1. The night life's taking it's toll, that's just the way it goes.


Mais um dia de trabalho, mais um dia de empregada-quebra galho, mas ela não poderia reclamar, já que nenhum lugar queria lhe dar um emprego. Pelo menos lá, trabalhando com a banda e com os empresários, tinha algo garantido na sua conta todo o mês. Não era de todo um trabalho bom, mas era melhor do que nada.
- Realmente emocionante e muito gratificante. Depois me perguntam o porquê de eu não querer casar. É tão simples: não consigo imaginar cuecas de homem se misturando com o resto de minhas roupas na gaveta, ou pior, na lavadora. E também a questão do banheiro. Por Deus, que nojento. Por que eles não podem ser mais limpos? Argh. Ok, se concentre. Você necessita deste dinheiro e desse trabalho e, de quebra, leva o cara mais gato da banda. Lembre-se disso. Ok, mas limpar banheiros é o fim do mundo. Odeio! Odeio! ARGH! OLHA QUE NOJO ESSA PRIVADA! Aposto que foi a maldita pizza que o comeu ontem! ARGH, QUE PENSAMENTOS. Preciso terminar de fazer isso logo e... - Dá pra você dar um pulo aqui? – bateram na porta, gritando do lado de fora do banheiro. Como estava entretida em seus pensamentos e falando em voz alta, levou um grande susto.
- Estou indo! – a garota falou, jogando longe o desentupidor de vaso sanitário e as luvas de borracha – ARGH! QUE NOJO! – andava no chão molhado com sabão em pó e exclamava essa última frase a cada cinco segundos.
Depois de uma travessia tensa, conseguiu sair do banheiro e logo se livrou das botas, ficando descalça.
- Quem me chama? – ela apareceu na sala, onde a banda, McFly, estava reunida junto com Fletch, seu empresário. Ao entrar na sala, os garotos ficaram de cara, como se tivessem visto algo muito assustador. Eles ainda não haviam se acostumado com o jeito despojado daquela “faz-tudo” da banda. Alguém que aparentava ter uns dezenove anos, estilo meio roqueira, cabelos compridos e presos num coque alto, de pés descalços e vestindo uma camiseta do Beatles não costumava ser o perfil de alguém que limpava banheiros e era babá deles nas festas.
Ao notar a garota encharcada de sabão na camiseta e no jeans rasgados, não conteve um sorriso de lado, seguido por um risinho tímido, o que fez a garota fuzilá-lo com os olhos. e estavam com cara de bobos e pasmos. Não conseguiam desgrudar os olhos da camiseta molhada que estava grudada demais. Já estava indiferente. Lia uma Super Interessante, como se ela nem estivesse na sala.
- Er... Estou fedendo? Se eu estiver, desculpe, mas eu estava limpando a sujeira de vocês – ela disse, querendo achar uma justificativa para cara de bobos deles.
- Não é isso. Deixe de ser boba. Eu te chamei porque tenho um trabalho pra você – Fletch começou a dizer.
- Oba, outro... – ela exclamou irônica, batendo as mãos nos jeans e tentando tirar um pouco do sabão que a essa altura já estava incrustado nas calças, deixando-a com uns vinte quilos a mais.
- Deixe-me terminar. Terá show do McFly na arena de Wembley essa noite e você vai estar lá cuidando do camarim, certo? – a garota assentiu com a cabeça, encorajando o empresário a continuar - Enfim, quero que você selecione as melhores fãs da noite pra eles – Flecth terminou.
- Er... O quê? Virei casamenteira? – ela riu irônica.
- Isso não é da sua conta – respondeu seco, participando pela primeira vez da conversa. Ele apenas disse, com os olhos ainda grudados nas páginas da revista.
- Mal comido da porra – ela disse baixo, porém ele ouviu, preferindo não responder. Isso já era rotina, mas hoje não estava nem um pouco com saco de discutir com a garota.
- Você entendeu quando o Fletch disse “as melhores”, né, Brazillian girl? – chamou a atenção de todos na sala, enquanto fazia um gesto com as mãos, indicando seios fartos nele mesmo. A garota girou os olhos em reprovação. Ela achava fútil demais essa de seduzir fãs indefesas.
- Ham-ham – pigarreou, chamando a atenção da garota que o fuzilou com os olhos, desviando o olhar em seguida.
- Olhe, eu entendi, está legal, Fletch? É só escolher algumas Barbies sem cérebro para eles queimarem um pouco de testosterona. Então, se vocês não se importam, ainda tenho muito vômito pra limpar – a garota girou nos calcanhares, ao mesmo tempo em que todos se levantaram.
- Certo, nós também temos muito que resolver. Depois nos falamos, – Fletch falou por todos, enquanto saíam da grande sala.
entrou no banheiro, puxando a barra dos jeans pra cima para que não molhassem mais, como se já não estivessem ensopadas. Ela passou as costas das mãos pela testa, tirando os fios que insistiam em tampar sua visão. Antes que ela pudesse voltar ao trabalho sujo, dois braços envolveram sua cintura e lábios urgentes grudaram em seu pescoço molhado. Ela sabia quem era. Era sempre ele e, de qualquer modo, aquele toque quente só podia pertencer a uma única pessoa, a quem ela já conhecia muito bem.
- Sentiu minha falta? – ele sussurrou no ouvido da garota e a puxou mais pra si, fazendo com que as costas dela encostassem ao seu peitoral. Nessa hora, o garoto já estava todo molhado também, mas ele não parecia se importar muito com isso.
- Na verdade, não – se desvencilhou dos braços que a seguravam e seguiu até próximo à pia, onde estavam o esfregão e um balde com os produtos de limpeza. Ela se agachou e, com toda a força e raiva que pôde, começou a esfregar o chão imundo. Enquanto fazia, se permitiu olhar pela primeira vez para o garoto que agora estava recostado à parede.
suspirou pesado, encarando-a, e depois cruzou os braços, inquieto.
- Qual é o problema? – sussurrou, quase inaudível.
A garota levantou tão rápido quanto tinha se agachado. Ela se aproximou do garoto, ainda com o esfregão na mão.
- Qual é o problema? – ela gesticulava com o objeto, algumas vezes quase acertando – O problema é “, quero que você selecione as melhores para eles comerem a noite” – ela fez aspas com os dedos e continuou inquieta, sem nem ao menos parar pra respirar - Eu achei que você tinha parado com isso, por Deus! – ela respirou fundo no fim da frase e jogou o escovão no canto do banheiro.
deu uma risada baixa e depois encarou a garota, sorrindo.
- E eu parei. Você sabe disso – ele começou a se aproximar da garota novamente. Suas mãos envolviam a cintura de automaticamente, a puxando mais pra perto. Ele a encarava nos olhos, com a expressão séria, e o coração da garota podia ser ouvido a quadras de distânci. – Mas ninguém precisa saber que agora é só você quem entra no meu quarto depois dos shows – ele completou tão baixo que a garota estremeceu com a sensação do sussurro de tocar seus lábios daquela maneira. Ela sorriu, entrelaçando as mãos na nuca de . No fundo, sabia disso, mas ela adorava a sensação que a preenchia cada vez que falava que ele era só dela.
Os dois lábios se juntaram devagar, como se nenhum dos dois tivessem pressa pra mais nada, apenas para ficarem ali, sentindo as respirações misturadas e os lábios colados, trocando experiências e sentimentos.

Terminado o trabalho no banheiro que agora aparentava ser um banheiro e não um centro de sujeira radioativa, olhou no relógio: 18h30min. Tinha menos de duas horas para arrumar o camarim da banda. Se o Fletch descobrisse que passou quase a tarde toda no banheiro com , estaria morta.
Saindo daquele local, entrou em seu fusca roxo e se dirigiu para a tal arena. Mostrou o seu crachá na entrada, onde se lia “ – Roaddie (McFly)” (ela ainda acha que deveriam trocar o Roaddie por “empregada quebra-galho, casamenteira e babá de uns caras de vinte e poucos anos), deram-lhe passagem e ela, como já conhecia o local, foi direto ao camarim, levando uma cesta de fruta com três garrafas de dois litros de água. Depois, voltaria para baixo para pegar o combustível: a cerveja. Pegou quatro toalhas brancas e as deixou perto das poltronas que havia ali na sala. Sentou-se em uma delas. Estava tão cansada e elas eram tão confortáveis... Fechou os olhos e respirou profundamente. Repetiu esse processo umas três vezes e acabou caindo no sono.
- Ainda bem que fui eu quem chegou primeiro – disse, cutucando a menina de uma maneira nada delicada, que acordou assustada.
- Nossa, eu dormi. Meu Deus! – colocou as mãos na cabeça e se levantou rapidamente. Havia tanta coisa pra colocar no lugar.
- Relaxe. Estou sozinho aqui e já peguei a cerveja no seu carro. – disse, abrindo a geladeira do local e pegando uma das cervejas. Esparramou-se em uma das poltronas, tomando um grande gole.
- Er... Obrigada – ela disse, ficando um pouco mais aliviada.
- Mas não se acostume. Esse é o SEU trabalho – ele disse, voltando a ser rude como sempre. A bondade estava tomando muito tempo naquele corpo. Ela já havia percebido que tinha algo errado.
- Não gaste sua saliva falando isso pra mim, ok? Eu sei – ela rebateu.
- Se soubesse mesmo, não estaria dormindo em uma dessas poltronas – ele disse novamente em um tom seco e tomando outro gole da garrafa – Da próxima vez, não serei bonzinho como hoje e irei ligar pro Fletch na hora. Aí, dê adeus ao seu emprego. Ao ouvir aquelas palavras, ela começou a gargalhar.
- Olhe que gentil. Eu sei que esse é o seu sonho, mas eu sou responsável. Relaxe, isso não vai voltar acontecer – ela disse, ainda rindo.
- Estou de olho em você, Brazilian girl. Um passo fora da linha e seu emprego já era – ele rebateu.
- , me diga uma coisa: por que você se incomoda tanto comigo? – ela disse, largando uma das toalhas e batendo na mesa com seu punho.
- Cheguei, gente! – entrou no camarim, fazendo barulho com as baquetas que segurava nas mãos, seguido de . Ele não deixou de reparar na cara de e concluiu que ela e estavam discutindo mais uma vez.
- Dudes, o está enroscado no banheiro lá de baixo. Eu o avisei para não comer aquele troço que o Fletch pediu de almoço, mas vocês sabem como ele é.... – começou a falar da desgraça do amigo e desviou o seu olhar de .
- E o que o Flecth pediu de almoço pra vocês? – ela disse, tentando se esquecer da fisionomia de .
- Er... Não sabemos direito, mas ele disse que tinha comido aquilo lá em uma de suas viagens... – disse, fazendo cara de nojo ao se lembrar – Só ele e o que comeram... Nós três nos viramos com miojo que tinha lá mesmo, né, ?
- É – confirmou, se levantando da poltrona, saindo do camarim e batendo porta.
- Já disse que ele é um mal comido? – disse, com cara de indignada.
- Er... Ele só está nervoso com o show – disse.
- Ele está todos os dias assim. Ele tem TMI – disse, com uma cara de pensativa.
- TMI? – perguntou com a mesma cara de ‘WTF?’ que .
- É! É o que vocês, homens, têm. Se a gente tem TPM, vocês têm: Tensão o Mês Inteiro. TMI – sorriu com a cara que eles fizeram.
- Meu Deus, somos do bem. Não temos nada disso, não – disse, se sentando.
- Vocês acham que são normais, mas são mais complicados que as mulheres – disse e olhou no relógio – Vou atrás do . Daqui a pouco, vocês têm que se arrumar.
lançou um olhar que a fez arrepiar. Ela deu uma piscadela e saiu do camarim. Desceu as escadas e perguntava para todas as pessoas se elas tinham visto . - Ah, cadê aquele cara? Juro que, se ele se atrasar, eu entro no banheiro em que ele está e faço-o entrar no palco com a privada grudada na bunda.
Depois de muito sacrifício, conseguiu tirar do banheiro. Este reclamava de dores na barriga.
- Bem feito . É nisso que dá comer o que não conhece - ria internamente.
- Mas eu confiei nele... - fez uma cara de cão sem dono.
- Homens...
Levou o coitado para o camarim, juntamente com e . Faltava meia hora pra eles entrarem ao palco.
- , venha cá - a chamou para um canto.
- Ok - ela concordou, ficando um pouco corada.
- Estou com saudades - ele sussurrou – Ham-ham, o sumiu – completou, aumentando o volume da voz, quando percebeu que os dois curiosos não paravam de olhar para eles.
- Está de brincadeira, não? Como assim? - exclamou, ficando nervosa.
- Não! Eu o procurei, mas não achei - fez uma cara de desânimo - Ele anda estranho ultimamente.
- Eu percebi isso, faz tempo. Não que ele foi normal algum dia, mas ultimamente ele está pior do que nunca. Vá se arrumar com os outros garotos que eu vou procurá-lo. Deve estar num canto aí, solitário e chorando. Aquele emo...
- Não fala assim dele, ok?- agiu tão rápido que ela não pôde interferir. E, quando se deu conta, ele tinha colado seus lábios aos dela num rápido beijo. Ah, aqueles arrepios...
Afastou com pressa e saiu do camarim, sentindo as bochechas ferverem. Estava rezando para que os outros dois seres da sala não tivessem visto.
Desceu as escadas, passando o olhar em todos que encontrava pra ver se achava o emo. Nada. Andava agora mais aflita do que nunca e rezava para não encontrar Fletch no corredor. Aí, sim, estaria perdida. Até que viu uma portinha que dava para um corredor, com uma saída ao ar livre. Sua última esperança. Dirigiu-se correndo até lá e, quando chegou, encostou-se à porta e espiou do lado de fora. Viu um cara sentado numa escada de ferro, segurando um cigarro e um jornal. Se ela não conhecesse tão bem esses quatro meninos, teria virado as costas e ido embora, mas ao invés disso, se aproximou sem fazer barulho e observou o jornal que estava na perna do garoto, onde se lia a primeira página “Integrante do McFly, , envolvido em mais um escândalo”.
encostou-se à escada atrás dele. Estava em choque. Como assim ‘mais um’? Respirou profundamente, tomando coragem. Sabendo que levaria um xingamento, disse, tentando não mostrar a voz trêmula:
- Eu te encontrei. Você precisa vir comigo.
Ele não respondeu. Deu uma tragada longa em seu cigarro. Desde quando ele fumava mesmo?
- Você vai atrasar o show, – ela tentou dizer com a voz mais calma e amigável possível e sentou-se ao seu lado – E, por favor, apague esse cigarro – ela disse isso, pegando o jornal do colo dele.
Leu rapidamente algo que envolvia uma ex-namorada. Definitivamente, isso não importava agora. Levantou-se e jogou o jornal no lixo. tinha um olhar distante.
- O Fletch vai me matar - ele sussurrou com uma voz estranha. não sabia muito bem o que fazer, o que falar. Tirou o cigarro da mão dele, apagou-o e jogou fora. Por instinto, o abraçou meio insegura, achando que ele iria empurrá-la pra longe, mas por surpresa, ele retribuiu, a abraçando forte.
- Vai não. Não vou deixar – ela disse com uma voz abafada, encostando o seu nariz ao pescoço dele. Quis aliviar o clima dizendo aquilo, sentindo-o a abraçar mais forte. Ele provavelmente estava precisando de alguém que o entendesse ou que o escutasse. Ele a soltou, depois de um tempo, e saiu do corredor sem falar nada. suspirou fundo, ficando alguns minutos lá ainda, absorvendo o que tinha acabado de acontecer. Afastou esses pensamentos de sua mente e foi atrás dele. Precisava ajeitar os últimos detalhes.

estava nos bastidores, como sempre. O vão que lhe dava visão para o público mostrava milhares de adolescentes cantando junto com a banda. andava de um lado pro outro, verificando os cabos, repondo água pros garotos e dizendo qual instrumento devia ser trocado pra qual garoto. Já era rotina pra ela, algo que ela poderia fazer de olhos fechados, se precisasse. O rádio comunicador que a garota possuía na cintura fez um chiado. A microfonia apitou alto no alto falante do fone de ouvido que ela usava.
- Merda! - resmungou, tentando abaixar o volume daquele aparelho, enquanto ouvia os murmúrios de alguém do outro lado.
- ... , está me ouvindo, garota? - a voz chiada saía cortada do outro lado e ela quase não conseguia compreender o que falavam por estar próxima ao amplificador. Ela largou a prancheta de anotações em cima da caixa de som, afastando-se um pouco dali e ajustando uns botões do comunicador.
- ?
- Oi. Fletch?
- Sou eu! - pôde-se ouvir a voz cansada do homem do outro lado. Provavelmente ele estava resolvendo algo que o deixava estressado.
já conhecia aquele tom de voz. Provavelmente alguém da imprensa ou um capricho quase impossível dos garotos. Como a vez em que queria uma das guitarras elétricas do Elvis para sua coleção. Isso estressou tanto o Fletch na época que, quando conseguiu a bendita guitarra, ele deu uma festa de comemoração.
- Apresse-se com as coisas aí, que você tem que ficar na saída escolhendo aquelas garotas, como o combinado.
bufou, encarando um dos caras da produção levando a guitarra roxa de em direção ao palco. Não! Essa era somente pra música final! Agora era o violão!
- Está legal Fletch. Eu já sei! – resmungou, enquanto fazia gestos para o cara trocar o instrumento. Assim que ela deu as últimas instruções para o pessoal do backstage, seguiu até um dos camarins, pensando em tomar um banho.
O show já estava terminando e a única coisa em que ela pensava era escolher as três garotas de uma vez e ir em direção ao quarto de .
De banho tomado e como uma boa pessoa precavida, trouxe uma muda de roupas boas pra ocasião. Nada muito chique, mas algo melhor do que estava vestindo. Colocou uma mini-saia jeans preta, um Scarpin de bico redondo e uma blusinha branca, deixando os cabelos compridos soltos.
Tinha acabado de colocar o rádio comunicador de volta ao ouvido e pôde ouvir Flecth gritando seu nome:
- ! Está pronta? Eles vão sair do palco já.
- Estou indo, querido chefinho. Estou indo...
Seguiria em direção à pista VIP, onde certamente encontraria umas loiras oxigenadas para uma noite. Isso era horrível, em sua opinião? Era, mas qual daquelas garotas recusaria uma noite com um dos garotos?
estava repondo algumas bebidas no camarim dos garotos, antes de sair em direção à pista VIP. Após alinhar os copos de cristal na inclinação correta, uma sinfonia de risos invadiu o camarim. Como sempre, a gargalhada de se destacava sobre as outras. A garota virou rapidamente, encarando os quatro garotos. Todos pingavam de suor etinham toalhas jogadas sobre os ombros. Seus olhos se cruzaram rapidamente com os de e seu coração deu uma guinada, batendo um compasso mais rápido. Ele estava lindo, mesmo sem todas aquelas roupas de marcas e toda aquela colônia cara. Ela sabia que gostava dele da mesma forma, sem tudo aquilo. Suas bochechas coraram rapidamente quando percebeu que também a encarava demoradamente. fez com que os dois desviassem a atenção, quando se jogou desajeitado no sofá e derrubou todas as almofadas que ela havia acabado de alinhar.
ouviu um riso de desdém e não precisou olhar pra saber de quem era. bebia um Gatorade, limpando o suor da testa com a toalha em seus ombros e a olhava de uma maneira estranha.
A garota o encarou, nervosa e pensando em falar algo, mas desistiu. Ao invés disso, deu meia volta, saindo de vez do camarim. Quanto mais rápido saísse dali, mais rápido chegaria a hora de ficar a sós com .
- O que foi, ? - ela já estava fora do camarim, quando ouviu a voz curiosa de .
- Espero que as garotas que virão pra nós hoje sejam mais ajeitadas do que essa Brazilian girl. Ela é tão sem sal. Ha - riu e ouviu-se um murmúrio por parte dos outros.
esperava que falasse alguma coisa, mas não esperou para conferir. Havia algo que ela tinha em mente. Ouvir aquilo não a agradou. Como que alguém poderia ser tão bipolar que nem ? Ele com certeza vai se arrepender por ter se metido com ela.

2. You came into my life and done a mess.


estava soltando fogo pelas ventas. Andava, pisando duro e segurando o punho fechado com força. Pensava em uma vingança.
Chegando à pista VIP, olhou aquelas garotas se descabelando de tanto gritar para entrar no camarim.
- Oi Lars – falou para o segurança que acenou afirmativamente com a cabeça. Observava cada garota nos mínimos detalhes (quando possível ), até que achou três loiras e er... Peitudas, como Dougie tinha pedido.
Pegou as três pela mão e puxou-as atrás de Lars. Porém, alguém a agarrou pela perna.
- POR FAVOR! POR FAVOR, ME DEIXE ENTRAR! PELO AMOR DE DEUS! – uma garota morena, baixinha e, hã... Meio fora do padrão dos garotos suplicava, puxando sua perna e quase a fazendo desequilibrar.
abriu um sorriso largo e logo veio uma idéia à sua mente. Pegou a garota pelo braço e a levou junto com as outras três Barbies que olharam torto. não gostou muito disso. Pobre coitada. Era uma menina como as outras.
- Pronto! Vocês são as escolhidas de hoje. Ops! – observou que havia quatro garotas pra três garotos... Teria que dar um jeito.
Foi andando com elas até uma sala próxima ao camarim, deixando três lá e levando uma consigo: a que classificou como a mais bonita. Chegando lá com os garotos, a menina (que estava com uma micro-saia, um decote enorme, salto e, por esse motivo, se perguntou como é possível assistir a um show com salto) surtou, berrou, chorou e pulou, fazendo que babasse em seu decote. riu com gosto. Depois de todo aquele processo, quando eles encontram uma fã, saiu com a loira e a levou de volta para a pista VIP. Voltou e pegou as três restantes que esperavam.
- Pois bem, quero que me sigam em silêncio e que façam o que eu mando – disse, assim que colocaram o pé para fora do estádio. Levou-as para seu carro e dirigiu até o hotel onde os meninos passariam a noite.
Chegando ao local, passou na recepção, mostrou seu crachá e lhe deram quatro chaves de quartos. Em seguida, subiu para o andar onde estariam hospedados.
- Aqui entra você – apontou para a loira peituda e mais alta de todas ali e lhe deu a chave do quarto de . Seguiu em frente - Nesse aqui é você – apontou para a outra Barbie, dando a chave do quarto de . Imaginou como o garoto se sentiria na hora que visse aquela menina. Riu sozinha. Assim, foi para o último quarto, deu a chave para a morena e disse:
- E aqui é você. Ufa – sorriu ao imaginar a cara de . Riu internamente.
- AH, MUITO OBRIGADA, ! - a menina começou a pular e abraçá-la no meio do corredor do hotel.
- De nada - sorriu sincera. Pelo menos estava fazendo uma pessoa feliz.
- Desculpe a pergunta – a menina começou antes de fechar a porta –, mas não seriam quatro meninas? Está faltando uma – paralisou e pensou ‘opa, e agora?’.
- Ah, sim... A última está esperando no hall... – tentou sorrir, mas tremia. Começou a imaginar como seria se as fãs descobrissem que era ELA quem dormia com depois dos shows. Seria apedrejada, no mínimo.
- Ah, ok! Obrigada de novo – a menina morena e nada igual às outras loiras sorriu, mostrando os aparelhos nos dentes e fechou a porta. pôde ouvir um grito de felicidade que saiu de lá de dentro. Ela riu gostoso. Não que a menina morena fosse feia, mas ela sabia que esperava outro tipo. A noite seria uma criança.
Correu para o quarto que seria de . Essa noite seria perfeita para os dois e, só de pensar, a menina se arrepiava toda. Arrumou o quarto rapidamente e vestiu a lingerie que estava em sua bolsa e utilizaria à noite. Saiu dali e desceu, para encaminhar os garotos aos quartos certos. Chegando ao hall, eles já estavam sentados à sua espera.
- Até que enfim! - disse ansioso, esfregando uma mão na outra.
- Meu Deus, que desespero! Está tão feia a coisa assim? – perguntou, rindo.
- É que ele vai perder a virgindade hoje. Por isso – disse, abraçando o amigo e fazendo uma cara de orgulhoso.
- Sua bicha... Até parece – empurrou o amigo para longe.
- A minha é boa, ? – perguntou com os olhos brilhando.
- Sei lá. Você que tem que ver isso. – deu de ombros.
- A minha que é a mais bonita – disse e olhou pra que ficou corada.
- Vamos logo? – falou seco.
A garota fingiu que não ouviu e os levou para os quartos.
- , aqui é o seu – apontou para o primeiro quarto. Ele saiu correndo e, quando foi abrir a porta, bateu com tudo o nariz.
- Eu estou bem! – ele disse meio fanho, segurando o nariz, e bateu a porta.
- Que desespero! , esse daqui é o seu... – ela mal acabou de falar e ouviu a porta batendo - Er... – olhou meio pasma, com o desespero deles.
Aproximou-se do quarto de . Estava com uma vontade LOUCA de rir, mas segurou firme.
- , aqui – ela disse seca e mal olhou pra ele. Ele fez questão de passar ao lado dela e olhar com uma cara safada que lhe deu medo. Ele olhou para que fingia estar absorto em pensamentos, observando a próxima porta. Na verdade, ele estava imaginando o que aconteceria atrás dela...
Mal se pôde ouvir o bater da porta de , pois sentiu alguém a puxando pela cintura. Lábios quentes chocaram-se aos seus. puxava a menina com muita força. Andaram, se beijando, até que sentiu suas costas baterem na parede. As mãos de eram velozes, fazendo-a sentir cada toque que ele fazia desde o início das costas até à parte interna das coxas.
- ... Nós… Estamos... No... Corredor... – ela disse ofegante, pressionando os olhos com força, tentando tirar a atenção dos movimentos do garoto e se concentrar em sua fala. Isso era quase que impossível. Suas mãos se agarravam à nuca de como se sua vida dependesse disso.
- Hm… - o garoto soltou um gemido, enquanto apertava as coxas de por baixo da saia e passava os lábios em sua clavícula - Quem liga?... Faz bem uma adrenalina – disse baixo, próximo ao ouvido dela, enquanto mordia o lóbulo de sua orelha e subia mais a mini-saia da garota.
- Ah… - demorou um pouco para que o cérebro processasse a frase que ela queria dizer. A mão de adentrou sua blusa, lhe provocando um choque pelo toque da mão em sua barriga. Ela resmungou baixo quando sentiu o arrepio que a percorreu – Eu… Queria que você visse o que arrumei lá dentro – ela disse, sussurrando no ouvido dele e descendo suas mãos até o cós da calça. Melhor dizendo: até a bunda do garoto e se demorando por lá.
não esperou dizer mais nada. Entrelaçou as pernas da garota em volta de sua cintura e a levou pra dentro do quarto. Eles tiveram certa dificuldade em abrir a porta, mas, depois de feito e quando estavam dentro, chutou-a para fechar. Dirigiu-se até a cama e jogou lá, correndo para trancar a maldita porta. Assim que voltou, se jogou em cima da garota, procurando com urgência os lábios dela.

***


bateu depressa a porta do quarto, determinado a ter uma noite divertida. O lugar estava um breu só, exceto por duas velas acesas, localizadas uma em cada lado da cabeceira da grande cama.
Joguinhos. Essa seria uma noite realmente interessante.
- Cadê você? – sussurrou, enquanto já tirava a própria camisa.
Caminhou apressado até a beirada da cama e abriu o botão do jeans. Sentiu duas mãos urgentes nos seus ombros e um sorriso presunçoso surgiu em seus lábios. As mãos do garoto escorregaram até a cintura da menina à sua frente. Sua testa se vincou em questionamento quando sentiu um grosso casaco de lã tocando sua pele. A noite estava fria, mas não era esse o tipo de coisa que ele esperava tocar nesse momento. As mãos da garota passeavam em seu peitoral nu e os lábios beijavam-lhe o pescoço. As mãos de correram pra o cós da calça da garota, mas ele a sentiu enrijecer e uma das mãos dela afastou as do garoto do local. Ele tentou ignorar a parte da sua consciência que dizia que havia algo errado. Sentiu as mãos da garota em suas costas e fez mais uma tentativa. Dessa vez, seus dedos tocaram a barriga da garota por baixo do grosso casaco e, mais uma vez, surgiram duas mãos para afastar . Porém, não foram apenas as mãos. A garota também se afastou, respirando fundo algumas vezes. exibia um vinco na testa, com uma cara de confusão que a garota não podia encarar pela escuridão.
- Ahn… - uma voz fraca, quase inaudível, preencheu o silêncio do cômodo – Podemos ir mais devagar? Eu, eu… - a garota fez uma pausa, como se precisasse de coragem para terminar aquela frase – Eu não estou acostumada a fazer isso. Estou nervosa.
Um minuto de silêncio. Não sei se era por estar com testosterona demais correndo pelas veias, mas precisou de alguns minutos para entender sobre o que a garota estava dizendo. Quando finalmente percebeu, seus olhos saltaram pra fora das órbitas e ele deu um pulo da cama, procurando desesperado pelo interruptor. A luz se acendeu. Os olhos do garoto caíram sobre a figura da menina em sua cama. Ele reprimiu um grito de pavor. Uma garota magrela, cabelos negros escorridos, com o aparelho saltando de seus dentes e sardas espalhadas pelo rosto. Seu suéter de lã era tão enorme que provavelmente não foi feito pra ela.
soltou um riso sem humor. Mas que merda!
- Olhe… - começou a sussurrar, com as mãos suando de nervoso e sem saber onde colocá-las.
Seus olhos saltavam pelo quarto. Ele não podia encarar aquela garota. Meus Deus, ele quase transou com ela!
- Eu não sei o que aconteceu, mas eu não… - ele não sabia o que dizer. As palavras tropeçaram e ele tentava atrapalhado colocar sua camisa no corpo. Assim que a garota o viu se vestindo, se levantou da cama em sua direção.
- Não, ! Por favor… - a voz da garota era urgente. Ela havia sacado o que estava acontecendo, ou não - Olhe, tudo bem. Faço o que você quiser. Desculpe, eu só estava um pouco nervosa – ela continuava andando em direção ao rapaz e ele se esquivou tanto que agora não tinha mais pra onde fugir. Suas costas roçavam na madeira fria da porta do quarto.
As mãos da garota seguiram até o cós da calça dele. Ela segurava ali, tentando fazer uma cara sexy, deixando seu sorriso metálico à mostra. estava tão abismado que não conseguia se mexer. Só engoliu em seco, já pensando em como seria o abuso sexual da parte da garota.
- Eu posso fazer algo diferente… Eu… - a garota sorriu mais ainda e deu um puxão nos jeans do garoto, fazendo-os cair nos pés e só o deixando de boxers – Já assisti a um vídeo na internet sobre isso. Não pode ser muito diferente do que com a banana – a voz da garota vacilou um pouco no fim da frase.
- O quê? – quase gritou, desvencilhando da garota e abrindo a porta atrás de si. Ele a fechou e trancou com a chave do lado de fora. Isso tudo em fração de segundos. Ele ofegava e escorregou do lado de fora da porta.
- Mas que pouca vergonha! – alguém falou no fim do corredor e ele virou o rosto pra encarar uma velinha no andador, aguardando o elevador. Ela não devia reclamar. Não é todo dia que você vê um astro do rock de boxers no corredor do seu hotel.
O garoto passou as mãos pelos cabelos, desolado. Mas que merda! Era pra ser uma noite agradável e ele encontra esse monstro do lago Ness querendo abusar dele? Como é que isso foi acontecer?
- ! – falou alto, resmungando a si mesmo. Só podia ter sido ela. Mas por quê? - Essa garota me paga. Ela vai ver só quem é ! – ele disse decidido, levantando-se devagar do chão. Foi então que ele teve uma idéia.

***


e já estavam bem animados. Na verdade, muito mais do que isso. O garoto buscava com urgência o feixe do sutiã dela, enquanto a beijava, revezando entre a boca e o pescoço. Já estava impaciente com a dificuldade que encontrava com seu sutiã. Subiu suas mãos pelas costas dele e colocou atrás das suas para terminar logo com isso. Alguém gritou no corredor:
- MAS QUE PORRA! – e , pega em um momento desprevenida, se assustou com o grito que veio de fora. gemeu com a parada súbita da menina.
- Mas que porra DIGO EU! Quem é o infeliz que está gritando bem perto de nossa porta, JUSTO agora? – disse em um tom revoltado, levantando um pouco a cabeça e olhando para porta mesmo que fechada.
- Não sei – saiu de cima dele e foi espiar pela porta. Ouviu uma fungada alta de . Ela abriu a porta delicadamente, apenas para ver quem era o doido gritando. Não soube se ele teve um olhar muito biônico, mas de repente esse tal ser estava na sua porta, socando e empurrando para abri-la - AH, MAS QUE PORRA É ESSA? – disse assustada e, com muito esforço, conseguiu fechar a porta. Imaginava quem era, mas teve a certeza assim que...
- , SAIA DAÍ JÁ! VOCÊ ME PAGA, SUA, SUA... – berrava e socava a porta do quarto.
- É O ?– gritou pasmo – O QUE VOCÊ FEZ?
- CALE A BOCA, SEU IDIOTA, QUE ELE VAI OUVIR! Eu não fiz nada, só não deixei barato uma coisa que ele fez pra mim. Comigo é assim: aprontou, levou na mesma moeda – disse, ainda segurando a porta. Passou a chave, trancando-a e escorregou pela porta na qual ainda socava.
- Sei. O que você aprontou? – perguntou curioso.
- Só separei uma menina... Hã... Diferente do que ele queria. Só isso – sorriu maliciosa.
- Ai, como você é má!
- ABRA ESSA PORTA, ! – berrava.
- Melhor você abrir logo a porta – disse, enfiando a cara no travesseiro, desolado por ter perdido a noite.
- Está legal. Entre no banheiro – resmungou de má vontade.
- E VOCÊ VAI ATENDER A PORTA PARA ELE ASSIM? – berrou, ao se referir aos trajes da garota.
- Cale a boca e faça o que estou mandando, . Entre logo lá – ela disse, se levantando do chão e empurrando para dentro do banheiro. Fechou a porta.
- , SE VOCÊ NÃO ABRIR, VOU ARROMBAR! – ainda berrava, socando a porta do lado de fora.
A garota ajeitou sua lingerie preta, colocou a camiseta de que estava mais próxima que qualquer outra peça de roupa (na verdade, as roupas deles estavam jogadas no chão) e abriu a porta. Antes que pudesse fazer ou dizer algo, ele ficou estático, observando a menina que estava na porta.
- O que você QUER? Se não consegue dormir, deixe quem QUER em paz! – falou um tom autoritário. ainda estava em transe, observando o corpo da menina, principalmente as pernas, já que a camiseta servia como um vestido super curto. se sentiu envergonhada pelo jeito que ele a olhava.
- FALE LOGO! – a garota berrou, enquanto puxava a camisa para baixo, tentando fazê-la cobrir algo mais.
- Hã? Ah! POR QUE VOCÊ APRONTOU AQUILO COMIGO? Só podia ser você! – falou, entrando no quarto e andando, querendo a prensar na parede e deixando-a presa entre seus braços. Sem que notasse, suas costas já haviam batido na parede.
- Ué, eu não fiz nada – ela se fez de desentendida e saiu debaixo dos braços dele, indo para o outro lado do quarto para fechar a porta.
- Como não? E aquela menina com um sorriso assustador e aquele casaco que parecia ser da avó dela? Está de sacanagem. Era para me levar uma puta gostosa no camarim e me apronta uma dessas. Você não sabe ser boa no que faz – estava nervoso, apontava o dedo na cara dela. Quase disse essa última frase cuspindo na cara dela. Detalhe: ele ainda estava de boxers.
- Calma aí, senhor ‘eu-preciso-queimar-a-testosterona-que-está-em-excesso’. Você acha que é legal ouvir você me xingando a todo o momento? Ah, faça-me o favor – saiu de perto da porta.
sentou-se na cama e reparou nas roupas que estavam jogadas. Reconheceu de cara a blusa que a menina vestia.
- Essa roupa é do , não? – perguntou, levantando uma sobrancelha.
- Não te interessa – disse nervosa.
- Não mesmo. Não me importa se ele está comendo uma menina tão sem graça como você, porque, aliás – ele fez uma pausa, rindo consigo mesmo -, eu sei o porquê de você ter aprontado comigo.
- E qual é a sua teoria, oh sábio ? – zombou, gesticulando nervosa.
- Que você é uma invejosa. Que você não passa de mais uma putinha que vai pra cama de um de nós e que será esquecida assim quando for embora. Isso acontecerá mais breve do que você pensa, sua idiota – terminou de falar aquilo, abriu a porta e saiu, a batendo.
sentiu seu chão desabar. Lágrimas vieram à tona e por um impulso ela abriu a porta e foi atrás de .
A essa altura, já havia muitas pessoas no corredor do hotel, assim como uns fotógrafos, mas ela nem ligou que eles estavam a fotografando, que ela estava só com uma camiseta, ainda mais de , por cima de suas roupas íntimas e que sua maquiagem estava toda borrada por causa das lágrimas. Alcançou no corredor, o cutucou e, assim que o garoto se virou, ela de lhe um tapa bem dolorido na cara e completou com lágrimas caindo de seus olhos:
- Sinceramente, você não sabe o que é amor. Você nunca vai saber. Você que é o idiota da história. Você é quem vai sofrer. Sabe que está no fundo do poço já, e quero que saiba que, se um dia você precisar da minha ajuda, terei o prazer de cuspir na sua cara e falar um não. Foda-se você e todo esse seu temperamento de merda. Aliás, você é um merda – terminou de falar tudo aquilo e saiu correndo para seu quarto, onde estava encostado na porta, olhando com uma cara assustada. A menina separou suas roupas rapidamente e as vestiu o mais rápido que pôde. Queria sair daquela porra de lugar. Ele tentou consolar a menina e falar que o que tinha falado sobre ela ser mais uma era mentira e que ele realmente a amava, mas a menina simplesmente esquivou-se dele e, quando deu por si, ela já havia sumido do corredor, no qual havia dez fotógrafos e paparazzis. Amanhã, com certeza estaria na primeira página de algum jornal.
correu para alcançá-la no estacionamento, mas quando chegou lá, viu o carro roxo da menina virando a esquina. Passou a mão pelos cabelos e percebeu que tinha alguém tirando fotos dele também. Que merda. Amanhã seria o dia em que todos deveriam sumir do mapa.

***


acordou, sentindo uma dor insuportável no pescoço e na cabeça. Havia uma garrafa de vodka jogada no chão da sala. Levantou-se do sofá com certa dificuldade e, quando se deu por si, lembrou-se da noite anterior. Sentia-se estranha e sabia que essa história não havia morrido lá, naquele hotel. Sabia que havia fotógrafos e que... Como sua cabeça doía. Desistiu de lembrar-se. Precisar trabalhar, se é que ela tinha um trabalho ainda. Olhou para o relógio e, como sua vista estava embaçada, percebeu que estava atrasada, MUITO atrasada. Deu um pulo do sofá e correu para o banheiro para tomar um banho.

- Você é um irresponsável mesmo – Fletch disse na sala, em reunião com os garotos.
- Eu não tenho culpa. Aquela idiota que aprontou comigo – defendeu-se.
- Isso não justifica o fato de você ter a chamado de puta! – levantou-se da cadeira. Estava nervoso.
- Grande coisa. É a verdade – deu de ombros e a qualquer momento sentia que poderia socar a cara do amigo. Preferiu sair daquela sala. Além de nervoso, estava preocupado. não dava sinal de vida.
Enquanto isso, Fletch ainda xingava na sala.
- VOCÊ SABE QUE SUA IMAGEM ESTÁ ARRUINADA? E ISSO PODE NÃO SÓ ACABAR COM A SUA CARREIRA, COMO A DE OUTRAS PESSOAS TAMBÉM! – ele falava alto.
abaixou a cabeça. e se olhavam e não sabiam o que dizer.
- Garotos, preciso falar com esse irresponsável a sós, por favor... – Fletch pediu para eles, que concordaram e saíram sem dizer uma palavra. levantou a cabeça para cima da mesa e pôde ver que havia uma pilha de jornais com foto dele só de boxers no meio do corredor do hotel socando a porta e, em um, justo no momento em que , chorosa, dava-lhe um tapa na cara. Automaticamente ele levou a mão no local. Socou a mesa.
- Você não pode passar um DIA sem ser a notícia principal? Diga-me: é tão difícil? – Fletch começou a dizer – Parece que você atrai essas coisas.
- Sim, eu atraio mesmo, mas a culpa não foi minha e sim daquela idiota brasileira. Desde sempre eu não fui com a cara dela, e eu acho que você deveria demiti-la. Uma incompetente do caralho.
- Depois eu cuidarei dela. Vocês dois agiram como crianças ontem à noite. COMO CRIANÇAS! PELO AMOR DE DEUS, ! E eu não vou demiti-la. Nunca encontrei alguém tão disposto a passar pelo que ela passa.
- Claro. Ela dá para o e você quer o quê? Ela vai ser famosa quando isso cair na mídia – rebateu.
- Eu já sei do rolo deles faz tempo e nunca, nunca que ela quis ser famosa à custa dele. Se ela quisesse realmente, isso já teria saído na mídia, no mês seguinte que ela começou a trabalhar com vocês. Porém, o que eu quero dizer não é isso. Você precisa melhorar a sua imagem. Do jeito que está, você vai arruinar até a imagem da sua banda e de seus amigos.
balançou a cabeça afirmativamente, concordando. O que mais ele poderia fazer?
- Eu vou pensar em algo que você possa fazer. Agora vá trabalhar e se vir a , fale que eu quero conversar urgentemente com ela.
- Farei de tudo para que eu não a veja – ele saiu da sala, batendo a porta.

***


chegou ao local de seu trabalho. Desligou o carro e apoiou a cabeça no volante. Suspirou. Abriu a porta, saiu e bateu-a, trancando. Seguiu para a sala do Fletch, pois sabia que ontem não iria passar em branco. Sua cabeça doía.
Bateu na porta e ouviu um ‘pode entrar’. Não olhou para o lado, sentindo o olhar de três pessoas confusas. Sabia que ficaria bravo por não ter falado com ele, mas estava sem cabeça. Abriu a mesma e deparou-se com a pessoa que menos queria. Sentiu o olhar de fúria de sobre si. Baixou a cabeça e fechou o punho. As palavras dele da noite anterior ainda doíam.
- Que bom que a senhorita chegou – Fletch começou a falar em um tom nada agradável – Quero ter uma conversa séria... COM OS DOIS! TRATE DE VOLTAR A SE SENTAR NESSA CADEIRA, ! – ele disse essa última parte quase berrando.
- Humf, mande o resto logo – falou, se jogando na poltrona ao lado de que ainda estava de pé e tremia de nervoso.
- , sente-se – a menina o obedeceu e sentou-se, olhando fixamente para o chão. Fletch continuou – VOCÊS DOIS SÃO IDIOTAS, É? QUEREM O QUÊ? ACABAR COM AS SUAS REPUTAÇÕES? , ME ADMIRO QUE VOCÊ NÃO LIGUE PARA ISSO! VOCÊ SABE QUE ESTÁ LEVANDO A BANDA PARA O BURACO! E ! COMO VOCÊ PODE ME SAIR NO MEIO DO CORREDOR, FAZENDO O BARRACO COM ESSE LOUCO E COM UMA ROUPA DO ? VOCÊ ACHA QUE OS PAPARAZZIS NÃO NOTAM ESSES PEQUENOS DETALHES? QUE PORCARIA! SE NOTARAM, SERÁ MAIS UM ESCÂNDALO ENVOLVENDO O MCFLY! PORRA! PENSEM ANTES DE AGIREM FEITOS DUAS CRIANÇAS NUM CORREDOR DE UM HOTEL!
não conseguia raciocinar muito sobre o que Fletch estava falando. Em partes por causa da velocidade em que essas palavras atingiram seu cérebro e em outras por causa da ressaca que estava. Mas uma coisa ele tinha razão: se a mídia descobrisse sobre o seu rolo com , ela estaria perdida. “A menina que limpa os banheiros do estúdio da banda saindo com , um dos McFly. Mais um golpe do baú?”. balançou a cabeça, tentando afastar esses pensamentos. Quão idiota tinha sido... Estava à beira de perder seu emprego e, na pior das hipóteses, prejudicar ainda mais a banda.
- Desculpe-me. Não sabia que as coisas iriam chegar a esse ponto – ela disse totalmente arrependida, mesmo sabendo que o barraco não teria começado por parte dela, e sim pelo ser prepotente que estava ao seu lado, fingindo ouvir o Fletch falar – Por favor, Fletch, não me demita...
- Ha, fácil falar que estar arrependida agora, né? – deu uma risada sarcástica e se ajeitou na poltrona – Se eu fosse o Fletch, você estaria no olho da rua faz tempo.
não respondeu. Não queria falar com ele. Fechou os punhos com mais força, sentindo as unhas machucarem a palma de sua mão.
- Cale a boca, – Fletch disse por . Ela teria o beijado, se não estivesse com tanta raiva.
- Posso me retirar? – ela perguntou, se levantando.
- Ainda tenho mais uma coisa pra contar – Fletch disse fazendo um sinal negativo com a cabeça. sentou-se mais uma vez - Recebi uma carta hoje de manhã falando sobre seu visto da Inglaterra... Ele está irregular.
Ao terminar aquelas palavras, sentiu um choque percorrer seu corpo. Como assim? Irregular? Seria deportada? É isso? Sentiu seu estômago revirar e começou a suar frio.
- Meu Deus, ! Não morra! Tem um jeito! Calma! Não está tudo perdido – Fletch disse, se levantando de sua mesa e indo em direção à menina que estava cor de papel.
- ‘Ta, e o que eu tenho a ver com isso? – disse em tom indiferente e observando , achando que aquilo não passava de uma ceninha de menina mimada e idiota.
- O que você tem a ver é que eu vou resolver os dois problemas de vocês de um único jeito – Fletch concluiu, enquanto abanava a revista, fazendo ‘ar’ pra .
EPA, ESPERE AÍ.
se ajeitou na poltrona. Já tinha ouvido histórias que para uma pessoa não ser deportada ela precisaria...
- VOCÊS VÃO SE CASAR! , vai ser bom pra você, pois ela não é conhecida na mídia e isso fará com que as pessoas se esqueçam de seus rolos com famosas. E, , você não vai ser deportada – Fletch terminou de falar todo sorridente, como se tivesse descoberto a América.
- NÃO. DEFINITIVAMENTE NÃO – estava entrando em curto.
- FLETCH, VOCÊ SE DROGOU? PORRA, COMO É QUE VOCÊ QUER QUE EU ME CASE COM UMA COISA DESSAS? - a essa altura, já estava de pé, inclinado sobre a mesa, em direção ao Fletch. Ele poderia matá-lo em um piscar de olhos.
- OLHE AQUI, : VOCÊ LAVE A SUA BOCA IMUNDA ANTES DE FALAR DE MIM! ESTÁ ENTENDO SEU IDIOTA? - também se levantou e olhou no rosto do garoto pela primeira vez naquele dia.
- ATÉ PARECE QUE VOCÊ MERECE QUE EU LAVE MINHA BOCA PARA FALAR DE VOCÊ! VOCÊ É UMA... - ele virou-se pra Anne e os dois se encaravam com os olhos fumegantes.
- CALEM A BOCA OS DOIS – Fletch surtou, interrompendo a fala de – Se não aceitarem essa solução, vai ser o fim para os dois. OS DOIS E MAIS TRÊS PESSOAS QUE ESTÃO LÁ FORA! São mais vidas em jogo. Pensem bem.
saiu daquela sala, batendo a porta e passando reto pelos amigos que estavam amontoados do lado de fora da porta.
- ...! - a voz chorosa de preencheu a sala, enquanto ela desmoronava na cadeira, cruzando os braços feito uma criança mimada.


3. I’m a little daze and confused...


Eram quatro da tarde. Não houve expediente na Super Records. Todos estavam estressados demais e foram dispensados mais cedo. O apartamento de estava uma bagunça. Um gato gordo e cor de caramelo caminhava sobre a pequena cama de solteiro em que a garota dormia. O quarto estava completamente escuro. As janelas fechadas deixavam o quarto parecendo madrugada. O felino aninhou-se próximo ao rosto da garota e começou a miar insistentemente. se mexeu inquieta na cama. Mais um miado, mais uma revirada.
- O que foi, Ringo? – a garota se sentou na cama, olhando com o olhar fulminante para o gato que miou como se estivesse se desculpando, mas em seguida aproximou-se da garota, carente - Está bem, está bem. Você venceu – sorriu, enquanto passava os dedos pelas costas do bichano – Vamos fazer o que sabemos de melhor: assistir a Friends, tomando uma tigela, ou no meu caso, caneca de leite – completou, levantando-se preguiçosa da cama, após colocar Ringo no chão.
levantou-se, seguindo até o banheiro ao lado do quarto em passos vagarosos. Olhou-se no espelho, ajeitando um pouco o cabelo bagunçado. Escovou os dentes e calçou suas pantufas nos pés descalços. O inverno estava começando a saltar pelas ruas de Londres, mas, graças ao aquecedor do lugar, podia dormir somente com uma camiseta que havia esquecido por ali.
Caminhou até a cozinha, observando Ringo ao seu encalço. Preparou uma xícara de leite e uma tigela com o mesmo conteúdo para o gato que a observava ansioso. Colocou sobre a mesinha de centro, próxima ao pequeno sofá onde se sentou. Em seguida, puxou uma manta que estava jogada ali, dentre tantas outras coisas, e tomou o primeiro gole de leite, abrindo um sorriso largo em seguida.
- Isso que é vida de rei, não é, Ringo? - comentou, observando o gato ronronando feliz, enquanto tomava o seu leite. esticou os pés e, assim que seus dedos tocaram no controle remoto pra ligar a televisão, ouviram-se duas batidas na porta.
- Quem será que está atrapalhando o momento Friends, Ringo? – a garota jogou as cobertas de lado, resmungando, e dirigindo-se até a porta. Esqueceu-se de olhar através do olho mágico. Devia ser alguém conhecido, já que o porteiro nem se deu o trabalho de anunciar o visitante. A porta foi aberta e estava lá, sério e observando vestindo uma de suas camisetas de bandas.
A garota sorriu largamente e passou os braços por volta do pescoço do rapaz, escondendo o rosto na curva de seu pescoço. Sentiu falta desse perfume, cheiro de .
- Eu não o esperava aqui hoje – ela sussurrou, apertando mais os braços em volta do rapaz – Mas com certeza é a melhor coisa que poderia ter acontecido – ela deu um beijo na clavícula de , sentindo-o se arrepiar – Você passar o dia aqui comigo.
A felicidade de durou pouco. Ouviu-se um suspiro longo e as mãos urgentes de a afastando dele. Ela deu um passo para trás e o encarou confusa.
O rapaz fechou os olhos e observou Ringo ali no chão, engalfinhando em seus pés. Ele abaixou devagar e fez um carinho entre as orelhas do animal que miou contente.
- Eu não vim aqui para isso, disse com a voz cansada, finalmente encarando a garota semi-nua à sua frente.
- O quê? , eu não… - estava confusa. Não sabia por que ele estava agindo daquela maneira.
- Eu vim saber o que o Fletch lhe disse que a fez ficar em prantos mais cedo – ele a olhou calmo, mas a garota arregalou os olhos, como se despertasse pra realidade – Não lhe perguntei nada mais cedo porque você estava histérica, mas agora quero saber, .
Silêncio.
A boca da garota estava aberta e os olhos, fixos na figura do rapaz. Parecia que seu cérebro não se conectava a nenhuma parte do seu corpo.
- Estou esperando, – ele disse, suspirando e saindo de perto da porta que foi fechada com o pé, sentando-se no sofá.
Recebi uma carta hoje de manhã falando sobre seu visto da Inglaterra... Ele está irregular”. A voz de Fletch ecoava em sua mente, como se ela nem estivesse mais ali. Tudo o que sua mente havia bloqueado durante o sono tinha voltado à tona em um turbilhão.
VOCÊS VÃO SE CASAR!”. e . Isso definitivamente não soava bem. O nome dos dois na mesma frase já era raro e estranho. Ainda mais o nome deles juntos e somado à palavra ‘casamento’. Casados. Um pesadelo terrível. Isso ou o fim do sonho de estudar jornalismo na Inglaterra. Isso ou o fim do McFly. Um arrepio cortante percorreu o corpo da garota, a fazendo se lembrar que estava ali, parado à sua frente, com as sobrancelhas arqueadas e esperando uma resposta. Ela levou as mãos até os cabelos, desesperada. Como seria a reação dele? Que diabos ela devia fazer?
- Eu... Eu... – suspirou – Ai,, é doloroso, mas o Flecth falou que recebeu uma carta avisando que meu visto está ilegal.
- Ah, quanto a isso, eu me caso com você e resolvemos isso – ele disse em um tom meio despreocupado e brincalhão.
- Sim, eu vou me casar, mas não com você – disse, diminuindo o tom de voz.
ficou vermelho de súbito. podia notar sua jugular quase saltando pra fora do pescoço.
- , olhe... - a garota tentou começar a explicar, mas não sabia de onde.
- COMO QUE É?- se levantou num pulo, do sofá que havia acabado de se sentar – O FLETCH ESTÁ ARRUMANDO UM CASAMENTO PRA VOCÊ E EU FICO SABENDO DISSO DEPOIS DE TUDO? DEPOIS QUE QUASE TUDO ESTÁ COMBINADO? MAS QUE PORRA! POR QUE NÃO ME CHAMOU PRA FICAR JUNTO COM VOCÊ NAQUELA SALA? E O QUE O ESTAVA FAZEN... – sua mente deu um estalo – É COM ELE? É COM AQUELA BICHA QUE VOCÊ VAI SE CASAR?
não conseguia falar mais nada. Lágrimas começaram a brotar de seus olhos e a cair descontroladamente. andava de um lado para o outro na sala do pequeno apartamento. mantinha a cabeça abaixada, ainda tentando raciocinar. Ringo estava sentando na porta da cozinha, os observando sem entender nada. Ela ainda não havia tomado a decisão, mas parecia a única saída. Fletch deixou bem claro que ou eles resolviam os dois problemas, juntos de uma vez, ou nenhum dos dois estaria a salvo, ou melhor, nenhum dos cinco.
Parece que havia peso demais sobre as costas de uma bendita Roadie. Por um minuto, ela desejou nunca ter entrado na vida daquela banda, mas foi um momento curto demais, questão de segundos. Suspirou, tentando controlar as lágrimas, e uma bomba de palavras preencheu sua boca:
- NÃO QUERO ISSO! EU O ODEIO! VOCÊ SABE O QUANTO QUE EU NÃO SUPORTO FICAR NEM CINCO MINUTOS PERTO DELE! O FLETCH FALOU QUE ELE ESTÁ NUMA SITUAÇÃO PÉSSIMA E PRECISA LIMPAR A IMAGEM E QUE PRECISO ME LIVRAR DE SER DEPORTADA. AÍ ELE ARRANJOU ESSA PORRA! CARAMBA, NÃO ESCOLHI ISSO! NÃO SEI POR QUE DIABOS TUDO RESOLVEU CAIR SOBRE MIM! E VOCÊ SABE QUE SE EU TIVESSE QUE ESCOLHER COM QUEM CASAR... Eu escolheria você – ela disse essas últimas palavras com um grande esforço, pois seu fôlego estava acabando e bem baixo. Não queria que ele pensasse mal dela. Ela o amava e muito, mesmo que nunca ambos terem dito isso um ao outro. Respirou.
ficou observando a menina durante alguns minutos. Estava se sentindo um idiota. Ela não teria motivos para falar aquilo. Mesmo ele não aceitando aquela idéia, definitivamente estava sendo idiota por fazer a menina sofrer ainda mais do que já estava.
Sem palavras, ele se aproximou dela, abraçando-a forte. encostou a cabeça à curva do pescoço dele, sentindo o perfume e derramando as lágrimas. Tudo que ela mais queria era o apoio de alguém e a mesma sabia que ele era seu apoio. Sentaram-se no sofá, abraçados, e ficaram lá, durante horas, sentindo a presença um do outro.

***


- Desça mais uma aqui, garçom! – disse, já meio alterado.
- Er, dude... Vá com calma aí – disse, observando beber compulsivamente – Eu que não vou cuidar de você depois.
- Estou vendo que vai sobrar para o idiota aqui – bufou – SIM, GARÇOM! DESÇA MAIS UMA PORQUE A NOITE VAI SER LONGA! – berrou, observando a cara de WTF de .
- Mas, ... Diga para a gente o que aconteceu. A quase se acabou de chorar lá na SR e não falou nada para ninguém – disse curioso, se lembrando da menina chorosa, enquanto ela abraçava .
- Ah, vocês sabem... – disse um tom de voz meio mole. A bebida estava surtindo efeito. Sentia-se mais alegre – Ele quase comeu meu cu por causa das últimas merdas que eu fiz – deu um longo gole de sua cerveja.
- Ok, isso era de se esperar. Mas o que a tem a ver com isso? – o olhou curioso.
- Bom, ela armou pra eu ficar com uma baranga ontem à noite. Aí vocês já sabem, né? O barraco e tudo mais – Tom riu alto, se lembrando da cena.
- SÓ isso? Acho que deve ter mais alguma cois... – começou a perguntar e foi interrompido por .
- Bom, ela está com o visto irregular e, se não der um jeito logo, vai ser deportada. Aí o Fletch disse mais algumas merdas sobre o que anda acontecendo comigo e, não sei de onde, ele tirou a pior merda de todas: ele quer que eu me case com a Brazilian girl sem graça, porque ele já resolve dois problemas de uma vez só. Ou cinco problemas. Não sei. Não me lembrarei agora – terminou, bebendo o restando de sua cerveja e já pedindo outra.
- COMO É QUE É? VOCÊ E A VÃO SE CASAR? – e berraram juntos, fazendo o bar inteiro olhar para aquela direção. Eles perceberam a merda que haviam feito. Sempre tem alguém vigiando famosos. Amanhã sairia mais uma notícia no jornal sobre do McFly e uma suposta noiva.

***
A sala de reuniões parecia relativamente pequena para aquelas seis pessoas. Os lanches espalhados pela mesa estavam pela primeira vez, em muito tempo, intocados, com a exceção de que comia por todos ali. Fletch limpou a garganta, fazendo com que todos os olhares caíssem sobre ele.
- Então é isso... - ele começou.
- Fletch, acho que... - ansiosamente tentou dizer algo, mas foi interrompido pelo empresário que levantou a mão, fazendo sinal para que ele parasse.
- Eu já sei o que você vai dizer, , e a resposta é ‘não’ - Fletch mexeu em alguns jornais que haviam sobre a mesa e depois encarou o rapaz - Dessa forma, não resolveríamos o problema do , que sinceramente já estou cansado. Ou resolvemos tudo de uma vez ou não resolvemos nada e é o fim do McFly.
Pôde-se ouvir engasgando com um pedaço de pão e levantando os braços do garoto para que a comida descesse pelo lado certo. suspirou. andava de um lado para o outro no fundo da sala. Evitava os olhares de e seus olhos estavam inchados de tanto chorar.
- e , vocês precisam decidir logo. Quando antes, melhor e menos confusão - Fletch falava aquela frase pela milésima vez desde que começaram a reunião.
- Quer saber? Foda-se. Aceito essa porra, mas que fique claro: vou casar só para me livrar dessa maldita imagem. Continuarei com a minha vida de sempre – disse, se revoltando e socando a mesa.
olhou para e depois para . O garoto abaixou a cabeça. Bom, se levaria a vida dele normalmente... Ela também tinha esse direito.
- Ok. Se nada mudar, eu aceito.
O silêncio reinou mais uma vez. Fletch abriu um sorriso enorme, concordando, e tudo o que fez foi levantar-se e sair andando depressa para fora dali.
estava desnorteada. O que mudaria na sua vida a partir daquele momento? A resposta veio logo em seguida, quando decidiu fazer o mesmo que . Ele estava parado do lado de fora Super Records, tentando se livrar de paparazzis que faziam milhares de perguntas ao mesmo tempo. Ao verem a garota, mais perguntas foram bombardeadas. 'Quem é ela, ?', 'ela é a sua noiva misteriosa?', 'o que você tem a declarar sobre seu casamento?'.
olhou para aquilo com muito pânico. Era com isso que teria que lidar a partir daí.

4. Am I crashing the wedding before it happen?


estava olhando para o seu guarda roupa e tentando escolher um dos seus vestidos de festa. Era o dia do seu casamento e ela não iria de noiva. Não estava nem noiva pra falar a verdade. Iria oficializar um disfarce só para o seu bem e ainda só se casaria no civil. Coisa simples, com quatro pessoas presentes além dela e de . Ringo estava ao seu encalço. Observava cada detalhe, até que escolheu um perfeito: vermelho e curto. Retirou-o do cabide, vestiu e passou uma maquiagem leve. Terminado isso, ouviu a campainha tocar. Deveria ser Fletch que iria pegá-la. Foi correndo abrir a porta e estava certa, era o Fletch, mas...
- AONDE VOCÊ PENSA QUE VAI VESTIDA ASSIM? – ele já chegou surtando ao ver os trajes da menina.
- CASAR-ME! Aliás, você é um dos padrinhos! – ela riu irônica e encenando como se aquele fosse o melhor dia de sua vida. Fletch bufou.
- Ainda bem que pensei em tudo, porque, se eu fosse deixar na sua mão e na do irresponsável , estaria tudo perdido. Aqui – ele disse, entregando um pacote grande para a garota –, está o seu vestido e, nesse aqui – ele colocou um pacote menor em cima do maior –, são seus sapatos. JULIAN! – Fletch berrou, colocando a cabeça para fora do apartamento – Suba aqui!
Um cara vestindo uma calça rosa choque gritante e uma camisa verde-limão surgiu no apartamento, fazendo arregalar os olhos e depois fechá-los. Aquela mistura de cores estava ofuscando o seu olhar. O tal Julian segurava um secador em uma mão, com uma chapinha e uma escova na outra.
- CHEGUEI, GALERA! VOU DEIXÁ-LA UM ARRASO! – ele disse com um sotaque estranho e uma voz forçada, dirigindo-se até e pegando um das mechas de seu cabelo – E PELO AMOR, HEIN?! Você IA assim? – ele disse, ainda observando os cabelos da menina.
- Eu ia, porque, aliás, não iria fazer nenhuma diferença mesmo – ela deu de ombros, rolando os olhos e balançando a cabeça em sinal de reprovação.
- Julian, cuide dela aqui que eu vou cuidar do noivo – Fletch falou, olhando o relógio.
- OK, pode deixar, Flê! De mim ela não escapa, amor! – Julian disse, rindo e empurrando para se sentar numa cadeira. A menina estava quase chorando e gritando ‘alguém me liberte daqui’.
Fletch saiu do apartamento, fechando a porta. Seguiu para a casa de . Aquele irresponsável precisava estar lá.
Ao chegar ao local, encontrou a porta destrancada e entrou. O garoto estava largado no sofá, com uma loira deitada em cima dele e várias garrafas de bebidas no chão. Suspirou, tomando fôlego e deixando os pacotes com as roupas em cima do sofá. Iria chamá-lo de uma maneira sutil.
- MAS QUE PORRA É ESSA? – Flecth gritou, chutando para acordá-lo. Definitivamente aqueles dois, ele e , estavam o deixando pirado. acordou num pulo, derrubando a loira que estava em cima dele que começou a gritar histericamente, reclamando que ele era um bruto, idiota e que não se importava com ela.
- CALA A SUA BOCA, JULIET! – o garoto berrou estressado. Tinha começado o dia bem – QUEM MORREU, PORRA? – disse, se virando para Fletch que estava com o olhar pegando fogo. jurava que viu a veia da cabeça dele saltar.
- POR ENQUANTO NINGUÉM. MAS SE VOCÊ NÃO MANDAR ESSA LOIRA EMBORA E NÃO SE ARRUMAR LOGO, VOCÊ – ele apontou o dedo no nariz de – É QUEM VAI MORRER!
Fletch terminou de berrar/surtar. A loira, com raiva, se levantou do chão com dificuldade, pegando sua blusa e sua saia espalhadas no mesmo lugar e saiu casa, pisando duro e batendo a porta. suspirou. Sua cabeça girava.
- Satisfeito? – ele perguntou e se levantou do sofá, chutando umas garrafas pro lado.
- Não – Fletch respondeu, cruzando os braços e o encarando com raiva – Você não vai tomar jeito nunca, né? Só quando perceber que está perdendo a única pessoa que está aceitando a ficar ao seu lado ultimamente. É tão egoísta que não consegue enxergar que muitos estão o deixando...
- O que você está dizendo? Bebeu, é? – olhou com uma cara que misturava confusão e indignação para Fletch.
- Nada. A hora que acontecer, você vai se lembrar de hoje e vai perceber e entender o que quis dizer – Fletch suspirou – Vá se arrumar. A estará pronta daqui a pouco. Tenho que deixá-lo na igreja para depois pegá-la ainda. Oh meu Deus! – terminou a frase, se sentando no sofá.
- IGREJA? MAS... NÃO ERA PRA SER SÓ...? – o garoto começou, mas Flecth interrompeu.
- Não fale nada. Vá fazer o que estou mandando – pegou os pacotes, se dirigindo para o seu quarto. Sua cabeça ainda girava em torno das palavras anteriormente ditas por Flecth. “Você não vai tomar jeito nunca, né? Só quando perceber que está perdendo a única pessoa que está aceitando a ficar ao seu lado ultimamente. É tão egoísta que não consegue enxergar que muitos estão o deixando...”. Definitivamente, os amigos não se afastaram. Eles estavam sempre presentes. De quem o pirado do Flecth poderia estar falando? Da tal Brazilian girl que não podia ser. Ela o odiava e estava fazendo aquilo pensando nela e no seu futuro em Londres. Depois ele que era o egoísta. Riu ironicamente e adentrou ao banheiro para tomar uma ducha. Hoje seria um dos piores dias de sua vida, mas antes ligou seu iPod para ouvir um pouco de música para relaxar. Ergueu o volume e foi para o banheiro. Tirou a sua boxer, a única peça de roupa que vestia, e entrou no box. Deixou a água cair, enquanto sua cabeça vagava em pensamentos. Quando a música começou a tocar, era calma, mas de alguma forma ela descrevia coisas que ele passava.

(PS: Psycho Girl - Busted)

She's so weird. It scares me.
(Ela é tão estranha, isso me assusta)
I don't think she likes me.
(Eu não acho que ela goste de mim)
And thinking of her name is driving me insane...
(E pensar no nome dela está me deixando louco)

deixava a água quente cair em seu corpo e seus pensamentos vagavam em torno de uma garota. Argh, por que pensar nela estava se tornando tão constante? Ele odiava e essa música a descrevia bem.

She’s my psycho girl, my psycho girlfriend.
(Ela é minha garota psicótica, minha namorada psicótica)
Everything I say, she takes it the wrong way.
(Tudo que eu falo, ela leva para o mau sentido)
She’s my psycho girl, a living nightmare.
(Ela é a minha garota psicótica, um pesadelo vivo)
She’s everything I need, but I can't stand her
(Ela é tudo de que preciso, mas eu não a agüento)

Que ironia! Ela não é sua namorada, mas mesmo assim ela é tudo que ele precisava naquele momento para se livrar da mídia. Tudo o que ele queria era se livrar de sua imagem e ele sabia que ela não seria tola. No fundo, ele acreditava que sempre quis fama. Aquela garota era tão idiota, um pesadelo, como a música descreveu. Ele não a suporta. Socou a parede do banheiro. Queria tirá-la se seus pensamentos. Aquela imagem da garota com a blusa de com suas coxas totalmente à mostra... Ela não era assim... Tão feia. WTF? O QUE ELE ESTAVA PENSANDO?

I can't change her thinking.
(eu não posso mudar seus pensamentos)
But she's so good-looking,
(Mas ela é tão linda)
And thinking of her name is driving me insane...
(E pensar no nome dela está me deixando louco)

Estava surtando. Foi a essa conclusão que chegou. Tentou se lembrar de Juliet, a loira que estava com ele essa manhã. Ela era bem mais bonita que ... Mas não conseguia! Por Deus, devia ser o tal do casamento que estava fazendo essas coisas com ele.

We spent the night in,
(Nós passamos a noite em casa)
We started fighting.
(E começamos a brigar)
Since then it’s never been the same.
(E desde então, não tem sido a mesma coisa...)

Lembrou-se da briga no hotel, do tapa que ela deu nele e dos olhos cheio de lágrimas dela. Ele havia a feito chorar. Sentiu-se culpado. saiu do box, molhando todo o banheiro e seu quarto. Desligou a música, pois estava ficando com raiva de ter aqueles pensamentos. Jogou-se na cama, molhando o lençol e olhou para o lado, vendo as roupas de casamento. Esse seria o pior erro de sua vida.

***


"E então, eu e estávamos no Titanic. Aquela musiquinha de violinos tocava melodicamente de fundo. Empoleirados na ponta do navio, o vento levava meus cabelos. Senti um puxão mais forte". Alguém arrancava um tufo de cabelo de . A garota abriu os olhos assustada e avistou no reflexo do espelho um cara alto e careca penteando seu cabelo que agora estava loiro. LOIRO!
- LOIRA? - deu um pulo da cadeira, fazendo com que o cabeleireiro se afastasse dela - MAS QUE DIABOS VOCÊ ESTÁ FAZENDO? - ela resmungou, ainda encarando seu reflexo. Quem era aquela?
- O seu castanho escuro já esta tão ‘devasê’ fora de moda. Os homens adoram as loiras. Filme da Marilyn, querida - ele fez uma pose engraçada, enquanto girava o pulso com a escova de cabelo nas mãos. estava absorta, com a boca escancarada e sem dizer uma palavra.
ficou estática. Na verdade estava se controlando ao máximo para não socar a cara daquele cara. Ok, ele poderia ser cabeleireiro, entender de moda, mas deixá-la loira sem autorização foi demais.
- OLHE SÓ, EU VOU SER BEM CLARA, OK? QUERO MEU CABELO DE VOLTA! - ela disse em um berro. Sentiu sua garganta doer.
- Desculpe, honey, mas não dá mais tempo. O Flê ligou, falando que daqui a pouco estará aqui, e... OMG! Você precisa se vestir! Venha aqui. O seu vestido é LINDO! - Julian disse, gesticulando, como se ele fosse a noiva.
- Não vou a nenhum lugar assim - ainda surtava. LOIRA. Tudo que ela havia rejeitado até hoje: ser igual a uma loira qualquer e agora isso tinha vindo à tona. Queria seu cabelo castanho avermelhado e repicado de volta.

***


Era o pior dia da vida de , definitivamente. Ele periferia ter dormido com aquela garota estranha do hotel, ou não. Vá saber. Será que ele iria agüentar? Estava parado em frente a uma igreja enorme e carro, rodeado de fotógrafos e repórteres. Ele não conseguia respirar.
Depois de algum tempo perdido colocando o vestido, se olhou no espelho. Definitivamente, aquela não era ela. Fletch a empurrou para o carro e voou para a igreja. Estava meia hora atrasada já.
estava borbulhando. Repetia pra si mesmo para se lembrar de como respirar. Levantou os olhos e avistou um carro, ou uma limusine branca, virando a esquina. Os fotógrafos começaram o murmurinho e no segundo seguinte ele podia enxergar de novo. Eles seguiram em direção à limusine. Um rapaz abriu a porta e uma garota loira, linda por sinal, saiu de dentro. Seu vestido branco tomara-que-caia deixou sem saber onde estava por alguns segundos. Ele piscou duas vezes quando viu surgindo no meio dos fotógrafos e puxando o braço da garota. Ela virou o rosto rapidamente e pôde perceber. Era .

estava perplexo. Wow, o que aconteceu com ? Loira? Ao mesmo tempo em que admirava a beleza dela, uma porrada de pensamentos surgiram em sua mente. A garota que ele amava estava se casando. Ela estava linda. Estava se casando com um de seus melhores amigos. Puxou com força o braço de , fazendo a garota soltar um gemido de dor. Lágrimas escorriam em seus olhos. Estava confusa. As luzes dos flashes estavam deixando-a tonta e, quando se deu conta, encontrava-se num local com muitas árvores e com um rosto lindo molhado de lágrimas à sua frente. Seu coração se apertou.
- , ainda dá tempo - ele dizia, chorando. Ela ficou perdida com a reação dele. Quando iria encarar uma coisa dessas? Seus olhos começaram a ficar marejados...
- ... Encontre-me no hotel depois do casamento, por favor - ela acabou por dizer isso em um sussurro urgente, quando um par de braços a puxou de volta para a entrada da igreja. Já tinha tomado sua decisão, por mais que se arrependesse.
Sentiu os olhares em cima dela, mas seus olhos estavam fixados nos de se distanciando da entrada da Igreja.
- - ela ouviu a voz cautelosa de Fletch ao seu encalço. Ele entrelaçou seus braços nos dela e caminhou em direção à igreja. Seus olhos correram até o início do altar, onde a fitava curioso. Pela primeira vez na vida, ela não se sentia ela mesma. Repassou mentalmente o porquê estava ali ainda. Sonhos, sonhos e mais sonhos. Um dia ela ainda teria uma queda enorme. ‘Forever’ do Kiss começou a tocar e ela se viu entrando naquele lugar, com um bando de gente a observando. Ela não conhecia ninguém dali e só queria desaparecer.
Aquela música de fato era um tanto irônica. Não amava . Mas não refletiu sobre isso. Na verdade, sua cabeça não pensava em nada e ela se sentia sozinha no meio de uma multidão. Sempre sonhara em se casar e ser... Feliz. Tentou pensar que alguns de seus problemas seriam extintos a partir daquele momento, porém outros começariam agora.
Em meio de tantas reflexões, se viu absorta, em um estado alfa de reflexões, e acabou tropeçando em seus pés e caindo com tudo no meio da igreja. Fletch voou pra cima dela. Oh! Que entrada mais digna e espetacular!
não enxergava um palmo à frente de seu rosto. Sentiu Fletch puxando-a pra cima e vários flashes ofuscando sua visão. O empresário ajudou-a a se recompor, mas , que era um dos padrinhos, também foi tentar ajudar e acabou pisando na calda do vestido, fazendo com que este rasgasse. Um grito saiu da garganta da garota e um murmurinho, entre as pessoas presentes. Estava sendo um desastre! tentou inutilmente puxar a o forro do vestido, para que tapasse algo mais do que suas coxas. Fletch olhou em volta. As câmeras não paravam de disparar. Amanhã estaria em todos os jornais. Ele tirou o paletó do terno e amarrou na cintura de que soltou um riso nasalado. Não podia ficar pior.
bateu a mão na testa e cobriu os olhos. Definitivamente estava sendo um fracasso. Tirou a mão do rosto e observou o estado de : um vestido que era extremamente lindo e longo se tornou um muito curto e sensual. Ele ainda admirava as coxas dela. Balançou sua cabeça e xingou mentalmente Fletch por o mesmo estar amarrando seu paletó cor bege de última moda com riscas de giz na cintura dela. “PORRA, POR QUE ELE TINHA QUE FAZER ISSO? Estava bem mais sensual daquele jeito! , seu idiota, você está em uma igreja! Pare de pensar essas coisas!". , depois de muito tempo perdido com o seu ex-vestido comprido de noiva, andava agora amarrado em sua cintura o paletó brega de Fletch que deixava uma de suas coxas descobertas, mostrando a cinta-liga vermelha.
definitivamente estava pirando com aquilo. Quase houve outro capote em relação a , já que se esqueceu de voltar ao seu devido lugar de padrinho e ficou lá, no meio do corredor, parado, brisando, olhando e Fletch caminharem em sua direção. Fletch deu-lhe um ‘discreto’ chute em sua canela,e este voltou mancando ao lado de que ria que nem uma cabra. assuava o nariz e enxugava as lágrimas, alegando que casamentos sempre o emocionava. olhou para o menino chorando, não entendendo se era por causa dela, ou se era por causa do casamento mesmo. “Eita! Se for por causa do casamento, ele é veado e eu não sabia”. Ao lado de , estava Julian, o cabeleireiro maluco que a deixou loira. Sua vontade era de tacar o sapato de salto que ele a fez usar nesse momento. Ele pegava uns lencinhos da caixa que segurava. A cena estava cômica.
Finalmente, a três passos do altar, reparou em e no padre que desaprovava seu novo visual dentro da igreja. estava relativamente bonito e percebeu que os olhos dele caíram diretamente na fenda em sua coxa, ou melhor, na cinta liga vermelha. O padre começou a cerimônia:
- AMIGOS! Estamos reunidos para juntar esse belo casal, e ...
se perdeu em pensamentos logo na primeira frase. Começou a se lembrar de alguns momentos de sua vida. Alguns de sua infância, quando brincava com o pai, correndo pelo jardim de sua casa. Lembrou-se de sua mãe, sempre cuidadosa e cautelosa, não querendo que a menina corresse para não se machucar. Mas não adiantava. Sempre caía, batia o joelho e sua mãe ia lá, com toda a calma, cuidar do machucado. De repente, as lembranças foram voaram para o dia em que fez dezoito anos. Seu pai surge na sala, falando que teria uma notícia muito boa pra ela. vibrava! Sua mãe chorosa a abraçou no momento que ela soube que poderia ir morar em Londres para seguir seu sonho: cursar uma das melhores universidades de jornalismo. Mais um flash e agora estava desembarcando em Londres, meio perdida. Até que no dia seguinte estava na porta da Super Records, pedindo trabalho ao Fletch. Um ano havia se passado desde sua chegada. Seu primeiro aniversário longe de casa. Sentiu saudade das comemorações familiares, a umidade de seus olhos aumentar e lágrimas grossas caírem pelas suas bochechas. Queria que seus pais estivessem ali, abraçando-a e dizendo que tudo ficaria bem.
olhou para a menina que segurava seu braço com força e viu que ela chorava. Concluiu que seria de arrependimento, pois ela tinha ainda dezenove anos e, com certeza, estava desperdiçando uma parte de sua vida. Ela não podia simplesmente voltar ao Brasil e deixá-lo em paz com seus problemas? Porque Fletch tinha o metido nessa?
- ? Está ouvindo? Você aceita se casar com esse homem, amá-lo e respeitá-lo até que a morte os separe? – o padre repetiu a pergunta, retirando ambos de suas ‘viagens’ particulares.
E agora?
- Eu... Eu... Hã... A-a-a-aceito – gaguejou muito e falou fracamente. Fletch suspirou. Meio passo andado. Observou fechar os punhos e os olhos e falar qualquer coisa em voz alta.
- , você aceita se casar com essa mulher, amá-la e respeitá-la até que a morte os separe? – padre sorriu para ele. Era agora: ou ele saía correndo ou enterrava sua vida de vez.
- Aceito – disse em alto e bom tom para que todos pudessem acreditar que estava feliz e que estava somente emocionada. Era isso. Definitivamente, a vida social de estava enterrada, só faltava escrever o epitáfio.
- Que maravilha! Se existe algo ou alguém que impeça esse casamento, que fale agora ou cale-se para sempre! – o padre disse com um largo sorriso.
- Eu... – o grito de foi abafado pela mão de Fletch em sua boca. o olhou e deu uma piscadela, forçando um sorriso. Ela o esperaria depois do casamento.
- Não – Fletch o advertiu e continuou segurando sua boca. protestou em vão.
- Portanto, o noivo pode beijar a noiva! – o padre concluiu.
OPS! havia se esquecido dessa parte e, pela cara de , ela também. Ele olhou profundamente para os olhos dela e se aproximou, colocando suas mãos em sua cintura. fechou os olhos automaticamente e, no momento que os lábios se chocaram, sentiu borboletas em seu estômago. não se sentiu diferente. Um choque, ou uma tensão, percorreu seu corpo. Era como se tudo tivesse parado.
Saíram da igreja para fazerem um social lá na festa, mas nem quis ficar lá. Passou para cumprimentar as pessoas que ela fingia conhecer e saiu correndo para a limusine com em seu encalço.
- Para onde você está indo? – ele gritou, puxando-a pelo braço.
- Para a minha lua-de-mel. Não quero ficar nesse lugar e fazer social com ninguém – ela fez força e ele o largou.
- Eu vou junto, né? – ele falou, suspirando e entrando na limusine depois que ela já havia entrado. Foram para o devido hotel que passariam a noite “juntos”.

***


O casamento havia sido um fiasco. e entraram no quarto em um completo silêncio. A cama estava cheia de rosas, provavelmente alguma piadinha de Fletch ou de alguém da gravadora. bufou, enquanto jogava as pétalas de rosa no chão e deitava esparramado na cama king size. girou os olhos, observando o rapaz. Ela puxou a borda do vestido (ou o restante dele) até a cintura e fez força pra rasgar a saia até que ficasse um vestido mini, mostrando de vez a cinta-liga nas duas pernas. Que provocação aquilo estava sendo. Apesar de tudo e de toda a raiva e ódio que sentia por , ele ainda era homem. Os olhos dele correram automaticamente até as pernas da garota que agora prendia o cabelo em um coque mal feito.
- O que você está fazendo? - ele resmungou, enquanto jogava o All Star do outro lado do quarto. Ele era um McFlyer. Podia casar com um par de All Star surrado que ninguém falaria nada.
- O que você acha? - fez uma cara sarcástica, virando pro rapaz e colocando as mãos na cintura - Dando o fora daqui - fez uma cara confusa - Você acha mesmo que eu vou perder minha noite de núpcias com você?
Ele piscou duas vezes.
- Por favor, né, ? - ela sorriu, enquanto se dirigia até a porta e girava a maçaneta.
No segundo seguinte, o quarto estava vazio novamente. olhava a porta na qual ela havia acabado de sair, imaginando aonde ela havia ido. Não importava. Ele sacou o celular do bolso, já discando o numero tão conhecido: Juliet.

***


estava no fim do corredor do hotel. Já estava impaciente.
- Se ele não aparecer em cinco minutos, vou aproveitar a noite com o primeiro cara que aparecer - batia o pé no chão, encostada à janela do hotel. A porta do quarto do outro lado do corredor se abriu e um só de boxers encostou-se ao batente da porta, olhando para o lado oposto no qual ela estava.
- Ok. O segundo cara que aparecer - ela girou os olhos, observando sorrindo, enquanto avistava uma loira vulgar entrar saltitante no quarto com ele. A garota usava uma micro-saia rosa e andava empinando os seios provavelmente siliconados.
Assim que a porta se fechou, ela girou nos calcanhares e observou ofegante subindo pela escada de incêndio.
- Mas que droga! O elevador está funcionando sabia?
- Você acha... Que é fácil... - ele tentou completar, mas pediu um segundo com a mão e respirou fundo algumas vezes para recompor o ar - Você acha que é fácil despistar aquelas pessoas lá em baixo? Está cheio de repórteres, tirando as fãs histéricas pelo ter se casado.
piscou duas vezes. - Algumas estão de luto. Todas de preto. Fiquei com medo, sério.
riu, enquanto puxava pela mão. Ele parou um segundo e se afastou alguns centímetros para observar a garota.
- Uau, você está muito hot - ele fez umas curvas com a mão e a garota corou.
- Só quero ter uma noite de núpcias digna com um homem de verdade – piscou para ele.
- Rawr - brincou, fazendo um barulho feroz com a boca, enquanto dava um beijo no pescoço da garota, conduzindo-a para o quarto que ele havia reservado.
- Vou passar a noite com uma loira. Espero que a minha não se importe - ele continuou brincalhão, correndo os lábios urgentes até os da garota que ria divertido. Era tudo que ela precisava para se esquecer do resto do mundo. Os lábios de nos dela.document.write(Anne) até a grande cama do quarto. As mãos do garoto seguiam ágeis por debaixo do vestido curto da moça. Ele caiu sobre ela na cama, fazendo com que ambos soltassem um gemido. O dela foi abafado no ombro do garoto.
cravava as unhas nas costas de que a essa hora já havia subido a curta saia da garota. Ele tinha os lábios explorando cada canto do corpo de . Isso sim que era uma noite de núpcias.

***


estava sentado na cama, sozinho, fitando o cetim brilhante dos lençóis e pensando em coisas que nem ele admitia. A porta da suíte se abriu e dela surgiu uma garota com uma lingerie transparente e os cabelos tão loiros que chegavam a ser quase brancos. desviou o olhar do pano branco até a garota. Ela sorriu de canto, enquanto se aproximava da cama, já fazendo com que ele se deitasse. correu suas mãos pela silhueta da garota, parando-as sobre as coxas. Juliet soltou um riso nasalado e começou a beijar o pescoço de , passando as unhas cumpridas sobre seu peitoral. Ele encolheu a barriga com seu toque e, por reflexo, inclinou a cabeça para o lado. Seus olhos caíram sobre o pedaço de pano branco rasgado e jogado no chão do quarto. Uma sensação fria percorreu por seu corpo. .
"Você acha mesmo que eu vou perder minha noite de núpcias com você?". Juliet foi descendo sua cabeça, mordiscando cada canto do corpo do rapaz, mas ele estava com a cabeça longe - talvez no quarto da frente, talvez nem ele soubesse aonde. Ele só conseguia lembrar-se do rosto choroso dela na entrada da igreja e na cara de desespero quando seu vestido rasgou. Talvez ela não fosse quem ele pensava, talvez ela fosse... Só alguém. Só uma Brazillian girl.
Os dedos de Juliet corriam pelo elástico da boxer do garoto. Parecia que ele nem habitava aquele corpo.
estava tão linda hoje.
- ! Qual é o seu problema? - a loira saiu de cima dele e o encarou estática, com a sobrancelha arqueada.
Ele não disse nada, apenas arregalou os olhos e abriu a boca sem esboçar nenhum som.

***


Os lençóis estavam todos revirados. Uma pequena faixa do pano cobria da cintura pra baixo. Ela estava deitada de bruços na cama, com a parte de cima do corpo apoiada em . O garoto sorria docemente e, com os dedos carinhosos, fazia desenhos desconexos nas costas dela. Sua outra mão estava entrelaçada na de , apoiada sobre sua barriga.
- - a garota quebrou o silêncio que habitava no quarto.
- Hm? - ele somente resmungou. Não queria sair da sintonia que eles haviam criado.
- Eu adoro esse som. Tem um ótimo compasso... Você como músico devia saber disso - ela disse pretensiosa, levantando a cabeça um pouco para fitá-lo nos olhos.
- Qual som? - ele levantou a sobrancelha, desconfiado. Sua voz estava mais rouca do que o normal. a adorava assim.
- Do seu coração - ela fez sinal indicando o peito do rapaz - Adoro ficar o ouvindo, enquanto você dorme. Tem um compasso diferente do normal.
Os dois sorriram.
- Você me promete de que nada vai mudar com essa história de casamento, ? - ele correu uma das mãos até a nuca da garota, entrelaçando os dedos por entre os fios de cabelo.
- ... Você sabe que é tudo mentira.
- Prometa-me.
- Prometo, teimosinho - sorriu e se esticou um pouco para mordiscar o lábio de - Até porque eu não trocaria esse som por nada - voltou a recostar a cabeça sobre o peito do rapaz, mas dessa vez fechou os olhos, procurando adormecer.

5. Love and hate always walk together.


acordou, sentindo um corpo quente debaixo do seu. Ela ouvia as batidas calmas do coração dele. Passou a mão delicadamente sobre o peitoral de , sentindo o movimento da respiração dele. Sorriu. Naquele momento, ele era somente . Sem nada de fãs, fama e tablóides atrás dele. Ele era o da , o que não era conhecido por muitas pessoas.
Decidiu que era melhor colocar alguma peça de roupa, já que estava nua. Saiu da cama, recolhendo sua lingerie e vestindo-a. Estava frio e isso fez com que se arrepiar, passando as mãos nos braços, tentando aquecê-los. Viu um moletom de no chão, pegou e o colocou. A peça ficou larga e curta, como um vestido, deixando suas pernas quase completamente de fora. Foi até a sacada, abrindo a porta e se debruçando no parapeito. Observou a velha Londres, cinzenta e fria, e pessoas correndo de um lado para o outro, atrasadas para pegar o metrô. Respirou fundo. Precisava saber o que aconteceria dali em diante em sua vida, em seu futuro.
***


estava estirado na cama, sozinho. Acordou com frio ao ouvir o barulho de uma porta sendo tacada para fechar. Sentou-se na cama, passando as mãos nos cabelos e no rosto. Viu-se nu e lembranças da noite anterior, que foi um fracasso, lhe vieram à tona na mente.

*Flashback on*

- ! Qual é o seu problema? - a loira saiu de cima dele e o encarou, estática, com a sobrancelha arqueada
Ele disse nada. Apenas arregalou os olhos e abriu a boca sem esboçar nenhum som.
Juliet estava puta da vida. Ela queria sexo e estava nem aí para ela. No momento, a ignorava, mas só de pensar em tendo sua lua-de-mel no quarto da frente... Pegou Juliet subitamente e começou a beijá-la fervorosamente. Tentava tirar a imagem de fazendo seja lá o que for no outro quarto. Mesmo depois de minutos que pareceram horas, não conseguia se animar. Juliet parou subitamente mais uma vez e surtou. Meu Deus, o que estaria acontecendo?
- Porra, . O que está acontecendo? Logo você? Não entendo por que você está bro...
- CALE A BOCA! – a interrompeu antes de ela falar o que ele não queria confirmar – Deixe-me fazer as coisas do meu jeito – terminou de falar, com raiva, tirando a única peça de roupa que lhe faltava no corpo. Juliet ficou com os olhos arregalados e sem reação quando o viu nu e tirando o resto de suas roupas também.
a pegou e a jogou na cama, beijando e acariciando. Ela, para não ficar atrás, o provocava como nunca. Em outros tempos, estaria ficando louco, mas hoje só estava servindo para que sua mente parasse de trabalhar por alguns minutos. Na hora decisiva, uma imagem veio à mente. e sua cinta-liga vermelha, o vestido curtíssimo de noiva sendo rasgado. As pernas de fora, a cinta-liga... Sentiu um desejo e uma atração correndo em suas veias. O pior é que era por ! ELE A ODIAVA!
Percebeu que a movimentação, tanto por parte dele quanto de Juliet, havia parado. Viu a mesma indo ao banheiro e batendo a porta em seguida. Nunca havia acontecido isso com ele e quem diria três vezes numa noite só! Virou-se de bruços na cama, cobrindo-se com o lençol e enterrando a cara no travesseiro.

*Flashback off*

Levantou-se e vestiu a sua boxer. Teria que esperar a boa vontade de para resolver o que fariam daqui para frente.

***


saiu da sacada. Seu corpo estava gelado. Fechou a porta e seguiu para a cama, sentando-se com uma perna de cada lado no corpo de . Começou a passar suas mãos frias como um gelo num movimento de vai-e-vem pelo peitoral nu dele. Sentiu-o se movimentar e arrepiar. abriu os olhos e sorriu, com um sorriso torto, para . Ela continuava a acariciá-lo.
- Assim você me deixa mal acostumado... – ele disse, observando a garota sentada em cima dele e sentindo o toque delicado dela nele.
- Você sempre foi... – ela disse, rindo.
Ele se sentou, deixando a garota ainda em cima dele. Puxou o moletom dela para cima, despindo-a. Jogou-o num canto do quarto. Desceu suas mãos ao feixe do sutiã, abrindo e jogando-o para junto do moletom. Sorriu ao ver corar com sua iniciativa. colou os lábios aos dela, fazendo com que os instintos tomassem conta de ambos os corpos.

***


- ! – batia na porta de “seu” quarto – Abre a porta, por favor? – Tentou dizer mais baixo. Um escândalo logo no primeiro dia de casado seria o fim e adeus, farsa.
gemeu alto em sinal de reprovação, dentro do quarto, quando ouviu o amigo batendo na porta.
- AH! Por que ele sempre tem que atrapalhar nos melhores momentos? – disse, fungando, se levantando da cama e colocando a boxer de volta, com pressa. Observou se enrolar correndo numa toalha e dirigir-se a porta.
- Estou indo, ! – disse e abriu a porta. Observou aquele homem parado, com o cabelo desarrumado, camisa com botões abertos e gravata frouxa por cima. Paletó jogado nas costas e um sorriso encantador. se perdeu em pensamentos durante uns segundos.
- Er... Oi – balançou a cabeça para que esses pensamentos saíssem dela.
- Oi. Desculpe, se atrapalhei algo – falou baixo para que não ouvisse, observando a garota somente de toalha.
- Er – ela corou – Não atrapalhou – terminou a frase, dando passagem para ele entrar.
Silêncio.
- É... Vou tomar banho – saiu do quarto, entrando no banheiro. O clima no ambiente estava pesado e ela queria evitar. Bateu a porta.
- Hum... Será que chove? – perguntou, querendo quebrar o clima.
- AH, NÃO! Você está me perguntando sobre o tempo, ? – disse, se levantando, indo em direção a , pulando em cima dele e gritando.
– MONTINHO NO ! – fazendo com que ele caísse de costas no chão.
- OUTCH, ! DOEU ESSA, HEIN?! - suspirou, enquanto ele e estavam numa espécie de briga, onde ele levava vários socos. Estava tudo normal. Ainda bem. Parecia que eles tinham dezoito anos de novo.
- E aí, ? Como foi sua noite? – perguntou, se levantando do chão e se recompondo.
- Selvagem – disse, mentindo e rindo para que a mentira não parecesse falsa. Selvagem, só se foi na imaginação dele – E a sua?
- Ótima! – sorriu. sentiu uma pontada de inveja.

tomou seu banho e vestiu sua calça jeans e uma blusinha que havia levando para sair do hotel. Suspirou antes de abrir a porta do banheiro e sair. Feito isso, encontrou e se matando, xingando e jogando vídeo game.
- BICHA! PERDEEEEEU! LOSEEEEEEER! - jogou o controle longe. Ria, apontava para e fazia uma espécie de dançazinha ridícula. fechou a cara, fazendo um biquinho e cruzando os braços. Ao ver a cara fofa dele, teve que controlar a imensa vontade que surgiu em seu peito de pular em cima dele e apertar aquelas bochechas fofas. Respirou fundo.
- Então – olhou para que ainda dançava ridiculamente – Estão prontos? - perguntou e virou de costas para , encarando a porta.
- , teremos que sair juntos. O vai depois, levando a chave desse quarto – disse, se levantando do pufe.
- É verdade – se levantou e caminhou em direção a para lhe dar um beijo de despedida. virou o rosto, fechando a cara – Tchau. Depois ligo para você – terminou de se despedir.
concordou, acenando com a cabeça. Viu que já estava na porta, esperando para descer... De mãos dadas. suspirou. Deram as mãos e foram para o elevador. Eles ficaram quietos o caminho todo, olhando para o chão. A mão de era macia, quente, reconfortante. Passava-lhe confiança. Elas eram grandes e, com certeza, ágeis... Voltou à realidade quando percebeu que estavam no hall com milhares de repórteres lá. Adeus, privacidade.
- O mais novo casal poderia dar um beijo pra colocarmos na revista? - uma repórter mostrou a câmera. que arrastava dali parou ao ouvir a pergunta e olhou para . Ela sorriu fracamente, corando. O que mais poderia fazer?
- Claro! – respondeu, sorrindo sincero. Ficou de frente para , a puxando para si, ecolando os lábios. , por impulso, não resistiu e automaticamente deu passagem para que aprofundasse o beijo. Aquela sensação que havia sentido na igreja havia voltado. Tudo havia parado.
Voltou à realidade assim que o sentiu distante e a puxando para o estacionamento. Ao chegarem ao carro, entrou no lado do motorista, deixando parada, que nem uma planta, esperando a porta ser aberta. Sem sucesso. Bufou. Estava esperando um ato gentil demais de .
- IDIOTA! – ela falou, ao entrar no carro, batendo a porta com força.
- Estava me esperando abrir a porta? HA! QUE TROUXA! – debochou.
- Humf – cruzou os braços. Não iria se desgastar logo essa manhã. A noite havia sido tão boa...
O silêncio predominou. mantinha os braços cruzados e a cabeça encostada ao vidro do carro. tamborilava os dedos no volante ao som de That Thing You Do, do The Wonders.
- Você bem que está gostando dessa situação toda – falou, enquanto observava o céu. O trânsito estava horrível.
- Gostando do quê? – perguntou incerta.
- Ué, você está ficando com dois caras famosos ao mesmo tempo – riu malicioso.
abriu e fechou diversas vezes a boca para falar algo. Não conseguiu. Estava escolhendo as palavras.
- E quem foi o idiota que disse que estou gostando de ficar com você? – perguntou.
- O "idiota" do seu corpo. Sei o jeito que você se sente quando estou perto – falou com uma de autoconfiança.
- AFF! FAÇA-ME RIR, ! – debochou. Não queria demonstrar nervosismo, mas como era possível ele ter percebido algo?
- Inconsciente, você sabe que gosta- cutucou-a. - CALE A BOCA, SEU IDIOTA! VOCÊ SABE QUE EU O ODEIO! – surtou. Não iria agüentar ouvir provocações hoje.
- SEI! CLARO QUE SEI! SEI QUE VOCÊ SÓ QUER NOSSO DINHEIRO! – gritou e bateu a mão no volante.
- NÃO PRECISSO DA PORRA DO SEU DINHEIRO! PEGUE-O E SE FODA! VOU ARRANJAR UM TRABALHO MELHOR, TERMINAR A FACULDADE E FAZER TUDO SEM PRECISAR DE VOCÊ! – agora gritava o mais alto que podia.
- VAMOS VER ENTÃO, SUA INTERESSEIRA DE UMA FIGA!
Naquele momento, eles tinham chegado à Super Records. saiu correndo do carro, mal esperando pará-lo. Sua vontade era de dar um soco e quebrar os dentes dele. Foi para a sala de Fletch, batendo a porta ao entrar.
- SE FOR ESSA PORRA DE INFERNO AGÜENTAR-LO TODO O SANTO DIA, VOU VOLTAR PARA O BRASIL AGORA MESMO! – ainda gritava. Estava nervosa.
- AH, NÃO! Já brigaram? – Fletch passou as mãos nos cabelos.
- Impossível ficar ao lado daquele perdedor – se sentou. Respirou fundo algumas vezes.
- Er, mas ontem à noite... Digo... – Flecth começou a perguntar.
- Ah, você ACHA mesmo que eu ia passar minha noite de núpcias com ELE? – rolou os olhos – Não estou aqui para falar da minha noite e sim para pedir a minha conta.
- POR QUÊ? – foi a vez de Fletch surtar.
- Não quero depender dele, Fletch. Preciso de um trabalho melhor, que sirva também para estágio na minha faculdade e com um salário melhor... – desabafou.
- Eu a entendo... Mas se você sair agora e até arranjar um novo emprego, vai ficar sem dinheiro – Flecth falou. Ela não havia pensado que poderia demorar mais tempo do que ela previa. Já havia pensado nisso, mas...
- Não – disse incerta – Já mandei currículos para alguns lugares,e logo eles me darão alguma resposta. É melhor eu me desligar um pouco da banda, mas, se nada der certo... Eu... – não conseguiu terminar a frase.
- Lógico que você pode voltar. Você é como se fosse uma filha... E aqueles quatro rapazes, meus filhos... E juntos somos uma família! – Fletch disse com os olhinhos brilhando. sentiu um nó na garganta. Não queria sair daquele ambiente, de perto dele e da banda, mas era necessário – Vamos. Vamos acertar suas contas! Mas saiba que você sempre poderá voltar! – Flecth completou e sorriu para ela.
teve uma vontade imensa de abraçá-lo. Lembrou-se de seu pai, quando Flecth sorriu, e deixou que algumas lágrimas escapassem. Às vezes, desejou que nunca tivesse vindo para Londres. Nada disso estaria acontecendo... Mas em partes, nada disso estaria acontecendo e ela não teria encontrado , os outros garotos e nem Fletch.

***


estava sentando, conversando com uma das secretárias da Super Records. Estava jogando um verde, para garantir uma noite.
- Aqui, meu número – ela disse, piscando para , quase se sentando em cima do colo dele, tentando seduzi-lo – É só me ligar... Estou disponível depois das seis.
- Ok, baby! Sou suave e sofisticado como James Bond – piscou e viu a mulher fazer uma cara de tarada. Ela era gostosa e Juliet nem saberia da existência dela. Muito menos . Aproximou-se um pouco dela, já que a mesma estava praticamente sentada em cima dele, com aquele decote com metade dos seios aparecendo bem na sua cara, para beijá-la, mas na hora que estava perto demais, a porta foi aberta e um grito foi solto.
- MAS QUE PORRA É ESSA?
- Er... Nada, nada – disse, se levantando e empurrando a mulher para longe de si, tentando se recompor.
- Entre logo aqui, porra – Fletch disse, o fuzilando com os olhos.
fez o que ele mandou e, assim que passou por Fletch, ele deu-leu um tapa na cabeça.
- VEJA SE TOMA JEITO, CARALHO!
- OUTCH! Isso dói – reclamou, passando a mão onde levara o tapa.
- Porra, Fletch! SÓ ISSO? Se fosse eu, teria metia um soco no meio das fuças dessa bicha! – disse, enquanto lixava a unha.
- Vou lhe mostrar quem é o bicha qualquer dia – falou, se sentando na poltrona ao lado dela e fazendo sinal para ela ir até ele. riu ironicamente.
- Dá para calarem a boca? – Fletch gritou – Parecem duas crianças mimadas. Temos que decidir algumas coisas.
- O quê? – perguntou, colocando os pés na poltrona do lado.
- Onde vocês vão morar? – Fletch perguntou.
disse nada. Morava de aluguel num apartamento minúsculo. Ela abaixou a cabeça, encarando o chão. não deixou isso passar despercebido.
- Bom, tenho a casa e um apartamento que nunca usei. Está até mobiliado já – ele olhou para , para ver qual seria a reação dela. Ela não se moveu.
- ? O que você acha? – Fletch perguntou.
- Hum, por mim pode ser... Mudo-me hoje?
- Sim. Podemos começar hoje a mudança! – disse – Preciso passar em casa pra pegar um kit sobrevivência mínima e depois vou pra lá. O Fletch lhe mostra o local – disse, se levantando e saindo.
- Vamos passar no seu apartamento, , e ver o que você vai levar para a sua nova casa. Ok? – Fletch disse, se levantando e pegando a chaves do carro.

***


suspirou, pegando a última caixa com suas coisas. Deu uma olhada pela última vez no quarto. Viu Ringo ao seu encalço e pegou o gato no colo.
- É, Ringo... Teremos que nos acostumar a essa idéia de ‘nova vida’ – ela disse, passando a mão na cabeça do gato que ronronou.
- , já fizemos a última viagem com suas coisas. Tem mais alguma caixa aí? – Flecth apareceu no apartamento, gritando para que ela ouvisse do quarto.
- NÃO! Só mais umas coisas que já estou levando para o meu carro! – gritou em resposta. Saiu do quarto, segurando Ringo em um dos braços e equilibrando uma caixa grande no outro. A cena estava cômica. Fletch, percebendo o risco de vida que o gato corria, correu até e pegou a caixa antes que fosse tarde.
- Você me deve uma, bichano. Salvei sua vida... – Flecth disse, rindo da cara de .
- HAHA, muito engraçado! Eu iria conseguir – disse ‘brava’ para Fletch, por ele duvidar de sua capacidade.
- Iria conseguir esmagar o gato debaixo da caixa. Isso, sim. Bom, vou levar isso para o meu carro. Veja se não demora aqui, pois eu vou esperá-la lá embaixo para você me seguir e encontrar o apartamento de – Flecth disse, se virando e saindo, não dando tempo para que respondesse.
deu uma ultima olhada no local, verificando se não havia mais nada lá e se não havia se esquecido de nada. Depois disso feito, saiu, trancou a porta e foi à recepção deixar a chave. Seguiu para o seu carro, avistando Fletch na rua, já a esperando. Colocou Ringo no banco da carona, se sentou e deu partida. Avançou, indo em direção à tal ‘nova vida’.

***


estava no corredor, com Ringo em seus braços. Ela fitava a porta, como se ela fosse abrir por osmose ou força telepática. Fletch saiu de lá de dentro, fechando a porta em seguida. Ele observou a garota o fitando; o gato com cara de tédio em seus braços.
- Já coloquei suas caixas lá dentro - ele disse. apenas assentiu, concordando - Uma hora você vai ter que entrar, - Fletch insistiu, aproximando-se da garota e fazendo um carinho entre as orelhas do bichano que miou feliz pra ele.
- Eu sei... - a garota suspirou cansada - Só tenho medo de que tudo dê errado.
- Não seja pessimista - Fletch apertou o botão do elevador e, em seguida, revirou o bolso, retirando de lá um pedaço de papel amassado - Antes que eu me esqueça, : pediu pra entregar isso a você.
A garota se aproximou e pegou o papel na mão do homem que entrou rapidamente no elevador. Ela colocou Ringo no chão, que resmungou, percebendo um ambiente diferente. encostou-se à parede e abriu o papel, encontrando uma letra rabiscada, porém bonita. tinha caprichado na escrita.
"Desculpe não poder estar aí nesse momento, . O Fletch não me deixou levá-la. Apesar de eu ter ameaçado riscar o carro dele, não adiantou muita coisa. ‘I will stay by you forever’. A gente se vê à noite, no mesmo lugar de sempre. Saudades".
suspirou fundo e soltou um sorriso involuntário. Encheu o peito e abriu a porta. Não ia ser tão difícil.
Pegou na maçaneta, a abrindo. Adentrou o aparamento bastante claro, com janelas de vidro, fazendo que Londres pudesse ser avistada perfeitamente. Viu suas caixas e malas em um canto da sala, ao lado do sofá de couro cor creme. Havia uma TV de plasma grande e uma mesa de centro. se dirigiu, passando a mão no sofá. Aquilo não podia ser real. O apartamento era um sonho. Ringo parecia estar estranhando o novo lugar. Parecia que ele estava se sentindo perdido. Ela estava perdida.
Decidiu conhecer o resto do apartamento. Seguiu por um corredor, onde as luzes estavam acessas. deveria estar lá... Mas até agora não havia o ouvido xingar.
- ...? - disse baixo, avistando cada quarto que passava. Parou em um que a porta estava encostada e pôde ouvir uns barulhos estranhos vindos dele - ? - ela repetiu, empurrando a porta e entrando no quarto. Arrependeu-se no momento seguinte.
- ? - que estava com Juliet na cama, deu um pulo, ficando de pé, se esquecendo de que estava nu e fazendo com que virasse o rosto.
- MIL DESCULPAS! EU NÃO SABIA! CARALHO, O FLETCH QUE ME TROUXE AQUI...! AH! - cobriu o rosto. Estava com vergonha e não queria olhar e ver Juliet nua. E também.
- VADIA! QUEM VOCÊ PENSA QUE É?- Juliet disse, surtando por ter sido interrompido mais uma vez - Está ficando constante esse negócio de não conseguir ficar com você, . Quem é essa porrinha?
- VADIA É VOCÊ, DESGRAÇADA! PORRINHA É O QUE VOCÊ É, PUTA! - se enfureceu por ser xingada.
- CALEM A BOCA! - disse, surtando e levando as mãos à cabeça, se esquecendo do estado em que se encontrava.
- Porra, . Dá para se cobrir? WTF? - Juliet esbravejou, já colocando suas roupas.
não evitou olhar de canto de olho para o estado de . Ele só cobria a parte de baixo com suas mãos. O garoto corou. Puxou sua boxer jogada no chão e a colocou mais que depressa. Juliet. que já estava com suas roupas, pegou o sapato de salto nas mãos e seguiu quarto a fora.
- Quando for para acontecer algo para valer, , você me telefona - Juliet deu uma última olhada em dos pés à cabeça, revirou os olhos e saiu.
- Juliet, espere! - tentou falar, enquanto colocava a camiseta. ficou apreciando o peitoral definido do rapaz. Ela já havia visto várias vezes, mas agora não conseguia desviar o olhar - Droga! - bufou, quando ouviu a porta da sala batendo. Juliet havia ido embora.
Ele e se encararam.
- Então você já chegou.
- Não, . Ainda estou lá fora. Isso é apenas um holograma.
- Sempre delicada, Brazilian girl - ele foi até uma mala do canto do quarto e puxou uma calça de moletom. Vestiu-a em seguida.
- Regra número um: nada de trazer essas piranhas para cá - ela começou, gesticulando com os dedos, e o garoto só olhava com o rosto sem expressão.
- A regra é única: o apartamento é meu e nele entra quem eu autorizar. Ok. Se não 'posso' trazer ninguém aqui, você também não pode - disse, pegando na mão dela, fazendo com que ela abaixasse o dedo que estava apontado para sua cara.
- Depois eu que sou a grossa, idiota - disse, tirando a mão rapidamente do aperto da dele. Olhou-o com nojo - E já vi você comendo melhores.
- Não perguntei sua opinião - disse, revirando os olhos - Mal chegou e quer meter o bedelho em tudo? Ah, faça-me o favor, .
Pôde-se ouvir um miado arrastado. Os dois se entreolharam. passou as mãos nos cabelos e seguiu até a porta, avistando Ringo encolhido e meio deslocado.
- Mas o que é isso? - riu alto, sem se conformar - Não acredito que você tem um gato!
- Um gato não. O Ringo - pegou o gato no colo e o bicho miou protestante.
- Pobre Ringo Starr... Quem diria que ia chegar a este ponto. Dude, odeio gatos - ele bufou, se jogando desajeitado na cama.
- Ringo não é um gato qualquer - ela sorriu, devolvendo o gato ao chão - Vá lá. Já vou colocar sua tigela de leite.
- Quero só ver quando ele encontrar o Elvis na varanda.
- Quem?
- Meu labrador - levantou a cabeça para avistar a reação da garota que estava de olhos arregalados.
- Vo... Você tem um cachorro? - ela ficou branca. Teve que se apoiar à parede para evitar que caísse.
- , você está cor de papel sulfite - disse, a olhando estranho.
- CLARO! SE SEU CACHORRO IMUNDO ENCOSTAR UM DEDO DA PATA AO MEU RINGO, VOCÊ VAI VER SÓ! - disse, se recompondo e indo em direção ao gato que estava num canto olhando torto para .
- Você não conhece o Elvis para chamá-lo de cachorro imundo - disse, revirando os olhos.
- Se for verdade o que dizem, que os bichos se parecem com os donos, tenho certeza de que ele é um cachorro imundo - disse, apertando Ringo em seu colo, que ronronou.
- Ok. Chega por hoje - resmungou, se espreguiçando. - Estou com fome – completou, passando pela garota, em direção à cozinha - Vou pedir algo pra comer. Você quer?
Ela o seguiu corredor afora. Devolveu Ringo ao chão e este estava no encalço dos dois.
- Pizza, comida chinesa, lanche...? - dizia para as paredes.
- Tanto faz... - deu de ombros.
- Ok! Irei pedir um triplo acebolado – disse, dando de ombros, indo ao disk lance. se dirigiu à geladeira para ver se tinha algo mais saudável. Não iriam comer um ‘triplo acebolado’ todos os dias.
- Cerveja, cerveja, pinga, cerveja, amendoim, salame... Porra, você vive à base de álcool e petisco, é? Logo, você estará gordo e flácido e ninguém vai querê-lo – riu da cara que fez, ainda enquanto falava ao telefone. Ele tampou o bocal do telefone e disse:
- Pelo menos eu já casei – e voltou a falar com o atendente – Desculpe-me, senhor. Minha mulher estava falando comigo – ele disse ironicamente. revirou os olhos.
Ainda em sua caçada por comida saudável, abriu os armários da cozinha e só encontrou teias de aranha. Além de tudo, teria que fazer uma faxina naquilo. Bufou.
Depois de um tempo, o lanche de chegou e o inferno começou. Ele havia soltado Elvis "para dar aquela voltinha matinal" pelo apartamento. surtou, quase carregando Ringo em cima de sua cabeça para lá e para cá. Decidiu que não iria comer o lanche logo cedo e achou uma caixinha de leite perdida no meio das cervejas. Amém.
- Pronto, Ringo. Aqui está uma pra você e uma para mim - ela disse, colocando a tigela do gato ao seu lado, e sentou-se no sofá.
estava rodeado por seu sanduíche gigante. o olhou com nojo e ajeitou-se no sofá, para ficar o mais afastado possível dele. Caíam algumas cebolas do lanche do garoto; coisa que Elvis não deixou de notar. Ele deu um salto em direção do sofá, se jogando esparramado e lambendo o couro aonde havia alguns restos mortais do lanche de . soltou um gritinho agudo, se encolhendo no sofá e evitando que alguma parte daquele cachorro gigante esbarrasse nela. Com o pé, ela fez uma barreira ao lado de Ringo no chão, para que o cachorro não se aproximasse dele ali, ao lado do sofá tomando seu leite. Ela parecia uma daquelas mães super-protetoras.
Elvis comeu o que havia ali e ficou encarando como se pedisse mais. O garoto retirou um pedaço do lanche e depositou em cima do sofá, onde o cachorro continuava a liberar baba por todo o canto. observava perplexa.
- JÁ CHEGA! QUE NOJO, ! – ela se levantou depressa e a encarou, com a boca suja de molho, sem entender nada - Você não tem comida descente e ainda deixa o cachorro babar em tudo quanto que é canto!
- Mas... - começou a falar com a boca toca cheia de lanche.
- PELO AMOOOR DE DEUS, NÃO FALE COM A BOCA CHEIA! QUE NOJO! , quero conviver em paz. Então, POR FAVOR, tire sua máquina de baba ambulante de perto de mim e de cima do sofá e vá terminar de comer isso LÁ NA COZINHA! - se levantou, afastando-se de e de Elvis, já que ambos babavam. Pegou Ringo e ficou encostada a uma das janelas gigantes de vidro, o mais longe possível deles.
Percebeu que não deu a mínima para ela, então saiu, pisando duro e falando em voz alta. Havia tido uma idéia.
- SEI QUE EU TROUXE, SEI... CADÊ?! – e se enfiou no meio das caixas e malas que ainda estavam no meio da sala. Depois de um tempo, procurando, saiu toda descabelada como alguém que tivesse ido à guerra e gritou - ACHEI! ACHEEEEEEEI!
Ela se dirigiu a e o olhou com uma cara de psicopata. falou assustado.
- É UMA ARMA QUE VOCÊ TEM AÍ ATRÁS? POR FAVOR, NÃO ME MATE! JURO QUE NÃO FAÇO MAIS ISSO! PELO AMOR DE DEUS, SOU PORCO, MAS ISSO NÃO É MOTIVO PRA VOCÊ ME MATAR! - caiu de joelhos no chão, cobrindo o rosto com a mão.
arqueou uma das sobrancelhas e o fitou com cara de "WTF?".
- Er... , é isso que achei - mostrou a fita adesiva rosa choque e riu da cara que ele estava.
- Eu a odeio – disse, se levantando e indo comer o resto do lanche a cozinha. Elvis o seguiu.
- Eu também p odeio. POR ISSO que vou dividir o apartamento! O seu lado e o MEU lado – ela gritou o suficiente para que ouvisse.
pegou o rolo de fita adesiva e esticou. Colou uma ponta no começo do sofá, e desceu, o dividindo no meio. Fez isso no chão da sala, no corredor, na cozinha e no banheiro. Parou nos quartos e uma questão lhe veio à mente.
- Qual será o MEU quarto? – olhou para as três portas fechadas.
- Como você pôde ver – surgiu do nada e arrancou a fita adesiva da mão dela – Esse é o MEU quarto. Fique LONGE – fez um “X” gigante na porta toda. Em menos de um dia, a casa se encontrava uma zona.
- Ok. Para que eu iria entrar aí? – virou os olhos e balançou a cabeça negativamente – Só quero saber onde que vou ficar – ela disse, olhando para as duas portas restantes.
- Bom – exclamou, abrindo as portas para que ela observasse – Não sei.
abriu a boca, perplexa. Em ambos os quartos mal dava para se enxergar a janela, quanto mais a cama. Havia caixas, caixas de som, guitarras, até uma bateria em um deles, empilhados. A única coisa visível foi uma portinha, que era um closet, como lhe informara.
- Acho que ele está vazio. Desculpe-me pela bagunça, mas, como eu disse, eu nunca vinha aqui e esses quartos acabaram servindo de depósito de instrumentos... Tem uns que não vejo há anos! E acabei me esquecendo de me livrar de certas coisas.
- Ah, sim. Agora, onde durmo? – ainda estava perplexa.Como é que alguém podia juntar tanta tralha?
- Sei lá... Minha cama é de casal e...
- Nem pense que só por causa disso dormirei com você. Você por acaso se esqueceu? – pegou a fita da mão de e mostrou pra ele – Durmo no sofá.
- Vire-se – deu de ombros. entrou no quarto que tinha o closet maior e, por sorte, ele estava vazio mesmo. Só precisava de uma limpeza.
Foi até a sala, procurar sua bolsa. Precisava comprar coisas para essa nova casa.
- Aonde você está indo? – perguntou, enquanto se esticava no sofá, não respeitando a divisória.
- SAIA DA MINHA PARTE! – gritou, observando esse detalhe – Vou para um supermercado. Esse apartamento precisa de uma limpeza e de comida de verdade.
bufou e se sentou na sua parte do sofá. Pegou a carteira que estava no bolso da calça, abriu e tirou o cartão de crédito de dentro e falou.
- Tome. Não vá gastar seu dinheiro com essas coisas. O apartamento é meu – ele se esticou para entregar o cartão para que estava parada do lado de sua divisória. Relutou em aceitar, mas no fim, ele estava certo. Ou não. Isso era ridículo.
- Não, . Deixe para lá. Eu compro – deu de ombros e, quando ia sair, ouviu:
- VOLTE AQUI E PEGUE ESSA PORRA! NÃO QUERO VOCÊ JOGANDO NA MINHA CARA QUE NÃO TEVE DINHEIRO PRA PAGAR SUA FACULDADE!
- E NÃO QUERO QUE VOCÊ JOGUE NA MINHA CARA QUE GASTEI O SEU DINHEIRO! – ela berrou, se virando para ele.
- MAS É MEU DEVER BANCAR A MANUTENÇÃO DO APARTAMENTO! – disse, se levantando e caminhando em direção a , abrindo a bolsa dela e socando o cartão lá dentro. Ela relutou, mas ele segurou seu braço com força, a fazendo olhar nos seus olhos pela primeira vez no dia. ficou sem reação, o encarando, mas depois de algum tempo desviou o olhar e sentiu que o aperto dele se afrouxara. Saiu do apartamento, mas antes conseguiu o ouvir falar a senha do cartão. Riu ironicamente.

***


voltava do supermercado. Havia comprado tudo e mais um pouco para a sua sobrevivência naquele novo apartamento: produtos de limpeza, comida saudável e outras coisas indispensáveis. Seguiu para o elevador cheia de sacolas e as poucas pessoas que estavam no corredor a olhavam torto.
- O que foi? Perderam algo aqui na minha cara? – teve uma hora que acabou soltando isso, pois já estava irritada com esses olhares.
- Acho que eles estão olhando porque uma garota tão linda está carregando um monte de sacolas com produtos de limpeza – um garoto lindo, moreno, com olhos verdes e um sorriso encantador, falou, a respondendo.
- Ah, hum... Obrigada. Pois é... Vida nova é difícil... – disse, corando com o elogio dele – Seu nome é...?
- Ryan. E o seu? – Ryan sorriu, mostrando aqueles dentes brancos e seus olhos verdes tão lindos. se perdeu alguns minutos e percebeu que abriu várias vezes a boca para falar e não saia nenhum som.
- – disse por fim, gaguejando um pouco. - Um nome tão lindo quanto a dona – ok. Ele podia estar jogando umas cantadas tão manjadas, mas ele era tão lindo... – Você mora em que andar?
- Na cobertura e você? – sorriu, tentando parecer simpática.
- No décimo primeiro, mas vou ajudá-la a carregar esse monte de sacolas.
– Ah, não precisa... O meu mari... Meu marido está no meu apartamento. Ele me ajuda – disse, olhando para o chão. Falar ‘meu marido’ era uma coisa tão... Estranha.
- Marido? WOW. Duvido que você seja casada – Ryan zombou.
- Eu sou – confirmou, mostrando a aliança que reluzia no dedo.
- Só falta me dizer que é com o – Ryan continuou em tom de zoação.
- É... É com ele mesmo – abaixou o olhar e apoiou uma das sacolas no chão. Elas estavam machucando seu dedo.
- WOW! – Ryan ficou com a boca aberta – Mas você aparenta ser... Nova demais – ele disse perplexo.
- É. Depende do que você classifica de nova – riu para quebrar o clima.
- Quantos anos? – ele insistiu.
- Dezenove. Quase vinte – sorriu tímida. - É. Você é nova demais! Por que se casou tão cedo e...? Wow, que sorte, né, ...? – Ryan disse em tons de indiretas. A porta do elevador se abriu e ele saiu, segurando-a para que respondesse.
- Pode soar estranho, mas eu o am... Am... Amo – disse, gaguejando.
- Ah, sei... Amor. Bom, a gente de cruza por aí – Ryan disse, a olhando estranho, e soltou a porta que fechou. estava sozinha. Suspirou, agradecendo aos céus.
- Até parece que o amo. Puf... Vou viver contando mentiras agora – disse, encostando sua cabeça à parede do elevador.
A porta se abriu e se rastejou para fora, empurrando algumas sacolas com o pé e outras ela carregava no braço e nas mãos.
Ao abrir a porta, seu coração deu um salto. Elvis estava latindo para Ringo que estava em cima da estante. dormia no sofá, todo esparramado. Ringo miava desesperado e o filho da mãe dormindo? Que compaixão.
- MAS QUE PORRA É ESSA? RINGO? O QUE ESSE VIRA-LATA IMUNDO FEZ COM VO...? – disse, berrando e chutando a porta para que ela fechasse. Observou o apartamento e viu que ele estava de ponta cabeça. Cadeiras da mesa de jantar estavam todas caídas, tapetes todos sujos, havia roupas suas e de jogadas para todo canto.
- ! ! MAS QUE PORRA! ELES QUASE DESTROEM O APARTAMENTO E VOCÊ NÃO LIGA? , ACORDE, CARALHO! – disse, quase arrancando os cabelos, e lhe deu um chute forte nas canelas, que fez pular do sofá.
- PORRA, EU ESTAVA DORMINDO! Você não percebeu? – disse, pulando e esfregando o local que havia chutado.
- PERCEBI! PERCEBI QUE, SE EU FICASSE MAIS UM MINUTO FORA, O APARTAMENTO SERIA DESTRUÍDO E VOCÊ NEM LIGARIA! – surtou – OLHE! – ela disse, correndo em direção a uma pilha de roupas espalhadas – A MINHA BLUSA FAVORIIIIIIIIIIIIIITA! MATO SEU CACHORRO IMUNDO! E OLHE! O SEU CACHORRO NÃO PODE ULTRAPASSAR MINHA LINHA! ELE CONTA COMO SEU PERTENCE! – ela disse, indo em direção a Elvis, porém a agarrou pelo braço.
- VOCÊ NÃO VAI ENCOSTAR UM DEDO A ELE! SENÃO, TAMBÉM ENCOSTO À SUA BOLA DE PÊLOS GORDA! – surtou.
- NÃO FALE ASSIM DO RINGO! ELE NÃO FAZ NADA! A SUA COISA IMUNDA QUE REMEXEU NAS MINHAS E NAS SUAS ROUPAS! OLHE PELA CASA! OLHE O QUE ELE FEZ! – esfregou sua blusa no nariz de .
virou o rosto e viu uma coisa que o deixou furioso: sua boxer de ursinhos estava ali no meio da bagunça. tinha razão. Só Elvis podia ter feito aquilo!
- NÃÃÃO! ELVIS, VOCÊ PEGOU A MINHA BOXER FAVORITA, PORRA! - disse, soltando e correndo para pegar a boxer.
- suspirou, revirando os olhos, enquanto o garoto estava no chão, olhando perplexo para a sua boxer – Nós precisamos chegar a um acordo – ela disse, se sentando.
- É. Também acho – coçou a cabeça, vendo a zona que o apartamento estava.
- Por favor. Deixe o Elvis na varanda. Lá é grande e ele não é burro para saltar na piscina. Aproveite que você mora na coberta e desfrute da varanda – disse em tom de súplica.
- Mas ele não está acostumado... Ele vai ficar triste, sozinho e doente no frio – começou a falar com cara de dó - Olhe só a carinha dele - disse, observando o cachorro. olhou e o cão estava rasgando uma revista. Bufou.
- , tenho certeza de que ele vai adorar! COMO que ele vai conviver em paz com o Ringo, se os dois ficarem juntos? Vai ser sempre assim: a gente vai chegar qualquer dia e eles terão destruído a casa! – suplicou mais uma vez.
Depois de muito custo, viu que não iria deixar que Elvis dormisse na varanda. Então, pegou a coleira do cachorro e começou o arrastar para fora. ria da menina que tentava arrastar um cachorro enorme para fora do apartamento. Ringo se encontrava em cima da estante ainda.
- Porra, disse com esforço – Pare de rir e leve o seu vira-lata imundo para fora daqui – ela disse, puxando mais forte a coleira para que o cachorro andasse e desempacasse do caminho. Elvis latiu. Ringo miou arrastado.
- Ué, faça você. Você que está incomodada com ele – deu de ombros.
- IDIOTA! – largou a coleira e foi até , correndo e lhe deu um chute na virilha. Ela estava com essa vontade faz tempo e hoje se realizou.
caiu no chão, urrando de dor e falando todos os palavrões que existiam. riu.
- ... Você... Me... Paga. Ai! – disse, segurando suas partes.
- Paga não. Já tive um prazer vendo essa cena! – ria com gosto.
- É... Deixar-me incapacitado de ter herdeiro, né, vadiazinha? Odeio você – disse, tentando se levantar.
- Vadiazinha é a tal da Juliet. Respeite-me – o olhou com raiva.
- E você é o que? Uma criança, né? Também... Como eu poderia esperar outra reação? Esqueci-me de que você tem somente dezenove anos – disse, ainda segurando suas partes, mas de pé e rindo de .
- Eu, né? Eu que sou a criança. Pelo que eu saiba, quem era a contratada para ser babá de você e dos outros da banda sou EU, não VOCÊ e MUITO MENOS aquela tal de Juliet. Eu que cuidava de um bando de homens que pareciam adolescente porra louca que não sabiam o que era bebida e se esbanjavam. Fale sério! Olhe só quem você está chamando de criança – falou, virando as costas e indo em direção à cozinha. Não havia mais motivos para continuar essa discussão e ela tinha muito que fazer.
- E, AH! Já que o senhor adulto não curte crianças, não OUSE PASSAR DO SEU LIMITE NA LINHA! – berrou da cozinha, enquanto vestia suas luvas laranja de borracha.
bufou alto, pegando a coleira de Elvis e o levando para a varanda.

6. Is it a mask?


Um mês se passou e continuava a rotina de sempre: brigas todos os dias.
não se encontrava em casa. Ela havia saído atrás de emprego, já que nenhuns dos lugares que ela havia mandado currículo tinham respondido.
estava em casa. Estava com um avental, de joelhos, no chão e esfregando o mesmo.
- Maldita! Só colocou essa fita adesiva pra me dar o trabalho de limpar toda a cola do chão – bufava, enquanto esfregava.
Ele estava tirando a fita dos lugares, já que não havia funcionado nada.

*Flashback on*

- PORRA, ! PARE DE PASSAR DO SEU LIMITE! – gritou quando viu o menino se sentando no seu lado do sofá.
- Pelo que eu SAIBA, fui eu quem comprou esse sofá. Você também está ultrapassando o MEU limite! Pare de olhar o meu lado da TV! – retrucou.
- Como você é ignorante – disse, saindo da sala – RINGO! É para você andar desse lado da linha – ela bufou, pegando o gato e o colocando no lado ‘correto’.
bufou.
- Como você é neurótica com as coisas, hein?
- E como você reclama! – riu irônica.
- Cansei. Não quero mais saber dessa coisa de divisão de apartamento – disse, se levantando do sofá e retirando a fita que o dividia no meio.
- Já que o senhor está tão insatisfeito, boa sorte. Pode tirar do apartamento todo – disse, entrando no seu closet e fechando a porta.
E foi o que fez: começou a tirar as fitas que divida o chão, os móveis e os aparelhos eletrônicos. Mas, como fazia tempo que a fita estava colada, ficou um resto de cola neles. Ouviu a porta da frente sendo fechada com força.
- NÃO ACREDITO! SUA DESGRAÇADA! VAI ME DEIXAR FAZER TODO O TRABALHO SOZINHO? – disse, já sozinho em casa. Foi à área de serviço, pegou um balde com produto de limpeza dentro e foi esfregar o resto de cola dos lugares.

*Flashback off*

- Juro que um dia vou fazer a me pagar pelas coisas que ela faz comigo. Puta merda – dizia em voz alta. Ringo, que estava passeando pela sala, sentou-se perto do garoto e ficou o observando, miando.
- Não sei como você agüenta a , Ringo. Tenho dó de você – bufou, jogando a bucha dentro do balde com força e limpando o suor do rosto.
Ringo miou em reprovação.
- Sei você a ama, mas não sei como. É impossível conviver com ela – disse, olhando para o chão – Bom, já agüentei um mês... Espero que os outros meses sejam melhores e que ela largue a mão de ser essa chata insuportável.
- Chato insuportável é você – estava encostada à porta do apartamento, com os braços cruzados, observando conversar com Ringo.
- VOCÊ ESTAVA AÍ? – disse, se levantando em um pulo e tirando o avental. Ele se encontrava somente de shorts e estava um pouco suado, o que fazia a pele de seu rosto brilhar um pouco. não deixou isso passar despercebido.
- Não. É um holograma. Fu – bufou – Deixe que eu termino de limpar – ela falou, estendendo a mão para pegar o avental de .
- Não precisa. Eu termino. Falta só o corredor, a cozinha, os banheiros e os quartos – disse, sorrindo - Pouca coisa.
- Vou ajudar – disse, saindo da sala, em direção à área de serviço pegar os ‘instrumentos’.
percebeu que estava um pouco para baixo. Deveria ele perguntar o que estava acontecendo? Será que ela estava se cansando dessa vida de casada?
- , hum... Desculpe a pergunta... – começou, limpando a garganta e indo até a menina – Você está triste com algo? Cansou daqui? – por que ele estava se preocupando tanto com se ela estava cansada? Seria melhor para ele.
- Hum... Nada demais, . Só alguns... Problemas – disse cabisbaixa.
- Se você quiser falar... – disse, se encostando ao tanque de lavar roupas. olhou para o rosto curioso dele e depois para o seu peitoral descoberto. Bufou.
- Mandei meu currículo para um monte de lugares para o estágio na faculdade e não consegui nada ainda. Estou vendo que terei que voltar atrás e pedir o emprego para o Fletch de volta... – a menina disse em tom de desabafo.
- Eita, mas ainda falta algum lugar. Tipo, digo, para ver se eles a aceitam... – disse, observando a cara de desapontamento dela.
- Sim. Faltam dois, mas duvido. São revistas com grande nome e tenho certeza de que eles não vão querer uma estagiária de primeira viagem – disse, se apoiando ao tanque.
- Não fale assim... – estava sem reação. Deveria ele abraçá-la pra dar-lhe um pouco de conforto? – Espere um pouco... Quem sabe dê certo - foi o que disse por fim, sem sair do lugar.
- É... Deixe. O emprego com o Fletch me aguarda de novo. Oba – fingiu entusiasmo – Não posso esperar, . Dinheiro não espera para ir embora – ela completou, pegando outro balde e par de luvas de borracha para limpar o apartamento.
- Vou colocar outra roupa. Não vou sujar essa – disse, largando o balde no corredor e entrando no quarto em que ficava seu closet.
voltou para o trabalho no corredor, recolocando as luvas e voltando a esfregar o chão. saiu do closet e ficou de boca aberta. Ela vestia um mini-shorts com uma blusinha branca colada.
- Sei que está frio, ok? Mas quando me movimento muito, sinto calor – disse, dando de ombros – Está me olhando com essa cara de bobo por quê?
balançou a cabeça e fechou a boca.
- Er... Nada. Estava tentando ler a frase da sua blusa... – tentou disfarçar. Na verdade, ele estava olhando para as curvas dela. abaixou a cabeça e foi ver o que estava escrito.
- , tem nada escrito. É um desenho – arqueou as sobrancelhas. Percebeu que o garoto ficou sem graça, pois este abaixou a cabeça e voltou a esfregar o chão quieto. Ela pegou o balde que estava no corredor e foi para o banheiro.
- Oba, banheiro. Minha especialidade – disse, brincando para quebrar o clima e ver se ficava menos sem graça. Se estivesse aqui nesse momento, ele surtaria por causa da roupa que ela estava vestindo, alegando que era um de seus melhores amigos e blá, blá, blá.
Pelo resto do dia, seguiu-se o silêncio. não ousou em puxar assunto mais e a ignorava.

***


Tomou um banho e foi correndo enrolada em uma toalha para o seu closet. estaria a esperando em quinze minutos e ela estava totalmente atrasada.
Pegou um top amarelo com detalhes em preto, uma calça jeans preta e seu scarpin preto. Odiava salto, mas falou que ela teria que estar elegante hoje. Ajeitou seus cabelos que estavam loiros ainda, pois Julian se recusava a voltá-la ficar morena, e presos. Soltou-os, deixando que leves ondas se formassem. Estava tudo pronto. Olhou mais uma vez, fazendo uma careta para si própria no espelho, reprovando o seu cabelo loiro. Passou seu perfume, uma maquiagem leve, e colocou um par de brincos compridos. Estava bem e esperava que isso agradasse . Pegou um sobretudo preto de veludo e sua bolsa. Seguiu até a sala, para esperar o menino chegar. Viu um esparramado no sofá, mudando de canal, entediado.
- Não vai sair? – ela perguntou. Esperava que ele não a ignorasse como ele estava fazendo a semana inteira. Era ruim viver com uma pessoa e não falar com ela. Principalmente quando essa pessoa era . Uma semana sem brigas era de se estranhar.
não queria olhar para a menina, porém sentiu o aroma do perfume dela invadir o ambiente e automaticamente virou sua cabeça e contemplou. Ela estava linda.
- Não... – ele disse por fim, voltando a olhar para a TV.
- E a Juliet? – disse, querendo puxar assunto.
- Sei lá – deu de ombros, encerrando mais uma vez a conversa.
estava de pé, em frente ao sofá. Não havia como ela se sentar, já que estava esparramado nele. Enfezando-se, empurrou as pernas dele para fora do sofá e sentou-se, cruzando as pernas e os braços, emburrada.
- Santa educação – disse, se sentando ao lado dela – Eu estava aqui primeiro.
- Sou tão educada quanto você é comigo – disse, ainda em tom zangado.
- Fui grosso com você por acaso? Não percebeu que estou a evitando a semana toda? – disse, a olhando com cara de ‘WTF?’, como se fosse óbvio.
- Claro que percebi, seu idiota, e é disso que estou falando. Você é grosso e ridículo até com a boca fechada – disse, retribuindo com a mesma cara, como se aquilo também fosse óbvio.
- Pelo menos eu não fico com dois, ou três, caras ao mesmo tempo, né? – disse, cruzando os braços também – Se me casei para limpar a imagem, nossa... Você está destruindo a sua e piorando a minha. “ CORNO: SUA MULHER SAI COM DOIS CARAS, UM A CADA DIA DA SEMANA” – fez aspas com os dedos.
o observou incrédula. Era isso então?
- Era isso o tempo todo? – disse, rindo e sorrindo presunçosa para o garoto.
- Isso o que, sua louca? – resmungou bravo, curvando a sobrancelha.
- AI, NÃO ACREDITO! – se curvou, rindo alto. Homens...

*Flashback on*

A campainha tocou. - , atende lá, por favor? Estou suja de sabão! – gritou do banheiro.
largou a bucha no balde, batendo as mãos no avental para que elas ficando secas. Dirigiu-se à porta. Abriu-a.
- Quem é você? – perguntou seco, observando um cara moreno e de olhos verdes na sua porta.
- Wow... Então ela não estava mentindo – Ryan disse pra si mesmo, olhando um somente de shorts na sua frente - Sou o Ryan. Moro no décimo primeiro andar. A está? – ele disse, sorrindo. Ele trazia uma rosa nas mãos.
- Ela não est... – foi interrompido por que surgiu na sala.
- , quem...? RYAN?! – ela corou ao ver o garoto na porta. Automaticamente, seu olhar foi para suas coxas descobertas; coisa que Ryan também não deixou passar despercebido – O que você está fazendo aqui? – disse, se dirigindo à porta e ficando atrás de . - Eu estava andando e vi essa flor. Lembrei-me de você. Tão linda e delicada, assim como você. – Ryan disse, beijando a rosa e entregando para que aceitou, saindo de trás de que estava com a cara fechada. A vontade dele era de pegar a rosa e pisar em cima dela até não sobrar um vestígio.
- Bom, é isso? Eu e minha mulher estávamos ocupados – disse secamente.
- ! Que é isso, Ryan... Você não quer entrar? Não ligue para o ... E nem para a bagunça – disse, inconformada com a frieza de .
- Não, . Tudo bem. A gente se fala outra hora. Sério – Ryan sorriu – Só passei para entregar essa rosa pra você mesmo. Até mais! – ele se despediu - Foi bom conhecê-lo, .
- Não posso dizer o mesmo.– disse baixo, porém ouviu e lhe deu um tapa. acenou, sorriu e Ryan seguiu, sumindo atrás das portas do elevador.
fechou a porta e seguiu quieto para o corredor. Estava queimando de raiva. Quem era aquele idiota? Como ele se atrevia a falar assim com sua mulher...? socou o piso. o observou com cara de WTF mais uma vez. “Que ridículo. Ela não está nem aí para mim e eu estou com... ciúmes? CIÚMES POR ? Não pode ser”. Esfregou com muita força o chão, para que a raiva extravasasse. “E ela nem ao menos ligou para a cara que Ryan fez quando ela pareceu. Ele só quer comê-la! COMO que ela não percebe?”. bufou.
, ainda não entendendo a reação de , seguiu para o banheiro, para terminar o trabalho. Percebeu que ele estava a evitando ainda mais do que antes. Bufou. Ele era idiota. Só podia.

*Flashback off*

- FICOU RETARDADA, É? – disse, se irritando com a garota que ria.
- Você que é o retardado – segurava a barriga de tanto rir – , você estava com ciúmes do Ryan esse tempo todo? É ISSO? HAHAHAHAHAHAHA! – ela perguntou e se levantou.
- CIÚMES? AH, FAÇA-ME O FAVOR! – disse irritado.
se levantou e foi trás dele para encher-lhe as paciências.
- OWN, O ZINHO ESTÁ COM CIUMINHO! – ela disse, fazendo uma voz fofa. passou as mãos pelos cabelos.
- CALE A BOCA, ! – ele disse irritado, encarando a garota de frente.
apertou as bochechas dele, falando:
- QUE CUTI-CUTI! QUE CARINHA FOFA QUE VOCÊ FAZ QUANDO ESTÁ IRRITADINHO! – pegou com força os dois braços de , os abaixando e falando.
- CHEGA! – ele a fitou, a olhando nos olhos.
- ... , você está me machucando – ela disse, tentando se soltar do aperto de ferro que ele estava fazendo em seu braço.
Ele a soltou e saiu para o seu quarto, batendo a porta ao entrar. olhou para os seus dois punhos vermelhos, massageando-os para amenizar a dor, e fitou a porta recém-batida com uma interrogação na cabeça. Chegou à conclusão de que era bipolar. Seguiu para a sala, se sentando no sofá. Fazia meia hora que estava atrasado e ele não era uma pessoa que costumava a se atrasar.

***


estava sem sono. Não havia feito nada o dia todo e seu corpo não estava cansado. Ficou andando pelo quarto, tentou se distrair na internet, mas o tédio reinava. Decidiu ir à sala para mofar em frente à TV.
Chegando lá, viu , com a roupa que ela havia colocado para sair com , deitada e dormindo. Seu sobretudo estava no chão e ele percebeu que ela estava arrepiada de frio. Abaixou-se para pegar o casaco, ficando de joelhos em frente a garota de dormia angelicalmente. Colocou o casaco em cima dos braços dela e, para ela ficar mais confortável, retirou os sapatos dos pés dela com cuidado. Sentou-se no chão, encarando-a dormir. Vê-la daquele modo lhe transmitia uma calma imensa. A sala estava banhada pela luz da lua. observava o movimento do tórax da menina que subia e descia calmamente. Retirou uma mecha do cabelo dela que cobria uma parte de seu rosto, colocando-o atrás da orelha, delicadamente, para não acordá-la. Não soube por quanto tempo ficou assim, mas depois houve um estalo em sua mente. havia a deixando esperando. O que ele estava fazendo para deixá-la aqui, sozinha, e não ter avisado que não iria poder sair? Amanhã, com certeza, estaria de mau humor por causa disso.
Sentiu que a sala estava congelando mais do que deveria e resolveu não deixar a menina ali, passando frio. Pegou-a no colo, vendo-a abrir um pouco os olhos e resmungar, mas logo se aconchegando em seu peitoral. Levou para o seu quarto, depositando-a com cuidado na cama e puxando o edredom para deixá-la aquecida. Deitou-se do outro lado da cama, com cuidado. Respirou fundo, sentindo o perfume da garota que estava ao seu lado, fazendo com que ele ficasse anestesiado e acabasse dormindo.

***


acordou, sentindo um colchão macio, ao invés de um couro duro debaixo de suas costas. Abriu os olhos de repente, sentando-se na cama. Viu que dormia calmamente ao seu lado e passou as mãos no cabelo. O que tinha acontecido ontem à noite...? Não se lembrava muito bem de estar dormindo no quarto de . Só se lembrou de estar na sala de TV, esperando o , e estar vendo um programa tão tedioso que acabou pegando no sono. Olhou para as roupas que vestia e ainda estava com a que estava esperando . Olhou para com uma cara de interrogação. Ele havia a trazido ali, mas por que? Deitou mais uma vez e o observou dormir. Ele tinha um leve sorriso nos lábios. Sinal de que estava sonhando com algo muito bom. Sorriu involuntariamente ao vê-lo daquele jeito, mas logo esse sorriso se desmanchou por se lembrar de que a deixou esperando. Qualquer que fosse a explicação dele para isso, ela estava muito chateada.
Resolveu sair da cama, tomar um bom banho e trocar sua roupa. Precisava ir à Super Records. Iria pedir seu emprego de volta, já que nenhum lugar havia lhe chamado para trabalhar como colunista. Percebeu que hoje seria um dia daqueles. Deu uma última olhada em antes de sair do quarto e sorriu. Ele, pelo menos, não era tão sem coração quanto ela imaginava que ele era. Talvez fosse somente uma máscara para ‘cobrir’ quem ele realmente era.

7. I want, I want, I want… That’s crazy. I want, I want, I want… That’s not me. I want, I want, I want… To be loved by you.


corria com os fones nos ouvidos. A melodia de “The Only Exception” do Paramore gritava em sua cabeça, mas os pensamentos competiam, pedindo atenção. Sua cabeça não era a mesma de semanas atrás. Tantas coisas estavam acontecendo. Tudo tão... Diferente. Ela não sabia mais quem era o quê. Agora ela já não via com tanta freqüência. Segundo Fletch, era para não criar suspeitas. Porém ela não sentia tanta falta do garoto quanto imaginava. Os dias com eram imprevisíveis e cada dia que passava ele a surpreendia com algo que ela achava que era impossível para alguém como o mesmo, alguém egocêntrico.
Ela diminuiu o ritmo das passadas quando chegou à entrada do prédio e reduziu o volume do seu iPod para dizer um "oi" ao porteiro. O elevador não estava no térreo e, como já estava fazendo exercícios, preferiu subir de escadas, seguindo um ritmo compassado, nem rápido e nem devagar.
Hoje, por exemplo, quando acordou, estava na cama ao lado de . Ela não sabia o que pensar. Não conhecia este . Era alguém que ela nunca conviveu e sabia cada vez menos como se comportar perto dele. Por isso não o esperou acordar para saber qual seria sua reação.
, ao se levantar, percebeu que estava sozinho na cama. Ele sentiu uma pontada estranha no estômago, talvez de desapontamento. Queria ver ali ao seu lado. Bufou, chacoalhando a cabeça para esses pensamentos saírem dela.
chegou à cobertura, cantarolando agora uma música Misery do Maroon 5 que estava em seu iPod. Abriu a porta com certa pressa e chutou a mesma para ser fechada. A música era agitada e fez com que ela fizesse uma dancinha qualquer na sala, balançando seus braços e seu corpo conforme as batidas. Dançar às vezes lhe fazia bem. , ouvindo a porta sendo fechada bruscamente, foi ver o que se passava na sala, levantando-se correndo da cama, e deparou-se com sacudindo o esqueleto. Ficou parado no meio da sala com cara de “WTF?”, mas a menina dançava de uma forma graciosa.
- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH! - se assustou com a presença dele, ali parado.
- Aqui não é boate, não - disse, rindo e indo em direção ao sofá.
- Idiota - bufou, tirando os dois fones de ouvido e colocando o iPod em cima da mesa de jantar. Dirigia-se para o closet. Iria tomar um banho e ir para a Super Records. Estranhou que a casa estava muito vazia...
- Er... , cadê o Ringo?
- Quem? - já mastigava um pedaço de pizza, provavelmente sobras do dia anterior ou Deus sabe de quando.
- Como "quem?"? Ringo, o meu gato, amarelo e gordo que anda pelo apartamento - revirou os olhos, enquanto desfazia o rabo-de-cavalo.
- Ah, não vi desde que acordei - ele resmungou com a boca cheia e, no segundo seguinte, não estava mais a vista. Ele se jogou no sofá da sala, retirando algumas roupas que estavam jogadas por ali, e só ouvia o barulho que a garota fazia revirando o apartamento e chamando pelo nome do bichano.
- Ringo? PORRA! CADÊ? - foi até a sala - ! ! NÃO DIGA... - correu para a cozinha e viu a porta da varanda aberta. Foi até a varanda, ao lado de Elvis que estava dormindo com um brinquedo perto do focinho. Enfiou a cabeça dentro da casinha do cachorro. Nada. Correu até a sala e foi aí que seus olhos pararam ao lado de : uma janela totalmente aberta.
- ?! COMO VOCÊ É RIDICULAMENTE IDIOTA, PORRA! DEIXOU A JANELA ABERTA!
O garoto levantou a cabeça rapidamente, observando a garota vermelha de raiva.
- O que é que tem? Eu estava com calor!
- Ah! - a garota grunhiu, pegou uma camiseta jogada no chão e arremessou em direção a ele, o que o fez arregalar os olhos e retirar a camiseta de cima de sua cabeça.
- Mas que... - ele se levantou do sofá.
- Ele é um GATO! Foge quanto tem janelas abertas! - os olhos da garota começaram a lacrimejar. Não dava para saber se era de raiva ou de tristeza - E se ele for atropelado? E se ele não souber voltar? Meu Deus! Você tem o que na cabeça? MERDA? Só pode, né, ? - ainda fungava e lágrimas escorriam por seu rosto. Dirigia-se em direção ao menino que agora estava em pé.
- Mas que porra... Nem me lembrei do tal gato - disse indiferente e dando de ombros.
- Claro que não... Claro que você não se lembrou dele. Só se importa com VOCÊ e tudo que é relacionado a VOCÊ! - cuspiu as palavras.
- Ei, espere um pouco... - tentou se defender, mas não parava de falar por um segundo.
- É só isso que você quer - ela dava soquinhos no peito do garoto que a olhava sem expressão. - E eu achando que você estava realmente mudando! Mas não. Impossível se importar com mais alguém além ele! Porque para VOCÊ o mundo é tudo relacionado a si e é IMPOSSÍVEL você mudar... - ela forçou um sorriso e balançou a cabeça em negativa – IMPOSSÍVEL você se importar com algo além de você e da sua carreira estúpida de popstar... Mas um dia...
- ?
- Um dia você ainda vai precisar...
- ...
- De alguém do seu lado... VOCÊ AINDA VAI PRECISAR! – ela gritava e chorava. a segurou pelos pulsos para ela parar de lhe dar soquinhos.
- Foi você quem pediu. Ninguém mandou não ficar quieta.
- O quê? - ela levantou a sobrancelha, finalmente parando de falar, mas segurou os braços da garota e a puxou para mais perto, forçando seus lábios nos dela. , ao primeiro instante, arregalou os olhos, chocada pela reação do garoto. Mas depois do choque inicial, sentiu que fazia pressão com as mãos em seu quadril, a puxando para mais perto dele. Isso fez com ela se entregasse totalmente ao beijo, colocando os braços atrás do pescoço dele e com suas mãos fazendo carinho em seus cabelos. O beijo de era particularmente muito bom.
sentia mais nada do que a pressão dos dois corpos. Tudo havia sumido: o som da TV, os latidos de Elvis... Sentia o local que a segurava um pouco dormente, como se os dedos dele transmitissem uma certa corrente elétrica e essas lhe davam pequenos choques. Mas que porra de sentimentos era aquela?
deu dois pequenos passos para o lado, se movendo até o sofá e se deitando sobre a garota. Ninguém parecia pensar no que estava acontecendo. Ambos não queriam ser interrompidos e ele pensava que queria aquilo tanto quanto ele. Isso foi até o telefone começar a tocar. Um toque, dois toques... A boca de se entreabriu um pouco mais, sentindo a língua de a invadindo por completo. Ao mesmo tempo em que borboletas dançavam em seu estômago, uma sensação diferente a preencheu. Ela deu um pequeno puxão nos cabelos da nuca dele. Quatro toques, cincos toques no telefone... A voz de começou a ecoar do aparelho.
- Aqui é a caixa postal de e . Bom, se você está ouvindo essa mensagem, é porque estamos fazendo coisa melhor do que falar no telefone, se é que você me entende...
“BIP". As mãos de pareciam se sentir à vontade, entrando por dentro do top da garota. Ela não parecia se incomodar nem um pouco por isso. Aliás, ela brincava com o elástico da boxer de , puxando a peça um pouco para baixo.
- Er... - a voz de ecoou pela sala depois da tal mensagem - , é o - os dois paralisaram na hora e deram um pulo do sofá, se arrumando, sem se encararem. parecia um pimentão de tão vermelha - Seu celular estava desligado, então liguei aqui... Er... Estou com saudades. Vamos nos ver à noite? Ligue para mim... "BIP".
A risada de ecoou pela sala e , que não havia encarado o rapaz até agora, o olhou incrédula. Apesar de ele parecer um pouco constrangido, a olhou.
- Pronto, agora você pega os dois - soltou um riso presunçoso, o que fez bufar e sair andando em passos duros, chegando ao closet e batendo a porta com força. Ele era definitivamente um idiota.
Sentou-se no chão, encostada à porta do closet. Definitivamente queria ficar longe da visão de por algumas horas. Sua cabeça ainda girava do acontecimento dos últimos minutos atrás e o pior era que ela havia gostado. A sensação do toque dele em seu corpo era indescritível. Sorriu de leve ao passar a mãos em seus lábios, lembrando-se da atitude dele, mas logo seu sorriso desmanchou-se quando se lembrou do porquê estava sorrindo e POR QUEM.
Viu seu celular ali, no chão do closet, onde a luz do visor piscava incansável. Suspirou fundo e o pegou, abrindo-o. “Quatro ligações perdidas de ”. Digitou os números tão conhecidos. Sua mão ainda tremia e com certeza a voz estava estranha. Por Deus, ela não conseguiria mentir para . Se ela contasse o que havia feito... Não, não iria contar. Iria agir como se nada tivesse acontecido.
Respirou fundo algumas vezes, esperando que ele demorasse um pouco para atender ao telefone, para que sua respiração normalizasse.
- Alô? – uma voz grave de repente soou do outro lado da linha, fazendo com que pulasse de susto.
- Oi! – falou um pouco exaltada.
- , você está bem? Liguei para o seu celular umas quatro vezes e para a sua casa e ninguém atendia falou um pouco desesperado.
- Estou, sim, – tentou conter um pouco sua voz - Fui correr um pouco e me esqueci do celular dentro do meu closet. O idiota do seu amigo estava dormindo e não ouviu o telefone – bufou – Acabei de chegar – mentiu.
- Ah sim... disse com uma voz pouco segura do outro lado da linha – Sua voz está estranha - era impossível esconder algo dele.
- Claro, estou tomando fôlego ainda. Eu estava correndo, como disse – mentiu mais uma vez. Teria que mudar de assunto logo – Então, você quer me ver?
- Claro! Estou com muitas saudades disse animado. já sabia que ele estava sorrindo – Está livre quando?
- AGORA! Precisamos conversar ainda, mocinho – ela disse desesperada. Precisava que a ajudasse tirar certos pensamentos da cabeça. Ela tinha que ir à SR, mas poderia esperar um pouco. Mais tarde a deixaria lá... Ou não.
- WOW. Ok, passo para pegá-la aí, então. E não. Não vou lhe dar toco novamente... – ele disse essa última frase meio desanimado. inclinou a cabeça, fazendo que o celular se apoiasse no ombro, para puxar uma das blusas na gaveta à sua frente. Depois de tudo o que aconteceu essa manhã, havia se esquecido do toco de ontem à noite.
- Ah, ok. Confio em você. Não se atrase – ela disse.
- Não vou! disse, desligando o celular. jogou o aparelho no chão, se levantando para escolher uma roupa e tomar banho.

***


sentou-se no sofá, passando as mãos nos cabelos e suspirando. Sim, ele estava ficando louco. Não conseguia descrever as sensações que o fazia sentir. Era tudo tão novo... Bufou. Olhou para a TV ligada e nem ela conseguia fazê-lo prender sua atenção. Seus pensamentos vagavam da menina chorosa cuspindo palavras até o instante em que ela estava se deixando levar pelo momento quando ele a tocara. Depois, sua mente vagou para o momento em que ela brincava com sua boxer, a puxando para baixo. Naquele momento sentiu um arrepio e logo depois a voz de ecoou na sala. riu ironicamente mais uma vez ao lembrar-se. Se o telefone não tivesse tocado... O que eles fariam? Será que o impediria? Ele não estava pensando naquele momento. Agia por impulso e, pelo visto, ela também. Concluiu por fim que foi bom o telefone ter tocado.
Balançou a cabeça, olhando para a TV. Ouviu passos soando forte, até que ela passou pela sala, usando um vestido curto com All Stars. Cabelos soltos. Ela se virou, ficando de frente ao sofá. encarou-a.
- Vou sair. Não sei que horas volto – disse, mexendo na bolsa – Você TENTE encontrar o Ringo, senão o mato. E se vire com a comida – terminou, indo em direção à porta, batendo-a ao sair e não dando tempo para que a respondesse.
Ele levantou-se do sofá. Iria procurar o maldito gato. Foi aí que seus olhos pararam do lado, bem no cantinho da estante: uma coisa peluda e amarela estava ninhada dormindo. riu sarcasticamente. O tempo todo o gato estava ali. Fechou a janela por precaução, indo para a cozinha depois. Pegou uma cerveja e foi à varanda, com o celular na mão. Acendeu um cigarro, sentando-se numa das poltronas.
- Juliet, estou livre...
***


e subiam a escadaria do prédio aos tropeços e beijos. Já passava das três da manhã e julgava que, como sempre, não estaria em casa a esse horário... Então passagem livre para ela e ficarem a sós.
Chegando à cobertura, prensou na parede, fazendo que suas mãos passeassem livremente pelo corpo dela. puxava os cabelos dele e ele fazia pressão com os dedos nas coxas dela.
- ... Vamos entrar – ela disse ofegante, com dificuldade de encaixar a chave na porta e abri-la.
- Por mim, pode ser aqui mesmo - ele disse, mordendo o pescoço dela e a conduzindo, depois de chutar a porta para abri-la. Conduziu-a até o sofá, jogando-a lá e se deitando por cima dela. Logo depois disso puxando o vestido para cima. já abria todos os botões da camisa dele, retirando-a e jogando para um canto qualquer. Arranhava o peitoral de e este ainda tentava retirar seu vestido...
ouviu uma batida de porta, o que fez acordar assustado. Aí se lembrou de que poderia ser que havia chegado. Decidiu ver realmente se era ela.
agora estava por cima de , beijando o seu peitoral. Quando ouviu a porta do quarto sendo batida e passos vindos do corredor, puxou seu vestido correndo para baixo e saiu de cima do colo dele.
- , finja que você está bêbado – ela sussurrou, o puxando para que ele se sentasse no sofá.
- O quê? , não estou bêbado! Estou exci...
- CALE A BOCA! – ela advertiu – Ande! Finja que está bêbado!
- Porra! Broxei agora – passou as mãos nos cabelos, fechando a sua calça logo em seguida.
- ! – gritou, dando tapa para ele encenar, quando viu perto da porta da sala – NÃO VÁ VOMITAR AQUI!
- ? – entrou na sala, arqueando as sobrancelhas.
- ! – olhou para ele.
- O que está acontecendo? – ele perguntou desconfiado quando viu sem camisa no seu sofá.
- Ele bebeu demais, né... Er... Aí eu o trouxe para cá – deu outro tapa na cabeça de .
- Ah... E por que ele está sem camisa? – perguntou, cruzando os braços.
- Porque ele disse que estava com calor. Aí eu tirei – ela respondeu, dando de ombros.
- Ah, sei... Bêbado sente calor agora? – bufou – Vou ajudar.
- NÃO! – gritou – Er... Quer dizer, não precisa – ela coçou a cabeça, sorrindo amarelo.
- Preciso ir ao banheiro – fingiu ânsia e correu para o banheiro.
- , volte a dormir que cuido dele. Até amanhã – saiu da sala, correndo atrás de ! ABRA A PORTA PRA EU O AJUDAR! – ela berrou, batendo na porta do banheiro quando chegou ao local, a qual foi aberta e ela entrou rapidamente, trancando-a.
seguiu para seu quarto, se jogando na cama e afundando a cara no travesseiro. Virou o rosto e viu o que o relógio marcava: mais de três horas da manhã. Bom, se estava mentindo para trazer o para passar a noite aqui com ela, ele bem que podia fazer o mesmo. Sabia que Juliet a irritava profundamente, assim como seu amigo estava o irritando agora. Seja lá o que estivesse acontecendo naquele banheiro, preferia não pensar muito naquilo. Ele desejava poder tocar no corpo de ... “WTF? Esses pensamentos de novo?”, ele pensou consigo. Já tinha visto Juliet essa tarde, mas... Pegou o celular. Depois de um tempo, ela atendeu.
- Alô? – ela disse com uma voz de poucos amigos do outro lado da linha.
- Juliet, venha para cá – disse com uma voz sedutora ao telefone.
- São três horas da manhã, ... – ela respondeu com uma voz meio sonolenta.
- Não importa! Pode vir... – ele disse, sorrindo safado.
- Ok, eu vou. Espero que seja por uma BOA causa – ela disse, reclamando.
- Vai ser e você não vai se arrepender.
***


- Você como ator é um péssimo músico, disse depois que trancou a porta e foi surpreendida pelos braços urgentes de em sua cintura.
- HAHA, eu não estava em estado para pensar em atuar... Estava em estado de agir, se é que você me entende, mas obrigado pela parte que me toca em dizer que não sou bom o suficiente na minha profissão... – disse, beijando o pescoço de – Podemos continuar de onde paramos?
- Podemos – disse, se virando para ficar de frente para o rapaz – Mas de uma maneira diferente – ela riu, o conduzindo para dentro do box e dando vários selinhos. Prensou-o na parede e abriu o registro do chuveiro, fazendo que a água molhasse ambos. investia na retirada do vestido dela, agora encharcado, o tacando num canto qualquer do banheiro e abria sua calça, a puxando para baixo. riu da iniciativa dela, mudando de posição, fazendo que ela ficasse prensada na parede. Beijava toda a extensão do corpo dela, sentindo a água quente batendo em suas costas. A sensação era ótima. Apertava as coxas dela, o que a fez entrelaçar as pernas em sua cintura... suspirou. Por menos falta que sentiu do , só ele a fazia se sentir tão bem. Por fim, deixou que ele tomasse conta da situação, se entregando por inteiro ao momento.
***


Juliet chegou ao apartamento e logo foi surpreendida por a agarrando e a jogando no sofá. Puxou com violência a saia dela para baixo, enquanto a beijava.
- ... – Juliet tentou falar.
- Shiu, fale nada – ele disse, dando um selinho e logo em seguida aprofundando o beijo.
- HAHA, o que foi? Muita testosterona correndo nas veias para ser queimada ainda? – Juliet disse, tentando partir o beijo.
- Sim – riu irônico, puxando agora a blusa da menina e jogando para algum lugar no chão junto com a saia dela. Voltou à atenção para os lábios dela e depois foi descendo pelo pescoço, chegando perto dos seios, onde começou a investir no feixe deste.
- Ei, ei mocinho. Estou em desvantagem – ela advertiu, ficando por cima e arrancado com pressa a blusa dele. Passou as unhas em seu peitoral, deslizando para sua barriga e chegando ao elástico da boxer, que sem muita cerimônia logo estava no chão.
- Ha - disse, se sentando e fazendo com que ela entrelaçasse as pernas em seu quadril – Quem está pelado sou eu agora. Muito esperta você – ele terminou, selando os lábios e retirando o sutiã dela. Levantou do sofá com ela em seu colo e foi para a varanda. Colocou a menina no chão, deslizando a mãos para o quadril dela e retirando sua ultima peça de roupa. Ela sorriu safada e depois lançou um olhar para a piscina. Sem delongas, pulou lá, fazendo uma cara sexy para que pulou em seguida.
- Na piscina? – ele disse, sorrindo safado.
- Em todo o canto dela, se você quiser – ela disse, retomando o beijo. A noite seria perfeita. Uma lua enorme brilhava, fazendo que a aliança no dedo de reluzisse, nem se importando com isso. Agora, nem se lembrava de e de em seu banheiro. Pelo menos Juliet o ajudaria com isso. Os acontecimentos dessa tarde pareciam ter acontecido há milhões de anos, com uma garota qualquer, como um simples passatempo.
***


acordou em cima de no sofá de . Depois de muita ação no banheiro, eles decidiram que era melhor ir dormir um pouco. Levantou-se com dificuldade e com cautela para não acordar . A claridade do apartamento estava a cegando. Olhou para o chão e viu algumas roupas: a blusa de , seus All Stars, uma saia e uma blusa de um estilo que não era dela. Chegou perto das peças de roupas e sentiu o perfume enjoativo que elas emanavam. Logo ao lado delas havia uma boxer que definitivamente não era de . Revirou os olhos e saiu andando pela casa, somente de lingerie, em particular com uma calcinha com uma mensagem: “I’m too sexy for you”. Viu que Ringo estava em seu encalço. Quase gritou de alegria, mas conteve-se. Pegou o gato no colo. Pelo menos, havia achado o gato. Foi até o fim do corredor, ao quarto de , para ver se ele estava lá e com quem. Empurrou a porta devagar, apertando Ringo em seus braços, quando viu a Juliet jogada em cima de na cama. Os dois estavam nus. Ver uma vez a cena era suficiente, mas outra? Um ódio crescente tomou conta de seu corpo e, ao sair do quarto, bateu a porta com toda a força que tinha. Colocou Ringo no chão e entrou no banheiro, recolhendo a sua roupa e a de . Pegou a boxer dele, agora seca, do chão e levou até a sala, colocando-a ao lado dele para que a vestisse quando acordasse. Voltou para o banheiro, para tentar organizar a bagunça feita ontem à noite. Ainda estava espumando de raiva quando ouviu a porta do quarto ao lado sendo aberta.
- A coisinha sem sal já se levantou e está fazendo trabalhos domésticos... Nada mais justo que isso, hahaha – uma voz enjoativa entrou em seus ouvidos.
- Deus, dê-me paciência. Porque se me der força, eu mato – falou, revirando os olhos e colocando a toalha de volta em seu devido lugar. Banheiro arrumado – Nossa, o ar ficou meio carregado de repente... Ah, é. A puta acordou.
- Olhe só quem você está chamando de puta – Juliet disse. se virou para encará-la e viu que ela também vestia lingerie somente. Mas a diferença era que a dela estava mais para vulgar do que qualquer outra coisa. Bufou. Era disso que gostava.
- Pelo o que eu saiba... - começou a falar com uma expressão de nojo – Não sou uma cachorrinha que vem às três da manhã para... Você sabe...
- Ah, não, queridinha... Mas olhe para você. Está loiro. Por que, né? Quer copiar a puta aqui só para ver se o olha para você – Juliet disse, dando uma risada estranha. revirou os olhos, fechando as mãos em punhos e sentindo suas unhas machucarem as palmas das mãos. Voltou a andar e foi para a cozinha, ainda seguida por Juliet.
- Fique sabendo, QUERIDINHA, que fiquei loira porque o idiota do cabeleireiro errou – disse isso, quase cuspindo na cara de Juliet – E, aliás, não preciso ser uma puta para ele me desejar como mulher – riu.
- Mulher onde? Só se for nos seus sonhos.. – Juliet cutucou.
- Gente como você merece ser ignorada! – disse, tentando se livrar de Juliet, indo para a cozinha.
- Sério, querida? Copia-me e agora fala que vai me ignorar? – Juliet disse em tom de ironia.
- AH, NÃO VENHA DIZER QUE A COPIEI! – não iria suportá-la falando que estava igual àquela vadia.
- E VAI DIZER QUE NÃO? – Juliet aumentou o tom e pegou uma mecha do cabelo de – OLHE ISSO DAQUI! ESTÁ IGUAL AO MEU! COPIOU, SIM!
- CALE A SUA BOCA, SUA PUTA!
- SE SOU PUTA, VOCÊ TAMBÉM É! – Juliet disse, cuspindo as palavras na cara de e a empurrando. bateu as costas na parede. Estava espumando de raiva. Olhou para frente e viu a geladeira. Num ato sem pensar, abriu e pegou três ovos, jogando-os em seguida em Juliet que surtou.
- OVO? VOCÊ PIROU?! – ela disse e partiu para cima de , dando tapas, puxões de cabelo, beliscões. As duas começaram a rolar no chão da cozinha sujo com ovo. conseguiu sair debaixo de Juliet por uns instantes, pegando a farinha que estava no armário e tacando o saco todo na cabeça de Juliet.
- Espero que você goste de ovo com farinha – disse, rindo e colocando as mãos sujas na cintura. Juliet, espumando, partiu e deu um tapa na cara de . - Quem você pensa que é para me dar um tapa assim? - colocou a mão no rosto que ardia.
- Isso não é nem o começo – Juliet partiu mais uma vez para cima dela, derrubando-a no chão novamente e batendo nela, não dando nem tempo e nem jeito de se defender.
- MAS QUE PORRA É ESSA? – gritou e, em seu encalço, estava . Ambos estavam com cara de sono, somente de boxers e um pouco assustados com a reação das duas mulheres.
- Essa vadia que falou merda de mim e não agüentou ouvir verdades. Depois ela partiu para a ignorância – disse depois que tirou Juliet de cima dela, segurando-a pelos braços. correu para devolver o tapa na cara dela, mas a segurou firme, fazendo que seu corpo ficasse colado ao seu. Arrepios surgiram.
- Ah, claro. Eu né? – Juliet riu com desdém – Quem que pegou os ovos?
- Peguei mesmo. Afinal, galinha e ovo têm uma ligação, né? – disse, rindo e fazendo com que Juliet tentasse se soltar dos braços de . Nessa tentativa, farinha voou para todo lado, sujando também, que soltou um gemido em protesto.
- PAREM JÁ, PORRA! – disse – , leve a para o quarto, que já vou lá conversar com ela. E você... – ele se dirigiu a Juliet - Nunca mais ouse tocar um DEDO nela – largou os braços dela e a olhou com nojo, dando o mesmo olhar para . seguiu para o seu quarto, jogando na cama e fechando a porta com força.
- O que você tem na cabeça?
- EU? – disse assustada com o tom de voz dele, se levantando na cama.
- Não. A vovozinha. Pelo amor de Deus, , não se faça de sonsa – andava de um lado para o outro.
- Fiz nada. Aliás, foi ela quem me chamou de vadia – disse, parando em frente ao garoto que observou o estado dela pela primeira vez. Pensamentos surgiram em sua mente.
- E isso é jeito de se vestir? – ele disse, bufando.
- Estou na minha casa... – cruzou os braços.
- Ah, sim. Com outro homem nela também – ele riu irônico.
- Um homem que já viu tudo isso. Aliás, isso não o interessa. Mande aquela puta ir embora daqui, pelo amor de Deus. Afinal, o que ela está fazendo aqui? Lembre-se de que a gente falou que nenhum poderia trazer companhias...
- É claro que me lembro e você foi a primeira a “quebrar” essa regra – disse, cruzando os braços e observando a cara de .
- Er... – ela coçou a cabeça – O estava bêbado – mentiu.
- , conte outra – bufou – Sei que é mentira.
- Eu não teria porque mentir, – ela resmungou, fingindo desdém e levantando-se da cama.
- Tem certeza de que não? – ele se aproximou da garota com alguns passos largos e um sorriso presunçoso nos lábios. O coração de saiu do ritmo. Quando estava a poucos centímetros de distância dela, ele segurou os pulsos da garota com suas mãos, porém sem brutalidade, as mantendo ao lado do corpo. fechou os olhos, sentindo a respiração dele tocar seus lábios. sorriu ao notar isto. Ele mexia com ela. Não havia dúvidas. Aproximou mais os lábios. Os narizes já se tocavam. Delicadamente, roçou os lábios nos dela e se afastou um milímetro. Mas quando sentiu a respiração de falhada, não pensou duas vezes quando juntou seus lábios aos dela de maneira delicada.
Esse era um beijo diferente do primeiro. O que o anterior tinha de desejo, malícia, este tinha de delicadeza. Era como se eles tivessem medo de se tocarem. As borboletas estavam ali, passeavam dentro dos dois. Gentilmente, afrouxou o aperto nos pulsos de até libertá-los completamente. Por reflexo, a garota os levou até o peito de e o empurrou devagar, só usando força o suficiente para que ele entendesse o recado. Ela sentiu seus lábios livres de novo e, ainda de olhos fechados, disse baixinho:
- … O está aí – abriu os olhos vagarosamente para observar um com as sobrancelhas curvadas, ainda perigosamente próximo demais.
- Desculpe-me – ele respondeu no mesmo tom de voz, passando a mão pelos cabelos e bagunçando-os. Eles já estavam um pouco mais afastados, mas os olhos ainda estavam sérios e conectados, tentando entender que sentimentos se passavam dentro do outro e de si mesmos. Era como se eles só estivessem se culpando por estar ali, no cômodo ao lado, e não por terem se beijado.
O olhar foi quebrado pela porta do quarto abrindo-se e um curioso adentrando no quarto.
- Está tudo bem? – ele aproximou-se de que abaixou os olhos, não permitindo encarar o rapaz depois do que havia acabado de acontecer. fez o mesmo, olhando janela afora.
ficou em silêncio. As palavras haviam sumido de sua boca. Tentava não encarar .
- Vocês estavam brigando de novo? – insistiu para que alguns dos dois falasse algo.
- Sim – a voz de ecoou no cômodo um pouco estranha.
- Nunca vão tomar jeito mesmo, né? O que houve agora? – disse, se aproximando de e a abraçando na cintura. o olhou torto, fechando as mãos em punhos e respondendo por :
- Ela é uma idiota. Não sei como você a suporta – disse e, por fim, saiu do quarto, batendo a porta. Bufou do lado de fora. Teria que dar um jeito em Juliet e desejava que fosse embora o mais rápido possível.
***


estava na cozinha fazia algumas horas. Juliet já não estava mais lá e nem . Ela havia pedido para ele ir embora, alegando que o mesmo não podia ficar muito tempo no apartamento para não levantar suspeitas. Ela sabia que essa desculpa não havia colado. Não para que a conhecia tão bem, ou ao menos antes a conhecia. Não agora. colocou uma tigela de leite no chão e avistou Ringo se aproximando vagarosamente para se deliciar com o líquido branco. Ele estava ficando cada vez mais gordo. Ela respirou fundo, continuando a picar alguns temperos para o jantar. Cebola, tomate, coentro, alho... Nem ela mesma conhecia a de agora, a que surgiu depois do casamento, depois de . Falando nisso, onde ele estava? Já começava a anoitecer e ela não o encontrou a tarde inteira. Não havia visto o rapaz nenhuma vez depois de manhã, do beijo.
Ela estava perdida novamente, tão perdida como quando chegou a Londres há um ano. Não sabia novamente o que fazer, onde pisar, com medo do chão desmoronar e ela ser soterrada pelos próprios erros. Ela gostava de ? Não sabia responder. Mal sabia raciocinar com ele por perto. Por Deus!
Um barulho de porta foi ouvido, fazendo seu estômago revirar algumas vezes. Era ele? E por que ela estava tão nervosa? Deus do céu, era só o … Mas era o novo . Agora ele era o , o cara que ela conseguia odiar para valer e por quem sentia coisas inexplicáveis. Passos no corredor. Alguém estava se aproximando, mas ela não tinha coragem de se virar para ver. Se fosse , quem ela tinha certeza de que era, mal conseguiria olhá-lo nos olhos por alguns dias. Porém nem tudo é como o planejado.
Ela parou de picar alho quando o barulho de passos parou e ela sentiu uma respiração quente em sua nuca. fechou os olhos com o arrepio que aquilo provocava nela. Duas mãos grandes a envolveram pela cintura e um lábio gentil surgiu em seu pescoço, fazendo-a perder a noção da realidade.
- … - o som saiu com dificuldade.
- Hm – foi tudo que ele respondeu. Sua boca estava ocupada demais, dando pequenos beijos em sua clavícula.
- O quê… O que você está fazendo? – as mãos de estavam apoiadas na pia, tentando conter-se seja lá do que.
- Eu... Não sei – ele virou-a com cuidado, fazendo com que o encarasse nos olhos. segurou a respiração quando notou no olhar de um brilho especial; um brilho que ela nunca havia visto naqueles olhos antes. Ela não sabia explicar o que era. Só que aquilo acelerava seu coração.
- , eu não... Não consigo entender... - ela correu a mão até a gola da camisa dele e começou brincar com ela, tentando desviar os olhos daqueles brilhantes de . não sabia como se expressar, porque nem ela sabia que diabos estava acontecendo. Como explicaria isso para ele?
- Shiu - ele encostou o nariz à bochecha dela carinhosamente - Eu também não, mas... – afastou-se um pouco para fitá-la novamente nos olhos - Não vamos estragar isso, por favor.
Ela não poderia negar para aqueles olhos. Poderia?
Mais um beijo, agora demorado, em seu pescoço, depositou. Suas mãos deslizavam pela sua cintura carinhosamente. Ele fez com que os corpos ficassem mais colados e rezava para que ele não pudesse sentir seu coração descompassado. Seria uma vergonha.
- Ok... – ela disse ofegante, se arrepiando quando as mãos geladas dele tocaram sua pele na cintura, por baixo da camiseta que vestia. Isso estava sendo uma tortura das grandes. Como ainda brincava com a gola da camisa dele, puxou-a, fazendo com que os lábios se tocassem com certa urgência. Mesmo urgente, fez que este ficasse calmo. brincava com seus cabelos, puxando um pouco e fazendo com que o beijo se aprofundasse e que começasse a deslizar as mãos nas costas da garota. Brincava com a barra da blusa dela. Depois, descia para o cós da calça, chegando às coxas e apertando-as, fazendo com que cruzasse as pernas em torno de sua cintura. Ele a colocou em cima da pia da cozinha, ficando entre suas pernas e debruçando em cima dela, alternando os beijos entre os lábios, pescoço e colo. As mãos, agora mais ágeis, apertavam ainda mais as coxas dela.
passou as unhas com leveza nas costas de , por debaixo da camisa branca que ele usava, o que o fez soltar o ar pesado no ouvido da garota. envolveu a cintura da garota, ajudando-a a dar impulso para que ela passasse as pernas em sua cintura. Ele a levantou da pia, com os lábios urgentes nos dela, as línguas fazendo movimentos cúmplices uma com a outra. se ajeitou no colo de , agora com as mãos apertando seus ombros. Ele começou a dar alguns passos para trás, com ela no colo, buscando a porta da cozinha que levava ao corredor. As bocas se separaram para fazer a risada de ecoar pela cozinha e um "cuidado!" de , junto de um tapinha no ombro dele, quando Ringo resmungou por ter pisado em seu rabo.
- Desculpe - ele sussurrou, dando uma mordidinha no lábio inferior da garota que não conseguia parar de sorrir.
abriu a porta do quarto, ainda beijando que segurava seu rosto com as duas mãos. Jogou-a na cama e se deitou por cima dela. Por impulso, puxou-a para mais perto de si, aprofundando o beijo e fazendo com que suas pernas se encaixassem. percorria as mãos ainda geladas nas costas da garota, por debaixo da blusa dela, e ela puxava seus cabelos. Sentia necessidade daquilo há muito tempo, mas nunca tinha se dado conta. Eles tinham uma química que fazia com se sentissem completos.
passava as mãos na parte interna da coxa de , que o provocava passando as unhas em sua barriga. Decidindo que queria provocar mais, ficou por cima dele, colocando uma perna de cada lado do seu corpo e sentindo o mesmo se arrepiar com cada toque que ela dava. Hoje ela iria mostrar que poderia ser melhor que Juliet. que ele não precisava daquela pra se sentir completo. beijava compulsivamente , alternando entre o pescoço e a boca, e suas mãos puxavam a blusa da garota para cima. Ela não agüentava mais a “enrolação” dele e a tirou de uma vez, deixando seus seios fartos e uma lingerie preta à mostra. sorriu safado e, aproveitando que ela tinha tirado a blusa, sentou-se na cama com ela por cima e passou a beijar a região próxima aos seios dela. Sua mão passeou até as costas da mesma, abrindo o feixe do sutiã. Ela, em desvantagem, rompeu o beijo, tirando a blusa de que voou para o mesmo canto em que estava seu sutiã e sua blusa. Os olhos dele, ao encará-la assim, somente dele, passavam-lhe um carinho misturado com desejo e satisfação. sorriu e logo os lábios se colaram novamente. Agora ela investia na boxer dele, já que sua calça jeans estava voando longe. Ela sabia que amanhã poderia se arrepender e, se não fosse amanhã, seria algum dia. Não sabia como ele agiria, mas resolveu não pensar nisso naquele momento. Afinal, como ela conseguia pensar em algo com os lábios de tocando sua barriga? Ela estava se sentindo bem, amada de verdade. Estava se sentindo dele, de seu marido. Queria mais que tudo aproveitar aquele momento. As preocupações ela deixaria para depois.

8. I did the wrong thing to the right girl.


acordou e sentiu a garota em cima de si, dormindo calmamente. Sentiu o movimento de vai e vem do tórax dela no seu. Sorriu. Tinha uma sensação ótima em seu corpo. Parecia que tudo agora estava perfeito. Sentia que , pelo menos por uns instantes, foi dele e estava sendo somente sua e de mais ninguém. Porém sabia também que logo que ela acordasse isso poderia mudar. Na primeira ligação de para ela, ele saberia que nada seria o mesmo. Como iria agir de agora em diante? Será que ela o ignoraria ainda mais?
Passou a mão delicadamente sobre as costas delas, dedilhando devagar, fazendo que ela se sentisse ainda mais confortável com seu corpo em cima do dele. Arrumou os cabelos dela, tirando as mechas que caíam sobre seu rosto. Apesar de toda a confusão que poderia ou de certo estaria por vir, queria aproveitar esse momento. Imagens da noite vieram-lhe à mente. Sorriu ainda mais. Sentiu uma movimentação em cima de si.
- Bom dia – sussurrou como uma voz meio rouca para , que acordou sorrindo e o abraçando mais forte. Depositou um beijo no topo da cabeça dela.
- Bom dia – era impossível descrever as sensações que se passavam dentro de si. O silêncio predominou. Palavras não eram necessárias, julgaram. Somente um sentindo a presença do outro era o suficiente. ouvia as batidas do coração dele. Calmas, mas logo que ela fazia um carinho sobre sua barriga e depois no peitoral, percebia que o coração dava uma acelerada. Esperava que não pudesse sentir o seu com tanta clareza. Afinal, isso a deixaria ainda mais com vergonha. Pensou na noite anterior, nos toques, nos seus sentidos tão apurados para que cada sensação não passasse despercebida. Logo, seus pensamentos vagaram para seu celular que começou a tocar irritantemente. Somente poderia ser uma pessoa: .
- Droga – ela disse, se levantando.
- Não. Fique aqui – a puxou para um abraço de ferro – Esqueça-se do resto. Passe o dia comigo.
- Mas... – tentou falar.
- Sh... – a puxou, fazendo que ficasse cara a cara com narizes grudados – Não vamos estragar isso ainda por hoje. Pode ser? – terminou, não dando chance para que ela respondesse, selando os lábios. Logo, nem se lembrava mais do tal celular tocando. Não soube por quanto tempo ele ficou tocando também. Nem ligou para isso. O tempo voava quando ela estava com .

***


O tempo tinha realmente passado depressa. Eram quase quatro da tarde e o apartamento estava em completo silêncio. Na sala a televisão, rodava o terceiro filme da série “Piratas do Caribe” e em frente à televisão estavam e no sofá.
estava sentado desleixado, com esticada no sofá e a cabeça apoiada no ombro do rapaz. As mãos dos dois estavam entrelaçadas e os dedos faziam um carinho constante. O dia foi assim: sem muitas palavras trocadas, mas gestos significantes. Nos pés do sofá, estavam Elvis e Ringo, deitados lado a lado, sem se estranharem. Talvez já estivessem se acostumado com a presença do outro e tivessem aprendido a conviver, tal como os donos.
estava perdida em pensamentos e também. Somente os olhos estavam fixos na TV, mas ambos pensavam em suas vidas. , uma vez ou outra, se virava e depositava um beijo na cabeça de que estava encostada ao seu ombro. Coisas simples... Era disso que precisavam. Achavam que palavras não seriam necessárias - pelo menos por enquanto.
Esse sentimento foi interrompido por uma campainha tocando. Ambos levaram um susto e Elvis começou a latir.
- Quem será, porra? - se levantou do sofá, xingando e indo em direção à porta. sentou-se direito, esticando a coluna. Parecia que ficou um buraco, que estava faltando algo ali. Talvez para ela encostar-se. Seu corpo havia se acostumado com o do rapaz perto demais.
Respirou fundo, encolhendo as pernas para dentro do sofá e tentando concentrar-se nas vozes que vinham da porta do apartamento.
- , estou falando com você - ela piscou duas vezes, ouvindo a voz de atravessar seus pensamentos. Virou um pouco o corpo, avistando o rapaz já dentro do apartamento. Daquele ângulo, ela conseguia ver encostado à parede, com o olhar distante e as mãos nos bolsos. Isso fez seu coração se apertar.
- Ah... Diga, - ela mordeu o lábio inferior, tentando forçar-se a olhar para e não ara . Que diabos estava acontecendo?
- Liguei o dia todo no celular, no telefone daqui... Ninguém atendia. Fiquei preocupado - ele se aproximou com os olhos brilhando, fazendo se torturar por dentro. Ela era um monstro.
- Ai ... Desculpe-me, mas nem peguei o celular hoje... - ela disse com a voz mais normal que conseguiu.
- E o telefone? Liguei várias vezes. Pensei que tivessem morrido! - disse, levando as mãos a cabeça.
- Exagerado - ela riu, mesmo sem vontade. Tinha que agir o mais natural possível. Ele se aproximou para beijá-la e, por impulso, ela fechou os olhos. Sentiu os lábios dele nos dela, mas logo se afastou.
Era uma coisa estranha... Um frio na barriga. Não era como antes. Não eram as borboletas. Estava mais para... Culpa. Como ela poderia agir naturalmente com depois de ter dormido com o ? Pior: depois de ter ficado abraçada com ele no sofá até um minuto atrás?
sentou-se ao seu lado no sofá e Ringo foi correndo aninhar-se em seus pés. Por Deus, ela amava . Não amava? correu os olhos pela imagem de quieto, agora se desencostando da parede. Ele estava sério. Ela não sabia dizer o que o garoto sentia naquele momento. Só sabia que aquele brilho no olhar de que a fascinava tanto em alguns momentos não estava mais lá.
- , vamos sair? - perguntou entusiasmado.
Mais essa agora? Não poderia falar não...
- Ok - ela disse mecanicamente - Vou me trocar - saiu da sala, porém antes viu se sentando no outro sofá meio desconfortável. Ouviu-o puxar assunto.
- E aí, dude...?
voltava para a sala algum tempo depois. No corredor, ela ouvia falando alto, rindo, enquanto contava alguma história em que passava maus bocados com uma garota.
- E você acredita, dude, que ele cantou Justin Bieber para ela? “Baby”... No meio da balada! - ouviu-se risos de ambos e se conteve para não rir também. Só para fazer uma dessas - Foi a pior cantada dele... E olhe que ele nem estava tão bêbado - mais risadas. Até Elvis acompanhava os dois em latidos.
Ela colocou o pé na sala e sentiu-se nua. Os dois rapazes que paravam de rir ficaram em silêncio, somente encarando-a. Ela enrubesceu. Nem estava vestindo algo demais! Uma mini-saia cintura alta e uma camiseta larga por dentro, com um sapato vermelho de salto.
- Er... O que foi, gente? Estou muito estranha? Posso me trocar e... - cruzou os braços no peito, como se isto a protegesse dos olhares.
- Está linda - se levantou do sofá e veio ao seu encontro, a abraçando e dando-lhe um beijo na bochecha.
sorriu e percebeu suas bochechas ficarem vermelhas. Por Deus, ela estava corando?
- Então, vamos? - pegou a mão dela e a conduziu até a porta.
- , se vire com o jantar - tentou ser grossa, mas não estava conseguindo. Percebeu que segurava uma risada.
- Ok. Eu e o Elvis iremos comer pizza.
- Não se esqueça de dar leite para o Ringo! - ela disse, saindo e fechando a porta. Ouviu uma risada lá de dentro do apartamento e não pôde deixar de sorrir. Sentia-se boba.
- Está rindo por quê? - perguntou todo curioso.
- Estou feliz... Por ver você - completou a frase rapidamente.
Ela não fazia a menor idéia de como contornar essa situação. Como havia se metido nisso mesmo?
- Eu também - sorriu, colando os lábios aos dela docemente. Apertou o botão do elevador em seguida - Estava com saudades.
não respondeu. Não queria mentir. Ela não havia pensado nem uma vez em . Pensava em mais nada quando estava com e isto estava errado. Ao menos era o que ela pensava.
Apenas sorriu, entrelaçando sua mão na dele, enquanto os dois entravam no elevador.
- Para onde vamos? - ela perguntou, observando-o apertar o botão do subsolo, onde ficava a garagem.
- Que tal para minha casa? - ele sussurrou em seu ouvido, roçando o nariz na clavícula da garota. Ela respirou fundo, tentando conter-se. Isso ia ser mais difícil do que ela pensava.
- Hum... - sorriu forçado – Perfeito!
Chegaram à garagem. entrou no carro de sem muita cerimônia. a imitou e colocou a mão na coxa nua da garota. Seria muito, muito difícil.

***


estava um caco. Se é que isso era uma definição. Desde que e saíram dali, ele havia se jogado no sofá com uma cerveja na mão e não saiu de lá desde então. Sua cabeça turbilhonava. Pensou em chamar Juliet pra se distrair, mas desistiu. A verdade é que não tinha vontade alguma de vê-la... Não depois de ter ficado com . Achava-se imbecil por ter deixado-a ir embora com outro, mas o que podia fazer? era um de seus melhores amigos e ficava com náuseas só de imaginar o que os dois estavam fazendo naquele momento. Bufou alto, deixando a garrafa de cerveja no chão. Elvis resmungou, como se ouvisse a briga interna do rapaz.
- É, Elvis... Sou um idiota. Não sou? - ele revirou os olhos, olhando em direção ao cachorro que levantou as orelhas quando o dono pronunciou seu nome.
- ‘Ta. Sei que sou, mas o que eu poderia fazer? Supostamente, não era para eu estar me sentindo assim, já que me casei contra a vontade e isso tudo era para ser uma farsa. Certo? Certo.
Elvis parecia ouvir que continuou o monólogo.
- ERA para ser assim, mas algo dentro de mim está gritando... Isso! GRITANDO para que eu vá atrás dela! Algo forte, como uma dor que não pode ser explicada, como uma dor que não pode ser entendida. Preciso dela aqui. Comigo. Não consigo imaginá-la com o no quarto, na cama, juntos... ARGH! E sei que fui um idiota o tempo todo também – ele se levantou correndo do sofá ao dizer isso. Foi para o quarto, colocou qualquer roupa, pegou seu celular e suas chaves. Saiu do apartamento voando. Daria um jeito nessa situação.

***


- ! O que você está aprontando? – que estava com os olhos tampados pela mão de . Exclamava essa frase a cada cinco segundos.
- Calma! Só mais um segundo! – disse, rindo e abrindo a porta de sua casa. Ele retirou a mão dos olhos de – Pode ver.
abriu os olhos e se deparou com um ambiente à meia luz e um buquê gigantesco de rosas vermelhas. Na mesa, havia um balde de gelo com duas garrafas de champanhe e dois copos. Havia alguma comida na mesa também, mas ela nem prestou atenção para ver o que era. No buquê, havia um cartão grande. A garota não conseguia falar. Palavras haviam sumido e o sentimento de se sentir um monstro estava mais forte que nunca. era perfeito! O que ela havia feito?
Involuntariamente, ela seguiu para perto das rosas, pegou o cartão e começou a lê-lo.
“Nada como uma noite especial para uma mulher especial. A minha mulher (mesmo que não oficialmente). Preciso lhe dizer uma coisa mais importante, mas só depois. Então, antes disso, vamos brindar a nós! Com amor, ”.
Lágrimas surgiram em seus olhos. É perfeito.
- Ei! O que foi? Não gostou? – ele surgiu, a abraçando.
- Amei! – ela disse, chorando. Estava assim por ser tão idiota. Um monstro mesmo.
- Então porque chora? – ele perguntou, passando a mão na bochecha dela para enxugar as lágrimas.
- Emoção – mentiu, porém não era uma mentira inteira. Era uma meia mentira. Ela também estava emocionada. - Ah! Que alívio! – a risada de que foi solta logo depois de exclamar essa frase ressoou pela sala, fazendo com que se sentisse pior ainda. Sua vontade era de não estar ali. Era de que algum milagre acontecesse e ela desaparecesse.

***


- Pense, ! PENSE! Onde que ela pode estar com o ? – falava sozinho, enquanto dirigia – Bom, ela não pode ter ido a lugar chique, acho. Sua roupa era mais casual, mas bom... Vá saber. O é meio louco. PENSE! – bateu no volante e gritou (o que fez com que a senhora de um carro ao lado o olhasse estranho) – ESTÁ OLHANDO O QUÊ? – ele gritou e largou o volante por dois segundos, levantando as mãos para cima - JÁ SEI! – exclamou depois de alguns minutos de reflexão – Espero que eu esteja certo.

***


e estavam comendo em silêncio. Alguns pensamentos voavam na cabeça de : “o que será que ele quer me dizer? Será que ele percebeu algo e está tramando uma vingança sádica, daquelas de filme de terror? Eu e demos tanto na cara assim? Será que ele percebeu que estou sem clima para todo esse...?”.
- ! - gritou o nome dela para chamar a atenção – Faz meia hora que estou falando e você está com o copo levantado, olhando para o NADA! Está bem?
- Ai , me desculpe...
- Ok, então. Eu estava falando que tenho algo para lhe dizer. Quero dizer há muito tempo, mas tenho medo e... A campainha tocou.
- Mas que porra! Quem será? – disse, se levantando furioso por ter sido interrompido.
A porta foi aberta e a figura de um com cara de espanto apareceu.
- ? – gritou assim que o viu – O que você está fazendo aqui?
- Eu, ahn... – ele não sabia o que falar – o Fletch me ligou! – uma luz surgiu no fim.
- Ué, mas ele não nos deu uma folga hoje? – perguntou, se jogando no sofá e bufando logo em seguida.
- É, deu, mas... – “pense, . Pense!” – ele ligou para... Para falar que uns paparazzis viram vocês juntos e ligaram para ele, para confirmar se vocês estavam juntos. Se a “mulher de está saindo com um de seus amigos de banda” – fez uma careta. riu da cara dele. Era impossível não rir. Ela sabia que ele estava se divertindo com isso e que era mentira. Era evidente!
- OH CÉUS! – ela entrou na dança dele – O que vamos fazer agora?
- Você precisa vir comigo agora – disse – Passamos em um lugar público para verem que há nada “de mais”.
arqueou as sobrancelhas.
- Mas ela não pode ir embora agora! – ele disse em um tom desesperado.
- Desculpe, dude, mas é pelo bem da nossa farsa – fez uma cara suplicante. - , preciso falar com você! – suplicou, se levantando do sofá e a puxando pelo braço.
- Ai ... – em que situação que ela estava... Mas seus impulsos estavam a fazendo ir em direção a sem perceber – E se descobrirem tudo?
- Aí é adeus, farsa, adeus, casamento, adeus, imagem do McFly... – começou a enumerar as conseqüências e fez uma cara de desespero.
- Ok. Vá lá, né... Mas ainda vou falar com você! Não se esqueça! – disse em tom desanimado, frustrado e triste. Partiu o coração de ver essa cena, mas parecia que seu corpo estava pedindo pelo corpo de .
- Ok, ! – ela se dirigiu até ele. Ele a beijou delicadamente.
- Vamos então? – limpou a garganta, sentindo-se incomodado.
-Vamos – seguiu , que já estava na porta. Deu uma ultima olhada para , assim que chegou à porta do carro de . Ela havia o decepcionado e tudo isso para um instinto animal que clamava dentro de si, pedindo .
entrou no carro e deu a partida. Ambos em silêncio.
- O que foi isso? – perguntou. Isto estava a incomodando.
- Nada. Raptei você para ficar comigo.
- Magoou o , disse, abaixando a cabeça. Ela amava .
- Ele superará! – disse, rindo e aumentando o volume da música.
- ! COMO VOCÊ É RIDICULAMENTE INSENSÍVEL! ELE FALOU QUE TINHA ALGO IMPORTANTE PARA ME DIZER! – se exaltou. O carro parou de andar. Não sabia onde estava.
- Sou! Sou tão insensível que vim atrás da minha mulher!
- Idiota! Nunca fui sua mulher.
- Ah, não? – se aproximou bruscamente, colidindo seus lábios nos de , gerando uma dor por causa disso. Ele necessitava dela por inteira para si. Partiram o beijo.
- Se você não quisesse estar aqui, teria ficado lá e falado “foda-se você!”. Mas pelo visto, quer isso tanto ou até mais do que eu – sorriu safado.
ficou com a boca entreaberta, sem saber o que dizer. Ela precisava dizer que o homem estava errado, mas ele estava mesmo?
- Não sei o que está acontecendo. Isso está saindo do controle, - ela passou a mão no rosto, desviando o olhar do dele para poder se concentrar.
- Você diz como se eu soubesse - falou tão baixo que voltou a encará-lo para ver se ele havia falado com ela ou consigo mesmo. Os olhos se encontraram e estremeceu, vendo o olhar baixo de em sua direção com aquele brilho novamente ali estampado e reluzente.
- , você entrou na minha vida e está me deixando louco. Está fazendo uma bagunça sem tamanho! E não gosto disso. Porra, sou e...
o interrompeu.
- Parece que alguém está entrando na linha novamente - ela riu - Sempre soube que uma mulher podia mudar um homem.
- Como você é idiota, . Tinha que estragar meu momento romântico com discursos moralistas?
riu alto de como eles sempre acabavam brigando de uma forma ou de outra. Quer saber? Ela adorava isso; esse tipo de briga deles. Principalmente quando acabavam se pegando no sofá da sala no final das contas.
sorriu, encarando a garota rindo sem pudor.
- Sabe de uma coisa? - ela sorriu, cruzando as pernas e virando de lado para ela ficar de frente para o rapaz. O carro estava parado no acostamento e parece que nenhum deles se importava com isso.
- O quê? - ele esticou a mão, brincando com uma mecha do cabelo de .
- Você nunca mais me chamou de Brazilian girl - ela mordeu o lábio inferior, se lembrando de como ele adorava chamá-la dessa forma.
- Hum... Por quê? Você quer que eu a chame assim, é? - ele se aproximou dela, beijando seu pescoço e sussurrando no ouvido - Brazilian girl?
sentiu um arrepio subindo pelo seu corpo.
- Não é querer. É uma questão de necessidade - ela disse, o abraçando e puxando seus cabelos da nuca, fazendo com que os narizes se encostassem.
- Necessidade? - arqueou a sobrancelha.
- É! É que você fica sexy quando fala “Brazilian girl” - ela riu da expressão dele.
- Então você sempre me achou sexy? - sorriu presunçoso, passando a ponta do nariz pelo pescoço da garota, fazendo-a arrepiar.
- Nem sempre - ela estava com os dedos entrelaçados nos cabelos da nuca dele. afastou-se um pouco, erguendo a sobrancelha, o que fez assentir – Ok. Eu achava você sexy, mas um sexy completamente presunçoso e irritante.
- Mas sempre me achou sexy. Não venha que não tem! - ele ria da expressão dela.
- Pois é, mas como você era irritante, isto o tornava um feio - ela deu língua como uma criança de cinco anos. riu.
- Em olhe só onde estamos! Sempre a odiei... Ops. Odiava você! - falou, recebendo um tapinha no ombro.
- É, odeia tanto que veio atrás de mim na casa de um dos seus melhores amigos, que supostamente é um amante meu, me raptou, e está se controlando para não me pegar aqui mesmo no carro - falou.
- Como você adivinhou essa última parte? - disse, rindo safado e beijando o pescoço dela logo em seguida.
- Sei de tudo, meu bem.
- Então você também sabe o que vou fazer agora? - ele sussurrou no ouvido dela, fazendo com que a mesma apertasse os dedos no ombro do rapaz.
caminhou com os dedos, levantando devagar a saia de , enquanto juntava os lábios de forma urgente. deu passagem para que aprofundasse o beijo e adentrasse a mão em sua saia, apertando suas coxas com certa violência. Isso era de matar. Ela, aproveitando que as mãos dele estavam ocupadas, puxou a camisa dele para cima, fazendo com que se afastassem por segundos, e a jogou no banco de trás do carro. correu para grudar os lábios no pescoço de , fazendo com que ela arfasse.
- ...
- Hm - ele respondeu sem muita vontade, com os lábios ainda colados à pele da garota. Os dedos exploravam todo o canto do corpo de .
- Alguém pode ver. Estamos no meio da avenida - ela disse convicta, mas suas ações não pareciam concordar com isso. Suas mãos estavam no cós da calça de , brincando com os botões.
- Droga - ele bufou. Deu um beijo no pescoço dela e, relutante, se afastou.
- A gente podia ter ido para casa. Aí não precisaríamos parar... Mas você é muito desesperado e não agüenta! - riu, vendo-o colocar a camisa e cobrir o seu abdômen definido. Que tortura.
- Não tenho culpa. Essa sua saia me provoca demais. Só a vista quando for para tirá-la sem cerimônias. Ok?
- Ok, senhor “gosto-de-tirar-saias-das-meninas-indefesas” - ela sorriu, ajeitando sua roupa e se sentando certo no banco.
- Como se você fosse indefesa, - girou a chave na ignição, fazendo o carro começar a andar.
- É verdade. Sei lutar Tae-Kwon-Do - ela sorriu, mas no segundo seguinte corou. Isso porque um barulho pode ser ouvido, fazendo com que franzisse o cenho, a encarando.
- Foi você, ? - ele a olhou e ela corou mais ainda, desviando o olhar.
- Desculpe. Acho que estou com fome - respondeu baixo, fazendo com que sorrisse do jeito da garota. Ele correu uma das mãos que não estava no volante para segurar a da garota.
- Ok. Vamos comer. Preferência de lugar? – perguntou.
balançou a cabeça negativamente, segurando sua barriga para amenizar o barulho que ela estava fazendo.
- Que horas são? – perguntou.
- Quase onze horas da noite – disse, checando o horário no celular – Ah ! Olhe – ela disse, apontando para fora da janela do carro – Olhe que lindo esse lago. Vamos lá?
- Mas você tem que comer! Não sei se tem algo lá também... – disse.
- Ah, tudo bem. Eu me viro com qualquer coisa em casa mesmo... Vamos? – disse, sorrindo com os olhos brilhando. riu da reação da menina. Estacionou o carro e logo estava pulando para fora do mesmo feito uma criança maravilhada com a vista.
- Nunca tinha me dado conta de que este lago era tão lindo – disse, observando a iluminação que rodeava o lago. No meio dele, havia duas fontes de água que formavam um grande arco e estes eram iluminados por uma luz rosa e outra branca. Em volta, havia uma luz azul clara. Uma mistura bem interessante e romântica. Os pedalinhos em forma de cisnes, vazios, vagavam pelo lago. Grandes árvores rodeavam o caminho em volta do lago. Era uma coisa bem bonita.
- Pois é! - veio e entrelaçou os dedos nos de .
Um cheiro muito bom invadiu as narinas de , fazendo com que sua barriga roncasse mais alto.
- AH! ESSE CHEIRO...! É MUITO BOM! – os olhos dela brilhavam.
- Cachorro quente? – disse, rindo – Quer um?
- CLARO QUE QUERO! – disse, soltando sua mão da dele e batendo palmas.
Dirigiram-se para a barraquinha, onde um senhor estava servindo. Compraram e se sentaram num banco para apreciar a vista do lago, enquanto comiam e falavam sobre qualquer coisa.
- HUM...! – começou a falar enquanto comia. Deu uma bocada enorme do lanche – Há quanto... Tempo... Que... Eu não... Comia isso! – ela disse com a boca cheia.
- Você e sua vida saudável! E não fale com a boca cheia – ele riu da cara dela ao ser advertida – Você sempre fala isso para mim e nunca reclamei! – disse com um pacotinho de catchup na boca, tentando abri-lo – Credo, . Você está pior do que criança de cinco anos comendo sozinha! – disse por fim, observando a menina toda lambuzada de molho, catchup e mostarda, encarando o cachorro quente com tanta satisfação.
Ela deu de ombros e logo em seguida uma mordida violenta. Como a salsicha estava caindo para o lado, ela voou para longe, ou mais exatamente para o colo de , que se assustou e apertou o pacotinho de catchup que voou no rosto, blusa e saia de .
- PORRA, ! OLHE COMO VOCÊ ME DEIXOU! – disse, se levantando, largando o cachorro quente no banco e pegando a salsicha de cima de sua bermuda.Sua blusa branca tinha uma marca de molho e sua bermuda também.
- E OLHE PARA O QUE VOCÊ FEZ COMIGO! – disse, se levantando do banco também – Sinto-me um cachorro quente agora.
- NEM VENHA! – disse, jogando a salsicha no lixo – TUDO ISSO PORQUE VOCÊ QUEM COMEÇOU!
O homem da barraquinha os observava e estava rindo da briga infantil dos dois. jogou o resto de sua comida no lixo e falou:
- NÃO TIVE CULPA! A salsicha estava saindo pelo lado errado e...
- ...
- E eu não tinha como arrumá-la...
- ..
- Aí eu mordi...
- !
- O QUE FOI?
- Fique quieta, vá! Deixa-me limpar uma coisa – disse, rindo e se aproximando dela. Passou a língua perto do lábio dela, onde havia uma grande quantidade de catchup.
- Mas isso é sacanagem com a minha cara, viu?! – riu quando ele terminou de limpar, o puxando para mais perto e selando seus lábios. Quem via de fora, parecia um casal bobo apaixonado, mas envolvia muito mais que paixão momentânea. Era uma coisa guardada, ou uma paixão adolescente, mesmo sendo dois adultos. a puxou pela cintura para mais perto de si, aprofundando o beijo. Esqueceram-se do local em que se encontravam e logo em seguida um “clique” foi ouvido e um flash surgiu. Fotógrafos amadores.
- Droga! – disse, vendo o repórter correr depois da foto batida.
- Vai sair no jornal esse beijo amanhã – falou por fim – E agora? E o ?
- , calada. Vou dar um jeito. Não se preocupe com isso. – disse, pegando a mão dela – Confia em mim? – ele sorriu e o brilho de seus olhos apareceu mais uma vez. Era muito intenso. Como poderia dizer não? Estava hipnotizada. Como não confiar nele?

***


O sol entrava por uma fresta na janela do quarto. estava enrolada da cintura para baixo nos lençóis e com a cabeça enterrada no peito desnudo de . Tudo o que ela fazia era prestar atenção à respiração tranqüila do rapaz, enquanto os pensamentos a atormentavam. Ela iria enlouquecer, definitivamente. Quando a garota iria se imaginar em uma situação dessas? Envolvida com dois McFlyers, sendo que um deles ela repugnava até algumas semanas atrás. O que faria?
Respirou mais forte, deslizando a ponta do dedo sobre o tórax de e desenhando a linha dos músculos. Ele se mexeu e ela prendeu a respiração, tentando não acordá-lo, mas foi em vão. Ele abriu os olhos e mostrou um de seus melhores sorrisos quando notou a garota tão próxima. desviou o olhar daqueles olhos, se afastando um pouco, mesmo que seu corpo pedisse o contrário. Os olhos dele mudaram de cor, como se a censurasse por ter se afastado. Ela respirou fundo e puxou os lençóis, cobrindo a parte de cima dos seios, agora já sentada na cama e um pouco distante do rapaz.
- O que foi, ? - ele resmungou um pouco baixo, com o timbre de voz completamente rouco e falho por ter acabado de acordar. Isso fez se arrepiar.
- Isto... A gente... - ela balançou a cabeça em negativa - Não está certo, . De nenhuma forma.
- O que você quer dizer? - passou as mãos nos cabelos, os bagunçando. - Quero dizer... Que eu... , não sei o que está passando dentro de mim. Estou confusa demais - suspirou.
- Não é só você - ele respondeu meio áspero.
- - pegou a mão do rapaz e com a outra segurou o lençol em seu corpo - Até cogitei em terminar com o ontem...
- ... - ficou sem palavras. Como assim? - Você não pode fazer isso.
- Por que, ? - fez uma cara confusa. - Por que... Porque não dá, .
- Como assim não dá? A gente não precisaria mentir para mais ninguém, ! - Eu sei, mas... – ele abriu a boca, sem saber o que dizer.
- ! - um nó na garganta de surgiu - Você não quer. Não é? Só me usou para se satisfazer. É isso – estava lutando para que as lágrimas não caíssem em frente a ele. Não poderia ser... Como ela pôde se envolver assim?
pensou por um momento. Por que ela não poderia terminar com , por que ele e não poderiam ficar juntos? Como... Marido e mulher?! Fale sério... Ele era . E quando ele se cansasse de ? Porque ele nunca foi um homem de uma mulher só... Ele a magoaria e não se perdoaria se o fizesse. Ela não merecia que alguém a machucasse. É uma mulher que não precisa de machucados e de nada que ofusque aquele sorriso. De fato, era um homem melhor para .
Ele desviou os olhos dos dela e, passando a mão pelos cabelos, soltou aquela frase que parecia não querer sair.
- É… Foi isso, .
Silêncio.
estava com a cara de espanto que não queria conferir. Ele só encarava o chão, tentando fazer as coisas passarem mais rápido.
O silêncio continuou reinando. Tudo que ele pôde ouvir foram passos apressados pelo quarto e uma batida brusca da porta. Isso iria ser difícil. Ele havia errado, mais uma vez.

***


Um jornal estava em cima da mesa. Primeira página: um beijo apaixonado, um casal apaixonado. Era isso mesmo? estava largado no sofá, fingindo ver TV. Seus pensamentos vagavam nas palavras que saíram involuntariamente hoje de manhã.
passou na sala e olhou o jornal em cima da mesa. Deu uma risada irônica. Pegou o “monte de bosta em formato de papel” e jogou pela janela. a olhou assustado. Sua cara estava triste e os olhos, um pouco vermelhos. Julgou que era por ela estar chorando. Sentiu-se horrível.
- E agora, vamos às notícias sobre famosos - a TV anunciou. encostou-se à parede e cruzou os braços - Ontem à noite, perto da meia-noite, o casal e sua mulher, , foram vistos perto do lago central num belo clima de romance - descruzou os braços e andou para frente da TV.
- SÓ PASSA MERDA NESSA PORRA, HEIN?! QUE COISA INÚTIL! – desligou a TV e saiu do cômodo, sem falar mais nada. iria retrucar, falando que estava assistindo e que ela não tinha esse direito de desligar a TV, mas as palavras simplesmente não saíam de sua boca. Ele se levantou, decidindo que tentaria contornar a situação. Teria que falar com ela. Eles precisavam ao menos voltar a serem civilizados. Não haviam trocado uma palavra desde manhã. Ele se encostou ao batente da sala de bagunça e observou revirando uma das caixas em que ela havia trazido seus pertences. Ringo passou, miando entre as pernas do rapaz, o que fez olhar em sua direção. Assim que o notou ali, desviou rapidamente o olhar.
- , precisamos conversar - ele cruzou os braços. Ela não respondeu. Somente retirou alguns cadernos de dentro da caixa, folheando um deles - Olhe, isso é atitude de criança. Não tem como me ignorar - ele socou uma das mãos dentro do bolso dos jeans e, como se fosse uma resposta, ela se levantou e seguiu até o Micro System que havia no canto da sala, ligando-o em um volume alto. Depois, seguiu até a porta, onde ele estava. O rapaz, achando que ela iria conversar, desencostou da parede, mas foi um terrível engano. Assim que ele se desencostou, puxou a maçaneta, fechando a porta na cara do homem e deixando-o para fora do cômodo.
Ele fechou os olhos, ouvindo o volume da música aumentar, e deu meia volta, desistindo de fazer contato. É, o inferno iria voltar a pegar fogo.

9. Circles.


Três semanas haviam se passado. Três semanas de puro inferno. Isso mesmo. Inferno do silêncio. "O silêncio é um barulho assustador". Sábio McFly.
fingia que não existia, que ele era apenas uma mera estátua naquele apartamento. Já estava se contentando com as vozes que somente saíam da TV ou do rádio. Desistiu logo na primeira semana de falar com . Ela não sorria mais, não parava em casa. Parecia outra... Mulher.
estava em seu quarto, olhando-se no espelho. Iria sair com Juliet e estava dando uma ajeitada no cabelo. Ringo, que vagava pela casa, passou ronronando e se enroscando em sua perna.
- Ah, você pelo menos gosta de mim... E aprendi a gostar de você! Pena que a sua dona não possa mais me ver nem pintado de ouro - bufou. saía do banheiro toda arrumada. Havia conseguido uma entrevista de emprego e ela mal se agüentava de empolgação. Uma das maiores revistas musicais de toda Inglaterra. Por Deus... Era a Kerrang! Era algo que ela não poderia deixar escapar. Queria tanto compartilhar essa empolgação com alguém... Mais necessariamente com alguém que estava no quarto ao lado. Balançou a cabeça e esse desejo logo se dissipou. Espirrou um pouco de perfume e andou devagar pelo corredor, enquanto ouvia a voz de se pronunciar no quarto. Ela podia dizer tudo, mas havia sentido falta da sensação que tinha ao ouvir aquele timbre. Andou devagar até próximo ao batente e ficou encarando o rapaz mimando Ringo, que fechava os olhos, apreciando um cafuné na orelha. estava arrumado. Iria sair com certeza e preferia não imaginar aonde, não imaginar com quem. É algo da banda. Era o que ela se forçava a pensar.
se levantou, desviando a atenção do gato. O olhar se cruzou por um instante com o de parada no batente. Ela estava linda. Mais dois segundos se passaram com os dois se encarando em silêncio. O olhar de a hipnotizava. Ela havia se esquecido do poder dos olhos dele sobre ela. Quase abriu a boca para dizer algo, mas se recompôs e se afastou corredor afora. Tinha uma entrevista pra ir.
bufou com a iniciativa dela. Estava sendo difícil com ela agindo assim, mas ele havia machucado-a e não seria fácil recuperar sua confiança. Foi essa a sua decisão. Teria que encará-la frente a frente, conviver com isso todos os dias. Mas no fundo, ele sabia também que tinha um grande coração e que eles voltariam a se falar. Olhou mais uma vez no espelho. Não estava com vontade de sair com Juliet. Parecia que a atração por ela havia sumido. Algo dentro dele havia mudado, mas ele não sabia como e nem por quê. Ele não se sentia mais o mesmo de uns tempos atrás. Essa coisa crescia. Julgou que era um sentimento forte, mas estava longe de saber alguma coisa sensata para explicar isso.

***


Dois meses haviam se passado. Um aeroporto em Londres estava abarrotado de gente. Milhares de fãs com pôsteres e faixas, gritando e cantando músicas do McFly, aguardavam a volta da banda mais querida da Inglaterra. Dois meses foram o suficiente para fazerem uma turnê pela América do Sul e, modéstia à parte, foi o maior sucesso. No portão de desembarquem, apareceram os quatro rapazes mais esperados pela multidão. , , e apareceram, empurrando as suas bagagens e dando toda atenção necessária aos fãs e aos repórteres. Tudo estava perfeitamente normal até que uma pergunta chamou a atenção de .
- ! , o que você está achando sobre as matérias que Stella tem escrito a seu respeito? - uma jovem repórter se pronunciou curiosa, mas piscou duas vezes ,sem saber direito o que responder.
- Desculpem-me, mas sei nada sobre isso - ele arqueou as sobrancelhas, tentando decifrar o que estava acontecendo.
- Já faz dois meses que você é o foco principal da coluna dela. Queria que você se pronunciasse sobre isso - ela insistiu.
- Bem, como eu disse, ainda sei nada sobre. Na América do Sul, não tínhamos muito tempo para nos interarmos da notícia. Mas depois que eu ficar sabendo, posso me pronunciar. Ok? - bufou, afastando-se um pouco “encucado”. Mas que diabos era essa Stella?
Foi o primeiro a deixar de dar entrevista e seguiu empurrando seu carrinho até o estacionamento, com um dos assessores ao seu encalço. - John? - parou o carrinho próximo a van da banda e encarou o estagiário que desviava o olhar do seu, como se escondesse algo – John? - insistiu.
- Sim, .…
- Você sabe algo sobre isso? Sobre essa tal de Stella? - ele colocou uma das malas dentro da van e depois se virou para encarar o rapaz que arrumava os óculos.
- Bem, é que vocês estavam em uma turnê importante que não queríamos preocupá-lo com isso. Sabe, ... - ele revirava alguns papéis que tinha sobre uma prancheta, visivelmente nervoso.
- John, mas que diabos! Quero saber o que está acontecendo AGORA! - alterou o tom de voz, fazendo John dar um pulinho de susto e esticar uma revista, já aberta em uma matéria. puxou a revista da mão de John com certa brutalidade e cerrou os olhos para ler a coluna em uma página de cores vibrantes.

“Through misplaced words
Por Stella F.

Cinco coisas irritantes sobre


Olá leitores! Mais uma semana se passa e parece que ninguém comenta sobre outra coisa na Inglaterra além da through misplaced words e . Ops! Será que fiz algo de errado? Semana passada, dei informações quentíssimas sobre o suposto caso amoroso da senhora com um suposto bombadão do pedaço. Pelo menos ela tem bom gosto. Parece que só estava esperando o marido sair de perto para ela colocar as garras de fora. Com o seu novo visual rebelde, parece ser a própria garota de Five Colours in Her Hair. Cuidado, . Espero que não esteja tendo dores de cabeça muito freqüentes, se é que me entende. Bem, mas não quero mais falar da coluna da semana passada e sim da de agora. Vejo-me na obrigação de abrir os olhos das adolescentes fanáticas e dizer algumas realidades do senhor Perfeição :

5) Estrelismo obsessivo.
Realmente não entendo como uma pessoa que está afundando a banda – McFLY, formada com seus quatro amigos que, convenhamos, um é mais lindo que o outro e simpático - consegue ser assim. Tive a oportunidade de conhecê-los pessoalmente uma vez e o e o foram os com quem mais me simpatizei. é um amor. Mas já o ... Uma pessoa tão rude, tão ignorante e com um vício absurdo em bebidas e cigarros... Como pode ser assunto tão freqüente? É bem provável que ele se ache um tipo de super-herói só por ser famoso, que nada e nem ninguém possa atingi-lo. Menos . Bem menos. Quase nada.

4) Síndrome de Justin Bieber.
Será que algum dia esse homem de vinte e poucos anos será capaz de perceber que cresceu e que está na hora de parar de agir como um adolescente de dezessete anos? Em muitas situações, ele se mostra despreparado ou imaturo demais. Talvez não só em entrevistas ou assuntos profissionais, mas na vida também. Oras, além do mais, ele consegue atingir um alto grau de burrice - ou será infantilidade? Porque mesmo depois de casado, é ainda visto na farra com outras garotas. É bom crescer às vezes. Não é?

3) Superioridade. Oi?
Veja bem: saber que é bom e deixar isso subir à cabeça é algo freqüente nesse cara. Por saber que o McFly faz um baita sucesso e que ele, , é bom, faz que ele se sinta um ser superior, que maltrate as outras pessoas que não são “boas o suficientes” ao seu nível, e critica as que também não servem para ele. Se você, pobre criatura, for criticar algo sobre seu trabalho, com toda a certeza é capaz de levar uma patada. Alô, . Críticas podem ser construtivas.


2) , quem?

De fato, os fãs mais antigos têm reclamado muito disso. Quem é esse ? Quero dizer esse "novo" . Há uns cinco anos, podíamos dizer que era um adolescente brincalhão com um gosto musical refinado, mas e agora? Os fãs mais antigos têm se rebelado contra esse novo eu de , sua obsessão por exercícios físicos e a mudança brusca de identidade e gosto musical. Alguns dizem que ele apenas amadureceu, mas que amadurecimento tão brusco é esse que se veste completamente diferente e ouve estilos musicais nem um pouco parecidos com os de antes? Críticos mais pesados alegam que o sucesso subiu à cabeça e tudo com que ele se importa agora é dinheiro. Se continuar assim, tudo que lhe restará será um bando de posers que só adoram seu corpinho sarado. Será que é isso que ele vem procurando?

1) Ele ronca.
É uma das coisas mais irritantes nesse ser. Isso mesmo, você, garotinha que sonha na noite perfeita com o seu tão idealizado príncipe ... Mas espere aí. Vai ser nem um pouco perfeita, porque, naquelas horas em que você está cansada demais para qualquer outra coisa e só quer dormir, simplesmente não consegue, pois lá está ele, roncando tão alto que você pensa que tem um avião invadindo o seu quarto no meio da madrugada ou um trator para colher cana. Existem tratamentos. Nada que uma conta bancária daquele tamanho não possa pagar, mas quem disse que ele admite?”

estava boquiaberto. Piscou duas vezes, sem acreditar no que havia acabado de ler. Ele olhou com uma cara incrédula para John ali na sua frente, meio temeroso sobre qual seria a reação dele.
- Mas que porra é essa?! E eu não ronco!

***


estava na casa de Ryan. Estavam vendo um filme qualquer. Não prestavam muita atenção, pois hoje os guys estavam voltando de turnê. Ela veria pela primeira vez depois de dois meses, daquele dia que ela preferiu esquecer. Alguém gritava na TV. Ryan, que estava ao seu lado, escondendo os olhos com a almofada e roendo as unhas, parecia nada à vontade com o filme. O celular de tocou e, num pulo, levantou-se do sofá para atender, sem olhar quem era.
- ! - soou feliz do outro lado da linha. Apesar de tudo, estava com saudades dele - Que saudades de você, minha pequena! - sempre carinhoso.
- Oi ! - ela respondeu no mesmo tom - Também estou com saudades.
- Preciso ver você!- ele disse urgente. ficou sem palavras.
- ... Você não se lembra de que...
- Eu sei... Estamos dando um tempo, mas é que... - , acho melhor não...
- Tudo bem, ... - disse desanimado - Hum, fiquei sabendo que você mudou o visual. Sério mesmo?”
- Sim! Hahaha! - ela disse, sorrindo.
- Por que fez isso?
- Ah, não sei, . Acho que "deu cinco minutos" em mim - ela disse, rindo.
- Fez por minha causa? - ele perguntou, rindo. Ops, ela havia se esquecido de que tinha tara por cabelos coloridos; o verdadeiro motivo era para irritar . Não era para agradar o , mas não falaria isso.
- Hum, em partes! - foi a melhor resposta que encontrou - , vou ter que desligar. Tomarei banho para depois passar no supermercado. Cuide-se, hein?
- Pode deixar. Beijo, - telefone desligado.
foi pra perto de Ryan e o cutucou.
- Ryan...
- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH! - ele se assustou - NÃO ME MATE! NÃO ME MATE!
- Ryan... Sou eu, . Vou para a minha casa. Depois a gente conversa.
- Mas está cedo - ele disse, levantando-se no sofá, recompondo-se do susto e a agarrando pelo braço. se esquivou delicadamente, para não parecer rude, dizendo:
- Estou com dor de cabeça e preciso ir ao supermercado. A gente se vê depois - ela sorriu gentilmente, indo em direção à porta, que foi aberta por Ryan. Deu um tchauzinho com a mão e seguiu para o elevador, para subir até a cobertura.
Enquanto esperava o elevador, fez um coque em seus cabelos, deixando alguns fios caírem. A mistura das cores novas de seus cabelos dava um aspecto bonito. Em particular, o cabelo colorido em si, combinou muito com . Colocou as mãos nos bolsos do short jeans. Bufou. Estava pronta para ver novamente?
A luzinha do elevador ficou vermelha e um “plim” soou. A porta se abriu e a figura de um ser atrás de uma revista e com várias malas surgiu. Esperava ver um pouco mais tarde e não agora. Entrou no elevador, sem proferir uma palavra. abaixou a revista e deparou-se com uma com um short jeans curtinho, blusa preta grande de ombro caído, All Stars e, claro, mechas coloridas no cabelo, como a tal Stella havia dito em sua coluna.
- Oi - disse com aquela voz rouca. Ela havia se esquecido nesses dois meses do efeito que ela surtia sobre si. Desviou o olhar, prendendo os seus olhos nos dele. Não havia aquele brilho. encarou os de que estavam com uma leve maquiagem preta. Aquele olhar o fascinava. Ela lhe responderia?
- Oi - disse por fim.
- Pelo visto, você gosta de chamar a atenção.
O elevador já estava no andar certo. encarou por mais uns instantes e sorriu marota.
- Talvez sim - a porta do elevador se abriu e saiu sem mais nem menos, deixando um boquiaberto, cheio de malas para carregar e com uma “Kerrang!” nas mãos, aberta em uma das páginas que conhecia tão bem.
Ela abriu a porta do apartamento e entrou, deixando-a escancarada. mal colocou os pés no lugar e Elvis correu em sua direção, fazendo-o derrubar tudo que segurava nas mãos.
- Também senti a sua falta, Elvis - empurrou o cachorro para baixo, que se sentou. Ringo estava por perto. Ele sorriu ao ver o gato gordo. Enfim em casa. Esperava que o inferno estivesse “congelado” um pouco.
jogou a revista na página que estava lendo em cima da mesa de jantar e foi para o quarto, onde largou as malas no chão. O apartamento estava mais arrumado do que de costume. Não havia mais roupas da espalhadas pela sala e muito menos malas e caixas lá. Foi até o quarto da bagunça, que era para ser o quarto de , e viu que não era mais um quarto da bagunça e sim o de , com uma cama e tudo. Ela havia reformado o lugar. Uma parede laranja com um mural com várias fotos, uma mesa com uma luminária roxa, um notebook de frente à sacada. O que mais havia mudado em dois meses?
Parou na porta, observando carregar algumas roupas nos braços, passando pelo corredor. Algo mais havia mudado. Talvez mais do que ele imaginava. Quem era essa garota de cabelos coloridos, que andava por aí com shorts curtos e sombra preta nos olhos? Será que ela não era mais a divertida e prepotente de quem ele havia aprendido a gostar? E, caramba, quem era essa Stella que se achava no direito de invadir sua privacidade de um jeito obsceno? Muitas perguntas e nenhuma resposta.
- Por acaso... - começou a falar quando estava prestes a fechar a porta do banheiro - Você tem lido a coluna da tal "Stella F."?
- Você acha que perco meu tempo lendo essas coisas sobre você, ? Faça-me o favor. Tenho mais coisas a fazer - ela respondeu, batendo a porta na cara dele. Ok, algumas coisas haviam mudado, mas, no fundo, continuava a mesma.
Ele deu duas batidinhas na porta do banheiro. Ela não abriu. Mais uma. Ouviu-se o barulho de tranca e então se abriu uma fresta na porta. colocou a cabeça para fora, com cara de tédio.
- O que foi?
- Se você não lêm ... - sorriu presunçoso - Como você sabe que é sobre mim? - ele ergueu a sobrancelha e piscou duas vezes incrédula.
- Bom, não sou cega. Vi que a coluna fala sobre você lá no elevador, idiota. Agora, deixe-me tomar o meu banho em paz - fios das mechas coloridas caíam sobre p seu rosto e olhou o busto da garota coberto pela toalha. Cenas de uma noite deles juntos lhe veio à mente. sentiu olhar fixo de em seu corpo, que ele estava pensando em mais coisas do que devia. Desistiu de falar com ele e bateu a porta, fazendo com o cara acordasse de seus devaneios.

***


A noite já havia caído. O perfume de colônia cara infestava o apartamento inteiro. passava as mãos, tentando deixar o cabelo de uma forma bagunçada proposital. Coisa de homens. Ele estava arrumado até demais. Uma calça jeans preta um pouco colada no corpo, camisa xadrez roxa e preta com as mangas viradas e um tênis surrado nos pés. arrumou a gola da camisa e olhou no relógio de pulso. Quase dez horas da noite. Já estavam atrasados. Respirou fundo. Teria que domar a fera.
- , vamos nos atrasar ainda mais. Já está pronta? - disse baixo, parando na porta do quarto da garota e esperando por um tempo até obter uma resposta.
- Estou! - ela gritou. Passou o seu perfume preferido e uma maquiagem leve. Os cabelos estavam presos em uma trança de raiz. Ela vestia um vestido curto preto e meio que decotado demais, com um sapato de salto alto vermelho de bico redondo. Um colar caía perfeitamente em seu pescoço. Estava pronta.
Surgiu no corredor, vendo parado ao batente de sua porta, e um olhar incrédulo da parte dele a fez corar.
- WOW! - foi tudo que ele pode dizer. - O que foi? - se aproximou da bancada para pegar o celular e um batom que estavam jogados ali. Colocou na bolsa, erguendo a sobrancelha.
- Nada - ele se levantou, pegando as chaves do carro e seguindo até a porta.
esperou passar e trancou a porta do apartamento, apertando o botão do elevador em seguida.
- Simplesmente não acredito que vá mesmo se casar. Ele sempre me pareceu tão, tão... - suspirou, olhando para os números dos andares mudando no mostrador e tentando encontrar uma palavra que definisse - Tão alguém que nunca fosse se casar. Sei lá...
Silêncio. , que esperava por algum comentário de , girou o pescoço e encarou-o, sorrindo de leve em sua direção. Só agora ela havia notado como ele estava deslumbrante. Prendeu a respiração um segundo, tentando não parecer ridícula o encarando daquela forma. O elevador apitou, abrindo a porta.
- As pessoas mudam, . Amadurecem - concluiu finalmente, enquanto apertava o botão do alarme e entrava no carro. Quando se sentou no banco do carona, ela estava com uma sensação de que não falava mais de .
- Sim. As pessoas mudam, mas existem aquelas que, por medo de boas mudanças, continuam a cometer os velhos erros de sempre - ela disse baixo e, logo em seguida, suspirou. Seu corpo clamava pelo de . Balançou a cabeça e tentou prestar atenção à música que tocava no rádio recém-ligado.
Ao ouvir aquele comentário, pensou em retribuir, mas não adiantaria e ela, pensou ele, por pior que seja admitir isso, estava certa.
- Acho que chove - disse por fim, mudando de assunto.
- Espero que não. Não estou a fim de passar frio.
- Ninguém mandou colocar uma roupa dessas - bufou.
- Queria que eu colocasse um moletom, blusa de frio larga e tênis? desviou a atenção da rua por um momento e correu os olhos pelas pernas à mostra no vestido curto de .
- Não seria má idéia. Não mesmo.
rodou os olhos nas órbitas, tentando não esticar o assunto.
O trajeto curto seguiu em silêncio e, duas quadras depois, já estacionava o carro em uma grande casa que tocava música alta e estava tão abarrotada de gente que havia pessoas saindo pelas janelas, literalmente.
- Chegamos - sussurrou, abrindo a porta e descendo do carro.
deu uma olhada pela janela, suspirando pesado.
- Ao inferno... - completou baixo para si mesma. Ela nunca foi muito de festas. Ainda mais nas condições em que ela estava, na situação em que se encontrava.
Ela desceu do carro, fechando a porta em seguida. passou o alarme e esticou a mão em direção a . Ela parou, encarando a cena. Piscou e olhou atrás de si própria.
- O que você está fazendo? - ela resmungou quando o próprio uniu sua mão à dela.
- Não se esqueça, . Somos um casal para todos - já se aproximavam da entrada com a música eletrônica quase furando os seus tímpanos.
- Que pesadelo - ela correu os olhos pelo amontoado de pessoas no hall de entrada, procurando por algum rosto conhecido.
- Para mim também está sendo um sacrifício. Acredite - ele sussurrou perto do ouvido dela e arrepios surgiram.
Conhecidos começaram a vir em direção a eles. Cumprimentos, sorrisos falsos... Uma mulher, que não se lembrava de quem era, começou a fazer-lhe perguntas.
- Nossa! Você gosta de mudar o visual radicalmente. Não?
- Sim, gosto - sorriu.
- Combinou com você - a mulher continuou – Mas, querida, diga-me: para quando sai um bebê aí?
"WHAT THE FUCK?", foi tudo que ela pensou. Gelou, paralisou e sentiu que ficou estranha. Sua mão começou a suar frio.
- O que foi, ? - ele perguntou, querendo checar se estava tudo bem, parando de conversar com um homem já meio alterado por causa da bebida.
- Perguntei para ela quando o bebê vai chegar...
- AH! Er.. - ficou sem reação e coçou a cabeça com a mão livre.
Um filho era tudo que eles não precisavam.
"Ainda bem que me protejo bem", pensou com seus botões.
- Por enquanto, não penso nisso. Tenho planos de terminar a faculdade, ter um bom emprego... - começou a desviar o assunto.
- Mas se vocês tivessem um filho, seria a coisa mais linda do mundo! - a mulher continuou. sorriu amarelo.
“Deus, tire-me desse inferno! Tem como ficar pior?", gritava em pensamentos.
- ! - uma voz rouca soou e ela estremeceu. É, talvez tivesse mesmo como tudo piorar.
Ela e desviaram a atenção da mulher bêbada para encarar um animado. Ele estava lindo. Um jeans desgastado, uma camiseta com gola “vê” e barba por fazer, mas o conhecia. já havia bebido um pouco mais do que o necessário.
- Como senti a sua falta - ele resmungou, abraçando de maneira desajeitada, mergulhando o rosto na curva do seu pescoço - Você está tão linda! E bem gostosa! - ficou sem reação. Se fosse um lugar comum, todos já estariam olhando e comentando, mas por Deus aquilo era uma festa. Quem iria prestar atenção em um cara que bebeu demais e estava fazendo o que não deve? Eles estavam por toda parte.
- ... - disse calmo, colocando a mão que não estava unida com a de no ombro do amigo. se levantou e encarou , que o olhava sério. mordeu o lábio, sem saber o que fazer.
- Oi ! - disse por fim. estava com um olhar que advertia a situação. Além de tudo, ela teria que fugir de a festa toda?
- , vamos lá cumprimentar o e a sua noiva... - disse, não dando tempo para o amigo poder fazer mais nada. apenas sorriu e acenou um tchau para os dois. Bêbados igual a vergonha alheia.
Cumprimentaram e sua respectiva noiva. Viram mais bêbado que dando em cima de uma loira peituda que, por Deus, era muito vulgar. Até mais que Juliet. Só mesmo para fazer essas coisas.
- Bom, estou com sede. Quer algo? - perguntou. acenou a cabeça negativamente - Vou lá buscar. Vvolto logo.
sorriu presunçosa ao ver o rapaz sair de perto. Iria “dar um perdido”.

(N/A: música Stella – All Time Low. A letra não está completa. São só alguns trechos)

Two AM I'm on a black-out binge again (ha ha ha).
(Duas da manhã. Estou num apagão de porre de novo)

andou devagar pela grande sala. Sentiu muitos olhares a seguindo e fingiu não se importar com isso. Um rapaz com uma beleza clichê a tirou para dançar quando a viu sozinha. Olhos claros, cabelos cor de mel, músculos por toda a parte. Não fazia muito o seu tipo, mas quem disse que ela se importava? Tudo que queria era um tempo para se esquecer de toda essa bagunça que sua vida havia se tornado.
se esquivava pelas pessoas no caminho com duas garrafas de cerveja nas mãos. Seus olhos corriam por toda parte, tentando encontrar , mas ele a achou onde menos queria. Ela estava no meio do salão, dançando com um cara pinta de surfista. Seu estômago embrulhou e a cerveja que ele havia acabado de beber parecia queimar na sua garganta.

You know I don't need sleep and I lost my keys, but I got so many friends.
(Você sabe que não preciso dormir e perdi minhas chaves, mas tenho tantos amigos)

- Oi gatinha... Posso saber o seu nome? – o cara surfista falou num sotaque australiano. Ok, ele era bonito, mas “oi gatinha” era tão fail...
- , e o seu? – ela sorriu simpática. Ele também tinha gingado. Ela não podia negar.
- Josh - ele sorriu um sorriso branco que fez contraste com uma pele bronzeada. Ele era bem bonito.
- Bonito nome – disse, sorrindo.
- Digo o mesmo. Aliás, você é bem bonita – ao proferir aquelas palavras, fez corar.
percebeu que a garota estava um tanto quanto solta demais com aquele cara pagando de gostosão. O que as pessoas iriam pensar? Por Deus, ela era casada. Já não bastava os comentários de Stella em uma revista famosa sobre ele ser “corno” e agora estava atacando publicamente, com ele ali do lado? Uma raiva crescente em seu corpo o fazia pedir Por mais bebida e, em menos de cinco minutos, já havia acabado com as duas garrafas de cerveja que havia pegado e estava buscando a terceira.

And they keep, keep me coming back for more.
(E eles me mantêm, mantêm voltando para mais)
Another night, another score.
(Outra noite, outra pontuação)
I'm faded, bottles breaking.
(Estou exausto, garrafas quebrando)

Algumas horas depois, não estava mais com o surfista. Ela o achou muito fútil. Já não conseguia suportar gente desse tipo. Ela dançava sozinha dentre as pessoas que ainda restavam na pista de dança. Uma música agitada tocava e quase ninguém ainda tinha pique de dançar. A festa já estava chegando ao fim. Tinha mais gente bêbada do que sóbria e gente bêbada não fica de pé.
Falando em bêbados... estava sentado no quintal da casa, em uma das espreguiçadeiras próximas à piscina. Sua cara estava desolada e umas pilhas de garrafas vazias estavam jogadas aos pés da cadeira. Ele havia perdido a conta de quantas tinha bebido. Olhou de relance mais distante dali, onde e se agarravam com duas garotas das quais ele não se lembra de já ter visto algum dia. Suspirou pesado. Havia virado um babaca idiota. Muitas garotas se aproximaram, deixando claro suas intenções nada boas com ele, mas ele simplesmente não tinha... Tesão para ficar com ninguém. Não quando seus pensamentos só focavam na garota de cabelos coloridos dançando sensualmente com um cara na sala. Essa era a verdade.

You're only happy when I'm wasted.
(Você só está feliz quando estou perdido)
I point the finger, but I just can't place it.
(Aponto o meu dedo, mas não consigo colocá-lo)
It feels like I'm falling in love,
(Parece que estou me apaixonando)
When I'm falling to the bathroom floor.
(Quando estou caindo no chão do banheiro)
I'll remember how you tasted.
(Eu me lembrarei do seu gosto)
I’ve had you so many times. Let’s fix it
(Eu a tive tantas vezes. Vamos encarar isso)
Feels like I'm falling in love alone.
(Parece que estou me apaixonando sozinho)
Stella, would you take me home?
(Stella, você me levaria para casa?)

, depois de tirar os sapatos e dançar com eles na mão, virou seu olhar para a varanda e viu um bêbado e largado em cima de uma cadeira. Viu agarrado a uma mulher e logo do lado dele... Estava ! Ele beijava uma mulher de uma maneira tão fervorosa... Viu as mãos dele explorando o corpo dela de uma maneira que deixava claro o que estava prestes a acontecer. sentiu uma pontada no peito ao ver essa cena. Automaticamente seus olhos se encheram de lágrimas, mas era assim que ela havia escolhido. Ela que tinha dado um tempo. E depois de tanto tempo juntos, como não sentir algo? Engoliu o choro e foi atrás do bêbado do . Viu-o esvaziando mais uma garrafa e esta foi parar na pilha de tantas outras vazias ao seu lado.
- , largue isso.
- Não.
- Deixe de ser ridículo – ela disse com uma voz meio esganiçada.
- Sempre fui ridículo, dizia com uma voz mole de bêbado - Nunca dei o devido valor para as coisas, para as pessoas...
Ela se aproximou, tirando outra garrafa das mãos de e o olhando com receio. O que ele havia feito? Puxou-o da cadeira e ele, meio cambaleante, levantou-se. Além de tudo, teria que cuidar do “bebum ”.
- Pare de falar bobagem, . Vamos para casa - ele apoiou o braço nos ombros dela para se equilibrar, enquanto andava - Por que você fez isso? Pensei que tinha parado de beber que nem um retardado - eles já estavam no gramado, indo em direção ao carro.
- Você não me ama, . O que me vale ficar sóbrio? Você mal fala comigo! Sou um perdedor...
respirou fundo, pegando as chaves do carro no bolso da calça de e desarmando o alarme. Abrindo-o em seguida.
Ele entrou meio desajeitado no banco do carona ela, na direção, esperando a porta ser batida para dar a partida.
- Você é nenhum perdedor! Olhe a vida que você tem! – disse indignada com as coisas que ele estava falando.
- Ah, minha vida é o sonho de qualquer pessoa: fama, sucesso, reconhecimento, mulheres, festas... Mas nunca fui feliz de verdade. Feliz não no sentido do meu trabalho. Amo o que faço, mas no de ter alguém para amar de verdade.
não sabia o que responder. Apertou os dedos no volante, não desviando a atenção das ruas. continuou.
- Sempre disse que não iria casar porque nunca tinha encontrado ninguém com o devido valor para esse tal triunfo, mas veja hoje. Estou casado. Eu, , o cara que é conhecido por não ser um homem de ter uma mulher só, casado, ficando bêbado em festa porque a sua esposa não o ama. Ela só se casou por um bem a ela própria, mas não sabe o que fez esse homem sentir, não sabe a mudança que aconteceu aqui dentro - ele apontou o peito, no lugar do coração - Ela só me julga como um ridículo. Não só a esposa, como várias pessoas. Aquela tal de Stella também.
Ouvir aquilo estava sendo torturante. , perplexa, de queixo caído, olhou-o de canto de olho. estava com uma expressão triste. Parecia que a qualquer momento ele desabaria de chorar - coisa que ela pretendia não ver.
- Como você tem tanta certeza de que não amo você? – ela disse mais para si do que para ele.
- Como?
suspirou fundo, tentando se concentrar na direção. Um, dois, um, dois... Ela nunca foi muito boa no volante. Ainda mais à noite e com falando coisas inacreditáveis ao seu lado. Ela não respondeu - o que fez piscar algumas vezes e grudar a testa no vidro até chegarem a casa.

***


A maçaneta foi girada e o apartamento estava em um completo silêncio. jogou as chaves em cima de uma mesinha próxima à porta e tirou os sapatos de salto, colocando-os por ali. entrou tão quieto como estava no carro momentos antes e tirou a camisa. Seguiu até o banheiro, fechando a porta depois. Um barulho de chuveiro quebrou o silêncio da madrugada. era um bêbado bipolar.
fez o mesmo. Foi até seu próprio quarto, tomando uma ducha rápida antes de dormir, mas sua cabeça girava e ela não parava de pensar nas palavras que disse no carro. Ao sair do box, ela colocou sua lingerie, um camisetão velho, e caminhou com passos leves pelo corredor até o quarto da frente. Quando chegou ao batente, teve a visão do paraíso: com uma toalha enrolada na parte debaixo do corpo e outra secando levemente os cabelos. Ela precisava falar ou não conseguiria dormir depois de tudo. mordeu o lábio, olhando aquilo.
- ... - ela chamou atenção dele, que girou o corpo para observá-la na porta. Os olhares se cruzaram. Ele piscou uma vez - Eu te amo.
ficou boquiaberto. fechou os olhos com força. Cagada feita. Estava rezando para que ele não se lembrasse disso no dia seguinte.
Ele largou a toalha que enxugava os cabelos, caída ao chão, e correu até , terminando a distância que havia entre os corpos, beijando-a fervorosamente. Dois meses sem senti-la era muita coisa. Dois meses que se arrastaram.
- Eu também te amo - ele disse, quebrando o beijo e colocando as mãos no rosto dela, sorrindo - Muito.
- Você não sabe do que está falando - se afastou, cruzando os braços e desviando o seu olhar para a toalha na cintura de – Está bêbado.
- Isso não quer dizer que eu não esteja consciente, .
- Isso não quer dizer que eu vá confiar em alguma palavra que você está dizendo. Da última vez que fiz isso, as coisas tomaram um rumo diferente do que imaginei – falou, virando seu rosto.
não sabia o que responder. Pensou por uns instantes.
- Há mais coisas envolvidas do que você possa julgar.

One more reason I should never have met you.
(Mais uma razão para que eu nunca tivesse a conhecido)
Just another reason I could never forget you.
(Só outra razão para que eu não pudesse nunca a esquecer)
Down we go.
(Vamos para baixo)
The rooms spinning out of control.
(Os quartos girando fora de controle)

- Do que você está falando, ? - deu um passo pra trás quando o viu se aproximar. Ele balançou a cabeça em negação. Não sabia se para si próprio ou se para a garota. Ele fechou os olhos quando os corpos ficaram próximos. pensou em recuar, mas seu corpo não parecia querer se mover. passou a ponta do nariz de leve pela clavícula da garota, absorvendo o seu aroma e fazendo-a se arrepiar. As mãos dele correram para a cintura da garota. sentiu o coração começar a palpitar. Fazia muito tempo que não sentia isto.
- ... Não sei explicar - disse, segurando firme a cintura dela e a puxando para perto de si. o olhava fixo nos olhos. Eles pareciam querer dizer algo... Algo além do que palavras poderiam exprimir.
Não soube ao certo o que aconteceu no momento seguinte. Só sabia que estava aos beijos com , sentindo-se prensada na parede do corredor. Ele investia na retirada da blusa dela e, bom, ele estava só de toalha, que se ela desse um pequeno puxão...
retirou a blusa da garota, não vendo onde foi parar. Beijou o pescoço, desceu pela clavícula e, por último, chegou aos seios, onde lambeu, fazendo com que a garota puxasse seu cabelo. Por só vestir camisetão velho, as únicas peças que faltavam era a calcinha e o sutiã de , nos quais estava investindo no feixe enquanto seus lábios se ocupavam em explorar o local. Para não ficar em desvantagem, deu um leve puxão na toalha dele, fazendo-a cair ao chão. Ela riu da cara que ele fez por um momento quando percebeu que estava sem toalha, completamente nu, e a menina com "muita" roupa ainda. Os impulsos estavam à flor da pele e , para provocá-lo mais, deslizou suas mãos para as coxas do garoto, apertando-as. Isso fez com ele soltasse um gemido meio abafado e o sutiã de foi ao chão. Ela soltou um gemido baixo quando sentiu o membro de fazendo pressão no seu corpo que estava encostado à parede.
Os lábios dos dois estavam colados e as mãos, explorando cada canto do outro. Ficaram muito tempo separados. Era algo inevitável o fato de eles não se conterem, por mais que insistissem em evitar um ao outro. deslizou os dedos, contornando o corpo de , até chegar à barra da calcinha da garota, puxando-a para baixo lentamente e descendo junto, beijando a barriga e depois a virilha dela, onde depositou vários beijos. Subiu logo em seguida e colou os lábios mais uma vez. chutou a toalha dele, que estava no chão, para o canto. Um impulso para que ela prendesse as pernas na cintura de e no segundo seguinte eles já eram um só.

Stella, would you take me home?
(Stella, você me levaria para casa?)

10. 7 Minutes In Heaven


“Through misplaced words
Por Stella F.

Cinco coisas incríveis sobre

Ok, não me achem a louca, nem que fui abduzida e que meu cérebro foi retirado e colocado outro em seu lugar. Decidi que, apesar de continuar achando um arrogante e meio sem noção, ele é um ser humano. E como todo ser humano, ele tem qualidades. Não vou puxar o saco de alguém que critiquei por semanas, mas é que... Bom, vou deixar vocês com os tópicos. Acho mais sensato do que eu, Stella, falar o que acho. Não sei nem mais o que pensar.

5) Fofura feelings.
Pois bem, ele é fofo. Sim, pasmem. O arrogante consegue ser meio fofo quando está precisando de algo. E com todo seu charme e fofura, ele consegue. Consegue encantar com aquele jeito brincalhão e um sorriso bobo em seus lábios. Há quem diga que ele é sempre assim, mas garanto que não. Só age assim por puro interesse.

4) Surpreendentemente falando.
Está certo. Não sei se ele finge ou se faz por naturalidade, mas é uma coisa que me deixa arrepiada quando acontece. Ele consegue ser imprevisível e surpreendente. Você nunca cai na mesmice ao lado de . Quando pensa que tudo que podia fazer ele fez, o mesmo vai lá e faz algo muito mais incrível - aquelas coisas que lhe dão um frio na barriga...

3) Don't call my name, .
Olhe só: eu, como toda mulher, aprecio um bom copo de homem. Desculpas às cuecas de plantão, mas não tenho como negar: é sarado. Ok, critiquei na coluna passada que ele só pensava nessas coisas de corpo, mas impossível não reparar naquele bíceps, aquele tanquinho definido... Melhor parar por aqui.

2) You've got a friend.
Uma coisa que não posso negar é a relação que ele tem com os amigos de banda. Acho que viveria, mataria por qualquer um deles. Parece-me tão impressionante a forma como ele trata os guys, como se preocupa... Isso definitivamente é uma coisa fofa sobre o . E também como ele é preocupado. Acho que em momentos difíceis ele é um grande “apoio”. Não o decepcionará. Quer dizer, um pouco, quem sabe, mas ele pode ajudar nos momentos certos. Fora que, quando bêbado, vira intelectual, admite que errou e erra até hoje. Porém todo ser humano erra. Bêbado, ele mesmo acredita que pode encontrar um amor ou que já tenha encontrado. No fundo, é só um garoto que tem medo do futuro, medo do amor e de ficar sozinho.

1) In your eyes... I lost my place.
Ok, esse é o meu ponto fraco: os olhos. Mas não vou dizer que são bonitos, mas que têm uma coisa diferente. O olhar infantil que faz em alguns momentos, na verdade raros momentos, quem presencia pode se sentir lisonjeado. Aquele olhar não tem palavras para ser descrito. Você se sente sugada, abduzida, e se perde nele. É aquele que um garoto feliz pode emanar e um brilho especial surge. Espero que você tenha tanta sorte quanto eu para presenciá-lo algum dia.”

- Realmente não entendo o que se passa na cabeça dessa tal Stella – disse para si próprio em voz alta, após terminar de ler a coluna da semana sobre ele – Acho que ela me ama. Só pode - Elvis, que estava sentado ao lado do sofá, encarou-o – Elvis, o que fiz para essa tal mulher? Uma hora fala mal de mim, parecendo que sou um demônio, e agora diz algumas qualidades. Gostaria de saber se tem alguma forma de eu me comunicar com ela... – olhou a página, à procura de algum email. Achou este no rodapé da página. Sem pensar duas vezes, levantou-se do sofá e foi em direção ao seu notebook, abrindo o e-mail. Escreveu:

“Ora, ora, ora. Não pude deixar de notar que tenho sido o grande alvo de suas colunas. Acha mesmo que eu ficaria quieto, sem procurar alguma forma de contato com você? Se pensou isso, pensou errado, linda.
Estava pensando em se você não gostaria de sair comigo para trocarmos umas idéia e, quem sabe, eu lhe dar alguns motivos para ser alvo de sua coluna por mais alguns meses. Topa? Aguardo a sua resposta.



Enviou. “Se...”, ele pensou. Se ela pensa que poderia fazer isso com ele, não conhecia quem era realmente .

***


girava a maçaneta do apartamento, ouvindo a voz de ecoando pelo lugar. Ele estava falando sozinho novamente. Ela riu sozinha, trancando a porta e sentindo Elvis pular em suas pernas. Passou a mão entre as orelhas do cachorro, fazendo um agrado. Viu Ringo tomando seu leite na porta da cozinha e se sentiu em casa, no conforto do lar. Jogou sua bolsa e casaco no chão de madeira e deixou seu peso cair sobre o sofá. Ela encarou o teto, tentando esvaziar a mente que não parava de trabalhar por um segundo. Foi uma semana turbulenta. Ela não parava de se lembrar das cenas de e ela encostados à parede do corredor no meio da madrugada e isso a deixava louca. Dava graças de que ele não se lembrava ou fingia não se lembrar de algo daquela noite. Caso contrário, não saberia o que fazer. Estava perdida. Havia sido um erro se entregar de novo, mostrar-se tão fraca na frente de .
- ! - apareceu do nada na sala, chamando-a, o que a fez pular de susto e levar a mão ao seu peito.
- Porra, . Quer me matar? - ela disse, sentando-se corretamente no sofá.
- Só se for de amores - ele sorriu presunçoso.
ficou sem expressão. sentou-se ao seu lado.
- Não entendo essa tal de Stella. Ela falou super bem de mim e coisas bem características. Acho que ela me ama - puxou assunto, pensativo.
o olhou sem expressão ainda e deu de ombros. Silêncio.
- Você meio que anda no mundo da lua essa semana, . Há algo que a atormenta? - cruzou as pernas e colocou os braços sobre elas.
- Que gay você. Há nada me atormentando - ela disse um pouco nervosa.
- Tem certeza? Há nenhuma lembrança de uma parede de corredor depois de uma festa? Ou então uma declaração de amor? - ele continuou.
- Er... - estava vermelha - Você se lembra? COMO?! NÃO ESTAVA BÊBADO?! sorriu presunçoso demais, olhando para uma confusa, tão vermelha quanto uma das mechas de seus cabelos.
- Lembro-me do jeito com que você sussurrava meu nome - ele começou o monólogo com a voz baixa e aproximando-se um pouco da garota – Lembro-me de como você estremeceu quando a toquei pela primeira vez... - ele roçou os lábios no ombro da garota - Do seu olhar de desejo nos meus olhos... - ele subiu um pouco, trilhando o pescoço, sem encostar de vez os lábios à pele quente de . Ela mal respirava - E mesmo se eu não me lembrasse... - ele levantou um pouco o rosto, fitando os olhos atordoados dela - As marcas que você deixou iriam me fazer lembrar.
- Mas... - começou a falar. Foi interrompida.
- Lembro-me de como você me encarava por causa da toalha em minha cintura... - ele sussurrou em seu ouvido – Lembro-me dela quando a puxou com certa violência e urgência, jogando-a longe... É, . Eu me lembro - ele terminou, mordendo o lóbulo da orelha dela. estremeceu - Não adianta negar. Você sabe que estou certo.
- Pensei... - ela disse sem reação e nervosa - Que bêbados não se lembravam dos acontecimentos da noite...
- Sou diferente. Sempre me lembro de tudo e com clareza.
Ele sorriu e se derreteu. Ele sabia todos os seus pontos fracos e ela odiava isso. Tudo que a menina precisava era correr dali, mas era impossível. Ela não queria sair dali. Era confortável demais ficar perto de .
- ? , o que você está pensando? - ele passou os braços em volta da cintura da garota e a garota prendeu a respiração. Sabia o que estava por vir. Já previa os sintomas: falta de ar, tremedeira nas pernas, palpitação no coração. Como ela adorava tudo aquilo - Estou aqui. Não precisa mais pensar. Podemos fazer - ele afastou os cabelos do pescoço da garota e depositou um beijo carinhoso, ao contrário do fervoroso que esperava.
Sim, era imprevisível. Sorriu consigo mesm,a lembrando-se da coluna de Stella.
- Case comigo, - ele sussurrou no ouvido da garota, com os lábios quase grudados.
- , já somos casados - ela fez esforço para se concentrar e responder, fechando os olhos e tentando não sentir os lábios dele em sua pele.
- De verdade.
- Pare com isso, - ela fez um esforço para afastá-lo a alguns centímetros. Ele franziu as sobrancelhas, não entendendo a reação da garota - Pare de brincar comigo.
- Não estou brincando - ele a olhou diretamente nos olhos.
“Concentre-se, . Concentre-se", era o que ela pensava.
- Claro que está. Da outra vez foi a mesma coisa.
Isso não podia acontecer. Não de novo. Ela não podia ser fraca a esse ponto.
estava de olhos fechados e, antes que ela pudesse perceber, lágrimas já brotavam dali.
- Por favor, pare com isso - sentenciou já com a voz falha, levantando-se dali. Talvez não fosse uma boa idéia ficar tão perto assim de . Ela não era forte o suficiente para suportar.
afundou-se no sofá, fitando tão frágil daquela forma. Tudo que ele queria era abraçá-la, confortá-la, pedir para que não chorasse, mas ele ainda estava pagando pelo mesmo erro. Isso o assombraria pelo resto dos dias.
Ele se levantou do sofá e ficou em frente a ela.
- , sei que... - teria que falar. Já havia dito que a amava. Não seria difícil falar isso. Seria? - Sei que eu errei, , mas eu estava só pensando em você, em não machucá-la. Eu... - respirou fundo - Por favor, perdoe-me.
o olhou com os olhos marejados. Simplesmente abaixou a cabeça e se retirou em silêncio para o seu quarto. Ainda estava sobre os efeitos que ele a fazia sentir. Fechou a porta, encostando-se a ela e escorregando até o chão, onde se sentou e abraçou os joelhos. As lágrimas caíam, mas não sabia nem certo o porquê. Era só ela perdoar que tudo ficaria bem e eles seriam felizes.
Seriam mesmo? Era esse o motivo para o choro. O fato de ser imprevisível a deixava assim. Amanhã, ele poderia estar com Juliet ou outra qualquer, importando-se com nada que disse. Ela sentia que isso nunca mudaria.

***


fitava o teto, tentando fazer sua mente trabalhar em alguma saída para tudo aquilo, quando duas batidas na porta fizeram-no despertar para a realidade. Ele se levantou do sofá, resmungão e com Elvis latindo em direção à porta. Murmurou um "shiu" e girou a maçaneta, dando de cara com alguém que ele não queria ver nem pintado a ouro.
- Ei, você já está de volta? - Ryan sorriu brincalhão, encostado ao batente da porta na maior naturalidade.
- Não. Isso é um holograma, vizinho - girou os olhos nas órbitas, passando uma das mãos pelos cabelos.
- Ah, desculpe, senhor holograma. A está? - Ryan disse, abrindo um sorriso.
- Não lhe interessa. Aliás, melhor você vazar daqui - bufou.
- Não. Quero falar com ela. Dá para dar passagem? - Ryan falou em um tom mais alto.
- Desculpe-me, vizinho querido, mas a casa é minha e só dou passagem para quem eu quero.
- PASSO POR CIMA DE VOCÊ ENTÃO! - Ryan gritou.
- NEM FODENDO! - ele respondeu do mesmo jeito.
, que estava no quarto, agora fuçando em algo na internet, ouviu a gritaria e saiu para ver o que estava acontecendo do lado de fora do seu quarto.
- Mas o quê? Ryan?! - ela apareceu no corredor, pegando Ringo no colo e desenrolando-o de alguns fios em que ele estava se intrometendo.
- Oi ! - o garoto soltou um de seus melhores sorrisos, o que fez fechar a cara.
- O que você está fazendo aqui? - ela devolveu o gato laranja ao chão e seguiu até a porta, parando próxima a .
- Você sumiu nesses últimos dias. Vim ver se estava tudo bem, mas agora entendi o motivo do sumiço - ele desviou os olhos para que franziu o cenho. Quem ele pensa que é? - O seu marido voltou.
- É, o marido dela voltou - repetiu, dando ênfase na frase e passando o braço na cintura de , que mordeu o lábio por essa atitude - ‘Ta. Já viu o que queria ver? Já perguntou? Vaze, meu - disse impaciente.
arregalou os olhos.
- , pelo amor de Deus, não me faça passar vergonha.
- , não ligo. Ele acha que pode tratar mal todo mundo porque é rico e popstar - Ryan deu de ombros - Li a coluna da Stella da semana passada e concordo com tudo que ela disse.
fechou mais a cara ainda. Então era assim que todo mundo o via agora? Como um cara rico e arrogante? Isso era culpa somente de uma pessoa: Stella.
- Desculpe-me, Ryan - começou falar, tentando mudar de assunto - Ele só está um pouco nervoso - Acho melhor você ir embora. A gente se fala outro dia - ela continuou e Ryan assentiu, concordando com a cabeça.
- Até mais, - ele girou o corpo e apertou o botão do elevador. nem pôde vê-lo embarcar, porque no segundo seguinte já havia fechado a porta.
- Não sei o que faço de tão errado - ele começou a falar, fazendo piscar duas vezes, vendo-o andar até o outro lado da sala - Entendo que nunca fui uma pessoa perfeita... - ele suspirou pesado, fitando as pessoas andando na rua através da grande sacada – Mas, por Deus, estou tentando mudar... Sabe, ? E não me vejo sendo recompensado por nada disso - e ele continuou - Queria mostrar que não sou mais aquele que só quer saber de farra. Não sou mais aquele de antes. Mas, nossa, parece que as cosias vêm sem eu saber o porquê! Acho que estou sempre no lugar errado e na hora errada!
o fitava incrédula. Julgou que aquilo tudo estava entalado dentro dele há muito tempo e que ele simplesmente precisava desabafar com alguém.
- ... - ela chegou mais perto, passando a mão no braço dele - Você não precisa provar para as pessoas que mudou. Precisa provar somente para você. Elas notarem a mudança é conseqüência.
- É que eu só queria que você... - fechou os olhos, tentando achar alguma palavra com que ele pudesse se expressar. Ainda de olhos fechados, ele cantou baixinho - "Would you hate me, if I don't believe you? It's hard to love you from the signs I get from you. Could you trust me, if I said that I love you?” (Odiaria-me se eu não acreditasse em você? É difícil amar você pelos sinais que me dá. Poderia confiar em mim, se eu dissesse que amo você?) - ele abriu os olhos depois do trecho de Forget All You Know, encarando o olhar infantil que lhe lançava.
- ... - deu uns passinhos até ficar mais próxima dele - Eu... Eu... - as mãos começaram a ficar geladas - Acho que palavras são desnecessárias. Feche os olhos, por favor. a obedeceu. Ela tinha duas opções. Respirou fundo e, no instante seguinte, sem pensar muito, colou os lábios. Ele riu da iniciativa meio infantil dela. não fugiu porque fugir ajudaria em nada e ela não queria fugir. Só se fosse para os braços de . Ele colocou as duas mãos na cintura de , puxando-a para mais perto.
- “Could you trust me, if I said that I love you?” - ele repetiu o verso, sem se desgrudar dos lábios dela.

***


Elvis latia insistente em direção ao celular de sobre a cômoda, que tocava "Don't Stop Me Now" e vibrava sobre o móvel. O garoto se remexeu na grande cama, incomodado com todo aquele barulho atormentando o seu sono. resmungou algumas palavras, virando-se para o outro lado da cama, cobrindo a sua cabeça com o travesseiro.
No momento seguinte, Elvis pulou na cama em cima de e o celular ainda berrava desesperado.
- Elvis! - ele deu um pulo, abraçando o cachorro que lambia seu rosto, em alerta. Piscou os olhos, apanhando o aparelho e o colocando por reflexo no ouvido - Alô?
PORRA! É QUASE UMA DA TARDE! Venha logo para cá!” - gritava em seus ouvidos.
- Cara, eu estava dormindo - disse, sentando-se na cama e empurrando Elvis para fora da mesa com a mão livre. bufou com a cabeça debaixo do travesseiro.
Porra, até agora? O que estava fazendo, hein, safadinho?” - bobo como sempre.
- Nada que seja da sua conta. Vou me arrumar e já vou aí - disse, desligando o celular.
- Nha, não me diga... - resmungou, tirando o travesseiro da cara.
- Churrasco no . Temos que ir.
- Não quero, - disse, sentando-se na cama, cruzando os braços e fazendo birra.
- Não faça assim, vá... Não agüento vê-la com essa cara - ele disse com uma voz meio rouca, aproximando-se da garota.
sorriu besta, olhando aquele brilho infantil de novo nos olhos dele.
- Que cara? - ela levantou a sobrancelha, presunçosa.
- ! - empurrou-a para trás, deitando por cima dela e depositando um beijo terno no pescoço da garota - Não me provoque.
- Ah! - ela soltou um gritinho exagerado, rindo em seguida – Pare, ! Vamos nos atrasar para o churrasco - ela dizia hesitante, mas seus braços se entrelaçaram automaticamente em volta do pescoço de . Elvis sentou-se no canto do quarto, com a cabeça sobre as patas, observando os dois - E temos platéia - ela riu um pouco pelo cachorro e outro pouco pela sensação que os lábios quentes de provocavam em sua pele.
- Ele não vai ligar - disse, sussurrando em seu ouvido.
- Não me sinto confortável, ... - ela disse, rindo da cara que ele fez.
- Ok, você venceu... - bufou, jogando-se ao lado dela na cama. , em um surto, sentou-se em cima dele, beijando seus lábios - Mas você também não ajuda, né?
- Ah, deu saudades...
Ela forçou seus lábios nos dele. passou as mãos na cintura da garota que ainda estava sentada em cima de si, chegando ao quadril e apertando um pouco.
- Você ajuda em nada... - ele disse, partindo o beijo e brincando com a barra da calinha dela. riu da cara dele. Saiu de cima, sem falar algo, e se dirigiu para fora do quarto, entrando logo em seguida no banheiro.

***


O quintal estava com fumaça por todos os cantos. Algumas crianças corriam entre os adultos, brincando de pega-pega, e as mães andavam atrás preocupadas. Era uma festa tipicamente familiar. e chegaram de mãos dadas nos fundos da casa de . Ele estava na churrasqueira, o que era motivo daquela fumaceira toda. Todos estavam com roupas leves, algo adequado para o dia quente que estava.
- Ei dude! - se aproximou, ainda de mãos dadas com , tirando a atenção de da churrasqueira.
- Oi casal do momento! - sorriu, abraçando desajeitado e dando um beijo cuidadoso em - Como estão?
- Ótimos - respondeu, sorrindo. sorriu também – E aí, como andam as coisas?
- Tirando que queimei uma peça de picanha toda, que o quebrou uma cinco garrafas de cerveja... Estamos bem... Despreparados.
Viram torcendo sua roupa que estava molhada mais à frente e xingando. sentiu falta de uma pessoa...
- E o ? - perguntou receosa.
- Ele não deu certeza de que vinha. Sabe como é... Bebeu demais na noite anterior.
assentiu, sorrindo doce, como se nem se importasse com a presença de mais alguém. Puxou de leve a mão de para que eles andassem entre as pessoas ali. soltou um palavrão e voltou a remexer na churrasqueira um pedaço de carne queimado demais para ainda ser comestível. Uma das crianças que corriam por ali esbarrou em , caindo sentada no chão. Um garotinho que aparentava ter oito anos esfregava o joelho com alguns arranhões pela queda. A garota se abaixou, olhando cuidadosa o garoto moreno de olhos claros. Era bem provável que fosse parente de pelas características em comum.
- Você está bem? - ela passou a mão pelos cabelos arrepiados do garotinho que balançou a cabeça, começando a se levantar. o ajudou a ficar de pé. O garoto levantou o rosto, analisando melhor a figura de à sua frente. Ao perceber isso, ela sorriu, dando confiança ao garoto.
- Como você se chama?
- Derick – ele respondeu, piscando os olhos.
- Prazer, Derick. Sou – ela estendeu a mão, apertando a pequena do garoto.
- … Você é bonita – Derick abaixou o rosto, enquanto corava. riu de leve e a acompanhou.
- Obrigada. Você é muito lindinho também - sorriu ao ver a cara envergonhada e sorridente do garotinho à sua frente.
- , quero que você seja a minha namorada! - Derick disse, já sorrindo espontâneo. sorriu, dando a mão para o menino.
- Ela não pode! É minha mulher! - pareceu um garoto de dez anos falando daquele jeito, como se fosse sua primeira namorada.
- Sério? - Derrick perguntou curioso.
- Sério - sorriu presunçoso, como se tivesse vencido a discussão.
- ! - riu, dando uma batidinha no braço dele, fazendo-o olhar com uma sobrancelha arqueada.
- O que foi?
- Tudo bem, Derick. Posso ser a sua namorada - sorriu, dando um beijo na bochecha do garoto que sorriu e saiu correndo para o meio das outras crianças.
- Ele não tem nem dez anos, ! - ela riu da cara que ele exibia, passando os braços em volta de seu pescoço.
- Mas você iludiu o pobre garoto. Ele tem que saber que você é só minha - sorriu largo, selando os lábios rapidamente com os dela, enquanto retribuía o abraço.
- Mas mesmo assim... Ele não tem nem dez anos! - ela disse, rindo e o encarando.
- Hum, fiquei com inveja dele. Fez tão pouco e conseguiu uma namorada tão linda! - disse, fazendo um biquinho.
- Ele foi cavalheiro - riu da expressão de . Aproximou-se de seu rosto e beijou-lhe os lábios.
- Oi casaaaaaaaaaaaaaaaaaal! - apareceu com uma espátula na mão, puxando o braço de - O senhor pensa que vai ficar aos amassos e deixar o queimar a quarta peça de picanha?
fez bico emburrado quando se distanciava de que sorria, abanando a mão no ar. Ela olhou em volta, procurando por algum rosto conhecido, e depois de um tempo encontrou em uma das mesas uma garota loira de olhos verdes de quem ela se lembrava vagamente. Era a noiva de . não se lembrava de ela ser tão bonita, com traços tão delicados. Definitivamente os dois combinavam. Ela andou alguns passos, desviando de algumas crianças para evitar outra colisão, e sentou-se na cadeira ao lado da loira.
- Oi. Sarah, não é? - puxou assunto, fazendo a garota olhá-la com um sorriso de ponta a ponta.
- Sou, sim. E você é a , esposa do - Sarah afirmou, fazendo sorrir com aquele título: esposa do . . Ela mordeu o lábio, pensando na sensação que aquilo provocava nela. Ao contrário de antes, era um friozinho na barriga gostoso de sentir. Ela era de afinal.
- Sou. O casamento está chegando! - fez uma cara de animada, balançando as mãos e fazendo Sarah sorrir.
- Ah, nem me fale. Estou tão ansiosa. Não sei como você agüentou esperar! Parece que o dia não chega nunca.
- Hum, não vi o tempo passar para falar a verdade. EU não queria que esse dia chegasse... Enfim... Mas imagino como você deve estar ansiosa!
- Estou! Tanta coisa para correr atrás... E o medo de dar tudo errado? - Sarah sorriu meio nervosa,
- Não vai dar, não! - sorriu, encorajando-a.
- E temos que ver onde passaremos a lua-de-mel... Estou em dúvida entre... - Sarah começou a falar e ouvia atentamente. Sarah era um amor de pessoa. seria muito feliz.
Enquanto ela falava sobre a lua-de-mel, pensou em tudo que se passou. Pensou em seu casamento, no vestido rasgado e no paletó de Fletch como um improviso de cobrir as suas pernas. Pensou na sua noite de núpcias com ... E se tivesse passado aquela noite com ? Será que eles teriam se acertado antes?
Uma risada alta acordou dos pensamentos. Sarah havia parado de falar e os olhos das duas correram para a churrasqueira. e corriam atrás de com duas pistolas de água. gritava para alguém salvá-lo, mas era tarde demais. e encurralaram o garoto, molhando-o dos pés a cabeça. Os dois sorriram satisfeitos e olharam em volta, em busca da próxima vítima. deu um gritinho e começou a correr quando seu olhar cruzou com o malicioso de . Ele a perseguiu pelo gramado, jogando água na garota, mas talvez de forma proposital que ele mais errasse a mira do que acertasse. apertou o passo e puxou que ainda ria. Os dois caíram no chão, com sorrisos estampados nos rostos. , que já estava molhado, encharcava a roupa da garota, mas ela não parecia ligar muito quando os corpos estavam próximos demais. É se arrependia de nada, por pior que tivesse sido, porque senão eles não estariam como estavam hoje. Não dessa forma. passou a ponta do nariz pelo rosto de , fazendo-a sorrir.
- Eu te amo, - ela sussurrou, fazendo-o sorrir e colar os lábios no dela. Já não era tão difícil dizer isso e era exatamente assim que ela queria que as coisas ficassem.

11. Repetition?


"Pois bem, olhe só quem veio me torrar as paciências por e-mail. Sim, estava demorando até. Olá, querido (sinta a ironia). Eu já esperava por você me procurar. Encontrar-me com você? Acho que não seria ético de minha parte. Também não é só porque falei meia dúzia de palavras bonitas sobre a sua pessoa que eu queira ver a sua cara ao vivo novamente. Na verdade, prefiro cair num bueiro a passar uma tarde conversando sobre qualquer merda com você. Aliás, não preciso de mais inspirações para falar mal de você. Tenho e-mails de fãs suas, algumas bem revoltadas, e elas me ajudam com isso. Espero que esteja feliz por ser um grande idiota.

Stella F.
xx

Ou melhor, retiro os abraços. Para você, é só ‘adeus’ mesmo."


riu alto quando viu o a resposta de Stella na sua caixa de entrada. Ela era uma louca, definitivamente.
Ele começou a tamborilar os dedos no teclado, pensando no que responder, quando notou seu celular vibrando no bolso da bermuda que usava. Mas que diabos? Ele colocou o celular na orelha, imaginando que fosse pedindo para buscá-la no supermercado.
- Oi, amor - ele atendeu com um sorriso nos lábios.
- Hum, também estou com saudades - uma voz estridente soou do outro lado, fazendo com que tirasse o aparelho do ouvido e o olhasse com uma sobrancelha arqueada. Ele suspirou alto, não querendo ter aquela conversa.
- O que você quer, Juliet? - seus olhos correram até Elvis que mordia uma almofada do sofá, fazendo arregalar os olhos e ir até o animal, repreendendo-o. Tudo que Elvis fez foi abaixar as orelhas e virar o focinho para o outro lado.
- Quero vê-lo, quero você - ela disse num tom de voz meloso demais que fez com que sentisse náuseas.
- Aff...
- Aff o quê? Você não liga mais, não me procura mais... Por que essa ausência? - Juliet disse, quase berrando ao telefone.
- Não entendeu o recado da ausência? Não a quero mais. Estou muito feliz para você estragar isso - disse calmamente.
- Como assim? Quem é a vadi...? É aquela tal da faxineira sem sal, a ?
- Dá para ter mais respeito ao falar da minha mulher? - disse, erguendo o tom de voz.
- Agora ela é a sua mulher? Eu era ! Eu! Você a odiava! Como mudou de idéia? Que macumba que ela fez?
- Juliet, por que não vai ao cabeleireiro? Ou ao shopping comprar um vestido novo? Por que você não vai ocupar a mente e nos deixa em paz? - ouviu um gritinho irritante do outro lado da linha, mas não esperou mais nada. Ele já havia desligado o celular e o colocado em cima da mesa.
- Onde estávamos mesmo? - ele sorriu, lendo rapidamente mais uma vez o e-mail e imaginando o que poderia responder.

"Stella, Stella... Você não se acha muito prepotente, não? Com todas essas suas frases feitas, de efeitos, fazendo como se não desse a mínima para mim... Mas a questão é: você liga. Porque senão, qual seria o motivo de me escolher para falar o tempo todo na sua coluna? Se sou uma pessoa tão irritante assim, por que só fala de mim? Eis a questão que você não sabe responder, Stella. Ou melhor, sabe e morre de medo de que alguém descubra: você é secretamente apaixonada por mim. Mas desculpe-me. Estou casado agora não posso correspondê-la. Porém talvez eu faça uma música com o seu nome.

Xx"


***


- DESGRAÇADO! - Juliet tacou o celular longe - Prepotente! Ridículo! - ela xingava alto para as paredes de sua casa – Agora se esqueceu de mim. Só quer saber da coisinha sem sal from Brasil. Ridículo. Não acredito que perdi para ela. Não, não! Não pode! Senão, não me chamo Juliet. Tenho que dar um basta nessa alegriazinha toda. Ele é meu. Quero-o de volta para mim, desejando-me, querendo-me e dizendo que eu sou insubstituível! Pense, Juliet... Pense.
Ela saiu da sala e foi para o seu quarto. Olhou as paredes com alguns porta-retratos, algumas fotos dela e de juntos, abraçados e rindo feito loucos de tão bêbados que estavam. Perdeu não se sabe quanto tempo lá, observando essas fotos e tendo uma sessão nostálgica de sua vida com ele. Era isso o que iria fazer.
Correu para o guarda-roupa e pegou uma caixinha, onde guardava mais fotos. Tirou algumas antigas e as analisou, espalhando várias pelo chão no qual se sentou.
***


saiu do elevador, atrapalhando-se com as sacolas do supermercado. Talvez ela devesse mesmo ter ligado para buscá-la, mas não queria incomodá-lo. Deixou alguns pacotes no chão enquanto sacava as chaves da bolsa e colocava uma delas na fechadura. Abriu um sorriso junto com a porta quando ouviu uma melodia bonita e a voz de ecoando pelo apartamento. Deixou as sacolas na entrada e tirou os sapatos, caminhando devagar por trás do sofá e o observando em outro mundo. Apoiou-se na parede, olhando-o compor alguns versos.

"Would you look at her?
She looks at me.
She's got me thinking about her constantly,
But she don't know how I..."


- Não, não. Não é isso - parou de cantar, emburrado consigo mesmo e fazendo alguns rabiscos em um caderninho.
- Acho que está linda - se aproximou devagar, fazendo-o notar a sua presença.
- Você já chegou? - ele se esticou, colocando um pouco o violão de lado para selar os lábios com os dela – Por que não me ligou para buscá-la?
- Ah, não precisava - se sentou no braço do sofá, apanhando Ringo que estava esparramado ao lado de . Era impressão dela ou o seu gato andava mais com do que com ela própria?
Fez um carinho entre as orelhas do bichano enquanto fitava dedilhando alguma coisa.

***


- Venha, ! Venha dançar! - gritou enquanto alguma música tocava de fundo.
- , você sabe que não me dou bem dançando - disse, levantando-se da cadeira e deixando o seu copo em cima da mesa.
Eles estavam numa festa de formatura de um conhecido de e em festas de formatura tocam musicas antigas, pelas quais era louca.
- Vá lá, John Travolta. Mostre-nos o seu gingado - sorriu sexy, colocando o dedo na boca para tentar seduzir.
- Vamos, . Amo essa música - o puxava para a pista de dança.
- , faz séculos que não danço. A gente vai pagar mico.
- Pois bem - um cara gordinho e baixinho subiu ao palco e começou a falar - Vamos fazer uma coisa diferente para divertir vocês - ele sorriu - Vamos escolher um casal para cantar uma música para vocês!
Ao dizer isso, as luzes se direcionaram para e , que estavam brigando no meio da pista de dança. já que insistia em não querer dançar.
- Ali - o cara gritou, apontando para os dois - A menina de mechas coloridas e o cara de terno e All Star no meio da pista discutindo. Vocês dois, venha para cá.
- Mas, mas, mas... - começou a gaguejar.
- Que música que é? - gritou em resposta ao cara gordinho.
- Acabei de sortear e caiu “I’ve Had The Time of My Life - Dirty Dancing” (N/A: glee version).
- Demais - sorriu.
estava pálida. Cantar? Ela? Em público?
- , perdi a vontade de dançar... - ela começou a falar e andar de volta para a mesa em que o resto se encontrava, porém...

Now I've had the time of my life.
No, I've never felt like this before.
Yes, I swear it's the truth.
And I owe it all to you.


já estava com um microfone e deu introdução à música. Ele segurava outro. Jogou-o em direção à que o pegou. Oh, céus. Ela não deveria ter se levantado da cadeira. a olhou, encorajando-a a seguir com a letra da música.

'Cause I've had the time of my life.
And I owe it all to you.


a puxou para perto e começou a cantar e a dançar (meio sem jeito), levando-a junto. O povo no salão abriu espaço para os dois continuarem.

I've been waiting for so long.
Now I've finally found someone to stand by me.


O corpo de se movimentava graciosamente ao ritmo da música. sorria com o jeito que a menina estava familiarizada com a música.

We saw the writing on the wall
As we felt this magical fantasy.
Now with passion in our eyes,
There's no way we could disguise it secretly.
So we take each other’s hand,
'Cause we seem to understand the urgency.


a puxou e eles compartilharam o mesmo microfone. começou a rir da cara de bobo que ele fazia.

Just remember: you're the one thing
I can't get enough of.
So I'll tell you something.
This could be love, because…


- Desde quando a canta? - perguntou incrédulo, olhando a menina toda solta e mostrando uma voz que ele nunca tinha ouvido.
- Não sei - os outros dois estavam com a boca aberta.
I've had the time of my life.
No I've never felt this way before.
Yes, I swear it's the truth.
And I owe it all to you.


soltou a mão de e foi para o outro lado do salão. Uma multidão que estava atrás dela começou a dançar. Ela correu em direção a , dando-lhe as mãos, e voltaram a dançar juntos.

Hey, baby,
With my body and soul,
I want you more than you'll ever know.
So we'll just let it go.
Don't be afraid to lose control, no.
Yes, I know it's on your mind,
When you say "stay with me tonight".


e cantavam e se movimentavam de uma maneira graciosa como se eles fizessem isso há muito tempo, como se eles vivessem para dançar e cantar.

Just remember: you're the one thing
I can't get enough of.
So I'll tell you something.
This could be love, because
I've had the time of my life.


Juliet estava no mesmo local que os meninos e . Afinal, ela estava desejando com todas as forças estar no lugar de , ao lado de , dançando com ele. Lançava olhares fulminantes para o casal em destaque no salão.

No, I've never felt this way before.
Yes, I swear it's the truth.
And I owe it all to you.
‘Cause I've had the time of my life.
And I've searched through every open door (through everywhere)
‘Till I found the truth.
And I owe it all to you


A música acabou. estava sorridente, olhando bem no fundo dos olhos de , para aquele brilho infantil que há muito tempo não via.
- Desde quando a senhora canta desse jeito? Desde quando você dança? - disse curioso, largando o microfone no chão e a abraçando.
- Segredinhos que ninguém sabia - sorriu.
- Palmas para o casal simpatia mais lindo do salão - Juliet surgiu, batendo palmas e falando com uma voz de nojo.
- Dispenso os seus aplausos - a olhou com cara de desdém.
- O que você faz aqui? - disse rudemente.
- Por acaso também fui convidada.
- Por acaso eu não queria cruzar com você - disse rude, puxando para o outro lado do salão.
- O que foi, Juliet? - um cara alto, forte e com uma câmera na mão veio, puxando assunto com a loira que estava parada, olhando estática para os dois que se afastavam dela, com cara de quem queria vingança.
- Nada demais. Só quero um favor seu, Rudy.

***


- , vou ao banheiro. ‘Ta? - se levantou e sussurrou isso ao ouvido de que concordou com cabeça.
Ele andava até achar o local e, quando menos esperava, sentiu unhas puxando o seu braço.
- EI! Que porra é essa? - perguntou, puxando o braço.
- Quero conversar com você – a voz enjoativa de Juliet invadiu os seus ouvidos.
- Não tenho nada para falar com você. Eu já lhe disse - disse, voltando a andar com Juliet ao seu encalço.
- Tem, sim. Deve-me explicações - ela disse, empurrando-o e o prensando na parede, chegando com o seu rosto a milímetros de distância - Explicações sobre por que você me abandonou.
- Não lhe devo nada. Se a abandonei, é porque não quis mais nada. Você sempre foi uma mera diversão - disse, empurrando-a para que ela não ficasse tão perto de si, a fim de que ele parasse de inalar o seu perfume enjoativo.
- Deve sim - ela o unhou no braço.
- VOCÊ ESTÁ MALUCA?! - ele gritou e ela, aproveitando que ele estava distraído, olhando o braço, puxou-o pelos cabelos e lhe deu um beijo. Rudy, que estava escondido, vendo o que Juliet fazia com , bateu uma foto bem na hora que ela o beijou.
a empurrou com força, fazendo-a bater as costas na parede à sua frente no corredor.
- Sim, você está maluca - ele disse, limpando a boca com o braço - E tudo que sinto por você é nojo. Muito nojo. Já disse você não passou de uma diversão.
- Não era bem isso que você falava quando tinha acabado de se casar. Tudo para salvar a sua maldita imagem... Dizia que me amava, que aquela coisinha sem sal nunca iria fazê-lo sentir nada, que eu era melhor do que ela em tudo. , eu amo você.
- Nunca a amei e você deveria saber que eu nunca era um homem de uma mulher só. “Era”, porque hoje percebi que tem pessoas que me valorizam pelo meu caráter e não pelo meu nome, minha fama ou meu dinheiro - disse, olhando-a com cara de desprezo.
- Que caráter? Sair na farra e pegar todas? Conseguir afundar a banda? - Juliet riu com desdém.
- Eu era um ridículo. Admito. Mas você é bem mais. Tudo que faz para eu ficar com você é porque sempre quis saber do meu dinheiro.
- E você acha que a coisinha sem sal não é interesseira? Que ela só aceitou se casar com você para não ser deportada?
- Você não tem moral de falar dela. Não sabe de nada que se passa debaixo do meu teto. Com licença, preciso ir ao banheiro - ele disse, saindo de perto de Juliet e entrando no banheiro.
- Você vai pagar pelo que fez comigo! - ela gritou, fazendo com que a ouvisse do lado de fora do banheiro. Ele sabia que Juliet era maluca e que ela iria fazer algo.

***


- Ei - disse, olhando para sozinha e bebendo algo qualquer, esperando por .
- Olá, - ela sorriu simpática.
- , desde quando você canta daquele jeito? Por que nunca me disse?
- Hahaha! Ah, ... São coisas que só faço no banho. Meu vidro de xampu já é familiarizado com a minha voz - ela disse, rindo da cara que fazia.
- Você canta muito bem - ele disse sorrindo e ela o encarou. Como era lindo o sorriso dele. Havia se esquecido.
pegou a mão livre de , apertando-a contra a dele.
- , sinto tanto a sua falta.
- , por favor...
- Sinto falta do seu toque, da sua voz em meu ouvido, do seu corpo no meu, do seu jeito doce. ... Eu... Eu amo você - disse, olhando-a com aqueles olhos que ela conhecia tão bem. Por um segundo, pensou que estava sendo sugada por eles.
- , eu... Eu...
não sabia o que falar, então a puxou para um abraço. Não podia negar que também sentia a falta de . Foi mais de um ano juntos. Não era uma coisa de poucos meses. Mas nada se comparava à porrada de sentimentos que vinha quando estava ao seu lado, quando ele a tocava, beijava-a, ou a agarrava com força quando eles brigavam.
havia acabado de sair do banheiro e estava voltando para a mesa para encontrar com e os caras. Chegando perto da mesma, viu e abraçados e uma onda de raiva invadiu o seu corpo.
“Ela não está me traindo né?, pensou. “Mas por que estão abraçados?”. fechou a mão em punho, mas por uns instantes se lembrou do beijo que Juliet roubou. Estremeceu de nojo, balançou a cabeça e se aproximou de , limpando a garganta.
- - deu um pulo na cadeira, largando - Eu estava a cumprimentando por cantar e dançar tão bem! E você, cara... - se levantou e foi ao seu lado, dando-lhe um soquinho no braço - Desde quando é um dançarino nato? - terminou de falar e começou a rir.
não conseguiu não rir. era um dos seus melhores amigos. Sabia que ele o respeitava, mesmo que ainda gostasse de , e que ela também não faria nada.
- Andei treinando, né, cara... - entrou na onda, zoando - Aquelas aulas de balé com você serviram para algo.
- Ai, . Sinto falta de você ser o meu macho nas danças - fez uma voz de gay e pulou nas costas de , fazendo-o reclamar de dor.
- Suas bichas, parem com essa demonstração de amor aqui em público porque me sinto excluída - falou, cruzando os braços e fazendo um biquinho feito uma criança emburrada.
- Own! - e exclamaram o mesmo tempo e, quando desceu das costas de , este lhe deu um beijo nos lábios de .
- Minha criancinha fofa! - disse depois que beijou - Eu te amo tanto - ele a puxou para um abraço. Quando as mãos quente de tocaram a pela nua de suas costas, surgiu aqueles arrepios com que já estava ficando familiarizada.

***


andava de meias pelo carpete do apartamento. Ringo estava aninhado entre as almofadas, ainda dormindo, mas Elvis levantou as orelhas quando a garota abriu a porta da geladeira para pegar um copo de leite.
- Bom dia, Elvis querido - ela passou uma das mãos entre as orelhas do cachorro, fazendo-o fechar os olhos, aproveitando o carinho.
tomou o último gole da xícara e a colocou em cima da pia, junto com várias outras louças usadas do dia anterior. Depois cuidaria disso. Ela já estava trocada com a roupa de ginástica para a sua corrida matinal. Só faltava achar onde havia deixado os tênis para estar completamente preparada.
Caminhou até a sala, correndo os olhos por cada canto com cuidado, sem querer fazer barulho para não acordar que ainda dormia no quarto. Achou os tênis quando Elvis enfiou o nariz dentro de um deles, próximo à mesinha ao lado da porta de entrada.
- Saia, Elvis. Saia - ela balançou a mão, fazendo o cachorro se afastar, resmungando, e colocou o pé naquela posição mesmo. O outro par estava à frente da porta e ao seu lado um envelope laranja escrito com caneta em letras garrafais: "PARA ".
Ela calçou rapidamente o outro pé do tênis e apanhou o envelope, colocando-o sobre a mesinha para poder abri-lo. Não havia nada mais escrito do lado de fora.
Pegou o envelope e, como estava com pressa, rasgou a parte de cima e despejou o conteúdo todo em cima da mesa. Dezenas de fotos caíram - dezenas de fotos de com aquela loira indesejável, Juliet. Deles abraçados, fazendo caretas, beijando-se em diversas ocasiões. Porém uma lhe chamou a atenção. Uma em que Juliet segurava o rosto de e ele a segurava pelos braços, beijando-se, com a roupa do baile de formatura. Claro que ela se lembraria da roupa que usou naquele dia e da putinha da Juliet também.
Uma raiva tomou conta de seu corpo e, como segurava a foto com certa força, amassou-a e as lágrimas caíram em cima dela. chorava de soluçar, pois tudo doía. Parecia que alguém tinha a empurrado de um precipício e que ela tinha quebrado a caixa torácica. havia mentindo... Mais uma vez. Mais uma vez ela tinha o seu coração partido e mais uma vez ela foi enganada. Era isso agora? Para sempre? Viver com ele seria sempre assim?

O bar estava vazio. Não era à toa. Na parte da manhã, as poucas pessoas que estavam naquele pub eram os próprios empregados e... . Ela era a atração principal dali. Uma garota com cinco cores nos cabelos mal presos e roupa de ginástica, com a cara de choro, bebendo doses atrás de doses de vodca.
Ao invés de ir correr, ela saiu em disparada para o bar mais próximo com as lágrimas ainda escorrendo nos olhos. Por que ela tinha se deixado enganar de novo? Era impossível ela ser tão ingênua.
- Ei... Phill, não é? - já estava com a voz um pouco embargada, chamando o barman que deixou de lavar alguns copos e se virou em sua direção – Traga-me mais uma dose, mas deixa a garrafa.
Phill arregalou os olhos, porém levou a garrafa até ela e completou o copo, deixando-a ao lado.
- Moça, não acha que já bebeu demais? - ele franziu o cenho, parecendo preocupado.
- Não, Phill - ela balançava a cabeça negativamente - Você não entende. O meu marido... Ele está me traindo - ela terminou a frase, voltando a dar mais um gole na bebida.
O rapaz não disse mais nada e se afastou quando percebeu o celular dela tocando. revirou os olhos e tirou-o do bolso da calça de moletom. Já não pensava em atender quando imaginou ser , mas o nome de piscava no visor.
- Alô, ? - a voz grave dele acalmou um pouco seus ânimos, fazendo-a relaxar os ombros e passar o dedo na borda do copo de bebida.
- Oi, ... - ela mordeu o lábio. Era tudo que precisava agora. Mais do que algumas doses de vodca, era uma dose bem grande de .
- Só liguei para saber se está tudo bem.
- , amor, queria tanto estar com você agora... - falou de repente, passando a mão pelos cabelos, nervosa.
- , onde você está? Está tudo bem? - perguntou do outro lado da linha apreensivo.
- Tudo ótimo - disse num tom arrastado.
- Não, não está. Onde você está? Vou buscá-la.
- Venha. Estou morrendo de saudades de você inteiro... - disse, piscando sexy, como se pudesse ver.
passou o endereço. Na verdade, deu o telefone para Phill passar a localização do bar para . Logo depois de desligado o telefone e enquanto esperava por , bebeu mais uns três copos de vodca. Agora tudo parecia leve, vago, distante. Uma mera lembrança distante de .

***


O carro andava devagar pelas ruas de Londres porque, segundo , o balanço estava dando dor de cabeça. O carro, e não as quinze doses que ela havia acabado de tomar.
- O que foi, ? Estou preocupado. Você não disse nada desde que saímos do bar - estava na direção e de vez enquanto olhava para a garota que estava com a testa no vidro do banco do carona – Aliás, o que você estava fazendo lá sozinha e a essa hora?
- Não quero falar disso, - ela resmungou e o carro parou por um instante no farol vermelho.
- E quer falar de quê? - o garoto respirou fundo, tamborilando nervoso os dedos no volante.
- Não quero falar... - sorriu maliciosa, virando-se de lado no banco e deslizando uma de suas mãos desde a barriga até o peito de por cima da camiseta preta que ele usava.
- ... - ele sussurrou repreensivo, estremecendo com o toque da garota, mas o carro de trás buzinou, acordando do transe e o fazendo engatando a marcha para seguir o caminho.
estacionou o carro na garagem. Logo que desceu deste, foi abrir a porta para que descesse. Ao fazer isso, ela se apoiou nos ombros do garoto e deu impulso, subindo e entrelaçando suas pernas na cintura, fazendo com que a carregasse para dentro de casa. Durante o trajeto, beijava o pescoço, dava leves mordidas e ia alternando com os lábios dele.
- , eu não consigo me concentrar... Para... Achar... As Chaves... - dizia entre o beijo.
- E quem liga para o lugar? Vamos fazer no jardim, entre as flores... - disse, olhando-o com cara de safada. riu alto, aproveitando a deixa dela, e pegou a chaves com uma mão, o que estava difícil, pois estava tentando manter o equilíbrio com uma alucinada em seu colo o beijando fervorosamente e o acariciando.
Assim que ele conseguiu entrar, tudo que pôde fazer foi dar alguns passos até o sofá e jogar a garota nele. ficou por cima dela com um joelho em cada lado do corpo de e começou a distribuir alguns beijos desde seu colo até o pescoço, enquanto ela perdia os seus dedos por entre o cabelo do garoto.
- Como senti falta do gosto da sua pele... - ele sussurrou, depositando mais um pequeno beijo próximo à orelha dela.
- ... - cravava as unhas nas costas dele. Ela nem raciocinava o que estava fazendo. Já estava tirando a camiseta dele e, no segundo seguinte, a mesma já havia se perdido pela sala.
- Senti tanta a sua falta... - ele apertou as duas coxas de , tentando fazer que o espaço entre eles acabasse, mas logo percebeu que ela ainda estava vestida demais - Merda, por que sempre as roupas estão em lugares que, em certas horas, não deveriam? - ao dizer isso, ele puxou para que ela se sentasse em seu colo e, no instante seguinte, havia uma camiseta e um top voando para longe. contemplou com cara de bobo, meio alucinado, quando viu a menina com a parte de cima nua - Eu havia me esquecido do quão linda você é... - ele disse, não dando tempo para que respondesse, voltando beijá-la. Na verdade, nem poderia responder. Estava tão bêbada que não fazia muita idéia do que estava fazendo e do que estava acontecendo. Estava meio que agindo por impulsos.
Os dedos de deslizaram com cautela pelas costas de como se ele quisesse decorar cada curva do seu corpo. As mãos dela estavam em seu ombro, apertando-o contra si, tentando fundir os dois corpos. levou os lábios urgentes até a mandíbula da garota, explorando cada canto de sua pele, guardando o gosto salgado que ela tinha. Não importava com quantas garotas ele dormisse. Nenhuma nunca seria como .
Ela, por sua vez, estava fora de si. As doses de vodca que havia tomado tiveram o efeito que ela queria, desligando o cérebro e ligando os impulsos físicos do seu corpo. Tudo que conseguia visualizar era o corpo de esculpido cuidadosamente, ali, semi nu à sua frente. mal via a hora de tocá-lo por inteiro, checando se tudo aquilo era real. Suas mãos correram impensadas até o cós dos jeans do rapaz com os dedos brincando ágeis no vão entre o tecido e a pele. Ela podia senti-lo estremecer com aquilo, seu tórax se contraindo e alguns suspiros mais pesados batendo em seu ouvido. iria enlouquecer.
Seu corpo estava embriagado, mas não só de álcool, e sim de puro desejo, luxúria. Seus pensamentos estavam recheados de cenas sórdidas em que ela se imaginava alguns segundos a frente, onde os personagens só eram ela e , ofegantes, sem roupa alguma e falando palavras sujas demais para serem repetidas em outros momentos.
Com movimentos sincronizados, os lábios se uniram de forma urgente e violenta. As línguas se encontraram quentes, impiedosas, ambos se torturando levemente. Ao mesmo tempo em que desabotoava com dificuldade o botão dos jeans do garoto, apertava com certa força a cintura da garota, provando a textura macia daquela pele que há tempos havia se esquecido do toque. Juntaram mais os corpos e soltou um gemido cortado quando sentiu a excitação de - mesmo que por dentro da calça - pressionando seu ventre sobre as vestes. Aquilo era real? Não havia mais nada correndo nas veias daquela garota do que pura luxúria, o desejo de sentir prazer sem se importar com as conseqüências, se houvesse alguma depois.
Os lábios de passeavam sem pudor pelo colo nu de , beijando, sugando, muitas vezes mordiscando e provando o gosto daquela pele. Tudo que ela conseguia fazer era arquear a cabeça para trás, murmurando palavras soltas, parecendo implorar por mais daquilo.
, não agüentando mais e sem delicadeza alguma, puxou a calça da garota para baixo. Enquanto descia, ia beijando as partes de seu corpo. Tudo que conseguia fazer era sussurrar o nome de e pedir para que continuasse a beijá-la por inteira e que a acariciasse. Provocante, ele parou perto da intimidade da garota e, decidido a fazer as coisas de uma maneira correta, decidiu lhe dar o máximo de prazer. Então começou a movimentar os seus dedos em sua intimidade com uma velocidade constante, fazendo que implorasse por mais, quase gritando. Olhá-la naquele estado fazia com que ficasse mais excitado.
Antes que a garota atingisse o seu clímax, parou o trabalho de seus dedos, o que a fez reclamar e inverter as posições, ela ficando em cima e ele vulnerável, embaixo dela. Sem pensar duas vezes, ela arrancou a calça do rapaz juntamente com a boxer e subiu em cima do colo do rapaz, fazendo com que ele a preenchesse, sentido-se completa. Aqueles segundos que ela havia imaginado estavam se tornando realidade - uma realidade em que ela só conseguia agir por impulsos, falando palavras misturadas por pedidos de “quero mais”. Era isso que ela queria: mais , até que os movimentos fizessem fundir ambos os corpos.

***


O celular de tocava uma música qualquer. Ele, acordando e pegando o aparelho que parou de tocar no momento que o tocou, foi cegado pela luz do visor.
- Puta que pariu - exclamou, fechando os olhos com força. Olhou para o lado e sentiu a falta do corpo de . Decidiu se levantar e ver se a garota estava em casa.
- ? - ele a chamou. Nada. Ringo apareceu e ficou andando em seu encalço. procurou pelo quarto da garota que também estava vazio.
Foi à sala e, chegando mais perto da mesinha, viu as dezenas de fotos dele e de Juliet espalhadas por cima dela. Ficou boquiaberto.
- Fodeu.

12. The innocence has all been broken. How did we get this way?


acordou aninhada nos braços de . A sua cabeça doía. Levantou-se do sofá com a mão na cabeça e percebeu que estava nua. Ficou assustada. Procurava as suas roupas desesperadamente e viu que cada peça estava espalhada por um canto da sala. Oh, meu Deus. O que ela tinha feito? Por que tinha que ter bebido tanto? Lembrava-se de alguns momentos de sua loucura com . Lembrava-se dos momentos em que atingiu o prazer, de ela implorando pelo corpo dele... Mas, MEU DEUS, AQUILO ERA LOUCURA!
estava desesperada. Esquecera-se de que poderia haver conseqüências... E ela não queria pensar muito naquilo.
Olhou dormindo no sofá e virou as costas, saindo correndo daquela casa. Na rua, chorosa, lembrou-se de , o que fez com que o volume de lágrimas aumentasse mais ainda. Não devia ter saído de casa feito uma louca e ter parado no bar para encher a cara. Tinha que ter conversado com , saber se era verdade mesmo aquelas fotos, saber se ele ainda estava com a perua oxigenada. Afinal, aquilo poderia não passar de uma armação para cima dela, para que isso que fez realmente acontecesse.
Sentada no ônibus, a sua cabeça girava. Não conseguia realmente pensar direito. Só queria agora era colocar as coisas no lugar. E, oh, céus, por que agir por impulso? Culpava-se tanto por ser impulsiva... E insegura.
O ônibus parou na rua em que era o seu apartamento com . Passou reto pelo porteiro que lhe lançou um olhar torto. Tudo que queria fazer era subir e conversar com o rapaz, colocar as cartas na mesa. Viver sempre na insegurança, achar que ele vive mentindo sobre o que realmente sente estava a fazendo cansar. No ônibus, até cogitou a sua volta ao Brasil. Não que ela realmente desejasse isso. Porém, se fosse preciso, esqueceria a sua vida em Londres, voltando ao país natal e tentando levar a vida de uma mulher normal. Que ironia. A sua vida nunca foi de uma menina normal. E quem diria de uma mulher. E muito menos em Londres, já que desde que chegara viveu relacionada à banda e aos integrantes. Só que, às vezes, a saudades de estar em casa batia forte. É, ela tinha essa possibilidade. Contudo era a última de sua lista. Não desistiria tão fácil.
O elevador estava ocupado. Odiava esperar. Queria sumir daquele hall, daqueles olhares curiosos sobre si. Olhares que falavam “a esposa estranha com cinco cores no cabelo de chorosa e com cara de quem está de ressaca”. Estava abrindo a boca para mandar todos para o inferno...
- ! Há quanto tempo! – uma voz masculina conhecida invadiu os seus ouvidos e aquele sorriso com os olhos que eram realmente bonitos fez com que ela acordasse.
- Ryan! Muito tempo – exclamou, mas sem animação nenhuma. Queria sair logo dali.
- O que você anda fazendo? Nunca mais a vi por aí... E aconteceu algo? Você parece meio...
- Estou ótima, Ryan... Não me leve a mal, mas estou com um pouco de pressa. Desculpe – ela disse e, quando o elevador abriu as portas, enfiou-se lá dentro, não dando chance de Ryan se despedir e muito menos falar se iria subir. Um ato sem educação, porém a menina estava sem saco.
O elevador parou na cobertura tão conhecida. Saiu deste e ficou ali, parada na porta, apenas respirando fundo. O que iria perguntar a ? Deveria chegar quebrando vasos e tacando tudo que havia na sua frente nas paredes? Deveria gritar? Chorar desesperadamente? Ele daria alguma resposta válida? Ela conseguiria acreditar? Havia o cara mentido mais uma vez?
Abriu a porta, delicadamente, tentando não fazer barulho algum, entrando na ponta dos pés. Não sabia o porquê, ou talvez soubesse, entretanto estava com medo de encarar . Tinha medo de olhá-lo nos olhos, ver aquele brilho infantil que a fazia estremecer dos pés à cabeça e saber que a errada da história fora ela. Sabia disso no fundo.
Já dentro do cômodo do apartamento, encostou a cabeça à porta, fechando os olhos, e suspirou fundo. Estava segurando para não chorar mais. Apressadamente, abriu os olhos quando foi surpreendida por duas mãos em sua cintura e um par de olhos a encarando seriamente.
- ... – a prensava na porta recém-fechada para que ela não escapasse. Lágrimas já caíam sobre o seu rosto – Aquelas fotos são antigas. Você tem que acreditar em mim.
- Não consigo mais acreditar em você... Estou ficando cansada, sem forças... Parece que, às vezes, tudo conspira contra nós.
- EU NÃO TENHO MOTIVOS PARA TRAIR VOCÊ! – ele gritou, ainda segurando fortemente – Juliet está fazendo isso para nos separar. É ISSO O QUE ELA QUER: QUE VOCÊ ACREDITE NAS MENTIRAS! – largou-a e correu até a mesa, pegando uma das fotos – Essa foto foi numa festa na casa do Fletch, na qual o não compareceu. Devia estar com você. A maioria dessas fotos foi tirada quando o Fletch estava com nós. Ele pode confirmar isso que estou falando. É um dos poucos que ficam sóbrios nas nossas festas. Essa outra foi no próprio aniversário dele, um pouco antes de você começar a trabalhar com a gente da banda. , por favor...
Tudo aquilo que dizia soava tão verdadeiro juntamente com o olhar que ele lhe lançava, que parecia que uma indigestão de culpa por ela ter feito o que fez algumas horas atrás podia faze-la passar mal ali na frente de .
- , pelo amor de Deus, dê um sinal de vida. Fale algo – ele se dirigiu desesperado até ela, segurando-a com as duas mãos em seu rosto, forçando-a a olhar em seus olhos. Somente de olhar, a garota pôde acreditar que ele não estava mentindo. Aquele olhar fazia com que ela se sentisse atraída pelo cara, fazia com que esse aproximasse automaticamente, sentisse sugada e, no minuto seguinte, eles se beijavam fervorosamente. fez com a mulher entrelaçasse as suas pernas em torno da cintura e que ele a carregasse para o quarto, com certa dificuldade de caminhar pelo corredor. Os dois ainda trocavam um beijo caloroso enquanto perdia os seus dedos entre o cabelo do marido, puxando alguns levemente na nuca. Ele se preocupava de não derrubá-la durante o pequeno trajeto.
- Desculpe-me, . Eu... - ele a deitou na cama, ficando por cima ao mesmo tempo em que levantava a camiseta da garota, distribuindo pequenos beijos por todo o caminho de sua barriga. - Fiquei com tanto medo de perder você - mordeu o lábio, respirando fundo, tentando raciocinar, mesmo que isso fosse muito difícil com os lábios de em sua pele daquela forma.
Ele parou de beijá-la por um momento, alinhando os olhares dos dois.
- Não há mais ninguém no mundo... - beijou levemente os lábios dela - Que eu queira tanto... - outro beijo, dessa vez sobre uma das pálpebras dela que estavam fechadas - Quanto a quero, - escorregou os lábios até o pescoço dela, explorando cada canto com pequenos beijos e mordidinhas.
A garota suspirou forte, contornando os braços pela cintura de , forçando as unhas contra a sua pele, arrancando um gemido rouco de ao pé de seu ouvido. Os dedos da garota já se embolavam na barra da camiseta que ele vestia, puxando-a apressadamente para cima, passando-a pela cabeça desajeitada. A peça voou para qualquer canto do quarto e sentiu o peso todo do garoto em cima de si, fazendo-a resmungar. Como quem entendesse o recado, apoiou as mãos nas coxas de , ajudando-a a dar um impulso e entrelaçar as pernas em volta de sua cintura. Ele se ajeitou como pôde, apressado demais para pensar em alguma posição confortável para aquilo tudo. Quem diz que a melhor coisa para fazer as pazes é o sexo está coberto de razão, sem sombra de dúvidas.
As mãos de passeavam indelicadas pela bunda de , apalpando-as, comprovando que aquilo tudo era só seu. passeava com as mãos no seio da garota, enquanto as dela apertavam com vigor a sua parte de trás. Aquilo era mais que provocação. Depois de certa dificuldade, o top de estava no chão e , por só estar de boxer, encontrava-se nu já. Passando a mão pela extensão do corpo dela, deslizando pela lateral, ele chegou à barra da sua calça e a puxou com tudo, levando a calcinha da menina junto ao chão. observava os olhos de que transmitiam pura luxúria. Ele a olhava com uma cara totalmente de tarado. Se fosse outra hora, ela estaria rindo. Mas queria aquilo tanto quanto ele e nem parecia que tinha feito sexo com há algumas horas. Esse pensamento a fez se sentir suja por ter feito o que fez. No momento depois, sentiu segurando os seus braços para cima da cabeça.
- Sem tocar em mim.
resmungou, soltando um gemido de reprovação, enquanto segurava os seus punhos acima de sua cabeça com uma das mãos.
- Assim não tem graça - ela reclamou, ouvindo uma risadinha baixa dele, que roçava o nariz em sua mandíbula, fazendo-a se arrepiar.
- Assim é que tem graça, - ele passou a língua delicadamente pelo lóbulo da orelha dela e levou a sua mão livre até um de seus seios, massageando-o e dando alguns apertões.
gemeu baixinho, porém os lábios de calaram os seus, afobados com aquilo tudo. Num ato ninja, puxou a camiseta de do chão e amarrou as suas mãos, fazendo com que as dele ficassem livres. olhou com raiva, reprovando aquela atitude. Ele se posicionou em cima de com uma perna em cada lado de seu corpo.
- Você vai me agradecer depois que isso acabar - abriu um sorriso safado, sussurrando próximo à sua orelha. Ela estremeceu, suspirando pesado quando os lábios dele começaram a traçar um caminho pelo seu corpo, demorando um pouco em seus seios, mordiscando-os, sugando-os e lambendo-os. Tudo que ela conseguia fazer era ofegar e implorar mentalmente que ele não parasse.
Ninguém conseguia fazê-la sentir tanto prazer quanto . Era como se ele tivesse decorado cada centímetro do corpo que a fazia se sentir daquela forma, cada sensação que cada ponto proporcionava. Teve certeza disso quando a língua dele contornou o seu umbigo e após afastar as suas pernas, massageando a sua intimidade. não prendeu um gemido, arqueando a cabeça para trás.
- ... Por... Favor...
Entendendo o recado, se posicionou melhor em cima de e a penetrou sem aviso. , ao senti-lo dentro de si, arqueou as costas para trás. Os movimentos de , ora rápidos demais, ora devagar demais, faziam-na estremecer. Pelo fato de não poder tocá-lo, parecia que algo faltava. Parecia que ela estava perdendo sensações, porém, ao mesmo tempo, sentindo que todas as suas estavam naquele atrito de corpos, de ele dentro dela.
Quando deu uma estocada mais forte, soltou quase um grito. Minutos depois, ele estava jogado ao seu lado, desamarrando os seus braços. Assim que se viu livre, a menina deu um tapinha em seu ombro.
- Seu inútil - e mais outro. Ela se virou, aproximando os lábios carinhosamente dos dele - Eu odeio você - embolou as mãos no cabelo do garoto. Não sabia como tinha conseguido ficar aquele tempo todo sem fazê-lo. Sentiu a mão de acariciando as suas costas em desenhos desconexos - Da próxima vez, é você quem vai ser amarrado, seu menino mau.
Os dois caíram na risada, enquanto a garota se aninhava no peito de , até adormecerem cansados.

***


Tempo depois...

Uma música alta explodia das caixas de som no apartamento dos s. estava no banheiro, lavando Elvis. Sim, isso era serviço de , contudo ela havia perdido uma aposta e era a sua vez de lavá-lo na semana. Enquanto isso, e Ringo estavam esticados no sofá. O gato ronronava ao som de “Ticket To Ride” enquanto o garoto lia a “Kerrang!” da semana, mais precisamente a "Through Misplaced Words", de Stella F.

“Mais uma semana. Vocês notaram como o céu anda mais azul, os pássaros cantam mais bonito, ou como as pessoas estão mais felizes? Ou sou só eu quem notou? Acho que devem imaginar qual é o meu assunto. Não sei como consigo falar tanto sobre ele, mas... É tão natural e vocês não parecem se importar. Obrigada por isso.
Essa semana teve a gravação do novo DVD do McFly em Wembley. Bem, não vou mentir. Foi um show espetacular. Sim, eu estava lá! Aqueles milhares de fãs cantando junto, chorando, respirando McFly. , e estavam tão lindos. estava tão radiante. Os olhos brilhando, um sorriso espetacular no rosto. Estou com tanto orgulho dele. Como ele mudou nesse ano... Simplesmente deixou o mundo ver aquele que poucos podiam ver. Aquele que o faz rir, contanto uma piada idiota, sorrir, passando os dedos nos seus cabelos, e se apaixonar, só cantando um refrão. Tenho orgulho de dizer que conheço esse novo .
Hoje, percebo que as pessoas podem mudar por pior que elas pareçam. Por pior que estejam, se acontecer a coisa certa na hora certa, elas conseguem reunir forças e se tornar alguém melhor. Mesmo que seja uma coisa banal, uma aula de pintura ou um amor na vida. Algo aflora, nasce, surge, cresce. Noto o que o amor fez na vida desse homem. Era como se ele precisasse de alguém para fazer acender o seu verdadeiro eu. Aquele olhar, aquele brilho em seus olhos, aquele sorriso bobo, aquele jeito feliz de olhar. Coisas que nunca imaginei que seria capaz de reproduzir em um dia”.


- , você está me ouvindo? Elvis molhou todo o banheiro. Quase morri para dar banho nele e agora quem tem que tomar um banho sou eu - riu nessa última parte, achando engraçada essa situação toda. Ela coberta de espuma dos pés à cabeça.
- Desculpe, mas a próxima vez é minha. Está bem? - ele sorriu doce e tudo que fez foi sorrir e assentir, indo até o banheiro.
se sentou no sofá, respirando fundo, enquanto passava as mãos pelos cabelos. Mas que diabos estava acontecendo? Ele amava . Não podia sentir essas coisas por alguém que ele nem sabia se existia mesmo.
Ringo resmungou, cansando de pedir atenção e pulando no chão, atrás de sua tigela de leite. deu um pulo do sofá, dirigindo-se ao seu notebook. Precisava contatar Stella. Todos aqueles meses com as colunas da autora, de ela passando a falar dele... Falando coisas que ele julgou íntimas, como se ela o conhecesse pessoalmente tão bem... Aquilo estava o deixando, talvez, atraído por a garota. Mesmo sem vê-la, imaginava como ela era, como seria um dia juntos.
Balançou a cabeça com esses tais pensamentos. Era impossível isso. Sentir algo por alguém que, na vida real, só não passava de palavras bonitas numa revista. Mas, ainda sim, precisava escrever.

“Cara Stella...
Sei que pode parecer repetitivo, mas preciso saber o que porquê de você escrever essas coisas sobre mim. Coisas que ando julgando que somente alguém que me conhece muito bem poderia escrever. Você sabe até das minhas manias, que até um dos caras da banda nem julga saber. Somente uma pessoa de convívio diário poderia conhecer. Ver você escrevendo essas coisas sobre mim, conhecendo-me tão bem, faz-me ficar cada dia mais com vontade de saber quem é você. Tem dias que passo horas olhando para a sua página da coluna e a imaginando dizendo aquelas coisas pessoalmente... Eu sei. É loucura, mas acho... Que estou me sentindo atraído por você.
Por favor, peço que aceite o meu pedido de nos encontrarmos. Quero muito conhece-la.

Carinhosamente,
."


apertou “enviar” e ficou observando estático a tela do notebook. Ele se sentia culpado também. Acordou para realidade quando aquela gargalhada gostosa de invadiu o ambiente em silêncio. A garota, que estava prestes a completar vinte anos, estava se divertindo tentando secar os pêlos de Elvis. Ele a amava. Disso tinha certeza... Mas Stella o conhecia tão bem e ele sentia necessidade de conhecê-la.
- ! Por favor – a menina veio correndo para o quarto e se escondendo atrás da cadeira dele – AJUDE-ME! O SEU CACHORRO ESTÁ DOMINADO PELO CAPETA!
deu uma risada nasalada e, levantando-se, abraçou pela cintura.
- Por quê?
- Ele não me deixa secá-lo! E, além disso, fica me lambendo e entrando na banheira de novo. O banheiro está uma zona! – ela tentou desvencilhar de – Você vai se molhar todo!
- Não me importo – ele a puxou para mais perto, segurando ainda mais forte pela cintura, selando os lábios. Em momentos como esse, ele tinha certeza de que o que sentia por era verdadeiro.

***


Um escritório despojado estava silencioso. Tudo que se podia escutar era o dedilhar de dedos no teclado barulhento de um notebook. Lá estava ela, a tão misteriosa Stella F., uma mulher como qualquer outra, porém cheia de mistérios e coisas que todos dariam para saber.
Ela estava concentrada, redigindo mais uma de suas colunas para Kerrang, mas não estava contente com isso. Algo a incomodava e ela não sabia ao certo o quê. O barulho de um novo e-mail chamou a sua atenção e os seus olhos se arregalaram quando viram o remetente: "@mcfly.com".
Oras, fazia certo tempo que os dois não trocavam algumas palavras e ela não iria negar. Havia sentido falta dos e-mails divertidos que passavam.
Stella precisou ler a mensagem algumas vezes para acreditar no que estava lendo. Então não é só ela que se sentia assim... Isso tinha mesmo acontecido. Ela respirou fundo, deletando completamente a coluna sobre bandas de garagem que estava escrevendo. Sabia o que tinha que fazer e seria um adeus à Stella.
Os seus dedos tremiam. O porquê disso ela bem sabia. Amava aquilo que estava fazendo: escrever colunas, falar sobre bandas, sobre o McFly, especialmente sobre . Agora, teria que por um fim em tudo. Olhava para a tela de seu notebook como se fosse a última vez, como se precisasse se agarrar em qualquer esperança, porém sabia que não havia. Dava um aperto no coração. Os seus olhos umedeceram. O que ela estava sentindo, e fazendo era errado, entretanto teria um fim... Um fim melhor para todos. Para ela? Não sabia. Mas era um fim.
A sua mente vagava se todos se perguntavam quem era a tal Stella F., aquela que era rude com e que depois mudou de opinião... E por quê mudara? Alguém desconfiara do motivo? Alguém teria ligado os pontos?

***


Through Misplaced Words
Por Stella F.


"Kicking off is the hardest part. Nothing's certain at the start. Letting go, so something can begin. Figure out how to get a life, leave tomorrow, live tonight. Gotta throw. Throw your heart right in. 'Cause we all fall down.
Everybody knows the end, when the curtain hits the floor (...)".


É isso. Eu não sabia como traduzir o que estou sentido nesse momento, então achei que ele podia falar algumas palavras por mim. The end. Stella F. termina aqui. Vocês devem estar se perguntando o porquê, contudo não teria como eu continuar depois do que vou escrever nessa coluna.
Quando comecei a escrevê-la na primeira semana em que falei sobre , eu o odiava, sinceramente, por ser uma pessoa egoísta e mesquinha, uma pessoa hipócrita e vulgar. Eu nunca imaginaria que aquela coluna fosse render tanta história para contar, tantos exemplares vendidos em tempo recorde, tanta gente falando o meu nome pelas ruas, e definitivamente não esperava receber o e-mail que recebi essa manhã do próprio . Nesses meses, descobri que uma pessoa maravilhosa se escondia em todas aquelas máscaras de gente fútil que ele usava. Alguém com princípios, com virtudes e fraquezas. Alguém que ama e que pode ser amado.
Hoje mais cedo, antes do tão falado e-mail, eu estava escrevendo a coluna, como qualquer outra, sobre uma banda que vem se destacando no mundo underground, porém eu não estava feliz. Algo faltava e eu não conseguia saber o quê. Um vazio no meu peito que doía e fazia tudo ficar tão estúpido e sem sentido até eu receber aquele e-mail. Então percebi. Estou perdidamente apaixonada por aquele que eu tanto desdenhei. Com todos esses meses seguindo todos os seus passos, descobrindo as suas qualidades além dos defeitos, aprendi a gostar de quem você é verdadeiramente e não de quem mostra ser. Eu te amo, . E é por isso que tenho que me despedir da Stella, despedir-me dessa coluna.
Não posso continuar crendo em mim mesma depois do julgamento errado que fiz dele. Então não me permito e nem me acho digna de julgar mais alguém erroneamente como o julguei. Esse é o fim dessa coluna.

Só espero não ser o meu fim.

, encontre-me às dezoito horas na Trafalgar Square, em frente à Coluna de Nelson.Vou esperá-lo.

Stella F.”

releu quatro vezes aquela coluna. Estava boquiaberto. Não podia ser verdade. Não estava crendo que Stella sentia algo por ele... Que tudo que ele sentia era correspondido. Fantasiou os dois juntos, fantasiou como ela seria. E se tudo aquilo fosse uma armação? Um golpe de mídia? E se tudo aquilo fosse apenas uma brincadeira de mau gosto? Mas como uma brincadeira poderia durar tanto meses assim? Não. Definitivamente algo TINHA que ser verdadeiro.
Anotou o endereço num pedaço de papel e logo em seguida se jogou na cama. Suspirou profundamente. Stella mexia com ele. só não imaginava que estava sendo observado, atrás da porta entreaberta, por um rosto choroso por causa de uma dor que parecia que lhe dilacerava o coração.

13. Listen, please, baby. Don't walk out that door. I'm on my knees. You're all I'm living for.


A vida andava corrida. Cada dia que se passava parecia que e tinham menos tempo um com o outro. Ela sabia que ele andava meio distante, com a cabeça nas nuvens. Sabia o motivo, mas preferiu agir como se nada estivesse acontecendo, como se fosse coisas de sua cabeça.
Com os novos projetos da banda, ficava difícil chegar um dia que estivesse acordada. Sentia falta dela, porém, ao mesmo tempo, pensava demais no seu encontro com Stella, que cada dia que passava ficava mais próximo. Estranhamente, pensou, não se mencionou a respeito. Agia como se isso não tivesse acontecido ou não soubesse. Não deu mais nenhum ataque de ciúmes depois do último por causa das fotos com Juliet. Agia, sentia o menino, com certa indiferença em relação a uma declaração de amor pública que uma estranha fizera ao seu marido. Ou ela não lera ou – julgou – realmente passou a não se importar. Isso seria bom, já que ele próprio se sentia balançado por Stella? Já que ele pensava em Stella? Uma vez, quando estava fazendo sexo com , pensou que era Stella e não a menina que estivesse ali. E quase, quase, gemeu “Stella”, contudo percebeu que era apenas uma viagem de sua mente e se conteve a tempo, abrindo os olhos e se deparando com um sorriso e um olhar bobo da garota que estava embaixo de si. Sentiu-se culpado por dias e ainda sentia uma ponta de culpa por ter pensado em outra mulher enquanto transava com . Ela não merecia isso. Tinha se “sacrificado”, aturado o cara, e o mais importante: o mudado, fazendo-o se tornar uma pessoa melhor. Por que essas coisas aconteciam com ele mesmo? Parecia que estava escrito em sua testa em letras garrafais e em neon “ATRAIO PROBLEMAS”.

***


O apartamento estava cheio. Ouvia-se a risada alta de ecoando pelas paredes, seguidas pelo latido de Elvis. Estavam todos na sala, comendo pizza e se empanturrando de cerveja. Era aniversário de e ela insistiu em não fazer nada sofisticado. "Algo só para os amigos, ", foi o que ela disse.
- Vou pegar mais uma cerveja. Alguém quer? - se levantou, deixando Kristen, a sua nova namorada, no sofá.
- Quero uma - e responderam uníssonos, fazendo-o revirar os olhos.
- Quem diria, ... Você já está fazendo aniversário de novo! - resmungou - Fez um esses dias.
- Pode não acreditar, mas já faz um ano que fiz aniversário, - riu acompanhada por todos. Ela pegou mais um pedaço de pizza, sentando-se ao lado de . Apesar de eles mal terem se tocado o dia todo, ela podia sentir que ele estava meio estranho especialmente hoje.
- É, está ficando velha... Posso ver os cabelos brancos na sua testa - riu de seu próprio comentário e foi atingido por um almofada.
- Seu idiota - falou, ficando emburrada. a olhou sorrindo. Ele não estava com aquele brilho nos olhos.
- Estão aqui as cervejas! - entrou na sala. não carregando três, mas sim SUPER CARREGADO de latas.
- Vai tirar a barriga da miséria hoje, ? - comentou, rindo da cara de satisfação do amigo.
parou no meio da sala, piscando os olhos, fazendo com que todos o olhassem.
- Qual é gente? Só eu que entendi o duplo sentido? "Tirar a barriga da miséria" - ficava vermelho de tanto rir enquanto apontava de Harry para Kristen que ficava vermelha.
- ! - Sarah, namorada dele, que até agora estava quieta, repreendeu-o - Não se fala essas coisas, pelo amor. Desculpe, Kristen - ela pegou na mão da garota - Ele costuma ser mais sociável em público.
- Er, tudo bem... – ela disse ainda vermelha.
- Amiga – se levantou do sofá – Tome. Precisa de uma dessas para relaxar e se sentir à vontade.
entregou uma latinha a Kristen que aceitou de bom grado. Em seguida seus olhos acompanharam que se levantava do sofá com Ringo ao seu encalço. Provavelmente o gato estava com fome. Aproveitando que os amigos iniciavam uma conversa sobre filmes antigos, ela o seguiu silenciosa até a cozinha.
estava de costas para a porta, colocando leite na vasilha de Ringo sobre a pia. Ela se aproximou devagar, afundando o nariz nos cabelos da nuca de e passando delicadamente os seus dedos sobre o tórax do rapaz. Os dois fecharam os olhos. Ele aproveitava o carinho e a menina tentava absorver todo seu perfume para si. sentia muita falta de . Apesar de conviverem juntos, fazia um tempo que notara que algo estava diferente e ela suspeitava o quê.
- Eu o amo tanto - ela deixou escapar mais para si mesma do que para ele. Ouviu-o respirar fundo, apoiando-se na pia fria de mármore e ficando de frente para a garota.
respirou fundo, tocando de leve no queixo de e devolvendo o carinho. Ele se sentia culpado de alguma forma por não se sentir mais seguro com a garota. Na verdade, sentia-se culpado de todas as formas. Ela abriu os olhos, correndo uma de suas mãos até a nuca dele, emaranhando os dedos nos cabelos como ela sempre gostou de fazer. mordeu o lábio inferior. Os olhos de estavam tristes. Ela não via a hora de tudo isso acabar e ter o seu de volta.
- Por favor, , diga-me o que está acontecendo - ela sussurrou, ainda bem perto dele, com as bocas quase coladas.
Este não sabia o que falar. Não sabia explicar. Porém ela sentia que ele estava cada vez mais distante, cada vez menos “seu”. Seria o trabalho? A banda? Seria o problema ela? Desde que se entenderam, eles não brigavam tanto... Ou quase tanto. E sempre que brigavam, acabavam se reconciliando com um bom sexo. Dizem que era a melhor maneira de se fazer as pazes e tinham razão. Depois, a menina se aninhava toda nele, sentindo o cheiro de sua pele e ouvindo as batidas de seu coração meio acelerado. Era tão bom. Contudo fazia um tempo que estava tudo meio perdido ou desperdiçado.
- ... - ele tentou falar as palavras que tentava ignorar pra si mesmo. Seria o certo? - Não quero... – afastou-se um pouco a ponto de olhá-la nos olhos - Não quero machucar você.
A garota prendeu a respiração por um momento. Quase podia sentir o seu coração acelerando. Não era verdade.
- O que você quer dizer com isso, ? - ela se afastou dele um pouco receosa. A sua voz falhou no final ao dizer o seu nome.
- Talvez - respirou fundo, desviando o olhar do dela. Parou de pensar antes que desistisse. Passando a mão nos cabelos, completou - Talvez seja melhor darmos um tempo.
Ele sabia que mais cedo ou mais tarde iria se arrepender do que disse. Só não sabia que iria ser tão rápido como no momento seguinte.
estava de costas, mas pôde imaginar a reação da garota pelo barulho que se seguiu. Tudo que viu depois foi a vasilha de Ringo espatifada no chão e os olhos chorosos de . Faltou-lhe o ar e o seu corpo se inundou de arrependimento. Ele tinha prometido para si mesmo que jamais magoaria , mas se continuasse mentido não a magoaria mais?
O silêncio predominou, com exceção do miado estridente de Ringo, triste por perder seu leite. Os dois se encaravam até que todos apareceram na porta da cozinha preocupados com o barulho e se deparando com aquela cena.
- Está tudo bem por aqui, gente? - falou, olhando o resto da vasilha de Ringo no chão.
- Não. Por que haveria de estar? - disse num tom sombrio. Parecia que cada centímetro de si doía.
saiu do ambiente, saiu do apartamento. Precisava de um ar. Precisa pensar. E se estivesse jogando fora uma vida que sempre quisera?
- , quer conversar? - de repente apareceu, segurando o braço direito de . As suas unhas estavam fincadas nas mãos e ela sentia doer. Os seus olhos marejados... Por que sempre assim?
- Não. Está tudo bem - sorriu forçado, olhando o olhar de pena de seus amigos, enquanto recebia um beijo na testa dado por . Ela agachou, retirando Ringo do meio dos cacos de vidro - Bem - passou a mão livre, limpando algumas lágrimas que teimavam em cair - Acho que a festa acabou. Desculpe desapontá-los.
Com certeza esse não tinha sido um dos melhores aniversários de sua vida e nem pareceu se importar com essa data.

***


Era três da manhã. estava sem sono. havia sumido o dia todo. A sua cabeça girava em torno de coisas ruins que poderiam ter acontecido com ele. Rolava de um lado para o outro na cama impaciente. Por fim, resolveu se levantar e ir para a sala ver TV.
O relógio marcava quatro e quinze quando acordou no sofá com o barulho da porta se abrindo. Aquilo estava passando dos limites. Sem dar satisfação, ela foi ao encontro dele.
- ?! – olhou-o espantada. Estava péssimo! Olheiras sob os olhos, camiseta rasgada e uma garrafa de cerveja nas mãos. Sabe-se lá onde ele esteve o dia todo - Onde você esteve? Você me disse aquilo e desapareceu! Por Deus, o que você quer de mim, ? - apoiou as costas na parede fria da sala, sentindo as lágrimas chegando aos olhos.
- , ... Shiiiiiiiiiiiiiii... - ele tropeçou alguns passos para frente até chegar próximo à garota. Largou a garrafa de lado e colocou o seu dedo indicador desajeitado sobre os lábios de , sinalizando que ela devia parar de falar – Não. Shiiiiiii... Não chore. Perdoeeeee-me, .
- Perdoar? - ela o olhava com cara de “WTF?”.
- É, queriiiiiida... Estive com velhos amiiigos... Hahahahaha - falava arrastado e mole. Que situação, Senhor - Estava tentando entender a minha vida, o rumo que ela tomou e que ela pode tomar... , querida, você é a melhor de todas... A melhor companheira... A melhor na cama... Meu Deus, como você é boa naquilo que faz... Você me leva à loucura, .
- , você está fedendo, por favor - ela tentava se esquivar do garoto que tentava beijá-la.
- Só um beijo, . Só um beijo...
- Não, ! – empurrou-o, falando alto, o que chamou a atenção de Elvis, fazendo-o latir alto. Nem ele reconhecia , o que o fez estranhar.
- Eiiiiiii, você é meu cachorro, seu pulguento!
- Nem seu cachorro o reconhece.
- ... Perdoe-me. Preciso que me perdoe. Preciso de um beijo seu. Sentir a sua pele na minha... Ver-me lhe dando prazer... Você ser minha. Não suportaria perdê-la.
- Se não suportaria, por que pediu um tempo? Por que está cometendo o mesmo erro de sempre? Por que, porra? Diga-me! Sinto-me um fantoche na sua mão... Algo sem valor, que você pode jogar no lixo assim que enjoar - passava as mãos nos cabelos nervosa.
- Você não é isso para mim, . Como pode pensar isso?
- Porque não sei mais o que pensar de você, - ela suspirou cansada, fechando os olhos - Hoje foi o meu aniversário e olhe o presente que você me deu, enquanto tudo o que eu queria era passar um dia como antigamente, onde só nós dois éramos o suficientes para sermos felizes. Agora... - levantou os olhos, olhando-o de relance - Já não sei o que preciso fazer para vê-lo feliz, .
O que ele teria que dizer? Contar que talvez estivesse apaixonado por outra garota? Que iria se encontrar com ela daqui a alguns dias? Ainda queria mesmo se encontrar com Stella? quase podia sentir o seu coração se dividindo ao meio e a sua cabeça se enchendo de incertezas que não desejaria a ninguém.
- Vá embora, - negou com o olhar, notando que ele nem iria contra-argumentar. Ela provavelmente estava certa. Caminhou até a porta do apartamento e a abriu, esperando que ele se mexesse. Se for isso que deixaria feliz, ela abriria mão, mesmo sabendo que seria difícil ser feliz sem o cara. abdicaria essa felicidade.
olhou para que abaixou a cabeça. Se fosse para vê-la feliz, ele partiria. E assim o fez. Saiu porta a fora. , ao fechá-la, escorregou encostada a ela até o chão e chorou. A sua vontade era de sair correndo abraçar e não o soltar nunca, mas não podia. Ele já havia pisado na bola tantas vezes...
E estava sem rumo, sem casa. Sentia-se perdido, sozinho. “Quem é que vai me aceitar em casa?”, era o que ele pensava. Estava se achando um verdadeiro filho da puta por perder a mulher que mais amou na vida – tirando sua mãe – e de verdade. Decidiu ir para a casa de . Afinal, ele era seu amigo... E precisava conversar com alguém. Precisava de apoio. A sua cabeça girava. Não sabia se era por causa da bebida ou por causa da confusão que estava vivendo.
Pegou um táxi e, quando entrou, encostou a cabeça ao vidro e observou a paisagem da boa e velha Londres... Tudo parecia tão diferente... A sua vida, os seus amores, o seu jeito, ele próprio... “Porra, . Que bêbado mais careta que você é! Siga em frente. Deixe a em paz. Ela o colocou para fora do SEU apartamento e você está se sentindo estranho e com... Vontade de voltar lá para falar que tudo não passou de um mal entendido? Porra, pare, homem! Devia é estar com raiva dela por ter o enxotado para fora. Isso, sim!”, riu sozinho, tentando se convencer dessas palavras que rodavam em sua cabeça. O taxista achou que ele era louco e por isso não lhe dirigiu a palavra. “Só o que me faltava: o taxista achar que sou um maníaco... Maníaco não, mas estou bêbado mesmo. Nunca imaginei que eu ficasse tão culto quando bêbado. Sou bom em conselhos... Só não sou bom o suficiente para segui-los”.
O táxi parou em frente à casa de . o pagou, que estava o olhando de canto de olho sem virar a cabeça. “É, ele pensa que sou um louco”. Olhou para o céu. Estava amanhecendo. Respirou fundo o ar da manhã, segurando um pouco para soltá-lo totalmente. odiaria que o acordasse, mas o que mais poderia fazer? Dormir na rua? “É, era o que eu merecia...”.
Tocou a campainha. Quinze minutos depois, um cambaleante com olhos fechados de sono apareceu à porta:
- Isso são horas de me acordar, ? Porra, já lhe falei para parar com isso! – fez a menção de dar um tapa na cabeça de que se esquivou.
- Er... É o – ele disse, olhando para o chão.
- ?! O que aconteceu? Puta que pariu, a coisa deve ter ficado preta para o seu lado – e seu dom de ser exagerado...
- É, a me expulsou do MEU apartamento...
- Mas convenhamos, ... Você a magoou em pleno aniversário – disse, ainda não conseguindo abrir os olhos por causa da claridade, cruzando os braços e tentando se encostar ao batente... Em vão. No momento seguinte, ele estava no chão xingando até a quinta geração.
- PUTA QUE PARIU, QUE MERDA! – disse ele, esfregando o braço – Porra, . Ajude-me a levantar e pare de rir da minha desgraça. Não foi você que foi acordado por uma campainha logo às seis e pouco da manhã e cego pela claridade.
o ajudou, ainda rindo. Até em situações tensas conseguia deixar tudo mais leve. Entraram na casa e foram para a cozinha. se pôs a fazer um café. Estava precisando... E de uma cama também, mas o sono poderia esperar. Necessitava conversar com alguém sobre essa situação. Isso estava o matando por dentro. Olhou para enquanto esperava o café ficar pronto. Ele estava sentado de braços cruzados, fitando-o. Claro. Estava esperando uma explicação.
- Hum... Er... Desculpe por isso, por aparecer assim, nesse estado e a essa hora – começou – Só que ultimamente a minha vida está muito estranha... Sabe quando você acha que está tudo perfeitamente lindo e de repente aparece um terremoto para estragar as bases e fazer gerar rachaduras?
- Nossa, , desde quando você consegue figuras de linguagens tão boas? Ainda mais meio bêbado? – o olhou pensativo. o olhou com cara de “WTF?” e então percebeu que não era a coisa certa a se falar... – Ok, prossiga.
- Minha vida, desde que me casei com , parecia estar tomando um rumo maravilhoso. Ela é maravilhosa. Nunca imaginei que eu fosse me apaixonar por aquela “Brazilian girl” que eu odiava e achava sem graça. Para mim, ela não tinha nenhum atrativo e eu não conseguia entender por que o gostava dela. A garota era arrogante, prepotente e se achava a dona da verdade. Porém, acredite: às vezes me dava inveja de como o olhava para ela e eu ficava com mais ódio ainda. Por essa razão, comecei a tratá-la tão mal. Eu queria que ela gostasse de mim. De mim. Que me tratasse como ela o tratava. Mas, ao mesmo tempo, não me importava com a garota. Saía com todas e não ligava. Queria só ficar bêbado e pegar quantas davam – suspirou – Contudo desde que comecei a me envolver mais com ela, senti-me tão atraído... E, dude, quando vi a entrando na igreja tão linda, um sentimento que não sei explicar até hoje me invadiu por completo. Eu tremia da cabeça aos pés. Não era de nervoso. Era de... Ansiedade. Ela estava se tornando minha mulher... Mesmo que só sendo uma farsa. Mesmo que continuasse com . Todavia o sentimento passou a crescer. A “raiva” deu lugar à paixão... Luxúria. O corpo dela era como um ímã que me atraía para perto, que me fazia desejar. Eu precisava beijá-la, tocá-la, senti-la, tê-la para mim, fazê-la delirar de prazer. Eu lhe dando prazer... O meu corpo a deixando sem ar. Minha, somente minha. E eu sabia que ela estava balançada comigo, sabia que eu fazia dos seus sentimentos uma bagunça, que ela se importava comigo. Isso aconteceu... Senti-me o homem mais feliz do mundo. Eu tinha uma mulher maravilhosa em minhas mãos e não queria perdê-la por nada. Era ela. Sempre foi. Certa vez, vi-me com ela velhinhos, vi-me tendo filhos com ela. Aquilo chegou a me comover. Um filho... Meu e de . Realmente cheguei a cogitar em dizer isso parar ela, já que estávamos tão bem, como um casal de verdade... Mas aí... Surgiu Stella. Não sei quem ela é, porém no começo parecia alguém que guardava um rancor tão grande de mim, que sabia coisas tão íntimas. Só que com o tempo não sei o que houve. Ela foi ficando mais branda... Até que a curiosidade e a vontade de conhecê-la me fizeram começar a desejá-la também. Desde então, desde que ela falou que queria se encontrar comigo e que me amava, não paro de pensar nela. Passei noites idealizando o rosto dessa mulher. Noites que me idealizei na cama com ela, dando-lhe prazer. Dude, sei que é uma loucura. Acredite. Até eu estou achando que estou ficando louco – terminou por fim. o ouviu com atenção. Levantou-se e foi até o amigo, dando um apertão em suas costas, encorajando-o a tomar alguma decisão.
- Sinceramente, é uma situação complicada, mas, , você não pode brincar com os sentimentos de duas pessoas. Não pode ficar querendo que seja sua quando você idealiza sexo com outra.Tem que ver qual você ama por mais improvável que seja amar alguém assim, dessa forma, somente por palavras soltas.
- Eu sei que é estranho! Mas parece que ela me conhece de algum lugar, que é alguém que conheço, sempre esteve ao meu lado... E nunca percebi.

***


Algum tempo depois...

estava jogada no sofá com Ringo dormindo em sua barriga e Elvis deitado aos seus pés. Era assim que ficava a maior parte de seu tempo. Só saía para ir à faculdade e ao trabalho. Nos fins de semana, sua vida se resumia a ficar largada feito um zumbi no sofá desde que expulsara do apartamento. Ele enchia a casa. Isso era fato. Olhava toda a hora para a porta na esperança que ele pudesse chegar a qualquer momento, sorrindo, ao maior estilo . Ele deixava o dia mais alegre, com vida. Ele e Elvis eram uma combinação perfeita. Até Ringo estava sentindo falta dele. sentia falta, e como sentia. Havia sido um ano e tanto. Nunca pensara que deixaria de amar e começaria a sentir uma paixão arrebatadora por . E que ele seria o motivo das suas insônias, das suas dores, saudades... E de muitos arrependimentos, já que trocou um amor certo por algo que não sabia se era correto. Não tinha certeza. Odiava se sentir insegura. Meu Deus, quanta ironia. Ela É insegura. Nunca tinha certeza de nada, nunca teve tanta capacidade de encarar tudo de frente. A única certeza que teve em toda a sua vida foi ir para Londres. Era um sonho maior que ela, um sonho que se tornou realidade. Porém depois a sua vida continuou na insegurança. Agora, ela pensou, estava sozinha, com a companhia de um cachorro e um gato, passando os canais da TV.
A sua cabeça vagava em pensamentos... Lembranças... Ela adorava quando abraçava por trás e beijava o seu pescoço. Adorava sentir o cheiro da pele dele. Era o seu calmante natural. Era como um sinal de que tudo iria ficar bem. E o que necessitava agora: saber se tudo ficaria bem. Não conseguia ter nenhuma reação ou sensação. Doía a sensação de ele estar longe... E de não ter notícias, de ele ter simplesmente desaparecido e ninguém lhe dar uma notícia sobre. Afinal, ela era mulher dele. Não...?
“E agora vamos aos babados da semana.” Voltou à realidade com o barulho da TV. Decidiu deixar num programa de fofocas semanais. Já que não tinha nada de útil passando também. “Clarice, minha amiga, acho que o assunto da semana é único, né? Nada como um popstar lindo e gostoso para abalar as estruturas das mídias”, o cara da TV anunciava. franziu a testa e se ajeitou no sofá. Popstar lindo e gostoso?
“Pois é, Rod. Quem diria, né? Quem diria que deixaria a vida de garanhão de lado? O mais estranho disso tudo é a mulher dele...”, a voz da tal Clarice foi ficando mais fraca até que se perdesse em pensamentos... Não... Não podia ser por causa disso... “E o que mais se comenta é esse tal encontro de , membro da banda McFly, com a misteriosa Stella F., escritora de uma coluna na revista Kerrang!, onde o alvo de suas matérias constantemente era ... Uma coisa que sempre me deixou com a pulga atrás da orelha, Rod, é que essa tal Stella deve conhecer bem o senhor . Ela falava coisas que podemos julgar íntimas para uma simples “fã” ou jornalista saber.”
“Pode ser, Clarice, mas também essa tal de Stella pode ter um informante... Alguém próximo ao senhor . Quem sabe não é a própria mulher dele a informante?”. , ao ouvir isso, soltou um riso nasalado. “O fato”, continuou o comentarista, “é que, desde que Stella marcou publicamente o seu encontro com o astro pop, não se fala em mais nada! Todos irão conhecer a verdadeira Stella, a mulher misteriosa que sempre tentou atingir com críticas, porém acabou sendo atingindo pela flecha do amor e se apaixonando por ele. Paixão por cartas! Paixão à distância! E aí? Será que ele vai aparecer? Será que vai deixá-la esperando? Irei lá assistir a isso de camarote. E você, Clarice?”
“Estarei lá, meu bom amigo. Leve as pipocas.”
desligou a TV e deu um pulo do sofá, fazendo Ringo e Elvis protestarem por causa do movimento brusco repentino.
- Meu Deus! Não acredito que é por causa disso que ele estava daquele jeito. Não pode ser. MAS QUE MERDA! – ela andava de um lado para o outro na sala, passando as mãos nos cabelos coloridos nervosamente e falando consigo mesma. Saiu em disparada para o seu quarto.

***


Era hoje. sentia algo estranho em seu estômago. Uma mistura de excitação, nervoso, ansiedade, vontade, surpresa... Ele não sabia como iria reagir, o que iria fazer. Será que ele iria correndo abraçá-la, tipo naqueles filmes em que tudo acontecia em câmera lenta? Será que ela o empurraria e começaria a falar um monte de verdades – as que ele não quis ouvir? Será que seria uma pessoa conhecida tentando pregar uma peça nele e mostrar para todos que o cara é fraco? Um milhão de perguntas sem respostas surgiam em sua cabeça e a casa vazia de não estava ajudando. Tomou uma decisão: iria visitar o seu apartamento, falar com .
Saiu correndo dali, pegando as chaves do carro. Desceu as escadas correndo, quase caindo.
- DROGA! – exclamou quando estava tentando achar a chave certa para abrir a porta da frente. As suas mãos tremiam – Meu Deus, estou perdendo o controle.
Saiu em disparada para o carro, entrando, fechando a porta com toda a sua força. Saiu pela rua, cantando os pneus. Era urgente, mas ele não sabia o porquê.

***


- Pronto. É a última – ela sorriu para o taxista. O senhor pode me esperar por um momento na Trafalgar Square? Será coisa rápida. Depois seguimos para o aeroporto.

***


parou o carro no meio da rua de qualquer jeito. Não havia tempo para entrar na garagem. O relógio marcava cinco e trinta e cinco da tarde. Parecia uma corrida contra o tempo. Saiu em disparada pela recepção do prédio e apertava insistentemente o botão do elevador.
- Mas que droga! – ele disse, ignorando os olhares para ele. Saiu pela escadaria do prédio, correndo como se fosse tarde demais – É... Nessas... Horas... Que eu me... Odeio... Por... Morar... Numa cobertura... – recobrou o fôlego e continuou a subir.

Enquanto isso, na Coluna de Nelson, havia vários repórteres e fotógrafos. Uma multidão aglomerada, todos ansiosos para saber quem é a Stella, aquela mulher misteriosa que sempre detonou o e agora estava prestes a se declarar para ele.
“Será que a tal Stella vai aparecer ou vai dar um bolo em ?”, uma repórter estava fazendo cobertura para um jornal local. “Nenhum dos dois – aparentemente – está aqui ainda! Vamos aguardar. A qualquer momento volto com mais notícias”.

passou por Ryan correndo no corredor de sua cobertura. Ignorou o que ele disse, que foi algo como “tentativa em vão”. Abriu a porta correndo.
- ! - e saiu à procura da garota. Silêncio. Elvis veio ao seu encontro. Ringo também. O apartamento estava mais limpo do que de costume. Ignorou um bilhete em cima da mesa da sala. Devia ser contas. Nada dela no quarto em que a garota costumava dormir, nem no dele, nem no banheiro, nem na área externa. Estranho. Olhou o relógio. Cinco e cinqüenta da tarde. Iria se atrasar.
“Bom, vou resolver o assunto com Stella e depois volto a procurar , pensou, saindo correndo pela porta.

***


- Cara, estou ansioso – dizia, esfregando as mãos.
- Eu também. Parece aqueles filmes. Trouxe até aperitivos – disse, sorrindo e comendo um pacote gigante de pipoca e tomando uma garrafa de Coca-cola – E você, ?
- Estou preocupado – fechou a cara, franzindo as sobrancelhas.
- Com o que, cara? - disse, olhando-o.
- Com a parte que não pensou que poderia machucar fazendo essa escolha – os outros dois o olharam com cara de interrogação.
- Com a , né, seus idiotas!
- Mas eles só vão se encontrar – disse, dando de ombros.
- Sim, cara, mas a mulher se declarou para ele e topou encontrá-la. Acho que isso não agrada nada a , né. Ela é casada com ele. A gente terminou porque a menina se apaixonou pelo cara...
- E você ainda gosta dela, né? – perguntou, porém não deu tempo para responder. Os repórteres começaram a se dirigir para o lado deles. havia chegado e estava indo em direção aos caras da banda.
Ao longe, uma mulher de vestido curto vermelho corria em sua direção. Uma mulher de cabelos loiros. Ela gritava o seu nome, correndo com o saltos na mão.
- ! – aquela voz estridente que ele conhecia bem o chamou. Juliet. Não, não poderia ser ela.
- O que você quer? – ele a afastou quando a garota o agarrou.
- Eu ainda te amo.
- ! ! ESSA É A STELLA? – os repórteres começaram a se empurrar em cima deles.
- NÃO! Pelo amor de Deus! Não pode ser – ele empurrava Juliet para longe.
- ! Sempre fui eu! Como você vai negar? Sempre soube tudo de você, todas as coisas que estavam lá escritas, coisas íntimas, e só uma pessoa que o conhece bem poderia dizer.
- Sim, mas só uma coisa: EU NÃO RONCO! E tenho certeza que não era você que escreveu aquilo tudo. Não é do seu feitio.
- Você é Stella F.? – um jornalista perguntou para Juliet.
- SEMPRE FUI! Ele não quer acreditar – Juliet disse, jogando os saltos no chão, puxando-o para perto para beijá-lo. Nesse momento, avistou uma pessoa ao longe de cabelos castanhos claros e liso encostada a uma parede, de braços cruzados, observando tudo de longe, afastada da multidão. Uma menina, com uma blusinha preta e por cima uma camisa xadrez roxa e preta, shorts e All Star. Aquele estilo, aquele jeito de menina. Era ela, Stella F. Estava muito longe, não podendo observar bem o rosto, contudo sabia que era um rosto conhecido. Porém algo parecia diferente, parecia perdido. Estava tentando se afastar de Juliet, dos fotógrafos, de pessoas que o puxavam para fotos. Enquanto se aproximava, ela se afastava dele. Ele conhecia aquele rebolado, aquela silhueta. Conhecia tão bem cada traço de seu corpo. Só poderia ser uma pessoa. Uma pessoa que o conhecia bem, tão bem... Mas... Por que ela teria feito isso? Começou a correr para alcançar a garota. Ela se afastava rápido. Não tinha multidão para se desvencilhar.
- ! – gritava, porém a menina não virou para trás. Teria ela não ouvido? Impossível - ! NÃO! ESPERE! – ele corria e, quando estava perto demais, viu-a entrar num táxi. Foi até o táxi e começou a esmurrar a porta – Por favor, não – observava a garota chorosa dentro do veículo, observando uma mochila e uma mala ao seu lado. Ela estava partindo. E havia voltado com a cor original de seus cabelos.
- Você me deve explicações – o garoto dizia, ainda batendo no vidro do carro – Muitas, aliás. Por favor, .
Ela balançou a cabeça negativamente e mandou o táxi seguir. Doía cada centímetro do seu corpo. Como doía. Mas era o certo a ser feito. Ela não agüentaria mais isso por muito tempo.
Com o carro em movimento, botou a cabeça para fora do vidro e gritou:
- Tem uma carta para você em cima da mesa. Tudo que está lá é verdade. A mais pura verdade. Adeus, !
Ele passou as mãos nos cabelos com lágrimas escorrendo de seus olhos. Mais uma chance que tinha de vida perfeita estava indo embora e ele não estava tentando impedir. Por quê? Amava-a, então teria que ir atrás. Mas era a vontade dela de ir. Assim, ele deixaria.
Saiu correndo para o seu carro para ir ao apartamento... Ler a carta. O dia parecia ter acabado, o mês, o ano. Subiu ao seu apartamento, ainda com as lágrimas escorrendo pelo rosto. Aquele papel, aquele que ele achou que seriam contas para pagar. Pegou-o e se dirigiu para área externa da cobertura, onde dava para ver o céu, e desdobrou o papel delicadamente. Observou o traço da letra da garota – uma letra toda fofa e redondinha.

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Pois é. Devo explicações para você. Muitas, eu acho. Então vou começar do começo mesmo e não jogar os fatos e as incertezas de minha pessoa nessa carta sem mais nem menos.
Bom, você deve estar se perguntando: o que aconteceu? Aconteceu que me apaixonei por você perdidamente. É, . Apaixonei-me e amei você como nunca havia sentido e amado ninguém. Achava que com fosse intenso o bastante, mas, depois que passei a conviver com você, a palavra “intenso” teve outro significado. Nunca em minha vida pensei que chegaria aonde cheguei, conseguiria fazer a faculdade de sempre quis e ter um emprego que muitas desejariam. E, de quebra, ter você como marido e depois de um tempo um amante perfeito, em que tudo que você fazia era perfeito. Desde as sensações de prazer até naqueles momentos mais banais, que muita gente não se importa. Eu me importo. Foram nesses momentos que acabei percebendo que muita coisa na minha vida não tinha sentido e que o amor poderia nos fazer ter aquela força. Amor... Em momento algum me arrependo do que tive com você. Foi a melhor experiência de minha vida. Só me arrependo um pouco de não ter passado a minha lua-de-mel com você, meu marido (não diga isso ao . Ok?).
Depois que arranjei aquele emprego como colunista, ainda o “odiava”. Então achei um ponto de escape para falar tudo o que eu sentia sobre você e eu, realmente, não acreditava que iria mudar. Porém acabou mudando e eu também acabei por mudar o meu ponto de vista sobre você. Stella F. foi amolecendo e estava ficando difícil disfarçar. Você apaixonado por mim na vida real e por “ela” em outra. Fiquei meio chateada porque, em partes, percebi que poderia se apaixonar fácil por outra e eu, ser chutada sem mais nem menos... E foi mais ou menos o que aconteceu, né? Andava estranho. E, com você se apaixonando por “outra” e agindo estranho comigo, entrei em desespero, mesmo sendo eu a Stella. Meio confuso, não? Só que, se Stella fosse outra pessoa e você tivesse agido da mesma forma, eu não suportaria. Amo tanto você...
Era mais ou menos isso, . Não sei mais o que fala, e não sei se você vai me perdoar por estar fugindo, por ser tão fraca. Acho que é melhor eu sair de cena por um tempo ou para sempre. Ringo gosta de você, então, por favor, cuide bem dele por mim.
Caso queira o divórcio, entenderei, mas algo estará sempre ligando as nossas vidas. Algo novo, um ciclo novo, uma geração nova.

Eu te amo, .

Sinceramente,
.”


, ainda choroso, olhou para o céu. Viu um avião partindo. Ela estava o deixando porque ele poderia se apaixonar por outra... Todavia, na verdade, ele só se apaixonou, se assim pode-se dizer, por Stella porque ela sabia coisas que ninguém sabia dele. Conhecia-o tão bem. E, meu Deus, era tão óbvio o tempo todo. Como ele não percebeu isso? Suspirou, releu a carta, chorou.
“Mas algo estará sempre ligando as nossas vidas. Algo novo, um ciclo novo, uma geração nova”. Deu um salto da cadeira que estava sentado. Percebeu algo. Não desistiria assim tão fácil. Não agora.
- Espere aí. Eu vou ser pai?

Fim




N/A (Rav): Bom, é isso. Stella chegou ao fim. Peço mil desculpas pela demora que em grande parte foi por minha culpa. Muitas coisas na faculdade, trabalho e tudo mais. Ando sem tempo para o computador e tal. Agradeço imensamente pela paciência e o carinho de vocês todo esse tempo com Stella. Agradeço à Pris por ter feito essa parceria comigo e pela paciência de todos. Mas, como tínhamos prometido, Stella 2 está aí e as coisas vão continuar. Para não ter mais atrasos imensos e deixar vocês na mão deixo, a Pris vai cuidando dessa história e tenho certeza de que ela vai fazer um ótimo trabalho. É assim que me despeço de Stella. Obrigada por tudo. xxx Rav

N/A (Pris): Oi, gente. É meio difícil me despedir de Stella. Acho que essa fanfic foi... Tudo. UASUHASUHUH. Sei lá. Não dá para explicar o carinho que sinto por ela.
Bom, peço desculpas pelo atraso também e espero que tenham gostado do final. Não sei se era o que estavam esperando, mas tentei. Juro, HASUHSAUH. Bom, Stella 2 logo entra em cena. PROMETO! Escreverei nos intervalos da faculdade e tals. E, por favor, podem cobrar à vontade.
Obrigada a todas que leram e obrigada em especial à Rav que me aturou, que escreveu comigo e que agora está deixando Stella. Quando ela me comunicou que não iria mais poder escrever Stella por causa do tempo curto, até pensei em desistir... Mas não vou. :) Farei o meu melhor. Prometo. Obrigada, gente. Beijão!

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