- Pára, null! Seu chato! – null ria escandalosamente enquanto o namorado lhe fazia cócegas. null observava tudo à distância, perdida nos próprios pensamentos. Os três estavam na sala de televisão da casa da última, vendo um filme sem sentido que não atraía a atenção. – null, manda o null parar? – a amiga continuava tentando pronunciar algo entre as risadas incessantes. E null continuava observando. Por quanto tempo conseguiria esconder?
- null, eu vou até a cozinha preparar mais pipoca, tá legal? Não quebrem nada e nem se comam aqui, hein! – ela foi sarcástica. Saiu do recinto o mais rápido possível. Como conseguiria agüentar ver o homem que a fazia ter arrepios ali, com sua melhor amiga, e não lembrar de todos os momentos? De todos os encontros às escondidas, das tardes em que null ficava estudando em casa e os dois saíam para algum lugar para ficarem sozinhos?
Flash Back ON
- null? – ele parecia surpreso ao vê-la ali.
- Olá, null! null, amor, como você está?
- Oi, null! Pelo visto você já conhece o null!
- É, nos vimos por aí! – ela sorriu amarelo.
- Então, fica aqui com ele enquanto eu vou buscar bebida para todos! Não o deixe escapar, ele é meu essa noite! – null piscou e riu marotamente. O estômago de null revirou. null ficou sem graça e tentou puxar assunto.
- E então, você chegou bem em casa ontem?
- Claro.
- Acordou muito tarde hoje? Parecia bem cansada!
- Não.
- Olha, null, desculpa não ter ligado! É que eu tive um dia bem movimentado, então não tive tempo.
- Sem problemas, eu não ligo. – ela sorriu amarelo, um pouco alterada pela bebida que já tinha consumido. – Divirta-se com a minha melhor amiga, null. Que vocês tenham uma ótima noite! – ela levantou o próprio copo de Piña Colada, como num brinde aos dois. – Cheers! – e seguiu novamente em direção à pista, agarrando o primeiro cara que parecesse bom o suficiente.
Flash Back OFF
Ouviu passos se aproximando da cozinha e suspirou fundo, tentando mudar de expressão e apagar os próprios pensamentos.
- null? – sentiu aquela respiração em seu pescoço e a voz tão conhecida invadiu-lhe a mente, antes tão ocupada.
- null! – ela disse num sussurro, as pernas bambas, a respiração falha, as malditas borboletas. Sentiu a boca dele colar-se vorazmente à dela, o desejo crescente, a excitação marcante, todas as sensações misturadas. Mas ela o afastou. – null, não podemos. null está na sala, ela pode vir aqui a qualquer momento. – o garoto nem se deu ao trabalho de responder, empurrou null contra a pia e beijou seu pescoço, seu ponto fraco, com uma das mãos em sua nuca e a outra por baixo da blusa.
- Mas eu não resisto a você, pequena, você me deixa maluco! – ela sorriu e emoldurou seu rosto com as mãos.
- Pena que você não pode ser meu, null. Eu te quero tanto. – Ele viu o sofrimento nos olhos da menina, mas não podia evitar. Ela era o desejo, null era o amor. – Temos que voltar, null, eu vou na frente. – ela começou a caminhar e se virou rapidamente. Deu mais um beijo no garoto e perguntou – O que você disse a ela?
- Banheiro. – ele sorriu. Sabia que o que fazia não era certo, mas a paixão por null era grande demais. Esperou mais um pouco e voltou à sala, onde viu que o filme já havia acabado. – Amor, eu vou embora, minha mãe precisa que eu faça algumas coisas para ela. Vai ficar aqui ou quer que eu te leve em casa?
- Vou ficar. Eu e a null temos que pôr as fofocas em dia! – ele deu um beijo na namorada e olhou significativamente para a outra. Sorriu, sabendo que a tinha afetado. Adorava esse joguinho, esse poder que exercia sobre ela.
- Tchau, null, obrigado pelo filme!– a garota sorriu amarelo e deu um tchauzinho para null. Sentia-se suja, enganadora, mentirosa, vagabunda... Mas quem podia culpá-la? Ela apenas se entregara ao amor que sentia por null, um amor que a consumia, que machucava, um amor meio doentio.
- Então, null, algo de novo rolando?- null tirou a outra do transe.
- Hã? Desculpe, null, não ouvi, o que disse?
- Poxa, null, você está assim ultimamente! Distante, vaga, parece que está escondendo algo! Está tudo bem por aqui? Seus pais, seu irmão?
- Tudo ótimo, null, nada muda nessa vidinha monótona! – null parecia nervosa, irritada.
- Eu te fiz algo, null? Porque você parece irritada comigo! – “CLARO QUE FEZ, SUA IDIOTA! ROUBOU O CARA QUE EU AMO!”
Flash Back ON
- null!!!
- null!!!!
- AMIGA, eu tenho que te contar uma coisa! – as duas falaram ao mesmo tempo.
- Conta, null, você parece tão feliz!
- Tá, mas vou contar primeiro só porque é muito importante! Lembra do null? Aquele da festa? – claro que ela lembrava. Vinha saindo com ele há um mês. Resolveu se fazer de desentendida.
- Lembro sim! Por?
- Amiga, a gente está namorando! – null sorriu animadamente ao mesmo tempo em que o mundo de null despencou. Como? – A gente vinha saindo há mais ou menos um mês e eu não contei nada antes porque era tudo muito novo, eu queria que primeiro desse certo entre nós dois. Mas ontem ele me levou para jantar e me pediu em namoro! Não é lindo, amiga? Eu estou muito feliz! – null forçou seu melhor sorriso e abraçou a amiga.
- Lindo, amiga! Lindo.
Flash Back OFF
E, desde então, null vivia a vida que sempre sonhara, só que nas sombras. Ouvira os relatos da amiga sobre o primeiro beijo, o primeiro ‘eu te amo’, a perda da virgindade, todos os encontros românticos, a história de cada presente, de cada gesto. Enquanto isso, ela vivia as mesmas coisas, quase do mesmo jeito, só que sem o romantismo, nem todo o carinho. E, naquele momento, ouvindo a amiga perguntar o que havia feito, null explodiu. Um ano arrastando aquela situação incômoda, traindo a melhor amiga e traindo a si mesma.
- null, eu fiquei com o null. – null riu baixinho, cúmplice.
- Eu sei, amiga. O null me contou sobre vocês dois.
- Contou?
- É, ele falou daquele dia na balada. Ele achou que você pensava que eu iria ficar chateada e não estava pronta para contar! Mas saiba que está tudo bem, eu não fiquei brava nem nada. – e então null riu. Riu escandalosamente, sem parar, até a barriga doer. null a olhava sem entender. Quando se controlou, null olhou firme para a amiga, que suspirou aliviada.
- null, você é burra? – a amiga arregalou os olhos. – É cega? Porque você só pode ser um dos dois! Garota, acorda! Eu tenho ficado com seu namorado desde que vocês começaram a ficar juntos! Todos os dias, há um ano, eu e ele temos ficado escondidos de você! Você é a única que não sabe, sua corna! – null chorava ante a crueldade da melhor amiga. – E agora você quer saber o que eu te fiz? Você roubou de mim o único cara que eu amei até hoje! Como você pôde? – null a olhava, boquiaberta.
- null, eu... como assim? Não brinca comigo! – ela não podia acreditar, não queria acreditar.
- Cala a boca, null! Vai, sai da minha casa! – null continuava parada olhando a amiga, que agora chorava, soluçando desesperadamente. – SAI DAQUI! SAI, SAI, SAI, CORNA, SAI! – null empurrava a amiga para fora, querendo esmurrá-la por ser tão burra. Burra de confiar em alguém que nem ela, ou que nem null. Bateu a porta com toda a força e correu para o quarto, onde deitou na própria cama e continuou chorando. Não sabia por quanto tempo ficara ali, deitada, olhando o teto, até que a porta se abriu subitamente. Um null atordoado entrou e pegou-a pelos ombros, chacoalhando-a enquanto gritava.
- O QUE VOCÊ DISSE PRA ELA, SUA MALUCA? O QUE FOI QUE VOCÊ DISSE? ME RESPONDE!!!!! – null olhou-o calmamente e respondeu no mesmo tom.
- A verdade.
- COMO ASSIM? VOCÊ ARRUINOU O MEU NAMORO! SERÁ QUE VOCÊ NÃO PERCEBE? EU AMO A null! AMO! VOCÊ ERA APENAS MEU PASSATEMPO, MINHA DIVERSÃO! ALGUÉM QUE SEMPRE FEZ TUDO O QUE EU QUIS! – agora ele se sentara na cama, com as mãos no rosto.
- Você sabe que não é assim, null. Você sabe que sente algo por mim, se não sentisse não teria ficado escondido comigo por um ano. E você sabe que eu te amo e que eu poderia te fazer muito mais feliz! Eu te ensino a me amar, meu null, eu te ensino. – null havia se acalmado.
- Não, você não pode, null. Você só me quer tanto assim porque sabe que não pode me ter. Eu nunca quis te magoar, linda. Eu juro. Você me atrai, me atrai demais! Talvez mais do que eu possa suportar, não consigo te ver perto de mim que eu quero ter você! Mas nossa sintonia sexual não supera o carinho e o amor de acordar ao lado da null, ver o sorriso dela, as vezes que ela não entende as piadas, ou quando ela chora. Eu quero protegê-la, tê-la dormindo sobre meu peito pelo resto da minha vida. – null chorava e a dor que ela sentia era quase palpável. Ela se aproximou e beijou null, com toda a força do mundo e arrancou suas roupas com violência. Queria machucá-lo do mesmo jeito que ele a machucara. Transaram como dois animais e, quando caíram, um pra cada lado, exaustos, ela o olhou vestir a roupa e sair sem nem olhar para trás.
Flash Back ON
Ela estava com medo. Mas estava decidida. Ele era o cara, ela sabia. Preparou o ambiente, seu quarto tinha velas por todos os lados, pétalas de rosa e incensos de canela, que eram os mais afrodisíacos para o signo dele, segundo o site de astrologia que ela consultara. Tinha ligado pra ele mais cedo, dizendo que null iria viajar e que ela tinha uma surpresa. Quando null chegou e viu tudo aquilo, sorriu marotamente. ‘Finalmente’ pensou. Seguiu o caminho de rosas e encontrou-a nua, em cima da cama. Tirou a roupa rapidamente e foi para junto dela, que parecia apavorada.
- Vai doer, null? – Pela primeira vez ela parecia uma menina. Tirara a pose de durona e se abrira pra ele, apenas pra ele. null beijou-a lentamente, prometendo que iria devagar e que pararia a qualquer momento se ela quisesse. Mas ela foi até o fim, tentando não reclamar e seguindo as instruções dele. Quando os dois caíram, um pra cada lado, exaustos, ele deu-lhe um beijo na testa, vestiu a roupa e saiu sem nem olhar para trás.
Flash Back OFF
null ficou afastada de null por um tempo. Uma semana sem ligar, sem mandar e-mails ou mensagens instantâneas nem no celular. No sábado, não agüentou mais. Discou o número que sabia de cor e esperou. Uma. Duas. Três chamadas.
- Alô? – a voz tão conhecida atendeu, sonolenta.
- null? – o coração acelerava.
- Quem é?
- Sou eu, null. – ele suspirou.
- O que você quer? – ele foi seco.
- Eu estou com saudades!
- Amor, quem é? – a voz de null ao fundo. Aperto na boca do estômago.
- Olha, garota, eu e minha namorada reatamos. A gente se ama e eu não quero mais saber de você! Não quero te ver nem ouvir tua voz de novo. Vê se me esquece. – ele tapou o bocal, mas ela ainda podia ouvi-lo. – É ela, amor.
- null? – a voz da amiga encheu seus ouvidos. Ela não respondeu. – Eu sei que você deve estar me odiando agora, me culpando por cada coisinha errada que aconteceu em sua vidinha medíocre. Mas saiba que eu não tive culpa, okay? – suspiro – Você sabe que eu nunca te magoaria propositalmente, se eu pudesse voltar atrás... – pausa ‘Você não deve nada a ela, null!’ a voz de null ao fundo – Eu quero que você saiba que eu não guardo rancor nenhum de você nem te odeio nem nada do gênero. Mas eu não posso abrir mão do homem que eu amo para que você possa ter um caso com ele. – tu, tu, tu, tu. O telefone caiu no chão e null pisou em cima dele.
null mudou seu círculo de amizades, mudou toda a sua vida, os lugares que freqüentava, as gírias que dizia, o guarda roupa, as cores, tudo. Não queria relembrar as cenas, não queria se sentir suja de novo. Ela sabia que não tinha feito nada certo, sabia que tinha sido cruel. Mas era tudo por amor. Ou pela obsessão que sentia por null, o cara que ela não podia ter. Ela já havia se perdoado e acreditava que null e null já a haviam perdoado também. Nunca pretendera ser má com a melhor amiga, nunca quis ter o relacionamento escondido, sempre fora aquela que lutara contra os desejos. null fora o maior cafajeste dessa história, enganando as duas, iludindo ambas, e saíra recompensado. Ela era a vagabunda, ele era o confuso. Ela era a traidora, ele era o pecador arrependido. Mundo machista? Com certeza.
Ela caminhava sozinha pela praia, os pés tocando a água gelada, a brisa tocando-lhe o rosto. Alguns meses haviam se passado e ela não encontrara nenhum dos dois novamente. Sentou-se na areia e ficou paralisada, contemplando a beleza daquela paisagem. Sentiu alguém se sentando ao seu lado e ficou surpresa quando viu quem era.
- Você está diferente!
- E você está mais linda que nunca. – ela ergueu as sobrancelhas - null, eu realmente sinto muito por ter enrolado tanto. Eu só levei tempo demais para perceber que você é a garota de quem eu gosto. Só você me faz ter todos os sentimentos ao mesmo tempo. Eu acho que te amo, null. - ele se declarou pra ela naquele lindo pôr-do-sol, de frente para o mar, com o vento leve bagunçando seus cabelos.
- Jura, null? Me desculpa, mas agora sou eu que não te quero mais. - Ela levantou e saiu caminhando, rindo sozinha. Havia tirado toda a angústia do seu peito e, quem sabe, agora pudesse seguir sua vida normalmente.
N/a: Meninas, ta aí a segunda parte que vocês pediram! Não me odeiem, PLEASE! Sim, eu estou de TPM e com raiva do mundo masculino. Mas daqui á alguns dias isso passa. Se vocês comentarem bastante, eu prometo que faço uma continuação, que quem sabe pode ter um final feliz! O que acham? Deixem a autora mais feliz ainda e comentem! Adorei saber que gostaram da outra fic! Magina, se vocês continuarem comentando eu posso até fazer uma longa! LOL
Beijoooos!
Amo vocês!
E agradecimentos à minha beta, que é super legal, a Rafa!
P.S.: São cinco da manhã de quinta feira! E eu tenho aulaaa hoje!
Rúbia