Demorei um ano inteiro pensando se devia fazê-lo ou não. Depois de inúmeras noites passadas em claro, chorando por um único motivo, decidi que não aguentava mais viver uma vida destinada ao sofrimento. Talvez fosse o único jeito de cessar o imenso sofrimento que sentia no meu interior, talvez não, era o único jeito, porém, não quero um método lento e doloroso, quero algo rápido e fatal. Londres era cheia de prédios gigantescos e um deles me ajudaria a seguir meu caminho rumo à felicidade.
Antes de sair de casa, escrevi uma carta para meus pais dizendo que os amava muito mas que não aguentava mais levar uma vida de tanto sofrimento e solidão, depois comecei a escrever uma carta para null, o grande motivo de minha tristeza.
“null, talvez palavras não sejam suficientes para descrever como eu me sinto e o quanto eu te amo, como amiga e como mulher. Desde que comecei a te olhar com outros olhos, percebi que esse amor que eu sentia por você não era mútuo, o que me fez definhar por dentro, me fez querer deixar tudo de lado e apenas ter como companheiros minha solidão e minha tristeza.
Sua amizade não foi o suficiente para me manter viva, cansei de ser pra você só a null, aquela amiga de longa data que está sempre do seu lado nos momentos mais difíceis, nos momentos mais alegres e que sempre te atende a qualquer hora. Como você não percebeu que eu não queria ser só uma amiga?! Que raio de amiga é essa que, na TPM, atende telefone às quatro e quinze da madrugada em pleno dia de semana e diz que não estava dormindo e que não tinha problema o horário? Que raio de amiga é essa que faz qualquer coisa só pra ver o amigo feliz, mesmo sabendo que isso a deixará cada vez mais infeliz? É por isso que eu queria que você soubesse que o amor que eu sinto por você ninguém será capaz de ter maior. E é aqui que eu coloco um ponto final na minha vida, que foi baseada somente em você, null null.
Me perdoe por não ter te contado antes, mas ouvir um 'Eu não sei o que dizer, mas não sinto o mesmo por você' me traria a esse mesmo caminho em que agora estou.
'And everything I feel for you
I wrote down on one piece of paper
The one in your hand
You won't understand
How much it hurts to let you go'
Adeus, null.
Para sempre sua, null”
Involuntariamente, deixei uma lágrima cair, molhando o cantinho do papel. Talvez essa carta nunca chegue nas mãos de null, e se alguém ler, provavelmente vai achar que eu era mentalmente incapacitada. Respirei fundo, saí de casa lentamente e segui para o prédio que era do meu antigo médico. Não foi difícil passar pelo porteiro que me conhecia há tempos, segui para o elevador e apertei o botão para o último andar, a vontade de sorrir era inevitável. Logo as portas do elevador se abriam para me dar passagem, fui em direção às escadas e logo estava no terraço do prédio.
Podia ver a cidade toda dali, o Big Ben, o Parlamento, o Rio Tâmisa e meu amado London-Eye, todos iluminados. O sol estava se pondo, crepúsculo, o pior horário do dia para mim. Sentia o vento frio do inverno londrino bater em meu rosto, enquanto eu caminhava em direção ao pequeno muro de segurança do prédio. Segurei a carta endereçada a null fortemente junto ao meu peito, subi no pequeno muro e deixei me levar. Não senti dor, muito menos desespero, somente alívio por estar colocando um fim numa tristeza tão profunda e dolorosa.
-x-
Era a oitava vez seguida que null lia a carta que null lhe escreveu, agora não havia nada a ser feito, tinha perdido pra sempre o amor de sua vida.
Nota da beta:
Se encontrarem qualquer erro na fic, mandem um email com o assunto 'Erro na fic How Much It Hurts To Let You Go' para eu corrigir. Ou me add no twitter @leikohudson
Boa Leitura :)
XoXo,
Leiko.