Escrita por: Jana Cavalcanti
Betada por: Amy Moore




1.
Olhe, não me leve a mal, senhora , a senhora é realmente uma mulher exuberante e sabe-se lá como você consegue manter esse sorrisinho sem graça, e atraente pra caralho, por todo esse tempo no rosto, mas têm condições de você parar de me encarar por um segundo?
Eu conseguia sentir minha incompetência de parar o movimento da minha perna começando a me irritar seriamente e, em uma ação involuntária, levei minha mão livre à porra da gravata que parecia me sufocar agora mais do que nunca, afrouxando-a um pouco.
Meus olhos desceram para o embrulho que a minha outra mão segurava, um sorriso, quase imperceptível para os outros, se formando em meus lábios. Que sorte da porra que eu tinha por tê-la como amiga; eu nem sequer precisei escolher nada.
Desviei minha atenção para frente novamente, me empenhando em não olhar para Lucy e muito menos para Paul, que provavelmente me analisava ainda mais do que ela, e passei os olhos pela sala. Eu já conhecia cada canto daquele lugar, de olhos fechados, só pelo cheiro. Mas, por algum motivo, hoje tudo parecia diferente. Até mesmo a atmosfera.
Eu estava longe de me sentir confortável ali, como sempre estivera, e minha curiosidade por descobrir o motivo por trás disso fez a minha indiscrição de realmente reparar nas coisas bem na frente dos donos da casa me surpreender. Eu simplesmente não conseguia evitar.
A palavra certa para definir aquilo era caseira. Todos os móveis, em variados tons de madeira, em sua maioria claros, eram colocados em perfeita sincronia, dando ao lugar uma visão que lembrava uma casa de campo. No meio da floresta, onde o lenhador morava com a família, por exemplo. O que de certo era muito estranho, visto que estávamos no meio de LA. Os sofás verdes musgo, dois ao todo, separados por um abajur, que por várias vezes eu quase quebrei, formavam um quadrado quase perfeito com as poltronas igualmente sincronizadas. No meio ficava a mesinha que, de fato, eu já quebrara algumas vezes. Mas o que olho nenhum podia deixar de notar mesmo, era na quantidade absurda de estantes que circulava o local. Cheias, não só por vários tipos de livros, como por todo o tipo de enfeites esquisitos que o pai dela, que era antropólogo, trazia de suas viagens. sempre dizia que ela odiava aquelas porcarias e que sempre tinha pesadelos com eles.
Ouvi o senhor coçar a garganta, provavelmente chamando a minha atenção pela indelicadeza anterior, e eu o encarei pela primeira vez na noite. Eu podia ter dispensado completamente esse acontecimento. Pára, mão.
Quando achei que sair correndo era a melhor solução, um barulho fez minha respiração acelerar e frear ao mesmo tempo.
- Mãe, você tem certeza que quer muito que eu vá com uma sandália que eu nem sequer sei usar? – a voz de ecoou pela sala, me fazendo esboçar um sorrisinho involuntário, enquanto eu apoiava a mão no sofá atrás de mim, pegando impulso para olhar para ela.
A gravata parecia ainda mais apertada quando a olhei. Ela estava simplesmente...
- Claro que sim, . Olhe para você, está maravilhosa! - Lucy se manifestou, andando em direção a ela, a qual lutava com os pés e segurava o corrimão firmemente para não cair.
Quando finalmente chegou ao térreo, ainda se apoiando na mão da mãe, ela olhou para mim. Eu ainda estava com cara de babaca observando o quanto o vestido prata caía perfeitamente em seu corpo. Um sorriso discreto apareceu em seus lábios, me aquecendo, de certa forma, completamente. Eu sorri em resposta, me levantei e caminhei até ela.
Ficamos nos encarando durante um tempo, apenas tentando digerir o fato de eu estar levando a minha melhor amiga para o Prom. E provavelmente o fato de ter nossos pais não fazendo a menor idéia do que isso significava, também.
O senhor coçou a garganta mais uma vez.
- Que horas pretendem voltar? – ele disse, e eu tinha certeza de que essa era uma pergunta voltada diretamente para mim.
Sorri fraco para e voltei minha atenção para ele.
- Nós estaremos em casa amanhã de manhã. – dei de ombros.
Ele levantou a sobrancelha, me olhando com alguma coisa que eu chamaria de um misto espanto com raiva. Ele sustentou aquilo por tempo suficiente para me deixar literalmente suando dentro da roupa. E, quando novamente eu cogitei sair correndo, sua testa relaxou. E ele sorriu.
- Tá bom, então. Não esperaremos você acordada, querida. – ele levantou do sofá e se aproximou de nós.
Abriu um sorriso e depositou um beijo na testa de , que fechou os olhos e sorriu ao gesto.
Ele olhou pra mim, com alguma coisa engraçada no olhar, e deixou a mão pesada bagunçar todo o meu cabelo. Filho da puta. Se ele soubesse o tempo que eu levei para deixar essa merda assim, ele não teria o feito. É claro que meu gemido em reprovação deu a ele essa idéia.
O desgraçado abriu mais o sorriso e subiu, sem voltar a nos encarar.
- Bem, meu amor, a mamãe também já vai subir. – Lucy beijou também a sua testa, de forma maternal e protetora, e levantou a sobrancelha logo em seguida. – Não faça nada que eu não faria.
Eu tive que rir. Assim como . Lucy olhou para gente e riu também, logo antes de tomar o mesmo gesto comigo, beijando o alto de minha cabeça.
- E você, , não deixe que nada de ruim aconteça com a minha menina. – ela meio que brincou e falou sério, não entendi direito.
Eu apenas sorri em resposta; é claro que eu não deixaria.
- Mas então, né? Está tudo muito lindo, tudo muito ótimo, mas eu não gostaria de perder o baile. – sorriu para a mãe e depois olhou para mim. – Vamos logo, .
E começou seu caminho até a porta emburrada, quase tropeçando. Eu tive que rir novamente, porque dentre todas as pessoas que eu conheço, nenhuma é mais desengonçada do que ela.
Lucy deu um beliscão fraco no meu braço em resposta a isso, lancei um olhar envergonhado entre a risada. Não é possível que a mãe dela não concorde comigo, que não existe nada mais engraçado do que a andando de salto!
Seus olhos me fuzilaram por um tempo, que sinceramente eu não conseguia distinguir entre enorme ou curto, de uma forma que me fez ficar com medo dela. Ele não era raivoso, nem nada, mas era...
E então ela me empurrou em direção à saída, por onde a já havia passado. Eu entendi o recado e a alcancei, fechando a porta da frente em seguida, logo atrás de mim.
- , espera! – meio que gritei, desnecessariamente, já que ela estava a apenas alguns passos de distância.
Ela virou de costas para a rua, ficando de frente para mim, e sorriu. Daquele jeito que só ela conseguia.
- Cadê nossa Limusine? – levantou a sobrancelha, fingindo uma expressão séria. – Eu não vou ao baile com você sem uma Limusine, .
- Olha... – ela apertou os olhos, colocando a mão na cintura em uma pose ridícula de patricinha escrota, e eu revirei os olhos. - está do outro lado da rua, se você não reparou.
Bem na hora. Tinha que me lembrar de dar uma gorjeta ao motorista por isso.
- Ohhh! – ela sorriu, colocando a mão na boca e arregalando os olhos. – Eu não pensei...
- Cala a boca. – revirei os olhos novamente. Lembrei-me do que segurava em minhas mãos e abri um sorriso, passando a mão pelo seu braço a fim de chamar sua atenção. – Eu prometi que faria tudo certinho, não prometi?
Ela sorriu, assentindo. Eu abri o embrulho, rasgando o papel sem a mínima delicadeza e deixei a caixinha em minhas mãos. Ela olhou para ela, abrindo ainda mais o sorriso.
- Espero que você tenha gostado dessa... – tirei a flor com cuidado, com um medo da porra de estragar aquele negócio tão frágil, e segurei sua mão. – A mulher disse que era bonita, mas todas as outras pareciam tão bonitas quanto pra mim. – dei de ombros e comecei a arrastar a flor delicadamente pela sua mão.
Quando ela estava colocada em seu pulso, levei sua mão para a minha boca e a beijei.
Voltei minha atenção para o seu rosto e abri ainda mais o sorriso. É, ela tinha gostado.
- Obrigada, . – sua voz saiu bem baixa, quase como um sussurro, e eu imaginei que era porque ela estava com vergonha.
Nós nunca havíamos agido assim. Quero dizer, eu nunca havia tratado ela como uma garota. Como uma garota que não fosse a minha melhor amiga, confidente, irmã. Era engraçado imaginar que ela estava ainda mais desconfortável do que eu com toda essa história de levá-la para o baile, mas meio que fizemos um acordo de não falar muito sobre isso e agir o mais naturalmente o possível.
E eu faria tudo que estivesse ao meu alcance para isso.
- A gente tem champanhe aqui, sabia? – abri um sorriso malicioso, levantando a sobrancelha assim que nos acomodamos no banco de couro do carro.
estava analisando-o de cima a baixo, e eu posso jurar que ela nem sequer ouviu a minha pergunta.
Acho que ela nunca esteve numa Limusine. Bem, é claro que o fato de eu só ter andado em uma nas vezes que eu fui escolher qual gostaria, a questão de umas duas semanas atrás, não deve contar tanto assim. De qualquer forma, eu não me importava. Ela parecia ter gostado da que eu escolhi quando seu sorriso cresceu e ela virou os olhos para mim.
- Está querendo me embebedar, ?
Ta aí uma coisa que eu ainda não havia pensando. Levantei a sobrancelha e cravei meus olhos na melhor parte do carro, vendo-a subir e descer gradativamente em um movimento extremamente convidativo.
- Essa é, sem dúvidas, uma boa idéia. – coloquei meu melhor sorriso pervertido no rosto, vendo-a revirar os olhos e consertar sua posição no carro.
- Tarado. – ela sorriu, - Mas sim, eu quero champanhe. – daquele jeito inocente que chegava a me deixar constrangido.
Eu assenti e cheguei ao frigobar, tropeçando em meus próprios pés devido a incapacidade do motorista de frear em uma curva, e quase deixei a garrafa cair no chão. riu da minha desgraça.
- Ei, pára de rir e ajuda, porra! – voltei a me sentar, ainda tropeçando. – Pega as taças ali... – ela me olhou de um jeito engraçado. – estão do seu lado, !
Se apoiou nos joelhos, colocando uma das mãos no banco e se esticando para o lado. Como ela ficava gostosinha com esse vestido.
Tenho a infeliz certeza de que corei quando ela voltou e me pegou encarando a sua bunda. Ela não falou nada, mas eu realmente preferia que ela tivesse soltado uma piadinha, como sempre fazia. Ao invés disso, sorriu sem graça e estendeu as taças.
- Aqui. – devolvi uma para ela assim que acabei de enchê-la, quase derramando a porra toda no chão. – Ele não está colaborando né? – sorri, olhando ela derramar a porra toda no chão quando o motorista mais uma vez fez a curva desnecessariamente rápido.
Quem foi que disse que estávamos ansiosos assim para chegar?
Eu, principalmente, com certeza não.
Eu não sei se foi tão perceptível assim ou se ela simplesmente me conhecia bem demais, mas eu sabia que tinha percebido alguma coisa diferente assim que encarei seu rosto novamente.
- Como você está se sentindo... err... em relação à isso, especificamente? – eu tentei sorrir, mas não consegui.
Abaixei minha cabeça e comecei a passar meus dedos na taça, não querendo, ou conseguindo, desviar minha atenção dali. A verdade era que quanto mais tempo passava, quanto mais chegava a hora de entrar naquele baile e encarar todas aquelas pessoas, e principalmente uma delas, mais a gravata me sufocava. Talvez o pedaço de pano não tivesse nada a ver com a sensação desesperadora, mas era melhor atribuir a isso do que a minha patética covardia.
- Eu não sei, exatamente. Eu acho que estou legal. – sorri fraco, ainda não tirando meus olhos da taça.
A levei em minha boca, mas, antes que pudesse beber um gole, senti a mão de parando a minha.
- Precisamos brindar antes! – eu tive a certeza de que ela estava sorrindo pelo tom da sua voz.
Subi minha cabeça e confirmei a idéia. Não era um sorriso muito animado, mas era um sorriso.
- Ao que brindaremos? – forcei um em meus lábios, e, mesmo eu tendo a certeza que ela sabia que era forçado, ela abriu mais o dela. – A noite perfeita?
- Hm, perfeita? – resmungou , levantando uma sobrancelha. – Acho que mais a melhor que poderia ser, né?
- Você não sabe disso. Pode ser que ele esteja lá...
- E ela não...
- Até parece. – revirei os olhos e os coloquei para baixo novamente.
E claro, a idéia de que ela não estaria lá foi o suficiente para a sensação sufocante voltar com força novamente. O estranho era que eu não fazia a mínima noção se eu queria que ela estivesse ou não. É claro que o fato de ela estar, ou não, não mudaria em absolutamente nada na minha noite. Eu nem sequer chegaria perto ou mesmo a olharia por mais de dois segundos.
- A noite vai ser ótima, você vai ver. – ela esticou o braço e acariciou minha mão com as pontas do dedo, sorrindo para mim do jeito mais doce do mundo.
E eu quis tanto acreditar nela. Ao invés disso, peguei a taça e virei todo o líquido goela abaixo. Minha garganta ardeu um pouco e eu enchi a taça novamente, só parando para olhar para quando ela estava cheia. Ela arregalou os olhos e, me fazendo rir com a atitude, virou a taça dela também. Ela fez cara feia, balançando a cabeça rapidamente e estendeu a taça em minha direção com uma espécie de sorriso.
- Realmente espero que saibamos o que estamos fazendo. – ela falou séria e, deixando meu queixo cair até o chão do carro, virou aquela porra novamente.
Sorriu observando a minha expressão.
Como eu não podia, e não queria, ficar para trás, virei a taça novamente, sentindo a garganta reclamar ainda mais e um gemidinho bastante homossexual sair de minha boca. Ela riu e, mais uma vez, eu virei o líquido, dessa vez diretamente da garrafa.
- Deixa um pouco para mim. – ela falou, divertida, e eu parei de virar.
- Você sabe por que exatamente estamos fazendo isso? – perguntei, passando a mão pela boca, secando o champanhe que deixei escorrer.
Ela balançou a cabeça em negação, ainda com a garrafa na boca.
Dei de ombros e encostei minha cabeça no banco de couro atrás de mim, fechando os olhos enquanto sentia o pouco de álcool atingir meu organismo. Ótimo; eu só precisava de mais umas cinco garrafas daquela e estaria bêbado o suficiente para fazer a coisa mais idiota que eu jamais pensei em fazer. E, provavelmente, a mais sensata também.
Tomei um pequeno susto quando senti as mãos de pousando sobre o meu peito, sua cabeça recostando em meu ombro logo em seguida. Abri os olhos, colocando minha cabeça para baixo, ouvindo-a suspirar sobre meu corpo. Seu perfume atingiu meu nariz, quase me deixando zonzo, ao mesmo tempo que meu corpo respondeu bastante incomodado ao o que meus olhos fitaram. Sua perna estava colocada para cima do banco, uma apertada na outra, e o seu vestido estava mais curto do que deveria. Que ela me perdoe, mas não existia a menor possibilidade de não fantasiar com aquelas pernas. Se foi uma mulher que inventou o balé, então o homem era mesmo um bicho muito burro. Deus abençoe, definitivamente, todas as bailarinas. E mais ainda seus corpos espetaculares.
- ? – sorri, afastando aquela idéia idiota de minha cabeça, olhando para ela, soltando um ‘hm’ que responderia que eu estava ouvindo. – A minha roupa está legal?
E bem, eu quis rir com aquela pergunta. Não simplesmente porque ela estava quase me incentivando a fazer uma merda, mas porque ela sempre tinha essa idéia na cabeça de que ela nunca estava bonita. Ou bonita o suficiente.
- Você está linda, .
- Obrigada, - ela descolou a cabeça do meu ombro e abriu um sorriso iluminado a centímetros do meu rosto. Eu acho que eu nunca quis beija-la tanto quanto eu quis agora. – você também está bonito.
- Eu sei. – sorri de lado, piscando logo em seguida.
Ela soltou uma risada e direcionou a mão para dar um tapa no meu peito, mas eu a segurei. olhou para o punho, que era firmemente segurado pela minha mão e para mim novamente, com uma expressão curiosa.
Eu fiz o mesmo trajeto de seus olhos, olhando para minha mão e para seu rosto algumas vezes, antes de finalmente soltá-la. Ela continuou me encarando com algo que eu classifiquei como curiosidade. Eu não fui capaz de desviar de seus olhos, ainda que sua boca estivesse a tão poucos centímetros da minha. Ela suspirou, ainda me encarando, assoprando a única coisa que nos separava para dentro do meu organismo. Seu olhar sobre mim era tão intenso, dizendo tanta coisa e nada, que eu estava começando a me sentir atordoado. Meu corpo realmente não estava mais respondendo à porra nenhuma direito e, ainda que eu tivesse a certeza de que o álcool não tinha nada a ver com isso, simplesmente não entendia como ela podia ser tão... apelativa.
Tê-la ali, tão próxima, tão quente, tão ela, me parecia simplesmente certo.
Eu senti alguma coisa nova me incomodando, algo como euforia, como o choque de adrenalina que te atinge quando está prestes a fazer uma merda. Tudo que eu conseguia ver naquele momento eram seus lábios, vermelhos e cheios, cobertos por uma camada brilhosa que me deixava ainda mais inquieto. Mordi meu lábio inferior, ainda encarando o seus, no exato momento que um sutil sorriso se formou a minha frente. Eu quis fazer o mesmo, mas, porque estava tenso demais para isso, apenas permaneci imóvel. E novamente me vi incapaz de me mover, porque, ainda que eu estivesse ali, e ela estivesse a apenas alguns centímetros de mim, e mesmo que aquela idéia na minha cabeça parecesse tão certa, existia alguma coisa desgraçadamente forte que não me deixava mover um músculo; nem para fazer o que eu queria e muito menos para evitar.
E quando a idéia do por que disso finalmente ficou clara, eu quase quebrei meus ossos internamente. Se existisse algum modo de mutilação pelo poder de sua própria mente, eu seria um filho da puta de um masoquista. Meu ódio era tão grande que eu quase fiquei feliz pelo maldito motorista interromper o que eu estava prestes a fazer.
suspirou novamente, mas dessa vez eu estava escrotamente viajando para sequer achar alguma coisa daquilo.
- Estamos indo! – falou ela, se ajeitando no banco, afastando nossos corpos e me olhando de um jeito intrigante. – É... acho que chegamos.
Eu sorri fraco para ela, ainda muito puto para fingir qualquer expressão.
Saímos da Limusine ainda calados. Eu já estava me sentindo meio mal por ter pirado completamente do nada, porque eu sabia que ela tinha percebido e eu não tinha certeza se ela sabia do porquê.
Olhei para ela, de certa forma envergonhado pela idiotice, e quase sorri com a cena. não sabia mesmo andar de salto. Me aproximei dela, diminuindo um pouco os passos e peguei sua mão, colocando-a sobre o meu braço o mais firme que consegui. Ela parou de andar na mesma hora e soltou um suspiro alto, deixando os ombros caírem em posição relaxada. Pegou o ar mais uma vez e olhou para cima, me encarando entre a mecha de cabelo que se desprendeu de sua cabeça. Ela parecia uma daquelas donzelas indefesas e desastradas que qualquer garoto daria tudo para ter como princesa. E mais uma vez, a minha incapacidade de nem mesmo querer ser esse garoto, fez minha raiva aumentar. Eu só queria ter uma chance de escolhê-la. Mas era foda.
- E então? Preparado para qualquer coisa que possamos ver? – soou aflita, em dúvida se aquela pergunta era realmente voltada para mim ou se ela mesma estava desesperada por considerar todas as possibilidades.
Eu respirei fundo, tragando todo o cheiro de grama molhada com o doce perfume da garota ao meu lado e segurei sua mão, apertando-a contra a minha.
- Estou perfeitamente confortável com essa situação.
- Sei! – ela levantou a sobrancelha, debochando da minha cara novamente. – Vamos logo com isso.
E me puxou para dentro.
Não sou capaz de definir o quê, mas tinha alguma coisa muito errada quando percebi que mesmo com a temperatura bastante amena de dentro do salão, um estranho calor misturado com um incômodo filho da puta fez quase desesperadora a vontade de eu me livrar dessa merda de roupa social. Ela parecia ainda mais apertada agora.
Engoli a seco, pisando no chão de madeira ao mesmo tempo em que dezenas de olhares curiosos foram postos em nós. Todo mundo olhou para gente.
- É, por essa reação eu não esperava. – sussurrou, apertando minha mão em nervosismo. – Por que está todo mundo olhando para a gente?
- Deve ser o seu vestido. – revirei os olhos, tentando ao máximo segurar a risada, observando sua expressão crescer em pavor.
- O QUE TEM O MEU VESTIDO? – ela gritou, chamando ainda mais atenções para onde estávamos. – Você disse que estava bom...
- Eu estou brincando, .
- Idiota! – ela me deu um tapa. Doeu, porra. – Agora finja que é normal e vá falar com seus amigos.
- E você, aonde vai? – perguntei antes dela se afastar, fazendo-a se voltar para mim novamente.
- Eu vou estar com as minhas amigas, . – deu de ombros, como se isso fosse óbvio. – Daqui a pouco eu te acho, não se preocupe.
E saiu rebolando toda se querendo. Gostosa, mas toda se querendo. Fechei os olhos e passei a mão pelo cabelo, retirando-a logo dali para não estraga-lo, realmente cogitando voltar para a Limusine. sempre poderia me ligar quando quisesse a minha companhia, certo?
Comecei a caminhar pelo salão lotado de adolescentes lascivos por álcool e sexo, alguns me olhando de cima abaixo, outros nem sequer notando a minha presença, em busca de uma mesa.
Eu até poderia dizer que a decoração era exagerada e muito bem colocada, se isso não fosse tão óbvio sendo feita por quem a fez; e não, eu não me permitira pensar nela. De jeito nenhum.
- Fala aí, dude! – ouvi a voz de a alguns passos de mim, me fazendo desviar minha atenção autista do ambiente a qual estava observando. – Até que enfim você chegou! Estava de saco cheio já. Ninguém que eu fale chegou e nem a e...
Pronto. Minha pseudo-companhia não duraria nem mais um segundo. A infeliz da chegou por trás e colocou a mão nos olhos dele, sussurrando alguma coisa, provavelmente bastante safadinha, no ouvido de que sorriu como um babaca colocando as mãos em sua boca.
- Deixa pra lá, . – bufei e saí, tendo certeza de que não seria minimamente notado.
Voltei a prestar atenção no espaço, imaginando que todo o dinheiro que eu economizei para essa porra dessa festa foi gasto comprando merdas completamente dispensáveis. Se eles gastassem pelo menos metade daquele dinheiro em álcool, dude, a noite seria no mínimo boa pra caralho.
Sorri assim que encontrei uma mesa vazia e deixei meus cotovelos caírem pesadamente sobre ela.
Minha vontade de estar ali com certeza não poderia ser menor. O tempo foi passando numa velocidade incrível, tão devagar que parecia rodar ao contrário. Eu e o garçom já havíamos perdido as contas de quantos drinks sem graça ele já havia me servido e eu já podia sentir minha bexiga me torturando. Sem dúvidas a situação ficaria ainda pior caso eu tentasse levantar. Então eu não o fiz.
Parei de ingerir suquinho pelo meu próprio bem estar e comecei a reparar nas pessoas interagindo. Dançando, conversando, se pegando, fazendo tudo que pessoas normais que curtem festas fazem. E, mesmo com uma ânsia cada vez maior de fazer o mesmo, eu era incapaz. Incapaz porque mesmo que eu não quisesse, só existia uma pessoa com quem eu gostaria de estar fazendo todas essas coisas. Eu odiava ela por isso. Mas, se isso era sequer possível, eu me odiava ainda mais. E era inevitável.
Um sorriso se abriu em minha boca ao mesmo tempo em que meus olhos presenciaram a melhor cena da noite, antes mesmo que minha mente fosse capaz de percebê-la. Levantei minha mão, chamando-a com um gesto discreto, ao que seus olhos me fitaram. Ela sorriu sem graça e caminhou em minha direção, completamente desastrada; hilária e uma gracinha.
- , eu desisto. – arrastou uma cadeira e deixou seu peso cair sobre ela, com uma expressão que beirava a decepção. – Eu não sirvo para isso. Esse negócio de andar de salto não é para mim.
- E por que você simplesmente não tira?
- Porque vai todo mundo ficar me olhando estranho... vão falar que eu sou a esquisita e que eu não sei me comportar como uma mocinha.
- Isso não seria mentira, .
- ! – ela me deu outro tapa que também doeu pra caralho.
- Se você continuar me batendo, eu vou revidar. – ela revirou os olhos, sorrindo e fazendo careta ao mesmo tempo. – Sério, ninguém vai reparar que você não está de sandália. E muito menos vão te achar estranha. Pare de bobeira e tira logo essa merda.
- Tem certeza? – perguntou baixo, com aquela insegurança que ela tirava não sei da onde. – Se todo mundo rir de mim eu vou te odiar para sempre.
- Ninguém vai rir por você tirar a sandália. – falei meio sem paciência, não acreditando que ela estivesse mesmo com essa idéia na cabeça. – Aposto que daqui a pouco todas as garotas vão estar sem as suas também.
- É, tudo bem. – ela suspirou. – Você deve estar certo.
sorriu e se abaixou, tirando habilidosamente as sandálias e as colocando em cima da mesa logo em seguida. Eu levantei a sobrancelha e a encarei sério.
- Você vai deixar isso aqui?
- Vou. – ela sorriu, completamente sem graça. – Achei que não tivesse problemas. Eu posso deixar com as meninas, se você se importar.
- Não é isso. – revirei os olhos e peguei as sandálias, tirando-as da mesa e arrastando uma das outras cadeiras para perto de mim, deixando-as ali. – Eu quis dizer deixar em cima da mesa. É claro que eu posso segurá-las para você.
- Ah, sim! – colocou um sorriso enorme no rosto. – Obrigada.
- Obrigada o cacete, vou cobrar mais tarde... - levantei a sobrancelha.
- Lá vem você... – ela revirou os olhos e se levantou. – Vou dançar, . Finalmente sem alguma coisa que me impeça de fazer isso como eu gostaria!
- Você sabe que eles não vão tocar música clássica hoje, né? – debochei, segurando uma risada.
Ela virou de costas para mim, numa tentativa bem sucedida de ficar sensual, e soltou um risinho com a cabeça voltada em minha direção.
- Olhe e aprenda.
E saiu rebolando novamente, só que, dessa vez, de um jeito que fazia meus dedos estalarem involuntariamente e um sorriso crescer em mim. Como ela conseguia ser completamente desastrada de salto e tão graciosa sem ele?
Fiquei olhando e aprendendo durante tantos minutos seguidos que eu perdi a conta. Ela ficava maravilhosa dançando daquele jeito. De alguma forma bizarra, era como se ela fosse feita para simplesmente rebolar aquele corpo perfeitinho. De preferência, em cima de mim.
Balancei a cabeça, sabendo que a minha abstinência estava me deixando mais desesperado do que o aconselhável e tentei desviar a atenção dos músculos sobressaindo da perna da minha melhor amiga. Apelativo, não era nem exatamente a palavra.
Obviamente eu não consegui e, como não tinha realmente nada melhor para fazer e ninguém para reparar o quê eu estava reparando, continuei observando ela se esfregando nas amigas, controlando meu corpo para não me juntar à elas na dança do acasalamento. Deixei minha mente vagar por todos os acontecimentos desse ano, o pior dentre todos os que já vivi, enquanto meus olhos continuavam fitando as meninas, não mais tão interessados assim. Era difícil, realmente difícil, controlar a vontade que quase dominava minha sanidade de passar os olhos freneticamente por toda aquela multidão em busca de uma pessoa. Uma única e maldita garota.
Mais uma vez, a raiva tomou conta de mim, trazendo um leve estremecer aos meus dedos enquanto meus olhos me desobedeciam completamente.
- Procurando alguma coisa, ? – uma voz ressoou dentro de minha cabeça como se partisse dela mesma, formando um eco nebuloso que paralisou todos os centímetros do meu corpo quando meu cérebro finalmente captou a quem ela pertencia.
Engoli a seco.
- O que foi, ? Não vai falar nada? – ela se aproximou mais, arrastando a mão desde meu cotovelo até o meu ombro, o apertando firmemente. Ainda que o paletó estivesse me protegendo, o efeito que qualquer toque seu causava em mim foi o suficiente para meus olhos se apertarem. – Eu sei que você estava me procurando.
Meus olhos ainda permaneciam fechados e a atmosfera raivosa foi crescendo conforme a minha incapacidade de falar dava a certeza a ela de que o que tinha dito era absolutamente verdade.
- Sai de perto de mim. – se meu tom fosse mais desesperado eu mesmo teria soltado uma risada; assim como ela o fez bem ao pé de meu ouvido, destruindo todos os resquícios de minha tentativa de parecer relaxado.
- Ora, que isso . – ela aproximou ainda mais seu rosto, me deixando sentir o seu hálito quente bater em minha nuca, logo antes de atingir a parte de trás da minha orelha, arrepiando cada pentelho do meu corpo. Trinquei meus dentes, me negando a demonstrar qualquer coisa a mais do que já estava demonstrando. – Você sabe tão bem quanto eu que é verdade.
É claro que eu sei, inferno. E é por isso mesmo que essa é exatamente a hora que você tira o seu corpo sensacional de perto de mim e procura outro otário para ficar de quatro por você.
Ela suspirou, dessa vez na parte do meu pescoço que deveria estar coberta para a minha própria segurança, e tirou as mãos do meu ombro, relaxando-o instantaneamente. Só ele, infelizmente.
Seria muita inocência acreditar que ela estava simplesmente desistindo e ia dançar atraindo qualquer animal que possuísse um órgão genital ao invés de ficar atormentando esse daqui que mal conseguia respirar com o seu corpo tão próximo do dele? Talvez.
- Sabe, ... – ouvi seu salto bater contra a madeira de forma lenta ao mesmo tempo em que um sussurro me obrigou a finalmente abrir os olhos.
Definitivamente, essa não foi a atitude mais inteligente até agora. – Você pode me ignorar e pode até tentar me evitar conforme vem fazendo nos últimos meses... – abriu aquele sorriso, aquele maldito sorriso malicioso que era o fundo principal de todos os meus pesadelos, a centímetros da minha boca, fazendo meu próprio e traiçoeiro corpo travar a minha capacidade de respiração. - ...mas hoje você é meu.
Puta que me pariu. Só pela simples idéia de imaginar o que eu pertencendo a ela queria dizer, meus batimentos percorreram freneticamente toda a extensão de meu pescoço. Senti minhas mãos apertarem a minha perna, lutando desesperadas para se manterem firmes ao tecido de minha calça, ao mesmo tempo em que eu lutava desesperado para me livrar de todos aqueles pensamentos. Se ao menos ela soubesse o quanto isso...
- Eu não teria tanta certeza, . – sorri, quase sentindo dor por lutar contra a força que tornava isso quase impossível e desviei meu olhar para onde estava dançando.
Ela nem de longe parecia apelativa ou mesmo bonita agora. Não quando eu tinha a perigosos centímetros de mim.
Segui seus olhos, percebendo uma careta quando ela finalmente fitou a pessoa a qual eu me referi e isso quase me fez sorrir novamente. Quase, porque, antes mesmo de eu tentar, ela voltou sua atenção para meu rosto novamente e o fez antes de mim.
- Ótimo. – ela recuou, deixando somente o seu perfume próximo o suficiente para me atordoar.
Quando eu pensei que ela estava em uma distância segura para que nenhuma de minhas mãos a impedisse de se afastar, minha ereção cresceu contra a calça no exato momento que sua boca alcançou minha orelha. Sua língua molhada deslizou lentamente por ela, num misto de delicadeza e habilidade que obrigou meu corpo a vetar um dos sentidos para apreciá-la melhor. Com os olhos devidamente cerrados e com a minha mente ainda tentando me convencer que eu tinha que impedi-la, ouvi minha garganta esboçar um grunhido ao que seus dentes arranharam meu lóbulo. Meu corpo inteiro estremeceu e minha excitação cresceu ainda mais contra a calça, infelizmente já imaginando aquela língua passando por outro lugar. Ela não possuía nenhuma parte além da boca tocando em mim, já que estava se apoiando na cadeira e na mesa na tentativa de enlouquecer todos os meus sentidos, mas, a vontade que crescia devastadoramente de tê-la tocando cada parte do meu corpo me deixava até mesmo nauseado. Eu precisava tê-la. Mas eu não podia me deixar levar.
Tirei minhas mãos trêmulas de meu colo e segurei os seus braços, colando seus punhos um no outro em seguida, com tamanha força que acreditei que fosse quebrá-los. Ela gemeu de leve, reclamando, e eu sou tão patético que senti meus pêlos se arrepiarem novamente devido a isso. Ao invés da filha da puta se afastar de vez, ela desceu a língua ao meu pescoço, lutando com a boca contra o pano que felizmente o cobria, enquanto tentava se desvencilhar das minhas mãos. Confesso que a idéia de deixá-la me tocar, apalpar, fazer de mim o que diabos ela quisesse, era tão absurdamente apelativa que fui obrigado a controlar o grito que sairia de minha garganta caso ela não parasse aquilo agora mesmo.
Felizmente, ela cansou de lutar contra a minha roupa, parando de utilizar a minha arma favorita de tortura, e colocou o rosto à minha frente. nem mesmo tentou me beijar, e minha boca pulsava necessitada por isso. Eu observei ela morder os lábios excitantemente, de um jeito que eu tenho certeza de que aquele era o único ser humano capaz, obrigando meu cérebro a comandar meus pulmões à tragarem ar na tentativa de não desfalecer ali mesmo. Desviei meus olhos um pouco para baixo, na tentativa de me livrar do tormento, quando percebi a merda que tinha feito. Ao invés de encarar seus lábios perfeitos gritando por meus dentes, agora eu olhava para seus seios implorando pela minha língua. Puta merda.
Arregalei os olhos e os desviei para o lado, tão rápido e tão espontaneamente que qualquer pessoa um pouco menos inocente entenderia o porquê. Imagine a .
Lutei mentalmente durante alguns segundos contra mim mesmo, sabendo que sendo incapaz de olhar para ela eu estaria estampando na minha testa o quão ridículo eu era. Mandei um foda-se, entre uma reza de que ela não tivesse percebido, e olhei para seu rosto novamente. Então ela sorriu. A maldita sorriu. E, mais uma vez, minha mandíbula se fechou tensa.
começou a mexer a mão, tentando se livrar de mim, mas, antes que eu fosse pego de surpresa, eu as apertei ainda mais para que ela entendesse que eu não cederia. Ela levantou a sobrancelha e fechou o sorriso. Não sou capaz de explicar a ambigüidade que aquilo formou dentro de mim, mas ao mesmo tempo em que eu me senti aliviado por vê-la desistir, uma certa decepção me atingiu.
Ignorei a última idiotice e afrouxei a mão. Percebendo que ela não faria nada, a soltei completamente e a observei sair de onde ela estava, praticamente jogada em cima de mim. Ela piscou malignamente e começou a rebolar para outra parte do salão, passando pelo lado oposto da qual a minha cadeira estava virada. Eu realmente fiquei grato por não ter visto o vestido que ela estava usando antes de sua tentativa má sucedida, e deliciosa, de me seduzir. Isso tornaria as coisas suficientemente mais complicadas. É claro, se eu me permitisse chamar aquilo de simplesmente um vestido.
Assim que sua presença, a falta dela, se tornou evidente para meu corpo e para atmosfera ao meu redor, eu traguei profundamente o ar para meus pulmões. Eu achei que ele serviria para limpar também a minha mente, mas o fato de seu perfume fazer a maior parte da minha obtenção de oxigênio, fez a minha tentativa um pouquinho falha. Passei as mãos pelo rosto, arrastando-as, tentando arrastar para longe tudo o mais que me incomodava, lutando contra algo que às vezes parecia impossível.
Olhei para a multidão, com uma sensação de vazio voltando a me sufocar ainda com mais força agora, buscando no meio daquelas pessoas a única com a qual eu gostaria realmente de estar. Hoje, aqui, para sempre. Sorri sinceramente para ela, agradecendo pela sua capacidade de ler a minha mente e encontrar meus olhos antes mesmo que eu me irritasse por procurar. Ela sorriu também, com o cabelo suado caído na cara e as bochechas levemente rosadas que não combinavam muito com o tipo de pessoa que ela costumava ser diariamente. Quero dizer, só existia uma coisa por qual ela se permitiria ficar assim, toda descabelada e suada, na frente de todo mundo. Dançar.
Dei de ombros, ainda sorrindo pela idéia de que ela realmente fora feita para aquilo, quando a expressão dela me incomodou um pouco. Ela havia parado, não só de sorrir, como também de dançar, e possuía uma expressão que beirava a tristeza no rosto. Não entendi porra nenhuma e, quando ia me levantar para checar se tinha alguma coisa de errado com ela, os pêlos da minha nunca se arrepiaram novamente.
- Isso sou eu pagando pra ver.
Quando olhei para o lado, andava rapidamente daquele jeito espetacular, e a minha capacidade de me arrastar quase tornou a gravidade uma força mais poderosa do que ela já é. Ela olhava para onde estava com tanto desprezo e ódio no olhar que me deixou com vontade de meter-lhe a porrada por olhar para ela assim. Eu só não conseguia fazer nada a respeito.
Virei-me para e ela balançava a cabeça, numa expressão triste, nem de longe tensa como a que sustentava. Elas ficaram se olhando durante todo o tempo que levou para sumir na multidão. Quando olhei para novamente, ela estava andando na minha direção. Deixei o ar sair pela minha boca e apoiei minha cabeça na mesa, envergonhado, triste e mais ainda puto da vida por tê-la tão fácil na mão de quem nem mesmo a queria.
Senti mãos delicadas, que mesmo que eu soubesse a quem pertenciam me assustaram, fazendo um carinho no meu cabelo. Sorri ainda com a testa na mesa e levantei os olhos para encarar com um sorriso que entristecia mais ainda a expressão no seu rosto. Ela estava parada bem a minha frente, olhando para mim com uma pena que eu respondi com uma careta, antes de passar meus braços pela sua cintura. Apoiei minha cabeça em sua barriga, limpando minha mente, deixando somente o movimento de sua respiração me embalar assim que ela passou suas mãos pelo meu cabelo novamente. Ela retribui o abraço do jeito que sempre fazia quando eu dava uma de viadinho patético. Eu não me incomodava de ser assim na frente dela. Eu não precisava fingir.
- É, acho que isso foi meio tenso. – ela riu, tentando desfazer o clima. – Acho que a não curtiu muito a idéia de você me trazer ao baile.
- Você acha? – debochei, me afastando e apontando com a cabeça para que ela se sentasse na cadeira ao lado da minha. – Essa garota é doente, . É sério.
- Provavelmente você está certo. – ela suspirou, apoiando o queixo na mão e o cotovelo na mesa. – Mas o que podemos fazer? Aliás, o que você vai fazer? Vai tentar evitar ela para sempre?
- Ah, se eu ao menos conseguisse. Você viu isso? Essa porra parece uma assombração! Fica me seguindo... caralho, ! Eu não agüento mais!
- Você já tentou conversar com ela hoje?
- Mas que pergunta idiota. Por que diabos eu ia querer conversar com ela? Eu não tenho nada para falar com ela.
- Não, não. Você tem é medo de falar o que você acha que você quer.
mantinha uma expressão séria, mas alguma coisa nela parecia me dizer que ela estava se divertindo com aquilo. Seu cabelo ainda estava molhado e, ainda que já estivesse voltado quase que completamente a cor natural, seu rosto ainda possuía resquício do leve tom avermelhado.
Ela continuou me encarando, esperando alguma resposta que eu não daria, e eu confesso que fiquei um pouco irritado com o fato de ela achar que eu não sabia o que eu queria. Isso era uma coisa muito clara para mim; ou pelo menos deveria ser.
- Eu não entendo por que você fica se torturando dessa forma. E daí que ela quer ficar com você? Você já ficou com ela tantas vezes, . Qual a diferença de mais uma?
Não existe porra de diferença nenhuma, . Ela só é escrota comigo o tempo todo e eu absolutamente não quero ficar com ela somente por causa disso. Eu posso muito bem ficar com qualquer outra garota daqui que será a mesma coisa. Tirando o simples fato de ela ser a mais gostosa e ter algumas poucas características a mais do que todas as outras garotas, nada é diferente nela. Muito menos o modo como eu a vejo. Ela só é...
- Ela não é diferente. – sussurrei, não tendo a certeza se era para mim ou para ela.
abriu um sorriso tão grande que me confundiu. Por que ela estava rindo?
- Ainda bem que não tem mais ninguém além de nós dois para você falhar na tentativa de me fazer acreditar nisso, . – ela levantou a sobrancelha. – E eu não estava falando dela.
Bufei irritado pra caralho comigo mesmo para continuar o assunto e levantei da cadeira. me olhou preocupada, sendo pega de surpresa pelo meu movimento rápido, e eu forcei um sorriso para ela.
- Vem... – ela manteve a expressão. – Vamos dançar e esquecer isso. – segurei-a pela mão e comecei a puxa-la para o meio do salão.
- Mas e a minha sandália? – ela parou e se virou para a mesa, procurando a cadeira na qual eu havia as jogado.
- Até parece que você quer muito elas agora ou qualquer dia.
- Engraçadinho. – ela sorriu e passou a minha frente, me puxando para onde as amigas dançavam interessantemente um Hip Hop pornográfico.


2.

Eu passei tanto tempo concentrado em não agarrar nenhuma das meninas que se esfregam em mim que nem percebi que estávamos dançando a pelo menos duas horas.
Cara, aquela é uma safada. E puta merda, como ela é gostosa. O rosto dela não é nem de longe tão bonito quanto o de , mas eu estava realmente considerando roubar uma das amiguinhas dela durante algumas horas. Minutos, se ela ficasse desconfortável com a ideia.
Olhei para baixo, para onde eu tinha a bunda enorme de roçando gostosinho em mim, e apertei ainda mais minha mão em sua cintura. Ela soltou um risinho safado, olhando para trás, e aumentou os movimentos. Eu sorri malicioso, descendo um pouco a mão direita, alisando cada parte da seda do seu vestido e sentindo o contorno de sua barriga trabalhada em meus dedos. Alcancei a sua virilha, fazendo um carinho na região, ouvindo um gemido baixo enquanto apoiava a cabeça em seu ombro. Ela levantou a mão e segurou meu cabelo, diminuindo um pouco o rebolar conforme minhas carícias se aproximavam da onde eu queria. Sorri, ouvindo sua respiração falhar ao que ela passou a língua pelo meu pescoço e minha mão desceu um pouco mais, atingindo sua perna, subindo o vestido ao que meus dedos se arrastavam por ela. começou a lamber a parte lateral do meu pescoço, de um modo bom pra cassete, que fez um leve arrepio percorrer minha espinha. Essa daí sabe o que faz.
Apertei sua cintura e a virei de frente para mim, vendo seus olhos crescerem de pavor e um sorriso sapeca surgir logo em seguida. Coloquei a mão na parte de trás da sua cabeça, enrolando seus cabelos em meus dedos e direcionei sua boca ao meu pescoço. Ouvi um risinho e apertei seu sexo contra o meu, que já estava devidamente disposto. Ela nem perdeu tempo em sugar e lamber cada parte do meu corpo amostra, que não era muito, já que o paletó continuava no caminho, e não me decepcionou nem um pouco quanto a sua conduta sexual quando sua mão me puxou mais contra ela. Eu continuei meu caminho lentamente até dentro de seu vestido enquanto ela ainda trabalhava em meu pescoço, constantemente me arrancando suspiros. A verdade é que ela mandava bem pra caralho naquilo, e mesmo estando necessitado, eu comecei achar que beijá-la não ia ser tão bom assim. Mas eu já havia começado todo o processo e seria foda parar agora.
Eu puxei a cabeça dela para trás, afastando-a - infelizmente - do meu pescoço e sorri, olhando para sua boca. Ela estava vermelhinha e um pouquinho inchada por ficar me chupando e eu quase senti vontade de beijá-la naquela hora. Tirei a outra mão da renda de sua calcinha e a coloquei em seu rosto, segurando-o entre as duas. Ela sorriu também, olhando para mim de uma forma que quase me fez rir. Ela realmente queria ficar comigo. E quem sou eu para dizer que não?
Abri um sorrisinho, observando ela fechar os olhos a minha frente e aproximei sua boca da minha, deixando o ar quente se desprender e bater em seu rosto. Ela sorriu e rocei meu nariz no seu, estimulado por sua respiração falha, depositando beijos por ali em seguida. Exatamente na direção de seus lábios que esboçavam um leve sorriso.
Desprendi uma das mãos de seu rosto e segurei com força seu cabelo, ouvindo a respirar mais alto, me preparando para finalmente beijá-la, quando um empurrão nas minhas costas me fez quase perder o equilíbrio.
Tirei minha mão de e virei para trás, pronto para meter a porrada no filho da puta responsável por isso.
- Quem foi... – E então minha voz foi para a puta que pariu, porque ali, parada bem a minha frente, estava , de braços cruzados e me fuzilando com tanto ódio no olhar que fez meu estômago embrulhar.
Como se não bastasse a completa perda de noção do mundo ao redor que eu tive, meu coração acelerou de uma forma tão escrotamente forte que eu podia sentir seu reflexo em minhas mãos. Ou então aquela porra estava realmente tremendo pra caralho. Eu quis correr dali, como o viadinho frouxo que eu sou, porque ficar tão perto dela excitado do jeito que eu estava era praticamente implorar para se arrepender. E sem dúvida impossível de se controlar.
Ao contrário do que eu imaginei, ou esperava, ela não fez nada. Nem sequer mexeu um músculo em minha direção, mantendo a mesma posição tensa durante alguns segundos. Minha mente só conseguia reproduzir o quão sensacional eu seria se virasse para trás e agarrasse a garota que se empenhou em me deixar assim bem na frente dela. Ao invés disso, eu continuei parado como sempre.
A única coisa que eu via eram seus olhos cravados sobre os meus, imagino que tentando ler o que diabos se passava na minha mente naquela hora, tanto quanto eu tentava ver o que se passava na sua. Era tão simples e óbvio para mim que eu poderia estar quase pegando a Angelina Jolie, mas que se ela estivesse ali que a vadia que se fodesse. Eu só a queria e ao mesmo tempo eu queria ainda mais não querê-la.
Meus olhos se arregalaram ao que meu abdômen se contraiu com as duas mãos que se meteram por baixo de meu paletó. Elas começaram a alisá-lo por dentro da blusa, e se eu não estivesse à postos, eu poderia muito bem não reagir à aqueles movimentos. Então ela desceu a mão. E aí ficou foda.
A única coisa que eu fiz foi diminuir os olhos e morder os lábios na tentativa de controlar um gemido, já que minha mão simplesmente não conseguia se mexer e parar com aquilo.
Isso foi impagável. Primeiro, porque ser apalpado e poder olhar para perfeitamente ao mesmo tempo, era absurdo. Segundo porque a cara que ela fez deixou meus instintos mais animais a flor da pele. Ela estava com tanta raiva que eu só conseguia sonhar em tê-la descontando tudo em mim. Do jeito que ela quisesse.
Ela apertou os olhos também, triturando-me com o poder da mente, e bufou, esperando que eu tomasse alguma posição. Seria engraçado dizer que novamente eu não consegui? Não era como se eu não estivesse tentando. Juro. Mas não pareceu acreditar, tomando ela uma atitude que fez meu corpo inteiro estremecer. Eu posso dizer que quase quis chorar tamanho era o meu desespero.
levantou a sobrancelha, vestindo a máscara fria que praticamente nunca usava contra mim e se aproximou, quase encostando seu corpo no meu. Engoli a seco, tendo a certeza que ela leria nos meus olhos o quanto aquilo de fato estava funcionando para qualquer que fosse a sua intenção. Ela fechou os olhos a minha frente, me fazendo agradecer aos céus por ela ser mais baixa do que eu, e deixou o ar sair pesadamente daquilo que ela chamava de boca. Eu não sou capaz de dizer se aquela mão ainda estava em alguma parte do meu corpo, ou se eu ainda sentia raiva de mim, ou dela, ou se eu ainda sentia qualquer coisa, só se que no exato momento que seus olhos se abriram, seu olhar me disse tanta coisa que minhas pernas vacilaram.
Meu rosto queimou, assim como toda a atmosfera ao meu redor, como se eu estivesse mergulhado no inferno, mas protegido por uma camada de gelo. Camada de gelo vital que estava bem a minha frente. Inflexível, essencial, intocável, e, por um segundo, transparente. E pela primeira vez eu enxerguei no olhar dela para mim tudo que eu enxergava nela pelo meu.
Eu prometi para mim mesmo que jamais me permitiria me sentir assim novamente por ela. Naquele momento, era como se fosse mais fácil eu prometer que nunca mais respiraria. Porque, sinceramente, ela era linda demais.
Não existia mais nada daquela raiva nos seus olhos. Eles estavam completamente submissos. De um jeito que eu sempre quis que estivessem, de um jeito que eu sabia que jamais estariam. Mas eles estavam. E eu amei isso. E, porque eu amei isso, eu quebrei a promessa que havia feito a mim mesmo. E porque eu quebrei a promessa, um ódio doentio queimou em meu peito com a mesma intensidade que o sentimento que eu nutria por ela me consumia. Graças a isso, a força e a capacidade foram capazes de voltar ao meu corpo novamente, me permitindo agarrar a mão que só agora eu havia percebido que ainda estava ali e tirá-la de qualquer coisa que ela estivesse fazendo.
Levantei a sobrancelha ao que esperei fitar o meu movimento e esperei que ela encarasse o meu rosto novamente. Quando o fez, eu respirei fundo e saí de perto das duas, abandonando no meio do salão não somente tudo que eu mais queria, mas toda a pose que eu ainda tentava manter.

Alguns minutos - ou horas - se passaram e eu era incapaz de me sentir relaxado dentro daquele lugar. Principalmente quando existia alguém que, ainda que eu não estivesse mantendo contato visual, podia destruir fácil e fodidamente a minha noite.
- Ai, . Estou morta. – Então meu sorriso se abriu involuntariamente quando eu ouvi a única voz que me traria a calma que eu precisava. – Não sinto mais meus pés.
- Até parece. Você é bailarina, dude. Aposto que essa dor nem se compara ao que você está acostumada, sado. – soltou uma gargalhada gostosa que me fez rir junto com ela.
- Sadô? Eu? – Levantou a sobrancelha e se sentou, abraçando a perna de um modo que deixava aparecer não somente a parte de trás da sua coxa, como parte da sua calcinha rosa. É, eu sei, eu olhei. - ! – E tomei outro tapa ardido. – Para de olhar!
- Porra, você senta toda aberta e não quer que eu olhe?
- Meu Deus! – Ela abaixou a perna e colocou uma expressão engraçada de espanto no rosto. – Você deve estar precisando muito mesmo. Há quanto tempo você não fica com ninguém? Dois anos?
Três meses. Sim, três malditos meses que a única coisa que eu toco é punheta. E bem quando eu estava prestes a acabar com o atraso a maldita da garota responsável por ele me impede. Puto pra caralho? Longe de mim.
- Nem vem, eu quase peguei a sua amiguinha safada. – Dei de ombros, pronto para levar outro tapa por chamar a amiga dela de safada.
- A ? – Ela sorriu. – Ela me falou. Ela falou também que você a deixou plantada no meio do salão. – Ela fez careta, demonstrando que não tinha aprovado muito a atitude. Se ela soubesse a mínima idéia do quanto foi muito pior para mim do que simplesmente controlar a libido, ela não falaria isso. – Ela queria ficar com você faz o maior tempão, .
- Eu ainda posso ficar com ela. – parou de sorrir e somente me fitou, provavelmente tentando entender o posso ao invés do quero.
- Ela está ficando com outro agora – ela respondeu, sem graça, sorrindo um pouco e dando de ombros. – Tarde demais, honey.
- Tudo bem. – Dei de ombros também; não era como se eu estivesse com a mínima vontade de ficar com ela, mesmo que meus hormônios estivessem ligeiramente enfurecidos.
- O que aconteceu com vocês? Por que não ficaram?
- A apareceu.
arregalou os olhos, imediatamente entendendo o que eu queria dizer, e abriu a boca em sinal de espanto.
- Você quer conversar sobre isso?
- Não mesmo.
- Ok, sobre o que podemos falar?
- Quem sabe sobre o fato de eu estar me mudando semana que vem?
- O QUE? PRA ONDE? – gritou, chamando alguns olhares para ela, e eu não consegui controlar a gargalhada. - !
- Você gosta muito do meu nome, hein! – Pisquei e abri um sorrisinho. – E foi ótimo ver que você não consegue viver sem mim.
- Você sabe muito bem disso. – Eu tinha falado brincando e me surpreendi quando ela foi séria, fitando o meu rosto. – Não brinca com algo assim.
Sorri involuntariamente de novo. Não só porque o rosto dela estava todo rosinha e porque ela ficava engraçada quando estava com vergonha, mas porque eu gostei de ouvir aquilo. Era bom saber que eu era realmente importante para alguém.
Principalmente quando esse alguém era tão importante para mim.
- Desculpa – falei, sincero, estendendo a minha mão para encostar a sua.
Ela assentiu, sorridente, e deixou um suspiro escapar enquanto colocava a mão na minha.
- Eu acho que ele não veio. – sorriu daquele jeito que eu odeio, aquele que é mais falso do que produto do Paraguai. – Pelo menos eu não o vi.
- E algum dos amigos dele está aí? – perguntei, sabendo que aonde quer que e seus amigos estivessem, com certeza estaria.
- Eu só vi o ... É ele que está ficando com a . – Ela riu, sinceramente dessa vez. – Mas eu não vi o em lugar nenhum hoje.
- Devo presumir que você andou procurando? – Brinquei, arrancando outra risada sincera dela.
- É claro que eu não procurei. – Ela olhou para as unhas, imitando uma patricinha nojenta. – Para quê diabos você acha que servem as amigas?
E riu, como se estivesse dizendo algo com total sentido.
- Você mandou todas as suas amigas procurarem por ele?
- Claro que não! – Ela revirou os olhos, ainda com aquela pose escrota. – Eu só falei que queria achá-lo... Elas que quiseram procurar.
- Se eu pedisse, elas procurariam para mim também?
- Você está de sacanagem, né, ? Para você achar a a única coisa que você precisaria é estar em pé e respirando. – revirou os olhos, sorrindo debochada. – E se estivesse acompanhado então...
- Eu sou tão irresistível assim, é? – Mordi meus lábios, passando a mão pelo cabelo numa tentativa forjada e ridícula de ser sensual.
- Tem quem ache, né, ... Tem quem ache.
- Sua babaca! – Ri e dei uma porrada de leve na sua testa.
- Ai, ! – Ela mandou a língua, como uma bela criancinha de cinco anos. - Garçom! – E gritou alto pra caralho no meu ouvido, estendendo a mão para o alto como uma maluca.
- Você sabe que teria o mesmo efeito se você simplesmente levantasse e fosse até ele, não sabe? – Ela fez uma careta e se virou para o garçom, abrindo um sorriso assanhado no momento em que o viu.
Puta que pariu, ela está flertando com o garçom! Porra, pegou pesado!
- Obrigada – falou , com uma voz que eu nem sabia que ela era capaz de fazer e cruzou as pernas.
Mas que assanhada.
- Obrigado. – Peguei um copo dos drinks, sem graça e fuzilei o babaca que continuava parado mesmo depois de seus serviços.
Quem diabos ele pensa que é para ficar cheio de graça para cima dela? Vai trabalhar, seu escroto.
- Nossa, . Isso foi grosseiro da sua parte.
- O que diabos foi grosseiro? Eu só falei obrigado! – Revirei os olhos, vendo a cabeça dela balançar negativamente.
- Isso tudo é ciúmes? Só porque o garçom era uma gracinha? – Ela sorriu, tomando um gole da sua bebida.
- Mas é claro que não. – Copiei seu ato, não tendo a mínima ideia do que responder.
É claro que não era ciúmes, era só preocupação com o fato de ela estar se atirando para cima de um babaca de um garçom que ao invés de estar trabalhando estava lançando sorrisinhos simpáticos para as garotas da festa. Ela nem mesmo sabia da onde ele era.
- Só agradeci, já disse.
- Tá bom, então. – Ela passou os olhos pelo salão. – E o que fazemos agora? Eu não consigo mais dançar.
- A gente pode ir embora. – Bebi um gole do drink e ela fez outra careta.
- Não, claro que não. Nada de ir embora agora.
- A gente pode procurar alguma coisa para fazer, sei lá. Mas o quê?
Eu coloquei a mão no bolso de meu paletó e puxei o baralho. Coloquei-o em cima da mesa, não tendo certeza de quão mais nerd eu era capaz de ser por trazer baralho para a minha formatura, e abri um sorriso.
- A gente pode jogar copo d'água com esses drinks sem graça.
- , você trouxe baralho para a sua formatura?
Fodeu. Ela nunca mais vai me deixar esquecer isso.
- Isso é genial! – Ela riu, pegando o baralho em mãos e embaralhando toda a minha mente.

sem dúvidas era uma garota estranha pra cassete. Talvez fosse por isso que eu gostava tanto dela.
- Chama lá suas amigas encalhadas que eu vou separando aqui.
- Você sabe que chamando as minhas amigas encalhadas você está me incluindo no encalhadas, né? – Ela levantou e sorriu novamente.
- Você sabe muito bem que só está assim porque quer. – Mandei um "foda-se" para a sua baixo-estima ridícula e me concentrei no baralho.
Eu sabia que ela tinha os olhos cravados em mim por um tempo, mas não dei o prazer de um sorrisinho de desculpas e muito menos desviei minha atenção. É bom mesmo que ela leve a literal. Fica de graça pra tu ver.

Ela voltou toda saltitante com a cambada de tribufus que ela chama de amigas e sentou se a mesa. Eu abri um sorrisinho para cada uma delas e comecei a distribuir as cartas sem falar nada. Entregues todas elas para as suas respectivas mãos, eu senti um pé me chutando. É claro que eu sabia de quem era e não tardei a olhar para ela discretamente, pronto para mandá-la merda, achando que aquela era alguma tentativa de roubar.
E aí fiquei todo confuso porque ela parecia estar puta. Levantei meus ombros, como se dissesse que não fazia a mínima ideia do que ela queria dizer e pude ler em seus lábios quando ela falou "cumprimente as minhas amigas", quase me fazendo gargalhar na cara dela. Não existia a menor chance de eu falar "oi" para cada uma e colocar um sorriso babaca no rosto quando fizesse isso, então eu deixei sair a primeira coisa que veio a minha mente.
- Olha essa música! Dude... Se eu soubesse que era essa a merda que o diretor tinha em mente eu tinha iniciado uma campanha contra o filho da puta. – Sim, eu poderia ter trabalhado melhor isso, mas eu não fazia ideia de como agir na frente delas.
Fiquei bastante feliz quando as meninas riram e balançaram a cabeça concordando e adicionando comentários empolgados sobre como o fundo musical estava uma porcaria. Existe tanto Hip Hop decente, porque escolher os piores? Claro, isso porque poucas pessoas concordariam comigo que o clima melhoraria muito se eles colocassem The Who ou Beatles para tocar.
Olhei para e ela estava sorrindo como uma babaca na minha direção, provavelmente feliz por me ver interagindo com as suas amigas excluídas. Elas até que eram legais. Eu nunca havia sequer parado para conversar, ou mesmo parado perto daquelas garotas. E para falar a verdade, eu nunca me senti mal por isso ou mesmo incentivado a mudar o meu círculo de amizades. Ou o que quer que se chame uma relação de submissão baseada em aparências. Eu estava literalmente pouco me fodendo para todas as pessoas que lambiam meu rabo. E, para ser sincero, eu tenho quase certeza que eles também estavam pouco se fodendo para mim. Eles perdiam tempo demais idolatrando o que eu aparentava ser para perceberem quem eu realmente era. Só três pessoas não eram assim naquele lugar. Mesmo assim, de uma delas eu só queria distância; ou tentava mantê-la.
- Alguém quer que eu traga ponche? – Lilly ou Millie, qualquer que fosse o seu nome, sorriu e levantou da cadeira com o olhar completamente direcionado a mim.
- Não, obrigado. – Dei de ombros, lançando um sorriso simpático. – Mas uma cerveja seria uma boa ideia.
- Ah, como se pudéssemos beber aqui, – falou outra menina, essa que eu não faço nem ideia do nome, chamando minha atenção. – Nesse lugar tudo que vão nos deixar fazer é beber suco e jogar baralho. Já que nem música descente eles são capazes de colocar.
Eu sorri, sincero, concordando com a cabeça.
- . – Ela me olhou, confusa. – Me chama de .
- Ah, sim! – Eu sorri, logo depois que ela mostrou todos os dentes da frente. – .
A Lilly, ou Millie, chegou com uma garrafa cheia de algo que parecia gelo colorido, já que com certeza aquilo não teria álcool para ser chamado de frozen, e colocou-a na mesa. Abriu um sorriso e se pronunciou:
- Esse daqui vai ser o copo de água. – Sua expressão era séria e divertida ao mesmo tempo. – Quem perder vai ter que colocar uma boa quantidade na boca e deixar ali.
- Você está maluca? Meu cérebro vai congelar! – quase gritou, arrancando uma risada de todo mundo na mesa.
- Como se você tivesse um, . – Levantei a sobrancelha, sendo fuzilado por ela. – Eu aceito.
- Eu também – falou outra menina, dando de ombros, não parecendo muito segura daquilo.
Dentro de alguns segundos todas elas haviam aceitado e já havia reclamado de como seu jogo estava pior do que o de todo mundo.
Ela foi a primeira a perder, soltando um gritinho agudo e alto pra caralho quando o troço atingiu seu cérebro, como ela disse. Algum tempo depois, todo mundo já havia perdido pelo menos duas vezes, inclusive eu, e mesmo sabendo que não tinha álcool nenhum, tudo parecia ficar mais leve conforme íamos adentrando a brincadeira. Tudo menos a minha bexiga. Eu queria tanto mijar, que estava quase desistindo da brincadeira. Eu teria que pagar algum mico escroto caso fizesse isso.
Como naquele dia especificamente a última coisa que eu queria era chamar atenção, eu simplesmente implorei para que algumas das meninas desistissem primeiro. De vez em quando eu olhava para , com meu olhar de cão sem dona, esperando que ela entendesse a minha situação crítica. Ela não entendeu das primeiras vezes, mas, depois que isso aconteceu, eu me arrependi amargamente por isso. A filha da puta começou um complô com as amigas para eu perder. Eu estava quase chorando quando a Lilly, que sem dúvida era a amiga favorita agora, levantou da mesa e sorriu sem graça.
- Gente, se eu não fizer xixi agora eu vou ser a garota que se molhou na formatura. - E saiu correndo.
Eu lancei um sorrisinho vitorioso para e saí andando rápido para o banheiro também, controlando a gargalhada por imaginar como seria absurdamente engraçado ela se mijando toda.
Mal cheguei ao banheiro e já abri o zíper da calça, colocando o menino para fora e deixando o líquido quente passar por ele. Cara, que sensação absurda. Deixei minha cabeça cair um pouco para trás conforme toda a parte inferior do meu corpo que estava tensa até agora, foi relaxando. Uma sensação de alívio tão boa que quase me fez gemer.
Sabendo que seria muito estranho caso alguém entrasse aqui e me visse quase excitado por uma simples mijada, balancei o que restou do líquido amarelo para fora e andei até a pia. Abri a torneira, lavando as mãos e encarei o espelho impecavelmente limpo. Arranquei o paletó, que há essa hora já estava encharcado de tão suado que eu estava e o joguei na bancada de mármore, analisando, decepcionado, como a blusa branca social ficava em mim. Tava igual a um mauricinho viadinho. Desabotoei os botões das mangas, as arregaçando até quase a altura do cotovelo. Abri também dois botões da gola, afrouxando a gravata que me sufocava e me sentindo confortável com aquela roupa pela primeira vez na vida. Coloquei blusa para fora da calça, que estava toda embolada pelas mãos sapecas de , e era isso. Eu estava pronto. Quase social e o mais importante: confortável.
Coloquei um pouco de água em minhas mãos e passei-as no rosto, secando com uma toalha de papel logo em seguida. Meu cabelo estava todo bagunçado, o gel já havia desaparecido completamente, e eu fiz questão de bagunçá-lo mais ainda rodando a cabeça rapidamente. Como ele estava meio molhado devido ao suor, não demorou nada para ficar como eu queria.
Revirei os olhos à minha imagem e saí do banheiro, me divertido com a minha própria tendência metro homossexual.
Passei pela porta, observando o corredor vazio a minha frente, desejando que ninguém desse falta se eu simplesmente sentasse no chão e esperasse a festa acabar. Eu não acho que ninguém além de mim usaria esse banheiro; não quando tinha um que ficava ao lado da pista de dança. Comecei meu caminho até o salão, com passos mais lentos do que o necessário, preparando minha mente para qualquer outro acontecimento que eu pudesse vir a presenciar.
Qualquer acontecimento, menos esse.
Meu coração disparou ao mínimo sinal de que eu não estava simplesmente imaginando isso. Imaginando que estava parada a alguns metros de mim e nós estávamos completamente sozinhos nesse corredor afastado. Onde ninguém jamais passaria. Ninguém para me impedir de fazer qualquer coisa e muito menos ela.
Lutei para ter meus pés voltando para o banheiro, mas até os filhos da puta conspiravam contra mim, me levando cada vez mais próximo do ser maldoso a minha frente. Seus olhos estavam intensos sobre os meus, desfazendo qualquer chance que eu tivesse de reagir à sua aproximação. Hipnotizando-me, possuindo e comandando.
Quando dei por mim novamente, eu tinha as costas apoiadas na parede do corredor, a mão que segurava o paletó tremendo e a outra mexendo na braguilha da calça, que por um momento estava muito apertada, como se pressentisse quem estava próximo. E o pior de tudo, eu tinha a apenas alguns passos de mim.
Respirei fundo e implorei por autocontrole, tendo a certeza de que ele seria necessário e fodidamente inexistente.



3.

.'s POV.

possuía uma expressão assustada tão fofa que a minha primeira vontade foi a de apertar sua bochecha. O paletó não cobria mais seu corpo magnífico e ele havia dobrado a blusa, deixando seu antebraço fortinho aparecer. Seu cabelo estava bagunçado, levemente molhado e caído pelo seu rosto, que lembrava um anjo; apavorado, mas ainda assim um anjo.
Quando meus olhos seguiram o caminho de uma das suas mãos, toda a fofura que ele emanava desapareceu. Ele estava apertando, acredito que levemente, o seu sexo. Eu tenho certeza de que se ele soubesse o estrago que aquilo era capaz de fazer, jamais se tocaria novamente. Era muito egoísmo tê-lo só pra ele.
Eu sorri, como sempre não conseguindo perante a presença dele não o fazê-lo, e levantei a sobrancelha. Seu corpo estava a poucos centímetros do meu, quente, clamando, exigindo que eu tocasse cada mínima parte dele. Eu não o fiz. E sabe lá como eu consegui isso.
- Eu estava te procurando, - falei, séria, ainda sustentando a mesma expressão, colocando bastante rispidez na fala. Rispidez que eu esperava que ele associasse ao nosso último encontro. Ao último encontro em que ele deixou a piranha da tocá-lo.
Quem.aquela.vadia.pensa.que.é.para.encostar.no.meu.?
Ela não o beijou. Ela estaria morta se o tivesse feito. Literalmente morta. Sem contar que o mínimo que eu seria capaz de fazer com ele por mesmo pensar nisso se tornando um fato, seria estourar os seus miolos com uma AR15. E vejam só que desperdício seria estragar esses lindos olhos .
- Por que você não me deixa em paz? - Seu hálito quente bateu no meu rosto, quase me fazendo sorrir tamanha era a falta que eu sentia daquilo.
- Porque eu não quero. - Sorri, aproximando a minha boca da sua, percebendo sua respiração falhar ao que o fiz.
Como era bom saber que eu ainda surtia algum efeito nele depois de tanto tempo.
- Você não tem que querer.
- Ah, eu tenho sim, . - Fechei os olhos, esfregando meu nariz em sua boca, sentindo-a se abrir discretamente contra meu rosto.
- Não. - Sua voz não condizia em nada com a sentença, saindo excitantemente rouca, enquanto seu diafragma crescia, mostrando que ele estava tragando uma boa quantidade de ar.
Abri os olhos, encarando seus lábios maravilhosos serem molhados por sua língua, me deixando com água na boca a garganta seca ao mesmo tempo. Meu Deus. Eu preciso dele. Todinho.
Aproximei milímetros a mais nossos corpos, tomando extremo cuidado em não encostar em parte alguma no dele e inalei seu perfume para dentro de mim, me inebriando, soltando-o pesadamente em seguida. Não era o suficiente. Aproximei meu rosto de seu pescoço, olhando para a veia que saltava dali o tornar ainda mais apelativo, e aspirei o máximo de ar que fui capaz, ouvindo um ruído quase inaudível se desprender de sua garganta, arrepiando toda a extensão de meu corpo. Mordi os lábios, preparando para lamber cada centímetro de onde aquelas veias saltavam, quando um acontecimento me fez sorrir e tirar minha cabeça dali.
- Veja quem não concorda com você, . - Sua ereção encostou em minha barriga, ainda que não estivéssemos totalmente colados, e eu quase gargalhei quando olhei para seu rosto.
Ele estava bastante vermelho, para alguém como o , e ele não olhava para mim. Seus olhos estavam perdidos no corredor, buscando incessantemente o nada. Mantive o meu sorriso e grudei a mão esquerda no seu queixo, forçando o seu rosto na direção do meu.
- Olhe para mim.
Ele olhou, quase que de olhos fechados, com uma expressão que beirava a tortura. Era deliciosamente maligna a felicidade que eu sentia por ter esse efeito sobre ele.
Mordi meus lábios, vendo seus olhos arregalarem por um instante, e apertei a mão direita contra a sua excitação. Sua voz rouca gemeu mais uma vez, alta, desesperada, avassaladora para alguém que tivesse a mínima noção do que ela significava, quando comecei a acariciar seu pênis por cima da calça. Meus movimentos eram constantes, firmes, quase rápidos, exatamente do jeito que ele gostava. Sua testa atingiu o meu ombro, com força, me fazendo arfar quando suas mãos apertaram a minha cintura. Ele começou a esfregar o nariz em meu ombro, ao que sua outra mão atingiu meu cabelo fortemente me eletrizando dos pés à cabeça.
- Pare...
Apertei com mais força, sendo impulsionada pela convicção nula em sua voz, sabendo como ninguém que não era nada fácil se livrar de seu autocontrole idiota.
- Puta merda. - soltou o ar em meu pescoço, quase desfazendo a minha concentração em deixar ele, não eu, descontrolado.
Sua mão segurou a minha e, por pensar que ele iria pará-la, eu aumentei ainda mais a intensidade, arrancando outro urro rouco de sua garganta. Mas não era isso que ele queria. Ao invés de tirar a minha mão, ele colocou a sua por cima dela e a apertou ainda mais, guiando meus movimentos de uma forma muito mais precisa do que eu jamais conseguiria. Aquilo pareceu o agradar mais ainda, mas, depois de alguns segundos, seu autocontrole interferiu novamente e ele tirou a sua mão de cima da minha. Eu não me intimidei e continuei a excitá-lo com a mesma intensidade e ritmo que ele tinha colocado anteriormente.
Seu rosto mudou de lugar, se direcionando para exatamente o meu pescoço, fazendo meu corpo inteiro estremecer ao que seus lábios depositaram um único beijo ali. Era isso. Se ele não resistisse ao pescoço agora, ele seria meu.
Um sorriso tentou aparecer, enquanto meu lábio inferior era pressionado pelos meus dentes, quando a sua língua percorreu lentamente meu pescoço, me fazendo duvidar seriamente que aquilo era uma língua. Um gemido se desprendeu conforme sua boca percorria completamente aquele espaço, sempre tendo cuidado para nunca alcançar a orelha e jamais usar os dentes. Eu sabia o quanto ele estava se esforçando para isso. Eu podia sentir.
Era quase engraçado ver como ele tentava de todos os jeitos repelir-me. Poucos minutos após minhas mãos encontrarem meu brinquedinho, mudei os movimentos e comecei a dedilhar a região um pouco mais para baixo, sorrindo ao sentir suas mãos quase quebrando o meu quadril. Elas não somente apertavam meu corpo quando eu colocava mais força nos dedos como tentavam meu empurrar quando a razão voltava à sua mente. Que peninha.
Deixei um grunhido escapar ao que seus lábios sugaram com força a minha pele, proveniente de dor e de prazer, e mordi os lábios em ansiedade ao que iria fazer.
Arrastei minha mão um pouco para cima, tendo o cuidado de nunca perder o contato, esfregando a minha palma enquanto o fazia, e toquei seu abdômen com meus dedos. Sua barriga definida se contraiu ao meu toque, e meu deus, como era bom sentir novamente seu corpo sarado. Minha unha traçou um leve carinho ao que sua língua se intensificou quase me fazendo perder a concentração, e seus pêlos se arrepiaram completa e assustadoramente. Escorreguei, sem querer querendo, minha mão para baixo, já sentindo o começo de sua virilha pulsando por mim.
E, em questão de segundos, todos os meus músculos estavam contraídos e incapazes de se mover; não porque eu havia alcançado meu objetivo, mas porque sua língua iniciou minha autocombustão habilidosamente em minha orelha. Era como se tudo que eu fosse pertencesse a ele quando ele fazia isso.
Então ele arrastou os dentes por ela, puxou meu cabelo agressivamente e pressionou seu sexo contra o meu corpo, arrancando um verdadeiro gemido de mim, assim como qualquer resquício de sanidade que eu ainda pudesse ter.
acabou de me torturar com a língua e guiou meu rosto em direção ao seu, me segurando pelo meu cabelo, com um sorrisinho que eu só percebi que estava ali porque precisava ter certeza de que ele estava cedendo. Ele grudou a testa na minha, deixando-me sentir seu suor em meu rosto, e malditamente me impedindo de colar a minha boca na sua.
Eu não fazia ideia de tudo que eu tentei antes e, em um movimento que quase me desnorteou, eu bati com as costas na parede, sendo pressionada pelo animal enfurecido a minha frente. Ele abaixou um pouco o tronco, deixando seu sexo na altura do meu e o apertou, com muita força, ascendendo cada milésimo celular que meu corpo excitado possuía.
Completamente entregue, a única atitude que fui capaz de tomar foi a de adentrar minhas mãos em sua blusa, alisando, arranhando e deixando que seus músculos contraídos que sobressaiam pelo abdômen se mantivessem assim.
tirou as mãos de meu cabelo e as colocou em meu rosto, apertando-o e o deixando exatamente à frente do seu, com sua respiração falha se confundindo com a minha, quase levando a minha frequência cardíaca acelerada à zero. Eu só queria a sua boca. Eu queria muito a sua boca.
Ele aproximou ainda mais o seu rosto, com seus olhos ainda cravados nos meus, e abriu a boca, deixando seu hálito quente invadir minha narina. Eu respirei fundo, observando-o fazer o mesmo. Minha língua estava quase dormente dentro da boca, ansiosa, desesperada, aflita por encontrar a sua principal necessidade. finalizou o espaço e passou a língua quente delicadamente por meus lábios entreabertos. Tão sutilmente que eu nem teria percebido se não fosse o choque elétrico que atingiu minha coluna assim que ele o fez. Ele sugou o ar mais uma vez e colou a boca na minha. Fechada, quente, macia e minha. E foi isso. Só isso.
parecia lutar tão fortemente quanto eu lutava para não avançar em cima dele o tempo todo, mas, ainda assim, ele o fez. Apertou minhas bochechas e separou sua boca da minha, com os olhos estupidamente apertados. Ele não os abriu novamente, nem mesmo quando afastou seu corpo completamente do meu, deixando um vazio que eu nem mesmo conseguia equiparar dentro de mim.
Ele virou de costas e partiu.
E eu não pude fazer nada. Não tinha forças para isso.
Ele o fez e, mesmo sabendo que ele tinha todos os motivos do mundo para isso, seu gesto simplesmente me matou um pouquinho. Porque, dentro de todas as coisas que eu podia aceitar, seu desprezo, sua raiva, seu nojo por mim, pena se ele a sentisse, só uma delas era incogitável. jamais poderia ser rejeitada por . E eu não o seria.
Mas, quando minha mente se encheu de coragem para segui-lo e trazer seu pior pesadelo à tona novamente, alguma coisa me impediu. E eu fiquei estática novamente. Gritando por segui-lo, mas simplesmente incapaz de fazê-lo.
Observei entrando no banheiro e arfei, não querendo ter a certeza de porque havia parado de respirar desde então.

.'s POV.

Essa sem dúvidas foi a coisa mais difícil que eu já fiz em toda a minha miserável vida. Se evitar olhar para ela de saia se engraçando para cima de mim era impossível, isso não tinha nem a porra de um nome.
Encarei a privada branca toda cheia de mijo, sentindo certo nojo e o ignorando completamente, ao que minhas mãos atingiram o botão da calça. Tirei meu pênis rígido pra caralho de dentro dela e comecei a bater. Repreendi um forte gemido, jogando a cabeça para trás, tendo a puta certeza de que se essas mãos pertencessem a outra pessoa isso seria impossível. Acelerei meus movimentos ao que ela e o episódio anterior atingiram a minha mente, causando um puta arrepio na minha espinha.
Caralho, que garota absurda. Meu corpo inteiro estremeceu à lembrança de sua mão me tocando a apenas alguns segundos e as veias do meu instrumento saltavam indicando que míseros minutos seriam mais do que suficientes. Continuei a me masturbar, aumentando a velocidade ao que percebi o momento se aproximando.
Coloquei a outra mão na parede, buscando por apoio ao ter todos os meus músculos do corpo se contraindo ainda mais e depois relaxando deliciosamente. Soltei o ar, deixando a cabeça cair para frente, quase tombando pelo contrapeso que ela fez por ter meu corpo suficientemente enfraquecido pelo orgasmo.
Continuei o acariciando depois do gozo, me desfazendo de meus supostos filhinhos e abri a porta. Andei até a pia, cagando para se alguém entrasse naquela hora e lavei as mãos, deixando o garotão pegar um ar.
É claro que os hormônios travaram tudo que estava acumulado e, guardando maldito que às vezes só me trazia problemas, a noção do que eu tinha feito finalmente me atingiu.
Dentre inferioridade e submissão que eu era capaz de estampar na minha cara, existia algo muito mais forte do que todos os sentimentos ruins que me invadiram com maior intensidade que meu orgasmo dedicado à ela.
Eu apertei minhas mãos e senti meus olhos marejarem ao que meu corpo inteiro começou a tremer. Ódio. Consumindo até a última ponta de minha alma.
Aquela garota era o capeta. O demônio encarnado. E puta merda, que encarnação. Eu só queria ter a coragem de bater com sua cabeça na parede até desacordá-la, ao mesmo tempo em que queria beijá-la com força o suficiente para sentir seu sangue em minha boca. Eu queria matá-la. E eu queria morrer. E eu queria que ela deixasse de ser a filha da puta escrota que ela era e ficasse comigo. Porque mais do que o ódio que eu sentia de mim e dela, meu coração fodido da porra parecia gritar cada vez que ela se aproximava.
Eu sou um babaca. E um babaca fodidamente apaixonado por ela. Afinal, como não poderia? Ela é simplesmente perfeita. Tão perfeita quanto eu sou otário.
Senti lágrimas ameaçarem a cair de meus olhos, levei minha mão até eles e os apertei com os dedos. Inutilmente. Eu estava chorando. Chorando por causa dela. Que ridículo.
A raiva havia me consumido completamente. Eu precisava descontá-la. E foi o que eu fiz. Abri um sorrisinho patético, não acreditando no que estava fazendo, e soquei a porra do bagulho de guardar papel. Balancei a mão, porque aquilo doeu pra caralho e dei outro soco. E outro. Outro. Outro, vendo o troço rachado e juntei toda a minha força e estourei aquela porra toda de uma vez, quase quebrando a minha mão e chorando logo em seguida.
Puta que me pariu. Tá doendo pra caralho. Ah, que ódio. Que garota filha de uma puta.
Grudei minha mão no cabelo, o puxando com força enquanto as lágrimas não paravam de escorrer. O gosto salgado aumentava ainda mais meu descontrole, fazendo brotar soluços patéticos de minha garganta. Minha mão doía tanto sobre meu cabelo que cheguei a ficar tonto. Fiquei de costas para a parede e deixei meu corpo ser arrastado até o chão, aonde ele realmente pertencia. Minha garganta estava apertada e, depois de algum tempo que eu não faço ideia de quanto, eu já nem mais sabia se chorava de dor, de raiva ou de sei lá o que. Eu só queria chorar.
Então eu chorei. Pra caralho, dessa vez.

Perdi a conta de quantos minutos fiquei com a cabeça encostada nos joelhos, chorando feito o meio termo de uma criança infantil que não conseguia enfrentar seus problemas e um covarde que não conseguia nem cogitar essa possibilidade.
O barulho da porta se abrindo fez meu coração disparar de medo, tanto por imaginar que poderia ser ela quanto como qualquer outra pessoa. Pessoa essa que com certeza iria rir da minha cara e espalhar para todo mundo do colégio que estava chorando no banheiro. Que se foda isso; eu quebraria a cara do filha da puta na segunda-feira.
A pessoa não se moveu, porque eu não consegui ouvir passos dentro do banheiro, me deixando mais tranquilo em relação a primeira possibilidade. Mas foi também esse fato que me deixou bastante incomodado. Ele estava quebrando completamente a minha privacidade fazendo aquilo.
Em resposta a isso, levantei a cabeça para mandar que ele fizesse logo o que veio fazer e parasse de me encarar feito um babaca. Mas não era um babaca que estava ali. Era . Era esbanjando piedade de sua expressão. Eu quase sorri, porque era bom que fosse ela. Eu não sentia vergonha dela, não mesmo. Não me incomodava o fato dela me ver chorando. Ela já havia visto muito mais do que isso.
Por algum motivo a vontade incontrolável de chorar me atingiu novamente, me fazendo colocar a cabeça nos joelhos, sentido lágrimas molharem o meu rosto que já estava devidamente encharcado.
Ouvi passos vindo em minha direção, mas não levantei a cabeça, nem mesmo quando senti seus dedos pelo meu cabelo.
Ela ficou sentada ao meu lado, constantemente soltando suspiros entre o único som que se propagava no lugar; meu choro. Eu nunca me senti tão vulnerável em toda a minha vida. Eu nunca havia chorado na frente de ninguém, nunca havia me desarmado completamente, não havia nem mesmo sentido uma vontade tão forte. Mas estava tudo bem. Porque era ela que estava ali. E eu sabia que nela eu podia confiar.
beijou o meu braço, passando a mão pelo meu cabelo um tempo depois. Eu ainda não olhava para ela quando ela se pronunciou.
- ? - Sua voz saiu baixa, quase me fazendo sorrir pela espécie de insegurança ao falar sobre falar aquilo. - Você quer conversar?
Levantei a cabeça, sabendo que meus olhos ainda estavam encharcados mesmo que já tivesse parado de chorar a alguns minutos, e olhei para a frente.
- Quero.
- O que aconteceu?
- Eu não aguento mais, . - Minha voz saiu levemente trêmula, completamente rouca pelo choro. - Não aguento mais.
Percebi ela se movimentar ao meu lado, se esticando, chamando minha atenção para ela.
- Posso perceber. - Ela sorriu, segurando o objeto quebrado e colocando uma careta no rosto. - O que exatamente, aconteceu?
- A filha da puta, foi isso que aconteceu. - Bufei, passando a mão pelo cabelo. - Como eu a odeio.
- Você não a odeia, . Não seja ridículo. - Encarei seu rosto e estava sorrindo. Talvez eu começasse a odiar ela também se não tirasse o maldito sorriso da cara. - Vocês só são dois idiotas. Só isso.
- Você não está ajudando.
- O que quer que eu diga? - Ela me fitou, séria. - Você foge da garota como se ela fosse uma assombração e depois quase se consome de raivinha porque fez isso.
- Vá à merda, . - Virei a cara, puto da vida, e comecei a estalar os dedos.
- Vá à merda você. - Ela bufou.
Ficamos calados durante alguns minutos. Eu fiquei porque estava puto, quanto a ela não faço nem ideia do que porquê. Talvez soubesse que eu estava irritado e quisesse respeitar isso. Seja qual fosse o motivo, o silêncio que se propagou me incomodou pra caralho. Eu queria que ela falasse, queria que me xingasse e mandasse eu me foder várias vezes seguidas. Queria que ela dissesse o quão burro eu era. Queria que ela dissesse que eu era patético. Queria que ela pegasse a merda que eu quebrei e o quebrasse de novo na minha cabeça. Queria que ela gargalhasse e dissesse que tinha vergonha de mim. Que eu era ridículo, covarde e até mesmo um escroto. Queria que ela dissesse isso olhando nos meus olhos. Tudo porque eu era, só não podia admitir em voz alta. Mas ela não o fez. E posso apostar que nem mesmo cogitou isso.
Depois de um tempo que pareceu horas para mim, eu ouvi suspirando ao meu lado. Sua cabeça apoiou novamente no meu braço, arrancando um sorriso instantâneo de meus lábios.
- está aí.
- Sério? - Minha voz saiu mais alta do que deveria, arrancando uma risada dela.
- Sério.
- E o que você está fazendo aqui dentro?
- Provavelmente a mesma coisa que você. - Eu virei minha cabeça para ela. Ela sorriu, ainda olhando para frente, e subiu o rosto, me fitando intensamente.
- Você sabe, me escondendo.
- Você não tem motivos para se esconder.
- Você também não.
- Ele veio acompanhado? - perguntei, sabendo que era isso mesmo que ela queria me contar.
- Não.
- Então o que diabos está fazendo aqui dentro, caralho?
- Já disse, a mesma coisa que você. - Ela sorriu, sem humor nenhum. - Sabe, só porque ele veio sozinho não quer dizer que ele vá ficar comigo e não com nenhuma outra. Quero dizer, ele tem um monte de...
- Para, né, . Lá vem você com isso. - Revirei os olhos. - Cara, você precisa parar de se achar inferior o tempo todo.
- Eu não me acho inferior, . - sorriu, novamente do jeito que eu odiava. - Mas a verdade é que ele pode sim escolher todas as outras. E vamos combinar que é o que ele sempre faz.
- Porque é um idiota.
- Talvez. - Ela deu de ombros. - O que não o faz muito diferente de eu e você, uh?
- O meu caso é diferente. Vocês dois só não ficam sempre porque são otários e ele não consegue admitir que quer mesmo ficar contigo.
- Eu pensei que você gostasse da ... - Ela olhou para baixo e começou a brincar com as mãos. - E bem, vamos combinar que com o esforço que ela tem feito para ficar com você...
- Que esforço... - sussurrei, abrindo um sorriso completamente indesejado e inevitável no rosto.
olhou pra mim e soltou uma gargalhada. Que maldita.
- E o que é, no seu caso, ? - Ela sorriu, fazendo aspas no ar.
- No meu caso é que ela sempre me fode. Quero dizer, toda vez que eu abaixo a guarda, cada maldita vez que eu lhe dou uma chance, ela vai lá e fode tudo. - Olhei para e ela estava com a sobrancelha levantada, de certa forma sorrindo. – O que?
- Você não está dizendo nada.
- Porra, você sabe de tudo que ela já fez!
- Por isso mesmo. É claro que ela é meio maluquinha e tudo, mas esse é o jeito dela. E depois, se você não está com ela só porque ela fez algumas merdas...
- , eu fui preso por causa dela. EU ROUBEI UM CARRO!
- Ah, você mal teve uma ficha por isso, . E depois, não conta quando o carro era dela.
- O carro era do padrasto dela. E sim, eu tenho ficha na polícia. Mais de uma.
- MAIS DE UMA? - arregalou os olhos. - Quantas?
- Algumas.
- E como eu nunca soube disso?
- Do mesmo jeito que ninguém nunca soube. Claro, só os meus pais. Mas minha mãe também não sabe de tudo. - Dei de ombros, fingindo indiferença.
Não acredito que estou contando isso para alguém.
- Fala agora.
- Ah, não é nada demais. - Sorri, sem graça, passando a mão pelo cabelo e o bagunçando um pouco. - Digamos que a tenha um, er, apetite exótico. Ela gostava de invadir lugares quando estávamos juntos. Só que de vez em quando as pessoas, err, ouviam e aí tínhamos que sair correndo.
- E ela também era fichada, né? - Eu neguei com a cabeça. - Como assim? Só você era pego pela polícia?
- A gente sempre dava um jeito de esconder ela. - arregalou os olhos novamente. - E quando eles me perguntavam com quem eu estava, eu nunca falava. Eles não podiam fazer nada, sabe.
- Não acredito... - Ela encarou o nada, com uma expressão tão vazia quanto. - Quais lugares?
- !
- Anda logo! - Ela riu. - Eu quero saber!
- É sério isso? - Ela assentiu, ainda sorrindo, e eu revirei os olhos. Como ela consegue? - Duas vezes na biblioteca, uma vez no half da Sra. McCartney, quer dizer, naquela piscina, sabe? - Ela balançou a cabeça novamente em sinal de concordância. - Uma no terraço do Venice Mall e três vezes na escola.
- Três vezes na escola?
- Não tinha ninguém lá, cara. Aliás, até hoje eu fico puto com isso. Não era pra ter ninguém nos lugares à essa hora!
- Você se arrepende? - Sua voz mudou de tom, ficando um pouco mais séria. - Quero dizer, é por isso que você diz odiá-la tanto? Porque quase foi parar na cadeia todas essas vezes?
- Não. - Respirei fundo. - Eu faria tudo de novo, de qualquer jeito.
Ela me olhou com um meio sorriso no rosto, com os olhos curiosos e entristecidos. Eu sabia que ela estava esperando ouvir a outra parte da resposta mas, porra, falar isso é foda.
- Então?
- Sabe, às vezes me incomoda um pouco o fato de nós nunca... bem, você só sabe que a gente fica porque eu te falo. A gente nunca faz nada, er, juntos. Ela nunca quer sair comigo para lugares onde as pessoas possam nos ver...
- Mas você nunca se importou com isso...
- Eu sei, mas...
- Mas...?
- Todas as vezes que nós fomos pegos, quer dizer, eu fui pego, ela me ignorou durante pelo menos duas semanas. Eu não sei se ela sentia vergonha de mim ou se ela simplesmente se divertia me vendo desesperado atrás dela, mas ela nunca voltava. E, quando voltava, depois de eu literalmente implorar, era como se ela nunca tivesse ido e então eu fazia tudo de novo.
- Puta merda. - soltou, me fazendo rir. - Essa garota é uma psicopata.
- Eu sei. Ta vendo aí... Nada comparado ao que o faz, eh? – Sorri, em meio deboche.
- Perto dela? Nada. - Ela me fitou, séria, com um resquício de raiva no olhar. - Mas ele tem seus altos e baixos. Ele vive dizendo como eu sou isso e sou aquilo e aquilo outro, mas está sempre me evitando, você sabe disso.
- É, parece que somos dois idiotas.
- Você é mais do que eu.
- O QUÊ?
- Sabe, não estou dizendo que ela não é uma escrota, porque ela é. Mas você gosta dela mesmo assim. Você nem mesmo consegue odiá-la por tudo que ela fez até hoje com você. - Abri minha boca para interrompê-la e dizer que eu a odiava sim, mas não me deixou falar. - Está na cara que a única coisa que te impede é o seu orgulho idiota.
- Orgulho idiota? Eu tenho é amor próprio! Aquilo que você também deveria ter.
- Pelo menos eu não fico com raivinha o tempo todo. Porque no final, , estamos os dois no mesmo lugar. Nem eu tenho o e nem você tem a e, nossa, veja só, o único motivo para você não estar se atracando com ela agora mesmo é o seu orgulho. E aí você fica putinho o tempo todo porque além de não ficar com ela, não fica com mais garota nenhuma.
- Ah, desculpa, esqueci que você consegue esquecer de tudo a hora que você quiser, senhorita ‘eu não sou orgulhosa e sou mais feliz do que você, ’. - Debochei.
Eu nunca faço isso na frente dela, porque ela simplesmente odeia. Mas estava pegando pesado. E se ela estava pegando pesado, foda-se, eu ia pegar pesado também.
- Eu não disse que era melhor do que você.
- Pelo menos isso, né?
- O que estou dizendo é que você está perdendo tempo estando aqui, chorando, quando você podia estar lá com ela.
- Você tem tanta certeza disso, né? Que é só eu estalar os dedos que eu tenho a ‘garota dos meus sonhos’, no meu caso, pesadelos, aqui e se esquece que eu venho tentando isso há pelo menos dois anos. Não venha dar discurso imbecil de como eu sou cego ou coisa assim.
- Eu não preciso. Eu não acredito que você não saiba disso por você mesmo.
- Você prestou atenção em alguma coisa que eu falei? - Levantei a sobrancelha, não acreditando no que estava ouvindo. - Você ouviu quando eu disse que quase fui preso várias vezes por causa dela?
- Claro que ouvi. - suspirou e passou a mão no cabelo, o prendendo ou embolando-o de um jeito estranho. - É por isso mesmo que eu estou falando. Você é maluco. Você não a odeia por ter quase te colocado na cadeia, você a odeia porque ela nunca te procurava depois disso. Porque ela te humilhou e não porque você se ferrou por causa dela.
Às vezes eu tinha tanta raiva de quando dava uma de 'cala a boca e me escuta porque eu sei do que estou falando' que ficava até difícil de controlar. Quem ela pensa que é para adivinhar como eu me sinto? É óbvio que, como todo o ser humano normal, eu tinha raiva da porque ela quase fodeu minha vida. Aliás, se não fosse meu pai, ela teria realmente fodido, e muito, a minha vida. Claro que eu a odiava por isso. O fato de ela me ignorar não tem quase nada a ver...
- Como você conseguiu ter tanta ficha na polícia e nunca ser preso? - me olhou assustada, percebendo, acredito eu, pela primeira vez, a gravidade da situação.
- Meu pai. Está aí a parte boa de ser filho de um coronel...
- E sua mãe?
- Ela não sabe da maioria.
- Seu pai deve odiar... seu pai deve odiar a , né?
- Não. Ele não sabe que todas as vezes eram ela. Ele acha que era cada vez com uma garota diferente, já que eu nunca falava quem era. Ele achava isso muito corajoso da minha parte, também. - Dei de ombros. - Vai entender.
- Seu pai é uma pessoa estranha. - Ela deixou uma gargalhada escapar. - Ele te ajudou porque achava que você pegava um monte de mulher! Isso é tão a cara dele!
- Não é? - Me juntei a sua risada. - Mal sabe ele...
Então ficamos em silêncio novamente. Parecia realmente que estávamos fugindo, como a falou. Eu do meu pesadelo e ela do seu sonho. Dois covardes; era isso que nós éramos.
Senti sua cabeça em meu ombro, recostando enquanto ela soltava o ar, dando sinais claros de que ela estava pensando em algo. Diferentemente de mim que tinha a cabeça tão vazia quanto o banheiro sujo em que estávamos. Passei meu braço por trás dela, vendo-a se afastar e depois se aconchegar, virando de lado e colocando a mão em meu peito. Eu sorri, sentindo o cheiro doce de seu cabelo em meu nariz me incentivando à perguntar o que eu sempre quis. E o que eu nunca tinha tido coragem, até agora.
- Se não fosse o , quem seria?
- Como assim? - Ela subiu a cabeça, me olhando com um singelo sorriso no rosto.
- Se não fosse ele. - Dei de ombros. - Sabe?
- Não sei.
- Ah, tá.
- Acho que seria você. - O sorriso de se abriu mais ainda e as bochechas dela ganharam um leve tom rosado. - Por quê?
- Você já pensou nisso, antes?
- Já. Algumas vezes. Mas por quê?
- Porque eu penso nisso o tempo todo. - Sorri, sentindo a minha bochecha queimar. - Seria tão mais fácil se eu gostasse de você. A gente já se dá tão bem, sabe? Seria tão mais...
- Eu sei. - riu. - Eu também te acho legalzinho.
Revirei os olhos e me juntei a sua risada. Era bom que ela me achasse legalzinho mesmo, porque isso nem de longe definiria o mínimo que eu achava dela.
- Mas a gente não manda nessas coisas.
- É, eu sei.
Novamente ficamos sem falar. Não estava desconfortável de maneira nenhuma. ainda tinha a mão apoiada em meu peito e eu ainda a abraçava. Provavelmente por isso, eu levei um susto quando ela se levantou. Foi tão rápido que eu nem percebi. Ou então estava viajando demais para isso.
- Eu vou voltar para a festa, . As meninas já devem estar me procurando. - Ela sorriu e estendeu a mão para me ajudar a levantar. - Vai ficar aí?
- Na verdade, eu estava pensando em ficar mais um pouco. - Ela fez uma careta e recolheu a mão. - Prometo que daqui a pouco eu vou.
- Tudo bem.
Ela sorriu e virou de costas, andando até a porta. Assim que a abriu, ela olhou para mim novamente, sorrindo um pouco e continuando seu caminho logo em seguida.


4.

Novamente minha incompetência me arrastou. Já havia se passado mais de meia hora e eu continuava sentado no banheiro. No chão do banheiro, para ser mais específico. Minha cabeça continuava nos joelhos e minha garganta continuava apertada.
Eu não queria – com certeza não – chorar mais, mas, por alguma porra de motivo que eu não sabia identificar, eu não conseguia sair e encarar as pessoas. Era como se todo mundo soubesse que eu estava aqui esse tempo todo. Como se todo mundo fosse rir da minha cara assim que eu colocasse o pé para fora da porta.
Claro, eu sabia que em hipótese nenhuma isso ia acontecer, mas mesmo com a minha mente acreditando nisso, meu corpo inteiro reagia como se o pior estivesse à minha porta. Minha posição era tensa e eu podia sentir minha respiração constantemente falhar. Já estava incomodado pra caralho, puto e pronto para levantar dali e encarar todo mundo que estivesse tirando uma com a minha cara, quando novamente o barulho da maçaneta me despertou.
Eu simplesmente não acreditei no que eu vi. Não podia ser verdade. Aliás, não era justo que fosse.
havia entrado no banheiro, com aquele vestido preto mínimo demarcando cada milímetro de seu corpo, e estava de costas para mim.
E foi no exato momento que meu cérebro captou o que meu ouvido recebeu, que meu coração disparou completamente. O que ela pensa que está fazendo?
- Não se preocupe, . - Ouvi o barulho de metais roçando ao que seus braços se moveram. - Essa é a parte boa em ter organizado a festa. Eu tenho absolutamente todas as chaves.
Fo-deu.
virou de frente e começou a andar na minha direção, daquele jeito sensual que quase me faz gemer, com os olhos cravados nos meus e um sorriso maligno no rosto.
Engoli a seco. Eu estava realmente fodido dessa vez.
Olhei para o alto, calculando qual a probabilidade de eu conseguir passar pela escotilha antes que ela chegasse até mim e levantei correndo do chão, quase fazendo o caminho de volta quando percebi que minhas pernas estavam mais fracas do que deveriam.
Quando olhei para ela novamente, o seu sorriso havia aumentado ainda mais. Maligno e tentador. Muito tentador.
- Sai, sai de perto de mim - disse, soando quase tão firme quanto eu gostaria. - É sério, . Chega de palhaçada.
Então ela parou. Exatamente no meio, entre mim e a porta, impedindo qualquer tentativa minha de fuga, e longe o suficiente para que minha mente ainda cogitasse isso.
E começou a tirar a roupa.
Ela começou a tirar a roupa.
Começou a tirar a maldita roupa.
sorriu mais uma vez, descendo as mãos até a barra de seu vestido e o puxando lentamente para cima, deixando que meus olhos fitassem cada parte de seu corpo impressionados o suficiente para nem mesmo piscarem.
Ela é louca. Completamente louca.
Ela deixou o vestido passar pelo seu pescoço, jogando-o ao seu lado assim que seus olhos fitaram os meus novamente. Eles não possuíam nada. Eram vazios. Absurdamente vazios.
Senti o suor atingir minhas mãos, ao que meus olhos impertinentemente desobedientes traçaram cada pedacinho daquela obra de arte. Sua calcinha igualmente preta era tão pequena que eu quase sorri imaginando-o desintegrando em minhas mãos. Puta merda, como eu queria que ela desintegrasse em minhas mãos.
Mas eu não podia querer.
- Não, não, não, não! Nem vem, . Sua louca, sai de perto de mim. Nem tenta, sai. - Respirei fundo, esperando desesperadamente que ela parasse de andar como uma deusa na minha direção. - Agora.
E ela parou. Simplesmente parou.
- Você quer que eu vá embora? - Sua voz saiu fria, impassível, ao que sua sobrancelha se levantou esbanjando ainda mais malícia do que seu tom de voz.
- Quero. E que, de preferência, nunca mais volte.
E foi então que ela tomou uma atitude que eu nunca achei que ela tomaria. simplesmente assentiu, abaixou a cabeça e virou de costas.
Começou a andar em direção à porta, me obrigando a observar quase excitado suas curvas moverem-se de acordo com os músculos graciosamente marcados de seu corpo perfeitamente desenhado. Eu não fui capaz de controlar o sorriso ao olhar para os furinhos em suas costas. Tão lindos, tão desejados; tão simplesmente feitos como porta de entrada para a bunda mais sensacional já observada por meus olhos.
Caralho, como ela é gostosa.
agachou ao lado de seu vestido, passando a mão por ele e levantou novamente. Eu não entendi porra nenhuma.
E foi então que caiu a fixa. Meus olhos se arregalaram de pavor ao que minha mente mais lerda do que o normal captou o que ela estava prestes a fazer.
Senti minhas pernas diminuírem o espaço entre a gente, o suficiente para impedi-la caso fosse necessário, mas não para ter uma ereção por chegar perto demais daquele corpo seminu.
- O QUE DIABOS PENSA QUE ESTÁ FAZENDO? - gritei, descontrolado, pensando por um segundo em todos aqueles pervertidos passando os olhos por ela. Trinquei os dentes e minhas mãos se fecharam em punho. - VOCÊ ESTÁ MALUCA, PORRA?
Ela não respondeu. Continuou andando e parou em frente à porta. Colocou a chave na maçaneta e então parou. Ficou assim, parada, algum tempo. O problema dela deve ser realmente muito sério.
- VOLTA E BOTA A PORRA DA ROUPA!
Ela continuou parada, praticamente imóvel, se não fosse o movimentar que sua respiração produzia. Eu estava prestes a gritar novamente, pronto para pegá-la pelo braço e enfiar aquela armadilha que ela chama de vestido por sua cabeça, quando o mais absurdo aconteceu.
- Por que, ? Vai fazer alguma diferença?
Seus olhos estavam molhados, com alguma coisa que só podiam ser lágrimas, e sua voz saiu tão baixa que eu quase não ouvi. Ela estava chorando? A estava chorando?
- Você não pode sair por aí de calcinha - falei, já não sentido metade da raiva anterior.
Era diferente com ela assim. Tudo mudava. Eu não estava preparado para vê-la simplesmente...
- Eu não me importo. Parece que é a minha vez de fazer uma loucura. - Ela sorriu sem humor algum e virou de costas, se preparando para virar a chave.
- NÃO! - Gritei, novamente apavorado por aquela ideia, segurando seu braço com mais força do que o aconselhável.
o contraiu e soltou a chave, suspirando pesadamente. Quando voltou a encarar meu rosto, meu corpo inteiro paralisou. Mesmo meus batimentos; era como se eles não estivessem lá. Era como se tudo meu tivesse ido embora ao mesmo tempo em que aquela lágrima escorreu por seu rosto. Foi nesse exato momento que eu soube que nem todo o ódio do mundo doía tanto quanto vê-la assim.
Meu dedo se direcionou involuntariamente para sua bochecha, limpando a lágrima como eu gostaria de arrancar o que a fazia chorar. Ela sorriu levemente com o gesto, incentivando minha mão a ter seu rosto molhado acariciado por ela. Como era bom sentir sua pele novamente.
Fechei os olhos para apreciar melhor, logo depois de vê-la fazer o mesmo, sorrindo como uma criança por isso. Ouvi sua respiração acelerar e senti seu corpo bater contra o meu violentamente, me causando um arrepio quando seus seios descobertos tocaram minha pele protegida somente pela camisa social.
Eu não soube o que fazer, deixando meus braços suspensos no ar enquanto cogitava a possibilidade de abraçá-la. Como eu queria abraçá-la. Eu precisava daquilo. Mas eu não podia. Ao mesmo tempo em que sabia que vê-la chorando era demais para mim. Muito mais do que eu jamais acreditei que fosse suportar.
Deixei o ar escapar, não fazendo ideia de que o estava segurando, ao que minha maldita excitação começou a crescer, conforme seu corpo descoberto crescia e diminuía me abraçando vitalmente. Que belo filho de uma puta que eu sou. Essa não era a hora e muito menos o lugar.
Confesso que senti um puta medo do que faria quando ela percebesse. Se ela ficaria com raiva de mim ou sei lá. Mas ela não ficou e, mais uma vez, destruiu todas as minhas chances.
- Por favor... - sussurrou, apertando ainda mais o abraço como se sua vida dependesse daquilo. Eu não pude ver, porque eu não conseguia olhar para seu rosto, mas alguma coisa em sua voz e o líquido quente que começou a molhar minha camisa me deram a certeza de que ela estava chorando novamente.
Como ela podia estar chorando? Como ela podia estar chorando se ela tinha a mim para acabar com qualquer filho da puta que a fizesse mal? Eu faria tudo. Qualquer coisa. Ela sabia disso. Por quê? Ela não podia chorar. Não ela.
- Não chora... - sussurrei, ainda sem a mínima noção do que fazer conforme a ideia do que estava presenciando me invadia sugando todo ar de meus pulmões.
Era como se a minha própria visão do paraíso estivesse sendo queimada pelas chamas do inferno. As mesmas chamas que me corroíam quando eu não a tinha comigo.
- Por favor, ... - Ela continuava a sussurrar, fazendo meu desespero aumentar. Eu não podia fazer nada se não soubesse qual era o problema. Eu não podia quebrar a cara do filha da puta se eu não soubesse quem ele era. Não podia escondê-la se não soubesse do quê.
Eu precisava saber o que estava errado, mas eu não tinha coragem para perguntar. Eu provavelmente tinha medo da resposta tanto quanto tinha medo de abraçá-la.
Senti seus braços se afrouxarem, não sem pararem de me abraçar, para que ela fosse capaz de olhar para mim. Quando seu rosto subiu e eu olhei em seus olhos avermelhados, molhados pelas lágrimas, cravados e exercendo força inabalável sobre os meus, eu finalmente entendi. Porque seus olhos estavam me dizendo. Magnífica, intrigante e perfeitamente.
Naquele exato momento, eu li que o filho da puta era eu. Eu estava fazendo-a chorar. Eu estava fazendo a chorar. Eu estava.
- Por favor. - Sua voz implorou mais uma vez ao meu ouvido que era capaz de entender agora, destruindo completamente qualquer coisa em mim que não fosse ela.
Eu respirei fundo, quase sufocado de tão apertado que todos os meus órgãos internos estavam, e coloquei uma mão na parte de trás de sua cabeça, a repousando em meu peito. Novamente meu corpo reagiu ao seu toque, mas eu não estava mais em condições de pensar sobre isso. Eu só precisava abraça-la. Abraça-la porque era isso que ela queria.
Deixei a outra mão apertar suas costas contra mim, sentindo a suavidade de sua pele me arrepiar ao mesmo tempo em que meus hormônios gritavam por tomar o controle.
Eu comecei um carinho, alisando sua nuca e pescoço delicadamente primeiro, depois arrastando minha mão por suas costas, devassamente a apalpando. Não porque eu queria, mas porque era impossível. Ela era simplesmente irresistível.
respirou fundo, provavelmente incomodada e assustada pela velocidade que meus batimentos tão próximos do seu ouvido adquiriram, mas não saiu do abraço. Continuou com as mãos intactas ao redor de minha cintura enquanto eu a apertava dolorosamente tentando controlar o movimento de minha própria.
Aquele corpo, a falta que eu sentia dele, aquelas costas, aquele cheiro, aquele toque... Eu estava ficando maluco.
Suguei todo o ar que fui capaz para dentro dos meus pulmões, tentando clarear de alguma forma a minha mente desnorteada, sendo quase pego de surpresa quando minha cabeça desceu em um movimento involuntário até onde estava a sua, esfregando o meu rosto na sua lateral e tragando-a toda para dentro de mim.
Balancei a cabeça, subindo-a rapidamente, tentando afastar tudo de minha mente, que naquele momento não era quase nada e ainda assim potencialmente perigoso, ao que ouvi sua voz se propagar suavemente em meu peito.
Eu quase sentia raiva por isso. Não era justo ele me oferecer o mundo, o céu, tudo, ele, e de repente arrancá-lo de mim. Como se por algum motivo eu não merecesse mais tudo aquilo. É claro que eu não merecia, nunca e jamais vou merecer metade de tudo que ele fez por mim, por meus caprichos. Eu entendo isso, mas eu também sou egoísta o suficiente para proibir a ele e qualquer um de arrancar isso de mim.
Respirei fundo novamente, novamente trazendo seu cheiro para dentro de mim e depositei um beijo em seu peito. Sorri ao senti-lo estremecer, sentindo também sua excitação, que já estava ali há algum tempo, acariciar a minha barriga; ascendendo também o meu corpo, praticamente nu, rente ao seu. De onde ele nunca nem mesmo deveria sair.
Eu queria tanto que ele entendesse isso. Queria tanto que ele percebesse que eu não queria que ele fosse embora. Que eu precisava que ele ficasse. Mesmo que eu não merecesse, mesmo que eu nunca fosse merecer. Era egoísmo e, ainda que às vezes eu sentisse como se a sua felicidade valesse muito mais a pena do que a minha, porque ele merecia e eu não, eu sentia que eu também poderia fazê-lo feliz. Ele sempre parecia feliz quando estávamos juntos. Eu nunca fui boa para ele, mas ele nunca se importou. Porque se importar agora?
Desgrudei meu rosto molhado de seu peito, olhando para cima esperando que ele fitasse a minha expressão e entendesse tudo que eu não era capaz de colocar em palavras. Mais uma vez, minha respiração falhou quando eu o encarei. Seus olhos exalavam tanto carinho, proteção, luxúria e até mesmo confusão, que me deixou entorpecida. Perfeito. Era isso que ele era.
E meu, era tudo que eu queria que ele fosse.

.'s POV.

tirou a cabeça do meu peito, subindo o rosto na direção do meu, com aquela mesma expressão implorativa cravada nele.
Sua face era tão absurdamente encantadora que a minha vontade era de nunca mais deixá-la partir. Como um colecionador que paga qual preço for por sua peça e se perpetua a admirá-la.
Ela fechou os olhos, quebrando o contato com os meus e imediatamente me obrigando a desviá-los para seus lábios. Cheios, vermelhos e perfeitos. Cheios, vermelhos, perfeitos e com dentes segurando o inferior... a filha da puta está tentando me matar!
Eu estava quase perdendo o controle e mandando a consciência para a puta que pariu quando suas pálpebras se abriram e me fizeram fitar exatamente o que eu queria ver.
E eu entendi, no momento em que aquele olhar, novo e ainda mais nítido, me desarmou, que tudo o que ela queria, era absolutamente tudo que eu sempre quis dar. Ela estava me pedindo tudo que eu não negaria nem que quisesse. Tudo que eu sempre esperei que ela reivindicasse. Tudo que já era dela, não só por direito, mas por obrigação.
Pela primeira vez, ela queria a mim... quase tanto quanto eu a queria.

Eu quase sorri, sendo espancado por uma onda magnífica de felicidade por somente ter essa suspeita, mas não o fiz. Ao invés disso, fechei minha expressão tentando afastar o fato de que minha ereção pulsava descontrolada, parecendo, agora, ter percebido que eu não estava mais disposto a resistir à ela. Não tinha nem mesmo forças para isso. Principalmente quando ela estava me pedindo a única coisa que sempre foi dela.
Tirei as mãos de suas costas e nuca, ainda as arrastando por seu corpo mais do que eu gostaria, e encaixei seu rosto entre elas.
Embolei seus cabelos em meus dedos, trazendo sua testa e colocando-a na minha, aos que meus olhos fitaram um leve sorriso crescer em seus lábios.
- Eu vou me arrepender, não vou? - sussurrei, afastando novamente nossos rostos e aflito por encarar seus olhos.
Eles continuavam lá. O olhar dizendo que me queria. Suspirei, quase aliviado, e aproximei meu rosto novamente. Deixei que meu nariz explorasse a atmosfera quente que estava ao redor de seu rosto, próximo o suficiente para arrepiar toda a extensão do meu corpo, ao que sua boca deixou o ar sair e seu hálito me enfraquecer. Ela estremeceu quando minha boca tocou a sua bochecha suavemente, deixando o gosto salgado e levemente amargo de suas lágrimas atingir meu paladar.
Fechei os olhos, entorpecido por sua atmosfera, e comecei a repetir o ato várias vezes, beijando sua bochecha algumas vezes, seu nariz, o outro lado de seu rosto e finalmente, o canto de seus lábios, apreciando uma corrente elétrica que adormeceu minha língua quando o fiz. Ela ainda possuía uma leve inclinação neles, que não saíram nem mesmo quando meus lábios finalmente tocaram os seus, de leve, se afastando milímetros logo em seguida, roçando e absorvendo toda a suavidade daquela boca. Eu precisava apreciar aquele momento quase tanto quanto precisava apressá-lo.
dispersou um leve gemido, baixo e ainda assim desconcertante, ao que nossas bocas se afastaram. Eu passei a língua por meu lábio inferior, ansioso e escrotamente amedrontado, como se fosse a primeira vez, e apertei seu rosto em minhas mãos.
Finalizei a distância entre a minha própria perdição e meus lábios, os colando de forma exasperada, ouvindo gritos dentro de minha cabeça e os ignorando completamente ao que meu corpo inteiro relaxou. Tenso, mas de alguma forma relaxado.
Não perdi tempo em invadir sua boca com a minha língua, pressionando seus lábios que cederam rapidamente, ainda mais impulsionado por sua mão em minha cintura. não se intimidou, forçando a sua língua habilidosamente contra a minha, me arrancando um grunhido e fazendo meu corpo crescer em desejo. Puta merda, essa garota é o meu fim.
Arrastei minhas mãos pelas suas costas, sentindo na pele o tesão me possuir quando meu membro cresceu ainda mais contra o tecido, já irritantemente dolorido.
Continuei a beijando, sugando sua língua para dentro de mim, perdendo o ar conforme ela vedava completamente meu nariz e boca com seu rosto.
Eu praticamente não respirava, minha boca latejava devido à força que era empregada em sua tentativa de me engolir, e meu corpo mal respondia aos meus comandos quando minha bochecha foi tocada por algo que me paralisou novamente. Sua língua ainda buscava a minha, mas eu não me movi. Continuei com a boca colada à sua e com meus olhos apertados, não conseguindo compreender o que ainda estava errado. Minhas mãos saíram de seus quadris descobertos, aonde eu as tinha obrigado a se manter e meus braços envolveram sua cintura firmemente.
Eu apertei mais minha boca contra a sua e deixei o ar escapar por minha narina fortemente, esperando que ela entendesse que estava tudo bem. Que eu não ia lugar nenhum e que eu não deixaria ninguém fazer nada contra ela, nunca, se era disso que ela tinha medo.
colocou as mãos em meu peito e o empurrou, tentando afastar-me dela. Eu fiquei desesperado, porque eu não queria me afastar dela, mas, como era isso que ela queria, separei nossos corpos e abri os olhos à sua frente.

.'s POV.

Eu olhei para ele e sorri, não conseguindo controlar as lágrimas que me invadiam e deturpavam a minha visão. Impedindo-me de encará-lo devidamente, mas não me cegando o suficiente para observar sua expressão crescer em aflição. estava entendendo tudo errado. Eu não estava chorando porque estava triste, estava chorando porque eu sou uma garota. Garotas sempre choram quando algo é bom demais para ser verdade.

.'s POV.

Eu não conseguia vê-la chorando. Era como se milhares de agulhas fossem espetadas em cada músculo de meu corpo. Era ruim, sufocante, eu não conseguir evitar. Porque nada do que eu fizesse a faria parar de chorar. A única coisa que eu precisava era fazê-la parar de chorar.
Então eu tomei o único gesto que me veio a mente e passei minhas mãos abaixo de sua bunda, segurando e subindo suas coxas até que ela estivesse devidamente encaixada em mim. não demorou para se aconchegar e passar os braços por meu pescoço, se movendo exatamente em cima de minha excitação, propagando um leve estremecer as minhas pernas.
Mordi meus lábio, tentando afastar a sensação de tê-la somente de calcinha em meu colo e comecei a andar até a pia. recostou a cabeça em meu ombro, respirando na direção de meu pescoço de modo que meus pelos se arrepiaram assim que seu hálito quente tocou a minha pele. Seus seios estavam apertados contra mim, me permitindo sentir seus mamilos por cima da blusa, exigindo a minha atenção. Até mesmo as pontas de seus saltos enterradas dolorosamente em ambas as minhas pernas era suficientemente tentador.
Aquilo estava foda, muito foda de ignorar.
Sentei-a na pia, observando-a ter um leve tremelique quando sua pele entrou em contato com a superfície provavelmente congelante do mármore, e finalmente relaxando um pouco a minha posição.
Ela tirou a cabeça do meu ombro e colocou a coluna para trás, ajeitando-se na pia e sentando com as pernas abertas, me deixando ficar entre elas. Eu só olhava para o seu rosto, negando-me a me torturar mais, observando seu sorriso vencer aquelas malditas lágrimas. Elas pararam de cair, me fazendo sorrir, ao que meus olhos assim o constataram, e levar uma de minhas mãos ao seu rosto, novamente sentindo aquele líquido raro em minha pele.
Eu fiquei encarando admirado o rosto sorridente a minha frente durante a eternidade que durou o seu sorriso. Ela o finalizou mordendo os lábios, ainda com uma expressão leve e maravilhosa, aos que seus olhos desceram para onde eu imaginei ser o meu peito. Olhei para baixo, seguindo para onde o seu olhar se direcionava e fui surpreendido pelas duas mãos que começaram a desabotoar a camisa social.
Puta merda.
Subi meu rosto para encontrar seus olhos, mas eles estavam concentrados em meus botões. Não fui capaz de travar o sorriso que brotou quando um leve rubor surgiu em seu rosto quando isso aconteceu. Aquela definitivamente não era a que eu conhecia.
Assim que meu cérebro captou o que estava acontecendo, minhas mãos desceram para os botões e afastaram um pouco as dela, abrindo-os completamente numa velocidade que deixava claro o meu desespero. Sua risada acariciou meu ouvido, me fazendo olhar para seu rosto de novo ao que suas mãos entraram em minha blusa e se arrastaram por meu peitoral até o ombro, puxando-a pelo braço de modo que nossas peles nunca desencostassem. Arrepiando a porra toda novamente.

.'s POV.

Olhei para seu peito trabalhado, completamente desprovido do tecido, nu, lindo e subindo e descendo lentamente, praticamente gritando pelo meu toque. Levantei a sobrancelha ao que seus olhos me fitaram e espalmei minhas mãos nele, arrastando-as, alisando, não somente seu peito, como trapézio, ombros e pescoço. Em cada parte que minha mão tocava, eu podia sentir seus músculos se contraindo rigidamente contra a minha pele, espalhando correntes elétricas por todo o meu corpo.
Seus olhos se apertaram, assim como suas enormes mãos em minha coxa, segurando-a com tamanha avidez que me fez sorrir.

.'s POV.

cheirava tão bem. Sua mão macia acariciando meu corpo, o arrepiando e aquecendo, era tudo que eu queria sentir. Eu precisava disso. De alguma forma, saber que ele não estava mais disposto a me dar tornou a necessidade ainda pior.
Vamos lá, . Você sabe fazer muito melhor do que isso.

.'s POV.

Meus olhos desceram para seus seios fartos, fitando-os com a mesma feracidade que minhas mãos subiram pela sua cintura, acariciando suas curvas. As mãos de se arrastaram até as minhas costas, aproximando meu corpo do seu, de forma que suas unhas me arranhavam devastadoramente agressivas. Sorri afetado, levando a outra mão para sua nuca, embolando todo o seu cabelo em meus dedos, e aproximei minha boca de seu pescoço. Traguei todo o seu cheiro para meu pulmão e cravei minha boca na região, ouvindo sua voz e sentindo sua unhar fincar ainda mais forte em minhas costas. Deslizei a língua, apreciando seu gosto em minha boca e suas mãos descendo até o meu glúteo, o apertando fortemente quando o alcançou. Parei de lambê-la para observar seu corpo completamente arrepiado quando minha boca chupou sua pele e esfreguei meu nariz logo em seguida na parte de trás de sua orelha, arrancando outro gemido baixo de sua voz.
segurou meu cabelo ao que o seu lóbulo fora torturado por meus dentes, e respirou fundo esfregando seu rosto em meu ombro antes de suas pernas trabalharem em direção à beira da pia. Suas coxas grossas me envolveram ainda mais, deixando sua intimidade completamente encostada na minha barriga e meu pênis quase emitir som buscando por ela.
Ela começou a lamber meu pescoço, impulsionando seu corpo para frente, esfregando-se em mim de modo tão excitante que um urro escapou de minha garganta. Tirei a mão de seu cabelo e a arrastei por sua cintura, sentindo a cavidade de suas costas em minhas duas mãos e a desci mais, passando-a por baixo dela e agarrando sua bunda. Ouvi sua risada maliciosa em meu ouvido enquanto mordia a minha orelha com força, quando minhas mãos se apertaram e a levantaram dali, trazendo-a para o meu colo.
Puxei brutalmente sua cintura contra mim, impulsionado pelo movimento habilidoso de suas coxas, e senti minhas pernas estremecerem quando seus seios atingiram a minha boca. Comecei a sugá-los, ávido por ter os dois completamente dentro dela, ouvindo leves propagações quando eu colocava mais força. Abri os olhos, lutando para enxergar seu rosto por entre eles, e comecei a cambalear cegamente para trás. Assim que senti a superfície gelada em minhas costas, troquei nossas posições e a coloquei entre mim e a parede exterior da cabine sanitária.
Ela puxou meu cabelo com força, direcionando minha boca aos seus seios, me incentivando a chupá-los novamente. Continuei a explorá-los, com minha dificuldade cada vez mais acentuada, até o momento que suas mãos atingiram minha nuca, puxando-a e direcionando meu rosto ao seu, que era o mais alto agora.
Ela abriu um sorriso e forçou a cabeça para trás, empurrando a parede na tentativa de ter forças para o fazer comigo. Entendendo o que ela queria, me afastei um pouco e deixei seu corpo nos guiar, agradecendo putamente por ter alguém como ela no controle.
Ela escorregou pela parede, não mais tão apertada contra ela agora que eu havia me afastado, e desceu seu corpo, encaixando-o exatamente no meu. Mais uma vez ela começou a se movimentar, arrastando sua intimidade na minha, e sorrindo diabolicamente ao que minhas mãos foram parar em seus cabelos novamente.
Eu traguei o ar, absurdamente incapaz de me controlar mais, e joguei-a para cima, prendendo-a entre a parede e meu corpo com ainda mais força dessa vez. Alisei os seus braços, os guiando para o alto e pressionei sua mão abaixo da minha no final da pequena parede, apertando-a e desejando que ela a mantivesse ali... só um pouquinho.
Ela levantou a outra e segurou firmemente. Não perdi meu tempo e levei as mãos para o cós da calça, desabotoando-a e a arrastando o máximo que consegui até senti-la cair aos meus pés.
Sorri, ouvindo a respiração de falhar ao que minhas mãos agarraram sua cintura e a desceram lentamente para onde meu sexo rígido protestava por possuí-la.

.'s POV.

apertou as mãos contra a minha cintura, arrastando-me brutalmente contra a parede e seu corpo, fazendo-me arfar ao que sua ereção se iniciou sobre a minha pele, agora sem a maldita calça. Primeiro em minha bunda, depois em minha feminilidade que respondeu se contorcendo tensamente excitada contra a sua.
Ele começou um movimento lento com o quadril, impulsionando-se firmemente contra mim, ao que meu corpo involuntariamente respondeu aquilo da mesma forma. Passei minhas mãos por seus braços tensos o suficiente para ter seus músculos dedilhados por meus dedos, e busquei sua boca que agora estava somente um pouco acima da minha.
me beijou, pressionando seus lábios macios contra os meus, mas respirando desconcertadamente demais para se concentrar naquilo. Uma de suas mãos saiu de minha cintura e agarrou minha coxa, a apertando firmemente enquanto a abria ainda mais. Passei a mão por seu pescoço, buscando por apoio ao que sua outra mão se direcionou à minha calcinha, praticamente segurando todo o meu peso com o antebraço. Ele começou a me estimular com os dedos, movendo-os de forma assustadoramente precisa, tendo seu lábio inferior quase sendo mutilado por meus dentes. Sua boca continuava buscando pela minha, sugando-a por atenção, enquanto meus dedos se contorciam em seus cabelos e meu corpo se impulsionava em seus movimentos. Ele sorriu contra meus lábios, sentindo a consequência de seus atos molhar os seus dedos, o fazendo aprofundar ainda mais a língua em minha boca, abafando meus gemidos.
Decidida somente o suficiente a parar com aquilo, eu forcei ambas minhas pernas para baixo, recebendo uma careta em reprovação de quando desci de seu colo. Meu corpo protestou e me vi sufocada contra a parede, prensando seu tronco contra o meu com a ajuda de minhas unhas em sua bunda, tendo seus olhos rapidamente abertos para me fitar quando as forcei ainda mais.
Sorri ao que ele contorceu a expressão e arrastei minhas mãos por seu abdômen que se contraiu instantaneamente ao meu toque. Não desviei meu olhar do dele um segundo e, com um prévio aviso de minha língua em meu lábio superior, levei minhas mãos para dentro de sua cueca.
fechou os olhos, travando a mandíbula, ao que minhas mãos desceram diretamente para ele, começando um preciso acariciar que rendeu um gemido rouco em meu ouvido. Sorri ainda mais quando trouxe a outra mão e utilizei as duas para arrancar lentamente aquele pedaço de pano indesejado. Ele abriu os olhos, ainda exalando tensão e luxúria, e colocou um sorriso malicioso ao que seu magnífico sexo encostou em minha barriga, arrepiando-me em cada centímetro celular.
Ele começou a arrastá-lo em mim, cerrando os olhos e enchendo a mão com meu seio, acariciando-o lenta e deliciosamente. Direcionei uma das mãos ao seu sexo novamente, tornando a masturbá-lo de forma lenta e firme, ao que suas mãos trêmulas desciam minha calcinha.
Sua garganta reclamou em menos de tempo do que eu esperava aos meus caprichos, atingindo meu ouvido e quase me fazendo gritar de dor à força agora aplicada em meu seio. Livrei-me completamente da calcinha com a ajuda de minhas pernas e parei com a minha mão.

.'s POV.

Suas mão parou de me tocar e não perdi tempo e colocá-la em meu colo novamente, impossivelmente excitado por sentir sua intimidade despida roçando na minha.

.'s POV.

- Você ainda toma? - A voz de arranhou meu ouvido, rouca e ofegante ao que seus braços arrepiados seguravam com força o meu corpo em cima dele.
Assenti e cravei minha boca em seu pescoço, lambendo-o e desesperada para tê-lo completamente em mim.

.'s POV.

Ela começou a mordiscar de leve meu pescoço, tornando-me incapaz de parar qualquer coisa mesmo que eu não tivesse ouvido a resposta.
Comecei a penetrá-la lentamente, sentindo a pressão dela ascender chamas ainda mais quentes do que supôs ser possível. Ela gemeu de leve, enquanto eu simplesmente me colocava dentro dela, alucinado por ter aquela sensação se intensificando.
Retirando-me completamente em seguida, ainda controlado o suficiente para provocá-la, comecei a me impulsionar lentamente em sua entrada, tendo minhas costas violentadas afrodisiacamente por suas unhas em reprovação.

.'s POV.

Seus movimentos me desesperaram de tal forma que minha coluna estalou, curvando-se para frente, buscando por mais de seu corpo. Minhas unhas fincaram em suas costas e minha garganta reproduziu um grunhido descompassado em resposta ao meu descontrole.
Captando minha necessidade, sorveu oxigênio para seus pulmões e me invadiu com tanta força que imaginei meu quadril se despedaçando caso o fizesse novamente.
E foi o que ele fez.
Não tive nem mesmo tempo de respirar antes dele investir novamente. Gemia enlouquecida cada vez que os urros de sua garganta e seu corpo invadindo violentamente o meu aumentavam ainda mais a velocidade, entorpecendo todo o meu organismo enquanto suas mãos rendiam os meus braços para o alto, impedindo-me de tocá-lo, e deixando que somente o movimento de seus quadris me enlouquecesse. A sensação de tê-lo preenchendo cada pedacinho de mim, como se pertencêssemos um ao outro, era sufocante, imprescindível, bloqueava a minha mente para qualquer outra coisa. Só exista seu corpo quente a minha frente e a parede gelada atrás de mim. Nem mesmo eu existia; o que os separava era somente um fantasma tomado pelo prazer.
Ele continuou estocando rápida e agressivamente, reivindicando-me para si, e eu já podia sentir o suor de seus cabelos em minhas mãos, e o meu tornando escorregadias suas tentativas de apalpar meu seio, quando meus olhos se abriram levemente turvos e instantaneamente deslumbrados.
Abri um sorriso, me concentrando com dificuldade no espelho a nossa frente, analisando os músculos de suas costas trabalharem no que ele fazia de melhor. Minha boca soltou um grito alto, abafado pelos dentes logo em seguida, quando invadiu-me ainda mais, chegando ao máximo de mim, me obrigando a fechar os olhos e ter seu corpo derretendo por minhas mãos.
- MAAIS... - Rugi.
Ele jogou a cabeça para trás, deixando as veias de seu pescoço e o suor de seu corpo tocarem minha bochecha, ao que minha boca mordeu seu ombro, passando a língua por seu corpo salgado logo em seguida.
- Segura... - ordenou.
Suas mãos agarraram meu quadril, usando a força de seus braços contra suas investidas, me invadindo tanto e tão rápido que eu precisei apoiar minha testa em seu ombro, meus dentes batendo um no outro, inacreditavelmente atordoada.
Meu corpo mal respondia aos meus comandos, tão pouco minha mente completamente absorvida pelo momento, tragada pela excitação, afogada em meio o abismo de tê-lo estremecendo ardentemente contra mim.
Ele vai me matar.
Suas mãos ainda estavam espalmadas em meu corpo quando senti o orgasmo se aproximando, mal acreditando que ainda não havia enlouquecido de prazer, apertando-as rudemente ao mesmo tempo em que meus lábios prensaram-se tão fortemente que não soube se o som decorrente fora de dor ou prazer.
Minha mão agarrou sua nuca, puxando seu cabelo com uma força descomunal, ouvindo-o gemer alto em resposta, sem diminuir o ritmo extraordinário.
- ... - Sendo finalmente tomada por ele, sentindo a endorfina me arrebatar ao mesmo tempo em que uma euforia errante me invadia, recostei minha cabeça em seu ombro, absurdamente incapaz de respirar como precisava. Meu coração batia descompassado tentando suprir a necessidade de meus pulmões, mas meus sentidos estavam desconexos demais para amenizar a falta de ar.
Eu queria gritar perante a sensação exorbitante que somente ele era capaz de me trazer, mas minha garganta estava bloqueada, assim como meu abdômen levemente dolorido e formigante, do mesmo modo que todo o meu corpo. De todos os músculos que minha mente tentou comandar, os únicos que responderam foram os do meu rosto, deixando um breve sorriso brotar assim que minha mente retornou ao controle.
Tão logo voltei a mim, meu corpo inteiro respondeu tensamente excitado ao constatar que suas investidas ainda estavam lá, cuidando para que eu aumentasse a literal dependência de seu corpo. Esse garoto é um deus!
Passei os braços por seu pescoço, arrastando as unhas por sua costas, ouvindo seu gemido alto ecoar pelo banheiro. Grudei meu rosto na lateral do seu, buscando por sua orelha e assim que minha boca a encontrou, comecei a arrastar minha língua por ela, sentindo em minha pélvis dolorida a consequência de seus atos.
Eu nem mesmo havia assimilado coisa alguma e já sentia meu corpo pulsando, entorpecido, à beira de mais espasmos de insanidade.
Não era possível que ele fosse o único. Eu já havia feito sexo o suficiente para saber que nunca teria orgasmos múltiplos, mas, de alguma forma muito absurda, fugia completamente a essa regra. Perdi as contas de quantas vezes ele já havia me deixado quase assustada, até eu lembrar quem aquele era, sem ao menos se dar conta disso.
E o pior.
Eu sabia que eu era boa. Muito boa naquilo. Mas ele... Ele era muito melhor.
Tomada por mais um orgasmo, ridiculamente atordoada e incapaz mesmo de emitir qualquer som, sentindo meu corpo exausto implorar por descanso, ao mesmo tempo que a euforia me fazia clamar pelo próximo, apertei minha perna o mais forte que consegui em sua cintura, travando-a dolorosamente enquanto minhas mãos eram quase obrigadas a continuarem se movendo.
Sorri levemente, satisfeita, ao que sua mão direita soltou meu quadril e segurou a parede, conhecendo seus trejeitos o suficiente para saber que ele finalmente estava chegando lá.

.'s POV.

Eu continuei investindo com força, incentivado por seus orgasmos lubrificando o nosso ato a buscar o meu, ofegante e ligeiramente sufocado pela sensação de tê-la minha. não parou de se insinuar sobre mim, jamais sendo egoísta quando se tratava de sexo, tocando cada parte com vigor, como se seus músculos não estivessem impossivelmente relaxados. Sua atmosfera me inebriava, seu cheiro embaralhava a minha mente, seu cabelo alisava o meu peito, seu suor escorria por meu abdômen, sua língua molhada se arrastava por meu pescoço, suas unhas arranhavam minhas costas, suas coxas vibravam sob minhas mãos, seus seios se chocavam contra o meu peito, sua intimidade se contorcia contra mim...
Os seus gemidos... ah, os seus gemidos...
Nada no mundo se equiparava a possuí-la. Era desumano. Tão absurdo que eu seria capaz de me privar de um orgasmo por anos, somente para não precisar deixá-la. Não precisar sair de dentro dela...
Mas não demorou muito e eu pude sentir meu instrumento chegar ao ápice da rigidez, contraindo cada célula muscular de meu corpo, logo depois de minha garganta rugir ao que a sensação extraordinariamente desnorteante de gozar por ela, nela e com ela, me atingiu, enfraquecendo minhas pernas, me fazendo estremecer levemente e quase me tombar com o meu e o seu peso para segurar. Ela gemeu novamente, batendo a testa em meu ombro, enquanto meu organismo direcionava bombas entorpecentes de meu cérebro até o canal de meu sexo, que seguiam quentinho para dentro dela.
Desgrudei minhas mãos de suas coxas, levando-as para cima e colocando-as no fim da superfície de mármore, completamente trêmulas e sem força alguma passando por minhas veias. se aconchegou em meu corpo, apertando meus braços para não cair já que eu não a segurava mais, e a única atitude que fui capaz de tomar, para deixá-la mais confortável, foi apertá-la contra a parede para que não escorregasse até o chão.
Deixei minha cabeça pender para frente, sentindo o suor escorrer pela minha testa até a ponta de meu nariz, tentando diminuir um pouco a minha respiração.
Meu coração batia tão rápido dentro de meu peito que isso teria me deixado suficientemente constrangido, se não fosse o fato de sentir seus seios refletindo o quanto seu corpo exausto ainda estremecia sem força alguma. Eu amo quando isso acontece.
Depois de alguns poucos minutos incapaz de me mover, acreditando que ela também ainda não o era, já que não o fez, depositou um beijo em meu pescoço, terno e delicado, que me fez estremecer dos pés a cabeça, causando uma risada dela. Mais uma vez ela o beijou, aumentando o sorriso que havia crescido involuntariamente em meu rosto, e forçou as suas pernas para baixo. Eu não fiz força para impedi-la, ou mesmo tinha, me tirando de dentro dela e afastando-me alguns centímetros para que ela pudesse levar seus pés ao chão.
Quando ela o fez, seu rosto subiu para encarar o meu, que já havia quase recuperado a postura, com um sorriso que fez meu coração parar durante alguns milésimos de segundos. Ele era quente, único e completo. Definitivamente o mais lindo do mundo.
Eu respondi sorrindo também, que minha mente me deixasse enganar, pensando, por um momento, que eu era o único capaz de colocá-lo ali. Ela levantou a sobrancelha, simplesmente me rendendo por seu olhar, e colocou a mão em meu peito, me afastando um pouco. Ela sempre fazia isso. Sempre tentava me afastar quando tudo que eu queria era abraçá-la por horas a fio. Eu odiava isso com todas as minhas forças. Mas, como era o que ela queria...
Segurei sua mão, entrelaçando os meus dedos nos seus por um segundo e, os tirando dali com um arrepio, levei-a até a minha boca e a beijei, acariciando-a logo em seguida. Ela sorriu novamente e, antes de realmente me afastar, beijei sua testa, não fazendo a mínima ideia do porque estava realmente agindo assim. Provavelmente imaginando que eu não teria isso por tempo o suficiente.
Ela passou por baixo de meu braço que se apoiava na parede e se livrou completamente do babaca grudento aqui.
Dei de ombros, sabendo que nesse tipo de luta eu perdia com certeza, e abaixei para pegar a cueca. Vesti, já trazendo com ela a calça, fazendo-a passar rapidamente por minha perna e abotoando assim que finalizei com o zíper.
Era claro que vestir minha roupa estava levando mais tempo do que o realmente necessário, e eu estava concentrando mais atenção nisso do que era saudável, visto que tinha algo muito mais admirável para se observar, mas eu não conseguia. Eu era escrotamente incapaz de olhar para e vê-la indo embora.
Então eu não o fiz. Mantive meus olhos no chão, não desviando nem mesmo para o lado em busca de seu reflexo no espelho, e cheguei até o canto que passei grande parte da festa. Arrastei-me nele, com certa facilidade, e nojo por minhas costas suadas, e deixei meu peso cair sobre o chão de qualquer jeito.
Comecei a brincar, nervoso pra caralho, com o meu cabelo molhado e todo bagunçado a frente do rosto, passando meus dedos por eles e olhando para tudo menos o tornozelo dela que estava exatamente a minha frente.
Ela estava de salto, e mesmo com a claridade merda do banheiro eu conseguia ver sua panturrilha torneada, conforme meu olhar ia subindo desobediente por suas pernas delineadas, coxas trabalhadas, bunda deliciosa com aquela calcinha minúscula, covinhas das costas, curvas perfeitas, nuca nua graças a seu nó mal feito que deixava algumas mechas caírem por suas costas e... Ela ainda estava de calcinha?
Balancei a cabeça, clareando meus pensamentos e sentindo meu rosto queimar de leve, ao que meus olhos traçaram novamente seu corpo seminu a frente do meu. Não é possível que ela fosse tão lerda.
Subi meu olhar, me surpreendendo ao encontrar seu rosto voltado para o espelho, imóvel e sem a mínima intenção de colocar a porra da roupa.
Meu coração acelerou gradativamente quando a questão me veio à cabeça, novamente me tentando a agir como um cachorrinho viado que lambia os seus pés, quando minha voz ignorou a porra da metade da minha razão.
- Fica. - Minha voz saiu grave, rouca e baixa pra caralho, ao que eu atribui à intensidade do acontecimento anterior.
Ela não respondeu nada, apertando e esmagando completamente meu coração por todos os cinco segundos que continuou imóvel. De repente, como uma deusa solidária, ela virou seu corpo de frente e caminhou até onde eu estava. Sua expressão era fria e ainda que seus olhos estivessem diretamente voltados para os meus, era como se eles não estivessem lá. Como se ela não estivesse lá. Como se estivesse perdida em alguma parte do mundo que não pertencia a pessoas como eu.
Mesmo assim, ela agachou e sentou ao meu lado. Os pêlos das suas pernas se arrepiaram quando seu corpo encostou no chão, me fazendo pela primeira vez ter uma atitude sensata e estender a mão até minha camisa. Ela sorriu, muito menos do que eu gostaria, e se apoiou nos joelhos, me deixando colocar a camisa por baixo dela.
Eu concertei minha posição na parede e tudo aconteceu muito rápido. Ou talvez em câmera lenta e eu não percebi porque estava embasbacado demais.
Quando dei por mim, estava com a cabeça em meu peito, passando os dedos pelo contorno do meu abdômen e suspirando docemente. Seu cabelo estava deliciosamente perto de meu nariz, tornando impossível a minha tentativa de não tragar toda a sua essência o máximo que fosse capaz.
Senti seus lábios se movimentarem quando sua cabeça subiu em resposta ao meu diafragma logo antes de outro beijo de sua boca macia abrir meu sorriso intensamente. Ela se mexeu um pouco, deixando seu mamilo encostar ao começo de minha costela, arrepiando cada pentelho do meu braço que ela fez questão de brincar. Quase deixei um gemido escapar de dor quando ela esbarrou o braço em minha mão. Eu nem lembrava que ainda estava doendo, mas assim que ela a segurou no alto, a região começou a latejar novamente. ficou observando a região avermelhada alguns segundos, provavelmente tentando se lembrar se ela já estava ali antes. Ela acariciou a região tão delicadamente que eu quase não senti, e deixou a mão cair sobre seu corpo novamente. Ela não iria perguntar, mas eu sabia que estava curiosa para saber como eu tinha feito aquilo.
Senti minhas bochechas queimarem com idéia de tê-la imaginando ser o motivo, mas um alívio assustador me atingiu quando seu corpo chegou mais rente ao meu, me abraçando ainda mais.
Não pude deixar de ignorar o incômodo que aquilo causou ao meu corpo, e idiotamente comecei a contar em quantos segundos ela perceberia minha excitação crescer pela calça. E ela cresceu. E sim, eu fiquei com vergonha pra caralho por me portar como um pervertido perto dela o tempo todo, mas ela não parecia se importar. Continuou com sua cabeça encostada, constantemente soltando suspiros que me faziam estremecer quando o hálito quente batia em meu peitoral, e constantemente me fazendo desejar tê-la assim para sempre. Somente quando a idéia do que acabamos de fazer invadia a minha mente, essa não era a mais apelativa de todas.
Ficamos naquela posição muito tempo, tanto que como sempre não faço idéia do quanto, e eu já começava a sentir minhas pálpebras pesando sobre meus olhos, quando ela se mexeu subitamente, se apoiando no cotovelo e me obrigando a tirar o braço que a cobria.
levantou sem olhar para mim, deixando uma brisa congelar a lateral de meu corpo que agora estava vazia, e parou novamente quase em cima de seu vestido.
Não sei se impulsionado pelo frio, ou pela sensação substancialmente desagradável o suficiente para me comandar, eu levantei do chão, me utilizando da parede para tal fato.
Ela estava de costas, da mesma forma que antes, e eu sabia que o "fica" não teria o mesmo efeito. Mas eu estava desesperado e precisava de mais. Então fiz a única coisa que eu não deveria ter feito a noite inteira.
Andei até ela, traçando atentamente suas costas com meus olhos ao que minha respiração batia em seu pescoço, arrepiando seus braços que foram levemente acariciados por minha mão assim que me aproximei.
Me aproximei mais, literalmente colando meu corpo no seu, sentindo o volume de sua bunda e de minha calça se adaptarem perfeitamente. Levei minhas mãos até seu quadril, alisando-o de forma delicada com as costas delas, e a outra eu direcionei ao seu seio, trazendo-a para mais perto de mim. Ela ofegou, sentindo minha excitação e meus lábios tocarem sua pele, enquanto eu fechava os olhos tentando me concentrar em não vira-la e beijá-la como o animal que ela despertava em mim.

.'s POV.

me pegou de surpresa, grudando seu corpo ao meu, o ascendendo de maneira doentia. Suas mãos atingiram meu busto, segurando-os firmemente enquanto sua boca delineava um caminho de beijos delicados e maravilhosos que minha cabeça cismou em direcionar, girando-se e contorcendo-se para onde eu queria que eles fossem.
Senti sua virilidade contra mim novamente, iniciando instintivamente minha produção hormonal ao que sua mão segurou um dos meus seios.
Fechei os olhos, sentindo sua posição dominante e a sensação de pertencer completamente a ele me abalar, quase finalizando a vida de meus pulmões.
Sua outra mão estava em minha cintura e lentamente, perdendo a euforia instantânea do primeiro choque, um detalhe iluminou toda a minha existência, me fazendo sorrir maravilhada.
Ele estava me abraçando. Aquilo não eram seus hormônios gritando, não era sua masculinidade tomando o controle, aquele era o , o meu me abraçando. Sendo incapaz de evitar quase tanto quanto eu a explosão que nossos corpos sentiam a nossa aproximação e lutando contra isso para simplesmente... me abraçar.
Meu nariz se apertou enquanto eu mordia os lábios e segurava o sorriso para mim, acariciando seu punho arrepiado o mais delicadamente que consegui. Não querendo, de maneira nenhuma, elevar sua masculinidade e acabar com aquele momento.
Seu nariz roçou pela minha nuca, me arrepiando novamente, e ouvi sua garganta desprender um leve grunhir. Tentei controlar a respiração, que estava mais do que acelerada, a fim de tornar nosso contato menor. É claro que não fui bem sucedida.
Empenhada em gravar aquele momento exatamente como estava, eu fechei os olhos, sorri e me afastei.

.'s POV.

segurou as minhas duas mãos e as tiraram de seu corpo. Delicadamente, mas fizeram.
Eu me afastei, dando espaço para que ela se abaixasse e pegasse o seu vestido. Ela o fez e o passou por sua cabeça, ainda de costas, me deixando fantasiar com seu vestido deslizando perfeitamente por seu corpo. Desejando, puta e agressivamente que ele estivesse fazendo o caminho oposto.
Ela não virou para trás, aumentando a nossa distância conforme andava espetacularmente até a porta. Tendo-me desesperado porque em segundo nenhum olhou para mim de novo.
Mas eu estava feliz o suficiente para ignorar isso. Por que, nem mesmo em meus sonhos ou nos pesadelos mais fodidos, o meu baile de formatura seria assim. Nem mesmo em meus pesadelos mais fodidos eu a teria tão próxima, em todos os sentidos, a ponto de liquidar completamente a raiva que eu tinha uma leve idéia de que sentia antes.
Ela não somente não estava lá como parecia que nunca havia existido. Que se fodesse a raiva, tê-la comigo era infinitamente melhor.
O sorriso babaca que eu não tiraria do rosto por pelo menos quatro dias ainda estava lá, colado como cimento, quando o barulho da chave virando juntamente como uma ação surpreendente quase me fizeram gritar.
Ela virou, com a porta entreaberta, e piscou na minha direção, maliciosamente divina. Ou divinamente maliciosa, foda-se.
A questão é que ela tinha me olhado e sorrido. E foi quase como uma despedida. Ela nunca se despedia de mim. Eu não era importante o suficiente para isso.
Mas não dessa vez. Dessa vez ela olhou e foi quase como se falasse. E eu me senti tão ridiculamente feliz que a única resposta que tive foi continuar sorrindo, vendo-a passar pela porta com a mesma expressão. Assustado, de certa forma, e feliz. Idiota, burro, fodido, assustado e muito feliz.
Afinal, à essa altura do campeonato, quem era eu pra reclamar de alguma coisa?


5.

Parei com o surto homossexual e peguei minha camisa no chão, vestindo-a e logo em seguida olhando para o espelho. Puta merda, ela estava toda cagada!
Ignorei o pequeno detalhe e abotoei a camisa correndo, louco para sair daquele banheiro. Pelo menos agora que eu estava sozinho ali dentro e sorrindo mais do que palhaço no circo.
Estava tudo lindo. O mundo era lindo, as pessoas estavam lindas, a festa estava linda também. Traguei o ar para meus pulmões, tossindo e engasgando quando o cheiro de suor misturado com perfume de quinta categoria quase me fez desmaiar, e voltei a andar pelo salão lotado de adolescentes lascivos por álcool e sexo, como eu estaria se a melhor coisa que poderia me acontecer não tivesse acabado de se realizar. É claro que o fato de que daqui a uma semana eu estar me torturando porque de fato a deixei acontecer e de que daqui a duas semanas eu estaria fervendo em ódio, eram meros detalhes. As consequências podiam ser até mais altas do que eu era capaz de suportar, mas que elas se fodessem também. Eu teria tempo demais para remoer minha própria merda quando chegasse a hora.
Avistei uma mesa, fingindo que meu sorrisinho escroto era por isso, e sentei na cadeira, passando meus olhos pela multidão que dançava animada ao som de alguma coisa não identificável. Deixei que a atmosfera entediante me dominasse, até movimentando minha cabeça ao que a música a invadia, quando finalmente meus olhos fitaram uma coisa intrigante.
. Claro, e seu jeito esquisito eram sempre uma coisa intrigante, mas o que ele estava fazendo era realmente estranho. Acho que durante todo o tempo em que nos conhecemos, eu nunca o vi agir com desse jeito. Eles pareciam discutir, já que ambas as bocas abriam e esbravejavam ao mesmo tempo, os braços de eram empurrados pelos de e ele parecia puto pra caralho. Ela apontou pra mim e virou de costas... Por que ela apontou pra mim?
se voltou para a minha direção e começou a andar, ainda com a cara fechada, rápido ao que só podia ser a minha mesa.
- Fala aí, ! - Sorri, pronto para tomar um fora da porra com a cara ainda mais puta que colocou ao se aproximar, mas ligando muito pouco para isso.
- Você sabe onde está ? - ele disse, assim que se aproximou, me olhando assustado, e fazendo minha mão se apertar quase tanto quanto a minha garganta.
- Como assim, onde está ? - Levantei, instintivamente passando meus olhos pela multidão procurando por ela.
- Ela sumiu. - Ele levantou os braços, balançando a cabeça. - Ela e estavam conversando e...
- O quê? – Senti uma leve sensação sufocante tomar conta de mim. - O que o fez?
- Nem vem, . Ele não fez nada, dessa vez.
- O que ele fez? – falei, entre os dentes, controlando meu instinto de caçar o babaca e perguntar por mim mesmo.
- Eles só estavam conversando... e ela saiu correndo... sumiu, ninguém sabe onde ela foi parar.
- E VOCÊ AINDA ME DIZ QUE ELE NÃO FEZ NADA? - Saí da frente de , ignorando qualquer coisa que ele quisesse me dizer, adentrando-me na multidão.
Meus olhos passavam freneticamente pelas pessoas, ao mesmo tempo que minha mente mandava eu parar de ser burro e procurar em outro lugar. Era óbvio que ela não se esconderia no meio de todo mundo.
Corri até a saída, empurrando algumas pessoas que se aglomeravam ali e passei meus olhos pelo jardim a frente do ginásio, tendo minha visão frustradoramente atrapalhada pela leve escuridão. Bufei, passando a mão pelo cabelo e apertando os olhos, tentando achar desesperadamente uma resposta a minha pergunta.
Eu havia prometido que nada de ruim iria lhe acontecer hoje, e eu havia quebrado a minha promessa completamente. Eu sabia o quanto o afetava a , como fui deixá-la sozinha?
Voltei para o ginásio, ainda passando meus olhos pela quantidade enorme de pessoas, desejando absurdamente que cada uma delas fosse para a puta que pariu. Olhei para o lado e vi conversando com alguns dos guys, quando meu olho bateu exatamente no escroto do .
Ele olhou pra mim na mesma hora, como se soubesse que eu estava controlando cada pentelho de mim para não meter-lhe a porrada pelo o que quer que tenha feito com ela. Ele fechou a cara, não puto, triste, e deu de ombros, como se pedisse desculpas. A expressão dele quase me fez sentir pena, logo antes de eu lembrar quem o filho da puta tinha machucado.
Desviei a atenção dele quando subitamente uma ideia de onde ela poderia estar me acertou. Saí correndo, novamente empurrando algumas pessoas que insistiam em ficar no caminho, encarando o corredor vazio logo a minha frente. Balancei a cabeça me livrando das imagens que arrepiaram meu corpo e comecei a abaixar a maçaneta, rezando para que ela estivesse mesmo ali, ao mesmo tempo em que tinha a certeza que estava.
Abri a porta, sentindo meu corpo relaxar ao que meus olhos fitaram sentada na pia, olhando para os pés que balançavam em um movimento infantil. Ela parecia tão inocente que me deixou incapaz de me mover por um segundo, só tentando assimilar quem em sã consciência dispensaria uma garota como ela.
- Hey... - falei, me aproximando lentamente, logo depois de fechar a porta atrás de mim. - Todo mundo está te procurando...
- É, eu imaginei. - Ela deu de ombros, ainda olhando para baixo.
Eu me aproximei mais, não tendo a certeza do quanto ela me queria ali.
- O que aconteceu?
Ela suspirou, levantando a cabeça e me fitando com uma expressão confusa, com a testa franzida e com os olhos em ligeira excitação.
- O me pediu em namoro.
Tá, então eu não entendi nada.
- E não era isso o que você queria?
- Era... - Ela suspirou. - Não... - Revirou os olhos. - Não sei.
- Hm...
Ela sorriu logo antes de abaixar a cabeça novamente.
- Eu não sei se deveria sabe... E se...
- Ei - Interrompi, acariciando seu rosto com minha mão e puxando seu queixo para cima, fazendo-a me fitar. -, não pensa no depois. Você gosta dele... não tem nem motivos para isso.
- Mas é você mesmo que diz que eu tenho que ter amor próprio... - Ela sorriu novamente, sem humor algum.
- E você vai ouvir conselhos de alguém como eu? Qual é , eu sou o mais fodido de todos! - disse, fazendo-a rir gostosamente para mim.
- Não, você não é... nunca te pediu em namoro e você saiu correndo! – Ela revirou os olhos, ainda sorrindo divertida.
- É verdade... - Fingi uma expressão pensativa. - Você consegue ser mais burra do que eu!
- Ei! - Ela levou a mão a boca, forçadamente espantada. - Pelo menos eu tenho amor próprio... senhor zelador de banheiros imundos. - levantou a sobrancelha, maliciosa, e eu senti minhas bochechas queimarem completamente.
- C-como assim?
- Ah, qual é, ! Você acha que eu não sei que uma certa garota te trancou no banheiro? - Ela riu.
- Eu não tive culpa! - Soltei, levantando as mãos em sinal de rendição e fechando a cara quando sua risada aumentou.
- Go get them, tiger! - ela continuou gargalhando da minha cara, e, como eu sabia que ela ia continuar me zoando enquanto eu ligasse, dei de ombros e me juntei a ela.

Depois de um tempo nós ficamos calados. Ela ainda estava sentada na pia e minha mão brincava com a barra de seu vestido, que estava logo acima do joelho. Ela suspirava constantemente, provavelmente se decidindo entre sair do banheiro e encarar toda aquela gente, ou ficar se escondendo como o covarde do seu melhor amigo.
- Sabe, eu estou em um banheiro feminino... – Sorri, tendo a sua atenção novamente. - Se me pegarem aqui, vai dar merda!
- Aposto que não pensou nisso quando estava com a ... - ela debochou, ainda encarando o nada.
- Eu estava em um banheiro masculino... - Sorri, como se o banheiro fosse realmente importar alguma coisa.
- Me tira daqui, ? - seus olhos fitaram os meus, lacrimejando mais do que deveriam, me deixando completamente sem palavras.
Por que elas estão fazendo isso comigo hoje?
- Claro... – Abracei-a, num instinto irrefreável de proteção, sentindo seus braços passarem por mim, apertando delicadamente.
apoiou sua cabeça em meu ombro, me deixando capaz de ouvir seus leves soluços, destruindo um pouquinho mais da minha força masculina inabalável. Quem permitiu que garotas chorassem, não tinha ideia do que era ter um coração. Muito menos um sendo esmagado.
Me afastei de seu corpo, colocando o melhor dos meus sorrisos babacas assim que ela me fitou e virei de costas, me aconchegando entre suas pernas.
- Vamos logo, abre as pernas e monta no cavalinho. - Sua risada alta acariciou meu ouvido, imediatamente acalmando meu desconforto.
- Você sabe que isso soou extremamente pervertido, não sabe? - Suas mãos se colocaram a frente de meu corpo, abraçando meu pescoço e as relaxando em meu peito, ao que suas coxas encaixaram-se em meu quadril.
- Limpe sua mente dessas ideias feias, . - Arranquei mais uma risada dela, e, antes de abrir a maçaneta, parei. - Para onde estamos indo?
- Para casa, ... Estamos indo para casa.
Assenti e passei pela porta, usando meus braços para jogá-la para o alto e ajeitá-la de forma que ela não ficasse desconfortável, antes de chegarmos ao salão. Assim que pisamos lá, uma quantidade suficientemente constrangedora de olhares nos fuzilaram, e deixou um grunhido escapar em resposta a isso. Eu suspirei e logo avistei um rosto conhecido. Cheguei até onde estava sentado na mesa e dei uma porrada em sua cabeça, chamando sua atenção.
- A gente está indo pra casa, oh, mané... - Ele abriu um sorriso singelo para mim, logo antes de seus olhos fitarem o rosto de , aumentando-o largamente.
- Tá bom. - Ele deu de ombros e, antes de eu me afastar, dei uma piscadinha para a cara de babaca feliz que ele me lançou.
Continuei a andar com em minhas costas, sem querer me aproveitando de sua incapacidade de se manter firme para alisar, um pouquinho, suas coxas perfeitas, quando o chão do ginásio fora completamente arrancado de mim.
Eu parei de andar, respirar, me mexer e a única coisa que me impedia de constatar ataque fulminante era justamente a porra do meu coração, que nesse exato momento se aproximava mais de um ataque nuclear.
se moveu atrás de mim, forçando as pernas para baixo, obrigando meus braços pararem de apertar suas coxas, e se afastou, sussurrando;
- Eu vou estar esperando lá fora.
Minha garganta se apertou e eu nem mesmo movi minha cabeça para assentir, mas somente porque eu não conseguia. Meus músculos estavam tensos, incapazes, e meu coração batucava que nem um condenado dentro do peito do viado mais frouxo que LA já conheceu.
Abri um sorrisinho, mínimo, por algum motivo ridículo que eu não sei explicar, que só piorou a minha situação. Se antes me encarava com ódio, agora ela literalmente me matava com os olhos.
Eu senti uma súbita vontade de andar até ela e dizer "não é isso que você está pensando", mas eu sabia muito bem que até eu recuperar minha voz ela já teria cortado meu pau fora, se eu me aproximasse o suficiente para isso. E aí eu fiquei parado novamente, sendo torturado por seu olhar e minha mente, que insistia em dizer que eu deveria tomar uma atitude.
Ela continuou me matando por alguns minutos, como se só tivesse eu e ela nessa merda dessa festa, me obrigando a rezar para que ela fizesse alguma coisa. Quando ela o fez, eu tomei um soco no estômago e um chute no saco ao mesmo tempo.
virou de costas, deixando que a última vez que eu a encarava essa noite fosse aquela cara de "você é desprezível", quase me fazendo chorar por arrancar o meu sorriso de mais cedo.
Mas sabe, ao mesmo tempo que eu me sentia lixo, eu ainda tinha todos aqueles acontecimentos muito frescos em minha mente, me alegrando, agora menos, o suficiente para tentar deixar isso para lá. Eu virei de costas, lembrando-me de que além de tudo, ainda tinha um motivo mais do que suficiente para eu deixá-la assim, sem explicação, visto que era isso que ela queria.
Tá, a verdade é que eu estava acabado. Eu queria muito que as coisas não tivessem terminado assim. Queria muito que ela tivesse visto e se aproximado de mim, colocado aqueles lábios perfeitos na minha boca, e massacrado a com o olhar, demarcando seu território, se era isso que ela queria. Ela não precisava ter agido assim. Ela sabe muito bem que não tem motivos. Ela é a !
- Pensei que fosse demorar mais. - sorriu ao me ver se aproximando. Eu tentei fazer o mesmo, mas fui infeliz em minha tentativa. - Me perdoa.
- Esquece isso. - Estendi a mão para ela se levantar e depositei um beijo em sua testa. - Vamos logo embora.
- Ok.

A viagem de volta para casa dificilmente poderia ter tido um clima pior. Eu estava na merda, a também, tudo porque um era mais idiota do que o outro.
Deixei minha cabeça batendo no vidro durante todo o percurso, nem perdendo meu tempo em olhar para . Eu sabia que ela estava precisando de meia dúzia de palavras de consolo, mas eu não era capaz de consolar nem a mim mesmo.
O meu último encontro com não saia da minha cabeça, repetindo-se como um filme que voltava toda hora para a pior parte. Eu odiava isso. Porque dentre uma das melhores noites na minha vida justamente a parte ruim é que me assombrava? Que psicológico de merda!
- Obrigada pela noite, . - beijou minha bochecha, me tirando de minha própria confusão sem nem me dar conta de que havíamos chegado.
Eu sorri e balancei a cabeça, ainda meio atordoado, observando-a sair pela porta da Limusine logo em seguida.
Em menos de vinte minutos eu havia chegado em casa, engolido comida como um esfomeado, arrancado a roupa social e encarava o teto do meu quarto.
Um sorriso não pode ser controlado ao tragar o ar e tê-lo levemente disfarçado pelo perfume dela, que ainda brincava em minhas narinas. Eu havia sonhado tantas noites seguidas com o dia em que a teria novamente, mas esses sonhos chegavam a ser patéticos agora. Minha mente nunca seria capaz de gravar com precisão qualquer momento que a tivesse comigo. Era a mesma coisa que obrigar um cego a descrever um arco-íris, depois de ter passado a vida inteira na escuridão. E, sinceramente, eu não me importava em passar a vida inteira na escuridão. Desde que fosse ela o motivo de minha cegueira.

...


Uma mão acariciava meu cabelo de um jeito tão gostoso que eu soltei um leve grunhido, afagando meu rosto no travesseiro. Ai... aquilo era tão bom... continuou... meus olhos pesados... a coberta quentinha e fofinha por cima do meu corpo pelado... sons baixos se propagando no ar... minha mente leve...
- , meu amor, acorda! - Minha mãe gritando; tinha que ser. - Vamos, meu bem, vamos... - e ela é incapaz de acordar os outros sem cutucar.
Como eu ODEIO isso.
- Hhmmm...
- , vamos, querido, você tem visita! - Para de me tocar, mãe. Mas que inferno.
- Fala... ... Passo lá... tarde... - resmunguei roucamente, esfregando meu rosto no travesseiro e já sentindo o sono me dominar novamente.
- Não é o ! - Ela puxou minha coberta.
Dude, ela puxou a porra da coberta! Como eu odeio que puxem a porra da coberta! Felizmente, a segurei a tempo suficiente para não deixá-la ver nada além da parte superior do meu tronco, segurando fortemente o pano e impedindo-a de descê-lo mais.
- Nada aí que eu nunca tenha visto, - ela zombou. - E anda logo, ela está esperando!
Ai, o que diabos a está fazendo aqui uma hora dessas da manhã? E qual é essa porra da hora da manhã, também?
Rugi, afundando meu rosto mais uma vez no travesseiro, respirando fundo e comandando meus músculos a obedecerem. Demorei alguns minutos para sair da cama, lutando injustamente contra a razão, para não permanecer ali durantes as próximas duas décadas.
Sentei na cama, colocando as pernas para baixo, e esfregando meus olhos com força, tentando afastar o sono infeliz que sentia. Arrastei-me até o banheiro e joguei água na cara, secando com a toalha e me preparando para escovar os dentes. Feito isso, voltei para o quarto e peguei uma samba-canção qualquer, vestindo-a e procurando qualquer coisa para colocar por cima. Constatei que seria impossível achar qualquer merda dentro daquele quarto e peguei a calça social mesmo, que estava jogada no chão perto da cama.
Bocejei, ainda extremamente puto por ser acordado a essa hora e fui para o corredor, sentindo um leve estremecer ao que meu corpo quente foi tocado pela brisa fria que passava pela fresta da janela da escada.
Cheguei ao térreo, andando em direção à sala que a não estava, e me direcionei a cozinha, procurando-a por lá.
- Mãe, cadê ela? - Coloquei meu braço na frente do rosto, protegendo meus olhos da claridade, para observar minha mãe preparando alguma coisa... sozinha.
- Ela está lá fora, querido. - Ela sorriu, um sorriso do tamanho da cara e mais, de um jeito que chegou a me dar calafrios.
Andei até o outro lado da cozinha, por onde a porta de vidro deixava transparecer que toda a água do meu organismo iria congelar assim que meu peito nu se chocasse contra a atmosfera nebulosa, e me aventurei quintal a fora.
Passei meus olhos rapidamente pelo jardim, caçando a porra da garota, ficando puto da vida com a idéia de que minha mãe tenha mentido. Você está de sacanagem com a minha cara mãe?
- Bom dia, . - meu rosto virou rápido para o lado direito, imediatamente sendo tomado por uma dor absurda que com certeza me renderia um belo de um torcicolo.
Não respondi nada. Não consegui. Fiquei parado como o otário que eu sou enquanto ela vinha andando toda linda na minha direção com um sorriso no rosto. Ela tinha um sorriso no rosto. Não um sorriso qualquer, um senhor sorriso! Um puta de um sorriso. Um sorriso enorme e era só pra mim, porque não tinha ninguém mais de nós além das plantas. A não ser que ela estivesse falando com um gnomo que ela decidiu chamar pelo meu nome... , se concentra.
- Bom dia. - Engoli a seco.
Ela se aproximou e beijou minha bochecha, a fazendo formigar ao mesmo tempo que meus batimentos escrotos se aceleraram.
estava na minha casa. Em plena manhã de domingo. Beijando a minha bochecha.
Qual o problema nisso? Nenhum. Concentre-se e a siga.
sentou-se no balanço podre que minha mãe insistia em dizer que embelezava a porra do jardim, me chamando, ou quase, para me juntar à ela.
Eu o fiz, tendo verdadeira dificuldade em sentar naquele troço, sorrindo por dentro ao ver sua expressão feliz por estar ali.
Ela começou a balançar como se fosse uma criancinha, primeiro fraco, depois aumentando a velocidade, jogando sua cabeça para trás, enquanto seus cabelos esvoaçavam contra o vento. Eu perderia a porra da manhã inteira a observando, e eu sei que ela sabia disso.
Ela finalmente parou, provavelmente constrangida já que eu mal respirava para não perder um segundo daquela cena, e virou o banquinho de frente para mim. Suas bochechas adquiriram um leve tom avermelhado e um sorriso sapeca brincava em seu rosto, dando-lhe uma expressão leve que ela raramente tinha.
Eu franzi a testa, confuso por tê-la ali, gostando, mas ao mesmo tempo incomodado pela surpresa, quando seus olhos penetraram os meus em sua tentativa bem sucedida de ler minha alma. Eu era tão fácil de ler que ela abriu ainda mais o sorriso exuberante ao que sua análise foi feita.
- Você foi embora ontem... - ela falou, olhando para meu peito, levando sua mão até ele, o arrepiando instantaneamente.
Ela sorriu novamente e direcionou a mão ao meu rosto, o acariciando delicadamente, enquanto eu fechava os olhos, apreciando o momento raro. Apertei meus lábios em resposta ao seu toque, fascinado pela certeza cada vez maior que mesmo quando o era mínimo, meu corpo respondia violentamente descontrolado... simplesmente por qualquer coisa que partisse dela.
- Eu precisei, . - Soprei, quase gemi, necessitado para que ela entendesse. - A tinha brigado com o ... ela precisava de mim.
Ela não me encarou, cessando o carinho e olhando para baixo, para onde suas mãos brincavam uma com a outra.
Eu levei a mão ao seu queixo, puxando seu rosto para me encarar, mas ela o forçou para o lado, proibindo-me de ter seus olhos sobre os meus. Os forcei novamente, decidido a tê-la me olhando nos olhos, e a acabar com aquela palhaçada. Fora ela quem veio me procurar, não eu. Era ela quem tinha alguma coisa para dizer, não eu. Quem ela pensa que é para me mostrar essa carinha emburradinha toda bonitinha no meu balanço?
- O que você veio fazer aqui? - Deixei o ar escapar, derrotado.
Mais uma vez, ela não respondeu. Continuou parada encarando o nada. Eu suspirava de vez em quando, ela suspirava de vez em quando, e eu já estava começando a me sentir realmente mal com aquilo. Sabe, eu não havia feito nada de errado. Eu tinha ajudado uma amiga, porque ela não podia entender isso?
- Você podia ter ido falar comigo - ela falou, me fazendo subir meu rosto para encarar o seu, que ainda olhava para baixo.
- É, mas...
- Você nem mesmo tentou.
- Cara...
- Vamos lá, pensemos por um instante. Eu estava lá parada e você não fez nada. Pela segunda vez na noite. Segunda. E depois ainda perde o seu tempo...
- E o que você ia fazer, ? Me deixar plantado feito um babaca? Falando sozinho ou gargalhando na minha cara?
- Não. - Ela me encarou, com uma expressão que beirava o espanto.
Mantive a minha posição, esperando por uma resposta.
- Eu não ia fazer isso...
- E o que você ia fazer?
- Eu não sei. - Ela deu de ombros, confundindo absolutamente todos os meus neurônios fodidos. - Eu não pensei sobre isso.
- Claro que não... - Debochei. - A parte de pensar as consequências dos seus atos, nós deixamos toda pra mim.
- Eu estou aqui, não estou, ? - Ela bufou, olhando para o lado novamente. - O que mais quer que eu faça?
- É... você está. – Sorri, cínico, não acreditando que ela estivesse realmente perguntando isso pra mim. - Mas por quanto tempo?
- Quer saber? - sorriu tão cínica quanto eu, muito mais bem sucedida em abaixar a minha bola do que eu a sua. - Eu não preciso disso.
- É verdade, você não precisa! - Estendi meu braço para o lado, em sinal para que prosseguisse. - Pode ir embora.
não levantou. Ao invés disso, arqueou a sobrancelha e sorriu maliciosa para mim. E eu não podia ficar mais contente por ela não ser covarde a esse ponto; se ela levantasse e fosse embora eu teria que me humilhar todo para que ela voltasse. Porque ela simplesmente não podia ir. Eu não podia deixar.
- Sabe, , você é patético. - Ela revirou os olhos, e eu quase virei um soco na cara dela. - Você podia muito bem ter ouvido tudo e ficado quietinho. Teria sido melhor para você...
- Ah, teria? Por quê? O que veio fazer aqui?
- Não importa mais. - Ela sorriu, levantando do banco. - Mudei de ideia.
Ela começou a se afastar, mas, igualmente motivado pela crescente raiva que seus deboches criaram em mim e a vontade que me corroia por não tê-la se afastando, minha mão segurou seu braço com força, a impedindo. Ela subiu o rosto, contorcido de dor, fazendo minha mão se afrouxar instintivamente assim que a fitei.
- Começou; agora termina. - Arfei, tão próximo de seu rosto que minha visão chegou a falhar.
Ela me encarou, assustada, perfurando meus olhos estupidamente deslumbrados por seu rosto diabolicamente angelical, que beirava a raiva.
- Você é ridículo, . - Seu hálito quente bateu em minha boca, fazendo minha mão se apertar novamente em seu braço, ao que meu coração se acelerava gradualmente.
- Não fui eu que não agüentei até as dez horas da manhã para me acordar. - sorri, sendo bombeado por uma leve sensação de vitória e uma exorbitante necessidade de beijá-la.
- Eu tenho coração, ... - moveu discretamente os lábios à malditos centímetros da minha boca. - Eu também sinto pena das pessoas.
Pena? Você tá de sacanagem.
Apertei seu braço com força e levei a outra mão ao seu cabelo, enchendo-a, e direcionado sua cabeça firmemente para trás. soltou um gemido que só alimentou meu descontrole, trazendo sua orelha para perto da minha boca e arrastando minha língua por ela;
- Pena... - Minha voz saiu rouca, minha ereção crescia, e meu ódio me possuía. - Me explica... - Deixei o ar sair pela minha narina, sentindo seu corpo estremecer sob mim. - Isso... aqui. - Beijei a lateral de seu pescoço, sentindo os pêlos de sua nuca arrepiados em meus dedos.
Afastei novamente nossos rostos, encarando sua face fechada, com seus olhos apertados e sua boca entreaberta, ansiando pela minha.
Esperei que ela abrisse os olhos para indicar com a cabeça, ao que levantava meu ombro, suas unhas fincadas dolorosamente em minha pele. Ela as tirou dali assim que deu por si, desencostando ambas as mãos de meus braços tensos. Uma leve propagação saiu de minha garganta ao que eu traguei ar para os pulmões, indicando que havia parado de respirar devidamente desde nossa aproximação.
Seus olhos encararam minha boca, que salivou tímida ao olhar intimidante, ao mesmo tempo que minha garganta se paralisava em secura. Ela continuou os observando, ora olhando em meus olhos, ora para meus lábios, tornando impossível a minha tentativa de manter minha excitação longe dela.
Em resposta aos seus olhos, arrastei as duas mãos ao seu quadril e o puxei contra mim, literalmente finalizando qualquer espaço que nos separava.
Eu continuava a observar a pequena luta que ela travava para manter seu olhar fixo em algum lugar, já quase desistindo da idéia de vê-la não resistindo a mim. Era eu quem não ia conseguir resistir de qualquer forma, foda-se, eu não me importava.
Então seus olhos fitaram os meus por mais de alguns segundos. Muito mais de alguns segundos. Mais uma vez, fui surpreendido por sua capacidade de dizer tudo o que queria simplesmente me olhando. Fazendo-me sentir vulnerável, inferior, submisso e seu. Não existia a menor chance de que, em algum momento que ela me lançasse aquele olhar, eu não me sentiria atordoado por ele. Ele estava tão lá, e estava mandando, tudo que o que eu tinha que fazer era obedecer. Escrotamente obrigado a obedecer.
Ela sorriu tristonhamente, em total contraste com o brilho que faiscava de seus olhos, me enfeitiçando, e passou os braços por meu pescoço. É óbvio que eu respondi sorrindo também; provavelmente um pouco mais do que ela.
- Eu nunca vou mudar. - Ela suspirou, novamente me entorpecendo com seu hálito. - Eu não dou demonstrações públicas de afeto, eu não sou simpática com quem eu não quero, eu não dou presentes em datas especiais. Eu não vou falar sobre a minha família, não vou expor os meus problemas e provavelmente não vou querer falar dos seus. Seus amigos não serão os meus amigos e eu não serei obrigada a ter contato com eles. Eu não vou deixar de fazer as coisas que eu gosto, não vou deixar de me vestir como eu gosto e não espere que eu vá te dar uma almofada de coração. Eu não serei obrigada a mudar nada que eu não quiser. Eu não serei obrigada a tolerar piranhas dando em cima de você. - Um sorriso se abriu em meus lábios com essa última, mas logo se fechou quando sua mão apertou minha nuca. - Sem meios sorrisos. Sem explicações baratas. Sem garotas desnecessárias. E se aquela sem sal da pensar em encostar um dedo em você... vão os dois...
- Shhh... - sussurrei, a observando fechar os olhos e respirar fundo. - O que isso quer dizer?
Seus dentes morderam levemente seu lábio inferior, intensificando a cor vermelho pulsante que ele possuía, o deixando ainda mais encantador.
- Sua, ... somente sua.

...


- Dude, alguém já te falou que você fica insuportável de bom humor? - sorriu, passando a mão pelo meu cabelo de um jeito bem homossexual.
- Alguém já te mandou ir a merda hoje?
- Deixa eu pensar... - Fingiu uma expressão reflexiva, me arrancando um riso abafado. - Nah, hoje ainda não.
- Não seja por isso.
- Com todo o prazer. - Ele sorriu, mas parou de prestar atenção em mim assim que pisou no pátio.
É, tudo bem, já estou acostumado.
Apoiei um dos cotovelos em meu joelho, entediado, como sempre, com aquele papinho escroto sobre como o baile tinha sido, já de saco cheio das pessoas ao meu redor nos primeiros dois segundos prestando atenção nelas.
Deixei a caneta brincar em meus dedos, ao que minha mente se desligava completamente da voz de falando merda, fazendo todo o pessoal rir descontrolado. Fui interrompido pela bunda enorme de que, vejam só, ainda estava pegando o , que esbarrou em meu braço, deixando a caneta cair no chão.
Desci um degrau da arquibancada para pegá-la, e aleatoriamente virei minha cabeça para o lado, tendo meus olhos se arregalando no mesmo instante e um sentimento estranho me dominando.
flutuava em câmera lenta, rebolando seus quadris em perfeita sintonia com suas pernas quase completamente descobertas, atraindo o olhar de toda a escola. Meu coração bateu eufórico ao que meus olhos fitavam admirados seus seios respondendo aos seus passos, perfeitamente delineados pela blusa vermelha que marcava cada curva com perfeição.
Ela se aproximava cada vez mais e, conforme a ideia de que tudo aquilo era pra mim me invadia, minha mente respondia exasperada ao reflexo de meus batimentos.
Minha garganta se apertou quando os trinta metros se reduziram a cinco, mas, antes mesmo que eu pudesse sorrir com o olhar malicioso que ela me lançou, senti a caneta se despedaçar em meus dedos.

. Ponto de vista de .

- É, eu também acho. - Sorri para Peter que me mostrava empolgado a novidade da última aula de filosofia.
Como se eu ligasse para a aula de filosofia quando matemática estava batendo a minha porta dizendo que eu ficaria em recuperação, alô-ou.
Sorri forçado novamente para ele e sai dali, pronta para enxotar o primeiro pentelho nerd que quisesse tomar minha manhã novamente. Hoje não, gente... por favor.
Passei meus olhos pela quantidade enorme de adolescentes que conversavam empolgados sobre o baile, sentindo uma pitada de inveja por ter estragado o meu, quando meus olhos acharam uma coisa realmente interessante.
estava babando. Literalmente.
Ri comigo mesma ao observar meu amiguinho quase quebrar o pescoço e, quando segui seu olhar, entendi perfeitamente o porque.
Wow, . Que produção! Bem, isso sim era algo para se ter inveja. A garota era perfeita, simplesmente perfeita.
Eu sempre me perguntei quem em sã consciência usaria uma saia pregada jeans curtíssima, uma blusa vermelha com um decote do tamanho do mundo e salto para vir para o colégio. Qualquer pessoa normal diria que isso era ridículo.
Bem, eu colocaria minha mão no fogo que esse conceito mudaria assim que todo mundo olhasse para ela.
Como se não bastasse o fato do colégio inteiro estar secando ela, seu corpo perfeito parecer ainda mais perfeito dentro daquele projeto de roupa, e seu cabelo brilhar mais do que estrela cadente, o modo como ela andava de salto era além do deslumbrante. Era fenomenal. Sim, inveja mode on por isso também.
Voltei a observar meu amigo apaixonado babando por ela, quando ela já estava quase chegando aonde ele estava. Foi impagável ouvi-lo tão feliz ontem no telefone, depois daquela louca finalmente perceber que nem que ela tentasse todos os caras do mundo ela acharia alguém melhor do que ele. Ou mesmo igual a ele.
E então eu não acreditei no que vi. Meu sorriso se despedaçou e eu ia lá dar na cara daquela desgraçada maldita. Olhei novamente para , a ponto de ver sua expressão se contorcendo ao que ela passava direto depois de sorrir para ele. Como ela era capaz?
Eu estava contando os segundos para sair enfurecido e matar alguém, assim como estava contando os segundos para virar a mão na cara daquela sem vergonha, quando senti seus olhos cravados sobre mim.
Ai, ela estava olhando... muito, pra mim. Tanto que a ideia de ir lá e quebrar a cara dela não parecia tão boa, agora que eu conseguia imaginar ela me destruindo só com os olhos. É, o não estava brincando quando falava que o olhar dela incomodava. Só não achei eu levaria isso a sério!
Eu quase abaixei, na verdade eu tentei e não consegui, meu olhar, porque eu estava realmente ficando com medo dela. Aquela garota sempre foi esquisita, mas agora ela realmente parecia maligna. E de repente a pessoa maligna se tornou um filhote de labrador! Ela sorriu de um jeito tão espontâneo que eu fiquei tonta, já que a milésimos de segundos atrás, ela podia matar alguém. E agora era parecia uma fadinha de tão doce. Jesus, mas que pessoa é essa?
Ainda perplexa com sua capacidade de mudar completamente nem percebi assim que ela virou de costas e começou a fazer o caminho inverso.
tinha a cabeça abaixada e a levantou assim que parou a sua frente. Sem nem mesmo hesitar, ela sentou em seu colo, segurou seu rosto e o beijou descontroladamente. Assim, muito descontroladamente. De forma que chegou a cair um pouco para trás, tendo os cabelos completamente bagunçados pelas mãos dela e alisando suas costas como um depravado com as suas. Oh, meu Deus! Eles estavam quase se comendo no meio de todo mundo! Todo mundo mesmo, porque cada pessoa presente parou para analisar a cena.
E eu já estava constrangida só de olhá-los daquela forma, quando uma mão tocou na minha, trazendo uma leve corrente elétrica consigo. Um pequeno papelzinho fora colocado ali, e, antes que eu desdobrasse e lesse o que estava escrito, subi minha cabeça novamente para observar e . Aliviada por vê-la em pé, segurando sua mão, eu sorri novamente e abri o papel.

Eu ainda quero a resposta... me encontra no jardim dos fundos que eu te provo que mereço um sim. . xx

Mal acreditei que isso estava mesmo acontecendo.

. Ponto de vista de .

Ela afastou sua boca da minha, sugando meu lábio inferior ao que o fazia, e segurando meu rosto com suas mãos, quase tão ofegante quanto eu.
Abri os olhos, encarando os seus tão próximos a ponto de apagar qualquer coisa que não fossem eles da minha mente, enquanto ela levantava do meu colo. Sua mão buscou a minha, que eu respondi na mesma hora, sentindo, finalmente, a sensação de tê-la de mãos dadas, aquecendo meu interior. Eu devia ser mesmo muito viadinho para vibrar com uma coisa escrota como aquela.
Quando finalmente voltei a mim, pensei em esconder minha cabeça dentro da blusa, da mochila, qualquer lugar, porque se as pessoas estivessem olhando mais elas enxergariam todos os processos do meu organismo.
Olhei para o lado, sentindo ainda mais vergonha ao perceber que estava impassível, divina, em sua pose superior. Qual é, sério que ela não se incomodava nem um pouquinho?
Nós começamos a andar pelos corredores ouvindo mais sussurros, altos pra caralho, mais do que eu jamais ouvi em minha vida, tendo a puta certeza de que todos eles falavam da gente.
Sabe, desfilar de casalzinho com ela não parecia tão legal agora. Eu estava incomodado além dos limites com toda aquela atenção, de um jeito tão absurdo que minhas mãos começaram a suar. provavelmente percebeu isso, porque na mesma hora ela virou o rosto para mim, demorando mais do o necessário para analisar meus músculos concentradamente tensos. Ouvi uma risada abafada, e a sua mão prensou a minha, me fazendo desviar o meu rosto ligeiramente para o seu.
- Vem aqui... - Ela sorriu docemente para mim.
Nem tive tempo de assimilar muito coisa quando sua boca atingiu meu ouvido, num sussurro que além de me arrepiar inteiro, fez meus olhos se fecharem e toda aquela multidão se calar.
- Só meu.



Fim?


n/a: Gente, é isso. É O FIM! O que acharam?
E bem, então... eu quero perguntar uma coisa a vocês. Eu tenho uma idéia de continuação na cabeça, e até já comecei (e parei), mas vocês que vão me dizer se querem ou não...
Anyways, espero mesmo que tenham gostado! Comentem, comentem, e obrigada por todo o apoio gente! Obrigada mesmo, vocês são todas lindas!
Eu amo essa fic e fiquei muito feliz de dividi-la com vocês...
Desculpa toda a demora na att, mas eu estava mesmo cheia de coisas (e pessoas) na cabeça...

E mais uma vez, obrigada por tudo!!

Beijão!!
xx

Tia Jana



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Nota da Beta: Comentem. Não demora, faz a autora feliz e evita possíveis sequestros - só um toque. Qualquer erro encontrado nesta fanfiction é meu. Por favor, me avise por email ou Twitter. Obrigada. Amy Moore xx