Eu estava sentada em um puff no quarto de Katherine. O silêncio predominaria ali se não fosse pelos acordes de “Turn it Off” do Paramore que saia das caixas de som do computador. Eu estava nervosa. O relógio digital na cabeceira da cama parecia chamar mais minha atenção do que qualquer outra coisa ali, os minutos custavam passar.
Levei minha mão até a uma mecha que tinha escapado do coque que eu havia feito e a enrolei, tentando controlar a ansiedade. Mordi o lábio inferior assim que vi no relógio que mais um minuto havia se passado. Eles já estavam quase uma hora atrasados.
- Calma, , eles devem estar presos no aeroporto. – Kathe me olhou fazendo uma careta e eu assenti apenas para ela se convencer que eu me acalmaria.
- Afinal eles já estão quase 3 meses em turnê, as fãs londrinas também querem um pouco de atenção e agarramento. – Ela riu divertindo-se do meu nervosismo e levantou da cama, seguindo até a cômoda.
- Você não ta ajudando Kathe! – soltei um muxoxo baixo seguido de uma careta. Ela continuou a rir da minha cara e completou: - Imagina só... meu irmão deve estar mostrando o tigrão pra meia Londres nesse momento.
– Meus olhos se arregalaram e veio a minha cabeça a imagem daquelas loiras siliconadas se jogando em cima do Judd. Balancei a cabeça espantando aquilo e soltei um: “Kathe!”.
- Tá ok, parei, prometo! – ela colocou uma mão no peito e a outra no ar, tal como fazem os juramentos nos tribunais. Não que eu já tivesse ido em um, mas já assisti filmes demais e posso dizer que fazem esse movimento nos juramentos. Eu dei um sorrisinho amarelo.
- Eu vou tomar banho, não se mate enquanto isso, por favor. Não quero um cadáver no meu quarto. – ironizou enquanto se trancava no banheiro.
Me joguei na cama, encarando o teto. Kathe era a única pessoa que sabia o quanto eu gostava do Harry, muito mais do que quando eu os conheci. Já faz três anos que eu sai do Brasil e vim morar na Inglaterra. Três anos que eu fui estudar no mesmo colégio que a Kathe e que, mesmo em anos diferentes, nos tornamos grandes amigas. E faz dois anos e seis meses que eu conheço os Mcguys. Sim, só 6 meses depois que ela me apresentou a banda; que ela abriu as portas da sua casa pra mim. Eu entendo o porquê. Quando você é irmã do baterista mais assediado da Inglaterra, as pessoas tiram proveito de você.
Ela já perdeu a conta do número de garotas que simularam gostar dela só pra conhecer os guys. Por esse motivo que eu escondi que gostava de Mcfly, para ela não pensar que eu só me aproximei dela por isso. Por mais que eu fosse fissurada pela banda, não estava disposta a colocar minha amizade com ela em jogo. Mas isso não durou muito tempo, só o suficiente até ela ligar o meu computador e ver uma foto do McFly no papel de parede, nesse dia eu contei tudo e nossa amizade só se fortaleceu.
Foi impressionante a maneira que a partir daí eu entrei na vida deles e eles na minha. A conexão foi tão forte que eu não me vejo mais sem nenhum dos cinco, tantos os McGuys quanto a Kathe. Porém, de um tempo pra cá as coisas mudaram um pouco, com o tempo passei a ver Harry de um outro jeito. Ele é diferente comigo, me dá tanta atenção, começou a me ensinar a tocar bateria, me faz rir quanto eu to triste... não que os outros rapazes não sejam legais comigo, mas, com o Harry, é diferente. Talvez isso seja porque eu conviva mais com ele do que os outros, já que quase sempre que ele vem visitar os pais eu estou por aqui com a Kathe. Eu realmente não sei. Mas os olhos dele prendem a atenção dos meus e, a partir daí, eu não consigo raciocinar direito.
Um barulho de porta batendo no térreo me fez saltar da cama e ficar de pé. Meu coração disparou assim que eu ouvi a risada escandalosa de Danny ecoar pelo corredor. Eles chegaram. Passei a mão pelos cabelos desajeitadamente e me peguei olhando de canto de olho para o espelho enorme no meio do quarto, tentei me arrumar. Eu estava horrível. Puxei meu shorts um pouco pra baixo e repeti o movimento com a minha baby look dos Beatles. Ao mesmo tempo que eu amarrava meus cabelos em um rabo de cavalo alto, avistei Danny e Doug encostados no batente da porta me olhando, intimidadores. Tom provavelmente estava com a namorada.
Soltei um grito fino e me joguei em cima dos dois os abraçando ao mesmo tempo. Senti Danny apertar forte minha cintura enquanto Doug afagava os cabelos da minha nuca. Abri um sorriso imenso enquanto me afastava deles e os analisava cuidadosamente. Danny usava uma camisa xadrez como de costume, esta era azul e branca. Uma calça jeans alguns números maiores caiam por cima de seu tênis All Star. Doug estava quase igual a Danny, porém usava uma bermuda e uma camiseta rosa da Hurley.
- Caramba! O que você fez com o seus cachinhos Daniel Alan David Jones?! – só agora eu tinha notado que o Jones tinha cortado o cabelo. Arregalei os olhos levando minha mão pra bagunçar o cabelo dele, estava curto e LISO!
- Achei legal mudar um pouco, ... – ele deu um sorriso envergonhado e eu fiz bico.
- Eu gostava deles. – continuei manhosa, cruzando os braços.
- Eu disse que ela ia fazer essa cara – Doug interrompeu minha ceninha rindo de mim e eu mostrei a língua pra ele. Em seguida, eles entraram no quarto, se atirando na cama e eu continuei parada na porta encarando o corredor vazio.
- Fala pra ela, Doug... – ouvi Danny sussurrando. Eu podia sentir os olhares deles grudados nas minhas costas.
- Eu, não! Dude, fala você, a gente já tinha combinado assim... – Doug respondeu no mesmo tom de voz e eu me virei os encarando com a cara séria.
- Falar o que gente? – os olhei com curiosidade. Os dois se encararam por um segundo, Danny coçou a cabeça do jeito que sempre fazia quando estava nervoso e ao mesmo tempo que abriu a boca pra falar a porta do banheiro se abriu, revelando uma Katherine enrolada nas toalhas e entrando no quarto.
- Hey, garotos! – ela sorriu empolgada e deu um pequeno abraço em cada um, que estavam com os olhos esbugalhados, secando as pernas de Kathe.
- Kathe, por favor, dá pra não andar de toalha pelo quarto com eles aqui? Não quero ver o amiguinho do Doug animado de novo, que nem da ultima vez. – Ela riu, divertida com a lembrança enquanto se afastava dele, que começou a corar. Ela se dirigiu novamente ao banheiro, agora com uma calça jeans nas mãos. Provavelmente, mudou de idéia em relação À roupa que já havia pego.
- Eu estou no meu quarto, nem sabia que eles estavam ai. – completou, ainda rindo, enquanto fechava a porta. Encarei os dois novamente.
- Estou esperando, quero saber o que vocês tem que falar, nem pensem que eu esqueci. – Respirei fundo, já imaginando o que viria a seguir, me encostei na parede próximo a porta, e encarei Danny, que me olhava tristonho. Eu sabia, ele não viria.
- ... o Harry, ele... – Danny começou tentando achar as palavras certas enquanto fitava o chão nervoso.
- Ele... ele não vai... vir não é? – Falei impressionada com o bolo que havia se formado na minha garganta. Meus olhos estavam com uma cortina de lágrimas e eu estava me sentindo ridícula e insignificante, ele havia me prometido! A primeira coisa que ele faria quando chegasse era vir me ver depois de três meses!
- , não chora! – Danny se levantou e me abraçou forte. Eu enterrei minha cabeça no seu peito, deixando as lágrimas caírem e molharem sua camisa. Eu estava sendo fraca. Ouvi a respiração pesada de Doug que ainda estava sentado na cama e então a porta do banheiro voltou a se abrir. Levantei um pouco a cabeça para observar uma Kathe furiosa.
- Qual é?! Meu irmão é um idiota! Eu vou arrancar a cabeça dele fora assim que eu o vir! – Ela bravejou com as mãos na cintura e se pôs ao meu lado, fazendo um carinho no meu ombro. Soltei-me dos braços do Jones, tentando me recompor, limpando algumas lágrimas que ainda caiam. Pensei em dizer algo pra acalmá-los, mas minha garganta ainda parecia incapacitada de produzir algum som que fizesse sentido. Levei uma mão na têmpora soltando um suspiro cansado, sentia todos me olhando.
- Onde é que ele se meteu? – Abri os olhos vendo minha amiga soltando fogo pelas ventas, enquanto se dirigia aos rapazes.
- Ele saiu com uma garota que conheceu no aeroporto... – o Poynter respondeu tão baixo que eu fiz um esforço para compreender o que ele havia falado. As lágrimas queriam voltar a cair, mas eu as impedi. Se ele não se importava o suficiente pra vir me ver depois de três meses, eu também não me preocuparia em chorar.
- Mas que merda! Eu não acredito que ele fez isso com a ! - Ela bufou e veio em minha direção, me abraçando com força. Eu soltei um sorriso forçado depois que nos separamos, então pigarreei, tentando limpar o bolo de lágrimas que estava em minha garganta. Percebi três figuras me encarando, esperando eu me pronunciar.
- Tá tudo bem, gente, sério. – Senti os olhares piedosos em minha direção. Desviei minha visão, como se o assoalho de madeira daquele quarto fosse a coisa mais interessante para se apreciar. – Eu vou pra casa, só preciso ficar um pouco sozinha, só isso.
- Mas, ... – os três disseram em uma só voz. Eu levantei a mão em sinal para que eles parassem de falar. - Depois a gente se fala, pessoal. – Me despedi com um abraço e um beijo na bochecha de cada um e, quando eu já estava na soleira da porta, virei, os encarando. – É bom que vocês estejam de volta, garotos.
Recebi dois sorrisos alargados como resposta e então sumi no corredor.

As horas passavam arrastadas desde que eu cheguei da casa dos Judd’s. A minha cama e meu edredom nunca me pareceram tão convidativos durante uma tarde inteira. Mesmo assim, eu não consegui pregar o olho nem por um segundo, não me conformava com a atitude de Harry. Está certo que não somos nada além de amigos, mas ele me prometeu! Ao menos pra mim, quando faço uma promessa, é porque eu vou honrá-la custe o que custar, já pra ele, basta passar uma siliconada de uma figa que ele sai correndo. Isso é ridículo! Ele é imaturo, criança imbecil, insensível, um ogro. Cada xingamento que vinha na minha cabeça eu socava o travesseiro como se a raiva fosse diminuir, isso poderia parecer idiota mas eu precisava externar esse ódio ou iria pirar.
“If you wanna be my lover, you gotta get with my friends. Make it last forever, friendship never ends!”. Meu celular tocava insistentemente em cima da cabeceira da cama, pela música eu já sabia quem era. Katherine. Ela mesma havia colocado Wannabe das Spice Girls no toque para quando ela me ligasse. Eu não queria atender, sabia o discurso que viria. Ela iria querer vir aqui e falar do assunto o qual eu não agüentava mais nem pensar.
Coloquei o travesseiro sobre a minha cabeça tentando ignorar a música. Ele tocou mais uma, duas, três vezes. A canção já estava quase no fim e ele não parava de tocar, até que de tanto vibrar ele caiu da minha cabeceira e fez barulho quando se chocou no tapete. Bufei me levantando, já desistindo de ignorá-la, abri o flip para escutar uma Kathe histérica.
- ACHEI QUE NÃO FOSSE ME ATENDER, VACA! – Ela falava tão alto que tive que tirar o telefone do ouvido para não perder a audição. – TÔ ATRÁS DE VOCÊ JÁ FAZ HORAS!
- Eu já atendi, não atendi Kathe? – sussurrei depois de soltar o ar pesado que estava preso no meu pulmão. Passei a mão pelos meus cabelos embaraçados e voltei a me deitar com o travesseiro em cima do rosto.
- Como você esta? – ela agora falava no mesmo tom que eu. Parece que ela havia percebido o quão escandalosa ela estava.
- Como você acha que eu estou? – fechei os olhos com força, ouvindo a respiração cortada dela do outro lado da linha.
- Ele é um idiota , olha, eu falei com ele e.. – Kathe desembestou a falar mas eu a cortei.
- Não quero saber Kathe, não quero voltar a chorar. Já fiz isso a tarde toda, acho que já é o bastante. – aumentei um pouco o tom de voz e ela ficou em silêncio por alguns instantes, até que a ouvi inspirar forte.
- Você está certa, vamos falar de outra coisa. Não te liguei pra isso. – Kathe deu de ombros.
- Então pra que foi? – Perguntei curiosa enquanto sentava na cama com as pernas cruzadas e o travesseiro em cima delas.
- Estou te convocando pro show do Mcfly de mais tarde. – confessou com um tom de voz receoso.
- O QUE? – agora foi a minha vez de gritar indignada. – VOCÊ SÓ PODE ESTAR BRINCANDO! Acabei de te dizer que não quero falar do seu irmão, acho que isso pode incluir olhar pra cara dele também!
- você esta sendo injusta e irracional como sempre. – falou em um tom de voz de deboche, ela estava mesmo querendo me tirar do sério.
- Olha Kathe..
- Você não está raciocinando direito. Tudo bem, titia vai explicar... – agora foi ela que me interrompeu, essa garota é terrível quando quer alguma coisa – E os outros garotos ? O Mcfly não é composto só pelo meu irmão e seu super ego. Os guys te adoram e me pediram pra te chamar, eles reservaram o camarote pra gente... – Eu comecei a me convencer. Kathe sabia meu ponto fraco, aqueles garotos e ela eram tudo que eu tinha de mais importante na Inglaterra e eu faria tudo para vê-los felizes.
- Ta ok Kathe, você me convenceu. – Suspirei derrotada – A que horas você passa aqui? – continuei enquanto abria meu guarda roupa procurando algo decente pra vestir. Ouvi um gritinho agudo de felicidade do outro lado da linha e ri sozinha.
- As 7:30, esteja pronta e na porta, eu nem vou entrar. – Finalizou animada, eu pude ouvir um barulho do outro lado, jurava que ela estava batendo palminhas. – Beijos, Debi.
- Beijos, Lóide. – desligamos ao mesmo tempo. Joguei o celular na cama e me perdi entre as peças de roupa que eu tinha no armário, comecei a prestar atenção nas cores, nas texturas, no tempo que fazia do lado de fora. Em tudo menos o que eu pensaria que me faria desistir de ir à esse show. Separei uma calça jeans skinny escura, uma baby look branca escrito “I Love London” e meu All Star surrado preto.

Kathe e eu entravamos no camarote da casa de shows. Eu prestava atenção no lugar enquanto ela não parava de falar um segundo.
- , você escutou alguma coisa que eu falei? – Ela me encarava fingindo estar brava.
- Na verdade não. – Eu ri me jogando em uma das poltronas no lugar. Ela se sentou ao meu lado.
- Eu tava dizendo que o Danny pediu pra irmos nos bastidores no primeiro intervalo do show, que ele quer falar conosco.. – Me informou fitando as unhas pintadas de rosa. - ...deve ser alguma coisa importante.
- Tá bem, se você ta dizendo Kathe... quem sou eu pra contestar? Depois da ultima vez, não me atrevo mais a te desafiar. – ri tentando me divertir. Kathe me fazia rir: fato.
- Que bom que aprendeu isso Debi. – nós rimos juntas e então as luzes do palco começaram a se acender chamando nossa atenção.
- Vai começar. – pronunciei levantando, fomos até a grade para poder ver melhor. Os quatro entraram no palco e então a platéia gritou ensurdecida. Tom começou a falar com o público fofamente e eu me peguei pensando que gostaria de estar lá no meio gritando feito louca. É obvio que isso era impossível a não ser que quiséssemos ser linchadas pelas fãs loucas. Todas tinham noção de quem éramos, nossas caras sempre saiam estampadas nos jornais, revistas e na internet como as “queridinhas dos garotos” junto com as demais irmãs.
O acorde de One For The Radio começou a tocar e eu e Kathe cantávamos junto com eles. O show continuou seguindo, e a todo o momento meus olhos estavam grudados no fundo do palco captando cada movimento do baterista. O jeito que ele ria com os comentários dos garotos, de como ele limpava o suor que escorria pela testa com uma toalhinha cada vez que havia oportunidade, o sorriso animado dele quando começava um solo e o envergonhado que formava cada vez que as fãs gritavam seu nome. Ele estava lindo, como eu senti falta disso, de poder olhar cada detalhe daquela existência.
- ! ! Hoje você está impossível! – acordei dos meus pensamentos com Kathe me sacudindo pelos ombros. Só então percebi que não tocava nenhuma música, o único som que se ouvia era da multidão inquieta.
- Oi. – respondi a encarando.
- Nossa, tava viajando? Já é o primeiro intervalo, vamos, Daniel Jones nos aguarda. – balancei a cabeça e a segui porta afora.

Estávamos no backstage próximo à entrada do palco. Kathe conversava animadamente com um cara da produção do show enquanto eu estava sentada em uma das caixas de som espalhadas por ali. Balançava meus pés insistentemente, o que estávamos fazendo ali? Essa cena se estendeu por uns 10 minutos e nada do Danny aparecer ou da Kathe se desgrudar do rapaz.
Bufei baixo fitando meus pés, o barulho da platéia me chamou atenção. Olhei pela fresta que dava em direção ao palco e as luzes se ascenderam. Os garotos estavam de volta! Mas que droga?!
- Kathe! – minha voz saiu esganiçada, o que fez ela parar de conversar com o cara e me dar alguma atenção. – Que diabos está acontecendo?
- É esperar pra ver . – abriu um sorriso sacana e a voz de Danny no microfone me impediu de retrucar.
- Hey Londres! – Daniel disse animado e a multidão gritou desesperada em resposta. – Acho que vocês sabem que momento é esse, não sabem? – espero que elas saibam porque eu não sei que diabos esta havendo.
- Ei Danny, não é o momento em que o Judd fica mais pertinho da platéia? – Doug completou enquanto apontava com a palheta do baixo em direção ao baterista. A multidão gritou ainda mais quando o piso abaixo da bateria começou a se mexer até o centro do palco. Nesse instante Harry olhou para o backstage e nossos olhares se cruzaram. Meu estômago girou, era como se ele soubesse que eu estaria ali.
- Tigrão, esse é o seu momento. Faça o que tem que fazer. – Tom riu no microfone enquanto o fitava. Harry levantou da bateria e puxou o pedestal ao seu lado, ao mesmo tempo as garotas da platéia não paravam de gritar seu nome. Eu queria correr dali, mas minhas pernas não me obedeciam. Ele levantou a mão pedindo silêncio e sorriu.
- Eu sei que vocês não pagaram pra isso, mas existe uma coisa que eu realmente preciso fazer. – começou soltando um riso nervoso e logo depois bagunçou os cabelos. Ele sempre fazia isso quando estava preocupado. O lugar estava em silêncio, a única coisa que podia-se ouvir ali era a respiração cortada dele ecoando no lugar por causa do microfone e meu coração batendo descompassado.
[n/a: coloquem pra carregar ele cantando: Hero - Harry Judd]

- Eu sou um idiota... – respirou fundo e encarou a multidão como se tomasse coragem pra começar. – É estranho o quanto a gente precisa fazer uma burrada enorme pra perceber o que está bem na nossa cara. Eu fiz isso. Eu magoei a ultima pessoa no mundo que eu queria magoar. A pessoa que eu morreria no lugar se precisasse. – ele voltou a olhar em direção ao backstage e me encarou com um olhar temeroso. Meus olhos começaram borbulhar, lágrimas pesadas começaram a cair.
- Danny... – ele deixou de me fitar e fez um sinal pro Danny que começou a tocar algo no violão. Segundos depois eu reconheci a melodia, meu coração apertou e minhas pernas começaram a bambear. Ele não ia fazer isso, ele... não podia! Harry não cantava! Perdi a conta de quantas vezes eu e os garotos pedíamos pra ele cantar e ele nunca o fez. Ele iria inventar de começar a cantar justo agora?

Would you dance If I asked you to dance?
(Você dançaria Se eu te chamasse para dançar?)

Ele começou e a platéia foi a loucura. Nunca ouvi aquelas garotas tão histéricas na minha vida. Era com razão, a voz rouca do Harry me arrepiou já nas primeiras palavras. Se continuasse assim eu tinha certeza que morreria antes do refrão.

Would you run and never look back?
(Você correria e nunca olharia pra trás?)
Would you cry If you saw me cryin'
(Você choraria se me visse chorando?)
Would you save my soul tonight?
(Você salvaria minha alma esta noite?)

Os olhos deles caíram sobre mim chorando e me soltou um sorriso triste, o qual eu retribuí. Se alguém me perguntasse eu diria que eu estava sonhando. Senti uma mão no meu ombro e me virei, encontrando Kathe sorrindo. Logo em seguida soltou um “Vai lá” e antes que eu pudesse protestar ela já havia me empurrado pra dentro do palco. Assim que entrei um holofote me focalizou e a platéia começou a gritar, algumas até gritaram o meu nome quando minha imagem apareceu no telão. Meu coração ia parar.
Harry se aproximou de mim e secou uma das lágrimas que escorriam no meu rosto. Eu o abracei, o mais forte que consegui e senti uma mão dele me afagando os cabelos. Ele delicadamente me afastou um pouco, somente o suficiente para que pudesse me olhar nos olhos com intensidade, eu olhei de volta da mesma forma. Como eu senti falta daqueles olhos me fitando. Levou uma mão ao meu rosto, fazendo um carinho na minha bochecha, enquanto completava o refrão.

I can be your hero, baby.
(Eu posso ser seu herói, baby)
I can kiss away the pain.
(Eu posso beijar e afastar a dor)
I will stand by you forever.
(Eu vou te esperar pra sempre)
You can take my breath away.
(Você pode me deixar sem fôlego)

- .. – ele me encarou nos olhos se aproximando mais um pouco. Continuou num sussurro, mesmo que ao microfone. Meus olhos não paravam de brotar lágrimas. – Eu te amo. – arregalei os olhos e minhas pernas queriam falhar, eu poderia ter caído no chão naquela hora se Harry não estivesse me envolvendo com seus braços. A multidão ainda gritava. – Me desculpe, eu fui um idiota, e... só agora eu consigo ver o quanto eu te amo. O quanto eu perdi de tempo esses anos todos, ficando longe de você. – Seu olhar era tão profundo que eu sentia que poderia me perfurar a pele.
- “Would you swear that you'll always be mine?” (Você juraria ser minha pra sempre?) – os acordes da música ainda tocavam ao fundo então ele continuou a letra, mas dessa vez só declamando. – Me deixa ser seu herói de novo ?
- Eu.. – percebi que ainda havia algo prendendo minha voz na garganta. Pigarreei algumas vezes, passei as mãos pelo rosto limpando as lágrimas. – Você... você é um baterista que canta... – minha voz ainda estava falhada, mas eu parecia um pouco mais confiante. - ... Eu acho que posso considerar isso um super poder. – Eu o fitava tão próximo que podia sentir sua respiração pesada bater nos meus lábios. Ele sorriu triunfante, eu retribui da mesma forma.
- É acho que sim... – sussurrou no meu ouvido, fora do microfone para que só eu escutasse, então levou uma das mãos que acariciavam meu rosto até a minha nuca, puxando-me pra perto enquanto selava nossos lábios calmamente. A platéia gritava e ao fundo eu pude escutar os garotos completarem a música: “Well,I don't care you're here tonight.” (Bem, eu não me importo, você está aqui esta noite). Era só isso que importava, eu não ligava se ele havia errado, se todas as fãs do mundo agora me odiariam por ele estar me beijando. Só importava que ele estava aqui, com seus lábios nos meus. E eu tinha a sensação de que daqui pra sempre era só isso que eu me importaria.

fim.

n/a: Olha só, gente como eu amei essa short fic! *-* Caramba eu realmente amei, vocês acreditam que eu escrevi isso em um dia? Pois é verdade, rs. Quando eu estou inspirada as coisas saem. Mas então, eu fiz essa fic em homenagem as minhas duas Judd-etes favoritas: Mons (@myplastictoys) e Thata (@thataeqr) minhas divas. Passo as tardes com elas falando dos Mcguys e dos nossos planos malígnos. Eu estava devendo um agrado pras minhas queridas por que o Judd ficou fixo (e irmão da principal) na minha outra fic, Back tho the Beatles. Então eu tinha que recompensar as Judd's de alguma forma né? Fala sério, quem não se derrete ouvindo o Juddão cantando Hero? OMG! meu DVD da Wonderland Tour tá até riscado de tanto eu ver esse trecho. JUDDÃO ROCKS! Imagina ele cantando Hero no seu ouvido *derrete*.. Então é isso, foi minha primeira Short Fic, espero que tenha ficado legal e não muito clichê, rs. Mons e Thata foram as primeiras a ler e aprovaram! Se gostaram do que viram eu recomendo minhas outras fics: I Couldn't Help Her e Back to the Beatles, as duas em andamento. Acho que essa n/a ficou muito confusa rs, vou parar por aqui. xxx Rav Fletcher.

| Twitter | Blog - Write Love | | Formspring.me |

comments powered by Disqus