I Never Will Be Good Enough For Her
Escrito por Andy Jones.
E ela sorriu. Engraçado como esse simples ato pode mudar tudo. Fiquei bobo por um momento, mas foi só por um momento. Não queria revelar minha versão idiota, não perto dela.
Só que minha felicidade era limitada, logo um som de buzina desviou sua atenção de minhas piadas ao cara que dirigia o conversível.
- O chegou. – disse, acenando para o loiro que havia estacionado do outro lado da rua. – Já vou indo, Judd. Te vejo amanhã?
- Claro. – respondi, guardando as mãos no bolso e vendo-a se levantar. – Não é de meu feitio faltar no trabalho.
apenas torceu as pontas dos lábios, soltando uma leve risada.
- HARRY, OS CLIENTES ESTÃO COM SEDE!
- JÁ VOU, CHRIS! – Gritei de volta, encabulado por levar uma chamada do chefe na frente da , não que fosse a primeira vez, parece que ele adorava fazer isso quando ela ia ao quiosque.
- Não quero atrasar você, então até amanhã. – Falou pegando seus livros e rumando a porta, com sua cabeleira ruiva voando junto com o vento. E seu vestido fazendo o mesmo, revelando suas pernas e... ela tem namorado, lembre-se disso!
Soltei um longo suspiro, voltando para trás do balcão. Pensamento positivo, daqui a pouco estaria com duas baquetas na mão em vez de copos.
Duas horas depois, fim de expediente. Me despedi dos colegas de trabalho e da praia. O crepúsculo já chegava com suas cores er... coloridas. Caminhei durante um tempo. Quando cheguei ao meu pequenino loft, antes mesmo de entrar no prédio, fui atingido por um soco. Senti um estalo forte seguido por uma dor aguda no nariz.
- Fique. Longe. Da. Minha. Garota! – Meus reflexos estavam lerdos, mas reconheci a cabeça loira. – Você não é bom o suficiente pra ela.
Aquela frase se repetia na minha mente quando tive uma vaga visão da Ferrari vermelha que saiu correndo, deixando marcas no asfalto.
- Quem fez isso?
- Ninguém. Vamos ensaiar.
- Não antes de você contar pra gente quem fez isso com você!
Ergui meus olhos da bateria e encarei o trio à minha frente. Segurei o riso quando olhei para a figura baixinha do Dougie com os braços cruzados querendo botar moral em mim.
Cinco minutos depois...
- Tá, me rendo. – Soltei a respiração o mais entediado possível antes de citar o nome do indivíduo. – .
- O namorado da ruivinha?
- Aquele marinheiro?
- Ele tem vinte três anos!
- Eu também! – Me defendi.
- Mas não revidou.
- Ele não me deu chance.
- Tá, tá, tá. Só quero saber por que esse tal de quebrou o seu nariz?
- Não quebrou, Tom. – Disse pausadamente. - Foi apenas uma leve deslocadinha.
- Não desconversa.
- Ele quer que eu fique longe da ‘sua garota’ – Ironizei.
- Eu pensaria o mesmo se minha namorada passasse os últimos três meses tomando refresco com um cara de físico igual ao seu Judd.
- Tá me chamando de gostoso? E eu nem sou loiro.
- Não entendi.
Mordi o lábio superior.
- Nada não, Jones. Agora, vou tocar. Com ou sem acompanhamento...
- Calma aí, Judd! Temos que resolver uma questão aqui...
Revirei os olhos, aquela conversa estava irritando.
- Fala logo.
- Para de resmungar e responde: o que, exatamente, existe entre você e essa ?
- Somos amigos.
- Somente amigos?
Dei de ombros.
- E se ela quisesse algo mais que amizade?
O canto de minha boca se curvou num leve sorriso.
- Quem sabe...
Ouvi três lamentações e me encolhi automaticamente.
- Ela nunca te deu bola, sai dessa.
Fechei os olhos tampando intimamente os ouvidos para não ouvir aquilo que eu vivia repetindo pra mim todos os dias, todas as noites. Principalmente de noite insones, quando o sono não vinha e eu tinha tempo para pensar nisso. O melhor seria esquecê-la. Senti um silêncio repentino. Pelo visto eles notaram meu devaneio e resolveram respeitá-lo.
- Vocês estão certos. – Falei por fim.
Mas no dia seguinte, a rotina foi à mesma. Com a exceção de suas perguntas sobre meu nariz. Inventei uma desculpa envolvendo escadas e a porta do prédio.
- Você sabia que o está com ciúmes de você? – Ela disse de repente. Estava atrás do balcão, enrolando para que Chris não reclamasse. por sua vez, estava sentada à minha frente naqueles bancos altos de madeira tomando um suco de laranja.
- Ciúmes? – Fingi uma reação de surpresa.
- Sim. – O movimento no quiosque era lento, a chuva que ameaçava cair assustou grande parte da clientela. – Apesar de eu já ter dito que éramos amigos e só.
- Hmmm. – Não queria falar nada e ao mesmo tempo queria ouvir mais, talvez ela revelasse alguma coisa que me agradasse. Ou não.
- Ele insiste que você está se iludindo com essas nossas conversas. – De repente seus olhos castanhos foram bem de encontro aos meus. – Não é verdade, né? Quero dizer, nunca escondi que amava o , nem nada parecido. E você nunca demonstrou muito interesse por mim, acho. Agente só conversa mesmo. Nenhum contato físico, ou nada do gênero. Melhor eu calar a boca. – Ela deve ter notado algo na minha expressão que a fizesse tomar essa decisão.
- Não. – Quebrei o silêncio que havia se instalado. - Não temos nada mesmo.
- Mesmo assim, saiba que eu gosto muito de você. Como amigo, não deixa de ser uma forma de amor. Um irmão mais velho que eu nunca tive. – Buzina. – Ah, deve ser o . Er... já vou, Judd. Até algum dia.
Ela apoiou os braços no balcão e beijou minha bochecha. Depois saiu correndo. Como sempre fazia. Ergui minha mão, tocando no lugar onde seus lábios haviam tocado. De certa forma, aquele foi nosso primeiro beijo. No futuro descobriria que era o último também. Nunca pensei que a mesma voz que visitava meus sonhos poderia me causar tanta angústia. No fundo, sempre soube que seria assim.
Abaixei os olhos e encontrei um livro em cima do balcão. . Um de seus favoritos.
Não consegui dormir. Devia ser a ansiedade. Enfim, estava voltando para casa. Resolvi ficar fora de Los Angeles, talvez uns dois anos. Seria difícil trocar o calor da Califórnia pela neblina da boa e velha Londres. Mas eu sabia que aquilo era o melhor para mim. Fazia quase duas semanas que eu não a via. Desde quando ela esqueceu o livro, esperei-a a tarde seguinte, e a seguinte. Só que a não apareceu mais.
Os meninos entenderam minha súbita vontade de voltar à Inglaterra, eles logo estariam de volta também.
Soltei um suspiro. Antes que o tédio resolvesse me dominar por completo, peguei seu livro. A capa não me atraia muito, além do que, prometi a mim mesmo que esqueceria ela.
Por um momento, mandei meus pensamentos para longe. Eu iria ler aquele livro e pronto, porém, logo nas primeiras páginas, encontrei um bilhete:
“Judd,
espero que tenha aproveitado tanto quanto eu nossos momentos juntos. Ambos sabíamos que não iria dar certo.
.”
Havia uma mancha no ‘certo’, como se alguma gotinha d'água houvesse caído bem naquela palavra. Toquei-a, mas o papel já estava seco.
Tentei ignorar a dorzinha que se estendeu em meu corpo.
É claro que não iria dar certo. Eu nunca vou ser bom o suficiente para ela.
Fim.
N|A: Dedico essa fiction para a Gabs Neves, em retribuição do que fez por mim. E a minha outra fiction, Dancing On The Kitchen Tiles, para a Saionara, por ser a melhor amiga que eu nunca mereci.