Capítulo um
O casal perfeito.

Júlio era um garoto feliz, considerado lindo pelas garotas à sua volta, simpático, amigável e romântico. Tinha vários amigos. A grande maioria, verdadeiros. Era popular no colégio onde estudava e fazia o terceiro ano do ensino médio. Tinha uma namorada linda, com cabelos cacheados e loiros, os olhos cor de mel e uma personalidade forte. Em conseqüência disso, era muito invejado. Paula era uma garota bela. Cursava o terceiro ano do ensino médio no colégio estadual da cidade de Juazeiro. Uma cidade pequena e humilde, mas muito visitada pela sua localização próxima ao mar. Paula era popular, pois namorava o garoto mais lindo do colégio: Júlio. Eles eram um casal muito feliz. Desentendiam-se pouco e já namoravam há pouco mais de um ano.
Júlio e Paula ficavam em salas diferentes, mas estudavam sempre juntos para as provas (juntamente com seus amigos).
Paula tinha uma amiga (considerada como irmã) em quem ela confiava muito: Lúcia. Elas sempre saíam para shows e iam ao cinema juntas. Eram muito unidas e tinham muitos gostos iguais. Júlio gostava muito disso. Achava Lúcia uma boa amizade para Paula e sempre a elogiava.
Então, um dia, eles resolveram ir todos ao cinema!

Capítulo dois
Encontro no cinema.

Era um filme de comédia romântica, "O Amor e Suas Dificuldades", e estavam todos muito animados, pois as críticas ao filme eram muito boas. Chegaram ao cinema e Júlio ficou responsável por comprar pipoca. Lúcia se ofereceu para ajudá-lo, argumentando que Paula sempre escolhia os melhores lugares, e o acompanhou.
O filme já estava quase começando e Júlio não chegava logo com a pipoca, então Paula foi apressá-lo.
Paula ficou paralisada quando chegou à entrada. Não havia nada que se passava na cabeça dela naquele momento. Júlio estava beijando a Lúcia - a pipoca espalhada pelo chão. Soltou um grito de dor. Júlio olhou em sua direção e ela saiu correndo, com os olhos cheios de lágrimas pelo shopping lotado. Caía e se levantava, mas sempre seguia em frente, sem olhar para trás.
Paula sofria com aquela cena. Trancou-se em seu quarto por uns dias e não atendia ninguém. Estava isolada, com aquela cena em sua cabeça. A dor em seu peito a cegava a qualquer alternativa. Tinha o olhar de um zumbi. Era simplesmente a pior fase de toda sua vida.

Capítulo três
“Você me perdoa?”

Sua mãe estava preocupada com o que sua filha estava passando, então, como Paula não falava o que havia acontecido, ela resolveu agir por conta própria. Maria, mãe de Paula, ligou para Lúcia para saber o que acontecera. Ela explicou toda a história (sua versão, pelo menos) e Maria a convidou para fazer uma visita a Paula.
Júlio estava confuso. Por que Lúcia fez aquilo? O susto foi tão grande que as coisas que ele estava segurando caíram. Ele tentava se soltar, mas Lúcia não deixava, até ouvirem aquele grito. Então Paula corria desesperada e ele não se sintonizava.
Tentava se comunicar com Paula, mas ela não atendia ao telefone w não respondia seus e-mails. O ódio (de Lúcia) e a tristeza o dominavam completamente. O que ele poderia fazer? Explicar o quê? Se nem mesmo ele entenderia aquela situação, se fosse o contrário? Paula entenderia se ele explicasse?
Tudo que ele queria era ter uma chance de se redimir com sua amada. A única garota que o tinha conquistado. Agora ele estava perdido e indeciso sobre seu futuro.
- Paula, venha aqui na sala. Tem alguém aqui querendo falar com você - disse Maria
O coração de Paula pulou mais alto quando ouviu aquilo. Seria Júlio? Qual seria sua explicação? Se fosse ele, o que dizer?
Paula se arrumou, limpou os olhos (ainda inchados) e caminhou em direção à sala.
- Oi Paula - disse Lúcia ao vê-la na porta - Como você está?
- Sente-se, filha. Você e sua amiga têm muito que conversar - disse Maria, encorajando a filha.
Paula se sentiu mais confusa naquele momento. Apesar de ter uma amizade muito forte com Lúcia, ela imaginava que seu amor com Júlio fosse maior. Porém, de certa forma, se sentiu aliviada de ele não estar ali.
Sentou-se ao lado da sua "irmã" e a olhou nos olhos.
- Não estou nada bem, Lúcia, como você pode ver! - respondeu Paula com muita raiva - A última pessoa no mundo de quem eu esperaria uma traição era você – “ou o Júlio”, imaginou ela.
- Não pude fazer nada, mana. Ele me abraçou e de repente, me disse que meus olhos brilhavam mais que o Sol... Aí me beijou. Então você chegou, ele me soltou e fiquei lá.
Paula tentava acreditar em Lúcia, mas mantinha as esperanças em Júlio.
- Amiga, você é a pessoa mais importante na minha vida - continuou Lúcia, tentando se desculpar – Lembre-se de tudo que passamos juntas. Eu não a trairia nem mesmo se vida dependesse disso.
A cada palavra de Lúcia, mais ainda Paula se deixava levar pelo seu veneno. A cada letra pronunciada pela sua amiga, o ódio pelo seu amor crescia.

Capítulo quatro
“Você me perdoa?”

Júlio se mexia de um lado para o outro na cama. Aquele pesadelo o assombrava há dias. Ficar sem Paula estava sendo torturante. Acordou no meio da noite, pegou o telefone, desesperado, e ligou para Paula:
- Oi amor. Como você está? - disse Júlio logo que ela o atendeu.
- Estou ótima, Júlio - respondeu Paula com ironia - E você, como está?
- Muito mal, amor... Tem sido difícil eu encontrar uma maneira de conversar com você. Tenho medo de perdê-la. Já se passaram seis dias. Você não fala comigo, não me atende, nem vai ao colégio. Estou preocupado também.
- Júlio, em primeiro lugar, não me chame mais de amor. Está tudo acabado entre nós. São três da manhã e você está me incomodando. Agora me deixe em paz - disse Paula, desligando o telefone na cara de Júlio.
Foi difícil dizer aquelas palavras duras para ele. Ela o amava, mas Lúcia havia feito a cabeça dela.
Júlio se perdeu totalmente. Não dormiu o resto da noite e resolveu visita-lá no dia seguinte, se ela não fosse à aula.

Os minutos se estendiam durante a madrugada e a manhã parecia um sonho distante. Depois de cada segundo contado nos dedos, enfim havia chegado o horário de ir ao colégio.
Júlio chegou e foi direto à sala de Paula. Ela não havia chegado, mas ele não desistiu e a esperou lá.
Paula não foi à aula aquele dia também. Júlio não agüentou. Fugiu da aula e foi até a casa de Paula. Não havia mais sentido para ele ficar no colégio. Sem ela ele não queria viver.
- PAULA! PAULA! - gritava Júlio na porta casa dela.
- Vá embora, Júlio - Paula falou calmamente, enquanto abria a porta.
Estava sendo difícil para ela segurar suas emoções, mas seu coração estava frio. Paula estava totalmente iludida pelas palavras venenosas de Lúcia.
- Mas, amor...
- Já lhe pedi pra não me chamar mais assim e, Júlio, acabou. Vá embora daqui. Não temos mais nada o que conversar - disse Paula, batendo a porta.
Júlio voltou lentamente para casa.

O ano já estava acabando, então foi mais fácil para Júlio conviver sem Paula. Ambos se formaram no colégio e seguiram para faculdade. Mesmo após alguns anos, Júlio se lembrava de Paula.

Capítulo cinco
Hora de reviver o passado.

Exatamente cinco anos após aquele trágico dia, Júlio, que agora morava sozinho, foi assistir a um filme na TV. Ligou a televisão e se sentou, aguardando o começo. Uma lágrima escapou quando ele viu qual filme passaria. "O Amor e Suas Dificuldades”. Pegou o telefone na hora e discou aquele número que ele nunca esqueceu.
- Alô, quem fala? - disse uma voz desconhecida ao telefone.
- Boa noite. Sou o Júlio, amigo da Paula. Ela está?
- Desculpe-me, mas ela se mudou há uns dois meses.
- Você saberia me informar para onde?
- Desculpe, senhor, mas não sei. Só posso lhe dizer que não foi para longe.
- Muito obrigado - respondeu Júlio, educadamente.
Agora começava a buscar insanamente por Paula. Júlio estava decidido a encontrá-la e não desistiria até conseguir ver seu sorriso novamente.

Capítulo seis
“Preciso encontrá-la”

Cada informação era importante para Júlio nesse momento. Ele sentia que ainda a amava. Procurou suas amigas, mas quase todas haviam se mudado, e as que não tinham não sabiam onde Paula estava. Só lhe restava uma opção: Lúcia. Só de pensar naquele nome, o ódio lhe subia à cabeça, mas era ela a única opção. Seu desejo nesse momento era maior que seu ódio.
Foi até o endereço que ele se lembrava bem, pois era perto de sua antiga casa. Tocou a campainha e aguardou silenciosamente.
- Quem está aí? - perguntou Lúcia.
- Sou eu. Júlio.
Lúcia abriu a porta rapidamente. Totalmente assustada e surpresa, ela não sabia nem o que dizer.
- Entre, Júlio.
- Lúcia, só vim aqui para saber se você sabe onde a Paula está morando - respondeu rapidamente.
- Júlio, não sei exatamente onde ela está morando, mas tenho o telefone e o e-mail dela. Não temos nos visto muito ultimamente. Ela só se importa com o namorado dela.
Informação demais Lúcia havia dado. Paula estava namorando. Seria esse o momento de jogar tudo ao alto e voltar a viver sua vida? Júlio estava muito indeciso agora.
Será que Paula sentia o mesmo que ele sentia? O amor entre eles seria tão verdadeiro para sobreviver tanto tempo? Essas eram as perguntas que Júlio se fazia o tempo todo.

Capítulo sete
“Como é bom ouvir sua voz”

Após muito tempo no seu quarto, com as lembranças de Paula na cabeça, ele resolveu ligar. Pegou seu celular, o papel que estava todo amassado em seu bolso, e discou o número que Lúcia havia passado.
- Alô, quem fala? - disse aquela voz doce que nunca saiu da cabeça de Júlio.
O que dizer? Após tanto tempo, ela ainda se lembraria dele? Lógico que se lembraria, mas o ódio pela suposta traição seria esquecido? Disse o básico:
- Sou eu, Paula. Lembra-se da minha voz?
Até mesmo ela se calou naquele momento. Estava totalmente surpresa. Após tanto tempo sem nem se lembrar da existência de Júlio, ela de repente ouve sua voz.
- Júlio... Onde você conseguiu meu telefone?
- Paula, isso não é tão importante. Preciso vê-la.
Paula se arriscaria a rever o homem que ela julgava ser o da sua vida? Ela o ignoraria novamente como havia feito todos esses anos?
- Júlio, me desculpe, mas acho melhor não nos vermos novamente.
- Paula, só me dê uma chance de lhe mostrar algo pra você.
- Encontre-me na porta do nosso antigo colégio então. Sábado às sete da noite.
- Estarei lá!
Agora, só três dias separavam o destino desse casal predestinado, a continuação de uma história que havia começado há muito tempo e que Júlio sentia não ter acabado naquela manhã há tantos anos!

Nesses dias, Júlio, que trabalhava como administrador de um grande banco, pois havia se formado em administração, caiu de rendimento no trabalho. Só pensava no que fazer para Paula. Levaria rosas? Escreveria uma carta? Ou simplesmente falaria "eu te amo"?

Capítulo oito
O reencontro.

Enfim havia chegado o dia. Estava na hora de partir rumo ao seu destino. Júlio pegou seu carro e dirigiu em direção àquele que seria o momento crucial de sua vida.

Júlio, apressado, mas com uma aparência muito calma, desceu do carro e foi ao local combinado. Paula já havia chegado. Seu coração disparava a cada passo em direção a ela e ele sentia o dela acelerando assim como o seu. Ficaram a apenas vinte centímetros de distância, se olhando nos olhos. Qualquer um que passasse ali naquele momento poderia sentir o desejo que fluía daquele olhar. Um sentimento tão forte, que o mais feliz dos homens invejaria.
Então, Paula quebrou o silêncio.
- Fico feliz em vê-lo novamente, Júlio, mas por que estamos aqui? Qual o motivo desse encontro?
- Paula, durante esses cinco anos que estivemos separados, minha vida tem sido vazia. Tenho um bom emprego e uma boa formação. Tenho casa, carro... Enfim, tenho todo o bem material que se pode desejar nesse mundo, mas me falta algo. Falta-me algo que já tive, mas desperdicei. Eu era o homem, naquela época garoto, mais feliz do mundo, mas não sabia.
- Aonde você quer chegar com esse discurso, Júlio? - Paula estava nervosa. Ela sabia que ouvir aquelas palavras poderia fazê-la cometer um erro. Mas Júlio não desistiria tão fácil dessa vez. Ele lutaria para recuperar seu maior tesouro.
- Paula, não quero me desculpar pelo que não fiz e nem esquecer o passado. Você nem me escutou naquele dia e eu tinha uma explicação. Mesmo estando certo, sei que errei, mas quero deixar o passado de lado. Quero apenas que você seja meu futuro novamente. Quero ser o seu presente, quero viver contigo mais uma vez, pois sinto que nosso amor não morreu. Apenas estava esperando o momento certo para que pudéssemos viver juntos. Paula chorou e saiu correndo em direção ao pátio do colégio.

Capítulo nove
O beijo.

Dessa vez, Júlio foi atrás dela. Ele não correu, pois seria desnecessário, Ela não iria muito longe e precisava de um tempo para pensar. Ele foi se aproximando lentamente Ela estava sentada, abraçando os joelhos, com os olhos vermelhos e olhando para o horizonte. Seus pensamentos estavam perdidos e confusos.
Júlio se sentou ao seu lado e disse baixinho, quase sussurrando:
- Paula, naquela noite no cinema, eu não a traí. Assustei-me quando Lúcia me agarrou...
- Ela não fez isso, Júlio - disse Paula, se lembrando da explicação de sua amiga daquela situação.
- Sim, ela fez. Também não acreditei. Por isso aquele dia eu fiquei lá, parado, feito um idiota, olhando a mulher que eu amava ir embora - a cada palavra pronunciada, Júlio se aproximava mais da Paula - Nunca menti para você. Em um ano e três meses de namoro, nunca escondi nada de você. Nenhum segredo, nenhum sentimento. Fui a pessoa mais sincera do mundo e continuo sendo agora.
O tempo naquele momento parecia parado, mas passava rapidamente. Eles estavam perto demais, unidos demais. Não só fisicamente. Era um momento mágico, um filme de romance na vida real. Então, como num gesto natural, Júlio a beijou.
Paula resistiu e se afastou rapidamente. Olhou assustada para Júlio. Ela tinha um namorado. Lógico que ela não sentia o mesmo por Alan, mas seria errado seguir seu coração agora. Júlio também sabia que havia ultrapassado os limites. Os olhares deles se encontravam e fugiam. Ambos estavam sem alternativa. Havia apenas uma. Paula o abraçou e o beijou com toda a paixão que poderia colocar em um beijo.
O errado às vezes só torna o momento mais verdadeiro e mais real. A voz do coração era alta demais. Ela dizia repetitivamente:
- Juntos, juntos, juntos...
Não havia escolha, a não ser aproveitar aquele momento juntos.
Foi um beijo totalmente inesquecível, mas agora Paula precisava falar. Precisaria ser um pouco lógica.
- Júlio, preciso ir embora.
- Espere. Primeiro, me diga: tudo isso foi tão verdadeiro para você quanto foi pra mim?
- Foi, sim, mas não posso.
- Você sempre pode. Basta querer.
- Você não entende. Isso envolve outras pessoas.
- Tinha me esquecido... Tem seu namorado. Mas, Paula, você o ama de verdade?
- Tenho que ir, Júlio. Foi bom rever você, foi bom ter ouvido suas palavras... Foi um momento inesquecível, verdadeiro, mas errado. Sinto muito.
Paula virou as costas e saiu, sem dar uma chance para que Júlio insistisse que ela ficasse, pois a mesma ficaria.

Capítulo dez
“Dizer a verdade?”

- Espere, Paula! - gritou Júlio, enquanto ela entrava no carro – Vemo-nos novamente?
- Quem sabe... Talvez nos esbarremos por aí. Se eu precisar de você, ligo, mas não me ligue mais. É doloroso reviver o passado nessa situação.
Entrou no carro e saiu. Júlio ficou ali parado, na porta do colégio, onde tudo havia começado, e, por pouco, não havia recomeçado. “Se não fosse por um simples detalhe” Júlio pensou com raiva.
Por que ela tinha que estar namorando? Como se já não bastasse a ter perdido uma vez, ele estava a perdendo de novo. Porém, dessa vez, seria pra sempre.
Paula chegou a casa, cansada. Ela não sabia como havia conseguido dirigir até lá. Estava atordoada. Aquelas palavras haviam despertado algo muito forte nela. O amor entre eles tinha voltado com força total e nada poderia mudar isso agora.
Seu telefone tocou. Ao ver quem era, se decepcionou. Era Alan, seu namorado. Por mais que ela tentasse se enganar, era mentira que ela não queria receber uma ligação de Júlio. Atendeu ao telefone.
- Oi amor! - disse essa palavra e se arrependeu - O que foi?
- Nada, meu anjo. Só liguei para saber se você estava bem. Aconteceu algo? Sua voz parece meio triste.
- Não aconteceu nada, não. Só estou cansada. Preciso dormir. Falamo-nos amanhã. Eu lhe ligo - disse Paula desanimada. Por quanto tempo ela poderia esconder seus sentimentos? - Tchau!
Foi deitar mais cedo aquela noite, mas não conseguiu dormir. Paula também tinha uma carreira de sucesso. Trabalhava em um respeitado colégio da cidade. Era psicóloga. Essa era uma carreira pouco explorada na cidade, então tinha um bom salário. Em conseqüência, tinha um bom carro. Morava sozinha (apesar de sempre ter alguém a visitando). Sua vida era perfeita, mas agora se sentia incompleta!

Capítulo onze
Uma ligação.

Júlio pensava nas últimas palavras de Paula antes de ela ir embora. "Mas não me ligue mais. É doloroso reviver o passado nessa situação". Doloroso era ele saber que podia ficar sem ela novamente. Porém, ela pediu: "não me ligue mais". Ele não iria ligar. Esperou a ligação dela. Segundos, minutos, horas, dias... O tempo passava e o telefone não tocava. Ele foi forte e a ouviu. Ela ligaria pra ele.
Paula pensava a todo minuto em pegar o telefone, ligar, discar o número e ouvir aquela voz, mas se sentiria culpada. De qualquer forma, ela estava se sentindo culpada, pois enganava alguém. Alan era apenas uma diversão que ficou séria, mas sem sentimento (pelo menos da parte dela). Isso a deixava cada dia pior!
Após um mês sem uma resposta de Paula, Júlio finalmente se encorajou a ligar. Pegou seu celular, discou o número e aguardou. Esperava ansioso para pelo menos ouvir a voz dela novamente. Paula ouviu o telefone tocar. Atenderia? Viu aquele número e estremeceu. O telefone tocava, o relógio parava.
- Júlio, como vai? - disse quase sem fôlego.
Ouvir a voz dela o deixou muito aliviado.
- Ansioso para vê-la novamente - respondeu impulsivamente.
- Amor - Paula deixou escapar – Desculpe, Júlio... Talvez seja melhor não insistir nisso. Tem tantas mulheres por aí, interessadas em você - seu coração acelerou e o ciúme a deixou com raiva de si mesma.
- Tantas mulheres se interessam por mim, mas a única que quero não o faz.
"Faz, sim, seu bobo" ela pensava e ria silenciosamente.
- No colégio hoje? Mesmo horário. Pode ser para você? - disse com um sorriso enorme no rosto.
Júlio respondeu apressado.
- Claro. Sem falta. Estarei lá!

Capítulo doze
Um novo reencontro.

Outro encontro entre eles. Dessa vez, seria diferente. Ela já havia o perdoado. Eles já haviam se beijado, mas não se beijaram novamente.
Júlio teve um pequeno problema. Assim que chegou, recebeu um telefonema. Sua mãe havia se acidentado. Nada de grave havia acontecido, mas ele precisava ir ao hospital.
- Vemo-nos de novo, Paula. Assim que eu resolver esse problema, entro em contato com você.
Saiu rapidamente em seu carro em direção ao hospital. Paula não foi embora imediatamente. Sentou-se na porta do colégio e ficou pensativa, preocupada com dona Ângela (eram muito amigas). Ao lembrar-se da palavra amiga, pensou em Lúcia. Apesar do que Lúcia havia feito a ela no passado, ainda eram muito unidas. Viam-se pouco, mas irmãs nunca se separam. Então, como não havia nada planejado para a noite, foi fazer uma visita a sua amiga.
- Paula, há quanto tempo. Não a vejo desde a sua festa de formatura na faculdade.
- Pois é, amiga. Minha vida tem andado muito corrida e confusa.
- Confusa por quê, amiga? E o namoro, como vai? Já são quase dois anos, né?
- Isso mesmo que está confuso. Júlio e eu nos encontramos e nos beijamos.
Lúcia se surpreendeu com essa informação.

Capítulo treze
Amiga ou inimiga?

Lúcia não imaginava que Júlio fosse procurar Paula e que eles iriam tão longe com isso. Ela se sentia culpada agora. Aeria ela a responsável por um possível fim do namoro de sua amiga? Precisava agir. Tudo que ela queria era ver Paula livre de Júlio, porque ela gostava dele.
- Amiga, preciso me arrumar agora. Vou sair hoje com uns amigos - disse Lúcia, apressando a saída de Paula.
- Claro, mana. Depois passe lá em casa para me visitar. Ligue-me antes.
Despediram-se e Paula foi embora. Lúcia pegou rapidamente seu celular e ligou para Alan.
- Oi Alan. É a Lúcia. Lembra-se de mim?
- Claro. A amiga da Paula. Como você está?
- Não muito bem. Podemos nos encontrar agora?
- Claro. É algo muito importante?
- Urgente. Encontre-me na pizzaria do shopping em uma hora.
- Tudo bem. Estarei lá. Mas é sobre...?
Lúcia desligou o telefone e foi se arrumar.
Assim que chegou a casa, Paula ligou para Júlio. Precisava saber como estava a mãe dele.
- Como sua mãe está? - perguntou cuidadosamente.
- Está bem. Ela só sofreu alguns ferimentos leves no braço. Estão terminando os curativos e vou levá-la a casa - respondeu muito calmo.
- Que bom. Fico aliviada. Remarcamos nosso encontro pra amanhã?
- Pode ser. No colégio, mesmo horário.
- Tudo bem. Boa noite!
- Para você também.
Paula desligou o telefone e sussurrou para o celular desligado "eu te amo". Foi se deitar.
Júlio levou sua mãe para a casa dela e passou a noite lá, pra ter certeza de que ela ficaria bem.

Capítulo catorze
Segredos devem ser guardados.

Naquele momento, Lúcia se encontrava com Alan. O que Lúcia seria capaz de revelar? Ela trairia sua amiga novamente?
- Paula me procurou hoje, Alan.
- Sim, mas por que todo esse desespero?
- Ela está o traindo, com o ex dela.
- Quem? O tal do Júlio do colégio?
- É, com ele mesmo. Você tem que fazer alguma coisa.
- Ela anda muito estranha comigo mesmo. Mas esse cara não tinha sumido?
- Sim. Ele apareceu na minha casa há um tempo, perguntando se eu sabia onde a Paula morava. Só passei o telefone dela. Não imaginava que eles iriam tão longe.
- Vou dar um jeito de resolver esse problema.
- Ela me disse que eles têm se encontrado no nosso antigo colégio. Só não me disse quando vão se ver novamente.
- Isso eu dou um jeito de descobrir. Obrigado pelas informações. Encontramo-nos novamente? Já faz muito tempo desde aquele nosso "encontro a sós”.
- Depois você me liga e marcamos. Primeiro resolva esse problemas para a gente.
- Claro. Sem falta.
Alan saiu, meio desacreditado com o que tinha ouvido. Foi para a sua casa e achou melhor não ligar para Paula. Ele precisava pensar no que fazer.

Capítulo quinze
Novamente no colégio.

O dia de trabalho de Júlio foi cansativo. Muitas contas, muitos problemas... Ele não estava com a cabeça no lugar, mas resolveu tudo que pode. Paula não teve tanto problemas. Somente alguns meninos brigões, mas nada de muito sério que uma boa psicóloga como ela não pudesse resolver.
Havia chegado a noite e nada faria com que não se encontrassem e aproveitassem ao máximo a noite juntos.
Encontraram-se novamente. Dessa vez, estavam mais à vontade. Paula já havia se entregado àquele amor. Ela sabia que não poderia fugir de um sentimento forte como aquele.
- Saudades de você, Paula - disse Júlio com cuidado. Achou melhor não a chamar de amor novamente.
- Saudades de você também, amor - Paula respondeu, enfatizando a palavra "amor”.
- Sabe, queria lhe pedir desculpas por aquele beijo. É que, quando estou com você, fica difícil controlar minhas emoções.
- Fica difícil para mim também, mas não precisamos nos controlar. Deixe os instintos no guiarem.
Aproximaram-se lentamente, sentindo a respiração um do outro. Um abraço apertado, seguido de um beijo no pescoço. Júlio não sabia o que estava fazendo. Nem mesmo quando a namorava, ele se sentia tão à vontade com ela. Suas mãos desciam pelo corpo de Paula, acompanhando cada curva com um toque leve dos seus dedos. Ambos perderam o fôlego. Então, como num ato de desespero, se beijaram. Aquele sim foi o beijo mais lindo e emocionante que se pode presenciar, invejado pelo mundo, o amor verdadeiro que se procura tanto.
Após aquela linda cena, Paula fez uma expressão séria e Júlio prestou atenção ao que ela iria lhe dizer. Ele já sabia o que era. Era óbvio. Ela diria que eles nunca poderiam ficar juntos, que era bobeira continuar com isso, que levar esse amor em diante os machucaria muito, mas Júlio estava pronto para argumentar. Paula começou:
- Júlio, tudo aquilo que você me disse. Deixou-me confusa - Paula tremia ao pronunciar suas palavras. Seria medo? - Desde então, tenho pensado muito. Após tantos anos, você me aparece, sabendo que é o amor da minha vida, e bagunça minha vida, mas tenho um namorado. Temos um relacionamento estável, meio sem amor, mas é relativamente bom.
- Paula, estaríamos juntos até hoje, se não fosse aquele mal entendido.
- Deixe-me terminar. Após pensar muito, percebi que estou errando. Não posso continuar traindo o Alan.
- Podemos ser mais felizes juntos. Ele não a merece. Talvez nem eu mereça, mas posso fazê-la mais feliz. Posso fazê-la a mulher mais feliz do mundo. - Eu sei. Sei disso, Júlio, e tomei minha decisão.

Capítulo dezesseis
Juntos para sempre?

- Vou terminar com o Alan - disse Paula com um tom de voz meio triste, porém animador.
- Sério?! Tipo, você vai largar tudo para ficar comigo?
- Sim, mas se não é o que você quer...
- Claro que é o que quero. Só fiquei surpreso. Eu esperava outra resposta.
- Não consigo ficar bem fazendo isso com ele e não consigo viver sem você. Tenho pensado em você desde o dia em que me ligou - disse envergonhada.
- Para sempre juntos. Lembra-se do nosso gesto? - perguntou Júlio sem esperanças.
- Claro que me lembro. Mão atrás da orelha, faça o coração na frente do nariz e dê um beijinho no queixo - respondeu ela animada e fazendo os gestos. Júlio se animou. Estava tarde, então foram embora. Não sabiam quando iriam se encontrar novamente, pois Júlio teria que fazer uma viagem de negócios. Então, eles se abraçaram e cada um seguiu seu rumo.

Paula se surpreendeu quando viu o carro de Alan na porta de sua casa.
Alan sempre foi um bom homem. Com seus 1,86 m de altura e alguns anos de malhação, tinha sempre muitas garotas ao seu redor. Paula não era muito ciumenta, então nem ligava muito pra isso. Porém, Alan era infiel e sabia jogar sujo.
Quando Paula chegasse a casa, teria uma surpresa, algo que ela nunca esperaria e que mudaria totalmente sua vida. Um plano perfeito. Só precisaria ser bem executado.

Capítulo dezessete
Surpresa.

Alan tinha a chave da casa de Paula, então ele estava a esperando lá dentro. Paula entrou, esperando por um susto dele, mas ele estava no sofá, vendo TV. Ela se sentou ao lado dele.
- Oi amor - Alan disse quando ela se sentou – Tudo bem?
- Sim - respondeu Paula com um sorriso meio falso. Ela estava curiosa para saber o que ele fazia ali - Nem me avisou que vinha aqui hoje.
- Pois é. Quis lhe fazer uma surpresa. Trouxe-lhe um presente - disse Alan sorridente. Seu sorriso era lindo e hipnotizante.
- Hum - respondeu Paula toda curiosa. Ela amava receber presentes - O que é?
- Está em cima da sua cama. Vá lá ver.
Paula saiu correndo em direção ao quarto. O que poderia ser? Chocolate? Um colar? Seria um sapato? Ou um... Anel?
Estava lá, em cima da cama. Uma pequena caixa vermelha. Paula abriu com cuidado e desmaiou. Alan a levou para a sala e molhou seu rosto. Ela não acreditava no que havia visto.

Capítulo dezoito
Mudança de planos.

- Você aceita se casar comigo, Paula? Quer viver a eternidade ao meu lado?
- Isso é brincadeira, né, Alan? Você não está falando sério, está? - disse Paula aflita e surpresa.
- Claro que estou, amor. Pensei muito sobre isso e tenho percebido que você é a garota com quem quero passar o restante dos meus anos. Já temos um bom tempo de namoro e quero você ao meu lado.
Para Paula, o mundo havia se calado. O que fazer? Tanta indecisão. Estava tudo certo. Como ela poderia agora decepcionar Alan? Ela tomou a melhor decisão.
- Dê-me um tempo para pensar, Alan. Não tenho certeza se posso aceitar.
- Claro, amor. Todo tempo que você precisar. Estou preparado para entrar na igreja com você. Pense com carinho.

Capítulo dezenove
Um tempo para pensar.

Paula resolveu viajar. Pediu licença no trabalho e, como já era fim do semestre, conseguiu suas férias adiantadas. Antes de seguir sua viagem, ela passou na casa de Lúcia.
- Lógico que você deve aceitar - Lúcia dizia - Vocês se dão tão bem.
- Mas, Lúcia... E o Júlio? Eu ainda o amo - Paula respondia com uma voz muito triste - Preciso pensar muito antes de escolher.
- Pense no seu futuro. Você sabe que o Alan é o melhor. Não vale a pena insistir em um amor de colégio.
- Que seja. Tenho um tempo pra pensar. Vou viajar e ficar sozinha por uns dias. Preciso de paz - Paula respondia ainda triste.

A viagem foi muito boa. Sem trânsito e a pista em boas condições. Sempre devagar, observando as paisagens, Paula chegou ao seu destino. Era uma cidade turística, conhecida pela sua antigüidade. Tinha vários lugares lindos, alguns de grande importância histórica, mas Paula ficava mais tempo no hotel. Assim foi durante os nove dias que ficou lá.
Júlio recebeu uma mensagem de Paula. Ela o avisou que estaria de férias. Então quando ele chegou de sua viagem, apenas esperou pelo retorno dela.

Capítulo vinte
O retorno e a decisão.

Paula estava decidida. Sabia exatamente o que fazer e primeiro falaria sua decisão para Júlio. Assim que ela voltasse à sua cidade, o procuraria. Foi assim que ela fez.
- Júlio, já estou na cidade.
- Que bom. Estava com saudades - respondeu todo animado.
- Vamos nos encontrar hoje mesmo. Tudo bem para você? - Paula estava fria.
- Claro. O mesmo lugar de sempre?
- Não. Dessa vez, vamos nos encontrar na minha casa. Vou lhe passar o endereço.
E assim ficou combinado. Eles se encontrariam novamente. Paula teria feito a escolha certa? Lúcia teria a influenciado mais uma vez? Era um jogo difícil para ela. De qualquer forma, alguém sairia ferido.
Paula analisava a aliança, quando Júlio finalmente chegou.
- Entre. Temos que conversar - ela já o apressou.
- Claro, mas por que você está tão "nervosa"? - Júlio percebeu a tensão no ar.
- Júlio, durante esse tempo que estive viajando, pensei muito em algo que me aconteceu. Fui pedida em casamento.
Júlio não tinha palavras. Só continuou ouvindo o que Paula tinha para dizer.
- Torturei-me com o fato de ter que magoar alguém, mas me decidi. Vou aceitar.
- Mas, Paula... - não havia forças para que Júlio continuasse a falar, então ele virou as costas e foi embora.

Capítulo vinte e um
Organizando os detalhes.

- Então você aceita mesmo? Eu a amo, Paula.
- É, aceito, sim. Amo-o também, Alan.
Paula havia tomado sua decisão e não se arrependeria. Ela sabia qual seria seu futuro agora e precisava se preparar. Tinha que contar a novidade para todas as amigas e convidar a madrinha do casamento: Lúcia.
- Quero que você seja minha madrinha. É a primeira a saber - Paula estava animada, afinal, era seu casamento.
- Claro que vou ser sua madrinha e quero ajudá-la na organização também.
- Você não só quer me ajudar. Está convocada a me ajudar.
Paula estava feliz com tudo. Um mês havia se passado desde que ela tinha tomado sua decisão. Sentia um pequeno remorso quando se lembrava de Júlio, mas logo passava.
Júlio não estava tão bem. Caiu muito de produtividade no trabalho. Seu patrão até lhe deu um descanso, mas de nada havia adiantado. Só andava triste. Caminhava de cabeça baixa, não olhava ninguém nos olhos. Seus amigos desistiram de chamá-lo para sair. Não era nada além de um pobre coitado que havia perdido tudo na vida.
Os meses foram passando e os detalhes do casamento eram resolvidos. Enfim, os convites haviam ficado prontos.

Capítulo vinte e dois
Uma provocação.

Júlio estava na sua casa, à noite, como de costume, quando foi checar o correio. Contas, cobranças, nada de importante, um convite de casamento... "Um convite de casamento?" pensou ele.
"Júlio de Souza, você está convidado para o casamento e união de Paula dos Santos e Alan Santanna”.
Ele nem quis ler o resto. Amassou o pedaço de papel e o jogou em um canto. Já não bastava ela o ter magoado tanto. Precisava humilhar? Deitou-se e ficou ali, observando o convite amassado no chão. Passava os olhos de um lado para o outro, até que viu algo curioso. Havia algo rabiscado de caneta.

"Júlio, convido você a ver minha vitória. Você pensou que poderia roubá-la de mim, mas, não, você não pôde. Venha ver seu fracasso de perto e desculpe se sei jogar melhor do que você”.
Ass: Alan.


Como Júlio sentia ódio naquele momento. Queria se vingar de Alan. Então ele queria se casar somente para ganhar um jogo? Um jogo que jamais existiu. Ele estava apenas brincando com os sentimentos dela. Precisava contar para Paula, mas ela o ouviria?

Capítulo vinte e três
Voltando a viver.

Júlio achou melhor não falar para ela. Não adiantaria. Tomou uma decisão calculada, pela primeira vez em sua vida. Ele entraria em um jogo. Se era disso que ele precisava pra ter o amor que sonhava de volta, ele o faria.
Faltavam poucos dias para o casamento e Paula estava dominada pela ansiedade. Todos à sua volta estavam animados com o grande dia da vida dela. Seria perfeito. Ela realizaria um sonho, um sonho de todas as mulheres. Ensaios e vestidos, encontros com amigas, escolher flores... Tudo isso fez com que o tempo acelerasse.

Capítulo vinte e quatro
O casamento

Havia chegado. Dia treze de Fevereiro, o dia da união, da paz e da felicidade.
Os convidados chegavam e ocupavam os lugares da igreja. Pouco a pouco, o local ia enchendo. Os mais importantes, os menos importantes, os penetras, estavam todos lá, aguardando a entrada triunfal da noiva. Poucos repararam, mas havia um convidado sentado em um dos bancos da frente, meio desarrumado, barba por fazer. Ela apenas olhava para o chão.
Chegou a hora e, como de costume, a noiva se atrasou. O noivo a aguardava na entrada e os convidados conversavam sobre diversos assuntos. Ouviu-se uma buzina de um carro. Era Paula, aguardada por todos. Estava linda. Era a perfeição. Paula usava um vestido lindo, branco (óbvio), com tecido de seda e uma calda pequena. Era bordado de flores nas laterais e tinha detalhes em ouro. Um decote razoável, mas que acompanhava fielmente as curvas dos seios dela, a deixando ainda mais atraente. O véu tampava todo seu rosto, mas deixava à mostra seu cabelo loiro, cacheado, natural e angelical.
Todos a observaram, enquanto ela entrava. Era um imã aos olhares mais curiosos e um paraíso aos mais iludidos.
O casamento corria bem. Cada palavra pronunciada acelerava o coração de Paula. Felicidade, ansiedade... Ela nem sabia explicar o que sentia. Só sabia que estava se casando. Isso bastava. O tempo foi passando e o casamento chagando ao fim. Lúcia, que também estava linda como uma deusa, estava impaciente. Queria que chegasse logo a festa.
O padre falava e os noivos repetiam. Chegou o momento.
- Paula, você aceita Alan, para amá-lo e respeitá-lo, até que a morte os separe?
- Sim, aceito - disse Paula toda emocionada, com uma lágrima escorrendo pelos olhos, borrando sua maquiagem.
- Alan, você aceita Paula, amá-la e respeitá-la, até que a morte os separe?
- Sim. Aceito, padre.
- Alguém que esteja aqui presente é contra a união desse casal?

Capítulo vinte e cinco
Apenas uma carta.

- EU SOU! - gritou um homem desconhecido que se sentava perto dos noivos. Um homem de barba por fazer, meio desarrumado.
Ninguém o conhecia, então todos ficaram espantados. O convidado se aproximou de Paula e lhe entregou um papel dobrado. Estava escrito na frente:

“Para o único amor da minha vida e minha razão de viver: Paula".

Paula abriu e começou a ler.

"Meu amor, me desculpe. Não fui forte o suficiente para estar aí. Seria doloroso demais pra mim. Pra lhe falar a verdade, já está sendo. Quando eu a conheci no colégio, você era apenas a garota popular mais desejada. Todos diziam que era sonsa, meio boba (na verdade, era um pouquinho), mas nem me importei com isso. Viramos muito amigos e começamos a nos gostar. Como foi lindo o meu pedido de namoro, você se lembra?
“Paula, namora comigo?”. Tão simples, né? Mas totalmente verdadeiro. O tempo foi passando e nossa história era escrita. Cada dia, um parágrafo. Cada mês, um capítulo. Foram quinze capítulos, até a inveja de alguém nos separar.
Como fiquei mal. Foi difícil me superar, mas segui em frente, me formei. Continuei minha vida, sempre me lembrando de você. Saía com outras mulheres, mas nenhuma me despertava tanto interesse. Quantos mais os anos se passavam, mais você sumia da minha memória.
Foram cinco anos que passamos sem nos falar. Confesso que você era apenas uma vaga lembrança, mas numa noite qualquer, como uma noite normal, passou o filme "O Amor e Suas Dificuldades". Como meu coração acelerou naquele momento... Pensei em ir ao hospital. Tentei lhe ligar, mas você tinha se mudado. Comecei então a procurá-la feito um louco. Depois de muito custo, encontrei seu telefone.
Daí em diante você sabe. Encontramo-nos, nos beijamos, vivemos o passado, nos esquecendo do presente. Pena que tinha o presente. Você não deveria ter aceitado o pedido de casamento. Mas achou isso melhor pra você. Nada eu poderia fazer. Sumi, esqueci-me do mundo, esqueci-me da vida. Ela nem tinha mais sentido.
Enfim, o que me fez voltar ao normal foi o convite que você me mandou. Você não, seu noivo. Ele não queria apenas jogar, queira também me humilhar. Não tive coragem de ir.
Só quero lhe dizer que a espero. Estou no lugar que nunca esqueceremos, esperando por você, mas por pouco tempo. Porque se você ignorar essa carta, minha vida é inútil.
Eu a amo".


Lágrimas escorriam sem parar dos olhos de Paula.

Capítulo vinte e seis
Desespero.

Paula não sabia o que fazer. Só sabia que tinha pouco tempo. Precisava correr. Começou, mas o vestido estava atrapalhando. Ela rasgou toda a extravagância daquela calda, retirou o véu que incomodava, mas antes de sair, foi surpreendida por Alan.
- Amor, vamos continuar nosso casamento.
- SOLTE-ME, ALAN! DEIXE-ME EM PAZ! VÁ COM ESSES SEUS JOGUINHOS PARA A PUTA QUE O PARIU! - gritou Paula de volta para Alan. Ele a soltou. Mas antes que ela pudesse sair, Lúcia também a interceptou.
- Paula, você não pode fugir do seu casamento assim. Volte e vamos terminar isso logo. Deixe de ser cabeça dura.
- QUEM É VOCÊ PARA ME DIZER O QUE POSSO OU NÃO FAZER? VOCÊ COMEÇOU COM ISSO! NÃO QUERO VÊ-LA NEM PINTADA DE OURO! PARA MIM, VOCÊ JÁ MORREU! - o ódio de Paula era enorme. Nada poderia detê-la.
Ela tirou os saltos e correu sem rumo. Corria desesperada em direção ao colégio, louca por encontrar um táxi. Chorava arrependida. Como ela pôde trocar o amor da sua vida por um jogador, um cara que só queria se dar bem na vida a utilizando?
Cada passo contado, os minutos se passando e o desespero aumentando. Ela nunca havia conseguido correr tanto sem parar. Por sorte, a igreja era perto do colégio. A igreja aonde eles iam juntos há tanto tempo atrás.

Capítulo vinte e sete
“Não morra”

Paula chegou correndo ao pátio do colégio, mas Júlio não estava lá. O carro dele estava parado na porta, mas onde ele estaria? Só havia um lugar onde ele poderia estar. O lugar que mais marcou a vida deles, o local do primeiro beijo. Era perto do poço. O poço.
Ele havia planejado se jogar no poço. E se já fosse tarde demais? Teria ela jogado tudo fora? Precisava correr mais e mais rápido. Caía, mas sempre se levantava. Os joelhos todos machucados, mas a dor no coração era maior.
Ela sabia que lutava contra o relógio e corria contra o tempo. Um sorriso lhe veio ao rosto quando ela o viu sentado na beira do poço. - JÚLIO! JÚLIO! - ela gritava, soluçando. Chorava sem parar.
- Pensei que você não viesse mais - respondeu Júlio contente.
- Júlio - continuou Paula, o abraçando – Desculpe-me. Eu deveria ter o escutado. Eu nunca seria feliz ao lado de ninguém que não fosse você. Desculpe-me.
- Paula, não precisa se desculpar. Você não errou em nada. Foram suas escolhas. Limpe essas lágrimas, vá. Já passou tudo. Estamos juntos agora. Nada pode nos separar.
Beijaram-me com força. Um beijo triste, porém, muito esperançoso. Havia muitos sentimentos envolvidos em qualquer ato que ocorresse entre aquele casal.
- Vamos embora. Você precisa tirar esse vestido. Não me trás boas lembranças - disse Júlio, olhando para aquele vestido e fazendo uma cara de reprovação.
Nesse momento, apareceu Alan com a carta na mão.

Capítulo vinte e oito
Seria esse um triste fim?

- Seu desgraçado. Quer jogar sujo? Então vamos jogar sujo - estava com muita raiva.
- Vamos com calma aí, amigão... - Júlio tinha medo, pois não era muito bom em lutas ou qualquer coisa do gênero.
- Com calma? Você queria se jogar naquele poço. Deixe que eu o ajude.
- PARE COM ISSO, ALAN! DEIXE-O EM PAZ! - gritava Paula.
- Saia do meu caminho, sua vaca - Alan deu uma tapa no rosto de Paula, a derrubando no chão - Agora sou só eu e você.
Júlio correu em direção ao poço, mas Alan era mais rápido. Quando Júlio estava quase chegando ao poço, se jogou no chão. Alan estava perto demais e tropeçou no homem. Foi lamentável sua queda.
Júlio correu em direção a Paula. Precisava saber como ela estava. Felizmente estava tudo bem.
Saíram do colégio e chamara a polícia. Alan estava morto.

Capítulo vinte e nove
O tão esperado final feliz.

Os anos se passaram:

- Amor, hoje faz três anos da morte do seu ex - disse Júlio.
- Precisa ficar se lembrando dessas coisas, amor? - Paula respondeu, desaprovando a atitude de Júlio.
- Significa que faz três anos de namoro... Tirando os do tempo do colégio, é claro.
- Tem razão, amor. Fez algo especial para mim? - Paula sabia que iria ganhar um presente. Era uma característica de Júlio dar presentes.
- Tenho, sim - disse Júlio, tirando algo do bolso - Casa comigo?

Enquanto isso, perto dali:

- Boa tarde, senhorita Lúcia?
- Sou eu mesma. Quem deseja?
- Aqui é da polícia. É que foi feita uma busca na sua casa, com um mandato lógico, enquanto a senhorita estava de saída, e foram encontradas algumas substâncias ilegais em sua residência. A senhora poderia nos acompanhar até a delegacia?

PS: Nem sei como foi parar isso tudo na casa dela. Segredinho nosso, hein?


N/A: Sou um cara normal. Escrevo por hobby, quando canso de tocar. As idéias fluem na minha cabeça e dá vontade de me expressar. Às vezes fazem com que eu enlouqueça, de tanta coisa para falar, mas simplesmente escrevo. Vou detalhando cada relevo, pelo simples fato de gostar. Vou vivendo intensamente, cada dia perigosamente, sem ter medo de voar. Essa foi minha primeira história. Gostaria de agradecer a todos que conseguiram ter paciência de ler até o final e mais ainda aos que gostaram do meu trabalho. Fico sinceramente grato ao carinho de todos vocês.

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