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Here Comes The Storm






Olá. Sou a e estou aqui para contar sobre a vida do meu melhor amigo. Pode parecer uma coisa estranha, mas como ele mesmo disse, ninguém melhor do que eu para relatar os incríveis fatos da agitada vida de .


Capítulo 1


Eu tinha apenas uns três anos quando estava calmamente brincando em um espaço de areia no parque da cidade, sob os olhos atentos da minha mãe. Eu brincava com outras duas crianças. Uma era bem loirinha, com os fios quase brancos, e outra que era a maior bagunceira. Ela gritava, enterrava os brinquedos, bonecos ou qualquer coisa que estivesse ao seu alcance na areia. Era o terror do parque para nós, crianças indefesas. A criança loirinha dos fios quase brancos era . Um amor, quietíssimo, mas, na dele, impossível. O terror do mundo parque era o . Crescemos os três juntos e, por incrível que pareça, não mudou nada. Quer dizer, mudou claro; para pior.
Nossas mães eram amigas. Acho que ficaram amigas no parque mesmo, da freqüência de nos levar lá quase todos os dias à tardinha. Quando completei nove anos, tive que me mudar para Liverpool por causa do trabalho do meu pai. Na verdade, a economia ia caindo cada vez mais e viver em Liverpool sempre foi mais barato. Aliás, sou de lá e com orgulho. Mamãe quis que nos estabelecêssemos lá depois que eu nasci, mas infelizmente papai e seu trabalho não permitiram. Porém, isso só durou até o dia que minha mãe, dentista, recebeu uma oferta, não das melhores, mas com uma melhor condição, para trabalhar lá. Logo, meu pai recebeu uma carta da empresa dizendo que iriam transferi-lo para Liverpool. Minha mãe não pensou duas vezes e sem nem me deixar comemorar meus nove anos direito, nos levou para lá. Não que ela conhecesse Liverpool melhor que todos e de olhos fechados, mas ela tinha certa simpatia pelo lugar. Fiquei lá até completar quatorze anos e, agora, voltei para Londres por causa do trabalho do meu pai. Cinco anos depois, eles despediram muitos do ramo do papai na empresa e... Bem, meu pai não é fraco no que ele faz, para falar a verdade.
Voltei ao colégio onde estudava com os meninos. Como sou um ano adiantada (sou um gênio), fiquei na sala dos fofinhos. Pelo menos iria reconhecer alguém por lá. Os meninos já haviam ido à minha casa para me ver e tal e o primeiro dia de aula me assustava. continuava na mesma: quieto e tranqüilo. Só mais um pouco esperto, pelo que me disse . , como eu já disse, mudou para pior. E pelo que disse, ele estava quase perto de ser preso. A polícia andava atrás dele o dia todo e a sua mãe estava quase enlouquecendo. Não que ele fosse um marginal ou um ladrão, é só que... A política daqui é bem diferente do que a de outros lugares. Somos muito respeitadores e... não é e muito menos era o que se pode chamar de um perfeito cidadão. me mostrou umas fotos outro dia e eram desenhos realmente lindos e incríveis. Eram obras de arte feitas pelo - só que na porta da delegacia. Acho que ele gostava de brincar com o perigo. A única razão para que ninguém tivesse saído do extremo ainda, segundo o , era a namorada do . Ninguém tinha ficado sabendo como onde e quando, só o que se dizia pela redondeza é que eles namoravam. Eles namoravam há um tempo indeterminado, já que um dia, não se sabe quando, disseram que estavam juntos. Se você fosse perguntar para ele, aposto com você que ele nunca vai saber há quanto tempo estava com a menina. E se perguntasse a ela... Bom, acho que ela tinha mais com o que se preocupar, não é mesmo?
me disse que ele podia ser a pior pessoa da Inglaterra, mas ele mudava assim que ela colocava os pés no recinto. Tratava a menina como se ela fosse um tipo de peça rara. Chegava até a ser engraçado pensar nisso, mas eu achei que seria mais divertido ainda quando visse isso acontecendo de verdade, e eu sabia era de nada.


Capítulo 2


Segunda feira, sete e quarenta da manhã, porta do colégio. Eu e estávamos conversando animadamente sobre qualquer programa de TV que passava em Liverpool, exclusivamente. Eu contava como eram os programas e ele anotava os nomes para ver se achava os vídeos na internet. parecia mais morto do que vivo ao nosso lado. Acendeu um cigarro e olhei torto para ele, com a cara também meio assustada. nem ligou, continuando a escrever, enquanto eu falava o nome do último programa.
- Você se importa? - ele me perguntou, já quase acendendo o cigarro. Neguei e ele deu de ombros, acendendo o mesmo e dando uma forte tragada. Não que eu ache que minha opinião fosse mudar alguma coisa, mas...
Cocei o nariz por causa da fumaça e o vi mexendo na mochila, indiferente. olhou o relógio e para a rua. Virou e olhou sério para que continuou na mesma.
- Quarenta e três - abriu a mochila, tirou a blusa que estava usando, sem se importar que estivessem vendo, vestiu outra e esticou a mão para . O menino mexeu no bolso e colocou algo embrulhado na mão de que abriu e enfiou com tudo a coisa embrulhada na boca. Abriu a mesma e eu fiquei olhando para ele, com a maior cara de bunda possível. Ele queria que eu visse como ficava o papel dentro da boca dele, é isso?
negou com a cabeça e entregou mais dois para ele, que repetiu o ato. Ele pegou a blusa do chão e jogou em cima do porteiro do colégio, fazendo um aceno de cabeça. Jogou a mochila em um ombro e encostou à parede, olhando para quem entrava, com cara de que ia matar todos.
- A festinha ontem foi boa? - um loiro alto passou rindo para que sorriu cínico para ele. virou para mim, segurando o riso.
- Foi, sim. Aliás, sua mãe sabe das coisas - o loiro na hora fechou a cara e entrou no colégio.
Meu celular apitou e abri a mensagem das minhas amigas de Liverpool. Desejavam-me boa sorte no primeiro dia. Que amores. Logo, mexeu nos bolsos e revirou os olhos.
- Quarenta e cinco - olhou para a rua indiferente e olhou para de volta - Não venha querer me bater, não, sua bichinha - realmente acho que é um completo babaca quando solta algum tipo de brincadeira no . Acho que de vez em quando ele pede para morrer. É sério. É impressionante a habilidade que ele tem para fazer de tudo para que bata nele. Mas acho que ele não bateria, porque sabe de podres dele. já me informou de algumas coisas, mas não dos detalhes. A última que eu soube foi que o traía a namorada até mês passado, toda a semana com uma nova. Para falar a verdade, acho que ela é uma retardada por ainda estar com ele. Diz a voz da sabedoria (lê-se: ) que ela sabe de tudo e um pouco mais.
Perdida em pensamentos, fui acordada por um correndo pela rua, quase sendo atropelado. Gritei o mais alto que pude pelo susto. Os olhares se voltaram para mim e eu sorri com vergonha. voltou do outro lado da rua, abraçado na cintura de uma menina. Cabelos longos pretos, a pele branca. O olho marcado pelo lápis preto e pelo delineador. Ele sorria abobado, enquanto ela batia e dava bronca nele.
- E se você tivesse sido atropelado, hein? Eu sei atravessar a rua, sabia? Espero que agora você saiba, porque não acho nada engraçado você sair por aí correndo no meio da rua. Está querendo morrer? - os dois entraram no colégio.
deu de ombros e pegou a mochila de , que ficara no chão. Entrei atrás de .
- Essa é ela, a menina de quem eu estava lhe falando há alguns dias. Não pense um minuto em falar com ela - por acaso ela era anti-social? Ela ia me bater se eu falasse com ela? - Eu sei que é estranho eu lhe pedir isso, mas se você tem amor à própria vida, nem chegue perto dela, a não ser que o esteja com a gente - OI? Que gente mais bizarra, céus! - Vou lhe explicar o motivo - ele me chamou com o dedo de um jeito até que sexy, se posso comentar, e eu abaixei um pouco a cabeça - já deixou claro que vai... Bem, você o conhece - eu concordei. Se era uma peste quando era pequeno, pelo que o disse, só poderia ser bem pior agora - Se alguém trocar alguma palavra com ela... É sério! Não ria, por favor. Para você ter noção, uma vez, depois que eu dei um bom dia, eu falei o nome dela e ele me fuzilou com aquele olhar dele. Eu juro que achei que aquele seria meu último segundo aqui no mundo.
- Ah, qual é?! Fale sério! O nome dela vale ouro? - caramba, que coisa ridícula!
- O nome não. Já ela...
- O que é? Ela é filha do presidente?
- Pelo contrário. Os pais dela são o mais simples possível. O problema é que ele tomou certo ciúme sobre ela e já está começando a ficar doentio. Uma vez, ouvi falar pelos corredores que ela falta à aula só para não passar por isso, porque ela já está cheia.
- Se ela já está cheia disso, por que não termina? É tão simples - deu de ombros e paramos na porta da sala.
- Vai saber - ele sorriu e abriu a porta, me deixando passar antes.
- E cadê ele? Não vem para a aula? - ele abriu a boca, mas logo o interrompi - Ou vai falar que ele fica de vigia na porta da sala dela também? Era só o que me faltava! - ok, menos de quinze minutos na presença dessa menina e eu já estava enlouquecendo. Sério mesmo, quem era ela? Era A garota do mundo todo? Meu Deus, que exagero.
- Na verdade... - apontou para a porta, onde um vinha caminhando lentamente até perto de nós. A professora se levantou e abriu a boca. Na mesma hora, ele sentou todo relaxado na cadeira ao meu lado e sorriu.
- O de sempre.
Cutuquei que estava à minha frente, a fim de uma resposta para a resposta que havia dado para a professora. Antes que pudesse completar o "ele foi...", olhou para mim com a maior cara de retardado possível e disse baixo:
- Eu fui deixar a na sala dela. Que coisa... – virou-se emburrado e dormiu durante todas as aulas.
Então o nome dela era ... Interessante. No intervalo, nós fomos apresentadas e... Ok, eu mudo meus conceitos sobre ela. Ela parece ser um amor de pessoa. Mas não deixa que ela se entrose. Aliás, acho que está mais do que na hora do se tocar de que a menina não é parte dele e deixar com que ela tenha também a vida dela.
Eu dando opinião sobre o que estou presenciando há cinco segundos. Risos.


Capítulo 3


Era sábado e eu estava andando na rua com o meu cachorro, Flows, quando encontrei-a parada na porta de um café. Estava com a cara pálida e mal se mexia. Na verdade, a única parte dela que mexia eram as mãos, porque tremiam. Sentei-me na frente dela e passei a mão na frente de seus olhos. Ela nem se mexeu. Não piscava e parecia não respirar. Sacudi-a e então ela saiu do transe, dando um pulo para trás. Bateu com a cabeça no vidro e logo se tocou que era eu. Sorriu sem graça e voltou a se sentar, mexendo o copo. Abaixou o olhar assim que seu sorriso se fechou, segundos depois.
- Aconteceu alguma coisa? - perguntei. Foi arriscado, eu sei. podia estar dentro do café e ver tudo. Eu tinha amor à minha vida, mas também tinha a solidariedade comigo e eu estava decidida. Não ia deixar o tomar conta dela. Podem achar isso a coisa mais lésbica, bizarra, ou mesmo estranha das suas vidas, mas se passassem uma semana como eu passei e vissem a cara de perturbada dela, iriam fazer a mesma coisa. E olhe que não troquei mais que um simples "oi" com ela, e foi no dia que ele nos apresentou.
Ela não me respondeu, então perguntei baixinho novamente. Sem resposta. Resolvi perguntar outra coisa.
- Ele está aqui? - ela negou. Ótimo, voltei a falar normal - Pode me falar; aconteceu alguma coisa? - ela fez que sim com a cabeça. Fiquei em alerta - Quer me contar? Sabe que não vou falar nada para ele. Eu estou com você - ok, essa foi uma das coisas mais fora do comum que eu disse na vida, mas caramba... Ela precisava falar com alguém. Estava escrito na testa dela.
No mesmo momento, pude vê-la levantar os olhos devagar e fazer um gesto com a cabeça para que eu a seguisse. Logo, fui seguindo um pouco distante dela. Mandei uma mensagem para , contando o que tinha acontecido. Demoramos séculos para chegar à casa dela. Tive até que levar o meu cachorro no colo. No caminho, ela se sentou perto de uma árvore e me liguei de que aquela era a minha casa. Entendi o recado e deixei o cachorro em casa. Vi-a se levantar assim que fechei a porta. Demos uma volta inteira no parque (que NÃO é pequeno) e chegamos. Depois que fui me tocar de que a casa do era no caminho. Ela era esperta; eu sabia. Tinha passado por trás da casa dele. Que safada! Aposto que ela faz isso toda hora. A mesma abriu a porta e bateu os pés no tapete. Imitei-a e entrei. A casa dela era um amor. Toda fofinha e quentinha. Parecia aquelas casas de boneca que aparecem em revistas. Ela sorriu ao passar pela sala e ouvi pela primeira vez na minha vida a voz dela. Acredite você ou não, mas não deixou que ela me respondesse, depois que eu disse "oi", quando nos apresentou. Ele tinha ciúmes da voz dela? Se for isso, QUE ridículo!
- Oi mãe - acenou e parou, olhando-a. - Essa é a . É do meu colégio, amiga do .
- Olá - a mãe dela sorriu e me deu dois beijinhos.
- Algum recado?
- O de sempre - todo mundo usava o código "O de sempre" ou era só impressão minha? Ah. Ela sorriu entendendo a minha falta de compreensão na frase da mãe dela. Apoiou uma mão no corrimão da escada.
- Eu ligo depois para ele - subimos a escada e entramos no quarto dela. Era um quarto super normal até. Uma parede era roxa e três eram brancas. Os móveis eram todos brancos e a colcha da cama dela, de um verde vivo. Sorri e sentei depois dela tirar os sapatos e se sentar encostada ao travesseiro. Jogou-me uma almofada e olhou a porta. Devidamente fechada - Oi - ela sorriu abertamente. Meu Deus, que gracinha o sorriso dela. Tão fofo – Chamo-me . Prazer - eu disse que ela devia ser legal - Desculpe por essa semana. Ele está meio... Atordoado com o começo das aulas.
- Acho que você já sabe quem eu sou - ela riu baixo e concordou - Tudo bem. Não é de hoje que conheço o gênio - ela riu de novo. Ficamos um tempo em silêncio e logo ela o cortou.
- Aposto que você quer saber de tudo, não é? - ela me perguntou, mas não de uma forma grossa. Foi de uma maneira natural.
- Quero saber o que aconteceu. Se não quiser falar, não tem problema.
- É só que... - a cara de pavor dela voltou. É para eu ficar com medo? Porque me assustou um pouco. Confesso - Eu respondi ao menino do segundo ano, da sala da frente da de vocês.
- E daí?
- E daí que ele disse “oi” e eu respondi outro baixo, mas ele ouviu. Aí ele sorriu e eu... - ela parou de falar e olhou para o vazio.
- O que aconteceu?
- Se ele souber que eu falei com o menino, vai acabar com ele e vai brigar comigo. Ele disse que, se eu falasse com alguém esse ano, ia me bater... Bater em mim! - ela arregaçou as mangas da blusa de manga comprida e pude reparar em um roxo na parte inferior do braço dela. Apontei para o roxo e ela logo o escondeu, sorrindo sem graça - Mas minha mãe não sabe.
- O que é isso? - voltei a apontar para o roxo. Não podia ser o que eu achava que era. Podia?
- Não é nada. Eu bati na cama outro dia. É normal... Sou desastrada - ela riu e eu me aliviei - Enfim, ele não me deixa fazer nada que não seja com ele. Eu minto para a minha mãe, dizendo que saio com outras meninas, porque saio todo dia com ele.
- Sua mãe não gosta dele?
- Só falou com ele pessoalmente algumas vezes e ele é o amor da vida dela. No ano novo, ele ligou quase que do outro lado da Inglaterra para falar com ela. Minha mãe disse que ele ligou para agradecer pela filha que ela tem - sorri. Jura que ele falou isso? Não é típico dele - Minha mãe é apaixonada por ele. Cansei de pegar os dois se falando no telefone. Ele vem de vez em quando aqui para vê-la, mas é raro. É tipo... Uma vez a cada mês, e não foram tantas assim.
- E por qual motivo ele não lhe deixa fazer nada?
- Ele acha que eu sou vulnerável a qualquer coisa. Desde a poeira do chão, até uma bala perdida. Eu não ligo muito; é o jeito dele. Ele acha que tem que me proteger das pessoas más - ela riu – Deixo-o fazer o que quiser. Realmente não ligo muito. Ele é uma pessoa legal e só quer o meu bem. Do jeito dele, mas só quer meu bem.
- Ele não pode querer o seu bem tratando você desse jeito.
- Eu sei e eu estou com medo da escola na segunda. Ele vai saber. Ele sempre sabe.
- Não se preocupe. Eu vou estar lá - a mesma hora, ela deu um pulo da cama e segurou minhas pernas.
- Não! Não, não, não, não, não. Por favor, não fale comigo. Se ele souber que eu falei com você, estou frita.
- Ele é doente? - ela calou a boca e sentou, fechando os olhos. Eu sabia que tinha alguma coisa metida ali no meio.
O telefone dela tocou e pude ver o nome dele na Bina. Levantei-me, dizendo que ia embora e ela fez sinal para que eu esperasse. Atendeu ao celular com a voz suave.
- Não tem nada a ver. Eu juro para você. Que coisa! Não, eu não sei e não quero... - ela olhou o telefone e jogou-o na cama - Ele está vindo para cá.
- E agora? - olhei para ela, um pouco assustada. Ouvimos a campainha. O safado já devia estar lá fora quando ligou. Saímos correndo pelo quarto, feito baratas tontas, e eu me joguei para dentro do armário dela. A sorte é que tinha uns buracos que dava para ver e respirar. Até que era confortável lá dentro. Ela se certificou de que eu estava tranqüila e se sentou na cama, olhando para o chão. A porta bateu e pude vê-lo parar ao lado dela.
- Levante - ele falou curto e grosso. Ela se levantou sem jeito e eu fiquei com receio de que ele fizesse alguma coisa - Vai me explicar?
- , ele falou um simples “oi”. OI. O-I. E eu respondi “oi”. OI. O-I. Eu não insinuei nada e nem fiz nada, a não ser responder a ele. Você não pode controlar tudo o que eu faço - hum, corajosa. Ele pegou uma almofada, apertando-a com força.
- Mas você sabe que não foi isso que eu disse.
- , você não me deixa falar com ninguém que não seja você ou minha mãe.
- Que cheiro é esse? Esse perfume não é seu - ele a ignorou, cheirando o ar. Olhou feio para ela.
- É meu, sim. Eu comprei, ok? E dá para parar? Eu tenho minha vida! - ela não tinha medo do perigo, olhe. Se fosse o , já tinha corrido - E ela não gira em torno de você! - pediu para morrer.
Ele foi apertando cada vez mais a almofada. O rosto dele foi ficando cada vez mais vermelho e as veias pareciam que iam saltar. Ele jogou em um movimento mudo a almofada na parede e ela estourou, se transformando em um monte de peninhas caindo pela parede dela. Ela se levantou, foi até o banheiro e voltou com o cabelo preso em um coque frouxo. Ele se sentou na cama e esticou o braço, olhando baixo - Se você...
- Eu não vou - ele a olhou indiferente - Venha aqui - ela suspirou e pegou na mão dele. Ele a puxou para seu colo e a prendeu ali, a abraçando fortemente - Desculpe - OI? O falou isso? Essa menina tem o poder. É sério. Vou pedir para ela mandá-lo lamber o chão da quadra do colégio. Será que ele obedece? - Eu quero você só para mim.
- Mas, , eu não estou saindo com outra pessoa - ela sorriu fraco, mexendo no cabelo dele.
- Mas eu quero. Eu quero que você passe todos os dias comigo, que passe o dia em casa e me esperando voltar. Que cuide dos nossos filhos, que passe o dia cuidando de tudo que é nosso.
- Mas nem temos dinheiro para isso ainda. Somos totalmente dependentes.
- Não fale isso - ele a olhou feio, mas logo voltou a olhar para as pernas dela, brincando com as mãos ali - Eu não gosto que olhem para você e que falem com você.
- Mas você não pode proibir isso.
- Posso, sim. Você é minha namorada e eu posso o que eu quiser.
- Mas e se eu não quiser? Eu gosto de falar e de conversar também.
- Então converse comigo.
- Mas, amor, você não é uma menina com quem eu possa conversar sobre... Sei lá, sobre esmaltes.
- Eu converso sobre esmaltes com você. Eu aprendo sobre eles. Sério - ela riu. Como ela pode rir? Eu nem sei o que teria feito numa hora dessas.
- , se eu estou com você, é porque gosto da sua pessoa. Se não, eu estaria com outro. Não é mesmo?
- Mas você não me ama.
- Ai meu Deus - ela riu de novo. Descobri o problema dele. Ele era carente! , você é um gênio!
Ela segurou o rosto dele com força e riu mais, sorrindo.
- É claro que rola um sentimento grande por você. Senão, eu não gastaria meu tempo.
- Então diga que me ama.
- Prometa-me uma coisa antes - ele confirmou - Sem essa de proibir todo mundo de falar comigo.
- Mas, amor, eles podem olhar para você... Falar de você... Falar COM você. Eu não quero isso. Você é muito pequenininha e frágil.
- Eu não sou nada.
- É, sim, e não venha discutir comigo.
- Ok, mas falar é outra coisa.
- Eu quero a sua voz só para mim - ai meu Deus, jura que ele é maníaco assim? não me contou isso. - Mas... - ela riu. Não tinha o que falar. Fato - Pare com essa besteira, . Se quiser, eu falo o dia todo com você.
- Mas você já faz isso.
- Porque você me obriga.
- Mas a sua mãe...
- Olhe só: se você continuar com isso...
- Está bem. Eu já parei - ele a abraçou. Eu disse que ela tem o poder, ha! - Sem essa de proibição. Agora fale.
- Não acredito. Deixe de ser carente - ela passou a mão na cara dele que riu - Eu amo você - disse baixinho, olhando para ele. Ele sorriu e a apertou mais. Logo, se beijaram e eu já estava cansada de ficar naquele armário.


Capítulo 4


- Estou falando sério. Ele disse isso! - eu sussurrava para .
- Não acredito... Aquilo - apontou para um fumando novamente na porta do colégio às sete e quarenta, como todo dia - Disse isso tudo?
- Acredite ou não.
- Ele é doente. Não é possível. E ela?
- Não resiste aos encantos. Não a culpo.
- Ai Senhor... - riu e cutucou com o pé. Ele apagou o cigarro, trocou a blusa, jogou para o porteiro do colégio e colocou uma nova. Esticou a mão para e colocou os papeizinhos na boca. Atravessou a rua e ficou parado.
- Seu escroto, vá lamber o peito da sua avó! - ele voltou, mandando o dedo para um moreno alto. Olhou feio para .
- Eu não tenho culpa de nada.
- São sete e quarenta e sete - ele bufou e pegou o celular. Logo, ele se virou e ficamos sabendo o porquê. Ela o cutucou. Ele a abraçou forte, levantando-a do chão. Deu um selinho nela e sorriu bobo. Pegou a mochila dela e a jogou nas costas, em cima da dele. Ela o abraçou pela cintura e sorriu discretamente para mim.
- Não vá arriscando, não. - me cutucou e concordei, dando de ombros.
- Ah, quase me esqueci - parou no meio do caminho, fazendo eu e batermos neles. - , essa é a .
- Oi - eu disse e sorri abertamente para ela. De modo inesperado, ela veio e me abraçou. a puxou assim que ela alcançou meus braços.
- Olá - ela deu uma piscadela engraçada e eu ri. bufou e a puxou junto com ele para andar.

- O que você está fazendo aqui? - perguntou assim que a viu atravessando a rua, depois da aula. Usava uma calça jeans skinny, tênis e uma blusa branca. Tinha faltado à aula. Ele jogou o cigarro no chão e olhou para o lado, procurando .
- Eu vim buscá-lo. Você não pediu?
- Droga, me esqueci - ele bateu na própria testa - Oi amor.
- O que você estava fazendo?
- Nada. Esperando você.
- Não vai trocar de blusa para eu não perceber o cheiro? - engasguei nessa hora. Juro que engasguei. deu um tapa nas minhas costas e quase que meus órgãos saíram pela boca, mas pelo menos melhorei - Você sabe que da próxima vez que isso acontecer, haverá conseqüências, não sabe? Você já está avisado e não é de hoje - ela cruzou os braços e fingi que estava interessada nos passarinhos em cima da cerca. Coitadinhos... Mal sabiam eles que iriam morrer eletrocutados dali a poucos segundos. Triste.
- Não vai mais acontecer.
- Você fala isso toda semana.
- Juro que agora vai ser diferente.
- Você disse isso semana passada, depois que me ligou PARA me informar que estava fumando na porta do colégio.
- Eu... - ele mexeu no cabelo. Essa menina era boa nisso.
- Esqueça isso. Vamos embora, vai - ela o empurrou e sorriu para mim. Andei atrás dela, pensando em como ela adquiriu aquele poder sobre ele. Quer saber? Só tinha um jeito de eu saber.


Capítulo 5


- Ninguém sabe, . Ninguém sabe. É um mistério - me olhava firmemente - Já tentamos arrancar dele, mas ele não fala.
- Nada?
- Nada. Ninguém consegue. Eu achei que o conseguiria, mas nem ele conseguiu. O sempre foi um terror, porém desde que essa menina apareceu... Meu Deus, eu rezo todos os dias para que eles continuem juntos. Ela faz tão bem para ele. Desde que eles começaram a namorar, ele não apronta uma. Outro dia, peguei os dois brigando por causa da bagunça que ele fez no corredor com os livros do menino novo. Olhe, , ela tem um controle sobre ele anormal. O dia que eles brigarem sério, eu não quero nem estar perto. Ela eu deixo até bater nele. Ela põe o na linha. Ela me prometeu fazê-lo parar de fumar.
- E ela está cumprindo, viu? Eu vejo de perto todo o dia a briga que é.
- Só espero mesmo que ela consiga.
- Bom, qualquer coisa que precisar, pode me pedir. Posso tentar ajudar, apesar de que eu sei que não vai surtir efeito nenhum.
- Obrigada.

Saí de casa para andar um pouco no domingo. Fazia um pouco de sol e quando há sol temos que aproveitar, né? Fui andando sem rumo e, quando dei por mim, estava perto da casa do . Ele estava com sentado na calçada e não parecia nada feliz. parou do lado dele e tentou se comunicar com os dois. respondia normalmente e só mexia a cabeça e os ombros. saiu de perto com uma cara esgotada e me aproximei. Assim que cheguei perto, sorriu e eu sorri de volta. Fazia uma semana que o tio de tinha ido dessa para melhor e ele não falava nada direito. De repente, ouvi a voz dele sair rouca:
- Por acaso você a viu?
- Não – sentei-me ao lado de e encostei minha cabeça ao ombro dele. Ele passou um braço pelos meus ombros e sussurrou que não estava nos melhores dias dele. Concordei, recebendo um beijo na testa. era tão fofo!
Meu celular tocou alto e não me movi, com preguiça. esticou um braço e abriu a mão na minha frente. Alguém me explica como, Deus do céu, ele sabia que era ela? Sem graça, deixei meu celular na mão dele e ele se levantou, já atendendo irritado.
- Você é maluca? Quer fazer o favor de falar comigo? - ele devolveu meu celular e se sentou emburrado - Vadia. Não quer falar comigo.
- Motivo?
- Eu andei fumando esses dias - suspirei e mexeu no cabelo.
- Então por que não pára?
- Não é tão fácil e não vou parar de fazer o que eu gosto por causa de uma menina - até parece... A quem ele queria enganar? abriu a porta de casa e parou na frente dele.
- Vá tomar banho - ele não tinha tomado banho? Que nojo.
- Não antes de ela me atender.
- Ela não vai atendê-lo e é bom você ir tomar um banho agora. Temos um almoço daqui a pouco - ele bufou e se levantou, jogando o celular na grama.
- Eu já mandei você parar de ligar para ela!
- Para o banho, agora! - engrossou a voz e eu tremi de medo. percebeu e riu, me apertando. Levantamo-nos e vimos com o celular dele na mão - Quando isso vai parar, meu Deus?
- Um dia, tia - sorriu fofo e ela concordou.

Eu estava na casa da , mais tarde naquele dia, apenas conversando. Já tínhamos visto “Singing In The Rain” e estávamos deitadas no sofá da sala, olhando o vazio. O celular dela tocou pela trigésima vez (sério, eu contei. Mentira. Perdi a conta depois da trigésima, mas ali foi apenas um exemplo básico) e ela continuou parada. O celular voltou a tocar mais duas vezes.
- Acho que você devia atender - toquei no assunto “ela e ” pela primeira vez desde que entrei ali naquele dia. Ela se levantou feito uma múmia e não respondeu nada assim que apertou o botão de aceitar ligação no celular. Eu pude ouvir um berro e depois mais nada. Ela arregalou os olhos e concordou, dizendo que já ia para lá. Levantei-me, indo atrás dela para o quarto. Ela colocou uma calça skinny preta, um All Star branco e uma blusa também branca. Estendi um casaco para ela e ela sorriu, negando.
Saímos da casa dela e ela corria até a casa que já conhecia há tempos. Paramos assim que chegamos e começamos a andar para a porta. Ela parou, me puxando junto. apareceu ao lado de e desceu as escadas ao meu encontro. Abraçou-me de lado e suspirou, fazendo uma cara ruim. levantou a cabeça e viu parada ao meu lado. Ele desceu alguns degraus e olhou para baixo. Eu não fazia a mínima idéia do que tinha acontecido. Só sei que, pela cara do , era sério. Senão, ele não tinha se afastado um pouco e me puxado junto.
correu até e o abraçou forte. Ele retribuiu e começou a chorar. Vê-lo chorando estava me matando.
- Vai ficar tudo bem. Você vai ver - ela sorriu e se afastou um pouco, pegando o rosto dele. Voltou a abraçá-lo e me fez entrar na casa. Que menino folgado! Os outros dois fizeram o mesmo e sentamos todos no sofá. levantou e segurou seu braço, negando com a cabeça. Ela voltou a se sentar e ele deitou no colo dela. Ela fechou os olhos e acariciou o cabelo dele. O telefone tocou e esticou o braço para atender.
- Está sim - ele respondeu sem muita emoção e isso me preocupou. Ele podia estar quebrado, mas ia continuar falando alegremente. Algo de muito sério tinha acontecido e eu me mordia para saber. se sentou, puxando para se sentar no colo dele. Ela obedeceu e apoiou a cabeça no ombro dele. Ele firmou os braços em volta dela e chorou de novo em seu peito. A blusa dela começou a ficar molhada e eu podia ver do outro lado do sofá o sutiã dela. Ela me olhou e concordou, lendo meus pensamentos.
- Você me leva lá? - ele perguntou baixo, ainda com a cabeça enterrada nela.
- Levo - ela se levantou e olhou para . O mesmo concordou e mexeu nos bolsos.
- Eu vou ligando o carro - fui atrás de , a fim de deixar os dois sozinhos.
- Vou pegar um casaco para você - subiu as escadas sem ânimo e voltou logo depois com um casaco azul - É seu. Ficou aqui, semana passada. Está limpo - ele fechou a porta e entrou atrás do carro de com ela. Ela riu baixo.
- Eu sabia que estava aqui - todos ficamos em silêncio e olhei pelo retrovisor: olhando a chuva fina cair, com encostado a ela e os olhos fechados.

Chegamos a um hospital e correu para abraçar que voltou a chorar. prendeu o choro e passou um braço pelo ombro dele, dando apoio. Eles se olharam e voltaram a olhar para frente. A irmã mais nova de dormia deitada em um sofá e o rosto dela estava inchado e vermelho. O narizinho dela parecia o do Rudolf, a rena do Papai Noel, daquele filme de criança (que por sinal eu adoro). abraçou a mãe e, pela primeira vez na vida, meu estômago embrulhou. Achei aquilo tão fofo que comecei a chorar baixinho. passou um braço por minha cintura e me levou para fora dali, para uma cantina.
- O pai dele sofreu um acidente - olhou para o lado e voltou a me olhar sério - Não resistiu - Senti vontade de gritar, vomitar e chorar. Fiz apenas a última coisa. era muito forte. Não chorou em momento algum. Só foi para o meu lado e me abraçou forte - Não diga nada, nem para ajudá-lo - concordei. Só uma pessoa podia fazer isso e surtir algum efeito nele e essa pessoa não era eu.
se sentou ao meu lado e empurrei o café que eu tinha tomado apenas um gole para ela. Ela sorriu fraco e bebeu, voltando a me olhar.
- Ele vai ficar bem - não sei por que, mas eu acreditava nela - , tudo bem se você nos levar para casa daqui a pouco? Não quero que ele fique aqui.
- Sem problemas - ele piscou e ela bagunçou o cabelo dele, dando uma leve risada.


Capítulo 6


Já fazia três semanas desde o acidente do pai do . Ele estava visivelmente melhor e não acho que isso foi só pelo fato de ele ter conseguido o que sempre quis: vinte e cinco horas por dia, só para ele. A mãe dele continuava cabisbaixa e, toda vez que eu ia lá, tentava dar uma força. Sentei-me entre as pernas de , embaixo de uma árvore grande onde outros estudantes estavam também, e vi de longe chegar ao colégio, segurando uma mão de . Ele avistou e deu um aceno. Sentou-se em um banco com uma perna de cada lado e esperou que sentasse de lado para ele, para apoiar a testa no ombro dela. Admito que não apoio tudo o que o faz, mas vê-lo daquela forma e sem nem mexer com ninguém estava me deixando meio... Sei lá, mas fazia com que eu me sentisse incompleta. se mexeu e fechei os olhos, respirando fundo. O sinal tocou e todos nos levantamos para irmos para as salas e ter aulas chatas até a uma da tarde.
- Vai lá para casa? - perguntou assim que se sentou na frente dele.
- Vou pichar uns muros hoje - ele respondeu tranqüilamente. Algo em mim se despertou e eu sorri involuntariamente. Isso significava que o estava voltando ao normal, o que era ótimo.
- A não vai gostar disso.
- Que se dane! Eles mataram meu pai e não vou deixar isso assim - , como a voz da experiência e dos ouvidos de fofocas, me disse que uns caras bateram na lateral direita do carro do pai do . Desde que o mesmo descobriu, vinha dizendo que ia pichar a casa dos caras que, não sei como, ele conseguiu descobrir onde era.
- , isso não vai fazer com que eles se sintam culpados ou paguem pelo mau que estão fazendo para a sua família. Tente entender - disse calmo e eu queria bater nele. Se ele tentasse mais uma vez dar algum conselho desse tipo ao , eu ia me esconder de medo da fera que ia sair por ali.
- Eu não quero saber - assim, encerrou o assunto, afundando a cabeça na mochila.

Saímos (finalmente) da aula e fomos para o portão do colégio. No meio do fluxo, acabei perdendo do campo de visão. tinha ido avisar à do incidente na aula e provavelmente já estava lá embaixo. Senti uma mão na minha nuca e me virei, vendo um menino alto e forte me olhando maliciosamente. Segundos depois, pude ver que a mão não estava mais lá e nem o dono da mesma. Olhei para o lado e vi apertando a mão. Olhei para baixo e vi o menino caído. me puxou pelo braço, enquanto o resto do pessoal parava para olhar o pobre menino caído no chão, no meio do corredor.
- não ia gostar se visse isso - ele falou sério e continuei calada - Você devia fazer algum tipo de luta como esporte. Não sabe se cuidar - EI, quem disse que não? Ok, talvez o fato de que eu tinha o ao meu lado quando eu quisesse houvesse me acostumado muito mau... Mas isso não significava que não sabia me cuidar. Ou talvez aquela dependência significasse... Tanto faz.
Chegamos perto de e e sorriu, abraçando-a. Acho fofo ele demonstrar que gosta de alguém. Pelo menos de uma pessoa ele tem que gostar, né? Acabamos indo todos para casa dele. fez com que ele desistisse da idéia da pichar a casa dos caras. Com a irmã na escola e a mãe no trabalho, ficou um pouco mais tranqüilo.
– Fique sabendo que não é por que me fez vir para casa que eu não vou lá ainda, ok? - riu e se sentou no colo dele.
- Fique você sabendo que um pé metido perto da casa deles e nosso namoro já era - ficou ereto e a olhou sério.
- Quero comer - quando ele fugia do assunto, é porque estava com medo. Queria ter esse poder sobre .

A mãe dele era médica, então fazia plantão e nunca tinha hora para chegar ou sair. A irmã vivia na escola. Logo, ele ficava sozinho quase sempre e, depois da morte do pai, a situação só foi para pior. passava o dia todo com ele. Passava na casa dele antes da escola, passava todos os intervalos e todo o tempo que tinha possível na escola com ele, saía da escola, iam para a casa dele e ela só ia para casa às onze, quando já tinha que dormir para acordar no dia seguinte e fazer o mesmo.
- Eu vou ali à rua comprar alguma coisa para comer - ele se levantou da cama, onde estava deitado, e vestiu um casaco.
- Ei, não. Tem comida aqui.
- Mas não quero a comida daqui - quando ele queria, era bastante teimoso - Não vou demorar.
- , você não vai. Venha, sente-se aqui que vou tentar ajudá-lo no dever de casa. me disse que vocês têm alguns para amanhã.
- , é sério. Eu preciso sair - ela aw levantou junto - Preciso ficar sozinho.

Fazia cerca de duas horas que ele havia saído e não apareceu mais. estava começando a ficar nervosa. Ninguém atendia no celular dele. e muito menos eu conseguimos ter sorte, mas continuamos ligando.
Por volta de três horas de saída, eu estava no telefone com ela, tentando distraí-la, quando ela disse um simples 'tchau' e desligou. apareceu na sala, com os olhos inchados e vermelhos.
- Eu fumei maconha - ele continuou parado na porta da sala. Ela balançou a cabeça e suspirou.
- Apenas vá tomar um banho - ele obedeceu e logo apareceu na sala de novo. Sentou-se ao lado dela e a abraçou, começando a chorar.
- Ele se foi, de verdade.
- Você é forte. Vai ficar tudo bem - ela sorriu e ele deu um selinho nela. Ela ligou a TV e ficaram vendo alguns desenhos bobos - Você precisa fazer seus deveres, . Eu já fiz os meus.
- Pare de pegar no meu pé. Estou deprimido.
- Isso não é desculpa para não fazer seus deveres. Ande. Levante essa bunda daí e vá fazer o dever.


Capítulo 7


Um ano e alguns meses haviam se passado desde o episódio de toda a reviravolta na vida de . Parece que não, mas fiquei sabendo que ele e realmente só começaram a namorar pouco antes daquilo acontecer. Antes, eles só levavam a fama mesmo. Engraçado (não).
No outro dia, seria dia dos pais e , apesar de ter conseguido dar um grande passo na depressão, sabia que iria voltar a ficar mal por causa da data.
Sexta feira, todos nós na escola, intervalo. Sentamos eu, e ele embaixo de uma árvore. veio saltitante com o cabelo voando perfeitamente atrás dela e um sorriso de orelha à orelha.
- Ei! - ela se sentou entre e .
- Olá - respondemos eu e , sorrindo de volta para ela.
- Tenho uma ótima notícia. Mas é para o - ele levantou a cabeça e a puxou para perto.
- O que é?
- Interesseiro - ela riu e o olhou - Esse final de semana, a casa é só minha - a olhou feio, já abrindo a boca para dar uma bronca daquelas nela e em suas intenções - E eu quero você comigo - ele sorriu e apertou o nariz dela. começou a ficar fofinho de uns meses para cá e admito que eu estava achando bom vê-lo tão diferente.
- Nada de festa no sábado à noite - ela fechou a cara - Só comigo.
- Só com você - ela concordou, rindo e o abraçou pelo pescoço.
- Amor - ele chamou depois de um tempo.
Amor? Palmas. está evoluindo. Fofinho. Viu? Eu não disse?!
- Eu te amo - dei um berro nessa hora, mas eu juro que foi sem querer. Cara, que coisa mais fofa. , estamos ficando há uns meses e você nem sequer disse algo legal para mim. Ok, só disse que eu era a menina mais maravilhosa do mundo, mas isso ainda não é um 'eu te amo'. E do jeito dele foi tão lindo... riu e eu o olhei assustada. Ele deu de ombros.
- O sinal bateu - ela se mexeu. Super corta clima ela, né? Concordo, mas aposto que ela só falou aquilo porque...

- Eu não estava e nem estou pronta para ouvir uma coisa dessas - ela dizia desesperada no telefone para mim. Ri alto.
- Você devia estar. Sabe que ele gosta de você. Por acaso ele trata as outras pessoas do jeito que ele a trata?
- Não, mas isso não tem nada a ver.
- Admita: você tem medo.
- Medo de quê?
- De gostar de verdade de alguém. Vamos, ele deu um passo super legal para o relacionamento e você super cortou o clima com um 'o sinal bateu' - foi a hora de ela rir e concordar.
- Verdade. Super broxa.
- Espero que, quando ele chegar, você o trate melhor.

Sábado, dia dos pais. Ela acordou e sentiu os braços dele em sua cintura. Moveu devagar a cabeça para o lado e o sentiu mexer muito perto. Continuou a virar a cabeça e o viu se encaixado nela. Sorriu e apoiou a cabeça no travesseiro.
- Bom dia, bebê - ele disse baixinho, roçando o nariz no pescoço dela. Ela riu baixo e se encolheu.
- Bom dia. Fome?
- Muita, mas muita preguiça de levantar também.
- Faça um esforçozinho, vai - ela virou para o lado e o olhou. Mexeu no cabelo dele todo bagunçado. Brincou com a franja jogada dele, enquanto o mesmo fechava os olhos. Ele se aproximou mais, ainda sem enxergar, e a beijou calmamente.
- Cante para mim - quebrou o beijo, a abraçando como dava.
- Eu não sei cantar.
- Sua voz é linda. Cante - ela negou com a cabeça - Faça um esforçozinho, vai - ela riu.
- Cantar o quê?
- I'm Yours - voltou a fechar os olhos, enquanto começava a cantar. Ele acariciava a barriga dela por baixo do pijama e sorria.
- Ei, já é meio dia. Precisamos comer alguma coisa - disse depois de acabar de cantar.
- Ah, não.

Eu estava na sala com e . Estávamos a todo o custo tentando distrair , antes que ele se lembrasse de que era dia dos pais. estava acabando de se vestir no quarto dela.
- - ele chamou do andar de cima.
- Você sabe se vestir, .
- - ele voltou a chamar e ela ignorou - PORRA, ! - ela arregalou os olhos.
- Droga, ele se lembrou - ela saiu correndo escada acima e eu e ficamos estáticos e sem saber o que fazer. - Vou pegar água com açúcar - eu o segui, concordando.
- Droga, - ouvimos a voz de já na sala - Por que essas coisas só acontecem comigo?
- Não é só com você. Existem muitas pessoas assim também.
- Mas elas não estão chorando porque hoje é dia dos pais!
- Vai ver elas acharam uma maneira melhor de se distrair e não se lembrar do dia de hoje. Afinal, é só mais uma data no calendário, não é mesmo?
- Lógico que não! Você é maluca? É o dia dos pais. Dos PAIS. PAIS. Homens. Homens que têm filhos e que recebem presentes. Eu não vou poder dar nenhuma merda de presente para o meu e ele muito menos vai poder receber, caralho! Que vida vadia! - me olhou assustado e deitou a colher que mexia a água com açúcar na pia. Foi até e lhe entregou o copo - Não quero isso.
- Beba, cara. Você precisa ficar calmo.
- Que se dane a calma. Eu quero meu pai, porra. Será que não dá para entender?
- , as coisas acontecem por algum motivo e, por mais que ele seja injusto, há um motivo no final - arrisquei mais uma vez dar um conselho a ele. Incrível. Ele me olhou e não disse nada. Porém, os olhos dele transbordavam água depois que eu concluí a frase. Doeu em mim, afinal, eu tinha um pai e um pouco da noção de como seria não tê-lo por perto.
mexeu as mãos. Estava nervoso. Lancei um sorriso a ele.
- É verdade, amor. e por mais que pareça feio o que eu vou dizer, é a mais pura verdade. As coisas acontecem por um motivo que desconhecemos. Não acontece só com você. Você não é o único.
- , , façam um favor - concordamos com a cabeça - Vão ver seus pais, por favor. Não quero que vocês falem nada. Só, por favor, vão e passem um dia muito bom com eles. Digam tudo o que vier à cabeça. Só não deixem de dizer. Eu imploro - concordamos mais uma vez e nos despedidos dos dois.
- , você não pode ficar assim. Tem que se lembrar dos momentos bons com ele - passou a mão no rosto dele e limpou as lágrimas.
- É - disse fraco.
- Promete-me?
- Prometo - ela sorriu e ele sorriu de volta - Cante para mim - deitou no colo dela, pegando a mão e a levando até sua cabeça.
- O quê?
- Big Girls Don't Cry - riu - Mas mude o ‘girls’ por ‘boys’. Pode ser?
- Claro que pode - apertou a boca dele, fazendo um bico se formar, e beijou.


Capítulo 8


- Vá se foder, ! - a voz da educação se sentou ao meu lado e me empurrou (in)delicadamente. Caí do banco e me ajudou a me levantar. Cavalheiro.
sse levantou revoltado (como sempre) e saiu, esmagando a latinha de coca que tinha nas mãos.
- O que o atormenta agora?
- Aquilo... - apontou para na porta do colégio, olhando duramente . Ela balançou a cabeça em negação e saiu andando para dentro do colégio -... Atormenta-o.
- Eles brigaram?
- Não, mas olhe: essa jogadinha dela não foi nada boa.
- Que jogadinha?
- Ah, vá ver se eu estou lá na esquina - já comentei que acho o de mau humor um fofo? Comentei agora.
- O que foi agora?
- , ela acha que eu andei fumando de novo.
- Mas isso você faz todos os dias.
- Eu parei! - ele bateu na mesa revoltado e eu tomei um susto tão grande que caí do banco de novo, levando uns livros junto - Você viu o jeito com que ela me olhou? Viu, ? Você viu? Saco! - em um movimento rápido, me fez sentar de pernas juntas e deitou a cabeça nelas. Olhei estranho para que me olhou da mesma forma.
- Dá para mexer no meu cabelo ou eu vou ter que ensinar o caminho da sua mão até ele? - ai, meu amigo é tão fofo. Acho que vou chorar de tanta alegria. Cara, se toque.
- Vamos perder a primeira aula - eu disse ainda sem me mexer, ouvindo o sinal e todo mundo sair correndo para os corredores.
- Que se dane - ele virou a cara e cruzou os braços, olhando o portão ser fechado - Não estou nem aí. Pouco ligo.
- Você não, mas eu sim – levantei-me bruscamente, fazendo-o bater com a cabeça no banco de concreto - Licença - segui .

- Você não me engana!
- Mas foi só uma vez. Foi um vacilo, meu Deus!
- Trato é trato. Acho que o que nós tínhamos para conversar já conversamos.
- Mas não vai ficar brava por isso, vai?
- Vou. A gente combinou. Você foi fraco e isso não é legal para quem prometeu cumprir os objetivos cerradamente.
- Vai lá para casa?
- Óbvio que não.
- Quanto tempo você vai ficar assim?
- Até quando eu decidir.

- Que cara? Quem morreu?
- Eu.
- Conversaram?
- Ô.
- Já vi que não foi bom.
- Cara - chutou uma lata de coca no meio da rua - Agora ela vai ficar um tempo indeterminado sem falar comigo.
- Qual era o acordo?
- Se eu não parasse de fumar até essa semana, ela poderia ficar quanto tempo quisesse sem falar comigo.
- E quem impôs isso?
- Eu. Puts, como sou burro - riu alto, concordando.
- Relaxe, cara. Ela já, já vai falar com você.
- Espero. Se ela não voltar a falar comigo em uma semana, drogas, aí vou eu.
- Nem brinque com isso, cara - o olhou sério e o balançou, me fazendo rir - Se você pensar em fazer isso, só vai piorar para você. Aí sim que ela não vai falar nunca mais.


Capítulo 9


Alguns dias ou semanas haviam se passado desde "o olhar" dela. Eu jogo na de que se passaram semanas. Também não me liguei tanto na vida do porque estávamos em períodos de provas. Pelos boatos que ouvi no corredor, ela tinha sido vista com marcas roxas no corpo. Dei um tempo em falar com ela porque sabia que se continuasse falando, ia me matar. Só trocamos duas mensagens desde então.
estava mais fofo comigo e eu mais fofa com ele. Acho que estamos chegando a uma fase legal. Foi ótimo nos desligarmos de , apesar de que ele faltou a umas provas porque disse que não conseguiu estudar (já que não tem a de babá). Então preferiu estudar para a de segunda chamada. era nerd, então cagava e andava para estudos. Acho que ele conseguiu o que todo mundo queria: abrir a cabeça e jogar o livro lá dentro. Há idas e vindas de que ele estuda nas férias para não ter que estudar durante o ano. Acho que isso é boato. Eu já teria descoberto se fosse verdade.
Andei freqüentando mais a casa de . A família dele é fofa e me acolheu tão bem que me sentia melhor lá do que em casa. Minha mãe passou a querer o lá em casa mais vezes, uma vez que é meio ciumenta. Eu apenas passava o dia estudando e me ajudava quando tinha saco. As provas eram feitas de tarde, então almoçávamos sempre fora ou no colégio. Aquele era mais um dia em que almoçávamos fora, já que o colégio estava impossível, com rumores de que e tinham terminado porque ele havia batido nela. Daí o boato das marcas roxas... E tudo havia vindo de uma briga, como sempre, por ciúmes. Até o jornal fajuto do colégio publicou isso. A andava sumida e achei que ela estava evitando a gente. O que era verdade. Quanto mais perto de nós, pior para ela.
- Dá para escolher? Estamos esperando já tem quase cinco minutos! - bufou, voltando a se encostar na cadeira ao meu lado. estava com cara de paisagem e olhava meio abobado para o cardápio.
- Você viu? Ela me olhou, me olhou! – ok, o fato era: tinha resolvido dar o ar da graça na nossa frente há quase três dias atrás e simplesmente OLHOU . OLHOU. Lógico que para todos era o olhar mais NORMAL do mundo. Porém para , não. Aquilo significava MUITA coisa.
- É, dude. Nós vimos. Que merda, escolha logo. O garçom está quase criando raízes - ri de e coloquei a mão na boca depois de olhar o garçom.
- Carne com batata imperial - ouvimos finalmente e quase bateu palmas. demorava muito para escolher a comida chinesa. PS: ele sempre comida A MESMA COISA.
O garçom anotou e logo saiu do nosso lado. Desviei a cara do rosto de assim que ouvi o pedido. Tomei um susto, mas sorri.
- Oi - . Simplesmente ninguém mais, ninguém menos que se sentou ao lado de e beijou o ombro dele - Por que você sempre demora anos para escolher o que vai comer, se só come uma única coisa do cardápio inteiro? - ela fez a pergunta que eu e nos fazíamos todas as vezes que íamos ao chinês com . Mas no momento isso não importava.
- Amor! - a abraçou, o que acho que foi bastante forte pelo quase olho pulando que eu pude ver vindo do rosto dela. Ela riu, jogou a mochila no pé e esticou uma mão na frente de . Ele se esticou, colocando o rosto na frente da mão dela. Ela apertou o nariz dele, que riu e me olhou.
- Olhe quem resolveu dar as caras - ela riu e concordou.
- Você me perdoou? - mexeu no guardanapo. Era lógico que ele não precisava perguntar aquilo, depois do olhar dela há três dias, mas acho que ele estava um tanto quanto inseguro.
- Todo mundo merece uma terceira chance, não é mesmo?
- Mas essa já é a quarta - ele olhou para o prato vazio. Acho que sentiu vergonha dela. Ela pousou uma mão na nuca dele e aproximou o rosto. Juro que vi se segurar e os pelos do braço dele se arrepiarem, mas eu não enxergo lá muito bem, então essa eu passo.
- Não me importo - ela se inclinou mais e beijou uma bochecha dele. Eu soube por , depois que voltamos (de mãos dadas, diga-se de passagem) para casa, que ele disse que sabia que não era para chegar e arrancar um beijo dela. Ele sabia que por enquanto existiam limites nos movimentos dele e que ele não ia ultrapassar nenhum.

- Ande, me dê a mão - bateu a mão na de e o abraçou pela cintura - Vamos fazer o que hoje?
- Eu vou ao shopping com a minha mãe - ele fez cara feia.
- E depois vai estudar.
- Nem sei que prova tem amanhã. Essas provas de merda, eu hein...
- , é do shopping para casa e estudar, ouviu bem?
- Eu já entendi. Saia do meu pé.
- Eu sou pior do que chulé?
- Nem de longe - ele beijou a cabeça dela e a empurrou para a sala. Não demorou e ele pegou na minha nuca. Olhei-o séria, a fim de querer passar pelo olhar que queria que ele me soltasse. Ele deu um arroto alto - Ande.
- Andar com o quê?
- Eu quero sentar aí, oras! Está difícil?
- Dude - tentou começar a falar alguma coisa, mas ele logo interrompeu.
- Isso não é entre você e eu - calou a boca. Eu me levantei e o professor entrou, mandando-o sentar. Ele xingou o professor baixo e se sentou mal humorado. É, o da estava de volta.


Capítulo 10


(fofinho só com a ) estava voltando aos poucos. Eis o que ele fazia: estudava de vez em quando, não fumava mais, obedecia (só a ), xingava todo mundo, fazia o que queria e de vez em quando dizia que ia dar umas voltas de skate. Ele tinha voltado com a mania de andar de skate e isso, por um lado, era ótimo, pois tomava o tempo dele. Por outro era péssimo. Ele sempre tinha que levar alguém junto e esse alguém era eu.
- Eu não quero nem imaginar quando eles terminarem.
- Eles não podem! Você acha que há possibilidades?
- E como. Sabe, eu sei que eles se gostam muito, mas não dá para eles ficarem juntos. É muito complexo para os dois.
- É como na física. Dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço. Eles não conseguem ficar juntos.
- Ele tinha melhorado tanto.
- Não fique assim, tia . Logo, logo, ele toma jeito.

- Você por acaso está me ouvindo?
- Estou. Não sou surdo - respondeu sem saco, mirando a TV. Via um desenho com a irmã.
- Você não pode depender dela para sempre, . Ela tem vida.
- Ela é minha namorada.
- Mas não é sua babá!
- Ela faz porque quer.
- Ela faz porque sabe que é o melhor para você! Você não consegue compreender que ela não nasceu para ser sua escrava?
- Mãe, já me entendi com ela. Se ela não quer sair comigo hoje e quer sair com outra pessoa, o problema é dela. Faço o que bem entender depois.
- Você quer apostar quanto que em cinco minutos ela vai estar aqui na porta? Quanto?
- Mãe, não pire.
- , você manipula essa menina. Você a chantageia e isso é horrível. Eu não sei como ela consegue gostar de você tanto assim para namorá-lo. Eu juro que não sei.
- Sou metade você.
- Essa metade aí minha que não é!
- Você quer parar? Eu NÃO estou possesso porque ela não quis sair comigo e NÃO estou puto.
- Lógico que você está. , se olhe no espelho!
- Ok. Estou puto da vida porque ela preferiu sair com as amigas para ver um filme e não ficar comigo. Estou puto porque ela me trocou e mais puto ainda porque ela deve estar se divertindo.
- Ela não pode sair para se divertir sem você estar por perto?
- Claro que não! Eu sou o namorado dela. EU tenho que fazê-la feliz e protegê-la.
- , cale a boca. Vá atender a porta e não encha o saco, está bem? - se levantou do sofá.
- Se for a pizza, o dinheiro está na cozinha - a irmã dele sorriu fofa.
- Não é a pizza - acariciou o cabelo dela e subiu as escadas.
- O que você quer? - olhou morto para a porta. Em alguns segundos, sorriu esticando o braço - Ah porra, eu amo você.
- Está achando que eu sou o ? - riu da porta e ele a puxou, encostando-a à parede.
- Que , que nada - ele riu e colou a pélvis na dela num movimento rápido - Nunca a confundiria.
- O que você fez hoje?
- Fiquei puto com você. E você?
- Vim visitá-lo.
- Rola uma rapidinha?
- Nunca tivemos nem o começo de uma e vai me pedindo na cara de pau uma rapidinha esperta? - ele riu e a beijou. MUITO.

Estávamos todos lindos e felizes na biblioteca fazendo nada. Mentira. Eu estava estudando e terminando meu dever de casa de filosofia. escutava música no iPod, de olhos fechados, e mexia os pés no ritmo da música (mania filha da mãe que ele pegou da que pegou do ). não conseguia se conter e, toda vez que a mulher da biblioteca aparecia, ele largava de mais um dos beijos quentes dele, dos quais eu ouvi um gemido baixo uma vez, e fingia que estava escrevendo. Ele batia a caneta impacientemente na mesa, enquanto a beijava e aquilo estava começando a me incomodar. - Podemos conversar? - uma menina brotou do chão ao meu lado e olhou para que estava sentada em cima da mesa, de frente para . fez uma cara ruim atrás da menina para .
- Pode falar.
- Eu faço parte da equipe de edição do jornal aqui da escola - aquele fajuto do qual só fala das fofocas que eu já comentei - O Gossip High.
- Hm... - deu um meio sorriso e tentei decifrar o que se passava na cabeça dela.
- Bem, nós recebemos muitos e-mails e a maioria é anônimo. Acontece que há algum tempo temos recebidos esses e-mails e eles são direcionados a você.
- Tem certeza?
- Absoluta. Eles pediam para marcarmos um tipo de reunião com você para responder a algumas perguntas que as próprias pessoas fazem. Gostaríamos de saber se você pode participar.
- Por que não? - ela nos olhou em dúvida. apertou a mão na coxa dela e olhou a menina.
- Você pode vir, . Aliás, acho que existem perguntas para todos vocês.
- Para a gente? - me olhou confuso e eu igualei o olhar.
- Os diretores liberaram o auditório para a gente e gostaríamos que, se puder, você compareça lá em cinco minutos.
- Com certeza - sorriu. A menina saiu com um sorriso gigante. Acho que ela achava que era um tipo de demônio. Só pode. Cheguei a perceber as pernas dela tremendo ao meu lado o tempo todo.

Eu linda, lindo, educação na veia e sem noção chegamos ao tal auditório que eu nunca tinha percebido como era grande. Olhamos para o palco e havia uma mesa retangular, quatro cadeiras e copos com água. Senti-me em uma coletiva de imprensa. Passei por uma menina que tinha uma filmadora profissional montada à sua frente. A do lado dela, tinha uma câmera digital das potentes nas mãos e já começava a tirar fotos nossas. A menina que nos abordou na biblioteca logo apareceu, fazendo um gesto para subirmos no palco. Assim que nos sentamos em ordem, , eu, e , as luzes abaixaram e uma um pouco mais forte nos iluminou. Jesus (luz), como aquilo estava cheio. O colégio inteiro parecia estar ali. Achei a diretora no meio de muitos e ri, cutucando . me olhou feio e voltei a olhar para frente. O que é? Eu ainda tenho medo dele, ok? Na verdade, eu MORRO de medo, mas arrisco.
- Vocês vão começar ou vamos ficar aqui para vocês ressuscitarem Picasso e mandar ele nos pintar? - a boa educação em pessoa se mexeu indiferente na cadeira e mexeu no copo - Acho que com essa tecnologia de hoje em dia não precisaremos esperar que nem a Mona Lisa. Ele tira uma foto, amplia e pronto - cutucou que beijou uma bochecha dela. Ela riu, olhando para baixo e ele passou um braço pelo ombro dela. me olhou impaciente. escrevendo alguma coisa nas notas do iPod - Dá para ser ou está difícil? - voltou a olhar para as pessoas sentadas. Nenhuma delas nem se moveu.
- Ok eu tenho mais o que fazer. Fui chamada aqui para responder a perguntas e, se não fizerem uma se quer em quinze segundos, eu saio - , a voz da educação dois (mentira, ela só é meio estressada - sempre -, mas é fofinha) mirou a menina que havia nos abordado.
- Tudo bem para vocês se gravarmos? – olhamo-nos e demos de ombros - Fotos? - demos de ombros de novo - Não vamos revelar os nomes. A primeira pergunta é - a menina olhou para mim com uma cara má e virou-se para a menina ao meu lado - Por que você estava com marcas roxas há alguns meses pelo corpo?
- Acho que isso só interessa a mim.
- Foi alguma briga mais feia com que resultou nas marcas?
- nunca levantou um dedo para mim. Sou desastrada e bato em móveis toda hora. Próxima.
- É verdade que ele a traiu?
- É? - olhou para ele, rindo.
- Não traio a nem no dia de São Nunca - respondeu seco e continuou mexendo no copo.
- E quanto à Allex do primeiro ano?
- Não sei quem é.
- O sabe – viramo-nos para ele e o fuzilei.
- É aquela que deu em cima de nós dois na festa de formatura do ano passado - ele disse mais para mim do que para - Eu e ela conversamos, mas não tivemos nada.
- A qual já teve um caso antigo. Outra das muitas perguntas é - a menina olhou , séria - Por que você traiu todas, menos a ? Algum motivo em especial? - aposto que elas devem ter pensado que estava pensando coisas do tipo: "claro, ela é boa de cama" ou "ela é a única que me satisfaz" ou mesmo "ela faz o que as outras não fizeram". Já ouvi por aí que ele é ninfomaníaco, mas discordo totalmente.
- Óbvio.
- E é segredo? - ele concordou com a cabeça. Todos olharam atentos para ele, esperando-o continuar. Até eu me movi na cadeira para vê-lo melhor. riu e me cutucou, me fazendo voltar a me sentar normalmente. abaixou o olhar e mexeu nas mãos, em cima da mesa. Ele parecia nervoso, como se fosse relevar o maior segredo da vida dele e, acredite, muita gente (INCLUSIVE e eu), se mataria para saber. Esperamos cerca de três minutos. O auditório todo estava em silêncio. Ninguém piscava e nem se movia. Era possível ouvir uma pena cair no chão. Ele suspirou e sem ao menos se mexer, continuando na mesma posição de antes, soltou o maior segredo que ele tinha escondido.
- é a minha vida.
- Como assim a sua vida? - a menina (burra por sinal) se manifestou depois de algum tempo de choque, assim como todo mundo.
- Ela é tudo o que eu tenho - ele bufou - Outra pergunta.
- Se ela é tudo isso para você, por que briga tanto com ela?
- Isso só cabe a nós dois saber.
- , você já flagrou alguma cena... Diferente?
- Não - aonde essas meninas queriam chegar?
- , o que são os papéis que você dava a depois que ele fumava? Algum tipo de droga? - arregalou os olhos e riu.
- Vocês olham tudo com maus olhos. São pastilhas de hortelã. Servem para disfarçar o cheiro e o gosto do cigarro.
- Por que você as dava para ? Não é mais fácil ele levar?
- Se ele se lembra de uma coisa, se esquece da outra.
- , por que proíbe a de falar com as pessoas? - essas meninas estavam com cartazes do tamanho da London Eye escritos: "quero morrer" e " matem-me agora".
- A é a pequena sereia em pessoa – ok, quem entendeu levanta o braço (cri-cri) - Eu ainda vou prender a voz dela em uma concha para ninguém mais poder ouvir - não estava no seu juízo total. Medo.
- E por que tudo isso?
- Eu tenho ciúme da voz dela - alguém me soque. estava contando tudo o que todos sempre quiseram saber normalmente, vomo se ele estivesse dizendo: "vá se ferrar", sabe? Tão simples.
- , quando começou a falar com e ?
- Depois que nos apresentou.
- Por que ficou sumida do colégio por um tempo?
- Eu tive que fazer uns exames porque andei com a saúde prejudicada. Então fiz as provas no hospital com uma pessoa me vigiando.
- Há quanto tempo você e namoram? – olhe, eu queria saber disso também. Sério.
- Quase dois anos - batucou na mesa e olhou para o lado do palco, onde uma menina tirava fotos. Ele riu e virou para - Coisa escrota.
- Vocês vão fazer faculdade de quê?
- Medicina - sorriu.
- Música - e falaram juntos e nós rimos.
- Acho que vou fazer história - sorri meio sem graça. Era meio bad fazer história, mas sempre foi minha matéria preferida. As perguntas se tornavam mais polêmicas ao passar do tempo e quando soltaram a "e quando vocês terminarem?" para e , ele se levantou na hora, puto da vida. Pegou na mão dela e saiu do palco após gritar um "VAMOS NOS CASAR".


Capítulo 11


Há alguns meses, começou a fazer um tratamento. Ele e resolveram que iriam montar uma banda. De dois, porque mais pessoas (que não seja o ) igual a NADA. Ele é meio anti-social. Brincadeira, depois que ele começou a se tratar e a ir a um psicólogo (a muitos pedidos de todos, o que o deixou espantado), ele começou a ficar mais sociável e a fazer amigos no lugar onde andava de skate. Tornei-me amiga de um dos meninos e acabou por arranjar um lindinho que dizia ser baterista. O baterista era o . Um fofo. Só tinha uma mania meio chata de ficar de Robert das espertas nas fotos ou mesmo momentos dos outros. foi um dos que o conheceu num desses xingamentos cabeludos da vida que ele solta por aí. Um amor de pessoa, apesar de beber demais.

, como pessoa um por cento mais legal e confiável, apresentou aos meninos. Ok, só apresentou três meses depois que todos já eram amigos. Até então, só se ouvia falar nela e eu já estava começando a achar que os dois novatos do grupo deviam estar achando que ela era de mentira, fruto da imaginação dele.
Os meninos começaram a se juntar uns tempos depois. Na verdade, o primeiro ensaio deles como banda (de garagem, mas uma banda já formada), foi no aniversário de namoro da e do . Aí que eu penso: ela continua com ele, depois de descobrirmos que ele chegou a bater nela, e bater forte, por ciúme, e definitivamente ele não havia parado com isso.
Em um meio tempo, eles terminaram. achou que ia voltar a ficar revoltado, mas não foi tão assim. Acho que foi porque ele sempre soube que ela voltaria. Soltaram uma fofoca de que ela fugiu para Belfast porque estava grávida e tinha ido abortar lá. Mentira, lógico. sempre foi conservadora e sequer deixou com que passasse dos amassos dele. Um mês depois, ela voltou. Acho que os dois são dois otários que não sabem o que querem, mas... Começamos a viajar para lugares perto de casa ou para outros estados, a fim de conhecer melhor a Inglaterra. Nessas, sempre saíam brigas entre o casal problema. nunca avisava para onde ia. A regra dele era: na coleira e ele livre. Ela começou a parar de dizer para onde ia também, o que o deixou furioso. Eu já comentei que ela gosta de se meter no perigo, não já? Então pronto. Eles estavam juntos pela oitava ou décima vez, quando terminaram de novo, em menos de cinco meses.
As marcas roxas nela sumiram com o tempo e, pelo que diziam em todos os colégios de Londres, eles tinham terminado porque ele a espancou depois de saber que ela abortou. Outra mentira das feias.
Os meninos começaram a escrever algumas músicas. Por insistência de , começaram a tocar alguns covers. Escolheram pelos Beatles e passavam a tarde toda aprimorando o que já sabiam de cor e salteado a tocar. Eles escolhiam músicas que tivessem a ver com o clima do dia. Um dia, deu a idéia de tocar She Loves You e quase o matou com o . O fofo estava melhorando, mas não estava cem por cento.
nos apresentou aos irmãos dele um dia e, se posso contar de uma vez, o irmão mais velho dele caiu babando em cima da . tomou então antipatia por ele e... Aí já não é mais comigo. Ele não me contou o motivo do olho do menino estar roxo uma semana depois. Talvez ele tenha escorregado e batido na cama. Sei lá, né...?!

Não que os dois estivessem mais juntos, mas juntos ou não. Não fazia diferença. Nenhum dos dois podia tocar outra pessoa, olhar outra pessoa ou mesmo falar com outra pessoa (isso valia mais para , lógico). Um dia, se revoltou e foi quando a vida do quase acabou. Leia bem: QUASE. - Estou namorando – todos nos viramos na hora para ela. Até então, estávamos ignorando uns aos outros porque jogávamos pôquer. Ok, geral, menos eu que sou uma negação nisso. a ignorou. fez um barulho com a boca, arregalando os olhos. Eu quase enfartei. continuou concentrado. bateu forte na mesa.
- Quem é o infeliz que vai morrer hoje?
- , ninguém é infeliz e ninguém vai morrer. Muito menos hoje - acredito que estava desencorajando aos poucos. Pelo olhar dela, estava com medo de fazer alguma coisa.
- Claro que vai!
- , ninguém vai bater em ninguém, escutou bem? - ele bufou e se levantou irritado - Escutou bem?
- Quem é ele?
- Não vai conhecê-lo.
- E por que não?
- Não quero você metido no meu namoro. A gente não tem mais nada - é numa hora dessas que eu digo: em briga de marido e mulher se mete, mas nem a colher...
- É o meu irmão - jogou as cartas de cabeça para baixo na mesa - Você vai bater no meu irmão? Porque sabe que, se for fazer isso, vai ter que vir em mim primeiro.
- SEU IRMÃO? - então fez o que todos sabíamos que ele fazia, mas nunca tínhamos presenciado: bateu nela, no rosto e forte. Deu um estalo tão grande que ecoou na sala e doeu em mim - Você não vai ficar com ele.
- Eu já ESTOU com ele - adoro repetir que ela não tem medo do perigo. Também pede, né?! Sabe que vai levar e continua - E se você levantar a mão para ele, você vai se ver é comigo.
- Cachorro que late não morde - são em horas como essa que eu filosofo: vamos todos segurar os braços deles e afastar os dois. Mas não. Ninguém se moveu, observando a cena, estáticos. Eu até iria segurar a , mas era capaz de levar uma do , entrar na briga, defender e e ficarem no meio. Todos iam brigar e... Tchau banda.
se virou para , respirou fundo e o olhou séria.
- Eu não o amo mais.


Capítulo 12


Caô, né? Até parece que amor acaba assim de um dia para outro.
O jornal fajuto do colégio estampava a primeira página com fotos estilo paparazzi de e o irmão do . Dizia bem grande em negrito: "Traição?". O enredo era:

Será que se cansou de e resolveu se divertir com OUTROS MENINOS? Ao que tudo aponta, ela estaria saindo com o bonitão da foto há algumas semanas. Como deixou? Será que ele sabe? Como reagiu?

Ok, é esse tipo de coisa TOTALMENTE estúpida que mais odeio nas escolas. Por que as pessoas precisam fazer isso? Não que ligasse, já que o namoro com o irmão do ia nas melhores, mas e ? Eu me preocupo com ele. De verdade.
Desde o episódio na casa do , ninguém mais tocou no assunto. continuava andando com , mas não trocavam muitas palavras. Eu evitava e saía com quando não estávamos na escola. continuou andando de skate nos mesmos horários de sempre. continuou indo aos ensaios e tudo mais. Só não trocava muitas idéias com .
conseguiu ficar pior do que antes. Andava de mau humor, fazia o que queria, saía com uma turma mais "da pesada", como dizia , nos tratava meio mal e... Bem, era o , só que cinco vezes pior.
A mãe dele quase enlouqueceu quando soube. Chorou por três dias. Ela não ligava para se eles estavam namorando ou não. O negócio era outro. Era .
Enquanto ela continuasse com o irmão mais velho de , nada mais teria sentido. Acho que nem mesmo para mim, já que sem é igual a todo mundo sem . Isso sempre foi muito injusto.

Um dia, encontrei andando com o mais velho (era como chamávamos o irmão dele, que aliás era um amor de pessoa e tratava como uma rainha) de mãos dadas. Era meio raro vê-la. Tanta coisa aconteceu desde o jogo de pôquer, que paramos de nos falar. Eram apenas acenos de cabeça e algumas mensagens do tipo: "vou tomar sorvete. Quer ir?", que nem sempre recebiam respostas.

Algumas semanas depois, estávamos sentados na garagem de . Os meninos estavam meio desanimados. A única coisa boa em tudo isso era que virou uma máquina. Escrevia trilhões e trilhões de músicas sem parar e queria tocá-las vinte e quatro horas por dia. Chegava a ser chato o nível de energia dele quando se falava em tocar.
- Podíamos sair para comer alguma coisa - coçou a barriga e ri da mania chata dele. Ele me olhou fofo, entendendo, e fiquei um pimentão. Eu e estávamos namorando há alguns meses e eu ainda ficava vermelha quando ele me olhava.
- Tem um McDonald’s por aqui - guardou a .
- Por mim... - dei de ombros. me imitou e olhamos para .
- Ela está solteira - ele olhou diretamente para . Ele logo abriu um sorriso no canto nos lábios e eu sorri instantaneamente. Ai meu Deus, se ele não tivesse o gênio que tem, juro que eu investiria nele. É tão fofo.

simplesmente chegou um dia no meio do ensaio e ficou parada na porta. Todos nós olhamos para ela como se tivéssemos visto um alien. Não que ela fosse muito diferente, mas... Ok, se ler isso, ele me bate. Ela é linda, mas ainda sim parece um duendinho. Voltando... Ela deu um passo incerto para frente e parou, olhando para baixo. Os ombros dela subiam e desciam e a vi fechar os olhos. Olhamos para . Ele colocou o de lado e a abraçou forte.
- Ele é um babaca - o olhou feio. Era óbvio que estava falando do irmão dele - Vai ficar tudo bem.
Desde então, passava alguns minutos da vida dele sendo generoso... Com a . Ela pegou um amor pelo irmão do tão anormal, que conseguiu chorar três copos de plástico em um minuto. Sério. e eu ficamos com copos embaixo do rosto dela, esperando as lágrimas caírem. Foi legal.
ficava falando coisas legais para ela e a abraçando. Ele cuidou dela, para falar a verdade. Por mais que estivesse mais feliz impossível, ele estava tendo coração e dizendo que ia ficar tudo bem. Achei aquilo bonito.


Capítulo 13


Ok, desisto de tentar entender a também. Ela só sabe complicar. Desde que disse que ela tinha terminado com o irmão dele, resolveu melhorar um pouco. Xingava menos gente, era três por cento mais simpático e uma vez a cada uma semana levava algum livro dentro da mochila.
Foi só dar um mês no bafafá de que ela tinha terminado porque a ameaçou, que já estávamos sendo informados no novo acontecimento: eles haviam voltado. Mas não e . e o irmão mais velho de de quem nunca me lembro o nome.

Eu estava na sorveteria com e . Conversávamos sobre qualquer futilidade de escola quando vi caminhando meio murcho pela rua. Ele andava com as mãos no bolso e parecia não se ligar em nada. A irmã dele falava alguma coisa ao lado dele, enquanto segurava o braço dele. Do outro lado da rua, pude ver e o namorado. mais velho entrou em uma loja, enquanto ela continuou do lado de fora, olhando algumas revistas em uma banca. Assim que abriu a boca para chamar , ele já estava do outro lado da rua.
- Sabe a vez que disseram que eu tinha beijado a menina da sétima série? É tudo mentira. Ela me jogou na parede do corredor e me beijou. Aí eu empurrei ela e disse que tinha namorada.
- Empurrei-a - Eea sorriu e pude perceber de longe que ela não ia tentar esganá-lo - E eu acredito em você.
- Então por que não volta comigo? – PS: não sabia que maior tinha voltado com . Ela mexeu a boca e apontou para a loja. Acenou para a irmã dele. A menina esticou os braços para ela, dando um abraço forte nela. sorriu e retribuiu. Balançou a cabeça para e entrou na loja. voltou cabisbaixo e nos viu. Acenei para ele que ignorou e pegou a irmã no colo, a fim de andar mais rápido.
Ele não se contentava em ter só como melhor amiga.

- Até minha irmã ganha um abraço dela e eu não - ouvíamos reclamar do abraço pela sétima vez no dia na casa dele. A irmã dele estava dormindo e a mãe, trabalhando (em um domingo). A campainha tocou e quase gritei de felicidade com achando que era do chinês. Eu estava com fome e com triplamente mais. em menos de um segundo abriu a porta, colocou seu corpo para fora e a fechou. Não entendendo nada, riu.
- Ele adora uma rapidinha com o entregador. Se for o moreno, então... - ele brincou, claro. tinha pego, não sei da onde, que era gay. Ele achava que esse comportamento dele sempre foi para se esconder, mas enfim... Morri de curiosidade e fome. Corremos todos para a janela da sala e pudemos ver o corpo de andando até o meio fio, com um pedaço de corpo do lado. Arregalei os olhos e tossiu.

- Eu não sei por que você continua nessa de me dar mole. Chega na hora e você amarela. Isso é escroto.
- Eu não lhe dou mole há muito tempo.
- Eu sei que tem um tempo - ele escondeu as mãos no bolso do casaco - É verdade que você voltou com o irmão do ?
- É, e não quero que fique de cara com o . Ele não tem absolutamente nada a ver com a história.
- Se ele não tivesse nascido, não teria conhecido o irmão dele.
- Se é para acontecer, vai acontecer de qualquer maneira, .
- Por que você não me contou? Você parou de falar comigo, voltou com o irmão do e me esqueceu completamente. Há sete meses você era minha - ele se sentou no meio fio e continuou em pé ao lado dele.
- Agora eu sou sua... Sua amiga - ele riu debochadamente - Até sete meses atrás a gente se gostava. Nós brigamos todos os dias, . Não dá para continuar assim. Você é um tremendo babaca comigo - ele continuou sentado e abaixou a cabeça - Desde que terminamos, encontrei alguém melhor. Isso não vai mudar nada na minha vida, mas na sua vai, porque eu o amo e você não aceita que eu esteja com outro.
- Claro que não.
- Meu Deus, você sabe que eu tenho uma super consideração por você. Gosto muito de você, de verdade, mas eu amo o irmão do e é com ele que eu pretendo ficar, até onde e quando ele quiser.
- Eu ainda não entendi por que de você me esconder que voltou com ele. Agora estou revoltado. Não dá para entendê-la. Quando você me disse que era confusa e que nem se entendia, não achei que fosse assim. Eu nunca vou achar legal vê-la nos braços de outro, está bem? Não é legal. Você sabe que eu gosto de você e só de você. Quando vocês terminaram, fiquei a apoiando.
- Eu tinha medo da sua reação – ela se sentou ao lado dele e eu tremi, gerando risadas que embaçaram o vidro - Tinha medo do que você iria falar ou fazer.
- Está vendo como está sendo pior? O clima está tenso. Estou chateado e fiquei sabendo por uma amiga sua. Isso tudo porque eu desconfiava... Isso não é legal. Outra: fiquei sabendo que ele viajou e a deixou aqui e sequer lhe mandou uma mensagem - ele riu baixo - Que namorado, hein.
- Que namorado mesmo. Você está com ciúme porque sabe que ele é melhor do que você. Sabe que ele é o namorado que você em três anos nunca foi e que é ele que eu quero.
- Pare de ser idiota e falar besteiras.
- Não estou sendo idiota. Quem está sendo é você. Gosto de você, mas supere que amo outro. Cresça! Supere o fato de eu querer estar com outra pessoa que não seja você. E, para o seu governo, você nunca avisava para onde ia.
- Ele é o namorado dos seus sonhos, não é? Só pode ser - ele riu - Ele a tirou de mim e isso vai ter troco. Fique sabendo. Ele que fique esperto agora - , o furioso, voltou. Opa - Estou só avisando. E, para o seu governo, nunca avisei aonde ia porque nunca achei necessário. Você também nunca avisou!
- Porque eu só andava com você e com mais ninguém. Queria que eu o avisasse o quê? Que iria mudar de posição ou de lugar no sofá?
- Engraçadinha.
- Ah, quer saber? Vá se danar, . Eu não sei por que ainda tento conversar com você. Só fica aí, falando coisa à toa. Suma! Que merda. Pare de infernizar minha vida e você não vai fazer droga nenhuma, está entendendo? Se encostar um dedo nele, vai ver só.
- Vou ver o quê? Ele e a gangue dele ou você vai vir me bater?
- Você vai ver que eu vou ser a pior pessoa do mundo para você. Eu sei de tanta coisa sua... De tanto podre - ele riu, concordando - Seria de tão baixo nível se eu fizesse isso - ela pensou sozinha - Você vai ver, , que eu não sou brinquedo. Encoste um dedo ao meu namorado e você vai me ver num estado que nunca viu.
- Faço o que bem entender.
- Eu gosto dele.
- Você ACHA que gosta dele. Está iludida.
- O que eu sinto por ele se chama amor e, totalmente diferente do que você pôde me proporcionar no passado, ele pode me proporcionar no presente e no futuro - ele mexeu o pé, olhando a rua - E você continua falando besteiras e ameaçando... Arranje alguém, . Seu tempo comigo já se esgotou.
Aquilo doeu em mim. Acho que tenho alguma ligação com , porque eu juro que senti uma dor muito forte no peito. Tive vontade de chorar. Olhei para ele. Estava de cabeça baixa e mexia no nariz. Ele estava começando a chorar?


Capítulo 14


se resumia a: acordar (ou quase isso), ir obrigado à escola pela mãe, chegar a casa e hibernar. Ele estava mal. Mal é pouco. Ele estava péssimo. Em um mês, emagreceu cinco quilos. Mal andava, falava e não se alimentava. No colégio, dormia nas aulas e, no intervalo, em casa, dormia. A vida dele se resumiu a dormir, tirando a cara inchada que o acompanhava de vez em quando. Ele voltou a fumar. Motivo: não tinha mais motivos para não deixar de fumar. Ele começou a se drogar. Motivos: a vida era uma merda. Ele repetiu na escola. Motivo: hibernação.

Admito que nunca entendi o amor do pela e dela por ele. Quer dizer, que ele gostava dela ninguém tinha dúvidas. Agora, se ela gostava dele do mesmo jeito, era outro papo. O que me matava, tirando o fato de ele estar magro, sem vida e drogado, era que ela simplesmente passava e fingia que não via e também o fato de ele se arrastar por ela. Eu estava com um como eu nunca tinha visto na vida: puto. Pela primeira vez, achei que o mundo estava de cabeça para baixo. Do outro lado, estava um calmo. As sessões de terapia fizeram efeito. Ah, é... Ok, só até a chegar perto. Estou rindo.
me viu e deu um aceno de cabeça. Involuntariamente, se virou com o poder de sempre saber que era ela e logo voltou a abaixar a cabeça na mesa. Não demorou muito e ela se sentou ao lado dele e passou as mãos pelos cabelos secos e sem vida dele. Fazia algumas horas que não tomava banho e, pela cara dela, pude perceber que ele não estava cheirando tão bem assim de perto. - Por que você se maltrata?
- Não tenho motivos para fazer mais nada agora. Só quero dormir e acordar na próxima vida.
- Não fale isso - ela encostou o rosto de lado à mesa, encontrando os olhos dele. Ele os fechou e ela riu - Você é lindo. Não pode se descuidar.
- Minha vida não tem sentido.
- Vamos, não faça drama. Olhe em volta. Existem garotas lindas que se matariam para namorá-lo.
- Ninguém quer uma pessoa que só sabe xingar, ficar de mau humor e ser tão ciumento a ponto de partir para a agressão.
- Não, . Esse se foi. Agora você é uma pessoa nova - ela sorriu e ele abriu os olhos - Vamos, quero apresentá-lo a uma pessoa. Ela é super legal e está bem a fim de conhecê-lo - o puxou, fazendo-o quase cair da cadeira. Ele se levantou e andou feito uma lesma. Ela se esforçava para puxá-lo e todo mundo do refeitório começou a olhá-los. Fiquei atenta para ver se as meninas do jornal fajuto da escola estariam ali para encher o saco. e eu bolamos alguns planos maléficos (ou não). Foi em uma tarde de verão à beira do mar. O vento e a brisa oceânica e... Ok, parou de andar e empacou feito mula na estrada. parou, rolou os olhos e se virou. a puxou rapidamente e a beijou. Minha boca foi parar quase lá no pólo sul. não é idiota, nem aqui e muito menos na China e nos outros lugares do planeta, então deixou. Porém, depois de algum tempo, se afastou dele - Não, não, não - ri dela perdendo a memória - , você tem que conhecer novas pessoas. Venha comigo - ela o puxou de volta.
- Eu não quero mais ninguém - mula empacou de novo e se soltou da mão dela.
- Mas as coisas não podem ser assim, . Você não pode se prender a uma pessoa para o resto da vida. Não quando se tem a nossa idade.
- , se não for com você, não é com mais ninguém - eu, , derretendo.
- Nós não podemos ficar juntos. Você ainda não entendeu? - ela sentou em um banco, esgotada.
- Não. Ainda não entendi e acho que nunca vou entender.
- Venha aqui - ele se ajoelhou em frente a ela. Ela abriu as pernas que antes estavam grudadas, fazendo-o se encaixar entre elas. Ele deixou os braços caírem ao lado da perna dela e a olhou - Acontece que nós não conseguimos entrar em sintonia, nunca. Toda vez, teremos algum motivo para brigar e para nos machucar. Você não está cansado de se machucar por minha culpa?
- Sim.
- E eu estou cansada de machucá-lo e ser machucada por você.
- Mas é só a gente estabelecer regras que vai dar certo - ele olhou para baixo e voltou a olhá-la - Volte comigo.
- Não dá, - ela o olhou triste e pegou no rosto dele com as duas mãos - Ao mesmo tempo em que somos perfeitos uma para o outro, também não somos.
- É difícil de compreender.
- Não podemos mais ficar juntos. Vai acontecer de um dia um acordar sem o outro.
- Lembra-se de quando você me disse que seria para sempre e eu disse que para sempre não existia porque o “sempre” sempre acabava?
- Claro que me lembro - sorriu fofa e tive vontade de apertar as bochechas dela.
- Eu posso voltar ao que eu disse?
- O que está feito está feito e o que está dito está dito. - Então eu quero que seja eterno, porque a eternidade não tem fim - , namore comigo, poxa vida. me cutucou, me fazendo olhar para a mesa das "jornalistas". Três delas estavam lá e prestavam uma super atenção ao assunto. Tinha até uma vaquinha com uma câmera - Volte para mim. Só para mim, , por favor.
- Eu o amo - ela juntou as testas e fechou os olhos. Uma lágrima caiu do olho dela e desceu pela bochecha de . Ele a abraçou forte e ela retribuiu.
- Fique só comigo. Preciso de você - ele beijou o queixo dela e eu juro que, se estivesse filmando, mandaria para a TV, ganharia milhões e as novelas mexicanas iriam me odiar por pegar o ibope delas - Não funciono sem você - , vira o ?
- Não dá mais - ela apertou-o contra o peito. Parecia que iriam se fundir. Era incrível.
- Mas... - o refeitório ficou em total silêncio. Eu não sabia que diabo estava acontecendo, mas quando a mãe dele apareceu na porta do refeitório, com cara de quem estava indo tirar o pai da forca, eu não tive dúvidas: alguma coisa de muito séria iria acontecer e isso iria acabar com .
- Eu estou indo embora, .


Capítulo 15


Eu disse que algo de muito sério iria acontecer e acabar com , não disse?
A mãe de foi até a escola porque supostamente já sabia da ida da para a França. Ela no mínimo tinha avisado e tinha ido até lá para acalmar a fera. Eu sei que depois que contou o que queria para ele, só vi a abraçar mais forte ainda e chorar. CHORAR. Sério, ele chorou e mais: na frente da escola INTEIRA. Eu nunca senti uma dor tão forte no peito quanto eu senti quando começou a soluçar alto.
me olhou desesperado e eu disse um: "não vai adiantar" que o acalmou. Abracei , desejando nunca passar com ele o que e estavam passando. Minha vida com era perfeita e eu nunca tinha me tocado disso. Sorri para ele e ele sorriu de volta, entendendo o que eu queria dizer. Afundei minha cabeça no peito dele e o refeitório continuava num silêncio de dar medo.
perguntou se ele a levaria ao aeroporto e o inesperado aconteceu: a pegou no colo e saiu correndo para fora do colégio. Achei que ele iria seqüestrá-la, de verdade. Acharam os dois no quarto dele, três horas depois, dormindo. dormia e mantinha a cabeça no colo dela, de olhos fechados e respiração calma. Os braços estavam apertados em volta dela, as pontas do dedo chegavam a transparecer o roxo. quase matou por dois motivos: um, ter feito aquilo. Dois, terem dormido na cama dele e sem ele nem ter se dado ao trabalho de tirar os tênis e cobrir que tremia mesmo com as roupas grossas que usava. Disseram que depois que acordaram, eles conversaram e não concordou em levá-la ao aeroporto. achou totalmente ótima essa idéia, pois acho que ela temia o mesmo que todos nós: um biruta das idéias e que poderia fazer qualquer coisa para não deixar sair do país. Até mesmo colocar fogo no aeroporto. Eu realmente tinha medo dessas hipóteses que só cresciam na minha cabeça quando eu pensava no que ele poderia ter feito se tivesse ido com ela. Tanto antes quanto depois.

Depois da ida dela, passou uma semana em casa deitado na cama embaixo das cobertas. também, mas já na França. Ele chegou a ser internado. Ficou no soro por semanas. Eu ia visitá-lo sempre que podia. ia todos os dias lá e ficava com ele, enquanto estava pelos corredores. Sorte do de ter uma mãe médica e o plano de saúde cobrir o hospital que ela trabalhava.
Há boatos de que ela foi para a França porque descobriu que estava grávida e queria fugir sem contar a . Há também os que dizem que ela foi ter o bebê lá e deixá-lo para uma família, e aqueles de que ela fugiu com o irmão do , metendo chifres enormes no .
Acontece que a verdade era outra. A mãe dela descobriu que ele batia nela de vez em quando e começou a proibi-la de vê-lo. A mãe dela brigou com a mãe dele que tentou explicar tudo e dizer que ele estava fazendo tratamento e acabou piorando. A mãe da menina achou que ele era maluco da cabeça mesmo. Então o pai dela recebeu uma generosa proposta de emprego lá e pronto. Foi a salvação (ou não) da .

Meses depois, voltou para casa, já totalmente saudável, sem nada e super tranqüilo (vai enganando). Ele começou a sair mais depois que e encheram o saco do amigo para baixo e o levaram um dia amarrado (LITERALMENTE) até um pub. Ok, não é o melhor lugar do mundo, mas sei lá, né... Meninos.
conheceu pessoas novas (se soubesse, bateria palmas) e começou a ficar sociável. A banda dos meninos voltou à ativa e a energia deles, principalmente de , triplicou. Eles correram atrás de uma gravadora e tempos depois uma apostou neles.
conseguiu (sabe-se Deus como) o telefone de . Um dia eu peguei e liguei para lá. A mãe dela estava pagando um menino para ser namorado dela para ver se ela se esquecia de . Mas vá contar isso para ele...
Um dia ele tomou coragem e ligou. Assim que desligou o telefone, um sorriso imenso veio do rosto dele e todos o seguimos para o estúdio. A banda já estava gravando a quinta música para o CD e o meu orgulho por eles crescia cada vez mais. mantinha um contato de amizade-ódio com a . Ódio por ela ter ido sem nem poder protestar, mas vá entender. A partir de uns dias, ela parou de atendê-lo e... Bem, eu culpo a mãe e o "namorado" dela.
- Eu escrevi outra música - grande novidade... - Ela se chama Bubble Wrap.
- Deixe-me ver - estiquei o braço e ele me passou o papel meio amassado. Comecei a ler e, não sei por que, mas algumas lágrimas vagabundas começaram a escorrer - Você está se despedindo dela?
- Ela foi embora, não foi? Ela mesma me disse uma vez que nada é para sempre.
- Porque você sempre disse que para sempre não existia - rebati. Como assim ela machucou todos à volta dela? Ok, ela machucou, mas não foi por que ela quis. Ela não teve escolha. Depois de três anos sendo mandada e do jeito (o que não parecia nem um pouco convidativo), ela teve que ir - Como assim você é um homem de coração partido e ao mesmo tempo realizado?
- A pode ter acabado comigo, mas a banda é a melhor coisa que tenho agora. Ela nunca vai poder me machucar, falar coisas ruins ou me esquecer - nessa hora eu abri o berreiro. Sério mesmo. me olhou assustado e me jogou uma toalha que ele tinha nas mãos. me abraçou e escondeu o rosto no meu pescoço. Nada poderia ser mais doloroso do que ver falando aquele tipo de coisa, de verdade. Por mais escroto, mal educado e pior cidadão que ele fosse, ainda era humano, todos temos o direito de errar e ele parecia ter se arrependido. O ódio ainda tomava conta dele, mas acho que, psicologicamente, ele estava melhor e não iria bater em mais ninguém.
- Por que a chama de vadia, se a ama? - perguntou depois de ler o papel que tinha pego de minhas mãos, antes que molhasse e lá se fosse a letra e as posições.
- Porque sim. Se ela é uma vadia, minha vida é uma vadia – lembrei-me do dia do auditório, quando disse que ela era a vida dele e tudo o que ele tinha. Chorei mais ainda - Eu sempre fui um nada, só mais um fantasma embaixo da cama dela - ficamos todos calados - E quer saber? Não vou tentar mais nenhum tipo de comunicação com ela. Se ela não quer mais falar comigo, o problema é dela - o machucado e de coração partido se levantou, assim que a irmã de lhe lançou o telefone.
- É para você. É sua mãe.


Capítulo 16


- Eu gosto dela. Só isso - falava com a fofa da que resolveu atendê-lo uma vez a cada um mês e nós esperávamos.
- Mas falo no sentido de gostar para namorar, entende?
- Entendo.
- Então, mulona... Gosta ou não?
- Gosto, cacete.
- Peça em namoro.
- Não consigo. É estranho.
- O que é estranho? Estar marrado por quem você gosta?
- É estranho que não seja você.

Sabe o computador? Sabe a internet? Sabe o Skype? Pois é, não sabia que nada disso existia. Quando descobriu, obrigou a fazer um e pronto; passava o dia inteiro naquela merda. Desculpe o palavreado. Ele colocava a câmera virada para a gente, mostrava o estúdio e ela ficava vendo os meninos gravarem e tal. Ela estava linda. A França estava lhe fazendo bem. O cabelo dela estava mais longo e a mesma já não tinha mais a franja (que insistia em chamar de emo) e estava mais adulta.
- Suas pernas são lindas - comentou assim que ela voltou a se sentar na cadeira. Tinha ido até a cozinha.
- Saia daqui - ela riu.
- Tenha coração.
- Eu tenho, ok?
- E cadê?
- Eu deixei com o... - O a essa altura do campeonato já sabia do "namorado" dela. Só não sabia das aspas na palavra - Ainda não consigo pronunciar o nome dele, está bem? E não vou dizer do que o chamo, porque é um nome feio aí.
- Como você é escrota - riu alto e pegou a garrafa de água no seu lado, bebendo-a. Sorri, me sentando ao lado dele e acenando para ela. Ela acenou de volta e um gato pulou no colo dela, se aninhando ali e se sentando, olhando a tela.
- Esse é o Band-Aid - ela sorriu boba, brincando com ele.
- Por que Band-Aid? - ela instantaneamente olhou para baixo e mexeu no cabelo.
- Ele tampa todas as minhas feridas – “isso foi tão lindo” pensei, sorrindo sozinha.
- Isso foi lindo – eu disse e ela sorriu sem graça.
- - a chamou e ela o olhou – Você, hm, voltaria comigo?
- - ela riu - Namoro por internet? Que fim!
- Voltaria?
- Você está a fim de levar um soco? – ok, talvez a França não tenha feito assim tão bem para ela, vá.
- Estressada - ele riu - Você me ama muito.
- Desista.
- Você não vai voltar, né? - fez a pergunta que martelava na minha cabeça. Ela era adulta e continuava lá. Aliás, qual o motivo de ela ter vinte e três anos e fingir que namorava um cara que a mãe dela pagava para ser namorado dela? Aí tem, como sempre na história de vida deles, algo complicado.
- Não no momento.
- E para mim, você voltaria quando?
- Quando você parar de ser idiota.
- Eu não sou idiota.
- Tenho namorado.
- Ele sequer fala com você.
- Se ele fala ou não o problema é nosso.
- Você adora homem que não lhe dá atenção, não é mesmo? Já bastou o irmão do - ao falar no nome, bateu com as nos pratos, fazendo um barulho estridente. soltou um Mi alto e gritou de susto - Acho que é por isso que não damos certo. Eu lhe dava atenção até demais.
- , por favor, não comece.
- Não, não, não. Tudo bem - eles ficaram em silêncio. passou, acenando para que sorriu e acenou de volta.
- Quem sabe eu goste dos que não me dão atenção porque, talvez, só assim eu não me machuque - fez uma cara ruim - E você sabe que, dando atenção ou não, você fez coisas piores do que não dar atenção.
- Vai me condenar até quando?
- Não o condeno. Só não estou preparada para sofrer de novo. Não daquele jeito.
- Errei e tenho noção disso. Você sabe que não vou mais errar.
- Por enquanto, prefiro assim. Você aí e eu aqui.
- Você pensaria melhor depois?
- Talvez, quem sabe.
- Eu a amo muito - disse meio sem graça, até por eu estar por perto. Os meninos fizeram barulhos com os instrumentos e nós rimos. Saí dali porque sabia que eu iria atrapalhar o momento que eles precisavam ter. Fiz os meninos se aquietarem e ainda se ouvia a risada dela do barulho deles.
- Está em crédito - ele sorriu.
- Eu sabia - ele riu e ela se mexeu na cadeira. Os meninos gritaram algo como: "é tudo mentira. Hoje é dia primeiro de abril!" e riram - Preciso voltar a gravar, então... Sem primeiro de abril, quer me dizer alguma coisa?
- Não.
- Nada?
- Não.
- Mas nada MESMO?
- Não.
- Verdade? - Mentira.
- O que você quer me dizer, então?
- Ok, o amo - riu e logo depois mexeu na franja. Ele ficava um fofo quando fazia isso porque eu sabia que ele iria corar.

-viciado-em-Skype-há-trinta-dias estava DE NOVO naquela droga. Odeio-me por ter apresentado a tecnologia a ele. Dessa vez, estávamos na casa dele e o mesmo resolveu olhar o relógio uma vez na vida e contou a diferença para a França. Ele entrou naquela droga e se animou para falar com a . Na boa, com vinte e cinco anos na cara e brincando de ver pessoas pela webcam em plena sexta à noite... Não é possível.
e tinham saído para comprar bebidas, diga-se de passagem, e algumas besteiras para comermos no jardim do . Ele ainda morava com a mãe, sério. e moravam juntos e morava comigo (ê). Compramos (cof, ele comprou) uma Big Mama House e moramos lá com três gatinhos. Eu sei, coisa de vó velha, mas sempre teve a tendência. Ele queria aprender a tricotar, mas o salvei do buraco negro que aquela cova convoca sobre ele. ALELUIA! se mantinha firme e forte na decisão 'só compro uma casa se for para morar com a ' e acabou. Filhos também; eu tinha um, HIHIHI. Era a cara do , o que me deixou para baixo.


Capítulo 17


Acho que o Skype era a vida de . Os meninos haviam lançado o CD e não poderia ser melhor. Na primeira semana, já estavam no topo nas paradas do Reino Unido. Eles começaram a ficar mais ocupados com alguns shows, entrevistas, photoshots, coletivas, entrevistas de TV, revistas etc. não gostava muito da idéia de que eu deixava Mike (nosso filho lindo, xerox do ) aparecer na mídia. já sabia de Mike e já havia o visto pela webcam e disse que havia grandes possibilidades de ele se parecer comigo no futuro. Ganhei meu dia quando ela disse aquilo. Os meninos ganharam certo assédio nas ruas e eu ficava nervosa e com medo quando estava com eles ou Mike. Eu era conhecida por namorar e ter um filho com ele. Nada de muito anormal, mas mesmo assim fiquei conhecida e algumas pessoas pediam até para tirar fotos comigo ou mesmo com Mike. O que deixou furioso. Em todo o tempo que namoramos, sempre foi calmo e tranqüilo, mas bastou Mike nascer para ele ficar um pouco mais severo. Ele não gostava que eu fizesse certas coisas, ainda mais depois que o McFly (a banda deles tem esse nome, sério) bombou. estava super feliz por eles (principalmente por ) e disse que nos visitaria em breve. O que, lógico, fez quase perder o rumo. Ela havia se formado em medicina, mas ainda não trabalhava. Estava acabando o estágio.
- Medicina é meio difícil, mas é muito legal - dizia, sorrindo boba para Mike no meu colo. Ele só tinha um ano e meio e fazia alguns barulhos que a deixavam totalmente estúpida.
- É, tem cara de ser difícil mesmo – sorri e Mike babou. Ela riu - Continuo com a história, mas não dou aulas, não. Trabalho em um instituto de pesquisas. É muito legal lá.
- Um dia quero conhecer - Band-Aid pulou no colo dela e tentou pegar a webcam com uma pata. Sem jeito, caiu e tentou de novo com as duas. Ela riu e tirou a pata dele dali. Mike olhou o gato e deu um berro de felicidade. Band-Aid pulou de susto/medo e saiu correndo. riu alto e logo apertou as bochechas - Ai meu Deus, quero seu filho para mim.
- Volte para cá então, boba - dei língua e ela concordou com a cabeça.
- Posso lhe confessar uma coisa?
- Confesse – vi-a olhar para todos os lados e depois para a minha imagem. Olhei para trás para me certificar de que os meninos ainda estavam na gravadora - Não tem ninguém. Vá em frente.
- Não quero que conte para o . Ele vai ver uma hora ou outra e descobrir.
- O que você fez?
- O que está marcado para eu fazer, semana que vem - ela riu - Mês que vem eu acabo o estágio, certo?
- Não era esse mês?
- É, mas pedi para transferirem porque vou fazer uma operação semana que vem.
- Jesus, o que você vai fazer? Não me diga que você teve um ataque de necessidade de sexo e conseguiu se animar com o garoto que sua mãe arranjou e agora está grávida e prestes a abortar.
- Não, sua louca! - ela riu escandalosamente - Aquilo ali nem com viagra - foi a minha vez de rir e ouvir o barulho da porta.
- Fale logo. chegou e acho que trouxe os meninos.
- Vou colocar silicone – ok, parei de respirar. Ela era louca? Muitas pessoas morrem por causa dessas operações, sei lá. É tão perigoso e ela vai fazer sem ninguém lá. ‘Ta, é egoísmo meu, mas a família dela sempre fomos nós. NÓS devíamos estar lá - Por favor, não dê um ataque - leu minha mente.
- Só estou meio chocada, mas tudo bem. Vai ocorrer tudo bem e logo, logo você vai estar linda de peitos maiores.
- Preciso disso. As mulheres são lindas aqui e, sei lá, minha auto estima anda meio para baixo. Aliás, tenho seios pequenos e sempre me incomodei com isso. Nada melhor do que colocar logo agora, enquanto não trabalho. Senão, depois fica difícil.
- Você vai trabalhar em que área?
- Pediatria.
- Com crianças! Ah sua fofa, vai ser pediatra do Mike - berrou de felicidade e Mike riu.
- Toda vez que ele espirrar, vou aí cuidar dele - concordei e se aproximou, beijando minha cabeça. Mike mexeu os braços e acenou para , pegando Mike no colo. e bagunçaram o cabelo de Mike e me cutucaram de brincadeira. Sorri e saí da cadeira, desejando um boa sorte baixo para que concordou. estendeu o dedo para Mike que agarrou com as duas mãozinhas e deu uma mordida. riu e acenou para mim. Sentou na cadeira, tirando a blusa e jogando-a em qualquer lugar. anunciou que iria pedir comida do chinês e logo descemos para o primeiro andar.
- Ei, há quanto tempo.
- Não é mesmo? - ela sorriu e o celular tocou. Ela olhou a tela, fazendo uma careta e o fechando - Como está tudo por aí?
- Agora é só assédio. Você não está entendendo. Vou ali à esquina e tem umas quinze me cercando. Não sou tão alto e rápido para fugir delas ou procurar por um rosto conhecido por perto.
- Tenso - eles riram e ele concordou. Ficaram em silêncio por um tempo - Não vou poder ficar no skype semana que vem, mas logo volto. É que o estágio está pegando e estou com umas coisas atrasadas.
- Ah - ele fez um barulho com a boca - Por que nunca podemos ter um dos nossos momentos românticos?
- Saia daí - ela riu.
- E seu namorado?
- Por que quer saber dele?
- Sei lá - ele deu de ombros e mexeu no celular.
- Vai bem. Obrigada. Não falo com ele há um mês e um menino amigo nosso em comum disse que ele vai terminar comigo. Estou deprimida.
- Perceptível - ela riu alto, concordando.
- Eu já estava sabendo disso - bufou e soltou um "...". O que é? Não posso esconder tudo do e ela ficar com a parte mais difícil que é contar? Sou uma boa amiga. Só isso - Mas isso é bom. Vocês terminam e a gente volta.
- Eu só o quero – alô disque mentira. Boa tarde.
- Ok. Estou brincando. Hm, converse com ele - dando conselhos numa boa sem ter alguma reação? Aham, e eu sou virgem.
- Já conversamos e não adiantou.
- Qualquer coisa, estou aqui.
- Sei que está - ela sorriu - Mas você tinha é que estar aqui do meu lado para eu abraçá-lo - ele mexeu na franja - Você é idiota e me irrita, mas ao mesmo tempo eu o amo - fofa e carinhosa. França fazendo efeito.
- Eu a amo muito mesmo.
- Eu também, bebê - resolveu pegar a mania chata de de chamá-la de bebê. Ok, eu soube disso porque um dia estava me contando das manias chatas dele que ela não suportava e sem querer soltou essa. Mas se souber, minha mãe fica sem a filha, sem namorada e meu filho sem mãe.


Capítulo 18


-já-com-peitos-maiores me ligou um dia. Quer dizer, ela disse pelo Skype que estaria vindo nos visitar dali a algumas semanas. Em uma dessas semanas, ela ligou, avisando que chegaria em três dias. ficou maluco.
pediu para eu ir com ele buscá-la porque não era seguro ele ir sozinho. Eu não faria os meninos irem junto, uma vez que a banda deles bombava pela Inglaterra. chegou ao aeroporto comigo, quase morrendo dentro do carro. Não o deixei dirigir, senão íamos morrer, ou quase isso. Ele ficou nos bancos traseiros com Mike. Tive que colocar o cinto nele, sério. Muito tenso. Só faltou a fralda para ele. Descemos do carro e , vestindo uma calça skinny (que eu acho super bibinha para o tamanho da coxa dele, mas não posso reclamar porque resolveu entrar na onda), uma blusa listrada vermelha com preto, óculos escuros, boina preta e um sapato estranho, só não atropelou um carro porque o motorista acelerou quando viu meio desesperado atravessando o monte de carros. Ele passou pela porta de vidro e eu disse para não avisar à que eu estava ali. Sentei-me em um banco depois que ele achou o portão de desembarque dela. Alguns minutos depois, a voz de uma mulher que parecia que estava com gripe surgiu acima de nós e ela avisava que o vôo da França estava pousando. Foi quando eu me perguntei: por que ela veio de avião, se de trem é tão mais barato? Ouvi outro apito e avisei a que iria comprar algo para comer. Ele concordou com a cabeça, me jogando vinte libras. Neguei e devolvi para ele. Ele enfiou o dinheiro no meu bolso e mexeu no cabelo de Mike. Mike meio dormia, meio acordava.
Tinha acabado de beber água e estava sentada de volta no banco com Mike no colo. não estava muito longe. Pude perceber o nervosismo dele ao ver pessoas desembarcando. O lugar ia esvaziando um pouco e logo me perguntei se não tinha desistido. Meu medo (e acho que o de também) se foi assim que ela surgiu com três malas imensas pretas, rindo um pouco. sorriu assim que a viu, mas sorriu para mim. Sorri, olhando para ele, como se uma mãe estivesse vendo pela primeira vez o filho. Ela estava maravilhosa. Usava uma skinny preta, um All Star branco e uma pólo verde com um botão aberto. Ela disse que havia posto silicone, não disse? Bom, ela deve ter desistido, porque não parecia muito. Ou então a enganaram, dizendo que puseram. Eu disse que esse pessoal é fogo!
gritou o nome dela (ok, BERROU porque foi MUITO alto MESMO). Algumas pessoas o olharam estranho. imediatamente se virou e largou as malas, parando. Ela sorriu e abriu um pouco os braços. correu até ela, a abraçando pela cintura. Levantou-a do chão e senti um calor bom percorrer meu corpo. Ainda acho que tenho uma ligação com , de verdade. Ele falou alguma coisa, fazendo-a fechar os olhos e rir. Acho que não tinha reparado em mim ainda. apontou para Mike e concordei. Ele o pegou no colo e voltou para o lado de . Cutucou-a, fazendo-a gritar assim que abriu os olhos e viu Mike sorrir e apertar o nariz de . Ele fez uma careta e esticou os braços feito criança, querendo doce. entregou Mike a ela que o abraçou forte e brincou com os dedos dele. a abraçou pela cintura e colocou o queixo no ombro dela. Mike pegou no cabelo dele, fazendo rir.
- Ele o ama.
- É meu fã - ele pegou as malas dela e a empurrou com os joelhos - Pegue pelo menos a menor ali - obedeceu e pegou a menor mala, puxando-a. Logo me viu e sorriu. Fui ao encontro dela.
- Achei que você não tivesse vindo.
- Até parece que eu ia deixar essa coisa aí dirigir no estado que estava - ela riu e peguei a mala dela. Mike parecia ter gostado de . Ele puxou a camisa dela, fazendo o sutiã dela fazer um barulho alto. Ela deu um gritinho e Mike riu, repetindo o ato. Dei um tapinha nas mãos dele e abri o carro. o colocou na cadeirinha especial e o prendi. fechou a mala e a empurrou para o banco da frente. Sentei-me atrás, com Mike, e ligou o carro. Ele ligou o rádio e o CD do Blink estava lá dentro. Always começou a tocar.
Ninguém trocou uma palavra. Eu conversava baixo com no telefone, parecia relaxada no banco da frente e dirigia calmamente, batucando a música. Cantava de vez em quando, cutucando para cantar junto. Sei que fui esquecida por uns momentos, mas eu só estava ali porque antes o motorista não tinha condições de dirigir. É claro que eles não se importaram (como sempre). colocou o carro no automático e pegou em uma mão de , acariciando-a. Ela se virou e o olhou. Riu alto da boca suja dele ( nunca foi bom em comer sem garfo). Ele se inclinou e deu um selinho nela.

brincava com Mike e acho que pela milésima vez tentava fazê-lo falar o nome dela. Eu ria cada vez que passava e via a cena. Estávamos todos na minha casa esperando o maravilhoso-e-imperdível chocolate quente de e chegar às nossas mãos. continuava na mesma posição desde que chegou: sentado em um canto do sofá, olhando brincar com Mike no carpete, em um tapetinho que tinha alguns brinquedos dele. Mantinha o olhar bobo sobre ela e quase não piscava.
deu um pedala nele e os meninos chegaram da cozinha.

iria dormir lá em casa, enquanto não arranjasse um apartamento. Surpresa: ela não veio nos visitar, veio para FICAR. quase gozou de felicidade. , Mike e eu a acolhemos, uma vez que ficar com e não era boa coisa e que ainda seguia cerradamente a opção de só comprar uma casa se fosse para morar com . já sabia disso. Eu tinha contado em um desses dias chuvosos pelo Skype. Ela achou engraçado, ainda mais porque estava namorando na época. "Namorando".
- Posso? - colocou a cabeça para dentro do quarto de hóspedes, onde se encontrava mexendo na mala. Vestia um short bege, com uma blusa de lycra azul. Ela concordou e ele entrou, fechando a porta - Por que não me contou antes?
- Do quê? De que eu iria vir para ficar? Desculpe, eu queria fazer surpresa.
- Não estou falando disso - ele a olhou sério - Falo de outra coisa.
- Que outra coisa?
- Disso - -nada-que-tenha-a-ver-com-a--passa-despercebido-por-mim apontou para a blusa dela. Mais precisamente para o peito, óbvio. Ele tinha certos poderes loucos, porque eu sequer percebi que ela havia posto silicone. Será que as mulheres são cegas a esse ponto? sorriu sem graça e esticou um braço para ele - Não gostei nada - ela o puxou pela mão, fazendo-o se sentar na cama com ela. Suspirou e arrumou o cabelo em um rabo de qualquer jeito - Eu disse que eu nunca deixaria você fazer isso, que não gosto. Por que me contrariou?
- , é uma coisa minha. Eu me sentia incomodada com peitos pequenos.
- Mas eu já disse que eu não me importo - ela riu e beijou uma bochecha dele – Importo-me mais com a parte de trás.
- Nem dá para perceber. Nem a percebeu, e ela repara em quase tudo.
- Não é ela quem aperta - ele fez um movimento de cabeça e ela riu de novo.
- Fiz porque sempre me senti meio mal. Você sabe - ele concordou – E, poxa vida, era para você gostar também - ele riu, arregalando os olhos. Era incrível como qualquer merda que um ou outro fizesse pesava para o outro. Eles faziam pensando neles, juntos ou não. iria adorar se eu pusesse silicone... Mas para ele. Se fosse para outro, ele NUNCA me perdoaria. Conheço o boy que eu tenho - Vai ficar chateado comigo? Peço desculpas.
- Então peça.
- Desculpas.
- Não tem problema. Talvez seja até legal - ele a olhou malicioso e recebeu um tapa - Sério agora. Fiquei um pouco chateado, mas não tem problema. Se a deixa feliz, está ótimo.
- Obrigada.


Capítulo 19


Eu estava com atrás de um apartamento médio para ela. Estávamos no prédio da corretora. Mike havia ficado com os pais de , então pudemos sair cedo. Rodamos alguns apartamentos com o corretor e nenhum era do gosto de . Ou eram grandes demais, ou eram pequenos demais. Apartamentos com cinco quartos, três suítes, três banheiros, varanda, piscina, sala de TV, sala de jantar, cozinha maxi, mega... Era um custo. Nunca achei que fosse tão enjoada para essas coisas.
No final do dia acabamos por passar na casa de . Deixei lá mesmo, já que eu sabia que ela voltaria com .
e ficaram conversando por horas a fio. Os meninos estavam na gravadora e só voltariam depois das nove. As duas saíram, foram passear e comprar algumas coisas, enquanto eu buscava Mike quase do outro lado da cidade, no meu carro quase sem gasolina.
Algumas horas depois, chegou a casa. e cozinhavam.
- Estou em casa - ele deixou o do lado do sofá e trancou a porta. Tirou a camisa e entrou na cozinha, beijando a cabeça da mãe. sorriu, jogando um guardanapo amassado nele.
- Boa noite, né?
- Nem tinha a visto aí, pequena - ele riu e a abraçou.
- Eu já suspeitava. Estava achando que era algum truque seu.
- Claro que era. Estava muito na cara, né? - ela riu - Fez o que hoje?
- Fui procurar apartamentos. É tão difícil, sabia?
- Imagino.
- foi comigo e nem assim.
- E Mike, como está? - virou, sentando-se também.
- Um lindo. Outro dia ele quase falou meu nome.
- Não delire, . Ele se engasgou - riu alto - Ela está louca. Fica achando que a criança vai mesmo falar o nome dela qualquer dia desses.
- Claro que vai. - Mas é claro.

- Conte-me da sua namorada. Você nunca me falou dela - estava deitada na cama de , com ele ao lado e olhando o teto.
- Ela era super legal e gostava de mim de verdade, mas eu não gostava dela do mesmo jeito. Acho que ela tem que achar alguém que lhe dê valor. Seria egoísmo meu ficar com ela sem sentir o que sei que é amor - sorriu fraco e fechou os olhos.
- Então vocês terminaram.
- É, eu terminei. Também não agüento mais namorar. É muito louco. Nunca mais. Agora vivo a vida aloprado.
- Só você mesmo - ela riu e bateu na perna dele - Não sentiu pena dela?
- Para falar a verdade, não. Cansei de namorar e também tinha a coisa toda da imprensa. Ela não conseguia segurar muito. Nem estava mais conseguindo fazer algumas coisas porque as pessoas iam falar com ela e aí a mesma se sentia pressionada.
- Que chato.
- Mas a partir de agora, só namoro você. Você é minha esposa sempre. Sem amantes agora - riu alto e concordou, abraçando-o pelo pescoço.
- Cale a boca. Você tem problemas.
- Eles são você - ele a apertou na cintura - Somos lindos. O pior é que agora vai todo mundo perguntar se a traí com você e vai ferrar geral para o meu lado, porque ninguém vai acreditar, ainda mais que não traí e muito menos com você.

e resolveram dar uma de boas pessoas e passavam o dia inteiro com Mike. Por um lado, era ótimo ter de volta, mas o chato é que os meninos começaram a reclamar do .
- Vai acontecer a mesma coisa. Vocês vão ver - abriu uma cerveja e deu um longo gole.
- Mas ele não tem culpa - deu de ombros - Na verdade, nenhum dos dois tem.
- Mas ele tem um compromisso com a banda, cara. Ainda mais agora que estamos super bem. Ontem ele já faltou a quase três entrevistas. Só chegou ao final da terceira.
- , se eu ficasse quase cinco anos fora, quando voltasse, como você ficaria?
- A questão não é essa, . A questão é que ele tem um compromisso assinado com a banda. Ele não pode faltar por causa dela.
- , você melhor do que ninguém sabe de tudo que já aconteceu com eles. Agora que eles estão adultos, com cabeças mais maduras, por que você não dá uma chance para eles tentarem se entender? Vocês querendo afastar só vai ser pior.
- Pelo menos ela põe o na linha.
- Se alguém aqui tem alguma culpa, esse alguém é cada um de vocês, por ficar falando essas coisas. Eles estão se curtindo e tendo um tempo super legal. Vocês têm que respeitar isso.
- Você está de que lado?
- De nenhum dos lados. Só quero que vocês entendam que assim como o tem o compromisso dele com a banda, ele tem com a vida pessoal. Admitam que quem mais escreveu até agora foi ele. Ele merece uns dias de folga com a pessoa que ele gosta.
- É, ela está certa - rodou as na mão.

Eu estava com e Mike, em casa assistindo à TV. Mudamos logo para o E!, onde a coletiva dos meninos passaria. brincava abobalhadamente com o meu bebê, enquanto tentava fazê-lo dizer seu nome. A coletiva finalmente começou e o pegou no colo, sentando-o virado para a TV. Os meninos comentavam sobre o CD, as músicas, os shows, as entrevistas, o assédio etc.
- Então , é verdade que você terminou o namoro?
- É sim.
- E qual o motivo? - essas pessoas são umas xeretas. Falei.
riu, acho eu que entendendo meu pensamento.
- Não dava mais. Ela estava começando a se sentir incomodada pela imprensa e eu não estava com muito tempo por causa do novo CD que já estamos começando a fazer.
- Não é meio cedo?
- Os fãs já estão pedindo outro - sorriu grande. era um dos que mais sentia orgulho da banda e eu gostava de ver que ele dava valor àquilo. Aliás, a vida dele nunca foi das mil maravilhas também.
- E a sua ex, ? Uma bem antiga. Disseram que ela voltou e vocês estão procurando um apartamento. É verdade?
- Verdade e mentira. Verdade que ela voltou para a Inglaterra e mentira que estamos procurando apartamento. Ela está procurando um para si.
- E você?
- Vivo muito bem. Obrigado.

dava papinha para Mike na cadeira dele. Ela sorria totalmente abobada. Já passou pela minha cabeça que um dia ela vai seqüestrá-lo, mas acho isso meio estranho. Eu adorava quando ela resolvia dar uma de mãe de Mike. Eu passava o dia todo sem preocupação nenhuma, enquanto ela ralava para cuidar dele. Mike começou a ter alguns traços mais definidos. Os olhos claros eram meus sem dúvida. Ele adotou o buraco na cara de , mas do lado direito. Ele ria e aquele buraco negro aparecia. Porém era fofo.
acabou de alimentá-lo e foi até o quarto trocar a fralda dele. Logo, desceu com Mike vestindo uma calça azul e uma blusa amarela clara, com um All Star branco menor que minha unha. Sorri e ajeitei o cabelo dele. deu um tapa na minha mão, fazendo cara feia.
- Quer deixar o menino ter estilo, por favor?
- Ah, claro. Com quase dois anos ele realmente sabe o que é isso - voltei a ajeitar o cabelo dele.
- Pare de implicância, - voltou a bagunçá-lo e, a essa altura, Mike ria alto. Os meninos bateram a porta e entraram na cozinha, bagunçando o cabelo de Mike depois de rir dele rindo.
- Qual a briga de agora?
- está implicando com o cabelo dele. Ele tem estilo.
- Claro que tem. É meu filho! - fez uma cara convencida e apertei as bochechas dele. pegou Mike no colo.
- NÃO! - deu um berro – Largue-o, ! - riu, negando - , largue o Mike!
- Está ficando maluca? Ele é meu filho.
- Ele é meu! – ela se sentou na cadeira e fez bico - Posso ser mãe dele também?
- Não posso acreditar que estou ouvindo isso - bati na minha testa - Vá arranjar um para você, .
- Não! - ela riu - Quero o seu.
- Sem chances. Esse já tem dono - ela abaixou a cabeça, fingindo tristeza - Aposto que o a ajuda a conseguir um rapidinho - berrou, fazendo Mike rir alto. fechou a geladeira e nos olhou.
- O que tem eu?
- quer um bebê para ela. Quer ajudá-la?
- Com todo o prazer. Literalmente - riu - Mas eu escolho o nome.
- NO WAY! - se levantou, pegando o copo da mão dele - A criança vai ser infeliz com o nome.
- Tudo bem. Ela pode mudar - fez uma cara indiferente e ri. Mike babou na blusa de e sorri meio boba. Aquilo tinha vindo de mim. Era tão surreal.
- Falando nisso - olhei para significativamente - , o Mike está sem madrinha até agora e a culpa é sua.
- Minha nada. A mãe é você. Não sou eu que escolho.
- Retardo, quero que você seja a madrinha. Está difícil?
- Porra, e como - ela balançou o cabelo e logo deu um berro. animando Mike que estava sentado em cima da mesa - , eu sou madrinha daquela coisinha gostosa! - ela pulou em cima dele que quase caiu. se apoiou ao batente da porta e se levantou um pouco.
- Ouvi, amor - estava voltando com algumas manias. Ser fofo era uma delas. Só tinha uma coisa estranha em tudo isso: ele agora também fazia em público - Parabéns.
- Awn, meu afilhado lindo! - pegou Mike no colo, o jogando para cima. Mike riu e a cova dele fez sorrir. Dei um empurrãozinho de brincadeira nele e ele passou um braço pelo meu ombro, me aproximando - Olhe como ele me adora e se parece comigo - colocou o rosto de Mike a milímetros do de . riu e o pegou no colo. olhou feio e ele a abraçou, quase espremendo Mike no meio deles. Bronqueei, riu, me mandou língua e Mike sorriu, puxando o nariz de que agora continha uma argola do lado esquerdo. deu um beijinho no lugar do piercing, fazendo enrugar o nariz. Mike puxou a blusa dela e ela beijou o nariz dele também, fazendo-o se encolher no colo de - Você é muito pequeno - ela fez cócegas em Mike.
- Vamos batizá-lo semana que vem. Quero todos lá.
- Eu vou estar lá na frente, linda e maravilhosa, com essa coisinha nos braços? - perguntou sonhadora e concordou, fazendo-a bombardear felicidade. Ri e peguei Mike no colo, uma vez que conheço meu filho e já estava na hora de dormir. e se despediram dele com carinhos na cabeça.
- Ô - chamou depois de um tempo – Faça o favor de arrumar um terno bonito, porque se a resolver ir produzida, você está ferrado. Vai ficar mal na foto - riu e deu um tapa em .
Voltei à cozinha e vi perdida em pensamentos. Passei a mão na frente dos olhos dela e ela despertou.
- , isso significa que você é o padrinho! - ela disse, como se tivesse descoberto uma mina de ouro em São Paulo.
- Há muito tempo - ele riu e acabou de beber o que tinha no copo - Você que demorou demais para chegar e ficou sabendo por último - riu e o abraçou forte.
- Somos os padrinhos mais lindos desse mundo.
- Se somos.


Capítulo 20


e (fofinhos só entre eles) resolveram que iriam encher o saco até algum outro do grupo ter um filho para eles escolherem o nome e poder roubar. Sério, eles chegaram a passar a tarde no jardim da casa de mãe de "bolando planos". Quando eles me mostraram o papel, quase cuspi suco na cara de . Eles não cresciam. Nunca.
- Porra , falei que esse não ia dar certo! - respondia irritado (só para variar), depois que disse que tinha terminado com a namorada.
- Droga, . Que saco! Seu filho com ela iria ser lindo, sabia?!
- O que você quer que eu faça? Obrigue a menina a voltar aqui para ela engravidar e lhe darmos o filho?
- Você faria isso por nós? - perguntou de mãos juntas. a imitou.
- Cara, vocês podem ter filhos quando quiserem. Do momento em que você menstruou pela primeira vez, sabia?
- Não! Não é assim, - sentou em frente a ele - O negócio é que se precisa de um par e você tem um.
- Tinha - a porta foi batida e gritou, já deitando em cima de todo mundo no sofá.
- ! - o abraçou forte - Você namora, não namora?
- Você sabe que sim.
- Ok. Levante-se daí e vá ter um filho! - ela bateu na bunda dele que reclamou. Eu estava começando a achar que ela não podia ter filhos e usava isso de maneira... Sei lá. Parecia que ela não ligava muito e apoiava, o que era pior. Ficava dando corda.
- , alguém já lhe disse que você é fértil?
- Sei disso.
- Então vá ter um você mesma.
- Mas não, ! Vocês não entendem! – ok. Com certeza ela não podia ter filhos e não queria falar - Se eu tiver que ter um filho, vou ter que ter com .
- E qual o problema?
- A criança vai nascer de cabeça para baixo, toda torta e já de mau humor - respondi rápido e todos rimos. e mandaram dedo - Tirando que se for possesso que nem o , quando estiver mamando não vai deixar o nem chegar perto - me deu um tapa e ri. arregalou os olhos e caiu do sofá.
- , que coisas feias para se dizer!
- Só é a verdade.

Os dois fofos se encontravam na grama da casa de e , sozinhos. Nevava um pouco e abraçava . Eles estavam lá fora no frio há horas e ninguém quis interromper o que fosse que estivessem tendo. Os chocolates quentes deles já deviam estar frios. , desde que chegou, não tentou muita aproximação, mas os dois sabiam que iria rolar a qualquer momento e não nos assustariam se os víssemos aos amassos quentes no sofá outra vez. Só mostrava que eles não haviam mudado em nada. Só o tempo tinha parado e eles dado o play. Estariam continuando exatamente de onde pararam.
Não demorou muito e beijou . Ficaram um grande tempo curtindo o momento, porque volta e meia eu passava na janela e os via igualmente antes.
- Isso é tão errado - encostou o nariz ao pescoço de .
- É errado a gente se gostar?
- É errado o que fazemos com nós mesmos - se mexeu incomodado e ela riu - Nós só estamos retomando de onde paramos. Já percebeu?
- Isso a incomoda?
- Pelo contrário, me agrada demais.
- Por que demorou tanto para voltar?
- Eu estava terminando a faculdade de medicina lá e o estágio não acabava nunca.
- Você ganhou algum dinheiro pelo menos?
- Mais ou menos.
- E como pretendia comprar um apartamento?
- Ainda pretendo. A gente sempre dá um jeito. Hoje em dia, gato que não fala duas línguas morre de fome - ela beliscou o queixo dele e ele riu baixo. Levantou-se e a puxou junto. Logo abaixou de novo e a olhou.
- Olhe, vou pular todas as partes românticas porque estou congelando aqui, ok? - ela riu – Quer se casar comigo?
- Mas casar? Casar, casar?
- É, casar. Já está mais do que na hora. Já namoramos demais quando adolescentes.
- Só se você prometer que nosso filho não vai ser torto, mal humorado e possesso.
- A genética que decide isso, mas a gente faz uma macumbinha para ele ser que nem você.
- Então aceito - ela sorriu e ele a pegou no colo.


Capítulo 21


Como dito, só compraria uma casa se fosse para morar com . Ele o fez. Compraram uma casa normal de dois andares, com cinco quartos, duas salas e uma cozinha. estava cada dia mais apaixonada por Mike e um dos quartos fez para ele. Mike morria de alegria quando chegava lá. Eu estava grávida de (de novo) e esperava gêmeos.
ficou super feliz quando soube do casamento de e chorou por dias. não manteve contato com a mãe por conta da coisa toda da França, então só contou para o pai. A essa altura, a mãe já sabia e já estava pirando no avião para a Inglaterra, ou mesmo no trem, se bobear. Não me assustaria se ela batesse na porta a qualquer momento.
A casa deles era linda. Toda em tons neutros e de veludo. Acho que pela primeira vez na vida, senti que sabia o que estava fazendo e eu confiava nele. Depois dos tratamentos, ele melhorou quase cem por cento e eu estava muito orgulhosa dele. Ele continuava com um ciúmes louco pela , ainda mais quando começamos a achar que ela estava grávida porque desmaiava e vomitava o dia todo. Sinal negativo. Era só um problema no estômago que ela logo tratou. e eram os únicos que sabiam que ela não estava grávida por um motivo: acreditem ou não, eles ainda não haviam tido nenhum tipo de relação sexual.

e resolveram viajar para um lugar mais tropical. , sem pensar duas vezes, comprou as passagens para a Grécia na primeira semana livre que os meninos tiveram.
não era mais um adolescente de quinze anos que tinha os hormônios à flor da pele, mas também não agüentava muito tempo. No meio da viajem então, o clima foi esquentando mais do que todos os que sempre rolaram no namoro deles e sabia que não iria fazer nada que ela não quisesse. Então parou, enquanto ainda dava tempo, e rolou para o lado.
- Não entendi - virou para o lado dele, de barriga para baixo - Qual o problema de hoje?
- É que... - ele suspirou - Somos adultos agora e... Se eu quiser levá-la além?
- Mas e se eu quiser? - abriu os olhos na hora e sorriu, abraçando-a (lê-se: enforcando-a).
- Jura?
- Eu não tenho mais motivos para não querer. Aliás, vamos casar.
- Casar virgem é ruim?
- Você é virgem? - arregalou os olhos.
- Lógico que não! - ele riu alto - Estou falando de você.
- E como você sabe?
- Quer que eu acredite que você e o francês transaram onde? - riu alto - E você me disse que se não perdesse comigo, não perdia com ninguém. Minha memória é boa, sabia?
- Percebo - ela o beijou - É ruim eu ter vinte e três e ser virgem?
- Não existe bom ou ruim. É questão de respeito. Você se respeitou até agora. Não tem nada de errado - ela o abraçou forte e enterrou o rosto no pescoço dele - E aí? Pronta para uma noite de loucuras com o seu futuro marido?
- Homem da minha vida - eles riram - Você me desarmou.
- Uau, o que você tomou hoje?
- Uma PUTA dose de você - depois dessa, quase tirou a virgindade da Santa em três segundos, coitada.

A vida continuou a mesma. e tentando loucamente ter um filho (não me assustaria se aparecesse com óctuplos), e eu com três em casa e quase pirando, de namorada nova e com a mesma ruivinha peitudinha de sempre. Os meninos faziam bastantes shows e era ótimo quando não atendia no consultório, porque ela ficava com Mike o dia todo. Levava-o até para o trabalho às vezes. Ela me disse que ele era o sucesso de lá, o que me deixou feliz e mais feliz ainda quando a cara do slogan do consultório dela virou o Mike. Meu filho, desde bebê, uma estrela. Ai, ai, ai...
O espantoso foi que alguns meses depois do casamento de e (que foi no meio da neve, porque ela fez questão de ser no mesmo modo que ele tinha a pedido em casamento), descobriu que estava grávida. Mas, porra, de quase três meses já. Ou ela era anoréxica ou eu não sei mais de nada, porque ela não tinha barriga NENHUMA e não engordava. Continuava na mesma e até menstruava. e ficaram mais loucos impossível e escreveram no meio da parede branca da sala os nomes que gostavam. Como eu achava que um filho só não ia brotar lá de dentro pela quantidade de vezes que dizia que tentavam, eu REALMENTE não deixei de dizer os oito que mais gostava. Assim, por precaução.
Os fofinhos sex machine esperavam gêmeos bivitelinos. saiu espalhando por onde conseguia a novidade e a mãe dele um dia teve que trancá-lo em casa. O caso estava começando a ficar sério. De verdade.
Mike já falava e a primeira palavra dele (o que na verdade chegou a espantar um pouquinho) foi . Depois ele só repetia Bebê. Mania ingrata do de chamá-la assim perto dele, acho. Já que perto de nós todos era só amor e olhe lá.
É, a vida só ficou um pouco mais corrida, mas aposto que é uma das mais normais do mundo. Ok, só foi a mais normal até aparecer com um filhote de labrador marrom e quase morrer de tanta felicidade. O bicho era a alegria dela noite e dia. passava mais tempo em casa e é aquela história: o primeiro namorado ou primeiro amor da sua vida pode ser seu marido no futuro.
não mais era agressivo ao extremo. Só algumas vezes, mas não batia em ninguém. Os xingamentos diminuíram setenta por cento e ele estava realmente melhor.
A única coisa que não mudou e duvido que mude um dia seja o ciúme que ele sente por . Continua meio doentio, mas controlado. Afinal, quem seria da , só legal e fofinho só com ela, se não restasse ao menos o ciúmes?


The End



Nota da autora: Queria que levassem em conta tudo o que leram, porque, como é baseada em fatos reais, é sempre bom vocês ficarem antenadas a esses assuntos para saber o que fazer. Sei lá...
Obrigada a quem leu e... Comentem e vão ler as minhas outras, hunf.





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