“Foram palavras ao vento?
Elas significaram alguma coisa?”
O baile de primavera se aproxima e eu estou sem um par. Há uma semana atrás eu estava com o melhor par que uma garota podia querer:
, mas... As coisas mudam, peguei o meu “par perfeito” beijando a garota mais
oferecida do colégio, , minha sorte foi que eu flagrei só o beijo...
- ! abre a porta! você está ai? –
ouvi batidas fortes na porta do meu quarto.
- Já vai... – levantei e abri a porta.
- Menina, que demora pra abrir essa porta! – , minha melhor amiga entrou sorrindo no meu quarto e se estirou no
sofá ao lado da escrivaninha.
- Eu não ouvi! – fiz uma careta – Tava...
- Pensando no . – ela fez cara de “por que isso?”.
- Não, não estava não – desviei o olhar dela e sentei-me na cadeira da escrivaninha, liguei o computador.
- Bem, fique feliz mocinha, um primo do vai vir para a cidade... –
piscou.
- Seria um par pra mim? – sorri pra ela.
- E QUE PAR! Entra no Myspace ai que eu te mostro ele.
Bem, a é minha melhor amiga desde os cinco anos de idade, quando vim para o Canadá. Nós duas somos brasileiras.
Ela namora o , amigo do . Melhor amigo do
, pra ser exata. Ok, eu namorei o desde os meus quinze anos, hoje tenho
dezessete, e semana passada me senti com dez anos por ter sido enganada pelo meu namorado, mas acho que isso são coisas que acontecem certo?
Fiz o login no Myspace, que aqui no Canadá é como o Orkut ai no Brasil. Eu tinha recados novos, mas a minha curiosidade pra ver o primo do
era maior do que a de ler meus recados! A assumiu o comando do mouse e achou
o tal primo.
- , tem certeza que é esse? – fiquei boquiaberta.
- Absoluta! – recostou-se na cadeira.
- Nossa!
O menino era lindo! Não, era maravilhoso! Perfeito! Magnífico! Assim como o primo, era loiro e tinha olhos verdes, mas o cabelo era mais comprido e bagunçado.
Eu não consigo descrevê-lo... Muito, muito lindo. Pense no Brad Pitt! Bem, depois de “conhecer” o meu par no baile de primavera, fui ler meus recados. Havia um recado de
cada uma das minhas melhores amigas: , ,
e .
- ... – enrugou a testa olhando pra tela do computador.
- Oi?
- Um recado do ... Digo mensagem instantânea!
- O QUE? – grudei meu olhar ali.
- Lê!
- Não, lê você! – sentei em posição de yoga na minha cama.
- Ok... “, preciso falar com você, é sobre o baile de primavera. Beijo.”.
- Dãr, o que será que ele quer? – deitei e olhei o teto.
- Não sei, quer que eu responda?
- Sim, por favor. Responda ai: “Fale .”.
A próxima mensagem dele foi: “Tem que ser pessoalmente.”, me irritei e fui lá responde-lo. “Então não precisava falar por aqui, era só chegar falar
comigo amanhã no colégio. Beijo.”. Deu. Ele me conhecia e deveria saber que eu não estava a fim de conversar. Não com ele.
passou toda à tarde de domingo comigo. Depois, fiz as lições do colégio e sai para levar o cachorro do meu irmão para dar uma
volta no quarteirão. Passei pela casa do e vi o primo dele desembarcando do carro e pegando a mala do porta-malas. Passei
pela casa do e vi o e o , amigos dele,
saindo de lá, apressei-me antes que me pedissem para esperar. Cheguei em casa, janta, banho e cama.
Despertador!
Por que levantar é tão difícil?
Com um esforço danado sentei na cama e me espreguicei. Pus os pés pra fora, fui pro banheiro, escovei os dentes, vesti a saia xadrez, a blusa branca, a gravata preta, a
meia branca e a sapatilha preta que formavam o uniforme super descolado do Lower College. Peguei a mochila e sai de casa, nunca tomo café da manhã por que sempre
estou atrasada.
No caminho avistei o com o primo gatíssimo dele, me apressei pra alcançá-los, assim, “sem querer”, sabe?
- Olá – sorri caminhando ao lado dele.
- . – me olhou – Essa é a de quem eu
falei – olhou pro primo que me olhou – , esse é meu primo, Eduardo.
- Olá – ele sorriu, eu derreti e desci pelo ralo.
- Oi Eduardo – sorri meio sem graça.
Fomos caminhando e conversando até o colégio. Bem, o que eu descobri sobre o Eduardo é que ele tem dezoito anos e vai ficar morando em Montreal com o
, isso obviamente não vai prestar.
Uma quadra antes de chegarmos ao colégio o começou a caminhar conosco, eu e o Eduardo íamos à frente do
e do .
- O me falou que vai ter um baile, – sorriu pra mim com cara de “estou te
convidando”.
- É, vai! – sorri.
- A gente precisa conversar, lembra? – ouvi a voz suave, mas irritada do e a mão dele segurando meu braço.
- Eu estou...
- Então nós vamos indo, nos vemos no colégio – puxou o primo.
- isso é falta de educação, eu estava conversando com o garoto... – olhei o Eduardo se distanciar com o
.
- Conversando? Ele tava dando em cima de ti!
Fiquei olhando-o sem entender nada. O estava com ciúmes? Isso é bom! Disfarcei a risada.
- Não estamos mais namorando, , não preciso te dar explicações e você não precisa impedir os meninos de chegarem em
mim. Você gostaria se, por acaso eu impedisse a de te beijar daquele jeito nojento?
- Han... – percebi que ele ficou sem resposta.
- Era isso que queria falar? – comecei a caminhar.
- Não. O que eu queria falar, na verdade é perguntar... Quer ir ao baile comigo?
- QUE? – perguntei em tom de desdém – , alô-ô... Faz uma semana que peguei você indo pras preliminares com a
. Sexta-feira vi você apertando tudo que é parte do corpo dela, ai, hoje você vem me pedindo pra ir ao baile contigo? Por favor,
se fazer a barba sai serragem. Cara de pau.
- Eu sei que você está louca pra dizer que sim. Eu te conheço. Conheço o suficiente pra saber que está se fazendo de forte... E que não me esqueceu. Nem vai me
esquecer...
Por Deus! Como ele me conhece! Será que é impossível esconder algo do ? Ta, ele é um galinha e ele tem todos os defeitos
não estéticos que um menino pode ter, mas, gosh, como eu gosto dele!
- Estou errado? – parou na minha frente.
- Está. Redondamente errado, , agora dá licença que eu não pretendo chegar atrasada na escola.
Comecei a caminhar ligeiro, o ao meu lado. Ultimamente a presença dele me incomoda, não sei se é pelo pingo de raiva que
eu sinto ou se é pelo turbilhão de lembranças ótimas que eu guardo. Adentrei no saguão principal e vi minhas amigas sentadas na escadaria principal junto com os amigos
do e o primo gato do . Conforme eu e o
nos aproximávamos todos nos olhavam sem entender nada.
- Olá guys, olá girls! – falei sentando ao lado da .
- Eu quero uma explicação satisfatória! – falou baixinho pra mim.
- Terá, terá! – pisquei e olhei o Edu, tava olhando pra mim e me chamou com o dedo – já volto amor.
Levantei e sorri pro Edu, não fomos muito longe caminhando.
- O falou que aquele garoto é teu namorado, verdade? – olhou de canto pro que
estava nos fuzilando com o olhar.
- Era. Era! Por quê?
- Por que daí eu gostaria que você fosse meu par no baile de sábado – sorriu.
- Perfeito! – pisquei.
O sinal soou e eu fui pra sala de aula acompanhada das meninas e dos guys.
- Que mal lhe pergunte o que meu primo queria com você, ? – andava abraçado com
a , com ,
com , com
e com o , o
vinha mais atrás com a .
- Me convidar pra ir ao baile com ele – sorri calmamente e olhei pro .
- Você aceitou né? – me olhou.
- Obvio, seria constringente chegar sozinha...
- Concordo! – deu um beijinho no e entrou na sala.
A primeira aula era de biologia, e é nessa aula que eu sento lá no fundo da sala e durmo até o sinal do recreio soar e me acordar. Oh, beleza. O incrível é que eu sempre
passo com a nota máxima nessa matéria, a professora é tão monga que sempre dá prova com consulta no material, e eu sempre levo o livro. Barbada!
Quando o sinal do recreio soou peguei a mochila e sai da sala, meu recreio era sempre com o , mas, na última semana eu tive
que ir pro refeitório sozinha, já que as meninas ficavam o recreio todo com os namorados. Que chato! Bem, ninguém manda eu querer sempre o garoto mais galinha, né?
O lanche do dia era um gororoba –como sempre- só peguei o suco e sai pro pátio. Fitei os alunos e constatei que o colégio é dividido em grupos, as
Patricinhas, os nerds, os jogadores, os feios, os chatos, e os meus grupos: os garotos do skate e as meninas descoladas.
Fui pro pátio dos fundos do colégio onde, graças a Deus, encontrei companhia, adivinhe quem... O Edu! Fofo! Ele estava sentado em um dos vários bancos que ali havia,
sentei do lado dele e ofereci suco.
- Não, acabei de comer... Quer chiclete?
- Quero – sorri – qual é a graça de ficar aqui sozinho?
- Conhecer pessoas novas.
- Então deduzo que não seja difícil, olha, toda menina que passa fica olhando pra ti – falei olhando uma menina que passava.
Olhei pra ele que sorriu e balançou a cabeça. Ficamos em silencio, bem típico de quando duas pessoas estão sem assunto. Virei pra ele pronta pra sorrir e dizer que ia indo
por que tinha que passar na biblioteca, quando senti um toque de leve no meu braço, é, virei e mergulhei no verde dos olhos do Eduardo. Que maravilha. Automaticamente o
vi fechando os olhos devagar enquanto vinha na minha direção.
Não pense que dei uma de apaixonada e pensei no . Tá, eu pensei, mas isso não me impediu em nada. Não me impediu de
sentir o beijo ligeiro do Eduardo. Que beijo. Deixo comparações de lado. Afastei-me dele meio sem ação. Sorri e fui salva pelo gongo: o sinal!
- Tchau – sorri levantando.
- Espera te levo até... Até lá dentro.
Fomos caminhando um do lado do outro. Na escadaria principal eu iria me despedir e só, mas, foi impossível quando eu vi o
entrando com a . Puxei o Eduardo e, por mais errado que fosse, taquei o beijo nele. Foi ele quem parou o beijo, se afastou
de mim e disse um “uau” que não era pra mim ouvir, mas eu ouvi. Vi que o estava parado um pouco pra cima da escada me
olhando, então, tratei de falar bem alto.
- Tem planos pra de noite? –sorri.
- Tenho...
- TEM? – não era o que eu queria ouvir.
- Passar na tua casa te pegar pra sairmos, que tal?
- Perfeito! Bye, Edu.
Subi as escadas e atirei um beijinho pro , muito discretamente, claro. Ta, eu sei que o que eu estou fazendo é errado, mas...
Cheguei na sala, sentei e fiquei pensando no Eduardo, ele era super querido e cheio de atitude, isso sem dizer que ele é lindo... Um ótimo partido, diria minha mãe.
As meninas entraram logo e se sentaram perto de mim. Era História. O faz história comigo. Olhei pro lado, a carteira dele
estava vazia, ninguém sentou no lugar dele ali. Ali do meu lado. Rezei e quase fiz macumba pra que ele não viesse nessa aula... Mas veio. E sentou no lugar de sempre.
Acho que acordei com sorte, em quase todas as aulas, bem no inicio, a professora mandava formarmos duplas e eu, quisesse ou não, sempre ia com o
, pela ordem das filas e esses esquemas de professora, porem, dois dos nossos quatro períodos haviam passado e nada de
“formem duplas, por favor,”. Ufa!
- Eu gostaria que formassem duplas – maldito pensamento esse seu !
- Não! – eu e o nos rebelamos na mesma hora.
- Não? – a professora nos olhos por cima dos óculos de hastes pretas, esses de nerd.
- Não vou fazer dupla com ele. De jeito nenhum! Nem pensar! – fiz cara de “estou bem sim senhora, obrigada”, antes que falasse mais algumas frases do gênero: “dupla
com ele? Enlouqueceu?”.
- Vocês dois, tratem de entrar em acordo, não é por causa de dois alunos confusos que eu vou mudar meu método de aula. Como eu ia dizendo turma...
Terminou de falar a minha “sentença de morte”. Um trabalho extenso. Como se não bastasse ser extenso, era pra apresentar, o que me ocuparia umas boas horas de
encontros extra-aula com o .
Peguei meu livro e tratei de procurar logo o conteúdo que havíamos pegado. Quanto mais eu fizesse na aula, menos tempo passaria fora do colégio com ele, e, mais tempo
eu teria para curtir alguns lugares que havia planejado ir com o Eduardo.
- Então... – o disse bem pertinho do meu ouvido, fazendo eu me arrepiar toda. Disfarce! – você e o primo do
... É... É sério?
- Não sei. – folhei o livro.
- Como assim? – odeio quando ele se faz de burro.
- Você e a , digo, você quer algo sério com ela? – me virei pra olhar pra ele, confesso que senti um aperto no coração
quando o imaginei dizendo “sim”.
- Não.
- Então, comigo é o mesmo – olhei o livro – copia daqui até aqui.
- Meus anjos... – a professora estampou um sorriso falso no rosto e levantou – tive uma idéia melhor: vou mudar os assuntos de cada dupla, então, um representante venha
aqui na frente.
Eu e o nos levantamos na mesma hora. Assim como paramos e assim como nos olhamos. Dei um passo. Ele outro. Acelerei.
Ele também. Parei e deixei que fosse ele, assim eu poderia culpá-lo se pegássemos um assunto ruim. Sentei e fiquei reclamando em português pra
o quanto eu estava odiando essa situação. Estava tão concentrada em reclamar que nem vi o
voltar e se sentar.
- Romeu e Julieta – ele disse largando o papelzinho em cima da classe.
- Hã? – não entendi nada, mesmo!
- Nosso assunto, Romeu e Julieta – fez cara de impaciente.
- Fácil! – pra retrucar as caretas, fiz cara de inteligente, tipo Hermione Granger, sabe? – Já olhei o filme...
- Ai está o problema... Não é falar, é...
- Não, não! Não me diga que é...
- Encenar.
Congelei minha expressão. Como assim encenar Romeu e Julieta? A professora enlouqueceu? Era aula de história ou teatro? O Cúmulo. O fim do mundo. Uma bola de gelo
caiu sobre mim e eu congelei por completo, acho que até meu coração parou de bater e eu não consegui pensar em nada, só em Romeu e Julieta.
- Quero pra semana que vem. Principalmente Romeu e Julieta. – a professora falou pegando seu material e se retirando da sala.
- HAHAHA, quem será que pegou Romeu e Julieta? – largou uma pergunta irônica.
- Eu... Digo, nós – apontei pro e peguei minha mochila.
- NÃO! – a meio que berrou.
- É. - respondi o vendo sair da sala.
- Man, que azar! – rangeu os dentes.
- Parece que eu vejo a tendo uma recaída... – ficou me olhando.
Demorei pra entender... E quando entendi não respondi. Assim, de repente me deu uma saudade de abraçar o . Eu nunca senti
isso antes. É uma tristeza intensa que me encheu dessa saudade. Ver ele e não poder abraçar nem conversar direito é horrível! Ta, eu poderia chegar e falar com ele, como
amigos, mas é estranho, é como se eu estivesse dando em cima. Dando mais uma chance. Pedindo pra voltar.
Nem me dei conta que as meninas haviam me deixado sozinha na sala. Sai dali e fui pros armários por os livros lá e essas coisas. Os corredores estavam vazios, mas a
escola ficava aberta, logo os alunos do turno da tarde chegariam. Virei o corredor pros armários e vi o lá – o armário dele é ao
lado do meu. Foi só ai que me dei conta que chorava.
Abri a portinha depois de muito sacrifício, sabe como é esses armários já foram usados por tantos alunos, por muitos anos... Eu estava chorando ainda, mas, em silencio.
Peguei alguns livros que estavam ali e alguns papéis meus caíram no chão, juntei e taquei dentro do armário novamente com os livros das aulas de hoje.
- Esqueceu de juntar isso... – me disse alcançando um papel.
Não, não era um papel, era uma foto. Uma foto nossa. Minha e dele. Fiquei olhando a foto nas mãos dele. Tentei pegar, o não
soltava. Olhei pra ele já abrindo a boca pra falar quando ele se aproximou e... Isso recaí, como diria a . Num beijinho tão suave,
tão cheio de saudade, desejo, ah, de sei lá o que.
Um barulho ecoou pelo corredor, a faxineira do colégio vinha vindo com algumas vassouras e deixou uma cair, me afastei do ,
fechei meu armário e sai dali antes que fosse tarde de mais. Desci as escadas correndo e, chorando. Mais que antes. E não me pergunte por que.
- Hey, vai aonde com tanta pressa? - Edu me puxou pela cintura.
- Eu... Eu... Ia pra casa – dã, resposta obvia. Mantive os olhos abaixados.
- ... – ele pegou meu queixo de leve e ergueu meu rosto vendo as lágrimas – o que houve?
Olhei pro colégio e vi o saindo. Fiquei em silencio tentando não olhar pro Eduardo nem pro
. Chão. O chão é um lugar interessante...
- Ele. – Eduardo disse finalmente quebrando o silencio que se instalou ali – você ainda gosta dele, né? –me soltou e sorriu, aqueles sorrisos “confia em mim.”.
- Eu não sei. Acho que sim.
- E por que não voltam? – começamos a caminhar.
- Não dá; ele me magoou, sabe? Essas historinhas idiotas de meninas apaixonadas e essas coisas... Não vale a pena.
- Tentar enganar a si mesma é que não vale a pena, . Sabe o que eu acho?
- Que eu sou uma boba sentimental? Ou quem sabe – me lembrei do sucedido de manha – uma garota fácil?
- Nenhum, nem outro. Acho que você e o devem continuar de onde pararam. Eu acho que ele gosta de você. De verdade.
Sério.
- Não fala o que tu não sabe Edu – tentei sorrir.
- Esqueceu que eu sou menino? – parou na minha frente – e eu tenho uma irmã, eu sei o que é isso tudo... Ouça, tive uma idéia.
- Diga!
- Vou te ajudar a fazer o mudar.
- Como?
- Assim, o disse que eu e ele temos personalidades idênticas, acho que foi exagero, mas enfim... Eu posso colocar-me no lugar
dele e fazer você virar a menina dos sonhos do ... Não que você não seja, mas pode acrescentar atributos. O que acha?
Fiquei em silencio. E acho que eu sou a menina perfeita pro , só que ele não soube valorizar. Bem, quanto à parte de
acrescentar atributos, seria uma boa idéia... Eu mostraria pro quem eu sou e pra
mostraria que posso ser mais que ela, por que, sério, ela quer ser mais que todo mundo.
- Aceita, ?
- Aceito. – sorri – obrigada, Edu.
- Que isso... – me deu um beijinho na testa – mas meu convite pra te acompanhar no baile ainda está de pé.
- Com certeza!
Bem, fomos em marcha lenta pra casa, afinal, o Edu tinha que estar por dentro de tudo. O fofo até cancelou nossa saída á noite e disse que era pra eu ligar pro
e dizer que eu ia começar a fazer pesquisas sobre o nosso trabalho. Fiquei meio insegura sobre isso, mas, acho que eu tenho
um forte aliado, né?
- Liga, agora! – estávamos na casa do trancafiados no quarto que agora é do Edu.
- Não tenho coragem!
- ! – repreendeu.
- Ok, Ok!
Disquei o número. Eu já havia ensaiado na frente do espelho o que dizer e como dizer.
- Alô – ouvi a voz sonolenta do , congelei.
- Alô – falei fria.
- ? – a voz dele “acordou”.
- É, a . Escuta, vou hoje á biblioteca municipal pesquisar sobre o trabalho, as oito, em
ponto.
- Não sei se posso... – eu sabia que ele responderia isso, as oito era a hora que ele ia buscar a no curso de pintura que ela
fazia.
- Esqueça a . É nosso trabalho.
- Mas...
- Oito horas, . A escolha de ir ou não está com você. Tchau.
Ele iria falar mais alguma coisa, mas eu desliguei o telefone e olhei pro Edu que fez gesto de positivo com a cabeça. Sai do quarto, fui pra sala e deparei-me com a
e o no sofá olhando filme.
- Oi pessoas! – me atirei no meio dos dois, amo empatar o love!
- Oi ! – me abraçou.
- Olá, ! – ele odiava quando eu me metia no meio deles e daí me chamava pelo sobrenome.
- ADIVINHA ! – se entusiasmou e ficou de pé.
- Que?
- Podemos tocar no baile!
- AS DUAS BANDAS! – também se empolgou.
- Hã?
- The Madonnas e Simple Plan, girl! – pulou em mim.
Simple Plan é a banda onde o é e The Madonnas é a minha banda, só pra
você entender.
- EU VOU CANTAR NO BAILE DE PRIMAVERA? – pulei na .
- VAI! – ela me abraçou.
- VAMOS! – o berrou.
- Precisamos de uma música nova, ! – piscou.
- Nunca escrevi músicas, ! – e era verdade, a sempre escrevia.
- Eu sei que você consegue amiga!
Pasmei! Bem, relaxa ! Que cômico tudo isso! Fui as sete pra casa, me arrumei e às sete e meia sai pra biblioteca. O
estava lá antes das oito. Come na minha mão! Tá, tá, até parece.
Ficamos lá até as nove. Combinamos de ensaiar um mini teatro na casa dele no outro dia de tarde. Tudo muito “profissional”, afinal, eu não pretendia recair de novo, eu me
sentia bem melhor agora. A casa do fica logo depois da minha, o que o fez acompanhar-me o caminho todo. Não me despedi
dele.
{Quinta-feira}
- , espero que já tenha composto a música! – disse animada.
- Puta merda! – pus a mão na testa.
- AINDA NÃO? – me olhou.
- Não... – falei com um sorriso amarelo.
Realmente a semana havia sido corrida. Todos os dias das três da tarde ás sete da noite eu ensaiava com o . De manha aula...
Eu chegava exausta em casa, meu Myspace estava abandonado, coitado!
- , por favor, eu quero muito tocar uma música nova. – sorriu.
- Juro que hoje eu componho e amanha trago até a melodia, ok, meninas? – sorri confiante.
- Mesmo? – disse.
- Duvidando de mim, ? – larguei minha ironia.
- Não! Mas acho meio... Impossível! – fez uma carinha de “hehe”.
- NADA É IMPOSSIVEL. – falei em voz de Freud.
- Nossa! – caiu na risada.
O sinal de término das aulas soou. Sai correndo pela escola atrás do .
- ! – berrei quando o avistei lá longe com a , de inicio, nem tinha visto a
coisa loira, só quando cheguei perto notei um cheiro de água oxigenada.
- Fala – ele sorriu sem graça.
- Será que podemos ensaiar agora nas primeiras horas da tarde? – fiz cara de ingênua e uma pose que eu sabia que o deixava meio,
como eu vou falar... Animado.
- Hã – olhou pra e depois pra mim – posso... Digo, podemos.
- Beleza, lá em casa, então.
Sai deixando a discutindo com ele. Tenho dó do às vezes. Corri pra casa tomei
banho, me vesti, almocei e fiquei esperando ele chegar. Eu estava meio ansiosa, não sei por que... Tive a idéia de pedir pro
me dar umas dicas de como escrever bem uma música.
- Tudo bem filha? – minha mãe apareceu na porta do meu quarto.
- Ótimo, mamãe. – sorri amarelo.
- Que ta acontecendo? – ela entrou no quarto.
- O vem aqui. – sorri.
Ela ficou me olhando com cara de espanto. Minha mãe acha duas coisas erradas ao meu respeito: uma que eu ainda estou com o
e a segunda é que eu sou virgem, mas não sou, perdi minha virgindade com dezesseis... Com o
.
- Mãe, escuta – fiz cara de mãe olhando pra filha e puxei-a pra minha cama – precisamos conversar...
- Essa fala é minha – ela riu.
- Mãe!
- Fala.
- Eu sou bem crescidinha – olhei – se é que me entende...
- MEU DEUS!
- É me entende. E, eu e o não estamos mais namorando, acabou. Ele vem aqui hoje fazer um trabalho, portanto,
desencane.
Ela ficou pensativa, me disse um tchau e saiu pro trabalho levando meu irmão para deixá-lo na escola. Não tardou pra campainha tocar e eu descer as escadas de três em
três degraus. Abri a porta, o . Mandei-o entrar.
- Trouxe o filme – ele disse me mostrando.
- Vamos olhar? – peguei o filme.
- Não, seria mais interessante comer... – riu.
- O QUE? – sou maliciosa.
- Comer o filme – coçou a nuca.
- Ah... Dã! – fui ligar o DVD – senta ai.
Pus o filme. Romeu e Julieta não é um filme muito bom. Torna-se pior quando você olha com o ex. E pior ainda quando você tem que olhar para fazer um trabalho. Filme de
duas horas, ao fim, eu estava exausta!
- Optamos por encenar apenas o final, certo? – falei retirando o filme do DVD e entregando pro .
- É. E, no meu ver, esta perfeito o jeito como viemos ensaiando.
- Concordo.
Instalou-se um silencio ali e eu não sabia o que fazer. Oferecer um cafezinho. Uma pipoca. Uma água. O ideal, pro
, seria uma cerveja, mas não tinha.
- Preciso de uma ajudinha sua, – falei.
- Diga.
- Como eu faço pra escrever uma boa música?
- Hum... – ficou me olhando – é pro baile?
- É sim – ri.
- Acho que basicamente sentir.
- Sentir?
- É. Sentir de verdade o que você está passando. Tristeza, felicidade, paixão, essas coisas. Você tem que por pra fora. Ir num lugar que revive esses sentimentos.
Isso...
- Obrigada, então.
Ele me deu mais umas dicas, ouvi atentamente. O foi embora às seis da tarde. Subi pro meu quarto, peguei meu violão, um
caderno, uma caneta e um casaco e sai de casa, eu sabia o lugar certo pra recordar coisas boas, como o
disse que era preciso pra escrever.
No final de uma rua, abri um portão enferrujado que dava pra uma trilha toda cheia de mato. Segui a trilha e minha cabeça já começou a infestar-se de lembranças.
Caminhei um pouco mais e deparei-me com um lago e ali pertinho uma cabana velha. Era um terreno do pai do . Aquela cabana
estava sempre aberta, e estava mobiliada, eram poucos que conheciam ali. O lugar não era muito bonito, mas eu o amava! Foi ali que eu dei o primeiro beijo no
, na festinha de aniversário da ...
Abri a porta velha, rangeu. Liguei a luz e constatei que a cabana não havia mudado em nada! Eram dois cômodos, em um tinha a cozinha, uma mesa, três sofás e a cama,
separada da sala-cozinha por uma cortina branca meio transparente, contando assim, eram dois cômodos, mas acho que é melhor dizer três, com o banheiro que era muito
bem arrumado, uma porta no quarto.
Sentei no menor dos três sofás. Vamos , concentre-se! Fechei os olhos e flashes me
vieram. O primeiro dia que eu vi o ...
[Flash Back/on]
Primeiro dia de aula da oitava série.
Eu lembro que eu estava nervosa. Muito nervosa. Nervosíssima! Não sabia se estudaria com a
, , ,
ou ... Mesmo com essa dúvida, permanecemos abraçadas no saguão do colégio onde
o diretor já citava os nomes da primeira turma de oitava série. Ouvi meu nome, e nada do nome delas!
Eu estava sem as minhas amigas! Sentei-me bem ao fundo da sala, meio triste. Fiquei olhando pela janela até a aula começar. Matemática. Odeio matemática! Ou melhor,
odiava, agora até que eu gosto... Já havia gente sentada na minha frente, um garoto... Já o tinha visto de longe, só não sabia o nome
dele, no momento, isso era o que menos importava.
- Uhrum – minutos depois, o menino se virou pra trás e pigarreou a fim de chamar minha atenção.
- O que... – virei pra frente e me deparei com a coisa mais linda que já tinha visto na minha vida... Bem, a coisa não, o menino mais lindo! – foi? – terminei a minha
pergunta boquiaberta.
- Tem horas? – ele disse indiferente.
- Tenho. – falei toda feliz e fiquei olhando pra ele.
Realmente, eu era meio bobinha... Depois de alguns segundos é que fui perceber que ele queria saber as horas... E eu, abobada fiquei olhando-o. O restante do ano foi
difícil de prestar atenção em qualquer aula. O menino sentava no meu lado todo dia, e às vezes conversava comigo.
- Quente né? – ele me disse uma vez.
- É.
Pra mim, aquilo era emocionante. [/Flash Back/on]
Oitava série!
Oitava série e a primeira frase da música! “Você me vê?”. Tem muito a ver... O nunca me olhava na oitava série.
Nunca. Ok vamos por etapas... Eu já falei o quanto eu queria que alguém gostasse de mim? Queria que alguém gostasse de verdade de mim... “Sente-me como te
sinto?”.
- Você me vê? Sente-me como te sinto? – bati a caneta no caderno repetindo mais uma vez as frases, era como se eu já tivesse escrito a música, as frases vinham prontas
na minha cabeça! Fui escrevendo, e... Ao fim, esse foi o resultado:
Você me vê?
Sente-me como eu te sinto?
Eu te chamo, não consigo compreender...
Não me ouves!
E eu não entendo,
Quando procuro, eu não encontro sua mão.
Foram palavras ao vento?
Elas significaram alguma coisa?
E todo aquele precioso tempo.
Mas eu ainda me sinto perdida nisso.
Algum dia, eu ainda sustento a mentira
Que ficarás.
Sonhando com um final diferente...
Eu quero segurar,
Mesmo que doa demais,
E eu não posso insistir em algo que eu nunca tive.
Eu continuo dizendo para mim mesma:
As coisas podem mudar com o tempo,
E se eu esperar por isto, poderás sempre mudar de idéia.
Como um conto de fadas, onde tudo dará certo no final.
Posso fechar meus olhos,
Tendo-te ao meu lado novamente?
Então eu mudo de idéia,
Então, decido manter as aparências.
Depois, eu percebo,.
Aconteceu o que precisava acontecer...
Algum dia, eu ainda sustento a mentira,
Que ficarás.
Sonhando com um final diferente.
Eu quero segurar,
Mesmo que doa demais,
E eu não posso insistir em algo que eu nunca tive
Eu sou uma sombra na sua parede?
Nada, além disso, ou qualquer coisa para ti?
Eu sou um segredo que guardas?
Sonhas comigo enquanto está dormindo sozinho, depois de tudo?.
Algum dia, eu ainda sustento a mentira,
Que ficarás.
Sonhando com um final diferente.
Eu quero segurar,
Mesmo que doa demais,
E eu não posso insistir em algo que eu nunca tive.
Não me vês...
Não me sentes como te sinto...*
(*Something I Never Had – Lindsay Lohan)
Fiquei lendo e relendo. Estava boa e tinha tudo a ver com o que eu sentia: Dúvida e saudade. Bem, constatei duas coisas, primeira, minha música tem que ter um nome,
segunda, ela tinha sido feita pro ... Meu Deus. Que carma... Bem, como eu mesma escrevi “as coisas podem mudar com o
tempo”, mudaram, eu não estou com ele, ele não guarda nenhum sentimento por mim, ele está com outra e eu sou uma sombra na parede dele. Por mais que doa pensar
assim... É a realidade. Não posso imaginar um conto de fadas aonde, no final, ele vai me abraçar e sair caminhando pelo meio da rua dizendo “te amo,
”, e daí, vai me levar pra algum lugar bonito e você sabe o que eu estou pensando, né?
Faltava a melodia. Não, acho que não faltava... Enquanto eu escrevia, a melodia vinha vindo conforme as frases. Peguei o violão, fui tocando e anotando as notas, dó, ré,
sol, fá, na ordem e essas coisas todas.
- Perfeita! – falei após largar o violão.
Guardei o meu violão na “mochila”, peguei o caderno, a caneta, pus o casaco e sai. Havia trazido meu celular, liguei para as meninas e marcamos um ensaio de última hora
na casa da , que é onde os instrumentos ficam.
- UFA! Desculpa a demora, girls! – chegou esbaforida – estava no ... – me olhou como quem fuzila outro alguém que
interrompeu algo extremamente especial (?).
- Bem, espero que seja importante, eu estava estudando – disse se sentando.
- Terminei! – disse feliz.
- TERMINOU O QUE? COM O EDU? – berrou quase pulando em cima de mim.
- Faz tem... – quase esqueci que eu e ele estávamos fingindo estarmos juntos ainda! – não, terminei a música.
Elas ficaram me olhando com cara de quem não acredita. Suspirei e peguei meu caderno.
- Sério ? – me olhou.
- É. – alcancei a folha a ela.
Leu em silencio.
- UAU! NOSSA! ESTÁ... ESTÁ... ÓTIMA! NOSSA! PARABENS ! – sorriu.
leu, depois , e
, elas gostaram, ai, fomos para a canção propriamente dita... Modéstia a parte, a música ficou perfeita! O som, a minha voz, o
segundo vocal da ! Nossa!
- E ai, meninas – largou a guitarra – já compraram os vestidos?
- Yes! – berraram elas.
- Eu sabia que estava esquecendo de algo! – fechei os olhos.
- TU ESQUECEU O VESTIDO? – me olhou e riu – só a !
- Amanhã eu compro – fiz careta.
- , amanha só vai ter os cacos dos cacos nas lojas – concluiu.
- São só duzentas meninas, existem lojas de sobra em Montreal. – falei em tom calmo.
- E você não ensaia toda tarde o tal do teatro? – pos a mão na cintura.
- CACILDA! – pus a mão na testa.
As meninas estavam rindo de como eu andava meio esquecidinha nos últimos dias...
“Seus créditos são insuficientes para completar essa chamada; Reponha seus créditos.”, mais isso agora, havia gastado todo meu saldo ligando pras meninas...
- Erm... – falei meio sem graça – me empresta o telefone?
- Claro, sobe lá em cima e pega!
Subi as escadas, estávamos no porão, peguei o telefone, liguei pro e cancelei o ensaio de sexta-feira, afinal, eu tinha que me
arrumar né? Desci mais um pouco com as meninas e fui pra casa. Teria aula no dia seguinte e já era tarde.
Eu acho que já comentei o quão difícil é acordar, exato?
Olhei pra janela por onde o Sol penetrava... Não, eu não iria à aula hoje! Virei-me e voltei a dormir, dormi até as onze horas quando minha mãe veio me avisar que havia
visita pra mim.
Sai do quarto daquele jeito mesmo, descabelada e de pijama, devia ser uma das meninas... Desci as escadas e ouvi um “oi” nada feminino.
- ? – passei a mão pelo cabelo rápido.
- Oi – sorriu, ele já havia me visto naquela situação várias vezes (?) – vim te dar uma noticia...
- Diga – sorri sentando-me.
- Não precisamos apresentar o teatro.
- O que?
- Romeu e Julieta, não precisamos... As aulas acabaram.
- Como assim, acabaram?
- É nosso último ano, então, resolveram que hoje era o último dia de aula para nós – sorriu.
- Ah, que bom! – sorri.
- Só vim avisar isso mesmo – se levantou.
Despedi-me.
Minha sexta foi de vadia: fiquei em casa!
{Sábado}
Minha tarde seria agitada: escolha do vestido, sapato, acessórios e procura de um salão de beleza com horário para me atender, que
catástrofe! Bem, deixei meu celular em casa, as meninas me ligariam para dizer que hora iam e se eu queria que passassem lá em casa, mas a minha resposta seria “não”,
eu queria chegar ao baile com o Edu, deu ponto final.
Mamãe me disse que iríamos ir para a casa da minha avó em Quebec... Iríamos não, ela, meu irmão e meu pai iriam, eu não perderia o baile por nada, optei então, por
mentir que posaria na casa da , porem, na minha cabeça, eu sabia que eu não ia dormir
lá...
Ir as compras é relaxante!
Sim, é... Mas só quando você encontra o que quer. Caminhei por inúmeras lojas a procura de um vestido bem bonito, mas não achei nada, vou tentar mais umas três e se
não achar, vou de jeans e all star!
- Posso lhe dar uma opinião, moça? – a atendente da loja me disse simpaticamente.
- Por favor! – sorri.
- Escolha um vestido rosa, ou vermelho, cai bem com o formato do seu corpo, rosto e a cor de cabelo.
- Hum, rosa é meio menininha de mais e vermelho... Eu acho que é mais pra pessoas sensuais... – torci o lábio.
- Por isso mesmo! – fez cara de “aha” – venha cá, tenho uns vestidos que são a sua cara.
Segui a atendente até uma parte mais nos fundos da loja. Ela se dirigiu até duas “filas” de vestidos, uma rosa e outra vermelha e disse que era para me sentir a vontade.
Olhei um por um os vestidos vermelhos. Comecei a me decepcionar, estava quase no fim e não havia achado nenhum que me agradasse.
- MEU DEUS! – falei quando me deparei com um vestido muito bonito – é lindo!
De fato, era lindo, simples, mas lindo! Vermelho sangue, tomara-que-caia, até o joelho, mais ou menos, e parecia ser bem justinho, na altura da cintura, um cinto largo
preto. Peguei o cabide onde o vestido estava pendurado e fiquei olhando-o.
- Sim moça, é muito bonito – sorriu – várias garotas já quiseram levá-lo, mas, sinceramente, não caiu bem em nenhuma.
- Vou provar!
Quase corri pra dentro de um dos provadores para provar o vestido. Vesti, me olhei, fiquei me olhando até ouvir a voz da atendente me perguntando como havia ficado.
Sai.
- Que tal? – dei uma voltinha.
- Uau!
- É aquele vestido que ninguém consegue ficar bem? – outra atendente parou me olhando.
- Uhum! – a moça que havia me atendido estava me olhando.
- Gente, estão me deixando ansiosa!
- FICOU LINDO! – disse uma.
- Maravilhoso! – completou a outra.
Não sou muito de acreditar no que os outros dizem a respeito de elogios, mas, elas me convenceram e acabei levando o vestido. Sai da loja e fui ver o
sapato, um preto, salto alto, bico fino, envernizado. Depois, acessórios, brinco de bolinha preto e um colar com um pingente preto.
Agora, só faltava achar um salão de beleza.
Salão de beleza que nada! Não achei um santo salão com hora livre! O jeito era ir pra casa e me arrumar lá.
Meu celular estava com dez chamadas não atendidas... Só liguei pro Eduardo combinando a hora que ele passaria me pegar e daí, fui me arrumar. Soltei meus
cachos, alisei a franja pra um lado. Maquiagem básica: delineador, rimel, blush, sombra e um batom vermelho.
- Nossa, , você está muito bonita! – Edu me ajudou a entrar no carro, não sei de onde ele tirou um carro...
- Obrigada e... Digo o mesmo! – mesmo ele sendo muito bonito sem estar arrumado.
O colégio era tão perto que eu achei uma bobice ir de carro, mas fazer o que né? O Edu me ajudou a descer do carro e fomos entrando no salão de festas do
Lower... Seria, talvez, a última vez que eu entraria naquele colégio já que depois eu ia cursar medicina em Oxford. Ou melhor, tentar entrar na Oxford primeiro.
Nunca vi tanta menina de rosa na minha vida!Acho que mais da metade das garotas estavam de rosa... Eu e o Edu nos dirigimos para a mesa da galera, onde, de
longe vi a vestindo um vestido rosa “cheguei”, de um lado dela o e do outro
sua melhor amiga, , que vestia um vestido rosa bebe. A
estava muito linda, um vestido azul bebe que entrava num contraste lindo com as luzes azuis fortes do cabelo. A
estava com um vestido roxo. com um cinza-prateado.
com um preto e a um cor creme.
- Olá! – cheguei e sentei-me na cadeira que o Edu puxou.
- ... – ouvi a cochichar – não era o vestido que você queria comprar
e não entrou?
- Psi, ! – me fuzilou com o olhar.
Bailes de primavera são relativamente chatos, aquele não foi diferente até que chamasse as duas bandas para tocar. Primeiro Simple Plan... O
tem uma energia surreal, ele consegue empolgar todo mundo. Tirou o casaco, pos a camisa social branca pra fora da calça,
tchutchuco... Os guys começaram a tocar aquela música super diferente. Ao menos, diferente de todas as músicas que eu já tinha ouvido do Simple Plan.
Eu nunca poderia ter visto isso de longe.
Eu nunca poderia ter visto isso vindo.
Parece que meu mundo está desmoronando.
Por que tudo é tão difícil?
Eu não acho que consigo lidar
Com as coisas que você disse,
Elas simplesmente não vão embora...
Em um mundo perfeito,
Isso nunca poderia acontecer.
Em um mundo perfeito,
Você estaria aqui.
E não faz sentido...
Eu posso simplesmente recolher os pedaços,
Mas pra você isso não significa nada.
Simplesmente nada.
Eu costumava achar que era forte,
Até o dia em que tudo deu errado.
Eu acho que preciso de um milagre para passar por isso.
Eu gostaria de poder lhe trazer de volta.
Eu gostaria de poder volta no tempo,
Por que eu não posso partir.
Eu simplesmente não consigo encontrar meu caminho,
Sem você eu simplesmente não consigo encontrar meu caminho.
Eu não sei o que devo fazer agora.
Eu não sei para onde devo ir.
Eu ainda estou aqui esperando por você.
Eu fico perdido quando você não está por perto.
Eu preciso me segurar em você.
Eu simplesmente não posso deixá-la ir.
Em um mundo perfeito,
Isso nunca poderia acontecer.
Em um mundo perfeito,
Você estaria aqui.
E não faz sentido...
Eu posso simplesmente recolher os pedaços,
Mas pra você isso não significa nada.
Simplesmente nada.
Você não sente nada.
Simplesmente nada.
Realmente, a letra daquela musica era linda. Eu só queria saber no que o estava pensando...
- Nem sei em que o se inspirou né? – a cochichou no meu ouvido.
- Se souber me avise – sorri.
Logo, ouvimos o diretor anunciar no microfone que estava na hora da “The Madonnas” tocar. Olhei para as meninas e sorri, fomos até o palco, era primeira vez que
tocaríamos em público... Quero dizer, para um público grande. Tentei me inspirar no , levar o comportamento em base e, ao
fim da nossa apresentação todos bateram palmas euforicamente. Senti-me muito feliz.
- Ótima música – o piscou quando voltei pra mesa.
- Obrigada, – sorri meio sem graça por saber que estava, novamente, deixando-me encantar pelo charme dele.
- Você que compôs ? – perguntou tomando um gole de uma bebida.
- Sim – sorriso colgate.
- Jura? – me olhou.
- Sim! Ela compôs na quinta feira, letra e melodia, sozinha! – disse.
Ficamos a maioria do tempo conversando, umas poucas vezes fomos dançar, não tocava nenhuma música boa, acredite! A festa não durou muito, logo algumas pessoas já
estava indo embora, eu era uma delas. O Edu me levou até em casa. Subi pro meu quarto peguei uma mochila e coloquei ali tudo que julgava necessário levar pra dormir
fora de casa. Coloquei um bolero preto e sai.
Você não deve estar entendendo, certo? Bem, minhas amigas passariam a noite com os namorados, eu estava solteira e odeio ficar sozinha em casa, é que minha casa é
bem grandinha, então decidi ir dormir em um lugar menor: a cabana do ! Lá é super calmo!
Cheguei, a cabana estava aberta, como sempre. Larguei minha mochila em um sofá e fui ver o que tinha pra beber... Vinho! Peguei uma taça e enchi, depois, sai pra fora e
sentei na margem do lago olhando pro céu e pensando... Pensando na vida. Fiquei imaginando o que o e a
estariam fazendo... Sendo que nem é bom pensar. Suspirei e voltei pra dentro... Voltei a encher a taça de vinho, peguei
minha mochila e fui pro quarto, peguei a toalha, coloquei minha camisola em cima da cama, a taça no console de madeira ao lado da cama e fui pro banho.
A água do chuveiro é morna, uma delicia... Demorei uns dez minutos no banho, lavei o cabelo, banho completo mesmo. Sai do banheiro, pus a camisola, minha camisola
preferida, preta de seda e alcinhas, deitei-me na cama, me cobri com um lençol, tomei o resto do vinho, olhei a hora, uma e meia, era cedo... Virei-me pro lado da janela e
vi a lua cheia lá no céu, ela iluminava um pouco o quarto, e eu acho que foi assim que eu adormeci.
- Oh merda! – ouvi alguém dizer após chutar alguma coisa.
Puxei o lençol um pouco mais pra cima, a fim de me esconder... Ouvidos atentos. Quem poderia estar ali? Oh gosh! Meu coração disparou quando vi o vulto se aproximar da
cortina do quarto. Será que sabia que eu estava ali? Olhei pro console de madeira... O copo! Peguei-o na mão e quando a pessoa abriu a cortina... CABUM! Atirei o copo
com toda minha força;
- AI MINHA CABEÇA! – a pessoa se distanciou... Bem, agora eu posso dizer o menino – Pra que isso?
Congelei, era a voz do . Sem sombra de dúvidas era ele. Não sabia o que fazer, pular a
janela, morrer de rir, ficar ali ou ir ajudá-lo. Ouvi mais um gemido de dor do e levantei sem nem querer saber se estava
descabelada ou o jeito que estava vestida.
- Tudo bem? – falei da porta do quarto.
- O que tu acha? – estava escuro, mas pude perceber que ele estava com a mão na testa.
- Desculpa , eu fiquei com medo... – liguei a luz – Deixa-me ver isso.
O copo não tinha pegado em cheio a cabeça dele, acho que só um pouco e tal... Procurei algo que servisse de curativo enquanto o
ficava sentado no sofá me observando, foi só ai que eu fui me dar conta da roupa com que estava!
- Eu sabia que tinha! – achei um kit de socorros básicos – tá, vai arder um pouco...
Passei o mercúrio ali e depois coloquei um curativo bem discreto. Sentei do lado do .
- Desculpa – sorri meio sem graça.
- Não foi nada – disse levando a mão no curativo e fazendo cara de dor – tá, na verdade foi, mas passa.
- Afinal, o que veio fazer aqui? – fui pra outro sofá, o maior.
- Dormir – me olhou – mas vejo que tu teve a idéia primeiro.
- Ahm, é... – fiz cara de “fiquei sem assunto”.
- Por que veio aqui, ?
- Tenho medo de dormir sozinha em casa – fui verdadeira.
- Mas você também estaria sozinha aqui... Não estaria? Ou está esperando o Eduardo?
- Eu e o Eduardo... A gente... Nunca estivemos juntos – olhei pra qualquer lado... Oposto ao do .
- NUNCA?
- Não...
Um silencio instalou-se ali. Eu não sabia o que fazer como agir, não sabia nem se devia
respirar. Até que uma dúvida surgiu-me...
- ...
- Oi? – ele disse com voz de quem estava com a cabeça longe, talvez, na .
- Porque tu não ta com ? – olhei bem pra ele.
- Brigamos – falou como quem tira um peso das costas.
- É uma pena... – falei quase pulando de alegria.
- Jura que tú acha isso? – me olhou e se levantou.
- Ah, é... – engoli em seco.
- Mas eu aposto... – sentou do meu lado – que tú achas o contrário e só não quer dizer a verdade.
- ... – ele estava certo, mas eu não podia o deixar saber disso – por que eu mentiria?
- Ué... Seria o mesmo se eu dizer “, sinto muito por você não estar com o Eduardo, vocês dois formam um belo casal”...
Fiquei olhando-o, e ele olhando pra mim, os dois em silencio. Bateu-me uma saudade de tudo. Desviei meu olhar do dele e fiquei fitando meus pés... Estávamos totalmente
sem assunto, eu estava mais envergonhada que o , obviamente, e aquela situação tinha que acabar, então, eu iria dizer que
estava tarde e que eu precisava dormir. Mas o que saiu...
- Tem horas? – olhei pro .
- Pra que tú quer horas?
- Por que sim... – tentei sorrir.
- Deixa eu te mostrar que as horas não importam ...
Não consegui responder. O veio com o habitual “fogo” pra cima de mim. Não pude respondê-lo e nem dizer que não
deveríamos estar fazendo aquilo. E que não deveríamos fazer o que iríamos fazer depois... Eu estava com tanta saudade dele... Tanta saudade de sentir ele me beijando
daquele jeito. Saudade de sentí-lo em cima de mim e todas essas coisas. Saudade, principalmente de ouví-lo dizer que me ama.
As mãos do eram “hábeis”, se é que assim se pode dizer. Ele todo era hábil. E lindo. E cheiroso. E, acima de tudo, desejável.
Naquela altura ele já havia descoberto que eu estava sem sutiã, e acredite, adorou descobrir isso, não queira saber por quê. Com os movimentos habitualmente sutis fez
com que eu ficasse em pé e assim me conduziu pro quarto já deixando pra trás a camiseta e da calça eu mesma cuidei jogando-a em cima de alguma coisa que caiu no
chão e quebrou... Ah, sempre fui desastrada mesmo.
Os toques e os movimentos leves do sumiram quando ele me atirou pra cima da cama e ficou ali me observando e,
consequentemente, me deixando sem graça... Sendo que eu até gostava daquele olhar de “te desejo” que ele me lançava. Pra provocá-lo mais ainda, mexi uma das minhas
pernas... Pra ele foi um espécie de “convite” pra deitar ali comigo, vai entender!
O veio com todo o desejo que tinha, e desconfio que até com o que não tinha, mas abafa. A mão dele passou, novamente, por
todo o meu corpo até parar na coxa... Olhou-me com uma cara toda maliciosa, tirou minha roupa intima, agora eu estava só de camisola mesmo. A mão dele voltou para a
coxa, mas dessa vez foi mais “além”, se é que você me entende... Era a primeira vez que isso ia acontecer... Digo que... Ah, você sabe! Ele foi percorrendo com a mão o
caminho que eu aposto que todos os homens conhecem bem. Não pude deixar de conter um gemido baixinho quando ele chegou onde queria e fez o que desejava... E não
foi só isso, o não parou de fazer movimentos suaves com a mão até que eu o puxasse pra perto de mim, e foi nessa pontada
de prazer que eu me agarrei na primeira coisa que tive em mãos: os cabelos dele. Foi a vez de ele dar um gemido baixinho, bem no meu ouvido... Isso me fez estremecer,
mais do que eu já estava estremecendo, claro.
Depois de mais umas inúmeras pontadas de prazer iguais as que eu relatei, consegui fazer com que a razão falasse mais alto que a emoção e consegui por o
pra baixo, afinal, ele ainda estava de cueca! Mas ele é rápido, enquanto eu observava o tórax super definido dele, ele já estava
tirando a minha camisola... Algo chamado “sem perda de tempo”. Estava na hora de tomar uma atitude... Comecei a dar mordidinhas leves no pescoço do
enquanto eu sentia as mãos dele percorrer - novamente- o meu corpo. Lá ia o
se afobar de novo, dei ma mordida no pescoço.
- Dói, sabia? – ele mais riu do que falou.
- É pra doer. E fica quieto! – falei olhando-o séria.
E realmente, ele não abriu mais a boca, a não ser pra dar uns gemidos básicos enquanto eu beijava cada parte do corpinho definido que ele tinha. É, CADA PARTE. Cada
parte mesmo, amiga. Desfiz-me da cueca preta que ele usava. Minha alegria de ficar no comando não durou muito por que, felizmente, eu deixei o
bem mais animadinho e ele tratou do resto.
O fez o mesmo que eu fiz com ele, beijou-me todo o corpo. Cheguei a um ponto que não agüentava mais tanta provocação e
nenhuma ação, entende? Puxei o bem pra perto de mim sentindo o corpo dele colado no meu e ele entendeu o que eu queria.
Senti uma onda enorme de prazer quando o fez o que eu queria... Chegamos ao momento do clímax no mesmo instante, não posso dizer como ele reagiu por que o
que eu senti foi tão forte que eu só consegui fechar os olhos, sentir e... Por mais vergonhoso que seja, acho que eu larguei um gritinho. Senti-me tomada por uma sensação
de prazer, claro, e suavidade, parecia que eu levitava e as palavras que eu disse foram por impulso, e foram relativamente altas.
- Ai , eu te amo! – ele ainda se movimentava em cima de mim.
- Era isso que eu precisava ouvir! – deitou-se ao meu lado, me puxou pra perto e me deu um beijinho na testa desejando-me boa noite.
E eu me aconcheguei ali. Nos braços dele. Encostada naquele peitoral que eu desejava desde que entrei na puberdade. Sentindo a respiração quente e ofegante do .
Matando a saudade que me habitava há uma semana... Quase duas. Depois de um tempo sentei na cama e fiquei olhando-o, em silencio.
- Sabe... – ele sentou e me puxou para que eu me sentasse na sua frente – eu estava com saudade de ti . Claro que só se passou
uma semana... Quase duas... – me puxou mais para perto, até colarmos o corpo um no outro – mas não sei...
- , cala a boca! – ri – você fala demais quando não deve! – olhei maliciosa pra ele e taquei um beijão.
Resumidamente, consegui pegar no sono quando o sol estava nascendo.
Eu preciso dizer que eu e o recomeçamos a namorar? Ele me completa. É só isso que eu tenho a dizer. Meu futuro é ao lado
do , e não em Oxford. Sempre amei medicina, mas o amor pelo vem em primeiro
lugar.
Acredite, meu caro, nossas bandas – The Madonnas e Simple Plan – fazem hoje muito sucesso. Eu amo o e ele me
ama. Temos uma ótima relação com os outros da banda.
Esquecemos as duas semanas que passamos separados, lá no colegial, esquecemos tudo... Ou, quase esquecemos. Meses depois que eu e o
estávamos juntos, a veio com um teste de gravidez dando positivo. Hoje o
é papai, eu sou madastra e o filho dele se chama Junior
.
Quase ia esquecendo de falar: o vai ser papai três vezes, estou grávida de gêmeos. Um casal. Tiffany e Bruno.
Como um conto de fadas, onde tudo dará certo no final.
Posso fechar meus olhos,
Tendo-te ao meu lado novamente?
Realmente, eu acho que não poderia ter um “final” mais feliz que esse.
p.s: Lana, obrigada pela parte da fic que você me ajudou. (;