Subúrbios do Inconsciente III
Escrita por Fran Freire
Betada por Thai B.
NY – Na tarde de sexta-feira foram encontrados, no gabinete do diretor geral da Killer’s & CIA, cerca de quinze envelopes contendo anotações de Lunchy, jovem texana assassinada em 30 de setembro de 2009, pelo, então funcionário das empresas Killer’s, Senhor Houns.
Há meses a história da jovem artista vem sendo alvo das investigações criminais do FBI. Os peritos afirmaram que a morte de Lunchy foi ocasionada por, no mínimo, dois participantes, mas Houns, indiciado pelo crime, nega veementemente que tenha praticado o ato com a ajuda de qualquer pessoa. Lunchy era paciente da clínica Spaces Happy, no condado de Fayette. Lá, a jovem permanecia internada há dois anos, pois sua avó paterna sofria agressões da garota.
O mistério da senhorita Lunchy está nas dezenas, ou centenas, de obras de arte, cartas e histórias que produzia no sanatório. Para o detetive , ao que tudo indica, a morte de Lunchy pode estar relacionada com o sumiço das obras da artista, meses após ter sido encontrada assassinada no bosque do sanatório. Como o News Bloom já havia noticiado, duas cartas de cunho erótico, contendo o nome de Houns, já haviam sido encontradas pelo FBI.
Na semana passada, o réu passou pela primeira audiência, em que seu advogado recorreu à sentença da pena prevista de quarenta anos, por homicídio doloso qualificado. O senhor Houns não negou envolvimento e confessou, utilizando palavras complexas e precisas, aumentando o grau de impaciência do júri popular. De acordo com o detetive , o réu falou pausadamente, descrevendo o assassinato com detalhes surpreendentes, o que chocou a senhora Lunchy, avó de , fazendo-a sair desesperada do tribunal da 6ª vara de Fayette.
O promotor adicionou ao inquérito um termo que comprova a perfeita sanidade mental do senhor Houns, o que assombrou a população texana, já que o crime foi cometido por “puro prazer”, nas palavras de .
Os envelopes encontrados no gabinete de Gomez, diretor geral da Killer’s & CIA, passaram pela equipe especial da CIA. De acordo com um informante, que preferiu não ser identificado, os envelopes tem trechos do diário pessoal de Lunchy, além de fotografias da mãe da garota.
A equipe do News Bloom conseguiu, com exclusividade, trechos dos documentos encontrados, os quais você acompanhará a seguir:
Documento I: Prólogo
O tempo estava ruim, havia anos que não chovia daquela maneira pelas bandas do condado de Fayette. Certamente mamãe saberia o que me dizer, se estivesse aqui. No entanto, ela não está. Ela não volta nunca. Não sei por que me abandonou.
15 de junho
Estou em uma sala branca, fechada. Tenho a minha frente uma bela paisagem imobilizada. Tela de tecido, revestida de madeira, pincel chato e curto, tinta óleo fresca. Odeio ser perturbada.
20 de agosto
Meus pulsos estão doendo demais. Não sei que raios essa aberração continua fazendo aqui se já me acalmei. Não importa, o riacho me deixa pacífica e tranqüila, como se imobilizasse minha perturbada alma. É o ápice de meus devaneios imaginar que um lugar como esse seja possível e realizável a essa altura da vida.
13 de setembro
Preciso de ajuda, eu preciso de ajuda. Preciso de ajuda. ALGUÉM ME AJUDE! Não posso falar alto, eu preciso de ajuda. Eu quero ajuda. Preciso de ajuda. Por favor, me ajude. Se você leitora está aí, me ajude. EU PRECISO DE AJUDA!
25 de dezembro
Ganhei, finalmente, um quarto só para mim. Estou tão feliz, tão feliz, TÃO FELIZ. Pareço uma adolescente tola. Espere. Eu sou uma tola adolescente. Eu adoro ser uma adolescente, mas não queria ser assim tão tola. Espero que amanhã venha me visitar. Meu sorriso agora está alargado e eu me sinto mesmo feliz. . Eu te amo. Não me faça mal.
4 de junho
Por que essa mulher fica rondando a minha porta? Quem ela pensa que é? Eu a odeio. Muito! Não importa, eu vou encontrar minha mãe assim que o vir me visitar e trazer o presente que prometeu. Ele me ama, eu sinto isso quando respiramos no mesmo compasso. Somos feitos um para o outro. É uma pena essa mulher indecente ficar rondando minha porta. Eu odeio ser perturbada.
5 de janeiro
Hoje mamãe me levou para passear. Brincamos de boneca e tomamos um delicioso sorvete. Preciso dizer que adorei? Que eu adorei estar com ela mais uma vez? Eu adorei estar com ela mais uma vez. Minha mãe é maravilhosa. Se ela não tivesse morrido eu ficaria mais feliz, mas gosto demasiadamente dela para me importar com detalhes.
14 de junho
me trouxe um presente tão bonito. Só não gostei da companhia daquela enfermeira idiota, fazer o que se são regras da casa? Ah, mas o sabe mesmo das coisas. Trouxe um material tão bom, tintas tão vivas que eu pareço viver em todas as cores, pintando meus cabelos e meu rosto. Brincando de ser uma pintura no quadro. Eu gosto de ser uma paisagem. Eu sou mesmo uma paisagem bem bonita e inteligente. Gosto tanto do meu rosto. Pareço com a mamãe. Mamãe não vem mais me visitar. Acho que vou pintar nossa casa.
19 de agosto
Eu quero matar essa mulher maldita. Ela quer o para ela e eu não vou deixar, não vou deixar. Nunca deixaria. Eu não deixo não. Não vou deixar. Vou matar essa mulher. Ela está com o agora, eu posso ouvir os dois. Eles vão morrer juntos, com certeza vão.
24 de dezembro
Fico olhando pela janela a quantidade de plantinhas que nascem enquanto estou aqui presa. Eu poderia voar se eu quisesse, mas nenhum deles acreditaria que sou um anjo. Eu sou um belo e charmoso anjo, é verdade, mas não importa. Eu sou um grande e intenso anjo. Minha luz ofusca os olhos daqueles que me vêem e me ENXERGAM. Eu sou bonita e ofuscante. Eu sou uma mariposa alegre, feliz, dançante e empolgada e... Hora do banho.
xx
Documento II: As histórias que minha mãe contava
Todas as noites, quando ouvia o sopro ardente das ventanias, encontrava um lugar diferente para repousar suas asas. era um anjo gigantesco, de pele macia e suave. Um dia encontrou em sua jornada um belo homem. Esse homem a enfeitiçou com o olhar, pois era um bruxo.
Quando se olhava no espelho, sentia algo diferente em sua pele alva e delicada, mas não sabia o que era. Às vezes, lembrava-se do sopro uivante do vento na escuridão, mas não sabia exatamente de onde aquele sopro surgia em sua mente. A pobre anjinha não conhecia o poder que possuía, já que o bruxo fez de sua força, a sua fragilidade.
não era um simples anjo. Era um grande anjo da solidão e talvez fosse à missão do bruxo proteger a terra dos momentos tristes da noite, quando um anjo dourado abraça aos amantes delicados, fazendo-os chorar demasiadamente, com o coração cheio e os braços vazios. O bruxo queria mostrar a que, se ela fosse o anjo do amor, seria muito mais feliz, pois faria das pessoas almas felizes. O bruxo preservava a menina anjo distante de sua verdadeira identidade.
Um dia, o jovem bruxo mandou que seus discípulos chamassem um sultão do oriente, para que ensinasse a magia daqueles povos a ele. Depois, com a sabedoria e a autoridade que havia aprendido, ordenou que viessem os grandes chefes do sul, para entrar em contato com a terra e possuir o que há de mais natural no universo. Assim fez o viajante dos povos quentes, ensinou-lhe a magia da terra. Quando o bruxo, em viagem, finalmente descobriu o que as raças dos tempos gélidos conheciam sobre vida e amor, retornou para perto da menina anjo e lhe ofereceu seu carinho, regido de todos os conhecimentos do mundo.
não sabia o que fazer. Era uma menina, nunca havia se comportado como uma mulher. O bruxo sorriu e, com a força da mente, ordenou que a jovem fosse guiada por sua boca. Ela entendeu exatamente qual era o recado do bruxo e delirou degustando o corpo quente e cheiroso. O bruxo deixou suas mãos tocarem a pele daquele anjo e suspirou com prazer e emoção.
Estranhamente, a menina parecia conhecer exatamente o que fazia, poderia passar dias com a boca naquele membro duro, rígido, usando as mãos para aquecê-lo cada vez mais e ouvindo a canção delirante que era aquele gemido de homem. Ela precisava de mais. Simplesmente precisava, sem saber exatamente o porquê. Então deixou que as mãos arrancassem com brutalidade as vestes do bruxo e sentou-se em cima do membro, olhando fixamente para os olhos negros em sua frente.
As mãos dele em seu cabelo, as mãos dela na nuca daquele parceiro ideal. O encaixe perfeito. Os corpos transpiravam emocionados, como se estivessem chorando. Era como se ele conhecesse todos os segredos do amor, mesmo para ela que não sabia nada de amar.
De repente o fogo dentro de si, transformou-se em lava e a pele macia esticava-se, de dentro para fora, como se fosse explodir. Era a erupção de todo o prazer impossível. O bruxo estava degustando os lábios inferiores de sua presa, a essa altura. Certamente necessitava saber o que ocorria com a mulher de cima, mas a de baixo era muito mais excitante.
Os olhos de abriram, de repente, com muito espanto. O bruxo deixou de lado o serviço para olhar diretamente para o rosto assustado. Encarando-o ela disse, com um punhal nas mãos.
- Eu era um anjo.
O sangue escorria na cama. não resistiu a revelação em sua mente e cortou os punhos. Dois amantes em um quarto de motel.
Nota da Autora: Olá minhas queridas. Gostaram?
Ficou diferente né? Mas é a linha de como eu escrevo amores, levem em consideração que não gosto de seguir as tendências, rsrsr
O que acham que aconteceu com a protagonista? Quem matou a senhorita Lunchy?
Bejinhos.
Nota da Beta: Qualquer erro que você encontrou, mande um e-mail diretamente para mim. Obrigada, Thai.