Touch My Hands
Por: Adelle Rogrigues.
Beta-reader: May Espadaro
escute ao ler. A próxima música começou. Eu já tocava mais por costume do que por qualquer outro motivo. Não me entenda mal. Eu amo meu trabalho. Às vezes, na maioria delas, nem considero um trabalho, e sim um hobby muito lucrativo! Mas de um tempo pra cá, as coisas tem perdido a graça... A vida de Rock Star pode ser bem empolgante no começo, mas, a medida que o tempo vai passando, você cansa daquelas pessoas vazias e interesseiras que lhe rodeiam. Principalmente se tratando das do sexo oposto.
Foi então que eu vi os olhos mais incríveis que já tinham passado pela minha vida. Eram como duas portas para o paraíso, onde tudo parecia colorido e intenso demais. Aqueles olhos eram como espelhos d’água, refletindo minha própria felicidade neles. Eles não eram reais...! Coisas assim só existem nos meus sonhos! Acompanhando eles estava o sorriso mais doce e contagiante de todos. Só de olhar, eu sorria junto, em sincronia. Tudo naquele rosto era incrível... Era o rosto de um anjo. Um anjo que veio pra iluminar minha vida afogada na escuridão. Eu a queria pra mim! Eu a queria como se quer o ar pra respirar, e ela tinha que saber disso. O breve momento que passei nesse transe me fez perder a concentração e acabei errando umas notas, mas consegui me recuperar antes que um dos caras viesse reclamar. Eu tinha que ir até ela..! Ela estava tão perto, colada com o palco. Eu já podia sentir minhas mãos formigando e minha garganta secando de nervosismo. Mesmo sem ao menos saber, ela já exercia todos os efeitos humanamente possíveis e impossíveis em mim. Sem ao menos saber, ela estava se tornando o centro do meu mundo. Eu a queria mais do que qualquer coisa que já quis.
- O que você ta fazendo, ? Ainda não tá na hora! - brigou.
- Claro que tá, ... É agora ou nunca. – Falei decidido caminhando para a borda do palco enquanto me olhava se entender.
Quanto mais eu me aproximava, mais os gritos pareciam estridentes. Apesar de saber que milhares de pessoas nos cercavam as únicas coisas que eu tinha consciência que estavam lá eram eu, ela e a banda. E a música. Essa não podia parar até eu tocá-la. Se eu não fizesse logo, corria o risco de não vê-la nunca mais. E eu já não a queria longe de mim.
Quando já estava na ponta do palco, nossos olhares finalmente se encontraram. O seu sorriso parecia ainda maior, ainda mais encantador ao se prenderem aos meus. Então era impossível não acompanhá-la.
Ela sabia. Aproximei-me, ainda preso naquela sensação, enquanto ela tentava chegar o mais próximo possível, meus dedos tocando na palma de sua mão.
O instante em que nossa peles se chocaram senti meu sangue acelerar nas minhas veias e meu coração trabalhar a toda velocidade. Minha pele parecia dormente e ao mesmo tempo com a sensibilidade no auge. Era como se eu tivesse tomando consciência dela pela primeira vez na vida. Foi ali, naquele mar de gente, com meus dedos em contato com sua pele macia e seus olhos cravados nos meus, que eu finalmente entendi do que se tratava aquela música que eu cantava quase todas as noites. Milhares de flashes brilhavam na minha frente, como uma parede de estrelas, mas nenhum deles conseguia ofuscar o brilho que vinha dos seus olhos.
- , seu babaca! A gente tem que encerrar o show sabia? – escutei gritar de longe.
- Merda... – resmunguei contrariado.
Me afastei dela, que ainda mantinha os olhos em mim, e voltei pra minha posição normal pra terminar logo aquilo. Ela permaneceu ali em pé, com um sorriso no canto da boca e me encarando com doçura.
Tratei de caprichar na última música. Nunca desejei tanto que um show terminasse! Porque assim que ele chegasse ao fim, eu daria um jeito de tê-la em meus braços.
Logo o último acorde soou e as despedidas foram feitas. O lugar começou a esvaziar e já não tinha quase ninguém, quando eu fui em direção ao segurança mais próximo.
- Hey, dude! Tá vendo aquela garota ali na frente do palco? A de blusa cinza? – perguntei apontando pra ela que desde o fim do show observava o palco, com um olhar perdido e imersa em pensamentos, enquanto um sorriso brincava no canto de sua boca. Suas amigas ainda estavam próximas, comentando a respeito do show. Os gritos eram audíveis até a distancia que eu me encontrava.
- Sim, senhor – respondeu sério.
- Então, eu preciso que você leve-a para aquela ponta do palco, onde só o pessoal da produção tem acesso. É urgente. Antes que ela vá embora – disse nervoso apontando pra outra extremidade do longo palco, que agora não tinha mais ninguém.
- Claro, senhor – respondeu falando alguma coisa no seu microfone.
Em seguida ele se dirigiu a direção que ela se encontrava. Eu já estava correndo para o local marcado, mas ainda assim pude ver a sua expressão surpresa quando o brutamonte a abordou. Assim que cheguei lá, me encostei-me à parede de frente a entrada que ela deveria vir.
Não tenho noção de quanto tempo passou. Podiam ser minutos, mas eram como se horas sem fim estivessem se arrastando. Será que ela não vem mais? Será que na realidade ela estava interessada no ? Quem em sã consciência se interessaria por ele?! Ele é um babaca com aquele cabelo ridículo... Eu sou muito mais lindo e simpático e...
- Oi?! – ouvi uma voz doce chamar.
Levantei rapidamente, sentindo uma leve tontura. Meu coração batia tão forte dentro do meu peito que chegava a doer. De perto ela era mais incrível ainda.
- O segurança me falou que eu tinha que vir aqui. Eu fiz algo de errado? – perguntou insegura enquanto mexia as mãos de maneira nervosa.
- Er.. Na realidade eu que pedi pra ele te chamar – falei me aproximando enquanto tentava criar coragem pra continuar.
Eu sempre fui péssimo com garotas, mas dessa vez acho que vou ter um piripaque de nervosismo. Eu estou virando uma bicha...
- Por quê? – ela perguntou curiosa, parecendo ainda mais nervosa.
- Porque eu... – falei sentindo a garganta seca.
Respirei fundo.
- Porque eu precisava te conhecer pra saber se você era real ou só mais um sonho meu – falei rápido, sentindo todo meu rosto esquentar.
Dude... Eu definitivamente virei uma bichinha...
Ela abriu e fechou a boca ficando tão vermelha quanto eu deveria estar.
- Eu sou – me aproximei, já de frente a ela.
- – ela respondeu com um sorriso tímido no rosto.
Nós nos encaramos. Olhar assim tão perigosamente próximo nos olhos dela me fazia perder a noção das coisas. Era um olhar misterioso, como se soubesse tudo que se passava em minha mente. Não sei quanto tempo ficamos nos olhando. Na realidade, se ela não tivesse falado, eu poderia ficar ali pelo resto da eternidade, só observando.
- Você queria me dizer algo?
- E-eu?! É... Queria, eu acho... – falei com olhar perdido nos traços delicados do rosto dela.
- Ok, então...! Sou toda ouvidos – falou mordendo o lábio inferior.
Ela ficava muito sexy quando fazia isso... Me fez até perder a linha de raciocínio...
- Certo – falei respirando fundo. – Eu realmente não sei o que tá acontecendo comigo, pode parecer clichê ou mentira, mas isso nunca me aconteceu... No momento que eu olhei pra você aqui de cima desse palco, eu tive uma certeza. Eu achei o que eu estava procurando, mesmo sem saber que eu procurava... E você não precisou dizer uma só palavra pra que meu coração disparasse e eu esquecesse o mundo, você só precisou sorrir. E eu precisava que você soubesse disso! Mas não fica assustada! Nem precisa se afastar de mim – falei nervoso enquanto mexia sem parar no cabelo. – Eu só queria te dizer o quando você mexeu comigo antes que você fosse embora e fosse tarde demais... – terminei sentindo minhas bochechas esquentarem.
Tomei coragem e segurei sua mão. Tocar a pele quente e macia de sua mão só me fez ter mais certeza do quão real minhas palavras eram. Entrelacei meus dedos aos dela e contatei o que já deveria saber, o encaixe era perfeito.
- Uau – Ela respondeu me olhando impressionada.
- Eu te assustei, né? Olha, não fica com medo! Desculpe, eu... Esquece o que eu disse – falei rápido, com medo que ela saísse correndo.
- Não se preocupe, . Eu não vou sair corrend. – ela falou rindo.
Devo confessar que o som da risada dela foi o melhor som que eu poderia ouvir naquele momento.
- Na realidade eu meio que senti essas coisas todas também. Mas eu nunca imaginei que logo você fosse sentir...! – falou sem graça. – Com tantas garotas lindas na plateia, como você ia reparar justo em mim? – perguntou encolhendo os ombros.
Dessa vez fui eu que ri.
- Pra mim não tinha ninguém na plateia que brilhasse mais que você – respondi sincero, me aproximando mais dela.
O olhar dela permanecia preso ao meu, alheia de tudo ao nosso redor.
- O que foi isso que aconteceu com a gente, então? – perguntou com a voz falha à medida que eu ficava mais próximo.
- Eu não sei... – respondi com o rosto a milímetros do dela.
A sua respiração desregular e quente batia na minha pele, provocando ondas de arrepio no meu corpo. O perfume que vinha do seu corpo penetrava sem pedir licença por todo meu pulmão, me deixando ligeiramente tonto.
- Mas eu quero muito descobrir – completei com os olhos vagando de sua boca para seus olhos.
Ela sorriu fechando os olhos enquanto nossos narizes se tocavam. Eu passei os braços por sua cintura, trazendo-a mais pra perto de mim, enquanto ela entrelaçava seus braços em meu pescoço e arranhava minha nuca, prendendo os dedos entre meus cabelos. Eu podia sentir ela arrepiada. Confesso que foi muito bom saber que também exercia algum efeito nela.
- Eu também quero muito – ela sussurrou lançando jatos de seu hálito doce em meu rosto, provocando mais ondas de arrepio.
A distância entre nossos lábios já chegava a ser torturante. E já estava na hora dessa tortura terminar.
TRIIIIIIIIIIIM!
- Mas o que... – resmunguei assustado, me afastando dela com um pulo.
O celular dela vibrava sem parar no bolso da frente de sua calça.
Ufa... Por um momento pensei que ela já tinha conseguido me fazer vibrar sem nem ao menos me beijar...!
- Que é merda? – ela atendeu sem paciência.
Pelo visto eu não era o único chateado com a interrupção.
- Hum... Tá. O quê? Como foi...? Gosh... Tá. Estou indo! Não precisa gritar que eu não sou surda! – falou rápido ao telefone. – , eu tenho que ir. Aconteceu uma emergência com uma das minhas amigas e eu sou a dona do carro. Eu realmente tenho que ir! – falava apresada enquanto procurava algo na bolsa.
- Mas eu...
- Você é incrível... Incrível mesmo! – falou com um sorriso enorme enquanto se afastava aos poucos, andando pra trás.
- , eu... Por que você tá indo? – perguntei sem entender.
- Porque eu realmente preciso. Mas esse momento vai ficar pra sempre na minha memória! Sempre. – ela falou me dando uma última olhada e indo embora.
Eu não consegui me mexer. Estava em choque. Aquilo tudo tinha sido tão rápido e intenso... Não podia acabar assim! Preparei-me pra ir atrás dela quando ela parou e voltou correndo.
se jogou contra mim e apertou seus lábios macios contra os meus num impulso. Choques percorriam meu corpo e mais uma vez na noite, eu fique completamente sem ação. Nós ficamos naquele beijo, apenas sentindo um ao outro, por um bom tempo.
- Nossa... melhor do que eu imaginei... – ela falou se afastando devagar, antes que eu tomasse qualquer outra atitude, ainda de olhos fechados.
- Eu preciso te ver de novo... – falei urgente, sentindo meu corpo reclamar a ausência do dela.
- Me ache! – ela respondeu rindo enquanto se afastava.
- Como? – perguntei confuso sentindo as mãos dela, que antes me envolviam, deslizando pelo meu pescoço.
As minhas, que antes apertavam sua cintura, agora já relutavam em largá-la de vez.
- Você vai dar um jeito. Eu sei que vai – respondeu me dando seu último sorriso da noite. – Até breve, ...! – se despediu rindo e me jogando um beijo.
No segundo seguinte ela sumia pela porta.
Senti uma onda de desespero tomar conta do meu corpo. Como ela pode sair daquela maneira depois de tudo que aconteceu? Eu tinha que dar um jeito... Mas como?
N/A: A fic foi inspirada na música do Archuleta, “Touch My Hand”. Eu amei escrevê-la e espero que vocês também amem...!
Xoxo
Deh
N/b: Acho algum erro? Mande um e-mail para mayespadaro@gmail.com Obrigada :D