levava a ver que eles mudaram nada. Soltei uma gostosa gargalhada quando paramos em frente ao McDonald’s. Desliguei o rádio e saí do meu New Beatle azul marinho, acionando o alarme.
-Vocês não mudam mesmo – Vicky virou os olhos, nos fazendo rir. Senti-me nos velhos tempos, como quando no dia em que ele me levou a um restaurante elegante, na noite em que me pediu em namoro. Só me lembro de que acabamos no Burger King mais próximo. Um cara de terno e uma garota de vestido e salto alto. Rendeu-nos ótimas risadas. Queria poder criar uma máquina do tempo, viver tudo de novo e concertar todos os erros do passado.

Danny’s POV (Coloque para carregar – Forget All You Know – Danny Jones)

Geórgia falava alguma coisa sobre vestidos, enquanto eu dirigia, batucando os dedos no volante ao som de “Born To Run”. Sorri levemente ao me lembrar de que tinha essa mesma mania, assim como adorava essa música.
- Danny – o tom exaltado de Geórgia me fez olhar ela por um segundo e voltar meu olhar para a rua novamente – Você ouviu nada do que eu disse, não é? – engoli em seco, mordendo o lábio inferior.
- Claro que ouvi. Você falava sobre... Ahn... Vestidos e... – vi-a soltar um suspiro cansado e olhar para fora.
- Não tem problema, Danny. Você deve estar cansado – não havia sinceridade em sua voz, mas agradeci por isso.
Vi o carro de Harry parar em frente ao McDonald’s. Eles não mudavam mesmo. Descemos do carro, acompanhando os outros até a entrada.
- Vocês não mudam mesmo – pude ver minha irmã virar os olhos, nos fazendo rir. estava ao lado dela e ouvir sua risada contagiante me fez bem. Eu sentia tanto a falta dela... Amava-a tanto, mas a sensação de que havia a perdido era mais forte. Se eu pudesse, voltaria quantos anos fossem possíveis para concertar cada erro que cometi com ela.
Sentamo-nos do lado de fora, fazendo nossos pedidos - aquele monte de gordura saturada, como dizia Vicky. No fim, ela comia mais que eu e os caras.
- Ah, tem nada natural? Estou de dieta – ouvi Geórgia perguntar e sorri sem graça para o garçom. Por que diabos alguém pediria algo natural em um McDonald’s?
Está certo. Quem eu queria enganar? Não gosto dela. Gosto da . É a que quero para mim por toda minha vida. É ao lado dela que quero acordar todas as manhãs nos próximos anos, até o fim da minha vida. Mas por que nada é como eu quero? Porra.
- Geórgia, estamos no McDonald’s – Vicky disse, rindo baixinho em seguida. Geórgia sorriu sem graça, entrelaçando seus dedos aos meus. Pela primeira vez, me senti desconfortável com seu contato.
Olhei na direção de . Ela conversava algo sem importância com Dougie e ria. Ah, seu sorriso... Ele era tão lindo, tão contagiante. Sua risada fazia meu mundo parar somente para ouvi-la, assim como quando a conheci naquele almoço de domingo típico na casa da minha mãe. Estava com saudades da minha família, mas jamais imaginei que chegaria a casa e a mesma ficaria em segundo plano daquela vez. Quem não ficaria com a menina mais linda de todo o mundo na sua cozinha? Acho que foi o que chamam de “amor à primeira vista”, sabe? Não entendo muito desse lance de “à primeira vista”. Só sei mesmo que é amor. Mas aí fiz a besteira de trai-la. Legal, Jones. Beba um monte, encha a cara e faça merda. Era sempre assim. Ela me desculpava depois. Só que da última vez ela viu. Porra. PORRA! Então, quase um ano sem vê-la, divulgando o nosso último CD, tendo apenas fotos como lembrança. Geórgia não precisa saber, mas tenho uma foto da na minha carteira e uma no espelho interior do guarda roupa - fora as milhares de fotos no computador. Ah, claro, e o álbum que eu guardava na caixa embaixo da cama. Dou graças a Deus por minha namorada não mexer nas minhas coisas. Mas que diferença faz? Ela sabe da minha história com a , sabe que já a namorei, sabe que a amo. Sempre falo nela. Cara, SÓ falo na . Droga, acho que estou ficando maluco. Não, não acho. Estou mesmo. Tudo por culpa da . Quem disse que ligo? Se pudesse, a faria ser a culpada por todos os meus problemas e, como castigo, a obrigaria a ficar comigo para sempre, ser só minha, e eu, só dela. Assim que deve ser.
- Jones? – Harry deu um tapa na minha cabeça.
- Ai dude – esfreguei o lugar. Qual é? Os tapas dele doem – Que foi?
- Seu lanche, animal, vai esfriar – Ele respondeu, me dando outro tapa. Ei, não sou o saco de pancadas particular dele.
Ouvi uma risada gostosa preencher o ambiente, fazendo todas as outras vozes se dissiparem. Ah, como eu amava o som da risada dela, mesmo que ela estivesse rindo da desgraça alheia e essa fosse comigo. Eu relevo.
Comi devagar, olhando para ela, fazendo o mesmo, e rindo de algo que Vicky falava. Eu seria capaz de desistir de tudo por ela essa noite, mostrar a ela o quão boa a vida pode ser. Ela só precisa deixar.
Geórgia se levantou para ir ao banheiro e, assim que ela saiu de vista, me olhou, sustentando meu olhar demoradamente. Mil sensações explodiram em meu peito naquele momento. Pude sentir todas as vozes ao redor sumirem. Meu único sentindo ativo era a visão. Eu só via . Os olhos tão expressivos, o cabelo emoldurando o rosto perfeito, os movimentos delicados, a maneira como ela torcia os dedos pelo nervosismo... Nenhum detalhe escapava da minha visão. Visão quebrada pela sua figura se levantando e olhando para Vicky com os olhos perdidos.
- Estou indo, gente – a voz doce encheu o lugar e me atingiu com força. Ela não pode. Não quero que ela vá, não quero perdê-la mais uma vez.
Vicky sorriu para ela, a abraçando. se despediu então dos meninos e de minha mãe, me deixando por último.
- Até mais, Danny – abracei-a desajeitado, com o pedido de “fique” preso na garganta, mas eu era covarde demais para pedir que ela ficasse.
- Vemo-nos por aí – sorri forçado quando os braços aconchegantes soltaram meu pescoço. Ela sorriu para mim e acompanhei seus passos rápidos até o carro, entrando no mesmo e saindo de lá o mais rápido possível. Eu tinha uma leve impressão de que sabia aonde ela iria.
- Danny? – virei-me para Tom que me encarava com um sorrisinho besta no rosto – O que você ainda está fazendo aí? – franzi a testa por um segundo e, então, entendi o que ele queria dizer. Eu não a perderia de novo.
Peguei um pedaço de pape, e a caneta que eu gloriosamente carregava no bolso.

Geórgia,
não me leve a mal. Você é uma ótima pessoa, mas merece alguém que a ame de verdade. Sabe que ela é minha vida. Obrigado por tudo.
Danny.


Acho que aquele não era o melhor jeito de terminar um namoro, definitivamente, mas era o mais rápido e viável no momento. Ela entenderia.
Peguei as chaves e me levantei. Lancei um olhar para Vicky que sorriu confiante para mim. Retribuí, correndo para fora da lanchonete e entrando no carro.

(Coloque a música para tocar)

Só havia um lugar onde ela poderia estar agora - um lugar conhecido, o lugar que a fazia se esquecer de tudo que sabe.

Would you hate me if I don't believe you?
(Você me odiaria se eu não acreditasse em você?)


It's hard to love you from the signs I get from you.
(É difícil amá-la pelos sinais que recebo de você)


Could you trust me if I said that I love you?
(Você poderia confiar em mim se eu dissesse que a amo?)


Batia os dedos no volante, impaciente, enquanto o trânsito de Londres não ajudava nem um pouco. Cada memória que passamos veio em minha cabeça, como um filme daqueles a que você assisti mil vezes e não se cansa.

Is there anybody I can see around you, taking me for granted, for all the things that I do?
(Existe alguém que eu possa ver em torno de você, tachando-me por cedido, por todas as coisas que faço?)


Poucos minutos depois, que mais pareceram horas, cheguei a onde achava que ela estava.
Estacionei na beira do rio Tâmisa, olhando diretamente para a ponte. Lá estava ela. Andei com passos largos até onde a mesma estava, me debruçando sobre a ponte e observando o rio iluminado pelas luzes da London Eye.
- Londres é linda à noite – sua voz estava baixa, como se ela quisesse falar aquilo apenas para ela mesma.
- Não tanto quanto a moça que observa o rio, ao lado do cara idiota que a fez sofrer – virei para ela, me encostando de lado à grade.

If we go to a place we know,
(Se formos a um lugar que conhecemos)


I can show how good life could go,
(Posso lhe mostrar o quão boa a vida poderia ser)


If you take a chance to leave all you know.
(Se você deixar tudo que sabe para trás)


If I could say I believe you, then I would.
(Se eu dissesse que acredito, eu acreditaria)


I had a dream that in my heart there was a flood
(Tive um sonho em que meu coração estava inundado)


I woke up and my sheets all tangled up.
(Acordei com o meu lençol todo emaranhado)


- E por que o “cara idiota” foi atrás dela? – um sorriso quase imperceptível apareceu em sua voz, me fazendo sorrir.
- Ele veio tentar mostrar para ela o quanto a vida pode ser boa – dei uma pausa, sorrindo – Só que ela tem que se esquecer de tudo o que sabe, de todo o passado.
- Mas ela pode confiar nele de novo? Porque a menina não quer se machucar mais uma vez – se virou de frente para mim, com um sorriso de canto nos lábios. Aproximei-me dela, colocando a mão em sua cintura e me surpreendendo por ela não ter tirado a mesma dali.
- Acho que ela pode. Afinal, ele desistiu de tudo por ela essa noite: dos amigos, da família, da namorada – frisei o namorada, vendo-a arregalar os olhos, surpresa – E até de um Big Mac – ela caiu na gargalhada
- Você desistiria de tudo essa noite por mim? – seus olhos prenderam os meus por uma fração de segundos, me dando apenas mais uma confirmação. Ela realmente era o que eu mais queria. Eu já sabia disso, mas era sempre bom confirmar.

Is there anybody I can see around you, taking me for granted, for all the things that I do?
(Existe alguém que eu possa ver em torno de você, tomando-me por concedido, por todas as coisas que faço?)


If we go to a place we know,
(Se formos a um lugar que nós conhecemos)


I can show how good life could go,
(Posso lhe mostrar o quão boa a vida poderia ser)


If you take a chance to leave all you know.
(Se você deixar tudo que sabe para trás)


Sorri para ela, apertando seu corpo contra o meu.
- Acho que você não entendeu, . Já desisti de tudo por você e desistira de novo, se pudesse – seu sorriso se alargou. Senti seus braços envolverem meu pescoço, me apertando contra ela – Perdoe-me – respirei fundo, deixando seu perfume me inebriar.
- Ela já tem a resposta – franzi a testa confuso – Ela vai se esquecer de tudo que sabe e deixar ele mostrar a ela o quão boa a vida pode ser.

If we go to a place we know,
(Se formos a um lugar que conhecemos)


I can show how good life could go.
(Posso lhe mostrar o quão boa a vida poderia ser)


If we go to a place we know,
(Se formos a um lugar que conhecemos)


I can show how good life could go,
(Posso lhe mostrar o quão boa a vida poderia ser)


If you take a chance to leave all you know.
(Se você deixar tudo que sabe para trás)


Meu sorriso aumentou. Subi minha mão até sua nuca e selei nossos lábios, passando a língua em seu lábio inferior. Se me perguntassem, eu diria que estava louco, mas se eu procurasse uma definição concreta para aquele momento, não encontraria nada bom o suficiente para descrevê-lo. Só sabia que sentir seus lábios nos meus era a melhor sensação do mundo.
Você acredita em contos de fadas? Daqueles que terminam em “felizes para sempre”? Eu acredito a partir de agora.

Made to be together,
Not for other, but each other.
You love me.
I love you harder.


Fim



Nota da autora: Ah, que emoção! Primeira short fic. Ser uma Fletcher que não sabe se decidir entre o Tom e o Danny é complicado, então resolvi não decidir. *-* Olhe que lindo.
Bem, nem tenho o que falar muito. Agradecer à Ana, querida, por betar mais uma fanfic minha e agüentar minhas paranóias. Obrigada por tudo, Ana. À Rav também, claro, que incentivou “Forget All You Know” para caramba, assim como a Laa.
Espero que tenham gostado. Obrigada a quem leu e comentou. ;)
Acho que é isso. N/A sem ter o que falar é tenso, haha.
Vemo-nos em breve por aí, meninas. Um beijo. ;*

Bela.





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