Seu Retrato


Estava exausta, mas não conseguia dormir, era uma inútil, depois de todo esse tempo, ainda não consegui esquecê-lo, e agora ele vai voltar pra Essex... Rezei muito para quando encontrá-lo não começasse a chorar por causa da saudade que nunca ia, e que só piorava quando via suas fotos, sua imagem na TV, não importava onde, desde aquele dia em que ele me deixou para ir pra Londres, esse coisa passou a acompanhar a minha vida, assim como uma sombra.
A noite passou sem que eu conseguisse tirá-lo da cabeça, que nem uma música brega, você escuta uma vez, e passa o resto do dia cantando, era assim que eu passava os dias, pensando e tentando não pensar nele, no Doug Lee Poynter, o caçula da banda McFly, o baixista de olhos azuis apertadinhos. Passei alguns anos com ele, fui uma idiota orgulhosa, sabia que ele nunca teria coragem de entrar num relacionamento sério, ele sempre dizia isso, mas e daí? Eu o amava e nunca disse isso pra ele! Nunca o deixei me ver chorando por ele, como agora.
Mas isso tinha que acabar, eu tinha que por um ponto final nessa história. Tomei um banho demorado, passei maquiagem, a prova d’água, coloquei o meu all star surrado, e um vestido de algodão cru, peguei a câmera e o ingresso VIP que a Sam me deu, segundo, ela, Doug enviou os convites assim que marcou esse show, ela disse que ele queria que todas as pessoas especiais deveriam está lá. Não tinha entendido o que ela, ou ele queriam dizer com aquilo, será que era alguma esperança, será que eu ainda não o tinha perdido? Eu tinha que descobrir...
Sai, tranquei a casa e fui até a antiga casa dele, atualmente só mora a Sam, mãe dele, a filha de Sam, e o atual marido, todos são muito legais comigo e me prometeram me levar junto com eles pro show, caso eu resolvesse ir.
Durante o caminha, continha a todo o momento as minhas lágrimas, será que ele estava voltando para ficar? Era tudo o que eu mais queria, que ele voltasse e ficasse em Essex, comigo.
Cheguei até a casa de Sam, ela e a Jazzie já estavam me esperando no carro, o padrasto dele teve um imprevisto e não poderia ir, eu entrei nele e, em silencio, fomos até o local do show.
Chegamos lá, entramos na área VIP, enquanto o show não começava, a multidão de fãs enlouquecidas berravam “DANNY!” “Delicia” e as músicas deles, tenho que admitir, foi muito engraçado ver Sam cantando DO YA, e assim se passaram mais uns quinze minutos, até que os garotos resolveram subir no palco, começaram com ONE FOR THE RADIO.
Resolvi fazer o meu suvenir do show, liguei a digital para tirar uma foto dele no palco, ficou bem diferente da outra que eu tinha tirado há alguns anos atrás, quando ele ainda estava na antiga banda... Agora, nesta foto, seus olhos não negavam o quanto ele estava... Feliz.
Eles tocaram umas 13 músicas, o show acabou, queria ir embora, mas não me deixaram, Sam e Jazzie me levaram até o camarim da banda.
Chegando lá, Sam foi a primeira a entrar, Doug abraçou a mãe com força, e fez o mesmo com a irmã, que entrou em seguida.
- Oi meninos! - Sam cumprimentou Tom, Danny e Harry com um beijo na bochecha de cada um deles
- Oi Senhora P.!
- Oi dona mãe do Doug!
- Senhora Poynter! Tudo bem?
Falavam os garotos, após um smac na bochecha, resolvi entrar...
- Oi Doug- falei baixo, ele ouviu e se virou, como de um salto ele passou a vir em minha direção.
- OI PEQUENA! HÁ QUANTO TEMPO!
- É, desde 2003... - suspirei, forcei um sorriso e continuei - e você ainda fala como se fosse muito alto né ?! (n/a: “1,75 de pura gostosura! Ui delicia!”)
- Engraçadinha como sempre! - ele fez uma careta, sorriu, e me segurou pela cintura e me levou junto de seus amigos e continuou - Danny, Tom, e (Jerry :P) Harry, esse é aquela que eu sempre falo pra vocês, a
- Prazer em conhecê-los garotos! - sorri rapidamente para eles.
- É mãe, guys, o Doug chegou agora, ele deve ter alguns assuntos pra resolver, vamos indo lá pra fora- Jazzie falava rapidamente enquanto expulsava todos da sala.
- Mas ele chegou agora! Como ele pode ter coisas pra resolver? - coitado do Danny, levou altas pedaladas na cabeça.
Ótimo, era tudo que eu mais precisava no meu momento de fraqueza, ficar a sós com Doug...
- Então... Como tem passado? - timidamente, ele quebrou o constrangedor silencio.
- Bem! – menti - e você, gostando de Londres?
- Sim! É uma cidade muito legal.
- Que bom que você está se dando bem lá!
- É!
Mais alguns segundos silencio, e eu resolvi quebrá-lo desta vez.
- E as iguanas? Como elas estão? - lembrei daqueles trecos verdes que tanto gostava!
-Uma está lá na minha casa em Londres com Flea... ela cresceu, está linda! Você tem que ir lá ver ela qualquer dia!
- E a outra Doug?
- Faleceu...
- Aí que coisa triste!
- Nem me diga...
- Mas fora isso, você está feliz lá? - Foi a pergunta que fiz, dependendo da resposta, eu criaria uma instantânea coragem e pediria para ele voltar a morar em Essex.
- É, estou - ele abriu um sorriso, não consegui pedir pra ele ficar, então continuei...
- Você tem outros shows pra fazer hoje?
- Hoje não, mas eu tenho que voltar pra Londres em poucas horas.
- Hum... Então não vamos passá-las aqui, vamos lá pra fora! - abri a porta, e ocorreu o tal efeito dominó, despencaram os mcguys, Sam, e Jazzie.
- Desculpa gente... - começou Jazzie.
- É que a gente estava esperando vocês saírem. - Tom completou.
- Com o ouvido na porta? - Doug perguntou meio que emburrado.
- É tradição em Bolton! - (?) Danny fez biquinho ao terminar, ele não é um bom mentiroso.
- E existe tradição naquela cidade?
- Claro! Por quê?
- Nada não, é que o mercadinho chibata é maior que aquele lugar!
- E não que eu não goste de uma briga de vez em quando, mas eu acho que temos que voltar daqui a pouco pra Londres. - lembrou Harry.
- É verdade... - ele se virou em minha direção e continuou, olhando fixamente em meus olhos - então, acho que isso é um adeus...
- É deve ser!
Abaixei o rosto e ele, de uma forma suave, colocou a minha cabeça entre as suas mãos e ergueu o meu rosto, ele se aproximou mais um pouco, desviei os meus olhos dos dele para olhar ao redor, todos já haviam ido, voltei a olhá-lo, ele havia se aproximado mais, desta vez ele estava tão perto que sentia a seu hálito de menta, minha pulsação acelerou, corei ao notar o barulho que virou a minha respiração, que ofegava cada vez mais, enquanto seu rosto se aproximava aos poucos, até o momento em que ele resolveu encostar os seus lábios nos meus, esperado a minha perdição, até que não agüentei e consenti, e ele passou a me beijar fervorosamente, fazendo com que aquele momento se tornasse mais intenso, me fazendo esquecer de como se respirava, e me envolvendo cada vez mais, senti sua mão em minha coxa, senti a sua mão subindo e me puxando pela cintura, para que eu pudesse me aproximar mais ainda, como se fosse para nos tornarmos um só e nunca mais nos separarmos, mais sabia que não era isso que realmente iria acontecer, sabia que depois daquela intensidade, daquele momento de paixão que estávamos nos entregando, ele iria embora mais uma vez, e eu não suportaria, lutei ferozmente contra a minha vontade de permanecer ali, junto com ele, achei que não venceria, mais reunindo as escassas forças que tinha, consegui sair de seus braços que me envolviam, e me libertei daquele beijo.
Ele me olho confuso, como se perguntasse, “HEIN??”
-Que bom que você está feliz!
Foi a única coisa que pude dizer antes de sair correndo sem se quer dizer um tchau para os outros, corri para minha casa, demorou quase meia hora, é, de carro é bem mais rápido! Quando finalmente cheguei, me atirei na minha cama, com a digital na mão, olhava aquela foto que eu havia tirado, mostrava os olhos dele perfeitamente, como num retrato, fique petrificada olhando a profundidade e alegria que estava transparente naqueles olhos...quando surge no ar uma voz familiar, doce e recatada, que como se soprasse ao vento perguntando “o que você está olhando?”
- O seu retrato. - respondi
- Hummm
Continuei olhando, (!) como num estalo, desviei o foco de meu olhar da câmera para olhar acima dela, era ele, ele estava lá, não acreditei, esfreguei os meus olhos para desafiar a minha imaginação, olhei novamente, não era imaginação, era ele! Ele estava lá imóvel, me olhando, e finalmente disse:
- Eu não estou feliz.
- Como não? Você me disse... E... - eu não conseguia entender.
- Eu menti! Eu menti, eu não agüento mais mentir! Eu minto para mim mesmo todos os dias há quase seis anos!
- Doug, para de querer me torturar! Eu vi, ta legal? Eu vi em seus olhos, você estava feliz!
- É claro que eu estava feliz, !
- Então!
- Eu estava feliz, porque você estava lá! Você não entende garota?
- Isso quer dizer que você vai ficar?
- Não... Eu não posso ficar... Mas se você por acaso, me falasse as palavras que nunca ouvi de sua boca, eu te levaria para Londres, sei lá, seria muito bom ter você lá, comigo, se você quisesse, ou, - permaneci em silencio - e claro que você não vai dizer, é... Desculpa atrapalhar, eu... Eu tenho que ir...
Ele virou de costas, quando eu sai do meu estado nirvana, e com os olhos cheios de lagrimas, de alegria, resolvi gritar, um grito que saiu do fundo da alma, um grito que fez com que o meu vizinho surdo pedisse por silencio!
- Dougie Lee Poynter... eu te amo!!!
Ele se virou e respondeu que também me amava, pulei da cama, e corri desta vez de encontro para ele, e abracei-o com força.
- Ta esperando o que pra fazer as malas? - ele secou, com suas mãos, as lágrimas que eu deixava cair, e completou - nós partimos ainda hoje!

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