Eu estava de volta. As coisas pareciam estar exatamente como há quatro anos, parecia que eu nunca tinha ido para os Estados Unidos. Mas agora eu tinha 22 anos, o McFLY era famoso e as meninas tinham suas responsabilidades, assim como eu. Não éramos mais aqueles jovens insanos, que só queriam aproveitar a vida, beber até não poder mais e fazer coisas proibidas; que saíam as 22hrs e só voltam as 14hrs do dia seguinte; definitivamente, não éramos mais os mesmos. Porém, uma coisa não havia mudado: eu ainda era completamente apaixonada pelo melhor amigo. E agora, eu carregava uma enorme culpa por ter ido embora sem me despedir. Despedidas são tristes, eu não queria tornar as coisas ainda mais difíceis. Mas foi exatamente isso que eu fiz!
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Eles não sabiam que eu havia voltado, e isso me deixava um tanto quanto receosa. Como eles iriam me receber? Será que me desculpariam?
Resolvi que a primeira pessoa que eu procuraria seria , ela seria meu primeiro passo. Acho que a me entenderia melhor, ela sempre foi mais flexível, ela iria me entender, eu sei que iria.
Paguei o taxista e entrei, sem demoras, no enorme prédio da revista de Moda que agora trabalhava. Fui até a recepção, antes que perdesse a coragem, e após telefonar para o escritório da minha-amiga-chefe-geral-da-revista, a recepcionista informou que eu poderia subir. Apertei o número 23 indicado no painel do elevador, como haviam me indicado e aguardei. Acho que eu nunca quis ficar presa em um elevador, mas nesse momento, era tudo que eu mais queria!
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- ? É VOCÊ MESMO? – perguntou boquiaberta assim que abriu a porta de seu escritório e me viu parada ali. Em carne e osso, na maior cara de pau, depois de sumir por quatro anos sem explicações ou despedidas. Para minha não tão grande surpresa, tudo que ela fez foi me abraçar forte, como se pudesse matar as saudades daqueles quatro anos com um abraço de alguns segundos. Eu sabia que ela não bateria a porta na minha cara.
- Eu senti sua falta! – murmurei, sentindo uma lágrima quente escorrer pelo meu rosto.
- Eu também , eu também. – ela soltou um suspiro pesado, se desfazendo do abraço – Vamos tomar um café, assim nós conversamos melhor, ok?!
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- Por que você foi embora sem se despedir, ? Você sumiu, tipo assim, do nada! Você tem noção de como nós ficamos? – estávamos sentadas em uma das mesas da Starbucks, tomando cappuccino e comendo donnuts. Como nos velhos tempos!
- Eu só queria tornar as coisas mais fáceis e menos dolorosas, – era a verdade, mas não foi bem assim que aconteceu, e eu tinha plena consciência disso.
- Você sabe que não foi assim. Nem sempre a decisão mais fácil e menos dolorosa é a mais correta, . Você sabe como nós nos sentimos? Você sabe como o se sentiu? Você simplesmente deixou um bilhete:
“Desculpe por ir embora, talvez seja necessário. Espero que um dia você possa me entender.
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PS: Sou apaixonada por você desde a oitava série, sei que agora isso não muda nada, mas eu queria que você soubesse.”
- Você é louca ? Ele ficou muito mal.
- Desculpa , desculpa! Eu sei de tudo isso, eu sei que fui uma idiota. Eu realmente estou arrependida! Mas acho que agora isso não muda nada, não é? Ele nunca mais vai querer olhar na minha cara.
- Calma ! Você vai ter que conversar com ele, mas tenta entender o lado dele também, está bem? E olha, por outro lado, eu te entendo. A gente tem medo de sofrer, e tomamos decisões que julgamos serem as melhores, mas no fim acabam nos fazendo sofrer ainda mais. Aliás, odeio sua compulsividade.
Eu sabia que ela me entenderia. Não importa quanto tempo passe, seria sempre a mesma; sempre aquela melhor amiga que te entende e te aconselha independente do que você tenha feito.
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Próximo passo: e . Eu tinha o pressentimento de que fosse ser mais difícil, talvez estivesse enganada, nunca se sabe. Com elas, eu me sentia duplamente culpada: primeiro por ter ido embora sem dar satisfações; e segundo, por não ter cumprido os nossos planos de construir um restaurante juntas.
Eu estava feliz por elas terem levado a idéia a diante, mesmo sem mim. O restaurante era lindo. Love, Magic, Food. Era o nome que nós demos para o restaurante quando tínhamos 15 anos de idade, e era, realmente, o nome do restaurante. Tudo exatamente como nos planos, tudo. Veio-me uma vontade súbita de chorar, e então eu percebi que outra coisa também não havia mudado: eu continuava a mesma garota fraca, a mesma manteiga derretida de quatro anos atrás.
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Eu deveria estar brisando ali, na porta do restaurante, por pelo menos uns cinco minutos, quando vinha com uma bandeja na mão; que, por sinal, deixou cair assim que me viu. Só ouvi um barulho de pratos quebrando e depois alguém (vulgo, ) pulando em cima de mim e me dando aquele abraço que só nós sabíamos como era, o mesmo abraço de quatro anos atrás.
- , sua vadia! Como você pôde fazer isso com a gente? Você é uma vaca, eu te odeio! Juro que arrebentava tua cara se a saudade não fosse maior! – uma vez , SEMPRE !
- , que baru... – e então, ela também me viu. Acho que até estou gostando de deixar as pessoas sem reação. Ok, não está nada legal. – ! – continuava a mesma, mas agora estava ainda mais bonita. Ele correu e me abraçou. Eu senti saudades, de todos.
Depois de muitas broncas, abraços, conversas e fofocas, resolvi ir embora. Ainda faltava o último passo, o mais difícil.
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Entrei no estúdio sem pensar muito, antes que voltasse atrás. Assim que cheguei à sala de gravação, eu vi os meus quatro meninos: ainda tinha aquele sorriso gosto, que automaticamente te fazia sorrir junto; ainda tinha a imagem de irmão mais velho, que te acalmava e te fazia sentir-se segura só de olhar em seus olhos; ainda era o mesmo cara sexy, que vivia tentando colocar um pouco de juízo nas nossas cabeças; e , bem... Meu coração ainda disparava quando eu o via.
Algum deles deve ter notado minha presença, já que a música parou e eu pude ver três caras, com olhares radiantes, vindo me abraçar. Sim, eu disse TRÊS. não estava mais ali. Senti como se um caminhão estivesse passado em cima do meu coração, e o quebrado em mil pedaços.
Recebi bronca de , e , mas eu já esperava. Assim como as meninas, consegui segurar as lágrimas, mas não por muito tempo, já que disparei a chorar como um bebê, assim que eles me deram um abraço grupal e disseram que sentiram minha falta.
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Duas semanas haviam se passado e tudo estava como antes, exceto o fato de que não olhava mais na minha cara. Aquilo machucava demais, mas eu o respeitava e o entendia, por mais difícil que isso fosse, eu sabia que tinha errado. Mas eu não iria desistir, ele ainda me perdoaria.
- Estão lembrando que dia é hoje? – perguntou entusiasmado. Estávamos todos no estúdio, inclusive e uma ruiva peituda que ocupava o lugar da loira de ontem.
- 18 de dezembro, meu amor! – respondeu como se fosse óbvio. Aliás, acho que não mencionei, não é mesmo? e , e e e namoram. Eu sabia que eles se gostavam, desde sempre eu sabia que não éramos oito amigos, éramos quatro casais. Quer dizer, agora, não mais.
- 18 de dezembro, não estão lembrando-se da previsão? A neve chega hoje! 23hrs59min57seg. Vocês sabem que muito raramente a previsão falha. – disse também animado.
- E como todos os anos nós esperamos a tal amada neve de um jeito diferente...
- Este ano nós vamos esperar a chegada dela, dentro de uma das cabines da London Eye!
OK! Aquilo era TOTALMENTE uma loucura, já que a London Eye fechava as 21hrs. Mas que seja, nós adoramos loucuras. E bem, eles tinham um plano bom, pelo menos parecia ser.
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Na verdade, o plano realmente era bom, tanto é que deu certo. Por sorte, conseguimos ficar “presos” bem na cápsula mais alta. Prefiro nem imaginar como eles conseguiram bolar esse plano. Havíamos levado bolsas com comidas, bebidas, baralho e outras coisas. A noite seria longa.
O relógio marcava 23hrs27min, os casais estavam no maior “love” e estava sentando em um dos cantos da cápsula, sozinho, e, aparentemente, perdido em pensamentos.
- Me desculpa – falei de uma só vez, perguntando-me mentalmente de onde eu havia tirado coragem – Eu achei que só tornaria as coisas mais fáceis.
- Mas parece que se enganou, não é? Você NUNCA vai saber como eu me senti, ainda mais ao saber que você também gostava de mim. Mas você nos abandonou, e o pior disso, sem explicações – seu tom de voz carregava raiva, magoas. E isso me deixou ainda mais derrubada.
- Eu não posso voltar no tempo , infelizmente, pois se eu pudesse faria tudo diferente. E também não podia adivinhar o futuro, eu achei que estava fazendo a coisa certa, mas como você eu me enganei. Me enganei em pensar que seria mais fácil e menos doloroso; me enganei achando que não seria egoísta realizando o sonho do meu avô de que eu estudasse em Harvard; me enganei em pensar que esqueceria você durante esses quatro anos; me enganei ao achar que encontraria um diferente que não está cada dia com uma garota nova; me enganei em pensar que depois de quatro anos você entenderia meu lado; me enganei ao achar que nós finalmente poderíamos ter algo juntos; me enganei sobre tudo. Eu sempre estou errada, não é? – 23hrs50min. Eu era idiota, definitivamente. Levantei-me, já não controlando as lágrimas, decidida a sair dali, mas senti segurar minha mão e me puxar para perto dele. Ondas elétricas percorreram meu corpo, eu estava sem reação. Minhas pernas fraquejavam, como se eu fosse desabar no chão a qualquer momento. ainda causava as mesmas reações em mim, e isso nunca mudaria.
- Me desculpe por ter sido idiota; desculpe-me por não ter tentando entender o seu lado; desculpe-me por ter guardado por anos o que eu sentia por você; desculpe-me por não ter ido te buscar nos Estados Unidos, porque na verdade, sempre foi isso que eu quis fazer; desculpe-me por não ser bom o bastante para você. E desde que você se foi, eu nunca mais fui o de antes. Eu mudei por você – eu estava sem palavras, as lágrimas insistiam em correr pelo meu rosto, eu não conseguia controlar. Minhas pernas estavam ainda mais bambas, eu não tinha reações, era demais para mim. 23hrs58min50seg – , - selinho. 23hrs59minutos52seg – eu – selinho. 23hrs59min54seg – te – selinho. 23hrs58min56seg – amo! – selinho. 23hrs59min00seg.
Acho que as borboletas escolheram meu estômago como salão de festas. Eu te amo! Ele disse as três palavras. Ele me perdoava, meu sentimento era recíproco. Uma súbita onda de felicidade me invadiu por inteira. Ficamos nos encarando por alguns segundos. Eu queria memorizar cada detalhe deste momento.
Seus lábios encostaram-se aos meus, e sua língua pediu passagem para iniciar um beijo lento e cheio de sentimentos. Um mix de emoções invadiram meu corpo naquele momento. Eu tinha , eu não precisava de mais nada, definitivamente. O beijo foi perdendo a intensidade e foi finalizado com um selinho. 23hrs59min57seg. Os primeiros flocos de neve começaram a cair do céu. Let it snow! Uma lágrima escorreu dos meus olhos; mas essa, era de felicidade.
Nada havia mudado, tudo continuava exatamente como há quatro anos.
Éramos os mesmos, sempre seríamos!
Captivated by the way you look tonight the light is
(Cativado pelo jeito que você está essa noite a luz está)
Dancing in your eyes
(Dançando em seus olhos)
Your sweet eyes
(Seus doces olhos)
Times like these we'll never forget
(Tempos como esses nós nunca esqueceremos)
Staying out to watch the sunset
(Ficar fora para assistir o pôr-do-sol)
I'm glad I shared this with you
(Estou contente que compartilhei isso com você)
You set me free
(Porque você me libertou)
Showed me how good my life could be
(Me mostrou quão boa minha vida podia ser)
How did this happen to me?
(Como isso aconteceu comigo?)
Yeahhh aww
Fim!
Nota da autora: Aloha, como estão? Bom, primeiro de tudo obrigada por terem a paciência de chegar até aqui. Eu não ia mandar a fiction pro site, mas algumas pessoas acabaram me convencendo, rs. Escrevi-a antes de dormir, então, se estiver muito ruim, é porque eu estava com sono, ok?! HAHAH :P Se gostarem ou não, comentem, por favor! Aceito elogios, críticas, sugestões, etc. Um beijo pra Má, Paloma, Nay, Débs, minhas unicórnias lindas do @_bbt e pra minha beta :) Quem quiser me seguir no twitter: @alohabella *-*