Peter Pan
Por Cássia e Paula
Betada por Biia.

Capítulo 1

Era um dia comum para mim. Eu estava ensaiando para a peça, quando o senhor Thompson anunciou que o grupo de teatro receberia, naquela tarde, um novo membro. Eu só não contava que seria ele! O que um cara como vem fazer no clube de teatro? Só pode estar querendo arranjar confusão. Tenho certeza de que ele nem gosta de interpretar. Ele deixou bem claro seu ódio contra nós, do clube, quando jogou o Steve no lixão atrás do colégio. Ele e aqueles amigos deploráveis.



O meu pai só pode estar de brincadeira mesmo! Como ele acha que eu vou sobreviver em um Clube de Teatro? Com aqueles artistas sem noção do colégio? Até parece que ele quer que eu faça algo de útil. Eu já faço muito indo pra aula todo dia e tocando com os caras. Tá certo que eu tenho exagerado um pouco nas merdas, mas não é motivo pra me castigar dessa forma. Afinal, clube de teatro! Eles vão armar contra mim lá. Tenho certeza! Aquele cara que eu taquei na lixeira vai fazer uma rebelião com seus amiguinhos contra mim.



não era um garoto normal. Definitivamente não. Ele andava com o pessoal popular do colégio. Nunca dirigiu a palavra a ninguém que não tivesse esse título. Ele era muito nojento e metido.
Sinceramente, eu não sabia como esse pessoal ‘popular’ se agüentava. Eu não passaria um minuto com eles, porque não sei ser fútil, muito menos durante o tempo todo.



O pessoal do clube de teatro é, simplesmente, o cúmulo da falta de noção. Eles só sabem ficar trancados naquele lugar ensaiando. Nem pensam em curtir a vida. São perdedores, isso sim! Não acredito que vou me juntar a eles! Tá certo que às vezes eles fazem algumas peças até legais. Mas eu sou ! Não nasci pra ficar do lado deles!

Capítulo 2

- , olha só. Eu trouxe o roteiro da nova peça que a gente vai apresentar! - disse sorridente para a amiga.
- Peter Pan! Legal! Você vai ser a Wendy, né?
- Não sei ainda. Vou fazer os testes pro papel e ver no que dá.
- Claro que vai ser você! Você é a melhor, .
- Que exagero, ! – disse rindo.
- Ah, você sabe que sim.
- Nem te contei a maior, menina.
- O quê? - perguntou animada.
- entrou pro Clube de Teatro.
- O quê? Você tá falando daquele ? - apontou para um grupo de meninos e meninas que se aglomerou nos bancos da escola.
- Isso mesmo, . Eu não entendi por que, mas o Senhor Thompson disse que não tem nada demais nisso. Então vamos ver no que vai dar.



- Você entrou pro clube de Teatro? - perguntou surpreso a .
- É, cara. Fui obrigado. Era isso ou o clube de Matemática.
- Boa escolha, cara! - o consolou.
- Vá em frente! Só espero que você não seja contaminado por aquela raça - soltou e riu em seguida.
- Vocês estão exagerando. Não deve ser tão ruim assim - disse, tentando ser otimista.
- Só provando pra saber! - ainda ria.
- A gente vai com você, pra garantir que vai ficar tudo bem - disse .
- Não precisa, vai ser mais vergonhoso se vocês forem! - resmungou.
- A gente também quer ver aqueles caras retardados fazendo as palhaçadas deles pô! Você não vai privar a gente disso, vai? - indagou.
- Está bem, vocês vão, mas se controlem. Não vão fazer nenhuma merda por lá.
- Tem aquela menina do Clube. Como é mesmo o nome? - se lembrou.
- A principal deles? - perguntou .
- Essa mesmo. Qual é o nome dela?
- Acho que é . - colocou - O que tem ela?
- Ela é hot! - falou.
- Ela é do Clube de Teatro! - debochou.
- E daí? Ela não pode ser gostosa só porque interpreta? - defendeu.
- O , pelo visto, já tá por dentro do Clube. Sabe até o nome da ! - ria.
- Ah, claro! Vocês nunca prestam atenção nas peças? Ela é sempre a principal e o nome dela está sempre nos cartazes - disse .
- Tá bem, cara. A gente te entende - comentou, rindo.

Capítulo 3

- Sintam a brisa do mar... Sintam as vibrações do oceano! Lembrem-se! Vocês são os golfinhos! Ajam como golfinhos! - todos estavam de olhos fechados tentando se imaginar como golfinhos. Neste momento , , e entraram sem a menor discrição, fazendo a atenção se voltar toda para eles.
- Atrapalhei alguma coisa? - perguntou, percebendo que todos olhavam para eles.
- Estamos fazendo exercícios Sr. , e você está atrasado - Sr. Thompson encarou todos os garotos por cima de seus óculos - Temos mais alunos para o nosso grupo?
- Na verdade... - se aproximou do palco - Eles só vieram assistir.
observava a movimentação toda do palco. ‘Que patético’.
- Que seja, desde que não atrapalhem o decorrer do ensaio. Sr. , queira juntar-se a nós, por favor.
- Claro - subiu no palco e soltou uma risada discreta, sentando em uma das fileiras com os outros. se aproximou de , discretamente, enquanto o Sr. Thompson falava alguma coisa sobre as estrelas do mar.
- HAM - chamou a garota discretamente. Ela olhou para ele.
- Que foi?
- Eu não vou ter de fingir que sou um golfinho, vou? - sussurava, evitando o olhar de Sr. Thompson.
- Isso faz parte da interpretação, ! Mas é claro que você não entende disso...
- Quem te disse?
- Eu sei das coisas.
- Srta. e Sr. , por favor, já que estão com tanta vontade de falar, acho que podem ser os primeiros a fazer o próximo exercício - o professor indagou.
- Ele tá ferrado! - disse, fazendo os três garotos rirem.
- Por favor - Sr. Thompson entregou uma folha para cada um - Interpretem com tudo que há em seus corações.
- Mas, a gente não ia fazer alguma coisa relacionada ao oceano e tals? - parecia confuso. bufou.
- Você é péssimo cara! - gritou da arquibancada, fazendo todos rir. O professor lançou um olhar ameaçador para , que se encolheu na cadeira.
- Se concentra, ! Eu sou Isabella, vamos, comece - respirou fundo.
- Isabella, por que fazes isto comigo? - declamou olhando torto para o papel - Isto não é meio antiquado não?
- , siga o que está no roteiro! - sorriu para ele - Philipe, já não posso mais agüentar esta pressão! Minhas forças estão se esvaindo a cada instante, mais e mais!
- Isabella... Digo-lhe que não importam as últimas palavras de uma pessoa, mas sim, o que ela foi durante toda a sua vida... E meu amor por você... – se sentia leve e à vontade no palco, suas expressões eram vivas e sinceras, todos estavam boquiabertos - ...foi construído e alicerçado durante todo este tempo!
- Querido! - se aproximou de , colocando uma das mãos em seu rosto - Eu também te quero muito! - os dois ficaram parados por um tempo se encarando, até ouvirem um aplauso vindo da platéia. Quando olharam, estava de pé aplaudindo os dois, logo, todos no teatro estavam aplaudindo.
- Incrível! Brilhante! - Sr. Thompson aproximou-se dos dois, colocando a mão no ombro de - Eu pude sentir a emoção de Isabella e Philipe através de vocês!
- Obrigada - sorria, já acostumada com os elogios após uma interpretação.
- Isso quer dizer... Que eu fui bem? - perguntou.
- Isso quer dizer que o Sr. tem tudo para ser um grande ator se empenhar-se! É isso que eu gosto de ver! - Sr. Thompson caminhou até os bastidores do palco - O ensaio está encerrado por hoje!



- Vocês acham mesmo que eu fui bem? - perguntou, enquanto se sentava, colocando sua bandeja na mesa.
- Você estava... Parecia, emocionado com aquilo cara... Sei lá, foi estranho! - respondeu colocando algumas batatas na boca.
- Não parecia você dude - lançou um olhar repreensivo para .
- Vocês não acham que eu posso ser um deles, acham? Quer dizer... Eu nem gostei... É tão... patético - deu uma mordida em seu sanduíche.



- Eu estou dizendo, . Ele é bom mesmo. Eu acho que foram poucos como ele que já passaram pelo grupo.
- Eu não acredito que o seja bom em teatro! - disse, meio surpresa.
- Mas ele é. Eu acho que ele tem que fazer o Pan!
- Será que ele vai querer? Porque, tipo... Ele não é o tipo de cara que faz papel de Peter Pan. Ou melhor, ele não é o tipo de cara que faz teatro.
- Eu sei...

Capítulo 4

Os meninos estavam sentados no encosto de um banco do colégio, conversando com umas meninas, quando e chegaram perto.
- , será que eu posso falar com você um segundo? - o chamou.
- Vai levar só um segundo mesmo? Porque eu tenho umas coisas pra fazer e...
- Deixa de ser grosso, ! - reclamou.
- Vai lá, cara. Enquanto isso a gente conversa com a... A...
- ! - a garota disse, meio chateada.
- Isso aê! - bravejou.
se levantou e foi até o canto com .

- Fale, o que quer?
- Eu quero saber se você vai fazer o teste pra peça - tentava ser educada, mesmo tendo vontade de socar .
- Que peça? - bufou.
- Peter Pan... Você não sabia que nós vamos começar a ensaiar agora?
- Peter Pan? - riu.
- Para sua informação, a história do Peter Pan vai muito além de uma historinha - começou a falar irritada. virou os olhos - É uma história que destaca as características de personagens complexos, além de...
- ! - a interrompeu - Olha, nada disso importa mesmo, porque eu não vou fazer teste nenhum!
- Como não vai? - encarou - Você precisa fazer alguma coisa na peça mesmo, se quer entrar para o grupo...
- Então eu vou ser o balde que tem no navio do capitão gancho! Aliás, eu não me importaria de ser o crocodilo...
- Você é mesmo um imbecil sabia? - estava com uma expressão de desgosto - Vê se cresce garoto!
- Imbecil? - reclamou, mas já estava voltando para perto de e de novo.
- Eu não sou um imbecil, sua garota estranha! - voltou falando, deixando um e uma sem entender nada.
- Com quem você pensa que está falando? - se virou para ele, com raiva.
- Com a garota mais estranha e antipática que existe nesse colégio. Com quem mais podia ser? - debochou e os seus amigos riram.
- Fique sabendo que você é que é estranho e é um covarde!
- Por que eu sou covarde?
- Porque você tem medo de interpretar, por causa do que os outros pensam!
- Eu não...
- Deixa pra lá, eu já sei que você não vai fazer o teste mesmo! Esquece, seja o balde! - o interrompeu e saiu com .
- Que garota estressada! - comentou, olhando para , que tinha uma expressão meio estranha no rosto.
- Ela é chata, isso sim! - resmungou.

Capítulo 5

- O que ela queria com você? - voltou a se sentar no banco.
- Ela queria perguntar se eu ia fazer um teste aí - ele respondeu, sentando-se em seguida.
- Ah. E você vai fazer? - questionou.
- Claro que não! - ele respondeu, com cara de espanto.
- Por que não, cara? - foi a vez de .
- Porque eu não gosto de teatro? - respondeu, como se fosse óbvio.
- É verdade. Fora que seria patético se seu nome estivesse em um daqueles cartazinhos imbecis - completou, colocando um chiclete na boca.
- Seria ridículo mesmo. É melhor você sair desse Clube de Teatro - sugeriu, colocando a mão no ombro de .
- Eu não posso sair, esqueceu? Meu pai me obrigou.



- Eu sempre tive raiva dele, mas isso era antes de conhecê-lo. Agora eu simplesmente tenho vontade de bater nele, de tanta raiva! - bufou, com cara de raiva e fazendo uns gestos com as mãos.
- Calma, . Se ele não quer fazer o teste ninguém pode obrigá-lo – tentava acalmar a amiga.
- Eu sei, mas ele podia pelo menos ter um pouco mais de consideração com o grupo, cara!
- É, mas ele não tem. E, sinceramente, você não ajuda muito, amiga - tentava explicar.
- Como assim, eu não ajudo? - fez cara de dúvida.
- É, . Você já chegou com quatro pedras na mão. Nem deu chance a ele de mostrar quem ele é de verdade e já foi criticando o garoto.
- Mas é porque eu sei quem ele é, !
- Não, você não sabe. Até hoje você só tem uma noção dele pelo que vê. Mas se você nunca conversou direito com ele sem o menosprezar, não pôde ver se é legal ou se é o que você pensa - sorriu.
- Tá bem, digamos que você esteja certa. Como eu faço pra conseguir isso? Digo, que ele se convença a fazer a peça?
- Eu não sei, . Tenta mostrar pra ele que o teatro é legal e que você é legal também.
- Mas eu não gosto dele, não quero me envolver com . Eu nunca gostei do tipo dele - fez uma cara meio engraçada, de desdém.
- Então faça pelo teatro - colocou uma mão no ombro da amiga, a consolando.
- Você quer dizer, fingir? - ela arregalou os olhos.
- Interprete como quiser.
- Ok. Pelo teatro - fez uma expressão de 'dor'.



- Hoje a festa é na casa de quem? - perguntou sentando-se à mesa junto aos quatro amigos no refeitório da escola.
- Semana passada foi lá em casa... - apoiou os pés na mesa - Nem vem que a minha mãe ainda enche o meu ouvido por causa daquelas menininhas no meu quarto.
- Cara, elas eram formandas da faculdade e usavam muuuito pouca roupa - disse enfatizando o 'muito'.
- Pra mim elas eram garotinhas descobrindo a vida. Eu acho que dessa vez... - colocou as mãos nos ombros de - A festa pode ser na casa do .
- É verdade - falava com a boca cheia - Nunca foi na sua casa. Seus pais vão estar lá na sexta?
- Eu não sei de nada, mas não pode ser lá em casa - parecia concentrado em seu dever de álgebra.
- Por que? - todos perguntaram abismados. tirou os olhos de seu dever e olhou para os outros.
- Eu não posso ter outros planos? - ele voltou-se novamente para o dever.
- Não que a gente não saiba - pegou um pouco do milk-shake de e tomou um gole.
- Você pediu por isso? - tirou o milk-shake da mão de , encarando-o. Todos se entreolharam confusos.
- Relaxa aí cara, quê que te deu hoje? - limpou a boca. fez uma expressão séria para ele.
- Relaxa dude, eu to zuando dessa vez! - riu e voltou-se para seu dever. Todos soltaram leves risadas.
- Achei que você tava ficando maluco - disse encarando os outros amigos que riam - Com essa história de planos aí...
- Mas eu ainda tenho outros planos - se levantou e pegou seus papéis – A gente se fala mais tarde, ok? - ele saiu e deixou os quatro sem entenderem nada.
- Não olhem pra mim, eu não sei de nada - disse dando de ombros.

- ? - ouviu uma voz atrás de si, ao virar-se deparou com .
- Oi... - deu um sorriso sem graça. reparou que ele olhava os papéis para os testes da peça.
- Demonstrando interesse pela peça senhor? - ela colocou-se ao lado de lendo o papel na parede junto com ele.
- Na verdade... - se enrolava um pouco ao falar - Eu estava passando por aqui...
- E resolveu parar pra olhar? - completou sorridente percebendo o nervosismo do garoto.
- Isso mesmo! – ele afirmou com a cabeça - Mas eu estava reparando, vocês conseguiram quase todos os papéis hein...
- Que nada, só conseguimos o Gancho, só um garoto queria fazer - encostou-se à parede na frente de - Ainda precisamos da Wendy, do João, do Miguel, das sereias, dos piratas... - não mencionou Peter para ver a reação de .
- Sei... E o Peter? - ele perguntou. Ela sorriu disfarçadamente.
- Alguns garotos estão fazendo os testes, mas eu acho que nenhum deles consegue. É um papel muito importante e os atores que querem fazer não são tão bons...
- O que você chama de bom? - perguntou indo até seu ármario.
- Não sei... - foi atrás - Mas estamos tentando achar um garoto bom o suficiente para fazer o Peter, ele é o principal, né?...
- E você não vai ser a Wendy? - tentava não mostrar interesse enquanto pegava alguns casacos em seu armário.
- Eu vou tentar, mas muitas meninas querem ser a Wendy - dizia enquanto pegou um casaco e o analisou.
- Sei... Mas você consegue... - fechou o ármario.
- Talvez. Eu vou fazer o teste, mas não garanto que vou conseguir - encarou o garoto por alguns segundos - Mas então... O que você está fazendo aqui à essa hora? Seus amigos panacas devem estar por aí fazendo as loucuras que vocês chamam de diversão.
- Depois eu encontro com eles. A gente se vê por aí! - deu um tchau e se afastou de .
- Então... Você vai fazer o teste na sexta? - perguntou para o garoto que já estava de costas para ela.
- Eu? - se virou - O que te faz pensar que eu faria esse teste?
- Você parece interessado...
- Eu não costumo me interessar por essas coisas... Na verdade eu acho tudo isso muito chato - se dirigiu à porta novamente. respirou fundo tentando ficar calma.
- Por que você não admite que gostou? - começava a se alterar entrando na frente do garoto.
- Porque eu não gostei? - disse parecendo óbvio. respirou fundo novamente.
- Ok, escuta - entrou na frente de - Eu estava realmente pensando que você podia dar um bom Peter, mas pelo visto estava errada... Sabe que eu até achei que você podia ser diferente dos seus amigos estúpidos? Mas eu estava errada novamente...
- Que ótimo, agora eu vou ser esculachado por você... - bufou.
- Eu não vou perder meu tempo te esculachando - andou em direção à porta - Faça o que você quiser da sua vida.
bateu a porta forte e ficou um tempo parado encarando a porta fechada.



- Eu não acredito que você brigou com ele de novo - disse, enquanto ela e caminhavam até a casa desta.
- Ele me irritou e eu não consegui me controlar - disse prendendo o cabelo.
- Mas por que você tava falando com ele? Só pra começar...
- Eu fui ver se eu conseguia conversar civilizadamente com ele e convencê-lo a fazer o Peter, como você disse. Eu ia fingir que não tinha nada contra ele, pelo teatro, lembra?
- Mas com essas briguinhas freqüentes de vocês, ele nunca vai querer fazer o teste, ainda mais se você for a Wendy - parou em frente a casa de , enquanto ela abria o portão.
- Eu não sei , mas eu sinto que ele quer, sabe? Mas é cabeça dura demais pra admitir. Só que eu não tô nem aí também, não vou mais me humilhar correndo atrás dele! - encostou no portão e ficou de frente para .
- Sei lá, vamos ver se ele vai aparecer... - coçou o nariz - Eu tava pensando em outra coisa. Já pensou na quantidade de garotas que vão querer ser a Wendy se souberem que o vai fazer o teste pro Peter?
- Não tinha pensado nisso... - coçou a cabeça.
- Mas você é a melhor, não esquenta com isso.
Elas passaram a tarde vendo alguns filmes e dormiu por lá.

Capítulo 6

- , preciso falar com você um segundo - chamou o amigo, assim que eles entraram pelo portão do colégio.
- Fala, ! Que foi? Decidiu fazer a festa na sua casa? - perguntou, empolgado.
- Não é isso... - o puxou para um canto, perto da cantina.
- Fala, cara! Você tá me deixando preocupado já!
- Eu to pensando... Eu queria... Eu acho que talvez eu... - o menino gaguejava um pouco.
- Desembucha, mané!
- Eu queria fazer o teste pra peça - disse baixo.
- Você o quê?! - gritou, fazendo algumas pessoas os olharem, assustadas.
- Cala essa boca, seu idiota! E é isso mesmo que você ouviu... Eu to pensando em fazer o teste pra ser o Peter Pan.
- Você só pode estar de palhaçada. Pirou ou o que, ? - diminuiu o volume - Eu acho que preciso ter uma conversa com seu pai...
- Pára, cara! Eu só acho que eu posso fazer isso, entende? Eu tenho ido aos ensaios e visto que tenho jeito pra coisa... - disse, receoso.
- Você ficou doido, ! Só pode ser isso.
- Tá bem! Esquece isso, ok? Eu não vou fazer teste nenhum - encerrou o assunto - E não comenta nada com o e , ok? Eles vão me encher o saco com isso.
- Eu espero que você não faça mesmo. Seria patético, mano!



- ! - uma voz feminina chamou . Ele conhecia aquela voz e virou, entediado.
- Que é, garota?
Era que o estava chamando.
- Eu queria falar com você, rapidinho - ela disse, meiga.
- Se você quer falar do teste de novo, nem precisa perder seu tempo.
- Não é isso - ela respondeu.
- Então o que é?
- Eu queria te pedir desculpas por ontem. Eu não devia ter falado daquele jeito com você.
olhou para a menina, assustado, com os olhos arregalados.
- Você tá me pedindo desculpas?
- É. O que tem?
- Isso é impossível! Me belisca. Eu acho que não acordei hoje e...
- Pára com isso, ! - o interrompeu.
- Que seja. Eu tenho que ir pra aula - ele ameaçou se virar.
- Mas então, tá tudo bem entre nós, não é? - arriscou.
- Pra mim tanto faz - ele saiu andando rumo à sua sala.
'Idiota!' pensou. 'Grosso!'.



- Falou com ele, ? - veio empolgada perguntando pra amiga.
- Aham - ela respondeu, entediada.
- E aí? Resolveu tudo?
- Não!
- Por que não? - arregalou os olhos.
- Ele é estúpido. Mas pelo menos não brigamos dessa vez.
- Já é um começo.
- Você vai assistir ao teste, ?
- Que horas vai ser mesmo? - ela perguntou, entrando na sala de aula e indo se sentar.
- Depois da aula - respondeu com uma cara feliz.
- Vou sim! Só tenho aula de piano mais tarde. Acho que dá tempo.



Todos os membros do grupo de teatro estavam reunidos. Faltava uma hora para os testes e o Sr. Thompson passava as últimas instruções.
- Vocês sabem como essa obra será importante para nós - ele percorria o palco, onde os alunos estavam de pé, em meia lua - Eu preciso que todos dêem o melhor, já que todos vocês terão que participar. Como sabem, daqui a uma hora os testes serão realizados. Estejam prontos e tranqüilos, e preparem-se para uma demora, pois serão escolhidos 25 personagens, ou seja, temos uma longa jornada pela frente. Agora vão comer alguma coisa, beber uma água e, daqui a UMA hora, estejam TODOS de volta - o professor enfatizou a palavra todos.

- Saco... - resmungava, enquanto abaixava para pegar sua mochila, na parte de trás do palco, onde estavam as demais.
- Preparado para o teste? - chegou por trás dele, sorridente.
- Ah, é você, de novo! - ele suspirou.
- Sim. Sou eu.
- Eu sei que é. Eu sinto o clima mais pesado sempre que você se aproxima.
- Ei! Eu só quero saber se você precisa de alguma ajuda, algum tipo de orientação. Afinal, você nunca fez um teste antes, não é? - ela olhou para o garoto, com uma certa curiosidade.
- Não, eu nunca precisei, mas to tranqüilo! Valeu, - ele agradeceu e foi andando para a cantina, para onde a garota foi em seguida. Ela se sentou em uma mesa distante da dele e fez seu lanche: salgadinhos do tipo Ruffles, uma Coca e, em seguida, uma barra de chocolate.
Enquanto isso, comia algo meio parecido com o dela. Porém ele parecia estressado; era o que a garota achava, pois comia com uma certa pressa e, de vez em quando, parava e mantinha seu olhar fixo no nada.

- Que isso, ? Deu pra pensar agora? - falou, batendo no ombro do amigo, que olhava um ponto distante.
- Que merda! Não posso nem comer em paz? - ele respondeu, vendo os amigos se sentarem na mesma mesa que ele.
- Você tá estressado, cara! Tem que aprender a relaxar! Inspira, expira! – fazia o exercício de respiração para , enquanto comia o lanche dele.
- , para de bancar o idiota, que as pessoas tão olhando - repreendeu o amigo, vendo e rirem.
- Vamos lá pra casa tocar? - perguntou aos amigos.
- Não posso. Tenho teste pra peça - virou os olhos.
- Então, nós também temos teste pra peça! - falou - Não podemos deixar de presenciar um momento assim na vida do nosso amigo aqui - ele deu alguns tapas no ombro de .
- Ah, vocês não vão! - o menino disse.
- Claro que vamos. A gente precisa estar lá pra impedir qualquer besteira! – esclareceu.
- Eu não quero que vocês vão! - subiu o tom.
- Por quê? - perguntou, com cara de criança.
- Porque eu tenho certeza que vocês só vão atrapalhar tudo e eu não vou conseguir fazer nada na frente de vocês!
- Ah, cara! Deixa disso! Nós somos seus amigos! Vamos lá pra te apoiar nesse momento complicado - foi a vez de .
- Tá! Vocês podem ir. Mas eu não quero ouvir uma palavra nem lá, nem quando a gente sair de lá! - estabeleceu.
- Fechado! - finalizou.

- Pronta? - abriu a porta do teatro, com ao seu lado.
- Sim - a menina disse e entrou no lugar, dirigindo-se à uma das cadeiras.
Ainda faltavam dez minutos para o início dos testes. O Sr. Thompson tomava um copo d'água, tranqüilo em uma mesa, na frente do palco.

- Todos já estão aqui? - o professor perguntou.
- Eu não estou vendo o - sussurrou no ouvido de .
- É, acho que ele não vai aparecer mesmo - a menina respondeu, quando ouviram um barulho de gargalhadas. Eram os meninos, novamente, entrando, da sua forma peculiar, no recinto.
- É, parece que ele veio - concluiu.
- Os seus amigos vão assistir, Sr. ? – Sr. Thompson perguntou, se dirigindo aos meninos.
- Vão. Mas não vão atrapalhar em nada - ele garantiu.
- Assim espero - o professor lançou um olhar meio assustador para eles, que se sentaram em uma das últimas fileiras.
Sr. Thompson se sentou em sua mesa e todos os alunos ficaram em seus lugares, para verem como seria dessa vez.
- Os meninos que querem o papel do Gancho! Subam ao palco! - ele mandou, ajeitando os óculos e olhando para uma folha.
Três garotos foram até lá.
- Vamos ver... Primeiro você, de blusa colorida! - o professor escolheu e os outros dois foram pro canto do palco - Pode começar a sua parte.
Ele deveria encenar uma fala do Gancho, pelo roteiro que todos haviam recebido com toda a história da peça e os respectivos personagens destacados.

Capítulo 7

Todos observavam os testes e, aos poucos, os personagens foram sendo escolhidos.
observava atentamente todos os testes, mas , e riam e zoavam com a cara de todos os que faziam. Já estava compenetrado; se ele não fosse , diria que ele estava concentrado na peça.
- O não vai fazer teste pra nada não? - perguntou para a amiga, fazendo-a parar de olhar para .
- Pelo visto não - se virou para frente novamente - Não sei por que ele veio aqui.
- Garotas! Posso falar com vocês? - um garoto moreno, de olhos ligeiramente claros com uma blusa do Clube de Teatro se aproximou das duas.
- Dean! Quanto tempo! - abriu espaço para o garoto passar e se sentar ao lado delas - Já fez o seu teste?
- Já fiz sim - Dean olhou para - E vocês? Vão ser sereias?
- Você sabe que teatro nunca foi a minha praia meu bem - falou - A que vai fazer.
- E não vou ser sereia - salientou - Deus me livre!
- Mas de qualquer forma meninas, depois dos testes, vai ter uma festa lá em casa, só pro pessoal do clube mesmo, se vocês quiserem ir...
- Boa festa pra vocês, eu não sou do clube - abaixou a cabeça, fazendo cara de sofredora.
- me poupe, eu sempre te arrasto pras coisas do clube mesmo, você é praticamente parte dele! - disse sorrindo para Dean - Mas eu acho que não posso ir, não fiz o dever de história pra amanhã ainda...
- Ahh deixa de ser sem graça! - encarou a amiga.
- É verdade. Olha, eu te empresto meu dever amanhã, ok? Mas você tem que ir - Dean sorriu para .
- Ahh não sei gente...
Ela pensou um pouco...
- Tá, ok. Eu vou, mas vai depender do meu humor se eu for bem ou mal no teste...
- Tudo bem então - Dean abriu um enorme sorriso - Convidem todo o pessoal do teatro – disse e se afastou das duas ao ser chamado ao palco para os testes de João.
- Ele é uma gracinha - mordeu a boca vendo Dean sair - E eu acho que ele gosta de você.
- Não gosta nada... - se virou para ver o que fazia. Dessa vez ele estava rindo de alguma piada que fizera - Ele é simpático e legal assim com todo mundo.
- Ele é diferente com você, e ainda vai te emprestar o dever dele... Que bonitinho! e Dean... Se beijando... lalala – cantarolava fazendo bicos para a amiga.
- vai arrumar o que fazer - virou os olhos - Eu preciso de concentração para o teste e você está me deixando nervosa.
- Sua estressada! - deu língua para a amiga - Eu vou arrumar o que fazer mesmo, me chama na hora do seu teste, ok? – e se levantou.
- Aonde você vai? - abriu espaço para a amiga passar.
- Na biblioteca ler alguma coisa, cansei de tantos testes, quero ver o seu e o do Peter mesmo, vê se me liga na hora do seu teste hein... - se afastou.
- Vai lá, né? – a outra disse inutilmente, pois a amiga já estava longe.
respirou fundo e tentou se acalmar. Ela sempre ficava nervosa antes de um teste importante, e este era mais importante ainda, porque ia assistir. Não que ela se importasse com o que ele pensava dela, mas ela tinha que provar para ele que não era uma derrotada.
E acabou nem percebendo quando Sr. Thompson chamou as Wendys para o palco.



- Srta. , você não vem? - o professor perguntou fazendo sair de um transe.
- Já vou, já vou – ela se levantou e andou até o palco sentindo todos os olhares sobre ela. Inclusive dos garotos sentados lá trás.
- A chatinha vai fazer o teste agora... - disse baixo para e . não ouviu porque estava conversando com uma indiazinha.
estava abaixado com as mãos apoiadas no rosto olhando diretamente para o palco. No fundo ele queria que se saísse bem, afinal ele sabia como aquilo era difícil. Ele estava nervoso para o seu teste e podia ver que ela também estava.
Eram duas meninas para o teste da Wendy. Ambas estavam ansiosas, mas todos já sabiam quem faria o papel. Não que Lucy não fosse boa, mas era a melhor naquele grupo de teatro desde que entrou. Porém, precisava haver democracia naquele lugar. Todos deveriam ter sua chance.
- Lucy! É sua vez - Sr. Thompson disse, enquanto se posicionou no canto do palco.
Lucy se portou muito bem, ela tinha presença de palco e uma voz ótima.
Era a vez de . Ela estava com um ligeiro frio na barriga que, com certeza, acabaria assim que começasse.
- Essa história que eu vou lhes contar é sobre um menino que nunca cresce. É sim. Ele vive em um lugar que se chama Terra do Nunca e, lá, ele será menino para sempre - ela começou.
- João! Desça daí! Você não quer se machucar, não é? Logo no meu último dia aqui no quarto com vocês... - ela estava se saindo muito bem. Sem dúvidas era a melhor.
- Pode descer, Srta. ! Você é a nossa Wendy! - Sr. Thompson disse e a menina deu uns pulinhos lá no palco, descendo em seguida.
sorriu ao ver de quem seria o papel.



- Peter! É a vez do Peter! - o professor chamou. Dois meninos subiram ao palco - Ninguém mais?
- Eu... - disse, levantando o dedo, lá no fundo do teatro. , e o olharam com uma cara de espanto indescritível. fez o mesmo. Ela não acreditava naquilo.
O menino foi andando, meio envergonhado, para o palco, com todos os olhares em cima dele. Menos o do professor, que encarou o fato com a maior normalidade. Coisa de professores.
- Eu não acredito! - disse a e .
- E eu? Ele me disse que não ia fazer isso - falou.
- Ele deve estar num momento ruim. Só pode - concluiu.
- Ele nem vai ganhar mesmo. Vamos relaxar aqui - abriu os braços e relaxou na cadeira apreciando a cena.
Enquanto isso um dos meninos se apresentava. Em seguida seria a vez de , que estava, nitidamente, nervoso.
- Sr. . Sua vez!
- Ok! - o menino disse para si mesmo - Eu consigo.
- Me desculpe! Eu não sei o que deu na Sininho! Ela nunca fez isso antes - ele encenava.
- Você está bem? Então vamos conhecer a Terra do Nunca? - ele estendeu a mão para alguém.
interpretou por mais algum tempo, enquanto todos o olhavam, admirados.
- Próximo!
- O Steve passou mal, Sr. Thompson. Ele está no banheiro - uma menina saiu dos bastidores e informou.
- Então, não temos mais dúvidas! é o Peter Pan! - ele anunciou.



ficou com a cara mais surpresa do mundo.
Ele queria conseguir o papel, mas não achava que, realmente, o conseguiria.
Os meninos estavam abaixados com as mãos na cabeça, fazendo cara de decepção.
- O que foi? - se aproximou deles.
- Você ainda pergunta? - esbravejou.
- Calma, ! O que que deu em vocês?
- Você disse que não faria esse teste idiota, ! - falou.
- Eu sei, mas eu mudei de idéia, só isso.
- E você diz isso com essa tranqüilidade? - foi a vez de .
- É! Caras, não é que eu tenha gostado disso. Eu só to a fim de fazer. Vocês são meus amigos, devem me apoiar.
- Tá. Digamos que a gente te apóie. Você não vai virar um deles, né? Tipo sair com eles, ir às festas deles? - perguntou.
- N-não! Eu acho... - estava confuso - Vamos comer! Depois a gente volta a falar disso!
Eles saíram dali, deixando uma sem saber o que pensar. Ela pegou o celular:
'?'
'Oi, ? Tá na hora do seu teste?'
'Não, ele já terminou...'
'Eu não mandei você me chamar, sua palhaça?!'
'Eu sei, é que não deu tempo...'
'Então, você tá aonde?'
'Saindo do teatro. Você não vai acreditar!'
'O que? Fala!'
'O ...'
'O que tem ele? Fala logo!'
'Ele vai ser o Peter!'
'Não acredito! Tô indo praí!'

- E aí ele levantou e foi andando pro palco... - contava à amiga, enquanto iam para casa.
- Nossa... Quem diria...
- Pois é. Agora eu vou ser obrigada a conviver mais de perto com aquele pato!
- Pato? - olhou para a amiga.
- É! O que tem?
- Nada. É estranho.
- Não é não, !
- É sim, !
- Não, não é!
- É! E acabou!
- Não é e finalizou o assunto!
- Como a gente é criança... - ria.
- Eu admito! Sou mesmo! - deu a língua.
- Que horas a gente se encontra? - parou a amiga, na frente da casa dela.
- As oito tá bom... - ela respondeu, tirando as chaves da sua mochila cor-de-abóbora.
- Eu passo aqui as oito, então.
- Ok.

Capítulo 8

foi andando até uma sorveteria perto da sua casa antes de ir para a festa.
Ela já estava arrumada e ia esperar por na sorveteria mesmo.
Muitos alunos da escola se reuniam ali para conversar, se pegar, ou qualquer coisa, menos tomar sorvete.
se aproximou do balcão e pediu uma casquinha de sorvete de brigadeiro, só para não entrar e não comer nada.
Ela observou as pessoas e viu que estava sentado em uma mesa, dando colheradas em um sorvete que parecia ser de passas ao rum ou coisa do tipo.
Eca.
achou estranho ele estar sozinho. Ele era o , nunca estava sem seus amiguinhos panacas ou uma p***nha qualquer por perto.
A garota pegou seu sorvete e se aproximou da mesa de , que levantou a cabeça ao perceber a presença dela ali.

- Perdeu alguma coisa? - ele perguntou, encarando a garota que estava muito bonita.
Ela usava uma saia jeans e uma blusa branca de alcinha. Os cabelos estavam soltos e ela usava uma maquiagem simples.
- Não, mas você vai perder já já uma coisa desagradável de se perder se não parar de me insultar! - se sentou na cadeira na frente de - Tá tudo bem?
- Por que não estaria? - ele perguntou com o queixo apoiado em uma das mãos, apoiando-se na mesa.
- Porque você tá sozinho aqui... – ela respondeu e deu algumas lambidas em seu sorvete.
- E eu estou bem assim – ele disse voltando a comer seu sorvete.
- Nossa garoto... - se levantou - Eu vou te ensinar umas coisinhas muito importantes. Primeiro: a gente não tem que tratar mal as pessoas que gostam da gente, segundo...
- Uau, isso seria uma confissão de que você gosta de mim Srta. Eu-sou-do-Clube-de-Teatro-o-resto-não-presta? - deu um sorriso cínico.
- Ai... Isso quer dizer que eu estou tentando ser legal com você, e você não coopera - engoliu o resto de sua casquinha {N.A. Ela é bem rápida, não?} - Quer saber? Que se dane também! Eu vim te chamar pra festa do clube, que vai ser na casa do Dean, já que você tá sozinho aí... Mas esquece! - jogou seu guardanapo no lixo e saiu da sorveteria, deixando um encarando o nada.
já havia chegado e estava do lado de fora esperando por .
- Oi ! Vamos? - cumprimentou a amiga, que retribuiu.
- Sim, sim. Você tomou sorvete?
- Aham! Tava bom! Pena que eu não tive uma companhia decente enquanto tomava – as duas iam andando.
- Por quê? - perguntou, e, nesse momento, elas ouviram uma voz as chamando.
- Meninas! - andava meio rápido, para alcançá-las.
- Por causa disso! - olhou para trás, sendo acompanhada por .
- Oi, - o cumprimentou.
- Oi, ! Tudo bom?
- Tudo sim e com você? - a menina sorriu, enquanto olhava pro outro lado.
- To bem. Vocês estão indo pra festa, né? - ele perguntou.
- Sim, mas você é bom demais pra isso, então volte à sua solidão e seu sorvete de passas ao rum! - debochou.
- Sua maluca! Quem tava tomando sorvete de passas ao rum aqui? - ele reclamou.
- Você ué! Vai dizer que aquele seu sorvetinho marrom claro amarelado com coisinhas pretas não era de passas ao rum?! - ela fez uma cara de nojo e riu.
- Claro que não! Que tipo de pessoa gosta de sorvete de passas ao rum? - ele fez cara de nojo também - Era de pêssego com caramelo! - ele falou, orgulhoso.
- Misericórdia, ! Que gosto pra sorvetes é esse, garoto??? - começou a rir, junto com .
- Eu gosto de pêssego, ! - disse - Mas nunca comi esse sorvete não.
- Ahh, que frescura, vocês duas hein? Vamos lá que eu pago um pra vocês! - ele deu a mão à e a puxou.
- Não, , valeu, mas a gente tem que ir - disse.
- Eu te chamei, garota? - ele olhou para a cara dela, que ficou com raiva.
- Você disse: 'Eu pago pra vocês!' - a garota o imitou e destacou o 'vocês'.
- Que seja, ! Eu quero pagar um pra , dá licença? - ele puxou a menina e foi empurrando-a para a sorveteria.
- Calma ! A gente tem mesmo que ir, amor! - falou, desviando um pouco dele.
- Mas... E eu? - ele fez cara de tristeza.
- Você fica aí com seu sorvete de passas ao rum! - resmungou.
- Engraçadinha! - ele olhou pra ela, fazendo uma careta estranha.
- Ele vai com a gente ué! - apresentou a solução para o problema.
- Não! Ele não quer! - concluiu.
- Quem disse que eu não quero, ?
- Eu disse que você não quer!
- E você manda em tudo?
- Ahh fica quieto! Você não quer e ponto!
- Eu quero sim!
- Não quer!
- Quero!
- Não!
- Cheeega! - entrou no meio dos dois, subindo o tom de voz - Vocês parecem duas crianças de cinco anos! Acabou a discussão pô! Ele vai, porque ele quer - ela olhou para a cara da amiga, destacando o 'ele quer'.
- Tá bem então, ! Vamos pra festa com seu novo amiguinho que gosta de sorvete de rum! - foi andando na frente.
- Eu NÃO gosto de sorvete de passas ao rum! - gritou para a menina ouvir.
- MAS GOSTA DE PÊSSEGO, O QUE DÁ NO MESMO! - ela gritou mais alto.
- A noite vai ser longa, cara - disse baixinho.

Capítulo 9

Eles foram andando para a casa de Dean. ia andando na frente, calada. Enquanto e conversavam sobre a mania dos professores de sempre serem falsos. O telefone do menino começou a tocar; ele olhou pro visor.
'?'
'Tá onde, cara?'
'Tô indo pra uma festa com a estressada e a .'
'Festa?!' ouviu o tom de voz de aumentar.
'É, mas você não pode vir. É só pro pessoal do teatro.'
As meninas ouviam a conversa.
'Ah! Onde vocês estão?'
'Não interessa, . Você não vai!'
- Deixa ele ir, . A gente arranja um jeito dele entrar - o interrompeu, entrando na frente do menino.
'De quem é essa voz?' se empolgou do outro lado.
'Da . Ela disse que você pode vir. A gente tá na esquina da sorveteria.'
'Tô indo praí!' desligou.



- , se você aprontar das suas por lá... - ia dizendo, enquanto vinha na direção deles.
- Relaxa! – ele bateu no ombro do amigo.
- Pode ser ou tá difícil? Vocês dois! Andem logo, pô! - disse, andando na frente, sendo seguida por .
- Ela é estressadinha mesmo - olhou para e eles riram.
- E vocês são babacas! - meio que gritou lá da frente.
- E ela tem super-audição! - arregalou os olhos. Ele e começaram a rir ainda mais.
- Vocês são muito engraçadinhos não é? - se virou para eles. - Acho melhor irem parando com as gracinhas porque vocês dependem de nós para entrarem na festa - ela disse encarando bem de perto.
- Ela tem razão... - virou os olhos para que bufou.
- O precisa de vocês - começou a andar em direção a movimentação na casa de Dean. - Eu sou do grupo. O ator principal esqueceram?
- É o ator mais humilde também - falou baixo para que soltou uma risadinha.
Todos foram atrás de e entraram na casa.

e entraram juntos, todos encaravam os dois. e ficaram do lado de fora bolando um disfarce para não ser reconhecido.
- Então é isso aí, boa festa pra você! - disse virando-se em seguida. a segurou pelo braço.
- Você vai me deixar aqui?
- Ué... - ela sorriu virando para ele. - Eu disse pra você não vir. E por que você ia querer a companhia da dona estressadinha?
- Eu não disse que quero a sua companhia – o garoto falava mais alto por causa da música. - Mas eu não conheço ninguém aqui! Só você e os dois malucos lá fora. Essa gente me dá medo... - olhou à volta.
- Medo? - cruzou os braços incrédula. - Mas voc... – a garota ia falar algo, mas foi interrompida por um empurrão de dois garotos que passaram correndo esbarrando em todos. Ela caiu desajeitada em cima de dando um grito.
- FILHOS DA MÃE! - ela mandou o dedo do meio para os dois que já estavam longe.
riu.
- Confortável aí? - ele disse, segurando os dois braços de , que se encontrava pendurada nele. Ela se levantou sem graça e se recompôs, ajeitando a roupa.
- Com licença que eu preciso achar o dono da casa - mandou uma língua para que fez uma careta para ela.
'Babaca' ela pensou.
'Desastrada' ele pensou, pegando um copo de alguma bebida numa bandeja.
Praticamente todas as garotas da festa olhavam para ele e davam risinhos. Ele mal percebia, pois já estava muito acostumado com aquilo na escola. Naquela festa ele realmente não estava a fim de ficar com ninguém. Na verdade ele tinha ido lá por causa da . Para irritar , quer dizer.



- Aqui estamos! - se aproximou de que conversava com Dean animadamente. - Me diz se você o reconhece - puxou que vestia um suéter e uma calça social. Estava com o cabelo arrumadinho e parecia um nerd.
- Nunca o reconheceria - riu do garoto que tentava se acostumar com aquela roupa estranha. - Mas então, vocês viram o ? - ela perguntou como quem não quer nada.
- ? ? - Dean perguntou se metendo na conversa. - Ele está aqui?
- Sim... Tem problema? - olhou para Dean.
- Eu não gosto dele, nem daqueles comparsas dele, mas tudo bem. {N.A. Cah: Comparsas... uahuauauaauhu só Paula mesmo...} - Dean disse sem perceber que estava ali.
abafou uma risada e fez o mesmo. se segurou para não explodir.
- Mas voltando a sua pergunta, nós não o vimos não, achamos que ele tava com você - disse baixo para .
- Eu vou procurar por ele - ela colocou o copo de refrigerante numa mesa próxima e colocou o braço no ombro de . - Cuidado com ele, hein? Tô de olho - ela falou baixinho para a amiga, fazendo-a rir.
- Aonde você vai? - Dean perguntou percebendo que já estava meio longe.
- Eu vou pegar um pouco de ar e já volto – se afastou completamente e começou a procurar por .

- ? - cutucou o garoto que se virou surpreso.
- Sentiu saudades? - ele sorriu. - Pensei que estava por aí com o dono da festa...
- Eu estava, mas fiquei com medo do que você podia aprontar por aí...
- Então você é minha babá agora, né? - o menino soltou.
- Pessoas inconseqüentes como você sempre precisam de uma, mas não serei eu, pro seu sofrimento! - ela o ignorou.
- É, você tem toda razão! E pessoas estressadinhas que nem você precisam carregar "maracujina" na bolsa! - ele riu.
- Pessoas engraçadinhas como você trabalham em circo! - ela rebateu.
- E você... você... - não tinha o que falar e os olhares dele e de se encontraram. Eles ficaram alguns segundos se olhando. Era como se a música tivesse abaixado e ninguém mais estivesse ali.
- ! Eu tenho que te mostrar uma coisa! - Dean chegou por trás da menina, deixando-a meio embaraçada. - Ah, oi . - ele cumprimentou o garoto.
- Oi, Dean - correspondeu. olhava os dois.
- Então, . Você vem?
- Uhum. Pra onde, Dean? - a menina se recompôs, enquanto olhava confuso para os dois. Eles se afastaram e o deixaram lá.
'Eu, hein?' batia em sua cabeça, para desviar supostos pensamentos relacionados a ele e . 'Até parece. Eu vou estar é louco no dia que pensar em ter alguma coisa com essa garota.'



- E então. Qual é a surpresa? - perguntou, empolgada.
- Eu não disse que era uma surpresa... - o garoto ria, enquanto eles saíam da cozinha, para o quintal da casa.
- Ah, você disse que queria me mostrar alguma coisa. Eu imaginei que fosse me surpreender. O que é?
- Na verdade eu não tenho nada pra te mostrar - Dean se aproximou de . Eles ficaram com os rostos bem próximos. - Eu só precisava fazer uma coisa que estou esperando já tem um tempo - ele sussurrou para ela.
- Uma coisa? Tipo o quê? - ela perguntou, sabendo da resposta. Ele estava bem próximo dela e ela podia sentir a respiração dele em seu rosto. Ela não sabia se queria aquilo ou não, mas quando os lábios de Dean tocaram os seus ela teve certeza que queria. Os dois se beijaram por uns segundos até que rompeu o beijo.
- Dean, eu... - ela começou a falar, mas foi interrompida pelo garoto, que segurou o rosto dela e a beijou novamente. Ela correspondeu colocando uma das mãos na nuca dele e os dois agora se beijavam mais rápido.
- Está tudo bem? - Dean perguntou afastando os lábios, mas ainda segurando o rosto da garota.
- Tudo... bem... - disse meio incerta. - Mas por que isso?
- Digamos que eu quis fazer isso, desde tipo... Sempre... - o que era verdade. Dean gostava de desde a quinta série e nunca fora correspondido. Mas também nunca tinha dito nada a ela. Os dois sempre foram amigos, pois sempre atuaram juntos. Dean não ia deixar aquele roqueiro descerebrado roubar a única coisa que ele sempre quis na vida. Então, decidiu que, naquele momento, deveria se declarar para ela.
- Desde sempre? - olhava o garoto nos olhos verdes penetrantes.
- Desde que eu te conheci - ele sorriu, segurando o queixo da garota. - E eu preciso saber se a gente tem alguma chance de...
- Dean, eu não sei... - se afastou do garoto e virou de costas. Ela nunca tinha pensado nele daquela forma mesmo. Ele sempre fora o amigo bonitão do teatro, mas ela nunca se imaginou com ele... Mas por que não?
- Olha, tudo bem, não precisa decidir nada agora... - Dean falou após alguns segundos de silêncio. Em seguida ele esticou o braço alcançando uma das mãos da garota, puxando-a para perto de si. - Mas quando souber o que fazer, me avise ok?
- Claro - sorriu encarando o garoto nos olhos. - Eu acho melhor eu voltar pra festa... - ela deu alguns passos em direção a porta.
- Claro, claro - Dean disse meio decepcionado. Ele esperava que ela quisesse ficar ali com ele, pelo menos um pouco. Mas só de já ter conseguido beijá-la era um grande passo. - Vai lá - ele piscou. A garota abriu a porta e saiu, desviando das pessoas, ao antigo lugar onde estava.

- BÚ! - chegou por trás da garota lhe dando um susto. se virou rapidamente para ele e lhe deu um tapa no braço. Ele deu um pequeno gemido de dor. - A Wendy jamais faria isso com o Peter, sua violenta!
- O Peter jamais... - começou a falar, mas foi interrompida por .
- Tudo bem! Tudo bem... - ele tapou a boca dela com uma das mãos. - Chega de discussão, pelo amor de Deus!
- Tá ok... - ela tirou a mão dele de sua boca. - Cadê a ?
apenas apontou com a cabeça para o canto da sala. olhou e viu a amiga sendo imprensada na parede por , enquanto ela bagunçava os cabelos dele.
- Er... Tá, né? - virou os olhos sem graça.
- Eu não pude evitar, mas eu bem que tentei - fechou os olhos como em um lamento. - Cadê o seu amigo? Ele te mostrou o telescópio?
- Telescópio??? - olhou, incrédula, para . Quanto será que ele tinha bebido aquela noite?
- Ah, nos filmes sempre que um amiguinho chama a outra amiguinha pra mostrar alguma coisa, é um telescópio. Aí eles têm uma longa discussão sobre a constelação preferida deles e blablablá... - percebeu que estava gritando sem necessidade, pois a música havia abaixado, e algumas pessoas olhavam para ele. soltou uma risada. Como ele era patético, mas um patético engraçado, ela tinha que admitir. E bonito também. Pô, ele era lindo, quer dizer, ela reparava mais ainda nele enquanto sorria, devido ao mico que acabara de pagar.



- Ok. Vamos embora! - puxou pela mão e foi em direção à porta.
- Quê? Pirou? - ele se surpreendeu com aquilo.
- Não. A tá lá com seu amiguinho maluco e eu não tenho com quem voltar pra casa. Eu vou lá falar com ela. Fica aqui esperando! - ela mandou e ele permaneceu estático no local determinado por ela.
- ! - cutucou a amiga, que beijava .
- Hum? - perguntou, sem desgrudar do menino.
- Eu tô indo, ok?
- Uhum - ela respondeu, fazendo balançar a cabeça, negativamente.
- Pronto. Vamos? - perguntou a , que ainda a olhava meio espantado.
- Vamos, né? Você tem mania de mandar em tudo, não é? - ele comentou.
- Acho que sim - ela respondeu, enquanto os dois passavam pelo jardim.
- Que bom que você admite, pelo menos.
- É, eu sei.
- Iiii, que foi hein? - parou de andar.
- Nada, por quê?
- Você ficou quieta, de repente.
- Impressão sua, . Eu só tô pensando.
- Então deixa pra pensar em casa, quando estiver sozinha. É falta de educação pensar enquanto está acompanhada por uma pessoa importante - o garoto brincou.
- E quem seria essa pessoa tão importante? - fingiu procurar alguém.
- Nem precisa procurar! - ele se colocou na frente dela, sorrindo.
- Aham... - ela desviou dele e continuou andando. - Desculpe, mas eu faço questão de saber quem ele é! Você tem mesmo certeza que tem alguém tão importante assim entre nós?
- Não! Não está entre nós! Ela é um de nós! - gritou.
- Então não é falta de educação pensar enquanto estou comigo mesma! - ela riu.
- Que? - se confundiu.
- Nada, esquece. ... Tem uma pracinha ali - apontou para uma pequena praça, com uns brinquedos e alguns banquinhos.
- E?
- Vamos lá? - ela fez cara de criança pra ele.
- Pra quê?
- Pra brincar? – ela respondeu como se fosse óbvio.
- Eu tenho cara de quem brinca? - ele riu.
- Você quer que eu seja sincera?
- Não. Eu tenho mesmo. E eu brinco. Anda logo antes que eu desista - eles atravessaram a rua e correram pro balanço. Cada um sentou em um.
- Há! O seu tá quebrado, seu bobo! - ria.
- Tá mesmo. E agora?
- Me empurra aqui que depois eu empurro você.
- É, né? Fazer o que? - ele resmungou e foi com cara de sacrifício até o balanço dela.
- Ah, pára ! Até parece que vai quebrar seu braço.
- Ok, prepare-se pra voar! - ele gritou e deu o primeiro empurrão.
- Eeeee! - ela gritou e fechou os olhos. A vez dela acabou.
- Dá licença aí ! - ele pediu e foi se sentando, enquanto ela se posicionava para empurrar.
- Você me chamou de quê? - ela perguntou confusa.
- De ué - ele respondeu, meio sem graça.
- Eu não ouvi isso, mas tudo bem.
- Anda logo, !
- Já vou! – a garota começou a empurrar . - Nossa, ! Você precisa de um regime! - ela empurrava, com dificuldade.
- Eu não preciso de regime nenhum! Você que precisa de vitamina, pra fortalecer! Anda logo que isso tá muito fraco!
- Eu não consigo mais forte que isso, pô! - ela ia empurrando.
- Quê que é aquilo ali? - perguntou, espantada e parando de empurrar.
- O que? Eu não tô vendo nada - o garoto parou o balanço e olhou pra trás.
- Ali, o arbusto se mexendo - apontou para um arbusto que estava na frente deles.
- Ah... Agora eu vi - fez cara de que não se importava. - Deve ser um coelho.
- Coelho? Ai meu Deus! Você enlouqueceu mesmo, hein? - fez uma cara engraçada.
- Calma aí! O coelho tá saindo da toca - os dois pararam pra observar o que estava saindo de trás do arbusto. De repente, saiu um homem de lá. Ele tinha uma cara meio esquisita, os cabelos despenteados e não falava nada.
- AAAAAAAAHH!!! - gritou e , com o susto que tomou pelo grito dela, logo a acompanhou na gritaria.
- Puts . Você é maluca ou o quê? - ele virou pra garota.
- Eu não sou doida. Ele que é! Ele é o maluco da meia noite. Ai meu Deus, ! Ele vai tirar a roupa! - ela tampava o rosto, assustada de verdade. começou a rir da cara dela, num volume meio elevado.
- Iii, caraca! Ele tá tirando a roupa mesmo! - o garoto entrou na frente de e a puxou para fora daquele lugar, enquanto o maluco ia arrancando a blusa.
- Eu avisei - ainda estava com uma mão no rosto. Eles andaram rápido, até se afastarem bem dali. - Ai, meus pés! - reclamou.
- Vai começar com a frescura?
- Frescura? Eu vou te mostrar o que é frescura daqui a pouco, quando eu puder correr decentemente - ela colocou a mão em um dos pés.
- Ok, senta aqui - apontou para o meio fio e sentou.
- No chão? - a garota arregalou os olhos.
- É, pô!
- Tá bom - ela parou de resmungar e se sentou. - Que horas são?
- Eu não sei - ele apoiou a cabeça nos braços.
- Olha no celular né!
- Meia noite.
- Hum... Amanhã a gente tem aula, né?
- Temos... A não ser que você queira fugir comigo pra Austrália - olhou com uma cara totalmente espantada para . - Foi brincadeira! - ele riu.
- Ah... - ela se levantou. - Vamos pra casa!
- Você tá dando ordem de novo...
- Então dá a ordem você, pô!
- Vamos pra casa agora! - se levantou e falou. Eles foram andando até a casa de .
- Obrigada por vir comigo até aqui - a garota agradeceu.
- Não foi tão ruim assim - ele riu, ganhando um tapa no braço. - Violenta!
- Eu sou mesmo. Bom, até amanha, - ela deu um beijo no rosto dele. Os dois ficaram bem sem graça.
- Até, - dessa vez a menina o deixou chamá-la pelo apelido sem se intrometer. Ela entrou em casa e ele foi andando até a dele.

Capítulo 10

- Atrasada de novo, Srta. ? – o professor de inglês, Sr. Bass, parou de apagar o quadro e se virou para a garota que tentava entrar de fininho na sala.
- Desculpe professor, meu celular não despertou - disse sentando-se em sua cadeira, ao lado de . Ela estava com os olhos cheios de olheiras assim como a amiga.
- Sei... Sempre a mesma desculpa não é, ? - o professor se virou novamente para o quadro e lhe mandou o dedo do meio fazendo a classe rir.
- Cara, pensa em outra desculpa minha filha, nem que seja a do 'meu cachorro morreu' - falou baixo para a amiga enquanto anotava a matéria.
- Eu acordo com tanta pressa que nunca tenho tempo de inventar desculpas - abriu a mochila. – Por que vocês saíram cedo da festa ontem?
- Acho que sou eu que devo te perguntar algumas coisas, né mocinha? - encarou que sorriu amarelo. - O que era aquilo com o amigo do ?
- Tudo bem, eu sei que foi meio insano... - começou a anotar a matéria também. - Mas ele já é tão lindo e com a minha produção de nerd ele ficou tão mais fofinho... - suspirava enquanto falava.
- Sei, sei... - ainda anotava a matéria. Por um segundo ela se imaginou beijando . 'Ele deve beijar bem' ela pensou e em seguida deu um tapa na própria cabeça.
- Tá brava comigo? - perguntou.
- Claro que não, né ... - se virou para ela rindo. - Você se deu bem, ele é lindo mesmo...
- Que bom. Até porque eu acho que eu e ele nunca mais vamos nos falar - abriu um sorrisão.
- Por quê? - disse meio desinteressada. Ela ainda não tinha falado sobre o que ocorrera com Dean para ninguém e ela precisava falar sobre aquilo. - , eu sei que você está 'empolgada' por causa do e tudo o mais... Mas aconteceu uma coisa ontem à noite... - começou a falar.
- O que? - perguntou e as duas receberam um olhar nervoso do Sr. Bass.
- A gente conversa no intervalo - disse baixo, encarando o professor. assentiu com a cabeça e voltou a copiar a matéria.

- COMO ASSIM ELE SE DECLAROU PRA VOCÊ? - disse bem alto chamando a atenção de algumas pessoas perto do bebedouro.
- Não grita sua besta! - bateu a mão na testa. - Mas é isso mesmo que você escutou.
- Eu não disse? Ahh garota! - dava alguns cutucões zoando com a garota.
- Ai , você bem que disse mesmo, mas eu juro que nunca percebi - segurou com desespero nos ombros da amiga. - Me ajuda!
- O que você quer que eu faça? - tirou as mãos de de seus ombros. - Você que tem que saber o que sente por ele.
- Eu sempre achei que sentia amizade mesmo... - encostou-se na parede.
- Mas...
- Mas não sei. O que você acha?
- Olha, eu não vou me meter nessa história sabe, mas tipo, o Dean é um cara legal, muito gente boa e muito bonito também certo? - disse.
- Uhum... - foi concordando.
- Se você, talvez, der uma chance pra ele, você pode começar a gostar dele - finalizou, sendo surpreendida em seguida por uma cutucada nas costas.
- Heey! - abriu um sorriso para a garota que sorriu timidamente.
- Hey . O que faz por aqui? Não devia estar na aula?
- Até parece que você não sabe que o nosso intervalo é na mesma hora – ele encarava a garota de perto. - Oi - ele acenou para a garota que estava atrás de observando a cena.
- Oi e tchau pra vocês dois, tenho coisas a resolver – ela começou a se afastar.
- Boa sorte - desejou baixinho.
- Pra você também - disse apontando para .

- Eu vi e me lembrei de você - se aproximou da mesa de e colocou um sorvete na frente dela.
- O que é isso ? - observava o sorvete meio melequento.
- Sorvete ué - ele sentou na cadeira na frente dela. - Eu sei que é o que você mais gosta.
o encarou com a sobrancelha arqueada. Ele sorriu sem mostrar os dentes e fazendo cara de anjinho. Ela pegou uma colherada do sorvete e analisou. Colocou na boca em seguida.
- De pêssego seu filho da mãe - disse enquanto engolia o sorvete e limpava a boca com um guardanapo. ria da situação. - Eu sabia que não devia aceitar nada que viesse de você.
- Desculpa vai - ele apertou o nariz dela. - Eu tava brincando, é legal zoar com a sua cara, tenho que admitir.
- Ah esse gosto nunca mais vai sair da minha boca - ela pegou outro guardanapo e voltou a limpar-se. - É divertido zoar com minha cara, ?
- É, - ele olhou a garota nos olhos. - Desculpa, vai? - a olhou com uma cara fofa.
- Tudo bem, você está desculpado. Mas isso não significa que não vai ter volta, honey! - a menina olhava desafiadora.
- Ah, fala sério. O que você faria comigo? - ele sentou-se ao lado dela e a encarava bem perto.
- Espere e você verá - ela sussurrou para ele.
- ! - Dean veio andando na direção da mesa onde os dois estavam. o olhou, entediado.
- Oi, Dean! - a menina sorriu.
- Aconteceu alguma coisa ontem? Você saiu no meio da festa...
- Ah, não aconteceu nada demais não.
- É, relaxa, cara - levantou e colocou uma mão no ombro de Dean. - Eu a levei em casa.
Dean olhava meio sério para e depois para .
- Ele não desgruda mais de mim - ela deu um sorriso de lado enquanto se dirigia para uma mesa cheia de garotos e animadoras de torcida. o observou e suspirou em seguida. Dean acompanhou seu olhar.
- Eu não quero pressionar nem nada sabe... Mas eu só queria saber se nós podemos ser amigos, mesmo depois do que eu falei ontem - ele disse sem encarar a garota, cutucando um guardanapo.
- Claro Dean - cruzou os braços e se ajeitou na cadeira. - Na verdade eu andei pensando e...
- E...? - Dean encarou a garota, esperançoso.
- Eu acho que nós podíamos tentar, sei lá, pelo menos termos um...
- Encontro? - Dean interrompeu a garota com um sorriso.
- Isso - sorriu sem graça. - Podemos ir a algum lugar juntos, tudo bem?
- Nossa, claro que sim, ia ser ótimo - ele respirou fundo. - Eu passo na sua casa então... - Dean foi interrompido pelo sinal. – Às sete, ok?
- Pode ser - ela se levantou e ajeitou a cadeira. Ajeitou os cabelos um pouco sem graça e se virou para ir pra sala. Dean ficou ali olhando para ela por mais um tempo. Ela era perfeita para ele, a garota que ele sempre sonhou e agora, ele a queria mais do que nunca.

Capítulo 11

- ! Vem sentar aqui! - acenou de sua mesa.
Ela estava numa mesa na famosa sorveteria perto da escola, com James e Steve. Steve era do teatro, como vocês já sabem, e James tinha uma banda, ou seja, sentava na mesa dos “músicos”. Mas os dois eram amigos de e de também.
- Oi garotos - se aproximou e sentou ao lado da amiga.
- Fala criança - James apertou a mão dela e Steve fez o mesmo em seguida. detestava isso e eles gostavam de irritá-la.
- Você não devia estar no ensaio ou algo do tipo? - James perguntou pegando um pedaço da casquinha de Steve.
- Cara, vai pegar mais e pára de cutucar o meu! - Steve tirou seu sorvete da vista de James que lhe mandou o dedo do meio em seguida. e riram.
- O ensaio de hoje foi suspenso, acho que o teatro vai ser usado pelo pessoal do coral - olhou para . - O que é ótimo, já que hoje eu tenho um encontro...
- Um o quê? - engasgou com o sorvete, arregalando os olhos. sorriu e as duas se encararam.
- É, segui seu conselho – ela sorriu satisfeita.
- Mas quem deu a idéia do encontro? E aonde vocês vão?
- Não sei ainda, mas é hoje às sete! - sorriu empolgada.
- Tá boiando? - James perguntou para Steve.
- Uhum, você tá? - Steve respondeu.
- O que estamos fazendo aqui então?
- Sei lá, vamos cair fora - Steve se levantou. – A gente se vê no colégio meninas.
- Tá ok - falou, enquanto olhava pra ela.
- Tipo, agora que você vai ter um namorado... A gente vai poder sair em duplas. Porque tipo, o tá sendo um fofo comigo. Acho que a gente tem chances de namorar.
- , quem aqui falou em namoro? - olhava alguma coisa em seu celular.
- Ah, . Sei lá. Pode acontecer, chuchu.
- Acho que não. Eu só vou sair com ele. Isso não significa muito.
- Pra mim significa. E eu quero que a gente saia em duplas! - dizia empolgada, olhando o nada.
- Vamos, ! Chega disso – a garota se levantou, pegou a mochila, puxou a amiga e as duas foram para a casa de .

As meninas entraram em casa e foram subindo para o quarto.
- ! - a mãe a chamou enquanto elas subiam os últimos degraus.
- Oi, mãe? - ela gritou.
- Um colega seu te ligou - olhou para , que estava atrás dela e desceu.
- Que colega? - agora ela estava de frente para a mãe.
- Um tal de - arregalou os olhos e fez o mesmo.
- Tem certeza mãe? Não era Dean não?
- Tenho certeza, filha - a mãe confirmou e voltou a fazer o que estava fazendo, enquanto foi com para seu quarto.
- O que o queria comigo? E a pergunta principal: Como ele conseguiu meu telefone? - a garota sentou na cama, enquanto fazia uma cara um tanto quanto suspeita. - Você! Sua safada!
- Eu não fiz por mal. Ele me pediu, eu não tinha como negar - ela se justificava.
- Tudo bem, não vai ser por isso que eu vou te bater hoje. Seria pior se você tivesse dado meu celular pra ele - ela deitou e, logo em seguida, seu celular começou a tocar. olhou para com cara de espanto e esta ficou quieta.
Ela não identificou o número que chamava.

- Alô?
- ?
- Sim, sou eu. Quem tá falando?
- Aqui é o ... Eu preciso falar com você... - olhou para com um olhar assustador e essa olhou pro outro lado.
- Tô sabendo... O que foi?
- Tipo... Eu tô meio enrolado com essas falas...
- E?
- Queria saber se você pode me ajudar com isso. Tipo, você tem mais experiência, né?
- Hum... Você me pedindo ajuda... Curioso isso não?
- Não tem nada demais, ... Então, você pode?
- Acho que sim, dependendo de quando for... - olhava para , que observava a conversa.
- Hoje?
- Hoje?
- É, você tem alguma coisa hoje?
- Na verdade... Não. Só à noite.
- Ótimo! Daqui a pouco eu tô aí.
- Você vai vir aqui?
- É ué. Sou eu quem está pedindo ajuda.
- Tudo bem então. Você pode vir às quatro e meia.
- Quatro e meia? Tudo bem então.
- Ok. Até depois.
- Até, .

Capítulo 12

e estavam olhando algumas revistas fúteis, até ouvirem a campainha tocar. saiu correndo na "velocidade da luz", assustando a amiga, que arregalou os olhos.
- SAI, SAI! - gritou ao ver a mãe indo abrir a porta. A mãe saiu do caminho e ficou observando a filha se ajeitar antes de abrir a porta.
- Oooi! - sorriu assim que a porta foi aberta. não esperava aquele sorriso então sorriu sem graça em seguida.
- Oi - ela abriu a porta e deu espaço para o garoto passar. - Pode entrar.
- Oi! Beleza? - sorriu para a mãe da garota e fez joinha com a mão. observou a expressão de orgulho no rosto da mãe e se apressou.
- Mãe, este é , um colega do grupo de teatro - ela disse, reparando que sua mãe analisava o garoto.
- Prazer - ele disse.
- Muito prazer querido - a mãe sorriu. - Eu vou sair, vocês querem alguma coisa?
- Não queremos não mãe, tchau, tchau! - disse vendo que a mãe não parava de dar risinhos cínicos e observar . Ela odiava mortalmente quando a mãe fazia isto. Ela não podia falar com uma pessoa do sexo oposto e a mãe já pensava besteira.
- Tchau pra vocês, foi um prazer - a mulher saiu dando um último aceno.
- O prazer foi meu - disse até que ela batesse a porta.
- Então... - recuperou a consciência do porquê estavam ali. - Vamos ensaiar ou o que?
- Cara sua mãe é muito simpática, nem parece que você é filha dela... - se sentou no sofá da sala colocando as mãos atrás da cabeça.
- Até parece que você ou um daqueles seus comparsas são dignos da minha simpatia - bufou sentando no sofá também. Antes que pudesse responder apareceu no topo da escada.
- Oi ! - ela disse enquanto descia. - Podem deixar que eu não vou atrapalhar o ensaio. Tenho coisas a fazer.
- Que coisas? - perguntou, mas levou um beliscão de em seguida.
- CACETE! - ele deu um tapinha no braço dela. - Isso doeu!
- Não pergunta 'que coisas', é isso mesmo o que ela quer - disse encarando que em seguida bufou.
- Também te amo amiga - disse. - Mas... Já que o perguntou, eu vou encontrar com o .
- Quem poderia adivinhar... - apoiou os cotovelos no joelho, segurando a cabeça.
- SÉRIO? - disse incrédulo. - Vocês já estão nessa intimidade toda?
- Uhum! - afirmou com a cabeça, empolgada. - Não é legal?
- BAH, BAH, BAH! - bufou. - Você sabe onde é a porta .
- Sua grossa! - deu língua para a amiga e se dirigiu a porta.
- Deixa de ser rabugenta ! - disse recostando no sofá.
- Porque não é você que tá ouvindo ela falar do desde que a gente saiu da escola - ela virou os olhos.
- Ela tá dando uma de esnobe só porque vai pegar o Dean! Mas se liga hein garota, tô de olho... - disse antes de sair da casa e bater a porta.



- Ah chega de papo e vamos ensaiar vai... - se levantou pegando o texto.
- Vai pegar o Dean é? - arqueou a sobrancelha enquanto se levantava.
- Nada, a é doida mesmo - encarava seu papel e evitava o olhar do garoto. - Oh Peter! São sereias? - a garota apontou para as cadeiras da sala já começando a encenar.
- Não, são cadeiras - disse virando os olhos.
- Iiii o que foi agora, hein? - largou o papel. - É assim que você quer que eu te ajude?
- Eu não to com saco pra ensaiar ok? - disse sério.
- E você acha que veio aqui pra que? - ela cruzou os braços. – A gente mal começou cara...
- SÃO SEREIAS SIM WENDY! QUER FALAR COM ELAS? - praticamente gritou interrompendo que se assustou.
- Er... Elas são realmente encantadoras... – a garota foi pra perto das cadeiras um pouco sem graça. - Mas não são perigosas?
- Só se você chegar muito perto - disse observando-a.
- Mas elas parecem tão... Inofensivas! - falou com um sorriso bobo no rosto. Esperou dizer sua fala, mas não obteve resposta.
- ! Se liga! - estalou os dedos na cara do rapaz que piscou três vezes.
- CARA WENDY, SE VOCÊ ACHA QUE ELAS PARECEM INOFENSIVAS ENTÃO ENTRA NA PORCARIA DA ÁGUA E MORRE AFOGADA, OK? QUE PARTE DO 'ELAS VÃO TE AFOGAR' VOCÊ NÃO ENTENDEU? – ele gritou tão alto fazendo gestos para a garota que ela sentiu seus lábios tremerem.
- Entendi - ela saiu de perto das cadeiras e foi até a porta.
- Aonde você vai? - ele percebeu a idiotice que acabara de fazer.
- Em lugar nenhum, você que vai - abriu a porta e encarou o garoto.
- ...
- Eu não te recebi na minha casa, pra te ajudar, pra ouvir isso - ela disse com a voz chorosa. - No dia que você crescer e aprender a levar as coisas a sério pode me procurar.
- Relaxa garota! Eu tava encenando ok? - jogou seu papel em cima do sofá.
- Em que parte do roteiro o Peter trata a Wendy desse jeito? - falou, aumentando o tom de voz também. - Acho que não estamos encenando a mesma coisa!
- Eu só... - ficou sem saber o que dizer e se virou para a parede. - Esquece...
- O que deu em você?
- Desculpa ok? - ele disse com dificuldade. observou-o e mordeu a boca.
- Desculpas aceitas - ela voltou ao seu lugar. O silêncio reinava ali e nenhum dos dois conseguiu dizer alguma coisa.
- Você não precisa agüentar isso... - disse enquanto se sentava no sofá com a cabeça baixa.
- Isso o que ? - olhou-o com pena.
- Não precisa me agüentar. Eu entrei pro seu grupo, eu devo me adeqüar a ele, não você se adeqüar a mim... - levantou a cabeça e encarou a garota nos olhos.
- Olha - sentou ao lado do garoto. - Eu abri mão da minha tarde toda pra te ajudar, mas não porque me mandaram, porque eu quis.
- Mas eu pedi... - ele começou a falar e foi interrompido.
- Você pediu, eu sei, mas não me obrigou a nada. E eu tenho que confessar que se fosse há alguns dias atrás, eu teria negado te ajudar.
- E por que agora é diferente? - o garoto perguntou.
- Porque você mudou. Está mudando, na verdade - agora estava um pouco sem graça. - Você não percebeu que mudou desde que entrou no clube?
- Na verdade só o meu gosto pra sorvete que mudou... - disse pensativo. - Eu provei o sorvete de brigadeiro que você disse e é realmente viciante...
- Pode ser - ela riu. - Mas apesar das nossas brigas e tudo o mais, eu gosto de você estar sendo o Peter.
- Gosta? - arqueou a sobrancelha, incrédulo.
- Sim. Porque além do seu talento, você tem mudado, e eu fico feliz que eu esteja te ajudando a mudar.
- Quem disse? - ele perguntou sorrindo.
- Ninguém precisa me dizer - sorriu. Os dois ficaram em silêncio até que se manifestou.
- Eu acho melhor eu ir então... Tá ficando tarde.
- Ok. Amanhã ensaiamos de novo então? - disse se levantando.
- Amanhã a gente REALMENTE ensaia - ele foi até a porta e esperou ir até ele.
- Na mesma hora então. Qualquer coisa eu te ligo – a garota sorriu segurando a porta.
- Tá ok então. Até amanhã - acenou.
- Até - a menina começou a fechar a porta.
- Ahh ! - se virou.
- Sim?
- Eu também gosto de você ser a Wendy - ele disse e sorriu.
- Que bom - sorriu e fechou a porta em seguida.
Os dois finalmente estariam se entendendo?

Capítulo 13

- Nossa você está linda - Dean disse observando a garota parada na porta. usava uma saia cinza meio rodada e uma blusa tomara que caia preta e sandálias também pretas.
- Digo o mesmo de você - fechou a porta e trancou-a observando o garoto em seguida. Ele estava com uma calça preta e uma blusa social.
- Ok, parando o momento constrangedor - Dean disse se escondendo atrás de um buquê de rosas.
- O que é isso?! - perguntou surpresa. - É pra mim???
- Viu, agora eu estraguei a surpresa também - Dean riu esticando as rosas para a menina, que as pegou.
- Nossa são lindas... - observava as flores. - E você é romântico assim desde quando hein Sr. Dean?
- Ah, baby, isso é de nascença - ele sorriu, enquanto deixava as rosas no sofá de casa. Em seguida os dois entraram no carro do garoto.



- Dá pra parar com esse suspense todo? - dizia sentada no banco do carona do carro de Dean. Ela estava com uma venda nos olhos e ele dirigia o carro fazia uma meia hora.
- Cara, dá pra me deixar ser romântico? - Dean disse virando uma esquina.
- Não precisa de nada disso Dean. A gente se conhece há tanto tempo, não precisa me impressionar...
- Preciso sim. Você não conhece o meu lado romântico ainda, ! - ele estacionava o carro.
- Isso não é justo comigo, mocinho. Eu também vou aprontar uma assim com você e... - a menina ia falando enquanto Dean saia do carro e abria a porta do carona para ela. - Ai, meu Deus! Nós chegamos? - se entusiasmou.
- Aham - ele sorria.
- Ok. Eu tô preparada! - ela disse para si mesma.
sentia um vento leve batendo em seu rosto.
- Tudo bem - o garoto começou a tirar a venda dos olhos dela.
- Dean! - deu um gritinho. - Tipo, não acredito que você me trouxe aqui. Esse lugar deve ser muito caro! - ela olhava ao redor do restaurante que ficava à beira de um lago enorme, com pontos luminosos nas beiras e muita gente bem arrumada por perto.

- Ah, relaxa! Vai ser legal, ! - Dean deu a mão à garota e a puxou até uma mesa. Ele puxou uma cadeira para ela e se sentou em sua frente.
- Só você mesmo, Dean.
- Eu sei. Então, ... Está empolgada com a peça? - ele colocou uma mão em cima da dela, que estava sobre a mesa.
- Aham. Acho que sim. Até o parece estar animado - sorriu.
- Ah, o ... - Dean fechou a cara e desviou o olhar da garota para a mesa ao lado.
- Ele está mudado, sabe? A gente até tentou ensaiar hoje lá em casa e...
- Ele foi na sua casa? - Dean a interrompeu e voltou o olhar pra ela.
- Foi, por quê? - perguntou normalmente.
- Por nada. É que eu não vou muito com a cara dele - assim que o garoto terminou de falar, chegou à mesa um garçom e eles fizeram o pedido.
Conversaram, animadamente, durante todo o jantar.



- Gostou daqui? - Dean colocava uma colher de sua sobremesa na boca.
- Aham - terminava de mastigar. - Amei a noite de hoje - ela sorriu.
Eles terminaram a sobremesa e foram andar um pouco à beira do lago. Ficaram em silêncio por um tempo.
- ... - Dean olhava para um ponto luminoso perto deles.
- Oi? - ela respondeu, nervosa.
- Eu preciso te perguntar uma coisa - ele entrou na frente da menina.
- Pode falar... - a garota estava nervosa com aquilo, mas decidida a fazer o que tinha que ser feito.
- Olha, eu sei que posso estar sendo precipitado e que tinha prometido te dar um tempo pra pensar... Mas é que eu sei lá. Eu preciso te pedir isso, antes que eu me arrependa de nunca ter pedido, entende?
- Hum... Não muito bem, Dean - ela olhava nos olhos dele.
- Você... Quer ser minha namorada? - ele perguntou rápido e também olhou nos olhos de .
- Dean... Eu... Eu... Aceito seu pedido - a menina sorriu.
- V... Você aceita? - ele se surpreendeu.
- Aham. Desde aquele dia na sua casa, eu comecei a pensar sobre nós dois e vi que as coisas podem dar certo, sabe? - o olhava.
Assim que ela terminou de falar, Dean entrelaçou sua mão na dela, segurou sua cintura, aproximou seus rostos e a beijou. Eles ficaram ali, sentados na beira do lago, sob uma luminária artificial, até que viu que já era meio tarde.
- Eu acho melhor nós irmos, né?
Ele concordou com a cabeça, levantou e deu uma mão para levantar também. Ela se levantou e ficou com o rosto bem perto dele, e ele a beijou novamente.
- Dean! Vamos! - ela interrompeu o beijo, rindo.
- Tudo bem.
Dean deixou em casa. Ela se aprontou para dormir e ouviu seu celular. Mensagem!
"Oi, namorada!" A menina sorriu ao ler e respondeu.

Capítulo 14

O dia estava quente e ensolarado, surpreendendo a todos. Dean estava mais feliz e radiante do que nunca, sorria ao se lembrar da noite anterior e ficava com cara de bobo sozinho. As pessoas estranhavam um pouco. não o tinha visto desde que chegara. Eles não tinham muitas aulas juntos, então ela esperava vê-lo no almoço.
estava na dele, ainda um pouco envergonhado por causa do incidente na casa de , mas feliz, apesar de tudo. Alguma coisa o dizia que as coisas iam começar a mudar. e continuavam na mesma de conversar e ficar de vez em quando, o que já não satisfazia tanto a garota, que queria algo mais daquela relação.

- Odeio educação física, você não odeia? - reclamava com tirando sua calça no vestiário. Havia dezenas de garotas por ali se trocando também.
- Eu odeio mais que tudo - completou terminando de colocar sua calça de ginástica. - Mas fazer o que, né?
- Eu espero que hoje a gente jogue baseball, não tô a fim de jogar futebol. Aquelas imbecis puxando meu cabelo e gritando: Tô livre! Tô livre! - fazia gestos exagerados com as mãos fazendo rir.
- Nem me lembre...
- Você tá calminha, né? Normalmente você é a que mais reclama nessas aulas... - se sentou no grande banco de madeira em frente aos chuveiros. - Você ainda não me disse todos os detalhes da noite de ontem...
- O que mais você quer saber? - sorriu. - Tudo de importante que tinha pra falar eu já disse.
- Que emoção! Minha amiga tá namorando! - apertou as bochechas de e deu um sorriso bobo. - E eu tô saindo com o mesmo cara há semanas e não ganho nem um bombom.
- Dá o tempo dele amiga - falou enquanto as duas iam para o lado de fora acompanhando as outras.
- Tempo?! - bufou. - Quem é a mulher da relação? Eu ou ele?
- Se isso te incomoda tanto você devia falar com ele - sentou no banco reserva esperando o professor se pronunciar.
- Acho que vou fazer isso mesmo - sentou-se do lado dela. - Na hora do almoço eu vou atrás dele.
- M****! Futebol de novo!



- Tá procurando o que? - entrou na frente de que andava pelo refeitório com sua bandeja na mão há alguns minutos.
- Viu o ? - começou a acompanhar para a mesma mesa de sempre. - Não o vejo desde ontem...
- Acho que é ele ali perto da porta... - esticou o pescoço e olhou para .
- Exatamente! - também o viu e sentou-se.
- Não vai lá falar com ele? - também sentou.
- Não. Daqui a pouco ele vem pra cá mesmo... - deu de ombros.
se serviu e foi andando até a mesa onde os meninos estavam.
- E aí? - ele cumprimentou e , que comiam um sanduíche.
- Beleza e você? - retribuiu.
- Tudo beleza também.
- Tô sabendo que você tá saindo com a ! - comentou.
- É... A gente saiu algumas vezes. Mas não é nada sério não.
- Como assim? - olhou para o amigo.
- É, ué. Eu só tô me divertindo um pouco. Garanto que ela também está se divertindo muito comigo - fez uma cara safada.
- Você não tem jeito mesmo, cara - resmungou e sorriu.
- Qual é, ? Até parece que eu ia querer algo sério com uma garota que nem a ...
- Eu concordo com o ! - , finalmente, opinou e riu.
- Tudo bem... Me poupem desses comentários - voltou a comer.



- Eu fiquei super feliz quando a me contou que vocês estão namorando! - sorriu, empolgada, enquanto andava com e Dean até o refeitório.
- Ah, valeu, . Eu também tô muito feliz - o garoto olhou para a namorada e sorriu.
- Bom, vamos comer então. Tô com fome, galera! - mudou de assunto.
Os três entraram no refeitório. foi na frente, pegou uma bandeja e começou a se servir. e Dean estavam de mãos dadas quando entraram no lugar.
- , não é a estressadinha ali de mãos dadas com aquele cara? - bebia um refrigerante.
- Mãos dadas? Não deve ser não - ignorou o comentário do amigo.
- O é tapado, mas não tanto né? - deu um pedala em . - Claro que é ela.
- Idiota! - ele revidou.
olhou para trás e viu Dean e soltando as mãos para começarem a se servir. Nesse instante, ele arregalou os olhos e ficou os observando.
, e Dean sentaram-se em uma das mesas. O garoto ficou ao lado da namorada e continuava apenas a observar. sorria enquanto os três conversavam. James e Steve chegaram à mesa, o que animou ainda mais.
Até então não havia tido nenhuma prova concreta de que e Dean estivessem tendo alguma coisa. Até que ele desviou o olhar do grupo e, quando voltou a observá-los, o casal estava se beijando. Novamente arregalou os olhos.
- Que foi cara? - percebeu o espanto do amigo.
- Nada - ele tentou disfarçar.
- Não vai me dizer que ficou assim por causa da ?! - tacou uma bolinha de papel em .
- Claro que não! Eu só tô espantado com isso. Como alguém pode agüentar essa garota? Esse Dean é muito paciente mesmo - o menino tentava se justificar.



Na hora do ensaio da peça, no colégio, tudo correu normalmente. estava meio desligado, mas isso não era tão anormal assim. Quando alguém se dirigia a ele, respondia meio grosseiramente, mas ninguém estranhou. Muito menos , que já tinha passado por isso no dia anterior.

- , você vai lá em casa hoje? - foi em direção a ele quando o ensaio terminou.
- Hum... Eu não sei - nessa hora Dean chegou perto deles e abraçou a menina por trás. Ela sorriu.
Dean ficou olhando para os dois que conversavam.
- E então? Vai ou não? - voltou a perguntar.
- Vai aonde? - Dean se intrometeu, o que fez ficar com raiva e decidir ir à casa de só pra provocar.
- Na casa da . A gente tem ensaiado lá a tarde - ele respondeu.
- Ah sim. Então eu acho que posso ir junto, né? - Dean se colocou ao lado da namorada.
- Acho que não. Muita gente pode atrapalhar e...
- Claro que pode, Dean. Acho que uma pessoa a mais não vai atrapalhar em nada, - o interrompeu e fez uma cara séria.
- Tudo bem então - resmungou. - Eu passo lá às cinco e meia.
- Então tá, - e Dean começaram a andar em direção a saída. Enquanto ficou parado onde estava.
"Idiota" ele pensou, se referindo a Dean.
"Babaca" Dean pensou, se referindo a .

- Eu já te disse que não gosto dele, né? - Dean conversava com enquanto eles andavam até a casa dela.
- Já. Eu também não vou muito com a cara dele, Dean. Mas ele vai contracenar comigo e precisa de ajuda. Se ele for mal, eu também vou, né?
- É, você tá certa. Pelo menos eu sei que você não vê nada de bom em estar perto daquele praga.
- Não vejo, realmente - ela sorriu.

Capítulo 15

O casal chegou à casa de . Eles comeram alguma coisa enquanto assistiam TV.
- Dean, eu acho que a campainha tocou! - se afastou do menino. Eles estavam abraçados e Dean relutou um pouco em largá-la por causa da campainha.
- Acho que sim. Deve ser seu amigo - o garoto fez cara de deboche.
- Mas o combinado era às cinco e meia, e não... Quatro e meia - a menina fez uma expressão confusa, enquanto confirmava a hora num relógio no canto da sala.
- Quer que eu abra a porta e o mande voltar mais tarde? - Dean sorriu, olhando o teto.
- Claro que não bobo! - levantou-se do sofá, deu um selinho no namorado e foi em direção à porta, saltitante. Mesmo que ela não gostasse do Dean como desejava, era legal o relacionamento que eles tinham. Ela se sentia feliz com ele.
A campainha tocou novamente. Dessa vez de uma forma mais escandalosa.
- Ahh! ! O que é isso? Tá pensando que aqui é a casa da mãe Joana? - abriu a porta e olhou para com uma cara meio irritada, mas boba ao mesmo tempo.
- Ah, foi mal aí! - ele beijou o rosto da menina, que não entendeu nada, enquanto eram observados por Dean.
- Ah, ... Eu acho que não marcamos tão cedo e... - a menina ia falando.
- Eu sei. Mas eu fiquei sem nada pra fazer em casa e resolvi chegar mais cedo. Tem problema? - ia entrando e sentando no sofá que ficava ao lado do sofá onde Dean se encontrava.
- Na verdade... A gente tava meio ocupado aqui. Acho que você podia vir mais tarde, - o namorado de fez uma cara meio ameaçadora e encarou .
- Eu to vendo a coisa proveitosa que vocês faziam enquanto assistiam a Dumbo - olhou pra TV ligada.
- Dean, deixa o . A gente pode ensaiar agora e terminar mais cedo! - a menina sorriu, enquanto pegava alguma coisa em sua mochila.
- Tudo bem. Eu já volto - Dean levantou-se e foi na direção do banheiro, enquanto olhava e balançava a cabeça em sinal de negação.
- Que foi, ? - ela o olhou nervosa com a atitude dele.
- Você hein, ... - o garoto ainda balançava a cabeça.
- O que tem eu? – a menina ficava cada vez mais confusa.
- Você... Namorando esse... Esse... Esse cara! - fez um gesto, apontando para o banheiro.
- O que tem? O Dean é muito legal, ele...
- , ele é um idiota! - o garoto a interrompeu, fazendo uma cara estranha.
- Ele não é idiota ! Será que você sempre tem que ver defeito em tudo? - aumentava o tom de voz. - Sempre tem que arranjar um motivo pra confusão! Eu to cansada disso sabia? - ela falava alto e olhava para , que ficou meio parado e sem saber o que dizer.
- Tá acontecendo alguma coisa aqui? - Dean voltava, olhando confuso para .
- Não. Sua namorada que tá de TPM - olhou para , cerrando os olhos.
- Idiota! - ela chutou a canela dele, e foi desligar a TV.
- Ouch!!! Filha da mãe! Isso dói! - o garoto se levantou e inclinou-se para o lado da menina. Dean entrou na frente dele. - Minha perna vai ficar roxa pra sempre, sua tapada! - ele gritava com raiva.
- Aprende a pensar antes de falar pra não se machucar! - riu e voltou para onde estava.
- Esse ensaio sai ou não?! - Dean bufou, olhando para a namorada.
- Por mim podemos começar! - a menina sorria.
- Quando eu conseguir andar de novo, quem sabe...? - a olhou.
- Caramba, ! Você é muito dramático sabia? - ela ria da cara dele e Dean fazia o mesmo.
- Vai à merda, ! - ele resmungou com uma cara feia, enquanto passava a mão na perna machucada.
- Bem! Vamos começar então! - levantou e pegou o roteiro.
Eles passaram uma hora gravando as falas e combinaram de, no dia seguinte, ensaiarem as cenas.

Capítulo 16

- ! - chorava enquanto chamava pela amiga, que estava perto do bebedouro com o namorado.
- O que houve, ? - olhava assustada para a amiga que chorava meio compulsivamente.
- O ... - a menina fungava, enquanto passava as mãos nos olhos.
- O que tem? - a olhava. - Dean, você pode ir entrando e guardando lugar pra mim? - a garota olhou o namorado, que entendeu a direta.
- Eu vi o ... - ela gaguejava um pouco. – Eu o vi com a Susie da outra turma...
- Viu o que, ? - ficava mais nervosa. Não sabia como a amiga podia ter se apaixonado pelo daquela forma.
- Eles dois estavam... Estavam... Se agarrando no corredor perto da quadra! - ela começou a chorar ainda mais. [N/A: O.O]
- Ai meu Deus, ! Eu não sabia que você gostava tanto assim dele - se aproximou de e a abraçou. – Mas ele não merece isso tudo, amiga.
- Eu sei - ela falava com a voz meio abafada. - É que eu... Eu tava gostando mesmo dele...
- Eu sei, eu te entendo - elas ainda se abraçavam. - Mas você não pode ficar desse jeito por causa de um idiota desses, vai! Ele não merece tudo isso - tentava dizer a coisa certa.
- Eu não consigo não chorar...
- Eu sei - as meninas ficaram ali fora, esperando a segunda aula, enquanto se acalmava.



- Lembra amiga: Não olha pra cara dele e nem fala mais com o idiota do ! - elas entravam no refeitório. já estava bem mais calma.
- Eu sei! - ela falou, sentindo-se segura.

- A não falou comigo hoje - comentava com os amigos.
- E daí? Você não disse que não queria nada com ela? - falou, enquanto se sentava à mesa.
- Eu sei. Nem quero nada mesmo não! É que normalmente ela vem toda empolgada pra cima de mim e tal.
- Hum... Ela deve ter visto que você não vale a pena, caro amigo ! - batia no ombro do amigo, que o olhou com cara feia em seguida.
- Eu aposto que se eu for lá e pegá-la de jeito, ela se lembra direitinho do aqui! - o garoto disse, convencido.
- Então vai lá, garanhão! - ria do amigo.
- Vou mesmo! - ele levantou e foi andando até a mesa onde estavam , Dean, , Steve e James.
Os amigos tentavam animar com uns truques que sabiam e contavam algumas piadas tão horríveis que até faziam rir. Aos poucos ela ia se alegrando.
- Ih mau elemento à vista... - James virou os olhos ao ver se aproximar.
sentiu seu estômago embrulhar.
- O que você quer aqui garoto? - fuzilava o garoto com os olhos.
- Falar com a , não posso? - ele disse como se fosse óbvio.
- Acho melhor você ir arrumar alguma outra coisa pra fazer. Quem sabe fazer um favor à sociedade e se jogar na frente do primeiro ônibus que passar? - Steve disse.
- Repete isso que você acabou de falar seu nerd! - empurrou a cadeira que estava na frente de Steve para o lado. - Anda! Repete!
Grande parte das pessoas olhava na direção da mesa deles, onde pequena confusão se formava.
- HEY! Vamos parando com isso ok? - se levantou e entrou na frente de . - Eu já vou , espera só um minuto.
- ... - disse incrédula encarando a amiga. - Você não vai fazer isso...
- Por favor gente, isso é entre nós dois - se virou e foi atrás de que fez uma expressão de vitória encarando os amigos de .
- Idiota - resmungou, enquanto amassava um guardanapo.

e foram para a parte de fora do colégio, onde os alunos costumavam ficar sempre que tinham algum tempo livre entre as aulas, no intervalo, ou assim que chegassem.
- E então, ? Pra que me chamou? - eles pararam perto de um banco.
- Eu senti saudades suas, amor - ele beijava o pescoço da menina, que colocou a mão no peito dele, o impedindo de continuar.
- ... Pára - ela dizia, enquanto ele continuava com as mãos em sua cintura e dando alguns beijos pelo rosto da menina. - Sério, - ela o olhou fria e ele a encarou, meio espantado.
- O que aquela sua amiga maluca andou colocando na sua cabeça, hein princesa? - ele se afastou sem soltar .
- Ela não colocou nada na minha, cabeça. Eu simplesmente não quero ser mais uma na sua lista, - disse o olhando nos olhos.
- Do que você tá falando, ? - a olhava.
- Você sabe bem do que eu estou falando! Não se faça de idiota, ! - ela aumentou o tom de voz. - Não me procura mais e nem fala mais comigo tá bem? - a menina saiu andando.
O garoto ficou parado onde estava seguindo-a com o olhar.
- Merda! - ele disse baixo.



- O que aconteceu aqui? - e chegaram perto de onde estava parado com cara de tacho.
- Nada que seja da sua conta ! - falou com raiva, enquanto tentava entender o porquê de ter feito aquilo com ele.
- Ela te deu um fora não é? - dava alguns tapas nas costas do amigo e ria.
- Vai à merda, ! - ele disse. - Isso tudo é culpa daquela sua amiguinha. Ela que deve ter colocado um monte de idéia sobre mim na cabeça da .
- Eu não sei por que você se preocupa tanto, . Você nem gosta dela - sentou num banco ali perto, enquanto olhava para Sam, uma loira meio alta que costumava usar mini-saia e blusas bem apertadas, que passava.
Após Sam passar, quem se aproximou foi .
- Cadê a ? - a menina, que estava de mãos dadas com Dean, perguntou olhando para .
- Por acaso você tá vendo escrito 'Informações sobre a Aqui'?- ele apontava para sua camisa.
- Grosso! - ela se virou e saiu andando, enquanto e Dean trocavam uns olhares meio raivosos.
- Odeio esse cara! - murmurou pros amigos.
- Eu pensava que você odiava a namorada dele - chegou abraçando uma morena de olhos azuis e sentou-se perto dos amigos com sua nova namorada.
- Ela também - fez questão de afirmar.
- Tem certeza? - , depois de passar aquele tempo todo em silêncio, resolveu se pronunciar.
- Claro! - parecia confuso. - Por que a pergunta?
- Não parece que você a odeia - Cindy, a namorada de , falou num tom suave. - Parece que você tem é ciúmes dela, .
- Eu? Ciúmes? Ha ha ha! Nunca ouvi uma coisa tão engraçada em toda a minha vida - o garoto ficou vermelho e sem graça. - Ciúmes logo de quem... Da ! A maluca do teatro?
- Ela não é maluca! - Cindy ainda falava calmamente. - Ela é uma excelente atriz. E é linda também - ela ria enquanto fazia "propaganda" da garota.
- Isso é verdade, dude! Ela é gatinha - fez uma cara meio safada, enquanto imaginava alguma coisa, que só ele sabe o que, e foi interrompido por um pedala de .
- Pô! Tá doido? – fez uma cara confusa. – Não posso nem mais fazer um comentário?
Cindy olhava para os meninos e ria com as idiotices deles.
- , acho que seus amigos precisam de ajuda – ela olhou para o namorado, ainda rindo.
- Eu sei. Mas eles sempre foram assim. Acho que não mata – o garoto ria.

Capítulo 17

- Eu já disse que você não pode ficar assim por causa dele. - resmungava. - , ele é cara-de-pau demais! - Ela sentava-se ao lado da amiga em um dos degraus. ainda estava meio mal com a história de e as duas estavam matando a aula de laboratório na escada que leva até uma das quadras do colégio. - Os homens não prestam! - A garota concluiu, suspirando em seguida.
- Nem o Dean?
- Menos o Dean. Mas ele não parece um garoto.
- Como assim? - arregalou os olhos e começou a rir em seguida.
- Ele não é idiota que nem os outros, sua besta! - deu um pedala em . - Não pense merda.
- Acho que não ia gostar de ter um namorado do tipo do Dean sabe, ... - deu uma longa fungada. - Sem ofensa.
- Do tipo... Bonito e educado?
- É. Acho que eu gosto mais do tipo do , mesmo. - As duas garotas se espremeram no canto ao ouvirem passos. Após a inspetora passar voltaram às suas posições anteriores.
- Do tipo cafajeste e galinha? - arqueou a sobrancelha. Naquele momento só conseguia pensar em como era idiota em falar uma coisa daquelas, depois de passar o que passou com .
- Não... - deu de ombros. - Do tipo homem. – Ela enfatizou a última palavra.
- O que você esta querendo dizer com isso, ? - se levantou encarando a amiga que terminava seu copo de água. - Tá chamando o meu namorado de gay?
- Claro que não, ! Senta aqui. - puxou a amiga pelo braço e começou a explicar. - Eu tô querendo dizer que o ... Como eu posso dizer... Ele me faz sentir... Desejada.
- Quem é você e o que fez com a minha amiga?
- É sério! - riu. - Esse jeito dele, meio de garoto mau, meio rebelde, o jeito que ele... - Ela fazia caras e bocas. - Te pega, sabe?
- LUÍZA! - deu um pedala na garota. - Desde quando você ficou pervertida assim?
- Eu não to pervertida, . - ajeitou o cabelo bagunçado pela amiga. - Só tô te dizendo que eu acho que o Dean não me satisfaria como o faz.
- Fazia, né? - murmurou, tentando trazer de volta à realidade.
- É. - suspirou.
- Sinto muito, amiga - a encarou. - De verdade. Mas esse é o preço que se paga por preferir os meninos maus. - Ela riu.
- Há, há, há. Bem engraçadinha você.



- Acho que você pode vir andando aqui um pouco mais pra frente do palco - Sr. Thompson orientava de cima do palco - e começar a música aqui.
- Mas as fadas vão surgir ali atrás. Elas vão ter que mudar a coreografia delas...
- Sim, elas vão pra frente e te acompanham. Seu tom de voz não é muito alto, se você ficar atrás vai ter que se esgoelar para cantar. - O professor disse.
- Eu tenho mesmo que cantar essa música? - perguntou com cara de dó. Sabia que aquela cara não iria ajudar quando se tratava do Sr. Thompson, mas não custava tentar. - Eu não levo jeito pra cantar, professor.
- Mas é claro que leva! - O professor levou os braços no ar, como sempre, exagerado. - Todos levam jeito para cantar! O negócio é a técnica.
- Por que não deixamos a cantoria para o musical de primavera? - A garota perguntou sem receber resposta do professor que desceu do palco e começou a mexer em alguns papéis.
- Toda peça precisa de pelo menos uma música. Você deveria saber disso, já que atua há tanto tempo nas minhas. - Ele disse entregando um papel com a letra da música para . É claro que ela sabia que as peças do Sr. Thompson sempre tinham música, mas ele nunca a colocava pra cantar. Esta era a primeira peça em que a protagonista cantava.
- Quanto tempo eu tenho pra aprender essa música? - A garota perguntou desanimada.
- Seria bom se no próximo ensaio ela já estivesse pronta. Por que você não pede ajuda ao ? Ele entende de música não entende?
- Há! - soltou. Até parece que ela queria passar mais tempo do que já passava com . Uma boa parte de seu tempo livre ela já dedicava ajudando ‘o mala’ com suas falas. - Mas já que ele é bom em música, professor, porque o senhor não o coloca pra cantar no meu lugar?
- Você quer que o Peter cante: 'Quero dançar com as fadas'?
- Não vejo nada demais nisso.
- Te vejo amanhã no ensaio, . E decore suas falas! - O professor se retirou da sala. Ele cruzou com Dean que entrava para buscar a namorada, já que não havia precisado ensaiar naquele dia.
- Oi, minha linda. - Ele se aproximou do palco. abriu um enorme sorriso ao vê-lo e se apressou em descer do palco. - Como foi o ensaio?
- Olá. - deu um rápido selinho no namorado. - Não muito bom. Eu vou ter que cantar.
- Que legal! - Dean abriu um sorriso.
- Legal? Eu sou um desastre como cantora, Dean.
- Tenho certeza que você vai ensaiar bastante e se sair bem; você vai bem em tudo que faz. - O garoto a abraçou por trás e lhe deu um beijo na bochecha enquanto ela pegava sua bolsa.
- Espero que você esteja certo.
Os dois deram as mãos e saíram do teatro, conversando sobre a possibilidade de começar a atuar em musicais e se, se saísse bem nesse.



- Tá procurando alguém? - Dean perguntou a que andava pelos corredores parecendo... Er... Procurar alguém!
- Na verdade, sim. Estou procurando o .
- Quer o quê com ele? - O garoto perguntou tentando parecer desinteressado.
- Eu vou precisar da ajuda dele com a música. - Ela fez uma expressão decepcionada. - Não vou conseguir fazer isso sozinha.
- Mas é claro que vai, amor! - Dean beijou a mão da garota. - Eu já disse que você é fantástica em tudo que faz! Não precisa da ajuda daquele babaca do .
- Ele nem é tão babaca, assim. - ia falando.
- Eu não suporto aquele cara. - Dean a interrompeu e falou seriamente.
- Nossa. O que ele fez pra você ter tanto ódio assim?
- Eu simplesmente não o suporto. Simples assim.
- Que seja! - bufou. - Não sou uma boa cantora, Dean. Além do mais, acho que assim o vai poder me pagar à ajuda que eu dou a ele com o teatro também... - Antes que terminasse de falar, os dois viram, no fim do corredor, um garoto muito parecido com , agarrado a uma garota loira, com umas roupas bem apertadas e a bunda empinada.
- É ele ali? - Dean perguntou não escondendo o sorriso.
- É. - suspirou.
- Ele tá meio ocupado, não acha? - Ele perguntou agora observando o ar sério da namorada.
- Pois é, vou falar com ele amanhã. – Dean bufou. agora observava atentamente a forma como beijava a garota. Ele a beijava de uma forma como Dean nunca a beijara antes; pelo menos era o que ela achava. 'Saco! Agora vou ficar com a história de "menino mau" da na cabeça.', ela pensou. Os dois deram uma última olhada no casal e foram embora em seguida.
A garota ficou séria o resto do dia e preferiu não chamar Dean para jantar em sua casa.



- Fala sério! Aquela garota é toda artificial, cara! - A mãe de ouvia a filha reclamar durante todo o jantar. - Só aquele cabelo dela já cega um de tão loiro.
- Então, ela é horrorosa? - A mãe da garota perguntou se servindo de algumas colheres de arroz.
- É horrível! Não sei como ele pôde ficar com ela. - A garota fazia sinal de negação com a cabeça enquanto comia.
- Mas você me disse que odiava esse menino... Não devia querer que ele se desse mal ficando com uma garota que não presta?
- Eu quero que ele se dê mal. - falava de boca cheia. - Não estou reclamando do que ele fez, mãe, só estou dizendo que ele tem muito mau gosto.
- Sei... - A mãe da garota sorriu. - Eu gostei muito desse menino, . Ele é tão educado.
- Você não o conhece como eu o conheço, mãe. Acredite, sua filha está muito melhor com um garoto como o Dean.
- Tudo bem, filha, gosto muito do Dean, você sabe. - Ela se ajeitou na cadeira. - A propósito, você não ia chamá-lo pra jantar com a gente hoje?
- Acabei não chamando. - deu de ombros. - Fiquei estressada com algumas coisas.
- Uhum...



- Alô? ?
- Que foi, ? To fazendo dever.
- Desculpa ligar tão tarde. - estava deitada de barriga para baixo balançando suas pantufas de joaninha. - Eu só preciso te perguntar uma coisa.
- O que?
- Você acha que eu devo pedir ajuda ao pra cantar?
- Você? Cantar? Desde quando?
- Desde que o Thompson me deu uma música. Uma maldita música com as fadas. Cheia de agudos ainda por cima.
- Cara, , se você quiser, pede.
- Eu não sei se devo, por isso tô te pedindo ajuda, sua imprestável.
- Você acha que o Dean vai deixar?
- Ele não tem que deixar nada. - bufou. - Ele acha que eu não preciso. Acha que eu posso cantar perfeitamente sem ajuda nenhuma.
- O Dean viaja na maionese às vezes, hein? Dizer que você canta bem já é o cúmulo.
- Pois é. - ia concordando. - Hey! A questão não é os meus dotes vocais...
- Ele te idolatra, cara. - a interrompeu.
- Não exagera. Ele só é gentil.
- Na época que eu tava ficando com o , ele me disse que como jogadora de futebol, eu era uma ótima cientista.
- Nossa.
- Nossa nada. Eu odeio futebol, e ele sabe disso. Vou te falar, amiga; pede ajuda ao , sim, ele pode te ajudar. Não acredita no Dean não, porque você é bem desafinada.
- Valeu mesmo, hein, amiga?! Seu incentivo me deixa super animada.
- Estou aqui pra isso. Agora tenho que desligar porque minha mãe quer usar o telefone. Boa noite.
- Boa noite, . - desligou e encarou suas pantufas. Encarou seu celular em sua mesa de cabeceira, e relutou um pouco antes de pegá-lo; mas, por fim, acabou pegando. Procurou devagar o número do celular de .

- Alô? - Ela ouviu a voz do garoto do outro lado da linha. Esperou um pouco e respondeu.
- Oi, . É a .
- Reconheci seu número. - deixou escapar um sorriso. - O que quer?
- Eu preciso de um favor seu.
- Pode falar.
- Preciso que você me ajude a cantar. - soltou.
- Cantar é? - pensou um pouco. - Resolveu desistir do teatro e se dedicar à música?
- Não, bocó, eu vou cantar na peça.
- Em que parte?
- Na parte da dança das fadas.
- Não iam colocar uma orquestra no fundo?
- Pois é, mas o Sr. Thompson achou que ia ser mais emocionante se eu cantasse. Disse que assim as pessoas não ficam com sono.
- Aquela parte realmente me dá sono. - fez uma cara pensativa do outro lado da linha.
- Concordo. Mas antes que você me diga que como cantora eu sou uma ótima jogadora de futebol, pode ter certeza que eu vou me dedicar.
- Eu não ia dizer isso. - Ele riu.
- Você sabe que eu sou um desastre como cantora, não sabe?
- Não acho não. Como eu posso saber se nunca te ouvi cantar?
- Mas você vai me ajudar?
- . - respirou. - Com que cara você acha que eu me recusaria a te ajudar depois da ajuda que você tem me dado com tudo?
- Bem... - não pôde deixar de sorrir. – Obrigada, então. Podemos marcar quando?
- Sei lá, quando você pode?
- Pode ser amanhã depois da aula? Aqui em casa?
- Acho que o seu namorado não vai gostar nada disso. Ele tem algum problema comigo...
- Ele não vai saber. - engoliu em seco.
- Por quê?
- Porque ele não precisa saber... - enrolou o cabelo com o dedo. - Pra que criar confusão à toa, não é?
- Confusão? - riu.
- É... E a sua amiguinha loira-ofuscante também não ia gostar.
- Que amiguinha?
- Aquela que você tava prensando na parede hoje mais cedo... Do que você tá rindo?
- Nada, nada... - foi contendo suas risadas. - Achei engraçado o seu 'prensando na parede'.
- Não tem graça, . - cruzou os braços. Ouviu passos na escada em seguida. - Não se deve tratar uma mulher assim, afinal... - A menina ia falando sem parar.
- .
- Que?
- Fala com a minha mão aqui no telefone, fala.
- Babaca. - sentiu uma ponta de raiva. tinha esse efeito sobre ela. Ela não sentia essa raiva por mais ninguém, e não sabia exatamente o porquê.
- Fala sério, , o...
- , por favor.
- . - corrigiu. - Pelo visto o seu Dean não te pega de jeito, hein?
- Pára com isso.
- Quer que eu te mostre como que é?
- Cala a boca, . - sentiu-se ficando meio quente. Aquilo era constrangedor. - Você nunca vai encostar essas mãos em mim.
- Se eu encostasse você ia gostar...
- Não enche. Amanhã depois da aula, então?
- Certo. Amanhã depois da aula na minha casa. – sorria do outro lado.
- Por que na sua casa e não na minha?
- Quer correr o risco do seu namoradinho passar na sua casa e te pegar ensaiando comigo?
- Tanto faz. - bufou. - Na sua casa, então.
- Fechado. Boa noite, .
- Boa noite, .

Capítulo 18

- O que você quer, ? - perguntou para o rapaz enquanto amarrava seu tênis para a aula de Educação Física.
- Eu só queria conversar, pode ser?
- Sobre o quê? - olhou para cima e sentiu seus olhos arderem por causa do sol.
- Sobre a gente. - Ele se aproximou da garota que agora puxava seu ‘meião’. - Sobre tudo que aconteceu, será que a gente pode conversar agora?
- Agora eu vou jogar, , mas acho que a gente já conversou tudo que tinha pra conversar, não acha?
- Mas eu não disse tudo que eu queria dizer.
- Então diz agora antes que o jogo comece. - o encarou.
- Agora? - perguntou nervoso.
- Anda que já vai começar!
- Tá. Por que a gente não tenta de novo? Sabe... Ficar juntos de novo? - O garoto parecia meio nervoso.
- Eu não quero falar sobre isso, . - Ela disse friamente.
- Mas, ... - O rapaz chegou mais perto da garota segurando em um de seus ombros. – Por que a gente não pode nem tentar?
- Não vou perder meu tempo tentando fazer dar certo com você, enquanto você não tá nem aí. - jogou sua toalha no banco e se dirigiu à quadra. ficou ali parado observando a garota sair e deixou o lugar em seguida.



- Olha quem tá ali. - apontou com a cabeça para Dean sentado na arquibancada. Ela e estavam se aquecendo para um jogo de futebol.
- Nem tinha visto. - olhou para Dean e mandou-lhe um beijo. O garoto sorriu e acenou para a namorada.
- Ele não tem aula agora, não? - perguntou passando a bola para .
- Não sei; talvez ele tenha essa aula vaga. - deu de ombros. - Tá melhor hoje?
- To tranqüila... - fez duas embaixadinhas desengonçadas com a bola. - O veio falar comigo.
- Sério?
- Uhum, veio me dizer que a gente podia tentar de novo.
- Cretino. - observou um chutinho de fazer a bola passar por baixo de suas pernas. Olhou para o namorado que sorriu.
- Nem me fala. Depois da aula vamos almoçar lá em casa pra conversarmos melhor? O jogo vai começar agora.
- Depois da aula não posso.
- Por quê?
- Vou à casa do , ensaiar a música.
- O Dean sabe? - olhou discretamente para o garoto na platéia que sorria observando a namorada.
- Não. Nem vai saber, ok?
- Ok... - driblou e as duas ouviram um apito em seguida. O jogo iria começar.



- ! - gritou, com a intenção de assustar o amigo, perdido em seus pensamentos, num intervalo de aulas.
- Tá maluco, seu idiota? - levou o susto e virou para encarar .
- Nunca pensei que fosse te ver assim! - Ele ria.
- Assim como? - fez uma cara confusa, estranhando o que o amigo falara.
- Todo apaixonadinho! - gritou e deu um cutucão no braço de .
- Do que você tá falando, seu inútil? - O outro fez uma cara de indignado.
- Ah, você sabe. Da , a garota que roubou seu coração; que fez você querer estar com ela grande parte do seu tempo; que te mudou! - filosofou.
- E quem disse que eu me sinto assim? Eu não mudei nada. Não sei de onde você tira essas coisas. Anda assistindo esses filminhos de mulherzinha, por acaso? - apoiou a cabeça nas mãos que estavam em cima da mesa. – Eu mudei? - Ele levantou e olhou para , que afirmou com a cabeça. - Ah, fala sério! Você também tá todo mudado, !
- Eu? Claro que não. - Agora foi a vez de tentar disfarçar, olhando em volta e tentando pensar num outro assunto.
- Nem vem! Você tá todo diferente, sim. Todo interessado nessa palhaçada de teatro, todo felizinho ensaiando com a chatinha... - começou a rir e apontar na direção de .
- Agora você viajou legal! - Ele fez uma cara envergonhada. - E a nem é tão chata assim.
- Viu!? - apontava ainda mais. - Tá até defendendo a amiguinha!
- Vai à merda! - ficou emburrado e virou pra frente na sua mesa, sem argumentos.



- Oi, meu amor. - Dean deu um selinho na namorada que acabara de deixar a quadra. Todas as garotas já tinham entrado no vestiário pra se trocar.
- Oi, meu bem. - sorriu soltando os cabelos suados. - Gostou da minha performance no jogo de hoje? Eu consegui passar a bola uma vez, pelo menos. - Ela disse rindo.
- Essas jogadoras estariam perdidas sem você. - Ele disse abraçando a namorada pela cintura e a envolvendo. - Vai ter ensaio hoje, né?
- Aham. E eu já devia ter aquela música lá gravada! - fez uma cara de medo, pensando no que o professor falaria ao ver que ela ainda não sabe nem a primeira parte. - Por quê?
- Porque hoje eu queria que você fosse jantar lá em casa, eu vou cozinhar. - Dean mostrou seu sorriso na forma mais linda que já havia visto.
- Hmmm! Cozinhar pra mim? Vai fazer o quê pra mim? - Ela sorriu e o abraçou, ficando de frente pra ele.
- Eu acho que vou fazer macarrão e brigadeiro de sobremesa e...
- Ai, eu não posso, Dean. - subitamente se lembrou de seu compromisso na casa de . Não sabia a que horas terminaria o tal ensaio. - Não hoje, mas amanhã eu vou, pode ser? - Ela lhe pediu desculpas com o olhar.
- Tudo bem, meu amor. - Dean começou a beijar a namorada levemente.
'Ele não vai perguntar por que... Ele não vai perguntar por que... Pensamento positivo.'
- Por que você não pode?
- Bem... - Droga. Droga. DROGA! - Eu hoje vou jantar em casa, porque a minha avó vem visitar a gente. - mentiu. Odiava mentir em qualquer circunstância, ainda mais para Dean. Só que não tinha outra escolha.
- Aquela que estava na África do Sul? - Dean arqueou a sobrancelha.
- Não, a outra.
- A que morreu? - Ele lançava, cada vez mais, um olhar desafiador.
- Não! - A menina disse meio alto. - Bom, minha bisavó na verdade. Eu a chamo de vó. - Consertou.
- Ah, sim. - Foi por pouco essa. – Então, amanhã você vai lá em casa?
- Vou sim, amor. - começou puxar o namorado para longe dali, devido à chuva que começava. – Vou tomar um banho, ok? Te vejo no ensaio.
- Tá, ok. Até o ensaio. - Dean olhou a namorada entrar no vestiário.



- Oi, ! - chegou por trás da garota, o que a assustou. Eles estavam no palco esperando o ensaio começar.
- ! - Ela o olhou fingindo calma.
- E ai? Tá ansiosa pro nosso ensaio?
- Fala baixo, . - Ela disse sussurrando e ele riu.
- Ah, sim. Esqueci que seu namorado não pode saber que você vai passar o dia comigo. - ainda ria.
- Eu não vou passar o dia com você. Do jeito que fala faz parecer que vamos nos divertir muito cantando a musiquinha das fadas. - ironizava - Além do mais, por que eu deveria estar ansiosa pra isso?
- Um dia com é sempre um dia de diversão. - Ele falava convencido. - Fora que a gente não precisa ficar só ensaiando. Podemos dar uma paradinha de vez em quando e fazer coisas mais interessantes. - Ele se aproximava de , que estava estática o observando falar.
- Me poupe, . Vai arrumar o que fazer! - virou sem graça e começou a andar para o lado oposto, deixando o garoto rindo. Ele gostava de irritá-la, fato.
Nessa hora Dean chegou e ficou observando ele e .
- Perdeu alguma coisa, ? – Dean percebeu os olhares dele sobre os dois. bufou.
- Não, não. Só estava observando como vocês dois formam um belo casal. – riu e se afastou do lugar. – Até parece. – Ele resmungou quando ninguém mais o ouvia.

Capítulo 19

A campainha tocou e desceu correndo para atender. Ele conferiu se a casa estava num bom estado, conferiu se ele estava num bom estado e, finalmente, abriu a porta.
- Oi, . Pensei que você não fosse chegar nunca. - Ele a olhava. Na verdade estava meio ansioso. - Pode entrar. - E abriu caminho para a garota.
- Ah, desculpa. - Ela disse simplesmente e adentrou a casa.
- Aconteceu alguma coisa? - ainda a observava.
- Não. Por que a pergunta?
- Sei lá. Você tá estranha. Mais do que o normal. - Ele riu da 'piada'. continuou séria.
- Eu tô normal. - O garoto parou de rir e fez uma expressão de quem não estava entendendo nada.
- Sei...
- , eu tô aqui mentindo pro Dean... - começou a falar calmamente. - Inventei uma história idiota pra ele nem sei o porquê. É essa implicanciazinha ridícula dele com você - a menina disparou a falar agora. - Eu estou agindo como uma pessoa patética, enganando mais a mim mesma que a ele... Eu estou perdida, não sei o que fazer. Nem sei por que estou falando essas coisas pra um dos motivos de toda essa confusão. Eu acho que vou enlouquecer! - observava a garota que, a essa altura, já estava sentada num dos sofás, com os cotovelos apoiados na perna e as mãos no rosto. - Desculpa te falar tudo isso. Eu só...
- ... - começou. - Você não precisa ficar assim. - Ele respirou fundo. - Cara, por que você tem que ser tão certinha? Isso não é nenhuma mentira. - Ele fez um gesto exagerado com as mãos. - É só uma mentirinha leve. Olha, a gente não precisa ensaiar. E você não precisa me pedir desculpas. Eu sei que eu fui um dos motivos pra você se sentir assim, então sou eu quem deve desculpas a você. - Ele disse sério. Nessa hora levou a mão ao rosto e tentou esconder uma risada. a olhou totalmente confuso. - Você tá rindo de mim? - Ele começou a tentar segurar o riso também.
- Desculpa, . Eu não resisti. Você fez uma cara tão inocente agora... Precisava ver. - Ela ainda ria meio sem graça.
- Você não deveria ficar aí rindo de mim, . Você não se viu aqui toda dramática quase chorando na minha frente. Me fez ficar todo preocupado, sem saber o que fazer... - Ele fez uma cara dramática e séria.
- Ai, meu Deus, me desculpa mesmo, ! Não era minha intenção te deixar... - foi interrompida por uma risada meio escandalosa de , que foi para trás dela, colocou as mãos em seus ombros e disse perto do ouvido:
- Estamos quites agora! - Ela abriu e fechou a boca algumas vezes, buscando alguma coisa pra falar.
- Tá certo, . Agora você já conhece meu lado de rainha do drama. - se jogou no sofá mais próximo e olhou pro teto.
- E você conheceu meu lado bondoso. Mas ninguém além de nós precisa ficar sabendo que ele existe, ok? - Ele a olhou com uma expressão muito fofa.
- Obrigada. - A garota disse baixo, ainda sem olhá-lo.
- Pelo quê? - Ele mudou a cara de fofura para confusão. "Quem é você e o que fez com a ?"
- Por me fazer rir e esquecer um pouco do Dean. - sentou-se ao lado dela.
- E por que você quer esquecer o seu namorado mala? - Ele olhava para , que agora estava de olhos fechados.
- Eu não quero esquecê-lo. Quero esquecer que... - Ela suspirou, abriu os olhos e viu que estava muito próximo a ela. Mais próximo do que nas outras vezes em que esteve próximo. Mais próximo também porque aquele não era o mesmo de antes. colocou uma das mãos no rosto da menina. Eles se olharam nos olhos durante alguns segundos.
E aí o celular de começou a tocar. Os dois se afastaram rapidamente.
- Merda. - sussurrou pra ele mesmo e virou pro outro lado. Ele possuía uma frustração no olhar.

Oi Dean. Ela disse em um tom de voz baixo.
Foi legal sim. Hoje? Eu não sei. Eu tô na casa da e me deu uma dor de cabeça horrível. Mas amanhã a gente se fala e eu saio com você...
escutava a conversa sem acreditar no que ouvia e fazia gestos de negação com a cabeça.
Tudo bem. Até amanhã. Beijos. desligou rápido o celular. Estava meio estressada com Dean aquela hora, mesmo sem saber o porquê.

- , eu já vou. Me desculpa por... Isso tudo, tá bem? - Ela, pegou a bolsa, com pressa, e saiu da casa dele com a mesma pressa.
ficou um tempo olhando para a porta e depois resolveu esfriar a cabeça com um banho. Sempre funciona.

chegou em casa e, na mesma hora, foi ligar pra para pedir à amiga que se, por acaso, Dean perguntasse, ela dissesse que elas estudaram juntas na casa de .



- , você tá meio estranha. - disse enquanto as duas chegavam ao colégio abraçando alguns livros.
- Não tô, não, . - olhava para o lado oposto ao da amiga.
- Eu acho que está sim, hein? - parou, o que fez fazer o mesmo, assim que percebeu que a amiga havia ficado uns passos atrás dela, e se virar. - Aconteceu alguma coisa na casa do ... Quer dizer, pra você me ligar ontem e tudo mais?
- Claro que não. - tentou ser o mais verdadeira possível. - O que poderia ter acontecido?
- Não sei. Você quem sabe, não é?
- Aham. Eu sei que tudo aconteceu normalmente. Eu cheguei lá, nós ensaiamos, tivemos uma pequena dose de briga, pra não perdermos o costume, e eu fui embora. Simples assim.
- Então foi alguma coisa com o Dean! - concluiu.
- O que tem eu? - Dean chegou perto delas, abraçou a namorada e beijou seu rosto, sorrindo em seguida.
- Ah, a estava falando do nosso jantar de hoje! - mentiu.
- Ah, sim. - Ele sorriu ainda mais. - Tá tudo certo então, amor? - E olhou para .
- Ah, Dean... Eu não tô me sentindo muito bem, sabe? Acho melhor eu ficar em casa hoje. - Ela fez uma cara de quem estava enjoada.
- Você tá sentindo alguma coisa, quer dizer, é algo sério? - Dean ficou preocupado e apenas observava a cena que a amiga fazia.
- Não é nada demais. Só uma dor de cabeça, um enjôo mesmo. Acho que vou ao banheiro. - Ela se soltou dos braços de Dean e saiu andando em direção ao banheiro feminino.
O garoto olhou para com cara de 'Ahn?' e apontou para .
- Nem olha pra mim, não sei de nada. Vou lá falar com ela, ok? - E Dean ficou lá parado sem entender.



- Olha só, , você pode pensar que me engana com essa história de "foi tudo normal na casa do ", mas...
- Não foi tudo normal. - que estava sentada na pia do banheiro olhando o nada, interrompeu.
- Então, o que houve? - A amiga a olhava.
- Tipo... Foi normal, não houve nada. Só foi meio... Diferente. - Ela tentava se explicar. Seguiu-se um suspiro - Eu não quero falar, porque eu não sei o que houve. - estava claramente confusa. E não ficou atrás.
- Ah... Agora você facilitou totalmente as coisas para minha pessoa. Assim eu entendo tudo muito mais rápido. - fez uma cara engraçada.
- As paredes têm ouvido, . - olhou um pé aparecendo na parte de baixo de uma das portas do banheiro. - E, no caso aqui, elas não vão ter muita dificuldade pra escutar. - A menina riu.
- Ok. - também riu. - Vamos sair daqui, então. - Elas riram e saíram do banheiro.

As duas foram para uma pequena área verde do colégio, onde havia uma estufa.
- Pode falar. - estava de braços cruzados e olhava para , que, realmente, não sabia por onde começar.
- Bem, eu cheguei lá, dei uma de louca e sei lá... - Ela começou.
- Como assim, sabe lá? - A amiga a encarava. - O que seria esse 'sei lá'?
- Não seria nada. - ajeitava o cabelo. - Eu estava me sentindo meio mal por mentir pro Dean.
- E daí, ? Fala logo, garota! Como você adora fazer rodeios, meu Deus! - disse meio sem paciência.
- Calma! Não me pressione! Bom, o foi meio que fofo comigo. - Os olhos de adquiriram um leve brilho.
- E você percebeu que está de saco cheio do Dean e quer ficar com o seu Peter Pan! - a olhava, tentando deduzir o que havia acontecido.
- Claro que não! Eu só percebi o quanto ele está mudado. E fiquei feliz por isso.
- Você não é normal, amiga. - colocou uma mão no ombro de . - Larga de paranóia e assume que, por trás dessa implicância toda, o que você sente pelo é... Paixão! - Ela sorriu e a olhava boquiaberta.
- Não! Você viaja, cara. Não é porque você gosta de tipos como o e o , que eu também tenho que gostar. - ia explicando. - Eu prefiro o Dean, como eu já te falei. Ele é confiável e...
- Totalmente grudento e previsível... - a interrompeu. - Eu não devia ter apoiado esse seu início de namoro. - Ela olhava para com uma mão no queixo e fazia gesto de negação com a cabeça.
- Ele não é tão grudento, ...
- Não... Imagina se fosse, né, ?
- Ele gosta de mim, . Isso é normal. - dizia, meio que perguntando ao mesmo tempo.
- Pode até ser normal... Mas é chato! Se eu fosse você, terminava com ele. Porque, ao que me parece, você tá bem confusa por causa do Pan. - Ela deu uma risadinha.
- Pan? - a olhou confusa.
- O , sua lerda! - deu um tapa na testa da amiga. - Eu não acredito que você tá sentindo alguma coisa por ele! - Ela sorria e implicava com .
- Eu não sinto nada. - A garota tentava dizer seriamente. - Pára de ficar inventando coisa onde não tem, . - Ela tinha a necessidade de afirmar isso, até mesmo para se convencer de tal coisa.
- Como você quiser. Eu vou te apoiar, ainda que você se decida pelo Dean. Mas minha função é te abrir os olhos, mesmo que esse seu comportamento de boa menina não te deixe enxergar.
- Muito obrigada, doutora . Fico feliz com sua análise sobre meu perfil. Agora seria bom se assistíssemos a uma aula, só pra variar um pouco, não acha?
- Como quiser. - As duas foram andando para a sala onde teriam a próxima aula.

Capítulo 20

- Hey, ! - se aproximou da menina, que entrava sozinha no colégio aquela manhã.
- Tudo bem, ? - Ela perguntou. Estava bem calma e paciente com o garoto.
- Tudo certo e você? - Ele a olhava, meio que com certa curiosidade.
- Eu estou bem. Tô bem normal. - Ela sorriu.
- Você acredita em destino, ? - Ele sentou em um banco próximo e fez um gesto para que a garota fizesse o mesmo.
- Er... Não sei. Depende. Por quê? - estava confusa. Que tipo de pergunta era aquela? Onde ele queria chegar com aquela conversa?
- Acho que não fomos destinados a ensaiar juntos. - sorriu. A garota fez o mesmo e mergulhou, por um segundo, naquele sorriso a sua frente. Chacoalhou a cabeça.
É o . É o . Eu não o suporto. Ela tentava se convencer e desviar a atenção do sorriso.
- Eu estou começando a pensar o mesmo, . Acho melhor não marcarmos mais nada. - deu um pequeno suspiro e fez uma cara de dúvida, esperando que ele a respondesse.
- Por quê? - O garoto a olhou confuso. - Quer dizer, eu não disse que não queria mais ensaiar com você, só que...
- Eu entendi... Mas acho que não tem mais clima, sabe? O Dean não gosta de você e acho que, provavelmente, não gosta que eu esteja com você...
- E você vai parar de falar comigo por causa do mané do Dean? - a olhava, apresentando alguns sinais de revolta.
- Não... Quer dizer... Eu não sei. O que você faria no meu lugar? Tipo, eu... A gente... Nós não temos que estar juntos. Quer dizer, nós nem somos amigos... E o Dean é meu namorado.
- Nossa. Então eu não significo nada pra você? - Ele a desafiava com o olhar. - Sou só um idiota que não tem nada a ver com o seu mundo...
- O que eu significo pra você? - Ela o encarou mais profundamente. Os dois estavam sérios. Sem brigar, sem brincar. Conversando simplesmente.
- Você... Eu não sei. Você é... - Ele passou as mãos pelo cabelo, confuso. - Você não respondeu a minha pergunta, .
- Bom, eu esperava que você a respondesse...
- Como assim? - estava com uma cara bem confusa.
- Eu queria que você me respondesse, porque quero saber o que eu posso sentir por você. Entende? – Ela perguntou com o olhar.
- Não... – O garoto ainda estava confuso e a encarava.
- Você é, pra mim, o que eu sou pra você... - deixou de encará-lo e olhou para o lado.
- Eu acho que não, hein? - Ele sorriu malicioso. o olhou e fez uma expressão engraçada. - É brincadeira... - O garoto riu.
- , a verdade é que eu não sei se confio em você. – ainda mantinha o olhar fora de .
- Você é bem direta não é, ? - Ele falou, se fazendo de ofendido.
- Me desculpa, mas é assim que eu me sinto com relação a você. Eu gosto de você... Só um pouco, é claro. - ria. - Mas tenho medo de me decepcionar.
- Você mesma me disse que eu mudei, não foi?
- Sim, mas eu nunca te conheci direito. Sempre vi o seu pior lado e...
- Eu sei. Vou te provar que eu mereço sua amizade.
- Pra quê? - o olhou, confusa. - Você não precisa disso. Seria, talvez, ruim pra sua 'reputação'.
- Eu gosto de você. Eu acho. - Ele dizia, se torturando por confessar aquilo, justamente à única pessoa a quem não podia fazê-lo.
- E você acaba de ganhar um ponto por dizer isso, ! - sorriu para ele e foi a vez do garoto observá-la.
também sorriu. Eles estavam sentados quase de frente um pro outro.
- Então... Nada de ensaios? - retomou a conversa.
- Acho melhor não, né? – franzia a testa e o olhava.
- Eu vou sentir falta disso... Mas posso superar.
- Podemos passar a música juntos hoje, antes do ensaio, lá na sala de música. Não seria um ensaio... Seria... Sei lá! É diferente de irmos um na casa do outro... Você toca alguma coisa, não é?
- Claro... - ia dizer mais alguma coisa, mas viu Dean se aproximar dos dois.
- Oi, Dean. - sorriu para o namorado e levantou para cumprimentá-lo.
- Vocês falavam sobre o quê? - Dean quis saber.
- Estávamos marcando mais um ensaio. Vou ajudar a com uma música... - disse meio provocativo.
- Eu não sabia disso... - Ele se virou para .
- Nós marcamos hoje... - A garota sorriu. ria meio cinicamente. - Vamos entrar? - Ela começou a puxar Dean pela mão. - Até mais, então, .

- Eu vi você e o juntos, amiga. - sorria. - Estavam tão bonitinhos, conversando decentemente...
- Cala a boca, palhaça! - riu. Já estavam em seus lugares dentro da sala de aula.
- É sério. Eu ia falar com você, mas achei o momento tão lindo que não quis interromper.
- Ai, meu Deus! Agora você vai ficar pegando no meu pé pra sempre por causa do ! Já estou até vendo tudo...
- Que isso! Só até vocês dois admitirem que se gostam e ficarem juntos. Depois você não vai mais me ouvir falar sobre isso. - ria.
- Olha quem tá ali na frente, ! A professora! Vamos prestar atenção nela, que tal?

- Te vi com a ! - apontava para .
- E daí, imprestável? – mantinha os olhos cerrados.
- Vocês estavam tão bonitinhos! - ria. - Eu podia até ver os coraçõezinhos entre vocês dois...
- Acho que vocês estão tendo alucinações... - ria.
- Tá até feliz! Nem se importa mais que a gente fale da ... Já não fica irritadinho. Seria esse um sinal?
- Sinal de quê? - olhava para os amigos.
- Você sabe... Se você não reclama mais, sinal de que estamos certos. - explicou, enquanto tomava seu lugar na sala.
- Certos sobre?
- e ; Peter Pan e Wendy; o músico e a atriz... - tentava se fazer entender.
- A Bela e a Fera... - entrou no assunto, assim que chegou perto dos amigos.



- , quando você marcar alguma coisa com alguém, principalmente se esse alguém é o , você podia me avisar, né? - Dean e andavam lado a lado. A aula já havia terminado.
- Eu te avisei... - Ela ia dizendo. - Não foi bem um aviso, mas eu ia te falar, é claro.
- Aham. Você anda meio estranha ultimamente. Tá acontecendo alguma coisa que você não queira me contar? - Ele parou de frente para a namorada.
- Não. - mentiu. - Claro que não. - Ela desviava o olhar do dele.
- Se você diz... Olha, , eu confio em você. Sei que você não mentiria pra mim. Mas se você tiver medo de me contar algo, eu vou tentar não ficar chateado... - Ele insistia.
Ele sabe! pensou, meio nervosa.
- Dean, o que você tá tentando arrancar de mim? Eu já disse que não tem nada, mas você fica insistindo... Se quiser saber de alguma coisa, especificamente, me fala o que é e não fica fazendo rodeios, ok? - A garota o olhou, séria.
Seria a primeira briga do casal?
- Você tá tentando colocar a culpa em mim sobre uma coisa que é culpa sua ou é impressão minha? - Ele a olhava. Também estava sério.
- O quê? Como assim? Ah, Dean, você entendeu o que eu quis dizer. É você que tá tentando jogar a culpa pra cima de mim. E eu nem sei que culpa é essa!
- Ok. Tudo bem. Vamos parar de discutir. - Ele fazia gestos 'pacíficos' com as mãos.
- Não! - gritou, chamando, sem querer, a atenção de algumas pessoas que passavam. - A gente tem que discutir sim! - Ela diminuiu o tom de voz. - As coisas não são sempre paz, Dean! Pára de querer fazer tudo ser perfeito sempre, cara!
- Eu não... Como assim? Eu só tento agradar você, . Desculpe se não tenho conseguido fazer isso ultimamente.
- Me desculpa, Dean. Eu não queria ser grossa com você. - Na cabeça de passavam cenas dela com e de falando coisas sobre Dean. Além disso, ela se lembrava do quanto o namorado parecia gostar dela.
- Você não foi grossa. Só falou a verdade. Eu sei que sou meio chato de lidar às vezes...
- Você não é. Eu gosto muito de você. - o abraçou e sorriu. - Eu tenho ensaio com o agora... Você quer vir junto? - Ela o olhou.
- Não. Não quero ficar lá olhando pra cara dele. Vai lá... Só toma cuidado, ok?
- Com o quê? - riu.
- Sei lá. Ele é louco... Vai saber o que pode tentar...
- Você que tá ficando paranóico, Dean. Seria isso ciúmes, por acaso? - Ela sorria para ele.
- Pode ser... Agora vai lá. Te encontro no ensaio daqui a pouco. - Ele deu um beijo rápido em e se afastou.



- Ei! - entrou na sala de música e encontrou com sentado ao piano, tocando algumas notas aleatórias.
- Pronta pro nosso primeiro ensaio de música? - Ele sorriu ao vê-la chegar.
- Aham. Tô pronta. - Ela se sentou numa cadeira perto dele.
- Você brigou com o Dean? - a olhava.
- Como você sabe? - A garota olhou para as mãos de , que eram lindas, por sinal. tinha algo com mãos. Principalmente mãos de caras que tocam, e, principalmente, se elas estão em exercício de função.
- As notícias se espalham rápido, ! Principalmente quando se tem amigos idiotas que ficam de gracinha pra cima de você... - Ele terminou se lembrando de e e olhando para o outro lado, com uma cara meio feia.
- Ahn? - não entendeu.
- Esquece. - Ele sorriu.
- Não foi uma briga... Foi só discussão.
- Do tipo das nossas? - Ele riu. Agora que se permitia olhar para aquele garoto com outros olhos, ficava difícil não sentir nada quando via aquele sorriso.
- Não... As nossas eram brigas mesmo. - Ela fingiu seriedade. - E o ensaio?
- Ah, é.
- Cara... - encarava a janela fixamente.
- O que foi?
- Eu tô com vergonha.
- Vergonha de mim? - Ele arregalou os olhos, brincando.
- Claro! Eu não sei cantar, né? Que raiva do Thompson! Ele tinha que estragar minha atuação com essa palhaçada de "quero dançar com as fadas, bla bla bla..." - ria.
- , você tem que se concentrar. Senão não vai dar certo. - Ele a reprimiu de brincadeira.
- Sim, professor . - Os dois riram. - Sério, , vamos lá.



Quando o ensaio de música terminou, após muitas risadas de ambas as partes, eles foram andando lentamente para o próximo ensaio do dia.
- , daqui a duas semanas é meu aniversário...
- Sério? Quantos anos? - Ela o olhou, animada.
- Dezessete. - O garoto sorriu.
- Nosso menino está crescendo! - Ela riu e se controlou para não apertar as bochechas de , que ficou meio envergonhado.
- Bem... O que eu ia dizer é que não vou fazer nada demais, só sair com uns amigos, ainda não sei pra onde. E queria saber se você quer vir...
- Isso é parte do seu jogo?
- Qual jogo?
- De conquistar minha amizade. Sabe... Eu acho que ser meu amigo seria bem legal pra você. Eu colocaria um pouco de juízo nessa sua cabeça! - Ela riu.
- Pára de desviar do assunto! - a repreendeu e parou. Eles já estavam na porta do salão.
- Eu não sei. Esses amigos seriam?
- , e . A Cindy, namorada do ... E acho que só.
- E eu iria com a ...
- Se você quiser levá-la. Só não pode ir com o Dean. - sorriu.
- Sem chances.
- Por quê? - fez uma cara triste.
- Eu vou chegar pra ele: "Dean, eu vou sair com o ."
- Não. "Dean, eu vou sair com o e os amigos dele. A vai comigo e a namorada do vai estar junto também. Isso não é um pedido, é um aviso." - E deu um sorrisão quando terminou. – Simples, não?
- Eu acho que você odeia o Dean e quer deixá-lo com raiva. Por isso tá me chamando pra sair...
- Ah, ! Para de psicanalizar as coisas, ok? É verdade, eu não gosto dele, mas tô te chamando porque você é minha amiga.
- Eu vou falar com ele. Mas seria falta de respeito se eu fosse.
- Tive uma idéia! - levantou um dedo. - Só vai 'doer' nele se ele ficar sabendo, não acha? Afinal, o que a mente não sabe, o coração não sente... - o olhava, incrédula. Ela riu; não deixava de ser engraçada a forma como ele falou aquilo, mas era idiota.
- Estamos atrasados, ! - E abriu a porta do Teatro.

Capítulo 21

- ! - disse meio alto, devido ao pequeno susto. a esperava do lado de fora do banheiro feminino. Ele estava justamente naquela parte que quem sai dá de cara com quem entra.
- ! Queria falar com você. - Ele sorriu. - Agora que sua amiga é amiga do meu amigo, acho que ela não vai ter mais nada contra nós dois...
- Quem disse que ela tinha alguma coisa contra? Você acha mesmo que eu faria uma coisa porque a me obriga? - Ela começou a andar e o garoto foi atrás.
- Bom, - ele tentava alcançar os passos de - o chamou a pra sair com a gente no aniversário dele...
- Sério? - o interrompeu com um grande sorriso.
- Aham. E ele disse que talvez...
- Cara, me fala a verdade. O tá a fim da , não tá? - A garota sorriu para , que bufou.
- Eu não sei, . Não vim aqui falar sobre eles...
- Claro que você sabe! Você é amigo dele! Fala a verdade pra mim. - Ela fez uma cara fofa para , que sorriu ao olhar.
- Eu realmente não sei. Eu acho que sim, mas nunca ouvi nada confirmando isso da boca dele. - Ele viu o sorriso de se desfazer. - Então... Posso falar?
- E ainda não falou por que, mala? - Ela riu. Estava mais calma agora com relação a . Não queria bater nele, ou coisa do tipo, como há uma semana. Ele sorriu.
- Bom, ele disse que talvez ela te levasse. E eu queria saber se você iria.
- Claro que iria! - sorriu ainda mais. - Não por sua causa, é claro, mas pra ajudar minha amiga a abrir os olhos.
- Como assim? - ficou confuso.
- Bom, eu quero que ela perceba que gosta do . E que ele perceba que ela é a garota certa pra ele.
- Entendi... Mas a é bem dificilzinha, viu... E o não fica atrás. E você não fica muito atrás dos dois, sabia? - Ele a olhou com certa profundidade.
- Ah... A conversa não é sobre mim, ! - bufou.
- Na verdade, era pra ser...
- Você tem razão. Eles são complicados mesmo. E ainda tem o Dean pra atrapalhar... - Ela ignorou o comentário de , que franziu a testa. - Duvido que a vá a esse... Sei lá o quê é que vocês estão planejando.
- Por quê? – O garoto começou a ficar preocupado. Se não fosse, também não iria. Ele perderia a chance de conquistar decentemente a garota.
- Por causa do Dean...
- Mala! - deu um leve soco na parede.
- É... Temos que nos livrar dele. - A garota fez uma cara maliciosa e olhou-a assustado. - Eu não vou matá-lo, se é isso que você imaginou, cabeção! Mas aceito sugestões de formas para se afastar namorados grudentos.
- Eu te ajudo então. - O garoto tentou não mostrar muita empolgação. Ele gostava de , mas não queria demonstrar que estava "feliz" com a idéia de ficar perto dela. Aquilo era bem estranho para ele.



- O Dean grudou na esses dias, cara! - comentava com e , enquanto observava o casal sentado em um banco ali perto. Haviam se passado dois dias desde que e ele tinham se falavam decentemente.
- Talvez porque esteja se sentindo ameaçado... - supôs.
- Como assim? - não entendeu.
- Você é uma ameaça para ele, . - disse. - Foi isso que o quis dizer.
- Isso aí. Se você namorasse a e tivesse um ‘ ’ fazendo par com ela numa peça, ensaiando e tal, faria o mesmo. - também observava os dois. ficava cada vez mais confuso.
- Cara... Eu não sei do que você tá falando.
- Admita, ! - o apontava - Você sente algo por ela. – Ele apontou para .
- Vai à Merda, ! - o encarou sério e disse pausadamente.
- Nossa! Essa revolta toda só porque ela tá feliz com outro e não com você... - instigava. - Eu não tenho culpa disso, ! – Ele levantou as mãos.
- Ela pode ser feliz com quem quiser. Eu não tenho nada com isso. - Ele dizia com raiva. - Aliás, não tô entendendo essa agora. Você era o primeiro a zoar porque a é do teatro. E agora fica fazendo essas insinuaçõezinhas aí.
- Eu só quero o bem do meu amigo. E descobri como ele pode ser mais feliz. – deu algumas batidas no ombro de .
- Você anda se drogando, ?
- Olá, meninos! - se aproximou sorridente. Eles a cumprimentaram.
- ! Dá um jeito no . Ele tá insuportável! - pediu.
- ! Pára de ser insuportável, ok? Tá querendo acabar com tudo? - Ela lançou um olhar sério para ele.
- Sua amiga já decidiu se vai com a gente? - desviou o olhar de para e mudou o assunto.
- Não. Mas duvido muito que ela vá. - A garota o olhou triste.
- Por causa dele, é claro! - Ele apontou para Dean com a cabeça.
- Exatamente. Mas, se eu fosse você, não desistia. - Ela sorriu.
- Desistir do quê? Cara, vocês tão achando que eu quero que a vá com a gente pra quê? Eu não vou me declarar pra ela, ou coisa do tipo.
- Você não acha que já está na hora de tomar uma atitude? - o olhava sorrindo e com brilho no olhar.
- Eu vou pra sala! - levantou e saiu andando.
- Vocês tão fazendo as coisas de forma errada... - começou. - Se a intenção de vocês é juntar aqueles dois, não vão conseguir assim.
- Então nos diga como fazer isso, ó mestre! - fez cara de interessada, puxou uma cadeira e se sentou com eles.
Os três ficaram ali conversando por um tempo, até Cindy chegar e colaborar com algumas dicas interessantes.



- ! - o chamou e foi andando pelo corredor em sua direção.
- Que foi? - Ele possuía um tom ríspido.
- Nossa. Desculpa se vim falar com você na hora errada. - Ela já estava perto dele e o olhava.
- Fala o que você quer. - Ele, novamente, foi seco.
- Eu queria falar sobre a música, mas deixa pra outra hora. - A garota deu meia volta e saiu dali.
bufou.
- Espera, !
- Não, obrigada. - Ela continuou andando. - Não tô a fim de brigar com você. - E virou-se para o garoto.
- Foi mal. Eu tava nervoso. - Ele quis se explicar. Na verdade, nem ele sabia o porquê de ter falado com ela daquela forma.
- A gente se fala outra hora. - voltou a andar.
- Agora você tá sendo infantil! - Ele "gritou", para que ela, alguns metros à frente, o ouvisse.
- Eu? Infantil? - A garota parou, novamente. - Só quero evitar outra briga estúpida!
- Eu já pedi desculpas, ok?!
- E eu já disse que depois a gente se fala.
- E se eu não quiser falar com você depois? - Ele parecia nervoso.
- Então você não precisa falar nunca mais. - estava meio ofegante e falando um pouco alto. A situação a pegara desprevenida. Fazia tempo que não brigavam assim sem um bom motivo. - Idiota! - Ela bufou. - Você pensa que eu vou falar com você na hora que você disser que eu devo?
- Ah, me desculpe! É que eu tô acostumado a ver você fazendo tudo o que seu namorado idiota manda. - soltou uma risadinha cínica.
- Do que você tá falando? - chegou mais perto dele com mais raiva ainda e diminuiu o tom de voz.
- Tô falando de você ter se afastado totalmente de mim esses dias; de você não sair com a gente e de não poder falar com ele que está comigo quando fazemos alguma coisa; pra ele não te proibir ou sei lá o quê! - Ele falava mais alto.
- Cala a boca, ! - sentia que começaria a chorar. Ela estava com raiva e, quando isso acontecia, essa era sua primeira reação; era involuntário.
- Você tem medo que ele ouça... Claro! - Ele diminuiu o tom de voz, ainda a provocando.
- Cara, eu odeio você, garoto! - Ela se segurou para não bater em e saiu dali o mais rápido que conseguiu. Instalou-se no primeiro banheiro que encontrou.
ficou parado, vendo sumir por alguns instantes. Havia se arrependido do que tinha dito, mas não conseguiu se controlar.



- Não acredito que você brigou com ela! - repreendia o amigo. Eles estavam no meio do corredor, onde, alguns minutos antes, a briga ocorrera.
- Cadê ela? - perguntou meio triste.
- Sei lá. Deve estar no banheiro. - fingia dar de ombros, mas estava abalado pela briga também.
foi procurar a amiga e encarregou de passar o sermão em .

- ? - Ela abriu, devagar, a porta de um dos banheiros.
- Oi!
- Ei! Como você tá? - Ela chegou perto da amiga, que estava sentada num dos bancos que havia lá dentro.
- Tô com raiva. - secava algumas lágrimas.
- Eu imaginei. O que foi dessa vez? - sentou ao lado dela. Ela soltava as palavras calmamente.
- Sei lá. Ele é maluco! Tem algum problema relacionado a mudança repentina de humor! Só pode.
- Você não fez nada?
- Não! - gritou. - Ele, simplesmente, foi grosso comigo, me chamou de infantil, mentirosa... Que ódio!
- Ah, , não fica assim! Daqui a pouco ele vem falar com você e vocês dois se entendem.
- Eu não quero me entender com ele. - Ela ainda chorava. Quanto mais se lembrava da discussão, mais as lágrimas saíam.
- Olha, tenta se acalmar; lava esse rosto... Afinal, você tem que sair daqui, né?! - levantou e estendeu a mão para a amiga.
- É isso que dá. Eu pensei que podia ser normal com ele, porque, afinal, ele estava diferente... Mas não. Uma vez imbecil, sempre imbecil! - falava meio alto. - Ai! - ela tentava espantar algum tipo de dor que sentia.
- ... Levanta daí, lava esse rosto e vamos voltar pra aula. Não adianta ficar aqui assim.
- Ainda bem que hoje não tem ensaio. Não ia agüentar olhar para aquele grosso! Mal educado! - Ela fez o que a amiga havia dito. - Não quero voltar pra aula... Não quero falar com o Dean. Quero ir pra casa.
- E você pretende fugir do colégio? - a olhava e falava com ela como se estivesse falando com uma criança.
- Vou procurar a psicóloga. Será que ela conversa comigo? - Ela fazia uma cara dolorida.
- E você vai chegar lá e dizer o quê?
- Sei lá... Que não agüento mais essa vida, talvez...
- Aham... E ela vai querer saber por que isso. Você vai dizer o quê?
- Que... Sei lá! Eu invento... , meu estômago tá doendo... - colocou a mão no local.
- Tá falando sério? - A amiga a olhou repentinamente.
- Claro! Por que eu inventaria isso? - sentou no banco que havia deixado.
- Pra fugir do colégio, né!
- Eu tô falando sério, . Tá ficando meio forte... - Ela fez cara de dor.
- Calma, . O que você está sentindo, exatamente? - chegou mais perto, preocupada.
- Dor... - A garota fez uma cara estranha.



- Você tem se estressado demais ultimamente? - A enfermeira perguntava, enquanto media a pressão de .
- Nada além do normal... - Ela respondeu.
- Você sente enjôo ou alguma outra dor?
- Não... Acho que é só um desconforto. Alguma coisa simples, sabe? Se eu descansar um pouco, talvez melhore...
- E você chorou por causa da dor? - A mulher a olhava, desconfiada.
- Não... Eu só estava nervosa e começou a doer... - Ela viu o olhar da enfermeira, que parecia chegar a conclusões, à medida que ela falava. - Mas não é nada... Está passando... Eu às vezes tinha isso.
- Você come direito? Fuma ou bebe com freqüência...
- Não... Não faço nada disso e não tenho problemas desse tipo... É só nervoso. - explicava. observava as reações da amiga.
- Não posso fazer nada por você mesmo. Mas vou ligar pra sua casa e falar com seus pais para procurarem um médico... - A mulher, à sua frente, dizia pacientemente. bufou.
- Mas eu posso ir agora? Já estou me sentindo melhor...
- Pode sair, mas qualquer coisa, volte! - Ela discava para a secretaria.

- Tá melhor mesmo, ? - andava ao lado da amiga. - Eu lembro que você tinha isso às vezes... Acho que você leva as coisas muito a sério e ai dá nisso: se estressa à toa e fica com esses problemas aí.
- Exato. Mas eu não posso fazer nada. Não mando no que eu sinto, afinal. Não dá pra simplesmente não me estressar, . Mas eu tô bem agora, só preciso ir pra casa... Pega minhas coisas lá na sala pra mim? Explica pra professora o que houve...
entrou na sala, onde estavam tendo aula de Inglês. Ela foi à mesa da professora e começou a explicar o que ocorrera; claro que apenas a parte de ter passado mal.

Dean, e a olhavam enquanto isso e a observaram ir até seu lugar e ao de e pegar as coisas, saindo da sala em seguida.
Era claro que estava preocupado. Ele havia agido da pior forma com e, agora, ela não estava na sala e, ao que parecia, iria embora. Ele levantou e pediu à professora para ir ao banheiro. Fora mais rápido do que Dean.
Ao sair tentou encontrar as duas e as achou num banco ao sol.

- Que saco... Ficar aqui esperando até a aula terminar...
- Culpa sua que disse que já estava melhor. Ela ia ligar pra sua mãe e você ia embora. - disse e deu de ombros. Ela estava com a cabeça apoiada na mochila e o olhar fixo no alto de uma árvore. Viram quando se aproximou.
- Tá tudo bem por aqui? - notou a preocupação no olhar dele. tinha fechado os olhos para não encará-lo.
- Tudo certo sim... A teve um pro... Ai! – Ela resmungou baixo quando sentiu a amiga beliscar seu braço.
- O que aconteceu? - insistiu, ansioso para ouvir logo o que havia ocorrido.
- Ela passou mal. - levantou, antes que levasse outro beliscão.
- Mal de quê? Tava tudo bem naquela hora...
ainda mantinha os olhos fechados. puxou para um canto mais afastado e percebeu a ausência dos dois.
- O que houve? - Ele perguntou preocupado.
- Ela sentiu um pouco de dor. Nada demais...
- Foi minha culpa?
- Claro que não, ! Deixa de ser bobo. - sorriu.
- É claro que foi... - Ele estava convencido. - Se eu não tivesse brigado com ela, ela estaria normal... Vocês já foram à enfermaria?
- Já... Disseram que não é nada, . Sério mesmo. Não precisa se preocupar, ela já tá melhor... E eu não conhecia esse seu lado exagerado!
- Não é exagero... É culpa.
- Culpa pelo quê? - colocou as mãos em seus ombros e o sacudiu um pouco. - Não aconteceu nada! Ela está perfeitamente bem. Acho que se você pedir desculpas a ela, talvez se sinta melhor.
- Eu não posso falar com ela agora... - Os dois viraram pro banco e viram Dean sentado lá. com a cabeça em seu colo.
- Como ele conseguiu sair da sala? - observava com um olhar, propositalmente, espantado.
- Ele consegue tudo. - revirou os olhos. - Vou voltar pra sala. Diz pra ela - ele apontou com a cabeça - que eu não tive a intenção.
- Eu já disse que você não fez nada, seu idiota! - disse mais alto dessa vez. - Ela não tá mal nem nada assim! Tá ali com ele, alegre e feliz! – Ela enfatizou o ‘ele’. sorriu.
- Ok. Mas fala com ela, de qualquer forma. Tô indo. Até depois, ! - Ele se virou e foi se afastando.
- Deaaan... – chamou de forma arrastada. - Você tá perdendo aula... – Ela bufou e foi resmungando até o banco. Queria se livrar dele.

Capítulo 22

- Então você desistiu de falar com ela mesmo? - pressionava . Tinham passado alguns dias desde a briga. - Pra sempre?
- Cara, fizeram alguma coisa com você? Quem te transformou nesse negócio sentimental, hein? - estava sério.
- Ninguém me transformou. - Ele tentou disfarçar.
- Não muda de assunto!
- Eu não quero mais falar com ela. Não tô a fim de olhar pra cara dela mais e não gosto daquele jeito fraco. - estava sério. Ele queria convencer a si mesmo mais do que a .
- Você não gosta dela? Nem um pouco? - o olhou. Eles estavam sentados numa mesa grande, perto da cantina.
- Não, ! Eu não gosto da . Você consegue entender isso? É difícil demais?
- Entendi. - O garoto olhou meio desiludido pro chão.

- Não fala mais com ele? - apontou para e com a cabeça. Ela andava com por um grande corredor.
- Não. - Ela respondeu, simplesmente. - Por culpa dele minha mãe quer me obrigar a ir ao médico. Odeio ir ao médico!
- Não sente falta dele? - ignorou o comentário.
- Nem um pouco. Você viu o Dean por aí? - se fingia de desinteressada naquela conversa e caçava Dean com os olhos por ali.
- Você é patética, ... - fez sinal de negação.
- Tanto faz. - a amiga deu de ombros. - Não vou falar com ele só porque você acha que eu devo, . - Ela continuou andando calmamente.
- Não é porque eu digo, mas porque eu sei que você quer. Eu vejo como o te desafia, meu bem. Você fica louca com as provocações dele e eu sei que gosta disso.
abriu a boca, mas não teve o que dizer.
- Eu adoro estar com a razão. - sorriu vitoriosa.
- Você não está com nada, . Fica quietinha, tá bem? - Trinta segundos de silêncio.
- O mudou de idéia.
- Com relação a...?
- Ele vai dar uma festa de aniversário.
- Hm...
- Acho que ele não ia fazer a festa antes porque queria ficar mais próximo de você...
- Cala a boca! Chega desse assunto. - entrou na sala de aula e ficou do lado de fora.

- E aí? - Ela olhou curiosa para que se aproximou.
- Nada. E com a ?
- Nada também... - Ela fez uma cara frustrada.
- Tem como você dar um jeito dela ir à festa?
- Posso tentar... Mas como eu convenço a criatura? - o olhou pedindo ajuda.



- Está atrasada senhorita . - Sr. Thompson disse enquanto todos viam uma estabanada entrar correndo no teatro. Seus cabelos estavam molhados e ela cheirava a xampu.
- Desculpem professor. Tive aula de Educação Física e... - A garota largou sua bolsa e sentou-se ofegante ao lado de Dean.
- Tudo bem, que isso não se repita! - O professor jogou uma pasta com as falas da garota em seu colo. - Precisamos ensaiar a cena da briga entre o Peter e a Wendy, depois da música das fadas. Como anda a música, falando nisso?
- Estou trabalhando nela. Na verdade tá quase tudo certo. - piscou três vezes tentando não encarar nem nem Dean. Logo já estavam posicionados no palco preparados para encenar. Alguma coisa prendia o olhar de Dougia nela.
- Comecem! - O professor gritou lá de trás. As luzes diminuíram e se aproximou de , segurando em suas mãos. Logo os dois estavam dançando uma música lenta, que viria depois da música de .
- Isso é tudo faz-de-conta, não é, Wendy? - perguntou encarando a garota nos olhos.
- Como? - perguntou mostrando-se assustada. Os dois se afastaram um pouco.
- Eu e você... - explicava. - Isso tudo aqui...
- Peter... - sorriu encarando o rapaz. - Você não tem... Sentimentos?
- Sentimentos? - mostrou-se confuso.
- Sentimentos! Ciúmes...
- Sininho...
- Raiva...
- Gancho...
- Amor...
- Amor? - a encarou confuso.
- É... Amor... - se aproximou do rapaz, chegando realmente bem perto. Dean virou os olhos e todos ficaram atentos.
- Eu não sinto isso... Amor... - disse parecendo enojado.
- Peter! Não esconda seus sentimentos! Não tente enganá-los!
- Por que você tinha que estragar tudo? - se afastou da garota. - Eu não sinto essas coisas que você diz!
- ... - gaguejou. - Digo, Peter! Apenas siga seu coração!
- Vá você e seus sentimentos pra longe daqui! - foi se afastando da garota vagarosamente e o perseguiu.
- Peter! - Ela gritava. parou de andar, e a deixou abraçar-lhe por trás – Por favor, espere!
encenava, mas estava petrificada. Abraçar daquela forma estava fazendo seus joelhos tremerem.
Nesse instante, virou para encará-la. Todos na platéia, inclusive o professor, observavam estáticos a cena. Agora, Peter devia afastar Wendy e correr para fora do palco.
Mas não era o que fazia.
Ele olhava para ela com certa tristeza. Só conseguia pensar na conversa que eles tiveram, e em tudo que insistira em buzinar em seu ouvido.
Então, surpreendendo a todos, ele envolveu o rosto da garota com as duas mãos, segurando-o delicadamente e aproximando seus lábios do mesmo. Após sentir o perfume que vinha de , a beijou, com toda vontade que tinha faz tempo.
Todos ficaram boquiabertos, inclusive Sr. Thompson.
cedeu por alguns segundos, se surpreendendo com aquilo e depois empurrou o garoto para trás.
Ambos estavam assustados. E meio sem fôlego devido aos sentimentos que aquele beijo havia despertado nela.
- Você tá louco, garoto? – Ela perguntou demonstrando raiva e encarou Dean em seguida, que se levantou e deixou o lugar com uma expressão vazia no rosto. - Dean! - gritou e saiu correndo atrás do garoto em seguida.
saiu do palco com raiva de si mesmo e daquela situação. Ninguém os impediu. Todos permaneceram em silêncio até que aquela ‘cena’ terminasse. Inclusive o professor, que olhava sem entender nada para o palco.

Capítulo 23

- Dean! - Ela ainda gritava pelos corredores, para o garoto em disparada à sua frente – Volta aqui! Por favor!
- ... Não vem falar comigo agora, ok? - O garoto estava com os dentes cerrados. Fechava os punhos, com raiva, se segurando para não socar a parede mais próxima.
- Você não pode fugir de mim assim! - Ela ameaçava chorar, ainda andando atrás dele. – Vamos conversar. Nós... precisamos conversar.
- ... - Ele parou, se virando para ela que o alcançou e ficou de frente para ele.
- Dean... - disse baixo com o rosto vermelho.
- Eu... - Ele estava confuso, sem conseguir encará-la. - Eu nunca te obriguei a ficar comigo, ok?
- Eu nunca fiquei com você por obrigação! - segurou o rosto do rapaz com as duas mãos.
- ! - Ele gritou. Gritou mesmo alto, o que fez com que a garota levasse o maior susto e tirasse as mãos dele, se afastando bruscamente. - Não vamos fingir que não tem nada acontecendo aqui, ok? Eu cansei disso!
- Cansou do quê? - perguntou baixinho; após o susto, ficou com um pouco de medo de dizer, ou fazer, mais alguma coisa que o fizesse explodir.
- Cansei de você e do ! Cansei de ser feito de idiota! - Ele parou um momento para respirar, e encarou , vermelha e chorosa. - Cansei de fingir que não tem nada! Mas isso que aconteceu... Agora...
- O que... O que tem?
- Foi... Cheguei ao meu limite, ok? - Ele parou de falar. Depois, vendo o silêncio da garota, se recompôs. - Por mais difícil que seja pra mim, ter que me afastar de você, eu não posso mais fingir que não tem nada acontecendo.
- Tudo bem. - assentiu. Estava envergonhada. Tudo o que Dean dissera era meio que verdade. De uns tempos pra cá, ela, , e . Todos o haviam feito um pouco de idiota.
- Eu nunca... - Ele olhava agora em direção ao teatro. - Nunca pensei que, com tantas pessoas pra você se apaixonar, seria logo pelo...
- Eu não estou apaixonada pelo , Dean! - Ela o cortou. Daquilo ela não podia ser acusada, porque, pelo menos naquele momento, sentia uma raiva imensa de .
- Não sei o que é que você sente por ele! Mas pra mim está claro que ele mexe com você.
- Dean... - Ela voltou a falar, se recuperando. - Eu tenho que te pedir desculpas.
O garoto pareceu surpreso. Não esperava ouvir aquilo naquela hora, mas resolveu ficar calado e apenas ouvir.
- Me desculpe por tudo isso. Por fazer você passar por todas essas coisas... Você não merecia. Você merece uma pessoa melhor, que não... Seja tão infantil como eu sou. Pelo menos como eu tenho sido nesses últimos dias.
- Eu... - Ele tentou falar, mas não conseguiu. Estava magoado demais pra isso. percebeu que tinha partido o coração de Dean, e seria difícil para ela se perdoar por isto.
- Espero que um dia você me perdoe. - Ela enxugou algumas lágrimas que rolaram por seu rosto.
- Também espero. - Ele poupava palavras.
- Eu espero que...
- . - Ele a interrompeu.
- O quê?
- Não venha perguntar se podemos ser amigos, por favor.
- Certo. – Ela respirou profundamente.
- Se cuida, . - Dean a deixou ali e saiu andando. o olhou sumir meio sem saber o que fazer. Ela não conseguia pensar em nada e, por isso, não conseguiu se mover dali tão cedo.
Não sentia raiva alguma dele. Sabia como o garoto estava se sentindo. Ou, pelo menos, achava que sabia. Ele se poupava em palavras para não explodir de raiva.



- , tá tudo certo? - se aproximou da garota por trás. Ela estava com o olhar vagando pelas árvores, sentada no encosto de um dos bancos da escola com a mochila no colo.
- ? - Ela olhou para ele confusa. O colégio estava meio vazio. Estava tarde e havia apenas pessoas que ficavam depois da aula por algum motivo especial.
- Aconteceu alguma coisa? - Ele a olhava, enquanto colocava sua mochila no banco e sentava ao seu lado.
- É... Mas não sei se você é a pessoa certa pra eu conversar sobre isso. - Ela demonstrou estar um pouco sem graça.
- Eu sei... - Ele começou a encarar o nada junto com ela. - , eu posso te pedir uma coisa?
- Acho que sim. Mas não sei se vou poder atender. - Ela se virou para .
- Queria te pedir desculpas... Sei lá, por ter agido de forma estúpida algumas vezes, por ter falado com você estupidamente também... Por essas idiotices que eu fiz antes de conhecer você e a... - suspirou - .
- Claro. - Ela sorriu. - Me desculpe também se eu te tratei mal ou aos seus amigos algum dia... - Ela lhe disse sincera.
- Tudo bem. - Ele respirou profundamente. - ...
- Hm?
- Eu acho que tô gostando da .
- Tá falando sério? - Agora ela o encarava com mais espanto e com um pequeno sorriso.
- Acho que tô apaixonado por ela. - tentava esconder sua vergonha por confessar aquilo. - Eu penso nela várias vezes ao dia. Acho que tô ficando maluco.
- Uau... Você deveria dizer isso a ela, .
- Eu tenho medo... E fora que sempre que eu vou falar com ela, ela muda de assunto, ou simplesmente finge que não me ouve.
- E você acha que eu posso ajudar... - tentava desvendar o que estava pensando.
- Como você sabe? - Ele olhou confuso.
- Era previsível. - A garota sorriu. - O que quer que eu faça, ?
- Você vai à festa do ? - Os olhos de adquiriram aquele leve brilho de olhos que pedem por algo especial.
- Ah! Essa é a última coisa que você podia me pedir nesse momento. - sorriu fracamente.
- Eu sei que você tá chateada com ele e tem a coisa toda com seu namorado. Mas se você fosse...
- Eu não tô mais namorando.
- Como assim? O que houve? - arregalou um pouco os olhos.
- O .
- Ah. Tinha que ser. Mas, , eu acho que vocês tinham que se entender. Essas brigas de vocês não fazem sentido.
- Ele me beijou. – fez uma pausa. - Na frente de todo mundo... Na frente do Dean.
- Ele fez isso? - ficou meio "espantado" e deu um sorrisinho.
- Sim. Eu tô muito chateada com ele. Eu gosto do Dean e não queria magoá-lo assim. O estragou tudo... - viu uma lágrima descer pelo rosto de .
- Eu sinto muito, . Espero que você o perdoe, porque... Porque eu acho que ele gosta de você.
- Como assim? - Ela secou uma lágrima e ficou confusa.
- Vá à festa. É um pedido meu. Somos amigos agora, não é? - levantou e pegou suas coisas. - Quer carona pra casa? - Ele estendeu a mão pra descer.
- Acho que vou aceitar. Parece que vai chover. - Ela deu um pulo do banco e olhou para o céu acinzentado. – Obrigada, . - Ela o olhou com certa profundidade.

Capítulo 24

O dia seguinte parecia seguir o humor de . Estava nublado, e tudo indicava uma forte tempestade, como a do dia anterior.
As coisas ocorriam normalmente, com exceção do fato de que não tinha mais um namorado.
Ela entrou pelo portão da escola sozinha, e assim permaneceu até aparecer e acompanhá-la.
- Eu soube do que aconteceu... - Foi a primeira coisa que disse ao se aproximar. ficou feliz que ela soubesse, porque não estava a fim de explicar.
- Que bom que já sabe. É ruim ter que explicar tudo de novo. - dava de ombros.
- E eu não sei o que dizer. - a acompanhava.
- Não diz nada então, ok? - desviou o olhar.
se calou, porque no fundo se sentia culpada. Ela e vinham alimentando muito toda essa história de uns tempos pra cá.

O resto do dia foi quieto, e sem grandes surpresas. não viu Dean até à hora do almoço, quando ele surgiu acompanhado de mais dois amigos. Os olhares se cruzaram, mas se desviaram rapidamente.
Era melhor assim.
não viu .
apareceu, e conversou um pouco com . quis perguntar onde estaria , mas preferiu não dizer nada.
A festa de aconteceria dali a três dias e ela tinha certeza que não apareceria por lá.



Durante o resto daqueles dias, só conseguiu prestar atenção às aulas e voltar para casa. Não procurou Dean. De certa forma, fugiu do mesmo.
Talvez estivesse certa.
Talvez Dean fosse mesmo um cara meio grudento e, às vezes, chatinho. Mas não porque ele queria.
A cabeça de rodava com mil pensamentos diferentes. Ela nunca havia sentido algo assim antes.

O dia da festa tinha chegado, mas era um dia comum para . Ela simplesmente ficou em casa e o passou fazendo suas lições e ensaiando para a peça. Releu sua música e tentou ensaiar da forma como lhe ensinara.



- ! - apareceu na porta da casa da amiga com uma bolsa em mãos e um grande sorriso.
- ... - a observava sem entender.
- Tá animada pra festa? – A amiga ia entrando na casa e se acomodando.
- Que festa? A do ? - a olhava, ainda com surpresa.
- Exatamente! Qual outra festa poderia ser? - levantou do sofá e começou a puxar a amiga em direção do seu quarto. apresentou resistência.
- ... Eu não vou à festa dele.
- Por que, ? Você ainda pensa naquela bobagem? Esquece isso!
- Isso não é tão simples e você sabe. - se jogou na cama.
- É mais simples do que você pensa. - deu uma piscadinha para a amiga e começou a tirar as coisas de dentro da bolsa. - Eu estou em dúvida se uso esse vestido... - Ela tirou um vestido azul e estendeu na cama - ou essa calça com minha blusa lilás. O que você acha? - A garota colocou a blusa na frente do corpo.
- O vestido. - sentou de pernas cruzadas e ficou olhando a empolgação da amiga.
- Mas essa calça é tão linda! - passava a mão pelo objeto.
- Você pediu a minha opinião pra quê? - tentou parecer rabugenta.
- Tem razão! Vou com o vestido mesmo. - Ela colocou o cabide com o vestido pendurado atrás da porta. - Agora vamos ver você! - abriu o guarda-roupa de e começou a analisá-lo. Ela estava realmente empolgada e achava aquilo engraçado.
- Pára com isso, . Eu já disse que não quero. Eu não posso ir. Ainda não vi o desde aquele dia e não sei como vou reagir a isso. - tinha faltado à aula desde o ocorrido no ensaio. - Fora que não sei se ele me quer por lá...
- Então... Você quer ir? - sorriu amplamente. - Só tem medo da reação dele quando vê-la por lá... - Ela colocou a mão no queixo, como se estivesse analisando as conclusões as quais chegara.
- E das minhas reações também...
- Então você vai! Eu vou ficar do seu lado o tempo todo! Não deixo você dar uma de doida não, amiga!
- O vai estar lá, ! Eu duvido que você vá mesmo ficar do meu lado... - riu.
- Que absurdo! Você não confia em mim? - Ela fez uma cara indignada. - Olha, eu e o vamos ficar por perto sempre. Tá bom assim?
- Eu não sei! - deitou em sua cama novamente e colocou uma almofada na cara.



- Ele já está chegando! - disse feliz ao desligar o telefone.
- Eu só espero não me arrepender disso mais tarde... - gemeu.
estava com seu vestido azul, uma sandália num tom de azul um pouco mais escuro e o cabelo preso num rabo alto. usava uma blusa preta com uns detalhes brilhantes nas mangas curtas e um lacinho discreto na frente, uma calça de cor escura e sandálias pretas com um salto médio. O cabelo estava solto com algumas finas mechas presas.

A agitação na casa de era grande. Não havia muitas pessoas, mas a música estava bem alta, enchendo a sala e a vizinhança. Eles se aproximaram do portão branco, abriram e foram em direção à porta.
- Tem mais gente aqui! - Um sujeito com quem nunca conversava, mas conhecia de vista do colégio abriu a porta, gritando para seja lá quem fosse que estivesse lá dentro - Oi. - Ele sorriu abertamente.
- Oi. - disse entrando, sem retribuir o sorriso. e estavam logo atrás.
- Não esperava ver você por aqui. - Ele disse, um pouco debochado, enquanto a analisava.
- Pois é. - Ela seguiu em frente - Nem eu.
e estavam sorridentes ali por perto.
- Vocês tão rindo do quê? - Ela os olhou, estranhando.
- Nada. - disse sério. - Você vai precisar de nós? - Ele apontou para si e para , que fez uma cara de reprovação, já que tinha dito a que ficaria com ela. O garoto da porta os observava.
- Na verdade... Não preciso de vocês. Acho que vou ficar bem e ainda tenho que encontrar o pra entregar isso. - Ela mostrou o presente que comprara, mesmo antes de saber que a festa aconteceria.
- Tem certeza? - torceu o lábio.
- Claro. - Ela sorriu e virou para o outro lado, dando de cara com aquele garoto da porta que a observava. - Ah... Você ainda está ai...
- Você é a , não é? - Ele sorria. Era um lindo sorriso acompanhado de cabelos loiros e olhos castanho-claros quase verdes.
- Sim... E você é...?
- Adam. - Ele disse, a encarando fixamente. - Se estiver sozinha aqui, eu posso pegar alguma coisa pra você beber e...
- Adam. - o interrompeu. - É Adam, não é mesmo? - Ela fingiu um sorrisinho enquanto tentava desviar do garoto parado a sua frente. - Eu preciso achar o , então, se não se importa...
- Eu só vou trazer uma bebida pra você. - Ele repetiu, segurando uma das mãos da garota e fixando ainda mais seu olhar nela. olhou para os lados tentando se desviar daquele olhar que a intimidava.
- Ham... - Os dois ouviram alguém pigarrear. Adam desviou o olhar de e virou-se para trás, dando de cara com , parado, observando os dois com os braços cruzados. Ele parecia irradiar algum tipo de brilho, não só porque era seu aniversário. Estava todo de preto, com uma blusa social e o olhar no casal à sua frente.
- , er... - murmurou. - Eu estava te procurando.
- Uhum. - Ele se aproximou mais dela, tirando Adam do caminho. - Não esperava ver você aqui.
- Já ouvi isso hoje... Mas enfim. Eu vim nesta festa obrigada se quer saber. E estava te procurando pra te dar isto. - Ela entregou o tal presente.
- Obrigado. - Ele aceitou com um sorriso. Depois de tudo o que aconteceu, era difícil olhar para ele. Ainda mais porque estava radiante aquela noite; nunca o vira tão bonito.
E claro, olhando para ele daquele jeito, era impossível se esquecer de como ele a beijara. Nas piores circunstâncias possíveis, mas o melhor beijo de sua vida. Talvez fosse o melhor devido às tais circunstâncias.
- Então é isso. Até... Algum dia. - Ela disse e se virou.
segurou seu braço antes que ela fosse.
- Você já vai? - Ele perguntou incrédulo.
- Vou... Achar o que fazer, por aí... - Ela se enrolava, tentando não encará-lo. Ele estava próximo demais, e aquilo a incomodava.
- Espera... Eu... Eu tenho que te mostrar uma coisa! - procurava o que dizer.
- Não é um telescópio ou algo do gênero, é? - riu e fez o mesmo.
- Não... - Ele estendeu a mão para que hesitou antes de aceitar. - Anda, !
a puxou pela escada, desviando de algumas pessoas concentradas em seus afazeres. Pararam em frente à terceira porta num corredor iluminado apenas por uma fraca luz ao fundo.
- O que tem aí? - tentava não o encarar. abriu a porta e fez um gesto para que ela entrasse antes dele. Os dois entraram e ele fechou a porta atrás de si.
- Nada... Só meu quarto. - Ele deu um sorriso sem graça.
- Ah... E o que você tinha pra me mostrar no seu quarto? - observava o local que era bem normal, por sinal. Todo num forte tom de azul e muito bem arrumado. Havia muitos CD's também e um violão no canto perto da cama. - Aqui é aconchegante... - Ela ainda olhava o lugar e sentia ali o cheiro do perfume de .
- É sim. É pra ser, né? – O garoto tentava sorrir, mas estava meio nervoso.
- Então... Cadê? - o olhou com certa expectativa.
- Na verdade, eu te trouxe aqui porque queria falar com você... Eu... - se sentou numa cadeira que estava na bancada à frente da cama. sentou na cama, de frente para ela.
- Fala logo! Você tá me deixando preocupada, . - Ela disse num tom calmo e baixo.

- Eu acho que vi a e o subindo. - disse a que chegava perto dela com algumas bebidas.
- Ah! Já estava na hora, né?! - Ele olhou para a escada com um olhar malicioso.
- Quero saber o que tá acontecendo! - A garota olhou para com os olhos brilhando.
- Fala sério, ! Você não acha melhor ficarmos aqui...? - Ele se aproximava dela.
- Não, ! Eu realmente quero ir lá. - Ela fez uma cara séria.
Os dois subiram as escadas e começaram a procurar por e .

- , eu... Queria que você não ficasse com muita raiva de mim. Eu não sei onde eu estava com a cabeça. Primeiro falar daquele jeito com você e depois... - Ele deu um suspiro. - O beijo. - fez uma pausa de dez segundos. - Eu não sei mesmo o que estava fazendo... - Ele se enrolava pra falar.
- Você não gostou? - agora o olhava, atenta a tudo o que ouvia e a cada gesto, a cada movimento de .
- Não! Claro que não! - Ele ficou mais sem graça. - Não é isso. Eu gostei... Muito. - Ele diminuiu o tom de voz nessa última palavra e olhou para chão. sorriu involuntariamente.
- Ok... - deu um leve suspiro. – Você... - a voz dela falhava - não apareceu na escola esses dias...
- É... Acho que eu estava com vergonha. Sei lá, eu nunca pensei que pudesse sentir por alguém o que eu sinto por você. - colocou as mãos na cabeça que ainda estava abaixada. - Eu não devia estar te falando isso. - Ele riu de si mesmo.
- Você gosta de mim, ? - não sabia por que, mas estava feliz ouvindo aquilo. - Eu...
- É... Eu acho que sim. Mas eu não... Olha, você não precisa dizer nada. Eu sei que você me odeia, que não sente nada disso por mim. Eu só queria que você ficasse sabendo. - Ele deu um suspiro aliviado.
- . - disse o nome dele como se estivesse lembrando de tudo o que ele representava para ela antes de toda essa história do teatro. olhava para janela, para o chão, para qualquer lugar, menos para a garota. - Eu tenho que dizer que, mesmo te odiando, quando eu estou perto de você, me sinto diferente. Eu não sei como, mas você me faz sorrir, mesmo sendo completamente irritante e insuportável. - A garota deu uma pausa e continuou:
- Acho que você teve o efeito Peter Pan em mim. Como posso explicar...? Você me tira do status de certinha, me faz sentir mais livre, mais infantil... Menos presa. - Ela olhou para um canto escuro e suspirou. - Eu queria muito gostar do Dean, porque ele é uma pessoa certa. Ele é estável. Mas eu conheci você melhor e você me ajudou a pensar sobre mim e encontrar o que eu realmente buscava. Você é apaixonante, . E você sabe, mesmo sem estar me olhando, que eu devo estar quase roxa por te dizer essas coisas, mas eu tinha que usar a mínima maturidade que eu tenho pra fazer a coisa certa. - sorriu ao ver que ela acertou sobre seu tom de pele. Logo, os dois sorriam involuntariamente. tinha um enorme sorriso de vergonha no rosto e ainda encarava o chão.
- Ok. É melhor quebrar o silêncio. - Ele disse, sacudindo a cabeça e se livrando de alguns pensamentos. riu.
- Você tá com vergonha de mim? - Ela perguntou, sem deixar de sorrir.
- Depois de você dizer que gosta de mim e ainda me chamar de Peter Pan.
- Considere-se honrado, viu? Sempre fui fã dele.
- É mesmo? - Ele perguntou.
- Sim. - Ela se aproximou mais dele, mantendo os dois rostos muito próximos. - Agora estou de frente para um Peter Pan exclusivamente meu.
- Quem disse que eu sou seu? - perguntou, sem afastar o rosto de perto dela.
- Então tá. - Ela se afastou rapidamente e se levantou da cadeira. Antes que tivesse chance de dar um passo, sentiu segurar em seu cotovelo, e a puxar bruscamente para a cama onde ele estava sentado.
- Ai! - Ela murmurou enquanto ele a segurava, mantendo-a de frente pra ele. - Não é pra abusar também, ok? - Ela disse inutilmente, porque a cortou, avançando contra sua boca, e beijando seus lábios fervorosamente. segurou em seu rosto, enquanto ele segurava em seus dois braços, a mantendo um pouco mais acima dele.
- Nós podemos... - afastou as bocas, ofegante e começou a falar. - Se você quiser, podemos descer e...
- Não! - Ela o puxou pelos cabelos e voltou a beijá-lo intensamente. Um barulho oco despertou , que desprendeu seus lábios dos do rapaz e encarou a porta. - Que barulho foi esse? - Ela perguntava, enquanto praticamente sugava seu pescoço.
- Deve ser o Gancho... - Ele murmurou. deu-lhe um tapa fraco na cabeça e os dois ouviram um grito feminino.
- Ah! - O barulho vinha da porta.
- ! Não grita, cacete!
- Então não me bate! Porra!
- Eu não te bati! Eu te puxei pra trás porque você tava quase enfiando a cabeça aí dentro...
- e . - gritou, após sorrir para . - Podem sair daí.
Após alguns segundos, a cabeça de apareceu por trás da porta entreaberta. Ele se dirigiu ao casal e veio logo atrás.
- Nós tínhamos que ouvir a conversa. - começou a explicar. - Nós temos o direito, já que acompanhamos tudo desde o começo, e...
- Tudo bem, . - a interrompeu. - Não estou chateada.
- Duvido. - disse. - Aposto que o vai me matar quando saírmos daqui, por eu interromper o momento 'love' de vocês. Mas a culpa é dela! - apontou para . - Ela que me induziu a isso! - Ele levou um tapa no braço.
- Depois a gente acerta as contas. - fez uma expressão malvada, que logo se converteu em um sorriso. - Vamos descer, ou vocês querem ficar aqui a festa toda?
- Gente, eu achei tão emocionante a conversa de vocês! - ia falando com , enquanto as duas saíam do quarto. - Parecia um filme, daqueles que...
- Ah... . - Ela ouviu a chamar, lá de trás e virou-se para encará-lo. Ele segurava o embrulho do presente dela enquanto a encarava. - Se importa se eu abrir?
- Se eu disser que sim, que vou ficar com vergonha se você abrir, você vai deixar de abrir? - Ela disse, voltando para perto dele. e deixaram o quarto.
- Não. Eu nunca fui de te obedecer mesmo. - Ele começou a abrir o presente, com cuidado. o observava.
- Peter Pan? - Ele perguntou, analisando o livro em suas mãos: a obra original de Peter Pan.
- É. Parabéns, ! - Ela sorriu meio sem graça. também sorriu e abraçou meio desajeitadamente, a apertando demais. - Eu não sei se você tem o costume de ler... Mas... - Ela dizia meio sufocada, quando ele afrouxou um pouco e a olhou.
- Olha, eu não tenho o costume de ler mesmo. Mas acho que posso abrir uma exceção pra este. Tenho que ler o meu livro, né?
- Íh! - exclamou - Eu não devia ter dito que você parece o Peter... Agora vai ficar se achando.
- Foi você mesma que disse. Só estou reafirmando. - sorria.
- Tá bom, . - riu, se dirigindo à porta. - Vamos descer. É a sua festa, e... Acho que você tem que estar lá.
- Você quer mesmo ir pra lá? - Ele apontou para a porta a um metro de distância dos dois.
- Acho melhor, né? - disse com a voz falha.
- Vamos ficar aqui... Agora que a gente se entendeu, deveríamos aproveitar isso. - Ele se aproximou ainda mais da garota e disse perto de seu ouvido. sentiu-se arrepiar.
- Acho melhor descermos, . - Ela segurou na mão dele e o puxou para fora dali. se sentia meio estranha por tudo o que acabara de acontecer. se sentia estranho porque era a primeira vez que ficava com alguém por quem sentia algo de verdade.
- Quer procurar a e o ? - a olhou, enquanto pararam na cozinha para beber alguma coisa. Ele mexia na geladeira.
- Daqui a pouco. Eles devem estar se divertindo. Ou então estão atrás da porta ouvindo nossa conversa de novo. - Eles riram.
- Quer? - estendeu uma garrafa de cerveja para .
- Não bebo, ... - empurrou a garrafa na mão dele na direção dele.
- Sério? Acho que hoje você podia abrir uma exceção. - Ele deu um sorrisão. - É pra comemorar meus 17 anos, ... E, além disso, acho que está na hora de parar com essa coisa de '', não acha? - Ele abria uma garrafa enquanto falava.
- É o seu nome, não é? Acho melhor não beber, não tô acostumada, . Fora que eu odeio cerveja...
- Não seja por isso. Vou pegar uma coisa diferente pra você, então... - Ele começou a andar na direção oposta. - O que quer?
- Sei lá. O que tiver.
- Quer um refrigerante? - Ele perguntou, rindo logo depois.
- Pode ser. - sorriu.
- É pra já.
- Espera! - Ela andou na direção do rapaz, e ficou parada em frente ao mesmo.
- O que foi?
- Eu vou com você. Não vamos passar a festa na cozinha, né?
- Vamos, então. - Ele a puxou pelo braço.
- Acha que as pessoas vão estranhar? - Ela perguntava, enquanto os dois passavam pela porta.
- Talvez. - respondeu, percebendo que alguns olhares se voltaram para os dois.
- Só faltava terem parado a música... - murmurou para , rindo em seguida.
- É... - Ele pegou em uma das mãos da garota. - Só faltava.

- Uhul! Olhem! Eu sou um fauno! - apontava para o guardanapo em sua cabeça, que fazia uma espécie de chapéu.
- Parabéns. - deu um tapa no ombro do amigo assim que se aproximou com .
- Não exagera, . - tirou o guardanapo da cabeça do garoto. - Não acha que bebeu demais, não?
- Eu não bebi, . - Ele olhou para ela fingindo seriedade.

Capítulo 25

Na segunda feira, já estava com no colégio quando chegou.
- Oi, gente. - Ela sorriu.
- O ainda não chegou. - sorria para a garota.
- Ah, sim. Obrigada por avisar, . - Todos riram.
Depois de alguns minutos, chegou por trás de , com aquele sorriso. A abraçou pela cintura e tentou beijá-la.
- , aqui não, ok? - afastou rapidamente seu rosto.
- Qual o problema? - Ele a olhava sem entender.
- Eu acabei de terminar com o Dean. Você sabe disso. Acho que seria meio chato pra ele ter que ver isso agora...
ficou emburrado.
- Mas qual é o problema? Vocês não estão mais juntos e é normal você ficar com outros, .
- , se coloca no meu lugar, por favor. - Ela tentava se manter calma e não brigar.
- Cara... Isso é muito ridículo! – Ele saiu, deixando os três com o olhar no nada.
- Acho que com o tempo ele entende, . - colocou uma mão no ombro da amiga.
- Ele não vai entender. - disse, enquanto olhava para o outro lado. Parecia pensativo. As meninas o olharam como se o perguntassem de onde tirou aquilo. - Ele odeia o Dean e não quer poupá-lo de nada como você quer, . Por que ele iria se privar de algo, só porque o cara que ele não suporta vai ficar mal?
- Mas se o Dean ficar mal, eu vou ficar também. Não vou conseguir ficar com o sabendo que um amigo meu se sente muito mal com isso. - explicou. - E de onde saiu tanto conhecimento sobre as pessoas assim, hein? - As duas meninas riram.
- Explica isso pra ele, amiga. - disse.
- Vou tentar... Quando ele estiver mais calmo, quem sabe. - Ela olhou na direção para onde seguira minutos antes.
- E, pra te falar a verdade, - começou a dizer - eu não acho que a sua tentativa de poupar o Dean vá dar certo.
- Por quê?
- As fofocas se espalham rápido, . Um monte de gente viu vocês juntos.
- É verdade. - suspirou.
- Pode ser que ele não descubra nada. - sorriu forçadamente, na tentativa de consolá-la e parecer otimista.
- Pode perguntar pra ele então; ele vem vindo logo ali. - disse, disfarçadamente, cutucando com o cotovelo. Ele e se esgueiraram para fora dali, enquanto Dean se aproximava.
- Oi, . - O garoto disse, olhando de rabo de olho para os dois que deixavam o lugar.
- Oi, Dean. - se esforçou para sorrir.
- Quis vir falar com você, por causa de umas coisas, que... - Ele se enrolava ao tentar explicar.
- Você já sabe então...
- Sei de quê? – O garoto pareceu surpreso, mas permanecia calmo.
- De mim e do .
- Vocês... O que têm vocês dois? - Agora, seu humor começava a mudar.
- Nada. Nós... – Agora era que se atrapalhava.
- Vocês estão juntos. - Dean afirmou.
- Não! Quer dizer...
- Ah! - Dean bufou. – Eu sabia!
- Dean, eu... não sei o que dizer. Nós não estamos exatamente juntos. Não era sobre isso que você queria falar comigo?
- Eu queria me desculpar, pela forma como a gente terminou. Mas agora... Não tem nem uma semana que nós terminamos, ! – O garoto parecia um pouco revoltado.
- Dean... - Ela olhava para os lados, buscando alguma espécie de refúgio. Sentiu a mão de Dean em seu queixo, segurando-o firmemente.
- Eu me arrependi da forma como falei com você - Ele ainda a segurava e olhava profundamente em seus olhos - Acho que podemos lidar com tudo isso; você queria tentar, não queria? Porque eu quero.
- Dean... - Ela suspirou, sem saber o que dizer. Sentiu o rapaz se aproximar ainda mais dela e se afastou. – Não, Dean, nós não vamos voltar.
- , eu... Eu não deveria ter feito isso. Mas eu ainda gosto de você. Eu nunca... gostei de alguém assim. E queria que soubesse disso. E também que eu não vou desistir. Você é a única pessoa que pode me fazer feliz, entende? Eu não posso desistir. - Ele falava com o olhar fixo no de .
- Dean, eu acho que... Eu não sinto o mesmo... - Ela foi interrompida.
- Eu sei. Mas eu posso esperar. Eu espero você gostar de mim, . Eu sei que você deve estar bem com o , porque ele é alguém diferente de você e isso tudo deve causar uma certa euforia, ou sei lá o quê...
- Dean... - Foi a vez de interrompê-lo. - Eu gosto do . Desculpa, mas eu não sinto por você o que você quer que eu sinta. - Ela sentiu seus olhos arderem. tinha um pouco de pena e um pouco de raiva pelo que ouvira de Dean.
- Não precisa se desculpar, . Você pode não sentir agora. Mas eu sei que quando você perceber que o não é nada do que você pensa que ele é, que é apenas empolgação, coisa de momento, vai pensar em mim. E eu... Vou estar aqui te esperando.
O garoto saiu do campo de visão de e entrou numa sala. Ela ainda tinha raiva da forma como Dean agia. Ele desconsiderava o que ela sentia, tirando as conclusões que ele achava conveniente.



- Você tava chorando? - perguntou, assim que viu entrar na sala, onde ele já estava, praticamente jogando suas coisas na carteira e com a cara meio vermelha.
- O Dean veio falar comigo... - sentou meio violentamente, fechou os olhos e suspirou longamente na tentativa de se acalmar.
- Hm... Tinha que ser. - O garoto ao seu lado disse como se concluísse algo. - Calma aí. - Ele pensou por um momento. - Vem, vamos sair daqui.
E a puxou para fora da sala; os dois foram para a grande quadra do colégio, onde uma aula de Educação Física começaria em alguns minutos.
- Pode falar. - a segurava pela mão.
- Falar o quê?
- O que o sem noção do Dean queria com você. - rolou os olhos. - O que ele fez pra você ficar desse jeito?
- Ele não fez nada comigo, . Só me disse umas coisas sem noção, como você já sabe. - Ela forçou um sorriso.
- Que coisas?
- Isso não importa muito... - Ela se aproximou mais de e encostou a cabeça no ombro dele.
- Importa sim. Eu quero saber. Se você não me disser, vou perguntar diretamente a ele.
- Não! Nem pense em fazer isso, . Se você for falar com ele, vou ficar chateada.
- Você já está chateada, se não percebeu. Fala logo, antes que eu descubra, . E fale a verdade, porque eu realmente quero saber.
deu um longo suspiro e sorriu ao ver a cena. Ela se fazia de forte, mas, na realidade, era muito indefesa.
- Bem, ele só foi falar comigo que não gostou da forma como nós terminamos. Acho que queria dar uma nova chance pra gente...
- Aham. E o que mais? - fazia uma cara paciente e acariciava o rosto de , enquanto ela falava.
- Mais nada... - Ela respirou fundo.
- ! - bufou.
- Aí eu pensei que ele queria falar outra coisa comigo e acabei falando de nós dois. - Ela disse rápido. deu um sorriso meio involuntário.
- E qual foi a reação daquele otário? - Ele ainda ria.
- Não ri, . É sério. - o olhou e ele logo voltou à expressão de seriedade e compreensão.
As pessoas que iam para a Educação Física passaram nessa hora. Elas pareciam ter seus olhos grudados na cena da arquibancada e se afastou de , meio desconfortável.
- Pode continuar. - ignorava os olhares.
- Olha, não fica com raiva...
- Mas se você mesma ficou! Fala logo, . Você tá me deixando nervoso.
Um suspiro.
- Ele falou que vai me esperar. Que gosta muito de mim e que só comigo ele seria feliz. Ele disse que nós dois não duraríamos muito, porque eu só estou empolgada com uma coisa nova na minha vida, mas que você não tem muito a ver comigo e ele vai estar me esperando até que essa tal luz ilumine minha mente.
Quando ela terminou de falar, fechou os olhos e ficou sem falar nada por uns segundos.
- O que foi? - o olhou sem entender o que estava havendo.
- Nada. - disse sério.
virou para frente e começou a observar algum jogo que se iniciava.
- , o que você achou disso tudo? Tipo, você não me levava a sério até uns dias atrás. E hoje? O que você pensa sobre mim hoje?
passou a mão nos olhos como se quisesse se limpar das lágrimas anteriores.
- , eu não queria gostar de você... Só eu sei o quanto eu quis resistir à idéia de que eu sentia alguma coisa por... você. Mas eu... Você mudou tanto e eu fiquei sem desculpas pra me convencer de te odiar ao invés de me apaixonar. Eu preciso de você, entende? Gosto de estar com você. Você me faz bem.
Conforme soltava as palavras, o sorriso de aumentava e ela escondia o rosto, a essa altura, num tom avermelhado.
- Você tá rindo de mim, ? - Ela ainda tentava esconder a vergonha.
- Não, claro que não, . - segurou delicadamente seu rosto e selou seus lábios, iniciando um beijo rápido, mas significativo.
Eles separaram os rostos e começou:
- Eu sou péssimo pra falar. - Ele chegou para mais perto e ela recostou a cabeça nele novamente. - Mas eu nunca senti por alguém o que eu sinto por você, sabe? Eu também tinha medo de admitir, porque, afinal, você é a . A mala da . Mas eu acho que seu jeito certinho de ser me deixou louco e eu me apaixonei pela garota mais chata do mundo. - ria e fazia o mesmo, enquanto aproveitava o momento. – Ei, por que você tá chorando, sua boba? - Ele limpou algumas lágrimas.
- Não sei... - Ela sorriu e passou uma mão pelos olhos.
- Eu nunca pensei que você fosse tão frágil, . - ria, sem deixar que saísse da posição em que se encontrava.
- Eu não sou! - se afastou um pouco e tentou uma cara de má. riu.
- Tudo bem. - Ele a puxou de novo.

- ! - Ouviu-se uma voz feminina, alta e rouca. Eles se separaram rapidamente. - O que vocês dois estão fazendo aqui? Resolveram matar aula? Eu esperava isso do , mas de você, ?! - Os dois ficaram meio sem graça diante da falação da inspetora. - Levantem e vamos.
Fizeram conforme o mandado e a seguiram.

A inspetora parou de repente e os olhou com uma mão no queixo.
- Você deixou aquele seu namorado decente pra ficar com esse garoto? - Ela olhou para e apontou para .
- Eu... - A garota começou a falar, mas foi interrompida.
- Não. Não precisa dizer! - E continuou andando com os dois atrás. - Pois bem... - Ela se aproximou de uma bancada com uns papéis em cima e começou a procurar. Quando encontrou os papéis que buscava, os preencheu devidamente e entregou um para cada um. Eles teriam que trazer as advertências assinadas pelos pais no dia seguinte.

- Motivo: demostrações públicas de afeto em horário impróprio. - leu em voz alta para e . Todos estavam na mesa da cantina. ao seu lado. - Essa mulher é louca...
- E vocês estavam fazendo o quê, hein? - esboçou um risinho.
- Conversando, sua idiota. - respondeu.
- Aham. E a mulher inventou isso do nada? - apoiou .
- Ela é louca. - resmungou após.
- O Dean tá olhando pra cá. - sussurrou para a amiga.
- Bom, eu não posso fazer nada. - Ela deu de ombros.
- Ele está com o olhar fixo em vocês...
- Você tá querendo me assustar, ? - murmurou.
- Talvez... - A menina riu.



e estavam juntos. Não oficialmente ainda, mas, ao que tudo indicava, logo oficializariam o relacionamento. A garota ainda tinha um pouco de receio sobre o que provocaria em Dean a visão dela e de muito próximos. Sentia-se, ainda, culpada, então evitava grande proximidade com quando Dean estava por perto.

- Eu tô ansiosa. - comentou com . Eles estavam na aula de geografia e todos estavam sentados em duplas, já que o professor parecia não estar a fim de dar aula naquele dia, então pediu que se sentassem juntos para checar qualquer possível dúvida relacionada à matéria.
- Relaxa, . Faltam duas semanas ainda. - continuou anotando a matéria passada pela professora.
- Eu sei! E isso é pouco tempo, . - A garota batia com os dedos feneticamente na cadeira. , que sentava atrás de , conversava com e e concentrava-se em seu celular.
- Vocês vão se sair bem. Tenta esquecer um pouco disso...
- Ah, é fácil pra você falar... De qualquer forma, eu fico ansiosa por mim e pelo . - olhou para o garoto de rabo de olho. - Você percebe como ele é desligado? Eu aqui quase arrancando os cabelos e ele numa boa...
- ... - deu um suspiro razoavelmente alto. - Olha, o está certo e você sabe disso.
- Então eu estou apenas com raiva dele porque ele consegue ficar assim e eu não? - lançou um olhar desesperador de para a amiga.
- É. Acho que é isso. - voltou seu olhar para os livros fechados em sua mesa.
- Ai, que vontade de tomar um sorvete! - ainda batia com os dedos impacientemente na mesa.
- , você é louca? Quer congelar? Tá o maior frio hoje! Olha, se você não sossegar, eu vou sentar ali. - apontou para um canto onde havia um lugar vago.
- Você não teria coragem. - disse de forma óbvia. Ninguém sentava ali. Era o lugar mais próximo ao aluno mais estressante da turma. Ele costumava fazer comentários bobos a cada dois minutos no meio das explicações de matérias, cutucando e lançando risadas na direção de quem estivesse ao seu lado, mesmo que essa pessoa fizesse cara feia e o ignorasse totalmente.
- Claro que eu teria, ! Quer apostar? - perguntou séria.
- Isso é injusto! - ela fez, novamente, a cara de desespero. - Você tem obrigação de me aturar, . Eu sou sua amiga.
- , por que você tem que ser tão dramática? - deu uma sacudida no ombro dela. – Relaxa!



- Obrigada, ! - sorriu, após pegar o sorvete de chocolate da mão dele.
- Louca... - Ele balançava a cabeça em reprovação. Fazia, realmente, muito frio naquele dia. e estavam sentados com na mesa da sorveteria, onde havia apenas o grupo de e um casal.
- Fica quieto. - Ela provou o objeto de seu desejo no momento. Fechou os olhos e suspirou feliz.
- Acha que isso pode acalmá-la por quanto tempo? - se dirigiu a , que também observava a garota com o sorvete.
- Olha, não posso garantir nada. Mas tenho certeza que enquanto ela estiver com o sorvete, estamos seguros... - Eles riram.
- Eu não vejo graça nessas brincadeirinhas de vocês... - balançou a cabeça e fez cara de entediada.
- É melhor você começar a ser boazinha com a gente... - ria.
- Por quê? Senão vocês sentam perto do mala e me abandonam? - ainda estava distraída com o sorvete.
- Não, senão colocamos você perto dele. Já que só tem um lugar. - dava um risinho.
- Vocês não teriam coragem.
- Acho que a iria encher tanto o saco dele que ele sentaria no lugar dela, perto de nós... - fingiu refletir sobre o assunto, olhando séria para os dois rapazes ao redor. arregalou os olhos e abriu a boca.
- Coitadinha dela, ... - apertou as mãos no rosto de levemente. - Relaxa, meu amor. Não vou deixar eles te mandarem praquele lugar. - ele lhe deu um beijo na testa.
- , larga meu rosto! - falou com dificuldade e com uma voz estranha devido ao aperto de suas bochechas. Ele sorriu e se ajeitou em seu lugar novamente, dando uma lambida no sorvete alheio. - É muito feio isso que vocês estão fazendo comigo, viu? - A garota tentou pôr indignação em sua voz e feições. - Parem de rir de mim!

Capítulo 26

- Como todos vocês sabem, amanhã é o grande dia... - Sr. Thompsom falava, calmamente, aos alunos em uma grande roda formada no centro do palco. Todos estavam com caras de expectativa e ansiedade.
Era a primeira apresentação de e ele sentia-se feliz por estar ali, ainda que uma ansiedade imensa, que não permitia que o garoto se concentrasse em uma determinada atividade por mais de um minuto, fosse o sentimento mais aparente naquela hora.
Todos buscaram ouvir atentamente às orientações do professor que, ao final, pediu a um grupo que esperasse para sair, pois havia orientações aos que nunca tinham feito parte da equipe.

- ! - Dean se aproximou da garota por trás, enquanto ela andava lentamente, na tentativa de esperar por . Ela virou com certa impaciência.
Dean procurava por ela frequentemente nos últimos dias, sempre com alguma desculpa sem noção. estava meio sem paciência para ele e sentia-se impaciente para seus assuntos.
- Oi, Dean. Tudo bem com você? - Tentou ser tão simpática quanto sua paciência lhe permitiu.
- Tudo ótimo! - ele sorriu abertamente. - Então, você tá pronta pra amanhã?
- Ah, acho que sim, Dean. Já sabemos como isso acontece, não é mesmo? - Forçou um sorriso e tentou voltar a andar, mesmo sabendo que ele a perseguiria.
- Claro... - Ele começou a acompanhá-la. - Mas, você sabe, é sempre diferente. Fora que pode ser surpreendente, não é mesmo?
- É verdade... Mas espero que seja surpreendente de uma forma positiva, né? - se obrigou a encará-lo por um momento.
- Sim. Não tem porque algo dar errado, não é? Ensaiamos tanto. Você ficou tão bem cantando aquela música que... - Ele sorria lembrando-se dos ensaios.
- Pois é. O é um ótimo professor, além de ser bom em outras coisas também... - Ela sorriu.
- Verdade. Tenho que admitir que ele atua bem... Até deu umas idéias legais. Tomara que ele acerte amanhã.
- Por que ele faria algo errado? - ainda o encarava, agora um pouco de raiva.
- Eu não sei. Por falta de costume, talvez. Acho que ele...
- ! - Os dois ouviram uma voz conhecida se aproximar. A garota respirou aliviada pela interrupção.
- Bom, nos vemos amanhã. - Dean parou de andar, virou-se de frente para ela e deu um beijo em seu rosto, começando a andar mais rapidamente na direção oposta em seguida.
, já parada, observou se aproximar.
- Interrompi alguma coisa importante? - Ele chegou perto com cara feia.
- Depende do que você considera importante. Faltava pouco pra eu me esquecer de como se finge simpatia... - o olhava, séria.
- O que ele queria? - perguntou, emburrado. já tinha se acostumado a esse tipo de reação. Era assim sempre que o assunto era Dean.
- O de sempre. - Ela bufou e os dois começaram a andar.
- O que é o de sempre?
- Você sabe, . Aqueles assuntos chatos dele. - Ela rolou os olhos.
- Sei. E o beijo no final...
- Pois é. Ele não pode perder a chance, né... - A garota tentou um sorriso para mudar o assunto.
- Eu não sei por que você tem que ficar de papo com ele. - andava ao lado de , mas olhava pra frente o tempo todo com a cara mais fechada que sabia fazer.
- Eu não fico de papo com ele... Só respondo quando ele começa a falar comigo. - Ela tentava acompanhar os passos rápidos.
- Mesmo sabendo o que ele quer de verdade...
- O que você quer que eu faça? - tentava manter o tom mais amigável possível.
- Nem adianta eu falar, você nunca vai fazer nada mesmo...
- Se o que você quer é que eu bata nele, pode esquecer mesmo. Já disse que não posso chegar do nada e estapear o coitado...
riu.
- Seria legal se você desse pelo menos um soco naquela cara de idiota dele. - já andava mais devagar e sorria um pouco.
- Eu não sei bater assim... Talvez se eu treinasse um pouco. - Ela entrou na brincadeira.
- Eu queria ver se aquela loira ficasse em cima de mim assim... - provocou.
- Qual loira? - o olhou rapidamente. - Aquela com quem você costumava se agarrar? Ela nem era loira, !
- Esse era só um detalhe... Ela era interessante.
- Claro... - deu um sorrisinho nervoso.
- O que foi? - a olhava meio feliz pela reação da garota.
- Nada. Nem vou responder a essa sua pergunta ridícula, .
- É ridículo porque não é com você, né? - O garoto cruzou os braços e virou o rosto pro outro lado.
- Não... É ridículo você querer comparar o Dean a essa garota aí que você nem se lembra do nome!
- É claro que eu me lembro do nome dela! Só não disse porque você não reconheceria. E não sei o que tem de ridículo nisso. Eu não aguento mais esse Dean!
- Eu também não aguento, mas não posso me livrar dele, ! - falava um pouco mais alto. - Eu já disse pra ele que prefiro ficar com você... Já fiz o que podia! Sinceramente? Você é muito ciumento. - Ela tentou esconder o rosto após a fala.
- Eu sou ciumento, ? - parou de andar e fez uma cara totalmente indignada.
- É. - A garota tentava não deixá-lo totalmente irritado. - Não tem motivo pra você ficar assim, .
- Ah, não tem?
-Não.
-Porque não é com você. Já te disse isso.

Capítulo 27

Enfim, o dia tão esperado chegou. A agitação atrás do palco era tão grande, que de dois em dois minutos algum pequeno acidente acontecia, como a bolsa, com as escovas das sereias, ficar na van e um dos piratas ter que sair para pegá-la, assustando algumas pessoas na rua.
não saía da frente do espelho, ajeitando sua camisola de Wendy e retocando a maquigem. Estava nervosa, e isso transparecia em sua expressão, enquanto repassava suas falas em frente ao espelho.
- Olha essa Wendy... - apareceu por trás dela que sorriu ao encará-lo pelo espelho. - Não esqueça que eu vou surgir no seu quarto no meio da sua noite de sono. Tenho certeza que a Wendy não estaria tão coberta de maquiagem.
- Pára com isso, ... - Ela sorriu, sentindo que seu sorriso parecia demente. Virou-se e o encarou.
estava perfeito; mesmo com aquela roupa nada convencional de Peter Pan. sempre achara Peter Pan apaixonante, mesmo sendo aquela criança com uma roupa estranha e um chapéu de pena.
- Agradeço se não rir muito de mim. - ficou um pouco sem graça, ao ver um sorriso enorme se formar no rosto de .
- Você está... - o abraçou pela cintura, de frente para o mesmo. - estonteante.
- E você está a Wendy mais sexy que eu já vi.
Os dois se beijaram lenta e intensamente por alguns segundos, até um grito afastá-los. Tranqüilizaram-se ao perceber que era apenas mais um grito de nervoso do Sr. Thompson; ele ficava muito vulnerável em dias de apresentação.

voltou a se olhar no espelho e a respirar profundamente, tentando acalmar-se.
- Por que esse nervosismo todo? Eu não estou tão nervoso. - a interrompeu, virando-a de frente para ele. - Você que tem anos de experiência devia estar mais acostumada.
- Tenho anos de experiência como atriz, não como cantora. - tentava se livrar dos braços de Peter Pan inutilmente. - Desgruda um pouco, !
- Do jeito que a gente ensaiou você ainda consegue ficar nervosa? - Ele se afastou um pouco. - Vamos ensaiar mais uma vez então. 'You make me wanna fly...' - Ele começou a cantar.
- Não, não! - segurou-o pela cabeça. - Sem ensaios! Só preciso me acalmar!
- Ah, isso eu sei como fazer. - E ele a beijou de novo. Desta vez ela não moveu um músculo recusando, e nem se importou de bagunçar a arrumação de 1 hora feita no cabelo de . Em poucos minutos, os dois já estavam despenteados, e a camisola de Wendy amassada, enquanto a mesma permanecia prensada contra a parede.
- Cof-cof! - Os dois se separaram, ao ouvirem alguém tossir. Quando viraram, viram Sr. Thompson com duas menininhas, que aparentavam seus seis, ou sete anos.
- As sobrinhas da diretora quiseram vir conhecer os personagens. - Ele encarava o casal, com certa fúria nos olhos. - Só faltava ver vocês dois, o Peter e a Wendy.
- Olá, meninas! - tentou fazer uma voz fofa e uma expressão feliz, mas estava vermelha e ofegante. As duas crianças os encaravam com expressões meio assustadas.
- Acho que elas estão com vergonha. - O professor disse, ao perceber o silêncio estabelecido no lugar. – Venham, meninas, a tia de vocês está logo ali. Podem ir com ela, que eu já vou.
e se seguravam para não cair na gargalhada.
- Pelo amor de Deus, vocês dois! Que vergonha! – O professor levou as mãos aos olhos. - Que vexame vocês me fazem passar! Não acham que deviam estar se arrumando ou repassando as falas ao invés dessa palhaçada aqui? O que essas meninas vão pensar? O que vão dizer pra diretora? Olhem, acho bom que vocês dois...
E assim, ouviram calados, um discurso longo e nervoso, que só foi interrompido quando outro imprevisto aconteceu: o chapéu do gancho sumiu.
- Não pensem que não estou de olho em vocês... - Thompson saiu, e os dois, enfim, caíram na risada. Riam tanto, que tinham que se apoiar em mesinhas para manterem-se de pé.
- Essas meninas nunca mais vão assistir Peter Pan com os mesmos olhos! - tentava falar, controlando seu riso.
- Não acredito, cara... Que vergonha! - enxugava algumas lágrimas que desciam pelo seu rosto. – Olha, , só você mesmo pra me meter em situações como essa!
- Você que quis que eu te fizesse relaxar, eu só tava te ajudando!
- Acho que a Wendy e o Peter iriam dançar com as fadas para relaxar. E é o que nós vamos fazer então!
- Ai, meu Deus, ! O que houve com você? Eu acabei de te arrumar! - Uma das assistentes que ajudava com o figurino apareceu, indo na direção de . - Vem comigo.
E assim, foi levada dali, lançando um último olhar para . Aquele olhar conseguiu acalmá-la.



Tudo pronto. Todos no lugar. A cortina vai abrir. A peça começa com uma música instrumental. Logo, a família de Wendy entra em cena e um diálogo se inicia.
Tudo ocorre perfeitamente bem, até a cena que Wendy começa a chorar, por seu pai resolver mudá-la de quarto na noite seguinte. Peter Pan aparece em sua primeira cena. Estava tão 'Peter Pan' que precisou observá-lo atentamente por alguns segundos, parado no parapeito da janela, antes de retomar sua fala.

[...]

- Vamos comigo, Wendy! Para a Terra do Nunca!
- Mas eu não sei voar, Peter.
- Eu te ensino.


[...]

- João, Miguel e Wendy! Fujam, e deixem que eu cuido do gancho!
- Desta vez você não me escapa, Peter Pan!


[...]

- Olhem lá, um pássaro branco estranho!
- A Sininho está dizendo que o Peter quer que matemos o pássaro!
- Então vamos!


[...]

- Não é um pássaro. É uma... Garota...
- O que vocês fizeram, seus imbecis?
- Peter! Foi a Sininho... Ela que disse que você queria matássemos, e...
- Pare de chorar, seu resmungão!


[...]

- A Wendy vai ser a mãe de vocês!
- Mamãe!
[gritos]


[...]

- Olhe, Peter! São Sereias!
- Quer chegar mais perto?


[...]

A peça toda corria tão bem, que o Sr. Thompson até sorria de sua cadeira. estava sentada ao lado de , logo na primeira fila. Os dois também sorriam, orgulhosos dos amigos.
e também estavam lá, assistindo não tão de perto.

- Nós estamos nos esquecendo de casa e de nossa mãe, Peter - Wendy se lamentava. - Nós vamos voltar para casa!
- Vão embora então, vocês todos, e cresçam! - Peter disse aborrecido.
Wendy se mostrava triste, enquanto os Meninos Perdidos comemoravam, felizes, porque teriam uma mãe de verdade.


Wendy saía lentamente do esconderijo de Peter Pan, esperando que o Capitão Gancho aparecesse com os demais piratas para sequestrá-los. Ficou surpresa ao ver que não havia ninguém.
- Muita calma... - Sr. Thompson dizia, tenso, mesmo sem saber que ninguém podia ouví-lo do palco. Murmurios vinham da platéia, que não entedia a falta de ação no palco.
não sabia o que fazer. Já lidara com improvisos antes, mas nada como aquilo.
- Bem... - Ela começou a falar. - Vamos ficar por aqui, já que vai ser perigoso sairmos voando por aí a esta hora...
Mas o Gancho apareceu. Sozinho. Todos, sem exceção se assustaram, tanto no palco como na platéia, devido à aparição inesperada do pirata, saltando no palco perto de . Até o professor levara as duas mãos ao coração.
- Então, Wendy... - Gancho dizia, colocando uma pequena faca no pescoço de por trás, a enforcando. - Preparada pra ver seu amor morrer?
Mas arregalou os olhos, e todos os demais no palco também o fizeram, ao perceber que aquela fala não estava no roteiro, já ensaiado tantas vezes.
- O que está fazendo? - perguntou baixinho, para o rapaz, que a enforcava com certa força. Sr. Thompson sabia que alguma coisa estava errada, assim como todos da platéia. Mas a certeza só veio, quando uma das mãos do Gancho, que não estava enforcando com a faca, desceu por seu corpo, de forma provocante, parando em uma de suas pernas.
- Você vai ficar bem, não se preocupe, querida... Não vou te machucar... - Gancho a abraçou com os dois braços pela cintura, colando sua boca no pescoço dela em seguida. - Só fique quietinha aqui.
A expressão de era de horror. O que ele estava fazendo? O que tinha dado no Paul? Nenhum dos meninos sabia o que fazer, assim como a garota.
- Pare com isso, Gancho! - resolveu improvisar, tirando uma das mãos do Gancho de sua perna. - Isso... não se faz!
estava em outra parte do cenário, onde não podiam vê-lo, fingindo que dormia. Por isso não podia ver o que acontecia. Porém percebeu que havia algo errado, ao reparar em mudanças nas falas e na demora.
- Não se preocupe... – o Gancho disse baixinho em seu ouvido. - Vou me livrar rápido dele, e você vai perceber que foi o melhor que podia acontecer. Eu só vou apressar um pouco as coisas.
O estômago de se retorceu assim que um estalo a atingiu e ela percebeu de quem era aquela voz. Certamente não era de Paul. Olhou para trás, tentando ver o rosto que lhe envolvia nos braços, por baixo daquele chapéu de pirata e aquele tapa-olho.
- Dean?! - ela perguntou, espantada.
Os Meninos Perdidos também perceberam, assim que viram o choque de . O professor foi o próximo a perceber.
- Dean! Ai, meu Deus! O que aquele maluco está fazendo ali? - ele falava, com suas assistentes próximas. - Onde está o Paul?
- Dean... - começou a falar. - O que está fazendo? Isso não tem a menor graça, ok? Você está arruinando a peça!
falava baixo, então só quem estava no palco podia ouvir. A platéia se esforçava para conseguir ouvi-la também.
- Esse Peter Pan! Esse garoto infantil! Esse infeliz estúpido, que tinha que tirar uma coisa de mim, vai me pagar de uma vez por todas! - Dean gritava.
- Aquele é o Dean?! - perguntou, arregalando os olhos.
- Ai. Meu. Deus. - disse, lentamente.

- Gancho! - se soltou dele. - Eu sei que ele tirou a sua mão. Mas siga em frente, pelo amor de Deus! O mundo não acabou por causa disso!
- Eu vou desmaiar! - Sr. Thompson tombava para trás. Suas assistentes tentavam acalmá-lo. queria sair de onde estava e ver o que acontecia.
- Minha vida nunca mais vai ser a mesma sem a minha mão! - Dean gritou, levantando sua faca.
- Gancho - um dos Meninos Perdidos o interrompeu -, você está tenso, mas nós vamos te acompanhar até o seu navio, ok? Não precisa...
Mas antes que o pobre Garry terminasse sua fala, o Gancho fechou o punho e deu-lhe uma pancada forte, fazendo com que o mesmo cambaleasse para trás.
- Cale a boca! - Ele gritou. - Saiam da minha frente, todos vocês! Eu vou matar esse Peter Pan! - Ele levantou sua faca.
E então, pôde ver, que aquela não era a faca que eles usaram em todos os ensaios, e sim, uma faca de verdade.
- Não! - o agarrou por trás. Alvoroço no palco.
- Me solta, Wendy! - Ele tentava se desgrudar da garota.
- Dea... Gancho! Por favor! Não faz nada! Vamos conversar depois, por favor! - Ela quase chorava. Dean estava louco, completamente pirado. Tinha invadido a peça, e pretendia fazer alguma besteira.
- Pára! - ele gritou na cara de , segurando, firmemente, em seus dois ombros. - Escuta... Eu te amo.
Espanto na platéia.
- Nunca deixei de te amar, e não vou deixar.
E então, o Gancho a beijou. A beijou intensamente, fazendo com que todas as mães tapassem os olhos de seus filhos.
já percebera a confusão, e não sabia o que fazer, porque não sabia exatamente o que estava acontecendo. Não sabia que era Dean ali, e não sabia se deveria ir pra lá.
- O Gancho tá beijando a Wendy?! - Alguém gritou lá de trás. - Irado!
se levantou rapidamente, e foi até o outro lado do palco, com raiva. tentava se afastar de Dean, mas não conseguia. o puxou, e o segurou pela camisa.
- O que pensa que está fazendo, seu idiota? - ele perguntou. - Dean?
Então Dean puxou sua faca e esticou-a na direção de .
- O que você acha que está fazendo, seu retardado mental? - perguntou, indignado. - Acha que ela vai querer ficar com você assim?
- Não sei. Mas tenho certeza que com um cadáver ela não vai poder ficar. - Dean começou a correr atrás de , que fugia do mesmo. Gritos por todos os lados. A corrida fazia o palco tremer.
- Alguém faz alguma coisa! - pedia assustada a alguns dos integrantes da peça. Eles até tentavam, mas não adiantava, já que todos pareciam muito confusos com o ocorrido. E, para a maioria presente ali, o corre-corre era parte da peça.
De repente os dois pararam. achou que correr era uma idéia ruim e começou a tentar alguma interação, mesmo que o olhar de Dean o assustasse.
- Desista, Gancho! Você nunca vai me vencer! - E puxou sua pequena espada de atuar. Dean deu uma gargalhada, ainda com o tal olhar ameaçador.
- Você sabe o que eu quero. Sempre soube. Mas dificultou as coisas pra mim... Agora chegou minha hora, Peter Pan. - Ele andava apontando a faca para , que dava passos curtos para trás, com medo de tropeçar em alguma parte do cenário.
- O que você quer de mim, afinal?! - parecia assustado, já que não sabia o quanto o garoto a sua frente tinha de loucura e também por não perceber movimento algum contra aquela ação.
- Você sabe que a Wendy deveria ser minha! E você tirou isso de mim. - olhava meio horrorizada para Dean. Ela realmente não conhecia esse lado dele.
A platéia parecia perdida com a "nova versão" de Peter Pan apresentada.
- Do que você tá falando? Ela fez a escolha dela! - dizia.
- Você atrapalhou tudo! Acha que ela teria terminado comigo se você não a tivesse seduzido? - deu um risinho de lado. - Do que está rindo?! - Dean se aproximou ainda mais de , que, dali uns cinco passos, estaria sem ter pra onde ir.
- De... Gancho! O que você tá fazendo? - se aproximou dos dois. Ela ainda achava que pudesse ser uma brincadeira. - Você poderia me explicar?
- , querida, as coisas evoluíram pra isso. Sinto muito, mas chegou a hora do ... - Dean sorria meio loucamente e fazia cara de pavor. Afinal, será que ninguém faria nada?
- Do que você está falando? - começou a perceber certa seriedade naquela confusão e também entrou em desespero.
- Wendy... - Dean suspirou. - Se eu não posso ficar com você, não quero que ele fique... Meu amor, eu te dei tantas chances, fui tão paciente... O que você tinha na cabeça quando me trocou por ele?! - Dean apontou para com desprezo.
- Você não pode estar falando sério, Dean! - A garota entrou no pequeno espaço que o separava de . Era mais seguro que fosse ela ali. Se ele a amava tanto assim, não a faria mal nenhum. ainda estava meio em choque com tudo aquilo e não conseguiu pronunciar mais nada. - Larga esse negócio agora, vamos conversar.
- Sai daí, Wendy. - O garoto tentou parecer entediado. - Não quero machucar você, querida. - Ele passou 'carinhosamente' uma mão no rosto dela, que parecia estar em pânico pela cara que fazia.
- Se você não quer me machucar, vamos sair daqui; acabar com essa palhaçada de uma vez. - Estava nervosa, já que não sabia se lidava com uma brincadeira de muito mau gosto ou com uma pessoa louca.
- Só vai acabar quando eu quiser que acabe... - Dean sorriu de um jeito compreensivo, como se quisesse mostrar que ainda a amava e que teria a paciência que fosse com seu amor. - Agora me dá licença, ok? Queremos ver o final disso, não é? - Ele tentava afastar a garota com um braço. Ela resistia. - Wendy... - Ele bufou.
- Dean... - suplicou com o olhar.
- Pára de me chamar de Dean. Estamos atuando. - Ele disse, baixo, em tom repreensivo. - Agora me dá licença logo. - Tentou afastá-la novamente sem força, mas ela relutou. Então ele a empurrou mais forte. Todos viram a Wendy cair no chão e deslizar uns metros dali no piso totalmente liso.
- ... - resolveu se pronunciar e andar na direção dela para ajudar. Mas Dean entrou na sua frente com sua faca que parecia estar afiada. Ele foi obrigado a parar. - Que merda, garoto! Fala logo o que você quer. - pensou em dar algum tipo de golpe em Dean. Algo que o fizesse soltar aquela faca e ficar de igual pra igual. Mas era arriscado. Ele poderia precipitar alguma reação violenta.
- Eu só queria dizer que você não vai mais fazer das suas por aí. Não vai mais tirar de ninguém a pessoa que ele ama. - Ele guiava contra o cenário do fundo.
- Por que você não esquece isso e segue em frente, cara? - tentava acalmá-lo. - Eu sei que você pode ser feliz com outra pessoa. Alguém que vai te amar de verdade.
- Ela me amava! Até você estragar tudo! - O garoto gritou e foi mais para cima. fechou os olhos num reflexo do medo. - Chegou sua hora, Peter Pan. - Dean segurou a gola de e fez um corte superficial do lado esquerdo do rosto dele. Pretendia começar pela parte que mais chamasse atenção no garoto.
Steve ajudava a se levantar. O público olhava envolvido para os personagens no palco, imaginando qual seria a hora em que o Peter Pan reagiria e acabaria com a festa do Capitão Gancho.
Dean começou a imprensar , que tentava não perder o equilíbrio, enquanto sentia o rosto arder no local do corte.
Quando chegaram onde não havia mais para onde ir, Dean começou a preparar um movimento certeiro com a mão da faca.
tentava pensar rápida e desesperadamente numa forma de sair dali. Todos ouviram um grito vindo de e Dean se assustou, virando-se para trás em seguida. Foi quando conseguiu o momento que precisava. Ele deu um chute no garoto a sua frente. Quando se preparou para ir pra cima dele, na tentativa de imobilizá-lo, dois professores, além do Sr. Thompson, apareceram e o fizeram. O garoto respirou aliviado e se jogou no chão, cansado da 'luta'.
andou até onde ele estava, querendo saber o que houve, se ele estava muito machucado.
- Desculpe por isso. - Ela ainda estava nervosa e chorava.
- Desculpar pelo quê?
- Pelo Dean! - Ela gritou alterada. Tinha sido o pior momento de sua vida; o mais assustador e estranho.
- Você sabe que a culpa não foi sua... - o abraçou forte. - Fica calma, . Tá tudo bem agora.
- Ele queria te matar mesmo. Como ele pôde? Ele é tão calmo...
- Não sei... Mas não vou deixar isso barato.
- Você vai querer matá-lo também? - olhou para que não conseguiu não rir da conclusão da garota. - Caramba. Seu rosto... A gente tem que ir pra um hospital. Tá doendo muito?

Sr. Thompson começou um interrogatório sobre o que Dean pensava que estava fazendo, se ele era louco, onde arranjou aquela faca e por que fez aquilo.
Dean se rebatia nas mãos dos professores, afirmando que era só uma brincadeira, que o que ele quis foi dar mais emoção à peça.
- Antes de você querer dar mais emoção, pergunte se pode! - O professor berrou.
- Ele queria me matar! - surgiu com nos bastidores, onde os professores e Dean se encontravam.
- Claro que não! Por que eu faria isso?
- Você sabe que é verdade. Olha o que você fez comigo! - falava com raiva, apontando para o rosto.
- Foi sem querer! Eu só estava atuando. Perdi o controle e te machuquei sem querer...
- Vocês não acreditam nessa história né? - interferiu, dirigindo-se aos professores.
- Nós vimos e ouvimos tudo. - Um dos professores, que estava, inclusive, muito bem arrumado para a ocasião, disse. - Infelizmente vamos ter que resolver isso de outra forma, Dean. - Ele olhou para o garoto. - Todo mundo viu o que você fez... As ameaças... Você agrediu a e o . E ainda por cima amarrou o Paul... Acho que está encrencado.



- Cara, nunca tinha visto uma coisa assim numa peça! – dizia, com os olhos brilhando.
- Cala a boca, ! - o repreendeu. Estavam todos, , , , , , Cindy e , na salinha de enfermaria do colégio. O diretor permitiu que a mãe de um dos atores, que era enfermeira, ajudasse com o curativo de .
- Ainda acho que devíamos ir pra um hospital. - disse, de sua cadeira na sala.
- Não precisa. Não foi nada profundo; é só cuidar direitinho. - A mulher explicou.
- Que garoto psicopata, cara. - falou meio indignado com o que Dean aprontara. Ele estava assustado com o que vira. - Eu sabia desde o início que não era coisa da peça! Vocês viram as caras que ele fazia?
- É verdade. O sabia. - Cindy falava. - Ele comentou comigo se fazia parte da peça que o principal morresse, porque era isso que o Gancho parecia decidido a fazer de qualquer jeito. - Após a fala, voltou a chorar.
- , não fica assim... Já passou. - tentava consolar.
- Eu sei... Mas nós corremos risco. - Ela enxugou as lágrimas. - Como eu pude acreditar que o Dean era normal?!
- Todo mundo acreditava, . - estendeu uma das mãos e acariciou a dela.
- Ele sempre pareceu tão comum... Tão bonzinho. - Foi a vez de .
- As aparências enganam... - deu um risinho.
- Eu sempre soube que ele era estranho. - opinou. - Muito certinho. - Ele balançou a cabeça em negação.
- E daí? - virou para ele indignada. - Não existem garotos certinhos e normais?
- Talvez não. - suspirou. - Que noite traumatizante... A sua primeira apresentação. – E olhou para .
- Vamos ter outras chances. - Ele sorriu.
- Você pretende continuar no teatro? Mesmo agora que não precisa? - quis saber.
- Claro! Eu amo o teatro! - Ele sorriu. e bufaram.

Capítulo 28

As coisas parecem estar dando certo agora. O realmente gostou dessa coisa de atuar. Ele pegou os lugares dos melhores nas nossas peças e estava se dedicando muito àquilo.
Uma semana depois do ocorrido com o Dean, ele mandou flores pra mim em todas as minhas aulas de segunda-feira. Em cada aula, um buquê com flores diferentes, sendo que na última, rosas vermelhas, para fechar triunfante o dia, havia um cartão: "Quer ser minha namorada?".
Imaginei que se olhasse para a porta da sala o veria sorrindo para mim, esperando por uma resposta. Mas ele não estava lá e, sim, na nossa aula de teatro, para onde fui com a ajuda de e , já que não conseguiria carregar aquelas flores todas.
Quando cheguei lá, ele me disse que a nossa próxima fase deveria começar onde se iniciou a primeira. É claro que eu respondi à pergunta do cartão afirmativamente. Eu amava o . Não um amor bobo e infantil; mas um amor que eu conhecia bem, de admiração e companheirismo.
Em resumo, eu ficava feliz quando o percebia por perto. Não porque ele é meu namorado, mas porque ele me faz muito bem e eu tenho a sorte de tê-lo como namorado.



Cara, preciso dizer que eu estou feliz com minha nova vida. Eu tenho a , tenho meus amigos e faço coisas que eu gosto. Reconheço que levei um tempo para pedi-la em namoro, mas achei que assim fosse ser algo mais certo.
E, realmente, foi. Acho que ela é a pessoa certa pra mim e eu sou o cara certo pra ela. Ela me ajuda a manter os pés no chão e eu a ajudo a tirar os dela de lá.
Eu acho, também, que a amo. Não sei explicar, só sei que sinto falta quando ela não está por perto; e penso nela antes de fazer qualquer coisa: o que ela vai achar, se vai ficar feliz... Qual vai ser sua reação.
Ah, não posso deixar de falar dos outros. O meu pai falou com os pais do e do sobre como o teatro me fez bem; e adivinha só! É, eles também foram obrigados a participarem. Até hoje colocam em mim a culpa por isso. Eu apenas rio deles. Até porque, o mais espantoso é que o conheceu a Sarah nas nossas aulas. E eles decidiram que não iam com a cara um do outro. Vamos ver como será o fim dessa história...
e estão juntos. Ela manda nele descaradamente. E ele obedece feliz.
Ah, o Dean. É, parece que ele está num programa desses que recuperam as pessoas. Acho que o tratamento é meio demorado. Mas eu espero, de verdade, que ele saia de lá bem. E mudado, é claro.
E Peter Pan não foi totalmente excluído de nossas vidas. Na verdade, aquela versão da nossa peça, acabou chamando atenção das pessoas; o que fez com que muita gente se interessasse em assistir à peça. Então nós fomos chamados em vários lugares e a apresentamos mais algumas vezes. Na versão certa, é claro.

Fim.



N/A: (04/10/2009)
P. - Olá gente! Quanto tempo né?
Bye bye Peter Pan! Finalmente terminada! Vou sentir saudades… Ficamos um século pra escrever o final dessa fic, mas acho que ficou realmente bom. É meio emocionante pensar que ela acabou e agora vai ficar aqui parada for ever and ever. :’(
Mas então, vou agradecer por todos que sempre apoiaram a fic, que sempre comentaram e nos incentivaram. Espero de verdade que o fim tenha sido bom pra vocês!
Beijos então gente, e fiquem com Deus! Vem mais fics nossas (minha e da Cah) por aí, aguardem. o//
Amo vocês!

C. - Olá! Como estão?
Resolvemos mandar logo todos os últimos capítulos. Acho que ninguém esperava pelo que aconteceu... Ou esperava? Alguém já tinha percebido algo de ‘suspeito’ no Dean?
Espero que tenham gostado. xD
E também que não tenha ficado muito artificial. Nós pensamos nesse final faz tempo; pensávamos em como fazer a apresentação de uma forma diferente e como dar um pouco mais de emoção.
Então, obrigada por todos os comentários e incentivo. Eu queria falar aqui sobre todas as meninas que comentaram, mas isso levaria muito tempo, e acho que a att já está bem demoradinha, né? Só agradeço muito mesmo, porque em todos os comentários eu senti que vocês têm carinho pela fic, apesar de toda a demora e essas coisas.
Nós também temos muito carinho por todas vocês. :)
Obrigada também a Beatriz, nossa beta, pela ajuda! Tivemos sorte em encontra-la!
Beijos, meninas!

Ah, nós estávamos procurando uma frase legal para deixar aqui pra vocês. Encontramos um trecho do livro “O Diário da Princesa”, da Meg Cabot, e achamos que ficaria bom. Lá vai:
“Aí é que eu fiquei realmente furiosa. Não com Tina. Mas com todo mundo da Albert Einstein. Quero dizer, Tina Hakim Baba é realmente legal e ninguém sabe disso porque ninguém conversa com ela, porque ela não é magra que nem um palito, é meio caladona e vive grudada a um segurança estúpido. [...] Mas depois eu me senti culpada porque, uma semana antes, eu havia sido uma dessas pessoas. Eu sempre pensei que Tina Hakim Baba era uma aberração. A razão por que eu não queria que ninguém descobrisse que eu era princesa era que tinha medo de que me tratassem da maneira como tratavam Tina Hakim Baba. E agora que a conheço eu sei como errei ao pensar tão mal dela”. (p. 196)
É isso! Até a próxima.


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