Life Without Borders II – Desastres e Catástrofes
Autora: Bia Guimarães
Beta-Reader: Amy Moore



Capítulo Um
Seis meses depois do baile...

Blair estava terminando de retocar a maquiagem.
- B, como é mesmo o nome dela?
- Não importa. Só importa que ela é minha tia e você vai comigo.
Eu rolei os olhos.
- Ótimo, vou para um casamento sem saber de quem é.
- Para de reclamar, , e me ajuda aqui.
Eu fui em direção ao seu banheiro e a ajudei a passar o iluminador.
- Pronto. Terminei. Mas... Onde está Serena? – perguntei.
- Eu não sei. Ela disse que iria me encontrar lá.
- Tá – eu disse, sentando novamente na cama dela.
Eu já estava arrumada para ir; só faltava Blair.
- Tia Eleonor já foi? – perguntei.
- Sim, ela é madrinha.
- Falta muito para você terminar?
- Não, , calma.
Bufei.
- Será que Serena vai mesmo? – perguntei, entediada.
- Claro que sim, quem já viu Serena Van Der Woodsen perder uma festa?
Eu ri com seu comentário verdadeiro.
B finalmente saiu do banheiro.
- Como estou? – perguntou.
- Ótima. Magnífica, extraordinária, maravilhosa... Quer mais?
- Não, já basta – disse, sorrindo.
- Então, podemos ir? – perguntei.
- Claro.
Nós descemos e fomos para o carro de B.
- Onde será que Chuck está? – ela perguntou.
- Fazendo o de sempre. – Chuck tinha sido meu melhor amigo desde o baile de começo de ano. – Está com a vítima de hoje.
Ela sorriu.
Quando o carro parou e nós saímos, pude ver a belíssima decoração.
- Hum... que tal nós irmos procurar por S?
- Vamos, mas antes eu queria ver Naomi. Ela veio para o casamento de Tia Júlior.
- Naomi! Estou com saudades dela – eu disse, me lembrando de como ela era divertida.
Quando entramos na igreja, encontramos com Naomi. Ficamos conversando com ela e ao mesmo tempo procurando por Serena, até cerimônia religiosa começar.
Se Serena estivesse dentro da igreja, nós a teríamos visto, e não vimos.
Depois da cerimônia religiosa, fomos para a festa. Serena também não estava lá.
- B, onde está Nate? – perguntei.
- Não sei. Deve ter desistido de vir.
Quando a festa acabou, nós voltamos para casa com tia Elionor e nos despedimos de Naomi, que ia voltar para Beverlly Hills naquele mesmo dia.
Chegando em casa, fui tomar banho e comer alguma coisa, porque mamãe e Patrick estavam viajando.
Pronta para dormir e deitada na cama, tentei ligar para Serena, sem obter sucesso.
No próximo dia, combinei de me encontrar com meus amigos para um café da manhã no hotel de Chuck.
Chegando lá, fui direto para o apartamento dele, toquei na campainha e ele abriu a porta, sem camisa, só com uma bermuda.
- – disse, me abraçando.
- Oi, Mister Bass, você já está pronto?
- Sim, só estava esperando... – disse, desconfortável.
Eu o percebi, indiferente, e entrei no seu apartamento indo em direção ao seu quarto.
Na cama dele, que estava totalmente desarrumada, havia uma mulher deitada, dormindo, seminua. Eu reconheci aquela mulher. Saí do seu quarto, rindo baixo.
- Chuck, quer dizer que a vítima de ontem foi uma camareira? Esperava mais de você – disse, divertida.
- , você vai controlar isso?
- Não, mas você tinha se esquecido do nosso café.
- Desculpe-me; estava muito ocupado para lembrar isso – disse, sorrindo maliciosamente.
Meu celular tocou. Atendi.
- ? – Ouvi uma voz assustada. Serena. - Não fale nada, só me escute – ela disse. – Eu fiz uma coisa horrível, – disse, chorando.
- Se acalme. O que exatamente você fez?
Escutei ela dizer... Depois desmaiei.


Capítulo dois

- ! ! – escutei Chuck me chamando. - O que aconteceu? – perguntou.
- Onde está meu celular?
- Está aqui – respondeu, me entregando.
A chamada havia sido encerrada. Disquei o número e liguei.
- ! Prometa-me que não vai falar nada – ouvi a voz de S.
- Como você pôde fazer isso com ela? – balbuciei.
- Prometa, .
- Não sei... Eu... Eu estou confusa.
- , você também é minha amiga. Eu confio em você. Por favor. Prometa – gritou.
- Eu... Prometo.
- Obrigada, , te amo. Quando puder, eu ligo.
- Também te amo.
Ela desligou. Sentei no sofá, ainda perplexa.
- O que aconteceu, ? – perguntou Chuck.
- Não quero falar sobre isso, e você também não vai falar para ninguém dessa cena. Estou certa? – Olhei firme para ele, que estava sem entender nada.
- Você também é louca .
Ignorei-o.
- Vamos descer? – perguntei.
- Sim. – Correu para o quarto e se trocou.
- Blair já chegou? - disse, enquanto vestia a camisa.
- Não sei... Mas, Chuck, e ela? – Apontei para o quarto dele.
- Ela vai saber sair. – Ele deu o sorriso de sempre, o sorriso tipo Bass, como eu gostava de chamar, malicioso.
Nós descemos para o restaurante, e nos encontramos com B, Liam, e Nate sentados na mesa de sempre.
- Olá – disse Chuck.
- Oi, Chuck, oi, . – Blair acenou para nós. – Eu estava tentando ligar para S – ela disse e eu estremeci.
- Oi, B – eu disse, desconfortável. - Oi, Liam. Olá, Nate – o último eu falei com sarcasmo.
- Que tal sentarmos agora, ? – perguntou Chuck.
- Seria ótimo.
A conversa estava completamente estranha. B estava intrigada com alguma coisa e Nate estava calado. Os únicos que conversavam direito eram Chuck e Liam, porque eu ainda não estava totalmente lúcida depois do choque.
Após o café, fomos para a suíte de Chuck. A camareira já não estava mais lá, e o quarto estava arrumado.
Ficamos no sofá dele, conversando e escutando música. A música estava tão alta que me perguntei se os outros hóspedes não iriam reclamar. Quando Nate foi para a cozinha, eu fui atrás, cuidadosa para que ninguém percebesse.
Logo quando cheguei, fui tirando satisfações com ele.
- Como você pôde fazer isso com ela? – Apontei para a sala.
- Você sabe? – Ele se assustou.
- O que você acha, palhaço?
Ele passou as mãos pelo cabelo e ficou calado.
- Serena estava bêbada - afirmei. – Ela tem perdão, mas e você? Você estava sóbrio, e mesmo assim, dormiu com ela. E fazendo isso, você estragou tudo, seu idiota! – Fiz uma pausa. – Você fez isso, e sobrou para mim, que vou ter de mentir para B. Ela também é minha melhor amiga, como Serena! – eu disse, esmurrando seu peito, descontrolada e em lágrimas, mas não o bastante para quem estivesse na sala ouvisse. O som estava mesmo alto.
Ele segurou minhas mãos, me impedindo de continuar a esmurrá-lo, e me abraçou, para minha surpresa. Eu aceitei o abraço, e utilizei toda a minha raiva e angústia para apertá-lo.
Na hora que estávamos nos abraçando, um abraço de raiva, meu estômago começou a mexer, como se houvessem borboletas voando atordoadas... As famosas borboletas no estômago. Não podia ser. Não com ele.
Não deu tempo para eu pensar em parar de abraçá-lo, porque alguém entrou na cozinha. Desejei que fosse Chuck. Mas era Blair.


Capítulo três

- O que está acontecendo aqui?
- Blair, não é o que parece – ele disse.
- Nada parece, Nate, o que parece é impossível de acreditar, mas eu estou vendo!
Ela saiu da sala, já com lágrimas no rosto, tentando demonstrar-se forte ao não chorar na nossa frente.
Eu olhei para Nate. Uma leve pontada de esperança me tomava, eu esperava que ele fosse até ela e dissesse o que havia acontecido entre ele e Serena, que eu não tinha nada haver com tudo aquilo.
Ele não se movimentou.
Eu imediatamente decidi ir atrás dela.
- ! – ele me alertou. – Ela vai se magoar ainda mais se souber de Serena. Elas são amigas há muito tempo.
- E eu, como fico? – despejei junto com as lágrimas.
Vi uma expressão no rosto dele. Angústia.
- Não faça isso! – foi a última coisa que ouvi dele antes de sair em disparada atrás de B, pronta para contar toda a verdade.
- Onde ela está? - perguntei a Chuck.
- Ela foi correndo para o meu quarto. O que está... – Não esperei ele terminar. Corri em caminho ao quarto.
Ela estava sentada na cama que antes dormia a camareira.
- B. Não foi nada demais. Não aconteceu nada.
- Eu vi, ! Eu vi! Se não era nada demais, o que estava acontecendo?
- Eu estava contando a Nate que... um Segredo de Chuck, eu contei a ele uma coisa de Chuck, foi isso! Uma coisa que... que eu não posso contar a mais ninguém, porque Chuck é meu melhor amigo e melhor amigo de Nate, então eu dividi com ele a minha preocupação! – Aos poucos fui inventando os detalhes.
- Jura que só foi isso?
- Sim, B, eu juro – falei, com um nó em minha garganta.
Ela veio em minha direção e me abraçou.
- Desculpe-me, eu deveria ter deixado vocês falarem, é porque... eu o amo tanto. – As palavras dela me dilaceraram por inteira. – Eu sou uma boba, borrei minha maquiagem – ela disse.
- Vamos retocar – eu disse a ela, tentando a confortar.
Limpei meus olhos e fui pegar minha bolsa na sala para retocar nossa maquiagem.
Três rostos preocupados ocupavam a sala.
- E aí? – perguntou Nate.
Eu o olhei fixamente, esquecendo das borboletas e o tratando com ignorância.
- Melhor do que pode ficar – falei.
Peguei minha bolsa e voltei para o quarto de Chuck. Comecei a retocar nossa maquiagem.
- Você falou com Serena? – perguntou Blair.
- Serena? Não... – falei baixo.
- Eu não estou conseguindo falar com ela; chama, chama e ninguém atende.
Dei um meio sorriso e não falei mais nada.
Ao terminar, voltamos para a sala. Tudo voltou ao normal naquela tarde.
Não demorei muito lá; falei que estava com dor de cabeça e fui para casa. Assustei-me quando cheguei em casa e me deparei com um carro de polícia.
- O que está acontecendo? – perguntei ao porteiro.
- Senhorita , é melhor subir – ele respondeu, me deixando apavorada. Corri para o elevador, assustada.
Tudo que eu queria naquele momento era deitar em minha cama, dormir, esquecer de Blair, Serena, Nate e todos. Quando cheguei ao meu andar, percebi a porta aberta e dois policiais bem na entrada, conversando com Berenice, a governanta.
- O que está acontecendo? – refiz a pergunta que antes tinha feito ao porteiro.
- A senhorita é filha de James e Patrick James? – perguntou um dos policiais.
- Sim, quer dizer... não. Eu sou filha só de .
- Sinto muito, o jatinho do senhor James colidiu com um avião particular.
O que aquele homem estranho estava me dizendo? Eu acabara de ouvir que o avião de Patrick batera em outro? Não! Não podia ser verdade!
- Onde eles estão agora? – perguntei, já deduzindo.
- Num necrotério no Kansas.
Comecei a gritar, chorar; eu estava em pânico. Atormentada. Aquele homem era um mentiroso, minha mãe viveria para ver meus filhos nascerem, para ver eu me formar...
Ainda atordoada, vi a escuridão.


Capítulo quatro

Aos poucos meus olhos foram se abrindo, eu via tudo branco; tudo rodava.
- ? – Ouvi a voz doce de B.
- Onde eu estou? O que aconteceu? – perguntei, forçando a voz para sair alto o bastante para que ela ouvisse.
- Você está no hospital, querida. – dessa vez foi uma voz diferente, porém não menos doce: Tia Eleonor. – Você desmaiou e bateu a cabeça – continuou ela.
Olhei em volta. As paredes eram de vidro, cobertas por persianas. Eu estava com uma daquelas roupas normais de hospital. Ao meu lado estavam Blair e Tia Eleonor. Uma das paredes estava com as persianas pela metade. Atrás do vidro, eu pude ver cabeças e reconhecê-las. Chuck. Liam. Nate. . Gaspar Antoniè.
- O que ele está fazendo aqui? – perguntei, apontando para Gaspar, meu pai. – Onde está mamãe?!
Gaspar, meu pai, era alto, tinha os olhos verdes e de cabelos loiros; ele era bem bonito. Isso deve ter ajudado para ele trair minha mãe com diversas mulheres, quer dizer, muitas mulheres; muitas mesmo. Até que um dia, eu o peguei a traindo e disse a ela, nós saímos da França, onde nasci e onde morávamos, e fomos morar em Los Angeles. Morei em LA desde os doze anos até os dezesseis, quando fui morar em NY, porque mamãe casou-se com Patrick.
O silêncio tomou a sala. Ninguém respondeu a minha pergunta.
Eu estava prestes a perguntar de novo, quando ouvi vozes conhecidas entrarem no quarto. , Chuck e Liam.
- E aí, linda ? Que susto você nos fez passar! – disse Chuck, enquanto se aproximava de mim.
Estava quase respondendo quando me abraçou.
- ! Fiquei tão preocupado com você – ele sussurrou ao meu ouvido.
Depois que ele se afastou, Chuck me abraçou, e em seguida Liam.
- Ah, . – Liam suspirou. – Eu sinto muito. – completou.
"Eu sinto muito". Por que ele falara isso?
- , quer uma novidade? – Eu assenti. – Se lembra aquele papel que eu disse que iria fazer? – perguntou .
Balancei a cabeça, afirmando. Ainda estava um pouco tonta.
- Eu fui aceito - disse, com um sorriso, porém não tão exagerado; um tanto cauteloso.
- Ah, , que felicidade. Espero que você seja muito feliz - falei verdadeiramente.
- Eu serei... No Canadá.
- Canadá? Por que tão longe?
- As cenas serão filmadas lá. Espero que você vá me visitar logo.
Eu sorri.
- Ah, não é só ele que vai viajar – disse Liam. – Eu também; vou morar em Beverly Hills.
- Ah, já estou vendo que eu já tenho vários lugares para ir nas férias. Canadá. Beverly Hills...
Depois que os meninos saíram, o silêncio tomou conta do quarto novamente.
- Você não se lembrar, ? – perguntou Tia Eleonor, quebrando o silêncio.
- Do quê? – perguntei calmamente. – Me tirem daqui. Onde está mamãe?
- Ela não está mais entre nós, querida – disse uma voz diferente.
Olhei a procura de quem tinha falado aquela besteira. Uma enfermeira estava de pé ao lado da minha cama. Ela podia estar ali há muito tempo; eu não tinha percebido.
- De que porra você tá falando?! – Olhei para ela e gritei, alterada.
Ela se assustou com a minha linguagem, com razão, eu não falava aquele tipo de palavra obscena.
- Você não se lembra, querida? – perguntou Tia Eleonor.
- De quê? – abaixei o tom para me dirigir a ela.
- Ela faleceu, minha querida. O jatinho de Patrick...
Comecei a me lembrar de tudo, e a cada palavra que eu lembrava, uma lágrima descia dos meus olhos.


Capítulo cinco

Seis meses depois...

Estava arrumando minha cama, minha cama nova, quando meu celular vibrou. Era uma mensagem da Gossip Girl.

S. está de volta.

A raiva me consumiu, em seguida a dor, o temor; tudo ao mesmo tempo.
Eu não via Serena desde o dia que eu descobri que ela dormiu com Nate. Eu não a via e nem falava com ela.
Senti raiva dela por não estar comigo quando eu mais precisei, quando B mais precisou. Eu ainda tive de mentir para B, minha melhor amiga, sobre o que aconteceu no dia do casamento da tia dela, que Serena estava bêbada e ligou para Nate, que foi até ela e se aproveitou.
Blair. Quando eu pensava nela o que vinha em minha mente era amor, amizade, carinho... Ela estava comigo quando eu tive que ir ao enterro, quando eu fui à justiça lutar por minha herança. Mesmo ela passando por maus momentos, enquanto o pai dela deixava a mãe por um modelo, um homem, mesmo assim ela estava comigo, me apoiando, e eu tive de mentir para ela, por causa daquela promessa estúpida que fiz à Serena. ", você também é minha amiga. Eu confio em você. Por favor. Prometa." As palavras dela para mim eram lembranças comparadas a estacas em meu peito.
Depois da morte de mamãe e Patrick, meu pai queria que eu voltasse a morar com ele na França. Eu não quis ir, quis ficar e resolver tudo com a justiça. A herança de mamãe. Como eu era filha única, tudo que era de mamãe, as lojas, os apartamentos em LA, em Paris, as contas nos bancos, os carros, e todo o resto eram meus por direito. Todo o dinheiro que ela deixara para mim me garantia toda uma vida sossegada. Era muito dinheiro. Muito.
Como Patrick também não teve filhos, tudo que era dele ficava para a esposa, mamãe, e tudo de mamãe, ficava para mim. Eu teria a fortuna de mamãe e a fortuna de Patrick, que era a dela cem vezes mais. Se dinheiro desse a vida às pessoas de volta, eu não teria problema em ter minha mãe de novo comigo, me aconchegando, me dando colo, me dando amor.
Eu decidi vender aquele apartamento que antes eu morava com minha família, porque eu não queria ter todas as lembranças a minha volta, me rodeando. Fiquei um mês na casa de Blair e depois comprei um apartamento. Quem cuidava da minha fortuna era Tia Eleonor, porque além de eu confiar nela, eu ainda não era maior de dezoito anos. Eu podia fazer qualquer coisa que eu quisesse, mas eu tinha que pedir ajuda a Tia Eleonor para assinar e movimentar minha conta como guardiã legal em NY, já que Gaspar morava em Paris. Depois de comprar meu apartamento, enquanto mobiliava com a ajuda de B, eu morei uns tempos em um quarto no hotel de Chuck, que me ajudou e me apoiou como qualquer melhor amigo faria. Nem parecia Chuck Bass.
"Serena está de volta", pensei alto, com sarcasmo. Por um lado era bom; ela teria que contar que dormiu com o namorado de B. Talvez B a perdoasse. Talvez B me perdoasse por ter mentido.
Serena só fugiu e não se importou comigo, com Blair, e com ninguém.
Ela só fugiu do problema. Puro egoísmo.
Peguei meu celular e apertei na discagem rápida.
- B?
- Ah... Oi, , estava indo para o seu apartamento agora.
- Você já sabe?
- Sim, a vadia voltou.
- Blair! Não fale assim.
- O que você queria? Ela nos abandonou quando mais precisávamos. Eu quero que ela vá pro inferno.
Bufei.
- Depois nós no falamos, , já estou chegando. Te amo. Tchau – ela disse e depois desligou.
Quando Blair chegou, eu não precisei atender a porta; ela tinha chave reserva, porque querendo ou não aquele apartamento era dela também. Ela dormia lá quando queria, decorou um quarto para si com os próprios gostos, e me ajudou a escolher e a decorar todo o imóvel.
Meu novo apartamento era grande, tinha quatro suítes, não tão grande quanto o antigo, mas o bastante para uma pessoa morar sozinha.
Durante todo o tempo depois do acidente, eu ficara pensando que o que eu mais queria era terminar o colegial para ir para uma faculdade. Mesmo sabendo que eu poderia viver uma vida de luxo e não trabalhar nunca, eu queria trabalhar, isso me ajudaria a não pensar na vida, no que tinha acontecido, em mamãe, em tudo que passara e marcara minha vida durante aqueles últimos seis meses.
Já estava esquecendo o luto, não de mamãe, mas do tormento que o envolvia, dos derramamentos de lágrimas, dos sentimentos vazios. O último ano seria ótimo para mim, iria me ocupar, aliás, a vida continua, mamãe não iria querer me ver triste, chorando por todos os cantos da casa. De qualquer modo, eu guardei toda a minha angústia, minha tristeza, em algum lugar dentro de mim. Lugar o qual eu fazia questão de não mexer para não ferir; e meu maior medo era que esse lugar se abrisse formando uma enorme ferida e que toda a angústia, a dor, o luto, se espalhasse dentro de mim, me consumindo, me dilacerando aos poucos. Eu tinha de ser forte, não só por mim, mas por minha mãe.
Depois de passarmos um bom tempo conversando, fomos dormir.
A volta de Serena só me fazia ter lembranças ruins, mexia um pouco em minha ferida, na minha maior dor e no meu desespero que eu lutara para esquecer. Drama era a palavra certa. Eu não queria drama na minha vida; não mais.


Capítulo seis - de 6 ao 8 betados por Caah Souza.

- B! O brunch. Está lembrada? - Rolou os olhos.
- Você já está pronta?
- Sim, o Jack já está nos esperando lá embaixo. – Eu não tinha demitido Jack, nem todos os empregados, só alguns.
- Tudo bem! Você venceu, ! – ela disse, levantando-se.
Depois de tomarmos café, descemos, indo em direção ao meu carro para irmos para o apartamento de Blair, que morava com tia Eleonor, no antigo prédio que eu morava. O meu novo apartamento não era muito distante do prédio de B, porque eu ainda morava no Upper East Side.
Depois que saímos do carro, subimos. Estar naquele prédio era uma das coisas que mexia naquele canto dentro de mim.
Quando entramos no apartamento de B, fomos logo falar com a mãe dela que estava oferecendo o brunch para algumas pessoas da alta sociedade do Upper East Side.
- Tia Eleonor! – Eu a abracei.
- Ah, querida... Já estava com saudades. Você tem aparecido pouco aqui.
- Eu estava muito ocupada decorando o apartamento com Blair – eu disse, rindo.
- Ai, Deus, deixar um apartamento inteiro na mão de vocês... Eu devia ter lhe convencido de contratar alguns arquitetos.
- Mas foi bom; nós decoramos como queríamos. Está lindo, tia, você tem que ver.
- Sim, com certeza. Logo quando eu puder. Aliás, aquela empresa que Patrick tinha investimentos e você não quis retirá-los aumentou o preço das ações, meu contador estava querendo marcar uma reunião com você para decidir como vai ser, se você vai querer continuar a investir... Enfim, esses detalhes.
- Pode marcar... – A parte mais chata era esse contador de tia Eleonor.
- Mamãe! – Blair chamou a atenção dela.
- Oi, querida.
- Vou roubar um pouco a dessa chata reunião de negócios. Vamos falar com nossos amigos.
- Certo. , então eu te ligo?
- Sim – respondi e em seguida fui puxada por B.
- Céus, minha mãe é muito chata falando dessas coisas... – comentou B, após nos afastarmos de tia Eleonor.
Encontramo-nos com Chuck e Nate, porque Liam já tinha viajado para Beverly Hills.
- Chuck! – Eu o abracei. Já fazia mais de uma semana que eu não o via.
- Eu estava preocupado com você – sussurrou em meu ouvido, para ninguém escutar e deduzir que Chuck Bass tinha sentimentos.
- Eu estou bem – falei baixo.
- Ela está mesmo bem – disse Blair, demonstrando ter ouvido nossa conversa, abraçada com Nate.
- Ah... Oi, Nate! – cumprimentei-o.
Ele sorriu. Um sorriso tão... Tão... Lindo... Minhas mãos começaram a suar. O que estava acontecendo comigo?
Nós estávamos de pé em meio a pessoas da alta sociedade de Nova York. Inclusive... Serena.
Ela entrou na sala chamando alguns olhares, não era à toa que era considerada pela Gossip Girl a menina mais bonita de Nova York.
Comecei a sentir minha garganta queimar. Raiva, decepção, saudade... Sentimentos vinham à tona.
Ela caminhou em passos leves e graciosos até onde nós estávamos.
Sem graça, deu um "oi" fraco.
- O que você quer, Serena? – perguntei com ignorância.
Ela abaixou a cabeça e fechou os olhos, abrindo depois de respirar.
- Por que você voltou? - falei baixo, já saindo de perto.
Quando olhei por cima dos ombros, vi Blair fazendo um gesto negativo com a cabeça e saindo de perto dela.
Blair veio em minha direção e ficou ao meu lado, puxando Nate. Chuck ainda ficou conversando com ela.
Nós ficamos afastados a ignorando, menos Nate que a olhava descaradamente.

Depois de alguns dias, começaram as aulas.
Na sexta-feira, ela nos pegou desprevenidas e não tivemos tempo de nos afastar.
- Nós três precisamos conversar – disse a mim e a B. - Hoje no hotel de Chuck, no bar, às vinte e uma horas. – terminou de dizer e saiu. A velha Serena conseguia tudo o que queria.
Depois que saímos do colégio, fomos cada uma para sua casa.
Após almoçar, fui me deitar um pouco para tentar dormir. Coloquei meu celular ao lado e deitei na cama de casal, encolhendo-me no edredom.
Meu celular vibrou. Uma mensagem nova.
Te vejo às 21:00? B
Respondi.
Nós vamos?
Meu celular vibrou um pouco depois.
Sim, quero ouvir o que ela tem a dizer.
Pensando bem, Blair não sabia de Serena e Nate, ela não estava exatamente com raiva de Serena, só estava ressentida por ela não estar conosco quando precisamos.
Nos encontramos às 21:00!
Respondi e desliguei para poder dormir. A noite estava para ser de muitas emoções.
Olá, Uper East Side.
Aqui é a Gossip Girl lhe contando sobre a vida escandalosa da elite de Manhattan.

Estamos todos de luto pela grande socialite de Manhattan. Imaginem ? Perder a mãe não é tão fácil, mas tenho certeza que meninos do mundo inteiro se matariam para dar colo a . tem sorte, mesmo com a mãe morta.

Pobre , está órfã de mãe, e agora? O que será dela? Alguns dizem que ela não tem pai, outros dizem que o pai não a quer; será órfã de pai também?

Há uma nova figura no Upper East Side. Se segurem meninas, ele parece com um astro de cinema, só que é mais rico e mora na França. Mas o melhor de tudo: é pai de . Quais de vocês topam um relacionamento com um homem mais velho, mesmo que seja para ser madrasta de ? Quem sabe vocês não se tornam amigas da queridíssima Queen B? O sonho de vocês pode se realizar.

continua conosco. Pensem meninas: se fosse para Paris com o pai, B estaria sem melhor amiga, nós teríamos chance. Mas ficando conosco, B continua tendo melhor amiga, tomara que suma como fez S. B vai precisar de amigas, sei não viu... A concorrência seria daquelas...

Ah, está tão bem para quem perdeu a mãe, está sendo a mesma Little de sempre. Eu aposto que ela continua assim, que não vai se revoltar, qual a aposta de vocês?

Nossa querida Little está se recuperando cada vez mais. Quer dizer, ela perdeu a mãe e não ficou de luto, pelo menos não demonstrou e também não se revoltou. Será nossa querida Little forte o bastante para não sofrer a dor da temida morte? Isso só ela sabe.

Você sabe que me ama,
Xoxo
Gossip Girl


Eu acabara de acordar e estava lendo umas antigas postagens da Gossip Girl sobre mim sentada na cama. Ainda era cedo, umas cinco da tarde, e eu não tinha nada marcado para fazer.
Depois de ler algumas postagens, decidi parar e ir fazer outra coisa, mas o quê? Compras. Veio em minha mente e logo me animei.
Fazia um tempo que eu não fazia umas boas compras... Eu estava precisando.
Levantei-me e fui tomar um banho na banheira. Depois que me troquei, comi alguma coisa rápida e fui fazer compras.
Andando pela avenida, tropecei em alguém. Eu reconheci Dan Humphrey.
- Dan! – eu disse, entusiasmada.
- Ah... Oi.
- Quanto tempo que nós não nos vemos. Por onde você andou?
- Eu fui morar com a minha mãe, disse isso a você, lembra-se?
- Ah, vagamente.
- Eu soube do que aconteceu com sua mãe e Patrick James. Sinto muito.
- É... A vida...
- É tão insano, lembro como hoje aquele dia do jantar em sua casa, eles estavam tão bem e em outro dia... Acontece isso.
- É.
- Mas como você está? – perguntou.
- Estou indo. Aceitando aos poucos.
Ele sorriu.
- Você quer tomar um café?
- Sim. Eu estou precisando – respondi, sorrindo.
Nós fomos andando até a cafeteria mais próxima. Entramos e sentamos numa mesinha. Coloquei as sacolas do que eu já tinha comprado em uma cadeira e continuamos a conversar.
- Sabe que... Deixa pra lá – ele ia dizer alguma coisa.
- Não, diga – insisti, curiosa.
- Não é importante, mas... Aquele beijo que você me deu, foi o meu primeiro.
Fiquei chocada, tentando procurar algum sinal de brincadeira em suas feições, mas era verdade.
- Sinto muito – eu disse de olhos fechados.
- Por quê?
- Porque o primeiro beijo tem que ser especial, e eu cheguei em você em uma noite de tédio, você não merecia.
- Não sinta – disse, rindo. – Foi incrível.
- Obrigada.
- Aliás, qual o cara que não iria querer beijar ? Deve ser louco. É como a Gossip Girl disse. Caras do mundo inteiro se matariam para te dar colo.
Eu olhei para ele, parada.
- Opa! Eu não leio Gossip Girl, é coisa de mulher. É minha irmã que lê e vem me dizer. Calma.
- Seu segredo está guardado comigo, eu sou boa em guardar segredos – eu disse, misteriosamente.
- Mas eu não... Tá tudo bem... Admito. Eu leio de vez em quando.
Nós rimos juntos.
Continuamos conversando. Depois de tomarmos o café, nós nos despedimos com um abraço e eu fui continuar as minhas compras.
Quando voltei para casa, fui tomar um rápido banho e me trocar para não me atrasar.
Nove horas em ponto, eu estava na porta do hotel de Chuck, tentando tomar coragem e entrar.


Capítulo sete

Em um súbito momento de loucura, decidi entrar. Andei em passos lentos até o bar. Serena estava sentada, sozinha. Onde Blair estava? Ela era sempre muito rigorosa com horários.
Caminhei até Serena.
- Desculpe-me – ela disse, começando a chorar.
Fiquei calada e sentei ao seu lado.
- Eu... Eu soube hoje da sua mãe. Juro que se eu soubesse, viria correndo, sairia do internato a força para vir. É que esses dias inteiros eu evitei falar com minha mãe e não entrei na Gossip Girl e muito menos parei para deixar que alguém me dissesse.
Lágrimas começaram a escorrer em meu rosto.
- Você me deixou com uma bomba e fugiu. Você não tem idéia de como foi passar todos os dias com Blair me ajudando e eu sempre escondendo isso dela, foi como umas agulhas enfiadas em meu coração, agulhas grandes e grossas, sem anestesia – fiz uma pausa para limpar as lágrimas. –Eu odeio você! Eu odeio você... – descontrolei-me e comecei a chorar.
Não me importei com os olhares curiosos.
- Eu prometo que nunca mais vou fazer isso. Prometo – ela disse, também chorando.
- Serena! Você tem que falar a Blair sobre aquilo. Você tem que falar.
- Eu não quero magoá-la, . Eu não posso fazer isso.
- Serena... Eu... – fui interrompida por Blair.
- Oi, . Olá, Serena – ela disse, sentando ao nosso lado.
- Vamos Serena, vamos logo, diga o que tem para dizer – B disse com frieza. – Eu preciso ir logo, tenho uma grande noite com Nate hoje.
Serena não se incomodou com a frieza de Blair.
- Eu queria pedir desculpas e dizer que eu não vou mais fazer isso, queria me desculpar por eu ter ido para o internato e ter deixado vocês aqui. Queria que nós nos esquecêssemos de tudo que passou. Lembrar dos velhos tempos, como éramos amigas.
- Por que você voltou, Serena? – perguntou Blair com uma frieza que ela nunca usara conosco, só com todo o resto da escola.
- Eu... Eu... – Serena estava quase respondendo.
- Quer saber? Esquece! Você pode voltar a andar com minhas amigas e vamos esquecer tudo isso. Eu só quero ir para minha noite com Nate em paz. Não quero estragar minha maquiagem. Você está com sorte hoje. Eu estou de bom humor. Estou prestes a tirar minha virgindade com meu príncipe encantado – disse, mudando o tom de frieza para o esperançoso aos poucos.
- Eu espero que seja a noite perfeita que você sempre sonhou! – Serena disse.
Blair voltou a olhar Serena como antes.
Nós nos levantamos e Serena abraçou Blair, pegando-a desprevenida.
Blair sussurrou no ouvido de S, enquanto a abraçava, algo como "Eu senti saudades". Mas eu posso ter escutado errado.
Depois de Blair abraçar Serena, ela me abraçou.
Eu chorei por dentro, o meu maior desejo era a fazer desistir de se encontrar com Nate e falar que o namorado dela é um canalha.
- Eu te amo, . Eu te amo, S. – ela disse, deixando escorrer uma lágrima no rosto delicado.
- Eu te amo, B. Eu te amo, – disse Serena.
- Eu te amo, B. Era mentira, não te odeio, eu te amo S – eu disse.
Nós nos abraçamos de novo e Blair saiu às pressas.
Nós tínhamos acabado de selar nossa amizade. Cada uma dizendo que ama para as outras duas. Era como fazíamos antes.
Voltei a sentar ao lado de Serena.
- Eu sinto muito, . Sinto muito mesmo.
Eu abri um sorriso, não um sorriso feliz, porém um sorriso singelo, sincero.
- O que estão fazendo aí, meninas? – perguntou Chuck, vindo em nossa direção.
- Nós estamos conversando – respondi.
- Eu vou me convidar a sentar com vocês. Vocês querem algo para beber? – ele perguntou.
- Não, nós já vamos – disse Serena para ele. – , você vai me mostrar o seu novo apartamento?
- Desculpe-me, Serena, eu já combinei com Chuck – disse, olhando para ele, implorando mentalmente para que ele não desmentisse.
- É, Serena, nós vamos ver um filme no apartamento de , um filme entre melhores amigos. E depois vamos nos divertir como mais que melhores amigos, você quer se divertir conosco?
Serena fez uma cara de nojo.
- Não, não mesmo.
Eu lancei um olhar de que ele estava frito para Chuck.
- É brincadeira dele. Eu combinei com ele de ir assistir um filme e dormir lá em casa. Só isso.
- Ah... Mesmo assim, vamos deixar para outra hora. Tchau, . Tchau, Chuck – disse saindo, ainda com a cara de nojo.
- Idiota! – eu disse depois que ela saiu. – Era só pra você confirmar. Agora ela está pensando que estamos dormindo juntos.
- Tá bom, mas foi divertida a cara dela.
- Ah, Chuck, por favor...
- Até que seria divertida uma noitada a três. Eu. Você. Serena.
- Chuck! – eu o reprimi.
Ele deu o sorriso tipo Bass.
- Tudo bem, vamos logo – ele disse.
- Vamos para onde?
- Para sua casa. Eu vou dormir lá hoje.
- Eu não te convidei.
- Ah... Convidou sim.
Comecei a rir.
- Tudo bem, Chuck. Então, suba para pegar a mala logo.
- Mala? – perguntou.
- Sim, você vai passar esse fim de semana na minha casa.
- E quando você deduziu isso? Eu disse que iria dormir hoje. Você se esqueceu das "vítimas"? Eu não vou conseguir viver sem minhas vítimas diárias e tenho certeza que você não quer que eu leve minhas vítimas para sua casa.
- Eu sou mais importante do que vítimas, Chuck Bass – eu disse em um tom brincalhão.
- Já estou subindo, . Vou pegar minha mala e vou descer. Mas só se você prometer que vai comigo ver um lugar amanhã. Estou pretendendo comprar uma coisinha nova.
- Certo, eu prometo – Uma promessa a mais não iria fazer diferença mesmo. Eu já estava cheia de promessas.

- Chuck! Por que você escolheu esse filme? – perguntei, tapando meus olhos.
Ele riu debochadamente.
- Sabia que você iria adorar.
- Ah, ‘tá. Eu amei. Mas quem iria amar era mamãe. Ela adorava filmes de terror.
Nós ficamos em silêncio. Acontecia todas as vezes que eu falava nela.
Estávamos deitados na minha cama assistindo Psicose. Um filme que Chuck escolheu quando paramos em uma locadora no caminho para meu apartamento.
- Você quer falar sobre isso? – ele perguntou desconfortavelmente.
- Não!
- Por que você nunca fala sobre o que aconteceu?
Porque eu não quero mexer naquele lugar dentro de mim.
- Prefiro não falar sobre isso – respondi.
- Como você está se sentindo em relação ao que aconteceu?
- Bem.
- Não minta.
- Bem. Eu já disse.
Nossos olhares se cruzaram. Ele estava pedindo sinceridade. Nada era mais justo que eu lhe dar sinceridade.
- Quer saber? Eu não estou bem. Eu nunca estive bem. Luto a cada minuto para esquecer o que aconteceu e não quero falar sobre isso agora. Não quero falar sobre isso nunca. O que sinto está guardado para mim, aqui dentro.
- Ótimo! Que tal bebermos alguma coisa?
Eu o olhei sem entender nada.
- Eu sei o que está sentindo. Eu me sinto assim em relação a minha mãe que nunca conheci – ele disse com um sorriso amargo. – E também sei que o único jeito para curar isso é bebendo.
- Por isso que você bebe e faz tanto...? – Ele sabia a continuação.
- Sinceramente, sim. E também porque eu gosto – a última frase com um sorriso tipo Bass.
- Ótimo, vamos beber – disse, levantando-me aos pulos da cama e indo em direção a uma antiga coleção de vinhos de mamãe.
- Esses? – ele perguntou, apontando para os vinhos que eu tinha guardado como lembrança. Os vinhos italianos que mamãe colecionava.
- Sim, é a única bebida com álcool que tem aqui. Eu não sou Chuck Bass – eu disse, rindo.
-Tomaremos esses – disse, já se agachando para escolher o vinho.
Ele não escolheu. Simplesmente pegou todas as garrafas e colocou em cima da mesa da sala de jantar.
- Chuck! Isso é muito.
- Vamos brincar. Quem beber mais garrafas ganha.
- Ganha...?
- Hm... Não sei – ele respondeu, pensativo. - Que tal... Nossas correntes?
- O que?
- Como prêmio para quem ganhar, fica as correntes. Eu estou com uma corrente de ouro e você está com uma de...?
- Ouro branco com brilhantes – respondi.
- Pronto. As correntes.
- Por que as correntes? – perguntei, indo na cozinha pegar o abridor de vinho.
- Não sei. Veio em mente.
- Ah, ‘tá. Você é doido.
- Vou usar o meu prêmio para dar a uma das vítimas.
- Se prepare. Nenhuma vítima vai usar meu colar de ouro branco com brilhantes – eu disse, já abrindo o vinho e tomando o primeiro gole.
Começamos a beber sentados na sala. Eu bebia muito rápido. Era verdade, a bebida estava me fazendo esquecer tudo. Um pouco a mais do que deveria.

Lentamente, abri os olhos. Minha cabeça estava explodindo. Meu corpo inteiro doía. Meu estômago estava com algum problema, estava piorando cada vez mais, até que... Pus para fora todo o problema. Direcionei minha cabeça para o lado e deixei que tudo saísse, em meio a tosses e a engasgos. Quando terminei, limpei minha boca com algum tecido. Eu não estava conseguindo enxergar bem. Não sabia em que lugar estava. Estou em casa, pensei vendo alguns móveis do meu quarto rodando. Levantei-me cambaleando até o banheiro. Lavei meu rosto na pia e prendi o cabelo em um coque desarrumado com rapidez. Aos poucos, fiquei mais esperta, ainda com a cabeça e o corpo doendo; queimando. Lavei minha boca. Quando já estava mais desperta, pude notar que eu só estava de calcinha e sutiã. Bela forma física, pensei por um breve instante. Vesti meu roupão.
Saí do banheiro em direção ao meu quarto, com o intuito de me esparramar na cama e ver se a dor de cabeça passava.
Preparei-me para me jogar na cama. Joguei-me com força, mas não foi como esperado. Caí em cima de alguém. Um Cara. Eu não sabia quem era. Ele estava de cuecas, virado de barriga para baixo.
Virei seu corpo com toda a minha força. Era Chuck.
Meu Deus, pensei, O que ele está fazendo de cueca na minha cama?
Uma opção veio em minha mente.
- Não pode ser! – pensei alto.
Fiquei atordoada. O que tinha acontecido ali, na minha cama?
Levantei-me, pisando em alguma coisa. O que eu botara para fora de meu estômago anteriormente. Senti nojo. Corri para o banheiro para lavar meu pé. Abri meu guarda-roupa e peguei um blazer, pois estava na época que começava a nevar; começo de ano. Lembrei que estava só de calcinha e sutiã. Coloquei um vestido qualquer; em seguida o sobretudo. Eu precisava sair dali. Não estava acreditando que aquilo podia ter acontecido entre... Não!
Peguei uma bolsa e joguei minha carteira, meu celular e um óculos, pois, pela claridade, era cedo. Calcei um chinelo de dedos.
Saí correndo daquele lugar o mais rápido que pude. Ao passar pela sala de jantar, pude ver todas as garrafas da coleção de vinho de mamãe vazias. Não acredito, pensei.
Abri a porta com a chave que se encontrava na fechadura e saí. Desci até o estacionamento. Tinham três carros que eram meus. O que Jack dirigia para mim, o antigo de mamãe e um que eu comprei em um dia de tédio. Peguei o carro menor, o do dia do tédio; entrei e girei a chave que ficava no porta-luvas. Já esperando que o porteiro abrisse o portão, apertei o botão do espelho automático do carro. Minha cara estava um horror. Abri a bolsa e coloquei os óculos escuros. Quando olhei novamente no espelho, vi uma coisa diferente em mim. Dois colares. Um que eu comprara alguns dias atrás de ouro branco e brilhantes e outro... Reconheci a corrente de Chuck. Algo como "brincadeira" veio em minha mente. A brincadeira. Lembrei-me: "Vamos brincar. Quem beber mais garrafas ganha." Eu ganhara a brincadeira, essa era a única explicação para os colares. Quando o portão abriu, acelerei.


Capítulo oito

- Vida de merda – murmurei, sentada em um cais velho.
Estava à uma hora do Upper East Side, em algum lugar de NY.
Estacionei meu carro em algum lugar um pouco longe dali. Já faziam horas que eu estava sentada, olhando o quase congelado mar, parecendo uma louca. Desliguei o celular logo quando cheguei. As únicas coisas que eu sabia era que eu poderia ter dormido com meu melhor amigo, minha mãe havia morrido, minha melhor amiga tinha acabado de transar com o namorado cafajeste e a minha outra melhor amiga também tinha feito o mesmo.
- Vida de merda - repeti cantarolando e jogando algumas pedras no mar quase congelado.
Depois de algum tempo, voltei andando para o carro. Não estava muito movimentado ali. Fiquei sentada no banco do carro, pensando... Decidi ligar de novo e ir para alguma cafeteria, porque minha barriga roncava.
Liguei o carro e sai à procura de algum lugar para comer. Quando achei, fui bem rápida. Entrei e pedi uma omelete e um café. Enquanto esperava o pedido tirei meu celular da bolsa e liguei. Quando o visor se acendeu, pude ver os avisos. "NOVAS MENSAGENS DE TEXTO". Cliquei em OK e apareceram cinco novas mensagens.
Fui lendo uma por uma.

, onde você está? Estou preocupado e de ressaca. Acordei em sua cama, você sabe o que aconteceu de noite?
Chuck Bass.

, preciso falar com você urgentemente.
Serena.

, ligue para mim. Não sei o que aconteceu, e se aconteceu algo, nós não temos culpa. Eu não me lembro de nada. Só ligue.
Chuck Bass.

, eu preciso de você, agora! Serena é uma vadia, eu sempre soube disso, mas ela passou dos limites.
Blair.

Eu contei tudo a Blair sobre Serena. Você queria que fosse assim. Eu fiz e agora preciso conversar. Só você e Chuck sabem; só que ele não atende o celular. Por favor. Venha me ver. Estou no Herald Square Hotel.
Nathaniel.

- Droga! – murmurei, depois de ler as cinco mensagens.
Difícil agora seria decidir para qual lugar ir.
Chuck. Serena. Blair. Nate. Qual das opções?
O mais certo seria ir para todos, mas mentalmente fui eliminando uma por uma. Chuck: não queria ter que pensar na possibilidade de... Serena: não teria coragem de escutá-la se lamentando por ter dormido com Nate, não era a hora ainda. Blair: não teria a cara de pau de ouvi-la esculhambando Serena se eu também já sabia. Nate: estava decidido, iria me encontrar com Nate.
Terminei de tomar o café e nem toquei na omelete. Paguei a conta e corri para o meu carro, indo em direção ao Herald.
O hotel não ficava muito longe de onde eu estava, foi em poucos minutos que eu estava na recepção perguntando o número do quarto de Nathaniel Archibald. O homem da recepção foi bem legal comigo, depois que eu lhe dei algumas notas que antes estavam em minha carteira. Fui em direção ao quarto cento e oito. Entrei no elevador e parei logo no primeiro andar, tirei os óculos que usava desde que saí do apartamento e bati de leve na porta. Ninguém abriu. Bati de novo, mais forte desta vez. A porta se abriu. Nate sorriu e me abraçou com força.
As borboletas entraram em ação.
Afastei-me rapidamente para que a confusão em minha barriga parasse. Não parou, mas a agitação diminuiu.
- ! Pensei que você não viria – ele disse.
Senti um cheiro diferente. Nunca sentira. Parecia fumo.
- Que cheiro é esse? – perguntei, já entrando.
Ele não respondeu. Fechou a porta e caminhou até a cama, sentando.
- Que cheiro é esse? – refiz a pergunta.
Ele novamente não respondeu.
Segui o cheiro, fui parar no banheiro do hotel. Na bancada, havia rolinhos parecidos com cigarros.
- O que é isso? – perguntei curiosa.
Ele não respondeu.
- O que é isso? – perguntei em um tom mais alto.
- Macon... – ele parou.
- Maconha? - perguntei abismada.
Ele afirmou com a cabeça.
- Você me chamou aqui para ver você se drogar?
- Eu não sabia que você viria. Estava muito atordoado – ele disse.
Sentei ao lado dele na cama.
- Você contou tudo a ela? – perguntei.
- Sim – ele disse, levantando-se e indo em direção ao banheiro.
- Como foi? – eu quis saber.
- Eu estava prestes a... Você sabe. E não agüentei. Contei tudo e disse que a culpa era minha.
- E ela?
- Ela me deu um tapa e saiu sem derramar uma lágrima. Ela é a Blair – ele respondeu, voltando do banheiro com um rolinho na mão.
- E então você se entregou às drogas? - perguntei.
- Não queria me sentir daquele jeito, como estava antes. Isso me faz bem – disse, apontando para o rolinho em sua boca.
- Como assim bem? – perguntei.
- Tipo, muito bem. Ela me faz ser feliz, pelo menos eu acho que estou feliz. Deixa-me invencível, me faz sentir melhor do que estava.
Era exatamente assim que eu queria me sentir.
- Posso experimentar? – perguntei baixo.
Ele arqueou as sobrancelhas, sem querer acreditar no meu pedido.
- Sério? – perguntou.
- Sim – eu disse ainda em dúvida.
Ele se sentou ao meu lado e me entregou o rolinho.
Eu fiz como se já fizesse há anos. Ele tinha a completa razão. Fiquei inebriada, maravilhada.
Depois que experimentei, não quis mais largar. Ele foi ao banheiro e preparou outro para ele. Sentou-se ao meu lado e ficamos conversando besteira e rindo de simplesmente nada. Já estava fumando o meu terceiro rolinho, quando fui até a TV para ver se tinha alguma coisa interessante e animada. Liguei e apareceu o menu da SKY. Cliquei em opções de sons e comprei um DVD de uma banda de rock, que particularmente não sabia o nome. Coloquei o som em uma boa altura e comecei a dançar, seguida por Nate. Dançamos juntos. Pulamos na cama do hotel, bebemos toda a bebida alcoólica que tinha no frigobar.
- Vamos sair? – perguntei.
- Você é louca, para aonde quer ir? – respondeu com um sorriso malicioso.
- Gritar, pular, dançar. Que horas são?
- Hm... Hora, hora, hora... – cantarolou ele enquanto via no celular.
- Ah, ainda é cedo. São vinte duas e trinta e cinco da nooooooite – disse animadamente.
- A noite é uma criança! – Subi na cama.
- Então, vamos sair? – perguntou.
- Sim, sim, sim, sim, sim – respondi, virando a cabeça de um lado para o outro.
- Vamos curtir a noiteeee – ele disse, enquanto eu descia da cama pulando.
Peguei minha bolsa e meu sobretudo que estavam em um móvel e sai. Ele encostou a porta e veio atrás de mim.
- Para aonde vamoooos? – eu perguntei cantarolando, tentando achar um ritmo.
- Há-há. Você vai amar – riu deliciosamente.


Capítulo nove

Entramos no meu carro com Nate dirigindo. Assim que entrei, coloquei um CD animado. Começamos a cantar com o conversível ativado. Ouvi uma música conhecida e percebi que eu celular tocava.
- Ai, odeio esse celular – eu disse, enquanto rejeitava a chamada sem nem ver de quem era. –Archibaldddddd?
- Sim? – parou de cantar a música e me olhou de soslaio.
- Para o carro, por favor – disse, enquanto passávamos por uma ponte. Ele freou o carro e eu desci. Andei até a extremidade da ponte. Subi em uma barreira e respirei fundo. Era só mais um passo e caia na imensidão da água.
- O que você está fazendo? – Nate perguntou com uma careta entediada. Eu soltei uma risada maléfica e dei uma rodada sobre o ferro em que estava.
- Quando eu era menor, fiz ginástica rítmica. Lá, a gente aprendia a dançar em cima de ferros finos como esse. Eu odiava fazer ginástica rítmica – rolei os olhos ao lembrar-me daquela época.
- Então por que você fez se você não gostava? – me olhou, como se eu fosse uma babaca.
- Não sei, ha-ha. Agora, nesse exato momento, você deve se sentir privilegiado de me ver... Jogar o que eu não gosto fora – queria uma frase mais poética, mas na hora foi só o que saiu. Ele sorriu, como um drogado qualquer.
- Estou preparadíssimo – piscou. Alguns carros que também passavam pela ponte começaram a falar mal porque o carro de Nate estava atrapalhando o tráfego. Fodam-se eles.
- Vou jogar... isso – retirei o celular da bolsa e o joguei. Comecei a rir. Não era um riso normal; parecia que eu estava tendo um ataque, feito um animal, talvez uma hiena...
- Se você pode jogar o seu, eu também posso. – Correu para perto de mim e retirou seu celular do bolso, jogando em seguida.
- Quer saber... Eu nunca gostei desse vestido! – declarei, tirando o sobre-tudo em seguida o casaco e os largando no chão.
- Há. Você vai se jogar para acabar com o vestido? – ele perguntou divertidamente.
- Não, seu tolo. Eu não sou idiota. Vou jogar o vestido, dã. – Abri o fecho do vestido e o tirei com facilidade. Segurei sua manga e fiquei balançando por um tempo, sibilando um “adeus”. Depois da despedida, lancei-o e coloquei o rosto mais para frente, para observar o que aconteceria com ele. Ele caiu e boiou, e eu comecei a rir novamente, sendo acompanhada por Nate. E então percebi que só estava de lingerie. Na concepção de uma pessoa sóbria, eu seria louca, mas na de um bêbado, eu era totalmente divertida.
- Humm, você é muito bonita. – Ele estava quase me comendo com os olhos. As mulheres sabem quando o “bonita” de um homem, na verdade, quer dizer “gostosa”. E eu sabia.
- Ha-ha. Eu sou perfeitaaaaa! – Desci do ferro e vesti o sobre-tudo que estava no chão, sem abotoar, deixando-o aberto. Deixei o casaco no chão e voltei pro carro, dançando. Ou pulando, dependendo do ponto de vista.
- Vamos logo! – gritei, virando o rosto para ver onde ele estava.
- Claro que sim, perfeita. – Entrou no carro por cima, sem abrir a porta e acelerou, aumentando o som.
Ele nos levou a uma boate. Parou o carro um pouco longe e fomos andando. No meio do caminho, eu retirei duas garrafas da minha bolsa. Surpresa. Tinha as pego do frigobar do hotel.
- Cervejinha para você! – cantarolei e entreguei a garrafa para ele. Nate passou o braço vazio em volta de mim e com o outro braço segurou a cerveja, tomando alguns goles. Quando chegamos à entrada, o homem reconheceu Nate.
- Olá, Senhor Arch. Não pode entrar com bebidas, me desculpe.
-Tuudo bem. – Ele virou a garrafa de uma vez, tomando todo o conteúdo. Eu fiz igual a ele e quando a garrafa ficou vazia, joguei no meio da rua e fui em direção a porta de entrada.
- Para onde você está indo? – perguntou.
- Dã! Estou entrando.
- Vamos pela entrada vip. – Envolveu minha cintura com um braço e nos encaminhou para uma entrada maior e escura. O segurança abriu o caminho e entramos por uma porta diferente, uma porta com o nome VIP bem grande. Passamos por um corredor, onde não enxergávamos nada e quando clareou, pude ver a agitação. As pessoas dançavam com sensualidade. Em cima de mini palcos, mulheres dançavam seminuas.
- Vamos para minha mesa. – Ele segurou minha mão e me guiou pó dentro da multidão de pessoas bêbadas e animadas.
- Você tem uma mesa aqui? – perguntei, estupidamente.
- Sim, sim, sim. Esse é o melhor lugar de NY – falou e olhou para uma das dançarinas, que sorria para ele maliciosamente. – O melhor - de fato, deveria ser ótimo para ele...
Sentamo-nos à mesa e o garçom chegou fazendo os pedidos. Nós pedimos alguma bebida alcoólica e ficamos só assistindo a alegria do pessoal. Ô, que alegria... Meu corpo estava quente, ele pedia que eu levantasse e me juntasse ao grupo. Ele ordenava isso. E não tinha nada que pudesse me impedir. Levantei-me e o chamei para dançar, puxei a mão dele e ele foi atrás de mim. Nate estava indo para a pista de dança normal, na direção contrária a minha. Eu o puxei pela camisa e o guiei para o mesmo lugar que eu estava indo. Subi no palco, em que uma mulher estava dançando, e peguei o microfone pendurado na parede.
- Olá! – eu disse ao microfone, chamando a atenção de todos da área VIP. Eles responderam, animadamente. Nate abriu a boca e um sorriso malicioso brotou em seus lábios.
- Senhoras e Senhores... Eu estou apostando com meu amigo para ver quem dança melhor. Nós vamos dançar em cima do palco e vocês decidem quem é o melhor, o mais gostoso e sensual. OK? – escutei os gritos de pessoas totalmente embriagadas – Senhor Daniel! – gritei para Nate, usando um nome diferente, lógico. Ele subiu no palco e as luzes se voltaram para nós. A música mais animada da minha vida começou a tocar. Começamos a dançar com sensualidade.
Iniciei retirando o sobre-tudo, ficando só de calcinha e sutiã, e disso eu não passaria. Nate me imitou e começou a tirar a camisa, em seguida a calça. Ai, meu Deus, ele era muito gostoso. Apesar de ser namorado da minha amiga, ou ex-namorado. Ele estava muito gostoso. Ficamos dançando por muito tempo, e uma boa parte dançamos juntos. Depois que descemos do palco, um bêbado qualquer os resultados.
- O Senhor Daniel demonstrou muita sensualidade – começou. Que viado, iria dar o primeiro lugar para Nate? - Mas ela foi melhor. – Apontou para mim. - Quem é que passa da sensualidade de uma mulher?
- Ninguém! – ouvi várias pessoas gritarem.
- A vencedora é a senhorita...? – ele olhou para mim, esperando meu nome.
- Vadia! – Nate disse entre risos.
- A vencedora é a Senhorita Vadiaaaa! Uhuh...
- Vadia? – perguntei a Nate, dando o dedo do meio.
- Não tenho culpa se sua mãe colocou esse nome – ele disse, se aproximando e dando de ombros. – Não quer dizer que você seja isso, Perfeita. – Beijou minha bochecha e segurou minha mão, me levando para a pista de dança principal e embalando na dança. Dançamos até o amanhecer. Quando já estavam fechando o bar, nós subimos as escadas da área VIP. E tinham quartos lá em cima. Entramos na suíte que tinha o mesmo numero que a mesa dele. Eu deitei na cama e ele no sofá.
- Boa noite, Senhor Daniel – disse eu, rindo. Estava tão cansada que só pensava em fechar os olhos e dormir.
- Boa noite, Senhorita Vadia – mandou um beijo no ar e cochilou, numa rapidez impressionante. Ajeitei-me na cama e fiz o mesmo.
Acordei e fui direto lavar meu rosto. Eu estava lembrada de tudo, apesar de ter bebido não foi como na noite anterior que acordei sem lembrar nada. Estava morrendo de fome, comeria um boi inteiro se desse. Nate ainda dormia no sofá, só de calça. Os músculos eram totalmente evidentes e suculentos. Eu lavei o rosto, prendi o cabelo em um coque rápido e vesti o sobre-tudo, abotoando-o, para cobrir a roupa íntima. Depois de sair do banheiro, me ajoelhei ao lado do sofá, com o intuito de acordar-lo. Mas aquela aproximação... Seus lábios me chamavam... Por um momento, quase os juntei, mas por sorte, consegui me controlar.
- ? – ele abriu os olhos lentamente e me encarou, assustado.
- Oi – eu estava envergonhada. Tenho certeza que corei. - Já são duas da tarde. Eu estou morrendo de fome. – Sorri fracamente e esperei sua reação. Ele balançou a cabeça, afirmando, e se levantou, apoiando a cabeça nas mãos.
- ‘Tô tonto – esfregou os olhos e se levantou com dificuldade, para ir ao banheiro. Sentei-me no sofá e senti seu cheiro. Respirei fundo e passei o olhar por todo o quarto, procurando meus pertences, mas achando nada. Nem meu, nem de Nate. E tive a impressão que nunca mais veria meu chinelo. Nate saiu do banheiro e vestiu a camisa. Estava descalço como eu. Saímos do quarto e descemos as escadas. Também tinham algumas pessoas que saiam. A boate estava toda escura, as cadeiras viradas para cima. Seguimos o feixe de luz e saímos, dando de cara com raios solares, não tão quentes, por causa do horário, mas se desintegrando. Andamos até o carro e entramos. Eu entrei no lado do motorista, pois o estado dele era bem pior. Dirigi até meu apartamento, com o conversível desativado, pois nossos olhos ainda estranhavam o sol.
- Você pode me deixar no hotel? – perguntou.
- Por quê? Você vai voltar para se drogar? Olha, Nate, ontem foi divertido, mas hoje você não vai fazer isso – aumentei um pouco o tom de voz. Ele arqueou as sobrancelhas.
- Você não manda em mim – retrucou, decidido.
- Mas quem está dirigindo sou eu. Vou para onde eu quero – falei, firmemente. - Desista. Nós vamos para minha casa, comemos e depois você pega um taxi e vai para onde quiser - ele assentiu.
Chegamos em casa e eu o mandei entrar no quarto de hóspede, para tomar banho. Pedi que Jack fosse ao shopping e comprasse roupas para Nate e celulares novos para nós, já que tínhamos jogado na ponte. Meu quarto estava arrumado. Não havia mais vômito e a cama estava totalmente alinhada, como se o dia anterior nunca tivesse acontecido. Depois que comemos e tomamos banho, Nate foi embora vestido nas roupas novas. Eu o fiz prometer que não iria mais para o hotel, que iria para casa. Eu sentia que devia protegê-lo, que ele precisava de ajuda. Já de noite eu me troquei e fui para o hotel de Chuck. Eu precisava conversar com Chuck, precisava enfrentar o problema. Fui logo subindo para a cobertura e toquei na campainha. Ele abriu e suas feições surpresas apareceram.
- Oi – ele disse desanimadamente.
- Oi – acenei e falei. Ele abriu espaço, eu entrei e ele fechou a porta. Fui para a sala e sentei no sofá.
- O que você fez ontem? Eu te liguei mil vezes – ele sentou ao meu lado e perguntou, com uma voz cansada.
- Eu... Eu fui para o shopping e roubaram meu celular – menti.
- Ah. Você tá bem?
- Estou ótima, Chuck – tentei sorrir, mas foi falho.
- , eu... – Era óbvio, estávamos sem graça. Nós, melhores amigos, estávamos sem graça.
- Eu sei. Nós... – engoli em seco e hesitei.
- Eu não sei se aconteceu realmente. Estávamos bêbados – afirmou, balançando a cabeça.
- Que tal esquecermos isso? – perguntei, colocando a mão em sua perna.
- Seria maravilhoso. Desculpe-me, isso é meio constrangedor. Você é minha amiga – ele corou e deu um meio sorriso. – Tá vendo como eu estou?
- Eu já esqueci – tentei animar-lo. Ele sorriu.
- Eu também – disse. – Você vai ao baile?
- Ah... o baile – lembrei do baile de início de ano. – Quando é?
- Amanhã – ele tava imerso em pensamentos, quase me ignorando.
- Ah, tá. Vou sim – o silêncio tomou a sala, um silêncio constrangedor.
- . Eu preciso lhe contar uma coisa.
- O quê? – ele se virou para mim e olhou em meus olhos.
- Depois que eu acordei, eu fui para casa. Lembra-se de que eu lhe disse que queria mostrar um lugar que eu vou comprar? – Afirmei, com a cabeça e esperei ele continuar. – Eu chamei a Blair. Ela estava com muita raiva de Nate. Começou a me dar mole... E nós... – abri a boca, involuntariamente. Meu Deus, Chuck tinha dormido com Blair?
- Você está brincando... – murmurei e encostei minha cabeça no sofá. – Chuck! Ela era virgem! V.I.R.G.E.M. Virgem. Você não podia... Podia ser qualquer um, menos você. Deus, ela perdeu a virgindade com você! Isso não pode ser verdade. Não pode... – Desandei a falar, sem nem olhar para ele. Histérica.
- ? – continuei falando. – ? – Segurou meus ombros, com o rosto próximo do meu.
-... Você não podia – continuei, mas algo me impediu. Ele selou nossos lábios, num beijo urgente e rápido.
- Cale a boca – afastou nossos lábios e falou, rindo.
- Por Deus! Ela perdeu a virgindade com você – falei, num transe. – E você acabou de me beijar! – Levantei-me, desnorteada.
- Ela me provocou. E essa foi a única maneira de te fazer calar a boca. – Sorriu, como se tudo estivesse normal.
- Nunca mais faça isso – falei entre dentes. – Seu, seu... seu... seu... seu pervertido! – Andei em direção à porta, a abri, saí e fechei com força. Ele não podia ter feito isso. Beijar-me? Assim do nada? Ele é meu melhor amigo! Qual o problema dele? E o que mais me irritou, foi que no fundo, em um lugar bem secreto, eu gostei... Argh, idiota! Desci, peguei meu carro e fui até o meu antigo prédio. Ainda era difícil encarar aquela recepção, e aquelas lembranças que vinham à tona. Que faziam questão de martelar em minha cabeça. De me deixar triste, e em alguns casos, emocionada... Subi e toquei no apartamento dela. Dorota, sua secretária, atendeu e disse que ela estava em seu aposento, descansando.
- Blair? – perguntei, entrando no quarto dela. Ela estava deitada em sua cama, lendo a nova edição da VOGUE.
- ! Você não respondeu minha mensagem – disse. – O que aconteceu?
- Desculpe-me, eu fui ao shopping e roubaram meu celular. – Dei a mesma desculpa que tinha dado a Chuck.
- Ah, tudo bem – sorriu. – Sente-se aqui. – Deu tapinhas na cama.
- Tenho novidades! – falou, sorrindo excepcionalmente. Eu já sabia, mas esperei ela falar.
- Serena transou com Nate, meu ex-namorado. Nada melhor para dar o troco nele do que transando com o melhor amigo dele, Chuck.
- Então você... Você tirou sua virgindade com Chuck só para dar o troco em Nate? – Pior do que isso? Impossível.


Capitulo Dez

- Sim – ela disse, radiante. – Mas... foi mágico. Eu não sei. Eu senti coisas na barriga que eu nunca senti com Nate.
Deus! Ela estava... Gostando de Chuck. Maravilha! Que vida complicada.
- Você acha que está apaixonada por ele? – perguntei.
- Ahn? Não, ! Claro que não! Ele é Chuck Bass. – Olhou para baixo, desconfortável. – Eu não sou idiota, muito menos louca. – Fomos interrompidas por tia Eleonor, que entrou no quarto.
- ! Ontem eu tentei ligar para você. – Ela sorriu, elegantemente como sempre.
- Ah, tia. Roubaram meu celular. – Menti de novo.
- Ah, querida, sinto muito, mas você está bem?
- Estou. Foi só um susto. – Dei um meio sorriso, e esperei que ela se contentasse com isso.
- Ah, fico feliz que não tenha se machucado. Eu te liguei para dizer que demiti o contador. Estou contratando outro, então a reuniãozinha ficar para depois. - Graças a Deus, pensei.
- Ah, tudo bem. Quando eu recuperar meu número antigo nós nos falamos.
- Tudo bem – ela disse e saiu, ainda com o sorriso impecável no rosto.
Depois de conversar mais um pouco com Blair, fomos dormir em meu apartamento. Ela jurava que não sentia nada por Chuck, mas eu tinha certeza que sentia. Só pelo jeito que falava e que se expressava; os sorrisos bobos que apareciam... Ela sempre soube quem era Chuck Bass, e mesmo assim, descreveu como “mágica” sua primeira vez. É como dizem: prática leva à perfeição. E de tanto Chuck praticar... sempre que penso nisso, acabo tendo pensamentos obscenos. Isso é errado, porque ele é meu amigo. Mas é inevitável. Na escola, de manhã, eu avistei Jenny Humphrey e fui a sua direção. Ela estava bem bonita, e sabia combinar os acessórios.
- Jenny! – exclamei quando perto.
- Ah, oi, . – Sorriu.
- Como você está? – também sorri. Aquela menina era tão angelical que era quase impossível não sorrir. – Dan comentou que vocês finalmente voltaram.
- Estou bem. E Dan também, já que está namorando Serena.
- Dan está o quê? – perguntei, perplexa.
- Ele está com Serena. Estão namorando há alguns dias... Você não sabia? São tão amigas! – Senti uma pontada de sarcasmo em sua voz. Pontada é eufemismo. Sarcasmo puro.
- Não. – Engoli em seco e sorri sem mostrar os dentes.
- Ah, eu tive pena dela quando soube do irmão, Erik.
- O que aconteceu com Erik? – Impressão minha ou o tom de voz dela mudou? Agora fala como uma baba-ovo de Blair. Tentando subir na vida social, apenas com informações.
- Ah, você também não sabe? – fez uma expressão chocada, com um biquinho.
- Não.
- É quase um segredo, mas como você é amiga dela... – Abaixou o tom de voz. - Ele... Estava no centro de reabilitação. Porque tentou se matar. Por isso ela voltou. – Encarei-a, espantada.
- Desculpe, Jenny, tenho que ir – eu disse, já saindo de perto e indo em direção a B, que passava perto, com suas seguidoras.
- Blair! Vemo-nos depois da aula na velha estação de metrô, tá?
- O que... – ela ia perguntando, quando eu saí de perto dela, apressada. - Fui para minha última aula e em seguida sai correndo para o carro que me esperava lá fora.
- Para onde vamos, Senhorita? – Jack perguntou.
- Espere – eu disse, digitando uma mensagem.
S, por favor, me encontre na velha estação de metrô. Agora
Aliás, por que você não veio hoje? .
Meu celular novo vibrou.
! Obrigada. Eu preciso mesmo conversar com você. Eu não fui hoje porque eu estava resolvendo umas coisas. XX, S.
- Para a estação de metrô – eu disse para Jack e encostei-me ao banco do carro. Quando cheguei lá, saí e sentei no banco que íamos no ano anterior, quando queríamos ficar só nós três, e esquecer do mundo. Apenas conversando, comendo chocolate, fazendo o que boas amigas fazem. Serena chegou, seguida por Blair.
Era a hora da verdade.
- O que ela está fazendo aqui? – perguntou B.
- Eu queria falar com vocês duas. – Blair ainda estava em pé. Serena sentou ao meu lado. - O que aconteceu conosco? – perguntei, deixando uma lágrima intrusa cair.
- Depois que ela dormiu com meu namorado? – Blair sorriu, friamente.
- Você sabe? – perguntou Serena, com os olhos lacrimejando.
- O que você acha? – Sua expressão era como a de sua mãe, impecável. E fria.
- Preciso que vocês me escutem – declarei. Eu precisava contar tudo. Elas ficaram olhando para mim, curiosas.
- Eu menti sobre algumas coisas, e outras eu omiti – falei, fazendo uma pausa. – Depois que minha mãe morreu, eu guardei toda a dor em algum lugar dentro de mim. E a partir daquele momento, eu comecei a esconder todos os problemas dentro deste lugar. Só que... este lugar já está explodindo. Eu não aguento mais tanto peso. Eu preciso falar tudo – prossegui. – Naquele dia, após o casamento de sua tia, Serena me ligou e me contou sobre a noite com Nate. Eu prometi a ela que não contaria, e não contei – falei, olhando para Blair. Ela balançava a cabeça, negando, com lágrimas escorrendo de seus olhos. – Depois a minha mãe morreu, você me ajudou. Eu queria tanto, tanto, contar tudo. Contar que Serena tinha fugido porque tinha feito isso. Que eu sabia... mas eu tinha prometido a ela. – Parei, sem conseguir falar mais, por causa do choro. E quando me controlei, continuei. - Você não tem ideia de como meu coração ficou. Totalmente despedaçado.
- Você sabia de tudo? – Ela me olhou profundamente, deixando que eu visse a verdadeira Blair. A Blair vulnerável.
- Me desculpe... – falei, após algum tempo e ela deu as costas, andando para seu carro.
- Blair, tem mais – falei num tom de voz alto. Ela parou já a poucos metros longe de nós e voltou, parando em um lugar que ouviria tudo.
- Na sexta de noite, eu... eu bebi com Chuck e acordei ao lado dele, de roupas íntimas. Eu não sei o que aconteceu entre nós. No sábado, eu fui me encontrar com Nate, porque ele queria conversar e ninguém mais sabia. Eu... Eu... Eu me droguei e bebi com ele a tarde toda, mas eu juro que não tivemos nada – falei, rapidamente. - Tem mais. Serena – direcionei meu olhar a S. - Eu soube que você está namorando Dan Humphrey. Ele é legal, o primeiro beijo dele foi comigo no ano passado.
O único barulho que ouvíamos era da chuva que começava a cair da imensidão azul.
- Aquele dia... – Serena quebrou o silêncio. - O dia do casamento, eu... Meu irmão teve um ataque e nós ficamos achando que ele tinha alguma doença. Eu comecei a beber e liguei para Nate para nos encontrarmos, pois ele era meu melhor amigo e vocês estavam na festa. Eu só lembro-me de acordar ao lado dele, despida. Eu não tive culpa. Juro. Decidi fugir, ir para outra cidade, eu não sou tão forte. – Serena era a mais fraca, de verdade. Nessa hora, seus olhos já estavam vermelhos, de tanto chorar. – Quando eu estava lá, evitei as ligações de vocês e as notícias. Eu não sabia que sua mãe tinha morrido . Eu não sabia de nada. Sinto muito, sinto muito mesmo – ela afundou a cabeça nas mãos e começou a soluçar de chorar. Blair virou-se e saiu caminhou até seu carro, mas quando estava entrando, desistiu e voltou, em passos rápidos e urgentes.
- Minha amiga dormiu com meu namorado, meu pai deixou minha mãe por um homem, eu tirei minha virgindade com o cara mais canalha do mundo e agora estou completamente apaixonada por ele. Apesar de tudo, todos me veneram – riu, sem humor. - Eu me sinto ridícula com isso, porque minha vida é uma merda. E tem gente que se mataria para ter o que tenho... Isso é ridículo, não é? – Sua respiração estava descompassada. Nossos olhos se encheram de mais lágrimas do que antes.
- O que aconteceu conosco? - perguntei entre dentes, tentando cessar as lágrimas.
- Todos têm problemas – disse Blair, enxugando os olhos com um lenço que tirou da bolsa. - Nós só não soubemos lidar.
- Nós devíamos ter ajudado umas as outras, e não ter mentido ou fugido – disse Serena. – Isso é amizade.
- Agora é tarde demais. – Blair colocou o lenço na bolsa e deu de ombros.
- Não! Não é – afirmei, me levantando e caminhando em sua direção.
- Sim . É tarde – ela falou, olhando nos meus olhos. - Desculpe-me, eu tenho um baile para ir – e se virou, caminhando até seu carro, mas desta vez entrando e indo embora.
- Serena, por que ela é assim? Por que tudo tem que ser assim? – voltei para o banco e sentei.
- Vamos esquecer o que passou – ela disse me abraçando, para meu alívio.
Esquecer o que passou... uma proposta irrecusável, mas inválida. Há mágoas que não se esquecem; lágrimas que não se ignoram e dores que não cessam. E o que aconteceria? Dar tempo a tempo não é regra no Upper East Side, porque aqui, o tempo se alimenta de você. Temos que lutar, que espernear. Guerra de poder é algo normal no Constance. Mas guerra de poder, quando os poderes são iguais, nunca teve. E acho que uma primeira vez está guardada no nosso destino. E como eu sei isso? Eu apenas sei.


Capítulo Onze

Depois que saímos da velha estação, fomos para meu apartamento. Foi tão, mas tão bom. Eu pude sentir que minha amizade com Serena ainda estava intacta, apesar das tempestades. Era como se nunca tivéssemos brigado.

Infelizmente, tínhamos que ir para o baile, porque era obrigatório. Vestimos peças que estavam guardadas, do pré-lançamento da última coleção de mamãe. E mais uma vez, objetos despertando a saudade. Eu já tinha combinado com Chuck, há algumas semanas atrás, que ele me buscaria em casa e me levaria para a festa. Ah... Charles. Eu o amava tanto, tanto. Ele era como um irmão para mim, um alicerce. E mesmo com seus terríveis defeitos, eu não conseguia diminuir esse sentimento, que era mais do que profundo, inacabável. Quando já prontas, descemos e ficamos esperando na recepção, pois estava chuviscando.

Chuck, já estou esperando. .

Enviei a mensagem e continuei a prestar atenção em Serena, que falava sobre o internato. E Blair? Onde ela estaria agora? Com quem ela iria ao baile, já que não tinha mais namorado?

Desculpe-me, não vou poder passar aí. Chuck

Ele não podia fazer isso! Que estória é essa de “não vou poder passar aí”? Desde quando ele fala isso para mim? Tudo bem, há algo errado.

Como assim? Você é louco, Chuck Bass? .

Ele não respondeu mais. Simplesmente me ignorou. O melhor a fazer seria dar meia volta, subir e ir dormir, mas aquela droga era mesmo obrigatória. Argh. Enumerei nossas opções mentalmente.
1- Ir sem par, porque Serena tinha namorado, ou seja, não chegaria ao último baile de começo de ano sozinha.
2- Ligar para alguém e implorar que fosse comigo.
3- Ligar para alguém.
4- Ligar para alguém.
Ah, a 5 já deve estar bem clara, não é?
Entre chegar sozinha e ser o assunto do ano ou tentar convencer algum bom rapaz a ir comigo, preferi a última. Digitei o primeiro número que veio em mente.
- Oi – falei, num tom fraco e envergonhado. – Onde você tá?
- Oi. – Sei que ele sorriu. – Estou saindo de casa agora, a limosine acabou de chegar. E você?
- Bem – meu tom desanimado me fez suspirar. – Se não fosse pelo Chuck, eu estaria melhor.
- O que ele fez agora? – perguntou e riu abafadamente, sem humor.
- Ele me enviou uma mensagem dizendo que não vinha me buscar. Sem nem dar satisfação.
- Por isso que ninguém confia nele. A gente nunca sabe quando ele vai tomar uma atitude dessas.
- E por causa disso, estou sem par para o baile – ri. Recebi mais de dez convites para essa droga de baile. E acabei ficando sem nenhum. Ironia da vida. – Argh, eu quero matá-lo. Aquele irresponsável...
- Relaxe – soltou uma risada abafada. – Passo aí em dez minutos.
- Ah, sério? – tentei fazer a voz mais surpresa possível. Está bem, ele devia saber minhas intenções desde o começo.
- Sem problemas – ah, que fofo.
- Mas e sua acompanhante? - Droga, eu tinha que perguntar?
- Amigos são pra isso. E eu devo isso a você.
- Está bem, então estou esperando. Tchau – escutei ele falar um ‘tchau’ e desligar.
Com absoluta certeza, ele tinha arrumado uma acompanhante. Até porque é mais importante para o menino chegar acompanhado do que para uma menina. Ele podia até ter arrumado qualquer uma, mas tinha arrumado. E ela não iria gostar nada disso.
- Você ligou para Nathaniel? – perguntou Serena, chocada. Balancei a cabeça, afirmando.
- A Blair vai te matar – declarou e suspirou.
- Eu sei – afirmei. – Mas agora já está feito – dei de ombros. – E além do mais, isso é tudo culpa do idiota do Chuck – ela concordou. – E Dan? – perguntei.
- Já está chegando – sorriu, apaixonada. - Ele é um doce, romântico e sensível. Eu estou adorando. Ah, olha ele ali – falou e mostrou Dan, que vinha andando com as mãos no bolso da calça social.
- Oi. – Ele a beijou e passou o braço em seus ombros. – Você está linda!
- Obrigada, amor. – Ela selou seus lábios novamente.
- Oi, Dan - falei, num tom brincalhão, para lembrar-los de que eu também estava lá. Ele riu e beijou minha bochecha.
- Oi, Louis – e, por incrível que pareça, selou os lábios novamente aos de S.
- Está bem, isso já está ficando estranho – admiti e eles se separaram, rindo. – Como está Rufus?
- Está ótimo. A galeria está bem movimentada.
- Fico feliz. – Sorri com simpatia.
Depois de algum tempo de conversa, vimos a limosine se aproximar e Nate sair dela, vestindo um terno que caía perfeitamente em seu corpo escultural. Ele apertou a mão de Dan e beijou a bochecha de Serena. O que poderia ser uma cena tensa, foi apenas um encontro de amigos. O casal entrou no carro e Nate caminhou em minha direção.
- Você está linda. – É sempre bom ter alguém para falar isso. Serena tinha Dan. Eu tinha Nathaniel.
- Obrigada. – Beijei sua bochecha e sorri de canto. Ele passou o braço em meu ombro e entramos na limosine. O toque dele me deixou tonta, acelerou meu coração.
Nate abriu uma garrafa de champanhe e brindamos o começo do ano escolar. Depois, ficou aquela coisa estranha... Serena trocando beijos com Dan. Eu e Nate sem assunto. Estranho até demais, com um pouco de tensão.
Chegamos ao salão e a festa começou de verdade. Por simpatia, Nate entrelaçou o braço no meu e tiramos a foto do último ano, sorrindo abertamente. A música estava animada, ao som de um DJ famoso de Manhatan. A noite foi surpreendente, começando pelo simples fato de que a querida Blair Cornelia Waldorf estava acompanhada pelo excelentíssimo Charles Bass. Ela olhou-me com seu sorriso malvado e cochichou algo no ouvido dele, que riu. Parecia que eu estava vivendo uma daquelas cenas de colégio, em que Blair examinava cada parte de uma desajeitava e fazia piada em meu ouvido. Tão infantil e fútil. Em pensar que eu fazia parte disso...

Mas, apesar de tudo e de todos, eu estava numa festa! Tinha que esquecer que estava brigada com meus melhores amigos, que minha vida estava indo de mal a pior e eu estava sem metas, apenas vivendo secamente e amargamente. Quando eu e Nate ficamos sozinhos, pois Serena tinha ido dançar com Dan, pude perguntar algo que estava martelando em minha mente.

- E aí, você ainda tem daqueles do hotel?
- Daqueles o quê? – Deu de ombros e sorriu, brincalhão.
- Maconha, Natie.
- Você quer mesmo continuar com isso? – perguntou e engoliu em seco. Aquele assunto não fazia parte de uma conversa agradável.
- Tenho certeza. Não vejo a hora de fazer de novo. – Sorri sapeca e pisquei.
- Aquela noite foi divertida – esboçou um sorriso quase tipo Chuck Bass.
- Que tal repetimos? Uma noite a mais não vai me fazer mal. Eu não vou me viciar ou algo do tipo.
- Seria ótimo – falou. Notei um tom malicioso em sua voz.
- Hoje? Agora? – eu estava realmente ansiosa. Acho que era a adrenalina no sangue.
- Depois do baile. Se nós saímos agora vão perceber – abaixou o tom de voz, como se fosse uma fofoca ou um segredo.
- Perfeito – falei e saí de perto dele, para pegar alguma bebida.

Já estavam começando a anunciar o Rei e a Rainha do baile, quando encontramos Serena e Dan novamente, seja lá onde eles estavam... Um homem, vestindo um terno impecável preto, começou a discursar, e quando terminou, chamou a diretora do colégio ao palco. Ela subiu, trajando um vestido de paête preto extremamente elegante.
- Queria parabenizar nosso Rei e nossa Rainha, por ser um exemplo para vocês, porque isso que significa o Rei e a Rainha do baile. Dois alunos que vocês respeitam, confiam e escolheram para representar o colégio durante o ano.
Não seria uma surpresa se Blair e companhia fosse Rainha e Rei do baile. Mas, como eu já falei, o baile foi, no mínimo, uma surpresa.
- Portanto, que venha ao palco, a Senhorita e o Senhor Archibald – completou e todos olharam para nós. Aquilo era uma brincadeira? Como assim Blair não era a rainha? Como assim?
- Nós nem viemos juntos – falei baixinho para Nate, enquanto caminhávamos para o palco. Ele estava tão surpreso quanto eu. Subimos no palco e fomos coroados. Ainda perplexa, desci e fui em direção a Serena e a Dan, que trocavam olhares cúmplices. Nate se desviou no meio do caminho e parou, para falar com alguma menina histérica.
- O que exatamente foi isso, pelo amor de Deus? – perguntei, retirando a coroa e a olhando sem acreditar.
- Olá, nova Rainha – disse S e Dan ao mesmo tempo, de um jeito ensaiado.
- Ha, ha. Que graça – falei ironicamente.
- Qual a ordem, Rainha? – perguntou Serena, brincando. Eu apertei meus olhos e pensei em fuzilá-la. – Ah, relaxe. Isso é só um baile de escola – ela disse. – E além do mais, acho que Blair já estava cansada de ser a Rainha. – Olhou para uma Blair irritada, jorrando raiva da alma. – Ou não. – E riu, como se fosse um de seus melhores feitos.
- Você tem alguma coisa a ver com isso? – perguntei pausadamente, tentando cair na realidade.
- Opa, culpado. – Dan apontou para si mesmo. – Tecnicamente, quem votou e escolheu foi o Constance, mas... não posso negar que demos uma ajudinha.
- Blair vai ficar com mais raiva de mim ainda. Não quero nem ver.
- Relaxe! – disse S. – E olha lá no que tá pensando... nós não subornamos o pessoal. Apenas dissemos o que Blair achava e já disse que cada um deles.
- Vocês não existem. – Sorri.
- ? - Nate colocou a mão em meu ombro e lançou o olhar de “vamos”. - , vamos agora? – perguntou em um tom baixo.
- Uhum. Eu te encontro na próxima esquina.
- Tudo bem – aumentou o tom de voz. Sorriu para Serena e Dan e saiu, com um sorrisinho de canto. Voltei a olhar para o casal.
- Eu já vou. Estou com dor de cabeça. – Tentei convencer.
- Até amanhã, boa noite! – disseram.
- Até. E obrigada pela coroa, de qualquer modo. – Pisquei e dei as costas. Adrenalina era o que eu sentia. Uma felicidade me invadiu e só foi interrompida pela vibração do meu celular na bolsa.
Uma mensagem nova. Gossip girl.

Gossipgirl.net
Chegou a hora do fim do baile, a parte mais importante para algumas meninas! Querem uma dica? Não esqueçam a camisinha, ela é fundamental.
Hoje, nós assistimos ao fim de um reinado. A historia diz que quem é Rainha nunca perde o posto, mas vimos que não é bem assim. O que fazer para se tornar Rainha? É uma longa caminhada, meninas. Uma caminhada longa e de salto alto. Alguns fatores fazem com que você ande mais rápido, tipo pena. Queen B entrou em decadência há muito tempo. Há uma nova rainha assumindo o posto.
Só mais uma dica: nem sempre uma rainha continua rainha para sempre. Atos contam, pelo menos no reino do Upper East Side.
E quem sou eu? Tá aí uma coisa que nunca vou contar.
Você sabe que me ama.
Xoxo
Gossip Girl


Por que ela fazia questão de nos mencionar?


Capítulo Doze

Imediatamente, apaguei a mensagem e apertei NOVA MENSAGEM.
Comecei a digitar.
Desculpe-me. A coroa é sua de novo. Logo, logo você vai tê-la de volta. Eu não sirvo para ser Rainha, eu não sirvo para ser você, eu sou só a . A que não é perfeita, não quer ser perfeita. Eu só sou eu mesma, e vou continuar sendo. XX. .
Fui até algumas amigas que tínhamos em comum e deixei a coroa para ser entregue a ela. No caminho para o carro, joguei meu celular novo em uma fonte. A cena pareceu mais com a que a personagem de Anne Hathaway joga seu celular na fonte, no fim de O diabo veste Prada. Sorri, com esse pensamento e continuei a andar em direção a um conversível. Onde ele tinha arrumado o carro, já que fomos de limosine? Nate e seus truques...
Naquela noite, pelo menos naquela noite, ninguém me incomodaria mais.
- Estou pronta – falei ao entrar no carro.
- Espero que sim – riu, debochado. – Vamos ver até quando você aguenta essa vida. – Deu mais uma risadinha abafada e me entregou um rolinho aceso.
- Tem muita coisa que você não sabe sobre mim. – mordi o lábio e peguei o rolinho. Era um simples cigarro. Pensei que já seria a droga...
- Não podemos fazer isso aqui, na rua. Se você pensou que seria o que eu estou pensando, você foi tola demais.
- Não pensei... – menti, me afundando na poltrona. – Mas e aí, como você tá se sentindo em relação ao que aconteceu? Sobre Blair e Chuck.
- Eu não me importo. – Deu de ombros e ligou o carro.
- Ela só dormiu com ele para te provocar... Acho que “vocês dois” ainda não acabaram. Vocês têm uma historia, poxa.
- O quê? – ele me olhou, perplexo. – Blair é virgem. Como ela pode ter... Ai, meu Deus, droga. Ela dormiu com Chuck? Para me dar o troco?
- Você não sabia? – perguntei, engolindo em seco. – Mas...
Mas isso não faz sentido, completei em pensamento.
Claro que não. Pelo visto ele não sabia. Que idiota eu fora. Se Blair dormiu com Chuck para causar ciúmes em Nate, ela deveria ter contado e ele... isso é questão de lógica, não é?
Ele desligou o carro e encostou a cabeça na direção.
- Sinto muito. – Eu nunca tinha sido tão sincera na minha vida. Eu sentia muito mesmo. Por impulso, alisei seu rosto, querendo confortá-lo. Ele levantou a cabeça e me olhou, com dor na alma. Sua boca estava franzida e seus olhos tristes e vazios. - Você vai superar – falei, balançando a cabeça e o puxei pela nunca, para um abraço. Ele me abraçou com força, como se fosse um desabafo. Afastamos-nos um pouco, fazendo nossos rostos ficarem frente a frente. Senti sua respiração quente aquecendo meu rosto. Seu hálito, também quente, era uma mistura de cítrico, margaridas e uma pitada de cigarro. Era bom. Nossos narizes se encostaram e nossos olhares se encontraram. Eu sentia como se enxergasse além dele. Como se visse sua vulnerabilidade. Sua tristeza. Seu amor.
Ele se afastou e pegou o cigarro da minha mão, dando uma tragada e jogando para fora do carro em seguida.
- Eu quero te beijar – confessou. – Quero muito te beijar. – Se aproximou novamente, agora com sua bochecha encostada na minha. Roçou o queixo na minha pele e beijou levemente meu pescoço. – Isso seria errado?
Isso seria errado?, perguntei-me mentalmente. Seria?
- Eu também quero isso – falei a verdade. Naquela hora, nada era mais interessante do que os lábios dele.
- Então tá. – Sorriu de canto. – Vou te beijar.
- Vai logo. – Sorri e selamos nossos lábios. O beijo dele era aconchegante. Delicioso e na medida certa. Sua língua entrou em um ritmo semelhante ao meu. Segurei em sua nuca e aprofundei o beijo.
Para qualquer pessoa que passasse ao lado do carro, a cena não era a das mais agradáveis. Era até constrangedor. Mas quem se importava?
- Espera. – Parti o beijo e falei, tentando recompor a respiração normal. - Você está fazendo isso para dar um troco nela?
- Claro que não, sua boba. Ela é importante para mim, mas... – Olhou para o céu estrelado, pensativo. - Eu gosto de você. Sinto-me bem ao seu lado.
- E Serena? – Eu precisava ser cautelosa. A situação não só nos envolvia, como a nossos amigos. E eles importavam.
- Ela é Serena Van Der Woodsen. Qual o cara que não se sente atraído por ela? É tipo seu caso. Qual o homem que não te quer? – ele perguntou, rindo. – Confesso que já escutei falarem muito de você. Digo, o público masculino.
- Mas... – falei, insegura.
- Eu gosto de você. – Segurou meu rosto entre as mãos, com delicadeza. – Eu quero você. Foda-se o resto, fodam-se todos. Se a Blair tem escolha, eu também tenho. E como você disse, tenho que superar. Vou superar com sua ajuda.
Deixei escapar um sorriso brincalhão.
- Tudo bem. – Dei três selinhos nele. – Vamos logo. – Ajeitei-me na poltrona e ele ligou o carro. Pouco tempo depois, já adentrávamos a boate, abraçados. Se eu dissesse que não sabia as consequências do que estava fazendo, seria mentira. Eu sabia sim. Sabia até demais. E mesmo naquelas circunstâncias, eu estava feliz. Isso era o mais importante, pelo menos naquele momento.

Fim.

Nota da Autora: Ai, gente, estou com vontade de chorar. É tão bom poder finalizar outra fanfic de LWB, tão bom! Em pensar que só faltam três partes para acabar a série de vez. Três partes feitas com muito amor e carinho! E só pra acrescentar, já terminei LWB - 5. A última, gente. O fim de tudo. ): Mas pelo menos, eu amei escrever essa série e fico feliz por ter leitoras, por saber que alguém gosta. Obrigada, meninas! De verdade. Ah, e por favor, não se preocupem com as drogas, elas serão completamente passageiras. Eu também não sou fã de uma personagem drogada, haha. Xoxo, Bia Guimarães.

O que vem por aí:

Life Without Borders – 3 se chama O silêncio das lágrimas. Vai ter 3 ou 4 atualizações e a personagem estará de algum modo, menos prudente, mas ganhará maturidade com o desenvolvimento da fiction. Ah, e quanto ao Guy que você fica no final, ainda teremos muitas surpresas.

E como sou uma super-autora-feliz, vou disponibilizar uma parte de LWB- 3.

“(...) Escutamos sirenes. Era a polícia. Todos começaram a correr, desesperadamente. A boate virou um tremendo caos. Eu tentei segurar a mão de Nate, mas em meio àquilo, o perdi de vista. Subi as escadas enferrujadas, que levavam aos quartos. Corri para o quarto preferencial, o qual Nate tinha alugado, o que acontecia quando queríamos ficar chapados por mais tempo e fechei a porta. Não deveria ter feito isso, pensei ao ouvir o barulho do lado de fora. Eu estava num beco sem saída. Fim de jogo... Sentei-me na cama, tentando controlar minha respiração e com meus membros tremendo. Em poucos minutos, que pareceram segundos, já estavam tentando arrombar a porta. O que eu faço agora?, me desesperei. Peguei nossas duas mochilas que estavam em cima de um móvel de madeira, e que continham nossos documentos e sem pensar mais, saí pela janela. Comecei a caminhar pelo parapeito, rezando mentalmente e pensando no quanto eu queria ficar viva. Em quanta coisa eu ainda tinha que fazer. Escutei um barulho e então tive certeza. Eles haviam arrombado a porta.” Life Without Borders 3 – O silêncio das lágrimas

TUMBLR
MINHAS OUTRAS FICS




Nota da Beta: Comentem. Não demora, faz a autora feliz e evita possíveis sequestros - só um toque. Qualquer erro encontrado nesta fanfiction é meu. Por favor, me avise por email ou Twitter. Obrigada. Amy Moore xx

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