- Vamos logo, ! – , e gritavam do andar de baixo. Eu ainda me olhava no espelho e preferia acreditar que aquilo realmente não estava acontecendo. Tudo por uma aposta sem graça, que se eu perdesse, teria que ir à um show vestida de azeitona, entrar no camarim e cumprimentar os artistas.
fazia faculdade de jornalismo, portanto tinha vários contatos e conseguiu ingressos e passes para o camarim do show de uma banda qualquer, chamada Diementes. Eu não fazia idéia do que significava essa palavra, ou se eles mesmos tinham inventado, só sei que era um nome muito horrível pra uma banda.
- O show já vai começar! – ouvi a voz de gritando novamente. Respirei fundo, e desci as escadas para finalmente sair de casa. As minhas três amigas (ou seriam inimigas?), me esperavam na porta e ao me ver vestida de azeitona desataram a rir.
- O táxi já está aí. – anunciou abrindo a porta ainda gargalhando. Saí logo depois, com e rindo atrás de mim. Eu queria esganá-las. Mico em público era o pior dos micos! Enfim, depois de algumas tentativas frustradas, consegui entrar no táxi e peguei o taxista rindo de mim no banco da frente. Apenas mandei o dedo e o endereço de onde seria o show.
- Vai arrasar amiga! – falou me observando.
- Me dá um abraço. Deve ser emocionante abraçar uma azeitona. – disse se jogando em mim.
- ! Me larga, eu não consigo me mexer. – Essa hora, parte da minha fantasia tinha ficado presa entre o encosto da cabeça no banco de trás e eu estava com a cabeça inclinada e presa atrás. Pedi ajuda, e elas ainda rindo se esforçaram para tirar minha cabeça do vão.
- Eu quero ir pra casa. – falei com manha, fazendo bico.
- Você não vai conseguir nos ganhar com esse bico, sua azeitona! – riu.
- Você pode ir por outro caminho? Essa rua está engarrafada. – sugeriu para o taxista. Malditas ruas de Londres numa sexta-feira à noite.
- Vamos logo! O camarim é por aqui! – gritava sinalizando para entrarmos pela porta de trás. Graças a Deus o show já tinha começado e todos estavam do lado de dentro, pelo menos não teria um povo rindo de mim na porta da casa de show.
- Hei moçinha! Cadê o seu passe? – o segurança pediu pra mim enquanto eu seguia as meninas. As três já estavam do lado de dentro e esperaram eu achar o meu passe no meio de toda aquela azeitona gigante em que eu estava vestida. O segurança teve que me dar espaço para conseguir passar na porta e gargalhou em seguida.
- Meninas, eu não quero! – hesitei quando iríamos finalmente entrar no camarim.
- Não tem essa! Você perdeu a aposta. – me puxou. Segurei minhas mãos contra o vão da porta e elas começaram a me empurrar contra.
- Eu não queeeero! – gritei manhosa.
- Não têm essa, ! – falou ainda me empurrando. E eu me perguntava como conseguia ser tão forte em segurar as três. É sério, elas se empurravam contra mim e...
- AAAAH! – ok, eu não era tão forte assim. Tão forte para deixar a porta se abrir e cair pra dentro do camarim, as fazendo caírem por cima de mim e um bando de produtores, empregados e sei lá mais o que, olharem pra nós imediatamente.
- Obrigada, você amorteceu a minha queda. – agradeceu se levantado de cima de mim.
- Alguém pode me ajudar? – eu rolava pelo chão a fim de achar algum jeito de me levantar. Era difícil a vida de uma azeitona. De repente um garoto veio correndo de algum corredor do além (sério, eu não tinha visto esse corredor) e tropeçou em uma parte da minha fantasia, caindo sobre mim.
- OH Céus! Tem uma azeitona no caminho! – que mico. Três garotos vieram do mesmo corredor e pararam no caminho tentando entender a cena. , e sorriam amarelo, enquanto o primeiro menino ainda estava em cima de mim. Outch, ele é pesado!
- , você está bem? – um deles perguntou se referindo ao menino pesado que caiu em mim. O garoto concordou ainda com os olhos arregalados para mim.
- Vocês podem explicar por quê tem uma azeitona na porta do camarim? – um deles perguntou. Ok, aqueles quatro meninos eram muito bonitos. E eu aqui vestida de azeitona. Humpf. Que raiva.
- Uma aposta. – sorriu. Aaaah aquele sorrisinho! Ela só usava quando queria fazer charme. E ajudou. Um dos meninos se aproximou dela.
- .
- . – ela sorriu tímida. Huuum, senti o clima. Ok , você tem coisa mais importante a fazer, como se levantar do chão.
- Esses são , e . – Falou o tal . E ninguém ligava para mim que tentava levantar do chão, mas não tinha resultado.
- , e . – apontou pra mim no chão, que atraí todos os olhares.
- Precisa de ajuda? – o tal perguntou estendendo a mão pra mim. Agradeci e segurei sua mão. Ok, o problema é que ele não estava conseguindo me levantar. Então, algo mais frustrante ainda, os outros três meninos vieram até mim e me levantaram. Eu juro que ainda mato as minhas amigas por inventarem essa aposta idiota.
- Vocês gostam dos Diementes? – perguntou. Uau, eu já estava sabendo diferenciá-los.
- Não, é que foi a única banda que a conseguiu passes pro camarim. – respondi rápida, ainda tentando me equilibrar naquela fantasia.
- E vocês? – resolveu puxar assunto.
- Somos amigos deles e viemos dar um apoio. – respondeu vidrado nas pernas de . Não era justo! Porque elas podiam ir todas lindas e arrumadas, encontrar meninos lindos, e eu aqui vestida desse jeito? Que ódio!
- Vocês querem beber alguma coisa depois do show? – convidou . As meninas concordaram felizes.
- A só precisa conversar com a banda antes de ir embora. – disse rindo de mim. Forcei um sorriso pra ela e voltei a ficar séria. Eu sabia que todos ali estavam segurando o riso.
O show demorou um pouco pra acabar, mas as meninas ficaram conversando e conhecendo aqueles garotos enquanto eu rezava pra poder tirar aquela fantasia logo.
- Eles estão aí. – anunciou olhando pra mim.
- Vai lá amiga. – disse dando tapinhas nas minhas costas. Vi quatro garotos suados e cabeludos passarem pelo corredor conversando alto e rindo. Até que o que andava na frente tombou em mim.
- AH! – gritou cambaleando.
- Olha, não falem nada ok? – iniciei enquanto eles olhavam horrorizados pra mim e eu escutava as risadas do pessoal no camarim.
- Eu estou aqui para cumprir uma aposta e preciso apenas que vocês digam que nunca viram uma azeitona tão linda como eu. – bufei ao final. Era parte da aposta. Eles se olharam em dúvida e chegou atrás de mim filmando.
- Você é a azeitona mais linda que nós já vimos. – um deles falou. Mas não importava, eles eram todos iguais pra mim. Dei de ombros e sai dali. os agradeceu e eles começaram a rir ali no meio do corredor.
- UAU! – um deles falou ao dar de cara com as minhas amigas no camarim.
- Pare de babar. – disse dando um tapinha no peito do cara da banda com nome estranho.
- Ok. Nós vamos todos para um bar agora, querem ir conosco? – convidou o mais cabeludo da banda. Todos aceitaram e lá vou eu, vestida de azeitona.
- Eu preciso me trocar antes. – anunciei.
- 5 minutos. – disse olhando para o relógio.
- 5 minutos? Você sabe como foi difícil colocar isto e...
- O tempo está passando... – ela ergueu a sobrancelha. Que vaca. Eu ainda mato ela. Corri para o banheiro e juro que foi o mais difícil. O tecido grudou no meu salto e bagunçou todo meu cabelo. Pelo menos não amassou meu vestido preto que eu usava por baixo. Sai do banheiro tropeçando nos próprios pés e, sério, senti aqueles garotos vidrados nas minhas pernas.
- Você é realmente, a azeitona mais linda que eu já vi. – disse como se fosse um pensamento alto. Ri baixo e ele parecia querer se matar por ter dito aquilo. Que fofo.
- Vamos? – , o primeiro a parar de me olhar falou, acordando todos do transe.
- Ahhh nem vem! Eu não vou virar isso! – gritava enquanto os meninos empurravam um copo de Tequila pra ela. Os carinhas da banda estavam em outra mesa com algumas groupies. e já estavam se pegando num canto, enquanto e tinham toda intimidade dando beijinhos na orelha e no pescoço.
- Quer beber alguma coisa? – perguntou se levantando da mesa.
- Eu vou com você até o bar. – me levantei. Ao chegar, pedi uma vodka para o garçom e me sentei num banco. se sentou ao meu lado.
- Ok, que tipo de aposta foi aquela? – ele me perguntou rindo. Contei toda a minha história, desde a noite que a aposta surgiu e até eu cumprí-la. Eu nem via mais quantas vodkas já tinha bebido e o papo estava ficando interessante.
- Sex on the beach? – ofereceu. OMG, que rapidinho ele! Arregalei os olhos.
- Hei, é só uma bebida. – riu.
-AAAH! – ri também. Meus neurônios não ajudavam muito. Olhei para a nossa mesa, onde e conversavam entre sussurros, ainda não tinha desgrudado de e e tinham sumido. Céus, só espero que não apareça grávida depois. Quando virei meu rosto para , percebi que seu rosto estava bem próximo ao meu, tanto que eu sentia a sua respiração perto da minha. Em alguns segundos nossos narizes se encostaram. Fechei os olhos e ele encostou sua boca na minha. Nos beijamos por alguns segundos, quando o garçom pigarreou ao meu lado.
- Aqui o seu drink, moça. – olhei para o lado. Era uma mistura de bebidas e dentro do copo tinha um palitinho fincado numa azeitona.
- Ah não! – reclamei empurrando o copo. riu ao notar a azeitona ali presente.
- Eu ainda prefiro você como azeitona. – ele falou roubando um beijo.
Fim.
Nota da Autora: Tá, essa fic foi fruto de um domingo á noite sem nada pra fazer. (dã), mas ok.
Agradecer à Kk que me deu a idéia da fantasia de azeitona, :p à Nal que me ajudou com umas coisinhas (hum) e ah, agradecer aquelas putinhas que são minhas melhores amigas e sabem do que eu tô falando.
Beijones :*:*