Like a Phoenix
Por: Annie Archer


Capítulo 1

Naquela manhã de domingo, Thomas estava sentado em seu lindo, limpo e brilhante vaso sanitário branco, quando, de repente, sentiu uma corrente de inspiração atingi-lo em cheio, fazendo com que se sentisse mais feliz do que minutos antes. Ele não sabia como, mas parecia que todos os seus músculos tinham relaxado de uma vez só enquanto frases aleatórias passavam por sua mente. Tinha que anotá-las logo, para não correr o risco de esquecê-las. Pegou um caderninho com uma caneta ao lado da pia e tomou nota.
Ao sair do banheiro e adentrar seu quarto, sentiu uma brisa um pouco gelada bater em seu rosto e, ao perceber que o dia estava ensolarado, sorriu. Não sabia por que, mas parecia que aquele dia trazia boas vibrações consigo. Viu um bilhete de Giovanna sobre a cama dizendo que ela voltaria à uma da tarde e desceu as escadas.
Após o almoço, Tom se sentou no sofá da sala de televisão de sua mansão e começou a procurar por qualquer coisa interessante para assistir enquanto o tempo lhe permitia ser ocioso. Mas era domingo e a programação televisiva de domingo é sempre uma porcaria completa em qualquer lugar do planeta.
Estava achando estranho que Giovanna, sua namorada, não tivesse telefonado ou algo do tipo. Ela havia ficado de chegar em casa uma hora atrás e ainda não havia dado sinal por lá. Tom pegou o telefone na mesinha ao lado do sofá e discou o número do celular dela. Depois de seis toques, ele ouviu a tão conhecida mensagem de sua caixa postal e desligou. Tentou outra vez, mas também não obteve resposta. Onde diabos ela havia se metido? E por que havia dito só o horário em que voltaria?
Alguns minutos depois de começar a imaginar onde sua namorada poderia estar, ouviu o tilintar de chaves e a fechadura da porta principal de sua casa girando. Era ela.
Ele foi caminhando até o hall de entrada com um sorriso no rosto, que se intensificou ao vê-la. Como ela conseguia ser fabulosa sem nenhuma roupa chamativa ou o rosto entupido de maquiagem? Ele não precisava de nenhuma outra, ele tinha a melhor garota do mundo somente para ele e a amava do jeito que ela era, sabendo que o sentimento era recíproco e não tinha fim.
- Eu estava imaginando onde você poderia estar – Tom disse, chegando mais perto de Giovanna e a abraçando. – Está tudo bem? – ele perguntou, beijando o canto de seus lábios.
Ela apenas assentiu, com um sorriso não muito animado. Tom percebeu que ela parecia um pouco nervosa, inquieta, como se fosse algum tipo de transmissão de sentimento por toque, mas não falaria no assunto naquele momento, deixaria para perguntar mais tarde.
- Por onde esteve? – ele perguntou curioso, guiando-a até o sofá pela cintura.
- Por aí. Só precisava de um pouco de ar fresco, então fui até o parque.
- Eu poderia ter ido com você.
- Ah, não, com certeza você estava melhor aqui dormindo – ela disse, sentando-se ao lado dele.
Tom achou estranho ela ter dito aquilo, mas tudo bem, as pessoas são estranhas às vezes, até mesmo aquelas que você conhece como ninguém.


Os dois passaram o dia todo no maior ócio e, para a surpresa dele, nem Harry, nem Dougie ou até mesmo Danny haviam batido à sua porta por algum motivo específico. E a cada hora que passava, Giovanna parecia mais estranha. Ela estava mais quieta e ria menos do que o habitual enquanto dividiam um pote de Häagen-Dazs de morango ao som dos Beatles. Ele não tinha idéia do porquê do comportamento diferente dela, mas sabia que ela provavelmente tinha algo para lhe dizer e estava adiando o momento.
E, quando Don’t Ever Change começou a soar de dentro das caixas de som, Tom se aproximou mais dela e a beijou carinhosamente, deitando-a. Por que ela parecia não estar correspondendo da mesma maneira?
Tom intensificou o beijo, mas mesmo assim não sentiu tanto empenho da parte dela. Ele já estava começando a se chatear. E quando ele sussurrou no ouvido dela, junto com a música: ‘So, please, don’t ever change’, ela parou de beijá-lo e fechou os olhos e inspirou, comprimindo os lábios.
- O que foi? – Tom perguntou, enquanto acariciava a lateral do rosto dela.
- Nada – ela quase murmurou em resposta.
- Tem alguma coisa acontecendo com você – ele insistiu. – Você poderia, por favor, me dizer o que é? – Ele tentou não parecer rude e. por pouco, não falhou.
Ela suspirou.
- A gente precisa conversar – ela disse, dando um leve empurrão para tirá-lo de cima dela.
Okay. Agora ela tinha pegado pesado, porque Tom simplesmente odiava aquela história de conversar. Não cheirava nada bem, sempre dava em merda. As pessoas não deviam ser tão previsíveis, porque se elas realmente querem dizer algo sério, um “precisamos conversar” e suas derivações nunca tornam a coisa mais fácil e sim mais afligente. E ele estava feliz demais para acabar brigando com ela ou algo do tipo. Já estava sentindo um calor e uma ansiedade anormais subirem pela sua espinha e todo seu sentimento de boas vibrações começava a escorrer ralo abaixo.
- O que há de errado agora? – ele perguntou, consternado.
Eles não andavam no paraíso nos últimos dias, mas também não estavam vivendo debaixo de tempestade.
Giovanna olhou fundo nos olhos dele e pôde sentir as lágrimas começando a invadir seus olhos. Era uma coisa automática, mas ela tinha que tentar ser um pouquinho forte, pelo menos por alguns minutos, para poder dizer o que tinha para dizer. Ela não podia continuar o enganando por muito mais tempo.
- Eu vou ser direta com você, Tom – ela começou, com a voz embargada. – Eu quero terminar.
- Co-Como assim? – ele gaguejou, em choque. Ele só podia ter escutado errado, perguntaria só por precaução: – Você disse ‘terminar’?
Ela assentiu.
- Mas por quê? O que eu fiz? - Tom indagou, levantando-se e inclinando-se em direção a ela.
- Nada. Você não fez nada. Mas eu não...
Ela travou. Não conseguiria dizer aquilo. Sabia que iria machucá-lo e aquilo era a última coisa que gostaria de fazer. Mas por que machucar as pessoas tinha que quase sempre (mais para "sempre" do que para "quase sempre", claro) fazer parte daquele tipo de situação?
Ela respirou fundo e continuou:
- ...Não me sinto da mesma maneira sobre nós. Por você.
Tom fechou os olhos enquanto seu cérebro dificilmente processava a informação. Colocou as mãos sobre os olhos e depois as desceu até a boca e voltou a encará-la.
- Você está querendo dizer que... Que... Que não me ama mais? – ele perguntou, com um tom de desespero na voz.
- Não é exatamente isso – ela respondeu, desviando o olhar para outra coisa qualquer que não a fizesse olhar para Tom e limpando uma lágrima fugitiva. – Eu ainda te amo. Mas acho que se tornou um amor amistoso. Eu não estou mais apaixonada por você, eu diria.
- Certo – Tom começou a se manifestar,com a voz amarga. – Então você entra em casa, finge que tudo está bem e depois de algumas horas diz simplesmente que quer terminar, assim, de repente?
Ela ficou quieta. Não sabia o que dizer para ele, mas o que mais poderia ter feito? Escondido mais sujeira debaixo do tapete e continuado incomodada por ele ser tão bom com ela e ela não poder corresponder mais?
- Desculpa, Giovanna, mas eu não consigo acreditar que esse seja seu único motivo para enterrar tudo depois de sete anos.
Ela continuava a não olhar para ele.
- Olha pra mim – ele pediu rudemente. Ela hesitou, mas direcionou seus olhos para os dele. – Eu pareço idiota demais pra você? Você tem outro cara? – Ela arregalou os olhos quando ele fez a última pergunta.
- Não fale assim, Tom, você sabe que eu... – Certo, era mais difícil do que ela imaginava, talvez fosse melhor esconder a sujeira toda até que ela realmente começasse a feder.
- Não minta pra mim. Você tem, não é? – Ela ficou em silêncio por uns segundos e assentiu, deixando as lágrimas escaparem; descontroladamente, dessa vez. – Você encontrou alguém melhor que eu, então - Tom afirmou, virando-se de costas para ela e apoiando-se na prateleira sobre a lareira. – Quem é ele?
- O nome dele é Aaron. Ele é jornalista e escritor também – Giovanna respondeu, com a voz chorosa.
- E o que o faz ser melhor que eu? – ele indagou, pensando em algo muito rude para complementar a questão, mas preferiu não dizer.
- Eu não sei, Tom! - ela berrou. – A gente não escolhe esse tipo de coisa, você sabe mais do que ninguém!
Ele assentiu, ainda de costas para ela.
- E como nós ficamos? - Agora era a voz dele que começava a ficar embargada.
- Eu não sei... Preciso de um tempo. Sozinha. Vou morar com a minha mãe por enquanto.
- Sozinha. Se você quer dizer com outro e não comigo, isso não me alivia, sabe. – Ela não disse nada. – Amanhã é meu aniversário – ele disse aleatoriamente.
- Eu sei – ela afirmou. – E daí?
Certo, ela sabia que havia sido idiota em perguntar aquilo.
- E daí? – ele perguntou, alterando o tom de voz. – E DAÍ? – ele repetiu, gritando, enquanto se voltava para ela. – Você tirou o dia de hoje para ser insensível, por acaso, Giovanna? Amanhã é meu aniversário e, bem, parece que você resolveu me dar um belo presente adiantado! Você é ótima, parabéns.
Ela permaneceu calada e assustada. Tom nunca havia falado com ela daquele jeito antes. Ou talvez já, mas há muito tempo atrás, na primeira briga realmente feia que eles tiveram.
- Espera. Eu não sei por que, mas estou começando a achar que tem uma câmera escondida aqui e que tudo isso não passa de uma brincadeira. É isso?
Ela meneou a cabeça negativamente.
- Não, Tom, não é nada disso. Eu estou falando sério. Eu acho que... vou embora agora. Depois volto para pegar minhas coisas.
- Você não vai a lugar algum – ele ordenou, caminhando rápido até a porta para impedir que ela passasse.
- Eu vou, sim. Você não pode me impedir. – Ela o enfrentou.
- Você não vai, Giovanna, você não pode, não pode! – ele berrou, com as bochechas mais vermelhas do que habitualmente.
Ele estava chorando e ela estava causando aquilo. Não suportaria ficar ali por mais um minuto sequer.
- Me deixe passar, Tom – ela pediu, com a voz fina por causa do choro, seus olhos suplicando. – Por favor.
Ele não podia impedi-la. Não podia mesmo, porque ela era dele só em sua cabeça e ele sabia disso. Não podia colocá-la em um pedestal e depois envidraçá-la, guardando-a para sempre em um cantinho. Então agora que ela não era mais dele, mesmo nunca tendo sido, embora ele ainda sentisse que sim. Ele teria que aprender a conviver com a dor todos os dias, até superá-la; se conseguisse superá-la.
- Você vai ficar bem sem mim. – Ela o assegurou e depois o beijou na bochecha, acariciando a outra, dona da covinha que ela tanto gostava, que estava molhada.
Ele saiu da frente da porta e ela a abriu, fechando-a quando saiu. Tom estava em choque. Pelo menos, era aquela a palavra mais próxima do que sentia. Seu coração estava quebrado, estilhaçado, metralhado. Eles não eram para sempre? Então o para sempre era mesmo uma mentira como todos diziam e ele insistira em não acreditar?
Enquanto ele tentava pensar no que fazer, ouviu a voz de Paul McCartney em Oh! Darling soar pela casa, cantando: ‘Believe me when I beg you, don't ever leave me alone.’


Capítulo 2

Danny e Dougie ouviram a campainha começar a tocar incessantemente enquanto assistiam ao jogo do Bolton Wanderers contra o Manchester United. Dougie mais fazia companhia e ria de Danny protestando e gritando a cada falta ou injustiça do juiz do que assistia ao jogo,mas ele se divertia daquele jeito, já que não tinha muito a dizer sobre futebol.
Mas qual dos babacas estava interrompendo sua grande partida? Danny caminhou até a porta principal e a abriu, fazendo uma cara de espanto ao ver Tom aos frangalhos, com o rosto vermelho e inchado do outro lado.
- Mas... Pelo amor de Deus, que aconteceu? – Danny perguntou preocupado.
Ele sabia que Tom era bem sensível, mas aquilo estava parecendo extremo. Será que alguém havia morrido? Não, era melhor afastar aquela possibilidade da mente.
- Ela foi embora, ela me deixou – Tom respondeu, com a voz chorosa.
- Quem? – Por que diabos Danny tinha que ser Danny até quando ele não devia ser?
- A Giovanna! – Tom disse indignado.
- Aaaah, a Giovanna! – Danny falou, como se Tom tivesse acabado de falar que ia chover, e ficou em silêncio.
Tom o encarou, esperando que ele se tocasse e dissesse mais alguma coisa. Alguns segundos depois, Danny arregalou os olhos e berrou:
- O QUÊ?! COMO ASSIM, FOI EMBORA?
Ele puxou Tom para dentro da casa e foi o seguindo até a sala.
- Ela simplesmente foi. De repente, disse que não me amava mais, ia morar com a mãe por enquanto e... – Ele engoliu um seco. Aquela parte era a mais difícil de pronunciar – tem outro cara. Ela disse que tem-outro-cara.
- Você disse que a Giovanna tem outro cara e te deixou, é isso mesmo? – perguntou Dougie, entrando no meio da conversa, e Tom assentiu.
- Cara, inacreditável – Danny disse, coçando a cabeça. – Quero dizer, pensei que vocês fossem até se casar! – Dougie olhou feio para ele. – Me desculpa,mas é sério!
- Mas a verdade é: ela foi uma vaca fazendo isso – Dougie ressaltou. E depois ele olhava feio para Danny, como se ele fosse o único insensível ali.
Tom bufou e Dougie deu de ombros. Ele só estava dizendo a verdade, conhecia Gio, gostava muito da mesma, mas a situação pedira a palavra 'vaca'!
- Será que vocês poderiam, por favor, me ajudar em vez de me falar coisas que já sei e são terríveis de se ouvir? – Tom pediu bravamente, caindo sentado fortemente no sofá.
Eles ficaram em silêncio por uns instantes. Nenhum deles sabia o que fazer ou dizer. Era Giovanna, a boa moça, a queridinha das fãs, a futura esposa de Tom que seria canonizada quando morresse. Nunca haviam imaginado ou se preparado para aquela situação tão imprevisível, que parecia ser impossível de acontecer tanto quanto chover libra esterlina.
- Desculpa, Tom. A gente pensou que vocês estivessem bem e tal. Nunca pensamos que a Giovanna fosse fazer isso com você um dia. Ela era tão... Giovanna. Sempre delicada, sorridente, sensível... E te larga do nada? – Dougie falou, sentindo a chateação do amigo.
- Não foi do nada, ela tinha outro cara, Dougie – Danny explicou, como se aquilo realmente precisasse de mais explicação.
Dougie lhe lançou um olhar de ‘cale a boca e não bagunce mais as coisas seu imbecil’, e Danny devolveu outro do tipo: ‘sou sincero, oras’.
- Eu também pensei que estivéssemos bem – Tom comentou, ainda inconformado e fingindo que não havia escutado o que Danny havia dito. – Ela dava a impressão de que estávamos bem. Ela ficava meio estranha às vezes, quieta demais, mas pra mim, isso é uma coisa que acontece com qualquer um, sabem? E aí em um domingo, que já é um dia de bosta, ela chega e me diz que quer terminar tudo depois de anos? – Danny balançou a cabeça em sinal de reprovação. – Isso deveria entrar na minha cabeça? – Ele bateu um dedo indicador contra uma têmpora. –Porque não entrou até agora, eu não consigo me conformar, merda!
- É compreensível que você não se conforme, Tom. A gente conhece a Giovanna e tá sendo estranho até pra gente, acredite – Danny o confortou, colocando a mão sobre um ombro dele. – Mas quem é o cara?
- Um tal de Aaron, eu não sei, nunca o vi – Tom respondeu abafadamente, com as mãos sobre o rosto.
- E o que ele faz? – Dougie perguntou.
- Ele é jornalista. – Dougie fez um som com a boca, em desaprovação. – E escreve também, é escritor.
- Há-há-há, acorda, Giovanaaaa! – Danny debochou, risonho. – Ela te trocou por um jornalista banana e você está mais desolado do que toda a nação da Inglaterra quando a princesa Diana morreu, Tom...
- É claro que está, Danny, eles ficaram juntos por um tempo que você jamais ficou com alguém – Dougie retrucou, interrompendo o amigo.
Danny era mesmo um ótimo conselheiro. Se pagassem por seus conselhos, ele iria ter mil processos na justiça por incompetência.
- Olha, Tom, você vai superá-la, eu tenho certeza – Danny continuou, ignorando Dougie. – Eu quero dizer, você é Tom Fletcher, e há um monte de metidinhas a Srtas. Fletcher espalhadas pelo planeta inteiro. A gente vai até a Groelândia, se for preciso, pra você superar a Gio.
Groelândia, quase lá no fim do mundo? Só se fosse para se exilarem!
- Eu não sei se consigo, Danny.
- É claro que consegue. Tom Fletcher consegue tudo – Dougie o assegurou, e os três sorriram.
Tom não precisava agradecê-los com palavras por serem conselheiros estupidamente babacas. O seu olhar já dizia tudo, e os outros dois o compreendiam perfeitamente.
Danny, de repente, viu algo na tela da televisão e se levantou, gritando:
- GOOOOOOL! GOL! CACETE, NEM ACREDITO!
Ele começou a pular e dar socos no ar, enquanto via os jogadores comemorando, a torcida vibrando e logo depois o lance sendo repetido. Finalmente, Bolton havia empatado.
Tom e Dougie estavam o olhando fixamente quando ele se aquietou e se virou para eles. Danny: inqualificavelmente inoportuno, os outros dois pensavam, enquanto ele dava um sorrisinho sem-vergonha.
- Desculpem-me, caras, mas não podia deixar isso passar, vocês entendem – ele respondeu aos olhares dos dois, enquanto voltava a se sentar ao lado deles. – Onde nós estávamos mesmo?

*~*

- Ah, , deve ter alguma! – Danny falava baixo ao telefone.
Danny, Dougie e Tom haviam ficado o resto da tarde vendo porcarias na televisão e até houve tentativas de animar Tom assistindo o primeiro e o segundo ‘De Volta Para o Futuro’ em meio a ligações chorosas que ele resolvera fazer para a mãe e alguns outros amigos. Ele até se distraía e dava algumas risadas ocasionalmente, mas não passava disso, e elas não eram iguais às reais, mesmo com todas as besteiras que os outros dois diziam ou a cena mais legal dos filmes. Ainda podia-se ver a tristeza e a amargura em seus olhos.
Agora Tom estava adormecido em um quarto ao lado do de Danny enquanto ele tentava planejar uma festa surpresa às pressas. Tudo bem que os planos até algumas horas atrás eram só sair, beber e badalar ao lado das namoradas, mas as coisas tinham saído totalmente dos trilhos porque, bem, Thomas não tinha mais uma namorada e, conhecendo-o como conhecia, Danny sabia que ele não teria ânimo suficiente para cair na noite. E mesmo se o arrastassem, a mente dele continuaria repetindo incessantemente a palavra ‘Giovanna’. Então, já que o nome dela continuaria ecoando na cabeça dele por tempo indeterminado, Danny resolvera preparar alguma coisa mais particular.
- Eu não sei, sweetie – , a namorada de Danny, dizia para ele do outro lado da linha. – Eu vou jogar a real, você não acha que é muito cedo? Eu quero dizer, ela arrasou com o coitado hoje, ele não vai querer pensar em garotas por um bom tempo.
- Tudo bem, , mas nós temos que começar a agir o mais breve possível. Garotos sempre pensam em garotas. Não significa que alguma coisa obrigatoriamente irá rolar se você levar uma amiga sua. É mais pra ele não se sentir completamente sozinho e segurando vela enquanto nós estaremos com o resto de vocês – ele esclareceu,enquanto roía as unhas.
Eles permaneceram em silêncio por alguns segundos enquanto ela pensava, até ceder:
- Vão ter outras pessoas lá, Danny, ele não precisará de uma garota!
- !
- Tudo bem, Dannie, o que é que eu não faço para o bem da humanidade? – A voz dela era debochada.
- Você quis dizer “o que você não faz por mim” – ele a corrigiu, convencido.
- Bobinho. – Ela riu. – Estou fazendo isso pelo Tom. E eu já sei quem vou levar, acho que ele não a conhece, pelo menos. Mas você sabe quem é.
- E quem é? – ele indagou curiosamente.
- Não digo e não digo. Mas você só vai ter que esperar um pouquinho pra ver, agora sossega o facho que vai dar tudo certo – o tranqüilizou.
"Isso porque ela estava relutando em levar a menina até agora...", ele pensou.
- Okay, eu vou. E não se esqueça de procurar as lanternas em Chinatown – Danny a lembrou, deitando metade do corpo na cama.
- Eu não vou. Chego lá às onze amanhã e, por favor, Daniel Jones, não vá estragar tudo com esse seu tato extremamente apurado para as coisas.
- Não encha o saco, – Danny resmungou entre uma risada. – Vou desligar agora, tenho que telefonar para o Harry. Eu te amo.
- Eu também, um beijo – ela respondeu e Danny desligou.
Ainda tinha que ligar para Harry e descobrir um jeito de levar Tom para Bolton em plena segunda-feira sem que ele desconfiasse de nada.
Ele provavelmente não iria. Estava atormentado demais para pensar em qualquer outra coisa que não fossem cachos e olhos castanhos.


Capítulo 3

- Tom, pelo amor de Deus, segura o Tyler! – Giovanna berrava, enquanto terminava de passar o rímel em frente a um espelho iluminado.
Uma criança loira de olhos castanhos corria e pulava pela casa só de cueca, e Tom corria atrás dela, quase tropeçando em um monte de brinquedos espalhados pela casa. Aquilo parecia a FAO Schwarz em seu próprio lar. Nunca havia visto tanto brinquedo dentro de uma casa e sentia que era ele quem provavelmente teria que dar um jeito naquela bagunça em breve.
- Ele não vai cair, nós estamos brincando, amor! – Tom repreendeu Giovanna, enquanto finalmente alcançava a criança, que provavelmente era Tyler, e a pegava no colo enquanto ela gargalhava sem parar. – Agora chega,mocinho.
- Porque você tem que ir à escola agora – Tom explicou, enquanto subia as escadas com o menino, que devia ter uns cinco anos.
Os dentes dele eram incrivelmente parecidos com os de Giovanna e a cor do cabelo era de Tom, mas ele era um pouco cacheado. Os olhos castanhos tinham cílios assustadoramente longos.
Tom o sentou em uma cama pequenina e começou a procurar alguma coisa em um armário verde-limão claro. Tirou de lá um mini-paletó azul marinho com um emblema, uma gravata listrada do mesmo azul e cinza, uma camisa branca e uma calça social da mesma cor do paletó. Ele estava, provavelmente, segurando um uniforme escolar. Que provavelmente era de Tyler. Que provavelmente era... Não, não era.
- Mas eu não quero ir pra escola, papai!
Era.
- Mas você não tem que querer ir, você tem que ir e pronto – Tom ordenou, enquanto tentava vestir a camisa no garoto, que relutava em deixar cruzando os braços. E cada vez que Tom os descruzava, Tyler os cruzava de novo.
- Tyler, dá pra obedecer o papai só uma vez? – Tom pediu, em uma tonalidade quase suplicante. "Papai", por que aquilo soava tão estranho?
- Não – o menino respondeu e desceu da cama pelo outro lado, correndo em direção à porta do quarto, mas não passou dela, porque Giovanna logo o segurou.
- Você não vai a lugar algum, Tyler – ela o reprimiu. – Venha, eu vou te vestir.
Ela foi o levando de volta para a mesma cama, enquanto ele começava a gritar.
- Não seja mimado, Tyler! – Tom gritou, nervoso. – Fica quieto!
Tyler só berrava cada vez mais alto.
- Desse jeito, vamos ter que chamar a Supernanny - Tom balbuciou para si mesmo.
- Tom, meu teste é daqui a vinte minutos, vá se arrumar logo, eu estou atrasada e nós temos que praticamente atravessar a cidade! – Giovanna berrou, tentando ser ouvida por cima dos gritos do filho. – Deixe o Tyler comigo, eu vou dar um jeito nele.
mesmo seu filho? Porque ele realmente não sabia lidar com crianças mimadas e, se Tyler era mimado, parte da culpa tinha que ser dele... Bem,tomaria alguma providências sobre isso depois.
Quando ele finalmente conseguiu se trocar, desceu as escadas apressado, segurando um terno e arrumando a gravata. Giovanna estava enfiando um suco goela abaixo. Um calendário atrás dela marcava dia 20 de abril, sexta-feira, mas por algum motivo, ele não conseguia enxergar o ano que devia ter sido a primeira coisa visível. Então percebeu que o calendário não tinha ano; estranho. Tyler, finalmente vestido, pulava em frente à televisão com o Barney e sua voz insuportavelmente boboca. Aquele dinossauro parecia um retardado mental quando falava.
O que diabos era tudo aquilo?
-Vamos logo! – Tom falou, e Giovanna pousou o copo sobre um balcão no centro da cozinha, Ele correu até Tyler e desligou a TV, ao mesmo tempo en que o pegava pela mão.
Os três saíram e foram em direção ao MINI Cooper S estacionado em frente à enorme casa, que devia ser dele, conseqüentemente. Bom, pelo menos seu carro era o mesmo. Ele apertou o botão que estava com um dispositivo junto às chaves, enquanto as tirava do bolso, e as portas se abriram,fazendo um barulhinho. Antes de entrarem no carro, uma garota de cabelos castanhos e lisos na altura dos ombros, que ele nunca havia visto na vida, passou no meio da rua e os cumprimentou com um “bom dia”, que os três educadamente retribuíram.
E então, quando Giovanna estava terminando de colocar Tyler na cadeirinha no banco de trás, Tom colocou as chaves na ignição e, ao pôr a mão esquerda sobre o volante, viu uma aliança dourada brilhar em seu anelar.
Okay, aquilo havia chegado ao ápice. As coisas não se materializavam na vida das pessoas daquela maneira. Ele não era casado, não tinha um filho extremamente mimado chamado Tyler e que diabos ele estava fazendo de terno e gravata em uma sexta-feira de manhã? Ele tinha uma banda e eventos sociais não aconteciam naquele dia da semana e naquele horário.
De repente, ele sentiu seu corpo bater contra alguma coisa extremamente dura e uma dor aguda começou a se espalhar por suas costas. Estava ficando insuportável, ele queria gritar.
Então ele pôde abrir os olhos e tudo que viu foi o escuro. Apalpou o que estava sob suas mãos. Era o chão. Ele havia tido um sonho – ou um pesadelo, o que quer que aquilo tenha sido – e caíra da cama.
- Merda – ele murmurou, enquanto se levantava tortuosamente, com uma mão nas costas.
Ele abriu a porta da sacada e saiu para tomar um ar. Talvez ele pegasse uma gripe por aquilo, mas não se importava, tinha que sentir que a vida verdadeira dele era ainda aquela para qual ele despertara.
Depois de alguns minutos do lado de fora naquele tempo congelante, foi até o banheiro e lavou o rosto com água fria. Consultou seu relógio de pulso, que tinha esquecido de tirar e agora o apertava. Eram quatro e meia da manhã.
Ele fitou os próprios olhos no espelho a sua frente. Aquele sonho talvez fora tudo o que ele planejou um dia viver ao lado de Giovanna, tirando o filho mimado, é claro. Se fosse para ter uma criança, que ele conseguisse ensiná-la a se comportar. Mas agora ela não era mais dele, não havia mais Giovanna alguma.
Aquela história de término de namoro estava mexendo com ele mais do que ele jamais imaginou um dia.

*~*

Quando Danny acordou no dia seguinte e passou pelo corredor em direção às escadas, a porta do quarto em que Tom havia se deitado estava entreaberta e ele parou para olhar pela fresta,mas o amigo não estava lá e a cama estava desfeita. Será que ele havia voltado para sua casa?
Dougie, que morava com ele, por um milagre, já havia saído de casa para providenciar algumas coisas e zarpar para Bolton com Harry.
Na cozinha, Danny pegou um pacote de cookies de chocolate do armário, uma caixa de leite da geladeira e foi para fora de casa só de boxers short azul-xadrez, para ver se Tom não estava pelas redondezas. Tudo bem que o dia estava ensolarado, mas a Inglaterra era fria, e os ingleses não estavam acostumados a ver pessoas saindo de cueca para fora de casa. Bem, as inglesas também não, mas elas com certeza não resmungariam um “ah” ao vê-lo seminu. Danny Jones era sempre something else.
Uma vizinha esbelta passou de bicicleta e acenou para ele, que acenou de volta. Ela era bonita e tinha uns peitões legais e tudo mais, ele tinha que admitir. Ele amava ,mas ambos concordavam que olhar nunca seria um pecado. Pelo menos, era o que ele achava, nunca havia perguntado a ela, na verdade...
Tom não estava sentado na calçada, perto do canteiro de flores, nem em lugar algum à vista na rua, então Danny, na sua suposição de que Tom havia voltado para sua própria casa, resolveu bater na porta dele e atormentá-lo um pouco.
Isto até a Sra. Madlock, uma vizinha idosa e puritana que morava a algumas quadras a frente, virar a esquina, segurando seu cachorro pequeno cinza e horroroso, que tinha a mesma cara dela. Por que diabos os cachorros começavam a ter a cara parecida com a do dono conforme o tempo passava? Com certeza, alguns dos pobrezinhos não mereciam isso, e o da Sra. Madlock era um deles, porque a velha já era o verdadeiro cão. De feia e de chata.
Ao vê-la, Danny deu meia volta para entrar em casa, mas a voz da recepcionista da arca de Noé atingiu seus ouvidos junto com sua respectiva dona antes mesmo que ele pudesse colocar o pé no degrau em frente à entrada. Que merda, ele já havia tido problemas demais com aquela velha antes para continuar a suportando.
- Mas que diabos o rapazinho acha que isto aqui é? Um prostíbulo? Uma casa de nudez? – ela começou a reclamar indignada, e Danny parou no meio do caminho, comprimindo os lábios, e se virou para a senhora vagarosamente. – Isto é um condomínio residencial, seu moleque! Onde já se viu, sair com roupas de baixo a essa hora da manhã, no meio da rua! Nós estamos na Inglaterra, isto não é o Caribe! E se alguma criança passa por aqui--
- Sra. Madlock – Danny a interrompeu. – Eu tenho plena consciência de que nasci e estou na Inglaterra e já fui informado de que este condomínio residencial era um condomínio residencial quando me mudei pra cá, obviamente. E, com certeza, alguma dessas crianças que poderiam passar por aqui já devem ter visto alguém de cueca, porque nós moramos na Europa, mas eu não posso afirmar que a senhora –Danny apontou para ela, com uma das mãos ocupadas – já tenha visto alguém de cueca, muito menos sem.
O rosto da velha se contorceu em incredulidade e ela se boquiabriu.
- Sua mãe não lhe ensinou a respeitar os mais velhos? – Ah, sim, sua mãe havia o ensinado muito bem, mas ele não era de ferro e também merecia respeito. Respeito à sua paciência com ela. – Seu menino sem pudor, sem modos, você precisa encontrar Deus e sair dessa sua banda satânica, é disso que precisa!
Ele não pôde evitar começar a rir. Se ela achava que a banda dele era satânica, se eles tocassem Heavy Metal, Danny seria o capeta encarnado, o que, no caso, apesar de pregar Deus a tudo e a todos, era ela.
Danny começou a bancar o surdo e voltou a caminhar, enquanto a velha recalcada ainda despejava baldes de injúrias sobre sua cabeça. Ele entrou em casa, se perguntando por que diabos merecia uma mulher daquelas dividindo o mesmo território que ele e por que tinha que encontrá-la mais vezes do que gostaria.
- ...Vou te denunciar para o síndico e--
- Vá bater uma, Sra. Madlock! E atormente a vida de outro! – ele berrou e bateu a porta fortemente.
Então, repentinamente, ele começou a achar que havia exagerado. A velha podia mandar a polícia atrás dele naquele instante, ligar para imprensa ou qualquer coisa do tipo, que, conseqüentemente, causaria um escândalo e todo mundo iria querer matá-lo depois.
Mas espera aí, ela sabia usar o telefone? Ela tinha uma televisão no antiquário dela? Bom, aquilo ele não sabia.
Não, nada disso ia acontecer. Ele não queria que acontecesse, então ele mandaria esta mensagem para o universo, que o obedeceria e ele não teria problemas.
Ou não, porque essas coisas na maioria das vezes não funcionavam.
Ele voltou a abrir a porta, ainda com a caixa de leite na mão, para pedir desculpas à Sra. Madlock, mas ela já havia sumido de vista, e tudo que Danny avistou foi Tom caminhando em sua direção, mais sorridente em comparação ao dia anterior.
- A Sra. Madlock estava soltando injúrias pela rua afora – Tom disse, adentrando a casa. – Estava dizendo algo sobre processar alguém por desrespeito ao idoso. Aposto que foi você.
Danny não disse nada.
- Quem cala consente – Tom advertiu. – Foi você, não foi? – Danny assentiu, com um sorrisinho sacana, e o amigo voltou a rir. – Você não tem um pingo de vergonha nessa sua cara? Eu quero só ver o que a velha vai fazer. O que você disse pra ela?
- Você não gostaria de saber – Danny respondeu, um tanto consternado, e Tom só arqueou uma sobrancelha, meneando a cabeça negativamente.
- Mas que milagre, você bebendo leite. – Danny sorriu e pousou o pacote de cookies no balcão da cozinha. – Está parecendo um idiota com esse bigode.
- Se você quiser, a gente pode começar a sessão Corona, Heineken, Foster's ou o que for agora – falou Danny, limpando o bigode de leite sobre o lábio.
- Cale a boca, Danny, são onze e meia da manhã. Nós não somos tão bêbados a ponto de beber a essa hora.
- Não? Bem, se você não é...
Tom riu e deu um tapa na cabeça do amigo.
- Ai, pô!


Capítulo 4

- Por que estamos indo pra Bolton? – Tom perguntou, enquanto Danny dirigia.
- Por que você não pára de fazer perguntas? – Danny retrucou, descendo e subindo as sobrancelhas rapidamente.
- Porque hoje é meu aniversário, – o outro justificou – e eu quero saber o que estamos indo fazer em Bolton enquanto os outros estão prontos para comemorar em Londres.
Tom apoiou os pés no painel do carro, sobre o porta-luvas, enquanto esperava a resposta de Danny. Ops, então ele ainda tinha planos de comemoração em Londres?
- Tudo bem, então, eu te conto – Danny começou, fingindo ceder. – Nós estamos indo pescar em Bolton.
- Pescar – Tom repetiu. – Pescar?! A essa hora? E quem foi que disse que eu gosto de pescar? E desde quando você gosta de pescar?
- Ah, Fletcher, eu gosto de pescar, sim, desde criança. – Tom franziu o cenho. – E era uma surpresinha de aniversário, mas você a estragou... Além do mais, você tinha algo melhor pra fazer?
- Na verdade... tinha, sim – ele retorquiu, enfrentando o amigo.
- Ah, é? E o que era que você ia fazer? – Danny o atiçou ainda mais, mas Tom só o mandou calar a boca e virou-se para a janela, contrariado. Ele tinha falado sobre os planos de Londres, mas nem ele tinha mais tanta certeza sobre eles assim.
Ele não sabia por qual grande motivo nenhum dos seus melhores amigos havia telefonado ou até mesmo aparecido para lhe dar os parabéns, além de Danny. Eles deviam ter mesmo algum compromisso importantíssimo, do qual ele milagrosamente não sabia, para fazerem aquilo, porque era a primeira vez, mas mesmo assim ele havia ficado putíssimo. Que tipo de amigos faziam isso? Imbecis.
Tom adormeceu em poucos minutos, observando o sol se pôr pelo vidro, pensando no quão proveitoso havia sido aquele aniversário. O dia estava acabando, ele não havia feito nada, não sabia por que não havia feito nada. Na verdade, ele sabia, estava depressivo demais por causa do dia anterior para fazer algo; e estava indo pescar em Bolton. Grande bosta. Grande e fedida.
- Acorda, Zé Mane – Danny berrou, sacudindo Tom, que despertou com o rosto inchado, fazendo-o rir.
- Seu panaca, como se nunca tivesse me visto acordar – Tom o xingou. – Você ri de qualquer coisa, por Deus!
Quando desceram do carro, Tom estranhou o lugar onde estavam, justamente porque não lhe era estranho e ele queria saber por que estavam ali, na casa de Danny. Eles não iam para o lago de pesca ou qualquer coisa que fosse, diretamente?
- O que nós estamos fazendo aqui, Jones? – ele perguntou, gesticulando com as mãos. A irritação estava começando a subir à sua cabeça, fervilhando.
- Eu preciso pegar o equipamento de pesca – o outro inventou, prendendo o riso.
- Que equipamento? Danny, pelo amor de Deus, são quase oito da noite! Você tem merda na cabeça? – Tom começou a protestar, ficando vermelho.
Danny queria desabar de rir, por isso, virou-se de costas.
- É meu equipamento especial, de estimação, Tom, que eu tenho, han... desde os oito anos!
- Equipamento de estimação? Eu não vou pescar a essa hora! Por que a casa está fechada? – ele começou a interrogar, quando viu Danny pegando as chaves. – Onde está sua mãe? O que nós estamos fazendo na sua casa, afinal? Você está arruinando meu aniversário, porra!
- Acredite, Tom, eu estou animando seu aniversário – Danny disse, enquanto girava as chaves na porta da entrada frontal da casa.
- Animando? – Tom foi até onde ele estava. – Estão todos em Londres e eu não sei o porquê, mas você me trouxe pra pescar em Bolton e você está animando meu aniversário? Vá se foder, Danny!
- Sinceramente, Tom? – Danny dizia, enquanto abria a porta e entrava em casa, com Tom o seguindo. – Ou você está fingindo ou você nunca foi tão burro.
Ao dizer a última palavra, Danny pressionou um interruptor interno, ao lado da porta, acendendo uma luz, e todas as pessoas que Tom havia esperado ver o dia todo apareceram diante dele de uma só vez, como mágica, todos com perucas coloridamente malucas, gritando:
- SURPRESAA!
E após isso, todos caíram na gargalhada, e começou uma gritaria misturada com assovios.
- O quê? – Tom indagou,incrédulo. Estava surpreso de verdade, porque, por mais incrível que parecesse, ele não havia desconfiado de nada por um minuto sequer. –Seu bando de golpistas, eu vou acabar com todos vocês, vou acabar! Argh!
- Esse é o seu bolo. – Vicky, a irmã de Danny, que estava com uma peruca pink, caminhou até Tom, carregando um bolo de chocolate com velas agora acesas formando o número 25 sobre ele. – Agora assopre isso aqui e vamos curtir a noite, tem uma fogueira enorme nos esperando lá atrás.
Tom fez o que Vicky tinha pedido e, em seguida, Matt Willis disse que eles não podiam começar a agitar antes que Tom fizesse um discurso. Então Tom foi até uma mesa, ficou em pé sobre a mesma e começou a falar:
- Eu pensei que alguma coisa no universo estava querendo realmente me ferrar – Tom começou, em um tom falsamente filosófico. – Minha namorada me largou ontem, – Algumas pessoas fizeram cara de surpresa – nenhum amigo meu tinha aparecido no meu aniversário e o Danny queria me trazer para pescar em Bolton, – olhou para o namorado fazendo uma cara de desaprovação e murmurou ‘você podia ter inventado algo melhor!’, mas ele deu de ombros – no dia do meu aniversário. Eu tenho que confessar que estava quase dando uma na cara dele, mas agora vejo que era tudo uma babaquice em que, não me perguntem como, eu, a pessoa mais esperta do mundo, caí. – Todos riram. – Vocês são todos um bando de otários, mas eu amo vocês do mesmo jeito... E é isso.
O pessoal voltou a gritar e quando Tom desceu da mesa, recebeu um abraço em grupo e todos giraram em volta dele, deixando-o completamente amassado e vermelho.
- Parabéns, bro! Eu amo você. – Carrie, irmã de Tom, que estava com uma peruca amarela, o abraçou e lhe deu um beijo na bochecha. – A gente conversa mais tarde.
- Obrigada, Carrie, eu amo você também – Tom agradeceu, retribuindo o abraço com todo o carinho que pôde externar nele.
Depois de ser cumprimentado por Jazzie, Vicky, Dougie, Harry, Matt, James Bourne e Charlie Simpson e suas namoradas, individualmente, , que estava com uma peruca roxa de cabelos até o colo, foi até ele, segurando a mão de uma outra garota que Tom não conhecia, mas não lhe era estranha. Ela estava com uma peruca chanel azul-turquesa. De onde diabos aquela garota era? Uma vaga lembrança dela o atingiu de repente. Ele já tinha a visto em algum lugar, há pouquíssimo tempo. Por que não conseguia se lembrar?
- Parabéééns, Tom! – o abraçou, visivelmente animada. – Muitos anos de vida ao nosso lado e, bom, todo aquele blábláblá de aniversário! E, a propósito, essa é a sua peruca. – Ele pegou uma peruca verde limão da mão dela e sorriu.
Ela puxou a amiga um pouco mais para o seu lado e a apresentou a ele:
- Essa aqui é uma das minhas melhores amigas, . Mas, bom, chame-a do que quiser, sem formalidades. – sorriu. – Bom, agora que estão apresentados, vou atrás do Dannie. Vocês sabem como ele é quando bebe, precisa de cuidados.
Ela deu uma piscadela e saiu de perto dos outros dois, deixando-os um pouco sem graça, olhando um para cara do outro.
- E aí? – Tom tentou iniciar uma conversa. – Como vai?
Ele ainda estava tentando decifrar de onde conhecia o rosto dela. Talvez ela só se parecesse muito com alguém que ele conhecia, mas quem?
- Eu vou bem – respondeu, forçando um pouco um sorriso. Ela estava um tanto corada. – Han... Acho que vou me juntar ao pessoal que tá lá fora – ela anunciou e bebeu um gole de alguma bebida feita por Vicky, que estava dando uma de barwoman na cozinha.
- Vá em frente – Tom concordou, retribuindo o sorriso e fazendo um gesto para que ela seguisse seu caminho.
A decoração da festa era simples, mas bem criativa e colorida. Havia balões grudados no teto, misturados com várias estrelas de várias cores, em vários níveis, que estavam presas no teto por fitas de cetim.
Ao olhar para uma parede do lado oposto, ele viu uma espécie de banner pendurado, que trazia uma foto do rosto dele no corpo de Alice, personagem dos contos de fada, ao lado do Chapeleiro Maluco e da Lebre de Março. Acima deles estava escrito: ''Thomas in Wonderland'', uma possível alusão ao segundo CD do McFly.
- Mas que porcaria é essa? – Tom perguntou, caminhando até Danny, que estava agora com uma peruca laranja ( era quem tinha escolhido para zoar com a cara dele, provavelmente porque sabia que ele escondia sua 'ruivice' para o mundo), ao lado de Dougie, James e Harry.
- Aaah, você gostou? – Dougie perguntou, visivelmente debochando da cara de Tom ao imitar uma voz de gay, com a língua presa. – Foi um presentinho extra que resolvemos fazer, sabe, amica!
- Vocês não são desse planeta. – Tom riu, curvando a cabeça para o lado e movendo-a negativamente.
- Não mesmo, somos aliens disfarçados e viemos te raptar! – James brincou sorridente. O resto da noite seguiu regado a bebidas, no quintal gramado detrás da casa, iluminado por lanternas de papel penduradas como se fossem um varal, uma fogueira imensa no meio e um luau em volta dela. era a mais animada e a que, depois de algumas bebidinhas, gritava algumas partes de algumas músicas. Ela não parava de beijar Danny quando ele terminava de cantar alguma parte predileta dela, e isso queria dizer quase todas de quase todas as músicas, o que fazia o resto das pessoas reclamar enquanto ela repetia: “isso tudo é inveja, eu sei que é, vocês não podem beijar a boca dele!” e voltava a beijar Danny em algum lugar.
Quando as chamas da fogueira haviam diminuído e a maioria dos rapazes e algumas garotas já estavam para lá de Bagdá, rindo demais, ou se amassando demais, , que estava sobre Danny na grama, se levantou e o puxou junto pela mão, guiando-o para dentro da casa.
- Não esperem por nós swetieees! – ela gritou, e Vicky berrou um “uhul” bem animado em frente a fogueira, enquanto Jazzie os olhava de esguelha e Tom arranhava qualquer som no violão.
- Mas eu não zou bom de cama, nãão! – Danny zombava de si mesmo, trêbado e segurando uma garrafa de Heineken.
- Cala a boca e vamos subir logo, Jones - disse, empurrando o namorado para dentro da casa, enquanto Harry se separava da namorada e imitava um rugido de tigre para ela, que desabou a rir e sumiu da vista de todos no quintal, com Danny, ainda se curvando e rindo de Harry.
- Acho que você pode sobreviver sem ele, Tom – , a garota da peruca azul-turquesa, deduziu.
- É, acho que sim. – Ele riu e seu olhar se demorou um pouco mais no dela. – Okay, vou tocar ‘Star Girl’. Vocês, garotas, – ele apontou para Jazzie, Victoria e – fazem o ‘uuuuh’, okay? – Elas assentiram. – Dougie e Harry estão com as bocas ocupadas demais para isso.
- Eu ouvi isso! – Dougie gritou de outro canto do quintal e Tom fez uma careta para ele, que não viu.
Ele não conseguia parar de olhar para enquanto cantava e não pararia de olhá-la até descobrir de onde ela era ou com quem ela se parecia.
Quando ele parou de tocar, as meninas já estavam conversando em rodinha e rindo de qualquer baboseira que fosse dita, porque o álcool já fazia efeito em suas veias.
Ele era o aniversariante, mas parecia que, naquele momento, as atenções ali eram outras. Atravessou a casa e saiu, indo até a calçada e sentando-se sobre ela. Estava frio e seu relógio marcava cinco e meia da manhã. Abraçou os joelhos e, ao olhar a lua e algumas estrelas ainda visíveis, o pensamento que ele menos queria ter invadiu sua mente, pegando-o de supetão. Era o primeiro aniversário sem os beijos dela, sem os braços dela, sem o calor dela.
Ele estava começando a chutar quanto tempo precisaria para esquecê-la de vez, de um jeito que não fosse enganar a si mesmo, dizendo que tudo era passado quando não passava de presente. Quanto tempo ele suportaria? E se ela se arrependesse e voltasse, ele a aceitaria de volta? Parecia que não iria encontrar resposta alguma naquela noite.
- Hey – uma voz soou vindo de trás de si e, quando olhou, Tom viu indo até ele, com alguns fios da peruca um pouco bagunçados.
- Hey – ele respondeu com um aceno, não muito animado.
- O que você tá fazendo aqui sozinho? Quero dizer, a festa é pra você, acho que você devia estar lá dentro agora – ela disse, sentando-se ao lado dele na calçada.
- Acho que todo mundo está ocupado demais lá dentro. – Ele olhou para ela.
- É, bom, fiquei com dó de você e vim até aqui te fazer companhia. – Ela sorriu e ele sorriu junto. – Tudo bem, na verdade, eu nem sabia que você tava aqui. Você tá bem?
- Já estive melhor, , acredite – Tom respondeu, voltando a olhar o céu, apoiando as mãos no chão, atrás de si.
- Pode me chamar de , se quiser. Como a disse, sem formalidades – ela lembrou. – Eu pensei que as pessoas ficavam felizes em seus aniversários. Eu, pelo menos, fico no meu, sabe. – Ele voltou a rir.
- Bem, eu fico feliz. De verdade. Eu adorei tudo o que fizeram pra mim hoje, essa festa um tanto privada e tal, mas alguns fatos recentes me machucaram muito e não saem da minha cabeça.
- Sou toda ouvidos se você quiser compartilhar com mais alguém – ela se ofereceu, mesmo já sabendo o que o afligia, de certo modo.
Tom não soube por que, mas resolveu confiar nela, como se algo o empurrasse para aquilo. Ela não havia oferecido perigo algum até então e parecia bem simpática. Ele contou sobre ele e Giovanna desde o começo da relação e ela o ouviu pacientemente, fazendo alguns comentários, sorrindo e soltando algumas exclamações no desfecho da história.
- Caramba. Bom, eu acho que ela poderia pelo menos ter esperado! – opinou. – Hoje é seu aniversário, poxa vida.
- Nem sempre tudo sai como a gente planeja – Tom filosofou. - Sempre acontece de uma maneira melhor, pior ou simplesmente não acontece. E, bem, eu não tive muita sorte, parece.
- Sabe, Tom, essas coisas são mesmo difíceis – ela começou a analisar. – Quando a gente se envolve muito com alguém, a gente acha que vai ser pra sempre. Ainda mais se a gente passa tantos anos ao lado desse alguém quanto você passou ao lado da Giovanna. – Ela fez uma pausa. – A gente acaba achando que vai morrer se tudo acabar e que não sobreviveremos sem aquela determinada pessoa. Mas no final, é tudo uma baboseira, – Ela apontou para si mesma – experiência própria.
Eles ficaram em silêncio por um momento, ouvindo somente o que restava do típico barulho noturno de grilos que começava a se misturar com o de alguns poucos passarinhos.
- Dói, não dói? – Ela quebrou o silêncio, e Tom somente assentiu. – Mas você continua vivo. É aí que está o segredo. Você está mais vivo do que pensa que está, mas a parte dela talvez esteja apodrecendo dentro de você agora e por isso dói esse tanto. E está apodrecendo só porque não acabou do jeito que você sonhou. Talvez quando você superar, não pareça tão podre assim.
Tom virou o rosto para encará-la. Ela era mais bonita do que ele havia reparado antes e aquele cabelo azul dava um toque divertido no ar pensativo que ela tinha naquele momento.
- O tal do ‘para sempre’ é uma coisa relativa, entende? – ela continuou, olhando para o outro lado. – Você não vai ter a Giovanna pra sempre nos seus braços, mas ela vai estar sempre marcada na sua história, nas suas lembranças, por mais que você queira apagá-la. Esse método de “vou esquecer você, vou esquecer agora” não funciona muito bem em alguns casos.
Ele não sabia ao certo se aquela história estava lhe fazendo bem ou mal, mas ele estava gostando, o que era confuso. Não é todo dia que uma desconhecida que parece conhecida aparece na sua vida e começa a fazer filosofias sobre seu último relacionamento amoroso. Era um tanto engraçado, mas era anormalmente reconfortante. E parecia estar lhe dando todas as respostas que ele gostaria de ter.
- Pode parecer cafona. – recomeçou. –Okay, eu sei que vai soar cafona, mas o amor é como uma fênix. Quando você termina tudo com alguém que ama muito, acha que nunca mais vai ser capaz de amar outro alguém com a mesma eloqüência. Até outra pessoa aparecer e seu amor tipo renascer das cinzas, ainda mais intenso. Acho que é por isso que nunca devemos nos impedir de nos apaixonar, de amar. Temos que entrar de cabeça, porque nós temos tempo. Se der certo, bem, se não der, fazer o quê? O amor é mesmo um jogo e, por mais que a gente saia estraçalhado dele, é a coisa mais gostosa que já foi inventada.
Agora ela havia o impressionado. Aquelas palavras pareciam recém-saídas de um livro antiquado, mas ela as dizia com uma naturalidade absurda, o que as tornavam totalmente válidas.
- Alguém pagou pra você vir até mim dizer isso? – Tom perguntou, ainda espantado. – Porque isso parece tão... Eu não sei, tão de filme!
Ela o encarou.
- Eu por acaso tenho cara de atriz? Isso não foi ensaiado, saiu das profundezas da parte açucarada da minha alma! – Tom riu. Ela falava coisas compridas e cafonas como ele, em tom de deboche. – E você está estragando a cena, poxa!
- Ah, me desculpe! Eu sinto muito, realmente, das profundezas açucaradas da minha alma! – ele repetiu, fazendo-a rir.
Os dois dentes frontais dela eram detalhadamente tortinhos, o que o fez com que ele a achasse ainda mais bonita.
Eles permaneceram quietos, olhando um para o outro, sorrindo. Tom mediu o rosto dela de cima a baixo, mais uma vez, tentando resgatar a memória sobre ela, perdida no meio do caminho. Como assim, aquela estranha-nem (mais) tão estranha assim estava conseguindo fazer com que ele se sentisse tão bem?
- Você... realmente me impressionou com suas palavras, Shakespeare – ele brincou e ela voltou a rir.
- Dá pra você parar de me fazer rir? – Ele olhava para os lábios dela enquanto ela falava. – Eu não gosto muito de mostrar meus dentes, sabe?
- É mesmo? – Ela assentiu.
Alguma coisa começava a puxá-lo mais para perto dela, como se fosse um imã extremamente forte. Ele só conseguia olhá-la, vidrado. E quanto mais ele se aproximava, mais ela ruborizava, sem quebrar o contato visual, mordendo o lábio inferior.
- Porque eu os achei incríveis – Tom completou e a puxou delicadamente pelo queixo, para um beijo terno e com gosto do marshmallow que ela havia mordido antes de encontrá-lo. Ela correspondeu na mesma intensidade aquele beijo que parecia ter sido guardado para ele por um longo tempo e ela nem imaginava por qual motivo.
Ele deveria parar? Porque aquilo não era muito certo, Giovanna havia terminado com ele no dia anterior! Mas o que era certo, então? De repente, ele se lembrou de que ela havia beijado outro enquanto estava com ele e isso só fez com que tivesse mais vontade de beijar . Que se danasse a porcaria da Giovanna, pelo menos por algumas horas.
Ele tinha plena consciência de que ela ainda estaria em sua cabeça quando ele se despedisse de , mas que tudo isso se explodisse, ele não queria se importar naquele minuto. E nem nos outros seguintes.
Quando se separaram, ela sorriu, olhou para o céu, que estava mais claro, e disse:
- Bom dia!
E aí, de uma só vez, a lembrança dela o invadiu. Ela era a garota de cabelos castanhos que passara pela rua e cumprimentara Giovanna, ele e Tyler no seu sonho da noite passada. Mas como era possível?
- O que foi? – perguntou, ao ver a expressão assustada e ao mesmo tempo confusa dele.
- Eu acho que sonhei com você na noite passada – ele contou e ela torceu os lábios.
- Mas como? – ela indagou, atônita. – Nós nunca tínhamos nos visto até hoje. Bom, eu, pelo menos, nunca tinha te visto pessoalmente.
- Eu não sei – ele respondeu, coçando a cabeça. – Estou tão confuso quanto você, acredite.
- Tenho medo disso – ela disse, contorcendo o rosto em uma careta. – Mas tudo bem, esse é o tipo de coisa que ninguém descobriu como acontece ainda.
Os dois sorriram um para o outro. Será que o sonho tinha sido um tipo de sinal? Quem sabe ela não seria a garota que o faria esquecer Giovanna, ou talvez pelo menos pseudo-esquecê-la por enquanto, e amar intensamente de novo?
Como ela mesma havia dito, ele ainda tinha tempo, e não custava nada continuar provando do gosto dela para saber. E com o pensamento de que tudo voltaria a ficar bem cedo ou tarde, ele a puxou para mais um beijo, enquanto o sol incrivelmente dourado, com tons pálidos e quase invisíveis de laranja, iluminava cada vez mais o céu naquela nova manhã.


Fim

N/A: A primeira linha desta fic é padrão,porque ela quase participou de um desafio que pedia isso.Eu comecei a escrever a partir de: 'sentiu uma corrente de inspiração(...)'

Eu a dedico à Victoria,uma das minhas melhores amigas mais melhores amigas de todos os tempos há alguns anos,que é fervorosamente Fletcher e agradeço à Juh,uma das catiwas mais catiwas do Brésil(depois de mim,claro!Joking,sweetie),por me ajudar a scriptar pela primeira vez e por ser a pessoa tão maravilhosa que é,rindo das minhas piadas totally Jones,mesmo quando elas são uma merda completa.Eu amo vocês duas mais do que vocês conseguem saber.Ah,e dedico à você que a leu também,né?Espero que tenham gostado!

E ah,docinhos,comentem, p-o-r –f-a-v-o-r!Isso me faz muito feliz.Errinhos de script e etc,caixinha de erros aí abaixo,please,mais uma vez.E,caso queiram falar comigo por MSN,Orkut e derivados: little.anniearcher@yahoo.co.uk.Mandem uma mensagem nesse email e eu informo tudo pra vocês!

Uma ótimo ou um ótimo qualquer coisa pra você, quando terminar de ler isto.

Um beijo e obrigada,
Annie Archer.



Outras fics:
We're Gonna Have Our Time (Jones/Finalizada)
Nothing But Love (McFly/Em Andamento)

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