null fechou os olhos e soltou um breve suspiro. null estava sentado a sua frente, esperando, chateado. Fazia dois meses que tinham terminado o namoro, null ainda não sabia bem o porquê. Normalmente, estaria bebendo um martini de maçã, seu maior vicio depois de null, entre outras bebidas alcoólicas. Porém, dessa vez não estava bebendo. Não podia estar embriagada se fosse dar a notícia a null. Caso contrário, ele não acreditaria.
null não suportava ver null, pelo menos era o que ela achava, era o jeito que ele agia. null sabia que ele só concordara em encontrá-la, pois não havia deixado escolha, deixara null sem desculpas. null roía as unhas bem-cuidadas nervosamente, não fazia idéia de qual seria a reação de null.
Enfim, descruzou as pernas e inclinou seu tronco para frente. Tentou olhar null nos olhos, porém não conseguiu. As lembranças que vieram a sua mente fizeram-na estremecer por dentro com uma quase incontrolável vontade de chorar. Tornou a olhar para o chão. Recusava-se a derramar uma lágrima na frente de null.
Mordeu o lábio inferior e resolveu ir direto ao assunto, sem enrolar. Contou que estava grávida e fez uma rápida pausa, null permaneceu inabalável. Continuou falando, antes que ele a interrompesse. Disse que não estivera com ninguém além de null nos últimos meses, e que tardara um pouco para dar a notícia, pois queria ter certeza que tudo não passava de um engano.
null bufou, irritado, olhou null com desgosto e a acusou de ser uma mentirosa. Não podia ser verdade, já fazia dois meses, um bocado de tempo. Afinal, nem lembrava mais da última vez que ele e null... bem, na verdade ele preferia nem mesmo pensar nisso.
null provocou. Lembrou null da última vez, logo depois de ter prometido amá-la para sempre. Estavam tão bêbados de amor... null, tão apaixonado, acabou esquecendo tudo que fora aprendido na aula de saúde.
null gritou, raivoso. null estava blefando, ele tinha certeza. Suas mentiras o deixavam furioso, era óbvio que ela não estava grávida. Os gritos de null despertaram algo em null que fez seu coração disparar e seus olhos enxerem-se de lágrimas. Odiava quando null gritava com ela. Odiava.
null segurou a mão de null e a acariciou, enquanto começava a soltar leves soluços. Implorava baixinho que acreditasse nela, que não podia criar um filho sozinha.
null puxou a mão, se livrando das caricias de null. Levantou-se bruscamente da cadeira enquanto gritava, contestando tudo o que ela dizia. Fazia questão de dizer que aquilo era tudo invenção de null para que fosse obrigado a reatar o namoro.
null chorava, inconsolável, desesperada. Queria poder dizer que sim, que era tudo uma grande mentira para tentar fazê-los voltar ao que eram antes, e que o amava mais que amava viver. O orgulho não permitia.
null se dirigiu à porta, deixando seu casaco e cachecol de cashmere para trás. Não se importava, não aguentava mais ouvir a voz de null.
Ela queria fazê-lo ficar, mas não sabia como. Tudo o que pode fazer foi soltar uma pergunta rouca:
- null, você já me amou?
null olhou null com desprezo e bateu a porta. Chorosa, se apoiou na maçaneta e encostou a testa na parede. Gritou o nome de null uma vez, perdendo o fôlego por causa dos soluços. Gritou de novo, dessa vez em tom mais baixo. E o silêncio reinou. Apenas o som de seus suspiros chorosos. Sentou ali mesmo, encostada a porta, abraçando os joelhos junto ao corpo. E ali passou a noite, no chão frio, feito de mármore. Simplesmente resolveu não levantar. Não chorou mais, não bebeu e não disse uma palavra. Nem mesmo gritou o nome de null de novo. Ele não voltaria.
FIM
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