Capítulo 1
Eu tinha certeza que a flexibilidade era o forte dele. E eu amo homens flexíveis.
Eu sabia por que era obrigada a ouvir sua namorada (a qual eu tinha uma enorme antipatia) falar sobre as noites amorosas que eles tinham. Broxante. Não sei por que a null teve que apresentar aquela enferma para ele, não sei. Nós éramos tão felizes sem ela, somente eu, null, null, null, null e null. Eu não suportava ter que ouvi-la falando do homem que eu queria para mim, que eu sempre quis, mas que eu nunca tive. Ela tinha o homem que eu sonhava ter na minha cama. Oh sim, ela é uma vadia. Culpa da null que juntou aqueles dois.
Flashback
- O null me disse que tem aluno novo na sala dele - null me despertou de um sono profundo em cima do meu material escolar. Nós estávamos no segundo ano, na Further Education. Era o último naquela escola.
- Novo? – eu praticamente despertei. Aluno novo, huh? Carne nova no pedaço. Já disse o quanto adoro carne nova? Não? Pois é, eu AMO carne nova!
- É, parece que se chama null. E de acordo com o null, várias meninas já estão dando em cima dele - olhei para a null e abriu um sorriso malicioso.
- null, eu conheço esse sorriso e tenho medo disso.
- Eu nem falei nada, não posso nem sonhar agora, dona null? Mas se tem meninas dando em cima dele, quer dizer que ele é bonito.
- Olha lá o que você vai fazer, null. Eu realmente espero que você não faça com o null, a mesma coisa que fez com o Rick - gargalhei lembrando desse episódio.
- Rick? Por Deus, null, você acha que eu seria capaz de dar em cima do null só para levá-lo para a cama? Não sou ninfomaníaca!
O sinal bateu e saímos à procura dos meninos. Os achamos no pátio, em frente ao colégio.
null já saiu correndo para os braços de null. Revirei os olhos ao vê-los quase se comendo. Depois, eu que sou a ninfomaníaca.
Fui em direção a null e null, que imitavam null e null, e percebi outro garoto ao lado deles, rindo. Devia ser null. Sorri sozinha e andei até eles.
- null e null, já não basta o casal aqui - apontei para null e null - se comendo, agora tenho que ver vocês demonstrando afeto em público? Guarde isso para vocês, seus gays!
- ! MINHA AMIGA DO CORAÇÃO! - null me abraçou fazendo uma cara de gay.
- null, você é tão gay quando quer... Depois dessa cena sua com o null, e essa sua cara, realmente vou achar que você é gay e quer pegá-lo - null fez um sinal de cruz e saiu de perto do amigo. null e null, que já tinham se desgrudado, riam da cena.
- Acho que você é a última daqui que pode me chamar de gay - null levantou a sobrancelha e sorriu malicioso. Outra coisa que eu esqueci de comentar: eu já fiquei com o null e outras coisas, se é que me entende. E posso dizer com toda a certeza do mundo: foi a melhor noite que eu já tive.
- null! O que o novo amigo de vocês vai pensar de mim? - me virei para null. - null ou null.
- null, prazer - ele sorriu.
- O prazer é todo meu, pode ter certeza - o olhei de cima a baixo, com um sorriso. Percebi que null rolou os olhos, e null e null riram. Eles já me conheciam e sabiam o que eu aprontaria.
/Flashback
E então, eu alimentei desde o dia que eu o vi, um desejo sexual impressionante, mas eu nunca obtive sucesso nisso. Mas nem que eu ficasse tentando anos, eu iria conseguir. Sabe, não que nenhum outro homem não me satisfaça, mas null é o null. null é um exemplo de um homem que me satisfaz. Oh sim, ele era meu estepe e eu o dele. Éramos amigos acima de tudo, mas várias vezes, eu e ele ficávamos. Sabe como é, dois amigos carentes e solteiros e, bom, null é gostoso e bom de cama. Não seria louca de dizer 'não' para ele. Não ache que sou uma vadia ou algo do tipo. Você também não diria 'não' se null null te quisesse levar para cama. E eu não dizia.
Capítulo 2
Flashback
- Parece que o null tem algo para falar hoje – null tentava fazer com que o null dissesse, o que aparentemente ele estava esperando todos chegarem para falar. Assim que null chegar. Por que ela tinha que estar ali? Credo.
- Cala a boca, null – null disse baixinho e só eu ouvi, porque estava entre os dois. Ouvir aquela voz sedutora dele sussurrando, me fez sentir arrepios. Eu queria o ouvir sussurrando meu nome, e não o de null, mas enfim... null, ao se aproximar do sofá, deu um selinho no null e sentou ao seu lado. Eu olhei para null indignada, que deu de ombros. Não, não era possível. O null nunca tivera alguém sério sabe, por isso eu sempre achei que um dia nós finalmente iríamos transar (coisa que ele sempre se negou a fazer, com medo de estragar a amizade. Gay!), mas se ele começasse a namorar sério aquele projeto de Paris Hilton? Eu não sei como ele se comportava em relacionamentos sérios.
- Bom – null levantou do sofá e puxou null com ele. - null, eu queria te perguntar uma coisa. Eu sei que pode ser precipitado e tudo, mas eu realmente gosto de você. Quer namorar comigo? - a segurou pela mão e sorriu. Vi null o abraçando e o beijando. Legal, o null pediu a null em namoro. Meu Deus, faz um mês que eles se conhecem.
null olhou para mim e percebeu que eu estava a ponto de estourar os miolos daquela vadia. Ele se levantou e sentou ao meu lado.
- null, você está bem? - olhou preocupado para mim. Acho que fora a única pessoa ali presente que tinha prestado atenção em mim. Sou uma podre garota esquecida que não transa com o cara que tanto gostaria. Pobre, null.
- Estou, null, por que não estaria? - o olhei cínica.
- Bom, null agora está namorando com a null e todos nós sabemos o que você quer com ele, e com ele a namorando, vai ser difícil – ele estava tentando me irritar, não é? Precisava jogar na minha cara? Não, não precisava.
- null, eu não vou desistir, essa vadia não vai ficar no meu caminho. Eu vou levá-lo para cama, e depois disso, adeus null - sorri maliciosa e null riu.
- É, tenho certeza que ela vai cair fora rapidinho depois de você - com isso, null chegou mais perto com um sorriso malicioso e me beijou de leve. Ai, null. Adoro quando ele sabe que eu preciso dele. Hora de ir para casa. Adeus, null.
/Flashback
- ! 'Ta aí, garota? - null me despertou dos pensamentos. Eu andava meio desligada ultimamente, acho que meu trabalho estava exigindo muito de mim. Murmurei alguma coisa e imaginei que ela percebeu que eu estava prestando atenção. Aliás, como ela havia conseguido entrar no meu apartamento e eu nem ouvi? É, eu realmente estava no mundo da lua.
- Festa na casa do null em duas horas, se esqueceu? A gente precisa se arrumar – null falava e mexia as mãos ao mesmo tempo.
- Puta merda! Esqueci completamente – eu tinha esquecido mesmo. E que loucura, null null se esquecendo de uma festa? Onde minha cabeça estava? Levantei correndo da cama e fui escolher minha roupa. - Você já viu sua roupa? – esse era o ruim de ter a cabeça na lua, eu sempre tinha que arrumar roupa de última hora, eu nunca consegui dedicar um tempo para a escolha. Nunca.
- Claro que já, null. Trouxe-a de casa para nos arrumarmos juntas – null sorriu.
- Qual sua roupa?
null foi até a sala e voltou com uma mochila. Ela tem o que aí dentro, o armário todo?
- null, desculpa estragar seu prazer mas não convidei você para dormir em casa hoje – eu não era mal educada, mas sabe né, festa tem homens e vai que eu fosse para minha casa para um afterparty, null não ia gostar de fazer parte, ou ia?
- E quem disse que eu vou dormir na SUA casa? Vou para a casa do null depois - sorriu para mim, e eu sabia o que ela ia fazer.
- SAFADA! Pelo menos você vai sair da seca, ao contrário de mim.
- Seca, null? Você sem homem numa festa? Conta outra.
- O único homem que eu 'to afim de levar para cama tem namorada, darling – fiz uma voz afetada, no maior estilo ‘null’. Ela que tinha mania de falar ‘darling’, ‘honey’ e bla bla bla. Fútil, muito fútil.
- E o, null? – ela perguntou, abrindo algumas roupas e jogando em cima da minha cama.
- Ele deve levar uma garota com ele, ou seja, nada de null gostoso para mim hoje – fiz bico e null só riu da minha cara, e continuou tirando a roupa dela de dentro da mochila. null tirou uma blusinha de alcinha roxa, com alguns detalhes pratas e pretos, uma saia preta que era minúscula e uma sandália de salto alto prata. Aposto que ela ia usar essa. É, null null ia se dar bem hoje à noite.
- Ui, que gata, null! – cheguei perto dela e apertei sua bunda, vendo-a se contrair. Eu tinha meus momentos gays com a null, e eram muito engraçados, diga-se de passagem. - Acho que, ao invés de passar a noite na casa do null você vai é passar a noite no hospital, porque ele vai ter um ataque do coração ao te ver nessa roupa.
- Nem diga algo assim! Hospital que nada. A não ser que seja para brincarmos de médico - ela gargalhou e eu joguei uma almofada em sua cara. Eu tenho uma amiga muito pervertida, meu Deus.
- Ok, agora me ajuda a escolher uma roupa! - puxei null pela mão em direção ao armário, na tentativa de achar algo descente lá. Se eu não achasse, iria apelar para as roupas dela mesmo.
Exatamente duas horas e trinta minutos depois, estávamos prontas. Também, depois de null chegar ao meu apartamento e ficar gritando para irmos logo, tínhamos que ficar prontas. Para homem, é tudo fácil, né?
- Pronto, null, estamos prontas - desci as escadas e o cumprimentei com um beijo no rosto.
- Nossa, null, como você está uma gata! Para quem é tudo isso? – ele me olhou de cima a baixo. Eu estava com um vestido vermelho e preto, curto, um pouco apertado em baixo dos peitos e uma sandália preta. Estava pronta para arrasar, como diria o null.
- Obrigada, null. Você sabe para quem é – o olhei sugestiva, enquanto ele balançava a cabeça negativamente. - Espera até ver sua namorada. Cuidado para não ir parar no hospital – ri junto com ele. Aposto que nem entendeu minha piadinha, enfim.
- Você não desiste mesmo, garota! Pode deixar, não irei morrer do coração – ah sim, ele entende.
- Você me conhece e sabe que quando eu quero uma coisa, eu corro atrás! – não sei como eu ainda não cansei do null. Desde os dezessete anos, eu criei fantasias com aquele garoto, agora homem, e céus, ele é um idiota.
null me disse que null já falou de mim para ele, sobre minha beleza e não sei mais o quê, só que ele gostava muito de mim como amiga, e tinha medo que algo afetasse nossa amizade. Burro. Depois que ele começou a namorar piorou, não sei como ele conseguia gostar da null.
- Estão falando do quê? – null apareceu na escada e eu acho que o queixo de null furou o chão da minha sala.
– null, fecha a boca porque você vai inundar minha sala, e vamos logo antes que eu mesma pegue a null – ela riu e deu um selinho nele.
- Você sabe que eu não gosto dessa fruta, null!
- Mas que pena, porque você tá realmente linda – sorri e null agradeceu, nos puxando para fora do meu apartamento.
A noite ia ser boa para eles, e eu espero que a minha também seja.
Chegamos à casa de null e fomos procurar o restante do pessoal. Encontramos null sentado num banco confortável de estofado vermelho da cozinha, conversando com uma garota.
- ! – null acenou e o outro retribuiu nos chamando. - Oi, gente! Essa é a Rachel – uma garota ruiva, muito bonita, acenou para nós e retribui com um sorriso. 'Ta vendo, até o null já tinha achado seu divertimento da noite, e eu não.
- Cadê o null e o null? – perguntei para ele. Claro que tinha que ser eu, quem mais iria sentir falta daqueles dois? Eles que não seriam. Mas eu, como uma boa e dedicada amiga que sou, sempre sinto falta das pessoas.
- Ainda não chegaram, pelo o que eu vi. Alias, null acabou de chegar com a null – null apontou para trás de nós. Virei-me e deparei com null vindo até nós de mãos dadas com null. Ele estava gostoso, mais do que já é.
null usava uma camisa preta um pouco aberta e dobrada nas mangas. A calça um pouco caída, com a cueca vermelha à mostra. Puta que pariu, null. Aquilo aumentou o meu desejo. Eu precisava dele. E eu o teria. Talvez null fosse uma espécie diferente de droga: você necessita dela antes de usá-la. Só não sabia o que aconteceria depois da primeira vez de experimentá-la.
- Olá, pessoas do meu coração! – null chegou fazendo um gesto estranho e um high five com cada um dos meninos.
- Oi, null e null – retribuímos em coro, e eu fiz uma cara ‘azeda’ ao falar aquele nome, e só null viu, rindo da minha feição.
- Cadê o null? – null nos perguntou enquanto o procurava. Também quero saber, nullzinho.
- É isso que estávamos querendo saber. Ele não chegou até agora. Deve estar pegando uma garota no caminho – eu disse com descaso.
- Eu sei que você me ama, null! – ouvi uma voz atrás de mim e me virei, vendo null sorrir e me olhar com aqueles olhos profundos. Ele cumprimentou todos e passou a mão pela minha cintura. Epa, sem mulheres acompanhando?
- Convencido não? Só estava dizendo a verdade, amorzinho - mandei um beijo no ar para ele.
- Hoje não. Hoje eu estou sozinho na night – riu, e eu sabia que aquela noite eu iria me dar bem. Olhei para null, que me fitava com uma cara de “eu não te falei?”.
- Somos dois então, null – sorri para ele e o vi abrindo um sorriso safado, e não pude deixar de rir e olhar para null, que estava beijando null. Bom, se ele não quer, tem quem queira.
- Com licença que eu vou dançar com a Rachel – null deu um salto do banco onde estava sentado e foi em direção à pista improvisada na sala, puxando a tal Rachel pela mão.
- E eu vou pegar bebidas lá fora com o null. Juízo, null – null me olhou com uma cara feia. Juízo era meu sobrenome, se ela não sabia.
- Sempre tenho juízo! Você que não vai ter depois que for para casa com o null – ela me mostrou o dedo e saiu com de mão dadas com ele. Educada minha amiga, não? Virei-me para null, o sentindo colocar as duas mãos na minha cintura. – E você, o que te traz a uma festa sem uma garota?
- Não sabia quem chamar então resolvi vir sem ninguém, afinal nas festas sempre tem outras garotas! E você, o que 'ta fazendo sem um homem? Isso é novidade para mim – null arqueou a sobrancelha. Sexy.
- Fazer o quê se o homem que eu quero tem uma namorada vadia? – murmurei e bufei baixinho.
- Coitada da namorada, null – null abriu a boca pela primeira vez naquela noite. null começou a rir e eu olhei feio para ele.
- Fazer o quê se o garoto é muito idiota de ficar com uma garota tão sem sal como ela? – sorri para null, e ele me olhou com uma cara de interrogação. Será que ele é tão burro assim? Bufei e me voltei para null, que já estava vermelho de tanto rir. Não, null não era nem um pouco discreto. Belisquei sua barriga, vendo-o parar aos poucos.
- Enquanto ele é burro e não vê que você é melhor que a namorada, null, pode deixar que eu aproveito – null me abraçou e eu o beijei no rosto, rindo.
- Ok, se comam aí na cozinha, que eu vou lá fora pegar umas bebidas para gente - null tinha uma paixão pela cozinha, portanto nas festas, ele deixava um freezer no quintal dos fundo para que ninguém se enfurnasse na cozinha dele. null puxou null pela mão, nos deixando sozinhos. A frase certa seria ‘Te como na cozinha, null, enquanto null dá o fora daqui’.
- Será que ele é tão burro assim? – me virei novamente para null, após ver null e null sairem.
- Eu não sei, mas quem quer um null agora, quando se tem um null null bem à sua frente, e sem garotas atrás? – sorri o beijando. Era verdade. null me apertou contra seu corpo enquanto eu bagunçava seu cabelo. Ele me colocou sentada no balcão e ficou entre minhas pernas. Eu não estava nem aí se alguém entrasse na cozinha. null levantou meu vestido, passando a mão pelo meu corpo todo, enquanto eu abria o cinto dele. O negócio começou a esquentar cedo.
- Quarto do null. AGORA! – disse entre os beijos.
null me puxou pela mão escada acima até o cômodo. Mal entramos e ele já fechou a porta, me empurrando para a cama. Caí deitada, e ele se deitou em cima de mim, voltando a me beijar violentamente. Senti minha boca começar a inchar por tamanha que era sua pressa. Comecei a arrancar sua camiseta e joguei em algum canto do quarto, enquanto ele puxou meu vestido para cima, interrompendo o beijo só para dar um destino a ele, igual ao da camiseta. Puxei sua calça para baixo, junto com sua boxer preta, e o percebi sorrindo durante o beijo. As coisas não acontecem, voam.
Ele resolveu atacar meu pescoço e suspirei baixinho ao sentir seus lábios gelados dando leves beijos no meu pescoço. null foi descendo lentamente minha calcinha, enquanto eu o arranhava nas costas. Ele gosta de me torturar. Mordi a ponta de sua orelha, ouvindo-o gemer. Rolei na cama, ficando em cima dele, e comecei a traçar beijos em seu peito, e fui descendo até chegar em seu pênis, e dei um beijinho em sua glande e percebi que ele se arrepiou. Sorri comigo mesma, e deslizei minha língua por toda a extensão ‘dele’, e null gemeu alto. Acho que era agradecimento, sabe. Não querendo me gabar, mas eu sou boa no negócio. Ele entrelaçou meu cabelo em seus dedos e começou a me orientar, fazendo movimentos leves enquanto eu passava a língua por onde dava. Ele gemeu de novo, contraindo um pouco as pernas.
null me puxou para cima e eu fiz bico.
- Não me provoca assim, garota! Você sabe o poder que tem!
- É eu sei disso, por isso adoro fazer isso com você – sorri maliciosamente e o beijei. Sua calça ainda ocupava a cama e ele se esticou um pouco e vasculhou o bolso, tirando de lá uma camisinha. Colocou na mesma hora e me penetrou com força, me fazendo gemer. Ele aumentou a velocidade e nós dois gemíamos alto, sabendo que ninguém iria ouvir em razão da música estar alta lá embaixo. Arranhei suas costas, sem me importar com as marcas que ficariam nela.
Ele diminuiu a velocidade fazendo, com que eu suspirasse. Ele me torturava e eu sabia que ele adorava fazer isso. Então, ele começou a distribuir beijos em meus peitos e lambendo, enquanto aumentava o ritmo de novo. null gozou, e eu pedi para não parar, pois estava quase chegando também. Ele estocou mais duas vezes, e eu cheguei ao meu clímax. Senti todo seu peso ser depositado em cima de mim, e quase esmagou meus frágeis seios. Ele caiu de lado, entrelaçando nossas pernas. Deitei em seu peito e ele me abraçou pela cintura, me dando um beijo na testa.
null era cheiroso, mais depois do sexo, ele conseguia ficar mais. Não ache nojento, é que você não estava em meu lugar.
- Isso foi bom, você realmente sabe o que faz – olhei para ele e ri.
- Você ainda não se acostumou, null?
- Não, cada vez com você é diferente e você sabe disso. E eu realmente gosto – sorri. null começou a massagear meu cabelo e nossas respirações começaram a se normalizar.
- É, eu também – me aconcheguei melhor em seus braços e fechei os olhos. null me cansava, então resolvi dormir um pouco. Para recuperar as energias.
null’s P.O.V.
- null, a gente podia ir para o quarto, né? – null disse, passando a mão pelo meu peito com uma cara sapeca. Fazia uma meia hora que a gente estava se amassando em um canto da sala do null, e bom, eu sou homem né, minhas circunstâncias não estavam muito boas naquele momento e eu agradeci mentalmente minha namorada pela idéia. Subir até o quarto do nullme parecia muito bom.
- Claro, meu amor – beijei de leve seus lábios e peguei sua mão, conduzindo escada acima.
Minha namorada era uma garota legal e bem gostosa, sabe. Mas faltava um pouco de peito nela, isso eu tinha que admitir. Eu não sei por que, mas o meu relacionamento com ela não estava mais a mesma coisa. No começo era amor, sim era. Mas depois se tornou mais sexo do que amor. Não que eu não sentisse algo por ela, claro que sinto, porém, era ter um espacinho e nós estamos lá, nos comendo. Eu gosto disso, obviamente, mas eu nunca mais tive um momento clichê com ela, ou alguma hora que nós parássemos para falar sobre o dia ou fazer brincadeiras idiotas. Isso pode ter parecido gay, mas era a verdade! Coisas que eu sentia falta do começo do namoro, que eu sentia muita falta de ter. null parecia não se importar muito com isso, acho que ela queria mesmo era abusar de mim. Ah sim, uma coisa nela que fez até com que o sexo perdesse a graça, era que ela não mudava nunca, ela não tinha fantasias, não mudava posições, nada. Sempre a mesma coisa. Pior de tudo que eu ainda sentia o mínimo de afeto por ela e sabia que, por mais que estivesse fria comigo, ela me amava, e muito; e eu, como uma pessoa de coração mole que sou, não terminaria sabendo que ela me ama. É, eu acho.
- Vou ao banheiro, me espere no quarto – ela sorriu e soltou minha mão assim que chegamos ao fim da escada. Ok, quarto do null. Caminhei lentamente até o cômodo do meu amigo. A porta estava fechada, mas não trancada, portanto eu a abri.
- Oh! – exclamei ao ver que o quarto não estava vazio. null e null estavam deitados na cama do null, dormindo. Ambos pelados, só para constar. Arqueei a sobrancelha e ri. Aqueles dois eram uma comédia, sempre que podiam estavam aí, transando. Olhei mais uma vez para a cama. Eu que nunca tinha reparado, ou a null havia ficado extremamente gostosa nos últimos tempos? Puta merda, ela tem mais peitos do que a null! Eu amo peitos. Ok, preciso parar de ter pensamentos pervertidos com a minha amiga.
Se eu falasse que nunca me senti atraído pela null, seria extremamente mentira, e poderiam me capar se eu negasse isso. Também não vou falar que nunca me masturbei pensando nela, mas cara, eu não me sentia bem dormindo com ela, não sei como o null conseguia. Acho que eu tinha um bloqueio pelo fato dela ser muito boa e muito minha amiga. E outra, eu sempre achei que o null fosse gamadão nela, apesar de não admitir, mas eu tinha certeza que ele era. Eu até podia imaginar como seria uma noite (ou até mais com ela), mas na prática não. Olhei novamente para a cama e dei graças a Deus que o null estava virado de costas para mim, então, era só ignorar a bunda dele e pronto. Eu estava muito intrigado, a null estava muito boa! Chega de pensamentos impuros, null null, sua namorada está no banheiro e você aí, contemplando sua amiga nua na cama. Vá gastar seus hormônios com a null e deixe a null em paz.
Certamente era o que eu iria fazer.
/null’s P.O.V.
Capítulo 3
Eu estava dormindo tão bem até ouvir o toque irritante do meu celular.
Ok, ele não é, mas se tornou extremamente irritante à partir do momento que ele interrompeu meu sono.
- Alô? – nem olhei quem era, nunca faço isso. Ainda mais de manhã.
- null? – não, minha filha, Mulher Gata, ao seu prazer. Tinha que ser a null...
- Sim.
- null, vem para a casa do null? Vamos fazer almoço.
- Agora? – imaginei que devia ser umas oito horas da manhã porque o null e a null viram a noite fazendo sexo e nem dormem, tenho certeza.
- null, já é uma da tarde. O que você fez ontem à noite, hein?
- Sexo com o null – eu ri, me lembrando da noite passada. – E você, virou a noite, é?
- null, não enche, ok? A safada aqui é você... Então, podemos contar contigo? – aham, eu, somente eu sou a safada, né?
- Pode – claro que podiam, até parece que eu ia fazer almoço em pleno domingo, pós sexo com o null. Eu ia era cerrar almoço do null, porque ele cozinha muito bem.
- Traga biquíni, nós vamos nadar – ela cantarolou a última palavra. A null ficava tão alegre depois de uma noite boa, se é que me entende.
- null – null exclamou ao me ver parada na porta.
- Hey – disse abraçando-o. null era uma pessoa legal, ele fazia piadas dos outros junto comigo, era o mais ‘normal’ e quieto, mas era o mais safado. – Onde estão todos? – perguntei, jogando minha bolsa sobre o sofá branco do null.
- Lá no fundo – ele apontou para fora e começou a andar, e eu ao seu lado. Ouvimos um barulho de algo quebrando e uma risada extremante escandalosa. – A null já está um pouco alterada – null respondeu a minha pergunta antes mesmo que eu perguntasse.
- Hey, gata – null veio berrando até mim. Ela me abraçou e realmente ela cheirava à bebida. – Ai amor, desculpa – ela desgrudou de mim e passou a mão sobre meu peito coberto pela blusa e o biquíni vermelho, que estava aparecendo por que ela tinha me molhado.
- Você é uma tonta mesmo – disse, fitando minha blusa toda molhada.
- Qual o problema, null? Melhor para mim, você vai tirar a blusa logo... – null disse, se aproximando com uma cara extremamente maliciosa.
- Oi para você, null – é, sou recebida pelas pessoas com comentários maldosos. Ele também me abraçou (ele também estava molhado, só para constar) e molhou meu shorts, devido sua bermuda encharcada.
- Agora vai ter que tirar o shorts também... – ele sussurrou em meu ouvido, antes de sair do abraço. Eu estremeci. Efeito de null null sobre as mulheres. Olhei para frente e vi a null sentada em cima do balcão, e o null entre suas pernas, beijando-a. Revirei os olhos e null riu, entendo o porquê daquilo.
- Curte os momentos, null – ele deu um beijo na minha bochecha e saiu, entrando na casa.
null e null passaram correndo por mim e pularam simultaneamente na piscina. Às vezes, acho que eles não tem vinte e dois anos, e sim quinze.
null’s P.O.V.
- null, fica de biquíni – a voz de null me despertou. Eu nem tinha percebido que a null chegara. null estava falando sobre qualquer coisa, eu sinceramente não prestei muita atenção, eu estava mais preocupado com a carne que eu comia. Muito boa, diga-se de passagem. Olhei em volta à procura da null, e a cumprimentei de longe. Nossa, ela estava bem... Gata! O verão faz bem para as pessoas, é a época de se livrar das roupas que escondem os corpos esculpidos e abusar de roupas curtas. Ah, o verão...
Não que no inverno eu não visse mulher com trajes mínimos, ou sem eles, afinal, null existe.
- Não 'to afim de nadar, null – foi a vez da null falar. Fiquei só olhando em sua direção, não que eu estivesse esperando para vê-la tirar a roupa e ficar de biquíni, mas eu tenho que confessar que a null é uma das mulheres mais bonitas que eu conheço.
- Você está ouvindo o que eu 'to falando, amor? – null disse, passando uma das mãos à frente do meu rosto, tentando me fazer ‘acordar’.
- Claro, claro – ela sorriu e voltou a falar. Voltei minha atenção à null e null. Ela brigava com null para tirar a roupa e se juntar aos outro na piscina. null juntou-se a elas, balançando a cabeça, fazendo com que a água que estava em seu cabelo caísse sobre null. Ele meio que chegou por trás e sussurrou alguma coisa no ouvido dela. Eu ri. Eu juro que ainda faço algum dos dois confessar que sente algo pelo outro, mas como diria o null, ‘acho que ali é só divertimento, sem compromissos’. É, pode ser.
- Vou ao banheiro, já volto – null pareceu parar seu discurso sobre os pais (acho que era sobre isso que ela falava), me deu um selinho e desceu do balcão, seguindo até a parte de dentro da casa de null. Quando ela passou pela null, vi que a mesma fez uma espécie de careta.
- Iaí, null? – null se aproximou com null, enquanto null dirigia-se para a piscina.
- Oi – respondi coçando a nuca. Hm, não era por nada, mas acho que se ela tirasse de uma vez a blusa seria melhor, porque eu não estava conseguindo não olhar para a região dos seios dela, onde o biquíni aparecia pelo fato dela ter se molhado ali.
- Vem, null – novamente null chamou pela amiga e eu estava quase jogando a null dentro d’água. Primeiro, por causa da roupa molhada; segundo, a voz embargada da null estava me irritando. Quando ela bebia, sua voz ficava diferente e muito estranha.
null bufou e exclamou um ‘bêbada’. Eu e null rimos, enquanto null se aproximava.
- Segura para mim, null? – ela entregou os óculos escuros para ele e começou a tirar a blusa. Eu não sei que raios ela estava fazendo, mas a blusa ia subindo tão lentamente que EU estava ficando doido, isso porque EU tenho namorada. Céus, o que acontece contigo, null?
Ela terminou de tirar a blusa e percebi que não só eu, como null e null, estavam olhando e quase babando nela. Não é por nada, mas eu vi a null crescer, digo, adquirir curvas, entende? E são curvas MESMO. Dos dezessete anos até hoje, ela mudou bastante; e bem, ela cuida do corpo dela, é por isso que foi ficando melhor com o passar do tempo.
Depois de tirar a blusa e seu biquíni vermelho sangue ficar totalmente à mostra, foi a vez do shorts descer lentamente pelas pernas de null. Ok. Eu tentei me distrair com a carne no prato ao meu lado e sério, por que a null estava demorando tanto? Olhei para null, que olhou para null, que por sua vez, pigarreou. Finalmente null estava só de biquíni. Por um lado era bom, a sessão tortura acabara, amém. Mas aquela visão era a alegria do povo. Do povo e não a minha, sou um cara comprometido e sério.
Ok, talvez um pouco da minha felicidade também.
- Vocês vão para a água? – ela perguntou da maneira mais natural possível. Quem vê pensa que ela não tinha acabado de dar um sessão tortura aos presentes do sexo masculino. Pelo menos, eram os mais íntimos. null e eu negamos com a cabeça e null apenas pegou em sua mão e eles seguiram para a piscina.
- 'Ta calor, né? – null tentou puxar assunto e eu gargalhei. Ele deu muito na cara, meu Deus. Mas pensando bem, estava calor mesmo! E eu precisava de um banheiro. Nem pensei em responder o null e já sai à procura do banheiro mais próximo.
Caminhei até o banheiro e dei graças a Deus que não encontrei a null pelo caminho. Preciso agradecer ao null pela casa grande. O primeiro banheiro que vi, me adentrei. Ele era todo verde e branco. Apoiei minhas mãos sobre a pia e respirei fundo.
O que estava acontecendo comigo? Eu era homem, ok, mas a null, era só... A null. Linda e Gostosa, mas era a null.
Minha amiga. Amiga que eu contava todas as coisas que aprontava com outras meninas e ela sempre me dando dicas e esporros. Mas ela estava muito boa.
Olhei um pouco para baixo e vi certo volume em minhas calças. Eu precisava fazer uma coisa. Abri o zíper e sentei no vaso sanitário, pegando o meu amigo na mão. Comecei a me masturbar lentamente e só uma pessoa vinha em minha cabeça: null. Mas isso era tão patético! Eu tenho vinte e dois anos e não acredito que estava em um banheiro, me masturbando por causa de uma mulher. Isso é para adolescentes virgens! Coloquei mais velocidade em meus movimentos e já comecei a sentir aquele prazer gostoso. Aumentei a velocidade e deixei um gemido baixo e rouco escapar. Foi sem querer.
Continuei naquela por mais uns cinco minutos e gozei. Todo o 'processo', apenas a imagem de null vinha à minha cabeça. Nem a imagem da minha namorada - boa até - não veio. Eu estava ficando louco. Tentei relaxar e parar de arfar. Não dava para aparecer todo suado lá na piscina. Depois de me recompor, me limpei e passei uma água no rosto. Me olhei no espelho e vi que já parecia uma pessoa normal novamente, e não uma que acabou de se masturbar no banheiro.
Saí e voltei ao quintal, e null me olhou estranho, dei de ombros e fui pegar mais carne. Me apoiei no balcão olhando a piscina e vi que null e null estavam brincando de briga de galo com null e null. null ria e tentava empurrar null do ombro de null, que já estava quase caindo por estar bêbada, null a empurrou e ela caiu na água rindo. Minha amiga tem problemas mentais.
null desceu do ombro de null e este a levantou, comemorando a vitória. null o beijou e eu me senti estranho em ver aquela cena. Não era ciúmes, nada disso, somente um estranho desejo em querer estar no lugar dele.
Fui desviado dos meus pensamentos pela voz de null me chamando. Sorri fraco e a puxei pela cintura, a beijando. Eu precisava parar de pensar em null ou eu iria enlouquecer.
Capítulo 4
(Coloquem para carregar: PCD – Don’t Cha)
A semana se passou sem mais delongas. Era quinta à noite já, e eu estava na casa de null, para uma noite de garotas, regada a muita vodka, chocolate e filmes com Johnny Depp.
- null – uma voz do outro lado do colchão meu chamou. Olhei e vi null me olhando. – Você já parou para pensar que um dia você pode acabar gostando do null ou de null de verdade?
Arregalei os olhos e ri. Da onde essa menina tirou isso?
- Não ria. Estou falando sério. Sabe, vocês sempre ficam e eu sei que deve ser só sexo para você, mas não parece ser só isso para ele. E null? Você acha que isso é só vontade de levá-lo para cama? Porque para mim, há algo maior nisso tudo.
- Por que acha isso? – me sentei e cruzei minhas pernas, olhando diretamente para a minha amiga. – Eu já disse o que sinto pelo null. É apenas vontade de fazer sexo com ele. Não gosto dele, somente como amigo.
- null comentou que outro dia, eles estavam conversando e o assunto chegou em você. Ele disse que null não aguentava mais ouvir você falando do null. Que essa sua "paixão" já tinha passado dos limites. Eu acho que o null gosta de você.
- null null gostando de mim? – soltei uma enorme gargalhada. Acho que a vodka 'ta fazendo efeito na null já. – Ele não é o tipo de garoto que se "apaixona", se você ainda não percebeu isso.
- Talvez ele tenha mudado. Já reparou como ele fica todo bobo quando você está perto? Há quantas semanas ele não aparece com uma garota quando a gente sai? Com certeza ele não é o mesmo null de antes. Só acho que você deveria tomar cuidado com essa obsessão, ou um dia você pode acabar sem null, ou até mesmo sem os dois – null sorriu fraco e eu abaixei a cabeça, pensando no que ela tinha falado. Percebi que ela estava certa. Fazia semanas que null não aparecia com nenhuma garota, e antigamente ele saía com até duas ao mesmo tempo. Mas era impossível ele estar gostando de mim. Ou não era? Obrigada null, você conseguiu me deixar confusa com todo esse assunto.
- Ok, deixei você pensativa demais. Deixe esse assunto para lá e vamos focar no Johnny – ela voltou a se aconchegar e grudar os olhos na televisão.
Tentei relaxar também, mas aquele assunto iria ficar matutando em minha cabeça a noite toda.
"Tonight I am the drug you can't deny, tonight G-A-B-E gonna get you high."
Comecei a mexer meus pés no ritmo da música que havia ficado na minha cabeça a tarde toda. Após sair do trabalho, algumas meninas estavam com essa música tocando bem alto em um carro e não consegui tirá-la mais da minha cabeça.
Tentei fingir que meu par de sandálias era interessante, para esquecer os longos trinta minutos que eu estava esperando null e null me pegarem em casa, para irmos a algum Pub da cidade. Sério, aposto que eles pararam para fazer uma rapidinha e se atrasaram. Eu queria ter um namorado às vezes.
Um música extremamente dançante despertou meus pensamentos. Reconheci como alguma música da Ke$ha e percebi que era meu celular tocando. Li o nome no visor e rolei os olhos. Só podia ser a null para colocar essa música como toque.
- Fala sua bitch, já 'to descendo – desliguei o telefone sem deixar null falar nada e saí do apartamento.
Encontrei null e null dentro do carro e se beijando. Para variar um pouco.
- Vem cá, vocês são colados com super-bonder? Só sabem se agarrar – falei entrando no carro e dando um pedala em null, que resmungou algo.
- Alguém está com inveja da gente – null sorriu para mim e null riu.
- Não preciso ficar com inveja. Eu tenho qualquer homem que quiser.
- Exceto o null – null disse e eu dei um sorriso malicioso para ela.
- Quem sabe a noite de hoje não será favorável para mim? Agora que tal a gente ir logo?
Chegamos ao tal pub e olhei para a fachada e quase fiquei cega. Para que tanta iluminação por aqui? Olhei para null e null que pareciam pensar a mesma coisa que eu.
- null, você tem certeza que é aqui mesmo? – null perguntou olhando as pessoas que estavam do lado de fora.
- É o endereço que o null me passou. Vamos procurá-los para entrarmos logo.
Desci do carro e grudei na null, que ainda mantinha uma cara confusa, e fomos procurar os meninos. Os achamos perto da entrada e percebi que null estava sozinho. De novo. Olhei para null que também me olhou com uma cara de "Não te falei?", e resolvi ignorar. Fomos até eles e os cumprimentamos, e me dei falta de alguém. null. Ok, isso é um milagre, null sem null? É, o mundo vai acabar.
- Até que enfim chegaram. Achei que tivessem se perdido – null disse, nos entregando as pulseiras. Somos VIPS, baby.
- Teríamos chegado mais cedo se a null e o null não tivessem parado para uma rapidinha antes me pegar em casa – disse olhando para null, que me mandou o dedo do meio.
Entramos no pub e olhei ao meu redor, me tocando de onde eu estava. Espera um pouco, isso daqui é um pub...
- GAY? QUE MERDA É ESSA? – null gritava ao meu lado para null que não sabia o que dizer. – Você nos trouxe para um pub gay. Eu não acredito.
- Eu... Não sabia que era um pub gay. Um amigo me disse que ia inaugurar um pub e me deu essas pulseiras vips.
- Imagino que amigo é esse, null. Deve ser um desses seres não identificados com purpurina até no meio da bunda – null disse, se afastando de um gay que passou piscando por ele, e abraçando null.
- Acho que não é purpurina que eles têm na bunda, e sim outra coisa, null – null se manifestou pela primeira vez na noite e eu não tive como não rir.
- Não sei vocês, mas eu vim para me divertir, não me importa se é um pub gay ou não. Estou indo dançar, alguém vem comigo? – olhei para eles e vi um null agarrado a null, com medo que outro gay desse em cima dele; um null brigando com null e null calado. – Tudo bem, fiquem aí com essa cara de bunda, que eu vou me divertir – falei e saí em direção à pista de dança, logo achando uma roda de gays muito engraçados que me chamaram para dançar com eles.
Algum tempo depois, null e null se juntaram a mim e aos meus novos amigos, e um dos gays, Claus, arrastou null para o meio da roda e o fez dançar, o que nos rendeu boas risadas. Continuei dançando com null e senti uma respiração atrás de mim, e me virei para ver quem era. null.
- Resolveu se juntar às gostosas e às bibas fabulosas? – perguntei a ele, que riu e fez que "sim" com a cabeça. – Claus! Outro bofe para você dançar – empurrei null para o meio da roda, que me olhou espantado, enquanto Claus o puxava contra ele e null, que ia descendo até o chão, levando null e os outros gays à loucura. null agora era abraçado por Claus, que tentava o fazer dançar, mas null continuava parado no lugar.
- null, solte sua biba interior. Eu sei que você tem uma aí dentro escondida, só esperando o momento certo para aparecer – sorri para ele, que agora arriscava uns passinhos tímidos. Fui até ele, levantando as mãos e o fazendo se mexer.
Quando Claus resolveu esquecer null e correr novamente para null, ele me puxou pela cintura e começou a me mexer no ritmo da música que tocava. Era bem dançante, mas eu nunca tinha ouvido aquela música na vida!
- Certo, acho que estou ficando velho para essas coisas. Preciso de líquidos! – ele começou a se remexer mais lentamente. Não preciso comentar que aquela situação era tão... BOA! Corpo colado com o do null: ok. Mão na cintura: ok. Olhos nos olhos: ok. Excitação: ok. Só faltava uma cama.
- Velho, null? – arrumei alguns fios do seu cabelo naturalmente bagunçado, que cobriam seus olhos. – Você não tem nem vinte e cinco anos ainda – revirei os olhos.
- Ok, mas velho ou não, eu necessito de líquidos – ele parou de dançar e deixou sua mão em minha cintura um pouco frouxa.
- Tudo bem, vou ficar aqui te esperando – sorri. Ele deu um beijo no meu rosto e saiu. Ao passar por Claus, o mesmo deu um tapa na bunda de null, que arregalou os olhos, mas continuou o seu caminho até o bar do pub.
Procurei null, null ou null, mas eles já tinham sumido do meu campo de visão. A única pessoa que eu vi, fora o null. Ele olhava para nada e tinha uma latinha de cerveja em uma das mãos. Subitamente, senti uma coisa ruim que eu nem sabia explicar onde e caminhei até onde ele estava.
- null – me aproximei e encostei meu corpo na mesa que ele estava sentado. null levantou o olhar para mim e sorriu de canto, se levantando. – Algum problema?
- Por que eu estaria com algum? – ele perguntou, tomando um longo gole da cerveja e colocando a latinha vazia na mesa.
- Não sei, você está um pouco triste. Por que não veio dançar com a gente? – ele deu de ombros. – null, você sabe que pode falar o que quiser para mim.
- Não é nada, null – ele abriu um sorriso e colocou a mão em meu rosto. – Fiquei aqui, te olhando dançar. Você sabe, eu adoro o verão, porque você usa esses vestidos curtos... – ele parou o olhar em minhas pernas e eu dei um tapa de leve, rindo sem graça.
- Por que não vai se divertir um pouco? – perguntei, tentando fazer com que ele tirasse a atenção das minhas pernas e me olhasse. Ele arqueou a sobrancelha e gargalhou.
- null, essa é uma boate gay! Aqui não tem mulheres.
- null – passei o braço em volta de seus ombros e dei um giro com ele. – Aqui tem muitas mulheres, é só você procurar.
- Não preciso procurar, você está aqui – ele sussurrou em meu ouvido. Senti todos os pêlos se arrepiarem quando sua voz rouca entrou em contato com meu tímpanos. Olhei em seus olhos e percebi um brilho diferente neles, e não pude deixar de sorrir. Senti null segurar minha cintura e me puxar para mais perto dele, e senti sua respiração em meu rosto. Fechei os olhos, me deixando levar por aquele momento.
- null, finalmente te achei! – ouvi a voz de null me chamando e null se afastou de mim, bufando e resmungando um "Vá se divertir com ele", e depois indo em direção a qualquer lugar. Me senti estranha ao ver null assim, mas o que eu podia fazer? – Aqui, trouxe uma bebida para você – null sorriu e me deu um Bloody Mary. Como ele sabe que é meu favorito?
- Obrigada. Vem, vamos dançar – o puxei pela mão até a rodinha em que estávamos antes. Assim que chegamo, começou a tocar "Don’t Cha". Que música apropriada para o momento, não?
- Que música antiga essa – null deu uma risada fraca e eu o olhei maliciosamente, o puxando contra mim.
- Mas acho que a letra dela é muito boa para o momento não acha? - null me olhou com as sobrancelhas arqueadas. Acho que falei demais.
null’s P.O.V.
O começo da música invadiu rapidamente o local e uma voz masculina entrou com uma espécie de Hip Hop antes da música realmente começar. Grudei meu corpo no de null o máximo que pude, como se fossemos nos fundir. Ela sorriu e passou os braços em volta do meu pescoço, tomando o maior cuidado com a bebida em suas mãos.
O nível de álcool já estava começando a subir, mas isso não tinha nada demais, null era minha amiga e eu estava me divertindo com ela, enquanto a minha namorada estava viajando a negócios.
(N/A: coloquem a música para tocar!)
I know you like me (I know you like me)
Sei que gosta de mim (sei que gosta de mim)
I know you do (I know you do)
Sei que gosta (sei que gosta)
Thats why whenever I come around
É por isso que toda vez que me aproximo
She's all over you (she's all over you)
Ela dá em cima de você
I know you want it (I know you want it)
Sei que você quer isto (sei que quer isto)
It's easy to see (it's easy to see)
É fácil de ver (é fácil de ver)
And in the back of your mind
E na sua mente
I know you should be with me (babe)
Eu sei que você deveria estar transando comigo (baby)
null cantou a música sussurrando em meio ouvido, e senti uma grande excitação tomar conta de mim. O movimento de seu corpo colado ao meu, me fez perder completamente o raciocínio. null, null...
Don't cha wish your girlfriend was hot like me?
Você não gostaria que sua namorada fosse quente como eu?
Don't cha wish your girlfriend was a freak like me?
Não gostaria que sua namorada fosse louca como eu?
Don't cha
Não gostaria?
Don't cha
Não gostaria?
Don't cha wish your girlfriend was wrong like me?
Você não gostaria que sua namorada fosse errada como eu?
Don't cha wish your girlfriend was fun like me?
Não gostaria que sua namorada fosse divertida como eu?
Don't cha
Não gostaria?
Don't cha
Não gostaria?
Ela começou a cantar o refrão com toda intensidade que podia olhando, bem nos meus olhos. Eu até fiquei em dúvida se ela estava querendo cantar aquilo para mim. Mas isso era tecnicamente impossível, não era?
Fight the feeling (fight the feeling)
Lute contra o sentimento (lute contra o sentimento)
Leave it alone (leave it alone)
Deixo-o sozinho (deixo-o sozinho)
Cause if it ain't love
Porque se não for amor
It just aint enough to leave my happy home (my happy home)
Não é o bastante para deixar meu lar feliz (meu lar feliz)
Let's keep it friendly (let's keep it friendly)
Vamos manter a amizade (vamos manter a amizade)
You have to play fair (you have to play fair)
Você tem que jogar limpo (você tem que jogar limpo)
See I dont care
Olhe, eu não me importo
But I know She ain't gonna wanna share
Mas eu sei que ela não vai querer dividir
Ela parou rapidamente de dançar para tomar um gole da bebida e virou-se de costas para mim. Coloquei minha mão em sua barriga e a aproximei do meu corpo novamente, mas esperando que ela não sentisse algum volume na região sul.
Sério, eu não pude evitar. Eu sou homem, null é gostosa...
Ela é minha amiga e eu tenho namorada.
Mas ela é gostosa.
Ela começou a rebolar perto da minha excitação e eu tentei desviar um pouco, mas era praticamente impossível.
Don't cha wish your girlfriend was hot like me?
Você não gostaria que sua namorada fosse quente como eu?
Don't cha wish your girlfriend was a freak like me?
Não gostaria que sua namorada fosse louca como eu?
Don't cha
Não gostaria?
Don't cha
Não gostaria?
Don't cha wish your girlfriend was wrong like me?
Você não gostaria que sua namorada fosse errada como eu?
Don't cha wish your girlfriend was fun like me?
Não gostaria que sua namorada fosse divertida como eu?
Don't cha
Não gostaria?
Don't cha
Não gostaria?
null desgrudou seu corpo do meu e se posicionou na minha frente, dançando sozinha no refrão da música. Eu me mexia só para fingir estar dançando, mas eu estava mesmo era reparando no dançar dela. A cada palavra da música, ela ia se tornando mais direta para mim.
Quem não queria uma namorada gostosa igual à ela?
Tentei desviar meus pensamentos da minha amiga, mas era praticamente impossível! Ela fez um coque mal feito e o segurou, sem perder o ritmo, continuou dançando. Ela mexia os quadris no ritmo da música e alternava em me olhar. Com certeza, depois dessa, todos os frequentadores do local iriam mudar de opção sexual.
I know I'm on your mind
Eu sei que estou na sua mente
I know we'd have a good time
Eu sei que nós nos divertiríamos
I'm your friend
Eu sou sua amiga
I'm fun
Sou divertida
And I'm fine
E sou legal
I aint lying
Não é uma mentira
Look at me shine
Olhe meu brilho
You aint blind (you aint blind)
Você não é cego
I know I'm on your mind
Eu sei que estou na sua mente
I know we'd have a good time
Eu sei que nós nos divertiríamos
I'm your friend
Eu sou sua amiga
I'm fun
Sou divertida
And I'm fine
E sou legal
I aint lying
Não é uma mentira
Look at me shine
Olhe meu brilho
You aint blind (you aint blind)
Você não é cego
I know she loves you (I know she loves you)
Eu sei que ela ama você (eu sei que ela ama você)
So I understand (I understand)
Então eu entedo (eu entendo)
I probably be just as crazy about you
Eu provavelmente também seria louca por você
If you where my own man
Se você fosse meu homem
Maybe next lifetime (maybe next lifetime)
Talvez na próxima vida (talvez na próxima vida)
Possibly (possibly)
Possivelmente (possivelmente)
Until then no friend possibly
Até lá, amigo,
Is a drag for me
Seu segredo está seguro comigo
Voltei a puxar null contra meu corpo, me sentindo com mais vontade de dançar. Ela fazia uns movimentos rápidos com o corpo para cima e para baixo. Eu já estava a ponto de agarrar a null ali, e quem sabe até transar com ela naquela boate gay, mas eu não faria isso.
Ela voltou a tomar a bebida, acabando com todo seu conteúdo. null não parou um segundo de cantar e olhar para mim, exceto quando ela ficava de costas. Não me importei em olhar se tinha pessoa olhando.
Percebi que alguma gotas de suor se formavam em minha testa e eu tentei enxugá-las, em vão.
Em um movimento, ela levantou novamente seu cabelo, deixando sua nuca à mostra, e uma vontade súbita de dar leves mordidas ali tomou conta de mim, mas eu tinha que me controlar.
Auto controle é tudo na vida de um homem.
Don't cha wish your girlfriend was hot like me?
Você não gostaria que sua namorada fosse quente como eu?
Don't cha wish your girlfriend was a freak like me?
Não gostaria que sua namorada fosse louca como eu?
Don't cha
Não gostaria?
Don't cha
Não gostaria?
Don't cha wish your girlfriend was wrong like me?
Você não gostaria que sua namorada fosse errada como eu?
Don't cha wish your girlfriend was fun like me?
Não gostaria que sua namorada fosse divertida como eu?
Don't cha
Não gostaria?
Don't cha
Não gostaria?
Ela finalmente se rendeu ao cansaço quando a música parou e outra mais lenta começou. Ela tentou puxar o máximo de ar possível, soltando-o lentamente e virando-se para mim com um sorriso no rosto. Deixou que os cabelos caíssem e voltou a ficar perigosamente perto de mim. Só de sentir a presença e o cheiro dela, me arrepiei até onde não tinha pêlos. null me olhava com intensidade e não tirou o sorriso do rosto. Sua mão começou a dedilhar desde perto da minha virilha, e bem devagar, até o primeiro botão da minha camisa. Desabotoou uns dois e dedilhou ali também. Eu estava começando a ficar tenso e sem reação alguma. Ela se aproximou lentamente do meu ouvido e sussurrou com uma voz extremamente sexy.
- Hoje, quando você deitar sozinho naquela sua enorme cama, reflita bem sobre a letra dessa música – senti seus lábios tocarem meu pescoço num selinho, e a vi se distanciar até sumir de vista por completo. Filha da mãe. Arrumei meu cabelo, que devia estar num estado deplorável, e dei uma olhada ao meu redor para ver se achava algum rosto conhecido e avistei null encostado ao bar, olhando para mim e dando risada. É, me fodi.
Capítulo 5
Saí de lá com a sensação que a missão estava completa. Tenho certeza que null iria sair daquela pista de dança confuso e pedindo por mim. Sorri sozinha ao perceber que o meu dia, ou melhor, noite, com null estava chegando. Fui procurar null e null para avisar que iria pedir um táxi e ir para casa, mas fui impedida por uma mão que puxou meu braço, me fazendo virar e ficar grudada nessa pessoa.
- Porra! Que susto você me deu, null - dei um soquinho em seu braço.
- Me desculpa. Belo trabalho você fez com null. Aposto que ele saiu dali e foi direto para o banheiro - null sorriu e arrumou uma mecha do meu cabelo e logo depois, colocou a mão na minha cintura. - Só que ele não é o único que ficou nessa situação - ao falar isso, ele me puxou para mais perto dele, me fazendo sentir a sua excitação. Olhei para ele e sorri maliciosa.
- A diferença é que ele vai ter que se contentar com a mão dele - puxei null pelo pescoço e juntei nossos lábios num beijo feroz, e ele logo correspondeu. Arranhei de leve sua nuca e ele desceu sua mão para minha bunda, me levando para mais perto dele, se isso ainda era possível, me fazendo sorrir entre o beijo. Desci o beijo até o pescoço dele e deixei um selinho ali, o sentindo arrepiar; levei minhas mãos à sua cintura, o abraçando, e deitei minha cabeça na curva de seu pescoço. null olhou para mim não entendo minha atitude, mas retribuiu o abraço. Acho que fiquei alguns minutos abraçada com ele até sua voz me despertar.
- Quer ir para casa? - ele sorriu sincero e eu fiz que sim com a cabeça. Fomos até o carro dele e não demoramos muito para chegar.
Chegamos na casa dele e fui para a cozinha pegar algo não alcoólico para bebermos, e voltei para a sala achando null deitado no sofá, vendo TV.
- THE BIG BANG THEORY! - dei um berro e pulei em cima dele, que resmungou algo como 'cuidado para não derrubar isso no meu sofá'. - Eu amo essa série. O Sheldon é tão... nerd.
- Eu sei que você ama essa série, então resolvi deixar nesse canal - ele sorriu e me abraçou. Ficamos assistindo a maratona até acabar, e pela primeira vez passei uma noite com null sem sexo, apenas conversando e rindo das coisas que aconteciam na série. E aquilo estava me fazendo bem.
- Dorme, null, você não está aguentando mais olhar para a televisão.
- Claro que estou, null - o olhei, sorrindo, sentindo o sono tomar conta de mim. Eu nunca conseguia vencê-lo! null começou a passar o dedão pela minha bochecha, e aquilo era praticamente um sonífero para mim.
Aos poucos fui deixando o sono me levar. A última coisa que ouvi foi null me desejando boa noite e um beijo ser depositado em minha bochecha.
Um barulho muito forte tomou conta da sala e eu quase perdi o rumo.
- Alô? - atendi sem nem olhar o nome no visor.
- null? É você? - reconheci a voz de null do outro lado.
- Oi, null.
- Er, null está aí? - parecia desconcertado, e abafei um risinho ao pensar no que ele estava imaginando que aconteceu entre mim e null.
- Ele ainda está dormindo. Sabe como é, fomos dormir tarde ontem - sorri ao perceber null resmungar algo. É, definitivamente ele acha que nós transamos ontem à noite.
- Ok, a hora que ele acordar, peça para me ligar. Obrigado, tchau, null - murmurei um tchau e dei risada, indo até a cozinha preparar algo para comer e esperar null acordar. Resolvi ligar para null e botar o papo em dia.
- Quem é? - null atendeu e ele estava ofegante e eu comecei a rir.
- Bom dia para você também, null. A null está aí? - imaginei que a minha amiga devia estar me xingando de tudo o que fosse possível.
- Está sim, vou passar para ela.
- Fala logo o que você quer, sua vaca - que amor ela tem por mim, até contagia o ambiente, não?
- Credo, null, seja mais educada.
- Seria se você tivesse me ligado outra hora e não quando eu 'tava trans... Deixa para lá. Fala logo - gargalhei ao ouvir o que ela disse. Ela vai me matar quando me ver.
- Só liguei para colocar o papo em dia, eu saí do pub ontem sem ver vocês, aí resolvi ligar para saber se você chegou bem em casa, mas já vi que chegou sim.
- Você me liga às nove horas da manhã, de um sábado, para bater um papo? Vai se foder, null - ao dizer isso, ela desligou o telefone na minha cara. Ri desligando-o e terminando de comer.
- 'Ta rindo por quê? - null entrou na cozinha coçando os olhos, que ainda demostravam muito sono, e chegou por trás e me abraçando, depositando um beijo no meu pescoço. - Bom dia, null.
- Bom dia, senhor dorminhoco, e eu estava rindo por que liguei para a null e bom, ela 'tava fazendo coisas impróprias para o horário com o null e eu atrapalhei.
- Sua empata foda, ela vai dar o troco em você, só quero ver - disse, sentando ao meu lado e roubando um pedaço de omelete.
- Vai nada, porque aonde já se viu atender ao telefone no meio do sexo? Só o null mesmo. Ah, e null ligou e pediu para eu te avisar que era para você ligar de volta.
- null? - ele perguntou de boca cheia, arqueando a sobrancelha. Dei de ombros e coloquei o prato na pia, já que ele tinha acabado com minha refeição matinal.
- Deve ser algo sobre a loja, sei lá - null pareceu falar mais para ele do que para mim. Os meninos tinham uma loja de artigos esportivos há alguns anos. Sempre fora o sonho da vida deles, mas acho que na verdade, eles queriam mesmo é montar um sex shop.
- Tá, depois você resolve isso, agora vamos ao mercado porque nessa casa não tem nada para fazer um almoço decente - null sorriu, levantando da cadeira e me abraçado pela cintura.
- Ok, madame.
null’s P.O.V.
- Invasão de machos na minha casa - null disse ao abrir a porta e ver eu, null e null parados, sorrindo para ele.
- É, hoje você vai ter somente a honra de ver homens - null riu, adentrando a casa.
- Já tive presenças femininas por hoje, null - ele revirou os olhos e fechou a porta, indo em direção ao sofá e se esparramando por lá.
- Obrigado por deixar espaço para suas visitas sentarem - me pronunciei, sentando de indinho no chão.
- Presença feminina de quem, null? - null caminhou até ele, sentando no braço do sofá e encarando o amigo.
- null ficou aqui até na hora do almoço - ele sorriu e parecia se lembrar dos momentos que teve com ela.
- Isso explica sua cozinha arrumada - null apontou para a cozinha de null, que ficava separada da sala apenas por um balcão -, e você hein null, não perdoa a menina nunca.
- Nós não fizemos nada, null.
- Nada? - o olhei curioso e ele me fitou de volta, afirmando com a cabeça. - Nadinha de nada?
- É.
Isso é sério? null e null não fizeram nada?
- Espera... Você e a null ficaram a noite inteira jogando conversa fora, assistindo televisão, essas coisas? - null arregalou os olhos e pareceu tão surpreso quanto eu.
- É - null olhou para nós três. - Qual o problema nisso? - qual o problema nisso? Acho que null está drogado.
- Vocês nunca ficam sozinhos em algum lugar sem fazer sexo, vocês são como coelhos e agora nos diz que você virou a noite com ela só conversando? Você está bem? - null o olhou preocupado, como se null estivesse prestes a ter um enfarto.
- Já disse que estou bem e qual o problema de eu não transar com a null? Ela é minha amiga acima de tudo, não podemos ter uma noite de amigos? - ele ergueu as sobrancelhas e nos olhou como se fôssemos aliens.
- null, ficar vendo televisão com uma garota durante uma noite inteira sem acontecer nada é coisa de namorados.
- O que você quer insinuar com isso, null?
- Que você está gostando da null... Não como amigo, você me entende.
- Não, essa história de novo NÃO! - null se sobressaltou um pouco, olhando irritado para nós três.
- Qual é, null? - null virou os olhos. - Você pode falar isso para a gente, nós somos seus amigos, lembra?
- Eu não me importaria de falar se eu realmente estivesse apaixonado por ela, mas eu não estou - ele respondeu sem nos fitar, e continuou olhando irritado para a televisão. null null não me engana.
- Tem certeza? - perguntei a última vez, vendo null e null prenderem uma risada.
- CACETE! - null explodiu, - EU VOU PROVAR PARA VOCÊS QUE EU NÃO AMO A PORRA NENHUMA, ENTENDERAM? - ele ficou extremamente vermelho e nós não aguentamos por muito tempo segurar a risada.
Nós sabíamos bem como irritar o null.
/null’s P.O.V.
Capítulo 6
- O null se superou ao nos convidar para passar o domingo e a segunda aqui - eu disse, sentindo meus olhos brilharem como os de uma adolescente que pisava a primeira vez na Disney. null havia nos convidado para passar dois dias na casa de um tio dele, numa cidade que ficava há uma hora de Londres. A casa era enorme e com enormes janelas de vidro por todas as partes. Ela era toda clara e tinha um jardim na frente, com grandes muros a cercando.
- É aqui que o null se esconde quando some? - null brincou, indo até o porta-malas e tirando nossas mochilas de lá.
Adentramos a casa, e ela era bem maior do que parecia de fora. Os móveis impecavelmente alinhados em seus devidos lugares, e incrivelmente brancos. Uma longa escada se seguia até um corredor, onde haviam quatro suítes. Até nos quartos aquela casa era perfeita: quatro casais e quatro quartos.
Escolhi um quarto qualquer para deixar minha mochila, depois nós resolveríamos em que quarto cada um ia ficar.
- ! OS MENINOS CHEGARAM! - a voz da null tirou minha atenção da paisagem que tinha daquele quarto. Desci correndo as escadas com um sorriso no rosto, por mais que eu soubesse que null estaria lá, e que esse não seria o fim de semana em que eu pudesse dar continuidade ao meu trabalho de conquista do null, mas só de saber que eu ia passar dois dias inteiros com meus amigos, eu já estava feliz. E outra, eu já tinha minha noite garantida com o null.
- Oi pesso... - senti um bloqueio ao ver aquilo. Levantei os óculos para me certificar que meus olhos estavam realmente vendo aquilo.
Aquela não era a cena que eu esperara: null com a Rachel, null com a null e null sozinho. Na verdade, uma sexta pessoa fazia parte da cena, e ela estava perigosamente perto do null. Era mentira, não era? Ele não podia estar acompanhado.
- Louise, essa é a null, a única que você ainda não conhecia - a ruiva baixinha ao lado do null sorriu para mim, vindo me cumprimentar.
- Cadê seu acompanhante, querida? - sorri falsamente, esperando que alguém falasse que estavam esperando mais uma pessoa. null deu uma risadinha e se aproximou de mim, me abraçando.
- Eu sou o acompanhante dela, null - ele sussurrou e senti minha boca se abrir em um perfeito 'O'.
null, null e null riram, olhando para a ruiva. null fez uma cara de 'eu falei para vocês'. Por que estou perdida no assunto? Por que o null estava com outra? Por que eu ia ficar de vela quatro vezes mais? Desgraça.
- Certo, acho melhor já dividirmos os quartos para acomodarmos as coisas - null se pronunciou.
- Mas já? Mal chegamos - null reclamou, apoiando a cabeça no ombro da null.
- Mas é verdade, amor, melhor agora, pelo menos fica livre depois - null sorriu e pareceu convencê-lo.
Os outros deram de ombros e começaram a subir as escadas. Eu fiquei parada, com a boca ainda aberta, em sinal de surpresa. Mas que merda! Não era possível, o null não estava com uma ruiva chamada Louise.
- null, você também vai usar os quartos, melhor participar da divisão, senão não vai poder reclamar depois - virei meu corpo, encarando null no alto da escada. Ela não parecia confusa, por que só eu estava assim? Quem era Louise? E por que ela estava ali? null sabia que era um fim de semana de nós quatro apenas.
- null, você não ficou brava, não é? - null perguntou, sentando em uma cadeira de balanço que tinha na varanda da casa. Eu estava na rede, balançando-a de leve. Aquela divisão de quartos tinha me deixado muito estressada.
- O que você acha? - perguntei de volta, sem encará-la. Acho que o céu azul clarinho era mais interessante do que a cara da minha amiga. Ela foi a primeira a falar 'eu quero dormir sozinha com o null, blá blá blá'.
- Mas null, você tem que entender que de qualquer jeito você teria que ficar em um quarto com um casal! - ela bufou, irritada, balançando a cadeira em uma velocidade um pouco alta.
- Mas precisavam me colocar junto com o null e a Louise? Poxa null, você é minha amiga. Eu não me importaria de saber que você e o null estão transando na cama, enquanto eu durmo no colchão. Mas com o null é diferente... Eu já transei com ele e não é nada legal tê-lo fazendo coisas ao meu lado, e com uma desconhecida! - desembestei a falar. Achei muito injusto isso, mas o que eu podia fazer? Eu optei em deixar minhas coisas no quarto do null, mas dormir lá, nem pagando.
- Eu sei que não adianta discutir com você - ela levantou e cruzou os braços me encarando -, então nem vou prolongar o assunto - e saiu.
Continuei na rede, olhando o céu e alguns passarinhos que passavam por lá. Eu sei que não tem coisa mais monótona para fazer, mas eu estava irritada ao ponto de conseguir viver por algumas horas aquela monotonia.
Senti alguém me cutucando e percebi que tinha dormido na rede. Obrigada Deus, minha coluna estará toda ferrada. Olhei para cima, me deparando com Rachel sorrindo.
- Desculpa, null, mas o povo 'ta pedindo para você ir lá ajudar a escolher o que vamos jantar - bufei e levantei da rede, indo em direção à cozinha. Esses idiotas na sabem viver sem mim?
- O que vocês querem? - perguntei encostando no balcão e vendo null e null numa briga para ver se comíamos pizza ou macarrão.
- Nos ajude a escolher o nosso jantar - null sorriu infantilmente enquanto null estava arrumando o cabelo dela. Nossa, que coisa mais gay, null.
- Escolham qualquer coisa. É tudo massa - ao falar isso, me virei para null e null, que só faltavam sair no soco. - Ou melhor, comprem a porra de uma pizza e coloquem macarrão em cima, resolvido. E se me dão licença, vou tomar banho - me retirei da cozinha e fui até o inferno, threesome room, ou qualquer que seja o nome que você queira dar ao quarto que eu ficarei hospedada com null e a outra.
Abri a porta sem nem bater, afinal o quarto também é meu, e encontrei null dando uns amassos na garota. Bati a porta com força, os fazendo dar um pulo.
- Se vocês me dão licença, quero ir tomar banho. Vão terminar isso no quarto do null e da null, a cama é maior. Obrigada - fui até o armário separar minha roupa e ouvi a idiota falando algo como "como ela é empata foda". É querida, sou mesmo e com orgulho. Tranquei a porta do quarto e fui tomar meu banho tranquilo, e tentar esquecer o inferno que seriam as próximas horas.
Desliguei o chuveiro, deixando a água escorrer por meu corpo nu. Deixei meu cabelo preso mesmo, já que não o tinha lavado e me enrolei na minha toalha verde.
Dei um jeito de prender a toalha ao meu corpo para poder caminhar livremente pelo meu quarto, enquanto procurava uma roupa. Quando eu estava prestes a entrar no banho, null veio até o quarto, dizendo que os meninos optaram por sair, jantar em algum restaurante da cidade, e eu estava decidida em não passar a noite sozinha. Ou pelo menos uma parte dela. Eu tinha que, ao menos, conversar com um homem diferente, já que algumas pessoas ao meu redor resolveram fazer a mesma coisa.
Abri a porta do banheiro com tudo e me assustei ao ver null deitado, com cara de safado, na cama.
- Mas que porra é essa? - falei um pouco alto, vendo-o se levantar e aproximar-se de mim. Como ele tinha entrado no quarto? Eu tenho certeza absoluta que tinha trancado a porta. Eu a abri para falar com a null, mas depois tranquei! Ou não?
- Oi, null - ele ficou bem próximo de mim e deu um beijo em minha orelha. Um arrepio percorreu minha espinha, mas eu tinha que fingir indiferença.
- O que quer aqui? - me desvencilhei, indo em direção ao grande guarda-roupa que tinha ali, e ele nunca pareceu tão longe.
- 'Ta fugindo por quê? - null foi mais rápido e me puxou pela cintura, fazendo com que nossos rostos ficassem bem perto. - Vim te dar um pouquinho de prazer - ele abriu um enorme sorriso malicioso, e eu revirei os olhos. Se ele estava pensando que ia conseguir alguma coisa comigo, ele estava sonhando!
- Obrigada, estou dispensando prazer por hoje - o empurrei de leve, voltando a caminhar em direção ao armário. Mais uma vez ele foi mais rápido e se colocou à minha frente.
- Desde quando você...
- Desde quando você aparece com uma menina só para dizer aos seus amigos que não gosta de mim! Você não tinha que provar nada, null... Ou então, não precisava provar desse jeito.
Ele me olhou em dúvida, como se tentasse lembrar de alguém que poderia ter falado aquilo para mim.
- null... - null falou baixo e me olhou. - null, você não vai levar isso a sério, vai?
- null, querido - me aproximei dele, passando minha mão pela cintura e inclinando minha cabeça para poder enxergá-lo -, olha bem para a minha cara e responda a pergunta que você acabou de me fazer - sorri irônica e o vi bufar.
- Ok, a resposta é não - ele virou os olhos e tirou o braço da minha cintura. - Mas que frescura, hein null?!
- Frescura? Da próxima vez que você me ligar falando de um fim de semana apenas nosso, vou trazer um amiguinho e fazer você dividir o quarto com a gente, daí você vai ver o que é frescura - revirei os olhos pela milésima vez em dez minutos, e voltei a atenção para o armário.
Senti a presença de null por mais alguns segundos, e logo passos duros caminharam até a porta, batendo-a com força logo depois.
Capítulo 7
- Qual o endereço mesmo? - null perguntou, aproximando seu corpo do de null, que tinha um papel nas mãos, enquanto esperava o sinal abrir.
- St. Patricks, 15 - ergui meu olhar para uma placa que indicava esse mesmo nome e uma seta para a direita.
- null, pode virar para a direita, tem uma placa indicando - apontei para a mesma e null seguiu meu dedo, vendo a placa. null olhou para mim e sorriu. Retribui o sorriso. Eu estava irritada com outras coisas que a presença da null na minha vida não parecia me irritar naquele dia.
O sinal abriu e null virou à direita, como a placa havia indicado.
Observei seu rosto pelo retrovisor, mas que me permitia ver apenas metade dele. null era um homem muito bonito. null também era. Acho que eu nunca seria capaz de escolher um.
- Amor, pára naquele posto para mim, quero comprar um chiclete - null apontou para um posto de gasolina na esquina da grande avenida que tínhamos entrado. Olhei null pelo retrovisor e vi que ele revirou os olhos, disfarçadamente, quando a namorada pediu aquele favor. Ri silenciosamente. null não disse nada, apenas estacionou o carro no posto e esperou null descer.
- Irritado com alguma coisa? - perguntei, tentando de alguma forma impedir que meu cabelo me incomodasse com o calor.
- Não - ele me olhou com a sobrancelha arqueada.
- Você pareceu impaciente quando a null pediu para parar aqui. - null me olhou, provavelmente se perguntando como eu havia percebido.
- Chega uma hora que as coisas repetitivas começam a cansar, nada muda, minha vida é sempre a mesma - desviou o olhar de mim para o câmbio do carro, e parecia refletir um pouco sobre a vida, sei lá.
- Não muda por que você não quer - dei de ombros, voltando a encostar as costas no banco. Ele me olhou de volta, em dúvida sobre o que eu tinha falado.
- O que não quero? - null lançou um olhar desafiador para mim e eu sorri maliciosa. Olhei para fora do carro e vi null saindo da loja de conveniência. Desencostei do banco, ficando próxima dele. Olhei bem sem seus olhos e soltei.
- Você sabe o que não quer - pisquei, voltando ao banco. Segundos depois, a porta do passageiro se abriu. null entrou com dois pacotinhos de chiclete de menta nas mãos. null deu partida e seguimos para o restaurante. Dei um risinho e peguei meu celular, que estava vibrando.
"Oi, null. Liguei atrás de você no seu escritório e sua secretária me passou esse número. Bom, eu estou na cidade que ela me informou que você estaria, e adoraria me encontrar contigo. Espero uma resposta. Beijos, Ricky".
NÃO! O Ricky? Ele ainda lembra de mim? Nossa, esse tem uma memória ótima. Resolvi mandar uma mensagem de volta, pedindo para me encontrar no restaurante. Se null não me quer e null 'ta muito ocupado com sua vadiazinha, por que não sair com o Ricky?
- Mas que demora hein?! O casal resolveu fazer uma before party e inclui a null nessa? - null zuou quando chegamos à mesa. Lancei um olhar mortal a ele e vi null, null e null gargalharem.
- Muito engraçado, null.
- Foi só uma brincadeira, null.
Sentei ao lado de null, e o casal sentou de frente para mim. Sério, meus amigos me amam tanto que deixam o null de frente para mim. Senti algo vibrar em meu bolso e era outra mensagem de Ricky, dizendo que havia chegado.
- Aonde vai? - null perguntou, quando arrastei a cadeira e me levantei, sendo que eu havia acabo de sentar. Todos na mesa me olhavam e com cara de quem fazia a mesma pergunta que ela. Apenas sorri e fui à procura do lugar onde Ricky havia falado que estava.
Avistei um cara de jaqueta de couro marrom e uma calça jeans bem escura, sentado em um dos longos bancos do bar, tomando, o que parecia ser, uma dose de wisky. Claro que era ele, aquele cabelo castanho escuro e aqueles traços, mais velhos, porém os mesmos, nunca me enganaram.
- Ora, ora, não é que Richard Stevens está aqui! - exclamei, vendo Ricky girar o corpo no banco e um par de olhos castanhos esverdeados me fitou.
- Ora, ora, não é que null null está parada à minha frente, e melhor do que já era! - ele levantou do banco, deixando o copo de lado e vindo em minha direção. Ricky me abraçou e começou a falar coisas parecidas com 'quanto tempo' 'que saudades'. Eu não o via desde que nos formamos na escola, já trocamos alguns emails, mensagens, mas não nos encontramos porque ele havia se mudado para a África do Sul.
- null, null, null, null e null estão aqui também - sorri, lembrando de quando nós andávamos juntos na escola. null morria de ciúmes dele, porque muitas vezes null queria marcar de sair, mas eu já tinha combinado com Ricky. Com o tempo, até null começou a ficar com ciúmes dele. Ricky sempre foi o galã das meninas da escola. Todas o queriam.
- Sério? - ele sorriu abertamente. Concordei com a cabeça e o puxei em direção onde estavam todos sentados.
- Pessoal, olha quem está aqui - disse, quando cheguei à mesa. null logo o reconheceu e foi quase correndo em sua direção. null fora o que sempre o tratou melhor.
- Ricky? - null exclamou, me olhando com a sobrancelha arqueada e também indo cumprimentá-lo.
- null, respira, calma... - ouvir a voz da queria Louise e olhei em sua direção, vendo-a bater várias vezes nas costas de null.
Ele havia se afogado?
Um pouco mais à frente, estava null tossindo igual a um condenado enquanto null não sabia o que fazer. Comecei a rir do estado de calamidade dos dois, e as duas me olharam sem entender.
- Acho que sim, porque...
- Claro que não, null, eu conheci muito bem a Lilian, se é que você me entende - o quê, afinal de contas, eu fiz de tão ruim para merecer essas coisas? Primeiro: eu chego em uma casa de verão maravilhosa e me deparo com uma qualquer agarrada na null e me vejo tendo que dormir, ou no mesmo quarto que ele, ou no sofá. Segundo: sem null, sem null, sem nenhum homem, sem sexo! E quando eu acho que tudo vai dar certo e eu encontro um velho amigo que morava na Africa do Sul, o cara é a maior mala egocêntrica do universo.
E tudo isso por quê? Porque eu tenho amigos extremamente idiotas que fizeram pressão psicológica no null, e o mesmo resolveu provar que não gostava de mim! Oras, precisava provar com uma mulher em pleno fim de semana onde TODOS tinham um acompanhante?
- null, vamos ao banheiro comigo? - susurrei para ela, que assentiu com a cabeça. Caminhamos até o banheiro em silêncio, enquanto eu prestava atenção na decoração do local.
- Respira antes de descontar sua raiva na porta - ela disse, quando paramos na porta onde tinha uma plaquinha toda enfeitada escrito 'Feminino'. Respirei fundo e a abri, agradecendo por não ter ninguém no banheiro.
- O que eu fiz de errado? - virei os olhos, sentando em um banco de madeira que tinha ali, e fitando minha imagem no grande espelho.
- Por que acha que fez algo errado? - null me olhou com a maior cara compreensiva, depositando a mão em meu joelho.
- O meu fim de semana está uma merda, tudo por causa do seu namorado e a trupe que resolveram desafiar o null, e agora porque o Ricky é o cara mais chato do planeta Terra.
- Realmente, o ego dele está quase deixando o restaurante superlotado! - ela riu e eu a olhei, não achando nada engraçado. - Ok, em relação à Louise, eu não sei o que dizer, você e o null não tem nada, ele pode sair com quem quiser!
Eu sabia disso.
- Mas ele ligou todo animado para mim, dizendo que nós tinhamos um fim de semana só nosso! Mas não, ele me aparece com uma idiota qualquer e eu tenho que ficar de vela quádrupla!
- E o Ricky tem cara de quem troca preliminares para falar como ele é bom em tudo que faz... - ela completou.
- Obrigada, ajudou muito - a olhei irônica, apoiando a cabeça nas mãos.
- Você está de TPM.
- Isso não tem nada a ver...
- Você está e tem tudo a ver. Você está quase chorando, null, e por nada!
- Ok, eu estou.
- Tudo bem. Então vamos até lá, vamos tirar nossos amigos dessa enrascada chamada Ricky, e você vai tirar essa ideia de que tudo está errado da cabeça. Nada está errado, é o mesmo null de sempre, a Louise é só um fim de semana, e o Ricky está voltando para a África... quer coisa melhor do que isso? Não tem nada de errado aí!
Ela levantou, pegando em minha mão e me puxando banheiro afora.
Queria poder enxergar a vida toda colorida, igual a null fazia... Mas parecia tão difícil!
Capítulo 8
Depois da infernal noite naquele restaurante, voltamos para casa e todo mundo resolveu ir dormir. Eu resolvi ir logo pegar minhas coisas no quarto, antes que topasse com uma cena lastimável de null e Louise se atracando, e do jeito que null é cara de pau, é capaz de chamar-me para entrar no meio. Não, obrigada. Entrei no quarto, ignorando null deitado na cama só de boxer, e indo em direção à minha mala, pegando minha camisola, travesseiros e cobertores no armário.
- Aonde você vai com isso, null? - ele me olhou com as sobrancelhas arqueadas.
- Levar para minha cama, vulgo sofá - dei um sorrisinho irônico.
- Não vai dormir aqui?
- Para quê? Para ouvir no meio da noite "Ai, null, mais forte, vai logo, mais rápido"? Não, obrigada - virei as costas e saí do quarto ouvindo-o dizer algo como "Bem que você queria estar no lugar dela". Filho de uma bela mãe que deu na esquin, tomara que você broxe.
Arrumei minhas coisas no sofá e me deitei. Sorte a minha que o sofá era daquele que você puxa o assento, e ele fica maior, ou alguém ia pagar o meu médico já que eu ia ter uma dor nas costas imensa. Acordei no meio da noite com alguém deitando ao meu lado.
- null? - perguntei sonolenta.
- A não ser que a null tenha criado duas bolas no meio das pernas, sim, é ela - reconheci a voz de null e bufei.
- Vai embora e me deixa dormir! - me virei tentando ignorá-lo, o que não deu muito certo já que o senti me abraçando por trás e juntando nossos corpos. - null, me larga.
- Não - ele deu um risinho fraco perto da minha orelha. Meu ponto fraco. - Eu sei que você me quer aqui, com o meu corpo colado no seu, meu quadril se movimentando sobre seu corpo, eu gemendo no seu ouvido e você implorando por mais. Admite, null.
- Não quero, agora vai embora - ele acha que é festa agora? Ele broxa com a outra lá e quer que eu faça o trabalho direito? Sonha, null, sonha.
- nullizinha, você não quer que eu vá embora, eu te conheço - null sentou no chão, ao lado do sofá, e eu me virei, tentando ignorá-lo. Ele começou a passar a mão pela extensão das minhas costas, até chegar na minha nuca e a passar o dedão por ali. Aos poucos, minha mente parou de comandar meu corpo e eu estava começando a ceder. Eu tinha que aguentar!
- Fala, null... - ele tirou meu cabelo de cima da nuca e começou a dar selinhos na parte descoberta. - Você não está resistindo, você me quer e eu te quero, olha que coincidência!
Senti null subir em minhas costas e começar e me beijar. Sua excitação já estava bem aparente, pois eu conseguia sentir nas minhas costas. Ok, null, null null não pode te vencer, você tem que se vingar.
Deixei me levar por null e me virei, fazendo com que ele ficasse sentado sobre minha barriga. Ele sorriu malicioso. Logo sua boca encontrou a minha com velocidade, quase me engolindo. Tenho que confessar que eu senti falta de ter null comigo, mas eu teria que resistir. Senti suas mãos subiram a minha blusa do pijama bem devagar, relevando meus seios, já que eu não dormia de sutiã. Sua língua gelada começou a dançar em cima de um deles, fazendo com que um prazer gostoso tomasse conta de mim.
- Já ouviu falar de algo chamado 69? - ele parou, me fitando.
- Já, mas nunca fiz e...
- Me sentiria honrado se eu fosse o primeiro a te mostrar como faz na prática - null voltou a beijar meu colo, me fazendo suspirar aos poucos.
- Não é perigoso? Nós estamos no meio da sala, qualquer um pode sentir sede e descer até aqui.
- Estou me fudendo para isso.
- null...
- Você não pode ter medo, você tem que aprender a arriscar! - ele sorriu e piscou. null sempre dando um jeito de me ensinar a viver... E ele sempre fazia. Apenas sorri de lado, deixando que ele me guiasse.
null se remexeu um pouco e ficou de pé, fazendo gestos para que eu levantasse. Ele deitou onde eu estava e me chamou para sentar no colo dele. Aos poucos nossas roupas foram sendo tiradas, enquanto nos beijávamos, com mais calma agora. Eu me senti completamente estranha, eu não tinha feito aquilo, parecia até uma primeira vez. Eu sabia o que era e como fazia, mas nunca fiz, o que dificultava um pouco e null tinha que ficar no comando.
Mas meus planos de vingança ainda estavam de pé.
Quando já estávamos nus, fiquei de costas para ele e fiquei 'de quatro' em cima dele, mas do lado contrário.
A língua dele passou por toda minha intimidade, e senti um arrepio correr minha espinha inteira. Aquilo era uma troca de favores e eu tinha que agir também.
E era aí que eu colocaria meu pequeno plano em prática.
null colocou mais velocidade em seus movimentos, me fazendo arfar. Respirei fundo e peguei em seu pênis, passando minha língua por toda sua extensão. Ele gemeu entre minha intimidade e eu sorri satisfeita.
Nós entramos em uma sincronia perfeita, e a qualquer momento chegaríamos ao ápice juntos. Ele colocou mais rapidez em seus movimentos. Suas mão chegaram até minha cintura, apertando-a e pressionando minha intimidade contra sua boca. Aquele contato da língua me fazia delirar e quase perder o sentido de tudo. Continuei a sugar seu pênis, e passar minha língua por toda sua extenção, mas com bem menos intensidade do que ele colocava nos movimentos que fazia.
Uma grande onda de prazer tomou conta de mim e minhas pernas se contraíram sobre null. Ele passou a língua mais algumas vezes por ali, enquanto eu sentia o ar voltar normalmente aos meus pulmões. Suguei mais algumas vezes seu pênis e parei, sabendo que ele ainda não tinha chegado ao ápice.
- null... - respirei fundo, saindo de cima dele, sentindo um olhar duvidoso em cima de mim.
- Obrigada pelos minutos de prazer, null, acho que agora você já pode subir - falei, tentanto parecer séria, mas no fundo eu não queria fazer isso.
- O quê? - ele sentou frustrado no sofá, puando minha coberta para cobrir seu corpo.
- Ué, você trouxe a Louise aqui para isso não foi? Ou foi só para mostrar para os seus amiguinhos que você não sente nada por mim?
- null, você está doida - ele me olhou com raiva e tenho certeza que se não tivesse pessoas no local, ele teria gritado aquela frase.
- Doida? Eu? - o olhei, cinicamente, sem entender, e bocejei. - Estou com sono, null... - peguei minha calcinha e minha blusa, ventindo as peças. - Boa noite, querido! - sorri mais ainda, vendo-o levantar do sofá, bufando de raiva. Ele pegou suas peças de roupa no chão e subiu batendo o pé.
Capítulo 9
- null, tem um cara querendo falar com você. Deixa entrar? - Amber, minha secretária adentrou ao meu escritório, dando o recado.
- Quem é? - girei minha cadeira, podendo observá-la melhor.
- Oi null, sou eu! - null apareceu sorrindo na porta. Amber o olhou feio, e começou a argumentar sobre ele não poder fazer isso.
- Amber, é o null, pode deixá-lo entrar - sorri, vendo null adentrar a sala. - O que está fazendo aqui?
- Bom, você sabe que é aniversário da null daqui alguns dias, eu queria fazer uma surpresa para ela e preciso da sua ajuda.
- Tudo bem, o que você precisa? - vi null se remexer na cadeira em que estava sentado. - Fala logo, null, preciso voltar ao trabalho.
- Eu preciso que você vá na sex shop comigo - ele sorriu vermelho. Espera aí, eu ouvi direito? Sex shop?
- null, por que raios você precisa ir numa sex shop? - ele devia estar tirando uma com a minha cara.
- Você sabe, comprar uns brinquedinhos novos, fantasias, e além disso eu quebrei a algema que a null me deu - fiz uma careta ao imaginar os dois e seus 'brinquedinhos'.
Soltei uma gargalhada, vendo null ficar mais vermelho ainda.
- E por que eu tenho que ir junto? Não que eu esteja recusando... - apoiei meu cotovelo na mesa, arqueando uma sobrancelha para ele.
- Ah... Não sei fazer essas coisas sozinho, entende? - revirei os olhos, rindo.
- Tudo bem, null - olhei no relógio de pulso que marcava 16h44. - Daqui uns quinze minutos eu posso ir, se quiser esperar.
- Ok, null! Muito obrigado - ele deu a volta em minha mesa, me dando um beijo na testa e saiu.
- Podemos ir - sorri ao vê-lo se levantar e me seguir até fora do escritório.
- Antes de irmos para lá, vamos buscar o null e o null, ok? Eu liguei para eles e pedi que fossem juntos, para dar opinião de macho.
- E você precisa de opinião de "machos" para saber qual vibrador é bom para você dar para a null? Acho que não. Se bem que vindo do null, é de se esperar que ele já tenha usado um - null gargalhou. - E não fale isso para ele.
- Sim, senhora - fomos cada um em um carro, já que eu não ia deixar o meu no estacionamento do prédio, e logo chegamos na casa de null, que já estava nos esperando com null e null no jardim. null também iria? Era uma excursão?
- É só falar em sexo que o null já 'ta dentro, né? - coloquei a cabeça para fora do carro rindo. null deixou seu veículo na casa dele (onde os meninos estavam) e fomos com o meu.
- Olha quem fala, senhora-sou-ninfomaníaca - disse entrando no carro com os meninos.
- Assim você me magoa! Não sou ninfomaníaca, ok?
- É sim, null. Não negue - null apontou o dedo para mim pelo retrovisor, e eu retribui mandando dedo do meio para ele. - Mas eu gosto disso.
- Tarado.
Estacionei meu carro em frente a um sex shop, no centro da cidade. Os meninos desceram do carro e ficaram olhando para a fachada do local, que piscava toda hora, em um letreiro luminoso, o nome do estabelecimento.
- O que foi? - parei na porta, antes de entrar. - Vocês nunca foram em um? - cruzei os braços, esperando uma resposta. Levei meus óculos à cabeça, vendo null coçar a dele, negando minha pergunta. Sorri de lado. - Tudo bem, mas você não precisam se comportar como quatro virgens vendo coisas diferentes pela primeira vez, por favor, vocês são adultos.
null gargalhou e saiu na frente dos amigos, fazendo com que todos tomassem coragem e se deslocasse do lugar.
- Olá, bem-vindos. Estão a procura de quê? - uma atendente apareceu e percebi que ela me olhou torto por estar com quatro homens. Ri baixinho.
- Meu amigo aqui - apontei para null, que olhava a sessão de filmes - precisa de alguns brinquedinhos para dar de presente para a namorada.
- Algum em específico? - a vendedora olhou para null, esperando uma resposta.
- Não sei ainda, acho que eu e a null vamos dar uma olhada por aí, obrigado pela ajuda - a mulher bufou, saindo de perto.
- Você acha que seu sei mais coisas sobre esse lugar do que a própria vendedora dele? - o olhei torto.
- Não, null, mas eu fico um pouco sem graça! - ri fraco e me virei para os meninos.
- Vocês vão comigo e com o null, ou vão ficar procurando outras coisas?
- Eu vou com vocês - null sorriu e veio até mim.
- Tudo bem, eu e null vamos ver o que tem pela loja. Olha, aquilo é uma boneca inflável? - null saiu em direção à elas. Garotos.
- Então vamos ver o presente da null.
Fomos até a parte de algemas e null ficou procurando uma diferente, enquanto eu pegava uma cestinha para ele e outra para mim. Já que estava ali, por que não fazer umas comprinhas?
- null, olha isso - virei na direção da voz e vi null com uma coleira no pescoço e dei risada, indo até ele. Achei um chicote por perto e peguei, o colocando em volta de seu pescoço, o puxando para mim.
- Sabia que você ficou gostoso demais com essa coleira? - sussurei na orelha dele e o senti arrepiar, dei um beijinho em seu pescoço, sentindo alguém pigarrear. Me soltei de null, colocando a coleira e o chicote na minha cesta, indo até null.
- Nossa, quantas algemas. Para que tudo isso? - ri ao ver que ele tinha cinco na cesta.
- Nunca sabe se vai precisar a mais. E para de excitar o null, ou daqui a pouco ele vai precisar da boneca inflável que o null escolheu - dei risada e saí em direção a outro corredor, onde tinham só brinquedos de plástico, uns mais estranhos que os outros. Eu pensei em passar reto, mas vi null parado, olhando para um dos brinquedinhos.
- Que foi, null? Vai comprar um desses? - eu disse, apontando para um pênis de plástico cor de rosa, de mais ou menos uns treze centímetros, tentanto prender o riso.
- Não, eu só estava olhando porque eu achava que eles faziam isso do tamanho real e não maior - o olhei sem entender.
- null, sinto muito em te dizer, mas eles são em tamanho normal ou maior, só o seu mesmo que é pequeno - null disse sério.
- Coitado, null. Mas já que você disse isso, melhor levar um para a null - fui até a prateleira e peguei um de trinta centímetros, jogando na cestinha de null.
- null, olha o tamanho disso, isso não vai entrar nela não. Ela 'ta acostumada com o de cinco centímetros do null - null gargalhou e null mostrou o dedo do meio.
- Garanto que é maior que o seu - null sorriu convencido.
- Não é não, até o do null é maior! O seu é anormal.
- O MEU É MAIOR QUE O DE VOCÊS JUNTOS! - berrei fazendo eles me olharem com uma feição engraçada. - Discutam isso depois, eu não quero ouvi-los dizendo qual de vocês tem o maior - segui para algum outro corredor e me deparei com fantasias. Já disse que eu adoro essa parte da loja?
- null, você pode se virar sem mim nessa parte, né?
- Claro, eu sei como você gosta de fantasias e vai querer algumas.
- Sabe disso como? - arqueei uma sobrancelha para ele.
- Bom, a null me contou - ele deu um sorriso amarelo.
- Adoro quando minha melhor amiga sai contando da minha vida sexual para os outros - fui em direção a uma roupa de enfermeira, e pensei em experimentar, mas é muito comum. Andei por ali procurando uma fantasia decente e original. Achei de alemã, estudante, professora, e até uma de chapeuzinho vermelho, até que era bonitinha e resolvi experimentar, mas antes disso senti minha cintura sendo envolvida por braços e uma fantasia de policial na minha cara.
- Que isso? - me virei e vi null com um sorriso malicioso e balançando a fantasia.
- Experimenta essa.
- Sério? Você tem fantasias com policiais? Ai, meu deus, null - balancei a cabeça negativamente.
- Por favor, experimenta - fez seu biquinho, que ele sabe que consegue qualquer coisa fazendo.
- Me dá logo isso - puxei a fantasia da mão dele e entrei no provador. Despi-me e coloquei a saia que continha o coelho da Playboy e coloquei a blusa, que continha um enorme decote. - null?
- Oi? - ouvi a voz dele atrás da porta.
- Me arranja uma bota de couro e pega uma das algemas na minha cesta.
- Para quê?
- Já que você 'ta me fazendo experimentar essa fantasia, vou coloca-lá por inteiro, agora vai.
Cinco minutos depois ele voltou com a bota e a algema, passando por cima do provador. Eu a calcei e coloquei o quepe, arrumando meu cabelo e segurando a algema. Olhei-me no espelho e, modéstia à parte, eu estava gostosa. Respirei fundo e saí do provador.
- E então? - fiz uma pose sexy em frente a null, que ficou me olhando com um sorriso malicioso. Ouvi um barulho atrás dele e nos viramos, vendo null tentar pegar as fantasias que ele tinha derrubado e abafei o riso, percebendo o que eu tinha causado nele.
- Você 'ta muito gostosa nessa roupa. Eu adoraria ser preso por você - null me abraçou, colando sua boca no meu ouvido. - Você vai levar essa fantasia, né?
- Vou, mas agora procure mais umas duas que eu vou experimentar - sorri e voltei para o provador, esperando null voltar com as fantasias, que ele acabou escolhendo uma de bombeiro e uma de estudante.
Chamei por null, que já tinha escolhido uma para levar para a null. Resolvemos pagar tudo e ir embora. Coloquei minha cestinha no balcão, esperando para ser atendida.
- Nossa, null, quanta coisa. Algemas, chicote, três fantasias, vibradores, filmes... para quê tanta coisa? - null perguntou.
- Essa não é minha cesta, é a da null. A minha é essa - levantou uma que continha as algemas, uma fantasia e o pênis de borracha que null tinha colocado.
- Nossa a null fez a festa. null vai ficar feliz hoje à noite - null deu uns tapinhas nas costas de null, que sorriu convencido. Eu até pensei em mandar o null para um lugar que ele não gostaria, mas deixei quieto. Passamos as compras e fomos embora.
- Essa história toda de sex shop me deu fome - eu ri, passando a mão pela minha barriga. Nós havíamos deixado os meninos em suas respectivas casas e por último seria null, que morava mais perto de mim. Estiquei meus pés em cima do painel do meu carro, que null dirigia, ficando numa posição mais confortável do que a anterior.
- Fome? - null me olhou, virando a esquina da rua da casa dele.
- É, não como desde a hora do almoço... - sorri, vendo o carrro parar aos poucos e estacionar em frente ao apartamento dele.
- Por que não sobe? A gente pode pedir alguma coisa ou fazer uma comida, comer com companhia é melhor do que sozinho - ele piscou, me dando um abraço e um beijo em meu rosto.
- Eu adoraria, mas eu preciso urgentemente de um banho! - fiz bico, sentindo-o deitar em meu ombro e fazer carinho em meu braço.
- Minha casa tem banheiro, chuveiro, toalhas e aposto que tem roupas suas aí. Você, os meninos e a null adoram deixar coisas em casa.
Mordi meus lábios, sentindo a mão de null passar vagarosamente por cima da minha calça jeans.
- Ok, null, você venceu! - ri, vendo-o levantar a cabeça do meu ombro e sorrir abertamente. Peguei minha bolsa no banco de trás e saí, entrando no apartamento.
null disse que ia fazer algo para comermos e me deixou à vontade em seu banheiro. Prendi meu cabelo em um coque e abri a ducha do chuveiro. null era muito caprichoso com as coisas, era engraçado para um cara solteiro que morava sozinho, não ter uma roupa jogada no banheiro, o tapete revirado e a descarga não dada.
Deixei o jato forte de água tirar todo meu estresse e cansaço ralo a baixo, me deixando mais leve.
- Ótimo, não pedi nenhuma toalha - revirei meus olhos com meu pequeno descuido, mas por sorte tinha um roupão do null pendurado atrás da porta. O roupão era branco e cabia duas de mim dentro dele.
Abri a porta, sentindo um cheiro gostoso, mas sem saber identificar que comida ele estava fazendo. Eu não sabia onde minhas roupas poderiam estar, e comecei a abrir todo o seu guarda roupas.
- Cheirosa! - senti alguém chegar por trás e enfiar as duas mãos no bolso do roupão. Meu coração acelerou um pouco, por causa do susto que levei.
- Não estou achando minhas roupas - virei meu corpo, sentindo null me prensar contra o armário.
- O que você acha de nem procurar? - ele sussurrou, destribuindo beijos por meu pescoço e meu busto desnudo. Arfei, sentindo null acertar meu ponto fraco e rir por causa disso.
Ele prensou mais meu corpo contra o guarda roupas, e apertou minha cintura com força. Levei minhas mãos até o cós de sua calça, desabotoando-a rapidamente. null procurou com urgência minha boca, e eu não tive tempo nem de tomar fôlego. Ele prendeu seus dedos em meu cabelo, e eu fiz o mesmo, bagunçando um pouco o dele.
null me puxou contra seu corpo, senti sua calça cair um pouco e sua excitação bater em minha barriga. Fomos andando às cegas até a cama. Cai por cima de null, que sem parar o beijo, me levou até o meio da cama.
Interrompi o beijo, respirando fundo e puxando a calça dele para baixo, jogando-a longe. Passei as mãos por suas coxas, chegando perto da virilha, e senti seus pêlos eriçarem.
Sorri para ele, que me pegou pela cintura. Fui levantando sua camiseta, enquanto beijava as partes que ficavam descobertas. null levantou as mãos para que eu pudesse tirar sua camiseta.
Ele voltou a colar nossos lábios, me beijando com vontade. Meu roupão começou a ficar mais frouxo e, aos poucos, null foi tirando a única coisa que cobria meu corpo nu. Deslizei minha unha por toda extensão da sua barriga até chegar em seu membro. Parei o beijo, ouvindo-o protestar baixinho, mas ignorei, chegando ao meu objetivo.
Desci a cueca vermelha que ele usava, segurando seu membro. Olhei para null, que sorriu marotamente.
- Isso é por aquele dia que eu fui muito má com você - ri, abocanhando o membro dele. Passei minha língua lentamente por toda a sua extensão, ouvindo null gemer e entrelaçar suas mãos em meu cabelo, ajudando nos movimentos.
Levei minha mão até a base de seu pênis, o estimulando devagar, enquanto minha língua, e os movimentos do null, faziam o trabalho.
Coloquei mais velocidade nos movimentos. Gemidos, por parte dele, invadiram o quarto. Continuei no mesmo ritmo, sabendo que demoraria para que null chegasse ao ápice, a não ser que ele estivesse com algum tesão reprimido.
- null... - ele disse entre gemidos. - Vem - ele disse quase em um sussurro. Parei imediatamente, ouvindo-o respirar um pouco. null me puxou pelos braços, selando novamente nossas bocas. Me posicionei em cima dele e comecei a descer meu quadril por seu membro, sentindo-o cada vez dentro de mim. Mexi meu quadril lentamente, já sentindo algo diferente tomar conta do meu corpo. Ele me puxou contra seu corpo, fazendo com que seu pênis fosse mais fundo. Gemi.
Me movimentei com rapidez, sabendo que aquela posição era bem favorável a mim. Nossos gemidos se misturaram e ele começou a se remexer embaixo de mim, fazendo meu coração acelerar. null alternava em gemer ou sussurrar meu nome em meu ouvido, me dando mais prazer. Nossos corpos ja começavam a suar e me levantei novamente, ficando sentada. null segurou minha cintura e eu comecei a cavalgar em cima dele, e minha respiração começou a falhar mais ainda. Suas pernas começaram a curvar-se e senti algo quente dentro de mim e não parei os movimentos até que senti um prazer gostoso me dominar. Meu corpo todo extremeceu, minhas pernas amoleceram, parecia até que eu ia desmaiar. null me puxou, me dando um selinho demorado e me deitando ao seu lado. Ele me olhou sorrindo, tentando respirar normalmente. Seu peito descia e subia rapidamente. Mordi de leve seu ombro, fazendo-o sorrir mais ainda.
- Ufa, eu... - ele respirou fundo. - Parece que acabei de sair de uma maratona! - ele disse, me deixando completamente vermelha.
- Acho que vou ter que tomar banho de novo, antes de comer o que estava cheirando bem na cozinha.
- Boa ideia, vou tomar banho também - o olhei com os olhos arregalados. Ele não estava... Cansado? - Hey, eu disse tomar banho! Você acha o quê, que sou uma máquina? - ele levantou seu corpo, ficando semi sentado na cama. - Sei que com todo esse meu físico, eu pareço uma e...
- Ok, null, sem egocentrismo por hoje, até a parte do tomar banho estava de bom tamanho - sorri, passando a mão por seus braços e o puxando.
- Espera - ele me puxou, fazendo me sentar de novo na cama. - Você só vai comer minha comida se falar bem baixinho no meu ouvido tudo que possa fazer meu ego aumentar! - ele sorriu malicioso, esticando o pescoço perto da minha boca.
- Isso é injustiça, meu estômago está protestanto por comida, null null.
- Ou fala, ou fica sem comida.
- Você é lindo, gostoso, maravilhoso, sexy... - tentei dizer da forma mais sedutora possível, mas era um pouco difícil porque eu estava quase rindo da situação que o null me colocou. - Ok, quer mais?
- Não, acho que isso já está de bom tamanho - rimos, tirando sarro um da cara do outro e dirigindo ao banheiro.
Talvez eu devesse parar um pouco com a minha obsessão pelo null. null era realmente importante para mim.
Talvez ele fosse o certo para mim.
Talvez.
- Esse cheiro está realmente bom! - eu disse, entrando na cozinha com uma toalha nas mãos e enxugando meu cabelo, enquanto null esquentava a comida recém feita.
- Eu sou bom em tudo o que faço - ele colocou a travessa em cima da mesa, sentando. Coloquei a toalha em cima do balcão e sentei ao seu lado. - Então, como vai lá na agência? - null me serviu o peixe, colocando mais do que devia no meu prato e se serviu também. Completei meu prato com os outros alimentos que tinham ali.
- Normal - dei de ombros. - As mesmas pessoas, os mesmos modelos metidos - revirei os olhos, tirando uma gargalhada dele. - Ainda bem que meu trabalho é olhar para as fotos e escolher os modelos...
- Acho esse seu trabalho muito calmo. Você tinha que pegar no batente de verdade, menina!
- Calmo? Calmo, null null? Você tem noção do que é ter que escolher entre duas pessoas para poder fazer uma campanha publicitária? Você não tem noção de como minha mãe é xingada... - sorri fraco.
- Você tem tido notícias da sua mãe? - maldita hora que eu fui tocar nesse assunto. Senti uma angústia subir pelo meu peito ao lembrar dela. Eu e minha mãe não nos falávamos há um bom tempo. Ela me abandonou, sem mais nem menos, e foi para a Finlândia. Lá mora quase minha família inteira, mas acho que isso nunca vai ser motivo para alguém ser abandonada. Fui deixada com uma tia, irmã do meu pai, cujo eu não conheci. Eu tinha uns dez anos, e se falei com minha mãe quatro vezes foi muito. E por que ela me abandonou? Porque ela mudou-se para Londres, achando que ia ser o melhor lugar para morar e ter uma excelente vida. Engravidou, meu pai a largou, e quando a nossa situação estava extrema, ela me deixou e foi embora. Sem nem falar tchau.
Mas se nós nos falamos poucas vezes, foi por que ela não quis falar comigo. Eu vivi até os quinze anos com minha tia (que cuidou de mim como filha) e depois eu fui morar em com a null, quando entramos no colegial. Foi assim que eu amadureci, que consegui um emprego e pessoas maravilhosa como amigos.
- Acho que não sei nem que idade ela tem - fitei o prato e null percebeu que eu não estava afim de falar sobre aquilo. Ignorei as lágrimas que preecheram meus olhos. - Bom, e a loja? Como está?
- Ótima! Você precisa dar uma passada lá, está tudo diferente. A reforma deu uma cara muito melhor para ela.
- Fico feliz por isso. Quando fiquei sabendo que vocês iam abrir uma loja, achei que nada fosse dar certo... - null me olhou torto, mas com um sorriso nos lábios. Me envergonhei um pouco, mas sorri também.
- E falando em loja, sexta vou à Escócia, ver umas tendências novas de lá, depois vou para a França. Talvez eu fique umas três semanas fora - ele sorriu, todo empolgado pela viagem, e eu fui no entusiasmo dele, mas pensando bem, três semanas é bastante...
- O que foi? Não ficou feliz por mim? Eu vou para Paris! - ele levantou as mãos, em sinal de aleluia. Ele sempre teve essa vontade, mas nunca dava certo.
- Claro que estou feliz, null! Só acho três semanas muito tempo! - ri de lado, recebendo um beijo na bochecha.
- Três semanas passam rápido. Você devia vir comigo, mas seu trabalho não deixa - ele revirou os olhos e eu fiz bico. - Tira esse bico daí, senão eu vou acabar ficando por aqui!
null contou todos seus planos para essa viagem. Terminamos de comer e enquanto ele lavava a louça, fui escovar os dentes e pentear os cabelos, que já estavam praticamente secos.
Continuei com a blusona que eu vestia, e prendi o cabelo em um rabo de cavalo bem alto. Voltei para a cozinha e ouvi a campainha tocar.
- null, atende para mim - null falou, enxaguando alguns pratos e caminhei até a porta.
- null? - o vi parado na porta do apartamente, me olhando com a mesma cara de surpresa que eu o olhava.
- Oi, null. Estou atrapalhando alguma coisa? - null coçou a nunca, me olhando sem graça. Ri, puxando-o pelo braço para dentro do apartamento.
- null? - null apareceu com uma pano de prato na mão e sorriu ao vê-lo ali. - O que te traz aqui? - null olhou um pouco incomodado para mim e para null, mas logo abriu novamente o sorriso, puxando o amigo para um abraço.
- Eu vim só conversar, mas se eu estiver atrapalhando...
- null! - eu e null falamos juntos.
- Então sente-se que eu vou pegar algo para beber - null saiu da sala e eu e null sentamos no sofá. Tentei puxar um pouco a camiseta que eu vestia, já que o shorts não cobria praticamente nada.
- Você tem certeza que eu não estou atrapalhando nada? - ele me olhou receoso.
- Quantas vezes vou ter que falar que não? - levantei as sobrancelhas e ri sem graça. Desisti de lutar contra minha camiseta que não cobria minhas pernas, e me acomodei no sofá.
- Desculpe, null, não tenho nada para beber que você goste, vou até o mercado - null apareceu na sala, quebrando os segundos de silêncio, com um pacotinho na mão. - Mas eu trouxe amendoim para você comer. Eu sei que você gosta.
- Não precisa se incomodar, null, deixe as bebidas para uma próxima - null sorriu, estendendo a mão para pega o amendoim.
- Sem problemas, eu já estava pensando em comprar. null, você vem ou não? - null me olhou com a expressão de que queria que eu fosse.
- Não - sorri de canto. Ele me olhou por alguns instantes sem expressão nenhuma e saiu. Bom, eu não ia deixar a visita sozinha e também não estava muito afim de trocar de roupa, portanto...
- null preferia que você tivesse ido com ele - null falou, jogando amendoim para cima e 'pegando' com a boca de novo.
- Não preferia não, e nem começa com essa história, null - revirei os olhos, pegando um CD qualquer que estava em cima da mesinha para analisar o encarte.
- Não falei nada, ué! - sorriu malicioso. - Mas e aí, quando vocês dois vão assumir o romance? - era sério? null ia começar com aquele papo de novo? Tirei a atenção do tal encarte e o olhei indignada.
- Quando você vai parar com essa história? Você sabe muito bem que eu e o null não temos romance nenhum.
- Vocês estão sempre cheios de blá blá blá, carinhos, coisas românticas, e isso não é um romance?
- Claro que não! - deixei o encarte de lado e passei a encará-lo. - Nós apenas fazemos coisas que agradam um ao outro, e o sentimento que temos é amizade. É o mesmo que sinto pelo null, você ou null. E chega de falar de mim, vamos falar sobre... Você.
- De mim? - ele encheu a mão e colocou todo o amendoim na boca. - O que quer saber? - qual sua posição predileta, talvez?
- Não sei, sobre sua vida, alguma coisa! Faz muito tempo que não sentamos para conversar... Desde que... - olhei para sua mão onde brilhava uma aliança dourada, mostrando para todos que ele estava noivo. Que bom. - Desde que você começou a trabalhar muito na loja - sorri, desviando da mão dele e encarando seus olhos.
- Você não conversa comigo porque não quer, eu sempre falo para você ir para minha casa, mas você nunca vai! Até parece que lá tem algo que você não goste - ele deu de ombros, colocando mais amendoins na boca.
- Eu ando ocupada com o trabalho, mas ok, me conte algo de bom - estiquei as pernas no sofá, fazendo com que elas roçassem na coxa dele.
- Não sei se isso é bom, mas já que você quer saber alguma coisa, eu andei pensando em me separar da null, mas eu não sei o que eu faço. Sabe, nem parece mais que eu ela somos um casal! Ela chega em casa, está sempre com dor de cabeça e vai dormir, não sei se você já percebeu, mas ela nunca se diverte com a gente, e sexo é só obrigação, não tem carinho, não tem vontade. E o pior de tudo que acho que nem traí-la eu consigo - null despejou as palavras e percebi que seus olhos se encheram de lágrimas. - O que eu faço?
Abri e fechei a boca alguma vezes. Como eu iria dar um conselho amoroso para o cara que eu mais sonho em transar?
- Não sei, acho que separação não é a melhor solução, se vocês se gostam, deviam conversar e quem sabe fazer uma viagem para relaxar, e se depois de tudo isso nada mudar, você volta a pensar na separação - cala a boca, null! Você devia mandá-lo dar um pé na bunda dela.
- Eu não tinha pensado nisso - ele fungou, largando o amendoim em cima da mesinha.
- É, você tem a mania de querer resolver as coisas das maneiras mais difíceis - revirei os olhos e ele sorriu, estendendo os braços para mim. Saí da minha posição e o abracei, sentindo aquele perfume agridoce que ele sempre usou.
- Família, cheguei! - null apareceu gritando na sala e eu dei um pulo de susto, fazendo ele e null rirem. Eu não tinha ouvido nenhum barulho no hall.
- null null, qual sua intenção? Me matar? - o fuzilei com o olhar, voltando para o lugar que eu estava. Olhei para null, que ainda mantinha o sorriso nos lábios e uma caixa de papelão na mão, que provavelmente tinha cerveja.
- Pode ter certeza que te matar é a última opção da minha lista.
- Eu achei que isso nem existisse na sua lista! - fiz cara de indignação e ele me mostrou a língua.
- Ok, chega para lá, coisa feia - ele parou do meu lado, me fazendo arrastar até null.
- Não me chama de feia, vou te trocar pelo null assim! - olhei feio para ele e null resolveu entrar na brincadeira, me abraçando pela cintura e me puxando para mais perto dele.
- Perde fácil ainda, sou muito melhor do que o null, é só olhar para mim e depois para ele, é praticamento o oposto.
- Fica com a null que eu tenho a cerveja - null deu de ombros, abraçando a caixa.
- .toUpperCase())! - null gritou. - Pode ficar com a null...
null riu, passando a cerveja para null, uma para mim e outra para ele. Acho que a melhor coisa é ficar sentada com eles, rindo e bebendo.
Com certeza se alguém tirasse uma foto daquele momento, eu a colocaria em um álbum e escreveria em baixo, que aquele dois são os homens da minha vida.
Capítulo 10
- Por que meu carro teve que quebrar justo hoje? - terminei de me olhar no espelho e me virei para null, que me esperava impaciente. Eu vestia um vestido verde escuro, frente única, bem colado no busto e mais soltinho embaixo. Coloquei um sapato preto meia pata, e deixei as pontas do meu cabelo enroladas. Era o dia da festinha da null, e o único dia que meu carro não tinha que ter quebrado.
- null, você não vai andar a pé. Acorda! - ela estalou os dedos. - Estou aqui para te levar.
- E como eu vou voltar para casa? O null vai viajar de manhã e provavelmente vai embora cedo, e nem ouse me convidar para dormir na sua casa - levantei o dedo, antes que ela começasse com convites.
- Por que não? - ela cruzou os braços, me olhando estranha.
- null, minha amiga... - fui até ela e segurei em seus ombros. - Hoje é seu aniversário, você e o null devem estar doidos para procriar e eu não estou afim de ficar no mesmo ambiente que os dois.
- Não briga comigo, hoje é meu aniversário - null emburrou e sentou no sofá. Quanto drama...
- Não estou brigando, só estou avisando. E vamos logo, antes que seu namorado resolva começar a festinha lá sem você - estendi o braço para que ela segurasse e levantasse.
Chegamos na casa de null, e ela estava completamente lotada. Olhei para minha amiga, que estava com uma interrogação na cara.
- Você conhece esse pessoal? - perguntei a ela, vendo várias pessoas no jardim bebendo ou se comendo.
- Não - franziu o cenho ao ver um casal se agarrando, quase sem roupas. Entrou na casa procurando pelos meninos, os achando na salinha de TV. - null, você que chamou esse bando de malucos para minha festa?
- Primeiramente, parabéns meu amor - null a levantou do chão pela cintura e a beijou, se esquecendo de nós, até que null pigarreou e ele a soltou. - E não, eu não chamei. Mas você sabe como é: uma pessoa fica sabendo, chama mais três amigos, cada um chama mais três e por aí vai.
- Alguém quer beber alguma coisa? - perguntei vendo que ninguém ali iria falar algo.
- Eu quero vodka - null disse e Rachel pediu uma também. Só então percebi que ela estava ali. null null com uma garota por mais de um mês é novidade, finalmente está tomando um rumo na vida.
- null, null, null, null? Vão querer algo?
- Eu e a null vamos para a sala ver se encontramos gente conhecida e pegamos as bebidas nós mesmos. Obrigada - null disse puxando null para fora.
- Eu vou com você, null - null e null disseram juntos e eu ri.
- Então vamos meus homens, porque não quero ficar de vela aqui - sorri ao ver null abraçado com Rach e falando algo em seu ouvido. Abraçei os dois, indo à cozinha.
Depois de levar a vodka para o null, eu e os meninos resolvemos sentar um pouco na varanda, que era o lugar onde tinham poucas pessoas. Depois da sexta, ou seria sétima latinha de cerveja, null já estava alto e começou a fazer piadinhas, o que nos fez ter ataques de riso.
- Acabou a graça já, null. Senta aqui vai - null o puxou pela mão, fazendo-o cair e dar risada de sua própria cara. - Bêbado! - ele disse rolando os olhos.
- Cadê a null para segurar o namorado dela? - no momento que disse isso, null parou de rir e ficou sério. Falei algo de errado? - null?
- Não diga nada sobre ela. Não hoje - fitei null, que também não estava entendendo nada; e olhei de volta para null, que tinha um olhar triste.
- O que houve que você está triste? - passei as mãos no cabelo dele, que abaixou a cabeça.
- Ela viajou. De novo. Ela mal voltou de viagem e já foi de novo, disse que é a trabalho. Ela acha que eu sou idiota? Viagem a trabalho?! - terminando de dizer isso, ele pegou outra latinha e bebeu em dois goles. Depois a atirou para longe. Nunca o vi tão bravo como está hoje.
- Você não acha que ela está te traindo, né? - null estava sendo cauteloso, com medo que null começasse a sair gritando e quebrando as coisas ao redor.
- Não acho. Tenho certeza. Ela só viaja e quando 'ta em casa, sempre inventa alguma desculpa para não transarmos ou até para ver um filme! - null respirou fundo e se deitou no chão. - Ela é uma vadia.
- Não diga isso. Tenho certeza que é só trabalho mesmo, e lembra do que eu te falei? Converse com ela, diga como se sente em relação a isso.
- Não quero. Ela que se foda - ficamos em silêncio, o vendo segurar algumas lágrimas de tristeza e raiva, quando Rach apareceu e disse que null estava nos chamando no quarto dela para abrir os presentes. Levantei null do chão e o abraçei.
- Vai ficar tudo bem, só esquece isso por essa noite e aproveite a festa, ok? - ele concordou com a cabeça e nos seguiu até o quarto.
- Quem vai ser o primeiro a me dar meu presente? - null estava em pé na cama e nos olhando. - null?
- Não, o meu vai ser o último - ele piscou para null, que fez bico e me olhou.
- Nem vem null, o meu você vai receber por último também.
- Vão a merda vocês dois! Sério, me dêem meus presentes - null parecia uma garotinha mimada pulando na cama e com um bico. Revirei os olhos. - Então pára de pular nessa cama, sua maldita, que eu vou te dar o meu - null balançou uma embalagem, e na mesma hora null se jogou na cama, quase caindo para fora dela. - Boa menina. Enfim, parabéns e espero que goste do seu presente - deu a embalagem à ela, que rasgou numa velocidade incrível e deu um berro ao ver que null tinha dado um livro que ela queria há tempos.
- Obrigada, null, eu amei seu presente - o abraçou e depois ficou olhando para a capa do livro.
- null? Não quer os outros, é? Porque ainda tem bastante... - Rach sorriu para a garota, que largou o livro e estendeu o braço para ela e null, esperando o presente.
- Espera que eu vou ter que pegar seu presente no carro, porque ele é um pouco grande - null correu para fora do quarto e uns cinco minutos depois voltou com um embrulho gigante, e os olhos de null brilharam. - Esse é meu e da Rach, espero que goste - ela desceu da cama e foi abrir o embrulho olhando para dentro do papel e rindo, nos fazendo ficar com cara de bosta.
- O que é tão engraçado? - null perguntou, indo até ela.
- Amor, você vai ficar bravo se eu te trocar pelo meu presente? É que esse null null aqui é mais bonito e fofinho - ela fechou o embrulho para null não ver o que tinha.
- Como é que é? null, o que você deu a ela?
- Nada demais, apenas uma versão sua melhorada - null e Rach riram.
- Ok, chega com isso e abre logo essa merda, quero saber o que tem aí dentro - comentei, fazendo null e null concordarem comigo.
- Credo, sua grossa, eu vou abrir - ao dizer isso ela puxou um macaco de pelúcia gigante. Quando eu digo gigante, é porque é realmente gigante. Então, reparei que na camiseta dele estava escrito 'My name is null null' e começei a rir.
- Você vai me trocar por um macaco de pelúcia gigante? - null estava de boca aberta.
- Não é só um macaco, é o null null! - null começou a rir e a abraçar o macaco. - E de agora em diante, ele vai dormir na nossa cama com a gente.
- null, querido, eu te mato, seu viadinho - null olhou para ele, o fuzilando.
- Foi mal, null - null andou para trás com medo do null, o homem, não o macaco.
- Deixa de ser besta, null, acha mesmo que vou te trocar por um macaco de pelúcia? Claro que não. Eu amo você - null disse, dando um selinho nele, que sorriu. - E além do mais, o macaco não tem essa mão grande que você tem.
Todos nós rimos da cara de pervertida de null, e eu joguei uma almofada na cara dela.
- Deixa para mais tarde isso e abre logo o presente do null.
Ela foi até ele, que estava segurando um envelope e sorria idiotamente.
- O que é isso? Seguro de vida? Cheque de um milhão de libras? - null chutava enquanto ela abria o envelope.
- Algo bem melhor que isso - null sorriu enquanto a via tirando de dentro do envelope dois pedaços de papel, parecidos com ingressos.
- Não! Me diz que eu 'to sonhando, null?! Não pode ser! - null abria e fechava a boca, não acreditando no que ela estava lendo no papel.
- Parabéns, null, e faça bom uso disso!
- Mas como você conseguiu? Estavam esgotados há meses! - peguei o papel da mão dela para ver o que era. Ingressos VIP para o show do Plain White T's. Arregalhei os olhos. Como ele conseguiu?
- Tenho meus contatos, e como sei que é sua banda preferida... - null sorriu enquanto null pulava em cima dele, o enchendo de beijos.
- Obrigada, obrigada, obrigada. Eu te amo, null.
- Eu sei - ele disse convencido e a abraçou.
- Agora, MEU presente! - rebolei e levantei um pacote rosa, dando para null. - Espero que goste e use muito, ok? - dei uma risada e pisquei para null.
- Obrigada amor, agora deixa eu abrir - ela se sentou na cama e abriu o pacote logo, retirando as coisas de dentro. - null, o que seria isso? - ela disse apontando para as calcinhas que estavam espalhadas na cama.
- Calcinhas comestíveis, ué. Nunca ouviu falar? - segurei o riso enquanto o quarto explodia em risadas. - Eu ia te dar uma só, mas sei como sua vida sexual é muito ativa, aí comprei várias.
- null, aqui deve ter umas cinquenta! - null ficava corada a cada vez que pegava uma.
- Garanto que você acaba com elas em um semana! Ainda mais depois que você ver o presente do null - sentei ao lado de null e coloquei minha cabeça em seu ombro, o vendo pegar uma calcinha e colocar na cabeça. - Tira isso da cabeça, null. É da null, se quiser te compro uma depois - ele mandou dedo e jogou a calcinha na cara de null.
- Ok, agora é sua vez null. Me dê meu presente.
- Tem certeza que quer agora? Eu não sei não... - ele coçou a nunca, olhando para ela.
- Claro que tenho! Me dê logo!
- Tudo bem, mas não bata em mim. Sério, não posso te dar depois? Quanto estivermos sozinhos? - null parecia com vergonha.
- null, entrega logo o presente. Não fique com vergonha, afinal a gente já sabe o que é, nós te ajudamos a comprar, não?
- É, tem razão - null pegou a grande sacola e entregou na mão de null. - Não fique brava, amor, eu te amo e parabéns - ele se sentou do lado dela, enquanto a mesma abria o pacote, e nós começamos a rir com as caras e bocas de null.
- Amor, você roubou uma sex shop? Porque vamos combinar... cinco algemas? Você realmente gosta de sofrer, né? - null gargalhou enquanto null corava. - E pára de ficar vermelho!
Ela continuou vendo o que tinha. Adorou quando viu a fantasia que null tinha escolhido para ela, e teve um acesso de risos ao ver o pênis de borracha que eu o fiz comprar. A crise de risos dela só piorou quando null e eu contamos sobre null achar que eles não eram em tamanho natural, e sim maiores.
- 'Ta tudo muito bonito, eu amei os presentes de todo mundo, mas agora desçam e expulsem todos da minha casa, porque quero ficar sozinha com o null. Tchau, tenham uma boa noite - null disse, nos empurrando para fora do quarto e batendo a porta na nossa cara.
- Ela não vai nem esperar a gente ir embora antes de usar os presentes? Nossa amiga é uma tarada mesmo... - null balançou a cabeça negativamente, e descemos as escadas, expulsando todos da casa.
Depois de uns quarenta minutos, só estavamos nós cinco na casa. null estava indo embora com Rach, e eu precisava de carona.
- Alguém pode me levar para casa? Meu carro quebrou e duvido que a null vai me levar - sorri angelicalmente para os dois.
- Desculpa, null, você sabe que tenho que correr para casa e terminar de arrumar minhas coisas e dormir. Meu vôo é cedo. null, você pode levá-la em casa? - null se desculpou comigo e virou para null na última parte.
- Claro. Vamos, então? - null girou as chaves e nós saimos da casa.
- Tchau, null. Tenha uma ótima viagem e me traga presentes - disse o abraçando, enquanto ele ria.
- Pode deixar, senhorita. E se comporte, ok? Estou de olho em você. E por favor, se tem amor à vida, não provoque o null no carro, ou ele pode batê-lo. Ele ainda 'ta meio bêbado, e se você o provocar, vai acontecer um acidente - ri baixinho e concordei com a cabeça, me soltando de null. - Só mais uma coisa. Eu te amo - sorri abertamente vendo-o sorrir junto.
- Eu também te amo, null. Boa noite - fui em direção ao carro e entrei, vendo null dar a partida.
null’s P.O.V.
O mundo ainda estava girando um pouco, mas bem menos do que umas horas atrás. Eu até tinha um plano para tacar meu carro em um poste, mas como tive que dar carona para null, eu não iria matar minha amiga. Mas falando sério, eu tenho mesmo vontade de fazer isso. Minha vida virou um inferno. Minha namorada, noiva ou seja lá o quê... ela pensa que é minha, nem liga mais para mim e vive viajando a negócios. Viajando, sei.
- Espero que nenhum policial pare a gente, seu nível de álcool não é dos mais baixos - ouvi a voz da null e a olhei. Ela sorria meigamente para mim, mas não aparentava estar bêbada nem nada. Só que pelo o que a vi bebendo, ela tinha que estar.
- Se quiserem me prender, é um favor que me fazem - dei de ombros, ligando o rádio, mas àquela hora, nada de legal tocava.
- Credo, null, não esquece que você tem uma passageira no carro, se resolver se matar, me avisa que eu pulo.
- Não vou me matar não, nem se preocupe - eu tentava inutilmente encontrar uma estação de rádio decente e prestar atenção na rua ao mesmo tempo. Tudo bem que àquela hora não tinha muito movimento, mas nem por isso eu podia largar o volante e pronto. null empurrou minha mão, tomando o controle do rádio. Ela parou em uma estação onde tocava uma música do Black Eyed Peas, mas eu não lembrava o nome.
- I GOTTA FEELING UUUH UUUH, THAT TONIGHT'S GONNA BE A GOOD NIGHT - ela começou a gritar a música, daquele jeito desafinado dela, e eu achei engraçado.
- THAT TONIGHT'S GONNA BE A GOOD GOOD NIGHT - entrei na onda dela, cantando a música alto também. E eu, do mesmo jeito que ela, era desafinado. A música continuou, mas nós começamos a errar toda a letra e desistimos de cantar.
- Minha garganta está doendo - ela disse tossindo e rindo.
- Acho que fiquei mais bêbado só de cantar - virei a esquina e entrei na rua do prédio da null. Logo estava parado em frente ao prédio.
- Preguiça de subir - ela esticou as pernas em cima do painel do carro, deixando-as totalmente à mostra. Engoli seco, tentando ignorar aquela imagem. - Você devia me carregar até lá.
- Do jeito que estou sóbrio, cairei com você antes de chegar no portão - desviei meu olhar das pernas para o seu rosto. Peguei o celular do meu bolso e liguei pela enésima vez para null, mas a filha da puta não atendia de jeito nenhum. A minha vontade era pegar um avião, ir até onde ela estava, e mandá-la se fuder. E bem fudido ainda.
Senti null se aproximar e suas mãos tocarem minha coxa. Um arrepio passou por minhas costas até meu membro.
'Sua chamada está sendo encaminhada...' Joguei meu celular longe. null continuou passando a mão pela minha coxa, e começou a se aproximar de mim, a ficar muito perto...
/null’s P.O.V.
- null, por favor - null bufou lentamente e eu me afastei dele. Ok, se era isso que ele queria...
- Eu desisto de você, null - bufei igual a ele e abri a porta do carro violentamente, a fechando na mesma intensidade. Não esperei para ver sua expressão, não esperei para ver se ele tinha dado aleluia ou se tinha ficado com cara de tacho. Eu queria mais era que null null se danasse, e que a null fosse junto. É tudo culpa dela.
Caminhei lentamente até a entrada do meu prédio, dei boa noite para o porteiro, e segui até o elevador.
Fiquei uns cinco minutos esperando que o elevador chegasse. Uma música, que eu nem lembrava o nome, veio até minha cabeça e comecei a cantarolar, até que as portas se abriram e vi minha vizinha chata saindo de lá. Tinha que ser.
- Boa noite, null - ela disse com a voz fina que tinha e saiu rebolando. Ela era a cópia perfeita da null, parecia até perseguição. Entrei no elevador e apertei o aquele botão sete, tão usado, que já até enjoei de apertar. Eu não estava com cabeça para nada. O elevador deu um tranco e sua porta começou a fechar, mas o barulho de algo batendo foi ensurdecedor. Senti mãos agarrarem minha cintura e me pressionarem contra a parede, lábios tocaram os meus. Tenho que admitir que fiquei muito assustada, eu mal acreditei que a figura materializada na minha frente era null, e ele estava me beijando! O beijo era bem... quente. O elevador deu outro tranco e começou a subir. O que null estava fazendo?
Suas mãos percorriam livres em minhas costas e eu bagunçava seus cabelos, sentindo-o morder meus lábios. Seja lá o que ele realmente pretendia com isso, eu apenas dançava conforme a música. Ele me prensou mais contra a parede, fazendo com que nossos corpos se colassem mais, enquanto ele apertava minha cintura. Confesso que ele não me dava espaço para fazer muita coisa. E sim, ele tinha 'A' pegada.
Comecei a arranhar sua nuca, sentindo-o cada vez mais apertar meu corpo contra o dele, parecia que ele ia entrar dentro de mim, não literalmente. Ainda, eu acho.
O elevador deu um leve tranco novamente, indicando que ele tinha parado no meu andar. Pelo menos eu esperava. Se algum morador do prédio me visse naquelas circunstâncias... É. null foi parando lentamente o beijo e quando sua língua saiu de dentro da minha boca, resmunguei. Qual é? 'Tava bom.
- Vai desistir mesmo de mim? - ele estava a centímetros de mim, com a boca totalmente vermelha e o cabelo bagunçado. Ele me olhava de uma forma sedutora e mordeu os lábios. Só se eu fosse doida para desistir assim, foram anos de espera, anos para ter aquilo, ANOS! Não respondi nada, apenas sorri. Falam que um sorriso vale mais do que mil palavras, pois bem. Sorri e colei nossas bocas de novo. Comecei a empurrá-lo para fora do elevador, em direção ao meu apartamento.
Paramos em frente ao 769, meu apartamento é bem sugestivo, não? Eu estava tão atordoada que não achava a chave de jeito nenhum. null também não facilitava e ficava dando beijos no meu pescoço. Bufei, ainda procurando a chave. Já estava a ponto de explodir e desistir dela, pegando a reserva no esconderijo.
Finalmente consegui abrir a maldita porta, null olhou para o número e para mim, dando um sorriso safado. Ele nunca reparou no número do meu apartamento?
null praticamente tacou a porta contra o batente, fazendo um barulho alto. O olhei assustada, mas ele nem percebeu, e pela segunda vez em dez minutos, ele me prensou contra a parede, selando nossos lábios. Ele tinha pressa. Eu não.
Eu estava de vestido, o que facilitavam muito as coisas, eu sei. null colocou a mão debaixo do meu vestido, apertando minha coxa. Alternei em puxar seu cabelo e abrir sua camisa. Acho que a segunda opção era a melhor.
Comecei a desabotoar sua camisa e senti suas mãos em minha bunda. Terminei de desabotoar, tirando-a rapidamente, deixando a mesma no chão. null posicionou um das suas mãos na barra da minha calcinha - e nós não paramos de nos beijar nem uma vez - e começou a tirá-la com pressa. Comecei ajudá-lo a tirar minha amiga com a perna, fazendo com que ela ficasse no chão, junto com a camisa dele. Seus dedos começaram a procurar o lugar certo embaixo do meu vestido, e ele me penetrou com o dedo. Gemi com aquilo, voltando a puxar seus cabelos com mais força.
Desgrudei-me da parede, tentando fazer com que nós fossemos até a cama. Ele percebeu o que eu queria e tirou seus dedos de mim, voltando a apertar minha cintura. Eu não estava conseguindo respirar, fato.
Começamos a caminhar em direção ao meu quarto, em minha aconchegante cama. null me deitou delicadamente nela, parando um pouco de me beijar. Ele estava ofegante, e eu não estava diferente. Me olhou com a cara mais pervertida do mundo e eu gargalhei. Ele se posicionou em cima de mim e comecei a tirar sua calça, fazendo isso extremamente rápido. Tirei meu vestido enquanto ele terminava de tirar a calça.
- Por isso que eu gosto de mulheres que usam vestidos, bem mais prático - jogou a calça longe e voltou a se posicionar em cima de mim, me beijando novamente. Antes que ele tentasse - imagino que já tivesse prática, enfim - tirei meu sutiã, jogando-o longe. Eu não tinha que esperar ninguém tirar minha roupa, eu sabia fazer aquilo muito bem sozinha. Arranhei suas costas sem dó, o ouvindo gemer de dor contra a minha boca. Sorri. Ele parou o beijo e eu resmunguei.
null desceu os beijos para o meu pescoço, dando longos chupões. Aquilo ficaria marca. Senti sua língua passar pelo meu seio direito e depois o esquerdo. Tortura. Eu já nem sabia o que fazer com as mãos, null tomara controle de tudo! Ele percorreu o caminho até chegar à minha vagina.
Ele passava a língua de leve, me fazendo gemer, não muito alto. Depositei minha mão em seus cabelos, puxando, ou melhor, ajudando-o com os movimentos. Sua língua passava freneticamente em mim, aumentando o ritmo dos meus gemidos. Suas mãos se encontravam na parte de dentro da minha coxa, apertando, fui aumentei a força com que eu puxava seus cabelos. Era bom demais. null começou a diminuir o ritmo e eu suspirei em reprovação. Ele trilhou novamente o caminho anterior, chegando à minha boca. Eu não precisava falar que estava totalmente excitada e ele também (podia ver pelo volume da sua cueca que AINDA estava ali, cobrindo aquele troféu tão almejado por mim). Quando ele ia me beijar, resolvi que também o torturaria. O empurrei, fazendo com que ele se deitasse, e eu ficasse por cima. Ele arqueou a sobrancelha e eu nem liguei muito. Passei a língua pelo seu peito - igual ele fez comigo - e comecei a descer em direção à sua boxer. Massageei a ereção, ainda por cima da cueca, enquanto encarava aqueles olhos pervertidos. Posicionei minha mão na barra da cueca e comecei a descê-la mais, já podendo ver a 'cabecinha' do membro. Mordi os lábios ao tirá-la por completo, e vendo o nullzinho ali, apontado para mim. O peguei com cuidado, como se fosse um troféu. Por um segundo achei que fosse olhar para cima e ver o null ali, sorrido para mim. Mas não, era o null mesmo.
Comecei a masturbá-lo lentamente, vendo null gemer baixinho.
Tortura é bom, né?
Ele entrelaçou suas mãos em meus cabelos, já anunciando o que queria. Levei minha boca até seu membro, passando a língua por toda a circunferência da cabeça. Desci a língua por toda a extensão do pênis, bem devagar, enquanto ele tentava aumentar meus movimentos. Comecei a sugá-lo, sentindo suas pernas contraírem cada vez que eu colocava mais força em meus movimentos.
- null... - null sussurrou, me puxando para cima. Pensei que eu fosse ficar no controle, mas ele usou sua força para me jogar na cama e se posicionar em cima de mim. Sua ereção bateu na minha intimidade e eu quase esqueci da camisinha. Senti null começar a beijar meu pescoço, e entre os beijos, perguntou onde encontraria uma. Apontei para a escrivaninha, e ele rapidamente a pegou. Ele colocou e nem deu tempo para que eu respirasse e me penetrou de uma vez só. Ofeguei, pois não esperava algo tão rápido assim.
null se movimentava bem devagar em cima de mim, cravei minha unha em seus ombros, enquanto ele aumentava os movimentos. Aos poucos, o ar começou a ser algo raro para mim, e meus gemidos tomaram conta do quarto. Bom, os dele também. null foi diminuindo os movimentos, fixando seus olhos nos meus. Ele não parava de me olhar e eu já estava sentindo minhas bochechas ferverem. Ele me beijou com fúria, aumentando de vez seus movimentos, me fazendo urrar de prazer em seu ouvido. Nossos gemidos altos entre bocas e repirações falhas tomaram conta do quarto. Cheguei ao ápice, sentindo aquele prazer gostoso tomar conta de mim, e pedi para ele ir mais rápido. Assim, logo ele deu o útimo urro de prazer, jogando o corpo em cima de mim. Nossas respirações foram se normalizando e levei minha mão em seu cabelo, sentindo-o todo úmido.
null se jogou ao meu lado, me puxando pela cintura e me dando um beijo na bochecha.
- Acho que eu preciso de um descanso! - ele disse rindo e eu levantei meu tronco, apoiando a cabeça em minha mão, o admirando. Eu finalmente tinha conseguido! E foi melhor do que eu esperava. - o que foi? - ele me olhou com a sobracelha arqueada, sorrindo sem graça.
- Nada, eu... Só estava pensando - a minha vontade era dizer que eu estava feliz por finalmente ter conseguido, mas eu não teria coragem para tanto.
- Vou ao banheiro e já venho deitar com você - ele piscou, levantando e indo até meu banheiro. Me deitei novamente na cama, refletindo. Eu tinha acabado de transar com null, um cara noivo, que amava sua companheira. Mas acho que eu não tinha que me preocupar com isso, afinal, o comprometido é ele e não eu. Se ele não se preocupou, eu não vou fazer isso, ainda mais sendo a null.
Um barulho estranho, uma música de rock tomou conta do quarto, fazendo meu corpo gelar de susto. null saiu correndo do banheiro e descobri que o tal barulho vinha do telefone celular dele.
- Alô? - ele sentou eufórico na cama, devido à correria. Oi, amor - fechei os olhos não acreditando no que eu estava ouvindo. - A-agora? Quê? Não, não, tudo bem, é que você não me avisou antes - acompanhei null com o olhar, vendo-o equilibrar o celular com o ombro e colocar a cueca e a calça. Mas que porra é essa? - Eu 'to na casa o null. Aham, eu já 'to indo. Mas por que você voltou hoje? Ah, surpresa é? Tudo bem, eu logo estou em casa. Não demoro, também te amo. Tchau - ele desligou o telefone indo até a sala e voltando com a camisa em mãos. - null, desculpa eu...
- Vai ter que ir embora por que a null chegou. Já sei, eu ouvi.
- null... - ele sentou na cama, me olhando com a maior cara de dó. Revirei os olhos, eu não precisava de ninguém sentindo dó de mim. - Eu não posso fazer nada, eu tenho que ir, me desculpa - ele se aproximou, me dando um beijo na testa. null saiu do quarto e em pouco tempo ouvi a porta da sala bater. Gritei de raiva, jogando minha almofada sem lugar certo para acertar e acabei derrubando um enfeite qualquer, mas que não quebrou.
A que era para ter sido uma das melhores noites, foi estragada pela mesma pessoa que vem me infernizando - mesmo sem querer - durante anos.
Ouvi meu celular vibrar em algum canto do quarto e me arrastei até ele.
'Nova mensagem de null'
Mas...
'Eu juro que vou te recompensar por isso. Boa noite.'
Bom mesmo, null null.
Capítulo 11
- Bom dia! - eu disse toda animada vendo null abrir a porta da casa dela de pijama e com a cara toda amassada.
- null - respondeu manhosa, coçando o olho. - Por que você está com roupas de ginástica, toda suada e... - ela olhou para algum lugar no canto da casa. - Às sete horas da manhã?
- Acordei disposta e fui caminhar. null está ai? - arqueei a sobrancelha, me lembrando que eu ainda estava do lado de fora de sua casa.
- Não, ele foi receber algum carregamento na loja, saiu faz pouco tempo. Você não quer entrar não?
- Carregamento no domingo? E ah, pensei que nunca fosse me convidar - sorri, a abraçando e recebendo uma cara de nojo. Menina fresca.
- É função do null fazer isso, mas ele não está aqui, então o null foi. Mas então... O que devo a honra de ter você em minha casa essa hora? - null sentou no sofá, cruzando as pernas e esperando o que eu tinha para falar. Claro que ela sabia que eu tinha alguma coisa para falar, senão eu não estaria na casa dela àquela hora. Abri o sorriso no mesmo instante, eu estava louca para contar.
- Ontem eu e o null finalmente... - acho que eu nem preciso terminar a frase.
- NÃO! - ela arregalou os olhos e fez uma cara de quem não acredita. - Não, não, você está de brincadeira comigo.
- Eu nunca ia brincar assim, é verdade!
- Mas como? Por quê? Que horas? ME FALA - ficou mais perto de mim, chacolhando minha perna.
- Não sei o porquê, acho que nem eu entendi direito por que! Minutos antes ele tinha falado para eu parar, e do nada ele tinha me agarrado dentro do elevador.
- ELEVADOR? Uou! Mas null, ele tem a null, e...
- Não fala esse nome - revirei os olhos, me jogando no sofá dela e deitando em seu colo. - Bem na hora em que íamos ficar deitados, juntinho, ela ligou e ele saiu às pressas.
- Que vaca! Mas conta tudo tudo, nos mínimos detalhes. Ok, não tudo exatamente.
Tive que resumir tudo para ela. Tudo bem que não foi tanto tempo assim, mas foi ótimo. E sobre null, eu não ia mais me preocupar. Eu não tinha por que, já que ele mesmo disse que vai me recompensar.
null me disse que a viagem dele passaria rápido, mas aquilo não era verdade. Aquelas três semanas demoraram tanto para passar, mas null estava para chegar. Poderia ser em dois dias ou mais, e eu estava ansiosa para contar para ele as novidades.
- null, as fotos chegaram e a empresa deu uma semana para a escolha dos modelos, portanto, você vai poder analisar com calma - Amber andava para lá e para cá na minha sala com um palmtop, e me informando sobre o que eu tinha que fazer. Eu não estava prestando muita atenção, estava alienada naquela segunda-feira. Efeitos do sábado à noite...
- Tudo bem, a hora que eu sair eu passo para pegar as fotos - olhei para o meu relógio, faltava uma hora para o meu horário acabar, e eu não tinha nada para fazer. Amber concordou e saiu.
'I used to be love drunk. But know I'm hangover...'
- Merda, onde 'ta meu celular? - ele tocava, tocava, mas eu não conseguia achar de onde vinha. O bom é que o toque de mensagem logo pararia de tocar. - Achei!
'Nova mensagem de null'
'Oi, querida... Estou com saudades de você! Está sobrevivendo bem sem mim?'
Peguei meu celular com um sorriso no rosto, virei minha cadeira de costas para a porta, para poder apoiar os pés em um negócio que nem eu sei o nome, e ficar confortável para conversar.
'Acho que aprendi a sobreviver sem você. Tenho coisas para contar...'
Muitas coisas.
'Ah, lógico que estou com saudades!'
'Nova mensagem de null'
'Hm, coisas? Bom saber que você está com saudades... Guarde para mais uns dois dias, daí nós juntamos a sua e a minha e transformamos em algo muito bom. O que acha?'
Dois dias?
'Poxa, null, é muito tempo. Essas três semanas já estão virando um mês! E ah, amei sua proposta...'
'Não vejo a hora de te dar um abraço... VEM LOGO!'
- Também quero te dar um abraço - ouvi a voz do null bem próxima de mim, e por uns segundos achei que vinha do celular.
- .toUpperCase())! - levantei rapidamente da cadeira, o abraçando.
- Hey, little null - me levantou no meio do abraço e rodou comigo. - Senti sua falta. - Eu também, null, mas se você não parar de me girar eu vou querer acabar vomitando em você, e acho que não é isso que quer, é? - null me soltou na hora e eu ri. - E então, como foi de viagem?
- Foi ótima, eu queria ter passeado mais, só que um dia eu volto como turista e te levo, ok? Mas eu conheci a Torre Eiffel! É muito linda, e eu trouxe presentes, muitos presentes para você e...
- null, calma, respira! - sorri, pegando-o pelo braço e o levando até o sofá.
- Tudo bem, estou um pouco afobado mesmo - ele parou e me olhou com a sobrancelha arqueada e um olhar malicioso - Então... Eu estou querendo matar a saudade - foi se aproximando e chegou bem perto do meu ouvido - que eu estou de você! - sussurrou. Senti null mordiscar minha orelha, fazendo meu corpo inteiro pedir por ele. null sempre foi um dos meu pontos fracos, e resistir a ele não estava na minha lista. Deixei sua boca procurar pela minha e o beijei com verocidade, sentindo sua língua brincar com a minha. null me puxou pela cintura, fazendo com que eu sentasse em seu colo, já sentindo sua excitação. Ele me beijava com mais calma, entrelaçando os dedos em meu cabelo. Coloquei as mãos em baixo de sua blusa, sentindo-o contrair o abdômen e rir. null tinha cócegas na barriga. Tirei sua camisa, jogando a mesma em qualquer lugar.
- null - sussurrei -, a porta.
- Eu já tranquei - disse sem tirar a boca da minha. null desabotou minha calça e eu fiz o mesmo com a dele, mas o barulho do telefone fixo do meu escritório fez com que eu parasse imediatamente de fazer o que estava fazendo. - Deixa tocar.. - falou manhoso, mas eu não dei muita atenção. Eu não iria atender, mas pelo menos ia deixar cair na caixa postal. Se fosse importante, deixariam uma mensagem. Eu acho.
'null, por que você não atende o celular e o telefone?' A voz do null ecoou pela sala, fazendo null revirar os olhos. Mas, por que eu não ouvira meu celular tocar? 'Você deve estar ocupada, portanto, assim, eu digo, ASSIM que ouvir isso me liga porque a null não quer me contar sobre sua noite com o null, você vai ter que fazer isso, ouviu? null riu 'Aposto que você está delirando até agora, mas eu tenho que ir, tchau.' Filho da mãe.
- É.. - olhei para null um pouco sem graça, e ele não tinha expressão nenhuma.
- Isso é verdade? - concordei com a cabeça e a expressão dele mudou para raiva e alguma outra coisa não muito boa. - Por que não me contou antes?
- Porque eu não tive tempo, você chegou e...
- Se eu soubesse, nem tinha começado! - remexeu-se embaixo de mim e eu entendi o aviso "sai de cima", vendo-o levantar. - Como o null disse, você deve estar delirando ainda, não é?
- null, por que você 'ta falando isso? - o olhei sem entender.
- Porque, finalmente, você teve sua grande noite e não duvido que comece a gritar pelo nome dele e não o meu mais! - null não gritava, mas seu tom não era nem um pouco calmo. Seu rosto estava vermelho e ele estava muito bravo. - Acho que agora que você tem o seu queridinho, não vai mais precisar do capacho aqui - pegou a blusa com raiva, destrancou a porta e saiu sem me deixar falar nada.
Uma onda de lágrima invadiu meus olhos, e eu não prendi o choro. Era só o que me faltava, o null com ciúmes do null. Me virei no sofá e encontrei o maldito do celular espatifado no chão, o que deve ter acontecido a hora que eu fui abraçar o null.
Depois que ele saiu puto do meu escritório, não tive cabeça para mais nada e resolvi ir para casa mais cedo. Voltei a bateria do meu celular no lugar, e liguei para a casa da null, eu precisava dela.
- Alô? - reconheci a voz de null.
- null? É a null. A null está?
- Oi, null, ela 'ta trabalhando. Aconteceu alguma coisa? - ele parecia preocupado, deve ter percebido a tristeza na minha voz.
- Não, eu só queria falar com ela. Bom, na verdade aconteceu - limpei uma lágrima que escorreu pelo meu rosto.
- Onde você 'ta? Eu vou te encontrar e aí você me conta o que houve.
- Estou indo para casa, vai direto para lá.
- Ok, estou indo já - Ouvi um barulho de algo caindo do outro lado da linha e ri baixinho.
- Te vejo lá.
Cheguei ao meu prédio e null já estava lá.
- E então, o que houve? - ele se sentou no sofá ao meu lado, enquanto eu respirava fundo e começava a contar tudo desde minha noite com null até a cena no escritório. - null, você não tem que chorar nem nada. O null deve estar com ciúmes de amigo, você o conhece - null revirou os olhos e riu.
- Eu sei que eu sou uma chorona, mas o null não tinha que falar daquele jeito comigo. Ele foi grosso - fiz bico, pegando a almofada e a abraçando. - null, eu fico pensando se eu fiz certo em ter ficado com null.
- Por quê?
- Porque ele tem namorada!
- null não soma nada na minha vida, acho que na sua também não. Eu apenas aprendi a conviver com ela, eu não me importo muito com isso - deu um gole no whisky que bebia. - E aliás, quem está errado é o null, o que é comprometido é ele e não você - as coisas são tão fáceis para o null. - Acho que você não devia ligar para ele nem nada, deixe-o vir, deixe-o correr atrás de você.
- null, você está me incentivando a ser amante, grande amigo - fingi estar surpresa e ele riu, me dando um tapa.
- Eu sei que você gosta dessa idéia, não minta para mim - eu ri junto com null. - Mas falando sério agora, você correu atrás dele durante anos, agora é a vez dele. Deixe-o louco a ponto de te querer todo dia e então, have fun - ergueu as mãos e fez uma dancinha estranha. - Pensa no que eu te falei, ok? Tenho que ir buscar a null no trabalho agora.
- Obrigada por me ouvir, null - dei um beijo em sua bochecha e o levei até a porta, logo me jgando de volta no sofá. Fiquei pensando sobre o que o null tinha falado. Deixa null vir atrás de mim (se ele quiser), era a melhor coisa a fazer. Mas eu não podia sair com null e com null, eu já estou me sentindo a maior puta da história! Mas é tão difícil para mim viver sem aqueles dois...
Meu momento de reflexão acabou assim que a campainha tocou.
Abri a porta e um ser estava parado, com o rosto tampado, com um buquê de flores. Arqueei a sobrancelha, o porteiro nunca deixaria alguém estranho entrar sem avisar. Baixei meu olhar para os pés da pessoa, um Adidas branco, com umas listras laterais, já um pouco gasto de tanto usar...
- null? - perguntei, mas eu tinha certeza que era.
- Como você descobriu? - ele tirou as flores do rosto e revirou os olhos, me olhando.
- Seu tênis, acho que ele já se acostumou bem com seu pé, não é? E eu também! - cruzei os braços. - Como entrou aqui?
- Você esqueceu que eu sou uma das pessoas permitidas de entrar aqui? Você mesma fez aquela listinha para o porteiro...
- Mas hoje eu não estou afim - virei-me de costas e fui até o sofá, me esparramando por lá.
- null! - ele me seguiu e parou na minha frente. - Você está brava comigo?
- O que você acha? - peguei um gibi qualquer na minha grande coleção e comecei a folhar. Ele sentou-se ao meu lado, bufando. Típico dele.
- null null, isso é inacreditável! - ele emburrou e eu senti uma vontade enorme de rir, mas logo veio a vontade de chorar. E eu o fiz. - O que eu disse? O que eu fiz agora? null! - joguei o gibi no chão e tampei meu rosto com a almofada. Maldita raiva. Maldita sensibilidade.
- Você me maltratou, foi grosso comigo, foi injusto - eu dizia com a voz abafada por causa da almofada e embargada pelo choro.
- Hey - ele me puxou pelo braço, me abraçado. - Me desculpa, eu não fiz por mal, eu...
- Mas por que fez? - o olhei, tentando controlar as lágrimas que caíam, mas eu estava chorando muito.
- Por-porque eu, eu não sei, eu estava estressado por causa da viagem longa, e descontei em você. Me desculpa, por favor - null fechou os olhos e quando os abriu, vi que lágrimas se formavam neles também.
- Eu não tenho culpa dos seus problemas, eu te entendo, mas o que você falou foi grosseiro demais, como se tivesse te feito muito mal eu ter tido uma noite com o null, sendo que você sempre tentou me ajudar com isso, sempre conversou sobre isso comigo, nunca foi um problema para você - abaixei os olhos, olhando para minha mão entrelaçada na dele. Eu nem tinha percebido. - Foi uma noite, null, e ele foi correndo para null, eu não sou nada para ele - respirei fundo e engoli o restante do choro.
- Desculpa, desculpa... - sussurrou, fungando, e apoiou a cabeça em meu ombro. - Minha linda - ele voltou a me olhar e sorriu, dando um beijo na minha testa. - Vem - ele levantou -, você está morrendo de sono, vou cantar umas músicas de ninar para você dormir.
- null! - sorri sem graça, pegando na mão dele. - Não preciso de músicas de ninar, mas eu aceito se me fizer companhia no sono.
- Então vamos fazer isso direito - null passou o braço embaixo da minha perna e dos meus braços, me carregando até o quarto. Eu já estava de pijama, então era só dormir. null me colocou na cama, deitou-se ao meu lado, me dando um beijo no pescoço.
- Boa noite, linda.
Capítulo 12
(Coloquem para carregar: Nelly Furtado feat. Timbaland - Promiscuous)
- Martini.
- Bloody Mary.
- Sex on the Beach.
- Ah, duas cervejas mesmo, nada dessas frescuras! - null disse e null o reprovou com o olhar.
- Eu quero um Blue Lagoon - null sorriu, colocando o cardápio na mesa, sorrindo para null. - Hm, o casal do ano chegou e parece muito bem - ela falou, na verdade eu tive que ler o que ela disse, e olhei para trás, vendo null e null virem até a gente, sorrindo abobalhados.
- Olá... - null foi a primeira a se aproximar, dando altos risinhos. Eu sorri falsamente e ela me abraçou.
Querida.
Duas mesas foram juntadas: ao meu lado tinha espaço para null. Do outro, null sentou; logo, null. Do outro lado, null, null, null e Rachel (sim, Rachel), e pelo o que eu fiquei sabendo, dois amigos dos meninos viriam também.
- Nossa, null, o que devemos a honra de sua alegria? Isso está me contagiando! - null disse rindo, e me olhando de canto de olho. Eu sei, ele faz de propósito.
- Eu e o null estamos planejando uma viagem, quando ele tirar férias. Pode ser que demore um pouquinho, mas vamos começar a planejar, para sair tudo perfeito - ela sorriu ainda mais, abraçando null pela barriga, dando um beijo em seu rosto. - Quem sabe essa viagem já não é nossa lua de mel?! - eu tossi de leve, e por sorte, a voz de null interrompeu qualquer outros planos do casal mor, que a queridinha estava falando. Casar? Eu ouvi bem?
- Stephan e Lucca, essa é a null, a mulher da minha vida - null sorriu, me dando a mão para que eu levantasse, e me abraçou pela cintura.
- Sem exageros, null querido - sorri sem graça, cumprimentando os dois. Mas voltando a atenção para null. O que dizer sobre uma camisa branca com três botões abertos, um cabelo todo bagunçado e olhos tão marcantes? Ai, null.
Depois de um bom tempo de conversa, muita bebida e muito aperitivo, senti minha bexiga protestar por um banheiro.
- Já volto, vou ao banheiro - levantei, pegando minha bolsa. Tenho que confessar que o banheiro daquele restaurante fica longe, e em um lugar mal iluminado. Acho que deve ser uma estratégia para casais. Um pseudomotel, será? Ok, null, cala sua boca.
null’s P.O.V.
- Amor, acho que esqueci meu celular no carro. Minha mãe ficou de ligar para dar notícia do meu primo que estava doente - sussurrei no ouvido da minha namorada, vendo sua expressão de dúvida. Primo, null? Que primo?
- Primo, amor? Você não me disse nada.
- É, acho que eu esqueci. Mas um primo meu está muito doente e minha mãe ia me ligar se precisasse de algo. Você conhece minha mãe, né? Tem que avisar a família inteira... - null concordou, me levantei e saí sob o olhar do null.
Saí pela primeira porta do restaurante, sentindo o vento gelado bater no meu rosto. Mas logo o ar quente do estabelecimento voltou à tona, quando entrei pela outra porta, que ninguém da minha mesa me veria entrar.
Caminhei calmamente até o banheiro. Por sorte, null estava parada em frente ao masculino, toda destrambelhada, mexendo na bolsa.
- null, o que é isso? 'Ta louco? - empurrei null banheiro adentro, dando um susto nela, a deixando com a cara toda vermelha de raiva. Um música qualquer saía das caixinhas de som embutidas por todo local. Pois é, banheiro moderno.
- Desculpa, nullzinha, eu te assustei? - me aproximei dela, deixando-a contra a parede.
- O que você quer? Se não percebeu, eu estou no banheiro masculino! - ela falou um pouco mais alterada e eu a prendi com meus dois braços, um em cada lado de seu corpo.
- Eu quero você... - sussurrei em seu ouvido, sentindo-a arrepiar e suspirar. - E quanto ao banheiro, você sabe, homens não necessitam tanto assim ir a um.
- O que é? Sua namoradinha não 'ta dando conta do recado, é? - ela riu sarcástica, tentando tirar meus braços que a prendiam, mas ela não conseguia força suficiente para isso. - Me solta, null!
- Sabe, ela até dá conta sim, mas ela não é você, e é você quem eu quero agora - fitei seus olhos, que lutavam para resistir, mas ela não ia. Não ia.
Comecei a morder seu lóbulo, sentindo seus suspiros em meus rosto. Fui beijando sua bochecha, queixo, pescoço, busto... E aos poucos, senti null relaxar e parar de tentar resistir.
(N/A: coloquem a música pra tocar!)
N: Do I turn you off?
(Estou fazendo você perder esperança?)
T: Nope
(De maneira alguma)
N: Didn’t think so
(Bem que eu imaginava)
Suas mãos entrelaçaram meu cabelo, me puxando mais contra seu corpo. Minha boca procurou pela dela com fúria, e a beijei como se fosse a última coisa que eu faria na vida.
T: How you doin’ young lady
(Como você está mocinha?)
That feelin’ that you givin’ really drives me crazy
(Aquela vibração que você está dando está me enlouquecendo)
You don’t haveta play about the joke
(Você não tem que brincar sobre piadas)
I was at a loss of words first time that we spoke
(Eu estava sem palavras desde a primeira vez que falamos)
Voltei minha atenção novamente para seu busto, desabotoando sua camisa, deixando um sutiã preto, com alça de alguma pedrinha com nome difícil. Muito sexy. Lambi de leve ali, eu não podia demorar muito, afinal eu estava em um banheiro, minha namorada estava na mesa me esperando, e alguém poderia entrar a qualquer momento.
Mas pensando bem, quem se importa? Se eu tinha a null ao meu lado, eu queria era que o mundo explodisse!
N: Looking for a girl that’ll treat you right
(Se você está procurando uma garota que te trate bem)
You lookin’ for her in the day time with the light
(Você está à procura dela durante o dia com a luz)
T: You might be the type if i play my cards right
( Você pode fazer meu tipo, se eu jogar minhas cartas bem)
I'll find out by the end of the night
(Eu vou descobrir até o final da noite)
Puxei null pela cintura, que pulou e cruzou as pernas em volta da minha, sentindo sua respiração acelerada bater em meu rosto. Caminhei assim até a cabine mais perto - que por sorte era a maior. Voltei a colocá-la no chão, prensando-a contra a parede, fazendo com que ela arfasse.
null foi rápida, e começou a desabotoar minha calça e a tirar minha blusa. Não demorei muito para desabotoar sua camisa e seu sutiã. Logo, estávamos apenas de calcinha - ela - e cueca - eu.
N: You expect me to just let you hit it
(Você espera de mim que eu seja "fácil"?)
But will you still respect me if you get it
(Mas será que vai me respeitar depois de ter o que quer?)
T: All i can do is try, gimme one chance
(Tudo que eu posso fazer é tentar, me dá um chance)
What’s the problem i don’t see no ring on your hand
(Qual é o problema? Não vejo nenhum anel em sua mão)
I be the first to admit it,
(Eu sou o primeiro a admitir)
I’m curious about you, you seem so innocent
(Estou curioso sobre você, que parece tão inocente...)
N: You wanna get in my world, get lost in it
(Você quer entrar em meu mundo? Se perder?)
Boy i’m tired of running, lets walk for a minute
(Garoto, estou cansada de correr, vamos andar por um minuto)
Parei de beijá-la por um segundo, e quando abri os olhos, ela já não estava na minha frente, e sim agachada, abaixando minha cueca, pegando meu membro. Senti sua boca lambê-lo de leve, e engoli seco. Porra, eu não esperava aquilo! null começou a sugá-lo com força, senti meu corpo inteiro contrair e pedir mais por aquilo. Aos poucos ela foi parando, e voltou a ficar de pé, me beijando de leve. Novamente a joguei contra a parede, vendo-a protestar porque estava gelada. Mas nem me importei muito com isso, apenas a penetrei devagar, encostando minha testa na sua, ouvindo-a gemer baixinho.
T: Promiscuous girl
(Menina Promiscua)
Wherever you are
(Aonde quer que esteja)
I’m all alone
(Eu estou sozinho)
And it's you that I want
(E é você quem eu desejo)
N: Promiscuous boy
(Menino Promiscuo)
You already know
(Você já sabe)
That i’m all yours
(Que sou toda sua)
What you waiting for?
(O que está esperando?)
T: Promiscuous girl
(Menina Promiscua)
You're teasing me
(Você está me pirraçando)
You know what I want
(Você sabe o que quero)
And I got what you need
(E eu tenho o que você precisa)
N: Promiscuous boy
(Menino Promiscuo)
Let's get to the point
(Vamos ir direto ao assunto)
Cause we're on a roll
(Porque estamos enrolando)
Are you ready?
(Você está pronto?)
Comecei a me movimentar em sintonia com seu corpo, ouvindo seus gemidos aumentarem conforme eu aumentava meu ritmo. Por sorte, ninguém resolveu ir ao banheiro.
Ri da música que tocava e percebi que ela também achou graça naquilo. null começou a puxar meu cabelo com força, e eu sentia que a qualquer momento poderia cair da prazer, devido a posição que estávamos.
Nossos corpos já estava completamente suados, e nosso estado era deplorável para quem teria que atravessar um restaurante todo.
N: Roses are red
(Rosas são vermelhas)
Some diamonds are blue
(Alguns diamantes são azuis)
Chivalry is dead
(Cavalheirismo está morto)
But you're still kinda cute
(Mais ainda assim você é bonitinho.)
T: Hey! I can't keep my mind off you
(Ei! Não consigo ficar sem pensar em você)
Where you at, do you mind if I come through
(Com quem você está, se importa se eu interferir?)
N: I’m out of this world come with me to my planet
(Estou fora deste mundo, venha comigo para o meu planeta)
Get you on my level do you think that you can handle it?
(Trazer você em meu nível, acha que consegue agüentar?)
T: They call me Thomas
(Eles me chamam de Thomas)
Last name crown
(Sobrenome Crown)
Recognize game
(Reconheço o jogo)
I'm a lay mine's down
(Diante de um grande prêmio)
N: I'm a big girl
(Sou uma grande menina)
I can handle myself
(Eu sei me cuidar)
But if i get lonely i’ma need your help
(Mas se eu ficar sozinha vou precisar da sua ajuda)
Pay attention to me i don't talk for my health
(Preste atenção! Não falo da minha saúde.)
T: I want you on my team
(Quero você em meu time)
N: So does everybody else.
(Todo mundo quer)
T:Baby we can keep it on the low
(Baby, podemos ficar sem se expor)
Let your guard down ain’t nobody gotta know
(Abaixe sua guarda, ninguém precisa ficar sabendo)
If you with it girl i know a place we can go
(Se você está nessa, garota, eu sei de um lugar que podemos ir)
N: What kind of girl do you take me for?
(Que tipo de garota você acha que eu sou?)
- null... - ela disse com a voz falha e senti seu corpo relaxar sobre o meu. Entendi o recado, aumentando mais meus movimentos. Em pouco tempo, senti o prazer tão bom que se sente quando se transa. Aos poucos, fui parando os movimentos, tentando ficar de pé. Minha perna estava mole e adormecida, mas valera a pena. A única coisa ruim de tudo é ter que fazer as coisas com pressa. Eu odeio isso.
T: Promiscuous girl
(Menina Promiscua)
Wherever you are
(Aonde quer que esteja)
I’m all alone
(Eu estou sozinho)
And it's you that I want
(E é você quem eu desejo)
N: Promiscuous boy
(Menino Promiscuo)
You already know
(Você já sabe)
That i’m all yours
(Que sou toda sua)
What you waiting for?
(O que está esperando?)
T: Promiscuous girl
(Menina Promiscua)
You're teasing me
(Você está me pirraçando)
You know what I want
(Você sabe o que quero)
And I got what you need
(E eu tenho o que você precisa)
N: Promiscuous boy
(Menino Promiscuo)
Let's get to the point
(Vamos ir direto ao assunto)
Cause we're on a roll
(Porque estamos enrolando)
Are you ready?
(Você está pronto?)
T: Don't be mad, don't get mean
(Não seja brava, não fique malvada)
N: Don't get mad, don't be mean
(Não fique bravo, não seja malvado)
T: Hey! don't be mad, don't get mean
(Ei! Não seja brava, não fique malvada)
N: Don't get mad, don't be mean
(Não fique bravo, não seja malvado)
T: Wait! i don't mean no harm
(Espere! Eu não quero lhe fazer mal)
I can see you with my t-shirt on
(Eu posso te ver vestida com a minha camisa)
N: I can see you with nothing on
(Eu posso te ver sem roupa)
Feeling on me before you bring that on
(Me tocando antes de você chegar lá)
T: Bring that on?
(Chegar lá?)
N: You know what i mean
(Você sabe o que eu quis dizer)
T: Girl, i’m a freak you shouldn't say those things
(Menina, eu sou maluco, você não deveria dizer essas coisas)
N: I’m only trying to get inside your brain
(Estou apenas tentando entrar na sua cabeça)
To see if you can work me the way you say
(Ver se você pode mexer comigo do jeito que diz)
T: It's okay, it's alright
(Tá tudo bem, tudo tranqüilo)
I got something that you gon' like
(Tenho uma coisa que você vai gostar)
N: Hey is that the truth or are you talking trash
(Ei! É verdade ou está conversando merda?)
Is your game M.V.P. like steve nash
(Seu jogo é M.V.P igual Steve Nash?)
- Eu sei que essa não é a melhor maneira de compensar alguém, mas acho que metade da minha promessa está cumprida, não?
- Tenho certeza que qualquer lugar que você me levasse compensaria - ela disse e subtamente vi sua bochecha avermelhar.
- Melhor não começar a me acostumar mal... - me aproximei dela. - Senão vou querer te compensar todos os dias. Mordi de leve sua bochecha e senti uma vontade enorme de estar na minha casa, de deitar na minha cama, com ela ao meu lado. Apenas ela.
T: Promiscuous girl
(Menina Promiscua)
Wherever you are
(Aonde quer que esteja)
I’m all alone
(Eu estou sozinho)
And its you that I want
(E é você quem eu desejo)
N: Promiscuous boy
(Menino Promiscuo)
I'm calling your name
(Estou chamando você)
But you're driving me crazy
(Está me deixando louca)
The way you're making me wait
(Com toda essa espera)
T: Promiscuous girl
(Menina Promiscua)
You're teasing me
(Você está me provocando)
You know what I want
(Você sabe o que quero)
And i got what you need
(E eu tenho o que você precisa)
N: Promiscuous boy
(Menino Promiscuo)
We're one in the same
(Estamos um a um)
So we don't gotta play games no more
(Então não precisamos mais fazer joguinhos)
Nós trocamos de roupa, nos arrumados da melhor forma possível e saímos juntos do banheiro. Tenho que dizer que se demorássemos mais um pouco, um cara nos pegaria no ato.
- null, onde você vai? - null disse, me vendo ir até o outro lado do restaurante.
- Fui pegar meu celular no carro - pisquei para ela, saindo. Dei um tempinho lá fora, vendo o movimento do local - dois minutos no máximo - e voltei.
- Demorou hein, null?! - null foi o primeiro a dizer alguma coisa ao me ver. Claro que ia ser o null, aposto que ele entendeu o que aconteceu e queria estar no meu lugar. Eu sei, ele é meu melhor amigo, mas essa é a verdade. Eu não sou um filho da puta, nem nada, afinal, ele não gosta dela, como ele mesmo diz.
- Esses caras incompetentes que não sabiam onde colocaram a chave do meu carro depois que estacionaram, vê se pode! - fingi estar irritado e me sentei, ouvindo uma risada baixa, vinda de null. Meu corpo protestou pelo dela, quando senti sua perna roçar na minha e de repente sua mão tocar minha coxa.
Ah, se eu não soubesse controlar meus impulsos...
Eu não sabia onde essa minha história com a null ia parar, mas uma coisa eu tinha certeza: eu estava completamente morrendo de desejo por ela.
Capítulo 13
'Quero você linda e cheirosa, te pego às 23h. null.'
- Quem é? - null desviou a atenção da televisão e se inclinou para ver meu celular, mas eu já tinha fechado o flip antes.
- null - sorri de lado, jogando o aparelho no sofá.
- null, é? O que ele queria?
- Disse que vai me pegar às 23h - dei de ombros e deitei em seu colo. Eu não sabia por que null me buscaria e para onde iria me levar.
- Huum, comemoração de aniversário? - ela sorriu maliciosa, voltando a mudar os canais, em vão, pois ela parecia não achar nenhum bom. - Ah, null, não faz cara feia, fazer aniversário é tão bom!
- Não gosto muito da ideia - eu não sabia muito bem por que eu não curtia esse negócio de aniversário. Não era por que nunca tive uma festa de criança ou por nunca ter ganhado aquela boneca que todos tinham, nada disso, o pior de fazer aniversário era ficar a cada dia mais velha. - E meu aniversário é amanhã, então...
- null, não vai me dizer que de novo você 'ta encanada com esse negócio de idade? - null rolou os olhos e eu ri. - E ah, ele vai te buscar uma hora antes do seu aniversário, alguma coisa ele 'ta aprontando.
- Não é encanação! Eu vou fazer vinte e três anos! Estou ficando velha, olha bem para as minhas rugas! - levantei o olhar para ela, fazendo careta.
- null null! Cadê aquela pessoa que queria tanto fazer dezoito anos? Agora que está fazendo vinte e três, quer voltar a ter o quê, quinze?
- Não é isso, eu só não quero ficar velha! Mas chega de falar sobre isso, vamos falar sobre qualquer outra coisa.
- Não vamos falar, vamos fazer! Já são - ela olhou no relógio - mais de sete horas, você vai tomar um banho bem relaxante, eu vou separar a sua roupa e vou te deixar linda.
- E cheirosa, não esquece.
- Pronto, você está linda e dez minutos adiantada! - olhei null pelo reflexo do espelho e sorri. Analisei minha roupa e minha maquiagem. É, null tinha feito um bom trabalho. Meu celular vibrou em cima da pia, logo dando uma chamada perdida do null.
- Promete que vai ficar bem? E me desculpa por falar que você podia ficar aqui e eu acabar saindo - fiz bico, estendendo os braços para a null.
- Prometo!
- Boa noite, null - dei um beijo na bochecha dela e desci para encontrar null. Ele estava parado do lado de fora do carro, me esperando. Quando me viu, abriu um sorriso.
- Oi, null. Você 'ta linda - ele me abraçou e pude sentir o cheiro do perfume que eu tanto amava.
- Você também está, e muito cheiroso também - sorri e ia abrir a porta do carro quando ele o fez primeiro. Cavalheiro. - Obrigada.
null deu a volta, logo entrando no veículo, o ligando. Liguei o rádio e tocava alguma música da Katy Perry.
- E então, onde vamos?
- Surpresa - null olhou com uma cara sapeca e eu fiz bico.
- Ahhh null, me diz para onde você vai me levar. Odeio ficar curiosa.
- Não, vai ficar curiosa. Não estrague minha surpresa.
- Você vai me levar para um restaurante italiano? - ele fez que não com a cabeça. - Chinês? Fast food? Sex shop? Motel? Me diz, por favor - ele riu da minha cara e aumentou o rádio, começando a cantar.
- Pára de tentar acertar. É surpresa, e daqui a pouco a gente chega - ele pegou minha mão e fez carinho. Sorri com isso.
- Seu chato! - entrelacei nossas mãos enquanto ouvia "2 Am", das The Saturdays, tocar. Mudei rapidamente de estação, fazendo null me olhar com a sobrancelha erguida. - Essa música é muito deprimente.
Continuamos por uns dez minutos quando null estacionou no acostamento.
- Você vai abusar de mim aqui, null? - ri, olhando pela janela, vendo poucos carros passando.
- Não, vou te vendar - sorriu e eu arregalei meus olhos.
- Não vai não. Quem te deu esse direito?
- null, meu amor, não estrague a surpresa,ok? Prometo que quando a gente chegar, te recompenso - me deu um selinho e amarrou a venda em meus olhos. null idiota. Odeio surpresas. O senti se afastando e retomando o caminho para o tão secreto local.
null estacionou o carro em algum lugar, dando boa noite a alguém, que abriu a porta para ele. Ouvi a porta do motorista fechar e a minha abriu logo em seguida. null pegou em minha mão, me guiando para onde quer que ele fosse me levar.
- Boa noite - o ouvi dizer e fiquei em dúvida se eu respondia ou não. - Tenho uma reserva no nome de null null. Fiquei um pouco confusa com toda a conversa que ele estava tendo com alguém, mas deixei que ele resolvesse mostrar.
null terminou de conversar e me pegou pela mão, de novo, me conduzindo.
- Estamos quase chegando, null! - disse todo feliz, me abraçando. Encostei minha cabeça em seu peito, esperando o elevador subir.
Sim, aquilo era um elevador, tinha que ser.
null começou a cantar uma música e eu o acompanhei, já que para mim tudo estava escuro e aquela faixa preta já estava me dando coceira.
- Chegamos. E bem na hora! - ele exclamou quando o elevador parou, e logo ouvi barulho de chave e uma porta abriu. null me conduziu para dentro do lugar, e o barulho de chaves voltou.
Imaginei que estávamos em um hotel, mas não falaria nada para não estragar a surpresa, caso fosse mesmo. Caminhei até um lugar onde podia sentir uma claridade bater em meus olhos, mesmo cobertos. null parou atrás de mim, começando a fazer uma contagem regressiva no meu ouvido.
- Parabéns, null... - tirou a venda dos meus olhos, me deixando de frente para a vista mais bonita que eu tinha presenciado. Como eu havia imaginado, nós estávamos em um hotel, com grandes janelas de vidro. A London Eye reluzia à minha frente, e a lua cheia refletia no Rio Tamisa, deixando a paisagem ainda mais bonita.
- É tão lindo... - disse sorrindo, me virando e encontrando um null parado, me olhando. - O que foi?
- Nada, só estou pensando... vinte e três anos já, você está ficando...
- Não diga velha!
- Eu ia dizer madura - ele arqueou a sobrancelha, cruzando os braços. - Você não está com essa encanação de idade de novo, não é?
- Não...
- Está sim, null, e isso não é legal - ele negou com a cabeça. - Tem que ser igual a mim, apenas aproveitar.
- É, mas você não tem estrias e celulites! E até rugas! - cruzei os braços, fazendo bico. Eu ainda estava digerindo meus vinte e três anos. null descruzou os braço e caminhou em minha direção, me abraçando.
- Pelo menos os seus peitos não são flácidos... - ele sussurrou em meu ouvido.
- .toUpperCase())!
- Ok, não resisti a isso. Olha... - ele me fitou, bem de perto. - Você é linda do jeito que é. Com estrias, celulite, qualquer frescura dessas aí... e parabéns de novo! - null se aproximou, e por impulso, já deixei me levar por ele. Sua boca encostou de leve na minha, começando a me beijar calmamente, senti sua língua pedir passagem e eu cedi, deixando que a dele encontrasse com a minha.
null foi me conduzindo para a grande cama, que ficava num lugar mais 'reservado' do quarto, me deitando delicadamente sobre ela. Ele parou de me beijar. Me olhava novamente, e tirava os sapatos que usava. Logo, os meus fizeram companhia aos dele. Ele subiu um pouco o corpo, começando a descer meu shorts e minha meia calça. Sorri de lado, sentindo um ar gelado bater nas minhas pernas e, consequentemente, com os toques dele, meus pêlos arrepiarem.
null começou a beijar meu tornozelo e subir, me beijando, até chegar no meu umbigo. Senti leves cócegas cada vez que sua boca ia de encontro com a minha pele, e dava pequenas risadas, tirando algumas dele também.
Ele começou a desabotoar minha camisa, e a cada vez que ele fazia isso, me dava um beijo. Decidi apressar as coisas um pouco, começando a abrir a dele também.
Quando ele terminou de desabotoar a minha, o ajudei a tirar a dele, e o puxei pela nunca, sentindo seu peito se encostar ao meu, ainda coberto pelo sutiã. Sua boca voltou a encontrar com a minha, mas com mais voracidade, vontade e malícia. Enquanto me beijava, null desabotoou a calça, e eu o ajudei a tirá-la, revelando uma boxer extremamente sexy e vermelha.
Ele voltou a descer os beijos pelo meu busto, chegando em meu seio, lambendo ali de leve, depois sugando com força, fazendo com que ele ficasse totalmente eriçado. Enquanto massageava o outro com a mão, ele continuou distribuindo beijos pela barriga, parando quando chegou em minha calcinha, pegando-a pelas laterais e a descendo devagar. null se aproximou da minha intimidade, e senti um arrepio percorrer meu corpo inteiro quando sua língua me tocou no lugar certo. Ele começou a fazer movimentos circulares, e senti meu coração acelerar e gelar com aquilo. Entrelacei meus dedos em seus cabelos, os puxando de leve, e movimentando meu quadril para ajudá-lo. Aos poucos, o prazer foi tomando conta de mim, mas eu sabia que null não me deixaria chegar no ápice. Meu gemidos começaram a aparecer e a respiração já estava falha, senti minhas pernas amolecerem, mas ele parou na mesma hora. Respirei fundo e enquanto eu me normalizava, null pegou algo em sua carteira, e logo voltou a me beijar. Isso porque eu nem tinha me normalizado ainda.
Ele parou de me beijar, entregando-me a camisinha. Não demorei muito, ajudando-o a colocar. Senti-o me penetrar com tudo, me fazendo perder até o sentido, de tão rápido que foi.
null voltou a me beijar enquanto nossos corpos se movimentava num ritmo só, fazendo com que eu sentisse o coração acelerar e a respiração falhar de novo. Aos poucos, nossos gemidos foram aumentando e tomando conta do quarto, nossas respirações estavam completamente falhas, e eu podia sentir que meu coração ia explodir a qualquer momento.
Cheguei ao ápice. Nem um minuto depois, senti null desmontar em cima de mim e se jogar para o lado, respirando fundo.
- Você 'ta com fome? - ele disse e eu comecei a rir, me virando de lado e deitando em seu peito, que subia e descia normalmente agora.
- É isso que você fala depois? - ele riu. - Não, não estou com fome e você?
- Também não, mas estou com sede, você quer uma cerveja, água...? Acho que tem no frigobar... - falou e eu concordei que ele me pegasse qualquer coisa. Era impressão minha ou null estava nervoso, ou ansioso? Não sei, mas alguma coisa ele estava. Enquanto ele foi pegar algo para bebermos, fui até o banheiro. Quando voltei, null já estava sentado na cama, com uma latinha de cerveja e uma água em mãos. Peguei sua camisa e minha calcinha, vestindo-as e sentando ao seu lado, pegando a água. eriçado
- Eu ainda tenho que te dar seu presente, mas eu o esqueci em casa - ele disse, quebrando o silêncio e tomando um grande gole da cerveja.
- Outro? Pensei que esse fosse o presente - sorri, tomando um gole da minha água.
- Aham, mas é outra coisa, outra surpresa, nem adianta ficar excitadinha - disse malicioso, bebendo mais um gole da cerveja e derrubando um pouco em cima de seu ombro, começando a escorrer. - Droga!
- CALMA! - eu disse antes que ele limpasse. Lambi vagarosamente, tentando ser sexy, a parte que estava escorrendo, até chegar em seu ombro, e chupei de verdade, deixando o local vermelho.
- AH, é assim? - ele me olhou com um olhar maligno, deixando a cerveja de lado, pegando a água da minha mão (colocando-a de lado também). Ele me pegou pela cintura, me prendendo entre suas pernas e me deitando sobre a cama. - Agora você vai ver! - null se aproximou, e como eu não tinha abotoado a camisa inteira, ele apenas ergueu a parte de cima e deixou um chupão em meu peito.
- Desgraçado! - comecei a rir e olhei a marquinha, que estava totalmente roxa. - Isso nunca mais vai sair.
- Lógico que vai tonta, relaxa - ele deitou ao meu lado e entrelaçou nossas pernas. Uma de suas mãos entrelaçou em meu cabelo, fazendo com que eu olhasse e o encarasse no olhos.
- Eu te amo, sabia?
- Eu também te amo, null.
null parou e respirou fundo, fechando os olhos com força e voltando a ficar sentando, visivelmente nervoso com algo.
- Não, null, eu não te amo como um amigo ama uma amiga, eu te amo como um homem ama uma mulher.
- Mas...
- Não, não fala, me deixe falar, por favor - concordei com a cabeça e fiquei em silêncio, apenas ouvindo. - null, quando nós começamos a nos envolver, lá na época da escola, eu prometi que eu não iria me apaixonar, que o que nós iríamos ter era um relacionamento de amigos, que de vez em quando fica com aquela vontade de se curtir, de sair um pouco, mas não de namorar, de ser algo mais sério. Mas de uns tempos para cá, não consegui evitar isso, e quando você veio me contar sobre null, me vi possesso, com ciúme do meu melhor amigo. Me senti um nada, e por mais que eu sempre te apoiasse nessa sua obsessão maluca por ele, no fundo, eu nunca quis que isso acontecesse. Eu não posso mais ficar assim, te tendo por acaso, sabendo que você pode estar com null, ou algum outro amigo. Eu não posso, eu quero você só para mim. Quero que você seja minha, apenas minha, sem null, sem ninguém. Apenas eu e você - null não me encarou em nenhum momento para falar tudo aquilo, e eu estava demorando muito para processar cada palavra.
- O que...
- Eu quero que você seja minha, só minha. null, namora comigo?
Capítulo 13 - Parte 2
- null! - null me pegou pelo ombro e me chacoalhou. Minha cabeça estava toda bagunçada com tudo que ele havia me falado. Saí do transe que todas aquelas palavras me causaram, e fitei-o confusa.
- E-eu não posso, null, não, eu não posso - eu disse mais para mim do que para ele.
- Por que não? Me diz... Por que é tão difícil para você ficar só comigo! - null estava com a voz diferente. Olhei para ele novamente e vi que seus olhos estavam cheios de lágrimas.
- Porque eu não sou capaz de escolher entre você e ele - fechei os olhos. Encará-lo era muito difícil. - Eu não posso - sussurrei, mas sei que ele ouviu.
- Você não me ama, não é?
- Lógico que eu amo, mas, não, não sei. null, pára! - quanto mais ele falava, mais eu ficava confusa, e mais eu não sabia o que falava.
- Você não me quer - null abaixou o olhar e respirou fundo, começando a chorar.
- Desculpe, null, mas eu sou incapaz de escolher um só, eu posso parecer a maior puta do mundo, mas eu não consigo, é mais forte do que eu, me desculpe.
- E-eu - ele levantou, ficando de pé na beira da cama. - Querendo ou não, você acabou de fazer sua escolha... - o olhei confusa. - Vai ser impossível para eu ficar com você, sabendo que enquanto estou em casa, você pode estar com o null. Isso me faz sofrer, null, eu sou o único que sofre. Não dá, entendeu? Não vai ser a mesma coisa, acabou qualquer vínculo fora de amigável, literalmente, que nós tínhamos. Eu não posso mais, não assim.
- Não, null... - fiquei de joelhos na cama, alcançando seu ombro, o olhando nos olhos. - A gente pode dar um jeito, não é? Por favor - senti lágrimas invadirem meus olhos. Será que eu também tinha o direito de chorar? -, não faz isso comigo - deixei as lágrimas saírem sem restrições. - Não faz... - senti meu corpo ser empurrado contra a cama, abri meus olhos, me deparando com um null com um olhar avermelhado e uma expressão de raiva.
- Me esqueça, pelo menos um tempo, finja que nunca deitamos juntos, que nunca transamos, que nunca nos beijamos, que eu sequer toquei em você. Esqueça, null, a partir de hoje eu não sou aquele null que vai estar pronto a hora que você quiser. Eu vou viver a minha vida, tentar te esquecer, vou me apaixonar por outra pessoa. E estou prometendo para mim, que com você eu não saio mais, e essa promessa vai ser cumprida - mais lágrimas escaparam dos meus olhos e dos dele também. - A única coisa que vai nos ligar agora são os nossos amigos.
- Por quê? - enterrei minha cabeça no meio das pernas. - Por quê?
- Por quê? Porque eu sempre fiz tudo por você, e você nunca foi capaz de me amar como eu te amo - vi null pegar um travesseiro e se dirigir até a sala.
Me rastejei até o travesseiro que ele deixou, me deitando e me cobrindo com lençol. Minha cabeça latejava pelos poucos minutos que eu havia chorado. Não era possível, eu devia estar tendo um pesadelo, daqueles que começam como um sonho e acabam da pior forma possível. Eu nunca pude imaginar null com tanta fúria como ele estava, e eu sabia que toda a culpa era minha. Eu nunca fui capaz de amar só a ele. Eu sabia que o que eu sentia por ele, também era sentido por null. E eu queria tanto, mas tanto não me sentir assim, não me ver totalmente atraída por duas das pessoas mais importantes para mim. Além de me sentir uma vagabunda, uma puta, eu comecei a descobrir como aquilo faria mal para mim. Acho que foi da pior maneira possível que a realidade me acordou e me mostrou que eu nunca poderia ter os dois. Quem muito quer pouco tem, não é? Eu também fui muito burra de não perceber que tudo o que o null fazia por mim tinha um porquê, não era só por sermos amigos, eu fui burra, idiota e nunca enxerguei o óbvio. E eu tinha mais uma coisa para colocar na minha lista de "por que odiar aniversário", sempre as piores coisas aconteciam.
Senti o sol bater em meu os olhos, fazendo com que eu os fechasse assim que os abri. Virei meu corpo na cama, me deparando com o relógio, que marcava quase meio dia. Flashes da noite passada passaram como um filme na minha cabeça, e eu lembrei que null devia estar na sala. Ou não.
Levantei, relutando com a preguiça que tomou conta de mim, sentindo uma leve tontura. Chorar me faz tão bem no dia seguinte... Fui até o banheiro e quase assustei com minha imagem no espelho. Parecia que eu tinha uns quarenta anos, e não vinte e três.
Caminhei lentamente até a sala, e null realmente estava lá, deitado, com os pés para cima no sofá. Imaginei que ele estivesse dormindo e fui até minha bolsa, pegando meu celular. Desligado.
- Eu desliguei porque ele começou a tocar ou sei lá o quê, e eu não conseguia mais dormir - null disse, sem me olhar ou se mexer. Apenas murmurei um 'tudo bem'. - Você pode me dizer que horas são? - concordei, ligando meu celular (com algumas chamadas perdidas e algumas mensagens de parabéns) - Meio dia - eu disse, me lembrando que aquilo era óbvio, porque eu havia acabado de olhar no relógio.
- Se troca que eu vou te levar embora. -
Não precisa, eu pego um táxi.
- Eu prometi à null que você ia chegar na hora certa - null se levantou do sofá e eu o olhei um pouco confusa. - null sabia que eu tinha reservado um hotel para a gente, e ela me pediu para te levar embora até uma certa hora. Você vai entender quando chegar lá - ele passou por mim e senti meu estômago embrulhar. Aquele não era o null, não o null. Àquela hora, provavelmente, teríamos tomado café e estaríamos rindo, enquanto nos arrumávamos para fazer seja lá o que quer que null estava aprontando, nos divertindo, fazendo piadinha um com o outro, e eu diria que fazer aniversário estava começando a valer a pena. Mas não, nada era o mesmo. Eu talvez não fosse por um longo tempo.
null estacionou o carro em frente ao meu prédio, e antes que eu abrisse a porte, ele me pegou pelo braço. Senti meu corpo arrepiar com aquele toque.
- Nem null, nem null e nem null vão ficar sabendo, entendeu? - ele disse, segurando meu braço com um pouco de força. Concordei, mesmo sem saber por que e desci do carro, sendo seguida por ele. O trajeto até o meu prédio foi o pior possível. null não falava e muito menos eu. Parecia que estávamos em clima de velório, uma coisa horrível. Quando paramos em frente ao meu apartamento, ouvi algumas vozes vindo de dentro. Ele parou e enviou uma mensagem, algum tempinho depois as vozes cessaram. O olhei e ele indicou a porta com a cabeça.
- SURPRESA! - olhei em volta e todos os meus amigos estavam reunidos em casa, com aqueles chapéus de aniversário (do Bob Esponja, devo comentar), sorrindo para mim. Senti aquela onda de felicidade me afetar do modo contrário, e lágrimas me incomodarem. Ao invés de ir me juntar aos outros, corri para o meu quarto. Me joguei em minha cama, afundando meu rosto em todos os travesseiros que tinham ali, abafando meu choro.
Eu sou muito patética, ou não tenho nenhum direito de chorar mais, eu fodi com tudo mesmo. Ouvi a porta do meu quarto fechar e alguém deitar ao meu lado na cama. Tinha certeza que quando eu virasse, encontraria null, e tentei imaginar formas de como minha comemoração de aniversário foi um horror. Bom, para ela eu podia contar, null não disse nada.
Virei meu rosto, mas o par de olhos que encontrei foi totalmente diferente do de null. Meus estômago embrulhou quando sua mão limpou uma lágrima idiota que escorria dos meus olhos.
- O que houve? - a voz de null quase soou como música em meus ouvidos.
- Nada... - eu disse, mesmo sabendo que aquilo não convenceria. null arqueou a sobrancelha, esperando que eu desse uma resposta mais convincente. - Fiquei triste porque lembrei da minha mãe quando estava vindo para cá... - foi a primeira coisa que veio até minha cabeça, mas pareceu funcionar.
- Não fica assim não - senti sua mão apertar minha cintura, fechei os olhos e respirei fundo, sentindo o cheiro do seu perfume. - Vamos lá para a sala, tem muita coisa para comer, que eu sei que você gosta, e eu não estou te chamando de gorda! - disse antes que eu protestasse. - Você não pode deixar as pessoas te esperando, vai lavar esse rosto e se anima - fui até o banheiro e tentei deixar meu rosto apresentável para um dia normal, e não para o dia das bruxas igual ele estava. - Você tem que conhecer a nova namorada do null.
- O quê? - saí do banheiro e fitei null, que ria. - E a Rachel?
- Ela não era boa o suficiente para ele.
- De novo - nós dissemos juntos e começamos a rir. null sempre dava essa desculpa de 'não é boa o suficiente para mim'.
- Vamos - ele esticou a mão para mim e eu segurei, sendo levada até a porta. null parou e me olhou. - Parabéns! - ele disse e me abraçou, me dando um beijo no canto da boca. Agradeci baixinho e ele voltou a me guiar até a sala.
Cheguei um pouco envergonhada, afinal eu tinha saído correndo de lá, deixando as pessoas com cara de nada. Abracei todos ali, inclusive null (sim, ela), Amber e a Lourdes, a nova namorada do null. Bom, null não estava mais lá. Senti alguém me puxar para um canto qualquer, e agora eu sabia que era null.
- O que foi tudo isso? - ela disse, soltando meu braço e cruzando os dela.
- Quer que eu conte agora? - eu disse, mordendo o canto da boca. Ela me olhou sugestiva e eu sabia que ela queria. - Eu e o null brigamos, só isso. null, você não quer que eu fique em um canto conversando com você enquanto há pessoas na minha sala! - eu exclamei, batendo o pé. Ela revirou os olhos e me puxou para um abraço.
- Vê se coloca um pouco de juízo nessa sua cabeça, senão quem vai sofrer as consequências é você.
- null...
- Eu vi o jeito que o null foi embora, com uma desculpinha qualquer, mas pra mim, aquilo não convenceu. Você chegou toda louca, chorando, alguma coisa aconteceu e eu estou até com medo de saber o que é. Espero que se lembre que você conhece o null, null, ele pode ser tudo de bom no começo, mas quando ele enjoar de você... - null saiu do abraço e me olhou.
- Pára! - cruzei os braços, emburrada.
- 'Ta bom, eu paro, mas por favor...
- Ok, eu já entendi, null, agora, por favor, vamos voltar para lá - ela concordou, indo na minha frente. Revirei os olhos e comecei a ir atrás dela.
null estava abraçado com null, enquanto eles conversavam com null. Tentei ignorar aquela cena e senti uma falta do null.
Mas agora não adiantava mais sentir sua falta...
Capítulo 14
(Coloquem para carregar: Miley Cyrus - Goodbye)
Já fazia mais de uma semana que eu não tinha nenhuma notícia de null. Ele nunca mais me ligou. Sumiu da minha vida, como disse que ia fazer, mas sei que uma hora ou outra ele teria que aparecer. Na semana que passou minha bipolaridade estava alta e eu estava tão sensível, que se alguém falasse "oi" para mim, eu seria capaz de chorar.
O dia na agência tinha sido extremamente estressante. Além de escolher as fotos, tive que acompanhar a sessão, e aquelas modelos magrelas me irritaram mais. Ainda vou procurar saber a diferença que faz tirar a foto do lado esquerdo ou do lado direito, e isso tirando o modelo que se achava o mais lindo de todos e nem era tudo isso.
Após a sessão de fotos, resolvi ir embora, já que não tinha mais o que fazer naquele lugar. Entrei no meu carro, pegando a rua principal que me levaria até em casa, mas ela estava um caos, o trânsito estava enorme e eu mal entrei ali e já tinha carros por todos os meus lados.
Eu sou muito burra de não pensar que àquela hora a cidade estaria um caos mesmo.
Desliguei o veículo, e quando a fila começasse a andar eu o ligaria de novo. Um conversível que estava do meu lado direito (com duas meninas dentro) aumentou o som de uma forma que eu podia ouvir muito bem a música. Eu não estava com paciência para músicas, muito menos a que começara a tocar. (N/A: coloquem a música para tocar.)
Senti alguma coisa quente tocar a minha boca, e quando levei a mão para ver o que era, percebi que estava chorando.
Olhei para o lado, pensando em formas de torturas para aquelas duas malditas. Elas cantavam alto e riam uma da outra.
Comecei a lembrar de momentos meus e do null, coisas simples, mas que eu, provavelmente, não teria mais. Relaxei meu corpo no banco, amaldiçoando aquele trânsito de todas as formas possíveis. Até isso me fazia lembrar null. Tudo me fazia lembrar, e isso também me recordava que tudo era culpa minha. Mas eu também não podia dizer que depois de tudo, a realidade veio à tona, e eu descobri que o amava incondicionalmente. Mas não era, se eu falasse isso seria mentira, mas o que eu sentia era falta da presença, companhia, os carinhos e a forma que só ele conseguia me fazer sentir. Mas, de verdade mesmo, nem eu sabia direito o que eu sentia. null fazia tanta falta para mim, muita mesmo, mas eu não fui capaz de escolher entre ele e null. E eu estava completamente confusa, entrando em um conflito interno entre meu coração e minha mente, onde eu não sabia quem eu realmente amava pela convivência e amizade ou quem eu realmente AMAVA! Ou pior: se eu ficasse com a segunda opção pelos dois...
Levei um susto quando ouvi meu celular tocar que quase perdi o fôlego. Vasculhei minha bolsa por todos os cantos possíveis, eu jurava que o aparelho estava ali, mas ele estava no porta luvas. Estranhei um pouco a pessoa que me ligava. Uma foto minha e do null piscava na tela do meu celular.
- Alô? - eu disse, ficando curiosa para saber o que ele queria comigo.
- null, é o null! - ele exclamou e fizemos nosso cumprimentos de 'tudo bem, tudo e você?'. - Hum... Você está ocupada?
- Bom, estou no meio do trânsito, completamente parado aqui - limpei minha bochecha, que ainda estava um pouco molhada. Ouvi uma buzina e me toquei que o carro à minha frente estava andando, devagar, mas andando. - Agora acho que estou conseguindo sair... Por quê?
- Sei lá, você não quer tomar um café comigo? Você sabe, conversar... - virei os olhos, rindo do jeito que null falava, todo nervoso. Tentei equilibrar o telefone no ombros para poder dirigir, já que os carros estavam se normalizando. Se algum policial me pegasse com o celular dirigindo...
- Tudo bem, null, onde você está?
- Na loja, se quiser passar aqui, daí vamos no café aqui perto - concordei, falando um ligeiro tchau e jogando o celular no banco do passageiro. Eu, celular e carro não combinam.
Dei sorte de conseguir virar a rua que dava à loja e não tinha trânsito nenhum, dando graça por aquele carro que tocava aquela maldita música estar bem longe de mim.
Estacionei em frente à loja, que já estava em horário de fechar, mas as vendedoras estavam lá dentro ainda. Peguei meu celular, abrindo o flip para me constatar das horas, e meu estômago deu uma volta quando eu vi e lembrei qual era meu plano de fundo: uma foto minha com null, null e null, todos fazendo caretas e... Felizes. Fechei rapidamente o flip, respirando fundo e indo até a loja.
- Oi, com licença, infelizmente já fechamos hoje - uma da atendentes se aproximou de mim.
- Eu não vim comprar, eu vim falar com o null - eu sorri, falsamente, já que senti o olhar dela sob mim, me medindo. Olhei para o nome que estava no crachá: Katie Hudson... De onde eu conheço essa merda de sobrenome? ! Esse é o sobrenome dela! Olhei bem para a cara da menina, ela lembrava um pouco a null, claro, só podia ser a irmã dela, que outro dia ela comentou que ia trabalhar na loja.
E era só o que me faltava, outra Hudson no meu pé...
- Desculpe, mas o null não está - ela sorriu da mesma forma que eu.
- Sim, ele está, porque acabou de me ligar e disse para eu vir aqui - sorri, de verdade, vendo a cara dela de sem graça.
- ! - ouvi alguém gritar meu nome e olhei para cima, vendo null no piso superior da loja. Acenei, subindo as escadas, mas ele não estava mais no corredor. Segui até o escritório da loja. Logo que entrei fui surpreendida por alguém me prensando contra a parede. Senti uma língua pedir passagem na minha boca, e eu deixei me levar pelo beijo. Abri um pouco os olhos só para me constatar de que era realmente null, ou se eu estava sonhando, ou se um tarado me pegou no caminho.
E bom, era null.
null’s P.O.V.
Se alguém me dissesse que eu não estava tentando, eu daria uns bons socos! Eu sou aquele tipo de homem que não sabe ser romântico, carinhoso e nada disso, mas com a null eu sentia que devia pelo menos tentar. Tudo bem que eu sempre tentei deixar a pesssoa que eu estava me relacionando feliz, e fazer coisas legais, mas confesso que em certos momentos eu esqueço, eu simplesmente esqueço que as coisas simples são as mais verdadeiros (mesmo que isso soe extremamente gay) e bom, com ela e para ela tudo parecia ser diferente. Ela realmente fez uma porra de uma confusão na minha cabeça. Eu queria ser o mais legal, o mais carinhoso, o mais tudo.
E juro que não é qualquer tipo de competição com o null.
Mas o que acontece é que ela sempre teve o carinho dele quando queria, e se por causa disso ela o escolhesse e não a mim? Se um dia eu me apaixonasse cegamente e a perdesse para o meu melhor amigo?
Devo dizer: amigo cujo não a ama! E essas são palavras dele.
Apertei mais null contra a parede, sentindo-a apertar minha cintura.
- Eu estava com saudades de você... - eu disse, quebrando o beijo e a fitando.
- Estava? - ela perguntou confusa e eu arqueei a sobrancelha. - Quer dizer... Eu também - sorriu, pegando em minha mão. Encostei minha testa na dela, sentindo o quão quente ela estava.
- Você está quente... - tentei fazer a cara mais sexy possível, mas foi tão idiota que eu comecei a rir, vendo sua feição de vergonha.
- Acho que você me pegou desprevenida... - ela riu sem graça e ficamos em silêncio. Tirei sua franja do olho, me aproximando para beijá-la de novo.
- null, eu... - senti meu coração dar um salto e me afastei rapidamente de null, vendo seu olhar assustado sob mim. E null nos encarando sem expressão. - Estou atrapalhando, eu volto depois - ele deu meia volta e começou a andar para fora do escritório.
- Não, null, eu vou tomar uma água... - null disse, passando à frente de null e saindo do escritório, fechando a porta.
- Então... Algum problema com as encomendas? - eu disse, indo em direção à minha mesa, ficando de um lado e null do outro.
- Não sei se estou com cabeça para resolver problemas agora - ele disse, jogando (não literalmente) uns papéis de suas mãos em cima da mesa, sentando em uma cadeira ali.
- Por quê? - fiz o mesmo que ele. - É a null?
- O quê? - ele me olhou indignado. - Você acha que todos os meus problemas giram em torno dela? Qual é, null.
- E por que não poderia ser? Não vejo nada de errado nisso - apoiei meus cotovelos na mesa, o encarando.
- Por que não e vamos mudar de assunto...
- Não, não vou mudar de assunto, porque o meu melhor amigo anda muito diferente e acho que eu tenho o direito de saber o porquê! null, você sempre pode contar comigo, esqueceu disso? - null respirou fundo.
- Não esqueci, null, é que sei lá, só estou querendo ficar na minha, ultimamente.
- É ela, eu sei que é ela... Você não me engana, você gosta dela - eu disse, convicto disso.
- Não começa, null, por favor! - vi sua expressão mudar e seu rosto avermelhar.
- Então me diz por que você, do nada, parece não saber mais quem é a null? Não fala mais dela e acho que nem faz mais suas visitas diárias, já que sempre no horário que fazia, agora você fica circulando pela internet que eu sei.
- Qual o problema disso, null? Eu só coloquei na minha cabeça que já estou grandinho demais para ter apenas aventuras amorosas! Quero ter alguém que fique comigo, que seja minha namorada, mulher, tanto faz...
- null, isso não responde minha pergunta - arqueei minha sobracelha, cruzando meus braços, vendo null me fitar estranho, como se tentasse lembrar da minha pergunta. Quando acho que ele lembrou, bufou, dando de ombros. - Tudo bem então, essa é sua última chance - me levantei, apoiando as mãos na mesa e o encarabdo. - Fala olhando para mim que você não ama a null. Se não for isso, eu nunca mais relo um dedo nela, e essa é uma promessa que eu faço psra você.
Ele se levantou, ficando na mesma posição que eu.
- Eu não gosto da null, e você pode relar o dedo onde bem entender - ele disse visivelmente nervoso e voltou a sentar, mas eu fiquei realmente convencido. Era somente aquilo que eu precisava saber.
/null’s P.O.V.
Preciso dizer que estava aflita? Perdi o número de vezes que li 'água' naquela capa de galões à minha frente, enquanto os dois discutiam dentro da sala. Não deu para ouvir tudo muito bem o que era, mas algumas partes eu entendi sim, e sabia que o assunto era a minha pessoa.
- Oi, null! - uma voz feminina chamou por mim e senti meu corpo inteiro gelar com aquilo. Eu estava toda ansiosa, esperando a porta abrir, quando me deparo com null ao meu lado.
- Oi, null, o que está fazendo aqui? - eu sorri sem graça, ainda ansiosa pela espera da porta abrir.
- Vim fazer uma visita para o meu amor! - ela sorriu toda boba e eu fiquei com a maior cara de nada. - Ok, na verdade, minha irmã me ligou falando que tinha uma mulher aqui e que tinha vindo atrás do null. Por via das dúvidas vim dar um checada, mas eu não sabia que era você - ela sorriu. Coitada, mas sabe que... Né?! - Quem está aí dentro?
- null e null - eu respondi, enchendo, de novo, meu copo com água.
- Ah, então você veio com o null e não para ver o null - ela tirou as próprias conclusões e também encheu um copo com água. - Minha irmã fez uma confusão, viu?! Eu estava descansando. E ela me deixa nervosa! Saí até correndo - arqueei a sobrancelha, sorrindo de lado. Eu não sabia dessa obsessão dela por ele.
- Bom, acho que vou embora - eu disse, jogando meu copo fora, antes que eu acabasse com a água. Minha ansiedade já tinha passado, porque agora não dava para ouvir quase nada. E outra, null estava ali, ou seja, não iria mais tomar meu café com o null. Infelizmente...
- Não, null, a gente podia sair, nós quatro! - null fez uma cara super animada, ouvimos um barulho vindo do escritório e a porta abriu, revelando os dois que nos encaravam.
- null? - null perguntou consufo, olhando para mim, para ela, para ela, para mim.
- Oi, meu amor, vim te visitar - null foi até ele, dando um abraço e um beijo. Virei os olhos e vi que null deu uma risadinha. - Eu estava sugerindo para a null de irmos em alguem lugar... O que acham? - olhou para null e para mim.
- Acho melhor não... - ele disse.
- Ah, por favor, null! Vamos nos divertir, mesmo sendo uma segunda feira. Acho que merecemos! - ela disse, como se não fizesse isso todos os dias...
- Eu tenho que trabalhar amanhã - fiz bico, olhando para o relógio, que marcava seis e meia. Até que não era tão tarde. - Ah, quer saber? Por mim, eu vou - sorri, rezando para que null fosse também, ele pode não falar muito comigo, mas era melhor do que ficar de vela. Ficamos todos olhando para ele, fazendo, praticamente, uma pressão psicológica para ele aceitar.
- Um cappuccino, dois chocolates quentes e... O que vai querer, null? - ouvi a voz do null me chamar. Eu estava um pouco distraida com a variedade de coisas que tinha naquele cardápio.
- Um café expresso com chantilly - eu disse, colocando o cardápio em cima da mesa. Ouvi um barulho familiar soar extremamente alto e constatei que aquilo vinha da minha bolsa, mais precisamente do meu celular. Era meu despertador, para tomar meu querido anticoncepcional.
- O que é isso, null? - null perguntou e eu entreguei o remédio à ela. - Ah, sim, eu parei de tomar o meu há algum tempo - ela sorriu, olhando para null.
Opa...
- Acho que eu tomo isso desde os meus dezesseis anos - comentei, dando de ombros e guardando de volta na minha bolsa.
- Desde nova já era safada essa, null... - null comentou e nós três o olhamos, o vendo ficar sem graça. E eu muito mais.
- Não precisa ficar vermelha, null! Estamos entre amigos, e você e o null são bem íntimos... - opa, esquecemos de acrescentar o namorado dela na lista.
Um garçom se aproximou, colocando nossos pedidos na mesa. Eu achei que aquilo seria um momento ótimo para a mudança de assunto.
- Mas então, aproveitando o assunto... - null fez uma cara pervertida. - Me falem suas posições preferidas! - arregalei os olhos, vendo null e null me encararem. Depois, nós três olharmos perplexos para ela.
- Acho que a minha é 69... - null disse, tomando um gole do chocolate quente dele. Ao ouvir aquilo, eu estava tomando meu café e o senti entrar pelo lugar errado. Engasguei, mas logo consegui me recompor.
E o filho da puta achava engraçado.
- 69, null? - null fez uma cara de nojo. - Acho isso meio estranho, não tenho vontade não - ela riu.
- Poxa, amor! Só por que eu fiquei com vontade de saber como é isso... - null olhou para ela, fazendo bico, e no primeiro momento de distração dela, ele me olhou. Abri e fechei a boca algumas vezes, ficando totalmente constrangida.
- E a sua, null? - null perguntou.
- Eu não tenho! - respondi, tomando mais um gole do meu café, mas na verdade eu queria dizer: qualquer dia eu te mostro.
- Uma amiga me contou que quando ela não era casada, ela e o namorado fizeram swing! - null comentou e eu estava quase abrindo um buraco no chão para me esconder.
- Aquele de troca de casais? - null perguntou.
- 'Ta sugerindo alguma coisa, null? - null a olhou com a sobrancelha arqueada, mas ele mudou o semblante sério (de brincadeira) e riu. E eu tive que fazer o mesmo. - Eu nunca deixaria o null relar em você.
- Não seja egoísta, null! Somos amigos... - null piscou.
- Não estou sugerindo nada, amor, mas se fôssemos mais jovens e nós dois não tivéssemos um relacionamento sério, não seria uma má ideia. Vai dizer que você não teria curiosidade de saber como a null é nessas horas... - ela disse, fitando nós dois. Eu cheguei a sentir medo de que ela estivesse jogando uma indireta para a gente. - Ok, estou apenas brincando, eu nunca faria isso! Nunca aceitaria...
Senti que null havia ficado sem graça também e apenas null estava achando tudo lindo.
- O papo está bom, mas eu estou realmente cansado, vamos? - null virou-se para null, pegando a carteira e tirando duas notas de dentro. - Vocês pedem a conta? - ele perguntou e eu concordei, mesmo sabendo que eu iria ficar sozinha com null. Sinalizou para o garçom, que logo entendeu o que ele queria.
- É, quem diria. Esse assunto todo e o homem que você escolheu para ser seu, indo embora com outra... - ele disse da forma mais natural possível. O fuzilei com o olhar, virando os olhos.
O garçom se aproximou, colocando a comanda em cima da mesa. Cogitei a ideia de pegar dinheiro para pagar também, mas null segurou minha mão, indicando que não precisava.
E era nessas horas que eu nunca ia entender o jeito null null de ser.
- Você nunca vai me perdoar, não é? - eu disse, sentindo uma angústia tomar conta de mim de novo. Acho que aquele tempinho que ficamos rindo e falando bobagens meu deu uma certa esperança.
- O dia que eu achar que você merece, vou sim - falou, depositando o dinheiro em cima da mesa, dando um beijo no topo da minha cabeça e saindo, me deixando sozinha.
Aquilo não era uma atitude de um cavalheiro para com uma dama.
Oh, acho que null não era um cavalheiro mais.
Capítulo 15
- Eu acho que ) está certo. – eu ouvia essa mesma frase pela vigésima vez naquele dia.
- Você já me disse isso várias vezes, Daniel. – eu encarava null e null, sentados na minha cama, esperando que eu surtasse e quebrasse algo com raiva de ).
- Mas ele está certo, null. Você queria o quê? Que ) aceitasse essa sua decisão? O cara diz que te ama, te pede em namoro e você escolhe o outro, que tem uma namorada?
- Tem uma namorada, mas dormiu comigo. – Tentei argumentar com null.
- E o que ele fez depois disso? Saiu correndo para os braços dela. null, você tem que colocar os pés no chão. Você não pode ter os dois e sabe disso! Isso iria fazer mal a você, a null e a ). Imagina como seria para ) quando você não estivesse com ele, ele iria pensar que você está com null, o que seria verdade.
- Eu concordo com a null. Entenda, null, para nós, homens, “dividir” uma garota nos faz sentir impotentes, em todos os sentidos! Se coloque no lugar do ), você gostaria que ele saísse com você uma hora e na outra com outra garota? – null segurou minhas mãos com carinho. Eu sei, null não poderia saber, mas eu não tenho culpa se eu tenho a amiga mais fofoqueira do mundo e bom, null disse que não falaria nem com null e nem com ) sobre aquilo, porque éramos todos adultos, vacinados e donos de nós mesmos.
- Não! – eu tinha que concordar com tudo isso, apesar de que não fui eu quem fiz a escolha. ) me propôs algo que eu achava que não estava pronta para aquilo, e quem me fez escolher null foi ele mesmo, no momento em que ele disse que não queria mais nada comigo.
Acordei com o meu celular tocando ao meu lado e olhei as horas. Nove horas da manhã em um feriado. Quem é o maldito?
- Quem me acorda a essa hora, em um feriado? Não tem nada para fazer, não? – atendi o telefone com grosseria, não me importando com quem fosse do outro lado da linha.
- Credo , null, está com falta de sexo? Deixa de ser grossa, menina. – ouvi uma risada
- Quem deve estar com falta de sexo é você. A null não está dando conta, null? – as risadas só aumentaram.
- Na verdade, ela está, mas sabe como é, ela viajou faz uns três dias e só volta amanhã ou depois, tenho que me divertir sozinho, como estou fazendo nesse momento. – ouvi um gemido do outro lado e arreganhei o olhos.
- Me diz que você não está batendo uma e ao mesmo tempo falando comigo, isso seria nojento.
- Tudo bem, eu não digo, já que você percebeu isso.
- Nojento.
- É brincadeira, null, eu estou assistindo desenho animado.
- Criança. Mas para o que você me ligou? – afinal ele não tinha me ligado só para falar que estava vendo televisão, não?
- Nós não temos companhia para esse feriado, já tomei café e estou pensando no almoço, mesmo sendo cedo e queria almoçar, mas com alguém, então pensei em te ligar e te chamar para almoçar em casa, o que acha? Podemos fazer um churrasco, ou massa, ou comida chine...
- Eu entendi. Que horas? – interrompi null.
- Se quiser vir daqui umas duas horas, está ótimo, eu tenho que arrumar a casa ainda.
- Ok, umas onze horas eu apareço por aí. Até, null. – desliguei o telefone sem dar chance dele dizer algo e virei para o lado, tentando dormir mais um pouco.
Duas horas mais tarde eu estava na porta de null, com um engradado de cerveja e duas garrafas de tequila. Logo que eu toquei a campainha ele abriu a porta.
- Você quer me embebedar, null? – ele saiu da frente da porta, dando-me passagem.
- Não, só se você quiser. Aí é outra história. – fui até a cozinha e coloquei a cerveja na geladeira. – O que vamos almoçar? Eu estou com fome.
- O que você quer comer? – null encostou na porta da cozinha, vendo-me, enquanto eu fuçava nos armários para ver o que podíamos fazer. – Se você está procurando o livro de receitas que minha mãe me deu, ele está na gaveta debaixo da gaveta de talheres.
Abri a gaveta e peguei o livro, folheando para achar alguma receita boa para fazermos. Achei uma de cannelone ao molho quatro queijos.
- Podíamos fazer essa aqui – me virei para null, e só então reparei em como ele estava lindo com aquela skinny preta, sua t-shirt do Green Day com uma jaqueta jeans por cima e seu Nike High, sorrindo de canto para mim. – Cannelone ao molho quatro queijos. O que acha?
- Oba, massa! Adoro suas massas. Vamos fazer essa. – ele foi pegando os ingredientes.
Pouco depois estávamos no seu porão high tech almoçando e conversando banalidades. null tinha o transformado em uma sala de jogos, com uma televisão e vídeo game, pebolim e uma mesa de sinuca.
- Esse cannelone está ótimo. Já disse que adoro suas massas? – null estava com a boca suja de molho e sorria como uma criança.
- Já e limpa essa boca suja, criança. – Joguei um guardanapo nele.
- É impressão minha ou você adora me chamar de criança? – ele fez um bico me fazendo rir.
- É o que você é. Uma criança grande. – arrumei os pratos num canto da mesa e me levantei indo até o pebolim. – Vem, vamos jogar.
- Depois eu sou a criança. – null rolou os olhos e se juntou a mim.
- Você roubou, null!
- null, como se rouba em um pebolim? É meio impossível!
- Não quero mais brincar. Vamos jogar sinuca. – peguei os tacos e as bolinhas, ajeitando elas na mesa.
- O que acha de melhorar um pouco o jogo? – null me deu um sorrisinho sacana, arqueando uma das sobrancelhas, deixando-o bem, mas bem sexy.
- E o que você sugere? - levantei a sobrancelha, o encarando.
- Strip Snooker!
- Strip Snooker? O que é isso? - perguntei curiosa, vendo null pegar um taco, vindo em minha direção e me prensando contra a mesa de bilhar que tinha ali.
- Nós vamos jogar snooker, mas cada vez que um acertar, tem o direito de tirar uma peça do outro. - ele me olhou malicioso. - E quem ficar sem nada primeiro, paga algo para quem ganhou.
- Adorei! - eu disse, empurrando-o de leve e indo em direção do lugar onde ele guardava os tacos. - Que vença o melhor. - sorri maliciosa, voltando para a mesa.
null ia começar jogando. Ele fez uma pose, tentando ser sexy e fez todo um showzinho para acertar a bola, mas ele errou. Soltei uma gargalhada e ele me olhou feio.
- Aprenda, null! - eu tinha que acertar, eu tinha que mostrar que eu comando, pelo menos uma vez na vida. Mirei a bola e, tenho quase certeza, que, por sorte, a bola entrou. Soltei um gritinho, dando um pulo e vi null virar o olho.
Fui até ele, sorrindo de orelha a orelha. Fiquei em duvida sobre qual peça tirar.
- Primeiro tira o sapato, ele não vale! - falei, vendo-o tirar. Ajeitei minha roupa (para mostrar que eu ainda estava com ela completa) peguei em sua jaqueta, tirando-a devagar. Mas isso não tinha tanta graça, eu queria tirar outras coisas. - Também quero que você vire uma dose de tequila. - apontei para a garrafa intacta em cima da mesa dele.
- O combinado era apenas a roupa, mas desde que você aceite tomar também... - antes que ele terminasse, eu já tava enchendo uma dose para ele. Entreguei, vendo-o tomar e fechar os olhos com força.
Como eu tinha acertado, eu tinha a chance de jogar de novo, mas errei.
- Ahá, minha vingança! - null disse, ao ver a bola dele ser encaçapada.
Senti seus dedos gelados tocarem minha coxa e, instantaneamente, meus pelos se eriçaram. null levou a mão até meu shorts, o desabotoando e o tirando com pressa, revelando minha calcinha roxa com bolinhas.
- Que calcinha meiga! - ele falou, quando viu e eu virei os olhos, ficando ligeiramente envergonhada. Peguei a dose de tequila, sem limão e sal, pura mesmo, que ele me entregou e bebi, sentindo a bebida queimar minha garganta.
Ele pegou o taco de volta, indo até a mesa. Percebi que tinha algo faltando ali e me dei conta de que era música. Caminhei até o som, sentindo uma corrente de ar bater em minha perna e me dar frio, coloquei uma estação de radio qualquer e voltei minha atenção para null, que comemorava outra bola encaçapada.
- Você roubou de novo! - eu disse, indignada, o olhando feio, enquanto ele vinha (negando com a cabeça) e minha direção e já tirando meu casaco fora.
Tentei protestar, mas aquilo não adiantaria nada.
A brincadeira foi indo, entre erros e acertos, tiração de roupas e algumas doses de tequila até que eu estava de sutiã e calcinha e ele de cueca - vermelha, devo dizer. Nós dois já estávamos tudo, menos sóbrios, e era minha vez de jogar e se eu acertasse, ganharia. Tentei focalizar a bola, mas estava difícil. Deixei a sorte me levar e bom, ela estava ao meu lado.
- Pode ir tirando a cueca, null. Ou melhor... - me aproximei dele, passando o dedo pelo seu abdome, sentido ele ser contraído. Peguei no elástico da cueca, tirando-a devagar, até que seu membro estivesse todo revelado. Sorri maliciosa, voltando a minha atenção para ele.
- Estou com frio, null. - ele se abraçou, passando as mãos pelos braços. - Vamos esquecer o castigo, né?
- Nem pense nisso! Eu estou pensando em algo digno, mas eu não sei o que você tem aqui para eu poder usar. - caminhei até a geladeira, lutando para não tombar ali mesmo, tudo girava.
Encontrei um chantilly perdido ali e várias ideias vieram a minha cabeça.
- O que você vai fazer com isso? - null me olhou receoso, enquanto eu me aproximava com o chantilly.
- Não sei, ainda estou pensando... - eu disse, mexendo o negócio que estava em minha mão. null começou a caminhar em minha direção. Ele foi, todo delicado, pegando em minha mão, mas logo sua delicadeza foi embora e ele deu um giro com meu corpo, prendendo meus dois braços e ficando atrás de mim.
Senti ele passar o nariz pelo meu pescoço e depositar um beijo ali.
- O castigo é meu, deixa que eu uso o chantilly... - ele sussurrou em meu ouvido, voltando a me virar. null me beijou com força e senti seu membro roçar em mim.
Ele apertou minha cintura, me ajudando a subir na mesa e a ficar sentada, enquanto ele continuava de pé, na minha frente, me beijando. Sua mão procurou o fecho do meu sutiã e ele se afrouxou caindo sobre meus braços.
Alguma coisa gelada tocou um dos meus seios e eu senti calafrios e me dei conta de que era chantilly! null começou a lamber o chantilly do meu peito, fazendo movimentos circulares com a língua, prendi meus dedos em seu cabelo e deixei que ele terminasse o que tinha começado. Ele voltou a me beijar, fazendo com que eu sentisse o gosto doce que estava a boca dele. Senti sua mão tocar a barra da minha calcinha e ir descendo-a, sem parar o beijo.
Ele abriu uma gavetinha na mesa, tirando de lá uma camisinha.
- Você pensa em tudo, né? - eu disse, pegando a camisinha para abrir.
- Alguém tem que pensar, se só os dois se preocuparem com a diversão, não dá! - ele riu, maroto.
Ele me segurou pela cintura, me penetrando sem dó. Cravei minhas unhas em seu ombro e seu corpo colou no meu, como se fosse fundir. Prendi minha perna em volta do quadril dele, sentindo a penetração aumentar. null fazia movimentos de vai e vem bem devagar, mas meu corpo pedia por mais pressa. Aos poucos o ar foi faltando e minha respiração falhando. null deu uma estocada extremamente forte e eu gemi alto, fechando os olhos e tentando respirar normalmente. Ele jogou o peso contra mim, indicando que ele ia subir na mesa.
O vi deitar e se aconchegar na mesa e eu sorri de lado. Aventuras sobre uma mesa de bilhar! null me puxou pelo braço, fazendo com que eu ficasse por cima. Posicionei minha pélvis na dele e me penetrei, vendo null morder o lábio inferior.
Fechei os olhos quando suas mãos apertaram minha cintura, fazendo eu ficar mais estimulada ainda. Comecei a me mexer em cima dele, enquanto ele me ajudava com as mãos. Nossos gemidos e sussurros tomaram conta do lugar e a única coisa que eu conseguia prestar atenção era no prazer que ia crescendo a cada segundo. Senti as unhas de null quase me perfurarem, mas como não eram grandes, apenas rasparam minha pele. Cheguei ao meu ápice, sentindo meu coração bater freneticamente. Tentei normalizar minha respiração, mas era quase impossível, porque null ainda não tinha chegado ao ápice. Ele continuou se mexendo embaixo de mim e me puxou, me abraçando com força e me fundindo totalmente contra seu corpo. Ele continuou com os movimentos e eu peguei minhas ultimas forças para ajudá-lo, pouco tempo depois, ele deu um gemido alto e suas pernas se contraíram contra as minhas e seus movimentos foram diminuindo. Ele tirou meu cabelo do rosto, me dando um selinho. Nossas respiração se normalizaram e eu me joguei para o lado, entrelaçando minhas pernas nas suadas dele.
O tecido que cobria a mesa era totalmente desconfortável e pinicante, mas aquilo não importava muito.
null me abraçou mais forte e eu enterrei meu rosto eu seu pescoço, sentindo seu cheiro.
- null... - cutuquei sua barriga com meu dedo, fazendo com que ele me olhasse. – Por que você tem um monte de estrelas coladas no seu teto? - eu disso, apontando para cima e ele acompanhou o olhar com meu dedo, dando uma gargalhada. No forro, havia várias estrelas coladas, daquelas que brilham no escuro.
- O sobrinho da null, quando veio aqui, pediu para eu colocar lá. Eu estava bêbado e não neguei, mas depois fiquei muito bravo, comigo, claro, porque essa merda não sai direito! Desisti e deixei aí. - ouvi a explicação dele e não consegui acompanhar o riso. - O que foi? - ele perguntou, segurando meu rosto pelo queixo e me encarando.
- Não me sinto bem quando ouço você falar dela... - ele me olhou, confuso. - null, eu não quero ser a outra, a das horas vagas...
- Você não é! - ele levantou rapidamente, ficando sentado. - Não, você não é isso o que você está falando!
- Então, eu sou o quê, null? - fiquei na mesma posição que ele, o encarando. null abriu e fechou a boca alguma vezes e eu apenas me aproximei dando um selinho. - Shh, não fala nada. - pisquei. - Vou tomar um banho, posso?
- Claro que pode. - ele sorriu. Pulei da mesa, sentindo uma leve tontura. O efeito da tequila ainda não havia passado totalmente. Peguei minha bolsa, indo em direção do banheiro, deixando null pensar sobre o que eu era.
E, bom, eu estava começando a me importar sobre qual seria minha definição, mas a 'outra', estava fora da minha lista.
Me arrumei da forma mais simples possível, apenas passando um rímel, blush e deixando meu cabeço menos molhado. Voltei ao porão, mas nenhum sinal de null por ali. Fui até o lavabo que tinha ali, mas nada. Quando pensei em subir e ver se ele estava em algum cômodo de sua casa, uma coisa me chamou atenção.
Uma de suas paredes tinha uma parte pintada com tinta de lousa e lá havia um recado para mim.
'Fui até o mercado, null ligou que está vindo até aqui e falei para ele trazer a null... Desculpe te deixar sozinha, mas acho que você se vira melhor do que eu. Se quiser algo para comer, me liga. Ah, você sabe disso, mas quem escreveu foi o null'
Ri da última frase dele. null podia ser tão criança às vezes e isso era divertido. Para que ser 100% sério, não é? Passei pela TV, ligando-a, e o vídeo game também. Coloquei Crash para jogar. Me joguei no sofá, ouvindo a música conhecida do jogo dominar o local.
Depois de umas cinco fases, comecei a me entediar e ficar impaciente por esperar. Três pessoas estavam para chegar, e nenhuma chegava! Quando concluí meus pensamentos, a campainha tocou. Subi correndo as escadas, abrindo a porta principal e dando de cara com null e null.
- Mas quem diria, null null abrindo a porta da casa de null null! - null exclamou, entrando com algumas sacolas na mão. Ele me deu um beijo na bochecha.
- Oi, amiga. - eu disse e null me olhou com a sobrancelha arqueada. - O que foi, null?
- Nada, só estava com saudades. - ela sorriu, mostrando todos os dentes e me abraçou.
- Eu também estava, parece que me esqueceu. Só anda com o null agora. – fiz uma cara feia para null, que mostrou a língua.
- É, agora é tudo culpa minha e da null, né? Deixa você, null. – null disse, entrando na casa com null. – E cadê o null?
- Supermercado. Foi comprar algo para comermos, já que acabamos com o estoque de comida dele. – disse, descendo para o porão de novo, sendo seguida pelos dois.
- Bando de gulosos, vocês, hein? – não comemos tanto assim, só comemos o que tinha. Mas eu não precisava prolongar o assunto - Nunca vi gente comendo tanto que nem vocês. – null comentou, indo até a mesa de sinuca e sentando nela. Seria legal da minha parte avisar ela para não sentar na mesa, não?
- Er, null, se eu fosse você eu não sentaria aí, não, só avisando. – sorri de canto esperando ela falar algo.
- Você está de brincadeira comigo, né? Diz que vocês dois não transaram em cima da nossa mesa de bilhar!
- Desculpa, mas não posso dizer isso, quando isso é uma mentira. – ri, quando null deu um pulo da mesa e me mostrou o dedo indo de sentar no sofá.
- E ainda usaram chantilly, null? – null estava com o chantilly na mão - Isso mancha! null vai ouvir muito! – null começou a pirar quando viu que a mesa estava suja.
Ficamos mais uns quinze minutos esperando por null, que chegou com várias coisas gostosas e alcoólicas. Acho que até o fim do dia eu vou entrar em coma alcoólico. Resolvemos assistir um filme qualquer de comédia romântica e em dez minutos de filme eu já estava ficando deprimida em ver null e null se abraçando e trocando carinhos. Me mexi desconfortavelmente no sofá, tentando ficar longe deles e null me olhou com uma sobrancelha arqueada.
- Estou tentando ficar longe do casal ternura.
- Está com inveja da null? – null sorriu de canto.
- Por que eu estaria? Não quero o null para mim. – fiz joinha para ele
- Ainda bem, ser trocado pelo null é patético. Mas, você está com ciúmes porque ela tem alguém para abraçar e ficar junto.
Isso me magoou profundamente e eu olhei incrédula para null, que percebeu que havia falado merda.
- Eu não quis dizer isso, null. Você sabe que não. Me desculpa. – ele me puxou pela mão, abraçando-me forte. Me deixei ser abraçada por ele, deixando uma lágrima descer pelo meu rosto. Limpei-a rapidamente. – Me desculpa, não foi minha intenção.
- Tudo bem, null, eu só estou meio sensível esses dias. – forcei um sorriso e senti null depositar um selinho na minha boca e logo depois sorrindo.
- Pararam com o drama aí? – ouvi a voz de null e olhei para eles. – Você só fala merda também, hein, null? Se falar algo que faça a null chorar de novo, eu te mato. E por favor, não use chantilly perto da mesa quando forem fazer coisinhas. Isso mancha a mesa!
null me olhou com uma cara de quem perguntasse como ele sabia do chantilly. Murmurei um “Eles sabem de tudo” e me voltei para a televisão tentando prestar atenção no filme.
Senti um peso contra meu corpo me jogar para fora do sofá, fazendo com que eu fosse direto pro chão. Eu estava dormindo, por causa daquele filme ‘nada’ romântico que estava passando e acho que null acabou dormindo também. null e null gargalhavam, enquanto eu e null levantávamos do chão.
- Desculpa, quando eu durmo não controle meus movimentos. – null disse, sem graça, passando a mão por minha cintura e me apertando contra ele.
- Tudo bem. – sorri o abraçando pela cintura também, mas com os dois braços. Senti null passar o nariz pela minha bochecha até chegar perto da minha boca. A língua dele pediu passagem e eu cedi. null levou a mão até meu cabelo, entrelaçando uma das mãos ali e puxando de leve, apertei sua cintura, o puxando mais contra mim, enquanto ele aumentava a velocidade do beijo. Levei minha mão ao cabelo dele também, passando a mão por ali.
- Então, null... – a voz do null ecoou pelo lugar inteiro, e ele fez aquilo de propósito! Filho da puta. Me soltei de null, vendo sua boca toda avermelhada pulsar. Ele se aproximou de novo, mordendo meu lábio inferior e o puxando, fazendo com que eu soltasse um gemido de dor. – Acho que eles não se tocaram ainda! – null disse, para null. Me virei para ele, fuzilando-o com o olhar, enquanto os dois riam.
- Vamos ao banheiro comigo, null? – ela levantou, arrumando a roupa e esticando a mão para eu pegar. Concordei, esticando a minha e pegando a mão dela, entrelaçando nossos braços. Tenho certeza que às vezes as pessoas acham que eu e a null somos mais do que amigas, porque sempre andamos assim pela rua.
Terminamos de subir a escada, entrando no banheiro que ficava bem de frente para a porta. null preferiu ir naquele, alegando que era maior do que o que ficava no porão, mas tinha uma leve impressão que esse não era o motivo. Encostei meu corpo na pia, enquanto ela fazia o que tinha que fazer.
- O que quer falar comigo? – perguntei, já tendo uma ideia. null era a ideia.
- Quê? – ela foi até a pia para lavar a mão. – Como sabe que eu quero falar com você? – ela enxugou, apoiando o corpo na pia também.
- Você não me chamou para vir ao banheiro à toa! – conclui, cruzando os braços e esperando ela falar.
- É que eu queria falar com você sobre o null! – ela mordeu o lábio inferior, me olhando. Ok, qual a novidade, né?
- Sobre...
- Eu estou com medo de você se machucar com tudo isso. Pronto, é isso. – ela desviou o olhar, mirando o chão.
- null. – eu disse, passando a mão pelas costas e pela barriga dela, apoiando minha cabeça em seu ombro. – Eu não estou vivendo um romance adolescente, é só...
- É só...? – ela me incentivou, mas não consegui definir. – Viu, nem você sabe o que é! - ela me olhou de canto de olho. – E claro que não é um romance adolescente, é adulto. – virei os olhos e null me deu um tapa na bunda. – Eu só estou preocupada com você, amiga! Tenho medo de você se envolver mais do que deve com o null, e ele tem...
- A null! Eu já sei disso. – voltei a minha posição inicial, cruzando os braços.
- Exatamente por isso que você tem que tomar cuidado, porque a gente não escolhe quem gosta.
- Mas eu acho que não gosto dele assim, do jeito que você está pensando... Ele é meu amigo faz tempo, é normal você amar um amigo... Como amigo.
- ‘Acho’ é uma palavra que eu realmente não queria ouvir. – ela arqueou a sobrancelha.
- Eu sei que você queria ouvir que eu estou apaixonada pelo ), porque ele me ama e o null tem a namorada, noiva ou sei lá o quê, mas, null, eu não posso escolher entre os dois, entende?
- Mas você e o )...
- Só que eu não escolhi, eu fui obrigada, porque ele quis assim. Mas se ele quisesse, estaria de braços abertos para ele.
- Pernas também. – ela comentou, e eu olhei para ela com a maior cara de indignação.
- Acho que eu só seria capaz de escolher entre um deles se algo me provasse que eu não posso ou que ele não é a pessoa certa para mim, mas, por enquanto, e eu posso parecer a maior puta falando, os dois são.
- Então isso não descarta a possibilidade de você gostar do null, não como amigo. – ela concluiu e abriu o trinco da porta. – Eu só quero que você seja feliz, como eu sou! - ela sorriu sincera e senti meus olhos enxerem de lágrimas e a abracei.
Logo que ela abriu a porta, em um momento de desatenção minha, a ouvi fechar de novo, e dei de cara com null ali.
- Oi. – ele disse, e caiu na gargalhada depois. Arqueei a sobrancelha, não entendendo nada. – Era para eu te cantar, mas a cantada era horrível!
- Você é maluco! – neguei com a cabeça, rindo, e senti a mão dele apertar minha cintura e seu nariz passar levemente pelo meu pescoço.
Alguém abre a janela? Ar. Para que te quero?
Minhas costas bateram contra a parede gelada do banheiro e null pediu passagem com a língua, penetrando a mesma em minha boca. Nosso beijo era calmo e sem segundas, terceiras ou quartas intenções. Ele passou de leve a unha na minha coxa e todos os meus pelos arrepiaram rapidamente.
- Annn, não para! – sussurrei, encostando a testa na dele, ainda com os olhos fechados, enquanto ele entrelaçava suas mãos em meu cabelo.
- Não quero que você fique pensando naquelas coisas que comentou mais cedo. – ele disse, e eu abri os olhos para encará-lo, mas ele ainda tinha os olhos fechados.
- É que...
- Você foi a primeira. – abri os olhos de novo, agora olhando nos dele, enquanto ele mordia o lábio inferior. – Antes de conhecer a null, você era a primeira...
- Eu era? – senti meu coração acelerar. Pelo menos uma vez eu fui a primeira!
E por mais que eu soubesse que agora eu não era mais nada, aquilo me fazia sentir melhor.
Mas aquilo não devia fazer diferença, devia? Afinal, eu não...
- Eu gostava de você, mas você nunca me deu bola. – ele arqueou a sobrancelha, afastando um pouco o rosto de mim.
- EU? – o olhei indignada. – Você quem nunca me deu bola.
- Eu sempre tive olhos para você, mas meu amor nunca foi correspondido. – ele fez bico, cruzando os braços.
- Você sempre foi garanhão, sempre com várias menininhas enroscadas em seu ombro, nem vem, não.
- Também, depois da minha primeira paixão de verdade frustrada... – tampei a boca dele e ele apertou meu braço de leve, para que eu tirasse.
null me abraçou e voltou a me beijar. Eu me sentia bem mais leve e feliz depois de ouvir aquilo. Por mais que eu fui a primeira, em algum momento null já gostou de mim daquele jeito, e eu me sentia bem, porque, afinal, nunca ouvi alguém dizer que um amor antigo não pode voltar.
Capítulo 16
Minha TPM estava a mil e o infeliz do cachorro da vizinha não parava de latir desde às 7 da manhã. Tentei ignorar, colocando meu som num volume que não desse pra ouvi-lo, mas o porteiro me disse - educadamente - que alguns vizinhos estavam reclamando.
Será que se eu pedisse para o porteiro, ele mandaria a minha querida vizinha diminuir o volume do cachorrinho poodle dela?
Olhei para o relógio umas cinco vezes, sem motivo algum. Acho que eu estava começando a ficar louca, mudando de canal insistentemente - já que nada me agradava - e olhando para o meu relógio do gato Félix, que mexia o rabinho para lá e para cá.
Bufei, tentando achar uma posição mais confortável para ficar em minha cama, até que quando eu achei uma, a campainha tocou.
null, null, null, null ou null eram minhas únicas opções para alguém que poderia estar lá, afinal, os únicos que não eram anunciados (a não ser que eu peça para qualquer um ser avisado). Olhei pelo olho mágico e vi null parado, olhando para algum ponto qualquer. Sorri de canto, abrindo a porta.
- Boa tarde. - ele sorriu, entrando em meu apartamento e me dando um beijo na 'trave', como dizem por aí.
- Boa tarde. - eu respondi, fechando a porta e sentando ao lado dele no sofá. - O que te trás em minha casa? - perguntei, esticando os pés em cima das pernas dele.
null viu minhas meias de dedinho e riu.
Desde que cheguei do trabalho, tomei um banho e me enfiei nas roupas mais quentinhas e confortáveis que eu tinha. Ainda bem que eu estava apresentável.
- Estava dando uma volta e passei por aqui e resolvi descer! - ele deu de ombros - Como foi de trabalho hoje? - ele perguntou, levando a mão até um dos meus pés, fazendo massagem. Senti um pouco de cócegas, mas ignorei.
- Não fiz nada de interessante hoje, mas essa semana já vão sair os modelos outono-inverno, então, semana que vem será bem corrido, muitas fotos para escolher. - fiz careta e null riu dela. Fiquei pensando por que ele realmente estava em casa. Meio furada essa desculpa dele de ‘estava passando pela sua casa.’ - Quer alguma coisa para beber ou para comer? - perguntei, vendo-o negar com a cabeça. Joguei meu corpo no sofá, virando os olhos.
Odeio gente indecisa!
Por mais que eu fosse uma.
- Sabe quem foi na loja ontem, sem saber que era minha loja? - null virou-se para mim, enquanto sua mão entrou em minha calça e ele começou a fazer carinho em minha canela.
- Não. - mordi a boca para não rir das cócegas que estava sentido com a mão dele ali.
- A Alyson! - ele disse, entusiasmado e eu o olhei com a sobrancelha arqueada.
Eu realmente não gostava daquela...
Flashback
- null, null, null. - saí correndo por entre aquelas pessoas da minha escola, com medo de que a qualquer momento eu poderia escorregar e me espatifar no chão. Encontrei null embaixo do toldo vermelho sangue que tinha em uma parte do colégio. E, bom, ele estava agarrado em uma menina.
- Oi, null! - ele sorriu, colocando a cabeça um pouco para o lado para me olhar. A menina que estava com ele me olhou com uma cara bem feia.
- null, por favor, me leva para casa. - fiz a maior cara de dó e, para minha sorte, os pingos da chuva começaram a aumentar. Ele não iria me deixar ir a pé até minha casa! - null foi embora mais cedo, null e null não vieram e ela não atende ao telefone! - comecei a bater o pé insistentemente. - O taxista que eu tenho o número também não atende. Por favor.
- Claro que eu levo. - sorri de lado, quando dando pulinhos de alegria, mas uma onda de cabelos pretos quase furaram meus olhos quando a tal menina fez um movimento brusco e parou null.
- Você vai me deixar, amorzinho? - aquela voz azeda se pronunciou pela primeira vez. Virei os olhos, cruzando os braços. null engoliu seco, olhando para mim e para ela.
- É rapid...
- Você - ela raspou sua perna descoberta na dele. - pode se arrepender disso depois. Ela sorriu maliciosa e colocou um dos dedos dentro da calça dele, mas não ultrapassando a metade do dedo dela e fazendo carinho por ali. Arqueei a sobrancelha, olhando aquela cena pouco indecente. Sério, quem usa shorts no frio que estava?
- null, desculpa! - null mordeu o lábio e eu o olhei incrédula.
- Você vai me fazer ir embora embaixo dessa puta chuva? - respirei fundo e me controlando para não chorar. Ninguém tem o direito de fazer isso com uma pessoa, ainda mais alguém que se diz seu amigo.
- Me desculpe mesmo, é que... - ele olhou para a biscatezinha com o canto dos olhos e pude sentir a vaca rir de mim por dentro.
- Espero que você não precise de mim tão cedo, null.
/Flashback
- Aquele foi o pior resfriado que eu peguei na minha vida! - o fuzilei com o olhar, vendo-o rir.
- E ela se transformou na pessoa mais estranha que eu já conheci, depois do null. - O olhei sem entender. - Ela foi à loja para procurar suplemento. Lá é loja de esportes e essas coisas, né, e ela foi lá procurar. Sério, ela é toda musculosa, ruiva e de lentes azuis!
Tentei imaginar a minha querida Alyson do jeito que null a descreveu. Comecei a rir. Ela devia ter ficado muito estranha.
- E o que o null tem com isso? - perguntei.
- Ele chamou a Alyson para sair. - arregalei os olhos, rezando para que ela não cruzasse o meu caminho.
Depois que rimos mais um pouco, meu apartamento entrou em silêncio total. null continuou fazendo carinho no meu pé e eu suspirei cansada.
- null... - null me chamou e eu fiz um barulho qualquer com a boca. - Acho que eu vou querer alguma coisa sim. - ele respondeu e eu me levantei para ir pegar algo pra ele, mas fui puxada para o sofá de novo.
Especificamente, no colo dele.
Sua mão quente entrou em contato com a minha barriga, fazendo com que eu a contraísse imediatamente.
- Não precisa buscar nada, o que eu quero está aqui. - ele disse baixinho, e eu fechei os olhos, tentando não prender a respiração ou então, não respirar muito rápido.
Sou estranha e fico assim quando ouço essas coisas!
null já foi levantando meu moletom vermelho e jogou em qualquer canto. Sua boca procurou a minha com tanta pressa e força, que eu quase caí para trás. Prendi mais minha perna contra o corpo dele, sentindo seus dedos entrelaçarem em meu cabelo, puxando-o de leve, fazendo com que eu sentisse uma leve ardência.
Meu corpo foi jogado contra sofá e null se posicionou entre minhas pernas, ficando em cima de mim, voltando a me beijar.
Puxei sua blusa, sem delicadeza alguma, para cima e voltei a beijá-lo. Alternei em puxar seu cabelo de leve ou apertar sua cintura. Desabotoei sua bermuda - acho que ele não sente frio nas pernas - e ele terminou de tirá-la.
null voltou a ficar em cima de mim, tirando todo ar que me restava quando sua boca foi até a minha com rapidez. Cruzei minhas pernas em sua cintura, fazendo seu corpo ficar mais próximo ainda.
Senti que alguma coisa muito importante estava faltando...
- null. – sussurrei, ainda com nossos lábios grudados. Ele continuou me beijando, mas eu parei de ficar no mesmo ritmo que ele. null abriu os olhos, me fitando, ainda sem desgrudar a boca da minha. Mexi um pouco meu corpo, indicando que era pra ele me dar algum espaço.
- O que foi? - ele perguntou, com um pouco de dificuldade para respirar normalmente. Mordi o lábio em duvida de como falar aqui. Olhei para o lugar, só para ter certeza e bem, me senti totalmente frustrada.
Provavelmente ele tinha percebido, claro, mas talvez ainda estivesse tentando...
- Você, não, huh. - entortei a boca e senti meu rosto esquentar. Será que a culpa é minha? Ele fez um barulho estranho com a boca, apoiando a cabeça nas mãos e os cotovelos no joelho.
Se estivéssemos em um momento descontraído, diria que ele estava batendo um papo cabeça com o... Amigo.
- Desculpa! - ele me olhou frustrado. - antes de sair eu e a null, bom, duas vezes. Bufei alto, levantando do sofá e ficando de frente pra ele. Meu corpo inteiro arrepiou porque eu estava apenas de calcinha e sutiã.
- Melhor você ir para sua casa. - eu disse num tom normal, mas mostrando que feliz eu não estava.
- null, desculpa! - ele levantou, ficando de frente para mim. null colocou uma de suas mãos na minha cintura, mas eu afastei. Passei a mão pelo cabelo, fechando os olhos come força para não xingá-lo. As coisas sempre acontecem quando não devem. null bufou alto e quando abri os olhos, ele já estava se vestindo novamente.
Ele terminou de se vestir e começou a caminhar até a porta. Ouvi passos de alguém voltando e uma respiração quente bateu em meu pescoço.
Não me mexi.
- Você perguntou porque eu vim aqui e não, eu não estava passando por aqui, eu só queria te ver.
Logo ele se afastou de novo e a porta foi fechada com força.
Pronto, lá estava null de TPM e frustrada sexualmente.
O que você deveria sentir quando alguém que está prestes a transar com você não se excita?
E você que está totalmente excitada acaba se fodendo.
Depois que null foi embora, resolvi dormir um pouco, mas minha soneca não durou muito. É, não tinham abaixado o volume do cachorro ainda. Já era mais de 11 horas da noite e, por ter dormido um pouco, não tinha sono para dormir de uma vez. Tudo bem que no dia seguinte eu tinha trabalho, mas é a vida. Coloquei uma lasanha de quatro queijos no micro-ondas. Fui até meu quarto, para procurar algum filme para assistir e um legal estava começando, mas meu telefone começou a tocar.
Virei os olhos ao ver o número da casa de null na bina.
- O que você quer? - eu disse num tom pior do que eu tinha usado mais cedo.
- null? - uma voz feminina murmurou do outro lado da linha. - É a null.
- Oi, null. - eu disse, um pouco sem graça, jogando-me em minha cama. - Desculpa falar daquele jeito, eu olhei na bina e achei que fosse da casa de uma amiga minha que eu estou brigada. - inventei uma desculpa qualquer, não sabendo se ela acreditaria.
- Tudo bem. - ela riu e voltou ao tom normal de voz. - Eu te acordei?
- Longe disso, não vou conseguir dormir tão cedo! - eu respondi.
- Ah, que bom. Foi a única hora que eu consegui me livrar do null. - ela riu e claro que aquele 'me livrar' foi modo de falar. - É que ele não pode saber o que eu estou fazendo. - gelei ao ouvir aquilo. Será que ela estava desconfiada mesmo de alguma coisa? Porque depois daquele dia que os dois, eu e null saímos, aquelas coisas que ela falava, pareciam muito indiretas.
- Aconteceu alguma coisa? - perguntei, como quem não quer nada, mas espera que não seja algo ruim.
- Não, é que daqui umas duas semanas, ou mais um pouco, quero fazer um jantar surpresa para o null e claro que quero todos vocês aqui. - ela deu uma risadinha e eu mordi minha boca. Sempre me sinto culpada... Será que ele não se sente? - Mas ainda não sei o dia certinho, mas eu aviso! É que eu quero fazer em uma data especial, mas tenho que ver tudo certinho e se vai dar mesmo no dia que eu quero.
- Tudo bem, não importa o dia, eu vou!
- Obrigada, null, vai ser muito importante ter você aqui também. E ah, já aviso antes que vai ser um jantar social, então, se precisar comprar algo, já está avisado. - tentei imaginar as roupas que habitavam meu guarda-roupa, e, provavelmente, eu teria que comprar algo. - E mais uma coisa, eu já conversei com a null e ela concordou em ir escolher um vestido comigo, você iria?
Sim ou não?
- E-eu vou sim. - respondi e nem acreditei no que falei. - Só me falar o dia e se eu não tiver nada de trabalho para fazer, vou sim. - dei uma consertada no que falei e ela concordou.
Suspirei, colocando o telefone no gancho após me despedir dela.
E lá estava eu, com TPM, frustrada sexualmente e combinando de sair com... Ela.
Capítulo 17
- Amiga, por favor!
- Não dá, null...
- Por favor, estou de joelhos aqui em casa.
- Não posso, null. - null riu - E você não está de joelhos.
- Não estou, mas você podia muito bem ir comigo.
- Eu já combinei com o null de sair hoje, nós vamos jantar, essas coisas...
- Tudo bem, então... Pelo menos me ajuda na roupa. Sobretudo, jaqueta de couro? Vai, me ajuda. - eu disse, jogando-me no sofá. Era sexta à noite e eu não estava nem um pouco a fim de ficar em casa, mas eu não tinha companhia...
Mas quem disse que null null precisa de companhia?
- Sobretudo! Aquele bege que nós compramos semana passada...
- Verdade! - eu dei um gritinho. - Não usei ainda, obrigada, null.
Fiquei a tarde inteira pensando no restante de roupa que eu iria por. Aquele dia seria bem frio, segundo a previsão do tempo. Eu amo frio, mas amo mais ainda quando você pode dormir abraçada a alguém!
Fiquei vasculhando alguns canais da tv, tentando lembrar os lugares bons que Londres nos oferecia em uma sexta à noite, lembrei de um lugar que os meninos já tinham ido e elogiaram bastante.
E bom, pra todos eles gostarem, devia ser bom mesmo.
Terminei de ajustar meu sobretudo que completava minha roupa. Peguei a chave do meu carro e saí. Pensei ter ouvido meu telefone tocar, mas tinha certeza que não era. Algum dos vizinhos tem o mesmo toque de telefone que o meu e, sempre que toca, eu saio correndo para atender, mas dificilmente é o meu!
Cheguei ao barzinho e até que não estava muito lotado. Uma música agradável saía das caixinhas de som embutidas e mesmo não lembrando o nome, eu sabia cantar a tal música.
Caminhei vagarosamente até os altos bancos que ficavam no balcão (confesso que tenho dificuldades de subir em bancos muito altos).
Bebi, cantei, bebi, cantei, bebi e... Ah, era só isso que eu tinha para fazer. Depois de alguns drinks, senti meu corpo relaxar e, se eu saísse dali, certamente sairia tombando.
Se beber sentada, continue sentada. Foi o que me disseram uma vez, e pior que isso é verdade.
- A senhorita precisa de companhia? - ouvi alguém sussurrar em meu ouvido e eu estava prestes a xingar a pessoa, quando meus olhos encontraram os de null.
- null? - eu disse, sem esconder meu tom de surpresa.
- Oi, null. - ele disse, sentando-se no banco ao lado.
- Você está me seguindo ou nos encontramos por acaso? - perguntei, vendo null sorrir de lado e pedindo uma bebida qualquer ao barman.
- Se eu fosse orgulhoso, eu diria que foi por acaso, mas, na verdade, liguei para sua casa algumas vezes e depois para a null, que me disse que você estaria aqui. - eu havia avisado a null? Juro não lembrar disso. Ah, acho que me recordo algo sobre 'estou indo ao Puppet's, se resolver não deixar uma pobre amiga abandonada na mesa de um bar, aparece por lá'
Doce ilusão. null nunca que iria lá me fazer companhia... Eu ainda mato null pela existência dele em algumas horas.
- Por que veio atrás de mim, então? - sorri, esperando a resposta.
- Você sabe que eu nunca - ele deu um gole na bebida que o garçom havia acabado de colocar na frente dele. - vou te abandonar, por mais que isso soe meio sadomasoquista, eu sempre vou estar de olho em você. Não queria que você ficasse sozinha e indefesa em um barzinho! - eu queria dizer 'oun' bem alto, mas apenas sorri, bem abertamente.
- Hey, eu não sou indefesa! Fiz aulas de karatê e com você ainda...
- Convenhamos, você nunca foi boa aluna!
- Até parece que não! Nunca faltei a uma aula...
- Não faltou, mas aposto que seu pensamento ficava em mim o tempo todo.
null's POV
- Sonha, null. Sonha! - ela disse, dando outro gole na bebida. No fundo, eu sabia que era verdade.
Mas o que eu estava fazendo ali, afinal? Ao lado da mulher que simplesmente me ignorou, que me fez e faz sofrer.
Na verdade, nem eu sei o porquê!
Quando liguei para ela, era mais para saber como estava, para conversar um pouco, não sei. Tudo bem que eu disse tudo o que disse pra ela, mas eu, simplesmente, não conseguia jogar fora os anos de amizade que temos (e acho que muitas vezes a amizade fala mais alto do que um amor não correspondido) e que se foda, eu já estava mais ferrado mesmo.
Mas eu não podia me deixar levar pela tentação...
Quando null começou a contar piadinhas e a rir mais do que o devido delas, percebi que era hora de ir embora antes que ela arrancasse a roupa de tanto calor que ela reclamava estar.
Ela estava bêbada, óbvio.
- null, vamos? - eu disse, levantando-me. Paguei a conta, sem ela ver, mas ela nem tinha lembrado que tinha algo a pagar.
- Mas já? - ela fez bico, cruzando as pernas e fazendo o, hã, o casaco subir um pouco. Desviei a atenção e a puxei pela mão.
- Sim, agora! - eu disse em um tom autoritário e divertido ao mesmo tempo.
- Você não é meu pai! - ela cantarolou a última palavra, mas segundos depois levantou do banco e nós atravessamos o bar de mãos dadas.
E se não estivéssemos assim, ela teria caído.
- Onde está seu carro? - perguntei, parando na calçado do local. Ela me olhou com os olhos arregalados e depois os fechou e começou a mexer a boca, como se estivesse falando com ela mesma. Ri baixinho e ela pareceu ter um estalo mental.
- Ali! - ela apontou pro lado esquerdo e começamos a caminhar naquela direção. E eu sempre a segurando pra não cair.
- Eu dirijo. - disse, pegando a chave da mão dela.
- Dirija seu carro, né! - ela disse, toda ciumenta. É, ela tem ciúmes de tudo o que ela tem...
- Eu vim de táxi... - sorri convencido e ela virou os olhos, entrando do lado do passageiro.
- null... - ela cantarolou meu nome, passando a mão pela minha coxa.
Finge não estar interessado!
- null, pára de fingir que não está ligando! - ela disse, com a voz embolada, colocando a mão por debaixo da minha camiseta.
Eu não estou interessado.
Senti a mão dela adentrar minha calça e me martirizei por não ter colocado aquela merda de cinto. Sua mão gelada tocou meu membro e todo meu corpo relaxou com o toque dela, até que uma buzina nos despertou (percebi que estava quase subindo a calçada). Levamos um susto e null voltou para o lugar dela, mas percebi um sorrisinho nos lábios dela.
Ah, se ela achava que eu ia cair na dela...
'1, 2, 3 not only you and me. Got one eighty degrees and I'm caught in between'
null cantava e dançava de uma forma extremamente engraçada em frente ao espelho do elevador, fazendo umas caretas malucas.
'Countin' 1, 2, 3, Peter, Paul & Mary. Gettin' down with 3P, everybody loves ***'
Cruzei os braços, apoiando uma das minhas pernas na parede, enquanto observava null dançar, cantar e fazer careta, com o canto dos olhos.
Por mais que ela tivesse feito o que fez, eu gostava de gostar dela, por mais que eu achasse que eu tinha que acabar com isso de uma vez!
null era autêntica, engraçada e bonita. Provavelmente tudo o que eu preciso, já que eu não consigo esquecer essa filha da mãe.
- ! - null me despertou e a vi parada entre as portas do elevador, as prendendo. - Está sonhando acordado? - ela arqueou a sobrancelha. Balancei a cabeça um pouco, seguindo-a para o apartamento.
null abriu a porta com dificuldade, mas abriu. Quando adentrou, ela afrouxou o fecho da sandália e 'chutou' o vento, fazendo as sandálias voarem sala adentro.
Arregalei os olhos e agradeci por ainda estar do lado de fora.
- QUE CALOR! - ela gritou, tirando o casaco e o jogando em qualquer lugar, revelando um vestido perto super curto e suas pernas cobertas pela meia calça fina à mostra. Desviei meu olhar das pernas pra algo qualquer na sala.
- null... Você não acha melhor tomar banho antes de dormir, não? Pelo menos você dá uma acordada, né. - entrei no quarto dela e ela estava jogada na cama.
- Não quero tomar banho... - ela virou pra mim. - Quero dormir, vem dormir comigo, vem! - ela esticou os braços e eu neguei com a cabeça.
- Banho, agora.
- Não vou, não vou. - ela levantou da cama e saiu correndo do quarto.
Eu só tinha que ignorar.
Ouvi algo quebrando e um grito de dor vindo da sala. Ri, me jogando na cama e esperando ela voltar.
- Bati minha perna. - ela se aproximou da cama, mostrando um risco em sua perna. Ela ficou me analisando, ali deitado e sorriu, pulando em cima de mim e quase esmagando todos os meus órgãos.
- Eu sei que você me quer... - ela cantarolou aquela frase e eu virei os olhos, negando com a cabeça. - Quer sim! - ela sorriu e puxou o vestido pra cima, revelando um sutiã vermelho estupidamente sexy. Ela se aproximou de mim e sussurrou em meu ouvido - Eu também te quero.
Toda minha promessa foi por água abaixo quando senti aquelas palavras serem sussurradas em meu ouvido. Meu corpo inteiro pediu por ela e eu ainda não havia aprendido como negar.
E, provavelmente, ela não lembraria de quase nada. Uns flashes talvez, mas nada que eu não pudesse desmentir.
Eu não estava sendo cafajeste, eu só estava querendo deixar as coisas para a hora certa.
Mesmo que para isso eu tenha que fazer as coisas não em suas horas e tenha que omitir alguns fatos.
Puxei null sem delicadeza nenhuma, sentido seu corpo colidir contra o meu. Beijávamos-nos com força, vontade e, bom, da minha parte, saudade. Abri o fecho de seu sutiã com uma mão, enquanto a outra passava a mão por toda a extensão do corpo dela. Ela quebrou o beijo, tirando minha blusa e desabotoando minha calça, enquanto eu descia sua meia calça.
Nós já estávamos completamente sem roupa e senti null se posicionar em meu membro.
- null... A camisinha. - eu disse, sem fôlego.
- Ah, null, não estraga o momento! - ela disse, beijando meu pescoço e dando leves lambidinhas, o que me fazia arrepiar até onde não tinha porque. Peguei ela pelo braço e olhando significativo. Ela bufou e foi até minha calça. Pegou minha carteira, vasculhando até achar o que queria e abriu, me ajudando a colocar.
Ela se posicionou em cima do meu membro de novo, me ajudando a penetrá-la. null cravou suas unhas em meu braço, mas não me importei muito com isso. Ela me puxou, fazendo que nós dois ficássemos sentados (ela em cima), seus seios batendo em meu rosto. Enquanto ela fazia movimentos e sussurrava meu nome, deixando-me completamente maluco, escolhi um dos dois e suguei com força, fazendo movimentos circulares com a língua.
null levou uma das mão até meu cabelo, puxando-o com força, enquanto seus movimentos aumentavam. Apertei-a mais contra meu corpo, senti o calor dela. Ela foi aumentando gradativamente os movimentos e os gemidos. Jogou a cabeça para trás, fechando os olhos com força e fazendo suas unhas quase perfurarem minha pele. Deu um gemido alto e eu entendi o que era, mas eu ainda não tinha...
- Você ainda... - ela abriu os olhos, falando com dificuldade e me fitando. Respondi que não com a cabeça e ela voltou a me beijar, jogando seu corpo contra o meu e fazendo com que nós voltássemos a ficar deitados na cama. Apertei sua cintura, vendo a ficar de quatro na cama. A penetrei de novo, puxando-a mais contra meu corpo, enquanto eu a estimulava com o dedo.
Qual é, duas vezes não mata ninguém!
Fiquei naquele movimento de 'vai e vem', mas aumentando cada vez mais meu ritmo. Aumentei também os movimentos do meu dedo nela, vendo-a jogar a cabeça para trás várias vezes. Comecei a gemer e a arfar, sentindo null também se movimentar, para me ajudar.
Senti uma onda de prazer me invadir e dei mais umas três estocadas e cheguei ao meu ápice. Respirei fundo e null relaxou os braços, se jogando na cama e fazendo com que eu caísse em cima dela.
Rolei na cama, deitando ao lado dela e a observei, toda linda, respirando com um pouco de dificuldade, os olhos fechado e um meio sorriso no rosto. Bufei, sentindo um aperto no peito. Eu queria deitar ali, colocar a cabeça dela em meu peito e dormir até cansar.
Sim, cansar de dormir.
Mas eu não ia. Não podia.
Levantei da cama, tentando não fazer barulho, mas ela arregalou os olhos e me olhou.
- Aonde você vai? - ela perguntou, estreitando os olhos, provavelmente para conseguir achar um foco que não tivesse tudo meio embaçado.
- Lugar nenhum, volta a dormir.
- Não, null, por favor. - ela apertou os olhos e vi uma lágrima sair de cada olho, escorrendo pela maçã do rosto dela. Desviei o olhar Para um objeto qualquer. - Não quero ficar sozinha. - ela sussurrou, esticando os braços para mim. Peguei em uma de suas mãos e a senti apertá-la com força. - Por favor, eu quero você! - Respirei fundo, soltando da mão dela. Logo ela estaria dormindo.
Deixei o quarto antes que me arrependesse e voltasse, deixando-a sozinha.
E saí.
- Não dá, null...
- Por favor, estou de joelhos aqui em casa.
- Não posso, null. - null riu - E você não está de joelhos.
- Não estou, mas você podia muito bem ir comigo.
- Eu já combinei com o null de sair hoje, nós vamos jantar, essas coisas...
- Tudo bem, então... Pelo menos me ajuda na roupa. Sobretudo, jaqueta de couro? Vai, me ajuda. - eu disse, jogando-me no sofá. Era sexta à noite e eu não estava nem um pouco a fim de ficar em casa, mas eu não tinha companhia...
Mas quem disse que null null precisa de companhia?
- Sobretudo! Aquele bege que nós compramos semana passada...
- Verdade! - eu dei um gritinho. - Não usei ainda, obrigada, null.
Fiquei a tarde inteira pensando no restante de roupa que eu iria por. Aquele dia seria bem frio, segundo a previsão do tempo. Eu amo frio, mas amo mais ainda quando você pode dormir abraçada a alguém!
Fiquei vasculhando alguns canais da tv, tentando lembrar os lugares bons que Londres nos oferecia em uma sexta à noite, lembrei de um lugar que os meninos já tinham ido e elogiaram bastante.
E bom, pra todos eles gostarem, devia ser bom mesmo.
Terminei de ajustar meu sobretudo que completava minha roupa. Peguei a chave do meu carro e saí. Pensei ter ouvido meu telefone tocar, mas tinha certeza que não era. Algum dos vizinhos tem o mesmo toque de telefone que o meu e, sempre que toca, eu saio correndo para atender, mas dificilmente é o meu!
Cheguei ao barzinho e até que não estava muito lotado. Uma música agradável saía das caixinhas de som embutidas e mesmo não lembrando o nome, eu sabia cantar a tal música.
Caminhei vagarosamente até os altos bancos que ficavam no balcão (confesso que tenho dificuldades de subir em bancos muito altos).
Bebi, cantei, bebi, cantei, bebi e... Ah, era só isso que eu tinha para fazer. Depois de alguns drinks, senti meu corpo relaxar e, se eu saísse dali, certamente sairia tombando.
Se beber sentada, continue sentada. Foi o que me disseram uma vez, e pior que isso é verdade.
- A senhorita precisa de companhia? - ouvi alguém sussurrar em meu ouvido e eu estava prestes a xingar a pessoa, quando meus olhos encontraram os de null.
- null? - eu disse, sem esconder meu tom de surpresa.
- Oi, null. - ele disse, sentando-se no banco ao lado.
- Você está me seguindo ou nos encontramos por acaso? - perguntei, vendo null sorrir de lado e pedindo uma bebida qualquer ao barman.
- Se eu fosse orgulhoso, eu diria que foi por acaso, mas, na verdade, liguei para sua casa algumas vezes e depois para a null, que me disse que você estaria aqui. - eu havia avisado a null? Juro não lembrar disso. Ah, acho que me recordo algo sobre 'estou indo ao Puppet's, se resolver não deixar uma pobre amiga abandonada na mesa de um bar, aparece por lá'
Doce ilusão. null nunca que iria lá me fazer companhia... Eu ainda mato null pela existência dele em algumas horas.
- Por que veio atrás de mim, então? - sorri, esperando a resposta.
- Você sabe que eu nunca - ele deu um gole na bebida que o garçom havia acabado de colocar na frente dele. - vou te abandonar, por mais que isso soe meio sadomasoquista, eu sempre vou estar de olho em você. Não queria que você ficasse sozinha e indefesa em um barzinho! - eu queria dizer 'oun' bem alto, mas apenas sorri, bem abertamente.
- Hey, eu não sou indefesa! Fiz aulas de karatê e com você ainda...
- Convenhamos, você nunca foi boa aluna!
- Até parece que não! Nunca faltei a uma aula...
- Não faltou, mas aposto que seu pensamento ficava em mim o tempo todo.
null's POV
- Sonha, null. Sonha! - ela disse, dando outro gole na bebida. No fundo, eu sabia que era verdade.
Mas o que eu estava fazendo ali, afinal? Ao lado da mulher que simplesmente me ignorou, que me fez e faz sofrer.
Na verdade, nem eu sei o porquê!
Quando liguei para ela, era mais para saber como estava, para conversar um pouco, não sei. Tudo bem que eu disse tudo o que disse pra ela, mas eu, simplesmente, não conseguia jogar fora os anos de amizade que temos (e acho que muitas vezes a amizade fala mais alto do que um amor não correspondido) e que se foda, eu já estava mais ferrado mesmo.
Mas eu não podia me deixar levar pela tentação...
Quando null começou a contar piadinhas e a rir mais do que o devido delas, percebi que era hora de ir embora antes que ela arrancasse a roupa de tanto calor que ela reclamava estar.
Ela estava bêbada, óbvio.
- null, vamos? - eu disse, levantando-me. Paguei a conta, sem ela ver, mas ela nem tinha lembrado que tinha algo a pagar.
- Mas já? - ela fez bico, cruzando as pernas e fazendo o, hã, o casaco subir um pouco. Desviei a atenção e a puxei pela mão.
- Sim, agora! - eu disse em um tom autoritário e divertido ao mesmo tempo.
- Você não é meu pai! - ela cantarolou a última palavra, mas segundos depois levantou do banco e nós atravessamos o bar de mãos dadas.
E se não estivéssemos assim, ela teria caído.
- Onde está seu carro? - perguntei, parando na calçado do local. Ela me olhou com os olhos arregalados e depois os fechou e começou a mexer a boca, como se estivesse falando com ela mesma. Ri baixinho e ela pareceu ter um estalo mental.
- Ali! - ela apontou pro lado esquerdo e começamos a caminhar naquela direção. E eu sempre a segurando pra não cair.
- Eu dirijo. - disse, pegando a chave da mão dela.
- Dirija seu carro, né! - ela disse, toda ciumenta. É, ela tem ciúmes de tudo o que ela tem...
- Eu vim de táxi... - sorri convencido e ela virou os olhos, entrando do lado do passageiro.
- null... - ela cantarolou meu nome, passando a mão pela minha coxa.
Finge não estar interessado!
- null, pára de fingir que não está ligando! - ela disse, com a voz embolada, colocando a mão por debaixo da minha camiseta.
Eu não estou interessado.
Senti a mão dela adentrar minha calça e me martirizei por não ter colocado aquela merda de cinto. Sua mão gelada tocou meu membro e todo meu corpo relaxou com o toque dela, até que uma buzina nos despertou (percebi que estava quase subindo a calçada). Levamos um susto e null voltou para o lugar dela, mas percebi um sorrisinho nos lábios dela.
Ah, se ela achava que eu ia cair na dela...
'1, 2, 3 not only you and me. Got one eighty degrees and I'm caught in between'
null cantava e dançava de uma forma extremamente engraçada em frente ao espelho do elevador, fazendo umas caretas malucas.
'Countin' 1, 2, 3, Peter, Paul & Mary. Gettin' down with 3P, everybody loves ***'
Cruzei os braços, apoiando uma das minhas pernas na parede, enquanto observava null dançar, cantar e fazer careta, com o canto dos olhos.
Por mais que ela tivesse feito o que fez, eu gostava de gostar dela, por mais que eu achasse que eu tinha que acabar com isso de uma vez!
null era autêntica, engraçada e bonita. Provavelmente tudo o que eu preciso, já que eu não consigo esquecer essa filha da mãe.
- ! - null me despertou e a vi parada entre as portas do elevador, as prendendo. - Está sonhando acordado? - ela arqueou a sobrancelha. Balancei a cabeça um pouco, seguindo-a para o apartamento.
null abriu a porta com dificuldade, mas abriu. Quando adentrou, ela afrouxou o fecho da sandália e 'chutou' o vento, fazendo as sandálias voarem sala adentro.
Arregalei os olhos e agradeci por ainda estar do lado de fora.
- QUE CALOR! - ela gritou, tirando o casaco e o jogando em qualquer lugar, revelando um vestido perto super curto e suas pernas cobertas pela meia calça fina à mostra. Desviei meu olhar das pernas pra algo qualquer na sala.
- null... Você não acha melhor tomar banho antes de dormir, não? Pelo menos você dá uma acordada, né. - entrei no quarto dela e ela estava jogada na cama.
- Não quero tomar banho... - ela virou pra mim. - Quero dormir, vem dormir comigo, vem! - ela esticou os braços e eu neguei com a cabeça.
- Banho, agora.
- Não vou, não vou. - ela levantou da cama e saiu correndo do quarto.
Eu só tinha que ignorar.
Ouvi algo quebrando e um grito de dor vindo da sala. Ri, me jogando na cama e esperando ela voltar.
- Bati minha perna. - ela se aproximou da cama, mostrando um risco em sua perna. Ela ficou me analisando, ali deitado e sorriu, pulando em cima de mim e quase esmagando todos os meus órgãos.
- Eu sei que você me quer... - ela cantarolou aquela frase e eu virei os olhos, negando com a cabeça. - Quer sim! - ela sorriu e puxou o vestido pra cima, revelando um sutiã vermelho estupidamente sexy. Ela se aproximou de mim e sussurrou em meu ouvido - Eu também te quero.
Toda minha promessa foi por água abaixo quando senti aquelas palavras serem sussurradas em meu ouvido. Meu corpo inteiro pediu por ela e eu ainda não havia aprendido como negar.
E, provavelmente, ela não lembraria de quase nada. Uns flashes talvez, mas nada que eu não pudesse desmentir.
Eu não estava sendo cafajeste, eu só estava querendo deixar as coisas para a hora certa.
Mesmo que para isso eu tenha que fazer as coisas não em suas horas e tenha que omitir alguns fatos.
Puxei null sem delicadeza nenhuma, sentido seu corpo colidir contra o meu. Beijávamos-nos com força, vontade e, bom, da minha parte, saudade. Abri o fecho de seu sutiã com uma mão, enquanto a outra passava a mão por toda a extensão do corpo dela. Ela quebrou o beijo, tirando minha blusa e desabotoando minha calça, enquanto eu descia sua meia calça.
Nós já estávamos completamente sem roupa e senti null se posicionar em meu membro.
- null... A camisinha. - eu disse, sem fôlego.
- Ah, null, não estraga o momento! - ela disse, beijando meu pescoço e dando leves lambidinhas, o que me fazia arrepiar até onde não tinha porque. Peguei ela pelo braço e olhando significativo. Ela bufou e foi até minha calça. Pegou minha carteira, vasculhando até achar o que queria e abriu, me ajudando a colocar.
Ela se posicionou em cima do meu membro de novo, me ajudando a penetrá-la. null cravou suas unhas em meu braço, mas não me importei muito com isso. Ela me puxou, fazendo que nós dois ficássemos sentados (ela em cima), seus seios batendo em meu rosto. Enquanto ela fazia movimentos e sussurrava meu nome, deixando-me completamente maluco, escolhi um dos dois e suguei com força, fazendo movimentos circulares com a língua.
null levou uma das mão até meu cabelo, puxando-o com força, enquanto seus movimentos aumentavam. Apertei-a mais contra meu corpo, senti o calor dela. Ela foi aumentando gradativamente os movimentos e os gemidos. Jogou a cabeça para trás, fechando os olhos com força e fazendo suas unhas quase perfurarem minha pele. Deu um gemido alto e eu entendi o que era, mas eu ainda não tinha...
- Você ainda... - ela abriu os olhos, falando com dificuldade e me fitando. Respondi que não com a cabeça e ela voltou a me beijar, jogando seu corpo contra o meu e fazendo com que nós voltássemos a ficar deitados na cama. Apertei sua cintura, vendo a ficar de quatro na cama. A penetrei de novo, puxando-a mais contra meu corpo, enquanto eu a estimulava com o dedo.
Qual é, duas vezes não mata ninguém!
Fiquei naquele movimento de 'vai e vem', mas aumentando cada vez mais meu ritmo. Aumentei também os movimentos do meu dedo nela, vendo-a jogar a cabeça para trás várias vezes. Comecei a gemer e a arfar, sentindo null também se movimentar, para me ajudar.
Senti uma onda de prazer me invadir e dei mais umas três estocadas e cheguei ao meu ápice. Respirei fundo e null relaxou os braços, se jogando na cama e fazendo com que eu caísse em cima dela.
Rolei na cama, deitando ao lado dela e a observei, toda linda, respirando com um pouco de dificuldade, os olhos fechado e um meio sorriso no rosto. Bufei, sentindo um aperto no peito. Eu queria deitar ali, colocar a cabeça dela em meu peito e dormir até cansar.
Sim, cansar de dormir.
Mas eu não ia. Não podia.
Levantei da cama, tentando não fazer barulho, mas ela arregalou os olhos e me olhou.
- Aonde você vai? - ela perguntou, estreitando os olhos, provavelmente para conseguir achar um foco que não tivesse tudo meio embaçado.
- Lugar nenhum, volta a dormir.
- Não, null, por favor. - ela apertou os olhos e vi uma lágrima sair de cada olho, escorrendo pela maçã do rosto dela. Desviei o olhar Para um objeto qualquer. - Não quero ficar sozinha. - ela sussurrou, esticando os braços para mim. Peguei em uma de suas mãos e a senti apertá-la com força. - Por favor, eu quero você! - Respirei fundo, soltando da mão dela. Logo ela estaria dormindo.
Deixei o quarto antes que me arrependesse e voltasse, deixando-a sozinha.
E saí.
Capítulo 18
Ouvi uma música alta que começou a tocar e eu não consegui identificar de onde vinha. Parecia que estava embaixo de mim. Levantei bruscamente, ficando sentada na cama, mas minha cabeça começou a rodar e senti várias pontadas, fazendo com que eu me deitasse de novo. A música parou por alguns instantes, mas voltou logo em seguida. Será que eu tava ficando louca?
Comecei a rodar pela cama a procura da música e olhei embaixo da cama, encontrando um celular que tocava e girava, enquanto uma luz acendia conforma a música tocava. Peguei o mesmo, e na tela piscava um 'Sam'. Arqueei a sobrancelha, não reconhecendo nem o celular, e nem a tal Sam, mas resolvi atender.
- Alô? - falei e uma voz feminina falou do outro lado.
- Alô? É do telefone do null? - a voz perguntou e eu estranhei. null? Tirei o telefone da orelha e o olhei. É, parecia com o dele.
Mas por que o celular dele estava na minha casa?
O que eu fiz noite passada?
- Sim, é sim. - respondi, dando de ombros. Se não fosse o mesmo null, que se dane.
- Você é o que dele? - a voz perguntou de novo. Que pessoa curiosa, credo.
- Irmã - disse a primeira coisa que veio a minha cabeça. -, e ele não está agora, foi até a padaria. - sorri, percebendo que funcionou.
- Tudo bem, você pode avisá-lo que a Samantha ligou para confirmar nossa baladinha hoje? - fiz um barulho estranho com a boca e concordei com a menina, apenas pra ela não ficar ligando e ligando. Samantha, é? Sei.
Criei coragem e levantei da cama, sentindo a cabeça uns 20 quilos mais pesada, e quase caindo por um canto qualquer do quarto. Seja lá o que eu fiz, devia ter bebido muito, porque não me lembrava de nada. E eu só queria lembrar como o celular do null havia ido parar embaixo da minha cama.
Para falar a verdade, eu tinha uns flashes onde ele aparecia, mas não sei dizer se é real ou tudo imaginação da minha cabeça 20 quilos mais pesada. Sabe, acho que eu devia parar de beber. Não que eu beba todos os dias, mas às vezes eu exagero um pouquinho.
Tomei um banho rápido, me livrando de toda aquela sujeira, que não é uma sujeira em si, mas bem, me sinto suja quando bebo e acordo de ressaca no dia seguinte. Nada que um banho não renove. Enquanto me trocava, escolhendo uma roupa muito confortável, já que, obviamente, eu iria ficar em casa. Aposto que a minha carteira está vazia, não seria louca de sair de novo no sábado e gastar mais dinheiro - já que minha ressaca era das fodidas, devo ter fodido com meu dinheiro também, pra conseguir a ressaca, certo? - meu estômago roncou muito alto, mas muito alto mesmo, que eu até assustei. Resolvi por colocar um short de malha e uma das várias blusas que eu tinha de quando fui para a Disney. Presente dos pais de Carolina de aniversário para ela e eu de brinde, claro. Blusas muito boas aquelas, afinal, quantos anos eu já não havia ido para lá? Uns cinco talvez...
Ao colocar o short, percebi uma mancha roxa, quase gritando de tão berrante em minha perna. Meu Deus, o que eu fiz?
Forcei meu cérebro enfraquecido no momento, para ver se lembrava de algo, mas foi a pior coisa que fiz, já que meu pequeno esforço me rendeu uma leve tontura. Fui em direção à cozinha, para procurar algo que alimentasse meu estômago e o fizesse parar de pedir por socorro, mas no caminho, encontrei meu pote de vidro, onde eu guardava balinhas, todo espatifado no chão. A mesinha onde ele ficava estava meio torta e as coisas que ficavam em cima, um pouco fora do lugar.
Acho que encontrei onde meti minha perna.
E realmente preciso parar de beber.
Fui até a cozinha, largando o celular do null em qualquer canto por ali e fui até a geladeira. Meus olhos brilharam quando vi um pacote de batata em palitos no congelador. Peguei o mesmo, já sabendo o que ia comer e deixei que o óleo esquentasse pra que eu começasse a fritá-las, mas alguém resolveu me interromper.
- Oi. - atendi o telefone que eu tinha na cozinha, mas lá nem tinha bina para eu saber quem era. - Oi? - perguntei de novo, percebendo que a pessoa do outro lado não falava nada.
- Oi, null. - ouvi a voz de null do outro lado. Ele parecia um pouco receoso. Bom, não tínhamos nos falado desde o dia em que nada aconteceu por alguns problemas técnicos. Confesso que na hora fiquei com raiva e nervosa, mas ah, fazer o quê, né? - 'Tá ocupada? Pode conversar? - olhei o pacote de batatas em cima da pia e o óleo já prontinho para recebê-las.
- Não, pode falar. - sorri, equilibrando o telefone no ombro, rezando para não me queimar com o óleo.
- Como você está? Faz uns dias que não nos falamos. Fiquei sabendo que você, null e a null foram fazer compras! - ele disse e pude perceber um risinho em seu tom de voz. Joguei um montinho de batatas no óleo com força e quando fui atingida no rosto por uma monte de respingo de óleo.
- Sim, saímos, foi muito legal! - Ironia, meu sobrenome. Claro que não tinha sido legal. Blá blá blá null blá blá blá foi tudo o que eu ouvi o dia todo e quase mandei a null ficar quieta, e que eu já sabia todas as qualidades dele. Até demais! Tirando que ela ficava falando que o jantar era surpresa e que nós não tinhamos nem ideia do porquê.
E eu nem queria saber.
Tudo bem, tenho que admitir que ela era legal, apesar desses momentos platônicos dela, e confesso me sentir mal quando saio com ela e a vejo toda feliz.
- E sobre não termos nos falado, é só marcar algo que botamos todo o papo em dia. - sugeri, ouvindo null pigarrear.
- Claro, faremos isso, vou ver um dia aqui com a null e marcamos. - ele disse e eu não entendi nada. Ou ele era tonto e não entendeu o que eu quis dizer, ou ele estava testando novas experiências, se é que você me entende. Ele percebeu meu silêncio, e resolveu de explicar. - É que a null não vai mais viajar. A irmã dela que vendia esse produtos resolveu abrir uma loja aqui e a chamou pra tomar conta, e bom, outra pessoa vai viajar com o grupo para as tendências, essas coisas esquisitas que eu nunca fiz questão de entender.
- null, você tem uma loja e devia saber as tendência, por mais que não seja... Do que é mesmo a loja da irmã dela?
- Roupa íntima. Tá, eu sei que eu tenho uma loja, mas nunca me preocupei com isso.
- Entendi. E bom, isso vai ser bom para vocês, né? Vão poder se ver bem mais! - fingi felicidade e tenho certeza que ele percebeu, e era pra perceber.
- null, não vou deixar de te ver, é só que.. - 'é só meu amigo não vai subir com muita frequência já que a minha namorada vai estar bem mais presente!' Juro que morri de vontade de dizer aquilo, mas me controlei.
- Não se preocupe com isso, null, está tudo certo.
- Eu sei que não está, mas você tem que entender que a culpa não é minha. - ele bufou e respirou fundo.
- Tudo bem, Dougie, eu entendo o seu lado e sério, não estou brava nem nada. Bom, agora preciso desligar antes que derrube a panela com óleo quente em cima de mim.
- Desculpe, você estava ocupada.
- Mas eu não estou totalmente ocupada, posso muito bem falar ao telefone e fritar batatas. - acho que calar a boca também, já que eu estava falando coisas contrárias. null começou a rir, mas logo parou, deixando a linha completamente silenciosa.
- null? - ele disse, depois de um tempinho e apenas murmurei algo, indicando que estava ali. - Eu realmente quero continuar te vendo, você me faz bem, não quero perder isso. Tchau. - houve um barulho de telefone sendo desligado e logo aquele barulhinho indicou isso mesmo.
Respirei fundo, depois de digerir as palavras dele. Não sabia se deveria sorrir ou tacar aquela panela na minha cabeça. Cada dia que passava eu ficava mais confusa e irritada.
Depois de comer minhas batatas com várias calorias, resolvi deitar e dormir, para que a dor passasse e eu não precisasse senti-la enquanto isso. Mas não consegui dormir por muito tempo, então tomei outro banho e voltei para a minha cama para ver qualquer filme que tivesse passando.
Mas quem disse que eu conseguia?
Um infeliz objeto tirava minha atenção toda hora que eu olhava para o lado, e ele estava lá, quietinho sob minha escrivaninha. E a mesma pergunta passava pela minha cabeça: como o celular do null veio parar embaixo da minha cama?
Sim, o celular era dele mesmo. Resolvi fuçar um pouco nele e logo que ergui o flip do celular, tinha uma foto dele. E também tinha fotos minhas, da null, null, null, null, null e umas pessoas desconhecidas.
Depois de discutir muito comigo (eu faço isso o tempo tudo), resolvi que eu devia ir até a casa dele para devolver o celular.
Mas era só pra devolver o celular, só para isso.
Troquei de roupa, certifiquei-me que o celular estava na bolsa e saí.
Cheguei ao prédio dele, e pedi ao porteiro para que não me anunciasse. Ele protestou um pouco, mas cedeu, porque ele lembrou quem eu era. Quando vi a porta do apartamento dele ser aberta, senti minhas pernas bambearem, e tive se segurar no batente - discretamente - pra não cair.
Lá estava null, perfeitamente lindo. Os cabelos bagunçados, mas ao mesmo tempo arrumado, uma daquelas malditas calças que ele usa, que realça a bunda dele, uma camiseta simples branca e uma jaqueta de couro.
Claro, sem contar o perfume delicioso.
E tudo aquilo pra... SAM!
null's POV
Olhei pro relógio de novo, e já era quase dez da noite. Obviamente eu não ia ficar em casa, em pleno sábado, mas eu tinha perdido meu celular, e não tinha ninguém pra sair. Eu não estava muito a fim de sair sozinho, pra depois achar alguém. Coloquei um cd mp3 no rádio, me joguei no sofá e comecei a viajar na música que tocava, mas logo minha viagem foi interrompida pelo som da campainha.
Abri a porta, imaginando que era o porteiro, ou alguém do prédio, já que sou sempre avisado quando chega alguém.
Mas era null quem estava parada ali. Ela me olhou de um jeito estranho e se apoiou no batente da porta. Não entendi muito bem a reação dela, mas fingi que nem reparei.
- Oi. - ela disse, dando um beijo na minha bochecha, e entrando. Sem pedir, claro. Não que eu não fosse convidá-la, mas foi sem pedir.
- Oi. - respondi, fechando a porta.
- Vim trazer uma coisa que você esqueceu em casa - ela me olhou sugestiva. Não era para ela saber que eu estive na casa dela. A vi remexer dentro da bolsa, e tirar um objeto prateado de dentro.
Ah, sim, meu celular.
- E eu quero saber como o seu celular foi parar embaixo da minha cama. - ela sorriu sem emoção. Aposto que ela imagina alguma coisa, mas eu ia tirar aquilo da cabeça dela.
- Não faço a mínima ideia! - fiz minha melhor cara de 'estou tentando lembrar também', mas ela apenas me lançou um olhar cortante.
- Está bom, já que você não quer falar, - ela deu de ombros. – aqui está seu celular. - ela o colocou em cima de uma mesinha próxima. Ela se aproximou de mim, fazendo com que seu perfume, muito bom por sinal, tomasse conta do ar e empreguinasse meu nariz - Só para avisar, uma tal de Samantha ligou.
- Quem?
- A Sam! - ela revirou os olhos, e eu ri por dentro. Eu não lembrava de Sam nenhuma.
- Ah, a Sam! Vou sair com ela hoje. - sorri, nem fazendo ideia do que eu estava falando.
- É, fiquei sabendo mesmo. Conta para ela o que você fez ontem à noite. - ela começou a andar em direção a porta, mas a impedi, puxando-a pelo braço. Confesso que coloquei um pouco mais de força do que devia, mas foi sem querer.
- Ai, null! - ela exclamou, mas eu ignorei.
- Do que você está falando?
- Seu celular não foi parar sozinho embaixo da minha cama, foi? - ela disse baixo, e sua respiração batia em meu pescoço, já que ela era mais baixa do que eu. Minha vontade era abraçá-la, beijá-la e dizer que eu não ia sair com Samantha nenhuma, que a noite passada eu passei com ela. Na verdade, eu não queria nem ter saído da casa dela.
- Ok, você não lembra, mas ontem, te encontrei num barzinho. Você já estava bem alta, claro. E eu tive que te levar embora. Mas foi só isso.
- Duvido! - ela exclamou. Senti sua mão tocar minha cintura, e meu corpo inteiro arrepiou. Apertei mais seu braço, e empurrei um pouco seu corpo, sentindo ela se chocar contra a parede. - Eu duvido, porque você nunca resiste, muito menos se eu estiver indefesa. - ela continou, apertando minha cintura. Sua mão adentrou minha camiseta, e ela começou a passar sua unha pela minha pele.
Aquilo era golpe baixo, bem baixo.
Respirei fundo, tentando me concentrar no que eu tinha começado.
- É, talvez você tenha razão. – a olhei bem no fundo dos olhos. Subi minha mão, por dentro de sua blusa, e parei em cima de um dos seios, por cima do sutiã. – Talvez eu não consiga resistir a você, principalmente indefesa. – sussurrei em seu ouvido, ainda fazendo movimento em seu seio, e senti seu corpo contrair e os pelos dela se eriçarem. – Talvez eu tenha vontade de te preencher por completo, como eu sei que eu faço. – desci a mão por sua barriga, sentindo-a contrair a mesma, e respirar fundo, fechando os olhos. Continuei descendo a mão, apenas sentindo a respiração pesada dela bater em meu rosto. Abri o botão e o zíper da calça que ela vestia, passando o dedo pela barra da calcinha. – Mas isso era em outra época. Agora eu fiz uma promessa, e eu estou completamente disposto a cumpri-la. – disse isso, ainda sussurrando e a larguei, vendo-a abrir os olhos e me olhar incrédula. Podia doer muito, mas eu tinha que aprender a me dar valor também.
Passei pela mesinha em que ela havia colocado o celular.
- Quando sair, coloca a chave no esconderijo para mim, por favor. – pisquei para ela.
E saí. Deixando-a sozinha.
De novo.
Comecei a rodar pela cama a procura da música e olhei embaixo da cama, encontrando um celular que tocava e girava, enquanto uma luz acendia conforma a música tocava. Peguei o mesmo, e na tela piscava um 'Sam'. Arqueei a sobrancelha, não reconhecendo nem o celular, e nem a tal Sam, mas resolvi atender.
- Alô? - falei e uma voz feminina falou do outro lado.
- Alô? É do telefone do null? - a voz perguntou e eu estranhei. null? Tirei o telefone da orelha e o olhei. É, parecia com o dele.
Mas por que o celular dele estava na minha casa?
O que eu fiz noite passada?
- Sim, é sim. - respondi, dando de ombros. Se não fosse o mesmo null, que se dane.
- Você é o que dele? - a voz perguntou de novo. Que pessoa curiosa, credo.
- Irmã - disse a primeira coisa que veio a minha cabeça. -, e ele não está agora, foi até a padaria. - sorri, percebendo que funcionou.
- Tudo bem, você pode avisá-lo que a Samantha ligou para confirmar nossa baladinha hoje? - fiz um barulho estranho com a boca e concordei com a menina, apenas pra ela não ficar ligando e ligando. Samantha, é? Sei.
Criei coragem e levantei da cama, sentindo a cabeça uns 20 quilos mais pesada, e quase caindo por um canto qualquer do quarto. Seja lá o que eu fiz, devia ter bebido muito, porque não me lembrava de nada. E eu só queria lembrar como o celular do null havia ido parar embaixo da minha cama.
Para falar a verdade, eu tinha uns flashes onde ele aparecia, mas não sei dizer se é real ou tudo imaginação da minha cabeça 20 quilos mais pesada. Sabe, acho que eu devia parar de beber. Não que eu beba todos os dias, mas às vezes eu exagero um pouquinho.
Tomei um banho rápido, me livrando de toda aquela sujeira, que não é uma sujeira em si, mas bem, me sinto suja quando bebo e acordo de ressaca no dia seguinte. Nada que um banho não renove. Enquanto me trocava, escolhendo uma roupa muito confortável, já que, obviamente, eu iria ficar em casa. Aposto que a minha carteira está vazia, não seria louca de sair de novo no sábado e gastar mais dinheiro - já que minha ressaca era das fodidas, devo ter fodido com meu dinheiro também, pra conseguir a ressaca, certo? - meu estômago roncou muito alto, mas muito alto mesmo, que eu até assustei. Resolvi por colocar um short de malha e uma das várias blusas que eu tinha de quando fui para a Disney. Presente dos pais de Carolina de aniversário para ela e eu de brinde, claro. Blusas muito boas aquelas, afinal, quantos anos eu já não havia ido para lá? Uns cinco talvez...
Ao colocar o short, percebi uma mancha roxa, quase gritando de tão berrante em minha perna. Meu Deus, o que eu fiz?
Forcei meu cérebro enfraquecido no momento, para ver se lembrava de algo, mas foi a pior coisa que fiz, já que meu pequeno esforço me rendeu uma leve tontura. Fui em direção à cozinha, para procurar algo que alimentasse meu estômago e o fizesse parar de pedir por socorro, mas no caminho, encontrei meu pote de vidro, onde eu guardava balinhas, todo espatifado no chão. A mesinha onde ele ficava estava meio torta e as coisas que ficavam em cima, um pouco fora do lugar.
Acho que encontrei onde meti minha perna.
E realmente preciso parar de beber.
Fui até a cozinha, largando o celular do null em qualquer canto por ali e fui até a geladeira. Meus olhos brilharam quando vi um pacote de batata em palitos no congelador. Peguei o mesmo, já sabendo o que ia comer e deixei que o óleo esquentasse pra que eu começasse a fritá-las, mas alguém resolveu me interromper.
- Oi. - atendi o telefone que eu tinha na cozinha, mas lá nem tinha bina para eu saber quem era. - Oi? - perguntei de novo, percebendo que a pessoa do outro lado não falava nada.
- Oi, null. - ouvi a voz de null do outro lado. Ele parecia um pouco receoso. Bom, não tínhamos nos falado desde o dia em que nada aconteceu por alguns problemas técnicos. Confesso que na hora fiquei com raiva e nervosa, mas ah, fazer o quê, né? - 'Tá ocupada? Pode conversar? - olhei o pacote de batatas em cima da pia e o óleo já prontinho para recebê-las.
- Não, pode falar. - sorri, equilibrando o telefone no ombro, rezando para não me queimar com o óleo.
- Como você está? Faz uns dias que não nos falamos. Fiquei sabendo que você, null e a null foram fazer compras! - ele disse e pude perceber um risinho em seu tom de voz. Joguei um montinho de batatas no óleo com força e quando fui atingida no rosto por uma monte de respingo de óleo.
- Sim, saímos, foi muito legal! - Ironia, meu sobrenome. Claro que não tinha sido legal. Blá blá blá null blá blá blá foi tudo o que eu ouvi o dia todo e quase mandei a null ficar quieta, e que eu já sabia todas as qualidades dele. Até demais! Tirando que ela ficava falando que o jantar era surpresa e que nós não tinhamos nem ideia do porquê.
E eu nem queria saber.
Tudo bem, tenho que admitir que ela era legal, apesar desses momentos platônicos dela, e confesso me sentir mal quando saio com ela e a vejo toda feliz.
- E sobre não termos nos falado, é só marcar algo que botamos todo o papo em dia. - sugeri, ouvindo null pigarrear.
- Claro, faremos isso, vou ver um dia aqui com a null e marcamos. - ele disse e eu não entendi nada. Ou ele era tonto e não entendeu o que eu quis dizer, ou ele estava testando novas experiências, se é que você me entende. Ele percebeu meu silêncio, e resolveu de explicar. - É que a null não vai mais viajar. A irmã dela que vendia esse produtos resolveu abrir uma loja aqui e a chamou pra tomar conta, e bom, outra pessoa vai viajar com o grupo para as tendências, essas coisas esquisitas que eu nunca fiz questão de entender.
- null, você tem uma loja e devia saber as tendência, por mais que não seja... Do que é mesmo a loja da irmã dela?
- Roupa íntima. Tá, eu sei que eu tenho uma loja, mas nunca me preocupei com isso.
- Entendi. E bom, isso vai ser bom para vocês, né? Vão poder se ver bem mais! - fingi felicidade e tenho certeza que ele percebeu, e era pra perceber.
- null, não vou deixar de te ver, é só que.. - 'é só meu amigo não vai subir com muita frequência já que a minha namorada vai estar bem mais presente!' Juro que morri de vontade de dizer aquilo, mas me controlei.
- Não se preocupe com isso, null, está tudo certo.
- Eu sei que não está, mas você tem que entender que a culpa não é minha. - ele bufou e respirou fundo.
- Tudo bem, Dougie, eu entendo o seu lado e sério, não estou brava nem nada. Bom, agora preciso desligar antes que derrube a panela com óleo quente em cima de mim.
- Desculpe, você estava ocupada.
- Mas eu não estou totalmente ocupada, posso muito bem falar ao telefone e fritar batatas. - acho que calar a boca também, já que eu estava falando coisas contrárias. null começou a rir, mas logo parou, deixando a linha completamente silenciosa.
- null? - ele disse, depois de um tempinho e apenas murmurei algo, indicando que estava ali. - Eu realmente quero continuar te vendo, você me faz bem, não quero perder isso. Tchau. - houve um barulho de telefone sendo desligado e logo aquele barulhinho indicou isso mesmo.
Respirei fundo, depois de digerir as palavras dele. Não sabia se deveria sorrir ou tacar aquela panela na minha cabeça. Cada dia que passava eu ficava mais confusa e irritada.
Depois de comer minhas batatas com várias calorias, resolvi deitar e dormir, para que a dor passasse e eu não precisasse senti-la enquanto isso. Mas não consegui dormir por muito tempo, então tomei outro banho e voltei para a minha cama para ver qualquer filme que tivesse passando.
Mas quem disse que eu conseguia?
Um infeliz objeto tirava minha atenção toda hora que eu olhava para o lado, e ele estava lá, quietinho sob minha escrivaninha. E a mesma pergunta passava pela minha cabeça: como o celular do null veio parar embaixo da minha cama?
Sim, o celular era dele mesmo. Resolvi fuçar um pouco nele e logo que ergui o flip do celular, tinha uma foto dele. E também tinha fotos minhas, da null, null, null, null, null e umas pessoas desconhecidas.
Depois de discutir muito comigo (eu faço isso o tempo tudo), resolvi que eu devia ir até a casa dele para devolver o celular.
Mas era só pra devolver o celular, só para isso.
Troquei de roupa, certifiquei-me que o celular estava na bolsa e saí.
Cheguei ao prédio dele, e pedi ao porteiro para que não me anunciasse. Ele protestou um pouco, mas cedeu, porque ele lembrou quem eu era. Quando vi a porta do apartamento dele ser aberta, senti minhas pernas bambearem, e tive se segurar no batente - discretamente - pra não cair.
Lá estava null, perfeitamente lindo. Os cabelos bagunçados, mas ao mesmo tempo arrumado, uma daquelas malditas calças que ele usa, que realça a bunda dele, uma camiseta simples branca e uma jaqueta de couro.
Claro, sem contar o perfume delicioso.
E tudo aquilo pra... SAM!
null's POV
Olhei pro relógio de novo, e já era quase dez da noite. Obviamente eu não ia ficar em casa, em pleno sábado, mas eu tinha perdido meu celular, e não tinha ninguém pra sair. Eu não estava muito a fim de sair sozinho, pra depois achar alguém. Coloquei um cd mp3 no rádio, me joguei no sofá e comecei a viajar na música que tocava, mas logo minha viagem foi interrompida pelo som da campainha.
Abri a porta, imaginando que era o porteiro, ou alguém do prédio, já que sou sempre avisado quando chega alguém.
Mas era null quem estava parada ali. Ela me olhou de um jeito estranho e se apoiou no batente da porta. Não entendi muito bem a reação dela, mas fingi que nem reparei.
- Oi. - ela disse, dando um beijo na minha bochecha, e entrando. Sem pedir, claro. Não que eu não fosse convidá-la, mas foi sem pedir.
- Oi. - respondi, fechando a porta.
- Vim trazer uma coisa que você esqueceu em casa - ela me olhou sugestiva. Não era para ela saber que eu estive na casa dela. A vi remexer dentro da bolsa, e tirar um objeto prateado de dentro.
Ah, sim, meu celular.
- E eu quero saber como o seu celular foi parar embaixo da minha cama. - ela sorriu sem emoção. Aposto que ela imagina alguma coisa, mas eu ia tirar aquilo da cabeça dela.
- Não faço a mínima ideia! - fiz minha melhor cara de 'estou tentando lembrar também', mas ela apenas me lançou um olhar cortante.
- Está bom, já que você não quer falar, - ela deu de ombros. – aqui está seu celular. - ela o colocou em cima de uma mesinha próxima. Ela se aproximou de mim, fazendo com que seu perfume, muito bom por sinal, tomasse conta do ar e empreguinasse meu nariz - Só para avisar, uma tal de Samantha ligou.
- Quem?
- A Sam! - ela revirou os olhos, e eu ri por dentro. Eu não lembrava de Sam nenhuma.
- Ah, a Sam! Vou sair com ela hoje. - sorri, nem fazendo ideia do que eu estava falando.
- É, fiquei sabendo mesmo. Conta para ela o que você fez ontem à noite. - ela começou a andar em direção a porta, mas a impedi, puxando-a pelo braço. Confesso que coloquei um pouco mais de força do que devia, mas foi sem querer.
- Ai, null! - ela exclamou, mas eu ignorei.
- Do que você está falando?
- Seu celular não foi parar sozinho embaixo da minha cama, foi? - ela disse baixo, e sua respiração batia em meu pescoço, já que ela era mais baixa do que eu. Minha vontade era abraçá-la, beijá-la e dizer que eu não ia sair com Samantha nenhuma, que a noite passada eu passei com ela. Na verdade, eu não queria nem ter saído da casa dela.
- Ok, você não lembra, mas ontem, te encontrei num barzinho. Você já estava bem alta, claro. E eu tive que te levar embora. Mas foi só isso.
- Duvido! - ela exclamou. Senti sua mão tocar minha cintura, e meu corpo inteiro arrepiou. Apertei mais seu braço, e empurrei um pouco seu corpo, sentindo ela se chocar contra a parede. - Eu duvido, porque você nunca resiste, muito menos se eu estiver indefesa. - ela continou, apertando minha cintura. Sua mão adentrou minha camiseta, e ela começou a passar sua unha pela minha pele.
Aquilo era golpe baixo, bem baixo.
Respirei fundo, tentando me concentrar no que eu tinha começado.
- É, talvez você tenha razão. – a olhei bem no fundo dos olhos. Subi minha mão, por dentro de sua blusa, e parei em cima de um dos seios, por cima do sutiã. – Talvez eu não consiga resistir a você, principalmente indefesa. – sussurrei em seu ouvido, ainda fazendo movimento em seu seio, e senti seu corpo contrair e os pelos dela se eriçarem. – Talvez eu tenha vontade de te preencher por completo, como eu sei que eu faço. – desci a mão por sua barriga, sentindo-a contrair a mesma, e respirar fundo, fechando os olhos. Continuei descendo a mão, apenas sentindo a respiração pesada dela bater em meu rosto. Abri o botão e o zíper da calça que ela vestia, passando o dedo pela barra da calcinha. – Mas isso era em outra época. Agora eu fiz uma promessa, e eu estou completamente disposto a cumpri-la. – disse isso, ainda sussurrando e a larguei, vendo-a abrir os olhos e me olhar incrédula. Podia doer muito, mas eu tinha que aprender a me dar valor também.
Passei pela mesinha em que ela havia colocado o celular.
- Quando sair, coloca a chave no esconderijo para mim, por favor. – pisquei para ela.
E saí. Deixando-a sozinha.
De novo.
Capítulo 19
Sabe quando você se senti a maior idiota do mundo? Depois que saí da casa do null, uns cinco dias atrás, percebi como eu era burra! Claro, null era orgulhoso, e só eu pra pensar que teria acontecido algo entre a gente, ou que fosse acontecer. Confesso que me imaginei fazendo loucuras naquela parede, mas ele era um filho da puta! E pior que ele tinha razão sobre me preencher por completo... Maldito.
Pior de tudo é que eu teria que encontra-lo, aposto que ia rir da minha cara.
Será que ele iria trazer a Sam até a minha casa?
Nós tinhamos combinado de comer comida japonesa, null que deu a ideia e eu ofereci minha casa pra fazermos. Bom, na verdade, eu tinha feito tudo sozinha, porque sou a unica que sabe preparar esse tipo de comida, mas nada que me incomode.
Já fazia uns vinte minutos que eu tinha terminado de arrumar a mesa, quando a campainha tocou, revelando todos os meus amigos a minha porta. null e null tinham uma garrafa de vinho, em suas respectivas mãos.
- Boa noite. - sorri. Todos me deram beijinhos e adentraram a minha casa. Preciso dizer que na vez do null e do null eu fiquei meio tensa? Acho que não.
- Nossa, você estava inspirada hoje em, null. - null comentou, olhando pra minha 'decoração'. Eu tinha colocado tudo o que iamos usar em uma mesa de centro na minha sala, e umas almofadas ao redor dela.
- Sorte a de vocês que hoje, uma quarta feira, pré seleção de fotos de modelos insuportáveis, estou de bom humor! - falei, pegando o vinho da mão do null. - Vamos abrir? - sorri pra ele, e desviei meu olhar, encontrando null. Desde aquele dia e a breve ligação dele uns dias atrás, eu não tinha o visto mais. Ensaiei algumas vezes pra ligar, ou ir até a loja, mas não tive coragem, e o trabalho também tomou meu tempo. Ele deu um sorriso meio sem graça pra mim, e eu fiquei meio paralisada, olhando pra ele, mas sem sorrir, nem nada. Senti uma mão passar por cima do meu ombro, e pegar a garrafa de vinho.
- Isso é pra completar o jantar, não pra você beber tudo, ok? - senti a respiração de null bater em minha orelha, e desviei o olhar de null, para o chão. Meu corpo inteiro arrepiou com aquele pequeno contato dele.
- Não sou alcoolatra, null, sei muito bem disso, ok? - eu disse num tom bravo, mas divertido, arrancando uma risadinha dele. Ah, pelo menos a gente não tava em climão.
Apesar que eu nunca ia entender o null. Hora ele diz que tem que cotinuar com a promessa, hora ele me trata normal... É, vai entender.
- Essa merda nunca gostou de mim - null jogou o hashi de lado, após sua tentativa frustrada de pegar um sushi com ele. Começamos a rir, quando ele pegou o mesmo com a mão, molhando no shoyo, e comendo.
- É tão fácil, null! Mas já cansei de te ensinar viu... - eu disse, pegando um sashimi e o comendo com muito gosto.
- Nós precisamos marcar alguma coisa pra eu apresentar a Hayley. - null disse.
- Quem? - perguntei de boca cheia mesmo, arqueando a sobrancelha.
- Hayley, a nova 'namorada' - null fez aspas com os dedos - do null.
- Outra null? Sabia que pessoas assim acabam sozinhas? - null comentou e null concordou com a cabeça.
- É por isso que eu estou com a null, porque achei o que eu queria logo de primeira. - ele disse e nós começamos a rir.
- E antes da null você teve que experimentar quantas mesmo? - null deu um sorriso sacana e null o fuzilou com os olhos.
- Vocês tem inveja de mim, mas logo vou marcar algo pra apresenta-la, porque acho que dessa vez, vai. - null falou e eu achei bonitinho o jeito dele, mesmo não botando muita fé, já que sempre 'dessa vez, vai' - e acho que comi demais. - ele reclamou, colocando o hashi de lado, e depositando as mãos sobre a barriga, que ele tinha 'colocado pra frente', se fingindo de gordo, soltando um arroto logo em seguida.
- null, que noj... - outro arroto.
- null!
Os meninos começaram a rir e fazer uma disputa de arrotos.
- Vocês são muito porcos!
- Se algum de vocês entrar em coma alcóolico, vou chutar escada a baixo e vocês vão prara direto na calçada! - eu disse, fingindo estar brava. null tinha achado minha garrafa de tequila, que eu tinha comprado pra alguma futura ocasião especial. Mas a hora que dei conta, eles já estavam bebendo feito água.
Pobre José Cuervo.
- Ah null, até parece que logo logo você não vai estar aqui bebendo com a gente. - null disse virando mais uma dose.
- Já disse que não sou alcoolatra igual vocês e ah, nem to afim de ver o mundo girar hoje. - pisquei e ouvi null rir.
- Eu também, to até enjoada com esse cheiro. - ela disse franzindo o nariz e eu sorri fraco pra ela.
- Ih, vocês estão parecendo duas velhas. - null veio até mim e sentou em cima da minha barriga, encostando as costas no encosto, já que eu me encontrava deitada no sofá.
- Concordo! - null exclamou, já visivelmente alterado. Ouvi meu telefone fixo tocar, mas me deu uma preguiça de atender, pois ele não estava ao alcance das minhas mãos. Só fui correndo até ele, porque null ficava me cutucando (e machuchando), dizendo que o barulho do telefone a irritava.
- Alo? - atendi, mas não recebi nenhuma resposta, apenas uma respiração que indicava que alguém estava na linha. - Alo? - insisti, encostando meu corpo em uma parede próxima. Todos na sala ficaram em silêncio, escutando.
- null , é você? - não reconheci a voz da pessoa, apenas que era feminina. Ainda mais pelo sotaque que ela tinha. Certamente ela falava outra língua, só estava arriscando no ingles.
- Sim, sou eu, quem gostaria?
- É sua pima Alyssa, da Finlândia. - ela respondeu, e eu vasculhei toda minha memória, tentando lembrar quem era Alyssa. Obvio que era alguém do lado da minha mãe. - Acho que você não se lembra de mim, mas só estou de ligando porque me achei na obrigação.
- Aconteceu alguma coisa com a minha mã... Com Aria? - senti todo meu corpo arrepiar ao falar o nome dela em voz alta. Senti alguém se aproximar de mim e, pelo cheiro, poderia arriscar que era o null.
- E-ela estava muito doente e...
- Espera, estava? - perguntei, já sentido meu coração bater mil vezes mais que o normal.
- Ela faleceu. - senti todo meu corpo ficar mole e minhas pernas cederem. Soltei o telefone, deixando o pindurado pelo fio e só vi a hora que null também estava próxima e o pegou, perguntando a Alyssa o que havia acontecido. Os braços de null me reconfortaram em um abraço, antes que meu corpo pudesse escorregar completamente pela parede.
Fiquei sem reação, meu corpo inteiro paralisou. Acho até que minhas lagrimas paralisaram.
Minha mãe podia ser o que fosse, mas ela era minha mãe.
As poucas lembranças que eu tinha, passaram pela minha cabeça. Senti a mão de null passar pelas minhas bochechas, secando lágrimas que eu nem percebi que tinha derramado. O olhei, como se implorasse pra que ele tirasse aquela dor que estava assolando meu peito.
Tentei me levantar, me apoiando na parede. Eu estava confusa, e quando consegui ficar de pé com a ajuda de null ele me abraçou, fazendo com que eu soltasse aquele som preso em minha garganta. Agora sim eu chorava alto. Ouvi null bater o telefone no gancho e vir em minha direção, me olhando apreensiva.
- null... - ela passou a mão pelo meu cabelo, e eu apenas a fitei, ainda com o rosto enterrado na curva do pescoço dele.
Logo null, null, null e null - cambaleando - se aproximara. Todos, menos null, tentaram dizer algo pra me confortar, e me olhavam com pena.
- Onde tem mais bebida? - ouvi null perguntar, e cerrei os olhos.
- Isso é hora de perguntar sobre bebidas? - null perguntou indignada, balançando a cabeça em negação, como quem não acreditava no que ele tava falando.
- Qual o problema? Você tão fazendo muito teatro, não acham? A mãe da null nunca ligou pra ela, é até frescura ela ficar chorando desse jeito. - ele disse com a voz embolada.
- CALA A BOCA, IDIOTA! - eu gritei com toda minha força e senti mais lágrimas sairem. Por que ele estava fazendo isso?
Todos olhavam chocados pra null, e eu ainda mais. null apertou minha cintura e, com um pouco de brutalidade - por ter sido muito rapido - ele saiu de perto de mim, e antes que eu pudesse piscar, null já estava caído no chão, com o nariz sangrando.
- Mas você não precisava ter batido nele!
- null é um idiota.
- Ele não é idiota, null, ele é seu amigo ok?
Logo depois que null meteu um soco na cara do null, e ele caiu no chão, null não teve reação alguma, apenas ficou deitado no chão, com o nariz sangrando. null xingou um pouco null, mas depois pediu desculpas e foi cuidar do machucado dele.
- Ele é sim. Pode até ser meu amigo, mas é um idiota. Um idiota que não da valor a nada e a ninguem. A null sempre a amou e isso nunca pareceu suficiente não é? Ele nunca deu valor, agora ele não da valor pra você também. - ele foi falando sem parar e só percebeu o que tava falando, quando apertei um pouco com força, a mão dele que eu segurava. - Desculpa, eu não tinha que estar falando isso e - ele parou de falar e me olhou, ao me ouvir fungar. - null, desculpa, não chora de novo, você prometeu... - respirei fundo e segurei um pouco o choro.
Eu e null estávamos no meu quarto, conversando, já devia fazer, no minimo, umas duas horas. Ele tentava puxar assuntos engraçados, me fazendo rir um pouco, mas eu logo me pegava chorando de novo. Todos meus amigos, do meu jantar japones frustrado, passaram aos poucos no meu quarto para se despedir. null não queria ir, mas eu disse que não tinha problema, afinal ela tinha que trabalhar e null disse que ia me fazer companhia. Quando foi a vez de null e null, apenas acenei de longe para um null inchado e do rosto roxo. Não ia falar que ele merecia um soco, mas eu estava realmente chateada.
- Mas vamos voltar a falar sobre alguma coisa engraçada. Sua vez de puxar um assunto né. - null engatinhou na minha cama e deitou do lado vago. Continuei sentada de indinho, mas me virei pra ele. Tentei vasculhar algum assunto engraçado na minha mente, mas nada vinha, só vinha a imagem da minha mãe.
- Por que eles não me avisaram, null? Não custava nada terem feito a mesma ligação uma semana atrás, quando tudo aconteceu! - o olhei indignada.
- null... Você quer mesmo falar sobre isso? - afirmei com a cabeça. - Ah, você sabe como esses seus parentes de lá são. Tenho certeza que a sua mãe não ia querer isso, ela te amava, eu não duvido disso! - mas eu tinha. Não queria ter, mas tinha. - Mas e se eles tivessem avisado aquele dia, o que você poderia fazer? Ia pegar um avião pra Finlândia? - ele colocou os dois braços atrás da cabeça e me fitou. - não fique brava comigo, mas você não ia poder fazer nada. - e antes que eu pudesse abrir minha boca pra falar algo, ele me interrompeu. - E vamos falar de outra coisa! É uma ordem.
- Tudo bem vai... Então, como foi seu encontro com a... Sam? - cruzei os braços e null arqueou a sobracelha.
- Você quer todos os detalhes? - ele me olhou sério.
- Os não sordidos, por favor. - eu disse olhando séria pra ele. Eu sou muito idiota, por que fui perguntar isso pra ele? Esperei que ele começasse a falar, mas ao invés disso ele começou a... Rir?
Rir não, gargalhar.
Espera, eu tenho cara de palhaça? Espero que não, porque eu os odeio!
- null, não tem Sam nenhuma! - ele voltou a sentar, encostando no batente da cama. Ele olhou pra baixo, e começou a cutucar a unha.
- Como não? Aquele dia você saiu todo arrumado e...
- Mas logo que você foi até seu carro, batendo o pé, eu voltei pra casa. - mentira, mentira!
- Duvido...
- É verdade, aquela noite só teve sofá, tv a cabo e cup noodles... Nada de Sam. - respirei fundo, absorvendo as palavras dele. Sério que fiquei arranjando formas de torturar os dois a toa?
- Por que? - perguntei e ele me olhou sem entender. - Por que você fez aquilo comigo então?
- Pra você aprender que nada é na hora que você quer, que você já teve isso e não soube aproveitar. - ele piscou e voltou a cutucar a unha e a tirar com o dente aquelas pelinhas chatas. Suspirei cansada. Eu não podia contestar, era tudo verdade.
- Nada mudou, sabia? - ele disse, levantando e indo até o banheiro. Joguei meu corpo na cama, ao mesmo tempo em que ele fechou a porta.
'Nada mudou' certamente não era uma expressão pra mim. Porque tudo mudou, eu só não sabia como, o que, e nem como administrar isso. Não saber o que eu realmente estava sentindo, era uma droga.
Ouvi um barulho de descarga, de torneira, e logo null estava de volta. Ele passou pela comoda onde a tv ficava e pegou os controles e voltou a deitar na cama. Ficamos um pouco em silêncio, enquanto ele mudava os canais.
- Para ai. - null me olhou assustado com o grito que eu dei, e eu comecei a rir de leve. - volta um canal. - estava passando 'As Branquelas', e tenho que admitir que eu adorava aquele filme, não tinha como não rir. null me puxou, fazendo com que eu apoiasse a cabeça no peito dele. Tentei me levar pela comédia do filme, pra nenhum pensamento ruim e triste invadir minha cabeça. Eu tinha que respirar fundo e não cair, seguir em frente, como eu sempre fiz, era a unica opção, eu não tinha escolha nem se eu quisesse.
Logo nossas risadas invadiram o quarto, sem ao menos dar um segundo de descanso. Nem preciso dizer que aquela, que era pra ser uma noite péssima, foi boa. null e filme de comédia era tudo o que eu precisava depois do que aconteceu.
Eu não queria pensar em nada naquele momento, nem que o amanhã estava bem próximo, e tudo voltaria a ser como era antes.
- Bom dia. - eu disse me espreguiçando, enquanto entrava na cozinha. null me olhou estranho e eu olhei pra baixo. Depois que o filme acabou, coloquei uma blusona confortável e deitei para dormir, quando entrei na cozinha espreguiçando, ela subiu, revelando uma calcinha rosa de coração. Olhei envergonhada pra null e tratei logo de abaixar os braços.
- Bom dia. - ele deu uma risadinha.- Estou fazendo torradas, senta ai que já ficam prontas. - ele apontou pra minha mesa, onde tinha pratos, talheres, copos, pra nós dois. - Como você ta? - ele virou pra mim, encostando o corpo na pedra de mármore da pia, onde a torradeira estava.
Dei de ombros.
- Não sei, to com uma sensação de vazio sabe? Mas minha mãe nunca foi presente pra ser tão forte assim.
- Isso é simples, é exatamente por ela ser sua mãe... Já liguei pro seu trabalho e expliquei o que aconteceu, você não precisa ir trabalhar. Aliás, acho que você não precisa ir por uns dias, tem algo a ver com luto, não entendi direito.
- Não vou conseguir ficar aqui em casa, sempre acabo caindo no tédio e também não to com cabeça pra sair por ai, então, prefiro trabalhar. - null me olhou preocupado. - Mas obrigada. - sorri de canto e duas torradas pularam, me assustando, fazendo null cair na gargalhada.
Olhei pro relígo que marcava 11 horas. Dava tempo de comer, me arrumar e trabalhar.
Tudo o que eu precisava.
Abri as grandes portas e senti o ar quente bater em meu rosto. Dei graças que meu ambiente de trabalho tinha aquilo. E minha casa também. Por isso, que quando fui escolher uma roupa pra ir trabalhar, não peguei uma tão quentinha.
Eu vestia uma camisa xadrez rosa choque com azul claro, uma segunda pele e uma legging, mas não era suficiente para o clima. Aliás, em pleno outono, de onde veio a ideia de por aquela roupa? Passei pelo balcão das recepcionistas, dando Boa tarde, e elas responderam meio receosas. Será que minha cara condenava que algo ruim tinha acontecido ou a fofoca já tinha se espalhado?
Não me importei muito, e continuei no rumo da minha sala. Passei por Amber e ela veio correndo em minha direção, me falando coisas bonitas e reconfortantes. Confesso que tive que respirar fundo pra não chorar.
- Então, muto trabalho hoje? - perguntei, adentrando minha sala. Passe pelas janelas e abri as cortinas, fazendo alguma claridade entrar naquele lugar.
- Não muito. - ela se aproximou da minha mesa e depositou uns dois books medios em cima. - esse é seu trabalho de hoje. - ela bateu em cima deles e sorriu. - Qualquer coisa, minima que seja, me chama ok? - concordei e ela saiu.
Segundo a proposta do contratante, seria feita uma propaganda de perfume, onde uma mulher era disputada por dois homens e ela escolhe o que usa o tal perfume.
Abri o primeiro book, que era feminino. Olhei aquelas meninas 'bonecas' demais e virei os olhos. Fechei aquele e peguei o masculino. E claro, nada seria diferente, aqueles meninos com cara de boneca também. Todos perfeitinhos demais, o que estragava.
E foi então que eu o vi. Aquele sim era perfeito pra propaganda.
Ele não tinha cara de boneca, não tinha olho claro, nada disso. Um cabelo castanho de corte médio, uma barba rala, olhos também castanhos e um corpo legal.
Aquele sim era um modelo bonito. Bom, ele não tinha nada marcante, mas era essa simplicidade que o deixava bonito.
Pensei em pegar o telefone pra discar o ramal da Amber, mas antes que eu fizesse isso, ele tocou.
- Eu estava pra te ligar agora mesmo! - exclamei e Amber riu, esperando eu falar o que queria. - Qual é o nome do modelo... - aproximei meu olho da página pra ver o número dele. Acho que preciso urgentemente de óculos. - número 1830?
- Só um minuto. - a ouvi teclar algo e o barulinho do clique do mouse. - Rian Cox, null.
- Hum... Obrigada Amb! E ah, precisa de alguma coisa?
- Na verdade não, é que tem alguém aqui que quer te ver.
- Quem? - arqueei a sobracelha, dando uma ultima olhada em Rian e fechando o book.
- null null.
Ah, claro, por que não ele?
- Ele disse que não aceita um não!
Respirei fundo e permiti que null entrasse.
Quando ouvi passos de pessoas se aproximando, fingi que estava escrevendo algo em um papel aleatório. Ele bateu duas vezes na porta e eu nem me dei o trabalho de murmurar um 'entra'.
- null? - ele colocou a cabeça pra dentro. - Com licença, a Amber disse que eu podia entrar.
- Fica a vontade, null. - ele entrou, fechou a porta e sentou na minha frente. Continuei escrevendo e ele se remexeu um pouco na cadeira, pigarreando algumas vezes.
- É... Eu vim aqui pra te pedir desculpas. - larguei a caneta e o encarei. Então eu percebi o que o null tinha feito: o nariz dele estava meio inchado, com uma corte e um curativo em cima, e tinha uma coloração roxa. - Eu meio que mereço essa coisa horrosa na minha cara, mas não vem ao caso. Eu sei que não devia ter dito aquilo, mas saiu.
Oh, a vida é tão simples né? Machucar as pessoas é tão fácil quando apenas 'saiu'.
- Não é tão fácil assim null... Você não falou uma simples coisas, você mexeu com a morte da minha mãe. Se imagina no meu lugar!
- Ok, eu sei. Mas só fui sincero. Me desculpa. - ele começou a bater os dedos na mesa e eu virei os olhos.
- Olha null, posso até desculpar, mas não quer dizer que eu não continue chateada. Não só com isso. - acrescentei e ele me olhou. - É, você acha que pode chegar e mexer com meus sentimentos, mudar toda minha vida, dizer coisas pra mim e depois, simplesmente dizer que você não vai mais poder me ver. Não sei se isso ta certo, não que eu esteja cobrando algo de você. Mas já ta na hora de eu arrumar minha vida, eu não posso ficar nesse joguinho.
- Você ta desistindo? - ele cruzou os braços.
- Não disse que tava desistindo, estou dizendo que, tanto eu quanto você, temos que pensar em tudo isso. Estou decidida a tomar uma decisão, só preciso de um pouquinho mais de tempo. Só não posso mais deixar minha vida a confusão que ta.
- Tudo bem, vou esperar você ter o seu tempo. Você não quer que eu te procure enquanto isso? - ele se levantou da cadeira e apoiou uma das mãos na cadeira.
- Sinceramente, não to com cabeça pra esse tipo de coisa. Não estou colocando um ponto final em nada, eu só preciso de motivos que me façam tomar a decisão certa.
- Motivos? - mordi a boca e senti vontade de falar 'sim null, motivos, demonstrações de afeto não só quando você quer algo a mais comigo, etc etc' mas não fui capaz disso.
- Coisa minha. - respirei fundo. - acho que agora eu quero ficar um pouco sozinha. - ele afirmou com a cabeça. - e você ta desculpado sim. - falei enquanto ele andava até a porta e ele parou ao abri-la.
- É, mas isso não faz de você menos chateada e eu não gosto disso. E espero que esse acontecimento não influencie na sua decisão. - ele acenou com a cabeça e saiu, fechando a porta.
Apoiei minha cabeça em minhas mãos, cobrindo meu rosto. Lembranças rondavam minha cabeça... Momentos com null, momentos com null. Momentos em que estávamos todos reunidos e eu observava aquela grande amizade entre eles.
Mas na verdade eu não tava com saco pra lembranças.
Comecei a fuçar minha mesa a procura da minha agenda, pra ver os compromissos dos próximos dias, se eu tinha, pelo menos, uma festa pra ir. Nem que fosse uma festa chata, que tivesse bebida e comida. Ah sim, pra mim já era otimo!
Não a achei em minha mesa e resolvi procurar nas gavetas, mas depositei muita força, e a primeira delas saí com tudo, caindo no chão e fazendo com que tudo que tinha dentro se espalhasse pelo carpete. Bufei sem animo pra arrumar aquilo, mas mesmo assim, me sentei no chão - encostada na parede - e comecei a arrumar os papéis.
Dentro de todo aquele mundo branco de letrinhas pretas, achei a única coisa que tinha cor... Uma foto.
Mas apenas dava pra ver um pedacinho.
A tirei do meio dos papéis e quando vi do que se tratava, senti aquela angústia subir ao meu peito novamente.
Não era uma foto qualquer. Uma foto minha com a minha mãe. Oh céus, quanto tempo que eu não me pegava olhando para aquela foto?
Eu devia ter uns 6 anos, estava em um lugar lindo, acho que era um parque. Eu sorria, toda lambuzada de sorvete - com ele derretendo em minhas mãos - e minha mãe me abraçava. Seus longos cabelos tingidos de vermelho caiam sobre o meu ombro, fazendo com que o meu se misturasse ao dela. Ela usava um óculos, bem fora de moda pros dias atuais e também sorria.
Eu sei, eu estava sem saco para lembranças, mas era invevitável não lembrar... Talvez a unica coisa, daquela época, que ainda habitava minha memória.
- null, olha a sujeira que você ta fazendo com esse sorvete! - Aria disse brava, enquanto sua pequena filha se lambuzava de sorteve de morango. Seu rosto e mãos estavam rosas e o palito todo grudento, mas ela continuava chupando seu picolé. E sorrindo.
Por mais que a mãe a reprimisse, ela continuava sorrindo. Sempre. Aria percebeu que a filha não se intimidou com o que ela disse e logo se arrependeu de ter aumentado o tom de voz pra ela. A menina continuou sorrindo pra ela, como se tivesse a adimirindo. Sua mãe também sorriu de volta, se ajoelhando pra ficar do tamanho da filha.
- Desculpa querida, pode continuar tomando seu sorteve ok?
- Você não quer, mamãe? - ela ofereceu, mas Aria negou e colocou o óculos escuro, tentando disfarçar algumas lágrimas que invadiram seus olhos. Sua vida não era fácil, viver em Londres com uma filha pequena sem o marido, sem alguém pra ajudar. Tendo que deixar a mesma o dia inteiro em uma escola pra que ela pudesse trabalhar e ganhar um dinheiro que não podia trazer luxos.
Nada de brinquedos que passava na tv, nada de idas e mais idas ao shopping, nada de roupas só por vontade de comprar.
E mesmo assim, sua filha era feliz.
Mesmo com todo os estresse que sua vida era, mesmo que a maioria das vezes ela descontava na primeira e unica pessoa que aparecesse na sua frente. E essa unica pessoa continuava a sorrir.
Lembrou de ter levado a maquina fotográfica que tinha em sua bolsa. Tirou de la e pediu pra uma mulher grávida e seu marido, que passavam, pra registrar aquele momento. Chamou sua filha e a abraçou, ouvindo o 'clic' da maquina.
- Sua filha é linda. Espero que a minha seja tão linda quanto ela! - a moça sorriu, passando a mão pela barriga e entregando a máquina. Aria agradeceu e guardou a maquina novamente. Queria poder revelar logo e ver como aquela foto ficou. Queria ter uma lembrança, caso as decisões que invadiam sua cabeça toda noite, fossem tomadas.
Sorriu pra filha mais uma vez, mas com um pouco de tristeza.
- Vamos? - pegou em sua pequena mão e caminharam juntas até a saída do parque.
Elas nunca mais tinham ido a aquele lugar juntas.
Percebi que estava chorando quando grossas gotas bateram na foto em minha mão. Eu me lembrava de quase tudo daquele dia, um dos poucos momentos família que eu tive com a minha mãe. Encostei minha cabeça na parede, deixando que todas as lágrimas saíssem. Aquela angústia parecia não ter fim, ela só aumentava, aumentava e aumentava. Posso não demonstrar muito, mas a falta que a minha mãe fazia era imensa e saber que não a tinha mais, não tinha nem como descrever. Mesmo que ela não fosse nada presente, saber que ela existia e que estava bem, me confortava. Mas agora...
Larguei a foto sobre a pilha de papéis e abracei meus joelhos, chorando mais alto e abafando meu choro alto.
Acho que adormeci ali mesmo, porque não lembro como acordei na minha cama no dia seguinte.
Capítulo 20
- null, to pronta! - null sorriu, dando uma voltinha. A olhei, achando realmente bonito aquele vestido azul, meia calça preta que ela usava, mas logo voltei a afundar meu rosto entre meus braços. - Ah, sério, null, levanta daí, você está amassando toda sua roupa. - senti null bater em minha bunda e aposto que tinha ficado a marca de sua mão. - Você não falou mais com o null? - neguei com a cabeça. - Você sabe o que eu acho de tudo isso né? - ela tossiu e eu virei os olhos, sem ela ver. Ouvi um bip qualquer e barulho de teclas sendo apertadas. - Vamos, null disse que ele e o null já estão indo pra lá, quer que eles passem aqui? - Claro, o grande jantar da null! Na verdade, era pra ter sido na semana passada, mas ela resolveu mudar a data, já que na segunda é seu aniversário e queria comemorá-lo também. Ah, primeiramente, o jantar era pra comemorar os, sei la, seis ou sete anos dela com null, mas era pra ser surpresa e ele descobriu, então resolveu mudar para o dia de hoje.
Mudei de posição, ficando sentada na cama e null veio até mim arrumando meu cabelo.
- Não precisa, vamos com meu carro. - do jeito que eu tava chata, não ia ficar muito tempo por lá e não queria que as pessoas parassem a diversão por mim. Já até podia ouvir meu cobertor implorando pra me esquentar enquanto eu assisto um documentário sobre o animais da África que eu sabia que ia perder.
- Acho que você vai passar frio só com essa meia calça fina. - null olhou pras minhas pernas e depois pra mim, esperando que eu levantasse pra colocar algo mais grosso.
- To com preguiça de trocar e lá tem aquecedor, vamos logo. – sorri e passei pela cômoda pegando a chave do meu carro.
- Não vou te dar parabéns hoje, porque dizem que dá azar. - null falou assim que null abriu a porta de sua casa. Preciso dizer que eu estava morrendo de frio ali fora? Não né? Mas se eu reclamasse, null ia me socar, então fiquei apenas tremendo quietinha até alguem abrir a porta. null - que chegou junto com o null bem a hora que chegamos - riu da situação e me abraçou pelo ombro.
Nós cumprimentamos null e null não nos deixou dar parabéns. Pelo amor, aquele negócio de azar não era sério. O que poderia acontecer? null e suas manias. Entregamos os presentes e agradeci quando meu corpo parou de lutar contra a temperatura de fora e se acostumou com a temperatura quentinha que estava dentro.
Avistei null, null, uma menina de cabelo preto e rosa embaixo (só podia ser a tal da Hayley), a mãe do null, os pais e a irmã da null. Também tinham algumas pessoas aleatórias pela casa. Fiquei um pouco receosa de ir até lá e quando vi que o null e a menina estavam indo na direção oposta de null e companhia, puxei null pela mão e fomos até eles.
- Oi, casal! - null disse, tirando uma com a nossa cara como sempre e eu corei. - Essa é a...
- Hayley, prazer, sou null. - sorri e estendi a mão, deixando um sorriso enorme e simpático na minha cara, mas null apertou a outra que ele segurava. Olhei pra ele sem entender, e ele tentava segurar um riso. Olhei pra null que tinha a maior cara de sem graça e pra menina que me olhava com a sobrancelha arqueada.
- null, essa é a Dara.
- Como eu ia saber que ele trocou de namorada em semanas?
- null, ele é o null, esqueceu? Isso é comum nas nossas vidas já! - null riu e tomou um pouco do vinho que tinha em mãos. Era tão bom ter o velho null de volta, mas eu ainda tinha medo dele se revoltar de novo e me castigar com a sua ausência.
- Mas eu nem cheguei a conhecer a tal da Hayley, como eu poderia saber que não é ela? - peguei a taça da sua mão e virei o resto de vinho que tinha, colocando a taça em cima de um balcão próximo.
- Tá, esquece isso. Ela nem se importou tanto! - ele apontou pra um canto onde os dois dançavam a música lenta que tocava, e ele falava algo em seu ouvido, fazendo com que ela risse. - Já falou com o null hoje? - null perguntou e eu neguei com a cabeça. Por mais que a gente estivesse em uma casa não muito grande, todas as vezes que via null por perto, eu dava um jeito de fugir. Eu não tava afim de conversar com ele. Não sei, mas depois do nosso último encontro na agência, comecei a repensar muitas coisas, coisas erradas que estavam acontecendo comigo e não podiam ficar daquele jeito. - Você acha que fugir é a melhor coisa? - ele perguntou de novo.
- Tá, agora você tá querendo me aproximar do null pra...?
- Não é isso, null. Se você não lembra, nós todos somos amigos acima de tudo, hoje você pode até fugir, mas e depois quando nos reunirmos, só nós sete? Ou oito, dependendo se o null tiver alguém, mas você entendeu. - engraçado que ele não pensou nisso na hora de me cortar do círculo social dele.
Temporariamente, mas foi.
- Amores, a null está pedindo pra vocês irem até a sala de jantar, a comida vai ser servida. - a mãe da null falou, sorrindo com aquela cara de plástica dela.
Não é que eu não vá com a cara dela, mas ela é uma pessoa muito inconveniente quando quer. E acredite, ela sempre quer.
Chegamos à sala de jantar e as pessoas estavam espalhadas pela mesa. Eu sentei ao lado da null e null ao meu lado. E o que eu fiz a noite inteira foi em vão, porque null estava bem a minha frente. Sorte que a mesa era grande e nossas pernas nunca que se tocariam. Ele me olhou, acenando com a cabeça e eu também acenei com a mesma e logo virei pra null, perguntando o que tinha pra comer.
- Antes de começar a comer, eu quero falar umas coisas. - todas as pessoas da mesa se viraram pra null, parada na ponta dela. Olhei pra null que deu de ombros e voltou a atenção pra null. - Como vocês sabem, a ideia inicial desse jantar era pra comemorar os seis anos de namoro com o null e era pra ser surpresa, mas esse espertinho - ela colocou a mão sobre a dele - descobriu tudo! - algumas pessoas deram risadas e null sorriu sem graça. - Mas tudo bem, resolvi aproveitar que segunda é meu aniversario e vamos comemorar tudo junto! - o pai dela gritou um uhul e mais risos. – Obrigada, papai. Bom, eu queria agradecer a todos que vieram, aos meus amigos, - ela olhou em nossa direção - meus familiares e agradecer ao null por ter entrado na minha vida. Foram os melhores seis anos que já passei, apesar das brigas, mas acho que isso é normal, né? Obrigada por ser muito além de apenas um namorado, ou melhor, noivo! - ela apontou pra aliança em seu dedo - E bom, já que já chegamos até aqui, tenho certeza que merecemos oficializar tudo, não é?
Outch.
- Você me pediu em noivado, mas até hoje não marcou a data do casamento! - ela colocou as mãos na cintura e as pessoas começaram a rir. Olhei pra null e não consegui definir a expressão que ele tinha. - Não vou me ajoelhar na sua frente, nem começar a criar ideias mirabolantes de igreja, vestido, madrinhas. Isso não é a nossa cara, nunca foi. Mas acho que ser casada no papel e tudo é algo que sempre merecemos. - ela sorriu de lado e null levantou a abraçando. Ele sussurrou algo em seu ouvido e logo deram um selinho. Os pais dela, a irmã e a mãe dele começaram a gritar 'discurso, discurso' e a bater palmas.
Tentei não olhar aquela cena que estava fluindo paixão e olhei pra null, que me olhou de lado como se ele tivesse se desculpando por eu ter que ver aquilo e voltou a prestar a atenção.
E o prêmio de pessoa mais patética, idiota e ingênua vai para... null null! Claro, a espertinha que nunca achou que fosse presenciar aquilo.
- Eu não tenho nenhum discurso a fazer, ainda mais depois disso. - ele abraçou null de lado. Até aquele momento eu não sabia mais o que tava sentindo. Acho que raiva, inveja, tristeza e confesso, felicidade por eles.
É, eu sou patética mesmo!
- Mas sabe, vou pensar mais uns seis anos pra aceitar o seu pedido. - ele falou sério e null deu um tapa no braço dele.
- Quem disse que eu fiz um pedido? - ela riu e o abraçou de novo. - Ah, também esqueci de agradecer a null, já que ela me incentivou e me encorajou a fazer isso.
Agora tudo o que eu estava sentindo se transformou em vontade de matar aquele ser ao meu lado.
null sorriu, piscou e acenou com a cabeça. Logo começou uma barulheira, pessoas falando, parabenizando, batendo palma. As pessoas se levantaram e só eu fiquei ali, sentada igual uma idiota.
Joguei a guardanapo que estava no meu colo em cima da mesa e saí. Quem iria reparar a minha ausência?
Assim que abri a porta da frente, senti uma rajada de vento acertar em cheio minhas pernas. Corri até meu carro acionando o bip e entrei. Liguei o ar e encostei a cabeça no volante enquanto uma única frase passava na minha cabeça: 'Já que ela me incentivou e me encorajou a fazer isso.' Sintonizei uma estação de rádio qualquer e continuei com a cabeça encostada no volante, esperando a vontade de dar a partida no carro chegar.
- O que foi aquilo? - dei um pulo de susto quando a voz da null invadiu o carro inteiro. Como eu não percebi que ela tinha entrado?
- Aquilo o que? - perguntei.
- Essa cena que você fez! - ela disse um pouco mais alto, gesticulando com as mãos.
- E o que foi aquele 'Já que ela me incentivou e me encorajou a fazer isso'. - imitei a voz da null e null virou os olhos, cruzando os braços na altura do peito.
- Algum problema com isso, null? Ela pediu minha ajuda e eu aceitei. Me diz, onde tá o problema nisso?
- Em todos os lugares! – eu falei um pouco mais alto.
- Ah é? E você pode me dizer por quê? - ela descruzou o braço e começou a mexer a perna. Isso era sinal de impaciência.
- Porque você está ajudando o null a casar. Casar. Oficializar o que ele tem com ela!
- É? E isso tá te incomodando tanto assim? Então porque você tem o ignorado durante esses dias, fugiu a festa inteira dele e agora você não quer que ele seja feliz? - bufei, me encostando no banco. Por que eu não liguei o carro e saí assim que entrei nele?
- Não é isso, é que... - eu não sabia o que era, eu só não queria que isso acontecesse. Será que eu tava sendo egoísta?
- Nem você sabe, porque você nunca foi capaz de saber o que você realmente quer pra sua vida! Pelo amor de Deus, null, você tem vinte e três anos! Você tinha um cara ao seu lado que daria um mundo pra você, e o que fez? Mandou pra lua por causa do outro que só vinha atrás de você quando dava vontade, porque ele tem uma namorada que pode muito bem fazer o seu papel.
Abri a boca pra falar, mas eu não tinha muita moral depois de todos aquele balde de água fria de palavras despejado na minha cabeça pela minha melhor amiga.
Não que ela estivesse errada.
- E agora você volta a falar com o null, diz pro null que precisa pensar em tudo e não quer deixá-lo ser feliz? Não entendo você, é só a sua felicidade que conta? Os outros que se fodam? Eu não fiz nada de mal ajudando o meu amigo a encontrar a verdadeira felicidade dele. E eu também quero que você encontre a sua e eu acho que ela não é o null, mas posso estar totalmente enganada. Então, se você o ama e acha que é com ele que você vai ser feliz, por favor, saia agora desse carro e luta por isso. Se você realmente sente algo que faça, seja lá o que vocês têm, valer a pena, é isso o que você vai fazer. - ela respirou fundo e me olhou, esperando uma atitude.
Depois de tudo aquilo foi como passar uma borracha em tudo o que aconteceu nos últimos tempos comigo, foi como começar uma página totalmente em branco, já que tudo estava mais nítido e eu poderia reescrever minha história a partir dali.
Do jeito que devia ter sido desde o começo.
Mudei de posição, ficando sentada na cama e null veio até mim arrumando meu cabelo.
- Não precisa, vamos com meu carro. - do jeito que eu tava chata, não ia ficar muito tempo por lá e não queria que as pessoas parassem a diversão por mim. Já até podia ouvir meu cobertor implorando pra me esquentar enquanto eu assisto um documentário sobre o animais da África que eu sabia que ia perder.
- Acho que você vai passar frio só com essa meia calça fina. - null olhou pras minhas pernas e depois pra mim, esperando que eu levantasse pra colocar algo mais grosso.
- To com preguiça de trocar e lá tem aquecedor, vamos logo. – sorri e passei pela cômoda pegando a chave do meu carro.
- Não vou te dar parabéns hoje, porque dizem que dá azar. - null falou assim que null abriu a porta de sua casa. Preciso dizer que eu estava morrendo de frio ali fora? Não né? Mas se eu reclamasse, null ia me socar, então fiquei apenas tremendo quietinha até alguem abrir a porta. null - que chegou junto com o null bem a hora que chegamos - riu da situação e me abraçou pelo ombro.
Nós cumprimentamos null e null não nos deixou dar parabéns. Pelo amor, aquele negócio de azar não era sério. O que poderia acontecer? null e suas manias. Entregamos os presentes e agradeci quando meu corpo parou de lutar contra a temperatura de fora e se acostumou com a temperatura quentinha que estava dentro.
Avistei null, null, uma menina de cabelo preto e rosa embaixo (só podia ser a tal da Hayley), a mãe do null, os pais e a irmã da null. Também tinham algumas pessoas aleatórias pela casa. Fiquei um pouco receosa de ir até lá e quando vi que o null e a menina estavam indo na direção oposta de null e companhia, puxei null pela mão e fomos até eles.
- Oi, casal! - null disse, tirando uma com a nossa cara como sempre e eu corei. - Essa é a...
- Hayley, prazer, sou null. - sorri e estendi a mão, deixando um sorriso enorme e simpático na minha cara, mas null apertou a outra que ele segurava. Olhei pra ele sem entender, e ele tentava segurar um riso. Olhei pra null que tinha a maior cara de sem graça e pra menina que me olhava com a sobrancelha arqueada.
- null, essa é a Dara.
- Como eu ia saber que ele trocou de namorada em semanas?
- null, ele é o null, esqueceu? Isso é comum nas nossas vidas já! - null riu e tomou um pouco do vinho que tinha em mãos. Era tão bom ter o velho null de volta, mas eu ainda tinha medo dele se revoltar de novo e me castigar com a sua ausência.
- Mas eu nem cheguei a conhecer a tal da Hayley, como eu poderia saber que não é ela? - peguei a taça da sua mão e virei o resto de vinho que tinha, colocando a taça em cima de um balcão próximo.
- Tá, esquece isso. Ela nem se importou tanto! - ele apontou pra um canto onde os dois dançavam a música lenta que tocava, e ele falava algo em seu ouvido, fazendo com que ela risse. - Já falou com o null hoje? - null perguntou e eu neguei com a cabeça. Por mais que a gente estivesse em uma casa não muito grande, todas as vezes que via null por perto, eu dava um jeito de fugir. Eu não tava afim de conversar com ele. Não sei, mas depois do nosso último encontro na agência, comecei a repensar muitas coisas, coisas erradas que estavam acontecendo comigo e não podiam ficar daquele jeito. - Você acha que fugir é a melhor coisa? - ele perguntou de novo.
- Tá, agora você tá querendo me aproximar do null pra...?
- Não é isso, null. Se você não lembra, nós todos somos amigos acima de tudo, hoje você pode até fugir, mas e depois quando nos reunirmos, só nós sete? Ou oito, dependendo se o null tiver alguém, mas você entendeu. - engraçado que ele não pensou nisso na hora de me cortar do círculo social dele.
Temporariamente, mas foi.
- Amores, a null está pedindo pra vocês irem até a sala de jantar, a comida vai ser servida. - a mãe da null falou, sorrindo com aquela cara de plástica dela.
Não é que eu não vá com a cara dela, mas ela é uma pessoa muito inconveniente quando quer. E acredite, ela sempre quer.
Chegamos à sala de jantar e as pessoas estavam espalhadas pela mesa. Eu sentei ao lado da null e null ao meu lado. E o que eu fiz a noite inteira foi em vão, porque null estava bem a minha frente. Sorte que a mesa era grande e nossas pernas nunca que se tocariam. Ele me olhou, acenando com a cabeça e eu também acenei com a mesma e logo virei pra null, perguntando o que tinha pra comer.
- Antes de começar a comer, eu quero falar umas coisas. - todas as pessoas da mesa se viraram pra null, parada na ponta dela. Olhei pra null que deu de ombros e voltou a atenção pra null. - Como vocês sabem, a ideia inicial desse jantar era pra comemorar os seis anos de namoro com o null e era pra ser surpresa, mas esse espertinho - ela colocou a mão sobre a dele - descobriu tudo! - algumas pessoas deram risadas e null sorriu sem graça. - Mas tudo bem, resolvi aproveitar que segunda é meu aniversario e vamos comemorar tudo junto! - o pai dela gritou um uhul e mais risos. – Obrigada, papai. Bom, eu queria agradecer a todos que vieram, aos meus amigos, - ela olhou em nossa direção - meus familiares e agradecer ao null por ter entrado na minha vida. Foram os melhores seis anos que já passei, apesar das brigas, mas acho que isso é normal, né? Obrigada por ser muito além de apenas um namorado, ou melhor, noivo! - ela apontou pra aliança em seu dedo - E bom, já que já chegamos até aqui, tenho certeza que merecemos oficializar tudo, não é?
Outch.
- Você me pediu em noivado, mas até hoje não marcou a data do casamento! - ela colocou as mãos na cintura e as pessoas começaram a rir. Olhei pra null e não consegui definir a expressão que ele tinha. - Não vou me ajoelhar na sua frente, nem começar a criar ideias mirabolantes de igreja, vestido, madrinhas. Isso não é a nossa cara, nunca foi. Mas acho que ser casada no papel e tudo é algo que sempre merecemos. - ela sorriu de lado e null levantou a abraçando. Ele sussurrou algo em seu ouvido e logo deram um selinho. Os pais dela, a irmã e a mãe dele começaram a gritar 'discurso, discurso' e a bater palmas.
Tentei não olhar aquela cena que estava fluindo paixão e olhei pra null, que me olhou de lado como se ele tivesse se desculpando por eu ter que ver aquilo e voltou a prestar a atenção.
E o prêmio de pessoa mais patética, idiota e ingênua vai para... null null! Claro, a espertinha que nunca achou que fosse presenciar aquilo.
- Eu não tenho nenhum discurso a fazer, ainda mais depois disso. - ele abraçou null de lado. Até aquele momento eu não sabia mais o que tava sentindo. Acho que raiva, inveja, tristeza e confesso, felicidade por eles.
É, eu sou patética mesmo!
- Mas sabe, vou pensar mais uns seis anos pra aceitar o seu pedido. - ele falou sério e null deu um tapa no braço dele.
- Quem disse que eu fiz um pedido? - ela riu e o abraçou de novo. - Ah, também esqueci de agradecer a null, já que ela me incentivou e me encorajou a fazer isso.
Agora tudo o que eu estava sentindo se transformou em vontade de matar aquele ser ao meu lado.
null sorriu, piscou e acenou com a cabeça. Logo começou uma barulheira, pessoas falando, parabenizando, batendo palma. As pessoas se levantaram e só eu fiquei ali, sentada igual uma idiota.
Joguei a guardanapo que estava no meu colo em cima da mesa e saí. Quem iria reparar a minha ausência?
Assim que abri a porta da frente, senti uma rajada de vento acertar em cheio minhas pernas. Corri até meu carro acionando o bip e entrei. Liguei o ar e encostei a cabeça no volante enquanto uma única frase passava na minha cabeça: 'Já que ela me incentivou e me encorajou a fazer isso.' Sintonizei uma estação de rádio qualquer e continuei com a cabeça encostada no volante, esperando a vontade de dar a partida no carro chegar.
- O que foi aquilo? - dei um pulo de susto quando a voz da null invadiu o carro inteiro. Como eu não percebi que ela tinha entrado?
- Aquilo o que? - perguntei.
- Essa cena que você fez! - ela disse um pouco mais alto, gesticulando com as mãos.
- E o que foi aquele 'Já que ela me incentivou e me encorajou a fazer isso'. - imitei a voz da null e null virou os olhos, cruzando os braços na altura do peito.
- Algum problema com isso, null? Ela pediu minha ajuda e eu aceitei. Me diz, onde tá o problema nisso?
- Em todos os lugares! – eu falei um pouco mais alto.
- Ah é? E você pode me dizer por quê? - ela descruzou o braço e começou a mexer a perna. Isso era sinal de impaciência.
- Porque você está ajudando o null a casar. Casar. Oficializar o que ele tem com ela!
- É? E isso tá te incomodando tanto assim? Então porque você tem o ignorado durante esses dias, fugiu a festa inteira dele e agora você não quer que ele seja feliz? - bufei, me encostando no banco. Por que eu não liguei o carro e saí assim que entrei nele?
- Não é isso, é que... - eu não sabia o que era, eu só não queria que isso acontecesse. Será que eu tava sendo egoísta?
- Nem você sabe, porque você nunca foi capaz de saber o que você realmente quer pra sua vida! Pelo amor de Deus, null, você tem vinte e três anos! Você tinha um cara ao seu lado que daria um mundo pra você, e o que fez? Mandou pra lua por causa do outro que só vinha atrás de você quando dava vontade, porque ele tem uma namorada que pode muito bem fazer o seu papel.
Abri a boca pra falar, mas eu não tinha muita moral depois de todos aquele balde de água fria de palavras despejado na minha cabeça pela minha melhor amiga.
Não que ela estivesse errada.
- E agora você volta a falar com o null, diz pro null que precisa pensar em tudo e não quer deixá-lo ser feliz? Não entendo você, é só a sua felicidade que conta? Os outros que se fodam? Eu não fiz nada de mal ajudando o meu amigo a encontrar a verdadeira felicidade dele. E eu também quero que você encontre a sua e eu acho que ela não é o null, mas posso estar totalmente enganada. Então, se você o ama e acha que é com ele que você vai ser feliz, por favor, saia agora desse carro e luta por isso. Se você realmente sente algo que faça, seja lá o que vocês têm, valer a pena, é isso o que você vai fazer. - ela respirou fundo e me olhou, esperando uma atitude.
Depois de tudo aquilo foi como passar uma borracha em tudo o que aconteceu nos últimos tempos comigo, foi como começar uma página totalmente em branco, já que tudo estava mais nítido e eu poderia reescrever minha história a partir dali.
Do jeito que devia ter sido desde o começo.
Capítulo 21
Natal. Época de festa, família reunida, bebidas, comida, árvores, bolas, presentes e neve.
Mas eu, particularmente, não gosto de natal. E lá estava eu, sozinha em meu apartamento. null e null foram pra uma viagem de uns dez dias, o null eu não tive nenhuma notícia, pelo o que ouvi dizer null e null foram pra cidade dos pais dela e o null provavelmente ia pra alguma balada. É, ele até me convidou pra ir junto, mas eu fiquei tão cheia de trabalho nos últimos dias que resolvi não fazer nada. Época de festas é um inferno! É modelo daqui, modelo de lá... Mas por um lado foi bom, porque depois de todo aquele sermão da null, eu só ia encher minha cabeça de porcaria. E eu não estava muito afim de nada. Tomei algumas decisões e aprendi a entender o que realmente meu coração queria, mas tudo seria resolvido no seu tempo. Mas uma coisa era certa: eu ia tentar conhecer pessoas novas. Eu tinha que sair desse mundo onde apenas se encontravam null e null, um mundo tão bagunçado!
Olhei pro relógio que marcava 23h41min. Menos de uma hora para o natal. Grande coisa.
Liguei a tv e deixei em um canal de clipes, enchi minha taça com um champagne barato qualquer que eu tinha comprado e fui até a sacada do meu apartamento. Um carro parou do outro lado da rua e não reconheci, então devia ser em alguma casa por ai. Alguns minutos depois senti meu bolso vibrar e peguei meu celular, mas o número que ligava era restrito, então rejeitei.
A pessoa insistiu mais umas duas vezes, e na quarta, diferente das outras vezes, um nome piscava na tela do celular.
- O que uma moça tão bonita faz sozinha em uma sacada, em pleno natal, enquanto tem Londres inteirinha a sua frente?
- O que te faz pensar que to sozinha?
- Comprou um cachorro e não me contou?
- null!
- Brincadeira, null!
- E esse carro aí? É novo?
- Sim, senhora. Mais tarde podemos dar uma volta com ele, mas sabe, to esperando você me convidar pra entrar, porque esse cheiro de peru aqui dentro ta me matando!
- Como se eu precisasse te convidar. Vai, vem logo. – ele desligou o telefone e segundos depois o vi descer do carro. E não é mesmo que tinha um peru ali? Logo ouvi a campainha tocar e ele já foi entrando e falando.
- Você não quis ir pra balada comigo, vim comemorar o natal com você. Então, qual a raça do cachorro? - ele sorriu e colocou as coisas que ele segurava em cima da mesa, me dando um abraço. O olhei irônica e ele me mostrou a língua. Criança. - Faz tempo que não te vejo!
- Tá uma correria lá na agência, mas eu já to de ferias. Só essa semana que vai ter uma confraternização e pronto, dez dias de sossego. - meus olhos até brilharam ao dizer aquilo - E a loja, como vai? - peguei em sua mão e o levei até o sofá, sentando na sua frente.
- Tudo certo. Semana passada estávamos enfeitando pro natal e o idiota do null caiu da escada. - ele começou a rir e eu imaginei a cena. - As vendas tão indo bem também e acho que é só. - ele riu mais um pouco e olhou pro relógio da tv. – Espero que tenha se comportado esse ano mocinha, é natal e aposto que você quer presentes do papai noel. - ele me abraçou pelo ombro. – Feliz natal, null.
Algumas garrafas de bebida se encontravam pela minha sala e vários minutos já tinham se passado desde a meia noite. Já havia recebido as ligações de natal dos meus devidos amigos e lá estava eu e null: ele encostado no sofá e eu deitada em seu peito. E nós estávamos um pouco longe do que pode se dizer de sóbrio.
- Sabia que todo natal eu ligava pra minha mãe só pra ouvir ela dizer 'alô'? - revelei, sentindo uma angústia. Mas eu não ia chorar!
null começou a fazer carinho na minha cabeça.
- E você não falava nada? – neguei com a cabeça.
- Eu tinha medo da reação dela e só desligava depois que ela atendia. - dei de ombros - Hoje eu acordei pensando que ia fazer isso quando desse meia noite, mas lembrei que... - ele colocou a mão na minha boca, não me deixando continuar.
- Que tal a gente mudar de assunto? – ele colocou as mãos em minha cintura e eu me sentei de frente pra ele - Como o assunto 'null vai passar o ano novo na França'. - ele disse e abriu um puta de um sorriso. Eu tentei fazer o mesmo que ele, mas ia parece falso demais.
- Nossa, que legal! Agora você vai poder aproveitar muito. Aquela vez você mais trabalhou do que aproveitou, né? – Ele concordou com a cabeça, mas certamente estranhou um pouco a minha reação. Ficamos um tempo em silêncio e eu resolvi perguntar uma coisa que tava sempre martelando a minha cabeça, mas só a bebida e um momento a sós com ele me deixariam fazer - Por que você resolveu quebrar a sua promessa e voltou a ser o que era antes comigo? Juro que pensei que tinha te perdido pra sempre. - abracei meu joelho. Perder null não significaria perder algumas noites, seria perder um amigo, um confidente e eu só não falo irmão porque isso implicaria a ideia de incesto!
- Eu nunca que gostaria de perder momentos como este, null. Eu só precisei de um tempo pra mim, mas isso aqui – ele apontou pra nós dois - fala mais alto. - sorriu e pegou na minha mão.
- Você ainda me ama? - perguntei um pouco receosa e comecei a morder minha boca.
- Nem se eu não quisesse, eu amaria.
- null, eu queria te pedir desculpa por tudo. Não foi c...
- null, não fala nada. Você não tem que se desculpar por nada. Essas coisas a gente não escolhe, a gente só sente. Sério, não tem culpo de nada.
Ficamos um pouco constrangidos e pela segunda vez no dia, null olhou pro relógio da TV, que marcava 4h06min.
- Bom, eu vou embora porque já é tarde. Meu vôo é dia trinta e um, pretendo te ver antes, mas se não der, tchau e juízo! Eu volto dia oito e te ligo, ok? – assenti com a cabeça e fomos andando até a porta.
- Boa viagem então, juízo você e se cuida, por favor! – ele concordou e me deu um abraço. Ficamos assim por um tempo, só sentindo a presença do outro. null saiu do abraço e ficou me segurando pelo braço, me olhando.
Juro que às vezes tento segurar meus impulsos, mas dessa vez foi difícil.
Abracei null pelo pescoço e selei nossas bocas com tanta rapidez, que parecia que o mundo ia acabar. Nós até começamos um beijo de verdade, mas ele me cortou pouco tempo depois.
- null, não, hoje não. Agora não. Por favor. – ele fechou os olhos e encostou a testa na minha. – Me deixa ir de cabeça fria pra essa viagem, você sabe o que isso causa em mim, se algo acontece aqui, não vou viajar em paz. Nunca me permitiria ficar em paz depois de todo esse tempo e... Desculpa.
Concordei, desencostando nossa testa e o olhei.
Li em seus lábios um ‘tchau’ e o vi entrar no elevador.
Fechei a porta, me encostando na mesma e respirando fundo. Eu só queria a chance de fazer o certo, mas eu teria que esperar.
O natal passou e o ano novo estava chegando. Essa é uma data que eu, particularmente, adoro. Ano novo é quando a gente se anima, lembra de tudo que passou e promete fazer diferente no ano que tá chegando. Fora que, fazer aquela lista mental de desejos e promessas é muito legal! Acho também que esse é meu feriado preferido, é que não tem toda aquela reunião familiar. Tenho lembranças ótimas do ano novo, ao contrario das do natal.
Como null havia imaginado, não consegui vê-lo, e sua viagem era no dia seguinte. Mas pelo menos era dia de festa na agência e eu poderia me divertir com o pessoal de lá. Retoquei minha maquiagem e ajeitei minha roupa, vendo Amber sair de um dos gabinetes do banheiro, pelo espelho.
- É tanta roupa que vou pensar dez vezes antes de voltar ao banheiro. - ela disse rindo, enquanto se ajeitava.
A festa estava bem legal. Tinha um dj tocando vários tipos de música, bexigas brancas estavam espalhadas por todos os lugares. As mesas exibiam toalhas também brancas, com detalhes em dourado e algum tipo de enfeite em cima. Do lado direito do salão tinha uma mesa bem grande com alguns aperitivos, que depois seriam trocados pelo jantar. Tinha também um palco, onde uma banda ia tocar e garçons rodando o salão inteiro com bebidas. Peguei uma taça de vinho que passou bem ao meu lado e comecei a me dirigir pra minha mesa, quando senti alguém me puxando pro lado contrário. Foi sorte não ter derrubado todo o vinho na minha roupa.
- Vai com calma, Amb! - pedi e ela parou, me pegando pela mão e andando como uma pessoa normal.
- Quero te apresentar uma pessoa! - andamos mais um pouco e paramos em uma mesa onde só tinham homens. Cinco pra ser exata.
- Oi, rapazes! - os cinco sorriram pra ela e a cumprimentaram. - Essa é a null. Ela trabalha lá na agência e na verdade, é ela quem seleciona os modelos pras campanhas. – Amber riu e eu sorri um pouco sem graça quando os cinco pares de olhos me olharam. Mas um chamou a minha atenção. – Esse é o Rian que você me perguntou outro dia! – ela sussurrou em meu ouvido, e me lembrei de onde o conhecia. – Vamos dançar, meninos? – ela falou e eu desviei meu olhar do de Rian, percebendo que tinha ficado tempo demais olhando. Os cinco levantaram e Amber me segurou pela mão, me levando pra pista improvisada.
Começamos a dançar e cantar algumas músicas antigas que a banda tocava e aproveitei pra conversar com Rian. Ele parecia ser legal, mas era um pouco difícil entender alguma coisa com todo aquele som na cabeça. Quando o jantar foi servido, eles nos convidaram pra sentarmos à mesa em que eles estavam, e a Amber nem esperou dois segundos pra responder que sim.
Enquanto comemos, jogamos conversa fora e conheci um pouco os rapazes que estavam com a gente, mas nada que me fizesse conhecê-los totalmente. Só tinha um que eu queria conhecer!
Uma música atual e agitada começou a tocar e nós voltamos pra lá, dessa vez com copos de bebida nas mãos. Todos nós, menos o Rian.
- Você não bebe? – perguntei.
- To dirigindo hoje. – ele fez uma cara de ‘fazer o quê’. Pessoas sensatas ainda existiam no mundo.
Depois de um tempo, percebi que a quantidade de pessoas na festa estava diminuindo. Olhei pro lado e vi Amber dançando, mais intimamente, com um dos rapazes da mesa, que eu descobri mais cedo que ela um rolo dela de tempo. É, acho que sobrei.
- null... – fui surpreendida por Rian me chamando, levando um pequeno susto – To indo embora quer uma carona? – ele perguntou sorrindo.
- Aceito se você parar de me chamar de null e começar a me chamar de null! – sorri de lado.
- Você quer uma carona, null?
- Agora eu aceito sua carona! Aliás, minha amiga ali – apontei pra Amber – me abandonou, e eu ia embora com ela. – dei de ombros, pegando em sua mão e ele começou a me conduzir pra fora da festa. Consegui enfiar meu salto em todos os buracos que achei pelo caminho até o carro e Rian só ria da minha cara.
Chegamos ao carro e ele abriu a porta pra que eu entrasse. Minha casa era um pouco longe dali, mas dei as coordenadas e ele disse que sabia onde ficava meu bairro. Rian deu partida no carro, tomando o caminho do meu apartamento.
- A gente nem se apresentou direito! A Amber foi logo mandando a gente dançar e aquele som tava bem alto. – ele deu de ombros riu – Prazer, sou Rian Cox, tenho vinte e quatro anos, sou modelo, tenho uma banda nas horas vagas. Sou solteiro, mas tenho um filho de três anos.
Demorei um pouco pra processar tanta informação em um minuto. Fiquei olhando para seu rosto, enquanto ele estava atento às ruas. Mas eu podia ver um sorriso formado em seus lábios.
- Sua vez! – ele falou, me despertando.
- Prazer, sou null null, a pessoa com a vida mais confusa que você já conheceu.
- Quero conhecer essa confusão. Pode começar, temos mais alguns bons minutos até a sua casa. – e isso era tudo que eu precisava: alguém que não sabia nada do que acontecia em minha vida, alguém que eu poderia desabafar sem que me desse sermão.
- Ah, é difícil falar, mas esse ano eu fui egoísta e acabei machucando as pessoas, envolvendo sentimentos de quem não devia! Eu fui meio que infantil por pensar só em mim, e sei lá, eu amadureci por causa dos últimos acontecimentos, mas eu não precisava passar por nada disso porque eu só precisava de uma pessoa pra tudo dar certo. Nunca tive coragem de enxergar, assumir o que eu realmente sentia, mas agora já é tarde e ele tem que viver a vida do jeito que ele escolheu e merece viver. E ah, minha mãe morreu faz pouco tempo também, mas fazia muito tempo que não a via. – dei de ombros e ele estava me encarando, enquanto o sinal não abria – Eu disse que era confuso!
- Eu entendi. – ele disse, mexendo a cabeça positivamente, acelerando o carro quando o sinal abriu – Mas eu acho que você devia ligar pra ele e contar tudo o que sente. – Rian piscou. – Você pode fazer tudo valer a pena o mais rápido possível.
- Eu não posso. – neguei e olhei pra fora, vendo as casas passarem rapidamente por meus olhos. Todas elas estavam coberta por uma camada fina de neve. Tudo tão lindo e intocável.
- Por quê?
- Não tem um porquê! Eu só não posso. Que ele seja feliz da maneira que ele escolheu, não quero mais interferir em nada. – Sério, sério mesmo que eu estava acompanhada de um cara foda, mas a única coisa que eu conseguia falar era sobre minha vida amorosa frustrada. Tipo, sério? – Desculpa, acho que eu não devia estar falando essas coisas pra você!
- Não tá me incomodando em nada. – ele parou em outro sinal vermelho e sorriu pra mim. – Você não perguntou, mas vou falar de mim. Eu não amo ninguém desde a mãe do meu filho. Acho que eu bloqueei esse sentimento da minha vida. – deu de ombros e eu balancei a cabeça, rindo. – Foi mal, minha história não foi tão intensa quanto a sua, né? – ele estreitou os olhos como se tivesse bravo, mas eu sei que não tava.
- Não é isso. – ri de lado. – É que eu deveria fazer o mesmo que você. – encostei minha cabeça no vidro.
- Não, pelo contrário! Você vai ver como isso é bom, a gente só tem que achar a pessoa certa. – ele piscou. Ficamos um tempo em silêncio, e quando ele virou a esquina, reconheci minha rua.
- É ali. – apontei. Rian parou o carro em frente ao meu prédio e o silêncio voltou as nossas vidas.
- Tá entregue então! Se quiser, podemos marcar alguma coisa qualquer dia. Gostei de você. – queria poder dizer pra ele que eu era mais legal do que aquele projeto de gente que ficava se lamentando com as pessoas.
- Claro. – sorri. Mas sabe, pensando bem, eu não podia jogar a oportunidade de conhecer pessoas novas fora. E ‘qualquer dia’ pode ser tão longe... – Na verdade, você não quer entrar? – apontei pra fora. Ele me olhou, arqueando a sobrancelha, como se perguntasse se eu tinha certeza. Eu apenas sorri, confirmando.
Descemos do carro e entramos. O porteiro não tava na cabine dele, mas imaginei que devia estar tomando café ou algo assim. Sabe né, não deve ser fácil ficar a noite inteira vigiando um prédio. Entramos no elevador e apertei o botão do meu andar.
- Não sei se você sabe, mas ano que vem vou fazer outro book. Acho bom você me agendar para todas as campanhas, agora somos amigos. – Rian me olhou desafiador e cruzou os braços.
- Ei, isso é pressão psicológica! – ele deu de ombros, ficando sério, mas logo caímos na risada. A porta do elevador se abriu e quando a minha porta entrou em meu campo de visão, vi que tinha uma pessoa encostada nela, sentada, toda encolhida e com a cabeça entre as pernas. A principio não reconheci, mas logo que vi o cabelo, tinha certeza de quem era.
- null? – perguntei e me agachei na frente dela. Ela levantou o rosto que estava todo vermelho, assim como seus olhos. – null, o que aconteceu? – mas ela não disse nada e continuou chorando. Olhei para Rian que tinha os olhos arregalados. – Me ajuda a levá-la pra dentro? – ele concordou com a cabeça, ficando do lado de null.
- Ei, vamos lá pra dentro. – passei a mão por seu cabelo. Peguei em seu braço e ela levantou. Rian a pegou pela cintura, enquanto eu destrancava a porta. Guiei os dois até o sofá, vendo null sentar no mesmo e abaixar a cabeça.
- Rian, desculpa, mas acho melhor você ir.
- Tem certeza? Não precisa de ajuda? – ele apontou com a cabeça pra ela e eu neguei.
Começamos a andar até a porta, ele parou do lado de fora e eu no de dentro.
- Eu resolvo isso, pode deixar. Obrigada pela carona. – ele se aproximou e me deu um beijo no rosto. Ou quase. Se um narrador de futebol fosse o narrasse a minha história, com certeza ele daria um grito de ‘NA TRAVE’ nesse exato momento.
Acho que fiquei tão assustada com a cena da null parada na minha porta, que não tive outra reação senão pedir pra ele ir embora. Não tinha mais clima ele ficar ali também. Esperei Rian entrar no elevador e voltei pra dentro de casa, fechando a porta. Sentei ao seu lado e a encarei.
- Você pode me contar o que aconteceu? Mas respira fundo antes de começar a falar. – null voltou o olhar pra mim. Disse aquilo, imaginando que pelo seu estado, falaria as coisas gaguejando. Ela fechou os olhos, respirou fundo e voltou a abri-los, me fitando. Por um momento tive medo daquele olhar, tive medo que fosse um olhar que me julgasse.
- Desculpa vir aqui, null, mas não tinha mais para quem correr. Eu amo o null, você sabe disso, mas eu não to mais suportando. Ele anda tão frio, não o conheço mais. Eu to tentando fazer de tudo, mas não adianta. Ele saiu dez horas da noite e não atende ao telefone mais! Eu fico desesperada com essas coisas e já faz tempo que ele não é o mesmo. – ela desabafou e voltou a chorar. Confesso que tive vontade também.
Isso chama remorso, culpa, traição e por aí vai. Só coisas legais e que todo mundo devia sentir.
- Você o conhece tão bem, conversa com ele, null! Ele sempre te ouve. Por favor, eu nunca te pedi nada, mas me submeti a isso e to aqui. Por favor, nem que seja pra acabar, pra ele dizer que não me ama, não sei, mas acho que isso é melhor do que ficar tentando qualquer coisa em vão. – Acho que eu não tava em posição de negar nada a ela.
- Prometo que amanhã vou conversar com ele, ok? Agora vamos pro meu quarto, você tem que dormir um pouco.
Levei null até lá, dei um pijama pra ela colocar e fui tomar banho.
Esses últimos minutos da minha vida poderiam, certamente, parecer piada. Ou até muito patético e falso que eu estivesse ajudando quem eu estava. Mas quantos anos eu tinha? Doze? Quinze? Se eu sabia ser adulta em vários momentos, tava na hora de aprender a ser adulta nesses momentos também. Com certeza, falar com o null estava nos meus planos. Depois daquela conversa em meu escritório, muita coisa estava pendente. Assim, poderia acabar com isso que estava angustiando a null e a mim também, mesmo que nem todo mundo saísse feliz dessa.
Mas uma coisa é certa, eu não me arrependo de tudo o que fiz, não mesmo. Só não sei se faria exatamente assim, mas arrependimento? Não, isso não.
Terminei meu banho e fui pro quarto, onde a null já estava deitada embaixo de alguns cobertores. Seu rosto já não estava tão vermelho.
Me troquei e deitei ao lado dela.
- Você tá pronta pra qualquer que seja a resposta de todas as perguntas que você quer que eu faça pra ele? – perguntei.
- Tenho que estar. – ela sorriu tristemente. – Obrigada, null. Eu sei que nunca fomos grandes amigas, mas te conheço o suficiente pra saber que você não me ajudaria se não quisesse. Então, obrigada.
- Não foi nada, null. Amanhã a gente resolve tudo isso, ok? – ela assentiu com a cabeça e fechou os olhos.
É, acho que o momento de fazer as coisas certas estava apenas começando.
Capítulo 22
Acordei meio atordoada e levei um susto ao ver a null ao meu lado na cama, mas logo a noite passada veio a tona na minha cabeça. Olhei pro relógio que marcava 13h17min. Meu estômago já estava fazendo contato com o mundo exterior, mas antes de pensar em qualquer coisa, eu tinha assuntos pra resolver. Troquei de roupa e deixei um bilhete pra ela, avisando que era pra ela ficar quietinha em casa.
É, quem diria que um dia eu ia dispensar alguém pra ajudar a null com algo.
Logo que saí, sintonizei meu carro na rádio que eu sempre ouço, o que me fez lembrar que era dia 31, já que o locutor estava falando sobre o ano novo. Passei em um café perto do meu prédio e comprei algo pra comer e beber, antes que meu estômago resolvesse ter vida própria. Do café até a casa do null parecia uma eternidade, fui batucando com os dedos no volante no ritmo de cada música que tocava.
Estacionei o carro de qualquer jeito e me arrependi de sair de dentro dele, que estava quentinho, sendo que eu não estava devidamente agasalhada para o tempo. Bati na porta de null e esperei que alguém atendesse, mas foi em vão. Bati mais três vezes e nada. Resolvi ligar.
- Alô? - ouvi sua voz do outro lado da linha.
- Onde você tá? - perguntei. – Aliás, o que você tem na cabeça? Encontrei sua namorada aos prantos na porta da minha casa!
- null tá com você? Onde você tá? To indo pra loja e...
- Me espera lá então! - desliguei o telefone, indo até o carro. Entrei, jogando o celular no banco do passageiro e dando partida.
- Pensei que a null estivesse com você. Cadê ela? - foi a primeira coisa que ele disse quando me viu entrando pela porta da loja.
- Oi pra você também, null - sorri cínica, colocando minha bolsa em um balcão próximo, me encostando e cruzando os braços. - A null tá em casa, deve tá dormindo ainda uma hora dessas. Ela me pediu pra conversar com você.
- Ontem eu saí, mas achei que voltaria logo, daí encontrei o null. Meu celular acabou a bateria e eu meio que não me importei em avisá-la que eu ia demorar - ele disse sem graça. - Quando cheguei em casa, ela não tava lá e ainda largou o celular em cima do sofá. Pensei que ela tivesse com a irmã...
- Você nunca vai deixar de ser um adolescente, né? - neguei com a cabeça, sorrindo de lado. - O que você veio fazer na loja no último dia do ano? Pensei que era pra estar fechada.
- Vim pegar uns documentos. - nós ficamos um tempo em silêncio. Fazia tempo que eu não conversava com null.
- Olha, null, eu vim aqui pra conversar com você e quero total sinceridade. Não quero que você fale meia dúzia de palavras pra fingir que tá tudo bem e amanhã tudo isso acontecer de novo. – Ele me olhou, franzindo a testa, mas sem falar nada, me deixando prosseguir. – Eu também não quero chegar com más notícias pra null.
- Então, você quer ouvir que eu a amo, que tudo isso foi só uma brincadeira, um passatempo e todas essas coisas que mulher nenhuma quer ouvir?
- Não, eu queria ouvir que a gente tem que parar com isso porque tá mexendo com o sentimento de outras pessoas que não têm culpa de nada – dei de ombros – mas nunca achei que você fosse capaz de falar tudo isso, então, é, foi só um passatempo.
- Sou capaz de muitas coisas se você quiser!
- null!
- Eu to brincando, null. Tá, tudo bem, você tá certa e eu vou ser totalmente sincero. Nós realmente confundimos esse desejo um pelo outro com outras coisas e realmente envolvemos pessoas que não mereciam! – Desejo. Tava aí uma palavra que podia definir tudo aquilo – Eu amo você, null, mas é do mesmo jeito que você me ama, que eu amo a null, até o null, null e null. – ri da cara que ele fez ao dizer que ama os amigos.
- Eu sei, eu também tive muitas revelações esses dias. É, eu te amo, mas é aquele nosso amor de amigo, né?
- Aham, Eu já te falei, eu já fui apaixonado por você, mas hoje eu posso dizer com toda segurança que eu amo a null. - sorri abertamente pra ele e fui em sua direção, o abraçando – Mas também tenho que ser sincero e não me arrependo de nada que fizemos. – ele me olhou de canto – Me arrependo de fazer o que fiz hoje com a null, mas é que às vezes eu preciso de espaço, você sabe como ela é, tem hora que preciso de um copo de uma bebida qualquer, uma música boa de fundo e... Eu.
- É, eu sei como é isso. Também não me arrependo de nada e, querendo ou não, tudo isso e você me ajudaram a descobrir por quem eu tenho sentimentos, mas infelizmente...
- Infelizmente? Você ainda acha que essa palavra pode estar na nossa vida? Puta, null, não tem infelizmente, porque você vai agora atrás daquilo que te faz feliz. - balancei a cabeça.
- Esquece isso, null. Vai lá em casa e busca a null, leva ela pra almoçar, faz o que ela realmente merece. Vai atrás da sua felicidade. - depositei um beijo em seu rosto, peguei minha bolsa e fui em direção à porta.
- E por que você não aproveita e vai atrás da sua? - parei onde eu tava e me virei pra ele.
- Minha felicidade foi passar uma temporada na França. - dei de ombros e ele negou com a cabeça, rindo.
'Daqui meia hora acontece a virada. Todos os londrinos já estão espalhados pela cidade para comemorar. A promessa é de mais de cem pontos com fogos de artifício...'
Desliguei a tv e fui pra rede na minha varanda. Realmente Londres estava linda aquela noite. Mais linda, devo dizer. Músicas vinham de todos os lados e eu nem me preocupei em colocar uma em meu apartamento. Eu não estava afim de beber, de comemorar, de nada. Mas eu também não estava triste, nada disso. Sei lá, eu só queria relembrar esse último ano, um ano tão confuso, mas que apesar dos pesares, foi um ótimo ano.
null me ligou mais cedo, dizendo que estava no aeroporto e que estava muito ansioso pra chegar lá. Eu pensei em fazer o que null disse, mas seria muito egoísmo. Ele mesmo disse que depois da viagem dele, nós conversaríamos e eu estava disposta a falar tudo. E também estava preparada pra ouvir que agora nada iria adiantar. Eu só tinha que falar tudo o que estava guardado dentro de mim. Sabe, não vou ser dessas de ficar lamentando um amor perdido. Afinal, eu sempre fui a burra da história, eu tinha a felicidade na minha mão, mas preferi trocá-la por umas noites de tesão. Acho que eu era infantil demais, meu ódio sem motivo pela null e tudo mais. Não vou falar que a partir de agora seremos melhores amigas, isso seria falsidade, mas no fundo ela é legal e não merecia o par de chifres que ganhou na cabeça.
Ouvi meu interfone tocar e corri pra atender.
- Oi.
- null, sua comida está subindo. - ouvi a voz do porteiro dizer e logo desligar.
Comida? Mas que comida?
Mal consegui colocar o interfone no gancho e a campainha tocou.
Mas eu não pedi comida!
- Lembra que eu prometi que você iria comigo pra França quando eu voltasse como turista? - foi a primeira coisa que ouvi quando abri a porta. Meu coração subiu na boca e começou a bater tão rápido que eu podia senti-lo. null estava parado na minha frente, com duas passagens na mão e dois McLanches Feliz na outra.
McLanche Feliz? Tem McDonalds aberto em pleno ano novo?
- Aliás, você tem quinze minutos pra arrumar a mala. Nosso voo é a uma da manhã, ainda temos que chamar um táxi e fazer check in, vamos, null!
- Como você... null, era pra você estar lá e... - eu nem sabia o que falar. Tava totalmente zonza com as últimas notícias. Pelo jeito o null tava gostando de aparecer de surpresa nos feriados. Será que null falou algo pra ele? Olhei pra null e ele fez um gesto de 'vai logo' e eu corri pra arrumar minha mala. Muitas coisas passavam pela minha cabeça. Meu coração ainda estava disparado e eu não tinha a mínima ideia de que roupa eu levaria. Fui colocando coisas de frio, algumas blusinhas, casacos, calças, lenços... Mas eu não funciono sob pressão!
Ouvi meu celular tocar e entrei mais em desespero ainda. Fui descobrir que ele tava embaixo da mala e eu fiquei procurando igual tonta pelo quarto.
Era uma mensagem.
Do null.
'Eu disse pra você ir atrás da sua felicidade, mas eu que tive que procurá-la por você, né? Aproveita a França, faz meu amigo feliz, seja feliz. Amo você!'
Sorri ao ler aquilo, mas responderia depois. Fechei a mala - com muito sacrifício - e olhei no relógio de pulso que marcava 23h54min.
- Pronto pra ir pra França? - apareci na sala e null estava mexendo no brinquedinho do McLanche. Tive que rir. De onde será que saiu a ideia de comprar isso?
- Com uma condição - ele me olhou sorrindo. Veio em minha direção, colocou meu cabelo atrás da orelha e olhou bem nos meus olhos. Meu corpo inteiro arrepiou, só com aquele olhar, se eu tinha alguma dúvida do que eu sentia, agora não existia mais. null se aproximou e me deu um beijo. Senti nossas línguas tocarem e um choque que ainda estava fazendo efeito em mim por causa dos últimos minutos, se transformou em uma felicidade sem fim. Senti uma lágrima escorrer e null parou o beijo, limpando minha lágrima.
- Essa era a condição, por que não disse antes? - falei e comecei a caminhar em direção à porta, mas null me puxou pelo braço, negando com a cabeça.
- Nós só vamos depois que você responder uma pergunta que eu te fiz no seu aniversário.
’- Eu quero que você seja minha, só minha, null, namora comigo?'
Abri e fechei a boca algumas vezes e null me encarava com a sobrancelha arqueada.
- Posso comer esse McLanche primeiro? - apontei.
- null, eu só comprei isso porque eu tava nervoso, você sabe como eu fico! Não era pra ser uma distração...
- Mas é que eu realmente estou com fome... – passei a mão pela minha barriga. Mas não, não era fome. Aqueles arrepios dentro de mim também eram de nervosismo.
- null... – ele me fitou com os olhos apertados.
- null!
- Vai, null, a gente vai se atrasar. - fingi pensar pra falar algo.
- Será que eu preciso responder? - acho que nunca tive tanta certeza de algo na minha vida.
- Acho que seria bom, né?
Ouvi um estalo e várias coisas coloridas começaram a saltar no céu azul escuro de Londres.
Sorri. Acho que foi o maior sorriso que eu dei o ano todo.
Que agora já era conhecido como 'ano passado'.
null continuou olhando pra minha cara, esperando a resposta.
Comecei a rir e ele me olhou estranho. Eu estava rindo da minha própria descoberta! Demorei muito tempo pra descobrir que nada era sobre null. Era tudo sobre null.
- Feliz ano novo, namorado!
Algum tempo depois...
Os primeiros vestígios do verão estavam fazendo parte do nosso dia a dia. Como sempre, não era aquele verão de altas temperaturas e facilmente passaríamos frio na sombra. Mas claro que o null tinha que fazer um almoço e nos convidar para nadar na casa dele. Enquanto o pessoal tava jogando vôlei na piscina, aproveitei pra tomar sol, não que eu fosse pegar aquele bronzeado, mas tudo bem.
Eu e null, bem, nós éramos eu e null, o mesmo de sempre só que com um pouco mais de, sei lá, essas coisas que eu acho que um casal tem. Eu e null estávamos bem também, nada afetou nossa amizade e nós nunca mais fizemos nada. Claro, era só o que faltava, depois de tudo isso... E quanto a null, eu e ele resolvemos deixá-la por fora desse ‘desvio de percurso’. Era bem melhor assim, porque eu ia sair como a vaca, vadia, puta, sem vergonha que pegou o noivo dela. Sim, noivo, porque até hoje eles não casaram no papel. Esse null só enrola essa garota! Já com Rian eu cruzei algumas vezes, nas primeiras foram meio constrangedoras, até porque ele me convidou pra sair, mas claro que eu falei não. Mas pode ter certeza que ficou um diabinho no meu ombro falando pra eu aceitar, só que poxa, agora as coisas são diferentes, tem tudo isso de estar em um relacionamento sério e etc. Então tive que dizer que poderíamos ser apenas amigos.
- Ganhamos, ganhamos! - null fazia uma dança esquisita, fazendo com que a água que estava no seu corpo fosse em mim. - null, nós ganhamos o jogo! As mulheres são foda. - ela veio e me deu um beijo no rosto.
- null, você tá atrapalhando meu sol. - passei a mão pela bochecha que estava toda molhada por causa dela.
- Vai ter revanche, bobona. Vocês só ganharam porque nós deixamos. - null falou e sentou na ponta da espreguiçadeira que eu estava. Ele mandou um beijo pra mim e eu devolvi.
- Como se essa revanche fosse resolver alguma coisa, vamos ganhar do mesmo jeito. – null fez cara feia, enquanto null, null, null, null e, acreditem se quiser, Dara, se aproximaram.
- Mas então, e a revanche? Que tal agora? - null falou, abraçando Dara pela cintura enquanto ela depositava um beijo em seu ombro nu e molhado. – Vamos, null? null?
- null? - senti null me cutucar e reparei que todos me olhavam. Acho que me perdi no tempo e em vozes... - O null tava perguntando se dessa vez você vai jogar.
- Jogar o que?
- null, alô, em que mundo você t? A gente tava jogando vôlei na piscina! - null respondeu, como se fosse óbvio e cruzou os braços me fitando.
- Ah, acho que sim. - dei um sorriso de leve.
- Mas antes, vamos almoçar, por favor! Já to até ouvindo minha barriga se comunicar. - null disse, passando a mão na mesma. Ei, essa frase é minha!
Nós começamos a rir, enquanto null e null começaram a se dirigir pra dentro da casa do Jones. Dara, null e null fizeram o mesmo caminho. Senti algo gelado tocar minha barriga e percebi que era a boca de null. Ele foi subindo os beijos até seu rosto ficar pertinho do meu.
- Você é linda! - ele me deu um selinho - Eu até ficaria aqui com você, mas to morrendo de fome! - null levantou rindo, piscou e saiu. Tirei meu óculos de sol, dobrando as hastes e colocando em cima de uma mesinha próxima.
- Vamos? - null parou ao meu lado, fazendo careta pela cena que ela acabou de ver. – Vamos, null? - apenas assenti com a cabeça - O que tá acontecendo? Parece que tá no mundo da Lua.
- Eu só tava pensando que...
- Que? - ela cruzou os braços e sentou onde null tava antes.
- Sabe, eu posso ter amadurecido e até ter mudado alguns conceitos, só que aquela null ainda vai continuar dentro de mim. E acho que às vezes vou acabar despertando-a, mas só dentro da minha cabeça, daí acho que não tem problema, né?
- E o que isso tem a ver?
- Ah, você sabe, a outra null tava pensando... O null tá bonito, né? Tá forte e tava parecendo um modelo com toda aquelas gotas de água no corpo...
- Ah não, null, não, não e não! Você disse pra mim que tava feliz, que você ama o null. Por favor, tudo de novo não.
Comecei a rir e me levantei, ficando de frente pra ela. Peguei uma canga que estava por perto e amarrei na minha cintura.
- Calma, null, eu to brincando!
Ou não.
Fim!
Nota da autora: com certeza começar essa n/a é dificil, nossa última como autoras de hot addiction! Primeiro temos que agradecer MUITO a todas vocês que pararam em algum momento do seu dia pra ler h.a., sem vocês isso não seria nada! Poderíamos escrever, escrever e ninguém ler, não é? Agradecemos a cada comentário e até mesmo aquelas que não comentam, agradecemos por todas que já foram no twitter/forms perguntar sobre a fic, a todos que votaram pra hot como fanfic do mês e nós como autoras e também as três betas que cuidaram de hot: Line, Kath e Mel, sério meninas, obrigada por sempre tratarem a fic com carinho! É isso, acabar algo seu é triste, mas a sensação de dever cumprido é ótima. Bom, hot addiction não terá parte dois, isso é algo já certo. Esperamos que tenham gostado de tudo o que aconteceu, lendo a fic inteira parece que dava pra mudar uma coisinha ali ou aqui, mas, mesmo assim evoluímos em tudo, né? E bom, infelizmente não podemos agradar a todos e ela acabou ficando com o amigo colorido (!!!!!!!) sabemos que muitas queriam isso, como outras queria o principal ou que ela ficasse sozinha Hahahaha nós SEMPRE fomos team amigo colorido e desde sempre nós decidimos que esse seria o final, a gente só não podia dar muito na cara isso hahaha... A intenção sempre foi essa, porque sempre a gente lia fics que aconteciam muitas coisas, mas acabava ficando obvio que íamos ficar com o favorito no final, daí quisemos mudar isso, além de fazer com que vocês pegassem um pouco de raiva do favorito e gostasse do outro hahaha e até que conseguimos. Bom, é isso, estamos orgulhosas do que hot se tornou pra vocês. Por enquanto, não temos planos de uma nova fic, mas quem sabe futuramente. Obrigada novamente a todas, foi muito importante ter vocês nos acompanhando nesse tempo! @vick123 @cahmontemor x
Nota da scripter: Oi! O Disqus está um pouco instável ultimamente e, às vezes, a caixinha de comentários pode não aparecer. Então, caso você queira deixar a autora feliz com um comentário, é só clicar AQUI.
Qualquer erro nessa fanfic ou reclamações, somente no e-mail.
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