Capítulo 1
Eu nunca fui normal, isso é fato. Só nunca imaginei que eu fosse demorar 15 anos para descobrir qual era o meu problema. Eu sou uma cambista. Não aquela cambista que fica vendendo ingressos por preços exagerados nas portas de shows a quem quer comprar de última hora, na verdade isso é só um apelido que eu mesma dei ao que eu posso fazer. Consigo trocar de corpo com outras pessoas.
Pra ser sincera, não considero isso exatamente um problema. Pra mim é mais um golpe de sorte, quero dizer, poucas pessoas – pra não dizer que eu sou a única – conseguem fazer o que eu faço. E como eu faço? Não me pergunte. Não tenho coragem de consultar nenhum neurocientista. Provavelmente ele teria duas opções: rir da minha cara ou pegar meu cérebro para estudo em nome das inovações da ciência, então prefiro não arriscar.
Acho que poderia considerar engraçada a primeira vez que eu troquei de corpo com alguém, se eu não tivesse participado da história, claro. Tinha pedido pro meu pai um celular novo – igual ao que minha prima tinha ganhado – mas ele não quis me dar. Sabia que era pura birra, mas eu senti uma inveja tão forte, que a única coisa que eu queria naquele momento, era ser aquela garota, aquela que tinha ganhado um celular que fazia tudo aquilo que, por consumismo, eu queria que o meu fizesse. Então fechei os olhos, a mentalizei e senti meu corpo inteiro ficar dormente pouco a pouco.
Quando os abri, estava no banheiro tomando banho. Estranho demais.... Corri para o espelho e vi o semblante da minha prima nele. Então eu gritei. Gritei tanto que antes que eu pudesse dar conta do que estava acontecendo, já estava desmaiada naquele chão frio. Quando acordei, pensei que tudo tivesse sido um sonho, mais do que isso, torci para que tudo tivesse sido um sonho. Mas meus pais e meu tios estavam ajoelhados na beira da cama chamando “Carly? Carl, você está bem?”. Só um problema: meu nome é . Me levantei e respirei fundo.
Senti minhas pernas estremeceram quando olhei para frente e vi a mim mesma me encarando, isto é, a Carly no meu corpo. Ela apenas sorriu como quem falasse “relaxa, tudo vai ficar bem”. É como dizem, “tome cuidado com o que você deseja”. E tudo isso por causa de um celularzinho de merda. Mas se eu tinha feito aquilo, eu poderia desfazer. Ou então teria que pedir inocentemente pros meu pais me levarem pra um terreno de pai de santo ou qualquer coisa que tentasse resolver meu problema. Repeti o que tinha feito antes, só que desta vez mentalizei minha própria imagem e aos poucos senti meu corpo adormecer novamente. Abri os olhos e agora encarava o rosto de Carly, como devia ser. Eu tinha conseguido. E tinha sido mais fácil do que eu imaginava. Nós nos abraçamos.
- Vamos deixar isso só entre nós, ok? – sussurrei e ela assentiu com a cabeça.
Essa era uma coisa que eu admirava nela: ela tinha uma capacidade incrível de compreender tudo o que acontecia ao seu redor, por mais estranho que fosse. Mas nem fodendo eu desejaria ser ela novamente.
Um ano se passou desde que aconteceu a primeira vez. Tentei pesquisar alguma coisa na internet e a explicação mais plausível era que eu sugava as ondas cerebrais de outra pessoa e como não é possível ter duas ondas diferentes no mesmo corpo, as minhas iam para o corpo vazio. Não é exatamente comprovado, mas pra mim é melhor que nada.
Eu venho treinando ultimamente. Sempre troco de corpo com minhas amigas quando elas não estudam para as provas e eu não preciso de nota. Nunca troquei de corpo com nenhum homem porque isso seria realmente estranho, ainda mais porque se eu estando no corpo dele significaria que ele estaria no meu. Além disso, me limito a trocar de corpo apenas com quem eu conheço – mesmo sabendo que posso trocar com pessoas sem precisar estar no mesmo local que elas. Não quero me arrisca nem nada.
Enfim, só estou escrevendo isso para contar a última coisa que me aconteceu, quero dizer, se é que aconteceu de verdade. Engraçado... O normal é que os outros não acreditem em mim, não que eu não acredite em mim mesma. De qualquer forma, nunca teve nada de normal aqui. E esta é uma boa história...
Tudo começou no aniversário de dezesseis anos da Emily, há exatamente um ano desde que eu tinha trocado de corpo a primeira vez. Ela, a Bridget e a Penny estavam lá em casa porque nós tínhamos feito uma festinha surpresa pra ela e tal.
- , você nunca pensou em trocar com alguém famoso? – Emily me perguntou fingindo desinteresse.
- Pensar eu já pensei, mas cadê a coragem? – dei de ombros.
- , já tem um ano que você faz essas coisas, tenta inovar um pouco! – Penny me enfrentou. Ok, se eu bem conhecia minhas amigas, elas não parariam tão rápido.
- Gente, vocês sabem que eu não sei como isso funciona. Pode ser perigoso e tal. Além disso, vai saber se ela vai cuidar bem do meu corpo... – fiz biquinho e elas riram. Mas era isso mesmo... Estes eram os motivos pelo qual eu não me arriscava. Eu tinha medo.
- Você é muito medrosa . – Bridget, que estava no telefone com a mãe até o momento, entrou na conversa.
- Você fala isso porque não é uma aberração, Bree. – claro que eu estava fazendo drama, mas se aquilo aquietasse o fogo no cu delas por um tempo, era lucro.
- Awn, você não é uma aberração ! – as três responderam juntas.
- Nós só estamos te estimulando a explorar seus poderes. – Emily passou a mão em meu cabelo em forma de consolo.
É, talvez eu estivesse exagerando. Quer dizer, eu já tinha um ano de prática, estava na hora de tentar coisas novas. Respirei fundo.
- Mas se por acaso eu aceitasse. – seus rostos se iluminaram no mesmo instante. É tão fácil deixá-las felizes que chega a ser broxante. – Mas só na hipótese – fixei - com quem eu trocaria?
- BRITNEY! – Penny disse dando um pulo.
- Ew, a mulher tem transtorno bipolar, imagina se eu deixaria ela ficar no corpo da minha amiga! – Emily disse e eu ri.
- Lady Gaga então.
- Puta merda Penny, a acordaria sem saber se é homem ou mulher. – Bridget brincou.
- Desisto. – Penny bufou. Dei graças por ela desistir porque se dessem corda, ela sugeriria pessoas como Lindsay Lohan, Vanessa Hudgens, Rihanna, Miley Cyrus, ou qualquer pessoa desse tipo. Não que eu tivesse algo contra elas, mas não, obrigada. Enquanto elas discutiam, eu me limitava a ouvir as sugestões.
- Que tal a ? – Bree sorriu.
- Quem?
- , namorada do . – revirou os olhos como se nós não soubéssemos da coisa mais óbvia do mundo. – Você ama ele !
Tá. Elas estavam indo longe demais.
- Você fumou baseado de novo Bree? – eu disse encarando-a.
- Hey! Foi só uma vez! – ela se defendeu.
- Por que não? – Emily a apoiou. Ah não! Ela tinha ido pro lado negro da força.
- Vocês não podiam ter pensado em alguém que ficasse a menos de um oceano de distância?
- Deixa de pensar pequeno ! Você sabe fazer sotaque britânico. It’s London baby!
Então eu desisti. Desisti porque elas não o fariam tão rápido. Emily foi até o computador e imprimiu uma foto da e eu tentei me concentrar nela. Era meio difícil porque eu não conseguia excluir a possibilidade de trocar de corpo com alguém parecida com ela ou com o mesmo nome. Mas eu daria o melhor de mim. Resolvi deixar isso pra lá e me focar no rosto da garota. Não gostava muito dela, mas só de pensar no ... Senti meu corpo formigar.
- Cuidem bem do meu corpo. – a última coisa que eu disse antes de ficar inconsciente.
Capítulo 2
Abri os olhos e estava meio sonolenta. Definitivamente aquilo tinha tirado minha energia. Observei o quarto. Não era o meu. Ok, se eu não estivesse no corpo da , eu estava em qualquer outro além do meu.
Quando me preparava para levantar, senti um braço sobre meu corpo me forçando a ficar na cama. Minha primeira reação foi olhar debaixo do cobertor. É, pelo menos eu estava de roupa. Me virei para ver de quem era o braço e senti meu coração parar de funcionar. Vamos lá , você tem que se lembrar como se respira.
Não foi difícil adivinhar que era o quem estava lá. Espera, na cama comigo. Por que isso soava impossível? Talvez porque em condições normais isso nunca aconteceria. Ele estava com os olhos fechados e com um sorriso idiota no rosto. Tão fofo... Olhei debaixo da coberta de novo e er... Ele estava sem roupas. Digamos que o little na verdade tinha tamanho médio, mas ew! Por que eu estava pensando nisso? Mas quer saber? Eu era muito medrosa, as meninas estavam certas. A partir daquele momento, até voltar para o meu corpo, eu era , uma garota na casa dos vinte anos. Tinha que aproveitar o quanto podia, já que no dia seguinte eu voltaria a ser a estúpida .
- Hey – eu acariciei seu rosto e ele abriu os olhos me encarando com uma expressão confusa.
- Hey – sorriu e me deu um selinho.
me dando um selinho, tá, não me belisque tão cedo.
- Dormiu bem? – me perguntou tirando uma mecha do cabelo que caiu no meu rosto.
- Uhum. – respondi com um sorriso. Se eu só tinha um dia, eu tinha que aproveitar ao máximo. Olhei para o relógio e eram mais ou menos umas oito e meia da manhã.
Peguei o rosto dele em minhas mãos e o beijei da melhor forma que podia.
- Mas você não tinha dito que estava de greve? – ele me encarou ofegante e desconcertado. Eu apenas balancei a cabeça negativamente e ele sorriu malicioso.
É, tecnicamente eu perdi minha virgindade com o no corpo de outra pessoa. Legal. Neste momento já se passavam das dez da manhã. Acho que a gente se empolgou um pouco, mas prefiro não mencionar os detalhes.
Nós tomamos café da manhã e eu realmente não tinha idéia de qual seria a próxima coisa a fazer, bom, eu tinha que ter a segurança que tudo isso tinha acontecido de verdade de uma forma mais concreta. Algo que me fizesse lembrar do que aconteceu quando eu voltasse para casa. Corri, peguei um papel qualquer que tinha por perto e pedi para ele escrever uma carta e nomeá-la a uma tal de “ ”. Ele me encarou com desconfiança mas em seguida sorriu. Começou a escrever e depois de um tempo preencheu a folha toda.
- Ok, agora você vai me levar até o correio. – eu disse eufórica e ele não contestou, pelo jeito já estava acostumado a seguir ordens da namorada.
No caminho para o correio, pedi para ele parar em uma loja de DVD’s e comprei vários do McFLY. Eu estava em Londres, tinha que aproveitar.
- , o que deu em você? – ele parou de frente para mim, colocou as mãos nos meus ombros e começou a me sacudir.
- É tudo pra . – respondi indiferente.
- E quem diabos é essa menina?
- Digamos que é uma conhecida minha. – mandei uma piscadinha e ele respirou fundo me dando um selinho.
- Você tá estranha hoje, mas por mim tá beleza. – sorriu torto e me abraçou pela cintura.
Merda. Queria que aquilo durasse para sempre. Mas só poderia durar um dia por dois motivos: acabariam percebendo que tem alguma coisa errada com a (ou pelo menos o corpo dela) e também porque eu nunca tinha ficado mais de um dia no corpo de outra pessoa. Eu já estava em outro país, era melhor não passar ainda mais os meus limites.
Ele me levou até o correio, eu coloquei tudo dentro de uma caixa e mandei para a minha casa. Ele pagou tudo, claro. Não tinha nem idéia de onde ficava o “meu” dinheiro. E mesmo que soubesse, prefiro não mexer com essas coisas.
Quando já estava tudo encaminhado, perguntou se eu queria almoçar. Já devia ser uma hora da tarde. Nem tinha percebido como estava com fome.
- Onde você vai querer ir? – ele me perguntou enquanto tirava o carro do estacionamento e seguia para a avenida.
- Sei lá... – pensei por alguns instantes. – Qualquer rede de fast foods, pra mim está bom.
- Você vai comer salada? – arqueou a sobrancelha.
- Não!- ri. Quem é a pessoa que vai pra um fast food comer salada? É a mesma coisa de ir pra um puteiro e ficar jogando baralho. – Provavelmente refri, batata frita e um hambúrguer bem grande.
Ele me olhou como se eu tivesse dito uma coisa absurda. Qual é o problema com essa garota? Mora e Londres e não come gordura, namora o e não aproveita seus... benefícios?! Olha, se ela não quer, eu quero. Ah, se quero.
- Mas você não estava de dieta? – virou-se para mim tirando os olhos da estrada por alguns segundos.
- Ninguém precisa saber... – sorri de lado para ele, que riu. Não sei porque, mas ele parecia estar se divertindo com a louca que tinha dado na namorada dele.
Em pouco tempo chegamos lá. O hambúrguer não tinha gosto de borracha igual ao da minha cidade. Mas com certeza comida era a última coisa que eu pensava naquele momento. Conversamos um pouco e eu fiquei fazendo brincadeirinhas idiotas, como jogar batatinhas no ar para ele pegar com a boca. Quando saímos, não tinha mais ninguém no restaurante. Confesso que ele superou minhas expectativas, quer dizer, eu tinha medo de ter me iludido sobre ele já que eu sou apenas uma fã. Mas até aquela hora, tinha me provado ser um fofo.
No caminho para casa, nós paramos em um parque e ficamos conversando sobre a banda dele e sobre animais. Tentei ao máximo não falar sobre mim para não entrar em contradição. No fim da tarde, ao pôr-do-sol, ele ficou cantando e cara... Acho que nunca fui tão feliz na vida.
- Um último pedido? – eu perguntei indo para o carro. Já estava ficando tarde e deviam ser umas oito horas da noite. Senti meu coração apertar ao perceber que meu tempo estava acabando.
- Uh? – ele se virou para mim confuso.
- Me leva pro London Eye? – ele sorriu assentindo com a cabeça e pegou minha mão.
- Por que não?
Então nós fomos pra lá. Terminar minha noite olhando a linda cidade nublada pelo London Eye seria realmente perfeito.
Foi questão de pouco tempo até entrarmos e atingirmos o auge da altura. Era só um fim de semana normal, não tinham muitas pessoas no local.
Eu estava olhando para baixo quando ele me puxou e me beijou.
- Sabe, , já tem um tempo que a gente namora, mas eu nunca tive certeza... – ele pegou minha mão e eu percebi que estava tremendo. – Quer dizer, hoje você me mostrou que é diferente. Diferente até mesmo do que eu pensava. Você é mais do que eu pensava. – quanto mais ele se atrapalhava com o jogo de palavras, mais eu sentia meu coração acelerar. – Eu acho que eu meio que te amo.
NÃO! Estava tudo errado. Não era ela quem ele amava. Ele mesmo disse que foi depois do que nós passamos que ele chegou a esta conclusão. Era eu, , quem ele amava. Mas ele nunca saberia disso. Era tudo tão injusto. Talvez eu estivesse sendo injusta.
- Eu também. – sussurrei e sabia que ele tinha sorrido mesmo sem poder ver seu rosto. – mas você não sabe disso. – pensei e uma lágrima pesada caiu. Tinha passado dos limites e só queria voltar pra casa. Tê-lo tão perto e ao mesmo tempo tão longe estava me matando por dentro.
Mudei de assunto assim que pude, mas estava nos olhos dele que minhas duas palavras tinham o feito ganhar o dia. Já eram onze da noite quando chegamos na casa dele. O tempo tinha acabado. E tinha passado rápido demais.
Quando estávamos deitados, eu lhe dei um beijo de boa noite e então me permiti voltar ao meu corpo. Provavelmente quando a voltasse, acharia que o tempo que passou como fora um sonho – lê-se pesadelo – então não teria um impacto muito grande. Aos poucos senti meu corpo ficar dormente.
A questão é que só hoje, semanas depois do ocorrido, a caixa que a “” me mandou chegou. Lá estavam os DVD’s e a carta que havia escrito, provando que não tinha sido tudo um sonho.
A carta do ... Me lembrei de não tê-la lido e então o fiz. Nela estavam escritas várias coisinhas sem sentido, como só ele consegue fazer, e no final o que ele disse chamou minha atenção.
“, não sei se foi você quem fez a ficar desse jeito pela manhã, mas se foi, faça de novo, porque ela nunca sorriu como sorriu hoje, e é vendo este sorriso que eu quero acordar todas as manhãs”.
n/a: eae galera? Escrevi essa fic na aula de português, tendência –N. E vocês, o que fariam se pudessem trocar de corpo com outra pessoa? Eu só faria merda, é. Enfim, espero que vocês tenham gostado e pans. Minhas amigas que leram falaram ou que tava triste o final ou (saca só) que devia estar mais picante. Sinto muito, estou saindo dessa vida de narradora de pornografia, brimqs. Bem, é isso aí, um beijo pra minha mãe, pro meu pai, pra Laís, pra Paula,pra Aysla, pra Thully,pra minha beta, pro meu pezinho de taioba, pro meu pezinho de alface, mas principalmente pra Xuxa e pra toda galera do Zapping Zone. Tá bom, parei. Ah, só mais um minutinho de vossa atenção, por favor gente, comentem ok? T-T. Besos gatas.
Minhas outras fics:
Delorean ft. Paula N.
Fate
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