Talvez, quando você precisar de mim...
- Quer ajuda, ? - perguntou para o garoto de doze anos enquanto ele escrevia um cartão de dia dos namorados. - Quem sabe eu...
- Não, ! - O garoto virou-se para ela. - Eu não preciso da sua ajuda, ok? Eu consigo fazer isso sozinho... - e continuou escrevendo.
A menina foi para o seu lado e tentou dar uma espiada para saber para quem era o cartão.
- E você não vai ver para quem é! - E andou até o banheiro masculino para escrever em paz.
É verdade, sempre teve uma espécie de paixão platônica pelo menino e esperava que aquele cartão fosse para ela, mesmo sabendo, lá no fundo, que não era.
...eu já tenha perdido a vontade de te ajudar.
- zinha, linda, fofa do meu coração... - o menino de 14 anos veio falando para a garota.
- O que você quer? - Ela falou de mau humor, levantando os olhos da revista que estava lendo. - Quando vem me elogiando é porque quer pedir alguma merda!
- É um pequenino favor, linda. - O menino falou.
- Sei... Pequenino, né, ? - A menina revirou os olhos. - Qual loira peituda e acéfala da minha sala tu quer pegar agora?
- Como é que você descobriu? - Ele fingiu cara de surpreso. - Bom, sabe... Você bem que podia falar para ela que...
- Eu não vou falar porra nenhuma para nenhuma barbie siliconada para você, está bem? - A menina explodiu. - Não vou ficar te ajudando com seus rolinhos, não, ok? Se você quer ir pegar essas galinhas, jogue milho no chão! Você está vendo alguma asa? E um arco? - A garota bufou e saiu dali.
- Mas que... - ele falou surpreso com a explosão da menina.
Quem sabe, quando você lembrar que eu existo... Sei anos depois.
- Oi, baby! - O menino a cumprimentou com um beijo no rosto. - O que você queria falar comigo?
- É... Eu queria... - ela começou, mordendo o lábio.
- Pois é, eu também tenho algo para te contar. - Ele sorriu de orelha a orelha.
- Então, fale você primeiro. - Ela falou para ter tempo de se preparar para o que ia contar.
- Ok, então - ele deu outro sorriso de régua. - Sabe a Olívia? - A menina confirmou com a cabeça. - Então, ela aceitou casar comigo.
Foi como um balde de água fria em . Ela finalmente tinha tomado coragem depois de anos e o garoto vem com essa.
- , eu estou tão feliz, ela é super legal, simpática e...
O garoto continuou falando, mas a menina não prestava mais atenção, estava segurando as lágrimas que teimavam em sair.
- Mas o que você tinha para me contar? - O menino perguntou, de repente.
- Nada - ela disse, limpando a lágrima -, nada de especial... - ela pegou nas mãos do menino. - Eu... Eu acho que a sua notícia é mais importante que a minha... - ela respirou fundo. - Eu quero que você seja muito feliz!
Em seguida, deu um sorriso fraco, deu-lhe um beijo na bochecha e saiu da lanchonete.
Estava decidido, nunca mais iria chorar por . Ele não merecia isso! Não! Ela estava sendo injusta com ele ficando com raiva só porque o menino iria se casar... COM OUTRA e não com ela, mas ela não contou o que sentia, então o garoto não tinha muita culpa. Mas, mesmo assim, ela gostava de vê-lo feliz e isso bastava para ela ser feliz também. Pronto, ela estava livre!
xXx
chegou ao restaurante com sua noiva e encontrou e conversando em uma mesa. Ele falava algumas palavras e ela sorria carinhosa. Como amava aquele sorriso... Aquela menina era diferente de todas as outras, era especial... Para ele! Sentia que era seu dever ficar ao lado dela, protegê-la de tudo e cuidar dela. Sentiu, então, que adorava quando a menina mordia o lábio quando estava nervosa, como ela prendia o cabelo com uma caneta, adorava quando ela subia uma sobrancelha quando estava desconfiada... Quantas vezes ela fizera isso com ele? Inúmeras vezes, incontáveis, talvez... Lembrou-se que a garota sempre estivera com ele, em todos os momentos. Nos tristes, nos felizes e até quando ele não queria que ela estivesse ali. E sempre com aquele sorriso nos lábios e os olhos brilhando. Olhou-a mais uma vez com e viu como os olhos acinzentados da menina ficavam prateados e brilhantes quando ela sorria, e, por incrível que pareça, ela não parava de sorrir; o outro garoto fazia carinho em seu rosto...
- Olha, amor, é a sua amiga. - Sua noiva o despertou.
- É , Olívia! - Ele odiava quando ela não falava o nome da amiga.
- Tanto faz! - Ela falou e puxou o noivo em direção à mesa onde os outros dois estavam sentados.
E foi aí que viu, com um aperto no peito...
...eu já tenha esquecido você.
... estava beijando ! Como ela podia fazer isso com ele? Ela era sua... amiga! E foi quando percebeu que não gostava de ver com outro menino, que não gostava quando saía à noite com alguém que não fosse ele, e foi quando percebeu... Ele a amava!
E se, por algum acaso, você quiser me amar...
O menino tocou a campainha da casa e, segundos depois, ela apareceu vestida com uma blusa básica bege, uma calça jeans e um sobretudo preto.
- ? - Ela pareceu surpresa. - O que você está fazendo aqui?
- Hum... - ele começou. - Eu preciso te dizer uma coisa...
A garota deu passagem para ele entrar.
- O que são essas malas? - Ele perguntou, percebendo que tinham malas perto da porta.
- Estou indo para o Canadá.
...talvez eu transforme esse amor em amizade.
- Alô?
- ?
- ? - A menina assustou-se, fazia exatamente sete meses desde que vira pela última vez e o garoto nunca mais ligou e nunca retornou suas ligações.
- É, sou eu! Tudo bom? - Ele perguntou.
- Sim, ótima, e você, amor? - Pronto. Tudo tinha voltado ao normal.
Talvez, quando você sentir a minha falta...
- Eu sinto a sua falta.
- Eu também sinto, .
- Qual é a boa?
- Eu estou namorando.
...eu já tenha um outro alguém que me queira tanto quanto eu te queria.
- Quem?
- O , oras!
- Mas ele gosta de você?
- Que pergunta besta, ! É lógico, né?
- Ok, então... - ele falou irônico.
- Está assim por quê? Quando tu ficou noivinho daquelazinha, eu não falei nada!
E se depois de tudo que eu escrevi você continuar não entendendo que eu sofri por você...
- Como assim? E o que isso tem a ver? - O garoto perguntou.
- Você ainda não entendeu, né, ? - A menina estava quase em lágrimas - você nunca entende nada mesmo!
- E o que tem para entender? - Ele estava quase gritando.
- EU TE AMAVA! - A menina chorava e gritava - EU TE AMAVA MESMO QUANDO VOCÊ NÃO ME LIGAVA! EU AMAVA ESTAR CONTIGO, DO TEU LADO, MESMO QUANDO VOCÊ NÃO ME QUERIA LÁ... EU TE AMAVA - ela foi se acalmando -, mas isso já é passado, a partir de agora não quero mais saber de você! Estou cheia! - Disse isso e desligou o telefone.
...esqueça tudo que você leu!
estava caminhando com seu iPod, quando um homem a parou, ela tirou os fones e perguntou:
- Sim?
- ? - O homem disse.
- Eu te conheço? - Pensando bem, aquele homem parecia familiar, mas não se lembrava de onde.
- - ela paralisou quando ouviu o nome. - .
Há quanto tempo não via ? Desde seu casamento, há cinco anos.
- Eu queria conversar contigo - ele estava sério - sobre um assunto importante.
- Ok - essa foi a única coisa que a menina conseguiu dizer.
Os dois foram para uma cafeteria ali perto, sentaram-se numa mesa mais distante e pediram dois cappuccinos.
- Então... - ela falou, como se perguntasse o que ele queria falar.
- Hum... - ele pegou nas mãos dela - volte para mim!
A garota só ficou o encarando nos olhos, como se quisesse ler o que se passava na mente do homem a sua frente.
- Eu te amo, , e odiei te perder... Volta pra mim!
- Não tem como eu voltar... - ela falou, abaixando a cabeça.
- Por quê? - Ele levantou o rosto da menina com a mão, fazendo-a olhar para ele.
- Porque... - "você nunca me perdeu", isso era o que ela queria dizer, mas não disse - você nunca me teve. - Ela disse e retirou-se da cafeteria, deixando uma nota de cinco dólares na mesa.
E se enquadre nestas três palavras: você me perdeu...