Eu nunca pensei que seria tão feliz me travestindo de mulher.
E posso dizer que, como mulher, eu com certeza seria lésbica.
Ah, mais uma coisa: perder apostas é delicioso. Obrigada Tommy.
- Você não vai conseguir – Tom disse simplesmente.
- Observe-me – eu desafiei.
- Eu observarei o seu fracasso – ele ergueu uma sobrancelha.
- Sinto cheiro de desafio – Dougie se manifestou com os olhinhos brilhando.
- Apoooooooostas – Harry cantou.
- Se eu ganhar, você vai à praia amanhã de biquíni e peruca – Tom disse com um sorriso diabólico nos lábios.
- Se eu conseguir, o que é mais do que certo, você vai de sereia à praia amanhã – eu fiz uma dancinha estranha.
- Fechado – ele sorriu.
Eu sentei no sofá e fitei o pequeno cubo à minha frente. Peguei-o nas mãos e o girei por um momento, memorizando todas as seis cores. Essa era a aposta, resolver isso. Nós somos patéticos, eu sei.
Verde. Dei com a cabeça no braço do sofá.
Amarelo. Puxei meus cabelos com força.
- Ainda acordado? Acho que alguém vai revelar seu lado feminino amanhã – Harry surgiu na sala com cara de sono e um sorriso malicioso no rosto.
- Branco. Vermelho. – tentei responder, minha mente entorpecida. Harry riu escandalosamente, eu chacoalhei a cabeça. – Não sou eu a bicha enrustida – retruquei secamente. Harry voltou para o seu quarto com o rabinho entre as pernas.
Azul. Olhei o relógio: 6:00h da manhã. O sol entrava levemente pela fresta da cortina.
Laranja. Eu roncava derrotado de maneira pouco confortável no sofá.
Os três patetas foram rindo a viagem inteira enquanto eu tentava cochilar no banco traseiro, já vestindo meu modelo de biquíni Victoria Secrets carinhosamente cedido pela irmã de Harry. Agora era oficial: eu odiava Katherine.
- Vai ser lindo ver as manchetes de todos os jornais da Grã Bretanha amanhã: “Danny Jones revela sua verdadeira natureza” – Tom provocou, me olhando através de seus óculos escuros.
- Eu juro que ainda faço essa sua cratera colossal entrar em erupção – eu cuspi entre-dentes. Tom apenas riu.
- Chegamos, querida – Harry entoou, enroscando seu braço no meu.
- Bicha enrustida – sussurrei com uma expressão de basilísco -n mortal.
Respirei fundo e dei meu maior sorriso de cara-de-pau. Eu podia ser um fudido e tudo, mas eu não ia ficar emburrado, ia aparentar estar fazendo isso por vontade própria.
Tom foi o primeiro a sair do carro, e algumas meninas foram correndo atrás dele e de Dougie, que estava pondo a cabeça pra fora.
- Ótimo, platéia! – murmurei acidamente.
Harry, ainda com o braço em volta do meu, saiu do carro, me puxando para fora em seguida.
- HARRY! DAN... DANNY?! – uma menina gritou perplexa correndo na nossa direção.
- O que aconteceu com você, Jonão? – outra gritou, com lágrimas nos olhos.
Ignorei o terrível apelido.
- É parte de uma pesquisa individual para entender a mente feminina – sorri tranquilo, tentando não explodir por dentro.
Depois de atravessar a multidão que chorava, gritava, se espantava e – principalmente – ria, eu cheguei à um lugar na areia. Percebi que não ia ter paz e, lançando um olhar mortal para os traidores de sangue dos meus amigos, eu fui para a água. Nadei até uma área mais afastada, de forma que as pessoas não puderam me ver, e me sentei em uma pedra. Dobrei os joelhos, os envolvi com os braços e enfiei a cabeça entre eles, falando palavrões abafados.
Fiquei remoendo o fato de que teria de aguentar a provocação de meus amigos, meus inimigos, a imprensa, os fãs, desconhecidos e até mesmo, tenho certeza, da minha família.
- Até dá pra cogitar a idéia de se tornar lésbica quando olho pra você – uma voz doce e fofa wtf disse ao meu lado.
Olhei para a menina ao meu lado. Ela era linda. Não só linda, maravilhosa. Seus lábios eram cheios e avermelhados, suas bochechas rosadas e seus olhos brilhantes e . Tinha os cabelos levemente molhados e ondulados. Ela estava com um vestidinho verde claro, mas pelo que eu podia ver era gostosa, muito gostosa. Do tipo que tem bundão, coxão e os seios redondinhos.
- Oi – ela sorriu, e eu reprimi um suspiro, apesar de usar aparelho, seu sorriso era brilhante.
- Oi – eu sorri para ela e suas bochechas ficaram coradas.
- Eu deveria dizer que você é uma bicha muito sexy – ela riu. Sua risada, como era de se imaginar, era delicada e contagiosa, ri também.
- E você é uma menina muito abusada – disse fazendo voz de gay. – E gostosa – acrescentei, num tom sério e másculo (oi? De onde eu tiro essas porras?).
Ela baixou o olhar e corou mais ainda. Devo acrescentar que isso era muito visível, pois a pele dela era tão branca que era quase translúcida.
- Você é albina? – perguntei sem pensar. Xingando-me mentalmente.
- Sou sim – ela retrucou me olhando como se eu fosse um débil mental idiota. – Por isso eu estou na praia, no sol, sem proteção nenhuma.
Ela era assustadora quando brigava.
- Me desculpe – me encolhi, a olhando com cara de cachorrinho.
Ela revirou os olhos pra mim.
Dei-me conta de que não sabia seu nome.
- Você ainda não me disse seu nome – repeti meus pensamentos em voz alta.
- Nem você o seu – ela retrucou, sorrindo de lado.
- Você não sabe meu nome? – fiz careta, ela era retardada ou o que?
O McFly estava pau-a-pau com os Beatles, ok? Eu era O fodão do momento.
- Deveria saber? – ela perguntou. – Sei lá, você é uma bicha mundialmente famosa por se travestir? – ela me olhou, me medindo. – Porque seria realmente um desperdício – deu de ombros.
Tentei conter o meu ego inflado e a olhei embasbacado.
- McFly te diz alguma coisa? – eu perguntei cautelosamente.
- De Volta Para o Futuro? – os olhinhos dela brilharam. – Franguinho – ela disse animada.
- Eu não sou...! Aaaaah – eu compreendi, começando a rir [n/a: Marty McFly (do filme De Volta Para o Futuro) odiava que o chamassem de franguinho]
- Bom, tem algo a ver, mas não é esse McFly. É o McFly-banda-inglesa. You can Google it – dei o meu melhor olhar Edward Cullen.
- Ah, aquele conjuntinho do carinha do cabelo perfeito que tem aquele buraco na cara? Ele é muito gostoso e... – ela congelou. - Você é da banda? – ela me olhou envergonhada.
Porque diabos a cratera do Tom seduz todas? Me digam, por favor, que eu faço uma cirurgia plástica para recriá-la no meu rosto agora. É só um buraco negro, pelamor.
- Oi! – disse, como se para chamar a atenção. – Danny Jones, guitarrista do McFly – sorri falsamente.
- Queria ter uma frase de efeito como essa, mas não tenho – ela mordeu o lábio inferior. Eu fiquei fitando-a por um momento, meditando o grau de insanidade que uma pessoa podia chegar. – , aspirante a escritora brasileira – seus olhinhos brilharam mais uma vez.
Parecia uma criancinha que acabou de ganhar um doce; tão linda. Tão gay.
Ela era brasileira, por isso não conhecia muito o McFly. Ah!
- Qual deles é seu namorado? – ela me perguntou e eu a olhei confuso. – Por favor, não diga que é o emburacado, minta pra mim, mas não diga que é ele – ela pediu, aflita.
- Eu não sou gay! – exclamei irritado. Ela me olhou, descrente e encarou minha vestimenta, ou a falta dela. – Eu perdi uma aposta – expliquei. – Uma aposta com o seu querido cabelo de sebo.
- Quem aposta se vestir de mulher? – ela perguntou com os olhos arregalados.
- Um puta de um asno – eu disse, derrotado.
- Exatamente. O que você não é. O que te torna um gay. Vai! Me diz quem é... É o bonitinho com carinha de surfista? Ou o moreninho com olhar matador? – ela batia palminhas, como... uma foca.
- Não. Sou. Gay – disse, fechando os olhos e respirando fundo.
- Prove – ela me olhou com um sorriso malicioso nos lábios.
Ergui uma sobrancelha. Ela estava mesmo sugerindo que eu fizesse o que eu estava achando que ela queria que eu fizesse? WTF
Aproximei-me lentamente. E ela fechou os olhos. Meu Deus, tenho que me vestir de mulher mais vezes, se for pra pegar uma garota dessas...
Toquei seu nariz levemente, ele estava gelado, eu me arrepiei. Fechei meus olhos também, tocando nossos lábios em seguida, sentindo uma carga elétrica pelo meu corpo.
- Você está sentindo? – sussurrei sob seus lábios.
- O que? – sua voz estava entrecortada.
- A... Eletricidade – respondi, dando-lhe um leve selinho.
Ela sorriu maliciosa e suas mãos traçaram o caminho pelo meu peito, passaram pelo biquíni e desceram até meu umbigo. Eu estremeci.
- Isso? – ela mal pode perguntar e eu já a puxava pela cintura para o meu colo.
Entreabri minha boca e minha língua pediu passagem por seus lábios, o que ela obedeceu imediatamente. Seu gosto me embriagou e por um momento me senti estranhamente bêbado.
Eu não compreendia todas as sensações e a complexidade dos meus sentimentos enquanto a beijava. Era uma experiência nova, alucinante e viciante.
Suas mãos foram para o laço do meu biquíni, nas minhas costas. Ela desamarrou-o rapidamente, e riu baixinho.
- Você que deveria estar fazendo isso – ela sorriu para mim.
- Posso resolver isso num segundo – respondi, grunhindo enquanto ela mordia meu lábio inferior e o puxava levemente.
- Não seja apressado – ela me repreendeu, se afastando.
- Volte aqui – eu ordenei, desesperado.
Ela balançou levemente a cabeça, fazendo um barulho irritante de negação com a boca.
- Para um gay, você parece estranhamente tarado – ela disse, sorrindo de lado.
- Sou homem, porra! – eu disse, chateado.
- Um homem desesperado – ela riu.
Ouvimos um barulho estranho. Uma música. "The Great Escape" dos Boys Like Girls.
- Meu celular – ela se desculpou, atendendo. – Alô? – ela disse numa língua estranha, provavelmente português. – Oi neném – voltou ao inglês, rindo em seguida. – Não, dude, eu to aqui com um... - ela me olhou. - Amigo – Pausa. Ela riu, ficando corada. – Cala a boca – riu de novo. – Tenho uma no bolso – disse sarcática. – Idiota – riu. Ela só sabia rir? Hum. – Vou desligar, ok? Tarada minha – mandou beijos. – Amo você.
- Ah, eu que sou o gay, né? – acusei.
- Brasileiros são carinhosos, nunca ouviu? – ela perguntou, convencida.
- Não, brasileiros são bons de cama – disse malicioso e levei um tapa ardido. – Ei! – exclamei.
- E ingleses broxam, não é? – ela me olhou maliciosa.
- Vou te mostrar quem é que broxa – apertei suas coxas sem delicadeza.
Ela ignorou isso, me deixando boquiaberto.
- Tenho que ir – ela se levantou.
- O que?! – me levantei junto, estupefato.
- Tenho que ir – ela repetiu lentamente, como se eu fosse retardado.
- Você vai me abandonar? – perguntei, ainda sem acreditar.
- A gente se vê por aí. Eu vou reconhecer você, é só ver o primeiro cara gostoso travestido – ela deu um sorriso singelo. Ignorei essa.
- Não mereço nem o seu telefone? – perguntei, os olhos brilhando esperançosamente.
- Não – ela respondeu simplesmente. Meus ombros baixaram. – Senão você não vai parar de me ligar – ela riu, me senti humilhado. – Me dê o seu. Assim eu fico no controle da situação – ela me entregou o celular. E mesmo ofendido eu escrevi meu número lá. O que é? Eu estava meio a fim, ok?
- Deixe o celular ligado – ela sorriu, eu suspirei.
Ela se aproximou lentamente de mim e me deu um selinho. Eu automaticamente a colei ao meu corpo. Ela intensificou o beijo. Depois de um tempo eu já estava com a boca em seu pescoço, pressionando-a contra uma pedra.
- Chega – ela arfou, desesperada, me empurrando um pouco. – É só pra você lembrar de mim – ela sorriu, o lábio inchado e ainda mais vermelho do que o normal.
- Não poderia esquecer nem que quisesse – respondi sem ar.
- Meu gay – ela cantou, com os olhos brilhando.
Começou a caminhar para longe de mim. Num determinado momento, se virou e mandou beijo.
Eu não ousei caminhar em sua direção, sabia que podia perder a chance de receber um telefonema muito especial se fizesse qualquer coisa precipitada.
Ela desapareceu entre as pedras, e eu fui escorregando pela pedra – em que a pressionei enquanto a beijava – até o chão.
Agora era oficial, eu estava de quatro por aquela garota. E era o gay dela, vê se pode.
Fim
n/a: Oi neném *-*
Bom gente, essa fic surgiu de um simples fato: eu adoro apostas em fics. IOSAHIOSIOASOHI É a minha primeira fic aqui no site e eu a achei muito divertida de escrever.
Particularmente eu achei a "comédia" dela estremamente sem graça, mas a Thalie amou, então, eu dedico essa fic pra ela, rs.
Ah, e também pra Drikka, que se não tivesse começado com esse negócio de apostas eu nunca teria escrito a Danny's Gay.
Eu amo vocês, minhas lindas.
Como vocês podem ver, eu sou Jones, rs.
Ah, eu estou pensando em fazer uma continuação, já pensei em escrever e tudo, comentem se quiserem.
Não tenho muito mais o que falar aqui, er.
E comentem :D
Beijos,
Sarah B.
Que n/a mongol, er. twitter - orkut - msn n/b: Adorei a fic, amor. Muito engraçada, cara HAOISHAOI Bem que podia ter uma continuação, né? Eu acho que seria super válido e vocês?
Enfim, para qualquer erro: @anepoynter ou arianeav@gmail.com. Não deixem de avisar, por favor! xx