Escrita por Mila Cullen
Betada por Japeka


's Pov
- Ouch! - Eu reclamei quando a água quente batia sobre meu corpo cansado por causa do ultimo show, há alguns minutos atrás.

Mais um show, e agora preso em mais um quarto de hotel. Enquanto a água corria sobre meu corpo eu questionava alguma possibilidade de entretenimento. Não poderia sair do hotel sem uns cinco seguranças e alguns paparazzi e sem gritaria. Então a opção de andar pela cidade estava e sempre era descartada. Preso no hotel, pelo menos até amanhã. Amanhã eu e meus irmãos, e iríamos para outra cidade, para fazer outro show e ficar novamente preso em um outro quarto de hotel.

Eu tentei me livrar dos pensamentos e relaxar. Não faltava muito para o fim da turnê, quando eu realmente poderia ter um descanso. Eu estava terminando de tomar meu banho quando eu vi uma sombra através do vidro fumê do box atravessar o local. Eu rapidamente fiquei mais alerta, fechei o chuveiro e tentei ver através do vidro. Mas não consegui visualizar ninguém. A fumaça causada pela água quente também dificultava minha visão. Esforcei-me um pouco para ver melhor, mas não vi a tal sombra. Percebi que a porta da suíte que separava o banheiro do quarto estava aberta. Eu me lembro de ter fechado a porta. Ou será que não? Será que tinha alguém ali?

- ? - Eu perguntei pigarreando minha garganta. Não obtive respostas. - ? - Sem respostas de novo. Devia estar ficando paranóico, ou sendo enganado pelos meus próprios olhos que estavam desesperadamente cansados.

Voltei a ligar o chuveiro e tentei esquecer o fato. Eu terminei meu banho questionando minha sanidade mental e conclui que uma boa noite de sono resolveria isso. Antes mesmo de fechar o chuveiro eu ouvi um ruído estranho, já que o local estava vazio. Esfreguei o vidro que estava embaçado e olhei através dele onde a porta do banheiro continuava aberta. E dessa vez eu não estava louco. Vi nitidamente a mesma sombra atravessar a o corredor andando lentamente. Tinha alguém ali. Só podia ser mais uma daquelas brincadeiras idiotas dos meus irmãos. Sem dúvida.

Eu abri um pouco o boxe e puxei a toalha, a prendendo em minha cintura. Nem mesmo me dei ao trabalho de me enxugar. Eu escancarei o vidro e saí. Senti uma forte corrente de vento extremamente gelado bater sobre meu corpo quente por causa do banho (n/a: mentiroso ! Num é por causa do banho! É por que você é um Jonas, seu burro ! ). Isso também foi um pouco estranho. Eu não liguei o ar condicionado já que estava uns menos cinco graus lá fora. Meu corpo estremeceu e senti meus dentes começarem a ranger.

Saí decidido do banheiro e procurei por algum sinal de vida. Eu olhei para minha direita e percebi que sobre o chão estava minha blusa que eu havia tirado quando cheguei e deixei sobre a cama.

- , Frankie, , eu sei que são vocês! - Eu disse procurando por algum sinal deles. As luzes começaram a oscilar e perder força. - Para com essa idiotice! Vocês não me assustam.

As luzes continuaram a serem ligadas e desligadas. Olhei para o interruptor que dava acesso a esse fato e ele estava ali imóvel. Estava começando a ficar estranho. Eu me direcionei até o controle do ar condicionado e constatei que o mesmo estava desligado. Será que havia alguma janela aberta? As únicas janelas do local estavam trancadas e coberta por cortinas.
Fui até o interruptor e tentei fazer com que esta oscilação da luz cessasse. Apertei o mesmo contínuas vezes e nada.

Olhei ao meu redor, e nada. Nem um barulho, nenhum sinal de vida. Eu me direcionei ao centro da sala e voltei a encará-la. Tudo bem, a questão da minha sanidade mental estava sendo analisada novamente.
O local mantinha uma temperatura baixa e as luzes estavam oscilando um pouco menos, agora como pequenos piques de luz.
Peguei o telefone e disquei o ramal da recepção para informar que o quarto estava com problemas. Temperaturas baixas, luzes oscilando, sombras... Que é isso?
Ótimo, agora também poderia reclamar que o telefone não tinha linha. Eu bati o mesmo sobre a mesa quando desliguei. Isso estava me estressando. Eu resolvi ir dormir, pois isso só poderia ser invenção da minha cabeça ou um simples sonho. Me virei para caminhar até o quarto quando ouvi uma respiração, alta e falha. Havia alguém ali! No mesmo momento as luzes que pareciam ter se estabilizado, iluminavam tão pouco quanto uma vela acesa.
Nesse segundo não havia como questionar. A mesma passou sobre mim do outro lado do cômodo. Eu fiquei parado, estático. Quando ela cruzou o cômodo o mesmo vento gélido a acompanhou. Não era a sombra de nenhum de meus irmãos... Era uma silhueta feminina. Alguma fã?

Ela se dirigiu até o meu quarto onde alguns segundos depois de conseguir me mexer, ouvi a televisão sendo ligada.
Eu não posso negar que toda essa situação estava me dando um pouco de medo. Não que ninguém nunca tenha invadido meu quarto de hotel. Mas nunca foi tão estranho assim... Eu me direcionei até o quarto com passos receosos e entrei no cômodo onde rapidamente liguei a luz.
Mais estranho ainda. Não tinha ninguém, só a TV ligada e o cobertor estava desarrumado sobre a cama. Consegui sentir a tensão passando pelo meu corpo.

- Quem... - Minha voz estava baixa demais, um pouco nervoso. - Quem está aí? - Eu perguntei com mais firmeza. Silêncio. - Eu sei que tem alguém aqui! E o que você está fazendo com as luzes? - Silêncio. - Eu vou chamar a segurança! Eu já te vi! Mas que droga é essa?!

Eu me dirigi ao único lugar que alguém poderia se esconder naquele lugar: o closet. Fui com passos firmes e um pouco irritado até o mesmo onde escancarei a porta e constatei que estava vazio. Eu encarei o local atônito. Ouvi a televisão ser desligada e me voltei para trás em menos de segundos.
Ela estava lá, sentada na cama encarando o lado oposto ao que eu estava. Ela estava sentada na ponta da cama encarando a janela de vidro que dava visão para o lado de fora. Eu a observei por alguns minutos onde ela estava imóvel ali sentada. Não estava tão louco assim, havia mesmo alguém ali. Eu a analisei rapidamente. Ela me parecia bonita. Não parecia perceber minha presença. Eu não sei como ela havia entrado ali, mas sabia que ela tinha que sair. Era uma fã, óbvio. Mas ela parecia um pouco descontraída demais e não histérica.
Eu me sentia estranho a observando, senti um calafrio atravessar meu corpo quando abri minha boca para falar algo. Sua pela estava pálida, e seus cabelos caíam sobre seu ombro. Eu me sentia um pouco hipnotizado, sem reação.

- O que você está fazendo aqui? - Eu perguntei parado no mesmo local. Ela se virou lentamente e me encarou de cima a baixo. Seus olhos percorreram cada parte de mim o que me fez sentir um pouco envergonhado, já que trajava apenas a toalha em minha cintura. - O que você está fazendo no meu quarto?
- Eu... - Ela disse olhando para meu rosto. Sua voz soou um pouco baixa e falha parou na primeira palavra. Sua feição mudou para confusão. - Eu não sei... - Ela disse levantando da cama e se pondo a minha frente. - Onde eu estou?
- Você está no meu quarto. - Eu disse como se fosse algo óbvio. Seus olhos percorreram todo local até pousarem sobre mim de novo. - Como você entrou aqui?
- Eu estava fugindo... - Ela disse encolhendo os ombros enquanto seus rosto se retorcia um pouco.
- Fugindo de quê? - Eu perguntei dando um passo até ela.
- Tinha... - Ela parou de falar como se procurasse as palavras certas para descrever. - Tinha uma luz muito forte, e alguém estava me puxando! - Sua voz se tornou muito baixa a ponto de eu ter que me esforçar bastante para ouvir. - Estavam me arrastando para lá, eu não quero ir. - Ela olhou para meus olhos em um tom de apelo. - Eu quero ir pra casa. Eu to com medo... - Uma lágrima escorreu pelos seus olhos enquanto ela se continha para não chorar.
- Você está bem? - Eu perguntei um pouco sem jeito. - Quem é você?
- Ai, ai,ai! - Ela começou a gritar e colocar a mão sobre a cabeça e pressionar enquanto continuava gemendo de dor.
- O que foi? - Eu me aproximei rapidamente dela e segurei em sua mão. Foi como ser percorrido por um choque elétrico. Sua mão era mais fria que o ambiente. Eu tirei suas mãos da cabeça e vi que ela tinha um corte na mesma. - Você está machucada. Bateu a cabeça?
- Eu não me lembro. - Ela disse olhando meus olhos. - Por favor, me ajuda? Por favor?
- Tudo bem, calma! - Eu disse a conduzindo até minha cama e fazendo-a sentar. - Eu vou ligar para que alguém do posto médico do hospital venha até aqui. - Ela concordou com a cabeça e voltou a me encarar. - Eu vou lá ligar, espera aqui!
- NÃO! - Ela segurou na borda de minha toalha quase a fazendo cair. - Não me deixa aqui... sozinha! - Ela estava desesperada. - Não vai embora!
- Eu não vou embora, só vou ali no outro cômodo tentar ligar... - Eu disse enquanto ela se soltava de minha toalha. - Fica calma. Quer um copo de água? - Ela negou com a cabeça. - Então eu vou ligar para enfermaria.


Eu saí do quarto um pouco perturbado. Bem, muito perturbado. Peguei o telefone e desta vez ele estava dando linha, disquei para a recepção e solicitei que alguma enfermeira ou médico fosse até lá. Eles disseram que em alguns minutos uma enfermeira iria até o quarto. Eu voltei até o banheiro e peguei a roupa que havia separado para vestir. Me vesti rapidamente e abri a porta do banheiro um pouco apressado. Dei de cara com ela que estava exatamente na minha frente. Eu fiz um barulho estranho por causa do susto.

- Olha, você se vestiu! - Ela disse com um sorriso singelo no rosto. De repente ela voltou com a mão na cabeça e sua expressão mostrava dor.
- Eu já chamei a enfermeira, ela está chegando. Vem, senta aqui. - Eu disse a puxando pelo antebraço até o sofá. - Qual seu nome?
- ... - Ela disse após alguns minutos de silêncio. - . E o seu?
- Jonas. . - Eu disse me sentando ao seu lado. - , me diz, o que você se lembra?
- Eu me lembro da luz e de estarem tentando me levar embora, e minha cabeça dói. - Ela disse devagar como se estivesse extremamente concentrada.
- Só isso?
- Uhum... - Ela disse desviando o olhar. - , eu quero ir pra minha casa!
- E onde é sua casa? - Eu questionei quando ela começou a chorar.
- Eu... Não sei... - Ela disse balançando a cabeça e voltando a um estado de desespero.
- Eu acho que você perdeu sua memória... - Eu disse refletindo meio que para mim mesmo. - , , . - Eu a chamava enquanto ela continuava a chorar. - Eu vou te ajudar, eu prometo. Mas não chora, se não sua cabeça vai doer mais.
- Jonas... Eu te conheço! - Ela exclamou de repente. - Eu acho!
- É, talvez você me conheça sim! - Eu respirei fundo e logo em seguida a campainha tocou. - É a enfermeira.

Eu me levantei rapidamente a deixando sentada no sofá e fui abrir a porta que estava trancada. Uma mulher de meia idade com uma maleta vestida com uma calça e blusa branca onde estava escrito: "Serviço Médico" e as inicias do hotel abaixo, estava em minha porta esperando que eu falasse algo.

- Boa noite, o senhor está bem? - Ela perguntou me analisando e constatando que estava bem.
- Boa noite. Eu estou bem. - Eu disse dando passagem para que ela adentrasse o local. - É uma garota, ela invadiu o meu quarto, ela não parece estar bem. Ela não se lembra de nada e está falando algo como uma luz, ser levada por alguém... E ela está com um corte na cabeça. - Ela me encarou como se duvidasse um pouco da minha história.
- Uma pessoa invadiu se quarto? - Ela perguntou me analisando de novo.
- Sim, sim... Será que a senhora poderia dar uma olhada na garota?
- Tudo bem, onde ela está? - Ela perguntou ainda em dúvida.
- Está bem ali. - Eu apontei para o sofá e constatei que ela não estava ali. O local estava vazio.
- Onde? - Ela questionou olhando para os lados e andando alguns passos no cômodo.
- Ela estava aí há um segundo atrás... - Eu disse passando a mão sobre meu cabelo um pouco confuso. - ? - Eu a chamei e ninguém respondeu. A enfermeira olhava para mim com um pouco de receio. - Só um momento, ela não saiu daqui! Eu sei. Eu vou procurar!
- Tudo bem. - Ela concordou lentamente. - Senhor Jonas! - Ela me chamou quando eu me virei. - Como essa garota entrou aqui?
- Há, nem ela sabe! Eu muito menos. - Eu disse dando de ombros e voltando a procurá-la. - ?

Eu passei três vezes por todos os cômodos, sem exceções e nada dela. Toda vez que eu cruzava com a enfermeira ela me encarava com mais impaciência. Eu já estava começando a desconfiar que ela tinha ido embora, mas a porta nem mesmo havia sido aberta.

- Senhor Jonas, por que o senhor não esquece isso? Ela pode ter ido embora... - Ela disse se dirigindo à porta já impaciente. - O senhor deve descansar.
- Não, não! Espera, eu vou encontrar ela! - Eu disse correndo até o quarto. - ! - Eu disse com alívio ao encontrá-la no mesmo local onde a vi pela primeira vez. - ENFERMEIRA, EU A ENCONTREI! - Eu gritei do quarto e pude ouvir os passos da mulher até o quarto. - Aqui está ela! - Eu apontei para que estava sentada na cama nos olhando. A mulher olhou para ela quando eu a apontei e ficou observando-a por alguns minutos. - Será que a senhora pode atende-la agora? - Eu questionei quando a mulher continuou parada sem fazer nada.
- Querido, você tomou algum remédio? - Ela se virou para mim me olhando com preocupação. - Você usou alguma coisa? Drogas? - Eu a encarava atônito.
- O que a senhora está falando? - Eu perguntei boquiaberto. - Eu não tomei nada!
- , minha cabeça... Está doendo, muito. - disse com sua voz se dissipando.
- Por favor, ajude a agora. Ou eu vou ligar para a recepção e pedir outro médico! - Eu disse irritado com a mulher que nada fazia.
- Deve ser o streesse... Vocês artistas andam muito sobrecarregados, não? - Ela disse me arrastando para sentar-me na cama. - Você não está com febre. - Ela constatou depois de colocar a mão sobre minha testa.
- O que vocês está fazendo? Eu não preciso de nenhum remédio ou atendimento! - Eu disse quando ela tentou me empurrar algum remédio. - Atenda ela, agora! - Eu disse apontando para que estava ao meu lado sentada na cama.
- Não tem ninguém aí! - Ela disse como se fosse óbvio.
- O que ela está falando, ? - perguntou sem entender. - Será que a senhora pode me ajudar? Minha cabeça está doendo!
- ATENDA ELA AGORA! - Eu disse me exautando diante da mulher que estava parada a minha frente.
- Qual foi a ultima vez que você dormiu? - Ela perguntou sacando de dentro de sua pasta um bloco e uma caneta.
- Eu acho que foi ontem. - afirmou tentando se lembrar. - Eu não sei bem... Eu só me lembro de ter acordado há algumas horas...
- Qual foi a ultima vez que você dormiu? - Ela voltou a perguntar um pouco impaciente depois de cerca de dois minutos.
- Acho que foi ontem. - voltou a repetir um tom acima para que a enfermeira escutasse.
- Por favor me responda! - E enfermeira perguntou fechando seu bloco e me encarando.
- Ela disse que acha que foi ontem! - Eu disse por ela já que a enfermeira estava decidida a ignora-la.
- Senhor Jonas, qual foi a ultima vez que o senhor dormiu? - Ela disse revirando os olhos.
- Pelo amor de Deus, do que isso importa! - Eu disse me levantando da cama. - Se a senhora não vai ajudar a garota, por favor, se retire.
- Não há garota! - Ela voltou a afirmar.
- , o que ela tá falando? - perguntou se levantando e pondo-se ao meu lado.
- Eu não sei, . - Eu disse me virando para ela e analisando sua ferida que tinha um pouco de sangue. - Por favor, vou pedir para que a senhora se retire.
- Mas quem vai me ajudar com a minha cabeça? Tá doendo!
- Eu vou chamar outra pessoa, calma . - A enfermeira me encarava com um pouco de medo.
- Senhor Jonas, eu peço que aguarde uns minutos... Eu vou pedir que chamem um psiquiatra pro senhor. - Ela disse se encaminhando a porta.
- Eu não preciso de psiquiatra. E pode ter certeza que sua negligência ao atendê-la vai ser direcionada ao dono deste hotel. - Eu disse abrindo a porta para que a mulher se retirasse.

A enfermeira saiu um pouco confusa do quarto e eu fechei a porta em sua cara. Era o cúmulo ela ignorar a garota.

- O que vamos fazer agora? - Ela perguntou ao meu lado. - Você ainda vai me ajudar?
- Sim. - Eu confirmei pegando meu celular sobre a mesa. - Vou ligar para alguém nos ajudar. Nós vamos a um hospital, tudo bem?
- Eu não quero ir a um hospital. Eu não quero ir lá para fora! - Ela disse com um pouco de medo.
- Mas... - Eu joguei minha cabeça para trás como se não conseguisse processar e achar uma solução pra tudo isso. - Tá, deixa eu ligar para meu irmão.

foi esperar em meu quarto, ela estava completamente transtornada. Eu liguei para e em poucos minutos ele estava no meu quarto. Eu expliquei tudo a ele, desde que eu estava no banho até quando a enfermeira se negava a atender a garota e questionava-me. Ele parecia um pouco espantado com tudo, parecia duvidar.

- ... - Ele repetiu o nome. - E onde ela está agora?
- Ela está lá no quarto. - Eu disse me levantando do sofá. - Eu não sei o que fazer...

se dirigiu para o quarto em silêncio e adentrou o mesmo. Ele olhou para os lados e se voltou para mim. estava deitada sobre minha cama de olhos fechados, mas ela parecia sussurrar alguma coisa, o que mostrava que ela estava acordada.

- , esse é meu irmão . - Eu disse chegando perto da cama, ela se sentou na mesma e olhou para o meu irmão. - , essa é a .
- Olá . - Ela disse acenando com a mão e dando um breve sorriso que se desfez quando ela colocou a mão na cabeça.
- . - me chamou olhando sério para mim. - Você está bem?
- O que? - Eu perguntei sem entender. - É claro que eu estou. É a que não tá bem! Você não está vendo?
- Não. - Ele disse em um tom preocupado. - , por que você não dorme um pouco, cara? Cadê aquele remédio que você disse que a enfermeira te deu?
- O quê? - Eu perguntei confuso. - Você não está vendo ela?
- Não... - Ele disse um pouco constrangido. - Olha só, que tal a gente tirar uma semana de folga? Sabe, pra você esfriar a cabeça. Deve ser o stresse, dude.
- Eu não estou louco! - Eu disse mexendo as mãos exageradamente. - O que está acontecendo?
- ... Eu não estou entendendo. - disse se aproximando de mim. - Por favor, me explica!
- Calma, ... Eu também não sei o que está havendo... - Eu disse olhando para ela que estava mais confusa do que eu.
- Cara, para de falar sozinho! Isso é estranho... Você está me assustando. - disse se direcionando para se sentar onde já estava sentada.
- ! A tá aí, não senta aí! - Eu tentei avisá-lo e empurrá-lo. estava um pouco sem reação e não se mexeu. - Não!

Então o mais estranho aconteceu. se sentou e atravessou como se ela fosse... Um fantasma. Ela rapidamente se levantou e me encarou mais transtornada do que nunca desde esta uma hora que a conhecia. Eu tinha certeza que estava pálido. Senti todo meu sangue se esvair do meu corpo. Como era possível?

- , , ! - me balançava pelos ombros e então percebi que eu tinha parado de respirar. Eu soltei o ar pesadamente e deixei o oxigênio voltar a invadir meus pulmões. - O que foi agora?
- Eu... Vi... ... Fan-fan-fanta... - As palavras saíam atrapalhadas da minha boca. Minha mente simplesmente havia parado de funcionar.
- Fanta? Você quer tomar fanta? É issso? - perguntando confuso.
- N-não... - Eu disse em estado de choque.
- Dude, por que você não dorme um pouco? - Ele disse me empurrando para que eu deitasse. - E amanhã a gente conversa.
- É... - Eu concordei alheio a tudo e encarando .

Ouvi os passos de Kevin ecoarem até a porta enquanto ele murmurava alguma coisa. Pude ouvir a porta sendo fechada com um pouco de força. Eu me levantei subitamente e comecei a encarar a garota com apreensão.
Estávamos em lados opostos do quarto. Ela parecia tão assustada quanto eu ou até mais. Nos encarávamos sem dizer nada. Eu não sabia o que estava acontecendo ao certo.

- Eu estou... Morta? - Ela perguntou se encarando e um enorme espelho perto do closet. Ela não saía do estado de choque e suas palavras eram ditas como se estivessem sendo soletradas.
- Não! - Eu afirmei rapidamente. - Você não está morta, ou não estaria aqui comigo!
- Mas nem a enfermeira e nem seu irmão me vêem. - Ela disse analisando seu rosto cautelosamente no espelho.
- Eu consigo te ver! - Eu exclamei me aproximando devagar dela. - Por quê?
- Eu não sei. - Ela disse se virando para mim. - O que está acontecendo?
- Eu acho que você é... É... - Eu não conseguia pronunciar a palavra, minha mente bloqueava qualquer possibilidade de que isso fosse verdade. - Fantasma. - Eu disse com a voz a um fio por fim.
- Um fantasma? - Ela questionou se aproximando mais de mim. - Então eu estou morta? - Ela perguntou com medo.
- Eu não sei! - Eu disse parando na sua frente. - Quando meu irmão sentou sobre você... Você atravessou ele... - Eu disse buscando as palavras certas para o que aconteceu. - Eu não sei, eu nunca vi nada assim!
- Mas, você! - Ela exclamou me olhando com esperança. - Você me tocou e eu senti! - Um momento de silêncio pairou sobre nós. Eu ainda estava pálido, percebi ao ver meu reflexo no espelho. Eu dei dois passos para trás. - Você está com medo de mim?
- Não... Sim... Não! - Eu disse me confundindo. Eu não sabia se estava com medo. - Eu não sei o que dizer, desculpa.
- Então eu sou um fantasma? - Ela questionou em voz baixa.
- Eu não sei se você é um fantasma. - Eu disse me aproximando dela. - Você não me parece um fantasma.
- E se eu fizesse um teste? - Ela disse alheia ao que eu havia dito. - O que fantasma fazem?
- Atravessam paredes? - Eu sugeri mostrando uma em frente a mim. Ela encarou a parede e depois me encarou. - Por que você não tenta?
- Tudo bem. - Ela respirou fundo tomando coragem e começou a correr até a parede.

Eu estava pronto mentalmente para ver um ser atravessar uma parede, mas o contrário se fez. Ela deu de cara na parede com toda força. Eu não pude evitar, soltei uma risada baixa.

- Eu não atravesso paredes! - Ela disse caída no chão. - E para de rir de mim! Não tem nada engraçado nisso!
- Desculpe. - Eu me redimi parando de rir e fui até ela para ajudá-la.

Estendi minha mão para ajudá-la a levantar, então um sentimento de receio me percorreu. Ela me encarava como se não soubesse o que fazer. Seus olhos tinham um certo desespero.

- Você está com medo? - Ela perguntou fitando minha mão que tremia levemente. Seus olhos mostravam algum tipo de desapontamento ou culpa e dando uma risada sarcástica.
- Não, só frio.
- Tudo bem, . - Ela disse encarando o chão. - Não tem problema. Eu acho que eu também estaria com medo... De um fantasma.
- Eu disse que é frio! - Eu voltei a afirmar esticando a mão e pegando a sua que estava apoiada no chão. Eu a ajudei a se levantar do chão. - Eu não sinto como se você fosse um fantasma. Você não é um fantasma, como acabou de provar.
- Ué, então o que eu sou? - Ela perguntou se sentando na cama de novo e cruzando os braços.
- Tudo bem, fantasma é uma definição temporária até descobrirmos a verdade.
- Então você vai me ajudar mesmo? - Ela questionou sorrindo.
- Já fiz papel de louco mesmo. - Eu encarei o relógio e percebi que estava um pouco tarde. - Eu acho melhor irmos dormir por hoje.

- Você quer me achar no Google? - me perguntou enquanto o computador se iniciava.
- Você tem alguma outra idéia? - Eu questionei digitando a senha que era requisitada para fazer o login.

Essa manhã eu acordei mais cedo do que o normal, não que eu tenha conseguido dormir. Se meus olhos se fecharam por 30 minutos foi muito. Eu estava um pouco assustado e elétrico para conseguir descansar. Minha mente não permitia parar-se.

- E por que eu estaria no Google? - Ela perguntou se sentando ao meu lado no sofá.
- E por que você NÃO estaria? - Eu questionei abrindo a janela do navegador. - Qual seu sobrenome?
- . . - Ela afirmou sem sombra de duvida. - Eu me lembro.
- Tudo bem... - Eu digitei e pesquisei em menos de segundos já haviam alguns resultados na tela. - Aqui tem alguma coisa com seu nome! - Eu abri a janela com o site que indicava seu nome. - Você tem alguma memória de ser fisiculturista? - Eu perguntei a encarando com a sobrancelha arqueada.
- O quê? - Ela disse com uma expressão engraçada, com a boca torcida. - Não mesmo.
- Desconfiava. - Voltei para a página do navegador de busca e comecei a olhar os resultados de novo. - ... Autora de um livro... - Eu murmurava em voz alta as descrições. - Não. O navio da família está avaliado em... Também não.
- Ali! Ali! - Ela disse apontando freneticamente para um dos resultados abaixo. Eu li a descrição: "Tragédia mata garota de 16 anos... A família de ..." Onde seu nome estava grifado em negrito. Eu gelei e a encarei.
- Você quer mesmo abrir isso? - Eu perguntei a encarando com receio.
- Eu estou em busca de respostas. Preciso saber o que está acontecendo... E se eu morri, por que estou aqui. E por que só você me vê... - Ela disse desviando o olhar constantemente enquanto falava. - Vai, abre logo.

Eu afirmei com a cabeça e abri o site. A interface de um jornal começou a carregar. "The Sun", um jornal britânico. Eu a encarei e ela mantinha os olhos grudados na tela, também voltei a encará-la. O texto já havia carregado e a foto que o acompanhava começou a carregar lentamente. Me pus a ler o texto.

"Tragédia mata garota de 16 anos em incêndio em famoso hotel londrino.

A americana passava as férias em Londres junto com seus pais e irmã quando a famoso hotel London View Plaza começou à pegar fogo. O incêndio ainda sem motivos esclarecidos, deixou cerca de 98 feridos, incluindo os pais da menina, uma morte e uma desaparecida. A maioria dos hóspedes foi retirado no início do incêndio, assim evitando maiores danos, já que parte da estrutura desmoronou durante o incêndio. O quarto da família estava travado pelo sistema contra roubo, não permitindo que a família saísse do local e também trancando todas as janelas. A família foi encontrada cerca de uma hora depois do início do incêndio pelo bombeiro Mandson. Técnicos que investigam o ocorrido afirmam também que houve uma falha no sistema de sprinklers do local. Está sendo aberto um processo para confirmar se a falha foi do hotel ou do operador do sistema.
Os hospedes que perderam todos os seus bens contidos no hotel serão ressarcidos pelo mesmo. O dono do Plaza se mostrou solidário ao acontecido se prontificando a esclarecimentos. Dos 98 feridos, 17 estão em risco de vida, incluindo os pais da menina. Ashley teve sua morte comprovada como de intoxicação devido a fumaça do incêndio. E sua irmã, continua desaparecida. As investigações continuam em andamento."


- Você não está morta? - Eu perguntei quando terminei rapidamente de ler a pequena matéria. - Você está... Desaparecida!
- Eu... Eu... Estou viva? - Ela questionou confusa quando terminou de ler e me encarando de imediato. - Não é possível! Eu não estaria aqui se estivesse viva... Não seria possível!
- E é possível ou cogitável o que está acontecendo agora? - Eu disse a fitando. - você ainda está viva!
- Claro que não! - Ela disse rapidamente. - Eu estou desaparecida, ou seja meu corpo está desaparecido! Não tem como eu ter escapado, se nem minha irmã conseguiu. - Ela disse com a voz ficando mais baixa nas ultimas palavras.
- Meus pêsames... - Eu disse deixando o computador de lado. Um minuto de silêncio pairou sobre nós.
- Você acha que é mesmo possível eu estar viva? Quer dizer se eu estivesse viva eu não estaria aqui.
- Mas se você estivesse morta também não estaria. - Eu disse me levantando do sofá. Eu ponderei as possibilidades. Eu não queria aceitar o fato de estar falando com uma morta, era estranho demais. - A foto carregou!

Observei a imagem que estava a minha frente. Era uma foto da família dela. Sua expressão era carregada de pertubação e por seus olhos escorriam lágrimas. Eu fechei rapidamente o notebook e me posicionei a sua frente.

- , vai ficar tudo bem. - Eu disse olhando-a tentando pensar em algum modo de consolá-la.
- , não vai ficar tudo bem. - Ela disse exugando as lágrimas e levantando. - Não está bem... - Ela foi interrompida pela porta batendo.

Eu fui até a porta e ela caminhou até o quarto, me deparei com um completamente animado e cheio de energia. Tomou Redbull demais e a essa hora, god.

- Hey you! - Ele disse me empurrando e entrando no local. - O me disse como você estava ontem e eu vim falar com você.
- Eu... - Eu disse quando ele se jogou no sofá.
- Cara, quem é essa tal de ? - Ele disse me olhando sério. - Outra namorada? Pelo menos assim você escreve músicas novas!
- Ela não é minha namorada! - Eu exclamei e ele fez cara de descrença. Então eu expliquei detalhadamete e história e ele ouvia atento soltando algumas risadas durante a história.
- Então quer dizer que ela está aqui? - Ele perguntou se levantando rápido. - Você tem uma garota no seu quarto e não me conta?
- Não foi muito minha escolha... - Eu disse me levantando. - ?

Eu chamei seu nome algumas vezes e pude ver ela andando até nós e parando na frente do . Ele ficou olhando alguns minutos, eu já esperava que ele não visse nada.

- HEY ! - Ele disse acenando com a mão. - Como você está?
- Morta. - Ela disse sem muito ânimo. - MAS VOCÊ CONSEGUE ME VER?
- Claro, claro... - Ele disse dando de ombros. Eu estava estupefado e perplexo assim como ela.
- Então você a vê também! - Eu disse sorrindo abertamente e com vontade de sair pulando pela casa.
- Claro, e você é uma namorada imaginária muito linda! - Ele disse rindo de lado. - O tem bom gosto, hein?

Um momento de silêncio caiu ali. me encarava decepcionada, e eu fiquei com muita raiva de . Era uma simples palhaçada. Era o .

- Mas sabe , eu vou ter que lembrar ao que ele marcou de sair com a Miley na semana que vem. - Ele disse voltando a se levantar. - Cuidado hein, aquela lá...
- Cala a boca, ! - Eu disse já ficando vermelho de ódio. - Você está zoando com a minha cara. Agora sai daqui por favor.
- Ih, estressadinho... - Ele disse se arrastando até a porta. - Eu já estava indo mesmo, pode ser contagioso...
- Idiota. - Eu disse batendo a porta na cara dele.
- Eu tive esperanças... - Ela disse com um sorriso torto. - Por um segundo. Mas não há mais o que esperar...

~*~

- Ela tem cara de piranha... - disse olhando a foto de Miley no computador.
- Não fala assim dela! - Eu disse irritado.
- Você gosta dela. - Ela me encarou.
- Não! - Eu rapidamente me defendi.
- Não foi uma pergunta.

Uma semana. Uma semana que eu parecia enlouquecer mais a cada dia. Meus irmãos pensavam que eu estava louco, meus pais tentaram me levar a um médico e meus amigos estavam cautelosos comigo. E sobre o mistério da , estávamos na mesma situação, sem respostas. Ela vivia atrás de mim, já que eu era o único que podia vê-la. Isso me incomodava um pouco, não tanto a presença dela, mas o fato de só eu poder vê-la.
Hoje era o dia que tinha marcado de sair com a Miley, aliás. Se eu pudesse cancelava.

- , eu posso ir também? - Ela disse entrando no quarto enquanto eu tentava colocar a gravata direito.
- Não. - Eu disse lutando com a mesma.
- Mas você mesmo disse que não é um encontro... - Ela disse arrancando minhas mãos da gravata e a ajeitando. - Pronto.
- Obrigado. - Eu disse me olhando no espelho e ajeitando a roupa.
- Você está bem, para de ficar aí se consertando 50 vezes. Tá perfeito! - Ela disse desarrumando minha blusa enquanto eu fiz uma careta. - Eu vou com você e está decidido!
- Mas... - Eu disse e depois bufei. Em uma semana de convivencia com ela já aprendi que não tinha como contrariá-la. - Tudo bem, mas você tem que fingir que não está lá!
- Há, creio que não vai ser muito difícil... - Ela disse com um ar triste e eu pensei nas minhas palavras e tentei redimi-las. - Não, nem precisa pedir desculpas. Esquece... - Ficamos nos encarando por uns minutos em silêncio. - Sabe, pensando bem, eu não vou.
- Não. - Eu disse me aproximando dela ficando frente a frente. - Eu quero que você vá! - Desviei meu olhar para baixo. - Você vai!
- Você é bipolar. - Ela disse sorrindo de lado. - Mas eu gosto de você!
- Você gosta de mim? - Eu perguntei um pouco nervoso e um pouco empolgado.
- É... - Ela afirmou corando. - Você é um ótimo amigo.
- Ah... - Minha voz deixou escapar a decepção. - Você também! Mas aposto que você está dizendo isso porque sou seu único amigo!
- Ah, nada a ver, ! Você é legal, gentil, engraçado, fofo, e nem está surtando com tudo isso, você está me ajudando, você não sai correndo de medo, que aliás era o que eu faria... - Ela disse se aproximando até nossos corpos ficarem juntos. - Obrigada. - E ela me abraçou. Demorou alguns segundos para que eu a correspondesse.
- , eu sei que é meio estranho, por causa das circustâncias, mas eu acho que... - Ela separou o abraço para me olhar, mas sem nos separar. Eu me calei e fui aproximando meu rosto do dela. Era estranho o que eu estava prestes a fazer. - Vai chover... - Eu conclui a frase me afastando dela.
- Er... - Ela parecia estar sem reação. - É, talvez.

Ela se sentou e eu fiquei andando de um lado para outro pensando no que tinha me ocorrido naquele instante. Minha cabeça não conseguia se situar no lugar, o que ela não fazia desde a semana passada aliás. Foi então que a campainha tocou. Eu rapidamente fui atender e veio atrás de mim.

- Oi. - Eu disse ao ver Miley na porta. - Eu não tinha combinado de ir te buscar?
- É mais você está uma hora atrasado. - Ela disse um pouco irritada. - Eu vim ver o que aconteceu.
- Eu estou? - Olhei para o relógio no meu pulso direito e constatei o fato, era verdade. - Desculpa, não sei onde estava minha cabeça. Vamos então?
- Uhum. - Ela concordou e nós saímos e chamamos o elevador. - Gostou da minha roupa? Escolhi para você zinho... - Ela disse passando a mão pelo meu braço.
- É bonita... - Eu disse sem fazer nem questão de olhar.
- Tá parecendo uma vadia, isso sim! - disse com arrogâcia encarando Miley. - Até as brasileiras vestem mais roupa no carnaval.
- O que você estava fazendo essa uma hora que estava atrasado? - Miley perguntou entrando no elevador.
- Ela cobra por hora? - disse com um sorriso na cara. E eu lhe lancei um olhar repreendedor.
- Eu estava pensando em algumas coisas e perdi a hora, só isso.
- Pensando em mim? - Ela me abraçou. Nada comparado ao abraço da ... Quer dizer, o que eu estou pensando?
- Ai me poupe, estou aqui há uns 3 minutos e daqui a pouco vocês estão se agarrando aí e você diz que isso não é um encontro! - disse parando de nos olhar e encarando a frente do elevador.
- Pensando em mim? - Miley perguntou de novo se posicionando ao meu lado.
- Não... Eu estava pensando em algo importante. - Eu disse um pouco nos desvaneios. logo se virou para nós de novo e encarou Miley. Olhei para ela e sua cara foi ao chão. Droga, disse besteira. - Não que você não seja importante...
- AAAhahahahahaha! - caiu na risada.
- Pensando em que então? - Ela disse cruzando os braços.
- Por que não falamos de outra coisa? - Eu disse enquanto continuava a rir e Miley se irritava. Ia ser uma longa noite...

~*~

- Hey , você está prestando atenção no que eu estou falando? - Miley perguntou com a voz aguda e irritada.
- Estou sim. - Eu afirmei aflito. - Você disse que quer comprar um carro...
- Eu disse isso há mais de uma hora atrás! - Ela ergueu as mãos para o céu. - Posso saber o que está acontecendo aqui?
- Se você soubesse não acreditaria. - Eu disse e depois soltei o ar pesadamente. - Miley, me desculpa, mas eu não estou com cabeça hoje...

Eu me levantei da mesa do restaurante enquanto ela praguejava alguma coisa que não pude entender. Entreguei um maço de dinheiro ao metre ao sair do restaurante. Miley teria que pegar um taxi ou se virar, ela era a ultima preocupação minha neste momento.
Como se a noite já não tivesse sido muito perturbadora com a fazendo comentários nada agradáveis sobre a Miley, acabamos brigando feio.
Eu não sabia por onde procurá-la, afinal, não se pode sair pela rua se perguntando se alguém viu um fantasma. Eu andei umas cinco quadras que estavam no arredor do restaurante e nada de . Não era possível, será que ela tinha ido embora? Realmente, pra sempre?
Não deveria ter dito nada daquilo em hipótese nenhuma.

"Eu queria que dessa vez você se tornasse um fantasma aos meus olhos e desaparece de vez" - Idiota. Mas ela estava me provocando demais e eu não consegui pensar no que falava.

Após cerca de três horas de busca, meus olhos se tornaram um pouco marejados e meu corpo estava tenso. Eu desviei dos paparazzi e segui para o hotel. Fiz tudo mecanicamente até chegar em meu quarto, nada muito diferente dos outros hotéis. Tomei um banho de água fria e tentei dormir, nada. Passei cerca de quatro horas deitado naquela cama me virando de um lado para o outro.

- Eu sou um babaca! - Esbravejei batendo com força no travesseiro.
- Você tem razão. - Sua voz suave ecoou pelo quarto. Eu me virei rapidamente para vê-la e acabei caindo na cama.
- ! , me desculpa! - Eu me levantei e acendi o abajur. Ela não estava ali. - ? - Silêncio. - ? Onde você está? Por favor, me desculpa!

Eu acendi a luz do quarto e sem sinal dela. Será que agora estava começando a ouvir sua voz? O apartamento estava vazio. Sem sinais de mais alguém, nem um fantasma. Literalmente.

~*~

Três dias. Eu não a via há três dias. Estava até cogitando a possibilidade de ter sido um simples delírio. Me parecia mais sano do que a idéia de ter conhecido um fantasma, me tornado amigo de um fantasma, e depois simplesmente desaparecer. Eu não sei por que me sentia tão abalado com a falta de sua presença, eu não queria fazer shows, não sentia fome, não tinha disposição para me levantar.

- Dude, dá um sorriso aí ou vão costurar sua boca! - disse se jogando na minha cama.
- Eu não quero, e sai daqui! - Eu disse me virando e puxando o edredom. - Vai embora.
- , você já está aí há quatro dias! - Não eram três? - Ninguém consegue te tirar daí, mas não eu! C'mon dude, pelo menos me diz o motivo disso. A Miley disse que você estava muito estranho quando vocês saíram. Estava falando sozinho e olhando pro nada, e de repente ficava irritado e depois foi embora e a deixou lá sozinha!
- Eu já disse que não é nada! - Eu disse sem nenhuma emoção.
- Se você não falar eu vou abrir a porta do seu quarto para as fãs. E depois não venha me dizer quais foram as partes do seu corpo violadas! - disse colocando a mão no ar com um tom inocente.
- Você vai achar que eu estou louco. - Eu disse me sentando na cama. - Então sai!
- Tudo bem, depois não vai querer fazer reconstrução se aquelas loucas arrancarem um pedaço de você!
Ele era bem capaz de fazer isso, droga! Eu bufei e tente achar um modo de falar.

- Sabe, quando você disse uma coisa em um momento de nervoso e essa coisa que sai da sua boca sem significado magoa muito alguém?
- Não. - Ele disse dando de ombros e eu lhe lancei um olhar nada agradável. - Tudo bem, mas é só você pedir desculpas a essa pessoa.
- Mas não dá pra pedir desculpas pra essa pessoa. Ela sumiu. E ela não vai aceitar minhas desculpas. Digamos que eu tenha a ofendido muito.
- Hum... Isso pode ser um problema. Mas nada que Jonas não resolva! Relaxa, você vai resolver isso logo. - Ele me deu um tapa nas costas. - Mas me diz, quem é a futura namorada?
- Não, não, eu não gosto dela desse jeito.
- Como não? Pelo amor de Deus, você está quase que em depressão por essa garota e você não gosta dela? Se você não está tão interessado nela, você está simplesmente ignorado o fato.
- Bem, eu nunca tinha pensado nela dessa forma. - Eu disse um pouco intrigado com o fato.
- É, você é realmente bem lento, ! - disse rindo da minha cara pensativa. - Agora vamos lá, eu estou indo no Starbucks, vamos logo!
- Eu não quero. - Eu disse me jogando na cama novamente.

Depois de uma hora de enchendo meu saco consegui me livrar dele, prometendo que iria encontrá-lo mais tarde no Starbucks. Mas... Será que ele tinha razão? Me deitei novamente na cama e na minha cabeça começaram a rodar imagens de toda essa semana.

"- Eu gosto do seu sorriso. - disse quando se jogava no sofá após nós termos uma sessão de risadas.
- O seu é mais bonito. - Eu disse de um jeito meio lesado. - Os seus olhos ficam brilhando e seu riso é tão contagiante.
- Brigada. - Ela disse ficando um pouco corada. - Eu não sabia que você ficava me olhando toda vez que eu riu, que aliás são muitas...
- É... É... Eu só vi agora mesmo... - Tudo bem, eu nunca prestei a atenção nesses detalhes em nenhuma garota. Ela era tão linda.
- Para de me encarar! - Ela disse ficando mais corada. Percebi que estava a uns minutos a fitando e tentando gravar seus traços.
- Desculpa. - Eu disse virando me para TV e depois olhando-a discretamente enquanto ela assistia TV.
- Você está fazendo de novo. - Ela voltou seu olhar pra mim. E eu percebi que tinha me virado e a encarava nitidamente. - Não pede desculpa de novo, eu sei que você tem medo de mim.
- Não é medo, eu já disse mil vezes! - Eu me irritei um pouco. - Para de insistir com isso!
- Então é o que? - Ela perguntou me olhando curiosa.
- É que... Que.. Você é bem bonita... - Gaguejei um pouco e ela ficou nitidamente vermelha."

" Jonas?! Dos Jonas Brothers?! - Ela perguntou arrancando a toalha da minha mão. - POR QUE VOCÊ NÃO ME DISSE?
- Não era importante... - Eu disse não fazendo muito caso enquanto me preparava para tomar banho.
- Como não? - Ela perguntou em um tom de desaforo. Eu dei de ombros. - , você devia ter me dito isso antes.
- Eu não sabia que eu ser famoso mudava algo!
- Não é isso, é que quando eu vi a foto de vocês três, - Ela pausou um pouco e me encarou. - Quando eu vi quem vocês eram eu lembrei de algumas coisas... - Fiz um gesto para que ela continuasse. - Eu era fã de vocês... - Ela disse em um tom a menos.
- Sério? - Eu perguntei estupefado. - E quem era seu favorito? - Eu perguntei um pouco curioso demais.
- Errrr... É... - Ela desviou o olhar enquanto se enrolava um pouco. - Eu não lembro não...
- Era eu? Sou eu? Sou eu? - Eu perguntei sorrindo.
- Ah, , vai tomar seu banho, vai! - Ela jogou a toalha em cima de mim e saiu do local.

Eu estava me sentindo contente, muito feliz por ela gostar de mim. Continuei com o sorriso estampado por alguns minutos até quando eu percebi que não conseguia controlar essa reação."

"- Você acha que o destino te odeia? - Ela perguntou enquanto eu mastigava um hambúrguer. Levantei minha sobrancelha transparecendo dúvida. - Tipo, podia ser qualquer um, mas você é o único que me vê.
- É estranho. - Eu disse de boca cheia e ela fez um careta. Parei uns instante e engoli o que mastigava. - Eu demorei um pouco para me acostumar, mas você nunca me pareceu nada estranha.
- Isso era pra ser um elogio? - Ela perguntou rindo e eu a acompanhei. - Obrigada, eu acho! Você deveria sair um pouco!
- Eu não tenho nada pra fazer, sabe.
- Como um famoso não tem nada pra fazer?
- Eu não sei... Eu quero ficar aqui com você..."

"- ! ! ! ! - Ela disse saltitante vindo até mim. - Você é a pessoa mais maravilhosa que eu conheço! - Ela se separou de mim e começou a espalhar beijos pelo meu rosto e eu fiquei um pouco sem jeito.
- Er... Brigada, ... - Eu disse um pouco tenso. - Mas por que?
- Porque sim! - Ela disse me abraçando com força de novo e eu rapidamente correspondi seu abraço. - Você é tãããão legal que vai me levar para ver o Robert Pattinson na estréia de Eclipse, né?
- Não. - Eu disse sem separar-me de seu abraço.
- Ai, , deixa de ser chato! - Ela disse se separando de mim e me encarando. - Eu gosto dele.
- Eu não gosto dele. Eu não quero que você vá lá pra ver ele.
- Então eu vou pra ver o Lautner!
- Também não! - Eu disse um pouco alterado.
- Você está com ciúmes?
- Não. - Eu me apressei para dizer com a voz alta em bom som.
- Então... - Ela disse arrastadamente.
- Não discute!
Ela saiu reclamando e batendo pé enquanto eu percebi que já estava nervoso."

"- , a Miley ela tava se pegando com um cara! Quando ela te disse que foi no banheiro! - tinha me arrastado para um canto do restaurante. Eu nunca a vi tão alterada.
- Você quer dizer, depois de me beijar? - Eu disse sarcasticamente. - Eu sei que você não gosta dela, mas não inventa história.
- Não é mentira! Eu vi, acredita! - Ela disse balançando as mãos um pouco até diria, nervosa e desesperadamente. - ELA É UMA VADIA!
- CALA A BOCA! - Eu disse me irritando de suas acusações a Miley.
- Não me manda calar a boca! - Ela disse com um tom irado. - Eu não estou mentindo para você, ! Por favor eu só não quero que você faça papel de idiota.
- Qual a diferença? - Eu disse fazendo uma careta. - Eu já faço papel de louco mesmo...
- Mas antes louco do que corno, né! Qual foi? Aquela garota pra galinha só falta as penas... Pensando bem, não falta não!
- Eu já mandei você parar de falar dela desse jeito! - Eu disse passando as mãos na cabeça com raiva. - Você atrapalhou toda minha saída, e eu simplesmente não lhe disse nada. Você está atrás de mim a uma semana e eu não disse nada. Você me acorda a noite e eu nunca disse nada. Eu faço papel de maluco e nunca culpei você. Você está me deixando maluco, e o que eu faço? Eu só queria que você não tivesse aparecido aqui. Um fantasma... Eu queria que dessa vez você se tornasse um fantasma aos meus olhos e desaparecesse de vez."

Eu amo ela. Meu Deus, como pode ser?

Bastou um momento de reflexão entre o desespero para poder conseguir enxergar a resposta de muitas de minhas perguntas. A resposta que estava em cada situação e cada palavra que dizia, que pensava. Não era sano amar alguém como ela. Alguém surreal. Talvez ela tenha ido, encontrado seu caminho. Mas eu não quero que ela vá. Mas de qualquer forma, seria um amor impossível. Mas era incontrolável. Ela era tão gentil, alegre, divertida, carinhosa, bonita, implicante... .
Por que eu não a conheci antes do que lhe aconteceu? Por que eu a conheci depois do que aconteceu?

Google, a melhor ferramenta da humanidade. Lá estava eu atrasado com meu "compromisso" com o e sentado no computador digitando seu nome em busca de alguma informação que pudesse me ajudar de alguma coisa. Mais uma vez, rapidamente, os resultados apareceram. Meu corpo perdeu o sangue totalmente com o que eu vi.

~*~

- ! ! - Eu o chamava enquanto corria pelo corredor atrás do que estava um pouco distante. - Peraí. - Eu pousei minha mão sobre seu ombro.
- O que foi cara? - Ele se virou e me encarou. - Você não tinha saído com o ?
- Eu preciso falar com você. - Eu disse sério. - E eu preciso que você me ajude.

concordou com a cabeça e me acompanhou até o quarto eu sentei a mesa onde estava o notebook e fiz sinal para que ele se sentasse a minha frente. parecia ter entendido que era importante e ficou esperando que eu dissesse algo.

- Você se lembra daquela garota que eu te falei? - Eu perguntei sobrepondo minhas mãos.
- Eu pensei que você já tivesse desistido da sua amiga imaginária. - Ele disse relaxando na cadeira e revirando os olhos. - Então esse é o motivo de você andar estranho.
- Ela não é imaginária, . - Eu disse pegando o notebook. - Ela está viva. Quer dizer, era como se ela fosse um fantasma. Cogitamos a possibilidade de estar morta, ela sofreu um acidente terrível, inclusive sua irmã tinha morrido. Ela estava desaparecida e concluímos que ela estava morta. Mas olha isso, quer dizer é impossível.

Eu mostrei a ele a matéria no The Sun. Ela dizia que havia sido encontrada. Viva. Sim, a matéria havia sido postada há quatro dias, dizendo que por um milagre ela havia sido encontrada viva após quase uma semana depois do incêndio.

- Isso... Você não está falando sério, né?
- Eu preciso ir para Inglaterra! - Eu disse me levantando em busca do telefone.

me encarava como se eu tivesse atravessado os limites da sanidade. Liguei para o piloto do nosso jato particular e informei a minha urgência de seguir para Inglaterra. Eu desliguei o telefone e veio ao meu encontro.

- Você está louco? Não pode sair do país hoje, não é assim que funciona! Temos shows e compromissos.
- O meu maior compromisso é com o meu coração!

Peguei meu celular que estava sobre a estante e atravessei a porta, pude ouvir os passos apressados de atrás de mim, eu me virei para encara-lo.

- Você não vai me impedir! - Eu disse apertando o botão do elevador.
- Um motivo? - Ele cruzou os braços e me ancarava.
- Eu a amo! - Eu disse encarando as horas no meu relógio. respirou fundo e me encarou.
- Nós vamos com você. - Ele disse batendo os ombros. - Eu e o , vamos com você. Não posso deixar você aí como um louco indo para outro país. Você é nosso irmão.
- Obrigado. - Eu disse entrando no elevador.

~*~

- Desculpe mas o horário de visitas já acabou. - A recepcionista disse mexendo em alguns papeis sobre o balcão.
- Mas não é possível, eu preciso urgentemente ver essa paciente! - Eu disse nervoso agarrando a beirada do balcão. Meus dedos já estavam ficando dormentes.
- Senhor, já são dez horas da noite! - Ela disse colocando os papéis sobre a bancada e me encarando sem paciência. Eu já estava ali há alguns minutos. estava estacionando o carro alugado e havia ido a cantina, já que eu disse que tinha tudo sob controle. - Sinto muito, mas peço que o senhor volte amanhã.
- Será que a senhora não entende que pode não ter amanhã ?
- Me desculpe, mas eu não posso fazer nada. - Ela disse retomando seus afazeres.
- Se a senhora não permitir minha entrada, eu trago a imprensa até aqui. - Eu disse determinado batendo minhas palmas abertas sobre o balcão assustando a mulher. - Creio que agora não tem como me negar a visita. - Ela não parecia muito convencida. - Por favor, é muito importante para mim.
- Tudo bem. - Ela respirou fundo e deixou os papéis sobre a mesa depois. - Qual o quarto?
- É... Eu não sei. - Eu disse ansioso. - Mas eu sei o nome da paciente. - Eu disse e olhei para a mulher a minha frente. Ela me olhou esperando que continuasse. - .
- . - Ela cochichou e começou a digitar. - Quarto 769. Sente-se ali. Eu vou chamar um enfermeiro para acompanhar-lhe.
- Obrigado! - Eu disse com um grande sorriso a moça. Me direcionei as cadeiras e colidi com alguém. - !
- ! - Ele disse terminando de mastigar algo.
- , eu consegui! - Eu disse balançando-o pelo ombro. - Eu vou vê-la, eu vou conseguir.
- ... - Ele disse abaixando minhas mãos de seu ombro e olhando para o chão. - Eu não sei se você deveria acreditar que essa é sua "amiga imaginária" ou que você vai conseguir salva-lá...
- , , acredita em mim, eu sei o que estou fazendo. - Eu disse ao ver a presença da enfermeira no hall. - Agora eu tenho que ir.

- Oh meu Deus, é Jonas! - A enfermeira parecia animada ao notar minha presença. Ela respirou fundo e abafou um possível grito. Eu sorri constrangido, não queria reconhecimento ou fanatismo. - Err. Me desculpe. - Ela parecia constrangida agora. - O senhor pode me acompanhar até o quarto.
- Obrigado. - Eu ia andando atrás da enfermeira ainda ansioso em procura de respostas. - Qual é o estado dela?
- A menina? Bem, ela teve queimaduras de segundo grau em partes do corpo. Seu sistema respiratório está comprometido e ela está em como há alguns dias. Não há muitas esperanças...
- Nem uma? - Eu estava desesperado agora. - Quer dizer, não houve nem uma pequena melhora ?
- Para falar a verdade nos últimos dias, ela tem piorado. - Ela disse quando o elevador parou no sétimo andar e saiu pela porta do mesmo. - Espero que o senhor não crie muitas esperanças... Ela não tem muitas chances.

A enfermeira me indicou a porta e saiu antes que ela fosse aberta. Eu encarei o número. 769. Era nesse número que se depositava qualquer tipo de esperança e sentimento que eu tinha. Era nesse número que eu podia comprovar minha sanidade. Comprovar o que realmente sentia. E que agora eu podia também perder tudo isso.
Eu não queria entender o que aconteceu e por que, não parecia haver um motivo para isso. Sim, eu estava assustado. Sim, eu estava com medo. Essa é a minha única chance de poder vê-la de novo. Ver seus olhos, seu sorriso, sentir seu toque, ouvir sua voz. Eu não ia mais conseguir viver sem ela.
É fácil esquecer um sonho, aquele que passa pela noite. Mas é impossível esquecer o sonho se você fez parte dele. É como uma assombração que te atormenta até o fim.

Eu abri a porta devagar e adentrei o quarto com receio e parei em frente a cama. Conectada a vários fios e aparelhos, ali estava ela, deitada sobre a cama, inconsciente, de olhos fechados. Como se estivesse sonhando, eu diria. Ela era real. Não era um fantasma ou uma alucinação. Era mais do que meu sonho.
Eu olhei ainda um pouco espantado, não era como se fosse real. Observei seu corpo deitado sobre a maca. Ela tinha algumas pequenas queimaduras nos braços e nas pernas. A maioria parecia cicatrizada. Cheguei mais perto da cama para observar seu rosto, parecia mais bonito. Sua pele pálida não conseguia tomar sua beleza, mas pude notar um pequeno corte na sua testa.
Minha mão involuntariamente foi até sua bochecha a acariciando de leve. O primeiro contato com seu corpo me deixou extasiado. Sentei-me na beirada da cama e passei alguns minutos a observando. Minha mão acariciava seu rosto esperando que ele se abrisse em um sorriso. Esperando que seus olhos voltassem a brilhar.

- , por favor, volta pra mim... - Eu sussurrei as palavras devido a minha boca estar seca. Minha voz era cortante no silêncio, e acompanhada pelos bipes dos aparelhos. - Me desculpa por tudo que eu disse. Eu nunca quis te dizer aquilo. Eu nunca pensei que isso fosse significar tanto. Desculpe. Eu não consegui viver com a idéia de ter de perdido uma vez. E eu não vou conseguir viver com a idéia de te perder de novo. Por favor, volta. - Eu implorava e pude sentir meus olhos arderem. - Eu sei que as vezes eu parecia meio alheio a você. Mas não era medo, era só a idéia de você ser um sonho bom, aqueles que desaparecem quando você começa a acreditar que é real. Mas eu sei que dessa vez você não vai desaparecer. Por favor, acorda, . Eu estou aqui. Me escuta. Deixa eu ver o brilho dos seus olhos de novo. - Pude sentir as lágrimas escorrerem pelo meu rosto e minha mão buscou a dela que estava repousada sobre a cama. - , eu não sou nada sem você, nada. Não me abandona. - Eu disse segurando sua mão com força.

Minha palavras foram atrapalhadas pelo bipe constante que vinha do aparelho que monitorava seu coração. O aparelho indicava que seu coração havia parado. Que ela havia ido embora!

- NÃO! - Eu gritei desesperado me pondo de pé em um instante. - ! ! - Eu disse balançando seu corpo. Me virei para interfonar para a recepção, em busca de médioco. O telefone não dava linha. Fui correndo até o corredor e gritei por socorro. Nada. Voltei para ao seu lado onde o aparelho continuava a sinalizar o fato. Eu estava em prantos. - , , volta! Volta pra mim, por favor! Eu te amo, ! Eu te amo muito! Me escuta! Deixa eu ir no seu lugar. Não! Não!

Tentei o interfone e o corredor de novo, sem obter respostas. Eu não conseguia sair do quarto para poder pedir ajuda. Eu não conseguia deixá-la. Alguns minutos haviam se passado e eu sentia como se houvesse uma faca penetrando no meu peito a cada segundo. Eu nunca ia conseguir me conformar. As lágrimas agora não eram controláveis. Me sentei ao seu lado de novo e acariciei seu rosto.

- , eu te amo... - Encostei meus lábios nos seus de leve, e eu até poderia dizer que era tudo o que eu queria, se ela pudesse corresponder ao meu beijo. Foi de repente que ouvi o aparelho emitir um bipe diferente e me afastei dela. Seus batimentos começaram a voltar rapidamente. Eu não conseguia acreditar, meus olhos pareciam saltar para fora. Tão rápido quanto seus batimentos, a cor de seu rosto voltava. Eu segurei firme em sua mão, presenciando aquele milagre.
Nada mais me parecia impossível desde que a vi pela primeira vez, mas esse foi o único momento que agradeci ao impossível. Pude ouvir um murmúrio baixo e seus olhos se contorcendo um pouco.

- ? - Eu perguntei me aproximando dela. Seus olhos se abriram muito lentamente e piscaram várias vezes até se acostumar com a luz. Ela parecia fraca.
- ? - Ela me encarou pasma. - Jonas? ! - Sua voz era baixa mas audível. - Então... Não foi um sonho? Ou ainda é um sonho?
- Bem, para mim é mais do que um sonho. Foi quase que um pesadelo, mas vale a pena lutar pelo sonho. - Eu disse com um grande sorriso. - , você se lembra?
- Bem, eu era uma... Fantasma. - Ela dizia como se cogitasse o impossível. Eu afirmei com a cabeça. - E a última coisa que eu me lembro é você me dizendo que queria que eu sumisse ou algo assim...
- , desculpa! - Eu voltei a chorar. - Eu nunca quis dizer isso, você não tem noção de como me sinto tomado pela culpa. Eu quase te perdi de novo. Me desculpa.

Ela me encarou com um sorriso sem mostrar seus dentes. Tentou levantar uma de suas mãos, a que estava livre, percebeu a dificuldade por causa dos fios e os encarou feio, de repente os puxando.

- O que você está fazendo? Não pode fazer isso! - Ela pousou o dedo da sua mão livre sobre minha boca me fazendo ficar quieto.
- , cala a boca, você fala demais! - Ela disse se sentando e eu a ajudei. - Eu não preciso desses fios para viver.
- E você acha que precisa de que então? - Eu disse tentando puxar os fios de volta. Ela segurou minha mão com força e puxou meu rosto até ela.
- Eu preciso de você. - Pude sentir sua respiração difícil bater sobre meu rosto devido a proximidade.
- Eu preciso dizer uma coisa. - Eu disse com um pouco de dificuldade.
- Você fala demais. - Ela disse quando senti seus lábios roçarem nos meus.
- Eu te amo. - Eu disse com um pequeno sorriso.
- Isso eu já sei. - Ela disse soltando uma risada. Eu fiz um bico decepcionado. - Eu te amo, .

Pude finalmente sentir seus lábios sobre os meus. O gosto doce da sua boca era algo que eu gostaria de sentir pra sempre, mas ambos precisávamos de ar. Eu me separei de má vontade dela e a encarei.

- , me perdoa? - Eu disse a encarando. - Por todos meus erros.
- Nós todos aprendemos a cometer erros e fugir deles. Sem direção, só que esses erros podem atingir o caminho de outras pessoas. Você deve ter aprendido com tudo isso.
- Agora eu estou avisado. A dor é um simples compromisso, mas nós podemos conseguir tudo através disso. Só preciso de alguém para amar. Então eu posso achar meu caminho e correr até ele. E eu quero seguir seu caminho, . Isso é, se você me permitir.
- Hum, isso é algum tipo de pedido?
- Você quer ser minha namorada? - Eu gaguejei um pouco o que fez ela sorrir.
- Jonas inseguro com a minha resposta? - Ela sorriu abertamente. - Bem, eu vou ver na minha agenda e se eu estiver disponível... - Eu fiz uma careta. Ninguém merecia tomar um fora nessa ocasião. - Hey, você ainda está chorando? - Ela disse limpando as lágrimas que estavam sobre meu rosto.
- Er... É que... - Eu comecei gaguejando de novo.
- Não precisa explicar! - Ela disse passando as mãos sobre meu rosto. Eu fechei os olhos e senti seu toque. - Você sabe, várias vezes eu quis poder fazer coisas, ou dizer, mas eu não sabia qual seria sua reação. Eu pensei que quando eu fosse, você ficaria melhor. Afinal, um... Fantasma era um sinal de loucura, ou tormento.
- Você estava errada.
- Deixa eu terminar! - Ela murmurou impaciente. - Eu nunca pensei que você pudesse sentir algo a mais do que pena ou medo... Mas eu estou feliz por ter você aqui agora.
- Eu estou mais feliz por poder olhar nos seus olhos e poder dizer que eu não vou deixar você cair, que você nunca vai desaparecer para mim. - Ela se jogou nos meus braços e me abraçou forte e eu retribuí.
- Aliás, e sobre a sua pergunta: Sim, sim e sim. - Ela disse rindo alegre. - Eu sempre vou te perseguir. Em tudo que você ver, onde quer que você esteja. Sabe por quê? O amor não escolhe um rumo.

Me separei um pouco do abraço e segurei em seu rosto. Suas mãos foram até meu pescoço e começaram a brincar com meu cabelo, minhas mãos tinham cuidado a tocar, mas acabamos começando um beijo um pouco exagerado, para quem havia acabado de voltar de um come e para alguém que tinha um anel de pureza.

- Nem os fantasmas. - Eu disse quando terminamos de nos beijar.

O momento perfeito, a pessoa perfeita, a realidade perfeita. Só poderia desejar que isso não desaparecesse. Para sempre.


End


N/A: Heeeeey you ! Olha eu aqui de novo com minhas fics sem noção. Sim são sem noção porque eu nunca escrevo sobre algo normal ! Bem, dessa vez eu agradeço ao Paramore que despertou minha imaginação com a música Misguided Ghosts, que alias vale MUITO a pena escutar.Agradeço a você leitor que não sei como mas leu toda ... fic (?). Agradeço a minha sempre leitora fanatica e bff @EveeLima ( twitter *- - * ) , se num fosse por ela eu teria apagado todas as minhas fics, mas ela é chantagista ! Agradeço a minha imaginação insana, apesar de eu ser uma pessoa normal (euacho)... E acho que é só... Ah, e agradeço aos JB por existirem e me fazerem delirar com eles.. Ahhhhhhh, Jonas <3 Ok, sem momentos delirio na nota da autora,ne ? Compreendi, ok, ok !  Mas então, obrigada por ler e me deixe feliz comentando ! Pode criticar e dizer que tá um lixo, eu gosto de saber quando tá uma droga, pra melhorar ! Bem, então, se você gostou desse negocio insano leia também :

Jonas Brothers:


Long Shot's Island (http://www.fanficobsession.com.br/fanfics/twoworlds.html)
You'll Always be My Thunder (http://www.fanficobsession.com.br/fanfics/yallwaysbemythunder.html)
Brick By Boring Brick- She lives in a Fairy Tale ( http://www.fanficobsession.com.br/fictions/shelivesinafairytale.html )
Please, Remember December (http://www.fanficobsession.com.br/fanfics/pleaserememberdecember.html)
Switch Back To My World (http://www.fanficobsession.com.br/fanfics/switchback.html)

Twilight:
I Kissed A Vampire and I Liked It (http://fanfic.twilightteam.com.br/fics/ikissedavampire.html)
Two Different World Collide (http://www.fanficobsession.com.br/fanfics/twoworlds.html)

Então para aqueles e aquelas que gostaram podem me adicionar no msn milacullen@hotmail.com & seguir no twitter @BlameItOnMila e @PARAMOREandMore Sempre estou lá, haha !

beiJONAS,
              Mila


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