Tudo começou quando eu tinha apenas sete anos. Uma criança dessa idade já é inteligente o suficiente para saber de muitas coisas e, apesar de particularmente achar que sempre fui mais esperta que os outros, eu já tinha entendido o sentido do rumo que as coisas em casa estavam tomando.
Primeiramente, me chamo Honor Apple e sou filha de e . Vou explicar melhor as coisas, começando pelo meu pai: eu citei ali em cima que é meu pai, certo? É, você não leu errado. Ele é, mas não o biológico. É que, assim, sabe... Eu amo meu pai de verdade, o , mas acontece que quanto mais eu crescia, mais chato e implicante ele ficava, e é assim até hoje. Aí aconteceram várias coisas e bem, foi bem mais meu pai do que o . Dizem que pai é quem cria, não é? Pois bem, meu pai biológico estava mais preocupado em sair do que ficar comigo algumas vezes depois que voltava de turnês e eu nunca aprovei esse comportamento.
Meu nome: é, ele é péssimo. Eu sei. Mas a culpa é da minha mãe. Ela é super fã da Jessica Alba e resolveu me colocar a droga do nome da filha da sujeita. Não que a Alba atue mal, mas pelo amor de Deus. Não tinha nome melhor, não? Está bem, ok, concordo que Honor não é lá o pior nome do mundo, mas, cara, para que colocar a droga do Apple depois? Tipo, se eu me chamasse Honor, apenas Honor, eu juro que não ia reclamar, mas essa parte do segundo nome já não é culpa da minha mãe. Poderiam ter colocado só Apple então, né? Tudo bem que iam de apelidar de McFruta no colégio, mas acho que suportaria melhor dp que Honor McFruta, McGirl, McMini. Fale sério... Super péssimo ao quadrado, né? Mas isso também NÃO é culpa da minha mãe. Acho que tudo que acontece na minha vida e na da minha família é culpa do meu pai. Totalmente e inteiramente dele. Continuando, meu pai achou que apenas Honor era muito sem graça, que tinha que ter algo a mais. Então, depois que eu nasci, quando ele já estava menos gay (minha mãe disse que ele estava em um dos piores dias gay dele), estava em uma cantina do hospital com os amigos de banda dele, comendo uma maçã, e , o inteligente, disse que Apple seria legal para colocar no nome de alguma menina. Meu pai na hora começou a rir com e , mas logo parou para pensar e achou interessante. Aí, foi ao cartório e, como presente por eu ter nascido à minha mãe, colocou APPLE no meu nome e mostrou a ela a certidão. Certo que minha mãe deu um ataque e quase que ficou no hospital mesmo. Não perdoei meu pai até hoje... Por ele ser retardado, claro. Depois da explicação do porquê do Apple, se você ainda o achar um pingo inteligente, juro que conto a história quantas vezes você quiser até entender o que eu estou falando.
Acho que falei demais sobre o meu nome. Vou falar de outras coisas. Como por exemplo, nossa casa. Há cinco quatros (deles, três são suítes), uma cozinha que até que é grande para três pessoas, duas salas (uma sala normal de estar e outra que é para caso recebemos alguma visita ou algo do tipo) Minha mãe gosta dessas coisas. Temos também um mini estúdio do meu pai no porão, um jardim com piscina e um bar. Meu pai fez questão de ter um perto da piscina e isso fez com que a casa ficasse sempre cheia... De homens bêbados. Uma área de serviço e, por incrível que pareça, uns viveiros. É, meu pai gosta de animais... Diferentes. Ele possui uma cobra chamada Amor. Sério. Encurtando os fatos: minha mãe sempre chamava a cobra de "Amor da minha vida" porque adora a tal cobra. Meu pai, sempre bom em dar nomes, achou Amor legal e colocou. Ele também tem a Zara, uma iguana por quem eu sou apaixonada e um Teiú. É, um lagarto gigante, primo do Dragão de Comodo. Outro que meu pai pensa em comprar assim que eles forem para a China tocar. Eu tenho a Chiara, uma Yorkshire de três meses. Ganhei do pelo meu aniversário de treze anos.
Minha mãe: . Não é a melhor e nem a pior mãe do mundo. Ela fica no meio. Também não acho minha mãe a mais linda, mas ela dá um banho em muitas da idade dela (trinta e quatro anos). Ela tem os cabelos pretos no meio das costas, cortado em camadas. Ela também tem uma franja grande que está quase sempre presa. Ela é baixa - sou quase do tamanho dela. Ok, mentira, falta um pouco... Trinta centímetros. Ela trabalha como gerente de uma loja de roupas. Não é uma do tipo Calvin Klein, Chanel, Marc Jacobs nem nada disso, mas é bem famosa pela Inglaterra por muitas celebridades comprarem lá. Principalmente meu pai biológico. Ele gasta muito lá. É a Hurley.
Meu pai (biológico): . Não me dou com ele e já deixei isso claro. Meu pai é e acabou. Ele é baixista da banda em que toca que, por sinal, rende muito dinheiro e sucesso para ele. Diz minha mãe que ele é chato comigo porque não quer que os outros cheguem perto de mim. Então não me deixa fazer o que eu quero, me fazendo achá-lo um chato e preferir como meu pai. é muito protetor. A única pessoa que ele deixa com que eu fale é o filho do . O Max. Que aliás, é lindo, mas é um ano mais novo e infelizmente é um bobão ainda. Meu pai realmente consegue me irritar. Ainda mais porque ele é lindo e todas as minhas amigas caem babando por ele. Por que ele precisa ter trinta e cinco anos e parecer ter dezessete? Que saco. Ele é loiro dos olhos azuis e pronto. Só isso você deixo saber.
Meu pai (não de sangue): . Não tenho palavras para descrever o quanto eu gosto dele. Ele, sim, é meu pai de verdade. Como eu queria ser filha legítima dele... Ele faz tudo por mim. Considera-me uma filha também e eu sei que eu sou o sonho que ele nunca vai poder realizar. Explicando: ele é noivo de uma mulher LINDA (morena e com os olhos mais azuis escuros que eu já vi na vida) que infelizmente não pode ter filhos, e, bem, o sonho dele era ter filhos. Ainda não sei como eles vão resolver o problema deles, mas eu sou a filha do , com a noiva dele podendo ou não me dar um irmãozinho, e é isso que importa.
Meu irmão: é, eu tenho um. Que ninguém nunca vê porque ele é mais fantasma do que humano. Ele tem cinco anos. Eu tinha oito anos e era feliz quando ele nasceu. Depois... Só o me salva. Ele se chama Henri e não me pergunta de que buraco meus pais tiraram esse nome, por favor. Ele é aquele menino que tem cara de que vai ser o típico londrino “loser”. Sério, ele é todo quieto, estranho e passa o dia todo folheando livros de astrologia e astronomia.
As apresentações mais importantes já foram feitas, então vamos ao que interessa: os idiotas dos meus pais biológicos. Eles se amam, mas são incapazes de firmarem o relacionamento. Sei disso porque há seis anos, desde que eu tinha sete, eles não conseguem. Desde então, meu pai sai com algumas putinhas e minha mãe não deu muita bola para os outros depois de um que ela namorou por uma semana. É engraçado, porque eles mantêm um relacionamento aberto. Só estão há seis anos tentando ver se vão mesmo continuar casados ou achar outra pessoa. O que acontece é que nenhum dos dois consegue e aí, no final do dia, chegam esgotados em casa e acabam que vão para cama com eles mesmos. Eu sei disso porque já presenciei uma cena bem quente quando passei pela sala às duas da manhã e eles estavam no sofá.
Para todos os efeitos, hoje tenho treze anos, estudo (infelizmente), não acompanho muito meus pais, e ), nas turnês e, quando vou, é final de semana. Estudo de manhã, volto da escola sozinha de vez em quando e só vejo minha mãe de noite.
A diversão para você começa onde a minha infelicidade e meu medo dão seus os primeiros sinais.
Era mais um dia normal de colégio. Eu estava absolutamente cheia de sono, quando passei pelo grande portão de madeira brilhante. Sentei em um banco onde sempre ficava com minhas melhores amigas: Kerli e Brit. Kerli logo chegou animada, como sempre, me levantando do banco e me fazendo dançar uma valsa com ela. Eu estava fora de mim total, mas tinha certeza de uma coisa: Kerli estava muito feliz para uma segunda de manhã e o nome dessa felicidade toda era William - o menino mais bonito do nono ano A.
- Ai, ele é tão lindo! Aí ele olhou para mim e depois me beijou e aí eu... - interrompi-a na mesma hora. Como assim eles tinham saído e ela nem tinha me dito? Vaca.
- Foi a um encontro com o William e nem sequer me disse?
- Foi tão inusitado que eu me perdi depois do sim que respondi a ele. Desculpe-me - ela sorriu boba e o sinal tocou alto, indicando a todos nós que deveríamos parar de dormir nos mais inusitados lugares do colégio e subir para nossas grandes e brancas salas sem graça.
A tarde finalmente estava acabando e seguindo-a, estava eu andando pelos bancos de concreto, também acabada. Meu celular vibrou e parei de dar atenção ao que Brit gritava com Kerli sobre o professor de educação física e sorri, pela primeira vez no dia, verdadeiramente. Eu sabia que outros sorrisos verdadeiros viriam depois daquele e essa era a razão para ter sorrido verdadeiramente antes.
- E aí? Vai a pé, nos acompanhando até metade do caminho como sempre que dá? - Brit perguntou, brincando. Ela sempre fazia as mesmas perguntas só para fingir que não tínhamos a rotina de voltarmos andando juntas, quando eu não tinha corrido para o carro do motorista antes das quatro. Sorri verdadeiramente, como a partir dali eu faria até dormir, e neguei.
- Meu pai vem me buscar.
- Que legal! - Kerli sorriu. Ela sabia que quando eu dizia isso era porque meu final de dia iria ser ótimo. Qualquer milésimo de segundo com o meu pai me fazia sentir melhor e eu não precisaria de mais nada até dormir.
- Vou indo - apontei para a BMW X5 preta dele e elas acenaram, sorrindo. Corri para lá e abri a porta, já pulando no banco. Olhei para o lado e joguei meus braços no pescoço do meu pai - Pai!
- Ei - ele riu e me deu um beijo na testa - E então? Como foram as coisas aí dentro hoje?
- Chatas, como sempre.
- Está a fim de um almoço comigo e a sua madrasta?
- Sem essa de madrasta, pai - ele riu alto - Rose é minha segunda mãe.
- Que bom que aceitou. Vamos pegá-la em casa.
- Chiara vai estar lá?
- Onde mais ela estaria?
- No pet shop, já que você disse que ela iria tomar banho hoje.
- Ela toma banho em cinco minutos, diferentemente de você - ele me cutucou e eu ri.
Chiara era meu presente de treze anos, mas infelizmente ficava na casa do meu pai. Minha mãe piraria se eu deixasse a cadelinha solta com o carpete branco dela espalhado pela casa. Prefiro não levar broncas. Mas ter a Chiara em outra casa é melhor, porque isso faz com que eu tenha sempre uma desculpa para visitar meu pai e passar mais tempo com ele.
- Olá - Rose sorriu. Estava linda. Usava uma saia no meio do joelho, apertada e preta, um blazer também preto e uma blusa rosa claro por baixo para dar uma quebrada. Olhei para seu pé e ela levantou-o - Esse é novo. O que achou? - era um scarpin fechado que tinha um zíper no meio, todo em veludo. Um luxo.
- Lindo. Você se supera a cada dia - meu pai riu alto.
- Eu tenho muita sorte, sabia? - ele olhou para Rose pelo retrovisor e ela deu língua.
Paramos em um sinal e ele virou para trás, olhando-a melhor. Soltou um beijo para ela que riu. Ela chegou para frente e o beijou.
- Está legal, podem ir parando. Pai, o sinal abriu.
- Preste atenção no trânsito, ! Não vou mais andar no mesmo carro que você, se continuar assim.
- Ah, fiquem quietas vocês duas. Qual o complô da semana?
- Complô? - nós rimos.
- Dossiê.
- Tchau, pai - rolei os olhos e saltei do carro assim que ele estacionou. Ele segurou uma mão de Rose e passou o outro braço pelos meus ombros. Entramos no restaurante e nos sentamos para eu me sentir feliz mais um dia do ano.
Meu pai biológico e meu pai "adotivo" estavam sentados na sala havia um tempão. estava furioso há muito tempo por causa das atitudes de de o ignorar e me tratar como se ele mesmo fosse o pai e não existisse. Esse foi o dia que não conseguiu mais se segurar e ignorar tudo o que ignorava há seis anos. Minha mãe tinha passado pelo corredor, com uma cara não muito boa. Ela tinha um carinho enorme pelo meu pai, mas em qualquer condição, iria defender o . Às vezes, acho que ela é idiota.
- Eu não me importo que você queira parecer a figura paterna que eu sei que não sou para ela há muito tempo, mas ignorar que eu existo e que EU sou o pai, querendo você ou não, é outra coisa.
- Pai é quem cria, . Sou o pai dela há seis anos e não vai ser agora que eu vou deixar de ser.
- Eu não estou pedindo para você parar de ser quem você é para ela; só estou pedindo para antes de liberá-la a fazer qualquer coisa, perguntar se ela pode, se ela não tem nada marcado... Avisar!
- Ela sabe dos compromissos que tem. Não tem mais três anos, . Toque-se.
- Eu sei que não, mas sou o pai dela e me preocupo. Esses dias fui buscá-la na escola e me disseram que ela tinha entrado em um carro preto com um homem. Sabe quantas coisas passaram na minha cabeça naquela hora, ? Você não tem noção do que é ser um pai desesperado.
- Você tem que parar de pensar essas coisas. Está na cara que, se ela entrou em um carro preto com um homem, esse homem sou eu. Quem mais iria ser? O namorado dela? Ela nem sabe o que é beijar ainda, . A menina é pura e não tem os mesmos pensamentos que você e eu, ou mesmo dos meninos da banda - meu pai não me conhece, eu acho. Está bem que eu não saio por aí dando, mas eu sei o que é beijar e já beijei, sim.
- , por favor, estou lhe pedindo. Você está tirando minha filha de mim. Sabe quantos dias do mês eu passo com ela? Dois. E quando consigo mais tempo, são cinco. Sabe o que é isso? Já fico fora quase o ano todo e aí, quando eu volto, vem alguém para tirá-la de mim - já comentei que odeio o meu pai? Que saco!
- A culpa é minha de ela gostar mais de mim como figura paterna do que de você? Você não é mais essa pessoa para ela, . Eu sou. Ela prefere ficar comigo, se você ainda não percebeu. Você não passa de um nada para ela. Como você quer que ela goste de uma pessoa que, quando chega do trabalho depois de meses, vai sair para beber ao invés de ficar com ela e curtir o tempo que tem antes que ela cresça e realmente não ligue para você?!
- Isso não tem nada a ver. Henri é irmão dela e eu consigo conciliar tudo. Com ela, não, porque quando eu tento, ela está com você.
- Eu não vou discutir sobre isso com você.
- E com quem mais você pretende discutir?
- Você não está no seu melhor estado, .
- Eu estou ótimo. Só o chamei aqui para pedir que se afaste da minha filha - preciso comentar que, quando eu ouvi isso, meu coração apertou. Meu pai não pode querer me afastar do meu segundo pai por nada. Eu não posso ficar sem o . Eu morro.
- , pelo amor de Deus! Você se escuta?
- Eu o quero longe da minha filha, . Tanto você, quanto a Rose. Nada de pegá-la na escola, nada de vê-la quando eu não estiver por perto e nada mais.
- Você não pode me obrigar a ficar longe da minha menina, .
- Ela é MINHA, caralho! EU fiz, EU sou o pai! MINHA, MINHA! - meu pai, o , ficou puto, levantou e deu com o controle na mesa de centro de vidro alemão da minha mãe. Não que ela fosse gritar, mas... - Estou falando sério, . Se o vir outra vez com a Apple, juro que não sei o que eu faço.
- , eu não vou cumprir. Faça o que quiser. Entre na justiça, me chame de pedófilo, faça o que quiser, mas eu não vou sair do lado dela. Ainda mais com você descontrolado desse jeito - obrigada por o ser pé no chão.
- Ela precisa de mim e não de você.
- Eu discordo. Não foi para você que ela contou do menino que estava gostando quando tinha oito anos. Não foi em você que ela deu o primeiro abraço quando se alfabetizou; não foi você que a viu andar de bicicleta sem rodinhas sozinha e que teve que limpar sua boca quando o dente dela caiu e o sorvete de baunilha ficou todo cheio de sangue. Não foi para você que ela pediu para trazer de viagem um vestido vermelho com detalhes em branco. Não foi, . Não foi e nunca vai ser.
- , o que você pretende fazer? Fingir que eu não existo pelo resto da vida?
- Claro que não. Preciso de você para ajudar o nos shows - ele riu e eu me perguntei como ele conseguia ser tão forte. Minha mãe estava parada no topo da escada, sentada e ouvindo de cabeça baixa - Só quero que você entenda que, você tendo feito ou não a Apple, o pai dela sou eu.
- Vá embora antes que eu fale alguma besteira - meu pai apontou a porta para meu outro pai que afirmou com a cabeça.
- Posso só conversar com ela antes de ir?
- A partir de agora, ordeno que você não tenha contato algum com ela. Pode ir, . Já terminei o que queria.
- Mas eu não terminei, .
- , a porta, por favor.
- Eu vou entrar na justiça pela guarda dela.
- Você não vai fazer nada.
Minha mãe chorou feito uma desesperada, mas não pelo vidro alemão da mesinha de centro dela, e sim por estar naquele estado. Diz ela que nunca o tinha visto tão furioso na vida e essa é única parte da história em que a culpa basicamente não é minha. Basicamente porque não fui eu que pedi para nascer, certamente. É culpa do meu pai porque, bem... Ele que não usou a camisinha, né?
- Pai, por que você está tão vermelho? - Henri esfregou os olhos seguindo-o.
- Eu estou cansado e chateado, só isso.
- Vai ficar tudo bem?
- Vai sim.
- Honor, acorde - ouvi batidas na minha porta. Olhei para o relógio: quinze para as dez. MEU DEUS, O COLÉGIO! Levantei-me rápido, me preparando para a bronca. Abri a porta e minha mãe estava de calça skinny (que sempre caiu bem nela e amo quando ela usa), uma camisa pólo verde e um All Star branco. Ela não tinha ido trabalhar também? O que será que tinha acontecido? Ela sorriu - Arrume uma mala com um pouco de cada coisa que você tem no armário. Só temos algumas horas - ela saiu, com Henri correndo atrás dela. Desci, a fim de ganhar uma explicação, e vi meu pai com o rosto molhado e vermelho. Meus avós paternos estavam lá no mesmo estado. Meu Jesus, alguém tinha morrido. Mas por que minha mãe estava sorrindo como se tudo estivesse ótimo?
- Para onde vamos? - consegui chamar a atenção de todos na sala. Meus avós me abraçaram e um tempo depois meu pai me olhou, como se não me olhasse há anos, como se eu tivesse nascido ontem.
- Férias. Tirei férias e nós vamos viajar. Há muito tempo não passamos um tempo só nosso em família – “caozeiro”... Se fossem férias, ninguém estaria chorando.
- Conte outra.
- É sério. A gente vai viajar - Henri pulou de um jeitinho gay e o olhei horrorizada - Vamos ficar o mês todo sem ir à escola – dã, né, mula. Se vamos viajar, é meio lógico e... EI, SEM ESCOLA!
- Vá arrumar as suas coisas - minha mãe sorriu e eu obedeci, avisando às meninas por SMS. Elas responderam que já tinham sido avisadas e reparei o quão famoso meu pai era. Eram dez da manhã e a Inglaterra inteira já devia saber.
Viagem coisa nenhuma. Nós nos MUDAMOS para o Brasil. É, se encrencou com o meu pai e brigaram feio por telefone depois da conversa, quando meu pai tentou me ligar porque meu celular estava desligado. Aí, reparo em como sou burra. Eu sabia que ele ia me ligar e sequer fui procurar o carregador do meu celular que tinha acabado a bateria. Acho que sou mesmo filha do . O nível de inteligência é o mesmo.
Meu pai “ninfo” passou a noite toda fechando o negócio mais rápido da vida dele. Comprou um apartamento de frente para praia e no meio de uma rua meio movimentada. O apartamento tinha três quartos, uma suíte, um banheiro para os outros dois quartos, uma cozinha normal e só uma sala. O quarto que eu escolhi foi o menos pior. Era cor de pêssego, mas muito melhor do que o verde vômito que meu irmão adorou. A sala era amarela clara e a cozinha, branca. O quarto dos meus pais era azul claro. A casa já tinha alguns móveis que os donos deixaram lá para fazermos o que quiséssemos com eles. Como dito, o que quiséssemos. Dei um super chute no sofá e minha mãe brigou comigo. Eu tinha me mudado para o outro lado do mundo e ela queria que eu estivesse super feliz como o meu irmão gay? Eu só estava nessa, puta, e só tinha chutado o sofá por quê? PORQUE ERA TUDO CULPA DO MEU PAI.
- Vai ser bom. Vocês vão adorar! - minha mãe sorriu e abraçou meu pai. Ele sorriu e beijou a testa dela. Por que ele parecia tão feliz?
- Estou me sentindo tão mais leve - ele abraçou minha mãe por trás e encostou o queixo no ombro dela. Ficaria uma foto legal do lugar onde eu estava, mas me sentia chateada demais para isso. Ok, talvez só uma. Saquei o celular do bolso e tirei a foto. Aproximei-me da janela. Era uma vista linda; não podia negar. Minha mãe soltou um gritinho meio histérico e meu pai riu.
- Você tem certeza disso? Olhe que ainda estou achando que estou aqui de férias mesmo.
- Sem segredos. A casa é nossa e não saio daqui nunca mais.
- Ah!
O plano “(in)falível” do meu pai era me afastar do meu outro pai. Como? Trazendo-me para o outro lado do mundo: Brasil. Terra natal da minha mãe. Motivo dela ter ficado tão drogada das idéias.
Meu irmão estava achando ótimo. Lógico, ele não sabia que o motivo da nossa repentina mudança era a briga. Não acreditei quando liguei os fatos e chorei por uma semana. Eu ainda não estava estudando, então fiquei trancada literalmente lá, sem nem comer. Melhor: eu não sabia o código para ligar para o meu pai e não tínhamos internet ainda. estava achando ótimo. Tinha dinheiro para viver sem ter que trabalhar por umas cinqüenta vidas. Não exagero. Já dei um cheque quando fomos a um caixa eletrônico quando eu era menor. Imagino agora.
Acho que minha mãe conseguiria um emprego em qualquer lugar. Ainda mais tendo grande reconhecimento na Inglaterra e já conhecendo o Brasil.
Um dia meu pai resolveu ligar para o amante dele: . Ligou como número privado para todo o caso de estar por perto.
- Ah sua bicha, aqui é lindo. Nunca mais vou voltar. Voltar para quê? Sol o dia todo... O calor... Sem frio. Aqui é o paraíso!
- E a banda? Como fica?
- Isso aí complica - ele riu e eu abaixei o volume da TV que, por sinal, nem tinha canais direito ainda. Só um canal fajuto que o símbolo era um tipo de mundo e fazia um "plim-plim" toda tarde no meio dos filmes - Eu vôo para aí quando precisar. Você sabe que eu vou.
- Então, ok. Precisamos de você agora.
- Agora, agora?
- AGORA.
- Porra, cara, agora não dá.
Passaram-se cinco meses nessa do meu pai viajar para até dar oi e voltar. Sério. Quando eu digo que ele caga dinheiro para agüentar o tranco por cinqüenta ou mais vidas, ninguém acredita. Outro dia, voou para lá porque queria ver um programa de TV que via sempre com na adolescência. RE-TAR-DA-DO!
Eu tinha começado a ver colégios com a minha mãe, infelizmente. As meninas brasileiras são muito estranhas. Elas usam umas coisas pequenas e os biquínis não são biquínis; são mini “tapa tudo” do Tarzan. Sério. Pior era quando saíamos em família. Meu pai era a sensação. Um porre.
Cinco meses sem falar com o . Eu estava relativamente mais magra e isso começou a preocupar minha mãe. Ela conversou com o meu pai e uma semana depois a Inglaterra era nossa de novo. Minha mãe ficou chateada, mas acontece. A viagem foi boa porque conheci meus avós maternos melhor e descobri da onde vem a minha bunda.
Inglaterra nossa nada. Só deles. Meu pai (fofinho), sem eu saber, tinha combinado um programa de intercâmbio para mim de volta para o Brasil, com a desculpa de que eu deveria aprender mais a língua da minha mãe e que meu irmão iria quando estivesse mais crescido. Tive que ficar com os meus avós e só podia falar por telefone com o meu pai e minha mãe.
- , você está precisando de um médico.
- Não estou, não, . O que eu preciso é afastar essa menina do !
- Você já parou para pensar que ele pode estar certo em tudo o que disse?
- Agora você concorda com ele?
- O que você está sentindo é ciúme, . Você se esqueceu dela por seis anos e ela teve que arranjar alguém com quem compartilhar os momentos da vida.
- A culpa é minha por ser ausente? A culpa é minha por eu trabalhar o ano inteiro para jogar dinheiro para vocês se manterem sem precisar passar nenhuma dificuldade e, no final do ano, querer passar com ela e ela me ignorar?
- Você devia ter tentado uma aproximação, e não ter feito o que fez.
- Ela me trocou. Eu sou o pai dela, eu a fiz! Eu dei a vida para ela e ela pisa em mim.
- Criança é que nem cachorro, . Deu carinho e amor e elas vão atrás. Você nunca proporcionou nada disso a ela.
- Eu só quero que ela pare de chamar o de pai, de olhar para ele como se ele fosse o herói dela, como se ele tivesse dado para ela tudo o que dei desde que ela nasceu.
- Ai , você é tão complicado - minha mãe o abraçou por trás e beijou as costas dele – Primeiro, desfaça a burrada que você fez.
- Ela nunca vai me perdoar.
- Quanto mais tempo você levar para tirá-la da vida prisão que ela está levando, mais tempo vai demorar para ela lhe perdoar.
- Você acha?
- Tenho certeza.
Eu estava de volta à Inglaterra e tudo porque minha mãe e seu poder sobre o meu pai conseguiram me tirar de lá. Saí com a minha mala pelo aeroporto, a fim de encontrá-los. Minha mãe estava com um vestido preto meio justo e uma sapatilha laranja meio “cheguei”. Corri para abraçá-la. Minha mãe é tudo para mim. Carregou-me por meses na barriga pesando, me criou, cuidou de mim, me viu berrar e chorar, fazer pirraça e o caramba a quatro. Ela, sim, deveria ter me mandado para o Brasil. Não meu pai. Em falar nele, a peste estava lá, de cabeça meio baixa e com meu irmão no colo. Henri me deu um beijinho no rosto e eu sorri, bagunçando o cabelo dele. Ignorei totalmente o meu pai e peguei o celular da minha mãe da mão dela, discando o número que eu conhecia de cor, por dois motivos: um: saudades. Dois: vingança.
- PAI! - berrei o mais alto que consegui e aposto que virou alegrinho, achando que era com ele. riu alto no telefone.
- Você a magoou. Ela não vai voltar e o chamar de pai logo de cara - minha mãe passou as mãos pelos ombros do meu pai e o beijou - Fique calmo. Vai demorar um pouco, mas já, já ela vai voltar a falar com você.
Minha mãe sempre foi meio babaca em relação ao meu pai. Admito que fico muito louca com isso porque EU percebo o que ele faz e ela, não. Talvez esse seja mais um motivo para eu gostar mais do do que do meu pai de verdade. Ele não mente.
Descobri que meu pai andou pondo chifres gigantes na minha mãe. Dos sete dias da semana, em cinco ele a traía e eu fiquei bem pior quando soube disso. Chorei rios no colo do . Kerli e Brit não entendiam o porquê e eu não podia contar, apesar de confiar nas duas.
Havia três meses desde que eu tinha voltado para a Inglaterra. Comecei a tentar entender o , para pensar se poderia perdoá-lo. Mas porque minha mãe pediu. Ele andava meio abatido pela casa e sabe... Ele é meu pai.
- ? – chamei-o e ele levantou a cara da mesa. Esbarrou no café que estava na mesa e a mesma ficou toda suja. Ele se levantou meio atordoado. Acho que por ouvir minha voz ser pela primeira vez direcionada a ele em três meses - Deixe que eu limpo - peguei o pano da mão dele e umedeci, passando pelo balcão - Podemos conversar? - ele confirmou e abriu um sorriso no canto dos lábios - Eu estou há dias tentando o entender... Tentando entender o que se passa na sua cabeça.
- São tantas coisas.
- Por que quer me distanciar do ?
- Você tem que saber quem é seu pai.
- Para mim pai é quem cria, mas infelizmente, no meu coração, eu sei que apesar do ser meu pai adotivo, o meu pai de verdade é você. Sei que eu posso ficar quase o ano todo sem o ver, mas também qu,e se eu grampear meu dedo, você aparece aqui em segundos. O nunca vai ser o homem em quem eu vou pensar quando eu estiver na pior com o grampeador. Mesmo que eu saiba que poderia pensar, a primeira pessoa é você. Quero passar mais tempo com você, mas acontece que há seis anos você parece que me evita e isso dói. O jeito de devolver o que eu achei é escolhendo o para ser quem você deveria ter sido ou deveria ser ainda. Sei lá.
- Eu tenho um ciúme enorme de você, Apple. Eu detesto a idéia de esses meninos olharem para você como se você fosse uma comida, das pessoas atrás de você porque é minha filha, pelo fato de eu ser famoso... Por tudo. Eu não gosto que você saia, porque tenho medo de você não voltar mais, Apple. Você não tem idéia da sensação que é só de pensar que algum maluco possa a pegar e pedir um resgate. Só quero protegê-la de todo o mau que a fama me trás. Vocês sofrem pelas besteiras que eu faço, por tudo. Não quero que a culpa seja outra pedra no caminho e a ver chamando o de pai, me ignorando, acaba comigo. Eu tento de tudo para que essa palavra que você chama o seja eu.
- Acho que seis anos depois é muito tempo - preciso comentar que ODEIO quando ele me chama de Apple? - Talvez seja um pouco tarde - vi-o abaixar a cabeça na mesa e se levantar depois de um tempo. Ele deitou no sofá, como fazia sempre que estava em casa. Ele havia começado a dormir ali quando contei para a minha mãe sobre as traições. Minha mãe não teve coragem de colocá-lo para fora. Eu sei que, lá dentro, ela tem vontade de correr e abraçá-lo o mais forte que pode e fazer carinho no cabelo dele, dizendo que está tudo bem, mas ela é uma mulher forte. Muito forte.
Três da manhã. Insônia. Minha mãe dormia e se mexia ao mesmo tempo. Fechei a porta do quarto. Eu estava dormindo com ela há uns dias, a pedido da mesma, antes que tirasse meu pai do sofá-cama de colchão ruim e o levasse de volta para dormir na cama com ela. Passei pela sala e meu pai estava todo desajeitado no sofá, com a cara meio ruim. Acho que ele tinha bebido. Ele se mexia de vez em quando e pude ver Henri dormindo ao seu lado. Henri sempre protegeu meu pai, apesar das burradas que ele comete. Se eu tivesse a idade da minha mãe, entenderia porque ela se apaixonou pelo meu pai. Ele é lindo até dormindo. Parece um adolescente que acabou de sair do lado da mãe e está achando que é gente porque tem dezoito anos e um carro. Ri sozinha dos meus pensamentos e o ouvi sussurrar, ainda dormindo.
- Desculpe-me, Honor - meu coração acelerou e minha visão embaçou. Ele tinha me chamado de Honor pela primeira vez na vida. Inconscientemente, mas tinha. Sonhando ou não, ele tinha falado. Isso significava que ele podia sonhar comigo algumas vezes e me chamar assim, ou que ele queria me chamar assim, mas não conseguia, talvez até por medo.
Abaixei-me, ficando na altura do rosto dele. Eu o abracei o mais forte que eu consegui e chorei por nunca tê-lo ao meu lado quando eu mais queria por conta do trabalho dele, por durante seis anos não ter a coragem de chamá-lo de pai, por ser uma otária e escolher logo o melhor amigo dele para que ele brigasse por mim. Ele acordou num susto, quase pulando do sofá-cama. Quando viu que era eu, passou a mão no rosto e suspirou longamente. Ele me abraçou e, então, eu soube o quanto ele era um ótimo pai.
- Minha mãe tem uma sorte danada. Tem em casa um homem lindo que se importa com a família e só quer o bem de todos. Mata-se de trabalhar para dar tudo que eles precisam e, em troca, só recebe arrependimento e patada - ele sorriu e me puxou para me levantar. Ele me deitou no travesseiro dele e me cobriu. Beijou minha testa e deitou ao meu lado.
- O sortudo aqui sou eu, Honor. Você não sabe o quanto.
- Obrigada, pai - senti meu pai tremer e ri. Logo, ele estava rindo comigo. Henri acordou e ele o pegou, colocando-o entre nós dois.
- Eu que agradeço a você, Honor, por tudo.
- Vá. Ande logo - empurrei e ele riu.
- Aceito - a igreja toda comemorou e meus pais adotivos se beijaram. Apareci no meio dos dois, abraçando-os.
- Posso contar? - olhei como se fosse um cachorrinho sem dono para Rose e ela riu.
- Contar o quê?
- Vai contar ou eu conto? - Rose sorriu. Meu pai, , nos olhava de longe. Ele ainda tinha ciúme, mas eu parei de chamar de pai na frente dele, o que o deixava mais feliz. Minha mãe descobriu que estava grávida do terceiro e era do meu pai. Lógico. Ela não tinha contado para ele e já estava com quase cinco meses. Meu pai não percebia porque, bem... Minha mãe sabe esconder e, além disso, como ele não tocava, não tinha como descobrir. Minha mãe não enjoava e nem nada, o que achava maravilhoso para ela e o fato de querer esconder mais. Ela concebeu minha irmãzinha (já tínhamos feito o ultra-som) quando se sentiu fraca perto do meu pai e pronto. Porém, já no dia seguinte estava brigada com ele de novo.
- Eu conto - sorri boba e parei ao lado de Rose que estava mais linda do que nunca (se posso comentar) naquele vestido de noiva cheio de detalhes e bem tradicional com o véu de quase sete metros - Vou ganhar uma irmãzinha - dei um gritinho histérico. Meu pai olhou para a minha mãe de rabo de olho. pareceu um fantasma. Eu ri da cara dele e deu um pulo nele. veio em seguida. se soltou de todos eles e abraçou Rose.
- Como você conseguiu isso?
- Sozinha que não foi - rolei os olhos e me deu um pedala.
- Fique quieta, garota. Agora você não é mais minha preferida.
- Que decepção - ri. - Estou tão feliz, e não vou ganhar só uma, não - sorri e todos pararam para me olhar - Serão duas! - foi a vez de Rose ficar branca - Minha mãe também está grávida - apontei para ela, a fim de acabar com o gelo dela com o meu pai. Meu pai arregalou os olhos e engasgou com todo o vinho que estava tomando. Dei um tapinha nas costas dele e Henri dançava felizmente com a notícia.
- Honor Apple ! - ela gritou com a cara vermelha.
- Não se esqueça do ! - sorriu, brincando e recebeu um dedo do meio do meu pai. Discreto, mas eu vi.
- , quer me explicar? - meu pai olhou sério para ela.
- Explicar o quê? Como põe a camisinha? - ri baixo. - Como você é um retardado que não usa camisinha?! - meu pai tapou a boca dela com uma mão e negou com a cabeça.
- Quer me explicar por que não tinha me dito antes? - ela abria a boca várias vezes, mas não dizia nada. Minha mãe fica idiota na presença do meu pai. Ainda mais grávida - Se você acha que eu demorei a perceber, está enganada. Eu já tinha percebido e achei outro dia a ultra-sonografia. Você ia esconder até quando? - minha mãe ficou de todas as cores do mundo e Henri riu alto. Peguei-o no colo e meu pai o pegou. Henri deu um beijo na mamãe e eu o imitei. Meu pai beijou o nariz dela e ela deu um tapa nele.
- Não chegue perto, seu canalha.
- Bem-vinda, Avril - ele abaixou e beijou a barriga dela. Ela deu outro tapa nele. Ele se levantou, rindo, e a beijou. Recebeu outro tapa depois do beijo.
- Avril, pare de correr. Vai quebrar o vidro alemão da sua mãe e isso é caro.
- Eu já soube que você quebrou uma vez - ela deu língua para ele. Apareci na sala com Zara no ombro e Avril gritou. Sempre teve medo dela. Eu ri alto - Não é porque você tem dezessete anos e é grande que pode colocar esse bicho ao meu lado. Saia daqui! - ela empurrou a minha perna.
- Não encha o saco - Henri entrou em casa e já não tinha os sinais gays que tinha quando criança. Minha mãe entrou atrás dele, carregando um filhote de Golden macho. Avril gritou de alegria. Meu pai a abraçou por trás, recebendo uma lambida por todo o rosto do cachorro que foi nomeado por Avril de Jack.
- Feliz aniversário, meu amor - minha mãe se abaixou, soltando o bichinho. Ele correu feito louco e acabou quebrando o vidro alemão de minha mãe.
- Esse não foi culpa minha - meu pai sorriu.
- Lógico que foi! , quem comprou o bichano foi você! Eu disse que não ia dar certo!
Eles continuaram discutindo e acabando onde sempre acabavam. Só espero que eles não tenham concebido outra criança. Depois da Avril, ninguém merece mais um irmão.
Continua...?
Nota da autora: Ei, só mais uma para vocês me baterem, hahaha. Eu nem gostei muito dessa, mas enfim... Espero que alguém pelo menos goste por aí.
Beijos, beijos, beijos. Leiam as minhas outras fics para me amarem um pouquinho mais, ok? :*