Fic : Liah Banner : Volcom23 Beta : Deh Revisão: Camila A.
Hopelessly Devoted to You R.I.P Jimmy Sullivan Fev. 10th 1981 Dez. 28th 2009 :_S
Peguei e arrumei as minhas canetas e papéis e espalhei-os pela minha secretaria, estava pronta para fazer algo que havia adiado por muito tempo. É normal do ser humano enterrar apressadamente as coisas para não ter de lidar com elas. É a rotina mais prática de adotar e todo mundo o faz com quase todos os problemas que encontra pela vida afora.
No entanto, todo mundo tem aquela pequena coisa, aquela pequena situação ou problema, que não pode ser ignorada. Todo mundo tem aquela pequena coisa de que não consegue parar de pensar. Mesmo que essa coisa lhes possa causar dor, ela cruza a mente delas e não pode ser removida nem com toda a força do mundo. Todo mundo tem essa pequena coisa, a minha pequena coisa era… James Sullivan.
James, ou Jimmy como a gente gosta de chamá-lo, não é apenas o baterista dos Avenged Sevenfold, mas também meu ex-namorado. Eu passei anos da minha vida com esse homem… Esses anos foram, de fato, os mais felizes de toda a minha vida. A gente era uma dupla fantástica… Uma combinação feita nos céus, como alguns diriam. Só que tudo o que é bom sempre tem um final e, infelizmente, foi o que aconteceu comigo e com o Jimmy.
Ele havia estado em tour por vários meses quando tudo aconteceu. Eu estava em casa, impossibilitada de sair com todo o trabalho que tinha para fazer que parecia nunca ter um fim. Enquanto ele viajava, conheceu outra garota, se apaixonou por ela e acabou tudo comigo. Depois de todos os anos que a gente passou junto, era muito cruel para mim ele ter acabado tudo assim tão de repente.
A vela que se encontrava colocada em cima da secretaria ardia com uma chama brilhante sempre sem parar enquanto o relógio do outro lado do quarto fazia o seu habitual ruído que tanto o caracterizava - “tic-tac”. O barulho do relógio estava começando a me enervar, cada batida interrompia o agradável silêncio do quarto. Peguei uma das minhas canetas e a encostei muito levemente ao papel, pronta para escrever. Isto era uma coisa que eu havia planeado fazia vários meses, mas sempre acabava adiando.
Ligeiramente, cocei a ponta do nariz enquanto procurava mentalmente que palavras usar. Que palavras podia eu usar?! Isto estava se tornado mais difícil do que eu tinha pensado que seria. Deixei simplesmente os meus pensamentos e sentimos guiarem a caneta enquanto a minha mão escrevia e escrevia… Haviam passado vários meses, ou talvez anos, desde que a gente acabou, mas, verdade seja dita, eu não o tinha esquecido. Desde o incidente, eu namorei vários garotos. Alguns até despertaram a ilusão de eu estar mesmo apaixonada. Não importava o quanto eu estava feliz ou o quanto a minha vida ia bem, eu sempre acabava por pensar no Jimmy.
Sim, era estranho. Mas o que a gente teve foi certamente amor. Teve que ser. Eu sinto tanto a falta dele. Os seus elétricos olhos azuis, os seus grossos braços que sempre encontravam o seu caminho em volta de minha cintura, o jeito que ele ligava só para perguntar como meu dia havia corrido… A contagem é quase interminável ou talvez impossível de aceitar.
Recostei-me na cadeira, me afundando um pouco mais, enquanto lia o que tinha escrito, fazendo algumas correções aqui e ali… Isto precisava ser perfeito. Essa era a minha última tentativa de salvar a única coisa que me fez sentir completa em toda a minha vida.
Após longos e cuidadosos pensamentos, finalmente decidi que estava bom demais. Reli todo o texto mais uma vez antes de colocá-lo num envelope.
Soltei um suspiro de alívio. Tive aquele sentimento de “missão cumprida”, era até uma sensação excelente. Era como se um peso tivesse sido arrancado dos meus ombros. Com muito cuidado, dobrei a carta de cor creme, coloquei-a no envelope da mesma cor e selei por completo.
Amanhã a enviaria, tinha esperança de reencontrar aquele com que eu tanto queria estar.
X-X
“Jimmy, tem uma carta para você!” – um muito ressacado Matt chamou da cozinha.
Jimmy olhou em volta do quarto antes de se levantar, soltando quase que um grunhido.
“De quem?”
“Caralho, eu não sei!” – Matt explodiu antes de lançar a carta em direção ao amigo.
Jimmy esfregou bem os olhos na tentativa de afastar o sono antes de ler o que estava escrito naquela carta. Abanou a cabeça e focou os olhos no pedaço de papel. Grunhindo uma segunda vez, ele fixou o olhar no endereço do remetente.
“…” – ele sussurrou para si mesmo, incrédulo, antes de rasgar todo o pacote. Apressadamente, ele desdobrou o único pedaço de papel existente e o leu muito rapidamente:
Caro James,
Aposto que você não esperava uma carta minha e, acredite, não foi fácil enviá-la. Eu sei que a gente acabou há muitos meses… Talvez até um ano ou assim. Mas tem uma coisa que eu preciso tirar do meu peito. Eu acho que ainda estou completamente apaixonada por você, Jimmy.
Por favor, não pense que eu sou louca ou algo do gênero. Eu sinto tanto a sua falta que a intensidade desse sentimento é quase inacreditável. Você nunca irá conseguir entender o quanto eu realmente sinto a sua falta. Eu também sei que você tem a ela agora… Mas tem que haver alguma coisa aí, dentro de você, que ainda me pertence. Você pelo menos pensa em mim?
Só peço que olhe dentro do seu coração e veja o que você verdadeiramente quer. Eu quero mais que tudo estar com você… Eu estaria de novo completa se você sentisse o mesmo. Se você não quiser, podemos sempre seguir em frente e esquecer essa carta. Vá, siga em frente com sua vida e nem se incomode de responder. Eu só preciso ter a certeza que entre a gente está tudo definitivamente acabado ou se ainda existe alguma chance de voltar a existir um “nós”.
Eu te amo, Jimmy.
Esperançosamente devota,
.
Ele releu mais uma vez a carta, só para ter a certeza que não eram os seus olhos sonolentos lhe pregando uma peça. Após uma avaliação mais cuidada, ele sorriu para si mesmo.
“…” – Ele riu alegremente enquanto assentia com a cabeça virado para Matt.
“? O que ela quer?”
“Estar comigo.” – Ele sorriu mais uma vez. A verdade era que ele era louco por . O único arrependimento que ele tinha em sua vida era ter a deixado ir embora. Especialmente ter deixado ela por outra garota que conhecia muito pouco… Ele estava bêbado e era muito ingênuo.
Algumas semanas depois, ele acabou com a tal garota. Nesse momento, tudo o que ele queria mais do que tudo no mundo era ligar à e lhe implorar perdão, mas ele estava tão embaraçado que não teve a coragem para o fazer.
“O que você vai fazer agora?” – Matt perguntou, parecendo um pouco mais desperto e alerta.
“Eu não sei.”
“Ligue para ela, seu idiota!” – Matt ordenou um pouco aborrecido por saber que Jimmy ainda não tinha planeado fazer isso.
Jimmy esboçou um largo sorriso e abraçou o amigo antes de correr para o telefone. Marcou o número dela… Era estranho que após tanto tempo ele ainda o tinha memorizado. Ele esperou em silêncio enquanto o telefone tocava do outro lado da linha, ele se sentia constrangido.
Um toque, dois toques…
“Oi?”
A voz dela era o suficiente para mandar calafrios pela sua espinha acima. Era sedosa como veludo… Exatamente como ele se lembrava dela.
“Oi.” – Jimmy sorriu com a cara encostada ao telefone. Isso era tudo o que ele realmente conseguia dizer, estava tendo um bloqueio de palavras.
“Jimmy?”
“Sim, sou eu.”
“Jimmy, o que você quer?”
“Recebi a sua carta.”
Uma pausa de um silêncio insuportável se estabeleceu. Depois ela falou:
“Oh, ok, o que você achou?”
“Eu sou doido por você, . Foi um grande alívio ler a sua carta e saber que não era o único que se sentia dessa maneira!”
E assim foi a história de dois amantes que se reencontraram após muito tempo. Dizem por aí que, se você estiver apaixonado, mesmo apaixonado, vai sempre encontrar uma maneira de tudo dar certo e que não importa as circunstâncias. Eu acredito que este é um desses casos. Você só está com ciúmes porque nós somos jovens e apaixonados!
A nossa história de amor.
Com todo o carinho,
James & .
Fim...
N/A – Importante.
Como já devem saber, e é com muita pena que informo a quem não sabe, o The Reverend Tholomew Plague a.k.a The Rev a.k.a Jimmy Sullivan a.k.a James Sullivan morreu no dia 28 de Dezembro de 2009. Uma morte repentina e muito inesperada por parte de todos os fãs de Avenged Sevenfold. Ele era, e é, na minha consideração, pelo menos, um grande baterista de uma das melhores bandas do género que têm aparecido ultimamente. Era muito talentoso e vai ser certamente muito difícil de substituir, para não dizer que ele é mesmo insubstituível. Foi um choque porque ele era também muito novo para morrer, como morreu, de causas naturais, ele só tinha 28 anos!
Eu tinha começado a escrever esta fic, bem como um monte delas sobre A7X, muito antes do trágico acidente, porém não tinha acabado ainda, mas, em memória do Jimmy, resolvi dar um final nela. Não ficou grande coisa, mas o que conta é sempre a intenção.
Hoje, mais uma estrela brilha no céu.
Resta só acrescentar que minhas preces vão para os amigos e familiares do Jimmy. Resta esperar que através dessa “Afterlife” ele encontre o seu “Little Piece of Heaven”. Descanse em paz.