estava sentada sozinha em um pufe próximo à discoteca. Lá ela podia observar as pessoas se divertindo e tomar seu drinque sem que ninguém a incomodasse, mas sem que passasse em branco. De repente, alguém muito conhecido passou por ela abraçado a uma garota que ela nunca havia visto na vida. sentiu seu coração apertado e xingou-se por estar sozinha ali, completamente patética. Ela levantou-se para pegar outro drinque, mas seu caminho foi interrompido:
- Alguém já disse como você está bonita hoje? – perguntou , um conhecido qualquer. Ela não sabia ao certo como eles haviam sido apresentados, provavelmente era algum amigo de , melhor amigo de . Desde a época que ela namorava Mark, dava em cima dela direto, o que gerou algumas brigas.
- Obrigada – disse ela sorrindo – Olá, .
- Oi, vi você ali sozinha, mas logo quando fui te encontrar você levantou... Tem noção da luta que é pra atravessar a sala com o tanto de gente?
- Oh, coitadinho – eles riram e puxou para ir andando com ela em direção ao bar – Então, tá curtindo a festa?
- É, pode-se dizer que sim. E você?
- Não muito – Ela sentiu lágrimas surgirem em seu rosto e se amaldiçoou por tocar no assunto.
- , você precisa esquecer esse idiota... Que tal dançar? – afastou a mão de do drinque e a puxou para a pista de dança.
- Hey, nem tive tempo de contestar! – disse ela rindo.
- Ah, eu sabia que você não iria... – deu de ombros e eles riram novamente. Ele era um cara legal, apesar de se achar um pouquinho, e tudo o que precisava no momento era de alguém legal.
Um tempo depois, aquele velho conhecido casal esbarrou neles. Mark estava com as mãos na cintura da garota e eles pareciam não se importar de estar esbarrando nos outros.
- Que otário... – sussurrou , mais para si do que para – Como é que ele consegue ser tão cara de pau?
- , esquece ele...
- Não dá, simplesmente. Já tentei, sério.
- Talvez você não tenha se empenhado de verdade em esquecê-lo – encarou furiosa, mas no fundo sabia que era verdade. Quanto mais ela tentava esquecer Mark, mais ela lembrava dele, mais sentia saudades, mais queria voltar com ele, mais achava que era capaz de se humilhar para tê-lo de volta.
- Tenho uma sugestão para você. Para você esquecê-lo de vez.
- Pode falar, aceito qualquer coisa.
- É o seguinte: você vai ter que parar de falar no Mark. Parar de falar, parar de olhar até você conseguir parar de pensar. Mas se você o fizer, vai ter que me beijar. É quase como uma aposta para ver se você consegue ou não se divertir sem ele – disse e riu, ele não podia estar falando sério.
- Ah, . Não é simples assim...
- É sim. Hoje você vai se divertir sem ele, ok? Então, aceita ou não?
- Aceito – respondeu e sorriu.
A noite passou tranqüila, de fato se divertiu e não pensou muito no ex. Cada vez que o via e sentia vontade de falar algo, a vontade de não beijar era maior e a impedia de comentar, assim ela pensava cada vez menos nele. E também, não que fosse uma má pessoa, tão ruim ao ponto de ser “imbeijável”, é só que ela não estava preparada para um relacionamento.
- Então, daí ele falou: Sr. , eu disse que era pra você ir para a diretoria, o que você tá fazendo aqui na biblioteca? E eu respondi: Você me mandou sair de sala, não ir para a diretoria! E aí eu voltei para a sala normalmente... – Eles conversavam animadamente no jardim. contava um episódio que ocorrera na sala de aula e ria como nunca.
- , você é doente ou coisa assim? – riu quando fez cara de ofendido – Aposto que se pudesse, ele te matava! Aquele homem não é normal, sério.
- E você acha que eu não sei?! Eu achei que ele fosse enfiar minha cara na privada ou algo assim, ainda bem que eu... – parou de falar quando notou que não ria mais, nem ao menos o observava. olhava atentamente o outro lado do jardim e apertava os olhos, como se isso lhe garantisse uma visão melhor. Então pode constatar que o que tanto observava era Mark prestes a beijar sua acompanhante.
- , se lembre da nossa apos... – Nesse momento, Mark agarrou sua acompanhante e deu um beijo daqueles nela, com direito a passar a mão em todos os lugares possíveis, e até os impossíveis.
encarou , abismada, com lágrimas nos olhos e tudo que ele pôde pensar foi dar um abraço amigável na garota. Toda a aposta foi apenas para que ela se divertisse, ele não teria coragem de aproveitar esse momento frágil da garota.
- ... Você quer sair daqui? – perguntou pegando na mão da garota.
- Nã-não. , a gente fez uma aposta, lembra?
- Quê? Eu só tava brincando, eu posso me aproveitar da sua tristeza.
- Sério – Ela disse com os olhos cheios d’água – Eu fiz uma promessa e agora eu tenho que cumprir.
deu de ombros, afinal, era o que ele queria desde o início, e curvou-se para se aproximar da garota. fechou os olhos, queria fazer de tudo para impedir as lágrimas caírem, e esperou. colocou uma mão no rosto da garota e vagarosamente encostou seus lábios no dela. Eram macios e quentes como ele sempre imaginou. Então abriu a boca, para dar passagem à língua dele, e se impressionou com como aquilo a deixou tranqüila.
O beijo de era sereno, doce, a confortava. Eles ficaram se beijando calmamente por um tempo, até que decidiu que era hora de intensificar. Guiou a mão livre de até a própria cintura e colocou as mãos na nuca do garoto. acariciava a cintura de , descia e subia a mão pelas costas da garota. Ela, por sua vez, brincava com os cabelos de , notando assim que eram bem mais macios que os de Mark.
Eles ouviram um barulho próximo ali e partiram o beijo para observar. Mark havia esbarrado em algo, caindo em cima do bar, ele olhava assustado para o local onde e se encontravam. encarou alarmada e ele deu um sorriso triste. Estava claro que Mark ainda se importava com , apesar de tudo.
- ! – gritou Mark vindo correndo ao encontro dela – Precisamos conversar.
- Eu não tenho nada pra conversar com você – disse ela sem encarar Mark.
- Claro que temos, você tava aí beijando esse idiota na frente de todo mundo!
- Como é que é? – levantou controlando o impulso de não socar o cara – Você sai desfilando com uma qualquer aí, fazendo sofrer e ela deve fazer o que? Ficar se humilhando e correndo atrás de você?
- É o que uma boa namorada faria! – gritou Mark. E o que houve a seguir foi complicado até pra explicar. Só o que era possível ver eram os rostos de Mark e sangrando e os dois rolando no chão.
- Parem, por favor! – gritava e chorava descontroladamente, só o que pôde fazer foi correr para dentro da festa e procurar um conhecido.
- ! – Ele estava próximo à cozinha, de onde saía com garrafas de cerveja.
- Meu Deus, o que...
- , Mark e tão brigando! Me ajuda, por favor! – Eles voltaram ao jardim correndo e segurou , enquanto ajudava Mark a levantar.
- O que tá acontecendo aqui? – gritou enquanto se esforçava para se soltar.
- ESSE IDIOTA FICA TRATANDO A MAL E SE ACHA NO DIREITO DE CONTROLAR A VIDA DELA!
- Pára, ! – gritou aos prantos.
- CARAMBA, , ELE TE FAZ DE CAPACHO E VOCÊ VAI DEFENDÊ-LO?
- DÁ UM TEMPO, CARA! ELA NÃO TE QUER! VOCÊ QUE É O IDIOTA AQUI! – gritou Mark se desvencilhando dos braços de .
- , EU NÃO ACREDITO QUE VOCÊ VAI FICAR DO LADO DELE! – se soltou dos braços de e encarou irritado.
- Pára, , por favor! – chorava e foi abraçá-la.
- Dá um tempo pra ela, – aconselhou soltando e puxando pra fora.
- É, dá um tempo... – Mark ocupou o lugar de abraçando , que não o impediu.
- Tá! Não precisa me tirar daqui, eu vou sozinho! É, o idiota mesmo fui eu aqui, por acreditar que podia te ajudar, por acreditar que você confiava em mim para isso... ME LARGA, , EU TÔ SAINDO! – saiu furioso pela porta do jardim e em seguida só foi possível ouvir a arrancada que o carro dele deu.
- , eu sabia que você ia me perdoar – disse Mark apertando a garota contra ele – Você me ama, eu sei.
- Eu não te perdoei – respondeu afastando-se de Mark.
- Mas...
- Eu não te amo, Mark – disse ela saindo de perto dele. – Você devia perceber que o grande idiota aqui é você, por fantasiar ser alguém que na verdade não é. Você é um otário que acha que todos estão à sua disposição quando você quiser, mas eu não estou. Sai da minha vida, Mark. Não quero nunca mais te ver.
Dito isso, correu até e pediu que ele a levasse à procura de . Achava que ele não ia entender por que ela havia ficado ao lado de Mark, mas não custava nada tentar. Sem muita demora, avistaram o carro de mal estacionado próximo a um parque ali perto.
Eles desceram do carro e andaram pelo parque até ver um vulto próximo a uma árvore. A luz da lua não permitia ver o rosto da pessoa, mas eles sabiam que era .
- Quer que eu fique aqui?
- Não, pode ir.
- Tem certeza?
- Tenho, eu me entendo com ele – saiu com um pouco de receio, ainda a observar se aproximar de .
- Hey... – disse ela abaixando-se em frente a ele – Você tá bem?
murmurou um “sim”, mas observou sua mão suja de sangue.
- Sua mão tá sangrando... – ela pegou a mão de , mas ele a puxou de volta.
- Esse sangue não é da minha mão.
- E é de quem então? – perguntou ela pegando a mão dele novamente, só que dessa vez ele não a puxou de volta, só respondeu achando um pouco de graça:
- Do Mark.
- Meu Deus! – disse abismada e a encarou, receoso.
- Que foi?
- Sua mão deve tá doendo pra caralho – respondeu ela e riu.
- Pior que a minha mão só o rosto do Mark.
- E deveria ser assim, não é? – afirmou ela e eles riram.
- Achei que você tinha ficado do lado dele.
- Não... Eu só tava com medo. Por você – se aproximou de , abraçando-o.
levantou o rosto de , deixando-o na direção do seu e disse:
- Eu faria tudo por você, sou completamente bobo por você – Ele a beijou levemente e sorriu – E até parece que aquele estúpido ia conseguir fazer alguma coisa comigo, eu ia quebrar ele todo!
riu e encarou por uns minutos. Parecia impossível ela ter ignorado por tanto tempo, ter sofrido por Mark quando estava bem ali e ele ter lhe aceitado de volta quando ela ficou ao lado de outro. Parecia impossível ela não o ter amado logo de cara.
- Será que dá pra me beijar ou eu vou ter que me ferrar mais ainda para fazer isso? – perguntou ele colocando uma mão na barriga com uma falsa expressão de dor.
- Só se você prometer nunca mais falar algo assim na sua vida – disse ela rindo e se inclinando para beijá-lo. Alguma coisa lhe dizia que já era hora de começar um novo relacionamento, só que com alguém melhor dessa vez.