The Life Of My Soul
by: Clau Judd beta: Marcela P.


Eu andava distraidamente pela festa a procura de Harry que sumira fazia um tempo. Eu já havia rodado o local inteiro e não o tinha encontrado ainda, então me sentei à mesa terminando de tomar o copo de seja-la-o-que que estava em minhas mãos. Ao mesmo tempo começava a tocar uma música, a nossa música, minha e de Harry, Everything do Lifehouse.

Find me there,
And speak to me
I want to feel you
I need to hear you
You are the light
That's leading me to the place
Where I find peace.. again

Coloquei o skate no chão e subi em cima dele, pouco me importando com a regra da universidade de ‘é proibido andar de skate nas propriedades da escola’, a mochila estava em minhas costas. Dei impulso com o pé, mas algo atrapalhou meu caminho, e eu fui de costas ao chão.
- Olha por onde anda, porra – eu reclamei me levantando.Olhei para quem tinha me derrubado, não o conhecia.
- Hm, desculpa, estava meio distraído, procurando o prédio da secretaria – novato, só podia. Ele era bonito, mas continuava sendo novato, e como todos os outros, deveria ser um chato. Eu ainda me perguntava o porquê de estar ali.
- É o amarelo. – eu respondi, me levantando e pegando o skate – Dougie Poynter – eu disse. Apesar de tudo, eu era educado, ao menos um pouco eu era.
- Harry Judd. – ele respondeu, esticando a mão. – desculpe novamente.
- Você é quem tem que me desculpar, e eu que agradecer. – ele me olhou confuso, provavelmente não sabia das regras da escola – não pode andar de skate aqui, digamos que eu sou o maior motivo da regra – eu disse dando de ombros e ele riu. Talvez ele não fosse assim tão chato. – posso te levar ate o prédio se quiser.
- Seria ótimo. – ele respondeu sorrindo. Eu fiquei olhando meio abobado para o sorriso dele por um minuto, mas logo retornando a realidade. Eu era gay sim, e não via problema quanto a isso, já o resto da escola via muito problema nisso, motivo pelo qual eu não tinha um único amigo. Andamos lado a lado até o prédio, conversando sobre música, porque foi o assunto que a gente achou mais rápido em comum, ele tocava bateria, sua banda preferida era The Used e ele achava o Travis muito bom; isso nós tínhamos em comum, já que eu sou mais do que totalmente viciado em Blink 182.
- Esta entregue – eu brinquei assim que chegamos, ele riu novamente.
- Cuidado para não atropelar mais ninguém – ele respondeu ainda rindo e eu tive de rir junto – até amanha? – ele falou mais em tom de pergunta do que um comprimento.
- Claro – eu respondi sorrindo. Seria bom ter um amigo, mesmo que por um dia, porque assim que nos vissem juntos iam começar a falar algo sobre nós dois, ou ao menos contar a ele que eu era gay e ai já era, de novo. – mas tem algo que você precisa saber sobre mim antes. É para os eu próprio bem – eu disse me decidindo repentinamente. Melhor ele saber por mim do que por qualquer outra pessoa.
- Hm. Pode falar – ele falou arqueando uma sobrancelha.
-Eu sou gay – eu falei e ele riu – eu to falando serio, Harry. – eu respondi emburrado. Odiava quando as pessoas não me levavam a serio.
- Não estou duvidando, só estou tentando entender onde você quer chegar com isso, se foi uma cantada, tente melhorar um pouco porque não funcionou – eu o olhei meio assustado. Não estava acostumado com as pessoas me tratando bem, e muito menos fazendo piadinhas.
- Não, não foi uma cantada. É só que antes que vissem você comigo e começassem a falar algo de você, já estou te prevenindo. – eu falei – e se fosse uma cantada? – eu perguntei de repente.
- Não teria funcionado. E não tem com o que se preocupar, as pessoas eventualmente vão perceber que a opinião delas pouco me importa, na verdade nada nelas me importa sem ser o nome e sobrenome. – ele respondeu e eu senti um tom ameaçador na sua voz – mas sempre existem exceções não? – ele perguntou voltando a sorrir daquele jeito.
- Normalmente sim. Mas então, você não se importa de virar alvo? – eu perguntei realmente curioso.
- Normalmente e procuro pelo alvo Dougie – ele respondeu e eu fiquei muito confuso com isso – eu tenho realmente que falar com a secretaria a gente se fala amanha, pode ser? – ele perguntou depois de um tempo em silencio, eu murmurei um ‘uhum’ perdido em pensamentos tentando entender a frase dele.

Eu sai do salão e fui para a parte exterior da festa, onde se encontrava apenas duas pessoas. Uma delas eu pude reconhecer rapidamente que era Harry, e a outra não sabia quem era. Me aproximei o suficiente para ouvir a conversa dos dois.
- Já disse que não vou fazer isso – Harry falou em tom de voz baixo, porem firme e decidido.
- Certo, eu faço então. – o outro falou.
- Eu disse não. Ninguém vai fazer isso. – Harry falou segurando o outro.
- Ele tem que morrer, e não cabe a você decidir se ele vai ficar vivo ou não. – o cara puxou o braço e se soltou de Harry com uma facilidade fora do comum, Harry era extremamente forte.

You are the strength
That keeps me walking
You are the hope
That keeps me trusting
You are the life
To my soul
You are my purpose
You're everything

Três meses depois eu e Harry já éramos o assunto mais comentado na escola. Todo mundo falava sobre nós dois. Todos tinham a certeza de que estávamos juntos, mas éramos apenas amigos, não por opção minha é claro, porque Harry era bonito, e eu apesar de gay, continuava sendo homem. Harry chegou ao refeitório e se jogou na cadeira a minha frente, ele estava visivelmente irritado e cansado.
- O que aconteceu? – eu perguntei preocupado com o estado dele.
- Trabalhei a noite toda, e acabei de receber uma ligação do meu chefe me mandando fazer mais coisas, só que ele passou dos limites dessa vez. Não acho motivo pra ele querer que eu faça isso. – ele resmungou e eu fiquei sem entender nada. Harry nunca disse que trabalhava.
- Não sabia que você trabalhava – eu falei e ele me olhou.
- É um emprego horrível Dougie, a pior coisa que alguém pode fazer. Não sei por que eu faço, talvez porque eu precise de dinheiro pra viver – ele falou e eu pude enxergar em seus olhos o quanto ele sofria no emprego.
- Porque não se demite? Ache outra coisa pra fazer. Tenho alguns amigos que tem lojas, você podia trabalhar em uma delas – sugeri.
- Não se pode demitir-se nesse tipo de emprego Dougie.
- Afinal o que você faz? – eu perguntei.
- Melhor deixar isso pra lá – falou dando fim a discussão. Eu faria tudo para descobrir o que Harry fazia.

Aquele homem era provavelmente o chefe de Harry, e isso me fez o sangue ferver. Me aproximei deles chamando a atenção deles. Harry rapidamente caminhou até mim, me segurando em seus braços, ficando de costas para seu chefe.

And how can I stand here with you
And not be moved by you
Would you tell me how could it be any better than this

Desviei o olhar do teto do quarto o qual eu não enxergava já que estava perdido em lembranças, fazia seis meses que eu conhecera o garoto que estava ali ao meu lado, e eu me apaixonara por ele, na mina opinião foi rápido, já que eu não era de me apaixonar. Olhei para Harry, inicialmente me assustei e depois o medo me invadiu, Harry estava apontando uma arma para mim.
- O que é isso, Harry? – eu perguntei num fio de voz. Eu havia o magoado? Havia feito algo para ele? A possibilidade de qualquer uma dessas hipóteses me matava por dentro. Eu havia muito tinha aceitado que estava apaixonado por Harry, e a mais tempo ainda aceitado que não era correspondido.
- O que parece que é isso, Dougie? – ele falou, tentando parecer irritado, mas falhando completamente, ele estava inseguro, eu via isso nele – você não disse que queria me ver trabalhar? Então, esta vendo – ele disse num tom de voz frio.
- Como assim te vendo trabalhar Harry, você esta apontando uma arma pra mim, e que provavelmente esta carregada. Eu fiz alguma coisa? Te magoei? – perguntei confuso e com medo, não pela arma. Morrer era o menor dos meu problemas, não ligava realmente para a morte. Tava com medo de ter machucado ele de alguma forma.
. - Eu estou trabalhando, Dougie. Eu sou matador de aluguel. E é você quem eu tenho que matar – Aquilo doeu, e doeu muito. Saber que eu tinha confiado cegamente nele e que ele estava fingindo esse tempo todo me magoou, mas na foi algo forte o suficiente para me fazer ter alguma reação.
- Então é isso, Harry? Você tem que me matar? Você sempre esteve do meu lado procurando o momento certo pra me matar? Caramba, devia ter falado antes, nos poupava tempo. – eu respondi fazendo piada. Eu vi sua mão começar a tremer, e ele engolir em seco. Me levantei da cama e dei alguns passos em sua direção. Nossos olhares presos um no outro, sem conseguir se desviar. A arma caiu de sua mão e fez um baque ao encontrar o chão, logo Harry caiu de joelhos no chão, levando as mãos ao rosto tentando esconder, sem sucesso, as lagrimas.
- Eu não consigo, Doug. Eu tenho que te matar. Mas eu não consigo. Eu te amo. Não era pra eu ter me apaixonado, não podia, mas eu não consegui evitar. – conforme ele falava um sorriso nascia em meus lábios.
- Eu também te amo, Harry – eu disse agachando a sua frente, levantei o queixo do garoto obrigando-o a me encarar e uni nossos lábios.

Harry me soltou colocando-me atrás dele, e se virando novamente para o chefe, que segurava uma arma na mão
- Eu lhe disse que ninguém vai mata-lo – Harry falou em voz baixa evitando atrair olhares para nós três. Eu sempre soube que haveria um dia em que nós três nos encontraríamos, mesmo que fosse demorar, esse dia chegaria.

You calm the storms
And you give me rest
You hold me in your hands
You won't let me fall
You steal my heart
And you take my breath away
Would you take me in
Take me deeper, now

Harry me puxou para si, e eu bati com força contra seu corpo, derrubando-o e caindo por cima dele na neve. Ele riu e me deu um selinho, eu sorri bobamente. Os braços de Harry passaram pela minha cintura e eu deitei a cabeça em seu peito, aspirando o maximo de seu perfume que me era permitido. Ele era acima de tudo meu melhor amigo. Mesmo que tivéssemos um relacionamento amoroso. Não éramos namorados, já que nenhum de nós havia feito um pedido, mas ficava meio que subentendido. Eu sabia que havia algo de errado com ele, e que ele não queria me contar, e não o pressionei, não naquela tarde ao menos. Era o nosso dia, e eu queria curtir ele, do modo mais romântico possível, do mesmo jeito que ele queria, porque eu simplesmente sentia isso vindo dele. Me soltei dele e levantei, esticando a mão para que ele fizesse o mesmo, uma musica começou a tocar ao fundo e eu vi o momento perfeito. Porque aquela música era perfeita, combinava perfeitamente com a gente, parecia que tinha sido escrita para nós dois. Eles se levantou e eu puxei-o ao meu encontro, colocando uma de minhas mão em seu ombro, e com a outra segurando uma das suas, a outra ele colocou na minha cintura; começamos a dançar no ritmo da musica ao fundo. Ele juntou mais nossos corpos de modo que sua boca ficou perto de meu ouvido; ele sussurrava a letra da música para mim e me conduzia em uma sincronia perfeita. Fechei os olhos sentindo nossos corpos colados e ouvindo sua voz próximo ao meu ouvido, suspirei inevitavelmente. A musica ganhava um tom mais agitado e ele manteve o ritmo exato da música em nossa dança. Nossos corpos se uniam com exatidão, parecia que tínhamos sido feitos um para o outro, e talvez tivéssemos mesmo sido feitos para isso. Por mais errado que parecesse, nós éramos certos. Nós éramos a única certeza em meio a tanta bagunça que era nossas vidas. Virei o rosto e uni nossos lábios em um beijo calmo e apaixonante, e só nos separamos quando precisamos de ar, nos separamos ao mesmo tempo em que as ultimas notas de Everything eram tocadas.

- Eu já te disse Judd, que não é você quem decide isso. Ele tem que morrer, agora tem um motivo a mais para isso. – o chefe dele falou, e eu o encarei confuso. Um motivo a mais. Não sabia sequer do primeiro.
- E porque eu tenho que morrer? – eu me ouvi perguntando. Harry se virou para mim e uniu nossos lábios em um selinho rápido e murmurou um ‘vai lá pra dentro’ eu neguei com a cabeça. Não deixaria Harry sozinho.

And how can I stand here with you
And not be moved by you
Would you tell me how could it be any better than this

- Harry, o que esta acontecendo? Porque você não me fala de uma vez. Lembra, a agnte é melhor amigo – eu falei, levantando o queixo dele afim de faze-lo me encarar.
- É só o meu trabalho. Meu chefe esta me pressionando, só que eu não posso fazer isso. – ele respondeu resmungando. Eu respirei fundo, era difícil manter uma relação com Harry, mesmo de amizade; eu principalmente. Harry era matador de aluguel, e eu a sua vitima da vez. Era difícil andar e confiar em uma pessoa que já apontou uma arma para você, mas eu não conseguia me afastar dele, e nem queria.
- Você sabe que pode fazer isso, sabe que eu vou entender. Desde que você volte a sorrir. Para mim basta que você esteje feliz Harry. Não me importa que para isso eu não possa mais viver – eu falei serio, e ele me empurrou para longe dele, se levantando.
- Você não entende não é Poynter? Eu não sei viver sem você. Eu preciso de você. Eu amo você, porra. Eu não posso, não consigo te matar. – ele gritou e eu me assustei um pouco, nunca vira Harry tão descontrolado. Ele respirou fundo e se sentou novamente – Desculpe Dougs. – ele falou depois – mas isso esta me consumindo. Ele fica todo dia me ligando, me pressionando a fazer isso, e eu não consegui argumento nenhum a seu favor, o dele é forte demais. Eu não tenho conseguido me controlar muito bem. E você sabe que para o seu próprio bem, deveria se afastar de mim. Foge Doug, para algum lugar bem longe, onde ele jamais te achará. – o encarei, ele não estava falando serio, não podia estar.
- Eu não vou sair do seu lado, Hazz. Só vou te deixar no dia que eu morrer, não adianta tentar me convencer. Eu vou correr o risco. – respondi e ele me olhou.
- Dougs, não é seguro, você...
- Não me importa, Harry. EU não vou deixar meu melhor amigo. Não gosto de te ver nesse estado. Você não entende, que antes de eu te amar como namorado ou sei la o que sejamos, eu te amo como melhor amigo? Eu me preocupo contigo como qualquer amigo faz com o outro. Você não vai me convencer a ir embora, desista disso. – eu o cortei.
- Você é a melhor pessoa do mundo, o melhor amigo que alguém podia querer – ele respondeu me abraçando.

- Vou te dar uma escolha Judd. Não quero que se arrependa depois. Eu deixo o Poynter vivo, mas com apenas uma condição. – Ele falou ignorando completamente a minha pergunta. Harry o olhou pedindo para que ele continuasse – você morre no lugar dele. – eu olhei com choque para Harry.
- Não – eu disse alto, saindo de traz de Harry e avançando para seu chefe. Harry me segurou perto de si, me impedindo de continuar a andar. – isso é entre nós dois. Não sei o que te fiz para querer me matar, mas não importa. Não envolva Harry nisso, ele não tem nada com isso. Não posso deixar que ele morra por minha culpa – eu falei e Harry me colocou de lado.
- É isso Judd, ou você ou ele. Escolhe. – o chefe dele falou. Continuei ao lado de Harry, segurando sua mão.
- Eu – ele respondeu. Aquilo não era aceitável. Eu aceitaria tudo, qualquer coisa, menos que ele morresse por mim. Eu não saberia como continuar vivendo. Eu me mataria caso ele morresse. Não poderia simplesmente desperdiçar a vida de Harry. Assim que vi a arma apontada para o peito de Harry me pus a sua frente.

And how can I stand here with you
And not be moved by you
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Ouvi o som do tiro, mas mantive meus olhos fechados, era mais fácil encarar a morte assim. De olhos fechados, sem saber o que iria acontecer. Sim, eu sabia que ia morrer, ele ia acertar o tiro exatamente em meu peito. Ele era profissional nisso, não erraria, e eu saia. Mas não ligava, não ligava porque eu estava fazendo isso por Harry. Fazia isso por alguém que eu amava. O impacto da bala em meu peito me jogou para trás e cai sobre o corpo de Harry que me segurou, ao mesmo tempo pude ouvir um ‘não’ vindo de Harry e os passos do chefe dele de distanciando.
- Dougie, fala comigo. – Harry chamou e eu tentei em vão falar. O ar me faltava, não tinha forças suficientes para fazer qualquer coisa. Eu sabia enfim que tudo tinha acabado. Morrer não era tão doloroso assim, o que estava machucando não era o ferimento com a bala, e sim ter de deixar Harry. Ter de deixar para trás os planos traçados por nós para uma vida inteira.

Harry’s POV

O corpo de Dougie caiu sobre o meu, e eu falei um ‘não’ com a pouca voz que eu tinha. John saiu correndo. O tiro fora disparado exatamente no momento em que a música ficava baixa. Todos haviam ouvido o tiro, e com certeza estariam vindo para cá.
- Dougie, fala comigo – falei. Eu sabia que ele não ia me responder. Eu sabia que ele teria minutos de vida apenas, se não menos. O tira fora certeiro, não teria como John errar, ele era bom nisso, ele havia me ensinado tudo que eu sei. Senti as lagrimas escorrendo pelo meu rosto e caindo em cima de Dougie. Coloquei a mão no bolso e tirei de lá a caixinha preta e a abri. Eu tinha que fazer isso, tinha que ao menos entregar para ele, mesmo que fosse por alguns míseros segundos. – Eu comprei isso pra você. Ia te dar hoje. Eu ia tornar oficial nosso namoro – eu sussurrei para que apenas ele me ouvisse e tirei a aliança da caixinha, ele deu um sorriso fraco e eu coloquei a aliança em seu dedo, colocando logo em seguida a minha.
- Eu te amo, e sempre vou te amar – ele falou quase inaudivelmente.
- Eu também te amo, mais do que imagina – eu respondi, e ele tentou respirar uma ultima vez. Seu corpo amoleceu em meus braços e eu finalmente me soltei sobre seu corpo e deixei com que as lagrimas corressem pelo meu rosto. As pessoas tentavam me tirar dali, mas eu resistia. Eu queria ficar com ele, eu precisava ficar ele.

Cause you're all that I want
You're all I need
You're everything, everything
You're all I want
You're all I need
You're everything, everything
You're all I want
You're all I need
You're everything, everything
You're all I want
You're all I need
Everything, everything

- Judd, sobe até o meu escritório agora. - John, meu chefe, falou. Eu obedeci e chegando lá sentei na cadeira que ele indicou. Permaneci calado - sua próxima missão. – ele disse e jogou toda a papelada em cima da mesa, abri a pasta e comecei a ler. A cada linha meu choque era maior. John queria que eu matasse seu filho? Não fazia sentido nenhum para mim. Virei a pagina e me deparei com o nome e a foto do mesmo. O choque aumentou. Dougie Poynter.
- Porque ele? – eu perguntei e John me encarou.
- Eu não gosto dele. Ele foi um acidente, e quase acabou com toda a minha vida, e vem se tornando cada vez mais um risco não só para mim, como para toda a companhia. – ele respondeu e eu acenei. Me levantei e sai da sala.
Eu teria mesmo coragem de matar Dougie?Nós éramos amigo havia 4 meses e meio, e é claro que eu havia me apaixonado por ele. Eu era fraco para isso, e Dougie era cativante, era meigo, não tinha como não se apaixonar. Eu teria força o suficiente para matar a pessoa mais importante da minha vida? A pessoa por quem eu respirava? Fechei os olhos tentando achar uma solução para evitar isso, ou um argumento a favor de Dougie que o livrasse disso, mas simplesmente não conseguia.

___X___

Eu havia falhado, não tinha conseguido matar Dougie. Era impossível. E agora seria mais ainda, Dougie tinha se declarado para mim. Estávamos juntos. Ele era perfeito. O melhor namorado, não oficial, do mundo. O melhor amigo do mundo. Ele sabia quando eu estava mal, quando eu precisava de apoio, quando eu queria ficar sozinho, ou quando não me deixar sozinho. Ele me conhecia melhor do que eu mesmo. Ele era romântico e fofo quando estávamos juntos e companheiro e conselheiro quando eu precisava desabafar e conversar com um amigo. Dougie era dois em um. Meu melhor amigo, e meu pseudo-namorado. Enfim, éramos certos, tão certos que chegávamos a ser errados. Ele era tudo para mim, tudo que eu queria, que eu precisava.

___X___


Olhei para a vendedora da loja. Loira. Só podia ser. Como ela podia ser tão burra meu Deus? Eu havia deixado bem claro que queria uma aliança prateada com dois fios dourados se entrelaçando, e que não queria outra, qual o problema dela? Era só ela me dar a aliança para eu poder gravar meu nome e o de Dougie. Eu estava planejando dar a aliança e fazer um pedido de namoro, tornar oficial o que tínhamos, no dia do baile de formatura. Meu celular vibrou no bolso, olhei o nome da tela ‘John’. Atendi.
- Seu prazo esta se esgotando Judd, tem só ate amanha para executar o serviço, e sabe disso – eu falou. Ele podia ser compreensivo e deixar para o dia 13 não? Assim eu teria tempo de fazer o pedido formal ao Dougie na formatura dia 12 e fugir com ele no dia seguinte.
- Eu já sei disso, e tenho tudo sob controle. Não posso simplesmente entrar lá e fazer isso. Requer planejamento. Eu já sei o que vou fazer. Não se estresse. – eu respondi, atuando tão perfeitamente quanto ele me ensinara. Se ele soubesse quantas de suas artimanhas eu usava contra ele, provavelmente nunca mais ensinaria nada para os ‘novatos’ dele. Desliguei o telefone, e me virei para a vendedora. – eu quero essa mesmo. Obrigado. Quanto custa? – perguntei tirando a carteira do bolso. Ela me olhou com desgosto, e informou o preço. Paguei e sai dali, indo gravar os nomes. Cheguei em casa e escondi a aliança, logo ligando para Dougie e pedindo que ele fosse ate lá. Não tardou ate que ele chegasse. Passamos o resto do dia vendo filmes na TV, e nos beijando, como qualquer casal normal.

Me puxaram de cima de Dougie e eu me deixei levar. Enfim, eu precisava me afastar um minuto dele para poder me recuperar. Não sabia quem tinha me levado até o salão, mas eu era grato a quem quer que tivesse o feito. Coloquei a mão no rosto novamente. O que eu faria agora? Não sabia viver sem Dougie, ele era tudo para mim, era o porque de eu viver. Eu não existia sem ele. Minha vida acabou junto com a dela. Eu podia continuar respirando, e meu coração batendo, mas eu já não vivia, porque não existia vida sem Dougie para mim.

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Eu talvez realmente merecesse isso. Eu havia feito mal a milhares de pessoas. Eu tinha feito milhares de famílias sofrerem, eu merecia isso. Eu havia ganho Dougie como um modo talvez de me desculpar, mas a haviam tirado de mim com crueldade. Tinham me dado a chance de viver quando ele entrou na minha vida, mas eu não era digno de viver. Eu tinha que sofrer o mesmo que havia feito os outros sofrerem. Eu não merecia compaixão de ninguém. Eu era responsável por mais uma morte. Eu havia matado Dougie também. Dougie fora mais uma de minhas vitimas, e eu não queria que isso tivesse ocorrido. Eu estava enfim sendo castigado pelo que havia feito. O dia clareava lentamente. O sol nascia para mais um dia, um dia que para mim não haveria cor alguma, assim como todos seus sucessores. Não queria mais ver as cores, ou as coisas felizes, porque eu já não teria Dougie ao meu lado para compartilhar esses momentos. O nascer do sol era lindo, e eu daria tudo para poder dividi-lo com Dougie, mas isso era impossível, e por culpa minha. Eu queria poder ouvir sua risada, e sua voz falando bobagens, coisas sem importantes. Ver seu sorriso, seus olhos azuis brilhando. Queria ver se rosto de criança, poder aninhá-lo em meus braços e fazê-lo dormir como havia feito tantas vezes. Queria poder mexer no seu cabelo, enrolando-o em meus dedos, enquanto ele fechava os olhos e suspirava pedindo que eu não parasse. Me levantei e caminhei até o pátio da escola, no exato ponto em que Dougie me ‘atropelara’ a quase um ano atrás. Fechei os olhos sentindo as lagrimas voltarem com força para mim. Me sentei no chão, não me importando que era exatamente no meio do caminho, e deixei com que as lembranças de tudo que aconteceu me tomassem, desde o dia em que nos conhecemos ate o fim da noite anterior. Deixei que as minhas lagrimas tentassem, em vão, limpar a dor de mim.

Os anos estavam se passando, eu já não fazia nada. Usava o dinheiro que havia guardado para ‘viver’ e seguia em frente. A minha aliança ainda continuava no dedo, assim como a de Dougie estava. Eu não deixei tirarem a aliança de sua mão. Era dele, e ficaria com ele para todo o sempre. Eu não ligava para mais nada, não queria nada. Eu queria Dougie, e ele eu não tinha, portanto nada mais me importava.
Mesmo depois de anos, quando fechava os olhos podia vê-lo com perfeição, e quando adormecia pensando nele sonhava com o que teríamos, ou com o que tivemos, e em algumas poucas, porem desesperantes, vezes sonhava com a noite em que me tiraram o direito de viver. Eu não existia sem Dougie. Logo depois eu pensei em me matar, para aliviar essa dor, para poder ficar com ele depois. Mas eu não o o fiz, e não por falta de coragem, porque isso eu tinha e de sobra. Não fiz porque eu merecia passar o resto da vida sofrendo por isso, porque eu havia provocado isso. Eu havia escolhido isso, portanto eu deveria conviver com isso, com as conseqüências disso.
Era esse o castigo que a vida me reservava por fazer tudo que eu fazia. Meu castigo era viver sem minha vida, e isso era a pior coisa do mundo. Eu não podia viver sem minha vida, mas estava sendo obrigado a isso. Todos os dias eu ia ao cemitério e passava horas a fio falando com ‘ele’. Eu não me importava que ele não ouvisse, que ele não estivesse realmente ali, mas eu falava, porque eu tinha a sensação de que ele estava ao meu lado ouvindo tudo que eu lhe falava, e isso era mais do que o suficiente para me fazer seguir em frente, e ver o fim que o destino me reservava.

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POV em Terceira Pessoa

Harry se afastava lentamente do tumulo de Dougie, novamente com lagrimas no rosto. Ele não conseguia passar um dia sequer sem chorar. Ele precisava tirar aquela angustia do peito e chorar aliviava um pouco, mesmo que minimamente. Ele havia passado o dia inteiro ali, sentado de frente para o tumulo falando com Dougie, sem saber que Dougie estava realmente ali. Ele sentia a presença de Dougie, mas apenas quando estava ali, pois algo os aproximava, mas ele não sabia que Dougie o acompanhava onde quer que fosse, que via toda a dor dele, e que isso o machucava por não poder fazer nada. Quem sabe um dia o destino não os colocaria frente a frente novamente. Harry se encolheu ao sentir a brisa fria bater contra si, sem saber que na verdade era o corpo de Dougie lhe abraçando. O pequeno loiro, aproximou a boca do ouvido do mais velho e sussurrou um ‘eu te amo’ depositando um beijo em sua bochecha. Eles não estavam realmente separados. Estavam separados por algo que era inimaginável. Estavam separados por matéria, mas juntos em corações.


FIM
N/a: Medo, primeira fic que eu coloco aqui. Espero que gostem. Essa fic é um request que eu peguei no Orkut, e gostei bastante da idéia, e ela ficou maior e melhor do que eu imaginei, mas meio diferente do pedido exato no Request. Anyway, espero que gostem *-*

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