That’s not my name
By Cáh Marques ~



Tudo o que eu queria era que ele apenas acertasse o meu nome. Todas as vezes que passava por ele na escola ele me chamava de alguma coisa diferente enquanto todos os seus amigos riam. Sim, eles ao menos sabiam o meu nome, mas o queridão não sabia, justo quem eu mais necessitava que soubesse meu nome, não o sabia. Sim, isso era e é revoltante.
Ele é do segundo ano, popular, daqueles bem fúteis. Mas, a gente nunca sabe por quem vai se apaixonar. Eu simplesmente me apaixonei. São as coisas que o coração faz conosco e nem ao menos explica. Se ao menos ele explicasse, o amor não seria tão ruim e ao mesmo tempo tão prazeroso, apesar de não correspondido, podendo perdoar a pessoa e fazendo com que o amor aumentasse.
Mas eu estava apaixonada.
De começo, para falar a verdade. Depois de um tempo, tive que fazer uma apresentação para os alunos do segundo ano e me apresentei. No fim de tudo, ele veio falar comigo, se apresentou e eu fiz o mesmo, com a esperança de ele ao menos no futuro saber o meu nome. Mas eu não sabia que ele tinha a memória tão fraca. Ou ele poderia estar fazendo isso comigo para apenas me confundir?
Nada de pensamentos inúteis , você está escrevendo. E sim, meu nome é , prazer. Inútil falar isso já que quem eu quero que lembre como me chamo não lembra. Mas... Será que ele tenta? Uma vez ele gaguejou, mas eu acho que ele é gago mesmo.

Nesse momento, em que estou escrevendo em meu notebook – sim, eu gosto de escrever na escola – em pleno intervalo escolar, ele está passando. Bom, ele olhou. E ele está vindo em minha direção. Agora ele vai ter que lembrar meu nome! Vê se não concorda, a esperança é a última que morre. Certo?
O que posso fazer agora que ele está se aproximando cada vez mais da minha mesa? Simplesmente baixar o meu notebook e prestar atenção ao que ele irá falar.

Tudo bem. Desperdicei simplesmente cinco minutos de minha vida tentando continuar com a esperança de que ele ao menos lembraria o meu nome. Mas foi tudo em vão. Dessa vez ele me chamou de dude. Pelo menos não inventou um nome qualquer, como Hell. Esse dia sim foi estranho. Como assim uma pessoa chega para outra e a chama de inferno? Sim, eu sou o inferno em pessoa e a pessoa que eu mais gosto – mais gosto mesmo – não me chama de . Somente , que convenhamos, nem é um nome difícil.
Hell não foi um dos piores nomes que ele me chamou, já teve Stacey – o mesmo nome da rainha das quase Paris Hilton versão vídeo proibido na internet – já me chamou de Her – foi tipo, falta de criatividade total – e também teve Jane, que foi quando todos começaram a falar que eu morava na selva junto com o Tarzan. Piada de mais ou menos um mês; queriam falar de mim? Era só comentar que eu morava na selva e todos se lembravam da pobre . Chegaram a me chamar de garota quieta porque em uma roda de conversa sobre academias, sapatos, jóias, dinheiro e mais outras coisas fúteis eu simplesmente não opinei sobre nada. Convenhamos que isso não era para mim, certo? Lisa. Passaram uma semana me chamando de Lisa Simpson, mas esse eu gostei, afinal, eu amo os Simpsons.
Mas, pelo menos, apesar de não lembrar meu nome ele me convidou para uma festa. Sim, uma festa! Pelo amor dos Power Rangers, eu vou para uma festa! FESTA!

Uma semana se passou após aquele dia em que simplesmente – sim, esse é o nome dele, que eu não esquecerei – veio até mim na minha querida mesa e me convidou para uma festa. Ainda sem lembrar o meu nome, claro.
Passei dois dias de minha vida agindo como se aquela festa nem ao menos existisse. Mentira, eu realmente sabia que aquela festa existia, existiu e existe até hoje. Na verdade, a festa não existe até hoje, ou existirá apenas na memória dos felizardos os quais foram para a festa e desfrutaram daquela futilidade-mor.
E eu fui uma das felizardas. Bom, eu cheguei à casa da... Lily – é, eu acho que é esse o nome da rainha dos fúteis e bizantinos – já estava cheia. Muito cheia. Fiquei na porta um tempo, sei lá o que podia acontecer se eu entrasse. Ou podiam me colocar para fora, podiam me pisotear também, pela grande quantidade de pessoas que existiam naquela enorme sala que se situava naquela enorme casa. Era tudo enorme, fato – inclusive os seios da dona.

Respirei fundo, entrei na casa e fui empurrada para um canto da sala. Nota mental, vir com acessórios para proteger o meu corpo desses grandalhões. Nesse canto da sala, havia um sofá com duas pessoas se agarrando. Digamos que eu me desequilibrei e caí em cima desse casal, descobrindo um dos piores momentos da minha pequena vida de pessoa que escreve no notebook quase tudo o que acontece na vida, e que quando se revolta fica cerca de duas semanas sem triscar no coitado.
Mas, voltando ao sofá com um casal que me fez descobrir um dos piores momentos de minha vida, naquele momento em que me esbarrei neles, os fazendo se afastar e xingarem até a minha septuagésima geração, me assustei com o que vi. Justo ele, caaara? Pois é, ele mesmo: . O fútil da escola que é muito gostoso e ainda não acerta o meu nome.
Me subiu uma raiva, me deu vontade de pegar os dois e esganar – principalmente a garota – e fazer com que percebesse que... Número um: eu amo ele e número dois: PORRA, MEU NOME É ! Pronto, estou calma.
Mas naquele momento eu não estava calma, e então... O que eu podia fazer? Agarrar o primeiro que aparecesse na minha frente? Ótima idéia. E foi o que eu fiz! Mas... O que diabos vai pensar quando me vir agarrando qualquer um – mentira que não foi qualquer um, foi , o amiguinho dele – se ele não sente nada por mim? Errado querida leitora ou querido leitor – afinal, nunca se sabe quem estará lendo isso aqui, me entende? – ele realmente sentia algo por mim. Mas nesse momento isso não importa, tenho que contar a parte em que eu agarrava . Foi bem legal, porque a menina que ele tava ficando jogou refrigerante nele e... Vamos aos fatos.

Eu me levantei do chão, afinal naquele impacto, levei um empurrão do casal estamos-nos-agarrando-no-sofá-e-ninguém-pode-cair-em-cima-da-gente-porque-eu-vou-xingar-essa-pessoa-até-a-septuagésima-geração-dela. Ao me levantar, dei de cara com , o qual eu estava encarando há algum tempo. Mais exatamente após enxergar as pessoas que estavam se agarrando. A dona da festa e o burro que não lembra meu nome, mas que eu continuo amando.
Ele é alto, isso é fato. Tá, não tão alto, mas alto o bastante para... pra nada. Ele não é tão alto! Mas de qualquer maneira, nossos corpos se encostaram de forma com que eu sentisse seus músculos – ou gordura definida, não dava pra saber, ele estava de camisa! – e sentisse seu coração batendo. Ui, isso estava sendo sexy. Mas deixando de pensamentos malditos que me faziam não beijá-lo logo, simplesmente encostei nossos lábios e começou a putaria.
Tá, não começou putaria alguma, mas eu senti que estava sendo observada por uma pessoa – ok, eu não senti, em certo momento olhei para o lado e vi de boca aberta enquanto a... Lily (ele estava sim ficando com a dona da festa, poderoso ui) tentava agarrá-lo novamente – e dava para ver nos olhos dele que ele sentia alguma coisa. Mentira, não dava pra sentir nada, mas era legal ver a cara assustada dele.
Me concentrei tanto no olhar de que não percebi que o beijo aumentava sua velocidade. Mentira, percebi sim. Tanto percebi que aumentei a velocidade do beijo junto a e cara, como ele beija bem! Senhoras e senhores, beijem ! Mas uma dica, não na frente da namorada dele, ou ficante, ou sei lá o que aquela maníaca do refrigerante era do garoto. Tudo o que sei foi que o grito estridente dela doeu meu ouvido, já que conseguiu ultrapassar o volume do som da festa – um home theater, obrigada e volte sempre – e me assustou fazendo com que eu me afastasse rapidamente do namorado, ficante ou sei lá dela. No meio tempo em que ele tentava se explicar e ouvia sua namorada, ficante ou sei lá o quê gritar, peguei um refrigerante – é, deu tempo – voltei para a sala – em que todos olhavam para o casal e para mim (bem que o nome Hell dessa vez serviria) – e fui para um cantinho assistir àquele show.
Não sei o que aconteceu direito, a voz da garota era chata o bastante para me fazer tapar os ouvidos, ou tentar, já que eu estava com um copo de refrigerante em mãos, mas me lembro muito bem que uma boa quantidade de refrigerante foi jogada – e desperdiçada – em .

Dei uma risadinha, mas quando vi a cara de fiz uma cara de oi-eu-sou-um-anjo-e-te-peço-desculpas ele sorriu como se me perdoasse. Nota mental, tentar fazer essa cara no espelho e pedir desculpas a mim mesma por ser assim... do jeito que sou.
Fui para o gramado da casa – ou melhor, mansão – da Lily Fountain – eu ainda acho o sobrenome dela tão de pobre, preferia Rico. Tipo o de Riquinho Rico, sabe? – e fiquei em pé na grama dando pequenas goladas no meu refrigerante que estava gelado e me deixava com mais frio que já estava. Ok, experimente morar em Londres e ir para uma festa em pleno inverno quase asqueroso e esquecer seu casaco dentro da mansão a qual você agarrou o amigo de seu amado e ainda o fez tomar um banho de refrigerante – foi Fanta Laranja, lembrei – da namorada depois de tê-lo beijado. E como eu falei, ele beija muito bem, obrigada e volte sempre.

De repente senti uma respiração forte próxima de mim. Será que era o querendo algo mais já que eu tinha acabado com o namoro ou ficação ou sei lá o quê dele? Me virei pronta para dar um chute no pequeno amigo dele e dei de cara com .
- Ah, é você... – falei dando de ombros enquanto ele me encarava
- Sim sou eu, uma pessoa que quer saber se você tá com frio e saber que diabos aconteceu lá dentro com você e o
- Ah sim, eu tô com frio e eu agarrei o – sorri cínica
- Oh, agarrou o , certo... ?
Meu Deus, meu santo protetor da Power Ranger rosa, ele me chamou de... ? Mas... Não, ele tá bêbado. E não, ele não é gago. Minha reação? Comecei a rir feito uma condenada enquanto ele me olhava assustado e o resto do meu refrigerante caía no gramado.
- O que...?
- Ah, você acertou meu nome – coros de aleluia, por favor! Ops, esqueci que isso aqui não é um filme
- Oh, acertei! – ele sorriu abertamente. Aquele sorriso - E então ... Eu queria saber se...

Pausa um minuto. Número um, ele realmente lembrou meu nome. Número dois, quando ele fala meu nome, sinto um arrepio percorrer todo o meu corpo e sinto meu estômago estremecer e logo em seguida começar um baile funk com direito a créu na velocidade da luz. É, eu sei o que é o créu, não sou desinformada.
Mas... Ele queria saber o quê, mesmo?

- Eu queria saber se... – pausa dele
- Quer saber...? – eu fiquei curiosa, confesso
- Se você aceita ficar comigo e pans – ele ficou vermelho, de vergonha ou do frio? É que eu me esqueci de comentar, ele doou o seu casaco para mim, uma dama que acredita em santinhos protetores de Power Rangers.
- Tá ok, você só pode estar brincando – falei e dei uma tapinha nele o fazendo soltar um outch – pô, doeu? – fiz uma cara assustada – ei, você tá vermelho de vergonha ou de frio? Eu posso devolver o seu casaco e...

Agora me diz, o que você imagina que aconteceu?
Sim, ele simplesmente me beijou. Foi tipo um cala boca e beija logo. Mas eu planejava mandar ele me agarrar, mas quem entende a cabeça desses caras?
Mas... Você por algum acaso lembra o fato de que o beijo do Harry era bom? Pois é, multiplique o beijo do – não que você tenha tido a oportunidade de beijá-lo, mas imagine – por um zilhão e chegarás ao beijo de .
Um beijo que me esquentou mais do que aquele casaco capenga daquele gostosão fútil da escola. Separei meus lábios dos dele, porra, a gente tava a mais de um minuto se beijando, eu não tenho fôlego pra tanto!
Ele encostou sua testa à minha e sorriu, me dando um selinho logo depois. Tipo, eu não entendi nada! Só a parte que ele me beijou, porque isso vai ser impossível de esquecer.
- Cara, eu realmente não sei... – comecei a falar
- Shii – colocou um dedo em minha boca – não fala nada, só curte o momento
Ok, que coisa gay. Ele deve ter uma bicha encubada dentro de si, mas ainda não se descobriu.
- Me diz uma coisa... Porque isso? – perguntei insegura
- Talvez por que... eu goste de você, sabe? – ele falou numa voz mansa
- Oh, legal – às vezes sou insensível com certas coisas.

Continuamos nos encarando, sem falar uma palavra, apenas ouvindo um a respiração do outro. Até que interrompeu o momento eu-não-falo-nada soltando uma piadinha, ou não, já que ele falou tão sério:
- Sabe ... Eu não acho que gosto de você – ok, eu sabia que isso ia acontecer. Quando ia falar algo, ele continuou – eu te amo – sorriu.
Alguém por favor, chama uma ambulância? O me ama!
- É, eu acho que te amo... – mentira, eu realmente o amo – mas você nunca acertava meu nome! Isso me revoltava – nós dois sorrimos
- Ahn, então... Eu te amo Bridget – ele sorriu abertamente ainda me olhando nos olhos
- E eu te amo Matt.

The End


n/a: Mais uma fic aqui no addiction, espero que tenham gostado! Bom, essa coisa foi escrita num surto quase meia-noite do dia 2 de outubro. Um surto que deu certo! Baseada na música That’s not my name - The Ting Tings. Comentem e deixem uma autora feliz.
Cáh xx



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